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30 RPCV (2015) 110 (593-594) 30-37 Verme gigante renal Parasite giant renal Daniela Pedrassani 1* ; Adjair Antonio do Nascimento 2 1 Universidade do Contestado, Canoinhas-Santa Catarina, Brasil. 2 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Jaboticabal-São Paulo, Brasil. Resumo: Dioctophyme renale é um nematódeo parasita encon- trado no rim de canídeos, mustelídeos e procionídeos no Brasil. Pode ser observado erraticamente na cavidade peritoneal, espe- cialmente em canídeos e raramente ocorre em outros órgãos e tecidos. Sua epidemiologia envolve um ciclo evolutivo comple- xo, com hospedeiros intermediários, paratênicos e definitivos. Animais parasitados podem perder completamente o rim acome- tido e ainda assim estarem assintomáticos. Esta revisão aborda informações sobre a morfologia, os hospedeiros, a epidemiolo- gia, patogenia e sinais clínicos, diagnóstico e sua importância em saúde pública. Palavras-chave: cães; Dioctophyme renale; Dioctophyma renale Summary: Dioctophyme renale is a nematode parasite found in the kidney of canides, mustelids and raccons in Brazil. It can be seen erratically in the peritoneal cavity, especially in dogs and rarely occurs on other organs and tissues. Its epidemiology involves a complex life cycle, with intermediate, paratenic and definitive hosts. The infected animal may completely lose the kidney affected and still be asymptomatic. This review covers information on the morphology, hosts, epidemiology, pathoge- nesis and clinical signs, diagnosis and public health importance. Keywords: dogs; Dioctophyme renale; Dioctophyma renale Introdução Dioctophyme renale, comumente chamado de verme gigante, parasita do rim, é o maior nematódeo conheci- do e pode chegar a 100 cm de comprimento (Monteiro et al., 2002). É descrito parasitando canídeos, mustelí- deos e procionídeos ocasionando a dioctofimatose. No seu ciclo biológico, os ovos são eliminados com a uri- na do hospedeiro definitivo (HD) e evoluem no meio externo. Os animais adquirem o nematódeo a partir da ingestão de peixes ou anfíbios e de anelídeos aquáticos infectados com a forma larval. Os parasitos migram para os rins, diretamente através da parede estomacal ou intestinal, acometendo com maior frequência o rim direito, provavelmente devido à sua vizinhança com o duodeno (Anderson, 2000). Pode também ser encon- trado na cavidade peritoneal, na bexiga, na uretra, no útero, no ovário, na glândula mamária e no fígado do cão e de outros animais (Measures, 2001). Há também descrição da presença, desse helminto, na pele e nos rins de humanos ocasionando cólicas renais e hematú- ria (Oliveira et al., 2005; Sardjono et al., 2008). O diagnóstico é realizado pesquisando ovos na urina ou por radiografia e ultrassonografia. Porém, como a frequência de casos de parasitismo por D. renale em cães sintomáticos é baixa, muitas vezes o diagnósti- co é feito apenas na necropsia (Kommers et al., 1999; Pereira et al., 2006). Embora seja considerada uma afecção incomum em cães, no período entre 2000 e 2003, 30% dos 40 cães necropsiados, provenientes do distrito de São Cristóvão, Município de Três Barras – SC, estavam parasitados por D. renale, com 91,6% destes animais apresentando um ou mais espécimes apenas no rim di- reito; e 8,4% com o nematódeo na cavidade abdominal (Pedrassani e Camargo, 2004). Estudos relacionados com a morfologia dos ovos do nematódeo, ciclo evolutivo e a presença de larvas em hospedeiros paratênicos no Brasil são também aborda- dos nessa revisão. Dioctophyme renale e dioctofimatose Dioctophyme renale Goeze, 1782 (Enoplida: Dioctophymina), é um nematódeo de carnívoros (ca- nídeos, mustelídeos e procionídeos), principalmente aqueles que possuem sua alimentação à base de peixes crus (Anderson, 2000; Measures, 2001). Embora seja conhecido desde 1583, foi apenas descrito por Johann Goeze, em 1782, a partir de exemplares encontrados no rim de um cão (Measures, 2001). Após alguns deba- tes sobre o uso de Dioctophyme Collet-Meygret, 1802 ou Dioctophyma Bosc, 1803, a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica (1989) pronunciou-se so- bre essa questão, proposta por Tollitt (1987), indicando que o nematódeo deveria ser nominado Dioctophyme renale. Morfologicamente o adulto possui uma boca hexa- gonal, sem lábios, circundada por seis papilas dispos- *Correspondencia: [email protected] Tel/Fax: 554736272216

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RPCV (2015) 110 (593-594) 30-37

Verme gigante renal

Parasite giant renal

Daniela Pedrassani1*; Adjair Antonio do Nascimento2

1Universidade do Contestado, Canoinhas-Santa Catarina, Brasil.2Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Jaboticabal-São Paulo, Brasil.

Resumo: Dioctophyme renale é um nematódeo parasita encon-trado no rim de canídeos, mustelídeos e procionídeos no Brasil. Pode ser observado erraticamente na cavidade peritoneal, espe-cialmente em canídeos e raramente ocorre em outros órgãos e tecidos. Sua epidemiologia envolve um ciclo evolutivo comple-xo, com hospedeiros intermediários, paratênicos e definitivos. Animais parasitados podem perder completamente o rim acome-tido e ainda assim estarem assintomáticos. Esta revisão aborda informações sobre a morfologia, os hospedeiros, a epidemiolo-gia, patogenia e sinais clínicos, diagnóstico e sua importância em saúde pública.

Palavras-chave: cães; Dioctophyme renale; Dioctophyma renale

Summary: Dioctophyme renale is a nematode parasite found in the kidney of canides, mustelids and raccons in Brazil. It can be seen erratically in the peritoneal cavity, especially in dogs and rarely occurs on other organs and tissues. Its epidemiology involves a complex life cycle, with intermediate, paratenic and definitive hosts. The infected animal may completely lose the kidney affected and still be asymptomatic. This review covers information on the morphology, hosts, epidemiology, pathoge-nesis and clinical signs, diagnosis and public health importance.

Keywords: dogs; Dioctophyme renale; Dioctophyma renale

Introdução

Dioctophyme renale, comumente chamado de verme gigante, parasita do rim, é o maior nematódeo conheci-do e pode chegar a 100 cm de comprimento (Monteiro et al., 2002). É descrito parasitando canídeos, mustelí-deos e procionídeos ocasionando a dioctofimatose. No seu ciclo biológico, os ovos são eliminados com a uri-na do hospedeiro definitivo (HD) e evoluem no meio externo. Os animais adquirem o nematódeo a partir da ingestão de peixes ou anfíbios e de anelídeos aquáticos infectados com a forma larval. Os parasitos migram para os rins, diretamente através da parede estomacal ou intestinal, acometendo com maior frequência o rim direito, provavelmente devido à sua vizinhança com o duodeno (Anderson, 2000). Pode também ser encon-trado na cavidade peritoneal, na bexiga, na uretra, no

útero, no ovário, na glândula mamária e no fígado do cão e de outros animais (Measures, 2001). Há também descrição da presença, desse helminto, na pele e nos rins de humanos ocasionando cólicas renais e hematú-ria (Oliveira et al., 2005; Sardjono et al., 2008).

O diagnóstico é realizado pesquisando ovos na urina ou por radiografia e ultrassonografia. Porém, como a frequência de casos de parasitismo por D. renale em cães sintomáticos é baixa, muitas vezes o diagnósti-co é feito apenas na necropsia (Kommers et al., 1999; Pereira et al., 2006).

Embora seja considerada uma afecção incomum em cães, no período entre 2000 e 2003, 30% dos 40 cães necropsiados, provenientes do distrito de São Cristóvão, Município de Três Barras – SC, estavam parasitados por D. renale, com 91,6% destes animais apresentando um ou mais espécimes apenas no rim di-reito; e 8,4% com o nematódeo na cavidade abdominal (Pedrassani e Camargo, 2004).

Estudos relacionados com a morfologia dos ovos do nematódeo, ciclo evolutivo e a presença de larvas em hospedeiros paratênicos no Brasil são também aborda-dos nessa revisão.

Dioctophyme renale e dioctofimatose

Dioctophyme renale Goeze, 1782 (Enoplida: Dioctophymina), é um nematódeo de carnívoros (ca-nídeos, mustelídeos e procionídeos), principalmente aqueles que possuem sua alimentação à base de peixes crus (Anderson, 2000; Measures, 2001). Embora seja conhecido desde 1583, foi apenas descrito por Johann Goeze, em 1782, a partir de exemplares encontrados no rim de um cão (Measures, 2001). Após alguns deba-tes sobre o uso de Dioctophyme Collet-Meygret, 1802 ou Dioctophyma Bosc, 1803, a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica (1989) pronunciou-se so-bre essa questão, proposta por Tollitt (1987), indicando que o nematódeo deveria ser nominado Dioctophyme renale.

Morfologicamente o adulto possui uma boca hexa-gonal, sem lábios, circundada por seis papilas dispos-

*Correspondencia: [email protected]/Fax: 554736272216

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tas em círculo. Sua cutícula é transversalmente estriada e sem espinhos. O esôfago é longo, estreito e clavi-forme, com discreta dilatação posterior (Freitas, 1980; Urano et al., 2001). Sua coloração a fresco é verme-lho-sangue. Aducco, em 1889 (citado por Davenport, 1949), observou que a cor vermelha do D. renale era devida a um pigmento semelhante à hemoglobina dos vertebrados, extremamente resistente à desoxigenação em vácuo. A presença de hemoglobina em helmintos foi sugerida como evidência de que ela fosse essen-cial para o fornecimento de oxigênio para os sistemas oxidativos (Davenport, 1949). Outros autores sugerem que a cor seja devida ao hematofagismo do parasito (Colpo et al., 2007), porém, ao observá-lo em meio de cultivo, ainda apresentava coloração vermelha 30 dias após, sem ter ingerido sangue nesse período (Pedrassani et al., 2008b).

O macho apresenta na extremidade posterior uma bolsa muscular com forma de campânula, sem raios bursais e com papilas nas bordas. No centro da bolsa, abre-se o orifício cloacal, de onde emerge um espículo, com 5 a 6 mm de comprimento (Freitas, 1980; Leitão, 1983). Suas dimensões são, em média, de 14 a 45 cm de comprimento e 4 a 6 mm de largura (Freitas, 1980). A fêmea apresenta cauda obtusa, ânus terminal, vulva distando de 5 a 7 cm da extremidade anterior e ovário único. Suas dimensões são de 20 a 100 cm de com-primento e 5 a 12 mm de largura (Leitão, 1983). As larvas de terceiro estádio (L

3) possuem oito cordões

longitudinais (dorsal, ventral, dois laterais, dois sub-ventrais e, dois subdorsais). O cordão ventral é o mais evidente, apresentando forma de leque, sendo os ou-tros cordões menores e por vezes pouco discerníveis. O esôfago apresenta parede espessa e lúmen triangular (Pedrassani et al., 2009a; Urano et al., 2001). O com-primento médio das L

3 é de 10 mm e estas conservam

a cutícula da segunda muda. Duas fileiras concêntricas, de seis papilas cada, são observadas ao redor da aber-tura oral. O primórdio genital é observado como um cordão longitudinal com numerosos núcleos pequenos, localizado ventralmente na membrana do pseudoce-loma, não sendo possível distinguir os órgãos sexuais (Pedrassani et al., 2009a; Mace e Anderson, 1975; Urano et al., 2001).

Os ovos são elípticos, cor castanho-amarelada e com parede espessa, rugosa e com tampões bipolares (Pedrassani et al., 2009b). Possuem uma a duas células logo após eliminação na urina e medem 73 a 83 µm de comprimento por 45 a 47 µm de largura (Mace e Anderson, 1975; Sloss et al., 1999).

Ciclo biológico

Seu ciclo é complexo e incompletamente entendido (Kommers et al., 1999). As formas adultas são encon-tradas nos rins dos HD. As fêmeas maduras depositam ovos, que são eliminados com a urina dos HD e se de-

senvolvem em ambiente aquático. As larvas de primei-ro estádio (L

1) são observadas no interior dos ovos em

aproximadamente 35 dias, em temperatura de 20oC, sen-do essa a forma infectante para o anelídeo oligochaeta aquático, Lumbriculus variegatus, que é o hospedeiro intermediário (HI). A muda de L

1 para L

2 ocorre no vaso

sanguíneo ventral do anelídeo, 50 dias após a infecção, e a muda para a forma infectante L

3, cerca de 100 dias

após a infecção, quando os anelídeos são mantidos em temperatura de 20oC (Mace e Anderson, 1975). As L

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nos anelídeos são infectantes para os HD e também para os HP, como peixes e anuros. As larvas não evoluem nos HP, permanecendo encapsuladas principalmente na musculatura abdominal, na parede do estômago e no mesentério (Mace e Anderson; 1975; Measures e Anderson, 1985, Pedrassani et al., 2009a) (Figura 1).

Karmanova, em 1968 (citado por Measures, 2001), observou de uma a 12 larvas em várias espécies de peixes. Mace e Anderson (1975) examinaram quatro espécies de anuros do gênero Rana e encontraram 5,6% de infectados entre 504 examinados, com inten-sidade média de 1,6 larva por animal infectado. Larvas infectantes de D. renale foram encontradas em vísce-ras de 5,17% de sapos Chaunus ictericus simpátricos do Distrito de São Cristóvão, Três Barras, SC. Todas foram observadas em vesículas na parede estomacal, envolvidas por reação inflamatória granulomatosa (Pedrassani et al., 2009a). Measures e Anderson (1985) observaram larvas predominantemente na musculatura hipaxial de peixes (Lepomis gibbosus), com prevalên-cia de 5-23% e com intensidade média de uma a duas larvas por peixe.

Em infecção experimental, Mace e Anderson (1975) verificaram que as L

3 oriundas de HI ou HP ingeridos

por HD penetram na parede do estômago e realizam muda para o quarto estádio larvar (L

4) em cinco dias

após a ingestão, a seguir a larva atravessa a parede es-tomacal e passa através do fígado e da cavidade abdo-minal antes de entrar, como adulto, no rim direito.

Segundo Karmanova, em 1968 (citado por Measures, 2001), a última muda (L

5) ocorre na cavidade abdo-

minal do hospedeiro. Ovos depositados no rim do HD são passados com a urina pelo ureter, que usualmente permanece funcional, e atingem o meio externo, porém aqueles depositados por fêmeas maduras na cavidade abdominal não saem do hospedeiro.

Características anatômicas do hospedeiro podem in-fluenciar na rota migratória. Em M. vison, o estômago, o lobo direito do fígado, a primeira porção do duodeno e o rim direito são muito próximos. Hallberg (1953) e Mace e Anderson (1975) postulam que essa proximi-dade pode contribuir para o fato de 85% das infecções nesta espécie envolverem o rim direito. Nos cães, es-ses mesmos órgãos estão menos próximos. Esse fator talvez contribua para uma maior percentagem de D. renale na cavidade abdominal em cães, quando compa-rados com M. vison (Hallberg, 1953). Ferreira Neto et al. (1972) sugeriram que o rim direito pode ser o mais

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acometido, por tropismo do próprio parasito. O perío-do pré-patente é de 135 dias, em cães, e 154 dias em M. vison (Mace e Anderson, 1975). Para Acha e Szyfres (1986), esse período é de três meses e meio a seis me-ses. Karmanova, em 1968 (citado por Measures, 2001), relatou que este parasito pode sobreviver por três a cin-co anos no HD.

Distribuição geográfica e ocorrência

A dioctofimatose foi registrada em diversos países, tais como Canadá, Estados Unidos, México, Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina, França, Holanda, Alemanha, Bulgária, Romênia, Itália, Polônia, pa-íses da antiga URSS, Irã, Afeganistão, Índia, Vietnã, Tailândia, China e Japão (Measures, 2001). Não há relatos deste parasito na África e na Oceania (Acha e Zyfres, 1986; Measures, 2001).

Legenda: HD = Hospedeiro definitivo, HI = Hospedeiro Intermediário, HP = Hospedeiro paratênico

Figura 1 - Esquema do ciclo evolutivo do Dioctophyme renale.

O parasito, provavelmente, originou-se no holár-tico e dispersou-se para outras partes do mundo pela translocação de hospedeiros (especialmente cães) ou pela alimentação de hospedeiros definitivos suscetíveis com HP infectados provenientes de áreas enzoóticas (Measures, 2001).

Conforme Neves et al. (1983) no Brasil, a dioctofi-matose, foi descrita pela primeira vez, em 1860, por Molin, em um lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). Schmidt (1924) registrou a sua ocorrência em Porto Alegre, e, ainda, Monteiro (1934) registrou o tercei-ro caso de parasitismo por este helminto, no Rio de Janeiro, em um cão trazido da Bélgica. Desde então, vários casos vêm sendo relatados em vários estados do Brasil, como Espírito Santo (Barros, 1971; Pereira et al., 2006), Goiás, Minas Gerais (Costa e Lima, 1988; Poppi et al., 2004), Pará (Galvão et al., 1999; Miranda et al., 1992), Paraná (Leite et al., 2005), Rio Grande do Sul (Monteiro et al., 2002), Rio de Janeiro (Mattos Júnior; Pinheiro, 1994), Santa Catarina (Pedrassani e Camargo, 2004; Neves et al., 1983), São Paulo

(Augusto Filho et al., 1999), Amazonas (Rocha et al., 1965), Pernambuco e Bahia (Amato et al., 1976; Kommers et al., 1999).

Espécies hospedeiras

a) Hospedeiros Intermediários: são oligoquetas aquáti-cos, com somente uma espécie, L. variegatus, sendo natural e experimentalmente observada com larvas de D. renale (Mace e Anderson, 1975). As observações de Woodhead (1950) de que oligoquetas da família Branchiobdelidae, ectoparasitos de camarão-de-água-doce, fossem os hospedeiros intermediários foi desacreditada (Mace e Anderson, 1975; Measures, 2001). Lumbriculus variegatus é de distribuição holártica e foi introduzido em países do Hemisfério Sul (África do Sul, Austrália e Nova Zelândia). É en-contrado na América do Norte e na Europa e habita o sedimento do fundo de rios e lagos de água doce. Tem de 4 a10 cm de comprimento, com 1,5 mm de diâmetro (Drewes e Brinkhurst, 1990). Embora fosse relatada a ausência de L. variegatus na América do Sul e no Brasil até 2012, o D. renale era encontrado, com frequência, em animais, especialmente cães, in-dicando que outro oligochaeta pudesse estar servindo como hospedeiro intermediário do parasito nesta re-gião. Marchese et al. (2015) relataram a identificação de L. variegatus em material coletado entre 2011 e 2012 em Minas Gerais, Brasil.

b) Hospedeiros Definitivos: estão incluídos nesse grupo os Mustelidae, como vison, marta e lon-tra; os Canidae, como coiote, lobo, cão, lobo-guará, cachorro-do-mato, raposa-vermelha; e os Procyonidae, como guaxinim e quati (Kommers et al., 1999; Measures, 2001). No Brasil, o parasitis-mo em hospedeiros definitivos foi descrito em cão, cachorro-vinagre, mão-pelada, quati, furão (Barros et al., 1990), lontra, lobo-guará e gato (Carneiro et al., 2008; Leite et al., 2005; Momo et al., 2008; Pesenti et al., 2007; Reis et al., 2006). Os visons (Mustela vison) são considerados ver-dadeiros hospedeiros definitivos (HD) e reservató-rios do D. renale na natureza, devido à presença de grande número de parasitos de ambos os sexos e por localizarem-se geralmente nos rins. Assim, favore-cem a liberação de ovos férteis para o meio ambien-te e perpetuam o ciclo (Osborne et al.,1969). Para Kommers et al. (1999) cães são considerados hospedeiros definitivos anormais e terminais, uma vez que o ciclo de vida do parasito é interrompido, pelo fato da maioria dos animais apresentar parasi-tismo único. Nestes, a dioctofimatose é considera-da uma afecção rara (Forrester e Lees, 1998), que ocorre com maior frequência nos errantes (Brun et al., 2002). Hospedeiros definitivos ocasionais in-cluem bovinos, equinos, suínos, humanos (Measures,

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2001) e felinos (Momo et al., 2008); Pedrassani et al., 2014). A predominância de D. renale no rim direito foi descrita por diversos pesquisadores brasileiros (Neves et al., 1983; Costa e Lima, 1988; Torres et al., 2001). As infecções podem ser únicas; quando múltiplas, podem envolver helmintos de um único sexo ou de ambos. Menos de 1% das infecções en-volvem os dois rins em M. vison (Measures, 2001). Localizações pouco frequentes do D. renale adulto são: rim esquerdo (Galvão et al., 1999), linfonodo mesentérico, cavidade torácica (Neves et al., 1983), bexiga, uretra, bolsa escrotal, tecido subcutâneo in-guinal, útero, ovário, glândula mamária e pericár-dio (Barros, 1971; Freire, 1979; Mattos Júnior e Pinheiro, 1994; Miranda et al., 1992; Osborne et al., 1969). O parasito pode, também, penetrar no ureter e sair para o exterior através da uretra, perfurar a cápsula renal e permanecer na cavidade abdominal ou atravessar a parede abdominal (Anderson, 1986).

c) Hospedeiros Paratênicos: inclui sapos (C. icteri-cus) e rãs (Rana spp.) e peixes de água doce (Mace e Anderson, 1975; Measures, 2001; Measures e Anderson, 1985; Pedrassani et al., 2009a). Ainda que o D. renale seja amplamente distribuído, ele ocorre somente em áreas enzoóticas localizadas, onde a prevalência entre os hospedeiros varia de ano para ano (Measures, 2001).

Limitações ambientais

Diversos hábitats são necessários para o desenvolvi-mento de cada uma das fases de vida: 1o. um HD, ou seja, um mamífero vertebrado, geralmente carnívoro; 2o.um meio aquático onde os ovos embrionam; 3o. um HI, invertebrado de vida livre; e 4o. um HP (Anderson, 2000). O desenvolvimento dos ovos no ambiente exter-no e o desenvolvimento das larvas nos oligochaetas são dependentes da temperatura. As L

1 se desenvolvem em

15 a 102 dias, quando os ovos são mantidos em água bem oxigenada e incubados em temperaturas entre 14-30oC. Ovos em desenvolvimento e os já embrionados não sobrevivem à dessecação, ao congelamento e a altas temperaturas e não se desenvolvem em temperaturas in-feriores a 10oC, entretanto podem retomar o desenvol-vimento se a temperatura aumentar para 14oC (Mace e Anderson, 1975). As L

3 se desenvolvem em 70 a 159

dias no vaso sanguíneo ventral dos oligochaetas infecta-dos, sendo o desenvolvimento mais lento quando o pa-rasitismo é superior a quatro larvas (Mace e Anderson, 1975). Uma vez que os ovos de D. renale são intoleran-tes a baixas temperaturas, a infecção dos oligoquetas, em regiões de clima temperado, provavelmente, ocorre apenas a partir da primavera até o verão, período no qual a temperatura da água é superior a 14oC. Em latitudes como a da América do Sul, a transmissão, provavelmen-te, ocorre ao longo do ano (Measures, 2001).

O aparecimento de casos de dioctofimatose em ani-mais pode estar relacionado ao alto potencial hídrico de algumas regiões, o que favorece o acesso aos HP ou HI ao nematódeo (Pereira et al., 2006). Costa et al. (2004) concluíram que a dioctofimatose ocorre prefe-rencialmente em cães errantes, com hábitos alimenta-res pouco seletivos. A possibilidade de transmissão, ao longo da cadeia alimentar dos HP e definitivos, per-mite que se questionem outras fontes de infecção para cães, principalmente para os animais que perambulam pelas ruas, alimentando-se do que estiver disponível nos locais por onde passam.

Patogenia e sinais clínicos

A severidade da lesão renal depende do número de parasitas que afetam o rim, da duração da infecção, do número de rins envolvidos e da presença ou ausência de doença renal concomitante (Freire et al., 2002). Ainda as lesões macroscópicas dependem da localização dos parasitos. As migrações desse nematódeo pelo fígado causam hepatite crônica persistente, principalmente do lobo direito do fígado, e reações inflamatórias crônicas proliferativas no peritônio (Measures, 2001). Esses da-nos causam graves distúrbios funcionais, daí a impor-tância de sua patogenicidade. No parasitismo renal, o parênquima encontra-se destruído e atrofiado, associa-do à acentuada dilatação da pelve. Enzimas proteolíti-cas e lipolíticas, liberadas pelas glândulas esofágicas do parasito, determinam necrose de coagulação nos locais atingidos (Augusto Filho et al.,1999; Neves et al., 1983) e possibilitam a penetração e a destruição do parênquima renal, restando apenas a cápsula como uma bolsa repleta de fluido necro-hemorrágico, con-tendo ovos, se o rim estiver parasitado por fêmeas do nematódeo (Anderson, 2000; Low, 1995).

As infecções quase sempre resultam em total des-truição do parênquima renal, com atrofia e fibrose dos túbulos renais, fibrose periglomerular, além de espes-samento da cápsula renal, contendo no interior os pa-rasitos em meio a líquido sanguinopurulento, rico em hemácias, ovos do parasito, leucócitos e células dege-neradas (Measures, 2001).

Normalmente, o ureter é funcional, mas, em alguns ca-sos, parasitos localizados na pelve renal podem bloquear o ureter, resultando em hidronefrose (Measures, 2001).

A alimentação do parasito é pela digestão e ingestão do parênquima renal e do sangue que flui das lesões que ele causa nos órgãos (Corrêa, 1973).

Osborne et al. (1969) notificaram a peritonite, que ocorre nos casos em que há ruptura de órgãos por ação de enzimas liberadas pelo nematódeo. Em caso de per-furação de órgãos, pode haver hemoperitônio, peritonite, aderência e lesão na superfície do fígado (Dacorso Filho et al., 1954; Gargili et al., 2002). A presença de fêmeas de D. renale na cavidade abdominal pode ser acompanha-da pela presença de grande quantidade de ovos, os quais também contribuem para a peritonite (Anderson, 2000).

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Histologicamente, o parênquima renal se apresen-ta delgado e obliterado por tecido conjuntivo fibroso, associado a infiltrado inflamatório mononuclear in-tersticial, com atrofia acentuada e perda de gloméru-los e túbulos. Pode ocorrer hiperplasia do epitélio de transição da pelve. A maioria dos animais infectados apresenta hipertrofia compensatória do rim contralate-ral (Dacorso Filho et al., 1954; Kommers et al., 1999; Neves et al., 1983). Há relatos de casos com alto grau de parasitismo. Monteiro et al.(2002) descreveu um cão parasitado por 34 exemplares de D. renale, estando livres 27 exemplares na cavidade abdominal e sete no interior do rim direito.

Cães afetados pelo D. renale geralmente são assin-tomáticos (Osborne et al., 1969; Coppo e Brem, 1983; Low, 1995). Após infecções experimentais alimentando visons, furões e cães com larvas infectantes do parasi-to, foram observados agitação e vômitos, presumivel-mente por causa da invasão da parede estomacal pelas larvas (Mace e Anderson, 1975; Measures, 2001). Os sinais clínicos, quando presentes, podem incluir fra-queza, relutância em caminhar (Augusto Filho et al., 1999), maior frequência de micção, anorexia (Galvão et al., 1999), convulsões (Corrêa, 1973), ascite, cólicas abdominais, perda de peso, disúria e irritabilidade.

Alguns animais apresentam manifestações clínicas relacionadas com peritonite ou com uremia, em virtude da insuficiência renal (Osborne et al., 1969). Quando o parasito se localiza no rim, o hospedeiro pode apresentar arqueamento dorsal, dores violentas, hematúria e estran-gúria. Quando a localização é na cavidade abdominal, os sinais clínicos podem ser inaparentes. Os exames laboratoriais podem indicar anemia, hematúria, piúria, proteinúria, poliúria, uremia e insuficiência renal (Mace e Anderson, 1975; Measures e Anderson, 1985).

Meios diagnósticos

Características morfológicas, como o tamanho, a coloração e a localização, em rim ou cavidade abdo-minal, de nematódeos observados em necropsias, ci-rurgias ou que são eliminados pelas vias urinárias, per-mitem a identificação de D. renale (Anderson, 2000; Measures, 2001).

No exame do sedimento urinário podem ser obser-vados os ovos típicos (Figura 2a). Ovos podem tam-bém ser verificados no líquido ascético, no conteúdo pio-hemorrágico renal, detectados por laparotomia ou aspiração do líquido de rim ou cavidade abdominal (Measures, 2001).

Exames hematológicos e bioquímicos devem ser realizados. Quando há a retirada ou a destruição dos rins, como pode ocorrer com a dioctofimatose renal, o animal pode se tornar anêmico (Augusto Filho et al., 1999), pois 10% da eritropoetina formada nos outros tecidos (fígado principalmente) são capazes de esti-mular somente um terço ou metade da produção de

hemácias, na medula óssea, necessárias ao organismo (Guyton e Hall, 1997). Por essa razão, é necessário que se realize um hemograma para verificar se o cão está com anemia causada pela destruição do parênquima renal. Outros dois importantes exames são as provas de bioquímica sérica de função renal, ureia e creati-nina. A ureia e a creatinina são os produtos finais do metabolismo das proteínas e eles têm de ser removidos do corpo para garantir a continuação do metabolismo proteico normal nas células. Uma redução na taxa de filtração glomerular aumenta a concentração sérica de creatinina e ureia. Por essa razão, a medida da concen-tração dessas substâncias fornece um meio para avaliar o grau de insuficiência renal (Guyton; Hall, 1997).

Na dioctofimatose, a radiografia e a ultrassonografia da região abdominal são importantes, pois permitem identificar alterações no trato urinário e nos outros órgãos. Ocasionalmente, o D. renale adulto pode ser visualizado nesses exames. A radiografia e a urografia excretora proporcionam informações precisas acer-ca das dimensões renais, podendo, assim, revelar a presença de um rim hipertrofiado ou a dificuldade do rim parasitado em eliminar a substância contrastante (Measures, 2001). A ultrassonografia em corte trans-versal dos rins pode sugerir a presença do D. renale no parênquima renal (Figura 2b), pela visualização da arquitetura anatômica do rim parasitado, que pode se apresentar distorcida, e pela detecção de estruturas ar-redondadas, com uma fina camada externa hiperecoica e centro hipoecoico, não apresentando estruturas que caracterizem um rim. No rim oposto ao parasitado, pode-se observar um aumento de volume (Costa et al., 2004; Oliveira et al., 2005).

Figura 2 - Métodos diagnósticos de Dioctofimatose canina. A) Ovos em sedimento urinário (640x). B) Ultrassonografia apre-sentando cortes transversais do parasito.

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Imunidade

Infecções naturais e experimentais sugerem que os hospedeiros são infectados somente uma vez (Hallberg, 1953). Nas infecções que envolvem mais de um helminto, eles sempre estão no mesmo estágio de desenvolvimento (Hallberg, 1953, Mace e Anderson, 1975). Porém, Monteiro et al. (2002), em necropsia, encontraram livres na cavidade abdominal, vinte e oito exemplares, sendo dezoito adultos (machos e fêmeas) e dez imaturos.

Pedrassani et al. (2008a) avaliaram o dot-ELISA com antígeno de formas adultas do parasito para a de-tecção de anticorpos IgG anti-D. renale em soros de cães. De 32 soros testados, 21 eram de animais que apresentavam ovos do parasito na urina e 11 de animais com exames negativos de urina. Quando comparado ao exame de urina (padrão-ouro), o dot-ELISA apresen-tou 95,2% de co-positividade e 90,9% de co-negativi-dade, demonstrando que o método pode ser usado para detecção de anticorpos específicos contra D. renale no soro de cães suspeitos ou em estudos epidemiológicos.

Controle e tratamento

O método de controle sugerido é evitar o consumo de peixes, rãs e sapos crus ou insuficientemente cozi-dos, especialmente em áreas que são enzoóticas para D. renale (Acha e Szyfres, 1986; Measures, 2001). Porém, em se tratando de animais com acesso às ruas, essas medidas tornam-se pouco efetivas.

Quanto ao tratamento, os anti-helmínticos que pos-suem excreção renal, como o thiabendazole, eliminam metabólitos sem atividade anti-helmíntica, porque apresentam baixa afinidade pela união com a b-tubu-lina de nematódeos, além disso, têm rápida excreção urinária, o que dificulta sua penetração na cutícula dos helmintos (Lanusse, 2009). Mesmo que este parasito fosse morto pela ação de anti-helmínticos, não seria facilmente eliminado do rim, devido a sua espessura e seu tamanho. Dessa forma, o tratamento indicado é ci-rúrgico, pela nefrectomia do rim parasitado (Measures, 2001), tendo-se feito adequada avaliação de função re-nal do rim oposto (Oliveira et al., 2005).

Importância em saúde pública

A infecção de humanos está associada à ingestão de peixes ou rãs mal cozidos (Brown e Prestwood, 1988). Diversos casos de dioctofimatose humana têm registros na literatura (Acha e Szyfres, 1986; Gutierrez et al., 1989; Ignjatovic et al., 2003, Urano et al., 2001), sendo essa afecção considerada zoonótica. Embora a maioria dos peixes destinados ao consumo humano seja evisce-rada, a descoberta de larvas de terceiro estádio de D. renale em musculatura de peixes indica o risco potencial para os consumidores (Measures e Anderson, 1985).

Considerações finais

Dioctophyme renale é um nematódeo de distribui-ção mundial que pode ser encontrado parasitando rim, cavidade peritoneal e mais raramente outros órgãos de canídeos e mustelídeos. Seu ciclo de vida classica-mente envolve um hospedeiro intermediário aquático e pode envolver a presença de hospedeiros paratênicos, como peixes e anuros; além disso, leva diversos me-ses para se completar. Em cães, a infecção tipicamen-te envolve o rim direito, resultando na substituição do parênquima renal por um nematódeo maduro envolto pela cápsula fibrosa do órgão. Os cães parasitados po-dem eliminar ovos típicos na urina. Estes ovos são de-tectados no exame do sedimento urinário.

Embora a infecção frequentemente persista por gran-de parte da vida do animal, o envolvimento de ambos os rins, migrações do parasito pela cavidade peritoneal ou inflamações associadas com a condição parasitária podem resultar na morte do hospedeiro. Apesar de pos-suir ampla distribuição, as prevalências diferem muito conforme a região avaliada, variando de 0,49% a 30% em diferentes Estados brasileiros. Um estudo demons-trou que um percentual de cães apresenta evidências de infecção por D. renale por meio de reações sorológicas positivas, sem, apresentar manifestações clínicas da do-ença ou eliminação de ovos do parasito na urina. Esses dados sinalizam a necessidade de padronização de uma técnica de diagnóstico sorológico para essa afecção, que possa ser usada para detecção de anticorpos específi-cos contra D. renale no soro de cães suspeitos ou em estudos epidemiológicos. Os testes imunológicos não são largamente utilizados no diagnóstico das infecções por helmintos, pois é geralmente mais fácil chegar a um diagnóstico, examinando as fezes ou a urina quanto à presença de ovos do parasito. Entretanto existem algu-mas doenças helmínticas, como, por exemplo, a dirofi-lariose e a triquinose, nas quais os ovos não são elimina-dos e o diagnóstico sorológico torna-se quase essencial. Na dioctofimatose canina, os animais parasitados são essencialmente diagnosticados pela necropsia ou pela demonstração direta de ovos na urina. Entretanto, ovos são detectados na urina dos cães com parasitismo renal, não estando presentes na urina de animais com parasitis-mo em outras localizações nem naqueles com parasito de apenas um sexo ou ainda imaturos.

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Na dioctofimatose, a radiografia e a ultrassonografia da região abdominal são importantes, pois permitem identificar alterações no trato urinário e nos outros órgãos. Ocasionalmente, o D. renale adulto pode ser visualizado nesses exames. A radiografia e a urografia excretora proporcionam informações precisas acer-ca das dimensões renais, podendo, assim, revelar a presença de um rim hipertrofiado ou a dificuldade do rim parasitado em eliminar a substância contrastante (Measures, 2001). A ultrassonografia em corte trans-versal dos rins pode sugerir a presença do D. renale no parênquima renal (Figura 2b), pela visualização da arquitetura anatômica do rim parasitado, que pode se apresentar distorcida, e pela detecção de estruturas ar-redondadas, com uma fina camada externa hiperecoica e centro hipoecoico, não apresentando estruturas que caracterizem um rim. No rim oposto ao parasitado, pode-se observar um aumento de volume (Costa et al., 2004; Oliveira et al., 2005).

Figura 2 - Métodos diagnósticos de Dioctofimatose canina. A) Ovos em sedimento urinário (640x). B) Ultrassonografia apre-sentando cortes transversais do parasito.

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