Vivendo Bem e Ativo Até os 100 Anos

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Alysson da Silveira Campos Vivendo Bem e Ativo até os 100 anos Você está preparado? Editora Dracaena / 2011

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Livro Vivendo Bem e Ativo Até os 100 Anos - Alysson Silveira

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Alysson da Silveira Campos

Vivendo Bem e Ativo até os 100 anos Você está preparado?

Editora Dracaena / 2011

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Vivendo Bem e Ativo até os 100 anos

Você está preparado?

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___________________________________________Dedicatória

Dedico este livro a todos os colegas de trabalho por onde passei,

por terem contribuído para meu crescimento profissional,

proporcionando-me as experiências necessárias à construção

dessa obra. E também, aos pacientes, cujas histórias de vida

contribuíram grandemente para meu crescimento espiritual,

ensinando-me o real valor da vida e da saúde.

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______________________________________________Agradecimento

O agradecimento mais que especial vai para meus pais, Ney

Franco da Silveira e Maria Conceição Campos Franco, aos quais

nunca conseguirei retribuir o esforço que despenderam em meu

favor, suportando grandes dificuldades em meu benefício. Aos

meus irmãos e ao “cunhado-irmão” (Rogério Silveira Franco),

estendo esse sentimento. Ter nascido nessa família é um

privilégio enorme que Deus me concedeu, e toda honra e glória a

Ele que moldou o caráter de todos vocês, e assim permitiu que

me ajudassem. Minha eterna gratidão!

À minha amada irmã, Marinez da Silveira Franco, gostaria

de agradecer pelos beijos, carinhos e elogios da época de

criança. Agora, já adulto, entendo e tenho a capacidade de

praticar o elogio e a cortesia como eficaz tratamento da tristeza,

da angústia e do medo.

Especial agradecimento também à minha amada esposa,

Lidiane Fernandes Campos, que de forma inesperada, entrou

definitivamente em minha vida e, com muito amor, vem me

amparando e me ajudando nos bons e maus momentos, sendo

uma verdadeira companheira, um presente de Deus.

Enfim, agradeço a todos que contribuíram para a

construção dessa obra, em especial, Ênia Garcia, Maria das

Graças Lopes, Fernando Silveira e Aline Machado. Obrigado!

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Ter, bem arraigada na alma, ou consciência, a possibilidade de

morte a qualquer momento é um maravilhoso sentimento e um

sinal de sabedoria. Um sentimento libertador que não nos

permite desperdiçar o tempo restante. Sabedoria que nos liberta

das futilidades e nos leva ao perdão e ao amor racional,

propiciando assim, cura e prevenção, aumentando a

probabilidade do Vivendo Bem e Ativo até os 100 anos – você

está preparado?

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______________________________________________Sumário Prefácio Introdução Capítulo 1: Por que se deve cuidar da saúde? Capítulo 2: A prevenção das doenças cardiovasculares Capítulo3: Entendendo e combatendo os fatores de risco cardiovasculares Capítulo 4: Aprendendo a calcular e a reduzir o risco de infarto Capítulo 5: A prevenção do câncer Capítulo 6: Saiba mais sobre o fígado, os rins, a tireóide e as principais doenças sexualmente transmissíveis Capítulo 7: Espiritualidade e saúde Capítulo 8: O check-up e a relação paciente-médico Capítulo 9: O paciente informado e a corresponsabilidade Considerações finais Bibliografias consultadas

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____________________________________Prefácio

Há cerca de dois meses tive o privilégio de receber o convite

de Dr. Alysson da Silveira Campos para escrever o prefácio da 2ª

Edição de seu livro “VIVENDO BEM E ATIVO ATÉ OS 100

ANOS”. Trabalhamos juntos durante sua Especialização em

Clínica Médica, no Hospital Márcio Cunha, Ipatinga, MG.

Sempre aplicado, estudioso, questionador naquilo em que ainda

não dispunha de experiência prática, buscando conhecer o que de

mais novo e eficaz existe para cura dos pacientes. Extremamente

responsável e carinhoso com as pessoas que nos procuravam para

obter alívio de seus sofrimentos. Ao término de sua

Especialização, nenhuma dúvida eu tinha quanto ao sucesso

profissional que naquela época se iniciava.

Este livro mostra seu desprendimento, com horas de seu

precioso tempo, no único intuito de conscientizar as pessoas a

cuidarem de suas saúdes, proporcionando-lhes qualidade de vida

digna de um ser humano: viver com alegria, bem-estar, deixar

marcas de suas realizações para gerações futuras. O livro é muito

bem elaborado, com explicações claras, objetivas e simples,

passível de compreensão por qualquer pessoa com algum

conhecimento básico.

Vivemos hoje em um mundo bem diferente de alguns anos

passados. A melhoria nas condições de vida de parte considerável

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da população, principalmente nos países desenvolvidos e outros

em desenvolvimento, proporcionou grande aumento no poder de

compra das pessoas. Isso trouxe muitos benefícios, mas, aliado às

pressões do “consumismo”, acarreta também eventos e coisas

prejudiciais. A imprensa escrita, falada, televisada e, hoje, mais

forte ainda com a informática (Internet), com propagandas bem

concebidas e confeccionadas, estimulam de maneira incontrolável

o interesse pela compra de tudo: alimentos mais saborosos,

carros, bebidas alcoólicas, jogos, cigarro e outras drogas ou

prazeres. Os alimentos mais saborosos e bonitos são aqueles em

geral mais calóricos, ocasionando diversas doenças, não só

levando a mortes, mas também a sequelas irreparáveis (perda da

fala, visão, movimentos, consciência) e muitos outros

sofrimentos. E, muitas vezes, as pessoas não sabem reconhecer os

perigos nem prevenir-se contra esses riscos.

Tenho absoluta certeza de que o pensamento do Dr.

Alysson, pelo seu espírito cristão e humanitário, é daqui a alguns

anos tomar conhecimento de sua grande contribuição, com o bem-

estar adquirido por centenas ou milhares de pessoas, que algum

dia tiveram a felicidade de ler esta obra. Apesar de muito jovem,

ele parece ter assimilado, na prática, as palavras do texto “Valioso

tempo dos Maduros” (atribuído, com contestações, ao poeta

angolano Mário Pinto de Andrade, com citação do nosso Mario

de Andrade): nos dias atuais, “... as pessoas não debatem

conteúdos, apenas os rótulos. Não devemos perder tempo em

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conversas intermináveis, assuntos inúteis, administrando

melindres de pessoas que apesar de idade cronológica, são

imaturas. Deveríamos caminhar perto de coisas e pessoas de

verdade. O essencial faz a vida valer a pena.” Tenho convicção de

que, para o Dr. Alysson, basta o ESSENCIAL. Muito jovem, ele

já marcou o seu caminho: viver com dignidade e prazer,

desejando o mesmo para seus semelhantes e sobretudo, ajudando-

os nessa jornada.

Dr. Aloísio Bemvindo de Paula

Médico Intensivista e Infectologista

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__________________________________Introdução

O objetivo dessa obra é promover saúde na sua vida e na sua família por meio da informação, motivando uma boa relação paciente-médico e um inteligente uso dos recursos disponíveis no sistema de saúde.

A educação ou reeducação é o pilar dessa promoção de saúde. Ela nos conduz a um conhecimento básico sobre as principais doenças, a uma boa relação paciente-médico e ao adequado uso dos recursos, nos levando assim, à eliminação ou controle dos fatores de risco, antes que surjam as enfermidades. O resultado é melhor qualidade de vida agora e maior probabilidade de saúde e vida ativa na velhice.

Envelhecer com saúde e manter-se ativo deve ser a meta de todos. Para isso, é necessário se preparar desde já. Quanto mais cedo forem iniciadas as mudanças de estilo de vida, melhor. No entanto, nunca é tarde para iniciá-las, e mesmo os mais idosos são extremamente beneficiados com essas mudanças.

É importante entender a crescente expectativa de vida da população brasileira e começar a preparação para uma vida longa e produtiva, consciente de que a maior parte das doenças é evitável.

Doenças crônicas como infarto, derrame e câncer são as que mais matam em nosso país, e hoje, sabe-se que mais de 70% das doenças cardiovasculares (infartos e derrames) e, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 40% dos casos de cânceres podem ser evitados. A eficácia da prevenção é inquestionável e, muitas vezes, os tratamentos existentes oferecem perspectivas de cura inferiores aos benefícios ofertados pela prevenção.

De extrema importância também, é entender o conceito de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. Atualmente, existem

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inúmeras pesquisas que estudam a inclusão da espiritualidade nesse conceito, pois, a consciência, ou alma, é a sede dos afetos e desafetos, dos sentimentos e paixões. Certos desafetos e paixões podem gerar doenças crônicas e observamos a espiritualidade como poderoso auxiliar na prevenção e cura desses distúrbios. Quando a mente e a alma vão mal, todo o corpo sofre. O estresse excessivo, a depressão, a incapacidade de perdoar, a avareza, o egocentrismo e a angústia podem gerar infarto, derrame, câncer e outras doenças crônicas.

As chaves para a adequada prevenção de sequelas e doenças, as peculiaridades da relação paciente-médico e o correto uso dos recursos disponíveis no Sistema de Saúde são discutidos nos próximos capítulos de forma clara e objetiva. Informações importantes que podem influenciar sua qualidade de vida ao longo dos próximos anos.

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____________________________________________Capítulo 3

Entendendo e combatendo os fatores de risco cardiovasculares

Os homens determinam seus hábitos, e estes, o seu futuro.

(Mike Murdock)

Hipertensão arterial sistêmica: a pressão alta recebe o nome de hipertensão arterial sistêmica na linguagem médica. Sabe-se que a hipertensão é um grave fator de risco para acidentes cardiovasculares e insuficiência renal crônica, porém, seu bom controle permite que o paciente tenha vida longa, saudável e livre de complicações.

Observe o funcionamento do sistema cardiovascular e entenda a importância de se manter uma pressão arterial sob controle. O coração funciona como uma bomba que distribui sangue para todos os órgãos do corpo. Esse sangue bombeado circula pelas artérias e veias, sob uma pressão normal. Artérias e veias funcionam como um sistema de mangueiras ou tubulações que conduzem o sangue aos demais órgãos. Na linguagem médica, esse sistema de artérias e veias recebe o nome de Sistema Vascular, que, juntamente com o coração, formam o Sistema Cardiovascular.

Quando o coração bombeia o sangue, uma pressão é gerada dentro das artérias, essa é a pressão máxima ou pressão sistólica, que fica em torno de 12 (120 na linguagem médica). Em seguida, após bombear o sangue, o coração se relaxa para

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novamente se encher de sangue. Nesse momento a pressão dentro das artérias cai para aproximadamente 8 (80 na linguagem médica). Essa é a pressão arterial mínima ou pressão diastólica. Por isso, fala-se que a pressão normal é 12 por 8 (120 por 80), que significa a pressão dentro das artérias no momento em que o coração bate (sístole) e relaxa (diástole) respectivamente.

Como dito anteriormente, as doenças desse Sistema Cardiovascular são as principais causas de mortes e sequelas e, a pressão alta dentro das artérias é o mais grave fator de risco para o desenvolvimento dessas complicações. É de extrema importância que se mantenha a pressão dentro do normal, ainda que para isso tenha que mudar hábitos de vida e tomar as medicações. O bom controle da pressão evita os acidentes cardiovasculares, e hoje, sabe-se que os remédios empregados nesse controle são altamente eficazes e proporcionam vida longa e livre de sequelas.

A pressão ideal é 12 por 8, porém, o mais correto é falar 120 por 80 ( 12 por 8 é apenas abreviação do correto). Pressão de 139 por 89 ainda é considerada normal e aceitável. Quando a pressão chega a 140 por 90 o paciente é considerado hipertenso.

Fazer o diagnóstico de hipertensão é simples e não é necessário nenhum exame especial. A pressão pode ser medida por qualquer pessoa que saiba usar o aparelho de aferição da pressão. Medir a pressão periodicamente deve fazer parte dos hábitos de vida. Quando se observa pelo menos duas medidas (aferições) de pressão maior ou igual a 140 por 90, o diagnóstico de hipertensão é muito provável, em seguida, deve-se procurar um médico e discutir o assunto.

A hipertensão pode ser leve, moderada ou grave, dependendo dos níveis de elevação da pressão. A hipertensão leve (ou estágio 1) é quando a pressão chega a valores próximos de 160 por 100. Esses são os hipertensos de mais fácil controle, que vão necessitar de mudanças de estilo de vida e, no máximo, de uma medicação. A hipertensão moderada (ou estágio 2) é

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quando a pressão atinge valores próximos 180 por 110 e esses pacientes apresentam uma maior dificuldade de controle, necessitando de orientações e mudanças de hábitos de vida mais severas e, às vezes, de pelo menos duas medicações diferentes.

Hipertensão grave (ou estágio 3) é quando a pressão atinge valores de 180 por 110 ou mais. Esses são os pacientes de difícil controle. Nesses casos, o controle depende de muita dedicação e empenho do paciente. Rigorosas mudanças de estilo de vida são necessárias. É fundamental abandonar o tabagismo, reduzir drasticamente o consumo de álcool, perder peso, praticar atividade física regularmente, fazer reeducação alimentar e usar com disciplina as medicações que, na maioria das vezes, são três ou mais remédios diferentes.

A falta de informação ou a negligência nesses casos leva a um desfecho certo e absoluto, ou seja, a ocorrência de infarto, derrame ou insuficiência renal crônica é fato concreto ao longo dos próximos anos. Saber disso e continuar não se cuidando é uma atitude irresponsável e imprudente. É uma consciente escolha de realmente passar os últimos 10 ou 15 anos de vida na cama.

Da mesma forma que se desenvolve o hábito de escovar os dentes para evitar cárie, pode-se desenvolver o hábito de tomar as medicações da pressão para evitar complicações maiores.

A pressão alta, ao longo de 15 ou 30 anos, vai lesando as artérias e causando as doenças arteriais. Quando as artérias do cérebro adoecem, isso recebe o nome de Doença Arterial Cerebrovascular, e suas consequências são o Acidente Vascular Cerebral (AVC ou Derrame) e a Demência Vascular (Caduquice). Quando a doença arterial atinge as artérias do coração, as coronárias, isso recebe o nome de Doença Arterial Coronariana, e suas consequências são o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM ou Infarto) e a Insuficiência Cardíaca (coração grande). Outra complicação causada pela hipertensão é a insuficiência renal crônica, que conduz muitos pacientes ao tratamento dialítico (hemodiálise).

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É muito importante entender que a hipertensão, muitas vezes, é uma forte herança genética. É uma característica familiar que passa de pais para filhos. Os filhos de hipertensos podem se tornar hipertensos a partir de qualquer idade, então, o hábito de aferir a pressão periodicamente é fundamental.

Mudança de estilo de vida é a única forma de evitar a hipertensão e, mesmo assim, ainda há hipertensos magros e atletas que necessitam de medicamentos. Porém, se o paciente mantém o peso adequado e faz atividades físicas, sua hipertensão será, geralmente, leve e de fácil controle, e, uma vez controlada não haverá complicações.

Os cuidados básicos para evitar o surgimento da hipertensão ou facilitar seu controle são: abandonar o cigarro, diminuir ou abandonar a bebida alcoólica, praticar atividade física regularmente, evitar alimentos gordurosos e ricos em sal (conservas, enlatados e defumados) e combater o excesso de peso.

Todo paciente hipertenso deve aceitar que realmente existe o risco presente em sua vida e tomar a responsável postura de se tratar, antes que surjam as complicações.

Diabetes: conhecido no dia-a-dia como açúcar alto no sangue. Na linguagem médica, açúcar significa glicose.

Trata-se de uma alteração endocrinológica caracterizada pela falta absoluta ou relativa de insulina, levando a altos níveis de glicose na corrente sanguínea. Essa glicose elevada, ao longo de 10 ou 20 anos, vai lesando o sistema cardiovascular assim como ocorre com a pressão alta.

Diabéticos bem controlados, também têm vida longa e poderão viver com qualidade de vida e ativos até os 100 anos. No entanto, para isso, é fundamental entender o que é o Diabetes, aceitar o diagnóstico, enfrentar a presença do problema de peito aberto, e, com responsabilidade, mudar hábitos e se tratar.

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As medicações usadas no controle do Diabetes são extremamente eficazes e bem toleradas, porém, é importante um bom e rigoroso acompanhamento médico. No controle do Diabetes, o médico não pode ser muito brando e permissivo. É necessário rigor e informações claras e verdadeiras, e assim, o paciente será beneficiado com qualidade de vida na velhice.

O diabético precisa viver como diabético. Ele precisa fazer atividade física quatro vezes por semana, evitar doces, gorduras e frituras em excesso e deve abandonar o uso do cigarro e do álcool. Isso é viver de forma sábia e saudável, ou seja, é assim que todos deveriam viver, independe de ter ou não o diabetes.

As lesões vasculares do Diabetes podem acometer as pernas e causar amputações, podem acometer os rins e causar insuficiência renal crônica e dependência da máquina de hemodiálise para o resto da vida; podem acometer as coronárias do coração e causar infarto; podem acometer as artérias cerebrais e causar derrame; e podem acometer, também, as artérias da retina dos olhos e causar cegueira. O rigoroso controle do Diabetes não deixará que essas complicações se desenvolvam.

Existem dois tipos de Diabetes, o tipo 1 e o tipo 2. O Diabetes tipo 1 é o mais raro; corresponde a menos de 10% dos casos e ocorre preferencialmente em crianças, adolescentes e jovens. Até hoje, não se sabe muito bem a sua causa e não há prevenção eficaz.

O Diabetes tipo 2 é o mais comum, sendo responsável por mais de 90% dos casos. Seus fatores de risco são bem conhecidos e comprovados, por isso, a prevenção é eficaz.

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 são: obesidade, sedentarismo, uso excessivo de bebidas alcoólicas, história familiar de diabetes e idade maior que 45 anos.

O exame diagnóstico de Diabetes é simples e de fácil realização, feito através de uma amostra de sangue colhido pela manhã, após 12 horas de jejum. Um primeiro resultado de

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glicose maior que 126 é suspeito, e então, um novo exame confirmatório é obrigatório. Caso o segundo exame realmente confirme glicose maior que 126, o diagnóstico de diabetes é confirmado e, assim, o paciente deve procurar seu médico e discutir o assunto.

Para se evitar o Diabetes, o primeiro passo é verificar se há casos na família. Caso haja, é necessário conscientizar-se de que há potencial genético para o desenvolvimento do diabetes, porém, os genes que determinam o início do problema estão “dormindo” e ainda não se manifestaram. Havendo cuidado no combate aos demais fatores de risco, esses genes poderão permanecer adormecidos por toda a vida.

O segundo passo para não se tornar diabético, é entender os fatores de risco modificáveis citados acima, e combatê-los antes que os genes do diabetes acordem.

Caso já tenha se tornado diabético, não há necessidade de pânico, ainda há tempo para controlar e evitar as lesões. Para isso, é necessário acompanhamento profissional. Obedecer às orientações médicas é fundamental, ele quer o melhor para você. Não seja rebelde, pois, o preço a pagar é muito alto.

Sedentarismo: a falta de atividade física regularmente recebe o nome de sedentarismo. Trata-se de outro grave fator de risco cardiovascular, e também, é fator de risco para o desenvolvimento de câncer.

Muitas pessoas não praticam atividade física porque acreditam que, para abandonarem o sedentarismo, precisam se tornar atletas. Sabe-se que isso não é necessário. Não precisa ser atleta ou querer competir. O importante é livrar-se do sedentarismo. Para isso, basta praticar a mínima atividade física necessária, que é a realização regular de pelo menos 30 minutos quatro vezes por semana.

Qualquer atividade física como caminhar, pedalar, correr ou nadar é aceitável. É muito fácil e compensa tentar. Segundo algumas pesquisas, essa mínima atividade física é capaz de

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reduzir o risco cardiovascular de um indivíduo em até 34%. É muita redução de risco com pouco esforço.

Saiba que o sedentarismo é mais grave que a obesidade. As pessoas magras e sedentárias possuem risco de infarto maior que os obesos que praticam atividade física, ou seja, obeso ativo tem menor risco que magro sedentário. Essa é a justificativa para que obesos e magros pratiquem atividade física independentemente do peso.

Vale lembrar também, que a redução do risco cardiovascular é apenas um dos vários benefícios da atividade física. Muitas vezes, após uma jornada de trabalho, as terríveis dores no corpo e as cefaléias (dores de cabeça), nada mais são do que sinais da falta de condicionamento físico. Assim como os atletas, todos precisam de condicionamento físico para trabalhar sem que o corpo sofra as terríveis dores da fadiga.

Se fosse para fazer apenas duas recomendações para todos os pacientes, e mais nada até o fim de minha vida profissional, a segunda recomendação mais importante seria: pratique atividade física regularmente.

Os benefícios da atividade física vão muito além da prevenção cardiovascular. A quebra do sedentarismo ajuda no tratamento da ansiedade, da depressão, da insônia, das dores crônicas e das palpitações. A prática regular de atividade física pode aumentar a produtividade no trabalho, melhorar o humor e melhorar os relacionamentos.

Não há idade para iniciar a atividade física. Os benefícios que ela oferece aos jovens são os mesmos ofertados aos idosos, ou seja, a massa muscular se fortalece, o vigor e a disposição aumentam, o equilíbrio e a flexibilidade melhoram, o risco cardiovascular diminui e a qualidade do sono melhora. Para quem não pratica atividade física até o momento, é importante lembrar que uma avaliação médica é obrigatória antes de iniciá-la.

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Dislipidemias: a elevação do colesterol ou do triglicerídeo recebe o nome de dislipidemia. A redução do bom colesterol (HDL) também é uma dislipidemia.

O colesterol total pode ser dividido em uma parte boa e uma má. A parte boa, o bom colesterol, é o HDL. Ele protege o coração e as artérias. Quanto mais alto ele ficar, melhor. Sua elevação ocorre por meio da atividade física regular e alimentação equilibrada.

A parte má é o LDL e o VLDL, chamados de mau colesterol. São causadores de infarto e derrame, por isso, devem ficar baixos. Para reduzi-los, é necessário, menor consumo de gorduras e frituras, redução ou abandono das bebidas alcoólicas que, automaticamente, leva à redução de salaminho, tira-gosto e petiscos gordurosos ou fritos, e o abandono do cigarro é fundamental.

O excesso de gorduras que ingerimos, circula pelo sistema cardiovascular e vai se acumulando nos órgãos internos (coração, fígado e pâncreas) e na parede das artérias ao longo de 20 ou 30 anos. Assim como a caixa de gordura da sua casa, as artérias também podem ser obstruídas, lhe conduzindo ao infarto e ou derrame, que geralmente ocorrem após os 45 ou 55 anos de idade. Em seguida, vem a sequela, podendo ocorrer a morte só após 10 ou 15 anos de sofrimento.

O triglicerídeo também é mau, e seus valores se relacionam diretamente com o uso de frituras, gorduras, cervejas e doces. O triglicerídeo elevado, além de fator de risco para doenças cardiovasculares, é fator de risco para pancreatite aguda, uma doença grave que pode matar rapidamente ou fazer com que o paciente se torne diabético, pois, é o pâncreas que produz a insulina. Se o pâncreas adoece, falta insulina e o paciente se torna diabético.

Combater as dislipidemias envolve reeducação alimentar, quebra do sedentarismo, menor ingestão de bebidas alcoólicas e abandono do tabagismo. Muitas vezes o uso de medicamentos é necessário. É melhor e mais fácil tratar fatores de risco agora que

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deixar para mais tarde, pois, após um infarto ou derrame, em vez de tomar um remédio, vai tomar quatro, cinco ou mais qualidades de medicamentos diferentes e ainda correr risco de ficar preso em uma cama. Lembre-se, quem não se cuida, morre mais cedo ou sofrer por mais tempo.

Diante do exposto, fica claro que combater ou controlar as dislipidemias é necessário. Isso não é mito, deve ser levado a sério e com responsabilidade para se evitar problemas graves no futuro. Se o paciente não conhece os valores de seu colesterol, deve procurar seu médico e solicitar os exames.

Obesidade: existem doenças que podem contribuir para o ganho de peso, tais como doenças tireoidianas (hipotireoidismo), ovários policísticos e outras síndromes endócrinas, porém, mais de 90% dos casos de obesidade se deve ao sedentarismo e hábitos alimentares incorretos, com ingestão alimentar excessiva.

O combate à obesidade se inicia com uma boa avaliação médica para excluir a presença de doenças e orientar o início de atividade física. A segunda conduta a ser tomada é eliminar o sedentarismo que, por si só, já traz uma grande redução de risco. É bom lembrar que o obeso ativo tem risco cardiovascular menor que magro sedentário, logo, mantenha a atividade física mesmo que não haja perda de peso.

Reeducação alimentar é o terceiro ponto chave, e muitas vezes, a orientação de um nutricionista é de extrema importância. Nessa reeducação, o envolvimento, apoio e dedicação de toda família é fundamental. Muitas vezes a obesidade é um problema familiar, atingindo vários de seus membros.

Diminuir a ingestão de arroz branco, massas, doces, frituras e gorduras são dicas importantes. É só diminuir, pois, com moderação, quase tudo é permitido. Abusar das frutas, das verduras e dos legumes é permitido e aconselhado. Cuidado com a cerveja! Ela é muito calórica e sempre há petiscos gordurosos

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envolvidos nessa história. Quem gosta de cerveja deve ter o cuidado de bebê-la somente uma vez por mês, somente em datas comemorativas e festividades; não se deve beber todo dia ou todo fim de semana.

Combater o uso de bebida alcoólica habitualmente dentro de casa é de extrema importância; não se pode banalizar o potencial de destruição que existe nessa droga. A redução ou parada do consumo de bebida alcoólica pode evitar que um filho se torne dependente químico no futuro. O fato de o pai ter controle sob seu consumo de álcool não garante que o filho também o terá no futuro.

Grande parte dos dependentes químicos, quando entrevistados, aponta o álcool e o cigarro como a porta de entrada no mundo das drogas, e muitas vezes, dizem que aprenderam com seus pais e depois perderam o controle. Muitos jovens se envolvem em acidentes automobilísticos graves após o uso de bebidas alcoólicas e quem lhes ensinou a beber, em muitos casos, foram os pais.

Outra observação importante sobre a bebida alcoólica é o fato de uma lata de cerveja por dia, a dois reais, levar ao gasto de sessenta mil duzentos e setenta reais e noventa centavos em 30 anos (R$ 60.270,90). Esse cálculo foi feito considerando juro de caderneta de poupança (0,5% ao mês) ao longo de 30 anos de consumo. Além desse prejuízo financeiro, a bebida alcoólica causa obesidade, lesa o fígado, o coração e o sistema nervoso central e periférico; tira realmente a saúde e pode levar um filho para o mundo das drogas ou envolve-lo em acidentes automobilísticos e outros crimes. Diariamente é visto no interior dos hospitais, uma vasta destruição e degradação de vidas e famílias em função da bebida alcoólica.

Falar da bebida alcoólica nesse tópico é muito importante em função do seu potencial destrutivo e pela grande influência que ela exerce sobre a obesidade.

A luta contra a obesidade não é fácil, porém, é necessário tentar; pequenas mudanças podem trazer grandes resultados. A

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associação do sedentarismo, bebidas alcoólicas, pouca ingestão de frutas e verduras e excesso de massas e frituras, podem ser suficientes para justificar a dificuldade em perder peso.

Um acompanhamento profissional responsável pode oferecer alternativas válidas, como é o caso do nutricionista, do endocrinologista e da cirurgia bariátrica (redução de estômago), porém, não há “fórmulas milagrosas”. A mudança de estilo de vida é obrigatória e é sempre o primeiro passo. É importante tomar cuidado com promessas, remédios e procedimentos. Em relação ao consumo alcoólico, a saída para muitos está em procurar ajuda entre os Alcoólicos Anônimos (AA), uma comunidade que vem salvando milhares de vidas.

Tabagismo: o uso do cigarro é uma verdadeira praga, sendo responsável por aproximadamente trinta por cento (30%) de todos os infartos, além de alta relação com o desenvolvimento de vários tipos de cânceres.

O cigarro é outra importante porta de entrada para o mundo das drogas. Muitos jovens dependentes relatam terem aprendido a fumar com os pais e não tiveram controle, se envolvendo posteriormente com outras drogas.

Um cálculo simples mostra que o consumo de um maço de cigarros por dia a quatro reais, ao longo de 30 anos (juro de 0,5% ao mês) leva ao gasto de cento e vinte mil quinhentos e quarenta e um reais e oitenta e um centavos (R$ 120.541,81). Se somado com os R$ 60.270,90 da lata de cerveja, um pai poderia ter economizado pelo menos R$ 180.812,71 em 30 anos.

Agora, imagine o prejuízo se a esposa também bebe ou fuma ou pelo menos mais um filho com tal hábito. É muito dinheiro jogado fora. Daria para mudar a história dessa família em pouco tempo. Daria para comprar a casa própria e ainda estudar um filho ou neto numa Faculdade particular, e sobraria dinheiro. O hábito de beber ou fumar é o suficiente para manter uma família na pobreza. Além de consumir a saúde, gera

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dependência química nas futuras gerações e perpetua a dificuldade financeira na família.

Alguns são ricos e a falta de dinheiro não é problema. Porém, é bom lembrar-se, ricos também passam por infartos e derrames, ricos também desenvolvem cânceres e em seguida se tornam incapacitados para o trabalho. Assim, por falta de saúde física e mental, a saúde financeira passa a correr riscos. O filho também pode se tornar dependente químico, e a partir daí, a família pode ser destruída.

É bom pensar longe, pois, aos 50 anos a vida está apenas começando, ainda restam mais cinquenta. Preservar a saúde e a família é de suma importância para uma segunda metade feliz. Se ainda não há patrimônio, parar de fumar e beber permitirá que o tenha no futuro.

Existem hoje, tratamentos eficazes que ajudam o paciente a abandonar o tabagismo. A chance de sucesso é enorme, porém, o primeiro passo depende do paciente, ou seja, primeiro ele precisa querer parar, e em seguida, procurar ajuda médica para que medicamentos possam ser introduzidos sob supervisão profissional.

Parar de fumar sem ajuda é possível, mas não é fácil. Parte dos pacientes necessita de vários meses de acompanhamento médico até realmente abandonar a droga. Procurar ajuda e não ter vergonha de tentar quantas vezes for necessário pode ser a saída. Ainda há tempo para economizar ao longo dos próximos anos, permanecer saudável, estudar os filhos e curtir os netos.

Estresse e depressão: a importante influência dos fatores psicológicos sobre a saúde do indivíduo levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a conceituar Saúde como um estado de bem-estar físico, mental e social. Ou seja, a ausência de doença física não basta, o mental e o social precisam estar em equilíbrio a ponto de permitir que o indivíduo identifique e realize suas necessidades, sendo assim ativo.

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Os fatores psicológicos contribuem para o desenvolvimento de inúmeras doenças, tais como, infarto, derrame, câncer, diabetes, doenças tireoidianas, doenças reumatológicas, outras doenças auto-imunes, ansiedade, depressão, pânico e suicídio.

Entendendo o conceito de saúde, e observando a direta relação entre as questões psicológicas e as doenças físicas, conclui-se que é necessário esforçar-se para manter sob controle o nível de estresse do dia-a-dia. Isso não é fácil e muitas pessoas necessitam de ajuda profissional. A ajuda, nesse caso, pode ser de um médico, de um psicólogo, de um amigo responsável, de um educador físico ou de um assistente social.

Praticamente todas as pessoas estão expostas ao estresse, seja qual for a profissão e até mesmo se estiver desempregada (situação ainda mais estressante). Controlar o estresse e prevenir a depressão exige, em primeiro lugar, tomar consciência de que todos estão expostos e sujeitos a desenvolver uma doença psiquiátrica a qualquer momento.

A falta de cortesia no dia-a-dia, a fome, a miséria, a corrupção e a violência são graves doenças contagiosas e transmitidas via telejornais, basta ligar a televisão e adoecer. Tudo isso pode causar depressão, tristeza, angústia, ansiedade, insônia e falta de esperança em relação ao futuro.

Ninguém é de ferro ou blindado contra distúrbios psiquiátricos, não importa a classe social, a profissão, a cor, a raça, credo ou religião, todos estão expostos. Esse entendimento é o primeiro passo para um indivíduo começar a proteger sua mente de forma consciente através do descanso, férias, mudando a leitura para romance, ficção ou leituras espirituais; fazendo caminhadas, sendo menos vaidoso e menos consumista; aceitando as próprias imperfeições e falhas, sendo menos punitivo consigo mesmo, perdoando, tendo propósitos na vida e estando sempre preparado para o enfrentamento de conflitos.

É necessário estar sempre pronto a procurar e aceitar ajuda profissional. A sobrecarga emocional, nos dias atuais, é quase inevitável, pois, a industrialização, a era da comunicação

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acelerada e sua sobrecarga de informações, a alta competitividade, a tão cobrada produtividade, as crises financeiras e o consumismo podem minar o vigor físico e mental.

Essa sobrecarga emocional pode tirar do indivíduo sua capacidade de sonhar, pode tirar as boas utopias existentes na mente humana, o maior patrimônio de muitos. Não se pode esquecer que o sonho é o primeiro passo de qualquer grande realização.

É necessário ficar atento e proteger a mente de forma voluntária e consciente, pois, os sonhos valem mais que todo o ouro do mundo e a saúde mental é a mina que protege o coração e os sonhos.

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____________________________________________Capítulo 8

O check-up médico e a relação paciente-médico Nunca reclame daquilo com o que você consente. (Mike Murdock)

Para viver bem é importância fazer um acompanhamento

médico regular, mesmo que não haja doença presente. A cada consulta do acompanhamento é feito um check-up a

procura de fatores de risco e as informações são arquivadas no prontuário do paciente. A cada retorno essas informações são reavaliadas e comparadas com novos resultados. Isso vai criando uma base de dados ou informações sobre a vida do paciente. A partir dessas informações o médico planeja estratégias para combater os fatores de risco, prevenir as doenças, controlá-las ou diagnosticá-las em fases iniciais e curáveis.

Esse atendimento médico não pode ser visto simplesmente como uma única consulta. Ele precisa e deve, na verdade, ser visto e entendido como um ciclo de atendimento, ou seja, algo contínuo, com retornos que passam pelo mesmo médico persistentemente, visando conhecimentos, orientações e procedimentos para ciclos de atendimentos ulteriores.

Um adequado ciclo de atendimento médico estabelece uma aliança entre médico e paciente. Na primeira consulta o paciente é examinado e havendo necessidade, exames são solicitados. Posteriormente, o paciente retorna para reavaliação e, se necessário, seu médico o encaminha para ouvir uma

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segunda opinião de outro colega. Na terceira consulta, o paciente retorna trazendo uma carta-resposta do médico que teve a opinião solicitada e, assim, as dúvidas e questionamentos vão sendo respondidos progressivamente e a relação paciente-médico vai se fortalecendo e se estabelecendo. Dessa forma, o paciente adquire um médico orientador e conselheiro que vai facilitando seu caminhar dentro do sistema de saúde. Esse adequado relacionamento é a chave da boa prevenção.

Muitos pacientes quebram o ciclo de atendimento trocando de médico a cada ano, não fazendo os retornos necessários, não obedecendo às orientações e encaminhamentos prescritos. Procuram aleatoriamente vários especialistas, por conta própria, não tendo o seu médico oficial para gerenciar e orientar os seus passos dentro do correto ciclo de atendimento. Perdem a oportunidade de manter um acompanhamento e prevenção a longo prazo e passam a vida toda reclamando do sistema.

Não assumir uma visão de ciclo de atendimento, incluindo consultas para prevenção e acompanhamento continuado, significa correr riscos desnecessários. Transitar pelo sistema sozinho, sem ajuda, é muito difícil, é até arriscado. Vários problemas podem ocorrer em função da falta de conhecimento e informação por parte dos pacientes e, às vezes, há prestadores de serviços que oferecem terapias questionáveis ou não são capacitados para realizarem o que oferecem.

Mais importante que fazer um check-up é manter um acompanhamento regular, periodicamente, repetindo o check-up a cada 6 meses, 1 ano ou 2 anos, a depender de cada caso, e de preferência, sempre com o mesmo médico, “o seu médico”.

O primeiro e mais importante detalhe para que o check-up atinja o seu objetivo máximo de benefício ao paciente é que ele seja realizado em um local adequado, em um ambiente apropriado, calmo e tranqüilo, onde haja disponibilidade de tempo para a conversa médico-paciente, para que a entrevista médica possa abordar aspectos da vida diária, alimentação,

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atividade profissional, desemprego, ansiedade, angústia, depressão, vida sexual, atividade física, história familiar, doenças do passado, internações, cirurgias. Para que o médico possa responder às dúvidas e questionamentos e, assim, aliviar ansiedade desnecessária.

Os locais para se fazer acompanhamento e check-up de prevenção são os consultórios médicos, as clínicas, os Postos de Saúde dos bairros ou na empresa, caso ela disponibilize tal privilégio. Pronto-Socorro não é lugar para fazer check-up e nem trocar receitas.

O segundo passo fundamental para o sucesso do check-up é manter os retornos regularmente com o mesmo médico. Ter o “seu médico” é fundamental; seja no consultório, no Posto de Saúde do seu bairro ou na sua empresa. Retornar ao mesmo médico é importante para o desenvolvimento de uma boa relação paciente-médico, podendo ser construída uma relação de honestidade, compromisso e respeito mútuo, onde informações claras, transparentes e verdadeiras serão trocadas.

Acompanhamento médico e check-up objetivam prevenção através da eliminação de fatores de risco e controle de doenças. Para que esses objetivos sejam alcançados é fundamental que o paciente tenha seu médico oficial, responsável pela sua saúde, comprometido com seu bem-estar, que responda todas as dúvidas, medos e questionamentos. Isso só é possível se um pacto de compromisso e responsabilidade for firmado entre médico e paciente. Caso paciente e médico não se comprometam, é pouco provável que essa relação traga benefício.

A cada consulta médica de retorno a relação paciente-médico tende a melhorar; paciente e médico passam a se conhecer melhor, os laços de compromisso se fortalecem e a responsabilidade aumenta. Ao longo do acompanhamento, mais informações são coletadas e registradas, os resultados são comparados, as medicações são ajustadas, reajustadas,

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suspensas ou acrescentadas, de acordo com a necessidade de cada paciente.

Quem troca de médico a cada ano perde o benefício desse acompanhamento de longo prazo e compromete a qualidade de sua prevenção. Compromete o controle de suas doenças ou fatores de risco e nunca consegue estabelecer um bom e honesto relacionamento.

Toda pessoa deve procurar um médico de seu agrado, mantendo-se fiel a ele e estabelecendo uma relação clara e franca, retornando periodicamente. Isso abrirá a porta para discussão sobre fatores de risco, doenças, ansiedades, medos, depressão, angústias e problemas financeiros ou familiares. Pode-se assim, e com vários anos de antecedência, prever a possibilidade de surgimento das principais doenças e então combatê-las precocemente.

Outro ponto importante a ser discutido é sobre que médico o paciente deve procurar (um generalista, um clínico ou um especialista?). O importante é ter um médico que se comprometa em cuidar da sua saúde, um médico responsável, estudioso e ético; seja ele generalista, clínico ou cardiologista. Caso o médico tenha dúvidas em relação a qualquer doença, basta retornar aos livros e estudar, ou trocar opinião, humildemente, com outro colega. Por isso que a responsabilidade e o compromisso são fundamentais, são os principais itens da vida médica, pois, levam o profissional a buscar respostas para não comprometer a saúde dos pacientes.

Uma análise muito simples e lógica nos dias atuais, na era da comunicação, da informação, da pesquisa acelerada, é que não há atualmente um médico que domine 100% das informações e conhecimentos médicos. Há 60 anos existia “meia dúzia” de livros médicos, hoje, existem milhares. Torna-se necessário, hoje, e em muitas situações, um trabalho em equipe multidisciplinar e multiprofissional. Porém, isso não significa que o paciente tenha que ficar rodando de forma desorganizada e sem planejamento atrás de vários especialistas. É aí que entra

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mais um importante motivo para que o paciente tenha o seu médico, o seu orientador.

Após essas informações, novamente, destaca-se que o importante é ter um médico dotado de bom senso, estudioso, ético, comprometido e responsável, que saiba trabalhar em equipe e que enxergue suas próprias limitações. Que saiba pedir uma segunda opinião quando necessário para o bem-estar do paciente, ou seja, humildade e transparência no relacionamento médico-paciente têm que estar presente, seja o médico generalista, clínico ou especialista.

O médico generalista é aquele que não se especializou após os seis anos de faculdade. Não se especializar não significa parar de estudar, não significa ser mau profissional, muito pelo contrario. Como se vê no dia-dia, médicos generalistas estudiosos, dedicados e responsáveis possuem vasto conhecimento nas áreas da ginecologia, pediatria, clínica cirúrgica e clínica médica, que são as principais áreas da medicina, e assim, eles se mantêm ligados ao conhecimento de todas as áreas. Ser estudioso, dedicado e responsável é o mais importante para ser bom naquilo que se propõe a fazer, é o que realmente faz a diferença entre ser e não ser bom profissional. Seja qual for a profissão, esse é o segredo.

O clínico, especialista em Clínica Médica, é aquele que deixa de lado a prática da pediatria, ginecologia e clínica cirúrgica e passa a se dedicar mais profundamente às várias áreas da Clínica Médica. Ou seja, passa a abordar mais profundamente aspectos da emergência e urgência médica, aspectos sobre o paciente grave, aspectos da neurologia, cardiologia, gastroenterologia, reumatologia, endocrinologia e outros, sem se tornar especialista nessas áreas e sim um bom conhecedor, o que também depende do grau de responsabilidade e dedicação de cada profissional. Observa-se que o clínico abandona a prática da ginecologia, pediatria e clínica cirúrgicas, ou seja, ele perde conhecimento em algumas áreas para se aprofundar em outras.

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O médico especialista é aquele que se dedica a uma determinada área específica como, cardiologia, oncologia, nefrologia, pneumologia, ortopedia e assim sucessivamente. São profundos conhecedores de suas áreas, dominando detalhes que muitas vezes fazem diferença no resultado final. Percebe-se que ser especialista significa deixar de lado e abandonar um vasto conhecimento em outras áreas para se aprofundar em uma única área, e novamente observa-se no dia-a-dia que ser especialista não basta, tem que ter compromisso e responsabilidade com a vida e a saúde do paciente.

Um bom profissional médico é aquele que conhece suas limitações, que conhece sua especialidade, que sabe diferenciar qual paciente é e não é de sua competência e então solicita a opinião de um segundo colega, quando necessário for para o benefício do paciente.

Seja qual for o médico, é importante que ele tenha conhecimentos básicos de prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças cardiovasculares, dos vários tipos de câncer, das doenças sexualmente transmissíveis, das doenças tireoidianas, renais e hepáticas. A partir de um profissional comprometido, o paciente poderá ser encaminhado ao urologista para avaliação da próstata, ao cardiologista para uma segunda opinião mais detalhada, ao ginecologista para fazer o preventivo e avaliar a mama; a qualquer outro especialista de acordo com as necessidades que venham a surgir ao longo dos anos de acompanhamento.

O paciente, sempre após cada avaliação, deve retornar ao seu médico de origem para apresentar a opinião do outro profissional requisitado e assim se estabelece um ciclo de atendimento, uma verdadeira aliança. Seu prontuário vai sendo montado ao longo de vários anos de acompanhamento; os resultados vão sendo comparados a cada retorno; os fatores de risco vão sendo eliminados; o relacionamento paciente-médico vai melhorando progressivamente e a prevenção vai se tornando

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mais eficaz, aumentando assim, as chances de um envelhecimento saudável, ativo e livre de sequelas.

Diante de uma eficaz prevenção e acompanhamento é possível chegar saudável aos 100 anos ou mais. Pode acreditar, a expectativa de vida continuará aumentando e as pessoas viverão mais. Prepare-se para envelhecer e escolha ser saudável.

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