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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Pró – Reitoria de Pesquisa e de Pós-Graduação Programa de Pós-Graduação Stricto sensu Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos LUIZ GUSTAVO LACERDA USO DE TÉCNICAS TERMOANALÍTICAS NA CARACTERIZAÇÃO DA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA PARCIAL DE AMIDOS DE MATÉRIAS- PRIMAS TROPICAIS PONTA GROSSA 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Pró – Reitoria de Pesquisa e de Pós-Graduação

Programa de Pós-Graduação Stricto sensu Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos

LUIZ GUSTAVO LACERDA

USO DE TÉCNICAS TERMOANALÍTICAS NA CARACTERIZAÇÃO DA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA PARCIAL DE AMIDOS DE MATÉRIAS-

PRIMAS TROPICAIS

PONTA GROSSA 2006

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LUIZ GUSTAVO LACERDA

Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise enzimática parcial de amidos de matérias-primas tropicais.

Dissertação apresentada como um dos requisitos para a obtenção do título de mestre em Ciência e tecnologia de alimentos.

Orientador: Prof. Dr. Egon Schnitzler Co-orientador: Prof. Dr. Marco Aurélio da Silva Carvalho Filho

PONTA GROSSA 2006

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LUIZ GUSTAVO LACERDA

USO DE TÉCNICAS TERMOANALÍTICAS NA CARACTERIZAÇÃO DA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA PARCIAL DE AMIDOS DE MATÉRIAS-

PRIMAS TROPICAIS.

Dissertação apresentada como um dos requisitos para a obtenção do título de mestre em Ciência e tecnologia de alimentos.

Ponta Grossa, 09 de Fevereiro de 2006.

Prof. Dr. Massao Ionashiro- UNESP ( Araraquara)

Prof. Dr. Egon Schnitzler – UEPG (Orientador)

Prof. Dr. Marco Aurélio da Silva Carvalho Filho- UnicenP (Co-orientador)

Profa. Dra. Neiva Deliberali Rosso – UEPG

(Membro)

PONTA GROSSA 2006

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À minha namorada Renata pela

demonstração de amor e aos

Professores Marco Aurélio

(Nérso) e Egon pelo exemplo de

vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me acompanhado nesta jornada e por ter me amparado nos momentos mais difíceis. Ao Professor Doutor Marco Aurélio da Silva Carvalho Filho, quem eu considero um pai. Ao Professor Doutor Egon Schnitzler pelo apoio irrestrito nestes últimos três anos, ao Professor Doutor Gilvan Wosiacki e Professor Doutor Ivo Mottin Demiate pelo exemplo a ser seguido. Ao Centro Universitário Positivo - UnicenP que possibilitou a execução deste trabalho. Ao Professor Doutor Carlos Ricardo Soccol e Professora Doutora Luciana Vandenberghe da Universidade Federal do Paraná pela confiança e oportunidade de poder continuar aprendendo. Ao Professor Dr. Alan Riga (Cleveland State University).

Ao extinto Alltech Alcohol Institute (Lexington, Ky) e à Tammy Geyer.

Ao Professor Doutor Sayiavit Varavinit (Mahidol University - Tailândia) pela ajuda na pesquisa em análise térmica e Professor Doutor Thava Vasanthan (Canadá) pelos esclarecimentos sobre enzimas À Engenheira de alimentos Priscila Porto que nunca mediu esforços para esclarecer minhas dúvidas relacionadas aos cereais. À Unesp de Araraquara, ao Professor Doutor Massao Ionashiro e ao Doutorando Gilbert Bannach pelas análises de difração por raios-X. À Unesp de São José do Rio Preto e à Professora Doutora Célia Maria Landi Franco pelo apoio incondicional na análise térmica e à Professora Doutora Marney Cereda pela ajuda. Aos colegas de mestrado,especialmente à minha querida amiga Luciana Matsuguma. Aos Professores Doutorandos Pedro Vicente Michelotto Jr. e Jayme Azevedo pelo incentivo a pesquisa. À, minha mãe, meu pai e Nina que por toda vida me apoiaram. À CAPES pelo suporte financeiro.

A todos que, de alguma forma, contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho. Especialmente aos escritores Eduardo Galeano, Aldous Huxley, Isaac Asimov que há muito me ensinam a sonhar e lutar para um mundo melhor.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

12

2 2.1 2.2 3

OBJETIVOS OBJETIVOS GERAIS OBJETIVOS ESPECÍFICOS REVISÃO

14 14 14 15

3.1 AMIDO

15

3.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO AMIDO.

16

3.2.1 Amilose

17

3.2.2 Amilopectina.

18

3.2.3 Outros constituintes

19

3.2.4 Estrutura granular

20

3.3 AMIDO DE MILHO

20

3.4 AMIDO DE MANDIOCA

21

3.5 USO DE AMIDOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

22

3.6 3.7

GELATINIZAÇÃO HIDRÓLISE DE AMIDOS

22 23

3.8 ENZIMAS

23

3.8.1 Enzima α-amilase.

24

3.9 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE.

25

3.9.1 Hidrólise do amido granular

26

3.9.1.1 Determinação de açúcares redutores

26

3.9.1.2 Determinação de glicose

27

3.9.2 Microscopia

27

3.9.3 Difratometria de Raios X 27 3.9.4 Técnicas termoanalíticas 29

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3.9.4.1 Termogravimetria/termogravimetria derivada (TG/DTG)

30

3.9.4.2 Análise térmica diferencial (DTA) e Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

34

4 MATERIAL E MÉTODOS.

36

4.1 MATERIAL.

36

4.1.1 Matéria-prima

36

4.2 MÉTODOS

36

4.2.1 Hidrólise parcial enzimática

36

4.2.2 Hidrólise do amido granular

39

4.2.2.1 Determinação de glicose

39

4.2.2.2 Determinação de açúcares redutores

39

4.3 MICROSCOPIA

39

4.4 DIFRATOMETRIA POR RAIOS X

40

4.5 4.5.1 4.5.2

TÉCNICAS TERMOANALÍTICAS Calibração do equipamento TG 60

Calibração do equipamento DSC 60

40 40 42

4.5.3 Termogravimetria

43

4.5.4 Calorimetria Exploratória Diferencial

43

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

44

5.1

PRODUTOS DA HIDRÓLISE GRANULAR

44

5.2 MICROSCOPIA..

46

5.3 DIFRATOMETRIA DE RAIOS X

49

5.4 TÉCNICAS TERMOANALÍTICAS. 56

5.4.1 Termogravimetria 56

5.4.2 Calorimetria Exploratória Diferencial 64

6 CONCLUSÃO 71

REFERÊNCIAS 73

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LISTA DE ILUSTRAÇOES Figura 1 Estrutura química da amilose

17

Figura 2 Figura 3

Representação da estrutura helicoidal da amilose.

Estrutura química da amilopectina, ilustrando as ligações α-1,4 e α-1,6 e a estrutura geral da molécula

18 19

Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7

Representação de uma curva termogravimétrica Representação das curvas TG-DTG Diagrama de bloco de uma termobalança Fluxograma representativo do preparo das amostras para a hidrólise parcial enzimática e respectivas análises

31 32 33 38

Figura 8 Percentuais de glicose e açúcar redutor pós-hidrólise (■) 1 hora, (■) 2 horas e (■) 3 horas.

45

Figura 9 Micrografias em microscopia ótica da morfologia de grânulos de amido de milho nativo em aumentos de (a) 400 e (b) 1000X

46

Figura 10 Micrografias em microscopia ótica da morfologia de grânulos de amido de mandioca nativo em aumentos de (a) 400 e (b)1000X

47

Figura 11 Micrografias em microscopia ótica da morfologia de grânulos de amido de mandioca nativo em aumentos de (a) 400 e (b)1000X.

48

Figura 12 Micrografias em microscopia ótica da morfologia de grânulos de amidos de (a) milho e (b) mandioca hidrolisados durante 3 horas em aumentos de 1000X

48

Figura 13 Curva de difração de raios X do amido de milho nativo

50

Figura 14 Curva de difração de raios X do amido de milho hidrolisado por uma hora

50

Figura 15 Curva de difração de raios X do amido de milho hidrolisado por duas horas

51

Figura 16 Curva de difração de raios X do amido de milho hidrolisado por três horas

52

Figura 17 Curva de difração de raios X do amido de mandioca nativo

53

Figura 18 Curva de difração de raios X do amido de mandioca hidrolisado por uma hora

53

Figura 19 Curva de difração de raios X do amido de mandioca hidrolisado por duas horas

54

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Figura 20 Curva de difração de raios X do amido de mandioca hidrolisado por três horas

55

Figura 21 Comportamento térmico do amido nativo de milho (-) TG e (...) DTA

57

Figura 22 Comportamento térmico do amido de milho hidrolisado por uma hora (-) TG e (...) DTA

58

Figura 23 Comportamento térmico do amido de milho hidrolisado por duas horas (-) TG e (...) DTA

58

Figura 24 Comportamento térmico do amido de milho hidrolisado por três horas (-) TG e (...) DTA

59

Figura 25 Comportamento térmico do amido de mandioca nativo (-) TG e (...) DTA

60

Figura 26 Comportamento térmico do amido de mandioca hidrolisado por uma hora (-) TG e (...) DTA

60

Figura 27 Comportamento térmico do amido de mandioca hidrolisado por duas horas (-) TG e (...) DTA

61

Figura 28 Comportamento térmico do amido de mandioca hidrolisado por três horas (-) TG e (...) DTA

61

Figura 29 Curvas de termogravimetria derivada para o amido de milho (─) nativo, hidrolisado por: (─) 1hora, (─) 2 horas e (─) 3 horas

63

Figura 30 Curvas de termogravimetria derivada para o amido de mandioca (─) nativo, hidrolisado por: (─) 1hora, (─) 2 horas e (─) 3 horas

64

Figura 27 Curva de gelatinização do amido de milho nativo

66

Figura 28 Curva de gelatinização do amido de milho hidrolisado por 1 hora

66

Figura 29 Curva de gelatinização do amido de milho hidrolisado por 2 horas

67

Figura 30 Curva de gelatinização do amido de milho hidrolisado por 3 horas

67

Figura 31 Curva de gelatinização do amido de mandioca nativo

68

Figura 32 Curva de gelatinização do amido de mandioca hidrolisado por 1 hora

68

Figura 33 Curva de gelatinização do amido de mandioca hidrolisado por 2 horas

69

Figura 34 Curva de gelatinização do amido de mandioca hidrolisado por 3 horas

69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Percentuais de glicose e açúcar redutor durante a hidrólise

45

Tabela 2 Avaliações das curvas termogravimétricas do amido de milho nativo e durante a hidrólise.

57

Tabela 3 Avaliações das curvas termogravimétricas do amido de mandioca nativo e durante a hidrólise.

59

Tabela 4 Temperatura do início do processo, pico e valores de entalpia para amidos de milho (a) e mandioca (b)

65

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RESUMO

As propriedades dos grânulos de amido milho e mandioca parcialmente hidrolisados por α-amilase fúngica foram investigadas utilizando-se de técnicas termoanalíticas (TG, DTG, DTA e DSC) os produtos de hidrólise, microscopia e difratometria de raios X. Durante a avaliação dos resultados das técnicas empregadas, foram observadas alterações estruturais através do tempo de ação enzimática, especialmente na comparação do estado nativo ao estado final da hidrólise. Os resultados obtidos mostram particularidades da origem botânica do amido e de suas mudanças físico-químicas devidas ao tratamento. Observou-se um aumento progressivo dos produtos de hidrólise (açúcares redutores e glicose). Os resultados da difratometria de raios X sofreram alteração em função da atuação enzimática. Os resultados da análise térmica mostraram a higroscopicidade, a estabilidade térmica característica dos amidos e caracterizaram a gelatinização durante o processo de hidrólise. O teor de amilose, a proporção das cadeias laterais da amilopectina e a morfologia de cada fonte vegetal foram fundamentais para justificar os resultados obtidos.

Palavras-chave: amido, enzima, hidrólise, análise-térmica.

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ABSTRACT

Corn and cassava starches partially hydrolyzed by fungal α-amylase were investigated using thermal analysis (TG, DTG, DTA, DSC) hydrolysis products, microscopy and X ray diffratometry. During the results evaluation of techniques used, structural changes were observed during enzyme action, specially when compared starch native state and final state of hydrolysis. It had been observed a progressive rise of hydrolysis products (reduction sugars and glucose) values. X ray diffraction results suffered modifications due to the enzyme action. Os resultados da Thermal analysis results showed hirgroscopicity, starch thermal stability and characterization of gelatinization during the process. The results obtained showed starch source particularities and their physico-chemical changes due to the treatment. Amylose contents, amylopectin branched chains proportionalities and the starch morphology of the starches were fundamentals for justifying obtained results.

Key-words: starch, enzyme, hydrolysis, thermal-analysis.

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1 INTRODUÇÃO

As colheitas à base de amidos formam um importante constituinte na dieta humana

e um grande número de alimentos consumidos pela população mundial originam deles. O

amido é utilizado diretamente ou processado por meios químicos ou enzimáticos para

originar vários produtos desta transformação. Dependendo da fonte botânica e da

natureza, pode ser usado para fornecer textura, servir como espessante, proteger os

alimentos durante o processamento, entre outras funções. Assim, sua aplicação está

diretamente ligada às suas propriedades físico-químicas pertinentes à sua fonte botânica

(SMITH, 1982; VAN DER MAAREL et al., 2002). A produção de plantas amiláceas supre

aproximadamente 4/5 da demanda mundial de alimentos em termos de calorias

(EDUARDO, 2002).

Apesar de haver um grande número de plantas hábeis a serem fontes de amidos,

apenas poucas têm importância industrial: o milho, a mandioca, a batata e o trigo. O

amido de milho, por exemplo, é responsável por mais de 80% do mercado mundial de

amidos e a maior produção se encontra nos Estados Unidos (JOBLING, 2004).

O Brasil é um país essencialmente agrícola onde a biotecnologia torna-se um

potencial não apenas no tratamento residual de agro-indústrias, mas também no valor

agregado dos cultivos (SOCCOL;VANDENBERGHE, 2002). No Brasil, os amidos mais

isolados industrialmente são os amidos de milho e mandioca (KARAM, 2003).

De acordo com Contiero;Novy (1993), sendo de ampla utilização na indústria, o

amido apresenta a necessidade de definição de suas propriedades tecnológicas, pois seu

emprego é função das mesmas.

O conhecimento da estrutura dos grânulos deste polímero é importante para o

entendimento de suas propriedades físico-químicas, as quais determinam o seu

comportamento nos mais diversos processos industriais (PERONI, 2003).

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Desde meados do século XX, a indústria tem se empenhado em processar amidos

em larga escala. A descoberta de preparações enzimáticas capazes de decompor o

amido em glicose, incentivou a substituição da hidrólise ácida para a hidrólise enzimática

(ENZIMAS, 2004; VAN DER MAAREL et al., 2002). De acordo com Kandra (2003) a

hidrólise enzimática de amidos, tem ocupado lugar da hidrólise ácida em mais de 75%

dos processos devido a várias vantagens incluindo seu alto rendimento.

O mercado mais expressivo para a α-amilase converge a produção de amidos

hidrolisados como a glicose e a frutose. O amido é convertido em xarope de glicose e

frutose. Por sua propriedade adoçante, é utilizado em grande quantidade em indústrias de

bebidas na produção de refrigerantes. A utilização de enzimas na hidrólise de amidos está

sendo amplamente pesquisada (GUPTA et al. 2003).

A indústria de panificação, por exemplo, é uma grande consumidora tanto de

amidos quanto de enzimas transformadoras de amidos. A enzima α-amilase gera

compostos fermentáveis, elevando o poder fermentativo, melhora cor, também exerce um

efeito de preservação, estendendo a vida de prateleira além de incrementar a maciez de

produtos panificados. Nos EUA, por exemplo, anualmente há um prejuízo de mais de U$

1 Bilhão com pães envelhecidos (GUPTA et al., 2003; VAN DER MAAREL et al., 2002).

Este trabalho objetivou caracterizar e acompanhar, através de técnicas

termoanalíticas e outras, a hidrólise enzimática parcial de amidos de milho e mandioca.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVOS GERAIS

O objetivo deste trabalho foi caracterizar a hidrólise parcial enzimática utilizando-se

de α-amilase fúngica purificada produzida por fermentação submersa de uma cepa

selecionada de Aspergillus oryzae em amidos de milho e mandioca comerciais, tendo

como complemento, técnicas que possam auxiliar no entendimento da alteração estrutural

dos grânulos, durante a atuação da enzima.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Especificamente, o trabalho objetivou:

- A verificação e quantificação de açúcares redutores e glicose.

- Confirmar, por microscopia, a morfologia característica e a atuação enzimática nos

grânulos de amido e mandioca.

- Através de técnicas termoanalíticas, quantificar a energia proporcional envolvida na

gelatinização dos amidos durante a hidrólise, além de fornecer dados de sua estabilidade

térmica e decomposição.

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3 REVISÃO

3.1 AMIDO

É a substância de reserva para a maioria das plantas superiores e constitui fonte

de energia essencial para muitos organismos, especialmente o homem. O amido é a

substância que proporciona de 70 a 80% das calorias consumidas pelos seres humanos.

As mais importantes fontes potenciais do amido são os grãos de cereais (40 a 90% do

seu peso seco), legumes (30 a 70% do seu peso seco) e os tubérculos (65 a 85% do seu

peso seco). O amido, na natureza, se encontra como grânulos ou grãos. Estes são

relativamente densos ou insolúveis e se hidratam deficientemente em água fria. Apesar

disso, ao aquecer uma suspensão com 5% de amido não-modificado até

aproximadamente 80 °C, com agitação, se produz uma alta viscosidade (FENNEMA,

2000).

No Brasil, estes polissacarídeos de reserva são comumente designados como

féculas e amidos. Esta distinção foi adotada para identificar onde o material é encontrado

na natureza. Assim, as féculas são provenientes de partes subterrâneas das plantas

(mandioca, batata, etc.) enquanto que os amidos, são obtidos das partes aéreas (milho,

trigo, sorgo, etc.). Em relação às propriedades gerais, utiliza-se amido indistintamente

(CIACCO; CRUZ, 1982; KARAM, 2003).

O amido apresenta características físico-químicas e qualidade nutricional

superiores quando comparado a outros carboidratos (PERONI, 2003). Uma característica

marcante do amido quando utilizado na indústria alimentícia é sua versatilidade: é

possível transformar o material para que se obtenham propriedades específicas para

conferir funcionalidade desejável ao alimento. O grão de amido pode ser facilmente

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isolado através de procedimentos físicos e devido à sua abundância, o que possibilitou o

desenvolvimento de unidades de processamento industrial de grande capacidade

(PASSOS, 2002).

3.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO AMIDO

Cada amido possui identidade própria e tendo isso reconhecido, a pesquisa e

desenvolvimento de novos produtos têm caminhos abertos. A composição do amido

influencia diretamente em suas propriedades funcionais. Devido às diferenças estruturais

dos diversos tipos de amidos, não se pode generalizar nada sobre propriedades e

comportamentos dos amidos de diferentes fontes botânicas (VIEIRA, 2004). O amido,

que se apresenta na forma de grânulos, é essencialmente composto por dois tipos de

polímeros de glicose. De acordo com Freitas (2004) a glicose, é composta de uma cadeia

de 6 átomos de carbono ligados a 6 átomos de oxigênio e a 12 átomos de hidrogênio. A

fórmula química que representa esta molécula é C6H12O6, que juntamente com a frutose

representam os principais monossacarídeos encontrados em sua forma livre nos

alimentos.

As duas principais entidades químicas formadoras do amido são conhecidas por

amilose e amilopectina. Estas estruturas são responsáveis por aproximadamente 98% do

amido em peso seco, sendo que o teor de cada polissacarídeo depende da fonte botânica

em questão (TESTER; KARKALAS; QI, 2004). A disposição destas identidades químicas

dentro do grânulo de amido ainda não é completamente compreendida, no entanto, o

empacotamento de ambas é muito bem organizado. Além disso, o conteúdo destes

polissacarídeos afeta a arquitetura do grânulo, as propriedades térmicas, podendo afetar

sua aplicação em alimentos industrializados.

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3.2.1 Amilose

A amilose é um polímero consistindo de mais de 6000 unidades de D-glicose com

α- 1,4 ligações glicosídicas (Figura 1).

Figura 1 - Estrutura química da amilose.

(Fonte: JACQUES; LYONS; KELSALL, 1999).

Apesar da consideração que a amilose é essencialmente linear, atualmente é

evidenciado que a amilose não assume completamente esta característica (KARIM,

NORIZAH, SEOW; 2000). BULEÓN et al. (1998) comentam que a presença de

ramificações não alterou o comportamento em solução das cadeias de amilose,

permanecendo idêntico ao comportamento das cadeias completamente lineares. O teor

médio de amilose que o amido contém pode variar de quase zero a aproximadamente

75%. No entanto, o valor típico fica entre 20 e 25%.

Na forma cristalina, a molécula de amilose tem uma conformação helicoidal (Figura 2)

Esta hélice, devido à conformação das unidades de glicose, tem um interior hidrofóbico.

Esta estrutura helicoidal propicia a formação de um complexo de cor azulada com o iodo,

desde que a cadeia seja suficientemente longa, com pelo menos 40 unidades de glicose.

Isto ocorre devido à inserção de uma cadeia linear de iodo-iodeto no interior da hélice. Na

presença de cadeias menores de amilose, o complexo se apresenta na cor vermelha,

amarela ou marrom (BIOQUIMICA, 2001; CIACCO; CRUZ, 1982; GUPTA et al., 2003).

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Figura 2 – Representação da estrutura helicoidal da amilose.

(Fonte: CEREDA; VILPOUX, 2003- Adaptado)

3.2.2 Amilopectina

A amilopectina é uma macromolécula altamente ramificada (Figura 3) e consiste

em cadeias lineares mais curtas de ligações α-1,4 contendo 10 a 60 unidades de glicose

e cadeias laterais de ligação α-1,6 com 15 a 45 unidades de glicose (VAN DER MAAREL

et al., 2002).

Esquematicamente, como pode ser observado na estrutura geral da molécula

(Figura 3), a amilopectina consiste de uma cadeia principal que possui o grupo redutor e

numerosas cadeias ramificadas. As ramificações ocorrem por conta das ligações

glicosídicas α-1,6.

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FIGURA 3 - Estrutura química da amilopectina, ilustrando as ligações α-1,4 e α-1,6 e a estrutura geral da molécula. (Fonte: JACQUES; LYONS; KELSALL, 1999).

3.2.3 Outros constituintes

Além da amilose e amilopectina, o grânulo de amido apresenta compostos

nitrogenados, lipídeos e minerais como o fósforo. Apesar de estarem presentes em menor

percentual, podem ter influências marcantes nas propriedades do amido (CEREDA,

1996). Os lipídeos, que representam em média 0,6% da composição de amidos de

cereais, e são considerados a fração mais importante associada, podem complexar com

amilose, alterando as propriedades reológicas do amido. Outros componentes como

proteínas e várias substâncias inorgânicas, podem ser consideradas impurezas, uma vez

que não estão ligadas covalentemente com os polissacarídeos formadores do grânulo

(CIACCO; CRUZ, 1982; ELLIS et al., 1998; HOSENEY, 1991; PERONI, 2003)

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3.2.4 Estrutura granular

O grânulo de amido é birrefringente e sob a luz polarizada, apresenta uma típica

cruz de malta. No entanto, a birrefringência não necessariamente implica em uma forma

cristalina e sim, num alto grau de organização molecular nos grânulos. Admite-se que os

grânulos de amido são estruturas semi-cristalinas compostas de macromoléculas

arranjadas na direção radial (AGGARWALL; DOLLIMORE, 1998; BILIADERIS, 1991).

De acordo com Biliaderis (1991) são as áreas cristalinas do amido que mantêm a

estrutura do grânulo, controlam seu comportamento na presença de água e controlam a

resistência aos ataques enzimáticos ou químicos. A fase gel ou amorfa dos grânulos é a

região menos densa e mais suscetível ao ataque enzimático e ainda absorve mais água

em temperaturas abaixo da temperatura de gelatinização. Não existe uma demarcação

específica entre as regiões cristalinas e amorfas.

3.3 AMIDO DE MILHO

Esta fonte vegetal contém de 60 a 68% de amido (JACQUES; LYONS; KELSALL,

1999). De acordo com Brambilla (2001) o milho (Zea maiz) é um cereal de grande

utilização industrial, seja para indústrias processadoras de ração animal ou para o

consumo humano. É largamente utilizado para diversos tipos de modificações gerando

assim, produtos de diversas aplicações. O milho se presta bem ao transporte e à

armazenagem, o que leva a um grande mercado tanto nos países produtores, quanto nos

países importadores. A conversão do amido em xaropes de glicose, maltose frutose e

outros derivados como a maltodextrina é amplamente utilizada.

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3.4 AMIDO DE MANDIOCA

De acordo com Hoover (2001) as culturas tuberosas recebem diversas

denominações populares conforme o país em questão. Com relação às propriedades

agronômicas já existe grande documentação acerca destas culturas, no entanto, quanto

às propriedades físico-químicas ainda há muito a ser estudado. Por ser a mandioca rica

em amido, este é o principal produto obtido a partir dela, pois dele obtém-se o maior

número de aplicações e sub-produtos. A matéria-prima contém de 25 a 30 % de amido

em sua constituição (JACQUES; LYONS; KELSALL, 1999). Segundo Passos (2002) a

mandioca (Manihot esculenta) representa um alimento energético para mais de 400

milhões de pessoas no mundo, sobretudo nos países em desenvolvimento. A mandioca

apresenta uma série de vantagens em relação a outros cultivos como: fácil propagação,

elevada tolerância a longas estiagens, além de outras. Ainda, apresenta um alto teor de

amido nas raízes.

O amido de mandioca tem algumas vantagens em comparação a outros tipos de

amidos como, por exemplo, a facilidade de hidrólise (AYERNOR; HAMMOND;

GRAFFHAM, 2002).

Industrialmente, seu processamento gera uma série de produtos e subprodutos

para a alimentação humana, animal ou outros usos industriais (DEMIATE; CEREDA,

2000). Outro fato que torna a mandioca promissora como fonte de amido para a produção

de hidrolisados, é a possibilidade da redução de custos de produção de raiz ainda ser

muito grande, por conta do emprego de tecnologia e do aumento de produtividade em

algumas regiões, sem contar com o melhoramento genético para desenvolver variedades

mais produtivas e adequadas ao seu processo industrial (PASSOS, 2002).

Page 23: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

3.5 USO DE AMIDOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

De acordo com Franco et al. (2001), o amido tem sido tradicionalmente utilizado na

indústria de alimentos como ingrediente ao mesmo tempo de valor calórico e responsável

por melhorar as propriedades funcionais como facilitar o processamento, fornecer textura,

servir como espessante, proteção entre outros.

Os produtos de hidrólise como os xaropes de glicose ou maltose, maltodextrinas

são utilizados nas indústrias de balas, doces, chocolates, bolos, biscoitos, assim como

nas indústrias de geléias e de sobremesas como anti-cristalizante, adoçante e por sua

higroscopicidade. Este polissacarídeo desempenha um importante papel no controle de

características de um grande número de alimentos processados.

3.6 GELATINIZAÇÃO

O fenômeno denominado gelatinização é extremamente importante para vários

sistemas alimentícios. Trata-se de uma propriedade pertinente a todos os tipos de amido.

Em uma dada temperatura, no processo de aquecimento, a energia cinética do sistema

água - amido, é suficiente para enfraquecer as ligações hidrogênio no interior do grânulo,

resultando na desorganização granular e hidratação dos polímeros naturais (LELIÈVRE,

LIU, 1994).

O amido de cada espécie vegetal apresenta morfologia e propriedades físico-

químicas próprias (EDUARDO, 2002). A gelatinização de amidos verificada por técnicas

termoanalíticas é muito importante uma vez que define proporcionalmente a energia

requerida para o cozimento (VARAVINIT, 2004). Em escala industrial, principalmente, o

gasto energético do processo deve ser cuidadosamente controlado.

Page 24: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

As técnicas termoanalíticas normalmente são utilizadas na análise de transições

que ocorrem quando polímeros sintéticos são aquecidos. Assim, não é surpresa que tais

métodos são amplamente utilizados no estudo da gelatinização (LELIÈVRE, LIU, 1994).

3.7 HIDRÓLISE DE AMIDOS

A hidrólise de amidos, comumente, é realizada por duas vias: enzimática e ácida

(PASSOS, 2000). A quebra do amido por meio de enzimas exige uma série de condições

distintas e muito específicas é mais onerosa e ainda não amplamente utilizada no Brasil.

Apesar disso, a atuação das enzimas mostra alta especificidade, possibilitando a

obtenção de produtos de propriedades físico-químicas bem definidas além do que o

processo ocorre em reações mais brandas (EDUARDO, 2002). A hidrólise enzimática é o

procedimento industrialmente utilizado quando o objetivo é um produto mais refinado

como a glicose ou xarope concentrado de maltose. Este procedimento é muito usual na

indústria Norte-americana e também na Europa (BRAMBILLA, 2001; LEHNINGER;

NELSON; COX, 1995; PASSOS, 2002).

3.8 ENZIMAS

A enzimologia industrial é um importante ramo da biotecnologia. As enzimas

permitem às indústrias usarem processos mais econômicos, diminuindo o consumo de

energia; são mais confiáveis e poluem menos, comparativamente ao emprego de ácidos.

Sua especificidade evita resultados indesejáveis. Atualmente, as enzimas podem

substituir muitos desses produtos químicos e permitir uma produtividade segura e

ambientalmente amigável (DESCOBRINDO..., 2004).

Page 25: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

Os ensaios enzimáticos têm sido utilizados para demonstrar a existência de

ligações associativas no interior dos grânulos de amido. As enzimas para serem utilizadas

para este fim, devem ser concentradas e purificadas (FRANCO et al., 2001).

No processo completo de hidrólise, o amido é convertido em uma mistura de vários

oligossacarídeos e dextrinas diferentes pelo uso da α-amilase. Essas maltodextrinas,

ligeiramente doces, são submetidas a mais uma conversão pela adição de outras enzimas

promotoras do desdobramento total das moléculas de amilose ou amilopectina que ao se

romperem transformam-se em dextrinas cada vez mais simples e finalmente em glicose

(ENZIMAS, 2004; JACQUES; LYONS; KELSALL, 1999).

3.8.1 Enzima α-amilase

As amilases têm diferentes aplicações industriais, como em alimentos, detergentes,

têxteis e indústria de papéis. As amilases têm tomado lugar de ácidos no processamento

industrial de hidrolisados de amido. As amilases representam a maior parte do mercado

de enzimas no mundo. A maior aplicação para a α-amilase está na produção de

hidrolisados de amidos (GUPTA et al., 2003).

Amilases fúngicas normalmente obtidas a partir de: Aspergillus oryzae, Aspergillus

niger, Aspergillus awamori ou espécies de Rhizophus têm sido utilizadas como

suplemento na atividade amilolítica. Enzimas desta origem têm como finalidade o

aumento dos níveis de monossacarídeos e dissacarídeos fermentáveis, promovendo uma

melhor condição ao fermento (NAGODAWITHANA; REED, 1993).

A atuação da α-amilase tem por objetivo a quebra das ligações glicosídicas α, 1-4

em cadeias mais curtas, no entanto, as ligações α, 1-6 não são quebradas pela ação

desta enzima. Na produção de glicose, esta etapa tem como finalidade a quebra das

Page 26: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

moléculas de amido para redução da viscosidade e auxiliar a ação enzimática

(JACQUES; LYONS; KELSALL, 1999).

A ação da α-amilase sobre a amilose se dá em duas etapas. A primeira consiste no

ataque aleatório e rápido do substrato, resultando maltose e maltotriose, enquanto que a

segunda, bem mais lenta, permite a formação de glicose e maltose.

A hidrólise da amilopectina pela α-amilase fornece como produtos finais glicose, maltose e

as α-dextrinas limite (oligossacarídeos contendo quatro ou mais unidades de glicose

unidas por ligações do tipo α-1,6)(AQUARONE et al., 2001).

As amilases, de uma maneira geral, agem na superfície do grânulo de amido

provavelmente em uma imperfeição estrutural ou fissura, depois estendem-se

lateralmente formando cavidades cônicas. A ação contínua da α-amilase causa erosão

nos grânulos que podem vir a ser dissolvidos completamente.

Os produtos hidrolisados de amido têm numerosas aplicações como xaropes de

diferentes qualidades compostos por: maltodextrinas (oligômeros), glicose, maltose e

frutose, amplamente usados na indústria de alimentos como adoçantes e como substratos

para fermentação (SWEETENER..., 1999).

3.9 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

Os métodos de análise térmica medem variações de um determinado parâmetro

ocorridas como uma função da temperatura (aquecimento ou resfriamento) ou como uma

função do tempo a uma temperatura constante (modo isotérmico). As técnicas

termoanalíticas fornecem resultados na forma de curvas, as quais contêm as informações

a respeito da variação do parâmetro medido (LUCAS;SOARES;MONTEIRO, 2001).

Page 27: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

A hidrólise parcial resulta na despolimerização do amido e é possível monitorar o

evento por técnicas complementares como: produtos da hidrólise do amido granular,

microscopia e outras.

3.9.1 Hidrólise do amido granular

3.9.1.1 Determinação de açúcares redutores

Nos fluídos biológicos, o açúcar que normalmente encontra-se em quantidades

mensuráveis é a glicose; assim, ela é a quem usualmente determina-se. Os açúcares

redutores vêm de carboidratos redutores que possuem radicais aldeídos ou cetonas.

Estes grupos funcionais aparecem nas moléculas de carboidratos proporcionando um

sítio ativo para reações. A identificação ou determinação dos radicais redutores é feita por

indicadores, sendo o mais conhecido e utilizado, o cobre. Soluções de cobre podem

mudar de cor se estiverem na forma reduzida ou oxidada (CEREDA;VILPOUX, 2003) .

A determinação de carboidratos redutores pode ser feita baseada no método de

Somogyi –Nelson (FREITAS, 2002; NELSON, 1944; SOMOGYI, 1945). Esta metodologia

tem como princípio, o fato de que a glicose ou outro açúcar redutor, reduz o reativo cupro-

alcalino produzindo óxido cuproso. Este, em presença do reativo arsenomolíbdico de

Nelson, forma um complexo de óxido de molibdênio de coloração azul estável, cuja

intensidade pode ser medida em fotocolorímetro (PLUMMER, 1971).

Page 28: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

3.9.1.2 Determinação de glicose

Esta análise trata da determinação da glicose por teste enzimático colorimétrico

para uso diagnóstico in vitro.

O método é baseado no princípio de que o Peróxido de hidrogênio, em presença

da peroxidase (POD) reage com a aminoantipirina e fenol, formando um cromógeno

vermelho cereja cuja intensidade de cor é proporcional à concentração de glicose

(BIOCLIN, 2002; DAHLQUIST, 1961).

3.9.2 Microscopia

O exame microscópico dos grânulos fornece informações sobre a origem dos

amidos contribuindo para sua caracterização. (ELLIS et al., 1998; FREITAS et al., 2002).

Para Aggarwal; Dollimore (1998), a análise por meio de microscopia pode ser

utilizada para examinar os grânulos resultantes do processo de hidrólise parcial. A

degradação pode não ocorrer de maneira uniforme. Este método é utilizado para um

melhor entendimento dos efeitos da hidrólise parcial dos amidos com a ação enzimática.

3.9.3 Difratometria de Raios X

Os raios X produzidos a partir do bombeamento do ânodo por elétrons do

cátodo acelerados por alta tensão, são radiações eletromagnéticas que como tais, podem

ser polarizadas, refratadas e refletidas. Em difratometria utiliza-se raios X “moles” onde o

comprimento de onda é relativamente grande e raios X “duros” empregados em

microrradiografias.

Page 29: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

De acordo com Carvalho Filho ( 2000), as radiações mais utilizadas são os Kα com

comprimentos de onda compreendidos entre 0,56 e 2,29 Å. Ë indispensável que a

radiação seja monocromática e, como normalmente as linhas (Kα e Kβ) são emitidas

simultaneamente, há necessidade de se filtrar o feixe para eliminar a radiação

indesejável. A difração de raios X pelos cristais resulta de um processo em que os raios X

são dispersos pelos elétrons dos átomos sem mudança do comprimento de onda

(dispersão de Bragg). Um elétron de um átomo é influenciado pelos raios X é excitado em

campo flutuante, tornando-se uma fonte de ondas eletromagnéticas de mesma freqüência

e comprimento de onda que os raios incidentes. Desta forma, o elétron do átomo dispersa

o feixe incidente, combinando-se para difratar a radiação X.

A intensidade da dispersão depende de como os elétrons estão distribuídos em

todo o volume atômico. No entanto, em termos de geometria de difração, o átomo é

considerado uma fonte puntual de dispersão.

Em se tratando de um conjunto de átomos, estes difratam os raios X em duas

direções principais. Essas direções correspondem respectivamente ao prolongamento do

feixe incidente e a reflexão pelo plano. Qualquer plano do cristal correspondente a uma

face pode ser considerado e o arranjo completo seria um conjunto de planos paralelos ao

primeiro.

A posição das reflexões e as intensidades relativas, dependentes respectivamente

da célula unitária e do arranjo dos átomos, são características da estrutura cristalina do

material. A difração resultante de um cristal compreendendo posições e intensidades

das linhas de difração é uma propriedade física fundamental da substância e que pode

não apenas servir na identificação mas também como análise de sua estrutura (

JEFFREY et al., 1992).

É sabido que em química de coordenação, a determinação da estrutura molecular

de um composto é feita pela difração de raios X em monocristal. Porém, a dificuldade da

Page 30: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

obtenção do mesmo leva a opção do emprego do método do pó, do qual se obtém

informações que podem, conduzir a verificação de cristalinidade, comparação aos

padrões catalogados e verificação de isomorfismo dentro de uma série de compostos.

Com base nesses resultados, é possível obter conclusões a respeito da estrutura

cristalina dos compostos (CARVALHO FILHO 2000).

No estudo da cristalinidade de amidos, difração de raios X é usualmente realizada

em materiais hidratados. A hidratação consiste em manter a umidade relativa dentro de

um dessecador. A hidratação é um fator que interfere na análise, uma vez que mantém a

ordem estrutural e aumenta a resolução dos resultados.

Durante o processo de hidrólise enzimática, pode-se observar a alteração de

cristalinidade do amido (AGGARWAL; DOLLIMORE, 1998).

3.9.4 Técnicas termoanalíticas

Os primeiros métodos termoanalíticos a rigor, iniciaram-se quando o homem

observou a ação do fogo sobre os materiais. A evolução da técnica se deu lentamente e

os trabalhos iniciais resultaram de esforços isolados de alguns pesquisadores,

empregando instrumentos rudimentares (CARVALHO FILHO, 2000).

Posteriormente, a instrumentação termoanalítica atingiu um elevadíssimo grau de

sofisticação em virtude dos progressos da ciência e tecnologia. Aliado a esses fatores,

deve ser considerado a redescoberta das potencialidades de suas aplicações nos mais

variados setores científicos e tecnológicos (IONASHIRO, 2005).

No Brasil, os estudos relacionados à análise térmica foram inicialmente

desenvolvidos nos laboratórios da Universidade de São Paulo no início da década de 70

pelas mão do Prof. Dr. Ivo Giolito. Desde o início, o Prof. Giolito objetivou a divulgação e

disseminação da técnica no país. Em apenas pouco mais de 30 anos de história no Brasil,

Page 31: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

as técnicas termoanalíticas se popularizaram de tal modo pela sua versatilidade de

aplicação em várias áreas, que se tornaram indispensáveis em qualquer centro de

pesquisa. Desse modo, em curto período de tempo, o prof. Giolito cumpriu sua meta e

seu nome tornou-se sinônimo de análise térmica em nosso país (CARVALHO FILHO,

2000).

De acordo com Ionashiro (2005), por definição, a análise térmica é o termo

aplicado a um grupo de técnicas, nas quais uma propriedade física de uma substância

e/ou de seus produtos de reação é medida em função da temperatura ou tempo,

enquanto a mesma é submetida a uma programação controlada de temperatura.

Destas técnicas, as mais amplamente difundidas utilizadas são a

termogravimetria/termogravimetria derivada (TG/DTG), a análise térmica diferencial (DTA)

e a calorimetria exploratória diferencial (DSC). Segundo Schnitzler et al.( 2004), os

métodos térmicos em análises estão sendo atualmente muito utilizados nas investigações

científicas.

3.9.4.1 Termogravimetria/termogravimetria derivada (TG/DTG)

No início do século passado, foi apresentado um sistema capaz de medir

continuamente a massa de um material enquanto este era submetido a uma programação

controlada de temperatura. Este sistema descrito em 1915, foi denominado por Kôtaro

Honda como termobalança e fez surgir a técnica termoanalítica e a termogravimetria (TG).

O registro obtido é a curva termogravimétrica ou a curva TG (Figura 4), onde Ti é a

temperatura inicial, ou seja, a temperatura em que a mudança de massa alcança uma

magnitude que a termobalança possa detectar e Tf, a temperatura final onde a massa

alcança o seu valor máximo correspondendo a reação completa (CARVALHO FILHO,

2000; IONASHIRO, GIOLITO, 1982).

Page 32: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

Modificações da estrutura molecular ocorrem quando os grânulos são submetidos

ao aquecimento (AGGARWAL; DOLLIMORE, 1998). Tal informação é de extrema

importância no sentido de avaliar a decomposição de diferentes produtos (KARAM;

NORZIAH; SEOW, 2000; SOLIMAN; EL-SHINNAWY; MORABAK, 1997).

FIGURA 4 – Representação de uma curva termogravimétrica.

Fonte: (CARVALHO FILHO, 2000).

Enquanto a curva TG fornece graficamente degraus correspondentes às variações

de massa em função do tempo e/ou temperatura, na curva DTG, técnica que fornece a

derivada primeira da curva TG em função do tempo ou temperatura. O registro é a curva

termogravimétrica derivada ou DTG (Figura 5). Neste método, os degraus observados nas

curvas TG são correspondidos por picos que delimitam áreas proporcionais às alterações

de massa com aquecimento da amostra. Os resultados de variação de massa (Δm), a

partir da DTG aparecem de uma forma visualmente mais acessível, uma vez que as

inflexões sutis da TG são enfatizadas e possibilitam a separação das reações

Page 33: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

sobrepostas e a determinação com maior exatidão das temperaturas correspondentes ao

início e quando os processos de decomposição térmica atingirem sua velocidade máxima.

Figura 5 – Representação das curvas TG-DTG

(Fonte: CARVALHO FILHO, 2000).

A termogravimetria permite conhecer detalhadamente as alterações que o

aquecimento pode causar na massa das substâncias e ainda estabelecer a faixa de

temperatura em que as mesmas adquirem composição química definida, ou sofrem

processos de decomposição. Curvas TG, podem ser classificadas em: isotérmicas,

quase-isotérmicas e dinâmicas. Na TG isotérmica, a massa da amostra é registrada como

função do tempo, a uma temperatura constante. Na TG quase-isotérmica, a amostra é

aquecida até massa constante e na TG dinâmica, há um acompanhamento das variações

Page 34: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

de massa sofridas pela amostra em função da temperatura quando esta é submetida a

um aquecimento ou resfriamento linear (CARVALHO FILHO, 2000).

Os experimentos onde avaliam-se as variações de massa de um material em

função da temperatura são realizados em uma termobalança, cujo diagrama de bloco

encontra-se na (Figura 6). Este equipamento permite a pesagem contínua de uma

amostra em função da temperatura, à medida em que esta é aquecida ou resfriada. As

curvas TG permitem obter conclusões sobre a estabilidade térmica da amostra, sobre a

composição, estabilidade dos compostos intermediários e sobre a composição do resíduo,

sendo entre as técnicas termoanalíticas, a mais utilizada.

A termogravimetria é um método basicamente quantitativo, uma vez que a variação

de massa pode ser exatamente determinada. Porém, o intervalo de temperatura onde

esta variação de massa ocorre, é qualitativo, tendo em vista que este parâmetro depende

de fatores instrumentais e características da amostra.

Page 35: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

Figura 6 – Diagrama de bloco de uma termobalança. (Fonte: Carvalho Filho, 2000).

3.9.4.2 Análise térmica diferencial (DTA) e Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

De acordo com Ionashiro (2005), as técnicas de Análise Térmica Diferencial (DTA)

e Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) têm o mesmo princípio, sendo consideradas

semelhantes e complementares. Ambas permitem avaliar as varições entálpicas que

ocorrem com uma dada substância durante um processo de aquecimento ou

resfriamento. O termo ”diferencial” dá ênfase àquelas medidas que envolvem tanto a

própria substância como um material termicamente estável.

Assim, a análise térmica diferencial é a técnica na qual a diferença de temperatura

entre a amostra e a referência são submetidos a uma programação controlada de

temperatura (CARVALHO FILHO, 2000).

Page 36: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

O DSC é uma técnica procedente do DTA, na qual mede-se a diferença de energia

fornecida à substância e a um material de referência em função da temperatura enquanto

estas são submetidas a uma programação controlada de temperatura.

De acordo com o método de medição utilizado, tem-se o DSC com compensação

de potência, desenvolvido pela Perkin Elmer e o DSC com fluxo de calor, desenvolvido

por outras empresas. No DSC com compensação de potência a amostra e a referência

são aquecidas ou resfriadas em compartimentos separados, individualmente. Isto torna

possível manter a amostra e a referência em condições isotérmicas, ao contrário da

técnica DTA. Assim, se a amostra sofre alteração de temperatura devido a um evento

endo ou exotérmico em função do aquecimento ou resfriamento a que é submetida,

ocorre uma modificação na potência da entrada do forno correspondente de modo a

anular esta diferença. Isto consiste no “balanço nulo de temperatura”(CARVALHO FILHO,

2000).

Segundo Carvalho Filho (2000), o DSC com fluxo de calor tem desempenho

equivalente ao DSC com compensação de potência e foi desenvolvido a partir do DTA

para contornar a patente do DSC com compensação de potência da Perkin Elmer. A

principal diferença em relação ao DTA, consiste na execução de medidas quantitativas,

uma vez que o DSC com fluxo de calor possui uma resistência térmica bem-definida.

Nesse sistema DSC, a amostra e a referência são colocados sobre um disco termoelétrico

de constantan e aquecidos por uma única fonte de calor. O calor é transferido através do

disco para a amostra e a referência e o fluxo de calor diferencial entre os dois é

controlado por termopares conectados abaixo do cadinho.

O que vem diferenciar os dois métodos é principalmente a maneira na qual os

resultados se apresentam. No DSC com compensação de potência, adotou-se a

convenção termodinâmica, onde um evento endotérmico é caracterizado por um pico

ascendente a partir da linha-base, enquanto que no DSC com fluxo de calor, este mesmo

Page 37: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

evento é apresentado num pico descendente. Atualmente, os dispositivos permitem ao

usuário determinar a representação de um evento endo ou exotérmico em uma curva

DSC.

De acordo com Carvalho Filho (2000), qualquer fenômeno físico ou químico que

por ocasião de sua ocorrência provoque variações de entalpia pode ser detectado através

desta técnica e à medida que a sensibilidade dos instrumentos foi sendo aumentada, a

aplicabilidade do método foi também sendo consideravelmente ampliada.

De uma maneira prática, a maior diferença entre as técnicas DSC e DTA consiste

no sinal do instrumento. No DTA, o sinal fornecido é proporcional a diferença de

temperatura entre a amostra e um material de referência termicamente estável, enquanto

que no DSC, o sinal é dado pela potência térmica diferencial ( IONASHIRO, 2005).

Nos últimos anos, a calorimetria exploratória diferencial vem sendo amplamente

utilizada para o estudo do comportamento térmico de amidos. O estudo de propriedades

térmicas pode auxiliar nos caminhos do processamento de amidos e também na

exploração e entendimento da estrutura granular. A análise por DSC permite verificar e

monitorar propriedades térmicas e transições de fase dos amidos (AGGARWAL;

DOLLIMORE, 1998; JI;SEETHARAMAN;WHITE, 2004; ZHONG, SUN, 2005).

Page 38: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 MATERIAL

4.1.1 Matéria-prima

Amido de milho comercial e amido de mandioca (polvilho doce) comercial. Ambos

para utilização em processos alimentícios adquiridos em estabelecimento comercial de

Curitiba-PR.

Enzima α-amilase fúngica denominada SPRING ALFA 4000 SKB (GRANOTEC)

gentilmente doada por um usuário.

Algumas amostras de amido utilizadas no estudo, foram gentilmente fornecidas

pelo Professor Doutor Ivo Mottin Demiate (UEPG).

4.2 MÉTODOS

4.2.1 Hidrólise parcial enzimática

Para o processo de hidrólise (Figura 7), foram necessários 6 erlenmeyers divididos

em 2 grupos: 3 frascos para amido de milho e 3 para amido de mandioca, sendo que para

cada grupo, a identificação no frasco citava origem botânica e o tempo de hidrólise em

que iria ser submetido (de 1 a 3 horas).

Para cada erlenmeyer, foram pesados aproximadamente 3 g de amidos comerciais

de mandioca e milho separadamente em uma balança analítica SHIMADZU AY 220.

Durante a pesagem, os materiais foram acondicionados em dois grupos de 3 erlenmeyer

de 250 mL préviamente tarados. Em seguida, para cada recipiente foram adicionados

Page 39: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

8,00 mL de água destilada, formando uma mistura de aproximadamente 3:8 (amido:água

destilada) em massa e então acertado o pH para 5,0 com adição de HCl 0,1 mol/L.

Em seguida, todos os frascos foram inseridos a um BANHO DUBNOFF TECNAL

com agitação e mantidos a uma temperatura de 40 °C (GRANOTEC).

Então, foi adicionado a cada erlenmeyer 0,0150g de enzima α-amilase fúngica segundo a

recomendação da ficha técnica da mesma (GRANOTEC), considerando a massa de

amido.

Após cada intervalo de hora, eram retirados do sistema de aquecimento e agitação

os frascos identificados para o tempo de hidrólise pré-determinado. Para parar a ação

enzimática, o pH foi acertado para 2 com adição de HCl 0,2 mol/L (AGGARWAL,

DOLLIMORE, 1998).

Na seqüência, todos os frascos foram submetidos à centrifugação em um

equipamento COMBAT CELM a 3200 rpm durante 6 minutos (BIOQUÍMICA). O

sobrenadante de cada amostra foi separado, e acondicionado em tubo de ensaio e selado

por filme de PVC para ser armazenado em geladeira para análises posteriores.

O material precipitado de cada amostra foi retirado e secado em estufa vácuo

durante 24 horas em temperatura ambiente e em seguida acondicionado em dessecador

para ser analisado posteriormente.

Page 40: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

AMIDOS DE MILHO e MANDIOCA

EM CADA ERLENMEYER:

3 g DE AMIDO;

8 mL DE ÁGUA DESTILADA;

0,015 g DE ENZIMA;

AJUSTE: TEMPERATURA 40 ºC e pH 5,0;

TEMPO DE HIDRÓLISE (ATÉ 3 HORAS).

PH AJUSTADO PARA 2

CENTRIFUGAÇÃO

-MATERIAL PRECIPITADO; -AMIDOS NATIVOS: SECAGEM À TEMPERATURA

AMBIENTE;

ANÁLISE TÉRMICA; MICROSCOPIA; RAIO X.

SOBRENADANTE: (PRODUTOS DA HIDRÓLISE) DETERMINAÇÃO DE GLICOSE; AÇÚCARES REDUTORES.

FIGURA 7 - Fluxograma representativo do preparo das amostras para a hidrólise parcial enzimática e respectivas análises.

Page 41: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

4.2.2 Hidrólise do amido granular

4.2.2.1 Determinação de glicose

A determinação de glicose descrita para determinar quantidade de glicose no sangue foi

utlizada segundo descrito por Dhalquist (1961), com auxílio do Kit (BIOCLIN).

4.2.3.2 Determinação de açúcares redutores

Com os reativos de Somogyi–Nelson preparados, cada situação de tempo de

hidrólise e fonte de amido fora marcada em tubos de ensaio: Amostra (A) e branco (B).

Em seguida, adicionou-se respectivamente 1mL do sobrenadante e 1mL de água

destilada.

Adicionou-se aos tubos A e B, 1 mL do reativo de Somogyi, agitou-se, e submeteu-

se ao banho–maria fervente por 10 minutos (os tubos foram cobertos com papel alumínio

para evitar evaporação). Após resfriamento, foram adicionados aos tubos 1 mL do reativo

de Nelson, para em seguida completar o volume de cada tubo para 10 mL com água

destilada. O espectrofotômetro foi calibrado com o conteúdo do tubo B e determinou-se a

absorbância do tubo que continha amostra (A) em 535 nm (BIOQUIMICA, 2001).

4.3 MICROSCOPIA:

Todas as amostras de amido de milho e mandioca foram observadas numa lupa

estereoscópica (OLYMPUS modelo SZX9), dotada de filtro polarizador e fotografadas

com o captador de imagens (MEDIA CYBERNETICS) modelo COOL SNAP PRO

Page 42: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

COLOR). As fotografias foram identificadas e dotadas de escala com o programa IMAGE

PRO PLUS.

Cada amostra foi disposta em uma lâmina de vidro, e imersa em água destilada.

Em seguida, foram feitas as observações dos grânulos a um aumento de 400X e também

no aumento de 1000X com auxílio de um óleo de imersão. Todas os registros foram

dotados de escala e identificação.

4.4 DIFRATOMETRIA POR RAIOS X

Com o intuito de caracterizar a cristalinidade dos grânulos de amido de milho e

mandioca nativos e hidrolisados, cada amostra foi disposta sobre uma lâmina de vidro

tratada com HF. Cada material foi colocado em um porta amostra e analisado por um

difratômetro Siemens Mod. D-500 operando com radiação CuKα (comprimento de onda de

1.542 Å) a um tempo de varredura de 0.5º min-1 na geometria Bragg-Brentano de

10<θ<70. Todas as determinações foram realizadas usando um gerador de tensão de 40

kV e uma corrente emissora de 30 mA.

4.5 TÉCNICAS TERMOANALÍTICAS:

4.5.1 Calibração do equipamento TG 60

Com a finalidade de obter resultados precisos em técnicas termoanalíticas, deve-se

inicialmente executar a calibração do equipamento. Para tanto, deve-se recorrer a

materiais-padrão de composição conhecida e que reproduzam as perdas de massa

referentes à sua decomposição em temperaturas bem determinadas, ou uso de materiais

Page 43: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

que apresentem transições magnéticas que possam ser observadas em uma curva

termogravimétrica, podendo-se assim, efetuar a calibração de temperatura do forno.

Um dos métodos mais eficazes para a calibração é obtido quando um material

com característica ferromagnética é submetido a um aumento de temperatura sob a

atuação de um campo magnético. Ao alcançar a temperatura referente ao ponto Curie do

material, observa-se uma aparente perda de massa registrada pela curva

termogravimétrica. Para este tipo de calibração, o aquecimento deve iniciar à temperatura

ambiente até a temperatura na qual as amostras serão analisadas, utilizando-se de vários

materiais simultaneamente (CARVALHO FILHO, 2000).

Os resultados obtidos no presente estudo, foram obtidos a partir de um sistema

dotado de um programa de software TA 60, que permite uma calibração do equipamento

de forma eficiente, através de correções matemáticas dos resultados com determinados

padrões. Após corrigidos, estes valores são arquivados no sistema e utilizados como fator

de correção de amostras analisadas.

A calibração da balança foi realizada obtendo-se duas curvas termoanalíticas em

condições semelhantes às utilizadas para os compostos. A primeira curva foi realizada

com um peso padrão fornecido pelo fabricante e a segunda com o suporte da amostra

vazio. Os dados de ambas as curvas foram analisados e corrigidos, fornecendo o fator de

correção de massa.

A linha de base foi calibrada aquecendo-se continuamente o forno com uma

razão de aquecimento pré-determinada. Utilizando-se a curva DTA pôde-se medir as

variações de temperatura que ocorreram no forno vazio criando-se assim um fator de

correção que permaneceu arquivado e foi utilizado pelo sistema durante a execução das

análises

De acordo com Carvalho Filho (2000), a calibração efetuada para a temperatura

baseia-se na observação do pico endotérmico referente ao processo de fusão de um

Page 44: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

material puro. O valor obtido é comparado ao fornecido pela literatura. A diferença entre

os resultados é transformada em um fator de calibração de temperatura que será

armazenado e utilizado posteriormente.

No caso particular do equipamento utilizado neste estudo, a calibração da

temperatura segue a equação:

( temperatura calibrada) = ( temperatura não-calibrada) + ΔT

ΔT é um termo dependente da temperatura e segue:

ΔT(tm) = A + B x Tm, onde:

ΔT(tm) é o valor de correção na temperatura Tm;

A e B são coeficientes de calibração de ordem zero e primeira ordem obtidos na

literatura. No caso da utilização de um material-padrão como referência, utiliza-se apenas

um coeficiente. No caso do uso de dois materiais, dois coeficientes e assim por diante.

4.5.2 Calibração do equipamento DSC 60

Por ser utilizado tanto em medidas qualitativas e também quantitativas, a

calibração da célula DSC deve ser realizada periodicamente e a cada mudança de

condição experimental, como atmosfera, vazão de gás de arraste e razão de

aquecimento.

Os parâmetros calibrados foram: linha de base do equipamento, constante da

célula e temperatura. A linha de base foi calibrada empregando-se dois micro-cadinhos

vazios e aquecimento da célula até 600ºC.

A calibração da constante da célula e da temperatura baseou-se na

determinação do ponto de fusão de um material padrão como o Índio por meio de uma

curva DSC e comparação do valor obtido com valor descrito na literatura. A correção de

Page 45: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

temperatura feita pelo programa TA 60 (SHIMADZU) segue o mesmo procedimento

matemático descrito na calibração do equipamento TG 60.

4.5.3 Termogravimetria

As curvas termogravimétricas foram obtidas em um TG 60 SHIMADZU. Cada

amostra (amostras de amidos nativos e hidrolisados) foi retirada do dessecador e

previamente pesada numa balança analítica AY 220 SHIMADZU para que se obtivesse o

valor aproximado da massa a ser analisado. Todas as amostras foram pesadas e

acondicionadas em micro-cadinhos de alfa-alumina pré-tarados na termobalança.

As condições de análise foram as seguintes (AGGARWAL; DOLLIMORE, 1998):

Massa de amostra: 5,0 mg;

Atmosfera: ar sintético;

Vazão: 100mL/min.;

Razão de aquecimento: 10 °C/min.;

Temperatura inicial: 30 °C;

Temperatura final: 600 °C.

Para a obtenção dos valores de observação das curvas, foi utilizado o programa TA

60 (SHIMADZU).

4.5.4 Calorimetria Exploratória Diferencial

As curvas DSC foram obtidas em um equipamento DSC 60 SHIMADZU calibrado

com padrão de índio puro (99,99%). Cada amostra foi retirada do dessecador e

previamente pesada numa balança analítica SHIMADZU AY 220 para que se obtivesse o

valor aproximado da massa a ser analisado.

Page 46: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

Foram feitas misturas de amostras e água na razão aproximada de 1:4

(amido:água) para cada amostra. As misturas ficaram em repouso por pelo menos duas

horas para que houvesse homogenização da mistura. Com auxílio de micro-pipeta

LABMATE, foram retirados 10 μL da mistura e inserido a um micro-cadinho de alumínio

selável (SHIMADZU). Antes de iniciar o processo, é acondicionado no calorímetro um

micro-cadinho vazio, idêntico ao da amostra que foi utilizado como referência

(AGGARWAL; DOLLIMORE, 1998; YU; CHRISTIE, 2001).

As condições de análise foram as seguintes:

Massa de amostra: aproximadamente 10 mg;

Atmosfera: ar sintético;

Vazão: 100mL/min.;

Razão de aquecimento: 5 °C/min.;

Temperatura inicial: 30 °C;

Temperatura final: 80°C.

Para a obter os valores de observados nas curvas, foi utilizado o programa TA 60

SHIMADZU.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 PRODUTOS DA HIDRÓLISE GRANULAR

De acordo com Biliaderis (1991) a funcionalidade dos amidos está diretamente

relacionada à amilose e à amilopectina e também a organização física das mesmas

dentro da estrutura granular. No estado nativo, existe um número mínimo de

açúcares redutores mas quando ocorre a quebra das cadeias de amilose pela

Page 47: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

enzima (mesmo que seja aleatória) ocorre por sua vez a formação de um maior

número correspondente de terminais redutores, ou seja de açúcares redutores.

Como representado (Tabela 1 e Figura 8), percebe-se aumento gradativo de

açúcares redutores, conforme o aumento do tempo de ação da enzima, o que

paralelamente explica-se a determinação de glicose, pois com a quebra das

ligações ocorre o aparecimento de glicose.

TABELA 1 – Percentuais de glicose e açúcar redutor durante a hidrólise.

Glicose(%) Açúcares Redutores (%)

______ Milho Mandioca Milho Mandioca____

1 HORA: 3,05 2,22 8,26 6,47_______

2 HORAS: 3,75 3,55 12,44 9,09_______

3 HORAS: 5,14 4,21 21,34 13,33______

0

5

10

15

20

25

MILHO MANDIOCA MILHO MANDIOCA

GLICOSE AÇÚCAR REDUTOR

FIGURA 8 – Percentuais de glicose e açúcar redutor pós-hidrólise (■)uma hora, (■) duas horas e (■)

três horas.

Page 48: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

Verifica-se uma correlação entre as análises uma vez que ambas são dependentes

da ação enzimática. Foi possível verificar, através de metodologias clássicas, que a ação

enzimática realiza a quebra na cadeia dos polímeros de glicose, transformando-os em

estruturas menos complexas.

5.2 MICROSCOPIA

Os grânulos de amido de milho nativos (Figura 9) observados na análise diferiram

na forma e tamanho. O amido de milho apresentou forma poliédrica irregular que pode ser

melhor observada no aumento de 1000X. Seu tamanho varia entre aproximadamente 5 e

20 μm, confirmando a análise previamente realizada por AGGARWAL;DOLLIMORE

(1998) e KARAM (2003).

Já os grânulos de mandioca nativos (Figura 10) não apresentaram arestas e sim

uma morfologia mais arredondada e na média, um pouco maiores que os grânulos de

amido de milho. Como já observado por Hoover (2001), os grânulos deste amido se

apresentam tanto na forma solta, quanto agregados. Estes resultados confirmam

CIACCO; CRUZ (1982) e KARAM (2003).

Page 49: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

(a) (b)

FIGURA 9 - Micrografias em microscopia ótica da morfologia de grânulos de amido de milho nativo em aumentos de (a) 400 e (b) 1000X.

(a) (b)

FIGURA 10 - Micrografias em microscopia ótica da morfologia de grânulos de amido de mandioca nativo em aumentos de (a) 400 e (b)1000X.

Durante o tempo de ação enzimática, progressivamente os grânulos foram

sofrendo alterações morfológicas. O estudo microscópico da alteração estrutural do

grânulo foi feito com amiloglucosidase em diferentes amidos por AGGARWAL;

DOLLIMORE (1998). Este fenômeno foi também observado por SARIKAYA et al. (2000)

quando tratamento enzimático de α- e β- amilases em grânulos nativos de diferentes

fontes botânicas.

Page 50: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

LI et al. (2004) por sua vez, realizaram tal estudo em amidos de cevada utilizando

diferentes α- amilases e amiloglucosidase. Pode-se observar a ação enzimática pela α-

amilase fúngica durante uma e duas horas de hidrólise (Figura 11).

(a) (b)

FIGURA 11 - Micrografias em microscopia ótica da morfologia de grânulos de amidos de (a) milho e (b) mandioca hidrolisados durante uma e duas horas em aumentos de 1000X.

Ao final de três horas (Figura 12) foi possível observar, em comparação ao estado

inicial, que os grânulos haviam sido consideravelmente degradados pela ação enzimática,

confirmando os resultados da análise de atividade enzimática.

Page 51: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

(a) (b)

FIGURA 12 - Micrografias em microscopia ótica da morfologia de grânulos de amidos de (a) milho e (b) mandioca hidrolisados durante três horas em aumentos de 1000X.

5.3 DIFRATOMETRIA DE RAIOS X

De acordo com Karim et al. (2000), o grânulo de amido normalmente consiste de

camadas concêntricas que contêm micelas cristalinas agrupadas. Os grânulos, por serem

parcialmente cristalinos, fornecem resultados particulares de difração de raios X. Esta

análise permite a identificação da natureza botânica de amidos. O padrão A aparece em

amidos de cereais como milho, arroz e trigo, enquanto que o padrão B aparece em fontes

tuberosas como mandioca, batata; frutas e milho com alto teor de amilose. O padrão C

refere-se a um comportamento intermediário entre os padrões A e B, observado em

amidos de legumes.

De acordo com Cereda (2001) alguns picos de intensidade de refração são mais

intensos nos diferentes tipos característicos de cristalinidade. Para o padrão A, estes

picos acontecem predominantemente como um dubleto em 2θ igual a 18º e um único pico

ocorrendo em torno de 2θ igual a 23º, além de um aumento na intensidade relativa da

banda em 2θ igual a 15º. Amidos de tubérculos ou do padrão B, são reconhecidos pela

Page 52: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

intensidade da banda correspondente a um dubleto em 2θ igual a 5 e 6º, dois singletos

em 15 e 17º e um dubleto em 2θ igual a 22 e 24º (CEREDA, 2001).

A curva de difração por raios X do milho nativo (Figura 13), mostra um padrão de

cristalinidade típico de cereais como observado e descrito por Franco e Ciacco (1995).

10 20 30 40 50 60 70

0

50

100

150

200

250In

tens

ity

2 Theta

FIGURA 13 – Curva de difração de raios X do amido de milho nativo.

Observa-se, no entanto que ocorrem alterações nos picos durante o andamento da ação

enzimática (Figura 14 e Figura 15).

10 20 30 40 50 60 70

0

50

100

150

200

250

Inte

nsity

2 Theta

FIGURA 14 - Curva de difração de raios X do amido de milho hidrolisado por uma hora.

Page 53: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

10 20 30 40 50 60 70

0

50

100

150

200

250

Inte

nsity

2 Theta

FIGURA 15 - Curva de difração de raios X do amido de milho hidrolisado por duas horas.

Essas alterações, como já observadas por Aggarwall, Dollimore (1998), não

interferem na característica cristalina da fonte botânica durante a hidrólise, ou seja, os

picos principais observados inicialmente não desapareceram ou foram deslocados, no

entanto, ocorreram alterações em suas intensidades. No estudo da oxidação de diferentes

amidos realizado por Kuakpetoon e Wang (2001), observou-se que a característica de

padrão de amido também não era alterada concluindo que a modificação ocorria

principalmente na região amorfa do grânulo.

A (Figura 16) ilustra cristalinidade do amido de milho após três horas sob ação da

enzima e pode-se observar que a evidência da cristalinidade está bem mais definida, uma

vez que a separação dos picos em 18 graus está mais definida e o pico em 23 graus se

encontra mais agudo. Todos os picos característicos desta fonte botânica estão mais

intensos em comparação ao estado nativo deste amido. Apesar de ter utilizado uma outra

enzima, Aggarwall e Dollimore (1998), também observaram que a cristalinidade do amido

Page 54: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

se encontrou mais evidenciado após a ação de uma enzima que tem amido como

substrato.

10 20 30 40 50 60 70

0

50

100

150

200

250

Inte

nsity

2 Theta

FIGURA 16 - Curva de difração de raios X do amido de milho hidrolisado por três horas.

A curva de difração por raios-X do amido de mandioca nativo (Figura 17),

apresenta uma característica cristalina aproximada tipo A De acordo com Biliaderis (1991)

e contradizendo Cereda (2001); Aggarwall; Dollimore (1998), o padrão A está relacionado

a tubérculo, frutas e milho com alto teor de amilose. Enquanto que o padrão B está

associado a cereais. Em sua pesquisa, Karam (2003) citou divergências nos padrões

encontrados e os relacionados em literatura.

Neste estudo o padrão encontrado para o amido nativo de mandioca converge aos

resultados obtidos por Franco e Ciacco (1995), Karam (2003) e citado por

Biliaderis(1991).

Page 55: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

10 20 30 40 50 60 70

0

50

100

150

200

250

Inte

nsity

2 Theta

FIGURA 17 - Curva de difração de raios X do amido de mandioca nativo.

Durante a hidrólise observa-se que, assim como ocorreu com o amido de milho, os

picos mais evidentes foram alterados em sua intensidade (Figura 18 e Figura 19). Neste

caso, porém, com o passar da ação enzimática e o pico encontrado em 23º passa a ser

um dublete cada vez mais caracterizado.

10 20 30 40 50 60 70

0

50

100

150

200

250

Inte

nsity

2 Theta

FIGURA 18 - Curva de difração de raios X do amido de mandioca hidrolisado por uma hora.

Page 56: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

10 20 30 40 50 60 70

0

50

100

150

200

250

Inte

nsity

2 theta

FIGURA 19 - Curva de difração de raios X do amido de mandioca hidrolisado por duas horas.

A (Figura 20) referente à curva da última etapa da hidrólise mostra que o dublete

em 23º já está bem caracterizado e o padrão citado nestas condições por alguns autores

é o B.

De acordo com Cereda (2001), alguns pesquisadores observaram a mudança na

cristalinidade do amido de batata, que possui o padrão B pertinente às tuberosas, para o

padrão A durante um tratamento hidrotérmico. Sugere-se que tal tratamento promove uma

recristalização na fécula, tornando-a parecida com o amido de milho.

Page 57: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

10 20 30 40 50 60 70

0

50

100

150

200

250

Inte

nsity

2 Theta

FIGURA 20 - Curva de difração de raios X do amido de mandioca hidrolisado por três horas.

De acordo com Biliaderis (1992) e Franco (2001) a região onde se encontra uma

maior concentração de amilopectina é também onde se encontra maior cristalinidade. Por

sua característica, é onde se encontra maior dificuldade de entrada de água e enzimas,

sendo mais resistente ao processo de hidrólise. Esta observação pode explicar o fato de

que durante a hidrólise, não foram observadas grandes alterações de cristalinidade uma

vez que a enzima utilizada atua especialmente na região amorfa dos grânulos.

Em seu estudo, Gallant et al.( 1997) sugeriram que as camadas cristalinas e

amorfas da amilopectina são organizadas dentro de estruturas maiores mais ou menos

esféricas chamadas bloquetes. O diâmetro destes bloquetes seria de 20 a 500 nm,

dependendo do tipo de amido. A localização destes, segundo os autores, seria fator

importante na maior ou menor resistência dos amidos à ação enzimática.

Desta forma, a amilopectina estaria localizada em regiões cristalinas e semi-

cristalinas, sendo que nesta última, os bloquetes seriam menores e a cristalinidade da

amilopectina seria reduzida, especialmente devido ao seu maior envolvimento com a

amilose. A dimensão do bloquete parece ser fator importante na resistência no grânulo de

Page 58: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

amido, no entanto, outros fatores devem ser considerados como teor de amilose,

localização e interação com amilopectina por sua relevância.

Em seu trabalho, Aggarwall e Dollimore (1998), estudaram a cristalinidade de

vários tipos de amidos, frente à ação de amiloglucosidade. No entanto, fora omitido na

situação o amido de mandioca. Para todos os outros estudados, a cristalinidade após a

atuação enzimática, ficou mais evidenciada.

5.4 TÉCNICAS TERMOANALÍTICAS

5.4.1 Termogravimetria

Segundo Agarwall e Dollimore (1998), o tratamento térmico em amidos

normalmente leva à sua despolimerização quando a temperatura aplicada excede os 300

ºC. O amido passa por uma série de alterações irreversíveis: num primeiro momento a

alteração estrutural leva o polímero a formação de pirodextrinas. Em temperaturas mais

elevadas ainda, a despolimerização das macromoléculas levam à formação de

levoluglucosana, furfural, produtos de baixo peso molecular e voláteis, enfim, produtos

carbonáceos (cinzas).

Como representado, as (Tabela 2 e Tabela 3) fornecem dados referentes ao

comportamento do amido de milho e mandioca respectivamente, durante o aumento

gradativo de temperatura a que foi submetido.

Page 59: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

TABELA 2 – Avaliações das curvas termogravimétricas do amido de milho nativo e durante a hidrólise.

Amido de Milho: Nativo Após 1H Após 2 H Após 3 H Umidade (%): 10,78 8,68 8,56 10,14__ Perda total de massa(%): 96,40 97,30 97,69 97,82__

On-Set (ºC): 297,10 292,25 292,80 282,84_

PICO DTG (ºC): 312,26 310,18 310,96 309,72_

As (Figura 21 e Figura 25) ilustram as perdas de massa dos amidos de milho e

mandioca nativos e as (Figura 22, Figura 23 , Figura 24, Figura 26, Figura 27 e Figura 28)

as sucessivas observações da hidrólise, bem como a diferença de temperatura entre a

amostra e a referência (DTA).

FIGURA 21 - Comportamento térmico do amido nativo de milho (-) TG e (...) DTA.

Page 60: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

FIGURA 22 - Comportamento térmico do amido de milho hidrolisado por uma hora (-) TG e (...) DTA.

FIGURA 23 - Comportamento térmico do amido de milho hidrolisado por duas horas (-) TG e (...) DTA.

Page 61: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

FIGURA 24 - Comportamento térmico do amido de milho hidrolisado por três horas (-) TG e (...) DTA.

TABELA 3 – Avaliações das curvas termogravimétricas do amido de mandioca nativo e durante a

hidrólise.

Amido de Mandioca: Nativo Após 1H Após 2 H Após 3 H Umidade (%): 9,88 11,03 8,55 10,89 Perda total de massa(%): 97,33 98,63 97,86 98,23 On-Set (ºC): 300,55 300,68 297,60 295,76 PICO DTG (ºC): 317,65 314,08 311,76 300,82

Page 62: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

FIGURA 25 - Comportamento térmico do amido de mandioca nativo (-) TG e (...) DTA.

FIGURA 26 - Comportamento térmico do amido de mandioca hidrolisado por uma hora (-) TG e (...) DTA.

Page 63: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

FIGURA 27 - Comportamento térmico do amido de mandioca hidrolisado por duas horas (-) TG e (...) DTA.

FIGURA 28 - Comportamento térmico do amido de mandioca hidrolisado por três horas (-) TG e (...) DTA.

Page 64: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

Este estudo permite avaliar com precisão a umidade contida na amostra e foi

realizado assim como Soliman, El-Shinnawy e Morabak (1996) que utilizaram o limite de

temperatura de 150 ºC para tal avaliação. Observa-se que a perda de umidade e a perda

posterior de massa das amostras atingiram uma variação de aproximadamente 2 %. As

análises referentes ao amido de mandioca, ilustram resultados muito semelhantes de

perda de umidade quando comparados ao amido de milho.

De acordo com Aggarwall e Dollimore (1998), as fontes amiláceas possuem

resistividade térmica até aproximadamente 300 ºC, resultado que é confirmado pelo

presente estudo.

A temperatura de início de degradação, obtida pela união das tangentes de linha

base (Ionashiro, 2005), indicam que do estado nativo para o final da avaliação da

hidrólise, houve uma diferença de 14,26 ºC e 4,79 ºC para os amidos de milho e

mandioca respectivamente. Durante o experimento, foram utilizadas massas constantes,

descartando a possibilidade de se ter uma notável alteração nestes valores devido a este

fato.

Segundo Dollimore e Aggarwall (1998) durante a hidrólise enzimática, os grânulos

sofrem alterações estruturais de modo a disponibilizar uma maior área para a ação do

calor e conseqüentemente facilitando a degradação térmica. Estudando a modificação

estrutural de amidos por oxidação, Soliman, El-Shinnawy e Morabak (1996) também

observaram tal comportamento.

Estudando a degradação térmica de amidos e outros produtos, Aggarwall e

Dollimore (1997), observaram pela curva DTA que durante a perda de massa, ocorre

inicialmente uma combustão gasosa, sendo os gases liberados num amplo evento

exotérmico. A segunda perda corresponderia à ignição dos resíduos sólidos carbonáceos.

Os dados de termogravimetria derivada (DTG) são ilustrados nas (Figura 29 e

Figura 30) e segundo as (Tabela 2 e Tabela 3) onde são indicados os respectivos picos,

Page 65: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

observa-se uma diferença de 2,54 ºC e 16,83 ºC do estado nativo ao final da observação

para os amidos de milho e mandioca respectivamente.

FIGURA 29 - Curvas de termogravimetria derivada para o amido de milho (─) nativo, hidrolisado por: (─) uma hora, (─) duas horas e (─) três horas.

250.00 300.00 350.00Temp [C]

%TGA

-1.50

-1.00

-0.50

0.00

mg/minDrTGA

-50.0

0.0

50.0

uVDTA

FIGURA 30 - Curvas de termogravimetria derivada para o amido de mandioca (─) nativo, hidrolisado por: (─) uma hora, (─) duas horas e (─) três horas.

Page 66: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

Em seu estudo, Dollimore e Aggarwall também obtiveram diferença em tal

resultado que, no entanto, foi mais expressivo por utilizarem outra enzima e com maior

tempo de hidrólise.

As curvas de termogravimetria derivada indicam com exatidão, as temperaturas

correspondentes ao início e ao instante em que a velocidade de ração é máxima

(Ionashiro, 2005).

5.4.2 Calorimetria Exploratória Diferencial

A energia requerida para a quebra da ordem molecular difere entre os grânulos de

amido de uma mesma fonte botânica, assim, a gelatinização (Figura 31, Figura 32, Figura

33, Figura 34, Figura 35, Figura 36, Figura 37 e Figura 38), ocorre em uma faixa de

temperatura (CEREDA, 2001). Conforme resultados fornecidos por DSC (Tabela 4), a

faixa de temperatura de gelatinização teve uma variação de menos de um grau Celsius

entre as amostras de mesma origem botânica.

TABELA 4 – Temperatura do início do processo, pico e valores de entalpia para amidos de milho (a) e mandioca (b).

(a) Amido de Milho: Nativo Após 1H Após 2 H Após 3 H On-set (ºC): 59,85 58,94 59,75 59,22 Pico (ºC): 65,65 65,12 65,40 65,31 ΔH (J/G): __ 9,90 10,75 14,75 29,50

ΔH = entalpia de gelatinização.

Page 67: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

(b) Amido de Mandioca: Nativo Após 1H Após 2 H Após 3 H On-set (ºC): 57,92 56,81 56,97 58,84 Pico (ºC): 63,43 62,84 62,67 62,64 ΔH (J/g): 12,89 13,44 13,18 23,62

ΔH = entalpia de gelatinização.

FIGURA 31 - Curva de gelatinização do amido de milho nativo.

FIGURA 32 - Curva de gelatinização do amido de milho hidrolisado por uma hora.

Page 68: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

FIGURA 33 - Curva de gelatinização do amido de milho hidrolisado por 2 horas.

FIGURA 34 - Curva de gelatinização do amido de milho hidrolisado por 3 horas.

Page 69: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

FIGURA 35 - Curva de gelatinização do amido de mandioca nativo.

FIGURA 36 - Curva de gelatinização do amido de mandioca hidrolisado por 1 hora.

Page 70: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

FIGURA 37 - Curva de gelatinização do amido de mandioca hidrolisado por 2 horas.

FIGURA 38 - Curva de gelatinização do amido de mandioca hidrolisado por 3 horas.

Page 71: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

Em seu estudo, Biliaderis et al. (1986) citam que o evento de gelatinização

depende da quantidade de água no sistema, sendo a curva mais definida e a uma

temperatura menor numa maior quantidade desta. O presente estudo confirma os picos

do evento encontrados por outros pesquisadores dentro de uma faixa citada (Franco et al,

1991; JACQUES; LYONS; KELSALL, 1999).

Jane et al. (1999) encontraram 69,4 ºC e 68,3 ºC para temperatura de pico de

gelatinização de milho e mandioca nativos respectivamente. Resultados que divergem

dos obtidos por Karam (2003) que obteve valores correspondentes a 72,4 ºC e 70,0 ºC.

Os resultados indicam que possivelmente as pastas de amido sofrem entumescimento do

grânulo em momentos diferentes quando aquecidos com excesso de água.

Além do mais, não se podem descartar fatores pertinentes aos resultados da

análise térmica que são: razão de aquecimento; natureza do suporte de amostras;

profundidade do raio do orifício de suporte no qual é colocada a amostra;

localização, natureza e dimensões dos termopares diferenciais; natureza da

substância inerte utilizada como referência; compactação da amostra; utilização de

tampa sobre o orifício da amostra e influência da atmosfera do forno (IONASHIRO,

2005).

Os resultados obtidos por Aggarwaal, Dollimore (1998), que utilizaram diferentes

tipos de amidos sujeitos à ação da amiloglucosidase, a diferenças de picos de

gelatinização foram de aproximadamente até 1 ºC entre os amidos nativos e hidrolisados

do mesmo tipo.

Levando-se em consideração alguns fatores como as diferentes origens dos

amidos, mesmo sendo eles da mesma fonte botânica, a utilização de diferentes

equipamentos, o que implica pelo menos numa geometria diferenciada do forno e outros,

não desconsiderar nenhum dos resultados obtidos, uma vez que a temperatura de

Page 72: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

gelatinização do amido de milho, neste estudo, foi sempre mais elevada quando

comparada ao amido de mandioca.

5 CONCLUSÃO

No presente trabalho foram investigadas características estruturais dos amidos de

milho e mandioca, utilizando-se de técnicas termoanalíticas e outras complementares,

onde foram obtidas as seguintes conclusões:

● Através da ação enzimática, houve a produção de glicose e açúcares redutores a partir

dos amidos de milho e mandioca. Os resultados confirmam que a enzima atuou durante

as três horas de observação, uma vez que os valores obtidos para ambos os parâmetros

foram crescentes para as duas fontes vegetais.

● A microscopia mostrou que os grânulos de amido de milho e mandioca nativos

analisados, possuem morfologia descrita na literatura. A técnica também auxiliou a

entender os resultados obtidos na atividade enzimática, uma vez que pelas micrografias

observou-se que a enzima atua sobre os grânulos inicialmente na superfície e

especialmente nas irregularidades dos mesmos.

● A análise da cristalinidade dos grânulos obtida através de difração por raios X,

confirmou que no amido de milho, além do padrão do estado nativo não ter sido alterado,

seus picos mais evidentes aumentaram de intensidade e mostraram características mais

cristalinas ao final da observação. No acaso do amido de mandioca, a análise mostrou

mudanças especialmente no surgimento de um dublete em 23º, o que é característico de

seu padrão segundo alguns autores. As alterações provavelmente se devem ao fato de

Page 73: Uso de técnicas termoanalíticas na caracterização da hidrólise ...

que especialmente a região amorfa, associada à amilose, os grânulos é preferivelmente

convertida pela atividade enzimática.

● A termogravimetria mostrou que os amidos possuem higroscopicidade particulares,

ainda, que a sua estabilidade térmica é de aproximadamente 300 ºC confirmando o

resultado encontrado por outros autores. Os resultados também evidenciaram que com o

progresso da atividade enzimática, os grânulos acabam disponibilizando uma maior área

para a atuação do calor, assim, a sua degradação cada vez ocorre a temperaturas mais

baixas.

● Análises de DSC ilustraram com precisão um evento particular aos amidos de grande

importância para a indústria: a gelatinização. Os resultados mostram que os picos

praticamente não sofreram deslocamento na comparação do estado nativo com o avanço

da hidrólise. No entanto, a observação do aumento de entalpia requerida ao processo,

evidencia que uma crescente proporcionalidade de material com característica cristalina

encontrado a cada observação. A cristalinidade do amido, é associada à presença de

amilopectina, que provavelmente não sofreu a intensidade do ataque enzimático como

ocorreu na região amorfa.

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