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Pesquisas recentes mostram que nosso cerebrase engana quando sonha que uma casa na pra"

um carro novo ou uma grande paixao nos deix,mais satisfeitos. Mesmo sem nada disso, diz'

cientistas, estamos fadados a felicid

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o que faz voce feliz? Responda ni-pido. Vamos. Se pudesse escolhera melhor coisa para acontecer comvoce agora, provavelmente diria queera ganhar na loteria, certo? Ai po-deria comprar urn carro novo,aquelacasa dos sonhos, fazer uma viagemluxuosa, parar de trabalhar. E seriamuito mais feliz.Pode ate ser verda-de, mas essa sensa<;aonao durariamuito. Apos decadas pesquisando 0

assunto, psicologos, neurocientistase economistas chegaram it conclu-sao de que 0 dinheiro traz felicidade,sim, mas nao tanto quanto imagi-namos. E quem gasta muito acabaprejudicado na hora de aproveitarpequenos prazeres essenciais it boavida, como jantar fora na companhiados amigos ou saborear lentamenteuma barra de chocolate.

As mais recentes descobertas nocampo da ciencia nao se voltaramcontra 0 dinheiro. Elas prop6em,na verdade, uma rela<;aodiferentecom 0 saldo bancario e uma novamaneira de distribuir os gastos domeso Indicam que devemos priori-zar investimentos que trazem boasexperiencias e relacionamentos emvez de grandes tacadas. Em junho,pesquisadores das universidades deHarvard e de Virginia, nos EstadosUnidos, e de British Columbia, noCanada, divulgaram urn estudo como sugestivo nome: "Se 0 dinheiro nao te faz feliz, entao voce naoesta gastando direito". Eles questionam 0 fato de que, se granatraz essa alegria toda, por que e que os milionarios nao estaomais felizes do que a media da popula<;aomundial? A respostae que a maioria de nos nao faz ideia de quais sao os gastos querealmente trarao 0 contentamento que esperamos. "Recente-mente comprei urn par de botas de R$ 3 mil", diz a estudanteMayara Turquetti, 23 anos, que nunca teve que se preocupar emcomparar pre<;os,ao descrever uma tarde de compras comumem seu dia a dia. "Depois de algum tempo, as botas ja estavam

o

encostadas no fundo do armario, junto com tantas outra~tenho. E eu nao estava mais feliz", afirma. "E legal entrauma loja sem olhar 0 pre<;o,mas no final das contas 0 qUifaz melhor hoje e passar tempo com as pessoas de que goMayara concluiu, sozinha, 0 que os pesquisadores estao tent:nos mostrar. Gastos exorbitantes nao torn am ninguem maisno longo prazo. Aocontra rio, dizem os cientistas, pagar porrefei<;aoespecial, cursos de idiomas ou viagens curt as trmmuito mais retorno para a constru<;ao da felicidade duradcpois nos ajudam a estabelecer conex6es pessoais.

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ESSENCIA DO PRAZERNOVO L1VROMOSTRA 0 QUE ESTAPOR TRAs DE NOSSO GOSTO

ALEGRIA EM PARCELAS• No mes passado, pesquisadores dequatro universidades, entre elas a deLiege, na Belgica, testaram a influenciado dinheiro no bem-estar de urn grupo Felicidade esta ligada a pe-de pessoas. "Arela.;ao entre felicidade quenos prazeres, dizem ase pequenos prazeres e tres vezes maior descobertas mais recentes.do que entre felicidade e riqueza", diz Se e assim, em seu mais novoo psic6logo Jordi Quoidbach, que con- livro.PaulBloom,professor deduziu 0 estudo. Em urn campus da psicologiada Universidadedefaculdade, pesquisadores pediam aos Yale,nos Estados Unidos,re-transeuntes que provassem uma barra vela0 que nos da prazer.Eporde chocolate. Antes, eles precisavam que. How Pleasure Works:Thepreencher urn formulario. Em metade New Science of Why We Likedeles, foi colocada a imagem de uma What WeLike (Como0 prazercedula de d6lar. Na outra metade, uma funciona:a novacienciade porfigura neutra. Os pesquisadores obser- que gostamos do que gosta-varam que as pessoas que viram a nota mos. sem ediC;aoem portu-sentiram menos prazer ao degustar 0 gues), tem como argumentochocolate na sequencia. Fato mensura- central a teoria do essencialis-do, por exemplo, pelo tempo curto que mo.0 autor defende que,ape-gastavam para apreciar a guloseima e sar de toda a influenciagene-pelas parcas expressoes de prazer. tica, evolutivae cultural.0 que

o estudo leva a crer que a simples nos faz gostar de uma coisa ereferencia a grana poderia diminuir 0 que esta por tras dela, suaa habilidade de se usufruir de coisas essencia. Bloomcita diversossimples. "Acreditamos que, ao ver fi- estudos que comprovam, porguras de dinheiro, as pessoas sentem exemplo.que 0 que voce pen-como se tivessem aces so a tudo que sa a respeito de uma comidaquerem. 0 que, por sua vez, reduz afeta 0 quanta voce ira apre-o prazer com as pequenas coisas", cia-Ia. Essas pesquisas SaGdiz Quoidbach. "Mas nem e preciso simples. Emgeral. reunem-seter dinheiro. Basta pensar em not as dois grupos de voluntarios,

e cifroes para isso acontecer." 0 pesquisador nao e a favor que experimentam a mes-dos votos de pobreza e seu estudo vai muito alem da ideia de ma comida ou bebida, poremadotarmos urn estilo de vida semelhante ao da popula.;ao do apresentada de formas dife-Butao. 0 minusculo pais budista, localizado entre China e rentes. Depois,as pessoas re-India, ganhou fama nos anos 80 por lan.;ar 0 conceito de FIB, latam 0 quanta gostaram dosigla para Felicidade Interna Bruta. Com urn nivel minimo de que provaram.Algunsdos re-consumo, os butaneses seriam urn exemplo de felicidade para sultados: barrinhas de prote-o mundo. Mas a atitude sugerida por Quo.idbach e diferente .• ina tem gosto pior quando"Nao e que se deva ter menos dinheiro. E que precisamos descritas como proteinaapreciar melhor os pequenos prazeres." » de soja. Suco de laranja

e melhor se tiver cor brilhan-te. Crianc;asacham que leitee maC;asSaGmais saborososquando tirados de uma saco-la do McDonald's.Tambem jahouve quem preferisse cer-veja produzida no Massachu-setts Institute of Technology(MIT)- e misturada a vinagre- a Budweiser.Masas desco-bertas mais provocativas tema ver com vinhos. Emum es-tudo citado pelo autor, as re-ac;6es cerebrais durante umadegustac;ao foram acompa-nhadas pormeiode ressonan-ciamagnetica. Os voluntariosbeberam 0 mesmo vinho,po-rem extraido de garrafas di-ferentes: uma com etiquetade usS 10, outra de USS90Aspessoas declararamgostarmais do vinhoda garrafa maiscara. 0 mais impressionante eque.nesses casos. a ressonan-ciamostrou umafusao entre 0

paladar e aroma percebidos ea expectativa de sabor gera-da pelo prec;ono r6tulo.0 pro-cesso acontecia no c6rtex or-bifrontalmediaLNotim,quemacreditou que por tras da gar-rafa de usS 90 estaria uma vi-nicolaminuciosa de fato sen-tiumais prazer."Naosei sobrefelicidade,mas dinheiro podecomprarcoisas e experienciasque nos dao prazer.Mas isso e6bvio,nao?",dizPaulBloom.

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»Em uma pesquisa realizada em 2003 por equipes das uni-versidades do Colorado e de Cornell, nos Estados Unidos, commais de mil pessoas, pediu-se aos entrevistados para lembra-rem de urn gasto que fizeram e que os deixou mais felizes:57% declarou algum tipo de experiencia, enquanto apenas340/0 citou objetos adquiridos. Natural: experiencias gerammem6rias. E, quando boas, toda vez que SaGrevisitadas pro-porcionam sensa<;ao de prazer. "Optei por investir nesse anaem urn curso de frances e fazer uma viagem gastron6mica comos amigos. Poderia trocar de carro, mas nao e 0 que me da maisprazer", diz a fot6grafa Daniela Picoral, 35 anos, recem-chegadade uma temporada na regiao francesa da Provence. "Me sintomuito melhor ao conhecer e aprender coisas novas do que aocomprar outro sofa, por exemplo."

ALEGRIA DA NA<;AOATE QUANDO RIQUEZA E AFELICIDADE DE UM POVO

ENGANO CEREBRAL• 0 que nos faz investir grandes economias em algo que supos-tamente nos deixaria mais contentes - como comprar 0 sofanovo no lugar da viagem - tern a ver com urn engano comum damente humana. Nos ultimos 2 milhoes de anos, 0 nosso cerebroaumentou cerca de tres vezes em tamanho, devido principalmentea uma area chamada lobo frontal. Trata-se da parte responsavelpela capacidade de pensar no futuro e fazer pIanos. Epor isso queconseguimos imaginar 0 quanta uma situa<;ao sera prazerosa ounao antes mesmo de chegarmos a ela. E urn simulador de situa-<;oesque existe na mente. Porem, esse simulador e falho. E muito.Frequentemente, superestima 0 poder dos acontecimentos, tantobons quanto ruins: 0 termino de urn namoro, uma promo<;ao noemprego ou a compra de urn carro novo.

Em urn estudo classico, realizado na decada de 70, pesqui-sadores das universidade de Massachusetts e de Northwestern,nos Estados Unidos, compararam 0 myel de felicidade de urngrupo que tinha ganhado na loteria com outro, que havia ficadoparaplegico. Ainda que, logo depois do ocorrido, as pessoas doprimeiro time tenham se sentido muito felizes e as do segundoestivessem no extremo oposto dessa sensa<;ao, ap6s 0 periodode urn ana 0 nivel de felicidade dos dois grupos era praticamenteo mesmo. 0 resultado surpreende, mas continua se provandoverdadeiro em casos como 0 da atriz paulista Denise Ferreira, 27anos. Aos 18 ela ficou paraplegica ao sofrer urn acidente de carro."Nao conseguia dormir, chorava muito, tinha vergonha que aspessoas me olhassem. Durou uns tres meses", diz. As estatisticasapontam que, ap6s esse curto periodo de tempo, urn trauma janao causa tanto impacto sobre a felicidade do individuo. Coma reabilita<;ao, Denise conseguiu recuperar alguns movimentosda parte superior do corpo. Hoje, trabalha com 0 que gosta, ternpIanos de casar e garante se sentir feliz e realizada.

Se 0 consumo de bens materiaisnao e a chave para a felicidade noplano individual. isso se reflete nasnar;:i5es.E 0 que mostra 0 Happy Pla-net Index (HPI. indice do Planeta Fe-liz, em portugues). Criado em 2006pela ONG britanica New EconomicsFoundation (NEF), 0 indice mede aeficiencia dos paises em convertera explorar;:ao de recursos naturaisem vidas mais longas e felizes paraseus habitantes Para isso, combinaquatro medidas: emissao de carbo-no, expectativa de vida, satisfar;:aoe um quarto indice que conjuga es-ses dois ultimos, 0 chamado "anosde vida felizes". A conclusao da ul-tima lista, divulgada em 2009, e deque os paises mais ricos e indus-trializados nem sempre conseguemreverter toda essa bonanr;:a emlongevidade e alegria para sua po-pular;:ao. Para se ter ideia, 0 primeirolugar (atenr;:ao, 0 HPI nao lista quaisSaG os paises mais felizes, mas osmais eficientes em converter recur-50S em felicidade) ficou com a CostaRica. A poluir;:ao per capita da i1hanaAmerica Central e quatro vezes me-nor do que ados Estados Unidos,que ocuparam a 114a posir;:ao. Paraos idealizadores do ranking, 0 resul-tado nao causa surpresa, ja que osgovernos, ha muito tempo, tem seconcentrado nos indices equivoca-dos, como 0 de renda interna bruta.Se voce tem 0 mapa errado, fica di-ficil chegar ao destino. E como umapessoa que nao sabe onde investiro dinheiro e acaba sendo menos fe-liz do que poderia.

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CONFIRA UMA PARCIAL DO ULTIMO RANKING DO HPI,QUE ANALISOU 143NAC;:OESEM 2009. NOVE ENTRE OS DEZ PRIMEIROS COLOCADOS ESTAONA AMERICA LATINA. ALGUMAS POTENCIAS MUNDIAIS FIZERAM FEIO,MASDEIXARAM 0 ULTIMO LUGAR LIVRE.A PONTUAC;:AOVAl DE ZERO A CEM

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Ahist6ria, digna de novela, e urnexemplo do que Daniel Gilbert, di-retor do Laborat6rio de PsicologiaHedonica da Universidade de Har-vard chama de felicidade sintetica.Da mesma forma que 0 sistemaimunol6gico fisico protege 0 nos-so corpo contra bacterias, virus eoutros organismos que nos fariamadoecer, 0 psicol6gico seria capazde fazer as pessoas mudarem suasvis6es de mundo para se sentiremmelhor com a realidade, seja elaqual for. Isso ocorreria por meiode processos cognitivos, principal-mente, inconscientes. Segundo ele,fabricamos essa felicidade quandonio conseguimos exatamente 0 quequeremos, mas ela nio e inferior emqualidade ou dura<;io a felicidadeque se encontra naturalmente.

Gilbert provou sua tese por meiode urn experimento em que mos-trou seis reprodu<;6es de quadrosdo pintar impressionista francesClaude Monet para voluntarios. Aspessoas tinham que enumera-Iasde 1 a 6, come<;ando pelo quadrode que mais gostavam. Depois,o pesquisador contava que tinhareprodu<;6es para presentea-Ios,mas apenas as de numero 3 e 4 noranking criado. Naturalmente, osvoluntarios escolhiam a de nume-ro 3.Algum tempo depois - tantofazia se 15minutos ou 15 dias -,Gilbert pedia para que refizessemo ranking. E adivinhe? 0 quadroque tinham levado para casa viravao segundo na fila. Enquanto isso,o que havia sido deixado para trascaia para a quinta posi<;io.Era co-mo se a pessoa estivesse dizendo:»

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}}"Oquadro que eu tenho e melhor do que eu pen-sava; 0 que deixei para tnis e pior do que pensava"."Quando estamos presos a uma realidade, ficamaisfacil produzirmos felicidade", afirma Gilbert. 0pesquisador aplicou 0 mesmo teste com pacientesque sofriam de amnesia. Os resultados foram iden-ticos. Com urn detalhe: os voluntarios, dessa vez,nao tinham como se lembrar de que haviam ga-nhado urn dos quadros. "Eles realmente mudaramsuas rea<;6esesteticas, hedonicas e afetivas sobreaquelas reprodu<;6es", disse Gilbert a epoca.

A GENTE SE ACOSTUMA• Ja sabemos que nos acostumamos a tudo e queconseguimos ser felizes mesmo depois de umatragedia. Qualquer livro de autoajuda barata dizisso. Mas 0 que explica 0 fato de os ganhadoresda loteria nao estarem muito acima, em termosde contentamento, do que os que foram obrigadosa andar de cadeira de rodas? "Aadapta<;ao e umapropriedade dos neuronios. As celulas nervosasrespondem vigorosamente a urn novo estimulo, masgradualmente se habituam a ele", diz 0 professorde psicologia da Universidade de Virginia, JonathanHaidt, em seu livro Uma Vida que Vale a Pena (Cam-pus). 0 outro lado dessa acomoda<;aoe 0 fenomenoque com 0 passar do tempo nos faz deixar de vergra<;aate em coisas boas. Por isso podemos ficarhabituados a dirigir urn carro de luxo ou a comercaviar diariamente no jantar, por exemplo. E a cha-mada adapta<;aohedonica, sobre a qual os cientistasda felicidade vem se debru<;ando recentemente. 0conceito explica 0 fato de que nossa alegria comnovas conquistas, ainda que muito aguardadas,nunca dure tanto quanto prevemos. E 0 que faz comque as botas carissimas compradas pela estudanteMayara signifiquem urn prazer passageiro e sejamesquecidas em pouco tempo. 0 truque para poster-gar essa adapta<;ao seria apostar em experienciasem vez de bens materiais. Uma geladeira e sempreuma geladeira, ja urn jantar, ainda que no mesmorestaurante, e sempre diferente.

A adapta<;aohedonica esta ligada diretamente a quantidadede dinheiro em sua carteira. Se uma pessoa sabe que tern 0

suficiente para pagar por qualquer tipo de prazer, obtera menossatisfa<;aocom ele. "0 que e garantido nao tern a mesma gra<;apara nosso cerebro quanto 0 que precisa ser conquistado", afirmaa neurocientista carioca Suzana Herculano-Houzel, autora dolivro Fique Bern com seu Cerebro - Guia Pratico para 0 Bem-Estarem15Passos (Sextante). "Foi descoberto que 0 pica maximo deprazer em nossa mente ocorre ao planejarmos algo que tern 50%de chance de dar certo", diz. "Quando temos 1000/0 de certeza,a libera<;aodos neurotransmissores da felicidade e menor."

LAZER E BONS RELACIONAMENTOS• Com todo esse conhecimento, como e que fazemos para usarnosso dinheiro a fim de sermos mais felizes? Quem pensou emgastos com diversao come<;oubem. Em urn estudo divulgadono ana passado, 0 professor de Assuntos Publicos, Popula<;ao,Saude e Economia da Universidade de Wisconsin, EUA,ThomasDeLeire, analisou nove categorias de consumo, como cuidados

pessoais, comida, saude, veiculos e residencias. Concluiu quea unica que se relacionava positivamente a felicidade era 0 la-zer, principalmente aquele que proporciona melhores rela<;6esinterpessoais. "Entretenimento, artes e esportes aumentam aintera<;aosocial e diminuem a solidao. 0 que explica, em parte,por que aumentam a felicidade", diz Thomas.

Essa rela<;aoentre ser feliz e ter boas conex6es esta sendoreafirmada em outros estudos recentes. 0 psic610gocognitivoMatt Killingsworth, do Laborat6rio de Psicologia Hedonica daUniversidade de Harvard, conduz atualmente a pesquisa TrackYour Happiness Using Your iPhone (Rastreie sua FelicidadeUsando seu iPhone). Ele envia mensagens via celular para vo-luntarios que respondem 0 que estao fazendo e dizem 0 quantoestao curtindo aquela atividade. 0 metodo foi criado em 1990com 0 usa de pagers pelo hungaro Mihalyi Csikszentmihalyim,fundador da psicologia positiva (linha que foca nos potenciaise capacidades dos seres humanos). Em suas pesquisas, Csi-kszentmihalyim descobriu que a hora da refei<;aoera a de maiarfelicidade para amaioria dos voluntarios, especialmente quando

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+G= genetica

(50%)c = condi<;6es(como idade.sexo. estado

civil e moradia:10%)

A = atividades(comose

exercitar. fazercursos ou viajar:

40%)* f6rmula desenvolvida pelos psic61ogos positivos

Sonja Lyubomirsky, Ken Sheldon e David Schkade

estavam em boa companhia. As conclu- Dil PRA PARCELAR?soes do estudioso de Harvard apontam • Anova cienciada felicidaderecomenda ainda nao apostar todaspara 0 mesmo caminho. "Estar focado as fichas em uma so experiencia, mas parcelar as alegrias de vidaem uma atividade no presente e gastar em varias vezes, a fim de prolongar a sensa<;aoboa. "Se alguemtempo com os amigos e a familia pa- ganhasse, de uma vez, US$ 75mil, nao deveria gastar tudo emrecem ser uma forma eficiente de ser urn carro ou uma (mica viagem dos sonhos", diz a professorafeliz", diz Killingsworth, de psicologia positiva da Universidade da California e autora de

Exemploradical dessa busca de novas A Ciencia da Felicidade (Campus), Sonja Lyubomirsky. A reco-conexoes na vida, 0 musico e cientista da menda<;aode Sonja e usar essa bolada, por exemplo, para saircomputa<;aoDenilson Shikako, 30 anos, para jantar com frequencia, comprar flores, fazer massagens ouvendeu carro e apartamento e aplicouR$ pequenas viagens.Avisao e partilhada por uma pesquisa par pes-1milhao na funda<;aode uma ONGde- quisadores de Harvard, Virginia eBritish Columbia. "Afelicidadepois do assassinato de seupai, em 2000, e mais associada com a freqiiencia do que com a intensidade dos

Aideia era estimular a criatividade entre pessoas de baixa renda, prazeres", diz 0 estudo, que ilustra a mensagem com 0 numerode modo que ele investiu em urn projeto para os moradores no ideal de parceiros sexuais para se ter ao longo de 12meses: urn.Capao Redondo, zona suI de Sao Paulo. Atualmente, divide-se "Multiplos parceiros sac ocasionalmente empolgantes, mas par-entre a ONG e consultoria para grandes empresas, cuja renda ceiros regulares sac regularmente prazerosos."reinveste na mesma organiza<;ao. "Aquela felicidade que te faz Afelicidade verdadeira, concluem as pesquisas, precisa de ma-dormir sorrindo so acontece quando voce participa de coisas nuten<;ao,pois nao esta ligada a picos de alegria. Eles iraQpassarcom urn significado real", diz Denilson. 0 administrador publico por uma adapta<;aonatural da mente, "Cada pessoa tern seu pontoHenrique Bussacos, 30 anos, fezurn caminho semelhante. Depois de equilibrio de felicidade, que tern grande influencia genetica,de uma carreira promissora embancos de investimento, percebeu mas tambem contem fatores mutaveis", diz Suzana Herculano-que nao se encaixava no perfil corporativo. A consciencia veio Houzel (veja diagram a acima). "Aconte<;a0 que acontecer, comquando urn colega teve urn ataque epiletico no trabalho e poucos 0 passar do tempo a tendencia e que se volte a esse nivel basal."pararam para ajudar, em 2007. "Apreocupa<;aopelo lucro era Por mais que voce seja capaz de pagar pelos melhores vinhos etamanha que ficou acima do instinto humano", diz, Pouco tempo roupas, e em a<;oescotidianas que ficara mais feliz. Por outrodepois, ele abriu mao de urn salario de R$ 12mil e passou lado, dinheiro nao pode ser urn vilao - desde que se saibaa se dedicar a priiticas sociais, Hoje tern urn cafe que se egasta-lO seguindo os passos dos cientistas. A grande esustenta e, ao mesmo tempo, ajuda comunidades de baixa esperada formula para ser feliz se resume a algo bemrenda a incluirem os produtos que produzem nomercado. simples: aproveitar urn dia apos 0 outro e tirar 0 melhor"Ganho metade do que recebia no banco, mas fa<;o0 que dos pequenos prazeres ao nosso alcance,Afinal, a cienciagosto e 0 que acredito ser born para todo mundo." provou que todos nos estamos fadados a felicidade'lg