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F_809: Instrumentação para Ensino 2° semestre de 2005 Relatório Final (Versão 1 – 27/11/2005) Válvula Eletrônica para Medida de e/m Aluno: Marcelo Moreira Xavier Orientador: Prof. Dr. Yoshikazo E. Nagai Coordenador: Prof. Dr. José J. Lunazzi

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F_809: Instrumentação para Ensino 2° semestre de 2005

Relatório Final (Versão 1 – 27/11/2005)

Válvula Eletrônica para Medida de e/m

Aluno: Marcelo Moreira Xavier Orientador: Prof. Dr. Yoshikazo E. Nagai

Coordenador: Prof. Dr. José J. Lunazzi

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Válvula Eletrônica para Medida de e/m

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Índice

Introdução ............................................................................ Tratamento Teórico ............................................................. Construção da Válvula ........................................................ Medidas Experimentais ....................................................... Análise dos Resultados e Conclusões ................................. Anexos ................................................................................... Bibliografia ...........................................................................

3

4

8

13

17

20

25

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Introdução A verificação do valor da razão e/m é histórica e atualmente importante para a física

moderna. Muitos resultados importantes a respeito do átomo foram obtidos a partir dessa relação

que primeiro foi medida por J.J. Thomson empregando um tubo de raios catódicos. Muitas outras

tentativas diversas foram feitas para determinar esse valor chamado de carga específica. O

método que nos atemos aqui é o do magnetron (ainda usado em muitos fornos de microondas)

que foi idealizado por A. W. Hull.

O método do magnetron basea-se no funcionamento de uma válvula termiônica (ou

diodo), que apesar de hoje estar em grande parte substituída pelo transistor, ainda é usada em

rádios por radioamadores que alegam um som mais fiel, e também usada em aparelhos

hospitalares usando novos materiais como grafite e ligas cerâmicas de alta resistência mecânica e

térmica. Em linhas gerais, o funcionamento da válvula consiste num filamento dentro de um

bulbo com vácuo que libera elétrons quando aquecido. Um potencial acelera esses elétrons que

são coletados por um anodo gerando assim uma corrente que pode ser medida por um circuito.

Em tentativas anteriores foi usada uma válvula comercial, do fabricante RCA, porém o

sucesso do experimento foi afetado pela construção da válvula que não permitiu medidas

experimentais confiáveis. Diante desse problema, o atual experimento visa inicialmente construir

um diodo com os parâmetros que maximizem o efeito desejado e permita uma precisa medição

da relação e/m. Tendo a válvula funcionando de forma satisfatória, poderemos então medir a

histórica relação.

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Tratamento Teórico O princípio de funcionamento da válvula eletrônica usada é baseado no efeito termiônico.

Esse efeito foi primeiramente observado no séc. 18 por Charles Dufay que verificou a

condutibilidade elétrica de um gás quando próximo a um metal aquecido. Posteriores a ele

vieram Edmund Bequerel, que verificou a condutibilidade de ar quente entre eletrodos de platina

também quente sob um potencial elétrico, e Thomas A. Edson que observou a emissão de

elétrons por metais aquecidos.

O fenômeno pode ser definido como a emissão de elétrons pela superfície de um metal

quando aquecido. Os elétrons, em movimento desordenado dentro do metal, quando chegam na

superfície são mantidos presos pelo potencial criado pelos átomos da superfície do metal.

Quando aquecemos o metal, os elétrons passam a ter a energia necessária para vencer esse

potencial e escapam, formando uma nuvem ao redor do metal devido a atração coulombiana com

o metal, que agora está carregado positivamente.

Se aproximarmos um coletor do metal aquecido e entre os dois elementos estabelecermos

um potencial acelerador, teremos uma corrente termiônica que pode ser calculada usando alguns

parâmetros pertinentes ao aparato do experimento.

Corrente Termiônica na Válvula Eletrônica

O estudo da corrente termiônica é normalmente feito em válvulas, ou diodos, que são

compostas de dois eletrodos imersos no vácuo feito com a ajuda de um bulbo de vidro. Temos

então um dos eletrodos como um filamento (catodo) que quando aquecido sobre o efeito

termiônico e ao estabelecermos um potencial entre este e o outro eletrodo, que tem formato

cilíndrico ao redor do filamento (anodo), ocorre a corrente termiônica que pode ser medida

externamente.

Para desenvolver uma expressão que nos forneça o valor da corrente termiônica

consideremos um elétron nas proximidades da separação metal-vácuo que existe no catodo.

Nessa situação o elétron fica confinado ao metal por um potencial que representa a energia

cinética total que um elétron deve ter para vencer a barreira e ganhar o vácuo. Essa energia é

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chamada de função trabalho Φ do metal. A densidade de corrente entre os eletrodos depende

diretamente dessa grandeza assim como da temperatura em que se encontra o filamento.

Podemos expressar essas dependências por meio do resultado conhecido como expressão de

Richard-Dushman

Tke

B BeTrhmek

−= 23

2

0 )1(4π (A/m2)

Onde m é a massa do elétron, e sua carga, h a constante de Plank, T a temperatura em

Kelvin, Bk a constante de Boltzman eΦ é a função trabalho do material

Fazendo 0=er nas proximidades do filamento e reduzindo as constantes temos:

TkBeATJΦ

= 20 (A/m2) ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛= 3

24hmek

A Bπ

Onde 24 /104,120 mAxA = . Essa é a expressão que calcula a densidade de corrente sem

um potencial acelerador e sem correções de carga no espaço entre os eletrodos.

Apesar de simples, a expressão é muito difícil de ser calculada com precisão devido as

características do material. Um exemplo é que a emissão depende plano cristalográfico de

origem do metal, que afeta a função trabalho usada as expressão de Richard-Dushman. Como

atenuação desse fator de imprecisão, usa-se uma função média. No fio de tungstênio, esse valor é

dado por eV52,4=Φ

Porém, para efetivar uma corrente mensurável entre os eletrodos, é necessário um

potencial que acelere os elétrons em direção ao anodo. Numa situação onde esse potencial é alto,

a densidade de corrente depende essencialmente da temperatura do filamento. Dizemos que o

diodo encontra-se saturado e a expressão fica é dada por

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛=

TkE

JJB

Zγexp0 (A/m2) com

043πε

γ =

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Na expressão, ZE é o campo acelerador e 0ε é a permissividade elétrica do vácuo. Para

potenciais menores que o de saturação do diodo, devemos considerar o efeito do potencial de

frenagem criado pelos elétrons residentes entre os dois eletrodos. Nessas condições, estamos

interessados numa expressão que forneça a corrente entre os eletrodos em função da voltagem

aplicada. Esse resultado é conhecido Lei de Child e expresso por

23

00 2

98

Vmel

rI

a

πε= (A)

Na expressão, ar é o raio do anodo, l o comprimento do filamento e 0V a tensão aplicada

entre os eletrodos para acelerar os elétrons. É notável que a Lei de Child expressa a corrente

termiônica em função da geometria do diodo dentro do regime onde a carga no espaço limita a

corrente, ou seja, a proporcionalidade entre I e 230V depende dos parâmetros de construção da

válvula.

Método do Magnétron

O método do magnétron consiste na aplicação de um campo magnético vertical e paralelo

ao eixo longitudinal do coletor. A aplicação do campo acaba gerando uma força que é aplicada

perpendicularmente à direção de propagação do elétron. Sem a aplicação de um campo

magnético o elétron segue a trajetória descrita pela seta retilínea na Figura 1a abaixo.

B

(a) (b)

Figura 1 – filamento e coletor vistos de cima. Em (a) é mostrada a trajetória dos elétrons sob um campo magnético paralelo ao eixo longitudinal. Em (b) a

trajetória quando o campo crítico é atingido.

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Porém, quando fixamos o potencial em 0V e a corrente no filamento e aplicamos um

campo magnético B , temos a trajetória descrita pela seta curva ainda na Figura 1a. Quando

atingimos um campo magnético crítico, os elétrons conseguem alcançar o coletor e seguem a

trajetória descrita na Figura 1b.

Se considerarmos 0B o valor do campo quando os elétrons não conseguirem alcançar o

coletor, temos a seguinte relação deduzida pelo livro Preston (1) a partir da força de Lorentz

)( BvEeF ×+−= aplicada ao elétron e resolvida por meio de equações diferenciais em

coordenadas cilíndricas.

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛=

merB

V a

8

220

0

Onde 0V é o potencial fixo no coletor, 0B o campo magnético crítico para o qual

ocorre o corte da corrente no coletor, e e m são respectivamente a carga e a massa e ar o raio do

coletor. Toda a produção experimental visou proporcionar condições para que essa expressão

fosse utilizada para a determinação do valor da relação e/m que tem o seguinte valor teórico

KgCx

me 111076,1=

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Construção da Válvula Como é de conhecimento desde o início do projeto, a construção da válvula é um dos

pontos mais crítico de todo o projeto. Diferentemente de outros trabalhos desenvolvidos, onde

são usados diodos comerciais, o projeto em questão propôs a construção de uma válvula

eletrônica destinada exclusivamente para a medição de e/m. A Figura 2 mostra esquema.

Ao longo do semestre foram construídas algumas válvulas, que seguiram as mesmas

etapas de construção do diodo discutido no relatório parcial, em anexo. Porém apenas a última

foi capaz de fornecer dados mensuráveis. Todas as outras válvulas esbarraram em detalhes de

montagem que inviabilizaram as medidas. O principal ponto foi a solda dos vidros que se tornou

difícil por estarmos trabalhando com vidros de lâmpadas comerciais, de baixa qualidade.

Precisávamos soldar o vidro de maneira que o calor em toda a borda da solda fosse uniforme, se

não o vidro trincaria por dilatação ou derreteria demais deformando o resultado final.

Quando ao filamento e ao coletor, ambos foram bem alongados, com seu comprimento

praticamente dobrado. Dessa forma conseguimos que a corrente medida ficasse maior e melhor

mensurável. As medidas finais ficaram por 80mm de comprimento e 30mm de diâmetro para o

coletor e 56mm de comprimento e 0,2mm de diâmetro para o filamento.Outro detalhe era o

perfeito alinhamento do filamento no eixo longitudinal coletor. A teoria usada depende

fortemente desse acerto, e do campo magnético aplicado que deveria estar perfeitamente paralelo

a este.

Ainda com relação ao filamento, feito de tungstênio, foi mantido linear. Porém, seu

aquecimento e dilatação certamente fariam com que o filamento de curvasse, prejudicando a

simetria. Dessa forma foi adaptado um esticador em espiral, para manter o filamento retilíneo. A

Foto 1 mostra, com pouco foco (não dispunha de função macro na câmera) o esticador. Na Foto

2 é mostrada a base do diodo com o detalhe da solda. Após finalizada a construção ainda era

necessário fazer vácuo na válvula e a dificuldade era vedar após atingida a pressão necessária.

Felizmente esse passo não apresentou grandes problemas e a pressão atingida foi de Torr210− .

Abaixo, na seqüência de fotos, é mostrado o diodo pronto. Também é mostrado na Foto 3

todo o aparato das medidas experimentais.

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Figura 1 – Esquema do montagem do diodo projetado para medida de e/m

Filamento

Anodo

Vidro

Vácuo

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4-10

Diodo completo montado na base para a

ligação nos aparelhos do laboratório (1).

O diodo final, como dito, tem o coletor e

o filamento mais longos para melhor

corrente e melhor qualidade das

medidas. Ao fundo está a fonte que gera

a tensão de coleta dos elétrons entre o

filamento e o coletor e o multímetro para

acompanhar o valor da tensão

Para a medição de e/m, é necessário uma

bobina solenóide (composta de duas

bobinas) que gere o campo necessário

para o corte de corrente. A foto mostra a

bobina já montada (2) e devidamente

ligada e abaixo está a foto da bobina

solenóide depois de enrolada (3)

1

2

3

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Foto 1 – Esticador do filamento feito de cobre.

Foto 2 – Detalhe da base do diodo, com a solda feita entre os vidros.

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Foto 3 – Aparato para as medidas experimentais.

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Medidas Experimentais

Para operar o diodo foi usado o circuito mostrado abaixo:

O circuito mostra o coletor e o filamento devidamente ligados. Ligado ao filamento

temos uma fonte de tensão com faixa de operação de 0-4V e um resistor onde em paralelo

encontrasse um voltímetro que mede FV . Por ter resistência de 1Ω , a medida de FV tem o

mesmo valor de FI , que é a corrente no filamento

Entre o filamento e o coletor temos outra fonte de tensão que fornece uma tensão de 0-

180V e um voltímetro que mede a tensão AV entre os elementos. Internamente a essa fonte

temos um circuito indicado na figura que ligado a um resistor de 10kΩ e um voltímetro que

fornece a tensão V em seus terminais fornece também a medida de I que é a corrente termiônica

em que estamos interessados.

Bobina

V

V

-

+

Coletor

Filamento

máx 4V

10KΩ

V

FV Interno Fonte

0 – 180V

VBV

VAV

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Usando esses instrumentos fizemos inicialmente um primeiro conjunto de medidas

visando antes de mais nada observar o efeito termiônico. Para essa tentativa não usados a medida

de corrente no filamento e sim a de tensão. A tabela mostra a corrente no coletor I (medida em

Ax10-7 ) para cada valor de tensão corrente no filamento FV (medida em V ) em função da

tensão aplicada no coletor AV (medida em V ).

Abaixo estão as curvas geradas com base na tabela

Efeito Termiônico

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0,0 50,0 100,0 150,0 200,0

Tensão no coletor (V)

Corren

te n

o co

leto

r (E

-7 A

)

1,18V2,00V2,47V3,00V

I ( Ax10-7 ) 1,18 2,00 2,47 3,00

20,0 21 25 24 28

40,4 23 26 26 29

60,0 24 27 28 30

80,2 26 28 29 31

100,5 27 29 30 32

120,0 29 30 31 34

140,5 31 33 34 36

160,5 34 36 38 60

AV (V)

180,0 38 39 63 69

Tabela 1 – corrente no coletor em função do potencial e da corrente no filamento

Gráfico 1 – Corrente no coletor em função da tensão no coletor

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Na primeira tentativa também foram feitas medidas para calcular a relação e/m. Para uma

tensão AV de 20V e uma tensão no filamento FV de 2V, foi medida a corrente na bobina BI ,

que é proporcional ao campo magnético, e a corrente no coletor I

BI I 0,297 33,5 0,601 33,3 0,905 34,0 1,202 34,0 1,500 34,0 1,810 34,0 2,130 34,0 2,400 34,0 2,700 34,0 3,000 34,0

Devido a invariabilidade notada na corrente no coletor em função da corrente na bobina,

buscamos alterar parâmetros de forma a buscar alterações. Essa analise é discutidas no próximo

item do relatório. Os dados das novas medidas para a relação e/m estão apresentados a seguir.

Para essa nova tentativa tivemos que inserir no circuito um medidor para acompanhar a corrente

no filamento e não a tensão como fazíamos antes. Dessa forma conseguimos os dados para a

medida de e/m exibidos acima para a segunda tentativa.

Tabela 3 – corrente no coletor em função da corrente na bobina para tensão no coletor de 20V

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Tabela 3 – corrente no coletor em função da corrente na bobina para tensão no coletor de 20,07V

e uma corrente de 3,95A

BI I 0,148 183 0,361 180 0,607 178 0,853 147 1,073 144 1,266 140 1,445 133 1,629 126 1,864 118 2,047 103 2,285 98 2,552 90 2,666 88 2,839 83 2,985 79 3,063 77

Medida de e/m com tensão de 20,07V

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

Corrente na Bonina (IB)

Cor

rent

e no

Col

etor

(I)

Tabela 4 – corrente no coletor em função da corrente na bobina para

tensão no coletor de 40,39V e uma corrente 3,89A

BI I 0,310 645 0,609 640 0,905 630 1,222 605 1,519 545 1,820 425 2,120 360 2,410 320 2,696 281 3,000 260

Medida de e/m com tensão de 40,39V

0

100

200

300

400

500

600

700

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5

Corrente na Bonina (IB)

Cor

rent

e no

Col

etor

(I)

Gráfico 2 – Corrente no coletor em função da tensão no coletor

Gráfico 3 – Corrente no coletor em função da tensão no coletor

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Análise dos Resultados e Conclusões

Analisando inicialmente os dados do efeito termiônico, verificamos que o diodo

comporta-se bem uma vez que os dados geram curvas em conformidade com a teoria. Apesar de

esperarmos chegar a um potencial onde houvesse uma saturação de corrente no coletor podemos

considerar bons os resultados.

Porém as curvas para 2,37V e 3,00V de tensão no filamento há um salto de corrente do

coletor para com altas tensões, o que não é previsto pela teoria. Olhando o tubo internamente

durante a coleta de dados, notou-se uma luz azulada na base do coletor, bem diferente do

amarelo avermelhado do filamento, o que nos leva a desconfiar de uma ionização do gás no tubo.

Uma ionização gera mais cargas além das geradas pelo efeito termiônico aumentando a corrente

medida no coletor.

Buscando a energia necessária para ionizar o ar, encontramos o seguinte valor: 13,61 eV

para a primeira energia de ionização do oxigênio e 14,53eV para a primeira do nitrogênio que

são os principais constituintes do ar. A energia teórica do elétron seria de aproximadamente

140eV ao ocorrer o efeito, porém existem as correções para a função trabalho do tungstênio e do

espaço de carga criado em volta do filamento que reduz essa energia. Apesar de não possuir

dados suficientes para um cálculo mais detalhado, acredita-se que realmente houve ionização no

gás interno ao diodo.

A tabela 3 mostra os valores para a aplicação de um campo magnético paralelo ao

filamento, condição para efetuar as medidas de e/m. Os dados mostram que nenhuma alteração é

observada na corrente no coletor. Segundo A.W.Hull (2), deveríamos observar uma curvar com

uma queda abrupta de corrente no coletor, quando os elétrons não conseguissem atingir o coletor.

A curva gerada pelos dados teria o formato da curva A mostrada no gráfico abaixo:

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Porém não conseguimos observar esse comportamento nos dados, não tendo qualquer

chance de haver um corte na corrente. Iniciamos então uma investigação em busca do problema.

Atacamos inicialmente o vácuo conseguido no diodo. Ainda segundo Hull, comparamos a

pressão conseguida com as curvas do gráfico abaixo que relaciona o campo magnético na bobina

com o comportamento da corrente no coletor.

Gráfico 4 – Corrente no coletor em função do campo magnético

na bobina

Gráfico 5 – Corrente no coletor em função do da pressão do gás no diodo

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A pressão do diodo é de Torr10 2− , ou bars1,33x10 5− . Assim o vácuo não impede as

medidas pois o valor conseguido encontra-se muito abaixo da curva A, que indica que é possível

alcançar o corte de corrente. Voltamos então para a corrente do filamento. Segundo os estudos de

Hull, os valores usados estão sempre acima de 5A , e com esses valores de corrente no filamento

conseguia valores de corrente no coletor acima 100mA, maiores que as conseguidas.

Dessa forma, para a segunda tentativa aumentamos o valor da corrente no filamento que

nessa etapa foi acompanhada diretamente. Analisando o formato das curvas, é notável que a

semelhança entre o Gráfico 3 e curva B do Gráfico 4 bastante grande. A curva B mostra o

efeito da inclinação do filamento em relação ao vetor campo magnético gerado pela bobina.

Devido a semelhança entre as curvas podemos concluir que o filamento do diodo está inclinado

ou o campo gerado pela bobina não é perfeitamente simétrico e não está alinhado com o eixo

longitudinal da bobina solenóide.

O formato da curva indica ainda que não existe um valor campo magnético que permita o

corte de corrente no coletor ou esse valor não é alcançável. O Gráfico 2 é uma tentativa de

reduzir o potencial para buscar o ponto de corte de corrente, porém a instabilidade das medidas

foi muito alta como mostra a curva. Certamente essa instabilidade do baixo potencial que não

permitiu acelerar os elétrons de forma suficiente.

Como alternativa, tentamos aumentar a corrente no filamento para valores acima de 4A,

porém não foi observado qualquer dado mais relevante e infelizmente o filamento não suportou a

temperatura e rompeu-se, não permitindo novas medidas. Como não havia tempo hábil para a

fabricação outro diodo, demos por encerrado o projeto com os dados experimentais apresentados.

Como importância didática, baseado na importância das medições para o entendimento

da física contemporânea, a válvula pode ser usada como material para as disciplinas

experimentais que tratam de assuntos relacionados a física moderna. Ainda esse semestre, essa

mesma válvula foi usada para execução de um dos experimentos da disciplina F_740 – Tópicos

de Física Experimental III e, apesar do insucesso na determinação da relação esperada, trouxe

muitas questões interessantes ao eixo do curso.

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Anexos

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Relatório Final – F_809 Instrumentação para Ensino

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Bibliografia

[1] D. W. Preston; E. R. Dietz. “The Art of Experimental Physics”.. John Wiley & Sons, Inc, 1991. [2] A. W. Hull. “Phys. Rev. 18, 31” (1921) [3] Gardin, R.R. “Válvula Diodo Para Estudo do Efeito Termoiônico”. F 809A - Instrumentação para Ensino - 2º semestre / 2004 [4] de Lima, E.F. Foschini, M. e Magini, M. “O Efeito Termoiônico: Uma Nova Proposta Experimental” Instituto de Física de São Carlos, USP.