Verão Quente pra Cachorro - MDB 7ª edição

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1 facebook.com/RevistaMundodosBichos Ano II - nº 7 abr/mai 2014 facebook.com/revistamundodosbichos DISTRIBUIÇÃO GRATUITA VERÃO QUENTE PRA CACHORRO O calor excessivo não incomoda apenas os humanos. Conheça os riscos do verão e as alternativas para garantir o bem-estar do seu melhor amigo CARDUMES A estratégia ambiental dos peixes maria-vai- com-as-outras FELINOS Dicas sobre comportamento que podem salvar seu convívio com os gatos GENÉTICA A manipulação de espécies permite desenvolver novos tipos de plantas e animais

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Ano II - nº 7 abr/mai 2014

facebook.com/revistamundodosbichos

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

VERÃO QUENTE PRA CACHORROO calor excessivo não incomoda apenas os humanos. Conheça os riscos do verão e as alternativas para garantir o bem-estar do seu melhor amigo

CARDUMES A estratégia ambiental dos peixes maria-vai-

com-as-outras

FELINOSDicas sobre comportamento

que podem salvar seu convívio com os gatos

GENÉTICAA manipulação de espécies permite desenvolver novos tipos de plantas e animais

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ArtigoEDITORIAL

No calordo momento

Ah, o verão! O período mais iluminado do ano traz descontração e entusiasmo para todo mundo, certo? Errado! O verão é a estação do lazer e da diversão, mas também é a estação das doenças de pele e da desidratação. O mês de fevereiro foi um dos mais quen-tes das últimas décadas, quebrando recordes de temperaturas e

causando problemas de saúde a humanos e bichos.

Com base nisso, a matéria de capa desta edição trata sobre os efeitos do calor sobre os cachorros, animais que sofrem mais com as altas tempe-ratura do que os humanos. Ouvimos veterinários, biólogos e profissionais da área, e criamos uma matéria cheia de dicas e cuidados importantes para que você e seu parceiro animal curtam o calor sem traumas.

E já que falamos em parceria, a MDB agora conta com dois novos par-ceiros para desenvolver o conteúdo da revista, a bióloga Valéria Zukauskas e o físico Marcio Bortoloti, especialistas que chegaram com a maior em-polgação e já contribuíram com duas matérias quentinhas.

Zukauskas, que atua com etologia, traz um artigo sobre o comporta-mento dos felinos domésticos, sua área de pesquisa. Bortoloti, que é pro-fessor, concebeu uma nova seção para a revista, que promete explicar o funcionamento da física no mundo dos animais de maneira leve e acessível.

O resultado você confere agora. Boa leitura!

Dacyo CavalcanteEditor

Edição bimestral - ANO II - Nº 7 abr/mai 2014 Tiragem: 5 mil exemplares Distribuição gratuita

REDAÇÃOEnvie comentários, sugestões, críticas ou [email protected]

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INSETOSAs contribuições ambientais,

econômicas e científicas desses organismos

PEIXESNadando juntos, eles confundem predadores, se reproduzem mais

e ainda caçam melhor

RéPTEIS:Saiba por que a espécie humana é um problema para os quelônios

GENéTICAOs segredos da hibridização

FELINOSEntenda seu bichano e se relacione melhor com ele

RECHEIO

DIRETOR EXECUTIVO - Marcelo de Almeida "Quén" - [email protected] DIRETOR ADMINISTRATIVO - Diogo Oliveira - [email protected] EDITOR - Dacyo Cavalcante - [email protected] JORNALISTA RESPONSÁVEL - Danilo Cesar Paulino Mtb 57439/SP REPORTAGEM - Andréa Mourão / Gabriel Bochini / Maria Eduarda Senna / Marcio Bortoloti / Pedro Junqueira / Sarah Teodoro / Sabrina Fernandes / Vitor Haddad / Valéria Zukauskas DESIGN EDITORIAL - Marcelo Quén / Mayara Julia Laurindo / Maria Fernanda F. Queiroz ILUSTRAÇÃO - Mayara Julia Laurindo GERENTE DE CONTAS - Cacau Bezerra - [email protected] ANALISTA DE MARKETING DIGITAL - Vitor Haddad - [email protected] LOGÍSTICA - Gerson Mendes ARTICULISTAS - Kdu Oliveira / Maurício Fregonesi CONSULTORES Jaquelini Fiochi - Médica Veterinária / Vagner José Mendonça - Biólogo / Heitor Francischini - Biólogo

EXPEDIENTE

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EXÓTICOSUma serpente para

chamar de sua

34CIÊNCIAOs animais e sua sensibilidade aos sons

CÃESA importância

do passeio

/revistamundodosbichos

/mundodosbichos

/revistamundodosbichos

@rmundodosbichos

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TODA EDIÇÃO35 Mundo37 Artigo38 Crônica39 Bichos curiosos

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CAPA18O calor pode ser um problema sério para os cães

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Saúde PEIXES

Mais do que um simples conjunto de peixes da mesma espécie que nadam de maneira sincronizada, os cardu-mes são um tipo de agrupamento extraordinário, que se articula em

uma malha altamente organizada e consegue se mover como se fosse um único organismo vivo.

Esse comportamento pode ser considerado uma adaptação evolutiva, pois mantém um grande número de indivíduos numa região com melhores condições de vida, desfrutando de uma boa temperatura e alimentação. Por outro lado, em momentos de tensão, o cardume pode se reunir para demonstrar um tamanho maior e confundir o predador, ou ainda envolvê-lo em uma massa homogênea e dificultar seu ataque. Afinal, diante de um maior número de presas em potencial, é muito mais complicado para o predador focalizar uma única presa.

Para ilustrar o fenômeno, os ictiólogos (ver Box ao lado) costumam utilizar o seguinte exemplo. Uma pessoa, situada no canto de uma sala, atira bolinhas de papel em direção a ou-tra pessoa (situada na outra extremidade), que deve agarrar essas bolinhas. Imagine que, no começo, seja atirada apenas uma bola. Assim fica fácil de agarrar, certo? O foco do pegador está apenas em uma “vítima”. Aos poucos, o número de bolinhas vai aumentando: de uma para duas (ainda continua fácil), de duas para três (já começou a complicar), de três para qua-

TextoSabrina Q. Fernandes, Maria E. SennaDesignMayara Laurindo

A união de seres pode formar um grande espetáculo e ainda ser uma tática para evitar os predadores. Assim se manifestam os cardumes: a força do "todos contra um"

UM POR TODOS,TODOS POR UM

tro (e o foco do pegador já está confuso). E se fossem atiradas centenas de bolinhas ao mesmo tempo? É isso o que ocorre com os predadores diante dos cardumes. Quando um animal foca-liza uma vítima dentro do cardume, centenas de peixes começam a se mover rapidamente e confundem seu foco.

Essa resposta impressionante só é possível por conta de uma estrutura conhecida como linha lateral, que consiste em um sistema de canais localizados sob as escamas dos peixes. Nas paredes internas desses canais, que se es-tendem da cabeça até a cauda do animal (em ambos os lados), existem células que captam vibrações na água. À medida que os peixes na-dam, a água entra pelos canais e percorre todo o corpo, ativando as células da região. Assim, o deslocamento do predador movimenta a água e ativa algumas células da linha lateral mais intensamente do que outras, “avisando” cada peixe do cardume sobre o lado de que o perigo se aproxima. Como o cardume se com-porta como um único organismo, a vibração é recebida por todos os indivíduos e a reação é praticamente instantânea. O grupo então reage a esse estímulo dinâmico de maneira sincroni-zada, transformando-se em um mosaico vivo.

O cardume funciona como um grupo coope-rativo, no qual ninguém lidera ninguém – é tudo na base do Maria-vai-com-as-outras. No entan-to, existe uma relação de sacrifício recíproco, na

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(ictio = peixes / logia = estudo) é o nome dado ao ramo da biolo-gia que estuda os peixes. Portanto, ictiólogo é a pessoa que se dedica a esse estudo. Nesse campo, es-tão inclusos os peixes com ossos, os peixes cartilaginosos (como os tubarões e as arraias) e os peixes sem mandíbula. É uma área de es-tudo incrivelmente grande, pois se conclui que o número de espécies de peixes equivale ao de todos os outros animais vertebrados juntos.

ICTIOLOGIA

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PEIXES

qual os peixes se arriscam pela pro-teção do grupo. Quando um preda-dor se aproxima, é provável que os indivíduos que estão na parte mais externa sejam as vítimas, por esta-rem mais expostos e cansados. Por isso, é feito um revezamento dentro do próprio cardume, e os animais da borda trocam de lugar com os do miolo, dividindo os riscos e os bene-fícios da formação.

A reprodução nos cardumes tam-bém é favorecida, já que é muito mais fácil encontrar um parceiro para a reprodução dentro de um grande grupo, onde um maior número de óvulos podem ser fecundados. Além disso, movimentar-se em grandes agrupamentos é muito mais prático,

já que o corpo de cada indivíduo li-bera um líquido que diminui o atrito com a água e permite nadar com me-nos esforço e maior agilidade.

Outro benefício importante dos cardumes é a vantagem na hora de caçar. Da mesma forma que os peixes formam um grande organis-mo para fugir do ataque de animais maiores, eles também se agrupam para obter mais êxito como caça-dores, já que conseguem locali-zar mais facilmente as presas e se deslocar com mais rapidez dessa forma. Entre associações benéficas e agrupamentos instintivos, os car-dumes se constituem em uma ma-ravilhosa demonstração da força da união na natureza.

CARDUMES CASEIROS

Você sabia que existem peixes que formam car-dumes dentro de aquários? Pensando nisso, muitas

pessoas compram duas ou mais espécies diferentes, com a intenção de obter cardumes mais exóticos. No entanto,

essa prática deve ser evitada, já que os peixes se relacionam melhor em grupos formados por indivíduos da mesma espécie. Muitos dos pequenos peixes de cardume são ideais para aquá-rios, incluindo o Nuvem Branca (também chamado de falso Neon), que gera um aspecto de leveza, além de alguns das

espécies Danios e Rasboras e a maior parte dos Barbos. No caso de aquários maiores, os peixes Arco-Íris são

ótimos pela distribuição de cores.

"Eles também se agrupam para obter mais êxito como

caçadores, já que conseguem localizar mais facilmente as

presas e se deslocar com mais rapidez dessa forma."

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TextoGabriel Bochini*DesignMayara Laurindo

Esses organismos minúsculos têm uma gigantesca importância ecológica

Quando se ouve falar em insetos, o que costuma vir à mente são animais “nojentos” e “asque-rosos”, como baratas, moscas e pernilongos, e as coisas ruins associadas a eles, como sujeira e inúmeras doenças. De certa forma, eles fa-

zem jus a essa reputação, pois trazem muitos danos à população, seja como transmissores de doenças como dengue, leishmaniose, malária, febre amarela e elefan-tíase, seja causando sérios danos à agricultura. A pecuá-ria também sofre, por exemplo, com a mosca-do-berne, que é um inseto que põe seus ovos na pele de mamí-feros e aves, causando feridas que os deixam fracos e podem até ocasionar sua morte. Estima-se que o preju-ízo na agricultura e na pecuária atinja a casa dos cinco bilhões de dólares por ano.

Por outro lado, quando nos referimos aos insetos, estamos falando do mais diverso grupo de organismos na história do planeta. Calcula-se que existam mais de um milhão de espécies descritas e distribuídas nos dife-

INSETOS:VILÕES X HERÓIS?

INSETOS

rentes ecossistemas. E segundo as estimativas, é possível que ainda existam entre 2,5 e 10 milhões de espécies a serem descobertas. Além disso, registros fósseis apon-tam que os insetos surgiram há mais de 380 milhões de anos (no Período Carbonífero), indicando que eles estão entre as primeiras formas de vida terrestre.

Apesar da maior atenção aos prejuízos que os insetos causam, a maioria das espécies é benéfica para o homem e extremamente importante ao meio ambiente.

Os insetos não são os "vilões" da história. Muito pelo contrário. Se retirássemos todos os vertebrados (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) do planeta, os ecossistemas continuariam a funcionar. Entretanto, isso não aconte-ceria sem os insetos, pois a sobrevivência dos diferentes ecossistemas, e até dos humanos, depende das inúmeras funções desempenhadas por eles.

* Gabriel Bochini: doutorando pela Unesp Botucatu e trabalha com crustáceos no LABCAM (laboratório de camarões marinhos e de água doce) da Unesp Bauru

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ArtigoINSETOS

O aroma, paladar, e demais propriedades do mel estão relacionadas ao néctar que o originou e à espécie de abelha que o produziu. Alguns estudos demonstram que o mel possui propriedades antimicrobianas, antivirais, antiparasitárias, anti-inflamatórias, antioxidantes e anticarcinogênicas.

Muitas espécies de pássaros, mamíferos, peixes, anfíbios e répteis se alimentam dos insetos. Até seres humanos se alimentam deles há milhares de anos, e acredita-se que a prática ainda esteja presente em mais de 100 países. Atualmente, a ONU divulgou um estudo afirmando que os insetos podem ajudar a combater a fome mundial. Os insetos são altamente nutritivos e se reproduzem facilmente.

Controle biológico significa regular o número de plantas e animais,

como as pragas, utilizando inimigos naturais. Isso acontece o tempo todo

nos sistemas agrícolas de forma natural, independentemente da ação

do homem, quando os insetos se alimentam naturalmente de outras

espécies. Em alguns casos, porém, a interferência do homem é necessária.

Algumas larvas de insetos se alimentam de matéria orgânica em decomposição. Besouros e moscas são necrófagos, ou seja, alimentam-se de fezes e animais mortos. Formigas e cupins atuam sobre plantas mortas ou fungos, contribuindo para a incorporação de nutrientes e fertilidade do solo. Até as baratas são importantes, pois aproveitam quase todos os detritos orgânicos na alimentação e assim realizam a reciclagem dos nutrientes.

O bicho-da-seda é uma larva de mariposa (Bombyx mori) usada na produção de fios de seda. Essas mariposas foram domesticadas

há cerca de 3.000 anos a.C, e por isso não conseguem voar nem sobreviver no ambiente

natural. Vivem apenas criadas pelo homem, de quem dependem para se alimentar.

Essa mariposa apresenta glândulas salivares modificadas que produzem o casulo para

depositar seus ovos, e é essa seda a que se utiliza na fabricação de tecidos.

PRODUÇÃO DE MEL

CADEIA ALIMEnTAR COnTROLEBIOLÓGICO

DECOMPOSIÇÃO ORGânICA

PAU PRA TODA OBRA

InfOGRáfICO

Conheça os principais benefícios desses pequenos agentes ecológicos

PRODUÇÃO DE SEDA

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A polinização é um fenômeno essencial para a manutenção da biodiversidade. Das 250 mil espécies de plantas com flores, 90% são polinizadas por animais, especialmente insetos como abelhas, vespas e besouros. A produção de 2/3 da alimentação humana depende direta ou indiretamente da polinização por insetos.

Os insetos são utilizados para a avaliação de impacto ambiental e de efeitos de fragmentação florestal. Além de responder à qualidade e quantidade de recursos disponíveis no ambiente, suas populações são altamente influenciadas pelas diferenças dentro de um mesmo habitat.

Os insetos são utilizados também como indicador biológico de qualidade da água, pois eles interagem com os vários poluentes e indicam a presença de contaminantes nem sempre detectados. Os insetos são eficientes bioindicadores, pois são abundantes em todos os tipos de sistemas aquáticos, possuem tolerância variada a diferentes tipos de poluição e um ciclo de vida longo.

Esse é o nome da ciência que analisa o comportamento de insetos em cadáveres para auxiliar investigações médico-criminais. Embora seja uma área de pesquisa bem difundida em alguns países, ela pode ser considerada recente no Brasil. Estudos sobre moscas-varejeiras, insetos importantes como indicadores forenses, vêm sendo desenvolvidos há alguns anos pela Unesp de Rio Claro.

POLInIzAÇÃO DAS PLAnTAS IMPACTO AMBIEnTAL

BIOInDICADOR

EnTOMOLOGIA fOREnSE

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Imagine que você é uma criança cheia de energia e curiosidade. Mas, como não pode sair de casa sozinha, depende da boa vontade dos pais para explo-

rar um universo de possibilidades. Agora imagine que você ainda não aprendeu a falar, seus pais quase nunca saem com você e sua úni-ca maneira de chamar a atenção é destruindo a casa. Parece uma situ-ação bem sufocante, não? Se você tem um cão e não o leva para pas-sear com frequência, é assim que ele está se sentindo agora. O ins-tinto de explorador do cão está em seu DNA, e o passeio, além de ser uma necessidade fisiológica e psi-cológica, pode suprir uma carência existencial do cão, dando um sen-tido maior à sua vida.

A caminhada diária é fundamen-tal para a saúde dos cães. De acordo com a médica veterinária Gabriela Capriogli Oliveira, o exercício físi-co regular e moderado melhora as funções cardíacas e respiratórias dos animais, aumentando sua expectati-

LIDERANDO

TextoPedro Junqueira, Vitor HaddadDesignMayara Laurindo

Realizar passeios pode estreitar os laços com os cães e torná-los mais felizes

va de vida. O passeio também ajuda no controle do peso, manutenção do colesterol em taxas saudáveis, controle de diabetes e prevenção de hipertensão arterial. Além disso, ainda auxilia no aumento da massa muscular e estimula a apuração do olfato e audição.

O médico veterinário Julio da Cunha Rudge Furtado ressalta que, no caso dos cães machos, o passeio estimula a urinar várias vezes e isso previne cistites, uretrites e proble-mas de próstata. As fêmeas tam-bém urinam com mais frequência e isso evita as cistites de retenção e a hipertrofia da bexiga. Julio des-taca que o passeio é a atividade lú-dica preferida do cachorro, deixa o animal feliz, esperto e garante um sono profundo e relaxante.

Além dos benefícios físicos, os passeios permitem o contato com uma série de estímulos sensoriais que mantêm os cães psicologi-camente equilibrados, evitando comportamentos agressivos, esti-mulando sua socialização e favo-

recendo um temperamento mais carinhoso e obediente. A falta de passeio, por outro lado, pode dei-xar o animal estressado e levar a um comportamento hiperativo, destruidor, antissocial ou até mes-mo depressivo.

PLANEjANDO O PASSEIO

Passear é um hábito indispen-sável para os cães, mas é preciso que os passeios tenham qualidade, com uma duração mínima e uma série de cuidados que o criador deve considerar antes, durante e depois da caminhada. Segundo o médico veterinário Henrique Mei-roz de Souza Almeida, antes do passeio é importante levar o pet ao veterinário para verificar como está seu condicionamento físico. Henrique afirma que, no caso de animais jovens, é preciso que eles estejam com a vermifugação e a vacinação em dia, já que as chan-ces de contato com diversas enfer-midades aumentam na rua.

CÃES

A MAtilhA

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ArtigoCÃES

Existem muitos cuidados que o criador deve ter antes de sair para os passeios com seu amigo peludo, como não oferecer água ou comida em grande quantidade, para evi-tar congestões. O pet deve usar uma colei-ra com identificação, importante caso ele venha a se perder, e filtro solar específico para cães, caso o animal tenha pele clara.Além disso, o criador deve levar saquinhos para coletar as sujeiras do bicho durante o passeio e algum recipiente com água fresca para ofere-cer ao animal pelo menos a cada 30 minutos.

ANTES DE SAIR

"O passeio se mostra vantajoso para todos, proporcionando condicionamento físico, novas experiências sensoriais e a aproximação entre o cão e seu dono."

Durante o passeio, o cão deve entender que o humano é o lí-der da “matilha” e que, portanto, deve andar atrás ou ao lado do criador. O animal nunca deve co-mandar o passeio, pois isso pode modificar seu comportamento ao longo do tempo, tornando-o re-belde e desobediente.

É importante que os passeios sejam diários, para que se estabele-ça uma rotina. A duração depende

do condicionamento, tipo físico e idade de cada animal, mas no geral os cães não toleram passeios com mais de 60 minutos de duração. Julio Furtado lembra ainda que não se deve passear com os cães em ho-rários de calor excessivo, quando o chão está muito quente e pode cau-sar lesões nas patas do pet.

Depois de um bom passeio, o criador deve higienizar as patas do animal e verificar a presença de

parasitas, como pulgas e carrapa-tos. Após esses cuidados, o ideal é deixar o animal à vontade, pois tudo de que ele vai precisar é um pouco de descanso e água fresca.

Além de garantir a saúde e o bem-estar do animal, a realiza-ção de passeios diários com os cães ainda traz benefícios à saúde do criador, já que a prática é fre-quentemente recomendada pelos médicos também aos humanos. O passeio se mostra vantajoso para todos, proporcionando condicio-namento físico, novas experiên-cias sensoriais e a aproximação en-tre o cão e seu dono. Mas se ainda assim, mesmo depois de conhecer todos esses benefícios, você real-mente não tiver um tempo livre na agenda para passear com seu me-lhor amigo, sempre existe a possi-bilidade de contratar um profissio-nal para fazer isso por você.

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O cachorro é um animal que tem a necessida-de instintiva de seguir ordens. É assim que eles se relacionam na natureza, seguindo os passos e obedecendo ao líder do grupo. Quando são adotados por uma família humana, os cães en-tendem que aquele grupo é sua nova “matilha”, e por isso buscam logo reconhecer o chefe do bando, que deve se comportar como um líder firme e decidido. Essa liderança, exercida pelo humano, deve ficar evidente para o cachorro

SIGAM-ME OS BONS

em todos os momentos, inclusive na realização dos passeios diários. É por isso que o criador nunca pode permitir que o cachorro ande à sua frente nos passeios, ditando o ritmo e a direção da caminhada. Quando isso acontece, o cão entende que ele é o verdadeiro chefe do bando, e não deve obediência nem submissão aos hu-manos. Não é de se espantar que o animal se torne “rebelde” ou até agressivo em casa. Afinal, na sua cabeça, é ele quem manda no pedaço.

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NÃO É ESSAA LEMBRANÇA

QUE VOCÊ QUERDO SEU Cachorro.

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EXÓTICOS

TextoPedro JunqueiraDesignMayara Laurindo

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Para quem gosta de pets exó-ticos, nada melhor do que um bichinho que bota medo em meio mundo, como é o caso das serpentes. No en-

tanto, antes de adotar um animal desses, é bom chegar a um consenso com todos que moram na casa. As serpentes podem viver mais de 24 anos quando bem cuidadas, e não é fácil arrumar um novo lar para elas caso o dono desista do pet. Esses animais requerem uma série de cui-dados especiais dos criadores, e não adianta nem esperar por demons-trações de afeto e carinho em troca da atenção – o máximo que o bicho poderá fazer é demonstrar respeito ao humano por alimentá-la.

As serpentes mais adotadas como “pet” no Brasil e no mundo são as espécies constritoras, como a píton, a jiboia e corn snake, por não possuírem veneno e serem menos agressivas. Recentemente, o IBA-MA proibiu o comércio de espécies exóticas (isto é, naturais de outros territórios), como a píton e a corn snake, embora alguns criadouros e pet shops ainda possuam exempla-res para venda. No caso das cobras nativas, como a jiboia, o comércio é permitido apenas por criadouros au-torizados. As serpentes já vêm com documentação legal do IBAMA e com um microchip que identifica o seu proprietário, que é obrigado a assinar um termo de responsabilida-de antes de adquirir o animal.

Segundo o veterinário Julio da Cunha Rudge Furtado, as constri-toras são preguiçosas e dormem a maior parte do tempo. O ambiente

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ideal para criar uma delas é um ter-rário que simule seu habitat natu-ral, com cerca de 4 m² de área, um substrato no solo que facilite sua locomoção, uma “toca” em que ela possa se esconder e alguns pedaços de galhos ou paus para se exercitar. Futado alerta que o ambiente neces-sita de uma fonte externa de calor, uma vez que as serpentes são ani-mais de sangue frio e precisam de calor para manter seu metabolismo. Além da temperatura, o dono deve controlar a umidade do ambiente, que deve ficar em torno de 80% para facilitar a troca de pele (realiza-da de acordo com seu crescimento). A umidade pode ser mantida com um recipiente contendo água fresca e limpa, no qual ela irá se refrescar e matar a sede. Quando necessário, o tutor deve borrifar água no ambien-te ou, em casos extremos, instalar um umidificador.

Um fato que pode assustar os criadores inexperientes é a alimen-tação das serpentes. Apesar de aceitarem alimentos congelados ou bichos mortos, elas preferem se alimentar de presas ainda vivas, como camundongos ou pintinhos. O veterinário Thiago Navarro Vi-lalta destaca que elas devem ser ali-mentadas uma vez por semana ou a cada 30 dias, dependendo da espé-cie da cobra, do seu tamanho e da estação do ano. Esses animais não gostam de ser perturbados durante a digestão, que pode durar até uma semana. Além disso, deve-se estar sempre atento a indícios de fome no animal, como a realização de “pas-seios” pelo terrário.

Por sinal, essa é uma vantagem que as serpentes oferecem aos do-nos com pouco tempo para interagir com seu bichinho – passeios não são recomendados para cobras. Furtado afirma que, durante os passeios, as serpentes podem contrair doenças, e acabam ficando estressadas ou agressivas com a troca de ambien-te. Seu transporte só deve ser feito quando necessário (por exemplo, para as visitas ao veterinário), em caixas escuras com pequenos orifí-cios para a entrada de ar. Outro cui-dado importante é manter o terrário bem isolado, pois as serpentes são mestres em fugas.

De acordo com o administrador de empresas Ricardo Cardenuto, que gosta de répteis desde crian-ça, a convivência com esses seres tão temidos pode ser harmoniosa e agradável. Atualmente, Ricardo tem uma jiboia de quatro anos e um metro e meio de comprimento, que adquiriu, pela internet, de um cria-douro autorizado do Mato Grosso. Ricardo ressalta que as duas únicas vezes em que foi mordido pela ji-boia foram por descuido na hora de alimentar o bicho, mas que a mordi-da não é muito dolorida. Ele confes-sou que a serpente se mostra mansa e tranquila mesmo na presença de visitas, e até pousa para fotos nos braços de estranhos.

Se você faz parte da minoria que não teme esses pets exóticos e tem condições de se dedicar a eles, vá em frente. Procure sites especializados no assunto e criadouros autorizados para, quem sabe, adquirir uma nova paixão de sangue frio.

SERPENTESAnimal de sangue frio pode derreter seu coração

TEMIDAS POR MUITOS, AMADAS POR POUCOS

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CAPA

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O calor pode trazer diversão para a família, mas exige cuidados com nossos amigos peludos

TextoPedro JunqueiraDesignMayara Laurindo

Devido ao aquecimento global, o planeta vem enfrentando verões mais quentes a cada ano. E os seres humanos não são os únicos a so-frer com isso. Seu melhor amigo, o cão, so-fre ainda mais, sobretudo em função de dois

motivos. O primeiro é a pelagem que recobre boa parte do corpo do animal, o que equivale a vestir um casaco de inverno em pleno verão. O outro motivo é que, ao contrário do homem, o cão não possui glân-dulas específicas e é incapaz de perder calor por meio do suor – ao invés disso, o cachorro fica com a boca aberta para trocar calor com o ambiente e resfriar seu corpo. Essas características caninas exigem dos cria-dores cuidados redobrados com seus pets nas épocas mais quentes do ano.

A primeira preocupação deve ser com a hidrata-ção do animal. A médica veterinária Gabriela Ca-priogli Oliveira alerta que o calor excessivo faz com que os cães percam maiores quantidades de líquido, que deve ser reposto. É importante oferecer água em abundância durante o dia todo e trocá-la periodica-mente, deixando a vasilha na sombra para que o lí-quido fique sempre fresco.

Outro cuidado que se deve ter é com a exposição ao sol, principalmente em cães de pelagem mais cla-ra, que podem chegar a desenvolver câncer de pele. Gabriela lembra que, para esses pets, recomenda-se o uso de protetor solar (próprio para animais) em

áreas mais expostas como focinho, patas e orelhas. Para os outros, ambientes bem arejados e com som-bra são suficientes para evitar problemas com a ex-posição solar.

Deve-se ficar alerta também para o aumento ex-cessivo da temperatura corporal do cachorro, conhe-cida como hipertermia, que pode levar a óbito se o cão não receber os cuidados no momento certo. Os sinais de hipertermia são: respiração ofegante e acele-rada, língua levemente arroxeada, vômitos e diarreia. Diante desses sinais, o criador deve tentar resfriar a temperatura corporal do bicho borrifando água sobre seu dorso, levando-o a um ambiente com ventilador ou ar-condicionado e até mesmo envolvendo seu cor-po em uma toalha molhada com água fria. Caso os sintomas continuem, é necessário levar o cachorro ao veterinário o mais rápido possível.

Uma medida importante para evitar problemas com o calor é a tosa do animal, caso a raça permi-ta esse procedimento. Segundo o médico veterinário Henrique Meiroz de Souza Almeida, outra opção é aumentar a frequência dos banhos, porém sem exa-geros, pois o uso constante de shampoos e sabonetes podem causar irritações na pele do pet. Após os ba-nhos, deve-se secar bem o animal, de preferência so-mente com toalha ou com o secador na temperatura fria, para evitar que a umidade e o calor favoreçam o aparecimento de fungos.

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CAPA

Com o aumento da temperatura e da umidade, os carrapatos, pulgas,

moscas, mosquitos e pernilongos se proliferam com mais facilidade,

expondo os pets a um grande núme-ro de doenças. O médico veterinário Henrique Meiroz de Souza Almeida indica o uso de coleiras repelentes e remédios contra pulgas e carrapatos para evitar infestações de parasitas.

Além disso, manter a grama bem cuidada e limpar sempre o quintal e a

casa dificultam a proliferação desses organismos, evitando que o pet

entre em contato com as doenças transmitidas pelos parasitas.

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Segundo Almeida, algumas raças como São Bernardo, Bernesse, Border Collie e Chow Chow, originárias de re-giões frias, são mais sensíveis ao calor e sofrem mais com as altas temperaturas, em decorrência da pelagem grossa e densa. Por esse motivo, muitos petshops oferecem a cha-mada “tosa verão”, que proporciona maior conforto tér-mico para esses animais. Outras raças que podem sofrer bastante com o calor são as chamadas “braquicefálicas”, ou “raças de focinho curto”, como Bulldog e Pug. Devido ao focinho menor, essas raças apresentam maior dificulda-de de perder calor pela ofegação (principal forma canina de regulação térmica), levando ao aumento da temperatu-ra corporal e podendo desencadear problemas sérios.

Programar o passeio com os cães para os horários em que o sol está mais “baixo” no horizonte e o clima está mais ameno pode evitar queimaduras nas solas das patas do bicho e proporcionar uma caminhada mais agradável. Além desses cuidados básicos, são as pequenas atitudes diárias e o acompanhamento veterinário que garantem o bem-estar dos peludos. Tanto no verão como nas demais estações do ano.

"São as pequenas atitudes diárias e o acompanhamento veterinário que garantem o bem-estar dos peludos."

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FELINOS

"Para eles, não existe uma hierarquia

linear como acontece nas matilhas caninas. O gato

nos vê como um outro gato, nem acima

e nem abaixo dele."

Assim como aconteceu com os cães, agora são os gatos que ganham cada vez mais espaço nas residências do mun-

do inteiro. A estimativa no Brasil é que a população de felinos em domicílios ultrapasse a de cães até 2020. Esse fato se deve à vida do homem atual – com seu tempo e espaço cada vez mais restritos –, além da urbanização das cidades e sua consequente verticalização. Demos “adeus” às casas com gran-des quintais e ao tempo livre. Com esse aumento, cresceu também a necessidade de se entender melhor esse animal tão misterioso, ainda

COMUNICAÇÃO SOCIAL EM

Conhecer os gatos é imprescindível para um convívio saudável e harmonioso

TextoValeria Zukauskas*DesignMayara Laurindo

em processo de domesticação.O gato ainda conserva algumas

características selvagens, o que confunde alguns proprietários. Pode-se dizer que o erro mais frequente está na interpretação dos sinais sociais que o felino do-méstico apresenta nas situações do cotidiano.

Com o tempo de convívio com o ser humano, os cães aprenderam a “ler” a nossa expressão facial, algo que ainda não aconteceu com os gatos. Para eles, não existe uma hierarquia linear como acontece nas matilhas caninas. O gato nos vê como um outro gato, nem aci-ma e nem abaixo dele.

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VOCALIZAÇÃOA vOCALIzAÇÃO EM fELINOS dOMÉSTICOS É UM dOS TRAÇOS EvOLUTIvOS dA ESPÉCIE.

Em vida livre e selvagem, os gatos miam apenas como for-ma de comunicação entre mãe e filhote. Mas seu convívio com o ser humano o fez entender que o ato de miar desperta um senso de urgência nos criado-res. vários estudos compro-vam que os gatos domésticos modulam seu tom de voz de acordo com o que desejam.

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Sua forma de comunicação é muito peculiar e seus sinais são muito sutis. Uma das provas disso é a forma como ele recebe o membro preferido da família quando este chega da rua. Um cão festejaria de forma esfuzian-te e com vigoroso abanar de cauda. Alguns gatos até encontram seus donos na porta, mas o mais frequente é continuar na mesma posição em que se encontram (nor-malmente sentados ou em decúbito ventral, como uma “esfinge”), e olhar seu humano preferido com os olhos semicerrados e suaves piscadelas – o chamado “beijo felino”. A melhor tradução para esse comportamento seria algo como “Eu te amo, seja bem-vindo de volta!”.

Outra ideia errada ocorre quando o gato se esfrega nos humanos, geralmente nas pernas. Os gatos possuem glândulas de odor na face e na base da cauda. Esfregan-

FELINOS

EXPRESSÃOCORPORALA ExPRESSÃO CORPORAL dO gATO TAMbÉM É UM ASPECTO QUE dEvE SER LEvAdO EM CONTA

Um exemplo clássico de gatos que estão sob uma situação estressante é dilatar as pupilas e permanecer acuados em um canto, embaixo de móveis ou em locais de difícil acesso.

Orelhas posicionadas para trás significam um pré-ataque, quando somadas às vibrissas (bigodes) coladas ao longo da face e ao corpo em posição de impulso

Um gato deitado de forma relaxada, com olhos entreabertos e a cauda parada, indica contentamento

do-se, eles depositam seus odores na pessoa ou objeto. Pode-se então concluir que essa seria uma das formas de marcação de território. O ato de se esfregar em outro gato ou mesmo em uma pessoa da casa (allorubing) de-monstra um ótimo convívio e simpatia com o indivíduo.

Quando dois ou mais gatos convivem em uma casa dormindo juntos, mantendo contato físico e se limpan-do entre si (allogrooming), também se pode afirmar que há uma relação harmoniosa.

Muitos proprietários acreditam que gatos que estão no mesmo cômodo, mas mantêm uma distância e ape-nas se entreolham, se gostam. Mas isso nem sempre é verdade. Muitas vezes, eles apenas se toleram. Em uma colônia de gatos, manter a distância física é a regra da boa vizinhança para evitar conflitos.

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Ao contrário do que se pensa, fezes e urina também são uma forma de comunicação social entre os gatos. Há uma tendência de os machos de pelagem longa enterrarem seus excrementos em menor frequência, demonstrando sua presença naquele territó-rio. O ato de defecar e urinar em locais impróprios também pode demonstrar desaprovação de algo na casa, como, por exemplo, a chegada de outro animal, ou mesmo do novo bebê da família. Por outro lado, problemas de eliminação devem receber atenção especial do veterinário e de um especialista de comportamento

de forma conjunta, pois o problema pode ser clínico ou comportamental.

A análise do comportamento de felinos domésticos por meio de sua comunicação social é imprescindível para o bom convívio e a melhora da interação homem-animal, além de fa-vorecer a prevenção de problemas ge-rados pelo erro de manejo.

*Valéria Zukauskas: bióloga, consultora comportamental de felinos domésticos e membro da Sociedade Brasileira de Etologia

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O jabuti, o cágado e a tarta-ruga são animais incluí-dos na ordem Chelonea, e por isso são chamados de quelônios. Pertencentes

à classe dos répteis (assim como os jacarés e as cobras), esses três animais são frequentemente con-fundidos em função da grande semelhança que guardam entre si. No entanto, também existem dife-renças entre eles.

Todos os quelônios botam ovos (por isso são chamados de ovípa-ros) em buracos que cavam nas margens dos rios, lagoas ou nas praias. Possuem o corpo coberto por uma carapaça (também chama-da de casco), e a pele das patas e a cabeça recoberta por escamas.

Os quelônios surgiram no pe-ríodo Triássico, cerca de 230 mi-lhões de anos atrás, e já existiam quando os primeiros dinossau-ros ganharam vida. Desde então, não sofreram grandes mudanças e continuam tendo como principal característica a presença do casco. Eles podem ser diferenciados pelo seu habitat (o meio em que vivem), pelas características das suas patas e pela forma do casco e do pescoço.

Embora existam diferenças entre os quelônios, todos sofrem com a ação humana

RÉPTEIS

TARTARUgA, cágAdOOU jAbUTi?

TextoSarah Teodoro*, Vitor HaddadDesignMayara Laurindo

Os jabutis são exclusivamente terrestres e, dentre os quelônios,

são os únicos que não vivem na água. O casco é bem alto e suas patas são cilíndricas como a de

um elefante, além de apresentarem unhas. Seu pescoço é retraído verticalmente. Os jabutis machos possuem o plastrão (sua “barriga”) curvado, de forma que ele conse-gue se encaixar direitinho sobre a fêmea na hora da cópula. São animais muito lentos, podendo demorar cerca de 5 horas para percorrer 1 km. Podem comer de tudo (são onívoros), mas preferem vegetais.

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cAscO dE Um, fOCINHO dO OUTRO

São animais de água doce, mas que também podem viver no ambiente terres-tre. São muito parecidos com as tartarugas. Suas patas possuem membra-nas interdigitais, ou seja,

uma “película” entre os dedos que os ajuda a nadar. Também apresentam unhas, o que facilita a locomoção em terra. O casco dos cágados é mais achatado e hidro-dinâmico se comparado ao dos jabutis, o que facilita o nado. Ao contrário deles, os cágados pos-suem longos pescoços que podem ser inclinados lateralmente como uma dobradiça. São muito ágeis dentro d’água, e podem deslizar rapidamente ao menor sinal de pe-rigo. Eles gostam de tomar sol fora da água, na margem dos rios, e seu alimento preferido são os peixes.

No geral, se não é cágado nem jabuti, podemos falar que é tar-taruga. As tartarugas geralmen-te são marinhas, mas existem espécies de água doce também.

Suas patas têm o formato de remo, o que ajuda muito na natação, já que são animais aquáticos e que só vão para a terra para botar ovos. Diferente dos cágados, as tartaru-gas não conseguem esconder seu pescoço lateralmente, que é bem mais curto. Gostam de comer mo-luscos, algas, crustáceos e peixes.

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Atualmente, existem cerca de 300 espécies de quelônios no plane-ta, mas boa parte delas se encontra seriamente ameaçada. Segundo Dr. Steve Mockford, pesquisador da Universidade Acadia, no Canadá, que estuda a genética de tartarugas de água doce, aproximadamen-te a metade de todas as espécies existentes se encontra em risco de extinção, o que equivale a 150 espécies de quelônios que podem desaparecer do planeta em decor-rência da intervenção do homem. “As ameaças às tartarugas geral-mente estão relacionadas ao de-senvolvimento humano. Isso inclui perda e modificação do seu habitat conforme os homens modificam os ambientes divi-didos com a vida selvagem”, explica o cientista.

Um bom exem-plo dessa ameaça é a construção de estradas. Quando as vias atravessam os habitats ou as rotas relacionados ao ciclo de vida das tartarugas, é bastante co-mum que elas acabem atropeladas. “E se a tartaruga é uma fêmea que está viajando para o local de fazer seu ninho, acontece ainda a perda dos seus ovos”, comenta Mockford. Uma ameaça secundária causada pela construção de estradas é que isso facilita o desenvolvimento hu-mano e, por consequência, traz mais ameaças às tartarugas, como a movi-mentação de novos predadores.

As mudanças climáticas também podem ter um impacto desastroso sobre os quelônios, maior até do que sobre outros animais, em função da estrutura das suas populações. “Na maioria das espécies de tartarugas, o sexo dos filhotes não é determinado geneticamente, como acontece nos mamíferos. Em muitas espécies, o que determina se serão machos ou fêmeas é a temperatura em que os

“Acredito que, enquanto a ciência é uma grande fonte de informação para garantir os esforços de recuperação, é o público que vai realmente conservar a vida selvagem.”

*Sarah Teodoro é doutoranda pela UNESP Bauru e pesquisadora no LABCAM(Laboratório de Biologia de

Camarões Marinhos e de Água Doce)

RÉPTEIS

ovos são incubados. Isso significa que, conforme as temperaturas mé-dias aumentam (pelas mudanças climáticas, por exemplo), a propor-ção entre os sexos de uma espécie pode ser desviada” alerta Mockford. Isso implica que, no futuro, possam surgir populações formadas apenas por indivíduos do mesmo sexo, que serão incapazes de se reproduzir.

A interferência humana ainda afeta os quelônios de outras for-mas, como por meio de sua cap-tura para o comércio de animais e do seu uso como fonte de alimen-to. Na Ásia, na América do Sul e em regiões da América do Norte, alimentar-se de quelônios é prática tradicional, que acaba ameaçando

significativamente a preservação de diversas espécies.

Apesar do cenário crítico, ainda existe esperança para as tartarugas, graças ao trabalho e ao engajamen-to de pesquisadores como Dr. Mo-ckford. “Eu e meus alunos examina-mos geneticamente populações que estão em maior risco de extinção. Nosso objetivo é entender as ame-aças a essas espécies e usar esses dados para fornecer informações para sua recuperação”, esclarece. Na opinião do cientista, porém, a ver-dadeira responsabilidade é das pes-soas comuns, que detêm o poder de transformar a realidade. “Acredito que, enquanto a ciência é uma gran-de fonte de informação para garan-tir os esforços de recuperação, é o público que vai realmente conservar a vida selvagem.”

[email protected](16) 99773 2439 I CAU: A68962-9

Arquitetura e Natureza em per fe i ta harmonia

Logo (1).pdf 1 28/03/2014 12:33:58

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GENÉTICA

hÍBRiDosTextoAndréa Mourão*DesignMayara Laurindo

Como os cruzamentos permitem ao homem criar

novas espécies

A primeira hibridação (ou cruzamento) de espé-cies foi realizada, ainda sem total ciência disso, no século XVIII por Joseph Gottlieb Kölreuter, utilizando espécies de tabaco. O híbrido foi re-alizado por meio do cruzamento das espécies

Nicotiana rustica e Nicotiana paniculata, e é considerado um estudo visionário, tanto para a botânica quanto para a ge-nética. O estudo era de fato avançadíssimo, uma vez que, na época, era repugnante a ideia de que vegetais tivessem sexualidade e que pudessem realizar cruzamento.

Mais tarde, com o avanço da pesquisa de Joseph e de outros estudiosos da área, chegou-se ao conceito de que híbrido é o indivíduo gerado a partir do cruza-mento genético entre duas espécies vegetais ou animais distintas. Os híbridos muitas vezes são criados para fins comerciais, sobretudo no caso dos vegetais, que podem ter suas características melhoradas. Esse é o caso do ma-racujá roxo que é mais doce do que o fruto amarelo, do milho vermelho que é mais macio, da abóbora laranja que é mais gostosa e rica em betacaroteno, e do pomelo anão que é mais fácil de descascar e diminui o colesterol.

Os híbridos animais, por sua vez, são produzidos por razões diferentes. Costumam ocorrer ao acaso, pela interação natural de espécies distintas, ou pela interfe-rência do homem, que busca reunir características de animais diferentes. A hibridização pode ocorrer ainda porque alguém simplesmente diz: “vamos cruzar para ver o que dá?”, e então cria animais como o javapor-co, cruzamento entre porco e javali com características muito similares ao porco, porém com menor porcenta-gem de gordura em sua carne, tal qual o javali.

No caso da intervenção humana, deve haver uma vantagem financeira para que os cruzamentos conti-nuem a ser feitos. Um exemplo é o híbrido da abelha africana com a abelha europeia, produzido para se bus-car um mel de boa qualidade (característica da abelha africana) e produzido por abelhas mais dóceis (caracte-rística da abelha europeia). Mas o resultado foi o con-trário disso: um mel de baixa qualidade produzido por abelhas de difícil manejo. Por esse motivo, a reprodu-ção deixou de ser realizada.

Os híbridos criados pelos humanos são tidos como

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GENÉTICA

"O interesse dos humanos por manipular geneticamente outros seres vivos é indiscutível, e talvez se explique por ser ele próprio, o homem, um produto híbrido."

um “melhoramento” genético, como é o caso do zebralo (zebra x cavalo), híbrido listrado mais forte do que o cavalo; do beefalo (boi x búfalo), híbrido mais resistente ao frio e a secas, e com teores mais bai-xos de gordura e colesterol em sua carne; do cama (lhama x dromedá-rio), híbrido mais forte que a lhama e mais dócil que o camelo; e mes-mo o ligre (leão x tigre), que possui comportamento social do leão e ha-bilidades de natação do tigre, criado somente para apreciação.

Também somente para aprecia-ção está sendo “recriado” o ma-mute, paquiderme pré-histórico extinto há milhares de anos e que agora será hibridado com elefan-tes, inseminado artificialmente em fêmeas dessa espécie. Essa pesqui-sa é possível porque foi coletado sêmen de mamutes congelados em diversas partes do planeta.

Embora a apreciação humana seja o motivo principal do cruza-mento entre mamutes e elefantes, acredita-se que se esses animais ti-vessem convivido em um mesmo tempo-espaço, a chance de que eles se cruzassem não seria absur-da, já que hibridação natural entre animais é mais comum do que se imagina. Existem, por exemplo,

casos de híbridos naturais entre iguanas marinhas e terrestres; ti-gres de bengala e siberiano; coio-tes, lobos, cães selvagens, chacais e cães domésticos; rinocerontes preto e branco; crocodilos mari-nho e siamês; e algumas espécies de tubarão. Até mesmo a mula e o burro são híbridos naturais.

Acredita-se ainda que o pró-prio ser humano seja um híbrido de outras espécies. Essa hipótese se baseia na suposta convivência entre as espécies H. sapiens e H. neanderthalensis, que teriam vivido em regiões próximas. Tal convi-vência teria sido tão conturbada a ponto de culminar com a extinção dos neandertais. Porém, antes da extinção, teriam ocorrido diversas disputas de território e até estu-pros, produzindo filhotes híbridos entre as espécies.

O interesse dos humanos por manipular geneticamente outros seres vivos é indiscutível, e talvez se explique por ser ele próprio, o homem, um produto híbrido. En-tretanto, é necessário um controle da produção e utilização dos hí-bridos, uma vez que são escassos os estudos que tratam do assunto e, sem dúvida, sua utilização é no mínimo polêmica.

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*Andrea Mourão - doutoranda pela UNESP Botucatu e pesquisadora no LAGENPE(Laboratório de Genética de Peixes)

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CIÊNCIA

O som consiste da vibração das partículas que com-põem o ar. Para existir som, é necessário que haja vibra-ção, a variação de pressão

no ar. No vácuo (na ausência de ma-téria), não é possível ouvirmos uma bela canção ou qualquer ruído que seja, já que não é possível transferir, partícula a partícula, a vibração do objeto que produz o som.

Utilizamos como unidade de medida para essa vibração o Hertz (Hz), que significa repetições por segundo. Ou seja, uma frequência de 40.000 Hz indica que há repe-tição da vibração de 40.000 vezes por segundo. O interessante disso é perceber que há diferenças no modo em que cada ser vivo capta os ruídos a sua volta. Cada espécie desenvol-veu um tipo de ouvido para receber essas vibrações, que possivelmente é o mais adequado à sua situação de vida. No quadro abaixo, há os limites de frequências audíveis ao homem e a mais alguns animais. Os limites da audição humana definem o infrassom (frequências abaixo de 20 Hz) e o ultrassom (frequências acima de 20.000 Hz).

TextoMarcio Bortoloti*DesignMaria Fernanda Queiroz

As diferenças nas formas de captar os sons

Quase todos os animais da lista apresentam capacidades auditivas diferentes das do homem. Por exemplo, cachorros e gatos percebem a chegada de seus donos bem antes do que qualquer pessoa na casa, pois são sensíveis a frequências de ultrassom que não ouvimos. As baleias e golfinhos se comunicam por frequências altas em relação aos demais animais. Os morcegos utilizam altas frequências para se locomover e perceber o espaço a sua volta. É esse o motivo de não ouvirmos os apitos de cães. Não é mágica, mas uma capacidade auditiva diferente da nossa. O apito emite frequências que somente eles ouvem.

A física nos animais

*Marcio Bortoloti é licenciado em física pela UFSCar e professor da rede estadual de ensino

Infrassom Som audível ao homem

Humano

Cachorro

Gato

Chimpanzé

Morcego

Pássaro

Baleia

Elefante

20 Hz

20 Hz

20 Hz

20 Hz

40 Hz

10 Hz 10 000 Hz

20 000 Hz

40 000 Hz

65 000 Hz

30 000 Hz

160 000 Hz

100 Hz

100 Hz 15 000 Hz

80 000 Hz

Ultrassom

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MUNDO

tritão é como se chama a versão masculina das sereias, ou seja, a criatura fantástica que é metade peixe, metade homem. Com base nisso, cientistas coreanos batizaram seu mais novo invento, que permite ao homem respirar o oxigênio dissolvido na água, exatamente como os animais marinhos fazem. o Tritão utiliza uma tecnologia

Quem me derA

ser um Peixe

Qi de fungo

Mais informações no site: http://www.yankodesign.com/2014/01/03/scuba-breath/

Confira o vídeo do modelo robótico:https://www.youtube.com/watch?v=P0i-Df4w4KY

De acordo com pesquisadores ingleses, o bolor Physarum polycephalum demonstra algum tipo de inteligência. Esse fungo, conhecido por sempre encontrar o melhor caminho para chegar ao seu alimento, apresenta comportamentos que podem ser traduzidos em emoções. os cientistas registraram os sinais elétricos que o organismo produz ao se movimentar, converteram esses dados e os compararam a padrões psicológicos humanos. o resultado foi “interpretado” por um modelo robótico que simula as expressões faciais do homem, reproduzindo as supostas emoções que o fungo intelectual experimenta.

denominada “artificial gill” (guelra artificial), que extrai o oxigênio da água através de um filtro composto por orifícios menores do que as moléculas de h²o. o oxigênio é armazenado na estrutura do aparelho e permite que os mergulhadores respirem confortavelmente abaixo da superfície dos oceanos, como se fossem peixes.

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ARTIGO

Nos últimos vinte anos, vi-mos um progresso nas ci-ências ligadas às pesquisas sobre biotecnologia, bio-logia molecular e genética,

que trouxeram inúmeras possibili-dades de “manejarmos” a vida an-tes mesmo que ela aconteça.

Institutos renomados por todo o mundo conquistaram feitos impor-tantes para a saúde, a agricultura, a indústria e para a manipulação da vida animal em nosso mundo.

Conseguimos controlar pragas, aumentar a produção de alimentos, criamos técnicas de manejo susten-tável da terra e estamos mudando nossa relação com o planeta.

Foram criadas também, nes-se período, comissões de Bioéti-ca que são compostas de várias “ciências” e “cientistas” a fim de avaliar o impacto de novas desco-bertas e avanços que podem inter-ferir de forma nociva na vida de

A vida in vitro

todas as espécies na Terra.Estamos diante de obstáculos

jamais pensados sobre até onde podemos avançar nessas descober-tas e o quanto podemos interferir naquilo que a natureza construiu à sua forma durante toda a evolução. Estamos, sim, brincando de deuses!

Talvez o fator mais ignorado por todos nós é que devemos estar atentos sobre a quem servirá tais avanços e quais são as reais inten-ções desses institutos que juram de pés juntos que avançar tecnologi-camente em temas tão delicados e complexos pode melhorar signifi-cativamente a vida de todos.

Ainda temos muitas dúvidas so-bre os alimentos transgênicos, gos-taríamos de respostas mais claras de vários governos mundiais que pagam bilhões de dólares às indús-trias de insumos e não conseguem alimentar sua população. Se avan-çamos tanto, por que vacinas, me-

* Carlos Eduardo do C. Oliveira é Psicólogo e Psicanalista | CRP:06/77717

por Carlos Eduardo do Carmo Oliveira*

dicamentos e exames complexos de saúde não chegam a todos?

Milhares e milhares de seres hu-manos morrem diariamente em de-corrência de doenças tropicais que são ignoradas por grandes laborató-rios de pesquisa que visam apenas ao mercado de consumidores que podem pagar um preço alto por tais medicamentos e descobertas.

Não podemos nos calar, a ciên-cia somente sobrevive com o di-nheiro do povo!

O tal progresso científico, an-tes de qualquer coisa, necessita de políticas públicas que clareiem a questão de a quem servirá os avan-ços e as conquistas. Devemos estar seguros que o direito aos avanços sirva apenas a um fim, acabar com as diferenças entre pobres, ricos e nações estupradas por milênios.

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Ojovem coruja, com um ar aflito, pousa ao lado do avô coruja e inicia a conversa:

– Vô, preciso falar com o senhor!O coruja velho, olhando fixamente para al-

gum ponto lá no horizonte, diz:– Pois fale...Agitado, o neto lança:– Qual é o sentido da vida?O coruja da terceira idade, ainda imóvel, responde:– Hum...Interrompendo o avô, o jovem continua:– Quer dizer, a vida é tão curta e ninguém tem certe-

za se existe alguma coisa depois dela... Então, pelo que nós devemos viver, vô? Devemos fazer só o que gosta-mos, deixar rolar, ou devemos ter um grande objetivo, um propósito, fazer da nossa existência uma busca por algo maior?

Calmamente, o velho faz uma colocação:– Então...Tomando a palavra novamente, o neto coruja emenda:– Isso é muito sério. Estou pensando nisso há dias,

aliás, só penso nisso há dias. E mesmo assim eu não sei o que faço. Que caminho eu devo tomar? Me fala, vô, me fala, pelamor de Deus. Os dias tão voando e eu tô sentindo que tô jogando todos eles fora.

O avô, com uma postura sóbria, absorvendo a paisa-gem à sua frente, observa:

– Filho...Já angustiado, o jovem coruja insiste:– E se eu fizer da minha vida uma esbórnia, mas ter

um acesso de consciência no final dela e sentir que eu não passei de um peso morto pro mundo? Ou pior, e se eu botar como meta consertar o mundo, ser o salvador da pátria, o mártir, mas falhar miseravelmente e perce-ber que eu joguei uma vida inteira pelo ralo, sendo na verdade um belo de um tonto? Às vezes acho que era melhor nem ter nascido. Você também pensa assim, vô?

Com um tom sereno, o velho pontua:- Olha...

CRÔNICA

por Maurício Fregonesi Falleiros*

Assim é a vida, animal

*Maurício fregonesi é publicitário e escritor.

Em um acesso de ansiedade, o neto indaga:– Mas vô...Eis que, com um movimento ágil, quase ninja, o avô

coruja enfia metade da asa dentro da boca do jovem, gira a cabeça em direção ao neto e questiona:

– Quantos anos você tem, pequeno?– Quatro, vô.– Levando em conta que uma coruja vive uns vinte

anos, vamos ver... Você é bem novo, não é? Um adoles-cente, praticamente.

– É... Até que sou...– Então, manda a porcaria do sentido da vida para o

raio que o parta e vai viver a vida, caramba!Retirando a asa do avô da boca, o jovem coruja

se espanta:– Nossa, vô, esse é o melhor conselho que você

pode me dar? Você, que é tão sábio, que fica o dia todo aí, paradinho, quietinho, observando o mundo, só filosofando...

– Filosofando?! Você tá maluco?! Eu fico o dia todo é observando aquela corujona coroa tomando banho ali! Olha que beleza, quanta sabedoria adquirida com o tempo. Você devia tentar o mesmo, ao invés de ficar com essa frescura de entender o significado da vida. Só que com outra coruja, viu?! Essa já é minha.

Atordoado, o coruja mais novo argumenta:– É que...Ao que o velho corta e fala:– Agora sai daqui antes que a corujona te ouça e pare

de tomar banho. Xô, passa, vai aporrinhar seu pai, seu tio, sei lá. Só porque eu sou velho, todo mundo vem me pedir conselho. Sai fora!

E finaliza o papo dando um empurrão no neto, que cai do telhado e não tem alternativa a não ser voar para outro canto para pensar na vida. Ou começar a vivê-la.

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CURIOSOS

Também chamado de “lê-mure voador”, esse ani-mal extraordinário não é um lêmure. E nem voa. O colugo pertence à ordem

Dermoptera (dérma = pele / pte-rón = asa), caracterizada por uma membrana (chamada patagium) que lhe permite planar entre as ár-vores ao longo de mais de 70 me-tros. E detalhe: seu desempenho nos ares é tão bom que o animal consegue “voar” transportando o filhote agarrado na barriga.

Essa membrana é tão grande que o colugo não consegue cami-nhar direito, e precisa saltar mes-mo quando no solo. O patagium se estende dos ombros até a pon-ta da cauda do animal, passando

E aí, bicho? Qual é?

Saindo das florestas e planando até não se sabe que local bizarro do planeta, a Mdb encontrou essa criatura sem pé nem cabeça. E acredite, isso é um organismo vivo, e não uma escultura de bexiga. Na próxima edição a gente revela o nome do ser.

ColugoDesajeitado para andar e escalar, mamífero é um exímio “planador”

pelas patas dianteiras e trasei-ras, e ligando até os espaços entre os dedos do bicho.

Os colugos são herbívoros, medem entre 35 e 45 cm e têm olhos grandes que lhes permi-tem calcular a distância entre as árvores mesmo nos ambien-tes de pouca luz, já que são animais com hábitos noturnos. Eles vivem nas florestas do su-doeste asiático e se alimentam basicamente de folhas e seiva.

São animais pouco conheci-dos, que se encontram em risco de extinção por conta da des-truição do seu habitat e da caça ilegal. Melhor seria se, em vez de "voar", eles pudessem se es-conder do homem.

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