Velhos e novos agricultores em Portugal* - Análise...
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Aida Valadas de Lima Análise Social, vol. xxvi (111), 1991 (2.°), 335-359
Velhos e novos agricultores em Portugal*
1. INTRODUÇÃO
A agricultura portuguesa e o espaço social rural têm sido objecto de umnúmero apreciável de trabalhos. Recentemente, aliás, tem vindo a observar-seum interesse crescente por estas áreas, que se tem saldado pela publicaçãode trabalhos com impacte renovador. Acresce que as perspectivas ou ângu-los de análise se multiplicam —agronómicos, económicos, sociológicos,antropológicos e históricos— e interpenetram.
Não nos preocupará tentar um qualquer balanço do que poderíamos desig-nar por evolução dos estudos rurais em Portugal; todavia, interessará reteras principais abordagens que informam a literatura disponível nesta maté-ria. São duas essas principais abordagens: 1) a-abordagem macro, que, pelassuas características, tende a diluir as eventuais especificidades da agriculturaenquanto sector de actividade económica; 2) a abordagem micro, centrada,por sua vez, nas análises locais e no exame mais ou menos aprofundado dostraços específicos da agricultura e das comunidades rurais locais.
Registe-se, no entanto, que os estudos locais, designadamente de cariz mono-gráfico, têm vindo a ultrapassar uma das suas principais limitações, a saber:o isolamento da agricultura e da comunidade rural. Nesta medida, a metodo-logia do estudo de casos, numa perspectiva que tende a ser cada vez mais umaperspectiva multidisciplinar, tem vindo a revelar-se enriquecedora e capaz de con-tribuir para um maior e melhor conhecimento das realidades agrícola e rural.
Do confronto entre estes dois grandes tipos de abordagem, tanto mais enri-quecedor, repita-se, quanto se confrontam ainda diferentes perspectivas dis-ciplinares, o que nos parece mais importante realçar é justamente a consti-tuição de uma base de dados e análises que apontam inequivocamente paraa marcada heterogeneidade económica e social da agricultura portuguesa.
Está ainda relativamente atrasada, porém, uma linha de pesquisa que permitao aprofundamento de uma tipologia das lógicas económicas e sociais subjacentesà agricultura portuguesa, que, e no que respeita ao problema em análise, qualquerbalanço sobre estrangulamentos e potencialidades do sector torna indispensável.
* Texto apresentado nas Jornadas Nacionais de Investigação Científica e Tecnológica, pro-movidas pela Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT) no âmbito dassessões do Programa Fast II Comunidades Europeias, Maio de 1987. 335
Aida Valadas de Lima
2. UMA SOCIOGRAFIA DE BASE
2.1 ALGUNS INDICADORES GERAIS DE EVOLUÇÃO
Tomemos a evolução da agricultura portuguesa ao longo das três últimasdécadas 1. Para tanto, ensaiar-se-á uma análise global que, ainda que sumá-ria, tenha presente três grandes questões: produção, população e estruturadas explorações agrícolas.
A evolução do produto agrícola bruto (PAB) aponta para que, a partirde meados da década de 1970, e designadamente «a partir de 1974 se comecea consolidar o papel de travão que hoje se reconhece que o sector agrícoladesempenha no processo de desenvolvimento sócio-económico em Portu-gal»2. De facto, a estagnação da produção agrícola, a par do peso que osector ainda representa em termos da população que ocupa, revela ter cons-tituído a agricultura portuguesa uma reserva de força de trabalho para outrossectores de actividade económica, quer em âmbito nacional, quer, sobretudo,durante a década de 60 até meados da década de 70, em âmbito extranacio-nal, designadamente através da emigração para a Europa.
A população activa agrícola, que em 1950 representava cerca de metadeda população activa total e em 1970 36% do total, situa-se, no início dosanos 80, à volta dos 28 %. Em articulação justamente com a principalfunção que, relativamente ao sistema económico e social global, a agricul-tura tem vindo a desempenhar —a de reserva de força de trabalho—,acentuou-se nos últimos anos a feminização do trabalho agrícola.As mulheres, que em 1960 constituíam 28% do total da população activaagrícola (PAA), passam em 1981 a representar cerca de metade dos acti-vos agrícolas.
No que respeita à evolução da estrutura das explorações agrícolas, oaspecto mais saliente traduz-se pela importância crescente das exploraçõesagrícolas familiares, com formas e ênfases de inserção mercantil marcada-mente heterogéneas.
A comparação em 1952, 1968 e 1979 da repartição da área arvense e dasuperfície agrícola por estratos de agricultura revela a importância cada vezmaior das muito pequenas e pequenas explorações, sobretudo em detrimentodas explorações médias. Embora o indicador utilizado apresente limitações,já que a área trabalhada não é o único indicador, nem porventura o indica-dor mais interessante, para proceder a uma estratificação económica dasexplorações3, poder-se-á concluir pelo reforço das assimetrias ao nível dasexplorações agrícolas, designadamente no que respeita ao instrumento fun-damental da produção—a terra.
1 Ver anexo i.2 Francisco Avillez, «A agricultura portuguesa no limiar da adesão à CEE», in Pensamiento
Ibero-Americano, n.° 8, 1985, p. 381.3 O dimensionamento das explorações agrícolas de acordo com o seu real peso económico
336 exigiria recorrer-se não ao indicador área, mas ao indicador PAB.
Velhos e novos agricultores em Portugal
2.2 A SITUAÇÃO EM 1979-81
Apontar para o conhecimento mais aprofundado da realidade agrícola emPortugal passa por um esforço, já em alguma medida realizado, de regio-nalização dos principais indicadores de caracterização. É neste sentido quese apresentam aqui alguns indicadores regionalizados por distritos4.
Será, no entanto, na inventariação e estudo das principais lógicas econó-micas e sociais subjacentes à prática da agricultura em Portugal que resi-dirá, a nosso ver, o contributo decisivo para, simultaneamente, fazer umbalanço da situação e equacionar as perspectivas futuras.
De um total de 783 944 explorações, 99,3 °/o são explorações agrícolas deprodutores individuais. Vamos deter-nos sobretudo na análise das principaislógicas económicas e sociais destas explorações, que constituem o sectornumericamente mais importante. Antes, porém, procurar-se-á uma caracte-rização sumária do sector resultante do processo de Reforma Agrária5. Trata--se de sector com especificidade própria e grau de homogeneidade que, paraefeitos desta análise, justifica tratamento particularizado. Preocupar-nos-á,fundamentalmente, aferir do seu real significado económico e social.
2.2.1 AS UNIDADES COLECTIVAS DE PRODUÇÃO (UCPs) E COOPERATIVAS
DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA
A Reforma Agrária desenvolveu-se e concretizou-se na região sul do País,no Alentejo e Ribatejo, fundamentalmente, acantonando-se no que se cha-mou Zona de Intervenção da Reforma Agrária (ZIRA). Caracterizou-se poruma natureza essencialmente colectivista; de facto, «a reconversão das uni-dades produtivas operada no processo de constituição e consolidação dasnovas unidades de produção resultantes da reforma agrária não só evitouqualquer divisão das explorações agrícolas ocupadas, como acentuou, inclu-sivamente, a concentração fundiária característica da agricultura da zona deintervenção da reforma agrária»6.
Os quadros n.os 1 e 2 fornecem alguns indicadores relativos ao número deexplorações, área e recursos do sector7. Correspondendo em 1979 a uma super-fície agrícola e florestal da ordem dos 18,4 % do total, assume este sector, noconjunto do País, reduzida expressão económica e social. Em 1970, a regiãoa que se encontra limitado o sector representava somente cerca de 18,7 % doPIB e apenas 16,3 % da população8. Por outro lado, «o PAB formado nas uni-
4 Ver anexo II. Não significa isto que os distritos sejam unidades necessariamente possui-doras de homogeneidade económica e social. Alguns dos distritos são atravessados por signifi-cativos contrastes (Castelo Branco, Viseu, Santarém, Setúbal, Faro, por exemplo).
5 Que constitui o sector mais importante das explorações em que o produtor não é uma pes-soa singular.
6 Afonso de Barros, «La reforma agraria en Portugal. De las ocupaciones de tierras a laformación de las nuevas unidades de producción», in Agricultura y Sociedad, n.° 12,1979, p. 66.
7 Ver anexo III.8 Afonso de Barros, art. cit., in op, cit, p. 66.
A ida Valadas de Lima
dades de produção da reforma agrária não passa dos 30% e 9% do PAB nazona de intervenção da reforma agrária e do País, respectivamente, e repre-senta apenas 8% e 1,5% do PIB da ZIRA e do País, respectivamente»9.
Estes indicadores revelam, por conseguinte, realidade em relação à qualexiste considerável desproporção entre o seu impacte político e a sua realexpressão económica e social.
2.2.2 AS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS DOS PRODUTORES INDIVIDUAIS
Estas explorações, apesar de, na sua esmagadora maioria (93,1 % do total),serem explorações familiares ou semifamiliares, isto é, explorações em quea totalidade ou a maior parte do trabalho agrícola é feito pelo agregadodoméstico do produtor, não constituem um grupo homogéneo.
Aceitando como fértil uma abordagem que, procurando sair da mera estra-tificação socieconómica das explorações segundo um número maior ou menorde indicadores, tenha por objectivo restituir as lógicas económicas e sociaispresentes na agricultura, comecemos por trabalhar os dados disponíveis naóptica de caracterizar a natureza do agente social responsável pelas princi-pais decisões em matéria de gestão da exploração—o chefe de exploração.
Nos quadros n.os 1 e 2 apresenta-se uma caracterização dos produtoresindividuais, que, na esmagadora maioria dos casos, coincidem com os che-
Caracterização dos produtores agrícolas individuais. Continente
Características dos produtores individuais (HM)[QUADRO N.° 1]
Classes de área(hectares)
TotalSem terraCom terra
0 - 0 ,5 . .0,5 - 1 . . .1 - 2 . . .2 - 3 . . .3 - 4 . . .4 - 5 . . .5 - 1 0 . . .
10 - 20 . . .20 - 50 . . .50 - 100 . . .
100 - 200 . . .200 - 500 . . .500 - 1 000 . . .
1 000 - 2 500 . . .+ de 2 500 . . .
Total (1)
778 7823 993
774 789132 061211 537171 47580 34846 03729 47859 93425 62011 5593 2511 825i 354
269392
Trabalhando só na exploração
HM
379 8391 203
378 63646 97891 12784 22143 82126 69617 87438 34616 9787 7802 2411 3271016
20623
2
Percentagem (1)
48,830,148,935,643,149,154,55860,66466,367,368,972,77576.659
100
Duplo-activos
HM
342 1552 378
339 77772 500
103 51676 03331 80516 77310 01218 2026 8822 831
6703151993540
Percentagem (1)
43,959,643,954,948,944,339,636,43430,426,924,520,617,314,71310,30
338 Afonso de Barros, art. cit., in op. cit., p. 67.
Velhos e novos agricultores em Portugal
[QUADRO N.° 1, continuação]
Classes de área(hectares)
TotalSem terraCom terra
0 - 0 , 5 . . .0,5 - 11 - 22 - 33 - 44 - 55 - 10
10 - 2020 - 5050 - 100
100 - 200200 - 500500 -1000
1 000 - 2 500+ de 2 500
Com actividade forae sem actividade na exploração
HM
33 149366
32 7839 1029 4566 2192 5711 348
8071 697
8374411569246920
Percentagem (1)
4,39,24,26,94,53,63,22,92,72,83,33,84,853,43,35,10
Sem actividade forae sem actividade na exploração
HM
23 63946
23 5933 4817 4385 0022 1511220
7851689
923507184919319100
Percentagem (1)
31,232,63,52,92,72,72,72,83,64,45,756,97,1
25,60
Fonte: INE, Recenseamento Agrícola do Continente, 1979.
Características dos produtores individuais — repartição por sexos
[QUADRO N.° 2]
Classes de área(hectares)
Tota lS e m terra .C o m terra .
0 - 0 , 5 . . .0 ,5 - 1 . . . .1 - 2 . . . .2 - 3 . . . .3 - 4 . . . .4 - 5 . . . .5 - 1 0 . . . .
10 - 2 0 . . . .2 0 - 5 0 . . . .50 - 100 . . . .
100 - 2 0 0 . . . .2 0 0 - 5 0 0 . . . .500 - 1 0 0 0 . . . .
1 0 0 0 - 2 500 . . . .4- d e 2 5 0 0 . . . .
Total
675 1893 650
671 539106 968175 440150 18872 73542 28027 25255 76523 92510 7723 0321 6881 221
24329
1
M
103 593343
103 25025 09336 09721287
7 6133 7572 2264 1691 695
7872151371332610
1
Taxa demasculinidade
86,791,486,78182,987,690,591,892,49393,493,293,392,590,290,374,450
Trabalhando só na exploração
ri
302 793988
301 80528 27463 87868 00238 16923 98316 26935 50815 8777 31221291 253
93919219
1
Percentagem
(D
44,827,144,926,436,445,352,556,759,763,766,467,970,274,276,97965,5
100
w1V1
77 046215
76 83118 70427 24916 2195 6522 71316052 838110146811274771441
Percentagem(2)
74,462,774,474,575,576,274,272,272,168,16559,551,15457,953,840
100 339
Aida Valadas de Lima
[QUADRO N.° 2, continuação)
Classes de área(hectares)
TotalSem terraCom terra
0 - 0,50,5- 1..1 - 2 . .2 - 3 . .3 - 4 . .4 - 5..5 - 10..
10 - 20..20 - 50..50 - 100..
100 - 200..200 - 500..500 -1 000..
1 000 - 2 500..+ de 2 500..
Trabalha sóna exploração
Taxa de mas-culinidade
79,782,179,760,270,180,787,189,89192,693,5949594,492,493,282,650
Duplo-activos
H
324 9912 260
322 73167 37997 54372 81530 71216 2229 721
17 6796 7012 766
65331019234
40
Percentagem(D
48,161,948,16355,648,542,238,435,731,72825,721,518,415,71413,80
M
17 164118
17 0465 1215 9733 2181093
551291523181651757100
Percentagem(2)
16,634,416,520,416,515,114,414,713,112,510,78,37,83,65,33,800
Taxa demasculi-nidade
95959592,994,295,896,696,797,197,197,497,797,598,496,597,1
1000
Com activi-dade só fora
da exploração
H
30 704361
30 3438 7388 7415 7102 3251 212
7201490
7553871387742620
[QUADRO N.° 2, continuação]
340
Classes de área(hectares)
TotalSem terraCom terra
0 - 0,50,5 - 11 - 22 - 3 ,.3 - 44 - 55 - 10
10 - 2020 - 5050 - 100
100 - 200200 - 500500 - 1 000
1 000 - 2 500+ de 2 500
Com actividade fora e semactividade na exploração
Percentagem0)
4,59,94,58,253,83,22,92,62,73,23,64,64,63,42,56,90
M
2 4455
2 44036471550924613687
207825418154300
Percentagem(2)
2,41,52,41,522,43,23,63,954,86,98,2
10,93
11,500
Taxa demasculinidade
92,698,692,69692,491,890,489,989,287,890,287,888,583,791,366,7
1000
Sem actividade fora e semactividade na exploração
H
16 70141
16 6602 5775 2783 6611 529
863542
1 08859230711248481140
Percentagem(D
2,51,12,52,432,42,12222,52,83,72,83,94,5
13,80
Velhos e novos agricultores em Portugal
[QUADRO N.° 2, continuação]
Classes de área(hectares)
TotalS e m t e r r a . . . . .Com terra
0 - 0,50,5 - 11 - 22 - 33 - 44 - 55 - 10
10 - 2020 - 5050 - 100
100 - 200200 - 500500 - 1000
1 000 - 2 500+ de 2 500
Sem actividade fora e sem actividade na exploração
M
6 9385
6 933904
2 1601 341
622357243601331200
724345860
Percentagem (2)
6,71,56,73,666,38,29,5
10,914,419,525,432,931,433,830,8600
Taxa de masculinidade
70,789,170,6747173,271,170,76964,464,160,660,952,751,657,9400
Fonte: INE, Recenseamento Agrícola do Continente, 1979.
fes de exploração agrícola, segundo a ocupação, sexo e classes de área dasexplorações. Com base no critério «participação no trabalho agrícola» iden-tificam-se três grandes perfis-tipo de agricultores: os que trabalham exclusi-vamente na exploração agrícola; os duplo-activos; os que têm como activi-dade exclusiva uma actividade externa à exploração.
Em 1979, e para o continente, os chefes de exploração com actividadeexclusivamente na exploração agrícola não chegam a representar metadedo total (48,8%); os duplo-activos10 representam 43,9% do total; os quetêm actividade exclusivamente extra-exploração são, por sua vez, 4,3%do total.
Dos cerca de 779 000 chefes de exploração, 86,7% são homens. Registe--se, no entanto, que, para aqueles que têm actividade exclusivamente naexploração, a taxa de masculinidade é um pouco mais baixa, cerca de 79,7%.A grande maioria das explorações são explorações com terra. As explora-ções sem terra representam apenas 0,5 % do total. Não aprofundaremos estegrupo. Todavia, note-se que tanto a taxa de masculinidade como a percen-tagem dos duplo-activos e de chefes de exploração com actividade externae sem actividade na exploração são mais elevadas quando comparamos estegrupo com o das explorações com terra.
10 72,0% do total dos duplo-activos dedicam menos de 50 % do tempo de actividade à explo-ração; 74,4% têm como actividade externa uma actividade não agrícola. 341
Aida Valadas de Lima
Se fizermos coincidir a pequena, média e grande agricultura, respectiva-mente, com os escalões de área11 de <4 ha, 4 ha-50 ha e >50 ha12, temosque a pequena agricultura representa 82,8 % do total das explorações comterra.
Importância dos estratos de agricultura segundo a caracterização do produtor individual(explorações com terra, em percentagem)
[QUADRO N.° 3]
Caracterização do produtor individual
TotalTrabalha só na exploraçãoDuplo-activosCom actividade fora e sem actividade
na exploraçãoSem actividade fora e sem actividade
na exploração
Pequena(< 4 ha)
82,877,388,5
87,5
81,8
Média(4 ha-50 ha)
16,321,411,2
11,5
16,5
Grande(> 50 ha)
0,91,30,3
1,0
1,7
Fonte: INE, Recenseamento Agrícola do Continente, 1979.
O predomínio tão marcado da pequena agricultura traduz-se no facto deser neste sector que vamos encontrar maior peso de qualquer dos três tiposatrás delineados: 77,3% do total dos produtores com actividade exclusiva-mente na exploração; 88,5 % do total dos produtores duplo-activos; 87,5 %do total dos produtores que têm actividade exclusivamente extra-exploração.
Tão importante como a conjugação, por parte do chefe de exploração,da actividade na exploração agrícola com outras actividades é a diversifica-ção das fontes de rendimento dos titulares das explorações. Há, portanto,que contemplar a questão do plurirrendimento. De facto, a importâncianumérica da agricultura que assenta no plurirrendimento é porventura oindicador-síntese mais expressivo da actual situação.
Em 1979, cerca de 82% do total das explorações agrícolas pertenciam aprodutores cujo rendimento total do agregado familiar provinha simultanea-mente da actividade na exploração e de actividades e/ou de rendimentosextra-exploração. Destas, 73,8% obtêm da exploração agrícola menos de50% do seu rendimento total.
342
11 Mal-grado as suas limitações na aferição da dimensão económica de uma exploração. Paratal, o indicador mais pertinente seria o do rendimento da exploração (o PAB).
12 A exemplo do que fizeram outros autores: Eugénio de Castro Caldas, A Agricultura Por-tuguesa no Limiar da Reforma Agrária, Oeiras, CEEA/IGC, 1978; Manuel Villaverde Cabral,«Agrarian Structures and Recent Rural Mouvements in Portugal», in The Journal ofPeasantStudies, 1978; Afonso de Barros, «Modalidades de pequena agricultura», in Revista Críticade Ciências Sociais, n.os 7-8, 1981.
Velhos e novos agricultores em Portugal
Finalmente, e na base da conjugação dos indicadores carreados,identifiquem-se as modalidades que maior significado assumem, isto é, maisexactamente, diferenciem-se aqueles sectores de agricultura definíeis segundoa lógica que lhes marca a especificidade.
Caracterização dos produtores individuais (explorações com terra)
(QUADRO N.° 4] (Milhares)
Situação do orodutor individual
Trabalhando só na explora-ção
Duplo-activosCom actividade fora e sem
actividade na exploraçãoSem actividade fora e sem
actividade na exploração
Classes de área
Pequena« 4 ha)
VA
293301
29
19
Percentagem(D
37,838,8
3,7
2,5
Média(4 ha-50 ha)
VA
8138
4
4
Percentagem(D
10,54,9
0,5
0,5
Grande(>50 ha)
VA
51
0,3
0,4
Percentagem(D
0,60,2
0,04
0,05
(1) Percentagem em relação ao total dos produtores individuais.
Fonte: INE, Recenseamento Agrícola do Continente, 1979.
No início dos anos 80 são três esses principais sectores:1) A agricultura tendencialmente empresarial, isto é, a agricultura cons-
tituída por aquelas explorações agrícolas que denotam características técnico--económicas acima da média, já que se situam no que definimos por médiae grande agricultura e onde o chefe da exploração tem por ocupação exclu-siva a agricultura. Este sector representará aproximadamente 11,1% donúmero total de explorações, abrangendo, em contrapartida, uma área quese situará próximo de 54,5% da área total.
2) A agricultura de pluriactividade ou a agricultura a tempo parcial, queé já o sector maioritário em número de explorações, representando cerca de48,1 % do total, às quais corresponderá uma área de 32,1 % da área total.A esmagadora maioria deste sector encontra-se confinado à pequena agri-cultura. É na pequena agricultura de pluriactividade que, porventura, maisvincadamente se encontra forte heterogeneidade interna; o que é específicoà situação portuguesa é que o grosso destas explorações constituem uma agri-cultura a tempo parcial de base camponesa, isto é, de carácter defensivo.Trata-se, na maior parte das situações, de uma agricultura que funciona comoretaguarda de outras fontes de rendimento, designadamente do salário13.
13 Aida Valadas de Lima, «O rendimento em Portugal ao longo da última década», in Aná-lise Social, n.™ 87-88-89, 1985. 343
Aida Valadas de Lima
3) A pequena agricultura de plurirrendimento, cuja expressão é aproxi-madamente de 37,8% do número total de explorações e de 9,1 °/o da árearespectiva, caracterizada aqui pela exclusividade do trabalho na exploraçãopor parte do chefe da exploração. Esta agricultura mantém-se graças a ren-dimentos externos com origem:
a) Na pluriactividade dos outros membros do agregado doméstico doprodutor14;
b) No plurirrendimento sem pluriactividade familiar, como sejam, sobre-tudo, pensões sociais e reformas, juros de poupança, remessas de emi-gração.
As explorações referidas na alínea b) coincidem, na maior parte dos casos,com situações de envelhecimento da população agrícola. Trata-se de sub-sector caracterizado por alguns autores como de agricultura residual,pretendendo-se com este qualificativo «evidenciar sobretudo a natureza pro-blemática da reprodução destas explorações agrícolas do que propriamenteafirmar a sua completa inviabilidade»15.
Modalidades de agricultura
[QUADRO N.° 5]
Modalidades Explorações Percentagem Área (hectares) Percentagem
TotalAgricultura «empresarial» total
MédiaGrande
Agricultura de pluriactividade totalPequenaMédiaGrande
Pequena agricultura de plurirrendimentoOutra
774 78985 79380 9784 815
372 560329 32341 709
1 528292 84323 593
10011,110,50,6
48,142,55,40,2
37,83,1
3 882 8262 118 917
898 8561 220 1211 245 353
395 188462 970387 195351 412167 084
10054,523,131,432,110,211,910,09,14,3
Fonte: INE, Recenseamento Agrícola do Continente, 1979.
Na falta de elementos estatísticos que nos permitam avaliar, com algumaprecisão, a contribuição de cada uma destas modalidades de agricultura parao produto agrícola total, aponte-se, todavia, que é plausível pensar que, ten-dencialmente, haverá uma correlação positiva entre o contributo para o total
14 Para se ter uma ideia da pluriactividade familiar, atente-se nos quadros n.os 1 e 2,anexo iv.
15 Afonso de Barros, «Modalidades de pequena agricultura», in Revista Crítica de Ciências344 Sociais, n.os 7/8, 1981, p. 134.
Velhos e novos agricultores em Portugal
do PAB e a área que cada sector representa. A fracção do produto comer-cializável, por outro lado, crescerá da pequena para a grande agricultura eda agricultura de plurirrendimento para a agricultura de pluriactividade epara a agricultura tendencialmente empresarial.
3. À GUISA DE CONCLUSÃO
Identificados os principais sectores e quantificada a sua importância rela-tiva, em termos de número de explorações e das áreas totais, cremos esta-rem reunidas as condições mínimas para equacionar a questão dos estran-gulamentos e potencialidades do sector agrícola em Portugal.
Uma das conclusões que nos parece poder tirar, de imediato, é a de quea reconversão ou reestruturação do sector terá de harmonizar a lógica socialcom uma lógica económica coerente.
É nos sectores do que designamos por agricultura tendencialmente empre-sarial e média e grande agricultura de pluriactividade (16,7% do total dasexplorações e cerca de 76,4% da área total) que se encontrarão o grosso dasexplorações com maior dinamismo económico. Só a caracterização aprofun-dada destes sectores propiciará, a nosso ver, os elementos indispensáveis aum balanço sério sobre as suas potencialidades.
É na procura de medidas de política agrícola diferenciadas, mas consti-tuindo um conjunto coerente de acções capazes de permitir a transforma-ção tecnológica e estrutural da agricultura, no quadro da integração euro-peia, que se assegurará o ultrapassar dos principais estrangulamentos, a saber:
Profunda assimetria ao nível dos rendimentos agrícolas (uma parte subs-tancial da agricultura é incapaz de assegurar uma remuneração com-patível, como vimos);
Rigidez do mercado fundiário, resultante da importância do plurirrendi-mento fundamentalmente como estratégia defensiva e das consequên-cias da emigração sobre o preço da terra. A forte componente emigra-tória que atingiu a população agrícola não deixou de, como resultadodo aumento da disponibilidade monetária dos que emigraram, provo-car pressão sobre a terra, com a consequente sobrevalorização especu-lativa do seu preço, o qual se situará actualmente muito acima do seureal valor económico;
Envelhecimento dos agricultores. Do total dos agricultores, 75 % têm maisde 45 anos; 25 % têm mais de 65 anos;
Nível de instrução muito baixo da esmagadora maioria dos agricultores:61,4% do total não têm qualquer grau de instrução (não sabem ler nemescrever ou sabem ler e escrever sem grau de instrução) e 34,1 % ape-nas possuem o ensino básico elementar.
Refira-se, por fim, que, no quadro da estrutura fundiária e do processosocial actuais, propiciar níveis de rendimento capazes de fixar os estratos 345
Aida Valadas de Lima
mais dinâmicos dos agricultores portugueses passará, sobretudo, por aumen-tos significativos da produtividade da terra, quer em termos físicos, querem termos monetários. Pretender-se atingir um número significativo de agri-cultores, como o mercado interno é limitado, implica que se opte poraumentos de produtividade através, sobretudo, de produtos de maior valo-rização com destino ao mercado externo. Daqui a necessidade de atentarno padrão de especialização europeia, que permita a Portugal obter vanta-gens comparativas.
ANEXO 1
Fonte: Aida Valadas de Lima e Francisco Cabral Cordovil, «Anexo estatístico. A agricultura na sociedade portuguesa», inAspectos do Portugal Rural t Braga, Sociedade Portuguesa de Estudos Rurais, 1986
Evolução do PAB, do PIB e da relação PAB/PIB: 1950-81
[QUADRO 0]
PABAgricultura..Silv. e caça..PIB
1950-60
Percentagem
do PIB
em 1950
34,0
100,0
Taxa
de cresci-
cimento (a)
0,90
4,84
Percentagem
do PIB
em 1960
23,119,43,7
100,0
1960-70
Taxa
de cresci-
cimento (a)
1,801,800,786,13
Percentagem
do PIB
em 1970
14,412,22,2
100,0
1970-76
Taxa
decresci-
cimento (a)
-0,80-0,63-0,865,09
Percentagem
do PIB
em 1976
10,38,71,6
100,0
1977-81
Taxa
de cresci-
cimcnto(o)
3,503,551,833,64
Percentagem
do PIB
em 1981
11,59,91,6
100,0
(a) Taxa de crescimento médio anual.
População activa agrícola na população activa total. Evolução
CONTINENTE
[QUADRO N.° 1]
346
Anos
195019601970197419791981
i
Total
População activa agrícola (a
Assalariados
)Outros
Em percentagem da população activa total
514736343028
2923141066
222422242422
Número de exploraçõesagrícolas em percentagem
do número de famílias
—
36——34
Trabalhadores agrícolasem percentagem
da população activa agrícola
564938292121
(a) Incluindo trabalhadores familiares não remunerados.
Velhos e novos agricultores em Portugal
Evolução da participação das mulheres na população activa agrícola
CONTINENTE
[QUADRO N.° 2]
Anrtc
19601970197419781981
Total
2841485051
Em percentagem da população activa agrícola
Remunerados
919363532
Não remunerados
4854545456
Repartição da área arvense e da superfície agrícola por estratos de agricultura:comparação em 1952, 1968 e 1979
CONTINENTE
[QUADRO N.° 3]
Anos
195219681979
Repartição (percentagem) por estratos
Área arvense
Muitopequenas
7,88,9
Pequenas
25,426,2
Médias
20,618,7
Grandes
46,246,2
Superfície agrícola
Muitopequenas
10,514,2
Pequenas
28,025,5
Médias
24,122,1
Grandes
37,438,2
NORTE E CENTRO LITORAL
Anos
195219681979
Área arvense
Muitopequenas
15,622,5
Pequenas
55,655,7
Médias
26,117,0
Grandes
2,74,8
Superfície agrícola
Muitopequenas
21,329,9
Pequenas
53,251,5
Médias
21,215,2
Grandes
4,33,4
NORTE E CENTRO INTERIOR
Anos
195219681979
Área arvense
Muitopequenas
18,815,3
Pequenas
45,639,6
Médias
26,125,8
Grandes
9,519,3
Superfície agrícola
Muitopequenas
15,326,7
Pequenas
38,038,1
Médias
26,718J
Grandes
20,016,5
347
Aida Valadas de Lima
OESTE E RIBATEJO
Anos
195219681979
Área arvense
Muitopequenas
8,06,5
Pequenas
27,132,2
Médias
22,829,0
Grandes
42,132,3
Superfície agrícola
Muitopequenas
8,610,4
Pequenas
34,928,9
Médias
29,527,8
Grandes
27,032,9
ALENTEJO
Anos
195219681979
Área arvense
Muitopequenas
1,42,3
Pequenas
7,59,1
Médias
16,412,7
Grandes
74,775,9
Superfície agrícola
Muitopequenas
3,43,3
Pequenas
9,68,6
Médias
20,824,6
Grandes
66,263,5
Área das explorações agrícolas familiares em percentagem da área total, 1968-79
[QUADRO N.° 41
348
Regiões/distritos
Continente
Norte litoral
Centro litoral
Norte e Centro interior
AveiroBragaPortoViana do Castelo
CoimbraLeiria
BragançaCastelo BrancoGuardaVila RealViseu
SantarémLisboaSetúbal
AlentejoBejaÉvoraPortalegre
Faro
Em 1968
44,6
71,380,979,685,5
66,361,7
69,346,171,173,472,2
37,547,820,7
26,414,118,6
69,9
Em 1979
51,4
88,882,581,186,6
84,584,0
77,858,481,580,576,8
43,164,231,1
39,413,924,7
79,0
Velhos e novos agricultores em Portugal
ANEXO IIFonte: Aida Vaiadas de Lima e Francisco Cabral Cordovil, «Anexo estatístico. A agricultura na sociedade portuguesa», in
Aspectos do Portugal Rural, Braga, Sociedade Portuguesa de Estudos Rurais, 1986.
Limites considerados para os estratos da agricultura (hectares)
Distritos
AveiroBragaCoimbraFaroLeiriaViana do CasteloViseu
LisboaPorto
SantarémSetúbal
BejaBragançaCastelo BrancoÉvoraGuardaPortalegre
Vila Real
Muito pequenas
0-1 ha
0-1 ha
0-1 ha
0-4 ha
0-4 ha
Pequenas
1 ha-10 ha
1 ha-4 ha
1 ha-10 ha
4 ha-20 ha
4 ha-10 ha
Médias
10 ha-50 ha
4 ha-50 ha
20 ha-200 ha
20 ha-200 ha
10 ha-50 ha
Grandes
+ 50 ha
+ 50 ha
+ 200 ha
+ 200 ha
+ 50 ha
[QUADRO N.°l]Utilização de terra
Regiões/distritos
Continente
Norte litoral
Centro litoral
Norte e Centro interior
AveiroBragaPortoViana do Castelo..
CoimbraLeiria
BragançaCastelo Branco . . .GuardaVila RealViseu
SantarémLisboaSetúbal
AlentejoBejaÉvoraPortalegre
F a r o . . . .
Superfície florestalem percentagem da
superfície total
29,2
56,939,242,658,8
59,743,8
15,435,315,549,545,4
43,713,437,2
13,510,322,3
19,6
Superfície irrigadaem percentagem da
SAU
18,0
60,192,388,379,3
47,521,5
9,718,824,333,353,1
28,112,611,4
3,13,57.0
15,1
Pousioem percentagemda terra arável
41,5
1,40,90,92,2
5,56,9
39,641,830,26,53,4
18,99,4
49,1
56,161,852,5
48,3349
Aida Valadas de Lima
Número de explorações agrícolas e repartição por estratos de dimensão (1979)
[QUADRO N.° 2]
Regiões/distritos
Continente
Norte litoral
Centro litoral
Nortee Centrointerior
AveiroBragaPortoViana do Cas-
telo
CoimbraLeiria
BragançaCastelo Bran-
coGuardaVila Real . . .Viseu
SantarémLisboaSetúbal
AlentejoBejaÉvoraPortalegre...
Faro
Número de explorações agrícolas
Total
783 944
65 52856 20754 602
41911
69 59165 266
33 920
38 74638 35443 46174 665
66 06241 15917 138
18 35012 22015 385
32 379
Sem terra
4 132
1074067
32
135531
34
50362660
870550468
285400196
245
Com terra
Total
779 812
65 42156 16754 535
41 879
69 45664 735
33 886
38 69638 31843 43574 605
65 19240 60916 670
18 06511 82015 189
32 134
Classes
Muitopequenas
421 800
36 91928 60831 417
25 418
34 92632 982
19 139
30 14229 21434 87333 556
27 77314 7237 263
7 2517 5029 891
10 203
Pequenas
315 947
27 20525 20516 659
16 037
33 29930 355
13 189
7 3188 3156 513
38 984
35 30818 3287 771
6 2632 8193 526
18 853
Médias
38 115
1 1921 3086 398
293
1 1001283
1 507
1070766
1 8651 854
1 8407 2721 330
3 8051 0751 367
2 790
Grandes
3 950
1054661
131
131115
51
16623
184211
271286306
746424405
288
350
Velhos e novos agricultores em Portugal
Superfície média por exploração (hectares) (1979)
[QUADRO N.° 3]
Regiões/distritos
Continente
Norte litoral
Centro litoral
Norte e Centrointerior
AveiroBragaPortoViana do Cas-
telo
CoimbraLeiria
BragançaCastelo Branco.GuardaVila RealViseu
SantarémLisboaSetúbal
AlentejoBejaÉvoraPortalegre
Faro
Total
6,6
2,22,22,1
2,8
2,92,5
8,17,75,26,33,1
6,84,0
23,2
45,248,530,3
6,7
Classes
Muitopequenas
0,9
0,50,50,5
0,7
0,60,5
2,21,51,91,50,7
0,60,60,5
1,71,41,4
0,8
Pequenas
3,9
2,73,02,1
2,4
2,62,7
9,68,89,97,02,8
4,02,15,2
9,98,89,4
4,8
Médias
29,5
17,517,38,8
26,2
18,117,4
46,655,559,220,121,4
52,99,5
63,7
64,064,066,6
24,1
Grandes
610,7
272,2129,9134,5
426,2
560,5320,5
693,4771,3723,3756,0249,6
692,9161,5840,5
668,41105,4797,9
172,9
351
Aida Valadas de Lima
Repartição (percentagem) da superfície total por estratos (1979)
[QUADRO N.° 4]
Regiões/distritos
Continente .
Norte litoral
Centro litoral
Norte e Centrointerior
AveiroBragaPorto ..Viana do Castelo
CoimbraLeiria
BragançaCastelo BrancoGuardaVila RealViseu
SantarémLisboa.Setúbal . . . .
AlentejoBejaÉvoraPortalegre
Faro
Muitopequenas
7,7
13,712,412,614,2
11,011,4
15,315,427,619,210,9
3,55,11,0
1,61,82,9
3,9
Pequenas
24,1
51,563,830,432,0
42,551,3
46,221,641,216,648,6
31,823,910,5
7,64,37,2
41,6
Médias
21,7
14,718,849,86,5
9,914,1
25,620,022,813,617,4
22,142,521,9
29,812,019,7
31,2
Grandes
46,5
20,15,07,2
47,3
36,623,2
12,943,08,4
50,623,1
42,628,466,6
61,081,970,2
23,2
352
Velhos e novos agricultores em Portugal
Área dos agricultores autónomos em percentagem da área total (1979)
[QUADRO N.° 5]
Regiões/distritos
Continente
Norte litoral
Centro litoral
Norte e Centrointerior
AveiroBrasaPorto .. . . . .Viana do Castelo ..
CoimbraLeiria
BragançaCastelo BrancoGuarda..Vila RealViseu
SantarémLisboaSetúbal
AlentejoBeiaÉvoraPortalegre
Faro
Total dasexplorações
45,9
76,082,177,944,9
57,770,5
69,053,776,140,661,9
40,060,726,9
38,113,924,4
77,9
Classes
Muitopequenas
92,2
97,789,392,088,8
95,697,1
89,895,291,589,486,3
96,495,396,6
93,089,392,6
95,7
Pequenas
89,4
94,089,389,593,1
91,593,8
89,590,086,882,587,2
86,594,086,5
92,780,687,3
94,3
Médias
63,2
79,264,476,633,7
65,568,4
52,063,654,262,748,5
36,469,960,8
76,051,958,6
80,5
Grandes
7,7
12,939,013,50,6
4,97,2
4,316,037,72,47,3
3,412,95,4
11,43,15,4
41,7
353
Aida Valadas de Lima
Trabalho agrícola (UTA) familiar em percentagem do total (1979)
ÍQUADRO N.° 6]
Regiéies/distritos
Continente
Norte litoral
Centro litoral
Norte e Centrointerior
SantarémLisboaSetúbal
Alentejo
Faro
AveiroBrasaPortoViana do Castelo . .
CoimbraLeiria
Bragança . . .Castelo BrancoGuardaVila RealViseu
BejaÉvoraPortalegre
Total dasexplorações
84,6
94,291,392,294,5
94,392,8
86,990,690,180,589,8
73,376,757,9
52,730,154,2
83,3
Exploraçãosem terra
78,1
36,753,877,176,5
87,286,6
90,377,853,574,215,9
93,364,378,7
96,592,595,1
92,9
Classes de exploração com terra
Muitopequenas
96,0
97,696,796,496,9
97,597,7
95,297,494,988,696,2
96,792,895,3
95,490,695,7
96,9
Pequenas
90,8
92,591,594,393,5
94,593,3
90,790,588,177,191,1
86,090,977,4
91,173,785,4
88,3
Médias
59,1
76,356,281,349,2
64,356,9
47,658,949,748,348,5
23,463,740,9
69,339,348,4
67,0
Grandes
4,5
26,17,0
17,814,7
15,011,3
1,712,612,67,59,0
1,86,12,8
6,01,43,8
22,8
354
Velhos e novos agricultores em Portugal
Produtores agrícolas individuais cujo rendimento provém em mais dede fora da exploração agrícola (1979)
[QUADRO N.° 7]
Regiões/distritos
Continente
Norte litoral
Centro litoral
Norte e Centro
interior
AveiroBragaPortoViana do Castelo . .
CoimbraLeiria . .
BragançaCastelo BrancoGuardaVila RealViseu
Santarém . . . .LisboaSetúbal
AlentejoBejaÉvoraPortalegre
Faro
Percentagemdo número
total deexplorações
60,5
62,657,564,757,0
68,364,8
40,974,750,141,957,6
75,952,363,5
51,167,866,8
57,5
Percentagemda área
total
29,4
43,937,140,047,1
55,944,6
23,238,927,723,542,7
38,528,118,4
13,820,016,8
30,8
Percentagem da área de cada estrato
Muitopequenas
62,9
70,068,173,461,7
76,876,4
49,876,148,936,468,0
90,276,270,1
75,475,873,0
74,1
Pequenas
38,3
39,432,441,141,4
53,141,5
19,448,321,415,941,9
53,638,737,6
37,341,638,4
41,3
Médias
19,6
38,130,430,145,9
46,728,9
13,629,416,613,832,8
24,819,114,4
11,918,114,0
20,0
Grandes
11,5
35,247,349,744,0
47,546,5
19,115,27,5
20,330,2
15,118,78,5
5,59,17,2
17,0
ANEXO III
Número e áreas das UCPs e cooperativas de produção (1979)
[QUADRO N.° 1)
Distritos
ContinenteDistritos da ZI-
RA(fl)BejaCastelo Branco..ÉvoraLisboaPortalegreSantarémSetúbal
Númerode UCPs e
cooperativas(D
502
498154
6147
4626366
Área
Hectares(2)
898 940
898 457240 356
9 378351 607
486164 69254 24478 180
Percentagem(3)
100,0
99,926,7
1,039,10,1
18,36,08,7
Repartição por classes de área (percentagem)
0-100 ha(4)
0,1
0,1
10,7
0,80,1
100 ha-1000 ha(5)
15,1
15,021,920,08,7
89,36,6
31,545,9
1000 ha-2500 ha(6)
28,5
28,529,780,025,8
22,251,147,2
+ de 2500 ha(7)
56,3
56,448,4
65,5
71,216,634,2
(a) O distrito de Lisboa não é incluído neste subtotal.
Fonte: Aida Valadas de Lima e Francisco Cabral Cordovil, «Anexo estatístico. A agricultura na sociedade portuguesa»,in Aspectos do Portugal Rural, Braga, Sociedade Portuguesa de Estudos Rurais, 1986 355
Aida Valadas de Lima
Recursos das UCPs e cooperativas em percentagem dos recursosdo conjunto das explorações agrícolas (1979)
[QUADRO N.° 2]
Distritos
Superfícieagrícola
e florestal
SAU
Total2
Irrigada3
Gado(CN)
4
Trabalho (UIA)
Total5
Não familiar6
ContinenteDistritos da ZIRA. . .BejaCastelo BrancoÉvoraPortalegreSantarémSetúbal
18,430,629,4
3,361,235,912,720,6
20,732,029,73,6
61,233,05,4
22,4
5,517,325,22,6
58,222,89,1
17,7
8,219,425,22,7
48,023,63,58,2
3,214,123,00,4
49,022,74,09,9
20,640,048,74,0
70,149,515,123,5
Fonte: Aida Valadas de Lima e Francisco Cabral Cordovil, «Anexo estatístico. A agricultura na sociedade portuguesa»in Aspectos do Portugal Rural, Braga, Sociedade Portuguesa de Estudos Rurais, 1986.
ANEXO IV
Caracterização dos familiares dos produtores individuais. Continente
Características dos familiares dos produtores individuais (HM)
[QUADRO N.° 1]
Classes de área(hectares)
TotalSem terra . . .Com terra
0 - 0 , 5 . .0,5 - 1 . . .1 - 2 . . .2 - 3 . . .3 - 4 . . .4 - 5 . . .5 - 1 0 . . .
10 - 2 0 . . .20 - 50 . . .50 - 100 . . .
100 - 200 . . .200 - 500 . . .500 - 1 000 . . .
1 000 - 2 500 . . .+ de 2 500 . . .
Total (1)
1 667 6076 140
1 661 467275 457417 366367 228181 510106 32368 986
142 97060 68426 253
6 9054 0352 963
692887
Trabalhando só na exploração
HM
867 5452 188
865 357114 683210 427198 612101 79960 91440 19683 40534 88313 9223 3951 8191 045
226292
Percentagem (1)
5235,652,141,650,454,156,157,358,358,357,55349,245,135,332,73328,6
Duplo-activos
HM
246 348688
245 66048 83867 14355 44025 41414 4388664
16 9135 8952 124
4392061113050
Percentagem (1)
14,811,214,817,716,115,11413,612,611,89,78,16,45,13,74,35,70
356
Velhos e novos agricultores em Portugal
[QUADRO N . M , continuação]
Classes de área(hectares)
TotalSem terraCom terra
0 - 0 , 5 . . .0,5 - 11 - 22 - 33 - 44 - 5, , .5 - 10
10 - 2020 - 5050 - 100
100 - 200200 - 500500 -1000
1 000 - 2 500+ de 2 500
Com actividade forae sem actividade na exploração
HM
143 0341002
142 03235 05737 23828 74113 0247 3674 6388 9873 9641 920
529277239
4740
Percentagem (1)
8,616,38,5
12,78,97,87,26,96,76,36,57,37,76,98,16,84,50
Sem actividade forae sem actividade na exploração
HM
410 6802 262
408 41876 879
102 55884 43541 27323 60415 48833 66515 9428 2872 54217331 568
389505
Percentagem (1)
24,636,824,627,924,62322,722,222,523,526,331,636,842,952,956,256,871,4
Fonte: INE, Recenseamento Agrícola do Continente, 1979.
Características dos familiares dos produtores individuais — repartição por sexos
[QUADRO N.° 2]
Classes de área(hectares)
TotalSem terraCom terra
0 - 0,5 . .0,5 - 1 . . . .1 - 2 . . . .2 - 3 . . . .3 - 4 . . . .4 - 5 . . . .5 - 1 0 . . . .
10 - 2 0 . . . .20 - 5 0 . . . .50 - 100
100 - 2 0 0 . . . .200 - 5 0 0 . . . .500 - 1 0 0 0 . . . .
1000 - 2 5 0 0 . . . .+ de 2 500
Total
H
546 1871 673
544 51493 966
134 597118 38258 83534 84322 59347 61920 262
8 6552 1811 351
96123431
4
M
1 121 4204 467
1 116 953181 491282 769248 846122 6757148046 39395 35140 42217 5984 7242 6842 002
45857
3
Taxa demasculinidade
32,827,232,834,132,232,232,432,832,833,333,43331,633,532,433,835,257,1
Trabalhando só na exploração
H
164 883211
164 67216 57433 34635 70120 26413 2209 093
20 7079 6194 0031 002
6334019513
1
Percentagem(D
30,212,630,217,624,830,234,437,940,243,547,546,345,946,941,740,641,925
M
702 6621977
700 68598 109
177 081162 91181 53547 69431 10362 69825 2649 9192 3931 186
644131
161
Percentagem(2)
62,744,362,754,162,665,566,566,76765,862,556,450,744,232,228,628,133,3 357
Aida Valadas de Lima
[QUADRO N.° 2, continuação]
Classes de área(hectares)
TotalSem terraCom terra
0 - 0,50,5 - 1 . .1 - 2 . .2 - 3 . .3 - 4 . .4 - 5 . .5 - 10. .
10 - 20 . .20 - 50 . .50 - 100..
100 - 200..200 - 500..500 -1 000. .
1000 - 2 5 0 0 . .+ de 2 500..
Trabalhandosó na
exploração
Taxa demasculinidade
199,6
1914,515,81819,921,722,624,827,628,829,534,838,44244,850
Duplo-activos
H
129 397148
129 24921 77334 91030 90614 2868 1504 8799 4023 2541224
250125691920
Percentagem(D
23,78,8
23,723,225,926,124,323,421,619,716,114,111,59,37,28,16,50
M
116 951540
116 41127 06532 23324 53411 1286 2883 7857 5112 641
90018981421130
Percentagem
10,412,110,414,911,49,99,18,88,27,96,55,1432,12,45,30
Taxa demasculinidade
52,521,552,644,65255,756,256,456,355,655,257,656,960,762,263,340
0
Com activ.fora e semactiv. na
exploração
H
85 599475
85 12422 06422 98417 4367 7614 2922 6224 8681 892
821206
9973
510
[QUADRO N.° 2, continuação]
358
Classes de área(hectares)
TotalSem terraCom terra
0 - 0,50,5- 11 - 22 - 33 - 44 - 55 - 10
10 - 2020 - 5050 - 100
100 - 200200 - 500500 -1 000
1 000 - 2 500+ de 2 500
Com actividade fora e semactividade na exploração
Percentagem(D
15,728,415,623,517,114,713,212,311,610,29,39,59,47,37,62,13,20
M
57 435527
56 90812 99314 25411 3055 2633 0752 0164 1192 0721099
3231781664230
Percentagem(2)
5,111,85,17,254,54,34,34,34,35,16,26,86,68,39,25,30
Taxa demasculinidade
59,847,459,962,961,760,759,658,356,554,247,742,838,935,730,510,6
250
Sem actividade fora e semactividade na exploração
H
166 308839
165 46933 55543 35734 33916 5249 1815999
12 6425 4972 607
723494418115
153
Percentagem0)
30,450,130,435,732,22928,126,326,626,527,130,133,136,643,549,148,475
Velhos e novos agricultores em Portugal
{QUADRO N.' 2, continuação]
Classes de área(hectares)
TotalSem terraCom terra
0 - 0,50,5 - 11 - 22 - 33 - 44 - 55 - 10
10 - 2020 - 5050 - 100
100 - 200200 - 500500 -1000
1 000 - 2 500+ de 2 500
Sem actividade fora e sem actividade na exploração
M
244 3721 423
242 94943 32459 20150 09624 74914 4239 489
2102310 4455 6801 8191 2391 150
274352
Percentagem (2)
21,831,921,823,920,920,120,220,220,52225,832,338,546,257,459,861,466,7
Taxa de masculinidade
40,537,140,543,642,340,74038,938,737,634,531,528,428,526,729,63060
Fonte: INE, Recenseamento Agrícola do Continente, 1979.
359