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1 VIDAL DE LA BLACHE E A CIÊNCIA GEOGRÁFICA 1 Felipe da Silva Machado; Aline Weiler Thibes; Marcelo Ferreira Machado. UFRJ – Rio de Janeiro [email protected] ; [email protected] Resumo Entre o final do século XIX e o início do século XX surgem as Escolas Nacionais de Geografia, como pioneira, a Alemã, de Friedrich Ratzel, e sob sua grande influência a Francesa com seu “pai” fundador - Paul Vidal de La Blache. O presente trabalho apresenta as principais características do pensamento de Vidal de La Blache, seus conceitos e a metodologia aplicada na Geografia Humana Regional. Vidal de La Blache sempre manteve um discurso sobre a importância de buscar a generalização, as leis e a explicação, reproduzindo assim um modelo de ciência objetiva. GOMES (1996) sintetiza muito bem a obra de Vidal, nem moderna, nem tradicional, ela incorpora a perpetuidade relativa das grandes referências do passado, em que se podem encontrar tantas maneiras de interpretar, quanto os pontos de vista daqueles que a examinam. O pensamento de Vidal de La Blache nasceria assim de um cruzamento de influências. Palavras-Chave: Vidal de La Blache, Ciência Geográfica, Geografia Regional, Geografia Humana, Pensamento Geográfico. Introdução Entre o final do século XIX e o início do século XX o pensamento geográfico passa por um período de grandes e importantes transformações. Surgem as Escolas Nacionais de Geografia, como pioneira, a Alemã, de Friedrich Ratzel, e sob sua grande influência a Francesa com seu “pai” fundador - Paul Vidal de La Blache, este último 1 Estudo apresentado por Felipe da Silva Machado no curso de História e Metodologias da Geografia, ministrado pela Professora Dra. Maria Júlia Ferreira, no Departamento de Geografia e Planejamento Regional da Universidade Nova de Lisboa/Portugal em Janeiro de 2009.

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VIDAL DE LA BLACHE E A CIÊNCIA GEOGRÁFICA1

Felipe da Silva Machado; Aline Weiler Thibes; Marcelo Ferreira Machado.

UFRJ – Rio de Janeiro

[email protected] ; [email protected]

Resumo

Entre o final do século XIX e o início do século XX surgem as Escolas

Nacionais de Geografia, como pioneira, a Alemã, de Friedrich Ratzel, e sob sua grande

influência a Francesa com seu “pai” fundador - Paul Vidal de La Blache.

O presente trabalho apresenta as principais características do pensamento de

Vidal de La Blache, seus conceitos e a metodologia aplicada na Geografia Humana

Regional.

Vidal de La Blache sempre manteve um discurso sobre a importância de buscar

a generalização, as leis e a explicação, reproduzindo assim um modelo de ciência

objetiva. GOMES (1996) sintetiza muito bem a obra de Vidal, nem moderna, nem

tradicional, ela incorpora a perpetuidade relativa das grandes referências do passado, em

que se podem encontrar tantas maneiras de interpretar, quanto os pontos de vista

daqueles que a examinam. O pensamento de Vidal de La Blache nasceria assim de um

cruzamento de influências.

Palavras-Chave: Vidal de La Blache, Ciência Geográfica, Geografia Regional,

Geografia Humana, Pensamento Geográfico.

Introdução

Entre o final do século XIX e o início do século XX o pensamento geográfico

passa por um período de grandes e importantes transformações. Surgem as Escolas

Nacionais de Geografia, como pioneira, a Alemã, de Friedrich Ratzel, e sob sua grande

influência a Francesa com seu “pai” fundador - Paul Vidal de La Blache, este último1 Estudo apresentado por Felipe da Silva Machado no curso de História e Metodologias da Geografia,ministrado pela Professora Dra. Maria Júlia Ferreira, no Departamento de Geografia e PlanejamentoRegional da Universidade Nova de Lisboa/Portugal em Janeiro de 2009.

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funda a Escola Francesa de Geografia, e produz uma obra vasta e rica em conceitos

coerentes, que influencia por décadas a Geografia francesa. Também é neste período

que a Geografia é institucionalizada como disciplina universitária. Apesar de sabermos

que o pensamento de Vidal se tornou dominante e influenciou por décadas outros

pensadores, é importante ressaltarmos que ocorreu a formação de outras diferentes

tendências do pensamento geográfico na segunda metade do século XIX.

Essa etapa histórica é fortemente marcada pela influência do positivismo, que

leva as ciências à busca de bases claras para sua legitimação, cada uma definindo seu

objeto próprio e seus limites. Segue-se uma tendência de especialização das ciências e

fundação de disciplinas, e dentro da Geografia o debate se divide entre a Geografia

Física e a Geografia Humana. É um período, portanto, de intensas discussões entre as

ciências como um todo e na Geografia em particular.

O presente trabalho apresenta as principais características do pensamento de

Vidal de La Blache, seus conceitos e a metodologia aplicada na Geografia Humana

Regional. Assim, o estudo traz o grande legado que esse geógrafo do século XIX deixa

para atual História do pensamento geográfico, uma História que deve ser analisada

levando-se em conta o contexto intelectual e político-administrativo de cada época. A

figura de Vidal é, sem dúvida, o ponto de referência da formação da Escola geográfica

francesa e no desenvolvimento de uma teoria da Geografia Humana, que mais adiante

estende seus eixos de estudo para análise urbana, rural, política e econômica.

O objetivo principal deste trabalho é compreender a evolução do pensamento de

Vidal, identificando e entendendo os aspectos conceituais e metodológicos da sua obra

na modernidade.

A metodologia do trabalho é constituída por duas etapas, uma primeira de

pesquisa de referências bibliográficas e uma segunda com a elaboração de uma

discussão teórica.

A trajetória da vida de um pensador influencia diretamente na sua produção

intelectual, daí torna-se necessário alguns breves parágrafos acerca da vida e obra de

Vidal.

Vida

Vidal de La Blache nasce em 23 de Janeiro de 1845, em Pézenas, departamento

de Hérault, região de Languedoc, no sul da França. Em 1863 entra na Escola normal

superior. Apesar do brilhantismo nos estudos literários e conselhos da família e

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professores, irá orientar-se nos estudos de História, formando-se em 1866, aos 21 anos.

Essa formação de Vidal em ciências históricas caracterizará o rumo do seu pensamento;

por exemplo, encontramos nos seus escritos sobre a “geografia das civilizações” (tratada

nos seus Príncipes de Géographie Humaine) um ponto de vista permeado por essa

influência. Vidal é nomeado membro da Escola francesa de Atenas em 1867 e vai

passar os três anos seguintes em viagens pelo Mediterrâneo, seu domínio de estudo

sendo composto pela Grécia, Turquia, Síria, Palestina e Itália. Voltando à França,

lecciona no Lycée de Angers e na Escola superior de Letras e Ciências. É no ano de

1872 que defende sua tese de doutorado sobre Hérode Atticus.

Nesse mesmo ano de 1872, Vidal “torna-se” geógrafo (PINCHEMEL, 1975:19).

Essa orientação é justificada por diversos autores principalmente por dois motivos, um

histórico e outro intelectual: a derrota da França na Guerra Franco-Prussiana de 1870-1

e a influência dos geógrafos alemães Ritter (1779-1859) – pelas suas obras dedicadas à

Síria e a Palestina (como vimos, áreas sobre as quais Vidal realizou estudos) entre

outras – e Humboldt (1769-1859), autores cujas obras Vidal havia lido em sua estadia

na Grécia. Philippe Pinchemel coloca ainda além dessas, outra causa mais sutil, a

inspiração que as paisagens mediterrâneas teriam despertado em Vidal: “Mais que todas

as influências históricas ou intelectuais, não seria necessário refletir sobre aquela das

paisagens mediterrâneas, desta natureza onde se lêem a livro aberto as expressões

morfológicas [...] onde se posam com mais evidência as relações dos meios e das

sociedades?” (PINCHEMEL, 1975:20). Ainda em 1872, ele é encarregado do curso de

História e Geografia na Faculdade de Letras de Nancy. Podemos colocar ainda essa

oportunidade como mais um impulso para que Vidal seguisse a carreira de geógrafo.

Suas primeiras publicações ditas geográficas são as suas lições em Nancy,

publicadas entre 1873 e 1875 na Revue politique et littéraire. Nesses artigos já com

caráter regional, isto é, com uma dedicação à descrição de regiões, vemos já

evidenciada pelos seus títulos – “A costa alemã do Mar Báltico”, “O maciço dos Alpes”,

“A Europa meridional e o mundo mediterrâneo”, “Os impérios inglês e russo na Ásia” –

que lembram o das teses de Geografia Regional Francesa que aparecem posteriormente,

no período entre-guerras, por exemplo, “Le Plateau central de la France et sa bordure”

de Baulig, 1928 e “Les Massifs de la Grande-Chartreuse et du Vercors” de Blache,

1931.

A trajetória de Vidal como professor continua em 1878 na Escola normal

superior. É importante observar que como professor ele formou um grande número de

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discípulos. Em 1891, funda os Annales de Géographie, revista que pertence a uma

geração de periódicos que vão começar a serem criados para a difusão da ciência, a

partir da sua fundação como disciplina acadêmica. Alguns anos depois, Vidal começará

a desenvolver artigos propriamente sobre a natureza da ciência geográfica: “É em 1896

que aparece o primeiro dos ‘grandes artigos’ de reflexão sobre a geografia: ‘Le principe

de géographie générale’ (Annales de géographie)” (PINCHEMEL, 1975:20). Em 1898,

já aos 53 anos, ocupa a cadeira de Geografia da Sorbonne, onde fica até sua

aposentadoria em 1909.

Entre as principais obras de Vidal estão o Tableau de la géographie de la

France (1903) – obra representativa para o surgimento da escola regionalista – e os

Principes de Géographie Humaine, obra lançada em 1921, após a sua morte, organizada

por Emmanuel de Martonne a partir de manuscritos de Vidal, onde o geógrafo trabalha

as idéias de meio, gênero de vida, civilização e circulação. Alguns de seus capítulos, no

entanto já haviam sido publicados no Annales de Géographie.

Para resumir essas idéias, DOMINGUES (1985) afirma que o itinerário

intelectual de Vidal se conduz desde posições inspiradas no romantismo ritteriano até o

descobrimento da Geografia positivista e evolucionista alemã, para chegar, por último, a

uma concepção pessoal alimentada pela filosofia espiritualista francesa. Foi as

concepções anti-positivistas, espiritualistas e historicistas que influenciaram

profundamente em Vidal e ajudaram sua própria concepção da geografia, que dentro

deste marco filosófico podiam ligar com suas raízes ritterianas e enfrentar-se na

geografia alemã contemporânea.

CAPEL (1981) afirma que Vidal se converteu no mestre da geografia

francesa pelo seu valor pessoal, sua oportuna chegada a Escola Normal Superior de

Paris em 1878 e a cátedra de Geografia de Sorbona em 1898, e a circunstância de que

nas décadas posteriores todos os catedráticos universitários de geografia da França

foram seus discípulos, diretos ou indiretos. Vidal foi o criador de uma escola cuja

extensão foi tão grande que chegou a coincidir com a Escola Nacional de Geografia

francesa. Seus discípulos aprofundaram e desenvolveram as idéias do mestre e

contribuíram, ao mesmo tempo, a dar uma visão unilateral das suas obras, selando

essencialmente aqueles rasgos que deram origem aos mais fecundos resultados ao

desenvolvimento do pensamento geográfico francês, esquecendo ou deixando na

sombra outros mais debatidos.

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Vidal morre em 5 de abril de 1918 deixando uma obra vasta, composta ao todo

por 16 livros, 107 artigos e 240 resenhas.

A Geografia Humana de Vidal

“Vidal não se restringiu a descrever realidades, ele também criou categorias, noções gerais

interligadas que constituem a própria base de seu discurso teórico. A análise destas categorias e de

seu papel pode, pois, revelar certos aspectos negligenciados da epistemologia vidaliana”.

(GOMES, 1996:220).

A terminologia da Geografia Humana é recente, começando a ser utilizada pelos

vidalianos nos anos 1890. Até então a geografia física era dominante, evidência do

grande número de publicações no seu campo. A expressão veio a ser consagrada pelo

artigo de Vidal “La géographie humaine, sés rapports avec la géographie de la vie”,

publicado em 1903 na Revue de synthèse historique.

Essa Géographie Humaine de Vidal, tal como apresentada no artigo, tem uma

configuração baseada em conceitos da ecologia, que foi outra disciplina fundada nos

últimos anos do século XX. ROBIC (1992) aponta a existência então de uma analogia

ecológica na estruturação da Geografia, uma vez que a Geografia Humana é, junto com

a Geografia Botânica e a Geografia Zoológica, um ramo da Biogeografia ou Geografia

Biológica, definida no dicionário de Geografia de Albert Demangeon de 1907 como o

“estudo das relações da natureza orgânica com a natureza inorgânica pela observação da

distribuição dos vegetais, animais, dos homens e seus modos de atividade”

(DEMAGEON apud ROBIC, 1992, p.150-1). Ainda de acordo com a mesma autora,

efetua-se uma “biologização” do homem; a analogia biológica é utilizada para ligar

fatos de natureza social aos de fenômenos naturais. A questão da adaptação da planta a

um novo meio é assim transferida para o homem na Geografia Humana de Vidal

(adaptação humana aos diversos meios pela superfície terrestre – etnografia e formação

dos gêneros de vida, categoria de análise de Vidal abordada adiante).

É nesse contexto que se difunde a noção de meio nos estudos da Geografia

Humana de Vidal. Vale ressaltar que esse conceito já havia sido desenvolvido por

outros pensadores, como principalmente Elisée Reclus (1830-1905) com o seu milieu

géographique. O meio está relacionado com a combinação das condições físicas em

cada parte da Terra. Ficam evidentes aqui como os conceitos ecológicos estão presentes

na idéia de meio de Vidal, pelo próprio conceito de oecologie de Haeckel, que trata dos

organismos em conjunto nas suas relações mútuas num mesmo espaço, adaptados a esse

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meio que os envolve. Essas idéias são citadas por Vidal nos seus Principes de

géographie humaine, idéias que ele considera como importantes no âmbito da

geografia: “Em suma, o que se manifesta nitidamente destas pesquisas é uma idéia

essencialmente geográfica: aquela de um meio heterogêneo, dotado de um poder capaz

de reunir e manter juntos seres heterogêneos em coabitação e correlação recíproca”

(VIDAL DE LA BLACHE, 1921). A expressão concreta do meio pode ser vista através

da fisionomia das plantas com suas necessidades fisiológicas adaptando-se a ele. Ao

longo de toda a sua explicação do conceito de meio vemos a influência da Geografia

Botânica, que também é valorizada pela análise e comparação que ele faz da fisionomia

das plantas com o meio onde elas vivem, que Vidal estende ao homem na Geografia

Humana.

O meio está, contudo, sujeito a uma força de transformação extremamente

poderosa: a ação humana. Podemos agir sobre o nosso meio ao mesmo tempo em que

podemos sofrer nossas ações.

“O homem faz parte desta cadeia, que une as

coisas e os seres e, em suas relações com o que

o cerca, ele é ao mesmo tempo ativo e passivo,

sem que seja fácil determinar na maioria dos

casos até que ponto ele é um ou outro.” (Vidal

de la Blache, 1921).

Na relação do homem com seu meio, o primeiro agirá a partir das condições

oferecidas pelo segundo como, por exemplo, em relação aos materiais de construção e

animais (VIDAL DE LA BLACHE, 1921). O estudo da influência do meio físico sobre

o homem não era, no entanto, novidade, tanto que o próprio Vidal reconhece que “o

pensamento científico havia sido de longa data atraído pelas influências do mundo

físico e sua ação sobre as sociedades humanas” (VIDAL DE LA BLACHE, 1921),

estando essas idéias presentes nos escritos dos primeiros filósofos gregos e também em

Aristóteles, assim como Ritter no seu Erdkunde. Vidal aceitava, até certo ponto, a

influência do meio sobre o homem, mas dizia que o homem, dependendo das condições

técnicas e do capital disponível, poderia exercer influência sobre o meio. Temos assim a

discussão do possibilismo em La Blache.

Em Vidal há uma valorização da liberdade humana como característica essencial

que permite ao homem escapar das influências da natureza. É aí que se encontra uma

das bases do chamado possibilismo francês.

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O estudo da Geografia Humana começa pela análise da distribuição do homem

na superfície terrestre. Sobre o problema da desigualdade observada na distribuição das

populações humanas pelo globo, as condições naturais não podem ser ignoradas, nem

bastam como justificativa, uma vez que “tudo que diz respeito ao homem é atingido

pela contingência” (VIDAL DE LA BLACHE, 1921). A idéia da liberdade do homem e

a sua não-limitação em função do meio fica explícita quando ele afirma que “Uma

região é um reservatório onde dormem as energias das quais a natureza deposita o

germe, mas das quais o emprego depende do homem” (VIDAL DE LA BLACHE apud

PINCHEMEL, 1975:22).

A relação existente acima evidencia o papel atuante do homem sobre a natureza.

A forma como cada grupo de indivíduos desenvolve seu modo de ser, Vidal chama de

seu - gênero de vida. O gênero de vida atual mantém características de gêneros de vida

anteriores, como por exemplo, o tipo de roupa usada, o modo de falar, a característica

das habitações, dentre outras. Evidencia-se, portanto, a idéia do hábito, o qual será

passado de geração para geração. Além disso, exprimem também certa união com os

meios desenvolvidos para a continuidade da espécie.

A partir da análise realizada sobre as semelhanças existentes entre os gêneros de

vida do passado e do presente, podemos apontar que “os gêneros de vida atuais são,

portanto, resultados contingentes dos gêneros de vida anteriores, ao longo de uma

cadeia contínua, regida não por uma idéia de necessidade, mas somente de

possibilidade” (GOMES, 1996:205).

Segundo Vidal não seria possível explicar a sociedade somente em função de

sua evolução cultural, como sugeria a antropologia, mas deveria tomar-se como

principal ponto de análise o fator lugar, como havia desenvolvido primeiramente os

discípulos de Ratzel. O que era necessário, portanto, eram conceitos que integrassem

um estudo da organização social na vida de um grupo específico. O conceito de gênero

de vida englobaria essas características, como citado acima.

Para a classificação dos gêneros de vida é necessário, primeiramente, ter-se o

conhecimento da história da sociedade existente, como foi formada, suas origens, assim

como temos que analisar o fator locacional para identificarmos o lugar de origem de

cada grupo de pessoas: “Assim como cada célula na natureza tem seu núcleo, cada

gênero de vida tem seu lugar de nascimento” (VIDAL DE LA BLACHE, 1921).

Segundo Anne Buttimer gênero de vida era como um modelo de vida unificado,

funcionalmente organizado, que caracterizava a determinados grupos profissionais, por

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exemplo, os gêneros de vida agrícolas. “O sustento constituía a qualificação, o núcleo a

partir do qual evoluía toda uma rede de vínculos físicos, sociais e psicológicos”

(BUTTIMER, 1980:93).

A partir dessa idéia de gênero de vida, distinto para cada povo da superfície

terrestre, isto é, ligado a uma área específica, será desenvolvido posteriormente os

aspectos da Geografia Regional de Vidal, antes mostrando um panorama do conceito de

região existente até então.

Região e Geografia Regional de Vidal

“A Terra é um reservatório que contém energias adormecidas, cujas sementes foram plantadas

pela natureza, mas cujo uso depende do homem. É ele quem, modelando-as à sua feição,

demonstra sua individualidade. O homem estabelece a ligação entre elementos díspares,

colocando uma organização significativa das forças, em lugar dos efeitos incoerentes da

circunstância local. Desse modo, a região adquire identidade e se distingue de outras, tornando-se,

no curso do tempo, como uma medalha fundida à imagem de um povo”. (VIDAL DE LA

BLACHE,1921)

Em fins do século XIX, segundo a óptica da expansão imperialista, o conceito de

região natural é vigente. Esse conceito dá a idéia de uma parte da superfície da Terra

caracterizada pela combinação de diversos fatores da natureza, como clima, geologia e

vegetação, entre outros, que dá um caráter específico a essa área proveniente dessa

combinação, onde esses elementos se integram e interagem entre si. A existência das

diferenças entre as diversas áreas se dá pelo poder que a natureza exerce sobre o

homem, o homem sendo visto como passivo frente ao meio.

O traumatismo profundo provocado pela anexação em 1870 da Alsácea e da

Lorena à Alemanha faz com que o regionalismo, para além da crítica do estado

centralizador, seja “uma das respostas possíveis em termos de consciência nacional e

afirmação face à agressividade do invasor”. (DOMINGUES, 1985:118).

Essa é mesma idéia que Vidal transparece na sua obra “Le Tableau de la

Géographie de la France”, onde frequentemente é apontada como modelo de análise

regional vidaliana, já que apresenta “o apego à terra, o enraizamento como base de um

novo patriotismo em oposição ao nacionalismo alemão.” ( DOMINGUES, 1985:119).

O conceito de região geográfica vem calcado no possibilismo, ao contrário do

determinismo ambiental defendido por Ratzel. O possibilismo era uma teoria que

possuía por característica a ênfase nos aspectos atinentes à cultura humana, à

capacidade de trabalho do homem, que tornariam a relação da sociedade com o meio

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natural não passível de ser enquadrada pelas determinações dados pelo meio natural.

Agora o homem cria uma paisagem e um gênero de vida, com sua cultura modelando

uma parte da superfície da terra e tornando-a peculiar. Essas idéias aparecem na França

com Vidal de la Blache. Vidal vê a região como uma paisagem onde a condição e

homogeneidade de uma região são determinadas pelo gênero de vida do seu povo, e

confere uma idéia de harmonia e equilíbrio, com um caráter organicista, derivado de um

longo processo de evolução, de maturação da região, onde as ações do homem com suas

obras fixaram-se.

Chegou-se a idéia de que a região poderia desaparecer, cabendo ao geógrafo

reconhecê-la, descrevê-la, mostrando sua personalidade, sua singularidade. Vidal e seus

discípulos determinaram os limites das regiões, podendo ser uma fronteira, o clima, o

solo, a vegetação, tendo que haver uma combinação da diversidade, dando um caráter

específico àquela região frente às outras – expressões sintética e singular da combinação

dos fenômenos.

A partir dos estudos regionais de Vidal de la Blache começam a proliferar

diversos estudos de monografias regionais, realizados seguindo em etapas a escolha de

uma determinada área e um estudo detalhado e particular dessa, enumerando e

classificando todas as suas características físicas e humanas.

Ritter e Ratzel já propunham uma generalização científica a partir da descrição

regional. A proposta de Vidal não era uma mera descrição, o que seria um retrocesso,

mas estava sim preocupado em usar procedimentos científicos. Por meio de trabalhos

empíricos seriam recolhidos dados locais suficientes para o estabelecimento de

princípios gerais. “A sucessão metodológica proposta por Vidal é sugestiva: descrever,

definir, classificar para, daí, deduzir”, afirma PINCHEMEL (1975:22). No entanto em

grande parte o que se observa nas monografias regionais após a morte de Vidal, de

pequena escala, é a falta da preocupação com a sistematização proposta por Vidal,

atendo-se à simples descrição.

Resumidamente, poderíamos definir a região como cada localidade no espaço

caracterizada pela sua particularidade na interação do homem com o meio, produzindo

diferentes gêneros de vida pela superfície terrestre.

As idéias regionalistas e as metodologias geográficas consequentemente não se

esgotaram em Vidal de la Blache, no modelo de estudo regional clássico proposto no

Tableau de la Géographie de la France. Vidal possuía outras maneiras de construir as

regiões, dando uma importância maior á “organização econômica das regiões

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industrializadas e ao papel preponderante das capitais regionais, assumindo um papel

cada vez mais diretivo.” (LACOSTE, 1979:76).

Enquadramento metodológico

“Ao geógrafo cabe desvendar, desvelar, a combinação de fatores responsável pela sua

configuração. O método recomendado é a descrição, pois só através dela é possível penetrar na

complexa dinâmica que estrutura o espaço”. Vidal de la Blache(1921)

Vidal de la Blache freqüentemente é apontado como o pai da Geografia

Regional Francesa e responsável pela ruptura entre a geografia positivista alemã

(presente na obra de Ratzel) e a geografia descritiva francesa largamente dominante até

meados do século XIX. Segundo HARTSHORNE (1939:326) essa ruptura é nos

apresentada em função do enquadramento teórico e metodológico (pela negação do

determinismo natural e pela importância da história) e à escala da construção do objeto

científico definido agora não a um nível geral, a terra, o Universo, mas sim a um nível

regional (corológico). Tudo isto com um grande esforço de institucionalização no

quadro do ensino superior, médio e primário, onde se enxerga um esforço no fomento à

consciência coletiva da França, depois do traumatismo de 1870-71, com a derrota com a

Alemanha e anexação da Alsácia-Lorena. Havia uma grande preocupação na formação

de professores especializados para liceus e a difusão da geografia como “vulgarizadora

do conhecimento da terra com fins coloniais comerciais e patrióticos”. (BROC,

1974:557). Esta institucionalização apresentava em termos de conteúdo, uma dispersão

de trabalhos estruturados em dois grupos principais: a Geografia Física e a Geografia

Humana.

A trajetória intelectual de Vidal faz-se, assim, no meio de um fogo cruzado entre

a filosofia historicista francesa, os geógrafos Humboldt, Ritter e Ratzel, numa época de

profundo desenvolvimento da institucionalização e reestruturação da Geografia no

ensino que segue o modelo alemão, ao mesmo tempo em que se procurava uma unidade

interna para o ameaçado fosso entre a Geografia Física e a Humana. Essa grande

problemática foi impulsionadora para emergência da Geografia Regional. Para Vidal “a

geografia humana não se opõe a uma geografia da qual é excluído o elemento humano;

tal geografia não existiu a não ser nas mentes de uns poucos especialistas exclusivos”.

(VIDAL DE LA BLACHE,1921).

Segundo SAUER (1927) a questão de ser a geografia uma ciência natural ou

social só tem significado prático nos currículos, mas não é pertinente para a pesquisa.

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Colocar séria ênfase sobre um contraste entre geografia física e humana, como

fisiografia e ontografia, é compreender mal a posição tradicional da geografia no campo

do conhecimento. Sauer analisando os Annales de Géographie conclui que esses

testemunham, durante anos, as observações críticas de Vidal sobre métodos e objetivos.

“No último artigo metodológico publicado

durante sua vida, Vidal elabora os seguintes

princípios: (i) unidade terrestre, cuja visão

cosmológica sempre foi apreciada por ele; (ii) a

combinação dos fenômenos ou sua conexão

causal; (iii) a superfície da Terra como campo

distinto da geografia; (iv) a força do meio e

adaptação; (v) a importância do método

descritivo; (vi) a inter-relação da geografia com

a história.” (SAUER, 1927:87)

O pensamento de Vidal é constituído por uma série de influências próprias de

uma época na qual existiam acirradas discussões quanto aos limites da ciência e a

melhor forma de realizá-la. La Blache dava grande importância ao método como

elemento que poderia designar um reconhecimento científico para Geografia; havendo

uma preocupação em não abrir uma separação entre o que fosse geral e o particular;

nesta concepção: “O geral deve se ligar aos estudos particulares, da mesma maneira que

se deve sempre procurar nos casos particulares indícios de regularidade”. (GOMES,

1996:198). Deste modo, a conexão era um elemento importante na sua concepção de

objeto geográfico. Gomes (1996) em Geografia e Modernidade ainda observa que Vidal

de la Blache sempre manteve um discurso sobre a importância de buscar a

generalização, as leis e a explicação, reproduzindo o modelo de ciência objetiva. De

outro, tirou proveito de todo um renascimento da tradição metafísica e de seu

prolongamento nos movimentos como a Filosofia da Natureza ou o Romantismo. Por

esta perspectiva, Vidal de La Blache apresentou um distanciamento de Friedrich Ratzel,

a ponto de vir a representar a corrente possibilista da Geografia. O autor observa que,

tanto em Ratzel quanto em La Blache, os ditames do modernismo são encontrados: o

aspecto racional-determinista de Ratzel e o aspecto “subjetivista” - possibilista de La

Blache estão influenciados, em última análise, nos dois grandes pólos epistemológicos

constituidores da modernidade, o da racionalidade e o da contra-racionalidade.

Na opinião de la Blache o que a geografia “pode acrescentar ao tesouro comum

do conhecimento é a compreensão da correspondência e correlação dos fatos, estejam

eles no ambiente terrestre que inclui todos, estejam no ambiente regional no qual estão

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localizados”.(VIDAL DE LA BLACHE,1902).Para SAUER (1927), Vidal era em sua

posição principal, um geógrafo geral, como Ritter e Humboldt.

“Há uma qualidade metafísica distinta em sua

insistência sobre a unidade terrestre. Não

obstante, ele deu uma contribuição notável aos

estudos regionais; ele e seus discípulos, que

estudaram sistematicamente a origem e as

conexões das regiões francesas”. (SAUER,

1927:20).

Em Príncipes de géographie humaine, Vidal faz uma avaliação mais meticulosa

do meio ambiente, estabelecendo limites às atividades, em vez de classificarem como a

causa, e traz um estudo do desenvolvimento autônomo de áreas da civilização em

termos culturais. Com isso Vidal restringe “o entusiasmo da doutrina ambiental,

chamando a atenção para o“possibilismo” do lugar e a escolha do grupo em sua

utilização”. (SAUER, 1927:20).

Apresentadas as bases metodológicas na obra de Vidal, que teve influência do

ambiente ideológico da França, durante os últimos anos do século XIX e início do

século XX e as possíveis influências que ele teve no produto científico do mestre da

Geografia Francesa. A obra de Vidal de La Blache conheceu mais para os finais da sua

vida, uma reviravolta metodológica e ideológica. As razões para isso? Razões que terão

a ver com o sucesso e clareza do método, por um lado, e com a solidez da hierarquia

universitária francesa, e com a influência da difusão e impacto da obra de Febvre, por

outro lado, o modelo de geografia vidaliano que se impôs foi o da Geografia Regional,

de base naturalista, fundamentado na descrição das paisagens com as relações

homem/meio, “pouco preocupada com o que hoje chamaríamos a rede urbana, atividade

industrial, os movimentos enfim, com a análise do espaço funcional”. (DOMINGUES,

1985:120).

Conclusão

“Vidal ultrapassou várias vezes o quadro estritamente acadêmico para se embrenhar por outros

caminhos mais pragmáticos, mais orientados para a realidade ideológico/social do seu tempo e

das solicitações que essa realidade continha”. (DOMINGUES, 1985).

Vimos no decorrer do trabalho, que a partir da formação da Escola francesa de

geografia por Vidal de la Blache, uma importante etapa foi iniciada na história do

pensamento geográfico. Os escritos, pensamentos de Vidal, vistos dentro do seu

contexto histórico e científico, representam um novo programa para ciência geográfica.

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Encontramos influências múltiplas por toda uma geração de geógrafos franceses, em

sua obra, vasta e rica em debates com outras ciências, principalmente naturais e sociais.

Ainda “influenciou a formação do pensamento geográfico em vários países, entre eles o

Brasil, país que recebeu grande número de pesquisadores franceses para implantação de

cursos de Geografia na Universidade e formação de profissionais no IBGE”. (GOMES,

1987:112).

Atualmente vemos a contribuição de Vidal nas discussões geográficas,

principalmente na atual difusão da geografia cultural, já que o posto destacado

concedido na concepção vidaliana da intencionalidade, da liberdade, da história e,

enfim, da especificidade do humano conduzia a Vidal a prestar atenção aos aspectos

culturais e a destacar as características imateriais da vida humana. “As instituições e os

costumes não tem figura material; porém são coisas estritamente ligadas aos objetos que

o homem tem modelado abaixo da influência do regime social ao qual está adaptada sua

vida”. (VIDAL DE LA BLACHE, 1902). A partir daí o caminho conduzia “a uma

geografia da cultura, numa geografia das civilizações, como sinônimo de geografia

humana. O geógrafo, com efeito, se preocupa, pensa Vidal, (CAPEL, 1981).

“da tradução da vida geográfica do globo

na vida social dos homens. Encontramos

nessas formas de civilização a expressão

de causas gerais que atuam sobre toda a

superfície do globo: posição, extensão,

clima, etc. Ela produz condições sociais

que apresentam, sem dúvida, diversidades

locais, porém são, sem embargo,

comparáveis em zonas análogas. Se trata,

sem dúvida, de uma geografia humana ou

geografia das civilizações.” (CAPEL,

1981:331)

Vidal sempre manteve um discurso sobre a importância de buscar a

generalização, as leis e a explicação, reproduzindo assim um modelo de ciência

objetiva. Porém também tirou proveito de todo renascimento da tradição metafísica de

seu prolongamento nos movimentos como a Filosofia da Natureza ou o Romantismo.

GOMES (1996) sintetiza muito bem a obra de Vidal, nem moderna, nem tradicional, ela

incorpora a perpetuidade relativa das grandes referências do passado, em que se podem

encontrar tantas maneiras de interpretar, quanto os pontos de vista daqueles que a

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examinam. O pensamento de Vidal de la Blache nasceria assim de um cruzamento de

influências.

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