VISÕES EM CASOS DE MORTE GABRIEL DELANNE · 2 NESSA EDIÇÃO ARTIGO Um resumo do assunto e uma...

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1 CIÊNCIA ESPÍRITA Distribuição gratuita PERIÓDICOS & NOTÍCIAS: Uma nova forma de levar o conhecimento espirita ao público interessado em teor científico. VISÕES EM CASOS DE MORTE QUEM JÁ NÃO TEVE, OU SOUBE, DE CASOS ONDE É PRESSENTIDO OU SE TEM UMA VISÃO DE UM ESPIRITO E DEPOIS SOUBE-SE QUE O MESMO MORREU NAQUELE MOMENTO? GABRIEL DELANNE IMPORTANTE PAPEL PARA UM RIGOR NO MÉTODO ESPIRITA MÉDIUM E JUSTIÇA RELATÓRIO DE CASO ONDE UM MÉDIUM COLABORA COM A POLICIA PARA A SOLUÇÃO DE UM CRIME REVISTA Edição 7 - MAR/2016 w w w . r e v i s t a c i e n c i a e s p i r i t a . c o m Foto: wallpaper.net ESTUDO: FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA MATERIAL COMPLEMENTAR CONTENDO INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O TEMA FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA

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CIÊNCIA ESPÍRITA

Distribuição gratuita

PERIÓDICOS & NOTÍCIAS:Uma nova forma de levar o conhecimento espirita ao público interessado em teor científico.

VISÕES EM CASOS DE MORTE QUEM JÁ NÃO TEVE, OU SOUBE, DE CASOS ONDE É PRESSENTIDO OU SE TEM UMA VISÃO DE UM ESPIRITO E DEPOIS SOUBE-SE QUE O MESMO MORREU NAQUELE MOMENTO?

GABRIEL DELANNE IMPORTANTE PAPEL PARA UM RIGOR NO MÉTODO ESPIRITA

MÉDIUM E JUSTIÇA RELATÓRIO DE CASO ONDE UM MÉDIUM COLABORA COM A POLICIA PARA A SOLUÇÃO DE UM CRIME

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Edição 7 - MAR/2016

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ESTUDO: FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA MATERIAL COMPLEMENTAR CONTENDO INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O TEMA FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA

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NESSA EDIÇÃO

ARTIGOUm resumo do assunto e uma nova pesquisa espirita sobre fenômenos de aparição de espiritos no momento da morte.(10-11)

PERIÓDICOSEstudo bibliográfico que reune informações complementares `às pesquisas com água fluidificada.(12-14)

RELATOS DE PESQUISACaso onde uma médium, procurada pelo espirito, ajuda a solucionar o caso de seu assassinato.(15-24)

CIÊ

NC

IA E

SPÍR

ITA

NOTÍCIASNovidades sobre pesquisa com água fluidificada e o lançamento do livro digital da Médium Gladys Osborne, traduzido para o português (4)

VOCÊ SABIA?Quem criou o termo “médium”?(5)

CONHEÇA A HISTÓRIAGabriel Delanne, um defensor ferrenho do espiritismo cientifico.(6-9)

Divulgue para seus amigos

ESPAÇO DO EDITOR“Engessamento da mediunidade? Por que? (3)

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ESPAÇO DO EDITOR MEDIUNIDADE NO “CATIVEIRO”

É de conhecimento básico do espiritismo que a mediunidade é seu principal “agente”, ou seja, sem a mediunidade não existiria o espiritismo, principalmente porque a fonte base de informações é proveniente do trabalho beneficente dos médiuns, afinal, são eles quem transmitem a informação proveniente do mundo espiritual.Também é de conhecimento geral espirita que, “a opinião de um espirito é somente uma op in ião ” , sendo ass im esse pressuposto garante (e entende) que um espirito, ao se comunicar, está passando as informações que lhe são tangíveis baseada nas suas próprias percepções e seu grau evolutivo. Tanto é assim que Kardec havia elaborado um método que “cruzava” informações de vários médiuns e espíritos para poder chegar a alguma conclusão sobre um assunto ou tema, lembrando que isso nunca foi, e nem deve ser definitivo, como muitos idólatras e dogmáticos pretendem, isso porque a conclusão final ainda é humana e cond i c i onada ao tempo (E ra ) do observador/pesquisador, que é limitada.Então, se toda a fonte básica de conhecimento (e ajuda em muitos casos) é proveniente da mediunidade, por que muitos Centros Espiritas l imitam o desenvolvimento mediúnico?A resposta é simples e o atual cenário mundial a que passamos é o mesmo: Excesso de padronização!Esse “mal” não at inge somente o espiritismo, mas empresas onde tem se implantando um sistema de padronização e metodologia de processos que parece, em muitos casos, tender a perdermos os propósitos básicos e a essência do que somos ou devemos fazer.A padronização não é de toda ruim, melhor dizendo, é necessária, mas parece que esta, ao entrar fortemente num meio, passa a sufocar ou aniquilar a razão básica por excesso. Devido a isso, é possível percebermos que o problema não reside

na padronização em si, mas sim nas pessoas que as impõe dentro de um grupo.Na prática, referindo-me ao meio espirita atual (especificamente aos Centros Espiritas confederados e federados), podemos ver um excesso de controles, tanto de médiuns como de âmbito geral, parecendo que os princípios básicos tem ficado de lado. Tal fato parece direcionar o entendimento de que os espíritos e médiuns é que trabalham num Centro Espirita e não que este foi criado para permitir o trabalho dos médiuns e dos mentores.Esse tema vem sendo discutido em diversos grupos e, dias atrás, foi tema num grupo fechado sobre espiritismo. Quem defende a ideia do controle, a r g u m e n t a a n e c e s s i d a d e e responsabil idade que as entidades possuem perante a sociedade e a Doutrina (dentro de um entendimento restrito do grupo), por outro lado, temos os que defendem maior liberdade aos médiuns e aos trabalhos. Essa liberdade, por exemplo, é a de exercer a mediunidade de forma plena e não controlada como exigem certos CEs. Médiuns reclamam de não ser permitido ficarem inconscientes durante as sessões, ou de terem que atuar conforme rege ou organiza-se o mundo encarnado, ao invés de ouvirem os mentores sobre como deveriam ser feitos os trabalhos.Independente de ambas as opiniões, o fato é que o espiritismo kardequiano brasileiro tomou um rumo arriscado, onde muitos jovens desistem de atuar e onde muitos médiuns preferem abrirem seus próprios estabelecimentos (ou atuar em suas casas) e dai já passam a serem excluídos e chamados de espiritualistas.Com isso perdemos todos nós, pois assim surge o preconceito, as separações e deixamos de ser uma grande família onde poderíamos avançar juntos, com um desenvolvimento pleno da mediunidade e, consequentemente, de um aprimoramento no conhecimento e na moralidade mais exata.Não é incomum eu visitar muitos lugares e encontrar os médiuns ostensivos fora dos CE federados, me pergunto então:Será que os médiuns que permanecem nos CEs Federados, em sua absoluta maioria, não são ostensivos ou não os permitem serem?É prudente refletirmos sobre isso.

Sandro Fontana

MEDIUNIDADE LIMITADAPor que será que muitos dos Centros Espiritas brasileiros limitam tanto os médiuns e a mediunidade?

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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES

FIM DA PRIMEIRA RODADA DE EXPERIMENTOS COM ÁGUA FLUIDIFICADA SOB ANÁLISE BIOELETROGRÁFICA.

A parceria entre o Instituto de Pesquisas Psicobiofisicas de Porto Alegre e o Núcleo de Estudos Landell de Moura ja finalizou a primeira fase da pesquisa que pretende verificar a real p o s s i b i l i d a d e d a M á q u i n a d e K i r l i a n (bioeletrografia) captar a imagem distinta entre amostras de água fluidificada e não fluidificada.Nessa primeira rodada se descobriu que os frascos para amostra (vidro e acrílico) não fazem diferença ao equipamento. Descobriu-se também que a posição e quantidade do eletrodo de aterramento também não interferem nas imagens. Não foi observado significância na primeira fluidificação, comparada a outros estudos. Agora, entre março e abril, irá ocorrer uma segunda fase, usando-se mais amostras e vários médiuns envolvidos.O artigo final será publicado na próxima edição da RCE, não deixe de acompanhar e conhecer os resultados.

TRADUZIDO PARA O PORTUGUÊS: LIVRO AUTOBIOGRÁFICO DE UMA MEDIUM OSTENSIVA MAIS TESTADA DE SEU TEMPO - GLADYS OSBORNE LEONARD

Minha vida em Dois Mundos é traduzido para o português pelo grupo AUTORES ESPIRITAS CLÁSSICOS.O livro prefaciado por Oliver Lodge relata a vida e mediunidade de Gladys Osborne Leonard. Na obra ela fala sobre sua mediunidade, o desenvolvimento da mesma, sua mentora Feda e as experiências pessoais vividas em sua plenitude.A senhora Leonard, para os espiritas menos familiarizados, foi uma médium extremamente ostensiva e se diferenciou de muitos médiuns por se sujeitar aos experimentos dos céticos no passado. Alguns destes não se convenceram, mas muitos outros tiveram que admitir que a sobrevivência da alma é a hipótese mais adequada para explicar os complexos fenômenos psíquicos.Para se ter uma ideia, Osborne e sua mentora foram testadas ao máximo, como por exemplo, o espirito ter que entrar numa sala fechada e ler uma página de um livro que se encontrava num local especifico em uma estante.Interessados podem baixar o livro gratuitamente Clicando aqui.

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A PALAVRA “MÉDIUM" NÃO FOI CRIADA POR KARDEC

Kardec foi responsável pela organização do espiritismo, dentre seu trabalho, ficou historicamente conhecida a estruturação e subdivisão de uma série de partes deste. No entanto é comum encontrarmos um equivoco recorrente por parte de muitos espiritas, onde vem a crença de que Allan Kardec teria criado o termo médium. O fato real é que isso não está certo, ou seja, o termo médium já existia antes mesmo de Kardec e isso é facilmente demonstrado em jornais da época, por exemplo: Em 1854, o Jornal The New York Times publicara artigo sobre o tema, utilizando da palavra “médium" e “mediunidade". Outros artigos, publicados em 1855 e 1870 ja demonstravam o uso comum de tais palavras e conceitos.

fonte: Site The New York Times

Você Sabia? RESUMOS IMPORTANTES

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GABRIEL DELANNE POR: KRAYHER

BREVE  APRESENTAÇA,O  

  Se   houve   um   4iel   continuador   dos   ideais   espıritas,   tais   como   idealizados   por  Kardec   e   os   Espıritos  Superiores,   sem  duvida  alguma  este   foi  Gabriel  Delanne.  Todas  as  prevençoes  deixadas  pelo  mestre   liones  por  ele  foram  seguidas  a  risca,  plenamente  consciente  da  seriedade  e  da  profundeza  da  missao  que  abraçou  com  abnegaçao  de  uma  vida  inteira.         Ele  tomou  uma  parte  do  terreno  arado  e  semeou;  parte  esta  que  o  mestre  liones  nao  teve  tempo  em  vida   para   semear.   Fez   a   Ciencia   Espırita   avançar,   dando   a   ela   o   rumo   traçado   e   idealizado   por   Kardec,  explorando  as  manifestaçoes  que  ainda  tomavam  frequente  lugar  nas  reunioes  publicas  e  privadas,  atraindo  cada  vez  mais  a  atençao  de  homens  reputados.       So   podemos   dar   a   dimensao   do   trabalho   de   Delanne   para   a   Doutrina,   quando   analisamos   as   suas  obras,  nao  somente  as  impressas,  mas  as  obras  sociais.     Gabriel  Delanne,  nao  somente  fez  a  Ciencia  Espırita  avançar,  como  fez  tambem  que  se  espalhasse  por  todos  os  cantos,  as  suas  implicaçoes  morais  da  Filoso4ia  Espırita.  Devassou  a  historia  para  demonstrar,  que  os   fundamentos  daquela  Doutrina,   sao   tao   antigos  quanto  o  mundo  e   consequentemente   fazem  parte  das  doutrinas  e  religioes  de  todos  os  povos  de  todas  as  epocas.  A  mediunidade  sempre  existiu,  e  esta  registrada  em   todos   os   textos   antigos   e   novos   pertinentes   a   todas   as   religioes,   doutrinas   e   seitas,   isto   nao   era   uma  suposiçao,  era  um  fato  constatado  na  historia  da  humanidade,  e  Delanne  demonstrou  isso  em  suas  obras.  

Pouco   se   sabe   sobre   sua   infancia,   e   que   pendores   teve   no   primeiro   momento   da   vida   que  desabrochava,   mas   nascido   em   famılia   espırita,   e   ainda,   tendo   sua   mae   como   uma   das   mediuns   que  concorreram  para  a  composiçao  das  obras  fundamentais  da  Doutrina,  concluımos  que  desde  sempre  esteve  mergulhado  em  uma  atmosfera  na  qual  preceitos  espıritas  eram  correntes.  Sabemos,  entretanto,  que  Gabriel  Delanne  devotava  um  profundo  amor   familiar,   era  uma  criança  docil   e  amavel,   e  estreitava  cada  vez  mais,  

Defensor ferrenho do

caráter científico da

Doutrina

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suas   relaçoes   com   todos   os   seus   parentes   a  medida   que   amadurecia.   Ja   com   o   Mestre  Rivail,  sua  relaçao  era  a  de  um  neto  para  com  o  avo   querido,   dedicando-­‐lhe   uma   obra;   apenas  ensaiava  para  o  que  viria  pela  frente.       Tal   como  o   Codi4icador,   Gabriel  Delanne  tambem   teve   uma   missao   a   cumprir,   e   estava  amparado   por   uma   legiao   de   espıritos   que   o  assistiam   nesta   tarefa,   o   que   nao   o   isentou   de  sofrer  algumas  mazelas  fısicas,  e  possivelmente  tenha  agravado  seu  estado  de  saude,  com  serios  problemas   de   locomoçao   por   uma   ataxia,   alem  de   ter   4icado   quase   cego   de   um   olho   ainda   na  infancia;   nada   disso,   porem,   o   atrasou   ou  impediu   de   marchar   vigorosamente   rumo   as  tarefas   designadas,   de   difusao   da   Ciencia  Espırita.       O   Espiritismo   na   posterioridade   de  Kardec,   assim,   contou   com   a   envergadura   de  homens   de   carater   serio,   como   Delanne,  Flammarion,   Bozzano,   Dénis,   Jean   Meyer,  Geley,   Leymarie,   e   tantos   outros   colossos  intelectuais  com  denotada  dedicaçao  a  causa  da  correta   difusao   da   verdade   espiritual   como  ensinada   segundo   os   Espıritos   Superiores,  atraves  da  Codi4icaçao.     O  respeito  que  a  maioria  dos  adversarios  sinceros   do   espiritismo   nutriam   por   Delanne,  era   baseado   em   seu   comportamento   afavel   e  respeitoso,  com  que  acolhia  as  inumeras  crıticas  e   as   respondia   com   serenidade   e   destacada  educaçao,   atraves   dos   meios   de   comunicaçao  que  dispunha.  Herança  deixada  sem  sombra  de  duvida  pelo  exemplo  de  seu  Mestre  Kardec.  

BIOGRAFIA  

  Nasceu   no   dia   23   de   março   de   1857,  exatamente  no   ano   em  que  Kardec  publicava   a  primeira   ediçao  de   “O  Livro  dos  Espıritos”.   Seu  pai,   Alexandre   Delanne,   tornou-­‐se   espırita   e  amigo   de   Kardec,   pouco   tempo   depois   do  nascimento   do   4ilho,   motivo   porque   Gabriel  Delanne   foi   grandemente   in4luenciado   pelo  ideal  espırita.  Sua  mae  trabalhou  como  medium,  cooperando   com   o   Mestre   Lione s   na  Codi4icaçao.  Alexandre  Delanne,   pai   de  Gabriel,  era   representante   comercial   que   possuıa   uma  loja  de  artigos  de  higiene  na  França.         Seu   interesse   pelo   Espiritismo   foi  despertado  em  uma  de  suas  viagens  a  cidade  de  Caen,  no   “Cafe  de  Grand  Balcon”,  quando  ouviu  uma   conversa   entre   dois   homens   e   zombou  daquele  que  assumia  posiçoes  espıritas.  Este,  ao  

inves  de  se  zangar,  deu-­‐lhe  uma  explicaçao  geral  do   trabalho   de   Kardec   e   recomendou-­‐lhe   a  leitura   de   livros   publicados   por   Kardec.  Intrigado,   Alexandre   Delanne   comentou   o  acontecido   com   sua   esposa,  Marie   Alexandrine  Didelot,   que   o   incentivou   a   adquirir   os   livros.  Em   pouco   tempo   estavam   lidos   “O   Livro   dos  Espıritos”  e  “O  Livro  dos  Mediuns”.       Marcado   encontro   com   o   Sr.   Allan  Kardec,   pouco   tempo   depois   na   Sociedade  Parisiense   de   Estudos   Espıritas,   a   Senhora  Delanne   psicografara   sua   primeira   mensagem,  onde   se   liam   tres   palavras,   escritas   com  muita  di4iculdade,   como   e   comum   no   despertar   da  faculdade   mediunica,   lia-­‐se:   “Crede,   Orai   e  Ac guardai“.       Fundou-­‐se   um   grupo   na   casa   dos  Delanne,   que   o   dirigiam   com   austeridade   e  j ama i s   a c e i t a r am   q u a l q u e r   t i p o   d e  remuneraçao,   apesar   de   sua   condiçao   simples.  Muitos  foram  os  fenomenos  e  encontros  que  ali  tomaram  lugar,  sempre  nos  moldes  espıritas.     Neste   ambiente   viveu   François-­‐Marie  Gabriel  Delanne   (1857-­‐1926),   a   sua   segunda  infancia   e   adolescencia,   conviveu   intimamente  com   faculdades   mediunicas   diversi4icadas   de  sua   pro pria   ma e   e   dos   me diuns   que  frequentavam   sua   casa.   Uma   mostra   da   sua  ligaçao   com   o   Espiritismo   desde   a   infancia   foi  um   episodio   onde   substituiu   o   pai   em   sua  reuniao,  com  apenas  oito  anos,  explicando  o  que  fosse   necessario   as   pessoas   que   participaram  dela.  (WANTUIL,  1980.  p.  315).     Sua   ligaçao   com   os   membros   de   sua  famılia   foi   intensa.  Dedicou  posteriormente  seu  livro   “A   EVOLUÇA,O   ANIcMICA”   a   sua   tia  Anette  Delanne   “como   prova   de   reconhecimento   da  ternura   que   povoou   a   minha   infancia”.   Sua  ligaça o   com   Allan   Kardec   tambem   foi  signi4icativa.   (WANTUIL,   1980,   p.   316),   a4irma  que   em  uma  oportunidade  Kardec  dispensou  a  ele  mimos  que  um  avo  dispensa  a  seu  neto.       Gabriel   Delanne   dedicou-­‐lhe   o   livro   “O  FENOk MENO   ESPIcRITA”   com   as   seguintes  palavras:   “Al   alma   imortal   de   meu   venerando  mestre   Allan   Kardec   eu   dedico   este   livro,   obra  de  um  de  seus  mais  obscuros,  mas  de  seus  mais  sinceros  admiradores”.     Declarou   abertamente   que   sua   crença  inabalavel   era   a  Espırita,   e   dedicando-­‐se  desde  cedo   a   pesquisa   experimental,   recebeu   em  determinado  momento,   uma   comunicaçao   com  um  teor  profundo  em  relaçao  a  sua  missao  junto  ao   crescente   movimento   espırita,   dizia   a  

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mensagem:   “NADA   TEMAS.   TEM   CONFIANÇA.  JAMAIS   SERÁS   RICO   DO   PONTO   DE   VISTA  MATERIAL.   COISA   ALGUMA,   PORÉM,   TE  FALTARA  NA  VIDA”.  

Delanne   iniciou   seus   estudos   no   Colegio  de   Cluny,   passando   a   seguir   para   o   Colegio   de  Gray   e   sendo   admitido,   em   1876   na   Escola  Central  de  Artes  e  Manufaturas,  que  abandonou  no   ano   seguinte.   Henri   Regnault   (seu   biografo)  a4irma   que   o   abandono   dos   estudos   se   deveu   a  situaçao   4inanceira   da   famılia   de   Gabriel,   mas  nao   se   tem   informaçoes   de   que   nao   tenha  concluıdo  seu  curso  de  Engenharia  Eletrica,  logo,  e  muito  provavel  que  tenha  retomado  os  estudos  no  ano  seguinte,  ate  sua  conclusao.  

ALGUNS   ACONTECIMENTOS   NOTÁVEIS  DURANTE  SUA  VIDA  

Em   1880   nas   comemoraç o es   da  desencarnaçao   de   Kardec,   Delanne   fez   um  discurso   no   seu   tumulo   no   Pere   Lachaise,   onde  expos,  entre  outras  ideias,  a  posiçao  de  que  Allan  Kardec   nao   viera   trazer   nenhum   culto,   que   ele  adotara   a   moral   crista   e   que   havia   ainda   um  campo   inexplorado   para   estudos,   que   sao   as  relaçoes  entre  o  mundo  dos  espıritos  e  o  nosso.    

Em   1882,   juntamente   com   Leymarie  participou   da   assembleia   que   fundou   a  Federaçao  Espırita  Francesa  e  Belga.  

Em   1883   Delanne   se   envolveu   em   um  debate  publico  com  Guerin,  onde  o  tema  central  era   a   encarnaçao   de   Jesus   Cristo.   A   posiçao   de  Delanne  era  a  de  que  Jesus  nao  possuıa  nenhuma  natureza   especial,   embora   tivesse   notaveis  faculdades  intelectuais  e  evolutivas,  combatendo  desta   forma  a  dissidencia   criada  no  Espiritismo  por   de   Jean-­‐Baptiste   Roustaing.   Delanne,   o  discípulo   de   Kardec,   também   combateu   as   ideias  dissidentes  com  coragem  e  não  recuou.  

Ainda  em  meados  1883,  episodio  curioso  ocorre,   Delanne   recebe   da   Sra.   Elisabeth  D”Esperance,   medium   cujas   faculdades   lhe   dao  notoriedade   ate   os   dias   de   hoje,   cerca   de   5000  francos   para   editar   um   Jornal   Espırita.   Em  circunstancias  muito   interessantes.   (Paul  Bodier  e   Henri   Regnault   -­‐   Gabriel   Delanne,   sa   Vie,   son  Apostolat,  son  Oeuvre  pg  10  1937).  

Em  1884  Surge  o  periodico  bimestral  “Le  Spiritisme”   onde   Delanne   assume   o   papel   de  redator   geral,   o   seu   primeiro   volume   foi  publicado   no   mes   de   março.   Lantier,   editor,  a4irma  que  Delanne  era  um   redator   criterioso   e  rejeitava   art igos   dos   amigos   que   na o  apresentassem  os  rigores  exigidos  pela  ciencia.  

Foi   mais   ou   menos   nesta   epoca   em   que  fora   admitido   como   Engenheiro   na   Companhia  de   Ar   Comprimido   e   Eletricidade   Popp,   onde  trabalhou  ate  1892.  Tambem  e  possivelmente  se  deve   a   esta   sua   ocupaçao   o   fato   de   alguns  autores   se   referirem   a   Gabriel   Delanne   como  Engenheiro  Eletrico.  

Posteriormente   Delanne   trabalharia  alguns   anos   como   representante   comercial,   ate  1896 .   Ap o s   es ta   data   e le   dedicou-­‐se  integralmente  ao  Espiritismo.  

Em   março   de   1901,   extinguiu-­‐se   a   vida  organica   de   seu   Pai   Alexandre   Delanne,   com   a  idade   de   71   anos.   No   funeral,   inicialmente  enterrado   no   Cemite rio   de   Bagneux,   e  posteriormente   transferido   para   Pere   Lachaise,  junto   de   sua   esposa,   reuniram-­‐se   seus  numerosos   amigos;   foram   pronunciados  discursos   pelo   General   Fix,   Laurent   de   Faget,  Duval,   Camille   Chaigneau   e   a   Sra.   Colin,   4iguras  celeres   de   grande   importancia   para   aquela  famılia.   Suportando   com   coragem   e   resignaçao  essa   cruel   prova,   Gabriel   Delanne,   ele   mesmo  doente,  nao  tinha  podido  usar  da  palavra.  Com  o  coraçao   arrebentado   pela   separaçao   de   seu  querido  pai,  nao  se  entregou  a  dor  da  separaçao,  que   sabia   ser   temporaria.   Publicou   uma   nota  emocionante   na   sua   revista,   prestando   as  homenagens  merecidas.    

No  ano  de  1905  adotou  uma  menina  com  7   meses,   chamada   Suzane   Rabotin,   que   lhe  dispensaria  todos  os  carinhos  e  cuidados  de  uma  4 i l ha   devo tada   e   agradec ida   a te   sua  desencarnaçao,   uma   vez   que   Gabriel   Delanne  nunca   se   casou.   No   ano   seguinte,   uma   piora  signi4icativa   na   sua   saude   o   obrigou   a   usar  muletas  de4initivamente.  

Durante   o   perıodo   de   1914   a   1917,  perıodo   da   primeira   grande   guerra,   suspendeu  as  publicaçoes  da  sua  Revista.  

Em  1919  Delanne  aconselhou  Jean  Meyer  a   escolher   o   Dr.   Gustave   Geley   como   diretor   do  “Instituto   Metapsıquico   Internacional”,   ano   de  sua  fundaçao.    

O  Dr.  Geley  era   igualmente  um  espırita  e  devemos,   para   celebrar   sua  memoria,   lembra-­‐lo  aqui.    

Em  1919  tambem  ocorreu  a   fundaçao  da  nova   Uniao   Espırita   Francesa,   da   qual   Delanne  foi   seu   primeiro   presidente,   tendo   a   seu   lado   o  fundador  Jean  Meyer  como  vice-­‐presidente.  

Em  12  de  Fevereiro  de  1926,  o   seu  estado  de   saude   agravou-­‐se   subitamente   com   queixas  de   di4iculdades   respirato rias.   Em   14   de  Fevereiro,   estavam   com   ele   os   amigos   Andry  Bourgeois  e  Vauclaire.

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Conta  sua   4ilha  Suzane,  que   todos  os  dias,  antes  de   dormir,   Delanne   orava,   no   entanto   jamais  pedindo  para  nao   sofrer  mais;   apenas   suplicava  coragem   necessaria   para   suportar,   sem   se  lamentar,   suas   constantes   dores.   Cada   noite,  enumerava   uma   longa   lista   de   seus   parentes   e  amigos,   pedindo   para   eles   a   ajuda   de   seus  protetores  invisıveis.     Andry   Bourgeois,   discıpulo   e   amigo  ıntimo,   narra   assim   a   ultima   tarde   vivida   na  Terra  pelo  nobre  lutador  espırita:     -­‐   “Achei   –  escrevia   ele   a  Henri  Regnault   –  nosso   caro   amigo   muito   debilitado,   mas   tendo  conservado   toda   a   clareza   de   sua   viva  inteligencia.  Mal  tınhamos  começado  a  conversar  sobre   a   saude   dele   e   sobre   a   sua   revista,   que  tinha   sido   a   sua   razao   de   viver,   quando   um  homem   desconhecido,   ainda   jovem   (apenas   35  anos),   pediu   para   ser   recebido   por   Delanne.       Ele   aguardou   somente   10   minutos,  quando  nosso  mestre,  com  sua  grande  bondade,  pediu-­‐lhe  que  entrasse.     Esse   homem   era   um   contramestre   das  Usinas  Renault  (Billancourt),  com  ideias  mais  do  que   socialistas,   pregando   a   anarquia,   o  bolchevismo   integral.   Mas,   disse   ele,   tinha   uma  parenta,   uma   prima,   que   escrevia   de   forma  estranha  sobre  coisas  que  ignorava  e  vinha  pedir  a   Gabriel   Delanne   a   verdade   sobre   esse   fato,  saber  se  ela  nao  estaria  louca.     Delanne,   embora   sofrendo   o  martırio   de  todas   as   suas   dores,   teve   a   coragem,   durante  cerca   de   2   horas   e   meia,   de   discutir   com   esse  homem,   com   esse   desconhecido   bastante  inteligente,   e   explicar-­‐lhe   o   que   era   a  mediunidade  de  sua  prima  e  o  fenomeno  espırita  da  escrita  direta.     Acabou   por   convencer   o   homem   de   que  nem  tudo  nesse  mundo  era  materia  e  que  todos  nos   temos   uma   alma   imortal   para   evoluir.   O  homem   por   sua   vez,   se   foi   ainda   abalado,  dizendo  que  ia  estudar  a  questao  para  depois  po-­‐la  em  debate  com  seus  pares.     Eis  a  ultima  boa  açao  de  Delanne.     Pusemo-­‐nos  a  mesa,  para  jantar,  pelas  19  horas,  Delanne,  sua  4ilha,  Vauclaire  e  eu.  Delanne,  muito   cansado   e   sofrendo   cada   vez   mais,   nao  comeu   nada,   mas   pediu   que   comessemos,   com  sua  gentileza  costumeira.  Eu  estava  penalizado  e  examinava-­‐o  com  receio,  por  estar  cada  vez  mais  palido.       Pelas  19:45  quis,  arrastando-­‐se,  ir  ao  lado  da  sala  de  jantar.  Apos  dez  minutos,  ouvimos  um  grito   e   uma   queda.   Chegamos   para   levanta-­‐lo   e  suas  duas  pernas  acabavam  de  4icar,  de  repente,  

paralisadas.   Ja   nao   podia   sequer   manter-­‐se   de  pe;   toda   a   vitalidade   tinha   abandonado   os   seus  membros   inferiores,   que   se   arrastavam   como  dois   farrapos,   nos   o   colocamos   na   poltrona   e,  enquanto   os   outros   haviam   saıdo   para   trazer  algo  para  reanima-­‐lo,  Delanne  apalpou  a  cabeça,  a  fronte  e,  olhando-­‐me,  disse-­‐me:  ―  Creio  que  e  o  4im,  e  uma  advertencia.  ―  Nao,  respondi-­‐lhe  ―  e  um  pequeno  ataque,  do  qual  ira  recuperar-­‐se.  ―   Sim,   disse-­‐me   ele   ―   No   alem.   ―   Lembre-­‐se,  meu  caro  amigo,  que  Delanne  nao   tem  medo  da  morte.       Colocamo-­‐lo   no   leito.   Saı   a   meia-­‐noite  para   descansar,   por   insistencia   da   4ilha   e   de  Vauclaire,   que   deviam   velar   juntos,   nosso   caro  mestre.     Al s   2   horas   (15   de   fevereiro   de   1926),  Vauclaire  saiu,  deixando  a  jovem  4ilha  a  sos,  com  seu  pai.       Al s  4  horas,  Delanne  piorou,  queixando-­‐se  com   falta  de   ar,   sua   4ilha   foi   buscar  um  medico,  que   lhe   fez   uma   aplicaçao   de   cafeına   para  reanima-­‐lo,  dizendo-­‐lhe  que  aquilo  iria  passar.    ―   Espero,   respondeu   Delanne   ―   nao   quero  entristecer  ninguem.  

  Al s   7   horas,   porem,   pela   ultima   vez  expirava,  em  Autenil,  na  Villa  Montmorency,  local  este   que   Jean   Meyer,   ainda   diretor   da   Revista  Espırita,   desejava   que   fossem   passados   os  ultimos   anos   terrenos   do   valente   pioneiro   do  Espiritismo,  Gabriel  Delanne.     As   cinzas   de   Delanne,   foram   postas   no  mausoleu   da   famılia,   muito   proximo   ao   de   seu  Mestre  Kardec,  junto  a  seu  pai  e  sua  mae.  

FONTE  BIBLIOGRÁFICA:    Adaptado   e   redigido   para   a   Revista   de   Ciencia  Espırita,   segundo   e   de   acordo   com   diversas  biogra4ias   de   diversos   autores,   em   especial:   sa  Vie,  son  Apostolat,  son  Ouevre  –  Paul  Gibier  e  Henri   Regnault.   Traduzida   para   o   Portugues  como:  Gabriel  Delanne,  Vida,  Apostolado  e  Obra,  disponıvel   para   download   gratuito   em   http://bvespirita.com

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VISÕES EM CASOS DE MORTEEXPERIÊNCIAS TÃO COMUNS QUE PARECEM PASSAR DESPERCEBIDAS

Por Sandro Fontana

Um  fato  tao  comum,  mas  que  parece  passar  despercebido   por   pesquisadores   ao   longo   da  historia,   parece   que   volta   a   ganhar   um   amplo  estudo.   O   leitor   vai   entender   depois   que   eu  escrever  sobre  um  breve  relato  de  um  amigo.  

Em   meu   trabalho   cotidiano,   comentando  com   colegas   sobre   as   pesquisas   espiritas,   um  deles  veio  ate  mim  para  relatar  um  caso  que  ele  presenciou   e   foi   muito   marcante   em   sua   vida,  tanto   como   ser   humano   como   curioso   dos  fenomenos  mediunicos.  Por  questoes   eticas  vou  chama-­‐lo  de  Sr.  B.  

Certa   vez   a   noite,   em   pleno   sono,   Sr   B  acorda   assustado,   como   se   tivesse   vivenciando  um  pesadelo.  Ele  acorda  suado  e  ve,   aos  pes  de  sua   cama,   um   compadre   a   que   nao   via   a  muito  tempo.   Ele   a4irma   ter   visto   nitidamente   seu  amigo  e  este  ia  começar  a  lhe  dizer  alguma  coisa,  mas   foi   interrompido   pelo   grito   assustado   do  relator   deste   fato.   Ele   comentou:   “Não   pude  me  controlar,   foi   um   susto   muito   grande   porque  acordei  e  já  vi  ele  nos  pés  da  minha  cama”.  

Apos   o   grito,   a   imagem   de   seu   compadre  desapareceu   diante   de   seus   olhos.   Depois   de  alguns   dias,   veio   a   saber   que   seu   amigo   havia  falecido  e  4icou  preocupado  pois  parecia  que  ele  vinha  lhe  dizer  algo,  fato  que  nao  pode  ocorrer.  

A  historia  poderia  terminar  aı,  como  muitas  outras  que  ocorrem  com  certa  similaridade,  mas    

um   fato   marcante   trouxe   a   tona   duas  demonstraçoes   sobre   a   genuinidade   do   caso.  Esse  amigo,  por  trabalhar  como  piloto  de  aviao,  algum   tempo   depois,   levaria   a   bordo   de   sua  aeronave   um   dos   mais   notaveis   mediuns   de  todos  os  tempos:  Chico  Xavier.  

Sr  B  me  relatou  que,  ao  4inalizar  um  de  seus  voos  comuns,  o  medium  pediu  para  entregar-­‐lhe  uma   carta,   lhe   dizendo   algo   como:   “Isso   e   para  voce…   O   escrevente   pediu   para   lhe   entregar,  espero  que  eu  esteja  certo”…  

Na   carta   havia   o   relato   de   seu   compadre,  falando  da  fatıdica  noite  que  foi  lhe  aparecer  aos  pes   da   cama,   onde   ele   (na   carta),   pedia-­‐lhe  desculpas  pelo  ocorrido…  

Eventos   como   este,   de   um   medium  aparecer   como   que   por   coincidencia,   e   lhe   dar  uma  carta   tempos  apos  uma  apariçao  nao   e  um  fato   comum,   mas   demonstrou   que   a   visao   nao  fora   uma   mera   alucinaçao.   Vou   mais   longe,  demonstra   a   verdadeira   mediunidade   de   Chico  Xavier   frente   as   crıticas   de   muitos   que   fazem  uma  analise   com   fatores   supostos  de  que  Chico  obtinha   informaçoes   de   familiares   ou   de   fontes  diversas,  alias,  nao   e  por  estudos  ou  provas  que  a  imagem  de  Chico  se  fez  mas  sim  nos  detalhes  e  trabalhos   do   dia-­‐a-­‐dia   e   das   experiencias  pes soa i s   das   pes soas   que   t ive ram   a  oportunidade  de  ter  contato  com  ele.  

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Essa   carta,   segundo   o   autor,   Chico   nao  escreveu   no   momento   do   voo,   ate   porque   ha  relatos   de   que   o   medium   de   Uberaba   tinha  verdadeiro  pavor  de  voar,  entao  di4icilmente  ele  poderia   entrar   num   transe   mediunico   naquele  momento.   Chico   deve   ter   escrito   a   carta   em  momento  anterior,  qual?  Nao  sabemos  ao  certo,  mas   o   fato   tambem  parece   impor   algo   contra   a  hipotese   PSI   e   SuperPSI   para   explicar   tal  fenomeno   por   meios   normais,   pois   uma  psicogra4ia   desse   tipo,   involuntaria   (nao  invocada)   teria   que   pressupor   a   previsao   do  piloto   do   voo   e   uma   experiencia   mediunica  muito   especı4ica   para   o   caso,   algo   bem  improvavel  ate  para  as  mentes  mais  ferteis.  

O   caso   4icou   nisso,   terminou   como   uma  prova   pessoal   para   o   Sr   B,  mas   para   nos   4ica   a  pergunta:  

Por   que   aparições   como   essa,   em  momentos  de  morte,  ocorreram  ao   longo  da  história  e  continuam  a  ocorrer  diariamente?  Quem   não   conhece   alguém   que   passou   por  algo  similar  ou  presenciou  por  si  mesmo?  

O   fato   e   que   ainda   nao   se   tem   explicaçoes  perfeitas  para  o  real  motivo,  mas  nao  se  podem  negar   os   fatos   de   que   existe,   de   alguma   forma,  algum   ligaçao   (ou   desejo)   de   um   espirito   se  comunicar   com   determinada   pessoa   no  momento  em  que  seu  espirito  passa  a  deixar  seu  corpo  fısico.  

Numa   busca   por   respostas,   alguns  pesquisadores   espiritas,   vinculados   ao   site  J o r n a l   d e   C i e n c i a   E s p i r i t a   ( h t t p : / /jornalcienciaespirita.org),   estao   iniciando   um  estudo  piloto  a4im  de  coletar  relatos  de  pessoas  comuns   e   analisar   as   respostas,   formando   um  grande  banco  de  dados  com  os   relatos  pessoais  de   como   e   em   quais   condiçoes   ocorreram   as  apariçoes.  

Ec  muito  provavel  que  essas  apariçoes  sejam  mais   comuns   do   que   pensamos,   mas   ainda   e  necessario   se   obter   muitas   respostas,   por  exemplo,  sera  que  tal  fenomeno  ocorre  somente  com   mortes   rapidas?   Ou   sera   que   ocorre   de  forma   ampla,   onde   o   espirito   simplesmente  surge  independente  da  forma  como  o  laço  entre  corpo  e  espirito  se  rompem?  

Quanto  mais  se  aprofunda,  mais  perguntas  surgem  e  eles  irao  buscar  as  respostas,  mas  para  que   isso   venha   a   ocorrer   e   importante   uma  

divulgaçao   e   participaçao   das   pessoas   com   os  relatos.  

Link   para   quem   deseja   participar   da  pesquisa:   http://jornalcienciaespirita.org/fenomeno-­‐de-­‐aparicao-­‐no-­‐leito-­‐de-­‐morte-­‐ou-­‐pos-­‐morte/  

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O  uso   da   agua   4luidi4icada,   que   contem   as   chamadas  energias   curativas,   e   usada   em   praticamente   todos  centros   espiritas   do   Brasil,   Kardecistas   ou   nao,     e  tambem  por  outras  denominaçoes   religiosas,   como  o  catolicismo  cuja  denominaçao  e  “agua  benta”.  A  agua  e  um  solvente  universal,  que  possui    a    propriedade  de    misturar   e   transportar   uma   gama   enorme   de  substancias   organicas   necessarias   aos   seres   vivos,  como   as   vitaminas   e   sais   minerais,   assim   como   no  transporte  de  substancias  toxicas,  como  a  ureia,  para  fora   do   organismo,   pelo   sistema   excretor,   a   4im   de  manter   o   equilıbrio   dos   sistemas   vivos.     Entretanto,  para  muitos,   a   agua   tambem  possui   a   capacidade   de  armazenar   energias   curativas,   chamada   de   energia  vital,   prana,   4luido   universal,   etc,     com  propriedades  ainda   desconhecidas,   mas   que   possui   efeitos  bene4icos   na   homeostase   (equilıbrio)   no   corpo  humano  e  tambem  a  varios  outros  sistemas  vivos.  

  Essa   a4irmaçao,   todavia,   nao   e   desprovida   de  evidencias   cientı4icas,   com   experimentos   realizados  desde  os  tempos  do  perıodo  chamado  Magnético,  em  que  se   faziam  muitas  experiencias  com  hipnotismo  e  que  antecedeu  o  advento  do  Espiritismo  moderno  de  Allan   Kardec,   chamado   de   Período   Espirítico,   que  deu   origem   a   Ciencia   Espırita.   Naquele   primeiro  perıodo,  no  inicio  e  metade  do  seculo  IXX,  muitos  dos  chamados   “magnetizadores”,     alegavam   poder  impregnar  a  agua  pura  de  propriedades  curativas  que    

eram   capazes   de   curar   diversas   enfermidades,  organicas   e   psıquicas.   Desde   entao,   surgiram   os  chamados   curadores   psıquicos,   os   quais   possuıam   a  capacidade  de  exteriorizaçao  de  grande  energia  vital,  segundo  os  criterios  kardecistas.  Essa  energia  possui    caracterısticas   curativas,   e   a   agua   seria   um   dos  elementos,  ou  o  maior  elemento  com  a  capacidade  de  retençao   dessas   energias.     Mesmo   antes   de   Allan  Kardec,   ja   havia   relatos   de   sensitivos   videntes   que  eram   capazes   de   “ver”   essas   energias   retidas   pela  agua,   que   lhes   apareciam   `as   vistas   como   altamente  brilhantes,   diferindo   do   recipiente   contendo   a   agua  que  nao  foi  4luidi4icada.

Aphonse   Bouvier,   famoso   magent izador   e  hipnotizador  do  4inal  do  seculo  XIX  e  inıcio  do  seculo  XX,  realizou  experiencias  deste   tipo  que,  embora  nao  tenha   tido   um   controle   cienti4ico   signi4icante,   nao  deixou  de   serem   interessantes.  Muitas   vezes,   diz   ele,  “magnetizava”  um  copo  com  agua  e  outro  nao,  e  todas  as  vezes,  seus  mediuns  foram  capazes  de  distinguir  a  agua   4luidi4icada   pelo   seu   alto   brilho   [1].   Esses  mediuns   videntes   nao   eram   apenas   capazes   de  diferenciar  os  recipientes  contendo  essas  aguas,  como  tambem   eram   capazes   de   ver   as   energias   com   essas  propriedades  curativas  saindo  das  maos  dos  mediuns,  em   especial   pelas   pontas   dos   dedos.   O   famoso  metapsiquista  Coronel  Albert  de  Rochas,  no   inicio  do  se culo   XX,   conseguiu   alguma   evide ncia   da  

PERIÓDICO DA EDIÇÃO ESTUDO TEÓRICO ABORDANDO O TEMA FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA.

Trabalho Complementar com Informações sobre Fluidificação da Água

Felipe Fagundes

INSTITUTO DE PESQUISAS PSICOBIOFÍSICAS

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RESUMO: O presente artigo faz um resumo de alguns pontos cruciais para melhor compreensão de alguns pontos relativos a fluidificação da água ao longo dos anos. O trabalho, indiretamente, gera um suporte ao artigo publicado na edição DEZ/2016 (desta mesma revista), trazendo comparativos resumidos sobre a temática frente a estudos mais recentes.

PEER REVIEW requerendo Aprovado Aprovado

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conseguiu   alguma   evidencia   da   objetividade   dessas  energias,  por  meio  experimentais  [2].  

 Em  meados  do  seculo  XX,  atraves  da  Kirliangra4ia,  foi  possıvel   diversas   vezes,   em   especial   quando   o  magnetizador   estava   num   estado   alterado   de  consciencia   (transe   mediunico),   fotografar   uma  especie  de  aura  brilhante  que  saia  das  pontas  de  seus  dedos   em  direçao   a   pessoa   tratada,   corroborando  os  trabalhos   de   De   Rochas   [3].   Todavia,   como   existiam  varios   aparelhos   Kirlian   que   captavam   diversas  frequencias  eletromagneticas,  somado  ao    fato  de  que  nao   era   sempre   que   o   fenomeno   era   possıvel   ser  captado   mesmo   pelo   aparelho   “adequado”,   muitos  insucessos   em   fotografar   esta   exteriorizaçao  energetica   sutil   pela   mao   humana   foram   relatadas,  abrindo   espaço   para   muitas   duvidas   e   especulaçoes  quanto  a  realidade  do  fenomeno.  

Mas   as   evide ncias   desta   energia   sutil   com  propriedades   curativas   e   exteriorizavel   atraves   do    corpo   de   certas   pessoas   (chamadas   pelo   espiritismo  kardecista   de   mediuns   passistas)   nao   e   apenas  demonstrada   por   aquelas   experiencias   de   “visao”   e  pela   fotogra4ia   kirlian.   Existem   varias   pesquisas  publicadas,   no   perı odo   contemporaneo,   com  demonstraçao   positiva   da   açao   curativa   da   agua  “4luidi4icada”   nos   seres   vivos   em   geral.   Os   mais  interessantes  foram  os  trabalhos  feitos  com  animais  e  plantas,   a   4im   de   excluir   o   efeito   placebo   (efeito  bene4icio   psicologico   produzido   pela   sugestao   de  “estar   sendo   curado”).   O   mais   famoso,   foram   os  trabalhos   do   Dr.   Bernard   Grad,   cientista   da  Universidade  de  Yale,  nos  Estados  Unidos.    

O   Dr.   Grad   e   sua   equipe   preparou   varios   recipientes  com   agua   salgada,   para   o   cultivo   de   plantulas   de  cevada.   A   agua   salinizada,   como   se   sabe,   retarda   a  germinaçao   e   o   desenvolvimentos   das   plantas.   Com  esses   recipientes,     uns   foram   destinados   ao  “tratamento   psıquico”.   Eles   foram   dados   por   um  famoso  medium  de  cura  daquela  epoca  para  que  este  segurasse  os  recipientes  por  alguns  minutos,  tentando  in4luencia-­‐los   com  sua  energia.  As   sementes   tratadas  com   agua   salinizada   sem   a   intervençao   do   medium,  tiveram  uma  media  de  germinaçao  e  desenvolvimento  de   plantulas   bem   retardados,   como   de   esperado,  enquanto   que   as   sementes   tratadas   pela   agua  salinizada   e   retida   pelo   medium,   tiveram  medias   de  germinaçao   e   desenvolvimento   bem   maiores,  inclusive   com   maiores   taxas   de   cloro4ila   nas   folhas  (que   signi4ica   maior   vitalidade   e   vigor   de   plantas).  Este   experimento   foi   repetido   diversas   vezes,   com   o  mesmo  resultado.  Outra  variaçao  incomum  imaginada  por   Bernard   Grad   consistiu   em   dar   a   agua   para  

pacientes  psiquiatricos   segurarem.  Essa  mesma   agua  foi   depois   usada   para   tratar   as   sementes   de   cevada.  Por   incrıvel  que  possa  parecer,  diz  o  cientista,  a   agua  energizada   por   pacientes   que   estavam   seriamente  deprimidos   produziu   um   efeito   inverso   ao   da   agua  tratada   pelo   curandeiro:   ela   diminuiu   a   taxa   de  crescimento  das  plantinhas  novas!  [4]    Existem,   de   fato,   muitos   trabalhos   demonstrando   a  e4iciencia  da  cura  psıquica,  sem  o  uso  da  agua,  isto  e,  diretamente   pelo   passe   em   homens   [5]   [6]   [7],  animais   [8]   [9]   e   plantas   [10],   assim   como   a  propriedade   de   aumentar   a   taxa   de   crescimento   de  fungos   [11]     e   outras   celulas   [12],   mas   como   nosso  foco   e   a   agua   “4luidi4icada”,   deixaremos   outros  trabalhos   de   lado,   porem   com   a   ideia   de   que   estes  estudos   corroboram   a   realidade   das   energias   sutis  com   propriedades   curativas.   Nesse   aspecto,   a   agua  seria  apenas  um  absorvente  e  veıculo  dessas  energias.  

Na   ediçao   Passada   da   Revista   Ciencia   Espirita  (dezembro  de  2015),   foi   publicado  uma   interessante  pesquisa   feita  pelo  Doutor  Geison  Freire,   em  que  ele  usou   uma   medium   vidente   para   tentar   localizar  visualmente,   pelo   brilho,   as   aguas   que   foram  magnetizadas   por   um   passista.   Foram   utilizadas   10  garrafas   de   agua   pura,   da   mesma   fonte   (e   lote),   no  experimento   e   a  medium  nao   sabia  quantas   garrafas  iriam  ser  magnetizadas.  O  ındice  de  acerto  da  medium  foi  de  80%,  o  que  indica  um  bom  resultado.  Assim,  ela  foi  capaz  de  diagnosticar  visualmente,  pelo  brilho,  as  garrafas  de  agua  que  foram  tratadas.  Esses  resultados  corroboram   (e   replicam)   os   antigos   magnetizadores  que  4izeram  essas  experiencias,  indicando  que  a  agua  4luidi4icada,  alem  de  ter  propriedades  curativas,  emite  tambem   um   brilho   caracterıstico.   Entretanto,  coletando   estas   amostras   de   aguas   4luidi4icadas,  atraves   de   um   experimento   piloto   realizado   pelo  pesquisador  Sandro  Fontana,  nao  foi  possıvel  detectar  esse   brilho   caracterıstico   utilizando   uma   maquina  Kirlian,   pelo   menos   numa   primeira   sessao   de  experimento   e,   utilizando-­‐se   um   unico   medium  magnetizador.     “São   necessários   mais   experimentos  para  termos  certeza,  tanto  referente  ao  médium  quanto  a   real   possibilidade   do   equipamento   captar   isso   nas  amostras   de   água”,   diz   ele   e   acrescenta:   “Precisamos  mais   testes   com   médiuns   videntes   e   com   máquinas  kirlian   (bioeletrograVia),   utilizando   vários   médiuns  para   VluidiVicar   a   água,   para     podermos   averiguar   a  realidade  da  diferenciação  Vísica  das  amostras  tratadas  através   do   passe   magnético”.   Todavia,   ja   existem  evidencias  consideraveis  relacionando  diretamente  as  propriedades   curativas   da   agua   “4luidi4icada”   com   o  aumento  de  seu  brilho,  visıveis  por  mediuns  videntes  e   por   certas   frequencias   utilizadas   nas   maquinas  kirlian.

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Bibliografia

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INTRODUÇÃO  

Na  noite  de  sexta-­‐feira,  11  de  fevereiro  de  1983,  Jacqueline  Poole,  25  anos,  uma  assistente  de  loja  e  garçonete  em  meio  expediente,   foi   assassinada   em   seu   apartamento   no  suburbio  Ruislip  a  oeste  de  Londres.  O  primeiro  agente  da  polıcia  no  local  foi  o  detetive  Tony  Batters,  que  chegou  no  domingo,   dia   13,   onde   permaneceu   por   cinco   horas,  fazendo   anotaçoes   detalhadas   sobre   a   cena   do   crime   e   a  vıtima.   Um   ou   dois   dias   mais   tarde,   Batters   e   outro  detetive,   o   Det.   Con.   Andrew   Smith   (cada   um   deles   leu   e  aprovou   um   esboço   deste   artigo;   ver   suas   declaraçoes  inclusas   ao   4inal)   foram   avisados   para   visitar   Christine  Holohan,   uma   irlandesa   de   vinte   e   poucos   anos   que  trabalhava   meio   perıodo   na   RAF   em   Northolt   enquanto  treinava   para   tornar-­‐se   uma   medium   pro4issional,   o   que  agora  ja  faz  ha  16  anos  ou  mais.  Ela  chamou  a  polıcia  para  dizer  que   tinha  algumas   informaçoes   sobre  o  assassinato.  Ate  entao,  a  polıcia  pedira  que  qualquer  pessoa  que  tivesse  conhecido   Poole   entrasse   em   contato.   Uma   das   pessoas  que  agiu  assim  foi  um  jovem  chamado  Anthony  Ruark,  que,  apesar   de   ter   antecedentes   criminais   (mas   nenhum  historico  de  violencia),  inicialmente  nao  foi  tratado  como  o  suspeito  principal.    

Holohan,   no   entanto,   nao   conhecera  Poole,   ao  menos  nao  enquanto   estava   viva.   Logo   que   os   agentes   da   polıcia  chegaram   a   sua   casa   em   Ruislip   Gardens   (a   cerca   de   5  quilometros  do  apartamento  de  Poole,  nao  “menos  do  que  10   minutos   a   pe”,   como   mencionado   no   Psychic   News),  anunciou   que   tem   tido   ‘experiencias   psıquicas’   desde   sua  infancia   na   Irlanda,   e   tinha   tido   outra   deste   tipo   na  segunda-­‐feira   a   noite   —   o   dia   seguinte   a   descoberta   do  corpo   de   Poole.   Como   ela   descreveu   numa   entrevista   ao  programa  da   televisao   irlandes   (RTE)  The  Late  Late  Show  (23   de   novembro   de   2001),   do   qual   nos   obtivemos   uma  copia,  ela  foi  dormir  por  volta  da  meia-­‐noite,  depois  de  ter  tido   “uma   sensaçao   muito   ruim”   durante   todo   o   4im   de  semana   seguinte   ao   assassinato,   e   tendo   “sentido   frio”  quando  4icou  sabendo  do  ocorrido  na  segunda-­‐feira  numa  loja  local.    

Naquela   noite,   ela   continuou,   ela   tentava   dormir   quando  “de  repente  eu  tive  um  sentimento  forte  de  uma  presença,  como   se   alguem   estivesse   no  meu   quarto,   e   eu   senti   que  alguem   puxava   o  meu   pijama.   Entao   pensei,   vamos   ver   o  que  esta  ocorrendo  aqui,  e  me  arrisquei  e  disse   “Jacqui,   e  voce?”  e  as  luzes  foram  ligadas  e  desligadas”  [1].  Ela  entao  teve   uma   visao   de   uma   mulher   que   informou   seu   nome,  

RELATÓRIO DE PESQUISA

POSSIVELMENTE  UM  CASO  ÚNICO  DE  RESOLUÇÃO    

DE  UM  CRIME  POR  UM  PSÍQUICO    por  Guy  Lyon  Playfair  e  Montague  Keen    

Resumo

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“Medium  pega  assassino  e  prova  vida  apos  a  morte”  foi  a  manchete  memoravel  da  ediçao  de  27  de  outubro  de  2001  do  Psychic  News,  referindo-­‐se  a  um  entao  recente  caso  que  emergiu  em  que  uma  jovem  mulher  chamada  Christine  Holohan  forneceu  a  polıcia  uma  serie  de  informaçoes  exatas,  detalhadas  e  especı4icas  sobre  um  assassinato  alguns  dias  depois  de  ocorrido,  recebidas  ostensiva  e  diretamente  da  vıtima  morta.  Um  registro  mais  detalhado  do  caso  foi  dado  por  um  dos  detetives   envolvidos   no   inquerito   do   assassinato   no   Journal   of   the   Police   Federation   (Batters,   2001).   Com   a   plena  cooperaçao  dele  e  de  Holohan,  nos  examinamos  o  caso  cuidadosamente  e  concluımos  que  no  mınimo  se  poderia  dizer  que  “Medium  fornece  informaçoes-­‐chave  que  ajudam  a  levar  a  condenaçao  de  um  assassino  e  e  altamente  sugestivo  da  sobrevivencia  de  um  desencarnado”.    

PEER REVIEW Aprovado Aprovado

[1] Holohan nos garantiu que ela não se lembra de alguma vez ter encontrado ou mesmo ouvido sobre Poole ou quaisquer de seus amigos, nem mesmo seu assassino. Os detetives entrevistaram todos os conhecidos de Poole, e Holohan não estava entre eles. Seu nome sequer constava na lista telefônica de Poole.

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nao  como  sendo   Jacqui  Poole,  mas  sim  como   Jacqui  Hunt.  Este  na  verdade  era  o  nome  de  solteira  de  Poole,  que  nao  tinha   se   tornado  publico   ate   entao.  A   apariçao   con4irmou  que   ela   era   de   fato   a   vıtima,   e   que   queria   que  Holohan   a  ajudasse   a   receber   a   justiça   merecida,   ao   que   Holohan  respondeu   que   ela   nao   podia   ir   a   polıcia   a   menos   que  tivesse   alguma   evidencia   concreta   para   eles.   Alem   disso,  disse,  pensariam  que  ela  tinha  lido  sobre  o  caso  nos  jornais  ou   que   ouviu   os   detalhes   de   amigos.   “Jacqui”,   no   entanto,  “somente  foi  embora”  depois  de  dizer  algumas  coisas  sobre  o   assassino   “que   eu   nao   posso   repetir   no   ar”.   Na   noite  seguinte  ela  voltaria  outra  vez,  desta  vez  com  uma  grande  quantidade   de   detalhes   sobre   a   cena   de   crime,   entao  Holohan   decidiu   chamar   a   polıcia.   Numa   entrevista  conosco  registrada  em  4ita  em  30  de  outubro  de  2002,  ela  forneceu  mais  detalhes  de   sua  visao,   que   ela   se   lembrava  nitidamente  depois  de  quase  vinte  anos  e  que  claramente  causara  uma   forte   impressao  nela.  Ela  realmente  nao  vira  Poole   enquanto   encarnada,   mas   lembrava   “o   contorno  branco   de   uma   pessoa”   e   uma   “energia   de   luz   branca”,  junto   com   “uma   voz   bem   de4inida”   em   seu   ouvido.   Ela  con4irmou  que  primeiramente  tinha  estado  ciente  de  uma  “presença”   inesperada   antes   de   ter   ouvido   sobre   o  assassinato.   Ela   nao   conseguiu   descrever   isso   em   mais  detalhes.    

Numa   entrevista   gravada   conosco   em   sua   casa   em   6   de  outubro  de  2002,  Tony  Batters  contou-­‐nos  como  se  sentiu  quando  Holohan  começou  a  falar  sobre  anjos  e  espıritos:    

Eu   era   completamente   cético   naquela   época   e   não  desejava  continuar  a  entrevista,  mas  por  educação  nós  nos  sentamos  em  um  sofá  e  ela  começou  a  dizer  coisas  que   imediatamente   me   espantaram.   Anotei-­‐as;   pouco  tempo   depois   ela   entrou   no   que   eu   descreveria   como  um  transe,  embora  eu  não  seja  familiar  com  um  transe,  mas  as   suas  pálpebras  piscaram,  depois   se   fecharam  e  ela   falou,   numa   voz   normal,   uma   série   de   sentenças  muito  curtas,  e  eu  produzi  uma  cópia  textual  das  notas  originais  do  encontro  que  eu  ainda  possuo.    

Batters  mostrou-­‐nos   suas  notas  originais   (ver  Figura  1)  e  nos   deu   copias   de   sua   transcriçao   das   131   declaraçoes  separadas  (ver  Apendice  para  detalhes).  Holohan  disse  que  Poole   supostamente   teria   ido   trabalhar   na   noite   do  assassinato,   dois   homens   tendo   ligado   para   ela,   mas   ela  decidiu  nao   ir  pois  nao  estava  se  sentindo  bem.  Ela  entao  recebeu   uma   visita   de   um   homem   que   ela   conhecia,   um  amigo   de   um   amigo   que   ela   nunca   tinha   gostado.   Ela   o  deixou  entrar,  pensando  que  ele  podia  ter  uma  mensagem  de  seu  namorado,  que  estava  em  detençao  e  a  quem  tinha  visitado   duas   semanas   antes.   Holohan   forneceu   uma   boa  descriçao  da  aparencia  do  homem  e  disse  que  ele  era  um  homem   a   quem   a   polıcia   ja   tinha   visto.   Ele   tinha   um  apelido  incomum.    

Ela   descreveu   o   apartamento   de   Poole   exatamente   como  Batters   o   vira   pela   primeira   vez,   anotando   detalhes   tais  como   as   duas   xıcaras   de   cafe   na   cozinha,   uma   que   tinha  

sido   lavada   enquanto   a   outra   ainda   tinha   algum   cafe,   um  caderno  de  endereços  preto,  uma  carta  e  uma  receita.  Ela  descreveu   o   ataque,   a   luta   e   assassinato   em   detalhes  consideraveis,  dizendo  que  tinha  começado  no  banheiro  e  que  Poole  foi  entao  arrastada  para  o  sofa,  onde  o  seu  corpo  foi  achado.  Observou  que  so  dois  dos  muitos  aneis  de  Poole  permaneceram   em   seus   dedos.   Quando   o   assassino   fosse  apanhado,  disse,  seus  amigos  4icariam  surpresos,  pois  nao  acreditariam  que  ele  seria  capaz  de  cometer  tal  crime.    

Figura   1.   Primeira   página   das   notas   de   Batters   feitas   durante   sua  entrevista  de  1983  com  Christine  Holohan.  Ele  acrescentou  as   linhas   em  letras   maiúsculas   logo   em   seguida   para   o   beneVício   do   datilógrafo   da  polícia.  (Cortesia  de  Tony  Batters)  

Holohan  mencionou  cinco  nomes  alem  do  de  Jacqui  Hunt:  Betty,   Sylvia,   Terry   (a   quem   ela   mencionou   seis   vezes),  Barbara   Stone,   e   Tony.   Ela   tambem   mencionou   “alguem  vivendo   num   apartamento   sobre   uma   banca   de   jornal”   e  4inalmente   nomeou   o   assassino,   como   descrito   abaixo.  Terry  era  o  nome  de  um  dos  irmaos  de  Poole,  de  quem  ela  era  especialmente  proxima.  O  nome  de  sua  mae  era  Betty  e  a  mae  do  namorado  se  chamava  Sylvia.  A  melhor  amiga  de  Poole,   Gloria,   vivia   em   um   apartamento   acima   de   um  vendedor   de   jornais.   Ec   interessante   notar   que   enquanto  Batters   esteve   no   apartamento   de   Poole,   depois   de  descobrir  o  corpo,  ele  atendeu  ao  telefone  tres  vezes.  

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As  pessoas  que   ligaram  tinham  sido  Betty,  Sylvia  e  Gloria.  Quanto  a  Barbara  Stone,  o  nome  nao  dizia  nada  na   epoca  aos  detetives  e  nao  surgiu  durante  as  investigaçoes.  So  em  2001  ela  foi  identi4icada  como  sendo  uma  amiga  ıntima  de  Poole.  Holohan   ainda   tinha  mais   a   oferecer.   Ela   disse  que  nao  conseguiu  entender  direito  o  apelido  do  assassino,  mas  que   tentaria   recebe-­‐lo   pela   escrita   automatica,   que   ela  usava   com   exito   com   seus   clientes.   Os   detetives  perguntaram   se   ‘Jacqui’   tambem   podia   dar-­‐lhes   alguns  indıcios  sobre  as  joias  roubadas.  Holohan  entao  fez  alguns  rabiscos   e   marcas   numa   folha   de   seu   bloco   de   notas,   e  escreveu  o  numero  221,  uma  palavra  ilegıvel,  e  as  palavras  ‘Ickeham’   [sic],   ‘jardim’   e   ‘Pokie’   (ver   Figura   2).   A  importancia   do   numero   e   as   primeiras   duas   palavras   sao  discutidas   abaixo.   Pokie   foi   imediatamente   reconhecido  por  um  dos  detetives  como  o  apelido  um  tanto  incomum  de  Anthony  Ruark,  que  tambem  era  conhecido  como  Tony.    

Em   retrospecto,   o   leitor   pode   pensar   que   os   detetives  deveriam   ter   prontamente   detido   Ruark   e   acusa-­‐lo   de  assassinato.  Ele  foi  de  fato  detido  e  interrogado  por  algum  tempo,  mas   teve  que   ser   liberado  por   falta  de   evidencias.  De  acordo  com  Batters,  ele  nao  era  um  suspeito  importante  (dos   quais   havia   aproximadamente   trinta   na   epoca),   pois  ele  nao  tinha  nenhum  registro  de  violencia,  mas  ele  ja  tinha  sido  entrevistado  pela  polıcia  depois  que  voluntariamente  se  apresentou  com  sua  namorada  como  um  conhecido  de  Poole.  A  evidencia  do  tipo  fornecida  por  Holohan  elevou-­‐se  a   nao  mais   que  um   rumor,   embora   intrigante,   e   nao   teria  sido  aceita  em  qualquer  corte.  Muito  do  que  ela  disse  nao  havia   ainda   sido   veri4icado   nessa   etapa   ou   nao   parecia  relevante  para  a  investigaçao.  Alem  disso,  Holohan  fez  suas  declaraçoes  sem  nenhuma  ordem  particular  e  elas  soaram  menos   evidentes   na   epoca   em   que   foram   feitas   do   que  quando  Batters  organizou-­‐as  mais   tarde  em  grupos   como  descritos  no  Apendice.  Numa  etapa  inicial  da  entrevista,  os  o4iciais   tambem   suspeitaram   que   Holohan   pudesse   ter  obtido   suas   informaçoes   por   meios   normais,   talvez   por  pessoas   que   a   estivessem   usando   como   uma   forma   de  transmitir   informaçoes,   verdadeiras   ou   falsas,   a   polıcia.  Devemos   realçar   que   nao   surgiu   nenhuma   evidencia   de  que   este   fosse   o   caso.   Holohan   entao   produziu   o   que   foi,  para   os   detetives,   a   melhor   demonstraçao   de   suas  capacidades.   Batters   a   descreveu   para   nos   da   seguinte  forma:    

Estávamos   sondando   —   “Onde   conseguiu   esta  informação?   Certamente   você   falou   com   os   parentes?  Você  conhece  alguém  no  grupo  de  assassinos  possíveis?”  E   ela   disse:   “Veja   bem,   com   base   nessas   perguntas   eu  acho   que   você   não   acredita   em   mim.   Eu   gostaria   de  fazer   algo,   e   Jacqui   está   me   dizendo   para   fazer   isto,  então  se  algum  de  vocês  me  der  algo  que  seja  pessoal  a  vocês,  eu  tentarei  mostrar  algo”.  Agora,  o  que  ela  fez  em  seguida   não   me   dizia   muito   até   que   saímos   da   porta  principal,   quando   Andy   [Smith]   Vicou   pálido   e  literalmente  tremendo.  Aquilo  teve  um  impacto  enorme  nele.    

O   que   Holohan   fez,   de   acordo   tanto   com   ela   quanto   com  Batters,  foi  segurar  o  molho  de  chaves  de  Smith  e  fazer  tres  declaraçoes   especı4icas   muito   claras.   Ela   disse   que   ele  tinha  recebido  recentemente  uma  carta  sobre  um  trabalho  eletrico   essencial,   como   ele   de   fato   recebeu,   de   uma  Building  Society  dizendo-­‐lhe  que  fazer  uma  nova  instalaçao  eletrica  na  casa  que  esperava  comprar,  caso  quisesse  uma  hipoteca.  Ela  disse  que  ele  estava  prestes  a  ser  transferido  para   outro   departamento,   o   que   ele   achou   muito  improvavel   —   ate   que   ele   foi   informado   de   sua  t ransfere nc ia   pendente   somente   d ias   depois .  Primeiramente,   no   entanto,   ela   fez   uma   observaçao   que  deve   ter   sido   espantosamente   exata.   Batters   contou-­‐nos  que   “ate  o  dia  da  minha  morte  eu  nao  posso  expor  o  que  ela   disse.   Foi   bastante   extraordinario,   com   detalhes”.  Holohan   descreveu   Smith   como   “chocado”.   Apos   a  entrevista,  a  polıcia  decidiu  investigar  Ruark  mais  a  fundo,  e  ele  foi  interrogado  demoradamente  pelo  chefe  da  polıcia  no   departamento   de   Ruislip,   o   Detetive-­‐Superintendente  Tony   Lundy   (agora   aposentado   e   que,   fomos   informados,  nao  estava  disponıvel  para  entrevistas),  que  tinha  orgulho  do   fato   de   nunca   ter   falhado   em   conseguir   uma  condenaçao  num  caso  de  assassinato.  Outra  vez  Ruark  teve  que   ser   liberado   por   falta   de   evidencia,   e   por   18   anos   o  caso  de  Poole  permaneceu  nao  resolvido.    

Figura  2.  Página  do  bloco  de  notas  de  Christine  Holohan,  no  qual,  a  pedido  dos  detetives,  ela  escreveu  o  apelido  do  homem  mais  tarde  condenado  por  assassinato,   e   que   pode   ser   uma   referência   para   o   esconderijo   das   joias  roubadas.  (Cortesia  de  Christine  Holohan)    

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O  CASO  É  REABERTO    

Como   parte   de   suas   pesquisas   de   rotina   em   1983,   os  detetives   do   Esquadrao   de   Assassinato   retiraram   um  pulover  pertencente   a  Ruark  de  uma   sacola  de   lixo  que  o  Superintendente   mandou   ser   armazenado   como   possıvel  evidencia   junto   a   outros   itens   de   casos   ‘frios’   ou   nao  resolvidos.  Em  2000  o  caso   4inalmente   foi   resolvido—nao  por   uma   voz   do   mundo   dos   espıritos,   mas   graças   aos  avanços   recentes   em   LCN   (Low   Copy   Number)   [Baixo  Numero   de   Copia]   da   tecnologia   do   DNA,   em   que  combinaçoes   podem   ser   feitas   entre   as   minusculas  amostras.   O   caso   foi   reaberto   em   2000   porque   um  informante  nomeou  alguem  (nao  Ruark)  como  o  assassino.  Um   tecnico   de   laboratorio   entao   examinou   alguns   itens  incluindo  o  pulover  de  Ruark  usando  a  nova  tecnologia  de  LCN-­‐DNA,  e  como  Batters  (2001)  lembrou:    

Os   resultados   foram   completamente   conclusivos,  identiVicando   numerosas   trocas   de   Vluidos   corpóreos,  células  de  pele  e  Vibras  das  roupas  entre  a  vítima  e  o  seu  assassino,  Pokie  Ruark.  As  possibilidades  de  erro  foram  citadas  na  corte  como  menos  de  uma  em  um  bilhão.    

Havia  46  combinaçoes,  e  em  2002  Batters  nos  deu  detalhes  adicionais   que   indicam   a   minucia   com   que   os   peritos  criminais  tinham  feito  seu  trabalho  em  1983,  mais  de  uma  decada   antes   da   tecnologia   de   LCN   tornar-­‐se   disponıvel  para  eles.  (A  seu  pedido,  nos  omitimos  todo  material  aqui  concernente   ao   assassinato   real   em   consideraçao   aos  muitos  parentes  e  amigos  vivos  de  Jacqueline  Poole).    

Ruark   foi   detido,   preso   pelo   assassinato   de   Poole,   e  condenado  em  Old  Bailey  em  agosto  de  2001,   tendo  pego  prisao  perpetua.  O  veredito  do  juri  foi  unanime.  De  acordo  com  The  Times   (25  de   agosto  de  2001),   a   condenaçao   foi  obtida   “como   o   resultado   de   avanços   na   ciencia  forense”[2].  Embora  nenhuma  mençao  tivesse  sido  feita  no  julgamento  a  contribuiçao  de  Holohan  no  caso,  Batters  nos  disse   em   2002   que   “sem   a   informaçao   de   Christine,   nos  talvez   tivessemos   falhado   em   obter   a   evidencia   mais  conclusiva”  [ex.:  o  pulover].  Ele  tambem  nos  informou  que  foi  apenas  em  2001  que  soube  (do  irmao  de  Poole,  Terry)  quem  era  Barbara  Stone.  Ela  era  a  melhor  amiga  de  Poole,  morta  em  um  acidente  na  estrada  2  anos  antes  da  morte  de  Poole.    

Holohan   fez  uma  ou  duas  declaraçoes  nao-­‐especı4icas   tais  como   “eles   sabiam  onde  estavam”  e   “olhando  pela   soleira  da  janela”;  mencionou  meia  duzia  de  detalhes  que  podiam  ser   lidos  na   imprensa   local;   fez  algumas  declaraçoes  mais  de   uma   vez   (o   que   torna   uma   contagem   exata   difıcil),   e  cometeu  apenas  um  erro  direto  ao  dizer  que  o  assassinato  acontecera   no   sabado   em   vez   de   na   sexta-­‐feira.  Naturalmente,   e   impossıvel   dizer   quantas   de   suas  

declaraçoes   nao   veri4icaveis   eram   verdadeiras   ou   falsas,  mas   nenhuma   era   inconsistente   com   os   fatos  determinados.  No  total,  no  entanto,  seu  ındice  de   exito  foi  notavel  e,  acreditamos,  nunca  visto.  Batters  (2001)  calcula  que   “das   cerca   de   130   declaraçoes   especı4icas   que  Christine  fez,  mais  de  120  agora  parecem  ter  sido  provadas  como   sendo   completamente   corretas”.   Nao   sabemos   de  nenhum   outro   caso   remotamente   comparavel   a   este   em  termos   de   evidencia   veri4icada   exata,   e   se   pudessemos  expor   os   itens   con4idenciais,   o   caso   em   favor   da   alegaçao  de  Holohan  de  que  a   sua   informaçao  veio  diretamente  da  Poole  morta  4icaria  ainda  mais  forte.    

O  ESCONDERIJO?    

Depois   do   julgamento,   Batters   decidiu   por   si   proprio  examinar  os  nomes  e  numerar  o  que  Holohan  escrevera  na  pagina   de   seu   bloco   de   notas   que   felizmente   ele   tinha  mantido,   junto   com   as   proprias   notas,   e   armazenado   em  seu   sotao.   As   palavras   que   ainda   o   confundiam   eram  'jardim'  e   'Ickeham'   (claramente  um  erro  de  ortogra4ia  de  Ickenham,  o  suburbio  entre  Uxbridge,  onde  Ruark  viveu,  e  Ruislip),   e   sua   relaçao,   se   houvesse,   com   o   numero   221.  Dois   jardins,  o  de  Poole  e  um  proximo  ao  apartamento  de  Ruark,  foram  revirados  pela  polıcia,  e  Batters  perguntou-­‐se  se  as  joias  poderiam  ter  sido  escondidas  em  outro  jardim.  Ruark  nao   teria   levado  os   itens   roubados  ao   seu   receptor  costumeiro,  que  conhecia  Poole  e  poderia  muito  bem  te-­‐los  reconhecidos,  e  pela  mesma  razao  ele  tambem  nao  os  teria  levado  para  casa,  onde  se  sabe  que  ele  esteve   logo  depois  do  assassinato,  porque  a   sua  namorada   tambem  conhecia  Poole.  O  cenario  mais  provavel  seria  te-­‐los  escondidos  em  algum  lugar  entre  o  apartamento  de  Poole  e  o  seu.    

Olhando  um  mapa  do  local,  Batters  traçou  a  rota  que  Ruark  alegou   ter   feito   para   chegar   a   casa   (ele   admitiu   em   seu  julgamento   ter   visitado   Poole   na   noite   do   assassinato)   e  notou  que  so  uma  estrada  ou  rua,  a  Estrada  de  Swakeleys,  tinha  um  numero  221  —  ou  melhor,  tinha  um  numero  219  e  alguns  numeros  mais  altos,  mas  onde  devia  ser  221  era  um   espaço   aberto   usado   como   um   jardim   publico  facilmente  acessıvel  da  estrada.  Batters  nos  disse  o  que  ele  pensou  e  fez  quando  foi  ao  local:    

Se  eu  fosse  um  ladrao,  onde  eu  esconderia  as  coisas?  Aqui  ha   folhagens   e   arvores   ao   lado   da   219,   vou   e   olho   no  matagal,  e  ha  pedras  protuberantes.  Eu  limpo  o  caminho  e  retiro  as  pedras,  e  ha  um  buraco  de  aproximadamente  15  centımetros  de  largura  e  18  centımetros  de  profundidade,  mas   esta   vazio.   Isto   e   totalmente   inconclusivo,   mas  acredito,   sim,   que   esse   teria   sido   o   lugar   ideal   para  esconder   o   material   no   caminho   [de   casa].   Eu   pensaria,  tendo   percorrido   a   rota,   que   seria   o   primeiro   ponto  comunalmente   acessıvel   onde   poderia   faze-­‐lo   sem   ser  notado,  porque  nao  pode  ser  visto  de  nenhuma  das  casas.  

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[2] Batters nos disse em julho de 2003 que “sem as informações de Christine, nós não teríamos (a) recuperado o pulôver; (b) entrevistado e ouvido as declarações de todo mundo com quem Ruark veio a entrar em contato depois [da noite do assassinato] e (c) checado e verificado todos os seus movimentos durante a quinzena prévia. Estes três elementos foram vitais para combater as potenciais (e reais) defesas, que eu acredito teriam levantado dúvida suficiente para levar a um veredicto de “inocente”. Assim consideramos inegável que Holohan exerceu um papel significativo, embora anônimo, na condenação de Ruark.

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Naturalmente,   e   possıvel   que   o   buraco   tenha   sido   feito  depois   de   1983,   talvez   por   crianças   brincando,   porem   e  preciso   dizer   que   e   muita   coincidencia   encontrar   um  esconderijo   ideal   para   um  punhado   de   aneis   e   braceletes  para  o  que  pode  bem  ter  sido  o  jardim  do  no  221  na  unica  estrada  do  local  com  aqueles  varios  numeros  de  casas.    

PRECEDENTES    

“Excetuando-­‐se  as  fabricaçoes  e  confabulaçoes  criadas  por  psıquicos  e  seus  biografos,  distorçoes  da  mıdia,  e  casos  de  fraude  total,  permanece  um  numero  consideravel  de  casos  documentados   em   que   detetives   psıquicos   conseguiram  e x i t o s   i m p r e s s i o n a n t e s   a p a r e n t e m e n t e  inexplicaveis”   (Lyons   &   Truzzi,   1991,   p.   155).   Esta   foi   a  conclusao  dos  autores  de  um  estudo  detalhado  e  altamente  crıtico   de   detecçao   psıquica.   No   entanto,   nao   e   sempre  certo  que  tais  exitos  sejam  devido  ao  exercıcio  de  qualquer  sentido  psi,  embora  possa  ser  o  caso  da  ‘intuiçao’  as  vezes  (talvez   sempre?)   ter   um   componente   psi.   Por   exemplo,  num   caso   de   1977   muito   divulgado   em   Chicago,   Allan  Showery   foi   condenado   pelo   assassinato   de   uma   mulher  4ilipina   chamada   Teresita   Basa   apos   a   alegaçao   feita   por  outra  mulher   4ilipina,   Remibias   Chua,   de   que   ela   tinha   se  comunicado  com  o  espırito  de  Basa  em  sua  lıngua  nativa,  o  Tagalog,   e   foi-­‐lhe   dito   sobre   o   roubo  de   um  anel   alem  do  assassinato.   Confrontado   com   esta   evidencia,   Showery  (que  ja  havia  sido  entrevistado  pela  polıcia)  confessou  e  o  anel   foi   recuperado.   Lyons   e  Truzzi   (1991,   pp.   59,   245-­‐6)  notam  que  como  Chua  conhecera  tanto  Basa  e  Showery,  ela  pode  ter  suspeitado  que  o  ultimo  era  culpado  e  compos  sua  historia   mediunica   para   incrimina-­‐lo.   (Nao   esta   claro,   no  entanto,  como  ela  poderia  ter  sabido  sobre  o  anel).    

Um   caso  mais   contundente   e   descrito   pela  medium  Dixie  Yeterian  (1984,  pp.  49-­‐56).  Ela  recebeu  a  visita  pela  manha  de   um   jovem   que   lhe   pediu   ajuda   para   achar   seu   pai  perdido  e  deixou  alguns  dos  pertences  do  pai  com  ela  para  que   ela   4izesse   uma   leitura   psicometrica.   Yeterian  imediatamente   ‘viu’   que   o   homem   na   realidade   havia  assassinado   seu   pai,   e   imediatamente   chamou   a   polıcia.  Detiveram  o  homem  e   conseguiram  uma   con4issao   e   uma  condenaçao.   O   detetive   encarregado   contou   a   Lyons   e  Truzzi   (1991,   p.   2)   que   se   tratava   de   um   ‘caso   fora   do  comum’   e   admitiu   que   tinha   trabalhado   com   Dixie  anteriormente.   Um   detalhe   interessante   do   registro   de  Yeterian   e   sua   experiencia   do   que   ela   chama   de   uma  ‘divisao   psıquica’   em   que   “as   vezes   eu   via   a   situaçao   do  ponto   de   vista   do   4ilho,   e   em   outras   vezes   eu   captava   as  percepçoes  do  homem  assassinado”  (Yeterian,  1984,  p.  52).  Holohan   parece   ter   experimentado   uma   “divisao”  semelhante,  no  seu  caso  em  tres  partes  —  Bratters,  Poole  e  Ruark.    

Por  mais  impressionantes  que  estes  casos  pareçam  ser,  em  cada   um   deles   a   medium   conhecia   ou   ao   menos   tinha  encontrado   o   assassino   e   poderia   ter   colhido   pistas  importantes   por   meios   normais,   tais   como   leitura   da  linguagem   corporal   ou   anotando   observaçoes   ou  comportamentos  suspeitos.  Um  caso  em  que  isto  nao  pode  

se   aplicar   e   o   do   assassinato   do   autor   e   parapsicologo  D.  Scott   Rogo   em   1990,   em   que   um   grupo   de   mediuns  encabeçados  pela   amiga  de  Rogo,  Betty  Bandy   forneceu   a  polıcia  de  Los  Angeles  informaçoes  exatas  que,  embora  nao  reabrissem   o   caso,   “certamente   o   teriam   feito,   nao  estivesse   o   novo   exame   ja   a   caminho”,   de   acordo   com   o  detetive  encarregado  (Smith,  1992).    

Lyons   e   Truzzi   (1991)   e   Bardens   (1965,   cap.   4)   citam  varios  outros  casos  em  que  mediuns  deram  demonstraçoes  impressionantes   de   clarividencia   e   produziram   evidencia  que   foi   util  para  a  polıcia.  Tais   relatorios  datam  de  varios  seculos   passados,   embora   em   sua   pesquisa   erudita   de  “Ghosts   Before   the   Law”,   Lang   (1894,   pp.   248-­‐273)   pode  citar   so   um   caso   remotamente   comparavel   ao   de   Poole.  Este   caso  aconteceu  em  1631  e   foi   resumido  em  detalhes  por   Surtees   (1816-­‐1840,   II,   146-­‐149),   e   envolveu   um  moleiro  chamado  James  Graham  que  alegou  que  o  espırito  plenamente   materializado   de   uma   vıtima   local   de  assassinato   chamada   Anne   Walker   tinha   lhe   aparecido  dando   plenos   detalhes   de   sua   morte   e   da   localizaçao   do  seu   corpo,   e   nomeou   seus   dois   assassinos.   Estes   foram  devidamente  presos,  apos  a  descoberta  do  corpo  no   lugar  indicado   por   Graham,   embora   nao   houvesse   outra  evidencia   contra   eles   ou   a   favor   da   visao   de   Graham.   Ha  suspeitas  de  que  Graham  tivesse  cometido  o  assassinato  e  criado   esta   historia   fantastica,   o   que   seria   totalmente  inveri4icavel   e   nao   nos   soa   muito   verdadeiro,   embora  observemos   que   enquanto   Graham   aparentemente   nao  tinha  nenhum  motivo  para  cometer  o  assassinato,  um  dos  homens  presos  supostamente  tinha  um  motivo  muito  forte.    

Depois   de   uma   investigaça o   cuidadosa   do   caso  amplamente   publicado   do   seculo   XIX   da   suposta  identi4icaçao   do   assassino   serial   conhecido   como   Jack  Estripador   feita   pelo   medium   Robert   Lees,   West   (1949)  avaliou   a   alegaçao   como   “nao   apoiada   pelos   fatos  conhecidos”.  Voltando  ao  presente,  Ahsan  (2003)  descreve  sua   investigaçao   no   uso   de   psıquicos   pelos   pela   polıcia  britanica  e  irlandesa,  e  cita  uma  declaraçao  de  um  Inspetor  Detetive   da   Irlanda   em  que   uma  medium   chamada  Diane  Lloyd   Hughes   foi   usada   para   ajudar   num   caso   de  assassinato  de  1999  na  Irlanda  e  “era  capaz  de  esboçar  os  detalhes   do   assassino,   descriçao,   etc.,   e   seu   auxılio  aumentou   grandemente   nossa   investigaçao.   Espero  trabalhar   com   ela   no   futuro”.   Um   testemunho   um   tanto  mais   signi4icativo   foi   apresentado   em   um   videoclipe  durante   o   programa   The   Ultimate   Psychic   Challenge   no  Canal  4  em  23  de  agosto  de  2003,  quando  varios  o4iciais  da  Polıcia  da  Filadel4ia  elogiaram  o  papel  que  um  medium  do  Reino   Unido,   Keith   Charles,   desempenhara   para   ajudar   a  localizar   pessoas   ou   objetos   desaparecidos.   Suspeitamos  que   a   colaboraçao   de   mediuns   e   da   polıcia   poderia   ser  maior  do  que  a  ultima  esta  geralmente  disposta  a  admitir,  e  pode  mesmo  aumentar  em  consequencia  do  caso  de  Poole.  Batters   nos   contou   que   ele   nao   recebeu   nenhuma   das  ‘crıticas’   esperadas   apos   a   publicaçao   do   seu   artigo   de  2001,   e   que   muitas   das   reaçoes   de   seus   colegas   foram  bastante  favoraveis.  

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Quanto   a   Holohan,   que   agora   vive   na   Irlanda   e   trabalha  como   uma  medium   pro4issional,   ela   nos   disse   que   nunca  teve  uma  experiencia  semelhante  ao  seu  suposto  encontro  com   Poole,   embora   Batters   (2003)   tenha   declarado   que  num  caso  recente  “ela  deu   informaçoes  muito  pertinentes  para  a  polıcia  sobre  a   localizaçao  do  corpo  de  uma  vıtima  de  assassinato,  veri4icadas  quando  [o  corpo  foi]  achado  em  Hampshire,   em   setembro   de   2001”.   Depois   de   uma   breve  sessao   privada   seguindo   nossa   entrevista   com   ela   em  outubro   de   2002,   a   esposa   de   um   de   nos   (Keen)   pode  testi4icar   que   Holohan   espontaneamente   deu-­‐lhe  informaçoes   especı4icas   e   muito   impressionantes   sobre  uma   questao   bastante   privada   da   famılia   alem   do  conhecimento  normal  de  Holohan.    

DISCUSSÃO    

Tendo  em  mente  a  maxima  de  que  qualquer  fenomeno  psi  que   pareça   ser   unico   e   suspeito   ate   que   seja   provado  verdadeiro,   nos   agora   examinaremos   os   meios   em   que   a  informaçao  produzida  por  Holohan  poderia  ter  sido  obtida  por  outra  fonte  alem  da  Poole  desencarnada.  Estas  podem  ser   quaisquer   fontes   normais   ou   paranormais   que   nao  envolvam  a  comunicaçao  de  espıritos.  Explicaçoes  normais  parecem  muito  difıceis  de  serem  encontradas  em  vista  da  ausencia   de   qualquer   indicaçao   de   que   Holohan  conhecesse   alguem   ligado   ao   caso   ou   que   tivesse  aprendido   algo   sobre   ele   pelos   meios   de   comunicaçao  locais  que  pudesse  explicar  algo  alem  de  talvez  meia  duzia  das   declaraçoes   listadas   no   Apendice,   e   absolutamente  nenhuma  daquelas  que  nos  retivemos.    

Batters   se   lembra   de   que   ele   e   dois   colegas   examinaram  cada  jornal  nacional  e  local  disponıvel  durante  varios  dias  depois   do   assassinato,   achando   so   dois   ou   tres   artigos  muito  curtos  (ex.:  na  Uxbridge  News  [Notıcia  de  Uxbridge]  e  no  Ruislip  Echo  [Eco  de  Ruislip]  de  18  de  fevereiro  e  um  comprido  do  Uxbridge  Gazette  [Gazeta  de  Uxbridge]  de  17  de   fevereiro),   todos   os   quais   nos   vimos.   Pode   ser   dito  quase   com   certeza   que   tudo   o   que   Holohan   poderia   ter  aprendido  dos  meios  de  comunicaçao  era  o  nome  de  Poole  (mas   nao   o   seu   nome   de   solteira),   endereço,   causa   de  morte   e   perda   das   joias;   que   nao   tinha   havido   nenhum  sinal  de  entrada  forçada  e  que  Poole  havia  se  separado  de  seu  marido  sete  meses  antes.    

Uma  possıvel  explicaçao  paranormal  e  que  ela  leu  a  mente  de  Batters,  como  ele  proprio  suspeitou  inicialmente,  ja  que,  como   ele   nos   disse,  muito   do   que  Holohan   lhe   descreveu  era  exatamente  como  ele  tinha  visto.   Isso   incluiu  detalhes  tais  como  as  duas  xıcaras  de  cafe  na  cozinha  das  quais  so  uma   tinha   sido   lavada,   a   pilha   de   jornais   nao   lidos,   o  envelope  e  a  carta,  e  os  dois  aneis  que  permaneceram  nos  dedos  da  vıtima,   alem  de  uma  descriçao  exata  da  posiçao  do   corpo,   roupas   e   ferimentos.   Esta   explicaçao   tambem  pode   ser   rejeitada   pela   simples   razao   de   que   Holohan  tambem   forneceu   informaçao   que   nem   ela   nem   Batters  poderiam  ter  sabido  a  epoca,  notavelmente  a  descriçao  do  

assassino   (para   nao   mencionar   seu   apelido   incomum),  suas   atividades   anteriores   e   a   reaçao   dos   seus   amigos   a  pergunta   se   ele   era   capaz   de   violencia.   De   fato,   como  Batters   repetidamente   nos   disse,   a   unica   possıvel   fonte  para   toda   a   informaçao   e   Jacqueline   Poole.   A   hipotese   de  telepatia   tem   que   explicar   o   fato   de   que  Holohan   lia   tres  mentes,   a   de   Batters,   a   de   Ruark   e   a   da   Poole   morta,   e  obtinha   informaçoes   (p.ex.   a   referencia   a   Barbara   Stone)  que   na o   eram   conhecidas   por   nenhuma   pessoa  diretamente   relacionada   ao   caso   por   dezoito   anos.  Consideramos  que  este  caso  adiciona  peso  consideravel  as  escalas   de   credibilidade   de   psi   normal   ou   de   super-­‐psi  contra   a   sobrevivencia   e   comunicaçao   de   desencarnados  no   lado   do   ultimo.   Como   Gauld   (1977,   p.   589)   observa  numa   discussao   sobre   comunicadores   ‘esporadicos’   ou  comunicadores  nao  conhecidos  por  seus  contactantes:    

É   óbvio   que   os   casos   de   comunicações   veriVicadas   de  comunicadores   inesperados   rejeitam   a   teoria   de  telepatia  dos  consulentes.  Se,  além  disso,  a  informação  correta   comunicada   não   poderia   ter   sido   adquirida  telepática   nem   clarividentemente   por   qualquer   fonte  isolada  e  sim  montada  a  parir  de  uma  diversidade  de  fontes,  até  mesmo  a  teoria  de  super-­‐PES  torna-­‐se  algo  forçado.    

O   que   precisa   ser   explicado   pelos   proponentes   de   super-­‐PES   ou   da   hipotese   de   super-­‐psi   e,   Gauld   adiciona,   a  questao  de  como  o  medium  seleciona  da  massa  in4inita  de  material   teoricamente  disponıvel  somente  esses   itens  que  tem   ligaçao   com   o   comunicador   esporadico   em   questao.  Alem   disso,   podemos   adicionar,   Holohan   nao   forneceu  qualquer   informaçao   especı4ica   que   eventualmente   nao  fosse   descoberta   como   sendo   relevante,   direta   ou  indiretamente,   ao   assassinato   de   Poole;   ela   nao   deu  qualquer   informaçao   incorreta   a   exceçao   do   dia   do  assassinato,   e   nao   mencionou   quaisquer   outros   nomes  alem   dos   aqui   listados,   sendo   que   todos   foram  identi4icados   como   ligados   intimamente   a   vıtima.   O  argumento  mais  forte  contra  uma  explicaçao  de  super-­‐psi  e  a   favor   de   uma   hipotese   de   sobrevivencia   seguramente  deve  ser  que  uma  grande  quantidade  de   informaçao  dada  por  Holohan   so   poderia   ter   vindo  de  uma  pessoa  que,   na  epoca  da  comunicaçao,  estava  sem  duvida  morta.    

CONCLUSA,O    

Crıticas   comuns   de   casos   de   resoluçoes   de   crimes   por  psıquicos   sao  que   eles   sao   auto-­‐relatados,   as   vezes  muito  tempo   depois   do   acontecimento;   eles   na o   sa o  corroborados   pela   polıcia;   a   evidencia   e   selecionada   para  focar   nos   acertos   (ou   suposiçoes   afortunadas)   enquanto  suprimem  numerosos  erros;   e  que  ocorrem  “forçaçoes  de  barra”   ou   declaraçoes   gerais   que   podem   se   aplicar   a  qualquer   coisa.   (“Estou   vendo   agua”   ou   “a   letra   A   e  signi4icativa?”).  Wiseman,  West  e  Stemman  (1996)  revisam  alguns   casos   em   que   estas   crıticas   parecem   justi4icadas.  Detetives   psıquicos   tambem   podem   estar   completamente  

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errados.  Batters   (2001)   lembrou  que   “durante  o   curso  da  investigaçao   [de   Poole],   nos   recebemos   varias   chamadas  das  pessoas  oferecendo  seus  serviços  como  psıquicas,  mas  o  que  diziam  nao  passava  de  disparates”.    

Foi   sugerido  que  alguma   informaçao  pode   ter   sido  obtida  atraves   de   parentes   de   Poole   ou   amigos.   Mas   nos   nao  estamos   cientes   de   qualquer   evidencia   de   quaisquer   dos  amigos   ou   parentes   de   Poole   de   que   eles   conhecessem  Holohan.  Alem  do  mais,  a  unica  pessoa  fora  os  funcionarios  da  polıcia  que  teve  permissao  para  entrar  no  apartamento  desde   o   ocorrido   foi   o   pai   do   namorado   de   Poole,   que  entrou   pela   janela   do   saguao   para   identi4icar   o   corpo,  permanecendo  por  apenas  alguns  segundos.  Ele  nao  tinha  nenhum  meio  de  saber  que  o  corpo  estava  ferido,  quais  as  mudanças  de  roupa  realizadas,  como  eram  a  cozinha  ou  o  banheiro  —   sendo   estes   alguns   dos   detalhes   informados  pela  medium.  Nem  foi  permitido  que  qualquer  membro  da  famılia  entrasse  no  apartamento.  O  primeiro  a  entrar  foi  o  ex-­‐marido  de  Poole  uma  semana  mais  tarde,  bem  depois  do  chamado  de  Holohan  a  polıcia  e  da  subsequente  entrevista.  Ainda   que   —   como   uma   hipotese   ainda   mais   tenue   —  Holohan  conhecesse  Ruark  ou  algum  de  seus  amigos,   isto  nao  explicaria  mais  do  que  uma  fraçao  da  informaçao  que  ela   comunicou,   ainda   que   fosse   sugerido   que   Ruark  prontamente  desse  a  Holohan  uma  descriçao  detalhada  do  modo  com  que  ele  acabara  de  assassinar  a  Sra.  Poole.  Alem  disso,   tivesse   havido   qualquer   evidencia   de   que   Holohan  frequentasse  os  mesmos  bares  que  Poole,  em  particular  o  Windmill,   onde  Ruark  e  muitos  de   seus  principais   amigos  bebiam,  a  polıcia   teria  descoberto   isto   imediatamente.  De  fato   o   unico   contato   de   Holohan   com   bares   ocorreu   em  duas  ocasioes  em  que  ela  trabalhou  em  um  bar  diferente,  o  Tally-­‐Ho.   Mas   mesmo   que   ela   tenha   se   misturado   com  muitos  dos  amigos  de  Poole,  ou  supostamente  frequentado  os  mesmos   bares,   isso   nao   pode   ter   nenhuma   relevancia  sobre  a  riqueza  de  detalhes  exatos  que  ela  forneceu.    

Nenhuma  das  crıticas  acima,  no  entanto,  pode  ser  aplicada  ao   caso   de   Poole,   em   que   as   evidencias,   muitas   delas  altamente  especı4icas,   foram  registradas  dentro  de  alguns  dias   do   assassinato   pelo   primeiro   agente   da   polıcia   a  visitar   a   cena   do   crime,   e   tudo   esta   informado   aqui,   nao  houve   qualquer   seleçao   ou   supressao   exceto   onde   foi  claramente  expresso.  Alem  do  mais,  o  material  suprimido,  que  nos   foi  mostrado,   adiciona  muita   força   a   este   caso.   Ec  muito   provavel   que   nenhum   caso   deste   tipo   venha   a   ser  perfeito,   dada   a   impossibilidade   de   provar   uma   negativa.  No  entanto,  no  programa  de   televisao  mencionado  acima,  Tony  Batters  declarou  que  “aceitei  o   fato  de  que   Jacqui  se  comunicou   com   Christine”,   assim   como,   nos   disse,  aceitaram   todos   os   seus   colegas   policiais   com   quem   ele  discutiu   o   caso.   Nos   nao   encontramos   uma   explicaçao  alternativa  plausıvel  de  como  a  informaçao  comunicada  foi  reunida.   Se   algum   dos   leitores   tiver   uma   explicaçao,  teremos  prazer  em  ouvi-­‐la.    

AGRADECIMENTOS    

Agradecemos   ao   Tony   Batters   e   a   Christine   Holohan   por  seu  precioso  tempo  e  plena  cooperaçao,  ao  Andrew  Smith  por  ler  e  aprovar  o  esboço  que  enviamos;  ao  Canon  Michael  Perry  por  sua  pesquisa  na  biblioteca  no  caso  de  Walker,  e  ao  Professor  Chris  French  e   ao  Dr.  Adrian  Parker  por  nos  informarem  sobre  o  caso  de  Poole.  Tambem  agradecemos  os  comentarios  e  sugestoes  dos  editores  (atuais  e  previos)  e  dos  tres  arbitros  anonimos.    

REFERÊNCIAS    

Ahsan,   T.   (2003)   Psychics   solve   crime.   Prediction   69   (5),  18-­‐22. Bar   dens,   D.   (1965)   Ghosts   and   Hauntings.   London:   The  Zeus  Press. Batters,   A.   (2001)   But   ghosts   can’t   testify?   Police  December,  23-­‐27. Batters,  A.   (2003)  Personal  communication  to  Keen,  16th  April. Gauld,  A.  (1977)  Discarnate  survival.  In  Wolman,  B.  B.  (ed.)  Handbook   of   Parapsychology.   New   York:   Van   Nostrand  Reinhold.Lang,   A.   (1894)   Cock   Lane   and   Common-­‐Sense.   London:  Longman,  Green  &  Co. Lyons,   A.   and   Truzzi,   M.   (1991)   The   Blue   Sense:   Psychic  Detectives  and  Crime.  New  York:  Warner  Books.Smith,  S.  S.  (1992)  Leaving  the  body:  the  life  and  death  of  D.  Scott  Rogo.  Fate  November,  62-­‐  69. Surtees,   R.   (1816-­‐40)   The  History   and   Antiquities   of   the  County  Palatinate  of  Durham  (4  vols).  London:  J.  B.  Nichols  &  Son.West,  D.  J.  (1949)  The  identity  of  ‘Jack  the  Ripper’.  JSPR  35,  76-­‐80. Wiseman,   R.,   West,   D.   and   Stemman,   R.   (1996)   An  experimental  test  of  psychic  detection.  JSPR  61,  34-­‐45.Yeterian,   D.   (1984)   Casebook   of   a   Psychic   Detective.  Briarcliff  Manor:  Stein  &  Day.    

APÊNDICE  

A   declaraçao   de   1983   de   Christine   Holohan   a   Batters   e  Smith   foi   feita   numa   serie   de   frases   curtas   que   Batters  anotou,  preenchendo  199  linhas  de  seu  bloco  de  notas  A5.  As   declaraçoes   nao   estavam   numa   ordem   imediatamente  reconhecıvel,   e   Holohan   frequentemente   mudava   de  assunto,   ocasionalmente   se   repetindo.   Citamos   abaixo  todas   as   declaraçoes   (exceto   o   material   sensitivo  concernente   ao   assassinato   real,   declaraçoes   nao-­‐especı4icas   tais   como   essas   mencionadas   acima,   e  repetiçoes)   como   anotadas   por   Batters   (coluna   do   lado  esquerdo),   junto   com   seus   comentarios   (coluna   do   lado  direito),   aos   quais   adicionamos  mais   detalhes   por   escrito  fornecidos   por   ele   em   nossa   entrevista   em   2002.   Nossos  comentarios   estao   entre   colchetes.   Algumas   repetiçoes  foram  omitidas  e  a  ordem  das  declaraçoes  foi  alterada  para  dar  um  registro  mais  coerente  do  seu  conteudo  ao  leitor.  

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DETALHES  DO  ACONTECIDO:  

“Desde   Dom[ingo]   Jacqui   Hunt.   Dizendo   que   não   devia   ter  estado   lá.   Suposto   que   teria   ido   trabalhar.   Dois   homens  ligaram   para   ela   mais   cedo.   Ela   não   quis   ir.   Não   sentia-­‐se  bem.  Teve   esta   experiência  por   volta  das  9  horas.  Noite  de  sábado”.    

Na   noite   do   assassinato   (sexta-­‐feira,   11de   fevereiro   de   1983)  Jacqueline  Poole  (JP)  estava  prestes  a  começar  um  novo  trabalho  como   garçonete.   Dois   funcionarios   do   bar   ligaram   para   o   seu  apartamento  as  19h45min  para  leva-­‐la  ao  trabalho.  Ela  tinha  dito  aos   amigos   pouco   antes   disso   que   ela   se   sentia   doente   demais  para   sair,   e   que   entao   4icaria   em   casa.   O   assassinato   aconteceu  entre  20h45min  e  21h15min  de  sexta-­‐feira,  nao  no  sabado.  Esta  e  a   unica  declaraçao   incorreta  que  Christine  Holohan  (CAP)  fez.  [O  nome  de  solteira  de  JP,  Hunt,  nao  tinha  se  tornado  publico  na  epoca  da  entrevista.]    

“Ela   está   me   mostrando   uma   corrente.   Corrente   de   porta.  Não   tem   certeza   se   deve   deixá-­‐lo   entrar.   Pensou   que   ele  tinha  uma  mensagem.   Essa   é   a   razão  pela   qual   ela   o   deixa  entrar”.    

Um  amigo  a  visitara  em  relaçao  a  sua  planejada  visita  ao  seu  4ilho  (o   entao   namorado   atual   dela),   que   estava   num   centro   de  detençao.  O  amigo  partiu  as  20h05min  da  noite  e  con4irmou  que  JP   tinha   colocado  a   corrente  na  porta  quando  ele   saiu.   JP   sabia  que   Ruark   tambem   conhecia   seu   namorado   e   podia   estar  trazendo  uma  mensagem  dele  ou  sobre  ele.    

“Ela  o  conhece  socialmente,  o  homem  responsável.  Não  é  um  ex-­‐namorado.  O  amigo  de  um  amigo  —  parte  de  um  grupo  de  amigos.   Conheceu-­‐o   há   aproximadamente   6   meses.   Ela  nunca   gostou   deste   sujeito.   Ele   estava   se   tornando   uma  peste.  Ele  a  visitava  no   trabalho.  Ela  disse  que   sicava  muito  irritada  com  isto.  Disse-­‐lhe  que  contaria  a  mais  alguém”.    

Por  varios  meses   JP  e  seu  namorado  visitaram  o  bar  que  Ruark  costumava   frequentar.   Ela   de4initivamente   o   conhecia,   mas  rejeitara  suas  tentativas  de  4lertar  com  ela.  Um  homem  com  sua  descriçao  foi  visto  visitando  JP  na  loja  onde  ela  trabalhou  no  dia  do  assassinato,  e  tambem  em  outro  dia  anterior  a  essa  semana.  O  pai  do  seu  namorado  disse  que  ela  tinha  querido  contar-­‐lhe  algo  na  sua  ultima  visita  a  ela,  mas  que  tinha  mudado  de  ideia.    

“A   ligação   está   na   prisão.   Ambos   tiveram   o   mesmo   amigo  que   estava   na   prisão.   Não   prisão,   ela   diz,   “detenção”.   Foi  visitá-­‐lo  duas  semanas  antes.”    

Seu   namorado   estava   num   Centro   de   Detençao   e   nao   numa  delegacia  ou  prisao.  CH  nao  entendeu  a  diferença.  A  ultima  visita  de   JP   a   seu   namorado   foi   12   dias   antes   do   assassinato   e  exatamente  duas  semanas  antes  do  seu  corpo  ter  sido  achado.    

“Ela   está   falando   sobre   o   roubo.   Joias.   Está  me  mostrando  um   St.   Christopher.   Pulseira   pesada.   Sua   avó   deu-­‐lhe   algo.  Sua  mãe  deu-­‐lhe  algo  para  o  Natal.  Muito  amável.  Uma  parte  foi   roubada,   a  outra   sicou.  Há  outro  anel   além  destes  dois?  Ela  está  dizendo  Terry,  ela  pergunta  por  Terry.”    

JP  sempre  usou  varias  correntes,  pulseiras  e  aneis,  alguns  dados  por  sua  famılia.  Os  itens  mencionados  foram  todos  roubados;  so  dois  aneis  dos  doze  ou  quase  isso  que  ela  tinha  usado  mais  cedo  nesse   dia   permaneceram   em   seus   dedos,   estavam   apertados  demais  para  serem  retirados.  Terry  era  um  de  seus  tres  irmaos,  a  quem  ela  era  muito  proxima.  CH  citou  o  nome  dele  seis  vezes.    

“Ela   estava   deprimida.   Tomava   pílulas.   Ainda   tem   uma  receita.   Está   passando   por   um   divórcio.   Está   pensando   em  seu  marido.”    

JP   tomava   remedios   para   tensao   e   depressao   causadas   por  problemas  pessoais.  Uma  nova   receita   foi   achada  em  sua  bolsa.  Esteve   separada   de   seu   marido   durante   varios   meses   e   um  divorcio  era  iminente.    

“Ela  queria  que  sua  vida  pessoal  fosse  mantida  em  segredo.  Com  as   pessoas   erradas  do  passado.  Queria   romper   com  o  passado.   Estava   indo   para   outro   trabalho.   Conseguiu   uma  entrevista.  Trabalhou  em  bar.  Três   cervejarias.  Diz   área  de  Hillingdon.   Bebia   mais   do   que   devia.   Conheceu   muitas  pessoas.   Perguntou   por   Terry   outra   vez.   Recebo   o   nome  Bárbara  —  Bárbara  Stone.”    

Quase   todas   estas   declaraçoes   eram   corretas   ou   altamente  possıveis,   exceto   por   nao   haver   nenhum   registro   de   uma  entrevista   pendente.   Embora   JP   nao   tivesse   nenhuma   4icha  criminal,   ela   certamente   se   misturou   em   cırculos   criminais   e  tinha  contado  a  um  amigo  no  dia  anterior  ao  assassinato  que  ela  queria  romper  com  o  passado.  Era  considerada  como  alguem  que  bebia   socialmente   em   vez   de   habitualmente,   mas   podia   ter  sentido  ou  ouvido  que  andava  bebendo  mais  do  que  devia.  Todos  os   contatos   conhecidos   de   JP   foram   localizados   durante   a  investigaçao   de   14   meses,   mas   ninguem   mencionou   Barbara  Stone.   [isso   nao   ocorreu   ate   o   julgamento   em   2001   quando  Batters  soube  pelo  irmao  de  JP,  Terry,  quem  ela  era].    

A  cena  do  crime    

“Agora   ela   está   me   mostrando   onde   vive.   Dois   lotes   de  apartamentos.   O   nome   da   estrada   começa   com   ‘L’.   Algo  “Close”.   Ele   está   estacionado   na   esquina.   Há   um  estacionamento.  Esteve  lá  antes.  Fez  algo,  um  trabalho  para  ela   no   passado.   Ela   não   quis   deixá-­‐lo   entrar.   Ele   disse   que  tinha  uma  mensagem.”    

JP  viveu  numa  casa  dividida  em  dois  apartamentos,  em  Lakeside  Close.   (CH   podia   ter   visto   o   nome   em   relatorios   de   jornal.)   Ha  areas   de   estacionamento   na   rua,   mas   nao   um   estacionamento  normal.  Ha  uma  curva  na  estrada,  mas  nenhuma  esquina,  a  qual  e   possıvel   se   referir   como   sendo   a   esquina   do   edifıcio.   Ruark  tinha   visitado   o   apartamento   de   JP   quatro   meses   antes   do  assassinato   para   trocar   seu   gerador,   que   seu   namorado   tinha  desligado  depois  de  uma  briga,  deixando  JP  na  escuridao,  o  que  ele   sabia   que   a   deixava   com  medo.   Ruark   tambem   desligou   os  geradores   na   noite   do   assassinato.   Isto   pode   ter   ligaçao   com   o  modo  como  a  atençao  de  CH  foi  direcionada  a  JP  quando  as  luzes  de  seu  quarto  foram  ligadas  e  desligadas.  Ec  muito  provavel  que  JP  teria   deixado   Ruark   entrar   se   ele   dissesse   que   tinha   uma  mensagem  de  seu  namorado,  que  ele  conhecia.  

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“Estou  num  corredor.  Jornais  não  lidos.  Há  um  armário.”    

Verdade,  mas  facil  de  adivinhar.  Havia  varios  jornais  no  tapete  de  JP   [quando  Batters  entrou  pela  primeira  vez  no  apartamento,  o  qual  tinha  um  armario  no  corredor].    

“Duas  xícaras  na  cozinha.  Uma  lavada.  Ela  fez  uma  xícara  de  café.”    

Outra   vez   verdadeiro,  mas  menos   facil   de   adivinhar.   A   cozinha  era  muito   arrumada;   os   unicos   itens   nao   guardados   eram   uma  xıcara   lavada  no   escorredor  de   louça   e   outra   xıcara   cheia   ate   a  metade  de  cafe.    

“Ela  sica  me  levando  ao  banheiro.  Foi  atacada  no  banheiro.”    

O   corpo   de   JP   foi   encontrado   no   sofa,   mas   ha   um   toalheiro  recentemente  dani4icado  no  banheiro  e  um  tapete  desarrumado.    

“Agora  a  sala  de  estar.  Ela  não  conseguiu  chegar  ao  telefone.”    

Um  amigo  tinha  telefonado  a   JP  quando  Ruark  podia   ter  estado  no  apartamento.  Ela  parecia  assustada  e  pediu  que  ele  ligasse  de  novo  em  15  minutos.  Ele   ligou  30  minutos  mais   tarde,  mas  nao  ninguem  atendeu  o  telefone.    

“Há   um   envelope   e   uma   carta.   Acabou   de   chegar.   Um   livro  preto   de   endereço.   Lugar   pequeno,   agradável,   compacto.  Você  achou-­‐o  diferente.  Os  móveis   foram  redistribuídos.  As  almofadas  do  sofá  estão  mexidas.  Fora  de  lugar.  Um  pouco  à  frente.   Usa   jeans,   um   suéter.   Mudei   minhas   roupas   duas  vezes,  ela  diz.”    

Uma  carta   recentemente  entregue   foi   achada,   tambem  um   livro  preto   de   endereço.   (CH   nao   mencionou   um   livro   vermelho   de  endereço   tambem   encontrado).   O   sofa   era   compacto,   bem  decorado  e  arrumado  com  exceçao  das  almofadas  no  chao.  O  fato  que   JP   tinha   mudado   de   roupas   duas   vezes   foi   veri4icado   no  julgamento  em  2001.    

O  assassinato    

[CH  fez  58  a4irmaçoes  sobre  o  assassinato  das  quais  apenas  uma  (o   dia   em   que   ocorreu)   estava   errada.   Essas   sao   omitidas   aqui  por   razoes   ja   citadas.   CH  descreveu   cada   estagio   do   ataque   em  detalhes,   e   dos   comentarios   escritos   de   Batters   esta   claro   que  enquanto   muitas   das   declaraçoes   sao   inevitavelmente  inveri4icaveis,   a   grande   maioria   era   correta,   provavel   ou  consistente  com  as  observaçoes  ou  deduçoes  da  cena  do  crime].    

O  assassino    

Como  lembrado  por  Batters,  em  notas  digitadas  em  2002  e  dadas  a  nos  em  nossa  entrevista  de  outubro:    

As   pálpebras   de   Christine   se   agitaram.   Ela   voltou   ao   estado  normal.  “Desculpe-­‐me.  Tenho  que  parar.”“Como  você  está  se  sentindo?” “Muito  cansada.  Isto  requer  muito  energia.”    

“Você  conseguirá  continuar?”“O  que  você  precisa  saber?  Eu  não  sei  onde  paramos.  Foi  útil?”

“Extremamente  interessante.  Mas  precisamos  de  mais  informações  sobre   o   assassino.   Há   mais?”   “Recomeçarei   em   alguns   minutos.  Você  já  recebeu  o  nome?  Eu  nunca  consegui  entender  o  nome  que    

ela  usa  para  se  referir  a  ele.  Gostaria  de  uma  bebida?  Recomeçarei  em  seguida.”    

Durante  o  café,  perguntas  foram  feitas  sobre  as  possíveis  fontes  de  informação   de   Christine,   p.ex.   a   família   da   vítima,   amigos,   a  polícia,   e   sobre   suas   notas   escritas   e   vida   pessoal.   [CH   tinha  mencionado   que   as   vezes   produzia   informaçoes   atraves   da  escrita   automatica   quando   ela   nao   podia   receber   a   informaçao  da  maneira  normal].    

Depois   dos   cafés:   retornou   ao   transe   como   antes,   mas   mais  rapidamente.  Depois  de  uma  espera  (aprox.  30  segundos):    

“O   indivíduo   responsável.   Ela   está   me   enviando   imagens.  Cinco   pés   e   oito   polegadas,   não   muito   mais.   Pele   escura,  cabelo   afro-­‐ondulado   colorido.   Vinte   e   poucos   anos.   22.  Conhece-­‐o.   Aniversário   em   abril,   maio.   É   de   Touro.   Tem  tatuagens   nos   braços.   Espada?   Cobra?   Rosa?   Recebo   um  nome,  Tony.  Tem  um  apelido,  não  um  nome  próprio.  Eu  não  consigo  entender  o  que  ela  diz.  Um  nome  engraçado,  como  o  nome  de  uma  coisa.”    

Uma   boa   e   detalhada   descriçao   de   Anthony   Ruark,   como,   por  exemplo,  a  sua  pele  miscigenada,  o  cabelo  e  altura  (5'9').  Nasceu  em   abril   de   1959,   e   tinha   23   na   epoca   do   assassinato.   Tinha  varias  tatuagens  nos  braços.  [Presumimos  que  ele  era  conhecido  por  alguns  como  Tony,  e  que   JP  nao  conhecia  sua   idade  exata  e  adivinhara.]  Pokie  e  uma  gıria  australiana  para  uma  maquina  de  jogos.  Ruark  jogava  nela  constantemente.    

“Ele   esteve   trabalhando   recentemente,   como   pintor   ou  decorador.   Não   tem   um   trabalho   regular,   não   um   trabalho  próprio.  É  frio,  astuto,  entrou  em  lugares  antes.  E  é  esperto  com   carros.   Macaco   de   graxa,   é   como   ela   o   chama.   Teria  trabalhado  num  carro  de  um  amigo.”    

Ele  era  um  criminoso  ativo  envolvido  em  arrombamento  e  roubo  de   carro.   Seu   unico   negocio   legıtimo,   aprendido   na   prisao,   era  como   rebocador.   Tinha   trabalhado   como   um   por   dois   dias   na  semana  antes  do  assassinato.  Era  mecanico  de  carro  DIY,  embora  o   termo   'macaco   de   graxa'   nao   tenha   surgido   durante   a  investigaçao.    

“É   um   rapaz   conhecido   na   área   A   polícia   já   o   viu.   O   rapaz  vive  num   imóvel.  Uma  casa  popular  ou  apartamento.  Gosta  de  beber.  Está  ainda  por  perto,  bebendo  com  amigos.  Bebia  com  um  grupo  de  amigos  na  noite  anterior.”    

Ruark   era   uma   das   duas   duzias   de   pessoas   que   se   declararam  como  amigo  ou  conhecido  de  JP.  Vivia  num  pequeno  apartamento  em  Uxbridge.  Era  um  beberrao  regular  —  3  a  4  litros  de  cerveja  por   dia   e   tinha   passado   a   noite   anterior   numa   cervejaria   com  seus  fregueses  regulares.  

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“Ele   tem  uma  namorada.  Ela  conhecia   Jacqui.  Tem  o  cabelo  escuro,  é  pequena,  bonita.  Tem  um  C  em  suas  iniciais.  Vocês  têm  o  grupo  correto.  Vocês  estão  próximos.”    

Ele  tinha  uma  namorada  regular,  pequena  e  bonita,  morena,  cujo  sobrenome   começava   com   C.   [Batters   se   questiona   sobre   o  motivo   da   fonte   so   ter   dado   uma   inicial,   ja   que   JP   conhecia   a  mulher   bem.]   Ruark   estava   prestes   a   4icar   noivo   dela,   cerca   de  dois   dias   depois   do   assassinato,   e   precisava   de   dinheiro  urgentemente  para  um  anel.  Quando   foi  detido   tres  dias  depois  do   assassinato,   ele   carregava   £400   para   os   quais   nao   tinha  explicaçao.    

“Ele   passou   dez  minutos   olhando   o   local.   Ele   está   olhando  um  relógio.  E  um  espelho.”    

Estas  declaraçoes  nao  foram  veri4icadas,  e  se  verdade  sugere  que  JP   reteve   alguma   forma   de   consciencia   imediatamente   apos   a  morte   [supondo   que   morreu   instantaneamente,   como   parece  quase  certo].    

“Verisique  o  álibi  dele.”    

Isto  era  naturalmente  uma  instruçao  ao  inves  de  uma  declaraçao,  e  a  polıcia  checou  os  alibis  de  Ruark  (ele  tinha  dois),  testando-­‐os  completamente,  desmentindo  um  e  nao  conseguindo  corroborar  o   outro.   Varios   outros   suspeitos   tambem   nao   conseguiram  con4irmar  seus   alibis  e  nao  havia  nenhuma  evidencia  para   ligar  Ruark  ao  assassinato  na  epoca.    

“Alguém   o   viu   sair?   A   senhora   do   outro   lado   da   estrada  poderia  ter  visto,  uma  senhora  com  um  cão.  Estava  frio—ele  não   tinha   nenhum   arrependimento   quando   foi   embora.  Quando   você   o   pegar,   seus   amigos   sicarão   surpresos.   Eles  não  acreditarão  que  ele  é  capaz  de  fazer  isto.”    

Uma   vizinha   andava   com   seu   cao   toda   a   noite,   mas   nao   pode  ajudar.   Depois   de   ir   para   casa   para   se   trocar,   Ruark   passou   o  resto  da  noite  num  clube  com  amigos,  que  mais  tarde  descreveu-­‐o   como   completamente   normal   e   descontraıdo.   Todos   os   que   o  conheciam  pensaram  que  ele  era   incapaz  de  cometer  um  crime  violento.    

“Há   algo   sobre   uma   alegação   de   seguro.   Verisique   uma  alegação  de  seguro.  Recebo  o  nome  Sylvia.  Ela  tem  medo  de  dizer  algo.  Diz  Betty.  Uma  amiga  de  sua  mãe?  Algo  sobre  sua  mãe.  Há  alguém  vivendo  num  apartamento  sobre  uma   loja,  um  amigo.  Uma   loja  de   jornal.  Mantenha-­‐se  na  direção  que  você  está  indo.”    

Descobriu-­‐se  mais  tarde  que  Ruark  fez  uma  alegaçao  fraudulenta  de   seguro  depois  de  vender  os  proprios  pertences  e  alegar  que  foram  roubados.  A  unica  Sylvia  que  surgiu  durante  a  investigaçao  era  a  mae  do  namorado  de  JP.  A  mae  de  JP  se  chamava  Betty,  e  ela  tinha   uma   amiga   com   esse   nome.   A   amiga  mais   proxima   de   JP,  Gloria,   vivia   em   um   apartamento   em   cima   de   um   vendedor   de  jornais.   [como   Batters   anotou   na   epoca,   todas   estas   tres  mulheres   telefonaram   enquanto   ele   estava   no   apartamento  depois  de  acharem  o  corpo  de  JP,  e  nao  houve  outras  chamadas  nas  cinco  horas  que  ele  passou  no  local.]    

Das  declaraçoes  que  CH  fez  sobre  o  assassino,  3  ou  4  nao  foram  veri4icadas  e  nenhuma  era  incorreta.    

Nomeando  o  assassino    

Batters  lembrou  em  suas  notas  mencionadas  acima:    

Christine  saiu  do  transe  para  o  seu  estado  normal,  como  antes.    

“Eu  sei  que  você  quer  um  nome.  Eu  não  posso  receber.  O  que  ela  diz  não  faz  sentido.  Tentarei  escrevê-­‐  lo.”    

“Como  você  fará  isso  já  que  você  não  pode  entender?” “Vou  só  segurar  a  caneta.  Espero  que  Jacqui  comece  a  escrever.  Fiz  isso   antes   para   parentes.”   Pedimos   que   tentasse   obter   também  alguma  informação  sobre  as  joias. [CH   então   pegou   seu   bloco   de   notas,   uma   caneta   esferográVica   e  disse  em  voz  alta:  –  “Jacqui,  eles    

precisam   saber   o   nome   dele.   O   nome   dele.   E   o   que   aconteceu   às  suas  joias.”    

Ela   voltou   ao   transe   como   antes.   Segurou   a   caneta   meio   solta,  meio   que   na   parte   de   cima.   Depois   de   aproximadamente   30  segundos  a  caneta  começou  a  sacudir,  escrevendo  em  uma  área  do  papel.  Então  moveu  a  outra  parte  da  folha,  e  escreveu  uma  palavra  muito   lenta   e   espasmodicamente.   Os   olhos   de   Christine   Vicaram  fechados,  mas  ela  podia  ter  tido  o  controle.  A  caneta  então  moveu-­‐se  para  outro  ponto,  começou  a  escrever,  então  parou.  Começou  de  novo  no  mesmo  ponto  depois  de  alguns  segundos,  e  escreveu  uma  palavra.  Este  padrão  repetiu-­‐se  várias  vezes.    

Deste  modo,  CH  escreveu  ‘Ickeham’  [sic],   ‘221’,   ‘jardim’  e   ‘Pokie’.  Como   ja   descrito,   esta   informaçao   levou   a   prisao   de   Ruark   e   a  descoberta   de   Batters   de   um   possıvel   esconderijo   no   terreno  junto  ao  No  219.    

Declaração    

Eu  conVirmo  que  o  registro  acima  confere  com  o  meu  registro  da  entrevista   que   Viz   com   Christine   Holohan   e   com   o   meu  conhecimento  do  caso.    

(Assinado)  Anthony  Paul  Batters.  Metropolitan  Police  Warrant  No  153617.  27.11.2002 (Assinado)  Andrew  Smith,  Detective  Sergeant.  Metropolitan  Police  Warrant  No  91/167901.  27.11.2002    

DEDICATÓRIA    

É  com  profunda  tristeza  que  informo  as  mortes  de  Tony  Batters,  em  30  de  dezembro  de  2003,  e  de  Montague  Keen,  em  15  de  janeiro  de  2004,  e  eu  

gostaria  de  dedicar  este  artigo  à  memória  deles.    

Artigo  publicado  originalmente  como:  Playfair,  G.  L;  Keen,  M.  A  Possible  Unique  Case  of  Psychic  Detection.  Journal  of  the  Society  for  Psychical  Research,  Vol.  68.1,  No  874,  pp.  1-­‐17,  January  2004.    

Este  artigo  foi  traduzido  por  Vitor  Moura  Visoni  e  revisado  por  Inwords.    

Este   artigo   tem   uma   replica   no   site   http://www.tonyyouens.com/ruislip_murder.htm   e   uma   pequena   treplica   no   site   http://www.aeces.info/Top40/Cases_51-­‐75/case69_poole.pdf    

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Caros leitoresChegamos ao final da nossa edição.Acreditamos que poderemos fazer mais, por isso é importante a participação de todos os espíritas pesquisadores e interessados em fazer pesquisa espírita.

Meus sinceros agradecimentos a todos os que participaram dessa edição, direta ou indiretamente:

Felipe Fagundes Suely Raimundo Rafaela Respeita Victor Machado