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• Linfoma plasmablástico em paciente HIV negativo • Trombose séptica de seio cavernoso: Um caso raro de origem odontogênica • Bócio retroesternal de difícil diagnóstico • Metástase em tireoide por neoplasia maligna de mama • Carcinoma basocelular metatípico gigante do escalpe • Papiloma invertido de seio esfenoidal: relato de caso • Paralisia facial periférica traumática bilateral associada a paralisia unilateral de nervo abducente: relato de caso • Síndrome de Grisel: relato de caso V OLUME 46 – N ÚMERO 4 O UT / N OV / D EZEMBRO – 2017

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• Linfoma plasmablástico em paciente HIV negativo

• Trombose séptica de seio cavernoso: Um caso raro de origem odontogênica

• Bócio retroesternal de difícil diagnóstico

• Metástase em tireoide por neoplasia maligna de mama

• Carcinoma basocelular metatípico gigante do escalpe

• Papiloma invertido de seio esfenoidal: relato de caso

• Paralisia facial periférica traumática bilateral associada a paralisia unilateral de

nervo abducente: relato de caso

• Síndrome de Grisel: relato de caso

V O L U M E 46 – N Ú M E R O 4O U T / N O V / D E Z E M B R O – 2017

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Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e PescoçoISSN 0100-2171 para a Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (impressa).

ISSN 1981-951X para a Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (online).Registrada sob o nº 2080 P 209/73 na Divisão de Censura e Diversões Públicas

do Departamento de Polícia FederalÓrgão ofi cial da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

e da Federação Latino-Americana de Sociedades de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO(DIRETORIA DO BIÊNIO 2015-2017)

Presidente: ........................................Dr. Fernando Walder (SP)1º Vice Presidente: ............................Dr. Luis Eduardo Barbalho de Mello (RN)2º Vice Presidente: ............................Dr. Marco Aurélio Vamondes Kulcsar (SP)3º Vice Presidente: ............................Dr. Alberto Mitsuyuki de Brito Kato (PA)4º Vice Presidente: ............................Dr. Achilles Alves de Levy Machado (DF)5º Vice Presidente: ............................Dr. Gabriel Manfro (SC)1º Secretário: ....................................Dr. José Guilherme Vartanian (SP)2º Secretário: ....................................Dr. Marcello Haddad Ribas (SP)3º Secretário: ....................................Dr. Fernando Danelon Leonhardt (SP)1º Tesoureiro: ....................................Dr. Leandro Luongo Matos (SP)2º Tesoureiro: ....................................Dra. Fatima Cristina Mendes de Matos (PE)3º Tesoureiro: ....................................Dra. Izabella Costa Santos (RJ)Diretor de Defesa Profi ssional: .........Dr. Marcelo Benedito Menezes (SP)

Revista da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoçowww.sbccp.org.brRedação, assinaturas e administração: Av. Brigadeiro Luís Antonio, 278 - 6º andar - Sala 5 - Bela Vista - CEP 01318-901 - São Paulo - SP - Brasil - Tel./Fax: (11) 3107-9529 e-mail: [email protected] Gráfi co: Vagner Bertaco SeverinoImpressão: H. Máxima Produtora Editora e Gráfi ca - (11) 2372-5061A RBCCP é Distribuida gratuitamente aos sócios da SBCCP ou mediante assinatura anual de R$ 100,00; número avulso: R$ 35,00Periodicidade: Trimestral - Tiragem: 1.000 exemplares

É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos desta revista, desde que citada a fonte.

CO-EDITORAlexandre Bezerra dos Santos - São Paulo / SP

EDITOR ADJUNTO

Andre Bandiera de Oliveira Santos - São Paulo / SP

EDITORES ASSOCIADOSAbrão Rapoport - São Paulo / SP

Hospital Heliópolis

Fernando Luiz Dias – Rio de Janeiro / RJHospital do Cancer - INCA

Luiz Paulo Kowalski - São Paulo / SPHospital A.C. Camargo

Onivaldo Cervantes- São Paulo / SPHospital São Paulo - UNIFESP

CORPO EDITORIAL / EDITORIAL BOARD BRAZILAgrício Nubiato Crespo – UNICAMP – Campinas / SP, Alfi o José Tincani – UNICAMP – Campinas / SP, Alvaro Nagib Attalah – UNIFESP – São Paulo / SP, Ana Paula Brandão Barros – Hospital Heliópolis – São Paulo / SP, Antônio José Gonçalves – FCMSCSP - São Paulo / SP, Antônio Santos Martins – UNICAMP - Campinas / SP, Antônio Sérgio Fava – H.S.P.E. - São Paulo / SP, Carlos Neutzling Lehn – H.S.P.E. - São Paulo / SP, Cláudio Eduardo de Oliveira Cavalcanti – UFAL – Maceió - AL, Cláudio Roberto Cernea – USP - São Paulo / SP, Elisabete Carrara de Angelis – Hospital A.C. Camargo – São Paulo / SP, Fábio Luiz de Menezes Montenegro – USP - São Paulo / SP, Fátima Cristina Mendes de Matos – UFPe – Recife / PE, Flávio Carneiro Hojaij – UNIFESP - São Paulo / SP, Francisco Monteiro de Castro Júnior – UFC – Fortaleza / CE, Gerson Schullz Maahs – PUCRS - Porto Alegre / RS, Gilberto Vaz Teixeira - CECON - Florianópolis / SC, Gyl Henrique Albrecht Ramos – Hospital Erasto Gaertner - Curitiba / PR, Jacob Kligerman – INCA - Rio de Janeiro / RJ, Jorge Pinho Filho – Hospital Memorial São José - Recife / PE, José Antônio Pinto - Núcleo de Otorrinolaringologia - São Paulo / SP, José Carlos de Oliveira - Hospital Araujo Jorge - Goiânia / GO, José Francisco de Góis Filho – IAVC - São Paulo / SP, José Francisco de Sales Chagas – PUCCAMP – Campinas / SP, José Luiz Braga de Aquino – PUCCAMP – Campinas / SP, José Magrin – Hospital A.C. Camargo - São Paulo / SP, José Maria Porcaro Salles - UFMG - Belo Horizonte / MG, Jossi Ledo Kanda - Funda-ção ABC - São Paulo / SP, Julio Morais Besteiro – USP – São Paulo / SP, Lenine Garcia Brandão – USP - São Paulo / SP, Leonardo Haddad – UNIFESP - São Paulo / SP, Luiz Augusto do Nascimento – UNB – Brasília / DF, Marcelo Doria Durazzo – USP - São Paulo / SP, Marcílio Ferreira Marques Filho – U.E. Ilhéus – Itabuna / BA, Márcio Abrahão – UNIFESP - São Paulo / SP, Marcos Brasilino de Carvalho – Hospital Heliópolis - São Paulo / SP, Marcos Roberto Tavares – USP - São Paulo / SP, Mauro Becker Martins Vieira – Hospital Felício Rocho - Belo Horizonte / MG, Marcelo Miguel Hueb – UFTM – Uberaba / MG, Marcus Lessa – UFBA – Salvador / BA, Maria Beatriz Nogueira Pascoal – PUCCAMP – Campi-nas / SP, Mauro Marques Barbosa - INCA - Rio de Janeiro / RJ, Nédio Steffen –

PUCRS – Porto Alegre / RS, Orlando Parise Jr. – Hospital Sírio Libanês - São Paulo / SP, Paola Andrea Galbiatti Pedruzzi - Hospital Erasto Gaertner - Curitiba / PR, Pedro Michaluart Junior – USP - São Paulo / SP, Roberto de Araújo Lima – INCA - Rio de Janeiro / RJ, Rui Maciel – UNIFESP – São Paulo / SP, Rui Celso Martins Mamede – USP/RP - Ribeirão Preto / SP, Sérgio Luis de Miranda – UNISA – São Paulo / SP, Silvia Dornelles – UFRGS - Porto Alegre / RS, Silvia Regina Rogatto – UNESP – Botucatu / SP, Sylvio de Vasconcellos e Silva Neto - UFPe - Recife / PE.

CORPO EDITORIAL INTERNACIONAL / INTERNATIONAL EDITORIAL BOARDAbél González – Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires (Argentina); Ashok Shaha – Memorial Sloan Kettering Cancer Center, New York (Estados Unidos); Eugene N. Myers – Pittsburgh University, Pittsburgh (Estados Unidos); François Eschwege - Institut Gustave-Roussy, Villejuif (França); Jatin P. Shah - Memorial Sloan Kettering Cancer Center, New York (Estados Unidos); Jean Louis Lefebvre - Centre Oscar Lambret, Lille (França); Jonas T. Johnson – Pittsburgh Universi-ty, Pittsburgh (Estados Unidos); Jose Luis Novelli, Centro de Tiroides - Rosário (Argentina); Jose Saavedra – Soc. Peruana de Cirurgia, Lima (Peru); Juan Postigo Díaz - Cirugia de Cabeza y Cuello – Oncologia, Lima (Peru); Luis Soto Díaz - CEAT, Santiago (Chile); Manuel Montesinos – Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires (Argentina); Marcelo Figari – Hospital Italiano de Buenos Aires, Buenos Aires (Argentina); Maria Paula Curado – IARC – Lyon / França, Osvaldo Gonzalez Aguilar – Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires (Argentina); Paul J. Donald – University of California - Davis Health System, Sacramento (Estados Unidos); Pedro Sanchez e Ingunza - INEN, Lima (Peru).

**** Indexada na Base de Dados Lilacs*****

CONSELHO CIENTÍFICO DA SBCCP (EX-PRESIDENTES)Abrão Rapoport (São Paulo), Alberto Rossetti Ferraz (São Paulo), Anói Castro Cordeiro (São Paulo), Cláudio Roberto Cernea (São Paulo), Emílson de Queiroz Freitas (Rio de Janeiro), Fernando Luiz Dias (Rio de Janeiro), Francisco Monteiro de Castro Jr. (Fortaleza), Jacob Kligerman (Rio de Janeiro), José Roberto Vasconcelos Podesta (Espírito Santo) Josias de Andrade Sobrinho (São Paulo), Lenine Garcia Brandão (São Paulo), Luiz Paulo Kowalski (São Paulo), Marcos Brasilino de Carvalho (São Paulo), Marcos Roberto Tavares (São Paulo), Maria Paula Curado (Goiânia), Mário Jorge Rosa de Noronha (Rio de Janeiro), Mauro Marques Barbosa (Rio de Janeiro), Onivaldo Cervantes (São Paulo), Ricardo Curioso (Natal), Roberto Araújo Lima (Rio de Janeiro) Rogério A. Dedivitis (Santos).

EX-EDITORES DA RBCCPAbrão Rapoport (1974-1986), Marcos Brasilino de Carvalho (1987-1989), Lenine Garcia Brandão (1989-1993), Fernando Luiz Dias (1994-1997), Fábio Luiz de Menezes Montenegro e Marcelo Doria Durazzo (1997-2001), Luiz Paulo Kowalski (2001-2003), Onivaldo Cervantes (2003-2005), Rogério Dedivitis (2005-2009), Geraldo Pereira Jotz e Rogério Dedivitis (2009-2013), Geraldo Pereira Jotz (2011-2013), Fábio Roberto Pinto (2014-2016), Alexandre Bezerra dos San-tos (2016-2017).

EDITOR-CHEFERogério A. Dedivitis - Santos / SP

Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, Outubro / Novembro / Dezembro 2017 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

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Normas para publicação

Orientação aos autoresA Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (ISSN 0100-2171),

órgão científico oficial da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e da Federação Latino-Americana de Sociedades de Cirurgia de Cabeça e Pes-coço, é um veículo multidisciplinar de publicação trimestral, em um único volume anual, com o objetivo de divulgar artigos originais de autores nacionais e estran-geiros, aprovados por pareceristas do Conselho Editorial, contendo informações clínicas e experimentais relacionadas com o segmento anatômico da cabeça e pescoço, interessando não só à Especialidade de Cirurgia de Cabeça e Pescoço como também às de Cirurgia Geral, Otorrinolaringologia, Cirurgia Crânio-Maxilo--Facial, Neurocirurgia e Ciências Básicas afins.

O endereço editorial é: Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278 – 6º andar 01318-901 São Paulo SP. Telefax (11) 3107-9529.

Todos os manuscritos e comunicações editoriais devem ser en-viados on-line. Veja a Submissão de Manuscritos, abaixo. Visite o site: http://www.sgponline.com.br/rbccp/sgp/ e http://www.sbccp.org.br

Política editorialTodos os artigos são revisados por dois revisores. O Conselho Editorial é

composto por especialistas, com publicações nas bases de dados, que recebem os textos de forma anônima e decidem por sua publicação. A aceitação é ba-seada na originalidade e significância do material apresentado. Somente serão submetidos à avaliação os trabalhos que estiverem dentro das normas para pu-blicação na Revista. A responsabilidade de conceitos ou asserções emitidos em trabalhos na Revista, bem como a exatidão das referências cabem inteiramente ao(s) autor(es). Não serão aceitos trabalhos já publicados ou simultaneamente enviados para avaliação em outros periódicos.

AutoriaTodas as pessoas designadas como autores devem responder pela autoria

do manuscrito e ter participado suficientemente do trabalho para assumir respon-sabilidade pública pelo seu conteúdo.

O crédito de autoria deve ser baseado apenas por contribuições substan-ciais durante: (a) concepção, planejamento, execução, análise e interpretação dos resultados; (b) redação e elaboração do artigo ou revisão de forma intelectu-almente importante; (c) aprovação final da versão a ser publicada.

A participação limitada somente à obtenção de fundos, coleta de dados, supervisão geral ou chefia de um grupo de pesquisa não justifica autoria do ma-nuscrito.

Os Editores podem solicitar justificativa para a inclusão de autores durante o processo de revisão do manuscrito, especialmente se o total de autores exceder seis.

Categorias dos artigosOs seguintes tipos de artigos são publicados:– Artigos Originais: a) introdução com objetivo; b) método; c) resultados; d) dis-cussão; e) conclusões; f) referências bibliográficas. As informações contidas em tabelas e figuras não devem ser repetidas no texto. Estudos envolvendo seres humanos e animais devem fazer referência ao número do protocolo de aprova-ção pelo respectivo Comitês de Ética em Pesquisa da instituição à qual está vin-culada a pesquisa. Artigos originais são definidos como relatórios de trabalho ori-ginal com contribuições significativas e válidas. Os leitores devem extrair de um artigo geral conclusões objetivas que vão ao encontro dos objetivos propostos. – Artigos de Revisão da Literatura: a) introdução; b) revisão de literatura; c) discus-são; d) comentários finais; e) referências bibliográficas. Artigos de revisão devem abranger a literatura existente e atual sobre um tópico específico. A revisão deve identificar, confrontar e discutir as diferenças de interpretação ou opinião. – Artigos de Atualização: a) introdução; b) revisão de um determinado tema; c) discussão; d) comentários finais; e) referências bibliográficas. O artigo de atu-alização é uma produção científica que explora um determinado tema, desen-volvido a partir de dados atuais disponíveis pelos autores. Tem por finalidade organizar um discurso explorando um assunto específico, com base em obras publicadas recentemente. – Artigos de Relato de Caso: a) introdução; b) revisão de literatura com diagnós-tico diferencial c) apresentação de caso clínico; d) discussão; e) comentários finais; f) referências bibliográficas. Relatos de caso deverão apresentar caracte-rísticas inusitadas ou cientificamente relevantes. Será dada prioridade a relatos de cunho multidisciplinar, interdisciplinar e/ou prático.

– Artigos de Opinião e Carta ao Editor: deverão ser feitos sob convite do Editor.

Preparação do manuscritoA Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço adota as recomen-

dações do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, conforme o site www.icmje.org (de outubro de 2007).

A Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Assim, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE. Os endereços estão disponíveis no site do ICMJE http://www.icmje.org. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo.

Abreviações devem ser apresentadas por extenso na primeira vez em que aparecem no texto, sendo indicadas imediatamente depois entre parênteses. De-vem ser consistentemente utilizadas no corpo do manuscrito.

Serão aceitos trabalhos em português, espanhol e inglês.Página do título. A página do título deve conter: (1) título em português e

em inglês, devendo ser conciso e explicativo e representando o conteúdo do trabalho; (2) nome completo de todos os autores, com o mais elevado título acadêmico e afiliação institucional de cada um; (3) instituição(ões) onde o ar-tigo foi desenvolvido; (4) nome, endereço completo, números de telefone/fax e endereço eletrônico (e-mail) do autor correspondente; o autor correspondente receberá toda correspondência relativa ao manuscrito, bem como a prova do artigo e solicitação de separatas; (5) congresso ou encontro onde o trabalho foi apresentado, se aplicável; e (6) patrocínios, assistência recebida e conflito de interesse, se aplicável.

Resumo e Abstract. Artigos originais devem ter um resumo em português e um abstract em inglês, cada um com 200 a 250 palavras. Devem ser apresenta-dos em páginas separadas, em um parágrafo único e estruturados nas seguintes partes: Introdução; Objetivo; Casuística (ou Material) e Método; Resultados; e Conclusão. Três ou mais descritores em português e key words em inglês, em seguida, respectivamente, ao resumo e ao abstract devem ser apresentados, conforme padronização nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) (http://www.bireme.br) e Medical Subject Headings do Index Medicus (MeSH).

Texto. Consulte “Categorias dos Artigos” para orientação sobre o tamanho do manuscrito. O texto deve ser claro e conciso. Recomenda-se subdividir os artigos originais em: Introdução; Métodos; Resultados; Discussão; e Conclusão. Use os nomes genéricos de drogas e equipamentos quando possível; cite os nomes do proprietário após a primeira menção. Identifique equipamentos pelo nome e local do fabricante.

Aspectos éticos. Todos os artigos devem mencionar claramente a apro-vação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do local onde o trabalho foi realiza-do ou equivalente, contendo o Consentimento Informado e com observação da Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 196, de 10 de outubro de 1996 (http://www.datasus.gov.br/conselho/resolucoes.htm ou http://www.resodic.org.br/rede8119.html); da Declaração de Helsinki, revisada em 2000 - WMA (World Medical Association), 2000. Declaration of Helsinki. Edinburgh, Scotland: 52nd General Assembly-WMA. 13 October 2000 (http://www.wma.net) ; e das Normas Internacionais de Proteção aos Animais.

Agradecimentos. Registre agradecimento ao estatístico e qualquer outra pessoa que tenha contribuído para o trabalho e que não sejam co-autores, in-dicando os nomes e respectivas titulações acadêmicas e vínculo institucional.

Referências. Os autores são responsáveis pela exatidão, acurácia e for-mato das referências. Comece a listagem das referências em uma página sepa-rada, logo após os Agradecimentos. As referências são identificadas no texto, nas tabelas e legendas através de algarismos arábicos colocados na mesma linha do período, na forma sobrescrita. As referências devem ser numeradas de forma consecutiva na ordem em que são citadas pela primeira vez no trabalho, não na ordem alfabética nem na cronológica. Siga o formato detalhado no Uni-form Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals (JAMA. 1997;277:927-34). Mencionar todos os autores. Cite dados não publicados, co-municações pessoais e manuscritos submetidos (mas ainda não aceitos) como notas de rodapé, no texto. Serão aceitas no máximo 30 referências para artigos originais, 50 para artigos de revisão ou de atualização e 15 para relatos de casos.

Exemplos de formas de referências: - em Revista: Alkureishi LW, Ross GL, MacDonald DG, Shoaib T, Gray H,

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, Outubro / Novembro / Dezembro 2017

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Robertson G, Soutar DS. Sentinel node in head and neck cancer: use of size criterion to upstage the no neck in head and neck squamous cell carcinoma. Head Neck. 2007;29(2):95-103.

- livro: Carvalho MB. Tratado de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrino-laringologia. Rio de Janeiro: Atheneu; 2001.

- capítulo de livro: Barroso FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástricas e duodenais. In: Barroso FL, Vieira OM, editores. Abdome agudo não traumático - Novas propostas. 1ª ed. Rio de Janeiro: Robe Editora; 1995. p. 201-220.

- tese e monografi a: Barros APB. Efetividade da comunicação oral, qualida-de de vida e depressão pós-faringolaringectomia e laringectomia total. [Disserta-ção]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2002.

- Material Eletrônico: Artigo: Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg

Infect Dis [serial on the Internet]. 1995 jan/mar [cited 1996 jun 5]; 1(1):[24 telas]. Available from: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm.

Arquivo de Computador: Hemodynamics III: The ups and downs of hemo-dynamics [computer program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerized Educa-tional Systems; 1993.

Monografi a em formato eletrônico: CDI, Clinical dermatology illustrated [CD-ROM]. Reeves JRT, Maibach H. CMEA Multimedia Group, producers. 2nd ed. Version 2.0 San Diego: CMEA; 1965.

Tabelas. As tabelas devem ser numeradas de forma consecutiva na ordem em que são citadas no texto. Devem ser colocadas em páginas separadas, logo após as Referências e numeradas na ordem em que elas são mencionadas no texto. Cada tabela deve ter um título conciso na parte superior e suas abreviações devem ser colocadas como notas de rodapé, escritas como Times New Roman 10.

Figuras. As fi guras devem ser numeradas de modo consecutivo de acordo com a primeira citação no texto. A lista de legendas das fi guras deve ser remetida em folha separada logo após as tabelas. Cada fi gura deve ter uma legenda na sua parte inferior. Cada fi gura será impressa em preto e branco, a não ser que seja selecionada pelo Editor ou haja uma solicitação por parte dos autores para reprodução a cores. Figuras a cores são estimuladas, porém, os autores serão responsáveis pelas despesas para reprodução a cores, caso sejam os solicitantes. As fi guras podem aparecer no website da Revista sem custo adicional. Para repro-dução de fi guras já publicadas deve ser reconhecida a fonte e os autores devem encaminhar cópia da autorização escrita do proprietário para reprodução. Fotos envolvendo seres humanos devem observar os cuidados de privacidade do indi-víduo. Caso contrário, os autores devem providenciar uma autorização por escrito do paciente ou de seu responsável. As fi guras devem ser submetidas no formato eletrônico, em formato TIF ou JPEG. As fi guras devem ser enviadas separada-mente na submissão eletrônica. Todas as fi guras devem ser referidas no texto, sendo numeradas consecutivamente por algarismo arábico. Cada fi gura deve ser acompanhada de uma legenda descritiva colocada após as referências.

Instruções para submissão on-line de manuscritos usando o sistema de gestão de publicações (sgp) Todo o processo de submissão deverá ser feito através do endereço de inter-net http://www.sgponline.com.br/rbccp/sgp/, que dá acesso ao nosso Sistema de Gestão de Publicações (SGP), onde é feita a submissão do artigo pelos autores e a avaliação por revisores do corpo editorial, em um processo onde os nomes dos autores do artigo em questão não são demonstrados em nenhuma instância. Quando acessar este link, o sistema irá pedir seu nome de usuário e senha, caso já esteja cadastrado. Caso contrário clique no botão “Quero me cadastrar” e faça seu cadastro. Ou ainda, caso tenha esquecido sua senha, use o mecanismo para lembrar sua senha, que gerará automaticamente um e-mail contendo a mesma. O (s) autor (es) deve (m) manter uma cópia de todo o material enviado para publicação, pois os editores não se responsabilizam pelo extravio do material. O processo de submissão é composto de oito passos, listados abaixo: 1º - Informar Classifi cação (Original, Revisão, Atualização, Relato de Caso)2º - Envio de Imagens para o seu Artigo 3º - Cadastrar Co-autor (es)4º - Informar Título e Descritores 5º - Informar Resumo e Comentários 6º - Montar Manuscrito 7º - Transferência de Copyright (Cessão de Direitos) e Declaração de Confl itos de Interesse 8º - Aprovação do (s) Autor (es)

Após a submissão, o sistema oferece a opção de salvar uma cópia de seu ma-nuscrito em formato PDF para seu controle. A Revista encoraja fortemente que os autores submetam eletronicamente ma-

nuscritos preparados em WordPerfect ou Microsoft Word, pois no passo “Montar Manuscrito”, será exibida uma tela que simula o Word, onde é possível “copiar e colar” de qualquer editor de texto, inclusive as tabelas. O texto deverá ser digitado em espaço duplo, sendo que as margens não devem ser defi nidas, pois o sistema SGP as defi nirá automaticamente. Regras para imagens e gráfi cos estão descritas abaixo. Submissão on-line passo a passo 1º Passo: Informar Classifi cação Escolha uma das quatro opções: Artigo Original, Artigo de Revisão, Artigo de Atualização ou Relato de Caso. 2º Passo: Envio de imagens para o seu artigo: As imagens deverão obrigatoriamente estar em formato JPG. Caso necessite alterar o formato de suas imagens entre na seção DOWNLOADS no SGP em: http://www.sgponline.com.br/rbccp/sgp/naveg/downloads.asp e faça o download de algum dos programas freeware oferecidos para edição de imagens (requer senha de acesso). O sistema envia grupos de até cinco imagens por vez. Para submeter mais de cinco imagens, basta clicar no botão “Enviar mais imagens”. Logo após serão exibidas miniaturas das imagens, onde há um ícone (), que deverá ser clicado para editar o título e a legenda de cada imagem submetida. 3º Passo: Cadastrar Co-autor (es) Cadastre cada co-autor, informando nome completo, cargo e titulação obrigato-riamente. O CPF poderá ser informado posteriormente. A ordem dos co-autores pode ser alterada facilmente usando as “setas” exibidas na tela. 4º Passo: Informar Título e Descritore Informe o título do trabalho, em português e inglês, e as Descritore (Português) e Key words (Inglês), que deverão ter aproximadamente 2 a 6 palavras chaves pertinentes (ESTAS PALAVRAS DEVERÃO ESTAR CONTIDAS NO DECS E NO MESH que podem encontrados no SGP em todas as telas). 5º Passo: Informar Resumo e Comentários O Resumo/Abstract deverá obrigatoriamente conter no máximo 250 palavras cada. O autor deverá preencher os campos: Instituição, Nome e endereço para correspondência, suporte fi nanceiro (deverá ser provida qualquer informação sobre concessões ou outro apoio fi nanceiro) e a carta ao editor (opcional). Im-portante: o limite máximo aceito pelo sistema de submissão on-line para os re-sumos em português e inglês é de 250 palavras cada. O excedente será cortado automaticamente pelo sistema. 6º Passo: Montar Manuscrito Nesta tela é exibido um simulador do Word com todas as funcionalidades de for-matação de texto necessárias. Para inserir seu texto neste campo, simplesmente selecione todo seu trabalho e copie e cole no campo de montagem do manuscrito (artigo). Somente selecione textos e tabelas, pois as imagens já deverão ter sido enviadas no 1º passo e serão inseridas no fi nal do trabalho automaticamente. Importante: Nunca coloque neste campo os nomes de autores, co-autores, ou qualquer outra informação que possa identifi car onde o trabalho foi realizado. Tal exigência se deve ao fato de o processo de revisão transcorrer sem o conheci-mento destes dados pelo (s) revisor (es). A não observância deste detalhe fará com que seu trabalho seja devolvido como FORA DE PADRÃO para correções. 7º Passo: Copyright (Cessão de Direitos) e Declaração de Confl itos de Interesse Neste passo é exibida a tela com o termo de Copyright e outra com a Declaração de confl itos de Interesse, onde os autores deverão clicar nos boxes apropriados. 8º Passo (Último passo): Aprovação do Autor Este é o último passo para completar a submissão do artigo. Nesta tela o autor terá a opção de visualizar seu trabalho no sistema e também pode salvar uma versão em PDF de seu trabalho recém submetido. Importante: O autor deverá clicar no link “APROVAR MANUSCRITO” para que seu trabalho seja encami-nhado à Secretaria da Revista da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO para conferência e confi rmação.

DistribuiçãoA Revista é distribuída gratuitamente a todos os membros da Sociedade

Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, a bibliotecas da área de Saúde e mediante assinatura.

Normas para publicação

Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, Outubro / Novembro / Dezembro 2017 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

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Instructions for authors

Instructions for authorsThe Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (Brazilian

Journal of Head and Neck Surgery), ISSN 0100-2171 is the official scien-tific journal of the Brazilian Society for Head and Neck Surgery and the Latin American Federation of Societies for Head and Neck Surgery. It is a multidis-ciplinary journal published quarterly, forming a single volume per year, with the aim of disseminating original articles by Brazilian and foreign authors that have been approved for publication by the Editorial Board’s specialist reviewers. The articles published contain clinical and experimental information relating to the anatomical segment of the head and neck and are of interest not only to the specialty of Head and Neck Surgery but also to the specialties of General Sur-gery, Otorhinolaryngology, Cranio-maxillofacial Surgery and Neurosurgery and similar Basic Sciences.

The editorial address is: Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278, 6º andar, 01318-901 São Paulo SP. Tel/fax: (55 11) 3107-9529.

All manuscripts and communications with the Editorial Board must be sent online. See Submission of Manuscripts, below. Visit the website: http://www.sgponline.com.br/rbccp/sgp/ and http://www.sbccp.org.br

Editorial policyAll articles are appraised by two reviewers. The Editorial Board is com-

posed of specialists with published work in indexed journals who receive submissions anonymously and decide whether these texts should be pub-lished. Acceptance is based on the originality and significance of the material presented. Only studies that conform to the Journal’s publication standards will be submitted for appraisal. The responsibility for concepts or assertions put forward in studies in the Journal, and for the accuracy of references, lies entirely with the author(s). Studies that have already been published or that have simultaneously been sent for appraisal by other periodicals will not be accepted.

AuthorshipAll persons named as authors are responsible for the authorship of the man-

uscript and need to have participated in the study sufficiently for them to assume public responsibility for its content.

Authorship credit must be based only on substantial contributions during the stages of (a) conceptualization, planning, execution and results analysis and interpretation; (b) compilation and writing of the article or review in an intellectually meaningful manner; (c) final approval of the version to be published.

Participation that is limited only to fund-raising, data collection, general su-pervision or being the head of a research group does not justify authorship of the manuscript.

The Editors may request justification for author inclusion, during the manu-script review process, especially if the total number of authors exceeds six.

Article categoriesThe following types of article are published:

– Original articles: a) introduction with objective; b) method; c) results; d) discus-sion; e) conclusions; f)references. The information described in tables and graphs should not be repeated in the text. Studies involving human beings and animals should include the approval protocol number of the respective Ethics Committee on Research of the institution to which the research is affiliated. Original articles are defined as reports of an original work with valid and significative results. The readers should extract from it objective conclusions that are related to the propo-sed objectives.– Literature review articles: a) introduction; b) review of literature; c) discussion; d) final comments; e) bibliographical references. Literature review articles should include the updated literature regarding an specific topic. The revision should identify and compare and discuss the different opinions and interpretations.– Update articles: a) introduction; b) review of a particular topic, c) discussion; d) final comments, e) references. The article is an update of scientific production that exploresa particular theme, developed from current data available by the authors. Aims to organize a speech exploring a particular subject, based on recently published works.– Case report articles: a) introduction; b) review of literature with differential diag-nosis; c) case report; d) discussion; e) final comments; f) references. Case report articles should present unusual characteristics or scientific relevant ones. Priority

will be given to reports of multidisciplinary or interdisciplinary or practical appro-aches.– Opinion articles: Only by invitation from the Editorial Board.

Preparation of the manuscriptThe Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço adopts the

recommendations of the International Committee of Medical Journal Editors (IC-MJE), as laid out on the ICMJE website: www.icmje.org (October 2007).

The Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço supports the policies of the World Health Organization (WHO) and ICMJE regarding the reg-istration of clinical trials and it recognizes the importance of these initiatives for registering and internationally disseminating information on clinical studies, with open access. Thus, clinical research articles will only be accepted for publication if they have received an identification number from one of the Clinical Trial Regis-ters that have been validated in accordance with the criteria established by WHO and ICMJE. The addresses of these registers are available on the ICMJE website: http://www.icmje.org. The identification number should be stated at the end of the Abstract and abstract.

Abbreviations must be written out in full on the first occasion when they ap-pear in the text, such that the term is followed immediately by the abbreviation in parentheses. They must be used consistently in the body of the manuscript.

Studies will be accepted in Portuguese, Spanish and English.Title page. The title page must contain: (1) the title in Portuguese and Eng-

lish, which must be concise and explicative, representing the content of the study; (2) full names of all the authors, with their highest academic titles and institutional affiliations; (3) institution(s) where the article was developed; (4) name, full ad-dress, telephone/fax numbers and electronic address (e-mail) of the author for correspondence; this author will receive all correspondence relating to the manu-script, as well as the proof for the article and requests for reprints; (5) congress or meeting at which the study was presented, if applicable; and (6) sponsorship, assistance received and conflicts of interest, if applicable.

Abstract and Abstract. Original articles must have a Abstract in Portuguese and an abstract in English, which should each consist of 200 to 250 words. They must be presented on separate pages, each as a single paragraph and struc-tured into the following parts: Introduction; Objective; Sample (or Material) and Method; Results; and Conclusion. Three or more descriptors in Portuguese must be presented following the Abstract, and three or more key words in English fol-lowing the abstract, as standardized in the Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) (http://www.bireme.br) and Medical Subject Headings of the Index Me-dicus (MeSH).

Text. Consult “Article Categories” for instructions regarding the manuscript size. The text must be clear and concise. It is recommended that original articles should be subdivided into: Introduction; Methods; Results; Discussion; and Con-clusion. Use generic names for drugs and equipment whenever possible; cite the proprietary names after the first mention. Identify equipment by the name and the place of manufacture.

Ethical matters. All articles must clearly mention that approval was obtained from the Research Ethics Committee at the place where the study was devel-oped, or its equivalent; that informed consent procedures were adopted; and that due regard was given to Resolution no. 196 of the National Health Board (Conselho Nacional de Saúde), dated October 10, 1996 (http://www.datasus.gov.br/conselho/resolucoes.htm or http://www.resodic.org.br/rede8119.html); to the Declaration of Helsinki, as revised in 2000: World Medical Association (WMA), 2000. Declaration of Helsinki. Edinburgh, Scotland: 52nd General Assembly-WMA. October 13, 2000 (http://www.wma.net); and to the International Animal Protec-tion Standards.

Acknowledgements. Register acknowledgements to the statistician and any other persons who may have contributed towards the study but who are not co-authors, indicating the names and respective academic titles and institutional links.

References. The authors are responsible for the exactness, accuracy and format of the references. Start to list the references on a separate page, just after the Acknowledgements. References are identified in the text, tables and legends by means of Arabic numerals placed on the same line of the sentence, in superscript form. The references must be numbered consecutively in the or-der in which they are cited for the first time in the study, and not in alphabetical or chronological order. Follow the format detailed in the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals (JAMA. 1997;277:927-34). Mention all authors. Cite unpublished data, personal communications and manu-scripts submitted (but not yet accepted), as footnotes in the text. There should be no more than 30 references for Original articles, 50 for Literature review or update articles and 15 for Case report articles.

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Examples of forms of references: - Journal: Alkureishi LW, Ross GL, MacDonald DG, Shoaib T, Gray H, Rob-

ertson G, Soutar DS. Sentinel node in head and neck cancer: use of size criterion to upstage the no neck in head and neck squamous cell carcinoma. Head Neck. 2007;29(2):95-103.

- Book: Carvalho MB. Tratado de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrino-laringologia. Rio de Janeiro: Atheneu; 2001.

- Chapter of a book: Barroso FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástri-cas e duodenais. In: Barroso FL, Vieira OM, editores. Abdome agudo não trau-mático - Novas propostas. 1ª ed. Rio de Janeiro: Robe Editora; 1995. p. 201-220.

- Thesis and monograph: Barros APB. Efetividade da comunicação oral, qualidade de vida e depressão pós-faringolaringectomia e laringectomia total. [Dissertation]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2002.

- Electronic material: Article: Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg

Infect Dis [serial on the Internet]. 1995 Jan/Mar [cited 1996, Jun 5]; 1(1):[24 screens]. Available from: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm.

Computer file: Hemodynamics III: The ups and downs of hemodynamics [computer program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerized Educational Sys-tems; 1993.

Monograph in electronic format: CDI, Clinical dermatology illustrated [CD-ROM]. Reeves JRT, Maibach H. CMEA Multimedia Group, producers. 2nd ed. Version 2.0 San Diego: CMEA; 1965.

Tables. Tables must be placed on separate pages, just after the References, and must be numbered consecutively in the order in which they are cited in the text. Each table must have a concise title placed above it, and abbreviations used in the table must be defined as footnotes.

Figures. Figures must be numbered consecutively starting with the first cita-tion in the text. A list of figure legends must be placed on a separate page just after the tables. Each figure must have a legend appearing below it. All figures will be printed in black and white, unless selected for color reproduction by the Editor or there is a request for this from the authors. Figures in color are encouraged, but the authors will be responsible for the expenses relating to color reproduction if they are the party requesting this. The figures may appear on the Journal’s web-site without additional cost. If it is desired to reproduce figures that have already been published, the source must be acknowledged and the authors must forward a copy of the owner’s written authorization of this reproduction. Photographs in-volving human beings must give due regard to the individual’s privacy. Otherwise, the authors must provide written authorization from the patient or from the person responsible for this patient. Figures must be submitted in electronic format, as TIF or JPEG files. The figures must be sent separately in the electronic submis-sion. All figures must be referred to in the text and be numbered consecutively in Arabic numerals. Each figure must be accompanied by a descriptive legend that is placed after the references.

General instructions for on-line submission of manuscripts using the Manager Publication System (MPS)All the submission process should be done through the internet address http://www.sgponline.com.br/rbccp/sgp/which gives access to our Manager Pu-blication System (MPS), where the submission of the article is done by the au-thors and the evaluation process is done by the reviewers of our editorial board in a process where the names of the authors are not displayed in any instance. When linked the system will ask for your user name and password in case you have already registered. On the contrary click on the link “Want to Register” and make your registration. In case you have forgotten your password, click on the appropriate link and the system will generate an automatic e-mail with the information. The author or authors should keep a copy of all submitted material for publication as the editor can not be held responsible for any lost material.The submission is an eight steps process as listed bellow: 1st Informing article classification (Original articles, Literature review articles, Update articles, Case report articles)2nd Sending images for your article 3rd Registering co-authors 4th Informing title and key-words 5th Informing Abstract and comments 6th Preparing Manuscript 7th Filling, signing and sending Copyright and Conflicts of Interest forms8th Author approval After submission, the system offers the option of saving a copy of your manuscript in PDF format for your control.

The journal strongly recommends that the authors submit their electronic manus-cripts written in Microsoft Word or Word Perfect. In the “Preparing Manuscript” step a screen that simulates the word processor will be displayed, where it is possible to “copy and paste”, including tables. Rules for images and graphs are descried below.

Step-by-step on-line submission1st Step: Informing article classification Chose one from the three options: Original Article, Revision Article, Update Article or Case Report. 2nd step: Sending images for your article Images must be in JPG format. If your images need format changing access the section DOWNLOADS in SGP (Manager Publication System) on http://www.sgponline.com.br/rbccp/sgp/naveg/downloads.asp and download some freeware programs offered for image edition (password is required). The system accepts groups of five images at a time. In order to submit more than five images, click on “Send more images”. Soon after that it will be displayed miniatures of the images where there is an icon which must be clicked to edit the title and legend of each submitted image.3rd Step: Registering co-authors Register each author informing his/her full name, function and position; CPF number (for Brazilians) or any ID (in case of a foreigner) could be send later on. Co-authors sequence can be easily changed using the “arrows” displayed on the screen. 4th Step: Informing title and key-words Inform the manuscript title and keyword in your native language and in English, using from 2 to 6 related words. (THESE WORDS MUST BE PART OF DECS AND MESH), which can be found on MPS (Manager Publication System)on all of the screens. 5th Step: Informing Abstract and comments Abstract/Abstract must have 250 words at its maximum. The author should fill the following fields: Institution, Name and Mail Address, Financial Support (any other information on concessions or other type of financial support), and Letter to the Editor (optional). Important: The limit accepted by the on-line submission system for the summaries in native language and English is 250 words. The exceeding words will be automatically cut off by the system.6th Step: Preparing manuscript In this screen a Word simulator is displayed having all format text function nee-ded. In order to insert your text in this field, select your text and tables and copy and paste it on “Preparing Manuscript” field; Images should have already been sent on the 2nd step and they will be inserted automatically at the end of the work. Important: never fill these fields with the names of the authors, co-authors or any other information that can identify where the work was done. This is because the reviewer should not have access to this information. If this instruction is not follo-wed your work will return to you as OUT OF STANDARD in order to be correct. 7th Step: Filling, signing and sending Copyright and Conflicts of Interest formsIn this step the Copyright and Conflict of Interest terms are displayed, clicking on the appropriate boxes. 8th Step: Author approval This is the last step to complete your manuscript submission. In this step the au-thor will have an option to visualize his work in the system and will also be able to save a PDF version of the newly submitted work. Important: author should click on “ APPROVE MANUSCRIPT” to have it send to the office of the BRAZILIAN HEAD AND NECK SOCIETY Journal for control and confirmation.

DistributionThe Journal is distributed free of charge to all members of the Brazilian Soci-

ety for Head and Neck Surgery and to libraries within the field of healthcare, and is available on subscription.

Instructions for authors

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Editorial

Revista da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço Editorial - Volume 46 (4) – Outubro / Novembro / Dezembro – 2017

A edição da Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço que aqui se apresenta, inaugura o

número representativo ao exercício da gestão da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

durante o biênio 2017-19.

Identificamos algumas necessidades para o fortalecimento do nosso principal e oficial periódico de

divulgação da produção científica nacional. Em tempos de massificação de informações através de mídia

social e necessidade de aumento de visibilidade, é preciso que a Revista da SBCCP seja caracterizada e

consultada como referência de informações atualizadas e, que seja utilizada como meio de comunicação

de todos os Serviços Formadores de Cirurgiões de Cabeça e Pescoço no Brasil. O melhor canal de

divulgação da atividade profissional do especialista deve ser a Revista de sua Sociedade. É a maneira

mais ética e construtiva de valorização do seu trabalho.

Pensando nisso, planejamos a construção de um novo projeto, que ora se inicia, sob a coordenação

e supervisão da diretoria científica da SBCCP e editor da Revista, antenados e comprometidos com o

incentivo para publicação do que está sendo produzido pelo trabalho do cirurgião de cabeça e pescoço no

Brasil e com abertura às parcerias internacionais, especialmente, latino-americanas.

Num país com característica fortemente assistencialista, impulsionada pelas necessidades econômicas,

a produção científica e a troca de informações entre especialistas precisam receber a devida atenção e

estímulo para ser o suporte do aprimoramento dessa assistência médica.

Como órgão oficial de uma das maiores associações de cirurgiões de cabeça e pescoço do mundo,

a nossa Revista necessita ser valorizada pelos sócios, através da contribuição de artigos científicos e

publicação de casos clínicos que representam o potencial de suas atividades profissionais diárias.

No momento em que construirmos um meio de propagação forte, com elevada acreditação nacional

e visibilidade internacional, fortalecemos a especialidade, valorizamos nosso trabalho e teremos o

reconhecimento pessoal merecido.

Luís Eduardo Barbalho de Mello

Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

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Índice

Relato de CasoLinfoma plasmablástico em paciente HIV negativo ........................................................................................... 242Plasmablastic lymphoma in an HIV-negative patientSílvia Miguéis Picado Petrarolha, Samuel Brunini Petrarolha, Nadia Abdul Rahim, Rogério Aparecido Dedivitis

Trombose séptica de seio cavernoso: Um caso raro de origem odontogênica.............................................. 245Septic thrombosis of cavernous sinus: A rare odontogenic caseVinicius Teixeira de Paula Pignatti, Marco Aurélio de Oliveira Marinho, Ari Henrique de Almeida Filho, Julia Prudente Soffner, Thomas Green Morton Gonçalves dos Santos, Aluíso Gonçalves Medeiros, Vinício Araujo de Oliveira

Bócio retroesternal de difícil diagnóstico ........................................................................................................... 248Retrosternal goiter of difficult diagnosisJônatas Catunda de Freitas, Francieudo Justino Rolim, Igor Almeida de Oliveira, Wellington Alves Filho, Luis Alberto Albano Ferreira

Metástase em tireoide por neoplasia maligna de mama .................................................................................. 252Thyroid metastasis from malignant breast neoplasmArthur Paredes Gatti, Juliana Cristina Pacheco, Giulianno Molina de Melo, Marcio Abrahão, Adriana Terumi Shimozono, Olivia Capela Grimaldi Oliveira, Mariana Junqueira Reis Enout, Ramon Nobre Leal Oliva, João Henrique Zanoelli dos Santos, Onivaldo Cervantes, Fernando Walder

Carcinoma basocelular metatípico gigante do escalpe..................................................................................... 256Basal Cell Carcinoma metatypical giant of scalpLucas Salviano de Abreu, Luis Henrique Ferreira de Arruda, Mario Augusto Ferrari de Castro, Rogério Aparecido Dedivitis

Papiloma invertido de seio esfenoidal: relato de caso ...................................................................................... 259Inverted papilloma of the sphenoidal sinus: a case reportBruno Higa Nakao, Juliana Caminha Simões, Juliana Antoniolli Duarte, Eduardo Macoto Kosugi, Luis Carlos Gregorio

Paralisia facial periférica traumática bilateral associada a paralisia unilateral de nervo abducente: relato de caso ........................................................................................................................................................ 263Bilateral traumatic facial paralysis associated a unilateral abducens nerve injury: case reportBruno Higa Nakao, Jose Santos Cruz de Andrade, Andrei Borin, Jose Ricardo Gurgel Testa

Síndrome de Grisel: relato de caso ..................................................................................................................... 266Grisel’s syndrome: a case reportNaura Vasconcelos Alves Neta, Daniel Gurgel Fernandes Távora, Antônio Gilson Monte Aragão Júnior, Marcelo Esmeraldo Holanda, José Wilson Meireles da Trindade

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Linfoma plasmablástico em paciente HIV negativo

Sílvia Miguéis Picado Petrarolha 1 Samuel Brunini Petrarolha 2

Nadia Abdul Rahim 3 Rogério Aparecido Dedivitis 4

1) Residência Médica em Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Cirurgiã de Cabeça e Pescoço do Hospital Ana Costa e da Santa Casa da Misericórdia de Santos, Santos/SP.2) Oftalmologista pela Santa Casa da Misericórdia de Santos. Médico Assistente do Serviço de Oftalmologia do Hospital Ana Costa, Santos/SP.3) Acadêmica de medicina da Universidade Metropolitana de Santos, Santos/SP. Acadêmica de medicina da Universidade Metropolitana de Santos, Santos/SP.4) Livre Docente pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Prof. Titular da Disciplina de Iniciação Científica da Faculdade de Ciências da Saúde

da UNIMES. Livre Docente pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Prof. Titular da Disciplina de Iniciação Científica da Faculdade de Ciências da Saúde da UNIMES.

Artigo recebido em 13/10/2015; aceito para publicação em 22/11/2017; publicado online em 28/12/2017.Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há.

Relato de Caso

Plasmablastic lymphoma in an HIV-negative patient

RESUMO

Introdução: O linfoma plasmablástico (LPB) é o linfoma não-Hodgkin (NHL) mais comumente encontrado na região da cabeça e pescoço. A maioria dos casos é vista em pacientes adultos HIV positivos, sendo extremamente raro em pacientes HIV negativos. A característica mais significativa do LPB é a sua propensão para a cavidade oral. É uma neoplasia agressiva com morte da maioria dos pacientes no primeiro ano de vida. Relato de caso: Paciente de 48 anos, masculino, com queixa de abaulamento em região supraorbitária à esquerda, havia 3 meses. Ao exame oftalmológico, apresentava proptose em olho esquerdo e restrição à abdução e elevação. Acuidade visual em olho esquerdo percepção luminosa. Fundo de olho esquerdo com retina aplicada e palidez de papila. Realizada Tomografia Computadorizada que evidenciou lesão de aproximadamente 8,0 x 7,5 cm, irregular, infiltrativa na projeção dos seios paranasais e cavidade nasal bilateral, com extensão para regiões orbitárias, mais proeminente à esquerda, estendendo-se para os rebordos alveolares das maxilas bilateralmente, em íntimo contato com a dura-máter em região frontal esquerda. Foi indicada biópsia da lesão por Caldwell-Luc (incisão vestibular maxilar superior lateral). O resultado anatomopatológico revelou neoplasia de pequenas células com padrão difuso. Posteriormente, confirmada na imuno-histoquímica compatibilidade com linfoma plasmablástico de seios paranasais. Solicitada sorologia para HIV, que resultou negativa. O paciente foi encaminhado para o Serviço de Hematologia para início de tratamento. Discussão: A origem fisiopatológica do LPB não foi completamente caracterizada, mas a presença do vírus de Epstein-Barr (EBV) tem sido frequentemente documentada em espécimes de biópsia, apoiando um papel na patogênese da doença. Envolvimento ganglionar é incomum, mas é uma característica mais observada em casos HIV negativos. O diagnóstico diferencial de uma lesão em seios da face em expansão inclui processos infecciosos e malignos, sendo o carcinoma espinocelular o mais frequente. A biópsia é essencial para se fazer um diagnóstico definitivo. O tratamento geralmente envolve quimioterapia, com resultados satisfatórios. É importante salientar que este linfoma tem uma importante associação com imunossupressão e HIV, mas é extremamente raro em pacientes sem comorbidades prévias.

Descritores: Linfoma; Soronegatividade para HIV; Neoplasias de Cabeça e Pescoço.

ABSTRACT

Introduction: The plasmablastic lymphoma (PBL) is the non-Hodgkin lymphoma (NHL) most commonly found in the head and neck region. Most cases are seen in HIV-positive adult patients, and are extremely rare in HIV-negative cases. PBL’s most significant characteristic is its propensity to invade the oral cavity. It is an aggressive neoplasia with poor prognosis. Most patients die in the first year following diagnosis. Case Report: 48 year-old male patient, complaining of swelling in the supra-orbital region to the left, for 3 months. Ophthalmological examination revealed proptosis in the left eye and restriction in abduction and elevation, in addition to visual acuity in the left eye with light perception. Fundus examination of the left eye showed retinal detachment and paleness of the papilla. CT revealed an irregular lesion of approximately 8.0x7.5cm, infiltrating to the projection of the paranasal sinuses and bilateral nasal cavity, extending to the orbital region, more prominently to the left, bilaterally extending to the alveolar borders of the maxillae, in close contact with the dura-mater in the frontal left region. A Caldwell-Luc biopsy of the lesion was recommended (upper lateral maxillary vestibular incision). The anatomopathological examination showed small cell neoplasm with a diffuse pattern. Later, immunohystochemistry (IHC) confirmed compatibility with plasmablastic lymphoma of the paranasal sinuses. Serology for HIV showed negative. The patient was directed to the Hematology Service to begin treatment. Discussion: PBL’s physiopathological origin has not yet been clearly defined, but the presence of the Epstein-Barr virus (EBV) has frequently been documented in biopsy specimens, playing a role in the pathogenesis of the disease. Ganglionar involvement is uncommon, but it is a characteristic more observed in HIV-negative cases. The differential diagnosis of an expanding facial sinus lesion includes infectious and malign processes, with squamous cell carcinoma (SCC) being the most frequent. A biopsy is essential to determine the final diagnosis. Treatment usually consists of chemotherapy with satisfactory outcomes. It should be highlighted that this lymphoma has an important association with immune-suppression and HIV, despite being extremely rare in patients with no previous comorbidities.

Key words: Lymphoma; HIV Seronegativity; Head and Neck Neoplasms.

Código 727

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Linfoma plasmablástico em paciente HIV negativo. Petrarolha et al.

INTRODUçãO

Linfoma plasmablástico (LPB) é o linfoma não-Hodgkin (NHL) mais comumente encontrado na região da cabeça e pescoço. A maioria dos casos é vista em pacientes adultos HIV positivo, sendo extremamente raro em pacientes HIV negativos1. A característica mais significativa do LPB é a sua propensão para a cavidade oral. A maioria dos pacientes apresenta lesão bucal primária com ulceração superficial, muitas vezes associada à dor de dente ou abscesso maxilar, com massa crescente como único achado clínico, enquanto outros apresentam sintomas típicos de linfoma B (febre, sudorese noturna, perda de peso)2,3. É uma neoplasia agressiva com morte da maioria dos pacientes no primeiro ano de vida4.

RELATO DO CASO

Paciente de 48 anos, masculino, com queixa de abaulamento em região supraorbitária à esquerda, havia 3 meses. Ao exame de oftalmológico, apresentava proptose em olho esquerdo e restrição à abdução e elevação. À biomicroscopia câmara anterior formada, pupila fotorreagente, cristalino transparente, ausência de reação de câmara anterior, hiperemia conjuntival 2+/4+, com quemose, córnea com ceratite inferior, sem sinais de infecção em olho esquerdo. Acuidade visual em olho direito 20/20 sem correção e em olho esquerdo percepção luminosa. Olho direito com biomicroscopia sem alterações. Fundo de olho esquerdo com retina aplicada e palidez de papila, olho direito, sem alterações. Realizada Tomografia Computadorizada que evidenciou lesão de aproximadamente 8,0 x 7,5 cm, irregular, infiltrativa, na projeção dos seios paranasais e cavidade nasal bilateral, com extensão para regiões orbitárias, mais proeminente à esquerda, estendendo-se para os rebordos alveolares das maxilas bilateralmente, em íntimo contato com a dura-máter em região frontal esquerda. Foi então, indicada biopsia da lesão por Caldwell-Luc (incisão vestibular maxilar superior lateral). O resultado anatomopatológico revelou neoplasia de pequenas células com padrão difuso. Posteriormente, confirmado na imuno-histoquímica compatibilidade com linfoma plasmablástico de seios paranasais. Solicitada sorologia para HIV, que resultou negativa. O paciente foi encaminhado para o Serviço de Hematologia para início de tratamento.

DISCUSSãO

A origem fisiopatológica do LBP não foi completamente caracterizada, mas a presença do vírus de Epstein-Barr (EBV) tem sido frequentemente documentada em espécimes de biópsia, apoiando um papel na patogênese da doença5. Envolvimento ganglionar é incomum, mas é uma característica mais observada em casos HIV negativos. Mieloma das

Figuras 1, 2 e 3. Tomografia computadorizada mostrando lesão de seios paranasais volumosa.

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Linfoma plasmablástico em paciente HIV negativo. Petrarolha et al.

células plasmáticas plasmablasticas e linfoma difuso de grandes células B com diferenciação plasmocítica são diferenciais histológicos para LPB. A citomorfologia e imunofenotipagem de LPB são praticamente idênticas ao do mieloma das células plasmáticas plasmablásticas e, portanto, correlação clínica é necessária para distinguir estas duas entidades. Ausência de proteína monoclonal sérica, sem evidência radiológica de lesões ósseas líticas favorece LPB3. O diagnóstico diferencial de uma lesão em seios da face em expansão inclui processos infecciosos e malignos, sendo o carcinoma espinocelular o mais frequente. Outros diagnósticos diferenciais morfológicos, que podem ser descartados com base na imuno-histoquímica são: linfoma de Burkitt, linfoma linfoblástico, carcinoma pouco diferenciado e melanoma maligno4. A biópsia é essencial para fazer um diagnóstico definitivo. O tratamento geralmente envolve quimioterapia, com resultados satisfatórios. É importante salientar que este linfoma tem uma importante associação com imunossupressão e HIV, mas é extremamente raro em pacientes sem comorbidades prévias5.

REFERêNCIAS

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244 ��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, p. 242-244, Outubro / Novembro / Dezembro 2017

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Trombose séptica de seio cavernoso: Um caso raro de origem odontogênica

Vinicius Teixeira de Paula Pignatti 1 Marco Aurélio de Oliveira Marinho 2

Ari Henrique de Almeida Filho 3 Julia Prudente Soffner 4

Thomas Green Morton Gonçalves dos Santos 1 Aluíso Gonçalves Medeiros 1

Vinício Araujo de Oliveira 4

1) Médico Residente em Cirurgia Plástica da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Médico Residente.2) Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço; Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Médico Adjunto da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.3) Cirurgião Dentista e Bucomaxilofacial da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Cirurgião Bucomaxilofacial da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.4) Acadêmico(a) de Medicina da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Acadêmico(a).

Instituição: Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM - Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço / Cirurgia Plástica / Cirurgia Bucomaxilofacial. Correspondência: Vinicius Teixeira de Paula Pignatti - Rua Barão da Ponte Alta, 237, Apto 5007 - Bairro Abadia - Uberaba / MG - Brasil - CEP 38025-250 – E-mail:Artigo recebido em 25/07/2016; aceito para publicação em 30/05/2017; publicado online em 28/12/2017.Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há.

Relato de Caso

Septic thrombosis of cavernous sinus: A rare odontogenic case

RESUMO

Introdução: A Trombose Séptica do Seio Cavernoso (TSSC) é uma complicação de infecções heterogêneas da região de cabeça e pescoço de etiologia variável, normalmente com desfecho desfavorável, principalmente quando não diagnosticada e tratada com rapidez, tanto clinica quanto cirurgicamente. Objetivo: Relatar um caso atípico de trombose séptica de seio cavernoso. Método: apresentação de quadro clínico de criança de 9 anos de idade com diagnóstico de TSSC tratada no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba MG. Resultados: A paciente apresentou boa evolução após tratamentos cirúrgico e clínico precoces, sem sequelas. Comentários Finais: O diagnóstico precoces e tratamento e adequados foram essenciais para boa resolução do caso.

Descritores: Trombose Venosa; Seio Cavernoso; Extração Dentária.

ABSTRACT

Introduction: Septic Thrombosis of Cavernous Sinus (TSSC) is a complication of heterogeneous infections of the head and neck with variable etiology, usually with unfavorable outcome, especially when not diagnosed and treated quickly, both clinically as surgically. Objective: To report an atypical case of cavernous sinus septic thrombosis. Method: clinical presentation of 9 years old children diagnosed with TSSC treated at the Hospital das Clinicas of Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba MG. Results: The patient had a good outcome after surgical and clinical early treatment, without sequelae. Finnal Comments: Early diagnosis and adequate treatment were essential for good resolution of the case.

Key words: Venous Thrombosis; Cavernous Sinus; Tooth Extraction.

Código 798

INTRODUçãO

A trombose séptica do seio cavernoso (TSSC) é uma complicação de infecções heterogêneas da região de cabeça e pescoço, sendo as principais: sinusites agudas, otites, dacriocistites, infecções cutâneas, cervicais, fúngicas, odontogênicas e pós-operatórias na região maxilofacial. Embora a causa séptica seja a mais comum, a TSSC pode ser consequência de causas tumorais, inflamatórias, fístulas carotidocavernosas e aneurismas1-3.

Antes do advento dos antibióticos, a TSSC determinava índices de mortalidade próximos a 100%; A TSSC possui apresentação clínica bem conhecida, mas ainda constitui um desafio médico por uma série de características. O diagnóstico é dificultado pela semelhança com outras infecções, sendo a celulite orbitária a mais comum. O diagnóstico tardio compromete o prognóstico1,2.

RELATO DE CASO

Relato de caso de A.C.S, criança do sexo feminino, 9 anos de idade, deu entrada no pronto socorro infantil do Hospital das Clínicas da UFTM com história de extração dentária (molar inferior esquerdo) há 8 dias seguida de febre (38,3C), dor, edema de região submandibular esquerda. Após 24 horas, evoluiu com piora neurológica (Glasgow 8), choque séptico refratário, coagulação intravascular disseminada e colestase infecciosa. Foi realizada intubação orotraqueal, seguida de ventilação mecânica sob sedação e uso de drogas vasoativas. A paciente evoluiu com edema periorbital esquerdo, quemose e proptose, além de paralisia do nervo abducente (Figura 1). Iniciada antibioticoterapia empírica com uso de Ceftriaxone e Clindamicina EV. A Tomografia Computadorizada (TC) de crânio do dia da internação mostrou ausência de sinais de meningite, coleção e aumento de partes moles em região perimandibular

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esquerda com coleção líquida heterogênea, limites imprecisos e ausência do segundo molar inferior esquerdo (Figura 2). Hemoculturas negativas. Foi iniciado uso de dexametasona e heparina, substituída doze dias depois por Clexane. Optado por tratamento cirúrgico no quinto dia de internação, com drenagem de abscesso submandibular esquerdo (aproximadamente 60 ml) por via intra e extra-oral, lavagem exaustiva do foco primário com clorexidina aquosa diluída em soro fi siológico.

RESULTADO

A paciente obteve boas evoluções clínica e laboratorial após o tratamento cirúrgico, com melhora progressiva do edema palpebral esquerdo, da proptose e da quemose ipsilateral, sem perda da acuidade visual. Antibióticos foram mantidos por 21 dias. O estudo microbiológico da secreção drenada revela crescimento de Acinetobacter baumanii (sensível a Ceftriaxone), e foi negativa para fungos e BAAR. A alta hospitalar ocorreu após 26 dias de internação. Paciente mantém seguimento ambulatorial sem sequelas neurológicas ou oftalmológicas (Figura 3).

Trombose séptica de seio cavernoso: Um caso raro de origem odontogênica. Pignatti et al.

Figura 1. Edema periorbital, quemose, proptose, além de paralisia do nervo abducente à esquerda.

Figura 2. TC mostrando em (A) Região cervical: edema de partes moles; (B) e (C) abscesso perimandibular esquerdo em cortes coronal e axial, respectivamente.

Figura 3. Movimentação ocular preservada no 35° dia pós-operatório, sem perda de acuidade visual e sem sequela neurológica.

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DISCUSSãO

Em geral a TSSC ocorre secundariamente, como complicação supurativa pré-existente ao nível da órbita ou metade superior da face. Apesar de raro, Dini et al.4, Karlin et al., Palmersheim et al.5 e Taicher et al.6 também relataram casos de TSSC com foco primário odontogênico, porém sem relatar acometimento de molar inferior decíduo, como ocorrido em nosso caso.

A TSSC apresenta características clínicas não específicas (cefaleia, febre, toxemia, prostração, desidratação, náusea, vômito, convulsões, taquicardia). O nível de consciência deteriora-se em estágios avançados da infecção. As correlações anatômicas do seio cavernoso com as demais estruturas explicam a tríade clássica: proptose, quemose e edema palpebral, causados pela obstrução da veia oftálmica4. O seio trombosado comprime as estruturas ao seu redor, podendo acarretar oftalmoplegia, cefaleia retro-orbital, diplopia, midríase (lesão parassimpática do III nervo), miose (lesão simpática, do plexo carotídeo), fotofobia, perda da acuidade visual, diminuição dos reflexos pupilares, sinais de irritação meníngea e meningite6.

Em nossa revisão, vimos que muitos artigos priorizam a antibioticoterapia precoce, e não enfatizam a importância da intervenção cirúrgica simultânea. O ato cirúrgico aborda a topografia do foco primário e a vizinhança, e consiste na incisão e drenagem aberta do mesmo. Além de descomprimir o foco primário e diminuir consideravelmente a população bacteriana, a cirurgia fornece material microbiológico para cultura5. Melhora clínica significativa foi observada após o ato cirúrgico.

Antibioticoterapia endovenosa empírica em altas doses deve ser iniciada precocemente, em uma combinação de antibióticos que cubram Gram positivos, Gram negativos e anaeróbios7. A administração de corticoides e de diuréticos pode ser útil com o intuito de reduzir a inflamação e o edema em casos de hipertensão craniana, já que o aumento da pressão intracraniana aumenta a mortalidade8. O uso de heparina pode parecer intuitivo, porém é controverso, principalmente por não haver grandes estudo prospectivos em patologias raras como a TSSC4.

A cegueira foi relatada em aproximadamente 8% dos casos, e é decorrente da oclusão da artéria central da retina ou de lesões da córnea4,9. Cerca de 50% dos que sobrevivem apresentam lesões residuais de nervos cranianos, mais comumente dos nervos abducente e oculomotor4,9. Nossa paciente em questão restabeleceu-se integralmente da oftalmoplegia.

Quanto ao diagnóstico diferencial, a condição mais confundida com a trombose séptica do seio cavernoso é a celulite orbital, que tem sinais e sintomas semelhantes, porém unilaterais. O envolvimento bilateral ou unilateral com rápido comprometimento contra lateral favorece o diagnóstico de trombose. Contudo, a antibioticoterapia é essencialmente a mesma e deve ser iniciada precocemente, via endovenosa10.

CONCLUSãO

Diante da suspeição clínica de TSSC, dentro de uma variedade de diagnósticos diferenciais, exige-se tratamento com antibioticoterapia empírica EV iniciada o quanto antes, considerando principalmente a gravidade do quadro e os altos índices de mortalidade quando da sua não instituição. Ainda, não podemos postergar tratamento cirúrgico agressivo como forma complementar à antibioticoterapia, também a ser realizada em tempo precoce. Ambas as medidas contribuem inequivocamente para a recuperação do paciente, permitindo inclusive boa evolução clínica livre das sequelas relatadas pela maioria dos autores na literatura médica.

REFERêNCIAS:

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Trombose séptica de seio cavernoso: Um caso raro de origem odontogênica. Pignatti et al.

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Bócio retroesternal de difícil diagnóstico

Jônatas Catunda de Freitas 1 Francieudo Justino Rolim 1

Igor Almeida de Oliveira 2 Wellington Alves Filho 3

Luis Alberto Albano Ferreira 4

1) Cirurgião Geral. Residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Universitário Walter Cantídio.2) Acadêmico de medicina da Universidade Federal do Ceará. Membro da Liga de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.3) Doutorando em Clínica Cirúrgica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Membro do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade Federal do Ceará.4) Cirurgião de Cabeça e Pescoço. Membro do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade Federal do Ceará.

Instituição: Universidade Federal do Ceará. Fortaleza / CE - Brasil.

Correspondência: Igor Almeida de Oliveira - Rua Cento e Onze, 152 - Fortaleza / CE - Brasil - CEP: 60744-490 - E-mail: [email protected] recebido em 24/05/2017; aceito para publicação em 06/07/017; publicado online em 28/12/2017.Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há.

Relato de Caso

Retrosternal goiter of difficult diagnosis

RESUMO

Paciente do sexo feminino, 65, saudável e assintomática que apresentou aumento de volume da tireoide. Sem sintomas compressivos e sem desvio da traqueia na radiografia; além da possibilidade de palpação da tireoide acima da fúrcula esternal, o que afastou, inicialmente, a possibilidade de bócio retroesternal e justificou a não indicação de TC. A tireoidectomia foi indicada pelo tamanho de um nódulo no lobo esquerdo, diagnosticado via USG. Durante a cirurgia, foi constatada a presença de um componente mergulhante e com plano de clivagem entre a porção cervical e torácica. Foi necessário um segundo procedimento para a extirpação completa da tireoide.

Descritores: Bócio Subesternal; Bócio; Bócio Subesternal.

ABSTRACT

Female patient, 65, healthy and asymptomatic, presented with increased thyroid gland volume. There were no compressive symptoms nor trachea deviation on the X-ray, which initially withdrew retrosternal goiter as a diagnosis and justified not indicating CT. Thyroidectomy was indicated by the size of a nodule on the left lobe, diagnosed by sonogram. During surgery, it was noted the presence of a plunging component, with a cleavage plan between cervical and thoracic portions. A second procedure was needed for complete eradication of the thyroid gland.

Key words: Goiter, Substernal; Goiter; Goiter, Substernal.

INTRODUçãO

Descrito pela primeira vez em 1749, o bócio mergulhante (BM) pode ser definido como um aumento da glândula tireoide no tamanho, peso e volume que invada a cavidade torácica total ou parcialmente.1,2 Tal afecção pode ser constatada por imagens radiográficas, apesar de haver diferenças de localização da glândula entre a posição cirúrgica e a posição adotada para os procedimentos de imagem.3 Geralmente assintomático¹, os sintomas aparecem como consequências diretas do efeito compressivo da glândula aumentada sobre estruturas adjacentes ou em decorrência do hipertireoidismo. Queixas comuns incluem disfagia, disfonia, dispneia, tosse e desconforto na forma de sensação de peso pela massa glandular volumosa na região cervical.4

A suspeita de bócio mergulhante surge quando não é possível palpar o limite inferior da tireoide na fúrcula esternal, quando há desvio traqueal ou redução do

calibre na radiografia de tórax ou em exames de imagem pré-operatórios. Relatamos o caso de uma paciente de 65 anos cujo bócio mergulhante só foi descoberto no intraoperatório.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 65 anos, assintomática e saudável, realizou ultrassonografia cervical por conta própria que revelou bócio multinodular mais evidente à esquerda, nódulo misto de 4,3 cm e um nódulo sólido e isoecoico de 3,4 cm em lobo esquerdo; e nódulos isoecoicos de 2,3cm, 1,7cm e 0,85 cm em lobo direito, com volume tireoideano total de 21,8 cm³. Procurou um cirurgião de cabeça e pescoço que indicou tireoidectomia total. Devido à baixa suspeição dos nódulos, não realizou PAAF. Função tireoideana normal. Era possível palpar a tireoide acima da fúrcula e não havia qualquer desvio traqueal na radiografia de tórax (Figura 1), além de não haver sintomas compressivos. Durante a cirurgia, após

Código 854

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ligadura do pedículo superior esquerdo da tireoide, não foi possível luxar o lobo esquerdo devido o lobo ser muito profundo (mergulhante). Como não havia exames de imagem para avaliar a extensão da lesão ou cirurgião torácico presente no momento, a cirurgia foi interrompida.

A paciente realizou tomografia de pescoço e tórax e foi encaminhada ao Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) para abordagem em conjunto com a cirurgia torácica. A tomografia mostrava tireoide difusamente aumentada, heterogênea devidos múltiplos nódulos e com extensão do lobo esquerdo pelo mediastino posterior até altura da carina traqueal (Figura 2), sem sinais de invasão de estruturas adjacentes.

Após um mês da primeira cirurgia a paciente foi submetida à tireoidectomia total no Huwc, com cirurgião torácico em sala para possível esternotomia. A lobectomia do lobo direito foi realizada sem intercorrências. Ao abordar o lobo esquerdo foi detectado que havia plano de clivagem entre o polo inferior do lobo esquerdo e a porção mergulhante, que foi ressecada separadamente. A tireoidectomia foi realizada, inicialmente,com identificação e preservação dos dois nervos laríngeo recorrentes, e em seguida iniciado tração da massa mergulhante que pôde ser removida pelo pescoço sem dificuldades (Figura 3). Nos momentos finais da ressecção houve lesão iatrogênica do nervo laríngeo recorrente esquerdo.

Bócio retroesternal de difícil diagnóstico. Freitas et al.

Figura 1. Radiografia de tórax pré-operatória - Ausência de

desvio traqueal.

Figura 2. Tomografia de tórax com contraste - A e B - cortes coronais evidenciando extensão do lobo esquerdo pelo mediastino posterior até altura da carina traqueal. C - corte sagital. D - corte axial.

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Paciente evoluiu bem, recebeu alta no segundo dia do pós-operatório sem sinais de hipoparatireoidismo ou disfonia, apesar da lesão do nervo. A laringoscopia pós-operatória mostrou paralisia paramediana de prega vocal esquerda. O histopatológico revelou bócio coloide adenomatoide.

DISCUSSãO

A maioria dos bócios presentes na cavidade torácica(retroesternais) são bócios mergulhantes, isto é, extensões descendentes de bócios cervicais e que representam 1% de todos os tipos de bócio.5 De modo geral, os bócios retroesternais são classificados em primário, quando originados de uma tireoide ectópica - são extremamente raros5 -, e secundário, que são os bócios mergulhantes.6,7 Ambos podem causar insuficiência respiratória aguda e síndrome da veia cava superior, além dos sintomas clássicos como disfagia e disfonia.4,6,8

Ainda não se estabeleceu a fisiopatogenia do bócio mergulhante, assim como também não são conhecidos os mecanismos que levam à invasão da cavidade torácica pela tireoide. Usualmente, a função da glândula se encontra normal.5 Para fins diagnósticos do BM, além da avaliação hormonal, inclui-se avaliação clínica, ultrassonografia (USG), tireograma, radiografia de tórax, tomografia computadorizada (TC) e ressonância nuclear magnética (RNM).4,7,9 A TC é considerada um dos melhores exames para diagnóstico e planejamento pré-operatório por permitir melhor análise das estruturas adjacentes.4,7Segundo o guideline de 2015 da Associação Americana de Tireoide, a indicação de TC de tórax é recomendada quando não é possível delimitar a borda inferior da tireoide na altura da fúrcula ou quando há suspeita clínica de doença avançada, seja por carcinoma papilífero agressivo, múltiplas metástases linfonodais ou uma metástase linfonodal volumosa.9 No caso apresentado, a paciente não apresentava nem suspeita de BM nem indicações de TC de tórax. Contudo, a

dificuldade de diagnóstico até o momento da cirurgia demonstra a importância da TC para casos afins.4,7

No que diz respeito ao tratamento do bócio mergulhante, é praticamente unânime a indicação cirúrgica para pacientes adultos jovens, hígidos e sintomáticos; tanto por causa dos sintomas quanto pelo risco de malignidade. Há controvérsia, no entanto, quanto à necessidade da cirurgia para o tratamento de BM para pacientes de idade mais elevada e assintomáticos. Nesses casos, almeja-se a manutenção da qualidade de vida do indivíduo, apesar de alguns autores defenderem a indicação cirúrgica para todos os casos de BM, independentemente de outros fatores.6,7,10,11 Conquanto, o tratamento por meio da retirada cirúrgica da tireoide permanece como padrão ouro para maioria dos autores11,12,14, uma vez que não há outros tratamentos eficazes disponíveis além da cirurgia e esta é a única maneira de se obter a cura.10,11 De modo geral, é aceito o aconselhamento cirúrgico para bócios sintomáticos ou grandes, contudo não se deve excluir a indicação para os assintomáticos, pois eles não são isentos de riscos. Influi também nesta indicação a probabilidade de até 20% de se encontrar lesões malignas em pacientes assintomáticos.5,11,14 Ademais, adiciona-se o procedimento ser considerado seguro, com poucas complicações e baixa recidiva, de modo que a cirurgia é o tratamento de escolha para o bócio mergulhante com ou sem sintomas clínicos aparentes.2,5,11,14

É notável o fato de que a maioria dos bócios mergulhantes podem ser extirpados apenas por meio de uma incisão em colar numa abordagem cervical; mais de 80% dos BM são removidos dessa forma.2,6,10,11 Os resultados são relativamente semelhantes às de uma tireoidectomia estritamente cervical, apesar de haver maiores taxas de lesões do nervo laríngeo recorrente, além de um índice de mortalidade ligeiramente maior.12Todavia, a abordagem cervical, apesar de majoritária, pode não ser suficiente. A esternotomia é indicada de princípio se houver risco de malignidade com invasão de estruturas torácicas, envolvimento do mediastino posterior, obstrução súbita das vias aéreas, presença de mais de 70% da glândula dentro da cavidade torácica ou quando não for possível a remoção segura numa abordagem cervical.2,11,13 No caso relatado, foi o que ocorreu durante a primeira cirurgia, pois não havia como avaliar a extensão da lesão após a constatação de um componente mergulhante no intraoperatório e consequentemente a impossibilidade de remoção segura no local. Derrogou-se, então, a operação e a paciente foi encaminhada para tentativa posterior em outro serviço.

Por fim, no caso relatado, a constatação da existência de um plano de clivagem entre o polo inferior do lobo esquerdo e a porção mergulhante da tireoide abre uma discussão para a possibilidade de haver um “forgotten goiter”. Este ocorre quando a porção mergulhante da tireoide é excessivamente separada da parte cervical ou até mesmo oriunda de uma tireoide ectópica, de modo que possa haver uma tireoidectomia

Bócio retroesternal de difícil diagnóstico. Freitas et al.

Figura 3. Intraoperatório - A - porção mergulhante sendo removida. B - peça cirúrgica.

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apenas da porção cervical e o “esquecimento” da parte retroesternal. Dessa forma, pode haver uma hipertrofia compensatória da porção remanescente e os níveis hormonais permanecerem semelhantes aos valores pré-operatórios, além do surgimento de sintomas devido ao aumento do volume. Faz-se necessário, em regra, nova abordagem cirúrgica para remoção da massa torácica.15,16

CONCLUSãO

O relato apresentado, em comparação com as recomendações médicas aceitas atualmente, põe em evidência a discussão para a possibilidade de haver bócio retroesternal mesmo em situações improváveis, como nesta resenha, em que era possível a palpação da tireoide acima da fúrcula esternal, além de não haver desvio da traqueia na radiografia simples e nem sintomas compressivos. Reforçamos o tratamento cirúrgico com abordagem cervical como melhor opção de tratamento, apesar de cada caso merecer uma análise individual para o melhor procedimento.

REFERêNCIAS

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Bócio retroesternal de difícil diagnóstico. Freitas et al.

Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, p. 248-251, Outubro / Novembro / Dezembro 2017 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––251

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Metástase em tireoide por neoplasia maligna de mama

Arthur Paredes Gatti 1 Juliana Cristina Pacheco 2

Giulianno Molina de Melo 3 Marcio Abrahão 4

Adriana Terumi Shimozono 5 Olivia Capela Grimaldi Oliveira 6 Mariana Junqueira Reis Enout 7

Ramon Nobre Leal Oliva 7 João Henrique Zanoelli dos Santos 7

Onivaldo Cervantes 8 Fernando Walder 9

1) Residência Médica em Cirurgia Geral. Residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço – UNIFESP.2) Título de Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Médica assistente na Universidade Federal de São Paulo.3) Doutor em Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Médico assistente na Universidade Federal de São Paulo.4) Doutor em Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Chefe do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoçoda Universidade Federal de São Paulo.5) Residência Médica em Cirurgia Geral. Residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço – UNIFESP.6 ) Título de Especialista em Patologia Cirúrgica. Médica Assistente em Patologia na Universidade Federal de São Paulo.7) Título de Especialista em Otorrinolaringologia. Especialização em Cirurgia de Cabeça e Pescoço – UNIFESP.8) Livre Docência (Chefe da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade Federal de São Paulo)9) Doutor em Cirurgia de Cabeça e Pescoço (Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço)

Instituição: Universidade Federal de São Paulo.Correspondência: Rua Coronel Lisboa, 958 - Bairro Vila Clementino - São Paulo / SP – Brasil - CEP 04020-040Artigo recebido em 26/06/2017; aceito para publicação em 06/07/017; publicado online em 28/12/2017.Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há.

Relato de Caso

Thyroid metastasis from malignant breast neoplasm

RESUMO

Introdução: O câncer de mama encontra-se entre as principais causas de morte no sexo feminino no mundo. A apresentação desta neoplasia muitas vezes se dá através do acometimento metastático à distância. Sua disseminação em órgão de sítio raro gera um atraso no diagnóstico e conduta, levando muitas vezes ao tratamento inadequado ou mesmo ao óbito. A metástase do câncer de mama em tireoide, segundo a literatura, é extremamente rara, porém percebe-se um viés por conta do subdiagnóstico que esta doença possui, podendo não ser tão incomum como se imagina. Relato de Caso: Paciente feminina, 53 anos, apresentando antecedente há 9 anos de câncer de mama, iniciou quadro de disfonia progressiva. Após exaustiva investigação através de exames clínicos, laboratoriais e imagem, evidenciou-se 4 nódulos tireoideanos, classificados inicialmente como Bethesda V através da PAAF. Após a tireoidectomia total, o serviço de patologia, através do estudo citológico e imunoistoquímico concluiu se tratar de metástase mamária. Discussão: Os raros relatos na literatura citam a tireoide como sítio incomum de metástase mamária, porém análises post mortem revelam um número maior que o esperado desta apresentação. A tendência à cirurgia de tireoidectomia total seguiu-se nos estudos levantados, independentemente da adjuvância, devido à necessidade de investigação da peça anatômica. Não houve relevância na evolução metastática após tratamento da neoplasia primária, todavia a investigação minuciosa do paciente levou ao diagnóstico precoce e melhor desfecho. Conclusão: O médico tem como obrigação a investigação criteriosa através da anamnese e exame físico para levantar a hipótese de disseminação neoplásica, independentemente da raridade que alguns cânceres apontam, uma vez que estes podem ser assim relatados não pela real raridade, mas por serem subdiagnosticados.

Descritores: Glândula Tireoide; Neoplasias da Mama; Metástase Neoplásica.

ABSTRACT

Introduction: Breast cancer is among the leading causes of women’s death worldwide. The presentation of this neoplasm often occurs through distant metastatic involvement. Its spread in a rare organ causes a delay in diagnosis and conduct, often leading to inadequate treatment or even death. The metastasis of breast cancer in thyroid, according to the literature, is extremely rare, but it is perceived a bias because of the under diagnosis that this disease has, and may not be as unusual as imagine. Case Report: A 53-year-old female patient, presenting a 9-year history of breast cancer, started a progressive dysphonia. After exhaustive investigation through clinical, laboratory and imaging studies, four thyroid nodules were identified, initially classified as Bethesda V through FNA. After total thyroidectomy, the pathology service, through the cytological and immunohistochemical study, concluded that it was a mammary metastasis. Discussion: The rare reports in the literature mention the thyroid as an unusual site of mammary metastasis, but post mortem analyzes reveal a higher number than expected from this presentation. The trend to total thyroidectomy surgery was followed in the studies, regardless of adjuvant, due to the need for investigation of the tissue. There was no relevance in the metastatic evolution after treatment of the primary neoplasia, however the patient’s detailed investigation led to the early diagnosis and better outcome. Conclusion: The physician is obliged to investigate carefully through anamnesis and physical examination to raise the hypothesis of neoplastic dissemination, regardless of the rarity that some cancers point to, since these can be reported not because of the real rarity but because they are underdiagnosed.

Key words: Thyroid Gland; Neoplasm Metastasis; Breast Neoplasms.

Código 885

252 ��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, p. 252-255, Outubro / Novembro / Dezembro 2017

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INTRODUçãO

Segundo a American Cancer Society, estima-se que em 2017 sejam diagnosticados cerca de 252.710 novos casos de câncer de mama em mulheres somente nos EUA, além de ser a 2ª causa de morte feminina neste país¹. No Brasil, devido a subnotificação de casos e acesso primário à saúde, este número é de 57.960 em 2016, porém mantendo como 1ª causa de morte feminina em 2014².

Todavia, neoplasias malignas de mama podem se estender além de seu sítio primário, produzindo metástases principalmente para osso, pulmão e cérebro. De acordo com a literatura, acometimento de outros órgãos por esses tumores são raros, sendo apenas quatro o número de casos citados acometendo a glândula tireoide, sem que em nenhum tenha sido estudado especificamente a correlação entre sítio primário e leito metastático.

Devido a sua raridade, bem como sua apresentação que se assemelha à outras patologias nodulares deste órgão, a doença pode ser subdiagnosticada ou conduzida de forma equivocada, postergando o tratamento ideal para uma metástase de câncer mamário.

Apresentamos o caso de uma paciente que iniciou sua investigação como suspeita de uma patologia intrínseca da tireoide onde foi evidenciada metástase de câncer de mama 9 anos após o término do tratamento do sítio primário.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 53 anos, com queixa de disfonia progressiva há 4 meses, sem outros sintomas associados como dor, dispneia ou disfagia. Possuía como antecedente adenocarcinoma de mama há 9 anos, tratado com mastectomia radical esquerda, seguida de cirurgia plástica reconstrutiva, e adjuvância com quimioterapia, radioterapia e tamoxifeno por 5 anos, sob seguimento há 8 anos, considerada em remissão da doença.

Ao exame inicial, paciente não apresentava alterações evidentes. Realizado nasofibroscopia evidenciando paralisia de prega vocal esquerda e Videolaringoestroboscopia corroborando com exame prévio, adicionando cordite de prega vocal direita. Fora submetida à endoscopia digestiva alta evidenciando somente gastrite moderada. À ultrassonografia cervical fora notado 3 nódulos no lobo tireoideano direito (10x5mm; 7x4mm; 11x5mm) e um à esquerda (2,3x1,9mm). Realizado Punção Aspirativa com Agulha Fina (PAAF) de 2 nódulos à direita, que evidenciou células epiteliais atípicas, sugestivas de carcinoma papilífero de tireoide, classificado como Bethesda V.

A análise bioquímica revelou níveis normais de calcemia e função tireoideana. Submetida à ressonância nuclear magnética de crânio e pescoço, evidenciou-se nódulo com hipossinal em T1/T2 periférico cerebelar direito (de origem possivelmente secundária) e área heterogênea de descontinuidade em prega vocal esquerda.

Equipe optou pela tireoidectomia total, com monitorização eletrofisiológica intraoperatória dos nervos laríngeos e vago, bilateralmente, associada à laringoscopia de suspensão diagnóstica no mesmo tempo operatório. Durante o procedimento, a glândula tireoide encontrava-se com dimensões preservadas, nódulos endurecidos bilaterais de até 1,0 cm no maior diâmetro, sem sinais de infiltração macroscópica de cápsula ou de tecidos extratireoidianos. À monitorização

Metástase em tireoide por neoplasia maligna de mama. Gatti et al.

Figura 1. Punção aspirativa de metástase mamária em glândula tireoide.

Figura 2. Êmbolos neoplásicos com difusa infiltração.

eletrofisiológica do nervo vago à esquerda, não apresentou resposta durante todo o ato operatório, desde estímulo inicial. Os nervos laríngeo inferior, superior e vago, contralaterais, apresentaram latências e amplitudes fisiológicas, preservadas. À laringoscopia de suspensão, não foram evidenciadas lesões estruturais suspeitas nas pregas vocais bilateralmente.

A análise anatomopatológica e imuno-histoquímica, através de biomarcadores (receptor estrogênico, GATA-3, PAX8, TTF-1 e Tireoglobulina) permitiram o diagnóstico de carcinoma pouco diferenciado e êmbolos linfáticos neoplásicos metastáticos de origem mamária.

Paciente foi então submetida à reestadiamento oncológico, sendo submetida à avaliação ginecológica, mamografia e histeroscopia com biópsia sem sinais de neoplasia primária

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Metástase em tireoide por neoplasia maligna de mama. Gatti et al.

de origem mamária ou ginecológica. Submetida à PET/TC de corpo inteiro que revelou hipermetabolismo glicótico de leve/moderada intensidade em múltiplos linfonodos na cadeia cervical e torácica que podem ter acometimento neoplásico secundário em atividade.

Atualmente, paciente encontra-se em seguimento oncológico multidisciplinar, envolvendo equipes de Oncologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurocirurgia, Ginecologia e Mastologia e Fonoaudiologia, que concluiu, além da paciente ser portadora de metástase de câncer de mama para glândula tireoide, há também envolvimento de cerebelo e linfonodos cervicais e torácicos, após 9 anos de tratamento, sem sinais de recidiva ou novo tumor primário, mantendo disfonia estável, em programação de quimioterapia.

DISCUSSãO

A suspeita de uma metástase na tireoide não é a primeira linha de raciocínio do médico frente a um nódulo neste órgão, devido a sua baixa incidência. Todavia, é necessária maior atenção quando outros fatores são associados, como presença de sintomas (alterações de voz, respiratórias e relacionadas ao trato digestivo superior) e, principalmente, antecedentes pessoais de doenças oncológicas.

Através da análise booleana na literatura envolvendo “Thyroid “ AND/OR “Metastasis “ AND/OR “Breast Cancer “, somente 4 artigos descreviam em algum momento o achado de metástase tireoideana do câncer de mama.

Nos raros relatos na literatura, alguns autores apontam que, embora tal achado sugira um prognóstico reservado, terapias clinicocirúrgicas agressivas ainda podem ser benéficas para alguns pacientes³. Outros estudos que avaliaram cadáveres

sabidamente possuindo metástase em tireoide de tumores primários desconhecidos evidenciaram em análise post mortem um maior índice de neoplasia mamária neste órgão4.

Como consenso, pode-se afirmar que há uma tendência na realização da tireoidectomia com finalidade terapêutica quando indicado o procedimento cirúrgico, associado ou não com adjuvância. Em nosso serviço foi optado pela conduta cirúrgica, seguida de quimioterapia adjuvante, após confirmação diagnóstica de neoplasia de mama5.

A resposta do tratamento da neoplasia primária não demonstrou relevância na evolução da metástase tireoideana, não havendo, porém, estudos específicos que correlacionem tais elementos frente ao prognóstico e desfecho3,4.

É fundamental a confirmação através do adequado estudo citopatológico e, quando necessário, investigação imunoistoquímica com marcadores biomoleculares dos nódulos classificados através do sistema Bethesda IV e V para confirmação da hipótese diagnóstica e adequada condução do caso. Além disso, uma vez que tal entidade seja de rara apresentação, o exame clínico adequado e anamnese são práticas indispensáveis para a suspeita inicial do nódulo que poderá levar ao diagnóstico de metástase em tireoide, devendo ser individualizado o caso para a conduta definitiva visando o melhor desfecho ao paciente.

CONCLUSãO

Tumores subdiagnosticados geram um atraso vital para a correta condução oncológica dos pacientes. Apesar da raridade de algumas metástases, como a relatada neste trabalho, é fundamental o conhecimento global dos achados físicos mediante uma anamnese adequada. Uma análise

Figura 3. Imunoistoquímica: A) Receptor Estrogênico; B) GATA-3; C) PAX-8; D) TTF-1; E) Tireoglobulina.

254 ��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, p. 252-255, Outubro / Novembro / Dezembro 2017

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detalhada por uma equipe de patologistas treinada permite um tratamento assertivo quando se depara com um nódulo tireoideano. Somente através da individualização do paciente e aprofundamento do estudo do mesmo é possível desempenhar o correto tratamento.

REFERêNCIAS

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Metástase em tireoide por neoplasia maligna de mama. Gatti et al.

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Código 894

Carcinoma basocelular metatípico gigante do escalpe

Lucas Salviano de Abreu 1 Luis Henrique Ferreira de Arruda 1 Mario Augusto Ferrari de Castro 3

Rogério Aparecido Dedivitis 4

1) Acadêmico de Medicina pela Universidade Metropolitana de Santos. Acadêmico.2) Doutorado. Cirurgião Assistente.3) Livre docência. Professor Livre Docente do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da USP.

Instituição: Faculdade das Ciências da Saúde da Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES), Santos/SP.Correspondência: Rogério Aparecido Dedivitis - Av. Conselheiro Nébias 444 – Santos / SP – Brasil - CEP: 11015-001 – Telefone/Fax.: (+55 13) 3221-1514 - E-mail: [email protected] Artigo recebido em 09/07/2017; aceito para publicação em 11/07/2017; publicado online em 28/12/2017.Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há.

Relato de Caso

Basal Cell Carcinoma metatypical giant of scalp

RESUMO

Dos cânceres de pele o mais comum é o carcinoma basocelular (CBC). Relatamos um caso de lesão ulcerativa crônica progressiva em região occipital com evolução de 12 anos. A biópsia evidenciou um carcinoma basocelular metatípico de escalpe da região occipital. A ressonância nuclear magnética revelou infiltração óssea craniana. Foi realizada ressecção completa da lesão com margens oncológicas com craniotomia da região infiltrada pelo tumor. A reconstrução foi feita por meio de cranioplastia com prótese de titânio e para fechamento do defeito de couro cabeludo realizou-se rotação de retalho frontal, para cobrir o defeito cutâneo remanesceste foi utilizado enxerto de pele parcial dorsal.

Descritores: Neoplasias Cutâneas; Carcinoma Basocelular; Retalhos Cirúrgicos.

ABSTRACT

From all kinds of skin cancer, the most common is the Basal cell Carcinoma (BCC). We are reportting a case of progressive chronic ulcerative lesion in occipital region with twelve years of development. The biopsy revealed a giant metatypical basal cell carcinoma of scalp from the occipital region. The nuclear magnetic resonance revealed cranial bone infiltration. A Complete lesion resection was performed with oncological margins and craniotomy in the region infiltrated by the tumor . The reconstruction was made by using titanium prosthesis cranioplasty and scalp defect closure took place front flap rotation, to cover the remaining cutaneous defect a dorsal partial skin graft was used.

Key words: Skin Neoplasms; Carcinoma, Basal Cell; Skin Transplantation.

INTRODUçãO

O carcinoma basocelular da pele é considerado o tumor mais frequente da população, representando um grupo heterogêneo de tumores com apresentação clínica e morfológica extremamente diversa1. Baseado em seu comportamento biológico é possível diferenciar subtipos indolentes (superficial e nodular) de subtipos agressivos (infiltrativo, micronodular e metatípico) entre os carcinomas de células basais. O carcinoma metatípico de células basais (CMCB) representa aproximadamente 5% de todos os cânceres de pele não-melanoma, com características variando entre o espectro de carcinoma de células basais e carcinoma de células escamosas, sendo descrito como a coexistência de ambos os subtipos de carcinoma sem evidência de zona transicional entre eles2.Um estudo retrospectivo de 312 casos de pacientes com diagnóstico de CMCB no escalpe e na face evidenciou a apresentação desses casos com idade média de 75.8

anos com predominância no sexo masculino (65%) e maior relação dos carcinomas de face com o gênero feminino e escalpe no gênero masculino (73 casos em 107 ou 68.2% dos casos), tendo sido encontrado um comportamento biológico mais agressivo no subtipo intermediário2.A apresentação clínica de carcinoma basocelular com um diâmetro maior que 5 centímetros é denominada gigante e geralmente ocorre em casos de negligência em relação aos sintomas clínicos iniciais, sendo rara a evidência de invasão intracraniana3,4. Apresentamos um relato de caso de um paciente do gênero masculino apresentando um CMCB de 12 anos de evolução na região occipital evoluindo com ulceração e infiltração do crânio na região occipital.

RELATO DE CASO

Paciente do gênero masculino, com 56 anos, apresentou lesão úlcero-infiltrativa em couro cabeludo

256 ��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, p. 256-258, Outubro / Novembro / Dezembro 2017

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de região occipital (Figura 1) de 12 anos de evolução, com crescimento lento e progressivo em diâmetro e profundidade. Não procurou atendimento médico anteriormente e a lesão evoluiu com úlcera central e exposição de calota craniana occipital. A biópsia mostrou carcinoma de células basais associado a carcinoma de células escamosas sem evidência de zona transicional entre eles, caracterizando a variante histopatológica de carcinoma basocelular metatípico que, devido ao tamanho associado da lesão maior que 5cm de diâmetro, foi caracterizado como gigante3,4. Foi realizada ressecção da lesão com margens cirúrgicas de 1cm e craniotomia associada da região infiltrada do crânio. A reconstrução foi realizada por meio de cranioplastia com placa de titânio (Figura 2) e rotação de retalho frontal em “viseira” para manter a vascularização bilateral pelas artérias temporais superficiais (Figura 3). Devido à falha de revestimento cutâneo frontal associado, decidiu-se pela retirada de enxerto cutâneo dorsal para cobrir tal defeito (Figura 4). O paciente recebeu alta no quarto dia do pós operatório

Carcinoma basocelular metatípico gigante do escalpe. Abreu et al.

e evoluiu com perda parcial do retalho com necrose local. O enxerto na fronte apresentou área localizada de epidermólise. No momento a conduta é expectante.

DISCUSSãO

O câncer de pele não-melanoma (CPNM) é o câncer mais comum no mundo com uma incidência de 18 a 20 vezes maior do que a de melanoma maligno5. O carcinoma de células basais provavelmente surge à partir de células pluripotenciais imaturas e é o tumor maligno mais comum da pele em caucasianos. Ocorre principalmente em áreas expostas ao sol, como pescoço e rosto.

O carcinoma basocelular é o tumor mais frequente da população, apresentando um crescimento lento, localmente invasivo, raramente evoluindo com metástases6, denotando excelente prognóstico. Potencialmente, em alguns casos, um bom prognóstico pode causar um atraso no tratamento e tal atraso pode levar a uma maior extensão local do tumor com a destruição

Figura 1. Lesão úlcero-infiltrativa em couro cabeludo. Figura 2. Cranioplastia com placa de titânio.

Figura 3. Rotação de retalho frontal em “viseira”. Figura 4. Retirada de enxerto cutâneo dorsal.

Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, p. 256-258, Outubro / Novembro / Dezembro 2017 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––257

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do tecido circundante. O carcinoma de células basais (CBC) típico e o carcinoma de células escamosas (CEC) são morfologicamente diferentes mas podem representar um espectro da mesma doença, evidenciando, em alguns casos, a coexistência de ambos sem evidência de diferença da zona transicional entre eles, caracterizando o carcinoma basocelular metatípico (CMCB)2. Alguns dados sugerem que alguns marcadores imunohistoquímicos podem ser úteis para diferenciar essas variedades, e entre eles o MOC-31 parece ser um marcador útil para o diagnóstico diferencial específico, especialmente quando utilizados em conjunto com UEA-17,8.

Histologicamente o CMCB é dividido em dois subtipos: intermediário e misto. Na forma intermediária zonas de transição e ilhotas tumorais são encontrados juntas, combinando assim características de CBC e CEC no subtipo misto de células basais típicas coexistindo com áreas de células escamosas conglomeradas, podendo conter pérolas escamosas associadas5. Diferente do melanoma, que geralmente tem sua fisiopatologia associada a exposição ao sol, o CMCB não parece estar relacionado à exposição ao sol, sendo necessária a investigação de fatores de risco adicionais para essa modalidade de tumor9.

O comportamento do carcinoma de células basais metatípico situa-se entre estes dois tipos de câncer de pele, sendo difícil realizar um diagnóstico diferencial com base nas características morfológicas e clínicas. Portanto, a análise histológica meticulosa é essencial para definição diagnóstica.

Essa variedade de câncer atinge o gênero masculino com maior frequência (62,5 % dos casos), sendo que o local mais afetado no corpo para os CMCBs parecem ser as áreas cervicofaciais em 71,7% dos casos; acometendo em seguida, o tronco em 10% das vezes; os membros em 9,6% dos casos; e o couro cabeludo em 3,7% dos pacientes7. A região da cabeça e o pescoço apresentam um maior índice de recidiva, ocorrendo em torno de 10% dos casos. Uma revisão retrospectiva de 312 casos evidenciou a lesão no escalpe sendo região mais acometida em homens (57% dos casos), sendo a face mais acometida em mulheres (68,2% dos casos)2. A presença de um CBCM com extensão maior que 5 centímetros caracteriza um CBCM gigante, sendo considerada uma apresentação clínica rara, geralmente associada à negligência dos pacientes ou médicos. A forma invasiva dessa variedade de câncer é bastante incomum sendo encontrado poucos casos na literatura

com invasão craniana e até mesmo intracraniana3,4. Formas alternativas de tratamento como a radioterapia para carcinoma invasivo avançado de pele parece ter um controle regional satisfatório em torno de 93% dos casos3. Estudos adicionais são necessário para avaliar a resposta do CMCB à essa modalidade de tratamento, especialmente as formas gigantes do carcinoma.

Os casos de CMCB gigantes apresentam a preocupação adicional acerca do defeito estético extenso após sua extirpação cirúrgica, sendo necessária programação meticulosa pré-operatória para avaliar a necessidade de rotação de retalhos cutâneos e utilização de enxertos cutâneos autólogos. O carcinoma basocelular (CBC) foi estratificado em baixo e alto risco de acordo com a sua propensão para a recorrência local. Os fatores de risco para a recorrência incluem subtipo histológico, localização anatômica (zona H da face), diâmetro horizontal e a condição clínica do paciente11.

REFERêNCIAS

1. Bartos V, Adamicová K, Kullová M, Péc M. Basal cell carcinoma of the skin - biological behaviour of the tumor and a review of the most important molecular predictors of disease progression in pathological practice. Klin Onkol. 2011;24(1):8-17. 2. Cigna E, Tarallo M, Sorvillo V, Piperno A, Scuderi N. Metatypical carcinoma of the head: a review of 312 cases. Eur Rev Med Pharmacol Sci.2012;16(14):1915-8. 3. Schroeder M, Kestlmeier R, Schlegel J, Trape AE. Extensive cerebral invasion of a basal cell carcinoma of the scalp. Eur J Surg Oncol.2001;27(5):510-1.4. Bartos V, Adamicová K, Kullová M, Péc M. Giant cutaneous basal cell carcinoma of the head with intracranial propagation--a case report. Cesk Patol.2011;47(4):178-82.5. Tarallo M, Cigna E, Fino P, Sorvillo V, Scuderi N. Metatypical basal-cell carcinoma (MTC) or basosquamos carcinoma (BSC): surgical therapy. Ann Ital Chir.2011;82(5):389-94.6. Oledzki S, Modrzejewski A, Splawski R. Extensive basal cell cancer of the scalp - case reports. Pol Merkur Lekarski.2016;41(242):90-2.7. Tarallo M, Cigna E, Frati R, Delfino S, Innocenzi D, Fama U, Corbianco A, Scuderi N. Metatypical basal cell carcinoma: a clinical review. J Exp Clin Cancer Res.2008;27:65.8. Webb DV, Mentrikoski MJ, Verduin L, Brill LB, Wick MR. Basal cell carcinoma vs basaloid squamous cell carcinoma of the skin: an immunohistochemical reappraisal. Ann Diagn Pathol.2015; 19(2):70-5. 9. Tarallo M, Cigna E, Sorvillo V, Stefanizzi G, Scuderi N. Metatypical carcinoma. A review of 327 cases. Ann Ital Chir.2011;82(2):131-5.10. Al-othman MO, Mendenhall WM, Amdur RJ. Radiotherapy alone for clinical T4 skin carcinoma of the head and neck with surgery reserved for salvage. Am J Otolaryngol.2001;22(6):387-90.11. Yalcin O, Sezer E, Kabukcuoglu F, Kilic AI, Aari AG, Cerman AA, Altunay IK. Presence of ulceration, but not high risk zone location, correlates with unfavorable histopathological subtype in facial basal cell carcinoma. Int J Clin Exp Pathol.2015;8(11):15448-53.

Carcinoma basocelular metatípico gigante do escalpe. Abreu et al.

258 ��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, p. 256-258, Outubro / Novembro / Dezembro 2017

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Papiloma invertido de seio esfenoidal: relato de caso

Bruno Higa Nakao 1 Juliana Caminha Simões 1 Juliana Antoniolli Duarte 2 Eduardo Macoto Kosugi 3

Luis Carlos Gregorio 4

1) Residente do terceiro ano do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP-EPM. Medico Residente em Otorrinolaringologia.2) Fellowship em Otoneurologia do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP-EPM. Mestranda em Otoneurologia do Departamento de Otorrinolaringologia

e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP-EPM.3) Doutor em Medicina pela UNIFESP-EPM; Professor Afiliado do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP-EPM. Professor afiliado e preceptor-Chefe

dos Residentes do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP-EPM.4) Doutor em Medicina pela UNIFESP-EPM, Professor Adjunto do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP-EPM. Professor Adjunto do Departamento

de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP-EPM.

Instituição: UNIFESP-EPM. São Paulo / SP - Brasil.

Correspondência: UNIFESP-EPM - Rua Borges Lagoa, 512, Apto 174c - Vila Clementino - São Paulo / SP – Brasil – CEP: 04038-000 - E-mail: [email protected] recebido em 16/08/2013; aceito para publicação em 22/11/2017; publicado online em 28/12/2017.Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há.

Relato de Caso

Inverted papilloma of the sphenoidal sinus: a case report

RESUMO

Introdução: Papilomas nasais invertidos são tumores epiteliais benignos que invadem cavidade nasal e seios paranasais. Originam-se principalmente de meato médio sendo raro o acometimento de seio esfenoidal. Objetivo: Relatar um caso de paciente com papiloma invertido de origem de seio esfenoidal. Relato do caso: Homem, 52 anos, referia rinorreia esverdeada associada à obstrução nasal constante unilateral e hiposmia há 8 anos. À cirurgia endoscópica nasal, observava-se lesão friável ocupando toda a fossa nasal esquerda e à abertura do óstio esfenoidal visualizou-se lesão papilomatosa aderida em parede posterior deste seio. O diagnóstico de Papiloma Invertido foi confirmado pelo exame anatomopatológico de peça cirúrgica. O tratamento foi a exérese total da lesão por acesso endoscópico nasal. Considerações finais: Enfatizamos que o papiloma invertido é uma doença incomum e sua origem em seio esfenoidal é bem rara. Apesar disto, sua suspeita sempre deve ser aventada em tumores nasossinusais unilaterais.

Descritores: Papiloma Invertido; Seio Esfenoidal; Cirurgia Endoscópica por Orifício Natural.

ABSTRACT

Introduction: Nasal inverted papillomas are benign epithelial tumors that invade the nasal cavity and paranasal sinuses. Its main source is from the middle meatus and the sphenoidal sinus involvement is rare. Objective: A case report of a patient, 52 years, refers rhinorrea associated unilateral nasal obstruction and hyposmia about 8 years. In endoscopic nasal surgery, we noted injury papillomous adhered in posterior wall in sphenoidal sinus. Inverted Papilloma diagnosis was confirmed by pathological examination of surgical piece. The treatment was the total excision of the lesion by nasal endoscopic access. Final considerations: Emphasizes that the inverted papilloma is an uncommon disease and its source in sphenoidal sinus is even more rare. Furthermore, the suspicion should be postulated in unilateral sinonasal tumors.

Key words: Papilloma, Inverted; Sphenoid Sinus; Natural Orifice Endoscopic Surgery.

Código 549

INTRODUçãO

Papilomas nasais invertidos são tumores epiteliais benignos que acometem a cavidade nasal e os seios paranasais estando dentre os tumores benignos nasais mais comuns (0,5 a 5%) ainda que sejam raros na população geral1. Acometem principalmente homens, sem diferença significante de etnia, na proporção 4:1 entre a quinta e a sétima década de vida 1-4.

Macroscopicamente, em visão endoscópica, a lesão costuma se apresentar volumosa, firme, com aspecto

aveludado ou granuloso e de coloração variável. Microscopicamente, a característica histológica típica é de crescimento endofítico, ou seja, evolui com inversão da superfície epitelial para dentro do estroma edematoso 1,2,4. Apesar de etiologia incerta, parece haver vários fatores associados como exposição ao tabaco, pó e aerossóis, alergias, infecções crônicas e papilomavírus humano subtipo 16 e 18 1-4. A sua importância clínica se concentra pela tríade de agressividade local, alto poder de recorrência e risco de malignização1,2. Os sintomas duram entre 5 meses e 20 anos, com média de 5

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anos3,4, e por ordem de frequência são: obstrução nasal, rinorreia, alteração do paladar, dor, sensação de pressão e epistaxe4.

A suspeição diagnóstica é eminentemente clínica, auxiliada por exames de imagem1-4, sendo que o diagnóstico de certeza só pode ser fornecido pelo exame histológico4. A tomografia computadorizada (TC) dos seios paranasais (SPN) serve para avalição e extensão da lesão (alargamento de fossa nasal, abaulamento e erosão septal, esclerose de paredes ósseas). A ressonância magnética (RM) facilita na diferenciação entre o tumor e as áreas inflamatórias adjacentes e sua relação com a órbita e a base do crânio1.

Atualmente, os acessos endoscópicos mostram-se eficazes e seguros remoção dos tumores com recidivas semelhantes aos acessos externos1,4. A abordagem em piecemeal (fragmentada) em conjunto com o acesso endoscópico nasal permitem identificar e remover amplamente o sitio de conexão da lesão4.

O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um papiloma invertido de origem do seio esfenoidal com acometimento de recesso esfeno-etmoidal.

Figura 1. Foto de tomografia computadorizada de SPN, janela óssea. A. (corte sagital), B. (corte Axial), C. (corte coronal). Visualiza-se conteúdo com densidade de partes moles ocupando FNE e seios etmoidal anterior e posterior e seio esfenoidal.

RELATO DE CASO

Paciente de 52 anos, masculino, atendido em ambulatório de rinologia referia rinorreia esverdeada associada à obstrução nasal constante à esquerda e hiposmia há 8 anos. Ao exame, na rinoscopia anterior, observou-se lesão de aspecto polipoide esbranquiçada ocupando a fossa nasal esquerda (FNE) até assoalho e secreção esverdeada. À endoscopia nasal, identificou-se meato médio esquerdo obstruído e recesso esfeno-etmoidal obstruídos com lesão polipoide ocupando toda FNE até o assoalho, fossa nasal direita (FND) livre e rinofaringe com secreção amarelada. Realizada tomografia computadorizada de seios paranasais que apresentou conteúdo com densidade de partes moles em seios maxilar, etmoidal anterior e posterior, frontal e esfenoidal esquerdos e em fossa nasal esquerda. (Figura 1).

O paciente foi submetido à cirurgia endoscópica nasal, em que se evidenciou extensa lesão friável ao toque, esbranquiçada, fibroelástica, de aspecto papilomatoso em toda a fossa nasal esquerda, pediculada em recesso esfeno-etmoidal esquerdo (Figura 2). À abertura do óstio

Figura 2. Img_temp intra-operatórias endoscópicas (endoscópio rígido de zero grau). A. Lesão de aspecto polipoide, esbranquiçada ocupando toda fossa nasal esquerda até assoalho. B. Lesão de aspecto polipoide, esbranquiçada inserindo-se em parede lateral de seio esfenoidal à esquerda.

A B

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esfenoidal esquerdo, foi observada saída de pus e da lesão papilomatosa aderida a parede posterior deste seio. Realizou-se biópsia incisional intra-operatória com diagnóstico de Papiloma Invertido confirmado posteriormente pelo exame anatomopatológico de peça cirúrgica (Figura 3).

DISCUSSãO

O papiloma invertido de seio esfenoidal é, de fato, uma neoplasia rara. Segundo Garcia LB et al1 e Kosugi EM et al2, frequentemente originam-se da parede lateral nasal, sendo o meato médio a região mais prevalente. De acordo com a EPOS 2009 et al3, por ordem decrescente, ocorre em região etmoidal (48%), seios maxilares (28%), seio esfenoidal (7,5%), seio frontal (2,5%), meato inferior (2,5%) e septo (2,5%). Os dois primeiros autores referem que seio esfenoidal é o mais raro1,2 e seu acometimento exclusivo é extremamente incomum sendo seus sintomas inespecíficos1.

Em um trabalho realizado por Guillemaud JP et al5, a maior casuística descrita na literatura acerca deste tema, foram revisados setenta e um pacientes com papiloma invertido de SPN tratados em um período de cinco anos. Destes, apenas nove casos eram oriundos de seio esfenoidal. Hyams8 descreveu em 1971 as principais localizações de papilomas invertidos: seio maxilar (64%), etmoidal (25%), frontal (8%) e esfenoidal (4%). Vale salientar ainda a raridade de acometimento exclusivo do recesso esfeno-etmoidal. Em um caso publicado por Kosugi EM et al2, o paciente apresentava acometimento de recesso esfeno-etmoidal por papiloma invertido sem evidência de doença em seio esfenoidal, o que é extremamente raro.

No presente estudo, mostramos um caso de papiloma de seio esfenoidal que acometia por continuidade o recesso, compatível com os achados na literatura, segundo trabalhos como o de Lee J et al9, no qual é citado um caso de papiloma de seio esfenoidal com acometimento secundário de recesso.

Em relação aos sintomas, no estudo de Guillemaud JP et al5, dos nove pacientes com papiloma invertido de seio esfenoidal, sete apresentavam como queixa principal a cefaleia (42,9%), fato que está de acordo com a literatura atual, a qual nos mostra como principais sintomas do papiloma invertido de seio esfenoidal a cefaleia seguida por obstrução nasal e epistaxe. Nosso paciente apresentava apenas sintomas nasais e negava cefaleia.

De acordo com o estadiamento de Krouse, podemos incluir nosso paciente em T3, pois envolve o seio esfenoidal com extensão em parede lateral de seio maxilar e sem que houvesse malignização confirmada em estudo anatomopatológico.

Sabemos que o papiloma invertido é um tumor benigno, entretanto, com alta taxa de recorrência e um risco ainda incerto de transformação maligna, de acordo com Ridder GJ et al6. Dessa forma, é muito

Figura 3. Padrão de crescimento endofítico expansivo para a lâmina própria. Epitélio da mucosa normal (seta). Corte amplificado de primeira imagem. Hematoxilina-Eosina – foto de lâmina de microscopia óptica - 20x.

importante abordarmos a melhor forma de tratamento para esta doença. A grande maioria dos trabalhos antigos relacionados ao tratamento cirúrgico do papiloma invertido recomendava cirurgias agressivas como a rinotomia lateral com maxilarectomia medial a qual já foi considerada a melhor abordagem terapêutica e o degloving médio-facial, conforme a extensão da lesão, era outra opção cirúrgica. A maxilarectomia com etmoidectomia externa ou transantral também fora citada como alternativa cirúrgica. No entanto, de acordo com Eggers G et al4, após a introdução da cirurgia endoscópica nasal para o tratamento desses casos tem-se observado taxas de recidiva semelhantes aos de cirurgias abertas porém com visão amplificada e multidimensional diferenciando mucosa saudável da doença.

Em uma análise dirigida por Stankiewicz JA et al7, acompanharam-se dez casos de papiloma invertido de SPN submetidos a cirurgia endoscópica como primeira abordagem terapêutica por um período médio de três anos. Avaliou-se que todos os casos foram controlados apenas com a cirurgia endonasal, o que nos ajuda a concluir que o tratamento cirúrgico endoscópico de SPN é um procedimento apropriado para diagnóstico, terapia e seguimento dos casos de papilomas invertidos nasossinusais, incluídos neste grupo o de seio esfenoidal.

CONSIDERAçõES FINAIS

Papiloma invertido é uma doença incomum e sua localização em seio esfenoidal é ainda mais rara. Apesar disto, a suspeita de papiloma sempre deve ser valorizada em casos

de tumores unilaterais nasossinusais. Para tanto, é necessária a realização de uma boa abordagem clínica complementada com exames de imagem e biópsias para melhor definição de estratégia terapêutica.

Papiloma invertido de seio esfenoidal: relato de caso. Nakao et al.

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REFERêNCIAS

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6. Ridder GJ, Behringer S, Kayser G, Pfeiffer J. Malignancies arising in sinonasal inverted papillomas; Laryngorhinootologie. 2008 Nov;87(11):783-90. Epub 2008 Jul 16. 7. Stankiewicz JA, Girgis SJ. Endoscopic surgical treatment of nasal and paranasal sinus inverted papilloma. Otolaryngol Head Neck Surg. 1993 Dec;109(6):988-95.8. Hyams V. Papilloma of the nasal cavity and paranasal sinuses. A clinico-pathologic study of 315 cases. Ann Otol Rhinol Laryngol 1971;80:192-206.9. Lee J, Bhuta S, Lufkin R, Castro D. Isolated inverting papilloma of the sphenoid sinus. Laryngoscope 2003;113:41-4.

Papiloma invertido de seio esfenoidal: relato de caso. Nakao et al.

262 ��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, p. 259-262, Outubro / Novembro / Dezembro 2017

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Paralisia facial periférica traumática bilateral associada a paralisia unilateral de nervo abducente: relato de caso

Bruno Higa Nakao 1 Jose Santos Cruz de Andrade 2

Andrei Borin 3 Jose Ricardo Gurgel Testa 4

1) Residente do Terceiro Ano de Otorrinolaringologia. Médico Residente em Otorrinolaringologia.2) Residente do Terceiro Ano em Otorrinolaringologia.3) Doutor em Otorrinolaringologia pela UNIFESP-EPM. Professor substituto do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP-EPM4) Doutor em Otorrinolaringologia pela UNIFESP-EPM. Professor Adjunto do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP-EPM

Instituição: Universidade Federal de São Paulo UNIFESP-EPM. São Paulo / SP - Brasil.

Correspondência: Bruno Higa Nakao - Rua Borges Lagoa, 512, 174c - Vila Clementino - São Paulo / SP - Brasil - CEP: 04038-000 - E-mail: [email protected] recebido em 31/08/2013; aceito para publicação em 22/11/2017; publicado online em 28/12/2017.Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há.

Relato de Caso

Bilateral traumatic facial paralysis associated a unilateral abducens nerve injury: case report

RESUMO

Introdução: A paralisia facial periférica traumática (PFPt) está associada a fraturas de osso temporal por acidentes de alta energia com incidência bastante variável (7-50%), porém os casos bilaterais são raros. A associação com disfunção do nervo abudcente torna esta entidade ainda mais incomum. Objetivo: Relatar um caso de PFPt bilateral com paralisia de nervo abducente por traumatismo crânio-encefálico (TCE). Relato de caso: Homem, 37 anos, com TCE grave submetido à drenagem de hematoma extradural esquerdo evoluindo com PFP bilateral de início indefinido. Após 23 dias do pós-operatório, referiu otalgia com otorreia esquerda e diplopia. Realizada exploração de nervo facial esquerdo via transmastoídea com transposição de bigorna após eletromiografia da face (30º dia TCE) apresentar ausência completa de resposta motora esquerda e parcial direita. Consideraçõe finais: Observamos um caso raro que ilustra a complexidade de pacientes com fraturas de base de crânio associados a complicações vascular (hematoma extradural), neural (PFP bilateral com paralisia do abducente) e infecciosa (mastoidite).

Descritores: Paralisia Facial; Traumatismo do Nervo Abducente; Traumatismos do Nervo Facial.

ABSTRACT

Introduction: The traumatic peripheral facial paralysis (PFPt) is associated with fractures of temporal bone by accidents of high-energy impact quite variable (7-50%), but bilateral palsys cases are rare. The association with abducens nerve dysfunction turns this even more unusual entity. Objective: To report a case of bilateral PFPt associated a abducens injury for traumatic skull base. Case Report: Male, 37 years, with several traumatic brain injury (TBI) referred to the extradural hemorrhage drainage bilateral PFP beginning evolving with undefined. After 23 days postoperative, the patient referred otalgia and otorrhea left and diplopia. Held left facial nerve exploration by approach transmastoid with transposition of anvil after facil electromyography (30th day TBI) provide complete absence of left and right partial motor response. Final considerations: we observed a rare case that illustrates the complexity of patients with skull base fractures associated with vascular complications (extradural hematoma), neuronal (bilateral PFP, abducens), and infectious (mastoiditis).

Key words: Facial Paralysis; Abducens Nerve Injury; Facial Nerve Injuries.

Código 559

INTRODUçãO

Paralisia facial periférica (PFP) ocorre em 7% a 10% dos pacientes com fratura de osso temporal. Estas são comumente classificadas em três tipos: longitudinais, transversas e mistas, a depender da localização da linha de fratura em relação ao maior eixo da pirâmide petrosa. As PFP associadas a fraturas de osso temporal são ainda classificadas em imediatas, quando notada na sala de emergência e tardias quando detectada de horas a dias (Hato, 2011).

Quando paralisia facial grave ocorre imediatamente após o trauma, a intervenção cirúrgica está quase

sempre indicada. Em contraste, quando a paralisia apresenta início tardio e mostra redução de amplitude do potencial menor que 90% na eletroneurografia (ENoG), boa recuperação está prevista mesmo sem intervenção cirúrgica. As indicações cirúrgicas ainda são controversas, principalmente por causa do número limitado de doentes, não permitindo uma avaliação estatística adequada. O tempo de realização da cirurgia também é de difícil padronização e a intervenção cirúrgica de descompressão do nervo facial pode ser eficaz em alguns pacientes mesmo que tardiamente (Rotondo, 2010).

O nervo abducente é muito vulnerável a impactos cranioencefálicos, e sua lesão ocorre frequentemente

Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, p. 263-265, Outubro / Novembro / Dezembro 2017 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––263

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por estiramento. A paralisia tem usualmente evolução benigna e resolução espontânea em 2 a 4 meses.

O objetivo desse trabalho é relatar um caso de paralisia facial bilateral traumática por fratura de osso temporal longitudinal a esquerda e transversal a direita, associada a paralisia de nervo abducente a esquerda.

RELATO DE CASO

Paciente sexo masculino, 37 anos, com história de paralisia facial bilateral após queda da própria altura e evolução com trauma crânio-encefálico de alta energia um mês antes quando foi submetido a drenagem de hematoma extradural em outro serviço onde ficou internado por 20 dias. Após três dias de alta, deu entrada no pronto-socorro de ORL onde referiu otorreia purulenta não fétida associada à otalgia e hipoacusia em orelha esquerda e queixa de diplopia com paralisia do VI par, pior à esquerda.

Ao exame físico inicial: otoscopia – otorreia purulenta com abaulamento em parede posterior de conduto auditivo externo esquerdo (pólipo); paralisia facial periférica global grau IV (direita) e grau V (esquerda).

À audiometria apresentou perda condutiva leve à esquerda e normal à direita.

À tomografia computadorizada (TC) de ossos temporais demonstrava sinais de fratura transversa e longitudinal do osso temporal bilateralmente em região mastoídea e de gânglio geniculado.

Após nova internação hospitalar, realizou-se eletroneuromiografia que mostrou sinais de desnervação aguda bilateral, pior à esquerda com ausência de recrutamento de unidades motoras e reflexo do piscamento (“blink test”) sem resposta à esquerda.

O paciente então foi submetido a cirurgia de mastoidectomia a esquerda para descompressão de nervo facial após um mês e meio do início do trauma.

DISCUSSãO

Paralisia facial periférica traumática bilateral é uma complicação extremamente rara do trauma craniofacial e é quase sempre secundária a trauma de alta energia a região cefálica e/ou fratura de osso temporal bilateral.

A incidência de lesão ao nervo facial é maior nas fratura transversas em comparação as fraturas longitudinais (40–50% vs. 15–20%) (Borges, 2007)

O segmento labiríntico do nervo facial é a porção mais curta e mais estreita do canal de falópio, onde o nervo facial é mais particularmente vulnerável ao trauma e edema. Nesse segmento, a irrigação é realizada por embebição, por essa ser uma região de transição entre o suprimento do sistema vertebral e o carotídeo.

Devido ao seu longo trajeto intracraniano, o nervo abducente é particularmente susceptível ao trauma. Paralisia unilateral do abducente tem sido descrita como complicação em 1 a 2,7% de todos os traumas cranianos. Em estudos de dissecção cadavérica em

Paralisia facial periférica traumática bilateral associada a paralisia unilateral de nervo abducente: relato de caso. Nakao et al.

Figura 1. TC osso temporal esquerdo com sinal de fratura longitudinal esquerda e fratura transversa direita em região mastoidea (corte axial).

Figura 2. TC osso temporal direito com sinal de fratura longitudinal direita (corte axial).

vítimas de trauma, a maioria das lesões de VI par se localizam na região petroclival, onde o nervo abducente possui 3 angulações: no ponto de entrada na dura-máter, no ápice petroso e no ponto de encontro com a carótida interna. Na ausência de uma fratura na região petrosa, o canal de Dorello é o local mais provável de lesão. Esse espaço triangular, definido pelo ápice petroso, processo clinoide posterior e ligamento petroesfenoidal de Gruber, é particularmente vulnerável a tração/estiramento (Pancko, 2010).

CONSIDERAçõES FINAIS

A paralisia facial periférica traumática é uma entidade relativamente incomum e a bilateralidade é ainda mais rara. A lesão do nervo facial costuma estar presente principalmente nas fraturas transversas e o estiramento do nervo abducente em traumas de alta energia pode estar presente.

Por fim, a definição da conduta cirúrgica depende de exame de imagem para diagnóstico e mapear o foco da

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fratura assim como de eletroneuromiografia, se possível, para prognóstico do nervo facial.

REFERêNCIA

1. Borges A, Casselman J Imaging the cranial nerves: part I: methodology, infectious and inflammatory, traumatic and congenital lesions. Eur Radiol 17:2112–2125, 2007.2. Pancko FX, Barrios TJ. Post-traumatic bilateral abducens nerve palsy and unilateral facial nerve palsy: a case report. J Oral Maxillofac Surg 68:1694-1697, 2010.

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Paralisia facial periférica traumática bilateral associada a paralisia unilateral de nervo abducente: relato de caso. Nakao et al.

Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.46, nº 4, p. 263-265, Outubro / Novembro / Dezembro 2017 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––265

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Síndrome de Grisel: relato de caso

Naura Vasconcelos Alves Neta 1 Daniel Gurgel Fernandes Távora 2

Antônio Gilson Monte Aragão Júnior 3 Marcelo Esmeraldo Holanda 4

José Wilson Meireles da Trindade 5

1) Graduação em Medicina. Aperfeiçoanda em Radiologia e Diagnóstico por Imagem na Clínica São Carlos Imagem.2) Médico Radiologista. Radiologista da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza e da Clínica São Carlos Imagem.3) Médico Radiologista. Radiologista da Clínica São Carlos Imagem.4) Médico Cirurgião Oncológico. Cirurgião Oncológico Assistente do Serviço de Cabeça e Pescoço da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza.5) Médico Cirurgião de Cabeça e Pescoço. Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital São Carlos e da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza.

Instituição: Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza e Clínica São Carlos Imagem.Correspondência: Naura Vasconcelos Alves Neta - Rodovia CE 040 - 700 - Cond. Jardins Ibiza - Quadra 12 Lote 26 Bairro Coaçu - Eusébio / CE - Brasil - CEP: 61760-000 - E-mail: [email protected] recebido em 28/04/2016; aceito para publicação em 22/11/2017; publicado online em 28/12/2017.Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há.

Relato de Caso

Grisel’s syndrome: a case report

RESUMO

Introdução: A síndrome de Grisel é definida como uma subluxação atlanto-axial por frouxidão ligamentar inflamatória devido à um processo infeccioso na cabeça e/ou pescoço. Objetivo: Descrever e ilustrar um caso de Síndrome de Grisel. Relato de caso: FWPR, masculino, 23 anos, queixando-se de dor e limitação dos movimentos em região cervical há 6 meses. Tomografia computadorizada evidenciou abscesso no espaço retrofaríngeo, osteomielite de C1 e subluxação atlanto-axial entre C1 e C2. Discussão: A síndrome de Grisel é uma causa rara de torcicolo, principalmente em crianças e adolescentes. O tratamento geralmente consiste em uso de antibióticos e colar cervical.

Descritores: Luxações; Tuberculose; Abscesso Retrofaríngeo.

ABSTRACT

Introduction: Grisel’s syndrome is an atlantoaxial subluxation caused by inflammatory ligament laxity due to an infectious process in the head and/or neck. Aim: Describe and illustrate a case of Grisel’s syndrome. Case report: FWPR, male, 23, complaining of pain and limited range of motion in the cervical region for six months. A computerized tomography (CT) showed an abscess in the retropharyngeal space, osteomyelitis of C1 and atlantoaxial subluxation between C1 and C2. Discussion: Grisel’s syndrome is a rare cause of torticollis, especially in children and adolescents. Treatment usually consists of antibiotics and neck brace.

Key words: Dislocations; Retropharyngeal Abscess; Tuberculosis.

INTRODUçãO

A síndrome de Grisel é definida como subluxação atlantoaxial não traumática ocasionada por frouxidão ligamentar inflamatória devido à um processo infeccioso na cabeça e/ou pescoço, mais comumente abscesso retrofaríngeo. É uma condição rara, geralmente vista em crianças com infecções cervicais ou após procedimentos cirúrgicos nesta região. Sua primeira descrição foi em 1830 por Charles Bell em um paciente portador de sífilis com ulceração faríngea, que faleceu por compressão da medula espinhal. A síndrome recebeu este nome após Grisel descrever dois casos de faringite associada a subluxação atlantoaxial1. O objetivo deste trabalho é, dada a raridade dessa entidade, descrever e ilustrar um caso de Síndrome de Grisel decorrente de um abscesso retrofaríngeo com histopatológico compatível com processo inflamatório crônico granulomatoso.

RELATO DE CASO

Paciente de 23 anos, gênero masculino, apresentou-se com quadro de dor e limitação dos movimentos em região cervical com 6 meses de evolução. Referiu ter tido febre no início do quadro, que cedeu espontaneamente. Ao exame físico notou-se leve abaulamento na região cervical esquerda, endurecido à palpação.

A tomografia computadorizada (TC) evidenciou coleção com realce periférico (abscesso) no espaço retrofaríngeo, estendendo-se ao espaço perivertebral à esquerda, com trajeto posterior à bainha carotídea (Figura 1). Na área pré-vertebral media cerca de 5,4 x 5,2 x 1,6 cm, estendendo-se desde o nível de C1 até C4 e no espaço perivertebral esquerdo media cerca de 3,2 x 2,4 x 1,7 cm. Observou-se também, redução da coluna aérea da orofaringe e íntima relação do abscesso com o arco anterior de C1, que apresentava erosão na sua

Código 770

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porção paramediana esquerda (osteomielite) (Figura 2). Notou-se a presença de subluxação atlantoaxial entre C1 e C2, com desvio rotacional de C2 no sentido anti-horário (Figura 3).

Foi realizada biópsia cirúrgica da lesão, com acesso cervical lateral esquerdo, e o material foi enviado para estudo. Na bacterioscopia não foram visualizados microorganismos coráveis pelo Gram e na cultura geral não houve crescimento bacteriano. A pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) e de fungos foi negativa e não houve indícios morfológicos de malignidade. O resultado histopatológico evidenciou processo inflamatório crônico granulomatoso.

Após esses resultados, o paciente foi avaliado por infectologista e encaminhado para iniciar tratamento de tuberculose em serviço especializado.

DISCUSSãO

Dentre as rotações cervicais, 50% ocorre entre C1 e C2 (articulação atlantoaxial). A subluxação rotatória é uma causa de torcicolo e pode ocorrer espontaneamente, após trauma ou em associação com anormalidades congênitas2. Na síndrome de Grisel ocorre uma rotação atlantoaxial não traumática, devido à frouxidão ligamentar do ligamento transverso do atlas e dos ligamentos alares.

A síndrome de Grisel é uma causa rara de torcicolo, principalmente em crianças e adolescentes, originada geralmente por infecções otorrinolaringológicas, como infecção do trato respiratório superior e otite media ou por cirurgias como tonsilectomia e adenotonsilectomia3. Apesar de raramente identificados, os microorganismos mais comumente envolvidos são Staphylococcus aureus, Streptococcus do grupo B e a flora oral. Na literatura, foi encontrado apenas um relato da Síndrome de Grisel sendo causada pelo Mycobacterium Tuberculosis, como no caso aqui apresentado.

O mecanismo fisiopatológico mais aceito para justificar a frouxidão ligamentar desta entidade é o fato de

Síndrome de Grisel: relato de caso. Alves Neta et al.

Figura 1.

Figura 2.

o plexo venoso periodontoide comunicar-se diretamente com as veias posteriores da nasofaringe através da veia faringovertebral. Com isso, qualquer embolia infecciosa pode se espalhar a partir da faringe para as articulações cervicais superiores. Os mediadores inflamatórios causam congestão vascular, inflamação periligamentar e edema, levando à subluxação atlantoaxial1.

Os sintomas são variáveis, porém os mais comuns são torcicolo, dor cervical e sintomas associados à infecção. Os pacientes geralmente procuram atendimento médico com queixas de dor de garganta progressiva, dificuldade para engolir e dores aos movimentos cervicais. Complicações neurológicas ocorrem em aproximadamente 15% destes casos, podendo variar desde radiculopatia a mielopatia ou resultar até em óbito

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por compressão medular. Por isso, o reconhecimento precoce da doença infecciosa e o tratamento apropriado são essenciais na prevenção da progressão da doença4.

O abscesso retrofaríngeo, embora incomum, deve ser considerado nos pacientes com torcicolo, pois é uma das causas da Síndrome de Grisel. Para avaliar a formação de abscessos, ultrassonografia cervical deve ser realizada, principalmente em pacientes que não estão respondendo ao tratamento5.

Dentre os exames complementares que auxiliam o diagnóstico da subluxação atlantoaxial, a tomografia computadorizada (TC) é a mais elucidativa. A TC da transição crânio cervical mostra o deslocamento anormal de C1 e C2 e das facetas occipitais de C1, já a ressonância magnética avalia a inflamação dos tecidos moles adjacentes. O Raio X tem valor limitado para estabelecer esse diagnóstico. No caso relatado, a TC foi útil também para demonstrar o abscesso retrofaríngeo e seus limites.

Nos casos da subluxação atlantoaxial por abscesso retrofaríngeo sem severidade, o tratamento deve ser mais conservador, consistindo em uso de antibióticos de amplo espectro, colar cervical, analgesia, relaxantes musculares e repouso. Já nos casos refratários ou com sintomas neurológicos, deve-se considerar cirurgia, como a artrodese da primeira e segunda vértebras cervicais4. Se ocorrer espasmos musculares por mais de 24 horas, o diazepam pode ser adicionado ao tratamento1. As diversas abordagens terapêuticas devem ser aplicadas individualmente, após a análise cuidadosa de cada caso.

Os diagnósticos diferenciais a serem considerados na Síndrome de Grisel envolvem as patologias que causam frouxidão ligamentar, como a Síndrome de

Down e as doenças do tecido conjuntivo e as que levam à instabilidade da coluna cervical, como a osteogênese imperfeita e neurofibromatose tipo 1. Outras doenças que devem estar dentre as hipóteses diagnósticas são as mucopolissacaridoses, a Síndrome de Marfan, o trauma não detectado, artrite idiopática juvenil e acondroplasia5.

O bom prognóstico do paciente com Síndrome de Grisel depende do tratamento específico da doença infecciosa, da correção da alteração óssea e da prevenção de danos neurológicos.

CONCLUSãO

A Síndrome de Grisel deve ser considerada no diagnóstico diferencial de torcicolo, principalmente em crianças e adolescentes. É fundamental a realização de exames de imagem para o diagnóstico desta entidade. O diagnóstico prontamente identificado e a intervenção precoce evita o surgimento de sequelas neurológicas e deformidades da coluna cervical.

REFERêNCIAS

1. Abdulkadir B, Sahin U, Abdullah A, et al. Grisel’s Syndrome: A Rare Complication following Adenotonsillectomy. Case Reports in Otolaryngology. 2014;703021.2. Lustrin ES, Karakas SP, Ortiz AO, et al. Pediatric cervical spine: normal anatomy, variants and trauma. RadioGraphics. 2003;23:539-560. 3. Riascos R, Bonfante E, Cotes C, et al. Imaging of Atlanto-Occipital and Atlantoaxial Traumatic Injuries: What the Radiologist Needs to Know. Radiographics. 2015;35:2121-2134. 4. Lee J K, Oh CH, Park HC, et al. Grisel’s Syndrome Induced by Mycobacterium tuberculosis. Korean Journal of Spine. 2015;12(2):84-87. 5. Haque S, Bilal SBB, Kaleem M. Imaging of torticollis in children. Radiographics. 2012;32:557-571.

Síndrome de Grisel: relato de caso. Alves Neta et al.

Figura 3.

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