ida simples I S E T E M B R O 2 0 1 4 E D I Ç Ã O 1 5 0

EDIÇÃO D E m o b i / / d a d

"da simples

Faça o seu caminho Descubra como é possível percorrer os trajetos diários

com mais afeto e menos estresse. PÁG.I6

Comida de rua Ela está mais apetitosa

e por todos os lados

P Á G . 4 4

empo a favor Aprenda a viver

sem tanta pressa

P Á G . 5 0

Cidade grande Dá para morar nela

e ainda ser feliz

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vida simples S E T E M B R O 2 0 1 4

nesta edição todo mês

16 C A P A

O importante é o caminho

26 P R A Z E R Comida em trânsito

32 P E R F I L

Ricky Ribeiro

36 H O R I Z O N T E S

O que vejo pelo caminho

44 P E N S A R

O tempo redescoberto

5 0 M O R A R

Manual da cidade ideal

0 4 CARTA AO LEITOR

0 5 M E N S A G E N S

6 6 CENAS

C o m p a r t i l h e PÁG 0 6 1 1 Gente incrível 13 Essa é boa 14 Transformação 17 Um café com

Chrís C a r l s s o n

C o l u n i s t a s 5 6 Pensando bem

p o r Eugénio M u s s a k

6 0 Em análise p o r D i a n a C o r s o

6 1 Qiiarta pessoa p o r G u s t a v o G i t t i

6 2 Olhar para dentro p o r P a d m a S a m t e n

6 3 Santa Paz p o r L u c a s T a u i l d e F r e i t a s

6 4 Auroras p o r D e n i s R u s s o B u r g i e r m a n

I L U S T R A Ç Ã O Carlo Giovani

C A R T A A O L E I T O R

Caminhos cruzados M O B I L I D A D E é u m t e m a c a r o p a r a a V I D A S I M P L E S e p a r a o s c o l a b o r a d o r e s d e s t a edição e x t r a - t o d o m u n d o a q u i u s a t r a n s p o r t e público o u m e i o s a l t e r n a t i v o s . Também s o m o s e n t u s i a s t a s d a b i c i c l e t a , d a c a m i n h a d a e d a c o m i d a d e r u a . O d e s a f i o d e s t e t r a b a l h o , n o e n t a n t o , e r a p e r c o r r e r o a s s u n ­t o p o r c a m i n h o s d i f e r e n t e s d o s d e c o s t u m e . M e n o s núme­r o s e m a i s i d e i a s . M e n o s reclamação e m a i s filosofia. M e n o s r o t i n a e m a i s contemplação. N a s páginas a s e g u i r , você v a i v e r q u e a m o b i l i d a d e u r b a n a está m u i t o r e l a c i o n a d a c o m a f o r m a c o m o a n o s s a s o c i e d a d e l i d a c o m o t e m p o n o c o t i -d i a n o e q u e a b a s e d o u r b a n i s m o é a l g o m u i t o s i m p l e s : f a z e r d a c i d a d e u m l u g a r p a r a p e s s o a s . N e s t a edição, a propósi­t o , a r e v i s t a v o l t a a c o n t a r c o m a p a r c e r i a d e u m a j o r n a l i s t a q u e s e e s p e c i a l i z o u n o a s s u n t o , Natália G a r c i a . E l a t r o u x e p a r a o B r a s i l a i n i c i a t i v a CitiesforPeople, d e J a n G e h l , e t o ­c a p o r a q u i o p r o j e t o Cidades para Pessoas. Natália e s c r e v e u o p e r f i l i n s p i r a d o r d o a t i v i s t a R i c k y R i b e i r o , q u e p e r d e u o s m o v i m e n t o s d o c o r p o , m a s não a paixão p e l a m o b i l i d a ­d e . L e a n d r o Q u i n t a n i l h a , q u e a s s i n a a matéria d e c a ­p a s o b r e n o s s o i r e v i r p e l a c i d a d e c o m o experiências d e v i d a , também a j u d o u n a edição, v i n d o d e m e t r o p a ­r a reuniões n a redação. A t a ­l e n t o s a J u l i a n a V i d i g a l , q u e c u i d o u d o d e s i g n a distân­c i a , d e P o r t o A l e g r e , t a m ­bém p a r t i c i p o u d e s s e s e n ­c o n t r o s - p o r teleconferên­c i a . P o r q u e tão i m p o r t a n t e q u a n t o o m e i o d e t r a n s p o r t e é a v o n t a d e d e c h e g a r .

F O T O G R A F I A

Alex Silva P R O D U Ç Ã O DE O B J E T O S

Andrea Silva TRATAMENTO DE I M A G E M

Ruy Reis

c i t -

Ana Holanda, editora

EDITORA A Abril Fundada e m 1950

V I C T O R C I V I T A ( 1 9 0 7 - 1 9 9 0 )

R O B E R T O C I V I T A ( 1 9 3 6 - 2 0 1 3 )

Conse lho Ed i to r i a l : V i c l o r C i v i t a N e í o (Presidente) ,

T h o m a z S o u t o C o r r ê a (V ice-Pres iden te ) , E l d a M u l l e r ,

F á b i o C o l l e t t i B a r b o s a , José Rober to G u z z o

Presidente A b r i l M í d i a : F á b i o Co l le t t i B a r b o s a

Presidente Ed i to ra A b r i l : A l e x a n d r e C a l d i n i

D i re to r de Finanças e Gestão: F á b i o Petrossi G a l l o

D i r e t o r - S u p e r i n t e n d e n t e d e Ass ina tu ras : F e r n a n d o Costa

D i r e t o r a d e Recursos H u m a n o s : C ibe le Cast ro

D i r e t o r a - S u p e r i n t e n d e n t e : H e l e n a B a g n o l i

D i r e t o r A d j u n t o : D i m a s M i e t t o

v i d a s i m p l e s

Redatora-Chefe: Giuliana Cury Ed i to ra : Ana Holanda Editora-Assistente: Jeanne Callcgari Ed i to r de A r t e : Rodolfo França Des igner : Vanessa Kinoshita P rodu to r Gráf ico: Anderson CS. de Faria C o l a b o r a r a m nesta edição: Leandro Quintanilha (edição), Caju Design (edição de arte), Alexandre Carvalho dos Santos (revisão) A t e n d i m e n t o ao Leitor: Walkiria Giorgino Pool A d m i n i s t r a t i v o Núcleo In fanto-Juven i l : Cristiane Pereira (coordernadora), Deborah Souza Silva c Grace Kelly Alves (aprendiz) CTI: Eduardo Blanco (supervisor) I n t e r n e t N ú c l e o I n f a n t o - J u v e n i l : Redator Chefe: Rafael Kenski Edi tora-Ass is tente: Mariana Nadai Repórteres: Ana Prado, Ludmilia Balduíno e Otávio Cohen Designers: Abrasão Corazza, Juliana Moreira c Laura Ríttmeistcr An imação: Felipe Thíroux Webmas te rs : Allyson Kitamura, Cali Felix, Felipe Oliveira c Lconam Dias Ana l i s ta de redes sociais: Lorena Dana c Lucas Baranyi

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APOIO, PLANEJAMENTO, CONTROLE e OPERAÇÕES - Gerente: José Paulo Rando PROCESSOS - Gerente : Wil l ian Cunha DEDOC E ABRIL PRESS: Elenice Ferrari PESQUISA E INTELIGÊNCIA DE MERCADO Andrea Costa RECURSOS HUMANOS Gerente: Daniela Rubim, Marizele Ambran Tre inamento Editorial: Edward Pimenta

Redação e C o r r e s p o n d ê n c i a : Av. das Nações Unidas, 7221, 14° andar, Pinheiros, São Paulo,_SP, CEP 05425-902, lei. (11) 3037-2000 Pub l ic idade São Pau lo e i n f o r m a ç õ e s s o b r e r e p r e s e n t a n t e s d e p u b l i c i d a d e no Brasil e n o Ex te r io r

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PUBLICAÇÕES DA EDITORA ABRIL: Almanaque Abr i l , AnaMar ia , Arquitetura & Construção, Aventuras na His tór ia , Boa Forma, Bons Fluidos, Capricho, Casa Claudia, Claudia, Contigo!, Dicas Info, Elie, Esti lo, Exame, Exame PME.Guia do Estudante, Guias Quatro Rodas, Info, Manequim, Máxima, Men's Health, Minha Casa, Mundo Estranho, National Geographic, Nova, Placar, Playboy, Publicações Disney, Quatro Rodas, Recreio, Runncr 's Wor ld , Saúde, Supcrintcrcssante, T i t i l i , Veja, Veja BH, Veja Brasíl ia, Veja Rio, Veja São Paulo, Vejas Regionais, Viagem c Turismo, Vida Simples, Vip, Você S.A., Você R H , Womcn's Health, Fundação Victor Civita: Gestão Escolar, Nova Escola.

VIDA SIMPLES edição 150 (ISSN 977167876000), ano 12, n° 11, c uma publicação mensal da Editora Abri l S.A. Edições anter iores: Venda exclusiva cm bancas, pelo preço da úllima edição cm banca. Solicite ao seu jornaleiro. Distribuída em iodo o país pela Dinap S.A. Distribuidora Nacional dc Publicações, São Paulo, VIDA SIMPLES não admite publicidade redacional.

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IMPRESSA NA GRÁFICA ABRIL Av. Otaviano Alves dc Lima, 4400, Freguesia do Ú,

CEP 02909-900, São Paulo, SP

ANER

A b r i l MÍDIA S . A .

C o n s e l h o de A d m i n i s t r a ç ã o : G i a n c a r l o C i v i t a ( P r e s i d e n t e ) , A n d r e

Coetzee, H e i n B r a n d , R o b e r t a A n a m a r i a C i v i t a , V i c t o r C i v i t a N e t o

Pres idente : F á b i o C o l l e t t i B a r b o s a

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4 vidasimples • S E T E M B R O 2 0 1 4 R E T R A T O Fardad Faridi

M E N S A G E N S

v i d a s i m p l e s

Ufa«rt»-M do rotina

E n v i e comentários e sugestões p e l o e - m a i l vidasimples.abril @atleitor.com.br, c o m n o m e c o m p l e t o , profissão e c i d a d e

P a r a c o n s u l t a r edições a n t i g a s , a c e s s e n o s s o s i t e : vidasimples. abril.com.br

B ^ D O u a i n d a p a r t i c i p e d e n o s s a s r e d e s s o c i a i s F A C E B O O K revistavidasimples I N S T A G R A M vidasimples T W I T T E R @vidasimples

Gratidão T o m a d a p e l a i d e i a d e e n v i a r e s t e e -- m a i l , a l t e r n e i e n t r e d i v e r s o s t e m a s . E m princípio, p e n s e i e m t r a t a r d e u m a d a s edições q u e t e n h a , d e a l g u m m o d o , m e x i d o a q u i d e n t r o . L o g o p e r ­c e b i q u e t o d a s o f a z e m e m a l g u m a m e d i d a . Então, d e c i d i c u m p r i m e n ­tá-los p o r p r o m o v e r a reflexão a c e r c a d e t e m a s tão u r g e n t e s q u a n t o s u b j e -t i v o s , s e m p r e c o m m a e s t r i a , e x t r e m a q u a l i d a d e e s u t i l e z a . H o j e , d e p o i s d e t e r d e d i c a d o h o r a s a f i o às d e l i c i o s a s l e i t u r a s d e V I D A S I M P L E S , p o s s o a f i r ­m a r , s e m t i t u b e a r , q u e s o u o u t r a . V o ­cês p r o v o c a r a m a mudança q u e s e m ­p r e b u s q u e i . R e n o v a d a , s o u c a p a z d e e s c u t a r m e u silêncio s e m m e d o e a f u ­g e n t a r m e u s próprios demónios. P o r t u d o i s s o , s o u i m e n s a m e n t e g r a t a . — Beatriz Marques

Primeira impressão S o u e s t u d a n t e d e j o r n a l i s m o d o 6 o

período n a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d e J u i z d e F o r a e e s t a m o s f a z e n d o u m t r a b a l h o d e a n a l i s a r u m a r e v i s t a e s u ­a s publicações. M i n h a e s c o l h a f o i V I ­D A S I M P L E S , p o r u m c o m p l e t o a c a s o . C o n f e s s o q u e c o n h e c i a , m a s j a m a i s h a v i a f o l h e a d o c o m atenção. C o m ­

p r e i a edição d e j u n h o e e s t o u c o m ­p l e t a m e n t e a p a i x o n a d a . T a n t o a d i a -gramação, q u a n t o a s ilustrações e o s t e x t o s . É u m a r e v i s t a " s i m p l e s " , m a s a t u a l , q u e f o g e d o c o m u m e t r a z i n ­formações i n t e r e s s a n t e s , p r e e n c h e n ­d o c a d a página d e m a n e i r a e s p e c i a l . — Stella Loures

Cartas à moda antiga A m o r e m c a r t a s ! Parabéns p e l o t e x t o . A c r e d i t o m u i t o n a força d a s p a l a v r a s p a r a u n i r p e s s o a s e c r i a r laços. — Soraya Rujfo

Chorar faz bem Q u e d e l i c a d a a matéria d a j o r n a l i s t a R o s a n e Q u e i r o z . E n x u g a n d o a s lágri­m a s p o r a q u i . . . Parabéns! —Amanda Abreu Silva

Rir ou chorar? A edição 1 4 8 n o s põe u m f a l s o d i l e ­m a e m t e x t o s impecáveis: s o b r e h u ­m o r , d e José F r a n c i s c o B o t e l h o . E s o ­b r e c h o r a r , d e R o s a n e Q u e i r o z . P e ­l o s i m , p e l o não, c h o r e i d e r i r . P o i s e u v o s d i g o : c o n t i n u o fã d a e q u i p e d e V I D A S I M P L E S . A p r e n d e n d o " t r a q u e s e s s e n c i a i s à a r t e d e v i v e r " . — Adalberto de Queiroz

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S E T E M B R O 2 0 1 4 • v i d a s i m p l e s 5

Compartilhe I D E I A S P A R A A L I M E N T A R O E S P Í R I T O E M U D A R O M U N D O E D I Ç Ã O Leandro Quintanilha

As pessoas que fazem a cidade grande I n s p i r a d o s e m u m f a m o s o p r o j e t o a m e r i c a n o , u m a d u p l a d e j o v e n s universitários r e t r a t a e e n t r e v i s t a anónimos p e l a s r u a s d e São P a u l o

A P Á G I N A N O F A C E B O O K d o p r o -

j e t o Humans ofNew York, d o fotó­g r a f o a m e r i c a n o B r a n d o n S t a n t o n , já r e c e b e u m a i s d e 8 , 5 milhões d e c u r t i ­d a s . E a i n i c i a t i v a , q u e dá v i s i b i l i d a d e a p e s s o a s c o m u n s , v e m s e n d o r e p l i c a ­d a n o m u n d o i n t e i r o . S e u s r e a l i z a d o r e s t r o c a m experiências ( e r e t r a t o s ) n o c o -l e t i v o i n t e r n a c i o n a l Humans ofthe Via­net Earth. N o B r a s i l , o s universitários E d s o n W e s l e n n e B r u n a F e r n a n d e s c r i a r a m u m a versão d e d i c a d a à c i d a ­d e m a i s p o p u l o s a d o País, o Humans of São Paulo. O e s q u e m a é o m e s m o : e l e s p a r a m p e s s o a s n a s r u a s , f a z e m p e r g u n ­t a s filosóficas ( " S e p u d e s s e m e d a r u m c o n s e l h o , q u a l s e r i a ? " , " O q u e d e i x a v o ­cê t r i s t e ? " , " Q u a l f o i o m o m e n t o m a i s f e l i z d a s u a v i d a ? " ) e , c l a r o , t i r a m f o ­t o s . É p r e c i s o s e n s i b i l i d a d e p a r a a p r o ­f u n d a r o a s s u n t o . " C a d a c o n v e r s a t o ­m a o s e u próprio r u m o " , e x p l i c a B r u ­n a . M a s E d s o n c o n t a q u e e l e s p a r t e m d e u m p r e s s u p o s t o a n i m a d o r : " T o d a s a s p e s s o a s são p o t e n c i a l m e n t e i n t e r e s ­s a n t e s " . E l e s não c o n s e g u i r a m c o n t a t o c o m o p r o j e t o o r i g i n a l , m a s já t r o c a m f i ­g u r i n h a s c o m humans d o m u n d o t o d o .

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HUMANS OF SÃO PAULO

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6 vidasimples • S E T E M B R O 2 0 1 4 F O T O S Bruna Fernandes/Divulgação

Quando o casal acima foi abordado, os entrevistadores perguntaram como os dois se conheceram. O que a moça respondeu foi surpreendente: "Ele derrubou cerveja em mim meia hora atrás"

Essa senhora nasceu em Lisboa, cresceu em Luanda e se mudou para o Brasil há 25 anos. Vende seus bordados todo fim de semana, na Avenida Paulista. Mas não sai de casa se tiver jogo do seu time, o São Paulo

Fã de Roberto Carlos, ele tem uma empresa de exportação e faz bicos como segurança, mas gostaria mesmo é de viver de música

S E T E M B R O 2 0 1 4 • vida simples 7

C O M P A R T I L H E

Com o sistema, pode-se levar refeição para dois a qualquer lugar

Piquenique portátil E q u i p a m e n t o d o b r á v e l , q u e c a b e no b a g a g e i r o d a b i c i c l e t a , a b r i g a

c o m i d i n h a s e b e b i d a s . Q u a n d o a b e r t o , v i r a u m a m e s a c o m b a n c o s

C A R R E G A R T O D O o a p a r a t o d e

u m p i q u e n i q u e e m u m a m o c h i ­

l a n a s c o s t a s , q u a n d o s e r e s o l v e i r p e ­

d a l a n d o , não é fácil. O d e s i g n e r h o l a n ­

dês Jeriêl B o b b e i n t e g r o u d i v e r s a s s o ­

luções p a r a o p r o b l e m a n o S p r i n g t i m e ,

u m a l f o r j e q u e , além d e c a r r e g a r c o m

segurança t o d o s o s s u p r i m e n t o s , a i n ­

d a v i r a u m a m e s a c o m d o i s b a n c o s . D e ­

s e n v o l v i d o e m m a d e i r a e a c o l c h o a d o ,

o S p r i n g t i m e u s a dobradiças e e n c a i ­

x e s p a r a m a n t e r o t a m a n h o c o m p a c t o ,

p e r f e i t o p a r a o b a g a g e i r o d a b i c i c l e ­

t a . Não b a s t a s s e , também é m o d e r n i -

n h o e e l e g a n t e . — R I C A R D O A M P U D I A

SPRINGTIME

bloondesiqn.com

Jogo da rotina DESENVOLVIDO pelos

i ta l ianos da Mol le industr ia ,

o j o g o onl ine gra tu i to

Every Day the Same Dream

propõe u m a reflexão sobre

a ro t ina aborrec ida de seu

personagem pr inc ipal , u m

t raba lhador urbano. Os

cenár ios são min imal is tas ,

e m preto e branco. A t r i lha

sonora segue o m e s m o

est i lo, melancól ica. 0

objet ivo é repet i r as tarefas

do d ia a dia a caminho do

t raba lho, cada vez c o m u m

deta lhe di ferente. — J E C

EVERY DAY THE SAME DREAM

molleindustria.org

O TÉNIS QUE SABE O CAMINHO o LECHAL é u m calçado intel igente. Conec tado ao celular, o ténis usa

\Zs o GPS para indicar mudanças de t ra jeto, c o m vibrações. Para isso, basta

instalar u m apl icat ivo e inserir o endereço. Caso o objet ivo seja emagrecer, o

calçado escolhe a rota mais adequada para que imar calorias. " A ideia era auxi ­

liar cegos, mas percebemos que o p rodu to ter ia ut i l idade para o públ ico geral",

revela Kr ispian Lawrence, u m dos cr iadores. — J O S É E D U A R D O C O U T E L L E

LECHAL | lechal.com

8 vidasimples • S E T E M B R O 2 0 1 4

G E N T E I N C R Í V E L

Mareio Nigro, 40 anos, empresário

Engenheiro de caronas

"A carona estabelece uma relação de confiança e de

comprometimento mútuos — M a r e i o N i g r o

V

Ele m u d o u de c a r r e i r a d u a s vezes

a n t e s de e n c o n t r a r s u a v o c a ç ã o

e m u m s i te q u e a p r o x i m a pessoas

e m s e u s t r a j e t o s pe la c i d a d e

E L E : É E N G E N H E I R O n a v a l , m a s a c a b o u f a z e n d o c a r r e i r a n o a s ­

f a l t o . M a r e i o N i g r o , d e 4 0 a n o s , c r i o u e m 2 0 1 0 o s i t e C a r o n e t a s ( c a r o n e t a s . c o m . b r ) . u m a r e d e d e c o n t a t o s f o c a ­d a e m c a r o n a s . P a r t i n d o d e u m a i d e i a s i m p l e s ( m a s q u e ninguém h a v i a t i ­d o ! ) , a i n i c i a t i v a i n t e g r a c o l a b o r a d o ­r e s d e e m p r e s a s p a r a q u e c o m p a r t i ­l h e m o c a r r o e a s d e s p e s a s e m s e u s t r a j e t o s diários. D e p o i s d e t r a b a l h a r d u a s décadas d i s t a n t e d e s u a f o r m a ­ção, c o m t e c n o l o g i a e logística, M a r ­e i o s e l e m b r o u d e c o m o i a p a r a a t a l f a c u l d a d e d e e n g e n h a r i a n a v a l - d e c a r o n a o u l e v a n d o c o l e g a s , e m u m e s q u e m a d e r e v e z a m e n t o . E a s s i m i n v e n t o u u m a q u a r t a c a r r e i r a . " A c a ­r o n a e s t a b e l e c e u m a relação d e c o n ­fiança e d e c o m p r o m e t i m e n t o mútu­o s " , a s s e g u r a o e n g e n h e i r o . D e f a t o , é p r e c i s o s e r responsável c o m o s horá­r i o s e o s p a g a m e n t o s . E m a i s : é p r e ­c i s o s e r g e n t i l , u m b o m c o m p a n h e i ­r o d e v i a g e m . P o d e também s a i r m a i s b a r a t o d o q u e u s a r ônibus e c e r t a m e n ­t e c u s t a m e n o s q u e a n d a r d e táxi o u a r c a r c o m a s d e s p e s a s s o z i n h o . T a m ­bém há q u e m dê c a r o n a s e m c o b r a r , a p e n a s p e l a c o m p a n h i a o u p e l a s a t i s ­fação d e a j u d a r alguém. Não há t a x a i n i c i a l o u m e n s a l i d a d e a o s usuários,

e m p r e s a s o u c e n t r o s c o m e r c i a i s . S e r ­viços a d i c i o n a i s d o s i t e , r e l a c i o n a ­d o s a p r o j e t o s s o c i o a m b i e n t a i s o u a p r o d u t o s e serviços d e a n u n c i a n t e s , é q u e mantêm o negócio f i n a n c e i r a ­m e n t e . A s s i m , c a d a a c o r d o p o d e s e r n e g o c i a d o e n t r e o s p a r t i c i p a n t e s c o ­m o b e m e n t e n d e r e m . P a r a M a r e i o , a c a r o n a t r a n s f o r m a a relação d a s p e s ­s o a s c o m o c o t i d i a n o . " M e s m o t r a ­b a l h a n d o n a m e s m a e m p r e s a , a l g u ­

m a s p e s s o a s não s e c o n h e c e r i a m d e o u t r o m o d o . " E l e l e m b r a o r e l a t o d e d u a s j o v e n s d o r a m o d a t e l e f o n i a q u e s e t o r n a r a m m e l h o r e s a m i g a s . " U m a d e l a s t e m deficiência a u d i t i v a e t i n h a p o u c o c o n t a t o c o m c o l e g a s até s e i n s ­c r e v e r . " A t i m i d e z t a l v e z f o s s e u m obstáculo m a i o r d o q u e a audição. M a r e i o p e r c e b e u l o g o q u e b o a s c a ­r o n a s l e v a m p e s s o a s umas às outras. — L E A N D R O Q U I N T A N I L H A

ILUSTRAÇÃO índio San S E T E M B R O 2 0 1 4 • vida simples 9

C O M P A R T I L H E

Tapumes são telas C o n s t r u t o r a s u b s t i t u i m u r o s

p rov i só r ios de m a d e i r i t e

por ob ras de a r t e f e i t a s c o m

m a t e r i a i s de s e g u n d a m ã o

© G R A N D E S O B R A S d e e n g e n h a ­r i a não c o s t u m a m s e r agradá­

v e i s p a r a q u e m p a s s a p o r e l a s t o d o s o s d i a s . P o e i r a , e n t u l h o , b a r u l h o , c a l ­çadas p a r c i a l m e n t e obstruídas... P a r a a t e n u a r e s s e s p r o b l e m a s , f o i c r i a d o e m São P a u l o o p r o j e t o A r t e n a C i d a d e : a o s u b s t i t u i r t a p u m e s p o r e s t r u t u r a s e l a ­b o r a d a s c o m m a t e r i a i s r e a p r o v e i t a d o s , a s construções a g o r a c o n v i d a m o o l h a r . Além d e e m b e l e z a r a c i d a d e , o p r o j e ­t o g e r a r e n d a p a r a a r t i s t a s l o c a i s . Até o m o m e n t o , a i n i c i a t i v a d a c o n s t r u t o ­r a K a l l a s já m u d o u a p a i s a g e m d e três b a i r r o s - P a n a m b y , P i n h e i r o s e V i l a L e ­o p o l d i n a . — J O S É E D U A R D O C O U T E L L E

ARTE NA CIDADE | kallasnet.com.br

Paredões surrealistas E m T e e r ã , a r t i s t a b r i n c a c o m o u n i v e r s o d o s s o n h o s

(e i lusões d e ó t ica) nas m e d i a n e i r a s d e p r é d i o s c i n z a s

/ " T s A C A P I T A L D O IRÃ é mais conhec ida por bombardeios que \Zs por sua arte urbana. Pouca gente no exter ior sabe, mas Teerã t e m mais de c e m mura is surreal istas e m construções de di ferentes bairros da c idade - a maior ia f inanc iada pelo mun ic íp io e assinada pelo ar t is ta Mehd i Ghadyanloo. "A capi ta l é u m a confusão arqui te tônica, c o m prédios sem cor. Isso deixa a c idade fe ia, mas é ó t imo para se cobr i r c o m murais" , c o m e m o r a o ar t is ta . — J E C

MEHDI GHADYANLOO | behance.net/ghadvv

10 vidasimples • S E T E M B R O 2 0 1 4

O trike roda bem dentro e fora da cidade, controlado só com as mãos

Mountain bike inclusivo C o m m a t e r i a i s r e s i s t e n t e s e m o t o r o p c i o n a l , o v e í c u l o

leva c i c l i s t a s c o m d e f i c i ê n c i a f í s i c a p a r a t r i l h a s r a d i c a i s

0) o s A M E R I C A N O S D A O U T R I D E R i n v e n t a r a m u m a b i c i c l e t a a d a p t a ­

d a p a r a p e s s o a s c o m deficiência c a p a z d e e n f r e n t a r t r i l h a s c o m c a s ­

c a l h o , b a r r o e s u b i d a s íngremes. O H o r i z o n é u m t r i k e ( b i k e d e três r o ­

d a s ) t o t a l m e n t e controlável c o m a s mãos, c o m opção d e m o t o r elétrico.

O m a i o r d i f e r e n c i a l é a configuração d e m o u n t a i n b i k e e x t r e m a , c o m s u s ­

pensão n a s três r o d a s , a r o s r e s i s t e n t e s , f r e i o a d i s c o e p n e u s p a r a t o d o t i p o

d e t e r r e n o . O protótipo f o i s u b m e t i d o a f i n a n c i a m e n t o c o l e t i v o , a t i n g i u a

m e t a e d e v e c h e g a r a o m e r c a d o até o f i m d o a n o . — R I C A R D O A M P U D I A

HORIZON I outriderusa.com

REDE PARA CICLISTINHAS

FOI CRIADO EM PARIS O P't i t Vel ib,

u m s is tema de compar t i l hamen to

de bic ic letas para cr ianças, c o m esta­

ções e m parques e praças da cidade. São

3 0 0 magre l inhas, e m quatro t amanhos :

para cr ianças de 2 a 8 anos. — R A

E S S A E B O A

Projetos para melhorar

a vida nas cidades

(D M u s e u d o m u n d o

0 INSTITUTO CULTURAL

Google cr iou u m a g i ­

gantesca galer ia v i r tua l

dedicada à arte urbana. O

Street A r t Project reúne

mais de 4 mi l imagens

fornecidas por organ iza­

ções de diversas partes do

m u n d o ou capturadas pela

fe r ramenta Goog le Street

View. São mura is , graf i tes,

intervenções e af ins que

podem inspirar mais obras

do género por toda parte.

S T R E E T A R T P R O J E C T

streetart.withqoogle.com

© Verão p e r m a n e n t e

A GÉLIDA CIDADE a lemã

de Krausnick, onde faz f r io

quase o ano todo, achou

u m je i to de se aprox imar da

l inha do Equador: cons t ru iu

um paraíso t rop ica l dent ro

de u m ant igo galpão mil i tar,

c o m t e m p e r a t u r a con t ro ­

lada - 2 6 graus. Agora , o

espaço c o m p o r t a praia

(com areia mesmo) , lagoa,

piscinas, tobogãs, parque

infant i l e até u m a pequena

f lo res ta t rop ica l .

V E L I B | velib.paris

T R O P I C A L I S L A N D S

tropicaf-ísfands.de

C O M P A R T I L H E

T R A N S F O R M A Ç Ã O

Terapias e práticas para manter a mente sempre aberta

Correndo pela cidade Sai r d a e s t e i r a (ou d o p a r q u e )

requer c u i d a d o s e i n t e n s i f i c a

a a t i v i d a d e f í s i c a - m a s é u m

exerc í c io t a m b é m d e l i b e r d a d e

C O R R E R N A R U A é m o d o d e d i ­z e r . N a v e r d a d e , f o i n a calça­

d a . S e m p r e v i c o m s i m p a t i a c o r r e d o ­r e s q u e p a s s a v a m p o r m i m p e l a s calça­d a s d a A v e n i d a P a u l i s t a , e m São P a u l o , m u n i d o s d e s h o r t , ténis e f o n e s d e o u ­v i d o . M e s m o v e n d o , d u v i d a v a : "Será q u e dá m e s m o p a r a c o r r e r n a r u a ? P a ­r a o c o n s u l t o r e s p o r t i v o F a b i o S a b a , m e s t r e e m educação física p e l a U S P , s i m , dá. " O i d e a l é começar g r a d u a l ­m e n t e . " I s s o v a l e t a n t o p a r a q u e m c o ­meça d o z e r o , " d e p a s s a d a s rápidas a c o r r i d i n h a s d e p o u c o s m i n u t o s " , c o ­m o p a r a a q u e l e s q u e , c o m o e u , já c o r ­r e m n a e s t e i r a o u e m p a r q u e s e q u e r e m p a r t i r p a r a a r u a . N e s s e c a s o , o i d e a l é c o r r e r n a r u a só u m a v e z p o r s e m a n a a princípio e i r a u m e n t a n d o a frequên­c i a a o s p o u c o s . S e você está sedentá­r i o há a l g u m t e m p o , o m a i s i n d i c a d o é c o n s u l t a r u m médico a n t e s . É q u e e s ­s a m o d a l i d a d e p o d e s e r m u i t o d e s a f i a ­d o r a . E s t e i r a s c o s t u m a m s e r e q u i p a ­d a s c o m a m o r t e c e d o r e s e p o d e m t e r a a l t u r a r e g u l a d a . N a r u a , o t r a j e t o t e n ­d e a s e r m a i s v a r i a d o , c o m s u b i d a s e d e s c i d a s . O u t r o c u i d a d o i m p o r t a n ­t e é c o m o trânsito. Você t e m q u e d a r u m a p a r a d i n h a p a r a o l h a r p a r a o s l a d o s a c a d a v e z q u e a t r a v e s s a a v i a - n a f a i ­x a . E n q u a n t o e s p e r a , p o d e c o r r e r s e m

s a i r d o l u g a r , p a r a não p e r d e r o p i q u e . E s c o l h i u m b a i r r o v i z i n h o a o m e u , m a i s r e s i d e n c i a l , e o p t e i também p e ­l o período d a t a r d e , p o r v o l t a d a s i 6 h , p a r a u m a experiência m a i s t r a n q u i l a . D e p o i s d e c a m i n h a r a p r e s s a d o p o r d e z m i n u t o s , c o m e c e i a c o r r e r d e v a g a r , o q u e F a b i o S a b a c h a m a r i a d e t r o t e l e ­v e . C o m o s o u d i s c i p l i n a d o a o a t r a v e s ­s a r a r u a , e u m e p e r m i t i u s a r f o n e s . N a t r i l h a , u m flashback a n i m a d i n h o , c o m s u c e s s o s d o B l o n d i e . F u n c i o n o u c o m o motivação. C o r r e r p e l a c i d a d e dá u m a sensação g o s t o s a : e r a c o m o s e e u f o s ­s e u m b i c h o d a s e l v a u r b a n a . P r e c i s e i

m e e s q u i v a r d e p e s s o a s , e s p e r a r o m o ­m e n t o c e r t o d e a t r a v e s s a r a r u a e m e d e s v i a r d e t r e c h o s e m r e f o r m a . M a s p o d i a s e n t i r o coração b a t e r m a i s rá­p i d o , o q u e m e e n c h i a d e e n t u s i a s m o e s u o r . P a s s e i p o r prédios e m q u e n u n ­c a h a v i a r e p a r a d o , l o j a s q u e não c o n h e ­c i a , m u i t a s p e s s o a s e o u t r o s t a n t o s c a ­c h o r r i n h o s . D e p o i s d e m e i a h o r a , m e ­t a d e d o t e m p o q u e permaneço e m u m a e s t e i r a , e s t a v a e x a u s t o . C o m o t e m p o , q u e r o e x p a n d i r a duração e o t r a j e t o . S e i q u e é p r e c i s o d i s c i p l i n a e paciên­c i a , m a s , a h , p o s s o c o r r e r atrás d i s s o . — L E A N D R O Q U I N T A N I L H A

ILUSTRAÇÃO Joana Resek

© Carona

por afinidade O PORTAL Tr ipda é out ra

opção para q u e m deseja

oferecer ou pegar caronas.

Nele, o usuário indica suas

preferências, c o m o se gosta

de conversar, se permi te

f u m a r den t ro do carro ou

se cur te ouvir mús ica no

tra jeto. E m seguida, é só

inserir o dest ino e indicar a

data . A p la ta fo rma in forma

até se há espaço para

bagagens. A fundadora do

por ta l , G iu l iana Reis, teve

a ideia por perceber que

boa par te dos carros viajava

quase vazio. — J E C

T R I P D A

tr ipda.com.br

• ' U "... . ' '

No inverno, a piscinona

ganha saunas e cobertura

Uma piscina flutuante C o n s t r u í d a e m u m b a r c o a n t i g o , a a t r a ç ã o t r a n s f o r m a a p a i s a g e m

de B e r l i m nos d ias ú te is e a t ra i f i l as de j o v e n s aos f i n s de s e m a n a

© A A L E M A N H A e u m p a i s s e m

m a r , m a s n e m p o r i s s o o s germâ­

n i c o s d e i x a m d e i r à p r a i a . Próximo a o

c e n t r o d e B e r l i m , n a s m a r g e n s d o r i o

S p r e e , está a n c o r a d a a B a d e s c h i f f : u m

a n t i g o b a r c o q u e f o i t r a n s f o r m a d o e m

u m a e n o r m e p i s c i n a flutuante. A o t o ­

d o , são 3 2 m e t r o s d e c o m p r i m e n t o p o r

8 d e l a r g u r a e 2 d e p r o f u n d i d a d e . A e s ­

t r u t u r a dispõe d e c a d e i r a s , vestiário e

até a r e i a ! N a s b o r d a s , há a i n d a u m b a r e

u m a p i s t a d e dança. A b e r t o o a n o t o d o ,

o c o m p l e x o r e c e b e c o b e r t u r a e s a u n a s

n o i n v e r n o , o q u e g a r a n t e m o v i m e n t o

m e s m o c o m t e m p e r a t u r a s n e g a t i v a s .

Faça c h u v a o u faça s o l , a e n t r a d a c u s t a

5 e u r o s . — J O S É E D U A R D O C O U T E L L E

B A D E S C H I F F

arena-berl in.de/portfol io/badeschif f

BEBENDO COMBUSTÍVEL

@ 0 FCX CLARITY, da Honda, é u m carro movido a hidrogénio, que, segundo

o fabr icante , não devolve ao meio ambien te nada a lém de água. Capaz de

converter h idrogénio e m eletr ic idade, o s is tema proporc ionar ia 4 3 0 qu i l óme­

t ros de a u t o n o m i a c o m poluição zero. U m a agência austral iana cr iou u m a água

engarrafada para d ivu lgar o modelo, garant indo que é possível bebê- la di reto

do escapamento . O carro deve ser lançado e m 2015. — R I C A R D O A M P U D I A

F C X C L A R I T Y | automobiles.honda.com/fcx-clari tv u O

S E T E M B R O 2 0 1 4 • vida simples 13

C O M P A R T I L H E

Uma beleza de segurança "O FOLDYLOCK prova que

segurança de alto nível não

precisa necessar iamente

prejudicar o des ign do

produto." A a f i rmação é de

llan Mor, u m dos cr iadores

da trava para b ic ic letas

desenvolvida por u m a

empresa israelense. O

diferencial da peça se deve

à atenção ded icada aos

detalhes de acabamento .

Ela é c o m p o s t a por seis

jun tas de ferro u l t rarresis-

tente, recobertas por u m a

camada de plást ico que

impede o meta l de arranhar

a bike. Mu i to fáci l de usar,

a trava a inda v e m c o m

uma capa pro te tora , que

pode ser f ixada no quadro,

faci l i tando o t ranspor te

da bicicleta. Por U S $ 9 5 é

possível adqui r i r o aces­

sório, disponível e m t rês

cores di ferentes. — J E C

FOLDYLOCK

foldylock.com

14 Vidasimples - SETEMBRO 2 0 1 4

Ela indica o caminho, pedala sozinha e ainda

é uma graça

Elétrica e inteligente Ela se c o n e c t a ao ce lu la r , t e m a u t o n o m i a de 6 0 q u i l ó m e t r o s por reca rga

e d i f i c i l m e n t e r e q u e r m a n u t e n ç ã o . Essa b i k e só p r e c i s a de u m f a b r i c a n t e

A G I É A B I C I C L E T A dos S e u s S O -

nhos. Conec tada a u m s m a r t p h o -

ne , e la é capaz de t raçar o m e l h o r ca­

m i n h o para a p e d a l a d a . T a m b é m não

exige grandes c o n h e c i m e n t o s de m e ­

cân ica , já que sua co r re ia de c a r b o n o

d i f i c i l m e n t e prec isará de m a n u t e n ­

ção. Q u a n d o bater o cansaço, basta

ac ionar o m o t o r e lé t r i co , c o m a u t o ­

n o m i a de 6 0 qu i l óme t ros por recarga.

A l é m disso, a G i é dobráve l , t o r n a n d o -

-a fáci l de t ranspor tar e guardar. Apesar

de todas as van tagens , o p ro tó t ipo não

c o n s e g u i u angar ia r recursos suf ic ien­

tes no K icks tar ter , s is tema de financia­

m e n t o co le t i vo , pa ra seu l ançamen to .

A b o a n o t í c i a é que os cr iadores estão

b u s c a n d o f e c h a r parcer ias c o m f a b r i ­

cantes e inves t ido res para v iab i l i zar o

pro je to . — J O S É E D U A R D O C O U T E L L E

INCENTIVO ÀS MAGRELAS A CONSULTORIA EMBARQ BRASIL cr iou o Manual de Projetos e Progra­

mas para Incentivar o Uso de Bicicletas em Comunidades, que reúne

in formações para guiar iniciativas do género no Rio. Desenvolvido em parceria

c o m a prefe i tura, a publ icação mapeia a peri fer ia car ioca - em que a bike

pode ser u m meio de t ranspor te mais acessível - para que a pedalada pegue

de vez. A ideia é que as soluções o r ien tem a reurbanização da cidade. — R A

MANUAL DE PROJETOS E PROGRAMAS | embarqbrasil.org

U M C A F É C O M

Chris Carlsson

A utopia do agora A t i v i s t a a m e r i c a n o d e f e n d e i n i c i a t i v a s autónomas e a u t o g e r i d a s ( a l g u m a s q u e já e x i s t e m ) c o m o u m a a l t e r n a t i v a à v i d a n a s c i d a d e s . — R I C A R D O A M P U D I A

U m d o s f u n d a d o r e s d a Criticai Mass, m o ­

v i m e n t o q u e d e u o r i g e m à B i c i c l e t a d a e m várias c i ­d a d e s d o m u n d o , o e s c r i ­t o r a m e r i c a n o C h r i s C a r l s ­s o n a c a b a d e lançar No-wtopia - Iniciativas que es­tão construindo o futuro hoje ( T o m o E d i t o r i a l ) . S e g u n ­d o e l e , a nowtopia - c o n t r a -ção d e " u t o p i a " e " a g o r a " , e m inglês - é u m m o v i m e n ­t o m u n d i a l d e resistência a o m o d o d e v i d a m o d e r n o , b u s c a n d o a l t e r n a t i v a s i n ­t e g r a d a s à v i d a n a c i d a d e , m a s r e s g a t a n d o o c o o p e r a ­t i v i s m o e a c r i a t i v i d a d e .

Quem são os "nowtópicos"? São p e s ­s o a s u m p o u c o à f r e n t e d a m a i o r i a d a população, q u e estão u t i l i z a n d o s e u t e m p o e c o n h e c i m e n t o tecnológi­c o f o r a d o m e r c a d o . Q u a n ­d o não estão e m s e u s e m ­p r e g o s f o r m a i s , t r a b a l h a m d u r o e m p r o j e t o s q u e não l h e s t r a z e m d i n h e i r o . G e ­r a l m e n t e , a p r o p r i a m - s e d o l i x o d a c u l t u r a d o desperdí­c i o - s e j a c o m b i c i c l e t a s v e ­l h a s , óleo v e g e t a l u s a d o ,

o u t e r r e n o s b a l d i o s e m áre­a s u r b a n a s . E l e s r e i n v e n ­t a m f e r r a m e n t a s e t e c n o l o ­g i a s p a r a fins m a i s práticos, a j u d a n d o a s u p e r a r a c r i s e ecológica e , a o m e s m o t e m ­p o , r e c o n e c t a n d o p e s s o a s . A s u a transformação m a i s i m p o r t a n t e é começar u m difícil p r o c e s s o d e r e c o n s ­trução d e c o m u n i d a d e s f o r a d a s c i d a d e s , e m q u e a s

p e s s o a s s e c o n h e c e m e c o n ­fiam u m a s n a s o u t r a s o s u ­ficiente p a r a d i s c u t i r e p e n ­s a r j u n t a s s o b r e o quão m e l h o r a v i d a p o d e s e r .

Qual o maior desafio para esta "nowtopia"? É m u i t o fácil lançar u m p r o j e t o b a ­s e a d o e m cooperação, a j u ­d a mútua e apropriação c r i a t i v a d a t e c n o l o g i a e s e r e m p u r r a d o e m direção a s e t o r n a r u m p e q u e n o negócio ( m e s m o u m a c o o p e r a t i v a é a p e n a s u m negócio n o m e r ­c a d o ) . E s s e t i p o d e c o o p t a -ção d o c a p i t a l i s m o é difícil

d e e v i t a r n o d i a a d i a . M a n ­t e r u m p r o j e t o l i v r e e a b e r ­t o a n o v a s participações a o l o n g o d o t e m p o também é m u i t o difícil.

Acredita que esse movimento pode pegar? E m a l g u m p o n t o , o n o v o será m a i o r , m a i s f o r t e e m a i s v i t a l d o q u e o s caqué-t i c o s v e l h o s m o d o s d e f a z e r a s c o i s a s . M a s a i n d a e s t a ­m o s n o começo d o p r o c e s ­s o , então é impossível d i z e r q u a n t o t e m p o l e v a r e m o s até lá. P r o v a v e l m e n t e , m a i s d o q u e gostaríamos!

"A mudança mais importante é começar uma reconstrução de comunidades fora da cidade, em que as pessoas confiem umas nas outras."

— C h r i s C a r l s s o n

V O ativista esteve no Brasil em fevereiro, para participar

do último Fórum Mundial da Bicicleta, em Curitiba

FOTO Chad Armstrong S E T E M B R O 2 0 1 4 • vida simples 15

PA

O importante é o camin A sua experiência nos deslocamentos urbanos não é só responsabilidade do poder público. Quem se apropria

de seus trajetos pode redescobrir a cidade e a si mesmo

TEXTO Leandro Quintanilha FOTOGRAFIA Carlo Giovani

vJdas/mplss - SETEMBRO 2 0 1 4

VIDA SIMPLES propôs ao ilustrador Carlo Giovani que passeasse por São Paulo com seu caderno de desenhos. Para começar, ele entrou em um café. Carlo é um artista da observação: "Preciso ver diferente para fazer diferente"

S E T E M B R O 2 0 1 4 vidasimples 1J

C A P A

» o Q U E M U I T A G E N T E c o n s i d e r a p e r ­d a d e t e m p o é, p a r a e l e , u m p a s s a t e m ­p o . A d a m o B a z a n i , d e 3 6 a n o s , m o r a e m S a n t o André e t r a b a l h a n u m a rá­d i o d e São P a u l o . T o d o s o s d i a s , p a s ­s a três h o r a s e m e i a d e n t r o d o ônibus, d o m e t r o e d o t r e m . P o r s o r t e , n o c a s o d e l e , o t r a n s p o r t e u r b a n o não é a p e ­n a s u m m e i o d e locomoção, m a s u m h o b b y . A d a m o é busólogo: u m c a r a a p a i x o n a d o p o r ônibus a p o n t o d e e s ­t u d a r o a s s u n t o n a s h o r a s v a g a s . M o ­d e l o s , m o t o r e s , f a b r i c a n t e s e até s i s t e ­m a s . A v i a g e m d e l e é o ônibus e m s i .

A relação d e A d a m o c o m c o l e t i -v o s começou d e u m j e i t o m u i t o a f e t i -v o , n a infância. " N a q u e l a época, t a l ­v e z p o r s e t r a t a r d e u m a c i d a d e p e ­q u e n a , o s m o t o r i s t a s d e ônibus q u e a t e n d i a m o b a i r r o s e t o r n a v a m a m i ­g o s d a c o m u n i d a d e " , c o n t a . E , c o m o e r a m d e confiança, o s p a i s d e i x a v a m o A d a m i n h o , c o m 4 o u 5 a n o s , p a s s e ­a r c o m e l e s p e l a c i d a d e .

O busólogo s e l e m b r a d e g a n h a r d e p r e s e n t e réplicas d e s s e s ônibus e m d a t a s c o m e m o r a t i v a s . U m p o u q u i n h o m a i s v e l h o , já c o n h e c i a o s m o d e l o s u s a d o s e m c a d a l i n h a d e S a n t o André - e o s itinerários também. H o j e , m e s ­m o q u a n d o está d e férias e m o u t r a c i ­d a d e , p e g a ônibus aleatórios p a r a c o ­n h e c e r c o m o f u n c i o n a m o s d i f e r e n t e s s i s t e m a s d e l i n h a s p e l o País.

O k , t r a t a - s e d e u m a paixão e s p e ­cífica. M a s é também u m e n t u s i a s m o e l u c i d a t i v o s o b r e c o m o o s i g n i f i c a d o d e n o s s a s experiências c o m o t r a n s ­p o r t e u r b a n o é s u b j e t i v o e , p o r t a n ­t o , mutável. Q u a l q u e r p e s s o a p o d e r e i n v e n t a r a s u a relação c o m o s t r a ­j e t o s q u e f a z n o d i a a d i a . É s o b r e i s ­s o q u e q u e r e m o s f a l a r a q u i . Você t a m ­bém p o d e c h a m a r d e m o b i l i d a d e u r ­b a n a , e s s a expressão p o m p o s a . O u d e v i d a r e a l , s e i s s o não s o a r p e s s i ­m i s t a p a r a você. O i m p o r t a n t e é q u e

s e m a n t e n h a a b e r t o . P o r f a v o r , s e n h o r p a s s a g e i r o : d e i x e - s e c o n d u z i r e a p r o ­v e i t e a v i s t a . B o a v i a g e m !

E u s e i q u e , e m r e p o r t a g e n s s o ­b r e e s s e t e m a , você c o s t u m a e n c o n ­t r a r d a d o s s o b r e v e l o c i d a d e média e m horários d e p i c o , distribuição d a f r o t a e q u a n t i d a d e d e p e s s o a s p o r v e ­ículo. T u d o i s s o p o d e p a r e c e r m u i t o técnico e c h a t o , é v e r d a d e . M a s p a s ­s a g e i r o s ( o u "usuários") são p e s s o a s , e d e s t i n o s , o s l u g a r e s a o n d e e l a s q u e ­r e m c h e g a r : c a s a , t r a b a l h o , f a c u l d a d e , f e s t a , p a r q u e , c i n e m a . I n f r a e s t r u t u r a são r u a s , túneis, p o n t e s e veículos q u e t o r n a m e s s a s v i a g e n s possíveis. M o ­d a i s são o s d i f e r e n t e s m e i o s d e l o c o ­moção: ônibus, m e t r o , t r e m , c a r r o , tá­x i , b i c i c l e t a e e s s e b e l o p a r d e p e r n a s q u e você t e m aí, p e r d o e a i n t i m i d a d e .

R e p o r t a g e n s t r a d i c i o n a i s s o b r e m o b i l i d a d e u r b a n a também t r a t a m d e o u t r a s c o i s a s q u e f a z e m p a r t e d o n o s s o d i a a d i a , c o m o t a r i f a , inflação, o preço d o combustível, licitações pú­b l i c a s e poluição. A l g u m a s d a s m e f f i o -r e s matérias d o t i p o a b o r d a m a i n d a o p l a n e j a m e n t o d a c i d a d e e a v o n t a ­d e política necessária p a r a f a z e r i s ­s o o u a q u i l o a c o n t e c e r . Peço licença p a r a s e g u i r u m o u t r o c a m i n h o e p r o ­m e t o não f a z e r c u r v a s a c e n t u a d a s o u p a r a d a s b r u s c a s . V a m o s t r a t a r a q u i d a s impressões d e q u e m - c o m o você e e u - p r e c i s a , d e a l g u m a f o r m a , s e l o ­c o m o v e r p e l a c i d a d e .

É u m t e x t o - o u u m o l h a r g e n e ­r o s o - s o b r e a cabeça d o "usuário" b a t e n d o d e l e v e n a j a n e l a d o ônibus, e n q u a n t o t e n t a c o c h i l a r a c a m i n h o d o t r a b a l h o , p o r q u e a c o r d o u c e d o d e ­m a i s . S o b r e a música q u e c u r t e c a n t a r n o c a r r o , q u a n d o s e e s q u e c e d e q u e p o d e m vê-lo p e l o s v i d r o s . S o b r e o f a ­t o d e p r e f e r i r i r a pé n o s d i a s m a i s b o ­n i t o s . P o r q u e , s e p a r t i m o s d o p r e s s u ­p o s t o q u e o usuário é u m a p e s s o a , »

18 vidasimples • SETEMBRO 2014

"Se não tomamos cuidado, os caminhos se estreitam e se tornam um só." Nos 12 anos em que viveu na cidade, Carlo nunca havia cortado caminho pelo Parque Trianon nas inúmeras vezes que passou pela Avenida Paulista

S E T E M B R O 2 0 1 4 • vidasimples 1 Q

C A P A

a experiência d e l e é u m pedaço d a v i d a . A s u a também. M a s p o r q u e p e n ­s a m o s t a n t o e m números q u a n d o f a ­l a m o s d e t r a n s p o r t e u r b a n o ?

P o r q u e a c o m p l e x i d a d e d o p r o ­b l e m a n o B r a s i l é m a i s fácil d e s e r p e r ­c e b i d a p o r m e i o d e s s e t i p o d e c o n t e x ­tualização. S e m números, não há p l a ­n e j a m e n t o . " A ascensão d a c l a s s e C e o c r e s c i m e n t o d a o f e r t a d e e m p r e ­g o s são a l g u n s f a t o r e s q u e r e s u l t a m n o a u m e n t o d a d e m a n d a p o r t r a n s ­p o r t e público - há a n e c e s s i d a d e d e a t e n d e r u m número m a i o r d e p e s s o ­a s e d e o f e r e c e r , a o m e s m o t e m p o , u m t r a n s p o r t e e f i c i e n t e , confortável e s e g u r o " , e x p l i c a M a r i a Ângela C a -b i a n c a , p r o f e s s o r a d o c u r s o d e A r q u i -t e t u r a e U r b a n i s m o d a U n i v e r s i d a d e A n h e m b i M o r u m b i , e m São P a u l o . "É p r e c i s o p r i o r i z a r o t r a n s p o r t e público, a u m e n t a n d o a f r o t a " , a c r e d i t a .

A b o r d e m o s então, e r a p i d a m e n ­t e , o s números, p a r a p a r a r l o g o d e f a ­l a r s o b r e i s s o . Só p a r a e n t e n d e r q u e e s s e s d a d o s são i m p o r t a n t e s , m a s não são t u d o . P e g u e m o s c o m o e x e m ­p l o São P a u l o , a m a i o r c i d a d e d o P a ­ís, tão emblemática q u e é. D e a c o r d o c o m d a d o s d a S P T r a n s e d o D e t r a n , o s 1 1 milhões d e h a b i t a n t e s d a c a p i t a l p a u l i s t a dispõem d e u m s i s t e m a viá­r i o c o m 1 7 . 3 0 0 quilómetros d e e x t e n ­são e c e r c a d e 7 ,3 milhões d e veícu­l o s , e n t r e c a r r o s , m o t o s , ônibus, c a ­minhões e utilitários. Só p e r n a s não e n t r a m n e s s a c o n t a , c o m o s e vê.

A o m e s m o t e m p o , há 5 8 estações d e m e t r o e 8 9 d e t r e m , q u e c h e g a m às c i d a d e s v i z i n h a s . Táxis são q u a s e 33 ,5 m i l , além d e p e r u a s e s c o l a r e s ( 1 2 m i l ) e f r e t a d o s ( 1 4 m i l ) . D e a c o r d o c o m a C o m p a n h i a d e E n g e n h a r i a e Tráfe­g o , são 2 6 6 , 3 1 quilómetros d e i n f r a -e s t r u t u r a cicloviária, q u a n d o c o m p u ­t a d a s a o m e s m o t e m p o c i c l o v i a s , c i -c l o r r o t a s , calçadas c o m p a r t i l h a d a s ,

c i c l o f a i x a s d e f i n i t i v a s e c i c l o f a i x a s o p e r a c i o n a i s d e l a z e r , l i b e r a d a s e m f e r i a d o s e a o s d o m i n g o s . P a r e c e m u i ­t o ? R e l e i a o s d a d o s d o parágrafo a n t e ­r i o r . P o i s é, números também n o s d e i ­x a m u m p o u c o c o n f u s o s .

O f a t o é q u e m e s m o c i d a d e s p e ­q u e n a s e médias t r a d u z e m n e c e s s i d a ­d e s r e l a c i o n a d a s a u m a série d e s e r ­viços p r e s t a d o s n o t r a n s p o r t e u r b a ­n o . " E m b o r a s e j a m d e f i n i d o s e m l e i c o m o públicos, têm u m t i p o d e r e g u ­lação e m q u e p r e d o m i n a a lógica d e m e r c a d o " , e x p l i c a o e n g e n h e i r o P a u l o C e s a r M a r q u e s d a S i l v a , e s p e c i a l i s t a e m t r a n s p o r t e e p r o f e s s o r d a U n i v e r ­s i d a d e d e Brasília. Há u m g r a n d e p o ­t e n c i a l d e l u c r o . Q u e m p r e f e r e i r p a ­r a o t r a b a l h o d e b i c i c l e t a n e m e n t r a ­v a n e s s a c o n t a , p o r t a n t o . D e u n s a n o s p a r a cá é q u e e s s e t i p o d e opção c o m e ­ça a s e r c o n s i d e r a d a p o r a q u i .

" O p o d e r público não c o s t u m a p r i m a r p e l a q u a l i d a d e d o serviço a s e r o f e r e c i d o à s o c i e d a d e - e m v e z d i s s o , a t u a c o m o m e d i a d o r p a r a a s ­s e g u r a r q u e a concorrência e n t r e o s p r e s t a d o r e s d o serviço s e dê d e m a ­n e i r a j u s t a " , p o n d e r a o e s p e c i a l i s t a . A q u a l i d a d e d a s u a experiência fica e m s e g u n d o p l a n o . I s s o começou a m u ­d a r c o m a l e i f e d e r a l 1 2 . 5 8 7 , d e 2 0 1 2 , q u e e s t a b e l e c e a s d i r e t r i z e s d a m o b i ­l i d a d e n o País. P l a n o s d e t r a n s p o r t e público p o d e m m e l h o r a r o c o t i d i a n o d a s p e s s o a s , d e f a t o , q u a n d o e l a b o r a ­d o s c o m e n v o l v i m e n t o d a s o c i e d a d e , p o r m e i o d e d e b a t e s a b e r t o s à p a r t i c i ­pação d e t o d o s . E s s e s fóruns já e x i s ­t e m e m m u i t a s c i d a d e s b r a s i l e i r a s . "Só a s s i m a experiência d a s p e s s o a s p o d e p r e v a l e c e r s o b r e i n t e r e s s e s e m ­p r e s a r i a i s " , a c r e d i t a o p r o f e s s o r .

P o r e n q u a n t o , c o n t u d o , c o r r e d o ­r e s d e ônibus c o n t a m m a i s q u e c i c l o ­v i a s . O i n v e s t i m e n t o e m m e t r o é p r i o ­r i d a d e e m relação à planificação

20 v i d a s i m p l e s • S E T E M B R O 2 0 1 4

Você pode viajar ao lado de uma pessoa por mais de meia hora no ônibus, sem nem reparar em sua fisionomia. Mas é a atenção que torna a experiência interessante. "Olhar para as pessoas transforma o percurso"

S E T E M B R O 2 0 1 4 • vida simples 21

C A P A

» e arborização d a s calçadas. A q u a n ­t i d a d e d e p e s s o a s p o r vagão f a l a m a i s a l t o e m relação a o ângulo d e i n c l i ­nação d o s e n c o s t o s d o s a s s e n t o s . Q u a n d o o p r o b l e m a d o t r a n s p o r ­t e são c o n t a s q u e não f e c h a m , c o n ­f o r t o e b e m - e s t a r f i c a m p a r a d e p o i s . N a baldeação e n t r e m e t r o e t r e m n o b a i r r o d e P i n h e i r o s , e m São P a u l o , o p a s s a g e i r o p r e c i s a s u b i r ( o u d e s ­c e r ) s e i s e s c a d a s r o l a n t e s c o m p r i d a s e não s e q u e n c i a i s . I m a g i n e f a z e r i s ­s o d u a s v e z e s p o r d i a , t o d o s o s d i a s . C a n s a d o . N o t u m u l t o .

E s c o l h a s e u d e s t i n o P r o n t o , concluída a contextualização. A g o r a p o d e m o s r e p r o g r a m a r o n o s s o G P S : além d e c h e g a r e m q u a n t i d a d e e r a p i d e z p o r u m b o m preço, a s p e s s o a s q u e r e m c h e g a r b e m . "Não são só 2 0 c e n t a v o s " , c o m o p r e g a v a o s l o g a n d a o n d a d e manifestações q u e t o m a r a m o País d e f o r m a s u r p r e e n d e n t e a p a r ­t i r d e j u n h o d o a n o p a s s a d o , e m q u e o a u m e n t o d a t a r i f a f o i só o d e t o n a d o r d e u m a insatisfação m a i o r . É p r e c i s o t e r u m mínimo c o n f o r t o e segurança n o t r a j e t o , p a r a s e c h e g a r c o m d i g n i ­d a d e . U m p a s s o a d i a n t e é h a v e r o p ­ções p a r a q u e a s p e s s o a s p o s s a m e s ­c o l h e r c o m o s e d e s l o c a r d e a c o r d o c o m a s n e c e s s i d a d e s d e c a d a d i a e -p o r q u e não? - o h u m o r . P o r q u e t r a n s ­p o r t e p o d e s e r também u m a e x p e r i ­ência c o n t e m p l a t i v a , p r a z e r o s a .

O f a t o é q u e , além d e a c o m p a ­n h a r e f i s c a l i z a r o t r a b a l h o d a p r e ­s i d e n t e , d o g o v e r n a d o r e d o p r e f e i ­t o , c a d a p e s s o a p r e c i s a também s e a p r o p r i a r d o s c a m i n h o s q u e p e r c o r ­r e e a s s u m i r s u a p a r c e l a d e r e s p o n ­s a b i l i d a d e s o b r e c o m o q u e r ( e v a i ) u s u f r u i r d e l e s . E s t a m o s o t e m p o t o ­d o e m m o v i m e n t o , c a m i n h a n d o d e u m a direção a o u t r a , física e m e t a f o ­r i c a m e n t e . Você v a i d e c a s a à p a d a r i a ,

d a ignorância a o c o n h e c i m e n t o , d o t r a b a l h o p a r a a f e s t a , d a i n d i f e r e n ­ça a o a m o r , d o r e s t a u r a n t e a o b a n c o , d a temperança à m a t u r i d a d e . P e n s e n a s trajetórias q u e f e z a o l o n g o d a v i ­d a p a r a c h e g a r até a q u i . G r a n d e s e p e ­q u e n a s decisões d e p e r c u r s o f a z e m e t r a n s f o r m a m a v i d a . M u i t a s v e z e s , a g e n t e só e n t e n d e a o n d e r e a l m e n t e q u e r c h e g a r d u r a n t e o t r a j e t o .

D e c e r t a f o r m a , é o c a m i n h o q u e d e t e r m i n a o d e s t i n o - não o contrá­r i o . P o r q u e então não n o s p e r g u n t a ­m o s c o m o q u e r e m o s c h e g a r e m v e z d e a p e n a s a o n d e q u e r e m o s i r ? A c a b a s e n d o o q u e c o n t a m a i s .

S e i q u e o c a s o d o A d a m o , q u e v o ­cê c o n h e c e u n o começo d e s t e t e x t o , é m u i t o p a r t i c u l a r . M a s não é o úni­c o . A l g u m a s p e s s o a s já i n t e r f e r e m n o próprio c o t i d i a n o d o j e i t o q u e p o d e m . O m e u n a m o r a d o c o s t u m a v e r sitcoms p e l o c e l u l a r a c a m i n h o d o t r a b a l h o , d e m e t r o e t r e m . B a s t a c o l o c a r f o n e s d e o u v i d o p a r a não i n c o m o d a r ninguém. E u a d o r o l e r n o ônibus. E e s c o l h o v i a ­j a r p e l a superfície s e m p r e q u e p o s ­s o , p o r q u e também g o s t o d e o b s e r ­v a r São P a u l o - o s prédios, a s p e s s o a s n a s calçadas e n o s c a r r o s , o s p a s s a g e i ­r o s q u e s e g u e m c o m i g o n o ônibus. Às v e z e s , f e c h o o l i v r o p a r a v e r a r q u i t e t u -r a e g e n t e . Às v e z e s , f e c h o o s o l h o s e m e d e i x o l e v a r . G o s t o d i s s o também.

O funcionário público B r u n o S c h ­n e i d e r , d e 3 8 a n o s , m o r a v a n a B a r r a d a T i j u c a , n a z o n a o e s t e d o P d o d e J a ­n e i r o , e t r a b a l h a v a n o c e n t r o d a c i d a ­d e . E r a m u m a h o r a e q u i n z e m i n u t o s n a i d a e o u t r a h o r a e m e i a n a v o l t a d e s e g u n d a a s e x t a , e m u m ônibus f r e ­t a d o , c o m T V e a r - c o n d i c i o n a d o . »

C A R L O G I O V A N I edesigner e ilustrador. Coleciona imagens das cidades e experi­ências em cadernos.

22 vídasimpíes • S E T E M B R O 2 0 1 4

Andando pela calçada no final do dia, é possível acompanhar os carros. "Em uma tarde, ouvi um som familiar, diferente dos motores e das buzinas habituais. Havia um motorista que tocava um trompete a cada parada"

S E T E M B R O 2 0 1 4 • vidasimples 2 3

C A P A

U m c o n f o r t o desconfortável. Além d o t e m p o p e r d i d o , B r u n o s e i n c o m o ­d a v a c o m a s ligações telefónicas d e o u t r o s p a s s a g e i r o s , q u e a c a b a v a m f a l a n d o m u i t o a l t o d e n t r o d e u m a m ­b i e n t e f e c h a d o . F i c a v a refém d o s p r o ­b l e m a s a l h e i o s e d a própria irritação.

A experiência d e l e começou a m u d a r q u a n d o c r i o u u m propósito p a ­r a a q u e l e t e m p o : e s t u d a r p a r a o m e s ­t r a d o e m matemática. U s a n d o f o n e s e u m t a b l e t , B r u n o a s s i s t i a a a u l a s d e u n i v e r s i d a d e s a m e r i c a n a s . E s t u d o u álgebra, cálculo, a l g o r i t m o s e até s i ­mulação c o m p u t a c i o n a l . H o j e , e l e é m e s t r e e p e n s a e m f a z e r d o u t o r a d o n a A l e m a n h a . A t u a l m e n t e , m o r a e m N i ­terói, u s a a b a l s a p a r a s e t r a n s p o r t a r até o c e n t r o d o R i o e c o m p l e t a a r o ­t a a o t r a b a l h o c o m u m a c a m i n h a d a d e 15 m i n u t o s . P o d e f a z e r u m a l e i t u ­r a rápida o u a p r o v e i t a r a v i s t a . " G o s t o d o v i s u a l : a Baía d e G u a n a b a r a , a p o n ­t e , o a e r o p o r t o , a I l h a F i s c a l . . . " D e p o i s q u e s e a p r o p r i o u d e s e u t r a j e t o , n o f r e ­t a d o o u n a b a l s a , c i r c u l a r p e l a c i d a d e n u n c a m a i s f o i a q u e l e t o r m e n t o .

M e s m o t r e c h o s a pé p o d e m s e r m e ­l h o r a p r o v e i t a d o s s e p e r c o r r i d o s c o m consciência, c o n f o r m e m e e x p l i c o u J u l i a n a V i l a r i n h o , p r o f e s s o r a d e m e ­ditação roja yoga d a e n t i d a d e B r a h -m a K u m a r i s B r a s i l , e m São P a u l o . " N a meditação q u e f a z e m o s s e n t a d o s , p o d e m o s n o s a p r o f u n d a r m a i s . M a s é, s i m , possível v i v e n c i a r i s s o c a m i ­n h a n d o - o i m p o r t a n t e é m a n t e r u m a a t i t u d e c o n c e n t r a d a e m u m f o c o . "

P e s s o a s m a i s a n s i o s a s , q u e t e n ­d e m a s e p e r d e r n o s próprios p e n s a ­m e n t o s , p o d e m b a i x a r n o c e l u l a r u m a r q u i v o d e áudio p a r a u m a meditação o r i e n t a d a . Quemporsuavezjádetém u m c o n t r o l e m a i o r d a própria m e n t e p o d e e l a b o r a r m a n t r a s p o s i t i v o s p a r a

s i m e s m o d u r a n t e o p a s s e i o . P a r a J u ­l i a n a , o f o c o p r o p o r c i o n a d o p e l a m e ­ditação a j u d a o p r a t i c a n t e a r e s p i r a r m e l h o r e a p o u p a r a m e n t e d e d e s g a s ­t e s desnecessários ( q u a n d o você está a t r a s a d o , a a n s i e d a d e não o f a z c h e ­g a r a n t e s , né?). A s s i m , o c a m i n h a n t e d e i x a p a r a l i d a r c o m o s p r o b l e m a s n o m o m e n t o c e r t o e s e g u e e m p a z . A o s e d e s l o c a r f i s i c a m e n t e , ninguém p r e c i ­s a s e s e p a r a r d e s i m e s m o .

P e r d o e a m e g a l o m a n i a d a metá­f o r a , a propósito, m a s a própria v i d a é u m a j o r n a d a d o n a s c i m e n t o à m o r t e , u m a c a m i n h a d a a o m e s m o t e m p o e x ­t e r n a e i n t e r i o r , p e l o período q u e n o s c o u b e r . Há u m p a r d e v e r s o s d e q u e g o s t o m u i t o n a canção IAm Mine ( E u S o u M e u ) , d o P e a r l J a m : " J know I was bom andl know Vil die/ The in between is mine" ( E u s e i q u e e u n a s c i e s e i q u e m o r r e r e i / O i n t e r v a l o e n t r e u m a c o i s a e o u t r a é m e u ) . A v i d a é s u a , a j o r n a ­d a é s u a . Também é possível d i z e r q u e s e u s t r a j e t o s são m a i s q u e s e u s . S e são experiências, são a v i d a n a q u e l e m o ­m e n t o . O c a m i n h o é você.

P o r i s s o , é tão i m p o r t a n t e q u e a g e n t e s e dê c o n t a d o s p e r c u r s o s q u e s e g u i m o s n o c o t i d i a n o . E l e s são i m ­p o r t a n t e s n a h o r a d e s e a v a l i a r a v i d a . Então, e x p e r i m e n t e d e s l i g a r o p i l o t o automático, p o r q u e , s e você não está f e l i z c o m a r o t i n a q u e l e v a , s e u s c a m i ­n h o s p o d e m t e r m u i t o a v e r c o m e s ­s a sensação. Há v i a g e n s q u e , n a p e r s ­p e c t i v a d a experiência, não l e v a m a l u g a r n e n h u m . E experiência é t u d o , o u q u a s e t u d o , d e q u e a g e n t e dispõe n e s s a trajetória. Então, vá p e l a s o m ­b r a . O u a o s o l , s e o d i a e s t i v e r b o n i t o . M a s vá c o m o p r e f e r i r .

L E A N D R O Q U I N T A N I L H A é repórter e editor freelancer. Trabalha em casa, mas inventa pretextos para sair por aí.

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S E T E M B R O 2 0 1 4 vidasimples 2 J

P R A Z E R

26 vida simples S E T E M B R O 2 0 1 4

Comida em trânsito Cada vez mais chefs saem da cozinha para servir

suas criações nas calçadas. Assim, mantêm contato mais próximo com os clientes e deixam a alta gastronomia com um gostinho mais casual

TEXTO Rafael Tonon ILUSTRAÇÃO José Carlos Lollo

R O Y C H O I C H E G O U A L o s A n g e l e s a i n d a criança, n o começo d o s a n o s 7 0 . P a r a o recém-egresso d a C o r e i a d o S u l , o s E s t a d o s U n i d o s e r a m u m a p r o ­m e s s a d e v i d a . C r i a d o n a vizinhança d e K o r e a t o -w n , " o n d e a fumaça d o s c h u r r a s c o s c o r e a n o s g r u ­d a n o s e u c a b e l o , não i m p o r t a o x a m p u c a r o q u e você u s e " , c o m o d i z , e l e t e v e u m a infância l i g a ­d a às r u a s . N a época, a s crianças a i n d a f a z i a m d o a s f a l t o p a l c o p a r a b r i n c a d e i r a s . F o i a l i q u e a p r e n ­d e u a c o m e r : o s r a m e n s a o n o r t e d e H o l l y w o o d , o s t a c o s e b u r r i t o s e m B o y l e H e i g h t s , o s n o o d -l e s d o V a l e d e S a n G a b r i e l . Não f o i p o r a c a s o q u e ,

e m u m e s t a l o , a s s i s t i n d o a u m p r o g r a m a d e T V , p e r c e b e u q u e s u a vocação e s t a v a l i g a d a à g a s t r o ­n o m i a - d e r u a , e v i d e n t e m e n t e . C o m u m a m i g o , p e g o u u m caminhão e s a i u p e l o trânsito d e L o s A n g e l e s v e n d e n d o t a c o s d e c h u r r a s c o c o r e a n o . E m p o u c o t e m p o , já t i n h a u m a f r o t a defood tru-cks (espaço móvel q u e t r a n s p o r t a e v e n d e c o m i ­d a ) e u m a l e v a d e c l i e n t e s q u e f o r m a v a m f i l a s p a ­r a s a b o r e a r s u a s delícias. S o b r e q u a t r o r o d a s , e l e e s t a v a t r a n s f o r m a n d o a m a n e i r a d e almoçar d o s a m e r i c a n o s . O K o j i , n o m e d e s u a r e d e , não f o i o p r e c u r s o r d o s food trucks, q u e t o m a r a m a s v i a s »

S E T E M B R O 2 0 1 4 • vida simples 2 7

» a m e r i c a n a s n o s últimos a n o s , m a s R o y C h o i s e t o r n o u o r e i d e s s e género e m L . A . M a i s d o q u e u m m o v i m e n t o l o c a l , C h o i a j u d o u a p r o p a g a r a r e v o ­lução q u e g a n h o u espaço n a s g r a n d e s c i d a d e s d o m u n d o - d e L o s A n g e l e s a P a r i s , d e R o m a a São P a u l o . U m r e ­n a s c i m e n t o d a g a s t r o n o m i a d e r u a e u m j e i t o d e s e c o n e c t a r c o m a s p e s s o ­a s a o a r l i v r e .

M o b i l i d a d e democrática " E u t e n h o r o d a s e u m t a n q u e c h e i o d e combustível. E a s s i m c o n s i g o c h e g a r a q u a l q u e r u m . E s s e é m e u g r a n d e d i ­f e r e n c i a l " , d i z C h o i n o l i v r o L.A. Son ( F i l h o d e L . A . , a i n d a s e m tradução

p o r a q u i ) . A f r a s e d i z m u i t o d o cará-t e r democrático d a s r u a s - d o e x e c u t i ­v o e n g r a v a t a d o a o s e s t u d a n t e s s a i n d o d a e s c o l a , d a mãe d e mãos d a d a s c o m a f i l h a a o s e n h o r e m p a s s o s c a l m o s , t o d o m u n d o c i r c u l a e s e a l i m e n t a .

J u n t a r u m a c o i s a à o u t r a é u n i r , l i ­t e r a l m e n t e , a f o m e c o m a v o n t a d e d e c o m e r . A questão é q u e a l g u n s f a t o -r e s fizeram c o m q u e e s s e m o v i m e n ­t o gastronómico, típico d a s g r a n ­d e s c i d a d e s , s e d e s e n v o l v e s s e a i n d a m a i s n o s d i a s d e h o j e . E , n e s s e s t e m ­p o s e m q u e o d e s l o c a m e n t o s e t o r ­n a c a d a v e z m a i s c o m p l i c a d o , a s r u a s e m e r g e m c o m o u m a b o a a l t e r n a t i v a p a r a q u e m está p a s s a n d o : p e g a r u m a

p i p o c a d o c e d o p i p o q u e i r o , g a r a n t i r u m c a c h o r r o - q u e n t e n o a m b u l a n t e , o u r e s p o n d e r a o s e n c a n t o s d a j a b u t i ­c a b a m a d u r a n a b a n c a d e f r u t a s .

P o r t l a n d , n o O r e g o n ( E U A ) , v i u s u a s v i a s s e r e m t o m a d a s p e l o s c h a -mados^wofií carts, o u c a r r i n h o s d e c o ­m i d a , t r a n s f o r m a n d o a c i d a d e e m u m a d a s m a i o r e s referências d e c o ­m i d a d e r u a n o m u n d o . São m a i s d e 5 0 0 d e l e s e s p a l h a d o s p o r áreas o n d e a concentração d e p e s s o a s é m a i o r -praças o u u n i v e r s i d a d e s , p o r e x e m ­p l o . O g o v e r n o l o c a l f a c i l i t o u m u i t o t o d o e s s e m o v i m e n t o a o c r i a r r e g u l a ­m e n t o s p a r a a i n i c i a t i v a . N o e n t a n t o , o q u e f a v o r e c e u t u d o i s s o f o i o f a t o d e

2õ v i d a s i m p l e s • S E T E M B R O 2 0 1 4

s e u s m o r a d o r e s u s a r e m m u i t o a b i c i ­c l e t a c o m o m e i o d e t r a n s p o r t e , além também d e c a m i n h a r e m b a s t a n t e . " S e você p e g a r u m m a p a , v a i p e r c e ­b e r q u e o s food carts estão o n d e o f l u ­x o d e g e n t e é m a i o r , n a s r o t a s d e b i c i ­c l e t a s e vizinhanças e m q u e é possível f a z e r t u d o a pé. A s p e s s o a s vão d e c a ­s a a o t r a b a l h o e e n c o n t r a m e s s e s c a r ­r o s d e c o m i d a n o c a m i n h o " , a f i r m a K e l l y R o d g e r s , a u t o r a d e Cartopedia - Portland's Food Cart Revolution ( C a r ­t o p e d i a - A Revolução d o s food carts d e P o r t l a n d , s e m edição n o B r a s i l ) .

C o m m a i s c h e f s s e d e d i c a n d o a c r i a r c a r r i n h o s d e c o m i d a s v a r i a d a s ( d e r e c e i t a s d a Etiópia a delícias d a

culinária t a i l a n d e s a ) , a c i d a d e t a m ­bém g a n h o u e m u s o d o espaço pú­b l i c o . " E l e s d e s p e r t a r a m t a n t o i n t e ­r e s s e q u e t o d o m u n d o f a z f i l a p a r a c o m e r , o c u p a n d o a s r u a s " , d i z K e l l y . P a r a g u i a r m o r a d o r e s e t u r i s t a s , f o ­r a m c r i a d o s até a p l i c a t i v o s p a r a c e ­l u l a r e s q u e dão endereços e horários d e f u n c i o n a m e n t o d o s t a i s c a r r i n h o s .

Pegando carona P o r a q u i , também e s t a m o s s e g u i n ­d o e s s e m o v i m e n t o . I s s o começou há p o u c o m a i s d e u m a n o , c o m a a l t a d o s preços d o s i n g r e d i e n t e s e d o s c u s ­t o s p a r a m a n t e r o s r e s t a u r a n t e s . F o i q u a n d o c h e f s e empresários a r m a r a m

b a r r a c a s , a o pé d a l e t r a , e i n v e s t i r a m n o s food trucks. G a n h o u o público, q u e p o d e p r o v a r r e c e i t a s d e g e n t e c o n s a ­g r a d a e d e c o z i n h e i r o s d e mão c h e i a p o r preços m a i s módicos. E , a i n d a , t e r u m l u g a r a l t e r n a t i v o p a r a f a z e r u m a refeição rápida f o r a d a s praças d e a l i ­mentação d o s s h o p p i n g s .

E m São P a u l o , a s c h a m a d a s f e i r i -n h a s gastronómicas são a g o r a e v e n ­t o s r e g u l a r e s , s e r v i n d o d e acarajés a m a s s a s , d e s o r v e t e s a r t e s a n a i s a b r i ­g a d e i r o s . D e s s a f o r m a , a c i d a d e m o s ­t r o u s e u p o t e n c i a l p a r a e s s e t i p o d e g a s t r o n o m i a e d e s p e r t o u c h e f s p a r a a i d e i a . A l g u n s d e l e s , d o n o s d e r e s ­t a u r a n t e s c o n h e c i d o s , começaram »

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» a " b o t a r a b a n c a " n a p o r t a d e s e u s e s t a b e l e c i m e n t o s p a r a s e r v i r a l g u n s p r a t o s q u e não n e c e s s a r i a m e n t e e s ­t a v a m n o cardápio. A c h e f M a r a S a l ­l e s , d o T o r d e s i l h a s , a b r i u p r e c e d e n t e a o u s a r a v a r a n d a p a r a s e r v i r t a c a c a n a calçada, r e s g a t a n d o u m a tradição d e Belém e d e o u t r a s c i d a d e s amazô-n i c a s - q u e s e r v e m e m b a r r a c a s o p o ­t e n t e c a l d o c o m camarão s e c o , j a m -b u , t u c u p i e g o m a d e t a p i o c a . " P e r ­c e b e m o s q u e n o s s o a l p e n d r e p o d e r i a

J O S É C A R L O S L O L L O ilustra revistas e livros infantis. Durante a semana, faz direção de arte como publicitário.

s e r a p r o v e i t a d o p a r a u m serviço q u e a t e n d e s s e q u e m está a p e n a s c a m i ­n h a n d o p e l a calçada. E s s a i n f o r m a l i ­d a d e t e m a c a r a d o B r a s i l " , d i z .

Desejo manifesto A p a r t i r d i s s o , o u t r o s r e s t a u r a n t e s p a s s a r a m a u s a r também e s s e s e s ­paços p a r a s e r v i r delícias e s e o r g a ­n i z a r a m p a r a c r i a r o m o v i m e n t o B o ­t a n d o B a n c a , q u e t e m até m a n i f e s t o . "Além d e u m a a l t e r n a t i v a acessível d e alimentação f o r a d e c a s a , e s s a é u m a f o r m a d e r e s g a t e d a c i d a d a n i a . D e c i d i m o s , a s s i m , o f e r e c e r p r o d u t o s d e b o a q u a l i d a d e p a r a s e r e m c o n s u ­m i d o s e m pé, d e s p r e t e n s i o s a m e n t e ,

d e f o r m a a p r o m o v e r e s s a c u l t u r a , tão d i f u n d i d a p o r t o d o o m u n d o " , d i z o d o c u m e n t o , q u e reúne r e s t a u r a n t e s c o m o o Obá, A K V i l a e S u r i C e v i c h e B a r . O c h e f d e s t e último, D a g o b e r t o T o r r e s , começou a c a r r e i r a v e n d e n d o c a c h o r r o - q u e n t e n a s r u a s d a Colôm­b i a , país e m q u e n a s c e u .

Q u a n d o v e i o p a r a cá, p e r c e b e u q u e a prática não e r a tão v a l o r i z a d a n o B r a s i l . " N o m e u país, t e m o s u m a relação m u i t o f o r t e c o m i s s o . A s r u ­a s s e r v e m c o m o u m a f o r m a d e m a n ­t e r a s tradições d e r e c e i t a s c o m o a r e -p a s , c a l d o s , e m p a n a d a s e s u c o s e n e r -g i z a n t e s q u e q u a s e n u n c a estão à v e n d a e m r e s t a u r a n t e s . A c u l t u r a é

3 0 vidasímpíes • S E T E M B R O 2 0 1 4

m a n t i d a d e s s a f o r m a " , e x p l i c a . Além d e s e r v i r c e v i c h e e m f r e n t e a o S u r i -s e m p r e n o último d o m i n g o d e c a d a mês -, T o r r e s a b r i u , n o f i n a l d e j u n h o , o u t r a c a s a e s p e c i a l i z a d a e m q u i t u ­t e s d e r u a l a t i n o - a m e r i c a n o s . O M a ­i z ( q u e , e m e s p a n h o l , s i g n i f i c a m i l h o ) o f e r e c e a r e p a s , t a c o s e e m p a n a d a s a preços j u s t o s e m u m m o d e l o d e s e r ­viço n o q u a l o s c l i e n t e s f a z e m e r e t i ­r a m s e u s próprios p e d i d o s e d e p o i s s a b o r e i a m n o balcão, n a s m e s a s d o salão o u s a e m c o m e n d o .

" A s p e s s o a s estão i n t e r e s s a d a s n e s s e f o r m a t o não a p e n a s p e l o p r e ­ço, m a s p e l a experiência q u e o f e r e ­c e : d e s e r s e r v i d o p o r q u e m f a z s u a

c o m i d a , d e p o d e r p e t i s c a r d e f o r m a c a s u a l , s e m c a r t a d e v i n h o s " , c o n t e x ­t u a l i z a o c h e f T o r r e s .

O B u z i n a F o o d T r u c k , u m furgão c r i a d o p e l o s c h e f s e empresários Már­c i o S i l v a e J o r g e G o n z a l e z p a r a s e r v i r hambúrgueres e p r a t o s c o m o c u s c u z m a r r o q u i n o o u f r a n g o c o m c u r r y , f o i u m d o s p r i m e i r o s a g a n h a r o s e s p a ­ços públicos d o País. M a s é p r e c i s o f i c a r a t e n t o : c a d a d i a e l e s p a r a m e m u m endereço d i f e r e n t e ( i n f o r m a d o p o r m e i o d e s u a s r e d e s s o c i a i s ) .

"Queríamos s a i r d a s q u a t r o p a ­r e d e s d a c o z i n h a t r a d i c i o n a l , t e r l i ­b e r d a d e e o c o n t a t o d i r e t o c o m q u e m servíamos", a f i r m a S i l v a . T e m d a d o

c e r t o . T a n t o q u e , três v e z e s p o r mês, e l e s já têm u m endereço fixo: o r e -cém-inaugurado B u t a n t a n F o o d P a -r k , u m e s t a c i o n a m e n t o p a r a t r a i l e r s , c a r r i n h o s , b a r r a c a s e até b i c i c l e t a s q u e s e r v e m c o m i d a e m São P a u l o .

O s c o z i n h e i r o s m u d a m t o d o s o s m e s e s , o s preços não p a s s a m d e d o i s dígitos e a s m e s a s são comunitárias. O s u c e s s o p r o v a q u e há i n t e r e s s e p o r u m a g a s t r o n o m i a s e m afetações e m a i s l i g a d a a o p r a z e r d e c o m e r . •

R A F A E L T O N O N énosso assíduo colabo­rador de gastronomia e come fora com frequência. Muitas vezes, na rua mesmo.

S E T E M B R O 2 0 1 4 • V i d a S Í l T i p l e S

P E R F I L

Caminhando sem parar

Depois de perder os movimentos do corpo, Ricky Ribeiro criou o maior

portal de mobilidade do Brasil

TEXTO Natália Garcia RETRATO Artur Lopes

P E L O F A C E B O O K , o a d m i n i s t r a d o r pú­b l i c o P d c k y R i b e i r o , 3 4 a n o s , p e d e a j u ­d a . " E s t o u v e n d o u m e s q u e m a e s p e ­c i a l p a r a a s s i s t i r u m j o g o d a C o p a n a A r e n a C o r i n t h i a n s e c o n s e g u i o s i n ­g r e s s o s . C o m o a t u a l m e n t e não c o n ­s i g o s e g u r a r o pescoço e não t e n h o m o v i m e n t o , p r e c i s a r i a m e d e s l o c a r d e i t a d o até o estádio. Será q u e e x i s t e c a r r o a d a p t a d o p a r a ambulância?". A missão d e c h e g a r a o estádio e r a difí­c i l já q u e R i c k y é p o r t a d o r d e e s c l e r o ­s e l a t e r a l amiotrófica ( E L A ) , doença d e g e n e r a t i v a q u e d i m i n u i p r o g r e s s i ­v a m e n t e o c o n t r o l e d o s m o v i m e n t o s .

Além d a ambulância, e r a p r e c i s o c o n s e g u i r u m l u g a r n o estádio p a r a a c a d e i r a e s p e c i a l q u e s e g u r a s e u p e s ­coço e u m a t o m a d a disponível p a r a

l i g a r s e u r e s p i r a d o r . M a s R i c k y está l o n g e d e s e d e i x a r p a r a l i s a r . " D e s d e o s 1 7 a n o s , e l e q u e r i a f a z e r o b e m c o ­m u m " , c o n t a a mãe, C r i s t i n a R i b e i r o .

G r a d u o u - s e , e m 2 0 0 2 , n o c u r ­s o d e administração pública d a F u n ­dação Getúlio V a r g a s , e m São P a u l o . D e p o i s d e f o r m a d o , p a s s o u d o i s a n o s e m B a r c e l o n a . F e z u m M B A E x e c u ­t i v o p e l a U n i v e r s i d a d e d e B a r c e l o n a e u m M e s t r a d o e m S u s t e n t a b i l i d a d e p e l a U n i v e r s i d a d e Politécnica d a C a ­t a l u n h a ( U P C ) . D e v o l t a a o B r a s i l , f o i m o r a r e t r a b a l h a r n o R e c i f e . " E u t i n h a u m a v i d a p e r f e i t a : i a a pé p a r a o t r a ­b a l h o , j o g a v a ténis, a n d a v a d e b i c i c l e ­t a e c o r r i a n a p r a i a " , c o n t a R i c k y . F o i aí q u e a doença começou a s e m a n i ­f e s t a r , c o m f a l h a s n o c o m a n d o d a s »

32 vidasimples • S E T E M B R O 2 0 1 4

S E T E M B R O 2 0 1 4 • vida simples 33

P E R F I L

» p e r n a s , q u e p r o v o c a v a m q u e d a s . E m 2 0 0 8 , o diagnóstico f o i c o n f i r m a ­d o . M a s o q u e p o d e r i a t e r s i d o u m a história trágica a c a b o u s e t o r n a n d o u m insight p r o f i s s i o n a l . A o s a b e r q u e p e r d e r i a o s m o v i m e n t o s , R i c k y d e c i ­d i u c r i a r o M o b i l i z e , o m a i o r p o r t a l d e m o b i l i d a d e u r b a n a d o B r a s i l .

" D i f i c i l m e n t e e x i s t i r i a o M o b i l i ­z e s e e u não t i v e s s e p e r d i d o o s m o v i ­m e n t o s " , c o n t a R i c k y c o m a j u d a d e u m a p a r e l h o c o m o q u a l ' d i g i t a ' u s a n ­d o o s o l h o s , já q u e também p e r d e u a c a p a c i d a d e d a f a l a . " U m diagnósti­c o c o m o o q u e e u t i v e g e r a u m a r e f l e ­xão s o b r e a v i d a e , q u a n d o p a s s e i a t e r m a i s t e m p o l i v r e , d e c i d i q u e q u e r i a e n t e n d e r m a i s s o b r e m o b i l i d a d e u r ­b a n a p a r a t r a b a l h a r c o m o t e m a c a s o ficasse c u r a d o a l g u m d i a . " F o i a s s i m q u e e l e c o n c e b e u o p o r t a l .

O s p a i s e o s a m i g o s t i v e r a m p a ­p e l f u n d a m e n t a l n e s s e p r o c e s s o . O s c a m a r a d a s R e n a t o M i r a l l a e G u i l h e r ­m e B u e n o c o n s e g u i r a m patrocínio p a r a financiar o p r o j e t o e d i t o r i a l , e l a ­b o r a d o p e l o j o r n a l i s t a e e c o n o m i s ­t a T h i a g o Guimarães. M e s e s d e p o i s , e l e s fizeram u m a c a m p a n h a d e a r r e ­cadação p a r a q u e o j o r n a l i s t a M a r c o s d e S o u z a e s u a agência d e conteúdo, a M a n d a r i m , f o s s e m c o n t r a t a d o s p a ­r a p r o d u z i r matérias e e s t u d o s p a r a o p o r t a l . " M a s a p e s s o a m a i s i m p o r t a n ­t e n e s s e p r o c e s s o f o i C r i s t i n a R i b e i ­r o , m i n h a mãe. E l a é u m a p r o f i s s i o n a l m u i t o c o m p e t e n t e , q u e s e d e s t a c o u e m t o d o s o s l u g a r e s p o r o n d e p a s ­s o u e q u e d e i x o u o c a r g o d e d i r e t o r a e m u m a e m p r e s a p a r a c u i d a r d e m i m q u a n d o c o m e c e i a ficar d e p e n d e n t e . " E l a a r t i c u l o u t o d o s o s e n v o l v i d o s n o

A R T U R L O P E S , homem internacional do mistério: ilustrador, padeiro, confeitei­ro, cozinheiro...

p o r t a l , c u i d o u d a p a r t e a d m i n i s t r a t i ­v a e f e z o M o b i l i z e a c o n t e c e r .

O p o r t a l n a s c e u e m 2 0 1 1 c o m a missão d e c o n t r i b u i r c o m a m e l h o r i a d a m o b i l i d a d e u r b a n a e d a q u a l i d a d e d e v i d a n a s c i d a d e s b r a s i l e i r a s . N a r a ­d i o g r a f i a q u e fizeram d o s i n d i c a d o r e s disponíveis s o b r e o a s s u n t o n o País, u m d a d o s e sobressaía: a m a i o r i a d o s d e s l o c a m e n t o s n a s c i d a d e s b r a s i l e i ­r a s ( 3 6 , 8 % ) é f e i t a a pé. I s s o s e m c o n ­t a r a s c a m i n h a d a s até o t r a n s p o r t e pú­b l i c o , o c a r r o o u a b i c i c l e t a . F i c o u e v i ­d e n t e a importância d a s calçadas p a r a a m o b i l i d a d e u r b a n a n o País.

" O p o d e r público i m p u t o u a r e s ­p o n s a b i l i d a d e d a s calçadas a o s p r o ­prietários d o s imóveis, m a s s e é q u a s e impossível g a r a n t i r u m padrão e m u m único quarteirão, i m a g i n e n a c i d a d e i n t e i r a " , q u e s t i o n a R i c k y . E l e e a e q u i ­p e d o M o b i l i z e d e f e n d e m q u e a s c a l ­çadas s e j a m d e r e s p o n s a b i l i d a d e d a s p r e f e i t u r a s , a s s i m c o m o são a s r u a s e a v e n i d a s . " E x e m p l o s d e o u t r o s países m o s t r a m q u e s o m e n t e o p o d e r públi­c o t e m c a p a c i d a d e e a u t o r i d a d e p a r a p r o j e t a r , c o n s t r u i r , fiscalizar e m a n t e r a s calçadas, além d a sinalização e i l u ­minação, n o s padrões necessários."

V e i o d e s s a reflexão a i d e i a p a ­r a a p r i m e i r a c a m p a n h a d o M o b i l i z e , a Calçadas d o B r a s i l , e m 2 0 1 2 . C o l a ­b o r a d o r e s d o p o r t a l l e v a n t a r a m d a ­d o s s o b r e a s calçadas d a s 1 2 c i d a d e s -- s e d e d a C o p a d o M u n d o . A p e s q u i s a p e r m i t i u c o m p a r a r d a d o s , a t r i b u i r n o ­t a s às c i d a d e s e c r i a r u m r a n k i n g b r a ­s i l e i r o d e calçadas. O r e s u l t a d o f o i d e ­s o l a d o r : a média d a s n o t a s atribuídas ficou e m 3 , 4 . S e g u n d o o s critérios d a p e s q u i s a , a n o t a mínima p a r a u m a calçada d e q u a l i d a d e s e r i a 8 . N e n h u ­m a d a s c i d a d e s a t i n g i u e s s e mínimo.

A divulgação d a c a m p a n h a C a l ­çadas d o B r a s i l g a n h o u repercussão. " O r a n k i n g s a i u n o Jornal Nacional e

3 4 v i d a s i m p l e s • SETEMBRO 2 0 1 4