Vida e Obra -Mário Viegas

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1 Vida e Obra – Mário Viegas Vida e Obra Actor, Recitador, Encenador, Empresário Teatral Mário Viegas Cláudia Anastácio 11-01-2010 Foi minha intenção recordar Mário Viegas, pelo simples facto de ser um Homem que se vivesse hoje estava perfeitamente actual dentro da Arte Contemporânea, era uma mente inquieta sempre em busca de algo novo, homem de coração grande, adorava participar em grandes desafios sem medo.

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Vida e Obra – Mário Viegas

Vida e Obra

, Empresário Teatral

Mário Viegas

Cláudia Anastácio

11-01-2010

Foi minha intenção recordar Mário Viegas, pelo simples facto de ser um Homem que

se vivesse hoje estava perfeitamente actual dentro da Arte Contemporânea, era uma

mente inquieta sempre em busca de algo novo, homem de coração grande, adorava

participar em grandes desafios sem medo.

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Índice

Entrevista............................................................................................3

Infância....................................................................................................3

Adolescência...........................................................................................4

Juventude................................................................................................5

Adulto......................................................................................................6

Historial CTC.........................................................................................11

Poemas.................................................................................................12

Bibliografia........................................................................................14

Agradecimentos...............................................................................14

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Entrevista

Infância

António Mário nasceu em Santarém no dia 10 de

Novembro de 1948, às 23.30 H, meia hora antes

do dia de S. Martinho, Filho de Francisco Pereira

e de Mariana Viegas. Frequentou a escola

primária de S. Bento em Santarém como morava

exactamente ao lado da escola saltava o muro e

aí estava ele no pátio, o Professor Sr. Ferro era

muito exigente e algo rude, naquela época era

assim estamos a falar de à 50 anos atrás.

Aos 7 anos de idade lia 1 livro por dia seu autor

preferido na altura era Júlio Verne, foi inclusivamente uma vez apanhado pelo Professor

que deu com ele a ler às escondidas “As vinte mil léguas submarinas “.

Com cerca de 10 anos era hábito a família ir de férias para as termas de Monte Real em

Leiria, como ele e eu eramos duas crianças, aquela coisa das termas não nos dizia

grande coisa, afinal era um Mês inteiro a gozar de praia e do pinhal tinham-nos de nos

entreter com alguma coisa e começamos a estruturar as nossas peças de teatro fazia-

mos os bonecos com papel pendurávamo-los com linha e aí estávamos nós a apresentar

duas vezes por semana à hora do lanche a todas as pessoas da pensão.

Como os pais apreciaram muito a sua criatividade deram ao meu irmão Mário cabeças

de fantoches e um palco de abrir e fechar, eu fazia os adereços pintava, colava, cosia,

fizera-mos isto até à idade dos 19 anos,

inclusivamente uma vez fizemos uma

representação na EDP no Porto, na altura

chamado Hidro-eléctrica do Douro.

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Desenho da Primária

Adolescência

Fizemos fotonovelas no bairro na sua rua

com os amigos da época, existia um cão que

fugia sempre de cena.

Entra no Liceu e no Teatro Taborda começa

a declamar poesia, resolvemos os dois

irmãos mais uma vez montar um grupo de

teatro com as pessoas do Liceu chamava-se

este grupo “Bar4” (Bar significava reunião e 4

era o nº da porta do cine-clube).

Fomos descobertos pela PIDE e como os

temas que usávamos não eram apropriados, recebemos em casa uma intimação e

fomos chamados à PIDE, como era-mos menores fomos acompanhados pelos pais

fomos informados que era proibido andarem juntas mais de 2 pessoas.

Ainda hoje todos os elementos do Bar4 à excepção do Mário se juntam.

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Juventude

Entra em História na faculdade de letras de Lisboa, ficou instalado no “Pio XII “ em

Lisboa instituição super católica e muito rigorosa são conhecidas muitas aventuras desta

sua fase.

Por causa destas aventuras que estavam a ser demasiadas nosso pai enviou-o para

junto de mim que me encontrava na faculdade no Porto na altura, aí começaram os

convívios e festas de Natal com nomes como Adriano Correia de Oliveira, Zeca Afonso e

Manuel Freire.

Também aqui foi perseguido pela PIDE por causa dos muitos convívios em que

participava, nosso pai de novo decidiu que ele voltaria para Lisboa para o 3º ano da

faculdade de letras, neste mesmo ano ele decide informar nossos pais, que tinha sido

admitido no Teatro Experimental de Cascais, em 1968 fez a sua primeira peça com Mirita

Casimiro mulher de Vasco Santana e foi assim que começou o seu percurso no teatro.

Mário com sua sobrinha Ana

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Adulto

Faz o seu 1º grande estudo sobre o poeta Fernando Pessoa, estuda poetas

contemporâneos e os próprios poetas começaram a dar-lhe poemas para ele declamar,

nesta fase dá-se o 25 de Abril.

Exposição que foi feita sobre “ Um rapaz chamado Mário Viegas” nome dado por

Carmen Dolores, esta exposição apenas continha o que dizia respeita às suas coisas o

que ele dizia o que ele vestia, o que ele fazia.

Sobre o ponto de vista familiar era uma pessoa que respeitava o espaço de cada um,

nunca trazendo a sua vida do teatro para dentro do meio familiar manteve sempre o seu

modo de vida muito própria e sua intimidade longe de casa. Gostava que fossem assistir

às suas peças mas nunca no dia da estreia.

Candidata-se à Presidência da República e leva-a muito a sério a sua sede de

candidatura era perto da Igreja da Graça em Santarém, fazendo inclusivamente um

manifesto anti-Cavaco na sua apresentação de candidatura, os slogans da campanha:

“Viegas amigo! O Mário está contigo!”

“Mário só há um! O Viegas e mais nenhum!”

“O Mário que se lixe! O Viegas é que é fixe!!!

Considerava-se um espírita, porque durante o sono dizia receber mensagens de seres

que já tinham partido, respeitava bastante tudo que se relacionava com o planeta e o

Universo estas influências vinham de sua família ser muito crente e em grande parte

muito espirituais.

Era característica particular, sempre que lhe ofereciam algo automaticamente ele

classificava as peças: quem tinha dado e quando, depois colocava quanto valia e

passado uns anos reavaliava-as.

Recusou sempre fazer publicidade, no entanto aceitou fazer uma vez um anúncio das

massas milanesas, recebeu o dinheiro que necessitava na altura para manter o teatro e

para o seu livro.

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Quando já estava bastante doente resolveu instalar-se no Hotel Borges no Chiado, e vai

junto com a companhia de teatro Mário Viegas tomar as suas refeições à pastelaria

Bernad, tinha longas conversas com a Dª Maria Augusta (dona da pastelaria).

É internado no dia 29 de Agosto de 1995 no Hospital de Santa Maria e partiu no dia 1 de

Abril de 1996.

Com sua irmã Hélia

Nunca esteve filiado em nenhum partido ou clube desportivo nem nunca foi convidado

para tal, não teve nenhuma ficha na PSP ou policia judiciária por actos ilícitos e/ou

imorais.

Era solteiro e não tencionava casar oficialmente, é-lhe retirado o adiamento Militar, por

actividades políticas e proibido de actuar como actor e recitador quer publicamente, quer

na antiga Emissora Nacional e na R.T.P.

Os discos de poesia são proibidos de passar na rádio até ao 25 de Abril de 1974.

Cumpre o serviço Militar obrigatório como Oficial entre Outubro de 1971 e Outubro de

1974, tendo a sua caderneta Militar os mais altos louvores pela disciplina militar.

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Assiste e participa desde as 11H00 da manhã, ao golpe-militar do 25 de Abril, no largo

do Carmo. Às 19h00 na Rua António Maria Cardoso e participa na primeira tentativa

popular de assalto à sede da P.I.D.E – D. G.S.

Faz parte da extinção da P.I.D.E, desde o início de Maio de 1974 até Outubro de 1974

como Oficial do M.F.A, de onde é afastado.

Após proibição em Conselho de ministros, da peça “ Eva Perón”, de Copi da qual era

protagonista. Desiludido com a situação política do País em Maio de 1975 sai de

Portugal e fica até finais de Setembro de 1975 a viver em Copenhaga, Dinamarca.

Como independente participou sem qualquer remuneração em algumas campanhas e

espectáculos ao vivo e na televisão do P.C.P (1977), do P.S.R e da U.D.P, até 1994.

Arrependeu-se bastante de o ter feito com excepção à U.D.P.

Apoiou publicamente a candidatura à Presidência da República do Eng.º Carlos

Marques.

Foi eleitor durante 2 anos (1987, 1988), dos comunicados do dia 25 de Abril de Otelo

Saraiva de Carvalho, quando este esteve preso em Caxias (caso FP25), não ganhou

nada com isso.

Era fumador activo e passivo.

Mário Viegas dizia ser uma encarnação do seu trisavô, paterno Francisco Leoni fundador

do Teatro da Trindade.

Participou em mais de 15 películas entre elas:

O Rei das Berlengas de Artur Semedo (1978) Azul, Azul de José de Sá Caetano

(1986), Repórter X de José Nascimento (1987), A Divina Comédia de Manoel de

Oliveira (1991), Rosa Negra de Margarida Gil (1992), Sostiene Pereira de Roberto

Faenza (1996), onde contracenou com Marcello Mastroianniou os filmes de José

Fonseca e Costa Kilas, o Mau da Fita (1981), Sem Sombra de Pecado (1983), A

Mulher do Próximo (1988) e Os Cornos de Cronos (1991).

Fez também televisão, popularizando-se, particularmente com duas séries de programas

sobre poesia - Palavras Ditas (1984) e Palavras Vivas (1991). Trabalhou também na

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rádio, principalmente como divulgador de poesia e de teatro e foi colaborador regular do

jornal Diário Económico, para onde escreveu artigos sobre teatro e humor.

Deu-se a conhecer pelos seus recitais de poesia, gravando uma discografia com poemas

de, entre outros, Fernando Pessoa, Luís de Camões, Cesário Verde, Camilo Pessanha,

Jorge de Sena, Ruy Belo, Eugénio de Andrade ou ainda de autores estrangeiros (Brecht,

Pablo Neruda, entre outros). Divulgou nomes como Pedro Oom ou Mário-Henrique

Leiria.

Museu Nacional do Teatro, Lisboa

"O Teatro foi sempre a minha vida e a minha morte"

Mário Viegas foi, provavelmente, o actor da sua geração que melhor compreendeu a

importância, do ponto de vista patrimonial, da existência de um Museu do Teatro, como

grande guardador de memórias de uma arte que é, por natureza efémera.

Exposição projectada e concebida a partir do valioso espólio artístico do actor Mário

Viegas (1948/1996), por ele doado ainda em vida ao Museu Nacional do Teatro ("Oferta

ao Museu do Teatro...") escrevia, quase sempre a vermelho, em tudo aquilo que ia

entregando, a que se juntam outros objectos e documentos de natureza mais pessoal,

temporariamente cedidos pela família, a exposição "Um Rapaz Chamado Mário

Viegas" não é uma homenagem póstuma.

Pretende antes, relembrar este

"comediante na vida e no palco" junto

do público, divulgar o seu espólio e

perpetuar a sua imagem comom homem e

como artista

A ideia da exposição, respeitando aquilo

que quis ser e sempre foi em vida, parte

do estudo pormenorizado de tudo o que nos deixou (fotografias, cartas, documentos,

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entrevistas, frases soltas e outros materiais existentes no museu) e da leitura da sua

"Auto-Photo Biografia (não autorizada)".

Fixando-se no tratamento gráfico da

imagem, da escrita, das ideias do actor,

que enquadram um conjunto de objectos

vários, de especial significado em

diferentes fases da sua

vida.

Desde simples objectos

de faiança, até à máquina

de escrever, quadros, brinquedos,

manuscritos, trajos e adereços de cena,

som e imagens em movimento, sem

qualquer orientação cronológica ou narrativa biográfica, não é uma

exposição de fotografias ou de objectos mas, antes, uma exposição

construída a partir desses objectos, cujo efeito pretendido é o

envolvimento do público pela personagem e pela vida do Actor,

Recitador, Encenador e Cidadão Mário Viegas.

Com a subjectividade própria que envolve a definição de critérios de

uma selecção desta natureza, quer quanto aos textos, quer quanto às

imagens e objectos utilizados, poderá ter ficado alguém ou algo de

fora. Contudo procurou-se a maior consonância possível com as

indicações valorativas que ele próprio atribuiu a determinadas fotografias,

documentos ou objectos, bem como, em alguns casos, com opções exclusivamente de

carácter museológico.

Esta Exposição foi inaugurada no dia 18 de Maio de 2001.

Salvo da morte em que já era nada.

À morte desço em que sou tudo agora,

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Ao longo de harmonias que, de longe e outrora,

Tão proximamente soam meus sentidos.

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Historial CTC

1989 – Mário Viegas e Juvenal Garcês põem em cena, com êxito O Regresso de Bucha

e Estica, espectáculo construído a partir da adaptação de vários textos de Stan Laurel,

estava dado o passo decisivo para a Fundação da companhia teatral do chiado (CTC)

em Dezembro de 1990,concretizando-se assim o desejo de ambos de pôr em práctica

uma sensibilidade estético-teatral comum, em grande medida contra a corrente que se

fazia sentir na época, visto tratar-se de reabilitar um teatro popular, igualmente apelativo

para os novos e antigos públicos.

Este acto inaugural prenunciou a importância que o registo de comédia, assumiria no

repertório CTC.

1990 – CTC privilegiou uma actividade teatral em sentido próprio, um trabalho

performativo (incluindo tradução, encenação, montagem técnica e produção) orientado

para o acontecimento no palco e na intensidade única da relação teatral entre actores e

espectadores A Birra do morto, farsa de Vicente Sanches o primeiro espectáculo da

companhia em nome próprio

1991 – Adaptação de textos inéditos de Mário Henriques Leiria Mário gin tónico volta a

atacar, e adaptação de textos inéditos de António de Curtis Totó. Adaptado do texto de

Manuel Mendes, O Cantinho de Maria, criado pela actriz Maria Viera, e outros dois a

partir de textos de José Jorge Letria, O Pirata Que Não Sabia Ler, e Lendas do Mar

1992 – Duas peças de Eduardo Filippo Nápoles Milionária, (comédia dramática) e Arte

da Comédia, êxitos de crítica e de público, A grande Magia; a peça de peppinode filippo

(irmão de Eduardo) e também Um suicídio colectivo peça encenada por Filipe

Crawford. Feiras do Livro de Teatro facultando a troca de publicações.

1993 – Pela obra de Samuel Beckett figura maior do teatro moderno A última Badana

de Krapp e o clássico Enquanto se está à espera de Godot. Espáculo de poesia

Aquela Nuvem e Outras de Eugénio de Andrade, o seu êxito como declamador de

poemas foi tal que viu reforçado o seu estatuto de Mário Viegas enquanto figura ímpar

do teatro contemporâneo

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1994 – Grande acontecimento politico-teatral Europa Não! Portugal Nunca!!!, o

espectáculo Ensaio de Um sonho, baseado nos textos de Ingmar Bergman e August

Strindberg, ficou reconhecido como sendo um momento alto do Historial da companhia

CTC. O Chá das Cinco no Chiado com…, existência de diálogo livre entre o público e

os actores de gerações diferentes moderado por Mário Viegas – foi um exemplo

marcante.

1995 – A tripla abordagem a Peter Shaffer com a peça Uma comédia às escuras. Vai e

vem e Acto sem palavras II, sob o título Duas comédias sem palavras encenadas por

Sandra Faleiro e Carlos Pisco. Feira do Livro de Teatro, mais uma vez organizada pelo

CTC.

1996 – As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos, de Adam Long,

Jess Borgeson e Daniel Singer, permanência em cena há mais de 12 anos a consagram

como o maior êxito teatral português. A peça Dá raiva Olhar Para Trás, marcou a

estreia de Juvenal Garcês como encenador.

Para o CTC continua a valer, agora mais do que nunca a frase do mestre Almada

Negreiros: «Teatro é o escaparate de todas as artes.»

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Poemas

1º poema que Mário Viegas declamou gravado em disco

Homem,

abre os olhos e verás

em cada outro homem um irmão

Homem

as paixões que te consomem

não são boas nem más

são tua condição

a paz

porém, só a terás

quando o pão que os outros comem,

Homem

for igual ao teu pão.

Armindo Rodrigues

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Bibliografia

Entrevista com a Dr.ª Hélia Viegas, irmã de Mário Viegas Jan/2010.

http://www.wikipédia.org

http://www.companhiadeteatraldochiado.pt/historial

http://www.museudoteatro-ipmuseus.p/pt-PT/Exposicoes/ExpPassadas

Exposição catálogo “Um rapaz chamado Mário Viegas”, Museu Nacional do Teatro

Photo-Autobiografia (Não autorizada)

Agradecimentos

Muito em especial à Dr.ª Hélia Viegas pela sua disponibilidade.