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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO GERMANA CRISTINA GIL DE OLIVEIRA VOLTA REDONDA E SUAS ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO APÓS A PRIVATIZAÇÃO DA COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL Volta Redonda/RJ 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

GERMANA CRISTINA GIL DE OLIVEIRA

VOLTA REDONDA E SUAS ESTRATÉGIAS PARA O

DESENVOLVIMENTO APÓS A PRIVATIZAÇÃO DA COMPANHIA

SIDERÚRGICA NACIONAL

Volta Redonda/RJ

2014

GERMANA CRISTINA GIL DE OLIVEIRA

VOLTA REDONDA E SUAS ESTRATÉGIAS PARA O

DESENVOLVIMENTO APÓS A PRIVATIZAÇÃO DA COMPANHIA

SIDERÚRGICA NACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Graduação em Administração do Instituto

de Ciências Humanas e Sociais da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para

obtenção do grau de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Dr. UÁLISON RÉBULA DE

OLIVEIRA

Volta Redonda

2014

TERMO DE APROVAÇÃO

GERMANA CRISTINA GIL DE OLIVEIRA

VOLTA REDONDA E SUAS ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO APÓS A

PRIVATIZAÇÃO DA COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL

Monografia aprovada pela Banca Examinadora do Curso de Administração da Universidade

Federal Fluminense – UFF

Volta Redonda, 09 de janeiro de 2014.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________________

Prof. Ualison Rébula de Oliveira – Doutor – Universidade Federal Fluminense –

Orientador

______________________________________________________________________________

Prof. André Ferreira – Doutor – Universidade Federal Fluminense

______________________________________________________________________________

Prof. Julio Candido de Meirelles Junior – Mestre – Universidade Federal Fluminense

A Deus e minha família que tanto lutou.

O meu carinho especial ao meu querido pai.

AGRADECIMENTOS

Canta minh’alma, canta ao Senhor, rende-lhe sempre ardente louvor.

Não poderia começar de outra forma este agradecimento senão em adorar ao Senhor, pois

até aqui ele me sustentou.

São tantos sonhos e expectativas que envolvem uma pessoa, que ao concluir qualquer

etapa de sua vida parece que um fardo de toneladas foi retirado de suas costas. É exatamente

assim que me sinto ao finalizar este trabalho e consequentemente, meu curso.

Minha felicidade seria plena se meu pai pudesse ler este trabalho e contemplar tantas

realizações neste período. Mas Deus sabe de todas as coisas e somente por isso dedico a ele todas

as minhas conquistas.

Tantos desafios e conquistas nestes quatro anos...

O meu sincero agradecimento aos meus familiares, pois creio que a família é o alicerce

das conquistas.

Amigos, o que dizer? São essenciais em minha vida, pois são poucos aqueles que

persistem aos temporais que a caminhada nos proporciona, por isso, os valorizo com tanto

carinho.

Aos meus professores a gratidão por todo o aprendizado transmitido durante este tempo,

em especial ao meu orientador por me dar o norte deste trabalho.

Não poderia deixar de mencionar os meus colegas de classe. Tantos foram os que

passaram pela minha graduação e que deixaram as suas marcas. O aprendizado não seria o

mesmo sem a colaboração de cada um.

Tenho plena consciência de que esta etapa concluída é apenas o primeiro degrau de uma

longa escada de sucesso.

Peço a Deus que esteja a frente de meus passos e que meus sonhos sejam os dele, pois são

os melhores.

Confio em Ti... Creio que não há outro igual a Ti

Jesus eu preciso de Ti

Gabriela Rocha

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo destacar as estratégias adotadas pela prefeitura de Volta

Redonda, a fim de fomentar o desenvolvimento da cidade em questão, com o intuito de se

desvincular economicamente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), após a sua privatização

em 1993. Como metodologia, a pesquisa se embasou na coleta de dados estatísticos, mas também

na realização de uma entrevista que compôs em grande parte os dados apresentados neste

trabalho. O referencial teórico da pesquisa embasou-se em desenvolvimento regional, que foi

confrontado aos resultados e analisados de forma que evidencie a ação adotada pela cidade. Desta

forma, a pesquisa buscou evidenciar a postura do governo municipal de Volta Redonda e ainda

expor a mudança na conjuntura econômica da cidade.

Palavras-chave: Volta Redonda; Desenvolvimento regional; Privatização; Companhia Siderúrgica

Nacional (CSN); Estratégias de desenvolvimento.

ABSTRACT

This paper aims to highlight the strategies adopted by the city of Volta Redonda, to foster the

development of the city in question, in order to detach economically of the National Steel

Company (CSN), after its privatization in 1993. As a methodology, the research was not only

based in gathering statistical data, but also in the interview that made up largely the data

presented in this paper. The theoretical research was based upon on regional development, which

was confronted with the results and analyzed so as to reveal the action taken by the city. Thus,

the research sought to highlight the attitude of the municipal government of Volta Redonda and

still expose the changes in economic conditions of the city.

Keywords: Volta Redonda; Industrial Districts; Privatization, National Steel Company (CSN);

Development Strategies.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Mapa do Estado do Rio de Janeiro ............................................................................................ 13

Figura 2 – Mapa com a localização do Parque Empresarial Roma ............................................................ 27

Figura 3 – Mapa com a localização do Parque Empresarial João Pessoa Fagundes .................................. 28

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Script da entrevista com Davi Marcolan .................................................................................. 18

Quadro 2 – Infraestrutura do município de Volta Redonda ........................................................................ 29

Quadro 3 – Número de estabelecimentos por porte e setor 2009/2010 ...................................................... 29

Quadro 4 – Distribuição do setor de serviços de Volta Redonda ............................................................... 30

Quadro 5 – Distribuição do setor de comércio de Volta Redonda ............................................................. 30

Quadro 6 – Distribuição do setor industrial de Volta Redonda .................................................................. 30

Quadro 7 – Distribuição do setor agropecuário de Volta Redonda ............................................................ 30

Quadro 8 – Questionamentos levantados x Ações adotadas pelo município ............................................. 32

Quadro 9 – Panorama de Volta Redonda .................................................................................................... 36

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 12

1.1 Problema de pesquisa ............................................................................................................. 16

1.2 Objetivos ................................................................................................................................. 16

1.2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................... 16

1.2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................................... 16

1.3. Método de pesquisa ............................................................................................................... 17

1.3.1 Coleta de dados .................................................................................................................... 17

2. DESENVOLVIMENTO REGIONAL .................................................................................. 19

3. RESULTADOS DA PESQUISA ........................................................................................... 25

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................... 32

4.1 Panorama atual do município de Volta Redonda.................................................................... 36

5. CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 37

5.1 Proposições para próximos estudos......................................................................................... 38

6. REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 39

7. FONTES CONSULTADAS.................................................................................................... 42

8. APÊNDICE ............................................................................................................................. 43

8.1 Pontos principais da entrevista com Davi Marcolan, membro da Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Econômico e Turístico de Volta Redonda. Entrevista realizada por Germana

Oliveira e Raphael Lima, em Abril de 2012 ................................................................................. 43

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1. INTRODUÇÃO

As transformações econômicas sofridas pelo município de Volta Redonda, a partir do

marco histórico da privatização da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), em 1993, é um tema

que envolve dimensões distintas e convergentes. Portanto, a pesquisa que se desenvolveu, visou

explorar os fatores que levaram a economia da cidade a chegar num modelo em que interagem o

setor industrial, até então dominante, e o de serviços, com maior destaque após o período de

privatização (FONTES, 2011).

Faz-se de essencial importância entender qual o contexto de criação da cidade e entender

o real objetivo do projeto. Fontes (2011) afirma que foi somente com a intenção do governo de

Getúlio Vargas em empreender um projeto de desenvolvimento das indústrias de base no país,

que Volta Redonda passou a figurar no cenário nacional com destaque, como o local onde seria

construída a primeira grande usina de aço do país.

Atingido pela crise que abateu o mundo após a guerra de 1914, onde todos os países

visavam a produtividade, em função das grandes nações estarem focadas no combate, o Brasil

enfrentou a baixa do preço do café no mercado exterior, pelo fato da Crise de 1929. Este

acontecimento fez com que a elite cafeeira, responsável pela política econômica do país,

começasse a pensar numa alternativa econômica, que consequentemente amenizaria a

dependência da produção agrícola e assim, alavancasse o crescimento do país, até então

estagnado. Embora o principal interesse do Estado se mantivesse concentrado no setor

agroexportador, novas medidas de incentivo à instalação de indústrias de base foram tomadas

(FONTES, 2011).

A escolha da cidade como local onde se daria o marco inicial da siderurgia no Brasil

passou por motivações geográficas, econômicas, estratégico-militares, de infraestrutura, mas

também de interesses pessoais (FONTES, 2011).

13

Figura 1: Mapa do Estado do Rio de Janeiro

Fonte: google.maps.com.br

Localização num ponto equidistante entre os principais centros de

desenvolvimento do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais);

A presença da linha férrea Central do Brasil, cortando seu território;

Os baixos salários praticados no decadente Vale do Paraíba;

A distância relativa do litoral.

Volta Redonda viveu durante muitos anos da riqueza e do declínio dos negócios do café e

se desenvolveu a partir da pecuária, seguida pela agricultura até chegar a era industrial com a

criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), tornando-se o principal eixo comercial do

sudeste brasileiro – interligando os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais

(SMDET, 2011).

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento (2011), criada em 09 de abril de 1941, por

decreto do então presidente Getúlio Vargas, a partir de um acordo diplomático entre Brasil e

Estados Unidos, a CSN instala-se durante a II Guerra Mundial, tornando-se o berço da

siderúrgica do país. A partir deste momento, o desenvolvimento era visível. A construção da

companhia alterou radicalmente o curso da história da cidade, que tinha aproximadamente três

mil habitantes em 1941, e que passou a receber, desde então, centenas de operários de diversas

regiões. Habitações e comércios surgiram por toda a parte.

14

A condição de distrito de Barra Mansa tornou-se algo inviável (FONTES, 2011). Em

1950, quando Volta Redonda ainda era distrito do município de Barra Mansa, a população já era

de quase 36 mil habitantes. (SMDET, 2011).

Em 1973, foi instaurada na cidade a condição de Área de Segurança Nacional, condição

que perdurou até 1985, quando foi restabelecido o direito ao voto.

Com a eleição de Fernando Collor à presidência da República e, posteriormente, com a de

Fernando Henrique Cardoso, consolidaram-se alterações em aspectos relevantes da forma de

atuação, do sentido e das funções da intervenção estatal. No bojo de tais mudanças, incluem-se a

diminuição de barreiras alfandegárias, a redução da tributação incidente sobre exportações e a

redução da participação estatal na economia, por via, por exemplo, de privatizações de empresas

estatais (MONTEIRO, 2005).

Com a chegada da década de 80, a empresa viu o início da degradação de seu patrimônio.

Desde 1983, já se falava nos prejuízos que a consolidada companhia vinha sofrendo, inclusive

com ameaças de fechamento. Fontes (2011) afirma que a privatização na década de 1990 foi o

resultado de um conjunto de fatores. Com relação a estes, elencam-se:

A degradação do então chamado “Terceiro Mundo”, (países que não faziam parte

efetivamente da economia capitalista proposta pelos Estados Unidos e muito

menos da concepção socialista idealizada pela extinta União Soviética);

A decadência do sistema socialista (União Soviética);

O crescimento econômico como nova meta dos países;

Multinacionais e novas tecnologias no país;

A liberalização econômica (Consenso de Washington).

Com o objetivo de reverter a situação econômica da empresa, a nova política adotada

impactou diretamente e mais fortemente a realidade da população do município, por conta,

principalmente, da posição estratégica da cidade no cenário nacional e de sua completa

dependência de uma empresa até então estatal (FONTES, 2011). Como consequências da nova

postura adotada, enumeram-se:

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Cortes sucessivos no quadro funcional, por meio de demissões;

Fechamento de empresas que faziam parte da cadeia produtiva da atividade

siderúrgica;

Transferência de serviços e atividades da empresa para outros estados (Diretoria

CSN transferida para o prédio Faria Lima, em São Paulo; desativação do escritório

central em Volta Redonda).

Segundo Santos (2003), o processo de desenvolvimento deve se estabelecer a partir de

uma estratégia que vise preparar os atores locais e regionais para modificar a realidade

desfavorável em um padrão de desenvolvimento que aproveite as oportunidades em favor do seu

território.

Deste quadro de crise, fez-se necessário que a sociedade local buscasse sua reorganização

econômica, um novo projeto de desenvolvimento, que não fosse tão somente dependente da renda

gerada pelo trabalho industrial (FONTES, 2011).

Com o final da ditadura e a elaboração de uma nova Constituição em 1988, o início da

década de 1990 foi protagonista de um cenário catastrófico. Com novas políticas

macroeconômicas empreendidas no país, a situação que era insustentável, logo no princípio, se

ajustou no decorrer dos anos.

A privatização da companhia, em 1993, deu início a um novo ciclo de mudanças. A

cidade teve que enfrentar um grave problema econômico, provocado pelo grande número de

demissões. Somente com a intervenção do poder público e com o apoio de lideranças da cidade,

foram superadas as dificuldades. Os desafios foram vencidos, explorando a vocação natural da

região como prestadora de serviços e o forte comércio local (SMDET, 2011).

Costa et. al. (2012) comenta que a grande empresa verticalizada, rígida, com contratos

permanentes, marcada pela estabilidade e por vínculos duradouros, foi substituída por um novo

modelo marcado pela subcontratação, funções flexíveis, politécnica, produção modular criando

uma nova realidade na área de atuação sindical.

A partir da década de 90, grandes obras remodelaram o espaço urbano. O planejamento se

fortaleceu e passou a fazer parte da política da cidade e da região. Uma nova cidade foi se

delineando, visando à geração de novos empregos e ao desenvolvimento social (SMDET, 2011).

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1.1 Problema de pesquisa

O processo de privatização da CSN foi considerado um fato histórico (FONTES, 2011;

MOREIRA, 2000; MONTEIRO, 2005) que dividiu em dois momentos o desenvolvimento

econômico da cidade de Volta Redonda. O primeiro pode ser considerado como o de total

dependência da siderúrgica e o segundo, como de transformações que buscavam e que ainda

buscam uma nova identidade para o município. Sugerindo que cenários de crise possam ser

revertidos com a colaboração da multiplicidade de agentes afetados (SAUSEN et. al. 2007), a

questão é saber como essas forças confirmam ou não a existência de uma infraestrutura

econômica e social capaz de redefinir o futuro e o papel econômico e político de uma cidade ou

região.

1.2 Objetivos

Pesquisar as contribuições da privatização da Companhia Siderúrgica Nacional para a

cidade de Volta Redonda, analisando os impactos causados nesta região e os aspectos que

impulsionaram a dissociação do município estudado com a siderúrgica, quando essa era regida

por um modelo estatal. Para a consecução do presente objetivo, o mesmo foi segmentado em

objetivos geral e específicos, conforme segue:

1.2.1 Objetivo Geral

Levantar quais foram as ações adotadas pelo município de Volta Redonda para minimizar

a dependência da Companhia Siderúrgica Nacional após a sua privatização.

1.2.2 Objetivos Específicos

Construir uma revisão bibliográfica sobre desenvolvimento regional;

Contextualizar a história da Companhia Siderúrgica Nacional e do município de Volta

Redonda;

17

Entrevistar pessoas chaves que possam elucidar ou informar quais foram as ações

adotadas pelo município de Volta Redonda nos últimos 20 anos.

1.3 Método de pesquisa

O trabalho baseou-se na análise qualitativa de entrevistas, procurando identificar as

estratégias adotadas por Volta Redonda para se desenvolver economicamente, após a privatização

da CSN e ainda, identificar os problemas enfrentados pelos setores econômicos envolvidos, como

o de serviços e as demandas colocadas para o poder público. Filippim et. al (2010) afirma que

nessa abordagem existe a preocupação com um nível da realidade complexa e multifacetada.

Para embasar o trabalho, a pesquisa bibliográfica foi fundamental, pois, de acordo com

Gil (2008), é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de

livros e artigos científicos, ou ainda, de análise em “primeira mão” (arquivos de igrejas,

sindicatos e instituições).

Para alcançar os objetivos propostos, foi realizada a análise de gráficos dos estudos

quantitativos de instituições públicas sobre o setor pesquisado e da avaliação de boletins

patrimoniais de indústrias da região. O trabalho foi complementado com o acompanhamento e

análise de notícias de jornais tanto da grande imprensa como também da imprensa local.

A pesquisa também possui caráter quantitativo por adotar um instrumental estatístico

como base, pretendendo numerar e medir unidades. E também do tipo descritiva, pois de acordo

com Filippim et. al (2010) neste método a consistência é transcrever as entrevistas, descrever o

contexto da região em estudo e analisar a visão das pessoas entrevistadas. A coleta e análise de

dados foram feitas por multimeios, especialmente pela técnica da entrevista e da observação

qualitativa, além da análise de relatórios.

1.3.1 Coletas de dados

A pesquisa se embasou na coleta de dados estatísticos, mas também na realização de

entrevistas que compuseram em grande parte os resultados apresentados neste trabalho.

18

Destaca-se a entrevista realizada com o componente da Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Econômico e Turismo da cidade de Volta Redonda, David Marcolan, em abril

de 2012.

Foi realizado um script de perguntas, para que a entrevista se desenvolvesse somente

dentro do contexto abordado por esta pesquisa.

Primeiramente, a leitura de todo o web site da secretaria foi realizada, para que houvesse

total compreensão dos assuntos de responsabilidade do órgão e assim formular as perguntas bases

que direcionaram a entrevista.

Os questionamentos levantados estavam relacionados com os temas expostos no quadro 1

a seguir.

Quadro 1: Script da entrevista com David Marcolan

Temas abordados Questionamentos principais e a finalidade

1) Políticas de desenvolvimento Qual a estratégia traçada para o município e o que

isso interfere na mudança do perfil econômico?

2) Perspectivas de futuro econômico Qual é a tendência a longo prazo do atual modelo

de desenvolvimento econômico?

3) Parques empresariais O que são e em que contribuirão para o

desenvolvimento do município?

4) Relacionamento com CSN Como está atualmente e qual a dependência da

cidade para com a empresa?

5) Aumento do custo de vida e boom imobiliário Aumento nos preços e sobrevalorização dos

imóveis em decorrência do desenvolvimento da

economia. Fonte: OLIVEIRA, 2013.

Na seção Resultados da Pesquisa serão expostos os questionamentos e as respostas

atreladas aos dados estatísticos e em seguida confrontadas com a fundamentação teórica

levantada para este trabalho na Análise dos Resultados.

19

2. DESENVOLVIMENTO REGIONAL

O entendimento de desenvolvimento tem suas origens no Iluminismo1 do século XVIII,

sobretudo na noção de progresso. Para Filippim et. al. (2010), o otimismo dos iluministas,

fundamentado na crença irrestrita na capacidade da ciência de resolver todos os problemas

humanos, produziu um fascínio pelo crescimento e a adesão de grande parte do mundo ao projeto

de modernidade da Europa Ocidental.

Ribeiro (1991) classifica o desenvolvimento como “uma das ideias básicas na cultura

moderna europeia ocidental” e consideram que opor-se a essa ideia é “uma heresia que é quase

sempre punida”. Para Filippim et. al. (2010) a noção de progresso cristalizada pelo Iluminismo

ainda está presente na atual conceituação de desenvolvimento, sendo concretizada através da

defesa do industrialismo e do individualismo.

Até a Segunda Guerra Mundial, a questão regional era predominantemente tratada como

uma matéria de localização das atividades agrícolas e industriais, conforme afirma Diniz (2009).

Ainda segundo o autor, a primeira experiência mundial de planejamento regional pode ser

considerada tendo sua origem na União Soviética, através do Plano de Eletrificação Nacional,

estabelecido em 1925.

Durante o século XX medrou o mito do desenvolvimento. Birkner (2008) afirma que

muitas nações cresceram economicamente, algumas enriqueceram, enquanto outras ainda se

assanham. Todavia, mundialmente, o mito do desenvolvimento gerou expectativas sem

correspondência com sua desencantadora lógica cumulativa e concêntrica, e em desconhecimento

para com os limites ecológicos do planeta.

Diniz (2009) expõe que ao lado da continuação e da generalização das políticas de

desenvolvimento regional, foi desenvolvido grande esforço de interpretação teórica sobre a

questão das desigualdades regionais e da concentração, bem como de metodologias e técnicas de

planejamento e de intervenção pública.

1 Segundo Pacievitch (2008), o iluminismo foi um movimento global, envolvendo os ramos social, econômico,

filosófico, político e cultural, que defendia o uso da razão como o melhor caminho para se alcançar a liberdade, a

autonomia e a emancipação. Foi um movimento de reação ao absolutismo europeu, basicamente tendo como centro a

cidade de Paris, que tinha como características as estruturas feudais, a influência cultural da Igreja Católica, o

monopólio comercial e a censura das “idéias perigosas”. Foi a partir do iluminismo que surgiu outro movimento, de

cunho mais econômico e político: o liberalismo.

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Segundo Filippim et. al (2010) a capacidade de articulação regional dos diversos setores

públicos e privados no território, aliada à participação das organizações sociais, tornam-se, desta

forma, elementos importantes a considerar quando se discute o desenvolvimento econômico e

social (COELHO; FAVARETO, 2007; MARTINS; CALDAS, 2009) e, por conseguinte, o

desenvolvimento regional. Birkner (2008) completa que por sua vez, o sucesso dessas políticas

está na dependência desses fatores.

Diversos estudos sobre políticas de desenvolvimento têm reforçado a importância de

processos de planejamento de cunho participativo, como uma alternativa para os modelos

tradicionais de planejamento (CANDIDO, 2002).

Desde a década de 1990 tem-se multiplicado o número de experiências e de políticas

públicas voltadas à promoção do desenvolvimento local regional. Essas experiências são

marcadas pela descentralização governamental e pela aproximação menos vertical à sociedade,

representando um sintoma da democratização brasileira (BIRKNER, 2008).

A preocupação com o problema regional no Brasil esteve presente desde o século XIX,

embora não tivesse essa denominação, em função das consequências sociais das secas, no

Nordeste e da necessidade de controle do território da Amazônia, como retratam as várias

comissões e tentativas de políticas realizadas desde aquele século. O autor ainda afirma que a

generalização da política regional levou à criação de superintendências para as demais regiões do

país. Conclui-se que o Brasil foi pioneiro na busca de instrumentos e ações para alavancar o

desenvolvimento do Nordeste e da Amazônia (DINIZ, 2009).

Com a eleição de Fernando Collor à presidência da República e, posteriormente, com a de

Fernando Henrique Cardoso, consolidaram-se alterações em aspectos relevantes da forma de

atuação, do sentido e das funções da intervenção estatal. No bojo de tais mudanças, incluem-se a

diminuição de barreiras alfandegárias, a redução da tributação incidente sobre exportações e a

redução da participação estatal na economia, por via, por exemplo, de privatizações de empresas

estatais (MONTEIRO, 2005).

Segundo Santos (2003), o processo de desenvolvimento deve partir do princípio que as

estratégias para ali estabelecidas devem visar o preparo dos atores locais e regionais para

transformar a realidade desfavorável em um padrão de desenvolvimento que aproveite as

oportunidades em favor do seu território.

21

O desenvolvimento regional não é só uma questão de políticas de desenvolvimento

globais. A institucionalização da autonomia local e a capacidade de articulação dos diferentes

atores em ações de desenvolvimento local podem contribuir para o processo de desenvolvimento

regional, independentemente de uma dependência exclusiva das políticas de desenvolvimento

centrais (governo) (SAUSEN et. al. 2007).

Bandeira (2004, p. 4) coloca ainda que o papel do Estado e, consequentemente, as práticas

da administração pública, passa a ser novamente valorizado na promoção do desenvolvimento,

“[...] reduzindo-se da ortodoxia econômica de inspiração liberal, com sua ênfase quase exclusiva

na importância do papel dos mercados”.

Para Filippim et. al (2010) o desenvolvimento de uma região ou território requer ação

integrada de diferentes atores que, tendo como base um estilo de desenvolvimento pactuado,

tracem e implementem um planejamento capaz de promovê-lo.

O desenvolvimento local é a integração entre a socioprodutividade, combinando-se

dinâmicas de aprendizagem, cooperação e foco no social, com a emergência de novas

configurações produtivas, a partir de ambiências facilitadoras, que envolvem não apenas a

constituição de infraestruturas e serviços, mas também a ampliação dos espaços públicos de

formulação e gestão do território (SILVEIRA, 2005).

Candido (2002) afirma que por envolver um grande número de atores e agentes, ela é

interpretada de forma diferenciada, o que deixa margem para discussão e polêmica, o que na

maioria das vezes, dificulta a sua implementação.

O processo de desenvolvimento de um espaço ou território, apresentado por Ferreira

(2002), objetiva o desenvolvimento econômico e social, e diz que se devem enfatizar os seguintes

elementos:

Aumento da autonomia local e a institucionalização de novos mecanismos de

tomada de decisão em bases participativas;

Aumento da capacidade local de gerar renda e excedentes econômicos, realocando

parte desse excedente ao esforço local de desenvolvimento;

Foco na inclusão social;

Maior envolvimento e conscientização acerca dos recursos naturais no processo de

desenvolvimento regional. Instigar na população a responsabilidade pelo

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desenvolvimento sustentável, visando à racionalização do custo ambiental e do

benefício econômico.

A nova perspectiva do desenvolvimento local pode ser considerada um processo de

socialização das condições de produção, com a valorização das dimensões produtivas locais, para

além das unidades econômicas fechadas (GRANITTO et. al., 2007).

Com a valorização de fatores endógenos ou internos, as políticas econômicas focam as

populações locais, almejando o pleno desenvolvimento das potencialidades e habilidades

humanas da sociedade local (OLIVEIRA; LIMA, 2003).

Considerando esta perspectiva, Oliveira; Lima (2003) propõe quatro hipóteses básicas

associadas ao paradigma do desenvolvimento “desde baixo”. São elas:

Disparidades regionais emergem de uma integração econômica de grande escala,

realizada sem preparação suficiente;

O conceito de desenvolvimento deve assentar-se nas especificidades locais de

natureza cultural e institucional, não se subordinando ao mecanismo de mercado e

a pressões de curto prazo;

Descarta-se a ideia de força motriz desencadeadora de desenvolvimento para as

comunidades pequenas, devendo a formulação e execução do desenvolvimento

partir das respectivas comunidades;

Necessidade de uma maior autodeterminação nacional e regional.

Longe de encontrar um modelo universal para o desenvolvimento regional, é preciso

considerar as particularidades sociais, culturais e ambientais de cada território (FILIPPIM et. al.,

2010).

Os modelos de desenvolvimento regional não têm uma única formulação sistemática,

conforme afirma De Mattos (1997). É preciso repensar alguns aspectos: 1) o modo keynesiano de

desenvolvimento baseado em setores econômicos protegidos pelo Estado e 2) o enfoque

neoliberal, baseado em uma radical neutralização do Estado, deixando às forças de mercado

operar livremente (CANDIDO, 2002). Para De Mattos (1997), não há um modelo definido,

porém, o mais indicado seria aquele que se coloca num estado intermediário entre as duas

concepções.

23

Com a implementação de novos modelos de gestão e a interação dos agentes locais, há a

necessidade de valorização de pontos condizentes à parceria, articulação, participação de

comunidades locais e inclusão social.

As ações de crescimento do polo resultaram de uma solidariedade criada entre os atores

de um mesmo território e de uma cultura local. São as relações de proximidade que provocam a

adaptabilidade endógena, conceito apresentado por Santos (2003).

As teorias clássicas, segundo Granitto et. al. (2007), a despeito do desenvolvimento

regional agregam a existência de uma força exógena e impulsionadora advinda das regiões

centrais e capazes de influenciar, por meio de encadeamentos, as demais atividades econômicas.

Em linhas gerais, tais teorias são assentadas no paradigma “centro abaixo”. Nessa perspectiva,

enquadram-se a teoria da base de exportação, a teoria da difusão e a teoria do polo de

crescimento (OLIVEIRA; LIMA, 2003).

Candido (2002) expõe que desenvolvimento regional é obtido com um Estado que cria um

ambiente favorável à inovação, criando certas externalidades, disponibilizando bens e serviços

públicos e regulando às distorções econômicas, contando ainda com atores chaves para a geração

do desenvolvimento, quais sejam: as empresas, as redes produtivas, às associações, as instituições

de apoio e a sociedade civil em geral.

O processo de desenvolvimento entrou em decadência, a partir do final dos anos 1970, em

decorrência da crise do mecanismo de financiamento dos gastos e dos investimentos públicos,

por meio do endividamento interno e externo (GRANITTO et. al., 2007).

Esse mecanismo sustentava o modelo nacional desenvolvimentista. Ademais, somam-se a

essa crise as profundas transformações no sistema econômico capitalista ocorridas ao longo dos

anos 1980 e 1990, desencadeando uma radical globalização dos processos produtivos, comerciais

e financeiros conduzida por empresas transnacionais (COSTA; CUNHA, (2002).

Em sintonia com o paradigma do desenvolvimento “desde baixo”, os conceitos de

ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável se atrelam a esta nova concepção. Assim, as

estratégias emergentes de desenvolvimento estão atreladas a cinco dimensões de sustentabilidade

(OLIVEIRA; LIMA 2003).

Sustentabilidade social: visa à distribuição de renda e de bens;

24

Sustentabilidade econômica: a eficiência econômica é avaliada em termos macro

social e não em termos microeconômicos ou empresariais;

Sustentabilidade ecológica: pressupõe novas e criativas formas de intervenção do

indivíduo com a natureza, diluindo os abusos ou o parasitismo;

Sustentabilidade espacial: visa ao equilíbrio rural-urbano, evitando os impactos

negativos da super urbanização e priorizando novas formas de civilização

baseadas no uso sustentável de recursos renováveis;

Sustentabilidade cultural: respeita e estimula as diferenças, os valores e saberes

locais de cada população.

Dessa forma, os conceitos hoje dominantes acerca do desenvolvimento se assentam em

uma base de sustentabilidade ensejada por novas práticas e relações de trabalho (GRANITTO et.

al., 2007).

Assim, Ferreira (2002) afirma que o desenvolvimento regional proposto pelo Estado

brasileiro, que era permeado por forte apelo da integração nacional e preconizado por grandes

agências regionais, esgota-se diante dos desafios estabelecidos no âmbito do novo paradigma de

desenvolvimento na esfera do mundo globalizado.

Ao invés de pleitear grandes e padronizados programas de desenvolvimento, como na

década de 1970, as novas políticas de desenvolvimento estão baseadas na descentralização, no

localismo e na articulação de diversos atores (como governo, sociedade civil e empresas

privadas) (GRANITTO et. al., 2007).

Segundo Candido (2002), as políticas de desenvolvimento regional constituem-se num

efetivo mecanismo utilizado para geração da competitividade local, dentro de um amplo processo

de reestruturação produtiva.

Considerando tudo o que foi coletado como referencial teórico para este trabalho referente

a desenvolvimento regional, nos próximos capítulos serão apresentados os resultados encontrados

e analisados tendo por parâmetro este embasamento teórico.

25

3. RESULTADOS DA PESQUISA

Com uma localização privilegiada no eixo entre as duas principais capitais do país (Rio de

Janeiro e São Paulo), Volta Redonda é uma cidade que vem crescendo em números positivos nas

áreas de esporte, educação, emprego e renda, segundo dados do IFDM (Índice Firjan de

Desenvolvimento Municipal) divulgados em novembro de 2011.

Dados extraídos de estudos da Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de

Janeiro (CIDE), em 2010, comprovam uma mudança no perfil econômico da cidade de Volta

Redonda. Entre 1996 e 2005, houve acentuado crescimento do emprego no setor de serviços,

acompanhado pelo comércio, ao passo que se reduziu significativamente o emprego industrial.

Até agora, esta acentuada mudança indicada não tem se configurado no enfraquecimento

econômico de Volta Redonda, que se mantém na liderança da economia do Sul Fluminense.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2012, com um

Produto Interno Bruto (PIB) superior a R$ 7 bilhões, o município detém a posição de mais rico da

região, ocupando a sétima posição quando considerado o Estado do Rio de Janeiro.

O PIB - Produto Interno Bruto é um indicador que mede a produção de um país, levando

em conta três grupos principais:

Agropecuária, formada por Agricultura, Extrativa Vegetal e Pecuária;

Indústria, que engloba Extrativa Mineral, Transformação, Serviços Industriais de

Utilidade Pública e Construção Civil; e

Serviços, que incluem Comércio, Transporte, Comunicação, Serviços da

Administração Pública e outros serviços.

O PIB identifica a capacidade de geração de riqueza do município, que no caso de Volta

Redonda representa 36,17% do PIB da Região do Médio Paraíba, de acordo com a pesquisa

realizada pelo IBGE, em 2012.

Contudo, a cidade não se destaca somente no PIB. De acordo com o STN (Secretaria de

Tesouro Nacional) e o TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro), em 2010,

Volta Redonda deteve o primeiro lugar, na região Sul Fluminense, com o maior investimento e o

sexto, no Estado do Rio de Janeiro, com um valor superior a cento e dois milhões de reais.

26

Para embasar os dados coletados, serão apresentadas, a seguir, as respostas referentes aos

questionamentos apresentados no quadro 1, juntamente com os respectivos temas abordados na

entrevista com o membro da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo da

cidade de Volta Redonda, Davi Marcolan, em abril de 2012.

Com relação ao tema políticas de desenvolvimento, Marcolan afirma em suas respostas

que o governo da cidade, entendendo o importante momento que atravessa o Brasil e em

particular o Estado do Rio de Janeiro, está desenvolvendo diversos projetos para fomentar e

promover a economia do município.

Hoje, a cidade é referência em centro de saúde na região, na educação, tanto de cursos

como universidades, hospitais, clínicas e laboratórios. Ele afirma que a visão do governo da

cidade para os próximos anos é assentar os projetos dos parques empresariais e o fomentar os

setores de serviços e comércio da cidade.

De acordo com a entrevista, Volta Redonda tem sido a “menina dos olhos” de grandes

grupos interessados em investir na cidade. Isso acontece devido a sua elevada renda per capita. O

comércio do município tem crescido e está abastecendo a região Sul Fluminense. Dois grandes

grupos de shoppings centers estão interessados. Esses investimentos são importantes para gerar

mais emprego e qualificar os serviços do comércio local.

Quando questionado sobre as perspectivas de futuro econômico para a cidade, Marcolan

expõe que o governo está semeando algo para os próximos dez anos, que automaticamente irá se

desenvolver sem a intervenção do poder público e isto será a abertura para o eixo da zona sul da

cidade. Na sua concepção, a instalação de um hospital, uma rodoviária e um aeroporto naquela

região, não há como se evitar o crescimento. Porém, ele afirma que não tem como pensar em

crescer muito, pois praticamente acaba. Terminando a zona sul, sobra a rodovia do contorno que

está quase toda planejada. Conclui afirmando que ainda falta a implementação de políticas de

agronegócios na zona norte, que inicialmente é de agricultura e pecuária, pois há um grande

potencial, porém, é só questão de se fomentar.

Ciente da necessidade de integrar o centro urbano à Rodovia Presidente Dutra, os parques

empresariais foram estratégias encontradas pelo município para a atração de novos investimentos,

frente a dificuldade de se conseguir áreas para instalações de empresas. Segundo Marcolan,

respondendo ao questionamento dos parques empresariais, o Parque Roma, que possui uma área

de aproximadamente cento e quarenta mil metros quadrados, será dividido em doze lotes para

27

abrigar novas empresas na cidade, além de sediar o novo Hospital Regional. Para integrar este

projeto, foi assinado também um convênio com o IPEM (Instituto de Pesos e Medidas) para a

construção de uma unidade regional que, juntas, vão gerar quinhentos novos postos de trabalho.

Figura 2: Mapa com a localização do Parque Empresarial Roma

Fonte: SMDET, 2011.

Já com relação ao Parque Empresarial João Pessoa Fagundes (Parque dos Metalúrgicos),

com cerca de cem mil metros quadrados de área, as obras de drenagem e pavimentação estão no

status final do processo. O parque vem recebendo visitas de grandes empresas interessadas em se

instalarem no local, pois há diversos pontos que favorecem o município aos olhos dos grandes

empresários, como sua localização privilegiada, total infraestrutura de gás encanado, água e

esgoto e mão de obra qualificada.

28

Figura 3: Mapa com a localização do Parque Empresarial João Pessoa Fagundes

Fonte: SMDET, 2011.

Outros empreendimentos estão se instalando na Rodovia dos Metalúrgicos: centros de

distribuição, novas empresas de logística e serviços. Além desses terá também a nova Rodoviária,

que contará com um centro de convenções e um hotel.

Porém, não se pode dizer que a cidade está totalmente desligada da siderurgia. Indagado

quanto ao tema relacionamento com a CSN, Marcolan (2012) apresenta que a empresa está

investindo milhões na instalação da nova Usina de Aços Longos na cidade. As obras foram

concluídas em setembro de 2013, sendo estimada a geração de aproximadamente mil empregos.

A construção da usina garantiu três mil e quinhentas vagas para novos trabalhadores e é de

grande estímulo para o desenvolvimento local, porque, além de criar mais oportunidades e renda,

contribui para o desenvolvimento das pessoas, proporcionando melhor qualidade de vida à

população volta-redondense. Com a ativação da Usina de Aços Longos esse ciclo continua a

permanecer em crescimento.

E por fim, quanto ao tema sobre o aumento do custo de vida e boom imobiliário,

Marcolan expos que este é outro grande problema em Volta Redonda. Ele afirma que além das

áreas serem caras, elas são ruins. O custo de áreas, principalmente, para instalação de atividades

comerciais e empresariais tem aumentado cada vez mais, inviabilizando os investimentos de

29

médias e grandes empresas na cidade. É desproporcional investir um valor muito grande só na

compra de uma área, pois ela por si só não agrega tanto valor assim. A cidade não conta com área

plana. E foi por meio de um convênio com o governo do estado, que a prefeitura captou recursos

pra criar a infraestrutura dos dois novos parques empresariais.

Embasando os questionamentos levantados para este trabalho, a seguir são apresentados

dados que comprovam a mudança no perfil econômico da cidade nos últimos anos.

Quadro 2: Infraestrutura do município de Volta Redonda

Educação Número de estabelecimentos

Ensino Pré-escolar 34

Ensino Fundamental 26

Ensino Médio 12

Ensino Superior 3

Saúde Quantidade oferecida

Hospitais Gerais 22

Postos de Saúde 289

Turismo e cultura Número de estabelecimentos

Estabelecimentos Hoteleiros 17

Cinema 3

Teatro 3

Museu 0

Biblioteca 1

Financeiro e comunicação Número de estabelecimentos

Agências dos Correios 12

Agências Bancárias 37

Fonte: Adaptado de SEBRAE, 2011 / MTE/RAIS, 2010.

A cidade bateu recorde na abertura de novas empresas. Por conta disso, o número de

empregos oferecidos no município é um dos maiores dos últimos tempos.

Quadro 3: Número de estabelecimentos por porte e setor 2009/2010.

Número de estabelecimentos por porte e setor 2009/2010

Porte

Setor

Indústria Comércio Serviços Agropecuária Total Percentual

2009 2010 2009 2010 2009 2010 2009 2010 2009 2010 2009 2010

Micro 768 807 3783 4148 3467 3665 33 38 8051 8658 94,2 91,0

Pequena 52 58 325 343 279 311 2 1 658 713 4,9 7,5

Média 18 21 18 24 38 39 0 0 74 84 0,7 0,9

Grande 3 3 15 15 38 42 0 0 56 60 0,2 0,6

Total 841 889 4141 4530 3822 4057 35 39 8839 9515 100 100

Fonte: Adaptado de SEBRAE, 2011 / MTE/RAIS, 2010.

A interpretação dos dados dos quadros a seguir, permite mensurar a quantidade e a

classificação dos tipos de estabelecimentos predominantes no município, divididos pelos grandes

setores da economia, de acordo com a pesquisa realizada pelo SEBRAE/RJ, em 2011, embasada

30

pela Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, do Ministério do Trabalho e Emprego –

TEM, em 2010.

Quadro 4: Distribuição do setor de serviços de Volta Redonda

Serviços Quantidade de

estabelecimentos

Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas 541

Atividades de atenção ambulatorial executadas por médicos e odontologistas 289

Atividades de serviços prestados principalmente às empresas não especificadas

anteriormente

231

Atividades de organizações religiosas 224

Serviços de engenharia 143

TOTAL 1428

Fonte: Adaptado de SEBRAE, 2011 / MTE/RAIS, 2010.

Quadro 5: Distribuição do setor de comércio de Volta Redonda

Comércio Quantidade de estabelecimentos

Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios 569

Comércio varejista de outros produtos novos não especificados anteriormente 422

Comércio varejista de ferragens, madeira e materiais de construção 268

Comércio de peças e acessórios para veículos automotores 218

Manutenção e reparação de veículos automotores 189

TOTAL 1666

Fonte: Adaptado de SEBRAE, 2011 / MTE/RAIS, 2010.

Quadro 6: Distribuição do setor industrial de Volta Redonda

Indústria Quantidade de estabelecimentos

Construção de edifícios 127

Obras de acabamento 42

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 38

Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos da indústria mecânica 32

Serviços de catering, bufett e outros serviços de comida preparada 29

TOTAL 268

Fonte: Adaptado de SEBRAE, 2011 / MTE/RAIS, 2010.

Quadro 7: Distribuição do setor agropecuário de Volta Redonda

Agropecuária Quantidade de estabelecimentos

Criação de bovinos 14

Cultivo de cereais 9

Atividades paisagísticas 9

Cultivo de plantas de lavoura temporária não especificadas anteriormente 1

Horticultura 1

TOTAL 34

Fonte: Adaptado de SEBRAE, 2011 / MTE/RAIS, 2010.

Porém, muitas vagas de empregos não são preenchidas em função da falta de qualificação

dos candidatos. A fim de solucionar este problema, a prefeitura por meio da SMDET (Secretaria

Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo) em parceria com a SMAC (Secretaria

31

Municipal de Ação Social), a Fundação Educacional Volta Redonda (FEVRE) e empresas do

município, criou o programa “Capacitar e Empregar”, que visa à qualificação e à inserção do

profissional no mercado de trabalho.

A primeira parceria do projeto foi com a Construtora Odebrecht e depois do sucesso,

outras empresas se interessaram em alcançar o mesmo resultado, como o Sankyu S.A, o Spoleto

(Grupo Umbria), o Caenge e por último, uma grande parceria, desta vez com a Cikel. Esse

trabalho vem trazendo grandes resultados para o desenvolvimento econômico da região.

32

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta seção serão confrontados os resultados encontrados nas entrevistas e pesquisas

estatísticas juntamente com os principais pontos do referencial teórico levantado para este

trabalho. Para isso, foi criado o quadro 8 com os questionamentos primordiais abordados na

entrevista com David Marcolan, em abril de 2012 e as respectivas ações adotadas pelo governo

municipal de Volta Redonda apresentadas por ele e coletadas por meio pesquisas.

Quadro 8: Questionamentos levantados x Ações adotadas pelo município.

Questionamentos Ações

1) Políticas de desenvolvimento Indução de investimentos nos setores de

saúde, educação, tanto de cursos como

universidades, hospitais, clínicas e

laboratórios, setores de serviços e

comércio da cidade.

Incentivo ao empreendedorismo

Implantação da Lei Geral (123/06)

Programa Capacitar e Empregar

2) Ecodesenvolvimento Projeto Reciclar

3) Parques empresariais Criação de dois parques empresariais. Fonte: OLIVEIRA, 2013.

Conforme apresentado por Marcolan (2012), em entrevista para este trabalho, Volta

Redonda tem sido a “menina dos olhos” dos grandes grupos de shoppings centers. Com isso, um

grande investimento está chegando na cidade. Trata-se do Shopping Park Sul, às margens da

Rodovia dos Metalúrgicos, área de grande atuação da prefeitura com relação ao fomento do

comércio. Com investimentos da ordem de R$ 250 milhões, o novo shopping, conforme é

exposto no web site da prefeitura, será construído a partir de fevereiro de 2014, e a previsão é de

que seja inaugurado em novembro de 2015, oferecendo ao público regional nove lojas-âncora,

cinco megalojas, 170 lojas-satélite, cinco salas de cinema multiplex e um centro gastronômico

respeitável, com 25 operações fast food, quatro restaurantes e varanda externa. A ação além de

proporcionar a concorrência no setor, gerará dois mil novos postos de trabalho no momento em

que o empreendimento estiver pronto e em funcionamento.

Embasando a ação do governo municipal, Ferreira (2012) afirma que a atração de

investimentos externos é, ainda hoje, a principal estratégia das lideranças públicas locais para

alavancar a economia local.

33

Volta Redonda já implantou a Lei Geral2 (123/06), por meio do decreto nº 11.560/09,

apostando no potencial das Micro e Pequenas Empresas e estimulando a economia da cidade. De

acordo com o portal Lei Geral, o decreto tem o intuito de instituir um regime tributário específico

para o segmento, com redução da carga de impostos e simplificação dos processos de cálculo e

recolhimento, que é o Simples Nacional. Além disto, a Lei prevê benefícios para as pequenas

empresas em diversos aspectos do dia-a-dia, como a simplificação e desburocratização, as

facilidades para acesso ao mercado, ao crédito e a justiça, o estímulo à inovação e à exportação.

Como é demonstrado no quadro 3, o número de novas empresas abertas na cidade de

Volta Redonda vem crescendo de forma significativa. Isso graças ao incentivo de

empreendedorismo realizado pelo governo da cidade, visto o grande número de demitidos da

Companhia Siderúrgica Nacional em função da privatização. Conforme salienta Marcolan (2012)

em entrevista, a maior parte desses funcionários demitidos possuíam raízes na cidade. A solução

encontrada pelo município foi incentivar a prática do empreendedorismo com parcerias em

unidades de profissionalização do Estado, como SEBRAE e ainda assegura que o poder público

pode ajudar estruturando ações na questão tributária, buscando reduzir a informalidade.

Ferreira (2012) apresenta que este padrão de isenção fiscal para atração de novas

empresas repete a estratégia utilizada entre as décadas de 1950 e 1970, que indiscutivelmente

representa uma oportunidade para alavancar a geração de emprego e renda para a região e

consequentemente ser um fator estruturante do desenvolvimento regional.

Costa et. al. (2012) a interação entre o governo e sociedade é evidente na prática de

políticas voltadas para o bem estar social e consequentemente a inserção da população nesta nova

concepção de economia da cidade, como cursos de capacitação e maiores investimentos em saúde

e educação.

Como muitas vagas de empregos não são preenchidas em função da falta de qualificação

dos candidatos, em Volta Redonda, a prefeitura em parcerias com empresas da região e a

2De acordo com o web site do SEBRAE do Estado de Minas Gerais, a Lei Complementar 123, conhecida como Lei

Geral da Micro e Pequena Empresa, foi criada pelo Governo Federal, em dezembro de 2006, com o objetivo de

desburocratizar e agilizar a abertura, fechamento e alteração cadastral dos pequenos empreendimentos, dando ao

segmento um tratamento diferenciado e favorecido. Baseados no Estatuto da Microempresa, os governos (do

município, do estado ou da União) darão tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas (MPEs) e

microempreendedores individuais (MEIs), sobretudo em questões como incentivo à geração de empregos e renda;

acesso à inovação tecnológica, à educação e à capacitação empreendedora; acesso a mercados, incluindo a

preferência de compra de bens e serviços pelo próprio Governo.

34

Fundação Educacional Volta Redonda (FEVRE) criou o programa “Capacitar e Empregar”, que

visa à qualificação e à inserção do profissional no mercado de trabalho. No curso, agora com

parceria com a Sankyu, os candidatos aprovados com mais de 80% de aproveitamento são

contratados pela empresa.

Considerando o questionamento sobre ecodesenvolvimento e complementando a temática

do empreendedorismo, segundo o secretário municipal de Ação Comunitária, Munir Francisco,

em reportagem ao web site de Volta Redonda, destaca que a cidade tem realizado sonhos, citando

a criação do Reciclar, da associação dos agentes ambientais, do conselho Municipal do Trabalho

e Rendas – que reúne empregadores, empregados e poder público, dos cursos

profissionalizantes, buscando avançar em diversas ações nas áreas de cooperativismo, retirando

pessoas do desemprego e capacitando-as para o trabalho formal, com a redução da informalidade.

De acordo com a página do Centro de Estudos em Administração Pública e Governo, da

Fundação Getúlio Vargas (FGV), o projeto Reciclar cadastra catadores de lixo e os leva a

participar dos programas da Secretaria de Ação Comunitária (SMAC), além de proporcionar aos

associados, uniformes, cesta básica, auxílio na recuperação de moradores de albergues e ajudas a

dependentes químicos.

Em sintonia com o paradigma do desenvolvimento, os conceitos de ecodesenvolvimento e

desenvolvimento sustentável se atrelam a esta concepção. Assim, as estratégias emergentes de

desenvolvimento estão atreladas a sustentabilidade, conforme assegura Oliveira; Lima (2003),

nos quais se destaca a sustentabilidade social, que visa à distribuição de renda e de bens e a

sustentabilidade ecológica que pressupõe novas e criativas formas de intervenção do indivíduo

com a natureza, diluindo os abusos ou o parasitismo.

O processo de desenvolvimento de um espaço ou território, apresentado por Ferreira

(2002), objetiva o desenvolvimento econômico e social, e diz que se devem enfatizar o foco na

inclusão social e o maior envolvimento e conscientização acerca dos recursos naturais no

processo de desenvolvimento regional. Instigar na população a responsabilidade pelo

desenvolvimento sustentável, visando à racionalização do custo ambiental e do benefício

econômico.

Dessa forma, justificando as medidas adotadas pela prefeitura, Granitto et. al. (2007)

afirmam que os conceitos hoje dominantes acerca do desenvolvimento se assentam em uma base

de sustentabilidade ensejada por novas práticas e relações de trabalho.

35

Já com relação ao questionamento 3 do quadro 08, os parques empresariais foram

estratégias encontradas pelo município para a atração de novos investimentos, frente a

dificuldade de se conseguir áreas para instalações de empresas.

Porém, a falta de planejamento para a compra do Parque Empresarial Roma, custou a

prefeitura mais da metade da área disponível. Isso porque dos 400 mil metros quadrados

comprados pelo município, 280 mil são inviáveis por questões ambientais. Outro ponto

importante foi a instalação do Hospital Regional na mesma área, o que restringiu a inserção de

determinadas empresas na mesma região, por questões sonoras e logísticas, por exemplo.

Embasando a ação da prefeitura na criação de parques empresarias, Santos (2003) afirma

que o processo de desenvolvimento deve se estabelecer a partir de uma estratégia que vise

preparar os atores locais e regionais para modificar a realidade desfavorável em um padrão de

desenvolvimento que aproveite as oportunidades em favor do seu território.

Fillipim et. al. (2010) destaca que longe de encontrar um modelo universal para o

desenvolvimento regional, é preciso considerar as particularidades sociais, culturais e ambientais

de cada território.

Birkner (2008), conclui que desde a década de 1990 tem-se multiplicado o número de

experiências e de políticas públicas voltadas à promoção do desenvolvimento local regional.

Perante a apresentação do quadro 2, na seção anterior, é possível identificar a estrutura

básica da cidade conforme os dados oficiais da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS,

do Ministério do Trabalho e Emprego, retirados do trabalho de análise do SEBRAE Rio de

Janeiro, em 2011. De acordo com o estudo, a infraestrutura é um dos aspectos que deve ser

considerada na análise das condições básicas favoráveis à implantação e operação de empresas,

assim como das condições de atendimento às necessidades básicas da população local.

Silveira (2005) afirma que o desenvolvimento local é a integração entre a sócio

produtividade, combinando-se dinâmicas de aprendizagem, cooperação e foco no social, com a

emergência de novas configurações produtivas, a partir de ambiências facilitadoras, que

envolvem não apenas a constituição de infraestruturas e serviços, mas também a ampliação dos

espaços públicos de formulação e gestão do território.

Confrontando as informações disponibilizadas na entrevista e as coletas nos estudos, é

possível verificar que nos anos seguintes a privatização, milhares de empresas foram atraídas ou

36

criadas no município em decorrência da grande mão-de-obra ociosa presente na cidade, na qual

esta se tornou um polo regional de prestação de serviços.

4.1 Panorama atual do município de Volta Redonda

De acordo com os dados expostos no capítulo anterior, é possível observar o

desenvolvimento econômico do município de Volta Redonda após a privatização da Companhia

Siderúrgica Nacional. Hoje a cidade é referência em centro de saúde na região, na educação,

tanto de cursos como universidades, hospitais, clínicas e laboratórios.

Analisando a postura adotada pelo governo da cidade, a visão para os próximos anos é

assentar os projetos dos parques empresariais e o fomentar os setores de serviços e comércio da

cidade.

A seguir, o quadro 9 busca sintetizar alguns indicadores que comprovam a supremacia do

município tendo por parâmetro a região do Sul Fluminense.

Quadro 9: Panorama de Volta Redonda

Panorama de Volta Redonda

Produtor Interno Bruto – PIB (IBGE, 2012) 8,394 bilhões

Novos empregos (CAGED, 2011) 6.078

Novas empresas (CICT, 2011) 997

Investimentos (STN, 2010) 102,4 milhões

Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (IBGE, 2010) 3º lugar no Estado do Rio de Janeiro, com 0,815

Índice de Desenvolvimento do Esporte – IDE (SUDERJ, 2010) 1º lugar no Estado do Rio de Janeiro, com 3,58

Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal – IFDM

(FIRJAN, 2012)

5º lugar no Estado do Rio de Janeiro

Fonte: OLIVEIRA, 2013.

37

5. CONCLUSÕES

Criada em 09 de abril de 1941, por decreto do então presidente Getúlio Vargas, a partir de

um acordo diplomático entre Brasil e Estados Unidos, a CSN instala-se durante a II Guerra

Mundial, tornando-se o berço da siderúrgica do país. A construção da companhia alterou

radicalmente o curso da história da cidade, que tinha aproximadamente três mil habitantes em

1941, e que passou a receber, desde então, centenas de operários de diversas regiões. Habitações

e comércios surgiram por toda a parte (SMDET, 2011).

O processo de privatização da CSN foi considerado um fato histórico (FONTES, 2011;

MOREIRA, 2000; MONTEIRO, 2005) que dividiu em dois momentos o desenvolvimento

econômico da cidade. O primeiro pode ser considerado como o de total dependência da

siderúrgica e o segundo, como de transformações que buscavam e que ainda buscam uma nova

identidade para o município, destacando-se o setor de comércio e serviço. Sob este ponto é

notável que o crescimento do Estado do Rio de Janeiro na indústria é infinitamente superior ao de

Volta Redonda, enquanto que as atividades relacionadas ao comércio e serviço crescem em

velocidade maior na cidade, como descreveu Marcolan (2012) em entrevista para este trabalho.

Diante do exposto, conclui-se que a economia de Volta Redonda foi profundamente

impactada pela privatização da CSN. Tal afirmação baseia-se na grande quantidade de

funcionários demitidos pela companhia e não absorvidos pela economia local. Como apresentado

no decorrer da pesquisa, a situação não se agravou mediante a intervenção de políticas públicas e

a apoio de lideranças locais. Os desafios foram vencidos, explorando a vocação natural da região

como prestadora de serviços e o forte comércio local.

Como objetivo para esta pesquisa, foi proposto o levantamento de quais foram as ações

adotadas pelo município de Volta Redonda para minimizar a dependência da Companhia

Siderúrgica Nacional após a sua privatização. Como apoio, a construção do referencial teórico

sobre desenvolvimento regional foi de fundamental importância para o embasamento das

análises. A fim de incrementar os dados coletados, por meio de pesquisas estatística, foram feitas

entrevistas com pessoas chaves com o intuito de elucidar as ações adotadas pela cidade. Sendo

assim, destaca-se que os objetivos traçados para este trabalho foram atingidos e apresentados no

decorrer dos capítulos.

38

Durante a exposição dos dados, foi possível compreender que a postura adotada pelo

governo do município esteve focada na superação da dependência em relação a Companhia

Siderúrgica Nacional.

Elencaram-se as ações relacionadas ao fomento dos setores de comércio e serviços, a fim

de alavancar a economia até então suportada pelo setor industrial.

Ficou caracterizado também que a cidade não está totalmente desvinculada ao setor

siderúrgico, visto que a companhia inaugurou, em setembro de 2013 a sua nova usina de Aço

Longos, com a abertura de 500 novos postos de trabalho.

De forma sucinta e objetiva, o trabalho procurou demonstrar as estratégias adotadas por

Volta Redonda, a fim de transformar o quadro de dependência da cidade com a Companhia

Siderúrgica Nacional, após a sua privatização e ainda mostrar as mudanças no perfil econômico

da cidade.

5.1 Proposições para novos estudos

A fim de embasar a análise e discussão dos dados tratados e compreender a problemática

do desenvolvimento atual de Volta Redonda, é de extrema importância a atualização dos dados

pesquisados, devido oscilações constantes da estrutura econômica do município neste período de

20 anos de privatização. Também cabe aprofundar a leitura sobre siderurgia de forma a conhecer

as estratégias reservadas pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), como o propósito de

situar Volta Redonda no planejamento estratégico elaborado pela empresa para os próximos anos,

especialmente porque o principal gargalo no município tem sido o controle do espaço urbano pela

Companhia, resultado ainda da privatização da empresa.

39

6. REFERÊNCIAS

BANDEIRA, P. S. As mesorregiões no contexto da nova política federal de desenvolvimento

regional: considerações sobre aspectos institucionais e organizacionais. Rio de Janeiro:

UFRGS/CEDEPLAR, 2004.

BARQUERO, A. V. Política económica local. Madrid: Pirámide, 1993.

BIRKNER, W.M.K. Desenvolvimento regional e Descentralização político-administrativa.

Um estudo comparativo dos casos de Minas Gerais, Ceará e Santa Catarina. Rev. Sociol.

Polít., Curitiba, v. 16, n. 30, p. 297-311, jun. 2008.

CANDIDO, G. A. A formação de redes interorganizacionais como mecanismo para geração

de vantagem competitiva e para promoção do desenvolvimento regional: o papel do estado e

das políticas públicas neste cenário. REAd – Edição 28 Vol. 8 No. 4, jul-ago 2002.

COELHO, V. S. P; FAVARETO, A. Dilemas da participação e desenvolvimento territorial.

In : DAGNINO, E.; TATAGIBA, L. (Orgs.) Democracia, sociedade civil e participação.

Chapecó: Argos, 2007.

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43

8. APÊNDICES

8.1 Pontos principais da entrevista com Davi Marcolan, membro da Secretaria Municipal

de Desenvolvimento Econômico e Turístico de Volta Redonda. Entrevista realizada por

Germana Oliveira e Raphael Lima, em Abril de 2012.

Nome Cargo/Função Local de Trabalho

Davi Marcolan Aragão Assessor Jurídico Prefeitura Municipal de Volta Redonda

- Que conceito de desenvolvimento a secretária vem trabalhando? Grande parte dos empresários

tende a fazer negócios com a CSN, se eles pensarem em inovar, teria que ser uma inovação

voltada para a siderurgia. E a questão das pequenas e médias empresas que foi um boom no

Brasil nos anos 90 e penso que Volta Redonda entrou um pouco tarde nisso. Como é essa

concepção de desenvolvimento pra vocês?

Davi: Olha, é preciso analisar essa conjuntura. Nós temos uma planta física limitada, isso é a

realidade. É um limitador determinante, pra qualquer coisa que você possa fazer no futuro.

Então, por onde a gente pode crescer? Romper essa barreira da inovação, principalmente quando

a gente tem uma empresa na cidade que é voltada para si mesma e não para o desenvolvimento

da cidade. Ela no passado foi uma empresa que desenvolveu o Brasil, gerando empregos, enfim,

hoje não! O conceito é outro... A cidade penou com isso, desde a privatização. A cidade penou e

passou e ela aprendeu a lidar com isso. O que a gente tem de melhor, o que o ser humano tem de

melhor é a adaptação. E Volta Redonda soube se adaptar com a quantidade de empregados a

menos que a CSN fez, a economia toda gerada em torno disso, o que aconteceu? Nós passamos

de uma quantidade enorme de aposentados que consomem e compram aqui dentro da cidade

mesmo...

- Então você acha que a cidade tem essa capacidade de auto-adaptação?

Davi: Ela se adaptou na época da privatização da CSN, ela descobriu a sua vocação para

prestação de serviços. A cidade é um polo da região, todo mundo aflui para Volta Redonda pra

comprar, na hora que precisa de um serviço médico, a gente desenvolveu esse lado, são bons

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médicos e exames como nos grandes centros, a gente tem aqui em Volta Redonda. A gente tem

um comércio que atrai a região toda pra cá. Então a gente desenvolveu essa capacidade de prestar

serviços, que não existia e que nós descobrimos. E eu acredito então que nesse momento a gente

tem um desenvolvimento que vem daquele braço da Dutra, da rodovia dos metalúrgicos, Roma,

que talvez de pra gente sustentar por uns dez anos. O aeroporto, a rodoviária que mostra mais

opções para toda a região na Dutra. Então teremos toda a possibilidade de ligações com o

hospital regional, rodoviária e aeroporto. Temos a revitalização da rodovia dos metalúrgicos e a

rodovia do contorno.

- E essa área de expansão industrial? Zona industrial da CSN, Roma II, o que seria isso? É em

relação àquelas empresas no final da rodovia dos metalúrgicos?

Davi: Então, ali já estão instaladas a Spoleto e algumas outras. Ali tem uma grande expansão. O

que a prefeitura está tocando ali são dois parques industriais, um é o João Pessoa Fagundes e o

outro é o perto do Roma e do hospital regional. Esses parques industriais, o que a prefeitura esta

fazendo? Já está pronto o edital, convocando as empresas pra lotearem aquele espaço. O que a

prefeitura esta pedindo? É um consórcio. Você concorrerá ali em investimento, não poluição,

geração de emprego, e isso será pontuado e a ela escolherá através de edital quem ficará ali. O

que vai acontecer ali nos dois parques, é trazem novas empresas e que possam trazer empregos,

não gerar poluição, investir na cidade e ter o retorno, logicamente, que já esta definido em lei.

- Qualquer um tem acesso?

Davi: Qualquer um. Questão de incentivo nessas áreas, ela vai dar concessão por dez anos e

redução dos impostos, IPTU nesse período e ISS não conseguimos reduzir, pois é o imposto que

o município tem a mão.

- A expectativa é de quantas empresas?

Davi: Só trazendo um pouquinho em relação aos parques, os parques empresariais foi uma

maneira que a gente encontrou pra atrair novos investimentos pra cidade, frente a dificuldade que

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nós tínhamos em conseguir áreas pra instalações de empresas. Um evento que já tem acontecido

nos últimos anos, que está se agravando ainda mais em Volta Redonda, é a especulação

imobiliária. O custo de áreas, principalmente, para instalação de atividades comerciais e

empresariais tem aumentado cada vez mais, inviabilizando os investimentos de médias e grandes

empresas na cidade. É desproporcional investir um valor muito grande só na compra de uma

área, que a área por si só não agrega um valor tão grande assim. Quando você fala de área

comercial, o ponto comercial é importante, então se justifica pagar um valor alto pela área. Já

você falando de empreendimentos industriais, o mais importante é a localização estratégica,

logística e não propriamente a localização comercial. Então essa era uma desproporcionalidade

muito grande que a gente tinha. Então pra resolver essa questão e viabilizar que as empresas

viessem pra cá para a cidade, a gente utilizou de uma medida que o poder público tem que é a

desapropriação de áreas, em acordo com os proprietários dessas áreas.

- Com os que concentram grande parte de terras na cidade?

Davi: Não. Os que concentram grande parte nós não conseguimos negociar e continuam a

concentrar grande parte das terras. Que é principalmente da CSN e de um grupo de construtores

da cidade, que o capital da empresa. Então dessa forma, o parque empresarial, era a maneira que

nós encontramos a saída pra trazer essas empresas pra cá. Nós procuramos alguns proprietários,

que já tinham uma quantidade de áreas que nós poderíamos negociar e localizações estratégicas.

Perto da Dutra e rodovia dos metalúrgicos. Nós negociamos o valor previamente, pra fazer a

negociação amigável, pra não ter aquela problemática de processo judicial se arrastando por

anos. Nós pré-acordamos um valor, pra facilitar essa negociação toda. Localizamos a

desapropriação e a partir de um convênio com o governo do estado do Rio de Janeiro, captamos

recursos pra investir nas áreas. Outro problema grande em Volta Redonda, além das áreas serem

caras, elas são ruins. A gente não tem área plana. De Porto Real, Quatis em diante, às margens da

Dutra, você só tem área plana. Então é muito fácil de instalar. Volta Redonda é só morro.

Quando se fala em empreendimento de médio e grande porte, cinco a dez mil metros quadrados

pra cima, você precisa pensar em investimento de infraestrutura, terraplanagem, essas coisas

todas. Isso implica num custo muito alto. Através desse novo convênio com o governo do estado,

a gente captou recursos pra criar a infraestrutura desses dois parques. Terraplanagem, drenagem

46

e pavimentação. Primeiro a gente fez o parque Roma, que era um parque que nós conseguimos

desapropriar um pouco mais de quatrocentos mil metros quadrados, mas aí tem outra questão

importante que é a ambiental. E como era o primeiro parque que nós estávamos fazendo, nós só

nos preocupamos em conversar com os órgãos ambientais posteriormente a desapropriação.

Então dos quatrocentos mil só temos de área útil cento e vinte mil. Os outros duzentos e oitenta

ambientalmente eram inviáveis. Na verdade era uma área alagável, que acaba tendo a criação de

rãs e sapos. Mas acontece. Na verdade com os órgãos ambientais você tem que começar a

conversar antes mesmo de qualquer ação, antes de pensar comprar. Chamar o órgão ambiental e

o dono do terreno pra conversarmos. Nesse projeto a gente não teve esse cuidado, que é um

cuidado que a gente toma agora em todos os nossos projetos. Enfim. E com a ida do hospital

regional pra lá, que já era um consórcio de todos os municípios da região, precisava de um local

pra se instalar, um lugar estratégico, de fácil acesso, então não havia lugar melhor que tivesse já

uma área preparada que ali no nosso parque. Então se acordou com o governo do estado e os

prefeitos da região que se coloque ali o hospital regional. Isso acabou inviabilizando diversos

tipos de projetos que nós tínhamos ali e com a instalação do hospital, várias atividades industriais

não podem ser instaladas próximas ao hospital. São várias questões como som, poluição,

questões que te impede de instalar certo tipo de empreendimento perto do hospital. Então a gente

acabou transformando aquilo ali num parque institucional. Além do hospital, vai ter instalado ali

uma secretaria de ação social do governo do estado do Rio de Janeiro, uma unidade do IPEM,

que é o Instituto de Pesos e Medidas do Governo do Estado do Rio de Janeiro, possivelmente

haverá uma ou outra empresa, estamos até licitando agora dois lotes. Não é aberto a qualquer tipo

de empreendimento, mas sim aqueles que possam conviver com o hospital sem que ocorram

danos pra ambos. Acabou ficando muito limitado o parque Roma, apesar de ter uma excelente

localização, de frente para a Dutra. Volta Redonda também tem uma localização bastante

estratégica, por ter a Dutra ao redor da cidade e através da rodovia dos metalúrgicos, com a

abertura da Avenida do Contorno, você tem acesso a BR 393, que vai para Minas, Nordeste, o

que facilita bastante essa questão logística. Então a localização tanto do parque Roma, quanto do

parque dos metalúrgicos, foi pensando justamente nessa estratégica de transporte pra carretas,

que é o principal meio de transporte das indústrias. Então o parque Roma ficou muito limitado

em relação a isso, apesar de todas as vantagens que ele teria, mas ele está caminhando e a gente

está focando agora só em pequenas empresas. Já o Parque dos Metalúrgicos, a gente está

47

trabalhando de uma forma diferente. Como é uma área bastante industrializada, a gente não tem

nenhuma restrição de empresa e nem atividade que pode se instalar ali. A gente esta buscando

qual seria a melhor proposta para a nossa cidade. Qual que traria para ali a melhor relação de

qualidade de emprego gerado e que preferencialmente seja de um ramo industrial que não

tenhamos em Volta Redonda pra que a gente diversifique o nosso parque, porque a gente está

muito atrelado ainda ao metal mecânico. A nossa região está muito presa em relação a isso. Está

mudando um pouco, mas ainda é muito focado a isso. Estamos focando em terrenos menores,

tanto do Roma quanto dos metalúrgicos, através da concorrência pública, pra qualquer empresa

que queira participar, tantos no parque dos metalúrgicos e considerando as restrições do parque

Roma, mas que nesse quesito nós vamos avaliar, principalmente, o número de empregos gerados,

inclusive nos terrenos menores. Nesse terreno dos metalúrgicos, estamos querendo fechar com

uma empresa que seja referência, analisando projeto por projeto. Pra se escolher o melhor pra

cidade.

- Então não é exatamente uma mudança de paradigma...

Davi: Na verdade o que acontece, todo o planejamento desses dois parques, eles foram pensados

inicialmente para pequenas e médias empresas, tanto é que o parque dos metalúrgicos seria

divido em trinta lotes de aproximadamente três mil metros quadrados, que seria justamente para

pequenas empresas, talvez médias se conseguíssemos conciliar dois ou três lotes. Todavia, a

gente começou a ter um assédio das grandes empresas que querem se instalar aqui na região e

que estão dando a preferência pra se instalar aqui. E uma coisa que nos chamou muita atenção

nessas empresas é o alto valor tecnológico agregado a elas. Algo que não temos na região e que

nem o estado do Rio possui tudo concentrado em São Paulo e que eles já estão vendo a

possibilidade de ficarem aqui no Rio, principalmente na nossa região que está próxima ao Vale

do Paraíba Paulista, relativamente próxima a São Paulo. Então eles sabem que tem dificuldades

com a mão de obra aqui, mas que não seria tão difícil em trazer de São Paulo e que no médio

prazo, eles conseguiriam formar essa mão de obra aqui também, através da instalação deles aqui.

E são empresas que tem um potencial de atrativo de capital humano muito grande. E por causa

delas, a gente começou a pensar também nessa possibilidade. Infelizmente, a gente não tem uma

quantidade de áreas suficiente para beneficiar tantos médios e pequenos, como as grandes, a

48

gente tem que priorizar um e depois conciliar os dois. Pra você ter ideia, nós temos um terreno de

noventa e cinco mil metros quadrados no parque dos metalúrgicos. A gente está reservando cinco

mil pra uma grande empresa e o restante pra dividir entre as pequenas empresas.

- Então vocês vão trabalhar com um distrito voltado pra pequenas e médias empresas e o outro

que vocês querem atrair uma nova empresa âncora?

Davi: Exatamente. Não que seria um parque temático, ou seja, que as empresas instaladas ali

atrás, necessariamente tenham relação, não é isso.

- Mas se for é perfeito?

Davi: Melhor ainda. Até porque, como eu falei, quando a gente fala em incentivar as empresas

locais, aquelas que estão tentando crescer, por todo o estudo que a gente fez ao longo desses dois

anos pra implantação desse parque, grande parte delas ainda é do ramo metal mecânico. Então só

estaríamos influenciando o crescimento delas e não a diversificação do nosso parque, que é o

nosso principal objetivo.

- Torna-se uma dependência...

Davi: Exatamente: Não que a gente não queria que eles crescessem, mas a gente quer dar

prioridade pra esse projeto público de diversificação, pra gente não ficar tão dependente. Nós não

somos tão dependentes como éramos antes desses ramos. Se você considerar vinte anos atrás, a

dependência da CSN e das empresas que prestavam serviços era muito maior. Até em relação ao

número de empregos que ele gerava e a quantidade de pessoas na cidade que dependiam da CSN

diretamente. Você chegou a ter umas trinta mil pessoas envolvidas com a CSN diretamente. Se

considerarmos uma família como três pessoas, chegamos a cem mil pessoas dependentes da

CSN. Hoje tem menos de dez mil funcionários na fábrica aqui. Ela tem as terceirizadas, se contar

os diretos e indiretos, é um número um pouco maior, mas enfim, nós não somos tão dependentes

mais.

49

- Foi uma dependência que se reduziu por conta de alternativas do município ou pela própria

companhia que resolveu podar um pouco isso.

Davi: O mercado se movimentou porque tinha que se sustentar. Então houve um movimento

muito grande a partir da privatização, com essa demissão em massa, de novos empreendedores

na cidade. Muitas pessoas eram de fora daqui, receberam a indenização e voltaram para as suas

terras e outros investiram aqui, com o negócio próprio. A gente viu muito botequim abrindo por

aí, mas tiveram alguns que montaram negócios que deram certo. Então se você considerar vinte

anos atrás, você via um comércio muito dependente de cidades vizinhas, principalmente, Barra

Mansa, que até então tinha o comércio mais forte de toda região e que atraía as cidades. Hoje

Volta Redonda tem um comércio totalmente independente. Esse movimento que aconteceu

nestes vinte anos, transformou o comércio de Volta Redonda. E hoje, nós temos um centro de

comércio e serviços muito forte, o maior da região. Você não precisa ir pra nenhuma cidade

vizinha, porque tem tudo aqui. Hoje o movimento é ao contrário, cidades vizinhas que vem

consumir aqui. Hoje, a gente é referência em centro de saúde na região, na educação, tanto de

cursos como universidades, hospitais, clínicas, laboratórios, ou seja, estamos caminhando pra

esse sentido. E acho que uma visão que vamos tomar daqui pra frente, não finalizando, mas

assentando esses projetos dos parques empresariais, é o fomento dos serviços e comércio da

cidade. Agora estamos carentes de uma atuação mais eficaz, de forma a organizar e incentivar. A

gente sabe que a melhor forma de movimentar e melhorar esse tipo de coisa é a concorrência, o

próprio mercado se movimentando. Então nós lutamos muito pra trazer esses projetos dos novos

shoppings pra cidade. Porque parece que não faz muita diferença, mas o comércio todo se

movimenta. A final de contas, eles terão que melhorar os seus serviços, pra manter os seus

clientes. E a gente tomou preocupação em quem apoiar. É um projeto totalmente privado. O que

estamos fazendo é fomentar, não tem recurso público nenhum. Na verdade só o fato de facilitar o

projeto pra que ele aconteça... Por que todo o projeto privado encara uma barreira de burocracia

gigantesca. O que estamos tentando fazer é facilitar isso. Não vamos deixar de cumprir nenhuma

de nossas regras e normas, mas vamos tentar deixar o menos burocrático possível pra que o

investimento realmente aconteça. E nos preocupamos a ajudá-los bastante nesse sentido porque

reconhecemos que é um grupo extremamente competente, que já realizou muitos projetos

significativos em todo o país; grandes shoppings que eles construíram, implementaram,

50

conceberam a ideia do projeto, enfim, são referência no lugar onde estão instalados. Então esse

know-how que é trazido pra Volta Redonda, muda um pouco a cultura daqueles que acham que

sabem o que é um shopping. Porque quem nunca saiu de Volta Redonda e nunca foi a um

shopping em São Paulo ou no Rio, tem a ideia que um shopping é o Sider, uma escada rolante,

como uma galeria que você da volta e acabou. Não é assim. Pra gente que já andou um

pouquinho, sabe que há uma diferença. Então, a vinda desse projeto pra cá, muda um pouco essa

configuração do comércio local e eles automaticamente precisarão mudar a qualidade de seus

serviços e seus próprios produtos. E isso irá fomentar de uma forma. Não que isso seja a nossa

atuação, mais foi um início para que começássemos a atuar. Nos diversos projetos temos

parcerias com o CDL, SICOMÉRCIO, ACIAP, pra já estarem mais próximos a eles e a nossa

ideia agora é que, assim que conseguirmos finalizar a questão do shopping e dos parques

empresarias e assentar as empresas, é começar a trabalhar com mais afinco com relação a esses

serviços. E posteriormente completar o projeto de instalação de novas empresas e indústrias, com

a abertura da rodovia do contorno, esse é o desenvolvimento que a cidade tem. O grande

problema ali são os proprietários das áreas, mas será um movimento natural, que não será

possível evitar. É uma rodovia nova que será aberta e que será preciso instalar ali uma série de

serviços. Então o próprio grupo que é o empreendedor na cidade, já está se movimento em suas

áreas pra receber esses novos investimentos. É algo que naturalmente irá acontecer. Nós falamos

que o nosso papel ali será de fomentar. Futuramente, quem sabe, a gente conseguir instalar um

parque como nós estamos criando lá no Roma e nos metalúrgicos, mas não é cem por cento

certo.

- O Roma ele foi comprado de Piraí, não era?

Davi: O Roma, na verdade, foi anexado. O que acontece. O mapa de Volta Redonda é um pouco

confuso. Se você conversar com as pessoas que trabalham na prefeitura há mais tempo, elas vão

te dizer que nós fomos roubados por políticas aplicadas anteriormente. Pra você ter ideia, o mapa

anterior de Volta Redonda, já compreendia o Roma e uma área que hoje pertence a Barra Mansa.

Hoje a divisa está com o Rio Brandão. O rio hoje é a divisa entre Volta Redonda e Barra Mansa.

Na verdade, na década de setenta, a divisa era a própria Dutra. Na década de setenta, com a

ditadura, Volta Redonda, por muito tempo, era considerada área de segurança nacional; não tinha

51

eleição de prefeito, era indicado pelo presidente, então o coronel que ficou responsável por Volta

Redonda, redesenhou o mapa da cidade e esse pedaço ficou pra Barra Mansa. Isso é uma

discussão que rola até hoje, mas que dificilmente será resolvido, como há também a discussão da

Califórnia.

- Eu não sou daqui, mas eu vi o Roma como uma área anexada. Uma área muito grande com uma

população ínfima. E Barra do Piraí é um município decadente há muito tempo. E a Califórnia, é

uma área que pertence a Barra do Piraí, mas que os serviços são prestados por Volta Redonda. A

gente não sabe se isso é uma questão eleitoreira, atender essa população pra captar votos ou outra

é que a Califórnia pode ser o Roma de amanhã, porque a questão do espaço é a central questão

aqui.

Davi: Olha, na verdade, a gente não pode nem falar que é eleitoreira porque é uma coisa que vem

da própria população. Não é o político só que vai lá e promete, mas a própria população pede.

Não é comparando os municípios, mas quando a população atravessa a divisa imaginária do

município, começa com a qualidade do asfalto que é o primeiro impacto que tem quando você

atravessa. Se você precisa resolver alguma coisa no centro em alguma dessas cidades vizinhas, a

própria polução já vê a diferença, tanto na saúde, na educação, enfim. Então eles querem ter a

mesma qualidade de vida que o vizinho dele tem e o apelo é popular. Califórnia é como o Nove

de Abril, aqui em Barra Mansa: uma rua é Volta Redonda, você tem todos os benefícios que a

cidade oferece e você anda para o outro lado, já é outra cidade. A prefeitura de Volta Redonda

não pode chegar ali. É completamente diferente, porque o município não tem a mesma estrutura.

Então a própria população demanda isso. E eu posso te afirmar que a gestão atual até tem

interesse, pode até ser político, porque é uma quantidade maior de votos, mas isso demanda

também um planejamento orçamentário que a gestão atual está disposta a fazer. Só que é uma

questão muito mais complicada. Tem todo um aparato legal, plebiscito, enfim, não é tão fácil

assim. Mas tirando essas questões, o município de Volta Redonda tinha essa configuração

anterior e hoje não tem mais, com a diferença que o Roma foi anexado novamente. Ali nem se

justificava tanto, continuar a pertencer a Piraí, porque era prejuízo pra Volta Redonda. Com a

configuração anterior, Volta Redonda não tinha Dutra, porque a configuração do mapa terminava

antes da Dutra. Com essa nova configurações têm-se dois quilômetros de Dutra, é pouco, mas se

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não tivéssemos, não poderíamos instalar o hospital regional, o aeroporto, a rodoviária, enfim. Se

você for ver, essa anexação do Roma está puxando o desenvolvimento da cidade toda pra zona

sul. Hoje, só estamos conseguindo pensar na parada do trem de alta velocidade (TAV), o

aeroporto, a rodoviária, o hospital regional, por causa dessa anexação. Se não fosse isso, não

conseguiríamos pensar em nenhum desses projetos ali.

- Esse polo metalúrgico que vocês estão falando, com uma empresa âncora...

Davi: Ali a gente não está falando de metalúrgico, mas sim porque a rodovia chama dos

metalúrgicos. É uma discussão que tivemos várias vezes, senão o pessoal vai achar que o parque

é de metalurgia.

- Mas lá que vai ficar essa empresa de porte?

Davi: Exato.

- E já tem alguma empresa?

- Nós já estamos conversando com algumas empresas. Pode ser do ramo automotivo, do ramo

têxtil. Todas que trabalham com tecnologia de ponta. Até do ramo de informática, mas não tem

nada fechado.

- Mas assim, montadora no caso demanda uma estrutura. A Nissan está vindo com uma

perspectiva de trazer trinta empresas e é uma lógica muito diferente da MAN e Peugeot. Então é

uma perda considerável assim pra vocês.

Davi: Não necessariamente. Pelo o seguinte. A diferença é que quando você fala dos modelos da

MAN e da Peugeot, são modelos de montadoras modulares. Não é a Peugeot propriamente dita

que está montando o carro e nem a MAN. São empresas, algumas fazem parte do grupo, outras

não, mas cada galpãozinho daquele que faz a montagem. A Nissan está vindo com uma

concepção totalmente diferente. É a montadora da Nissan e não um consórcio modular. E ela

53

precisava trazer os fornecedores pra começar a desenvolver aqui projetos que são desenvolvidos

lá fora, como o carro elétrico que ela quer começar a montar aqui. Está dependendo ainda de um

acordo com o governo federal que não quer reduzir o imposto de forma alguma, mas enfim, é um

movimento que não tem como se evitar. Só que uma vantagem que foi feita com o projeto da

Nissan é que o governo do estado aprovou um benefício, que foi um dos principais fatores pra ela

ter se instalado aqui, que não se reduz a área da Nissan e o entorno, mas que se estende a sessenta

e cinco quilômetros do ponto de instalação da fábrica. Então qualquer fornecedor dela pode se

instalar nesse raio no qual Volta Redonda está inserido nele. Então a gente pode muito bem

receber esses fornecedores dela. Então tem toda uma questão logística. Por que eu instalaria aqui,

se eu posso colocar do lado dela? Não é muito mais fácil, meu custo diminui,... “Aí” é todo um

tratamento diferenciado que você tem que dar e justamente o foco que você tem de ter.

Dependendo da empresa que vá se instalar lá, ela até teria um custo de logística maior em

questão ao transporte de peças. Em contra partida, dependendo do tipo de profissional que ela

tenha, esse transporte vai se transformar ao de funcionários, porque ela vai levar funcionários de

Volta Redonda pra trabalharem lá, enquanto ela poderia ter o funcionário aqui dentro. Até

porque, o transporte de pessoas é muito mais caro que o transporte de carga. Então são esses

cálculos que estamos fazendo junto com esses fornecedores porque se pra ele é mais importante

o material humano do que a proximidade da fábrica, a gente ganha, porque o principal centro de

formação de mão-de-obra está aqui. Apesar de hoje a UERJ está muito forte em Resende, com

cursos muito bons, a gente ainda detém a maior parte do capital humano. E se a empresa precisa

muito mais disso, ou seja, se o tipo de profissional que ela deseja é o mais qualificado, Volta

Redonda é mais interessante pra ela, do que está do lado da fábrica. E ela terá os mesmos

benefícios que lá. E lá a especulação imobiliária é muito maior do que aqui, porque lá é só um

dono. Se não fosse o governo do estado interferindo, porque foi através disso que a Nissan

conseguiu se instalar ali, as empresas não se instalariam. Agora, quem vai pagar o que a Nissan

não pagou são as empresas que vão se instalar em volta. O que ele não conseguiu cobrar da

Nissan, ele vai cobrar dessas empresas.

- Caberia a possibilidade de trazer uma mini Mill, com a Votorantim?

Davi: O pequeno da Votorantim é um milhão de metros quadrados. A maior área que a gente

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conseguiu é os cem mil ali dos metalúrgicos. Nós até teríamos uma área aproximada de

quinhentos a seiscentos mil, só que é da CSN e de forma alguma ela vai trazer outra siderúrgica

pra cá. E as próprias siderúrgicas não querem pelo o seguinte, é ruim está em uma cidade onde

tem uma outra empresa do mesmo ramo, a não ser que você consiga conciliar isso. Por exemplo,

a Nissan esta vindo pra cá por causa dos benefícios, mas ela já sabe que vai encarar uma

dificuldade com mão-de-obra muito grande. A vantagem dela é que como ela está trazendo o

modelo de fábrica dela pra cá, uma coisa que está tranquilizando os executivos da Nissan, ela

vem com um plano de cargo e salário muito melhor que os consórcios que MAN e Peugeot

pagam aqui. Então ela não vai ter essa briga de ficar perdendo, como hoje tem entre MAN e

Peugeot, o funcionário fica pulando de uma pra outra, que é péssimo para as empresas, ela está

vindo com uma proposta muito melhor. Um padrão diferenciado. Ou as duas melhoram o plano

de cargo e salário pra manter esses funcionários ali, sendo que isso é bom pra região ou então

elas terão que formar essa mão-de-obra toda de novo. O pior será pra elas. Mas não é só a Nissan

que vem e sim todos os fornecedores em volta. O projeto da Nissan é esse. Os fornecedores não

têm o mesmo plano da Nissan. E quando a gente está falando de indústria automotiva, é mais ou

menos o mesmo tipo de mão-de-obra. O cara pega o motor e monta no carro. Ao mesmo tempo

em que ele pode montar o motor só na fábrica. Então se vem uma fábrica de motor pra cá, ela

pode roubar das outras. Essa é uma das maiores discussões, mas fica mais com o pessoal que

discute RH e que faz esses planejamentos de recursos humanos na região. Nesse caso automotivo

é mais fácil, porque você tem o SENAI que forma uma quantidade muito grande em Resende de

mão-de-obra pra essas empresas. Boa parte dos alunos da rede pública de Resende já faz os

cursos do SENAI, patrocinados por essas montadoras. Elas não absorvem todos os alunos que

fazem o curso, então já tem uma mão-de-obra reserva. É claro que é uma mão-de-obra crua. O

cara fez o curso, mas tem que aprender na fábrica, pra colocar em prática o que ele aprendeu no

curso. No caso da siderurgia é muito mais agressivo. O salário é muito mais baixo, ainda mais

considerando CSN. No ramo da siderurgia, é a que tem o mais baixo salário. Por isso que tem

tanta gente indo para a CSA. E você sabe muito bem que esse tipo de profissional troca por

duzentos, trezentos reais. Por muito pouco ele viaja 1h30min a 2h por dia. Enfim, é uma opção

que ele tem. Estamos estudando as empresas que necessitam de um capital humano mais

qualificado, com um salário melhor e tudo mais, você não tem muito essa concorrência. Na

verdade a gente vai acabar atraindo profissionais de fora. Porque a gente sabe que não tem toda a

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quantidade que eles precisam aqui e terão que trazer. Mas uma garantia que a gente tem em Volta

Redonda, é que ele pode vir pra cá e inicialmente alugue uma casa, mas quando ele realmente

conhece a cidade, tranquilamente ele traz a família pra morar.

- Mas vocês enfrentam um problema que está acontecendo em Volta Redonda que é o aumento

do custo de vida.

Davi: Mas isso não tem jeito, infelizmente. Pelo seguinte. Essa especulação imobiliária ainda tem

um prazo pra continuar crescendo... Essa bolha ainda vai continuar inflando. Não temos estudos

específicos de quando essa bolha vai parar, retroagir, mas o que a gente vê de especialista de

mercado falando é que isso está acontecendo no Brasil inteiro, principalmente no sudeste. Isso

não está muito longe de estourar não, ainda tem uma fase de crescimento, mas não está longe. Eu

acredito que um ou dois anos após as olimpíadas e irá cair de uma forma considerável. Nunca irá

voltar para o patamar que é essa bolha toda, mas que vai diminuir, isso vai. Então não tem como

a gente trabalhar essa questão. O estado nem sempre pode colocar a mão e regular isso.

Infelizmente a gente não tem esse poder todo. O que a gente está tentando fazer pra reduzir um

pouquinho esse baque é tentar atrair outras empreendedoras pra construir outros modelos de

habitação na cidade. Hoje a gente esta refém de duas ou três construtoras. Você já começou a ver

uma grande movimentação de grandes construtoras que não tinham em Volta Redonda e

demonstra que se o mercado é interessante para as grandes, é porque o mercado está bom. O que

a gente está tentando trazer agora é um padrão diferenciado e que não cobre os absurdos que são

cobrados na cidade, até pra dar uma equilibrada. Se paga o absurdo que é, porque só tem um

grupo vendendo e muita gente pra comprar. Infelizmente, essas empresas não estão entrando com

o modelo pronto, só com o loteamento. Então, a gente tem que trazer outras com os modelos

prontos, as construções, as casas, porque você equilibra esse mercado. Só que não é fácil,

justamente pela questão da área. “Aí” você esbarra em quem tem a área pra vender. Quando você

fala num loteamento desses, não estamos falando em cinquenta mil metros quadrados, mas sim

em trezentos, quatrocentos mil, pra viabilizar o investimento que eles irão fazer. Então não é fácil

trabalhar essa questão. É o nosso principal calcanhar de Aquiles, a questão da área.

- Como está a relação com a CSN?

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Davi: Melhorou bastante. Mas ainda sim, eu não sei se é uma convenção interna ou uma ordem

direta dos superiores, mas não existe negociação com Volta Redonda. Ela recebe, conversa, mas

não vinga.

- Pra ela deixou de ser prioridade Volta Redonda há muito tempo e acho que a cidade demorou a

perceber isso.

Davi: Na verdade é que ninguém queria perceber, porque continuou uma briga em tentar reverter

a situação. Eles produzem o aço mais barato do Brasil, com uma empresa sucateada, mão-de-

obra barata e fazer um aço com qualidade devido o minério que eles usam e o know-how que

Volta Redonda tem, mas com custos super baixos e competitivos.

- Agora, essas áreas caberiam a eles investir em alguma coisa. Tem aquela parte do Aero. Não sei

se aquele shopping com um conjunto habitacional vai sair...

Davi: Então. A gente não fala desse shopping, porque a gente viu uma movimentação muito

grande na mídia pela CBS, mas só. Como poder público, a gente não recebeu nada. Nenhum

projeto, nenhuma consulta, pra ver se era possível ou não era. O que a gente acompanhou foi o

mesmo que a população viu nos jornais, na mídia. Na verdade a questão do Aero, como a área

que eles têm atrás da UFF do Aterrado, são áreas que já estão definidas no plano diretor da

cidade como áreas estratégicas. Qualquer coisa que se faça ali, tem que seguir o plano diretor.

Não que aquele projeto deles esteja fora do plano diretor, só que não pode ser aprovado para

aquela área simplesmente um shopping. Tem de ser aprovada a utilização daquela área como um

todo.

- O projeto é bem interessante. É um horto, um conjunto habitacional, um shopping e supriria

várias carências de habitação.

Davi: Só que aquilo pra gente é só um desenho que foi feito em cima daquela área. Não tem nada

de concreto. Fazer o desenho é fácil. Tem que fazer todo o plano de negócios, cronograma de

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execução, não é tão simples assim. Além disso, tem uma discussão com relação ao verdadeiro

dono daquela área. Judicialmente, não está cem por cento que aquela área é da CSN. Em

primeira instância ela perdeu, mas enfim, isso demora um bom tempo.

- Como fica essa possível perda de centralidade pra Resende? Vocês estão preocupados com

isso?

Davi: Não, porque o nosso plano agora é trabalhar na qualidade da cidade. Por isso que quando a

gente fala em trazer empresas pra cá que tragam capital humano, é pensando na melhoria do

comércio e serviço. Por quê? A gente não vai trazer pra cá uma Nissan ou uma grande empresa

porque a gente não tem espaço pra isso. Mas a gente tem aqui plenas condições de manter essas

pessoas que trabalham nas regiões. Não importa se instalaram todas as empresas em volta da

cidade, desde que a gente mantenha todas as pessoas aqui. Se a pessoa continua morando aqui, a

família dela continua consumindo aqui, usando os serviços da cidade e a cidade ganha com isso.

Pra isso a gente precisa manter a qualidade de vida. Ou seja, melhorar a qualidade, ter um

comércio competitivo e opções de entretenimento e lazer, educação e saúde. Enfim, o trabalho do

poder público ser bem feito. Se a gente conseguir manter ou evoluir nesse sentido, a gente não

entende como perda de centralidade. É óbvio que o crescimento é natural e vai crescer. Se você

considerar que alguns anos atrás São Paulo, o Rio está vivendo isso. Era tudo concentrado na

capital, teve uma hora que começou a ter que se espalhar. Na verdade a gente não está recebendo

o crescimento do Rio, mas está vindo de São Paulo pra cá, vindo da Dutra e do Vale do Paraíba.

Então a região toda vai crescer e óbvio que serão implementados serviços de educação, saúde...

Resende, Itatiaia... Pode parecer que não, mas Itatiaia está recebendo muito mais empresas que

Resende. Hoje o polo industrial de Itatiaia está muito mais forte do que o de Resende. Hoje

Resende tem a MAN e tem a Votorantim. Basicamente são essas duas empresas. E agora vai

receber a Nissan. Se você olhar a quantidade de empresas que vão se instalar a médio e longo

prazo em Itatiaia, é muito mais forte do que em Resende. É uma quantidade de empresas muito

maior. A diferença é que Itatiaia é considerada ainda uma cidade turística. A população continua

morando em Resende ou os executivos moram em Penedo. Mas continuam utilizando todos os

serviços de Resende, até mesmo pela proximidade. Hoje com a ponte da Votorantim, ficou muito

mais fácil sair de Penedo e entrar em Resende. Então se você vê em número de empresas se

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instalando, eu falaria que Itatiaia iria se tornar um centro. Não. Na verdade isso não acontece. As

pessoas trabalham nas empresas, mas continuam morando nas suas cidades. Quem é de Volta

Redonda dificilmente sai daqui pra morar em Resende. Até vai trabalhar, até em Itatiaia, mas

continua morando aqui.

- Mas é uma questão de orgulho da cidade ou uma questão de comodidade.

Davi: Não. Quem conhece Resende não conseguem se adaptar com o estilo de vida de Resende,

completamente diferente de Volta Redonda. Resende tem uma história diferente. Sempre muito

voltada pra AMAN, mais conservadora. Se você falar para um pai que trabalha na Peugeot e

virar para os filhos adolescentes que vai mudar pra Resende, acabou. Será uma guerra dentro de

casa. Deixar de morar em Volta Redonda, pra morar em Resende. Isso não acontece. Enfim. Com

certeza a população dessas cidades vai crescer e terá muita gente vinda de fora e se instalando lá.

Mas a gente também quer proporcionar isso. Apesar da gente não vê a instalação desse projeto a

médios e longo prazo, o TAV seria decisivo pra questão da centralidade.

- Mas está entre Volta Redonda e Barra Mansa?

Davi: “Aí” é que está a grande questão. Conversamos com os principais consórcios, mas eles

deixaram bem claro que o lugar que eles querem instalar é Volta Redonda. Por quê? A parada do

TAV também é estratégica. Tem que ter uma centralidade, porque se ele para em Resende,

dificilmente quem mora em Volta Redonda vai pra Resende pegar o TAV pra descer para o Rio.

Talvez ele até vá pra ir para São Paulo, mas pra descer para o Rio ele não vai. Em contra partida,

há grande possibilidade de quem mora em Resende vir de carro e parar aqui em Volta Redonda

para ir ao Rio. Levaria uns vinte e cinco minutos até Volta Redonda e mais uns vinte e cinco

minutos até o Rio. Então esse caminho é fácil de acontecer. Agora o inverso, é muito difícil de

acontecer. Em Volta Redonda são duzentos e sessenta mil habitantes considerados dentro da

cidade. Considerando os bairros vizinhos e que são limítrofes da cidade que utilizam os serviços

da cidade, podemos dizer que são trezentas e cinquenta mil pessoas. Quando você começa a

comparar os cento e sessenta mil de Resende, mais os dezessete de Itatiaia, mais um pouquinho

de Porto Real, não dão pra comparar... Então essa centralidade para o trem de alta velocidade é

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Volta Redonda. Claro que isso tudo ainda será definido após ganhar a concorrência. Mas eu não

vejo expectativa desse projeto sair agora, pelo menos não em médio prazo. Muito caro, o modelo

que foi escolhido é muito difícil de realizar. Trinta e oito milhões é muito dinheiro. Trinta e oito

milhões de reais, praticamente, construíram toda a estrutura de TAV da Coréia, comparando os

valores. A diferença é gigantesca. O maior interesse de quem vai explorar os trens é imobiliário e

não os trens. Quando ele faz uma parada, ele não compra só o terreno da parada, ele compra

milhões de metros quadrados, porque ele quer explorar imobiliariamente aquela região. Pra ele é

muito mais interessante que o trem. O secretário foi até visitar a Coréia pra ver o modelo que eles

implantaram lá, pra uma cidade mais ou menos igual a Volta Redonda, mas um pouco menor.

Com a implantação da parada do TAV, tem cinco anos de desenvolvimento, a cidade de duzentos

mil habitantes pulou para seiscentos mil. Então, encurtou a distância para os grandes centros. E

qual a razão para o trem bala? Não só o transporte rápido entre uma cidade e outra. Então você

faria uma linha e não parava. É você tirar a concentração dos grandes centros e vai distribuindo

nas paradas, que é muito mais vantajoso. Por isso que você tem que ter todo um planejamento de

expansão imobiliária. E eles veem isso com muito mais possibilidade em Volta Redonda, se

estendendo para Barra Mansa. Quando você faz uma parada em Volta Redonda,

automaticamente você atende a população de Barra Mansa. Hoje é vizinha; quinze minutos você

está em outra cidade. Não que não terá outra parada em Resende, terá, mas não no primeiro

momento. Mas em alguns anos de execução do projeto, terá uma parada em Resende.

- Esse desenho que vocês estão fazendo é pra ganhar um gás por mais dez anos...

Davi: A gente acredita que esse lado da Dutra e mais a rodovia dos metalúrgicos.

- E depois de dez anos? Como fica?

Davi: É complicado. Planejamento em longo prazo não é uma coisa muito fácil de ser fazer. E

muito menos fácil de convencer. Os políticos estão procurando os técnicos para solucionar

aqueles problemas que eles não conseguiram resolver. E eles têm que resolver, até mesmo pra

tentar se reeleger. Isso é algo que já aconteceu em São Paulo e hoje existe uma gestão muito mais

profissional do que política. E aos poucos está acontecendo no estado do Rio de Janeiro.

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Políticos procurando técnicos para estarem na sua equipe para resolver alguns problemas. Então,

esse planejamento que a gente está fazendo é para os próximos dez anos. Não que nós não

queremos fazer um planejamento maior, nem nos dá ferramentas e orçamento pra isso. Então

temos que trabalhar com o que a gente tem. Então estamos semeando algo que nos próximos dez

anos vai automaticamente sozinho, sem que o poder público continue intervindo, vai acontecer.

Essa abertura para o eixo da zona sul da cidade, automaticamente quando plantarmos alguns

projetos, vai acontecer. Então, não tem como a gente impedir depois que isso aconteça. Porque

tem aquela coisa que entra outro político e diz que não quer nada que o outro prefeito fez, não

tem como. Automaticamente já vai acontecer. Você instalou um hospital, uma rodoviária, um

aeroporto, não tem como evitar que o crescimento vá para aquela cidade, região ou área. Vai

acontecer isso. É algo que a gente prevê que aconteça em dez anos. Agora a gente não tem como

pensar em crescer muito porque praticamente acaba. Terminando a zona sul, sobra a rodovia do

contorno que está quase toda planejada, não tem mais onde crescer. Temos ainda que

implementar políticos de agronegócios na zona norte, que esse inicialmente é de agricultura e

pecuária.

- É muito pouco e pequeno...

Davi: Mas tem muito pra se fomentar. Tem muito potencial de crescimento.

- É mais um questão de fomentar do que interesse.

Davi: Existe um potencial grande, na verdade não é só questão de se fomentar. Existem poucos

produtores rurais em Volta Redonda, muitos desistiram e vieram pra cidade. Enfim, desistiram da

atividade rural como um todo. Mas é uma atividade que tem muito potencial na cidade. Por isso

que temos parcerias aqui dentro com várias instituições, principalmente com a UFF pra tentar

desenvolver projetos. Então a nossa área acabou. A gente não tem muito mais o que crescer.

Temos que focar na melhoria da qualidade de vida.