Vieira, 2015 - Análise da distribuição de biodetritos no sedimento superficial da plataforma...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
LAYSA RAISA DE SOUZA VIEIRA
ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DE BIODETRITOS NO SEDIMENTO
SUPERFICIAL DA PLATAFORMA CONTINENTAL SUL DE SERGIPE
SÃO CRISTÓVÃO – SE
2015
LAYSA RAISA DE SOUZA VIEIRA
ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DE BIODETRITOS NO SEDIMENTO
SUPERFICIAL DA PLATAFORMA CONTINENTAL SUL DE SERGIPE
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Departamento de Geologia,
Universidade Federal de Sergipe, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Geologia.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Jorge
Vasconcellos Garcia
Co-orientador: Prof. Msc. Luiz Carlos da
Silveira Fontes
SÃO CRISTÓVÃO – SE
2015
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço ao Universo e a seu(s) arquiteto(s) pelos caminhos que me
concederam para que eu concluísse mais essa etapa de minha jornada. Agradeço também aos
meus familiares, pelo constante incentivo, em especial à minha mãe Edvânia, pelo apoio diário
e ao meu pai, José Vieira.
Agradeço ao laboratório GEORIOEMAR, pelos anos de experiência e o companheirismo do
dia-a-dia. Em especial agradeço a João Bosco e Landerlei, sempre muito solícitos e dispostos a
compartilhar conhecimentos, e ao professor e co-orientador Luiz Carlos Fontes, pela confiança,
oportunidade e ensinamentos.
Um grande “Obrigada” ao colega Ramon Marques pela força na confecção dos mapas. Aos
amigos que fiz durante a graduação, Gabriela, Luciana(s), Mara, em especial à sempre alto
astral Ellen Roberta e a Ludmilla Fernandes, pelos momentos de descontração e as conversas
construtivas.
Ao professor orientador Antônio Jorge V. Garcia. Agradeço também a Edilma de Jesus
Andrade, Andrea Nascimento e Ivan Lemos pelas aulas enriquecedoras que tanto me
influenciaram na escolha do tema desse trabalho.
Agradeço ao CENPES/PETROBRAS pela disponibilização dos dados, que permitiram o
desenvolvimento desse trabalho.
“Por vezes sentimos que
aquilo que fazemos não é senão
uma gota de água no mar. Mas o
mar seria menor se lhe faltasse
uma gota.”
Madre Tereza de Calcutá.
RESUMO
Esse trabalho apresenta uma caracterização da distribuição espacial dos principais componentes
bioclásticos do sedimento superficial da plataforma continental sul de Sergipe. As amostras de
fundo foram coletadas com amostrador pontual do tipo van Veen e passaram por um pré-
tratamento envolvendo lavagem, secagem, peneiramento mecânico e quarteamento. Foram
selecionadas 80 amostras representativas da região, distribuídas em 15 transectos, das quais 200
grãos aleatórios foram analisados. A partir das análises foram calculadas as frequências
relativas e frequência de ocorrência de cada componente identificado e suas distribuições
espaciais foram analisadas através de mapas. As distribuições foram analisadas em conjunto
com a profundidade e tipo de sedimento de fundo (textura), permitindo algumas interpretações.
Os biodetritos mais frequentes na região foram os moluscos bivalves, foraminíferos, briozoários
e algas vermelhas. Observou-se que os foraminíferos e moluscos (principalmente os bivalves)
não mostraram fortes tendências a formar grãos de uma granulometria específica, ao contrário
das algas vermelhas e Halimeda, que tem ocorrências quase que restritas aos sedimentos areno-
cascalhosos e a maiores profundidades. Os briozoários encontram-se disseminados por toda a
região, exceto na região em frente à foz, onde são ausentes ou pouco expressivos. A partir das
análises foi possível distinguir algumas particularidades da região quando comparada à
plataforma Nordeste como um todo, principalmente em relação à distribuição das algas
calcárias, que se mostram menos frequentes na região de estudo.
Palavras-chave: Plataforma continental, Sergipe, biodetritos.
ABSTRACT
This paper presents a characterization of the spatial distribution of the main bioclastic
components of the surface sediment of continental shelf south of Sergipe. Background samples
were collected with a van Veen bottom grap and underwent a pre-treatment involving washing,
drying, sieving and quartering. 80 (eighty) representative samples distributed in 15 transects
were selected and 200 random grains were analyzed in each one. From the analysis the relative
frequencies and frequency of occurrence of each component identified where calculated and
their spatial distribution were analyzed using maps. The distributions were analyzed together
with the depth and type of bottom sediments (texture) allowing some interpretations. The most
common biogenic components in the region were the bivalve molluscs, foraminifera, bryozoans
and red algae. It was observed that foraminifera and molluscs (especially bivalves) didn’t show
strong tendency to form grains of a specific size, as opposed to Halimeda and red algae, which
are almost restricted to gravel and sandy bottom sediments and greater depths. The bryozoans
are spread throughout the region, except in the area in front of the mouth river, where they are
absent or not significant. From the analysis it was possible to distinguish some particularities
of the region compared to the Northeast Platform as a whole, especially in relation to the
distribution of calcareous algae, which are less frequent in the study region.
Keywords: Continental shelf, Sergipe, bioclasts.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Características gerais da margem continental (sem escala). Modificado de
Schmiegelow, 2004. ................................................................................................................... 1
Figura 2 - Localização da área de estudo ................................................................................... 4
Figura 3 - Precipitação média anual total em Sergipe. Fonte: SEMARH, 2010. ....................... 6
Figura 4 – Correntes do Oceano Atlântico Equatorial. Fonte: Philander, 2001. ........................ 8
Figura 5 - Sentido da deriva de sedimentos (seta verde) de acordo com indicador geomórfico
na desembocadura do rio Real. Fonte: Livramento, 2008. ....................................................... 10
Figura 6 - Sentidos da deriva efetiva de sedimentos estimados pela modelagem numérica e
providos pelos indicadores geomórficos de deriva. Fonte: Bittencourt et al., 2012................. 10
Figura 7 - Região Hidrográfica Atlântico Leste, com destaque para a unidade Litoral SE 01
(Modificado de Ministério do Meio Ambiente, 2006) ............................................................. 11
Figura 8 – Localização e compartimentos da bacia Sergipe-Alagoas. Fonte: Souza-Lima, 2002.
.................................................................................................................................................. 12
Figura 9 - Arcabouço estrutural da Bacia Sergipe-Alagoas, mostrando os principais
compartimentos tectônicos e feições estruturais. (Retirado de Lana, 1985 apud Cruz, 2008) . 13
Figura 10 - Modelo Digital do terreno da plataforma continental, talude e canyons da margem
continental de Sergipe (Modificado de Fontes et al. 2012) ...................................................... 15
Figura 11 - Províncias Sedimentares da plataforma nordeste Fonte: Lana et al. 1996, modificado
de Summerhayes et al., 1975.. .................................................................................................. 16
Figura 12 - Zonação esquemática das litofácies carbonáticas na plataforma continental média e
externa. Fonte: Coutinho (2000), modificada de Carannante et al. (1988). ............................. 17
Figura 13 - Mapa com curvas batimétricas e estações amostrais da área de estudo. Fonte:
GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS ................................................................................................. 19
Figura 14 - Draga do tipo van Veen utilizada na coleta das amostras ..................................... 19
Figura 15 - Fluxograma das etapas das análises dos sedimentos (modificado de Fontes et
al.,2012) .................................................................................................................................... 21
Figura 16 - Frequência relativa total dos biodetritos. ............................................................... 26
Figura 17 – Mapa de predomínio de biodetritos. Fonte: GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS. ....... 27
Figura 18 - Gráfico de frequência de ocorrência ..................................................................... 28
Figura 19 - Mapa de distribuição dos Moluscos bivalves. Fonte:
GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS. ................................................................................................ 29
Figura 20 - Mapa de distribuição dos foraminíferos. Fonte: GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS. 30
Figura 21 - Mapa de distribuição dos briozoários. Fonte: GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS ..... 31
Figura 22 - Mapa de distribuição das algas vermelhas ............................................................ 33
Figura 23 - Mapa de distribuição dos gastrópodes. Fonte: GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS. .. 34
Figura 24 – Mapa de distribuição das Halimedas. Fonte: GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS. ..... 35
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Sumário das Computações Geostróficas para a Corrente do Brasil, com destaque
para os dados que englobam o Estado de Sergipe (Modificado de Stramma et al, 1990). ......... 9
Tabela 2 - Classificação dos sedimentos estabelecida por Wentworth (1922), com intervalos
analisados em destaque. Modificado de Fontes et al., 2012. ................................................... 22
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 3
2.1 Geral .................................................................................................................. 3
2.2 Específicos ........................................................................................................ 3
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................ 4
3.1 Localização ....................................................................................................... 4
3.2 Climatologia e Precipitação Pluviométrica ....................................................... 5
3.3 Características Oceanográficas ......................................................................... 6
3.3.1 Marés ........................................................................................................... 6
3.3.2 Ondas .......................................................................................................... 6
3.3.3 Correntes oceânicas ..................................................................................... 7
3.3.4 Transporte de sedimentos ............................................................................ 9
3.4 Hidrografia ...................................................................................................... 11
3.5 Arcabouço Geológico ..................................................................................... 12
3.6 Morfologia e Sedimentologia da Plataforma de Sergipe ................................ 14
4. METODOLOGIA............................................................................................. 18
4.1 Origem dos Dados .......................................................................................... 18
4.2 Coleta das Amostras ....................................................................................... 18
4.3 Procedimento Laboratorial ............................................................................. 20
4.3.1 Preparação das amostras ........................................................................... 20
4.3.2 Análise dos biodetritos .............................................................................. 21
4.3.3 Tratamento dos dados ............................................................................... 24
5. RESULTADOS ................................................................................................. 26
5.1 Frequência Relativa e Predomínio de Biodetritos .......................................... 26
5.2 Frequência de ocorrência ................................................................................ 27
5.3 Distribuição dos biodetritos na área de estudo ............................................... 28
5.3.1 Moluscos bivalves ..................................................................................... 28
5.3.2 Foraminíferos ............................................................................................ 29
5.3.3 Briozoários ................................................................................................ 31
5.3.4 Algas vermelhas ........................................................................................ 32
5.3.5 Gastrópodes ............................................................................................... 33
5.3.6 Halimeda ................................................................................................... 34
6. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 36
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 39
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 40
1
1. INTRODUÇÃO
A margem continental é a região separa os domínios continentais dos oceânicos.
Representando uma zona de transição entre crosta continental e crosta oceânica, corresponde a
cerca de 1/5 da superfície submersa dos oceanos (Suguio, 2003).
A plataforma continental representa a zona marginal dos continentes e, juntamente com
o talude e a elevação ou sopé continental constitui a fisiografia da margem continental. De
acordo Schmiegelow (2004), característica principal que diferencia essas três subdivisões é o
ângulo médio no qual eles se inclinam em direção ao fundo abissal (Fig. 1).
Figura 1 - Características gerais da margem continental (sem escala). Modificado de Schmiegelow, 2004.
O relevo local da plataforma é liso ou terraceado e com desníveis inferiores a 18m e
largura variável, sendo estreita no nordeste do Brasil e larga na foz do Amazonas (Souza, 2005).
A plataforma continental do Nordeste se caracteriza por apresentar reduzida largura, em média
de 35 a 40km, com menos de 40m de profundidade em sua maior parte (França; Coutinho;
Summerhayes, 1976), sendo recoberta quase inteiramente por sedimentos carbonáticos
biogênicos (Coutinho, 1976).
Segundo Soares-Gomes, Pitombo e Paiva (2002), diferentes tipos de sedimentos
condicionam comunidades distintas, não só quanto a composição específica como também
quanto a dominância em termos de grandes grupos taxonômicos. Esses autores destacam ainda
2
que essa diferença está relacionada aos grupos funcionais desses organismos, principalmente
aqueles relacionados ao hábito alimentar. Essa relação íntima entre a fauna e o tipo de substrato
foi considerada historicamente como um superparâmetro para explicar os padrões de
distribuição da fauna bentônica, sendo também adicionado com o avanço dos estudos, o
hidrodinamismo do fundo como fator preponderante.
Os componentes biogênicos são originados de estruturas biomineralizadas produzidas
por diversos tipos de organismos, tais como moluscos, algas, corais, foraminíferos, dentre
outros (Poggio et al., 2013). Segundo Wetmore (1987), a paleoquímica da água, padrões de
circulação de correntes aquáticas, taxas de sedimentação e atividade bioerosiva podem estar
representadas em carapaças fósseis e atuais. Eles têm sido utilizados em muitos estudos, com
diferentes objetivos, como por exemplo: determinar e delimitar microfácies, definir processos
deposicionais atuantes e reconstituir ambientes, determinar a idade relativa de camadas
sedimentares e verificar mudanças no ambiente, inclusive variações no nível relativo do mar
(Poggio et al., 2013).
De acordo com Tinoco (1989), a interpretação ambiental da qualificação e quantificação
dos componentes bióticos de um sedimento é de capital importância na definição de ambientes
atuais e dos processos deposicionais atuantes e, em consequência disto, na determinação dos
ambientes antigos de sedimentação.
3
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
O objetivo do estudo é a caracterização e a análise a distribuição espacial dos
componentes biogênicos do sedimento superficial da plataforma continental adjacente à foz do
rio Piauí-Real.
2.2 Específicos
Caracterizar a distribuição dos biodetritos na plataforma.
Avaliar os controles exercidos pela batimetria e textura sedimentar sobre a distribuição
biodetritos.
Comparar os resultados com a literatura disponível para a região.
4
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Os dados apresentados a seguir se referem, em grande parte, ao Estado de Sergipe como
um todo, devido à escassez de levantamentos na região específica alvo desse trabalho.
3.1 Localização
A região do estudo encontra-se inserida na margem continental do estado de Sergipe,
que constitui a porção média da extensa plataforma continental Nordeste-Leste brasileira
(Coutinho, 1976). Abrange a plataforma continental sul do estado de Sergipe, adjacente ao rio
Piauí-Real, o qual marca a divisa do estado com a Bahia (Fig.2).
Figura 2 - Localização da área de estudo
5
3.2 Climatologia e Precipitação Pluviométrica
O Estado de Sergipe, apresenta um clima tropical que varia de úmido, sub-úmido ao
semiárido, onde as temperaturas são elevadas durante todo o ano, com médias térmicas anuais
em torno de 24ºC (Soares-Cruz, 2009). Está sob a influência das oscilações da Zona de
Convergência Inter Tropical (ZCIT), das massas Tropical Atlântica (mTa) e Equatorial
Atlântica (mEa). O regime pluviométrico é caracterizado pela atuação da Frente Polar Atlântica
e das Correntes de Leste resultando em chuvas abundantes no período outono/inverno
(Carvalho, 2006).
Os ventos alísios são atuantes o ano todo, variando de SE para NE. O regime térmico
sazonal mensal é praticamente uniforme (Carvalho, 2006). Devido à sua posição geográfica
espacial, Sergipe possui uma característica de transição entre os regimes pluviométricos do
norte (com máximos de fevereiro a maio) e do sul do Nordeste (dezembro a fevereiro) (Soares-
Cruz, 2009).
A precipitação média anual é destacada na Figura 3. Na faixa litorânea, com relevo de
baixas altitudes, os ventos alísios que vêm do Atlântico penetram no continente propiciando
totais pluviométricos mais elevados, entre 1.200 e 1.600 mm, diminuindo em direção ao interior
(Soares-Cruz, 2009). Uma faixa com precipitações de 800 a 1.000 mm/ano ocorre na porção
média do Estado, no sentido nordeste-sudoeste e corresponde às porções média e alta das bacias
do Rio São Francisco, ao norte até a do Rio Real, ao Sul. (SEMARH, 2010). O período chuvoso
no Estado como um todo se concentra entre os meses de abril a agosto, com o máximo
concentrado nos meses de maio e junho (SEMARH, 2009).
6
Figura 3 - Precipitação média anual total em Sergipe. Fonte: SEMARH, 2010.
3.3 Características Oceanográficas
3.3.1 Marés
As marés do litoral de Sergipe são semidiurnas, com dois picos de marés altas e baixas
em um período de 24 horas e 50 minutos, e com amplitude entre 2 e 4m (mesomarés). A máxima
amplitude ocorre nos equinócios de março e setembro (Dominguez, 1996; Carvalho, 2006).
3.3.2 Ondas
As ondas constituem um dos processos marinhos mais efetivos no selecionamento e
redistribuição dos sedimentos depositados nas regiões costeiras e plataforma continental interna
(Carvalho, 2006).
7
Na costa sergipana, as ondas têm direções predominantemente de nordeste e sudeste. As
primeiras constituem vagas originadas pelos ventos de NE (70º a 110º) no período de outubro
a março. Por outro lado, as de SE constituem ondulações formadas por perturbações
atmosféricas ao longo da costa originadas pelos ventos de SE (120º a 160º) e no período de
maio a julho têm maior altura. A maioria das ondas (70,8%) provoca transporte litorâneo
dominante de NE para SE (Fontes, 2003).
3.3.3 Correntes oceânicas
A corrente que domina toda a região próxima à borda da plataforma continental na costa
brasileira é a Corrente do Brasil (CB) que toma a direção sul, começando a aproximadamente
10°S, na proximidade do litoral de Pernambuco, e se estendendo até os 35-40°S, no norte da
Argentina (Vieira et al., 2005; Truccolo et al., 2005).
A CB representa um ramo da Corrente Sul-Equatorial (CSE), que flui de leste para oeste
e, ao encontrar a costa brasileira próximo aos 10º bifurca-se originando a Corrente do Brasil
(CB), que corre na direção sul, e a Corrente Norte do Brasil (CNB), que segue para Noroeste,
em direção ao Caribe (Barreto e Summerhayes, 1975; Marin, 2009) como pode ser visualizado
na Figura 4.
8
Figura 4 – Correntes do Oceano Atlântico Equatorial. Fonte: Philander, 2001.
Essa corrente de núcleo raso (50-90m de profundidade) carrega águas aquecidas
denominadas de “Águas Tropicais”, com temperaturas entre 13°C e 24°C e salinidade acima
de 35% (Barreto e Summerhayes, 1975).
Segundo Cavalcanti et al. (1965), as variações sazonais dos ventos afetam a CB, de
forma que durante o verão a corrente, sensível aos ventos N-E, se desloca próximo à costa.
Durante o inverno, os ventos alísios S-E provocam um deslocamento da corrente principal em
direção ao mar aberto, ocasionando na região da plataforma uma espécie de contracorrente.
O volume de transporte da CB é considerado pequeno quando comparado a sua análoga
no Atlântico Norte, a Corrente do Golfo (Stramma et al. ,1990). De acordo com Petterson e
Stramma (1991), a maior parte da massa de água carregada pela Corrente Sul Equatorial é
desviada para a Corrente Norte do Brasil, de forma que apenas cerca de 4Sv (1Sv = 106 m³s-1)
se desloca para sul, alimentando a insipiente Corrente do Brasil que segue para sul. As medições
de velocidade e transporte podem ser vistas na Tabela 1, a seguir:
9
Tabela 1 - Sumário das Computações Geostróficas para a Corrente do Brasil, com destaque para os
dados que englobam o Estado de Sergipe (Modificado de Stramma et al, 1990).
3.3.4 Transporte de sedimentos
O transporte de sedimentos litorâneos ao longo da costa sergipana é de 790.000m³/ ano,
com cerca de 658.000 m³/ano no sentido NE-SW e 132.000 m³/ ano no sentido inverso (Viana
1972, apud Fontes, 2006).
Livramento (2008) e Bittencourt et al. (2010) realizaram estudos dos padrões de
dispersão de sedimentos ao longo do litoral norte do estado da Bahia, englobando a região da
foz do rio Real. Segundo esses autores, na desembocadura do rio Real onde há um pontal, que
indica que o sentido de longo prazo da deriva efetiva é de SW para NE (Fig. 5). Contudo, a
modelagem numérica feita a partir de diagramas de refração de onda indica sentido oposto da
deriva (NE-SW), como pode ser visto na Figura.6, que traz a comparação dos sentidos da deriva
litorânea efetiva obtidos pela modelagem numérica e por indicadores geomórficos de deriva.
Segundo Bittencourt et al. (2010), tal discrepância pode estar relacionada à provável existência
de modificações quase-cíclicas de curto prazo nesse trecho da linha de costa, induzidas pela
dinâmica das barras de desembocadura aí presentes, que podem, local e temporariamente,
inverter o sentido da deriva efetiva.
10
Figura 5 - Sentido da deriva de sedimentos (seta verde) de acordo com indicador geomórfico na
desembocadura do rio Real. Fonte: Livramento, 2008.
Figura 6 - Sentidos da deriva efetiva de sedimentos estimados pela modelagem numérica e providos
pelos indicadores geomórficos de deriva. Fonte: Bittencourt et al., 2012.
11
3.4 Hidrografia
A região de estudo encontra-se sob influência direta do aporte terrígeno do sistema
estuarino Piauí-Real, que atravessa o Estado de Sergipe no sentido leste-oeste e deságua no
oceano Atlântico, entre os municípios de Estância (Sergipe) e Jandaíra (povoado Mangue
Seco/Bahia).
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA/SRH, 2006) está inserida na
Região Hidrográfica Atlântico Leste, mais especificamente na unidade hidrográfica
denominada “Litoral SE 01” (Fig. 7). As bacias hidrográficas Piauí e Real apresentam
vazão média de 22,92m³/s e 20,46m³/s, respectivamente (JICA, 2000 apud SEMARH,
2009).
Figura 7 - Região Hidrográfica Atlântico Leste, com destaque para a unidade Litoral SE 01 (Modificado
de Ministério do Meio Ambiente, 2006)
12
3.5 Arcabouço Geológico
O objeto desse estudo constitui a cobertura da porção submersa da bacia de Sergipe-
Alagoas, descrita por Coutinho (1976) como um meio gráben assimétrico, alongado na direção
NE-SW, mergulhando para o mar.
Com uma área de aproximadamente 35.000 Km², dos quais dois terços estão em sua
porção submersa (Milani e Araújo, 2003), a bacia SEAL limita-se ao norte pelo Lineamento e
Pernambuco, que separa a bacia SEAL da Bacia de Pernambuco-Paraíba. A sul, é limitada
através da falha de Itapuã da bacia de Camamu (Souza-Lima et al., 2002).
De acordo com Souza-Lima et al. (2002), a bacia é internamente diferenciada em quatro
sub-bacias, com diferentes histórias tectono-sedimentares e preenchimentos distintos: as sub-
bacias do Jacuípe, de Sergipe, de Alagoas e do Cabo (Fig. 8). A área específica do estudo
encontra-se aproximadamente na região limítrofe entre as sub-bacias de Sergipe e Jacuípe,
separadas pelo Alto do Rio Real.
Figura 8 – Localização e compartimentos da bacia Sergipe-Alagoas. Fonte: Souza-Lima, 2002.
A bacia de Sergipe-Alagoas é a que apresenta exposta a mais completa sucessão
estratigráfica, estando representados depósitos de todos os seus estágios evolutivos: Sinéclise
Paleozóiza, Pré-rifte, Rifte, Transicional e Drifte.
13
A sequência de Sinéclise ocorreu entre o neocarbonífero e o eopermiano e está
representada pelo Grupo Igreja Nova, constituído pelas unidades siliciclásticas das Formações
Batinga, de provável origem glacial, e Aracaré, com arenitos eólicos, folhelhos e laminitos
algais lacustres (Cruz, 2008; Souza-Lima et al, 2002).
No Estágio Pré-rifte, iniciado no neojurássico, os sedimentos fluviais e lacustres das
Formações Candeeiro, Bananeiras e Serraria foram depositados em uma série de depressões
periféricas (denominadas em conjunto de “depressão Afro-brasileira”), geradas por um
soerguimento crustal neojurássico.
O estágio Rifte corresponde ao intervalo de subsidência mecânica da bacia, quando
foram depositadas, em ambiente continental e marinho restrito, as rochas das Formações Rio
Pitanga, Penedo, Barra de Itiúba e Coqueiro Seco (Campos-Neto et al, 2007; Souza-Lima et al,
2002). Durante esse estágio, o arcabouço estrutural da bacia SEAL foi definido principalmente
por falhas de direções NE, N-S e E-W, em geral interpretadas como falhas normais (Fig. 9).
Figura 9 - Arcabouço estrutural da Bacia Sergipe-Alagoas, mostrando os principais compartimentos
tectônicos e feições estruturais. (Retirado de Lana, 1985 apud Cruz, 2008)
14
A partir do eoaptiano, inicia-se a deposição das sequências do estágio Transicional,
sendo representada pelas Formações Muribeca e Maceió. No início do Albiano, já no estágio
Drifte, ocorre a subsidência termal da bacia e deposição dos Grupos Sergipe e Piaçabuçu. O
Grupo Sergipe, constituído pelas Formações Riachuelo e Cotinguiba, foi depositado durante a
expansão do Atlântico Sul, em condições marinhas inicialmente restritas. A seção superior,
representada pelas Formações Marituba, Mosqueiro e Calumbi (Grupo Piaçabuçu), compreende
o registro da sedimentação de leques costeiros, plataforma carbonática, talude e bacias
oceânicas (Cruz, 2008; Campos-Neto et al, 2007; Souza-Lima et al., 2002).
3.6 Morfologia e Sedimentologia da Plataforma de Sergipe
A margem continental brasileira é classificada como do tipo Atlântica (margem passiva)
e compreende uma área total de 5.003.397 Km2, equivalente a 59 % do território brasileiro
emerso (Coutinho, 2000). A porção mais estreita da plataforma continental brasileira encontra-
se no setor Nordeste, com largura média de 35 a 40 km e profundidades máximas em torno de
50 metros.
A plataforma continental do estado de Sergipe constitui a porção média da extensa
plataforma continental Nordeste-Leste brasileira (Coutinho, 1976). Apresenta largura média de
27 km, variando entre 12 e 35 Km, com profundidade média de quebra de 41 m e possui em
geral uma baixa declividade (1:1000) (Nascimento, 2011).
Segundo França (1979) as feições morfológicas proeminentes na região são os cânions
do São Francisco, Sapucaia, Japaratuba, Vaza-Barris e o Real, os quais se prolongam, todos,
até a plataforma a partir de profundidades do talude de 2000 m (Real) e 3600 m (Sapucaia)
como pode ser visto na Figura. 10.
15
Figura 10 - Modelo Digital do terreno da plataforma continental, talude e canyons da margem
continental de Sergipe (Modificado de Fontes et al. 2012)
A plataforma estreita e rasa da costa Nordeste é uma das poucas plataformas tropicais
estáveis quase totalmente recoberta por sedimentos biogênicos carbonáticos, apresentando
também virtual ausência de corais, oólitos ou precipitações carbonáticas (Lana et al. 1996).
Summerhayes et al. (1975), referiram-se à ocorrência de sete grandes províncias sedimentares
na costa nordeste, agrupadas em províncias carbonáticas (sedimentos com mais de 50% de
carbonatos) e terrígenas (sedimentos com menos de 50% de carbonatos) (Fig. 11).
Sergipe, por outro lado, possui uma maior contribuição fluvial, evidenciada pela
quantidade de lama terrígena que preenche a sua plataforma interna. Além disso, a plataforma
de Sergipe corresponde a um dos trechos mais estreitos da plataforma brasileira, o que restringe
a área de desenvolvimento dos depósitos bioclásticos, sendo ainda mais restrita por conta do
recorte dos vários canyons instalados em sua borda externa (Nascimento, 2011).
16
Figura 11 - Províncias Sedimentares da plataforma nordeste Fonte: Lana et al. 1996, modificado de
Summerhayes et al., 1975..
Kempf (1970), realizou a primeira tentativa de divisão fisiográfica da plataforma
brasileira, estabelecendo a profundidade de 35-40 m como o limite entre as zonas
infralitoral e circalitoral na plataforma do Estado de Pernambuco. Contudo, esse autor
propôs a subdivisão baseado em critérios puramente biológicos, de forma que, não há esse
registro no sedimento que possa ser preservado às influências modeladoras do relevo da
plataforma.
Em 1976, Coutinho propôs uma outra subdivisão da plataforma do Nordeste,
levando em conta critérios sedimentológicos associados a feições morfológicas e dividindo
a plataforma em três setores:
17
Plataforma interna: limitada pela isóbata de 20 m, com relevo suave e
coberta com areia terrígena, onde dominam associações bem retrabalhadas
de moluscos com ou sem foraminíferos bentônicos.
Plataforma média: de 20 até 40 m, com um relevo irregular, recoberto por
sedimentos grosseiros de origem biogênica. As associações carbonáticas
não mostram sinal de retrabalhamento.
Plataforma externa: a partir de 40 m, coberta com areias biodetríticas,
cascalhos de algas e lama cinza azulada.
Guimarães (2010), entretanto, argumenta que essa divisão não se aplica a plataforma
continental estudada, pois em Sergipe as isóbatas de 40 e 60 m praticamente coincidem entre
si, sendo mais coerente referir-se apenas a plataforma interna e externa.
Em relação às associações carbonáticas dos principais tipos de sedimentos e parâmetros
ambientais, Carannante et al. (1988) apud Coutinho (2000) subdividiram a plataforma brasileira
em três setores (Fig. 12). Nessa classificação, plataforma de Sergipe se encaixaria na “Zona
Tropical”, onde predominam algas calcárias verdes (Halimeda) e algas coralinas ramificadas e
os briozoários e foraminíferos bentônicos são localmente abundantes.
Figura 12 - Zonação esquemática das litofácies carbonáticas na plataforma continental média e externa.
Fonte: Coutinho (2000), modificada de Carannante et al. (1988).
18
4. METODOLOGIA
4.1 Origem dos Dados
Todos os dados utilizados aqui fazem parte dos levantamentos realizados no âmbito do
“Projeto Caracterização dos Foraminíferos e Meiofauna da Plataforma Continental de Sergipe
e Sul de Alagoas e da Geologia-Geomorfologia da Plataforma Continental Sul de Sergipe -
Projeto Plataforma Sul”, realizado em parceria UFS/FASEPE/PETROBRAS e disponibilizado
pelo laboratório GEORIOEMAR/DEPAQ (UFS) para o desenvolvimento do presente estudo.
4.2 Coleta das Amostras
A amostragem foi realizada pela equipe do laboratório GEORIOEMAR, no período
entre 26 e 30 de março de 2012. A malha amostral foi estabelecida com 15 transectos
perpendiculares à linha de costa, constituindo uma em malha de aproximadamente 2,0 x 2,5 km
nas proximidades da foz do rio Piauí-Real (Fig. 13).
19
Figura 13 - Mapa com curvas batimétricas e estações amostrais da área de estudo. Fonte:
GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS
Em todas as estações amostrais, georreferenciadas com auxílio de GPS, o sedimento de
fundo foi coletado com auxílio de amostrador do tipo Van Veen de aço inoxidável (Fig. 14).
Figura 14 - Draga do tipo Van Veen utilizada na coleta das amostras
20
4.3 Procedimento Laboratorial
Todos os procedimentos laboratoriais descritos a seguir foram realizados no laboratório
GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS.
4.3.1 Preparação das amostras
O pré-tratamento das amostras consistiu na secagem da amostra total, pesagem,
peneiramento na malha de 4 mm, homogenização, quarteamento, pesagem e lavagem para
retirada do excesso de sal (Fig.15).
Todas as amostras foram secas na estufa a 60 graus por no mínimo 24 horas. Após
secagem, as amostras foram pesadas e passadas na peneira 4 mm para separação do
cascalho/seixos.
As frações que passaram na peneira 4 mm foram homogeneizadas e quarteadas
sucessivamente até que se obtivesse a quantidade aproximada de 200 gramas. Em seguida as
amostras foram lavadas para retirada do excesso de sal, novamente levadas a estufa e quarteadas
até que seu peso reduzisse a 100 gramas. A fração areia (< 4mm) foi então submetida a
peneiramento mecânico em intervalos de ½ φ, desde a classe granulo até lama (de a 4,00 <
0,062 mm), de acordo com a escala de Wenthworth (1922) de classificação do tamanho dos
grãos.
21
Figura 15 - Fluxograma das etapas das análises dos sedimentos (modificado de Fontes et al.,2012)
4.3.2 Análise dos biodetritos
As análises de biodetritos das amostras selecionadas foram realizadas através da lupa
binocular. A determinação dos componentes biogênicos foi realizada para as frações
granulométricas denominadas Fração 1 e Fração 2 (Tabela 2). A Fração 1 corresponde ao
intervalo de -1,5 a 0 phi (areia muito grossa a grânulo) e a Fração 2 ao intervalo de 2 a 3 phi
(areia fina a média).
22
Tabela 2 - Classificação dos sedimentos estabelecida por Wentworth (1922), com intervalos analisados
em destaque. Modificado de Fontes et al., 2012.
Após a homogeneização de cada Fração granulométrica (1 e 2), foram separados, de
forma aleatória, e identificados, uma média de 100 grãos, resultando em um total de 200 grãos
por amostra, seguindo metodologia Drooger & Kaschieter (1958), apud Tinoco (1989).
Os biodetritos foram identificados e agrupados em 12 grupos taxonômicos distintos a
nível de Filo, com exceção do Filo Mollusca em que se distinguiram três Classes e uma Família.
Alguns componentes não apresentaram características suficientes para que fosse feita a
identificação e foram então, contabilizados em um grupo a parte, o grupo “Outros”. No total,
foram distinguidos 12 grupos taxonômicos, 8 grupos a nível de Filo 3 grupos a nível de Classe
e 1 grupo a nível de Família:
23
Filo Rhodophyta - Algas vermelhas
Filo Chlorophyta – Halimeda;
Filo Foraminífera - Foraminíferos;
Filo Mollusca - Classe Gastropoda;
Filo Mollusca - Classe Bivalvia;
Filo Mollusca - Classe Scaphópoda;
Filo Mollusca - Família Vermetidae;
Filo Equinodermata - Espinhos e carapaças de ouriço;
Filo Porífera - Espículas de esponjas;
Filo Crustácea - Carapaças de crustáceos;
Filo Bryozoa – Briozoários;
Filo Cnidária – Corais;
Outros.
Houveram algumas estações amostrais em que registrou-se a dominância de sedimentos
lamosos, com granulometria inferior às Frações 1 e 2 (areia muito grossa a grânulo) e (areia
fina a média). Neste tipo de sedimento, foi realizado um novo peneiramento na malha de
2,00mm (1,0 phi), com separação das frações >2,00 mm e <2,00 mm.
Para a fração maior que 2,00mm foram identificados todos os biodetritos, visto que estes
foram raros nessa fração. Na fração menor que 2,00mm, aproximadamente 1,5g de sedimento
foi separado de cada amostra e todos biodetritos presentes nessa fração foram identificados.
24
4.3.3 Tratamento dos dados
A partir dos dados de freqüência absoluta, determinados a partir da totalidade dos
fragmentos encontrados, foram realizados os cálculos de freqüência relativa. Esta freqüência é
um importante valor a ser quantificado, visto que expressa a razão entre o número de indivíduos
de uma determinada espécie com relação ao número total de indivíduos da amostra (Tinoco,
1989). A freqüência relativa foi calculada de acordo a seguinte fórmula:
F = (n x 100) / T
Onde n corresponde ao número total de fragmentos de determinada espécie na estação
e T ao número total de espécies na estação.
Para avaliar a frequência de cada taxa identificado foi utilizada a escala proposta por
Dajoz (1983), na qual os grupos são classificados de acordo com sua frequência relativa em:
Principais – Valores acima de 5%;
Acessórias – Valores entre 4,9 e 1%;
Traços – Valores inferiores a 1%;
A partir dessa classificação, foram elaborados mapas de distribuição dos taxa principais
e um mapa de predomínio de cada um deles. No caso do Filo Chlorophyta (Halimeda), apesar
de não contabilizar mais de 5% do total de biodetritos, foi aberta uma exceção e sua distribuição
foi também avaliada.
Foi calculada também a frequência de ocorrência (%) dos componentes. Segundo
Tinoco (1989) a frequência de ocorrência é uma relação entre as espécies e a amostragem,
expressa em percentagem segundo a fórmula:
FO = (p x 100) / P
25
Onde p corresponde ao número de estações onde a espécie ocorre e P corresponde ao
número de estações analisadas. Seguindo novamente a sistemática de Dajoz (1983) os
componentes foram agrupados em três categorias:
Constantes: presentes em mais de 50% das estações,
Acessórias: presentes em 25 a 50% das estações,
Acidentais: presentes em menos de 25% das estações.
26
5. RESULTADOS
5.1 Frequência Relativa e Predomínio de Biodetritos
Na figura 17 tem-se o gráfico das frequências relativas de cada organismo, com base na
contagem total dos indivíduos observados nas 80 amostras. A saber, a frequência relativa é
definida como a razão entre o número de indivíduos de uma categoria e o total de indivíduos
de todas as categorias expresso em percentagem.
Figura 16 - Frequência relativa total dos biodetritos.
Foram obtidos como taxa principais, segundo a classificação de Dajoz (1983)
previamente mencionada, em ordem decrescente de abundância, os moluscos bivalves (31%),
foraminíferos (27%), briozoários (14%), algas vermelhas (12%) e gastrópodes (5%). Entre os
componentes acessórios figuram os equinodermatas (3%), Halimeda (3%), crustáceos (2%) e
scaphopoda (2%). Como componentes de menor representatividade (traço) estão os
vermetídeos, poríferos e corais que, somados, contabilizam cerca de 1% dos biodetritos.
A Figura 18 traz o mapa de predomínio de biodetritos, com destaque do organismo que
obteve maior frequência relativa em cada ponto amostral analisado. Observa-se que, os
foraminíferos e bivalves são os biodetritos predominantes na maioria mas amostras,
contabilizando predomínio em, respectivamente, 40 e 22 amostras do universo total de 80
estações.
27
Na região abaixo dos 25 m de profundidade, os bivalves e foraminíferos dividem o
predomínio nas amostras, com estes últimos predominando na maioria das amostras no extremo
sul da área. A partir dos 25 m há um nítido predomínio dos foraminíferos e o aumento da
frequência de algas vermelhas, que predominam em 10 estações nas proximidades da borda da
plataforma. Os briozoários predominaram em 5 estações de amostragem e os equinodermos em
1 ponto amostral.
Figura 17 – Mapa de predomínio de biodetritos. Fonte: GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS.
5.2 Frequência de ocorrência
A análise frequência de ocorrência, de acordo com a classificação de Dajoz (1983),
evidencia que os bivalves, foraminíferos, gastrópodes e briozoários ocorrem como
componentes biogênicos constantes (presentes em >50% das estações) na região. Entre os
biodetritos acessórios (entre 25% e 50%) estão os crustáceos, scaphopoda, algas vermelhas e
os equinodermatas. Agrupados como acidentais (<25%) figuram as Halimeda, poríferos e os
vermetídeos
28
Figura 18 - Gráfico de frequência de ocorrência
5.3 Distribuição dos biodetritos na área de estudo
A análise da distribuição dos biodetritos foi realizada para os taxa definidos como
principais, abrindo-se uma exceção para as Halimedas. As correlações foram feitas tendo por
base os mapas de faciologia textural e de batimetria, elaborados no âmbito do Projeto
Plataforma Sul pelo laboratório GeoRioeMar/UFS.
A seguir uma breve descrição das características dos biodetritos principais e suas
distribuições individuais na região de estudo.
5.3.1 Moluscos bivalves
São organismos de corpo mole, achatados lateralmente e envolvidos por concha com
duas valvas lateralmente simétricas (Moore; Lalicker; Fischer, 1952) compostas por calcita e/ou
aragonita. Ocorrem em ambientes marinhos e de água doce e são predominantemente habitantes
sedentários do fundo aquático tanto na epifauna quanto na infauna. Habitam a linha de marés,
em águas rasas, embora alguns atinjam até 5.400 metros de profundidade (Ribeiro-Costa;
Marinoni, 2006).
29
Geologicamente, são de grande importância para a datação de sedimentos marinhos a
partir do Triássico e na determinação de sedimentos relíquias da plataforma continental
(Tinoco, 1989).
Os bivalves encontram-se disseminados, geralmente em pequenas proporções, em toda
a área de estudo. As maiores concentrações ocorrem nas areias da plataforma interna abaixo
dos 10 m de profundidade (Fig.19). Sua ocorrência não aparenta estar fortemente vinculada a
nenhuma classe textural em específico.
Figura 19 - Mapa de distribuição dos Moluscos bivalves. Fonte: GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS.
5.3.2 Foraminíferos
Os foraminíferos são organismos Protoctistas, abundantes no registro sedimentar
marinho. Secretam uma concha ou testa com constituição química que pode ser quitinosa,
aglutinada, silicosa ou calcária, representando esta última a vasta maioria de espécimes (Moore;
Lalicker; Fischer, 1952)
30
Possuem hábito bentônico e planctônico, ocorrendo em diversos ambientes marinhos e
de água salobra. (Lemos-Júnior, 2009). As formas bentônicas possuem maior diversidade e
vivem ligadas mais diretamente ao substrato, habitando todas as profundidades.
Devido a abundância nos sedimentos, excepcional forma de preservação e a outros
caracteres biológicos, os foraminíferos constituem o grupo de bióticos dos mais estudados e
citados na literatura paleontológica, em numerosas linhas de pesquisa (Tinoco, 1989).
Na área de estudo é o biodetrito predominante no maior número de amostras (trinta e
nove amostras). As maiores proporções ocorrem na região arenosa rasa (abaixo dos 25 m).
Concentrações de 40 a 80% ocorrem nos sedimentos lamosos a arenosos acima da cota de 25
m em frente à foz do rio Piauí-Real. As ocorrências são mais escassas na porção cascalhosa
mais externa da plataforma (Fig. 20).
Figura 20 - Mapa de distribuição dos foraminíferos. Fonte: GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS.
31
5.3.3 Briozoários
Os briozoários modernos são organismos coloniais, tipicamente epibentônicos sésseis,
predominantemente marinhos e que ocorrem em todas as latitudes, desde a zona de intermaré
até profundidades abissais (Taylor, 2000). São capazes de colonizar substratos flexíveis e
particulados todavia, a diversidade é maior em substratos rígidos como seixos, rochas,
concreções, algas coralinas e conchas. Nos substratos particulados a diversidade é maior na
fração cascalhosa (McKinney; Jackson, 1989 apud Almeida, 2012)
São mais abundantes em mares rasos das zonas temperadas e tropicais em regiões com
pouca turbidez da coluna d’água (Moore; Lalicker; Fischer, 1952), principalmente entre as
profundidades de 20m e 80m, com abundância máxima aos 40m (Tinoco, 1989).
Os briozoários mostram-se disseminados, mesmo em pequenas quantidades em toda a
plataforma estudada, exceto na região a frente da foz do rio Piauí-Real, onde há ausência desses
componentes na maioria das amostras. Em geral apresentam-se em concentrações de até 20%
do total de organismos identificados nas amostras, com maiores valores em algumas arenosas.
Figura 21 - Mapa de distribuição dos briozoários. Fonte: GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS
32
5.3.4 Algas vermelhas
As algas vermelhas ou coralinas constituem o grupo mais importante dentre as
chamadas algas calcárias, tanto pela abundância quanto pelo estado de conservação. São
encontradas em sua maioria abaixo dos 100 m de profundidade (Tinoco, 1989).
Predominantemente marinhas bentônicas, precipitam em suas paredes celulares o carbonato de
cálcio e magnésio, sob a forma de cristais de calcita (Dias, 2000).
O mesmo autor destaca ainda que, as algas rodofíceas dos gêneros Lithothamnium,
Lithophyllum, Amphiroa, entre outras, dominam nos sedimentos recentes da plataforma
continental brasileira, do Estado do Maranhão até o sul da Bahia.
Segundo Coutinho (1976), as do gênero Lithothamnium podem viver livres sobre o
fundo, desse modo as foram capazes de colonizar grande parte dos depósitos relíquia
regressivos de areia quartzosa que cobrem a plataforma Alagoas-Sergipe.
Na região estudada as algas concentram-se quase que exclusivamente em profundidades
maiores que os 25 m. Há uma forte correlação com os sedimentos cascalhosos da plataforma
externa, onde esses organismos chegam a perfazer até 80% dos organismos contabilizados. No
bolsão lamoso e regiões de areia, são praticamente ausentes.
33
Figura 22 - Mapa de distribuição das algas vermelhas
5.3.5 Gastrópodes
Os gastrópodes apresentam uma única concha aragonítica enrolada em espiral e uma
cefalização nítida (Tinoco, 1989, Ribeiro-Costa; Marinoni, 2006); . Podem habitar a terra firme,
águas doces, salobras e marinhas e, assim como os moluscos bivalves, são fósseis guias de
relativa importância. Seus restos esqueletais são abundantes nos sedimentos recentes
plataformais (Tinoco, 1989).
Representam somente 5% da frequência total de biodetritos contudo, os gasprópodes
apresentam-se distribuídos por toda a plataforma estudada, com presença em 75% das amostras,
em pequenas quantidades (abaixo de 20% do total de biodetritos por amostra).
34
Figura 23 - Mapa de distribuição dos gastrópodes. Fonte: GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS.
5.3.6 Halimeda
Embora tenham contabilizado apenas 3% do total de biodetritos identificados, as
Halimeda possuem notória distribuição na plataforma continental do nordeste de uma forma
geral, motivo pelo qual optou-se por incluir a análise de sua distribuição.
Representam um gênero das algas verdes calcificadas e são importantes formadoras de
sedimento carbonático nas plataformas. As formas eretas podem crescer sobre sedimentos
inconsolidados, enquanto as formas prostradas preferem fundo duro (Coutinho, 1976). Ocorrem
frequentemente na plataforma do nordeste sugerindo que a região apresenta ambiente calmo
e/ou que esses depósitos podem ser relíquias (Mabesoone; Coutinho, 1970).
A distribuição das algas Halimeda na região de estudo é similar à das algas vermelhas,
ocorrendo somente a partir da isóbata de 25 m e quase que restritas aos sedimentos cascalhosos.
35
Figura 24 – Mapa de distribuição das Halimedas. Fonte: GEORIOEMAR/DEPAQ/UFS.
36
6. DISCUSSÃO
A partir da análise da distribuição dos biodetritos, algumas constatações puderam ser
feitas acerca da ocorrência dos organismos em relação ao sedimento de fundo e profundidade:
Na região arenosa litorânea, limitada pela cota batimétrica de 20 m há o
predomínio de foraminíferos, bivalves e gastrópodes em menor quantidade.
Os briozoários são inexpressivos.
Nos bolsões lamosos entre os 10 m e 25 m de profundidade há o predomínio
dos moluscos bivalves, seguidos dos foraminíferos e gastrópodes, com
ocorrências localizadas e pouco expressivas de briozoários.
A região arenosa entre os 10 m e 25 m de profundidade tem o predomínio de
foraminíferos, os briozoários predominam em duas estações e os moluscos
ocorrem com frequências de até 20 %.
Na região lamosa em frente à foz do Piauí-Real, a partir dos 25 m, os
foraminíferos são o grupo mais abundante, seguido dos bivalves, briozoários
e gastrópodes.
As algas vermelhas começam a ter maior relevância nos sedimentos arenosos
a cascalhosos a partir dos 25 m de profundidade, ainda que, em geral estejam
subordinadas aos foraminíferos, que predominam na maioria das estações.
Os moluscos também estão presentes e os briozoários ocorrem com
frequências relativas de até 40%.
Observou-se que os briozoários encontram-se disseminados por toda a plataforma,
exceto na região em frente à foz, onde são quase que ausentes nas areias e pouco expressivos
na zona lamosa. A razão dessa ausência próximo à foz pode estar relacionada à dinâmica local,
já que, segundo Almeida (2011) e Távora & Neto, (2011), os briozoários, assim como outros
organismos filtradores, são vulneráveis a sedimentação e turbidez, que podem impedir a
realização de suas funções vitais.
Os foraminíferos e moluscos (principalmente os bivalves) não mostraram fortes
tendências a formar grãos de uma granulometria específica, estando amplamente distribuídos
nas frações analisadas. Isso possivelmente deve-se ao fato de ser um grupo bastante diverso,
37
composto por organismos com diferenças arquitetônicas importantes em suas conchas, que lhes
conferem diferentes graus de resistência (Nascimento, 2011).
As algas vermelhas estão restritas a profundidades a partir dos 25 m, e são mais
expressivas nos fundos cascalhosos, distribuição semelhante à das algas verdes (Halimedas).
Segundo Coutinho (1981), o sedimento lamoso pode asfixiar certos grupos bentônicos, como
briozoários e algas calcárias, fato este que pode ser um dos fatores restritivos à ocorrência das
algas na região mais próxima da influência terrígena.
Em relação a Halimeda, o mesmo autor cita que a diferença na temperatura entre as
águas a norte e a sul do rio São Francisco é condicionante a abundância destas a norte do rio e
a quase ausência das algas verdes a sul do São Francisco. Coutinho (2000) acrescenta ainda
que, a sul da foz do Rio São Francisco, a corrente de material fluvial, carregada de lama, segue
uma direção para sul carreada pela Corrente do Brasil, resultando numa ausência quase total
das algas na plataforma sergipana.
As condições abióticas que tornam a plataforma do nordeste uma região propícia ao
desenvolvimento de depósitos carbonáticos são, segundo Summerhayes et al. (1975) apud Lana
et al. (1996), a pequena profundidade da plataforma, a presença de substratos duros, o
predomínio de águas quentes e o input pouco significativo de material proveniente da drenagem
continental.
A plataforma sergipana no entanto, possui uma maior contribuição fluvial e além disso,
corresponde a um dos trechos mais estreitos da plataforma brasileira (Coutinho, 2000), o que
restringe a área de desenvolvimento dos depósitos bioclásticos, sendo ainda mais restrita por
conta do recorte dos vários canyons instalados em sua borda externa (Nascimento, 2011). Na
região específica do presente estudo a plataforma possui uma largura média de
aproximadamente 21 km e tem ainda um estreitamento no canyon do Piauí-Real.
Em trabalhos mais recentes Nascimento (2011) e Suffredini (2013) discursaram acerca
do bentos da plataforma sergipana. Nascimento (2011) realizou a análise da distribuição dos
principais componentes bioclásticos na plataforma de Sergipe como um todo e obteve como
resultado que as algas coralinas correspondem ao principal constituinte dos depósitos
carbonáticos, seguida dos moluscos, foraminíferos bentônicos e briozoários.
Suffredini (2013) analisou os biodetritos nos sedimentos superficiais da plataforma sul
de Alagoas e norte de Sergipe e concluiu que componentes mais frequentes, dentro do total de
biodetritos identificados, foram: as algas vermelhas (24%), os foraminíferos (20%), os
38
biválvios (17%), os briozoários (16%), os gastrópodes (8%), as halimedas (6%), e os poríferas
(com 4%).
Observa-se que em ambos os trabalhos, os autores registraram uma ocorrência de algas
vermelhas mais expressiva que a encontrada na área desse estudo, onde representam somente
12% do total de organismos identificados. Em relação aos demais componentes, as
contribuições para o sedimento obtiveram proporções semelhantes, com exceção dos bivalves,
que se mostraram mais expressivos na plataforma sul alvo desse trabalho.
39
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse trabalho foi possível avaliar que os principais componentes biogênicos
formadores de sedimento na área são os moluscos bivalves, foraminíferos, briozoários, algas
vermelhas e gastrópodes, em ordem decrescente de frequência relativa.
Tal resultado contrasta com algumas subdivisões clássicas da costa nordestina quanto a
litofácies carbonáticas, como por exemplo o zoneamento proposto por Carannante et al. (1988)
apud Coutinho (2000), no qual a região de estudo estaria incluída na “Zona Tropical”,
caracterizada pelo predomínio das algas calcárias verdes (Halimeda) e algas vermelhas
ramificadas, com briozoários e foraminíferos bentônicos localmente abundantes.
Algumas dessas particularidades da plataforma sergipana já foram apontadas em
diversos trabalhos (Coutinho, 1976, 1981, 2000; Guimarães, 2010; Nascimento, 2011;
Suffredini, 2013 entre outros).
A região plataformal adjacente à foz do complexo estuarino Piauí-Real mostrou também
suas particularidades em relação à plataforma do nordeste brasileiro como um todo e também
em relação a outras áreas da própria plataforma sergipana. No entanto, estudos pormenorizados
são necessários para uma melhor caracterização e compreensão da dinâmica da região.
40
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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