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Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano VI n N o 82 n MARÇO/2014 Com 100% dos votos dos 39 sindicatos filiados à FIEC, Beto Studart (à esquerda) foi eleito para, a partir de 22 de setembro, suceder a Roberto Macêdo, em pleito marcado pela união do setor industrial cearense /sistemafiec @fieconline VITÓRIA DA UNIÃO 00082

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Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano VI n No 82 n MARÇO/2014

Com 100% dos votos dos 39 sindicatos filiados à FIEC, Beto Studart (à esquerda) foi eleito para, a partir de 22 de setembro, suceder a Roberto Macêdo, em pleito

marcado pela união do setor industrial cearense

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O verdadeiroshow de bola.

O tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) é uma espécie que só ocorre no Brasil, na Caatinga e no Cerrado. O animal inspirou a escolha do mas-cote da próxima Copa do Mundo e corre sério risco de desaparecer da natureza. Ajude-nos a protegê-lo. Conheça o Projeto de Conserva-ção do Tatu-bola e venha marcar um gol pela biodiversidade. Sua participação vai ser show de bola.

Acesse www.acaatinga.org.br e participe.Acesse www.acaatinga.org.br

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MARÇO 2014 | No 82

Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará

........................................................................................

Seções

Mensagem da Presidência........5

Notas & Fatos..........................6 Recicla Nordeste...................31

Meio ambiente

Absenteísmo

40

44

Superação ConvivênCia Com a seCaApesar de castigar o homem

do campo, a seca é passível

de convivência de maneira

sustentável

Matriz energéticaFontes alternativasOs vários apagões mostraram

que está na hora de o Brasil

ampliar o quanto antes sua

matriz energética

Tatu-bolaameaça ContinuaApesar de ter sido escolhido

como mascote da Copa, projeto

de preservação da espécie segue

sem ajuda da Fifa

SENAI 70 anosal presta homenagemEntidade reafirma valores e

anuncia novas ações e mais

investimentos durante sessão

solene no Plenário 13 de Maio

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prêmio Desempenho ambiental10ª edição do Prêmio reconhece ações em prol da conservação e da melhoria ambiental

sesi Desenvolve projetoInstituição desenvolverá projeto em parceria com a Guararapes para diminuir o absenteísmo

Chapa União é aclamadaBeto Studart assumirá o mandato em setembro próximo para uma gestão única de cinco anos, em substituição a Roberto Macêdo32

CAPA

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3Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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Federação das Indústrias do Estado do Ceará – FIECDIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1º Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-Presidente Carlos Prado, Jorge Alberto

Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo AdjuntoJosé Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha

Pereira Filho Diretores Antônio Lúcio Carneiro, Fernando Antônio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo CostaFernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José Agostinho

Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos Augusto Nogueirade Albuquerque, Marcus Venícius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros CONSELHO FISCAL Titulares FranciscoHosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando Antônio de Assis Esteves, José Fernando

Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão Delegados da CNI Titulares Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota JúniorSuplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho.

Serviço Social da Indústria – SESICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Cláudio Sidrim Targino, Marcos

Silva Montenegro, Ricardo Pereira Sales, Carlos Roberto Carvalho Fujita Suplentes Abdias Veras Neto, José Agostinho Carneiro de Alcântara,Luiz Francisco Juaçaba Esteves, Paula Andréa Cavalcante da Frota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco JoséPontes Ibiapina Suplente Raimundo Nonato Teixeira Xavier Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio

Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Francisco Oziná LimaCosta Suplente Eduardo Camarço Filho Representantes dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Pedro Valmir Couto

Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães.

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcus Venícius Rocha

Silva, Aluísio da Silva Ramalho, Ricard Pereira Silveira, Edgar Gadelha Pereira Filho Suplentes Marcos Antônio Ferreira Soares, PauloAlexandre de Sousa, Francisco Lélio Matias Pereira, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque Representantes do Ministério da Educação

Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca do Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria GradvohlBezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco Enio Oliveira Alencar

Suplente Francisco José Pontes Ibiapina Representantes dos Trabalhadores da Indústria do Estado do Ceará Efetivo Carlos AlbertoLindolfo de Lima Suplente Francisco Alexandre Rodrigues Barreto Diretor do Departamento Regional Fernando Ribeiro de Melo Nunes.

Instituto Euvaldo Lodi – IELDiretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales

Instituto de Desenvolvimento Industrial – INDIPresidente Roberto Proença de Macêdo Diretor Corporativo Carlos Matos

Instituto FIEC de Responsabilidade Social – FIRESOPresidente Roberto Proença de Macêdo Vice-presidente Wânia Cysne de Medeiros Dummar

Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Camila Gadelha ([email protected]), Gevan Oliveira([email protected]), Luiz Henrique Campos ([email protected] e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected])

Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Diagramação Claudemir Luis Gazzoni Coordenação gráfica Marcograf Endereço eRedação Av. Barão de Studart, 1980 - Térreo - Fortaleza-CE - CEP 60.120-024 Telefones (85) 3421 5435 e 3421 5436 Fax (85) 3421 5437

Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) do Sistema FIECGerente da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421 4203/3421 5434/8801 9077/8578 3018

[email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec

Revista da FIEC. – Ano 6, n 82 (mar. 2014) -– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -

v. ; 20,5 cm.Mensal.ISSN 1983-344X

1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias doEstado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.

CDU: 67(051)

| RevistadaFIEC | Março de 20144

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Mensagem da PresidênciaRoberto Proença de Macêdo

No dia 14 deste mês de março vivenciamos um fato inédito na história da nossa Federação. Esta data ficará na nossa lembrança como a culminância de um processo ini-ciado de forma tensa em 2006 e que agora se consolida com a união através do voto aberto, expressa na eleição da nova Diretoria, por aclamação por cada um e por todos os 39 sindicatos que compõem o Sistema FIEC.

Mas na eleição da nova Diretoria, que assume em 22 de setembro para o quinquênio 2014-2019, não foi a acla-mação em si que caracterizou o inedi-tismo do pleito, e sim, o clima positivo gerado pela afinação dos propósitos comuns, em favor do aumento da com-petitividade das nossas empresas, do fortalecimento da nossa federação e da nossa economia.

Esta foi a terceira eleição desta Casa em que estive diretamente envolvido. Na primeira, em 2006, fui eleito Pre-sidente em uma disputa acirrada, marcada por ódios e ressentimentos, ocorrida em um contexto de crise da nossa entidade, que se encontrava dividida e fragilizada em sua representação empresarial. Ela foi assim, embo-ra, quando aceitei ser candidato, a ideia colocada era a de uma candidatura de união, mas infelizmente não foi isso o que aconteceu.

Durante o primeiro mandato, tivemos a oportunidade de fazer uma mudança estatutária impactante no nosso processo eleitoral, resultando em uma eleição mais demo-crática. No novo processo, o eleitor passou a ser o empresá-rio filiado ao sindicato e não mais o delegado credenciado, que, por sua vez, ficou com a incumbência de ser o porta-dor do voto da maioria de cada sindicato.

Essa mudança fez com que na eleição de 2010, também com duas chapas, o clima eleitoral transcorresse com muita elegância e tranquilidade, com stands de todos os sindica-tos dispostos no saguão de entrada da FIEC. Ali, como pre-visto, cada empresário filiado que foi votar colocou o voto

na urna do seu sindicato e, ao final da apuração de todas elas, os opositores se cumprimentaram e se abraçaram em uma verdadeira festa democrática.

Por diversas vezes fui criticado por quase todos os pre-sidentes das outras federações por adotar esse sistema, sob a alegação de que a democratização do voto eliminaria o controle eleitoral e diminuiria o poder presidencial. Para mim, o efeito foi o contrário, pois comprovei na prática aquilo que eu imaginava: a representatividade do presiden-

te de uma entidade de classe se fortalece muito mais quando se amplia o proces-so de participação dos seus associados.

Com o fortalecimento da nossa enti-dade, em consequência do aumento de sua representatividade, nos foi possível construir um ambiente de credibilidade interna e externa, condição para avan-çarmos na realização de programas inovadores e com visão de longo prazo,

bem como na efetivação de mudanças estruturais que se faziam necessárias.

Embora com todos os sinais positivos emitidos nessa trajetória, senti a necessidade de testar a maturidade do nosso processo eleitoral, deixando a confecção da chapa que sucederá a nossa Diretoria, ao sabor da articulação de todas as forças que compõem a dinâmica da nossa Fede-ração. A aclamação entusiástica da chapa encabeçada pelo amigo Beto Studart, construída a muitas mãos, atestou que estamos no rumo certo.

Com este resultado eleitoral cumprimos parte im-portante da nossa missão, e, em setembro, quando fi-zermos a transmissão do nosso cargo, entregando os resultados dos nossos esforços à nova Diretoria, o fa-remos com a convicção de que, mesmo com as diferen-ciações naturais de estilos, será dada continuidade ao propósito que nos une de fazer da nossa FIEC um ins-trumento cada vez mais eficaz para a nossa indústria e para o nosso estado.

União com voto aberto

A aclamação entusiástica da chapa

encabeçada pelo amigo Beto Studart, construída a muitas mãos, atestou que estamos no rumo certo

5Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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Notas&FatosO q u e a c O n t e c e n O S i S t e M a F i e c , n a P O l í t i c a e n a e c O n O M i a

os projetos Avança Sindicato e Associa Indústria, que fazem parte das ações do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA), desenvolvido pela Con-federação Nacional da Indústria (CNI), foram apresentados no dia 18 de março, na FIEC. O Associa Indústria tem como objetivo esti-mular o associativismo em setores industriais, a fim de que as micro e pequenas empresas possam identificar dificuldades e desafios comuns e atuar de forma coletiva para buscar maior competitivida-de, com o apoio de sua represen-tação empresarial. Com o Associa Indústria, o PDA irá interiorizar suas iniciativas, principalmen-te por causa da parceria com o Sebrae nas regiões do Cariri, Sobral, Limoeiro do Norte, Iguatu e região metropolitana de Forta-leza. Uma das exigências para os participantes do Associa Indústria é o comprometimento do sindica-to patronal com o projeto Avança Sindicato. Informações: (85) 3421 6509.

o instituto Euvaldo Lodi/Núcleo Central/IEL/Nacional, em parceria com o CNPq, está tornando pública a Chamada Nacional de Projetos do Programa RHAE Trainee – Inova Talentos. Podem participar empresas e institutos de pesquisa, desenvolvi-mento e inovação (PD&I) privados com interesse em apresentar Proje-tos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para receber bolsas de desenvolvimento tecnológico e extensão inovadora, em conformi-dade com os termos estabelecidos. O IEL tem como atribuição principal a coordenação nacional, cabendo ao CNPq a administração das bolsas de desenvolvimento tecnológico e extensão inovadora. Os núcleos regionais do IEL se responsabilizam pela operacionalização nas unidades da federação do referido programa. Informações: (85) 3421 6526 / 3421 6530 / www.inovatalentos.com.br.

o instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI) pro-moveu no dia 22 de março, no Hotel Luzeiros, o 1o Desafio Uniempre. O evento, em forma de hackathon, envolveu pessoas de alto nível intelectual, dispostas a empreender, vindas de universidades, profissionais e redes afins, para resolução de problemas reais em duas empresas: Biomátika e Esmaltec. As empresas vêm recebendo ideias em editais distintos de Inovação Aberta. Foram formadas equipes de três a cinco integrantes, que competiram entre si para a geração das melhores ideias às empresas envolvidas. O desafio interligou as ações dos programas Inovação Aberta e Apóstolos da Inovação, executados pelo Uniempre. Os apóstolos da ino-vação das quatro edições já realizadas, bem como aqueles não aprovados no processo seletivo, participaram dessa oportunidade de ganhar prêmios e gerar negócios.

FieC, por meio do SESI, prevê inaugurar o Museu da Indústria até o final de abril. O equipamento tem como proposta unir o passado, o presente e o futuro da indústria. Para tanto, 95% do seu acervo será virtual, permitindo a interação entre visitantes, pesquisadores, educadores, estudantes, profissio-nais e investidores de vários países. O diferencial do equipamento cearense é justamente o conteúdo quase totalmente virtual. Nesse sentido, a memória viva estará em permanente diálogo com a con-temporaneidade, utilizando a mais moderna tecnologia existente, como projeções sincronizadas, te-las touch screen e interação com os visitantes. O prédio foi construído no fim do século 19 e está localiza-do no principal corredor histórico do Centro de Fortaleza, em frente ao Passeio Público.

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| RevistadaFIEC | Março de 20146

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n REPRESENTANTES do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia) participaram no dia 25 de fevereiro de reunião com o deputado estadual Sérgio Aguiar (Pros). Na ocasião, foi apresentada e discutida a proposta de projeto de lei que isenta do pagamento de ICMS a geração de energia elétrica por meio dos sistemas de micro e minigeração, cedida pelo produtor consumidor mediante empréstimo/crédito gratuito de KWh à distribuidora de energia do estado do Ceará.

n O SINDICATO das Indústrias de Alimentos e Rações Balanceadas do Estado do Ceará (Sindialimentos) empos-sou no dia 24 de feverei-ro, na FIEC, nova diretoria para o quadriênio 2014-2018. O empresário André de Freitas Siqueira, economista, da empresa Gallus Indústria e Comér-cio de Alimentos e Piscis Indústria e Comércio, foi empossado como novo presidente. A nova diretoria tem como meta buscar novos afiliados, defender os interesses dos associados por meio do oferecimento de con-sultorias e assessorias, estabelecer comunicação mais efetiva com a FIEC, manter relação com outros sindicatos e melhorar a comunicação entre os associados.

CURTAS---------------------

o sinDiCato das Indústrias de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhoras do Estado do Ceará (Sindconfecções) empossou no dia 17 de março, na FIEC, a nova direto-ria para o quadriênio 2013-2017. O empresário Marcus Venicius Rocha Silva, da empresa Dogville Menswear, assumirá pela segunda vez a presidência com a proposta de continuar buscando o fortalecimento do setor por meio da capacitação de gestores e melhora das condi-ções dos colaboradores, além de consolidar o sindicato como uma ferramenta de suporte às empresas associadas. Durante a posse, o presidente disse ainda ter a intenção de promover uma maior aproximação com as entidades que compõem o Sistema FIEC, a fim de oferecer mais ser-viços aos associados. Também é objetivo da sua segunda gestão desenvolver ações para que o setor no Ceará volte a figurar entre os três principais do país. Marcus Venicius apontou como desafio a luta pela diminuição da carga tributária e a concorrência dos importados.

o senai, por meio do Instituto SENAI de Tec-nologia (IST) de Energias Renováveis, está implemen-tando no Centro de Forma-ção Profissional da Barra do Ceará (Waldir Diogo de Siqueira), o Centro de Treinamento em Energias Renováveis, cujo objetivo é formar profissionais para atuar na área. O centro tem o suporte em transferência de tecnologia da instituição alemã GIZ e vai desenvol-ver atividade complementar de ensino com laboratórios e estrutura para ensino de trabalho em altura, manutenção e operação de partes eólicas e sistemas eletrônicos. A previsão é que, a partir de agosto, pelo menos dois módulos de educação para a área devam ser oferecidos e que, a partir de 2015, a unidade esteja operando com a sua capacidade plena.

O Sindquímica inscreve, até 11 de maio, para a segunda edição do Prêmio de Inovação Setor Químico 2014, coordenado pelo IEL/CE. O objetivo é incentivar o aprimoramento do setor químico e farmacêutico cearense a partir do fomento a práticas de gestão inovadora das empresas, além de reconhecer e premiar projetos inovadores com aplicabilidade para o segmento químico. Os projetos deverão ser inscritos nas categorias de modelo de gestão inovadora e inovação tecnológica. Podem participar do prêmio os profissionais de química e estudantes de todas as áreas da química que atuam no Ceará, prioritariamente em far-mácias, refinação de petróleo, cosméticos, saneantes, tintas, velas, veterinária, defensivos agrícolas, embalagens e cola. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas por meio do preenchimento do formulário no site www.premio.sindquimicaceara.org.br. Informações: (85) 3421 6516 / 3421 6524.

AgendA---------------------

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7Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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Região Nordeste

eu doutô os nordestino têm muita gratidão / Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão / Mas doutô uma esmola a um homem qui é são / Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão / É por isso que pi-dimo proteção a vosmicê / Home pur nóis escuído

para as rédias do pudê / Pois doutô dos 20 estado temos oito sem chovê / Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê / Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage / Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage / Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage / Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage / Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão / Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação / Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nes-se chão / Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos. Os versos são do baião Vozes da seca, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, gravado em 1953.

Na letra, o nordestino agradece o auxílio das doações realizadas em campanha de roupas e alimentos destina-dos a socorrer as vítimas da grande estiagem que atingiu a região naquele ano de 1953, quando foi decretado esta-do de emergência pelo governo Getulio Vargas, mas dá a entender que esmola, “que vicia o cidadão”, não resolve a situação de penúria em que se encontra o sertanejo, e até propõe soluções: “Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage / Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage”.

A música se encaixa com perfeição nos dias atuais. A região semiárida do Brasil, que compreende a região

Nordeste e norte de Minas Gerais, enfrenta desde 2012 forte estiagem, que continua sendo tratada mais de for-ma emergencial do que com obras duradouras. No Cea-rá, 2013 é o ano da sexta maior seca desde 1959, com 178 dos 184 municípios (96%) cearenses atingidos. E o pior: a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) divulgou no último dia 24 de fevereiro estudo que aponta uma leve melhora na quadra chuvosa, mas o quadro ainda é preocupante. Em janeiro, todas as regiões do Ceará registraram chuvas abaixo da média e, em feve-reiro, só no Cariri houve precipitações em torno da média. O presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, disse que a melhoria em relação à previsão dada no mês de ja-neiro não dá uma margem confortável de precipitação su-ficiente para melhorar a condição dos reservatórios.

A bacia cearense, com 144 açudes, contabiliza um vo-lume de 5 691 metros cúbicos, o que representa 30,3% da sua capacidade. Do total de açudes monitorados, 112 estão com volume inferior a 30% e apenas dois, os açudes Curral Velho, em Morada Nova, e o Gavião, em Pacatuba, estão com volume acima de 90%.

A situação dos reservatórios por região é preocupan-te. Do volume total dos açudes, de 12 bacias monitoradas pela Cogerh e Funceme, três estão com volume abaixo de 10% da capacidade de seus reservatórios. É o caso das bacias dos Sertões de Crateús (3%), Curu (6,7%) e Baixo Jaguaribe (7,6%). O volume das demais bacias não chega

Conhecido dos nordestinos, o fenômeno climático assola a região nordestina há muitos anos. Apesar de castigar o

homem do campo, dizimar produções e prejudicar a indústria, a seca é passível de convivência de maneira sustentável

É possível conviver com a seca

SCamila Gadelha

| RevistadaFIEC | Março de 20148

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A região semiárida do

Brasil, que compreende a região Nordeste e norte de

Minas Gerais, enfrenta desde 2012 forte estiagem. No Ceará, 2013 é o

ano da sexta maior seca desde 1959,

com 178 dos 184 municípios (96%)

cearenses atingidos

9Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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A bacia cearense, com 144 açudes contabiliza um volume de 5 691 metros cúbicos, ou 30,3% da sua

capacidade. 112 estão com volume inferior a 30% e apenas dois estão acima de 90%. A situação dos reservatórios

por região é preocupante. Do volume total dos açudes, de 12 bacias monitoradas pela Cogerh e Funceme, três estão com volume abaixo de 10% da capacidade. É o caso das bacias dos Sertões de Crateús (3%), Curu (6,7%)

e Baixo Jaguaribe (7,6%). O volume das demais bacias não chega a 50%. São elas: Salgado (24,5%), Alto

Jaguaribe (45,8%), Médio Jaguaribe (34,9%), Banabuiú (19,5%), Acaraú (23,9%), Ibiapaba (39,6%), Coreaú (25%), Litoral (18,3%) e Metropolitana (26%). O reservatório do

Castanhão na bacia do Médio Jaguaribe, está com 37,72% de sua capacidade.

a 50% de suas capacidades. São elas: Salgado (24,5%), Alto Jaguaribe (45,8%), Médio Jaguari-be (34,9%), Banabuiú (19,5%), Acaraú (23,9%), Ibiapaba (39,6%), Coreaú (25%), Litoral (18,3%) e Metropolitana (26%).

O maior reservatório do estado, o Casta-nhão, na bacia do Médio Jaguaribe, está com 38,22% de sua capacidade total. O reservatório é o principal responsável pela perenização do Rio Jaguaribe e pelo abastecimento da região metro-politana de Fortaleza

O Programa Bolsa Família e a ação previ-denciária, cobrindo parte da população sertaneja idosa, assegurando-lhe uma renda mínima, têm diminuído, de forma assistencialista, a gravidade da falta de chuvas. Sempre que vem uma seca, repete-se o mesmo quadro, num ciclo que ne-cessitaria de medidas estruturantes profundas, apoiadas pelas classes políticas comprometidas com o desenvolvimento e pela sociedade. A capa-cidade de essas populações produzirem exceden-tes de milho, feijão, algodão e mandioca, mesmo em tempos normais, já é reduzida até no inver-no, imagine na seca. A própria subsistência fica comprometida. Conhecida pelos nordestinos, ela acontece com frequência e regularidade. Trata-se de regra, não de exceção. Mas, no Brasil de hoje, os governos continuam dispondo de medidas pa-liativas e emergenciais para combater o fenôme-no, que acaba associado à miséria e a caminhões-

-pipa distribuindo água às populações sedentas.Para Carlos Matos, diretor corporativo do

Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), organismo da Federação das In-dústrias do Estado do Ceará (FIEC), e ex-secre-tário estadual de Agricultura e Pecuária, é pre-ciso ter uma diretriz para superar a seca, já que há estudos que comprovam que de três em três anos ela castiga a região semiárida nordestina: “O Ceará é desprevenido e despreparado para lidar com essas situações. Nós temos de ter uma diretriz para lidar com o fenômeno seca, já que sabemos que um dia ele retorna”. Matos aponta que Israel e Canadá, por exemplo, criaram pla-nos de contingência para lidar com estiagem e neve, respectivamente, e que o Ceará precisa é de estratégias consistentes de combate.

Apesar da omissão em efetivar ações de contingência, Carlos Matos ressalta como im-portantes as de cunho social do governo junto aos impactados pela seca. “Os instrumentos sociais criados são importantes, como o seguro Garantia Safra, uma ação do Programa Nacio-nal de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) voltada para agricultores familiares do semiárido brasileiro que sofrem perda de safra por motivo de seca ou excesso de chuvas”, afirma Carlos Matos. “O valor anual da indenização é de R$ 850, a partir da safra 2013/2014.”

A segurança hídrica é um ponto-chave, diz

| RevistadaFIEC | Março de 201410 | RevistadaFIEC | Março de 201410

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Carlos Matos: “As populações do campo têm de, na medida do possível, procurar viver em localidades onde haja maior segurança hídri-ca. Essa segurança pode ser proporcionada por poços, cisternas e açudes”. Há no Ceará, conta, canais naturais de armazenamento de água, os aluviões, que permitem que até 800 famílias se beneficiem. O diretor do INDI acredita que cabe também a cada município a iniciativa de procu-rar tal segurança. “O problema é que, no estado, as políticas são tardias. É preciso buscar políti-cas inteligentes no mercado de água.” É preciso pensar no potencial de desenvolver atividades que agreguem mais valor, mesmo na agricultu-ra. Ele sugere: “O arroz, por exemplo, gera muito desperdício de água e, numa situação de seca, é complicado manter. O papel do estado é ordenar melhor a utilização da água”.

De acordo com o diretor do INDI, a indus-trialização também traz maior segurança hídrica para as populações do semiárido: “A criação de polos industriais em regiões estratégicas do esta-do, parte do projeto Indústria Viva, do INDI, tem a proposta de desenvolver as regiões por meio da inovação, principalmente, na indústria. A inova-ção leva a uma especialização e maior produtivi-dade da indústria, gerando empregos que depen-dam menos da chuva. Temos hoje em Tabuleiro do Norte (localizado no Baixo Jaguaribe, a 211 quilômetros de Fortaleza), por exemplo, muitas iniciativas que não dependem da estação chuvosa. [O município possui uma grande infraestrutura em metalurgia e mecânica com especialização em ca-minhões]. As pessoas ligadas aos empregos indus-triais, na maioria dos casos, não são diretamente afetadas por esses problemas”.

A tecnologia pode ser um instrumento tam-bém de controle ambiental, vertente que interfe-re diretamente no fenômeno da seca, acredita o professor, ambientalista e diretor do Instituto Su-perior de Estudos e Pesquisas Acadêmicas e Tec-nológicas (Isepat), Rafael da Silva dos Santos. “A tecnologia é importante na preservação da natu-reza ambiental e também da natureza humana. É um instrumento fundamental no processo, já que permite novas descobertas, novas formas de con-trole e de utilização de recursos não renováveis.”

Rafael Silva entende que há técnicas que permitem a perfeita convivência humana com a seca. E cita a irrigação em Israel como uma das maiores experiências do mundo em área pare-cida com o semiárido brasileiro. “A seca é, sem dúvida, um dos principais entraves ao desen-

volvimento da sociedade. Trata-se de fenômeno climático previsível e com algum tipo de mensu-ração. É perfeitamente possível administrar seus efeitos.” O ambientalista avalia: “Não estamos levando essa administração a sério, e invertendo a ordem das prioridades numa tentativa quase divina de solucionar a questão, de forma desco-nectada da realidade”.

Afirma Rafael Silva: “Existe água no Ceará. A dificuldade vem da forma de obtenção dessa água que, em muitos casos, precisa ser extraída por meio de poços profundos que exigem, além de recursos financeiros, técnicas de adaptação elevadas para o processo de dessalinização, que pode levar a impactos ambientais abióticos (em que não se pode viver) e antrópicos (ligados à presença do homem).”

Segundo relatório do Painel Intergoverna-mental de Mudanças Climáticas (IPCC), a seca dos últimos anos atinge o homem do campo também devido a desmatamentos associados a grandes intervenções humanas. “Em detrimento de agir com soluções de convivência, o governo continua com a política arcaica de caminhões--pipa, não realiza nenhum plano estratégico para administrar o problema e opta por solu-ções pontuais que se repetem ao longo dos anos, invertendo as prioridades”, aponta o professor.

Carlos Matos, diretor corporativo do Instituto

de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI)

O Ceará é desprevenido e despreparado para lidar com

essas situações. Nós temos de ter uma diretriz para lidar com o fenômeno seca, já que sabemos que um dia ele retorna

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11Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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Ariosto Holanda, deputado federal

A solução do problema de convivência com a seca implica implantação de um conjunto de projetos a

ser desencadeado a um só tempo, e que deve assumir um caráter econômico, social, cultural e ecológico, preparando

o homem para a realidade em que vive, dando-lhe condições de acesso a terra, água, educação, saúde,

nutrição, saneamento básico, emprego e renda

Capa do Livro Seca – Análises, Pressupostos, Diretrizes, Projetos e Metas para o Planejamento de um Novo Nordeste

Em Irauçuba, município da região Norte do Ceará, diz Rafael Silva, o nível de evaporação das águas é o segundo do país, ficando atrás de Uauá, município da Bahia. Os açudes do município chegam a perder três centímetros da lâmina de água por mês em decorrência do contato da água com o calor. Os recursos hídricos cearenses são, de fato, escassos, conclui o professor, “mas essa realidade não justifica que três milhões de cearenses não tenham acesso a água potável. O problema é político”. Geólogos do Departamen-to Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), para quem Rafael perguntou sobre a questão, não titubearam em afirmar isso. Ele também teve a experiência de caminhar em municípios e pequenas localidades do sertão, onde pergun-tava a diversas pessoas qual o primeiro gargalo a ser enfrentado. A resposta foi unânime: a falta de água, que atinge mais o pequeno produtor.

A precária infraestrutura no interior do es-tado, acredita Rafael Silva, é responsável tam-bém pela desaceleração da indústria. Para ele, o industrial que antes buscava incentivos fiscais, agora espera estrutura tecnológica, mão de obra qualificada e logística. “Esses elementos não estão na agenda dos governos.” Se a situação continuar assim, prevê, a tendência é que esses problemas se ampliem. “Vivemos uma crise de pós-moderni-dade sem ter sequer conhecido a modernidade.”

foco no homemO deputado federal Ariosto Holanda (Pros/

CE) coordenou a Bancada Federal do Nordeste da Câmara dos Deputados na elaboração do livro Seca – Análises, Pressupostos, Diretrizes, Projetos e Metas para o Planejamento de um Novo Nordeste.

A publicação tem a forma de “plano livro”, a fim de se transformar em “plano trabalho”, tendo o homem como ponto de partida para as soluções. Educação, ciência e tecnologia também são desta-ques. “Fizeram as obras e esqueceram do homem para realizar as ações de convivência com a seca. Se não tem a pessoa que vai operar a obra, não tem resultado”, diz o deputado, para quem os go-vernos deveriam focar nas obras, mas também no homem, por meio da educação.

Em artigo do livro, Ariosto questiona que a região Nordeste enveredou pelo caminho que tinha como foco o crescimento econômico, me-dido pela expansão quantitativa da economia, em vez do desenvolvimento social expresso pela mudança qualitativa de indicadores sociais como educação, saúde e renda traduzidos pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “Ao concentrar suas ações nas capitais pela implan-tação de indústrias-comércio, deixou o interior esperando chuva para praticar agricultura de subsistência”, destaca. É absurdo, na visão do deputado – e falta de conhecimento tecnológi-co –, que ainda hoje se utilizem carros-pipa para suprir a necessidade de água da população do semiárido. Adutoras regionais devem ser plane-jadas, na opinião de Ariosto, para solucionar de vez o problema do abastecimento de distritos, vilas e povoados por caminhões-pipa.

Segundo ele, o homem no seu meio e cul-tura deve ser o ponto de partida para a solução dos problemas do Nordeste. Na região, estão os piores indicadores educacionais. Ele lembra que, enquanto a média de analfabetos do Brasil é 7%, a do Nordeste é 17%, e que dos 50 milhões de analfabetos funcionais do país 50% estão no Nordeste. Outro dado preocupante, para o

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deputado, é a alta mortalidade das micro e pe-quenas empresas na região. “Esse analfabetismo funcional e tecnológico tem acarretado prejuízos enormes para nossos recursos hídricos.”

Conforme o deputado, a extensão rural se encontra fragilizada pela falta de ensino técni-co e tecnológico que discuta problemas de solo, água, flora e fauna e que leve em conta as pecu-liaridades do meio. Implantar, numa região de IDH, carente de recursos humanos qualificados, com taxa elevada de analfabetos e com número reduzido de doutores, um modelo de educação, ciência e tecnologia voltado para o desenvolvi-mento da região é o grande desafio, acredita o deputado. Educação ambiental também deve ser prioridade. “A solução do problema de con-vivência com a seca implica implantação de um conjunto de projetos a ser desencadeado a um só tempo, e que deve assumir um caráter eco-nômico, social, cultural e ecológico, preparando o homem para a realidade em que vive, dando--lhe condições de acesso a terra, água, educação, saúde, nutrição, saneamento básico, emprego e renda”, aponta Ariosto Holanda.

No livro, são colocadas soluções efetivas na redução dos impactos econômicos, sociais e am-bientais da seca na diminuição da vulnerabilida-de das populações a longo prazo. A ideia é que as ações de curto prazo sejam compatíveis com as de longo prazo. A sugestão é a realização de um amplo programa de qualificação profissional voltado para a geração de trabalho e implantação de micro e pequenas empresas na área de servi-ços e de processos produtivos. São necessárias, segundo a obra, ações educacionais e de treina-mento para conscientizar a população sobre a seca, a economia de água e o manejo do meio ambiente. Os centros de pesquisa regionais de-vem ser fortalecidos e direcionados para os pro-blemas regionais. A implantação de um sistema de informação de mercado sobre as principais culturas, mantendo os produtores rurais bem atualizados quanto ao processo de comercializa-ção, deve ser perseguida.

Reforma agrária e irrigação seriam bons ca-minhos, mas, para isso, devem ser mais bem utilizados os recursos naturais, combatendo, se necessário, os latifúndios ociosos, o parcelamento exagerado da terra, as terras inférteis, os recursos hídricos sem uso e as terras adquiridas para fins de especulação. “Não se pode mais pensar em subsistência”, destaca a publicação. A agricultura irrigada é a mais indicada, mas os perímetros de-

Fizeram as obras e esqueceram do homem para realizar as ações de convivência com a seca. Se não

tem a pessoa que vai operar a obra, não tem resultado

vem ser abastecidos com fontes perenes de água, já que o sistema de açudes não dá garantia de for-necimento que a atividade requer para ser rentá-vel. Novos sistemas de produção se fazem neces-sários para que, à luz das condições ambientais, o homem do campo, capacitado, possa gerenciar seus recursos hídricos e aplicar com eficiência o que for adequado. O Nordeste tem nos açudes os elementos básicos para garantir a disponibilidade de água no semiárido, mas de forma insegura, porque a alta taxa de evaporação decorrente da elevada temperatura e a insolação do clima tropi-cal acarretam déficit crônico do balanço hídrico.

Dentre as soluções apresentadas pelo livro está um programa de reflorestamento com es-sências nativas e fauna/flora das áreas mais de-gradadas. Deve-se promover a modernização da agricultura de sequeiro para produzir alimentos e fibras de conformidade com as condições cli-máticas. Outra sugestão é a modernização da pe-cuária de pequeno e grande porte nas áreas apro-priadas ao seu manejo mediante a introdução de novos métodos e processamento adaptados ao semiárido e com base em tecnologia moderna.

O livro faz um levantamento das obras hí-dricas em andamento em todos os estados nor-destinos. No Ceará, o deputado destaca como prioritárias as obras para preencher os vazios hídricos, como o Cinturão das Águas, cuja ideia é levar a água do Programa de Integração de Ba-cias do São Francisco (PISF) por meio de canais interligados e abastecer rios e açudes da região. “Para que o cinturão tenha sucesso, é preciso que

13Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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ocorra a integração do Rio São Francisco, que foi anunciada há muito tempo. Com ela, teríamos reserva hídrica permanente e não dependería-mos apenas dos açudes Castanhão e Orós”, diz. Para preencher esses vazios hídricos, a sugestão, dada como urgente, é a ampliação da estrutura hídrica por meio da construção de adutoras e açudes médios e grandes e perfuração e recarga de poços profundos com equipamentos de des-salinização implantados.

Até o início de março, o volume total dos reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão e Recursos Hídricos (Cogerh) estava em 30,3%. Segundo o diretor de operações da com-panhia, Ricardo Adeodato, a situação é preocu-pante. Mas ele ressalta que o número de açudes com volumes inferiores a 30% (atualmente são 106 dos 144) não determina que os municípios sofram risco de desabastecimento.

Outra ação necessária é rever os métodos de cálculo de oferta e demanda de água, para que o abastecimento possa acontecer sem as caracte-rísticas de níveis de subsistência. Estima-se que o volume de água necessário para reverter esse quadro do semiárido nordestino, nos próximos dez anos, envolve uma somatória de vazões, com risco de déficit de 5%, da ordem de mil metros cúbicos por segundo, estimados pela Agência Nacional de Água (ANA).

A região do semiárido deve ser estudada e pesquisada em todos os seus aspectos relaciona-dos com clima, solo, vegetação, recursos hídri-cos, recursos naturais, piscicultura, silvicultura, engenharia genética, etc. Para isso, sugere o livro, é preciso criar, a exemplo do que ocorreu na Califórnia (EUA), que tem regiões semelhantes ao Nordeste brasileiro, institutos de pesquisa do

semiárido voltados para identificar e promover o desenvolvimento sustentável e competitivo. Com o objetivo de maximizar o aproveitamento das chuvas, a sugestão é que os estados implan-tem um sistema de gestão de recursos hídricos. O mecanismo propiciaria o melhor uso possível das condições naturais. A atividade de gestão deve envolver organismos de atuação em níveis federal, estadual e municipal.

construção de cisternasAvaliar permanentemente os riscos hidro-

lógicos, econômicos, sociais e ambientais a que estão sujeitos os sistemas hídricos e as diversas camadas sociais se faz necessário para facilitar a previsão, o convívio e a mitigação dos riscos climáticos. Programas como a construção de cisternas, em que um reservatório supre várias famílias, contribuem para a redução da vulnera-bilidade às secas por parte das famílias afetadas. Essa solução pode ser ideal para abastecer um certo número de famílias em um pequeno raio de alcance. No caso de agrupamentos de poucas famílias ou de residências isoladas, são neces-sárias soluções individuais, como a cisterna de 16 000 litros para coleta de água da chuva, que atende a uma demanda de cerca de oito litros por pessoa/dia, em média.

Para a construção de cisternas no semiárido, o Ministério do Desenvolvimento Social e Com-bate à Fome (MDS) assinou termo de parceria com a Articulação no Semiárido (ASA) para realização do programa 1 Milhão de Cisternas e firma convênios anualmente com governos esta-duais e municipais. Desde que surgiu, em 2003, até os dias de hoje, o programa construiu 499 387

No Ceará, existem 14 perímetros irrigados, compreendendo 20 municípios.

São 108 448 hectares de área total; 39 720 hectares de área implantada e

24 095 hectares de área cultivada. Outros três perímetros estão em

implantação; um com 70% concluídos; outro com 52%; e outro ainda não iniciado

Foto: JosÉ soBRiNHo

| RevistadaFIEC | Março de 201414 | RevistadaFIEC | Março de 201414

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cisternas, beneficiando mais de dois milhões de pessoas. No entanto, em 2012 havia um déficit de um milhão de famílias a serem atendidas. Pas-saram a ser consideradas outras preocupações para além das necessidades básicas. Atualmente, estão sendo instaladas cisternas-calçadão, com área de captação e volume de armazenamento maiores, para possibilitar pequenas irrigações e outros usos nas propriedades rurais.

Os recursos hídricos, segundo Ariosto Ho-landa, ficam comprometidos, ocorrendo desper-dícios, por conta de má gestão. Faltam pessoas qualificadas para lidar com os poços, adutoras, açudes e perímetros de irrigação, na avaliação do deputado. Em regiões tão inóspitas como o semiárido brasileiro, a capacitação da popula-ção resultou na convivência com a seca, como é o caso de Israel, que dessaliniza a água retirada do mar. No Ceará, muitos poços têm uma vazão significativa, mas a água obtida é salobra e não é realizado o mesmo processo, nem mesmo existe pesquisa para tanto.

As áreas irrigáveis não estão sendo devi-damente aproveitadas, segundo o livro coor-denado por Ariosto Holanda, que sugere que

sejam priorizados e ampliados com urgência os perímetros projetados e definidos pelo Banco do Nordeste. “A ampliação da área irrigável do Nordeste, sempre que possível combinada com agroindústria, é uma contribuição importante para o desenvolvimento da região, tanto sob a ótica do emprego como da produção”, pontua o deputado. Foram definidas, segundo dados do Dnocs e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Code-vasf), nos nove estados do Nordeste, 617 320 hectares de áreas irrigáveis; desses, somente 205 791 hectares estão implantados e apenas 127 856 hectares cultivados.

No Ceará, existem 14 perímetros irrigados, compreendendo 20 municípios. São 108 448 hec-tares de área total; 39 720 hectares de área implan-tada e 24 095 hectares de área cultivada. Outros três perímetros estão em implantação; um com 70% concluídos; outro com 52%; e outro ainda não iniciado. A grande limitação, de acordo com o livro, diz respeito à falta de garantia de forneci-mento de água em níveis aceitáveis, à deficiência de infraestrutura de transporte e energia e à au-sência de assistência técnica e tecnológica.

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Medidas conhecidas

ronistas coloniais dão conta de que, no século 16, os indígenas deixavam os sertões em busca do litoral do Nordeste para fugir

das estiagens prolongadas. O jesuíta Fernão Cardim fez o primeiro registro de seca, em Pernambuco e Bahia, em 1587. No século seguinte, há notícias em 1603, 1614, 1645 e 1692. A partir do século 18, quando o colonizador começou a penetrar nos sertões, foram notificadas 13 secas até 1992.

No Império, foram tomadas as primeiras medi-das mais efetivas. Em 1877, foi criada uma comis-são de engenheiros para estudar medidas de abas-tecimento de água visando à manutenção do gado e da população e irrigação para tornar possível o cultivo da terra. Para o Ceará, a comissão sugeriu a construção de um canal ligando o rio São Francis-co ao Jaguaribe. Em 1909, surgiu a Inspetoria de Obras contra as Secas (IOCS), em caráter emergen-cial. Em 1919, a IOCS passou a ser permanente, transformando-se em Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), até 1945, quando foram realizadas obras diversas como portos, rodovias, ferrovias, redes elétricas e de comunicação, açudes e outras de cunho social e assistencial.

Em 1945, assume a presidência o cearense José Linhares, que transforma o IFOCS em Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), que só

viria a se fortalecer no governo de Juscelino Kubits-chek. Em 1959, o presidente retoma o programa de açudagem pública iniciado por Epitácio Pessoa e institui a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que traz como um dos seus objetivos aumentar a produtividade do semiárido nordestino. Nos governos militares, o Dnocs fica en-carregado de promover a implantação de perímetros públicos de irrigação.

No Brasil de hoje, os governos teimam em dispor de medidas paliativas e emergenciais. Em novembro de 2013, a presidente Dilma Rousseff esteve no Ceará, quando anunciou, dentre outras medidas, que o governo estaria construindo 106 000 cister-nas de água para consumo e 5 000 destinadas à produção. Também destacou que, enquanto durar a seca, o governo pagaria 140 reais aos produtores relativos ao seguro Garantia Safra, ressaltando ainda que 278 000 agricultores recebem bolsa estiagem. A presidente afirmou que o combate à seca também depende de medidas estruturantes, mais robustas. Nesse sentido, o governo federal anunciou que estaria investindo 32 bilhões de reais em barragens, adutoras e açudes nos estados no Nordeste.

No dia 19 de março, Dilma veio novamente ao estado, em sua primeira visita oficial em 2014. Participou, ao lado do governador Cid Gomes, de eventos em Fortaleza e em Sobral, município loca-lizado a 250,3 quilômetros da capital. A presidente evitou questionamentos da imprensa sobre as muitas obras já anunciadas. Ao longo do discurso, no entanto, a petista ensaiou uma autocrítica sobre a seca, ao reconhecer que o Nordeste passa pela crise “com ferimentos”. Ela citou a mortandade do rebanho bovino e caprino na região, mas não deixou de enaltecer os feitos emergenciais de seu governo.

A presidente prometeu instituir, ainda este ano, o Plano Safra específico para atender aos municípios do semiárido. “Vamos executar com o ministro Mi-guel Rossetto [Desenvolvimento Agrário] o primeiro Plano Safra do semiárido. A região tem de ter safra e produzir os materiais específicos que compõem o volumoso [alimento] do gado.” Resta-nos aguardar!

CAté hoje, carros-pipa são

utilizados para suprir a

necessidade de água da

população do semiárido

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A solenidade também serviu para a entrega das chaves de caminhões-caçamba, motoniveladoras, caminhões-pipa e outros itens do chamado “kit seca” a 141 prefeitos cearenses, mas ainda restam 77 equipamentos a serem distribuídos, e prome-tidos em abril de 2013. “A responsabilidade é das empresas”, isentou-se Dilma.

Em Sobral, anunciou a liberação de recur-sos para construção de cisternas, instalação de sistemas de abastecimento de água e de módulos sanitários e aquisição de kits de irrigação, além de fazer a entrega de títulos de propriedade rural.

O Programa de Integração de Bacias do São Francisco desde 2007, quando foi iniciado, promete amenizar a forma como o nordestino lida com a seca. O Rio São Francisco funcionaria como uma reserva estratégica para a malha de canais, reser-vatórios e adutoras e permitiria um nível otimizado de exploração dos recursos hídricos das próprias bacias e dos vales a serem beneficiados, propor-cionando-lhes, assim, infraestrutura hídrica para o desenvolvimento sustentável. Dois canais, conhe-cidos como Eixo Norte e Eixo Leste, e um conjunto de aquedutos, túneis e estações de bombeamento transportam parcela de água do São Francisco a partir do estado de Pernambuco até açudes estra-tégicos na região. A área de abrangência, que é de cerca de 665 000 quilômetros quadrados, benefi-ciará uma população de 12 milhões distribuídas em 89 municípios. Segundo o Ministério da Integração Nacional, o empreendimento está hoje com 54,7% de execução, avançando a um ritmo de 2% ao mês. O Eixo Leste será concluído em dezembro de 2014 e o Eixo Norte em dezembro de 2015.

A previsão inicial de entrega do empreendi-mento era final de 2012. Após muitas promessas descumpridas pelo governo federal, uma das obras mais importantes para o Nordeste só deverá ficar pronta no final de 2015. Isso, acreditando-se que o governo vá entregá-la dentro do prazo, prometida para 2012, já que, atualmente, não está nem na metade. Precisou chegar o ano eleitoral para o me-gaprojeto ganhar certa velocidade. Trechos feitos há anos se deterioram e terão de ser refeitos. O custo

dessa lentidão é alto. No início, previa-se gastar 4,6 bilhões de reais. Mas já se foram cerca de 8 bilhões de reais, segundo recente relatório do Tribunal de Contas da União (TCU). A imprecisão de projetos básicos exigiu novas licitações, renegociação de contratos e interrupção do serviço pelas empreitei-ras. Os únicos trechos efetivamente prontos são dois lotes feitos pelo Exército. Enquanto isso, 12 milhões de nordestinos, de 390 cidades dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, esperam pelas águas do Velho Chico.

Para distribuir as águas depositadas pelo São Francisco no Ceará, o governo do estado, com recursos do Ministério da Integração Nacional, está construindo o Cinturão das Águas. A água será levada para 12 bacias hidrográficas do Ceará. A primeira etapa do cinturão está em execução e a previsão é que seja concluída até o fim de 2014. O primeiro trecho de 158 quilômetros começa em Jati, numa barragem que vai receber as águas do Rio São Francisco, que passa pelos municípios de Brejo Santo, Porteiras, Abaiara, Missão Velha, Barbalha, Crato, chegando até Nova Olinda e, de lá, numa primeira grande descarga no rio Cariús, vai banhar os municípios de Farias Brito, Cariús, Jucás, Iguatu e Quixelô, chegando até Orós. O investimento é de 1,6 bilhão de reais, sendo 1,05 bilhão de reais do governo federal e 550 milhões de reais de contra-partida do governo estadual. O canal principal terá 30 metros cúbicos por segundo de vazão, capaz de abastecer 17 municípios cearenses. De acordo com o governo do estado, o investimento total é de 7 bi-lhões de reais. Ao todo, o projeto prevê a construção de 1 300 quilômetros de canais, sifões e túneis. No trecho dois, a água chegará a uma das regiões mais secas do estado, o Sertão dos Inhamuns.

investimentos do estadoO governo cearense investiu de julho de 2012

até novembro de 2013 5,8 bilhões de reais, em parceria com o governo federal e municípios, em ações estruturantes e emergenciais de convivên-cia com a seca. Os investimentos são oriundos de

17Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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Foto: aRQUivo govERNo Do EstaDo Do CEaRÁ

A barragem, construída em Jati, irá

acumular as águas da transposição do São

Francisco, de onde sairão para o Cinturão

demandas apresentadas ao Comitê Integrado da Seca, formado pelo Ceará, União e outras entidades para acompanhar e encaminhar demandas de ações de convivência com a estiagem. Até novembro de 2013, a Defesa Civil do estado e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) perfuraram mais de 2,6 mil poços profundos, fazendo também a limpeza e a perfuração em mais de 35 municípios cearenses. Durante o governo Cid Gomes, já foram construídas 14 adutoras – que totalizam 642 quilômetros de extensão –, e dez barragens. Dentro desses planos, estão previstas ainda nove adutoras emergenciais no período de 120 dias, para atender locais que têm situações consideradas críticas pela Cogerh. São obras que totalizam o montante de 2 bilhões de reais.

Para este ano, estão previstos investimentos de 384,3 milhões de reais, por meio da SDA, em parceria com os Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e da Integração Nacional, na construção de instalação de cisternas de placas, quintais produtivos e cisternas de polietileno. O objetivo é concluir as 20 000 cisternas que estão sendo construídas, mais as 21 000 cisternas de novo convênio com o MDS e ainda a construção de 8 000 quintais produtivos. Em quatro anos, segundo infor-mações do governo do estado, já foram implantadas mais 81 000 cisternas (entre placas e polietileno) nos municípios e estão sendo construídas mais de 87 000. A SDA está implantando, em parceria com organizações não governamentais (ONGs), 50 669 cisternas de placas e de polietileno para 2014.

Arneiroz, Jaguaribara, Cariré, Varjota e Pacujá já universalizaram o abastecimento d’água com

cisternas de placa. Quixelô foi o primeiro município a fazer o abastecimento d’água do estado com cisterna de polietileno. Até a metade de janeiro deste ano, o governo do estado, por meio da SDA, autorizou a execução de 46 obras de implantação de sistemas de abastecimento de água em dez municípios cearenses, beneficiando 2 310 famí-lias. O estado tem investido também em adutoras emergenciais. Dentre os municípios cearenses beneficiados estão Crateús, Canindé, Beberibe, Pecém, Acopiara, Coreaú, Moraújo, Tauá e Milhã. O Exército tem atuado em 107 municípios, com 896 carros-pipa beneficiando 1,593 mil pessoas.

O estado recebeu ainda a doação do governo fe-deral de 30 000 toneladas de milho para distribui-ção entre os produtores rurais do Ceará. De junho a outubro de 2013, cerca de 32 000 agricultores em 176 municípios cearenses receberam o milho. O Ceará conta hoje com 308 000 agricultores familia-res inscritos para receber o pagamento do Garantia Safra em 2014, caso haja a confirmação de mais um ano de chuva abaixo da média.

A Secretaria de Planejamento anunciou no final de janeiro a aprovação de pacote de 106 projetos, sendo 95 de continuidade e 11 novos, distribuídos em dez áreas finalísticas, do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop), para serem alocados este ano pelo governo do estado. Dos 527,67 milhões de reais liberados, 239,49 milhões de reais, o equivalente a 45%, serão destinados ao desenvolvimento de 42 projetos de combate à estiagem e de apoio aos produtores no convívio com o fenômeno.

| RevistadaFIEC | Março de 201418

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O Ceará está na iminência de enfrentar um terceiro ano seguido de poucas chuvas. Israel também enfrenta problema com a baixa precipitação pluviométrica, mas tem excelência na produção agrícola. Como o seu país conseguiu superar essa questão climática? O assunto da seca é conhecido lamentavelmente também por Israel, haja vista que estamos no Oriente Médio, onde o registro de chuvas é pequeno. Então, a questão da água sempre foi e é assunto de constante preocupação. A solução em Israel para esse problema tem várias estratégias. Em primeiro lugar, aumentar a oferta da água.

Como foi feito isso? Por exemplo, com a dessaliniza-ção da água. Hoje, quase 80% do consumo domésti-co de água passam pelo processo da dessalinização. Na agricultura, mais de 50% adotam o modelo de reu-tilização da água, após ser limpa, tratada e purificada.

O outro método se dá por meio de se diminuir o consumo.

De que forma? Por meio da tecnologia. Na agricultura, por exemplo, é conhecido o sistema de goteja-mento. Em Israel, nos últimos 30 anos, sem acrescentar uma gota de água, ou um centímetro a mais de terra cultivada, a produção foi aumentada em 17 vezes. Isso por meio da tecnologia, do conheci-mento, do uso de forma mais inteligente. Então, se aumentamos a oferta por meio da dessalinização e poupamos por meio da tecnologia, temos condição hoje de depender muito menos da chuva. Acho que as soluções para o Ceará também podem ser buscadas combinando-se esses meios e métodos para cortar essa dependência da chuva. Ter água, sem depender tanto dela.

A sua vinda ao Ceará traz perspectivas para o estado nesse sentido? Vim apresentar e conhecer projetos em várias áreas, dentre elas a agricultura e recursos hídricos, setores nos quais Israel e Brasil são referência internacional. Podemos aprender juntos e cooperar ainda mais.

Israel, exemplo de boa convivênciaituado no Oriente Médio com mais da metade da extensão territorial do país em área desértica, Israel enfrenta, como o Ceará, períodos de secas marcantes. No entanto, nos últimos 30 anos, mesmo sem acrescentar uma

gota de água, ou um centímetro de terra agricultável, conseguiu aumentar em 17 vezes sua produção agrícola. O fato foi destacado pelo embaixador israelense no Brasil, Rafael Eldad, em visita este mês ao Ceará. Em encontro com diretores da FIEC, ele reforçou a posição do país no mundo em relação à convivência com a seca, citando que, desde a década de 1960, Israel contribui para o desenvolvi-mento da agricultura do semiárido brasileiro mediante a difusão de técnicas de irrigação e dessalinização de água.

Eldad disse também que os dois países estão com editais abertos para parce-rias entre empresas israelenses e brasileiras. Exemplo nesse sentido é a Netafim, empresa israelense referência em irrigação, que ampliou recentemente suas operações no Brasil. A companhia inaugurou, ano passado, uma fábrica em Cabo de Santo Agostinho (PE). Segundo ele, o modelo de Israel se baseia basicamente na questão da adoção da tecnologia e do conhecimento. O embaixador concedeu a seguinte entrevista à Revista da FIEC.

S

Campos ao redor do Kibutz Deganya

Foto: BEN HERzBERg

Rafael Eldad, Embaixador de Israel

Foto: JosÉ soBRiNHo

19Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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A baixa quantidade de chuvas e os consequentes apagões mostraram que está na hora de o Brasil ampliar sua matriz energética. As fontes eólica, solar e nuclear são as principais saídas

Luz no fim do túnel

Energia elétrica

Gevan Oliveira

| RevistadaFIEC | Março de 201420 | RevistadaFIEC | Março de 201420

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omo mostrou a Revista da FIEC em sua edição de fevereiro, os apagões ocor-ridos nos últimos anos serviram para que governos e especialistas chegassem,

definitivamente, a dois consensos: o atual sistema energético do Brasil não dá mais conta de suas demandas e há urgência para diversificar a matriz energética, sob pena de o país parar nos próximos anos se nada for feito, já que todas as fontes ge-radoras, incluindo as termelétricas, estão ligadas a todo vapor, literalmente. A falta de energia é um dos responsáveis pelo atraso do Brasil, com reflexos diretos no baixo crescimento do Produ-to Interno Bruto (PIB), o menor entre os países emergentes. Os cofres do governo também so-frem prejuízos bilionários, uma vez que arca com os custos da geração de energia, além de manter a conta do consumidor sob controle. Estima-se que essas manobras sangraram os cofres públicos, nos últimos dois anos, em 19 bilhões de reais.

Diferente de países desenvolvidos, que cui-daram de buscar alternativas para esse setor décadas atrás, a estratégia brasileira, durante muitos anos, foi centralizada apenas na matriz hidrelétrica. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), quase 70% da energia elétrica brasileira são provenientes da hidroele-tricidade. Uma energia limpa, mas com sérios inconvenientes. Primeiro, o seu potencial gera-dor fica em áreas de pouca densidade urbana e muito distante (especificamente na Região Norte) dos maiores centros consumidores. Isso enseja vultosos gastos em gigantescas linhas de transmissão, ocasionando, por sua vez, desper-dício de energia até a chegada ao destino final. Sem contar que os milhares de quilômetros de ligações deixam o sistema vulnerável às intem-péries e queimadas, apontadas, pelo próprio go-verno, como causas de vários blecautes.

O outro problema do uso das hidrelétricas é a sua dependência das chuvas para funcionar. Se São Pedro não abrir as torneiras por dois anos consecutivos, é certo que haverá dificuldades no ano seguinte, como agora, quando o santo não está sendo generoso e o governo precisou acionar as usinas térmicas, mais poluentes e caras. Se este ano não chover forte até maio, teremos um 2015 de muito sufoco para todos os setores produtivos.

Some-se a isso o fato de estar havendo uma redução gradual da capacidade de regularização do sistema elétrico no país por parte das hidre-létricas. É o que mostra um estudo da Federa-

C

ção das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Segundo o relatório, em 2001, a capa-cidade de regularização do Sistema Interligado Nacional (SIN) era de 6,27 meses, ou seja, se os reservatórios estivessem completamente cheios haveria energia armazenada sob a forma de água capaz de atender à demanda sem a necessidade de geração complementar a partir de outras fon-tes, por esse período. Já em 2012, a capacidade de regularização do sistema baixou para 4,91 meses, queda de quase 25% em comparação ao que foi verificado onze anos antes.

Conforme a Firjan, a capacidade de re-gularização dos reservatórios está caindo em função da inclusão de mais usinas a fio d’água na matriz, cujo modelo de produção não ne-cessita de amplo reservatório e de gigantescas estruturas. Na fio d’água, não são necessárias a geração e a manutenção de grande estoque de água e de barragem, uma solução encontrada para evitar não inundar cidades e áreas ver-des. Esse sistema está sendo implementado na construção da Usina de Belo Monte; Santo Antô-nio e Jirau também usam o mesmo modelo.

“O potencial hidrelétrico brasileiro está no Norte, onde o regime de chuvas é concentrado e dependente da hidrologia”, explica Tatiana Lau-ria, especialista em competitividade industrial e

vista aéra do sítio pimental; à esquerda, trecho do rio Xingu que será barrado em 2015

Se a demanda de energia seguir em trajetória ascendente e a ampliação do parque hidráulico for sustentada quase exclusivamente por usinas a fio d’água, a expectativa da Firjan é que a perda da

capacidade de regularização do sistema atingirá 3,35 meses em 2021, uma queda de 50%

frente a 2001

Foto: LaLo DE aLmEiDa / FoLHapREss

21Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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investimentos da Firjan. Se a demanda de ener-gia seguir em trajetória ascendente e a ampliação do parque hidráulico for sustentada quase exclu-sivamente por usinas a fio d’água, a expectativa da Firjan é que a perda da capacidade de regula-rização do sistema atingirá 3,35 meses em 2021, uma queda de 50% frente a 2001.

Ainda indispensáveisQuando há escassez de chuva aliada ao forte

calor, o preço da energia elétrica dispara por cau-sa do aumento do consumo dos eletrodomésti-cos, como ar-condicionado e ventilador. Foi isso que ocorreu com a energia de curto prazo, quan-do, em fevereiro passado, chegou a 822,83 reais por megawatt-hora (MWh). O recorde anterior, de 684 reais por MWh, foi entre 30 de junho e 6 de julho de 2001, época em que foi decretado racionamento de energia pelo governo, mas não havia geração térmica. Hoje, para atender à de-manda, todo o sistema térmico de geração, cons-truído no Brasil em menos de dez anos, teve de entrar em operação. No mercado de curto prazo, distribuidoras e grandes indústrias compram energia para necessidades imediatas.

Atualmente, movidas pela queima de com-bustíveis fósseis, como carvão, óleo ou gás, mais caros e poluentes, as usinas termelétricas são in-dispensáveis e vêm ganhando cada vez mais estí-mulo para entrar em operação, porque são mais rápidas para se construir e podem ser instaladas em locais perto das regiões de consumo, redu-

zindo o custo com torres e linhas de transmissão. É fato que, se não fossem elas, o Brasil teria en-trado em colapso nos últimos anos.

Na região Nordeste, sua produção já é superior às demais. Em 16 de fevereiro deste ano, as termelétricas passaram a ser responsá-veis pela maior parte da energia gerada, supe-rando, pela primeira vez na história, a energia oriunda das hidrelétricas. A informação foi confirmada pelo Operador Nacional do Sis-tema Elétrico (ONS). Segundo o órgão, dos 7 337 MW médios, 3 688 MW médios vieram das térmicas, naquele mês. As hidrelétricas da região geraram 3 347 MW médios.

Ainda segundo o ONS, mesmo com o acionamento de todas as térmicas, o total produzido no Nordeste não tem sido suficiente para atender às necessidades da região. Em 16 de fevereiro, a carga demandada nos nove estados nordestinos foi de 8 771 MW médios, quase 20% superior ao total gerado. O déficit tem sido supri-do pelas hidrelétricas do Norte. Em toda a região, são 27 térmicas instaladas. No Ceará, quatro estão operando: a Termoceará (da Petrobras), a Ter-mofortaleza (grupo Endesa) e duas da Energia Pecém. Segundo governo federal, estão em cons-trução mais 35 termelétricas em todo o país.

AlternativasEm meio às atuais críticas ao deficiente se-

tor elétrico nacional, ganha força as discussões sobre o aproveitamento de outras fontes de ener-gia no Brasil. A saída mais discutida passa pela exploração de alternativas renováveis e o apro-veitamento do potencial das regiões. Para os es-pecialistas, nenhum investimento será capaz de suprir, a curto prazo, as atuais necessidades do sistema, mas, nos próximos anos, é preciso uma força tarefa, unindo todas as matrizes disponí-veis, para acabar com a dependência das chuvas. “Não adianta o governo fazer um decreto e tentar implementar tudo ao mesmo tempo. Os custos estão baixando. A soma de pequenas contribui-ções pode levar o país a um melhor desempenho energético”, diz o coordenador do Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Arno Krenzinger.

Hoje, as fontes renováveis mais promissoras para produção de energia elétrica no Brasil são a solar, a eólica e atômica. Dentre as desculpas usa-das pelos governos anteriores para não investir nessas matrizes está o fato de serem muito caras.

Em toda a região, são 27 térmicas instaladas. No Ceará, quatro estão operando: a Termoceará (da Petrobras), a Termofortaleza (grupo Endesa) e duas da Energia Pecém. Segundo governo federal, estão em construção mais 35

termelétricas em todo o país

Usina termelétrica no Pecém

| RevistadaFIEC | Março de 201422

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De fato, a energia solar, por exemplo, chegou, na década de 1990, a ser até dez vezes mais onero-sa do que a hidrelétrica. No entanto, a realidade atual é outra. De acordo com os últimos leilões promovidos pelo governo, o preço da energia eólica tem sido equivalente à hidrelétrica. Já a térmica e a solar são, ainda, três vezes mais caras.

renovável e competitivaSegundo o boletim da Associação Brasileira

de Energia Eólica (Abeeólica), divulgado em feve-reiro deste ano, a capacidade instalada dessa fonte no país vai aumentar quase 300% em seis anos. Levando em conta os parques que estão em cons-trução e a energia já contratada, o setor saltará dos atuais 3 445,3 MW para 13 487,3 MW, energia su-ficiente para abastecer mais de 20 milhões de ca-sas no país. Com isso, até 2018, a participação da eólica na matriz energética brasileira vai saltar dos atuais 3% para 8%.

O levantamento mostra que a capacidade instalada dos parques eólicos no Brasil somou 2 181 MW ao final de 2013, um acréscimo de 18% (340 MW) na comparação com dezembro de 2012. No período, o número de usinas em funcionamento saltou de 76 para 90, resultado da conclusão de projetos do segundo leilão de fontes alternativas (em 2010) e do segundo e ter-ceiro leilões de reserva (2009 e 2010).

O informativo também aponta que, em de-zembro de 2013, o fator de capacidade médio (produtividade) das eólicas brasileiras foi de 36%, sendo que variou de um mínimo de 24% em abril a um máximo de 47% em outubro. Se-gundo dados do Wind 2012 Annual Report, este desempenho coloca o Brasil à frente de Estados Unidos (33%), Espanha (24%), Alemanha (19%) e China (18%) em relação à produtividade dos parques eólicos. O maior aumento da capacida-de, no ano de 2013, foi registrado na região Nor-deste, que atingiu 1 451 MW provenientes de 60 usinas, o que representa 67% da capacidade total de eólicas do país, frente à representatividade de 63% em dezembro de 2012. Já a região Sul soma capacidade de 703 MW, correspondente a 29 usinas, enquanto que o Sudeste, com uma única usina geradora, possui 28 MW da fonte.

Ainda de acordo com a Abeeólica, a potência gerada por meio da energia eólica no Ceará já é suficiente para abastecer o estado do Amapá, quase o Acre e quase o dobro de Roraima. Isso porque o total gerado de 671 megawatts – nú-

meros de fevereiro – abastece um local com cer-ca de 750 000 habitantes. O Ceará conta com 22 parques eólicos em operação, com a perspectiva de gerar em breve mais 1,7 gigawatts. “A ener-gia eólica está enfrentando a maior taxa de cres-cimento no Brasil, que é o maior investidor de eólica no mundo, principalmente no Nordeste. No momento, o maior investimento está no Rio Grande do Norte, depois na Bahia e no Ceará”, afirma Elbia Melo, presidente da Abeeólica.

Ela explica que nenhuma fonte pode substituir ou concorrer com a outra. Todas são complemen-tares à geração de energia hidrelétrica. “A questão de a produção de energias se complementar vai se concretizando a partir do custeio. O valor do megawatt da eólica custa 110 reais, enquanto o da hidrelétrica está entre 100 reais e 105 reais. Valo-res bem próximos. Para o futuro, espera-se que o Brasil continue investindo e se aprimorando na geração de energia limpa”, diz Elbia Melo.

Pioneiro nesse tipo de empreendimento no Nordeste, o Ceará começou bem cedo a insta-lação dos primeiros parques eólicos da região (em 1992 iniciou os estudos de mapeamento eólico, resultando nos primeiros parques eólicos do mundo construídos sobre dunas: o da Praia

Levando em conta os parques que estão em construção e a energia já contratada, o setor saltará dos atuais 3 445,3 MW para 13 487,3 MW, energia suficiente para abastecer mais de 20 milhões de casas no país. Com isso, até 2018, a participação da eólica na matriz energética

brasileira vai saltar dos atuais 3% para 8%

Vista aérea do parque eólico localizado no município de Beberibe/CE

23Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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da Taíba, com capacidade de 5 MW, e o da Prai-nha, em Aquiraz, com 10 MW), atrás apenas do Rio Grande do Sul (o primeiro do Brasil). No entanto, fatores como os atrasos nas linhas de transmissão e a dificuldade para liberação das li-cenças ambientais fizeram com que o Rio Gran-de do Norte e a Bahia conseguissem atrair mais investimentos. Hoje lideram o processo, com 88 e 109 parques em construção, respectivamente. No Ceará, há 70 novas obras em andamento.

energia solarAssim como a eólica, a energia solar é uma

fonte inesgotável e limpa. E se considerarmos que o Brasil tem uma das maiores incidências de raios solares do planeta, em especial no Nor-deste, onde em muitos estados, como o Cea-rá, o período de insolação chega próximo dos 300 dias por ano, surge a inevitável pergunta: por que não usamos essa tecnologia em larga escala? A resposta é sempre a mesma. Má vonta-de e falta de planejamento dos governantes.

Como há décadas só se enxergava no Brasil a energia proveniente das águas, poucos foram os desbravadores da matriz solar, considerada atualmente uma alternativa muito promissora para enfrentar os desafios da expansão da ofer-ta de energia com baixo impacto ambiental. As aplicações dessa fonte podem ser divididas em dois grupos: energia solar fotovoltaica – aproveitamento da luz solar para conversão di-reta em energia elétrica, utilizando painéis foto-voltaicos; e a energia térmica (coletores planos e concentradores) relacionada basicamente aos sistemas de aquecimento de água.

Conforme dados do relatório Um Banho de Sol para o Brasil, do Instituto Vitae Civilis, o Bra-sil recebe energia solar da ordem de 1 013 MWh anuais, o que corresponde a cerca de 50 000 vezes o seu consumo anual de eletricidade. De acordo com o Atlas Solarimétrico do Brasil, iniciativa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), o Nordeste é a região de maior radiação solar, com média anual comparável às melhores regiões do mundo, como a cidade de Dongola, no deserto do Sudão, e a região de Dagget, no Deserto de Mojave, Califórnia (EUA).

Os primeiros empresários que apostaram na energia solar por aqui só conseguiram pro-duzir e vender equipamentos no final da déca-da de 1970. Hoje, com mais de cem indústrias fabricando esses produtos, o maior uso dessa fonte energética no país está concentrado no segmento de aquecedores, tornando-se um forte aliado na preservação do meio ambien-te, já que uma parcela significativa de toda a energia gerada no Brasil é consumida na for-ma de calor e aquecimento direto. Conforme o Balanço de Energia Útil, publicado pelo Minis-tério de Minas e Energia (MME), somente com aquecimento doméstico de água para banho, via chuveiro elétrico, são gastos anualmente bilhões de quilowatt hora (kWh) de energia elétrica que poderiam ser supridos com aquecedores solares.

Apesar do muito que se tem para evoluir, o relatório 2013 da International Energy Agency (IEA) mostra que existem no Brasil 8,4 milhões de metros quadrados de área de coletores sola-res térmicos instalados, o que coloca o Brasil na quinta posição no ranking mundial na utiliza-ção de energia solar térmica. De acordo com a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-con-dicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), o setor produziu, em 2012, mais de 1 milhão de metros quadrados de coletores solares, cerca de 50% para piscinas e 50% para banho. Os seto-res que mais se utilizam dessa tecnologia são o residencial e o de serviços, como hotéis, restau-rantes, pet shops, clubes, lavanderias e hospitais. A indústria também já está começando a expe-rimentar os aquecedores, ainda que de forma pontual, informa a entidade.

O relativo sucesso da geração fototérmica não se repete quando o assunto é o aproveita-mento da luz solar para a produção de eletrici-dade. O Brasil está vários anos atrasado em rela-ção a muitos países da Europa, Estados Unidos,

Elbia Melo, presidente

da Abeeólica

A energia eólica está enfrentando a maior

taxa de crescimento no Brasil, o maior investidor de eólica no mundo, principalmente no Nordeste. No momento, o maior investimento está no Rio Grande do Norte, depois na Bahia e no Ceará

“Foto: JosÉ soBRiNHo

| RevistadaFIEC | Março de 201424

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China e Japão. A Alemanha, por exemplo, de-tém 31% do mercado global e é responsável por 44% da energia solar produzida na Europa, com 32,411 gigawatts (GW) da capacidade instalada. Já a Itália, terceira no ranking, tem 16% da pro-dução da energia solar mundial, com capacidade instalada de 16,3 GW.

Apenas em abril de 2012, com a Resolução 482 da Aneel, o governo abriu perspectivas para que os brasileiros gerem sua própria energia por meio do mecanismo de net-metering, onde é possível instalar uma usina solar (placas fotovol-taicas) no telhado e, com o uso de um relógio de medição bidirecional, trocar energia com a dis-tribuidora. Pelas regras, indivíduos ou empresas podem instalar pequenos sistemas de microge-ração de até 100 kW e minigeração entre 101 kW e 1 MW de potência e ‘vender’ o excesso para as concessionárias por meio do recebimento de um crédito. Além desse estímulo, haverá um descon-to de 80% durante dez anos da taxa de conexão.

Além da energia solar fotovoltaica, a microge-ração poderá também contar com tecnologias de turbinas eólicas, geração por meio de biomassa a partir de resíduos urbanos sólidos ou esgotos e até de resíduos agrícolas, sem contar outras tec-nologias que ainda surgirão. O valor do equipa-mento solar varia de acordo com a energia que se pretende produzir. Em uma casa com con-sumo médio de 300 kWh por mês, o proprietá-rio gastará, em média, entre 5 000 reais e 10 000 reais com a estrutura para captação de eletricidade.

Não precisa ser especialista para entender que se os equipamentos fossem barateados pelo governo, milhões de pessoas poderiam gerar sua

própria eletricidade, evitando a dependência das usinas e linhas de transmissão. O atraso da ener-gia solar fotovoltaica no Brasil se deve, segundo o consultor da GIZ – Agência de Cooperação Técnica Brasil-Alemanha, Carlos Faria Café, a um forte lobby para manter as usinas e o negó-cio na mão de poucos: “A energia solar é a mais barata de todas, mas os projetos não saem das prateleiras das universidades porque contraria os interesses do governos e dos grandes investi-dores das hidrelétricas”.

Infelizmente, a falta de vontade dos ór-gãos públicos não é “privilégio” do Brasil. Tanto que a primeira usina de energia solar em escala

Conforme dados do relatório "Um Banho de Sol para o Brasil", do

Instituto Vitae Civilis, o Brasil recebe energia solar da ordem de 1 013 MWh anuais, o que corresponde

a cerca de 50 000 vezes o seu consumo anual de eletricidade

A Usina Solar Tauá abriga cerca

de 5 000 painéis

Visão de futuroNo dia 27 de dezembro do ano passado, o estado de Pernambuco promoveu o primeiro leilão

de energia solar do Brasil, numa aposta ousada que trouxe boas expectativas para os investidores de tal fonte. Vale destacar que, em 2013, a solar ficou de fora dos grandes leilões de energia promovidos pelo governo federal, e a nova resolução da Aneel para promover a instalação de painéis solares em casas e estabelecimentos comerciais teve poucas adesões.

Numa ação ousada e pioneira, o governo pernambucano contratou seis projetos de em-presas da Alemanha, Itália, China, Espanha e Brasil para instalar painéis e gerar energia no interior do estado. O governo estima quase 600 milhões em investimentos. Ao todo, esses projetos somam 122 MW de energia. Isso significa que Pernambuco vai gerar seis vezes mais energia do que é produzido atualmente no país. A intenção é transformar o interior em um polo de energia solar brasileiro. Mas, para isso, um passo decisivo será conseguir baixar os custos de produção. Uma comparação com a energia eólica mostra a diferença: enquanto o leilão de solar ficou na casa dos megawatts, a da eólica foi contratada em gigawatts.

25Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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comercial da América Latina só passou a funcio-nar em 2011, no município de Tauá, no interior do Ceará, a 337 quilômetros de Fortaleza. Localizada no Sertão dos Inhamuns, e à época pertencente à EPX Energia, do ex-bilionário Eike Batista, a usi-na tem capacidade instalada de 1 MW. Desde que começou a funcionar, tem atraído a curiosidade de turistas, estudantes e investidores internacio-nais, que mostram interesse em instalar outras usinas no município e empresas de suprimento.

A Usina Solar Tauá abriga cerca de 5 000 pai-néis fotovoltaicos, e contou com investimento ini-cial de 10 milhões de reais. Hoje pertencente ao grupo Eneva, a meta é chegar a 50 MW. A energia elétrica produzida no local é injetada no Sistema Interligado Nacional e suficiente para abastecer até 1 500 famílias. Com a expansão prevista nos planos da empresa, o número sobe para até 75 000 famílias, equivalente ao suprimento de três vezes o número de domicílios de Tauá.

energia nuclearEm novembro de 2013, a empresa europeia

de energia nuclear Areva assinou um contrato de 1,25 bilhão de euros com a Eletrobras Eletronu-clear para a conclusão da construção de um rea-tor para a usina de Angra 3, no Rio de Janeiro. A companhia é de origem francesa – país que tem mais de 60% de sua matriz elétrica oriunda da energia atômica – e vai fornecer equipamentos e serviços de engenharia, além de instrumentação digital e sistema de controle ao empreendimen-

Othon Luiz Pinheiro, presidente da Eletronuclear

As quatro novas usinas nucleares

podem gerar investimentos de cerca de 25 bilhões de reais, considerando o atual valor da usina de Angra 3

“Usina de Angra 3

to brasileiro. Angra 3 terá capacidade para gerar 1 405 MW e está prevista para começar a fun-cionar em maio de 2018. O orçamento total do projeto está estimado em 13,93 bilhões de reais.

No momento, as usinas Angra I e II geram o equivalente a 30% do que é consumido no Rio de Janeiro. Com a terceira unidade, prevê-se chegar a 60%. Juntas, as duas usinas fecharam o ano de 2013 gerando 14,6 milhões de MWh em 2013 – a terceira melhor marca da história da Eletro-bras Eletronuclear até agora. Essa energia seria suficiente para suprir, ao mesmo tempo, as resi-dências das cidades de Manaus, Belo Horizonte e Porto Alegre, durante um ano.

O contrato com a Areva representa o inte-resse formal do governo em apostar fortemente nessa polêmica fonte geradora. Segundo o presi-dente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, o Plano Nacional de Energia (PNE) 2030 colocou a fonte de geração nuclear novamente na pauta de expansão do setor elétrico brasileiro. A inten-ção é fazer com que ela cresça dez vezes até 2050 e passe a responder por 20% da matriz energé-tica. Para tanto, a ideia inicial é colocar em ope-ração, nos próximos 20 anos, mais quatro novas usinas, duas no Nordeste e duas no Sudeste, ele-vando a geração nuclear para 7,3 mil MW. “As quatro novas usinas podem gerar investimentos de cerca de 25 bilhões de reais, considerando o atual valor da usina de Angra 3”, acredita Othon.

O preço para produção da energia nuclear é um dos incentivadores do programa de desen-volvimento energético nacional. Conforme as contas da Eletronuclear, as gerações a diesel e a óleo combustível passam de 600 reais por MWh; já o preço da energia nas usinas de Angra dos Reis fica em 135,28 reais por MWh. “Esse valor está abaixo até mesmo do de fontes consideradas renováveis, como as Pequenas Centrais Hidroe-létricas (PCHs) que foram concedidas no leilão A-5, que negociou energia por um período de 30 anos a 154 reais por MWh”, garante Othon.

A escolha dos locais para as novas centrais planejadas no país ficará a cargo do MME e deverá ser feito por escolhas políticas. Quanto à tecnologia utilizada, Othon aposta que será a mesma utilizada nas usinas de Angra, a chama-da PWR: “Essa tecnologia é a mais utilizada na França e na Alemanha e facilita a reciclagem do combustível utilizado”.

| RevistadaFIEC | Março de 201426

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Pré-sal de urânioA energia atômica é produzida a partir do

beneficiamento do urânio – um elemento quími-co encontrado na natureza. Retirado das minas, em forma de rocha, 99,3% é do tipo 238, o mais comum. O 0,7% restante é urânio 235. Este é o usado para geração de energia e para a constru-ção de bombas atômicas. No Brasil, 99% de sua utilização são voltados à geração de energia. O 1% restante é utilizado na medicina e na agricultura.

Segundo dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o país possui atu-almente a sétima maior reserva de concentrado de urânio do mundo, com 309 000 toneladas, atrás de Austrália, Cazaquistão, Rússia, África do Sul, Canadá e Estados Unidos. Vale desta-car que tal potencial foi alcançado apenas com a exploração da Mina de Caetité, no município de Lagoa Real (BA). O presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), uma companhia de economia mista vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aquilino Sen-ra, diz que o país tem potencial para alcançar a primeira posição desse ranking nos próximos anos: “Considerando as reservas ainda não exploradas, há um ‘pré-sal de urânio’ no Bra-sil em termos de potencial energético, mas são necessários bilhões em investimentos para isso se tornar realidade”.

Dados da INB mostram que os investi-mentos necessários até 2020 para aumentar a participação da energia atômica na matriz energética do país são de 2,42 bilhões de reais, sendo 64% (1,55 bilhão de reais) destinados à fase do enriquecimento do material, ou seja, à separação dos átomos de maior potencial ener-gético (U235) dos átomos comuns da substân-cia (U238) por meio de centrífugas. O próxi-mo passo será a exploração da Mina de Itataia, localizada no município de Santa Quitéria, no Ceará, e a duplicação da Caetité. Estas obras são indispensáveis porque as duas usinas de Angra já consomem todo o urânio beneficiado no país. Em 2012, foi preciso importar o produto.

Para o Ceará, a usina trará muitos benefí-cios [caso não haja problemas ambientais] a uma das regiões mais áridas do sertão nordestino. A previsão é que sejam investidos cerca de 870 mi-lhões de reais no projeto, entre recursos próprios da empresa Galvani e financiados pelo BNB. Com a tecnologia de exploração já desenvolvi-da, serão construídas duas unidades industriais.

Numa serão fabricados fertilizantes fosfatados e fosfato bicálcico (matéria-prima da Galvani), este último voltado para ração animal. Noutra unidade será produzido o yellowcake, como é conhecido o concentrado de urânio. A previsão é que os empreendimentos gerem em torno de 4 000 empregos diretos e indiretos, além de tra-zer diversos benefícios nas áreas de transporte (construção de rodovias e ferrovias), comunica-ção, educação e saúde. A estimativa é que a mi-neração de Itataia comece a operar em 2017. No momento, as obras aguardam licença ambiental do Ibama.

A reserva deve produzir, na primeira fase, 180 000 toneladas anuais de fosfato e 1 200 toneladas/ano de urânio. Já na segunda etapa, que começa em 2022 e prossegue até que os re-cursos da mina sejam exauridos, serão produ-zidas 240 000 toneladas/ano de fosfato e 1 600 toneladas/ano de urânio. Segundo a Galvani, as reservas minerais lavráveis são de 65,6 milhões de toneladas de fosfato e de 80 000 toneladas de urânio. A mina também permitirá a exploração de outros produtos, como o mármore.

A reserva deve produzir, na primeira fase, 180 000 toneladas anuais de fosfato e

1 200 toneladas/ano de urânio. Já na segunda etapa, que começa em 2022 e prossegue até que os recursos

da mina sejam exauridos, serão produzidas 240 000 toneladas/ano de fosfato e 1 600

toneladas/ano de urânio. Segundo a Galvani, as reservas minerais lavráveis são de 65,6 milhões de

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27Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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Apesar de o tatu-bola ter sido escolhido como mascote da Copa do Mundo, o projeto de preservação da espécie, promovido pela Associação Caatinga, segue sem receber ajuda da Fifa

Ameaça de extinção continua

a noite de 16 de agosto de 2012, a Federação Inter-nacional de Futebol (Fifa) e o Comitê Organiza-dor Local (COL) anunciaram que o tatu-bola se-ria o mascote oficial da Copa do Mundo de 2014.

Desde então, a imagem do animal, um dos mais ameaça-dos de extinção no Brasil, vem sendo usada em centenas de produtos oficias da competição. Algo que ocorrerá pelos próximos dez anos. Durante o evento, o secretário-geral

da Fifa, Jérôme Valcke, lembrou que a espécie se encontrava vulnerável, sendo um dos motivos que levaram à sua escolha. “Com esse mascote, vamos poder realizar um dos principais objetivos da Copa: co-municar a importância do meio ambiente e da ecologia. Temos certeza de que ele será amado não apenas no Brasil, mas no mundo todo.”

A escolha do tatu-bola – que ganhou o nome oficial de

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| RevistadaFIEC | Março de 201428

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Fuleco por 1,7 milhão de brasileiros, em vo-tação pública, três meses depois – como íco-ne do maior encontro esportivo do planeta foi motivo de orgulho para os integrantes da Associação Caatinga, organização não gover-namental (ONG) com sede em Fortaleza que atua na preservação do bioma que lhe dá o nome. A ONG criou a campanha pela eleição do bichinho que pesa 1,5 quilo, mede 50 cen-tímetros, e está na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente (MMA). A caça e a destruição do seu habitat são as principais ameaças.

No entanto, passada a euforia do anúncio, a esperança de que a Fifa pudesse ajudar finan-ceiramente os projetos de preservação do tatu--bola ainda não se concretizou. “Dialogamos diversas vezes com as autoridades da Copa, a fim de doarem parte do lucro da venda dos produtos, mas todos os apelos foram negados. Milhares de bichinhos de pelúcia e camisetas, por exemplo, estão sendo vendidos, mas nada

chega até nós”, desabafa Rodrigo Castro, biólogo e secretário-exe-cutivo da Associação Caatinga. Ele explica que foram as pos-

sibilidades de levar adiante um plano de preservação do animal que fizeram a entidade sugerir a adoção do símbolo.

Projeto

Apesar da falta de sensibilida-de da Fifa em colaborar diretamente

com os planos de preservação do tatu-bola, a Associação Caatin-

ga continua sua luta para ten-tar salvar o animal. Rodrigo destaca que a população da espécie foi reduzida em um terço nos últimos dez anos,

e, se nada for feito, em 50 anos ela estará extinta. Esta estimativa

levou a organização a elaborar um projeto de conservação,

que conta com apoio de duas entidades de atuação mundial: a suíça União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na si-gla em inglês) e a americana The Nature Con-servancy (TNC). Ambas ajudam no custeio da equipe e gastos com as pesquisas de campo.

Com duração prevista de dez anos (a par-tir de 2013), a campanha Eu Protejo o Tatu-bola pretende, de forma geral, promover a conser-vação do animal, visando à manutenção da espécie na natureza. Entre suas metas estão a de gerar conhecimento atualizado sobre a ecologia e distribuição da espécie, identificar áreas prioritárias para a sua conservação, criar unidades de conservação e corredores ecoló-gicos, tornar mais conhecidos o tatu-bola e os ambientes naturais nos quais ele ocorre e promover ações de educação ambiental para

A escolha do tatu-bola – que ganhou o nome oficial de

Fuleco por 1,7 milhão de brasileiros – como ícone do maior

encontro esportivo do planeta foi motivo de orgulho para a

Associação Caatinga

Rodrigo Castro, biólogo e secretário-executivo

da Associação Caatinga

“Dialogamos diversas vezes com as autoridades da Copa,

a fim de doarem parte do lucro da venda dos produtos, mas todos os apelos foram negados. Milhares de bichinhos de pelúcia e camisetas, por exemplo, estão sendo vendidos, mas nada chega até nós

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29Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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O tatu-bolaAo se enrolar e assumir o formato de

bola, o tatu-bola consegue se proteger de seus predadores naturais, como a onça. Mas, contra o homem do campo, que o caça para se alimentar, seus mecanismos de defesa são ineficazes, já que não faz tocas para se esconder e, inerte em seu casulo, se torna presa fácil. E há outros vilões, como o desmatamento, as queimadas e a expansão das áreas agrícolas, assumindo papel princi-pal na destruição da espécie. Atualmente, o animal pode ser encontrado em oito estados brasileiros: Ceará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia, Goiás e Tocantins. Segundo a classificação utilizada pela IUCN, o tatu-bola está na categoria “criticamente em perigo”. É quando a espécie corre risco extremamente alto de extinção em futuro imediato. Trata-se da última categoria antes da extinção.

Como ajudar

A campanha Eu Protejo o Tatu-Bola está recebendo doações de pessoas físicas e empresas. A contribuição, a partir de 25,00 reais, pode ser feita por meio do site www.acaatinga.org.br. Os doadores recebem um kit exclusivo com certificado, adesivos e informativo e ganham pontos para trocar por produtos na loja virtual da entidade. As empresas que desejarem custear o projeto de conservação podem optar por uma das modalidades de patrocínio da campanha. Por meio da doação, a instituição pode associar sua marca ao projeto ou vincular o selo da campanha aos seus produtos ou serviços.

serviçoO telefone para contato é (85) 3241

0759 ou e-mails [email protected] e [email protected].

a sensibilização da sociedade. “Quando tiver-mos os recursos necessários, faremos um le-vantamento detalhado para mapear as áreas de ocorrência do tatu-bola, que são basicamente os biomas Caatinga e Cerrado. Promoveremos estudos sobre os seus hábitos, desenvolven-do ações de conservação a partir da Reserva Natural Serra das Almas [reserva de proteção ambiental mantida pela entidade, no interior do Ceará] e também ações de educação am-biental”, conta Rodrigo.

Boa notícia

Como fruto do esforço da entidade para chamar a atenção do mundo ao iminente de-saparecimento da espécie, o MMA anunciou, em fevereiro deste ano, que a preservação do tatu-bola será objeto de um plano nacional de conservação de espécies da fauna ameaçadas de extinção. A elaboração está a cargo do Ins-tituto Chico Mendes de Conservação da Bio-diversidade (ICMBio), vinculado ao Ministé-rio, e deve estar concluído até o final de 2014.

Segundo o analista ambiental da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Arthur Soccal Seyffarth, toda espécie ameaça-da deve ter um plano de conservação, que visa melhorar seu estado de conservação e, se pos-sível, tirá-la da lista das ameaçadas. No caso do tatu-bola, explica: “O MMA está oferecen-do apoio institucional ao projeto da Associa-ção Caatinga, facilitando a articulação com parceiros importantes e com o ICMBio para a elaboração e implantação do Plano Nacional de Conservação de Espécies da Fauna Amea-çadas de Extinção, que abrangerá o animal nos biomas habitados por ele”.

Reserva Natural Serra das Almas / Foto: Scott Warren

| RevistadaFIEC | Março de 201430

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Recicla Nordeste, iniciativa do Sindverde, será realizada entre os dias 23 e 25 de abril, no Centro de Eventos do Ceará, com palestras, exposições e seminário

Bom negócio

4ª edição da Recicla Nordeste – Feira da Indústria da Reciclagem e Transformação, realizada pelo Sindicato das Empresas de Reci-

clagem de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do Estado do Ceará (Sindverde), filiado à Federação das Indús-trias do Estado do Ceará (FIEC), será reali-zada entre os dias 23 e 25 de abril, no Cen-tro de Eventos do Ceará. A programação será extensa, com palestras e exposições à disposição para mostrar que a reciclagem pode ser um bom negócio. O evento con-grega produtos e serviços voltados para a indústria e o comércio de reciclagem e transformação. O objetivo principal é po-tencializar os negócios da cadeia de recicla-gem e transformação no Nordeste nos seg-mentos de sucata metálica, plástico, papel/papelão e geração de energia.

Segundo o presidente do Sindverde, Marcos Augusto Nogueira de Albuquer-que, a partir deste ano a feira será promo-vida pela Dinâmica Eventos, responsável pelo planejamento e execução. Ele explica que o perfil dos expositores é de indústrias fornecedoras de máquinas e equipamentos para coleta, seleção, triagem, beneficiamen-to e transformação de materiais recicláveis, empresas que comercializam, compram e vendem matéria-prima secundária para

transformar em novos produtos, indústrias de produtos finais feitos de matéria-prima secundária, empresas prestadoras de servi-ço de logística, projetos e consultoria, além de bancos e organizações que realizam, promovem ou financiam projetos ligados à coleta seletiva e reciclagem sustentável. A feira terá visitação gratuita e deve reunir em média 50 marcas expositoras e 3 000 vi-sitantes de todo o Brasil.

Marcos Albuquerque diz que a temática do evento deste ano, Tecnologia e inovação no mercado de transformação, será explo-rada tanto na feira como no Seminário de Reciclagem, Transformação e Meio Am-biente, que ocorrerá paralelamente à feira com palestras e oficinas, visando contribuir com o desenvolvimento e crescimento do setor, a preservação do meio ambiente e o enfoque social. A Recicla Nordeste 2014 é uma feira de negócios direcionada a profis-sionais do setor, com entrada gratuita para a área de exposição.

Os interessados em participar podem efetuar o credenciamento para visitação à feira antecipadamente pelo site www.reci-clanordeste.com.br. O evento conta com o apoio da Confederação Nacional da Indús-tria (CNI), FIEC, governo federal, por meio da Casa Civil, e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

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Mercado da reciclagem

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Marcos Albuquerque, presidente

do Sindverde

Recicla Nordeste

2014 é uma feira de negócios direcionada a profissionais do setor

31Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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Beto Studart assumirá o mandato em setembro próximo para uma gestão de cinco anos, sem direito à reeleição, conforme o novo estatuto aprovado em julho de 2013

Chapa União é aclamada

om 100% dos votos dos 39 delegados represen-tantes dos sindicatos filiados à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), o empre-sário Carlos Alberto Vieira Studart, 68, foi eleito

no dia 14 de março, por aclamação, o novo presidente da entidade. Beto Studart assumirá o mandato no dia 22 de setembro para uma gestão de cinco anos, sem direito à re-eleição, conforme o novo estatuto, aprovado por comissão em julho do ano passado.

A eleição de Beto Studart, cuja chapa foi denominada de União, uma sugestão do presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, ocorreu durante Assembleia Geral do Conselho de Representantes, na qual os delegados sin-

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Eleições na FIEC

dicais declararam o voto verbalmente, segundo lista de presença organizada por ordem de filiação do sindicato à FIEC. A chapa é composta por 35 membros, tendo na 1a vice-presidência Alexandre Pereira, atual presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico (Cede), e como demais vice-presidentes Roberto Sérgio Ferreira, Carlos Fujita e Hélio Perdigão.

Ocuparão as diretorias administrativa e financei-ra, respectivamente, Ricardo Cavalcante e Edgar Ga-delha. Marcus Venícius Rocha Silva e Ricard Pereira assumirão como adjuntos as diretorias administrativa e financeira. Alexandre Pereira e Fernando Cirino se-rão os delegados titulares na Confederação Nacional

Foto: giovaNNi saNtos

| RevistadaFIEC | Março de 201432

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da Indústria (CNI), enquanto Jorge Parente Frota Júnior e o próprio Beto Studart serão os delegados suplentes.

Ao falar logo após a proclamação do resul-tado, Beto Studart fez referência ao presidente Roberto Macêdo, ressaltando que o mandato de Macêdo não se encerra em setembro: “Será eterno pelo que fez e está fazendo pela FIEC. Seu mandato oficialmente se encerrará, mas sua colaboração é imprescindível para nós que estaremos assumindo em breve os destinos desta Casa".

Beto Studart disse que tentará fazer na FIEC uma grande administração, destacando a história da entidade e o que foi feito por seus antecessores, trabalho que colocou a imagem da entidade como uma das mais importantes e representativas da sociedade cearense. Agra-deceu as manifestações de apoio, e pediu a co-laboração de todos os diretores e sindicatos na empreitada que decidiu assumir.

Ele contou que aceitou a missão certo das dificuldades inerentes ao cargo, mas cien-te do seu papel como líder e aglutinador de um processo que o levou ser eleito por acla-mação. Nesse sentido, fez referência direta à participação do futuro diretor administrati-vo em sua gestão, Ricardo Cavalcante, como

principal articulador na formulação e monta-gem do grupo que estará a partir de setembro à frente da FIEC.

“Hoje sou um empresário com os negó-cios consolidados, uma vida familiar enca-minhada e seria inevitável o questionamento sobre o porquê de ter aceitado dirigir uma instituição tão complexa e cheia de desafios”, disse Beto Studat. Quanto a isso, fez ques-tão de rememorar sua chegada à FIEC há 26 anos: “O espírito é o mesmo daquela época: de simplicidade. Aceitar presidir a entidade agora se deve justamente ao fato de querer dar minha contribuição em um momento no qual me considero bem mais preparado do que em qualquer outro, e continuando a ser aquele homem simples. Acho que Deus faz as coisas a seu tempo”.

Disse que pretende pôr sua marca na FIEC, colocando a entidade muito mais presente do que já é hoje na sociedade cearense. Lembrou ainda que não quer, apesar de apenas um mandato, passar em branco na direção da en-tidade. "Não nasci para ficar no anonimato." Da mesma forma, foi taxativo ao dizer que não tem pretensões político-partidárias à frente da FIEC: “A política partidária foi um momento que passou na minha vida".

Representatividade da eleiçãooberto Macêdo fez questão de destacar, durante a assembleia que elegeu Beto Studart, o caráter de pioneirismo no modelo adotado para a eleição, iniciado em agosto de 2008, quando Roberto Ma-

cêdo foi eleito para o seu segundo mandato. De forma pioneira no âmbito das federações de indústria do país, e graças às reformas do estatuto social e do regulamento eleitoral implementadas no fim de 2007, o voto do sindicato é determinado em votação interna.

No antigo regimento, semelhante ao das demais federações do país, os sindicatos participavam simbolicamente das eleições, pois eram os delega-dos titulares que votavam, muitas vezes com base em escolha pessoal. Com a mudança estatutária, a adoção do voto direto consolidou a instituição, de fato e de direito, como legítima representante da indústria cearense. Dessa forma, nas eleições da FIEC, cada sindicato representa um voto, sendo 39 ao todo. O voto do sindicato é aquele escolhido pela maioria dos seus filiados.

Para Roberto Macêdo, esse modelo torna o processo mais represen-tativo e legítimo. Ele lembrou que já na sua gestão, quando foi proposta a fórmula, muita gente não entendeu o processo: “Hoje, temos uma eleição transparente e sem traumas, um verdadeiro momento de congraçamento. O futuro mostrou que estávamos certos por querer democratizar o proces-so". Não à toa, durante a assembleia, a palavra mais ouvida quando das intervenções dos participantes foi união.

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Roberto Macêdo destacou o caráter de pionerismo

no modelo eleitoral adotado na FIEC

Foto: giovaNNi saNtos

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“Beto Studart vai precisar do apoio de todos nós para levar

adiante seus propósitos de bem gerir a FIEC. Os desafios são

enormes, e as coisas nem sempre se dão como planejamos. As pers-pectivas para a economia não são tão boas e isso tem reflexos diretos em nossas indús-trias, o que nos deve deixar atentos e cada

vez mais próximos.”

“Resumiria todo esse processo simplesmente com uma única palavra: união. Não preciso dizer mais nada.”Roberto Sérgio Ferreira, vice-presidente da FIEC

Ricardo Cavalcante, diretor administrativo adjunto da FIEC

Germano Maia, presidente do Sinditêxtil

Orlando Siqueira, empresário do setor mineral

Fernando Cirino Gurgel, ex-presidente da FIEC Edgar Gadelha, diretor financeiro adjunto

Humberto Fontenele, ex-vice-presidente da FIEC

“A chapa e a eleição da FIEC este ano, com a presidência de Beto Studart, é o aprofundamento de um processo iniciado com Rober-to Macêdo, que se traduz na união. Teremos uma diretoria plenamente empenhada em levar adiante os anseios do setor produtivo, e para isso temos plena consciência do nosso desafio.”

“O trabalho realizado pela gestão de Roberto Macêdo credencia a nova gestão que irá assumir em

setembro a levar a FIEC ao topo de grandes conquistas e avanços

em prol do desenvolvimento do Ceará.”

“Roberto Macêdo conseguiu impri-mir cooperação e coleguismo na

FIEC. Quando disputei com ele a presidência na última eleição, nos-sa chapa propugnava por mudan-ças, e ele fez as que foram possíveis. Tenho certeza: a diretoria recém-eleita

irá dar continuidade ao processo de transforma-ções que se espera.”

“Quando assumi a FIEC em 1992, o que me ajudou muito foi o espírito de unidade que caracteriza essa instituição. Pode parecer retórica, mas

somos pessoas muito ocupadas para ficarmos desperdiçando ener-

gia com desavenças internas. A eleição deste ano representa um marco histórico justa-mente por isso: estamos todos com o mesmo propósito. Somente esse cenário possibilitaria a uma pessoa como Beto Studart, empre-sário bem sucedido, sair de uma zona de conforto a dedicar seu tempo, competência e determinação para gerir a FIEC.”

“Nesse momento festivo, nós não devemos nos esquecer nunca da história e dos que contribuíram para o que a FIEC é hoje. Beto Studart terá a missão de dar a sua contribuição para essa história e tenho certeza que terá a competência para deixar, como os outros, sua marca, tanto na federação, como na economia do estado. Digo isso porque a FIEC tem muito a oferecer para o desenvolvimento econômico cearen-

se, e será sempre uma voz a ser ouvida.”

Opiniões

| RevistadaFIEC | Março de 201434

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Agripec, início de um ciclo vitorioso

empresário Jorge Alberto Vieira Studart Gomes é graduado em Administração de Empresas, pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Suas atividades empresariais se inicia-

ram muito cedo, chegando em 1969, aos 22 anos de idade, à presidência da Agripec, indústria química que, sob a sua gestão, se transformaria na maior empresa nacional formuladora de defensivos agrícolas.

O reconhecimento nacional por seu trabalho na Agripec se deu mediante importantes prêmios recebidos, destacando-se sua inclusão no rol das Maiores e Melhores Empresas, pela Revista Exame, o Prêmio Delmiro Gouveia, do jornal O Povo, e a Comenda Ordem do Mérito Industrial, concedida pela Confederação Nacio-nal da Indústria (CNI). Sua atuação à frente da Agripec tornou-a um caso exemplar, levando-a à liderança do mercado nacional, dentre as empresas brasileiras, criando o melhor centro de desen-volvimento de novos produtos e implantando a maior central de logística do país.

Em razão do sucesso alcançado e da posição de destaque em seu setor no Brasil, em 2007, após 38 anos à frente das operações da Agripec, conclui processo de venda para o grupo australiano Nufarm, passando a se dedicar a outras ativida-des. Atualmente, dentre suas ações empresariais, destaca-se o mercado imobiliário, tendo uma forte atuação pelas empresas BSPar Incorporações e BSPar Construções, que, sob sua liderança, se consolidam no mercado regional com o reconhecimento pela qualidade e arrojo dos seus projetos.

Como atividade classista, Beto Studart participou das diretorias do Centro Industrial do Ceará (CIC), FIEC e Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindag). Foi presi-dente, em dois mandatos seguidos, da Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas (Aendsa), vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnolo-gia e suas Especialidades (Abifina), vice-presidente do Sindicato da Indústria Química (Sindquímica) e, atualmente, é vice-presi-dente da FIEC, cargo que já ocupou de 1999 a 2002.

Também fazem parte de sua vida empresarial, dentre outras, a empresa Studtheart Medical Technologies, que realiza pesquisas e desenvolvimento de produtos baseados em tecnologia médica de ponta, e que desenvolve o projeto do primeiro coração artificial brasileiro portátil, com expectativa de atender ao mercado latino--americano. É seu fundador e presidente; a Rival Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda. e a BSPAR Finanças – Fortaleza e São Paulo, focadas no mercado doméstico de crédito corporativo e de crédito imobiliário no Brasil, além da RCN&BS e da E-novar, na área de tecnologia da informação.

preSIDênCIA

presidente Beto studart (sinduscon)

1º vice-presidente alexandre pereira (sindpan)

Vice-presidentesHélio perdigão (sindiembalagens) Roberto sérgio Ferreira (sinduscon)Carlos Fujita (sinduscon)

DIretOreS

Diretor administrativo Ricardo Cavalcante (sindibrita)

Diretor administrativo adjuntomarcus venícius Rocha silva (sindconfecções)

Diretor financeiro Edgar gadelha (sindicarnaúba)

Diretor financeiro adjunto Ricard pereira (simec)

DIretOreSJosé agostinho Carneiro de alcântara (sindserrarias) Roseane oliveira de medeiros (sindicouros) Carlos Rubens alencar (simagran) marcos soares (sindquímica) Elias de souza Carmo (sindienergia) marcos augusto Nogueira de albuquerque (sindverde) Jaime Bellicanta (sincalf) José alberto Bessa Júnior (sindrações),verônica perdigão (sinditêxtil) Francisco Eulálio santiago Costa (sindgráfica), Luiz Francisco Juaçaba Esteves (sindiembalagens) Francisco José Lima matos (sinduscon) geraldo Bastos osterno Júnior (sindmóveis) Lauro martins oliveira Filho (sindpan) Luiz Eugênio pontes (sindtrigo) Francisco Demontier mendes aragão (simagran)

COnSeLHO FISCAL

titulares marcos silva montenegro (sindalgodão) germano maia (sinditêxtil) vanildo Lima marcelo (sifavec)

Suplentes aluísio da silva Ramalho (sindredes) adriano monteiro Costa Lima (sindroupas) marco veríssimo de oliveira (sindipneus)

DeLeGADOS nA CnI

titulares alexandre pereira (sindpan) Fernando Cirino gurgel (simec)

Suplentes Jorge parente (sindlaticínios) Beto studart (sinduscon)

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Composição da chapa

35Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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Instituição reafirma valores e anuncia novas ações e mais investimentos, durante sessão solene no Plenário 13 de Maio

Assembleia Legislativa homenageia 70 anos

SENAI/CE

Durante a solenidade, Fernando Nunes, diretor regional do SENAI, anunciou que a entidade constrói em Aracati uma unidade especializada em aviônica

Foto: JosÉ soBRiNHo

| RevistadaFIEC | Março de 201436

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os 70 anos, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE) não para de crescer. Além dos quatro equipamentos já anunciados,

parte em funcionamento – Institutos SENAI de Inovação em Tecnologias Construtivas; de Tecnologia em Energias Renováveis e Metal--mecânica, além do Centro da Cadeia Têxtil –, a entidade está instalando unidades nos municípios de Aracati e Russas, no Baixo Ja-guaribe, e já recebeu oficialmente do governo do estado a cessão do Centro de Treinamento Técnico do Ceará (CTTC) Lauro de Oliveira Lima, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), para ali realizar cursos de formação profissional.

Segundo o diretor regional do SENAI, Fer-nando Ribeiro de Melo Nunes, a unidade de Aracati será especializada em aviônica e está sendo instalada em um prédio no qual funcio-nava o Serviço Social da Indústria (SESI/CE). A ideia é formar mecânicos especializados em motores, eletrônica embarcada e células de ae-ronaves, aproveitando o potencial do hangar de manutenção de aeronaves executivas em oficinas da TAM em construção no município.

Fernando Nunes diz que o SENAI se pre-para para assumir a operação das instalações do CTTC no Pecém, obra do governo esta-dual realizada pela Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secitece), que capacitará mão de obra para as indústrias instaladas no CIPP. Serão 10 800 alunos formados anualmente, a partir do terceiro ano de operação. “Temos a meta de atingir [no estado] até 2014 cerca de 80 000 matrículas e desenvolver 1 800 servi-ços de inovação e tecnologia.” Para chegar a esses números, o SENAI ampliará sua atuação no interior. Atualmente com quatro unidades móveis para aulas práticas e teóricas, até o fi-nal do ano serão 16, possibilitando o atendi-mento a 64 municípios.

De acordo com o gerente do CTTC, Belino José de Moura, serão atendidas as necessidades de formação profissional das empresas do CIPP nas áreas de engenharia civil, metal-mecânica, refinaria, química e petroquímica, gestão e tecnologia da in-formação. A unidade, em fase de aquisição de equipamentos, localiza-se no entronca-mento das rodovias CE 085 (Estruturante) e CE 422, no município de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza.

O centro de formação tem 9 100 metros quadrados e uma área projetada total de 16 000 metros quadrados. O espaço contem-pla a parte administrativa e a de ensino, além de cozinha industrial, três laboratórios e um auditório com capacidade para 275 pessoas. A partir do Plano de Capacitação, o CTTC abrangerá, dentre outros, os municípios de Pentecoste, Paraipaba, Paracuru, São Gonça-lo do Amarante, Caucaia, Maracanaú e Ma-ranguape, além de Fortaleza.

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Belino José de Moura, gerente

do CTTC

A unidade vai atender à

demanda de formação profissional para as empresas do CIPP nas áreas de engenharia civil, metal-mecânica, refinaria, química e petroquímica, gestão e tecnologia da informação

NO CTCC, SERãO 10 800 alunos FORMADOS

POR ANO, A PARTIR DO TERCEIRO DE FUNCIONAMENTO. A

META É ATINGIR NO ESTADO, até 2014, CERCA DE

80 000 matrículas E DESENVOLVER

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TECNOLóGICOS. PARA CHEGAR A ESSES NúMEROS, O

SENAI AMPLIARÁ SUA ATUAçãO NO INTERIOR

DO ESTADO. ATUALMENTE COM quatro unidades MóVEIS PARA AULAS PRÁTICAS

E TEóRICAS, ATÉ O FINAL DO ANO SERãO16,

POSSIBILITANDO O ATENDIMENTO A

64 municípios

Foto: JosÉ soBRiNHo

37Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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Homenagem aos 70 anos

tendendo a requerimento do primeiro vice-presidente da mesa diretora da Assembleia Legislativa do Estado do

Ceará, deputado Tin Gomes (PHS), o parlamento estadual realizou em 25 de fevereiro, no Plenário 13 de Maio, sessão solene em homenagem aos 70 anos de fundação do SENAI/CE, decorridos em novembro de 2013.

Na oportunidade, foram homenageados colabo-radores que prestaram relevantes serviços ao SENAI/CE nesse período. Foram eles: o supe-rintendente regional do SESI/CE, Francisco das Chagas Magalhães, que esteve à frente do SESI e do SENAI por 18 anos, até 2013; a gerente de Engenharia, Contratos e Logística do Sistema FIEC, Darci Marques Ribeiro de Rezende; e o gerente do SENAI de Juazeiro do Norte (Centro de Formação Profissional Wanderillo de Castro Câmara), José Ribeiro Lobo. Todos os homenageados receberam placa comemorativa da Assembleia Legislativa.

Tin Gomes destacou a importância do SENAI para o desenvolvimento econômico não só do Ceará como do Brasil: “Ao longo desses 70 anos, a instituição contabilizou cerca de 1,4 milhão de matrículas e mais de 1,2 milhão de alunos for-mados, além de quase 14 000 atendimentos em serviços técnicos e tecnológicos. Por seus 70 anos de história, atuação e benfeitorias, hoje nós que fazemos a Assembleia Legislativa parabenizamos e aplaudimos todos aqueles que fazem o SENAI”.

O presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, agradeceu o “presente” que o SENAI

A recebeu ao ser agraciado como tema da sessão solene e também a aprovação pelos deputados de projeto de lei que oficializou a cessão ao SENAI do CTTC. “A FIEC trabalha sempre em con-junto com as áreas acadêmicas, empresariado e setor público.” Segundo ele, a aprovação unânime da Assembleia é um reconhecimento claro de que nós devemos estar sempre trabalhando de mãos dadas. “O SENAI é um jovem de 70 anos e a história do seu passado lhe dá condições de projetar o futuro com muito mais segurança, muito mais competência e na velocidade que o mundo moderno exige”, disse Roberto Macêdo.

Francisco das Chagas Magalhães agradeceu em nome dos homenageados. Contou que acom-panhou de perto os passos do SENAI, destacando que a primeira coisa que aprendeu quando entrou na entidade foi que sua missão tinha o nobre objetivo de preparar pessoas para o trabalho e para a vida, ou seja, dar a cada ser humano que batesse à porta do SENAI a possibilidade de ascender pessoal e profissionalmente. “Meu maior sentimento é a gratidão, não só por ter sido lem-brado com essa homenagem, mas pelo privilégio de fazer parte dessa família e participar de muitas concretizações de sonhos. Setenta anos não são 70 vezes 365 dias. Setenta anos são mais. Quem está com 70 anos, hoje, ou quem tem a sorte de acompanhar uma pessoa que está atravessando essa idade, sabe que ela é, no mínimo, sinônimo de fortaleza, superação e sabedoria. Com o SENAI não é diferente”, afirmou Francisco Magalhães.

Deputado Tin Gomes destaca a importância do SENAI para o Ceará e para o país

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SENAI: um mundo de oportunidadesCeará foi um dos primeiros estados a contar com um departamento regional do SENAI, criado em 27 de novembro de 1943, tendo as formações de torneiro mecânico, ajustador mecânico, carpinteiro e desenhista técnico como os primeiros

cursos ministrados nas instalações do Centro Ferroviário Profissional da RVC. Hoje, é a principal instituição de qualificação profissional para a indústria do Ceará, com mais de 1,2 milhão de alunos formados em 70 anos.

O SENAI dispõe no estado de nove unidades, sendo quatro em Fortaleza (Parangaba, Mucuripe, Barra do Ceará e Jacarecanga), uma em Maracanaú, outra em São Gonçalo do Amarante, um Núcleo Integrado SESI/SENAI em Horizonte, um Centro Integrado SESI/SENAI em Sobral e uma unidade em Juazeiro no Norte.

Oferece um total de 463 cursos, sendo 22 na modalidade de Aprendizagem Industrial, 45 de Iniciação Profissional, 114 de Qualificação Profissional, 267 de Aperfeiçoamento Profissional e 15 de Habilitação Técnica nas áreas de alimentos e bebidas, automação, automotiva, construção, couros e calçados, eletroeletrônica, energia, gestão, gráfica e editorial, logística, meio ambiente, metal-mecânica, metrologia, polí-meros, refrigeração e climatização, segurança do trabalho, tecnologia da informação, telecomunicações, têxtil e vestuário e transporte.

Darci Marques ribeiro de rezende, gerente de engenharia, Contratos e Logística do Sistema FIeC – “É uma homena-gem muito importante para mim, principalmente porque participei da metade da história do SENAI, no dia a dia, e com muita dedicação. A escola SENAI foi também a minha escola para o mundo, para a minha pessoa como ser humano e profissionalmente em todos os sentidos.”

laureados

Francisco das Chagas Magalhães, superintendente regional do SeSI e ex-diretor do SenAI – "Fico extremamente emocionado por ter o reconhe-cimento de que nossa missão, nosso trabalho à frente da instituição deu resultados, mediante a melhoria da qualidade da educação profis-sional no estado, como também pelo fato de termos atuado em uma organização que precisa ser renovada todos os dias. Este é um desafio permanente porque a inovação, a educação, a tecnologia e o mundo do trabalho se transformam com um dinamismo muito acentuado. Ser reconhecido como cumpridor desse desafio muito me enaltece.”

José ribeiro Lobo, gerente do SenAI de Juazeiro do norte – “Sinto-me orgulhoso, envaidecido pela homenagem. O ser humano é movido por reconhecimento. Eu é que deveria estar homenageando a instituição, uma vez que foi no Sistema FIEC o meu primeiro emprego, onde fiz carreira, onde me profissionalizei de fato, onde me tornei um cidadão. Aqui galguei várias posições, passei por vários departa-mentos e é um orgulho muito grande fazer parte dessa equipe maravilhosa.”

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39Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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10ª edição do Prêmio FIEC de Desempenho Ambiental reconheceu empresas que desenvolvem ações em prol da conservação e da melhoria do meio ambiente

Empresas dão exemplo

Meio ambiente

A entrega da premiação foi realizada durante reunião da diretoria plena da FIECFoto: JosÉ soBRiNHo

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erâmica e Agropecuária Assunção (Ceagra), Sucos Jandaia, M. Dias Branco – Fábrica Fortaleza e Makro Engenharia são as empresas vence-

doras do 10º Prêmio FIEC de Desempenho Ambiental, nas categorias Produção Mais Limpa, Reuso de Água, Integração com a So-ciedade e Educação Ambiental, respectiva-mente. O anúncio foi feito no dia 10 de março, na Casa da Indústria, sede do Sistema FIEC. Ao todo, concorreram 14 empresas, em todas as modalidades.

A premiação é uma ação da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), por meio do Núcleo de Meio Ambiente (Numa). Na categoria Produção Mais Limpa concorre-ram Cerâmica Torres Ltda., Cerâmica e Agro-pecuária Assunção Ltda. (Ceagra), Esmaltec, Alpha Metalúrgica e Cogerh. Em Reuso de Água, as finalistas foram TB Transportes Ro-doviários Ltda. e Sucos Jandaia. Em Educação Ambiental, disputaram as experiências da Coelce, Ecoletas Ambiental, Makro Engenha-ria, Cerâmica Crato e Alpha Metalúrgica e, na modalidade Integração com a Sociedade, con-correram M. Dias Branco – Fábrica Fortaleza, Gram Eollic e Cerâmica Monte Alegre.

A comenda reconhece empresas indus-triais, filiadas aos sindicatos ligados à FIEC, que tenham se destacado na conservação do meio ambiente e implementado atividades que resultem na melhoria da qualidade am-biental, de acordo com os princípios do desen-volvimento sustentável e de modo a servirem de modelo para outras indústrias.

O presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, destacou, na solenidade de entre-ga do prêmio, o papel dos industriais na con-servação do meio ambiente: “Temos de estar atentos e fazer o contrário da degradação, ou seja, buscar agir de forma sustentável, sendo guardiões do que o planeta precisa – proteção das águas, florestas e ar”. Para ele, os empre-sários da indústria cearense têm buscado de-senvolver suas empresas com a consciência de que atitudes sustentáveis precisam ser aper-feiçoadas no dia a dia. “Estas empresas aqui premiadas fazem muito pelo meio ambiente e, por isso, estão sendo reconhecidas.”

O presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), Bruno Sarmento, exaltou os vencedores do prêmio pelos feitos em prol do meio ambiente: “Sabe-

Cmos das dificuldades que os empresários en-frentam e não queremos que o meio ambiente seja mais uma. Os homenageados têm cons-ciência disso e fazem além da sua obrigação. Além das quatro empresas premiadas, o meio ambiente é o maior vencedor”.

As empresas ganhadoras de cada modali-dade receberam troféu e diploma alusivos ao prêmio. As demais, mesmo não tendo sido selecionadas, receberam diploma. A avalia-ção se baseia na observância dos critérios de utilização de tecnologia adequada, que garan-ta o controle da poluição, Sistema de Gestão Ambiental (SGA), integração com entidades ambientais e comunidade de entorno, con-tribuição para a melhoria do ecossistema e proteção da biodiversidade, desenvolvimento adequado no tratamento de resíduos gerados no processo produtivo da empresa, comprova-ção da aceitação do produto final, a partir da melhora ambiental, modelo para outras em-presas, tendo como base os processos ambien-tais desenvolvidos, e originalidade ou medida que seja inovadora.

A comissão julgadora foi formada por técnicos indicados pelas instituições Conse-lho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano de Fortaleza (Semam), Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará, Núcleo de Tecnologias Limpas da Uni-versidade Federal do Ceará (UFC), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE) e ONG Ambientalista.

Bruno Sarmento, presidente do

Conselho de Políticas e Gestão do Meio

Ambiente (Conpam)

Sabemos das dificuldades

que os empresários enfrentam e não queremos que o meio ambiente seja mais uma

Foto: JosÉ soBRiNHo

41Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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experiências premiadasProdução Mais limpaCerâmica e Agropecuária Assunção Ltda. (Ceagra)

Empresa do Grupo Tavares, a Cerâmica Ceagra substituiu lenha não renovável por biomassa renovável para geração de energia térmica, com a instalação de equipamentos que facilitem o uso do combustível. São utilizados materiais como cascas de castanha e coco, resíduos de serrarias e raspas de cana. A empresa é considerada a maior produtora de cerâmica vermelha do país. O diretor de marke-ting, Marcelo Tavares, sente-se orgulhoso pela terceira conquista do prêmio: “É um reconhecimento pelo que estamos realizando na Ceagra. Baseamos nossa estratégia empresarial na questão ambiental e levamos isso para todas as nossas indústrias”.

reuso de águaSucos Jandaia

O uso racional da água é ação rotineira na Sucos Jandaia, que possui estação de tratamento. A importância da ação é destacada pelo diretor comercial, Luís Eduardo Figueiredo: “Sem nature-za não existiríamos e sem água não há natureza. Então, somos incentivadores do uso racional e inteligente da água”. Toda a água usada dentro da fábrica é utilizada de forma racional, que retorna à natureza e é devolvida tratada. O projeto minimiza o consumo de água do manancial superficial (açude de Pacajus), com uma gestão estratégica do aproveitamento do recurso e consequente redução de efluentes líquidos industriais. O processo também tem resultados econômicos, segundo Luiz Eduardo, já que a empresa economiza no custo do insumo e tem o apoio do mercado, que ele acredita incentivar esse tipo de ação em prol da competitividade.

integração com a sociedadeM. Dias Branco – Fábrica Fortaleza

Com o projeto Ser Sustentável – Educação Ambiental para as Comunidades do Entorno da Fábrica Fortaleza, a empresa desenvolveu atividades de educação ambiental para promover o envolvimen-to de seus integrantes em busca de melhorias no ambiente local. Por meio de gincanas, o projeto envolveu associações comunitárias do entorno da fábrica, como Fundação Acauã, Amani e projeto Amigos da Comunidade. O objetivo, para além de premiar a associação vencedora, explica o gerente corporativo de qualidade, segurança e meio ambiente, Ezequiel do Nascimento, foi disseminar boas práticas e ações voltadas à preservação do meio ambiente em comunidades do município de Itaitin-ga, região metropolitana de Fortaleza. Por meio de palestras de temas diversos, como resíduos sólidos, água, poluição e energia, a empresa fez um trabalho inicial com as associações, a fim de que elas pudessem repassar o conhecimento nas comunidades. Segundo Ezequiel, o prêmio dá visibilidade e apoia as iniciativas das empresas: “É uma amostra de que a responsabilidade social é muito importante e que as empresas devem desenvolver ações para além do seu negócio-fim”.

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educação AmbientalMakro Engenharia

Com 36 anos de atividade, a Makro Engenharia desenvolve o programa de educação ambiental intitulado 5S. Trata-se de uma ferramenta para o sistema de gestão ambiental da empresa, que atua no controle do consumismo, na organização geral das áreas, na limpeza do meio ambiente, na correta segregação e destinação dos resíduos, diminuindo a poluição visual, reduzindo acidentes, melhorando a produtividade e ainda possibilitando a verificação do nível de conscientização ambiental dos colaboradores. De acordo com o diretor de gestão estratégica, Rodrigo Rodrigues, a Makro tem a política de desenvolver as práticas de excelência em administração em busca dos melhores resultados. Nesse sentido, a empresa é certificada em ISO 9000 e ISO 14 000, esta última uma certificação ambiental. Dentre as ações que a norma exige, o diretor destaca o teste de fumaça, forma de identificar se as manutenções preventivas estão sendo realizadas, evitando depreciação precipitada dos equipamentos; a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), que realiza reuso de água, principalmente nas lavadoras e lava-jatos; e a substituição das estopas utilizadas na operação e manutenção dos equipamentos por toalhas recicláveis. Além da questão ambiental, a empresa reduziu custos com as ações.

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A partir de março, o SESI/CE desenvolverá projeto em parceria com a Guararapes para diminuir o absenteísmo. A expectativa é que a iniciativa vire um produto da entidade, disponível para todas as indústrias cearenses

Projeto combateausência ao trabalho

absenteísmo e o presenteísmo provocam grande impacto na produtividade e saú-de financeira das empresas. Os impactos causados pela ausência física dos colabora-

dores (absenteísmo) e a presença física sem ação e comprometimento (presenteísmo) vêm sendo combatidos por meio de medidas diversas, mas não estratégicas. Não há registro de sistemas espe-cializados que lidem com o problema, analisem e proponham soluções para a empresa. Diante disso, o Serviço Social da Indústria (SESI/CE) desenvolve a partir deste mês, e durante os próximos 15 meses, o projeto Gestão do absenteísmo e presenteísmo na indústria a partir de uma inovação social centrada no trabalhador, aprovado pelo Edital SESI SENAI

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de Inovação de 2013, em parceria com a in-dústria de confecções Guararapes.

O projeto objetiva promover o acom-panhamento dos trabalhadores em postos críticos para criação de casos que alimen-tem um sistema, com base no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Análise Ergonô-mica do Trabalho (AET). Também serão captados dados a partir do Sistema de Ges-tão Informatizada (S4) do SESI. Na prática, os trabalhadores alimentarão um software diariamente sobre estado de saúde, presen-ça de dores, hábitos diários, história clínica, fatores de risco, função e posto de trabalho e, a partir do que for relatado, receberão, de forma personalizada, dicas simples que po-derão executar no dia a dia para melhorar o estilo de vida, por via multimídia (texto, áudio, animações e imagens) pela internet e em celulares e tablets (sistema Android).

O software também fornecerá infor-mações para que a empresa possa executar uma melhor gestão do absenteísmo a partir das informações geradas pelos trabalhado-res. Com o diagnóstico, será desenvolvido um suporte informatizado voltado para se-gurança e saúde do trabalhador, aspectos ergonômicos e estilo de vida (alimentação saudável, atividade física, medidas preven-tivas e de promoção da saúde). A consulto-ra da célula de projetos do Núcleo de Qua-lidade de Vida (NQV) do SESI/CE, Luciana Costa, conta que o modelo parte do pressu-posto de que trabalhador bem informado consegue produzir com maior qualidade e segurança. Segundo ela, o projeto é inova-dor em relação à gestão de pessoas, tendo como objetivo final a intervenção social: “A relevância está nas ações que favorecem a qualidade de vida no trabalho e a competi-tividade da empresa”.

Com o projeto, empresa, colaborado-res e o SESI sairão ganhando, acreditam os desenvolvedores. A meta será propor so-luções para resolver as questões ligadas ao absenteísmo e presenteísmo contextualiza-das com as principais causas de afastamen-to. A diminuição desses eventos é o princi-pal objetivo, além de prevenir acidentes e lesões, conscientizar acerca dos problemas ergonômicos mais comuns em determina-

dos postos de trabalho, considerando aspec-tos biopsicossociais do trabalhador.

Ao final do trabalho, o SESI pretende in-corporar o serviço inovador ao seu portfólio. “O serviço é replicável nos mais diversos seg-mentos da indústria e está em consonância com a missão do SESI de promover a quali-dade de vida do trabalhador e de seus depen-dentes, com foco em educação, saúde e lazer, e estimular a gestão socialmente responsável da empresa industrial”, diz Luciana Costa.

O investimento em ações que foquem a redução do absenteísmo é justificado como modo de favorecer a formação e retenção das equipes (redução de turnover) e o for-talecimento dos elos de relacionamento do colaborador com a indústria, em prol da qualidade de vida no trabalho. Segundo le-vantamento do SESI, o absenteísmo provoca grande impacto na produtividade e saúde financeira das empresas e o presenteísmo chega a ser três vezes mais impactante ne-gativamente na indústria. O projeto é uma inovação na gestão de pessoas, em nível lo-cal e nacional.

Na Guararapes, será realizado um diag-nóstico situacional e levantamento dos pro-blemas mais frequentes. A base será uma pesquisa realizada pelo SESI/CE em agosto de 2013, em parceria com a Associação das Empresas dos Distritos Industriais do Esta-do do Ceará (AEDI), que traçou um pano-rama sobre a gestão do absenteísmo em 40 indústrias. A pesquisa mostrou que apenas

Luciana Costa, consultora da célula

de projetos do Núcleo de Qualidade de

Vida do SESI/CE

A relevância está nas

ações que favorecem a qualidade de vida no trabalho e a competitividade da empresa

Foto: giovaNNi saNtos

45Março de 2014 | RevistadaFIEC |

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experiência de sucessoá cerca de cinco anos, o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE) incluiu na convenção coletiva de trabalho cláusulas que premiam os trabalhadores pela assiduidade no trabalho. O vice-presidente de Relações

Trabalhistas da entidade, Fernando José Pinto, explica que a medida reduziu em pelo menos 50% as faltas dos trabalhadores do setor. “O setor contabiliza muitas faltas de colaboradores, principalmente nas segundas-feiras. Não há número exato, mas posso afirmar que isso reduziu em, pelo menos, 50% as faltas”, diz. Atualmente, o absenteísmo no segmento, no Ceará, é de 0,5%, segundo o sindicato.

A cláusula nona na convenção coletiva dos trabalhadores da área institui que aqueles que não tiverem falta, justificada ou não, no período de seis meses receberão 40% do salário base mensal; quem não ultrapassar seis ausências, recebe 30% do salário base mensal. A porcentagem vai diminuindo conforme o trabalhador tenha mais ausências. Quem ultrapassar seis faltas em seis meses não recebe o benefício. O valor é pago em fevereiro e agosto de cada ano. “O trabalhador que não faltar recebe 80% do salário, o que equivale quase a um décimo quarto salário”, destaca Fernando Pinto.

Outra estratégia para diminuir o absenteísmo foi adicionada na cláusula décima quinta da convenção. Ela garante que os trabalhadores que não tenham faltas no mês participam com 1,5% de contribuição para o vale-transporte em substituição aos 6% que a legislação permite que a empresa desconte.

Os dois benefícios não consideram ausência as faltas pelas seguintes causas: fale-cimento de cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira do trabalho, vivia sob sua dependência econômica; casamento, nascimento de filho, no decorrer da primeira semana; e nos casos de ausência comprovada para tirar carteira de habilitação, limitada a um dia. Para o benefício da redução do desconto do vale-transporte, também não são consideradas faltas em casos de doação voluntária de sangue, devidamente comprovada, para o fim de se alistar eleitor, dia de pagamento do PIS, afastamento por acidente de trabalho e ausência comprovada para tirar carteira de habilitação, limitada a um dia.

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12 empresas informaram possuir o monito-ramento das ausências dos trabalhadores. Quatro delas usam softwares de gerencia-mento de dados, quatro realizavam o mo-nitoramento mensal por meio de planilha do Excel, três elaboram planilha uma vez ao ano e uma coletava as informações median-te contagem manual dos atestados médicos uma vez ao ano.

Considerando os principais problemas inerentes às empresas, o projeto irá favore-cer a interação com os trabalhadores, equi-pe do Serviço Especializado em Engenha-ria de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e gestores por intermédio da pro-moção e disseminação de práticas que in-centivem a melhoria da qualidade de vida

no trabalho. O sistema proposto também permitirá a instrução dos trabalhadores da indústria sobre suas atividades e como elas afetam a saúde funcional. Assim, poderão executar suas funções de forma mais tran-quila e motivada, reduzindo o número de faltas e atrasos e oferecendo à empresa ga-nhos em produtividade.

Para a execução do projeto, serão contra-tadas redes colaborativas, a exemplo do que já acontece em unidades do SESI e SENAI, para o desenvolvimento do sistema. Tam-bém deverão participar profissionais da saú-de. O SESI prestará consultoria para utiliza-ção do sistema e em atividades de pesquisa e desenvolvimento de publicações relativas ao tema e de gestão do projeto.

O SESI atende as demandas do trabalhador, melhorando sua qualidade de vida, e da indústria, aumentando sua competitividade. Para isso, oferece serviços em diversas áreas, tais como: saúde e segurança do trabalho, esporte, lazer, educação,cultura e responsabilidade social.

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| RevistadaFIEC | Março de 201446

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O SESI atende as demandas do trabalhador, melhorando sua qualidade de vida, e da indústria, aumentando sua competitividade. Para isso, oferece serviços em diversas áreas, tais como: saúde e segurança do trabalho, esporte, lazer, educação,cultura e responsabilidade social.

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