VARIAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA: ANÁLISE EM TEMPO … · numa média de 40% (BISOL, 1986;...
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Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande M e s t r a d o e m L e t r a s • U E M S / C a m p o G r a n d e I S S N : 2 1 7 8 - 1 4 8 6 • V o l u m e 2 • N ú m e r o 2 • n o v e m b r o 2 0 1 2
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VARIAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA: ANÁLISE EM TEMPO
REAL DA PALATALIZAÇÃO DAS OCLUSIVAS ALVEOLARES
EM UM FALAR DO RIO GRANDE DO SUL
Elisa Battisti (UFRGS/CNPq)
Renan Silveiro Rosa (UFRGS)
RESUMO: O estudo traz uma análise de regra variável (LABOV, 1972) em tempo real, estudo de
tendência (LABOV, 1994) da palatalização das oclusivas alveolares /t d/ antes de vogal anterior alta
(tia~[t]ia, dia~[d]ia, gente~gen[t], onde~on[d]) no português falado em Flores da Cunha, pequena
comunidade do interior do Rio Grande do Sul. São usados dados levantados de entrevistas
sociolinguísticas de dois bancos, VARSUL (PUCRS, UFRGS, UFSC, UFPR) e BDSer (UCS), as
primeiras realizadas em 1990, as segundas, em 2008 e 2009. O objetivo é o de verificar se os índices de
aplicação da palatalização aumentaram em Flores da Cunha no intervalo de quase vinte anos,
aproximando-se do padrão de aplicação da capital do Estado, Porto Alegre, onde a palatalização supera os
90% de aplicação. A análise revela que houve um aumento de 7% na proporção total de palatalização,
passando de 25% nos dados do VARSUL para 32% nos dados do BDSer. Considerado esse valor
absoluto, pode-se afirmar que a aplicação da palatalização vem progredindo na comunidade. O valor é
próximo ao de comunidades vizinhas, também pertencentes à antiga região colonial italiana do Estado, o
que configura um padrão local, de palatalização moderada, e ilustra o contraste entre a capital
palatalizadora e o interior pouco palatalizador. As variáveis linguísticas condicionadoras da aplicação da
regra nas duas amostras são Status da vogal alta e Qualidade da consoante-alvo, nos fatores vogal alta
fonológica e consoante-alvo desvozeada, respectivamente, e a variável extralinguística Gênero, em seu
fator feminino.
Palavras-chave: variação e mudança linguística; português brasileiro; análise de regra variável em tempo
real; palatalização das oclusivas alveolares.
ABSTRACT: This paper brings the results of the variable rule analysis (LABOV, 1972) in real time,
trend study (LABOV, 1994), of the palatalization of dental stops before high front vowels in Brazilian
Portuguese (tia~[t]ia ‘aunt’, dia~[d]ia ‘day’, gente~gen[t] ‘people’, onde~on[d] ‘where’) in the
speech of Flores da Cunha, a country city of Rio Grande do Sul state, Brazil. Data collected from
sociolinguistic interviews made in 1990 (VARSUL corpus, PUCRS, UFRGS, UFSC, UFPR) and from
2008 to 2009 (BDSer corpus, UCS) are used. The objective of the analysis is to verify whether the rates
of rule application have increased in Flores da Cunha along almost twenty years, getting close to the rate
of more than 90% of palatalization verified in Porto Alegre, the capital city of Rio Grande do Sul state.
The analysis shows that there was a 7% increase in the rate of palatalization in Flores da Cunha, from
25% in the data of VARSUL corpus to 32% in the data of BDSer corpus. Considering the increase, we
can claim that palatalization is variation in the process of change in Flores da Cunha. The rate of 32% of
rule application is close to the ones of neighboring cities also located in the same region, the old Italian
colonial region, a fact that suggests that there is a local pattern of moderate palatalization that illustrates
the existing contrast between the low palatalizing countryside and the palatalizing capital city. The
linguistic variables which favor palatalization are Status of the High Vowel and Quality of the Target
Consonant, factors phonological high vowel and unvoiced target consonant, respectively. The social
variable which favors palatalization is Gender, factor female.
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Keywords: language variation and change; Brazilian Portuguese; variable rule analysis in real time;
palatalization of dental stops.
1 Introdução
O português brasileiro é um conjunto de variedades, cada qual com
características que conferem sabor local à fala de seus habitantes.
No Rio Grande do Sul, tanto na variedade de fala da capital Porto Alegre quanto
nas comunidades do interior do Estado, pode ocorrer palatalização das oclusivas
alveolares /t d/ antes de vogal anterior alta subjacente (tia~[t ]ia, dia~[d ]ia) ou
derivada de /e/ em sílaba átona (gente~gen[t ], onde~on[d]). No entanto, a aplicação
dessa regra variável é alta na capital, com proporções superiores a 90% (BISOL, 1986;
KAMIANECKY, 2002), e moderada ou baixa em boa parte das comunidades gaúchas,
numa média de 40% (BISOL, 1986; ALMEIDA, 2000; PIRES, 2003; PAULA, 2006;
DUTRA, 2007; BATTISTI, DORNELLES FILHO, LUCAS e BOVO, 2007; MATTÉ,
2009; BATTISTI, 2011). Esses índices revelam um contraste entre a capital,
palatalizadora, e o interior do Estado, pouco palatalizador, percebido pelos próprios
gaúchos: em Porto Alegre, se fala tudo em tchi e dji, no interior, não, dizem eles. Os
índices sugerem, além disso, que a regra estaria se difundindo da capital às demais
comunidades do Estado, nelas possivelmente progredindo, com o aumento gradual das
proporções de aplicação ao longo do tempo.
O objetivo deste estudo é o de verificar se a regra de palatalização das oclusivas
alveolares está progredindo em uma comunidade gaúcha interiorana. Flores da Cunha,
pequeno município situado a nordeste do Rio Grande do Sul, na antiga região colonial
italiana do Estado (RCI-RS), é a comunidade investigada. Sua escolha se deve a duas
razões principais: (a) há dados de fala de Flores da Cunha armazenados em dois corpora
distintos, em entrevistas sociolinguísticas realizadas num intervalo de quase vinte anos,
as mais recentes em 2009, o que permite, na comparação dos índices de palatalização
nos dois momentos, medir o avanço, regressão ou estabilização da regra na comunidade;
(b) há estudos anteriores (ALMEIDA, 2000; BATTISTI, 2011) sobre palatalização em
Flores da Cunha que, com o controle de diferentes grupos etários, constataram a
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tendência de a regra progredir na comunidade. O estudo longitudinal aqui realizado
pode confirmar (ou não) essa tendência.
É feita análise de regra variável (LABOV, 1972) em tempo real, através de
estudo de tendência (LABOV, 1994). Ou seja, realiza-se análise quantitativa
(estatística) dos dados de fala, medindo-se a interação de fatores linguísticos e sociais e
seus efeitos sobre as realizações variáveis estudadas, em dois momentos distintos.
Seguem-se os mesmos critérios de estratificação, controlam-se as mesmas variáveis na
análise dos dados de cada uma das amostras, análise essa realizada separadamente.
Obtêm-se resultados específicos para cada amostra, porém comparáveis, o que
possibilita verificar aumento (ou não) da aplicação de uma regra variável no intervalo
de tempo considerado.
O presente estudo mostrará que a aplicação da regra cresceu na comunidade,
mantendo-se o mesmo padrão de condicionamento linguístico, mas com diferenças no
condicionamento social.
2 Fundamentação teórica
2.1 O estudo da variação e mudança linguística
Em Weinreich, Labov e Herzog (2006[1968]) e Labov (1972) encontram-se as
ideias fundadoras da Teoria da Variação. Os autores defendem que o estudo da variação
e mudança linguística seja necessariamente empírico e que o exame de grandes
conjuntos de dados de fala seja capaz de revelar a heterogeneidade ordenada, entendida
como intrínseca à língua e tomada como mecanismo da mudança. Dessas ideias
decorrem tanto noções operacionais, algumas brevemente abordadas a seguir, quanto os
procedimentos metodológicos tradicionalmente adotados nas análises de variação (ver
seção 3 deste trabalho).
Quando os falantes de um dado grupo pronunciam palavras ou empregam
estruturas gramaticais diferentes, mas equivalentes em termos de significado, fornecem
indícios de que a língua não é estática. Essas diferentes formas usadas para expressar a
mesma coisa são chamadas variantes, e o emprego alternativo de uma ou outra forma dá
origem à variação linguística. Por exemplo, em português, tu e você são formas
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alternativas de nos dirigirmos a um interlocutor. Tu e você são variantes, e o uso de uma
ou outra forma (você sabe ~ tu sabes ) institui variação linguística. Neste estudo, as
variantes em questão são as formas palatalizadas ([t ]ia, [d]ia) e não palatalizadas (tia,
dia).
Os grupos sociais que exibem um comportamento parecido em relação à língua
porque partilham normas de uso constituem as comunidades de fala, popularmente
identificadas por um sotaque particular, pelo uso peculiar de certas palavras e
expressões, pelo maior emprego de certas formas linguísticas. Por isso, determinadas
realizações são reconhecidas pelos falantes como típicas de uma região ou próprias de
grupos sociais unidos por características comuns (etnia, idade, entre outras). O falar
característico de cada grupo ou comunidade de fala denomina-se variedade.
Fenômenos ou processos variáveis como a palatalização não acontecem
aleatoriamente: são sistemáticos, influenciados por uma série de fatores, que podem ser
tanto de ordem social – como gênero, idade, escolaridade – quanto de ordem gramatical
– como contexto fonológico precedente e seguinte, classe de palavra. A interação dos
fatores extralinguísticos e linguísticos e sua força no condicionamento dos fenômenos
variáveis são expressos pelas regras variáveis, que também mostram como a língua se
organiza enquanto sistema heterogêneo. A análise de regra variável (LABOV, 1972,
1994, 2001), portanto, é o estudo por métodos quantitativos dos condicionamentos que
levam uma regra a aplicar-se em uma comunidade de fala, bem como do estágio em que
a regra se encontra no processo de mudança.
O tratamento da variação e mudança linguística por análise de regra variável
remete a duas noções de cunho metodológico: a observação em tempo aparente e a
observação em tempo real.
Observar a mudança em tempo aparente é o que se faz na análise da aplicação da
regra variável por falantes de diferentes idades. Dividem-se os falantes em grupos
etários, que vão dos mais jovens aos mais velhos. A produção pelos diferentes grupos
de uma determinada variável dá mostras sincrônicas daquilo que poderá se concretizar
como mudança na língua. O pressuposto é o de que os indivíduos de maior idade
representam a fala de gerações anteriores e que seu padrão de uso linguístico
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desaparecerá com eles. Os mais jovens levarão adiante seu padrão, representando agora
o que a língua poderá ser no futuro.
Ainda que essa distribuição possa ser monotônica, com taxas que cresçam ou
decresçam de forma contínua entre os diferentes grupos etários, ela talvez não forneça
ao pesquisador dados suficientes para que ele decida se o fenômeno encontra-se na
língua como mudança em progresso ou como gradação etária (age-grading, LABOV,
2001), isto é, como uma alteração regular no comportamento linguístico que se repete
de geração em geração em certa idade e que em breve desaparece. Nesse sentido, uma
análise longitudinal pode ser necessária.
A análise de regra variável em tempo real considera dados de momentos
relativamente distantes de uma comunidade de fala para dar conta dessa dificuldade.
Metodologicamente, esse tipo de análise pode ser realizado de duas formas: pela
comparação dos estudos atuais com estudos mais antigos, ou pela repetição de uma
análise após um lapso de tempo.
No primeiro caso, o investigador se reporta à literatura procurando estudos
anteriores sobre o fenômeno de interesse para, então, compará-los com seus resultados.
Esse método é o mais simples, mas encontra dificuldades. São reduzidas as chances de
que estudiosos, anos atrás, tivessem se interessado pelas mesmas questões hoje
relevantes ou que tivessem lidado com os dados da mesma maneira (escolha de
variáveis e fatores, por exemplo).
A outra possibilidade de análise de regra variável em tempo real é a de retornar à
comunidade anos depois e repetir um estudo já realizado. O recontato com os
informantes estudados anteriormente é um meio de se fazer isso, que pode ser produtivo
para o entendimento de como cada um dos indivíduos se comportou linguisticamente
com o passar dos anos, revelando se sua fala mudou ou encontra-se estável. Assim
realiza-se um estudo de painel. No entanto, nem sempre é possível recontatar e obter
dados dos mesmos informantes, que podem ter se mudado da localidade ou
eventualmente falecido. O estudo de tendência, então, é a opção do pesquisador. Nele
os dados são obtidos não com o mesmo falante, mas com falantes de mesmo perfil, com
as mesmas características consideradas relevantes na análise anterior. Buscam-se
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padrões da comunidade como um todo, partindo-se de amostras representativas
separadas por um período de tempo. Tais amostras precisam ser constituídas de forma
que contenham as mesmas variáveis sociais e linguísticas, assim como o mesmo número
de informantes.
Tanto o estudo de painel quanto o de tendência podem usar como fonte de dados
gravações de entrevistas sociolinguísticas, normalmente disponíveis em bancos de
dados de fala ou realizadas pelo próprio pesquisador. No presente trabalho, fazemos
análise em tempo real, estudo de tendência, utilizando entrevistas sociolinguísticas com
informantes de Flores da Cunha pertencentes a dois acervos, o do Projeto VARSUL
(Variação Linguística na Região Sul do Brasil, PUCRS, UFRGS, UFSC, UFPR), dos
anos 90 do século passado, e o do BDSer (Banco de Dados de Fala da Serra Gaúcha,
UCS), realizadas entre 2008 e 2009.
O acervo do VARSUL conta com 288 entrevistas de municípios de três estados
da região sul do Brasil: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Foram coletadas
amostras da capital e de outros 3 municípios do interior de cada estado. As gravações
são de aproximadamente 45 minutos. Nelas o falante relata aspectos de sua vida
pessoal, cotidiano, história da cidade, entre outros assuntos. Os entrevistados são
estratificados de acordo com a idade (de 25 a 50 anos e 50 anos ou mais), a escolaridade
(nível fundamental I - de 1 a 4 anos de escolaridade, nível fundamental II - de 5 a 8 anos
de escolaridade e nível médio - de 9 a 11 anos de escolaridade) e o gênero (masculino e
feminino).
O acervo do BDSer, iniciado em agosto de 2000, contém 223 entrevistas, 55 de
informantes de Caxias do Sul, 55 de São Marcos, 57 de Antônio Prado e 56 de Flores da
Cunha. As gravações das entrevistas têm duração média de 45 minutos e, como as
entrevistas do VARSUL, giram em torno de temas do cotidiano, para que se obtenham
dados o mais similares possível a uma conversa espontânea. A estratificação dos
informantes considera gênero (masculino e feminino), idade (18-29 anos, 30-49 anos,
50-69 anos, 70 ou mais anos), escolaridade (Fundamental-1ª a 4ª série, Fundamental-5ª
a 8ª série, Médio, Superior) e local de residência (zona urbana, zona rural).
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2.2 A palatalização variável das oclusivas alveolares em falares do Rio Grande do
Sul
Bisol (1986) analisa a palatalização das oclusivas /t d/ na fala de 60 informantes
de quatro grupos geográficos do Rio Grande do Sul: 15 de Porto Alegre, monolíngues-
português; 15 de Livramento, fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, onde se
vivencia o contato português-espanhol diariamente; 15 de Taquara, bilíngues português-
alemão; e 15 de Monte Bérico, Veranópolis, bilíngues português-italiano, em entrevistas
realizadas pela própria autora nos anos 80. A frequência total de aplicação foi de 65%,
com a seguinte distribuição: 90% em Porto Alegre, 79% em Livramento, 60% em
Taquara e 18% em Monte Bérico. Verificou que a palatalização é favorecida pelos
metropolitanos e fronteiriços, desfavorecida por italianos e alemães; nos metropolitanos
e fronteiriços, o processo é favorecido nas posições relativamente mais fortes da
palavra, nos italianos e alemães, nas posições mais fracas. Jovens palatalizam mais em
todos os grupos étnicos. A autora registra a interação entre a palatalização e a regra de
elevação de /e/ átono, a última alimentadora da primeira.
Kamianecky (2002) investiga a fala de 16 informantes do VARSUL, 8 de Porto
Alegre e 8 de Florianópolis. Em Porto Alegre, a frequência total de aplicação da regra
foi de 94%, enquanto que em Florianópolis a frequência foi de 8%. A variável Grupo
Geográfico mostrou-se a mais significativa dentre todos os grupos de fatores, seguida
por tipo de vogal alta, sexo, tonicidade, idade e contexto precedente, nessa ordem. A
tendência a aplicar a regra é maior com a vogal anterior alta subjacente, em sílaba átona
e com a consoante lateral e as contínuas coronais no contexto precedente. Mulheres e
indivíduos de menos de 50 anos tendem a palatalizar mais do que homens e indivíduos
com mais de 50 anos. Os resultados permitiram à autora concluir que a aplicação da
palatalização é categórica em Porto alegre, mas restrita em Florianópolis.
Battisti, Dornelles Filho, Lucas e Bovo (2007) estudam a comunidade de
Antônio Prado, pequeno município da RCI-RS próximo a Flores da Cunha e a Caxias
do Sul, com dados do BDSer (entrevistas de 2008-2009). Os autores verificaram que a
frequência total de aplicação é de 30% e o processo é favorecido por vogal alta
fonológica /i/ (a redução de /e/ átono em Antônio Prado é baixa), como também por
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jovens habitantes da zona urbana do município. Embora haja um aumento na frequência
de palatalização com o declínio da idade do informante, as taxas se estabilizam nas
faixas etárias mais jovens, o que leva a crer que a regra em Antônio Prado não seja
variação num processo de mudança, mas alternância que tenda a estabilizar-se no
sistema linguístico da comunidade em índices modestos, explicada pelas características
do próprio município de Antônio Prado, que vive um momento de transição entre o
tradicional e o moderno, mas que preserva com alguma força o tradicional.
Matté (2009) estuda a palatalização em Caxias do Sul, outro município da RCI-
RS, em 16 entrevistas do BDSer. Na comparação com o trabalho feito em Antônio
Prado, o grupo dos mais jovens, em Caxias do Sul, teve frequência de 75%, taxa que
decresce com o aumento da idade, o que sugere não a estabilização na aplicação da
regra, mas mudança em progresso. Entretanto, a frequência total de aplicação da regra,
de 35%, é bastante próxima aos 30% encontrados em Antônio Prado, o que possibilita
ao autor trabalhar com a hipótese de que o comportamento dos jovens de Caxias do Sul
instancie age-grading: os jovens poderiam estar incrementando a palatalização ao
ingressarem no mercado de trabalho, para depois, já estabelecidos profissionalmente,
diminuírem a proporção de palatalização. No estudo de Matté (2009), também
favorecem a palatalização a residência em zona urbana e o gênero feminino, assim
como a vogal alta fonológica subjacente e a consoante desvozeada /t/.
Para investigar a palatalização em Flores da Cunha (RS), Almeida (2000)
utilizou 24 entrevistas sociolinguísticas do VARSUL, que datam dos anos 90. A
frequência total de aplicação da regra foi de 47%, e o autor acredita que o processo
esteja em aquisição na comunidade. Foram controladas as variáveis linguísticas
Contexto Fonológico Precedente e Seguinte, Sonoridade, Tonicidade, Tipo de Vogal
Alta; e as variáveis extralinguísticas Idade, Escolaridade e Gênero. Favorecem a
palatalização os fatores vogal, vibrante, fricativa alveolar precedente e lateral e labial
seguintes, como também a oclusiva surda /t/, a sílaba postônica final e a vogal alta
derivada de /e/ átono. As três variáveis sociais mostraram-se relevantes para o processo:
promovem a palatalização as mulheres, os indivíduos que completaram o ensino médio
e aqueles com menos de 50 anos de idade, o que sugeriu ao autor a existência de
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mudança em progresso na comunidade, conduzida pelas mulheres ao adotarem a
variante de maior prestígio. Vale salientar que, no que concerne à escolha da variável
dependente, Almeida considera aplicação da regra palatalização com e sem africação,
opondo-as às formas não palatalizadas.
Battisti (2011) também estuda a palatalização das oclusivas alveolares em Flores
da Cunha, mas em dados do BDSer, levantados de 48 entrevistas sociolinguísticas. Os
informantes são dos dois gêneros, da zona urbana e rural e pertencem a quatro grupos
etários: 18 a 30 anos de idade; 31 a 50 anos; 51 a 70 anos; 71 ou mais anos. Essas
características configuram as três variáveis extralinguísticas controladas na análise:
Gênero, Local de Residência e Idade. As variáveis linguísticas são Contexto Fonológico
Precedente, Contexto Fonológico Seguinte, Status da Vogal Alta, Posição da Sílaba na
Palavra, Tonicidade da Sílaba, Qualidade da Consoante-Alvo. A proporção total de
aplicação da regra é de 29% e os fatores condicionadores do processo repetem os já
verificados em outros municípios pertencentes à mesma região, a RCI-RS: vogal alta
fonológica /i/ e consoante-alvo desvozeada /t/ favorecem o processo, bem como os
grupos etários jovens e a zona urbana do município. Os resultados sugerem à autora
pensar na região, e não em municípios específicos, quando de sua discussão, como
também interpretar o refreio à implementação da palatalização no interior do estado em
termos regionais. Diferentemente de Almeida (2000), a autora não agrupou consoantes
palatalizadas [ t d ] sem africação e consoantes palatalizadas e africadas [ t d ] como
aplicação da regra. Só as palatalizadas e africadas foram codificadas como aplicação da
regra, o que pode explicar a diferença na proporção total de palatalização verificada nos
dois trabalhos.
Da revisão feita sobre estudos de palatalização, fazemos algumas considerações
relevantes para a análise aqui empreendida:
a) a proporção de palatalização verificada em Porto Alegre é alta. Nas demais
comunidades gaúchas investigadas, incluindo-se Flores da Cunha, a aplicação da regra é
moderada ou baixa;
b) as análises de regra variável realizadas observam a mudança em tempo aparente, isto
é, mediante análise da aplicação da regra por diferentes grupos etários. A conclusão
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geral é a de que falantes jovens palatalizam mais do que falantes velhos, sugerindo que
a regra tende a progredir nas comunidades investigadas;
c) dentre os condicionadores sociais, além de Idade destaca-se a variável Gênero, com
Feminino favorecendo a aplicação da regra;
d) dentre os condicionadores linguísticos, têm papel favorecedor a vogal alta subjacente
e a consoante-alvo desvozeada. Tonicidade da sílaba e os contextos fonológico e
seguinte podem ter algum papel, mas que se mostra distinto nas comunidades
investigadas;
e) tanto o estudo de Almeida (2000) quanto o de Battisti (2011) são sobre palatalização
em Flores da Cunha, o primeiro com dados do VARSUL, o segundo com dados do
BDSer. Embora tenham potencial para cumprir o objetivo do presente estudo, trazem
resultados que não se podem comparar porque (i) a estratificação etária não é a mesma.
Almeida (2000), seguindo a estratificação do próprio VARSUL, divide os informantes
em menos de 50 anos, mais de 50 anos. Battisti (2011), em conformidade com a
estratificação do BDSer, considera quatro grupos etários (18-29 anos, 30-49 anos, 50-69
anos, 70 ou mais anos); (ii) a amostra de Almeida (2002) é bastante menor, com dados
de 24 entrevistas, Battisti (2011) usa dados de 48 entrevistas; (iii) além disso, é de se
estranhar que nos dados do VARSUL tenha se verificado 47% de palatalização
(ALMEIDA, 2000) e, nos do BDSer, 29% (BATTISTI, 2011), apontando regressão da
regra, quando há indícios de que ela esteja progredindo na comunidade. Como vimos
acima, esse resultado pode derivar da diferente codificação das formas palatalizadas
sem africação, registradas como aplicação da regra em Almeida (2000), e não aplicação
da regra em Battisti (2011).
Com essas considerações, justifica-se a necessidade de realizar nova análise da
palatalização variável das oclusivas alveolares em Flores da Cunha em dados do
VARSUL e do BDSer, desta vez considerando-se igual número de entrevistas,
informantes com a mesma estratificação por idade e com o mesmo critério de registro
de aplicação-não aplicação da regra. É uma análise em tempo real, estudo de tendência,
conforme a metodologia explicitada a seguir.
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3 Metodologia
3.1 A comunidade de fala: Flores da Cunha
Flores da Cunha é um dos 55 municípios da RCI-RS, região onde hoje vivem
descendentes dos imigrantes italianos ali assentados no final do século XIX. É
município pequeno em termos populacionais, são em torno de 27000 os seus habitantes.
Faz limite com Caxias do Sul, maior cidade do interior do Rio Grande do Sul. Na área
de 272,66 km², a zona rural é relativamente grande e o pequeno centro urbano dá sinais
de crescimento. Sua economia é diversificada, inclui indústria, comércio, serviços,
agricultura. O município é um dos maiores produtores de vinho do Brasil e sua indústria
moveleira exporta para a América latina, Estados Unidos e Europa, entre outros.
Há bilíngues português-fala dialetal italiana em Flores da Cunha. As práticas
bilíngues são mais frequentes na zona rural e são sobretudo orais (falar e compreender a
língua). Na zona urbana, embora não falem dialeto italiano, os florenses conseguem
compreendê-lo. Tradições italianas, principalmente as gastronômicas e às referentes à
cultura da uva e do vinho, são exploradas pelo turismo local em celebrações como a
Festa da Vindima, por exemplo.
3.2 As entrevistas sociolinguísticas selecionadas
O VARSUL conta com 26 entrevistas sociolinguísticas da cidade de Flores da
Cunha, e o BDSer conta com 56. As entrevistas do VARSUL foram gravadas em sua
maioria em dezembro de 1990, sendo que duas delas datam de 1995, as quais não foram
utilizadas na análise. As do BDSer, por sua vez, foram realizadas entre 2008 e 2009, o
que representa uma diferença de aproximadamente dezenove anos entre as gravações.
Para este estudo foram utilizadas, ao todo, 24 entrevistas, 12 do VARSUL e 12
do BDSer. São seis informantes femininos e seis masculinos de cada banco, distribuídos
em três diferentes grupos etários: 25 a 39 anos, 40 a 59 anos e 60 ou mais anos.
Chegou-se a esses três grupos etários para contornar a diferente estratificação por idade
das amostras do VARSUL (dois grupos etários) e do BDSer (quatro grupos etários).
Consideraram-se as informações registradas nas Fichas Sociais dos informantes para
promover tal compatibilização.
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3.3 Levantamento, codificação e tratamento estatístico dos dados
Das entrevistas do VARSUL, foram levantados 7938 contextos de palatalização
e, das entrevistas do BDSer, 5267 contextos. Todos foram codificados conforme as
variáveis dependente e independentes consideradas na análise, apresentadas a seguir.
Após a codificação, os contextos foram submetidos à análise de regra variável com o
pacote de programas computacionais VARBRUL, versão Goldvarb X1.
3.3.1 Variável dependente
Os contextos levantados foram ocorrências a que a palatalização das consoantes
oclusivas alveolares, variável dependente, pode se aplicar. Ou seja, formas com /t d/
antes de vogal anterior alta. Dentre elas, estão formas com vogal alta subjacente /i/
(tinha~[t inha, diretor~[d iretor) e formas com [i] resultante da elevação da vogal /e/
em sílaba átona (gente~gen[t ], grande~gran[d ]).
Palatalização é um processo assimilatório, envolve a adoção, por um segmento,
de características de segmentos vizinhos. A característica em questão é o emprego da
lâmina/corpo da língua na articulação do segmento. Na palatalização das oclusivas
alveolares, /t/ e /d/ assimilam tal característica articulatória da vogal alta seguinte. Além
da palatalização propriamente dita, as consoantes sofrem africação, isto é, há um
pequeno escape de ar ao final de sua articulação.
3.3.2 Variáveis independentes
As variáveis independentes correspondem às hipóteses testadas na análise. As
variáveis consideradas no presente estudo derivam das análises revisadas, razão pela
qual se optou por não se referirem as fontes específicas na apresentação a seguir.
3.3.2.1 Variáveis extralinguísticas
3.3.2.1.1 Gênero
1Disponível em: http://individual.utoronto.ca/tagliamonte/goldvarb.htm. Acesso em: 28 out. 2012.
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Os fatores controlados são Masculino e Feminino. Acredita-se que a aplicação
da regra seja favorecida por Feminino em Flores da Cunha, com base nos padrões
encontrados na RCI-RS e na própria comunidade de Flores da Cunha, conforme os
estudos revisados.
3.3.2.1.2 Idade
A variável Idade reúne os fatores 25 a 39 anos, 40 a 59 anos e 60 ou mais anos.
A hipótese é a de que os falantes mais jovens favoreçam a palatalização na comunidade
caso de fato a palatalização das oclusivas alveolares seja variação na mudança em
progresso na comunidade.
3.3.2.2 Variáveis linguísticas
3.3.2.2.1 Contexto Fonológico Precedente
Os fatores reunidos na variável Contexto Fonológico Precedente são: Vogal Oral
(metida, medida), Ditongo (oitiva, Neide), Nasal (mentira, grande), Consoante Lateral
(malte, caldinho), Consoante Sibilante (estilo, desde), Vibrante ou Tepe (arte, arde),
Zero (_tia, _depois). Acredita-se que esse grupo de fatores tenha papel frente à regra,
mas o efeito de cada um deles, se favorecedor ou desfavorecedor, é o que se quer
descobrir.
3.3.2.2.2 Contexto Fonológico Seguinte
Na variável Contexto Fonológico Seguinte, controlam-se os fatores: Vogal
(teatro, dia), Consoante Sibilante e Fricativa Anterior (disse, devia), Consoante
Sibilante e Fricativa Posterior (tijolo, derrubar), Consoante Oclusiva (tipo, depois),
Consoante Lateral Anterior (dilema, inteligente), Consoante Lateral Posterior (gatilho,
Padilha), Consoante Nasal Anterior (time, dinâmica), Consoante Nasal Posterior
(dinheiro, tinhoso), Vibrante ou Tepe (tirar, derrubou), Consoante Africada (radi[],
de[d ]car) e Zero (gente_, grande_). Acredita-se que os fatores Vogal e Sibilante
favoreçam a aplicação da regra, como já verificado em estudos anteriores.
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3.3.2.2.3 Status da Vogal Alta
Os fatores analisados nesse grupo são Vogal Anterior Alta Fonológica / i /, como
antigo, e a Vogal Anterior Alta Fonética, em que a vogal /e/ em sílaba átona é passível
de elevar-se a [i], como em antes. Na maioria das análises, a vogal alta fonológica
condiciona a aplicação da regra. Essa é a hipótese do presente estudo.
3.3.2.2.4 Posição da Sílaba na Palavra
A variável Posição da Sílaba na Palavra tem como fatores: Inicial (teatro,
diário), Medial (medida, antigo), Final (bonde, ponte), Monossílabo (diz, TIM), Inicial
de Locução (de manhã, te falei), Inicial em Locução (pra tirar, se dizer), Monossílabo
em Locução (se diz, pra ti). Embora a sílaba final tenha se mostrado favorecedora da
palatalização em alguns estudos, seu papel e o das outras posições não é claro, razão
pela qual se controla o efeito desse grupo de fatores.
3.3.2.2.5 Tonicidade da Sílaba
Átona pretônica e postônica não final (atitude, médico), Átona final (pote,
entende), Tônica (medida, bati), Clítico (de, te) são os fatores reunidos na variável
Tonicidade da Sílaba. Contrariando estudo anterior, a hipótese é a de que a sílaba tônica
favoreça a palatalização das oclusivas alveolares em Flores da Cunha.
3.3.2.2.6 Qualidade da Consoante-Alvo
Os fatores da variável Qualidade da Consoante-Alvo são a consoante vozeada /d/
e a desvozeada /t/. Espera-se que a consoante desvozeada favoreça a palatalização,
como constataram estudos anteriores.
4 Análise
Os dados do VARSUL e os do BDSer foram rodados separadamente, mas
testando-se o mesmo conjunto de variáveis. Foi feita mais de uma rodada dos dados,
com amalgamação de fatores de algumas variáveis (Contexto Fonológico Precedente,
Contexto Fonológico Seguinte, Posição da Sílaba na Palavra), para garantir uma boa
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distribuição dos dados por fator e também buscar que variáveis descartadas2 pelo pacote
de programas VARBRUL fossem selecionadas.
Também se procurou dar conta da não-ortogonalidade das variáveis Status da
Vogal Alta, Tonicidade da Sílaba e Posição da Sílaba na Palavra: uma vogal alta
fonética é átona, exclusivamente. Uma vogal alta fonológica átona praticamente não se
verifica em sílaba final de vocábulo. Assim, para viabilizar a operação adequada dos
programas do pacote VARBRUL, a variável Status da Vogal Alta não foi controlada em
rodadas juntamente com as variáveis Posição da Sílaba na Palavra ou Tonicidade da
Sílaba e vice-versa.
Até o fechamento deste trabalho, e mesmo com esses refinamentos na análise
estatística, os programas do pacote VARBRUL seguiram estabelecendo a ordem de
relevância das variáveis, o que significa que nem todas têm, de fato, efeito sobre o
fenômeno em questão. A ordem de seleção é a seguinte, sendo mais relevante a primeira
variável de cada lista, a relevância decrescendo de cima para baixo:
VARSUL
Status da Vogal Alta
Gênero
Qualidade da Consoante alvo
Contexto Fonológico Seguinte
Idade
Posição da Sílaba na Palavra
Tonicidade
BDSer
Status da Vogal Alta
Idade
Gênero
Qualidade da Consoante Alvo
Tonicidade
Contexto Fonológico Seguinte
Contexto Fonológico Precedente
Posição da Sílaba na Palavra
Quadro 1 – Ordem de seleção das variáveis
Destacadas em negrito estão as variáveis mais relevantes e comuns aos dados
dos dois bancos. São os resultados dessas variáveis que apresentaremos e discutiremos a
seguir. Além dessas três, os resultados da variável Idade serão abordados, em razão de
ser a segunda mais relevante para um dos conjuntos de dados (BDSer) e porque é uma
2 Os programas descartam uma variável quando seus resultados não são estatisticamente relevantes. Em
alguns casos, a irrelevância decorre do excesso de fatores por variável, o que pode implicar má
distribuição dos dados por fator. Em outros, deriva de valores de pesos relativos muito próximos. Em tais
casos, antes do descarte da variável, promove-se amalgamação de fatores (reunião de dados de fatores
diferentes em um só), para verificar se, com isso, os programas selecionam a variável.
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variável fundamental para tecer qualquer consideração sobre variação e mudança
linguística.
Os resultados de algumas das demais variáveis apresentam enviesamentos3, o
que sugere que a análise estatística no que se refere a elas necessita ser ainda
aperfeiçoada, mais uma razão para nos abstermos de divulgá-los aqui.
5 Resultados
A proporção (ou frequência) total de palatalização em Flores da Cunha foi de
25% nos dados do VARSUL e de 32% nos do BDSer. Houve, portanto, incremento na
aplicação da regra no intervalo de 19 anos, o que indica que a palatalização é variação
na mudança em progresso na comunidade de Flores da Cunha. O aumento não foi
grande, mas se os próximos vinte anos repetirem o que ocorreu nos últimos, é possível
que a aplicação da regra na comunidade venha a beirar os 40%.
A proporção mais atual, verificada nos dados do BDSer, gira em torno de 30%,
moderada e condizente com as taxas obtidas em Antônio Prado e Caxias do Sul (ambas
da RCI-RS), de 30% e 35%, respectivamente. Essa é a razão de Battisti (2011) defender
a existência de um padrão de fala regional comum à RCI-RS, que difere do padrão da
região metropolitana do Estado e pode justificar os resultados obtidos para as demais
variáveis controladas. A palatalização vem se difundindo na RCI-RS, mas lentamente, o
que se verifica também em outras práticas sociais (como as gastronômicas) dado o valor
positivo que os elementos tradicionais, relacionados à cultura da imigração italiana, têm
na comunidade.
5.2 Variáveis extralinguísticas
5.2.1 Gênero
Em ambos os bancos, a expectativa de que o gênero feminino favorecesse a
palatalização foi confirmada. É o que se vê nas Tabelas 1 e 2. Apesar disso, nota-se que,
no período de quase vinte anos, as mulheres tiveram leve queda na aplicação da regra,
3 Há enviesamento quando o fator com o maior peso relativo não corresponde ao fator com maior
frequência/proporção de aplicação da regra.
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de 2%, enquanto os homens aumentaram substancialmente sua frequência de
palatalização, passando de 9% para 23%.
Esse padrão também se reflete nos pesos relativos4, índices que apontam a
tendência de o processo ocorrer em dado ambiente ou em obediência a determinado
condicionamento. Tanto nos dados de um quanto de outro banco, os pesos relativos
apontam Feminino como condicionador da regra, Masculino como desfavorecedor de
sua aplicação, mas os valores estão menos distantes nos resultados do BDSer.
Tabela 1 – Gênero: VARSUL
Fatores Aplicação/total Frequência Peso relativo
Masculino 383/4154 9% 0,23
Feminino 1584/3784 42% 0,79
TOTAL 1967/7938 25%
Input: 0,13 Significância: 0,03
Tabela 2 – Gênero: BDSer
Fatores Aplicação/total Frequência Peso relativo
Masculino 511/2220 23% 0,36
Feminino 1166/3047 38% 0,59
TOTAL 1677/5267 32%
Input: 0,21 Significância: 0,00
A explicação para essa sutil mudança no padrão de palatalização referente a
Gênero se explica, de um lado, pelo caráter inovador da regra e, por outro, pelas
mudanças ocorridas na comunidade de Flores da Cunha nos últimos anos.
Na esteira do que afirma Labov (2001) para variação e mudança linguística no
inglês americano, as mulheres apresentam-se como líderes na adoção de novas formas
principalmente quando essas envolvem algum prestígio. Esse pode ter sido o caso das
informantes do gênero feminino para palatalização nos anos 90 em Flores da Cunha,
4 Os pesos relativos são expressos em um intervalo de 0 a 1. Pesos relativos abaixo de 0,5 indicam que o
fator desfavorece (ou não condiciona) a aplicação da regra variável em questão. Pesos relativos acima de
0,5 indicam que o fator favorece (ou condiciona) a aplicação da regra. Pesos relativos em torno de 0,5
indicam a neutralidade do fator frente à regra, razão pela qual é denominado ‘ponto neutro’ em muitas
análises.
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adotando tacitamente formas mais prestigiadas (na mídia, talvez, e na capital do
Estado). Essa adoção mais forte e pioneira das novas formas pelas mulheres é em geral
explicada pelos papéis e posições ocupados por elas nas sociedades ocidentais de
modelo econômico capitalista. As mulheres necessitam provar, mais do que os homens,
que são capazes de exercer certas funções, o que lhes impõe maiores cuidados e maior
conhecimento em geral, estendendo-se essa preocupação à fala.
A comunidade de Flores da Cunha vem sofrendo algumas mudanças nos últimos
anos, o que pode ter motivado a crescente adoção das formas palatalizadas também
pelos homens. Se, de um lado, hoje a comunidade explora as raízes da imigração
italiana no turismo (o que refrearia a adoção de formas inovadoras como as
palatalizadas), por outro a indústria local tem crescido, principalmente a moveleira e a
vitivinícola. Os empresários, maiormente homens, e seus colaboradores atuam nos
mercados nacional e internacional, tendo assim contatos com falantes de outras
variedades de português e, como as mulheres há vinte anos, abrem sua fala a inovações.
5.2.2 Idade
Os resultados da variável Idade, ao menos os que se referem aos dados do
VARSUL, não se mostraram tão esclarecedores quanto esperávamos. Observem-se as
Tabelas 3 e 4.
Tabela 3 – Idade: VARSUL
Fatores Aplicação/total Frequência Peso relativo
25 a 39 562/2568 22% 0,52
40 a 59 992/3255 30% 0,55
60 ou mais 413/2115 19% 0,39
TOTAL 1967/7938 25%
Input: 0,13 Significância: 0,03
Tabela 4 – Idade: BDSer
Fatores Aplicação/total Frequência Peso relativo
25 a 39 1077/2085 52% 0,83
40 a 59 281/1403 20% 0,26
60 ou mais 319/1776 18% 0,26
TOTAL 1677/3579 32%
Input: 0,21 Significância: 0,00
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Nos dados do VARSUL, o grupo etário que condiciona a palatalização não é o
mais jovem, como havíamos hipotetizado. É o grupo de meia-idade, o que não nos
permite afirmar que, nos anos 90 do século 20, houvesse indícios em Flores da Cunha
de que a palatalização variável progrediria na comunidade. O quadro ali seria de
regressão da regra.
Já nos dados do BDSer, a distribuição monotônica das frequências, refletida nos
pesos relativos, com o grupo mais jovem palatalizando mais do que os grupos de maior
idade, indica a tendência de a palatalização ser incrementada na comunidade nas
gerações futuras.
Talvez os resultados do VARSUL devam-se ao fato de que, apesar de nossos
esforços de criar mais um grupo etário, a estratificação original tenha pesado sobre a
reconfiguração. Observadas atentamente, as idades dos informantes concentram-se em
torno dos 50 anos de idade.
De qualquer forma, e considerando-se os resultados da amostra mais atual, é
possível afirmar, conforme Battisti (2011), que hoje os jovens de Flores da Cunha
deslocam-se mais do que há vinte anos a outros centros urbanos para frequentar cursos
universitários e se divertir. Também têm experiências diárias não-locais através da
mídia e da tecnologia, estabelecendo contato com novos valores e práticas, mas não
desprezam os elementos locais. Isso os coloca na posição de inovadores, mas seu
impacto é minimizado nos grupos sociais locais de que são integrantes.
5.3 Variáveis linguísticas
5.3.1 Status da Vogal Alta
Os valores obtidos para a variável Status da Vogal Alta mantiveram-se quase
inalterados passados quase vinte anos. Observem-se os resultados nas Tabelas 5 e 6.
Tabela 5 - Status da Vogal Alta: VARSUL
Fatores Aplicação/total Frequência Peso relativo
Vogal alta fonética
/ e / > [ i ] (balde)
557/5222 11% 0,25
Vogal alta 1410/2716 52% 0,88
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Tabela 6 - Status da Vogal Alta: BDSer
Fatores Aplicação/total Frequência Peso relativo
Vogal alta fonética /
e / > [ i ] (balde)
513/3454 15% 0,26
Vogal alta
fonológica / i / (dia)
1164/1813 64% 0,87
TOTAL 1677/5267 32%
Input: 0,21 Significância: 0,00
Apesar do leve aumento na proporção de aplicação da regra nos dados do BDSer,
os valores de peso relativo mostram que, como há quase vinte anos, a vogal alta
fonológica é o condicionador da palatalização em Flores da Cunha. A explicação
geralmente aventada para esse resultado é o fato de a comunidade ser bilíngue português-
fala dialetal italiana. Na fala dialetal, a vogal final /e/ é morfêmica, indica o plural de
nomes femininos (nonna-nonne, ‘vovó-vovós’), razão porque é claramente enunciada.
Essa característica pode ter sido transferida ao português local, justificando o baixo índice
de elevação da vogal /e/ em sílaba átona na comunidade.
Em um controle paralelo nos mesmos dados que serviram à presente análise de
palatalização, verificamos a proporção total de elevação da vogal /e/ em sílaba átona.
Nos dados do VARSUL, a elevação foi de 25% e a palatalização de /t d/ por [i] elevado
de /e/ foi de 11%. Nos dados do BDSer, a elevação foi de 32% e a palatalização de /t d/
por [i] elevado de /e/ foi de 15%. Em ambas as amostras, a elevação de /e/ em sílaba
átona é baixa e, dos segmentos elevados, menos da metade palataliza /t d/. Assim, em
Flores da Cunha, contextos com /i/ fonológico passíveis de palatalização exibirão
alternância entre duas formas (tinha~[t inha, diretor~[d iretor), contextos com [i]
fonético exibirão alternância entre três formas (gente~gen[t]~gen[t],
grande~gran[d]~gran[d]) dada a possibilidade de se elevar /e/ para [i] sem que haja
palatalização. Isso explica o papel preponderante da vogal fonológica /i/ no
condicionamento da regra.
fonológica / i / (dia)
TOTAL 1967/7938 25%
Input: 0,13 Significância: 0,03
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5.3.2 Qualidade da Consoante-Alvo
Os resultados da variável Qualidade da Consoante-Alvo confirmam a hipótese
de que a consoante desvozeada favorece a palatalização, a vozeada desfavorece. Vejam-
se os resultados nas Tabelas 7 e 8.
Tabela 7 – Qualidade da Consoante-Alvo: VARSUL
Fatores Aplicação/total Frequência Peso relativo
/d/ (dia) 797/4484 18% 0,40
/t/ (tia) 1170/3454 34% 0,62
TOTAL 1967/7938 25%
Input: 0,13 Significância: 0,03
Tabela 8 – Qualidade da Consoante-Alvo: BDSer
Fatores Aplicação/total Frequência Peso relativo
/d/ (dia) 732/2799 26% 0,40
/t/ (tia) 945/2460 38% 0,60
TOTAL 1677/5259 32%
Input: 0,21 Significância: 0,00
Houve um aumento na proporção de aplicação da regra no fator /d/ no intervalo
de quase vinte anos, mas os valores de peso relativo são praticamente os mesmos,
mantendo-se a consoante desvozeada como favorecedora da palatalização.
Isso se deve às características articulatórias dos segmentos envolvidos no
processo de palatalização. A energia articulatória necessária para palatalizar concentra-
se na parte anterior da cavidade bucal, como também acontece na produção das
consoantes desvozeadas. Há, portanto, uma semelhança na articulação da consoante
desvozeada /t/ que a aproxima do processo de palatalização, explicando seu papel
favorecedor.
6 Conclusão
A análise em tempo real da palatalização das oclusivas alveolares em Flores da
Cunha (RS) confirma o que análises em tempo aparente haviam captado: a aplicação da
regra variável vem sendo incrementada com o passar do tempo, o que caracteriza
variação na mudança em progresso. O exame de dados coletados em dois momentos
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(amostras do VARSUL e do BDSer), com um intervalo de quase vinte anos entre as
coletas, revela o papel condicionador das variáveis linguísticas Status da Vogal Alta e
Qualidade da Consoante-Alvo, em seus fatores vogal alta fonológica e consoante-alvo
desvozeada, respectivamente; e da variável extralinguística Gênero em seu fator
feminino. O papel favorecedor de Idade, fator 25 a 39 anos, é verificado apenas nos
dados do BDSer. A inconsistência nos resultados de Idade para os dados do VARSUL
talvez se deva a características da própria estratificação original do banco, em dois
grupos etários, apenas, que infelizmente não se conseguiu contornar com os esforços
empreendidos.
A palatalização variável em Flores da Cunha, apesar do incremento na aplicação
da regra, ocorre em índices moderados, num aparente refreio à difusão do processo. Tal
refreio é verificado em outras comunidades da mesma região, a RCI-RS. Trata-se de um
padrão regional motivado linguisticamente, pelos baixos índices de elevação de /e/ em
sílabas átonas, entre outros aspectos, e socialmente, pela moderada abertura da
comunidade a práticas sociais inovadoras. Esse padrão ilustra a situação de contraste
entre capital e interior do Estado hoje existente, mas para a qual há indícios de
mudanças futuras.
Referências
ALMEIDA, M. A. B. de. A variação das oclusivas dentais na comunidade bilíngue
de Flores da Cunha: uma análise quantitativa. 2000. 106 f. Dissertação (Mestrado
em Letras – Linguística Aplicada) – PUCRS, Porto Alegre.
BATTISTI, E.; DORNELLES FILHO, A.A.; LUCAS, J.I.P.; BOVO, N.M.P. Palatalização
das oclusivas alveolares e a rede social dos informantes. Revista virtual de estudos da
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Recebido Para Publicação em 30 de outubro de 2012.
Aprovado Para Publicação em 23 de novembro de 2012.