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Cludia Maria Ribeiro Viscardi
Ensaio 97
Includo entre os seis Estados hegemnicos da Repblica Velha, MinasGerais valeu-se da forte articulao interna entre suas elites para exercersobre o poder federal influncia consideravelmente maior da que lhe habitualmente atribuda.
Revista do Arquivo Pblico MineiroRevista do Arquivo Pblico Mineiro
Federalismo oligrquico com sotaque mineiro
-
no de indivduos isolados de seu contexto. Foram identi-
ficados os projetos coletivos, as estratgias, as filiaes
ideolgicas e as afinidades personalsticas. Optamos por
abrir mo de paradigmas anteriormente construdos, tais
como o de buscar nas fontes o esprito mineiro, identi-
ficar na bancada parlamentar um comportamento mono-
ltico e monofnico, justificar a atuao poltica do Estado
a partir de sua aliana com os paulistas e atrelar a ao
de suas elites dirigentes defesa dos interesses corpora-
tivos dos cafeicultores.
Tomando tal premissa como um desafio, empreendemos
um estudo sobre o desempenho de Minas Gerais na pri-
meira experincia federalista brasileira, com o propsito
principal de responder seguinte questo: tendo em vista
a grande diversidade entre os membros da Federao,
a experincia pregressa de um Estado centralizado, os
limites do iderio liberal inspirador das elites nacionais e
o predomnio de uma cultura poltica fundada no corone-
lismo oligrquico, como foi possvel construir um federa-
lismo relativamente duradouro e estvel? Qual o papel
desempenhado por Minas Gerais nesse contexto? Como
esse federalismo conformou o comportamento da elite
poltica mineira? No buscvamos, portanto, a especifici-
dade caracterstica de Minas, mas revelar os elementos
que o Estado teria em comum com os demais membros
da Federao, sobretudo aqueles que equivaliam ao seu
tamanho e sua importncia.
Revendo paradigmas
H cerca de 20 anos, a histria econmica da Repblica
Velha passava por importantes revises historiogrficas.
Data da dcada de 1980 a publicao no Brasil dos tra-
balhos de Steven Topik e Winston Fristch.4 Partindo de
uma crtica s teses tradicionais que vinculavam as polti-
cas econmicas do regime exclusivamente aos interesses
das elites cafeicultoras, ambos os pesquisadores de
forma diferenciada buscaram analisar com profundidade
a conduo econmica do pas, no perodo em questo,
pelos diferentes governos e nos diferentes setores da
economia.
A reviso de teses inspiradas no paradigma liberal e no
marxista, ou no weberiano, foi o ponto alto desses dois
trabalhos. A identificao de perodos da histria republi-
cana nos quais as polticas econmicas implementadas
foram de encontro aos interesses dos setores politica-
mente hegemnicos acentuou a convico, j manifesta,
de que o Estado republicano resguardava para si uma
certa margem de autonomia em relao aos grupos
exportadores. A esse respeito, os exemplos mais tpicos
foram as medidas de valorizao cambial propostas e
implementadas por dois governantes paulistas que se
sucederam no poder: Campos Salles (1898-1902) e
Rodrigues Alves (1902-1906). Ambos os presidentes
eram cafeicultores e foram, ao mesmo tempo, respon-
sveis pela introduo de polticas ortodoxas e recessivas
que prejudicaram interesses consolidados dos setores
agroexportadores.
Com essa mudana de enfoque, os prprios agentes
econmicos, com seus variados interesses, converteram-se
em renovado objeto de investigao.5 Ficou patenteado
que a complexidade de interesses existentes entre os
membros de uma mesma corporao impedia uma ao
ou reao unvoca por parte desses setores em relao s
polticas econmicas implementadas pelo poder central.
Exemplo claro dessa afirmao encontra-se na anlise do
Convnio de Taubat, principal poltica de valorizao do
caf. Uma reflexo genrica e apressada levaria a tom-la
como exemplo que contraria a proposio sobre a relativa
autonomia do Estado nacional republicano em relao aos
interesses dos cafeicultores. No entanto, estudos recentes
tm concludo que a poltica protecionista em questo
resultante de difceis acordos em cuja implementao o
Estado nacional mostrava-se reticente foi ineficaz para a
maioria dos agentes econmicos interessados em sua
aplicao, ou insuficiente para resolver os principais
Cludia Maria Ribeiro Viscardi | Federalismo oligrquico com sotaque mineiro | 100
A historiadora Armelle Enders diagnosticou com
propriedade a produo historiogrfica acerca do Estado
na Velha Repblica. Para a autora, o regime federalista
implantado a partir da constituio de 1891 acabou por
engendrar um federalismo historiogrfico, caracterizado
pela ausncia de anlises sobre o modelo de Estado
nacional, em contraste com a predominncia de estudos
regionalizados, ou melhor, estadualizados.1
O exemplo mais tpico desta assertiva foi a trilogia elabo-
rada pelos brasilianistas John Wirth, Joseph Love e
Robert Levine, que estudaram, respectivamente, os
Estados de Minas Gerais, So Paulo e Pernambuco.2
patente a ausncia de trabalhos voltados para a
discusso do Estado nacional republicano, a despeito de
algumas iniciativas isoladas.
Esse tipo de produo historiogrfica acabou resultando
em trabalhos regionalizados em suas abordagens, que
tm como caracterstica a busca de motivaes majorita-
riamente endgenas, na tentativa de explicao do com-
portamento das elites dirigentes. Tal abordagem resultou
no arrolamento de especificidades que comporiam, por
sua vez uma identidade regional, sem levar em conta
que aquilo que era percebido como uma exceo ou
elemento diferencial se repetia invariavelmente em outras
regies, justamente porque resultava de influncias exerci-
das no mbito da macropoltica.
As anlises sobre Minas Gerais, durante um certo perodo,
no escaparam desse paradigma. O olhar de muitos his-
toriadores esteve voltado para as disputas intra-elitistas
mineiras, sem necessariamente relacion-las a condicio-
nantes de carter nacional ou mesmo internacional.3
Por esta razo, o papel poltico de Minas, no contexto da
Repblica Velha, foi extremamente estereotipado. A elite
mineira foi descrita como conciliadora, fortemente sub-
metida s ordens do PRM e, por isso, apelidada a
carneirada, vista ainda como aliada incondicional das
elites paulistas, alm de outras caractersticas que
acabaram por reforar o mito da mineiridade. Toda essa
gama de caractersticas definidoras de uma suposta
identidade mineira foi construda, em sua maior parte,
com base no estudo das trajetrias individuais de
algumas lideranas que se destacaram, no estudo de
suas alianas polticas personalizadas, de suas moti-
vaes psicolgicas e de suas reaes a acontecimentos
intrnsecos ao Estado.
Acreditamos ser difcil identificar padres de comporta-
mento da elite mineira sem atentar para as relaes que o
Estado travava no mbito macropoltico. sabido que o
federalismo implantado aps o regime monrquico foi
extremamente desigual. A posio ocupada por Minas na
diviso de poder instituda pelo novo regime e as alianas
estabelecidas pelo Estado nesse contexto constituram-se
elementos centrais a definir o comportamento interno de
suas elites.
Por outro lado, acreditamos que o acompanhamento das
trajetrias dos grupos de poder contribui mais decisiva-
mente para a histria poltica do que as biografias indivi-
duais de lderes em destaque. A anlise dos arquivos pri-
vados permite que sejam identificados variados grupos de
aliados polticos que, em geral, agiam compartilhando
idias, projetos e atitudes. O levantamento prosopogrfico
tem sido muito til na identificao dos elementos que
compem as culturas polticas de determinados grupos, e
essas, por sua vez, acabaram por motivar comportamen-
tos, induzir estratgias e reforar identidades de grupais.
Portanto, ao se estudar Minas Gerais no contexto do fede-
ralismo oligrquico, a partir do estudo dos arquivos priva-
dos de importantes lderes do perodo, buscamos evitar as
armadilhas que acabam por reforar o carter explicativo
de uma identidade mineira, ou seja, de um modelo de
comportamento endogenamente constitudo. Para escapar
a esse paradigma, procuramos explicar o comportamento
poltico da elite montanhesa a partir de suas relaes com
o contexto nacional, abordando as trajetrias dos grupos e
Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Ensaio99 |
>
JonasTypewriterEstudos individuais
JonasTypewriter
JonasTypewriter preciso olhar a inser-o do estado na federa-o.
JonasTypewriterGrupos mais importantesque personalidades.
JonasTypewriterCultura poltica
JonasTypewriter
JonasTypewriterProjetos -afinidades -estratgias - filiaes ideo-lgicas
JonasTypewriter
JonasTypewriterO EstadoNacionalguardavapara si cer-ta margem de autono-mia.
JonasTypewriterOs agenteseconmicosno so mo-nolticose nem cola-dos ao esta-do.
-
construo e desconstruo de alianas polticas. No
modelo de federalismo implantado no Brasil, as sucesses
presidenciais funcionavam como verdadeiros jogos, tendo
como jogadores os Estados membros da Federao, cada
um com suas estratgias de ao, fundamentadas nas
armas de que dispunham. Em cada evento sucessrio,
foi possvel acompanhar o processo de negociao e bar-
ganha polticas que resultavam na escolha do candidato
Presidncia da Repblica, condio que praticamente
garantia a sua eleio.
Na ausncia de meios de comunicao mais eficazes, as
correspondncias e o uso poltico da imprensa eram vitais
para a construo e desconstruo de lideranas. Boa
parte dessa documentao encontra-se disponvel em
inmeras instituies arquivsticas, permitindo diferentes
leituras acerca desses intricados processos.
Optou-se por analisar todas as sucesses presidenciais a
partir do governo de Rodrigues Alves marcado pela
ascenso mineira no federalismo ps-monrquico ,
ocasio em que Afonso Pena assumia a condio de vice-
presidente da Repblica. conhecida a constatao de
que Minas Gerais viveu, ao longo da primeira dcada
republicana, intensas disputas intra-oligrquicas que
prejudicaram, sobremaneira, uma participao mais
efetiva do Estado na organizao e consolidao do novo
regime implantado aps 1889.
A experincia prvia de um movimento republicano
relativamente frgil, que no empolgou a maior parte das
elites polticas mineiras, afastou o Estado das principais
articulaes polticas que resultaram da proclamao
da Repblica. Distante dessas articulaes e tendo que
se reorganizar internamente em razo das mudanas
macropolticas ocorridas, o Estado viveu ferrenhas
disputas internas, reflexos de suas marcantes diferenas
at ento, encobertas pela centralizao monrquica
e das disputas que dividiam a nao.10
Muito embora o Partido Republicano Mineiro (PRM) seja
habitualmente conhecido pelos pesquisadores como uma
instituio monoltica e avessa s disputas internas, e a
bancada mineira reiteradamente nomeada como a
carneirada dado o seu nvel de coeso interna ,
encontraram-se nas fontes pesquisadas rduas disputas
de carter pessoal, regional e ideolgico pelo poder que,
em geral, resultaram na excluso de muitos dissidentes.
consenso na historiografia sobre Minas Gerais que as
disputas internas mais contundentes, que comprometiam
uma ao mais unificada do Estado no cenrio nacional,
comearam a arrefecer a partir dos ltimos anos do
sculo XIX, ao longo do governo de Campos Sales. Seu
arrefecimento, contudo, no significou que deixassem de
existir. O acompanhamento de todos os processos
sucessrios internos (escolha dos presidentes de Estado) e
externos (escolha dos presidentes da Repblica) permitiu
que fossem identificados diversos momentos em que as
disputas intrapartidrias comprometeram uma ao mais
exitosa de Minas na Federao. O exemplo mais notrio
dessa assertiva encontra-se na sucesso do prprio
Afonso Pena, quando dissidncias internas, congregadas
em torno da candidatura de David Campista, impediram a
continuidade da presena de Minas no Catete.
A partir da segunda dcada republicana, a pujana
econmica de Minas aliada sua maior coeso poltica
propiciaram ao Estado condies de reivindicar maior
participao nos rumos do novo regime, compatvel com
seu papel exercido ao longo do regime imperial. Embora
relativamente tardia, a ascenso mineira no contexto do
Estado federal republicano foi rpida e extremamente
eficiente, como se ver.
Uma outra razo para que tenhamos iniciado o estudo
das sucesses presidenciais a partir de Rodrigues Alves
est relacionada consolidao, nesse perodo, de um
novo modelo sucessrio. At a ascenso de Afonso Pena,
houve predomnio de uma aliana entre o Exrcito e a
Cludia Maria Ribeiro Viscardi | Federalismo oligrquico com sotaque mineiro | 102
problemas do setor cafeeiro.6 Portanto, a relao simplista
e direta entre a existncia de polticas de valorizao do
caf e a preponderncia de interesses dos cafeicultores
sobre o Estado nacional republicano foi, em nosso
entendimento, oportunamente questionada.
Os autores citados anteriormente reivindicaram, portanto,
uma explicao no campo da poltica para suas con-
cluses. Tal explicao no tardou. Um conjunto expressi-
vo de trabalhos, fundamentado em fontes de carter bas-
tante diferenciado e tendo como foco diferentes regies
brasileiras, propiciou uma nova reflexo acerca do Estado
republicano, a partir do estudo de suas elites regionais.7
Algumas importantes concluses que derivaram desses
trabalhos podem ser sintetizadas nas seguintes afirmaes:
Muito embora os setores relacionados direta ou indire-tamente exportao do caf fossem politicamente
hegemnicos, oligarquias ditas de segunda ou terceira
grandeza (elites fluminenses, gachas, baianas etc.)
tiveram importncia significativa nos processos de
deciso poltica em curso.
Em que pese o fato de a aliana entre Minas e SoPaulo ter sido hegemnica, isso no impediu a cons-
truo de eixos alternativos de poder por parte de
outros setores a ela no vinculados.
A despeito de o Estado nacional ter a sua sustentaovinculada ao contnuo fluxo de capital estrangeiro para
o pas cujo principal motor era a exportao do caf ,
a poltica econmica implantada visava tambm a ga-
rantir a estabilidade das finanas pblicas e o atendi-
mento a compromissos financeiros junto aos credores
internacionais, o que, muitas vezes, fez com que os inte-
resses corporativos dos cafeicultores fossem contrariados.
O estudo da aliana Minas-So Paulo precisava serrevisto para que se impusesse um melhor entendi-
mento do perodo em questo.
Adotando parte das concluses acima esboadas e
tomando a quarta delas como um desafio, empreendemos
uma pesquisa que constou da anlise da rica documen-
tao que compe os arquivos privados da elite brasileira.
Foram consultados 11 desses arquivos, constitudos por
correspondncias, recortes de imprensa, relatrios, discur-
sos, plataformas eleitorais etc.8
Entre os Estados-atores, priorizamos o estudo de Minas
Gerais uma das unidades federadas por trs razes.
Primeira, por ter sido Minas a unidade que mais se apro-
priou do aparelho burocrtico estatal ao longo do perodo,
conforme se ver. Segunda, por ter sido o segundo maior
exportador de caf, superado apenas por So Paulo.
Terceira, por ter sido um dos parceiros da aliana que,
pressupostamente, dominava o regime oligrquico
brasileiro, a qual se pretendia discutir.
Para questionar o modelo que, para grande parte dos his-
toriadores, explicava a estabilidade poltica da Repblica
Velha, qual seja, o da aliana Minas-So Paulo, tornou-se
imprescindvel entender qual arranjo alternativo teria con-
ferido ao sistema um grau mnimo de funcionalidade.
Realizadas as pesquisas, apresentou-se a seguinte
proposio:
A estabilidade do regime poltico republicano
foi garantida pela instabilidade das alianas entre
os Estados politicamente mais importantes da
Federao, impedindo-se, a um s tempo, que a
hegemonia de uns fosse perpetuada e que a
excluso de outros fosse definitiva. Tal instabi-
lidade pde conter rupturas internas, sem que o
modelo poltico fosse ameaado, at o limite em
que as principais bases de sustentao deste
modelo deixaram de existir, ocasionando a sua
capitulao.9
Com a finalidade de confirmar a proposio acima, foi
estudada boa parte das sucesses presidenciais ocorridas
no perodo. A escolha das sucesses como objeto de
anlise se explica por terem sido episdios recorrentes de
Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Ensaio101 |
JonasTypewriterUsou os arquivosparticularespara detalharo relacionamentoSo PauloMinas
JonasTypewriteros estadoscomo joga-dores.Joga cadaum comsuas armas.
JonasTypewriterA partir de Campos Sales,as lutasinternasdiminuem
-
oligarquia de So Paulo no controle dos rumos do novo
regime, resultando em conseqncia duas presidncias
militares e trs paulistas. Em que pese a participao de
outros Estados, inclusive Minas Gerais, na sustentao do
regime, a Repblica era claramente controlada pelas elites
paulistas, reunidas no forte Partido Republicano Paulista
(PRP), tendo como aliados os militares.11
A proeminncia do PRP sobre as demais instituies par-
tidrias regionais se explicava no s pela sua coeso
interna, mas, sobretudo, pelas disputas intra-oligrquicas
vivenciadas pelos demais Estados que teriam condies
de disputar com So Paulo o controle do novo regime,
como ocorria em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia,
Pernambuco e Rio Grande do Sul.12 Dessa forma, a
hegemonia paulista sobre a Repblica comeou a ser
contestada somente quando essas unidades federadas
agregaram internamente parte de suas foras, tornando
possvel uma articulao alternativa ao controle paulista
sobre o regime. Foi o que se deu por ocasio da sucesso
de Rodrigues Alves, muito provavelmente em razo da
poltica dos Estados implantada por Campos Sales, que
acabou por consolidar no poder, em alguns Estados,
faces oligrquicas em detrimento de outras.
Se forem analisadas as sucesses de Deodoro, de
Floriano, de Prudente e a de Campos Sales, percebe-se
que foram episdios bem menos marcados por disputas
entre as unidades federadas, quando comparadas s
Cludia Maria Ribeiro Viscardi | Federalismo oligrquico com sotaque mineiro | 104Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Ensaio103 |
Velhice PrecoceA Repblica: Meu Pai! Deodoro: Voc? Minha Filha? Com 38 anos e neste estado?Charge de Guevara (Manh, 7-8-1927). In: LIMA, Hermes. Histria da caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Jos Olympio Editora, 1963.
Um cotillon em famlia. Mme. Poltica num gesto alambicado ergue o leno em sinal de recusa.Charge de J. Carlos (Careta, 17-5-1913). In: LIMA, Hermes. Histria da caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Jos Olympio Editora, 1963.
JonasTypewriterForte aliana entre So Paulo e os militares.
JonasTypewriterA poltica dosestados podeter derrotado a aliana So Paulo - Militares
JonasTypewriterA unidade do Estado depende da liderana de uma facosobre outra, o que s vezes implica em eliminao de uma dessas foras.
-
de cada Estado nos processos de deciso na esfera federal
era proporcional predominncia de tais critrios. O
Quadro 1 comprova parcialmente tais afirmaes.
Nele percebe-se que os seis Estados citados compunham
mais de 60% da bancada parlamentar no perodo
monrquico e tiveram sua representao ligeiramente
ampliada na Repblica. Houve, porm, aps o novo
regime, uma redistribuio de poder entre eles.
Pela ordem, So Paulo foi o Estado que mais lucrou com o
novo regime, em termos de representao no Congresso
Nacional, seguido por Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Os outros trs Estados elencados tiveram a sua represen-
tao diminuda. Apesar dessa diminuio, os seis em
conjunto compunham mais de 60% do Congresso, tendo
ampliado em 2,03% o seu percentual de representao
congressual na Repblica, em relao ao perodo imperial.
A partir dessa redistribuio de bancadas, definiu-se que
Estados-atores desempenhariam papel de relevo na nova
ordem republicana. Embora no tenham sido operadas
mudanas muito radicais, o nvel de autonomia concedido
aos Estados, aliado s mudanas nos critrios de repre-
sentao poltica parlamentar, erigiu um sistema federa-
lista cuja principal marca foi a rejeio da isonomia entre
as unidades federadas.
Essa heteronomia seria agravada pela descentralizao
do Estado nacional. Sabe-se que, ao longo do perodo
monrquico, a concentrao das receitas fiscais pelo
Imprio e sua redistribuio entre as provncias man-
tinham entre elas um razovel equilbrio econmico e
poltico. Sabe-se, tambm, que o federalismo fiscal era
uma das mais significativas bandeiras da luta pela
implantao da Repblica. A mudana implementada
pela Carta de 1891 que reservou aos Estados as
receitas derivadas dos impostos sobre as exportaes, e
Unio, as receitas derivadas dos impostos sobre as impor-
taes permitiu que os recursos fiscais gerados pelos
Estados exportadores l permanecessem, aprofundando
as desigualdades econmicas regionais entre eles.
Mantendo a desigualdade na representao parlamentar e
ampliando as desigualdades econmicas entre os
Estados, a Repblica aprofundaria, sobremaneira, seu
carter heteronmico.
O poder poltico dos seis Estados hegemnicos no se
limitava ao tamanho de suas bancadas. Tambm a ocu-
pao de cargos ministeriais constitui importante indi-
cador de sua influncia ao longo da Repblica Velha,
como se pode observar no Quadro 2.
Nele, constata-se que, embora os paulistas tenham ocu-
pado mais vezes a Presidncia da Repblica (quatro con-
tra trs de Minas Gerais) e o Rio Grande do Sul apenas
uma (Hermes da Fonseca), Minas foi o Estado que mais
se destacou na ocupao de postos ministeriais. Se for
levada em considerao que, ao longo da primeira dcada
republicana, a participao de Minas no cenrio nacional
foi modesta, os ndices apresentados tornam-se mais
relevantes. Seguindo Minas Gerais, vinham Rio Grande
do Sul e So Paulo. No que tange a So Paulo, com-
preensvel que esse Estado, tendo ocupado por quatro
vezes a Presidncia da Repblica (no foi includo nesse
cmputo a segunda presidncia de Rodrigues Alves, por
no ter governado) e sido afastado das principais articu-
laes polticas nacionais entre 1906 e 1914, tenha
tido menor representao ministerial que Minas Gerais e
Rio Grande do Sul.
Chama a ateno tambm o caso do Rio de Janeiro.
A ocupao de postos ministeriais por polticos flumi-
nenses foi pequena, quando comparada aos demais
Estados, principalmente por estarem includos no
quadro os representantes do Distrito Federal. razovel
supor que a proximidade com a sede do governo
pudesse ter contribudo mais efetivamente para a pro-
jeo poltica nacional daquele Estado. A esse respeito,
compartilhamos a hiptese de alguns historiadores que
sucesses posteriores. J a sucesso de Alves foi marcada
por uma importante mudana. Pela primeira vez, aps a
proclamao da Repblica, Estados importantes ques-
tionaram duramente a pretenso paulista de eleger o
quarto presidente, na pessoa de Bernardino de Campos.
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul
aliaram-se em torno de uma coligao que ficou conhe-
cida como Bloco. Essa coligao conseguiu agregar-se
em torno de uma chapa composta por Afonso Pena e pelo
poltico fluminense Nilo Peanha. Contestada por quatro
dos seis Estados mais importantes da Federao, a candi-
datura de Bernardino de Campos teve que ser retirada,
mas os paulistas recusaram-se a integrar o governo de
Afonso Pena, a despeito da insistncia de alguns setores
do Bloco em inclu-los na aliana.
Pesquisas anteriores tentaram explicar essa crise
sucessria pela rejeio dos cafeicultores ausncia de
compromissos de Bernardino de Campos com a valoriza-
o do caf. Ao contrrio, Afonso Pena teria se compro-
metido a efetuar a primeira poltica de valorizao o
Convnio de Taubat , derivando da a sua aceitao
pela maior parte dos atores envolvidos na escolha. Essa
hiptese aceitvel somente a partir de uma convico
que inspirou, durante muito tempo, boa parte da historio-
grafia brasileira, que via os acontecimentos polticos como
refns dos interesses econmicos dominantes. Quando
no se compartilha essa convico, preciso buscar nas
fontes uma explicao alternativa para a rejeio ao nome
de Campos em prol do de Pena.
A pesquisa que realizamos permitiu comprovar que,
quando o chamado Convnio de Taubat comeou a ser
efetivamente discutido, a candidatura de Afonso Pena j
estava consolidada. Ao mesmo tempo, constatou que a
alternativa paulista para o cargo possua um discurso
muito semelhante ao de Afonso Pena, quando se tratava
da questo protecionista, o que no justificaria a sua
excluso. Por fim, no se encontrou, na farta documen-
tao analisada, nenhum indcio emprico que
relacionasse a candidatura de Pena efetivao do
Convnio de Taubat. Pelo contrrio, em anlises feitas
sobre a implementao do Convnio, percebeu-se que os
obstculos interpostos por Afonso Pena poltica de pro-
teo foram inmeros, da resultando o atraso na sua
operacionalizao e a omisso do Estado no controle da
mesma, relegando-a a mos estrangeiras.13 interes-
sante destacar que, a partir desse evento, os paulistas se
afastariam voluntariamente das disputas federais, per-
manecendo no ostracismo, s rompido anos mais tarde,
durante longo perodo.
Dessa forma, a sucesso de Rodrigues Alves foi um
evento fundador de uma nova ordem republicana. A
aliana constituda pelo Bloco impediu a monopolizao
do poder por um s Estado, no caso So Paulo. A partir
da, todos os processos sucessrios passaram a ser
largamente negociados pelos Estados-atores mais
proeminentes do regime, tendo a reg-los algumas regras
tacitamente aceitas.
Paradigmas alternativos
Acredita-se que a estabilidade do regime republicano
baseou-se, sobretudo, na garantia de que seu elemento-
motor estivesse nas mos dos Estados-atores, cujo peso
poltico era diretamente proporcional ao tamanho de suas
bancadas federais e ao seu poderio econmico.
Pode-se observar que, ao longo do regime republicano,
pelo menos seis Estados foram firmando sua hegemonia:
Minas Gerais, So Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro (incluindo o Distrito Federal), Bahia e Pernambuco.
Essa hegemonia foi, em parte, herdada do perodo
monrquico. Os critrios utilizados para caracteriz-la
foram o tamanho das bancadas de cada Estado, seu grau
de autonomia financeira (receita fiscal) em relao aos
cofres da Unio, a concentrao populacional e o nvel de
atuao parlamentar, dentre outros. O grau de participao
Cludia Maria Ribeiro Viscardi | Federalismo oligrquico com sotaque mineiro | 106Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Ensaio105 |
JonasTypewriterDa a indi-cao de Miguelpara o mi-nistrio.
JonasTypewriter
JonasUnderline
JonasUnderline
JonasUnderline
JonasUnderline
JonasTypewriterOs impostos de exportao e a representaona cmara federal.
-
e abria parcialmente espao participao daqueles que
compunham o grupo hegemnico. A monopolizao do
poder, a simples excluso de um ou mais membros do
grupo ou o mero revezamento excludente seriam fatores
de instabilidade do regime.
A renovao do poder passava pelas sucesses presiden-
ciais. Porm, o falseamento das instituies democrtico-
eleitorais vigentes no contexto do regime oligrquico fazia
com que a verdadeira disputa entre atores no restrito mer-
cado poltico se desse no durante as eleies, mas na
fase que as antecedia. Nessa fase, ocorria a indicao de
um nome para a disputa, seguindo-se seu posterior acata-
mento por parte das lideranas dos principais Estados da
federao. Assim, os mecanismos de escolha escapavam
institucionalidade formal posta em vigor a partir da Carta
de 1891, uma vez que as deliberaes eram tomadas
informalmente por um reduzido e seleto corpo de atores.
Cada sucesso presidencial implicava na realocao de
cargos e na redistribuio do poder. A ausncia de par-
tidos gerava a proliferao de blocos, correntes e tendn-
cias difusas. Os elos constitudos entre os principais
Estados-atores eram de carter pragmtico e se faziam e
se desfaziam ao sabor das conjunturas. No se formaram
grupos nacionais durveis. Assim, a cada sucesso esta-
beleciam-se coalizes provisrias de partidos estaduais,
que rapidamente se dissolviam. Isso conferia ao regime
um grau muito baixo de competitividade.
As sucesses presidenciais obedeciam a um ritual prprio.
Vencido o primeiro binio da gesto do presidente eleito,
iniciavam-se as articulaes com vistas escolha de um
nome para suced-lo. Esse processo durava, em mdia,
seis meses.16 Os nomes dos candidatos deveriam ser
lanados por outros Estados, que no o de origem do
candidato. Essa formalidade visava levar ao mundo
poltico a informao de que, por trs do nome proposto,
havia uma aliana construda entre, pelo menos, dois
Estados-atores importantes.
Uma importante vlvula inibidora da monopolizao da
Presidncia da Repblica era o mecanismo que proibia a
reeleio presidencial. Os Estados tinham necessaria-
mente que barganhar a cada quatro anos. Exemplo con-
trrio a essa regra ocorria no Rio Grande do Sul, onde a
lei permitia a reeleio. Por essa razo, Borges de
Medeiros pde perpetuar-se no controle poltico daquele
Estado.17 Havia tambm o inconveniente de o ocupante
do Catete intervir no processo de sua prpria sucesso.
O fato de a eleio ser decidida previamente consulta
s urnas refletiu-se em baixssimos nveis de competi-
tividade eleitoral, resultando em desmobilizao e apa-
tia polticas entre a populao. Em levantamento rea-
lizado sobre os ndices de comparecimento s urnas e o
total de votos obtidos pelos vencedores, percebem-se
os limites da competitividade eleitoral do perodo. O
maior ndice de comparecimento foi de 5,7%, em
1930. A mdia geral permaneceu em torno dos
2,65%. Percebe-se, tambm, que as votaes que
apresentaram um maior nvel de competitividade foram
as que tiveram candidaturas de oposio e que dividi-
ram mais eqitativamente os grandes Estados. Foram
os casos das eleies de 1910 (Hermes x Rui), a de
1922 (Bernardes x Nilo) e a de 1930 (Jlio Prestes x
Vargas). As demais foram quase unnimes.
Diante das consideraes acima esboadas, pode-se
dizer que, a partir da pesquisa realizada, existem
subsdios para afirmar que o Estado de Minas Gerais
teve no contexto da Repblica Velha importncia, tanto
econmica quanto poltica, muito maior do que normal-
mente lhe atribuda. Procurou-se nessas breves linhas
reforar argumentos anteriormente enunciados e apre-
sentar algumas reflexes que reiteram a convico de
que o Estado nacional republicano, em seu perodo
oligrquico, foi insuficientemente estudado e, por essa
razo, permanece ainda pouco conhecido. Ficam essas
breves linhas como um convite curiosidade de novos
pesquisadores.
| 108Cludia Maria Ribeiro Viscardi | Federalismo oligrquico com sotaque mineiro
relacionam esse fraco desempenho do Rio de Janeiro s
dificuldades de construo de um razovel consenso
interno entre suas elites polticas. Somam-se a isso os
obstculos encontrados na construo de uma identi-
dade poltica prpria, exatamente pelo fato de abrigar a
sede do governo federal.14
Mas a supremacia mineira e a dos demais Estados hege-
mnicos no se limitavam influncia exercida sobre o
executivo federal. Outro indicador importante dessa con-
centrao de poder de que eram beneficirios a ocupa-
o de presidncias das principais comisses parlamen-
tares no Congresso Nacional, como apontado no Quadro 3.
Nesse quadro, nota-se a grande preponderncia mineira
em relao aos demais Estados hegemnicos. Minas
Gerais, sozinha, ocupava quase a metade das presidn-
cias das mais importantes comisses parlamentares.
Esses nmeros indicam que o Estado usava como estrat-
gia poltica priorizar a ocupao de espao no mbito do
parlamento federal, em razo do peso de sua numerosa
bancada. Nota-se, tambm, que seu poder no parlamento
foi ampliado a partir do governo Afonso Pena, perodo
em que se consolidou a ascenso de Minas, aps a
constituio da aliana com o Bloco, que se manteria
durante anos frente.
Em relao ao Rio de Janeiro, a pequena representao
nas comisses, desproporcional ao seu peso poltico no
parlamento, medido inclusive pelo tamanho de sua ban-
cada, na qual havia 17 deputados, pode ser atribuda s
razes anteriormente aventadas.
Se levada em conta a relao entre o tamanho das ban-
cadas e a ocupao das presidncias das comisses
parlamentares mais importantes, torna-se perceptvel
tambm que os Estados de Pernambuco e do Rio
Grande do Sul estiveram sub-representados e os Estados
de Minas Gerais e Bahia, super-representados. J So
Paulo teve uma representao proporcional ao tamanho
de sua bancada.
O tamanho das bancadas estava relacionado ao nmero
de eleitores de cada Estado que, por sua vez, era determi-
nado pelo nmero de homens adultos alfabetizados.
Acredita-se que cerca de um quarto da populao sabia,
na poca, ler e escrever. Assim, os indicadores popula-
cionais do perodo podem oferecer mais subsdios para se
entender a distribuio de poder entre os Estados (ver
Quadro 4).
Por esse quadro, percebe-se a absoluta concentrao
populacional brasileira nos seis Estados analisados.
Em seu conjunto, reuniam quase 70% da populao
brasileira, o que explica a sua hegemonia poltica e
econmica. Os nmeros relativos produo industrial
desses Estados, em dois anos distintos para os quais
os dados estavam disponveis, mostram que eles
concentravam tambm mais de 80% da produo
industrial do pas (Quadro 5).
O que muda nesse quadro em relao aos anteriores a
preponderncia de fluminenses e paulistas. Como o pas
era majoritariamente agrrio, o desenvolvimento industrial
pouco contribua para a distribuio do poder poltico
entre os Estados, mas, ainda assim, esse , no conjunto,
um indicador importante.
Levando-se em conta a pauta de exportaes do
pas, percebe-se que os produtos mais exportados
eram caf (em mdia 60% do conjunto das exportaes
brasileiras), acar, algodo, cacau, couros e peles,
exatamente os produtos exportados pelos Estados que
so objeto de nossas anlises.15 Tambm no setor
agrrio, esses seis Estados eram hegemnicos em
relao aos demais.
Barganhas pelo poder
Havia entre os Estados um pacto de garantia da reno-
vao de poder, que impedia a monopolizao dos cargos
Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Ensaio107 |
JonasTypewriterO bloco se man-tm.
JonasTypewriterNmero da bancadarelacionada comnmero de eleitores.
JonasTypewriterObserve que os primeirosintegram a pauta de expor-tao baiana.
JonasHighlight
-
Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Ensaio109 | Cludia Maria Ribeiro Viscardi | Federalismo oligrquico com sotaque mineiro | 110
Notas |
1. ENDERS, Armelle. Pouvoirs et federalisme au Brsil (1889-1930). Tese(Doutorado) - Sorbonne, Paris IV, 1993. cap. 6.1.
2. LOVE, Joseph. A locomotiva: So Paulo na federao brasileira: 1889-1937. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982; WIRTH, John. O fiel da balana:Minas Gerais na federao brasileira (1889-1937). Rio de Janeiro: Paz eTerra, 1982; e LEVINE, Robert. A velha usina: Pernambuco na federaobrasileira (1889-1937), Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
3. Aqui nos referimos aos seguintes exemplos: FRANCO, Afonso A. de M.Um estadista na repblica. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1955; FRANCO,Virglio A. Melo. Outubro, 1930. Rio de Janeiro: Schimidt, 1931; CAVALCANTI, Pedro. A presidncia Wenceslau Braz (1914-1918). Braslia:UNB, 1983; CARVALHO, Daniel de. Captulos de memrias. Rio de Janeiro:Jos Olympio, 1957; CARVALHO, Daniel de. Estudos e depoimentos. Rio deJaneiro: Jos Olympio, 1953; PEREIRA, Lgia M. L.; FARIA, Maria A.Presidente Antnio Carlos: um Andrada da Repblica, o arquiteto daRevoluo de 30. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998; VALADO, Alfredo.Campanha da Princeza. Rio de Janeiro: Leuzinger S.A., 1937, volumes 1 a4; LACOMBE, Amrico J. Afonso Pena e sua poca. Rio de Janeiro: JosOlympio, 1986; BARBOSA, Francisco de Assis. Juscelino Kubitschek: umareviso na poltica brasileira. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1960.
4. FRISTCH, Winston. Apogeu e crise na Primeira Repblica: 1900-1930.In: ABREU, Marcelo de P. (Org.). A ordem do progresso: cem anos de polti-ca econmica republicana (1889-1930). Rio de Janeiro: Campus, 1989; eTOPIK, Steven. A presena do estado na economia poltica do Brasil de1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989.
5. PERESSINOTTO, Renato M. Estado e capital cafeeiro: burocracia e inte-resse de classe na conduo da poltica econmica (1889/1930). Tese(Doutorado) - UNICAMP, Campinas, 1997.
6. HALLOWAY, Thomas H. Vida e morte do convnio de Taubat: A primeiravalorizao do caf. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978; MENDONA, SniaR. de. A primeira poltica de valorizao do caf e sua vinculao com aeconomia agrcola do estado do Rio de Janeiro. Dissertao (Mestrado) -UFF, Niteri, 1977; e VISCARDI, Cludia M. R. Minas Gerais no Convniode Taubat: uma abordagem diferenciada. In: III Congresso Brasileiro deHistria Econmica e IV Conferncia Internacional de Histria de Empresas.Anais da Associao Brasileira de Pesquisadores em Histria Econmica.Curitiba: UFPR, 1999.
7. Aqui nos referimos principalmente a: KUGELMAS, Eduardo. Difcil hege-monia: um estudo sobre So Paulo na Primeira Repblica. Tese (Doutorado)- USP, So Paulo, 1986; ENDERS Armelle. Pouvoirs et federalisme au Brsil (1889-1930). Tese (Doutorado) - Sorbonne, Paris IV, 1993; FERREIRA, Marieta M. Em busca da Idade do Ouro. Rio de Janeiro: UFRJ,1994; PERESSINOTTO, Renato M. Estado e capital cafeeiro: burocracia einteresse de classe na conduo da poltica econmica (1889/1930). Tese(Doutorado) - Unicamp, Campinas, 1997; MENDONA, Snia R. de. Oruralismo brasileiro (1888-1931). So Paulo: Hucitec, 1997.
8. Foram pesquisadas as seguintes colees: Afonso Pena e Afonso PenaJnior (Arquivo Nacional); Wenceslau Brs, Raul Soares e Ribeiro Junqueira(Arquivo do CPDOC- Fundao Getlio Vargas); Rui Barbosa (Arquivo daFundao Casa de Rui Barbosa); Rodrigues Alves e Epitcio Pessoa (Arquivodo Instituto Histrico-Geogrfico Brasileiro); Arthur Bernardes e JooPinheiro (Arquivo Pblico Mineiro); Jlio Bueno Brando (Correspondnciasreproduzidas e impresas no livro de Guerino Casasanta, Correspondncia deBueno Brando. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1958).
9. VISCARDI, Cludia. Teatro das oligarquias: uma reviso da poltica docaf com leite. Belo Horizonte: C/Arte, 2001. p. 22.
10. Acerca das disputas internas mineiras ver: VISCARDI, Cludia M. R.Elites polticas mineiras na Primeira Repblica brasileira: um levantamentoprosopogrfico. Anais das Primeiras Jornadas de Histria RegionalComparada. CD-ROM. Porto Alegre: 2000; VISCARDI, Cludia M. R. Minasde dentro para fora: a poltica interna mineira no contexto da PrimeiraRepblica. Locus, Revista de Histria, Juiz de Fora, EDUFJF, v. 5, n. 2,1999; VISCARDI, Cludia. Elites polticas em Minas Gerais na PrimeiraRepblica. Estudos Histricos, Rio de Janeiro, CPDOC/FGV, v. 8, n. 15, p. 39-56, 1995; RESENDE, Maria E. L. de. Formao e estrutura de domi-nao em Minas Gerais: o novo PRM, 1889-1906. Belo Horizonte: UFMG,1982; WIRTH, John. O fiel da balana: Minas Gerais na federaobrasileira (1889-1937). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
11. A este respeito ver: CASALECCHI, Jos nio. O Partido republicanopaulista: 1889-1926. So Paulo: Brasiliense, 1987.
12. Para o caso do Rio de Janeiro, ver: FERREIRA, Marieta M., op. cit.; parao caso de Minas Gerais, ver: WIRTH, John, op. cit.; para o caso do RioGrande do Sul, ver: TARGA, Luiz R. (Org.). Breve inventrio de temas do sul.Porto Alegre: UFRGS; FEE; Univates, 1998; para o caso de Pernambuco,ver: LEVINE, Robert, op. cit.
13. Uma sntese deste tema pode ser encontrada em: VISCARDI, CludiaM. R. Minas Gerais no Convnio de Taubat: uma abordagem diferenciada,op. cit.
14. Acerca do Rio de Janeiro ver: FERREIRA, Marieta de M., op. cit.;MENDONA, Snia R. de., op. cit.; e PINTO, Surama C. S. A corres-pondncia de Nilo Peanha e a dinmica poltica na Primeira Repblica.Rio de Janeiro: Arquivo Pblico do Estado do Rio de Janeiro, 1998.
15. Composio relativa das Exportaes Brasileiras (percentuais). Fonte:HGCB, volume III, So Paulo, Difel. Embora a borracha tenha sido impor-tante elemento na pauta de exportaes brasileira, esta importncia se deudurante um curto perodo.
16. Algumas sucesses iniciaram-se tardiamente, ou seja, no terceiro anode governo. Foram elas: a de Hermes da Fonseca, a de A. Bernardes e a deWashington Lus. Quanto durao, muito embora a mdia fosse de seismeses, a de R. Alves (1906) durou cerca de um ano, e as trs ocorridasentre 1916 e 1921 (Wenceslau, a segunda de R. Alves e a de Epitcio)duraram apenas dois meses.
17. FRANCO, Afonso A. de M. Um estadista na repblica. Rio de Janeiro:Jos Olympio, 1955. p. 478.
18. Os trs ministrios considerados no perodo como os mais importanteseram: Fazenda, Viao e Obras Pblicas e Interior e Justia.
19. Foram computadas as seguintes comisses parlamentares: Obras Pbli-cas, Finanas, Poderes e Justia.
Estado
So Paulo
Rio Grande do Sul
Minas Gerais
Bahia
Rio de Janeiro
Pernambuco
Total
Nmero de deputados/
Imprio
9
6
20
14
12
13
74
Nmero de deputados/Repblica
22
16
37
22
17
17
131
RelaoImprio/
Repblica
+ 3,15
+ 2,74
+ 1,31
- 0,95
- 1,7
- 2,52
+ 2,03
%
7,37
4,91
16,39
11,47
9,83
10,65
60,62
%
10,52
7,65
17,7
10,52
8,13
8,13
60,65
Quadro 1 - Percentual de crescimento da representao parlamentar dos Estados na transio do Imprio paraa Repblica
Fontes: PEREIRA VIEIRA, Evantina. Economia cafeeira e processo poltico: transformaes na populao eleitoral da zona da mata mineira (1850-1889).Dissertao (Mestrado) - UFPR, Curitiba, 1978, anexo 1; e ABRANCHES,Dunshee. Governos e congressos da repblica: 1889-1917. Rio de Janeiro:1918. v. 1.
Estado
Minas Gerais
Rio Grande do Sul
So Paulo
Bahia
Pernambuco
Rio de Janeiro
ndices de ocupao nostrs ministrios mais
importantes18 (%) (b)
23,14
16,65
14,00
10,55
8,2
5,92
ndices de ocupao
geral (%) (a)
28,73
20,69
21,39
18,85
12,33
11,16
Mdias entre colunas a e b
25,94
18,67
17,7
14,7
10,27
8,54
Quadro 2 - Ocupao de cargos ministeriais por Estado
Fonte: LOVE, Joseph. O regionalismo gacho. So Paulo: Perspectiva, 1975. p. 130.
Estado
MG
BA
SP
PE
RS
RJ
1891-1898
8
8
4
4
1
2
1899-1906
10
10
5
1
0
0
1907-1914
16
0
0
1
3
0
1915-1922
19
0
2
3
0
0
1923-1930
18
1
5
1
3
0
Total
71
19
16
10
7
2
%
44,37
11,87
10
6,25
4,37
1,25
Quadro 3 - Ocupao de presidncias de Comisses doParlamento por Estado 19
Fonte: WIRTH, John. O fiel da balana: Minas Gerais na federao brasileira(1889-1937). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 244.
Estado
MG
SP
BA
RS
PE
RJ
Total
Percentualnacional
19,57
14,54
11,18
7,00
6,97
8,99
68,25
Percentualnacional
19,08
15,13
10,72
7,16
7,04
8,86
67,99
Percentualnacional
18,64
15,57
10,42
7,25
7,07
8,96
67,91
1910-1916
5.242.397
3.896.618
2.995.754
1.877.160
1.869.649
2.408.413
18.289.985
1917-1923
6.122.363
4.855.353
3.440.398
2.296.939
2.260.633
2.844.365
21.820.045
1924-1930
6.880.942
5.748.074
3.845.997
2.679.480
2.611.890
3.307.996
25.074.373
Quadro 4 - Populao recenseada dos seis maioresEstados (1910-1930)
PS: Para a composio desta tabela, somamos os indicadores do Rio de Janeirocom os do Distrito Federal.
Estado
Rio de Janeiro
So Paulo
Rio Grande do Sul
Pernambuco
Minas Gerais
Bahia
Mdia
Percentuais em 1920
28,20
31,50
11,00
6,80
5,50
2,80
85,80
Percentuais em1907
32,44
16,11
10,35
7,99
6,53
6,60
80,00
Mdia dos dois perodos
30,32
23,80
10,67
7,39
6,01
4,7
82,90
Quadro 5 - Produo industrial por Estado (1907 e 1920)
Fontes: CARONE, Edgar. A Repblica Velha: instituies e classes sociais.So Paulo: Difel, 1975; JOBIM, Jos. Brazil in the making. New York: The Macmillan Company, 1943. p. 96.
Cludia Maria Ribeiro Viscardi doutora em Histria Socialpela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), profes-sora adjunta do Departamento de Histria da UniversidadeFederal de Juiz de Fora (UFJF) e professora do programa dePs-graduao em Histria da mesma universidade.
Politicagens. Aparecem entre outros: Arthur Bernardes (dentro do bonde), Antnio Carlos (na janela dianteira), Jos Bonifcio (em cima, direita) e Mello Vianna, de braos dados com a Presidncia de Minas representada
como uma melindrosa. Charge de Guevara (Crtica, 3-9-1929). In: LOREDANO, Cssio. Guevara e Figueroa; caricatura no Brasil nos anos 20.
Rio de Janeiro: Funarte; Instituto Nacional de Artes Grficas, 1988.
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