Vem e segue-me!
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Vem e segue-me!
Eliseu Pereira*
Quando o Senhor me encontrou, Ele disse:
— Vem e segue-me!
E eu fui atrás dele.
Então Ele me levou ao quarto secreto da oração e me disse:
— Aqui virei a ti e me encontrarei contigo. Ouvirei tuas orações e sob
minhas vistas te darei conselhos. E seremos amigos.
Havia paz, alegria e comunhão. E eu fiquei feliz diante do Senhor.
Então Ele me disse:
— Vem e segue-me. Há mais para te mostrar!
Então Ele me levou à congregação dos irmãos e me disse:
— Aqui virei a vós e estarei convosco todos os até o fim. E seremos
irmãos.
Havia música e conselhos, serviço e comunhão. E eu fiquei feliz junto
do Senhor e dos meus irmãos.
Então o Senhor me disse:
— Vem e segue-me! Tenho mais a te mostrar.
Mas eu lhe disse:
— Há mais, Senhor? O que pode ser melhor do que o quarto de oração
e a comunhão dos irmãos?
Mas Ele me disse:
— Vê os campos que já estão brancos para a ceifa. Vê as pessoas...
Tenho compaixão delas, porque são como ovelhas sem pastor! E precisamos
buscá-las!
Eu, porém, estava feliz demais com meus irmãos e ocupado demais
com minhas novas descobertas e me demorei a decidir. Não queria sair do
quarto de oração nem da congregação e perder meu prazer.
E o Senhor se foi.
E não senti mais a presença do Senhor.
* E-mail: [email protected].
— Enfadei-me, ó Deus, enfadei-me.
O quarto secreto de oração ficou cansativo. Meu local de encontro
ficou sem graça. O culto dos irmãos comprido e enfadonho.
Eu me perguntava pela presença do Senhor:
— Onde está Deus que não o encontro mais no quarto da oração?
Onde está Deus que não o vejo mais na congregação? Por que não sinto
mais a presença do Senhor?
E me perguntava pela minha fé:
— Será provação? Será tentação? Será a noite escura da alma? E se
eu orar mais... jejuar mais? Quem sabe jejuar quarenta dias e quarenta
noites... fazer campanhas de sete dias...
E também me perguntava pela congregação:
— Será que não está faltando alguma coisa? Alguma visão? Uma nova
revelação? Nova unção?
Foram dias de deserto e solidão. Minha alma definhou e minhas vistas
escureceram. A congregação secou e nossas vozes não ecoavam mais. Não
havia sabedoria nem conselho. Nem paz, nem alegria.
Mas, um dia, o Senhor me encontrou de novo. Eu olhei para Ele
surpreso:
— Senhor! Há quanto tempo? Onde estavas?
Ele me disse:
— O campo é muito grande e são poucos os trabalhadores! Há ainda
muita gente para buscar e me convém ir a elas.
— Por onde andas, Senhor?
— Vem e vê!
Então eu fui com Ele, por Ele, pois minha alma não podia mais
suportar o silêncio e a solidão. E Ele me levou às ruas, às praças, aos
becos... e me mostrou os campos brancos para a colheita e as ovelhas sem
pastor... E vi as pessoas andando a esmo e chorando sem lágrimas. E ouvi
seus gritos:
— O que é esta vida? Que desgraça é essa de viver? Há alguém aí?
E o Senhor me chamou para ir até elas e dizer:
— Venham e comam do pão da vida e vossa alma viverá! Venham às
águas todos os que têm sede e bebam de graça da água da vida!
E eu segui o Senhor dando pão aos famintos, servindo água aos
sedentos, vestindo os órfãos e as viúvas, visitando os estrangeiros e os
marginais, amparando os fracos... e anunciando as boas notícias da graça a
todos! Quando cansava, o Senhor me ajudava. Quando sorria, o Senhor
sorria comigo. Foi gostoso andar com Ele.
Então o Senhor me disse:
— Vem e segue-me! Há mais...
E eu me prostrei diante do Senhor dizendo:
— Senhor, perdoa-me! Não foi bom o que fiz... o Senhor me encontrou
num beco sem saída e me levou ao quarto secreto da oração e depois me
levou à congregação dos irmãos... mas, quando o Senhor quis me levar aos
pequenos desgarrados, eu não te ouvi...
Mas o Senhor me olhou com tanto amor que eu me constrangi. E me
disse:
— Vem e segue-me. Cuida das minhas ovelhas e dos meus menores
irmãos. Pois ainda há muita gente para encontrar e curar. Vá às ruas e às
praças e traz todos os aleijados, pobres, coxos e cegos da alma e cuida dos
pequenos do mundo. Juntos deles, eu estarei contigo e te darei a conhecer
meu coração.
E eu fui com Ele. Decidi seguir o Senhor e estar onde Ele está. Um dia
Ele me encontrou e hoje eu o encontro todos os dias no quarto da oração,
na congregação dos irmãos e no mundo das pessoas.
E nunca mais perdi o Senhor.
Entendi que Deus está onde sempre esteve: junto dos aflitos de alma,
dos humildes, dos famintos e sedentos, dos presos e solitários, dos
desnudados e doentes, 'do estrangeiro, do órfão e da viúva'.
Desde então, o quarto da oração voltou a ser local de encontro e a
congregação um local de culto e amor.
E o mundo voltou a ser o Reino do Senhor.