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Variabilidade pluvial no semiárido brasil Impactos e vulnerabilidades na paisagem da bacia rio Moxotó eiro: hidrográfica do UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA Tese de Doutorado apresentada ao programa de pós-graduação em Geografia Keyla Manuela Alencar da Silva Alves Orientador: Prof. Dr. Ranyére Silva Nóbrega

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Variabilidade pluvial no semiárido brasil Impactos e vulnerabilidades na paisagem da bacia

rio Moxotó

eiro:

hidrográfica do

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

Tese de Doutorado apresentada ao programa

de pós-graduação em Geografia

Keyla Manuela Alencar da Silva Alves

Orientador: Prof. Dr. Ranyére Silva Nóbrega

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

Variabilidade pluvial no semiárido brasileiro: Impactos e vulnerabilidades na paisagem da bacia

hidrográfica do rio Moxotó

Keyla Manuela Alencar da Silva Alves

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Geografia da

Universidade Federal de

Pernambuco, orientada pelo Prof.

Dr. Ranyére Silva Nóbrega, como

requisito para obtenção de grau de

doutor em Geografia.

Recife

2016

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Catalogação na fonte

Bibliotecária Maria do Carmo de Paiva, CRB-4 1291

A474v Alves, Keyla Manuela Alencar da Silva. Variabilidade pluvial no semiárido brasileiro : impactos e

vulnerabilidades na paisagem da bacia hidrográfica do rio Moxotó / Keyla Manuela Alencar da Silva Alves. – 2016.

162 f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Ranyére Silva Nóbrega.

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco, CFCH. Programa de Pós-Graduação em Geografia, Recife, 2016.

Inclui referências.

1. Geografia. 2. Mudanças climáticas – Aspectos ambientais. 3. Impacto ambiental. 4. Bacias hidrográficas – Moxotó, Rio, Vale (PE e AL). 5. Precipitação (Meteorologia). I. Nóbrega, Ranyére Silva (Orientador). II. Título.

910 CDD (22.ed.) UFPE (BCFCH2016-52)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS - CFCH DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS - DCG

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - PPGEO

KEYLA MANUELA ALENCAR DA SILVA ALVES

VARIABILIDADE PLUVIAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: IMPACTOS E

VULNERABILIDADES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MOXOTÓ EM PERNAMBUCO

Tese aprovada, em 29/02/2016, pela comissão examinadora:

Prof. Dr. Ranyére Silva Nóbrega (1º examinador – orientador – PPGEO/DCG/UFPE)

Prof. Dr. Francisco de Assis Mendonça (2º examinador – Geografia/UFPR)

Prof. Dr. Antonio Carlos de Barros Corrêa (3º examinador – PPGEO/DCG/UFPE)

Prof. Dr. Osvaldo Girão da Silva (4º examinador – PPGEO/DCG/UFPE)

Prof. Dr. Kleython de Araújo Monteiro (5º examinador – Geografia/UFAL)

RECIFE 2016

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A ciência é mais que um simples

conjunto de conhecimentos: é uma

maneira de pensar.

Carl Sagan

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Dr. Ranyere Nóbrega, pela humildade e

paciência em compartilhar conhecimentos acadêmicos e experiências. Por

dedicar-se não apenas transmitir informações, e sim em assumir a função de

um verdadeiro mestre que contribui na formação plena de seus alunos.

Obrigada por todos os anos de ensinamentos.

A minha mãe Ruth Alencar, por tudo que ela é, e por toda educação e

sabedoria que me transmitiu, pela dedicação, entrega e amor, tudo que faço é

para ela e por ela. Aos meus irmãos, Kessio e Kenya, minha mais profunda

gratidão pelo amor e apoio.

Ao meu amor e companheiro Tomás Dahm, porto de todas minhas

tempestades. Obrigada por não me deixar desistir.

A todos meus amigos do Laboratorio de Territorio y Medio Ambiente da

Universidad de Chile, principalmente a Dustyn Opazo, Silvana Espinosa,

Josefa Vergara, Pamela Smith e o prof. Dr. Hugo Romero. Minha estadia juntos

a vocês foi uma das etapas mais importantes para meu crescimento

profissional.

Aos meus amigos queridos do GEQUA, TROPOCLIMA, e especialmente

ao meu amigo Edvaldo Dias (NEMA).

As minhas queridas amigas Larissa Rafael, Jessica Menezes, Ana Clara

Magalhães, Drielly Fonseca e Luanda Calado, pela ajuda nas horas de tensão

da tese. Que nossa solidariedade fortaleza a presença feminina na ciência.

A todos os meus professores da Universidade Federal de Pernambuco.

A Blanca Vasquez Torres e Prof. Esteban Soto, da Universidad

Tecnológica Metropolitana, pelo apoio e compreensão.

A Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de

Pernambuco (FACEPE) por financiar esta pesquisa.

Agradeço a todos meus amigos de Olinda por compreenderem minha

ausência e por me apoiarem.

Muito obrigada!

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RESUMO

A pesquisa aqui presente visou compreender os aspectos das mudanças

ambientais (climática e da cobertura vegetal), e os impactos e vulnerabilidades

produzidas por tais mudanças na Bacia Hidrográfica do Rio Moxotó, que se

encontra localizada no semiárido pernambucano. Para análise das mudanças

ambientais foram utilizadas a técnica de análise de tendência de precipitação

Mann-Kendall, aplicada a uma série de dados de 84 anos extraídos de 38

estações meteorológicas, e para análise espaço-temporal das mudanças da

cobertura vegetal a técnica NDVI utilizando imagens satelitais Landsat 5 e 7.

Com base nos dados obtidos a partir dessas técnicas, observaram-se os

impactos e também serviram para compor como indicadores na construção do

índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas. O resultado da análise de

tendência de precipitação apresentou que as tendências na área da bacia não

são homogenias; e que o resultado referente à análise do comportamento da

cobertura vegetal demonstra que a vegetação nativa apresenta-se mais

conservadas nas áreas de altitudes mais elevadas e nas áreas de morros

testemunhos e relevos residuais da bacia sedimentar do Jatobá. Para

construção do índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas foram

selecionados indicadores tomando como critério de seleção a relação

conceitual \cientifica que cada um destes possuía com as mudanças climáticas

e a área de estudo. Assim foram selecionados indicadores de caráter social,

econômico e físico que foram agrupados em três subíndices (exposição,

sensibilidade e capacidade adaptativa), onde cada um desses subíndices

representava a variabilidade climática e as mudanças na cobertura vegetal, as

vulnerabilidades sociais e econômicas e os aspectos positivos que favorecem a

adaptação às mudanças ambientais, respectivamente. Dentre os resultados

gerados pelos subíndices e índice final, observou-se que os municípios em

situação mais grave são Jatobá, Ibimirim e Tupanatinga, que apresentaram os

níveis mais elevados de vulnerabilidades ás mudanças climáticas. A partir de

todos os resultados e análises apresentados fica evidente a importância dos

estudos de vulnerabilidades sociais e ambientais como recursos para o

entendimento dos efeitos das mudanças climáticas sobre sistemas sociais e

ambientais.

Palavras – chaves: mudanças climáticas, vulnerabilidade, bacia hidrográfica

do rio Moxotó, tendência de precipitação, NDVI.

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ABSTRACT

This research aimed to understand environmental changes aspects (climate

and vegetation cover), and the impacts and vulnerabilities produced by those

changes in Moxotó watershed, located in semiarid. In order to investigate the

environmental changes, Mann-Kendall trends test was applied to analyze

precipitation trends by using a series of 84-year data obtained from 38

meteorological stations, and to evaluate space-temporal changes in vegetation

cover NDVI method was used through Landsat 5 and 7 imagery. The data

provided by these methods permitted to observe the impacts and served as

indicators of climate change vulnerability index. The results of Mann-Kendall

test showed that trends of precipitation in Moxotó watershed are not

homogeneous; and the analysis of vegetation cover behavior demonstrates that

native vegetation is well-preserved in higher altitude areas and residual

landforms of Jatobá sedimentary basin. Indicators used to construct the climate

changes vulnerabilities index were selected trough their conceptual/scientific

relation between climate changes and the study area. Therefore, social,

economic and physical indicators were selected and clustered in three sub-

indexes (exposure, sensibility and adaptive capacity), each one represented the

climate variability and changes in vegetation cover, social and economic

vulnerabilities and positive aspects that favors adaptation to climate change,

respectively. The outcomes obtained through the sub-indexes and final index

presented that Jatobá, Ibimirim and Tupanatinga municipalities presented the

highest vulnerability levels to climate changes. Based on the results and

analysis mentioned, became evident the importance of researches in social

and environmental vulnerabilities issues to support the understanding of climate

changes effects on social and environmental systems.

Keywords: climate changes; Moxotó watershed; NDVI; precipitation trend;

vulnerability

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................... 12

1. REVISÃO TÉORICA E CONCEITUAL.......................................................... 15

1.1 INFLUÊNCIA DA TEORIA GERAL DOS SISTEMAS NO DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAFIA FÍSICA: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS, TEÓRICAS E CONCEITUAIS...............................................

15

1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NATURAIS E ANTRÓPICAS...............................................................................................

20

1.3 VULNERABILIDADE SOCIAMBIENTAL AS MUDANÇAS DO CLIMA E OUTROS CONCEITOS.................................................................................

27

2. METODOLOGIA CIENTÍFICA E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS............... 35

2.1 CARACTERIZAÇÄO DA ÁREA DE ESTUDO............................................... 35

2.2 PROCEDIMENTOS TÈCNICOS.......................................................... 46

2.2.1 ANÁLISES DE TENDÊNCIAS EM SÉRIES TEMPORAIS............................ 46

2.2.2 ANÁLISES ESPAÇO-TEMPORAL DE IMPACTOS SOBRE A COBERTURA VEGETAL...............................................................................

47

2.2.3 CONCEITUAÇÃO E METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE FRENTE MUDANÇAS CLIMÁTICAS: CRIAÇÃO DO ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS – IVMC..............................................................................................................

59

3. VALIDAÇÃO DO MODELO: APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÁS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO ALTIPLANO CHILENO.......................................................................................................

68

4. RESULTADOS.................................................................................. 73

4.1 ANÁLISE DE TENDÊNCIA PLUVIOMÉTRICA............................................. 73

4.2 ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DA COBERTURA VEGETAL DA BACIA............................................................................................................

90

4.3 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÁS MUDANÇAS CLIMÁTICAS................ 101

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 138

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 144

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 1: Esquema das relações entre perigo, risco e vulnerabilidade............. 31 Figura 2: Quem é vulnerável a quê e por quê?................................................. 33 Figura 3: Mapa de localização da bacia hidrográfica do Moxotó – PE............. 38 Figura 4: Mapa altimétrico da bacia hidrográfica do rio Moxotó – PE............... 39 Figura 5: Caatinga arbórea – arbustiva de baixa densidade............................. 57 Figura 6: Caatinga arbórea – arbustiva de media densidade........................... 58 Figura 7: Caatinga arbórea – arbustiva de alta densidade............................... 58 Figura 8: Hierarquização da informação para elaboração do índice a parir de

indicadores e dados brutos................................................................

60

Figura 9: Mapa da distribuição espacial das estações meteorológicas............ 74

Figura 10: Espacialização dos resultados obtidos na análise de tendência pluviométrica........................................................................................

80

Figura 11: Resultados do NDVI da bacia para série 1984 a 2011....................... 95 Figura 12: Vegetação nativa no município de Arcoverde (Novembro de 2012)... 104 Figura 13: Vegetação nativa no município de Arcoverde (Novembro de 2012)... 105 Figura 14: Retirada de vegetação no município de Buíque.................................. 106 Figura 15: Retirada de vegetação por meio de queimada no município de

Buíque..................................................................................................

107

Figura 16: Incêndio florestal no município de Buíque........................................... 107 Figura 17 Construção artesanal para represamento de água no município de

Buíque..................................................................................................

108

Figura 18 Construção artesanal para represamento de água no município de Buíque..................................................................................................

108

Figura 19 Vista panorâmica (baixa) da lagoa do Puiu......................................... 109 Figura 20 Vista panorâmica (alta) da lagoa do Puiu............................................ 109 Figura 21 Gado morto, município de Ibimirim...................................................... 110 Figura 22 Gado desnutrido, município de Ibimirim.............................................. 110 Figura 23 Trecho do riacho do Mel, município de Tupanatinga........................... 111 Figura 24 Gado morto, município de Inajá........................................................... 112 Figura 25 Mulheres lavando roupa em “bica”, município de Tacaratu................. 113 Figura 26 Mulheres lavando roupa em “bica”, município de Tacaratu................. 114 Figura 27 Mapa do subíndice de exposição........................................................ 118 Figura 28: Mapa do subíndice de sensibilidade.................................................... 124 Figura 29 Mapa do subíndice de capacidade adaptativa.................................... 130 Figura 30 Mapa do índice de vulnerabilidade ás mudanças climáticas............... 136

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação de estações meteorológicas onde foram extraídos os dados de precipitação........................................................................

48

Tabela 2: Descrição da significância do teste Mann - Kendall ......................... 52 Tabela 3: Valores do índice x Classes.............................................................. 56 Tabela 4: Classificação supervisionada – NDVI. Adaptada pela autora........... 58 Tabela 5: Distribuição das estações por setores da bacia................................ 75 Tabela 6: Resultados do método Mann – Kendall para análise de tendência

para precipitação...............................................................................

76

Tabela 7: Classificação supervisionada – NDVI. Adaptada pela autora........... 93 Tabela 8: Taxa de solo degradado nos municípios da bacia do Moxotó........... 100 Tabela 9: Resultados dos indicadores para cada município correspondente... 115 Tabela 10: Resultados do subíndice de exposição............................................. 116 Tabela 11: Critérios para a severidade da exposição climática nos municípios

da bacia.............................................................................................

117

Tabela 12: Resultados dos indicadores para cada município correspondente... 121 Tabela 13: Resultados do subíndice de sensibilidade......................................... 122 Tabela 14: Critérios para a severidade da sensibilidade climática nos

municípios da bacia...........................................................................

123

Tabela 15: Resultados dos indicadores para cada município correspondente....................................................................................

127

Tabela 16: Resultados do subíndice de capacidade adaptativa........................... 129 Tabela 17: Critérios para a severidade da sensibilidade climática nos

municípios da bacia.............................................................................

129

Tabela 18: Resultados dos subíndices de exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa.........................................................................

133

Tabela 19: Resultados dos subíndices de exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa.........................................................................

134

Tabela 20: Critérios para a severidade do índice de vulnerabilidade ás mudanças climáticas...........................................................................

135

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Observações de uma série temporal com previsões de origem t e horizontes de previsão iguais a um, dois e h.....................................

48

Gráfico 2: Resultados do teste Mann-kendall setor leste................................... 76 Gráfico 3: Resultados do teste Mann-kendall setor oeste.................................. 77 Gráfico 4: Resultados do teste Mann-kendall setor centro................................. 77 Gráfico 5: Resultados do teste Mann-Kendall setor sul...................................... 77 Gráfico 6: Resultados do teste Mann-Kendall setor norte.................................. 78 Gráfico 7: Precipitação mensal do setor leste.................................................... 82 Gráfico 8: Precipitação mensal do setor oeste................................................... 83 Gráfico 9: Precipitação mensal do setor centro.................................................. 84 Gráfico 10: Precipitação mensal do setor sul....................................................... 85 Gráfico 11: Precipitação mensal do setor norte.................................................... 86 Gráfico 12: Porcentagem de precipitação mensal do setor leste ........................ 87 Gráfico 13: Porcentagem de precipitação mensal do setor oeste........................ 87 Gráfico 14: Porcentagem de precipitação mensal do setor centro....................... 87 Gráfico 15: Porcentagem de precipitação mensal do setor sul............................ 87 Gráfico 16: Porcentagem de precipitação mensal do setor norte......................... 88 Gráfico 17: Valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 1.... 97 Gráfico 18: Valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da

bacia – categoria 1.............................................................................

97

Gráfico 19: Valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 2.... 98 Gráfico 20: Valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da

bacia – categoria 2.............................................................................

98

Gráfico 21: Valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 3.... 99 Gráfico 22: Valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da

bacia – categoria 3.............................................................................

100

Gráfico 23: Gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de exposição. 116 Gráfico 24: Gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de

sensibilidade.......................................................................................

122

Gráfico 25: Gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de capacidade adaptativa.......................................................................

128

Gráfico 26: Gráfico dos resultados dos subíndices.............................................. 134 Gráfico 27: Gráfico dos resultados do índice de vulnerabilidade às mudanças

climáticas............................................................................................

135

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INTRODUÇÃO

Os sistemas naturais possuem estrutura dinâmica, onde é possível

observar ciclos, variabilidades e mudanças. Sistemas naturais interferem em

outros sistemas naturais provocando intervenções. As interferências que os

sistemas naturais causam uns aos outros, não são vistas como problema,

segundo a perspectiva científica. No entanto as intervenções que os sistemas

humanos (através dos processos de expansão industrial, urbanização, extração

de matéria prima, sistemas econômicos etc.) causam aos sistemas naturais

são consideradas como graves impactos, pois não estão inseridos em um

contexto natural, provocando acelerações às mudanças dos sistemas naturais,

ou desacelerações, ou provocando diversos tipos de anomalias.

A vulnerabilidade causada pelas mudanças climáticas refere-se ao grau

em que um determinado lugar ou grupo social está exposto a alguma ameaça

climática e qual capacidade possui para controlar os riscos e danos sem que

afete mecanismos de adaptação às mudanças climáticas. A capacidade de

controle e mitigação está relacionada à maneira como o sistema é afetado e

por quanto tempo está exposto à ameaça. Entretanto para promover a

mitigação é importante reconhecer a capacidade que os sistemas (natural ou

social) possui para enfrentar as adversidades climáticas, identificar a

sensibilidade dos sistemas, quais os efeitos (impactos) e ameaças provocam.

Identificado o grau de exposição e a sensibilidade, determinam as áreas

suscetíveis a impactos ou impactados do sistema. A vulnerabilidade está

intrinsecamente relacionada à ameaça na qual está exposta (exposição): a

sensibilidade e capacidade adaptativa.

Dentre os muitos sistemas que compõem a natureza, o clima é o que

recebe mais atribuições de mudanças por intervenções humanas, no entanto é

um dos mais difíceis de identificar tais alterações, uma vez que os limites

atmosféricos não são tão rígidos e definidos. E por esta razão este estudo

optou por utilizar o recorte espacial bacia hidrográfica, onde são mais

perceptíveis os efeitos (impactos) das mudanças climáticas sobre a paisagem.

Para Christofoletti (1999) toda a problemática das mudanças ambientais

globais, assim como as mudanças climáticas, encaixa-se nesse contexto

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conceitual e analítico sistêmico, e esta pesquisa apoia-se na mesma afirmação

para definir sua base teórica conceitual.

O objeto de estudo desta pesquisa é a bacia hidrográfica do rio Moxotó.

Está localizada no semiárido do Nordeste brasileiro. Possui aproximadamente

9.752, 71 km². Faz parte da baia hidrográfica do rio São Francisco. A bacia do

Moxotó está inserida nas microrregiões do sertão do Moxotó

(predominantemente), e do vale do Ipanema e de Itaparica (OLIVEIRA, 2009).

Segundo a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente –

SECTMA (2009), a principal demanda hídrica do estado de Pernambuco é para

atendimento à irrigação, e a demanda para irrigação representa

aproximadamente 90% da total na bacia do Moxotó

Além de estar totalmente inserida no semiárido, região caracterizada

pela expressiva variabilidade temporal (inter e intra-anuais) da precipitação e

intensa extração da cobertura vegetal, e com elevados índices de fragilidade

ambiental (BELFORT e BARBOSA, 2011), a bacia do Moxotó também passou

por intensos processos de intervenções antrópicas que provocaram impactos e

potencializaram a vulnerabilidade. No final da década de 1970 o Departamento

Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS criou o perímetro irrigado na

bacia. Para Montenegro (2009) naquela época “a irrigação era totalmente

voltada para o aproveitamento de solos aluviais, sendo os métodos

gravitacionais os mais usados não havendo preocupação com a baixa

eficiência de distribuição de água própria daqueles métodos” (MONTENEGRO,

2009, p. 36-37).

O perímetro irrigado do Moxotó tornou-se pólo econômico de grande

importância para a época, atingindo seu auge na década de 1980. No entanto a

falta de ordenamento da bacia e o uso excessivo da água levaram o perímetro

a um processo de racionamento, restringindo o uso da água para a irrigação

em 1991, e sua total paralisação em 1996, provocando impactos negativos à

economia regional e local, e também ao meio ambiente e a população

(MONTENEGRO, 2009).

Em 2004 o perímetro retomou suas atividades, porém com um número

reduzido de lotes irrigados, e apresentando, todavia, problemas nos canais de

irrigação (OLIVEIRA, 2009).

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O objetivo geral desta pesquisa é diagnosticar a vulnerabilidade na bacia

hidrográfica do Moxotó. Para alcançar este objetivo geral desenvolverá os

seguintes objetivos específicos:

a. Identificar os possíveis impactos presentes na paisagem, e

possíveis mudanças ou variabilidades na dinâmica de

precipitação, através de:

i. Análise de tendência da precipitação

ii. Aplicação do NDVI para análise da cobertura vegetal

b. Elaborar e propor um índice de vulnerabilidade socioambiental,

que estará composto por indicadores econômicos, físicos e

sociais. Para isto é necessário identificar a „que‟ e „por que‟ a

bacia do Moxotó é vulnerável.

i. Visitas in loco

ii. Seleção dos indicadores

iii. Coleta dos dados para compor os indicadores

iv. Tabulação de dados selecionados

v. Construção dos subíndices

vi. Elaboração do índice final

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1|REVISÃO TÉORICA E CONCEITUAL

1.1 INFLUÊNCIA DA TEORIA GERAL DOS SISTEMAS NO

DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAFIA FÍSICA: CONSIDERAÇÕES

HISTÓRICAS, TEÓRICAS E CONCEITUAIS

Os pensadores desde a antiguidade sempre buscaram entender o

funcionamento do universo, e alimentados pela busca do saber criaram teorias

que os ajudassem a esclarecer e explicar os mecanismos e fenômenos da

natureza, e também do comportamento humano. Esta inquietude pelo saber

apresenta-se marcante entre os Gregos antigos como Aristóteles, Platão e

Erastóstenes. Obviamente cada período da história das ciências foi marcado

pelas tendências religiosas, políticas e culturais do momento; por exemplo,

durante a Idade Média, os pensadores Santo Agostinho e Santo Tomás

desenvolviam ideias do mundo sobre bases dogmáticas e metafísicas, por

conta da forte influência da igreja católica neste período (VICENTE e PEREZ

FILHO, 2003).

Durante o período do Iluminismo a ciência passa por novas mudanças,

adquirindo novas características, e possui um caráter mais questionador,

baseado na razão e na valorização das leis naturais. É durante este período

que surge a abordagem Cartesiana ou Mecanicista na ciência (ABREU, 2005).

Na abordagem Mecanicista prevaleciam as análises de dados e as

experimentações empíricas com base na razão, e o enfoque da relação Deus-

homem foi substituído pela relação homem-natureza. Durante o apogeu do

pensamento Mecanicista destacaram-se muitos pensadores como Francis

Bacon (método empírico-indutivo), Galileu Galilei, René Descartes (método

racional-dedutivo), e Isaac Newton que teve grande destaque por elaborar leis

físico-matemáticas que foram de grande contribuição para compreender o

funcionamento do universo, e estabelecer o paradigma de universo mecânico

(VICENTE e PEREZ FILHO, 2003).

A estrutura teórico-metodológica das pesquisas de abordagem

mecanicista eram, basicamente, realizadas da seguinte forma: “dividir para

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conhecer”, isto é, analisavam-se separadamente as partes componentes de um

todo, como se a natureza fosse uma máquina. Pois segundo o pensamento

cartesiano o todo poderia ser compreendido através apenas da análise das

partes. (CHISTOFOLETTI, 1999).

No entanto a abordagem mecanicista possui limitações e não conseguiu

explicar as relações existentes entre as partes, assim não conseguindo

entender, dominar e explicar a realidade do todo. Já que a realidade do todo

possui características complexas, integradas e por vezes caóticas. Era

necessária uma teoria não só que analisasse as partes separadamente, mas

também que analisasse as relações entre elas, e como estas partes se

comportam no conjunto (MORIN, 1997). Para entender mais profundamente a

natureza, era necessário entender mais que o mecanismo das partes. Mais

uma vez a ciência exigia uma reorientação, com bases além da física e da

matemática (BERTANLANFY, 1973).

Existe então a necessidade de aprofundar o conhecimento da realidade,

e com o objetivo de completar e ou de ser alternativa surgea abordagem

sistêmica com o intuito de agrupar as investigações realizadas anteriormente,

dentro de uma única teoria.

A abordagem sistêmica foi proposta por Ludwing Von Bertalanffy por

volta de 1930. Em 1950 Bertalanffy apresenta a General System Theory

(Teoria Geral dos Sistemas), que tinha como objetivo propor um novo conceito,

uma episteme complexa capaz de gerar uma linguagem científica única que

englobasse todos os Campos de conhecimento. (CAPRA, 1996).

Apesar de Bertalanffy não deixar claro sua intenção de propor a teoria

geral dos sistemas como uma teoria que viria substituir as teorias mecanicistas,

ele sempre foi bastante crítico ao pensamento mecanicista, principalmente às

leis físicas aplicadas na ciência clássica. E tal crítica se evidencia logo ao

princípio de seu livro: “A meta da física clássica era entender os fenômenos da

natureza através de um jogo de unidades elementares governadas por leis „cegas‟ da

natureza.” (BERTALANFFY, 1973, p. 30).

No entanto, ainda segundo Bertalanffy, (1973) esta visão mecanicista

não se alterou na ciência moderna, ao contrário, fortaleceu-se quando as leis

físicas deterministas foram substituídas por leis estatísticas, e por conta da

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permanência da visão mecanicista no início do desenvolvimento da física

moderna, várias linhas de pesquisa apresentaram problemas de compreensão

de totalidade, interação dinâmica e organização.

Vários autores buscavam conceituar o que é sistema, já que não há uma

definição única do conceito, porém é fácil identificar os paradigmas ou objetivos

dos autores. Por exemplo, Ferdinand de Sausurre (1930) diz que “sistema é

uma totalidade organizada, constituída de elementos solidários, só podendo ser

definidos uns em relação aos outros em função de seu lugar nesta totalidade”.

Ackoff (1960, apud MORIN 1997, p.99) define sistema como “a unidade

resultante das partes em interação mútua”. Maturana (1972, apud MORIN

1997, p.99) diz que é “todo conjunto definível de componentes”. Bertalanffy

(1973) o define como “um conjunto de elementos em interação”. Mesmo

variando em alguns termos, as definições apresentam características principais

de um sistema, como o caráter global, o aspecto relacional, a organização e a

hierarquização. Em resumo é um conjunto de elementos unidos por interação

ou interdependência. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser

classificado como sistema, desde que as relações das partes e o

comportamento do todo sejam o foco de atenção. (VALE, 2012).

Pode-se afirmar que em parte a base da teoria dos sistemas utilizada

por Bertalanffy se pauta em um importante conceito que surge nos anos 30 do

século XX, o ecossistema, proposto por Tansley. Essa proposta de

organização teórica dos conhecimentos biológicos influencia de maneira geral

as ciências que também pesquisam os aspectos físicos da terra. O conceito de

ecossistema apresenta como objetivo central buscar melhor entendimento das

relações biológicas dos vários grupos que compõem os ambientes naturais.

Assim a biológica tende a superar a excessiva preocupação com a Taxonomia,

e apresenta maior interesse nas relações alimentares e nas trocas de matéria e

energia entre vários níveis tróficos (CHRISTOFOLETTI, 1990).

Embora Bertalanffy (1973) não tenha dado demasiado enfoque ao

conceito de sistema propriamente dito, a história desse conceito inclui nomes

ilustres tais como Gottfried Leibniz (1646 – 1716) que aplicou o termo sob

denominação de Filosofia Natural. Nicolau de Cusa (1404 –1461) e Hermann

Hesse (1877 – 1922) viam o mundo, suas relações e todo seu funcionamento

sob uma visão sistêmica.

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Entretanto, para Bertalanffy (1968), foi a obra de Alfred Lotka, publicada

em 1925, que mais o influenciou no objetivo da Teoria Geral dos Sistemas, e

que contribuiu para elaboração das formulações básicas do conceito geral dos

sistemas. Lotka definiu comunidades como sistemas, e entendia o organismo

individual como a soma de suas células.

Lotka (1925 apud BERTALANFFY, 1968) embora fosse um estatístico,

seus interesses científicos voltavam-se mais para os problemas sociais do que

para os problemas biológicos dos organismos individuais. Lotka defendia um

ponto de vista organísmica1 na Biologia que enfocasse a ponderação do

organismo como totalidade ou sistema.

Há 90 anos, Bertalanffy iniciou sua carreira científica, e neste momento a

Biologia já se empenhava nas controvérsias do mecanicismo – vitalismo.

Contrário ao mecanicismo, ele adotou o pensamento organísmico. Este

pensamento defendia, basicamente, que há uma organização inerente aos

organismos, e que caberia aos biólogos pesquisar em que consistia tal

organização.

A teoria Geral dos Sistemas foi apresentada ao mundo, foi criticada, até

mesmo rotulada de pseudociência. No entanto a teoria não passava de uma

nova proposta de abordagem, neste caso de um ponto de vista holístico.

Todavia, as oposições feitas à teoria foram aos poucos sendo abatidas. E a

comunidade acadêmica começa a apresentar maior aceitação da Teoria Geral

dos Sistemas. (VALE, 2012)

Desde sua primeira publicação em 1947, “Genral Systemas Yearbook”,

Bertalanffy corrigiu, modificou e aplicou os conceitos da Teoria Geral dos

Sistemas. Em muitas áreas a aceitação da teoria foi relutante, no entanto

muitos cientistas sociais analisaram e aplicaram a teoria dos sistemas em suas

pesquisas. Segundo Ackoff (1959 apud BERTALANFFY, 1968, p.9):

Nas últimas duas décadas nós testemunhamos à

emergência do “sistema” como conceito chave da

pesquisa científica. Evidentemente, os sistemas já

1

Refere-se à visão holística aplicada na ciência. A Teoria Organísmica enfatiza a organização, unidade e integração dos seres humanos.

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eram estudados há séculos, mas algo novo foi agora

acrescentado... A tendência a estudar os sistemas

como uma entidade e não como um aglomerado de

partes está de acordo com a tendência da ciência

contemporânea que não isola mais os fenômenos em

contextos estreitamente confinados, mas abre-se ao

exame das interações e investiga setores da natureza

cada vez maiores. Sob a égide da pesquisa dos

sistemas (e seus numerosos sinônimos) assistimos

também à convergência de muitas criações mais

especializadas da ciência contemporânea. [...] Esta

pesquisa prossegue e muitas outras estão sendo

entrelaçadas em um esforço conjunto de investigação,

que envolve um espectro cada vez mais amplo de

disciplinas científicas e tecnológicas. Estamos

participando do que é, provavelmente, o mais amplo

esforço para chegar a uma síntese do conhecimento

científico como jamais foi feita.

(Ackoff 1959 apud BERTALANFFY, 1968, p.9).

A Teoria Geral dos Sistemas busca por um referencial que unifique as

ciências. Uma vez que a subdivisão da ciência em várias disciplinas, cada vez

mais especializadas, apresentava impedimentos para evolução da ciência. O

objetivo da teoria é buscar um referencial que permita ao físico se comunicar

com o biólogo ou com o cientista social.

Segundo Bertalanffy (1968), a Teoria Geral dos Sistemas seria um

instrumento de extrema utilidade para a ciência, capaz de prover modelos que

poderiam ser aplicados a distintos campos de pesquisa, e estabelecer

comunicação entre diferentes ramos da ciência, precavendo-se do risco das

analogias superficiais.

É evidente que entre os principais propósitos da Teoria Geral dos

Sistemas se destaca a tendência de integrar varias ciências, naturais e sociais,

cuja centralização estaria na teoria dos sistemas. Logo, a teoria dos sistemas

seria um eficiente meio para alcançar resultados “exatos” em áreas não físicas

da ciência.

Bertalanffy (op cit, p.32) relaciona algumas razões que o levaram a

formular a Teoria Geral dos Sistemas: a) Necessidade de generalização dos

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conceitos científicos e modelos; b) Introdução de novas categorias no

pensamento e nas pesquisas científicas; c) Os problemas da complexidade

organizada, que são agora notados na ciência, exigem novos instrumentos

conceituais; d) Pelo fato de não existirem instrumentos conceituais apropriados

que sirvam para a explicação e a previsão na biologia; e) Introdução de novos

modelos conceituais na ciência; f) Interdisciplinaridade: daí resulta o

isomorfismo dos modelos, dos princípios gerais e mesmo das leis especiais

que aparecem em vários campos. Em resumo:

A inclusão das ciências biológica, social e do

comportamento junto com a moderna tecnologia exige

a generalização de conceitos básicos da ciência. Isto

implica novas categorias do pensamento científico, em

comparação com as existentes na física tradicional e os

modelos introduzidos com esta finalidade são de

natureza interdisciplinar.

(BERTALANFFY, 1973, p. 132).

Bertalanffy (1973) demonstrou preocupação com relação à aplicação da

Teoria Geral dos sistemas, atento ao desenvolvimento da concepção sistêmica

às perspectivas mais amplas, sobretudo a aplicação da teoria sobre grandes

grupos humanos, sociedades e à própria humanidade em sua totalidade.

1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NATURAIS E

ANTRÓPICAS

Dando um caráter holístico e dinâmico ao clima, Sorre (1951) propôs o

seguinte conceito: O clima é composto por séries de estados atmosféricos, em

uma sucessão habitual. Classificando o clima como sistema dinâmico, e não

estático, uma vez que os estados atmosféricos, também definidos como

tempos meteorológicos é a combinação momentânea de atributos

atmosféricos, como temperatura, pressão, umidade, precipitação,

nebulosidade, radiação entre outros. A sucessão em série do tempo

meteorológico, apresentando toda sua variabilidade, é o que constitui o clima.

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De fato o clima está em constante e permanente transformação, assim

como os demais sistemas naturais do nosso planeta. Estas transformações

podem ocorrer em diversas escalas temporais, que se estendem de períodos

geológicos (mudanças climáticas naturais) ou décadas (variabilidade climática

– ritmo climático). No entanto, a circunstância atual de aumento de Gases de

Efeito Estufa (GEE) leva à definição de mudanças climáticas antrópicas como

as alterações da variabilidade climática devido aos efeitos naturais e as

atividades humanas (SALATI, 2011).

A atmosfera é constituída por vários gases, sendo os principais o

Nitrogênio (N2) e o Oxigênio (O2) que, somados compõem aproximadamente

99% da proporção em volume. Outros gases encontram-se presentes em

menores quantidades, dentre estes, citam-se os gases de efeito estufa (GEE)

tais como o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e vapor d‟água, assim

definidos por terem a capacidade natural de reter o calor na atmosfera, sendo

na maior parte transparentes a radiação de ondas curtas e absorvedores de

radiações de ondas longas mantendo, assim, a Terra aquecida (SALATI, 2011).

Diversos estudos vêm diagnosticando progressivo aumento na

concentração dos GEE‟s na atmosfera, e há fortes indícios que este aumento

está relacionado principalmente pelas atividades antrópicas (COSTA e FOLEY,

2000; NIJSSEN et al., 2001; EEROLA, 2003; MENDONÇA, 2003; CONTI,

2005; MARENGO, 2006; FORD, 2015; FRUMHOFF et al., 2015), e que o

aumento da emissão deste gases na atmosfera refletiram diretamente no clima

do planeta, provocando alterações na sua variabilidade natural.

Segundo Salati (2001) o equilíbrio dinâmico atual da atmosfera está

sujeito às forças modificadoras que alteram as variações climáticas naturais,

que podem ser analisadas sobre três aspectos distintos: variações climáticas

na região devidas às variações climáticas globais decorrentes de causas

naturais; variações climáticas de origem antrópicas decorrentes de alterações

do uso da terra dentro da própria região; e variações climáticas decorrentes

das mudanças climáticas globais provocadas por ações antrópicas.

Mudanças nos sistemas naturais podem provocar modificações nos

sistemas socioeconômicos, e vice-versa. A formatação dos espaços urbano e

rural, atrelada aos interesses financeiros, tem prevalecido e produzido

alterações rápidas nos fluxos de matéria e energia, no âmbito dos sistemas

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socioeconômicos, com repercussão nos sistemas naturais. Especula-se sobre

tendência e mudanças climáticas de origem antrópica que produziriam

consequências impactantes retroalimentadoras em ambos os sistemas. Assim

as questões pertinentes às mudanças na composição da atmosfera, aumento

na concentração dos GEE com reflexos no balanço de radiação e no

aquecimento de algumas partes do globo, são muito salientes (TAVARES,

2010).

Os relatórios científicos do IPCC prevêem mudanças no clima em

diversas partes do globo. Desde o IPCC-AR4, apresenta particularmente as

áreas mais vulneráveis do planeta às alterações no clima, e chama atenção à

suscetibilidade do Nordeste brasileiro, e principalmente para o Semiárido como

uma área vulnerável às mudanças climáticas. Ainda segundo o relatório as

áreas semiáridas e áridas sofrerão decréscimo na disponibilidade de água em

virtude da mudança climática. O Semiárido brasileiro, naturalmente, está sob

um regime de variabilidade pluviométrico intenso natural, vem apresentando

uma irregularidade espacial e temporal das precipitações (MARENGO et al.,

2008). Os modelos globais de mudanças climáticas demonstram que o

decréscimo na disponibilidade de água será por conta da ocorrência de

temperaturas mais altas no Nordeste. Isto implica maior evaporação de água e

transpiração das plantas e, portanto, em aumento do déficit hídrico, menor

umidade do solo e maiores índices de aridez.

Na climatologia atual o uso e desenvolvimento de modelos em função das

pesquisas aumentaram consideravelmente. As contribuições relacionadas com

a modelagem nas caracterizações das condições climáticas e previsões do

tempo meteorológico, as preocupações com as mudanças climáticas e

repercussões nos demais componentes dos sistemas ambientais e nas

atividades humanas surgem frequentemente (CHRISTOFOLETTI, 1999). Não

há outra forma de buscar soluções para um determinado problema sem

conhecê-lo detalhadamente, os modelos são ferramentas fundamentais na

busca de conhecimento e soluções. São usados para definir e caracterizar o

clima, como também para projetar cenários futuros.

Os modelos são cruciais na elaboração de planejamentos eficazes e

eficientes. Mas, saber da existência de um problema não implica em conhecer

as soluções para o mesmo e, além disso, um problema mal enunciado se torna

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mais difícil de ser solucionado. Ou seja, o conhecimento mais acurado sobre a

ocorrência e o comportamento da problemática que tange às mudanças

climáticas que já podem estar ocorrendo e as que poderão ocorrer são de

suma importância para a ciência em todas as áreas do conhecimento

(MARENGO, et al., 2007).

Neste contexto, a utilização de técnicas de modelagem climática tornou-

se uma ferramenta central em estudos de mudanças climáticas e impactos

climáticos, impulsionando sobremaneira o desenvolvimento de sistemas de

processamento e pesquisas sobre a física dos fenômenos atmosféricos em

suas diferentes escalas de tempo e espaço. No Brasil, durante a última década,

o desenvolvimento crescente das técnicas de modelagem, aliado ao avanço

tecnológico computacional, vem possibilitando a geração de estudos climáticos

confiáveis.

Após a divulgação dos relatórios 4° e 5° sobre mudanças climáticas

(Fourth Assessement Report– AR4 / IPCC- AR4, 2007 e AR5 / IPCC- AR5,

2014) teve-se conhecimento público sobre a informação dada pelo índice de

vulnerabilidade da região nordeste do Brasil diante dos cenários futuros de

alterações climáticas, principalmente a simulação dos cenários críticos. O

relatório destaca o semiárido, como área extremamente suscetível a tais

mudanças.

De acordo com os resultados projetados e apresentados no ultimo

relatório do IPCC-AR5 (2014), o Semiárido brasileiro tornar-se-ia uma região

árida permanente, tendo uma diminuição significativa nas precipitações e

aumento da evapotranspiração, que associados com as atividades agrícolas

não sustentáveis acelerariam os processos solo exposto já existente na região.

Tendo conhecimento dos cenários futuros, o poder público do estado de

Pernambuco publicou o Plano Estadual de Mudanças Climáticas, onde traça

uma série de metas e estratégia para mitigar os impactos climáticos que já

estejam ocorrendo; E prevê e planeja de maneira efetiva os impactos futuros.

Nessa conjuntura foi elaborada A Política Estadual de Enfrentamento às

Mudanças Climáticas (Lei Estadual nº 14.090, de 17 de junho de 2010).

Os municípios do estado de Pernambuco que estão inseridos na região

do Semiárido possuem, de acordo com o censo demográfico de 2010,

3.655.822 milhões de habitantes, e 135 municípios em áreas suscetíveis à

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desertificação (ASD)2. Este cenário poderia levar a processos migratórios

deslocando as populações afetadas para os centros urbanos, sobrecarregando

os serviços nesta região e agravando ainda mais a condição socioeconômica.

Apesar do conhecimento da problemática dos impactos das mudanças

climáticas sobre o Semiárido, apresentado pelos segundo e terceiro relatórios

do IPCC (2001), foi somente após a publicação do quarto relatório IPCC-AR4

(2007), que ganhou ênfase e surgiram mais pesquisas e publicações científicas

sobre mudanças climáticas no semiárido pernambucano (TUCCI, 2003;

LACERDA et al., 2009; ASSIS et al., 2009; MARENGO, 2009, 2011; ASSAD et

al., 2010; SOARES e NÓBREGA, 2010). Todavia necessita-se de muitos

estudos sobre o tema, e, sobretudo sobre quais seriam as vulnerabilidades, e

quais as áreas do Semiárido estão mais expostas aos impactos.

Destacar a intervenção antrópica no processo de mudanças climáticas

não está desassociada dos processos naturais de mudanças do clima.

Indiscutivelmente, o clima do planeta oscilou significativamente nos últimos 65

milhões de anos. Estas flutuações incluem processos lentos (numa escala de

105 a 107 anos) de aquecimento ou de resfriamento impulsionados pela

tectônica de placas, processos graduais, quase cíclicos, derivados de

alterações orbitais (numa escala de 104 a 106 anos), em alguns raros casos

alterações abruptas com transições na escala de 103 anos. Este padrão de

flutuações alterou-se, significativamente, desde a revolução industrial do século

XIX, quando a Terra entrou em um processo de aquecimento em função do

crescente acúmulo de gases, especialmente CO₂, na atmosfera do planeta

(FBDS, 2006).

As longas séries temporais reconstruídas a partir de dados geológicos

indicam que variações climáticas intensas já ocorreram no passado. Essas

mudanças ocorreram, em sua grande parte, na ausência dos seres humanos,

podendo ser chamadas de mudanças climáticas naturais. A compreensão das

mudanças naturais é um desafio e um problema importante que auxilia a

previsão das mudanças climáticas naturais e daquelas provocadas pela ação

do homem. Se o conjunto formado pela atmosfera, oceano e superfície da

Terra é definido como sistema climático, as variações da constante solar, as

2 Atlas de áreas susceptíveis a desertificação no Brasil, 2007. Ministério do Meio Ambiente.

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variações na órbita da Terra ao redor do sol e as erupções vulcânicas são

consideradas forçantes externas ao sistema que podem alterar o clima

(HARTMAN, 1994).

Porém, levando-se em conta estas medições, existem dois fatos sobre a

mudança climática: a temperatura média e o teor de dióxido de carbono estão

em ascensão em todo o planeta. Isto é apontado também pelos anéis de

crescimento das árvores, isótopos de oxigênio das geleiras e o recuo de

geleiras alpinas (VERÍSSIMO, 2003).

De fato, os teores pré-industriais de dióxido de carbono, medidos de

geleiras continentais são 280.000 ppbv. O nível atual é de 366.000 ppbv, ou

seja, o teor de dióxido de carbono sofreu um aumento nunca antes visto,

demonstrando que algo de muito incomum está acontecendo atualmente

(SKINNER e PORTER, 2000). Teores tão altos não são conhecidos na história

recente da Terra. Mesmo assim, existem evidências de que estes teores em

ascensão não são devidos apenas à atividade antrópica. Existe uma correlação

forte com algumas outras fontes de dióxido de carbono e o aumento de

temperaturas globais, como os oceanos e atividade vulcânica, por exemplo. De

qualquer modo, ao que parece, o homem está contribuindo à ascensão natural

de dióxido de carbono, sobretudo nos grandes centros urbanos. Isto é causado

principalmente pela indústria, desmatamento, e atividades agrícolas não

sustentáveis. E, sobretudo, nos grandes centos urbanos a ação do homem

contribui com o aumento da quantidade de outros gases de efeito estufa na

atmosfera.

Comparadas de modo separado, as atividades humanas podem ser

consideradas como desprezíveis dentro de uma perspectiva global e de tempo

geológico, mas a ação conjunta destas, juntamente com outros agentes

atmosféricos, podem ser significantes (MERRITTS, et al., 1997). Os processos

geológicos são lentos, ao serem comparados com a influência do homem.

Apesar de a influência humana ocorrer dentro de um período de tempo

geológico relativamente curto, o seu efeito acumulado e “repentino” pode ser

mais forte do que o de agentes naturais, mais lentos (SKINNER e PORTER,

2000).

As possíveis influências das atividades humanas sobre o sistema do clima

vêm sendo observadas desde o início do século XX, sobretudo a partir dos

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anos 50, quando cientistas começaram a reunir evidências e a publicar artigos

científicos abordando a relação entre o aumento da concentração de GEE na

atmosfera e o aumento da temperatura média da superfície do planeta. Mas

somente a partir da década de 80 é que os estudos sobre as mudanças do

clima passaram a despertar o interesse de um número maior e mais

representativo de cientistas3.

A temática mudança climática globais levou a Organização Meteorológica

Mundial (OMM) e a UNEP (United Nations Environment Programme) a criarem

o IPCC (Intergovernmental Panelon Climate Change) em 1988. Segundo o

IPCC, no século XX, houve um aumento de 0,65°C na média da temperatura

global, sendo este mais pronunciado na década de 90. Quanto à precipitação,

o aumento variou de 0,2% a 0,3% na região tropical, compreendida entre 10°C

de latitude Norte e 10°C de latitude Sul. As causas dessas variações podem

ser de ordem natural ou antropogênica, ou uma soma das duas (IPCC, 2004).

O Brasil foi o primeiro país a assinar a Convenção Quadro das Nações

Unidas para a Mudança do Clima, que entrou em vigor em 21 de março de

1994. O Congresso Nacional ratificou a Convenção em 28 de fevereiro de 1994

e esta entrou em vigor no Brasil em 29 de maio de 1994 (www.mct.gov.br). Em

2000, foi criado o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, com o objetivo de

promover a mobilização e a conscientização da sociedade sobre a mudança

global do clima, desenvolvendo diversas atividades nessa área.

No entanto, quando se trata de aquecimento global há muitas incertezas

apresentadas, uma vez que este aquecimento não é homogêneo em todo o

planeta. Não se sabe ao certo se o aquecimento global é provocado pelo

homem, ou por um período de aumento de temperatura natural de um período

interglacial. Estas incertezas podem ser por si só, consideradas como ameaças

por décadas (EEROLA, 2003). Ao se iniciar, uma mudança climática é difícil de

ser impedida ou interrompida. A transição a um período de efeito estufa pode

ocorrer repentinamente e não aos poucos, especialmente em centros urbanos.

As consequências disto ao homem e ao meio ambiente podem ser

catastróficas. (SALATI, 2006).

3 Perspectivas do Meio Ambiente no Brasil (GEO – Brasil), Tema: Atmosfera, LIMA, PPE- COPPE, UFRJ, abril 2002.

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É um grande desafio para os estudos climáticos prever mudanças

climáticas com detalhe adequado e antecedência suficiente que permita à

humanidade ajustar seu comportamento e evitar as piores consequências de

tais mudanças. Integralmente, têm-se definido as características das mudanças

climáticas observadas e apontado suas possíveis consequências e impactos

sociais. Cada região do globo apresenta mudanças distintas, com variações no

volume e distribuição espacial da precipitação, aumento da temperatura,

elevação do nível do mar e demais efeitos causados pelas mudanças

climáticas (SALATI, 2006).

1.3 VULNERABILIDADE SOCIAMBIENTAL AS MUDANÇAS DO CLIMA E

OUTROS CONCEITOS

As mudanças climáticas podem ser consideras como um problema de

gestão do risco, onde as mudanças nos fatores climáticos (sobretudo

temperatura e precipitação) resultado de intervenções antrópicas, ao passo que

a vulnerabilidade surge do modelo de desenvolvimento e uso dos recursos

naturais. Para reduzir a magnitude do risco propõe-se a redução de atividades

humanas não sustentáveis que produzem impactos, esta ação é definida como

mitigação. Para reduzir a vulnerabilidade Adger (2006) propõe desenvolver e

aplicar estratégias de adaptação às mudanças climáticas. No entanto, para

sugerir medidas de adaptação é necessário entender e avaliar a

vulnerabilidade às anomalias climáticas.

A vulnerabilidade está composta por contextos físicos, sociais,

econômicos e ambientais de uma determinada região, setor ou grupo social

suscetível aos impactos de fenômenos climáticos. A dinâmica da

vulnerabilidade como elemento multifatorial, deve possuir dados que possibilite

analisar o passado recente e projetá-los ao futuro com objetivo de analisar os

possíveis impactos das mudanças climáticas. Avaliar quantitativamente e

qualitativamente a vulnerabilidade é priorizar espacialmente onde mais se

necessita medidas de adaptação.

Por que analisar a vulnerabilidade? Esta indagação deve ser contestada

reconhecendo a vulnerabilidade como elemento chave para estimular os

potenciais impactos das mudanças climáticas. Através da quantificação dos

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dados pode-se definir quão vulnerável é determinado grupo social ou

localidade, eliminando as ambiguidades sobre o que ou quem é mais ou menos

vulnerável.

Neste capitulo buscou-se desenvolver uma proposta metodológica para

a construção do índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas, e que esta

proposta fosse composta por conceitos e indicadores.

É necessário contar com o conhecimento detalhado dos indicadores que

compõem o índice, entendendo suas dinâmicas de maneira que possa

construir um modelo conceitual sobre a relação do clima com os indicadores

nas escalas de tempo e espaço. Com o modelo conceitual e o índice

construído é possível diagnosticar as causas da vulnerabilidade e os fatores

que permitam caracterizar cenários futuros próximos.

Criar o índice de vulnerabilidade através de indicadores é a parte central

desta pesquisa, e aplicá-lo requer estimar o risco recente e compará-los numa

escala espaço-temporal aos impactos quando estes apresentam ameaças

climáticas significativas.

Portanto antes de descrever os procedimentos técnicos utilizados na

criação do índice é importante conceituar os termos aqui utilizados. Sendo

assim, este capítulo será constituído por três etapas, sendo elas: a)

conceituação dos termos (modelo conceitual); b) seleção e definição dos

indicadores; c) procedimentos técnicos para criação do índice de

vulnerabilidade às mudanças climáticas.

a. O perigo climático

Para a climatologia, em termos gerais, perigo é uma condição onde

eventos ou fenômenos naturais podem provocar efeitos negativos a um

sistema vulnerável. Comumente, o perigo se estima como informação

meteorológica ou climática histórica. Estes dados representam a probabilidade

de ocorrência de um determinado fenômeno climático (por exemplo: seca,

furacões, enchentes, etc). Portanto, um sistema estará em risco quando estiver

sob perigo, e quando este perigo converta-se em ameaça, e o risco pode se

materializar em impactos. Os indicadores que quantificam o perigo, assim

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como os tipos de impactos, variam de acordo a área de estudo e ao fenômeno

climático analisado (ROMERO e MENDONÇA, 2012).

Determinar o significado de perigo climático requer analisar as condições

climáticas que leva a um desastre. Não somente simular cenários futuros de

temperatura e precipitação, mas analisar dados climáticos históricos e,

considerar quanto de mudança nos fatores climáticos é suficiente para gerar

impactos num determinado sistema (ROMERO e MENDONÇA, 2012).

b. Risco ambiental e Impacto ambiental

Em termos gerais o risco é compreendido como a probabilidade de que

um evento – esperado ou não esperado – se torne realidade (DAGNINO e

CAPRI, 2007). Considerando a probabilidade como mecanismo de

funcionamento do risco, a definição do conceito afirmar que o risco se

apresenta em situações ou áreas em que existe a susceptibilidade,

vulnerabilidade e exposição de ocorrer algum tipo de ameaça, perigo,

problema, impacto ou desastres (AMARO, 2005).

Entende-se o termo risco ambiental como as situações de risco que não

estão isoladas das ações do entorno – o ambiente, em seu sentido amplo –

seja o ambiente natural ou construído pelo homem (social e tecnológico).

Veyret e Meschine de Richemond (2007, p.63) conceituam os riscos ambientais

como: “resultantes da associação entre os riscos naturais e os riscos

decorrentes de processos naturais agravados pela atividade humana e pela

ocupação do território”.

No entanto, é importante resaltar que apesar dos conceitos e definições

de risco aplicado como indicadores de problemas ambientais, o risco é um

objeto social, que diretamente ou indiretamente refere-se ao ser humano

individuo ou grupo social. Como afirma Veyret (2007, p. 11):

Não há risco sem uma população [ser social] ou indivíduo [ser

biológico] que o perceba e que poderia sofrer seus efeitos. Correm-se

riscos, que são assumidos, recusados, estimulados, avaliados,

calculados. O risco é a tradução de uma ameaça, de um perigo para

aquele que está sujeito a ele e o percebe como tal.

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Os impactos são considerados como a “materialização do risco”, o que

significa que em alguns casos, os impactos podem alcançar níveis críticos.

Explicar o impacto requer documentar as características do risco, perigo e da

vulnerabilidade, não considerar apenas o enfoque físico que explica o desastre

unicamente como a expressão das forças da natureza (CASTRO, 2003).

O cruzamento das informações que caracteriza o risco e a

vulnerabilidade, geralmente, é usado para construir os primeiros cenários de

impactos causados pelas mudanças climáticas, definindo uma imagem do

futuro essencialmente a partir dos perigos, sem considerar a dinâmica da

vulnerabilidade. Em segundo momento, se reconhece que a vulnerabilidade é o

elemento fundamental para entender os impactos, já que os sistemas e seus

respectivos funcionamentos dependem de muitos mais elementos que apenas

o clima (PARMESAN, 2006).

c. Vulnerabilidade

A vulnerabilidade representa a interface entre a exposição às ameaças

físicas para o bem estar humano e a capacidade das pessoas e comunidades

para controlar tais ameaças. As ameaças podem surgir da combinação de

processos físicos e sociais. A vulnerabilidade é um indicador variável, por isso

deve-se medi-la através de métodos quantitativos e qualitativos. No entanto,

reduzir a vulnerabilidade implica em detectar quais fatores contribuem para o

aumento desta, e identificar os pontos onde se pode intervir na rede de causas

dos perigos e suas consequências humanas (CUTTER, 2011).

Segundo o quarto relatório do IPCC (2012, p. 87) “a vulnerabilidade é o

grau ao qual um sistema é susceptível e incapaz de enfrentar os efeitos

adversos das mudanças climáticas, incluindo a variabilidade climática e os

eventos extremos”. A vulnerabilidade deve ser analisada como uma condição

sistêmica, multifatorial, multissetorial, multitemporal e multiescalar, e assim

como o perigo, a vulnerabilidade é dinâmica.

A exposição somando à sensibilidade são os fatores que geram a

vulnerabilidade, no entanto a exposição tem maior contribuição na

vulnerabilidade, de tal forma que se não houver exposição a um fenômeno

específico, mesmo que haja sensibilidade, não haverá risco, e

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consequentemente não haverá vulnerabilidade. O risco é a combinação entre

perigo e vulnerabilidade, e sendo assim, um determinado sistema é vulnerável

à medida que este seja exposto ao perigo (Figura 1).

Figura 1: Esquema das relações entre perigo, risco e vulnerabilidade.

Fonte: CUTTER, 2011.

Para medir a vulnerabilidade de um determinado grupo social ou área é

comum o uso de indicadores relacionados a fatores físicos, sociais e

econômicos. A relação entre indicadores como densidade populacional

(indicador social) e Produto Interno Bruto (PIB) (indicador econômico) pode

proporcionar resultados que caracterizam a vulnerabilidade de pessoas frente

às condições climáticas extremas. Os indicadores, convertidos em índices

levam à quantificação da vulnerabilidade e de sua dinâmica.

d. Elementos para avaliar a vulnerabilidade

A vulnerabilidade é caracterizada pela exposição, sensibilidade e

capacidade adaptativa de cada sistema que está sobe feito de variabilidade

climática, eventos extremos e mudanças climáticas (MONTERROSO, 2011). A

vulnerabilidade, em termos gerais, consiste num conjunto de condições dos

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sistemas4 que derivam dos contextos históricos e culturais predominantes,

sociais, ambientais, políticos e econômicos:

A vulnerabilidade é o conjunto de condições

físicas, sociais e econômicas que incidem na

possibilidade de afetar pessoas de um sistema

social e ou natural, devido à ocorrência de

fenômenos naturais.

(CUTTER, 2003, p 243)

Analisar as mudanças climáticas requer também estimar o perigo e a

vulnerabilidade, e como toda projeção ao futuro, os resultados estarão

associados a um grau de incerteza. Estimar a vulnerabilidade é sempre

complexo, no entanto, se espera que a magnitude da incerteza seja menor que

os sinais reais apresentados pelos resultados. E estimar o grau de incerteza

dos cenários de vulnerabilidade é algo difícil e por tanto pouco abordado. Pois

a vulnerabilidade futura depende de decisões humanas difíceis de definir.

Pode-se gerar um leque de possibilidades de condições de vulnerabilidade no

futuro e consequentemente incertezas.

Para estimar a vulnerabilidade às mudanças climáticas, CUTTER (2003)

sugere que:

Não existe metodologia universalmente aceitada

para quantificar a vulnerabilidade futura que,

associado a projeções do clima, permita estimar o

risco que se enfrentará sob efeitos das mudanças

climáticas.

(CUTTER, 2003, p.243)

O conceito de vulnerabilidade tem ganhado notoriedade nos estudos de

análises dos potencias impactos das mudanças climáticas, convertendo-se em

elemento essencial na construção de políticas públicas para mitigação de

danos e impactos.

4 Neste caso, entende “sistema” como estrutura holística que agrega elementos sociais, culturais, físicos

e econômicos (BUCKLEY, 1973).

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A aproximação ao problema de estabelecer a vulnerabilidade deve

transitar por três perguntas básicas: 1) Quem ou o que é vulnerável?; 2)

Vulnerável a que?; 3) Por que é vulnerável? (Figura 2).

Figura 2: Quem é vulnerável a quê e por quê?

Fonte: Relatório do desenvolvimento humano (2014 ).

1. “Quem ou o que é vulnerável?”: A resposta está na análise das

condições de sensibilidade apresentados pelos sistemas ambientais e

os grupos sociais, a partir da caracterização do objeto de análise, assim

como nas relações do objeto de análise e o perigo.

2. “Vulnerável a quê?”: A resposta desta pergunta está no reconhecimento

da dinâmica dos fatores de perigo e sua relação geoespacial com as

pessoas, permitindo estimar o grau de exposição na área de estudo.

3. “Por que é vulnerável?”: Esta é a chave do diagnóstico da

vulnerabilidade, pois implica na análise dos fatores que afetam os

sistemas, reconhecendo as capacidades adaptativas.

Para alcançar resultados que contribuam com a redução da

vulnerabilidade é necessário transcender da análise qualitativa para uma

quantitativa, que permita dar seguimento às aspirações do desenvolvimento

sustentável. O enfoque qualitativo é indutivo e se baseia na expansão dos

dados e na informação com meios de investigação interpretativos, que partem

de observações nem sempre estruturadas, entrevistas abertas, revisões de

documentos, discussões em grupos e avaliações de experiências. Pode-se

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afirmar que a análise qualitativa das condições vulneráveis nem sempre é

consistente, sobretudo ao ser desenvolvida sob distintos pontos de vista que

consequentemente apresentaria resultados contrastantes da realidade

(CUTTER, 2011).

O enfoque quantitativo é dedutivo, pretende limitar a informação, e estar

ligado a experimentos estruturados, entrevistas com perguntas fechadas e

instrumentos de medição padronizados. Estabelecer as condições para

desenvolver a análise da vulnerabilidade com enfoque quantitativo permite

legitimar a informação obtida, unificar os critérios de medição e qualificar

objetivamente as condições da vulnerabilidade às mudanças climáticas. Este

tipo de enfoque é o mais adequado para analisar a dinâmica da vulnerabilidade

e na construção de índices.

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2|METODOLOGIA CIENTÍFICA E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

2.1 CARACTERIZAÇAO DA ÁREA DE ESTUDO

a. Objeto de estudo

O objeto de estudo desta pesquisa é a Bacia Hidrográfica do Moxotó. Onde

serão analisados os impactos ambientais presentes na bacia e também a

vulnerabilidade, especificamente vulnerabilidade ambiental da e dos grupos

sociais que a ocupam que estão sob a influência dos impactos das atividades

socioeconômicas não sustentáveis e consequentemente dos efeitos das

mudanças climáticas.

O objetivo desta pesquisa é quantificar e analisar a vulnerabilidade

ambiental e social da bacia hidrográfica do Moxotó, através da elaboração de

índice com finalidade de contribuir com a implementação de ações de

adaptação as mudanças climáticas. Este objetivo vai de encontro com linhas

centrais do Plano de Ação de Bali (2007) sobre a adaptação às mudanças

climáticas, que destacam a aplicação de medidas de adaptação através da

análise da vulnerabilidade e da capacidade de resposta da paisagem. Esta

pesquisa também realizou um levantamento de dados da bacia para

identificação dos impactos. Foram analisados sob perspectiva espaço-temporal

dados climáticos e dados extraídos de imagens satelitais, com objetivo que

criar um diagnostico prévio do nível dos impactos presentes na paisagem da

bacia.

b. Critérios de seleção da área de estudo

O primeiro critério de escolha foi que a área de estudo estivesse localizada

na região semiárida do Nordeste do Brasil. Já que o objetivo da pesquisa é

quantificar e analisar a vulnerabilidade as mudanças climáticas, optou-se por

selecionar uma área que estivesse dentro da zona considerada crítica e

altamente susceptível aos impactos por efeitos de mudanças climáticas.

Segundo o 5° relatório do IPCC (2014) todos os modelos apresentam que a

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região semiárida sofrerá aquecimento até 2100, variando de 1.5°C – 5.5 °C e

um leve aumento de chuvas e aumento de extremos climáticos, perda

significativa de biodiversidade, potencial perda de cobertura vegetal,

consequentemente aumento das áreas de solo exposto e graves impactos na

atividade agrícola.

O segundo critério de escolha da área de estudo foi o recorte espacial de

bacia hidrográfica, pois já que a pesquisa parte da análise de possíveis

mudanças nos fatores climáticos (precipitação e temperatura) teria que analisar

a distribuição espacial das águas das chuvas. E sendo assim o recorte espacial

bacia hidrográfica é o mais apropriado para este tipo de análise. A atmosfera

não possui recortes espaciais definidos, o que torna difícil de determinar e

quantificar as mudanças sem adotar um recorte físico ou um fator climático

específico. O recorte bacia hidrográfica favorece a análise por estar delimitada

por divisores de água, que neste caso são importantes para observar qual a

carga verdadeira de água oriunda das precipitações abastecem esta zona. O

recorte município ou microrregião são recortes de divisões políticas

administrativas, não cumpre com a função deste estudo.

O conceito de bacia hidrográfica adotado nesta pesquisa é o proposto por

Lima e Zakia (2000), que define “bacia hidrográfica” como conjunto de terras

drenadas por um rio e seus afluentes, formada nas zonas mais altas do relevo

por divisores de água, onde a água das chuvas, ou escoam superficialmente

formando riachos e rios, ou infiltram no solo dando origem aos aquíferos.

Ademais acrescentam uma abordagem sistêmica ao conceito, para estes

autores bacias hidrográficas são sistemas abertos, que recebem energia

através de agentes climáticos e perdem energia através do deflúvio, podendo

ser descritas em termos de variáveis interdependentes, que oscilam em torno

de um padrão, e, desta forma, mesmo quando perturbadas por ações

antrópicas, encontram-se em equilíbrio dinâmico. Assim, qualquer modificação

no recebimento ou na liberação de energia, ou modificação na forma do

sistema, acarretará em uma mudança compensatória que tende a minimizar o

efeito da modificação e restaurar o estado de equilíbrio dinâmico.

c. Recorte espacial

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A bacia hidrográfica do rio Moxotó, fisiograficamente inserida totalmente

dentro dos limites do semiárido nordestino, situa-se quase que totalmente na

porção central do estado de Pernambuco e na parte oeste do estado de

Alagoas, perfazendo uma área de aproximadamente 9.752,71 km2 (sendo

8.778,05 km2 no estado de Pernambuco e 974,66 km2 no estado de Alagoas).

O clima correspondente da bacia, segundo a classificação genérica de

Köppen é o BShW‟, que corresponde ao tipo quente e seco, com total

pluviométrico anual médio que varia de 300 mm a 900 mm, com chuvas

concentradas nos meses de janeiro a maio. A temperatura, a umidade relativa

e a evaporação potencial média anual são de 25 ºC, 55% e 3.008 mm,

respectivamente (PERRAZZO, 2002).

No entanto é importante salientar que o clima da região semiárida, não deve

ser compreendido apenas pelas informações descritas por sua classificação,

uma vez que este clima se configura por sua extrema variabilidade, e

influências de eventos climáticos extremos, como por exemplo, o El niño/La

Niña. A região apresenta valores consideráveis referentes à precipitação, o

problema encontra-se na distribuição temporal destas chuvas, que na região

concentram-se durante os meses de maio a agosto, configurando assim o

período chuvoso, e todos os demais meses de estiagem.

A bacia hidrográfica do rio Moxotó abrange parcialmente 15 municípios, 11

pertencentes ao estado de Pernambuco, sendo eles Arcoverde, Buíque,

Custódia, Ibimirim, Iguaraci, Inajá, Jatobá, Manari, Tupanatinga, Sertânia e

Tacaratú, sendo Iguaraci o município com menor área territorial dentro da

bacia, e 4 no estado de Alagoas, sendo eles Água Branca, Delmiro Gouveia,

Mata Grande e Pariconha (CPRM, 2004) (Figura 3).

A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente –SECTMA (2009)–

afirma que a maior parte das demandas hídricas do estado de Pernambuco são

para atendimento à irrigação, destacando-se a bacia do rio Pontal, a GI-8 e a

do Moxotó, onde a demanda para irrigação representa mais de 90% da

demanda total da bacia.

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Figura 3: Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do Moxotó – PE.Fonte: Elaborado pela

Autora (2016)

A bacia hidrográfica do rio Moxotó é coberta de norte a sul, em 89% da

área, por caatinga. É considerado um hot spot de biodiversidade pela riqueza

da fauna e flora. A cultura cíclica ocupa 7% da bacia, enquanto que os 4%

restantes são ocupados por vegetação arbórea aberta (MELO, 2010).

A geologia da bacia hidrográfica do Moxotó é complexa, as cabeceiras

de drenagem estão sobre estruturas cristalinas associadas à encosta ocidental

do planalto da Borborema. No inicio do médio curso do rio principal surgem

cabaceiras de drenagem sobre morfologia tabuliformes e homoclinais

associados ao planalto da bacia do Jatobá. Seguindo o mesmo trecho o rio

percorre uma zona de depressão subsequente instalada sobre as estruturas

lineares que separam o Horst do leste da bacia, do planalto em estrutura

homoclinal com caimento para sudeste do setor oeste. No trecho do baixo

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curso, o rio principal corta epigenicamente um Horst estreito no sentido E – NE

– WSW estruturado sobre os arenitos da Formação Tacaratu. A epigenia

identificada parece ser uma antiga captura do médio curso do rio Moxotó pelo

atual curso, cuja característica morfológica mais notável é a estreita garganta

sobreposta ao Horst mencionado acima (OLIVEIRA, 2009).

No trecho final o rio sofre inflexão para sudoeste e forma um plano

aluvial que se confunde com as baixas superfícies pedimentadas, esculpidas

sobre estrutura cristalina. O plano aluvial atinge largura máxima próxima à foz,

denotando subida substancial do nível de base perceptível até no padrão de

colmatação das embocaduras das drenagens menores, adjacentes ao canal

principal (OLIVEIRA, 2009).

A bacia possui altitude variando entre 200 e 1100m (Figura 4), o que

influência diretamente no uso e cobertura do solo.

Figura 4: Mapa altimétrico da bacia hidrográfica do rio Moxotó.

Fonte: elaborado pela autora.

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d. Caracterização climática da Bacia Hidrográfica do Moxotó

Sabe-se que a precipitação pluvial, nas faixas semiáridas, varia de no

mínimo 300 mm a 400 mm e no máximo de 700 mm a 800 mm (SEPLAN,

1993). E para Almeida (2001), a chuva é, sem dúvida, o elemento de maior

variabilidade mensal e anual na maioria das regiões do mundo.

A distribuição da precipitação sobre a superfície terrestre é muito mais

complexa se comparada com a radiação ou a distribuição de calor (temperatura

do ar). Parte da complexidade em modelar a distribuição da precipitação é

atribuída à influência de alguns fatores tais, como a topografia, à distância dos

grandes corpos hídricos, as massas de ar predominantes, dentre outros

(AYOADE, 1991).

Para caracterizar o clima a distribuição da precipitação na bacia do

Moxotó, realizou-se um levantamento bibliográfico tomando como base as

principais publicações científicas sobre os sistemas atmosféricos, eventos e

oscilações climáticas cíclicas, anomalias e mudanças unidirecionais que atuam

na região. Enfatizando os sistemas produtores de chuva e as tele-conexões

climáticas como as desencadeadas por eventos como ENSO ou Dipolo do

Atlântico.

Dentre os vários atores climáticos observados na região tropical, os que

se destacam contribuindo para a ocorrência de períodos chuvosos e de

estiagem no Semiárido brasileiro são os sistemas atmosféricos: a ZCIT (Zona

de Convergência Intertropical), VCAN‟s (Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis),

DOL‟s (Distúrbios Ondulatórios de Leste) ou simplesmente Ondas de Leste e

os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM); os eventos climáticos: El

Niño – La Niña (ENOS) e o Dipolodo do Atlântico.

O El Niño Oscilação Sul – ENOS é um evento climático cíclico que

possui efeitos em escala mundial, sendo as zonas mais afetadas a América do

Sul, Indonésia e Austrália. O ENOS origina do aquecimento das águas do

oceano pacifico tropical, próximo à Austrália e Indonésia, alterando a pressão

atmosférica em diferentes zonas por conta da mudança da direção de

velocidade dos ventos alísios, e o deslocamento das chuvas da região tropical

para a costa da America do sul (NÓBREGA, 2000).

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O ENOS é um dos principais fenômenos climáticos responsáveis pelos

longos períodos de estiagem na região semiárida do Brasil. Interferindo nas

características climáticas em grande escala na atmosfera terrestre, modifica os

padrões de chuva nesta região. Sua ocorrência é devido à diferença de

Pressão ao Nível do Mar (PNM) entre os setores centro-leste e oeste no

Oceano Pacífico Tropical, relacionado a um aquecimento anômalo de águas

em geral mais frias no lado leste deste Oceano, provocando mudanças na

circulação geral da atmosfera causando portanto, alterações climáticas em

várias regiões do planeta. (ALVES e REPELLI,1992).

Segundo Nóbrega (2000) o ENOS associado ao Dipolo do Atlântico

Tropical afeta diretamente o posicionamento da ZCIT, influenciando, portanto, a

distribuição pluvial sobre a bacia do Atlântico e o norte da América do Sul.

O Dipolo do atlântico apresenta anomalias de Temperatura da Superfície

do Mar (TSM) com sinais opostos ao norte e ao sul do Equador sobre o

Atlântico Tropical influenciando assim a posição latitudinal da ZCIT, que por

sua vez, altera a distribuição sazonal da precipitação sobre o Atlântico

Equatorial, o Nordeste Brasileiro (NEB) e até a Amazônia. Considera-se que na

fase positiva do dipolo ocorrem precipitações abaixo do normal em todo NEB,

enquanto em sua fase negativa, verificam-se precipitações acima da

normalidade.

Assim, coincidentemente, nos anos de ocorrência do ENOS com a

estação chuvosa sobre o NEB, e por consequência no semiárido, os

fenômenos atmosféricos e oceânicos sobre a bacia do Atlântico Tropical são

mais significativos estatisticamente para a variabilidade interanual do clima

sobre a citada região do que os do próprio Pacífico. (NÓBREGA, 2000).

Coelho et al.,(2004) consideram a ZCIT, sistema atmosférico de

importante influência sobre os trópicos, isto porque a estação chuvosa depende

fortemente da posição da mesma. Neste sentido, a variação na posição da

ZCIT pode resultar em períodos de estiagem ou de chuvas intensas sobre o

Semiárido, pela ocorrência da fase positiva do dipolo ou pela fase negativa do

dipolo, empurrando a ZCIT mais para o norte ou mais para o sul

respectivamente.

Outro relevante sistema climático que atua no Semiárido, principalmente

nos meses de verão austral são os denominados vórtices ciclônicos de altos

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níveis (VCAN‟s). Os VCAN‟s são sistemas de escala sinótica, associados a

chuvas intensas e que para sua formação necessitam de um sistema frontal no

Hemisfério Sul e outro no Hemisfério Norte próximo às latitudes equatoriais e

confluência dos Alísios. A formação dos VCAN‟s está relacionada juntamente a

Alta da Bolívia e do Cavado Nordeste como apresentado por Kousky e Gan em

1981, sendo que, abaixo da crista de 200 hPa onde ocorre uma intensificação

da vorticidade ciclônica, também atuam os Cavados de Latitudes Médias

(CLM‟s) e os Sistemas Frontais (SF‟s), causando deslocamentos tanto

regulares como irregulares na direção do vórtice (KOUSKY e GAN, 1981).

Sendo o VCAN‟s considerado um sistema ciclônico fechado, sua atuação

apresenta as seguintes características: quando suas bordas estão sobre o

Semiárido provoca chuvas, já quando seu centro (frio) está sobre o continente,

provoca estiagem (veranicos). Observa-se também que este fenômeno se

apresenta com uma elevada frequência, visto que de seis anos de

observações, em cinco verificou-se a presença de VCAN‟s. (SILVA ARAGÃO

et. al,. 1996).

Outro sistema climático que atua sobre o Semiárido provocando

precipitações por distúrbios nos ventos de leste conhecidos como ondas de

leste ou simplesmente DOL‟s (Distúrbios Ondulatórios de Leste). Configuram-

se entre as altas subtropicais e a ZCIT (Zona de Convergência Intertropical) é

dominada por fortes e constantes correntes de ar próximo à superfície,

chamadas de Ventos Alísios. Na camada mais baixa dos alísios o ar é

geralmente úmido e a temperatura é determinada pelas trocas de calor entre a

interface oceano-atmosfera. Acima desta camada é encontrada a Camada de

Inversão dos Ventos Alísios, onde a temperatura aumenta com a altura. Apesar

dos alísios estarem relacionados às condições de tempo estável, em algumas

regiões dos trópicos estas situações são interrompidas por distúrbios que, por

se moverem para oeste e apresentarem configurações ondulatórias nos

campos de vento e pressão são denominadas de ondas de leste (NORQUIST

et al., 1977; OLIVEIRA, ALVES, e NOBREGA, 2010).

Desde os anos 80, grande número de artigos científicos tem

documentado ambientes, ciclos de vida e características observacionais dos

Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM). Estes sistemas são importantes

devido ao fato de produzirem uma grande fração da precipitação na escala

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local durante os meses quentes e frequentemente estão associados com

tempo severo. Os CCM‟s são conjuntos de cumulus nimbus cobertos por uma

densa camada de cirrus que podem ser facilmente identificados em imagens de

satélite devido a seu formato aproximadamente circular e com um crescimento

explosivo superior a seis horas (ALVES, 2011).

O conhecimento das características dos CCM‟s é de suma importância

uma vez que eles contribuem para o balanço hidrológico local e global. Zipser

(et al., 1997, apud LAING E FRITSCH, 2006) utilizando seis anos de dados do

satélite TRMM, mapeou os casos de convecção severa mais extremos no

globo, enfatizando o sul da América do Sul como a área com as tempestades

mais intensas na Terra.

e. Causas da vulnerabilidade socioambiental na bacia hidrográfica do

Moxotó

A bacia hidrográfica do rio Moxotó sempre foi marcada por gestões

deficientes e precárias. A bacia possui um histórico de problemas relacionados

a gestão que obviamente, afetava diretamente os municípios da bacia, a

economia local é dependente dos recursos naturais para o desenvolvimento

das principais atividades, e não possuir uma gestão eficiente significou para

estes municípios uma recessão econômica, sendo um dos fatores

responsáveis do baixo desenvolvimento dos municípios (MELO, 2010; LIMA,

2011; LIMA E GATTO, 2013). No entanto, este estudo enfatizou no caso do

Perímetro Irrigando do Moxotó por ter gerado grande impacto social,

econômico e ambiental na bacia.

Localizado na zona fisiográfica do Sertão de Pernambuco, integrando a

microrregião homogênea do Sertão do Moxotó, a 334 km de Recife, o

Perímetro Irrigado Moxotó (PIMOX) abrange áreas dos municípios de Ibimirim

e Inajá, com uma área total de 12.395,96ha (6.375,00ha entregues aos

irrigantes), imediatamente após a jusante do Açude Público Federal Engº.

Francisco Saboya (Poço da Cruz) estendendo-se por cerca de 40 km de ambos

os lados do Rio Moxotó e composto por 565 lotes agrícolas

(UNIVALE/DENOCS, 2013).

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Apesar da bacia esta localizada numa região afetada por fenômenos

climáticos que causam longos períodos de estiagem, este não é o principal

fator causador da vulnerabilidade na área da bacia. A principal atividade

econômica desenvolvida nos municípios que compõem a bacia é a agricultura,

sobretudo a agricultura familiar. Embora possua terras com potencial para

irrigação, e mesmo sendo cenários de projetos desenvolvimentistas nos anos

50, alguns projetos de desenvolvimento da economia local não obtiveram

sucesso, e causaram impactos no meio ambiente e na população, e

consequentemente contribuíram com a vulnerabilidade na Bacia.

Para entender a vulnerabilidade socioambiental da Bacia buscou-se

informações históricas referentes aos eventos que contribuíram com a

dinâmica da vulnerabilidade na área, que forma: a construção do Açude

Público Francisco Sabóia ou Açude Poço da Cruz e a construção do Perímetro

Irrigado do Moxotó (PIMOX).

O Açude Poço da Cruz foi projetado pela Inspetoria Federal de Obras

Contra as Secas – IFOCS (atual Departamento Nacional de Obras Contra as

Secas – DNOCS). Está localizado no município de Ibimirim – PE e possui

profundidade máxima que varia entre 37m a 50m, está inserido na Bacia

Hidrográfica do Moxotó e possui contribuição direta de outros três rios mais:

Cupity, Mel e Piutá.

O início da construção do Açude foi em 1957 e rapidamente concluída em

1958, com as finalidades principais de irrigação das terras a jusante e a

montante do vale, a piscicultura e a geração de energia. Esta última finalidade

se daria através da instalação de uma pequena usina hidrelétrica. A usina

construída possui capacidade total de 1.660 kVA. No entanto a pequena central

hidrelétrica encontra-se desativada há anos (VASCONCELOS, 2009).

Apenas no início dos anos 70 começou o uso de águas do açude para

irrigação, tendo auge nos anos 80. No entanto por conta da falta de chuvas e o

uso de maneira irregular do recurso, foi necessário aplicar medidas de

racionamento. O colapso total no fim dos anos 90 levou muitos agricultores a

abandonar as zonas irrigáveis e toda a estrutura do perímetro de irrigação

(VASCONCELOS, 2009).

O perímetro irrigado do Moxotó (PIMOX) foi instalado apenas nos

municípios de Ibimirim e Inajá, está localizado a jusante do açude, e se estende

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por cerca de 40 km em ambos os lados do rio Moxotó, abrangendo área total

de 12.395,69ha, área irrigável são 8.596ha, e área efetivamente implementada

de 5.607ha. A irrigação difusa abrange 400ha da área da montante do

reservatório e 600ha da jusante. O objetivo da construção do açude foi

subsidiar água para o perímetro irrigado e potencializar a atividade agrícola da

região. Toda a estrutura do perímetro esta, me maior parte, sobre solos

aluviais, por possuírem textura fina e são indicados para irrigação. O projeto foi

planejado para 560 lotes de famílias, com área média de 6,6ha, e 33 lotes

empresariais, com área total de 3,03ha (VASCONCELOS, 2009).

A irrigação era realizada, na maioria da área, através do método de

gravidade que aplica à técnica de infiltração por sulcos e sifões. A água do

açude é transportada por um canal principal que se deriva para dois adutores

distintos para abastecer os canais, no entanto todos os canais são abertos, o

que causa perda significativa durante o transporte por conta da

evapotranspiração.

Entre 1980 e 1983 o PIMOX chegava ao seu auge, beneficiando mais de

6.000 famílias e gerando mais de 20.000 empregos diretos e aproximadamente

5.000 indiretos. A região chegou a ser chamada de “El dourado do sertão de

Pernambuco” por alguns jornais do estado. (VASCONCELOS, 2009).

Em 1991 iniciava no semiárido um longo período de estiagem, e

consequentemente um racionamento das águas do açude, e em 1993 o volume

do açude atingiu níveis críticos. O volume total reduziu 15% da capacidade, em

torno de 74 milhões de metros cúbicos, dando inicio a aplicação de medidas de

restrição de uso.

Com objetivo de controlar o desperdício da água e melhorar a

administração do perímetro, em 1995 foi aprovado pela Assembléia Geral de

Irrigantes a criação da Associação dos Produtores Rurais Irrigantes do Vale do

Moxotó (UNIVALE).

O longo período de estiagem, os altos índices de evapotranspiração e o

uso pouco sustentável das águas do açude reduziram consideravelmente a

capacidade de fornecimento de água para atendimento à demanda. O que

resultou no fechamento total das comportas, que a criação da UNIVALE era

mantida aberta constantemente sem qualquer controle.

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No entanto, mesmo com a aplicação de medidas de restrição do

fornecimento de água e a redução das áreas irrigadas não resolveram o

problema do volume do açude nem tão poucos dos impactos que surgiam. Tal

situação levou a paralisação total do projeto e suspensão do uso das águas do

reservatório para irrigação, provocando ainda mais impactos socioambientais e

econômicos.

A paralisação do sistema de irrigação durou até 2004, quando houve a

retomada das atividades do PIMOX, desta vez contemplado apenas 58 lotes

agrícolas e 79 irrigantes. O numero de beneficiados pelo sistema foi reduzido

uma vez que a estrutura do sistema não permitia a liberação de volumes

maiores que 1.000/s. os canais de irrigação ainda encontravam-se danificados

propiciando perda de água. (VASCONCELOS, 2009)

Somado aos fatores climáticos a estas práticas não sustentáveis de uso

do solo e dos recursos hídricos são estes os principais fatores que contribuem

diretamente no aumento da vulnerabilidade socioambiental da bacia.

2.2 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

A metodologia desta pesquisa está divida em três etapas. A primeira

etapa está constituída dos métodos técnicos aplicados para análise das

presumíveis mudanças na dinâmica das precipitações. A segunda se trata da

análise espaço-temporal dos possíveis impactos presentes na paisagem da

bacia hidrográfica do Moxotó, sobretudo na vegetação, e a terceira etapa

corresponde à construção do índice de vulnerabilidade às mudanças

climáticas, no qual serão analisados os fatores de vulnerabilidade social e

ambiental da bacia. As duas primeiras etapas representam o risco aos quais

estão expostos os grupos sociais que ocupam a bacia. E a terceira representa

a quantificação da vulnerabilidade.

2.2.1 ANÁLISES DE TENDÊNCIAS EM SÉRIES TEMPORAIS

a. Séries temporais

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Pode-se definir uma série temporal como sendo um conjunto de dados

observados e ordenados segundo parâmetros de tempo e com dependência

serial, sendo esse espaço de tempo entre os dados disponíveis equidistantes

(SOUZA e CAMARGO, 2004).

A suposição básica que norteia a análise de séries temporais é que há

um sistema casual relativamente constante, relacionando com o tempo, que

exerceu influência sobre os dados no passado e pode continuar a fazê-lo no

futuro. Este sistema casual costuma atuar criando padrões não aleatórios que

podem ser detectados no gráfico da série temporal. O de analisar uma série

temporal é constatar a ausência de padrões não aleatórios, já que a estes é

atribuído o papel de indicador que determinando sistema ou processo esta fora

de controle, ou fora de sua dinâmica habitual.

De acordo com o exposto, nota-se que a análise de séries temporais tem

grande importância como informação para previsão do futuro. O estudo do

comportamento das variáveis ocorridas no passado, em dados de precipitação,

nos permite prever as variações que poderão ocorrer no futuro, e assim prever

os próprios valores futuros dos dados (GÓIS, 1980).

Para que uma determinada série seja classificada como uma série

temporal, é necessário que ela preencha outro pré-requisito: os dados devem

apresentar uma dependência serial entre eles. Onde: os dados de uma variável

aleatória Z (precipitação), no instante t, com t variando até N, possa de certa

maneira, conter informações necessárias para que seja determinando o valor

dessa variável no instante t+1. Cabe mencionar que, N representa o numero de

observações da série temporal (MORETTIN e TOLOI, 2006).

A série temporal pode ser conceituada simplesmente como qualquer

conjunto de dados observados no tempo (MORRETTIN e TOLOI, 2006). E

expressada matematicamente pela seguinte equação (1):

Zt

(1)

Onde t é um índice temporal, e N é o número de observações.

Considerando a existência de uma série temporal até o instante t, a previsão no

instante t + h é denotada por Žt(h), cuja origem é t e o horizonte de previsão é

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h. As previsões em Z(t+1), Z(t+2), ... Z(t+h) podem ser ilustradas pelo gráfico abaixo

(Gráfico1).

Gráfico 1: Observações de uma série temporal com previsões de origem t e horizontes de

previsão iguais a um, dois e h.

Fonte: MORETTIN e TOLOI, 2006, p 16.

Os dados utilizados nesta etapa da pesquisa foram conseguidos

juntamente à Agência Pernambucana de águas e clima (APAC). Corresponde a

uma série contínua de dados mensais de precipitação do período de 1930 a

2014, das estações meteorológicas das cidades de Arcoverde, Betânia,

Custódia, Ibimirim, Inajá e Sertânia (Tabela 1).

No processo de tabulação a série foi ordenada em quatro intervalos:

1930 a 1950

1951 a 1970

1971 a 1990

1991 a 2014

Tabela 1: Relação de estações meteorológicas onde foram extraídos os dados de precipitação.

ESTAÇÕES ANO ESTAÇÕES ANO

Arcoverde – 206

1973 a

2009

Inajá – 149

1993 a

2007

Arcoverde – 334

1999

Inajá - Juazeiro dos Candidos–

391

1962 a

1992

Arcoverde - CHESF- 47

1930 a

1998

Inajá - Pernambucano – 323

1962 a

1993

Arcoverde - Fazenda Quixaba - 517

2001 a

2004

Inajá - Poço Alexandre – 322

1962 a

1993

Arcoverde - IPA – 16 1962 a Inajá - CHESF – 33 1937 a

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49

2014 2014

Betânia – 93

1934 a

2014

Manari– 478

1963 a

2014

Betânia - Cachoeira do Leite - 228

1962 a

2001

Sertânia – 185

1994 a

2014

Custodia – 147

1933 a

2014

Sertânia - Albuquerque Né – 401

2008 a

2012

Custodia - CHESF – 46

1993 a

1998

Sertânia - Algodões – 75

1933 a

1999

Custodia - Povoado Caiçara - 234

1962 a

2005

Sertânia - Carualina– 315

1962 a

1993

Custodia - Quitimbu – 449

1962 a

1991

Sertânia - Henrique Dias – 427

1962 a

1992

Ibimirim - Brejo do Piore – 431

1962 a

1993

Sertânia - Henrique Dias – 339

1931 a

2009

Ibimirim - IPA – 14

1993 a

2014

Sertânia - IPA – 243

1990 a

2014

Ibimirim - Jeritaco – 424

1934 a

1992

Sertânia - Moderna – 143

1962 a

2012

Ibimirim - Moxotó – 388

1934 a

1989

Sertânia - Pernambuquinho – 364

2008 a

2012

Ibimirim - Poço da Cruz – 468

1958 a

2011

Sertânia - Rio da Barra – 256

1962 a

2009

Ibimirim - PCD – 489

1999 a

2014

Sertânia - Xilili– 383

1962 a

1992

Ibimirim - PCD/Poço da Cruz - 494

2000 a

2004

Sertânia - PCD – 337

2005 a

2014

Fonte: APAC

Esta série temporal possui padrão de variações sazonais, ou ciclo anual.

O tempo entre duas cristas corresponde exatamente há um ano. As variações

sazonais são aquelas que ocorrem regularmente no período de um ano. No

entanto, há duas razões importantes para isolar a componente sazonal de uma

série temporal. A primeira é remover padrão sazonal e analisar apenas as

variações cíclicas e irregulares, e a segunda, e mais coerente para esta

pesquisa, é identificar os fatores sazonais com o objetivo de que eles

contribuam na planificação final dos resultados. Nos estudos climatológicos, é

recomendável remover a componente sazonal das séries temporais, pois

podem mascarar outras componentes da série.

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50

b. TESTE MANN-KENDALL

Detectar possíveis aumentos ou diminuições progressivas nas

precipitações médias anuais é uma tarefa que frequentemente apresenta

problemas complexos que são comuns em análises de séries climatológicas.

Os problemas, em geral, estão relacionados às variáveis climatológicas que

apresentam flutuações significativas ao longo do tempo.

Tentar identificar tendências nítidas apenas analisando a informação

dada pelos gráficos das séries temporais é inútil, podem-se perceber anos mais

secos e outros mais chuvosos, no entanto, é bastante difícil de detectar se

ocorrem sequências ou ciclos de anos com predominância de uma ou outra

dessas características. Portanto é fundamental aplicar um método estatístico

que possibilidade identificar se existem tendências nítidas nas séries em

análise.

O teste de Mann-Kendall é um teste não-paramétrico (KENDALL, 1975;

MANN, 1945), sugerido para avaliação da tendência em séries temporais de

dados ambientais (YU et al., 2002). Esse teste consiste basicamente da

comparação de cada valor de uma série temporal com outros valores restantes,

sempre em ordem sequencial (SILVA et al., 2007). O teste considera a

hipótese de estabilidade de uma série temporal. Neste sentido, a sucessão de

valores denota deformação independente e a distribuição de probabilidade

deve permanecer sempre a mesma (série aleatória simples). A Organização

Meteorológica Mundial (OMM) recomenda este teste, pois permite a

identificação em estudos de tendências e séries temporais meteorológicas

partindo do principio que a estabilidade é ideal para analisar a dinâmica

climática em série história, e identificar mudanças nas séries. (RODRIGUES et.

al., 2010).

Este teste foi aplicado para verificar objetivamente se há tendências

estatísticas significativas ou não na série temporal de precipitação da bacia

hidrográfica do Moxotó. Seja uma série temporal de observações x1, x2, ..., xn,

Mann (1945) propôs que para hipótese nula - H0 seja verdadeira a informação

vinda de um bando de dados devem ser variáveis aleatórias, independentes e

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igualmente distribuídas. E para que a hipótese alternativa – H1 seja verdadeira

os dados devem seguir uma tendência monotônica.

Neste teste, ao considerar-se a equação 1, toma-se a hipótese nula (H0)

considerando a ausência de tendências; neste caso, os dados

necessariamente devem representar variáveis aleatórias igualmente

distribuídas. Sendo expressa pela seguinte equação 2:

Onde:

Sgn (x) =

+ 1 x > 0

0 x = 0

- 1 x < 0

(2)

Xj e Xk representam a ordem relativa de cada elemento da série temporal. As

diferenças (Xj - Xk). Recebem valor zero (0) se (Xj - Xk) = 0; e [-1] se (Xj - Xk) >

0, por fim, [1] se (Xj - Xk) < 0. Supondo que H0 seja verdadeiro, S deve

apresentar uma distribuição aproximadamente normal com média zero e

variância Var(S) = [(n*(n-1)*(2*n+5)]/18.

O resultado de S indica a existência da tendência, desde que o valor de

S seja significativamente diferente de zero. Sendo S diferente de zero, a

hipótese nula H0, pode ser rejeitada. Inversamente a hipótese alternativa (H1) é

aceita (MANN, 1945).

O valor da estatística do teste é representado por Z, dado pela seguinte

equação (3):

Se S>0

Z =

0 Se S = 0

Se S<0

(3)

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A presença de uma tendência estatisticamente significativa é avaliada

pelo valor de Z. Essa estatística é usada para testar a hipótese nula, ou seja,

que não existe nenhuma tendência. O valor positivo de Z indica um aumento da

tendência, quando o valor é negativo indica tendência decrescente.

A presença de uma tendência estatisticamente significativa é avaliada

pelo valor de Z. Essa estatística é usada para testar a hipótese nula, ou seja,

que não existe nenhuma tendência. O valor positivo de Z indica um aumento da

tendência, quando o valor é negativo indica tendência decrescente. A

existência de uma tendência estatisticamente significante na série temporal foi

avaliada usando-se o valor da estatística Z, para testar a hipótese nula (não há

nenhuma tendência). O Z é o parâmetro de saída do teste Mann-Kendall.

Valores positivos de Z indicam tendências crescentes, enquanto que negativos

indicam tendências decrescentes. Para testar qualquer tendência, crescente ou

decrescente, para um nível significante α, rejeita-se a hipótese nula se o valor

absoluto de Z for maior que Z1-α/2 (Tabela 2). Neste trabalho, foi aplicado o

nível de significância α = 0,05. Assim, se o valor absoluto de Z for maior que

1,96, rejeita-se a hipótese nula ao nível de 5% e as médias são

estatisticamente diferentes. O resultado positivo da estatística Z, maior do que

1,96 indica tendência significativa de acréscimo (Tsa), menor que 1,96 a

tendência é não significativa de acréscimo (Tnsa), enquanto um valor negativo

de Z, menor do que -1,96 indica tendência significativa de decréscimo (Tsd) e

valor maior que -1,96 indica tendência não significativa de decréscimo (Tnsd).

Se o Z for 0 não existe tendência na série (ALVES et al., 2015)

Tabela 2: Descrição da significância do teste Mann - Kendall

SIGNIFICANCIA LEGENDA Z

Sem tendência ST 0

Tendência significativa de acréscimo TSA > + 1,96

Tendência significativa de

decréscimo

TSD

< - 1,96

Tendência não significativa de

acréscimo

TNSA

< + 1,96

Tendência não significativa de

decréscimo

TNSD

> - 1,96

Fonte: ALVES et al,. 2015

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53

2.2.2 ANÁLISES ESPAÇO-TEMPORAL DE IMPACTOS SOBRE A

COBERTURA VEGETAL

O avanço das pesquisas espaciais, a criação de novos sensores orbitais

e a distribuição de maneira mais acessível aos usuários das ferramentas de

geoprocessamento, tem tornado as imagens satélites o produto de

sensoriamento remoto mais utilizado para análises da dinâmica de cobertura

vegetal no mundo.

Estas tecnologias contribuíram e facilitaram o mapeamento,

monitoramento e controle da cobertura vegetal de áreas extensas na superfície

(PONZONI, 2001). O mapeamento e monitoramento da cobertura vegetal

ganharam considerável impulso nas últimas décadas, e uma das razões é a

popularização das ferramentas de sensoriamento remoto e do acesso gratuito

a muitas delas e, sobretudo, o grande desenvolvimento de pesquisas sobre

controle e monitoramento do desmatamento, já que as áreas onde ocorrem os

desmatamentos na maioria dos casos são extremamente extensas, como por

exemplo, a floresta Amazônica.

A facilidade do acesso às ferramentas e técnicas do processamento de

imagens, que consequentemente contribui aos avanços das pesquisas sobre

vegetação e especialmente aos estudos de controle e monitoramento dos

desmatamentos, associados às políticas de proteção ambiental, têm sido um

importante ator no combate ao desmatamento e preservação de florestas.

Segundo Fonseca (2000), além da importância do uso das imagens satelitais

nos estudos relacionados à vegetação, o quão importante é esta ferramenta

como fonte de informação para produção cartográfica de estratégia.

Dentre as principais técnicas aplicadas de processamento de imagens

relacionado às análises de dinâmica da vegetação destaca-se o NDVI

(Normalized Difference Vegetation Index). Este é o índice mais utilizado no

processamento de dados satelitais aplicados à vegetação, pois explora as

propriedades espectrais de absorção da vegetação no comprimento da onda

visível. Na onda visível absorve-se melhor a vegetação por conta da clorofila, e

atinge seu máximo de refletância na onda infravermelha, dependendo da

anatomia da folha (MYNENI et al., 1995). O NDVI funciona como estimador de

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radiação utilizada dentro do processo de fotossíntese que ocorre nas folhas, e

monitora a variabilidade periódica das plantas (STÖCKLI e VIDALE, 2004;

STÖCKLI, 2005).

Este índice apresenta excelente resposta na análise das mudanças na

quantidade da biomassa verde, conteúdo de clorofila e estresse hídrico

(LIANG, 2004). Além de auxiliar na estimativa e controle de produções

agrícolas.

Os diferentes tipos de vegetação podem ser classificados segundo o

exclusivo comportamento espectral de casa espécie vegetal (TUCKER, 1978):

a radiação do canal vermelho (630 nm - 690 nm) é absorvida pela clorofila,

enquanto que no canal infravermelho próximo (760 nm- 900 nm) a radiação é

refletida e sua intensidade de refletância depende da estrutura celular das

folhas.

Por tanto ao analisar a curva da refletância da vegetação, o desvio

observado entre o canal vermelho e o infravermelho próximo constitui em uma

variável sensível à presença da vegetação verde. A resposta espectral da

vegetação no canal vermelho está diretamente relacionada à concentração de

clorofila, enquanto que a resposta espectral do canal infravermelho é

controlada pelo índice de área foliar e a densidade da vegetação verde

(MAJOR et. al., 1990). A combinação desses dois domínios espectrais permite

diferenciar os distintos tipos de vegetação, determinando fotossinteticamente a

biomassa ativa através da densidade da cobertura vegetal, e diferenciando a

vegetação dos demais elementos presentes na superfície.

O objetivo deste capítulo é identificar e quantificar no espaço e no tempo

os impactos presentes na vegetação e no solo da superfície da bacia. Para isto

serão utilizadas imagens satelitais LandSAT (5 e 7) e será aplicado o índice

NDVI.

a. Descarga, registro e correção geográfica das imagens

Para realizar esta etapa da pesquisa foram utilizadas do satélite

LANDSAT 5 sensor TM e LANDSAT 7 sensor ETM – disponíveis gratuitamente

pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

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55

A eleição das imagens foi sob os seguintes critérios: escolher imagens

referentes ao período seco da bacia, de mínima precipitação, para enfatizar as

áreas de vegetação permanente e que as imagens apresentassem o mínimo

de cobertura de nuvens, para facilitar a visualização das zonas analisadas.

Cada banda espectral do satélite LANDSAT5 TM possui resolução de

30m, cada pixel representa uma área quadrangular de 30m X 30m. Assim, um

pixel pode abrigar mais de um tipo de “corpo terrestre” ou corpos que refletirão

energia solar de formas distintas.

Para o processamento digital das imagens foi utilizado o software

ArcGIS 9.3 (Licenciado para a Universidade Federal de Pernambuco).

b. Calibração radiométrica

Esta etapa constitui no cálculo da radiância espectral de cada banda, ou

seja, a conversão radiométrica onde o número digital de cada pixel da imagem

é convertido em radiância espectral monocromática (SILVA, 2009). Segundo

Markahm e Baker (1987), este cálculo representa a radiação solar refletida por

cada pixel, por unidade de área, de tempo, de ângulo solido e comprimento de

onda, medida ao nível do satélite LANDSAT5 TM, para as bandas 1 a 7

(equação 4).

(4)

Onde a e b são as radiâncias espectrais mínima e máxima,

respectivamente, ND é a intensidade do pixel, e i corresponde às bandas da

imagem. A radiância calculada é a conversão radiométrica do número digital

em valor monocromático, neste caso o valor da radiância que é apresentada

por cada pixel corresponde à medida das radiâncias de todos os corpos

identificados na área da imagem. O cálculo de radiância é uma etapa

fundamental no cálculo do NDVI.

c. Cálculo de refletância

É definido como a razão entre o fluxo da radiância solar refletida e o

fluxo da radiância solar incidente (equação 5)

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56

(5)

Onde Lλi é a radiância espectral de cada banda, kλi é a irradiação solar

espectral de cada banda no topo da atmosfera, Z é o ângulo zenital e dr é o

quadrado da razão entre a distância da terra-sol (ro) e terra-sol (r), num

determinado dia do ano. A refletância espectral de uma determinada superfície

é extremamente complexa, uma vez que a superfície da Terra, em geral, é

heterogênea e agrega diversos elementos. (FIORIO et. al., 2001).

d. Cálculo do Normalized Difference Vegetation Index – NDVI

O índice NDVI foi obtido pela razão entre as diferenças entre a

refletância do infravermelho próximo e o vermelho (equação 6).

(6)

Onde A é a refletância no canal infravermelho próximo; B é a refletância

no canal vermelho.

e. Classificação supervisionada

Para esta etapa foi aplicado uma adaptação da classificação

supervisionada proposta por Lourenço e Landim (2004), onde os valores mais

altos do índice foram associados a maior densidade de cobertura vegetal, e os

valores mais baixos foram associados a menor densidade de cobertura vegetal,

superfícies expostas, corpos d‟água e zonas urbanas:

Tabela 3: Valores do Índice x Classes

Valores do índice Classes

-1 a -0,32 Corpos d‟água

-0,31 a -0,059 Áreas úmidas

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-0,058 a 0,0039 Solos expostos

0,004 a 0,12 Vegetação pouco densa

0,13 a 1 Vegetação densa

Fonte: elaborado pela autora.

Segundo o relatório de Biodiversidade da Caatinga (2003), a região

central do Semiárido Pernambuco (onde está localizada a bacia do Moxotó),

apresenta predominantemente o domínio da vegetação hiperxerófila, também

apresentando áreas com domínio da vegetação hipoxerófila e pequenas ilhas

úmidas (Brejos) 5.

Quanto maior a quantidade espacial de vegetação, menor as áreas de

solo exposto. Sendo assim foi destacada nas imagens apenas a vegetação, e

com auxilio da classificação supervisionada (LOURENÇO e LANDIM, 2004), a

cobertura vegetal foi divida em três categorias de densidade de acordo com os

valores do NDVI.

Este estudo pretende analisar apenas a vegetação arbórea e arbustiva,

por tanto a classificação supervisionada foi adaptada com base no perfil

vegetal da Caatinga segundo a fisionomia (Figuras 5, 6 e 7) e nos resultados

do NDVI (Tabela 4). Sendo assim a adaptação realizada foi à seguinte:

Figura 5: Caatinga arbórea - arbustiva de Baixa densidade

Fonte: LEMOS, 2006

5 Os Brejos de Altitude Nordestinos são encraves da Mata Atlântica, formando ilhas de floresta úmida

em plena região Semiárida cercadas por vegetação de caatinga, tendo uma condição climática bastante atípica com relação à umidade, temperatura e vegetação e com pouco conhecimento sobre sua vegetação e ecologia (PORTO et al., 2004).

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Figura 6: Caatinga arbórea - arbustiva de média densidade

Fonte: LEMOS, 2006

Figura 7: Caatinga arbórea - arbustiva de alta densidade

Fonte: LEMOS, 2006

Tabela 4: Classificação supervisionada – NDVI.

CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA – NDVI

Fonte: Adaptada pela autora.

VALOR NDVI CATEGORIAS

0,25 – 0,50 Baixa densidade vegetal

0,50 – 0,75 Média densidade vegetal

0,75 – 1 Alta densidade vegetal

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2.2.3 CONCEITUAÇÃO E METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DA

VULNERABILIDADE FRENTE MUDANÇAS CLIMÁTICAS: CRIAÇÃO DO

ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS – IVMC

O processo de gerar a informação para construção dos indicadores a

partir de dados brutos requer também conhecimento de campo. Os indicadores

são usados para construir modelos conceituais do funcionamento de um

determinado sistema a partir de um raciocínio lógico e ou da experiência

adquirida entre os pesquisadores e os atores chaves.

A conceitualização de um sistema socioambiental onde um dos fatores

de perigo são as possíveis alterações do clima requer um modelo quantitativo

onde os fenômenos possam ser convertidos em valores concretos. Por tanto é

necessário estabelecer parâmetros para quantificar os fatores que geram a

vulnerabilidade, como as características físicas da paisagem e

socioeconômicas. Estas informações serviram de referencia para determinar os

níveis de exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa do sistema em

análise.

Os dados brutos para construção dos indicadores foram selecionados

segundo os seguintes critérios: deveriam possuir relação direta com o perigo

(CONNOR & HIROKI, 2005; MENDOZA, et. al., 1999; MOSSET et. al., 2000)

que se enquadrasse com a escala de análise e com as características

específicas da bacia hidrográfica do Moxotó (FOWLER et. al., 2003; SULLIVAN

& MEIGH, 2005).

Os indicadores servirão para ordenar e sistematizar a informação para a

planificação, montagem e análise do índice que contribuíram na gestão de

mitigação.

Também para determinação dos indicadores que foram aplicados na

construção do índice, além de possuírem aspectos físicos, econômicos e

sociais, deveriam também possuir aspectos diretamente relacionados às

características climáticas e que fossem suficiente sensível para que pudessem

refletir as mudanças do sistema estudado. (Figura 8).

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Figura 8: Hierarquização da informação para elaboração do índice a parir de indicadores e

dados brutos.

Fonte: adaptado de CENDERO (1997).

Com o objetivo de reduzir o grau de incertezas foram selecionados

poucos indicadores, no entanto foram selecionados indicadores que

apresentassem precisamente características dos fatores de análise, que seriam

a exposição, a sensibilidade e a capacidade adaptativa.

a. MODELO CONCEITUAL

i. Construção do Índice de Vulnerabilidade a Mudanças

Climáticas

Nesta etapa elegeu-se trabalhar com informação de fácil acesso e atual,

disponível a todo o público, e que a informação estivesse disponível a escala

municipal.

A principal fonte de extração dos dados foi o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE, que é o órgão público encarregado pela coleta

e tratamento de dados relacionados ao tema, ademais de ser o instituto

responsável pelo Censo nacional e da Agência Estadual de Planejamento e

Pesquisas de Pernambuco - CONDEPE\FIDEM. Também foram extraídos

dados da Agencia Pernambucana de Águas e Clima – APAC, e dados

extraídos dos resultados do processamento das imagens do satélite LANDSAT.

ÍNDICE

INDICADORES

DADOS BRUTOS

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Foram reunidos dados brutos de sete municípios (que fazem parte do recorte

da bacia do Moxotó).

Os indicadores selecionados para compor o índice foram doze,

agrupados em cada subíndice correspondente: três para caracterizar o

subíndice de exposição, cinco para caracterizar o subíndice de sensibilidade, e

quatro para caracterizar o subíndice de capacidade adaptativa.

Este índice foi construído tomando como base a metodologia proposta

por Monterroso (2011). Foram modificados os indicadores que compõem os

subíndices, com objetivo de adequar melhor o índice à realidade do semiárido

brasileiro. Sendo assim os subíndices que compõem o índice foram

organizados da seguinte forma:

EXPOSIÇÃO

Este subíndice se refere ao grau de estresse climático sobre uma unidade

particular de analise; pode ser representado por mudanças nas condições

climáticas ou pelas taxas de variabilidade climática, onde se inclui a magnitude

e frequência dos eventos extremos. Alguns fenômenos naturais apresentam-se

como ameaças, correspondem a fenômenos extremos, como as inundações,

secas, incêndios, tempestades, dentre outros. O risco se estabelece diante da

possibilidade de exposição da sociedade a qualquer evento extremo

(MARANDOLA et. al., 2009). Para compor este subíndice sugere-se os

seguintes indicadores:

Tendência pluviométria: uma ameaça às atividades primárias

predominante no semiárido é a alta variabilidade climática. Essa região

que historicamente é atingida por eventos extremos e sendo assim

frequentes períodos de estiagem. Em regiões com estas características

climáticas a produção agrícola, a pecuária, e a caça encontram-se mais

expostas aos impactos, que consequentemente impactam também os

grupos sociais envolvidos em tais atividades a na própria economia

local. Para construir este indicador foram analisados os dados climáticos

de precipitação mensal e anual do período de 1930 a 2014 com objetivo

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de identificar tendências de mudanças climáticas, sobretudo, tendências

positivas, negativas ou neutras na dinâmica de precipitações da bacia.

Taxa de solo degradado: Este subíndice considera as

porcentagens de áreas sem cobertura vegetal. A vegetação determina a

proteção à erosão dos solos, assim como controlam o albedo da

radiação solar, que é mais elevado ante a ausência da cobertura

vegetal. A retirada da cobertura vegetal na região Semiárida, seja

através de queimadas ou cortes ilegais, contribui e potencializa os

processos de exposição do solo. A ausência da cobertura vegetal

também contribui com a lixiviação do solo, isto é a extração ou

solubilização dos constituintes químicos de uma rocha, mineral, solo,

depósito sedimentar e etc. pela ação de um fluido percolante (DEMATTÊ

et al., 2004). Para compor este indicador optou-se por extrair a

informação dos resultados do índice Normalizado de Diferença

Vegetacional (NDVI, sigla em inglês).

Porcentagem de variação da temperatura: Corresponde o

resultado da aplicação do cenário B2 (menos critico) do modelo

PRECIS(Providing Regional Climates for ImpactStudies). Os dados

deste indicador foram extraídos do quinto relatório sobre mudanças

climáticas do IPCC (IPCC, 2013)

SENSIBILIDADE

A sensibilidade é o estado no qual se encontra um sistema quando é

potencialmente afetado e modificado por um distúrbio, interno ou externo, ou

um grupo deles. Medir a sensibilidade determina o grau no qual um sistema foi

afetado, possibilitando quantificar o nível de sensibilidade de um sistema. Este

subíndice está composto por indicadores que possibilitam avaliar a

sensibilidade social e ambiental no sistema da Bacia do Moxotó.

(MONTERROSO, et. al., 2011).

Determinados grupos sociais estão mais expostos que outros aos riscos

ambientais, em particular os grupos sociais mais sensíveis são as

comunidades pobres dos centros urbanos, que sofrem com os efeitos diretos

da contaminação do ar, e os impactos do efeito estufa; os agricultores

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familiares de zonas áridas e semiáridas, que estão sob regime irregular de

precipitações, e frequentes e largos períodos de estiagem (secas). Uma ampla

variedade de fatores sociais e econômicos intervém direta e indiretamente na

sensibilidade humana frente às mudanças climáticas, entres estes fatores se

destacam a pobreza, a desigualdade social, o acesso a recursos naturais

básicos. (CUTTER, 1996).

População – Incidência de pobreza: A pobreza aqui é conceituada desde

a perspectiva da carência e ou ausência de recursos mínimos

aceitáveis. A conceitualização da pobreza já não é, somente, o ingresso

a um determinado nível social ou a renda, senão se refere também ao

processo pelo qual as pessoas alcançam (ou não) seu bem-estar

(ESPÍNOLA, et al,.2010). O PNUD (2014) seguindo a proposta de

Amartya Sen, que também considera as necessidades e ou privações

das pessoas por sua condição social como a referência final para

determinar a pobreza. Isto é, consideram ademais da renda familiar, o

aceso à educação, saúde e qualidade de vida (acesso à eletricidade,

saneamento básica, água potável, etc). Com base num critério de

análise multidimensional, entende que a pobreza possui conceito relativo

e extremamente complexo, no qual se baseia não somente na falta de

recursos financeiros, mas também na carência de oportunidades reais

de desenvolvimento, determinados pelas limitações impostas pela

sociedade (PNUD, 1997). Sendo assim, a pobreza é reconhecida como

um indicador de extrema importância na medição da vulnerabilidade às

ameaças climáticas. Os grupos sociais de baixa renda apresentam

capacidade de controle inferior aos demais grupos, portanto sofrem

consequências desproporcionais. (MARANDOLA et. al., 2005)

Saúde – Número de estabelecimentos públicos de saúde: Neste tópico

entendesse a falta de acesso a tratamentos de saúde públicos com

indicador de sensibilidade, uma vez que uma determinada área sofre

com impactos diversos, estes afetam diretamente nas vidas das

pessoas, e por vezes causando doenças e impactos semelhantes.

Entendendo desta forma que quanto menor o número de

estabelecimentos públicos de saúde, maior a dificuldade de pessoas de

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baixa renda a ter acesso a tratamentos de saúde, consequentemente

mais vulneráveis são estas pessoas. (PNUD, 2014).

Condições sanitárias – Número de residências sem saneamento básico

adequado: A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saneamento

básico como “o controle de todos os fatores de meio físico do homem

que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre o bem-estar físico,

mental e social”. O saneamento básico tem como objetivo zelar pela

saúde do ser humano, tendo em conta que muitas doenças podem ser

desenvolvidas quando há um saneamento precário. (PNUD, 2014).

Atividade econômica – Número de trabalhadores em atividades

primárias (agricultura, pecuária e caça): As atividades primárias são

diretamente dependentes de fatores naturais, e uma vez que estes

sofram mudanças e impactos, estas atividades seriam as primeiras a

passarem por transformações. As atividades primárias são

predominantes nos municípios que compõem a bacia do Moxotó. E

havendo alterações no sistema natural, haveria mudanças no sistema

socioeconômico da bacia. Segundo Tavares (20110) Mudanças nos

geossistemas podem provocar modificações nos sistemas

socioeconômicos, e vice-versa. Com a formatação dos espaços urbano

e rural atrelado aos interesses financeiros tem prevalecido e produzido

alterações rápidas nos fluxos de matéria e energia no âmbito dos

sistemas socioeconômicos, com repercussão nos geossistemas,

especula-se sobre tendência e mudanças climáticas de origem

antrópica, que produziriam consequências impactantes

retroalimentadoras em ambos os sistemas.

CAPACIDADE ADAPTATIVA

As capacidades de um sistema de enfrentar as consequência dos impactos

das mudanças climáticas contribuem no processo de mitigação. Implementar

medidas que ajudem a minimizar os impactos e técnicas que potencializem a

capacidade adaptativa dos grupos sociais. A capacidade adaptativa de um

grupo social reflete sua flexibilidade a modificar características e

comportamentos para enfrentar melhor as dificuldades, com objetivo de

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monitorar os fatores que impulsionam as mudanças (MONTERROSO, et. al.,

2011). Para compor este subíndice selecionaram-se os seguintes indicadores:

Capital humano – Taxa de alfabetizados: Entende-se como

alfabetização “a habilidade para utilizar símbolos gráficos que

representem a linguagem falada de modo que o saber coletivo do grupo

exteriorize-se e perpetue no tempo e espaço” (BATISTA, 2006, p. 15).

Alfabetização está relacionada, sobretudo, com a capacidade humana

de usar um conjunto de técnicas para decodificar e produzir materiais

escritos, que segundo McGarry (1999) esta definição refere-se à

alfabetização impressa ou alfabetização básica. Para Bawden (2002), o

conceito de alfabetização vai muito além de dominar leitura e escrita,

que a compreensão e interpretação do espaço são fundamentais e

indispensáveis no processo da alfabetização. Ainda segundo Bawden,

nas ultimas décadas o conceito de alfabetização tem sido

complementado com as chamadas “alfabetizações de habilidades”, este

conceito mais amplo da alfabetização foi desenvolvido para fazer

referencia as informações tecnológicas e complexas que estão em auge.

Bawden conclui afirmando que poderia citar variadas denominações

para a alfabetização, dependendo da habilidade a que se refere:

alfabetização agrícola, alfabetização cinematográfica, alfabetização

digital, dentre outras formas. A alfabetização é um importante indicador

que contribui a adaptação, já que pessoas que melhor interpretam o

meio podem melhor prever situações, por exemplo, a atuação dos

„profetas do sertão‟, agricultores do Sertão do Cariri, reúne-se

anualmente para compartirem as previsões climáticas do ano corrente,

graças ao domínio de leitura, escrita e interpretação, estes agricultores

podem prevenir-se dos efeitos de fenômenos climáticos (ALVES, 2006).

Capital econômico familiar – Número de domicílios particulares

permanentes com classes de rendimento nominal mensal domiciliar de

mais de 2 a 5 salários mínimos: Sem dúvida todos os humanos

apresentam algum nível de vulnerabilidade aos impactos ambientais, à

capacidade das pessoas de adaptar-se à mudança e controlá-la é

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variada. Porém os grupos sociais de menor renda financeira apresentam

baixa capacidade para adaptar-se a mudanças e são mais vulneráveis

aos efeitos negativos dos fenômenos climáticos, assim como a outras

ameaças (IPCC, 2001).

Capital financeiro público – investimento público em programas e

infraestruturas sociais: este indicador refere-se ao papel do estado como

principal ator na prevenção de impactos através do planejamento e

aplicação de ações de mitigação que fomentem meios da população

adaptar-se melhor as adversidades das mudanças climáticas. Portanto

entende-se que investir em programas sociais que contribuam

diretamente para o bem estar da população está consequentemente

contribuindo para adaptação dos mesmos. (PNUD, 2014).

Capital natural – Disponibilidade de água por residência: O acesso à

água é uma problemática em qualquer região árida e semiárida do

mundo. A água é o recurso natural fundamental para sobrevivência

humana. Possuir acesso a este bem significa ter melhores condições de

enfrentar os infortúnios que as mudanças climáticas podem causar.

Sendo assim neste tópico serão consideradas como aporte o numero de

residências que possua acesso à água canalizada. (PNUD, 2014).

TRATAMENTO DOS DADOS

Para elaborar o índice criou-se um banco de dados com toda a informação

de cada um dos indicadores. Onde o valor máximo de cada indicador refletiria

sua máxima severidade, com exceção dos indicadores que compõem o

subíndice de capacidade adaptativa, onde o máximo valor apresentado pelos

indicadores refletiria seu maior potencial positivo.

Para que fosse possível comprar todos os valores resultantes entre si, todos

os indicadores foram padronizados para eliminar as diferenças de escala. Para

isto foi aplicado à seguinte equação (7):

ZV = (Xi – X)/DS

(7)

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Onde Z representa o valor padronizado da variável v; Xi é o valor observado

de v, e X é o valor médio do conjunto de valores i, e DS é o desvio padrão do

conjunto de valores i. Após a etapa de padronização dos indicadores,

procederam-se os cálculos de cada um dos subíndices: exposição,

sensibilidade e capacidade adaptativa.

Somaram algebricamente os valores padronizados dos indicadores de

cada subíndice aplicando a seguinte equação (8). E uma vez calculado os

subíndices, foram normalizados a escala de valores de 0 a 100.

Lp = (lobs – mínimo l)/(máximo l – mínimo l)

(8)

Onde l é o subíndice da variável p, lobs é o valor da soma dos indicadores

de cada subíndice. Mínimo l é o valor mínimo observado do conjunto de valores

de lp; e máximo l é o valor máximo observado do mesmo conjunto de lp.

Posterior a esta etapa todos os valores resultantes foram transformados em

porcentagens.

Com todos os valores calculados e devidamente padronizados em

escala de porcentagem. Finaliza-se o índice calculando a vulnerabilidade de

cada município da bacia através desta equação (9).

Vulnerabilidade = (exposição + sensibilidade) – capacidade adaptativa

(9)

Onde a vulnerabilidade é igual à soma dos resultados padronizados da

exposição e sensibilidade, e subtraídos pelos valores da capacidade

adaptativa.

A escala municipal foi escolhida para espacialização e construção do

índice de vulnerabilidade. O critério para selecionar o tipo de escala foi de

acordo com a disponibilidade de informações de todos os indicadores e de

todos os municípios que compõem a bacia. O estado de Pernambuco, através

CONDEPE – FIDEM atualizou a base de dados do censo municipal 2010,

sendo a fonte de dados mais atual disponível para esta escala.

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3|VALIDAÇÃO DO MODELO

3.3 APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÁS MUDANÇAS

CLIMÁTICAS NO ALTIPLANO CHILENO

Esta etapa da pesquisa consiste na construção do índice, e na escolha

dos indicadores em caráter de teste, isto é, validar a metodologia antes de

aplicá-la definitivamente na área de estudo da tese. Para isso foi selecionada

uma área que possui experiências e técnicas de adaptação em adversidades

às mudanças climáticas, para que o modelo seja aplicado como área de teste

de validação. Portanto elegeu-se o altiplano chileno – Chile, mais

especificamente quatro comunas6.

Justifica-se a escolha desta área pelos seguintes critérios: i) Ambas as

áreas de estudo estão sob efeitos semelhantes da atuação do El niño,

provocando longos períodos de estiagem. O altiplano chileno também é

caracterizado por intensa variabilidade climática; ii) Outra semelhança é em

relação às taxas de precipitações anuais, o Altiplano também possui baixas

taxas de precipitação, entretanto são bastante inferiores se comparadas com o

semiárido brasileiro (sobretudo levando em consideração que o semiárido

brasileiro é o mais chuvoso do planeta). Não se optou por escolher uma área

da zona semiárida do Chile, pois, esta comparada com as características

climáticas do Semiárido brasileiro, seria mais semelhante às características de

uma zona desértica; iii) As semelhanças entre as características de atuação de

anomalias atmosféricas e também pela variabilidade sazonal.

O Altiplano chileno teve como primeira atividade econômica a pecuária e

posteriormente a agricultura, esta atividade foi desenvolvida por grupos

indígenas através de técnicas milenares bastante desenvolvidas para enfrentar

os efeitos brutais da variabilidade climática da zona (BRAVO e LLAGOSTERA,

1986; NÚÑEZ e DILLEHAY, 1995; BERENGUER et al.,1980). E esta também

foi uma das razões pela escolha desta zona, já que um dos objetivos desta

etapa, além de validar a metodologia, era observar (através de visitas in loco)

6 Divisão política geográfica que possui poder administrativo do governo equivale a município.

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como os grupos antrópicos milenários que ocupavam esta área se adaptavam

para enfrentar as adversidades da variabilidade climática da região.

Esta etapa da pesquisa na Universidad de Chile foi fundamental para o

desenvolvimento da tese, sobretudo o compartilhamento de informações

conceituais sobre pesquisa de mudanças climáticas e vulnerabilidade. O Chile

é um país que tem sido afetado severamente por desastres naturais, desde

grandes terremotos, tsunamis, inundações, deslizamentos de terra a longos

períodos de seca. Ainda não há no país um programa de prevenção e

mitigação aos impactos gerados pelos eventos naturais, entretanto há um

crescente aumento nos estudos relacionados à pesquisa da vulnerabilidade

social.

O prof. Dr. Hugo Romero, foi o professor responsável por acompanhar

esta pesquisa. O prof. Romero faz parte do departamento de Geografia da

Universidad de Chile, e desenvolve pesquisas na área de climatologia e

mudanças climáticas. Impactos naturais e vulnerabilidade socioambiental

(ROMERO, et al., 2006; 2008, 2010ª, 2010b). O prof. Romero também produziu

pesquisas relacionando fatores climáticos urbanos entre cidades do Chile e do

Brasil, como também artigos que comparam as condições de vulnerabilidades

entre ambos os países (MENDONÇA e ROMERO, 2008b; ROMERO e

MENDONÇA, 2012).

Durante o ano de 2013, sob a supervisão do Prof. Dr. Hugo Romero, foi

desenvolvida, nas instalações do Laboratorio de Medio Ambiente y Territorio de

Universidad de Chile, a validação do índice de vulnerabilidade às mudanças

climáticas.

A pesquisa foi aplicada a quatro comunas do altiplano chileno: General

Lagos, Putre, Pica e Colchane. No início do estudo, foi proposto como área de

estudo a Bacia Hidrográfica Altiplánica, entretanto as dificuldades com relação

aos dados sociais levaram a mudança de recorte espacial. Em caso de seguir

os estudos com base ao recorte de bacia hidrográfica teríamos que utilizar os

dados sociais das localidades que integram a bacia, e durante este período os

dados sociais do censo 2012 não haviam sido disponibilizados. Estavam

indisponíveis devido a problemas na coleta de informações e o governo do

Chile recomendou que os resultados do censo não fossem divulgados, sendo

insinuado repetir entrevistas em 2015. Entretanto, em 2014 o Instituto Nacional

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de Estatísticas de Chile (INEC) corrigiu os erros e divulgou os dados em

setembro deste mesmo ano.

Os dados sociais estavam disponíveis em outras fontes de dados

(Biblioteca do Senado – Chile) para escala de comuna. Portanto para não

prejudicar a pesquisa alteramos o recorte espacial e permanecemos na mesma

área de estudo.

O resultado da etapa de validação foi organizado num relatório e

apresentado no “TALLER INTERNACIONAL SOBRE AVANCES Y

PROYECCIONES DE LA CONSIDERACIÓN DE LOS CAMBIOS CLIMÁTICOS

EN LA EVALUACIÓN AMBIENTAL ESTRATÉGICA (EAE) (CENTRO DE

HUMEDALES, PICA, 22 – 26 DE ENERO DE 2014)”.

Além de contribuir com o aperfeiçoamento da pesquisa, esta etapa foi de

grande importância para a construção definitiva do índice. Pois os erros

apresentados durante o processo de validação foram corrigidos antes de serem

apresentados na versão da tese apresentada à banca de avaliação.

Em relação aos resultados do processo de validação do índice, estes

também foram apresentados por etapas, onde a primeira etapa corresponde à

identificação de mudanças no padrão das precipitações, a segunda à

identificação de áreas verdes, a terceira ao levantamento dos dados sociais e

econômicos e por último, a quarta e última etapa, o tratamento de todos os

dados e organização dos mesmos nos subíndice e no índice final.

Na etapa de identificação de mudanças climáticas o método aplicado na

validação não foi o mesmo aplicado na metodologia da tese. Pois o método

aplicado na validação identifica os meses sem chuvas com objetivo de

identificar os períodos de estiagem. Discutiu-se a escolha de outro método, já

que este foi bastante insólito e não apresentava confiabilidade suficiente para

afirmar mudanças no padrão das precipitações, nem tampouco os resultados

deste método que já não demonstravam se havia algum tipo de tendência

sobre os períodos de estiagem no altiplano chileno. Nesta etapa o método

escolhido para substituir o método aplicado na validação foi o Mann-Kendall.

Na etapa de identificação de áreas verdes a metodologia não foi

alterada, o método NDVI respondeu muito bem ao ser aplicado em ambas as

zonas, e os resultados foram excelentes. Nesta etapa apenas o critério de

seleção das imagens satelitais foi alterado. No relatório da validação usou-se

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apenas quatro imagens que representavam aspectos climáticos distintos: uma

imagem de um ano chuvoso, outra de um ano seco e duas imagens de anos

normais. Entretanto conclui-se que este critério de seleção das imagens não

representava a dinâmica da vegetação segundo a influência da variabilidade

climática. Sendo assim, na tese foram utilizadas todas as imagens dos satélites

LandSat disponíveis entre 1984 e 2011. Ainda nesta etapa, no relatório da

validação, por sugestão do orientador, agregou-se ao resultado deste capítulo

a relação entre as áreas verdes e as formações vegetais nativas da área de

estudo.

O uso do resultado do modelo PRECIS como indicar alterações nas

temperaturas foi aplicado em ambas às áreas de estudos. E os três indicadores

citados acima integram o subíndice de exposição.

Já os indicadores utilizados para compor os subíndices de sensibilidade

e capacidade adaptativa representavam os aspectos socioeconômicos das

comunas do altiplano chileno e foram modificados ao serem aplicados à bacia

hidrográfica do Moxotó.

Todas as sugestões de alterações propostas no relatório de validação

foram propostas pelo Prof. Dr. Hugo Romero, que durante esta etapa foi o

orientador responsável por acompanhar a pesquisa. As correções sugeridas na

revisão de texto do relatório de validação foram adotadas, e adaptadas a serem

aplicadas também à metodologia da tese, que neste caso foram revisadas pelo

Prof. Dr. Ranyere Nóbrega, orientador da tese.

O resultado final do índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas no

altiplano chileno demonstrou que as ações de adaptação são mínimas, que

muitas das localidades visitadas estão praticamente abandonadas, já que a

atividade mineradora, mesmo não sendo objeto de análise desse estudo, é o

maior atrativo econômico de toda a região, e também a principal atividade

causadora de impactos.

A migração dos habitantes das comunas do altiplano que foi analisada é

intensa. Sobretudo para aqueles que se localizam nas zonas rurais. Os

Aymaras, índios que ocupam esta região, migram por distintas razões ao largo

da história da ocupação deste território (CORTEZ, 1995). Entretanto para

Moscoso e Oroz (2013), a atividade mineradora seria a principal causa das

atuais migrações, seja pela busca de trabalho de muitos jovens da região, ou

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72

pela pressão que as mineradoras exercem na região (extração de água,

contaminação, compra de terrenos indígenas para exploração mineira).

Impactos gerados pela atividade mineradora são evidentes na paisagem

do altiplano, e causadores direto e indireto da vulnerabilidade socioambiental

da área de estudo.

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73

4|RESULTADOS

4.1 ANÁLISE DE TENDÊNCIA PLUVIOMÉTRICA

As mudanças climáticas têm sido amplamente discutidas em diversos

trabalhos como Moura (1981), Sant‟Anna (2000), Conti (2005), Marengo

(2006), Carvalho (2006), Lacerda et al (2009), Gondim et al (2009), Girão

(2009) e Nóbrega et al (2014). Todos esses autores citados acima estudam o

clima futuro do Nordeste brasileiro, utilizando diferentes métodos e conceitos

para descrever a variação no clima, tais como: variabilidade, flutuação

climática, tendências climáticas, ciclo climático e mudanças climáticas. As

pesquisas sobre as mudanças climáticas no Brasil, além de encontrar

respostas para as possíveis causas das mudanças e identificação de algumas

alterações no clima, favoreceram também ao aprofundamento dos

conhecimentos sobre a dinâmica climática regional e local de muitas partes do

país.

Nobre (1991), há 25 anos já afirmava que as mudanças antrópicas vêm

causando severas modificações climáticas no estado atual do clima, que as

intervenções humanas são as principais responsáveis pelo aquecimento global

e por consequência causariam mudanças em cenários futuros do clima. No

entanto, Black (2001) assegura que as mudanças observadas sobre o clima

global ainda não são suficientes para imputar ao homem a culpa pelo

aquecimento global. Contudo, é inegável a influência humana na dinâmica dos

geossitemas, contribuindo diretamente nas alterações de frequências,

sobretudo no clima local.

Um modo de investigar se há alterações nos padrões climáticos é, sem

dúvida, analisar uma série temporal. A análise de tendência em série temporal,

segundo Yevjevich (1972), definiu como a identificação de mudanças

sistemáticas nos parâmetros das amostras periódicas ou quase periódicas.

Rodrigues et. al., (2011) afirma que a oscilação climática é a flutuação

na qual a variável tende a mover-se gradualmente por um suave acréscimo ou

decréscimo nos valores médios. A análise da tendência em variáveis climáticas

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74

é um excelente método para monitorar mudanças climáticas, entre estas

análises, a metodologia proposta por Mann e Kendall é recomendada pela

Organização Mundial de Meteorologia (OMM).

O método Mann-Kendall, procura identificar e analisar a variabilidade

temporal dos dados anuais da série de elementos climáticos, mais comumente

utilizada para precipitação. Berger (1986) considera que o teste Mann-Kendall

é o método mais apropriado para analisar mudanças climáticas em séries

climatológicas de pequenas escalas espaciais, e que este método também

permite a detecção e localização aproximada do ponto inicial de determinada

tendência.

Para analisar as tendências da precipitação na bacia hidrográfica do

Moxotó, considerou-se o período de 1930 a 2014, período corresponde à série

mais longa com registros completos para todas as estações analisadas, e 38

estações distribuídas em diversos pontos da bacia (Figura 9).

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75

Figura 9: Mapa da distribuição espacial das estações meteorológicas.

Fonte: elaborado pela autora.

Para facilitar à interpretação dos resultados as estações foram separadas de

acordo a sua localização geográfica dentro do perímetro da bacia da seguinte

forma:

Tabela 5: Distribuição das estações por setores da bacia.

LESTE OESTE CENTRO

arcoverde-206 betânia-93 ibimirim-brejo do piore-431

arcoverde-334 betânia-cachoeira do leite-

228

ibimirim-ipa-14

acorverde-chesf-47 custodia-147 ibimirim-jeritaco-424

arcoverde-fazenda quixaba-

517

custodia-chesf-46 ibirmim-moxotó-388

arcoverde-ipa-16 custodia-povoado caiçara-

234

ibimirim-poço da cruz-468

arcoverde-pcd-231 custodia-quitimbu-449 ibimirim-pcd-489

ibimirim-pcd-poço da cruz-

494

SUL NORTE

inajá-149 sertânia-185

inajá-juazeiro dos candidos-

391

sertânia-albuquerque né-401

inajá-pernambuco-323 sertânia-algodões-75

inajá-poço alexandre-322 sertânia-carualina-315

inajá-chesf-33 sertânia-henrique dias-427

sertânia-henrique dias-339

sertânia-ipa-243

sertânia-moderna-143

Fonte: elaborada pela autora.

A tendência de precipitação na bacia apresentou significância positiva

em três setores (leste, centro sul). O setor oeste apresentou significância

negativa, e o setor norte apresentou tendência não significativa. Também foram

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76

realizadas análises detalhadas nas séries anuais correspondentes a cada setor

da bacia, obtendo como resultado as observações a seguir.

Os resultados podem ser observados na Tabela 6 abaixo.

Tabela 6: Resultados do método Mann – Kendall para análise de tendência

para precipitação

SIGNIFICANCIA LEGENDA Z

Sem tendência ST 0

Tendência significativa de acréscimo TSA > + 1,96

Tendência significativa de

decréscimo

TSD

< - 1,96

Tendência não significativa de

acréscimo

TNSA

< + 1,96

Tendência não significativa de

decréscimo

TNSD

> - 1,96

Fonte: Silva, 2012.

A tendência de precipitação na bacia apresentou significância positiva

em três setores (leste, centro sul). O setor oeste apresentou significância

negativa, e o setor norte apresentou tendência não significativa. Também foram

realizadas análises detalhadas nas séries anuais correspondentes a cada setor

da bacia, obtendo como resultado as observações a seguir (Gráficos 2 a 6).

Gráfico 2: Resultado da tendência no setor leste da bacia. Fonte: elaborado pela autora

setor leste

1200

1000

800

600

400

200

0

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

2 Ano

Pre

cip

(m

m)

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77

Gráfico 3: Resultado da tendência no setor oeste da bacia. Fonte: elaborado pela autora

Gráfico 4: Resultado da tendência no setor centro da bacia. Fonte: elaborado pela autora

Gráfico 5: Resultado da tendência no setor sul da bacia. Fonte: elaborado pela autora

Setor Oeste

1600

1400

1200

1000

800

600

400

200

0

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

3 Ano

setor centro

1600

1400

1200

1000

800

600

400

200

0

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

4 Ano

5

Setor sul

900

800

700

600

500

400

300

200

100

0

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

Ano

Pre

cip

(mm

) P

reci

p(m

m)

Pre

cip

(m

m)

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78

Gráfico 6: Resultado da tendência no setor norte da bacia. Fonte: elaborado pela autora

O resultado do teste Mann-kendall no setor leste da bacia apresentou

tendência significativa de acréscimo Z= 2,20 (Gráfico 2), a média da série foi

592,9 mm, e o desvio padrão 261,3 mm. Indicando que na série de 1930 a

2014 há uma tendência de aumento das precipitações. Sendo este setor o que

possui a média de precipitações mais elevada de toda a bacia. Assim como o

setor leste, o centro da bacia também apresentou tendência significativa de

acréscimo Z= 2,90 (Gráfico 3). A média de precipitações no centro foi 453 mm,

e o desvio padrão 247,5 mm. O sul da bacia foi o terceiro setor que apresentou

tendência significativa de acréscimo Z= 3,26(Gráfico 4). A média deste setor foi

350,9 mm e o desvio padrão 207,7mm.

O setor oeste da bacia foi o único que apresentou tendência significativa

de decréscimo Z= -1,70, isto é, conforme a análise dos resultados este setor

apresenta diminuição das precipitações nos anos da série de dados. O valor da

média foi 470 mm, e o valor do desvio padrão 238,8 mm (Gráfico 5).

O norte da bacia segundo os resultados do teste Mann-kendall

apresenta tendência não significativa de acréscimo Z=1,05, isto é, nesta série

as médias de precipitação anual demonstraram valores com semelhantes entre

si, o que resulta numa baixa variabilidade da precipitação para este setor

(Gráfico 6). A média deste setor foi 441,156, e o desvio padrão 200,460.

6

Setor norte

1400

1200

1000

800

600

400

200

0

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

Ano

Pre

cip

(mm

)

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79

Apesar dos resultados apresentarem três setores da bacia com

tendências positivas é importante salientar que a região onde está localizada a

bacia do Moxotó é o Semiárido brasileiro característico pelo déficit hídrico, no

entanto, o Semiárido brasileiro é o mais chuvoso do planeta, a média histórica

pluviométrica vai de 200 mm a 800 mm anuais, dependendo da região. Porém,

as precipitações são irregulares. Além disso, a quantidade de chuva é menor

do que o índice de evaporação, que é de 3 mil mm/ano, ou seja, a evaporação

é três vezes maior do que a de chuva que precipita (REBOUÇAS, 1997;

MALVEZZI, 2007; BAPTISTA e CAMPOS, 2013).Portanto, mesmo com os

resultados dos três setores da bacia que apresentaram tendências

significativas positivas, as precipitações não são suficientes para superar o

déficit de água.

De fato, as precipitações não se distribuem homogeneamente durante

todo ano. No semiárido pernambucano, observa-se grande concentração em

poucos meses do ano. Essa concentração se torna mais evidente à medida

que a precipitação média diminui. Este fato associado às altas temperaturas

com pequena variação durante o ano permite apenas a distinção da estação

chuvosa (NIMER, 1979).

A região onde está localizada a bacia do Moxotó é o semiárido brasileiro

característico pelo déficit hídrico. Mas, isso não significa falta de água. Pelo

contrário, é o semiárido brasileiro é mais chuvoso do planeta. A média histórica

pluviométrica vai de 200 mm a 800 mm anuais, dependendo da região. Porém,

as precipitações são irregulares no tempo e no espaço. Além disso, a

quantidade de chuva é menor do que o índice de evaporação, que é de 3 mil

mm/ano, ou seja, a evaporação é três vezes maior do que a de chuva que cai

(REBOUÇAS, 1997). Portanto, mesmo com os resultados dos três setores da

bacia que apresentaram tendências significativas positivas, as precipitações

não são suficientes para inibir os períodos de seca, uma vez que em todos os

resultados dos setores apresentaram concentração no espaço e no tempo.

De todo modo, as chuvas não se distribuem homogeneamente durante

todo ano. No semiárido pernambucano, observa-se grande concentração em

poucos meses do ano. Essa concentração se torna mais evidente à medida

que a precipitação média diminui. Este fato associado às altas temperaturas

com pequena variação durante o ano permite apenas a distinção da estação

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80

chuvosa (NIMER, 1979). A variabilidade de precipitações no semiárido

aumenta, dentro de certos limites, à medida que diminui a precipitação anual

(RIEHL, 1965). Em setores de depressão do semiárido, entre os estado da

Paraíba e Pernambuco, Nimer (op.cit., 1979) encontrou coeficientes de

variação mensal da precipitação que vão de 20% a 70% (Figura 10).

Figura 10: Distribuição espacial da precipitação média anual na área da bacia.

Fonte: elaborado pela autora.

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81

O Semiárido pernambucano é característico por concentrar a

precipitação anual em um só período que variam de 3 a 4 meses, com

irregularidades espaço-temporal (PRADO, 2003; NASCIMENTO, 2008;). E

ainda segundo Souza e Oliveira (2006) estas ocorrem principalmente de

fevereiro a setembro, com máximas de março a julho, sendo junho e julho os

meses mais chuvosos.

A análise de tendência pluviométrica apresentada por este estudo foi

realizada apenas com dados anuais, e este tipo de dado não demonstra a

concentração mensal da precipitação em cada ano.

Para identificar a concentração da precipitação nos meses de cada ano

da série 1930 - 2014 foram analisados os valores das médias mensais. Em

algumas referências sobre dinâmica climática do Semiárido afirmam que a

concentração das chuvas está nos primeiros quatro meses do ano (MOLION e

BERNARDO, 2000; SOUZA e OLIVEIRA, 2006; MARENGO, 2008; MEDEIROS

et al., 2016), e em outras referências afirmam que o período chuvoso

corresponde aos meses de março a junho(NEVES et al., 2010; HERCULANO

et al., 2010; FILHO et al., 2016; AQUINO et al., 2016).

Foram criados gráficos com os dados mensais de cada ano e setores, e

os resultados dos gráficos foram transformados em valores de porcentagem

para que fossem mais evidentes e fáceis de observam quais eram os meses

mais chuvosos de cada setor da bacia. Os resultados podem ser observados

nos gráficos abaixo (Gráficos 7 a 16).

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Precipitação (mm)

1930

1932

1934

1936

1938

1940

1942

1944

1946

1948

1950

1952

1956

1958

1960

1962

1964

1966

1968

1970

1972

1975

1984

1994

1996

1998

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2014

Setor leste

450

400

350

janeiro

fevereiro

março

abril m

aio

jun

ho

julh

o

agosto

setemb

ro

ou

tub

ro

no

vemb

ro

dezem

bro

300

250

200

150

100

50 0

An

os

Grá

fico 7

: Pre

cip

itaçã

o m

en

sa

l do S

eto

r leste

. Fo

nte

: ela

bo

rad

o p

ela

au

tora

.

82

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Precipitação (mm)

1930

1932

1934

1936

1938

1940

1942

1944

1946

1948

1950

1952

1954

1956

1958

1960

1962

1964

1966

1968

1970

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2014

Setor o

este

700

600

janeiro

fevereiro

março

abril m

aio

jun

ho

julh

o

agosto

setemb

ro

ou

tub

ro

no

vemb

ro

dezem

bro

500

400

300

200

100 0

An

o

Grá

fico 8

: Pre

cip

itaçã

o m

en

sa

l do S

eto

r oe

ste

. Fo

nte

: ela

bo

rad

o p

ela

au

tora

.

83

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Precipitação (mm)

1930

1932

1934

1936

1938

1940

1942

1944

1946

1948

1950

1952

1954

1956

1958

1960

1962

1964

1966

1968

1970

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1993

1995

1997

1999

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2014

Setor cen

tro

600

500

janeiro

fevereiro

março

abril

400

maio

jun

ho

julh

o

300

agosto

setemb

ro

ou

tub

ro

no

vemb

ro

dezem

bro

200

100 0

An

o

Grá

fico 9

: Pre

cip

itaçã

o m

en

sa

l do S

eto

r ce

ntro

. Fo

nte

: ela

bo

rad

o p

ela

au

tora

.

84

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Gráfico 10: Precipitação mensal do Setor sul. Fonte: elaborado pela autora.

85

Setor sul

350

300

250

200

150

100

50

janeiro

fevereiro

março

abril

maio

junho

julho

agosto

setembro

outubro

novembro

dezembro

0

Ano

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

1930

1932

1934

1936

1938

1940

1942

1944

1946

1948

1950

1952

1954

1956

1958

1960

1962

1964

1966

1968

1970

1972

1974

1976

1978

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

2011

2013

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Precipitação (mm)

1930

1932

1934

1936

1938

1940

1942

1944

1946

1948

1950

1952

1954

1956

1958

1960

1962

1966

1968

1970

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2014

Setor n

orte

600

500

janeiro

fevereiro

março

abril m

aio

jun

ho

julh

o

agosto

setemb

ro

ou

tub

ro

no

vemb

ro

dezem

bro

400

300

200

100 0

An

o

Grá

fico 1

1: P

recip

itaçã

o m

en

sa

l do S

eto

r no

rte. F

on

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ora

do p

ela

au

tor

86

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2%

3% 2%

7%

12%

11%

12

Setor leste

7%

8%

17%

16%

janeiro

Setor oeste

10%

13%

21%

janeiro

fevereiro fevereiro

5% março

abril

maio

1% 4%

6% 2% 2%

4%

março

abril

maio

junho 9% junho

julho

agosto

setembro

11%

17%

julho

agosto

setembro 10% outubro outubro

novembro novembro

dezembro 13 dezembro

Gráfico 12 e 13: Porcentagens de precipitação mensal dos Setores leste e oeste. Fonte: elaborado

pela autora.

2%2% 5% 7%

1% 3% 5%

8%

16%

14

Setor centro

12%

14%

25%

janeiro

Setor sul

13%

11%

19%

janeiro

fevereiro fevereiro

março março

abril

maio

5%

2% 2%

3%

8% abril

maio

junho 7% junho

julho 7% julho

agosto 10% 13%

agosto

setembro setembro

outubro outubro

novembro novembro

dezembro 15 dezembro

Gráfico 14 e 15: Porcentagens de precipitação mensal dos Setores centro e sul. Fonte: elaborado

pela autora.

87

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88

Gráfico 16: Porcentagens de precipitação mensal do Setor norte. Fonte: elaborado pela autora.

O resultado das precipitações do setor leste apresenta concentração

temporal das chuvas nos meses de março, abril, maio, junho e julho, somando

66% do total das precipitações. Os meses de agosto, setembro, outubro,

novembro, dezembro, janeiro e fevereiro apresentam 34% das precipitações.

Em relação aos resultados mensais do setor oeste, observou-se que os

meses de fevereiro, março e abril concentram 51% do total das precipitações, e

que os demais meses (maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro,

novembro, dezembro e janeiro) tiveram 49% das precipitações. Com estes

resultados conclui-se que o setor oeste da bacia também apresenta

concentração temporal das precipitações e baixa frequência. Já no setor centro

da bacia os meses de janeiro, fevereiro, março e abril concentraram 67% do

total das precipitações para este série, enquanto que os demais meses (maio,

junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro) concentraram

33%.

No setor sul os meses chuvosos da série foram janeiro, fevereiro, março,

abril e maio somam 66% do total das precipitações, e os meses de junho, julho,

agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro somam os 34% restantes

16

Setor norte

3%

3% 1% 4% 5% 14% 1%

6% 14%

9% 17% 23%

janeiro

fevereiro

março

abril

maio

junho

julho

agosto

setembro

outubro

novembro

dezembro

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89

das precipitações. Por fim, no setor norte os meses de janeiro, fevereiro, março

e abril concentraram 68% do total das chuvas deste setor, e os demais meses

(maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro) somam

32% da precipitação restante da série analisada.

Com estes resultados concluiu-se que apesar de constar em referências,

como as citadas acima, que o semiárido apresenta chuvas concentradas entre

os meses de fevereiro a setembro, com máximas de março a julho, e meses

mais chuvosos seriam junho e julho, existe uma variabilidade desta

concentração temporal das chuvas com relação ao espaço, pois segundo os

resultados apresentando nesta etapa da pesquisa pode observar que a

concentração das precipitações da bacia está nos meses de janeiro a julho,

com máximas entre os meses de fevereiro a maio, e meses mais chuvosos

foram março e abril, e que este resultado coincide para todos os setores da

bacia.

A predominância deste período chuvoso concentrado nos meses de

fevereiro a maio, esta condicionado pela atuação da Zona de Convergência

Intertropical (ZCIT). A ZCIT é considerada o sistema mais importante gerador

de precipitações sobre a região do equador, e inicia sua migração para a região

Nordeste do Brasil em fins de abril e inicio de maio, período quando as chuvas

provavelmente serão abundantes (CAVALCANTI, et al., 2009).

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90

4.2 ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DA COBERTURA VEGETAL DA BACIA

A cobertura vegetal é um importante indicador na análise dos impactos

da paisagem. A vegetação possui a função de protetora da superfície, impede

que o impacto direto das gotas de chuvas atinja o solo com intensidade,

consequentemente evitando maiores erosões. Eliminar a cobertura vegetal

proporciona fortes impactos à superfície, além do impacto das chuvas. O solo

exposto possui maior capacidade de absorção da radiação solar, assim

aumentado a temperatura local, e acelerando a evapotranspiração. Os

impactos das precipitações sobre solos expostos diminuem a resistência à

erosão e arrastam a matéria orgânica, reduzem a fertilidade dos solos e

diminuem a capacidade de armazenamento.

A vegetação predominante na bacia, assim como em quase todo

Semiárido a vegetação de caatinga, dividida em hipoxerófila e hiperxerófila,

havendo também outros tipos de vegetação de caatinga, vegetação com

carnaúba e vegetação mista de caatinga, cerrado e/ou florestas (GIULIETTI et

al., 2003). A "Caatinga", palavra indígena que significa floresta branca ou

floresta clara, compõe-sede uma camada arbórea de 10 a 15m de altura, com

cobertura bastante densa, entretanto, não completamente fechada, em geral,

depois de uma camada arbustiva de 4 a 6m de altura. A Caatinga engloba um

grande número de formações e associações vegetais, fisionômica e

floristicamente diferentes. Explica-se isto, em parte, considerando que as

condições do meio são extremamente rigorosas de modo que a vegetação é

adaptada ao máximo para poder resistir (FOURY, 1973).

A caatinga é considerada um hotspot. Os hotspots são áreas ricas em

biodiversidade, principalmente em espécies endêmicas e que, possuem um

alto grau de degradação ambiental, foram conceituadas por Myers em 1988.

Ele mapeou assim, as áreas na Terra, que precisariam, com maior urgência, de

atenção (OLVIVEIRA, et al., 2008). Estima-se que 80% dos ecossistemas da

caatinga já tenham sofrido intervenções antrópicas (PAES SILVA, 2000).

No Semiárido uma das principais atividades antrópicas que contribuem

no desmatamento da caatinga é a agriculta. Em toda a região nordeste esta

atividade esta fortemente sustentada na exploração de recursos naturais, e

principalmente no que se refere ao extrativismo da cobertura vegetal. Desde o

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91

período colonial a cobertura vegetal é explorada: a retirada da vegetação para

o plantio; e também utilizadas como sumos energéticos para a indústria (PAES

SILVA, 2000).

A vegetação lenhosa da Caatinga é até hoje fonte de energia. Desde

1974, pós a crise mundial do petróleo, o governo da época decidiu que alguns

setores industriais do Nordeste buscassem fontes alternativas de energia,

concentrando-se na biomassa. Como resultado, a lenha e o carvão passaram a

ser fontes de energia primária fundamental para a indústria da região. A

utilização das espécies florestais da caatinga para produção de lenha e carvão

tem sido intensiva e desordenada (RIEGELHAUPT e PAREYN, 2010). A

dependência da população e demais setores da economia em relação à

biomassa como fonte de energia representa cerca de 50% do consumo de

energia primária no semiárido (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2008).

A Caatinga apresenta aspecto verde logo após as chuvas, no entanto

este tipo de vegetação leva em média de 10 a 15 anos para recuperar mais de

90% da biomassa original (ANDRADE e OLIVEIRA, 2004).

Índice de vegetação diferenciada normalizada - NDVI

Nesta etapa da pesquisa foram utilizadas as bandas 3 e 4 do mapeador

temático do satélite LandSAT 5 TM. O canal vermelho (banda 3) (0,63 – 0,69

µm) é a parte do espectro onde a clorofila causa considerável absorção, e o

canal infravermelho (banda 4) (0,76 – 0,79 µm) é a parte do espectro onde a

estrutura esponjosa da folha (mesófilo esponjoso) causa alta reflectância. A

combinação entre as bandas 3 e 4 forma proposta no objetivo de melhor

caracterizar o vigor da vegetação, baseados na premissa de contraste

espectral da reflectância entre a vegetação e os elementos de fundo de cena

(ROUSE et al, 1974).

Compactar os dados espectrais de dois canais em um único canal deu

origem ao índice de vegetação, que minimizasse os efeitos variáveis de brilho

de fundo enquanto enfatiza as variações da densidade de vegetação.

O NDVI (sigla em inglês) atua como indicador sensível da quantidade de

da condição da vegetação verde. Seus valores variam de -1 a +1. Os valores

mais altos estão associados a coberturas vegetais de alta densidade. Os

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92

valores mais baixos são referentes aos efeitos atmosféricos, como por

exemplo, o espalhamento de partículas e nuvens menores que o pixel, que

atuam aumentando o valor da radiação registrada pela banda do visível em

relação ao infravermelho próximo e reduz o valor do NDVI (OLIVEIRA e

GALVÍNCIO, 2009). Superfícies úmidas, líquidas e nuvens estão associadas

com valores baixos ou negativos, afloramentos rochosos apresentam NDVI

próximo à zero.

Combater o desmatamento e queimadas no semiárido, e promover a

preservação da Caatinga e manutenção da vegetação em estado natural

contribuem diretamente com a redução do CO2 na atmosfera. Segundo

Ahlström et al., (2015) a taxa de crescimento do dióxido de carbono

atmosférico é caracterizada por uma grande variabilidade interanual,

principalmente resultante da variabilidade das emissões de CO2 absorvida

pelos ecossistemas terrestres (chamados de “sumidouros de carbono”). No

entanto, as contribuições de absorção dos ecossistemas regionais do carbono

não são bem conhecidas. Ainda segundo os resultados da pesquisa de

Ahlström et al., (2015) os ecossistemas das zonas Semiáridas são

responsáveis pela absorção da maior parte do CO2, isto numa análise de

tendência a longo prazo, os ecossistemas do semiárido pode absorver mais

CO2 do que as florestas tropicais.

Foram utilizadas 84 imagens do mapeador temático do satélite LandSAT

5 TM, da órbita e ponto 215/66, compostas por sete bandas espectrais,

adquiridas gratuitamente através da catalogo de imagens do Instituto de

Pesquisas Espaciais (INPE). Todas as imagens selecionadas são dos meses

de outubro, novembro e dezembro, que correspondem ao período seco. Foi

preferível imagens deste período por possuírem o mínimo de nuvens para ter

melhor visualização do objeto de análise. A presença de nuvens dificulta

bastante à identificação de objetos na superfície, além do mais, o NDVI é

altamente sensível à precipitação em regiões semiáridas, sobretudo no

semiárido nordestino que é o mais chuvoso do planeta (BAPTISTA &

CAMPOS, 2014). Tucker et al., (1991) realizou pesquisas na região do Sahel

(África), observou que o coeficiente de variação do NDVI é maior precisamente

nas áreas onde existe variação na posição da ZCIT (zona de convergência

intertropical).

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93

Quanto maior a quantidade espacial de vegetação, menor as áreas de

solo exposto. Sendo assim foi destacada nas imagens apenas a vegetação, e

com auxilio da classificação supervisionada (LOURENÇO e LANDIM, 2004), a

cobertura vegetal foi divida em três categorias de densidade de acordo com os

valores do NDVI (Tabela 7).

Tabela 7: Classificação supervisionada – NDVI. Adaptada pela autora.

CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA - NDVI

VALOR NDVI CATEGORIAS

0,25 – 0,50 Baixa densidade

0,50 – 0,75 Média densidade

0,75 - 1 Alta densidade

Fonte (LOURENÇO e LANDIM, 2004).

Os resultados do NDVI de 1984 a 2011 podem ser observados nas

imagens abaixo (Figura 11)

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94

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95

Figura 11: Resultados do NDVI da bacia para série 1984 a 2011.

Fonte: elaborado pela autora.

Segundo a análise dos resultados do NDVI, observou-se que não há

relação direta entre as zonas de tendências da precipitação e a cobertura

vegetal, os resultados são aleatórios. Não foi detectado aumento da cobertura

vegetal nas zonas de tendência positiva da precipitação, assim como tampouco

foi detectado diminuição da cobertura vegetal especificamente na zona de

tendência negativa da precipitação. Obviamente que estes resultados não

afirmam que a precipitação não possui influência sobre a vegetação, o que

seria uma equivocação. Porém que existem fatores, por exemplo, a extração

da cobertura vegetal, que é mais determinante no comportamento da cobertura

vegetal na bacia. Portanto os resultados apresentados aqui são de toda a área

da bacia, já que a dinâmica espacial da cobertura vegetal da bacia apresentou

relativa homogeneidade em praticamente todas as imagens NDVI analisadas.

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96

Também segundo os resultados das imagens NDVI é possível notar que

a topografia exercer grande influencia sobre a distribuição espacial da

cobertura vegetal. A vegetação nativa apresenta-se mais conservadas nas

áreas de altitudes mais elevadas e nas áreas de morros testemunhos e relevos

residuais da bacia sedimentar do Jatobá. Nestas áreas é possível ver que há

vegetação permanente na maioria dos anos analisados.

Para identificar qual o categoria de vegetação é predominante na bacia

nestas imagens analisadas, separou-se por densidade em três categorias a

vegetação, como já foi apresentando acima. Os resultados estatísticos da

dinâmica de cada uma das categorias analisadas podem ser observados

abaixo.

a. Categoria 1 (0,25 – 0,50)

Esta é a categoria 1, composta por vegetação de baixa densidade, e

segundo os resultados é o tipo de vegetação mais abundante na bacia. Os

resultados do gráfico abaixo representam quantitativamente (em

porcentagem) a cobertura vegetal de baixa densidade presente no

perímetro da bacia (Gráfico 17). Nesta série, a categoria 1 teve

porcentagem superior a 30% apenas em 1990, e no total somente 4 anos

apresentam aumento significativo desta categoria, que são 1990, 1996,

1999 e 2011. Nesta categoria não foi incluído o tipo de vegetação

gramíneas, pois o comportamento espectral destas eram facilmente

confundidas com outros elementos espaciais. Por tanto para dar ênfase

apenas na vegetação de densidade significativa gramíneas foram excluída

desta categoria.

Também se observou o quanto havia de aumento ou diminuição desta

categoria, e os resultados podem ser observados no gráfico 18. Com

exceção do ano 1984, todos os demais anos foi possível identificar se foram

anos positivos ou negativos para esta categoria vegetal. Foram registrados

12 anos (não consecutivos) de valores negativos, isto é decréscimo nesta

categoria, e 16 anos (não consecutivos) e de valores positivos,

representando aumento.

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97

Gráfico 17: valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 1.

Fonte: elaborado pela autora.

Gráfico 18: valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da bacia – categoria 1.

Fonte: elaborado pela autora.

A taxa de crescimento da vegetação na categoria de densidade 0,25 –

0,50 apresentou aumento positivo de 8,15% para série temporal de 1984 a

2011.

b. Categoria 2 (0,50 – 0,75)

A categoria 2 é composta por vegetação de média densidade, sendo

também a segunda mais abundante no perímetro da bacia. O ano 1990

apresentou o maior valor percentual. Os anos mais significativos em termos de

aumento da cobertura vegetal para esta categoria foram: 1990, 1996, 2000 e

NDVI de 0,25 - 0,50 35

30

25

20

15

10

5

0

NDVI de 0,25 - 0,50

Ano

Porcentagem de variação 40 30 20 10

0 -10 -20 -30 -40

Ano

Po

rcen

tage

m -

%

po

rcen

tage

m -

%

198

4

198

6

198

8

199

0

199

2

199

4

199

6

199

8

200

0

200

2

200

4

200

6

200

8

201

0

1985

19

86

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

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98

2001 (Gráfico 19). No entanto nenhum dos anos analisados ultrapassou os

10%, o que significa que a vegetação de média densidade, nesta série

analisada, é baixa.

Do mesmo modo observou-se a variação anual da cobertura vegetal, e

assim como houve um aumento significativo da vegetação em 1990, em 1991

houve forte decréscimo, como se pode observa no gráfico 20, com perdas da

cobertura vegetal, sendo parcialmente recuperadas em 2011. Houve nesta

categoria 10 anos (não consecutivos) de valores negativos, e 18 anos (não

consecutivos) de valores positivos.

Gráfico 19: valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 2.

Fonte: elaborado pela autora.

Gráfico 20: valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da bacia – categoria 2.

Fonte: elaborado pela autora.

NDVI de 0,50 - 0,75 10

8

6

4

2

0

NDVI de 0,50 - 0,75

Ano

Porcentagem de variação 10

5

0

-5

-10

Ano

Po

rcen

tage

m -

%

Po

rcen

tage

m -

%

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

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99

NDVI de 0,75 - 1 0,05

0,04

0,03

0,02

0,01

0

NDVI de 0,75 - 1

Ano

A taxa de crescimento da vegetação na categoria de densidade 0,50 – 0,75

apresentou aumento positivo de 16,5% para série temporal de 1984 a 2011.

Sendo a categoria que mais cresceu dentre as demais categorias.

c. Categoria 3 (0,75 – 1)

Esta é a categoria que representa a vegetação mais densa, e por sua

vez a que apresenta os valores percentuais mais baixos. Segundo os

resultados, a bacia não possui mais que 1% de vegetal de alta densidade.

Apenas no ano de 1993 houve um crescimento significativo nesta categoria

(Gráfico 21). Em relação à variação, observa-se que todos os anos

apresentaram valores de aumento e diminuição de 1%, e que o ano de

1993 teve expressivo aumento em comparação há 1992, no entanto

apresento diminuição no ano seguinte, e nos anos consecutivos manteve-se

muito baixa (Gráfico 22). Portanto, concluiu-se que na área da bacia a

presença de vegetação de alta densidade é baixíssima.

Gráfico 21: valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 3.

Fonte: elaborado pela autora.

Po

rcen

tage

m -

%

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100

Gráfico 22: valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da bacia – categoria 3.

Fonte: elaborado pela autora.

A taxa de crescimento da vegetação na categoria de densidade 0,75 – 1

apresentou aumento positivo de 3,38% para série temporal de 1984 a 2011.

Esta é a categoria que apresentou menor crescimento em comparação as

demais categorias.

A análise espaço-temporal da cobertura vegetal da bacia, assim como o

capítulo anterior de análise das tendências de precipitações representa o

modelo de risco que descreve os impactos recentes na paisagem da bacia.

Neste capitulo foi possível criar um perfil da vegetação segundo sua densidade

para toda a área da bacia, e como resultado secundário obteve-se os valores

de área de solo degradado. Apesar de apresentarem taxas de crescimento

positiva em todas as categorias de densidade, a vegetação da bacia ainda

cresce em taxas inferiores aos valores de taxa de crescimento das áreas de

solo exposto. Estes resultados representam a taxa de crescimento de solo

exposto na série temporal de 1984 a 2011. Os resultados abaixo representa a

taxa de solo degradado do período analisado:

Tabela 8: Taxa de crescimento de solo expostos nos municípios da bacia do Moxotó.

MUNICÍPIOS TAXA DE SOLO

DEGRADADO

Arcoverde 58,16%

Buíque 67,66%

Porcentagem de variação 0,06

0,04

0,02

0

-0,02

-0,04

-0,06

Ano

Po

rcen

tage

m -

%

1985

19

86

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

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101

Custódia 43,88%

Ibimirim 58,89%

Inajá 32,95%

Iguaraci 18,54%

Jatobá 62,42%

Manari 56,15%

Sertânia 58,35%

Tupanatinga 72,46%

Tacaratu 39,99%

Fonte: elaborada pela autora.

4.3 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÁS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A vulnerabilidade é, em uma definição bastante simples e resumida, o

potencial para a perda de um determinado sistema. Basicamente a

vulnerabilidade está composta por três fatores: a exposição ao risco, que está

determinada pelas circunstancias que colocam grupos sociais ou localidades

físicas em risco diante de um perigo eminente; a sensibilidade, que se traduz

no grau em que um sistema pode ser afetado, como também sua capacidade

de resposta (positiva ou negativa) ao perigo; e a capacidade adaptativa, que

são os conjuntos de ações que aumentam ou reduzem a capacidade dos

grupos sociais e sistemas físicos para enfrentar e recuperar-se das ameaças

ambientais. Estas definições tão simples e genéricas são a essência da

vulnerabilidade (CUTTER, 1996; WISNER et al.,2004; ADGER, 2006,

BIRKMANN, 2006).

Para identificar a vulnerabilidade de um determinado grupo social ou

sistema, é necessária uma abordagem sistêmica, capaz de explicar as

complexidades nas interações entre sistemas sociais, naturais e artificiais.

Além da importância de compreender a dinâmica de cada um desses sistemas,

e os processos naturais que dão origem aos riscos. Dessa forma tentando

aproximar-se ao máximo possível da compreensão dos impactos de tais

processos ou eventos naturais.

O desastre ambiental ocorre quando as ameaças naturais afetam aos

grupos sociais mais vulneráveis. Neste contexto Romero e Mendonça (2012)

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102

destacam o modelo de “pressão e liberação”, proposto por Blaikei et al., (1996),

que segundo o autor do modelo, a vulnerabilidade está diretamente ligada aos

processos sociais, e os desastres, por sua vez, encontram-se na interseção

das forças opostas: os processos sociais que geram vulnerabilidade e a

exposição física diante uma ameaça natural. A „pressão‟ corresponde à tensão

exercida por ambas forças a população, e a „liberação‟ refere-se às ações que

possuam objetivo direto e indireto em reduzir a vulnerabilidade.

Investigar sobre a vulnerabilidade auxilia a identificar como um

determinado evento, ou um conjunto deles, pode produzir impactos distintos na

mesma região atingida. Ademais, identificar a vulnerabilidade fornece

ferramentas que permitem a investigação de fatores sociais que interferem na

natureza redistribuindo o risco preexistente a um evento, e os prejuízos após o

mesmo. No entanto, a comparação entre as diferenças da vulnerabilidade

geradas numa mesma região, ou entre regiões, pelo mesmo evento, ou um

conjunto deles, requerer um conceito de escala consistente, sendo este

fundamental na discussão dos resultados. Pois para análise da vulnerabilidade

a comparação sistemática entre áreas é um componente fundamental do

estudo (CUTTER, 2011).

Os estudos que tem como objetivo identificar e analisar a vulnerabilidade

sócio-ambiental deve priorizar evidenciar a relação entre as mudanças

ambientais e a vulnerabilidade permanente, isto é, evitar considerar que as

mudanças ambientais, eventos extremos e ou desastres naturais são os únicos

responsáveis pelas perturbações extraordinárias que interrompem o

comportamento normal dos processos naturais e não analisá-los

separadamente das características sociais, econômicas e culturais do grupo

social afetado. Segundo Romero e Mendonça (2012), em estudos de

vulnerabilidade, analisar os desastres separados dos elementos sociais é o

mesmo que ignorar sistematicamente os riscos da vida cotidiana,

especialmente diante das ameaças naturais. A pobreza e a falta de acesso à

saúde e educação são fatores que potencializam as capacidades de absorção

dos impactos. Ainda, segundo os autores, os desastres possuem escalas

multidimensionais e se produzem entres os sistemas sociais e naturais.

Portanto, a vulnerabilidade social representa a inclinação dos grupos

sociais a impactos negativos dos perigos e dos desastres (CUTTER et al.,

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2003). É a vulnerabilidade responsável por identificar os fatores da sociedade

que aumentam ou diminuem a capacidade de prevenir, ou de promover ações

de recuperação aos impactos dos desastres. Também, é o estudo da

vulnerabilidade, com ajuda da cartografia, que auxilia na compreensão da

distribuição dos riscos e dos potenciais danos, isto é, evidencia a relação que

existe entre sociedades vulneráveis e os ambientes naturais vulneráveis

(CUTTER, 2011).

O atlas de vulnerabilidade social dos municípios brasileiros (2015),

produzido pelo IPEA, afirma que em 2010, 47,7% dos municípios da região

Nordeste encontrava-se na faixa alta, e 32,4% dos municípios encontravam-se

na faixa muito alta do índice de vulnerabilidade social. No entanto, comparando

os resultados do índice de vulnerabilidade social, tanto o de 2000 com o de

2010, Pernambuco foi o segundo a apresentar melhores resultados na redução

da vulnerabilidade social. Porém, ainda concentra muitos municípios com

vulnerabilidade social muito alta, sobretudo na microrregião do Moxotó,

Alguns dos municípios que integram a bacia do Moxotó foram visitados

em caráter de trabalho de campo, as visitas foram realizadas em 2012 e 2013.

Os municípios que fizeram parte do roteiro da atividade in situ foram:

Arcoverde, Buíque, Ibimirim, Inajá, Tacaratu e Tupanatinga. O Semiárido

brasileiro é uma região profundamente afetada pela variabilidade climática, e,

sobretudo pelos efeitos do El niño e dipolo do Atlântico, que nesta região se

traduz em longos e severos períodos de seca.

Durante os trabalhos de campo foi possível evidenciar os impactos

causados pelas adversidades climáticas. Além dos impactos da seca, também

foi possível identificar atividades predatórias como queimadas e extração da

vegetação. O procedimento metodológico do trabalho de campo foi básico e

restrito apenas a identificação da área, registro fotográfico do cotidiano dos

municípios visitados e das atividades predatórios como queimadas e extração

vegetal. Também forma realizados os registros fotográficos da paisagem, para

caracterizar como se comporta a paisagem durante o período de seca.

No primeiro trabalho de campo em 2012 foram visitados os municípios

de Arcoverde, Buíque e Ibimirim. Estes municípios estão localizados no Setor

oriental da bacia, com exceção do município de Ibimirim, que expande seu

território até o extremo borde ocidental da bacia, cobrindo também toda a

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região central. É no borde oriental da bacia onde, segundo a análise da

cobertura vegetal, encontra-se concentrada a vegetação nativa permanente, a

vegetação está justamente nas altitudes mais elevadas.

Durante 2012, estes municípios, assim como toda região semiárida,

foram impactados pela seca, marcando o início de um longo período que

perdura até o final de 2015, consequência do logo período de estiagem. As

imagens apresentadas abaixo forma registradas durante os meses de maio e

junho de 2012. As primeiras imagens correspondem a caatinga nativa no

município de Arcoverde, que diminui consideravelmente sua densidade durante

os períodos de estiagem, favorecendo a exposição do solo (Figura 12 e 13).

Figura 12: vegetação nativa no município de Arcoverde (Novembro de 2012).

Foto: Keyla Alencar (2012).

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105

Figura 13: vegetação nativa no município de Arcoverde.

Foto: Keyla Alencar (2012).

Segundo Christofoletti (1999), sob a perspectiva física, a resiliência é a

capacidade de um corpo recuperar sua forma e seu tamanho original após ser

submetido a uma tensão que não ultrapassa o limite de sua elasticidade.

Adaptada aos sistemas ambientais, a resiliência determina a persistência da

dinâmica interna do sistema, refletindo sua capacidade de absorver mudanças,

consequentemente produzindo reajustes no estado final comparados às

condições iniciais. Isto é, o sistema mantém sua estrutura e características,

embora nem sempre mantenha os mesmos valores nos atributos que

compõem o sistema. Ainda, segundo o autor, áreas sujeitas a fortes flutuações

climáticas, como o Nordeste brasileiro, e obviamente, o semiárido, sofrem

diminuições sensíveis na fauna e flora durante as fases secas, mas se

recuperam rapidamente após os distúrbios.

No município de Buíque, além da vegetação seca e espaça também se

registrou atividades predatórias de extração da vegetação nativa e incêndios

florestais (Figura 14, 15 e 16). Também foram encontrados durante o trajeto

construções artesanais para represa de água. Algumas residências recebem

ajudas de programas sociais que instalam cisternas (reservatórios de água), a

ASA – Articulação do Semiárido Brasileiro – junto ao Governo do Estado de

Pernambuco são responsáveis pela distribuição e instalação das cisternas, no

entanto são insuficientes para suprir toda a demanda do semiárido. Os

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agricultores que não possuem cisternas ou poços artesianos buscam

alternativas para conserva água.

O problema das represas artesanais é que elas são pouco eficientes, e

não conservam a água por muitos dias, sobretudo numa área onde as taxas de

evaporação são elevadas. Segundo relatos dos proprietários das pequenas

represas a água que ficava estancada durava no máximo duas a três semanas,

e não tinha utilidade para consumo humano, sendo usada apenas para

alimentação dos animais (Figura 17 e 18).

Figura 14: retirada de vegetação no município de Buíque.

Foto: Keyla Alencar (2012).

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Figura 15: retirada de vegetação por meio de queimada no município de Buíque.

Foto: Keyla Alencar (2012).

Figura 16: Incêndio florestal no município de Buíque.

Foto: Keyla Alencar (2012).

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Figura 17: construção artesanal para represamento de água no município de Buíque.

Foto: Keyla Alencar (2012).

Figura 18: construção artesanal para represamento de água no município de Buíque.

Foto: Keyla Alencar (2012).

Apesar dos incentivos do governo do estado de Pernambuco em

fornecer água potável a todos os domicílios do Semiárido, segundo a FIDEM

(2013) nenhum dos municípios que integram a bacia possui mais de 50% das

residências com água encanada. Esta realidade reflete na baixa capacidade

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que a população desses municípios possuem em enfrentar os períodos de

estiagem que são tão frequentes na região, o que os faz buscar alternativas,

como as represas artesanais, que nem sempre são eficazes para mitigar os

problemas gerados pela seca.

O terceiro município visitado foi Ibimirim, também bastante afetado pela

seca, também foi observado neste município diminuição da área da vegetação

nativa, a seca total da lagoa do Puiu, a segunda principal reserva de água do

município, depois do açude Poço da cruz. Durante o trabalho de campo

registrou-se a tragédia de inúmeros animais mortos pela falta de água e

alimentos.

A lagoa do Puiu possui mais de um quilometro de extensão e largura

superior a 400 m, está rodeada por vegetação nativa, como a caatinga

arbustiva, e também plantações de fruteiras, palmáceas e cultivos de

subsistência. Historicamente a lagoa do Puiu sempre foi o principal recurso

hídrico dos nativos da região para enfrentarem a seca (Figura 19 e 20).

Figura 19: Vista panorâmica (baixa) da lagoa do Puiu. Foto: Keyla Alencar (2012).

Figura 20: Vista panorâmica (alta) da lagoa do Puiu. Foto: Keyla Alencar (2012).

A principal atividade econômica de Ibimirim é a agricultura e a pecuária,

e ambas as atividades são diretamente dependentes da climatologia, e sofrem

impactos na economia local, que se traduz em perdas na produção agrícola,

desnutrição e morte de animais (Figura 21 e 22).

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Figura 21: Gado morto, município de Ibimirim. Foto: Keyla Alencar (2012).

Figura 22: Gado desnutrido, município de Ibimirim. Foto: Keyla Alencar (2012).

O segundo trabalho de campo ocorreu em 2013, foram visitados os

municípios de Inajá, Tacaratu e Tupanatinga. O primeiro município do roteiro

visitado foi Tupanatinga, todos os cursos d‟água deste município, assim como a

maioria dos municípios do semiárido, possuem regime de escoamento

intermitente e o padrão de drenagem é dendrítico. Tupanatinga, como

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também os demais municípios visitados, possuía corpos d‟água secos. O

riacho do Mel, um dos principais tributários do rio Moxotó estava com baixa

disponibilidade hídrica. (Figura 23).

Os rios e riachos intermitentes estão presentes durante a estação

chuvosa, porém, no período de estiagem, esses rios e riachos desaparecem.

Os rios intermitentes, também chamados de temporários, são alimentados por

escoamento superficial e subsuperficial. Eles desaparecem temporariamente

no período de seca porque o lençol freático se torna mais baixo do que o nível

do canal, cessando sua alimentação. Embora esta seja uma característica

natural dos rios e riachos do semiárido, é essa condição hídrica e as faltas de

alternativas ao acesso da água que potencializam a sensibilidade da população

para enfrentar as adversidades da seca.

Figura 23: Trecho do riacho do Mel, município de Tupanatinga. Foto: Keyla Alencar (2013).

Inajá foi o segundo município visitado, também muito impactado pela

ausência de chuvas. Durante as visitas aos agricultores, foram registradas as

perdas matérias (Figura 24), evidentes, além da morte de inúmeros animais, a

completa falta de água para irrigação dos plantios, era um dos principais

problemas da população.

Os prejuízos que as últimas secas têm causado à produção animal estão

relacionados diretamente a perdas de efetivo. Segundo IBGE, em 2012, na

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região Nordeste, foram perdidos 1,3 milhões de bovinos, 696 mil caprinos, 784

mil ovinos e 755 mil aves, havendo perdas também nos rebanhos de suínos e

equídeos. As perdas mais pronunciadas foram nos estados nordestinos da

Bahia (40%), da Paraíba (28%) e de Pernambuco (24%).

Segundo o Informe Especial sobre a crise hídrica (2014), produzido pela

Agência Nacional de Águas, até o ano de 2025, mais de 70% das cidades com

população acima de 5.000 habitantes do Semiárido enfrentarão crise no

abastecimento de água para consumo humano. Em resumo, entre os impactos

previstos para com as mudanças no clima no semiárido brasileiro estão: a

alteração na vegetação da Caatinga; a diminuição da água de lagos, açudes e

reservatórios; maior vulnerabilidade às chuvas torrenciais e concentradas em

curto espaço de tempo, resultando em enchentes e graves impactos

socioambientais; maior frequência de dias secos consecutivos e de ondas de

calor; a inviabilidade da produção agrícola de subsistência de grandes áreas e

o aumento da migração.

Figura 24: Gado morto, município de Inajá. Foto: Keyla Alencar (2013).

O último município visitado foi Tacaratu. Neste município, assim como

também em todos os demais municípios visitados, pode-se observar as

adversidades as quais a população está exposta durante os períodos de

estiagem. Sobretudo a população rural que é composta, em maioria, por

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agricultores familiares, que não possuem tecnologias pra o plantio, e em muitos

casos não possuem sequer acesso a água encanada (Figura 25 e 26).

Mendonça (2005) destaca que as mudanças climáticas são agravantes

no aumento de doenças comuns nos trópicos, como a malária, dengue e

leptospirose. No entanto, o autor também chama atenção para a falta de

planejamento socioeconômico, a pobreza e a miserabilidade humana (que

apesar de muitos avanços em projetos sociais no semiárido, apresenta índices

elevados de pobreza), o intenso processo de urbanização das cidades, e a

formação de condições socioambientais de alta degradação potencializam os

problemas de saúde típicos da zona tropical.

Figura 25: Mulheres lavando roupa em “bica”, município de Tacaratu.

Foto: Keyla Alencar (2013).

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Figura 26: Mulheres lavando roupa em “bica”, município de Tacaratu.

Foto: Keyla Alencar (2013).

Os tópicos a seguir correspondem aos resultados dos subíndices de

exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa, respectivamente, e por fim o

resultado do índice de vulnerabilidade a mudanças climáticas.

Subíndice de exposição

A dimensão interna da vulnerabilidade é composta pela sensibilidade e

capacidade adaptativa do sistema. Os elementos que compõem a dimensão

interna relacionam-se com a capacidade de defesa e segurança; A capacidade

de antecipar, enfrentar, resistir e recuperar-se de um determinado impacto.

Destacam-se como processos internos do sistema o uso do solo, fatores

sociais, econômicos, culturais, políticos e ambientais. Estes processos

possuem influência determinante na vulnerabilidade (SMIT, 2006).

Entretanto, esta dimensão é composta pela exposição e risco a um

determinado fenômeno ou estressor. O‟brien et al., (2004) define exposição

como a natureza ou o grau de exposição de um sistema à variações climáticas

consideráveis. A exposição está relacionada ao nível de estresse climático de

um sistema.

A exposição pode ser representada pelas mudanças nas variáveis

climáticas a largo prazo, como também por mudanças na variabilidade

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climática, incluindo magnitude e frequência de eventos extremos. Neste estudo

para representar a exposição considerou-se as mudanças nas variáveis do

clima local aplicando o método de análise de tendências na precipitação, o

percentual de aumento na temperatura e a variação da densidade da

vegetação.

O resultado do sub-índice de exposição é expressado pelo resultado da

média aritmética de cada um dos indicadores apresentados abaixo:

Tabela 9: resultados dos indicadores para cada município correspondente.

MUNICÍPIOS TENDÊNCIAS

PLUVIOMÉTRICAS

TAXA DE SOLO

DEGRADADO

VARIAÇÃO DA

TEMPERATURA

Arcoverde 12,50% 58,16% 4%

Buíque 0,00% 67,66% 4%

Custódia -12,50% 43,88% 4%

Ibimirim 12,50% 58,89% 4%

Inajá 12,50% 32,95% 4%

Iguaraci 0,00% 18,54% 4%

Jatobá 0,00% 62,42% 4%

Manari 0,00% 56,15% 4%

Sertânia 0,00% 58,35% 4%

Tupanatinga 0,00% 72,46% 4%

Tacaratu 0,00% 39,99% 4%

Fonte: elaborada pela autora.

O indicador de tendência pluviométrica é representado pelo resultado da

aplicação do método Mann-Kendall na série de precipitação de 1930 – 2014

(capítulo 3). Os dados de precipitação foram obtidos na Agência

Pernambucana de Água e Clima (APAC). O resultado deste indicador

corresponde à tendência média calculada pelo índice Mann-Kendall.

O indicador taxa de solo degradado é representado pelo resultado do

NDVI (capítulo 4) aplicado nas imagens de satélite de 1984 – 2011. E o

resultado deste indicador corresponde à porcentagem de áreas com solo com

qualquer tipo de degradação correspondente apenas ao período analisado. O

resultado do indicador variação de temperatura corresponde ao valor de

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116

e de

136

aumento de temperatura apresentado pelo modelo PRECIS no cenário B2 para

a região semiárida (Gráfico 23).

Gráfico 23: gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de exposição.

Fonte: elaborado pela autora.

É importante salientar que os indicadores que compõem o subíndic

exposição representam três eixos: mudanças na dinâmica da precipitação da

bacia, a problemática ambiental representada pela ausência da vegetação, e a

mudança climática futura representada pelo cenário futuro de mudança de

temperatura. Cada um dos indicadores apresentados demonstra a severidade

da exposição. Para alcançar o resultado final deste subíndice, aplicou-se a

equação Ip=Iobs-minimoI/maximoI-minimoI os resultados dos indicadores e

o resultado foi o seguinte:

Tabela 10: Resultados do subíndice de exposição

MUNICÍPOS SUBINDICE DE EXPOSIÇÃO

Arcoverde 64%

Buíque 62%

Custódia 22%

Ibimirim 65%

Inajá 33%

Iguaraci -3%

Tacaratu

Tupanatinga

Sertânia

Manari

Jatobá

Iguaraci

Inajá

Ibimirim

Custódia

Buíque

Arcoverde

VARIAÇÃO DA TEMPERATURA

TAXA DE SOLO EXPOSTO

TENDÊNCIAS PLUVIOMÉTRICAS

-20,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%

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Jatobá 56%

Manari 49%

Sertânia 51%

Tupanatinga 67%

Tacaratu 30%

Fonte: elaborada pela autora.

Uma vez construído o sub-índice de exposição com valores designados

para cada município da bacia, os resultados foram hierarquizados pelo grau de

exposição. O resultado final foi dividido em três categorias de acordo com a

frequência:

Tabela 11: critérios para a severidade da exposição climática nos municípios da bacia.

Sub-índice de exposição 0 – 40 41 – 60 61 - 100

Severidade da exposição Baixa Média Alta

Fonte: elaborada pela autora.

Os resultados finais foram espacializados para melhor análise (Figura

27). Assim, observamos que quatro dos municípios que integram a bacia,

apresentaram alta exposição (61 – 100) a fenômenos e estressores

(Arcoverde, Buíque, Ibimirim e Tacaratu); outros quatro municípios

apresentaram valores médios (41 – 60) de exposição (Jatobá, Manari e

Sertania); e também quatro municípios apresentaram baixos valores (0 – 40)

de exposição (Custódia, Inajá, Iguaraci e Tupanatinga).

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118

Figura 27: Mapa do subíndice de exposição.

Fonte: elaborada pela autora (2015).

Segundo os resultados do subíndice de exposição foi concluído que:

25% dos municípios que integram a bacia sofrem aumento nas precipitações,

8,3% sofre diminuição na precipitação, os demais municípios não

apresentaram nenhum tipo de tendência; Apenas 33,3% dos municípios

possuem menos de 50% de solo exposto, todos os demais possuem mais de

50% de sua área total com solo exposto, e com relação ao aumento de

temperatura o valor aplicado foi o mesmo para toda a bacia, já que

corresponde ao valor dado pelo modelo PRECIS para toda a região semiárida,

e essa porcentagem representa aumento de 3° a 4° na temperatura média do

semiárido.

A exposição às ameaças pode ser minimizada reduzindo o risco, isto é,

reduzindo a probabilidade de exposição ao impacto, e consequentemente,

reduzindo a possibilidade que ocorra danos. Teoricamente a exposição sempre

pode ser evitada isolando as pessoas de situações de perigo, no entanto está é

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uma alternativa que na prática não funciona. Sendo assim, a alternativa mais

eficaz para redução da exposição é ampliar as pesquisas sobre os fatores de

exposição, neste caso as mudanças climáticas, e aplicar o conhecimento das

pesquisas em planejamentos ambientais.

Subíndice de sensibilidade

O grau em que um sistema responderá a uma determinada mudança

ocorrida em fatores controladores será representado pela sensibilidade. O grau

de suscetibilidade de um sistema é representado pela sensibilidade quando

concebida como a capacidade de reagir ou a disposição de ressentir às

mínimas ações, variações ou perturbações externas (CHRISTOFOLETTI,

1999). A sensibilidade também se refere à habilidade que um sistema

ambiental possui para enfrentar um distúrbio, neste caso climático.

O conceito de sensibilidade esta composto por outros três conceitos, que

são: estabilidade, resiliência e flexibilidade. A estabilidade refere-se à

capacidade de um sistema permanecer estável durante um distúrbio; a

resiliência representa a capacidade de recuperação do sistema; e a

flexibilidade representa a maleabilidade interna do sistema. A sensibilidade

representa os aspectos que constitui a capacidade de resistência de um

determinado sistema, e não um limite específico para o colapso, até por que é

bastante complexo definir o limite de qualquer sistema, seja natural ou humano.

(SMITHERS e SMIT, 2009).

Este sub-índice está composto por indicadores que representam as

atividades econômicas, saúde e perfil da população que ocupa a bacia. Os

indicadores são: Número de trabalhadores em atividades primárias; número de

domicílios particulares sem saneamento básico adequado; número de

estabelecimentos públicos de saúde e incidência de pobreza.

As principais atividades econômicas desenvolvida nos municípios que

integram a bacia estão diretamente ou indiretamente ligadas a terra.

Agricultura, pecuária e a pesca (desenvolvida principalmente na lagoa do Puiu

– Ibimirim), são atividades fortemente prejudicadas pelas mudanças climáticas,

assim como as atividades a estas relacionadas, como os trabalhadores

„feirantes‟ vendedores dos produtos agrícolas locais, que são comuns na região

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semiárida. O perfil do trabalhador rural nestes municípios está relacionado à

família ou a pequenas cooperativas, não há estruturas modernas, e ainda são

poucas as iniciativas públicas e privadas que promovam uma planificação

eficaz e eficiente destas atividades, sendo assim, em períodos de seca, por

exemplo, as perdas são máximas, e geram forte impacto econômico nos

municípios.

Segundo o IBGE, durante a seca de 2012 na região Semiárida houve

uma perda de 696 mil bovinos e 784 mil caprinos, e no setor aviário 797 mil

galos, galinhas e frangos, além de outros animais, no total o IBGE apresenta

um saldo de perdas de 137 milhões de animais mortos. A Articulação do

Semiárido (2013), também afirma que os impactos negativos resultados da

seca 2012 – 2013 causaram grandes prejuízos, mas que é a sensibilidade da

atividade econômica e a falta de planejamento e de políticas públicas

potencializaram os impactos, que a falta de dimensão política e programas e

infra-estrutura expõem as atividades primárias a impactos e consequentemente

a danos. E os principais atingidos pelos impactos foram os agricultores

familiares e os pequenos agricultores, que são maioria na região.

Os indicadores “número de domicílios particulares sem saneamento

básico adequado” e “número de estabelecimentos públicos de saúde”

representam quanto os municípios estão preparados para enfrentar possível

aumento de doenças provado pelas mudanças climáticas. A falta de

saneamento básico é um dos principais problemas da proliferação de doenças

infectocontagiosas. Mendonça (2009), afirma que apesar da evidente influência

climática no surgimento de epidemias de doenças transmissíveis por

mosquitos. O retorno dessas doenças é consequência da ineficácia de políticas

públicas de saúde.

O Brasil já vem apresentando avanços consideráveis na redução da

miséria e pobreza, sobretudo no Semiárido, entretanto Obermaier e Rosa

(2013) para necessidade de interpretar a adaptação como processo, e a

vulnerabilidade como condição dinâmica. E a importância de considerar a

pobreza como indicador fundamental na análise da vulnerabilidade as

mudanças climáticas, já que as comunidades mais pobres são as mais

expostas aos impactos das alterações e variabilidades climáticas.

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121

Os dados presentes neste subíndice são da CONDEPE/FIDEM –

Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco. São projeções

para 2013 tomando como base os censos de 2000 e 2010. Todos os dados dos

indicadores sociais e econômicos usados na elaboração deste subíndice e em

todos os demais foram extraídos desta mesma base de dados.

Subíndice de sensibilidade representam três eixos: perfil aquisitivo e de

ingressos da população, acesso a serviços de saúde e agrícola, pecuária e

caça. Apresentado os seguintes resultados projetados:

Tabela 12: Resultados dos indicadores para cada município correspondente.

MUNICÍPIOS

INCIDÊNCIA

DE POBREZA

NÚMERO DE

ESTABELECIMENTOS

PÚBLICOS DE SAÚDE

NÚMERO DE

DOMICÍLIOS

PARTICULARES

SEM

SANEAMENTO

BÁSICO

ADEQUADO

NÚMERO DE

TRABALHADORES

EM ATIVIDADES

PRIMÁRIAS

Arcoverde 38,49% 0,67% 16,01% 10,36%

Buíque 38,93% 0,67% 15,94% 30,43%

Custódia 32,41% 0,67% 34,05% 27,28%

Ibimirim 41,27% 0,33% 23,08% 36,93%

Inajá 41,15% 0,33% 26,03% 24,81%

Iguaraci 37,41% 0,33% 30,62% 29,63%

Jatobá 40,48% 0,33% 17,36% 36,99%

Manari 40,66% 0,33% 20,09% 35,65%

Sertânia 26,35% 0,33% 37,01% 31,83%

Tupanatinga 41,43% 0,33% 21,11% 33,56%

Tacaratu 42,68% 0,33% 21,04% 37,63%

Fonte: elaborada pela autora.

Como citado acima, os indicadores são dados projetados para 2013,

preferiu-se usar os dados projetados por serem mais atuais do que os dados

dos censos. Os indicadores de incidência de pobreza, número de domicílios

particulares sem saneamento básico adequado e o número de trabalhadores

em atividades primárias estão projetados de acordo aos resultados dos censos

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122

2000 e 2010, porém o indicador número de estabelecimentos públicos de

saúde refere-se ao número total de hospitais públicos por município, e a

porcentagem é dada tomando como base o total de hospitais no estado de

Pernambuco. Sendo assim os municípios que apresentaram valor 0,67% neste

indicador, possui dois estabelecimentos públicos de saúde, e os municípios

que apresentaram 0,33% possui apenas um estabelecimento público de saúde.

Para melhor interpretação os resultados dos indicadores forma aplicados em

forma de gráfico (Gráfico 24).

Gráficos 24: gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de sensibilidade.

Fonte: elaborada pela autora.

Os resultados dos indicadores foram à equação: Ip=Iobs-

minimoI/maximoI-minimoI (a definição da equação encontra-se no capítulo

2), obtendo o resultado do sub-índice de sensibilidade que podem ser

observados abaixo:

Tabela 13: Resultados do subíndice de sensibilidade

MUNICÍPIOS SUBINDICE DE SENSIBILIDADE

Arcoverde 63%

Tacaratu

Tupanati…

Sertânia

NÚMERO DE TRABALHADORES EM ATIVIDADES PRIMÁRIAS

Manari

Jatobá

Iguaraci

Inajá

Ibimirim

NÚMERO DE DOMICÍLIOS PARTICULARES SEM SANEAMENTO BÁSICO ADEQUADO

NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS PÚBLICOS DE SAÚDE

Custódia INCIDÊNCIA DE POBREZA

Buíque

Arcoverde

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%

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123

Buíque 84%

Custódia 92%

Ibimirim 100%

Inajá 91%

Iguaraci 97%

Jatobá 94%

Manari 96%

Sertânia 94%

Tupanatinga 95%

Tacaratu 100%

Fonte: elaborada pela autora.

Assim como no sub-índice de exposição, o resultado do sub-índice de

sensibilidade foi hierarquizado de acordo a frequência, como se pode observa

abaixo:

Tabela 14: critérios para a severidade da sensibilidade climática nos municípios da bacia.

Sub-índice de sensibilidade 0 – 40 41 – 60 61 - 100

Severidade da sensibilidade Baixa Média Alta

Fonte: elaborada pela autora.

Nenhum dos municípios analisados apresentou resultado baixo neste

subíndice. Todos os demais municípios apresentaram resultado de alta

severidade da sensibilidade (Figura 28).

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124

Figura 28: Mapa do subíndice de sensibilidade. Fonte: elaborado pela autora.

A sensibilidade às mudanças climáticas foi compreendida como o grau

em que os municípios da bacia, sua população e atividades econômicas

primárias, podem ser afetados pelas mudanças e variações do clima. E

observou-se que de todos os municípios analisados apenas o município de

Sertânia apresentou menos de 30% de incidência de pobreza, todos os demais

municípios possuem mais de 30% de sua população na pobreza.

Em relação ao indicador de saneamento básico adequado, que está

diretamente relacionado às questões sanitárias e de saúde, os municípios,

todavia apresentam um déficit, apenas 25% dos municípios possuem mais de

20% dos domicílios com saneamento básico adequado (segundo definição da

FIDEM, saneamento básico adequando referi-se aos domicílios que estão em

uma rede de esgotamento geral ou fossa séptica e coleta de lixo).

E segundo os resultados do indicador de trabalhadores em atividades

primárias, observou-se que apenas o município de Arcoverde apresentou

menos de 15% de sua população neste tipo de atividade. É importante

esclarecer que este indicador representa não apenas o número de

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125

trabalhadores nesta atividade, mas, também, o perfil das atividades primárias

na bacia, que são em maioria pequenos agricultores e agricultores familiares,

que não possuem infraestrutura que possibilite a produção durante os períodos

de estiagem, e que tampouco possuem apoio técnico para potencializar e

melhorar a produção. Quanto às atividades primárias dependentes do clima,

qualquer mudança ou variação no clima afetaria diretamente tais atividades, e

consequentemente a economia local (BUAINAIN e GARCIA, 2013).

Segundo os resultados a infraestrutura para saúde e atividades

econômicas existentes nos municípios é insuficiente para aportar com a

redução da sensibilidade. Seria adequado promover melhorias neste âmbito,

sobretudo na implementação de planos temáticos que acompanhem a

dinamicidade da população local. Sugere-se implementar planejamentos

específicos para a problemática das mudanças climáticas mas, que sobretudo

atenda às necessidades de cada município, considerando as particularidades

de cada população.

Subíndice de capacidade adaptativa

A capacidade adaptativa forma parte da vulnerabilidade, é um dos

fatores que junto à exposição e sensibilidade caracterizam a vulnerabilidade. A

capacidade adaptativa descreve a habilidade de um sistema em ajustar-se a

condições esperadas, isto é, a habilidade de enfrentar as consequências

adversas de um impacto. É a capacidade de um sistema em modificar sua

estrutura interna em favor de uma condição menos vulnerável (LUERS et al.,

2003). A capacidade adaptativa pode ser determina em função da saúde,

tecnologia, educação, informação, habilidades, infraestrutura, acesso a

recursos, e capacidade de manejo (BROOKS, et al., 2005; MCCARTHY, et al.,

2001; O‟BRIEN et al., 2004).

Dois enfoques distintos já foram propostos para compreender a

capacidade adaptativa, inicialmente era compreendida através dos resultados

da construção de cenários, onde a análise era realizada „de cima para baixo‟, e

se observava o quão perigoso eram as mudanças climáticas. Este tipo de

proposta ainda é bastante utilizada, sobretudo na análise de mudanças

climáticas globais e suas respectivas consequências. Entretanto a proposta de

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126

análise “de cima para baixo” não evidencia as características locais da

capacidade adaptativa. Então, para suprimir a necessidade de identificar as

capacidades adaptativas em menor escala, propôs-se uma análise sistêmica

“de baixo para cima”, onde o enfoque está em compreender qual a melhor

forma de adaptarem-se as mudanças climáticas (HUQ e REID, 2009).

A resiliência é a base fundamental da adaptação, e a capacidade de se

adaptar (representa a pré-disposição a adaptação). A resiliência representa o

conjunto de processos de decisão e a implementação de ações. Em contra

partida, a vulnerabilidade é suscetível a mudanças na resiliência

socioambiental, sendo assim, a redução da vulnerabilidade contribui para

potencializar a resiliência de um sistema (ADGER, 2004, 2006; EAKIE e

WEHBE, 2009; FORSYTH, 2009).

Para a construção de uma resiliência que fortaleça os sistemas

socioambientais é crucial o conhecimento das capacidades do sistema em

análise. E nesse sentindo a resiliência destaca o processo de recuperação,

inovação e capacidade de aprender e transformar, focando em cenários

futuros, e a capacidade adaptativa representa um aparte fundamental da

vulnerabilidade que é uma das condições antes do evento. As ações de

enfretamento aos impactos das mudanças climáticas não podem ser tomadas

sem antes conhecer o nível de vulnerabilidade de um sistema socioambiental.

A vulnerabilidade é uma característica inerente a todo sistema, e por isso é

importante estabelecer níveis aceitáveis de vulnerabilidade, sobretudo em

sistemas socioambientais de alta vulnerabilidade (CUTTER, 2008).

O estudo da vulnerabilidade ainda representa uma linha de pesquisa

muito recente, entretanto importante para os estudos de adaptação as

mudanças climáticas. Identificar os principais fatores que caracterizam a

capacidade de sistemas socioambientais de responderem e se recuperarem de

desastres é tão importante quanto conhecer a dinâmica dos sistemas

atmosféricos que causam os desastres. E esta capacidade de adaptar-se

consiste em identificar e fortalecer as condições inerentes aos sistemas

socioambientais que permitem aos mesmos absorverem impactos e lidar com

eventos extremos (ADGER, 2006; CUTTER, 2008; FOLKE, 2006).

Em síntese, a capacidade adaptativa refere-se ao potencial de adaptar-

se de um grupo social ou sistema, no contexto das mudanças climáticas, um

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127

sistema que se ajuste, modifique, ou altere com o objetivo de moderar um dano

potencial, ou que lide melhor com as consequências de um clima em alteração

é considerado sistema com alta capacidade de adaptação (ADGER, 2003;

SMIT e WANDEL, 2006).

A variabilidade climática é intrínseca a incerteza, e os grupos sociais já

enfrentam e respondem a essa realidade (ADGER, 2002). No entanto a forma

como estes grupos sociais têm aplicado os mecanismos, parece ser pouco

eficientes para enfrentar os novos desafios trazidos pelas mudanças climáticas.

E as sociedades mais vulneráveis não são apenas aquelas que experimentam

os maiores impactos, mas sim aquelas mais sensíveis, e que apresentam

dificuldades em adaptar-se às mudanças climáticas e às pressões do

desenvolvimento (VAN ASLST et al., 2008).

Os indicadores selecionados por esta pesquisa para compor o subíndice

de capacidade adaptativa representam quatro eixos: educação, renda,

infraestrutura e programas públicos e acesso à água. Os indicadores são: taxa

de alfabetização; número de domicílios com 2 a 5 salários mínimos;

investimentos públicos em infraestrutura e programas sociais e domicílios com

acesso a água encanada.

Assim como os indicadores do subíndice anterior, estes indicadores

também fazem parte do bando de dados do perfil municipal da

CONDEPE/FIDEM. Com exceção do indicador „taxa de alfabetizados‟, este

indicador é o resultado do censo 2010, no entanto foi obtido no mesmo banco

de dados que os demais indicadores. Os resultados dos indicadores podem ser

observados abaixo:

Tabela 15: resultados dos indicadores para cada município correspondente.

MUNICÍPIOS

TAXA DE

ALFABETIZAÇÃO

NÚMERO

DE

DOMICILIOS

COM 2 A 5

SALÁRIOS

MÍNIMOS

INVESTIMENTO

PÚBLICO EM

PROGRAMASSOCIAIS

E INFRA-

ESTRUTURAS

DOMICILIOS

COM

ACESSO A

ÁGUA

ENCANADA

Arcoverde 61,96% 12,22% 11,30% 49,62%

Buíque 53,33% 5,69% 13,20% 35,47%

Custódia 61,21% 12,81% 19,88% 37,50%

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128

Ibimirim 45,61% 9,02% 20,38% 48,51%

Inajá 42,06% 7,05% 23,19% 40,06%

Iguaraci 50,84% 9,92% 18,96% 43,20%

Jatobá 55,79% 12,23% 0,00% 44,32%

Manari 41,75% 7,47% 16,47% 45,54%

Sertânia 51,09% 10,73% 24,95% 47,71%

Tupanatinga 40,27% 6,00% 15,15% 42,55%

Tacaratu 40,04% 8,84% 21,43% 43,02%

Fonte: elaborada pela autora.

Especificamente os valores dos indicadores “taxa de alfabetização” e

“domicílios com acesso à água encanada ”foram positivos, em comparação aos

dois demais indicadores, o baixo acesso à renda e o baixo investimento público

em programas sociais e infraestrutura refletem a fragilidade, nesse contexto,

destes indicadores. O indicador de renda demonstra o que o indicador de

incidência de pobreza já havia apresentado anteriormente, que, todavia, a

pobreza é um grave problema nos municípios da bacia. E que apesar de

existirem políticas estaduais de incentivo ao enfrentamento as mudanças

climáticas, as ações reais ainda são insuficientes (Gráfico 25).

Gráfico 25: gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de capacidade adaptativa.

Fonte: elaborado pela autora.

Tacaratu

Tupanatinga DOMICILIOS COM ACESSO A ÁGUA ENCANADA

Sertânia

Manari

Jatobá

INVESTIMENTO PÚBLICO EM PROGRAMAS E INFRA- ESTRUTURAS SOCIAIS

Iguaraci

Inajá

Ibimirim

NÚMERO DE DOMICILIOS COM 2 A 5 SALÁRIOS MÍNIMOS

Custódia

Buíque

Arcoverde

NÚMERO DE PESSOAS COM ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO

0,00% 20,00% 40,00% 60,00%

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129

Desse modo, para obter os resultados dos demais subíndices, os

valores dos indicadores do subíndice de capacidade adaptativa foram

aplicados na equação: Ip=Iobs-minimoI/maximoI-minimoIe o resultado final

foi o seguinte:

Tabela 16: Resultados do subíndice de capacidade adaptativa.

MUNICÍPIOS SUBINDICE DE ADAPTAÇÃO

Arcoverde 98,3%

Buíque 86,0%

Custódia 84,4%

Ibimirim 95,9%

Inajá 87,7%

Iguaraci 90,0%

Jatobá 72,5%

Manari 87,4%

Sertânia 100%

Tupanatinga 83,9%

Tacaratu 83,9%

Fonte: elaborada pela autora.

E para hierarquizar os resultados do subíndice adotou-se a mesma medida

aplicada nos demais subíndices, obedecendo a um padrão que possa ser comparável

entre si (tabela 17):

Tabela 17: critérios para a severidade da sensibilidade climática nos municípios da bacia.

Sub-índice de capacidade adaptativa 0 – 40 41 – 60 61 – 100

Severidade da capacidade adaptativa Baixa Média Alta

Fonte: elaborada pela autora.

Mesmo apresentando dois indicadores que possuíam valores baixos em

todos os municípios, o resultado final do subíndice foi positivo em todos os

municípios da bacia (Figura 29).

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130

Figura 29: Mapa do subíndice de capacidade adaptativa. Fonte: elaborado pela autora.

Os indicadores que compõem este subíndice representam quatro eixos:

capital humano, capital econômico familiar, capital financeiro público e capital

natural. Cada um desses eixos foi compreendido em função de atributos do

sistema socioambiental, neste caso a bacia do Moxotó e os municípios que a

integram. Atributos da população (capital humano), suas formas de

organização (capital econômico familiar), variáveis econômicas (capital

financeiro público), e o acesso a recursos naturais (capital natural), foram estes

atributos que determinaram a seleção destes indicadores para comporte o

subíndice de capacidade adaptativa.

Todos os municípios analisados apresentaram resultados acima dos

80% neste subíndices. O percentual de domicílios com acesso à água

encanada representa uma característica bastante favorável, apenas os

municípios de Buíque e Custódia possuem menos de 40% dos domicílios sem

acesso à água encanada. Entretanto este não é o resultado ideal para este

indicador, e expandir a estrutura de acesso à água para todos é fundamental

para mitigar os impactos das mudanças climáticas.

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131

Os programas de alfabetização têm favorecido a taxa de alfabetizados,

principalmente entre crianças e jovens do semiárido. Porém apesar da

existência de programas específicos para alfabetização de jovens e adultos, os

percentuais de alfabetizados nesta faixa etária ainda não são os esperados

(BARBOSA, et al., 2013). No entanto, o resultado final do indicador é positivo,

considerando que estes percentuais são de 2010, e que já pode ter havido

avanços positivos.

Com relação ao indicador de renda, o resultado mostra que a pobreza

ainda é um problema real nestes municípios, onde apenas cinco municípios

possuem mais de 10% de domicílios com renda entre 2 e 5 salários mínimos,

todos os demais estão abaixo dos 10%.

No indicador de investimentos públicos em programas sociais e infra-

estrutura obtiveram-se resultados para todos os municípios, com exceção do

município de Jatobá, que segundo a CONDEPE/FIDEM a administração do

município não informou quanto das finanças públicas foi investido em

programas sociais e infraestrutura.

O resultado final do subíndice de capacidade adaptativa indica que os

indicadores possuem valores positivos, porém que necessitam de ajustes, e

que aportam como elementos para planos de adaptação ao futuro.

Índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas

As pesquisas sobre as mudanças climáticas têm se expandido por todas

as ciências da natureza, dando ênfase, sobretudo à modelagem de cenários

futuros, assim apresentando enfoque na compreensão dos impactos das

mudanças climáticas globais (SIMON, 2007). Entretanto, o reconhecimento das

mudanças climáticas como um problema cujo caráter possui base na

epistemologia assim como na realidade tem ganhado espaço nas pesquisas,

até mesmo no último relatório do IPCC (LAMPIS, 2013).

A vulnerabilidade às mudanças climáticas pode ser compreendida a

partir de dois paradigmas. Primeiro como um fato relacionado principalmente

aos sistemas físicos e segundo como um problema de desenvolvimento dos

sistemas humanos. Entretanto, as necessidades reais por respostas mais

concretas à problemática das mudanças climáticas impulsionaram a construção

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132

do terceiro paradigma, que consiste da combinação dos dois anteriores. Este

terceiro paradigma possui enfoque integrado, e é representado por três

enfoques principais, que são: 1. Risco – ameaça; 2. Construção social do risco;

3. Enfoque integrado. (LAMPIS, 2013; CUTTER et al., 2003; ADGER, 1999).

A vulnerabilidade às mudanças climáticas é mais que a simples

exposição a algum tipo de risco. Ela se dá quando entre a relação da

exposição a um risco se gera uma vulneração, e este vulneração são os

recursos, acessos e capitais necessários para enfrentar aos riscos sem

apresentar perdas de capacidades e oportunidades. Quando se fala de

vulnerabilidade às mudanças climáticas, refere-se principalmente à

vulnerabilidade socioambiental, e esta é agravada por conta dos problemas de

desenvolvimento humano limitado (LAMPIS, 2010).

Basicamente, medir a vulnerabilidade às mudanças climáticas depende

da análise dos efeitos das mudanças climáticas regionais ou locais, e da

capacidade da sociedade em lidar com essas mudanças. A vulnerabilidade às

mudanças climáticas é inerente a um determinado sistema social e varia de

acordo com os níveis de desenvolvimento socioeconômico.

A variabilidade espaço-temporal das precipitações no Semiárido não

garante o sucesso das plantações de subsistência, segundo Marengo (2008),

os frequentes períodos de estiagem representam grandes prejuízos para a

região. Ainda segundo Marengo (2008), o Programa de Monitoramento em

Tempo Real da Região Nordeste (Proclima) oferece dentre seus produtos o

relatório de número com déficit hídrico durante o período chuvoso, e o autor

considera este produto como indicador da vulnerabilidade da agricultura a falta

de chuvas na região. Entretanto não há, até a presente data, nenhum produto

cientifico acadêmico ou relatório governamental sobre a quantificação e

espacialização da vulnerabilidade às mudanças climáticas no semiárido.

Neste contexto ressalta o caráter inovador desta pesquisa, aplicando e

adaptando uma metodologia nunca antes desenvolvida para uma bacia

hidrográfica na região do semiárido. Além dos objetivos inerentes a esta

pesquisa, estes resultados procura contribuir indiretamente como

desenvolvimento regional, no sentido de aportar com informações úteis para

futuros planos de mitigação específico para o enfretamento às mudanças

climáticas.

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133

A estimação da vulnerabilidade às mudanças climáticas proposta desta

pesquisa, foi aplicada nos municípios que integram à bacia hidrográfica do

Moxotó, considerando indicadores que refletissem o grau de exposição às

mudanças climáticas, indicadores de sensibilidade a estas mudanças assim

como indicadores que demonstrem a magnitude da capacidade adaptativa.

Procurou-se aplicar uma avaliação integrada da vulnerabilidade, onde os

indicadores selecionados fossem representativos das condições biofísicas reais

da bacia do Moxotó, e também descreveram as condições socioeconômicas

dos municípios da bacia.

O índice de vulnerabilidade ás mudanças climáticas consiste no

resultado da equação: [Vulnerabilidade = (exposição + sensibilidade) –

capacidade adaptativa], a discussão dos resultados correspondentes a cada

um dos subíndices foi apresentada nos tópicos anteriores. Entretanto para

melhor compreensão do resultado final da vulnerabilidade podemos observar

os resultados de cada subíndice na tabela abaixo:

Tabela 18: Resultados dos subíndices de exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa.

MUNICÍPIOS

SUBINDICE

DE

EXPOSIÇÃO

SUBINDICE DE

SENSIBILIDADE

SUBINDICE

DE

ADAPTAÇÃO

Arcoverde 64% 63% 98,3%

Buíque 62% 84% 86,0%

Custódia 22% 92% 84,4%

Ibimirim 65% 100% 95,9%

Inajá 33% 91% 87,7%

Iguaraci -3% 97% 90,0%

Jatobá 56% 94% 72,5%

Manari 49% 96% 87,4%

Sertânia 51% 94% 100%

Tupanatinga 67% 95% 83,9%

Tacaratu 30% 100% 83,9%

Fonte: elaborada pela autora.

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134

Observa-se que o resultado do subíndice de exposição do município de

Iguaraci foi de -3%, isso ocorreu porque este município foi o que apresentou o

menor valor nos indicadores que compõem este subíndice, e quando esses

valores foram aplicados à equação correspondente ao processamento dos

subíndices, para este município, o resultado foi negativo, porém interpreta-se

que este município possui baixa exposição, e não exposição negativa (Gráfico

26).

Gráfico 26: Gráfico dos resultados dos subíndices.

Fonte: elaborado pela autora.

Os resultados de cada um dos subíndices foram combinados e aplicados

à equação da vulnerabilidade, onde o resultado final é o índice da

vulnerabilidade às mudanças climáticas (Tabela 19 e Gráfico 27).

Tabela 19: Resultados dos subíndices de exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa.

MUNICÍPIOS VULNERABILIDADE

Arcoverde 29%

Buíque 59%

Custódia 30%

Tacaratu

Tupanatinga

Sertânia

Manari

Jatobá

Iguaraci

Inajá

SUBINDICE DE ADAPTAÇÃO

SUBINDICE DE SENSIBILIDADE

SUBINDICE DE EXPOSIÇÃO

Ibimirim

Custódia

Buíque

Arcoverde

-20% 0% 20% 40% 60% 80% 100%

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135

Ibimirim 69%

Inajá 37%

Iguaraci 4%

Jatobá 78%

Manari 57%

Sertânia 44%

Tupanatinga 78%

Tacaratu 47%

Fonte: elaborada pela autora.

Gráfico 27: Gráfico dos resultados do índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas.

Fonte: elaborado pela autora.

Assim como em todos os demais resultados dos subíndices, no resultado final

do índice os valores foram hierarquizados e espacializados com o objetivo de melhor

comparação entre os resultados (Tabela 20 e Figura 30).

Tabela 20: Critérios para a severidade do índice de vulnerabilidade ás mudanças climáticas.

Índice de vulnerabilidade ás mudanças

climáticas

0 – 40 41 – 60 61 – 100

Severidade doíndice de vulnerabilidade

ás mudanças climáticas

Baixa Média Alta

Fonte: elaborada pela autora.

Tacaratu

Tupanatinga

Sertânia

Manari

Jatobá

Iguaraci

Inajá

Ibimirim

Custódia

Buíque

Arcoverde

VULNERABILIDADE

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

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136

Figura 30: Mapa do índice de vulnerabilidade ás mudanças climáticas.

Fonte: elaborada pela autora.

O resultado do índice nos indica que apesar de que a bacia hidrográfica

do Moxotó esteja, segundo a perspectiva de mudanças climáticas dos modelos

numéricos globais, sob a mesma dinâmica climática, os resultados desta

pesquisa afirmam o contrário. Que a menor escala à tendência de precipitação

varia tanto espacialmente como temporalmente, assim como também os

impactos que estas mudanças produzem. Não são homogêneos os efeitos das

mudanças climáticas na área da bacia, e, portanto, tampouco o resultado da

vulnerabilidade o é.

Dos 12 municípios da bacia que foram analisados apresentaram

resultados variados: 4 municípios apresentaram severidade baixa (0 – 40), 5

municípios apresentaram severidade média (41 – 60), e apenas 3 municípios

apresentaram severidade alta (61 – 100).

Os municípios que demonstraram os melhores resultados foram

Arcoverde, Custódia, Iguaraci e Inajá (0 – 40), e sendo Iguaraci (4%) o que

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apresentou o menor valor de vulnerabilidade, seguidos de Arcoverde (29%),

Custódia (30%) e Inajá (37%). Três dos municípios desse grupo apresentaram

altos valores de severidade nos subíndices de exposição e sensibilidade

(Arcoverde, Custódia e Inajá), porém também apresentou os melhores

resultados no subíndice de capacidade adaptativa, o que resultou em valores

positivos na vulnerabilidade. Com exceção do município de Iguaraci, que

apresentou severidade de exposição baixa, e esse fator favoreceu para que o

seu resultado de vulnerabilidade também fosse baixo.

O segundo grupo está formado pelos municípios que apresentaram

severidade média: Buíque, Manari, Sertânia e Tacaratu (41 – 60). Buíque

(59%) foi o município deste grupo que apresentou o valor mais alto do índice,

seguido por Manari (57%). Os demais municípios (Sertânia 44% e Tacaratu

47%) apresentaram valores semelhantes.

O terceiro e ultimo grupo representa os municípios com severidade alta

(61 – 100): Ibimirim, Jatobá e Tupanatinga. Estes municípios são os mais

vulneráveis da bacia do Moxotó, Jatobá (78%) e Tupanatinga (78%) são os que

apresentaram os valores mais altos deste grupo seguidos por Ibimirim (69%).

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5|CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do que foi apresentando nos capítulos que estruturaram esta

tese, é possível tecer as seguintes considerações finais descritas abaixo.

A climatologia no Brasil gradualmente foi adotando uma perspectiva

mais dinâmica em seus estudos, abandonando aos poucos a visão generalista

tão comum nos primeiros estudos climáticos realizados no país. Essa

perspectiva dinâmica estava baseada na visão sistêmica da relação atmosfera

– superfície. A influência da teoria geral dos sistemas não só trouxe

dinamicidade aos estudos climáticos, como também os aproximou de outras

esferas dos estudos científicos (ALVES, 2012).

Ao longo da construção desta tese houve a preocupação em abordar

sobre a teoria geral dos sistemas e de como esta influenciou e influencia os

estudos geográficos. A teoria geossistêmica que serve de base teórica para

muitas pesquisas na geografia é um dos exemplos dessa forte relação

existente entre a geografia e a visão sistêmica.

Com base nessa perspectiva sistêmica, esta pesquisa focou-se na

investigação e análise das relações entre o clima (e suas mudanças e

variabilidades) e as atividades humanas, e de como esta relação se apresenta

em distintas formas no espaço.

A metodologia adotada por este estudo é um reflexo de como a

abordagem sistêmica pode ser útil em pesquisas cientificas, sobretudo aquelas

que pretendem analisar diferentes tipos de sistemas com intuito de gerar um

resultado final único. A metodologia aplicada para o desenvolvimento do índice

de vulnerabilidade às mudanças climáticas está integrada por dados físicos,

sociais e econômicos. Diferentes sistemas que estão interconectados e ao

serem analisados em conjunto apresentaram como resultado final a

espacialização da vulnerabilidade socioambiental da bacia hidrográfica do

Moxotó.

A área de estudo, a bacia do Moxotó, está totalmente inserida no

Semiárido do Nordeste brasileiro. Esta é uma região que historicamente sofre

períodos de seca. O regime de chuvas irregulares e a alta variabilidade

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climática são alguns dos muitos fatores que favorecem a estiagem nessa

região.

Desde 2012 o semiárido está no regime de seca, o que

consequentemente reflete em perdas econômicas para os municípios da

região, que em sua maioria dependem das atividades agropecuárias, levando a

agravar as situações de vulnerabilidade social e ambiental.

Com este cenário de mudanças e variabilidades climáticas e

vulnerabilidades em uma região, onde a pobreza ainda é bastante presente,

surge a necessidade de somar as pesquisas de mudanças climáticas „novas‟,

esferas de análise: redução da vulnerabilidade, aumento da resiliência e a

capacidade adaptativa.

Antecedendo a definição quantitativa e qualitativa da vulnerabilidade

socioambiental na bacia do Moxotó, realizaram-se análises da dinâmica das

precipitações dos últimos 84 anos, e também uma análise do comportamento

da vegetação dos últimos 27 anos.

Em relação à análise da dinâmica dos resultados foram os setores leste,

centro e sul que revelaram uma tendência significativa positiva. Já o setor

oeste possui uma tendência significativa negativa, e o setor norte apresentou

tendência não significativa. Também foi observada uma concentração temporal

das precipitações em alguns meses do ano. Este resultado também foi

apresentado por setores: 66% das precipitações do setor leste concentram-se

nos meses de março, abril, maio, junho e julho; 51% das precipitações do setor

oeste concentram-se nos meses de fevereiro, março e abril; o setor centro

concentra 67% das precipitações nos meses de janeiro, fevereiro, março e

abril; o setor sul concentra 66% das precipitações também nos mesmos meses

que concentra o setor centro, assim como o setor norte também concentra nos

meses citados 68% das precipitações. Assim, o perfil das tendências de

precipitações analisadas durante o período de 1930 a 2014 possui

irregularidade espacial e concentração temporal durante os meses de janeiro,

fevereiro, março e abril. Os resultados relacionados à análise espaço-

temporal da cobertura vegetal através do NDVI apresentaram três categorias

de vegetação segundo a densidade vegetal. Observou-se que não há relação

entre os setores da bacia que apresentaram tendência positiva na precipitação

com os setores de maior densidade da vegetação. A topografia exerce forte

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influência na bacia, destaca-se como um dos resultados desta etapa a

concentração da vegetação nativa da bacia nas áreas mais elevadas, também

foi possível identificar a presença dessa vegetação em todas as imagens

analisadas nesta série. Também se observou que das três categorias de

densidade vegetal presentes, a mais abundante é a categoria 1, a que

representa vegetação de baixa densidade (valor NDVI 0,25 – 0,50), e a menos

abundante é a categoria 3, que representa vegetação de alta densidade (valor

NDVI 0,75 – 1).

Identificou-se que a vegetação apresentou os seguintes crescimentos

segundo as categorias de densidade: a categoria de densidade 1 (0,25 – 0,50)

apresentou taxa de crescimento de 8,15%; a categoria de densidade 2 (0,50 –

0,75) possui taxa de crescimento de 16,5%, sendo a categoria que mais

cresceu na área da bacia; e por último a categoria de densidade 3 (0,75 – 1)

que apresentou taxa de crescimento de 3,38%. Também foi possível gerar

como resultado secundário a taxa de crescimento de solo exposto, este

resultado foi utilizado como indicador para integrar o subíndice de exposição.

Os resultados dos capítulos de análise de tendências de precipitações e

o de análise espaço-temporal da cobertura vegetal serviram como modelo de

risco no qual há uma descrição dos impactos recentes na paisagem da bacia,

onde foi possível realizar um diagnóstico prévio das características vulneráveis

da bacia antes de gerar o índice. E os dados gerados em ambos os capítulos

também foram aplicados como indicadores na modelagem do índice de

vulnerabilidade às mudanças climáticas. Concluiu-se que mesmo havendo

mais setores de tendência de precipitações positivas, as precipitações

registradas durante a série analisada estão concentradas em poucos meses, o

que gera estresse hídrico nos demais meses do ano, e consequentemente

ocasiona impactos à vegetação.

A terceira parte dos resultados corresponde ao índice de vulnerabilidade

às mudanças climáticas. Entretanto, antes de citar as conclusões desses

resultados é importante ressaltar que a metodologia aplicada para desenvolver

o índice foi antes testada, em caráter de validação, durante um ano com dados

físicos, econômicos e sociais do altiplano chileno. Foi um experimento de suma

importância, pois graças a ele foi possível corrigir diversos erros, sobretudo

aqueles erros correspondentes à álgebra dos cálculos que padronizou cada

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indicador. Ademais, este período de validação da metodologia foi crucial para

entender, adaptar e aplicar os conceitos que envolvem os estudos da

vulnerabilidade socioambiental, com auxilio do Laboratório de Território e Meio

Ambiente da Universidad de Chile, que possui experiência sobre estudos de

vulnerabilidades, foi possível desenvolver um índice que pudesse expressar da

maneira mais real possível as condições de vulnerabilidade socioambientais

nas quais a bacia do Moxotó está exposta, sob a perspectiva de mudanças

climáticas vigentes.

Ainda antes de pôr em prática a construção do índice, alguns municípios

da bacia foram visitados com os objetivos de reconhecimento da área de

estudo, estabelecer diálogos com alguns moradores e diagnóstico prévio da

paisagem. A conclusão destas visitas foi que mesmo sendo apenas visitas de

reconhecimento, o que foi registrado através de imagens, já indicava uma

situação vulnerável suscetível à vulnerabilidade. Importante salientar que todas

as visitas ocorreram durante os anos de 2012 e 2013, período em que o

semiárido enfrentava o início de uma seca.

Os resultados do índice foram apresentados separadamente de acordo

com os resultados de cada indicador e subíndice correspondente. Os

subíndices estão divididos em três: exposição, sensibilidade e capacidade

adaptativa.

O subíndice de exposição foi composto por indicadores físicos:

tendências de precipitação, taxa de solo exposto e variação da temperatura.

Concluiu-se que, segundo os resultados deste subíndice, quatro municípios

apresentaram exposição alta (Arcoverde, Buíque, Ibimirim e Tacaratu); quatro

apresentam exposição média (Jatobá, Manari e Sertania); e outros quatro

apresentaram exposição baixa (Custódia, Iguaraci, Inaja e Tupanatinga). Estes

resultados referem-se ao nível de exposição às mudanças climáticas de cada

um desses municípios, quanto maior a exposição, mais está suscetivo a

impactos. Entretanto os resultados de exposição são insuficientes para afirmar

o quão vulnerável são estes municípios, já que estes resultados concluem

apenas o nível de exposição do ponto de vista dos fatores físicos da paisagem.

Para gerar o resultado final do índice foi preciso analisar a sensibilidade dos

grupos sociais que ocupam os municípios, assim como a capacidade

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adaptativa que estes grupos possuem para enfrentar as adversidades das

mudanças climáticas.

O subíndice de sensibilidade está vinculado, basicamente, aos conceitos

de estabilidade, resiliência e flexibilidade. Refere-se à habilidade de um

determinado sistema (físico ou social) de suportar os impactos de distúrbios

climáticos, de maneira que os impactos gerados por tal distúrbio sejam

mínimos. Para compor este subíndice os indicadores selecionados foram:

número de trabalhadores em atividades primárias; número de domicílios

particulares sem saneamento básico; número de estabelecimentos públicos de

saúde e incidência de pobreza. Os resultados deste subíndice foram bastante

negativos, apenas o município de Arcoverde apresentou resultado de

sensibilidade média, todos os demais apresentaram resultados de sensibilidade

alta. O que é um indicativo de que estes municípios não possuem estabilidade

e tampouco resiliência suficiente para enfrentar os distúrbios provocados pelas

mudanças climáticas.

O subíndice de capacidade adaptativa representa o capital humano, e a

infraestrutura social existente nos municípios que permitem dar condições reais

de predisposição à adaptação às mudanças futuras. Este subíndice está

composto pelos seguintes indicadores: taxa de alfabetização; número de

domicílios com 2 a 5 (ou mais) salários mínimos; investimentos públicos em

programas sociais, infraestrutura e domicílios com acesso à água encanada. O

peso de cada indicador na construção deste subíndice foi distribuído

igualmente, entretanto é importante ressaltar que graças aos valores positivos

dos indicadores taxa de alfabetização e domicílios com acesso à água

encanada, o resultado final do subíndice de capacidade adaptativa alto para

todos os municípios. Porém os indicadores número de domicílios com 2 ou 5

(ou mais) salários mínimos e investimento público em programas sociais e

infraestrutura demonstram que, todavia existe uma deficiência sobre a

distribuição de renda nestes municípios, somente os municípios Arcoverde,

Custódio possui mais de 12% de domicílios com 2 a 5 (ou mais) salários

mínimos. Assim como as porcentagens de investimentos públicos em

infraestrutura e programas sociais são bastante baixos.

Para gerar o resultado final do índice se aplicou a uma equação de

álgebra simples os resultados finais de cada um dos subíndices descritos

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acima, onde a vulnerabilidade seria o resultado da soma dos resultados dos

subíndices de exposição e sensibilidade menos o resultado do subíndice de

capacidade adaptativa.

Os resultados indicam que não há homogeneidade de vulnerabilidade na

área da bacia. Graças à metodologia aplicada a menor escala, é possível

observar variações da variabilidade que não poderiam ser observadas se

houvessem sido aplicadas em outra escala como as dos modelos globais,

mesmo que aplicadas a um downscaling. Os resultados foram: Arcoverde,

Custódia, Iguaraci e Inajá apresentaram baixa vulnerabilidade; Buíque, Manari

e Tacaratu apresentaram média vulnerabilidade; e os municípios que

apresentaram estado mais crítico foram Jatobá, Ibimirim e Tupanatinga, que

apresentaram alto índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas.

Conclui-se que esta é uma metodologia que responde bem quando

aplicada à escala municipal. Que o recorte da bacia hidrográfica representou a

melhor opção para a observação de mudanças no clima e na vegetação,

sobretudo em zona rural –zona essa na qual o estudo foi realizado– onde a

urbanização ainda não é impactante como nas capitais, sendo assim o recorte

municipal não serviria para este tipo de análise como o recorte bacia

hidrográfica que possui divisores de água e influência na distribuição das

precipitações.

Este estudo tem importância como produto estratégico no planejamento

da adaptação às mudanças climáticas, e em estabelecer metas para minimizar

as ações que contribuam com os impactos da paisagem e com as mudanças

no clima. Entretanto, este estudo isolado das ações não será suficiente parar

promover o desenvolvimento sustentável que irá potenciar a resiliência na

bacia hidrográfica do Moxotó. Portanto este estudo sugere integrar os estudos

relacionados à investigação das mudanças climáticas às políticas públicas que

potencializem a resiliência e a capacidade adaptativa de áreas, assim como a

bacia hidrográfica do Moxotó que apresenta altos índices de vulnerabilidade.

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