Veículo: Revista Sesc n°4 ano 19 Data: outubro 2012...escrito: o modo de ler também é um modo de...
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Veículo: Revista Sesc n°4 ano 19 Data: outubro 2012
Ilustração: Marcos Garuti
Com a disseminação das mídias digitais, muito se discute o papel da literatura e se
proclama o inevitável fim do livro impresso. Mas o evidente nesse panorama é a
mudança do suporte, ou seja, o instrumento que usaremos para ler, sem questionar a
importância do ato na formação intelectual e humana.
É importante lembrar que a literatura infantil é a disparadora desse processo e, nessa
fase da vida dos pequenos, o ideal é potencializar o contato com os diferentes autores e
gêneros: fábulas, contos, histórias em quadrinhos, poemas, considerando-se a predileção
individual e a faixa etária das crianças. Para expandir o universo da literatura infantil, as
professoras Luciana Gomes Cunha Centini e Miriam Louise Sequerra colocam o
assunto em pauta.
Ilustração: Marcos Garuti
Com a disseminação das mídias digitais, muito se discute o papel da literatura e se
proclama o inevitável fim do livro impresso. Mas o evidente nesse panorama é a
mudança do suporte, ou seja, o instrumento que usaremos para ler, sem questionar a
importância do ato na formação intelectual e humana.
É importante lembrar que a literatura infantil é a disparadora desse processo e, nessa
fase da vida dos pequenos, o ideal é potencializar o contato com os diferentes autores e
gêneros: fábulas, contos, histórias em quadrinhos, poemas, considerando-se a predileção
individual e a faixa etária das crianças. Para expandir o universo da literatura infantil, as
professoras Luciana Gomes Cunha Centini e Miriam Louise Sequerra colocam o
assunto em pauta.
Aprender a ler é, antes de tudo, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto,
localizar-se no espaço social mais amplo, a partir da linguagem. Para ler o mundo, é
preciso ler a palavra, tese básica do educador Paulo Freire; mas o que isso significa?
A leitura é algo vivo, algo que ultrapassa os muros da escola. Desde que nascemos, para
compreendermos o mundo, é preciso que façamos uma leitura de tudo o que ele nos
informa, por meio de sensações, imagens, gestos, sons e palavras, às quais normalmente
somos apresentados ao ingressarmos na idade escolar.
Ler não é simplesmente extrair informações de um texto, decodificando letra por letra,
palavra por palavra. A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo. É
uma atividade que implica o uso de alguns procedimentos que possibilitam o controle
daquilo que lemos.
É o que você está fazendo agora ao ler este texto e, talvez, nem tenha percebido. Entre
os textos desta revista, você inicialmente selecionou este porque ele atende a sua
necessidade, seja de interesse pelo assunto, seja de busca por mais informações para
poder auxiliar um pequeno leitor que está em casa, por exemplo.
Além de selecionar textos, um leitor competente é capaz de ler as entrelinhas,
identificando, pelo que está escrito, elementos implícitos, estabelecendo relações entre o
texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e outros já lidos. Mas como
aprendemos tudo isso e qual é o lugar que a literatura infantil ocupa nesse processo?
É inegável que o hábito da leitura e o gosto por ela deveriam passar de pai para filho, ou
seja, começar em casa, no seio familiar, na primeira infância, mas nem sempre essa é a
realidade. Por ainda não sermos uma sociedade leitora, como em alguns países mais
desenvolvidos, a importância do trabalho da escola é muito maior, ela possui um papel
decisivo na formação de leitores. Por isso, desde a educação infantil, a leitura deve fazer
parte da rotina dos alunos.
Nessa fase, a literatura ocupa um lugar privilegiado na formação das crianças. É por
meio dela que, desde pequenos, conseguimos sonhar, enfrentar medos, vencer angústias,
desenvolver a imaginação ou até conhecer outras civilizações. Além disso, a literatura
dá acesso a uma parte da herança cultural da humanidade. Tudo isso nos ajuda a
entender como a arte de contar histórias percorreu, até os dias de hoje, um caminho tão
longo.
É pela prática da leitura, mediada pelo professor, que, progressivamente, as crianças
conquistam uma autonomia cada vez maior – o texto não está pronto quando está
escrito: o modo de ler também é um modo de produzir sentido, por isso a leitura deve
ser significativa, atraente, útil e uma experiência frequente para as crianças. Uma prática
de leitura que não desperte nem cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica
eficiente.
Com relação ao desenvolvimento pedagógico, a literatura infantil é o ponto de partida
para a formação de crianças leitoras e escritoras competentes, e, por esse motivo, é
preciso dar-lhes oportunidade de ter contato, principalmente na escola, com diferentes
gêneros textuais (contos, lendas, fábulas, histórias curtas, parábolas, histórias em
quadrinhos, histórias por imagens, poemas, quadras, entre outros) e portadores variados
(livros, revistas, gibis, jornais, folhetos e outros materiais impressos) que podem ser
complementados com recursos da tecnologia, como computador, vídeo, som etc.
Ao organizar esse acervo, é preciso definir critérios que levem em consideração as
necessidades de cada segmento e faixa etária, abrangendo as diferentes áreas do
conhecimento, gêneros e portadores textuais, conforme exemplificado anteriormente.
Além disso, não podem faltar os clássicos da literatura infantil, mesmo que em versões
adaptadas.
Entre eles, na literatura nacional, podemos destacar: Monteiro Lobato, Ruth Rocha,
Ziraldo, Sylvia Orthof, Pedro Bandeira, Ana Maria Machado e Lygia Bojunga. Já na
literatura internacional, temos, por exemplo, Hans Christian Andersen, Roald Dahl e
Mark Twain.
Uma forma de ampliar o acervo da biblioteca de classe é propor parcerias com as
editoras e órgãos ligados ao incentivo da leitura. Além disso, cada classe pode
contribuir com a compra de um título que, após a leitura, entra em um sistema de
rodízio com os demais grupos. Com isso, além de ampliarmos significativamente o
repertório de leitura dos alunos, possibilitamos a vivência dos cuidados necessários com
o empréstimo de materiais.
No acesso às obras da literatura infantil, é preciso ensinar os chamados comportamentos
leitores, adequando-os a cada faixa etária; “entrar” na aventura com os personagens,
comentar sobre o enredo, buscar textos semelhantes, conhecer mais sobre o autor ou
trocar indicações literárias são exemplos de situações didáticas que devem ser propostas
pelo professor.
Para isso, a prática da leitura na escola deve ser constante e o professor precisa planejar
intervenções adequadas a essa atividade. Ao circular os livros pela classe, por exemplo,
ele deve observar quais são os procedimentos que os alunos utilizam durante a leitura,
propondo questões problematizadoras que considerem os conhecimentos prévios
apresentados pelas crianças.
Nesse momento, a preocupação do professor deve estar centrada em verificar se os
alunos compreenderam o que leram e não simplesmente conferir se a tarefa foi
cumprida. Outro aspecto que deve ser levado em consideração é o ?envolvimento da
turma em situações de leitura compartilhada, em que o professor elucida passagens mais
complexas, fornecendo informações pressupostas pelo autor, no texto.
O verbo “ler” não tolera imperativo e, nesse caso, vale lembrar que, segundo Daniel
Pennac, hoje considerado um dos mais importantes e populares autores da literatura
francesa, nós, os leitores, devemos conceder-nos todos os direitos, a começar pelos que
recusamos a quem pretendemos iniciar na leitura, como o direito de não ler, pular
páginas ou ainda não terminar um livro.
Aos pais, cabe acompanhar esse processo e incentivar a leitura. De que maneira? Leia as
dicas a seguir:
• Mantenha-se informado sobre o trabalho de leitura desenvolvido pela escola do seu
filho e troque ideias com os professores, os quais podem ajudá-lo com informações
importantes.
• Vale lembrar que o adulto é um modelo de leitor, mas é preciso ser coerente: nossas
atitudes revelam nossos verdadeiros valores; por isso, leia.
• Quando for contar histórias aos seus filhos, conte-as com paixão!
• Pesquisas comprovam que filhos para quem, quando pequenos, os pais leram bastante,
têm um desempenho melhor em sala de aula. Outro fator que influencia positivamente a
aprendizagem é a presença de livros em casa. Avalie se não é o momento de ampliar o
acervo do seu filho, diversificando as fontes disponíveis. Lembre-se: não basta ter
livros, é preciso lê-los!
• Inclua, no roteiro dos passeios de final de semana, livrarias, bancas e bibliotecas como
locais de acesso a livros, jornais e revistas. Consulte, com antecedência, a programação
das grandes livrarias, algumas oferecem, gratuitamente, sessões de teatro e contadores
de histórias.
Participar de momentos como esses, em família, é fundamental para o desenvolvimento
das crianças. A proximidade com o mundo da leitura e da escrita facilita a ampliação da
visão de mundo dos pequenos. Você já se programou para o próximo final de semana?
“Desde que nascemos, para compreendermos o mundo, é preciso que
façamos uma leitura de tudo o que ele nos informa, por meio de sensações,
imagens, gestos, sons e palavras”
Luciana Gomes Cunha Centini é professora e coordenadora pedagógica do 3º ano do Ensino
Fundamental do Colégio Visconde de Porto Seguro
Por que ler textos literários para crianças? por Miriam Louise Sequerra
Hoje não se tem dúvidas da importância de colocar as crianças em contato com
materiais escritos mesmo antes de estarem alfabetizadas. A proximidade com textos e a
possibilidade de presenciar pessoas de seu entorno em atos de leitura e escrita,
especialmente aquelas com quem têm um vínculo próximo, favorece que elas se iniciem
na compreensão da linguagem escrita.
A relação positiva entre essa imersão no mundo das letras e o aprender a ler e escrever é
comparável ao papel determinante da conversação com falantes de uma língua para uma
criança aprender a falar. Se as pesquisas já consideram evidente o exposto acima, é
muito mais antiga a compreensão do valor das histórias para os pequenos.
Os contos de fadas e outras narrativas tradicionais voltadas à infância, com seus
embates entre bem e mal, permitem lidar com sentimentos intensos e conflituosos que
povoam a mente infantil. Os contos de acúmulo e repetição são modelos simples de
narrativas que, com sua organização previsível, despertam o prazer dos pequenos pela
memorização de partes do texto, possibilitando a antecipação do que virá.
Essas histórias favorecem o acesso das crianças a formas de linguagem bem diferentes
da conversa cotidiana. Não importa se contadas oralmente ou a partir da leitura de um
adulto, as narrativas dão lugar à intimidade entre aquele que conta e aquele que escuta.
O aconchego da voz que lê um conto embala o menino que vai se entregando aos
poucos ao sono, criando uma cumplicidade semelhante àquela do grupo que se reunia à
beira do fogão, nas grandes cozinhas antigas, para ouvir uma contadora trazer da
memória para a imaginação dos ouvintes as histórias de sua própria infância.
Considerando o valor das narrativas, sua inclusão no trabalho pedagógico é uma
realidade em várias escolas. Talvez como resposta, o mercado editorial voltado ao
universo infantil oferece um enorme número de títulos, um leque variado de opções no
que se refere aos temas, à complexidade da linguagem e ao tipo de ilustração. Em meio
a essa oferta, o que escolher?
O que é mais adequado aos pequenos? Aquilo que está mais ajustado a suas
possibilidades de compreensão? Aquilo que contribua para a criação de uma
consciência moral e valorize ações positivas? A questão deve ser abordada com
cuidado. A inclusão da literatura na escola deve ter como objetivo a formação de
leitores de textos literários e, mesmo que se trate de crianças pequenas, a qualidade das
obras apresentadas é que lhes permitirá progredir em sua capacidade de construir
sentido e usufruir a experiência estética proporcionada pela própria literatura.
Não se trata, como se poderia pensar, de aproximar as crianças de livros que,
gradativamente, tornem-se mais complexos para que, quando forem mais velhas, sejam
capazes de ler textos reconhecidos por sua qualidade estética. Pelo contrário, é
participando de atos de comunicação literária desde o início que elas avançarão nesse
caminho.
Mesmo que mediados por um adulto que se encarregue da leitura, as crianças têm
condições de apreciar textos com vocabulário e construções sintáticas ricas, desde que
sua compreensão seja possível e a trama, envolvente. Apenas um exemplo: não é fácil
convencer alunos de oito anos a ler clássicos de nossa literatura como Reinações de
Narizinho, de Monteiro Lobato, por se tratar de um texto longo e de vocabulário mais
rebuscado.
No entanto, a leitura desse livro em capítulos, realizada pela professora, cativa a turma,
que espera ansiosamente o que virá no dia seguinte. É em obras que têm a dupla
qualidade de ajustar-se à capacidade de compreensão dos leitores jovens e ajudar-lhes a
progredir que se amplia a possibilidade de se tornarem pessoas que leem mais e melhor.
As histórias infantis tradicionais ou as narrativas contemporâneas oferecem uma
experiência estética que se caracteriza como literária por incluir, de alguma maneira, os
seguintes aspectos:
• Favorecem o contato com distintas formas de organização (por exemplo, as narrativas
circulares, em que uma mesma ação se repete com personagens diferentes; as
cumulativas, em que a ação torna-se cada vez mais longa pela inclusão de novas
personagens; as histórias que se encadeiam umas às outras ou que se inserem em uma
história-padrão etc.) ou diferentes gêneros (as fábulas, os contos maravilhosos, as
narrativas de suspense etc.). Essa diversidade se amplia à medida que aumenta a
possibilidade de as crianças acompanharem a história sem se perder.
• Permitem o contato com diferentes tipos de narradores, por meio dos quais os textos
dialogam com as crianças leitoras, que, assim, ampliam seu conhecimento sobre as
formas de ver e contar a realidade. Um narrador que tudo sabe sobre o que se passa na
história, tanto dos fatos quanto do mundo interno das personagens (o narrador
tradicional dos contos de fadas), permite uma perspectiva muito diversa daquele
narrador intimista, que fala sob o ponto de vista de uma personagem. Essa variedade de
perspectivas traz, desde cedo, a experiência de colocar-se frente aos fatos sob diversas
óticas.
• Aproximam os leitores de uma forma de comunicação na qual o que importa não é
apenas o que se diz, mas a ?forma como se faz isso, o como se conta. Essa incursão na
experiência estética, possível nos textos literários, favorece que os pequenos leitores se
detenham para apreciar a sonoridade presente num jogo de palavras, a beleza de uma
descrição ou a riqueza de uma ilustração, ou seja, permite o acesso a uma elaboração
artística da linguagem verbal ou visual para expressar a realidade.
• Dão espaço a um jogo de identificações com as personagens, num processo parecido
com o jogo de faz de conta. O leitor é e, ao mesmo tempo, não é aquele sobre quem lê.
Essa experiência favorece o aprofundamento da compreensão de sentimentos e ações
humanas.
• Os livros têm o poder de ampliar as fronteiras do vivenciado. A associação entre ler e
viajar é conhecida. Pelas histórias, os leitores transportam-se a outros tempos e lugares,
reais ou fantasiosos. Essa ampliação de horizontes pela literatura permite que o
desconhecido seja experienciado de maneira menos assustadora, porque é mediado pela
linguagem que organiza o que parece caótico.
• Pelas histórias, o leitor tem contato com a tradição cultural, já que qualquer texto se
relaciona ao que foi produzido antes, tem um vínculo com toda uma tradição de
produções que o antecederam. Por meio da leitura dos livros infantis, as crianças
iniciam, de sua parte e de forma inconsciente, seu próprio diálogo com essa tradição1.
A experiência literária permite ao leitor ampliar sua compreensão da leitura e do mundo
de acordo com os diferentes aspectos apresentados. Envolver crianças e jovens nesse
universo, promovendo sua educação literária, tem como objetivo maior a formação de
pessoas e a construção da sociabilidade pelo contato com textos que expressam o modo
como as gerações anteriores e contemporâneas compreendem e avaliam a ação humana
e pela possibilidade de, por meio da linguagem, compreender a diversidade social e
cultural.
Quando se trata de literatura infantil, é importante discutir também o valor das imagens,
já que os livros destinados a esse público são, em grande parte, ilustrados. Em muitos
livros, a construção do sentido ocorre pela interação entre as linguagens verbal e visual:
alguns elementos da história virão representados nas imagens, enquanto outros serão
expressos pelo texto escrito.
Essa interação permite o uso de enunciados verbais sucintos, que ganham novas
dimensões quando interagem com as imagens que os acompanham. É comum que as
personagens sejam descritas de maneira breve, mas tornem-se ricas por sua
caracterização visual. A ampliação do papel da ilustração nos livros infantis, deixando
de ser somente a tradução visual do que está escrito para estabelecer com o texto uma
relação de complementaridade, permite que os leitores principiantes tenham novas
possibilidades de acesso ao significado.
As experiências de leitura desses livros em classes de crianças que começam a se
arriscar a ler sozinhas são enriquecidas ao envolver a discussão do que cada um
compreendeu, pois as crianças compartilham o que leram num ir e vir do texto à
imagem e vice-versa.
Não há dúvida de que cada texto buscará tratar de uma temática específica,
compreendida como relevante em determinado momento histórico. Por exemplo, hoje
em dia, a aproximação a diferentes culturas é um valor presente em várias publicações,
o que se justifica pela busca de uma cultura da paz e da tolerância. No entanto, é preciso
superar as abordagens simplistas e moralizantes.
A literatura trata de questões centrais e humanas, mas o faz por uma abordagem que
envolve, convida a participar dos dilemas vivenciados pelas personagens, lançando
luzes a diferentes aspectos e possibilitando aos leitores novas experiências, amplas e
profundas. É preciso um olhar cuidadoso para a seleção de obras a serem apresentadas.
A linguagem empobrecida ou o tratamento simplista de alguns títulos não contribuem
para a entrada dos pequenos no mundo literário e muito menos aguça sua vontade de ler.
Para identificar um bom livro infantil não é preciso ser crítico literário, basta buscar
textos saborosos, enredos instigantes, imagens divertidas. Também é possível buscar
textos instigantes, enredos divertidos, imagens saborosas. E é interessante que a leitura
não se restrinja à criança: compartilhar uma boa história é uma experiência inspiradora
em qualquer idade.
“Quando se trata de literatura infantil, é importante discutir o valor das
imagens (...). Em muitos livros, a construção do sentido ocorre pela
interação entre as linguagens verbal e visual”
Miriam Louise Sequerra é formada em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), coordenadora pedagógica do Colégio Santa Cruz e formadora de professores na Comunidade Educativa-Cedac