Você Tem Fama de Estar Vivo

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Você tem fama de estar vivo, mas está morto (Série: Igrejas de Apocalipse Sardes) Você está aqui: 1. Home 2. Artigo , Heresias/Modismos , Igreja , Ligonier , Tabletalk 3. Você tem fama de estar vivo, mas está morto (Série: Igrejas de Apocalipse Sardes) Se há algo que o livro do Apocalipse nos ensina, é que as aparências enganam, que há mais do que os olhos podem ver e que as coisas nem são como parecem ser. Quando um dos vinte e quatro anciãos diz a João para contemplar o “Leão da tribo de Judá”, por exemplo, ele se volta e vê, apenas, “de pé, um Cordeiro como tendo sido morto” (5.5-6). Em 2.9 nós lemos acerca daqueles que “a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás” (ver também 3.9). O relato da “besta que emerge do mar” e a quem foi dado “que pelejasse contra os santos e os vencesse” é, posteriormente, descrita do ponto de vista privilegiado dos céus, e somente então ouvimos acerca dos “vencedores da besta [e] da sua imagem”, os quais estão cantando não o lamento dos mártires derrotados, mas o coro da vitória e o canto de triunfo (13.7; 15.2-4). A desconexão entre como as coisas aparentam ser e como elas de fato são não é menos verdadeira no caso da carta de Jesus à igreja em Sardes. Sardes já foi descrita como “uma cidade com um passado áureo e uma segurança posta no lugar errado”. Ela possuía uma fortaleza cercada de três lados por uma imponente muralha, da qual se pensava ser tão impenetrável que a expressão “capturar a acrópole de Sardes” se tornou uma metáfora para alcançar o impossível. Contudo, a cidade afinal caiu nas mãos dos persas, graças ao excesso de confiança e ao descuido de seus cidadãos, que deixaram de vigiá-la para protegê-la de potenciais calamidades. O âmago da repreensão de Jesus a essa igreja se encontra em Apocalipse 3.1, em que ele diz: “Tens nome de que vives e estás morto”. Embora a reputação de uma igreja na comunidade ao redor seja importante, nada é quando comparada à avaliação daquele “que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas” (3.1). Segundo o nosso Senhor, que sonda o coração e prova a mente dos homens, a igreja em Sardes era muito mais saudável por fora do que por dentro. A repreensão de Jesus aos fariseus vem à mente: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mateus 23.27- 28). Diferentemente de suas observações às outras igrejas, Jesus não aponta nenhuma falta específica da parte dos crentes em Sardes. Não há menção aos nicolaítas, aos balaamitas, à mulher chamada Jezabel ou a sinagogas de Satanás. Em vez disso, a igreja

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  • Voc tem fama de estar vivo, mas est

    morto (Srie: Igrejas de Apocalipse Sardes)

    Voc est aqui:

    1. Home 2. Artigo, Heresias/Modismos, Igreja, Ligonier, Tabletalk 3. Voc tem fama de estar vivo, mas est morto (Srie: Igrejas de Apocalipse

    Sardes)

    Se h algo que o livro do Apocalipse nos ensina, que as aparncias enganam, que h

    mais do que os olhos podem ver e que as coisas nem so como parecem ser. Quando um

    dos vinte e quatro ancios diz a Joo para contemplar o Leo da tribo de Jud, por exemplo, ele se volta e v, apenas, de p, um Cordeiro como tendo sido morto (5.5-6). Em 2.9 ns lemos acerca daqueles que a si mesmos se declaram judeus e no so, sendo, antes, sinagoga de Satans (ver tambm 3.9). O relato da besta que emerge do mar e a quem foi dado que pelejasse contra os santos e os vencesse , posteriormente, descrita do ponto de vista privilegiado dos cus, e somente ento

    ouvimos acerca dos vencedores da besta [e] da sua imagem, os quais esto cantando no o lamento dos mrtires derrotados, mas o coro da vitria e o canto de triunfo (13.7;

    15.2-4).

    A desconexo entre como as coisas aparentam ser e como elas de fato so no menos

    verdadeira no caso da carta de Jesus igreja em Sardes. Sardes j foi descrita como

    uma cidade com um passado ureo e uma segurana posta no lugar errado. Ela possua uma fortaleza cercada de trs lados por uma imponente muralha, da qual se

    pensava ser to impenetrvel que a expresso capturar a acrpole de Sardes se tornou uma metfora para alcanar o impossvel. Contudo, a cidade afinal caiu nas mos dos

    persas, graas ao excesso de confiana e ao descuido de seus cidados, que deixaram de

    vigi-la para proteg-la de potenciais calamidades.

    O mago da repreenso de Jesus a essa igreja se encontra em Apocalipse 3.1, em que ele

    diz: Tens nome de que vives e ests morto. Embora a reputao de uma igreja na comunidade ao redor seja importante, nada quando comparada avaliao daquele

    que tem os sete Espritos de Deus e as sete estrelas (3.1). Segundo o nosso Senhor, que sonda o corao e prova a mente dos homens, a igreja em Sardes era muito mais

    saudvel por fora do que por dentro. A repreenso de Jesus aos fariseus vem mente:

    Ai de vs, escribas e fariseus, hipcritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente esto cheios de ossos de

    mortos e de toda imundcia! Assim tambm vs exteriormente pareceis justos aos

    homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade (Mateus 23.27-28).

    Diferentemente de suas observaes s outras igrejas, Jesus no aponta nenhuma falta

    especfica da parte dos crentes em Sardes. No h meno aos nicolatas, aos

    balaamitas, mulher chamada Jezabel ou a sinagogas de Satans. Em vez disso, a igreja

  • ouve que o resto est para morrer e que Cristo no tem achado ntegras as [suas] obras na presena do meu Deus (Apocalipse 3.2).

    Por mais irnico e contraintuitivo que possa parecer primeira vista, a igreja geralmente

    mais forte quando est diante de algum desafio especfico (seja doutrinrio ou moral);

    e o oposto tambm verdadeiro: que a igreja est em gravssimo perigo quando as

    guas esto mais calmas e quando a viagem parece mais tranquila. Se os cristos em

    Sardes estivessem enfrentando uma ameaa doutrinria especfica como os efsios,

    ento muito provavelmente eles teriam [posto] prova os que a si mesmos se declaram apstolos e no so, e os [achado] mentirosos (2.2). Ou, se estivessem enfrentando um dilema moral concreto, eles, como os de Filadlfia, provavelmente teriam usado a

    pouca fora que tivessem para no negar o nome de Jesus (3.8). Mas, quando a vida da igreja parece seguir seu caminho usual, especialmente em uma cidade tida por

    impenetrvel como Sardes, muito fcil parar de observar, parar de proteger e parar de

    ser vigilante em guardar a igreja e o seu povo. Em uma palavra, quando os lobos se

    vestem de ovelhas e Satans parece um anjo de luz, de repente se torna muito tentador

    contentar-se com celeiros maiores, mais programas e a reputao de ser uma testemunha

    vibrante na comunidade. Em meio fartura e num contexto de abundncia, a presunosa afirmao alma tens em depsito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te pode ser ouvida em muitos sales de igreja.

    Pode algum negar que essa mesma tentao assola as igrejas desta nao? Ns somos o

    grande homem do campus global, nossa fortaleza to invencvel como a cidadela de Sardes e nossas megaigrejas esto se multiplicando quase to rpido quanto nossos

    supermercados. Mas ser a fora nossa maior fraqueza? Ser que o perigo nos espreita

    por detrs de nossa suposta segurana? Ser que nossa reputao de vida no seno um fino verniz por trs do qual a morte esconde sua face?

    Talvez o maior desafio da igreja ocidental no seja a franca impiedade ou a perverso

    grosseira, mas sim um estado letrgico que nos faz entorpecidos e sem vida. Talvez, em

    meio nossa ambivalncia e autossatisfao, ns tenhamos esquecido aquele que vem

    como ladro na hora em que menos esperarmos (3.3). Talvez precisemos parar de nos darmos tapinhas nas costas, dizendo Paz! Paz quando no h paz, e comear a buscar ser como aquelas poucas pessoas em Sardes que no contaminaram as suas vestiduras, que andaro de branco junto com Jesus, pois so dignas (3.4).