Vol. 03 Abril’07 - Revista / Journal Motricidade · REVISTA MOTRICIDADE Revista Técnica e...

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REVISTA MOTRICIDADE Revista Técnica e Cientíca da Fundação Técnica e Cientíca do Desporto N.º02 Vol. 03 Abril’07 I CORPO EDITORIAL DA MOTRICIDADE Editor-chefe Prof. Doutor Victor Machado Reis (UTAD) Editores Juniores: Dr Felipe José Aidar (UTAD, Portugal) Dr André Carneiro (Funorte-MG, Brasil) Editores Associados: Prof. Doutor António José Silva (UTAD, Portugal) Prof. Doutor José Alberto Duarte (FADE-UP, Portugal) Prof. Doutor Ricardo Jacó Oliveira (UCB-DF, Brasil) Prof. Doutor Jefferson Novaes (UFRJ-RJ, Brasil) Prof. Doutor José Vasconcelos Raposo (UTAD, Portugal) Conselho Editorial: Prof. Doutor António Serôdio (UTAD, Portugal) Prof. Doutor Carlos Albuquerque (ESSV, Portugal Prof. Doutor Estelio Martim Dantas (UCB-RJ, Brasil) Prof. Doutor Francisco Bessone Alves (FMH-UTL, Portugal) Prof. Doutor João Paulo Brito (ESDRM-IPS, Portugal) Prof. Doutor João Paulo Vilas-Boas (FADE-UP, Portugal) Prof. Doutor José Rodrigues (ESDRM, Portugal) Prof. Doutor Leandro Machado (FADE-UP, Portugal) Prof Doutora Maria Dolores Monteiro (UTAD, Portugal) Prof. Doutor Manuel Sérgio (Instituto Piaget, Portugal) Prof. Doutor José Fernandes Filho (EFMG-MG; Brasil) Prof. Doutor Rodolfo Benda (UFMG-MG, Brasil) Prof. Doutor Paulo Dantas (UNIGRANRIO_RG, Brasil) Prof . Doutor Tiago Barbosa (IPB, Portugal) Consultores: Mestre Jaime Tolentino (Funorte-MG, Brasil) Mestre Mário Marques (UPO, Espanha) Mestre António Moreira ((ESDRM_IPS, Portugal)) Dr.ª Ana Maria Almeida Torres (Hospital de São Teotónio de Viseu, Portugal) Dr. José Ramos (centro Nacional de Medecina Desportiva, Portugal) motricidade3vol2.indd 1 motricidade3vol2.indd 1 03-12-2007 1:15:16 03-12-2007 1:15:16

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REVISTAMOTRICIDADE

Revista Técnica e Científi cada Fundação Técnica e Científi ca do Desporto

N.º02 Vol. 03 Abril’07

I

CORPO EDITORIAL DA MOTRICIDADE

Editor-chefe Prof. Doutor Victor Machado Reis (UTAD)

Editores Juniores: Dr Felipe José Aidar (UTAD, Portugal)

Dr André Carneiro (Funorte-MG, Brasil)

Editores Associados: Prof. Doutor António José Silva (UTAD, Portugal)

Prof. Doutor José Alberto Duarte (FADE-UP, Portugal)

Prof. Doutor Ricardo Jacó Oliveira (UCB-DF, Brasil)

Prof. Doutor Jefferson Novaes (UFRJ-RJ, Brasil)

Prof. Doutor José Vasconcelos Raposo (UTAD, Portugal)

Conselho Editorial: Prof. Doutor António Serôdio (UTAD, Portugal)

Prof. Doutor Carlos Albuquerque (ESSV, Portugal

Prof. Doutor Estelio Martim Dantas (UCB-RJ, Brasil)

Prof. Doutor Francisco Bessone Alves (FMH-UTL, Portugal)

Prof. Doutor João Paulo Brito (ESDRM-IPS, Portugal)

Prof. Doutor João Paulo Vilas-Boas (FADE-UP, Portugal)

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Prof. Doutor Leandro Machado (FADE-UP, Portugal)

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Prof . Doutor Tiago Barbosa (IPB, Portugal)

Consultores: Mestre Jaime Tolentino (Funorte-MG, Brasil)

Mestre Mário Marques (UPO, Espanha)

Mestre António Moreira ((ESDRM_IPS, Portugal))

Dr.ª Ana Maria Almeida Torres (Hospital de São Teotónio

de Viseu, Portugal)

Dr. José Ramos (centro Nacional de Medecina Desportiva,

Portugal)

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ÍNDICE: Revista Motricidade Vol. 03 N.º02 | Abril ‘07

{ EDITORIAL:Empregabilidade de licenciados em Desporto nos Ginásios e Academias{ RESUMOS DO SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIA E FITNESS

{ 7O consumo de antioxidantes e o balanço energético na dieta de praticantes de hidroginástica

em idade sénior {Calisto, F.; Silva, L. 4; { 9Zonas alvo de treino em diferentes ergómetros {Chaves, C.; Garganta, R.; Roig, J.; { 12 A importância da defi nição de zonas alvo de treino para o indoor cycling.{Garganta, R.; Roig, J.; Chaves, C.; Bomtempo, R.; Alves, N.; Ferreira, J.;{ 14 Inteligência emocional percebida (iep) ajuste emocional e actividade física na terceira

idade {Queirós, M.;{ 16Auto-percepções, auto-estima, ansiedade físico-social e imagem corporal – estudo

comparativo entre instrutores de fi tness e praticantes de actividade física {Queirós, M.; { ARTIGOS DE SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIA E FITNESS

{ 21Electroestimulação e exercitação aeróbia em cicloergómetro – metodologias por

superimposição e sua infl uência sobre o vo2máx. {Ângelo, R.; Mourão, P.; Carvalho, A.; Carvalho, C,;

{ 37 Utilização da percepção subjectiva do esforço para monitorização da intensidade do treino

de força em idosos. {Costa, A.; Fernandes, C.;{ 47Actividade física e bem-estar psicológico - perfi l dos participantes no programa de

exercício e saúde de rio maior {Cid, L.; Silva, C.; Alves, J.; { 56Ck sérica é modulada por exercício mas não por suplementação de creatina {Machado, M.; Sampaio-Jorge, F.; Teixeira-Ferreira, A.; Knifi s, F.; { 64 Comportamento do cloro em prova de triathlon meio-ironman { Bürger-Mendonça, M.; Montenegro-Silva, A.; { 69 A realidade portuguesa do conforto em instalações de fi tness. O que mudar? {Barreira,

C.; Carvalho, A. P.; { 81 Proposta de uma equação de regressão para estimar o pico da frequencia cardíaca ou a

frequencia cardíaca máxima de esforço em indoor cycling {Pereira, L.; Garganta, R.;{ 87Machado, M.; Efeito do alongamento pós exercício na concentração sérica de creatina

kinase (ck) de homens e mulheres {Pereira, R.; Brust, A.; Barreto, J.;

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EDITORIAL: Revista Motricidade Vol. 03 N.º02 | Abril ‘07

IV

Empregabilidade de licenciados em Desporto nos Ginásios e Academias

No último número do ano passado (Vol:2, Nr:4, 2006) a Motricidade deu início à publi-cação de Actas de reuniões científi cas em áreas de estudo associadas com a missão da revista e no presente número retoma essa abordagem.Sob iniciativa da Academia Gimno-Físico e com

a colaboração da Autarquia local, da Fundação Técnica e Científi ca do Desporto e da Universi-dade de Trás-os-Montes e Alto Douro, realizou-se no dia 9 de Fevereiro de 2007 em São João da Madeira, o I Simpósio Internacional Ciência e Fitness, organização que decorreu em paralelo com a XIV Convenção Internacional de Fitness. Se a frequência de organizações científi cas asso-ciadas ao Desporto em Portugal é mínima, nesta área é praticamente inexistente. Assim, o I Sim-pósio Internacional Ciência e Fitness constituiu uma oportunidade para a divulgação de traba-lhos académicos realizados no âmbito do Fitness e das Actividades de Academia e pretendeu dessa forma prestar o seu contributo para o desenvol-vimento destas modalidades em Portugal. Para além do aprofundamento do conhecimento que só pode advir de investigação rigorosa, urge tam-bém, em Portugal, sensibilizar a sociedade para a necessidade de ter profi ssionais habilitados a um nível superior e aptos para desempenhar as fun-ções técnicas com o máximo de qualidade. Com efeito, no nosso País verifi ca-se que a fracção de não licenciados que trabalham nas academias é maioritária. É facto que existem acções de for-mação técnica (fundamentalmente orientadas para a prática, para o saber fazer) que contribuem valiosamente para a formação desses profi ssionais. Mas já não estamos em tempo de admitir que centenas (milhares…) de técnicos de desporto com formação superior estejam desempregados

ou com emprego precário quando poderiam ser aproveitados no mercado de trabalho do Fitness. Cabe às Universidades encontrarem soluções de formação mais específi ca para os seus alunos e cabe também à tutela legislar e aplicar regulamen-tações que favoreçam a excelência nos recursos humanos que trabalham nos ginásios e academias.

Participaram no I Simpósio Internacional Ciên-cia e Fitness investigadores Portugueses e Brasi-leiros. O Prof. Jefferson Novaes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de vários livros e artigos científi cos sobre actividades de acade-mia apresentou uma palestra acerca do “estado da arte” de algumas linhas de investigação. Foram ainda apresentados mais 14 trabalhos, represen-tando um total de 31 investigadores de Institui-ções de Ensino Superior em Portugal (FADE-UP, ISMAI e ESDRM) e no Brasil (UNIG-RJ, UNESA-RJ e UVV-ES), demonstrando assim a vitalidade da actuação académica numa área de estudo onde ainda existe muito por investigar.A Motricidade publica na presente edição 8 arti-

gos originais e mais 6 Abstracts correspondentes aos trabalhos que foram apresentados no Simpósio.

O EditorVictor Machado Reis

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FTCD-Fundação Técnica e Científi ca e do DesportoRua Eng.º Duarte Pacheco n.º11 | 4520-225 Santa Maria da Feira Tel 256 378 690 Fax 256 378 692 www.ftcd.org

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FICHA TÉCNICA DA MOTRICIDADE

Director: Prof. Doutor Victor Machado Reis

Directores Adjuntos: Prof. Doutor Espregueira Mendes (Hospital de São Sebastião)

Mestre Alípio Oliveira ( Comité Olímpico de Portugal)

Director de Redação: Helder Ferreira

Propriedade e Edição: FTCD-Fundação Técnica e Científi ca do Desporto

Design Gráfi co: Mário Cardoso

Paginação: Vera Costa

Impressão e Acabamento: Publidisa

Tiragem: 1000 exemplares

Periocidade: Trimestral

ICS N.º 124607

ISSN N.º ISSN 1646-107X

Depósito legal 222069/05

Assinaturas: Helder Ferreira ([email protected])

Assinaturas Anual: Portugal e Europa: €60 | Brasil e Palop:€80

Outros Países:€25

Preço deste número: Portugal e Europa: €15 | Brasil e Palop: €20

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REVISTAMOTRICIDADE

Revista Técnica e Científi cada Fundação Técnica e Científi ca do Desporto

N.º02 Vol. 03 Abril’07

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Calisto, F.; Silva, L. 4; O consumo de antioxidantes e o balanço energético na dieta de praticantes de hidroginástica em idade sénior. Motricidade 3(2): 7-8

Introdução

Existe uma evidência epidemiológica muito sustentada que associa o consumo de alimentos vegetais (cereais, frutas e legumes) à redução da incidência de numerosas doenças cardiovascula-res, cancerígenas, neurodegenerativas e à preser-vação da saúde no geral. Também é aceite e está largamente demonstrado que a actividade física associada a uma dieta equilibrada contribui para a saúde e o bem estar do indivíduo (Coyle, 2000). Sabe-se ainda que o exercício físico funciona como um factor de stress fi siológico e metabólico (Quiles et al., 1999), devido ao aumento da acti-vidade mitocondrial que leva a um incremento na produção de radicais livres. O exercício moderado praticado pelo menos cinco vezes por semana está relacionado com uma melhoria da saúde do indivíduo (ACSM, 2005). O exercício demasiado intenso e prolongado com períodos de recupe-ração defi cientes tem sido relacionado com uma redução das capacidades e funções imunitárias (Gleeson et al., 2001, 2004, Nieman, 1995) e com alterações bioquímicas e hormonais (Gleeson and Bishop, 2000) características dos estados de stress. Em qualquer dos casos os mecanismos de defesa antioxidante associados ao consumo adequado de fontes alimentares ricas em antioxidantes é essen-cial para potenciar os efeitos benéfi cos do exercí-cio ou para atenuar os efeitos do stress oxidativo. Embora a actividade física seja aconselhada em idade sénior, a capacidade para mobilizar os meca-nismos antioxidantes reduzem tornando ainda mais pertinente o cuidado com uma alimentação equilibrada e rica em fontes alimentares antioxi-dantes. As doenças neurodegenerativas associadas ao aumento da idade revelam frequentemente um

baixo conteúdo energético das células nervosas e benefícios de uma dieta rica em antioxidantes e co-factores implicados no metabolismo energé-tico. Por isso, a prescrição do exercício em idade sénior deve ser acompanhado de um adequado aconselhamento nutricional muito raramente encontrado nos programas de sensibilização des-tas populações.

Objectivo

O objectivo deste estudo foi o de analisar o consumo de fontes alimentares antioxidantes e nutrientes energéticos num grupo de indivíduos seniores praticantes regulares de hidroginástica, e avaliar se os seus hábitos alimentares correspon-dem às exigências em nutrientes energéticos e antioxidantes relacionados com a sua idade asso-ciada à prática do exercício. Metodologia: homens e mulheres com idade média de 61.7±6.4 anos, com hábitos de vida activo, vivendo em Lisboa ou arredores e praticantes de hidroginástica 2 ou 3 vezes semanais, foram recrutados para o estudo. Os sujeitos preencheram um inquérito durante três dias de prática de exercício, que for-neceu informação detalhada sobre o consumo de alimentos sólidos, líquidos, suplementação farmacêutica e medicação. Os dados de nutrien-tes obtidos a partir dos alimentos ingeridos foram analisados utilizando o software PIABAD (Insti-tuto de Alimentação Becel, versão portuguesa). Os dados foram comparados com as doses diárias recomendadas adequadas á idade média dos indi-víduos. Os resultados serão apresentados como média±SD.

O consumo de antioxidantes e o balanço energético na dieta de praticantes de hidroginástica em idade séniorFilomena Calixto 1, Luis Silva 2 1 Laboratório de Investigação em Desporto. Escola Superior de Desporto de Rio Maior. 2 Instituto Politécnico de Santarém. Rio Maior. Portugal.

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O consumo de alimentos do grupo dos cereais, frutos, carne-pescado-ovos, óleos-gorduras, tubér-culos-hortícolas, lacticínios, leguminosas e con-feitaria pelos sujeitos estudados foi de, respectiva-mente 7.9, 12.7, 12.4, 0.8, 29.1, 28.4, 4.2 e 4.5%. O consumo energético médio da amostra foi de 1693.2±414.9 Kcal, e o balanço dos vários mac-ronutrientes energéticos, glícidos, lípidos e próti-dos foi de, respectivamente 55, 18 e 27%. A tabela 1 mostra o resultado do consumo médio diário dos nutrientes antioxidantes: vitaminas A, C e E, β-Caroteno, cobre, ferro, selénio e zinco. O grupo de indivíduos estudado consome uma

quantidade inferior de lípidos (18 versus 30% reco-mendados) e superior de prótidos (27 versus 10 a 15% recomendados). No entanto, 11% dos lípidos consumidos contêm ácidos gordos essenciais o que prefaz 2.15% do total energético, devido ao elevado consumo de pescado e marisco. Por outro lado, o consumo elevado de lacticínios, carne, pescado e ovos resulta numa quantidade elevada de consumo proteico que associado a uma dieta lipídica baixa poderá contribuir para o stress metabólico por aumentar o metabolismo proteico. O consumo de vitaminas A, C e E e de β-Caroteno foi inferior ao recomendado, excepto a vitamina C no caso das mulheres seniores. No entanto, contrariamente ao valor recomendado, a amostra refere-se a mulheres praticantes de hidroginástica. Os resultados refe-rentes à vitamina A e β-Caroteno, combinados com um baixo consumo de lípidos pode reduzir a absorção, comprometendo ainda mais a disponi-bilidade daqueles nutrientes. Os sujeitos revelaram

um consumo ligeiramente inferior de Cu, Se e Zn que o RDA, mas superior de Fe, concordante com o elevado consumo de carne. Tratando-se de indi-víduos praticantes de exercício seria conveniente a ingestão de uma quantidade de nutrientes antioxi-dantes mais adequada

Discussão

Os resultados demonstram que os indivíduos estudados não ingerem a quantidade recomendada para indivíduos activos, praticantes de exercício físico, de fontes alimentares antioxidantes, quer de vitaminas, provitaminas ou sais minerais e conso-mem dietas com alto conteúdo proteico e baixo conteúdo lipídico, contribuindo para agravar os estados de stress oxidativo. Estas condições afectam o organismo favorecendo os efeitos associados ao envelhecimento celular prematuro. Concluímos que é necessária maior informação e aconselha-mento associada à prática de exercício. Os indi-víduos activos, nomeadamente em idade sénior, devem ser alertados para o facto de que os benefí-cios que procuram no exercício estão relacionados com um equilíbrio nutricional adequado, necessá-rio à redução do stress associado à idade e à vida activa, e que só desta forma os resultados concor-rem para uma perfeita saúde e bem-estar.

CorrespondênciaFilomena CalixtoE-mail: [email protected]

Tabela 1: Quantidade média (mg/dia) de nutrientes antioxidantes, vitaminas, β-Caroteno e sais minerais,

consumidos pelos indivíduos estudados

Vitaminasβ-Caroteno

Sais Minerais

A C E Cu Fe Se Zn

Média 321.33 79.55 7.27 0.42 0.80 10.42 0.040 6.80

SD 165.24 40.76 5.70 0.064 0.079 3.33 0.024 2.54

RDA 800 M-90 F-75 15 9.6 0.9 8 0.055 M-8 F-11

SD – desvio padrão. *RDA – dose diária recomendada (mg/dia) para indivíduos saudáveis

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Introdução

O exercício cardiovascular tem-se constituído como um dos meios fundamentais para a promo-ção da saúde e bem-estar das populações. As pos-sibilidades para a sua aplicação são cada vez mais variadas, sobretudo nos ginásios, onde é usual o recurso a diversos tipos de ergómetros, seja na sala de cardiofi tness ou nas aulas de grupo de cariz aeróbio. Neste sentido, uma ajuda fundamental é facultada pelos programas de treino, que, actu-almente, permitem considerar os objectivos e as limitações de cada indivíduo, potenciando os benefícios do exercício e minimizando o tempo necessário para o alcance dos mesmos. Conse-quentemente, têm sido desenvolvidas a nível glo-bal, diversas linhas orientadoras para a realização da actividade física aeróbia. Instituições de refe-rência, como o American College of Sports Medicine (ACSM), a American Heart Association (AHA), o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o Department of Human and Health Services (DHHS), o Institute of Medicine (IOM), o National Association for Sport and Physical Education (NASPE), o Natio-nal Institutes of Health (NIH), o Surgeon General e o United States Dietary Guidelines (USDG), entre muitas outras, propõem várias directrizes, algumas das quais tendo inclusivamente em conta diferen-tes populações e patologias tentando, desta forma, personalizar e potenciar cada vez os programa de exercícios. De uma forma geral, estas instituições sugerem a exercitação numa dada percentagem de um valor de referência (frequência cardíaca máxima – FC

máx e/ou consumo máximo de oxi-

génio – VO2máx), variável em função do objec-

tivo pretendido. Estes intervalos percentuais, vul-garmente designados por “zonas alvo de treino”, são ainda baseados em função do limiar de lactato ou ventilatório. Todavia, esta estimativa é efectu-ada de forma indiferenciada, não contemplando

as contingências específi cas de cada ergómetro ou modo de exercício, que se sabe serem capazes de condicionar o comportamento das respostas fi siológicas e, assim, não corresponder aos objec-tivos de quem o pratica. Objectivo: identifi car e comparar os valores da FC

máx, do VO

2máx e

do limiar ventilatório (LV), em quatro ergó-metros utilizados para o treino cardiovascular.

Metodologia

A amostra é constituída por 6 sujeitos adul-tos com idades médias de 30 ± 8 anos, fi sica-mente activos e aparentemente saudáveis. Todos os sujeitos realizaram testes de esforço máximo em condições estandardizadas, nos ergómetros testados (tapete rolante “Stex”, modelo “7020 T”; bicicleta “SciFit”, modelo “Iso 1000”; elíp-tica “Pulse”, modelo “280 F”; manivela “SciFit”, modelo “Pro 1000”), não sendo especializados em nenhum deles. A duração de todos os testes foi defi nida em 10 minutos e a sua maximalidade confi rmou-se pela constatação de um platô na curva do consumo de oxigénio, um quociente respiratório superior a 1,10, percepção subjec-tiva máxima de esforço através da escala de Borg adaptada e concentração de lactato sanguíneo pós-esforço superior a 8 mmol/l. As variáveis em análise foram a frequência cardíaca máxima (FC

máx), a frequência cardíaca ao limiar ventilató-

rio (FCLim), (com recurso a um cárdio-frequen-címetro da marca “Polar”), o consumo máximo de oxigénio (VO

2máx) e o consumo de oxigénio

ao limiar ventilatório (VO2Lim), (através do oxí-

metro “Cortex”, modelo “2000”, com registos de respiração a respiração). A análise das diferen-ças entre os indicadores avaliados, foi efectuada a partir da ANOVA (Analysis of Variance) de medi-

Zonas alvo de treino em diferentes ergómetrosCésar Chaves 1, Rui Garganta 1, Jorge Roig 1

1 IPVC, ESE, departamento de Motricidade Humana - Viana do Castelo, Minho, Portugal.

Chaves, C.; Garganta, R.; Roig, J.; Zonas alvo de treino em diferentes ergómetros.Motricidade 3(2): 9-12

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10 {

Inve

stig

ação

das repetidas, recorrendo ao teste multivariado com a sugestão de Lambda de Wilks. No caso de se registarem diferenças com signifi cado esta-tístico, as múltiplas comparações foram realizadas através do “teste de Bonferroni”. O nível de sig-nifi cância foi mantido em 0,05.

Resultados

Obtidos sugerem que: a) de uma forma geral, os valores alcançados nas variáveis em análise, nos diferentes ergómetros, são substantivamente distintos (quadros 1 e 2). Os mais elevados são geralmente obtidos no tapete rolante, seguido da elíptica, do ciclo-ergómetro e, por último, da manivela. É possível detectar diferenças com signifi cado estatístico entre o tapete e todos os ergómetros e entre a elíptica e a manivela

(quanto à FCmáx

e à FCLim), entre manivela e todos os ergómetros (VO

2máx) e entre a mani-

vela e o tapete e elíptica, e entre tapete e bicicleta (VO

2Lim).

b) A utilização de fórmulas teóricas (neste caso “220-idade”) para a predição da FC

máx deve ser

evitada, dado o seu erro signifi cativo em relação à FC

máxE (quadro 1). Pelos pontos anteriores se

conclui que as zonas alvo de treino deverão ser necessariamente distintas, para cada ergómetro, ainda que o objectivo se mantenha o mesmo. Sugestões: para a aplicação dos resultados obti-dos (com base na FC): Para uma correcta pres-crição do exercício em diferentes ergómetros,

Quadro 1: Comparação das FCmáxE (frequências cardíacas máximas de esforço), com as FCmáxT (frequências

cardíacas máximas teóricas – através da fórmula “220-idade”) obtidas por cada indivíduo em cada ergómetro

e a diferença entre as duas (dif.).

Tapete Elíptica Bicicleta Manivela

FCmáxE FCmáxT |dif.| FCmáxE FCmáxT |dif.| FCmáxE FCmáxT |dif.| FCmáxE FCmáxT |dif.|a 189 197 |8| 183 197 |14| 178 197 |19| 170 197 |27|b 192 176 |16| 180 176 |4| 185 176 |9| 173 176 |3|c 191 188 |3| 180 188 |8| 180 188 |8| 159 188 |29|d 194 188 |6| 191 188 |3| 185 188 |3| 182 188 |6|e 193 197 |4| 187 197 |10| 171 197 |26| 180 197 |17|f 211 194 |17| 204 194 |10| 188 194 |6| 194 194 |0|

Quadro 2: Resumo dos resultados encontrados das diferentes variáveis para cada ergómetro.

FCmáx FCLim VO2máx VO2Lim

Tapete 195 184 52 48

Elíptica 188 165 52 42

Bicicleta 181 161 46 37

Manivela 176 151 39 29

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sugerimos que: 1) se determine as FCmáx

alcan-çadas em cada ergómetro, ou apenas num deles, sendo as outras extrapoladas através da consulta do quadro 3; e 2) se determine a percentagem da FC

máx a que ocorre o LV em cada ergómetro, pela

consulta do quadro 4.

Conclusões

As recomendações para a prescrição do exer-cício e respectivas zonas alvo de treino, deverão considerar cada ergómetro ou modo de exercí-cio, atendendo a que as FC

máx e/ou o VO

2máx

e o momento de ocorrência do LV são distintos entre a maioria dos ergómetros, condicionando a efectividade do treino.

Correspondência

César [email protected]

Quadro 3: Estimativa da correspondência entre as frequências cardíacas máximas obtidas nos vários

ergómetros.Elíptica Bicicleta Manivela

Tapete 96% 93% 90%

Elíptica 96% 94%

Bicicleta 97%

Quadro 4: Percentagem da frequência cardíaca máxima a que ocorre o limiar ventilatório em cada ergómetro

(PerFCmáx).

PerFCmáx

Tapete 94

Elíptica 88

Bicicleta 89

Manivela 86

Zonas alvo de treino em diferentes ergómetrosCésar Chaves, Rui Garganta, Jorge Roig

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Introdução

É do conhecimento geral que as designadas “aulas de grupo” parecem não ter “vocação” para responder às exigências, capacidades e necessi-dades dos diferentes praticantes. O Indoor Cycle (IC) parece não ser excepção, atendendo a que a intensidade de esforço é, habitualmente, determi-nada pelo professor em função do ritmo musical (bpm) “imposto” e não em função das capacida-des e objectivos dos praticantes.O problema é que na mesma aula estão utentes

de diferentes idades e sexos, com tipos somáticos e níveis de aptidão perfeitamente diferenciados e, como seria de esperar, com objectivos díspares, o que nos leva a pensar que não parece lícito que todas as pessoas sejam sujeitas ao mesmo tipo de intensidade. Pergunta-se, no entanto, o seguinte: será possível, neste tipo de aulas, sugerir uma metodologia capaz de individualizar a carga de treino ou contemplar diferentes objectivos? De facto, enquanto que na maioria das modalidades de grupo a referida individualização se afi gura difícil, senão impossível, no IC, tendo em conta que há um professor responsável pelo grupo, que a aula é realizada em ergómetros estacionários e que a monitorização do esforço é relativamente acessível, pensamos que é possível e, porque não, desejável. Apesar disso, podemos constatar que, actualmente, não é comum avaliar a intensidade do esforço e mesmo quando esta é avaliada, por exemplo, com recurso a monitores de Frequên-cia Cardíaca (FC) a monitorização do esforço tem servido apenas para verifi car se esta se eleva “muito” ou “pouco” (sem que se tenha bem a noção do seu signifi cado real). Uma das estra-tégias para conhecer o seu signifi cado, baseia-se na fórmula sugerida pelo ACSM (FCmáx teó-

rica=220-idade), e na respectiva “zona alvo” para o treino cárdio-vascular (60 a 90% da FCmáx. teórica). Relativamente à referida estratégia pen-samos importante considerar duas limitações: a equação para estimar a FCmáx. contém um erro demasiado grosseiro e apenas existe uma zona alvo de treino. Objectivo desta pesquisa é suge-rir um conjunto de zonas alvo de treino que contemple diferentes objectivos.

Metodologia

10 sujeitos com idades compreendidas entre os 22 e os 35 anos, aparentemente saudáveis, de acordo com o critério do ACSM, realizaram tes-tes maximais de incremento progressivo de carga funcional de minuto a minuto, num total de 10 min. (onde se tinha de atingir o máximo da capa-cidade de esforço), com o objectivo de deter-minar o limiar ventilatório e a correspondente FC. Foi ainda registado a sensação subjectiva de esforço (escala de Borg adaptada a 10 níveis) e a capacidade de falar (escala de 5 níveis). Os dados foram recolhidos no Ginásio Status e em bicicle-tas da marca “Tomahawk”. Os limiares ventilató-rios foram obtidos com recurso a um oxímetro (Cortex 2000) e as FC foram recolhidas com bandas emissoras e receptor da marca Polar.

A importância da defi nição de zonas alvo de treino para o indoor cyclingRui Garganta 1, Jorge Roig 1, César Chaves 1, Ricardo Bomtempo 1, Nuno Alves 1 e João Ferreira 1.1 Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Garganta, R.; Roig, J.; Chaves, C.; Bomtempo, R.; Alves, N.; Ferreira, J.;A importância da defi nição de zonas alvo de treino para o indoor cycling. Motricidade 3(2): 12-13

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Resultados

A divisão das zonas alvo são apresentadas de acordo com duas perspectivas: uma mais glo-bal, onde se sugerem apenas duas grandes zonas alvo: (1) uma em equilíbrio de esforço (abaixo do limiar), onde a lipólise se sobrepõe à glicó-lise com um valor estimado em cerca de 85 % da FCmáxE, e outra; (2) cuja continuação do esforço, à mesma intensidade, se torna uma tarefa complicada (acima do limiar), onde a glicólise se sobrepõe à lipólise (acima dos 85 % da FCmáxE). A segunda perspectiva é mais pormenorizada, baseia-se também na FCmáxE, no entanto sugere 5 zonas alvo (por subdivisão das anteriores), três abaixo e duas acima do limiar. Assim temos: abaixo do limiar: Zona 1: 55 a 65%; Zona 2: 66 a 75%; e Zona 3: 76 a 85% e, acima do limiar: Zona 4: 86 a 95% e Zona 5: 96 a 100%. Cada uma destas zonas tem respostas fi siológicas e está associada a diferentes objectivos.

Conclusões

(1) são cinco as zonas alvo passíveis de ser con-templadas em função de diferentes objectivos; (2) a prescrição de treino cárdio-vascular deve con-siderar a especifi cidade do esforço.

Correspondência

Rui GargantaE-mail: [email protected]

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Introdução O interesse deste estudo está centrado na forma

como interage a inteligência emocional perce-bida (IEP) com a prática da actividade física e que peso específi co tem cada uma das variáveis estudadas sobre o ajuste emocional das pessoas nesta faixa etária e, consequentemente, na sua qualidade de vida.

Objectivos

O objectivo do presente estudo consistiu em analisar a incidência que tem o conhecimento dos estados emocionais, avaliados através das componentes da inteligência emocional perce-bida do TMMS sobre o ajuste emocional dos idosos, praticantes de actividade física regular.

Metodologia

Para verifi car as hipóteses formuladas recor-remos a um desenho correlacional no qual se incluiu uma variável de comparação intergrupo, denominada “prática de actividade física”.

AmostraA amostra foi constituída por 400 idosos com

idades compreendidas entre os 65 e os 95 anos de idade, de ambos os sexos, que foram divididos em dois grupos; grupo 1 e 2. O grupo 1 é formado por praticantes de actividade física regular (des-portistas), e constituído por 192 idosos, sendo 98 do sexo masculino (média de idades = 70,63 anos; desvio-padrão de 5,76) e 94 do sexo feminino (média de idades = 70,64 anos; desvio-padrão = 5,51). O grupo 2 é formado por não praticantes

de actividade física (sedentários), composto por 208 idosos, sendo 99 do sexo masculino (média de idades = 72,93 anos; desvio-padrão de 6,12) e 109 do sexo feminino (média de idades = 73,05 anos; desvio-padrão = 6,92). Procedimentos: 1. Actividade Física: A medição dos níveis de

actividade física concretizou-se através do ques-tionário de actividade física (AF), adaptado e validado por Voorrips et al., (1991) para pessoas idosas, saudáveis e independentes, a partir do questionário desenhado por Baecke, et al. (1982). 2. Inteligência Emocional Percebida: Para avaliar a inteligência emocional foi utilizado o questio-nário de inteligência emocional intrapessoal, Trait Meta-Mood Scale (TMMS-24; Salovey et al., 1995). 3. Depressão: Para avaliar a depressão utilizou-se o Beck Depression Inventory (BDI; Beck, Rush, Shaw e Emery, 1979). 4. Saúde Men-tal: Para avaliar a saúde mental utilizou-se o SM-5 que é uma escala reduzida de 5 itens, obtida do questionário de Saúde SF-36 (Health Survey SF-36; Ware e Sherbourne, 1992). 5. Satisfação com a Vida: Para avaliar a satisfação com a vida foi uti-lizada a Escala de Satisfação com a Vida (SWLS, Neto, 1992). 6. Estilo de Resposta: Para avaliar os estilos de resposta, utilizamos o Questionário de Estilo de Resposta - RTD (SRS Style Responses Scale; Nolen-Hoeksema scale about ruminative styles. Nolen-Hoeksema e Morrow, 1991). Estatística: O procedimento estatístico utilizado incluiu a análise de medidas de tendência central e de dis-persão, o coefi ciente de correlação de Pearson e o teste t para amostras independentes.

Resultados

Inteligência emocional percebida (iep) ajuste emocional e actividade física na terceira idadeMaria Manuela Lima de Figueiredo Queirós 1

1 Agrupamento Vertical de Escolas de S. João da Madeira | Rua 5 de Outubro, n.º 204, 2.º esq. 3700-084 S. João da Madeira.

Queirós, M.; ;Inteligência emocional percebida (iep) ajuste emocional e actividade física na terceira idade Motricidade 3(2): 14-15

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A amostra escolhida mantém um equilíbrio entre o número de homens e mulheres, 49% e 51% respectivamente. Os resultados do teste t para amostras independentes, demonstraram que existem diferenças estatisticamente signifi cativas entre o grupo de idosos praticantes de actividade física regular e os não praticantes e a variável “inteligência emocional percebida”. A prática de actividade física regular provoca uma melhoria signifi cativa nos indicadores que defi nem a inte-ligência emocional percebida: atenção às emo-ções (t=3,217; p<0,001), clareza de sentimen-tos (t=4,214; p<0,001) e reparação do estado emocional (t=5,662; p<0,001). Nas medidas de ajuste emocional, os resultados indicaram que existem diferenças estatisticamente signifi cativas entre o grupo de idosos praticantes de actividade física regular e os não praticantes nas variáveis de “depressão” (t=-3,657; p<0,001) e “estilo de res-posta de distracção” (t=3,072; p<0,001).

Discussão

As conclusões deste estudo revelam que a par-ticipação dos idosos num programa de exercício físico regular pode ser um factor protector contra a deterioração de todos os factores da inteligência emocional percebida: atenção às emoções; clareza de sentimentos e reparação do estado emocional e constituir, de facto, uma resposta agradável de distracção dos seus sentimentos depressivos, capaz de proporcionar um reforço positivo que, além de favorecer a aparição de estados emocionais positivos, pode contribuir para um incremento no bem-estar psicológico do indivíduo, contri-buindo para a redução dos seus estados depressi-vos, abrindo assim, perspectivas para uma inter-venção efi caz neste domínio.

Correspondência

Maria Manuela QueirósE-mail: [email protected]

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Queirós, M.; Auto-percepções, auto-estima, ansiedade físico-social e imagem corporal – estudo comparativo entre instrutores de fi tness e praticantes de actividade físicaMotricidade 3(2): 16-17

Introdução

O instrutor de fi tness é constantemente con-frontado, nas suas aulas, com a sua imagem cor-poral, auto-conceito, auto-estima e com a apre-ciação da mesma pelo próprio e pela classe. Assim, o modo como o instrutor se auto-percepciona e como este pensa como os outros o percepcionam tem vindo a ser um tema ainda por responder. O propósito de examinar o modo como o Auto-conceito, a Auto-estima e a Imagem Corporal se refl ecte na vida profi ssional do instrutor de fi t-ness poderá, de alguma forma, cooperar na pro-cura dessa resposta. Objectivo: pretende-se com este estudo avaliar as auto-percepções no domínio físico, a Auto-estima Global e a Imagem Corporal em instrutores de Fitness. Propõe-se ainda analisar no presente estudo a infl uência de outras variáveis, como por exemplo:a) Infl uência das Auto-percepções Físicas no

domínio físico, da Auto-estima Global, da Ansie-dade Físico-social e da Imagem Corporal em instrutores e praticantes de fi tness;b) Infl uência do estado civil nas Auto-percepções

Físicas no domínio físico, da Auto-estima Global, da Ansiedade Físico-social e da Imagem Corporal em instrutores e praticantes de fi tness;c) Infl uência do grupo etário nas Auto-percep-

ções Físicas no domínio físico, da Auto-estima Global, da Ansiedade Físico-social e da Imagem Corporal em instrutores e praticantes de fi tness;d) Infl uência da composição corporal, através do

cálculo do IMC, nas Auto-percepções Físicas no domínio físico, da Auto-estima Global, da Ansie-

dade Físico-social e da Imagem Corporal em instrutores e praticantes de fi tness.

Metodologia A amostra foi constituída por 849 indivíduos, dos

quais 486 são instrutores e 363 alunos, com idades compreendidas entre os 18 e os 68 anos, sendo a média de idades e desvio padrão dos instrutores de 28,15 ± 5,98 anos e dos alunos de 29,87 ± 9,63 anos. Os instrumentos de medida utilizados foram: a Escala de Auto-Estima de Rosenberg – Rosen-berg Self-Esteem Scale, 1965 – a adaptação efec-tuada por José Pedro Ferreira (2001), Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, o Perfi l de Auto-per-cepção Física – Physical Self-Perception Profi le, PSPP de Fox e Corbin (1990) – traduzido e adaptado por António Fonseca (FCDEF-UC), Kenneth R. Fox e Maria João Almeida (School of Education da Universidade de Exeter – 1995) e validada por Fonseca e Fox (2002), Ferreira e Fox (2002a, 2003 e 2004); traduzido por António Manuel Fonseca – FCDEF-UP); a Escala de Ansiedade Físico-Social: EAFS – Social Physique Anxiety Scale, Hart et al (1989) – adaptado por Cristina Senra et al. (FCDEF-UC) e Questionário de Imagem Cor-poral – 20 item Body-Image Questionnaire, Huddy (1993), adaptado por Cristina Senra et al. (FCDEF-UC). No que diz respeito ao tratamento estatístico, utilizámos na estatística descritiva a média, desvio padrão, distribuição de frequências e respectiva

Auto-percepções, auto-estima, ansiedade físico-social e imagem corporal – estudo comparativo entre instrutores de fi tness e praticantes de actividade físicaJoão Filipe Santos 1, C Senra 1; JP Ferreira 1; 1 Faculdade de Ciências do Desporto e Educação FísicaUniversidade de Coimbra, Coimbra

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percentagem e na estatística inferencial, recorre-mos à análise da variância através do teste T de Stu-dent. Resultados: em relação às outras variáveis, instrutor/aluno, estado civil e IMC, encontraram-se diferenças estatisticamente signifi cativas para a Auto-Estima Global, as variáveis relativas às Auto-percepções no domínio físico (confi ança física, atracção física e força física), as variáveis relativas à Ansiedade Físico-social e a Imagem Corporal. Discussão: Os resultados obtidos após o trata-mento estatístico permitiram-nos concluir que só relativamente à variável grupo etário não se encon-trou diferenças estatisticamente signifi cativas para a Auto-Estima Global.

Correspondência

José SantosE-mail: [email protected]

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Introdução

O objectivo principal do presente estudo situa-se na procura dos melhores procedimentos para o desenvolvimento funcional da musculatura abdominal. Assim, pretendemos indagar se a utilização de electroestimulação poderá ser um factor de optimização do processo de treino, isto é, se os resultados são acrescidos quando ao treino convencional dos músculos abdominais se incluem contracções musculares induzidas electricamente.

Objectivo

Avaliar o efeito da electroestimulação testes de avaliação das diferentes expressões de força.

Metodologia A amostra foi constituída por 28 alunos de Edu-

cação Física do ISMAI que foram distribuídos por 3 grupos: o grupo experimental 1 (GE1) que foi submetido a um programa de treino “con-vencional”, o grupo experimental 2 (GE2), que realizou um programa combinado de treino “convencional” e electroestimulação e o grupo de controlo (GC) que apenas realizou os testes de avaliação iniciais e fi nais. O trabalho experi-mental decorreu durante 6 semanas com 2 UT semanais. Cada uma das sessões durava cerca de

90 minutos com uma parte de activação geral e um segmento principal realizado sob a forma de circuito em que ambos os grupos experimentais trabalhavam diferentes grupos musculares, mas com predominância dos músculos abdominais. Todos os elementos da amostra foram submeti-dos às medições do peso e altura e a testes de ava-liação das diferentes expressões de força: (1) Sit-up “convencional”, (2) Sit-up oblíquos, (3) Partial Curl-up e (4) Bent-knee Curl-up para avaliarmos a força resistência abdominal.

Resultados

Pela análise dos resultados constatou-se que, de uma maneira geral, existiram melhorias sig-nifi cativas na resistência localizada dos músculos abdominais do 1º para o 2º momento, nos dife-rentes testes dos grupos experimentais (tabela 1), mas tal não se verifi cou em relação ao grupo de controlo. Concretamente, em relação ao Sit-up “convencional” os ganhos foram de 3% GC, 25% GE1 e 9,1% GE2. Relativamente ao Sit-up para os músculos oblíquos, os ganhos foram de -4,3% GC, 11,8% GE1 e 9,3% GE2. Nestes dois testes, só no GE1 esses ganhos foram estatisticamente signifi cativos.

Alteração da capacidade funcional dos músculos da região abdominal: programa de treino “convencional” versus programa combinado de treino “convencional” e electroestimulaçãoLuísa Vieira1, Carlos Carvalho1, Alberto Carvalho1, Rui Garganta2. 1 - Instituto Superior da Maia, Maia, Portugal, 2 - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Porto, Portugal.

Vieira, L.; Carvalho, C.;Carvalho, A.; Garganta, R,; Alteração da capacidade funcional dos músculos da região abdominal: programa de treino “convencional” versus programa combinado de treino “convencional” e electroestimulação.Motricidade 3(2): 18-20

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Nos testes de Partial Curl-up e Bent-knee Curl-up ambos os grupos experimentais eviden-ciaram alterações estatistica-mente signifi cativas. Objecti-vamente, de 12,5% GE1 versus 13,2% GE2 para o primeiro teste; no segundo, de 15,5% GE1 versus 11,6% GE2.

Discussão

Para a análise comparativa entre grupos, em cada variá-vel do presente estudo, recor-rendo à Análise de Variância (ANOVA), verifi cou-se que, genericamente, há diferenças estatisticamente signifi cativas entre o GC1 e o GC, mas não entre os grupos experi-mentais. Daqui podemos concluir que ambos os programas de treino e desenvolvimento da força abdominal induziram ganhos, mas que a utili-zação da electroestimulação não se confi rmou como um acréscimo em relação ao treino abdo-minal “convencional”.

Correspondência

Luísa VieiraE-mail: [email protected]

Tabela 1: Resultados dos testes [média, desvio padrão (DP), alterações absolutas (Abs.) e percentuais (Δ %)

e valores do t-test] nos três grupos.Pré-teste Pós-teste Alterações T-Test

Média ± DP Média ± DP Abs. Δ % t p

Sit-up

“Conventional”

CG 33 6 34 4 1 3,03 -0,638 0,547

GE1 36 11 45 8 9 25,00 -3,522 0,005

GE2 44 5 48 9 4 9,09 -1,834 0,104

Sit-up

Oblíquos

CG 47 7 48 6 -2 -4,26 1,982 0,095

GE1 51 10 57 8 6 11,76 -3,932 0,002

GE2 54 4 59 3 5 9,26 -2,213 0,058

Partial

Curl-up

CG 43 17 43 13 0 0,00 0,052 0,960

GE1 48 13 54 13 6 12,50 -2,493 0,030

GE2 53 6 60 8 7 13,21 -2,897 0,020

Bent-knee

Curl-up

CG 62 20 62 24 0 0,00 0,318 0,761

GE1 71 17 82 14 11 15,49 -3,33 0,007

GE2 69 6 77 9 8 11,59 -4,014 0,004

Resultados dos Te stes Abdominais

0

10 20 30 40 50 60 70 80 90

CG GE1 GE2 CG GE1 GE2 CG GE1 GE2 CG GE1 GE2

Sit-up “Conventional” Sit-up Oblíquos Partial Curl-up Bent-Knee Curl-up

Pré-teste Pós -teste

Figura 1: Resultados das alterações entre o 1º e o 2º momento, nos diferentes testes e entre grupos.

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Resumo

Ao longo do presente estudo procuramos analisar os

efeitos subjacentes à utilização de metodologias com-

binadas de treino, consistentes na associação de elec-

troestimulação com uma tipologia específi ca de exer-

citação aeróbia em cicloergómetro. Procuramos assim

determinar a sua infl uência sobre a potência máxima

aeróbia. A amostra foi constituída por 12 sujeitos, sub-

sequentemente divididos aleatoriamente por 2 gru-

pos. O processo de treino desenrolou-se ao longo de

4 semanas, nas quais os mesmos efectuaram 4 sessões

de treino semanal com a duração de 50 minutos, sendo

que para um dos grupos em 3 das sessões era acrescen-

tado um protocolo simultâneo de electroestimulação.

Para a determinação específi ca da potência máxima

aeróbia foi seleccionado um teste máximo por pata-

mares para cicloergómetro. Verifi camos que apenas o

grupo assistido por electroestimulação apresentou uma

evolução estatisticamente signifi cativa sobre o VO2máx

(13,1%; p=0,01; p<0,05) quando em comparação com

o grupo de controlo (11,3%; p=0,06; p<0,05) relativa-

mente à diferença pré-pós teste. Podemos concluir que

a utilização de electroestimulação em simultâneo com

uma exercitação de carácter cíclico irá aparentemente

promover uma superior efi ciência evolutiva sobre

VO2Máx, proporcionando a obtenção de resultados

signifi cativos em intervalos de tempo comparativa-

mente inferiores àqueles promovidos pelas metodolo-

gias convencionais de exercitação aeróbia com ênfase

cardiovascular.

Palavras-Chave: Electroestimulação, Vo2máx,

Cicloergómetro.

Abstract

COMBINED intervention of neuromuscular

electrical stimulation and cycling exercise in

Maximal Oxygen INTake OUTPUT.

The main purpose of our study was to test the direct

effect of using combined electrical muscle stimulation

with endurance cycling exercises over the maximal

oxygen intake factor. We used a sample of 12 subjects,

subsequently split into to different groups of 6. All

subjects were participants in a four week, four times

per week, 50 minute cycling training protocol. One

group was also subjected to a simultaneous electrical

muscle stimulation protocol on three of the training

sessions. To assess maximal aerobic power output we

used a maximal cycle-ergometer test with step by

step load increases. Our results demonstrated that the

muscle stimulation assisted group revealed a statisti-

cally signifi cant Vo2máx increase, as well as a higher

physical fi tness development when comparing within

group heart rate evolution. However, between group

difference was not signifi cant. We may thus conclude

that combined training methodologies may contribute

to a faster and more effective goal achievement when

regarding VO2máx variables.

Keywords: Neuromuscular Electrical Stimulation,

Maximal Oxygen Intake, Cycling exercise

Electroestimulação e exercitação aeróbia em cicloergómetro – metodologias por superimposição e sua infl uência sobre o vo2máx.Rui Ângelo, Paulo Mourão, Alberto Carvalho e Carlos Carvalho.1

1 Laboratório do Movimento Humano | Instituto Superior da Maia - Portuga

Data de submissão: Dezembro 2007 Data de Aceitação: Abril 2007

Ângelo, R.; Mourão, P.; Carvalho, A.; Carvalho, C,; Electroestimulação e exercitação aeróbia em cicloergómetro – metodologias por superimposição e sua infl uência sobre o vo2máx. Motricidade 3(2): 21-36

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Introdução

A saúde é um bem inquestionável, constituindo a base do desenvolvimento pessoal e social. Referências substanciais apresentam este facto, alicerçando uma representatividade da hipó-tese evidenciada pela correlação inerente entre a manutenção de hábitos de vida sedentários e sua potenciação do risco de morbilidade e mor-talidade. Facto este que estará por sua vez asso-ciado com uma incidência de várias anomalias de índole patológica crónica [5]. Esta preocupa-ção é actualmente corroborada pela comunidade médica, revelando cada vez mais a importância que a actividade física de carácter cardiovascu-lar assume, na medida em que os decréscimos de funcionalidade muscular induzirão gradualmente uma redução na efi ciência do aparato cardiores-piratório, traduzindo assim um papel preponde-rante da mobilização mioarticular sistemática, na redução do risco de doença coronária 26,36. Deste modo esta será aparentemente uma pro-

blemática amplamente difundida e debatida, sendo gradualmente evidente a importância cada vez mais preponderante da actividade física cardiovascular, a qual poderá assistir na gestão e manutenção de sistemas orgânicos saudáveis e funcionalmente efi cientes, subsequentemente permitindo a realização qualitativa de tarefas vigorosas e/ou actividades de lazer. Por outro lado irá também minimizar a infl uência de diver-sos factores de risco patológico cardiovascular, intervindo signifi cativamente na redução da incidência de obesidade, hipertensão, diabetes e osteoporose 3,5,6, bem como caracterizando uma sólida base de construção global para o correcto desenvolvimento das capacidades motoras indi-vidualizadas 23.Neste âmbito a optimização da entidade mus-

cular para uma efi caz utilização do oxigénio disponível, adequando o mesmo à tipologia de exercitação em consideração, será uma das componentes fundamentais inerentes ao sis-

tema musculo-esquelético, factor representa-tivo da magnitude de adaptabilidade do mesmo, repercutindo-se posteriormente numa superior capacidade funcional de resistência muscular à fadiga 32. O consumo máximo de oxigénio por unidade de tempo, vulgo VO2máx, encontra-se amplamente difundido como um critério fi ável e representativo da condição/aptidão cardiovascu-lar individual [18]. Assim, poderemos quantifi car a aptidão cardiorespiratória sobretudo através desta medida, porém constantemente contemplando a mesma de acordo com a provável infl uência determinada pela frequência, duração, intensi-dade e tipologia de exercício. Inclusivamente diversos estudos têm evidenciado que os incre-mentos individualizados no VO2máx poderão atingir valores situados num intervalo tão amplo como [5-30]%, sendo os sujeitos caracterizados com uma aptidão cardiovascular inicial abaixo da média, aqueles mais propensos a uma signifi cativa potenciação da capacidade cardiorespiratória 18. O metabolismo oxidativo desempenha assim

sem dúvida um papel fulcral na gestão da efi -ciência cardiorespiratória, responsabilizando-se pela metabolização lipídica em associação com o transporte de oxigénio ao músculo. Esta asso-ciação irá implicar que em dadas condicionantes contextuais de exigência muscular superior por unidade de tempo, o músculo não possua ao seu dispor uma quantidade ou volume de oxigénio sufi ciente para suplementar a exigência energé-tica. Esta ocorrência irá proporcionar uma neces-sidade de intervenção por parte de substratos energéticos caracteristicamente distintos, os quais energeticamente possibilitem a continuidade do esforço em ambiente anaeróbio. Desde logo, a possibilidade de ajuste funcional

ao nível celular, entre a produção exagerada de metabolitos de carácter tóxico provenientes das reacções químicas anaeróbias, e uma adequada mobilização dos mesmos produtos de forma efec-

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tiva através do sistema circulatório, irá representar a possibilidade de manutenção do equilíbrio no pH intracelular, consequentemente garantindo viabilidade para uma progressão do esforço ao longo do tempo. Porém esta quantifi cação de trabalho por unidade de tempo não deverá ultra-passar determinados limiares individualizados, a partir dos quais este equilíbrio anteriormente referido, existente entre a acumulação e remo-ção das resultantes metabólicas se pronunciará no sentido da anaerobiose, assim impossibilitando uma prolongada continuidade do trabalho mus-cular 32.

Implicações fi siológicas do treino cardio-vascular cicloergométricoA biomecânica inerente ao movimento de

pedalar tem sido examinada extensivamente a partir de diversas perspectivas. A utilização de equipamentos especializados de dinamometria possibilitou a avaliação das forças exercidas pelos membros inferiores sobre os pedais, permitindo assim estimar a sobrecarga exercida sobre as arti-culações, bem como quantifi car a magnitude e direcção das forças aplicadas sobre o pedal. Estas evoluções, actualmente possibilitam a concreti-zação de um processo de análise aprofundada ao movimento de pedalar, procurando identifi car todos os factores de infl uência biomecânica e sua repercussão mioarticular 9. Um determinado movimento cíclico será pro-

duzido essencialmente através da interacção entre dois factores fundamentais - o trabalho muscular e o trabalho gravitacional. De tal forma que, uma optimização na coordenação entre os mesmos poderá incrementar signifi cativamente a performance muscular daí resultante. O número redundante de músculos que possivelmente poderão intervir em cada uma das angulação do movimento de pedalar, em associação com a ine-xistência prévia de estratégias de recrutamento

muscular pré-defi nidas pelo sistema neural, tor-nam impossível a previsão do padrão de activa-ção muscular após a introdução de posições ou estratégias inovadoras de pedalar, refl ectindo a infl uência negativa proporcionada por perturba-ções externas 29. O acto de pedalar, embora carac-terizado como um movimento efectuado em contexto restrito exige uma complexa coordena-ção muscular na sua execução. Assim a cadência de pedalar pré-defi nida para um determinado movimento cíclico em cicloergómetro apresenta uma zona óptima de estabilidade a nível neuro-muscular, ou seja, apesar de não corresponder à zona de máxima energia ou de máxima potência, será aparentemente o ritmo ao qual a actividade neuromuscular em combinação com a compo-nente metabólica, se apresenta mais económica 20. Os efeitos da velocidade de movimento, ou a

infl uência da cadência do mesmo na cinética coordenativa dos membros inferiores, representa por si mesmo um factor de elevada preponde-rância, na medida em que existe um reajusta-mento coordenativo dos processos de activação e ordem de recrutamento muscular ao longo das diferentes cadências seleccionadas. Esta tipolo-gia de estudos poderá indiciar quais as cadências representativas de uma potenciação específi ca em termos de determinadas capacidades musculares. Com o incremento da cadência verifi ca-se uma diminuição progressiva da componente muscu-lar, associada a um incremento gradual na inter-venção da inércia referente à cinética rotacional, expressa tanto nas forças exercidas sobre o pedal como na mecânica articular 2. A função precisa de cada músculo ao longo

da movimentação cíclica, apesar de controversa, aparentemente sugere que os torques articulares dos músculos da anca e dos extensores do joe-lho serão os principais responsáveis pela energia propulsiva exercida sobre os pedais. Esta relação

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encontra-se assim defi nida em termos quantitati-vos, representando do total das forças propulsivas aplicadas, 27% para os músculos da anca e 39% para os músculos extensores do joelho 27. Em ter-mos gerais, a determinação de uma zona ideal de cadência irá reduzir os movimentos parasitas provenientes da articulação coxo-femoral, opti-mizando dramaticamente a função muscular. Esta premissa será válida para a totalidade das popu-lações, desde atletas recreativos até atletas de alta competição, assegurando-se actualmente as 90 rotações por minuto, como a cadência optimal para uma superior efi ciência mecânica 21. No entanto o refi namento da activação muscu-

lar uni ou bi-articular assume-se também como fundamental para a gestão optimal das forças externas. Desde logo qualquer mudança posicio-nal ou postural irá proporcionar inevitavelmente uma reorganização intermuscular dos músculos intervenientes no ciclo considerado, consequen-temente traduzindo uma mudança na resultante mecânica das forças aplicadas 27. Deste modo será possível relacionar a escolha do ritmo ideal de movimento, com a minimização do torque negativo gerado na segunda fase do mesmo 28. Assim, através da manipulação da sua interacção com o ciloergómetro, o ser humano é capaz de potencialmente optimizar a sua efi ciência mecâ-nica, maximizar a potência resultante, reduzir o impacto muscular e esquelético da carga, con-sequentemente minimizando também o stress muscular e os momentos articulares negativos 6. A exercitação funcional em cicloergómetro

possuirá também uma ampla aplicabilidade no contexto da medicina desportiva. Este aparato, frequentemente utilizado na estimação de parâ-metros de natureza metabólica muscular, baseados na monitorização da frequência cardíaca, produ-ção de lactacto, consumo de oxigénio (VO2máx) bem como na determinação do limiar ventila-tório 15.

Implicações fi siológicas do treino por electroestimulaçaoAs células nervosas manifestam várias proprie-

dades eléctricas que infl uenciam dramaticamente a mobilização segmentar corporal. Desta forma, os sinais eléctricos serão um meio importante pelo qual as células transferem informação entre si. O conhecimento básico acerca da caracterí-zação eléctrica celular será vital para uma supe-rior simplicidade na compreensão das habituais funções representadas pelo conjunto muscular, simultaneamente permitindo uma profunda aná-lise de muitas das patologias funcionais do sis-tema neuromuscular 30. Neste sentido, não seria possível a existência de

movimento segmentar sem a activação do sis-tema neuromuscular. Este planifi ca, inicia e coor-dena todos os movimentos humanos [22]. Neste constructo contextual, uma unidade motora (UM) será a representação da unidade funcio-nal de controlo neural para a actividade muscu-lar, constituindo-se através da relação entre um motoneurónio (alfa) associado a todas as fi bras musculares por ele inervadas 7. Se aplicados à ramifi cação neuromotora, estímulos eléctricos de intensidade signifi cativa, irá produzir-se em res-posta um potencial de acção no axónio de um neurónio motor, promovendo assim uma con-tracção de todas as fi bras musculares pertencentes a essa unidade motora. À medida que o estímulo vai aumentando, são activadas unidades motoras adicionais. Apesar de cada potencial de acção provocar uma única contracção na UM, quando os potenciais de acção ocorrem perto uns dos outros, as contracções actuam em conjunto exer-cendo uma força superior do que a contracção exclusiva de unidades motoras – fenómeno de somação temporal de estímulos. O grau pelo qual o efeito de somação actua dependerá em larga escala do ritmo das descargas dos potenciais de acção individuais 13.

Electroestimulação e exercitação aeróbia em cicloergómetro – metodologias por superimposição e sua infl uência sobre o vo2máx.Rui Ângelo, Paulo Mourão, Alberto Carvalho e Carlos Carvalho.

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Partindo assim do pressuposto que a contracção muscular de cariz voluntário se encontra base-ada na estimulação electro-química proveniente do sistema nervoso central, poderemos conceber a possibilidade de uma substituição funcional desta tipologia estimulatória, através da aplicação de correntes eléctricas externas sobre a região cutânea superfi cial correspondente ao ponto de enervação motora das fi bras musculares a ele sub-jacentes 12, concretizando assim contracções mus-culares de carácter involuntário. A electroestimu-lação neuromuscular caracteriza-se desta forma por uma aplicação de correntes eléctricas através de eléctrodos de superfície ou implantados, no sentido de estimular a geração de um potencial de acção neural sufi cientemente signifi cativo para desencadear uma contracção muscular represen-tativa 17. Deste modo uma via neural poderá ser estimu-

lada superfi cialmente através de impulsos eléc-tricos desde que esteja topografi camente posi-cionada a nível proximal da região subcutânea. A estimulação através da barreira subcutânea irá exigir a existência de uma corrente eléctrica minimamente signifi cativa, na medida em que no caso de a intensidade iniciar a zero e progredir no sentido ascendente, será possível observar a existência de um limiar de estimulação, inferior ao qual não existe activação muscular representa-tiva. De facto, com o progressivo incremento da intensidade de estimulação, inicialmente apenas um pequeno número de fi bras será recrutado, progredindo até atingir um limiar a partir do qual se encontra uma estabilização, impedindo um incremento adequado na força de contrac-ção que se apresente devidamente proporcional à evolução da intensidade de trabalho 22,25,29. No entanto, esta evolução característica será

distintivamente divergente da activação neural voluntária, na medida em que as principais fi bras estimuladas inicialmente irão necessariamente

possuir características profundamente glicolíticas, evento este derivado da específi ca componente morfológica constitutiva dos axónios represen-tativos deste tipo de unidades motoras, os quais apresentam um superior diâmetro de exposição não mielinizada proximal à junção neuromus-cular, consequentemente apresentando superior permeabilidade a correntes eléctricas de cariz externo 12,33. Porém tem sido também demons-trado que este efeito possui uma caracterização inicial de durabilidade reduzida, com uma gra-dual activação de unidades mais lentas até uma progressiva superiorização destas essencialmente no sentido de uma adaptação contractil ao estí-mulo fornecido. Este factor crê-se estar relacio-nado sobretudo com fenómenos de controlo aferente derivados dos motoneurónios activados inicialmente em associação com o facto das fi bras musculares de propensão glicolítica evidenciarem um potencial de elevada fatigabilidade 14.Todavia, a existência de uma estimulação externa

implicará também uma necessidade metodoló-gica de determinação da carga mecânica exercida sobre as fi bras musculares, a qual será proveniente da magnitude da resultante aplicada. Neste âmbito têm sido amplamente propostas diversas técnicas de cariz laboratorial para uma efi caz individua-lização da carga de estimulação, essencialmente através de uma normalização da mesma em rela-ção à capacidade máxima de activação voluntá-ria do sistema neuromuscular. Esta tentativa será emergente da necessidade de objectivar a pres-crição da carga de treino, relativamente à subjec-tividade anterior muitas das vezes defi nida como a máxima capacidade do sujeito para resistir ao desconforto inerente a uma estimulação eléctrica de carácter externo com elevada intensidade. De todas estas técnicas aquelas com superior evi-dência serão a interpolação de activação neural e a regulação da intensidade pela relativização à amplitude do sinal electromiográfi co eviden-

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ciado pelo músculo. Contudo, estas tipologias avaliativas assumem

um carácter de complexidade relativamente ele-vado, dadas as condicionantes práticas que mui-tas das vezes nos rodeiam nos contextos reais de aplicação metodológica das técnicas de hiper-trofi a assistida por electroestimulação. Logo, as mesmas assumirão um carácter de inviabilidade no contexto real de aplicação, na medida em que exigem a utilização de recursos tecnológicos bem como humanos, possuidores de um elevado grau de especialização aliados a um valor adicio-nal avultado. Neste sentido, a electroestimulação tem sido

amplamente utilizada no contexto reabilitacional, tendo sido recentemente introduzida de forma progressiva no contexto dos programas de treino de força para o desenvolvimento da performance física. Novas formas de treino combinado com electroestimulação iniciam actualmente um pro-cesso de desenvolvimento, com o principal objec-tivo de potenciação do desempenho muscular.

Deste modo a electroestimulação neuromuscu-lar tem sido frequentemente utilizada no sentido da recuperação de atrofi as musculares pronuncia-das, na manutenção do volume de massa muscu-lar bem como no controlo do edema após lesão 24. De entre as diversas aplicações clínicas e práticas

inerentes à electroestimulação destacam-se todas aquelas apresentadas representadas na tabela 1 33.Quando aplicada a longo prazo a estimulação

muscular de carácter externo irá proporcionar a minimização de alguns dos efeitos provenientes de situações de osteoporose suave e/ou defi ciên-cia cardiovascular 31. Esta tipologia de exercita-ção, por diversas vezes referenciada na literatura, quando perspectivada ao longo de um processo de treino específi co de carácter combinado no sen-tido de um progressivo incremento da endurance muscular, sendo esta provavelmente resultante de um desenvolvimento da capacidade oxidativa muscular. Este ênfase metabólico irá promover uma evolução signifi cativa do número de enzi-

mas oxidativas, determinando como consequência uma con-centração representativamente mais elevada de Glutamina. A longo prazo as vias meta-bólicas apresentam assim uma evolução regulatória positiva no metabolismo oxidativo 15. No momento em que as exi-gências energéticas não podem ser colmatadas pela reserva de ATP, em associação com a acu-mulação de metabolitos deri-vados da actividade muscular contráctil, a expressão de força muscular irá diminuir, sendo que a extensão deste declíneo estará dependente da intensi-dade da actividade em questão.

Tabela 1: Aplicações clínicas da electroestimulação neuromuscular

Aplicações Clinicas da Electroestimulação NeuromuscularIncremento da força muscular.

Reeducação da acção muscular.

Facilitação da contracção muscular.

Incremento da resistência muscular geral.

Incremento da velocidade de contracção muscular.

Incremento no aporte local sanguíneo.

Efeito de massagem muscular.

Alívio da dor muscular e articular.

Redução do espasmo muscular (contracturas).

Promoção do relaxamento e recuperação muscular activa.

Incremento da amplitude de movimento [combinação com PNF].

Redução do edema após lesão ou infl amação.

Redução do processo de atrofi a neuromuscular patológica.

Recrutamento de diferentes tipologias de fi bras musculares.

Incremento agudo da força muscular.

Potenciação da efi cácia metabólica.

Electroestimulação e exercitação aeróbia em cicloergómetro – metodologias por superimposição e sua infl uência sobre o vo2máx.Rui Ângelo, Paulo Mourão, Alberto Carvalho e Carlos Carvalho.

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O custo energético da electroestimulação está apresentado como dependente destes factores bem como gerador de fadiga, traduzindo-se esta inclusivamente como uma das principias limita-ções da estimulação muscular de longa duração 35. Por outro lado, numa perspectiva fi siológica

actual, será cientifi camente preconizado que o treino de resistência aeróbia incrementa o afl uxo sanguíneo ao músculo esquelético. Estudos demonstram que a utilização de electroestimu-lação passiva ao longo de 4 semanas proporciona um incremento signifi cativo na capacidade de fi ltração microvascular, sugerindo uma signifi -cativa efectividade na utilização desta indicação metodológica no sentido de uma potenciação do metabolismo muscular local, inerente ao treino de resistência aeróbia, em detrimento da considera-ção exclusiva de utilização metodológica da elec-troestimulação neuromuscular apenas no sentido de um desenvolvimento muscular hipertrófi co 8. Um estudo inicial efectuado em cicloergómetro, consistente com metodologias combinadas de electroestimulação, comprovou a existência de evoluções signifi cativas ao nível do Vo2Máx após 10 semanas de treino. Inclusivamente referen-ciando uma superiorização signifi cativa do grupo sujeito a metodologias combinadas quando em comparação com metodologias de carácter con-vencional 19. Outros estudos baseados em proces-sos de treino de electroestimulação combinada com remo estático, observaram-se incrementos representativos de 11,2% no Vo2máx após 12 semanas de trabalho, equivalente a 25 sessões de

treino [36].Um trabalho experimental desenvolvido em

1998 34, o qual analisou a resposta mecânica do músculo quando acrescida de um estímulo eléc-trico externo à contracção voluntária máxima, demonstrou claramente que o torque máximo obtido na extensão do joelho, foi superior, tanto na acção isométrica como concêntrica. Deste modo, a optimização da condição física humana estará intimamente relacionada com a poten-ciação da resultante da mecânica muscular. Esta será a prova basilar representativa da viabilidade estrutural de optimização da função muscular através de metodologias baseadas na utilização de electroestimulação neuromuscular. Assim, o objectivo primordial deste estudo centrali-zou-se na infl uência específi ca da utilização de metodologias combinadas de electroestimulação neuromuscular, quando em aplicação simultânea com a exercitação resistente em cicloergómetro, sobre a evolução da potência máxima aeróbia (VO2Máx).

Metodologia

AmostraA amostra utilizada no presente estudo foi

constituída por 12 alunos do curso de desporto e educação física, subdividida em 2 grupos de 6 sujeitos por sua vez agrupados em 3 do sexo feminino e 3 do sexo masculino. Uma caracteri-zação aprofundada da mesma encontra-se repre-sentada na tabela 2.

Tabela 2. Valores de média e desvio padrão da idade, altura e peso dos sujeitos

Amostra (N=12) Média

Idade 22,3 + 1.35

Altura 1.7 + 0.06

Peso 68.6 + 12.01

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Procedimentos - Caracterização do pro-cesso de treinoO processo de treino desenrolou-se ao longo

de 4 semanas, nas quais os sujeitos efectuaram 4 sessões de treino semanais de 50 minutos, consti-tuídas por 3 fases distintas caracterizadas na tabela 3:Um dos grupos, em três das sessões de treino

semanais efectuou uma utilização combinada de electroestimulação em simultâneo com o movimento de pedalar. Foi respeitado um perí-odo de 48 horas de recuperação entre sessões de treino, de modo a garantir os pressupostos fi sio-lógicos necessários para uma efi ciente evolução muscular. Existiu também uma preocupação na constante monitorização evolutiva da frequência cardíaca matinal de repouso, como indicador fre-quentemente associado à prevenção de situações de sobretreino 18.

Determinação da intensidade de exercitaçãoA determinação da intensidade de exercitação

deverá ser acompanhada de determinados pré-requisitos, sendo factores de vital importância o nível de aptidão cardiorespiratória de cada sujeito, a existência de interacções medicamen-

tosas que possam infl uenciar a prestação ao longo do exercício, a existência de lesão muscular ou ortopédica bem como os objectivos individuais do programa de treino em questão. Deste modo têm sido sugeridas várias metodologias para um controlo da intensidade do treino, sendo um dos mais amplamente aceite aquele referente ao con-

trolo da carga interna de treino através de uma defi nição da zona cardíaca de trabalho cardiovas-cular, baseando-se em estimativas da frequência cardíaca máxima em relação à idade 16,18. Actual-mente estão disponíveis variadas propostas para esta determinação, tendo sido por nós seleccio-nada a escala veiculada pelo ACSM18 visto tra-tar-se da mais amplamente difundida. Procura-mos respeitar a zona 70-75% Fcmáx, tendo em consideração que esta seria a que melhor se adequaria ao tipo de esforço defi nido pela tipo-logia de treino (predominantemente oxidativa), bem como garantiria a segurança necessária ao longo do mesmo, visto que a capacidade inicial reduzida dos sujeitos poderia assumir-se como uma variável potencialmente lesiva. Sendo neste ponto de ênfase determinante relativizar a inten-sidade de esforço cardiovascular como o soma-tório energético requisitado pela combinação de estímulos 2.

Tabela 3. Organização específi ca das Unidades de Treino.

Fase Objectivo Cadência Intensidade Duração

Fase InicialAquecimento muscular,

Mobilização articular;60 Rpm

50%

FcMáx5 min

Fase intermédiaIntensifi cação

do trabalho muscular.90 Rpm

70-75%

Fcmáx40 min

Fase Final Recuperação 60 Rpm50%

Fcmáx5 min

Electroestimulação e exercitação aeróbia em cicloergómetro – metodologias por superimposição e sua infl uência sobre o vo2máx.Rui Ângelo, Paulo Mourão, Alberto Carvalho e Carlos Carvalho.

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Protocolo experimental de avaliação O protocolo experimental foi baseado num

“design” experimental pré e pós-teste. Para uma avaliação antropométrica sumária dos sujeitos foram recolhidas medições da altura e peso. A fi abilidade intra-observador foi garantida em 0.9 procurando assim atingir um elevado grau de consistência nos resultados. Para a avaliação da potência máxima aeróbia

foi utilizado o teste de Astrand para cicloergó-metro 1, permitindo uma especifi cidade avaliativa adequada ao procedimento experimental utili-zado bem como uma coerente estabilização da frequência cardíaca ao longo de cada patamar inerente ao procedimento avaliativo. Este facto possibilitou a utilização da frequência cardíaca atingida pelos sujeitos em cada um dos patamares como uma referência da evolução cardiovascular. Todo o protocolo experimental foi efectuado em cicloergómetro de carga electromagnética ajustá-vel (SciFit Iso1000E) ao longo de patamares de 3 minutos, com incrementos progressivos de carga. Os sujeitos iniciavam a avaliação com 3 minutos de aquecimento a 10 watts, progredindo para um patamar seguinte de 50w e aumentando gradual-mente 25w por patamar de execução, até atingi-rem a exaustão. A cadência de pedalar em todos os patamares foi mantida a 60 Rpm, sendo o teste considerado completo a partir do momento em que cada sujeito fosse incapaz de manter esse ritmo pré-defi nido.

ElectroestimulaçãoPara os procedimentos de estimulação muscular

foram utilizados electroestimuladores CEFAR myo2 e myo4pro. De modo a garantir uma cor-recta utilização dos mesmos foram necessaria-mente respeitados uma série de parâmetros de carácter vital para uma estimulação efectiva do músculo.

Posicionamento de eléctrodosRelativamente à localização e posição dos eléc-

trodos, estes foram posicionados na região ante-rior da coxa de cada sujeito respeitando uma colocação perpendicular à orientação das fi bras testadas. Deste modo 4 eléctrodos auto-adesi-vos (cefar stimtrode) foram colocados em cada um dos membros inferiores dos sujeitos tes-tados, localizando-se dois na base proximal da inserção muscular do quadricípite e os restantes dois respectivamente sobre os pontos superfi ciais de enervação motora distal dos músculos vasto medial e vasto lateral. A localização específi ca e de carácter individualizado dos pontos motores foi pré-determinada através de pesquisa cutânea superfi cial. Para diminuição da sensação de dor foi utilizado um gel específi co para ultrasonogra-fi a e electrocardiografi a (Eko-Gel, Italmed Lda.). Após a detecção inicial destes pontos, os mes-mos foram marcados com tinta preta de modo a estarem devidamente identifi cados ao longo da totalidade do processo de aplicação do protocolo experimental.

Caracterização do impulso eléctricoAs correntes utilizadas foram seleccionadas de

acordo com a escala frequencial proposta por Boschetti 4, caracterizadas pelos parâmetros des-critos na tabela 4. Assim em termos adaptativos as frequências caracterizadas como pertencentes ao reino da resistência muscular centravam-se no intervalo de 40-60 Hz.Determinação da amplitude de estimulaçãoAo longo de uma fase inicial de adaptação, foi

pedido aos sujeitos que indicassem a máxima amplitude de estimulação possível com uma per-cepção de esforço a 70% (RPE de 6-7). Esta fase inicial processou-se ao longo de 2 semanas pre-viamente ao início do protocolo, com o principal objectivo de familiarização dos sujeitos com o processo da electroestimulação, traduzindo uma

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preocupação na coerente progressão de carga minimizando a ocorrência de fenómenos asso-ciados a emergência de situações extremas de miopatia resultantes numa potenciação da dor muscular pós exercício. Numa fase seguinte, já na primeira semana de aplicação do protocolo, foi implemetado um teste de carácter prático, para uma individualização da máxima carga de treino suportável. Neste âmbito tendo em consideração que ao encurtar maximalmente uma determinada estrutura muscular, esta ao ser simultaneamente estimulada de forma externa incorre numa situa-ção de encurtamento supra-máximo ao qual está associada uma elevada sensação de desconforto e de dor 4,12,33. Assim, de modo a prevenir esta situ-ação foi determinado como máxima amplitude de estimulação aquela com magnitude sufi ciente para induzir um movimento involuntário de extensão total da perna sobre a coxa, na medida em que qualquer amplitude de estimulação supe-rior poderia originar difi culdade na manutenção do movimento de pedalar pretendido, ou inclu-sivamente induzir um determinado grau de des-conforto muscular. Deste modo a cada sujeito foi pedido para

colocar a perna em estado de relaxamento total apoiada sobre uma estrutura que permitisse a manutenção de 90º de fl exão na articulação da anca (coxa sobre o tronco) em associação com 90º de fl exão na articulação do joelho. A partir deste ponto inicial era incrementada gradual-mente a amplitude de estimulação até se verifi car uma estabilização da perna sobre a coxa em 0º de fl exão. A amplitude de estimulação necessá-ria para efectuar esse movimento era considerada como alvo na fase de trabalho, sendo progressiva-mente incrementada até obter o valor pretendido imediatamente no início da fase fundamental de trabalho.

EstatísticaA análise estatística dos dados obtidos consistiu

na realização de uma série procedimentos devi-damente contextualizados. Para uma caracteriza-ção inicial da amostra foram utilizadas medidas de estatística descritiva, nomeadamente a média e desvio padrão. Para uma análise comparativa de médias Pré-Pós teste foi utilizado um t-teste intragrupal de medidas repetidas, aliado a uma análise inter-grupal de medidas independentes.

Tabela 4: Caracterização das correntes utilizadas.

Parâmetros de referência Caracterização

Nome da corrente Endurance muscular 1

Tipo de corrente Corrente rectangular alterna bi-fásica

Tipo de impulso Impulso modulado

Intervalo de frequência 40-60Hz

Duração individual do impulso Duração de 400μseg

Tempo de acréscimo 1.5

Tempo de decréscimo 1.5

Tempo de contracção 8 segundos

Tempo de repouso activo 10 segundos

Nº de contracções por sessão de treino (40min) 133 contracções (133 x 10 seg.)

Electroestimulação e exercitação aeróbia em cicloergómetro – metodologias por superimposição e sua infl uência sobre o vo2máx.Rui Ângelo, Paulo Mourão, Alberto Carvalho e Carlos Carvalho.

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Inve

stig

ação

Todos os procedimentos estatísticos foram efec-tuados através da utilização do software SPSS 11.0 para WinXP.

Resultados

Relativamente aos aspectos relacionados com a evolução do VO

2máx ao longo do processo de

treino, vários procedimentos de carácter numé-rico e gráfi co foram utilizados no sentido de uma coerente interpretação dos mesmos. Será assim possível uma visualização global da defl exão ine-rente à curva evolutiva do pós-teste referente ao

grau diferencial atingido ao longo do processo de treino. Torna-se possível verifi car de forma coerente a cumplicidade pertinente dos dados, quando analisados à luz de uma subdivisão ine-rente a cada um dos patamares de carga conside-rados. Este evento proporcionará uma janela de oportunidade para vislumbrar comparativamente a componente evolutiva de carácter específi co, quando imersa na globalidade resultante (Figura 1 e 2).

0

50

100

150

200

250

rep aq 50 75 100 125 150 175 200 225 2 min 8 min

Pré-teste

Pós-teste

0

50

100

150

200

250

rep aq 50 75 100 125 150 175 200 225 2min

8min

Pré-teste

Pós-teste

Grupo EENM Grupo de controlo

Figura 1. Curvas de progressão intra-grupal Pré-Pósteste do Teste de VO2máx em cicloergómetro.

-10

-5

0

5

10

15

20

25

rep aq 50 75 100 125 150 175 200 225 2 min 8 min

Controlo

EENM

Figura 2. Diferenças intra-grupais de frequência cardíaca por patamar e seu reflexo inter-grupal.

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ação

Análise comparativa da evolução média intra-grupal (tabela 5 e 6)

Análise comparativa da evolução média inter-grupal (Tabela 7 e 8)

Tabela 5: Valores de média e desvio padrão da frequência cardiaca obtida em cada patamar de esforço,

comparando os valores de Pré-Pós teste referentes ao grupo de controlo.

(Bpm) Pré-teste (Bpm) Pós-teste

Grupo de Controlo Média Dp Média Dp Dif. t p

10w 99.8 17.41 96.2 13.80 3.60 0.34 0.75

50w 117.0 22.37 108.8 11.03 8.20 0.74 0.49

75w 129.8 26.22 121.6 12.89 8.20 0.57 0.59

100w 145.6 23.79 134.8 21.92 10.80 0.62 0.57

125w 159.4 19.89 149.8 23.44 9.60 0.62 0.57

150w 173.0 14.07 160.8 18.91 12.20 0.95 0.39

175w 184.0 8.00 161.3 12.50 22.67 1.95 0.19

200w 193.0 9.85 170.3 12.42 22.67 1.89 0.20

recuperação 2 min 145.7 15.90 140.5 9.00 5.25 0.44 0.69

recuperação 8 min 111.0 18.09 115.0 8.68 -4,00 -0.32 0.77

* - Existência de diferenças estatisticamente signifi cativas para um p<0.05

Tabela 6: Valores de média e desvio padrão da frequência cardiaca nos diferentes patamares, bem como as

respectivas diferenças e os valores de t e p, nos dois momentos de avaliação do grupo de EENM.

(Bpm) Pré-teste (Bpm) Pós-teste

EENM Média Dp Média Dp Dif. t p

10w 105,0 18.80 85,0 15.24 20,00 3.77 0.02*

50w 124,0 22.04 115.8 17.27 8.20 2.16 0.09

75w 141.6 25.78 129.6 24.13 12,00 3.33 0.03*

100w 154.6 21.48 142,0 22.67 12.60 3.69 0.02*

125w 166.2 21.22 153.8 19.68 12.40 5.51 0.01*

150w 177.8 16.87 167,0 17.65 10.80 4.63 0.01*

175w 184.5 13.13 172.7 14.22 11.75 10.59 0.02*

200w 190.5 13.43 174.5 17.67 16,00 5.33 0.12

recuperação 2 min 152.6 19.37 136.6 11.69 16,00 4,01 0.02*

recuperação 8 min 110,0 15.47 105.2 11.45 4.80 1.72 0.16

VO2máx (ml. Kg-1.min-1) 37.31 6.62 42.91 7.66 5.60 -8.22 0.01*

* - Existência de diferenças estatisticamente signifi cativas para um p<0.05.

Electroestimulação e exercitação aeróbia em cicloergómetro – metodologias por superimposição e sua infl uência sobre o vo2máx.Rui Ângelo, Paulo Mourão, Alberto Carvalho e Carlos Carvalho.

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Tabela 8: Valores de média e desvio padrão da frequência cardiaca nos diferentes patamares, bem como as

respectivas diferenças e os valores de t e p no pós-teste entre os dois grupos de estudo.

Controlo EENM

Pós-teste (Bpm) Média Dp Média Dp t p

10w 96.2 13.8 85 15.24 1.21 0.26

50w 108.8 11.03 115.8 17.26 -0.76 0.47

75w 121.6 12.89 129.6 24.13 -0.65 0.53

100w 134.8 21.92 142 22.67 -0.51 0.62

125w 149.8 23.44 153.8 19.67 -0.29 0.78

150w 160.8 18.91 167 17.64 -0.53 0.61

175w 165 12.57 177.8 16.709 -1.26 0.25

200w 174.25 12.81 180.75 12.92 -0.72 0.51

recuperação 2 min 140.5 9.1 136.6 11.67 0.55 0.61

recuperação 8 min 115 8.67 105.2 11.45 1.41 0.21

VO2máx (ml. Kg-1.min-1) 45.65 11.45 42.92 7.66 0.44 0.67

* - Existência de diferenças estatisticamente signifi cativas para um p<0.05.

Tabela 7: Valores de média e desvio padrão da frequência cardiaca nos diferentes patamares, bem como as

Controlo EENM

Pré-teste (Bpm) Média Dp Média Dp t p

10w 99.8 17.41 105,0 18.8 -0.45 0.66

50w 117,0 22.37 124,0 22.04 -0.49 0.63

75w 129.8 26.22 141.6 25.68 -0.72 0.49

100w 145.6 23.78 154.6 21.48 -0.63 0.55

125w 159.4 19.89 166.2 21.22 -0.52 0.61

150w 173,0 14.07 177.8 16.87 -0.48 0.64

175w 181,0 8.86 184.5 13.12 -0.44 0.67

200w 193,0 9.84 190.5 13.43 0.24 0.82

recuperação 2 min 147.6 14.38 152.6 19.37 -0.46 0.65

recuperação 8 min 111.8 15.77 110,0 15.47 0.18 0.86

VO2máx (ml. Kg-1.min-1) 40.47 9.41 37.31 6.62 0.61 0.56

* - Existência de diferenças estatisticamente signifi cativas para um p<0.05.

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Discussão

A análise intra-grupal revelou a existência de evoluções positivas características na frequência cardíaca, inerente a cada um dos patamares de carga atribuídos ao longo do teste, em ambos os grupos. Estes resultados poderão ser comprovados pelos valores a eles associados, nos quais encon-tramos a nítida evidência de uma diminuição no número de batimentos cardíacos por minuto exigidos para a a superação da carga pertencente a cada um dos patamares avaliativos. Em concor-dância directa com estes dados, a confi rmação intra-grupal das diferenças frequenciais cardía-cas por patamar de trabalho em contraste com a relação inter-grupal, irá proporcionar uma refe-renciação concreta da evolução absoluta presente nas mesmas diferenças, essencialmente de carác-ter positivo em ambos os grupos, sendo estas mais pronunciadas nos patamares iniciais para o grupo de EENM e nos patamares fi nais para o grupo de controlo. Neste âmbito, será também uma evi-dência importante a evolução da capacidade de recuperação cardíaca, especialmente nos primei-ros 2 a 8 minutos após o exercício. Deste modo verifi ca-se que o grupo assistido por EENM apresentou um índice de recuperação pós-treino consistente com um incremento na efi ciência cardiovascular, possivemente consistente com um superior grau de desenvolvimento vascular, ali-cerçado numa optimização da utilização máxima de Oxigénio por unidade de tempo 8,10.No que diz respeito à evolução grupal média

ao longo do tempo, esta verifi cou-se na gene-ralidade dos parâmetros, excepto no grupo de controlo para a recuperação após 8 minutos. No entanto verifi camos que apenas o grupo assistido por EENM apresentou uma evolução estatisti-camente signifi cativa, bem como de magnitude superior (situação patente na análise das diferen-ças alcançadas por cada um dos grupos) quando em comparação com o grupo de controlo rela-tivamente à diferença pré-pós teste. Todavia, esta

situação foi nitidamente superior para os patama-res de carga iniciais, sendo depois gradualmente alterada ao longo da progressão da carga de traba-lho. Deste modo o grupo de controlo verifi cou uma diminuição mais acentuada deste parâmetro essencialmente nos patamares fi nais do teste. Em contraste o grupo que efectuou uma exer-

citação resistente em simultâneo com electroes-timulação usufruiu de um mesmo decréscimo porém neste caso apenas de forma acentuada nos patamares de carga iniciais. Sugere-se a eventual probabilidade acrescida correspondente à pre-sença de possíveis componentes representativos de um elevado índice de fadiga muscular local, na medida em que muitos dos sujeitos poderiam não ter usufruído de sufi ciente tempo de recupe-ração entre a fi nalização do treino e o teste fi nal propriamente dito. Este facto está já amplamente descrito na literatura, estando esta tipologia de fadiga profundamente baseada na percepção de um padrão de recrutamento distinto das unidades motoras em contracções de carácter involuntário 4,12,14,33. Deste modo existe uma exponenciação da fadiga muscular local nas contracções solici-tadas por EENM quando em comparação com as habituais contracções voluntárias 11. Por outro lado este crescendo de fadiga local será avolu-mado também dadas as características intrínsecas da exercitação resistente em cicloergómetro, na medida em que existirá uma avultada solicitação dos músculos anteriores da coxa, os quais serão responsáveis por uma elevada percentagem do rendimento neste tipo de movimentos. Como tal estes estarão superiormente predispostos a uma acumulação de fadiga de carácter periférico ou muscular local em detrimento de uma fadiga central ou cardiovascular [32]. Assim sendo, em termos metodológicos ao longo da aplicação do protocolo experimental o tempo de recuperação foi mantido nas 48h, estando incluído neste perí-odo um trabalho de recuperação activa.

Electroestimulação e exercitação aeróbia em cicloergómetro – metodologias por superimposição e sua infl uência sobre o vo2máx.Rui Ângelo, Paulo Mourão, Alberto Carvalho e Carlos Carvalho.

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Inve

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Outra provável situação poderá estar relacionada com uma diminuída supercompensação, isto é, potencialmente poderia o estímulo de treino ainda não ser sufi ciente para o desenvolvimento efectivo de determinadas componentes muscu-lares responsáveis pelo efi ciente suporte das exi-gências propostas pelo teste seleccionado para a avaliação. Todavia estas questões sem dúvida carecem de superior esforço investigativo, pro-curando determinar de forma mais específi ca as possíveis interacções do trabalho cardiovascular assistido por EENM sobre a evolução da potên-cia máxima aeróbia. Após a comparação efectuada entre as médias

intra-grupais nos dois momentos avaliativos foi possível verifi car que as evoluções verifi cadas no grupo assistido por EENM foram estatisti-camente signifi cativas, traduzindo decréscimos médios das frequências cardíacas para uma deter-minada carga relativa, as quais em algumas situa-ções ascenderam a valores tão elevados como 16-20 batimentos por minuto (Tabela 6).Poderemos assim verifi car a existência real de

uma tendência evolutiva signifi cativa no grupo assitido por electroestimulação, a qual natural-mente se repercute no valor fi nal estimado de VO2máx, traduzindo para este grupo uma evo-lução absoluta de 5,6 ml. Kg-1.min-1, referente a uma magnitude percentual de 13,1% (quadro 6). Em contraste as diferenças médias encontradas no grupo de controlo, apesar de assumirem tam-bém magnitudes diferenciais elevadas registadas no VO2máx (5,2 ml. Kg-1.min-1), estas não foram sufi cientemente representativas (11,3%), para uma atribuição de signifi cado estatístico (Tabela 5). Neste âmbito será também de realçar que ambos os grupos obtiveram incrementos médios elevados na potência máxima aeróbia, sendo que estes se revelaram estatisticamente signifi cativos no grupo de EENM e tendencialmente também no grupo de controlo existiu uma aproximação à

signifi cância estatística, indiciando uma inerente efectividade em ambos os planos de teino para o desenvolvimento deste parâmetro, embora esta tenha sido mais evidente no grupo de EENM. Em termos da comparação inter-grupal (tabe-

las 7 e 8), os resultados evidenciam que apesar das diferenças alcançadas pelo grupo assistido por EENM serem estatisticamente signifi cativas na sua evolução ao longo do tempo, estas não serão sufi cientemente evidenciáveis para permitirem uma clara diferenciação das médias inter-grupais, na medida em que ambos os grupos se dirigi-ram no mesmo sentido progressivo o que conse-quentemente implicaria uma enorme magnitude evolutiva, para a ocorrência de um coerente afas-tamento entre as mesmas. O grupo de EENM concretizou através de uma evolução positiva, a obtenção no pós-teste de uma situação de apro-ximação bastante evidente ao grupo de controlo, evidenciando um carácter evolutivo de superior magnitude, principalmente enfatizado nos pata-mares iniciais. Neste sentido, seria de esperar a existência de uma evolução tendencial com o prolongamento da fase de treino, porém devido a questões de carácter metodológico e logístico tal não foi possível no presente estudo. Todavia não deixando de ser uma sugestão pertinente para trabalhos futuros.

Correspondência

Alberto CarvalhoLaboratório do Movimento HumanoInstituto Superior da [email protected].

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300

{Inv

esti

gaçã

o

Resumo A Percepção Subjectiva do Esforço (PSE) é um

método válido na monitorização da intensidade no

treino cardiovascular. No entanto, não é clara a sua

validade e fi abilidade na classifi cação da intensidade no

treino de força. Este estudo pretende avaliar a efi cácia

da PSE na monitorização da intensidade do treino de

força em idosos. Dezassete participantes (66,6 ± 2,7

anos) realizaram um protocolo experimental com

três intensidades: 50%, 70% e 90% de uma Repetição

Máxima determinado pelo método do coefi ciente de

repetições (1-RMcr). Realizaram-se duas sessões para

cada intensidade, nos exercícios: Seated Chest Press, Leg

Press, Lat PullDown, Triceps Extension e Biceps Curl.

A PSE foi avaliada utilizando a escala de Borg, após a

execução de cada série e após 30 minutos do fi nal da

sessão (PSEpt). Com a realização do teste de Wilcoxon

(p ≤ 0.05), verifi caram-se diferenças signifi cativas

entre as médias de PSE das três intensidades, bem

como entre as PSEpt respectivas. O coefi ciente de

correlação intraclasse (CCI) para o PSEpt foi 0,70.

Os resultados do nosso estudo permitem concluir

que, a PSE apresenta-se como um método efi caz na

monitorização da intensidade de uma sessão de treino

de força em idosos.

Palavras-chave: Escala de Borg, treino de força,

idosos.

Abstract

Using rating of perceived exertion to monito-

ring exercise intensity during resistance training

in elderly

The rating of perceived exertion (RPE) is a valid

and reliable method in monitoring intensities during

aerobic training. However its validity and reliability

is not clear in the classifi cation of resistance training

intensity.

The purpose of this study is to evaluate the reliability

and validity of RPE scale in monitoring the resistance

training session in elderly. Seventeen subjects (66,6 ±

2,7 years) completed an experimental trial at three

intensities: 50%, 70% and 90% of a maximal repetition

determined by the repetitions coeffi cients method

(1-RMcr). Two sessions, of each intensity, were com-

pleted of the following exercises: Seated Chest Press,

Leg Press, Lat PullDown, Triceps Extension e Biceps

Curl. The Borg Scale was used to evaluate the RPE

at the end of each set, and 30 minutes following each

exercise session (RPEpt). The Wilcoxon (p≤0.05) test

showed signifi cant difference not only between the

average RPE of each intensity, but also in the con-

cerning RPEpt intensity. The intraclass correlation

coeffi cient (ICC) for RPEpt was 0,70. The results of

our study allow us to conclude that RPE is a valid and

reliable method in monitoring the resistance training

session in elderly.

Key Words: Borg´s scale, resistance training, elderly.

Utilização da percepção subjectiva do esforço para monitorização da intensidade do treino de força em idososAntónio Costa 1 e Carlos Fernandes 1

1 Instituto Superior da Maia, Porto.

Data de submissão: Dezembro 2007 Data de Aceitação: Abril 2007

Costa, A.; Fernandes, C.;Utilização da percepção subjectiva do esforço para monitorização da intensidade do treino de força em idosos. Motricidade 3(2): 37-46

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Introdução

Actualmente os benefícios do treino de força são amplamente conhecidos e descritos na lite-ratura, desde melhorias dos parâmetros metabó-licos, passando por um aumento da auto-estima, até um incremento da qualidade de vida (4,18). Por todos estes motivos a sua prática é recomendada para a população em geral, no entanto, para que isso seja possível é necessário ter em consideração as componentes que defi nem e caracterizam o treino de força: a frequência de treino, a selec-ção de exercícios, o número de séries, o número de repetições, e a selecção da carga. O ajuste e manipulação de cada uma destas componentes permite um treino específi co para cada indi-víduo, com o objectivo de induzir as respostas musculares pretendidas, de acordo com as neces-sidades individuais 3,12,17,18. No entanto existem populações com características muito específi cas, designadas de “populações especiais”, em que a adaptação das componentes de treino assume um papel bastante importante no cumprimento dos objectivos, como é o caso da população idosa. Os limites a partir dos quais se pode defi nir idoso não são claros, uma vez que se trata de um grupo heterogéneo, devido à diversidade de factores que podem infl uenciar e determinar o processo de envelhecimento do ser humano. No entanto, muitos autores indicam os 65 anos como a idade de referência para esta etapa 3,18.O envelhecimento da população é um fenó-

meno observado à escala mundial, e a principal causa está relacionada com o aumento gradual da esperança média de vida. Este processo é carac-terizado essencialmente por um decréscimo das capacidades motoras, difi cultando a realização das actividades diárias e a manutenção de um estilo de vida saudável. Assim, no processo de envelhe-cimento verifi cam-se alterações em diferentes níveis, sendo os principais: a) antropométrico, em que se observa uma diminuição da estatura e uma perda da massa magra, e consequente

aumento de massa gorda. Este aumento é acen-tuado quando a ingestão calórica não é adaptada à diminuição da actividade física e à redução dos processos metabólicos; b) neuromuscular, a dimi-nuição de força nos idosos não se deve apenas à diminuição da massa magra, mas também à perda de inervação motora, estes dois aspectos estão relacionados com a deterioração da mobilidade bem como os movimentos que exigem correc-ções posturais refl exas rápidas; c) cardiovascular, em que se verifi ca uma menor capacidade de adaptação e recuperação após o exercício, que se deve sobretudo à diminuição do volume sistólico, da frequência cardíaca, e consequente diminui-ção do débito cardíaco, bem como, uma descida do consumo máximo de oxigénio (VO

2max.); d)

pulmonar, com a idade diminuem os vários volu-mes e capacidades pulmonares, com excepção do volume residual que aumenta, difi cultando assim a tolerância ao esforço; e) neural, observa-se uma diminuição do tempo de reacção e velocidade de movimento, que de deve à diminuição do número e tamanho dos neurónios, bem como à diminuição da velocidade da condução nervosa 4,17.Com o envelhecimento da população têm-se

assistido a uma crescente promoção e desenvolvi-mento de estratégias com objectivo de reduzir os efeitos negativos da idade cronológica no orga-nismo. Uma destas estratégias está relacionada com a prática de actividade física, mais especi-fi camente, a elaboração de programas de exercí-cios físicos, atendendo ao nível de dependência funcional do idoso 17. Nos últimos anos têm surgido evidências cla-

ras, relacionando o aparecimento de doenças degenerativas, e a debilitação característica que acompanha o processo de envelhecimento, com a perda de massa magra e de força 18. São vários os benefícios do treino de força

em idosos, entre os mais importantes podem-

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se observar: melhorias da composição corporal, aumentando a massa magra e reduzindo a massa gorda; aumento dos processos metabólicos, com um acréscimo de 7% do metabolismo basal, após três meses de treino; aumentos da densidade mineral óssea, aumentando a protecção contra a osteoporose; reduções da pressão arterial, quer da pressão sistólica, quer da diastólica; e melho-rias do perfi l lipídico, normalizando os valores de colesterol. Mas acima de tudo, todos os benefí-cios gerados pelo treino de força asseguram uma maior facilidade no desempenho das actividades diárias, prolongando a independência funcional permitindo viver os “últimos anos” de forma digna e auto-sufi ciente. A prescrição do pro-grama de treino deverá estar direccionada para o nível de dependência funcional do idoso, aumen-tando a efi cácia do treino e reduzindo os riscos do idoso 17,18. O treino de força tem-se assumido como um

elemento importante na elaboração de progra-mas de melhoria de condição física em idosos. Por essa razão, a ACSM recomenda que haja um cuidado adicional na supervisão individual deste tipo de programa e procedimentos de avaliação adequados, devidamente orientados por profi s-sionais qualifi cados 15. Um dos aspectos mais importantes a considerar

na prescrição do treino de força, quer durante o seu acompanhamento, é a selecção de uma intensidade adequada ao objectivo de treino. No entanto, no treino de força é particularmente difícil de quantifi car esta componente devido às difi culdades em avaliar correctamente a fadiga, utilizando as respostas fi siológicas ditas normais como a frequência cardíaca ou a acumulação de lactatos. Assim, surge a necessidade de utilizar um método válido e fi ável para a monitorização da intensidade durante o treino de força 3,18. A Escala de Borg de percepção subjectiva do

esforço (PSE) é uma escala que refl ecte a inte-

racção das respostas fi siológicas com a percepção psicológica, com o objectivo de poder classifi -car um determinado esforço. Assim, a escala de PSE tem sido utilizada para medir sensações de esforço, tensão muscular, desconforto, e fadiga no treino cardiovascular. A percepção do esforço físico é um parâmetro subjectivo que considera informações provenientes do meio intrínseco e extrínseco. Quanto maior a frequência destes sinais, maior é a intensidade da percepção física do esforço 1,2,11. A PSE representa um método válido na prescrição e monitorização da intensi-dade de um treino cardiovascular, uma vez que na sua generalidade existe uma relação linear com a frequência cardíaca e o VO

2 durante o exercício

aeróbio 1. Representa também um método bas-tante útil fornecendo a qualquer indivíduo, inde-pendentemente do seu grau de condição física, princípios orientadores simples sobre intensidade de treino. Outra característica da sua utilidade é o facto de possuir uma elevada versatilidade, não envolvendo equipamentos e processos de ava-liação complexos. Por tudo isto a ACSM, desde 1986, recomenda o seu uso em programas de rea-bilitação cardíaca (juntamente com a frequência cardíaca), bem como, para melhoria da condição física 1,11,13.A utilização da escala de PSE na monitoriza-

ção da intensidade do treino cardiovascular tem sido tema de vários estudos, e os benefícios da sua utilização são bem conhecidos, como referido anteriormente. No entanto ainda não é clara a validade deste método, na classifi cação da inten-sidade de um tipo diferente de treino, como é exemplo o treino de força.Vários estudos têm demonstrado que a escala

de PSE é um método efi caz e válido na classi-fi cação da intensidade, não só de um exercício isolado, mas também da própria sessão de treino

7,8,9,10,16. Existem diversos estudos em que os par-ticipantes foram submetidos a protocolos experi-

Utilização da percepção subjectiva do esforço para monitorização da intensidade do treino de força em idososAntónio Costa e Carlos Fernandes

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mentais, onde executaram várias sessões com os mesmos exercícios, variando apenas a intensidade da carga. Foram encontrados diferenças signifi -cativas do valor médio de PSE da sessão, entre as diferentes intensidades 6,8,9,16. No entanto, a média das classifi cações de todos os exercícios da sessão, não é o único modo de classifi car a PSE da sessão como um todo. Em estudos recentes, em que foram aplicados

protocolos semelhantes aos descritos anterior-mente, foi pedido aos participantes para classifi ca-rem a PSE de toda a sessão, após a sua fi nalização 6,7,8,16. Assim verifi cou-se a existência de fi abili-dade no método da PSE pós-treino (PSEpt), uma vez que estes valores não apresentam diferenças signifi cativas da média da sessão, para cada inten-sidade. Porém, quando comparados os valores da PSEpt entre diferentes intensidades, observa-se resultados estatisticamente signifi cativos. Ape-sar de todos os estudos referidos anteriormente, ainda são poucos os autores que relacionam a PSE e o treino de força em idosos. Os efeitos do envelhecimento na PSE ainda

não são totalmente conhecidos, porém existe a noção de quanto maior actividade física, maior a capacidade do indivíduo para detectar sensações musculares e utilizá-las na percepção do esforço 10. Assim o objectivo principal deste estudo foi avaliar a efi cácia da PSE enquanto método para a monitorização da intensidade do treino de força em idosos, e o objectivo secundário foi verifi car a relação existente entre a PSE e os diferentes exercícios para a mesma intensidade.

Metodologia

AmostraPara este estudo foram recrutados 26 idosos no

Health Club Solinca. Todos os elementos pos-suíam, no mínimo, 6 meses de experiência na

prática do treino de força (pelo menos 2 sessões semanais) e estavam familiarizados com os exer-cícios em questão. Uma vez que a participação regular aumenta a capacidade sensorial do indiví-duo em percepcionar e avaliar o esforço 10. Todos os participantes foram sujeitos a uma avaliação física, anamnese desportiva e historial clínico. Os participantes com as seguintes contra-indicações foram excluídos deste estudo: historial clínico de doenças cardiovasculares (DCV), difi culdades motoras e limitações osteo-mio-articulares. Nove participantes (2 do sexo masculino e 7 do sexo feminino) foram excluídos, sete por terem histo-rial clínico de DCV, e três por não terem com-pletado todo o protocolo experimental, assim os dados analisados referem-se apenas a oito parti-cipantes do sexo feminino (média ± DP; 67,0 ± 3,0) e nove do sexo masculino (66,2 ± 2,3). Antes da participação, todos os riscos e benefícios do estudo foram explicados detalhadamente antes do preenchimento do consentimento informado. As estatísticas descritivas da amostra estão apre-sentadas na tabela 1. Todos os procedimentos utilizados respeitam as normas internacionais de experimentação com humanos (Declaração de Helsínquia de 1975).

Tabela 1: Características dos Participantes do Estudo

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Procedimentos

Cada participante completou sete sessões do protocolo experimental. A primeira sessão con-sistiu numa sessão de familiarização com o estudo que incluiu a autorização para este decor-rer, uma anamnese desportiva, historial clínico, e avaliação física. Constou também na familiariza-ção com a Escala de Borg, que consiste numa escala de 10 níveis entre 0 a 10 (de “Repouso” a “Demasiado Difícil ”). Cada participante recebeu uma explicação com instruções específi cas sobre a sua utilização na avaliação da PSE, segundo as recomendações de Borg 5. Procedeu-se também

à determinação de uma repetição máxima pelo método de estimação de uma Repetição Máxima através do coefi ciente de repetições (1-RMcr) de cada exercício de acordo com Lombardi 14. As restantes seis sessões consistiram na aplicação de três intensidades de carga: Alta Intensidade (AI), Média Intensidade (MI) e Baixa Intensidade (BI) (tabela 2). Cada sessão foi realizada duas vezes. A 1-RMcr

foi usada para calcular as diferentes intensidades de cargas que cada participante teria de realizar para cada exercício. No início de cada sessão todos os participantes realizaram um aquecimento de 12 minutos a baixa/média intensidade no tapete.

Tabela 1: Características dos Participantes do Estudo

Idade

(anos)

Peso

(kg)

Estatura

(cm)

ªSeated

Chest Press

1-RMcrb (kg)

Leg

Press

1-RMcr

(kg)

Lat Pull

Down

1-RMcr

(kg)

Triceps

Extension

1-RMcr

(kg)

Biceps Curl

1-RMcr (kg)

Masculino

(N= 8)66,2±2,3 76,1±9,4 167,6±7,6 53,2±5,3 83,4±8,1 45,5±5,3 33,4±4,1 28,9±3,5

Feminino

(N= 9)67,0±3,0 56,0±7,1 154,4±7,0 44,6±4,7 71,7±7,3 37,1±4,4 29,1±3,8 24,8±4,1

a As nomenclaturas dos exercícios utilizadas são referentes à marca Paramount Linha XL Seriesb 1-RMcr = determinação de uma Repetição Máxima método de estimação de uma repetição máxima através do coefi ciente

de repetições

Tabela 2: Protocolo Experimental

Séries

(n)

BI

50% de 1-

RMcra

(rep)

MI

70% de 1-RMcr

(rep)

AI

90% de 1-RMcr

(rep)

Seated Chest Press 1 15 10 4 - 5

Leg Press 1 15 10 4 - 5

Lat PullDown 1 15 10 4 - 5

Triceps Extension 1 15 10 4 - 5

Biceps curl 1 15 10 4 - 5

a Intensidade de carga calculada a partir da respectiva percentagem de intensidade e da repetição máxima determinada pelo método de estimação de uma Repetição Máxima através do coefi ciente de repetições.

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Após este período realizaram uma série de aque-cimento específi co do exercício, que consistiu em 10 repetições a 25% da 1-RMcr precedida pela respectiva série de trabalho, de acordo com a intensidade e número de repetições requeri-das para a sessão conforme a tabela 2. O inter-valo de repouso entre a série de aquecimento e a série de trabalho, bem como entre exercícios foi de dois minutos 3,18. Após cada série de tra-balho foi pedido aos participantes para respon-derem à seguinte questão: “Como classifi ca o seu esforço?”. O mesmo foi pedido após 30 minutos do fi m

de cada sessão, respondendo à pergunta: “Como classifi ca o seu esforço durante toda a sessão?” Apesar de familiarizados com a escala, a mesma encontrava-se presente para uma classifi cação mais precisa. A familiarização, realização dos testes e sessões

de treino tiveram lugar no Health Club Solinca. Para a aplicação do protocolo experimental foi utilizado equipamento da marca Paramount Linha XL Séries.

EstatísticaO teste de Wilcoxon foi utilizado de modo a

observar a existência de diferenças estatistica-mente signifi cativas entre 1) a média da PSE das três intensidades, através da média dos cinco exercícios propostos 2) a média da PSE dos cinco exercícios realizados com a PSEpt, para cada intensidade 3) a PSE de cada exercício com a PSEpt, para cada uma das intensidades. O coefi -ciente de correlação intraclasse (CCI) foi deter-minado para estabelecer a fi abilidade dos valores da PSEpt. O nível de signifi cância foi conservado em p ≤ 0.05. Para o tratamento e análise dos dados foi utilizado o software SPSS® 13.0.

Resultados

As estatísticas descritivas que caracterizam a amostra são apresentadas na tabela 1, e os dados obtidos da aplicação do protocolo experimen-tal encontram-se na tabela 3 e representados na fi gura 1. Após comparação entre a média de PSE de cada

PSE

50%

70%

90%

Resultados da PSE

109876543210

Figura 1: Resultados obtidos da PSE após aplicação do Protocolo Experimental

Exercícios

Press Cheast

Leg Press

Lat Pull Down

Triceps E.

Biceps Curls

PSE médiaPSEpt

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intensidade verifi caram-se diferenças estatisti-camente signifi cativas entre as três. A média de PSE para 50% é inferior à PSE para uma inten-sidade de 70%, esta por sua vez é inferior à PSE para 90%. No entanto quando comparados os valores da média de PSE, para cada intensidade, com o respectivo valor da PSEpt, não se observa nenhuma diferença signifi cativa. Por último, após comparação da PSE de cada

exercício com o valor pós-treino, para cada intensidade, não foram verifi cadas diferenças sig-nifi cativas para a maioria dos exercícios, excepto no Seated Chest Press e no Biceps Curl para BI, no Seated Chest Press para MI, e no Triceps Extension e Bicep Curl para AI, de acordo com a tabela 4. O CCI foi de 0,70 com um intervalo de confi ança de 95% entre 0,41 – 0,88.

Discussão

O objectivo principal deste estudo foi avaliar a efi cácia da PSE enquanto método para a moni-torização da intensidade do treino de força em idosos. Ao longo do estudo, os dados obtidos permitem concluir que, os valores médios da PSE entre as diferentes intensidades apresentam valores distintos, o que demonstra que, a car-gas de baixa intensidade correspondem valores médios de PSE baixos e a cargas de alta inten-

sidade correspondem valores médios de PSE altos. Estes resultados estão descritos na tabela 3 representados através da fi g. 1. Estas evidências vão de encontro ao estudo realizado por Day et al. 6, que demonstram que a execução de poucas repetições, utilizando cargas de elevada intensi-dade, são percepcionadas como um esforço mais intenso, quando comparado com a execução de um maior número de repetições utilizando car-gas de baixa intensidade.Esta percepção poderá ser justifi cada com o

desenvolvimento de uma grande tensão muscu-lar na superação de uma carga pesada. A carga utilizada na AI é muito maior do que a utilizada na MI e esta por sua vez distinta da BI. Os mús-culos activos que tentam superar grandes cargas desenvolvem maior tensão muscular o que exige um aumento no recrutamento das unidades motoras e aumento da frequência de utilização. Assim, para um maior recrutamento das unidades motoras, maior será a força dos sinais enviados para o córtex sensorial, e eventualmente, maior a percepção do esforço 7. Como as percentagens de intensidade de carga eram signifi cativamente diferentes, poderá explicar parcialmente os resul-tados estatisticamente signifi cativos entre PSE média respectivos.A PSE apresenta-se também como um método

efi caz na monitorização da intensidade de uma

Tabela 3: Resultados obtidos da PSE após aplicação do Protocolo Experimental

BI

50%

PSE

MI

70%

PSE

AI

90%

PSE

Seated Chest Press 4,9 ± 1,1* 6,3 ± 0,8* 8,5 ± 0,9

Leg Press 5,2 ± 0,9 6,5 ± 1,2 8,5 ± 1,2

Lat Pull Down 5,5 ± 1,2 6,9 ± 0,7 8,5 ± 0,8

Triceps Extension 5,4 ± 0,9 7,2 ± 1,2 9,3 ± 0,7*

Biceps curl 5,7 ± 0,8* 6,9 ± 0,7 9,2 ± 0,5*

PSE média 5,4 ± 0,8# 6,8 ± 0,6# 8,8 ± 0,5#

PSEpt 5,3 ± 0,7* 6,8 ± 0,7* 8,6 ± 0,6*

* Valores estatisticamente signifi cativos entre a PSE do exercício e a PSEpt

# Valores estatisticamente signifi cativos entre a PSE média

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sessão de treino uma vez que, a média da PSE de cada intensidade é consistente na sua relação com a média PSEpt respectiva. Estes resultados encontrados suportam o conceito proposto por Foster et al 9., que refere que o valor da PSEpt representa correctamente a média da PSE obtida durante a sessão do treino de força, para cada intensidade. Esta concepção é suportada pela rea-lização do teste de avaliação da fi abilidade dos valores da PSEpt em duas sessões, para a mesma intensidade. Assim verifi cou-se um CCI de 0,70 com um intervalo de confi ança de 95% entre 0,41 – 0,88. Este valor do CCI confere uma ele-vada fi abilidade à PSEpt, e consequentemente, suporta o conceito que a PSEpt é um método fi ável para monitorizar o nível de intensidade de uma sessão do treino de força. Estas evidências vão de encontro aos resultados verifi cados por Egan 8, Day et al. 6 e Gallager et al. 9.O facto de não se terem verifi cado diferenças

signifi cativas entre PSE médios e de PSEpt, para cada intensidade, está de acordo com aqueles encontrados em estudos que utilizaram como participantes jovens adultos 6,7. No entanto, os valores encontrados sugerem que, quando com-paramos a mesma intensidade, os idosos apre-sentam valores de PSE médios e de PSEpt mais elevados. Por essa razão, é possível que os parti-cipantes tenham compreendido como utilizar a escala mas sentiram o esforço como mais elevado do que participantes mais novos. Esta justifi cação poderá ser explicada pelo processo de envelhe-cimento, uma vez que existem adaptações fi sio-lógicas como consequência deste processo, que poderão difi cultar a sensação de dor ou esforço resultante do défi ce de velocidade e de qualidade de propagação nervosa 10. Outra possibilidade prende-se com o processo de sarcopénia recor-rente da inactividade física e da diminuição da vida activa funcional o que resulta numa PSE mais elevada quando aumentamos a intensidade

e volume, apesar dos nossos participantes serem participantes activos neste treino 15. O objectivo secundário foi verifi car a relação

existente entre a PSE e os diferentes exercícios, para a mesma intensidade. Importa realçar a forte relação dos valores médios individuais da PSE de cada exercício com a média da PSEpt, excepto no Seated Chest Press e no Biceps Curl para BI, no Seated Chest Press para MI, e no Triceps Extension e Bicep Curl para AI, de acordo com a tabela 3.Os valores inferiores de PSE apresentados em

Seated Chest Press para BI e MI em relação ao PSEpt, poderão ser justifi cados pela ordem dos exercícios em todas as intensidades. Todas as ses-sões do protocolo experimental tiveram como primeiro exercício o Seated Chest Press. Acre-ditamos que o primeiro exercício tenha muita infl uência na percepção dos restantes exercícios, pois todos os restantes valores serão possivel-mente comparados e nivelados com este. Os valores elevados de PSE observados no Triceps

Extension e Biceps Curl para BI e AI, podem ser justifi cados parcialmente pela fadiga acumulada após a realização dos exercícios anteriores, visto que estes exercícios exercitam primariamente músculos que intervêm directamente como estabilizadores e sinergistas: o Triceps Extension fundamentalmente no Seated Chest Press e o Biceps Curl no Lat Pul Down 15. Outra justifi ca-ção para estes resultados pode dever-se aos efeitos do envelhecimento. A partir dos 50 anos, há uma perda progressiva de força e potência muscular, em parte justifi cada pela redução do número de fi bras musculares, e em parte, por infl uências hormonais. Porém, a perda de força não acontece por igual em todos os músculos. Geralmente os músculos menos utilizados são os que degeneram primeiro. O bícipede e o tricipede são músculos que sofrem grande decréscimo de funcionalidade com a redução da actividade física característico

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desta etapa 10. Os valores elevados de PSE obser-vados no Triceps Extension e Biciped Curl para AI, podem ser explicados com a perda de força mais rápida destes músculos do que os restantes quando sujeitos a elevadas cargas mecânicas 15.Após a realização do presente estudo, considera-

mos oportuno destacar algumas limitações rele-vantes. O protocolo experimental foi constituído por sessões que recorreram a séries únicas. Porém a aplicação de séries múltiplas, vulgarmente utili-zadas pelos praticantes neste tipo de treino, ainda não é conhecida. Outro aspecto que considera-mos importante é a componente da intensidade. Com a utilização de intensidades mais próximas entre si, ao contrário da maioria dos estudos que utilizam intensidades bastante díspares (por exemplo, 50% e 90%), os resultados da PSE pode-rão sofrer alterações signifi cativas. Outra limita-ção prende-se como facto de termos apenas uti-lizado uma intensidade em cada sessão de treino. A utilização de mais do que uma intensidade ao longo da mesma sessão do treino de força poderá fornecer mais dados sobre a relação entre a PSE e a intensidade.Concluindo o estudo, os resultados mostra-

ram que a PSE é um método válido e fi ável na monitorização do treino de força em idosos. Este instrumento poderá ser relevante a treinadores, instrutores e praticantes de “musculação”. Uma vez que é possível seleccionar o nível pretendido, antes do início da sessão de um treino de força, e ter certeza que a intensidade pretendida se irá manter no nível desejado (PSEpt). O que repre-senta um método mais simples do que a utiliza-ção de várias classifi cações da PSE ao longo do treino, assim a PSE é um método fácil e efi caz de prescrever e monitorizar a intensidades no treino de força.

Correspondência

António CostaRua da Bélgica nº 2172, 1º Esq. 4400-046 Vila Nova de GaiaE-mail:a_costafi [email protected]

Utilização da percepção subjectiva do esforço para monitorização da intensidade do treino de força em idososAntónio Costa e Carlos Fernandes

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Referências

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Resumo

Hoje em dia existem amplas evidências científi cas de

que a actividade física regular tem benefícios inques-

tionáveis para a saúde física e psicológica, que por sua

vez são causadores de um impacto signifi cativo no

bem-estar geral do sujeito em todas as idades. Desta

forma, foi objectivo principal do nosso trabalho, esta-

belecer um perfi l psicológico dos sujeitos aderentes aos

programas de exercício e saúde, baseado nas seguin-

tes variáveis: motivação, estados de humor, depressão,

ansiedade e stress. Para tal propósito, estudámos uma

amostra composta por 70 indivíduos de ambos os sexos

(67 femininos e 3 masculinos), com uma média de ida-

des de 36.90±15.4 anos (entre os 17 e os 71). Todos

pertencem aos cinco centros de prática desportiva,

inseridos no programa de exercício para a saúde “Mais

Desporto, Mais Saúde”, da Câmara Municipal de Rio

Maior. Os instrumentos de avaliação utilizados para

o efeito foram os seguintes: EMI-2 (Exercise Moti-

vations Inventory); POMS (Profi le of Mood States);

DASS (Depression, Anxiety and Stress Scales). Com os

resultados obtidos pudemos concluir que as principais

razões que levam os indivíduos a aderir a este tipo de

programas são os factores associados à saúde, ou seja,

apresentam um perfi l de uma pessoa que procura a

actividade física para se manter saudável (e.g. Manter-

se Saudável 4.48±0.61 e Revitalização 4.31±0.64),

uma vez que esta lhe provoca sensação de vigor (i.e.

bem-estar físico ou mental). Este sentimento refl ecte-

se nos valores altos dos estados positivos de humor

(e.g. vigor 2.28±0.87), bem como, nos baixos valo-

res encontrados nos níveis de depressão (0.47±0.61),

ansiedade (0.49±0.58) e stress (0.81±0.61).

Palavras-chave: Psicologia do exercício, bem-estar

psicológico, exercício e saúde

Abstract

Physical activity and psychological well-being

– rio maior participants profi le in the exercise

and health program

Nowadays several scientifi c evidences tell us that the

regular physical activity has unquestionable benefi ts

for physical and psychological health, and that causes

a signifi cant impact in general well-being into people

of all ages. The purpose of this study was to evaluate

and establish a psychological profi le of the adherence

to exercise and health programs, based in the following

variables: motivation, mood states, depression, anxiety

and stress. For such, we studied a sample of 70 indivi-

duals, of both genders (67 females and 3 males), with

36.90±15.4 years old of mean age (between 17 and

the 71). All of them are participants of the fi ve sport

centers that compose the exercise and health pro-

gramme “More Sport, More Health”, of Rio Maior

town council. The measurement instruments were the

following: EMI-2 (Exercise Motivations Inventory);

POMS (Profi le of Mood States); DASS (Depression,

Anxiety and Stress Scales). Results show that the main

reason to engage individuals in this kind of programs

are health related factors. In other words, individu-

als present a profi le that seeks physical activity to be

healthy (e.g. Being Healthy 4.48±0.61 and Revita-

lization 4.31±0.64), because that gives sensations of

vigor-activity (i.e. physical or mental strength). This

feeling refl ects the higher value of positive mood

states (e.g. vigor 2.28±0.87), also the lower values of

depression (0.47±0.61), anxiety (0.49±0.58) and stress

(0.81±0.62).

Keywords: Exercise psychology, psychological well-

being, exercise and health

Actividade física e bem-estar psicológico - perfi l dos participantes no programa de exercício e saúde de rio maiorLuís Cid , Carlos Silva e José AlvesEscola Superior de Desporto de Rio MaiorDepartamento de Psicologia e Ciências Sociais do Desporto

Data de submissão: Dezembro 2007 Data de Aceitação: Abril 2007

Cid, L.; Silva, C.; Alves, J.; Actividade física e bem-estar psicológico - perfi l dos participantes no programa de exercício e saúde de rio maior Motricidade 3(2): 47-55

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Introdução

“A qualidade de vida é um conceito amplo que integra a noção de bem-estar ou felicidade (…) e o exercício físico habitual infl uencia essa qualidade de vida de dife-rentes formas” 4, pp.50

A grande diversidade dos problemas de saúde, com que habitualmente se debatem os países mais desenvolvidos, estão associados a alter-ações sistemáticas dos hábitos de vida, nos quais se inclui uma redução dos níveis de actividade física e exercício que conduzem a um estilo de vida cada vez mais sedentário. Hoje em dia, existe uma ampla evidência de que o exercício regular e moderado tem benefícios inquestionáveis para a saúde física, psicológica e social, podendo contri-buir de forma signifi cativa para o bem-estar geral do sujeito em todas as idades1,4,6,7,8,17,30.Como se sabe, o interesse humano em relacio-

nar a mente e o corpo não é recente, a mítica expressão “mens sana in corpore sano” é um fi el refl exo da saúde mental proporcionada pela actividade física e o desporto10. A procura do bem-estar psicológico e/ou equilíbrio emocio-nal, muitas das vezes perdido devido às enormes exigências e pressões colocadas pela sociedade moderna, faz com que cada vez mais as pes-soas adiram à prática de exercício físico como forma de escape da rotina quotidiana9. Por isso, quando alguém justifi ca o facto de ter aderido a um programa de actividade física, ouvimos con-stantemente dizer: “porque me faz sentir bem”; “porque me ajuda a combater o stress”; “ porque me ajuda a libertar a tensão”.As evidências empíricas, vivenciadas pelos sujei-

tos que praticam exercício, são amplamente com-provadas pelo conhecimento científi co que tem sido produzido nos últimos anos, tornando claro que a actividade física infl uencia positivamente não só a saúde física, como a psicológica, sendo a sua prática um factor fundamental em todas as fases do ciclo da vida humana, desde a infância

até à idade mais avançada11. O crescente inter-esse pela investigação nesta área, levou a ISSP – International Society of Sport Psychology13, a publicar um documento relacionando a activi-dade física e os benefícios psicológicos, na qual vem expresso que o exercício a longo prazo está geralmente associado a uma redução dos níveis de ansiedade e stress, à diminuição de depressões, ao aumento da auto-estima e como factor gera-dor de efeitos emocionais positivos.De facto, segundo diversos autores (e.g.4,6,8,32),

as variáveis mais estudadas no âmbito da psicolo-gia da actividade física e do exercício são: moti-vação, ansiedade, depressão, estados de humor, stress, auto-estima, personalidade, funcionamento cognitivo, atitudes e emoções.Se por um lado, é fundamental conhecer as

razões pelas quais as pessoas seleccionam deter-minadas actividades, nelas persistem e se lhes entregam com uma data intensidade5, na tenta-tiva de compreender a aderência e/ou participa-ção ao exercício - “tópicos que os investigadores mais tem dedicado o seu tempo e energia”6, pp.27, por outro, é igualmente indispensável entender quais são os factores psicológicos que podem estar associados à sensação de bem-estar e o modo como estes se relacionam com o exercí-cio (i.e. antes, durante e após a sua prática)1.Como se sabe, de uma maneira ou de outra, todos

nós tentamos procurar as razões (e.g. intrínsecas ou extrínsecas) pelas quais nos envolvemos, ou não, numa determinada actividade bem como os factores que infl uenciam a nossa continuidade nessa mesma actividade. Apesar do conhecimento generalizado sobre os efeitos positivos na saúde que a prática regular de exercício pode potenciar, uma esmagadora percentagem da população nas sociedades industrializadas é sedentária (i.e. cerca de 70%) ou abandona a prática nos primeiros seis meses (i.e. cerca de 50%), dando a entender que esses benefícios não são razões sufi cientes para

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que realizem actividade física 1,19.Para além de preocupantes, os factos apresenta-

dos tornam clara a necessidade de se continuar a investigar nesta área, justifi cando a integração de novos modelos e implementação de novas estra-tégias na abordagem aos programas de exercício. Neste domínio a Psicologia aplicada pode ter um papel preponderante de acção.A actividade física não pode continuar a ver vista

como uma simples forma de gastar calorias, por razões puramente estéticas, mas sim, como um meio para a promoção da saúde a todos os níveis. Este princípio, aceite por toda a comunidade científi ca, integra a noção de que o bem-estar psicológico está associado aos índices de partici-pação em programas de exercício por parte dos sujeitos6. De acordo com Vasconcelos-Raposo30, este conceito é visto como uma expressão da feli-cidade, refl ectindo um processo interno que tem como meta principal a atribuição de signifi cado ou valor a aspectos relacionados com a quali-dade de vida. Segundo Dosil10, esta representa um conjunto de padrões de conduta que carac-terizam a maneira de viver de um sujeito e que estão directamente vinculados à satisfação das suas necessidades.Desta forma, se partirmos do princípio que

as pessoas se motivam a fazer aquilo que lhes permite satisfazer as suas necessidades, o estudo do perfi l psicológico dos praticantes torna-se numa pedra basilar na organização e orientação do processo do seu envolvimento com a prática da actividade física. O conhecimento produzido numa avaliação neste domínio pode ajudar à promoção de um clima motivacional positivo, sensação de felicidade e satisfação pessoal, ou seja, a qualidade de vida da qual faz parte o bem-estar psicológico.Assim sendo, os objectivos a que nos propomos

são os seguintes: 1) Estabelecer um perfi l psi-cológico dos aderentes a um programa de exer-

cício para a saúde “Mais Desporto, Mais Saúde” de Rio Maior; 2) Fornecer algumas indicações no sentido da adequação dos programas de exer-cício às necessidades dos seus praticantes;

Metodologia

AmostraA nossa amostra é constituída por 70 sujeitos

de ambos os sexos (i.e. 67 femininos e 3 mas-culinos), com uma média de idades de 36,9 ± 15,4 anos (i.e. variando entre os 17 e os 71). Todos pertencem aos 5 centros de prática des-portiva, inseridos no programa de exercício para a saúde “Mais Desporto, Mais Saúde”, da Câmara Municipal de Rio Maior (ver Franco e Moutão12), cujas actividades principais são no âmbito do fi tness (i.e. aeróbica e step).Como informação complementar, podemos

dizer que os sujeitos têm uma média de 2,2 ± 1,4 anos de prática de actividade física regular, à qual dedicam uma média de 1,7 ± 0,8 horas por semana e estão no programa pelo segundo ano consecutivo.

InstrumentosPara avaliar os motivos para a prática desportiva

ou as razões pessoais para a participação em programas de exercício físico, foi utilizado o Exercise Motivations Inventory (EMI-2), tra-duzido e validado por Alves e Lourenço2. O Questionário de Motivação para o Exercício (QME), designação pela qual fi cou conhecido, é constituído por 51 afi rmações, que representam 14 dimensões que se podem agrupar em cinco grupos de motivos (Tabela 1). As respostas são dadas numa escala tipo Lickert de 6 pontos (0 = “nada verdadeiro para mim” até ao 5 = “com-pletamente verdadeiro para mim”).

Actividade física e bem-estar psicológico - perfi l dos participantes no programa de exercício e saúde de rio maiorLuís Cid , Carlos Silva e José Alves

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Para avaliar os estados de humor dos indivíduos foi utilizado o Perfi l de Estados de Humor (POMS), traduzido e validado por Viana, Almeida e Santos31, do original Profi le of Mood States (POMS). Este instrumento é composto por 42 itens aos quais os sujeitos têm de responder numa escala tipo Lickert de 5 pontos (0 = “nada” até ao 4 = “muitíssimo”), sobre a forma como se senti-ram nos últimos dias. Posteriormente estes itens são agrupados em 6 dimensões (tabela 2).

Para avaliar os níveis emocionais dos sujeitos foi utilizada a versão portuguesa (reduzida) do DASS – Depression, Anxiety and Stress Scale, desenvolvido por Lovibond & Lovibond15. Este questionário é composto por 21 itens, aos quais se responde através de uma escala tipo Lickert de 4 pontos (0 = “nada se aplicou a mim” até ao 3 = “aplicou-se a mim muito, ou a maior parte do tempo”). Posteriormente os itens são agrupados em 3 dimensões (tabela 3).

ProcedimentosA recolha dos dados foi efectuada durante o

primeiro mês após o início das actividades lec-tivas do programa e depois da obtenção do con-sentimento informado por parte dos sujeitos para participarem neste estudo.Todos os instrumentos de avaliação utilizados

foram aplicados em condições semelhantes (i.e. em grupos pequenos) e de acordo com os pro-tocolos previamente estabelecidos (i.e. as recol-

has foram previamente agendadas com os par-ticipantes). Para tal, foi disponibilizado em cada centro de prática um espaço próprio adequado para o efeito, de modo a que os indivíduos não se sentissem estranhos com a situação e, ao mesmo tempo, pudessem estar concentrados durante o preenchimento dos questionários.

EstatísticaApós a recolha e inserção dos dados no aplica-

tivo SPSS (Statistical Package for the Social Sci-ences), versão 14.0, procedeu-se à análise descri-

Tabela 1 – Dimensões do EMI-2

Grupos de Motivos Dimensões (EMI-2)

Psicológicos Stress; Revitalização; Prazer; Desafi o

Inter-pessoais Reconhecimento Social; Afi liação; Desafi o

Saúde Saúde; Doença; Manter-se Saudável

Corporais Peso; Aparência

Condição Física Agilidade; Força/Resistência

Tabela 2 – Dimensões do POMS

Dimensão Defi nição

Tensão Estado de tensão músculo-esquelética e preocupação.

Depressão Estado emocional de desânimo, tristeza, infelicidade e solidão.

Hostilidade Estado de humor de cólera e antipatia relativamente aos outros.

Vigor Estado de energia e vigor físico e psicológico.

Fadiga Estado de cansaço, inércia e baixa energia.

Confusão Estado de confusão e baixa nitidez.

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tiva dos mesmos. Para tal, apenas foram utilizadas medidas de tendência central e de dispersão (i.e. médias e desvios-padrão).

Resultados

MotivaçãoNa tabela 4, podemos observar quais os moti-

vos (mais e menos importantes), para a prática de actividade física, apresentados pelos sujeitos da nossa amostra.

Como podemos constatar, na avaliação efec-tuada, os motivos “manter-se saudável” (i.e. man-ter uma boa saúde), “revitalização” (i.e. sensação de bem-estar físico e mental) e “agilidade” (i.e. condição física, boa fl exibilidade), foram os mais

valorizados. Por outro lado, o “desafi o” (i.e. pro-cura de novos objectivos e orientações pessoais), “aparência” (i.e. aspecto corporal), “competição” (i.e. gostar de competir), “saúde” (i.e. ajudar a combater uma doença) e “reconhecimento social” (i.e. obter reconhecimento e prestigio social), foram os motivos menos valorizados.

Estados de HumorNa tabela 5, são apresentados os resultados rela-

tivos aos estados de humor dos sujeitos da nossa amostra.

Como se pode observar, os resultados indicam que a dimensão mais valorizada pelos sujeitos foi o “vigor” (i.e. estado de humor positivo rep-resentativo de energia e vigor físico e/ou psi-cológico), embora o valor médio apresentado (i.e. 2.28±0.87) corresponda ao nível de moderado.

Tabela 3 – Dimensões do DASS

Dimensão Defi nição

Depressão Associado a sintomas negativos do humor (e.g. tristeza)

Ansiedade Associado a sintomas de pânico e medo (e.g. tremuras)

Stress Associado a sintomas de tensão e irritabilidade (e.g. irritação)

Tabela 4 – Motivação dos Aderentes ao Programa de Exercício e Saúde

Ordem Dimensões Média±Desvio Padrão

1 Manter-se Saudável 4,48 ± 0,61

2 Revitalização 4,31 ± 0,64

3 Agilidade 4,11 ± 0,74

4 Prazer 3,98 ± 0,79

5 Força e Resistência 3,81 ± 0,84

6 Doença 3,80 ± 1,07

7 Stress 3,46 ± 0,79

8 Peso 3,38 ± 1,03

9 Afi liação 3,04 ± 0,88

10 Desafi o 2,81 ± 0,99

11 Aparência 2,45 ± 1,05

12 Competição 2,18 ± 1,31

13 Saúde 1,90 ± 1,48

14 Reconhecimento Social 1,30 ± 1,12

Actividade física e bem-estar psicológico - perfi l dos participantes no programa de exercício e saúde de rio maiorLuís Cid , Carlos Silva e José Alves

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Por outro lado, as dimensões “hostilidade” (i.e. estado de humor negativo signifi cativo de mau estar na relação com os outros) e “depressão” (i.e. estado emocional de desânimo, tristeza, infelici-dade e solidão) são as menos valorizadas.

Stress, Ansiedade e DepressãoDe acordo com a tabela 6, podemos constatar

que os sujeitos apresentaram níveis baixos de ansiedade, stress e depressão o que de certa forma vem confi rmar os resultados obtidos anterior-mente na avaliação dos estados de humor.

Como se verifi ca, os resultados nestas variáveis são pouco expressivos em termos de valores absolutos. Relembramos que a pontuação em cada dimensão pode variar entre 0 e 3.

Discussão

Tendo em linha de conta os objectivos traça-dos, podemos concluir, que as principais razões que levam os indivíduos a aderir e manter-se no programa, tem por base os factores associados à saúde, ou seja, apresentam um perfi l de uma pes-soa que procura a actividade física para se manter

saudável. Estes resultados parecem ser consistentes com alguns estudos realizados recentemente na área da actividade física, com amostras semel-hantes à nossa (e.g.3,14,16,18,20,29). De facto, os motivos mais importantes de adesão e partici-pação a programas de exercício, estão fortemente relacionados com as questões associadas à saúde e bem-estar dos sujeitos. De acordo com Moutão, Alves e Silva18 e Alves, Romero e Moutão3, estas razões ganham uma importância acrescida à medida que a idade avança. Desta forma, tal como sugerem estes autores, é necessário avaliar

as repercussões proporcionadas pelos programas de actividade física a todos os níveis (i.e. psicológicas, sócias, emocionais, saúde e bem-estar) e não apenas pelos ganhos ao nível da condição física e estética corporal.Por outro lado, e ao que tudo indica, o exercício

fi sco pode desencadear a sensação de vigor que conduz ao bem-estar psicológico. Este sentimento, parece que se refl ecte igualmente no aumento dos estados positivos de humor e numa diminuição dos níveis de depressão, ansiedade e stress. Os resultados obtidos na nossa avaliação são concordantes com o “perfi l iceberg” de Morgan que descreve as alter-

Tabela 5 – Estados de Humor dos Aderentes ao Programa de Exercício e Saúde

Ordem Dimensões Média±Desvio Padrão

1 Vigor 2,28 ± 0,87

2 Tensão 1,41 ± 0,45

3 Fadiga 1,23 ± 0,76

4 Confusão 1,07 ± 0,40

5 Hostilidade 0,89 ± 0,64

6 Depressão 0,47 ± 0,45

Tabela 6 – Sintomas (negativos) dos Aderentes ao Programa de Exercício e Saúde

Ordem Dimensões Média±Desvio Padrão

1 Stress 0,81 ± 0,62

2 Ansiedade 0,49 ± 0,58

3 Depressão 1,23 ± 0,76

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ações dos estados de humor induzidas pela activi-dade física. Este perfi l é caracterizado por diversos autores (e.g.4,6), por um aumento dos estados de humor positivos (e.g. vigor) e uma diminuição dos negativos (e.g. tensão, depressão, hostilidade, fadiga e confusão). Alguns estudos realizados recentemente em Portugal, com amostras semelhantes àquela que foi utilizada por nós, demonstram esta tendência de forma clara (e.g.21,22,26). Veja-se por exemplo, o trabalho de Romero e Alves26, que ao implemen-tarem um programa de actividade física para idosos (i.e. programa com a duração de três meses), para analisarem a infl uência do exercício físico nos esta-dos de humor, concluíram que o “perfi l iceberg” não só se mantém no fi nal do programa, como se acentuam as diferenças entre os estados positivos e negativos de humor.De acordo com as meta-análises realizadas por Bid-

dle e Mutrie6, a relação inversa entre o exercício, a depressão e a ansiedade, que na maioria das vezes é induzida pela acumulação do estado de stress, parece ser suportada por inúmeros estudos. De facto, alguns trabalhos realizados entre nós parecem suportar de forma consistente a avaliação operada na presente investigação (e.g.23,24,25,27).Neste sentido, será fundamental que as actividades

se desenrolem com uma orientação especial e uma preocupação constante com a saúde das pessoas, estimulando o desenvolvimento, cada vez mais sus-tentado, dos hábitos de actividade física diária e de uma prática desportiva que proporcione a satisfação das suas necessidades individuais. A grande questão que se coloca agora é: como se poderá operaciona-lizar um programa de actividade física de modo a potenciar ao máximo os benefícios do foro mental, induzidos pelo exercício? A resposta a esta questão é-nos fornecida por diversas fontes.Segundo a ISSP13, para se benefi ciar dos efeitos

psicológicos da actividade física há que alternar o exercício do tipo anaeróbico com o aeróbico. No entanto, deve-se dar prioridade à actividade aeróbica

(e.g. jogging, footing, natação, ciclismo) de uma forma não competitiva e menos intensa, privilegi-ando, sempre que possível, as actividades em grupo e de contacto com a natureza. Sessões de 20 a 60 minu-tos, de 3 a 5 vezes por semana, com uma intensidade entre os 60%-90% da FCMax são os factores chave para que o exercício físico possa originar benefícios psicológicos mais consistentes4,8,9,10,28,32.De acordo com algumas fontes, citadas por Dosil10,

durante a elaboração de um programa de exercício, é fundamental ter em linha de conta uma série de indicações para que se possa garantir o seu êxito. As mesmas devem ser dirigidas à conduta dos sujeitos face à actividade física: no incentivo (e.g. educação para o exercício através da criação de um clima motivacional positivo e actividades atractivas – aval-iação das expectativas e custos-benefícios), na facili-tação (e.g. criação de infra-estruturas pessoais e de uma rede de suporte social para o exercício através da organização e gestão do tempo e das actividades), no controlo (e.g. afi rmação de um contrato com-portamental através de uma programação das activi-dades e de estabelecimento de metas) e no reforço (e.g. regulação e/ou auto-regulação da actividade através do ajustamento dos programas, reformulação dos objectivos e técnicas cognitivas, que permitam aumentar e/ou reforçar a sensação de bem-estar geral).Em suma, tal como nos demonstram as evidên-

cias cientifi cas, é fundamental ter presente que o exercício físico é imprescindível para a saúde do ser humano, contribuindo de forma decisiva para o seu bem-estar físico, social e psicológico28. No entanto, para que as pessoas nele participem e se manten-ham, é necessário encontrar novos caminhos com diferentes abordagens. Neste domínio a psicologia da actividade física e do exercício pode ter um papel decisivo a desempenhar.

Actividade física e bem-estar psicológico - perfi l dos participantes no programa de exercício e saúde de rio maiorLuís Cid , Carlos Silva e José Alves

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Correspondência

Luís CidEscola Superior de Desporto de Rio MaiorDepartamento de Psicologia e Ciências Sociais

do DesportoRua José Pedro Inês Canadas, Lote 1 – R/ch2040-326 Rio [email protected]

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Can exercise by itself promote subjective well-being to everyone? Interactions between variables from the transtheoretical model and subjective well-being. In: Palmeira A, Araújo D, Passos P (Eds). Book of Abstracts 3rd Annual Metting ENYSSP Workshop 2006. Lisboa: Universidade Lusófona (CD-Rom);25. Pinto C, Martins S, Palmeira A (2006). Study of

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motricidade3vol2.indd 55motricidade3vol2.indd 55 03-12-2007 1:15:2203-12-2007 1:15:22

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Resumo

Exercícios são indutores de aumentos na concen-

tração sérica de CK, indicador de microlesões, sendo

especulado que o uso da suplementação de creatina

potencializaria este efeito. O objetivo deste estudo

foi verifi car se a suplementação de creatina modifi ca

a concentração de CK em sedentários submetidos a

exercícios. Vinte e sete homens sedentários, entre 18

e 25 anos participaram de um estudo duplo-cego pla-

cebo controlado. No primeiro dia todos foram subme-

tidos a uma avaliação cineantropométrica e nutricional

e posteriormente divididos aleatoriamente em 2 gru-

pos: C (n = 15) e P (n = 12). Depois da suplementação

todos foram submetidos a um programa de 5 exercícios

(3x10 repetições) a 85% de 1RM. Os sujeitos tiveram

a concentração de CK medida antes da suplementa-

ção, imediatamente antes, 4h e 24h após os exercícios.

Houve aumento na MCT dos sujeitos suplementados

com creatina (0,7 ± 0,3 kg). Não houve aumento da

variação da concentração de CK medida após a suple-

mentação e após o exercício, contudo a concentração

de CK aumentou 24h após em ambos os grupos (253

± 27% no grupo C e 262 ± 31% no grupo P). A dife-

rença da concentração de CK pós-exercício (24h) foi

maior em ambos os grupos analisados neste estudo

sem, no entanto mostrar efeito da suplementação.

Palavras chave: microlesão muscular; lesão induzida

por exercício; suplementação de creatina; CK

Abstract

Serum ck concentration is modulated by exer-

cise but not creatine supplementation Exercises

are inductive of increases in serun CK concentra-

tion, microinjuries marker, being speculated that the

use of creatine supplementation would increases this

effect. The aim of this study was to verify if creatine

supplementation modifi es the concentration of CK in

sedentary submitted the exercises. Twenty seven sed-

entary men, between 18 and 25 years had participated

of controlled a double-blind study placebo. In the fi rst

day all had been submitted to a evaluation and later

divided in 2 groups: C (n = 15) and P (n = 12). After

the supplementation all had been submitted to a pro-

gram of 5 exercises (3x10 repetitions) 85% of 1RM.

The subjects had the concentration of CK measured

before the suplementação, immediately before, 4h and

24h after the exercises. It had increase in the MCT

of the subjects supplemented with creatine (0,7 ± 0,3

kg). the variation of the concentration of CK did not

have increase of measured after the supplementation

and after the exercise, however the CK concentration

after increased 24h in both the groups (253 ± 27% in

262 group C and ± 31% in group P). The difference

of the CK concentration after-exercise (24h) was big-

ger in both the groups analyzed in this study without,

however to show effect of the supplementation.

Key words: muscle damage; exercise induced injury;

creatine supplementation; CK

Ck sérica é modulada por exercício mas não por suplementação de creatinaMarco Machado1, Felipe Sampaio-Jorge1, André Teixeira- Ferreira1 e Franz W. Knifi s1

1Laboratório de Fisiologia e Biocinética Universidade Iguaçu (UNIG, Itaperuna)

Data de submissão: Dezembro 2007 Data de Aceitação: Abril 2007

Machado, M.; Sampaio-Jorge, F.; Teixeira-Ferreira, A.; Knifi s, F.; Ck sérica é modulada por exercício mas não por suplementação de creatina Motricidade 3(2): 56-63

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Introdução

No fi m da década de 1980, estudos chamaram a

atenção para o aumento na concentração de creatina

muscular em indivíduos que utilizavam suplementação

oral deste composto, o que levou a um incremento do

consumo de creatina por praticantes de diversas moda-

lidades esportivas a também em praticantes recreativos.

Apesar da grande quantidade de estudos gerados desde

então, os achados ainda são confl itantes e não conclu-

sivos 1,10,15,23,24.

Ainda há muita discussão em relação aos efeitos colaterais do uso da creatina 3,5,9. Na área espor-tiva especula-se que o aumento do volume celu-lar, verifi cado após suplementação de creatina, seria facilitador de lesões musculares durante a prática de exercício físico. Em contrapartida, foi proposto em células do sistema nervoso central que, devido a sua natureza anfi pática, a fosfo-creatina pode ligar-se à membrana plasmática aumentando sua ordenação molecular e confe-rindo uma maior estabilidade 12.Independente da suplementação é descrito que

o estresse físico e/ou metabólico provocado por atividades físicas intensas pode provocar alte-rações na macro-estrutura do tecido muscu-lar como a ruptura do sarcolema, que permite o extravasamento do conteúdo intracelular 8,11, sendo este efeito mais contundente em indiví-duos sedentários quando iniciam ou retornam a uma atividade física 6.

Proteínas e enzimas como creatina kinase (CK), lactato desidrogenase (LDH) e mioglobina têm sido usados como marcadores para essas micro-lesões 2,17,22, inclusive como marcadores de lesão muscu-lar para sujeitos suplementados 9,13,18,19. Contudo os resultados são confl itantes e não há consenso sobre os efeitos da suplementação de creatina e a integridade da macroestrutura muscular.Em vista disso, este estudo tem como objetivo

verifi car se a suplementação de creatina é capaz de gerar alterações nas concentrações séricas de

CK em sedentários submetidos a exercícios de força.

MetodologiaAmostra

Vinte e sete homens sedentários, entre 18 e 25 anos, saudáveis, não usuários de drogas e suple-mentos nutricionais participaram de um estudo duplo-cego placebo controlado.

InstrumentosA perimetria foi obtida a partir de trena Medi-

cal Starret (Sanny - Brasil). A Massa Corporal Total e a Estatura foram obtidos com a balança e estadiometro Welmy (São Paulo - Brasil). As dobras cutâneas foram medidas com adipometro científi co (Cescorf – Brasil). Para dosagem de CK utilizou-se método enzimático (CK-NAC UV otimizado - Biodiagnóstica - Brasil) em espec-trofotômetro Specord M500 (Zeiss – Germany).

ProcedimentosNo primeiro dia (D

0) todos foram instruídos

sobre a natureza da pesquisa, submetidos a uma avaliação antropométrica, dosagem de Creatina Kinase (CK) e a um teste de carga máxima (1RM). Todos foram posteriormente divididos aleatoria-mente em 2 grupos: C (n = 15) e P (n = 12). Sete dias depois (D

7) foram submetidos à nova

dosagem de CK e receberam os suplementos.A suplementação consistiu em 20 pacotes de 0,6

g.Kg-1 de peso corporal que deveriam ser toma-das em 4 doses diárias durante 5 dias consecu-tivos. Os pacotes destinados ao grupo C conti-nham 50% em creatina (Nutrisport – Brazil) e 50% em dextrosol (NeoNutri – Brazil), o grupo P recebeu pacotes contendo 100% em dextrosol. Vale ressaltar que as características organolépticas dos suplementos eram indistinguíveis.No dia 14 os sujeitos foram submetidos a uma

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sessão de musculação com cinco exercícios (supino reto, remada sentado, cadeira extensora, mesa fl exora e leg press) cada um sendo realizado em 3 séries de 10 repetições com 85% de 1RM, sendo feitas duas coletas de sangue: uma antes (D

14pre), uma 4 horas após o início da atividade

(D14pos

) e uma 24 horas depois (D15

). A temperatura ambiente no local dos testes e

programa de exercício foi mantida em 25ºC e os testes e programas de exercício foram realizados em todos os sujeitos na mesma faixa de horário (entre 14 e 17h), minimizando possíveis efeitos do ciclo circadiano.Nos dias 3, 4, 5, 10, 11 e 12 foram solicitados

recordatórios da alimentação (inquérito alimen-tar) dos sujeitos. Os dados fornecidos nos dias 3 a 5 foram reunidos para quantifi cação dos macro-nutrientes e calculados os percentuais de partici-pação de cada um deles. Posteriormente os dados dos dias 10-12 foram tratados igualmente para comparação com os dias anteriores.A amostra de sangue coletada (±5 ml) foi ime-

diatamente depositada e homogenizada em um tubo heparinizado seguido de centrifugação a 3000 rpm (1600 G) por 20 min. Parte do plasma (1,5 ml) foi separado e tratado com Hepes 50mM (pH 7,4). Para analise da atividade de CK foi uti-lizado método enzimático a 37ºC e a extinção medida nos tempos 180 mim (T0), 240 min (T1), 300 min (T2) e 360 min (T3). Este método utiliza um conjunto de reações acopladas onde a ativi-dade de CK é medida indiretamente a partir da medida da variação na concentração de NADH a 340 nm (UV) 20.Uma amostra de plasma coletada em jejum de

12 h foi separada em alíquotas de 50 μL onde foram adicionadas 50 μL de solução de creatina (Nutrisport - Brazil), a concentração da solução contendo creatina variou em 0,5 mM de 0 a 5,0 mM. Para cada concentração de creatina foram realizadas 3 análises separadas.

EstatísticaOs resultados foram analisados estatisticamente

utilizando o teste de Shapiro Wilk, resultando que a distribuição dos dados era gaussiana (curva normal),possibilitando assim a utilização dos testes estatísticos subsequentes. O teste t de “Student” foi utilizado para avaliar a hipótese nula de que as médias de cada característica do grupo C eram iguais às do grupo P , versus a hipótese alternativa de que as médias eram diferentes. Para os dados com medidas repetidas foi utilizado ANOVA, e caso necessário, teste post hoc de Tukey, ainda com nível de signifi cância de 5%. O tratamento estatístico foi realizado em SPSS® 13.0 for Win-dows (LEAD Technologies, 2004).

Resultados

Para verifi car se a randomização dividiu a amostra em grupos homogêneos comparamos a média das idades, das massas, estatura, participa-ção percentual de cada macro nutriente e a força máxima (1RM) de cada grupo. Não houve dife-rença entre os grupos em nenhum dos parâmet-ros medidos (Tabela 1).A avaliação nutricional realizada a partir dos

recordatórios revelou que em média os sujeitos realizavam uma alimentação adequada no que diz respeito a participação percentual de cada macronutriente 21. Além disso não houve varia-ção neste parâmetro nas duas semanas de dura-ção do experimento (p<0,05). A randomização distribuiu de forma equivalente os sujeitos entre os grupos em relação a dietética, visto que não houve diferença entre os grupos (p<0,05). Estes dados podem ser observados na Figura 1.A massa corporal total (MCT) aumentou

durante o período de experimento no grupo suplementado com creatina. Durante a primeira semana não houve variação em nenhum dos sujeitos, contudo no intervalo de tempo em que

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se realizou a suplementação houve aumento de 0,7 ± 0,3 Kg no grupo suplementado com cre-atina (p<0,05), dado não observado no grupo P (Figura 2).A concentração de CK não variou em nenhum

dos grupos entre D7 e D

14, período em que os

sujeitos foram suplementados com creatina ou placebo (Tabela 2), evidenciando que a suple-mentação não causou alterações nos níveis basais de CK.Não houve alteração na concentração de CK

4 h após o exercício para ambos os grupos, con-tudo a concentração de CK medida 24h após o exercício variou de forma signifi cativa (253 ± 27% no grupo placebo e 262 ± 31% no con-trole) sem que houvesse diferença entre os gru-pos (Figura 3).

Tabela 1: Dados dos sujeitos. Medidas antropométrica, perfi l nutricional e de performance (média ± erro padrão) foram avaliados no 1 dia (D0) do protocolo experimental. Não houve diferença entre os grupos em nenhum dos parâmetros analisados. (PTN) proteína, (CHO) carboidratos, (LIP) lipídios. O perfi l de perfor-mance foi medido no teste de 1RM e descrito em unidades arbitrárias (UA).

GruposC (n = 15) P (n = 12)

Características

Idade (anos) 20 ± 0 21 ± 2

Peso (Kg) 73,9 ± 3,4 67,8 ± 8,8

Estatura (cm) 176,1 ± 2,9 175,0 ± 6,0

% PTN 16 ± 1 17 ± 1

%CHO 55 ± 3 55 ± 2

% LIP 29 ± 2 29 ± 1

1 RM Supino Reto (UA) 103,3 ± 7,6 102,5 ± 9,4

1 RM Remada Sentado (UA) 47,7 ± 12,8 54,6 ± 5,2

1 RM Cadeira Extensora (UA) 59,4 ± 5,7 61,9 ± 5,9

1 RM Mesa Flexora (UA) 63,3 ± 13,8 52,8 ± 11,5

1 RM Leg Press (UA) 114,8 ± 10,0 118,5 ± 11,2

GRUPO P

DIAS 3-5 DIAS 10-12

% de E

nergia Ingerida

0

10

20

30

40

50

60

70 GRUPO C

DIAS 3-5 DIAS 10-12

CHO LIP PTN

Figura 1: Participação percentual de cada macronutriente (média ? erro padrão). Nos dias 3 a 5 e dias 10 a 12 foram solicitados recordatórios alimentares dos quais foram calculados os percentuais de cada macronutriente. Não houve diferenças entre os grupos nem entre as semanas (p > 0,05). Dias 10-12 fizeram parte do período de suplementação. (CHO) carboidratos; (LIP) lipídios; (PTN) proteínas.

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Tabela 2: Concentração de CK após o teste de força e após a suplementação. Não houve variação na concentração de CK 7 dias após a realização do teste de 1RM (p>0,05). A suplementação de creatina isoladamente (sem exercício) também não foi capaz de alterar a concentração de CK (p>0,05). Os valores são representados em média ± erro padrão e em unidades por litro (U/L).

D0 D7 D14pre

P (n = 12) 125 ± 92 119 ± 59 121 ± 102

C (n = 15) 128 ± 58 114 ± 43 98 ± 68

Total (n = 27) 127 ± 74 116 ± 50 109 ± 84

% D

E VAR

IAÇ

ÃO

DE M

CT

-2

-1

0

1

2VARIAÇÃO D0-D7

PLACEBO CREATINA

% D

E VAR

IAÇ

ÃO

DA

MC

T

-2

-1

0

1

2VARIAÇÃO D7-D14

PLACEBO CREATINA

*

% D

E VAR

IAÇ

ÃO

DA

MC

T

-2

-1

0

1

2VARIAÇÃO D0-D14

PLACEBO CREATINA

*

% D

E VAR

IAÇ

ÃO

DA

MC

T

-2

-1

0

1

2VARIAÇÃO D0-D15

PLACEBO CREATINA

*

Figura 2: Massa corporal total. Variação da massa corporal total (média ? erro padrão) durante as duas semanas do experimento. Os gráficos comparam as variações da MCT entre os grupos nos diferentes períodos do experimento. (*) variação percentual significativa (p > 0,05).

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Discussão

Corroborando dados encontrados em outros estudos7,4 houve aumento da massa corporal total dos indivíduos após a suplementação de creatina (0,7 ± 0,3 Kg). A partir desse achado, aumento rápido na MCT, é que se especula que haja maior chance de lesões musculares induzidas pelo exer-cício, visto que um rápido aumento no volume hídrico celular aumentaria a chance de ruptura do sarcolema pois aumenta a instabilidade nas estruturas do citoesqueleto, estruturas estas que sustentam a fi bra muscular.Para verifi car essa hipótese utilizamos a concen-

tração plasmática de CK, visto que está descrito vastamente na literatura o aumento da concen-tração desta enzima após atividades físicas e lesões musculares, sendo assim, servindo como um mar-cador de injurias no tecido muscular 14,16.

Conforme demonstrado em vários estudos a concentração de CK pós exercício aumentou de forma signifi cativa, indicando a injuria muscular. Porém, conforme citado na introdução, relatos anedóticos indicavam que sujeitos submetidos a suplementação de creatina teriam maior pro-pensão a lesões musculares. Essa hipótese não foi comprovada no presente estudo. A concentração de CK aumentou de forma equivalente nos gru-pos suplementados com creatina ou placebo, dado também verifi cado por outros estudos9,13,18,19. Analisando o método utilizado para quantifi car

a concentração de CK20, percebemos a possibi-lidade de que houvesse infl uencia da concen-tração sérica de creatina nos resultados obtidos. Após cuidadoso estudo verifi camos também que o uso de suplemento de creatina não altera os resultados das medições de CK, fato que poderia induzir a esses erros na interpretação dos dados,

Tempo (h)

0 4 24

CK

(UA

)

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Placebo Creatina

*

Figura 3: Concentração de CK antes e após exercícios. A concentração de CK aumentou após 24 h da realização do exercício, porém este aumento foi equivalente para ambos os grupos (p < 0,05). Os valores representam a média ? erro padrão. (*) aumento em relação a D14pre e D14pos (p < 0,05). (UA) unidades arbitrárias normalizadas (D14pre = 1,0)

Ck sérica é modulada por exercício mas não por suplementação de creatinaMarco Machado, Felipe Sampaio-Jorge, André Teixeira- Ferreira e Franz W. Knifi s

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sendo assim permissível a utilização do método sem prejuízo.Os resultados deste estudo permitem concluir

que a suplementação de creatina aumenta a massa corporal total e não afeta a concentração sérica de CK, ou seja, não age como facilitador do apa-recimento de injurias musculares.

Agradecimentos

As Drs Catarina Arnold e Sandra Magalhães pelas sugestões e apoio dados durante a elabora-ção deste trabalho.

Correspondência

Marco MachadoLaboratório de Fisiologia e Biocinética (UNIG

– Campus V)BR 356 - Km 02 Itaperuna, RJ, [email protected]

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Ck sérica é modulada por exercício mas não por suplementação de creatinaMarco Machado, Felipe Sampaio-Jorge, André Teixeira- Ferreira e Franz W. Knifi s

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Resumo

O cloro é o ânion de maior concentração no meio

extracelular e desempenha um papel na manutenção

da neutralidade eletroquímica do liquido extracelu-

lar. Este estudo teve o objetivo de verifi car os valores

do cloro pré e pós uma prova de triathlon de meio-

ironman. Participaram do presente estudo seis volun-

tários, com idade média de 27 ± 6 anos. Foram sub-

metidos a duas coletas de sangue, após jejum de oito

horas (t= 0) e imediatamente ao término da prova de

cada atleta (t= 1). O tempo médio de prova foi de

4:58:19 ± 0:28:04 min. Os valores se apresentaram

dentro da normalidade. A concentração plasmática do

cloro apresentou-se entre 103,70 e 107,00 mEq/L em

T=0 e de 90,00 a 110,00 mEq/L em T=1 e os valores

médios foram de 105,53±1,11 mEq/L em T=0 e de

99,50±8,47 mEq/L em T=1. Estes resultados, embora

não estatisticamente signifi cante (P=0,160), revelaram

uma redução de 5,68% em relação aos valores do cloro

pré e pós-competição. O tempo de prova não apresen-

tou uma correlação signifi cante com a concentração

cloro após corrida (R= 0,028; P= 0,958). Concluí-se

que após uma competição de triathlon meio-ironman

a concentração do Cloro apresentou uma redução não

signifi cante possivelmente devido uma ótima reposi-

ção hidroeletrolítica.

Palavras chave: triathlon, meio-ironman, cloro,

eletrólitos.

Abstract

Behavior of chlorine in half-ironman triathlon

competition

The chlorine is anion of bigger concentration in the

extra cellular way and plays a role in the maintenance

of the electrochemical neutrality of extra cellular fl uid.

This study it had the objective to verify the values of

chlorine before and after half-ironman triathlon com-

petition. Six volunteers had participated of the present

study, with average age of 27 ± 6 years. There were

submitted two blood samples collections, after eight

hours dietary restriction (t= 0) and immediately to the

ending of the competition of each athlete (t=1). The

average time of test was of 4:58:19 ± 0:28:04 min.

The values if had presented inside of normality. The

plasmatic concentration of chlorine 103,70 e 107,00

mEq/L in T=0 e de 90,00 a 110,00 mEq/L in T=1

and the average values had been of 105,53±1,11 mEq/

L em T=0 e de 99,50±8,47 mEq/L em T=1.These

results, even so not statistic signifi cant (P=0,160), had

disclosed to a reduction of 5,68% in relation to the

values of Chlorine before and after-competition. The

competition time after did not present a signifi cant

correlation with chlorine concentration after the race

(R= 0,028; P= 0,958). We conclude that after half-

ironman competition the concentration of chlorine

presented a reduction no signifi cant possibly due an

excellent hydrolytic replacement.

Key-words: triathlon, half-ironman, Chlorine,

electrolytes

Comportamento do cloro em prova de triathlon meio-ironmanMarcos Bürger-Mendonça1; Aline Ribeiro Montenegro-Silva2

1 - UNESA, Petrópolis, RJ, Brasil; 2 - UVV, Vila Velha, ES, Brasil.

Data de submissão: Dezembro 2007 Data de Aceitação: Abril 2007

Bürger-Mendonça, M.; Montenegro-Silva, A.; Comportamento do cloro em prova de triathlon meio-ironman Motricidade 3(2): 64-68

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Introdução

O triathlon combina três modalidades em seqü-ência (normalmente natação, ciclismo e corrida), sendo que em alguns eventos tem-se o moun-tain-bike requerendo uma ótima performance nas três modalidades. Segundo Peters 6, exercícios classifi cados como ultra-endurance apresentam uma duração superior a 4 horas. Nessa catego-ria de competição, estão incluídas as maratonas (42,195 km) e ultramaratonas (acima de 42 km), o Triathlon Meio-Ironman (1,9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21 km de corrida), o Triathlon Ironman 12 (3,8km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida), provas que duram mais de 24 horas como o Ultraman Triathlon (10 km de natação, 421 km de ciclismo e 84 km de corrida) e, mais recentemente, as corridas de aventura, englobando várias modalidades desportivas 4.Segundo Miller 5 o gasto energético nas com-

petições de ultra-resistência pode variar de 5.000kcal num triathlon com 2 km de natação, 90 km de ciclismo e 21 km de corrida até 18.000 kcal numa corrida com 24 horas de duração. Em um estudo realizado por Ceddia 1 em participan-tes de uma prova de triathlon na distância ironman, estimou-se gasto energético de 8.171,1 kcal ± 716,7. Alterações na concentração dos eletrólitos

podem ser causadas pelo aumento no estresse muscular gerado pelo exercício físico de longa duração6. Os minerais tanto os traços como os macroelementos estão envolvidos no funciona-mento do corpo, sendo componentes chaves no metabolismo celular desde o nível mais baixo de funcionamento celular a atividade funcional de grandes órgãos 10. O cloro é o ânion de maior concentração no meio extracelular e desempe-nha um papel na manutenção da neutralidade eletroquímica do liquido extracelular e no con-trole da osmolaridade plasmática9. Apresentando-se elevado na desidratação, e reduzido na hiperhi-

dratação. Este estudo teve o objetivo de verifi car os valores do Cloro antes e após uma competição de triathlon de half-ironman.

MetodologiaAmostra

Participaram do presente estudo seis voluntários do sexo masculino fi sicamente ativos, com idade média de 27 ± 6 anos, praticantes de triathlon a pelo menos há um ano e com experiência pre-via em provas de longa duração que executaram o experimento que consistia de uma prova de triatlhon meio-ironman, com as seguintes distân-cias: 1.9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21 km de corrida totalizando uma distância de 113 km. O consumo de alimentos, água e repositores hidroeletrolíticos foi realizado de forma ad libi-tum pelos voluntários. Todos os voluntários foram informados sobre os procedimentos que seriam realizados e assinaram o termo de livre consenti-mento e esclarecimento (TLCE) onde eles pode-riam deixar o estudo a qualquer momento.

Analise bioquímicaOs voluntários foram submetidos a duas cole-

tas de aproximadamente 25 mL de sangue, após jejum de oito horas, no período entre 6 e 7 horas na residência do voluntário (t= 0) na posição sentada e imediatamente ao término da prova de cada atleta (t= 1), sendo esta coleta realizada na tenda médica do evento. Todas as coletas foram realizadas por meio de punção da veia basílica mediana direita, com auxilio de torniquete e com o local previamente esterilizado com álcool 70%, de acordo com as recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Labo-ratorial 7 para coleta de sangue venoso. Foram utilizadas agulhas BD Vacuntainer 25x8mm des-cartáveis, tubos de coleta a vácuo Vacuntainer siliconizado sem anticoagulante e adaptador de

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agulhas BD Vacutainer. Todo material para coleta foi descartado de acordo com as normas do Con-selho Nacional de Saúde. Todas as análises foram realizadas no analisador automático BTS-370 Plus (BioSystems, Barcelona, Espanha), utilizando o kit para cloro da marca Laborlab (Guarulhos, SP, Brasil) utilizando o método colorimétrico de ponto fi nal sendo a leitura realizada a 450nm.

EstatísticaO tratamento dos dados foi realizado através

da estatística descritiva (média ± desvio padrão). Foi aplicado o teste Kolmogorov-Smirnov para analise da normalidade da amostra, o teste T-stu-dent e a relação entre o tempo de prova com

a concentração do cloro foi analisada através de uma regressão linear simples. O valor de signifi -cância estabelecido foi de P <0.05 para o teste T-student e a regressão linear simples. Todas as análises foram realizadas pelo software SPSS (Sta-tistical Packge for Social Sciences), versão 13.0 (Chicago, IL, USA, 2004). Os resultados indivi-duais foram comparados com o repouso, ou seja, os atletas foram os seus próprios controles para os parâmetros analisados.

Resultados

O tempo fi nal da prova foi de 4:58:19 ± 0:28:04 min e o tempo de cada modalidade apresenta-se

Tabela 1: Tempo fi nal e de cada modalidade

Mínimo Máximo Média Desv. Pad

Tempo Final 4:23:21 5:44:07 4:58:19 0:28:04

Natação 0:19:31 0:28:08 0:23:13 0:03:12

Ciclismo 2:42:22 2:59:30 2:51:15 0:05:57

Corrida 0:32:36 2:22:55 1:34:50 0:36:51

T= 1T= 0

120,00

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00

[Cl]

mEq

/L

Gráfico 1: Concentração Cloro Pré-competição (T= 0) e Pós-competição (T= 1)

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descrito na tabela 1. Os valores se apresentaram dentro da normalidade de acordo com o teste de Kolmogorov-Smirnov. A concentração plas-mática do Cloro apresentou-se entre 103,70 e 107,00 mEq/L em T=0 e de 90,00 a 110,00 mEq/L em T=1 e os valores médios foram de 105,53±1,11 mEq/L em T=0 e de 99,50±8,47 mEq/L em T=1. Estes resultados, embora não estatisticamente

signifi cante (P=0,160), revelaram uma redução de 5,68% em relação aos valores do Cloro pré e pós-competição. Sendo que alguns voluntários apresentaram valores abaixo da faixa de normali-dade após a competição. O tempo de prova não apresentou uma correlação signifi cante com o cloro após corrida (R= 0,028; P= 0,958).

Gráfi co 1: Concentração Cloro Pré-competição (T= 0) e Pós-competição (T= 1)

Discussão

O presente estudo demonstrou que os atletas durante uma prova de meio ironman a concen-tração plasmática do cloro não apresentou uma redução signifi cativa sendo que em alguns atle-tas os valores se apresentaram abaixo da faixa de normalidade. Em um estudo semelhante reali-zado por Sulzer et al11, no qual foram analisados 20 triathletas após uma prova de triathlon na dis-tância ironman, o grupo que apresentou câimbras (N=9) apresentou um aumento na concentração plasmática do Cloro, quando comparado com o grupo que não apresentou câimbras durante o mesmo evento (N=9). Sendo que nesse estudo não houve diferença na concentração dos outros eletrólitos quando comparado os grupos e suge-rindo a hipótese de que a câimbra não esta asso-ciada há alterações desses eletrólitos. Onde a câimbra pode ser causada pela fadiga muscular no qual se tem alteração dos motoneuronios alfa. No

estudo realizado por Fallon et al 3 no qual foram analisados nove voluntários antes, durante e após uma ultra-maratona com 1600 km de distancia, a concentração plasmática do cloro não apresen-tou uma alteração estatisticamente signifi cante durante a prova, porém ao fi nal da competição a concentração do cloro apresentou um aumento em relação aos valores pré e pós, sendo esta dife-rença estatisticamente signifi cante. Isso se deve possivelmente a uma reposição hidroeletrolítica inadequada durante a ultima parte da prova. No presente estudo os valores não se altera-

ram possivelmente devido a uma ótima reposição hidroeletrolítica sendo esta feita através de bar-ras e géis repositores e o consumo de repositores hidroeletrolíticos e água. No estudo realizado por Rose et al 8no qual foram analisados oito volun-tários antes e após uma maratona a concentração do cloro não apresentou alteração corroborando com os achados do presente estudo. No estudo realizado por Costill et al 2 foram

analisados oito voluntários, pré e pós-exercício, sendo submetidos a diversos graus de desidrata-ção, causados pela atividade física realizada numa bicicleta ergométrica com ambiente controlado, a qual se localizava numa sala com temperatura ambiente de 39,5°C com umidade relativa do ar em 25%. Os voluntários se exercitaram até obter uma redução ponderal de 2%, sendo este pro-cesso repetido até apresentarem os quadros de 4 e 6 % de redução ponderal. Foram coletadas amos-tras de sangue a cada estágio de desidratação para análise da concentração plasmática de eletrólitos. Quando comparados os valores antes e após a redução ponderal de 2%, 4% e 6% a concentra-ção plasmática do cloro apresentou uma redu-ção signifi cativa (P<0.05). Diferentemente dos dados disponíveis na literatura no qual se tem um aumento na concentração plasmática em estados de desidratação e se apresentando uma redução na concentração em estados de hiperhidratação.

Comportamento do cloro em prova de triathlon meio-ironmanMarcos Bürger-Mendonça1; Aline Ribeiro Montenegro-Silva2

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Concluímos que após uma competição de tria-thlon meio-ironman a concentração do Cloro apresentou uma redução não signifi cante possi-velmente devido há uma ótima reposição hidro-eletrolítica através de bebidas isotônicas e barras energéticas corroborando com os dados dispo-níveis na literatura. São necessários mais estudos para análise deste componente na performance atlética em eventos de longa duração.

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Resumo

Este estudo mostra a situação actual em Portugal

relativamente aos problemas de Conforto acústico e

higrotérmico que as salas das instalações de Fitness

apresentam. Foram avaliadas noventa e quatro salas em

trinta instalações onde se mediu os valores da humi-

dade relativa, temperatura, níveis sonoros, e exposição

pessoal diária ao ruído (LEX,8h). Os valores encon-

trados indicam a inadequação de grande parte das ins-

talações de Fitness em relação a estes parâmetros. Os

valores mais afastados dos valores ideais detectaram-se

nos níveis de ruído, tendo-se atingido os 100 dB(A)

em alguns casos, que pode induzir riscos de saúde para

os utentes e professores.

Palavras-chave: fi tness; conforto; acústica; tempera-

tura; humidade.

Abstract

The portuguese reality about comfort in fi tness. what

to change?

This study analyses the acoustic and thermic problems

that Fitness facilities present in Portugal. Ninety-four

rooms in thirty different facilities in Portugal were tes-

ted, where it was measured the values for the relative

humidity, temperature, and sound levels. The values

found indicate the inadequacy of many facilities

regarding the acoustics and the thermic. Many of the

measured values indicate health risks for the users and

professors with up to 100 dB(A) found within their

environments.

Keywords: fi tness centers; comfort; acoustics; tem-

perature; humidity.

Introdução

O novo estilo de vida moderno torna os indi-víduos mais sedentários, apressados e debilitados, o que leva à procura do exercício físico como uma saída para os prejuízos causados pelo modo de vida actual, assentando fundamentalmente na revalorização do corpo, da imagem, da estética e do bem-estar físico, estendendo-se até às necessi-dades de convívio e distracção1. A prática de desporto tem assim um papel

determinante pela sua contribuição fundamen-tal para o desenvolvimento da saúde e bem-estar dos indivíduos. A crescente importância social deste fenómeno tem sido acompanhada pelo incremento e diversifi cação dos modos e níveis de prática, factores que têm contribuído para a transformação dos padrões de serviços oferecidos pelos espaços desportivos4.A sociedade torna-se uma sociedade de con-

sumo em que a procura do produto, actividade física, subiu e por consequência, houve necessi-dade de aumentar a oferta, de forma a satisfazer as necessidades da procura. As instalações de Fitness passam a ser lugares

alternativos para a prática de exercício físico, provocando um grande aumento no número de construção destas instalações nos últimos anos em Portugal.Sarmento8 refere sobre este assunto que cada

vez mais a notoriedade que a instalação atinge na sociedade é de grande importância na sua futura rentabilidade, daí a atenção que deve exigir o projecto da instalação. As equipas de projectistas com os seus engenheiros, arquitectos e especialis-tas em desporto deverão ter o máximo cuidado na defi nição dos espaços desportivos e não des-

A realidade portuguesa do conforto em instalações de fi tness.O que mudar?Carla C. Silva Barreira1 e António P. Oliveira Carvalho2.1 - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto 2 - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Data de submissão: Dezembro 2007 Data de Aceitação: Abril 2007

Barreira, C.; Carvalho, A. P.; A realidade portuguesa do conforto em instalações de fi tness. O que mudar? Motricidade 3(2): 69-80

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portivos, na escolha criteriosa dos materiais, na planifi cação dos acessos e nos trajectos interiores dos diversos tipos de utilizadores, funcionários e espectadores.Segundo esse autor, a tradição portuguesa nas

fases de concepção e construção de instalações desportivas é marcada por algumas difi culdades culturais que urge ultrapassar. Há normalmente difi culdade em trabalhar em grupo, com equipas pluridisciplinares de projectistas; não se defi ne previamente o modelo de gestão que se consi-dera mais adequado para a instalação e cede-se repetidamente ao conhecimento empírico, à ges-tão do imediato e à ilusão dos resultados a curto prazo e ao baixo custo inicial.Daí o facto de se assistir a uma proliferação

direccionada de instalações de Fitness privados, associada à proliferação e às receitas que estes proporcionam, verifi cando-se um aumento pro-gressivo da concorrência neste campo. A quali-dade assume assim um papel de destaque, tor-nando-se um dos principais factores críticos dos serviços privados. O crescimento acentuado de mercado, propor-

ciona o aparecimento de instalações de Fitness que não têm em conta a prestação de serviços de qualidade e nem têm em conta os parâmetros de qualidade de construção existindo um incumpri-mento das regras para atingir a qualidade dos ser-viços sobretudo devido à contenção de despesas. Esta situação promove uma oferta de instalações

desportivas desequilibrada e desadaptada com a procura, com o tipo de actividades pretendi-das, de fraca qualidade, com pequena capacidade multidisciplinar e quase nula interactividade.A construção e utilização destes espaços, têm

uma importância fundamental na criação de um ambiente saudável para a prática desportiva. Não é admissível ter actividades alegadamente sau-dáveis quando elas se desenvolvem em espaços que contrariam tal objectivo, conjugando resul-

tados opostos àqueles que a Educação Física preconiza.Além disso, o uso contínuo, por parte dos ins-

trutores ao longo da sua carreira, de ambientes insalubres (ruído, humidade, temperatura, etc.), irá causar danos fi siológicos tais como surdez parcial, que podem levar a causas de reformas antecipadas devidas a doenças que têm então de ser consideradas “profi ssionais”.Isto causa danos humanos mas também uma

sobrecarga na segurança social que podem ser grandemente diminuídos se houver um cuidado na construção e utilização dos espaços.Os ambientes acústicos e higrotérmicos deste

tipo de espaços que possibilitam a sua prática são muitas vezes inadequados, originando efeitos e problemas fi siológicos nada positivos.A exposição a elevados níveis de ruído por

determinado tempo podem causar para além do factor de incomodidade difi culdades na execu-ção do exercício físico tornando-se por vezes um perigo para a saúde podendo resultar em redução da sensibilidade de audição. Outro aspecto nega-tivo será o efeito do ruído nos sistemas extra-auditivos: aceleração da pulsação, aumento da pressão sanguínea, estreitamento dos vasos san-guíneos, sobrecarga no coração, tensões muscu-lares, alterações no sistema nervoso central e no aparelho vestibular levando a alterações de com-portamento (nervosismo, fadiga mental, dores de cabeça, enxaquecas, insónias, depressões nervosas ansiedade, etc.). Os problemas acústicos deste tipo de instalações

desportivas, quando usados para a prática deste tipo de actividades constituem o tema central deste trabalho pois são espaços onde devido a uma fonte sonora (aparelhagem) se instalam níveis elevados de ruído. Em Portugal o crescimento acentuado de mer-

cado, proporcionou o aparecimento de instala-ções desportivas sem a desejável qualidade e que

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não cumprem as regras mínimas para atingir a qualidade na prestação de serviços nem nos parâ-metros de construção, devido à contenção de despesas, o que se torna motivo de preocupação. Verifi cam-se assim com regularidade carências e inadequação de práticas construtivas e uso de materiais que revelam pouca adequação e/ou qualidade e conforto ambiental para os utentes

na execução das suas actividades, também devido à inexistência de disposições e regras para a cons-trução de instalações desportivas. O que se torna motivo de preocupação e uma das razões para a elaboração deste artigo.Deste modo, esta problemática surge num

momento em que, cada vez maior número de pessoas se apercebe dos malefícios do ruído, ar poluído, pisos inadequados, etc., nomeadamente, na sua produtividade nas várias actividades e nas suas despesas com matérias, dispositivos ou medi-cação que lhe possibilitem a minimização desses problemas, isto é, na sua qualidade de vida.

Metodologia

AmostraFizeram parte da análise experimental deste

estudo, uma amostra composta por noventa e quatro salas de trinta instalações de Fitness situ-adas na zona do grande Porto tomadas como representativas deste tipo de espaços, onde foram medidos os níveis sonoros, os valores de humi-

dade relativa e temperatura. Destas trinta instalações, foram avaliadas cin-

quenta e duas salas destinadas à realização de aulas de ginástica de grupo. Para além destas, foram avaliadas doze salas de musculação e doze salas de cardio-fi tness, sendo as outras dezoito salas mistas (musculação e cardio no mesmo espaço) (Tabela 1).

InstrumentosForam utilizados os seguintes equipamentos de

medição:- Sonómetro modelo 2260 da marca Brüel &

Kjaer;- Higrotermómetro.

ProcedimentosAcústicaRelativamente à componente acústica, foi

caracterizado o nível de ruído emitido dentro de cada sala através da avaliação dos níveis sonoros (L) da música ambiente durante as aulas. As aulas de ginástica de grupo são divididas em três fases: aquecimento (mobilização geral) com dura-ção de cerca de 7 minutos, a coreografi a (parte principal) é mais longa com duração cerca de 45 minutos e o retorno à calma (duração cerca de 7 minutos).Os níveis sonoros foram medidos em três

momentos: La - o primeiro momento de cerca de 7 minu-

Tabela 1 – Caracterização da amostra de salas utilizadas.

Tipo N.º de salas

Ginástica de grupo 52

Cardio-fi tness 12

Musculação 12

Mistas (Cardio-fi tness + Musculação) 18

Total 94

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tos, parte do aquecimento da aula; Lp - o segundo momento cerca de 45 minutos,

parte fundamental da aula; Lr - o terceiro momento de 5 minutos, retorno à

calma. Isto porque uma aula com estas características

tem a duração total de 50 a 60 minutos. No aque-cimento e no retorno à calma o nível do som da música é habitualmente mais baixo relativamente à parte principal, no entanto, esta diferença não é mui-tas vezes signifi cativa. Deste modo, os alunos estarão aproximadamente uma hora sobre níveis de pressão elevados, sendo a situação mais grave para o pro-fessor que está exposto aproximadamente três horas. No entanto, actualmente, um número signifi cativo de alunos permanece mais de que uma hora numa instalação de Fitness, em duas horas consecutivas.Quanto à temperatura e à humidade, estes valo-

res foram obtidos em dois momentos de avaliação (durante o fi nal do Verão). O primeiro obtido antes da aula começar e o segundo após a aula ter termi-nado, sempre com as salas vazias.Nas salas de musculação e de cardio-fi tness, só foi

usado um momento de avaliação para os três parâ-metros, acústica, temperatura e humidade.

Os indicadores acústicos e higrotérmicos foram rastreados durante o horário nobre, ou seja, quando as salas tanto de ginástica como de musculação e car-dio estavam mais lotadas.

HigrotérmicaNo que concerne à componente higrotérmica,

em cada sala a temperatura interior e a humidade relativa foram medidas antes e depois de uma aula obtendo-se Ta, Td, Ha, Hd (a – antes, d – depois). Com estes valores foram determinados os dT e dH para representar a variação de Temperatura e a Humidade Relativa durante uma aula (dT = Td – Ta e dH = Hd – Ha).

Estatística Os resultados obtidos foram analisados

estatisticamente através dos seus valores mínimos, média, mediana, máximos e desvio-padrão. Regressões lineares foram testadas e avaliadas pelo seu grau de ajuste.

Resultados

As tabelas 2 e 3 apresentam um resumo da aná-lise estatística feita aos valores medidos relativos ao conforto acústico nas salas de ginástica e de cardio-fi tness/musculação.

As tabelas 4 a 6 apresentam um resumo da aná-

lise estatística feita aos valores medidos relativos ao conforto higrotérmico nas salas de ginástica e de cardio-fi tness/musculação.

Tabela 2: Resumo estatístico da acústica. Salas de ginástica. Lglobal (nível sonoro de toda a aula - 60 min.);

LEX,8h-3h (níveis de exposição ao ruído, se actividade por três horas/dia); LEX,8h-5h (níveis de exposição ao

ruído, se actividade por cinco horas/dia).

Parâmetro Mínimo Mediana Máximo

La (dBA) 72,0 88,0 98,0

Lp (dBA) 80,0 90,0 100,0

Lr (dBA) 68,0 82,0 94,0

Lglobal (dBA) 73,3 89,7 99,3

LEX,8h-3h (dBA) 69,4 85,4 95,0

LEX,8h-5h (dBA) 71,4 87,6 97,3

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Tabela 3: Resumo estatístico da acústica nas trinta salas de cardio-fi tness e de musculação. Lglobal (conside-

rando uma única aula); LEX,8h-3h (níveis de exposição ao ruído se a actividade por três horas/dia); LEX,8h-5h

(níveis de exposição ao ruído se a actividade por cinco horas/dia).

Parâmetro Mínimo Mediana Máximo

Cardio

Lglobal (dBA) 64,0 72,0 92,0

LEX,8h-3h (dBA) 62,0 68,2 87,7

LEX,8h-5h (dBA) 62,9 70,1 90,0

Musculação

Lglobal (dBA) 62,0 72,0 90,0

LEX,8h3h (dBA) 60,9 68,2 85,7

LEX,8h5h (dBA) 61,4 70,1 88,0

Tabela 4: Resumo estatístico das temperaturas medidas (Salas de Ginástica). Ta = antes do início da aula; Td =

logo depois do término da aula; dT= Td – Ta.Parâmetro Mínimo Mediana Máximo

Ta (ºC ) 17,5 22,0 25,0

Td (ºC ) 19,1 23,0 26,5

dT (ºC) - -0,8 -

Média T (ºC) - 22,7 -

Tabela 5: Resumo estatístico dos valores da Humidade Relativa (salas de Ginástica); Ha –antes do início da

aula; Hd – logo depois do término da aula; dH = Hd – Ha; Média H = (Ha + Hd)/2Total Mínimo Mediana Máximo

Ha (%) 44 71 86

Hd (%) 47 78 94

dH (%) - -8 -

Média H (%) - 75 -

Tabela 6: Resumo estatístico dos valores da análise feita relativamente à Temperatura e Humidade Relativa

(Cardio-fi tness e Musculação).

Parâmetro Temperatura (ºC) Humidade (%)

Cardio

Mínimo 19,4 43

Máximo 25,0 84

Mediana 23,0 76

Musculação

Mínimo 19,4 43

Máximo 25,7 84

Mediana 23,0 76

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Discussão

Acústica – Salas de GinásticaA tabela 2 indica os níveis sonoros em dB(A)

obtidos nos três momentos de avaliação corres-pondentes às três fases da aula: aquecimento (La), parte principal da aula (Lp) e retorno à calma (Lr) em 52 salas.Verifi ca-se que em quase todas as instalações de

Fitness o Lp é maior que o La, o que signifi ca que durante a aula o nível sonoro aumenta. Em ter-mos numéricos verifi cou-se que, em média: Lp = La + 4 (dBA) e Lr = Lp – 8 (dBA). Observa-se que os níveis sonoros durante o aqueci-mento e o retorno à calma são mais baixos do que na parte principal da aula (em média cerca de 6 dBA) sendo os níveis sonoros no retorno à calma bastante mais baixos. Os níveis sonoros na parte principal apresentam-se bastante eleva-dos comparando com os outros dois momentos, isto porque, esta é parte mais intensa da aula, em que o professor tenta motivar mais os alunos; a coreografi a nesta altura já está completa propor-cionando autonomia, levando a um aumento do entusiasmo tanto do professor como dos alunos. Na parte do aquecimento, a aula está a fl uir de uma forma crescente a nível de intensidade, terá que existir um aumento gradual da frequência cardíaca e a nível corporal, logo, a música não está tão elevada. O retorno à calma, é a parte em que terá que existir uma diminuição da frequência cardíaca, os alunos tentam controlar a respiração, relaxando através de exercícios de alongamento e relaxamento, logo os níveis sonoros decrescem muito (em média, 8 dBA), proporcionando aos alunos uma “calma psíquica e física”. Assim, o aluno fi cará uma hora exposto a altos níveis de pressão sonora agravando-se a situação no caso do professor que se expõe durante três horas ou até mesmo cinco horas conforme o seu tipo de actividade.A tabela 2 apresenta ainda os valores de LEX,8h

que é o nível sonoro de exposição pessoal durante um dia de trabalho (8h) de acordo com a legisla-

ção portuguesa (e europeia)5. Foram usados dois critérios considerando um professor com 3 h de aulas por dia e outro com 5 h de aulas por dia.Pode-se ainda verifi car que 83% das salas apre-

sentavam níveis sonoros globais iguais ou supe-riores a 87 dB(A) e em 6% do total se atingiram mesmo os 100 dB(A) na parte fundamental da aula o que quer dizer que tanto os utentes como o professor estão expostos a níveis sonoros extre-mamente elevados. Tudo isto suscita uma questão, se os professores durante 60 minutos colocam os níveis sonoros muito elevados, qual a exposição acumulada a que estão sujeitos após a leccionação de três aulas de 60 minutos (LEx,8h)?Observa-se que em 90% dos casos estão expos-

tos durante três horas diárias (LEx,8h-3h) a mais de 80 dB(A). Relativamente à exposição diária a cinco horas (LEx,8h-5h), 92% dos casos ultra-passa os 80 dB(A) e 52% ultrapassa os 87 dB(A). Entenda-se, que 80 dB(A) é considerado o “nível de acção inferior” e que 87 dB(A) é considerado o “valor limite” pela actual legislação portuguesa (e directiva europeia)5 . Verifi ca-se assim que 36% do total encontram-

se em zona crítica, pois após três horas de expo-sição, propiciam uma exposição superior a 87 dB(A) e poderão ser causadores de problemas auditivos, isto sem contar com a possível exposi-ção a ruído exterior elevado a que a pessoa possa estar sujeita na restante parte do dia. Problemas maiores advêm para quem lecciona cinco aulas durante um dia, verifi ca-se que em 52% do total das salas encontram-se com uma exposição de ruído (LEX,8h-5h) bastante perigosa durante o dia. Estes professores podem vir a apresentar a curto prazo níveis parciais de surdez, para além das consequências psíquicas e físicas que podem causar problemas de vária ordem quer social quer fi siologicamente.Perante este panorama, verifi ca-se que na maior

parte das instalações de Fitness, é ultrapassado o

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“nível de acção inferior” da exposição pessoal diária ao ruído da sala de ginástica, registado na legislação6, ou seja, 80 dB(A), valor a partir do qual é exigida uma intervenção. Como seria de prever, as características específi -

cas da utilização deste tipo de espaços levarão ao incumprimento dos limites impostos por lei para níveis de exposição diária (relativamente aos pro-fessores). Deste modo, nem mesmo o conforto mínimo é conseguido.As 52 salas das trinta instalações de Fitness ana-

lisados revelam em geral níveis sonoros que cla-rifi cam uma exposição perigosa para o professor, que lecciona durante um período extenso de tempo, podendo ter que lidar futuramente com sérios problemas auditivos e até mesmo para os alunos com maior permanência e assiduidade. A maior parte destas instalações, revelam-se extre-mamente prejudiciais, pois a maior parte deles ultrapassam os 80 dB(A) que se poderia estipular como conforto mínimo para estes locais. Perante este panorama de incumprimento dos

requisitos mínimos de conforto sugerem-se valo-res máximos equivalentes que contemplem a saúde auditiva da pessoa exposta ao ruído bem como o nível sonoro máximo inerente a um espaço com os fi ns já mencionados. Todas as ins-talações de Fitness deveriam ter valores menores ou iguais que 82 dB(A) durante cada fase de aula e nunca instantaneamente maiores que 87 dB(A). Em relação ao LEX,8h, sugere-se limitar o valor do nível de acção inferior da exposição pessoal diária de 80 dB(A) como sinónimo de garantia de conforto mínimo neste tipo de espaços. Estes níveis sonoros podem perfeitamente ser

diminuídos baixando a intensidade sonora da aparelhagem, adquirindo adequados sistemas sonoros, para além da colocação de materiais de correcção acústica nas salas (materiais absorven-tes, por exemplo no tecto).

Acústica - Salas de cardio-fi tness e de musculação A situação acústica é muito diferente à relatada

acima nos outros dois tipos de salas: cardio-fi tness e de musculação (tabela 3).Verifi ca-se que em geral os níveis sonoros nas

salas de cardio-fi tness e de musculação não ultra-passam os 80 dB(A). A maior parte destas instala-ções, obteve valores de níveis sonoros entre os 64 e os 73 dB(A), o que está perfeitamente dentro da regra anteriormente sugerida de 80 dB(A) con-siderado como conforto acústico mínimo para a exposição ao ruído. No entanto, verifi ca-se que duas instalações atingem níveis sonoros mais ele-vados, sendo um considerado extremamente elevado (92 dBA). Estes dois valores explicam-se devido a que a sala de ginástica encontrava-se próximo da sala de cardio-fi tness e de musculação, sendo os dois espaços abertos sem qualquer tipo de divisória e que os níveis sonoros interferiam na sala de cardio e de musculação aumentando o nível sonoro nesse local. De referir que para além da música ambiente este tipo de espaços têm máquinas de cardio (passadeiras, remos, etc.) que vão contribuir para o aumento desse ruído. Para resolver este tipo de problema bastaria exis-tir uma divisória, talvez em vidro duplo, de forma a reduzir o nível sonoro. Mas estes níveis sono-ros, salvo as excepções referidas anteriormente, não oferecem cuidados dado que a regra sugerida refere que 80 dB(A) seria o limite máximo para conforto de exposição diária ao ruído.

Higrotérmica - Salas de ginásticaEm cada sala a temperatura foi medida antes e

depois de uma aula (Ta – antes; Td – depois) e os valores obtidos encontram-se expostos na tabela 4. Os valores de temperatura encontram-se no domínio entre os 17,5 ºC e os 26,5 ºC. Verifi -cou-se que os valores da temperatura das salas de ginástica medidos antes do início da aula são mais baixos em média cerca de 1 ºC do que após

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o término da aula. No entanto em cerca de 6% das instalações de Fitness acontece precisamente o contrário, a temperatura após o término da aula é ligeiramente mais baixa talvez devido ao con-trolo da temperatura através de sistema de con-trolo termohigrométrico (“ar condicionado”). A tabela 4 apresenta também o valor da mediana

da temperatura após a aula (23 ºC). Verifi ca-se assim que na maior parte das instalações de Fit-ness, as temperaturas devem ser superiores a 22 ºC que para este tipo de actividades será muito elevado. A tabela 5 indica os níveis de humidade relativa

retirados nas 52 salas em dois momentos de ava-liação, (Ha – antes; Hd – logo depois da aula) mas sempre com a sala vazia.Observa-se que os níveis de humidade relativa

rastreados antes do início da aula são em 98% dos casos mais baixos do que após a aula ter terminado (em média, cerca de 9%). Atingindo em algumas salas níveis de humidade bastante elevados (94%), o que acontece devido ao grau de transpiração bastante elevado que as pessoas emanam após uma aula com objectivo cardio-vascular. À medida que vai existindo um gradual aumento do aquecimento corporal, aumenta a sudação corporal tendo como consequência o aumento dos níveis de humidade relativa da sala.Níveis bastante elevados de humidade relativa

para além de poderem causar mal-estar físico, podem por em perigo a integridade física do utente, ou seja, se a sala atingir níveis exagera-dos de humidade, se não existirem bons apare-lhos de ventilação, para renovação dessa humi-dade, poderá existir embaciamento dos espelhos não permitindo visualização dos movimentos, piso escorregadio, limitando a realização da acti-vidade, etc.Verifi ca-se que uma parte signifi cativa dos valo-

res de humidade relativa (37% do total) encon-trados após a aula ter terminado, são superiores

a 80%, aparecendo em quatro instalações (7% do total) valores superiores a 90% de humidade relativa.Higrotérmica - Salas de cardio-fi tness e

musculaçãoNeste tipo de salas a temperatura varia entre

os 19 e os 25 ºC e verifi ca-se que metade das instalações apresenta valores superiores a 23 ºC o que talvez para este tipo de actividade seja considerada já muito alta (Tabela 6). Relativa-mente à humidade relativa a média dos valores é de 74% atingindo em seis instalações (36% do total) níveis de humidade superiores a 80%, o que acontece devido ao grau de transpiração bastante elevado que as pessoas emanam após actividades com objectivo cardiovascular. À medida que vai existindo um gradual aumento do aquecimento corporal, aumenta a sudação corporal tendo como consequência o aumento dos níveis de humidade da sala.Apesar destas temperaturas poderem ser consi-

deradas elevadas, note-se que este tipo de activi-dades é considerado um treino mais individuali-zado, tendo intervalos de tempo em que existem pausas, ao contrário do cardio-fi tness em que o objectivo é cardiovascular, o treino é contínuo, elevando mais a temperatura corporal do que num treino neuro-muscular.

Discussão

Na análise aqui caracterizada à acústica e higro-térmica das salas de Fitness detectaram-se carên-cias e inadequação que revelam falta de conforto ambiental para os utentes na execução das suas actividades, provocando diminuição no ren-dimento e potenciando o risco de problemas físicos. As instalações de Fitness:- Apresentam níveis sonoros bastante eleva-

dos nas salas de ginástica. Em 83% dos casos são

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mesmo ultrapassados os 87 dB(A) durante as aulas e em 6% dos casos obtiveram-se valores acima dos 100 dB(A);- Nas salas de cardio-fi tness e de musculação os

níveis sonoros são francamente mais baixos situ-ando-se, em geral entre os 64 e os 73 dB(A), ou seja cerca de 20 dB(A) menos do que nas aulas de ginástica, não havendo pois risco auditivo para os utentes e professores;- Apresentam valores de temperatura e humi-

dade relativa moderadamente elevados nas salas de ginástica (temperaturas acima de 23 ºC foram encontradas em 28% dos casos - no Verão - e humidade relativa acima dos 60% em 88% dos casos), fi cando ligeiramente acima dos níveis recomendados;- A humidade relativa aumentava cerca de 9%

durante as aulas de ginástica. Foram mesmo detectadas subidas superiores a 20% em dez por cento das instalações;- Mais de metade das instalações desrespeitaria

o articulado na legislação relativa à Protecção dos Trabalhadores nos níveis de exposição diária ao ruído (para professores). Os valores apresentados podem mesmo colocar em risco a saúde auditiva de profi ssionais (e praticantes) em cerca de 36% das salas;

A situação geral observada em Portugal está resumida nas Tabelas 7 e 8 respectivamente em relação ao conforto acústico e higrotérmico. Apresenta-se assim a realidade com alguns exem-plos concretos e o que se pode e deve melhorar para tornar estas instalações mais adequadas aos fi ns em vista.

Tabela 7: Situação geral relativa à Acústica (com exemplos e propostas de exigências).

Perante este panorama de incumprimento de alguns requisitos mínimos de conforto, mostrou-

se a necessidade de avaliar, os parâmetros de qua-lidade na área do conforto em instalações de Fit-ness, de acordo com regras e princípios coerentes, que permitam controlar o conforto interior neste tipo de instalações. O objectivo geral destes parâmetros passa por

caracterizar o ambiente nestas instalações e assim poder reduzir os problemas que possam de alguma forma perturbar a prática desportiva, para além de poder reduzir os custos adicionais para os pro-prietários e gestores destas instalações desportivas. Estes parâmetros irão infl uenciar toda a qualidade do serviço e a posterior reabilitação dos espaços que normalmente acarreta um conjunto elevado de custos, quer pelo montante envolvido quer pela possível interrupção do serviço.Foi pois demonstrada a necessidade de existi-

rem regras relativas a critérios e parâmetros exi-genciais nestas áreas e são sugeridos na tabela 9 alguns adequados valores limite.Conclui-se que existe uma necessidade urgente

de criar um guião de exigências e regras cons-trutivas e de utilização de instalações de Fitness que possa ser usado como referência em futuras construções.

Tabela 9: Proposta de valores considerados acei-táveis para instalações de Fitness.

* LEX,8h

– Nível sonoro de exposição diária (8 horas)

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Tabela 7: Situação geral relativa à Acústica (com exemplos e propostas de exigências).

SITUAÇÃO/PATOLOGIA

- Espaços muito reverberantes;- Defi ciente inteligibilidade da palavra;- Ruído interior elevado (devido ao normal uso);- Defi ciente isolamento sonoro da envolvente.

- Não existe qualquer separação entre a sala de musculação e a sala de ginástica, existindo propagação do ruído.

- Apesar de existir separação com parede de gesso cartonado e vidros duplos, há propagação do ruído. Ainda nesta imagem existe excessivo encadeamento.

Fotos de C. Barreira

ADEQUAÇÃO À SITUAÇÃO- Tratamento e correcção acústica;- Ter em atenção a distribuição e orientação das janelas (excessiva iluminação ou encadeamento);- Revestir elementos verticais refl ectores com materiais absorventes acústicos (porosos tipo lã mineral ou

ressoadores tipo painéis perfurados);- Aumentar o isolamento sonoro da envolvente em especial para locais contíguos ruidosos ou onde se

pretenda recolhimento.Propostas de Exigências:Isolamento sonoro (Dn,w): paredes exteriores > 32 dB; para/entre espaços interiores sensíveis > 47 dB;Ruído da ventilação < 45 dB(A);Tempo de reverberação ≤ 2,2 s para frequências baixas (≤ 500 Hz) e 1,5 sem médias e altas frequências (> 500 Hz) (ver 5, 6).

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ação

Tabela 8: Situação geral relativa à higrotérmica (com exemplos e propostas de exigências).

SITUAÇÃO/PATOLOGIA

- Temperatura no Verão muito elevada e no Inverno muito baixa;

- Humidade elevada no Verão (crescimento e propagação de poluentes biológicos);

- Humidade muito baixa no Inverno (contribui para a irritação das mucosas, olhos secos e desconforto

nasal).

- Existência de sistema de extracção e renovação de

ar na sala de ginástica e de musculação;

- Sala de cardio, o sistema é à base de ventoinhas.

- Não existe adequada renovação de ar;

- Existência de janelas, o que causa por vezes

correntes de ar e estão directamente

posicionadas para as costas das pessoas.

Fotos de C. Barreira

ADEQUAÇÃO À SITUAÇÃO

- Reduzir as perdas térmicas através das paredes exteriores, pavimentos, cobertura e perdas por ventilação/

renovação de ar;

- Ter em atenção a distribuição e orientação das janelas (excessiva iluminação ou encadeamento);

- Evitar a proliferação de microorganismos mantendo o interior das instalações arejado, sem elevada

humidade, actuando na manutenção e limpeza;

- Assegurar as exigências de conforto sem dispêndio excessivo de energia;

- Evitar condensações em superfícies de elementos de construção que não as suportam.

- Deverá existir introdução de ar novo para o interior através de um sistema de ventilação que o distribua

adequadamente por todo o espaço;

- Usar fi ltragem para “limpar” o ar dos poluentes/poeiras e removê-los do edifício através da ventilação,

equilibradamente distribuída por todos os espaços;

- Evitar velocidades de circulação do ar excessivas.

Propostas de Exigências:

Temperatura entre os 16 e os 18 ºC (Inverno) e entre os 20 e 24 ºC (Verão); HR de 50% a 70%.

Condutância U ≤ 1,0 W/m2.ºC (paredes exteriores) e U ≤ 0,7 W/m2.ºC (tectos e coberturas) (ver 6).

1,5 a 2,0 renovações de ar por hora no Inverno e 2,5 a 3,0 renovações no Verão; necessidade de introdução de

ar fresco na sala, de cerca de 50 m3 por hora e por utente (ver 1)

A realidade portuguesa do conforto em instalações de fi tness.O que mudar?Carla C. Silva Barreira e António P. Oliveira Carvalho

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Agradecimentos

Agradece-se aos proprietários de todas as insta-lações de Fitness que autorizaram o acesso para as medições efectuadas e permissão para fotografar as instalações.Agradece-se igualmente ao Laboratório de

Acústica da FEUP que cedeu todo o equipa-mento utilizado.Parte do acima apresentado no texto foi adap-

tado e actualizado de 1, 2, 3.

Correspondência

Carla Cristina da Silva BarreiraR. Repouso, 13 – 1º Drtº, Esgueira3800 – 245 [email protected]

Referências

1 Barreira, C (2003). Parâmetros de Qualidade e Conforto Ambiental em Centros de Condição Física. Porto: FCDEFUP.2 Barreira C, Carvalho APO (2006). Qualidade

e conforto em instalações desportivas. Estudo de caso. Re Port Gestão Desp. 3(1):104-116.3 Barreira C, Carvalho APO (2005). Caracteri-

Tabela 9: Proposta de valores considerados aceitáveis para instalações de Fitness.

ÁREA PARÂMETRO VALOR LIMITE

Acústica

Níveis de exposição pessoal diária (LEX,8h)*

Níveis sonoros (L em cada aula)

Tempos de reverberação (TR500 – 1k Hz)

≤ 80 dB(A)

≤ 85 dB(A)

≤ 1,5 s

Térmica Temperatura16 a 18 ºC (Inverno)

20 a 23 ºC (Verão)

Humidade Humidade relativa 50% - 60%

Ventilação Número de renovações de ar por hora 1,5 a 2,0 (Inverno)

2,0 a 2,5 (Verão)

zação do conforto ambiental em Centros de Con-dição Física. Rev Port Gestão Desp. 2(1):75–83.4 Landeira F, (2004). Prestações de serviço de

âmbito desportivo: os ginásios e health clubs. Desporto & Direito - Revista Jurídica do Des-porto, 4:47-60.5 Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6/9 – Exposi-

ção dos trabalhadores aos riscos devido ao ruído. 6 Decreto-Lei n.º 129/2002 de 11/5 - Regu-

lamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios (RRAE). 7 Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4/4 - Regula-

mento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE).8 Sarmento JP (2001). Sebenta de apoio à

cadeira de Organização e Gestão Desportiva – Planifi cação de Instalações Desportivas. Porto: FCDEFUP.

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Resumo

Introdução: uma das modalidades de academia que

maior sucesso tem conquistado é o Indoor Cycle (IC),

no entanto, o controlo da intensidade do esforço nem

sempre é realizado e quando o é, recorre a uma fórmula

universal que pode ter subjacente um erro grosseiro.

Objectivos: (1) sugerir uma equação para determinar

a frequência cardíaca máxima de esforço (FCmáx

E) ou

Pico de FC passível de ser aplicada nas aulas de IC e (2)

comparar a fórmula por nós sugerida com as propostas

pelo ACSM (2006), Fox et al (1991) Tanaka (2001).

Metodologia: a amostra é constituída por 135 adultos

(33 ± 9 anos), praticantes de Indoor Cycling, há pelo

menos 6 meses e aparentemente saudáveis segundo os

critérios do ACSM (2002). Durante a aula foi sugerido

um protocolo de avaliação da FCmáx

E, apresentado por

Garganta e Roig (2005). Os dados foram recolhidos

com um Polar Team SystemTM,, nos ginásios “Stress

Out”, “Paços Health Club”, “Bfree Fitness Club” e

“Academia Impacto”. A equação de previsão foi elab-

orada com base na regressão linear simples, para um

nível de signifi cância de 0.05. Resultados: de acordo

com a análise aos coefi cientes de regressão, a fórmula

que sugerimos é a seguinte: FCmáx

E(IC)

=205-0,7*Idade,

(r=0,61, r2=0,36, epe=7,5 bpm). Discussão: tal como

vem referenciado na literatura, as equações de regressão

devem ser entendidas como especifi cas e não univer-

sais, visto que há diferenças signifi cativas entre a fór-

mula estimada durante as aulas de Indoor Cycle e as

habitualmente sugeridas na literatura.

Palavras-Chave: Cárdio-vascular; Frequência cardíaca;

Indoor Cycle

Abstract

Proposition of a regression equation of peak

heart rate for indoor cycling

Background: one of the most successful academy

modalities is the Indoor Cycle (IC), however, the

effort control intensity isn’t always carried through,

and when it is, it appeals to a universal formula that

might have underlying a gross error. Objectives: (1)

suggesting an equation to determine the Peak of FC

or FC max E to be applied in the classes of IC and (2)

comparing the formula suggested by us together with

the ACSM (2006) propositions, Fox et al (1991) Tanaka

(2001). Methodology: the sample is constituted by 135

adults (33 ± 9 years), who practise Indoor Cycling, for

about 6 months and apparently healthy according to

ACSM (2002) criterie. During a class, it was suggested

a protocol of evaluation of the peak of FC or FCmax

E,

suggested by Garganta and Roig (2005). The data were

collected with a Polar Team System TM, in the “Stress

Out”, “Paços Health Club”, “Bfree Fitness Club” and

“Academy Impact” academies. Results: according to

the analysis to the regression coeffi cients, the follow-

ing equation come up: FCmax

E (IC) =205-0,7*Idade,

(r=0,61, r2=0,36, epe=7,5 bpm). Discussion: we veri-

fi ed that there are signifi cant differences between the

estimated formula during the Indoor Cycle classes

and currently and used formulas and the regression

equations must be understood as you specify and not

universal.

Key-words: Cardio-vascular; Heart Rate; Indoor

Cycle

Proposta de uma equação de regressão para estimar o pico da frequencia cardíaca ou a frequencia cardíaca máxima de esforço em indoor cyclingLeandro Abreu Pereira Rui Manuel GargantaFaculdade de Desporto, Universidade do Porto, Porto, Portugal

Pereira, L.; Garganta, R.; Proposta de uma equação de regressão para estimar o pico da frequencia cardíaca ou a frequencia cardíaca máxima de esforço em indoor cycling Motricidade 3(2): 81-87

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Introdução

O exercício físico tem-se constituído como um dos meios fundamentais para a promoção da saúde e bem-estar das populações. As possi-bilidades para a sua aplicação são cada vez mais variadas, sobretudo nos ginásios, onde o número de propostas de exercitação tem vindo a aumen-tar de forma signifi cativa. Dentro destas, o treino cárdio-vascular tem vindo a assumir um protago-nismo importante e, de entre as diferentes propos-tas, as actividades que o contemplam assumem-se como maioritárias. Uma das mais paradigmáticas, pelo sucesso que vem conquistando, é o Indoor Cycle (IC) que, a seguir ao STEP se vem assu-mindo como a modalidade com maior per-spectiva de êxito. Todavia, tal como as restantes “aulas de grupo”, o IC não possui grande voca-ção para responder às exigências, capacidades e necessidades dos diferentes praticantes, sendo a intensidade de esforço, habitualmente, determi-nada pelo professor em função do ritmo musical (bpm) “imposto” e não relativamente às capa-cidades e objectivos dos praticantes6,7. Para além disso, a intensidade do esforço, quando avaliada, tem sido comparada com equações universais, que foram estimadas em testes laboratoriais 2,5,8,12 ou por metanálise 13, isto é, fora do contexto real da modalidade. Curiosamente a fórmula apresen-tada pela instituição de referência 4, no que se refere à prescrição de exercício cárdio-vascular é: FC

max = 220-idade. Tal fórmula é, no mínimo

controversa, atendendo a que tem um erro muito elevado e não tem em consideração o tipo de exercício, quando se sabe que as estimativas deste género são específi cas do modo de exercício e da população onde foram desenvolvidas. Assim, Fox et al. 5, sugeriram a seguinte equação: FC

max

= 215.4−0.9147 (idade), que apresenta como valores de correlação (r=0.51), coefi ciente de determinação (r2=0.26) e erro padrão de estima-tiva (21 bpm). Mais recentemente, Tanaka 13 apre-sentou uma equação que resultou de um estudo

de metanálise: FCmáx

= 208.754−0.734* (idade). Relativamente à proposta por Fox et al. 5, revela valores mais elevados de correlação (r = 0.93), maior coefi ciente de determinação (r2=0.86) e um erro padrão de estimativa menor (7bpm). De referir ainda, que todas enfermam do mesmo erro: não são específi cas de nenhum modo de exercício mas universais.Outro aspecto importante, relaciona-se com a

difi culdade em avaliar a FCmáx

de acordo com os critérios estabelecidos pela literatura, visto que exige patamares de intensidade crescentes (nos ergómetros de IC não podemos ter a noção real da carga) e, tempos bem defi nidos para cada pata-mar (um mínimo de 3 min. para que a FC esta-bilize). Mais uma vez, podemos constatar que a sua avaliação no contexto ecológico não pode ser realizada. Por este motivo pensamos que o indica-dor que deve servir de base para a prescrição de exercício nesta modalidade é a FC

máx de Esforço

(FCmáx

E) ou Pico de FC.Assim, o presente trabalho tem dois objectivos:

(1) sugerir uma equação para determinar a FCmax

, passível de ser aplicada nas aulas de IC; (2) com-parar a fórmula por nós sugerida com as propos-tas pelo ACSM 4, Fox et al 5 e Tanaka13.

Metodologia

AmostraA nossa amostra (tabela 1), é constituída por 135

sujeitos de ambos os sexos (75 homens e 60 mul-heres).

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Os critérios de inclusão na amostra do nosso

estudo foram: (1) ser praticante da modalidade à pelo menos 6 meses; (2) ser aparentemente saudável de acordo com os critérios do ACSM 3; (3) não possuir problemas de coluna; (4) estar enquadrado numa faixa etária dos 18 aos 60 anos. Após descrição detalhada dos objectivos e proced-imentos inerentes às avaliações a realizar, todos os sujeitos seleccionados, assinaram um documento em que aceitavam participar no estudo.

ProcedimentosA recolha dos dados foi efectuada entre Janeiro

e Abril de 2005 no ginásio “Stress Out” e durante Setembro e Outubro de 2006 nos ginásios “Paços Health Club”, “Bfree Fitness Club” e “Academia Impacto”. As aulas têm uma duração aproximada de 45 minutos, dividida em quatro segmentos: aquecimento (cerca de 5 minutos), parte funda-mental (35 minutos), alongamentos (cerca de 2 a 3 minutos) e relaxamento (cerca de 2 a 3 minu-tos). O ritmo de pedalada (rpm) foi de: 135 no

aquecimento, 125 a 145 na fase fundamental e sem ritmo defi nido nos alongamentos e relaxa-mento. Procuramos ainda, que o pico da FC 10 fosse atingida durante os últimos 10 minutos da parte fundamental, sendo sugerido durante esse tempo, um incremento de carga de minuto a minuto através de um manípulo incorporado na bicicleta, de forma a aumentar a resistência da pedalada (intensidade). A tabela 2 demonstra a carga sugerida (de acordo com a sensação subjec-tiva de esforço) durante o teste.

EstatísticaPara a interpretação dos resultados recorre-

mos aos valores da estatística descritiva média e desvio padrão. A normalidade da distribuição foi confi rmada pelo teste de Kolmogorov Smi-mov. A equação de predição para a FC

máxE em

Indoor Cycle foi realizada com base na análise de regressão linear. Para comparar as fórmulas que predizem a FC

máx com a nossa proposta, uti-

lizamos a ANOVA de Medidas Repetidas com o

Tabela 1: Caracterização da amostra

Variáveis Observadas Média ± Dp Amplitude

Idade (anos) 32 ± 8 19 - 55

FCmáxE (bpm) 183 ± 9 150 -200

Peso (Kg) 68,7 ± 12,0 46 - 98

Tabela 2: Carga/sensação subjectiva de esforço sugerida ao longo dos 10 minutos de testeMinutos Carga/sensação Subjectiva de Esforço

1 Leve

2 Leve

3 Moderada

4 Moderada

5 Forte

6 Forte

7 Muito Forte

8 Muito Forte

9 Muito Forte

10 Extremamente Forte

Proposta de uma equação de regressão para estimar o pico da frequencia cardíaca ou a frequencia cardíaca máxima de esforço em indoor cyclingLeandro Abreu Pereira e Rui Manuel Garganta

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teste Bonferroni para as múltiplas comparações. O nível de signifi cância utilizado foi de 0,05. Os resultados foram tratados em SPSS 14.0.

Resultados

Numa primeira fase utilizamos 5 indicado-res, para predizer a FC

máxE. Todavia, tal como

podemos ver na tabela 3, apenas a idade apresen-tou uma regressão com signifi cado estatístico.Assim sendo, utilizamos a idade como o único

pedictor, tal como podemos constatar da tabela 4. Assim sendo, através dos coefi cientes de regressão surge a seguinte a equação: FC

máxE

= 205 - 0.7

(Idade), com: r=0,61, r2=0,36 e epe=7,5 bpm.

Após termos encontrado chegado a nossa equa-ção fi nal, efectuamos uma comparação entre esta e as restantes equações universais, e verifi -camos que a equação de Indoor Cycling apre-senta valores de correlação mais elevados que a sugerida por Fox e mais baixos que a de Tanaka. Consequentemente, temos um erro padrão de estimativa menor que a de Fox e idêntico ao da fórmula proposta por Tanaka tal como se pode verifi car através da tabela 5. Não há sugestões para a fórmula do ACSM.De forma, a podermos confi rmar se é indiferente

utilizar a fórmula sugerida pelo nosso estudo ou as apresentadas pela literatura 4,5,8,11,13,14,15, real-

Tabela 3: Coefi cientes de regressão e níveis de signifi cância para as diferentes variáveis.

Modelo

Coefi cientes não

estandardizados

Coefi cientes

estandardizados t Sig.

B Dp Beta

Sexo 3,01 3,12 ,14 .97 ,340

Idade -,81 ,10 -,65 -7,81 ,001

Peso -,11 ,12 -,13 -,92 ,360

Tempo de prática -,06 ,08 ,08 ,79 ,431

Frequência Semanal -,33 1,12 -,03 -,29 ,770

FC rep ,10 ,05 ,17 1,99 ,054

Tabela 4: Coefi cientes de regressão e níveis de signifi cância para a variável predictora.

Modelo

Coefi cientes não

estandardizados

Coefi cientes

estandardizados t Sig.

B Dp Beta

FCmáxE (Constante) 204,7 2,6 79,46 ,00

Idade -,7 ,08 -,61 -8,81 ,00

Tabela 5: Valores do r, r2 e erro padrão de estimativa das diferentes equações.Equações Fórmula R R2 Epe

IC FCmáxE = 205-0,7*idade 0,61 0,37 7,5

ACSM FCmáx= 220-idade ? ? ?

Fox FC máx. = 215.4−0.9147 *idade 0,51 0,26 21

Tanaka FC máx. = 208.754−0.734*idade 0,93 0,86 7

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izamos uma ANOVA de medidas repetidas, e os resultados (F=49,687; p= 0.001) sugerem que as equações providenciam uma informação dife-rente da proposta por nós (tabela 6).

Posteriormente, efectuámos o teste de múltiplas comparações (Bonferroni) (tabela 7), o que nos permitiu constatar havia diferenças estatistica-mente signifi cativas entre todas as fórmulas.

Discussão

Os resultados sugerem que a selecção da fórmula para a predição da FC

máxE deve ser efectuada de

um forma cuidadosa e ponderada. Assim sendo, não é indistinto recorrer a qualquer uma das equa-ções para a prática do Indoor Cycling, dado que as diversas equações 1,2,3,4,5,13 apresentam valores subs-tancialmente distintos, o que seguramente impli-cará respostas fi siológicas diferenciadas.Importa ainda realçar que temos a noção de que

a situação ideal para o cálculo da FCmáx

E, é rea-lizar um teste máximal no seu contexto “ecoló-gico”. Todavia, devido às difi culdades existentes relacionadas com a falta de material nos ginásios, à impossibilidade de realizar testes máximos em determinados alunos e assumindo o factor de risco associado a um teste desta natureza, sugerimos uma equação que se constitui como uma alterna-tiva de recurso e que é específi ca da modalidade em causa.Podemos ainda, concluir que (1) há diferenças

signifi cativas entre a fórmula estimada durante as aulas de Indoor Cycle e as habitualmente sugeridas na literatura e (2) as equações de regressão devem ser entendidas como especifi cas e não universais.

Correspondência

Tabela 6: Valores de Média (Méd) e desvios padrão (dp), F e p para a comparação entre fórmulas

Equação Med ± DP F p

Fox 187 ± 8

49.687 0,001IC 183 ± 9

220-Idade 188 ± 8

Tabela 7: Valores do teste de Bonferroni para as diferentes equações

Equações Dif. de médias Amplitude p

IC vs (220-idade) 6 0 - 26 0.001

IC vs Tanaka 3 0 - 20 0.001

IC vs Fox 4 0 - 23 0.001

Proposta de uma equação de regressão para estimar o pico da frequencia cardíaca ou a frequencia cardíaca máxima de esforço em indoor cyclingLeandro Abreu Pereira e Rui Manuel Garganta

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Leandro Abreu Pereira, Rua Padre António Vieira, 2ºD, nº 32, 4425

– 702, Pedrouços. [email protected]

Referências

1..American College of Sports Medicine (1990). The Recommended quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardi-orespiratory and muscular fi tness in health adults. Med Sci Sports Exercise. 2. American College of Sports Medicine (1995).

Guidelines for exercise testing and prescription (5 ed.). Philadelphia: Williams & Wilkins. 3. American College of Sports Medicine (2002).

Guidelines for exercise testing and prescription (5 ed.). Philadelphia: Williams & Wilkins.4. American College of Sports Medicine . (2006).

Guidelines for exercise testing and prescrip-tion. (7 ed.). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.5. Fox E. (1991). Bases fi siológicas da educação

física e dos desportos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.6. Garganta R. (2000). Caracterização do esforço

e efeitos induzidos pela prática de actividades de academia na Aptidão Física e no Auto-conceito Físico: Estudo realizado em adultos jovens do sexo feminino praticantes de Ginástica Aeró-bica, Musculação e Cardiofi tness. Dissertação de Doutoramento. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto.7. Garganta R. (2005) Guia Prático de Avaliação

Física em Ginásios, Academias e Health Clubs. Cacém: Manz Produções.8. McArdle WD; Katch FI; Katch V. (1998).

Fisiologia do exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. (4 ed) Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan.. 9. Pollock ML, Wilmore JH. (1993) Exercícios

na saúde e na doença. Avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. (2 ed) Rio de Janeiro: MEDSI.10. Rasoilo J. (1998). Utilização de monitores

de FC no controle do treino. Revista Treino Des-portivo. 1(5):39-44.11. Robergs R; Roberts S. (1996). Exercise

Physiology:exercise performance and clinical applications. St. Louis: Missouri:Mosby. 12. Roig J, Garganta R (2005). Caracterização

do esforço e elaboração de uma estratégia para a determinação de zonas alvo de treino em R P M. Lisboa: Manz Produções.13. Tanaka H. (2001). Age-predicted maximal

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esfuerzo y del deporte.Barcelona: Paidotribo.15. Wilmore J; Costill D. (1999). Physiology of

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Resumo

O alongamento é um recurso terapêutico man-ual comumente utilizado como medida profi -lática contra lesões e microlesões induzidas por exercício. Objetivou-se avaliar o efeito do alonga-mento após realização de exercício resistido na concentração sérica de CK em sujeitos saudáveis. 36 indivíduos, 18 homens e 18 mulheres foram divididos aleatoriamente em dois grupos, Con-trole (C) e Alongamento (A). Foi dosada a con-centração de CK pré-exercício e após exercício para membros inferiores, imediatamente após o exercício os integrantes do grupo A realizaram alongamento ativo, sendo realizadas mais 3 coletas com intervalo de 24 horas entre estas. O grupo A apresentou um aumento na concentração CK 24 horas após o exercício. A medida da concen-tração de CK dos homens do grupo A apresen-tou diferença em relação à pré-exercício e em relação à medida de 24 horas do grupo controle, o mesmo comportamento não foi observado nas concentrações de CK das mulheres de ambos os grupos. O exercício realizado não foi sufi ciente para provocar micro-traumas no tecido músculo-esquelético, exceto o grupo A, indicando que o alongamento causou maiores injúrias ao tecido. O alongamento após exercício resistido demon-strou efeito indutor de microtraumas no tecido músculo-esquelético, sendo os homens mais sus-ceptíveis a este efeito.

Palavras-chave: Alongamento, Creatina Kinase, exercício.

Abstract

Efect of stretching after exercise on serum cretine kinase of men and womenThe stretching exercise is usually used as a pro-

phylactic way against damage in muscle induced by exercise. The objective of this study was to evaluate the effect of stretching after an resisted exercise in the serum concentration of creatine kinase, CK, in healthy subjects. Thirty six sub-jects, 18 men and 18 women were random into two groups. Control (C) and Stretching (A). The concentration of CK was measured pre-stretching and pos-stretching for the lower limbs. Immediately after the exercise, the group A par-ticipants have performed the active stretching, and then other three blood collection were taken with a break of 24 hours between them. Group A showed an increase in CK concentration 24 hours after exercise and group A men´s CK con-centration was different compared to the pre-stretching and in confrontation to the 24 hours measure of control group. The same behavior was not been observed in women CK levels in both groups. The exercise performed was not enough to cause micro lesions in musculoskel-etal tissue, except in group A, wich is an indica-tive that stretching caused more muscle injuries. Stretching after resisted exercise demonstrated an induced effect of micro traumas in muscle tissue and that men were more likely to it.

Keywords: Stretch, Creatine Kinase, exercise.

Efeito do alongamento pós exercício na concentração sérica de creatina kinase (ck) de homens e mulheresRafael Pereira1,2, Adriana Brust1, Juliano Gomes Barreto1 e Marco Machado1,2

1. Universidade Iguaçu (UNIG – Campus V, Brasil)2. Laboratório de Fisiologia e Biocinética – LAFIBIO (UNIG – Campus V, Brasil)

Pereira, R.; Brust, A.; Barreto, J.; Machado, M.; Efeito do alongamento pós exercício na concentração sérica de creatina kinase (ck) de homens e mulheres Motricidade 3(2): 88-93

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Introdução

Dentre os diversos recursos terapêuticos man-uais, o alongamento é um dos mais utilizados, tendo em vista sua facilidade de execução e sua efi cácia na manutenção ou melhora da ampli-tude de movimento articular. Sua efi cácia em variáveis como fl exibilidade, força, morfologia miotendínea tem sido testada 8,14,19, não havendo relatos científi cos sobre o efeito do alongamento na concentração sérica do marcador de lesão músculo-esquelética Creatina Kinase (CK).Vários métodos de alongamento são utilizados

clinicamente e no desporto, no entanto postula-se que não se deve ultrapassar o limite articular, sendo o alongamento uma forma de se manter os níveis de fl exibilidade. A execução deste pode ser de modo ativo, onde o alongamento é efetuado pelo próprio indivíduo, ou por um terapeuta, denominando-se então alongamento passivo 5,13.Os efeitos do alongamento sobre o tecido mus-

cular esquelético têm sido estudados, mas conti-nua sendo um assunto controverso 6,4,15. Postula-se que o alongamento proporcione um efeito protetor no tecido músculo-esquelético quando realizado antes e/ou após exercícios inclusive pre-venindo o aparecimento de dores musculares, no entanto, existe divergência na literatura quanto ao efeito protetor ou não do alongamento 1,9,16.Diversas metodologias têm sido utilizadas

visando mensurar os efeitos de aplicações de estresse mecânico sobre o tecido muscular, como o que ocorre durante a realização de exercícios ou alongamento, sendo as análises histológicas do tecido muscular, as dosagens séricas de mar-cadores de lesão músculo-esquelética, a mensu-ração do torque isocinético passivo e a avaliação da recuperação da força isométrica voluntária máxima as metodologias comumente utilizadas 15,24,27. Os efeitos do alongamento em variáveis como

fl exibilidade, força, vêm sendo estudados, não havendo relatos científi cos sobre o efeito do

alongamento na concentração sérica do mar-cador de lesão músculo-esquelética Creatina Kinase (CK), tampouco a infl uência do gênero nesta variável. A enzima Creatina Kinase (CK) é freqüente-

mente utilizada como marcador de injúrias mus-culares esqueléticas para identifi cação de micro-traumas induzidos pelo exercício, uma vez que este proporciona estresse mecânico às estruturas protéicas que constituem o sarcômero. As forças mecânicas exercidas pelo exercício são transferi-das ao sarcolema através de complexos protéicos, como o complexo distrofi na-glicoproteína, que permitem a fi xação dos sarcômeros ao sarcolema, acarretando rupturas neste e conseqüente extrav-asamento de proteínas intramusculares como a CK 7,10,11,18,21.O alongamento também proporciona estresse

mecânico ao tecido muscular esquelético, o que pode acarretar microtraumas no mesmo. Desta forma, o objetivo foi avaliar o efeito do alonga-mento após realização de exercício resistido na concentração sérica do marcador de injúria músculoesquelética CK de homens e mulheres saudáveis.

MetodologiaAmostra

Participaram do experimento trinta e seis indi-víduos (18 Homens e 18 Mulheres) entre 18 e 31 anos, sedentários e que não apresentavam nenhum tipo de lesão ósteomioarticular. Foram divididos em dois grupos de modo aleatório, sendo os grupos denominados de Controle (C) e Alongamento (A).

Procedimentos Todos os participantes passaram por uma aval-

iação antropométrica constituída de estatura, massa corporal total (MCT) e dobras cutâneas, sendo posteriormente calculado o percentual de

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gordura pelo protocolo de Pollock de 3 dobras e a massa corporal magra (MCM), seguida de uma coleta de aproximadamente 3 ml de sangue venoso periférico. Após estes procedimentos ini-cias todos foram submetidos a 5 min de aqueci-mento e 25 min de exercício resistido (ginástica localizada com ênfase em membros inferiores) com carga de 3 Kg em cada membro inferior. Imediatamente após o exercício, somente os integrantes do grupo A realizaram alongamento ativo com ênfase em MMII. Para verifi cação dos efeitos do exercício e do alongamento foram realizadas mais 3 dosagens de CK com intervalos de 24 horas entre elas (24, 48 e 72 h).O trabalho teve aprovação no comitê de ética e

pesquisa da UNIVAP, protocolo H117/CEP/2006 e os participantes assinaram voluntariamente um termo de participação no qual havia a descrição dos procedimentos a que seriam submetidos conforme a resolução nº 251, de 07/08/1997 do CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE e na resolução números 196, de 10/10/1996 que são as diretrizes e normas regulamentadoras de pes-quisa envolvendo seres humanos.

EstatísticaPara análise estatística utilizou-se o teste t de

“student” para avaliação da igualdade ou não das médias, sendo o nível de signifi cância de 5% (α = 0,05). Para dados com medidas repetidas foi uti-lizado ANOVA e, caso necessário, teste post hoc de Tukey, ainda com nível de signifi cância de 5%. O tratamento estatístico foi realizado em SPSS 13.0 for Windows (LEAD Technologies, 2004).

Resultados

Os grupos apresentaram perfi l homogêneo, não havendo diferença na idade, concentração basal de CK e em nenhuma das medidas antropomé-

tricas utilizadas (Estatura, MCT, MCM, percen-tual de gordura) (p > 0,05) (Tabela 1).

Não houve diferença signifi cativa nas variáveis medidas entre os grupos (p>0,05).

Levando em conta que a concentração basal de CK inicial varia muito de sujeito para sujeito, os dados de CK foram normalizados. O grupo Alongamento apresentou um aumento de 62% da concentração basal de CK no intervalo de 24 horas após o exercício (p < 0,05), não ocorrendo

Tabela 1 – Características dos sujeitos. Média ± desvio padrão das características antropométricas e das

concentrações iniciais de CK dos grupos e descriminadas por gênero.Grupo C Grupo A

Total (n=17)Homens

(n=9)

Mulheres

(n=8)Total (n=19)

Homens

(n=9)

Mulheres

(n=10)Idade (anos) 23 ± 4 23 ± 2 23 ± 5 22 ± 3 23 ± 4 21 ± 2

Altura (cm) 169 ± 9 175 ± 6 161 ± 4 167 ± 8 174 ± 6 161 ± 3

MCT (Kg) 71,3 ± 15,8 83,2 ± 9,7 57,8 ± 8,2 70,2 ± 14,5 78,1 ± 10,9 63,1 ± 13,9

MCM (Kg) 58,7 ± 16,2 72,5 ± 7,3 43,2 ± 4,5 55,8 ± 11,7 65,5 ± 7,4 47,1 ± 6,9

%G 18,4 ± 8,5 12,6 ± 6,8 24,9 ± 4,7 21,3 ± 6,8 15,7 ± 4,5 24,3 ± 5,9

CK (U/L) 182 ± 86 238 ± 87 126 ± 32 154 ± 79 210 ± 81 109 ± 39

Efeito do alongamento pós exercício na concentração sérica de creatina kinase (ck) de homens e mulheresRafael Pereira, Adriana Brust, Juliano Gomes Barreto e Marco Machado

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alterações na concentração de CK no grupo Controle (p > 0,05) como observado na Figura 1.

Ao analisar os sujeitos do sexo masculino veri-fi ca-se que houve aumento signifi cativo da con-centração de CK 24h após o exercício no grupo A (p < 0,05), efeito não observado nos indivíduos do gênero masculino do grupo C (fi gura 2). Na fi gura 2 pode-se observar que não houve efeito semelhante entre as mulheres (p > 0,05).

Discussão

Os dados obtidos neste trabalho demonstram que o exercício realizado pelos grupos Controle e Alongamento não foi sufi ciente para provocar micro-traumas no tecido músculo-esquelético a ponto de alterar signifi cativamente a con-centração sérica de CK, sendo sugerido que o tempo e a intensidade de realização do exercício

Coletas0 24 48 72

0

150

300

controle Alongamento

a

b

[CK

] Rel

ativ

o

Figura 1- Variação normalizada da concentração de CK (média ± Desvio padrão). Os valores individuais de CK foram normalizados de acordo com 0h e representados graficamente em relação ao tempo (24, 48 e 72 h). (a) diferente de 0h e diferente de do grupo C (p < 0,05); (b) diferente de C (p < 0,05).

Coletas (Horas)

0 24 48 720

100

200

300

Homens Controle Homens Alongamento

Coletas (Horas)

0 24 48 72

[CK

] Rel

ativ

o

[CK

] Rel

ativ

o

0

100

200

300

Mulheres controle Mulheres Alongamento

*

Figura 2- Comparação da variação da concentração de CK nos grupos C e A discriminados por gênero (média ± Desvio padrão). Os valores individuais de CK foram normalizados de acordo com 0h e representados graficamente em relação ao tempo (24, 48 e 72 h). (*) diferente de 0h e diferente de C (p < 0,05).

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foram insufi cientes, uma vez que as micro-lesões induzidas pelo exercício dependem destas duas variáveis 3,7.Somente o grupo alongamento apresentou

aumento da concentração de CK, em 24 horas após a realização do protocolo de exercício e alongamento, indicando um efeito indutor de micro-lesões do alongamento em músculo-esquelético, sendo este efeito relacionado ao estresse mecânico produzido pelo alongamento 6,17.Andersen 1 defende que o efeito protetor do

alongamento contra injúrias musculares é pouco signifi cativo. Este postulado é corroborado pelos dados do presente estudo, onde foi medido que o uso do alongamento é possível indutor de mio-traumas quando utilizado de forma aguda.Pizza et al 23 observaram aumento do número

de neutrófi los no tecido muscular após alonga-mento passivo o que pode ser um importante fator de adaptação do tecido muscular, propor-cionando um mecanismo protetor a longo prazo, sendo postulado que mediadores químicos, como o Fator de necrose tumoral alfa (TNF-®), libera-dos durante o alongamento seriam os responsáveis por este fato 22. Koller 12 aventa a possibilidade de que algumas citocinas, como o TNF-®, infl uen-ciem a permeabilidade celular, proporcionando o extravasamento de marcadores de injúria mus-cular como a enzima CK. Os dados obtidos neste trabalho parecem estar relacionados com os pos-tulados citados, uma vez que o alongamento pro-duz estresse mecânico, o qual é capaz de provocar microlesões no tecido alongado e/ou induzir a liberação de mediadores químicos, contribuindo para um aumento no extrevasamento do CK.Os dados deste estudo demonstram que a varia-

ção da concentração sérica de CK após proto-colo de exercício e alongamento é diferente entre homens e mulheres, podendo ser postuladas 3 hipóteses, (a) os homens serem mais suscep-

tíveis a este efeito por ter maior massa muscular; (b) os homens terem menor amplitude articular de que as mulheres; e (c) menor susceptibilidade das mulheres devido aos efeitos mioprotetores do estrogênio.As diferenças nas características de fl exibilidade

entre homens e mulheres podem justifi car a tendência à maior susceptibilidade a microtrau-mas após alongamento para o gênero masculino, uma vez que os homens possuem menor fl exi-bilidade 5. McHugh et al 20 demonstraram que indivíduos que apresentavam menor fl exibilidade eram mais susceptíveis a microtraumas induzi-dos pelo exercício, uma vez que estes apresenta-vam maior concentração de CK após exercício excêntrico. Esta constatação leva ao question-amento da infl uência do alongamento crônico na susceptibilidade a miotraumas, uma vez que o alongamento induz modifi cações na elasticidade muscular 15.

Diferenças dependentes do gênero na fun-ção e reparo muscular tem sido estudadas 25,26,29. Amelink & Bar 2 observaram aumento na con-centração de CK sérica após séries de exercícios em ratos machos, não sendo observado o mesmo em fêmeas. No mesmo estudo também obteve-se um aumento de CK após exercícios em fêmeas ovarectomizadas, indicando um efeito miopro-tetor do estrogênio. Postula-se que o estrogênio desempenhe esta função através de uma ação antioxidante e/ou estabilizadora da membrana, tornando esta menos susceptível a danos estru-turais 28,29.O alongamento após exercício resistido aumen-

tou a concentração sérica de CK, demonst-rando um efeito indutor de microtraumas e/ou da produção de citocinas no tecido músculo-esquelético, sendo os homens mais susceptíveis que as mulheres a este efeito. Mais estudos pre-cisam ser desenvolvidos visando comparar os res-postas fi siológicas do alongamento antes e após

Efeito do alongamento pós exercício na concentração sérica de creatina kinase (ck) de homens e mulheresRafael Pereira, Adriana Brust, Juliano Gomes Barreto e Marco Machado

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de exercícios resistidos com os dados obtidos neste estudo.

Agradecimentos

Aos alunos dos cursos de Fisioterapia e Educa-ção Física que voluntariamente participaram do trabalho. Resalva-se aqui que parte dos resulta-dos descritos foram previamente apresentados no 22o Congresso Internacional de Educação Física – FIEP/2007.

Correspondência

Rafael PereiraUniversidade Iguaçu (UNIG – Campus V, Brasil)[email protected]

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1. TIPOS DE PUBLICAÇÃO.

A Motricidade publica trabalhos relativos a todas as áreas das Ciências do Desporto e Ciências da Saúde ligadas com a actividade física, o desporto e o bem-estar físico e psíquico. São aceites os seguintes formatos para publicação: Artigo de Investigação, Artigo de Revisão, Estudo de Caso, Artigo Técnico e Artigo de Opinião. Para publica-ção de estudos de caso, a metodologia seguida deverá ser rigorosa e expressa no manuscrito.

2. PREPARAÇÃO E ENVIO DOS MANUSCRITOS.

Os artigos submetidos à Motricidade deverão conter dados originais, teóricos ou experimen-tais, e a parte substancial do trabalho não deverá ter sido publicada anteriormente. Se parte do trabalho foi já publicado ou apresentada pub-licamente deverá ser feita referência a esse facto na secção de Agradecimento. Os artigos serão, numa primeira fase, avaliados pelo Editor – chefe e terão como critérios iniciais de aceita-ção o cumprimento das normas de publicação, a relação do tópico tratado com as Ciências do Desporto e Ciências da Saúde e o seu mérito científi co. Depois desta análise, o artigo, se for considerado pertinente, será avaliado por 2 revi-sores independentes e sob a forma de análise “duplamente cega”. A aceitação do mesmo por parte de um revisor e a rejeição por parte de outro obrigará a uma 3ª consulta. Concluído o processo de revisão, o autor principal será infor-mado do resultado do processo. Três resultados são possíveis: aceitação, aceitação com alter-ações e rejeição. Os artigos deverão ser tão objectivos quanto

possível e evitar o uso da especulação. Os artigos serão rejeitados quando escritos em português

de fraca qualidade linguística. O formato digital será obrigatoriamente em Microsoft Word do Windows XP. Os manuscritos deverão ser escri-tos em página A4 com 3 cm de margem, em letra Arial 12, com espaço de 1,5 linhas e com formata-ção justifi cada sem avanços ou espaçamentos de parágrafos. Não deverá ser usada letra maiús-cula e as secções devem ser realçadas a negrito (bold). Tanto o texto quanto os quadros e fi guras deverão ser a preto e branco. As páginas deverão ser numeradas sequencialmente, sendo a página de título a nº1. Os manuscritos não deverão con-ter notas de rodapé. Os Manuscritos deverão ser submetidos em suporte digital no formato acima descrito via correio electrónico. Para todos os tipos de publicação aplicar-se-ão estas regras de preparação e envio dos manuscritos. A sub-missão deve ser acompanhada por uma declara-ção que indique que caso o trabalho seja aceite para publicação, os autores do mesmo cedem os direitos de autor à Motricidade. Esta declaração deve igualmente atestar que o artigo nunca foi previamente publicado.

3. NORMAS DE PUBLICAÇÃO PARA ARTIGOS DE INVESTIGAÇÃO E ESTUDOS DE CASO.

Os manuscritos deverão obrigatoriamente con-ter as seguintes secções.

Página de título, contendo:• Indicação do tipo de publicação.• Título (conciso mas sufi cientemente informa-

tivo).• Título abreviado (limite de 45 caracteres).• Nomes dos autores por extenso (nome próprio

e até dois sobrenomes) sem referência a graus académicos.

{ NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE TRABALHOS

1. TIPOS DE PUBLICAÇÃO2. PREPARAÇÃO E ENVIO DOS MANUSCRITOS3. NORMAS DE PUBLICAÇÃO PARA ARTIGOS DE INVESTIGAÇÃO E ESTUDOS DE CASO4. NORMAS DE PUBLICAÇÃO PARA ARTIGOS DE REVISÃO E ARTIGOS TÉCNICOS5. NORMAS DE PUBLICAÇÃO PARA ARTIGOS DE OPINIÃO6. ENDEREÇOS

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• Afi liação académica ou profi ssional dos autores (instituição de trabalho).• Nome e morada do autor para onde toda a cor-

respondência deverá ser enviada.

Página de resumo, contendo:• Dois resumos: um em Português e um em

Inglês (Abstract), ambos com um limite de 200 palavras.• Três a seis palavras-chave (Key words no caso

do Abstract).• No resumo e abstract, indicar os objectivos

do estudo, a metodologia usada, os resultados mais importantes e as conclusões do trabalho (referências da literatura e abreviaturas devem ser evitadas). • Antes do abstract deverá ser indicado o título

do trabalho em Inglês.

Introdução• Deverá ser sufi cientemente compreensível,

explicitando claramente o objectivo do trabalho e relevando a importância do estudo face ao estado actual do conhecimento.• A revisão da literatura não deverá ser exaus-

tiva (aconselha-se um limite de 30 referências para artigos de investigação e estudos de caso).

Metodologia• Esta secção deverá ser dividida em três sub-

secções: Amostra, Procedimentos e Estatística.• Nesta secção deverá ser incluída toda a infor-

mação que permite aos leitores realizarem um trabalho com a mesma metodologia sem contac-tarem os autores.• Os métodos deverão ser ajustados ao objectivo

do estudo; deverão ser replicáveis e com elevado grau de fi abilidade.• Quando utilizados humanos deverá ser

indicado que os procedimentos utilizados respei-tam as normas internacionais de experimenta-ção com humanos (Declaração de Helsínquia de 1975) ou que os mesmos foram aprovados por um Comité de Ética• Quando utilizados animais deverão ser utiliza-

dos todos os princípios éticos de experimentação animal e, se possível, deverão ser submetidos a um Comité de Ética.

• Todas as drogas e químicos utilizados deverão ser designados pelos nomes genéricos, princípios activos e dosagem.• A confi dencialidade dos sujeitos deverá ser

estritamente mantida.• Os métodos estatísticos utilizados deverão ser

referidos. • Fotos de equipamento ou sujeitos deverão ser

evitadas.

Resultados• Os resultados deverão apenas conter os dados

que sejam relevantes para a discussão e serem apresentados preferencialmente sob a forma de quadros (tabelas) ou fi guras.• O texto só deverá servir para realçar os dados

mais relevantes e nunca replicar informação contida nos quadros (tabelas) ou fi guras.• Os quadros (tabelas) e fi guras deverão ser

numerados em numeração árabe na sequên-cia em que aparecem no texto. Os quadros não podem conter linhas verticais e devem ocupar a largura total do espaço de impressão da página.• O título dos quadros (tabelas) deverá aparecer

no cabeçalho dos mesmos e o título das fi guras aparecer no rodapé das mesmas. As abreviaturas usadas deverão ser explicadas em rodapé (em letra Arial tamanho 10) para ambos os casos.• Os quadros (tabelas) e fi guras deverão ser

submetidas com qualidade gráfi ca que possibil-ite a redução das suas dimensões e preferencial-mente a preto e branco. • Os quadros (tabelas) e fi guras deverão ser

colocados no manuscrito.• As fi guras deverão igualmente ser submetidas

em fi cheiros separados (um fi cheiro por fi gura) em formato TIF ou JPEG com tamanho máximo de 200kb por fi cheiro.• Unidades, quantidades e fórmulas deverão

observar o Sistema Internacional (SI). • Todas as medidas deverão ser referidas em

unidades métricas.

Discussão• Os dados novos e os aspectos mais impor-

tantes do estudo deverão ser indicados de forma clara e concisa e não deverão ser repetidos os resultados já apresentados.

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• Deverá ser efectuada uma comparação com a literatura.• As especulações não suportadas pelos méto-

dos estatísticos deverão ser evitadas.• Sempre que possível, deverão ser incluídas

recomendações.• A discussão deverá ser completada com um

parágrafo fi nal onde são realçadas as principais conclusões do estudo.

AgradecimentosSe o artigo tiver sido parcialmente apresentado

publicamente deverá aqui ser referido o facto. Qualquer apoio fi nanceiro ao trabalho deverá igualmente ser referido.

Referências• As referências deverão ser citadas no texto

por número (índice superior à linha), compiladas alfabeticamente e ordenadas numericamente na listagem fi nal. Para Artigos de Revisão com mais do que 30 referências e para Artigos de Opin-ião, as referências poderão ser ordenadas pela sua citação no texto e não por ordem alfabética. Apenas quando for indispensável será aceite a indicação dos autores no texto. Neste caso, nas referências com mais do que dois autores será indicado apenas o nome do primeiro autor seguido da abreviatura “et al.”.• Na lista fi nal de referências usadas todos os

autores deverão ser indicados.• Os nomes das revistas deverão ser abreviados

conforme as normas internacionais de indexação das mesmas.• Apenas artigos publicados ou em impressão

(in press) poderão ser citados. Dados não publi-cados deverão ser utilizados só em casos excep-cionais sendo assinalados como “dados não pub-licados”.• A utilização de um número elevado de resu-

mos ou de artigos de publicações que não sejam sujeitas a um sistema de revisão científi ca (peer-reviewed) será uma condição de não-aceitação.

Exemplos de referênciasArtigo de revista

Heugas AM, Brisswalter J, Vallier JM (1997). Effet d´une période d´entraînement de trois mois sur le Défi cit Maximal en Oxygen chez des sprinters de haut niveau de performance. Can J Appl Physiol 22 :171-181.

Livro completoAltman DG (1995). Practical statistics for medi-

cal research. London: Chapman and Hall.

Capítulo de um livroHermansen L, Medbø JI (1984). The relative

signifi cance of aerobic and anaerobic processes during maximal exercise of short duration. In: Marconett P, Poortmans J, Hermanssen L (Eds). Physiological Chemistry of Training and Detrain-ing. Basel: Karger, 56-67.

4. NORMAS DE PUBLICAÇÃO PARA ARTIGOS DE REVISÃO E ARTIGOS TÉCNICOS.

Aplica-se o disposto anteriormente para os out-ros formatos de artigo, com excepção da orga-nização por secções que deverá ser a seguinte.

• Página de Título• Resumo e Abstract• Introdução• Desenvolvimento• Conclusões• Agradecimentos• Referências

Para a página de título, resumo, abstract, introdução, agradecimentos e referências, bem como para a inclusão de quadros e fi guras, aplica-se o disposto anteriormente.

Desenvolvimento• O título desta secção ou de várias subsecções

que a componham, deve ser específi co para a temática que é apresentada e de livre escolha por parte dos autores.

• Nesta secção é apresentada a informa-ção essencial que o artigo permite transmitir. Pode socorrer-se de informação já publicada

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(obrigatório no caso de artigo de revisão) e apre-sentar informação própria dos autores não pub-licada (apenas admissível no caso de artigo téc-nico). Aconselha-se um limite de 30 referências para artigos de técnicos e de 60 referências para artigos de revisão. Aconselha-se igualmente um mínimo de 30 referências para artigos de revisão. O uso de citações integrais deverá ser evitado. Quando usado este tipo de citação, o parágrafo deverá estar tabulado a 3 cm para a direita e em letra Arial estilo itálico e tamanho 10. Nos artigos técnicos, embora não seja exigida a confi rmação pelo método científi co da informa-ção apresentada, é aconselhável que os autores evitem uma linguagem especulativa e procurem objectividade na informação transmitida. A infor-mação em texto pode ser completada com quad-ros ou fi guras (sendo obrigatória a identifi cação da fonte quando não se tratem de originais). O título deste capítulo ou dos vários sub-capítu-los que o compõem, deve ser específi co para a temática que é apresentada e de livre escolha por parte dos autores.

Conclusões• Nesta parte os autores devem apresentar uma

súmula da informação transmitida, realçando a utilidade prática do trabalho e eventuais reco-mendações técnicas que derivem da informação que é apresentada.

5. NORMAS DE PUBLICAÇÃO PARA ARTIGOS DE OPINIÃO.

Os artigos de opinião serão da autoria exclu-siva de convidados pelos Editores da revista e versarão temáticas associadas com o Desporto. A sua organização em secções não é imposta aos autores e a sua avaliação será feita pelos directores da revista. Poderão socorrer-se ou basear-se em dados resultantes de investigação formal ou informal e de referências da literatura (aplicando-se neste caso as normas anterior-mente defi nidas). Neste formato, não é exigido o Resumo e o Abstract, embora se estimule os autores à sua apresentação.

Endereço electrónico para envio de [email protected]

Endereço para correspondênciaFTCD – Fundação Técnica e Cientifi ca do Des-

portoRevista da FTCDRua Eng. Duarte Pacheco, 114520-225 Sta. M.ª FeiraPortugalTel. 256 378 690 | Fax 256 378 692 | www.ftcd.

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