A verdade sobreos Anjos

Donald L. Deffner

Título do Original em Inglês: “The Truth About Angels”

Copyright© – Hora Luterana

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução, total ou parcial,

nos termos da legislação vigente.

Índice

Introdução 5A natureza dos anjos 7A origem dos anjos 8Categorias de anjos 11“Querubim” 12“Serafim” 14Arcanjos 15Satanás e os Anjos maus 16A Bíblia nos admoesta 19A missão dos anjos 21Agentes do juízo e da providência divina 23Ser levado pelos anjos 28“O anjo do senhor” 31O mais importante 32Somenteumpecado 34A boa nova numa casca de noz 36

6

Introdução

Eu fui criado no início dos anos 30, durante a Grande Depressão que atingiu os Estados Unidos. O meu pai era pastor. Atrás de nossa pequena casa, existia uma rua suja, de nove ou dez quarteirões, até o centro da cidade de Wichita, Kansas.

Lembro-me desse tempo, quando homens fa-mintos batiam à porta dos fundos de nossa casa pedindo comida. A minha mãe nunca os mandava embora. Ela sempre repartia com eles aquilo que tínhamos, mesmo que fossem só algumas fatias de pão e um copo de leite.

A minha mãe não dizia simplesmente: “Que Deus os abençoe! Vistam agasalhos e comam bem” (Tiago 2.16). Não, ela agia. Ela ajudava.

Esses homens, para mim misteriosos e assusta-dores, me deixavam curioso. Eu achava que eles eram “diferentes”, nem piores e nem melhores do queeu,massimplesmentediferentes.Eusemprefi-cava espiando esses estranhos quando eles seguiam pela rua, em direção à cidade, e muitas vezes eu os seguia, escondendo-me atrás de arbustos, e cuidan-do para não ser visto. Eu acho que esperava que eles desaparecessem repentinamente. Acontece que, o meu professor, na escolinha da igreja, que-rendo nos encorajar a sermos hospitaleiros e bons para com os estranhos, nos falava que a Bíblia diz

7

que, agindo assim, sem saberem, muitas pessoas ti-nham hospedado anjos (cf. Hebreus 13.2).

Eu nunca vi qualquer um desses homens desa-parecer. Eles eram seres humanos comuns, e fa-mintos. Nada mais.

Mas, o meu professor tinha razão. Deus realmen-te envia os seus anjos até nós, e eles interferem na nossa vida todos os dias, não para nos testar ou ver se nós somos bons, mas para nos proteger e guiar.

8

A natureza dos anjos

Eucreiofirmementenosanjos,enasuaconstan-te presença entre nós. Não me entendam mal, ao di-zer que “eu creio”. Muitas pessoas dizem que “crê-em” um pouco em tudo. Mas não é neste sentido vago que eu uso a expressão “eu creio na presença dos anjos”. Eu quero dizer que creio firmementenos anjos, porque Deus nos fala claramente sobre eles em sua Palavra, a Bíblia Sagrada.

A Bíblia faz muitas referências aos anjos, e fala sobre a sua origem, sobre as suas categorias e tare-fas, e até cita alguns nomes. Neste livro pretende-mos analisar alguns desses conceitos sobre anjos encontrados na Bíblia. Analisaremos alguns dados sobre os anjos, mas nos concentraremos especial-mente na sua extraordinária missão, e na mensa-gem que esses seres celestiais nos trazem.

9

A origem dos anjos

“No começo Deus criou os céus e a terra” (Gê-nesis 1.1). Assim começa a Bíblia. O que segue, no Livro de Gênesis, capítulo 1º, é uma descrição de como o mundo foi criado, tudo o que nele há e tudo que existe à sua volta. Mas, o que este capítulo diz sobre os anjos? Eles não são citados nesta parte. Terão eles existido sempre na presença de Deus? Ou foram criados? E se o foram, quando?

Em outras partes da Bíblia encontramos mais informações. Nesta análise, porém, é importante ter em mente que Deus não nos disse tudo o que nós gostaríamos de saber sobre os anjos ou sobre outro assunto qualquer. Ele apenas nos diz tudo o que nós precisamos saber, e aí está a grande dife-rença. No Novo Testamento nós lemos a respeito de Jesus Cristo:

“Ele, o primeiro Filho, é a revelação visível do Deus invisível; ele é superior a todas as coisas cria-das. Pois, por meio dele, Deus criou tudo, no céu e na terra, tanto o que se vê como o que não se vê, inclusive todos os poderes espirituais, as forças, os governos e as autoridades. Por meio dele e para ele, Deus criou todo o Universo” (Colossenses 1.15,16).

Embora este texto nos fale mais sobre Jesus

10

do que sobre anjos, ele faz menção de um pon-to interessante. Ele diz que, na qualidade de Deus Criador, Jesus trouxe “todas as coisas” à existência, inclusive todas as coisas invisíveis, isto é, “poderes espirituais”, nos quais se incluem os anjos.

Desta forma sabemos que os anjos foram criados. Mas quando? Vejamos o texto de Êxodo 20.8-11: “- Guarde o sábado, que é um dia santo. Faça todo o seu trabalho durante seis dias da semana; mas o sétimo dia da semana é o dia de descanso, dedi-cado a mim, o Senhor, seu Deus. Não faça nenhum trabalho nesse dia, nem você, nem os seus filhos, nem as suas filhas, nem os seus escravos, nem as suas escravas, nem os seus animais, nem os estran-geiros que vivem na terra de vocês. Em seis dias eu, o Senhor, fiz o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles, mas no sétimo dia descansei. Foi por isso que eu, o Senhor, abençoei o sábado e o separei para ser um dia santo.”

Este texto apresenta o programa divino da cria-ção realizada por Deus como a norma pela qual o seu povo deveria guiar e ordenar a sua vida diária. O texto diz claramente que toda a atividade criado-ra foi exercida durante seis dias da criação, confor-me relata Gênesis 1. Visto que os anjos são seres criados, só resta concluir que eles também foram criados nesse período de seis dias.

Sim, mas quando? Um versículo bíblico que nos pode ajudar, é o que encontramos no Livro de Jó. Nesse texto Deus questiona a Jó (um homem), e lhe

11

faz saber que, na verdade, ele não sabe tanto quanto pensa que sabe: “Onde é que você estava quando criei o mundo? Se você é tão inteligente, explique isso. Você sabe quem resolveu qual seria o tama-nho do mundo e quem foi que fez as medições? Em cima de que estão firmadas as colunas que susten-tam a terra? Quem foi que assentou a pedra prin-cipal do alicerce do mundo? Na manhã da criação as estrelas cantavam em coro, e os servidores ce-lestiais soltavam gritos de alegria. Quando o Mar jorrou do ventre da terra, quem foi que fechou os portões para segurá-lo?” (Jó 38.4-8).

De acordo com este texto, as “estrelas da ma-nhã” (uma outra palavra que a Bíblia emprega para se referir a seres angelicais) estavam cantan-do, e os anjos estavam gritando de alegria quando Deus “assentou a pedra principal do alicerce do mundo”. Segundo este texto, portanto, a criação dos seres espirituais (anjos) deve ter acontecido no primeiro dia da criação. Isto se enquadra per-feitamentecomaafirmaçãogeralencontradaemGênesis 1.1: “No começo Deus criou os céus e a terra” (inclusive seres espirituais).

12

Categorias de anjos

As Escrituras Sagradas nos ensinam que os an-jos são seres pessoais, conscientes e inteligentes. Eles são completos em sua natureza espiritual, a qual não exige corpo material.

Eles têm grande conhecimento. Eles têm poder sobre-humano, e se movem pelo espaço e no tem-po, sem serem detidos por obstáculos ou por leis da física. Existem multidões de anjos, legiões (Mateus 26.53), “muitos milhões” (Daniel 7.10).

Diversas categorias, ou tipos de anjos são men-cionadosnaBíblia,taiscomoQuerubins,Serafinse Arcanjos.

13

“Querubim”

“Querubim”, na verdade, é o plural da palavra hebraica “querub”. Esta palavra nos faz pensar na pequena figura de um “anjinho”, com duas asas,uma auréola e empunhando uma harpa ou um arco eflecha.Estequadro,porém,estámuitolongederepresentar a verdade revelada pela Bíblia! A pa-lavra “querub” indica alguém que está pronto para servir, um trabalhador pronto para executar tare-fas. As Escrituras nos dizem que os Querubins es-tão juntos do trono de Deus, prontos para cumprir, imediatamente, as ordens dele. E, qual é a aparên-cia deles?

“Olhei e vi uma tempestade que vinha do Norte. Raios saíam de uma nuvem enorme. Em volta da nu-vem o céu estava em fogo, e no meio do fogo havia uma coisa que brilhava como bronze. No meio da tempestade vi o que me pareciam quatro animais. A sua forma era de gente, porém cada um tinha quatro caras e quatro asas. As pernas deles eram retas e tinham cascos que eram parecidos com cas-cos de touros e que brilhavam como bronze polido. Além das quatro caras a das quatro asas, cada um tinha quatro mãos de gente, uma debaixo de cada asa. Duas asas de cada animal estavam abertas, com as pontas tocando uma na outra. Assim os ani-mais formavam um quadrado e andavam em gru-po, sem virar o corpo. Cada animal tinha quatro

14

caras diferentes: na frente, a cara era de gente; do lado direito, era de leão; do lado esquerdo, era de boi; e atrás a cara era de águia. Duas asas de cada animal se abriam para cima e tocavam as pontas das asas dos animais que estavam ao seu lado; e com as outras duas asas eles cobriam o corpo. Cada animal podia olhar para as quatro direções, e por isso o grupo ia aonde queria, sem precisar virar. Entre os animais havia uma coisa que pa-recia uma tocha acessa e que estava sempre em movimento. O fogo aumentava, e do fogo saíam re-lâmpagos. E os animais corriam para cá e para lá como relâmpagos. Acima das cabeças dos animais havia uma coisa que parecia uma cobertura cur-va feita de cristal brilhante. Debaixo da cobertura cada animal abria duas asas na direção das asas do outro que estava ao seu lado e cobria o corpo com as outras duas asas. Eu ouvi o barulho das suas asas quando voavam. Era como o rugido do mar, como o barulho de um grande exército, como a voz do Deus Todo-Poderoso. Quando paravam de voar, abaixavam as asas, mas ainda se ouviu um som que vinha de cima da cobertura que estava sobre as cabeças deles”(Ezequiel1.4-14;22-25).

Mais adiante, Ezequiel vê essas criaturas nova-mente e então as reconhece:

“Reconheci que estes eram os mesmos animais que eu tinha visto debaixo do Deus de Israel, na beira do rio Quebar” (Ezequiel 10.20).

15

“Serafim”

“Serafim”, são aqueles que “queimam”. Elesestão tão perto da gloriosa presença de Deus, que “queimam” com seu santo brilho. Isaías nos dá uma descrição desses maravilhosos seres:

“No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Se-nhor sentado num trono alto e elevado. O seu man-to se estendia pelo Templo inteiro, e em volta dele estavam serafins. Cada um deles tinha seis asas: com duas eles cobriam o rosto, com duas cobriam o corpo e com as outras duas voavam. Eles diziam em voz alta uns para os outros: ‘Santo, santo, san-to é o Senhor Todo-Poderoso; a sua presença glo-riosa enche o mundo inteiro!’ O barulho das vozes dos serafins fez tremer os alicerces do Templo, que foi ficando cheio de fumaça”(Isaías6.1-4).

No livro de Apocalipse, o apóstolo João descreve, sem lhes dar nomes, algumas criaturas muito seme-lhantes, envolvidas numa atividade muito parecida:

“E em frente do trono havia uma coisa parecida com um mar de vidro, claro como cristal. Em vol-ta do trono, em cada um dos seus lados, estavam quatro seres vivos, cobertos de olhos, na frente e atrás. O primeiro desses seres parecia um leão. O segundo parecia um touro. O terceiro tinha a cara parecida com a de um ser humano. E o quarto pa-recia uma águia voando. Cada um desses quatro seres vivos tinha seis asas, que estavam cobertas

16

de olhos nos dois lados. E dia e noite não paravam de cantar assim: ‘Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, que é e que há de vir” (Apocalipse4.6-8).

Arcanjos

Nas Escrituras, somente os “Querubim” e os “Serafim”têmasas.Todososdemaisanjos,inclu-sive aqueles que são denominados de “arcanjos”, são descritos sem asas. E isto serve até como mais um aviso para nos manter atentos sobre as muitas descrições não bíblicas e erradas que se fazem dos anjos em nossos dias.

O termo “arcanjo” aparece apenas duas vezes na Bíblia. Uma vez, numa referência geral à volta de Jesus no Dia Derradeiro, em 1 Tessalonicenses 4.16,eoutravez,emJudas9,comotítuloespecí-ficoparaumanjochamadoMiguel.Emborapossahaver mais do que dois arcanjos, a Bíblia apenas menciona, pelo nome, a Miguel e a Gabriel (cf. Dn 8.16; 9.21; 10.13,21;12.1; Lc 1.19,26; Jd 9;Ap 12.7). Algumas tradições ainda citam: Uriel, Raquel, Seraquel, Haniel e Rafael. Essa tradição procede do livro judaico denominado Enoch, es-crito cerca de 100 anos antes de Cristo.

17

Satanás e os Anjos maus

O relato de Gênesis 1, termina com as palavras: “E Deus viu que tudo o que havia feito era mui-to bom. A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o sexto dia” (Gênesis 1.31). Visto que tudo o que fora criado era “bom”, torna-se difícil entender de onde procede o Diabo, e quando ele se tornou ini-migo de Deus e de sua criação.

Mais uma vez lembramos que Deus não nos deu todas as respostas que desejamos. O que nos foi revelado em sua Palavra, porém, é suficientepara sabermos que Satanás e os anjos que o segui-ram na rebelião contra Deus, são poderosos, maus, e eternamente comprometidos com a tentativa de destruir tudo quanto Deus criou, inclusive, e muito especialmente o ser humano.

Eis o que a Bíblia nos diz: Antes da rebelião no céu, Satanás era um anjo chamado Lúcifer. Lúcifer é umnomequeprocededolatim,esignifica“portadorda luz”. Na língua hebraica do Antigo Testamento, esse nome foi traduzido por “o que brilha”, ou “es-trela da manhã”. Algum tempo depois dos seis dias da criação (Gênesis 1), e antes do evento que deno-minamos “a queda do homem em pecado” (Gênesis 3), o orgulho tomou o lugar da humildade, e Lúcifer se rebelou: “Rei da Babilônia, brilhante estrela da manhã, você caiu lá do céu! Você, que dominava as nações, foi derrubado no chão! Antigamente você

18

pensava assim: Subirei até o céu e me sentarei no meu trono, acima das estrelas de Deus. Reinarei lá longe, no Norte, no monte onde os deuses se reúnem. Subirei acima das nuvens mais altas e serei como o Deus Altíssimo” (Isaías14.12-14).

Outros anjos seguiram Lúcifer, agora chamado “Satanás”,quesignifica“adversário”,eestão,comeste anjo mau, na condição de expulsos do céu. O número, ou a porcentagem que, esses anjos que seguiram Satanás na rebelião contra Deus, repre-sentam, não conhecemos. Tudo quanto a Bíblia nos revela, é que são muitos, e, como o Mestre que es-colheram, o seu propósito é destruir tudo quanto Deus criou.

Saber que Satanás, ou Diabo, como ele é deno-minado mais frequentemente, é um anjo caído, re-quer que tomemos conhecimento de seu poder e de suas limitações. Primeiramente, vejamos algo so-bre o seu poder: Ele é sobrenatural, muito acima de qualquer poder que nós possamos ter. Este poder, porém, não é divino. Satanás não é igual a Deus. Ele foi criado, e por isso é um ser limitado. Ele não é onisciente (não sabe todas as coisas), nem onipresente (não está em todos os lugares), e nem onipotente (não tem todo o poder).

Temos dois cuidados a tomar em relação ao Dia-bo e seus anjos, os demônios. O primeiro, é não atribuir a ele mais poder do que ele realmente tem. Em nenhum sentido ele é igual a Deus. Algumas culturas ou religiões filosóficas, pretendem sus-

19

tentar a idéia de que existem dois poderes iguais e opostos entre si, um bom e outro mau, que agem no mundo. Dizem que a luta é igual e contínua entre duas forças, e o equilíbrio que nós tentamos atingir em nossas vidas é a base para tudo quanto acontece a nós e no mundo. Esta, porém, não é a verdade que Deus nos revela na Bíblia, mas, pelo contrário, confere ao Diabo mais crédito do que ele merece.

O outro cuidado que devemos tomar, vai na di-reção oposta. Conhecendo as limitações de Sata-nás, podemos ser levados a pensar que estamos em segurança, quando, na verdade não estamos. Se, por um lado, é verdade que Satanás e seus anjos maus são limitados em seu poder, por outro lado, a sua astúcia e maldade são sobrenaturais. Eles po-dem ver todas as nossas ações, e sabem exatamente o que nos pode tentar e ferir, e vão fazer uso desse conhecimento para nos levar à destruição, quer es-tejamos conscientes disso, ou não.

20

A Bíblia nos admoesta

“Pois nós não estamos lutando contra seres hu-manos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autorida-des e os poderes que dominam completamente este mundo de escuridão” (Efésios 6.12).

Assim, reconhecendo tanto o perigo quanto as limitações, qual será a nossa resposta a Satanás e a seus maus seguidores? Voltando para o texto bí-blico citado acima, teremos a resposta escrita por um seguidor de Jesus, o apóstolo Paulo: “Para terminar: tornem-se cada vez mais fortes, viven-do unidos com o Senhor e recebendo a força do seu grande poder. Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra as armadilhas do Diabo. Porque nós não estamos lu-tando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autoridades e os poderes que domi-nam completamente este mundo de escuridão. Por isso peguem agora a armadura que Deus lhes dá. Assim, quando chegar o dia de enfrentarem as for-ças do mal, vocês poderão resistir aos ataques do inimigo e, depois de lutarem até o fim, vocês conti-nuarão firmes, sem recuar. Portanto, estejam pre-parados. Usem a verdade como cinturão. Vistam-se com a couraça da justiça e calcem, como sapatos, a prontidão para anunciar a boa notícia de paz. E

21

levem sempre a fé como escudo, para poderem se proteger de todos os dardos de fogo do Maligno. Recebam a salvação como capacete e a palavra de Deus como a espada que o Espírito Santo lhes dá” (Efésios 6.10-17).

Além da armadura que Deus nos concede em sua Palavra, para nos proteger contra Satanás, nós também podemos contar com os seus anjos, os bons, que lutam constantemente por nós, contra o maligno e seus anjos. Este, porém, é o assunto do capítulo seguinte.

22

A missão dos anjos

Apalavra“anjo”significa“mensageiro”.Exem-plos de anjos se desincubindo dessa tarefa, são nu-merosos na Bíblia. Algumas dessas mensagens são do amor de Deus e de libertação. Outras mensagens traduzem o juízo e a ira divina. Primeiramente, va-mos analisar a missão de repartir as mensagens do amor de Deus e de libertação.

Algumas vezes os anjos são denominados de exército,oudelegiõesdeDeus(Salmo103.20,21;148.1; 89.6-8; 1Samuel 17.45). E, para designaro poder dos anjos, eles são também associados a “carros de Deus” (Salmo 68.17).

Eusempreficochocadodiantedaformacomoalguns artistas retratam os pastores cheios de medo, protegendo os seus olhos do brilho celeste, quan-do o anjo lhes apareceu nas campinas de Belém, por ocasião do nascimento de Cristo (Lucas 2). O que geralmente se esquece, é da saudação com que os anjos começam as suas mensagens: “Não tenha medo!” Assim o anjo falou a Zacarias (Lucas 1.12,13), à virgem Maria (Lucas 1.30), aos pasto-res (Lucas 2.10) e às mulheres diante da sepultura vazia de Cristo (Mateus 28.5). “Não tenha medo!”

E há muitos “Não tenha medo!” Um anjo do Senhor apareceu ao apóstolo Paulo, encorajando-o (cf.AtosdosApóstolos27.24).Tambémouvimoso“Não tenha medo!” no Livro de Apocalipse. Aqui o

23

próprio Cristo é o mensageiro, anunciando que ele vive (Apocalipse 1.17, 18). E é desta forma mara-vilhosa que Cristo se aproxima de nós.

Assim como Deus não envia os seus anjos para nos amedrontar (“Não tenha medo!”), assim tam-bém podemos ter certeza que o seu juízo e a sua misericórdia nos são enviados para nos atrair a ele. O juízo de Deus contra os nossos pecados é pro-clamado com o propósito de fazer com que a Boa Nova, de que temos perdão pelo precioso sacrifício de Jesus Cristo na cruz, possa ser anunciada.

Quando nós nos arrependemos, cumprem-se as palavras do Evangelho de Lucas 15.10: “Também os anjos de Deus se alegrarão por causa de um pecador que se arrepende dos seus pecados.” E assim, nós podemos prosseguir a nossa caminhada pelo mundo, na certeza de que o nosso amoroso Deus está ao nosso lado: “Não tenha medo, pois eu o salvarei; eu o chamei pelo seu nome, e você é meu”(Isaías43.1).

Embora a Bíblia não diga se cada um de nós tem um anjo exclusivo, chamado de “anjo de guarda”, no Evangelho de Mateus 18.10, há uma referência aos “seus anjos”, como sendo anjos exclusivos, cuidando dos pequeninos que crêem em Cristo.

Em Atos dos Apóstolos, capítulo 12, um anjo li-bertou Pedro da prisão. Então Pedro foi à casa de Maria, bateu à sua porta, e a empregada, chamada Rode,quefoiatender,reconhecendoavozdele,fi-cou tão alegre que, sem abrir a porta, voltou corren-

24

do para anunciar aos outros que Pedro voltara. Sem acreditar, os outros disseram: “É o seu anjo!” (Atos dos Apóstolos 12.15).

Agentes do juízo e da Providência divina

As Escrituras nos falam mais sobre os anjos. Em determinadas ocasiões eles foram mensagei-rosdojuízodeDeuscontraaquelesquedesafia-ram o Senhor. Isto vemos emGênesis 19.1, 11;2Samuel24.15-17;Mateus13.41,42,49,50; eAtos dos Apóstolos 12.23.

No Novo Testamento, porém, os anjos de Deus servem principalmente como agentes da proteção divina. E como precisamos dela! Isto porque, como já foi dito, existem também anjos maus, que procu-ram constantemente nos afastar da companhia de Deus,edestruirasnossasvidas(cf.Marcos4.15;5.9;Efésios6.12;1Pedro5.8,9).

De forma extraordinariamente sutil eles po-dem nos atacar! Particularmente Satanás, “o pai damentira”(João8.44),procuranosenganar.Elecostuma se apresentar como um “anjo da luz” (2 Coríntios11.14).

O movimento da Nova Era é particularmente enganoso e demoníaco neste assunto. Os mercado-

25

res dessa visão do ocultismo, de que “o homem é deus”, tentam fazer-nos crer ser possível contatar nosso anjo pessoal. Eles sugerem técnicas pelas quais, dizem, nós podemos entrar em contato com o “anjo que está dentro de nós”.

Estateoriadeautoglorificação–“Vocêédeus!”,é completamente contrária à Palavra de Deus. A única fonte verdadeira de informação sobre anjos bons e maus, são as Escrituras inspiradas por Deus. Somente elas são a nossa norma e o nosso critério para conhecermos a verdade sobre os anjos. Todas as formas de ver os anjos, que as religiões falsas têm, devem ser julgadas à luz desta Palavra de Deus que “não pode falhar” (João 10.15).

“Meus queridos amigos, não acreditem em todos os que dizem que têm o Espírito de Deus. Ponham à prova essas pessoas para saber se os espíritos que elas têm vem mesmo de Deus; pois muitos falsos profetas já se espalharam por toda parte. É assim que vocês poderão saber se, de fato, o espírito é de Deus: quem afirma que Jesus Cris-to veio como um ser humano tem o Espírito que vem de Deus. Mas quem nega isso a respeito de Jesus não tem o Espírito de Deus; o que ele tem é o espírito do Inimigo de Cristo. Vocês ouviram dizer que esse espírito viria, e agora ele já está no mundo. Mas nós somos de Deus. Quem conhece a Deus nos ouve, mas quem não pertence a Deus não nos ouve. É desse modo, então, que podemos saber a diferença que existe entre o Espírito da verdade e o espírito do erro” (1João4.1-3,6).

26

Sendo assim, nós precisamos estar atentos em relação a Satanás e seus anjos maus. Os seus mo-vimentos sutis e demoníacos, que se revelam ainda hoje, tentam nos enganar acerca da verdadeira na-tureza e do real propósito dos anjos.

Mas, por outro lado, também devemos ser gratos pelos cuidados de nossos anjos da guarda. São abun-dantes os relatos sobre pessoas que crêem terem sido protegidas, ou até salvas da morte. Aqui temos al-guns desses relatos que eu conheço pessoalmente:

Um casal se encontrava perdido num bairro pe-rigoso da cidade. Já tarde da noite, e desesperados, eles viram um posto de gasolina, onde um frentista lhes informou a direção que deviam seguir para o destino desejado e seguro. No dia seguinte aque-le casal voltou ao mesmo local, e não encontrou o posto de gasolina em parte alguma, senão apenas um velho muro em ruínas.

Tarde da noite um homem, de tocaia, esperou o seu pastor com a intenção de o matar. Mas ele não chegou a realizar o seu intento. Alguns dias mais tarde, ele confessou ao pastor o que ele tinha planejadofazer.–“Mas,porquevocênãomema-tou?”,perguntouopastor.–“Porquehaviaumaou-trapessoacomvocê”,respondeuohomem.–“Maseu estava completamente sozinho”, disse o pastor. –“Não, você não estava sozinho. Eu vi distinta-mente a outra pessoa.”

Uma criança caiu num poço profundo. Ela não sabia nadar. Mais tarde, familiares, à procura dela,

27

encontraram-na sobre a grama, ao lado do poço, completamente molhada. A criança descreveu a pessoa que a tirou do poço, dizendo que era uma pessoa “brilhante e branca”.

É claro que nem todos os relatos são de apari-ções angelicais. Mas esses incidentes não tem ex-plicação. E as Escrituras repetidamente se referem à missão de proteção que os anjos de Deus desem-penham a nosso favor. E, às vezes, esta missão pode se revestir de formas menos dramáticas.

Um pastor, muito agitado, disse a um colega seu: “Você não acredita, mas quase me envolvi num horrível acidente, no caminho para a nossa reunião. O meu carro derrapou, e por muito pouco não saiu da estrada! Mas os anjos estiveram comigo e minha vidafoipoupada!”–“Ora,istonãoétãoextraor-dinário assim”, disse o outro. E continuou: “Para mim não aconteceu absolutamente nada no cami-nho para esta reunião!”

Ou, como diz um hino sobre a proteção:

É grande e imenso o amor que Deusrevela aos seus amados,mandando-lhes dos altos céusseus anjos dedicados.Lembremos, pois, em gratidão, os anjos que, com prontidão, nos servem devotados.

(Hinário Luterano 510.1).

28

Eu ainda me lembro de um quadro exposto em uma sala da escola onde eu trabalhei por três anos. Era a cena em que uma criança estava atravessando um riacho. Do outro lado, atrás de um arbusto, es-condia-seumacobra.Mas,umanjoflutuavaacimadesta cena, estendendo o seu braço forte em sinal de proteção, impedindo a cobra de atacar a criança.

Estequadroficougravadoemminhamenteportodos estes anos, através dos quais vi se cumprirem, repetidas vezes, as palavras do Salmo 91.11 e 12: “Deus mandará que os anjos dele cuidem de você para protegê-lo aonde quer que você for. Eles vão segurá-lo com as suas mãos, para que nem mesmo os seus pés sejam feridos nas pedras.”

29

Ser levado pelos anjosSim, este cuidado e esta proteção dos anjos,

continua presente através de nossas vidas. E, nofimdavida,éconfortadorsaberque temosapromessa de que todos os que crêem em Jesus, serão levados ternamente para Deus pelos anjos. Lembremos as palavras de Lucas 16.22: “O po-bre morreu e foi levado pelos anjos para junto de Abraão, na festa do céu.” Diante da morte de uma pessoa querida, estas palavras me confortam. E, enquanto medita nas palavras que seguem abaixo, você, com certeza, pode pensar na sua mãe, ou avó, ou numa criança que morreu:

Num só instante irei me levantare aos altos céus subir,em arrebatamento me elevarao celestial porvir.Excelsas companhias,decima,enviaDeus;num carro, como Elias,minha alma sobe aos céus.

(HinárioLuterano540.3).

Com esta certeza no coração, podemos esperar consolados pelo lar celeste, e pelo dia em que ve-remos os nossos queridos face a face novamente!

De fato, Jesus disse: “Eu os verei novamente” (João 16.22). E, após a nossa morte, nós seremos levados pelos anjos.

30

Nodiaemquemeufimvier,partindo eu desta vida,ó Cristo, vem me receberedar-mefielguarida.Confiandoemti,semvacilar,em tuas mãos quero entregarminha alma redimida.

(Hinário Luterano 525.1).

Então estaremos por toda a eternidade com Deus e com toda a companhia celeste, os santos anjos. Nós não nos tornamos anjos quando morre-mos. Os anjos são uma criação exclusiva de Deus. As Escrituras apenas dizem que, quando ressus-citarmos, não morreremos mais, mas que sere-mos como os anjos (Lucas 20.36). De fato, nós participaremos, com os anjos, do Juízo Final (1 Coríntios 6.3). E nós acompanharemos os anjos no louvor a Deus ao redor do seu trono. Assim exultamos com as palavras do hino:

Novo céu e nova terraaguardamos, ó Senhor.Lá na glória cantaremos com os santos teu louvor,onde em plena e doce luzviveremos com Jesus.

(HinárioLuterano529.4).

31

QuãomagníficoéonossoDeus!Quebênçãosele nos tem dado através de seus anjos! Eles nos anunciam a graça de Deus. Eles nos protegem e cuidam de nós. Eles se alegram quando nos arre-pendemos de nossos pecados. Eles nos acompa-nham quando adoramos a Deus.

Por isso, cantaremos com os anjos e arcanjos, e com toda a companhia celeste, erguendo a nossa voz para exaltar o glorioso nome de Deus:

Glória seja a ti cantada,por nós e os anjos entoadacom harpas em sonoro tom.Glória a ti, que nos confortas!De doze perlas são as portasda nossa eterna habitação.Jamais um olho viu,nenhum ouvido ouviu,tal ventura!Queremos nós a ti cantarmil Aleluias sem cessar!

(HinárioLuterano534.3).

32

“O anjo do senhor”Mais um aspecto sobre os anjos precisa ser ana-

lisado. Falamos sobre um anjo do Senhor que vem até nós. Mas no Antigo Testamento, uma frase se-melhante é usada para se referir ao pré-encarnado Senhor Jesus Cristo. Isto é, Jesus Cristo antes de ele nascer em Belém. As Escrituras falam do “Anjo do Senhor”,conformelemosemGênesis22.12;Êxo-do3.1,2;Juízes13.1-22;Zacarias1.11,12;3.1,2.

Cristo foi denominado anjo, porque ele era um mensageiro de Deus Pai. Mas ele já era um ser divi-no, o próprio Deus. “Sem nenhuma dúvida, é gran-diosa a verdade revelada da nossa religião. Essa verdade é a seguinte: Ele se tornou um ser humano, foi aprovado pelo Espírito de Deus, foi visto pelos anjos, foi anunciado entre as nações, foi aceito com fé por muitos no mundo inteiro e foi levado para a glória” (1 Timóteo 3.16).

Mas, falemos mais a respeito de Cristo, pois ele é o nosso supremo Protetor, o Mártir da cruz, que sofreu e morreu por nossos pecados. Nós não da-mos aos anjos honra divina, nem os adoramos. Nós louvamos a Cristo, nosso único Redentor.

“OanjodoSenhorficaemvoltadaquelesqueotememeosprotegedoperigo”(Salmo34.7).Istoé verdade a respeito daqueles que aceitam a Cristo como seu Salvador.

Você o aceita? A nossa oração é que você o aceite!

33

O mais importanteFalemos de Cristo, porque a nossa fé e a nossa

esperança nesta vida, e na eternidade, não devem se concentrar nos anjos, mas em Deus e em como ele se revelou a nós na vida, na morte, na ressurreição e na ascensão de Cristo.

Por trás e acima dos anjos, está a necessidade que temos de Cristo, por causa dos nossos pecados.

“O que devemos fazer para recebermos o perdão de Deus?”, perguntou o professor.

Silêncio.

Exasperado, o professor repetiu a pergunta: “O que devemos fazer para receber o perdão de Deus? Va-mos lá, vocês sabem a resposta!”

Finalmente um menino, brilhantemente, respon-deu: “Pecar!”

Este incidente ilustra como é fácil termos uma idéia errada a respeito da natureza do pecado, do juízo de Deus e da sua misericórdia.

Na verdade, nós não pecamos para que a graça de Deus seja mais abundante (Romanos 6.1). Da mesma forma, Deus não nos perdoa porque nós nos

34

arrependemos. O juízo e a misericórdia de Deus são mal interpretadas quando levamos uma pessoa a pensar que a contrição, que é a tristeza por ter pecado, seja a causa do perdão.

Pelo contrário, Deus já agiu em resposta aos nos-sos pecados, e apesar deles: “E o amor é isto: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e mandou o seu Filho para que, por meio dele, osnossospecadosfossemperdoados”(1João4.10).

Por isso, consideremos o nosso pecado que de-vemos confessar sinceramente, e pelo qual deve-mos suplicar a misericórdia de Cristo.

35

Somente um pecadoNum certo sentido, só existe um pecado. É o

nosso egoísmo. Desejamos seguir o nosso próprio caminho, em vez de seguir o de Deus. Nos vemos como o centro do mundo! Os limites dependem de nós mesmos!

O apóstolo Paulo escreveu: “Pois sabemos que a nossa velha natureza pecadora já foi morta com Cristonacruzafimdequeonossoeupecadorfos-se morto, e assim não sejamos mais escravos do pecado.Poisquemmorreficalivredopoderdope-cado” (Romanos 6.6-7).

“Porque vocês já morreram, e a vida de vocês está escondida com Cristo, que está unido com Deus” (Colossenses 3.3).

Na realidade, nós só conhecemos o Cristo que morreu na cruz, quando o abraçamos com esta fé profunda. Não conheceremos Cristo enquanto co-locarmos nós mesmos, e não a ele, no centro de nossas vidas.

Eu não estou falando simplesmente de arrancar o nosso passado de nossas vidas, ou apagar uma mancha do nosso caráter. Trata-se de algo muito mais profundo. Não estamos tratando apenas do pecado, mas também de estarmos separados de Deus por causa do nosso egoísmo. Mas o que é extraordinário nesse processo, é que, quando ad-mitimos isto, e dizemos com sinceridade: “Senhor, tem misericórdia de mim, pecador”, acontece um milagre. É o milagre da graça de Deus.

36

Somente quando seguimos este caminho, nós chegamos a conhecer Cristo realmente. Martinho Lutero, o Reformador, disse: “O reconhecimento do pecado é o começo da salvação.” Esta também é a mensagem principal de toda a Escritura Sagrada.

Muitas pessoas, tanto da igreja quanto fora dela, estão confusas acerca da mensagem central do cris-tianismo. Algumas pensam que ela é, simplesmen-te: “Seja bom.” Outras pensam que a mensagem central do cristianismo é: “Obedeça aos manda-mentos”, como se pudéssemos fazê-lo! Outras pes-soas ainda pensam que essa mensagem é: “Faça aos outros o que você quer que eles façam a você.”

Essa mensagem também não é: “Deus é amor!”, ou“Amaraopróximo!”Essasafirmaçõessão,semdúvida,verdadesabençoadas.Masodesafiocen-tral das Escrituras para nós, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, é este: “Arrependa-se, para que sejam cancelados os seus pecados.” Este foi o claro chamado de todos os profetas antes de Cristo. Isto é o que ouvimos João Batista dizer, quando ele anunciou a chegada de Cristo: “Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto! (Mateus 3.2).

“O perdão dos pecados!” Esta é a Boa Nova. E esta é a grande nova que eu quero repartir com você: Cristo perdoa os nossos pecados. Aí está o coração da mensagem bíblica.

37

A boa nova numa Casca de noz

“Porque Deus amou o mundo tanto que deu seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha vida eterna” (João 3.16).

Este versículo, que caberia numa casca de noz, contém, no entanto, todo o Evangelho da Salvação pela fé em Cristo. Não somos mais inimigos de Deus. Agora nós estamos em paz com Deus.

“Pois é pela própria vontade de Deus que o Filho tem em si mesmo a natureza completa de Deus. Portanto, por meio do Filho, Deus resolveu trazer o universo de volta para si mesmo. Ele trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e as-sim trouxe de volta para si mesmo todas as coisas, tanto na terra como no céu” (Colossenses 1.19-20).

A reconciliação acontece através do sofrimento de Cristo. Em Cristo, nós somos feitos “um” com Deus novamente (cf. Romanos 5.11).

O sacrifício está completamente realizado. Isto dispensa o mito que alguns sustentam, de que “SE eu quiser estar em paz com Deus, ENTÃO eu pre-ciso fazer certas obras. SE eu mudar minha vida, ENTÃO Deus vai me perdoar”.

Nós temos que rejeitar este “Se-Então”. Em seu lugar a Bíblia nos ensina a graciosa doutrina do “Por isso”. A nossa Salvação não é algo que Deus

38

vai fazer, mas é algo que ele já fez, lá no Calvário. Ela está terminada, de uma vez por todas (cf. João 19.30;Hebreus7.27).MartinhoLutero repete in-sistentemente: “Por você... Por nós!”

Por isso nós não dizemos: “Se você quer estar bem com Deus, então você precisa praticar certas obras.” Isto é falso. O pensamento “Se” é errado. É justiça das obras quando um indivíduo fundamenta a sua salvação nos próprios méritos.

Pelo contrário, a Bíblia nos ensina que: “A graça de Deus operou em nós através da obra redentora de Cristo, por isso você pode fazer o bem.”

Que Deus maravilhoso nós temos! Nós confes-samos: “Senhor, tem misericórdia de mim, peca-dor!” Nós admitimos a loucura de querer seguir a nossa vida egoísta. Nós nos detemos a contemplar a cruz, e reconhecer que foram os nossos pecados que pregaram Cristo nela, foi por nossos pecados que ele morreu. Tendo reconhecido isto, não preci-samos mais ver a Deus como um Juiz vingador, de quem, em nossa cegueira, muitas vezes tentamos fugir. Mas, podemos ver nele o nosso Senhor amo-roso e perdoador.

Certa vez uma avó disse a seu netinho: “Você está vendo aquele quadro na parede? Lá está escri-to: ‘TU, SENHOR, ME VÊS’. Pois durante toda a sua vida, pessoas poderão dizer a você que isso significa que Deus sempre estará cuidando paracastigar você quando cometer algum erro. Mas não éesteosignificado.Aspalavras:‘TU,SENHOR,

39

MEVÊS’,naverdade,significamqueDeusoamatanto, que ele não pode afastar os olhos de você.”

Sim, Deus procura resgatar-nos de nós mesmos, de nossa teimosia e de nossos erros, e quer trazer--nos para casa. É por isso que ele “nos segue de dia e de noite, através das épocas e dos anos, pelos labirintos de nossa mente, e no meio de lágrimas e do riso alegre.” Deus não desiste de nós. Ele não nos abandonará jamais.

Deus ama você. Nada que você possa fazer, vai detê-lo. Ninguém é pequeno demais, ou mau demais, ou desesperado demais para ele. Nenhum problema é grande demais para o poder de Cris-to. Nenhuma pessoa é má demais para o amor de Cristo. E ninguém está desesperado demais para o amor de Cristo.

Isto significa que ainda há esperança para nós:Não estamos sem redenção ou cura, porque o amor de Deus transforma o nosso desespero em esperança.

Sendo assim, quando dúvidas ou perguntas atri-bularem ou enfraquecerem a nossa fé, Cristo nos chama para o conhecermos melhor.

Nós poderemos ter problemas com algumas pessoas que conhecemos ou viermos a conhecer na igreja.

“Viver no céu, como santos queremos!Ah, esta é a maior gloria!Viver aqui, com pessoas que conhecemos!Ah, esta é outra história!”

(Ditado irlandês).

40

Nós podemos ter problemas para resistir às tentações, ou para enfrentar uma dolorosa prova, acompanhada de infortúnio, ou de prolongado so-frimento. Cristo nos chama para conhecê-lo me-lhor. Ele passou por tudo isso muito antes de nós. Através dos vales sombrios de nossas vidas, exis-tem pegadas que podemos seguir. E elas são dele, de Cristo.

Somente Cristo pode nos dar a correta perspecti-va para viver e morrer, pela sua presença em nós, e por nos encher com a “paz que ninguém consegue entender”(Filipenses4.7).

“Já que vocês conhecem esta verdade, serão fe-lizes se a praticarem” (João 13.17).