V Alfredo Menezes

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VALFREDO DA MOTA MENEZES AVALIAÇÃO DO USO TERAPÊUTICO DO EXTRATO DE LAFOENSIA PACARI ST. HIL. MANGAVA BRAVA NA ERRADICAÇÃO DO HELICOBACTER PYLORI: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO DUPLO CEGO. Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Doutor em Ciências São Paulo 2006

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Valfredo Menezes

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  • VALFREDO DA MOTA MENEZES

    AVALIAO DO USO TERAPUTICO DO EXTRATO DE LAFOENSIA PACARI ST. HIL.MANGAVA BRAVA NA ERRADICAO DO HELICOBACTER PYLORI: ENSAIO

    CLNICO RANDOMIZADO DUPLO CEGO.

    Tese apresentada Universidade Federal

    de So Paulo - Escola Paulista de Medicina

    para obteno do Ttulo de Doutor em

    Cincias

    So Paulo2006

  • VALFREDO DA MOTA MENEZES

    AVALIAO DO USO TERAPUTICO DO EXTRATO DE LAFOENSIA PACARI ST. HIL.MANGAVA BRAVA NA ERRADICAO DO HELICOBACTER PYLORI: ENSAIO

    CLNICO RANDOMIZADO DUPLO CEGO

    Tese apresentada Universidade Federal

    de So Paulo - Escola Paulista de Medicina

    para obteno do Ttulo de Doutor em

    Cincias

    ORIENTADOR:PROF. DR. LVARO NAGIB ATALLAH

    CO-ORIENTADOR:PROF. DR. ANTNIO JOS LAPA

    CO-ORIENTADOR:PROF. DR. WILSON R. CATAPANI

    So Paulo2006

  • Menezes, Valfredo da Mota

    Avaliao do uso teraputico do extrato de Lafoensia pacari St.Hil. Mangava-Brava na erradicao do Helicobacter pylori: EnsaioClnico Randomizado Duplo Cego/Valfredo da Mota Menezes.- -SoPaulo, 2005 xi, 73f.

    Tese (Doutorado) Universidade Federal de So Paulo. EscolaPaulista de Medicina. Programa de Ps-graduao em Medicina Interna eTeraputica.

    Assessing the therapeutic use of Lafoensia pacari St. Hil. extract(Mangava brava) in the eradication of Helicobacter pylori: Double-blindrandomized clinical trial.

    1. Ensaio clnico. 2. Lafoensia pacari. 3. Helicobacter pylori. 4. Dispepsia.

  • DADOS DO ALUNO

    Nome: Valfredo da Mota MenezesLocal de nascimento: Poxoreo, Mato Grosso

    Endereo: Rua 13 de maio 1445, apt. 62. Bela Vista. So Paulo S.P.

    Rua Santa Mnica 28, Jardim Califrnia. Cuiab Mato Grosso.

    55(11) 32662237

    55(65) 634 4078

    [email protected]

    Formao Acadmica:

    Graduao em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Portugal. 1974.

    Curso de Aperfeioamento em Clnica das Doenas Tropicais -Instituto de Higiene e Medicina Tropicalde Lisboa-1975.

    Curso de Especializao em Gastroenterologia -Universidade Federal do Rio de Janeiro-1977.

    Mestrado Profissional em Medicina Interna e Teraputica -Universidade Federal de So Paulo/EPM-2002.

    Atividades Docente/Administrativas:

    Professor Fundador do Curso de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso-1980; atualmente

    Professor Adjunto IV da Faculdade de Cincias Mdicas/UFMT.

    Professor Orientador das Atividades Prticas da Disciplina de Clnica Mdica do Curso de

    Medicina/UFMT desde 1990.

    Diretor Superintendente do Hospital Universitrio Julio Muller/UFMT 1985-1990

    Presidente da Comisso de implantao da Residncia Mdica. 1990-1991.

    Chefe do Departamento de Clnica Mdica-Faculdade de Cincias Mdicas/UFMT. 1992-1993.

    Vice-Reitor da Universidade Federal de Mato Grosso. 1993-1997.

    Diretor da Faculdade de Cincias Mdicas/UFMT. 1997-2001.

    Representante da UFMT no Conselho Estadual de Sade/MT 1993-1997

    Outras Atividades Mdicas:

    Secretrio Geral da Associao Mdica de Mato Grosso. 1981-1983

    Conselheiro do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso de 1988 a 1993.

  • vUNIVERSIDADE FEDERAL DE SO PAULOESCOLA PAULISTA DE MEDICINADEPARTAMENTO DE MEDICINA

    CHEFE DO DEPARTAMENTO: PROF. DR. EMLIA INOUE SATO

    COORDENADOR DO CURSO DE PS-GRADUAO: PROF. DR. LVARO NAGIB ATALLAH

  • vi

    VALFREDO DA MOTA MENEZES

    AVALIAO DO USO TERAPUTICO DO EXTRATO DE LAFOENSIA PACARI ST. HIL. MANGAVA-BRAVA NA ERRADICAO DO HELICOBACTER PYLORI: ENSAIO CLNICO RANDOMIZADO DUPLO

    CEGO.

    Presidente da banca:

    PROF. DR. LVARO NAGIB ATALLAH

    BANCA EXAMINADORA

    TITULARES:

    PROF. DR. ANTNIO JOS GONALVES

    PROF. DR. ORSINE VALENTE

    PROF. DR. THAIS HELENA ABRAHO THOMAZ QUELUZ

    PROF. DR. FAUZE MALUF FILHO

    SUPLENTES:

    PROF. DR. VIRGNIA FERNANDES MOA TREVISANI

    PROF. DR. JOS ANTNIO ROCHA GONTIJO

    Aprovado em: 03/04/2006

  • vii

    AGRADECIMENTOS

    A BEATRICE, pelo incentivo e apoio.

    Universidade Federal de So Paulo/EPM

    Universidade Federal de Mato Grosso

    Ao meu orientador, Professor Dr. lvaro Nagib Atallah, aos meus co-orientadores Professor Dr.

    Antonio Jos Lapa e Professor Dr. Wilson R. Catapani, que me ajudaram a construir este

    saber.

    Aos residentes da Faculdade de Cincias Mdicas, Fernando Prado Barros e Afonso Celso S.

    Lima Jr.

    Ao Professor Dr. Cor Jesus Fernandes Fontes, pelas crticas.

    Ao Diretor da Faculdade de Cincias Mdicas, Universidade Federal de Mato Grosso, Prof. Dr.

    Domingos Tabajara O. Martins, pelo apoio dos Laboratrios de Farmacologia e Bacteriologia

    na preparao do material botnico.

    Ao Prof. Dr. Lous Lopes e aos tcnicos Joaquim Corsino da Silva Lima e Adelino da Cunha

    Neto, em especial, pela ajuda no manuseio do material botnico.

    Professora Dra. Miramy Maedo, Curadora do Herbrio Central da UFMT, pela identificao

    taxonmica.

    Ao professor, Jos Fausto Moraes, de estatstica, pela ajuda na realizao dos clculos

    estatsticos.

    Ao Professor Associado Dr. Stephan Geocze e, em seu nome, a todos os tcnicos e

    funcionrios do Servio de Endoscopia do Hospital So Paulo/EPM.

    E, em nome do Professor Dr. ngelo P. Ferrari Jr. e do Professor Benedito Erani, agradeo

    tambm a todos os professores e residentes do Servio de Endoscopia do Hospital So

    Paulo/EPM.

    Aos funcionrios do Centro Cochrane do Brasil, em especial ao Sr. Davi Leite da Silva.

  • viii

    SMRIO

    AGRADECIMENTOS .................................................................................................................................. vii

    LISTA DE TABELAS .....................................................................................................................................x

    RESUMO......................................................................................................................................................xi

    1 INTRODUO ..........................................................................................11.1 Objetivos ..............................................................................................................................................3

    1.1.1 Gerais........................................................................................................................................... 3

    1.1.2 Especficos ................................................................................................................................... 3

    2 REVISO DA LITERATURA ....................................................................43 MTODOS ................................................................................................9

    3.1 Modelo .................................................................................................................................................9

    3.2 Local ....................................................................................................................................................9

    3.3 Critrios de Incluso ............................................................................................................................9

    3.4 Critrios de Excluso...........................................................................................................................9

    3.5 Procedimentos ...................................................................................................................................10

    3.5.1 Mascaramento e Randomizao ............................................................................................... 10

    3.5.2 Formao dos Grupos ............................................................................................................... 11

    3.5.3 Material Botnico ....................................................................................................................... 11

    3.5.4 Clculo da dose.......................................................................................................................... 11

    3.5.5 Forma de Administrao e Posologia ........................................................................................ 11

    3.5.6 Durao do Tratamento ............................................................................................................. 12

    3.6 Seguimento e Avaliao ....................................................................................................................12

    3.6.1 Monitoramento: .......................................................................................................................... 12

    3.6.2 Acompanhamento: ..................................................................................................................... 12

    3.6.3 Eventos analisados duas semanas do trmino do tratamento .................................................. 14

    3.6.4 Eventos analisados ao final de oito semanas do trmino do tratamento .................................. 14

    3.6.4.1 Eventos primrios.............................................................................................................. 14

    4 ANLISE ESTATSTICA ........................................................................164.1 Tamanho da Amostra ........................................................................................................................16

    4.2 Clculos Estatsticos..........................................................................................................................16

    5 RESULTADOS........................................................................................185.1 Caractersticas gerais dos pacientes pr-tratamento ........................................................................18

    5.1.1 Fluxograma de alocao e seguimento dos participantes do estudo........................................ 19

    5.2 Anlise do efeito do tratamento sobre os principais desfechos analisados......................................21

    5.2.1. Efeito do tratamento sobre os eventos primrios ..................................................................... 21

    5.2.1.1 Teste da urease e exame histolgico negativos para H.pylori.......................................... 21

    5.2.1.2 Sintomatologia Dispptica: ................................................................................................ 21

  • ix

    5.2.1.2.1 Melhora da Dispepsia:.................................................................................................... 21

    5.2.1.2.2 Alvio Completo: ............................................................................................................. 22

    5.2.2 Eventos Secundrios: ................................................................................................................ 23

    DESFECHOS ANALISADOS ........................................................................................................ 25

    5.2.3 Outros Resultados: .................................................................................................................... 25

    5.2.3.1 Apenas o teste da urease negativo para H.pylori ............................................................. 25

    5.2.3.2 Apenas a histologia negativa para H.pylori ....................................................................... 26

    5.2.3.3 Melhora Endoscpica com Melhora Dispptica: ............................................................... 26

    5.2.3.4 Melhora Endoscpica, Dispptica e Negativao da Urease ........................................... 26

    5.2.4 Resultado do Monitoramento ..................................................................................................... 26

    6 DISCUSSO...........................................................................................297 CONCLUSES .......................................................................................34

    7.1 Implicaes para a prtica.................................................................................................................34

    7.2 Implicaes para a pesquisa .............................................................................................................34

    8 CONSORT ..............................................................................................359 ANEXOS .................................................................................................3710 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.....................................................5211 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................57ABSTRACT................................................................................................62

  • xLISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Caractersticas demogrficas e clnicas pr-tratamento dos 100 pacientesincludos no ensaio teraputico do extrato de Lafoensia pacari St. Hil. (Mangava Brava)

    na erradicao do Helicobacter pylori ...........................................................................20

    Tabela 2 Efeito do extrato de Lafoensia pacari St. Hil. (Mangava Brava) sobre aerradicao do Helicobacter pylori, sintomatologia dispptica, cura endoscpica de

    doenas esofagogastroduodenais pre existentes, e incidncia de efeitos adversos.....25

    Tabela 3 - Comparaes dos parmetros hematolgicos, hepticos, renais e colesteroltotal entre os grupos interveno e controle, antes e depois das medicaes..............27

    Tabela 4 Comparaes dos parmetros hematolgicos, renais, hepticos e colesteroltotal do Grupo-Interveno antes e depois do uso do extrato metanlico de L. pacari .28

  • xi

    RESUMO

    Avaliao do uso teraputico do extrato de Lafoensia pacari St. Hil. Mangavabrava na erradicao do Helicobacter pylori: Ensaio Clnico Randomizado DuploCego.

    Objetivo: Avaliar a ao de uma planta usada popularmente como fitoterpico,conhecida cientificamente como Lafoensia pacari, na erradicao do Helicobacter pylori

    e verificar se a mesma mais efetiva que o placebo para alvio da sintomatologia

    dispptica. Analisar tambm sua ao sobre os processos inflamatrios e seus

    possveis efeitos adversos. Mtodo: Pacientes disppticos, maiores de 18 anos, H.pylori positivos (teste rpido da urease), foram randomizados para receber 500mg do

    extrato metanlico de L. pacari duas vezes por dia (Grupo Interveno) ou placebo

    (Grupo Controle), por duas semanas. A varivel (Erradicao do H.pylori) foi

    analisada oito semanas aps o fim da medicao por nova endoscopia com bipsia e

    realizao do teste rpido da urease e histologia. As outras variveis (Melhora, Alvio

    completo dos sintomas e Efeitos adversos) foram analisadas no fim da medicao

    (duas semanas). Resultados: Cem pacientes com idades entre 18 e 79 anos foramrandomizados e alocados nos grupos Interveno (n=55) e Controle (n=45). Os

    resultados dos exames (urease e histologia) mostraram que a situao relativa

    positividade para o H. pylori se manteve inalterada em 100% dos participantes. Melhora

    da sintomatologia foi observada em 74% no grupo-interveno (IC 95%: 62,4 a 85,8) e

    em 48% do controle (IC 95%: 33,9 a 63,8) com p= 0,007. Alvio completo de

    sintomatologia foi observado em 42,5% (IC 95%: 29,4 a 55,8) no grupo-interveno e

    em 21%(I C 95%. 8,8 a 33,1) do grupo-controle, com p=0,020 (qui quadrado). Os

    efeitos colaterais foram mnimos e similares nos dois grupos. Concluses: O extratode L. pacari, como agente nico, na dose e no tempo de uso estabelecidos neste

    ensaio, foi ineficaz para a erradicao do H. pylori na populao analisada. Foi, porm,

    bem tolerado e conseguiu resoluo sintomatolgica significativa em grande parte dos

    participantes que dele fez uso. Futuros estudos podero test-lo, com a utilizao de

    doses e perodos maiores, tanto em tratamento sintomatolgico, como em associao

    com antibiticos no combate ao H. pylori.

  • 1 INTRODUO

    Desde a descoberta do Campilobacter pyloridis e sua posterior identificao

    como Helicobacter pylori, muitas pesquisas e experimentos foram realizados,

    confirmando de maneira inequvoca sua relao causal com diversas enfermidades

    gstricas e duodenais. Embora permaneam ainda por ser elucidados todos os seus

    mecanismos fisiopatolgicos, sabe-se que o H. pylori, principalmente as cepas que

    possuem os genes vacuolizante vac-A ou o citotxico cag-A (Ghiara 1995), (Atherton

    1998), responsvel pela maioria dos processos inflamatrios e ulcerosos gstricos e

    duodenais Embora muito alta at recentemente essa incidncia (Kuipers 1995), vem

    declinando devido teraputica erradicadora (Xia 2001). Tanto prevalncia como

    incidncia so maiores nos pases subdesenvolvidos ou em fase de desenvolvimento.

    Os principais mtodos de diagnstico empregados possuem alta

    sensibilidade e especificidade, facilitando assim a sua identificao. Sua erradicao

    pode ser conseguida com a teraputica adequada, porm aqui reside um dos principais

    problemas. Revises sistemticas e dezenas de Ensaios clnicos foram realizados,

    demonstrando o benefcio de variadas associaes teraputicas; as mais efetivas

    incluem um inibidor de bomba de prtons com dois ou mais antibiticos, resultando da

    um tratamento caro e com variados efeitos colaterais. Por serem caros, a efetividade

    dessas associaes fica prejudicada, principalmente entre a populao mais pobre.

    Estudo realizado com uma planta de uso popular, cientificamente

    identificada como Lafoensia pacari, demonstrou que essa possui alta concentrao de

    cido elgico (Solon, 2000), o qual apresenta ao antioxidante (Ramanathan 1992),

    ao anti-secretora gstrica (Murakami, 1991), assim como ao antibacteriana

    (Chung,1998). Pesquisas experimentais demonstraram a capacidade do extrato

    metanlico da L. pacari em diminuir o volume da secreo gstrica e em aumentar o

    pH gstrico de uma maneira mais significativa que a apresentada pela Ranitidina,

    usada como comparao (Tamashiro 1999). Dessa maneira, protegeu o estmago

    contra lcera por etanol, estresse hipotrmico e indometacina, alm de cicatrizar lcera

    crnica por cido actico com ausncia de toxicidade aguda ou sub-crnica por via

    oral. Tamashiro levanta a possibilidade de essa ao dever-se a um aumento na

  • 2secreo de prostaglandinas e/ou uma inibio da bomba de prtons (Tamashiro

    1999).

    O mesmo estudo com ratos albinos Wistar e camundongos albinos Swss-

    Webster mostrou ainda que, na dosagem de 200mg/kg em tratamento por 30 dias, no

    ocorreram alteraes nos parmetros hematolgicos (hemograma e plaquetas),

    bioqumicos (glicemia, uria, creatinina, albumina, protenas totais, globulina,

    tansaminases, fosfatase alcalina), cardiovasculares (presso arterial) e neurolgicos

    (sono, tempo de imobilizao). Foram utilizadas doses crescentes de 200mg/kg,

    500mg/kg, 1000mg/kg, 3000mg/kg e 5000mg/kg por via oral, e as primeiras alteraes

    comportamentais gerais (diminuio da motilidade e da reao de fuga) s comearam

    a surgir na dose de 3000mg/kg/dia, no tendo ocorrido morte mesmo com dose de

    5000mg/kg v.o, sendo a Dose Letal Mediana (DL50) de 55640mg/kg, quando aplicadapor via intraperitoneal. (Tamashiro 1999)

    O objetivo deste Ensaio Clnico era verificar se esse fitoterpico poderia ser

    usado na erradicao do H. pylori, diminuindo custo e aumentando a efetividade do

    tratamento para a populao carente.

    A Hiptese que gerou este Ensaio Clnico a de que a L. pacari, pelo fatode apresentar tanto ao anti-secretora como antibitica, poderia ser usada na

    erradicao do H. pylori,e seria mais efetiva que o placebo na resoluo da

    sintomatologia dispptica.

  • 31.1 Objetivos

    1.1.1 Gerais

    Testar a ao de uma planta de uso popular na erradicao do H. pylori e

    verificar se ela mais efetiva que o placebo para alvio da sintomatologia dispptica.

    1.1.2 Especficos

    a) Estudar a eficcia da L. pacari na erradicao H. pylori;

    b) avaliar sua ao sobre a sintomatologia dispptica;

    c) avaliar a evoluo das enfermidades gstricas e duodenais, quando

    houver;

    d) analisar possveis efeitos adversos do extrato metanlico da L. pacari.

  • 42 REVISO DA LITERATURA

    Aps quatro anos de observao, de experimentos e anlises, dois

    pesquisadores australianos demonstraram, em 1983, que um bacilo flagelado

    espiralado, gram negativo, era o principal responsvel pelos processos ulcerosos e

    inflamatrios gstricos e duodenais (1).

    Acreditava-se, at ento, que era impossvel a sobrevida de qualquer

    microorganismo frente ao pH do estmago. Descobriu-se que a sobrevivncia dessa

    bactria advinha de sua capacidade de produzir enzimas, entre elas, a urease, que, ao

    desdobrar a uria em amnia e CO2, cria um microambiente neutro que a protege do

    cido gstrico(2).

    Essa bactria foi identificada e recebeu o nome de Campilobacter pyloridis e

    conhecida atualmente como Helicobacter pylori (3).

    Sabe-se hoje que a maioria dos processos patolgicos gstricos e

    duodenais, peincipalmente as gastrites, lceras e neoplasias, est inequivocamente

    associada presena do Helicobacter pylori.

    Muitos dos mecanismos fisiopatolgicos que levam agresso celular

    permanecem ainda por ser elucidados de maneira completa; fatores relacionados com

    a bactria e com a resposta do hospedeiro esto provavelmente envolvidos. Da parte

    da bactria, alm da urease, que facilita sua adaptao e a conseqente colonizao

    gstrica (2), estariam tambm envolvidos dois fatores de virulncia: a protena associada

    citotoxicidade (CagA), codificada pelo gene associado citotoxicidade (cagA), e a

    citotoxina, associada vacuolizao (VacA), codificada pelo gene citotxico, associado

    vacuolizao (vacA), os quais seriam determinantes no grau de virulncia da bactria(4,5)

    Da parte do hospedeiro, induzido principalmente pela protena citotxica

    CagA, inicia-se um processo de mobilizao de polimorfo nuclear, macrfagos e

    infiltrao linfocitria, resultando numa resposta imunoinflamatria na mucosa

    gstrica,(6) a qual seria ainda potencializada pelo aumento das Interleucinas6e

    Interleucina8(7). Todos esses fatores, agresso citotxica, vacuolizao

  • 5citoplasmtica, resposta imunoinflamatria, levariam formao de gastrite, lcera e,

    cronicamente, adenocarcinoma e linfoma.(2,4,5,6,7).

    Dizia-se, antigamente, que sem cido no h lcera; diz-se hoje que sem

    H. pylori no h lcera. Carbajal prope, com a juno desses dois conceitos, a

    ampliao da definio nosolgica de lcera, chamando-a de enfermidade ulcerosa

    pptico-bacteriana(8). O H. pylori est presente em cerca de 50% da populao

    mundial, variando de pas para pas na dependncia de fatores socioeconmicos. A

    situao da populao dos pases do terceiro mundo dramtica. Sabe-se que, em

    alguns pases a incidncia na populao chega a 90%.(8,9)

    Embora muito alta at recentemente (9), esta incidncia vem declinando

    devido teraputica erradicadora (10).

    Seu diagnstico facilmente realizado, podendo ser feito tanto de formaindireta, por Sorologia (Elisa), Teste respiratrio, e pesquisa do Antgeno nas Fezes,quanto de forma direta, por meio da pesquisa da bactria obtida por bipsia damucosa.

    O diagnstico sorolgico utilizado principalmente em campanhas

    epidemiolgicas, no nos dizendo, porm, se a positividade devida doena atual ou

    passada.

    O Teste Respiratrio, que utiliza o carbono marcado (13C ou 14C),

    realizado, principalmente, para avaliao ps-teraputica. Embora seja simples e

    rpido, sua disponibilidade ainda reduzida no Brasil, o mesmo ocorrendo com a

    pesquisa do antgeno fecal (HpSA).

    A pesquisa da bactria nos testes diretos pode ser feita pela cultura

    bacteriana, pela colorao histolgica ou outras, assim como pelo teste rpido da

    urease, exame que pode ser executado na sala da Endoscopia.

    Todos esses exames citados possuem alta sensibilidade e alta

    especificidade.(11, 12, 13)

  • 6Os esquemas teraputicos para a erradicao do H. pylori utilizam,

    comumente, dois ou mais antibiticos. Esses so efetivos para o tratamento, porm

    necessitam estar combinados com um anti-secretor, o qual, ao elevar o pH gstrico,

    potencializa a ao dos antibiticos, assim como sua melhor disperso no meio

    gstrico (11, 14, 15).

    Evidncias clnicas comprovam erradicao superior a 80% quando so

    utilizadas tais associaes.(16, 17, 18,19).

    Esses esquemas so, porm, caros, e a prtica clnica tem demonstrado que

    a maioria dos pacientes atendida nos hospitais pblicos tem dificuldade no uso por

    absoluta falta de recursos para a aquisio dos remdios, o que vem provocando

    diminuio na efetividade do tratamento.

    Um frmaco de uso popular, barato, que pudesse ser usado em grande

    escala em uma estratgia de Teste e Trate, poderia, ao erradicar H.pylori, prevenir

    tanto a lcera quanto o cncer gstrico (20).

    Uma planta medicinal conhecida como Mangava-Brava em Mato Grosso;

    Dedaleira em So Paulo; Pacari, Pacari-do-mato, Pacuri, Louro-da-serra em Santa

    Catarina; Dedaleira-amarela, Mangaba-Braba em Gois; Candeia-de-caj, Copinho,

    Dedal, Mangabeira-brava, Pau-de-bicho em Mato Grosso do Sul, cientificamente

    identificada como Lafoensia pacari St. Hil., usada popularmente na forma de infusoou de macerado em gua ou vinho da entrecasca do caule, tem tido resultados

    positivos na diminuio da sintomatologia dispptica em alguns pacientes.

    Em Mato Grosso, usa-se cerca de 50g da entrecasca macerada para cada

    litro de gua, ingerindo o macerado em substituio gua, enquanto persistirem os

    sintomas gastrintestinais.

    Estudos laboratoriais realizados com a entrecasca do caule de Lafoensiapacari St. Hil. MANGAVA-BRAVA mostraram as presenas de esterides livres,triterpenos, saponinas e taninos piroglicos, tendo sido isolados a saponina esteroidal

    3-0-glicopiranosil e -sitosterol e cido elgico, como componentes majoritrios (21).

  • 7Trabalhos na literatura mostram que o cido elgico inibe a H+ K+ ATPase

    (Bomba de Prtons), reduz a secreo cida gstrica (22), bem com as leses gstricas

    induzidas por estresse e tem ao bactericida sobre o H. pylori (23), alm de possuir

    ao antioxidante (24) e anticarcinognica (25, 26).

    Estudos farmacolgicos pr-clnicos, avaliando o extrato metanlico obtido a

    partir da entrecasca de Lafoensia pacari St. Hil. e utilizando ratos albinos Wistar e

    camundongos albinos Swss-Webster, demonstraram proteo contra lceras por

    etanol, indometacina, estresse hipotrmico, alm de efeitos anti-secretrios gstricos,

    aumento do glutation, cura da lcera crnica por cido actico com ausncia aparente

    de toxicidade aguda e subcrnica por via oral. (27,28) Demonstraram, tambm, inibio

    de crescimento bacteriano (29). Em um desses estudos, realizado na Universidade

    Federal de Mato Grosso como tese de Mestrado, Tamashiro relatou que, na dosagem-

    padro de 200mg/Kg/dia, em tratamento de 30 dias de durao, o extrato metanlico

    de Lafoensia pacari foi mais eficaz que a Ranitidina na diminuio do volume cido

    basal gstrico do estmago, assim como no aumento do pH; preveniu em 100% o

    aparecimento de lcera por Etanol; em 72%, as lceras por Indometacina; em 88%, as

    lceras por estresse hipotrmico e, em 80%, aquelas produzidas por cido actico.

    Relatou ainda que, com esse esquema, no ocorreram alteraes nos parmetros

    hematolgicos (hemograma e plaquetas), bioqumicos (glicemia, uria, creatinina,

    albumina, protenas totais, globulina, tansaminases, fosfatase alcalina),

    cardiovasculares (presso arterial) e neurolgicos (sono, tempo de imobilizao).

    Foram utilizadas doses crescentes de 200mg/kg, 500mg/kg, 1000mg/kg, 3000mg/kg e

    5000mg/kg por via oral, e as primeiras alteraes comportamentais gerais (diminuio

    da motilidade e da reao de fuga) s comearam a surgir na dose de 3000mg/kg/dia,

    no tendo ocorrido morte, mesmo com doses de 5000mg/kg v.o..A Dose Letal Mediana

    (DL50) foi de 55640mg/kg, quando aplicada por via intraperitoneal.(28)

    Neste ensaio, como parmetro e por questo de segurana, arbritamos a

    dose de 1500mg/kg v.o, como a mais alta dose sem que relevantes adversos efeitos

    fossem observados (NOAEL i.e. do ingls No Observable Adverse Effect Level).(30)

    Embora os estudos laboratoriais tenham demonstrado diversas aes, no temos, at

    o momento, nenhum estudo, realizado com o desenho ideal, que tenha estabelecido

    sua efetividade teraputica. A populao brasileira vem, h anos, fazendo uso emprico

  • 8dessa planta, sem ter a segurana cientfica de seu benefcio ou malefcio. Baseado

    nesses fatos e para no deixar dvidas sobre o seu uso, que buscamos a realizao

    deste Ensaio clnico randomizado duplo cego.

    Nossa principal hiptese era que essa planta, mesmo usada como extrato

    bruto e agente nico, poderia substituir com xito qualquer esquema teraputico

    atualmente em uso para a erradicao do H. pylori, em pacientes disppticos,

    diminuindo custos e, conseqentemente, aumentando a efetividade do tratamento,

    principalmente para a populao pobre dos pases do Terceiro Mundo.

  • 93 MTODOS

    3.1 Modelo

    O modelo escolhido foi o Ensaio Clnico Randomizado Duplo Cego.

    3.2 Local

    O primeiro contato com os participantes foi feito no Servio de Endoscopia

    do Hospital So Paulo, da Universidade Federal de So Paulo/ EPM. A maioria dos

    pacientes foi selecionada da casustica que, no perodo compreendido entre maro e

    julho de 2004, realizou endoscopia digestiva alta, solicitada pelo mdico assistente,

    tanto de atendimento primrio quanto especializado. Aqueles com positividade no

    teste rpido da urease foram contatados e convidados a participar do estudo.

    3.3 Critrios de Incluso

    Paciente dispptico, maior de 18 anos de idade, de qualquer sexo, compositividade para o H. pylori, detectada pelo teste rpido da urease, independente dapresena ou ausncia de enfermidades gstrica ou duodenal benignas (gastrite,

    duodenite, lcera), diagnosticadas por endoscopia digestiva alta.

    3.4 Critrios de Excluso

    Foram excludos os pacientes:

    que, nas trs semanas, anteriores ao exame tinham recebido qualquer

    medicao contendo antiinflamatrio no esteride, antibiticos e anti-secretores

    gstricos;

    gastrectomizados, vagotomizados ou que apresentassem histria de estenose,

    perfurao ou hemorragia digestiva nos dois meses que antecederam sua

    incluso;

    com neoplasias;

  • 10

    gestantes;

    que no assinaram o Termo de Consentimento

    Para cada paciente includo era preenchida uma ficha de registro (Anexo 1),

    e cada um recebia uma ficha de auto avaliao (Anexo 2) para registro dirio de

    qualquer sinal ou sintoma que surgisse no perodo do uso da medicao.

    3.5 Procedimentos

    3.5.1 Mascaramento e Randomizao

    A farmcia preparou tanto as cpsulas contendo extrato de L. pacari quanto

    cpsulas idnticas contendo placebo, que foram acondicionadas tambm em frascos

    idnticos.

    Os frascos que continham as cpsulas com o extrato foram marcados com

    etiquetas em branco neles coladas.

    Durante o processo de randomizao dos frascos, nmeros seqenciais de

    001 a 130 foram escritos com a mesma caligrafia, ora nas etiquetas previamente

    coladas (frascos com extrato), ora em etiquetas iguais, que eram coladas nos frascos

    com placebo, na dependncia da randomizao gerada por computador.

    Concomitantemente com a randomizao, foi elaborada a lista com os

    nmeros correspondentes aos frascos extrato/placebo, que ficou arquivada em

    quatro diferentes locais, para ser aberta no final do estudo.

    Posteriormente, 130 (cento e trinta) cartes iguais foram numerados de 001

    a 130 e colocados, um em cada um dos 130 (cento e trinta) envelopes pardos iguais,

    que foram lacrados e acondicionados no mesmo continente onde estavam os frascos.

    Depois de o paciente ser selecionado pelos critrios de incluso e assinar o

    Termo de Consentimento (Anexo 4), o mdico atendente pegava um dos envelopes

    lacrados e nele escrevia o nome do paciente e s depois abria o envelope, tirando a

    ficha com o nmero correspondente ao frasco a ser entregue ao paciente, conforme o

  • 11

    Protocolo para Acompanhamento (Anexo 6) e do Procedimento para o atendimento

    Mdico (Anexo 5).

    3.5.2 Formao dos Grupos

    Intensionava-se, aps a concluso do processo de incluso, formar dois grupos:

    Grupo A Extrato/Interveno Grupo B Placebo/Controle

    3.5.3 Material Botnico

    Todo o trabalho inicial para obteno do extrato e confeco das cpsulas

    foi elaborado nos laboratrios de Farmacologia da Faculdade de Cincias Mdicas da

    Universidade Federal de Mato Grosso, conforme o anexo 7.

    3.5.4 Clculo da dose

    Baseada no factor para roedores (1/10), na dose NOAEL, no peso mdio

    do adulto, alm de um fator de segurana de 1/10, temos que, Dose (1/10 x NOAEL x

    70 x 1/10 ou 1/10 x 1500 x 70 x 1/10) =1050mg/dia (31)

    3.5.5 Forma de Administrao e Posologia

    Grupo A

    Foi submetido ao seguinte tratamento:

    Cpsulas com 500mg do p, obtido aps secagem, do extrato metanlico a 20%

    de L. pacari duas vezes ao dia, por via oral, nos horrios matinal e noturno.

    Grupo B

    Foi submetido ao seguinte tratamento:

    Cpsulas com 500mg de material inerte (placebo) duas vezes ao dia, por via

    oral, nos horrios matinal e noturno.

  • 12

    3.5.6 Durao do Tratamento

    Tanto o Grupo Interveno quanto o Grupo Controle receberam a medicao

    durante 14 dias.

    3.6 Seguimento e Avaliao

    3.6.1 Monitoramento:

    Para avaliar a ocorrncia de algum efeito sistmico causado pelas

    intervenes, os pacientes foram submetidos, no incio e no final do uso das mesmas,

    aos seguintes exames laboratoriais: hemograma com plaquetas, fosfatase alcalina,

    TGO, TGP, uria, creatinina, colesterol total e fraes.

    3.6.2 Acompanhamento:

    3.6.2.1 Primeira avaliao

    Os pacientes foram avaliados imediatamente aps o trmino do tratamento

    de 14 dias. Essa 1a avaliao constou da anlise da Ficha Individual de Auto-Avaliao(Anexo 2) para avaliao dos efeitos adversos e entrevista com preenchimento do

    Questionrio de avaliao sintomatolgica.(Anexo3). Os dois desfechos foram assim

    definidos:

    Sintomatologia dispptica ou Dispepsia foi definida como dor epigstricae/ou desconforto originado no trato intestinal superior, que inclui ainda alguns dos

    seguintes sintomas: distenso epigstrica, digesto lenta, saciedade precoce, nusea,

    vmito e eructao (32), alm de refluxo gastroesofgico e azia.

    Efeitos adversos. Foram avaliados (Anexo 2) os seguintes sinais e/ou sintomasquando surgidos durante o perodo do tratamento:

  • 13

    VmitoDefinido como a eliminao brusca do contedo gstrico pela boca,

    precedido de espasmos das musculaturas torcica e diafragmtica, podendo

    ocorrer com ou sem nuseas prvias.

    Alterao do trnsito intestinal

    Definido como diarria, na ocorrncia de aumento da freqncia das

    evacuaes, com fezes de consistncia diminuda, ou como obstipao, na

    ocorrncia do contrrio, isto , diminuio da freqncia das evacuaes,

    com fezes de consistncia aumentadas.

    Meteorismo

    Definido como aumento da quantidade de gases na luz intestinal provocando

    distenso abdominal com dor, timpanismo e flatulncia.

    Dor abdominal de qualquer localizao. Prurido localizado e/ou generalizado pelo corpo, principalmente seacompanhado de eritema

    Eritema manchas, vermelhas ou no, com ou sem placas ou ndulosisolados, ou generalizadas.

    Nesse dia, foram repetidos os exames laboratoriais de monitoramento,

    analisados medida que os resultados eram fornecidos pelo laboratrio.

    3.6.2.2 Segunda Avaliao

    A segunda avaliao ocorreu ao final de oito semanas do trmino do

    tratamento, quando foi realizado seguimento clnico e nova endoscopia digestiva alta

    para verificao macroscpica das mucosas esofgica, gstrica e duodenal e anlise

    dos processos patolgicos previamente existentes. Foram retirados quatro fragmentos

    do antro e quatro fragmentos do corpo gstrico para pesquisa do H. pylori pelo teste

    rpido da urase, assim como pelo exame histopatolgico.

  • 14

    3.6.3 Eventos analisados duas semanas do trmino do tratamento

    3.6.3.1 Primrios:

    3.6.3.1.1 Avaliao da sintomatologia dispptica: Definida como melhora e comoalvio completo ou ausncia total dos sintomas.

    3.6.3.1.1.1 Medida do desfecho:

    Essa avaliao foi baseada no questionrio Overall Treatment Evaluation-

    OTE(33,34), em que cada paciente com dispepsia prvia, aps a medicao, qualificava

    sua sintomatologia como melhor, sem mudana ou pior. Depois disso, pediu-se a

    todo paciente classificado como melhor que pontuasse sua melhora em uma escala

    hierrquica de zero a dez, (Anexo 3) onde zero era pior desfecho (sem melhora) e dez

    o melhor desfecho (resoluo). Estabeleceu-se o ponto de corte em 8 e, assim, s

    paciente com escore de oito ou mais, era considerado como melhora e analisado. A

    outra anlise foi estabelecida para eliminar a subjetividade de melhora e, com mais

    rigor, dicotomizou-se o evento em presente ou ausente. Analisaram-se apenas aqueles

    pacientes com alvio completo de sintomas, isto , aqueles que tiveram resoluo da

    sintomatologia.(35)

    3.6.3.2.Secundrios

    3.6.3.2.1.Avaliao de efeitos adversos

    Com base na ficha de Auto Avaliao, verificou-se o aparecimento ou no

    (Presente ou Ausente) de sintomatologia previamente inexistente.(36)

    3.6.4 Eventos analisados ao final de oito semanas do trmino do tratamento

    3.6.4.1 Eventos primrios

  • 15

    3.6.4.1.1 Erradicao do H. pylori.

    Aqui definido como ausncia da bactria nos fragmentos da mucosa,

    detectada tanto pelo teste rpido da urease como pelo exame histopatolgico.

    3.6.4.1.2 Medida do desfecho:

    Foi analisado como erradicao (urease e histologia negativos) ou no

    erradicao (urease ou histologia positivos)

    3.6.4.2. Eventos secundrios

    3.6.4.2.1 Avaliao de enfermidades pr-existentes.

    3.6.4.2.1.1 Evoluo endoscpica das lceras e dos processos inflamatrios(esofagite, gastrite e duodenite) pr-existentes, ou seja, cura ou no cura daenfermidade, segundo critrio do endoscopista.

  • 16

    4 ANLISE ESTATSTICA

    4.1 Tamanho da Amostra

    Assumindo um erro de 0,05, o intervalo de confiana de 95%, e poderestatstico de 95%, calculou-se em quarenta e oito participantes em cada grupo,(n=96)

    o nmero necessrio para detectar uma proporo de 40% de reduo de infeco e

    alvio completo de sintomas a favor da interveno e de apenas 10 % a favor do

    controle, isto , uma diferena de 30% entre os dois grupos.

    Para obteno desse resultado, utilizou-se a frmula adaptada por Kim e Mets(37)

    n= [Pt(1-Pt)+Pc(1-Pc)]/[(Pt-Pc) (Pt-Pc)]onde a constante referente probabilidade de ocorrncia de erro tipos I e II, sendode valor igual a 13, quando e forem de valor igual a 0,05 e 0,05, respectivamente.Pt e Pc so as propores consideradas para cada grupo, 0,40 e 0,10 respectivamente.

    Para compensar perdas, optou-se por adotar uma amostra com 100 pacientes.

    4.2 Clculos Estatsticos

    Em todos os desfechos, foram analisados os dados relativos a todos os

    pacientes randomizados, incluindo nesta anlise aqueles que no permaneceram no

    estudo at seu final com a avaliao das possveis interferncias dessas perdas nos

    resultados (Anlise por inteno de tratar).

    Foram calculadas tanto a proporo de sucesso (desfechos favorveis) no grupo

    interveno quanto a proporo de sucesso no grupo controle. Diferenas nessas

    propores foram analisadas pelo teste do qui quadrado de associao (38) e calculado

    o valor de p. Neste estudo, toda associao ou diferena em que o p foi menor que

    0,05 (p< 0,05) foi considerada estatisticamente significante (39). Como as variveis doestudo foram todas dicotmicas, aquelas associaes estatisticamente significantes

    foram tambm avaliadas pelo Risco Relativo (RR), ou razo de risco, que corresponde

    diviso do risco do grupo- interveno pelo risco do grupo-controle, pela Diferena de

    Risco (RD), que corresponde subtrao de um risco pelo outro. Calculou-se, tambm,

    o Nmero Necessrio para Tratar (NNT) com base na seguinte frmula: NNT= 1/RD.(40)

  • 17

    Mdia e Desvio-Padro foram calculados para avaliao dos resultados dos

    exames de monitoramento (eritrcitos, hemoglobina, leuccitos, plaquetas, colesterol,

    transaminases hepticas, fosfatase alcalina, creatinina e uria). Compararam-se as

    variveis do grupo-interveno com as correspondentes variveis do grupo-controle,

    com base nos exames pr-tratamentos, para medir a validade dos grupos. As mesmas

    comparaes entre os dois grupos foram tambm realizadas com base nos resultados

    dos exames ps-tratamentos. Por fim, compararam-se as 10 variveis observadas no

    grupo interveno antes e depois do tratamento, com o propsito de investigar se

    houve alguma alterao nos parmetros analisados.

    Antes das comparaes referidas, realizou-se o Teste de Kolmogorov-

    Smirnov (One-Sample) a fim de se definir o teste estatstico mais adequado situao.

    Adotou-se o Teste- T de amostra independente (Independent Samples T-

    Test) sempre que a varivel escalar envolvida na comparao entre o grupo-

    interveno e o grupo-controle apresentou distribuio aproximadamente normal;

    quando no foi esse o caso, adotou-se o Teste U de Mann-Whitney

    Sempre que a diferena entre os momentos (pr-tratamento e ps-

    tratamento) apresentou distribuio aproximadamente normal, adotou-se o Teste T de

    amostra pareada (Paired Samples T-Test); quando no foi esse o caso, adotou-se o

    Teste W Wilcoxon Rank. Em todas as anlises de associao, foi calculado o valor de

    p, e, neste estudo, toda associao ou diferena eml que p < 0,05 foi considerada

    estatisticamente significante.

  • 18

    5 RESULTADOS

    5.1 Caractersticas gerais dos pacientes pr-tratamento

    Foram includos 100 participantes, cujos dados pessoais, caractersticas

    demogrficas e historia clnica foram colhidos em entrevista direta. Aqueles que

    preenchiam os critrios de incluso e assinaram o Termo de Consentimento Livre e

    Esclarecido foram includos e alocados aleatoriamente em um dos grupos de

    tratamento.

    As caractersticas iniciais dos pacientes includos e sua distribuio pelos

    dois grupos encontram-se representadas na Tabela 1

    Dos 100 pacientes includos, 64 eram do sexo feminino e 36, do sexo

    masculino. As idades variaram de 18 a 79 anos, com mdia (DP) de 47 (15,6) anos. No

    grupo A (interveno) foram alocados 55 participantes e, no grupo B (controle), 45

    participantes. Em ambos os grupos, predominaram as mulheres.

    Processos inflamatrios do tubo digestivo alto, tais como esofagites,

    gastrites e duodenites, foram as enfermidades prevalentes entre os pacientes do

    estudo (78%). A distribuio desses processos, assim como das doenas ulcerosas de

    duodeno (n=17) ou de estmago (n=4), foi homognea entre os grupos, o mesmo

    ocorrendo com a sintomatologia dispptica, presente em 97 (97%) participantes.

    A disposio dos pacientes randomizados e o cronograma de seguimento

    dos mesmos ao longo do tempo que durou o protocolo encontram-se caracterizados no

    Fluxograma abaixo.

    No Grupo A (Interveno), trs participantes saram antes da primeira

    avaliao: um, por no aderncia; outro, por abandono e o 3 foi retirado devido a

    reao alrgica. Nesse mesmo grupo, dois pacientes no retornaram para a ltima

    endoscopia, ambos alegando melhora da sintomatologia; outros dois foram retirados

    por terem sido medicados com teraputica erradicadora pelo mdico assistente.

    No Grupo B (Controle), um participante no compareceu para a ltima

    avaliao.

  • 19

    Os clculos estatsticos realizados levaram em conta todos os participantes

    randomizados nos dois grupos (ITT).

    5.1.1 Fluxograma de alocao e seguimento dos participantes do estudo

    Seguimento 15 dia n=45Anlise da dispepsia n=43Anlise dos efeitos adversosn= 45

    Seguimentos de 8semanas n=44Anlise da erradicaodo H. pylory n=45

    PacientesElegveis (n=117)

    Randomizadosn = 100

    Excludos (n=17)Fora dos critrios de incluso (n=5)Recusaram-se a participar (n=12)

    GrupoA=55

    GrupoB= 45

    Seguimento 15 dia n=52Anlise da dispepsia n= 54Anlise de efeitos adversosn=55

    Seguimentos de 8semanas n=48Anlise da erradicaodo H. pylori n=55

    No aderente= 1Retirado= 1Perda= 1

    Perda noseguimento=2Retirados=2

    Perda noseguimento=1

  • 20

    Tabela 1 Caractersticas demogrficas e clnicas no pr-tratamento dos 100 pacientes

    includos no ensaio teraputico do extrato de Lafoensia pacari St. Hil. (Mangava Brava) na

    erradicao do Helicobacter pylori

    Caractersticas Grupo A(n=55)

    Grupo B(n=45)

    P

    Gneron (%)

    Masculino

    Feminino

    22 (40,0)

    33 (60,0)

    14 (31,1)

    31 (68,9)

    0,47

    IdadeMdia (variao) 49,1 (21,0-79,0) 43,7 (18,0-

    76,0)

    Enfermidades pr-existentesn (%)

    lcera duodenal lcera gstrica PIEGD Qualquer enfermidade

    10 (18,2)

    2 (3,6)

    42 (73,4)

    54 (98,2)

    7 (15,6)

    2 (4,4)

    36 (80,0)

    45 (100,0)

    0,90

    1*

    0,98

    1

    Endoscopia digestiva altan (%)

    Normal

    Alterada

    9 (16,4)

    46 (83,6)

    9 (20,0)

    36 (80,0)

    0,83

    Queixas disppticasreferidasn (%)

    Presentes

    Ausentes

    54 (98,2)

    1 (1,8)

    43 (95,6)

    2 (4,4)

    0,58*

    PIEGD: processo inflamatrio esfagogastroduodenal

    *Teste de Fisher

  • 21

    5.2 Anlise do efeito do tratamento sobre os principais desfechos analisados

    Os principais resultados do efeito do extrato metanlico de L. pacari sobre os

    desfechos analisados esto consolidados na Tabela 2.

    5.2.1. Efeito do tratamento sobre os eventos primrios5.2.1.1 Teste da urease e exame histolgico negativos para H.pylori

    O principal evento analisado no estudo, que foi a erradicao do H. pylori,

    definida pela negativao dos dois testes microbiolgicos realizados com nova

    endoscopia oito semanas (mnimo de 72 e mximo de 109 dias, com mdia de 79,3 e

    DP de 5,2) aps o fim da medicao (teste rpido da urease e exame histolgico da

    mucosa), s foi observado em um participante do estudo, no Grupo B (controle). Por

    essa razo, nenhuma anlise de efeito teraputico para esse desfecho foi realizada.

    5.2.1.2 Sintomatologia Dispptica:

    Dos 100 participantes, 97 (97%) apresentavam queixas disppticas, com a

    seguinte distribuio pelos grupos: Grupo A, com 54 e Grupo B, com 43.

    Como esse um evento extremamente subjetivo optou-se por analis-lo por

    meio de duas estratgias com o intuito de diminuir o vis.

    Na primeira estratgia (melhora da dispepsia), utilizou-se a escala de

    avaliao de zero a dez, tendo o nmero oito como ponto de corte, isto , s pacientes

    com avaliao de melhora igual ou superior a oito foram considerados.

    5.2.1.2.1 Melhora da Dispepsia:

    Ocorreu em 61 pacientes, sendo 40 do grupo A e 21, do grupo B

    A proporo de melhora no grupo A (40/54), foi de 74% (IC 95%: 62,4- 85,8).

    No grupo B (21/43), foi de 48% (IC 95%: 33,9- 63,8).

  • 22

    O clculo do qui quadrado em relao s propores mostrou um p de

    0,007, significncia estatstica que refora a significncia clinica dos benefcios

    sintomatolgicos do extrato.

    Dispepsia-Melhora

    INTERVENO

    PLACEBO

    O Risco Relativo (RR) foi de 1,54 com Diferena de Risco (DR) de 0,26 e

    Nmero Necessrio para Tratar (NNT) de 3,8.

    A segunda estratgia avaliou apenas os pacientes nos quais a

    sintomatologia havia desaparecido, isto , pacientes completamente assintomticos.

    5.2.1.2.2 Alvio Completo:

    Desaparecimento da sintomatologia ocorreu em 32 pacientes, sendo 23 do

    Grupo A (Interveno) nove do Grupo B (Controle).

    A proporo de alvio completo no grupo A (23/54) foi de 42,5% (IC 95%:

    29,4 - 55,8). No grupo B, essa proporo (9/43) foi de 21% (IC 95%: 8,8 33,1).

    O clculo do qui quadrado em relao s propores mostrou um p de

    0,020, havendo significncia clinica e estatstica dos efeitos observados.

    Dispepsia-Alvio completo

    INTERVENOPLACEBO

    O Risco Relativo (RR) em relao a esse desfecho foi = 2.03

    A Diferena de Risco (DR) = 0,2166

    Nmero necessrio para tratar (NNT)= 4,6

    SIM NO 40 14

    21 22

    SIM NO

    23 31

    9 34

  • 23

    5.2.2 Eventos Secundrios:

    Dois eventos foram avaliados

    5.2.2.1 Efeito do tratamento nas Enfermidades Preexistentes

    Aqui se incluram as lceras gstricas e duodenais e as esofagites, gastrites

    e duodenites, essas ltimas nominadas de processos inflamatrios. A soma total dos

    processos inflamatrios com as lceras, com e sem justaposio, resultou em 99

    enfermidades, assim distribudas pelos grupos: Grupo A, com 54 (98%) e Grupo B, com

    45 (100%).

    A endoscopia realizada oito semanas aps o trmino da medicao revelou

    Cura Endoscpica, isto , resoluo da enfermidade preexistente com normalidade endoscopia, em 21 pacientes, sendo nove do grupo A e 12, do grupo B.

    A proporo de cura no grupo A (interveno) foi (9/54) 16,6% (IC 95%: 6,7

    a 26,6) e no grupo B (controle), foi (12/45) de 26,6%. (IC 95%: 13,7 a 39,6).

    O qui quadrado calculado em relao s propores mostrou um p de 0,225

    sugerindo a casualidade dos efeitos representados pelos nmeros encontrados

    5.2.2.2 Avaliao dos Efeitos Adversos:

    Treze participantes do grupo A (interveno) e sete do grupo B (controle),

    relataram pelo menos um efeito adverso. Nusea, vmito e dor abdominal foram os

    mais comuns. Um paciente do grupo interveno teve necessidade de interromper a

    medicao devido ao aparecimento de rash cutneo.

    Os efeitos adversos relatados foram: obstipao, em dois participantes (umem cada grupo); nuseas, em oito (quatro em cada grupo); dor abdominal, em quatro(um do grupo A e trs do B); vmitos, em cinco (dois do grupo A e trs do B); cefalia,em dois do grupo B; sudorese, em um paciente do grupo A e reao alrgica, em umpaciente do grupo A.

  • 24

    A soma total de Qualquer Efeito Adverso foi de 20 pacientes, com a

    seguinte distribuio: Grupo A (Interveno), com 13 e grupo B (Controle), com sete.

    A proporo de qualquer efeito adverso no grupo interveno foi (13/55) de

    23,6% (IC 95%: 12,4 34,9).

    No grupo-controle, essa proporo (7/45) foi de 15,5% (IC 95%: 4,9 a 26,1).

    O clculo do qui quadrado resultou em p de 0,314

  • 25

    Tabela 2 Efeito do extrato de Lafoensia pacari St. Hil. (Mangava Brava) sobre a erradicaodo Helicobacter pylori, sintomatologia dispptica, cura endoscpica de doenas

    esofagogastroduodenais preexistentes e incidncia de efeitos adversos.

    DESFECHOS ANALISADOS Grupo An

    % (IC95%)

    Grupo Bn

    % (IC95%)

    p RR(NNT)

    Erradicao doH.pyloriGrupo A (n=55)Grupo B (n=45)

    Urease ehistologianegativas

    00,0

    12,2 (0,0; 0,1)

    NA

    Histologianegativa

    30,5 (0,0; 11,4)

    10,2 (0,0; 6,5)

    0,39*

    Ureasenegativa

    1018,0 (7,9; 28,3)

    1533,0 (19,5; 47,1)

    0,08

    SintomatologiadisppticaGrupo A (n=54)Grupo B (n=43)

    Melhora dadispepsia

    Alviocompleto dadispepsia

    4074,0 (62,4; 85,8)

    2342,5 (29,4; 55,8)

    2148,0 (33,9; 63,8)

    921,0 (8,8; 33,1)

    0,007

    0,020

    1,56(3,83)

    2,03(4,6)

    Cura endoscpicadas lesespreexistentesGrupo A (n=54)Grupo B (n=45)

    Desaparecimento da leso

    916,6 (6,7; 26,6)

    1226,6 (13,7; 39,6)

    0,23

    Efeitos adversosincidentesGrupo A (n=55)Grupo B (n=45)

    Qualquerefeito adverso

    1323,0 (12,4; 34,9)

    715,5 (4,9; 26,1)

    0,314

    *: Teste exato de Fisher NA: No analisado

    5.2.3 Outros Resultados:

    5.2.3.1 Apenas o teste da urease negativo para H.pylori

    Dez pacientes do grupo A (interveno) apresentaram negativao no teste

    da urease para H.pylori aps o tratamento. A proporo (IC 95%) de resultados

    negativos nesse grupo foi de 18,0% (7,9; 28,3).

  • 26

    No grupo B, a negativao do teste da urease ocorreu em 15, proporo(IC 95%) de

    33,0% (19,5%-47,1%) pacientes.

    A diferena de efeito teraputico observada entre os dois grupos no foi

    estatisticamente significante (p= 0,081).

    5.2.3.2 Apenas a histologia negativa para H.pylori

    Presente em trs pacientes do grupo A. Proporo de 5% (IC 95%: 0,0-11,4).e, no B, apenas um paciente apresentou negativao, proporo de 2% (IC 95%:

    0,0-6,5).

    Como 50% de FC foi menor que cinco, realizou-se, nesse caso, o teste de

    Fisher, que revelou um p de 0,388 que sugere a casualidade dos nmeros

    encontrados.

    5.2.3.3 Melhora Endoscpica com Melhora Dispptica:

    Ocorreu em 12 pacientes sendo sete do Grupo A e cinco do B

    Relao grupo A: 7/55 = 12,5%

    Relao grupo B: 5/45 = 11%

    5.2.3.4 Melhora Endoscpica, Dispptica e Negativao da Urease

    Ocorreu em sete pacientes, sendo dois do Grupo A e cinco, do Grupo B.

    Relao grupo A: 2/55= 3%

    Relao grupo B: 5/45 = 11%

    5.2.4 Resultado do Monitoramento

    Os exames de monitoramento, utilizando parmetros hematolgicos, renais,

    hepticos e colesterol total, no mostraram qualquer alterao que pudesse ser

    atribuda ao uso das intervenes.

  • 27

    As comparaes entre os grupos Interveno e Controle, antes e depois do

    uso das medicaes, encontram-se consolidadas na Tabela 3.

    Tabela 3 - Comparaes dos parmetros hematolgicos, hepticos, renais e colesteroltotal entre os grupos interveno e controle, antes e depois das medicaes

    Grupo Interveno (I) Grupo Controle (C) Valor de p( IC )

    Mdia pr-medicao=4,835DP=0,462

    Mdia pr-medicao=4,695DP=0,491

    p=0,165( -0,33 a 0,06 )Eritrcito Mdia ps-medicao= 4,788

    DP=0,462Mdia ps-medicao=4,626

    DP=0,447p=0,093

    ( -0,35 a 0,03)Mdia pr =13,892

    DP=1,468Mdia pr=13,681

    DP=1,437p=0,493

    (- 0,32 a 0,39)

    Hemoglobina Mdia ps=13,771DP=1,577Mdia ps=13,472

    DP=1,437p=0339

    (- 0,92 a 0,32)Mdia pr=7314,58

    DP=2053,02Mdia pr=6773,17

    DP=1990,6p=0,212

    (- 1397,16 a 314,33)

    Leuccito Mdia ps=7035,42DP=2149,76Mdia ps=6663,4

    DP=2030,36p=0,406

    (-1257,82 a 513,82)Mdia pr=246,42

    DP+55,37Mdia pr=260,16

    DP=47,54p=0,210

    (-7,87 a 35,37)

    Plaqueta Mdia ps=250,90DP+77,22Mdia ps=268,47

    DP+53,17p=0,215

    (-10,36 a 45,50)Mdia pr=1,121

    DP=0,245Mdia pr=1,058

    DP=0,224p=0,208

    (-0,16 a 0,03)

    Creatinina Mdia ps=1,142DP=0,254Mdia ps=1,095

    DP=0,221p=0,359

    (-0,15 a 0,05)Mdia pr=31,82

    DP=10,79Mdia pr=27,00

    DP=5,55p=0,007

    (-8,27 a 1,37) I >CUria Mdia ps=34,14

    DP=12,76Mdia ps=31,12

    DP=11,61p=0,237

    (-8,06 a 2,02)Mdia pr=189,32

    DP=40,62Mdia pr=189,58

    DP=44,10p=0,976

    (-17,20 a 17,72)Colesterol Mdia ps=185,08

    DP=42,01Mdia ps=186,95

    DP=42,01p=0,840

    (-16,51 a 20,26)

    Mdia pr=122,92DP=38,70

    Mdia pr=103,63DP=28,26

    p=0,008(-33,50 a 5,08)

    I >CFosf.AlcalinaMdia ps=123,53

    DP=37,03Mdia ps=102,42

    DP=28,74p=0,003

    (-34,99 a 7,24)I >C

    Mdia pr=26,69DP=15,79

    Mdia pr=28,07DP=17,86

    p=0,725(-5,48 a 8,24)

    TGP Mdia ps=27.31DP=15,47Mdia ps=28,16

    DP=19,98p=0,762

    (-6,37 a 8,08)Mdia pr=24,68

    DP= 8,80Mdia pr=27,70

    DP=13,87p=0,127

    (-1,73 a 7,76)

    TGO Mdia ps=25,45DP=10,27Mdia ps=27,98

    DP=16,07p=0255

    (-2,99 a 8,04)

  • 28

    Ao analisar-se exclusivamente o grupo-interveno, antes e depois do uso

    do extrato metanlico de L. pacari, tambm no foram verificadas quaisquer alteraes

    que pudessem ser atribudas a seu uso.

    Essas comparaes encontram-se consolidadas na Tabela 4.

    Tabela 4 Comparaes dos parmetros hematolgicos, renais, hepticos e colesteroltotal do Grupo-Interveno, antes e depois do uso do extrato metanlico de L. pacari.

    Intervenoantes e depois

    Mdia daDiferena

    Desvio-Padroda

    Diferena

    Intervalo deConfiana

    Valor de p

    Eritrcito -0,047 0,285 -0,13 a 0,03 0,250

    Hemoglobina -0,121 0,745 -0,34 a 0,09 0,267

    Leuccito -279,17 164,3 -755,76 a 197,43 0,245

    Plaqueta 4,48 50,68 -10,24 a 19,19 0,543

    Creatinina 0,02 0,153 -0,02 a 0,06 0,350

    Uria -2,31 11,43 -0,90 a 5,53 0,155

    Colesterol 4,24 25,78 -11,57 a 3,09 0,250

    Fosf. Alcalina 0,61 18,54 -4,71 a 5,94 0,818

    TGP 0,62 10,12 -2,20 a 3,43 0,663

    TGO 0,76 6,49 -1,06 a 2,59 0,404

  • 29

    6 DISCUSSO

    Os resultados do presente estudo no demonstraram a esperada ao

    antibacteriana do extrato da L. pacari. O processo infeccioso manteve-se na mesma

    proporo, tanto no grupo que fez uso do extrato como no grupo controle (placebo). Em

    apenas um participante (grupo controle) ocorreu a negativao concomitante da urease

    e da histologia. Ao analisar os resultados apenas da urease, e tendo a histologia como

    padro de comparao, percebeu-se que a proporo de falsos negativos chegou a

    25%. Como nossa anlise partiu apenas da positividade para a urease, isto , no

    tnhamos previamente resultados histolgicos, os dados obtidos de quatro participantes

    com histologia negativa poderiam significar que esses foram includos com falsos

    testes positivos para a urease.

    Ao compararmos nosso estudo com todos aqueles que tambm testaram o

    uso de outras plantas, verificamos que os resultados so iguais, isto , nenhum estudo

    conseguiu erradicao do H. pylori. O trabalho de Nir et al (41)ao analisar o efeito de

    40mg do extrato de canela (Cinnamonum verum) duas vezes ao dia, durante duas

    semanas (n=15), em comparao com placebo(n=8), no mostrou diferena entre os

    valores do teste respiratrio pr e ps-tratamento.

    Graham et al (42) comparam, em estudo cruzado, o uso de alho fresco (dez

    dentes), e pimenta (capsaicin) (seis pimentas), subsalicilato de bismuto ou placebo em

    12 pacientes H. pylori positivo e tambm no conseguiram erradicao.

    Aydin et al (43), testaram cpsulas contendo 275 mg de leo de alho em um

    grupo de dez pacientes e compararam os resultados com os da associao das

    cpsulas de leo de alho com omeprazol em outro grupo de dez pacientes durante

    duas semanas. Os pacientes foram examinados endoscopicamente um ms depois,

    com realizao do teste rpido da urease e do exame histopatolgico e todos

    mantiveram positividade para o H. pylori.

    Trabalho semelhante foi realizado por McNuty et al(44) utilizando o mesmo

    leo de alho em cpsulas de 4mg por duas semanas e tambm com resultados

    negativos quanto erradicao.

  • 30

    Higuchi(45) et al obtiveram resultados positivos, com erradicao de 80%

    quando associaram o extrato de goshuyu (Evodia rutaecarpa, rutaceae) com 40mg de

    omeprazol e 1500mg de amoxicilina, e compararam com a associao de 40mg de

    omeprazol com 1500mg de amoxicilina, que erradicou apenas 60%.

    Da mesma forma, a anlise do efeito anti-secretor do extrato metanlico de

    L. pacari, tambm no comprovou uma ao sobre os processos inflamatrios e/ou

    ulcerosos da mucosa digestiva alta. Essa anlise foi realizada dois meses aps o fim

    da interveno, durante a segunda endoscopia, cujos dados para anlise foram

    retirados dos laudos endoscpicos. Embora os endoscopistas no tivessem

    conhecimento dos procedimentos da pesquisa (cegos), esses dados esto sujeitos

    subjetiva percepo, de normalidade ou no, de cada endoscopista, mas,

    independentemente de no ter sido feita uma anlise dessa percepo intra e inter

    observadores, os resultados foram semelhantes nos dois grupos.

    Sabe-se que a maioria desses processos inflamatrios e/ou ulcerosos est

    associada presena do H. pylori e, portanto, a ocorrncia desse evento dependia

    fortemente da ocorrncia prvia da erradicao dessa bactria.

    Porem, apesar de no ter apresentado resultados positivos nos desfechos,

    antibacteriano e antiinflamatrio, analisados aps oito semanas do final do tratamento,

    ficou claramente demonstrada, no presente estudo, a ao benfica sobre a

    sintomatologia dispptica. Apenas trs dos pacientes encaminhados para a realizao

    da endoscopia no apresentavam quadro dispptico; todos os 97 restantes o foram

    exatamente para investigao da causa do processo dispptico. Dos oito pacientes que

    no completaram o protocolo, s trs no realizaram essa primeira avaliao no 15

    dia, portanto, 94 pacientes foram submetidos a essa avaliao imediata aps o uso da

    medicao, aumentando ainda mais o poder da anlise.

    Por no se ter no Brasil uma escala validada para medir severidade e/ou

    grau de sintomatologia dispptica, utilizou-se uma abordagem comumente utilizada em

    outros estudos que analisa, alm de um subjetivo escore sintomatolgico, um rigoroso

    ponto de corte definido com alvio completo do sintoma no final do tratamento.(34,35)

    Secundariamente, foi utilizada uma outra abordagem desenvolvida na Universidade de

  • 31

    MacMaster (OTE),(33) na qual o paciente qualifica sua sintomatologia como melhor,

    sem mudanas ou pior. A partir da, analisaram-se os casos classificados como

    melhoras usando uma escala em que o paciente pontuava sua sintomatologia de zero

    a dez, sendo o zero pouca melhora e dez, sem sintomas ou resoluo.

    Estabeleceu-se o oito como nosso ponto de corte e s foram considerados como

    resultados positivos aqueles pacientes com escore de oito ou mais. O resultado foi

    francamente favorvel aos participantes includos no grupo do extrato metanlico de L.

    pacari, com uma proporo de 74% e 48% para o extrato e o placebo,

    respectivamente.

    Claro que qualquer medida de um desfecho subjetivo est mais propensa a

    vis que em qualquer outro desfecho. Qual a diferena entre uma melhora de seis e de

    oito pontos na escala? A resoluo da sintomatologia em muitos pacientes poderia

    estar associada conscientizao de que seu exame no mostrou nada srio, isto ,

    ele no teria mais que se preocupar com a possibilidade de estar com cncer ou outra

    doena grave. Por outro lado, a falta de uma escala validada aumenta ainda mais a

    possibilidade de vis. Por esses motivos, foi que se avaliou tambm, no presente

    estudo, o desfecho de forma categrica: presente ou ausente. Assim, s pacientes que,

    no final do uso da medicao se apresentassem assintomticos, foram considerados

    como desfecho positivo(35), mesmo assim, foi possvel observar maior reduo da

    sintomatologia no grupo experimental.

    Muito provavelmente essa diminuio da sintomatologia dispptica seja

    resultado da ao, j confirmada por Tamashiro(28), de elevao do pH gstrico aps

    uso do extrato metanlico da L. pacari. Alm disso, nos pacientes H. pylori positivos

    ocorreria uma desregulao na secreo cida, sendo esses pacientes mais propensos

    a ser beneficiados com teraputica anti-secretora do que aqueles com H. pylori

    negativo(46). Nossos resultados so, porm, coincidentes com alguns trabalhos que

    analisaram os bloqueadores de bomba na dispepsia funcional em tratamento de duas

    semanas. O estudo levado a efeito por Bolling-Sternevald(35), usando 20mg de

    omeprazol duas vezes ao dia, comparado com placebo e analisando-se ausncia de

    sintomas no ltimo dia (baseado em entrevista do investigador) apresentou proporo

    de 34.5% e 13,1%, respectivamente (p=0,002). O mesmo estudo, ao analisar melhora

    da sintomatologia, encontrou 54,4% e 32,9%, respectivamente, para o omeprazol e

  • 32

    placebo(35). The Scandinavian PILOT Study, analisado por Talley(47), no qual foi usada a

    dose de 20mg duas vezes ao dia, mostrou tambm taxa de resoluo de 32% e 14%,

    respectivamente. O trabalho de Meineche-Schmidt conseguiu taxas mais elevadas,

    usando a mesma dosagem de omeprazol uma vez ao dia, quando comparado com

    placebo, de 65% e 35%, respectivamente, e com NNT de 3,7(48).

    Os estudos que tambm analisam o uso de plantas em pacientes com

    dispepsia funcional, mostraram resultados coincidentes com os do presente estudo. Em

    uma reviso sistemtica, Thompson e Ernst (49) analisaram 17 ensaios clnicos que

    utilizam produtos de ervas medicinais para o tratamento da dispepsia, alguns com

    mono preparado (quatro estudos) e outros com combinao de preparados (13

    estudos). O tempo de durao dos tratamentos variou de sete dias a oito semanas e

    em apenas dez estudos havia, comparao com placebo. Em todos eles, os resultados

    foram francamente favorveis interveno, com variao de 60% a 95% em favor da

    interveno e de apenas 30% a 55% a favor do placebo, sendo que esses ltimos

    resultados (placebos) foram apresentados em apenas cinco estudos.

    So poucos os estudos que analisaram o resultado do uso do anti-secretor

    por apenas 14 dias. Na grande maioria dos trabalhos o anti-secretor dado por perodo

    de dois meses ou mais. O mesmo ocorre com os esquemas teraputicos utilizados na

    prtica mdica para tratamento dos processos inflamatrios com H. pylori negativo ou

    em dispepsia funcional, cuja durao geralmente ultrapassa quatro semanas.

    A significativa diminuio da sintomatologia dispptica ocorrida nos

    participantes deste ensaio, explica a popularidade do uso da Mangava Brava em nosso

    pas.

    Neste estudo, o receio em relao segurana dos participantes fez limitar o

    uso da medicao a apenas duas semanas. Tambm por segurana, o clculo da dose

    a ser empregada partiu da metade da dose considerada NOAEL no estudo de

    Tamashiro(28). Estudo comparando diversas abordagens para a definio da primeira

    dose em humanos mostra que a abordagem deste ensaio (NOAEL) a mais

    conservadora, isto , aquela com menor dose, se comparada com outras estratgias e,

    posteriormente, com a dose definitiva empregada(50)

  • 33

    A incidncia de efeitos adversos foi baixa e semelhante entre os grupos

    estudados. Esses foram de fraca intensidade e no justificaram a suspenso do uso do

    tratamento e dificilmente podem ser atribudos ao uso da interveno ou do placebo(36).

    Apenas uma participante includa no grupo do extrato apresentou quadro alrgico e

    teve a medicao suspensa.

    A grande maioria dos participantes voltou a apresentar quadro dispptico no

    perodo em que aguardava a endoscopia de controle e foi medicada com anticido

    (hidrxido de alumnio e trissilicato de magnsio).

    Dois participantes foram medicados com terapia erradicadora pelo mdico

    assistente e, em conseqncia, foram retirados e analisados como falha.

    O monitoramento que utiliza os exames de sangue no demonstrou qualquer

    alterao nos parmetros hematolgicos (hemograma e plaquetas), heptico ou renal

    que pudessem ser atribudos ao uso do extrato.

    Todos os pacientes que apresentavam leso endoscpica, tais como lcera,

    em atividade ou cicatrizada, e bulboduodenite, foram, posteriormente, tratados com

    esquema que incluiu omeprazol, furazolidona e tetraciclina.

  • 34

    7 CONCLUSES

    O uso do extrato de L. pacari, na dose e no tempo utilizados, no erradicou o

    H. pylori na populao analisada, assim como no resolveu os processos inflamatrios

    ou ulcerosos apresentados pela maioria dos participantes. Porm o grande nmero de

    pacientes beneficiados sintomatologicamente (Melhora com NNT de 3,83 e Alvio

    completo com NNT de 4,6), faz nos crer que o extrato de Lafoensia pacari seja

    benfico para os pacientes que o utilizam.

    7.1 Implicaes para a prtica

    O extrato de L. pacari pode ser usado para tratamento sintomatolgico das

    dispepsias.

    7.2 Implicaes para a pesquisa

    Futuros estudos devero testar sua ao com doses maiores e por

    perodo maior de tempo, tanto como agente nico quanto em associao com

    antibiticos no tratamento do H. pylori

  • 35

    8 CONSORT

    8.1 Lista de Tpicos

    ITENS NMERO DESCRITORES PGINA

    Ttulo 1

    Avaliao do uso teraputico do extratode Lafoensia pacari St. Hil. MangavaBrava na erradicao do H. pylori:Ensaio Clnico Randomizado, DuploCego

    i

    RetrospectivaReviso daliteratura

    2

    O Helicobacter pylori hoje a maisfreqente infeco na populaohumana. a mais importante causaetiolgica das lceras gastroduodenais,alm de desempenhar papel importantecomo causa de cncer gstrico.Embora sua erradicao seja facilmenteconseguida com a associao de anti-secretores e antibiticos, o custo dessasassociaes ainda muito alto para apopulao pobre, principalmente nospases do Terceiro Mundo, nos quais aprevalncia da infeco ainda maisalta. Esse alto custo provoca importantereduo na efetividade do tratamento.Pela necessidade de uma permanenteao no combate dessa endemia,propomos a utilizao de umateraputica barata e de fcil acesso pelapopulao carente, como uma plantabrasileira que, conforme estudos prvios,apresenta alta concentrao de cidoElgico (Solon,2000) o qual apresentatanto ao anti-secretora gstrica(Murakami,1991),quanto aoantibacteriana (Chung, 1998).

    4 a 8

    Participantes 3

    Pacientes ambulatoriais, de ambos ossexos, maiores de 18 anos, com ou semenfermidades gstricas e/ou duodenalbenignas, que apresentarem infecopelo H. pylori e procurarem o Hospitaluniversitrio da UNIFESP

    9

    Interveno 4

    Foram formados dois grupos: o grupo-interveno recebeu cpsulas com500mg do extrato de Lafoensia pacari,duas vezes ao dia durante 14 dias e o

    11

  • 36

    grupo-controle recebeu cpsulascontendo 500mg de substancia inerte(placebo) duas vezes ao dia durante 14dias

    Objetivo 5

    Testar a ao teraputica da Lafoensiapacari na erradicao do H. PyloriHiptese: A Lafoensia pacari maiseficaz que o placebo na erradicao doH. pylori

    3

    Desfechos 6

    Os principais desfechos foram:erradicao do H. Pylori e melhorasintomatolgica;os desfechos secundrios incluram:anlise dos efeitos adversos, e aavaliao das enfermidadespreexistentes

    12 a 15

    Tamanho daAmostra 7

    Com alfa e beta de 0,05; intervalo deconfiana de 95%, e poder de 95%,calculou-se uma amostra com 48pacientes em cada grupo, para detectaruma proporo de 40% a favor dainterveno e de apenas 10% em favordo controle

    16

    Randomizao 8 Randomizao dos frascos emseqncia gerada por computador 10

    Ocultao daalocao 9

    Frascos randomizados em seqnciagerada por computador. Envelopesopacos idnticos contendo fichas com onmero do frasco a ser entregue aopaciente.

    10

    Procedimento 10 Conforme ANEXO 5 42

    Mascaramento 11

    Frascos idnticos com cpsulasidnticas e produtos semelhantes, tantono aspecto fsico quanto no sabor.Todos os participante- mdicoassistente, endoscopista, farmacutico,patologista, pacientes e pesquisadores-estavam cegos durante todo oprocesso.

    10

    MtodosEstatsticos 12

    Foram calculados o RR e o NNT paracada desfecho significativo. 16

    Resultados

    Discusso

    13

    16

    Total de participantes (n=100): A=55 eB=45. Apenas os desfechossintomatolgicos apresentaramsignificncia estatstica, dentre os quais:Alvio completo A=42.5%(19.4, 55.8) eB=21%(8.8, 33.1) IC 95%. p=0,020.NNT=4,6

    18-33

  • 37

    9 ANEXOS

    ANEXO 1

    REGISTRO DOS PACIENTES INCLUDOS

    NOME: N0 do frasco

    ENDEREO RESIDNCIA:

    TELEFONES:

    ENDEREO- TRABALHO:

    TELEFONES:

    ESPOSO(A): TELEFONE

    PAIS

    ENDEREO:

    TELEFONES:

    IDADE: SEXO: PROFISSO: Peso inicial Peso final

    PROCEDNCIA:

    TABAGISMO: SIM....... NO.......

    LCOOL: SIM...... NO........

    USO DE FRMACO: SIM........ QUAL: ...............................................................

    H QUANTO TEMPO:.......................................

    DIAGNSTICO BACTERIOLGICO....................................................................

    DIAGNSTICO ENDOSCPIO:............................................................................

    DIAGNSTICO HISTOLGICO:...........................................................................

    LOCAL:.....................................................................................................................

    UNIVERSIDADE:................................................ HOSPITAL:..................................

  • 38

    ANEXO 2

    FICHA INDIVIDUAL DE AUTO-AVALIAO

    NAUSEAS SIM NO LEVE MODERADA INTENSA

    DIA

    VMITO SIM NO UMA VEZ/DIA DUAS VZES/DIA TRES OU MAIS

    DIA

    DOR ABDOMINAL SIM NO LEVE MODERADA INTENSA

    DIA

    DIARREIA SIM NO UMA VEZ/DIA DUAS VEZS/DIA TRES OU MAIS

    DIA

    OBSTIPAO SIM NO DE 2 A 5 DIAS UMA SEMANA MAIS DE 7 DIAS

    DIA

    PRURIDO SIM NO LEVE MODERADO INTENSO

    DIA

    MANCHASVERMELHAS

    SIM NO LEVES MODERADAS INTENSAS

    DIA

    OUTROS SINAIS E/ OUSINTOMAS

    LEVE= Facilmente suportada

    MODERADA= Atrapalha as atividades dirias mas no as impede. Obriga ao uso de medicao

    INTENSA= Impede as atividades dirias

    ASSINATURA................................................. DATA...........................

  • 39

    ANEXO 3

    FICHA DE AVALIAO SINTOMATOLGICA:

    NOME: FRASCO- NO:

    SEXO:

    EM RELAO AO QUE O(A) SR(A) SENTIA ANTES DE TOMAR O REMDIO

    E O QUE SENTE AGORA:

    1.CONTINUA SENTINDO A MESMA COISA SEM NENHUMA MELHORA

    2. MELHOROU UM POUCO

    3. MELHOROU MUITO

    4. NO SENTE MAIS NADA

    EM RELAO AO QUE SENTIA ANTES DO REMDIO E AO QUE SENTE

    AGORA, D UMA NOTA DE ZERO A DEZ, CONSIDERANDO:

    1.ZERO = SEM MELHORA/CONTINA A MESMA COISA

    2.DEZ = ME SINTO CURADO/ NO SINTO MAIS NADA

    ZERO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 DEZ

    DATA:

    ASSINATURA:

  • 40

    ANEXO 4

    Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    Projeto: Avaliao do uso teraputico do extrato de Lafoensia Pacari St. Hil.Mangava- Brava na erradicao do Helicobacter pylori.

    Estas informaes esto sendo fornecidas para seu esclarecimento e

    possvel participao voluntria neste Ensaio Clnico Duplo Cego, que visa a avaliao

    da ao da planta Lafoensia pacari, tambm conhecida como Mangava-Brava, na cura

    de sua infeco pela bactria Helicobacter pylori.

    Os Exames a serem realizados sero: Hemograma, Fosfatase alcalina,

    TGO, TGP, Uria, Creatinina, Colesterol total e fraes. Alm dessa Endoscopia j

    realizada os pacientes sero submetidos a um novo exame dois meses aps o final do

    tratamento para verificao da erradicao ou no do processo infeccioso. Esse exame

    ser uma nova Endoscopia ou um exame mais simples chamado Teste Respiratrio.

    Esses procedimentos so procedimentos de rotina para qualquer paciente

    submetido ao tratamento para erradicao do Helicobacter pylori. Os exames de

    sangue sero tambm repetidos logo aps o trmino da medicao de 14 dias.

    S conheceremos os benefcios do Estudo dois meses aps o trmino do uso da

    medicao, quando as primeiras avaliaes sero realizadas.

    O Sr.(a) ter acesso aos profissionais responsveis pela pesquisa em

    qualquer fase da mesma. O principal investigador o Dr. Valfredo da Mota Menezes, o

    qual pode ser encontrado nos seguintes endereos: Rua Pedro de Toledo, 598 - Vila

    Clementino, So Paulo./ Rua 13 de maio, 1445 Ap. 62- Bela Vista, So Paulo/

    contatado a qualquer momento pelos telefones: (11)55752970/ (11)55790469/

    (11)32662237/ (11)92739253.

    Em caso de alguma considerao ou dvida sobre a tica desta Pesquisa o

    Sr(a) poder entrar em contato com o Comit de tica em Pesquisa (CEP)- na rua

    Botucatu 572- 1 andar cj 14 5571-1062, fax:5539-7162.

    O Sr(a) poder retirar este consentimento em qualquer momento e deixar de

    participar do estudo, sem qualquer prejuzo continuidade do seu tratamento na

    Instituio.

    As informaes obtidas sero analisadas em conjunto com as dos outros

    pacientes, no sendo divulgada a identidade de qualquer pessoa.

  • 41

    No haver despesas pessoais para qualquer participante, incluindoexames e consultas. No haver tambm qualquer compensao financeirarelacionada sua participao. Qualquer despesa adicional ser absorvida pelooramento da pesquisa.

    Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos ou

    tratamentos propostos neste estudo (nexo causal comprovado), o participante ter

    direito a tratamento mdico na Instituio, bem como s indenizaes legalmente

    estabelecidas.

    Os dados e materiais coletados sero utilizados somente para esta pesquisa.

    DECLARAO:

    Acredito ter sido suficientemente informado a respeito de todos os dados

    que li ou que foram lidos para mim, descrevendo o estudo sobre o Uso da Lafoensia

    pacari Mangava Brava, para a erradicao do H. pylori.

    Eu discuti com o Dr. Valfredo da Mota Menezes sobre a minha decisoem participar neste estudo. Ficaram claros para mim quais so os propsitos doestudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, agarantia de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou clarotambm que minha participao isenta de despesas e que tenho garantido oacesso a tratamento hospitalar quando necessrio. Concordo voluntariamenteem participar desse estudo e poderei retirar meu consentimento a qualquermomento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuzo ou perda dequalquer benefcio que eu possa ter adquirido no meu atendimento nesteServio.

    __________________________________Assinatura do paciente/representante legal Data _/____/____

    __________________________________

    Assinatura da testemunha Data ___/____/____

    Declaro que obtive de forma apropriada e voluntria o Consentimento Livre e

    Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participao neste estudo.

    _____________________________

    Assinatura do responsvel pelo estudo Data ___/____/____

  • 42

    ANEXO 5

    PROCEDIMENTOS PARA O ATENDIMENTO MDICO .Passos a serem seguidos pelo mdico no atendimento aos pacientes elegveis:

    Explicar os objetivos da pesquisa e convidar o paciente a participar dela. O

    paciente que concordar, deve assinar o Termo de Consentimento Livre e

    Esclarecido.

    Aps assinado o Termo de Consentimento, o mdico dever preencher a ficha

    do paciente(Registro dos Pacientes Includos).

    Pegar um dos envelopes e escrever o nome do paciente no mesmo; s depois

    disso abrir o envelope. Em seu interior estar o carto com o nmero do frasco

    que dever ser entregue ao paciente.

    Entregar o frasco e explicar a posologia (uma cpsula de 12/12hs. durante 14

    dias). Anexar o envelope com o respectivo nmero ficha do paciente, anotando

    o nmero na ficha. Entregar a Ficha Individual de Auto-Avaliao e explicar seu

    preenchimento.

    Encaminhar o paciente para realizao dos seguintes exames laboratoriais:

    Hemograma com plaquetas, Fosfatase Alcalina, TGO, TGP, Uria, Creatinina e

    Colesterol total e fraes, recomendando iniciar o tratamento s depois de

    colhido o sangue no laboratrio.

    Marcar retorno para 15 (quinze) dias depois, quando dever analisar os dois

    desfechos- dispepsia e efeitos adversos- e solicitar novamente os exames de

    monitoramento.

    Na primeira consulta de retorno (15 dias), preencher o questionrio de avaliao

    sintomatolgica, e o paciente dever pontuar sua sintomatologia.

    Remarcar retorno para 60 dias aps o trmino do tratamento para nova

    endoscopia com pesquisa do h. pylori.

  • 43

    ANEXO 6

    PROTOCOLO PARA ACOMPANHAMENTO DO ENSAIO CLNICO

    1.COORDENAO:

    PESQUISADOR- VALFREDO DA MOTA MENEZES COORIENTADOR- Prof. Dr. WILSON CATAPANI COORIENTADOR- Prof. Dr. ANTONIO JOS LAPA ORIENTEDOR- Prof. Dr. ALVARO N. ATALLAH

    2. CENTRO CLNICO:2.1 UNIFESP/ EPM- Hospital So Paulo

    3. RETROSPECTIVA- O Helicobacter pylori hoje a mais freqente infeco na

    populao humana. a mais importante causa etiolgica das lceras gastroduodenais

    alm de desempenhar papel importante como causa de cncer gstrico.

    Embora sua erradicao seja conseguida com a associao de anti-secretores e

    antibiticos, o custo dessas associaes ainda muito alto para a populao pobre,

    principalmente nos pases do Terceiro Mundo, nos quais a prevalncia da infeco

    ainda mais alta. Esse alto custo provoca importante reduo na efetividade do

    tratamento. Pela necessidade de uma ao no combate dessa endemia, propomos a

    utilizao de uma teraputica barata e de fcil acesso pela populao carente, como a

    utilizao fitoterpica de uma planta brasileira que, conforme estudos prvios,

    apresenta alta concentrao de cido Elgico (Solon, 2000), o qual apresenta tanto

    ao anti-secretora gstrica (Murakami 1991), quanto ao antibacteriana

    (Chung1998).

    4. OBJETIVOS- Testar a ao teraputica da Lafoensia pacari na erradicao do

    Helicobacter pylori e analisar a evoluo da sintomatologia dispptica, os efeitos

    adversos e, quando houver, as alteraes na mucosa gastroduodenal.

    5. AMOSTRA: Acreditamos que a ao teraputica da Lafoensia pacari ser 30 vezes

    superior do placebo e, nesse caso, aceitando um de 0,05 e um de 0,05, com umI.C. de 95%, vamos necessitar de uma Amostra com 48 pacientes em cada grupo.

    6. PACIENTES ELEGVEIS: Pacientes ambulatoriais, disppticos, com idade superior a

    18 anos que apresentem positividade para o H. pylori detectada por teste rpido da

  • 44

    Urease em fragmentos de bipsias retirados por endoscopia e que concordem em

    participar do Ensaio Clnico. No sero includos pacientes grvidas, que apresentem

    neoplasia, que tenham utilizado nos ltimos 15 dias alguma teraputica anti-secretora

    ou antibitica, assim como os que apresentem sangramentos digestivos, ou ainda,

    sintomas de obstruo.

    O Endoscopista far o encaminhamento dos pacientes que apresentem positividade

    para o H. pylori.

    7. MONITORAMENTO: Para avaliar algum efeito sistmico, os pacientes sero

    submetidos, no incio e no final do tratamento, aos seguintes exames laboratoriais:

    Hemograma com plaquetas

    Fosfatase alcalina, TGO e TGP

    Uria e Creatinina

    Dosagem de colesterol total e fraes

    8. INFORMAO AO PACIENTE: Os pacientes sero informados sobre todas as fases

    e etapas da pesquisa, sobre a possibilidade de estarem sendo includos tanto no

    grupo-interveno quanto no grupo-placebo. Devem estar cnscios da liberdade de

    permanecerem ou no at o final da pesquisa.

    9.DURAO:

    9.1 Interveno e Placebo sero usados durante 14 dias

    9.2 Os eventos:-Erradicao do H. pylori, e Evoluo das enfermidades pr-existentes sero avaliados 60 dias aps o trmino da Interveno.

    Os eventos Dispepsia e Efeitos adversos sero analisados imediatamente aps otrmino da medicao.

    10. CRITRIOS PARA RETIRADA DE PACIENTE DA PESQUISA: Pelo curto tempo de

    uso da Interveno, acreditamos que nenhum efeito colateral grave venha a ocorrer;

    entretanto qualquer paciente que apresentar algum efeito secundrio (previsto ou no)

    ser examinado e, na dependncia da gravidade do efeito, poder ser retirado da

    Pesquisa, devendo ser acompanhado, tratado e computado nas anlises e clculos.

  • 45

    11.AVALIAES: A primeira avaliao ser realizada imediatamente aps o trmino

    do tratamento de 14 dias e constar da anlise dos resultados dos exames

    laboratoriais de monitoramento, da Ficha Individual de Auto Avaliao, que dever ser

    trazida pelo paciente, e da evoluo da sintomatologia dispptica (questionrio de

    avaliao). Nessa primeira avaliao, sero solicitados novamente os exames

    laboratoriais de monitoramento

    11.1 Pesquisa do H. pylori, feita, preferencialmente, pelo teste respiratrio ou, se nodisponvel, por nova endoscopia a ser realizada 60 dias aps o trmino do tratamento.

    11.2 A anlise sobre a evoluo dos processos inflamatrios gstricos eduodenais, quando houver, ser realizada 60 dias aps o trmino da medicaodurante a nova endoscopia.

    11.3 Exames clnico e laboratorial.

  • 46

    ANEXO 7

    Material botnicoTodo o material botnico utilizado, isto , as entrecascas do caule de Lafoensia pacari

    St. Hil. Mangava-Brava foi coletado em duas etapas nos dias 27 e 29 de outubro de

    2003, na mesma rea geogrfica, margem direita da estrada Cuiab-Santo Antnio

    do Leverger, no municpio de Cuiab.

    Participaram da coleta o tcnico Librio Amorim Neto, do Departamento de Botnica e

    Ecologia do Instituto de Biocincias da UFMT, o tcnico Ivan Lopes, do Herbrio

    Central da UFMT, e o pesquisador responsvel, professor Valfredo M. Menezes.

    Amostras da espcie foram encaminhadas Professora Dr. Miramy Macedo, curadora

    do Herbrio Central da UFMT, para identificao taxonmica, ficando registrada sob o

    nmero 25.239.

    Extrato BrutoA preparao do extrato foi feita nos Laboratrios de Farmacologia de Produtos

    Naturais, do Departamento de Cincias Bsicas da Sade da Faculdade de Cincias

    Mdicas da UFMT.

    Dos 31.600g iniciais de entrecasca, resultaram, aps limpeza e secagem temperatura

    ambiente durante 10 dias, 14.470g, os quais foram reduzidos manualmente a pedaos

    de aproximadamente 5 a 10 cm e posteriormente modos em moinho eltrico. O p

    resultante (13.230g) foi colocado no Percolador, no qual foi adicionado metanol a 20 %

    na proporo de 5L/Kg, permanecendo em extrao por 12 dias; depois desse perodo,

    o filtrado foi retirado e concentrado em Evaporador Rotativo, sob presso reduzida a

    600 C, sendo o solvente residual evaporado em estufa a 500 C. Os 3.400g do extrato

    obtidos foram ento triturados manualmente e guardados em frascos de vidro

    transparente e protegidos da luminosidade por papel alumnio.

    Determinao do Peso Seco e UmidadeForam retiradas trs pores de 100mg do extrato e colocadas em ampolas abertas

    previamente taradas. Essas foram colocadas em estufa a 500 C, pesadas

    sucessivamente em balana analtica at a obteno de peso constante nas trs

    ampolas. Calculou-se ento o Peso Seco pela mdia aritmtica dos ltimos pesos das

  • 47

    trs ampolas, resultando esse em 98,9g/100g ou 989mg/g, com umidade equivalendo a

    1,1%.

    Rendimento:

    Para obteno do rendimento do extrato em relao ao peso inicial do p, utilizou-se a

    seguinte frmula:

    R= Peso do extrato x Peso seco x 100

    Peso da planta moda

    R= 3400 x 0,989 x 100 = 25,41%

    13230

    Teste de esterilidade Realizado no Lab