Versão Final Conceitos-chave Da Educação Em Museus 12-3

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Material elaborado pelo Sisem SP sobre a elaboração de conceitos para o campo da educação museal

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  • 3Conceitos-chave da Educao em Museus

    GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO

    Geraldo AlckminGovernador do Estado

    Marcelo Mattos ArajoSecretrio de Estado da Cultura

    Jos Roberto SadekSecretrio Adjunto

    Renata Vieira da MottaCoordenadora da Unidade de Preservao do Patrimnio Museolgico

    FICHA TCNICA

    Conceitos-chave da Educao em MuseusDocumento aberto para discusso

    Comits tcnicos Os comits tcnicos so instncias de articulao entre a Unidade de Preservao do Patrimnio Museolgico (UPPM) e as Organizaes Sociais de Cultura parceiras na gesto dos 18 equipamentos museolgicos prprios da Secretaria da Cultura. Os comits so formados pelas equipes tcnicas da UPPM e dos museus e visam parametrizao de polticas pblicas para a rea museolgica, ao aprimoramento tcnico e ao fortalecimento institucional dos museus da Secretaria. Atualmente, so trs comits tcnicos em atividade e que tratam das polticas de Acervo, de Infraestrutura e de Educao.

    Coordenao

    Grupo de Preservao do Patrimnio MuseolgicoCristiane Batista SantanaKelly Rizzo Toledo CunegundesMirian Midori Peres Yagui

    Grupo Tcnico de Coordenao do Sistema Estadual de MuseusDavidson Panis KasekerLuiz Fernando Mizukami

    Centro de Referncia de Educao em Museus do Museu da Lngua PortuguesaMarina Toledo

    ContedoComit Educativo

  • 4Conceitos-chave da Educao em Museus

    TextoGrupo de Trabalho 1- Conceitos (Composio 2013-2014)Anny Christina Lima (Poiesis Organizao Social de Cultura)Caroline Grassi Franco de Menezes (Memorial da Resistncia de So PauloCarlos Barmak (Museu da Casa Brasileira)Christiana de Moraes e Silva (Pao das Artes)Mila Milene Chiovatto (Pinacoteca do Estado)

    Reviso tcnicaCristiane Batista SantanaKelly Rizzo Toledo CunegundesMirian Midori Peres Yagui

    Projeto grfico e diagramaoHugo Takeyama Gomes

  • 1Conceitos-chave da Educao em Museus

    A Secretaria da Cultura do Estado de So Paulo atua por meio de unidades gestoras, que elaboram diretrizes para a poltica cultural do Estado e acompanham os contratos firmados com as Organizaes Sociais, parceiras na gesto de seus equipamentos culturais.

    A Unidade de Preservao do Patrimnio Museolgico (UPPM) a responsvel pelas diretrizes da rea museolgica e pela gesto de 18 museus do Estado 1, a partir da parceria com Organizaes Sociais de Cultura. Para o desenvolvimento da poltica cultural desse conjunto de museus, visando ao aprimoramento tcnico e fortalecimento institucional, a UPPM atua por meio de comits tcnicos, sendo eles: Acervo, Infraestrutura e Educativo.

    No que diz respeito ao Comit Educativo, ele congrega a participao de coordenadores e educadores das equipes dos ncleos de ao educativa dos museus da Secretaria e equipe tcnica da UPPM, objetivando a troca de experincias, reflexes e discusses a partir de uma estruturao baseada em grupos de trabalho, tornando-se um frum privilegiado com ampla participao e interlocuo entre os ncleos educativos.

    Os temas discutidos pelo comit foram selecionados por envolverem a relao da parceria entre a Secretaria da Cultura e as Organizaes Sociais, que perpassam o desenvolvimento das aes educativas. Esses temas deram corpo formao de quatro grupos de trabalho, que configuram autonomia aos participantes do comit para construrem referncias com o intuito de suprir demandas comuns, elaborar conceitos unificados, estabelecer indicadores de monitoramento e criar parmetros.

    O Grupo de Trabalho 1 (Conceitos) foi criado com o objetivo de realizar um levantamento e reflexo sobre termos e conceitos-chave para a educao em museus, usualmente utilizados na rea educativa dos museus, visando a estabelecer uma compreenso comum desses termos por parte do comit, pelos ncleos educativos dos museus e pela Secretaria da Cultura.

    J o Grupo de Trabalho 2 (Indicadores), por meio da metodologia Balanced Scorecard 2, tem atuado na identificao de indicadores para anlise dos programas educativos, e na formulao de uma matriz de monitoramento que envolve aspectos de planejamento e gesto do educativo. Esta matriz est sendo amplamente discutida para o incio de sua aplicao em fase de teste no ano de 2015.

    Outro grupo formado, o Grupo de Trabalho 3 (Pesquisa de satisfao do pblico escolar), elaborou os modelos de pesquisa de perfil e satisfao de pblico escolar (professores e estudantes) atendidos pelos ncleos educativos e estabeleceu a metodologia de aplicao e anlise dos dados coletados. Essas pesquisas, para alm das j desenvolvidas por cada instituio e ncleo educativo, sero aplicadas periodicamente com o intuito de permitir a comparabilidade dos dados coletados, contribuindo para a transparncia das aes desenvolvidas pelas instituies do Estado e proporcionando o conhecimento mais amplo desse pblico a fim de qualificar ainda mais as aes voltadas a ele.

    1 Museus: Casa das Rosas, Casa Guilherme de Almeida, Catavento, Museu Felcia Leirner, Museu Histrico Pedaggico ndia Vanure, Museu Afro Brasil, Museu Casa de Portinari, Museu da Casa Brasileira, Museu da Imagem e do Som, Museu da Lngua Portuguesa, Museu de Arte Sacra, Museu do Caf, Museu do Futebol, Pao das Artes, Museu da Imigrao, Pinacoteca do Estado, Estao Pinacoteca e Memorial da Resistncia.

    2 Balanced Scorecard uma ferramenta de gesto que considera indicadores de desempenho estabelecidos a partir de objetivos estratgicos, permitindo definir metas e medir resultados.

    COMIT EDUCATIVOCompartilhando Ideias e Desafios

  • 2Conceitos-chave da Educao em Museus

    O Grupo de Trabalho 4 (Mapeamento de normas e diretrizes de atendimento ao pblico), teve como objetivo realizar levantamento de referncias de normas e diretrizes de atendimento ao pblico dos museus da Secretaria, a fim de mapear aspectos comuns quanto orientao e ao atendimento do pblico visitante. Aps reunir referncias de normas e diretrizes dos 18 museus da Secretaria por meio de aplicao de questionrio em suas equipes, o grupo organizou e analisou os resultados, os quais esto contribuindo como subsdios para a reflexo de polticas culturais como, por exemplo, a poltica de gratuidade dos museus da Secretaria da Cultura.

    Todas essas aes realizadas pelos grupos de trabalho se complementam e contribuem para a elaborao de polticas para os museus e seus ncleos educativos.

    CONCEITOS-CHAVE DA EDUCAO EM MUSEUS

    O texto a seguir fruto do trabalho realizado ao longo dos anos de 2013 e 2014 pelo Comit Educativo, com a conduo do GT 1 Conceitos, e apresenta um documento aberto para discusso sobre os conceitos-chave para a educao em museus.

    A perspectiva do Comit Educativo que, a partir da ampla divulgao deste documento, por meio de diversas plataformas como o Centro de Referncia de Educao em Museus do Museu da Lngua Portuguesa, o Museu para Todos da Pinacoteca do Estado de So Paulo e, especialmente, a partir de um frum virtual no portal do Sistema Estadual de Museus - Sisem-SP (www.sisemsp.org.br), possamos receber a contribuio de profissionais de museus e instituies culturais do Estado de So Paulo e do pas para dialogar com as referncias que estamos trabalhando e que evidentemente no esto cristalizadas, e sim, em permanente construo, considerando-se os desafios da prxis educativa na relao do museu com diferentes pblicos.

    As contribuies recebidas resultaro na publicao da srie Museu Aberto Documentos de referncia, cujo objetivo construir e compartilhar documentos tcnicos elaborados no mbito dos Comits Tcnicos da UPPM.

    com enorme satisfao que apresentamos o documento aberto para discusso sobre os conceitos-chave para a educao em museus, que envolveu um processo de trocas de referncias, leituras e dilogo entre os participantes do comit, resultando na sistematizao de um primeiro documento que abrange termos como ao educativa, servio educativo, educador de museus, guia, monitor, mediador, pblico, programa, projeto, atividade e ao.

    Esperamos que esse documento seja mais um canal de dilogo e construo de referncias entre os profissionais que atuam ou se interessam pela educao em museus, e contribua para a profissionalizao e qualificao da rea. Boa leitura!

    Cristiane Batista SantanaDiretora do Grupo de Preservao do Patrimnio Museolgico(Coordenao do Comit Educativo)

    Mirian Midori Peres YaguiTcnica do Grupo de Preservao do Patrimnio Museolgico(Coordenao do Comit Educativo)

  • 3Conceitos-chave da Educao em Museus

    Historicamente, o termo Servio Educativo pressupe estar a servio de algo, ou seja, pressupe falta de autonomia ou tambm mimetiza a nomenclatura das reparties pblicas das dcadas de 1970. Embora carregue a ideia de servio pblico, pela memria daquela poca, parece desigual tratar-se apenas a rea educativa e no as demais reas do museu com o nome de servio.

    Tambm na esteira histrica, a nomenclatura de ncleo educativo foi amplamente discutida no final da dcada de 1990 uma vez que tentava promover a conscientizao de que a educao museal tinha contedos especficos, os quais eram de extrema densidade ao conjugar, no caso da arte, por exemplo, alm de metodologias pedaggicas e dinmicas de voz, postura, abordagem, etc. caractersticas dos processos educativos em museus. Com a mesma inteno e calcada nas nomenclaturas acadmicas, tambm foram utilizados os termos departamento e rea educativa.

    Mais recentemente outra nomenclatura setorial vem sendo empregada para promover a compreenso de que esta rea em particular se caracteriza por uma forma de constituio e operao distinta das demais do museu, imperando o termo ao educativa.

    importante ressaltar que os departamentos, ncleos ou programas de ao educativa recebem por parte de suas instituies distintos nomes, mas o que estas instncias fazem promover programas educativos.

    AO EDUCATIVAUm pouco de histria

    Assim, fundamental compreendermos que as diferentes nomenclaturas parecem perseguir historicamente as especificidades das funes e tipos de atividades desenvolvidas pelos setores educativos dos museus, na busca de sua autonomia e singularidade.

  • 4Conceitos-chave da Educao em Museus

    Da mesma forma existem diferentes nomenclaturas para denominar o profissional que realiza a interface e interao educativa junto ao pblico e ainda h que se debater a variedade dos diferentes tipos de interao realizados. Muitas vezes para a funo de educador, at na mesma instituio, assume-se internamente ao setor educativo uma nomenclatura, outra para difuso das aes ao pblico, outra ainda expressa na carteira trabalhista etc. Tambm necessrio pensar nas diferentes formas de interao com o pblico a fim de diferenci-las como, por exemplo, o equilbrio sempre buscado entre as atuaes do educador e dos atendentes de sala, orientadores de pblico etc.

    EDUCAO EM MUSEUS

    A educao em museus se insere no campo da educao no formal, diferindo-se da formal, por seu carter no cumulativo, realizada, no mais das vezes, em uma nica oportunidade, durante a visita instituio. Idealmente, deve ser pensada a partir das caractersticas institucionais (acervo, gesto, histrico, localizao, misso etc.) e da variedade das expectativas de seus visitantes, no apresentando contedos organizados numa sequncia formal como, por exemplo, no currculo escolar. Um dos grandes desafios da educao museal justamente responder expectativa de uma variedade to grande de pblicos (como no item anterior), sendo necessria uma adequao dos meios (discursos, recursos, mtodos etc.) utilizados nos processos educativos para possibilitar a acessibilidade cognitiva e atitudinal, na construo de conhecimentos (cognitivos, afetivos, sensveis, crticos, desenvolvimento de habilidades etc.) a partir dos objetos e patrimnio preservados e/ou expostos pelo museu. A experincia educativa em museus deve, ainda, equacionar aspectos do saber e do lazer, num espao de convivncia social, possibilitando a formao de vnculos entre os visitantes e, entre estes, a instituio e a cultura.

    Entendemos que algumas funes so responsabilidades institucionais, mas na prtica, muitas vezes so imputadas s reas de educao em museus, tais como a responsabilidade por mobilizar a vinda de pblico instituio, no sentido de aument-lo quantitativamente ou promover diversificao do pblico, no sentido de democratizar o acesso cultura. o museu como um todo que deve preocupar-se com estas questes, apresentando programaes e sistemas de comunicao de qualidade, atraente, diversificada e acessvel para um pblico mais vasto e abrangente.

    Na tentativa de oferecer um panorama das diferentes nomenclaturas utilizadas e funes desempenhadas pelos trabalhadores das reas de ao educativa dos museus, destacamos abaixo algumas terminologias e seus escopos de ao.

  • 5Conceitos-chave da Educao em Museus

    AO EDUCATIVA

    GUIA

    Profissional responsvel por acompanhar as pessoas por um determinado caminho, tendo um percurso ou roteiro previamente determinado, oferecendo informaes sobre pontos relevantes, sem a necessidade de construo de uma lgica que os articule. No caso da atuao nos museus, isso implica um profissional que no tem interesse ou capacidade para desenvolver um discurso autnomo e dialgico, ou seja, os discursos no so construdos a partir das demandas dos pblicos.

    ORIENTADOR DE PBLICO

    Profissional responsvel por fornecer informaes pontuais sobre a instituio assim como orientar os visitantes do museu em relao a sua interao com as exposies e com o fluxo no espao. Disponibiliza informaes relativas ao funcionamento do museu e programao geral da instituio, assim como informaes pontuais sobre as exposies em cartaz (ou seja, no desenvolve uma ao com fins educativos nem com suas metodologias ou sistemas). Em muitas instituies possui a funo central de vigia de sala, zelando pelo patrimnio material e orientando o pblico quanto s regras bsicas de comportamento dentro da exposio. Pode exercer outras funes, tais como: responsvel pelo guarda-volumes, entrega de material grfico aos visitantes, manuteno dos espaos, apoio nas visitas educativas.

    Algumas instituies buscam potencializar o contato do orientador com o pblico. No entanto fundamental que haja uma conscincia do perfil e limites de cada funo. Na prtica esta diferena pode parecer pequena, pois no contato com o pblico, o orientador pode avanar no dilogo a partir do que ele sabe sobre a exposio. Portanto, para exercer a funo de educador alm da comunicao com o pblico necessrio um conhecimento aprofundado sobre os objetos a serem mediados e tambm sobre educao.

    AO EDUCATIVA

  • 6Conceitos-chave da Educao em Museus

    MONITOR

    Esse termo ainda resiste na memria popular, inclusive das instituies, pois nas dcadas de 80 e 90 do sculo passado, no Brasil, a palavra monitor, sada do rol acadmico que designa o responsvel por auxiliar o professor no processo de ensino, era utilizado para denominar a pessoa (geralmente ainda em processo de formao, ou seja, estudante) que realizava a interface educativa com o pblico. Naquela ocasio os processos educativos ainda eram vistos como a mera difuso ou traduo ao pblico dos conhecimentos produzidos pelos pesquisadores e curadores. Nesta perspectiva, o monitor seria visto como um veculo de transmisso, denotando, tambm, sua falta de autonomia. Em virtude do amadurecimento da rea, que tem conquistado a autonomia em relao aos discursos curatoriais, tal termo tem sido despotencializado. Essa nomenclatura ainda persiste, porm acreditamos que seria mais adequada para nominar aes de atendimento geral ou orientao do pblico, sem a responsabilidade de realizar processos educativos ou de mediao.

    MEDIADOR

    aquele que realiza a mediao. Ou seja, o profissional responsvel por realizar um processo, composto por diferentes estratgias, por meio do qual se constri significados no momento de encontro entre as partes; no caso do museu, do encontro entre o pblico e os objetos. um dos mecanismos mais interessantes e atualmente mais utilizados pelos educadores.

    EDUCADOR DE MUSEUS

    Optamos por construir este conceito a partir da funo desempenhada e no das diversas nomenclaturas recebidas nas diferentes instituies. Acordamos em definir o conceito em termos ideais. Tambm pontuamos a falta de referncias bibliogrficas que abordam especificamente este conceito. Salientamos, ainda, que esta definio trata da condio bsica e mnima para se considerar educador de museu, podendo o mesmo agregar outras funes complementares surgidas das necessidades especficas de cada instituio e/ou situao (tais como redao de textos educativos, gesto de projetos, construo de projetos, gesto de pessoas, captao de recursos, etc.).

    Os educadores de museu so responsveis por ampliar a relao entre o museu e seus pblicos, sendo mediadores do objeto do museu e do pblico visitante, no momento do fato museal. Ao agir neste encontro (fato museal) o educador atua no processo de manter contemporneo o carter comunicacional do patrimnio, manifestando a latncia significativa dos objetos. Para dar conta dos desafios apresentados pela educao em museus, os educadores devem conhecer profundamente a natureza da instituio na qual atuam, bem como de seus objetos; ter facilidade comunicacional para com diferentes tipos de pblico, sabendo trat-los com distintos mtodos educativos, sempre buscando o mais adequado a cada qual, de modo crtico e em constante formao; ser respeitoso e tico no trato com todos; promover uma experincia positiva no momento do encontro entre visitante e objeto museal e estimular a construo de conhecimento significativo aos visitantes, a partir do contato com o patrimnio; possuem ainda uma responsabilidade para com a funo preservacionista do museu, entre outros.

  • 7Conceitos-chave da Educao em Museus

    Ao servir como ligao, agente de promoo cultural e experimentador, o educador est situado na encruzilhada das trocas (sociais, culturais e afetivas) realizadas entre a instituio e a sociedade. Embora o museu em si, e todos os que trabalham nele, conjuguem a funo de salvaguarda e comunicao, o educador, por construir conhecimento junto ao pblico por meio do dilogo, talvez seja quem melhor o conhea. Provavelmente por ser um dos nicos funcionrios dos museus que dialoga diretamente com o pblico tambm o que mais o conhece.

    O processo de educao em museus deve ser visto com a mesma densidade de qualquer outro processo educativo, por isso fundamental que os que atuem na rea, independente da nomenclatura que recebam, tenham formao universitria, sejam profissionais (ou seja, contratados) e tenham slida formao e prtica na rea de especificidade do museu e no campo pedaggico.

    Entendemos que o termo educador pode ser utilizado como sinnimo de mediador, porm reconhecemos que a mediao uma das maneiras de agir e que o educador, quando necessrio, pode utilizar-se de outros sistemas no processo de educao museal. Tambm reconhecemos que outras nomenclaturas so usadas como sinnimo de educador, mas em nossa viso deveriam receber outra designao, a fim de evitar distores. Citamos algumas tais como: monitor, estagirio, guia, orientador de pblico, entre outros.

    NCLEO DE AO EDUCATIVA

    A fim de organizar as realizaes sob responsabilidade do ncleo de ao educativa, recorremos rea de gesto de projetos e acordamos nas seguintes definies:

    Um Programa definido como um grupo de projetos relacionados, que tem definies estruturais e conceituais unssonas, e durao temporal sistematizada, e que so gerenciados de modo coordenado para a obteno de benefcios estratgicos e controle que no estariam disponveis se eles fossem gerenciados individualmente.

    Um Projeto um esforo temporrio empreendido para criar um conjunto de servios, produtos ou conhecimentos, visando a um resultado especfico, ou seja, possui um foco de inteno. Um projeto pode ser replicado quantas vezes for necessrio.

    Uma Ao um ato. Na linguagem corrente pode designar um projeto ou nomear parte dele, mas em termos de escala e tempo, normalmente indica um fazer pontual e de menor espectro do que um projeto. Pode, portanto, ser a implantao, execuo ou efetivao das propostas de um projeto, ou de partes dele.

  • 8Conceitos-chave da Educao em Museus

    Uma Atividade denota um fazer, uma ao. Na linguagem corrente, entretanto, utilizamos a palavra atividade para nomear uma ao de carter especifico e temporalmente pontual. Em comparao s demais nomenclaturas expostas acima, seria a menor parcela de ao possvel. Desta forma um conjunto de atividades, desde que conceitualmente articuladas num propsito especfico, pode dar origem a uma ao ou a um projeto.

    PBLICO DE MUSEUS

    Todos e cada um de ns pode ser categorizado por diferentes critrios e pertencer a distintos grupos. Tambm necessrio notar que diferentes tipos de museu tem diferentes tipos de pblicos. Toda a sociedade potencialmente pblico de museu, ao mesmo tempo, como a funo do museu tambm educativa, todo o pblico visitante tambm pblico educativo.

    Grosso modo podemos pensar que o pblico de museu seja qualquer pessoa que visite o museu ou participe de suas aes / atividades (exposies itinerantes, aes extramuros, virtuais etc.) tendo como objetivo a finalidade da instituio (excetuam-se assim, p.ex. os prestadores de servios).

    PBLICO DAS AES EDUCATIVAS

    Entendemos que o pblico das aes educativas composto por todos os visitantes que participem das aes propostas pelo ncleo / setor / rea / departamento educativo. Embora esta definio seja diferente em relao ao Catavento e Casa Guilherme de Almeida, nos quais todos os visitantes so considerados pblicos educativos, uma vez que a visitao s pode ser realizada mediante o contato com o educador e/ou monitor.

    A funo das aes educativas contribuir para a formao do gosto pela frequncia e usufruto da cultura, aspecto fundamental dos processos de democratizao de acesso, conforme revelado pela pesquisa Pblicos da Cultura, realizada pelo SESC em parceria com a Fundao Perseu Abramo. Neste sentido, pblico de aes culturais diferente de pblico de aes educativas.

    Os pblicos recebidos pelas reas educativas podem ser divididos de forma genrica em: aqueles organizados em grupos (de origem escolar ou outros grupos sociais geralmente ligados a instituies de naturezas diversas), que normalmente apresentam uma uniformidade etria e/ou cognitiva, alm de interesses educativos direcionados por seus responsveis; e aquele comumente nomeado de pblico espontneo, ou seja, sem uma organizao institucional formal, tais como famlias, indivduos, amigos etc., que visitam o museu autonomamente, por motivos e com interesses distintos.

    Dentro desta categorizao, podemos diferenciar o pblico atendido pelos educadores do pblico participante de projetos e aes diferenciadas (aes extramuros, recursos interativos etc.).

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    Entre o pblico atendido pelo educador h ainda que se diferenciar as tipologias:

    a) Pblico Agendado Discutimos que esta categoria implica uma preparao anterior ou um interesse antecipado (nem que seja apenas organizar-se e ligar para realizar o agendamento ou o nibus); tambm foi apontado que no mais das vezes esta categoria possui alguma vinculao institucional. Dentro desta categoria os melhores exemplos so as escolas ou grupos variados da educao formal.

    b) Pblico Espontneo

    A - Pblico de aes educativas

    A1 - Pblico agendado

    Professores / alunos / educao formal Pblicos inclusivos / pessoas com deficincia Pblicos inclusivos / em situao de vulnerabilidade social Ensino Superior (universitrios / professores) Ensino Tcnico (estudantes / professores)

    A2 Grupos institucionais

    Idosos / Crianas Instituies diversas (parquias e igrejas, grupos de teatro, projetos sociais etc.) Pblicos de aes extramuros / comunidades Pblico VIP / patrocinador (relacionado a valor econmico / poltico) Pblicos potenciais (de acordo com a tipologia de museu, podem ser trabalhadores do setor de caf etc)

    A3 Pblico espontneo em geral

    Pblico infantil Idosos Famlias Turistas Pblico especializado (conhecedor da temtica de que trata o museu)

    CONSIDERAES

    Esses foram os primeiros conceitos trabalhados nos ltimos dois anos de atuao do Comit Educativo. Espera-se que a partir do debate deste documento com os profissionais que atuam ou se interessam pela educao em museus, levantemos novos termos a serem discutidos no mbito do comit, dando continuidade a essa importante ao de interlocuo, reflexo e troca de experincias sobre educao em museus.

  • 10Conceitos-chave da Educao em Museus

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BARBOSA, Ana Mae. Educao em museus: termos que revelam preconceitos. Revista Museu. 2013. Disponvel em: http://www.revistamuseu.com.br/18demaio/artigos.asp?id=16434. Acesso em: 18 fev 2015.

    BRUNO, Maria Cristina Oliveira (Org.) . Waldisa Rssio Camargo Guarnieri - textos e contextos de uma trajetria profissional. SoPaulo: Pinacoteca do Estado; Secretaria de Estado da Cultura: Comit Brasileiro do ICOM, 2010. v. 2. 499 p.

    CHIOVATTO, Mila Milene. Educao Lquida. Disponvel em: www.pinacoteca.org.br/museuparatodos. Acesso em: 18 fev 2015.

    CHIOVATTO, Mila Milene; AIDAR, Gabriela. Museus. In: Palavras-chave em educao no-formal. Organizadores: Margareth Brandini Park, Renata Sieiro Fernandes, Amarildo Carnicel. Holambra ;Editora Setembro; Campinas: UNICAMP/ CMU, 2007.

    COELHO,Teixeira. Dicionrio Crtico de Poltica Cultural. So Paulo: Iluminuras, 1997.

    DEWEY, Jonh. Arte como experincia. So Paulo: Martins Fontes, 2010.

    Fundao Vanzolini. Curso de Formao de Gestores de Projetos de Arte e Cultura. PMBOk (Project Management Body of Knowledge).

    Grupo de Trabalho Planejamento Estratgico Pinacoteca do Estado. Definies utilizadas no vocabulrio controlado interno. 2011

    LARROSA, Jorge. Nietzsche e a Educao. So Paulo: Ed. Autnctica, 2002.

    MASSARANI, Luisa (org.) Dilogos & cincia: mediao em museus e centros de Cincia. Organizado por Luisa Massarani, Matteo Merzagora, Paola Rodari. Rio de Janeiro: Museu da Vida;Casa de Oswaldo Cruz;Fiocruz, 2007. 92p., il.

    TEIXEIRA, Anisio. [Tradutor de DEWEY, John]. Vida e educao. 5 ed. So Paulo: Editora Nacional, 1959.