VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro...

13
Vincenzo Di Matteo· Introdutao Nosso objetivo e tentar estabelecer urn dialogo entre 0 saber "phi" e 0 saber "psi", articular os dois discursos no que eles tern de provocante e construtivo em tomo do problema etico. o desafio maior decorre do fato de que nao estamos diante de dois discursos homogeneos ou de dois mundos apenas. Defrontamo-nos com urn pluralismo de discursos eticos e de saberes "psi", 0 que toma dificil defmir adequadamente os dois mundos, 0 da etica e 0 do espa~ "psi". Mesmo assim, tentaremos identificar as respostas que 0 saber "psi" da it problematica da etica, bem como os desafios que urna concep~ao etica lan~a as teorias, as tecnicas e as praticas "psi". Mas 0 que entendemos por Etica e mundo "psi"? Nao gostaria de partir de urna defmi~ao academica. Prefrro uma abordagern rnais ampla, urn caminho mais longo que passa pela contextualiza~ao historica das vanas concep~es eticas e das vanas abordagens "psi". Isso nos permitira, e~pero, urn dialogo mais polifOnico, mais Vincenzo Di Matteo e Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco. .

Transcript of VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro...

Page 1: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

Vincenzo Di Matteo·

Introdutao

Nosso objetivo e tentar estabelecer urn dialogoentre 0 saber "phi" e 0 saber "psi", articular os doisdiscursos no que eles tern de provocante e construtivo emtomo do problema etico.

o desafio maior decorre do fato de que naoestamos diante de dois discursos homogeneos ou de doismundos apenas. Defrontamo-nos com urn pluralismo dediscursos eticos e de saberes "psi", 0 que toma dificildefmir adequadamente os dois mundos, 0 da etica e 0 doespa~ "psi". Mesmo assim, tentaremos identificar asrespostas que 0 saber "psi" da it problematica da etica, bemcomo os desafios que urna concep~ao etica lan~a asteorias, as tecnicas e as praticas "psi".

Mas 0 que entendemos por Etica e mundo "psi"?Nao gostaria de partir de urna defmi~ao academica. Prefrrouma abordagern rnais ampla, urn caminho mais longo quepassa pela contextualiza~ao historica das vanasconcep~es eticas e das vanas abordagens "psi". Isso nospermitira, e~pero, urn dialogo mais polifOnico, mais

Vincenzo Di Matteo e Professor do Departamento de Filosofia da UniversidadeFederal de Pernambuco. .

Page 2: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

pluralista, rnais cornplexo e mais pr6ximo da realidadehist6rica.

l. A Etica e suas vicissitudes no Ocidente

A palavra Etica rernete a duas raizesetimologicas da lingua grega de onde veio, 0 que ja por siso revela a riqueza e a complexidade de sua conceitua~ao.

o primeiro termo, "ethos" com "epsilon",significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,esfor~o hurnano de colocar as redeas da lei a urna condutahurnana caprichosa, imprevisivel, selvagem, por terperdido, 0 animal hurnano, a for~a imperiosa dosinstintos.

Somos animais inacabados. Nascemosprematuros, sem equipamentos para enfrentarmos os riscosda vida e do mundo. Os instintos, que nos costuravam aotecido do universo, se enfraqueceram. A Lei que rege 0

macro e microcosmo, das constela~oes aos atomos, perdeuseu dominio absoluto sobre 0 hornem e ele foi obrigado ase dar urna segunda natureza.

A segunda palavra, "ethos" com "eta", significamorada. Mas 0 que significara dizer que 0 ethos e amorada do homem, como afrrma urn famoso fragmento deHeraclito? 0 que se esconde por tras dessa metafora?

A casa nos protege do mundo de fora, seja ele 0da natureza com suas intemperies ou da sociedade comsuas possiveis agressoes. E, tambem, 0 lugar onde as

necessidades hurnanas basicas podem ser satisfeitas:rep?uso,. nutri~ao, higiene, procria~ao. A morada eo lugarda Identldade pessoal e social. Quem nao tern urn endere~ocerto e considerado urn "estranho", urn "marginal", urninimigo potencial, urn alguem que nao tern lugar fisica esimbolicamente nurna comunidade onde ele se movimentaanonimamente e com a marc a da rejei~ao social. EnflID, acasa ~ lugar. e . a expressao de urn espa~o· proprio,exclusl~O, ~nvatlvo, que possibilita a emergencia doespa~o mtenor de nossa subjetividade.

A casa e, portanto, 0 lugar da identidade social eda identidade pessoal, a ponte que permite a cada urn denos ser ao mesmo tempo individuo, mas com os outros, sersingular (eu) e ser.plural (nos).

1.2 - Do ethos a Etica

Estas foram as primeiras intui~oes do homemgrego consignadas nas palavras que designam aexperiencia de urn ser que, abandonando 0 utero da'physis', recria 0 utero simbolico do ethos para continuarsua hurnaniza~ao.

. Aos poucos, passando pela media~ao do mito,do dlSCursOsapiencial e da literatura, a reflexao sobre 0

ethos toma-se cada vez mais critica e mais tematizada como fl~rescimento da democracia no sec. V a.C. 0 ethos~ atradl~ao, nao pode mais ser a norma que orienta a condutahumana, busca-se outro fundamento, 0 do "logos". A razaodemo~trativa sera utilizada tanto para explicar 0 reino daNecessldade (a physis), como 0 da Liberdade (a etica).

19

Page 3: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

Socrates sera 0 iniciador da Etica Ocidental.Nao se limitara como os Sofistas a questionar as moraisvigentes. Busca, alem das convenyoes sociais, urnfundamento mais solido e universal para a condutahurnana e encontra-o na propria natureza racional eespiritual do homem, na alma, na "psyche".

A crenya, porem, de que a razao hurnanapudesse fundamentar urna Etica universal nao.·~oi urnacrcnya pacifica. A interpretayao ,relat1VlS~ ~convencionalista dos Sofistas acompanhara e questlOnarasistematicamente todas as interpretayoes historicasposteriores. Hegemonica, grayas a tradiy~o soc~atica-platonica-aristotelica e crista, a concepyaoumversallsta daEtica encontrara seus grandes fiadores no Cosmo, naNatureza Hurnana e Deus.

1.3 - A Etica na modernidade. (28)

Os ventos do Renascimento e da Modemidadeabalaram a longa hegemonia da Etica crista na IdadeMedia. 0 homem modemo recupera a confianya na razaohurnana. "Sapere aude", diz para si mesmo. Gu~adopelaluz da razao, sem mais 0 auxilio da fe, acredlta poderestender 0 seu dominio tanto ao mundo fisico como aomundo moral.

. Os fundamentos desta moral laicizada vao ser aNatureza (Rousseau), a Natureza corporal do homem(Enciclopedistas) ou a Racionalidade (Kant).

Apesar de divergencias intemas, os modemosainda admitem urna dimensao universalista da moral.

Existiria urn nucleo de normas que seriam validas paratodos e para sempre.

Ate aqui nada de totalmente novo, que, dealgumamaneira, nao remetesse as primeiras interpretayoesgregas do fenomeno moral. 0 que chama atenyao e amarca registrada do individualismo. Da-se urn adeusdefmitivo as eticas de inspirayao comunitaria. Reivindica-se 0 direito a pr6pria felicidade e auto-realizayao pessoal(hedonismo e eudaimonia). Arvora-se 0 direito de julgarsua comunidade. Proclama-se arbitro solitario do bem edo mal.

Estas sao, nas grandes linhas, as caracteristicasprincipais da etica na modernidade. Hoje, para onde soprao vento da historia? Quais os destinos da Etica?

1.4 - A Etica na crise da modernidade

No limiar deste novo tempo, que esta sendochamado de pos-modemidade, as crenyas eticas dailustrayao se desmancham no ar. As antigas e modemasconstruyoes te6ricas sobre 0 fenomeno moral parecemexplodir em mil fragmentos de verdade: nihilismo,voluntarismo, hedonismo, ascetislll;o, conformismo,anarquismo, relativismo, particularismo.

Nao acredita-se mais na existencia de urna Eticauniversal, nem na possibilidade de fundar racionalmenteou objetivamente a escolha moral, menos ainda de poderconstruir urna moral a partir de descentramento doindividuo com relayao a comunidade.

Page 4: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

Vive-se urna cisao entre Etica e Cultura. Pelaprimeira vez na historia dos homens presenciamos urnaciviliza~aoverdadeiramente planetaria, mas sem urn ethosuniversal. (31)

A crise, portanto, que estamos vivendo no Brasilnao e circunstancial, e tambem de ordem cultural. Apesarde vivermos urna especie de Etica do desencanto e daimpotencia, 0 movimento pela Etica na politica, aindigna~ao que progressivamente vai se apoderando dasconsciencias diante da corrup~aopolitica generalizada SaDsinais de esperan~a.

Esta nipida caminhada pelos destinos dareflexao Etica no Ocidente espero que seja suficiente paracompreender a dificuldade de urna defmi~ao imica econsensual. 0 que podemos concluir provisoriamente eque, apesar de urn certo nihilismo ou agnosticismo etico,tambem 0 homem pos-modemo clama por mais Etica paracolocar limites ao egoismo possessivo de individuos e depovos que inviabiliza nossa convivencia humana.

Se a Etica, hoje, apesar de sua crise de naturezateorica e pnitica, ainda nao morreu, qual 0 espa~o queocupa no discurso e na preitica"psi"?

Antes de respondermos a esta questao enecessaio nos colocarmos uma outra pergunta: 0 que vema ser 0 espa~ "psi"?

2. As aventuras e desventuras do Mundo "psi"

o rotu1o"psi" foi 0 imico meio encontrado paraagrupar artificialmente urn conjunto de teorias, tecnicas e

pniticas terapeuticas, as quais se articulam em tomo deuma realidade nao muito bem defmida que e chamada depsiquica. ~obre ela se debru~am especialmente apsicologia e a psicanaIise, duas ciencias que tentamdesvelar os misterios do psiquismo hurnano (Consciencia eInconsciente). 0 outro "psi", 0 de psiquiatria,habitualmente associado aos outros dois ja mencionadosnao sera objeto de considera~oes na presente exposi~a~para nao complicar ainda mais 0 nosso tema. Tanto 0termo psicologia como psicanaIise, no singular, naoc n'iegue expressar a riqueza, variedade, complexidade eate divergencias de abordagens metodologicas e teoricasexistentes nao apenas entre elas, mas tambem dentro decada subconjunto "psi". Estamos mais diante de urnadispersao do que urna unidade dos saberes "psi". Talvezurna rapida referencia ao contexto historico do nascimentoda psicologia e psicanaIise, bem como a historia delas,apenas centenaria, nos possa ajudar a compreendermelhor a realidade que se esconde atras da letra "psi" dapalavra grega psyche.

2.1 - 0 nascimento do mundo "psi" e seu contexto cultural

" Psicologia e PsicanaIise SaD praticamentecoet~eas e filhas de urn mesmo "zeitgeist".e da mesmatradl~aocultural de lingua alema.id ' . A ~a~i~ao empirist~ inglesa, 0 positivismo, as

el~ evoluClOllistasde Darwm, bem como as pesquisasna area da fisiologia e neurofisiologia dominam 0

Page 5: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

panorama cientifico da segunda metade do sec. XIX. 0paradigma cientifico e 0 da tlsica e da quimica.

E neste contexto que e fundada na Alemanha a"Sociedade Fisica de Bedim", a famosa Escola deHelmholtz, a qual pertence E. Bruck, um dos fundadores efuturo professor de Freud na universidade de Viena. Atese que se defende e que se torna uma especie de credocientifico da epoca e que todos os fenomenos superioresda vida humana podem ser reduzidos a uma explica~aotlsico-quimica. Nao e de estranhar, portanto, que apsicologia e a psicanalise prefiram desenvolverrespectivamente uma especie de quimica mental e uma"psico-analise" e, ambas, se considerem mais Ciencias daNatureza do que Ciencias Humanas.

Nascidas deste mesmo contexto cultural e tendopor objeto 0 mesmo campo de investiga~ao, a "mente"humana, Psicologia e Psicanalise seguem cada uma seuproprio caminho (metodo), guiadas, porem pela mesmacren~a de que 0 mundo da mente obedece a determinismosque, aos poucos, podem ser descobertos, tornandofuturamente as duas ciencias tao rigorosas quanto a Fisicae a Quimica.

mais pnitica e mais voltada para 0 estudo dos processosmentais (Funcionalismo).

Entre a primeira e segunda decada deste seculo,todas estas tentativas de compreender a mente humana saDabandonadas como nao cientificas e a investiga~aopsicol6gica, mesmo conservando 0 nome de psicologia, setorna quase que exclusivamente 0 estudo cientifico docomportamento hurnano e animal (Behaviorismo).

Por volta da mesma epoca, na Alemanha, algunspsic6logos contestam as teorias psicol6gicas doEstruturalismo, por estas nao conseguirem explicar 0fenomeno "phi" do movimento aparente (Gestalt).

A psicologia que se dizia cientifica nao tinhanem 50 anos e ja havia se fragmentado em varlas"Escolas". Era urn escandalo para os pr6prios psic610gos.

Apesar das divergencias te6ricas emetodol6gicas entre urna Escola e outra e ate dentro deuma mesma Escola, a Psicologia foi sobrevivendo. Umatendencia mais ecletica toma 0 lugar do sectarismo inicial.Os psic610gos renunciam a cria~ao de teorias amplas eabrangentes para se deter na explica~ao de areasespecificas, tais como a aprendizagem, motiva~ao,percep~ao, personalidade, etc.

Ap6s a segunda guerra mundial, sob a intluenciada fIlosofia existencialista e como rea~ao a hegemoniabehaviorista, surge nos Estados Unidos a chamadapsicologia humanista ou psicologia existencial, tentando secontrapor ao Behaviorismo e a Psicanalise.

Atualmente a psicologia behaviorista parece terse tornado hegemonic a, especialmente no contexto

. Em Leipzig, Wundt e seus pnmerroscolaboradores pesquisam os conteudos elementares damente humana e as leis que os regulam (Estruturalismo).

Os psicologos americanos, j a pelo fun do seculopassado, defendem uma nova maneira de fazer psicologia,

Page 6: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

americano, mas tern que conviver com urnaheterogeneidade de abordagens te6ricas e metodo16gicasbastante diferentes e que reivindicam tambem para si 0estatuto de cientificidade. As fronteiras da psicologiacientifica sao cada vez mais dificeis de serem delimitadas,e quem nao esta muito familiarizado com 0 mundo dapsicologia pode ter a impressao de que os psic610gos esuas pniticas se situam a meio caminho entre 0 milagre dePentecostes e a confusao das linguas de Babel.

2.3 - A hist6ria do movimento psicanalitico

Os destinos da psicamilise nao foram muitodiferentes. No come~ do seculo, urn grupo de medicosvienenses se refu1e nas quartas-feiras para aprenderpsican31ise com Freud. Aos poucos vai se criando urncerto reconhecimento das teorias psicanaliticas e nao tardao reconhecimento intemacional. Na medida, porem, quese atenuam as resistencias a psicanalise entre 0 publicoleigo, aurnentam as resisrencias intemas. Aos poucos,varios psicanalistas abandonam Freud. As baixas maispesadas talvez tenham sido a de Adler e a de Jung. No anode 1914 Freud sente a necessidade de escrever a hist6ria do.movimento psicanalitico para defender a sua paternidadeda psican31ise e diferencia-la de outras pniticas.

Adler e Jung nao foram os Unicos a abandonarFreud. ~arece que 0 destino do come~o marc a apsican31ise numa especie de compulsao a repeti~ao. Hoje,no pais da psican31ise, se falam varios dialetos, 0 quecertamente revel a a vitalidade do movimento psicanalitico

mas que, ao mesmo tempo, abala a cren~a freudiana deque urn dia a psicanali~e. seria um~ ~iencia da Natureza,tao rigorosa quanto a Flslca e a QUlffilca. . ,.

Estas nipidas coloca~oes histoncas nospareceram necessarias para ~s qU,e.nao estao famili~ado~com a Psicologia e a PSlcanallse. Desta manerra fOipossivel perceber melhor, pelo menos, es~ero, a variedade ecomplexidade de abordagem do pSlqUlco humano e desuas varias manifesta~oes.

Voltemos, agora, a pergunta especifica dirigidaao mundo "psi": existe urn lugar para a etica?

3. A toea no espaco "psi"

3.1 - Ausencia e presen~a

A primeira resposta e nao, pelo simples motivoque tanto Psicologia quanto Psicanalise, por seconsiderarem ciencias, se preocupam com 0 mundo dosfenomenos e nao com 0 mundo do dever ser. Preferemlidar com "fatos" e nao com valores. A etica, enquantoreflexao meramente especulativa, nao faz parte daspreocupa~es dos cientistas, enquanto cientistas.

Evidentemente isto nao quer dizer que falte aospsic6logos e aos psicanalistas uma vivencia moral e ate urncerto discurso articulado sobre 0 tema da etica, como porexemplo 0 "Seminario VII" de Lacan sobre PsicanaIise(20), sem falar da obra classica de Freud", "0 mal-estar naciviliza~ao". (12)

Page 7: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

. ~iria ate que hoje nao existe mais a crenya deque 0 cle~tlsta produz uma ciencia pura e a preocupayaocom os nscos ideo16gicossubjacentes as suas pniticas eate as suas teorias esta se tornando cada vez maisfreqiiente.. Nestes Ultimos anos, aqui no Brasil 0 discurso, ., ,etlco s~ tornou ate abundante. Fala-se e escreve-se bastantesobr~ Etica nas Revistas de Psicologia e. de Psicanalise,mas ISS0nao e mera decorrencia dos ventos moralistas oueticos que estao soprando no Brasil nestes dois Ultimosanos.

. A pr~ocupayao com a etica no mundo "psi" eant~nor aos ultImoSacontecimentos politicos que levaramao Impeachment. Entre os psic610gosbrasileiros a reflexaoetica foi desencadeada pelos Conselhos da categoria por·ocasiao da revisao e atualizayao do C6digo de Etica doPsic610go,0 qual entrou em vigor a partir de 27 de agostode 1987.

Entre os psicanalistas, a publicayao emportugues em 1988 do livro de Lacan sobre Etica daPsicanalise estimulou uma serie de reflexoes sobrealgumas indagayoes perturbadoras. Repetir com Freudq~e a Psicanalise nao e uma Weltanschauung quer istodlZer que ela nao possui uma etica? Ese possui, que Eticae esta? 0 que traz de novo?. ~o espayo "psi", portanto, circula ha tempoum

dlSCursOetlco que nao vem necessariamente de fora. Namaiori~ das vezes e ftlho de profissionais "psi" que naorenunclaram a critica e a utopia.

3.2 - Os principais temas dos discursos eticos

Mas 0 que nos diz este discurso? Sobre querealidade ele nos fala? Quais suas preocupayoes? Queoutras condutas ele aponta?

Os vanos discursos eticos geralmente giram emtorno dos seguintes temas ou problemas: relayaoterapeuta-cliente, formayao, atividade profissional,instituiyoes, praticas terapeuticas e ate sobre tecnicas eteorias.

Fundamentalmente 0 que mais angustia e a fortesuspeita de que 0 saber eo fazer "psi" nao estao acima dequalquer suspeita ideo16gica. Nao adianta se esconderatrc:isde racionalizayoes, repetir, por exemplo, 0 antigodiscurso de que a Psicologia e a Psicanalise, enquantociencias, nao possuem uma etica, nem uma mistica, nemuma utopia, nem uma Weltanschauung (11). Ao nivel dovivido, pelo menos, nao se escapa ao risco ideo16gicoquepaira sempre sobre nossas cabeyas qual moderna espadade Dfunocles.

3.3 - 0 risco ideo16gicodas praticas "Psi"

o que e mais questionado sao as pniticaspsico16gicas, isto e, esse conjunto heterogeneo deatividades organizadas, reguladas por um sistema denormas e inscritas num conjunto de aparelhosinstitucionais.

Atrc:isde pniticas aparentemente humanistas, 0psic610gopode desempenhar funy5es alheias a sua vontade

Page 8: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

, mas perfeitamente sintonizadas com a 16gicado sistemacapitalista. Em outras palavras, 0 saber psicol6gicoproduzido parece nos apresentar urn modelo de homemque responde a necessidade de adapta~ao docomportamento dos individuos. As pniticas parecemtomar apsicologia urna das pontes privilegiadas parareconduzir os desviantes ao mundo "normal" da integra~aoe do conformismo social.

As fun~oes ideol6gicas, portanto,desempenhadas pela psicologia sao de .natureza pnltica(adapta~ao) e te6rica (explica~ao). "Enquanto redutora deconflitos, a psicologia tende sempre a exercer sua fun~aoem proveito da norma, em favor da estrutura que impoe 0comportamento. Porque 0 desvio nao pode ocorrer. Seocorrer, a pnltica psicol6gica se apressa em integrar os quese desviam" (19).

Sempre podemos objetar que estas criticasseriam procedentes somente com rela~ao a uma "ma"psicologia ou a urna "ma" psicanaIise. Seria necessariodistinguir entre 0 que elas sao ou deveriam ser (ciencia) eo que elas podem se tomar (ideologia).

Desta maneira 0 espa~o "psi" se dividiria emdois. De urn lado os proflSsionais "psi" que usam asferramentas te6rico-tecnicas como meio e instrumento paraque 0 sujeito emerja na sua singularidade e originalidade;do outro os que visariam atender mais a urna demandasocial (e as vezes pessoal) de adapta~ao e normatividade.Os primeiros seriam cientificos e corretos, os segundosideol6gicos e questionaveis.

Acontece, porem, que a cisao da demanda em"boa demanda de singularidade" e "ma demanda deadapta~ao" deixa de perceber urn outro problemacomplex<>:admitindo-se que haja realmente uma culturapsicanalitica instalada no Brasil, a demanda desingulariza~ao pela PsicanaIise e, com espantosafrequencia, nada mais, nada menos que urna demanda deadapta~ao a uma cultura que opera regida pelos canonesdo individualismopsicoI6gico".(7)

3.4 - 0 risco do charlatanismo

Aqui no Brasil vem surgindo ultimamente urnavariedade de praticas psicol6gicas alternativas que levaramo Conselho Federal de Psicologia, algum tempo atras, alan~arurn manifesto de alerta a popula~ao contra 0 perigode charlatanismo.

Como rea~ao, alguns psic610gos questionaramurn certo patrulhamento ideol6gico que se escondia portras de urna aparente preocupa~ao cientifica. Surgiu urnoutro alerta, desta vez aos psic6logos, cujo slogan foi:"fiscaliza~aosim, policiamento nao".

Em nome de urna etica profissional ou de urnaconcep~ao menos cientificista do que seja "ciencia"psicol6gica, cada grupo defende seus pontos de vista nurndiaIogo que, ate 0 presente momento, nos parece franco edemocratico.

No Ultimonfunero do jomal oficial de ConselhoFederal de Psicologia, a presidente da Camara deOrienta~ao e Fiscaliza~ao do CFP afrrma que ainda nao

Page 9: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

chegou 0 momento para urna defmi9ao maniqueista entreurna boa (cientifica) e urna ma (ideo16gica)psicologia.Escreve: "... mesmo sabendo a premencia em fomecerorienta90es as demandas que nos chegam, compartilhandoas ansiedades de ainda nao termos estas respostas, acautela, neste momento, parece-nos a postura maisadequada" (Cft. Jomal do Federal, Ano VII, n.34, ago1993).

Como vimos na primeira parte, a reflexao criticasobre a moral e uma das areas classicas da reflexaoftlos6fica, 0 que nao quer dizer que 0 discurso competentesobre etica seja apenas dos profissionais de ftlosofia, mase urn fato que a etica e ainda considerada urn reduto dafilosofia.

A Ciencia modema sente-se estrangeira nomundo do "dever ser". Seu habitat natural e 0 mundo doser , melp.or, do aparecer, dos fenomenos. Sente-se avontade, portanto, para "explicar" ate 0 pr6prio fenomenomoral.

Na realidade toda moral nao passa de umaideologia, urn conjunto de ideias, normas, valores queorienta e determina 0 que 0 individuo deve saber, sentir,fazec Atras de uma pretensa universalidade do pensar, dosentir e do agir se escondem interesses de urn determinadogrupo social hegemonico.

Todas as ciencias, portanto, na medida em quecontribuem para desmascarar as ilusoes, os pretensossaberes, os falsos consolos, sao as grandes aliadas daEtica . Possibilitam urn questionamento fundamentado nasnormas que regulam uma determinada convivencia social,uma sua relativiza9ao e apontam para a exigencia denormas novas, mais satisfat6rias. Entre as CienciasHumanas, a contribui9ao "psi" e fundamental.

Para que qualquer conduta do ser hurnano possaentrar na esfera da moralidade e necessaria a garantia deurnminimo de consciencia e de liberdade. Somente assim,os que sao chamados apenas de atos do homem,destituidos de consciencia, de liberdade e, portanto, deresponsabilidade, se tomam atos "hurnanos",morais.

E verdade que ja nascemos nurn ethos, numasociedade que ja se deu urn horizonte te6rico e pratico(cultura) a partir do qual vai tentando. interpretar etransformar 0 mundo.

A pergunta inicial se ainda ha lugar para Eticano mundo de hoje, a resposta e certamente positiva quantoao mundo "psi". Existe, sim, uma multiplicidade dediscursos eticos os quais evidenciam a preocupa9aolegitima e sadia de nao deixar-se manipular pelo papel ouos papeis que a sociedade quer destinar-lhes.

A pergunta que nos colocamos agora e invertida:ha lugar no espa90 etico para 0 mundo "psi"? Em outrostermos, a reflexao etica e receptiva as contribui90es dosaber "psi"?

4. 0 Discurso "psi" no espaco etico

4.1 - As contribui~oesdo saber "psi"

Page 10: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

E verdade, tambem, que os individuos empiricossao educados e moldados por esse ethos, mas somente nostomamos sujeitos eticos quando intemalizamosconsciente e livremente os usos e costumes da sociedade aque pertencemos e quando somos capazes de transformarnossas "pnlticas" - a90es °rotineiras,robotizadas - numa"praxis", numa a9ao criadora de novos usos e costumes.

Ora 0 saber "psi", ao tentar desvendar 0 misteriodesta realidade interior que se chamou de alma, mente,consciencia, psiquismo, ao identificar as leis que regulamnossas motiva90es intemas, nossos determinismosinconscientes, os processos de forma9ao de atitudes, agenese da consciencia moral, etc..., tern uma importantecontribuiyao a dar para a ftlosofia moral.

o problema e que, as vezes, em nome de umrigido determinismo psiquico (psicanaJ.ise) ou decondicionamento (Behaviorismo), 0 saber "psi"simplesmente implode todo 0 sistema etico, visto que elegravita na 6rbita da estrela mor da etica que e a liberdade.Se, de fato, 0 homem nao e livre e a liberdade nao passade um mito, 0 nome bonito que damos it ignonmcia dascausas ocultas que determinam nosso comportamento, 0

discurso etico nao passa de um discurso ret6rico e vazio.Melhor calar-se. (29)

A reflexao etica, daqui para frente, nao podeignorar olimpicamente esses dados. Talvez tenhamos querever nossa concep9ao de liberdade. Provavelmente uma

avalia9ao narClSlca de si mesmo levou 0 homem asupervalorizar a sua liberdade como um dado pacifico ecerto. Aprendemos, porem, gra9as tambem it descobertadestes outros determinismos psiquicos, que a liberdade euma dura tarefa. Ser livre e tomar-se livre. 0 primeiropasso e tomar consciencia de nossa falta de liberdade e,portanto, moral, para nos tomarmos sujeitos livres everdadeiramenteeticos.

o segundo desafio it ftlosofia moral e lan9adopela Psicanalise ao defmir 0 homem como ser de desejo.

Aprendemos com 0 cristianismo e com atradi9ao etica do Ocidente que os atos humanos somenteentram na ordem da moralidade quando conscientesvoluntarios e §ubmetidos ao imperio da razao. 0 praze;sensual e, entre eles 0 sexual, somente sera legitimo sepassar pela censura da reta razao. Muitas vezes deve serevitado, censurado e ate sacrificado em vista de urn bemsuperior (0 da sociedade) ou futuro (a salvayao da pr6priaalma).

. Contrariando esta longa tradi9ao etica doOc~d~te q~e remonta aos ftl6sofos classicos da antigaGrecla, a PSlcanaJ.iseparece propor e exigir uma etica novafundad.ano "desejo".E um paradoxo e um escandalo paraos ouvldos filos6ficos. Como fundar uma etica sobre atosqu~ nao possuem a garantia da plena consciencia e dodehber~doco~senso por originarem-se das profundezas dono~so.mconsclente e da for9a coercitiva do determinismo~S.lqU1CO?A PsicanaJ.iseestaria propondo uma revolu9aoetlca ou seria a fiadora intelectual de uma anarquia moralde urn " 'd 'a permlSSlVlade total, do individualismoburgues?

Page 11: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

Nao e nosso objetivo especifico debater a eticada psicamilise; apenas re1embrar que vai ser impossivelfazer etica, daqui para frente, escarnoteando asprovoca90es da PsicanaIise.

Freud nao foi urn profeta. Nao possui umareceita moral altemativa ja pronta e acabada para o~erecercomo remedio ao "mal-estar na civiliza9ao". E urnpensador, alguem que nos ajudou a desmascarar as ilusoesda consciencia e a ficar prevenidos contra suas armadilhas.A PsicanaIise exige urna etica nova, sim, mas aberta, a serconstruida. E uma revolu9ao indireta que aponta para umatriplice dificuldade e urn triplice ideal. A dificu1dade deconhecer-se em profundidade, de toma-se adulto e dearnar de urn arnor nao neur6tico. A etica do desejo e tao oumais exigente do que a etica da razao. Aponta para 0 idealda autenticidade (ser si mesmo), da nao dependencia(liberdade) e da capacidade plena de arnar (14).

Conclusio

Penso que urn diaIogo entre 0 discurso eticoftlos6fico e 0 discurso etico psicanalitico sera, sem duvida,estimulante, enriquecedor e ate necessano. Urn desafiodificil tanto para 0 saber "phi", quanto para 0 saber "psi"sera inventar urn novo ethos para 0 homem e 0 mundo dehoje, inventar urna nova morada que nao seja muito abertaa tal ponto de nos deixar inseguros, nem apertada demais aponto "de nos sentirmos prisioneiros dentro dela.Proporcionar aos homens 0 maximo de liberdade pararealizar seus pr6prios desejos com 0 minimo de normas e 0

maximo de seguran9a e eficiencia comunitaria e 0 grandedesafio que ate agora nenhuma sociedade conseguiuveneer satisfatoriarnente.

Referencias Bibliograficas

(1) AA.VV. - A etica da forma9ao ou a forma9ao eticaIn Estudos de Psicanalise. Belo Horizonte, out. 1993,n.16, pp.46-51.

(2) ARISTOTELES - Etica a Nicomaco. VoLII. S. Paulo,Abril Cultural, 1979.

(3) BACHA, - A Etica no espa90 psicanalitico. In Estudosde Psicanalise. Be10Horizonte, out. 1993, n.16, pp.59-60.

(4) CARUSO, l.A. - Psicanalise e Sociedade: da criticada ideologia a auto-critica. In PsicanaIise e Sociedade.Lisboa, Ed. Presen9a, 1970, pp.l09-127.

(5) DRA WIN. C.R. - Etica e Modernidade. In Psicologia,Ciencia e Profissiio. n.L2.3.4/91, p.4-13.

(6) EVANGELISTA, w. - A Etica e 0 politico: desejo edemocracia. In Estudos de Psicanalise. Ano XX, n.13.

(7) FIGUEIRA, S.A. - Psicanalistas e Pacientes naCu1tura Psicanalitica. In Religiiio e Sociedade. 12,1985, pp.72-90.

Page 12: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

(8) --- - Nos bastidores da Psicana~ise: s??repolitica, estrutura e dindmica do campo pSlcanalztlco.Rio de Janeiro, Imago, 1991.

(9) FREIRE, lC. - Narcisismo em Tempos Sombrios. Ed.Taurus.

(10) FREIRE, J.C. - Etica e Psicologia. ~ Educa~iio emDebate. Fortaleza 12 (17/18): 45-66, Jun/dez 1989.

(11) FREUD, S. - A questiio de uma Weltanschauung. InObras Completas, Ed. Standard, Vol.XXII, pp.l93ss.

(12) --- - 0 mal-estar na Civiliza~iio. In ObrasCompletas, Ed. Standard, Vol.XXI.

(13) FROMM, E. - Por que a PsicanaIi~e foi transformadade uma teoria radical em uma teona de adapta9ao. ~Grandeza e limita~oes do pensamento de Freud. RIOde Janeiro, Zahar, 1980 .

(14) --- - 0 psicanalista. como medico. da alma. InPsicanalise e Religiiio. LISboa, Ed. Minotauro sid,pp.71-116.

(15) FURTADO, A.M. - Psicanalise: e~cacia e etica. InEstudos de Psicanalise. Bel0 Honzonte, out. 1993,n.16, pp.38-42.

(1b, vABBI Jr., O.F. - A ~rigem da ~oral em psic~ali~e.In Cadernos de Historia de Fllosojia da Clencra.Campinas, Serie 3, V. 1, n.2. jul/dez 1991, pp.129-168.

(17) lARCIA-ROZA, L.A. - 0 mal radical em Freud.Rio de Janeiro, Zahar, 1990.

(18) HECK, IN. - A polemica d~ Maruse com Freud emtomo da felicidade. In Rev. SINTESE, Vol.XX, n.60,lan/mar 1993, pp.51-65.

(19) JAPIASSU, H. -A Psic%gia dos psic6/ogos. Rio deJaneiro, Imago, 1979.

(20) LACAN, l - Etica da Psicanalise: Seminario VII.Rio de Janeiro Zahar, 1988.

(21) LAIA, S. - A proposito da etica, da psicologia e dapsicanalise. In Psicologia, Ciencia e Projissiio, n.1,2,3,4/91, pp.14-19.

(22'1 MARTINS, F. - Psicologia Clinica. e Etica. InPsic%gia, Ciencia e Projissiio, Aho 9, n.2/89, pp.12-15.

(23) MATTEO, V. Di - Consciencia e Liberta9ao emPsicanaIise. In Perspectiva Fi/os6jica, Vol. I, n. 2,jan-jun 1993, pp. 559-575.

Page 13: VincenzoDiMatteo· - ufpe.br · sorevela ariqueza ea complexidade de sua conceitua~ao. o primeiro termo, "ethos" com "epsilon", significa aquisi~ao de habitos, forma~ao de atitudes,

(24) MENESES, P. - Etica e Cultura. In Rev. SiNTESE,V. XVIII, n.55, out/dez 1991, pp.559-575.

(25) NETO, G.A.F. - A Etica da Psicamilise. In 14Conferencias sobre Lacan. S. Paulo, Ed. Escuta, 1989.

(26) NEUMANN, E. - Psicologia profunda e nova Etica.Petr6polis, Vozes, 1992.

(27) NOV AES, A. (org.) - Etica. S. Paulo, Compo dasLetras,1992.

(28) ROUANET, S.P. - Dilemas da moral iluminista. InNOVAES, A. (Org.) - Etica. S. Paulo, Compo dasLetras, 1992, pp.149-162.

(29) SKINNER, B.F. - Walden II: uma sociedade dofuturo. S. Paulo, EPU, 1975.

(30) VAZ, H.C. - Escritos de Filosofia II: Etica e Cultura.S. Paulo, Ed. Loyola, 1988.

(31) --- - Etica e Civiliza9ao. In Rev. SiNTESE,V.XVII, n.49 abr/jun 1990, p.5-14.

(32) VILLALBA, LT. - Etica da PsicanaIise: uma dire9aoao real. In Conferencias sobre Lacan. S. Paulo,Escuta,1989.

(33) VIVIANI, A.L. - Comentario sobre a dire9ao da cura.In 14 Conferencias sobre Lacan. S. Paulo, 1989.