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ARTIGO VARIABILIDADE CIRCADIANA DA TEMPERATURAORAL E DO CICLO VIGíLIA-SONO EM ENFERMEIRASDE DIFERENTESTURNOS DE TRABALHOu CIRCADIAN VARIABILlTY OF SLEEP-WAKE CYCLE ANO ORAL TEMPERATURE IN SHIFTWORKING NURSES Milva Maria Figueiredo De MARTIN03 José CIPOLLA Neto4 RESUMO Objetivo Estudar as características do ciclo vigília-sono e a variabilidade diária da temperatura oral. Métodos Participaram 59 enfermeiras voluntárias e em boas condições de saúde, idade de 23 a 53 anos, divididas em dois grupos de acordo com seu turno de trabalho (diurno e noturno). Responderam o questionário sobre hábitos de sono diariamente, após acordarem. A temperatura oral foi medida através do método autorritmométrieo com intervalos de três horas durante o período de vigília. Resultados A análise dos questionários de sono das enfermeiras revelou a existência de três tipos diferentes de sono: sono monofásico, cochilo e sono fragmentado (Krllskall- Wal/is p=O,OO I). As análises da temperatura oral indicaram que as enfermeiras do turno noturno mostraram amplitudes menores (Cosinor p=O,OOO). Além disso, independentemente do turno de trabalho, as enfermei- ras apresentaram melhores desempenhos no início do período (Teste de Wilcoxon). Conclusão Os resultados sugerem o efeito do trabalho em turno noturno sobre todas as variáveis em estudo. Unitermos: cronobiologia, ciclo vigília-sono, temperatura oral. ABSTRACT Objective To stlldy the characteristics ofthe sleep-wake cycle and the daily variab;[ity of oral temperature. (1)Trabalho elaborado a partir da tese de doutorado em Ciências, M.M.F. De MARTlNO. "Estudo da variabilidade eireadiana da temperatura oral, do eielo vigília-sono c de testes psieofisiológieos de enfermeiras de diferentes turnos de trabalho", Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, 1996. (2'Trabalho apresentado no lnlemalionalCOIl/1ci!of.NlIrses. ICN 22 QlIadrenia/ Congress, Copenhagen, Dinamark, junho de 2001. (JJDepartamento de Enfermagem, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Caixa Postal GIII, 13083-970, Campinas, SP, Brasil. Correspondência para/Correspondence 10: M.M.F. DE MARTINO. E-mai!: [email protected] (4)Departamento de Fisiologia c Biofisiea, Instituto de Ciências Biomédieas, Universidade de São Paulo. Rev. Ciênc. Méd., Campinas, 10(3): 71-78, set./dez., 2001

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ARTIGO

VARIABILIDADE CIRCADIANA DA TEMPERATURAORAL E DO CICLOVIGíLIA-SONO EM ENFERMEIRASDE DIFERENTESTURNOS DE TRABALHOu

CIRCADIAN VARIABILlTYOF SLEEP-WAKE CYCLE ANO ORALTEMPERATURE IN SHIFTWORKING NURSES

Milva Maria Figueiredo De MARTIN03José CIPOLLA Neto4

RESUMO

Objetivo

Estudar as características do ciclo vigília-sono e a variabilidade diária da temperatura oral.Métodos

Participaram 59 enfermeiras voluntárias e em boas condições de saúde, idade de 23 a 53 anos,divididas em dois grupos de acordo com seu turno de trabalho (diurno e noturno). Responderamo questionário sobre hábitos de sono diariamente, após acordarem. A temperatura oral foi medidaatravés do método autorritmométrieo com intervalos de três horas durante o período de vigília.Resultados

A análise dos questionários de sono das enfermeiras revelou a existência de três tipos diferentesde sono: sono monofásico, cochilo e sono fragmentado (Krllskall- Wal/is p=O,OOI). As análisesda temperatura oral indicaram que as enfermeiras do turno noturno mostraram amplitudesmenores (Cosinor p=O,OOO).Além disso, independentemente do turno de trabalho, as enfermei-ras apresentaram melhores desempenhos no início do período (Teste de Wilcoxon).Conclusão

Os resultados sugerem o efeito do trabalho em turno noturno sobre todas as variáveis em estudo.

Unitermos: cronobiologia, ciclo vigília-sono, temperatura oral.

ABSTRACT

Objective

Tostlldy the characteristics ofthe sleep-wake cycle and the daily variab;[ity of oral temperature.

(1)Trabalho elaborado a partir da tese de doutorado em Ciências, M.M.F. De MARTlNO. "Estudo da variabilidade eireadiana da temperatura oral,do eielo vigília-sono c de testes psieofisiológieos de enfermeiras de diferentes turnos de trabalho", Instituto de Biologia, Universidade Estadualde Campinas, 1996.

(2'Trabalho apresentado no lnlemalionalCOIl/1ci!of.NlIrses. ICN 22 QlIadrenia/ Congress, Copenhagen, Dinamark, junho de 2001.(JJDepartamento de Enfermagem, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Caixa Postal GIII, 13083-970, Campinas,

SP, Brasil. Correspondência para/Correspondence 10: M.M.F. DE MARTINO. E-mai!: [email protected](4)Departamento de Fisiologia c Biofisiea, Instituto de Ciências Biomédieas, Universidade de São Paulo.

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Methods

This study was earried out with the help of59 healthy female volullteer /1llrSeS,aged 23 to 53 yearsold, divided illto two groups aeeordillg to theirshifi ofwork (diumal alld Iloetuma!). Sleep hahits

questiollllaires werefilled ill daily,just afier the awakellillg. Oral temperatllre Ivas measured hyautorhythmometry at three-hour illtervals durillg the lI'akillg period.

Reslllts

The allalysis ofthe sleep questiollllaires ofthe /1llrses revealed the existellee ofthree differellt sleep

pattems: mOllophasie sleep, Ilappillg alldji'agmellted sleep (Kruskall-Wallis p=O.OOI). Theallalysis oforal temperature illdieated that Ilight shifi Ilurses had 10ll'er amplitudes (Cosillorp=O.OOO). 111additioll, regardless o{the shift ofwork, the Ilurses had hetterperformallees at the

hegillllillg ofthe period (Wileoxoll Test).

COl1clllSiol1

The results suggest ali e/leet ofthe Ilight shifi .1I'0rk011ali the studied variables.

KeYJllords: ehrollohiology, sleep-lI'ake eycle, oral temperature.

INTRODUÇÃO

Os sinais fisiológicos corporais, temperatura,

freqÜência cardíaca, pressão arterial e freqÜênciarespiratória são indicadores precisos das condições desaÚde dos indivíduos. Dentre estes, a temperatura

corporal é importante para manter o equilíbrio entre aprodução de calor e a perda desse para o meio ambiente.

Para o paciente que se encontra hospitalizado, atemperatura é fundamental como indicador das condições

fisiológicas e, pode indicar tanto a normalidade quantoa evidência de alterações sérias como, por exemplo, a

presença de processo infeccioso.

A temperatura corporal de um indivíduo podesofrer variações de acordo com a influência de aspectosdiversos, tais como, alterações emocionais, mudanças

na temperatura ambiente, atividade física, uso de roupasinadequadas para as necessidades, presença de

processos infecciosos e/ou inflamatórios assim como,

pelo próprio ritmo circadiano (circa = cerca de, diano = dia,ou seja, 24 horas).

O ritmo circadiano da temperatura oral apresenta

curva normal que é menor pela manhã em relação à noite,

quando se mostra mais elevada, demonstrando uma

oscilação ao longo do dia'.

Segundo Aschoff e Wever3, mudanças abruptas

podem ser observadas nas funções rítmicas (ciclo vigília--sono e outros), após despertar ou adormecer. Algunsdestes efeitos assemelham-se ao mascaramento de um

zeitgber (palavra de origem alemã que significa doadorde tempo ou marcador de tempo) por exemplo, adiminuição da temperatura corporal quando um sujeitofica adormecido e o aumento sempre que ele volta àatividade. Às vezes, mudanças na postura ou mudar

vigília para sono e vice-versa, podem produzir mudançasde forma ondeada do ritmo circadiano.

Barhard e Pafnote4 analisaram a adaptação doorganismo humano ao trabalho em regime de turnosalternantes. Fizeram parte deste estudo vários operáriosde uma refinaria de petróleo, com diferentes atividades eesquemas de tral1alho. Os resultados mostraramacentuada variabilidade nos estados fisiológicos(energias expendidas durante o trabalho e repouso,freqÜência de pulso e pressão arterial) e psicológicos(vida familiar e social, problemas relacionados com aduração e eficiência do repouso e saÚde) quando emturno de trabalho, principalmente à tarde e à noite.

Patkai et al.'2 estudaram a variação diuturna detemperatura corporal, excreção de catecolaminas,desempenho e estados de alerta subjetivos em tipógrafosque faziam turno noturno alternante. Os resultadosmostraram padrões significativos de ritmicidade com astaxas mais elevadas nos períodos de atividade e maisbaixas nos períodos de repouso.

De Martin06 estudou a temperatura oral emenfermeiras de diferentes turnos de trabalho. O gruponoturno demonstrou valores aumentados de temperaturaoral, principalmente às duas horas da manhã. Asconclusões corroboram dados da literaturacronobiológica sobre ritmicidade circadiana queevidenciam a elevação da temperatura durante períodosde atividade.

Verificando as características individuais do ritmobiológico circadiano e bem-estar do trabalhador porturnos, em operários da indÚstria têxtil e metalÚrgica,Rõhmer e SchÜring'4concluíram que o ciclo vigília-sonopode ser um evento de predição de tolerância ao turnode trabalho, em termos de flexibilidade, relacionado afatores, tais como, idade e sexo.

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Os principais parâmetros, derivados daabordagem cronobiológica e que caracterizam um ritmobiológico são período, freqüência, menor-valor médio dafunção ajustada, acrofase -é o intervalo de tempo em queocorre o valor máximo da função ajustada e amplitude,diferença entre o valor médio da curva da função ajustadae o seu valor máximo ou mínimo. A terminologia ésemelhante a aplicada para descrever os fenômenososcilatórios em geral quais sejam temperatura corporal,ciclo vigília-sono, cortisol, catecolaminas, etc.I,9,11.

Diversos estudos demonstraram a relação doturno de trabalho de enfermeiras e variabilidade circadianados ritmos biológicos como ciclo vigília-sono etemperatura corporal12, 15.

O trabalho em turno das enfermeiras possuicaracterísticas específicas de atividade ininterrupta,noturna e desgastante, tal como ocorre em outrasprofissões que demandam esquemas alternados do ciclovigília-sono.

Indivíduos submetidos a esquemas temporaisalterados como trabalho fixo noturno ou turnosalternantes, poderão apresentar perturbações de seusritmos biológicos endógenos, em função do conflitotemporal entre relógios biológicos e esquema social,imposto externamente. Os valores da temperatura oralsão índices importantes para a verificação do ritmobiológico circadiano. Eles permitem análise dasflutuações rítmicas, necessárias à identificação dosajustamentos biológicos do indivíduo a sua atividade.Estes dados permitem, ainda, a possibilidade dediagnóstico quanto ao estado de saúde,

O objetivo desta investigação foi verificar, naseqüência de jornada nos turnos de trabalho diurno enoturno de enfermeiras, as características do sono e datemperatura oral, em função das mudanças dos esquemasdiários de trabalho e folgas,

CASUÍSTICA E MÉTODOS

Local e regime de trabalho

Esta pesquisa foi realizada na cidade deCampinas, Estado de São Paulo em dois hospitais;Hospital das Clínicas da Universidade Estadual deCampinas (HC/UNICAMP) e Centro de AssistênciaIntegral a Saúde daMulher(CAISM). Oregimede trabalhoexistente em ambos consta de jornadas de trabalho de 7horas diárias para os períodos matutino e vespertino,com uma folga semanal; para o turno noturno é de 12horas de trabalho com folga de 36 horas diárias. O horário

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para o período matutino inicia-se às 7 horas e vai até às14 horas, para o período da tarde inicia-se às 13 horas etermina às 20 horas e para o período noturno inicia-se às19 horas e termina às 7 horas. Conforme a LegislaçãoTrabalhista todos os feriados e dias facultativos sãoacrescidos as folgas para todos os funcionários de ummodo geral.

Sujeitos

Participaram, voluntariamente, 59 enfermeirassadias, com idade entre 23e 53 anos.Destas, selecionamosuma subpopulação de 17 enfermeiras que trabalhavamnos períodos diurno (n=1O)e noturno (n=7). As pessoasdo grupo diurno apresentaram média de idade de 32,3.Antes de iniciarmos a pesquisa foi perguntado a todosse concordavam em participar da mesma, e, só após esteconsentimento, o sujeito tornava-se participante. Antesda coleta de dados obtivemos o consentimento daComissão de Étic? emPesquisa, do Hospital das Clínicasda Unicamp.

Procedim en to

As enfermeiras foram divididas em dois grupos,conforme os períodos de trabalho: turnos diurno enoturno. As medidas fisiológicas de temperatura oralforam efetuadas pelo próprio sujeito, a cada três horas,a partir do horário que acordava até ohorário antecedentea dormir, portanto, durante o período de vigília doindivíduo, no tempo de 23 dias consecutivos. Osindivíduos pertencentes ao turno noturno realizaram acoleta durante a noite e no dia de folga.

Para os registros de sono, diariamente osindivíduos anotavam todos os itens do questionário,assim que acordavam, durante 23 dias.

Instrumento de coleta de dados

Foram selecionadas enfermeiras com bom estado

geral de saúde, nível universitário que trabalhassem emapenas um hospital, do período diurno ou noturno,dispostas a colaborar voluntariamente.

Excluímos indivíduos com filhos, de idade inferiora cinco anos, mas, as casadas ou solteiras com filhos deidade acima de cinco anos foram incluídas, poisacreditamos que não ocorreriam interferências no sono,comuns às mães que cuidam de crianças pequenas. Aexigência de um vínculo único teve como objetivo agarantia de que o trabalho em turno fosse apenas de uma

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jornada, durante às 24 horas. Após a entrevista com cadainformante, estes foram esclarecidos sobre a importânciado estudo para que tivéssemos, antecipadamente, oscompromissos das participações e pudéssemos contarcom os sujeitos para a execução do projeto.

Diariamente, durante a coleta de dados, apesquisadora supervisionava o preenchimento dosdiários de sono bem como as medidas de temperaturacorporal. Apesar do número considerável de sujeitos, acoleta de dados foi programada de tal modo que partedos respondentes coletava os dados e, só após estaetapa, era iniciada a coleta com os outros do grupo,com a finalidade de se obter dados fidedignos ecompletos.

Formulário de avaliação do Ciclo Vigília-Sono (CVS)

Através de um questionário contendo, no total,23 folhas para o registro, a enfermeira anotavadiariamente, ao acordar, os seguintes dados: os horáriosde deitar, dormir e acordar, o número de episódios devigília durante à noite, a qualidade de sono noturno, ograu de bem-estar ao acordar, o modo de acordar(espontaneamente, por despertador ou chamado poralguém), como se sentiu ao acordar, horário e númerode cochilos realizados. Este formulário foi elaboradopelo Grupo Multidisciplinar de Ritmos Biológicos doInstituto de Ciências Biomédicas da Universidade deSão Paulo.

As anotações começavam a ser feitas em umsábado e terminavam três semanas depois, em umdomingo. Algumas enfermeiras deste estudo iniciaramem outro dia da semana e foram orientadas para que fossemantido o mesmo tempo total, ou seja, 23 diasconsecutivos, independente do dia da semana ser sábadoou domingo.

Definições utilizadas para avaliação do sono

Seqüência de jornada: compreende umaseqüência de dias da escala de trabalho da enfermeira edescreve as características da jornada diária, de trabalhoou folga. As seqüências indicaram que o evento "horade deitar" por exemplo, aconteceu no primeiro dia daseqüência e, no segundo indicou o dia da "hora dedeitar".

Foram distribuídas em seqüências: FT - corres-ponde o primeiro F a um dia de folga, seguido de um diade trabalho T. Estas siglas são válidas para outrascombin~ções das tabelas ou no texto.

Registro de temperatura oral

Os dados da temperatura oral foram medidossegundo o método autorritmométrico de Halberg et al.9,sendo coletada pelos próprios indivíduos durante 23dias consecutivos. Os intervalos das coletas detemperatura corporal oral foram realizados a cada 3horas,iniciando no momento do despertar da enfermeira. Otermômetro utilizado foi digital, marca Kramer, modeloFT-7,eletrônico. Para a tomada da medida da temperaturaoral, as enfermeiras foram orientadas para não ingeriralimentos quentes ou frios e não fumar, pelo menos, 30minutos antes da medida. Seguindo a técnica descrita, ostermômetros, depois de verificados e acionados, eramcolocados sob a língua do sujeito, que mantinha a bocafechada, até o bip soar, o tempo exato registrado paraleitura. Foram utilizados 17 termômetros digitaiseletrônicos, com precisão de duas casas após a vírgula.As medidas foram coletadas nos grupos de enfermeirasque trabalhavam em dois períodos: diurno e noturno.

Descrição das variáveis e análise estatistica

Para determinar os parâmetros ritmo métricos decada série temporal foi utilizado ométodo Cosinor". Estaanálise consiste na realização de um ajuste de uma funçãocossenóide aos dados experimentais, através do métododos mínimos quadrados. Foram determinados osseguintes parâmetros: amplitude - diferença entre o valormédio da curva da função ajustada e o seu valor máximoou mínimo; mesor-valor médio da função ajustada;acrofase - é o intervalo de tempo em que ocorre o valormáximo da função ajustada. Para análise de significânciaestatística os parâmetros ritmométricos são testadoscontra a hipótese nula de que a curva da função ajustadatenha uma amplitude zero, ou seja, não há ritmo. Destamaneira, o critério do ajuste significativo é aprobabilidade da amplitude nula ser inferior a 5%(p:5:=0,05).Com referência aos dados observados sobreo ciclo vigília-sono, foi empregado o método estatísticonão paramétrico, de Kruskal- Wal/is 15,seguido decomparações múltiplas quando houve diferençasignificativa entre as seqüências das variáveis e oTeste Qui-Quadrado de Pearson.

RESUL TADOS E DISCUSSÃO

Os dados encontrados demonstraram osseguintes resultados: na média os sujeitos referiram ohorário das 23 horas para se deitar, 23h24min para dormire, 7h1Ominpara acordar.

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Variáveis Grupo Diurno

Tabela 1. Variáveis e médias de periodos de sono dos grupos diurno c noturno.

Grupo Noturno

Tempo/Sono noturno T/F

7h35min

Qualidade de sono 7,2

I" sono/diurno

Coehilo I h25min

2" sono/diurno

Tempo/Sono noturno total 7h35min

F = dia de folga; T = dia de trabalho.Fonte: De Martino (1996)'.

No que se refere ao grupo do turno diurno osdadosrevelaramdiferençassignificativas(Kruskal- Wallis:p-val=O,OOO1)para o tempo de sono noturno em relaçãoao tempo de sono total, tanto nos dias de folga (F) quantonos dias de trabalho (T).

O tempo de sono encontrado correspondendo aodia de folga foi 9h 17min para o grupo diurno, já no dia detrabalho o tempo de sono foi de 7h30min. O gruponoturno apresentou período maior de sono no dia defolga. Tais dados evidenciam carênciade tempodisponívelpara repouso das enfermeiras do grupo diurno, nos diasde trabalho, o que nos leva a concluir que essastrabalhadoras exerçam suas funções adequadas emcondições de déficit de repouso (Tabela 1).

Verificou-se que o grupo diurno informouqualidade de sono melhor após um dia de folga, e piorpara o grupo noturno. Utilizando o teste Kruskal-Wallispara demonstrar diferenças de médias entre seqüências,em geral foi significativo, o que nos leva a interpretar queas enfermeiras do turno diurno têm sensação melhor aoacordar do que o grupo do turno noturno.

O grupo diurno revelou o hábito de acordar comdespertador nos dias de trabalho, e que acordaespontaneamente nos dias de folga. Já, o grupo noturnoinformou que, praticamente não utiliza o despertador, ena maioria das vezes, acorda especialmente entre doisdias de folga quando é acordado por alguém.

De modo geral, no horário de dormir o cochilo dogrupo diurno acontece às 16h20min, com duração de 68minutos. Esses dados nos revelam que, após umajornadade trabalho, as enfermeiras sentem necessidade de umperíodo de repouso antes de continuar com as atividadesdomésticas que as esperam após o trabalho. Por outrolado, fica confirmado o déficit de sono para os sujeitosque acordam cedo para iniciar suas atividades no horáriode sete horas.

F/F T/F F/F

9h 17min 9h5min

7,6 7,0

4h24min 3h32min

lhlmin

9h 17min

4h34min

(FT) = Ilhllmin IOh30min

Na área da saúde os esquemas de trabalho sãodiferentes para cada pessoa, os turnos da noite sãomenos freqüentes do que os turnos do dia. Durante anoite as atividades são diferentes das determinadas parao turno da manhã ou da tarde. Entretanto, na indústria,o número de trabalhadores e atividades são sempre asmesmas para todos os turnos, não havendo diferençapara os turnos da noite.

Em situações onde se exige o trabalho noturnocontínuo, o padrão de sono habitual noturno émonofásico e a eficiência do desempenho pode, muitasvezes, ficar seriamente comprometida quando há umdébito de sono acumulado.

As características mais importantes de cada grupodeste estudo foram as seguintes: 1) sono monofásico:todas as enfermeiras demonstraram ser capazes de dormiro sono noturno habitual, sempre que possível no mesmohorário 23h24min, exceto aohorário de acordar, havendodiferenças significativas principalmente entre asseqüências de jornadas do grupo diurno; 2) sonofracionado: o grupo de enfermeiras do turno noturnodemonstraram ter hábitos de sono diurno fracionado ouparcelado, ocorrendo principalmente após a jornadanoturna que denominamos de primeiro sono diurno (entre8 e 10horas) e segundo sono diurno (entre 14e 16horas).Teoricamente, pode-se dizer que esta é uma estratégia desono que traz benefícios para a saúde do indivíduo;porém, apesar dos efeitos inquestionáveis do sono curtointercalado, os efeitos subjacentes à falta de sono aindasão evidentes 16. Ao se adotar este "sono profilático"(chamado de sono curto profilático por Dinges et aI.citado por Stampi 16o indivíduo teria uma probabilidademaior de estar acordado e desperto quando fosse precisoe se aproveitaria de qualquer intervalo, mesmo curtoentre as tarefas, para, voluntariamente tirar uma soneca.

Constatamos que a seqüência dejornada (TT, TF,FF, FT) tem uma forte influência sobre o padrão de sonodo indivíduo, pois, ao analisarmos o tempo de cochilo

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apresentado pelas enfermeiras do grupo diurno,verificamos que este esteve presente, independente daseqüência de jornada. Contudo, não se pode afirmar queo cochilo é uma estratégia adotada pela maioria daspessoas como uma medida possível para compensar ocansaço, utilizar-se de cochilo, mas sabe-se queestudos referem-se a eles como sono reparador oucompensador9.

Apesar de muitos estudos já terem sidoapresentados sobre a adaptação do trabalhador emturnoIJ,17, o mesmo não pode ser dito sobre oesclarecimento do efeito do turno noturno. No presenteestudo tentamos confirmar, em parte, o que poderia serconsiderado como estratégia de sono e é utilizado pelasenfermeiras para amenizar, um pouco, este efeito.

O grupo de enfermeiras do turno noturno mostroucaracterísticas bem diferentes das enfermeiras do grupodiurno, na medida que tinham variabilidade de horáriopara se deitar, dormir e acordar conforme a seqüência dejornada estudada. Podemos comentar, baseados nosregistros obtidos, que as enfermeiras do turno noturno,apesar de jovens, solteiras, não possuem hábitos dedormirem em horários tardios, mesmo nos dias de folga.

Podemos observar ainda, que o tempo de latênciafoi maior para o grupo do turno diurno quando aseqüência de jornada era TF, indicando que houve umaforte interferência do trabalho, o que sugere, talvez, oefeito do cansaço sobre o sono da enfermeira.

Considerando a avaliação da qualidade do sono,verificamos que as enfermeiras do grupo diurnoapresentam sono de melhor qualidade do que asenfermeiras do grupo noturno. Pode-se observar quequando a seqüência de jornada correspondia a duasfolgas ou trabalho e folga houve uma tendência paramelhorar qualidade do sono para ambos os grupos.

A relação entre o sono habitual e a seqüênciadejornada é mais uma comprovação de que para o grupodiurno o dia de trabalho interfere no sono, enquanto queas enfermeiras do turno noturno não consideraramnenhuma alteração. Isso pode ser explicado, talvez, pelofato de osistema fixo de trabalho, não permitir mudançasfreqüentes de hábitos de sono. A duração total de sononoturno para o grupo do turno noturno, mostrou valoresde médias maiores do que para o grupo diurno. Estesachados são similares com a pesquisa de Verhaegen etal.l1, que analisaram a adaptação de enfermeiros doturno noturno em diferentes esquemas de trabalhonoturno. Os resultados mostraram que a duração dosono diurno foi menor do que a duração do sononoturno.

Os valores atribuídos sobre a qualidade do sonodiurno, conforme escala análoga visual, foram menores,

quando comparados com o sono noturno. Os nossosresultados mostraram similitude com a referida pesquisa.O tempo de sono diurno foi menor para o grupo do turnonoturno e o tempo de sono noturno apresentou médiasmaiores em função da seqüência de jornada.

Verificando o tempo do fracionamento do sonodiurno adotado pelas enfermeiras do turno noturno, asmédias encontradas para o tempo total de sono, conformea seqüência de jornada proposta nesta pesquisa, foramde 3h32min para (FF), ou seja, duas folgas consecutivase 4h34minpara (TF)oque aproximados valores (4h50min)encontrados por Verhaegen et ai. 17.Os autores fazemuma inferência afirmando, que talvez a boa qualidade dosono diurno das enfermeiras seja uma característica deum bom ajustamento circadiano para o trabalho noturno,uma observação pertinente também encontrada napresente pesquisa.

Medida de temperatura oral

As medidas da temperatura oral foram realizadasdurante os meses de setembro a outubro de 1992. A

análise ritmométrica mostrou a presença do ritmocircadiano que foi comprovado estatisticamente pelométodo Cosinor". A acrofase (valor de pico) datemperatura oral de cada enfermeira esteve alocada noperíodo de 24 horas. Verificou-se que, no grupo do turnodiurno, apenas duas pessoas não apresentaram nível designificância. A amp!itude dos ritmos mostrouvariabilidade circadiana.

A ritmicidade circadiana que foi detectada nosdados apresentados da temperatura oral mostrou que ogrupo diurno de enfermeiras sugeriu uma sincronizaçãodos seus ritmos com a atividade desenvolvida e ospadrões de sono. Já para o grupo do turno noturno, osvalores da temperatura oral mostraram-se diferentesdos padrões considerados para uma curva deritmicidade circadiana normal. Diante disto, podemossugerir que houve uma desestruturação rítmica(Tabelas 2 e 3).

Estes dados poderão numa outra etapa deestudos ser complementados com investigações maisdetalhadas como instrumento diagnóstico a respeito doefeito e suas alterações fisiológicas nas pessoassubmetidas a turnos de trabalho noturno.

Os dados referentes à amplitude do ritmo datemperatura corporal mostraram valores menores para ogrupo diurno conforme os demonstrados por De Martinot.,como sendo bons predictores de ajustamento rápido,diferentemente, dos valores apresentados pelasenfermeiras do turno noturno, que apresentaramamplitudes maiores.

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Tabela 2. Parâmetros do ritmo de temperatura oral das enfermeiras do grupo diurno estudados no mês de setembro de 1992, avaliadospelo método Cosinor.

p.value

0,234

0,167

0,000*

0,000*

0,542

0,000*

0,167

0,000*

0,013*

0,000*

0,316

Tabela 3. Parâmetros do ritmo de temperatura oral das enfermeiras do grupo noturno estudados no mês de setembro de 1992, avaliadospelo método Cosinor.

p.valuc

0,006*

0,173

0,941

0,022*

0,000*

0,113

0,000*

C')PV AL = nível de signíticâncía estatística.

CONCLUSÃO

o presente estudo pode demonstrar que asanálises cronobiológicas da temperatura oral e ciclovigilía-sono de enfermeiras submetidas a diferentesturnos de trabalho, variaram conforme os horários decoleta, durante as 24 horas, demonstrando que o turnonoturno de trabalho pode ser considerado muitodesgastante para a enfermeira.

Os valores da temperatura oral apresentados pelogrupo de enfermeiras do turno diurno mostraramvariações que podem ser entendidas como alteraçõesbiológicas circadianas, pois apresentam distribuiçãosemelhante aos observados em estudos clássicoscronobiológicoscomo, por exemplo,Aschoff 2. Alémdisso, as análises ritmométricas indicam presença deritmicidade circadiana, pois os valores demonstradosmais elevados coincidiam com os observados em estudoscronobiológicos, o que demonstra para o grupo diurno,um ajustamento adequado dos ritmos biológicos para avariável em estudo.

Por outro lado, as enfermeiras do turno noturnoapresentaram valores mais elevados, onde as curvas deritmicidade circadiana da temperatura obtidas em outrosestudos Folkard et af.7, indicaram que esta deveria sermais baixa durante a noite. Estes resultados mostram,portanto, que o trabalho noturno pode afetar \)ajustamento dos ritmos biológicos da temperaturaoral.

Assim, a investigação feita através da análisecronobiológica empregando o método Cosinor pode, decerto modo, detectar uma variabilidade dos ritmosbiológicos o que evidencia o efeito do trabalho em turnosdemonstrados pelas mudanças ocorridas no sinal vitalfisiológico que repercutirá, sem dúvida, negativamentena saúde.

O estudo do ciclo vigília-sono permitiu, emprimeiro lugar, a identificação de um perfil diferenciadodos grupos em questão quanto aos padrões de sono ecaracterísticas próprias. Por outro lado, possibilitou oreconhecimento de efeitos específicos do plantão noturno

Rev. Ciênc. Méd., Campinas, 10(3): 71-78, set./dez., 200 I

Código Turno Aerofase Mesor Amplitude

LHL Diurno 14:19 35:74 0,14

RMF Diurno 14:59 36: 16 0,33

ESR Diurno 14:54 36:90 0,40

AMV Diurno 16:05 37: 15 0,35

KMO Diurno 23:44 36:76 0,04

SMO Diurno 14: 18 36:37 0,12

CHE Diurno 15:09 36:57 0,33

ESR Diurno 14:54 36:90 0,16

RAP Diurno 12:56 36:81 0,12

DMC Diurno 17: 14 36:01 0,41

ACR Diurno 13:22 36:59 0,13-

C') PV AL = nível de sígníticància estatística.

Código Turno Acrofase Mesor Amplitude

TSV Noturno 16,03 36,61 0,12

ALD Noturno 21,58 36,16 0,14

REC Noturno 15,47 36,02 0,03

CSP Noturno 1,13 36,88 0,24

CHR Noturno 16,33 36,45 0,16

RAG Noturno 3,33 36,61 0,09

MRV Noturno 15,39 36,65 0,13

Page 8: VARIABILIDADE CIRCADIANA DA TEMPERATURA ORAL E DO CICLO ...

78 M.M.F. De MARTINO & J.CIPOLLA NETO

sobre os hábitos de sono da enfermeira. Podemosconstatar que, emtodo ogrupo de enfermeiras donoturno,o efeito do cansaço motivou isolamentos sociais,apontados pela distribuição total de horas de sono.

Observamos um hábito de sono peculiar, ofracionamento, que foi encontrado pelo grupo do noturno,onde a enfermeira, após o plantão noturno dormia deduas a três horas no primeiro período do dia, e repetia àtarde e à noite como uma maneira errônea de suprir osdéficits de sono, pois estudos realizados porcronobiologistas esclarecem que uma vez privado dosono noturno, o sono diurno não compensaria oorganismo destas perdas.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Prof. Dr. Nelson Marques pelacolaboração dispensada quando da elaboração do projetoinicial de pesquisa.

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Recebido para publicação em 21 de setembro de 2001 eaceito em 10 de fevereiro de 2002.

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