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V Encontro Nacional da Anppas 4 a 7 de outubro de 2010 Florianópolis - SC Brasil _______________________________________________________ Dinâmica da Soja e Modificação da Paisagem na Amazônia: uma análise quali-quantitativa a partir da Ecologia da Paisagem 1 Izaura Cristina Nunes Pereira (UFOPA) Geógrafa, Pesquisadora e Professora da UFOPA e Doutoranda do NAEA-UFPA [email protected] Juarez Carlos Brito Pezzuti (NAEA-UFPA) Biólogo, Doutor em Ecologia, Pesquisador e Professor do NAEA-UFPA [email protected] Resumo O trabalho tem por objetivo discutir e aplicar as perspectivas teórico-metodológicas da abordagem Ecologia da Paisagem na compreensão da dinâmica da soja e modificação da paisagem na Amazônia, para com isso realizar uma análise quali-quantitativa desses processos na região. Para tanto, utiliza-se como referência empírica a região do Oeste do Estado do Pará, em particular o município de Santarém, dada a sua importância no processo atual de expansão da soja na Amazônia. No trabalho, parte-se da hipótese de que a ecologia da paisagem por ser um campo integrador de estudo que une a teoria ecológica com as ações humanas, permite observar através das formas criadas ou modificadas a evolução temporal dos processos que conformam a realidade investigada e, para além disso, como tais processos, nesse caso antrópicos, interagem com o ambiente natural a partir de uma visão holística e integradora. Palavras-chave Ecologia da paisagem, paisagem, Amazônia, Soja Introdução O avanço das frentes de exploração na Amazônia, tais como as madeireiras e os pastos no passado, e mais recentemente a soja, constitui a principal causa do desflorestamento na região. A intensificação desses processos nos últimos vinte anos vem acarretando entre outros problemas a perda da biodiversidade 2 regional e alterações na dinâmica dos principais ecossistemas amazônicos. 1 Este artigo apresenta resultados preliminares da pesquisa de doutoramento que vem sendo realizada sob a coordenação do Prof. Dr. Juarez Carlos Brito Pezzuti para a obtenção do título de Doutora em Desenvolvimento Sócioambiental pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará. 2 Segundo Fearsinde (2003, p.20), a Biodiversidade “Não inclui apenas a variação ao nível de espécies, mas também a variação a outros níveis taxonômicos, a variação genética (por exemplo, dentro de uma população), e a variação em funções ecológicas, tais como aquelas de polinizadores e dispersores de sementes. [...]”.

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Dinâmica da Soja e Modificação da Paisagem na Amazônia: uma análise

quali-quantitativa a partir da Ecologia da Paisagem1

Izaura Cristina Nunes Pereira (UFOPA) Geógrafa, Pesquisadora e Professora da UFOPA e Doutoranda do NAEA-UFPA

[email protected]

Juarez Carlos Brito Pezzuti (NAEA-UFPA) Biólogo, Doutor em Ecologia, Pesquisador e Professor do NAEA-UFPA

[email protected]

Resumo

O trabalho tem por objetivo discutir e aplicar as perspectivas teórico-metodológicas da abordagem Ecologia da Paisagem na compreensão da dinâmica da soja e modificação da paisagem na Amazônia, para com isso realizar uma análise quali-quantitativa desses processos na região. Para tanto, utiliza-se como referência empírica a região do Oeste do Estado do Pará, em particular o município de Santarém, dada a sua importância no processo atual de expansão da soja na Amazônia. No trabalho, parte-se da hipótese de que a ecologia da paisagem por ser um campo integrador de estudo que une a teoria ecológica com as ações humanas, permite observar através das formas criadas ou modificadas a evolução temporal dos processos que conformam a realidade investigada e, para além disso, como tais processos, nesse caso antrópicos, interagem com o ambiente natural a partir de uma visão holística e integradora.

Palavras-chave

Ecologia da paisagem, paisagem, Amazônia, Soja

Introdução

O avanço das frentes de exploração na Amazônia, tais como as madeireiras e os pastos no passado,

e mais recentemente a soja, constitui a principal causa do desflorestamento na região. A

intensificação desses processos nos últimos vinte anos vem acarretando entre outros problemas a

perda da biodiversidade2 regional e alterações na dinâmica dos principais ecossistemas amazônicos.

1 Este artigo apresenta resultados preliminares da pesquisa de doutoramento que vem sendo realizada sob a coordenação do Prof. Dr.

Juarez Carlos Brito Pezzuti para a obtenção do título de Doutora em Desenvolvimento Sócioambiental pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará. 2 Segundo Fearsinde (2003, p.20), a Biodiversidade “Não inclui apenas a variação ao nível de espécies, mas também a variação a outros

níveis taxonômicos, a variação genética (por exemplo, dentro de uma população), e a variação em funções ecológicas, tais como aquelas de polinizadores e dispersores de sementes. [...]”.

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Segundo Homma (2005), 67 milhões de hectares da região já se encontram desmatadas em

diferentes níveis de regeneração e utilização. Essa área equivale a três vezes a do Estado do Paraná

ou mais do que a soma dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná ( idem) e que

precisam ser consideradas em qualquer projeto de desenvolvimento para a região.

Pensar a Amazônia nesse contexto e projetar cenários como um mecanismo para subsidiar a tomada

de decisão, implica buscar novas metodologias e técnicas de pesquisas que possam auxiliar a

análise integrada de fatores ambientais e antrópicos, tanto de forma qualitativa quanto quantitativa.

Nesse sentido, a Ecologia da Paisagem (EPai) fornece elementos que podem ajudar o alcance desse

objetivo, pois constitui um campo integrador de estudo que une a teoria ecológica com a aplicação

prática, que trata da troca de materiais bióticos a abióticos entre os ecossistemas e, além disso,

investigam as ações humanas como respostas aos processos ecológicos e influências recíprocas no

que diz respeito a eles (ODUM & BARRET, 2008).

Desse modo, considera-se a ecologia da paisagem e todos os seus princípios um importante aporte

teórico-metodológico a ser usado na compreensão da realidade amazônica, através de informações

integradas dos seus elementos. Os princípios e conceitos de ecologia da paisagem ajudam a

fornecer o fundamento teórico e empírico para uma gama diversificada de ciências aplicadas, tais

como a ecologia do agrossistema, o planejamento ambiental e o manejo dos recursos naturais

(ODUM & BARRET, 2008). Podendo, deste modo, ser aplicado em análises voltadas a compreensão

das interferências humanas na dinâmica da natureza, bem como na análise dessa dinâmica apenas,

tanto em grande quanto em meso e micro escalas.

Nesse contexto, o presente estudo visa discutir e aplicar as perspectivas teórico-metodológicas da

abordagem Ecologia da Paisagem na compreensão da dinâmica e modificação da paisagem na

Amazônia, para com isso realizar uma análise quali-quantitativa que incorpore as interferências

antropicas na região. Para tanto, utiliza-se como referência empírica a região do Oeste do Estado do

Pará, dada a sua importância no processo atual de expansão da soja na Amazônia Central.

Tratar sobre a EPai nos remete a discutir questões de ordens metodológicas, tais como o método

propriamente dito e as técnicas a serem utilizadas. No que tange ao método, essa discussão nos leva

a uma breve reflexão sobre a abordagem sistêmica e sua perspectiva holística, necessária à

compreensão da proposta aqui apresentada.

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Metodologia

A priori, a metodologia do trabalho consistiu primeiramente no levantamento e análise da literatura

existente sobre a ecologia da paisagem e seus princípios metodológicos, bem como dos principais

ecossistemas amazônicos. Nessa fase, obteve-se também dados sobre a expansão da monocultura

da soja na Amazônia e suas implicações sócio-ambientais.

Em seguida realizou-se um trabalho de campo no município de Santarém, localizado no oeste do

Estado do Pará, para fins de reconhecimento da área de estudo e identificação dos principais

ecossistemas existentes, bem como das áreas de cultivo de soja existentes na área.

Em seguida, realizou-se a análise dos dados e informações coletadas, cujos resultados preliminares

serão aqui apresentados.

Discussão dos Resultados

O método sistêmico: breves considerações

O método enquanto uma forma de observar um dado fenômeno, e aí podemos inferir que há várias

formas e, portanto, vários métodos, é uma etapa fundamental no processo de investigação científica.

Sua escolha depende das respostas que se queira obter, da natureza do fenômeno e também da

experiência do observador. E isso de um modo geral, compreende a construção de um problema e a

busca por uma explicação científica do mecanismo que lhe deu origem (MATURANA, 2000).

No entanto, considera-se como o maior problema no processo de conhecimento, a superação da

visão simplificadora e linear, que tende a obscurecer a riqueza dos fatos em seu contexto mais

amplo, ao levar a falsa percepção da realidade através da apreensão imediata das coisas, ou seja, da

percepção do objeto enquanto algo que existe independente do sujeito. Concepção esta que

prevaleceu por muito tempo na produção do conhecimento científico, mais precisamente durante os

séculos XVI, XVII e XVIII, sendo denominado de paradigma cartesiano ou visão mecanicista, que

emerge sob o rótulo Revolução Científica, modificando radicalmente a forma de conceber o mundo,

que passa a ser entendido como uma máquina perfeita, coordenada por leis matemáticas e exatas.

Inaugurando, assim, a ciência moderna e todo o desenvolvimento do pensamento ocidental.

Na perspectiva cartesiana os fenômenos ocorrem de forma linear e a partir de uma relação causa-

efeito, não há espaço para relações múltiplas, acredita-se numa ordem das coisas e o esforço

científico se dá em busca da certeza, isto é, de uma verdade absoluta. Com esses pressupostos foi

assimilado, que o método cientifico era o único meio válido de compreensão do universo.

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Para Morin (1990) o mecanicismo cartesiano constituiu um paradigma da simplificação. Segundo este

autor, essa forma de ver o mundo prevaleceu no pensamento ocidental baseado no princípio da

disjunção, que isolou um dos outros os três grandes campos do conhecimento científico: a Física, a

Biologia e as Ciências Sociais. Ainda conforme o autor, a única forma de remediar isso foi uma outra

simplificação: a cisão do todo em partes; do complexo ao simples. Com isso, o pensamento

cartesiano anulou a diversidade, levando a aquilo que Morin denomina de “a inteligência cega”.

Inteligência esta que destrói os conjuntos e as totalidades, isolando os objetos daquilo que os envolve

(MORIN, 1990).

Como resposta a esse paradigma surge o pensamento sistêmico demonstrando que as propriedades

essenciais de um organismo, ou sistema vivo, são propriedades do todo, que nenhuma das partes

possui, sendo que essas propriedades são destruídas quando o sistema é dissecado tanto físico,

quanto teoricamente, em elementos isolados, embora se possam discernir partes individuais em

qualquer sistema, a natureza do todo é sempre diferente da mera soma de suas partes (CAPRA,

1996; 2006). Diferentemente do pensamento cartesiano que crê que em qualquer sistema complexo,

o comportamento do todo pode ser entendido a partir das propriedades de suas partes.

Em síntese, o pensamento sistêmico implica pensar a complexidade. Sua emergência enquanto

realidade paradigmática surge como resposta a visão mecânica do mundo, que por sua vez substituiu

nos séculos XVI e XVII a noção de universo orgânico, vivo e espiritual (CAPRA, 1996), que era a

perspectiva medieval, cujas bases se firmavam na fé e na razão, com a finalidade primeira de

compreender o significado das coisas e não exercer a predição e muito menos o controle da natureza

(idem, 2006).

De acordo com Capra (1996), a principal característica do pensamento sistêmico emergiu

simultaneamente em várias disciplinas na primeira metade do século XIX. Os pioneiros desse

pensamento foram os biólogos, que enfatizaram a concepção dos organismos vivos como totalidades

integradas, já que a concepção sistêmica vê o mundo em termos de relações e de integração ( idem,

2006).

Os sistemas complexos são, geralmente, entendidos como um conjunto de partes, em diferentes

escalas e níveis de organização, integrados e ligados entre si de forma não linear. O grau de

complexidade de um sistema aumenta com o número de níveis de regras que operam as suas partes.

Segundo Fenzl e Machado (2009), sistema complexo é um conjunto de múltiplas interações entre

diferentes componentes e por serem não lineares, os sistemas complexos apresentam características

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complexos apresentam qualidades novas – emergentes - que não podem ser deduzidas das

qualidades individuais dos seus componentes.

Além dessas, outra característica bastante peculiar dos sistemas complexos é a vulnerabilidade às

mudanças ambientais e as perturbações de diferentes ordens de grandeza, dado que são sistemas

abertos com inputs e outputs de matéria e energia. Nessa abordagem o fluxo de energia é que

mantém a dinâmica do sistema, já que o universo está interligado através de relações energéticas.

A nova realidade epistêmico-metodológica reconhece que todas as concepções e todas as teorias

científicas são limitadas e aproximadas, desse modo a ciência nunca pode fornecer uma

compreensão completa e definitiva do mundo.

Nesse enfoque o trato do objeto de análise não se dá através de passos metodológicos previamente

definidos, visando desvendar seu funcionamento, pelo contrário reforça-se a interdependência entre

as partes com o intuito maior de compreender o universo no qual está inserido. Universo este que

possui uma organização, uma hierarquia.

O método sistêmico evidencia que a natureza somente pode ser interpretada de forma integrada, ou

seja, em sua totalidade, considerando a estrutura dinâmica e o grau de complexidade entre os

elementos. A análise de sistemas complexos implica a análise das partes e de suas relações e a

análise das relações entre o conjunto das partes - a estrutura do sistema- com o ambiente (FENZL e

MACHADO, 2009).

Nesse contexto, a paisagem pode ser entendida como reflexo material dessas interações,

constituindo-se, portanto, em objeto complexo. Nela um conjunto de elementos interage de forma

dinâmica, produzindo novas formas, novos processos e, a partir disso, novas interações.

Ecologia da Paisagem e o estudo da dinâmica ecossistêmica

A Ecologia da Paisagem (EPai), de um modo geral, pode ser compreendida como uma abordagem

holística que envolve o estudo dos padrões da paisagem, das interações entre os elementos que

compõem este padrão, e como as múltiplas interações modificam-se ao longo tempo. De acordo com

Odum & Barret (2008, p.375), ela surge aparentemente no final dos anos 1930, quando o geógrafo

Carl Troll, mais precisamente em 1939, observou que todos os métodos de ciência natural estão

aprisionados na área da ciência da paisagem.

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Esse campo do saber se tornou amplamente reconhecido na Europa Central na década de 1960,

através da definição apresentada por Troll na reunião da Associação Internacional da Ciência da

Vegetação realizada em 1963, nesse momento a ecologia da paisagem foi definida como o “estudo

do complexo inteiro da rede de causa-efeito entre as comunidades vivas e suas condições ambientais

que predominam em um setor da paisagem” (TROLL, 1968 apud ODUM & BARRET, 2008, p.375).

Em outras palavras, Troll considerava que as paisagens geográficas eram causa e resultado de uma

inter-relação ecológica (PORTO & MENEGAT, 2004).

Na década de 1980, a ecologia da paisagem é introduzida na América do Norte, através de Gary W.

Barret que na época, como Diretor do Programa de Ecologia da Fundação Nacional da Ciência,

recomendou fundos para um seminário realizado em Ilinois em abril de 1983, a partir deste encontro,

que serviu como catalisador, iniciam as reuniões anuais da Associação Internacional da Ecologia da

Paisagem dos Estados Unidos (ODUM & BARRET, 2008, p.376).

Na concepção de Porto e Menegat (2004, p.363), “o escopo fundamental dessa nova área do

conhecimento é formar um elo entre os sistemas natural e humano, incluindo as atividades agrícolas

e urbanas que mudam continuamente a paisagem”. Ainda conforme os autores, um dos principais

conceitos da EPai e que a torna uma disciplina de alto poder integrativo é o de Ecossistema Humano

Total (Total Human Ecosystem-THE), que permite o mais alto nível de integração ecológica entre a

ecosfera e a inserção humana no espaço-tempo da paisagem global.

No entanto, importa frisar que nessa abordagem, a paisagem também constitui uma das categorias

chave, bem como o ecossistema, além de ser uma unidade escalar. Segundo Bertrand (2004), a

paisagem é “o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos

e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único

e indissociável, em perpétua evolução”. Ainda conforme o autor, não se trata apenas da paisagem

natural, mas também da paisagem total que integra inclusive as ações antrópicas compondo um

mosaico de diferentes paisagens. O que é ressaltado por Odum & Barret (2008, p.376), ao afirmarem

que:

[...] As paisagens se alteram ao longo da história, não apenas por causa dos processos naturais em andamento [...] mas também em conseqüência de processos sociais, políticos e econômicos que ocorrem dentro desses sistemas. A ecologia da paisagem ressalta essas relações em mudança e enfatiza a paisagem como um sistema e como um nível de organização. [...].

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Para Bertrand (2004), a investigação da paisagem se apresenta primeiramente como um problema de

método. Nesse sentindo, implica técnicas de análise e classificação específicas, entre elas a noção

de escala, tendo em vista que esta é inseparável do estudo das paisagens. Quanto às classificações,

varia de acordo com o aspecto da paisagem a ser analisado ou da particularidade de cada disciplina,

porém parte-se sempre de um sistema esquematicamente delimitado, formado por unidades

homogêneas e hierarquizadas, que se encaixam uma nas outras (BERTRAND, 2004). No interior

dessas unidades, está o ecótopo, considerado a menor parte homogênea e mapeável da paisagem e

que por si só é também um sistema de interações internas, cujo padrão apresenta certa uniformidade

em relação ao espaço adjacente (PORTO e MENEGAT, 2004).

Há várias perspectivas em Ecologia da Paisagem dos mais diversos autores. Na perspectiva de

Zonneveld e Forman (1990), a menor unidade na paisagem corresponde aos ecossistemas, que é

definido como qualquer unidade que contemple todos os organismos que funcionem em conjunto em

uma determinada área, interagindo com o ambiente físico de tal forma que um fluxo de energia

produza estruturas bióticas bem definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não-

vivas (ODUM, 1988). Diferente da paisagem, o ecossistema não possui escala e nem limite espacial

bem definido. Portanto, não é um conceito geográfico, mas entre os componentes da paisagem

existem relações horizontais ou ecológicas, que não podem ser desconsideradas, já que influenciam

diretamente na dinâmica, estrutura e organização da paisagem. Porém, no presente estudo, até o

momento, tais relações não são investigadas.

No âmbito da abordagem em discussão, o uso de mapas é fundamental e, com isso a definição da

escala de trabalho, necessária à representação cartográfica. Por meio dos mapas, podem-se

observar as inter-relações, temporal e espacial, ou seja, dinâmica, existentes entre os componentes

da paisagem a partir de uma abordagem holística, que contempla tanto os aspectos sociais quanto

ecológicos, incluindo os processos biogeoquímicos. Segundo Porto e Menegat (2004), apesar da

grande disponibilidade de softwares voltados a manipulação de informações geográficas, o método

básico de análise em ecologia da paisagem reside na compreensão das características fisionômicas

e estruturais dentro de diversas escalas de análise, desde locais até globais.

De acordo com Odum & Barret (2008), os principais componentes da paisagem e que compõem o

mosaico da paisagem são: (i) a matriz de paisagem; (ii) a mancha de paisagem; e (iv) o corredor de

paisagem. A primeira corresponde a uma imensa área com tipos de ecossistemas ou vegetação

similares, na qual estão inseridas as manchas e os corredores da paisagem. A mancha da paisagem

por sua vez é uma área relativamente homogênea que difere da matriz que a cerca, também

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denominada de fragmento. Ao longo de uma paisagem existem inúmeras manchas, tanto naturais

quanto socialmente construídas. Já o corredor da paisagem é uma faixa que difere da matriz em

ambos os lados e que geralmente liga duas ou mais manchas de paisagem de habitat similar (fig.1).

Na atualidade, é crescente a percepção de que o reconhecimento da hierarquia dos níveis de

organização, com o intuito de melhor entender a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas, não

deve ater-se somente a níveis abaixo do mesmo, mas também e progressivamente, nos níveis acima

dos ecossistemas, como a paisagem, a ecorregião ou biomas (ODUM & BARRET, 2008).

Embora, a ecologia da paisagem tenha suas origens desde o início do século XX, foi apenas a partir

das últimas décadas que seus princípios, conceitos e mecanismos emergiram com sólida base

teórica para o entendimento de padrões, processos e interações em nível da paisagem (ODUM &

BARRET, 2008). Sabe-se que o método ainda possui algumas lacunas, porém a perspectiva holística

que compõem a essência desse campo do saber possibilita o estudo integrado dos elementos do

meio, incluindo a ação homem, enquanto sociedade. Em virtude, desses princípios a ecologia da

paisagem não se limita a uma análise apenas quantitativa, pois ao investigar problemas relacionados

a fragmentação de comunidades, distribuição da biodiversidade, importância da dinâmica dos sistema

fonte-sumidouro, taxas de trocas bióticas entre os ecossistemas, desenvolvimento sócio-ambiental,

entre outros, também torna-se uma ciência aplicada com forte capacidade preditiva, portanto,

qualitativa.

Figura 1. Diagrama mostrando os três elementos principais da paisagem Fonte: Adaptado de Odum & Barret, 2008.

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Os ecossistemas amazônicos à luz da ecologia da paisagem: resultados preliminares

A Amazônia constitui um bioma heterogêneo, formado por diversos tipos de vegetação, tais como: as

campinaranas, as Florestas Estacionais Deciduais e Semideciduais, as Florestas Ombrófilas Abertas

e Densas, os Refúgios Montanos, as Savanas, Formações Pioneiras, Matas de Igapó, Matas de Terra

firme e Mata de Várzeas (IBAMA, 2010).

Também denominados de ecossistemas, a Várzea, o Igapó e a Mata de Terra Firme, são elementos

marcantes na paisagem amazônica. Os dois primeiros são característicos das planícies inundáveis da

região (figs. 02 e 03), formando, portanto, ecossistemas aquáticos, e o último de terrenos elevados

(tabuleiros e morros baixos) (fig. 04).

Figura 3. Mata de Igapó no município de Santarém (PA).

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Figura 2. Ambiente de várzea no município de Santarém (PA). Foto: Celivaldo Carneiro

Fonte: http://jesocarneiro.blogspot.com/2006_03_01

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A dinâmica dos ecossistemas aquáticos na Amazônia é diretamente influenciada pelo ciclo de

flutuação da água. Essa flutuação resulta em um prolongado e previsível período anual de inundação,

sobre uma extensa área ao longo dos rios. As áreas inundadas por águas pretas ou claras

compreendem as áreas de Igapó, elas são provenientes de zonas de relevo suave dos maciços do

Brasil Central e das Guianas. Já as várzeas são áreas inundadas pela águas brancas, que são

aquelas que carregam uma grande quantidade de sedimentos em suspensão de origem andina,

sobre freqüente erosão, e por conter um Ph próximo a neutro são consideradas naturalmente férteis

(PRANCE, 1980). As várzeas compõem a segunda maior formação vegetal da bacia amazônica,

ocupando uma superfície de aproximadamente 75.880,8 km² (ARAÚJO et al., 1986). Nesses

ambientes a amplitude anual da inundação varia de 10 a 15m no período que vai de 50 até 270 dias

de acordo com altura do relevo, definindo ambientes desde permanentemente alagados a totalmente

terrestres (BARBOSA, et al., 2007).

Ao longo do processo de ocupação do território amazônico, tais ecossistemas vêm sendo

constantemente alterados para a formação de pastos ou monoculturas, e ainda pela intensa

exploração madeireira. O que vem sendo realizado através de avançadas bases científicas e

tecnológicas, inaugurando um novo formato produtivo no espaço regional.

De acordo com o IBGE (2010), associada ao processo de expansão da fronteira agrícola, a

distribuição espacial das áreas desmatadas, assim como dos focos de calor, reflete, diretamente, o

crescimento de atividades intrinsecamente articuladas a esse processo, tais como a extração de

Figura 4. Mata de Terra Firme ao longo da PA- 457/Santarém-PA

Fonte: Trabalho de campo, 2010

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madeira e a abertura de pastagem, que compõem, juntamente com a expansão do cultivo de grãos,

um mosaico de usos diferenciados do espaço amazônico que vêem alterando, de forma radical, a

dinâmica tradicional de ocupação da Amazônia brasileira, bem como a dinâmica dos ecossistemas

regionais.

O quadro atual revela, portanto, novas paisagens intensamente modificadas, colaborando para

formação de mosaicos cada vez mais complexos. Como pode ser observado na região Oeste do

Estado Pará, mais precisamente no município de Santarém aonde a atividade sojífera vem ampliando

sua área plantada (figs. 05 e 06), associada ao decréscimo da atividade pastoril, conforme pode ser

observado na figura 07, que demonstra ainda as áreas desmatadas ao longo da Amazônia Legal,

associado ora ao aumento das áreas de pastagem ora ao aumento da área da soja.

Figura 5. Área desmatada da floresta para o plantio de soja/ Santarém-PA. Foto: Leoffreitas/Flickr

Fonte: http://www.ecodebate.com.br/tag/soja

Figura 6. Campo de soja ao fundo floresta nas proximidades de Santarém-PA. Fonte: http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/arch2008-05-11_2008-05-17.html

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Nessa região destaca-se ainda a participação do município de Belterra, que juntamente com

Santarém formam os principais pólos de expansão da soja na região. Em Santarém essa atividade

teve início no final da década de 1990. Atualmente esse dois municípios apenas respondem por

aproximadamente 45% do total da área plantada em todo o estado do Pará.

O gráfico abaixo demonstra a evolução da área plantada de soja em hectares nos seis principais

municípios produtores do grão no estado do Pará, pode-se observar que Santarém, Belterra e

Paragominas são os municípios que apresentam as maiores áreas de cultivo de soja, seguidos por

Dom Eliseu, Ulianópolis e Santana do Araguaia, sendo que em Santarém e Belterra o monocultivo da

soja ocorre em rotação com o arroz (CARVALHO e TURA, 2005). O gráfico mostra ainda que em

2007 houve uma diminuição significativa da área plantada, tendência que se configurou desde 2006,

mas que em 2008 volta a crescer.

Figura 7. Dinâmica do Desflorestamento na Amazônia Legal associada a atividades agropastoris

Fonte: http://www.globoamazonia.com/Amazonia/

Oeste

Paraense

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Trata-se de uma atividade ainda em expansão na região, que é cumulativa, em termos de área

plantada e que devido a velocidade desse processo, está alterando drasticamente a paisagem

regional, além de ocasionar problemas de cunho social, como desapropriação e conflitos de terras,

bem como o desaparecimento de outras culturas, trazendo a tona a questão sobre segurança

alimentar na região, conforme aponta Carvalho e Tura (2005).

Nesse contexto de transformações, atenção deve ser dada também aos ambientes já degradados,

tendo em vista que anterior a chegada da soja, a pecuária era, e em vários municípios da região

ainda é, a atividade que mais degradou ambientes para a formação de pastos, cujos impactos dentre

outros são a compactação e a perda de fertilidade do solo. Como em Santarém a ampliação da área

de cultivo da soja está diretamente relacionada à diminuição das áreas de pastagem, subentende-se

que a compreensão das interações ecológicas que ocorrem nesses ambientes merecem atenção, já

que as mesma também compõem o mosaico da paisagem na região em discussão.

Assim, tais informações foram aqui apresentadas para enfatizar a dinâmica antrópica e suas

interferências na região do Oeste paraense, região esta que nos últimos anos vem sofrendo intensos

Gráfico 1. Área planta de Soja em Hectares nos municípios paraenses.

Fonte: IBGE- Produção Agrícola Municipal

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processos de transformações motivados pela dinâmica da soja e toda a infra-estrutura necessária ao

desenvolvimento dessa atividade, como portos e rodovias para o escoamento da produção, sem

contar a participação das atividades pioneiras, como a pecuária.

Considerações Finais

Na atualidade, diante da magnitude dos problemas ambientais é preciso desenvolver métodos e

técnicas de pesquisa que superem o escopo quantitativo, assim, é preciso ainda considerar as

características dos processos no que tange a sua natureza e funcionalidade.

Diante das possibilidades que a ecologia da paisagem apresenta, considerando, é claro, as suas

limitações também, observa-se aí uma oportunidade operacional para a realização de análises

integradas dos problemas sócio-ambientais, substancial à concretização do desenvolvimento com

sustentabilidade.

Tal proposta constitui-se na verdade num esforço de aplicação da abordagem aqui considerada, no

imenso e diverso bioma amazônico, dada a sua importância e função sócio-ambiental planetária, o

que exige a consideração da dinâmica social e sua atuação na modificação da paisagem regional. A

concentração espacial desse esforço dar-se na região do oeste do Pará, mais precisamente no

município de Santarém, em virtude do seu papel no avanço da soja na região.

A pesquisa ainda está em fase inicial, sabe-se, portanto, que para tornar as perspectivas teórico-

metodológicas da Ecologia Paisagem operacional é preciso ainda um amplo trabalho de campo, bem

como a obtenção de fotografias aéreas e imagens de satélite para a identificação das manchas de

paisagens deixadas ou formadas a partir do monocultivo da soja, que vem formando um mosaico

complexo de forma e conteúdo, não apenas ambiental, mas social também, na região. Ampliando os

resultados preliminares aqui apresentados, também serão investigadas as interações ecológicas

existentes nas novas paisagens e suas implicações ambientais.

Contudo, pode-se depreender que o estudo da dinâmica da paisagem fornece importantes elementos

à compreensão da realidade sócio-espacial da área investigada, pois permite observar através das

formas criadas ou modificadas a evolução temporal dos processos que conformam essa realidade e,

para além disso, como tais processos, nesse caso antrópicos, interagem com o ambiente natural a

partir de uma visão holística e integradora.

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