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w m m e eViabilidade de Projetos de Investimentos

Paulo Brito

2- Edição

Análise e Viabilidade de Projetos de Investimentos

k i 11^ I - 1 __ ______ ^ ü i Li ̂ ̂ I I I ' I ' I ! {_____________ ■

Sumário

Prefácio, 11 Introdução, 13

P a rte I - F e itu r a d o p r o je to , 15

1 PONTOS A SEREM FIXADOS NO ESTUDO DO PROJETO, 17

1 Contexto do projeto, 17

2 Elaboração, análise e crítica, 18

3 Principais fases do projeto, 19

4 Finalidades do projeto, 195 Aspectos do projeto, 20

6 Tipos de projeto, 20

2 ELABORAÇÃO, 21

1 Apresentação, 21

2 Aspectos administrativos, 22

3 Aspectos jurídicos e legais, 224 Aspectos contábeis, 22

5 Mercado, 236 Tam anho do projeto, 32

8 ANÁLISE E VIABILIDADE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

7 Localização do projeto, 338 Arquitetura do projeto, 369 Engenharia do projeto, 3610 Receitas do projeto, 3711 Custos do projeto, 3812 Investimentos do projeto, 3813 Financiamentos do projeto, 3914 Fluxo de caixa, 39

15 Cronograma físico-financeiro, 40

P a rte II - A n á lis e p r iv a d a d o p r o je to , 41

3 MODELOS DE AVALIAÇÃO, 43

1 Análise do valor da empresa, 44

2 Análise econômico-financeira retrospectiva, 443 Análise vertical-horizontal, 464 Análise da alavancagem retrospectiva, 465 Análise do term ôm etro da insolvência, 476 Análise in ter e intra-setorial, 477 Análise da capacidade de pagam ento, 478 Análise das garantias atuais e evolutivas, 489 Análise do ponto de equilíbrio, 4810 Análise da sensibilidade econômica, 4911 Análise da taxa interna de retorno, 5012 Análise do payback, 51

13 Análise do capital de trabalho perm anente, 5114 Análise da alavancagem prospectiva, 5215 Parecer final, 52

P a rte III - A n á lis e s o c ia l d e p r o je to s , 53

4 MODELOS SINTÉTICOS, 55

1 Análise benefícios-custos, 562 Amplo enfoque neoclássico, 56

3 Grande esforço neoclássico com os preços-sombra, 574 Experiências nacionais e internacionais, 57

SUMÁRIO

5 Um modelo aberto para a análise social, 59

P a rte IV - P r o je to e la b o r a d o c o m o e x e m p lo , 61

5 EMPRESA ESCOLHIDA, 63

1 Roteiro preenchido, 64

2 Documentação necessária que deverá ser anexada à proposta, 703 Explicativos, 714 Memória de cálculos, 755 Balanços dos três últimos anos, 826 Balancete de 31 de outubro de 2104, 867 Term ôm etro de insolvência, exercício proposto, 898 Roteiro de projeto a ser feito, 93

Referências bibliográficas, 99

Parte I

Feitura do ProjetoSr

1

Pontos a serem Fixados no Estudo do Projeto

1 CONTEXTO DO PROJETO

programação, plano , política, programa, pólo e_ _ _ ^ ̂ i 3 , ssidcidcdc organização do sistemaeconomico, objetivando o desenvolvimento.

O planejam ento é o processo de definição de diretrizes. Ele é estratégico, quando fixa paradigm as estáticos para serem implantados. Pretende alcançar o desenvolvimento econômico, que é um processo de m udanças estruturais, que se materializa pela melhoria das condições de vida da população.

Assim, como principais diretrizes que assume o sistema de planejam ento, há:0 ?!uir!ent0 Produto nacional; a elevação da renda per capita; o combate à mflaçao; a erradicação da pobreza, da miséria, da fome, do analfabetismo; o com­bate as doenças; o fomento às com unidades de infra-estrutura social e básica - agua, luz, saneam ento, transportes, energia, habitação, comunicações; o controledo crescimento populacional; e a melhoria da distribuição da renda, entre outros objetivos.

Logo, o planejam ento é o conjunto de planos, program as e projetos. A pro- gramaçao é um subconjunto do planejamento. O plano é o docum ento global do planejamento. O program a é o docum ento global da programação.

Os planos e os program as podem ter alcance nacional, regional, estadual e municipal. Já o pólo é o docum ento exclusivamente do planejam ento regional.

O projeto é o docum ento que visa, em última instância, produzir bens e /o u serviços. E o planejam ento da unidade produtiva. Tem função determ inada.

1 8 FEITURA DO PROJETO

A política econômica é a arte de resolver conflitos. É a decisão. Nos manuais citados na bibliografia, podem ser encontrados conceitos variados de projeto. O im portante é que se saiba que o projeto representa um propósito de investimento produtivo. Para isso, não pode prescindir de um a série de condições que serão estudadas neste capítulo como aspecto ou elemento do projeto.

Existe alguma confusão no uso dos conceitos de planejam ento utilizados nos parágrafos anteriores. Isso decorre da utilização indevida ou da necessidade de enfatizar a circularidade plano-program a-projeto dentro de um a espiral. Por exemplo, Projeto Sertanejo é um program a; foi criado para estim ular determ inada area do Nordeste cham ada de sertões. Logo, deveria chamar-se Program a Serta­nejo. Já o Projeto Nordeste é um plano, o qual unifica um a série de planos regio­nais, program as setoriais e inúmeros projetos. Logo, deveria ser denom inado Plano Nordeste. Há, ainda, os chamados Projetos de Desenvolvimento, que deve- riam ser cham ados de Program as. Por exemplo, o Projeto de Desenvolvimento Rural Integrado (PDRI). No Nordeste, por exemplo, mais da m etade de sua área01 contem plada com cerca de 47 PDRIs desde os anos 70. Não se procurou

verificar como estão hoje, um a vez que m udam de nome, quando têm problemas ou ralta de recursos.

Portanto, em sentido amplo, o plano contém o program a e o projeto. Em sentido restrito, essas três palavras vêm seguidas de outro term o designativo. Por exemplo, o projeto de um a em presa é o docum ento m aior e contém o planeja­m ento administrativo da firma, seu program a de financiamento, o projeto do centro de computadores, o plano físico das inversões.

Para todos os efeitos, neste texto, está-se sem pre se referindo ao projeto como projeto de investimentos, ou seja, de um a unidade produtiva de bens e /o u de serviços, quer sejam públicos ou privados.

2> ELABORAÇÃO, ANÁLISE E CRÍTICA

Há um a série de roteiros de elaboração, a depender da finalidade do projeto, do program a de crédito ou dos benefícios que poderão ser pleiteados (incentivos fiscais, isenção de impostos, prioridades na localização, entre outros). No entanto, não há roteiros explícitos de análise de projetos, que é de exam inar a consistência entre seus aspectos, viabilidade econômica, técnica e financeira. A análise geral­m ente é feita pelos organismos financeiros ou órgãos interessados no projeto.

A análise pode ser passiva, quando é aceito o projeto na forma apresentada, e pode ser ativa, quando é reformulado o projeto, de acordo com a óptica do plano ou program a em que se queira enquadrá-lo. A análise ativa é um a crítica dirigida e um enquadram ento nas norm as da instituição que irá beneficiá-lo.

A crítica, em essência, pode ser mais ampla. Ela pode estar em desacordo como plano ou program a ou com a análise. Ela pode representar os interesses de deter­m inada categoria social ou ser estritam ente acadêmica.

PONTOS A SEREM FIXADOS NO ESTUDO DO PROJETO 19

3 PRINCIPAIS FASES DO PROJETO

Segundo Buarque (1985), o projeto tem cinco fases: a idéia, a pré-viabili- dade, a viabilidade, a engenharia e a execução. Holanda (1982) coloca de um a forma parecida (aqui ajustada, mas sem elhante às cinco fases), a saber: estudos preliminares, anteprojeto, projeto, execução e acom panham ento.

Conforme Pomeranz (1985), citando o Instituto Latino-Americano de Plani- ficação Econômica e Social (Ilpes), com sede em Santiago do Chile, existem quatro etapas: identificação de idéia, anteprojeto preliminar, anteprojeto definitivo e projeto definitivo, as quais, para Pomeranz, foram simplificadas em três: a iden­tificação da idéia, o estudo da viabilidade técnico-econômica e a implantação.

Admitindo m aior grau de detalhe, o projeto apresenta-se desde o propósito até seu acom panham ento em seis fases. Na primeira fase, há a idéia abalizada; na segunda fase, os estudos preliminares que se fazem com os primeiros contatos com empresas, bancos e órgãos do governo; na terceira fase, monta-se o anteprojeto: o anteprojeto é o “projeto” em sua primeira versão; seria um estudo amplo, sujeito a reformulações, após a primeira crítica, que é a do enquadram ento do projeto aos planos e program as de seu gênero; na quarta fase, há o projeto definitivo, que foi reelaborado (ou ajustado), analisado e aprovado; na quinta fase, há a execução dos trabalhos de ergonom ia e de engenharia, m ontagem e instalação: é a fase da realização das inversões fixas; na sexta fase, acompanha-se o projeto, verificando a flexibilidade e a compatibilidade entre meios e fins: nesta última fase é que se procede aos ajustes. Nela, há desde os testes pré-operacionais até o funciona­m ento norm al da empresa.

4 FINALIDADES DO PROJETO

Os objetivos de se fazer um projeto são: criar, expandir, m odernizar, reloca- lizar, fundir, incorporar, m udar de atividade, sanear financeiram ente e redimen- sionar o capital de giro perm anente.

No Brasil, por causa de um a série de distorções no mercado financeiro, agra­vadas pela indexação que existiu durante, aproxim adam ente, 30 anos, foram cria­dos incentivos fiscais, subsídios, isenção de tributos, surgindo vários projetos para aproveitam ento dessas vantagens. É comum empresários motivarem-se com a pu ­blicidade das linhas de crédito oficiais claram ente beneficiadas. Contudo, há o li­mite do prazo de financiamento, assim como o das isenções de tributos.

Q uando o projeto é feito, sem a devida competência, cessando os benefícios incentivados, a em presa não mais se sustenta. Há inúmeros casos, no âmbito da Sudene e da Sudam, de escândalos de desvios de recursos. Essa não é boa prática e, à m edida que o país tem-se democratizado, ela tende a desaparecer. O projeto tem que ser competente.

20 FEITURA DO PROJETO

No geral, convém fazer referência a pelo menos três tipos de iniciativas: (1]quem precisa realizar investimentos; (2) quem faz hedge (proteção), excelenteadm inistração financeira; (3) quem desvia recursos da em presa para o patrimôniodos empresários, em detrim ento da primeira. Esta última, claro, não é ética, mas existe.

5 ASPECTOS DO PROJETO

Q uando da e la b o r a ç ã o , os aspectos a serem examinados são: (1) adminis­trativos; (2) legais; (3) contábeis; (4) mercado; (5) tam anho; (6) localização; (7) arquitetura; (8) engenharia; (9) investimentos; (10) financiamentos; (11) recei­tas; (12) custos; (13) fluxo de caixa; e (14) cronogram a físico-financeiro.

Quando da a v a lia ç ã o p r iv a d a , os aspectos devem ser vistos sob dois níveis distintos. O primeiro é relativo a o d ia g n ó s t ic o e com preende as análises do pas­sado ao presente. A situação atual deve então ser com parada com a análise da conjuntura econômica. O segundo é relativo a o p r o g n ó s t ic o , que deve guardar coerencia com o diagnóstico e deve contem plar projeções em um horizonte tem po­ral que de, no mínimo, para am ortizar os financiamentos. Portanto, tornou-se praxe trabalhar com um fluxo de caixa de dez anos. Porém, dependendo da ativi­dade economica, o fluxo de caixa poderá apresentar grandes variações. Os casos sao muitos e escapam ao escopo deste.

Já na a n á lis e so c ia l, procura-se discutir as dificuldades dos esquemas de custos-beneficios como indicadores neoclássicos e da aplicação de preços-sombra como um a aproximação do que seria um bom sistema de avaliação.

No âmbito das metodologias de projetos agrupados, privados e sociais, veri- fica-seque constantem ente estão sendo aplicados métodos já padronizados, tanto na elaboração como na análise da solidez e consistência dos projetos. As m eto­dologias existentes são múltiplas e variadas, podendo servir de com paração entre os diferentes órgãos de fomento e perm itindo a monitorização de projetos pelos orgaos de planejam ento governamentais.

6 TIPOS DE PROJETO

Assim, conforme os setores produtivos, os projetos podem ser: (a) agrícolas; (b) pecuários; (c) agropecuários; (d) industriais; (e) agroindustriais; (f) de ser­viços básicos - água, saneam ento, energia, transportes, estradas, comunicações, telefones, (g) de serviços sociais - escolas, habitações, lazer; (h) outros serviços. Quanto ao patrocinador, os projetos podem ser públicos, privados e mistos. Enfim, todos podem ser simplificados de acordo com a definição consagrada de Colin Clark, au tor neoclássico por demais conhecido, de três setores: p r im á r io , s e ­c u n d á r io e te r c iá r io ; o restante é desm em bram ento.

2

Elaboração

*íT

APRESENTAÇÃO

Todo projeto elaborado vem com um a folha de rosto que contém pelo menos os seguintes dados, que apresentam o projeto:

a) razão social;

b) CNPJ e código de FIBGE;

c) endereço (escritório, fábricas, depósitos e filiais) de sede e foro;d) objetivos sociais;

e) da ta da constituição;

f) núm ero e data do registro na Jun ta Comercial;g) prazo de duração;

h) representação legal;

i) telefones de contato;

j) objetivos do projeto;

k) valor do financiamento proposto.

FEITURA DO PROJETO

ASPECTOS ADMINISTRATIVOS

São os seguintes os aspectos administrativos:

1. dirigentes - com funções, nacionalidade, residência, domicílio, qualifi­cação, experiência profissional, da ta de eleição da diretoria e prazo do m andato;

2. grupo econômico - breve histórico e descrição das atividades atuais;3. organograma - a estru tura matricial geral e o delineam ento até o ter­

ceiro escalão;

4. assessoria e auditoria - qualificação dos assessores e da auditoria ex­terna independente;

5. cadastros - indicação de órgãos em que a em presa e seus dirigentes possuem cadastros.

ASPECTOS JURÍDICOS E LEGAIS

Os aspectos jurídicos e legais são:

1. capital social - apresentar quadro do capital social autorizado, subscrito e integralizado, especificando quantidade, valor das ações ou cotas, por categorias;

2. evolução do capital social - apresentar quadro com os aum entos do capi­tal social;

3. controle da empresa - relacionar os principais sócios. Se o controle per­tencer a pessoas jurídicas, estas tam bém deverão apresentar a discrimi­nação de seus controles;

4. estatutos ou normas internas - anexar ao projeto, bem como as alte­rações.

ASPECTOS CONTÁBEIS

São os seguintes os aspectos contábeis:

1 . situações financeira e patrimonial - apresentar os três últimos balanços, bem como demonstrativos de resultados. Se em presa nova, balanço de abertura. Em qualquer caso, incluir último balancete;

ELABORAÇÃO 23

2. situações de endividamento - relacionar as obrigações por empréstimos de longo prazo, especificando: (a) valor; (b) saldo devedor; (c) credor; (d) vencimento; (e) juros; (f) prestação; (g) esquema de amortização; (h) vencimento final;

3. tipo de contabilidade - descrever o processo sucintamente.

5 MERCADO

O estudo de mercado do projeto envolve duas grandes áreas: a do program a de produção e a dos regimes de mercado. Como program a de produção, o estudo de m ercado procura responder a algumas questões: (1) o que produzir? (2) quan­to produzir? (3) para quem produzir? (4) a que preços? (5) quais os problemas de comercialização? (6) que segm ento atingir? (7) quem já se encontra no mercado? (8) como o governo interfere? (9) como ver o mercado hoje? (10) como ver o m er­cado futuro? Duas outras questões - onde e como produzir - estão m uito relacio­nadas ao m ercado e são respondidas pelo estudo locacional e pela engenharia.

O estudo mais simples de m ercado é para bem /serviço final não durável. Em seguida, em grau de dificuldade, há o estudo de m ercado para bem /serviço final durável, bem /serviço da produção intermediário e bem /serviço de capital. Os bens/serviços finais são estudos mais simples por dependerem da dem anda de m ercado consumidor. Já os bens/serviços intermediários e os bens/serviços de capital dependem das dem andas derivadas das empresas a das dem andas finais dos consumidores, geralmente, de longo prazo. Em outras palavras, o roteiro de cada tipo de bem ou serviço vai depender de quão complexo ou elevado seja o investimento.

As etapas de um estudo de m ercado envolvem: ( I a) o levantam ento da oferta e da dem anda globais, quando se identifica a existência de déficit (ou não) da oferta; (2-) as projeções da dem anda e da oferta globais; (3â) o program a de p ro­dução do projeto; e (4-) a análise do regime de m ercado para o projeto.

5.1 Identificação da demanda e da oferta globais

A. Antecedentes

As informações estatísticas devem ser cuidadosam ente levantadas. Às vezes, os órgãos de estatísticas já têm organizadas as séries, exigindo som ente m elhor tratam ento estatístico. As séries têm que ser sobre consumo, produção, expor­tação, importação e estoques, se possível. Além das séries, devem-se conhecer as especificações dos produtos, os preços, os custos atuais, os hábitos, os gostos, as

24 FEITURA DO PROJETO

fontes de abastecimento, os mecanismos de distribuição, os bens substitutos, os bens complementares e a política econômica. Os dados devem ser separados entre o m ercado doméstico e o m ercado internacional.

Nem sempre existem estatísticas disponíveis, exigindo-se, m uitas vezes, pesquisas exaustivas ou am ostragens estatísticas. Não obstante as dificuldades que venham a ocorrer, o levantam ento dos dados deve ser bastante criterioso.

B. Demanda efetiva e aparente

Os dados coletados são da dem anda aparente, que correspondem à produção mais importação menos exportação do bem. Para se ter a dem anda efetiva, seria necessário adicionar a variação de estoques.

5.2 Projeções da demanda e da oferta globais

Em termos globais, a oferta cam inha geralm ente mais lentam ente do que a dem anda. Os projetos de investimento visam justam ente ao aum ento da oferta global. Assim, o que conduz o estudo de m ercado é o outro lado: a dem anda global. Para projetar a dem anda global, é necessário conhecer as elasticidades renda e preço, bem como as diretrizes gerais da política econômica, tais como: crescimento previsto para o produto, para a renda per capita e para a população, hábitos, gostos e as políticas específicas que afetam o produto em estudo.

Primeiramente, de posse da dem anda e da oferta globais, procura-se verificar a tendência gráfica do crescimento de ambas, do passado ao presente e ao futuro. Geralmente, o crescimento da oferta faz-se por saltos e depende da existência de déficits reais ou potenciais do produto no mercado. Portanto, a questão está em se ter a extrapolação da dem anda global. A oferta global guia-se pela procura global do m undo capitalista. Isso quer dizer que se produz para quem tem renda. A “Lei de Say” só existe em teoria.

Na seção 5.5, algumas simulações de mercado serão feitas, quando algumas orientações dos principais métodos de projeção serão definitivas.

5.3 Programa de produção

Dispondo-se das séries de dem anda e de oferta globais domésticas e das séries da dem anda do comércio internacional, para determ inado bem, verifica-se o déficit da oferta a tual do país para esse bem, a qual representa o limite, em quantidade, para a criação de um projeto a curto prazo, a fim de evitar im por­tações. Contudo, qualquer projeto não pode som ente basear-se no déficit de oferta que identifica, suprido por importações.

ELABORAÇÃO 25

É necessária a complementação das referidas séries com as projeções de dem anda e oferta futuras, obtendo-se, assim, o déficit do m ercado do projeto. É apreciando esse déficit que a em presa deverá determ inar sua participação, levando em conta o tem po que levará para ser im plantada e o tem po de sua existência.

Qual seria a participação do projeto no mercado?

Há, pelo menos, três atitudes de política administrativa para determ inar a fatia do projeto no mercado. A primeira, conservadora, determ ina as quantidades a serem produzidas em núm eros menores do que os déficits projetados. A segunda, m oderada, acredita que as projeções estarão bem próximas da realidade, projetando a em presa para produzir os déficits extrapolados. A terceira, otimista, extrapola a em presa para ter capacidade ociosa em alguns períodos de tempo, acreditando num crescimento ainda m aior da dem anda no futuro e em seu poder de combate diante dos concorrentes, caracterizando a busca pela reserva de mercado para o projeto.

Tratando-se de um a em presa já existente, o projeto de expansão pode ser o mais seguro possível se a em presa possuir muitos pedidos em carteira e se estes apresentarem dem anda expressiva. Logo, não há problem a de mercado. Há a constatação de que é necessária a expansão da firma.

5.4 Regimes de mercado

A microeconomia apresenta um conjunto muito grande de regimes de m er­cado, o que se verifica na prática. A saber: concorrência pura, concorrência per­feita, oligopólio, oligopsônio, concorrência monopolística, duopólio, duopsônio, monopólio e monopsônio. Acima dos regimes de m ercado reinam os cartéis. Os cartéis são os “acordos de cavalheiros”. Isto é, são os controles de m ercado prati­cados por empresas oligopólicas. Tais controles são amplos, expressivos, dirigem o capitalismo, mas não controlam to d a a economia, coexistindo com todos os regi­mes citados. Para Leftwich (1969), os cartéis são teoricam ente de quatro tipos: (1) conivente, organizado; (2) conivente, não organizado; (3) não conivente, orga­nizado; e (4) não conivente, não organizado. No referido texto há um a série de exercícios.

Portanto, é importantíssimo para o projeto ter bastante claro seu regime de mercado e seu poder de fogo perante o mesmo. Além disso, a abrangência do mercado é fundam ental no estudo do projeto, destacando-se as questões do m er­cado local, regional, internacional e o papel que joga (quando joga) o Estado na proteção da economia nacional (isto é, de certos segmentos da economia).

26 FEITURA DO PROJETO

5.5 Exercícios de estudo de mercado

E x e r c íc io n- 1 - Uso do m étodo da observação direta

A. Supostos

1-) a dem anda global aum enta em quantidades fixas;

2-) a oferta doméstica aum enta tam bém em quantidades fixas;

32) o m ercado é competitivo.

Q uadro 2.1 Demanda e oferta aparentes do bem “A ” (em milhões de toneladas).

Ano D em andaglobal

Ofertad om éstica D éficit da oferta

01 700 500 20002 900 500 400 103 1.100 500 60004 1.300 1.000 300 105 1.500 1.000 500 I06 1.700 1.000 700 107 1.900 1.500 400 108 2.100 1.500 600 I09 2.300 1.500 800 I10 2.500 2.000 500 1

Fonte: Instituição de estatística ou pesquisa própria.

B. Projeções da demanda

Pela simples observação direta, vê-se que a cada triênio aum en ta o déficit da oferta em mais 100 milhões de toneladas, não obstante haja o crescimento tam b ém tr ian u a l de u m a nova p la n ta in d u s tr ia l de 500 m ilhões de to n e lad as de “A”.

Admitindo-se a continuidade desse com portam ento do mercado, trianual- m ente um a unidade fixa de 500 milhões de toneladas poderá suprir o mercado, além de ser tam bém possível criar um a unidade de 100 milhões de toneladas por período. Isso se forem m antidas as importações no mesmo nível. Caso o país deci­da adotar um a política protecionista, todo o déficit da oferta poderia ser objeto de novas plantas industriais.

ELABORAÇÃO 27

E x e rc íc io n 2 2 - Método de projeção linear

A. Supostos

l 2) a dem anda aum enta a taxas decrescentes;

2e) a oferta doméstica é fixa;

32) o déficit da oferta vem sendo suprido por importações;

42) os mercados interno e externos são monopólicos.

Quadro 2.2 Demanda e oferta aparentes do bem “B ” (em milhões de toneladas).

Ano D em andaglobal

Ofertadom éstica D éficit da oferta

01 650 500 15002 773 500 27303 913 500 41304 1.067 500 56705 1.238 500 73806 1.425 500 92507 1.626 500 1.12608 1.837 500 1.33709 2.057 500 1.55710 2.284 500 1.784

Fonte: Instituição de estatística ou pesquisa própria.

B. Projeções da demanda

Mesmo sem fazer projeções, o déficit da oferta que vem existindo do bem “B” já serve como indicador im portante para quebrar o sistema monopólico, sem fazer desaparecer o monopolista interno, caso ele se ajuste ou se com ponha com o novos produtores. Vale dizer que se poderia introduzir um ou mais grupos econômicos fortes para substituir importações. Obviamente, de acordo com um a política econômica de governo.

Se os empresários quiserem im plantar a empresa m aior do que estim ula o déficit de “B”, ter-se-á que fazer projeções. Há quatro formas de projeção linear mais conhecidas. A primeira, simplesmente, traçando um gráfico, tendo-se no eixo dos X os anos e dos Y a dem anda global. Com um a régua se daria prosseguimento à tendência da re ta e ter-se-ia a projeção de alguns anos. Essa forma é cham ada de tendência histórica secular e é tida como conservadora.

28 FEITURA DO PROJETO

A segunda forma seria a de calcular a taxa m édia ano a ano. No caso em ques­tão, X = 15% ao ano. Como a dem anda está crescendo a taxas decrescentes, tal projeção poderia ser otimista.

A terceira forma seria a de obter o percentual de queda anual da dem anda. Nesse caso, em torno de 1% ao ano, aplicando-o em extrapolações. Por exemplo, se do ano 7 para o ano 8 caiu 11%, seria de supor as quedas seguintes para 10, 9, 8%, e assim por diante. Tal forma seria a mais pessimista, um a vez que se pode­riam obter até decréscimos futuros da dem anda.

A quarta m aneira de projeção seria a do ajustam ento da dem anda a um a reta,por meio do processo conhecido como “mínimos quadrados”. As fórmulas utili­zadas são:

1) y = a + bx

2) n _ g y ) - & 2) - & ) - ( S x y )nXx2 - (Z x )2

3) j-, _ n(Xxy) - (Ex) • (£y)rcXx2 - (Xx)2

4 ) r = nÇ D oQ - (Z x ) ■ ( i y )

J ín Z x 2 - ( Ix )2] ■ [nXy2 - (E y )2]

onde: y é a variável dependente = dem anda global;

a é o coeficiente linear;

b é o coeficiente angular, ambos parâm etros da equação da reta;

•>. ^ é a variável independente = núm ero de anos; e

r é o coeficiente de correlação entre X e Y.

_ 0 resu lta do encon trado fo iy = 381 + 183x; agora, basta su b s titu irx = 1 1 , x = 12, x = 13, por exemplo, para obter as projeções dos três anos consecutivos, a saber: y u = 2.394; y 12 = 2.577; y 13 = 2.760, mil toneladas de “B”.

O coeficiente de correlação varia de r = ± 1. Valores acima de r = ± 0,8 indicam boa correlação positiva ou negativa. No exercício em questão, r = 0,9956 um a correlação excelente, quase perfeita.

A fórmula dos mínimos quadrados” é a estatisticam ente mais indicada. Contudo, o projeto tem tam bém aspectos qualitativos, prevalecendo o bom-senso, quando não o aspecto político. Assim, só um quadro geral a ser estabelecido pela empresa definiria qual a forma que se seguiria, ainda mais quando outros aspectos prescindiriam de definição, como se verá a seguir, em outras seções.

ELABORAÇÃO 29

E x e r c íc io n e 3 - Método de projeção potencial

A. Supostos

l s) a dem anda aum enta a taxas crescentes e decrescentes no curso do tempo;

22) a oferta doméstica é fixa por longo período de tempo;

39) o déficit da oferta vem sendo suprido por importações;

42) há monopólio interno e oligopólio externo organizado e conivente.

Quadro 2.3 Demanda e oferta aparentes dojbem “C” (em reais).

Ano D em andaglobal

Ofertadom éstica D éficit da oferta

01 500 500 002 550 500 5003 632 500 13204 758 500 25805 947 500 44706 1.231 500 73107 1.354 500 85408 1.896 500 1.39609 2.180 1.500 68010 2.441 1.500 941

Fonte: Instituição de estatística ou pesquisa própria.

B. Projeções

Como nos exercícios anteriores, trabalhou-se com um a economia aberta, e o déficit da oferta está sendo suprido por importações. A política de governo poderia proteger a economia nacional, e as projeções iriam consolidar a produção dom és­tica. Mesmo assim, é bom que se coloquem os principais dilemas para o em pre­sário, diante das projeções da dem anda.

Observando a curva da dem anda de “C”, obtém-se um a função exponencial. Uma atitude conservadora seria usar para as projeções a m enor taxa de cresci­m ento da dem anda, que foi de 10% ao ano, do ano 01 para o ano 02. Outra atitude, perante os dados, ainda conservadora, seria estimar o crescimento da dem anda pela última taxa: 12% ao ano, do ano 03 para o ano 10.

3 0 FEITURA DO PROJETO

A posição mais otimista seria estim ar a dem anda pela taxa de crescimento do ano 07 para o ano 08: 40% ao ano (um a tem eridade!). A aplicação da fórmula do crescimento exponencial seria a forma mais correta. Contudo, ela encerra grande limitação, um a vez que tom a a dem anda do primeiro e do último ano.

A fórmula seria Pn = P0 = (1 + r )c, ondeP,, = a dem anda do último ano; P0 = a dem anda do primeiro ano; r = a taxa a ser encontrada; e t = núm ero de anos das dem andas conhecidas.

Para o exemplo, a taxa unitária de crescimento é 0,17 ou 17% ao ano.

O tam anho da empresa, portanto, tem seus limites regulados pelo déficit da oferta atual, no caso da proteção governamental, e pelas projeções da dem anda, de acordo com a forma mais sensata, após o exame dos dados e as simulações efetuadas.

Dessa forma, as extrapolações pela fórmula de crescimento potencial são enorm em ente influenciadas pelos extremos. Neste exercício, poderia atender às exigências dos empresários, já que aspiram ao increm ento da dem anda a taxas crescentes.

E x e rc íc io n - 4 - Método de projeção com base em variáveis de planejam entoestratégico para a empresa

A. Supostos

1°) a dem anda aum enta a taxas crescentes e a taxas decrescentes ao longo do tempo;

2Q) a oferta doméstica é fixa, ampliando-se exatam ente a cada três anos;3") o déficit da oferta vem sendo suprido por importações;

4Q) já foi executada um a política protecionista pelo Governo, do ano 03 para o ano 04, sendo renovada mais duas vezes;

5-) há oligopólio interno, conivente, organizado, bem como concorrência monopolística externa.

Quadro 2.4 Demanda e oferta aparentes do bem “D ” (em milhões de toneladas).

ELABORAÇÃO 3 1

Ano D em andaglobal

Ofertad om éstica D éficit da oferta

01 500 500 002 650 500

1 5 003 750 500 25004 650 600 5005 680 600 8006 890 600 29007 961 700

2 6 108 1.047 700

3 4 709 1.120 700 42010 1.232 800 432

Fonte: Instituição de estatística ou pesquisa própria.

B. Projeções

O déficit da oferta vem crescendo e a oferta in terna tam bém , só que esta a cada três anos e em quantidades fixas. Por seu turno, a dem anda cresce a taxas irregulares, havendo até grande decréscimo da taxa do consumo de “D”, do ano 08 para o ano 09, e é difícil um a previsão de seu crescimento.

Seria necessário conhecer mais detalhes de “D”, tais como as elasticidades, as flutuações de preços, a renda dos consumidores e de outras variáveis, para ser adotado um planejam ento estratégico ao nível de produto.

Buarque (1984) apresenta a seguinte fórmula: Td = Tpop + Ey . Ty - Ep . Tp, onde Td é a taxa de crescimento da dem anda do bem; Tpop é a taxa de crescimento da população; Ey é o coeficiente de elasticidade-renda; Ty é a taxa de crescimento da renda per capita; Ep é a elasticidade-preço da procura; e T p é a taxa da variação esperada do preço do bem . H olanda (1982) considera estab ilidade de preços {Tp = 0), e a fórmula acima perde seu último term o (Ep . Tp).

O exercício em tela poderia conter maiores informações. Contudo, situando nos termos da fórmula e conhecendo que 7pop = 1,9% ao ano; Ey = 0,9; Ty = 3% ao ano; Ep = 0,6; Tp = 2, verifica-se que Td = 5,8% ao ano. Essa taxa poderia ser usada para extrapolações por algum tempo, três anos, como é mais comum; esta é uma visão otimista.

Em resumo, foram vistos quatro exemplos, entre um a infinidade dos que poderiam ser citados. A característica apresentada com ênfase é a oferta como incógnita. Os regimes de m ercado internos e a concorrência internacional trariam, portanto, realismo ao projeto.

3 2 FEITURA DO PROJETO

6 TAMANHO DO PROJETO

Determ inar o tam anho do projeto pode ser um a questão simples, se o m ercado for limitativo ou faltar financiamento. Isso porque o em presário ficaria restrito por seus recursos ou por um a dem anda incomum. Superadas essas duas barreiras, o tam anho do projeto é o que otim izará lucros. É comum dizer que o m ercado determ ina o tam anho. Na verdade, o que o m ercado faz é sinalizar a capacidade de absorção do produto, ficando expostos diferentes tam anhos de p ro­jetos, que podem não ser o tam anho ótimo. Assim, há várias opções de grandeza do projeto, contribuindo decisivamente para a escolha de determ inado tam anho dois conjuntos de variáveis: as de viabilidade e as de otimização.

Como v a r iá v e is d e v ia b ilid a d e há: a locacional, a engenharia, o mercado, a capacidade empresarial e a financeira. A locacional tem relação com pelo menos duas questões: a d e n s id a d e d e tr a n s p o r te = relação custo de transporte da m atéria-prim a sobre o custo total e a d e n s id a d e d e v a lo r = relação do valor do produto dividido por seu peso. A viabilidade locacional dá-se, portanto, quando é baixa a densidade de transporte e alta a densidade de valor. A viabilidade m erca­dológica ocorre sem pre que está caracterizado o déficit da oferta, tanto atual como fu tura ou potencial. A viabilidade adm inistrativa existirá quando ficar dem ons­trada a capacidade de aporte de capitais próprios associada a de terceiros. A via­bilidade técnica ou física tem relação com a escolha da tecnologia e a engenharia de produção.

As v a r iá v e is d e o t im iz a ç ã o são duas: a de custo e a dos equipamentos. O tam anho ótimo, do ponto de vista do custo, é o que apresenta o m enor custo m é­dio, por unidade de tempo. Há de atentar-se para a questão das deseconomias de escala, um a vez que, depois de certo ponto, com a m esm a p lanta ou com plantas maiores, a em presa pode ser inviabilizada, por exemplo, pela localização, cessan­do as economias de escala. É fácil visualizar isso por meio de um a curva de custo medio da firma a longo prazo, apresentado geralm ente nos m anuais de Microeco- nomia. O tam anho ótimo, do ponto de vista dos equipamentos, é o que apresenta o máximo rendim ento em face das instalações e edificações projetadas e existentes.

Simplificando o conceito do tam anho do projeto, há a expressão do tam anho pelo núm ero de turnos de produção e pelo regime do trabalho. Esse conceito é a síntese do tam anho já definido. Assim, o tam anho máximo alcançado pela planta, nessa expressão, seria de 24 horas/d ia , 360 d ias/ano , admitindo-se um a parada de som ente cinco dias ao ano.

Cada setor produtivo expressa seu tam anho de acordo com suas necessida­des. Dessa forma, o tam anho máximo definido é o da indústria. O comércio traba­lha com seis dias na sem ana e 7,20 horas por dia, com um domingo no mês de fol­ga. Os bancos trabalham cinco dias na sem ana e oito horas por dia. A agricultura tem seu regime de trabalho em função da oportunidade do crédito som ada à oca­

ELABORAÇÃO 33

sião do plantio. A construção civil leva de 7h da m anhã, com um a hora de descan­so, até as 17h. Enfim, tudo é um a questão de acerto entre os sindicatos.

Há outra questão im portante sobre tam anho. Refere-se à capacidade de produção teórica e efetiva. Na prática, o comum é que a primeira seja m aior que a segunda. A situação que conduz à eficiência seria a igualdade entre ambas. Rara­mente, ocorre a segunda maior do que a primeira. Tal fato dar-se-ia por melhoria tecnológica com o mesmo conjunto produtivo ou forçando-se os equipamentos. A eficiência assim conseguida é rara ou extemporânea.

7 LOCALIZAÇÃO DO PROJETO

À primeira vista, a localização já é dada. Não é problema. Afinal, está lá no endereço da firma, para que complicar? Contudo, não é bem assim. O estudo loca­cional deve ser um dos mais criteriosos. Pelo fato de existirem zonas deter­minadas, distritos industriais incentivados pelo Governo, áreas prioritárias ao desenvolvimento econômico e de propaganda para localização de certos projetos em áreas pré-escolhidas, não se deve excluir o estudo locacional criterioso, visan­do à eficiência econômica.

É lógico que a determinação locacional prescinde de espaço adequado. Porém, esse espaço é escolhido em função de vantagens a serem obtidas, visando ao m e­nor custo médio de produção. E m e s p e c ia l , e secularmente, sabe-se que o estudo locacional tem um a principal determ inante, que são os custos de transporte. Cus­tos esses de matérias-primas, m atérias secundárias, outros materiais e produtos acabados. Somente em país pequeno ou em áreas de terrenos caros ou nobres, o espaço físico pode tornar-se mais im portante do que os custos médios mínimos.

O custo da m ão-de-obra é tam bém muito im portante. No entanto, sabe-se que existe m uita mobilidade da mão-de-obra dentro do país ou região. Já os materiais apresentam maiores dificuldades de locomoção e os custos de transporte a que se está referindo são, notadam ente, os dos combustíveis. Contudo, não se deve generalizar, tendo em vista que os custos dos fretes ou aluguéis de veículos podem ser bem maiores, dependendo do ram o da empresa. No agregado, são os custos de transporte decisivos para a localização ótima, conforme um a extensa bibliografia, da qual se destaca W alter Isard (1970), com seu livro clássico Elemento de economia regional, em que ele se refere a estudos complexos, desde o século XIX, apresentando desenhos locacionais inalteráveis no tempo. Exemplos: indústria siderúrgica, de cimento, automobilística e outras.

As principais forças locacionais são:

a) centro consumidor;

b) fonte de matéria-prima;

FEITURA DO PROJETO

c) mão-de-obra;

d) infra-estrutura básica:

I - energia;II - água;III - ar;

IV - clima;

V - estradas, ferrovias, linhas aéreas e marítimas;VI - telefones;

VII - outras comunicações: rádio, TV, telégrafos, telex, fax modem;e) infra-estrutura social:

I - educação;II - saúde;

III - lazer;

IV - outros serviços;

f) economias internas (possibilidades de simplificações dentro da empresa e da região);

g) economias externas (portos, riquezas naturais que atraem fornece­dores, aspectos da economia internacional, entre outros);

h) economias de aglomeração;i) incentivos fiscais;

j) incentivos financeiros;

k) incentivos materiais (terrenos a preços simbólicos e outras vantagens regionais);

1) políticas;

m) irracionais (que não têm lógica); n) outros.

Tais forças levam a três tipos básicos de orientações locacionais, a saber:

a) para a fonte de matéria-prima:

I - quando a m atéria-prim a perde peso na formação do produto;

II - quando a m atéria-prim a é de localização irremovível;III - quando a m atéria-prim a provoca poluição;

IV - quando o produto tem baixo peso, pequeno volume e pequeno valor sem riscos maiores de arm azenagem .

ELABORAÇÃO 35

b) para o centro consumidor:

I - quando o produto ganha peso no processo produtivo;

II - quando a em presa usa m atéria-prim a ubíqua;

III - quando o produto é tip icam ente urbano ou os serviços utilizadossão citadinos;

IV - quando o p rodu to tem elevado peso, grande volume e grande valor,sendo arriscado deixá-lo a esmo.

V - em caso de em pate com a fonte de matéria-prima.

c) para um ponto intermediário:

I - quando há diversos centros consum idores e /o u diversas fontes dematérias-primas, o cálculo aponta para ele;

II - um entroncam ento, um a vez que facilita o escoam ento do produto;

III - um ponto equidistante entre diferentes cen tros consum idores ed ife ren tes fon tes de m atérias-prim as (g e ra lm en te , por decisãopolítica).

O primeiro passo para o estudo locacional é fazer o m apeam ento, seguindo- se as orientações locacionais. Calculam-se os custos de transporte entre as dife­rentes localizações. O custo de transporte = tarifa a x km x x valor da quantidade transportada. Calcula-se tan to para matérias-primas como para produtos e toma- se o valor agregado para fins de decisão. Finalmente, soma-se, se houver, o custo d a infra-estrutura realizada pela em presa e os custos de m anutenção.

Dos agregados obtidos, elege-se o que tem o custo m enor como o de melhor localização, ressalvando-se outros fatores supervenientes que venham a m udar o quadro geral do estudo, tal como é comum acontecer em regiões incentivadas. Uma isenção total do Imposto de Renda, o aporte de capitais governamentais não controladores do em preendim ento, a difusão de indústrias germinativas e integra­das de determ inada área, que forçam a localização do projeto, são alguns exem­plos que poderão alterar e determ inar a localização do projeto, já que a reduçãodos custos, dessa m aneira, irá elevar a m argem de lucro do negócio.

.

No tópico tam anho do projeto, viu-se que a densidade do custo de transporte da m atéria-prim a sobre o custo total tem que ser a m enor possível, bem como quanto mais alta a densidade do valor do produto em relação ao peso, m elhor para o centro industrial, apresentando perfeito casamento entre o tam anho e a locali­zação do projeto.

Evidente que o trabalho não se esgota aqui. É im portante conhecer os coefi­cientes técnicos das citadas densidades por ram o produtivo e fazer um a análise comparativa com as do projeto.

3 6 FEITURA D O PROJETO

8 ARQUITETURA DO PROJETO

Os primeiros rascunhos do que pode vir a ser o projeto são delineados e prescindem de ciência. A arquitetura do projeto possui pelo menos duas carac­terísticas básicas; funcionalidade e economia de custos. A funcionalidade é para perm itir os processos produtivos mais rápidos e seguros. A economia de custos é para evitar obras desnecessárias ou nada práticas. Geralmente, a beleza nas em ­presas é algo que pode não prevalecer. O correto é que se una o útil ao agradável. Beleza de um detalhe, com economia e funcionalidade. Os resultados dos estudos arquitetônicos são traduzidos por um conjunto de plantas que visam não somente a tender às necessidades legais, como tam bém orientar a execução das obras civis. Ademais, a conservação das plantas é muito útil para possíveis consertos ou m anu­tenção nas partes hidraulicas e eletrica, além de cumprir exigências legais.

As plantas arquitetônicas geralm ente obrigatórias são:

1. p lanta baixa;

2. p lanta de cortes transversais e longitudinais;3. p lanta de coberta;

4. p lanta de situação, indicando quadro de áreas, índices de aproveita­m ento e taxa de ocupação;

5. plantas de fachadas.

O arquiteto participa de outras definições em associação com o engenheiro. Enfim, a arquitetura do projeto tem que obedecer à ergonomia, sendo, assim, odesenho lógico. A esse respeito, a música “Construção” de Francisco Buarque de Holanda é um a obra-prima.

9 ENGENHARIA DO PROJETO

A questão da engenharia desenvolve-se, no mínimo, tam bém com duas concepções, a construção e o funcionam ento do projeto. Para tanto, ela define esti- madores dos parâm etros, tais como os coeficientes técnicos de produção e da reali­zação das obras civis, a saber: (1) ensaios; (2) pesquisas; (3) seleção de tecnolo­gia, (4) seleção de equipamentos; (5) seleção de solos; (6) seleção de edificações; (7) seleção de centros de produção; e (8) seleção dos processos produtivos.

Os resultados dos estudos de engenharia definem atividades correlatas às seleções das construções e das m áquinas, que são os fluxogramas e layouts. Os flu- xogramas são de atividades e de balanços de materiais. Os layouts são de edifícios, equipam entos e produtos.

ELABORAÇÃO 3 7

Em resumo, pode-se afirmar que há dois conjuntos de projetos de engenha­ria: (1) o projeto básico - sobre as inversões fixas; e (2) o projeto de processos de produção - que definem as linhas de produtos.

As principais plantas de engenharia, acom panhadas das planilhas de cálcu­los, apresentam-se funcionais às arquitetônicas; são elas:

1. de formas e de ferragens;

2. de locação;

3. m em orial descritivo dos cálculos;

4. elétrica, telefônica e de incêndio, com planta baixa, situação elétrica, se há sprinkler. Diagramas univilares e vertical-elétrico;

5. hidrossanitárias e pluviais;

6. m em orial descritivo do m aterial da obra;

7. cronogram a físico;

8. planilha orçamentária.

Resumindo, um grande núm ero de plantas, planilhas e esquemas são exi­gidos pelas prefeituras, a depender do porte e da atividade, bem como obedecendo a legislação específica.

10 RECEITAS DO PROJETO

O estudo de m ercado tem como resultado final um program a de produção. O program a de produção apresenta as quantidades a serem vendidas com os res­pectivos preços. A multiplicação de preços pelas quantidades de venda é igual às receitas operacionais.

Receitas não operacionais são as que escapam aos objetivos primordiais do projeto, tais como as receitas financeiras, as de venda de bens baixados do ativo e de outras fontes de riqueza.

Receitas extra-operacionais são as decorrentes da flexibilidade dos centros de produção, m ediante m elhor aproveitam ento da p lanta industrial, quando surge oportunidade de usos ocasionais. Como exemplo, um a indústria química que tem sua unidade esprem edora de óleo pode realizar esporadicam ente serviços para um a série de indústrias químicas que poderiam usar seus equipamentos. As recei­tas obtidas dessa m aneira não seriam freqüentes; seriam ocasionais. Daí, extra- operacionais.

38 FEITURA DO PROJETO

No Anexo I, Projeção de Resultados/Capacidade de Pagamentos, encon­tram-se as receitas operacionais brutas, os tributos indiretos e as receitas opera­cionais líquidas, que são as mais im portantes, além das não operacionais, apre­sentadas em m em ória de cálculo. As “extras” somente acontecem em projetos especiais

11 CUSTOS DO PROJETO

Os custos dos projetos possuem duas origens: a realização dos investimentos e a operação da empresa. Os custos de investimentos se constituirão em estoques de capital. Já os custos operacionais serão os fluxos sobre tais estoques.

Os custos operacionais são fixos e variáveis a curto prazo, segundo a microe- conomia. Conforme ela, ainda, a longo prazo todos os custos variam. Contudo, na etapa de elaboração do projeto, colocam-se os custos como fixos e variáveis a cada ano. Na citada etapa, a praxe é o horizonte dos custos ser discriminado em dez anos; o ano zero é o dos investimentos.

Os principais custos fixos são os de m anutenção, depreciação, seguros, mão- de-obra indireta (ou adm inistrativa), inclusive respectivos encargos sociais, custos financeiros de longo prazo, entre outros. Os principais custos variáveis são os realizados com a m ão-de-obra direta, inclusive encargos respectivos, energia, água, matéria-prima, materiais secundários, de embalagem, comissões sobre vendas, propaganda, impostos, tam bém , entre tantos.

No referido Anexo I, do roteiro do projeto, frente e verso, estão demonstrados os custos e as despesas, já que se tra ta de pequena agroindústria. Da união entre o orçamento das Receitas e dos Custos, é possível obter o cálculo das formas do lu ­cro, a principal é o mark-up do projeto. (Antecipando aqui um a forma decisiva de análise, o mark-up é o lucro líquido depois do Imposto de Renda dividido pela re­ceita operacional líquida.)

12 INVESTIMENTOS DO PROJETO

Os Usos dos recursos de um projeto são os investimentos, que podem ser inversões fixas mais capital de trabalho. As inversões fixas são terrenos, edifica­ções, equipamentos, móveis, instalações, despesas de implantação, marcas, pa ten ­tes, veículos, semoventes. As inversões em capital de trabalho (ou de giro) são as necessidades perm anentes de estoques, créditos, descontos e encaixes. A rigor, o capital de giro próprio é aquele nível mínimo de recursos que se m ovim enta e é reposto durante a operacionalidade da empresa.

ELABORAÇÃO 39

Na segunda folha do roteiro, há o Quadro de Fontes & Usos, marco funda­mental para com preender os investimentos atuais e projetados. Já o capital de giro está delineado no Anexo III. O projeto, mesmo assim, não tem um a ordem, e, sem dúvida, seu fecham ento dá-se pela disponibilidade de dinheiro.

13 FINANCIAMENTOS DO PROJETO

As Fontes dos recursos de um projeto são os financiamentos. A empresa financia-se com recursos próprios e de terceiros. Os recursos próprios são cons- -ituídos por patrim ônio líquido e pelos recursos recebidos como incentivos fiscais para capitalização da empresa, investimentos espontâneos (doações), além da formação de lucros futuros. Os recursos de terceiros são constituídos pelos finan­ciamentos de longo prazo; portanto, estáveis na em presa de igual forma que os recursos próprios, enquanto ela for adimplente, segundo contratos. Há inúmeros programas de financiamento, de acordo com o ram o da em presa e com a área do crédito. Há crédito para o comércio doméstico; crédito para exportação/im por­tação, crédito para agricultura, pecuária, mineração, agroindústria, indústria, crédito para o governo, suas empresas e afins.

a Devido à citada existência de inúm eras linhas de crédito, assim como à dinâmica com que as norm as são mudadas, em face da política econômica dos governos que se sucedem, será sempre conveniente explicitar os program as em vigor.

No referido Quadro de Fontes & Usos, os financiamentos ajustam-se aos investimentos, nas proporções definidas pelos program as de crédito a que se submetem. Em geral, a relação é definida como proporcional ao risco, ao estímulo empresarial e à disponibilidade de recursos.

14 FLUXO DE CAIXA

A síntese do projeto pode ser percebida pela visão de estoques (Quadro de Fontes & Usos) e fluxos (Quadro de Receitas & Custos). A junção dos estoques com os fluxos do projeto é o quadro cham ado Fluxo de Caixa. No projeto, o fluxo de caixa é o m elhor guia para a adm inistração financeira. Deve ser um levantam ento diário de dados, assim como deve ser a contabilidade fundam ental da empresa. É o acom panham ento.

Um fluxo de caixa bem feito é o m elhor resumo do projeto que se pode ter, conforme a visualização do Anexo V do roteiro do projeto.

40 FEITURA DO PROJETO

15 CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO

O cronogram a físico-financeiro é a síntese do projeto no tempo. Ocorre du­ran te a implantação da em presa e é fundam ental um cronogram a físico, que fixa prazos das obras, de recebimento dos equipamentos, usa os coeficientes técnicos de engenharia, para determ inar as requisições de materiais. Há inúm eras técnicas, de acordo com o ram o da empresa, para o cronogram a físico. Já o cronograma financeiro é feito em função do físico. Deve ser observado que um depende do outro. E racional que o financeiro assegure a execução. Contudo, na prática, oempresário parte na frente e realiza investimentos “por conta” do projeto.

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E comum haver defasagens e é sempre im portante redefinir cronogramas para o projeto chegar mais rapidam ente a funcionar.

Os tópicos vistos aqui foram bastante sumarizados, já que existem bons manuais de projetos, conforme a bibliografia ao final deste livro, que tra­tam com propriedade do assunto. Ademais, existem inúmeros roteiros, en­tre os quais se destacam os usados pelo BNDES, Sudene, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, entre outros bancos de desenvolvimento do Brasil.

Os Anexos do roteiro não dem onstrados até aqui são auto-explicativos. No entanto, convém que sejam colocados outros aspectos relevantes, quando houver, tais como tecnologia inovadora, uso de marca, acordos de sócios, tradição ou em- preendedorism o.