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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL JATAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA USO DE PIRACLOSTROBINA EM HÍBRIDOS SIMPLES DE MILHO NO CERRADO Pedro Vitor Schumacher Engenheiro Agrônomo JATAÍ - GOIÁS - BRASIL FEVEREIRO DE 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REGIONAL JATAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

USO DE PIRACLOSTROBINA EM HÍBRIDOS SIMPLES DE

MILHO NO CERRADO

Pedro Vitor Schumacher Engenheiro Agrônomo

JATAÍ - GOIÁS - BRASIL

FEVEREIRO DE 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REGIONAL JATAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

USO DE PIRACLOSTROBINA EM HÍBRIDOS SIMPLES DE

MILHO NO CERRADO

Pedro Vitor Schumacher

Orientador: Prof. Dr. Antônio Paulino da Costa Netto Co-Orientador: Prof. Dr. Edésio Fialho dos Reis

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Produção Vegetal).

JATAÍ - GOIÁS - BRASIL

FEVEREIRO DE 2015

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PEDRO VITOR SCHUMACHER

TÍTULO: "Uso de piraclostrobina em híbridos simples de milho no cerrado"

Dissertação DEFENDIDA e APROVADA em 05 de fevereiro de 2015, pela Banca Examinadora constituída pelos membros:

Prof. Dr. Antônio Paulino da Costa Netto Presidente - CAJ/UFG

//Prof. Dr. Simério Ca OlíVãCfUZ Membro-CAJ/UFG

Prof. Dr. Paulo César Timossi Membro -C /UFG

Membro E

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DADOS CURRICULARES DO AUTOR

PEDRO VITOR SCHUMACHER – nascido no dia 30 de maio de 1990, na

cidade de Jataí, Goiás, filho de Gilmar Roberto Schumacher e Alice Coelho da Costa

Neta Schumacher. Ingressou no Curso de Agronomia na Universidade Federal de

Goiás – Regional Jataí – GO no mês de março do ano de 2008 e obteve o título de

Engenheiro Agrônomo em Março de 2013. Em agosto de 2013, iniciou o Curso de

Mestrado do Programa de Pós-graduação em Agronomia na Universidade Federal de

Goiás – Regional Jataí, sob orientação do Prof. Dr. Antônio Paulino da Costa Netto.

Em fevereiro de 2015 submeteu-se à banca examinadora para a Defesa Final da

Dissertação, para obtenção do Título de Mestre em Agronomia.

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“Um leitor vive mil vidas antes de morrer, o homem que nunca lê vive apenas uma.”

George R. R. Martin - As crônicas de Gelo e Fogo

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DEDICO:

Aos meus pais, Gilmar e Alice pelo exemplo de vida.

Aos meus amigos, cuja amizade sincera e companhia foram

suporte para as horas de dificuldade.

À Marieli Rossato, minha amada companheira de todas as

horas.

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AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-graduação em Agronomia da Universidade Federal de

Goiás – Regional Jataí pela oportunidade de realização desse curso.

À CAPES, pela concessão de Bolsa de Estudos.

Aos professores Dr. Antônio Paulino da Costa Netto e Dr. Edésio Fialho dos

Reis pelos ensinamentos, apoio, colaboração e confiança durante todo o curso.

Aos funcionários da Universidade Federal de Goiás: Vânia, Gilmar e Darlan

pelo auxilio prestado.

Aos amigos do PPGA que contribuíram de forma direta na execução desse

trabalho e ainda, pelos momentos de descontração, em especial aos “irmãos”

Geiciane, Rafael e Ana Claudia.

Aos todos os amigos e colegas que contribuíram diretamente na execução

desse trabalho: Edivan, Jorge, Paulino, Andréia, Osmar, Reidner, Tatielly, Victor

Hugo, Joice, Roney, Cleiton, Lorena, Luiz André, Claudia, Cássio, Giovani,

Diemerson, Renato, Genevaldo e Paulo.

Ao Diego Bevilaqua pelo auxílio nos resumos em inglês.

À minha família, pais e irmã pelo apoio e paciência incondicionais, vocês foram

e sempre serão meu porto seguro.

Aos meus amigos do antigo Cefet ou que indiretamente são amigos devido ao

tempo que passei nessa instituição, muito obrigado pela amizade e companheirismo.

À Marieli Rossato minha amiga e namorada, pelo apoio na condução dos

experimentos, pelos momentos de estudo e ensinamentos, pelos momentos de

descontração, pela parceria, amizade e amor.

A todos, muito obrigado!

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SUMÁRIO

Pagina

RESUMO.................................................................................................................. viii

SUMMARY ................................................................................................................. ix

CAPITULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS .............................................................. 1

1.1. Introdução ......................................................................................................... 1

1.2. Revisão de literatura ......................................................................................... 2

1.2.1. Aspectos gerais da cultura do milho ........................................................... 2

1.2.2. Doenças na cultura do milho ...................................................................... 3

1.2.3. O uso de fungicidas na cultura do milho ..................................................... 4

1.2.4. O grupo químico das estrobilurinas ............................................................ 4

1.2.5. Efeitos fisiológicos das estrobilurinas ......................................................... 5

1.2.6. Nitrogênio e a aplicação de piraclostrobina ................................................ 7

1.3 Objetivos ............................................................................................................ 8

1.3.1 Objetivo geral ............................................................................................... 8

1.3.2. Objetivos específicos .................................................................................. 8

1.4. Referências ....................................................................................................... 9

CAPITULO 2 – USO DE PIRACLOSTROBINA EM DOIS HÍBRIDOS SIMPLES DE

MILHO CULTIVADOS NA SAFRA DE VERÃO ......................................................... 13

RESUMO................................................................................................................... 13

SUMMARY ................................................................................................................ 14

2.1. Introdução ....................................................................................................... 15

2.2. Material e métodos .......................................................................................... 16

2.3. Resultados e discussão .................................................................................. 20

2.4. Conclusão ....................................................................................................... 26

2.5. Referências ..................................................................................................... 26

CAPITULO 3 – DOSES E ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE PIRACLOSTROBINA EM

DOIS HÍBRIDOS SIMPLES DE MILHO EM SEGUNDA SAFRA ............................... 29

RESUMO................................................................................................................... 29

SUMMARY ................................................................................................................ 30

3.1. Introdução ....................................................................................................... 31

3.2. Material e métodos .......................................................................................... 32

3.3. Resultados e discussão .................................................................................. 36

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3.4. Conclusão ....................................................................................................... 43

3.5. Referências ..................................................................................................... 43

CAPITULO 4 – IMPLICAÇÕES ................................................................................. 47

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USO DE PIRACLOSTROBINA EM HÍBRIDOS SIMPLES DE MILHO NO CERRADO

RESUMO – Objetivando-se avaliar o efeito do fungicida piraclostrobina aplicado em

diferentes épocas e combinações sobre dois híbridos simples de milho cultivados em

primeira e segunda safra no Cerrado conduziu-se dois experimentos. O primeiro

durante a safra 2013/14 empregando-se o delineamento de blocos ao acaso no

esquema fatorial 2 x 9 (híbridos x aplicações de piraclostrobina), com quatro

repetições. As aplicações foram realizadas em diferentes combinações: presença ou

ausência de piraclostrobina + tiofanato metílico + fipronil (100 g i.a. 100 kg semente-1)

no tratamento de sementes (V0), combinado com a aplicação de piraclostrobina (150

g i.a. ha-1) antes ou após a adubação de cobertura (V4 ou V6), combinado ou não com

a aplicação de piraclostrobina + ciproconazole (137,25 g i.a. ha-1) em pré-

pendoamento (VT) e uma testemunha (sem uso de piraclostrobina). O segundo

experimento foi conduzido durante a segunda safra no ano de 2014, empregando-se

o delineamento de blocos ao acaso no esquema fatorial 2 x 8 (híbridos x aplicações

de piraclostrobina), com quatro repetições. As aplicações foram realizadas nas doses

de 0, 150, 300 e 600 g i.a. ha-1 em V6, combinadas ou não com a aplicação de

piraclostrobina + ciproconazole na dose 137,25 g i.a. ha-1 em pré-pendoamento (VT).

Os dados coletados foram submetidos ao teste F para verificação de significância e

as médias comparadas pelo teste de Tukey, ambos a 5% de probabilidade. No

primeiro experimento não foi observado efeito das aplicações de piraclostrobina e nem

interação entre os fatores analisados. No segundo experimento a aplicação de

piraclostrobina afetou o índice de clorofila de forma positiva no estádio reprodutivo e

a senescência foliar de forma positiva. Apesar do efeito benéfico do uso de

piraclostrobina sobre alguns caracteres não houve incremento de produtividade de

grãos dos dois híbridos simples de milho cultivados em primeira e segunda safra no

Cerrado.

Palavras-chave: Estrobilurina, efeito fisiológico, fungicida, Zea mays L.

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USE OF PYRACLOSTROBIN IN SIMPLE HYBRID OF CORN IN CERRADO

SUMMARY – Two experiments were undertaken aiming to evaluate the effects of the

pyraclostrobin fungicide applied at different times and combinations on two simple corn

hybrids in the first and second harvests at the Cerrado. The first experiment was

undertaken during the 2013/14 harvest adopting a randomized block design in a

factorial 2 x 9 (hybrid x pyraclostrobin applications), having four replications. The

applications were performed in different combinations: presence or absence of

pyraclostrobin + thiophanate methyl + fipronil (100g a.i. 100kg seed-1) in seed

treatment (V0) combined with pyraclostrobin (150g a.i. ha-1) application before or after

topdressing (V4 or V6) combined or not with pyraclostrobin + cyproconazole (137.25g

a.i. ha-1) application in pre-bolting (VT) and a control (on which pyraclostrobin wasn’t

used). The second experiment was undertaken during the second harvest of the year

2014, adopting a randomized block design in a factorial 2 x 8 (hybrid x pyraclostrobin

applications), having four replications. The applications were performed as doses of 0,

150, 300 and 600g i.a. ha-1 in V6, combined or not with the application of

pyraclostrobin + cyproconazole as a dose of 137.25g i.a. ha-1 in pre-bolting (VT). An

F test was performed over the collected data to analyze the significance and a Tukey

test was performed to compare the means, both tests being run at a 5% probability.

No effects of the application of pyraclostrobin were observed in the first experiment, as

well as no interactions among the analyzed factors. In the second experiment the

application of pyraclostrobin affected the chlorophyll content positively during the

reproductive stage and also affected positively the leaf senescence. In spite of the

beneficial effects of the usage of pyraclostrobin on some characters there was no

production increase in any of the two simple corn hybrids in the first and second

harvests at the Cerrado.

Keywords: Strobilurin, physiological effect, fungicide, Zea mays L.

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CAPITULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

1.1. Introdução

A cultura do milho (Zea mays L.) ocupa lugar de destaque na produção mundial

devido ao acúmulo de conhecimento científicos relacionados a essa espécie, além

disso, em razão do grande valor econômico e do imenso potencial que ela apresenta

(Borem et al., 2005). No Brasil, o milho é o segundo grão mais cultivado,

representando 29,7% do total da área ocupada com grãos no país. Na safra 2012/13

o Brasil produziu 79.805,5 mil megagramas do cereal. O estado de Goiás representa

7,85% do total da área cultivada com milho do país, com uma produtividade de 6.448

kg ha-1, superando a média nacional (CONAB, 2015).

Levando em conta o alto potencial produtivo do milho, que é comprovado em

concursos de produtividade e por produtores que utilizam alto nível tecnológico, o seu

rendimento no Brasil ainda é muito baixo (Cruz et al., 2008). Dentre as possíveis

causas desse baixo rendimento estão as doenças, que em condições favoráveis

podem comprometer seriamente a qualidade e a produção de sementes e grãos

(Galvão & Miranda, 2004). Uma das formas de manejo de doenças na cultura do milho

é com a utilização de fungicidas. Segundo Costa et al. (2009) é uma estratégia viável

e eficiente a ser adotada.

Dentre os grupos de fungicidas utilizados no controle de doenças do milho está

presente, desde o ano 2000, o grupo conhecido como inibidores da quinona oxidase

(QoI), as estrobilurinas. Esses fungicidas agem inibindo a cadeia respiratória ao nível

do complexo III, bloqueando a cadeia bioquímica de transporte de elétrons no sítio da

mitocôndria e assim interferindo na respiração dos fungos (Bartlett et al., 2002).

Além do controle de doenças, alguns fungicidas do grupo das estrobilurinas tem

demostrado influência direta em determinados processos fisiológicos da planta. Essa

influência resulta em aumento da taxa fotossintética, da atividade da enzima redutase

do nitrato, decréscimo na taxa respiratória e na síntese de etileno, redução da

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senescência e da queda de folhas, aumentando assim o teor de clorofila de citocininas

e giberelinas (Fagan, 2007; Rodrigues, 2009).

1.2. Revisão de literatura

1.2.1. Aspectos gerais da cultura do milho

O milho é uma gramínea da família Poaceae, tribo Maydae, gênero Zea e

espécie mays (Zea mays L.). Apresenta flores unissexuadas (monoecismo) com

separação espacial da inflorescência feminina (espiga) e da masculina (pendão),

sendo, portanto, uma planta alógama com praticamente 100% de reprodução cruzada

(Borem et al., 2005).

Cultivado em quase todos os continentes, sua importância econômica é

caracterizada pelas diversas formas de utilização, desde a alimentação animal, que

utiliza cerca de 70% da produção, até a indústria de alta tecnologia como a produção

de filmes e embalagens biodegradáveis. Em determinadas partes do continente

Africano e Sul Americano o milho é o alimento básico da população, podendo ser em

algumas situações a principal fonte de energia na dieta. No entanto em linhas gerais

apenas 15% da produção mundial de milho é destinado direta ou indiretamente ao

consumo humano (Cruz et al., 2008).

Além das formas de utilização citadas acima, vem ganhando destaque a

produção de etanol a base de milho, consolidada nos Estados Unidos, mas ainda em

início de desenvolvimento no Brasil (Karam & Magalhães, 2014).

No Brasil, o cultivo de milho se estende por todo território nacional utilizando-

se de variados sistemas de produção (Lima et al., 2009). No ano de 2013 a área

cultivada com o cereal no país foi de aproximadamente 15,3 milhões de hectares com

uma produtividade total de 80,5 milhões de megagramas (toneladas), média da

produtividade brasileira foi de 5258 kg ha-1 (IBGE, 2014).

A produtividade média brasileira é considerada baixa, uma vez que há relatos

de que o potencial produtivo da cultura pode chegar a 19 mil kg ha-1 (Assis et al.,

2006). Entre os principais fatores que afetam a produtividade brasileira do cereal,

destaca-se o clima, o manejo de nutrientes, a fertilidade do solo, praticas culturais,

potencial genético dos materiais e manejo de plantas daninhas, pragas e doenças

(Amado et al., 2002; Fancelli & Dourado Neto, 2003). Cruz et al. (2008) destaca a

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necessidade de que os diversos sistemas de produção de milho sejam aprimorados

para obter o aumento na produtividade e na rentabilidade que a cultura pode

apresentar.

1.2.2. Doenças na cultura do milho

O milho sempre foi considerado uma planta rústica capaz de suportar vários

estresses ambientais. No entanto a ampliação das épocas de cultivo e a utilização de

novas técnicas de cultivo (plantio antecipado sob irrigação, plantio de primeira e

segunda safra) proporciona uma continuidade temporal da cultura do milho no campo

que leva ao surgimento de novos problemas para o cultivo desse cereal,

principalmente com relação as doenças (Kimati et al., 2005). Ainda, devido às

diferenças climáticas presentes no país, em conjunto com uso de variados níveis

tecnológicos, o aparecimento de doenças na cultura é alto. Mais de 20 doenças já

foram identificadas na cultura do milho, sendo que pela frequência e intensidade que

ocorrem apenas algumas apresentam importância econômica (Sangoi et al., 2000).

Dentre as doenças que incidem sobre o milho e que apresentam importância

econômica está o complexo de doenças foliares que causam danos indiretos,

reduzindo a área foliar e deixando a planta debilitada. As doenças foliares na cultura

do milho são responsáveis por reduções de 40% na produtividade de grãos (Fancelli

& Dourado Neto 2003). Esse impacto cresce a cada ano, devido principalmente ao

aumento das áreas de cultivo irrigado e de segunda safra que proporciona aos

patógenos uma maior sobrevivência no campo (Tomazela et al., 2006; Fantin &

Duarte, 2009).

As principais doenças foliares que incidem sobre as plantas de milho são a

mancha-branca (etiologia indefinida); as ferrugens causadas por Puccinia sorghi

(ferrugem-comum), Puccinia polysora (ferrugem-polissora) e Phyzopella zeae

(ferrugem-branca ou tropical); a queima de turcicum (Exserohilum turcicum); a

cercosporiose (Cercospora zeae-maydis e Cercospora sorghi f. sp. maydis), mancha

foliar por Stenocarpella macrospora (Diplodia macrospora) e a pinta branca

(Phaeosphaeria maydis) (Pinto et al., 2006; Fantin et al., 2004).

Para o manejo de doenças no milho são recomendadas várias práticas que

levam em consideração a época de plantio, a qualidade da semente, manejo cultural

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adotando-se a rotação de culturas, nutrição de planta, o uso de resistência genética e

aplicação de fungicidas (Duarte et al., 2009).

1.2.3. O uso de fungicidas na cultura do milho

Tradicionalmente o manejo de doenças na cultura do milho era realizado apenas

com o uso de cultivares resistentes associados a medidas culturais. Com o aumento

da incidência de doenças foliares tem-se verificado um aumento acentuado na

utilização de fungicidas em lavouras comerciais destinadas a produção de grãos

(Costa et al., 2012).

Vários autores destacam a eficiência do uso de fungicidas para o controle de

doenças do milho. Bortolini & Gheller (2012) ao avaliar a aplicação de diferentes

fungicidas no controle de doenças foliares do milho destacam que o uso desses

produtos resulta em um melhor controle dos patógenos levando assim a um

incremento significativo de produtividade. Vilela et al. (2012) relatam que a utilização

dos fungicidas piraclostrobina + epoxiconazol e azoxistrobina + ciproconazol no pré-

pendoamento do milho reduz a incidência de doenças, porém, não foi suficiente para

propiciar incremento de produtividade da cultura.

A utilização de fungicidas reduz a incidência de grãos ardidos, reduz a

incidência de doenças como a mancha branca e ainda ao ser usado no tratamento de

sementes gera benefícios a semente como o incremento de vigor (Juliatti et al., 2007;

Costa et al., 2012; Matos et al., 2013).

Nos últimos anos, devido ao aumento acentuado na utilização de fungicidas

houve um grande progresso com relação aos avanços tecnológicos desses produtos.

Dentre esses, destacam-se a descoberta de novos mecanismos de ação, novos tipos

de formulação, redução na quantidade de ingrediente ativo, redução do número de

aplicações por safra, lançamento de embalagens hidrossolúveis, e ainda aumento de

seletividade (Zambolim, Conceição & Santiago, 2008). Entre os novos mecanismos

de ação encontra-se o grupo químico das estrobilurinas.

1.2.4. O grupo químico das estrobilurinas

As estrobilurinas são grupos de compostos químicos extraídos do fungo

Estrobilurus tenacellus, usados na agricultura como fungicidas, conhecidas como

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inibidores de quinona por terem como único mecanismo bioquímico de ação a inibição

da respiração mitocondrial dos fungos atuando no sitio da quinona oxidase. Algumas

das estrobilurinas mais comuns são a azoxistrobina, metil-cresoxima, picoxistrobina,

fluoxastrobina, orizastrobina, dimoxiystrobina, piraclostrobina e trifloxistrobina. A

descoberta do poder fungicida das estrobilurinas representou um significativo

desenvolvimento na produção de fungicidas baseados em compostos derivados de

fungos (Parreira, Neves & Zambolim, 2009).

O mecanismo de ação desses fungicidas é a inibição da respiração mitocondrial

pelo bloqueio da transferência de elétrons entre o citocromo b e o citocromo c1 no sítio

Qe interferindo na produção de ATP dos fungos. No ciclo da coenzima Q ela existe em

três formas, a QH2, Q e Q-, sendo as duas primeiras solúveis (movem-se pela

membrana) e a semiquinona (Q-) não lipossolúvel que permanece presa, próximo à

fase aquosa da matriz mitocondrial. Os inibidores da ubiquinona bloqueiam sua

redução pelo citocromo b nas duas etapas, impedindo essa reação e, assim,

reduzindo a produção de ATP pela respiração mitocondrial (Reis, Reis & Carmona,

2010).

Dentre os fungicidas do grupo das estrobilurinas, destaca-se a piraclostrobina

com um amplo espectro de ação, apresentando atividade contra espécies das quatro

grandes classes de fungos fitopatogênicos: ascomicetos, basidiomicetos,

deuteromicetos e oomicetos (Zambolim et al., 2008; Bartlett et al., 2002). São

tipicamente absorvidas pela cutícula do fungo, agindo como fungicidas protetores

(Vincelli & Dixon, 2002).

Uma propriedade adicional da piraclostrobina (e demais fungicidas do grupo

das estrobilurinas) é seu efeito sinérgico sobre a fisiologia das plantas, resultando em

efeitos positivos adicionais sobre o rendimento (Reis, Reis & Carmona, 2010).

1.2.5. Efeitos fisiológicos das estrobilurinas

A aplicação de alguns fungicidas do grupo das estrobilurinas pode levar a

alterações no metabolismo da planta sem qualquer relação com a defesa da planta

contra fungos. Alguns experimentos demonstram que cereais tratados com esse

fungicida mostram aumento significativo na produção de grãos, maiores do que os

que são devidos somente ao seu efeito como fungicida (Koehle et al., 2002). Venancio

et al. (2004), em uma revisão sobre a piraclostrobina, apontam os efeitos fisiológicos

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dessa molécula sobre diversos níveis de complexidade, desde o efeito verdejante até

influências na regulação hormonal, assimilação de carbono e nitrogênio, retardo na

senescência, entre outros.

Para Tofoli (2002) além da ação fungicida, as moléculas de estrobilurina atuam

de forma positiva sobre a fisiologia da planta, levando a um aumento da atividade da

enzima redutase do nitrato, níveis de clorofila e da redução da produção de etileno.

Segundo o autor, tais efeitos contribuem diretamente para que as plantas sofram

menor estresse no campo, assegurando maior qualidade e rendimento das colheitas.

Os estudos em relação as alterações no metabolismo da planta provocadas

pelas estrobilurinas e, principalmente pela piraclostrobina, vem se intensificando e já

abrangeu algumas culturas, principalmente a triticultura.

De acordo com Koehle et al. (2002) a aplicação de piraclostrobina na cultura

do trigo (Triticum aestivum L.) proporciona um aumento da atividade enzimática da

redutase do nitrato no período da noite até três dias após a aplicação, além disso,

duas semanas após a aplicação, a cultura apresentou um claro incremento de 20%

na biomassa.

Michael (2002) estudando aspectos fisiológicos de estrobilurinas sobre plantas

de trigo e cevada submetidas a três aplicações observou um incremento no

rendimento de 7% quando comparados com tratamentos à base de fungicidas azóis

e azóis/morfolinas. O autor relata ainda um aumento de 19% na taxa fotossintética e

de 15% na taxa de transporte de elétrons, além de um aumento da eficiência do uso

de água.

Entre os efeitos fisiológicos das estrobilurinas sobre o metabolismo da cultura

do trigo destaca-se o incremento no metabolismo do nitrogênio e a inibição da

biossíntese de etileno resultando no efeito verdejante que leva a retardo no início da

senescência. Esse efeito, mesmo que dure poucos dias pode levar a um incremento

de produtividade (Dunne, 2005).

Na cultura da soja Fagan et al. (2010) avaliando o efeito de piraclostrobina na

taxa fotossintética, respiração, atividade da enzima redutase do nitrato e produtividade

de grãos constataram um incremento na taxa fotossintética, um decréscimo na taxa

respiratória e ao aplicar piraclostrobina no estádio de florescimento (R1) observaram

ainda aumento da atividade da enzima redutase do nitrato. Com relação à

produtividade e a massa de mil grãos, essas foram maiores nos tratamentos que

receberam aplicação de piraclostrobina.

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Ao avaliar o efeito fisiológico da estrobilurina F 500 no crescimento e

rendimento da cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) Kozlowski et al. (2009) não

observaram variação no teor total de clorofila e nitrogênio, porém verificaram que as

melhores taxas de crescimento absoluto foram obtidas ao se utilizar o fungicida, que

propiciou ainda um menor período de tempo para a cultura atingir a maior taxa de

aumento da área foliar.

Na cultura do milho Barbosa et al. (2011) ao avaliar as alterações fisiológicas e

bromatológicas causadas pela piraclostrobina, associada a doses de nitrogênio

identificou um aumento na atividade da enzima redutase do nitrato e na produtividade

sem que ocorra alterações nos teores de proteína bruta e extrato etéreo.

Costa et al. (2012) avaliando a viabilidade técnica e econômica da aplicação de

estrobilurinas em milho concluíram que em condições de baixa severidade de doenças

as cultivares tratadas com fungicida apresentam resultados de rendimento

inconsistentes, ao contrário de casos onde a incidência de doenças é alta.

Below et al. (2009) relatam que os fungicidas do grupo da estrobilurinas atuam

na planta inibindo a síntese de etileno, hormônio responsável pelo desenvolvimento

de espigas. Sendo assim, a aplicação desses fungicidas entre os estádios V11 e V15

atuariam na redução dos níveis de etileno levando a má formação de espigas e

consequente perdas de produtividade de grãos.

Os dados sobre o efeito das estrobilurinas na cultura do milho ainda são

escassos e inconsistentes, pouco se conhece sobre a ação do produto no

metabolismo da planta. Relatos sobre o efeito desses fungicidas sobre a atividade da

enzima redutase do nitrato, teor de clorofila foliar, senescência foliar e mesmo com

relação a contribuição de tais moléculas sobre a atividade fisiológica das plantas são

escassas.

1.2.6. Nitrogênio e a aplicação de piraclostrobina

Com avaliações em um sistema modelo simples utilizando discos foliares de

espinafre em solução contendo estrobilurina Glaab & Kaiser (1999) verificaram um

efeito significativo do kresoxim-methyl na ativação da enzima redutase do nitrato em

um curto período de tempo, e ainda, uma completa inibição da ativação normalmente

observada a noite. A reação de redução de nitrato a nitrito catalisada pela enzima

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redutase do nitrato é considerada etapa limitante na assimilação de nitrogênio pelas

plantas (Kaiser, 1999).

A piraclostrobina estimula a absorção de nitrato in vivo, embora o teor de nitrato

no tecido de brotos reduz cerca de 10% uma semana após a aplicação, indicando a

assimilação em metabólitos mais complexos. Nesse caso a planta apresenta um

incremento de aproximadamente 20% em sua biomassa duas semanas após a

aplicação do fungicida (Kohele et al., 2003; Venancio et al., 2004).

Na cultura da bananeira, Lima et al. (2012) verificaram que a aplicação de

piraclostrobina apresentou aumento na área foliar e no teor de nitrogênio total foliar

em relação às plantas tratadas com azoxistrobina e água, sendo que as duas últimas

não diferenciaram entre si. Além disso os autores relatam que a atividade da enzima

redutase do nitrato em plantas tratadas com piraclostrobina ajustou-se a um modelo

linear crescente, indicando aumento na atividade, proporcional ao tempo e número de

aplicações do fungicida.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Avaliar o efeito do fungicida piraclostrobina do grupo das estrobilurinas aplicado

em diferentes épocas e combinações no metabolismo do nitrogênio, em caracteres

agronômicos, na severidade de ferrugem de polysora e sobre a produtividade de grãos

de dois híbridos simples de milho cultivados em primeira e segunda safra em

condições de Cerrado.

1.3.2. Objetivos específicos

Avaliar os efeitos do fungicida piraclostrobina aplicado em diferentes épocas e

combinações no metabolismo do nitrogênio, em caracteres agronômicos, na

severidade de ferrugem de polysora e sobre a produtividade de dois híbridos simples

de milho cultivados em primeira safra em condições de Cerrado.

Avaliar os efeitos do fungicida piraclostrobina aplicado em diferentes épocas e

combinações no metabolismo do nitrogênio, em caracteres agronômicos, na

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severidade de ferrugem de polysora e sobre a produtividade de dois híbridos simples

de milho cultivados em segunda safra em condições de Cerrado.

Avaliar o efeito de doses crescentes do fungicida piraclostrobina sobre o

metabolismo, caracteres agronômicos, na severidade de ferrugem de polysora e

produtividade em dois híbridos simples de milho cultivados em segunda safra em

condições de Cerrado.

1.4. Referências

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CAPITULO 2 – USO DE PIRACLOSTROBINA EM DOIS HÍBRIDOS SIMPLES DE

MILHO CULTIVADOS NA SAFRA DE VERÃO

RESUMO – Objetivando-se avaliar o efeito da aplicação de piraclostrobina em

diferentes épocas e combinações de aplicação em dois híbridos simples de milho

cultivados na safra de verão no Cerrado realizou-se um experimento no município de

Jataí-GO no ano agrícola de 2013/14. Adotou-se o delineamento de blocos ao acaso

no esquema fatorial 2 x 9 (híbridos x aplicações de piraclostrobina), com quatro

repetições. Os híbridos utilizados foram o Dekalb 390 PRO 2® e o Pionner 30S31 Hx®.

As aplicações foram realizadas em diferentes combinações: presença ou ausência de

piraclostrobina + tiofanato metílico + fipronil (100 g i.a. 100 kg semente-1) no

tratamento de sementes (V0), combinado com a aplicação de piraclostrobina (150 g

i.a. ha-1) antes ou após a adubação de cobertura (V4 ou V6), combinado ou não com

a aplicação de piraclostrobina + ciproconazole (137,25 g i.a. ha-1) em pré-

pendoamento (VT) e uma testemunha (sem uso de piraclostrobina). Foram avaliados

atividade da enzima redutase do nitrato, índice de clorofila, altura de plantas, altura de

inserção de espiga, diâmetro de colmo, porcentagem de folhas senescentes,

severidade de Puccinia polysora, massa de mil grãos, densidade e produtividade de

grãos. Os dados obtidos foram submetidos ao teste F para verificação de significância

e para comparação de médias utilizou-se o teste de Tukey, ambos a 5% de

probabilidade. Para a maioria dos caracteres avaliados observou-se diferença entre

híbridos. Não foi observado efeito das aplicações de piraclostrobina e nem interação

entre os fatores em questão. Conclui-se que não há efeito benéfico ou deletério da

aplicação de piraclostrobina em diferentes épocas e combinações de aplicação sobre

os dois híbridos simples de milho na safra de verão no Cerrado.

Palavras-chave: Efeito fisiológico, estrobilurina, redutase do nitrato, produtividade,

Zea mays L.

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CHAPTER 2 – USE OF PYRACLOSTROBIN IN TWO SIMPLE HYBRIDS OF CORN

GROWN IN THE SUMMER HARVEST

SUMMARY - An experiment was undertaken in Jataí, Goiás, aiming to evaluate the

effects of the application of pyraclostrobin at different times and with different

application combinations in two simple hybrids of corn grown in the summer harvest in

Cerrado. A randomized block design was adopted in a factorial 2 x 9 (hybrid x

pyraclostrobin applications), having four repetitions. The hybrids used were Dekalb

390 PRO 2® and the Pioneer 30 S31 Hx®. The applications were performed in different

combinations: presence or absence of pyraclostrobin + thiophanate methyl + fipronil

(100 g a.i. 100 kg seed-1) in seed treatment (V0) combined with pyraclostrobin (150 g

a.i. ha-1) application before or after topdressing (V4 or V6) combined or not with

pyraclostrobin + cyproconazole (137.25 g a.i. ha-1) application in pre-bolting (VT) and

a control (without use of pyraclostrobin). The following evaluations were performed:

activity of the nitrate reductase enzyme, chlorophyll index, plant height, corn cob

insertion height, stem diameter, percentage of senescent leaves, severity of Puccinia

polysora, thousand grain weight, density and productivity of grains. An F test was

performed on the data to analyze the significance, and for a means comparison a

Tukey test was used, both at 5% probability. Differences among hybrids were observed

for the majority of the evaluated traits. There were no effects of the applications of

pyraclostrobin and no interaction between the factors in question. It can therefore be

concluded that there are not beneficial or deleterious effects of the application of

pyraclostrobin at different times and with different application combinations in two

simple hybrids of corn grown in the summer harvest in Cerrado.

Keywords: physiological effect, strobilurin, nitrate reductase, productivity, Zea mays

L.

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15

2.1. Introdução

A partir da última década (2000), os danos causados por doenças na cultura do

milho vêm se intensificando devido a diversos fatores. Entre esses fatores, ampliação

das épocas de cultivo, a utilização de novas técnicas de cultivo (plantio antecipado

sob irrigação, plantio de primeira e segunda safra) que proporcionam uma

continuidade temporal da cultura no campo (Kimati et al., 2005). Além disso, o

monocultivo que incrementa o número de inóculos, o desenvolvimento de híbridos

mais produtivos, porém mais suscetíveis, e o clima do país, dito como favorável ao

desenvolvimento de patógenos. Dessa forma o manejo das doenças se torna um fator

determinante na obtenção de altos rendimentos de grãos (Fanceli, 2013).

Devido à crescente incidência de doenças na cultura do milho, tem-se

verificado um aumento acentuado na utilização de fungicidas em lavouras comerciais

destinadas a produção de grãos (Costa et al., 2012). Há vários relatos na literatura da

eficiência do uso de fungicidas. Vilela et al. (2012) relatam que a utilização dos

fungicidas piraclostrobina + epoxiconazol e azoxistrobina + ciproconazol no pré-

pendoamento do milho reduz a incidência de doenças, porém, não foi suficiente para

propiciar incremento de produtividade da cultura.

Dentre os grupos de fungicidas utilizados no controle de doenças do milho está

presente, desde o ano 2000, o grupo conhecido como inibidores de quinona oxidase

(QoI), as estrobilurinas. Esses fungicidas agem inibindo a cadeia respiratória ao nível

do complexo III, levando a inibição da cadeia bioquímica de transporte de elétrons no

sítio da mitocôndria e assim interferindo na respiração dos fungos (Bartlett et al.,

2002).

A piraclostrobina, fungicida pertencente ao grupo das estrobilurinas, apresenta

um amplo espectro de ação com atividade contra espécies das quatro grandes classes

de fungos fitopatogênicos (ascomicetos, basidiomicetos, deuteromicetos e

oomicetos), possui propriedades curativas e/ou erradicantes (Zambolim et al., 2008;

Bartlett et al., 2002).

Alguns experimentos apontam que cereais tratados com piraclostrobina

demonstram aumento significativo na produção, maiores do que os que são devido

somente ao seu efeito como fungicida. Portanto, o uso desse fungicida apresenta

efeitos fisiológicos adicionais que influenciam de forma positiva a produtividade de

alguns cereais (Koehle et al., 2002).

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16

Ainda de acordo com Koehle et al. (2002) a aplicação de piraclostrobina na

cultura do trigo (Triticum aestivum L.) proporciona um aumento da atividade

enzimática da redutase do nitrato no período da noite até três dias após a aplicação.

Ainda com relação às estrobilurinas, Venancio et al. (2003), em um artigo de revisão,

apontam o efeito positivo dessa molécula sob diversos fatores, como na assimilação

de carbono e nitrogênio e na regulação hormonal.

Below et al. (2009) relatam que os fungicidas do grupo da estrobilurinas atuam

na planta inibindo a síntese de etileno, hormônio responsável pelo desenvolvimento

de espigas. Sendo assim, a aplicação desses fungicidas entre os estádios V11 e V15

atuariam na redução dos níveis de etileno levando a má formação de espigas e

consequente perdas de produtividade de grãos.

Costa et al. (2012) avaliando a viabilidade técnica e econômica da aplicação de

estrobilurinas em milho concluíram que em condições de baixa severidade de doenças

as cultivares tratadas com fungicida apresentam resultados de rendimento

inconsistentes, ao contrário de casos onde a incidência de doenças é alta. O mesmo

autor ressalta ainda a necessidade de mais estudos para o melhor entendimento do

efeito das estrobilurinas na fisiologia e seus reflexos sobre a produtividade de plantas

de milho.

Com base no exposto, objetivou-se com o trabalho avaliar os efeitos do uso de

piraclostrobina (estrobilurina) em diferentes épocas e combinações de aplicação sobre

o metabolismo do nitrogênio, caracteres agronômicos, severidade de ferrugem de

polysora e produtividade de grãos de dois híbridos simples de milho cultivados na

safra de verão no Cerrado.

2.2. Material e métodos

O ensaio foi conduzido no município de Jataí – GO, na área da fazenda

experimental da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí, localizado a 17º 55'

de Latitude Sul, 51º 42' de Longitude Oeste a 668 metros de altitude. O clima da região

é classificado como Cw, mesotérmico, com duas estações (seca e chuvosa) definidas.

Os dados climáticos do período de condução do ensaio se encontram nas figuras 1 e

2.

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17

Figura 1. Temperatura máxima e mínima, a cada sete dias, durante o período de condução do experimento. Jataí, GO, 2013/14.

Figura 2. Precipitação e umidade relativa do ar, a cada sete dias, durante o período de condução do experimento. Jataí, GO, 2013/14.

O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho

distroférrico segundo a Embrapa (2009) de textura argilosa com 490 g dm-3 de argila,

100 g dm-3 de silte e 410 g dm-3 de areia. Nos anos agrícolas anteriores (2011/12 e

2012/13) a área foi cultivada com milho na primeira safra e mantida em pousio na

segunda safra.

Antes da instalação do experimento no ano agrícola de 2013/14 foi retirada uma

amostra representativa de solo da área para análise das propriedades químicas físicas

e biológicas obtendo-se os resultados de pH (CaCl2): 5,3; M.O. (g dm-3): 34,2; P

mehlich1 (mg dm-3): 1,9; Ca, Mg, H + Al, K, CTC (cmolc dm-3): 1,22; 0,68; 5,3; 0,13;

7,3, respectivamente e saturação por bases (V%): 27,8%.

Adotou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso no esquema

fatorial 2x9 (híbridos x aplicações de piraclostrobina), com quatro repetições. Os

híbridos utilizados foram o Dekalb 390 PRO 2® (híbrido 1) e o Pionner 30S31 Hx®

0

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cip

itação (

mm

)

Dias

Precip. Umidade

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18

(híbrido 2). As aplicações de piraclostrobina (Tabela 1) foram realizadas em diferentes

combinações: presença ou ausência de piraclostrobina + tiofanato metílico + fipronil

(100 g i.a. 100 kg semente-1) no tratamento de sementes (V0) combinado com a

aplicação de piraclostrobina (150 g i.a. ha-1) antes ou após a adubação de cobertura

(V4 ou V6) combinado ou não com a aplicação de piraclostrobina + ciproconazole

(137,25 g i.a. ha-1) em pré-pendoamento (VT) e uma testemunha (sem uso de

piraclostrobina).

Tabela 1. Descrição das combinações das aplicações de piraclostrobina de acordo

com o estádio fenológico. Jataí, GO, 2013/14.

Aplicações Estádio

fenológico Dias após a emergência

1. piraclostrobina + [piraclostrobina + ciproconazole] V4* + VT 19 + 40

2. piraclostrobina V4 19

3. piraclostrobina + [piraclostrobina + ciproconazole] V6 + VT 31 + 40

4. piraclostrobina V6 31

5. piraclostrobina + piraclostrobina + [piraclostrobina + ciproconazole] V0 + V4 + VT 0 + 19 + 40

6. piraclostrobina + piraclostrobina V0 + V4 0 + 19

7. piraclostrobina + piraclostrobina + [piraclostrobina + ciproconazole] V0 + V6 + VT 0 + 31 + 40

8. piraclostrobina + piraclostrobina V0 + V6 0 + 31

9. Testemunha - -

* A diferença entre a aplicação em V4 e V6 é devida a adubação de cobertura, ou seja, fungicida aplicado antes da adubação de cobertura em V4 e após a adubação de cobertura em V6.

A unidade experimental constituiu-se de cinco linhas, espaçadas em 0,45 m

entre linhas, com seis metros de comprimento. Considerou-se como área útil das

parcelas as três linhas centrais e os cinco metros centrais de cada uma das três linhas.

Com o objetivo de corrigir a acidez do solo e elevar a saturação por bases foi

realizada a aplicação de calcário dolomítico (PRNT= 86,63%) 48 dias antes do plantio,

em uma dose de 2000 kg ha-1 (cálculo da dosagem baseado na saturação por bases

do solo). Posterior à aplicação de calcário o solo da área foi revolvido com uma

gradagem. Ainda, quatro dias antes do plantio fez-se o controle das plantas daninhas

com a aplicação de sal de amônio de glifosato na dosagem de 2,0 kg i.a. ha-1.

A semeadura foi realizada no dia 09 de novembro de 2013. Os híbridos

utilizados foram semeados com a população estimada de 65 mil plantas ha-1. A

adubação de base consistiu-se da aplicação em sulco de plantio de 400 kg ha-1 de

NPK (04-30-20). Para a adubação de cobertura, aos 30 DAS (dias após a semeadura)

em V5, aplicou-se 130 kg ha-1 de nitrogênio na forma de sulfato de amônio.

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19

O manejo de plantas daninhas em pós-emergência foi realizado aos 18 DAS

(V2), utilizando-se tembotriona (100,8 g i.a. ha-1) e atrazina (1,5 kg i.a. ha-1). Aos 20

DAS (V3) aplicou-se metoxifenozida (45 g i.a. ha-1) e gama cialotrina (3,75 g i.a. ha-1)

com o objetivo de controlar a incidência de lagarta-do-cartucho (Spodoptera

frugiperda). As aplicações visando controle de plantas daninhas e insetos-praga foram

realizadas com pulverizador de barras tratorizado, com volume de calda equivalente

a 200 L ha-1.

Para a pulverização da calda fungicida em V4, V6 e VT empregou-se um

pulverizador de pesquisa, pressurizado por CO2, munido de quatro pontas de jato

plano DG 11002 espaçadas a 0,5 m, à uma pressão de trabalho de 200 Kpa, obtendo-

se um gasto de volume de calda de 200 L ha-1. As condições ambientais durante as

aplicações variaram em 3 e 9 km h-1 para velocidade do vento, entre 24 e 29 °C para

temperatura e a umidade do ar variou entre 61% e 88%.

Dentre as avaliações, determinou-se a atividade da enzima redutase do nitrato

de acordo com a metodologia proposta por Jaworski (1971) com adição de propanol

(propan-1-ol) adaptada por Meguro & Magalhães (1982). Para avaliar o efeito da

piraclostrobina no tratamento de sementes a atividade enzimática foi quantificada 24

DAS (V3), coletando-se três folhas completamente expandidas de três plantas em

cada parcela. As coletas foram realizadas em horário fixo (9 e 10 horas da manhã)

para minimizar o efeito variável da irradiância ao longo do dia. Logo após o

material foi levado rapidamente ao laboratório de Bioquímica da UFG - Regional Jataí

onde procedeu-se as análises. Para avaliar o efeito das aplicações de piraclostrobina

em V4, V6 e VT as coletas do material vegetal foram feitas quatro dias após a

pulverização, seguindo sempre o mesmo procedimento acima citado. Os resultados

obtidos para atividade da redutase do nitrato foram expressos em μmol NO2- g-1 MF

h-1.

O índice de clorofila foi quantificado realizando medição da leitura

correspondente ao índice de clorofila com o uso do clorofilômetro modelo Falker CFL

1030 aos 65 DAS (R1), as leituras foram feitas aleatoriamente em cinco plantas por

parcela no terço médio da folha-índice de cada planta.

A severidade da doença ferrugem de polysora (Puccinia polysora), foi avaliada

aos 85 DAS (R2) com auxílio da escala diagramática proposta pela Agroceres (1996)

obtendo se as notas em porcentagem. Aos 100 DAS (R3) foram avaliados os

caracteres agronômicos altura de plantas (cm), altura da inserção da 1ª espiga (cm) e

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diâmetro do colmo (mm) com auxílio de fita métrica e paquímetro digital. Ainda na

mesma data quantificou-se a porcentagem de folhas senescentes em relação ao total

de folhas (considerando como senescentes folhas com 50% ou menos de limbo foliar

verde).

A colheita da área útil da parcela foi realizada aos 151 DAS de forma manual.

Após a colheita determinou-se o teor de água dos grãos (%), a densidade dos grãos

(kg L-1), a massa de mil grãos (g) de acordo com a metodologia proposta por Brasil

(2009) e a produtividade de grãos (kg ha-1) ambos a 13% de umidade.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as

médias comparadas pelo teste de Tukey ambos a 5% de probabilidade.

2.3. Resultados e discussão

Na tabela 2 são apresentados os dados da atividade da enzima redutase do

nitrato avaliada nos diferentes estádios de desenvolvimento, do índice de clorofila e

da porcentagem de folhas senescentes de acordo com os tratamentos (híbridos e

aplicações de piraclostrobina). Para a atividade da redutase em V0 e V4 - V6 há

médias apenas para os tratamentos que receberam as aplicações pré-determinadas

de piraclostrobina nos respectivos estádios fenológicos.

Observa-se que de acordo com o teste F (Tabela 2) não houve interação

significativa entre os fatores analisados, além d não haver diferença significativa entre

as médias das aplicações. Tal diferença é observada somente para a variável índice

de clorofila. No teste F constata-se diferença significativa para as aplicações no índice

de clorofila, no entanto, tal diferença não é observada no teste de Tukey. Isso ocorre

pois o teste F analisa todos os possíveis contrastes entre médias, já o teste de Tukey

analisa apenas contrastes entre duas médias (Banzatto & Kronka, 2006).

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Tabela 2. Valores médios referentes a atividade da enzima redutase do nitrato nos diferentes estádios de desenvolvimento (V0, V4-V6 e VT), ao índice de clorofila (I.C.) e a porcentagem de folhas senescente (F.S.) para híbridos e aplicações de piraclostrobina(1). Jataí, GO, 2013/14.

Tratamentos Redutase do nitrato (μmol NO2- g-1 MF h-1)

I.C. F.S. (%) V0 V4 - V6 VT

Híbridos (H)

Hibrido 1 0,405 0,692 1,067 55,63 46,35

Hibrido 2 0,423 0,737 1,146 53,39 45,75

DMS(2) 0,180 0,193 0,210 1,31 2,18

Aplicações (A)

Aplic. 1 - - 1,155 54,76 46,04

Aplic. 2 - 0,665 1,054 52,46 45,81

Aplic. 3 - - 1,174 54,97 45,77

Aplic. 4 - 0,679 1,020 55,91 47,50

Aplic. 5 0,412 - 1,035 52,02 46,63

Aplic. 6 - 0,607 1,089 54,57 47,74

Aplic. 7 - - 1,169 56,46 44,19

Aplic. 8 - 0,615 1,087 54,16 44,77

Testemunha 0,416 1,007 1,176 55,31 46,00

DMS 0,180 0,440 0,726 4,49 7,46

CV (%)(3) 38,8 35,2 34,3 5,0 10,0

Teste F

H 0,05 ns 0,24 ns 0,59 ns 11,73 * 0,30 ns

A 0,00 ns 2,61 ns 0,16 ns 2,24 * 0,50 ns

H x A 0,39 ns 0,79 ns 0,59 ns 1,45 ns 0,85 ns (1) Médias seguidas por letra diferente diferem entre si (p > 0,05) pelo teste Tukey; (2) Diferença mínima significativa; (3) Coeficiente de variação; * significativo a 5%; ns não significativo pelo teste F.

Com relação à atividade da enzima redutase do nitrato, a ausência de efeito

tanto das aplicações de piraclostrobina quanto entre os híbridos pode ser devido a

alta disponibilidade de nitrato (presente na adubação de plantio e de cobertura), pois

a atividade da enzima é regulada positivamente pela disponibilidade do nutriente em

questão (Lea & Azevedo, 2007). Assim, devido a quantidade de nitrato no meio ser

adequada a atividade da enzima foi maximizada. No estádio V4 Oliveira et al. (2013)

obtiveram valores semelhantes ao da testemunha (V4-V6) do presente trabalho em

condição de alto nível de nitrogênio.

Na cultura do trigo Koehle et al. (2002) observaram um aumento na atividade

enzimática durante a noite até três dias após a aplicação de piraclostrobina. Os

autores relatam ainda que o efeito da piraclostrobina é mais proeminente quando a

demanda por nitrogênio é máxima, que na cultura do milho ocorre em V12 e V18 (Cruz

et al., 2008) fora do período de aplicação de piraclostrobina no presente trabalho.

Os resultados da atividade da redutase do nitrato estão em desacordo com os

resultados encontrados por Fagan et al. (2010) que na cultura da soja, ao comparar o

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efeito de piraclostrobina aplicada no estádio de florescimento da cultura observou um

aumento significativo na atividade da enzima redutase do nitrato ao comparar tal

aplicação com a testemunha. É possível que a discrepância entre os resultados se

deva à diferença entre o metabolismo do milho (C4) e da soja (C3), pois é possível

observar aumento na atividade da enzima também na cultura do trigo (C3), relatado

por Koehle et al. (2002).

Segundo Argenta et al. (2003) o índice de clorofila medido indiretamente pelo

uso do clorofilometro é um método eficiente de monitoramento do nível de nitrogênio

na planta de milho, sendo possível obter uma correlação entre o índice de clorofila e

o teor de nitrogênio foliar.

O resultado do índice de clorofila apresentado na tabela 2 confirma o resultado

da atividade da enzima redutase do nitrato, visto que tal enzima catalisa o primeiro

passo da assimilação de nitrogênio em plantas superiores reduzindo nitrato a nitrito

(Yaneva et al., 2000). Sendo assim, não houve diferença entre tratamentos para a

atividade da enzima redutase do nitrato e consequentemente também não ocorreu

diferença no índice de clorofila, que se correlaciona com o teor de nitrogênio foliar.

A perda de clorofila é um aspecto característico da senescência foliar (Taiz &

Zeiger, 2013). Segundo Grossmann & Retzlaff (1997), a exposição de discos foliares

de trigo a piraclostrobina durante 48 horas, levou a uma redução da perda de clorofila

de acordo com o aumento da concentração de piraclostrobina. No entanto, no

presente trabalho não houve efeito da aplicação de piraclostrobina sobre a

porcentagem de folhas senescentes, indicando que para os dois híbridos em questão

na safra de verão a piraclostrobina aplicada em diferentes combinações de épocas

não afeta a senescência foliar.

O híbrido 1 apresentou maior índice de clorofila (Tabela 2) em relação ao

híbrido 2. Devido a isso o hibrido 1 pode apresentar uma maior eficiência fotossintética

pois a clorofila apresenta ligação direta com a absorção e transferência de energia

luminosa (Taiz & Zeiger, 2013).

Os dados referentes à altura de plantas, altura de inserção da espiga, diâmetro

de colmo e severidade de ferrugem de polysora se encontram na tabela 3. De acordo

com o teste F, não houve interação significativa em relação aos fatores analisados,

nota-se que todos os caracteres presentes na tabela 3 foram influenciados apenas

pelo fator híbrido.

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Tabela 3. Valores médios referentes à altura de plantas (Alt. P.), altura da inserção de espiga (Alt. I.E.), diâmetro de colmo (Diam. C.) e severidade de ferrugem de polysora (S.F.P.) para híbridos e aplicações de piraclostrobina(1). Jataí, GO, 2013/14.

Tratamentos Alt. P. (cm) Alt. I.E. (cm) Diam. C. (mm) S.F.P. (%)

Híbridos (H)

Hibrido 1 237,48 136,05 22,62 22,38

Hibrido 2 246,83 145,94 23,41 20,30

DMS(2) 2,96 2,67 0,73 1,81

Aplicações (A)

Aplic. 1 240,37 140,57 23,06 24,37

Aplic. 2 241,35 141,60 22,73 20,75

Aplic. 3 245,07 142,27 23,13 21,00

Aplic. 4 244,80 143,32 22,92 20,41

Aplic. 5 242,30 140,72 23,05 21,00

Aplic. 6 241,20 138,87 22,76 22,25

Aplic. 7 245,35 144,05 23,00 20,25

Aplic. 8 237,15 135,40 22,88 22,00

Testemunha 241,87 142,12 23,60 20,06

DMS 10,13 9,14 2,51 6,20

CV (%)(3) 2,5 4,0 6,7 17,9

Teste F

H 40,16 * 55,22 * 4,62 * 5,3 *

A 1,42 ns 1,7 ns 0,22 ns 1,00 ns

H x A 1,00 ns 1,39 ns 0,8 ns 0,77 ns (1 Médias seguidas por letra diferente diferem entre si (p > 0,05) pelo teste Tukey; (2) Diferença mínima significativa; (3) Coeficiente de variação; * significativo a 5% e ns não significativo pelo teste F.

Quanto à altura de plantas, altura de inserção da espiga e diâmetro de colmo o

efeito do fator híbrido pode estar correlacionado com o próprio caráter genético dos

genótipos avaliados no trabalho (Maddonni et al., 2001).

Maior altura de plantas foi observada para o híbrido 2, embora uma redução na

altura de plantas é desejável pelos produtores (Almeida et al., 2000) pois, permite o

cultivo do milho em maiores densidades e aumenta a eficiência da colheita

mecanizada. Ainda, menor altura de plantas reduz problemas relacionados ao

quebramento e acamamento de plantas antes do ponto de colheita, comum em

plantas de porte elevado (Vilela et al., 2012).

Similar à altura de plantas, maior altura de inserção de espiga foi verificada no

hibrido 2. Porém, é desejável uma menor altura de inserção de espiga pois a menor

distância entre o solo e o ponto de inserção da espiga contribui para o melhor equilíbrio

da planta, minimizando a quebra do colmo (Sangoi et al., 2002).

Com relação a diferença do diâmetro de colmo entre os híbridos, essa se deve

principalmente ao genótipo. O diâmetro de colmo também tem importante função

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quando se observa o quebramento de plantas, maior diâmetro de colmo leva a um

menor risco de quebramento ou tombamento de plantas (Sangoi et al., 2002).

Para a severidade de ferrugem de polysora, observa-se que independente da

aplicação de fungicida não houve variação mesmo com relação ao tratamento que

não recebeu piraclostrobina em nenhum estádio. Tal resultado corrobora com o

encontrado por Duarte et al. (2009), que analisando o efeito de diferentes

estrobilurinas aos 79 e 105 DAS sobre o controle de ferrugem comum (Puccinia

sorgui) não observaram efeito dos fungicidas em relação a testemunha.

A diferença da severidade da ferrugem entre os híbridos se deve a diferença

de suscetibilidade que cada híbrido apresenta. Portanto, o híbrido 2 nas condições do

presente experimento apresenta maior grau de tolerância a ferrugem de polysora que

o híbrido 1.

A baixa incidência de ferrugem de polysora está relacionada também a fatores

climáticos. Segundo Dudienas et al. (2013) temperaturas acima de 29 °C afeta a

infecção da planta pelo patógeno e a além disso há necessidade de molhamento das

folhas para que a infecção seja eficiente. No presente trabalho verificou-se

temperaturas elevadas (acima de 29 °C) e ainda, na segunda quinzena do mês de

janeiro e primeira do mês de fevereiro houve uma baixa precipitação e umidade

relativa do ar (Figuras 1 e 2). Portanto o desenvolvimento da doença foi desfavorecido

pelos fatores ambientais.

As características altura de plantas, altura de inserção de espiga e diâmetro de

colmo não foram influenciadas pela aplicação de piraclostrobina corroborando com os

resultados encontrados por Marafon & Simonetti (2012) e Vilela et al., (2012).

As características massa de mil grãos e densidade de grãos foram

influenciadas apenas pelo fator híbrido. A produtividade de grãos não apresentou

diferença entre híbridos (Tabela 4). Com relação ao fator aplicação nenhum dos

tratamentos com piraclostrobina diferenciou estatisticamente do tratamento

testemunha. A interação entre os fatores estudados também não foi significativa.

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Tabela 4. Valores médios referentes a massa de mil grãos(MMG), densidade de grãos (DG) e produtividade (Prod.) para híbridos e aplicações de piraclostrobina(1). Jataí, GO, 2013/14.

Tratamentos MMG (g) DG (kg L-1) Prod. (kg ha-1)

Híbridos (H)

Hibrido 1 314,38 0,711 7.369,41

Hibrido 2 360,67 0,653 7.937,50

DMS 12,28 0,01 597,49

Aplicações (A)

Aplic. 1 328,39 0,673 7.861,64

Aplic. 2 333,56 0,678 7.134,02

Aplic. 3 351,12 0,685 7.817,30

Aplic. 4 333,62 0,686 7.443,74

Aplic. 5 333,24 0,694 8.010,07

Aplic. 6 326,36 0,675 7.463,47

Aplic. 7 349,74 0,674 8.142,33

Aplic. 8 338,49 0,683 7.268,13

Testemunha 343,21 0,694 7.740,40

DMS 42,04 0,03 2047,34

CV (%) 7,6 3,3 16,3

Teste F

H 57,22 * 119,06 * 3,57 ns

A 0,93 ns 1,03 ns 0,60 ns

H x A 1,33 ns 1,74 ns 0,44 ns (1) Médias seguidas por letra diferente diferem entre si (p > 0,05) pelo teste Tukey; (2) Diferença mínima significativa; (3) Coeficiente de variação; * significativo a 5% e ns não significativo pelo teste F.

A massa de mil grãos é considerada um dos componentes mais associados a

produção de milho (Balbinot Jr. et al., 2005). No presente trabalho, no entanto, não se

observou relação entre essa característica e a produtividade, visto que houve efeito

significativo de híbridos sobre a massa de mil grãos e não houve tal efeito na

produtividade. A ausência de efeito das aplicações de piraclostrobina sobre a massa

de mil grãos corrobora com o observado por Vilela et al. (2012) para a cultura do milho,

porém, na cultura da soja Fagan et al. (2010) observaram um aumento significativo

desse componente com a aplicação de piraclostrobina.

Segundo Duarte et al. (2005) a densidade de grãos apresenta relação direta

com a massa dos grãos, o que está de acordo com o presente trabalho, visto que há

diferença entre híbridos tanto para massa de mil grãos quanto para densidade de

grãos, o que não é observado para a aplicação de piraclostrobina.

O resultado do efeito da piraclostrobina sobre a produtividade nesse trabalho

corrobora com o observado por Vileta et al. (2012) que não identificou efeito da

aplicação de piraclostrobina em comparação com a testemunha sobre a produtividade

de seis diferentes híbridos de milho. Portanto o uso de piraclostrobina em condições

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de baixa severidade de doenças não é indicado para os dois híbridos em questão,

visto que não houve diferença de produtividade entre os tratamentos que receberam

aplicação de piraclostrobina e a testemunha.

Paul et al. (2011) relatam elevada ocorrência de resultados negativos de

rendimento, ou seja, menores produtividades em área tratadas com fungicida em

relação às áreas não tratadas, no entanto, tal resultado não foi evidenciado no

presente trabalho.

Kozlowiski et al. (2009) relata um efeito positivo da aplicação de piraclostrobina

sobre o rendimento de grãos de feijoeiro, segundo os autores a aplicação do fungicida

leva ainda a um aumento no número de vagens por planta e na taxa crescimento

absoluto. Na cultura da soja, Fagan et al. (2010) relata um aumento da produtividade

e da massa de mil grãos nos tratamentos em que se aplicou piraclostrobina em relação

a testemunha.

2.4. Conclusão

Nas condições do presente experimento não há efeitos benéficos ou deletérios

do uso de piraclostrobina (estrobilurina) aplicada em diferentes épocas e combinações

de aplicação sobre os dois híbridos simples de milho cultivados na safra de verão.

Em condições de baixa severidade de doenças não há necessidade da

aplicação de piraclostrobina para os dois híbridos em questão.

2.5. Referências

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29

CAPITULO 3 – DOSES E ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE PIRACLOSTROBINA EM

DOIS HÍBRIDOS SIMPLES DE MILHO EM SEGUNDA SAFRA

RESUMO - Com o objetivo de avaliar os efeitos da aplicação de doses de

piraclostrobina associadas a épocas de aplicação em dois híbridos simples de milho

cultivados em segunda safra no Cerrado conduziu-se no ano de 2014 um experimento

no município de Jataí-GO. Adotou-se o delineamento de blocos ao acaso no esquema

fatorial 2 x 8 (híbridos x aplicações de piraclostrobina), com quatro repetições. Os

híbridos utilizados foram o Dekalb 390 PRO 2® e o Pionner 30S31 Hx®. As aplicações

foram realizadas nas doses de 0, 150, 300 e 600 g i.a. ha-1 (a dose de 150 g i.a. ha-1

é a indicada pelo fabricante) em V6 combinadas ou não com a aplicação de

piraclostrobina + ciproconazole na dose de 137,25 g i.a. ha-1 em pré-pendoamento

(VT). Foram avaliados atividade da enzima redutase do nitrato, índice de clorofila,

altura de plantas, altura de inserção de espiga, diâmetro de colmo, porcentagem de

folhas senescentes, severidade de Puccinia polysora, massa de mil grãos, densidade,

proteína bruta e matéria mineral e produtividade de grãos. Os dados obtidos foram

submetidos ao teste F para verificação de significância e para comparação de médias

utilizou-se o teste de Tukey, ambos ao nível de 5% de probabilidade. Houve efeito da

aplicação de piraclostrobina sobre o índice de clorofila de forma positiva no estádio

reprodutivo, e sobre a senescência foliar de forma positiva. No presente trabalho não

observou-se efeito deletério do uso de piraclostrobina. Apesar do efeito benéfico sobre

alguns caracteres o uso de piraclostrobina não afetou a produtividade dos dois

híbridos simples de milho cultivados em segunda safra no Cerrado.

Palavras-chave: Estrobilurina, efeito fisiológico, safrinha, Zea mays L.

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30

CHAPTER 3 - DOSES AND APPLICATION TIMES OF PYRACLOSTROBIN IN TWO

SIMPLE HYBRID OF CORN IN SECOND HARVEST

SUMMARY - An experiment was undertaken in 2014 in the city of Jataí, Goiás, aiming

to evaluate the effects of the application of pyraclostrobin associated to the time of

application in two simple corn hybrids during the second harvest at the Cerrado. A

randomized block design was adopted in a factorial 2 x 8 (hybrid x pyraclostrobin

applications), having four replications. The Dekalb 390 PRO 2® and the Pioneer 30S31

HX® were the used hybrids. The applications were performed as doses of 0, 150, 300

and 600g i.a. ha-1 (the 150 dose being the one recommended by the manufacturer) in

V6 combined or not with the application of pyraclostrobin + cyproconazole as a dose

of 137.25g i.a. ha-1 in pre-bolting (VT). The following evaluations were performed:

activity of the nitrate reductase enzyme, chlorophyll content, plant height, corn cob

insertion height, stem diameter, percentage of senescent leaves, severity of Puccinia

polysora, thousand grain weight, density, crude protein and mineral matter and

productivity of grains. An F test was performed on the data to analyze the significance,

and for a means comparison a Tukey test was used, both at 5% probability. The

application of pyraclostrobin affected the chlorophyll content positively during the

reproductive stage and also affected positively the leaf senescence. No deleterious

effect was observed, during the present work, after the usage of pyraclostrobin. In spite

of the beneficial effects of the usage of pyraclostrobin on some characters there was

no production increase in any of the two simple corn hybrids in the first and second

harvests at the Cerrado.

Keywords: Strobilurin, physiological effect, off-season, Zea mays L.

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31

3.1. Introdução

O impacto das doenças foliares na cultura do milho cresce a cada ano, devido

principalmente ao aumento das áreas de cultivo irrigado e de segunda safra o que

proporciona aos patógenos uma maior sobrevivência no campo (Tomazela et al.,

2006; Fantin & Duarte, 2009). O uso de híbridos suscetíveis, utilização incorreta de

alta tecnologia e a adoção de sistemas de plantios consecutivos aliados a ocorrência

de clima favorável ao desenvolvimento de epidemias também contribuem para o

aumento da incidência de doenças no milho (Duarte, Juliatti & Freitas, 2009).

Com o crescente aumento da incidência de doenças foliares na cultura do milho

o manejo das doenças se torna um fator determinante na obtenção de altos

rendimentos de grãos (Fanceli, 2013). Tais doenças são responsáveis pela redução

de até 40% na produtividade de grãos (Fancelli & Dourado Neto, 2003).

Destaca-se o uso de fungicidas como uma técnica de manejo eficiente das

doenças foliares, Vilela et al. (2012) relatam que a utilização dos fungicidas

piraclostrobina + epoxiconazol e azoxistrobina + ciproconazol no pré-pendoamento do

milho reduz a incidência de doenças, porém, não o suficiente para propiciar

incremento na produtividade da cultura.

A utilização de fungicidas reduz a incidência de grãos ardidos, reduz a

incidência de doenças como a mancha branca na cultura e ainda ao ser usado no

tratamento de sementes gera benefícios a semente como o incremento de vigor

(Juliatti et al., 2007; Costa et al., 2012; Matos et al., 2013).

O aumento acentuado na utilização de fungicidas proporcionou um grande

progresso com relação aos avanços tecnológicos desses produtos, destacando-se a

descoberta de novos mecanismos de ação (Zambolim, Conceição & Santiago, 2008).

Dentre esses novos mecanismos de ação encontra-se o grupo das estrobilurinas.

As estrobilurinas são um grupo de compostos químicos extraídos do fungo

Estrobilurus tenacellus, são usados na agricultura como fungicidas. São conhecidas

como inibidores de quinona pois apresentam como mecanismo de ação a inibição da

respiração mitocondrial atuando no sitio da quinona oxidase (Parreira, Neves &

Zambolin, 2009).

Dentre os fungicidas do grupo das estrobilurinas destaca-se a piraclostrobina,

com amplo espectro de ação, e atividade contra espécies das quatro grandes classes

de fungos fitopatogênicos (ascomicetos, basidiomicetos, deuteromicetos e oomicetos)

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32

(Zambolim et al., 2008; Bartlett et al., 2002). São absorvidas pela cutícula do fungo,

agindo como fungicidas protetores (Vincelli & Dixon, 2002).

A aplicação de alguns fungicidas do grupo das estrobilurinas pode levar a

alterações no metabolismo da planta sem qualquer relação com a defesa da planta

contra fungos. Alguns experimentos demonstram que cereais tratados com esse

fungicida mostram aumento significativo na produção, maiores do que os que são

devidos somente ao seu efeito como fungicida (Koehle et al., 2002).

Barbosa et al. (2011) constataram um aumento na atividade da enzima

redutase do nitrato e na produtividade da cultura do milho ao avaliar a aplicação de

piraclostrobina associada a doses de nitrogênio, porém, segundo os autores não

houve alteração nos teores de proteína bruta e extrato etéreo dos grãos produzidos.

Below et al. (2009) relatam que os fungicidas do grupo da estrobilurinas atuam

na planta inibindo a síntese de etileno, hormônio responsável pelo desenvolvimento

de espigas. Sendo assim, a aplicação desses fungicidas entre os estádios V11 e V15

atuariam na redução dos níveis de etileno levando a má formação de espigas e

consequente perdas de produtividade de grãos.

Nesse contexto, objetivou-se com o trabalho avaliar os efeitos da aplicação de

doses de piraclostrobina associadas a épocas de aplicação no metabolismo do

nitrogênio, caracteres agronômicos, severidade de ferrugem de polysora e

produtividade de grãos de dois híbridos simples de milho cultivados em segunda safra

no Cerrado.

3.2. Material e métodos

O ensaio foi conduzido no município de Jataí – GO, na fazenda experimental

da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí, localizado a 17º 55' de Latitude

Sul, 51º 42' de Longitude Oeste a 668 metros de altitude. O clima da região é

classificado como Cw, mesotérmico, com duas estações (seca e chuvosa) definidas.

Os dados climáticos referentes ao período de condução do ensaio se encontram nas

figuras 1 e 2.

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33

Figura 1. Temperatura máxima e mínima, a cada sete dias, durante o período de condução do experimento. Jataí, GO, 2014.

Figura 2. Precipitação e umidade relativa do ar, a cada sete dias, durante o período de condução do experimento. Jataí, GO, 2014.

O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho

distroférrico (Embrapa, 2009), apresenta textura argilosa com 445 g dm-3 de argila,

250 g dm-3 de silte e 305 g dm-3 de areia. Nos anos agrícolas anteriores (2011/12 e

2012/13) a área foi cultivada com braquiária.

Para análise das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo foi retirada

uma amostra representativa do solo da área antes da instalação do ensaio. Os

resultados obtidos na análise foram: pH (CaCl2): 5,3; P mehlich1 (mg dm-3): 4,6; Ca,

Mg, H + Al, K, CTC (cmolc dm-3), e saturação de bases (V%): 3,62; 1,61; 4,8; 0,25;

10,3; 53,2%, respectivamente.

Adotou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, no esquema

fatorial 2x8 (híbridos x aplicações de piraclostrobina), com quatro repetições. Utilizou-

05

10152025303540

Tem

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tura

(°C

)

Dias

T. Máx. T. Mín.

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10

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se os híbridos Dekalb 390 PRO 2® (híbrido 1) e o Pionner 30 S31 Hx® (hibrido 2). Na

tabela 1 encontra-se a descrição das aplicações de piraclostrobina.

Tabela 1. Descrição das combinações de aplicações de piraclostrobina de acordo com o estádio fenológico. Jataí, GO, 2014.

Aplicação Estádio

fenológico Dias após a emergência

1. piraclostrobina + ciproconazole* VT 50

2. piraclostrobina (150 g.i.a. ha-1) + [piraclostrobina + ciproconazole] V6 + VT 29 + 50

3. piraclostrobina (150 g.i.a. ha-1) V6 29

4. piraclostrobina (300 g.i.a. ha-1) + [piraclostrobina + ciproconazole] V6 + VT 29 + 50

5. piraclostrobina (300 g.i.a. ha-1) V6 29

6. piraclostrobina (600 g.i.a. ha-1) + [piraclostrobina + ciproconazole] V6 + VT 29 + 50

7. piraclostrobina (600 g.i.a. ha-1) V6 29

8. Testemunha (sem aplicação de piraclostrobina) - -

*Dose de 137,25 g i.a. ha-1

As aplicações foram realizadas nas doses de 0, 150, 300 e 600 g i.a. ha-1 (a

dose de 150 g i.a. ha-1 é a indicada pelo fabricante) em V6 combinadas ou não com a

aplicação de piraclostrobina + ciproconazole na dose 137,25 g i.a. ha-1 em pré-

pendoamento (VT). A unidade experimental constituiu-se de cinco linhas, espaçadas

em 0,45 m entre linhas com sete metros de comprimento. A área útil das parcelas

foram as três linhas centrais e cinco metros centrais de cada uma das três linhas.

Com relação ao preparo do solo, realizou-se uma gradagem 30 dias antes da

semeadura. O controle das plantas daninhas foi feito 5 dias antes da semeadura, com

a aplicação de sal de amônio de glifosato na dosagem de 3,0 kg i.a.ha-1.

A semeadura foi realizada no dia 13 de fevereiro de 2014. Ambos os híbridos

utilizados foram semeados com a população estimada de 60 mil plantas ha-1. Para o

tratamento de sementes aplicou-se fipronil (12,5 g. i.a. 100 kg de sementes-1). A

adubação de base consistiu-se da aplicação em sulco de plantio de 200 kg ha-1 de

P2O5 (MAP) e 50 kg ha-1 de K2O (cloreto de potássio). Para a adubação de cobertura,

aos 25 DAS (dias após a semeadura) em V4, aplicou-se 130 kg ha-1 de nitrogênio na

forma de sulfato de amônio.

O manejo de plantas daninhas em pós-emergência foi realizado aos 15 DAS

(V2), utilizando-se tembotriona (100,8 g i.a. ha-1) e atrazina (1,5 kg i.a. ha-1). Ainda,

aplicou-se metoxifenozida (45 g i.a. ha-1) com o objetivo de controlar a incidência de

lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). As aplicações visando controle de

plantas daninhas e insetos-praga foram realizadas com pulverizador de barras

tratorizado, com volume de calda equivalente a 200 L ha-1.

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35

Para a pulverização da calda fungicida em V6 e VT empregou-se um

pulverizador de pesquisa, pressurizado por CO2, munido de quatro pontas de jato

plano DG 11002 espaçadas a 0,5 m, à uma pressão de trabalho de 200 Kpa, obtendo-

se um volume de calda de 200 L ha-1. As condições ambientais durante as aplicações

variaram entre 2 e 5 km h-1 para velocidade do vento, entre 27 e 29 °C para

temperatura e a umidade do ar variou entre 65% e 78%.

A atividade da enzima redutase do nitrato foi avaliada de acordo com a

metodologia proposta por Jaworski (1971) com adição de propanol (propan-1-ol)

adaptada por Meguro & Magalhães (1982). A avaliação no estádio V6 foi realizada 33

DAS (V6), coletando-se três folhas completamente expandidas de três plantas em

cada parcela. As coletas foram realizadas em horário fixo (entre 9 e 10 horas da

manhã) para minimizar o efeito variável da irradiância ao longo do dia. Após a coleta

o material foi levado rapidamente ao laboratório de Bioquímica da UFG - Regional

Jataí onde procedeu-se as análises. O mesmo procedimento foi feito para a análise

da atividade enzimática em pré-pendoamento (55 DAS). Os resultados obtidos dessa

variável foram expressos em μmol NO2- g-1 MF h-1.

O índice de clorofila foi quantificado indiretamente pela leitura correspondente

ao teor de clorofila com o uso do clorofilômetro modelo Falker CFL 1030. Foi feita uma

avaliação 10 dias após a aplicação de piraclostrobina em V6 e aos 56 dias (R3) após

a aplicação de piraclostrobina em pré-pendoamento. As leituras foram feitas

aleatoriamente em cinco plantas por parcela. No estádio V6 a leitura foi realizada na

folha mais nova completamente expandida de cada planta e no estádio R3 a leitura

foi realizada no terço médio da folha-índice de cada planta.

A severidade da doença ferrugem de polysora (Puccinia polysora), foi avaliada

aos 90 DAS (R3) com auxílio da escala diagramática proposta pela Agroceres (1996)

obtendo-se as notas em porcentagem. Aos 100 DAS (R3) foi avaliada a porcentagem

de folhas senescentes em relação ao total de folhas (considerando como senescentes

folhas com 50% ou mais da limbo foliar morto). Aos 124 DAS (R4) foram avaliados os

caracteres agronômicos altura de plantas (cm), altura da inserção da 1ª espiga (cm) e

diâmetro do colmo (mm) com auxílio de fita métrica e paquímetro digital.

Procedeu-se a colheita da área útil da parcela aos 155 DAS de forma manual,

após a colheita determinou-se o teor de água dos grãos (%), a densidade dos grãos

(kg L-1), e a massa de mil grãos (g) de acordo com a metodologia proposta por Brasil

(2009) e a produtividade de grãos (Kg ha-1) ambos à 13% de umidade.

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36

Retirou-se uma amostra de aproximadamente 200 g de grão de cada parcela,

realizou-se a moagem desse material e então quantificou-se a matéria mineral

utilizando a metodologia descrita por Silva & Queiroz (2002) e a proteína bruta pelo

método semi-micro-Kjeldahl de acordo com o descrito por Malavolta et al. (1997).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as

médias comparadas pelo teste de Tukey ambos ao nível de 5% de probabilidade.

3.3. Resultados e discussão

A atividade da enzima redutase do nitrato não apresentou variação significativa

para as aplicações de piraclostrobina, tanto no estádio vegetativo (V6) quanto em pré-

pendoamento (Tabela 2). Para a atividade da redutase em V6, há médias apenas para

alguns tratamentos pois tal avaliação foi realizada antes da época de aplicação pré-

determinada de piraclostrobina em VT.

Tabela 2. Valores médios referente a atividade da enzima redutase do nitrato (R.N.) nos diferentes estádios de desenvolvimento (V6 e VT) e ao índice de clorofila avaliado aos 56 dias após a aplicação de piraclostrobina (I.C.R.) em pré-pendoamento, para híbridos e aplicações de piraclostrobina(1). Jataí, GO, 2014.

Tratamentos R.N. (μmol NO2

- g-1 MF h-1) I.C.R.

V6 VT

Híbridos (H) Hibrido 1 0,670 0,967 54,0 Hibrido 2 0,983 1,065 55,8

DMS(2) 0,266 0,149 1,64

Aplicações (A) Aplic. 1 - 0,990 57,5 a Aplic. 2 - 1,095 56,5 ab Aplic. 3 0,866 1,180 53,5 ab Aplic. 4 - 0,685 55,2 ab Aplic. 5 0,862 1,067 53,2 ab Aplic. 6 - 0,996 57,0 ab Aplic. 7 0,778 1,127 53,7 ab Aplic. 8 0,800 0,990 52,5 b

DMS 0,505 0,473 5,19

CV (%)(3) 43,8 29,3 5,9

Teste F H 5,98 * 1,72 ns 4,75 * A 0,11 ns 2,05 ns 2,74 * H x A 0,88 ns 1,56 ns 1,55 ns

(1) Médias seguidas por letra diferente na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade; (2) Diferença mínima significativa; (3) Coeficiente de variação; * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; ns Não significativo.

A atividade enzimática da redutase do nitrato é regulada positivamente pela

disponibilidade de substrato (Lea & Azevedo, 2007), portanto, a alta disponibilidade

de nitrato fornecido na adubação de cobertura pode ter levado a uma maximização da

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atividade enzimática. Segundo Koehle et al. (2002) o efeito da piraclostrobina sobre a

atividade da redutase do nitrato é mais acentuado quando a cultura se encontra no

estádio de maior demanda por nitrogênio (entre V12 e V18), fora da época de

avaliação do presente trabalho.

Na cultura do trigo Clark (2003) demonstrou que as estrobilurinas apresentam

uma incidência positiva sobre a enzima redutase do nitrato e por consequência um

melhor aproveitamento da fertilização nitrogenada, no entanto, de acordo com os

dados apresentados na Tabela 2 tal efeito não foi observado para a cultura do milho

nas condições do experimento.

A aplicação de piraclostrobina afetou de forma significativa o índice de clorofila

avaliado no estádio reprodutivo (aos 56 dias após a aplicação de piraclostrobina),

sendo que a aplicação de piraclostrobina apenas em VT (Aplic. 1) foi melhor que o

tratamento que não recebeu piraclostrobina (Aplic. 8), entretanto, ambos não diferiram

dos demais tratamentos (Tabela 2). Esse resultado indica ainda que não há relação

entre as diferentes doses de piraclostrobina aplicadas no estádio vegetativo (V6) e o

índice de clorofila foliar no estádio reprodutivo (VT), devido possivelmente ao longo

intervalo entre a aplicação do produto no estádio vegetativo e a avaliação no estádio

reprodutivo.

O hibrido 2 apresentou maior índice de clorofila que o híbrido 1 no estádio

reprodutivo da cultura. Em consequência disso o hibrido 2 pode apresentar uma maior

eficiência fotossintética pois a clorofila apresenta ligação direta com a absorção e

transferência de energia luminosa (Taiz & Zeiger, 2013).

Houve interação significativa entre os fatores (híbridos e aplicação de

piraclostrobina) com relação a severidade de ferrugem de polysora e ao índice de

clorofila quando avaliado 10 dias após a aplicação de piraclostrobina em V6 (Tabela

3). Para o índice de clorofila no estádio vegetativo (I.C. Veg.) há médias apenas para

alguns tratamentos pois tal avaliação foi realizada antes da época de aplicação pré-

determinada de piraclostrobina em VT.

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Tabela 3. Valores médios da interação entre híbridos e aplicações de piraclostrobina referentes a severidade de ferrugem de polysora (S.F.P.), e ao índice de clorofila avaliado após a aplicação de piraclostrobina(1) em V6 (T.C. Veg.). Jataí, GO, 2014.

Aplicação

S.F.P. (%) I.C. Veg.

Híbridos Híbridos

Hibrido 1 Hibrido 2 Hibrido 1 Hibrido 2

Aplic. 1 30,0 Abc 16,0 Ba - - Aplic. 2 25,5 Ac 15,0 Ba - - Aplic. 3 46,5 Aa 23,0 Ba 69,18 Aa 66,64 Ba Aplic. 4 32,0 Abc 17,0 Ba - - Aplic. 5 39,0 Aab 24,0 Ba 67,66 Aab 67,59 Aa Aplic. 6 30,0 Abc 22,0 Ba - - Aplic. 7 46,0 Aa 19,5 Ba 64,78 Bb 68,43 Aa Aplic. 8 49,0 Aa 20,0 Ba 67,7 Aab 68,45 Aa

DMS(2) linha 7,63 2,44

DMS coluna 12,04 3,28

Teste F H 174,3 * 0,53 ns A 8,85 * 1,28 ns H x A 4,10 * 4,68 *

CV (%)(3) 18,8 2,4 (1) Médias seguidas de letra minúscula diferente na coluna e maiúscula diferente na linha diferem entre

si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; (2) Diferença mínima significativa; (3) Coeficiente de variação; * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; ns Não significativo.

Constatou-se para a severidade de ferrugem de polysora uma interação

significativa entre híbridos e aplicações de piraclostrobina (Tabela 3). Apenas para o

híbrido 1 houve diferença entre as aplicações de piraclostrobina, onde, os tratamentos

que receberam aplicação de piraclostrobina apenas no estádio vegetativo (V6) ou não

receberam (Aplic. 8) apresentaram as maiores porcentagens de folhas danificadas,

com exceção do tratamento com o dobro da dose indicada (Aplic. 5). Portanto, a

aplicação de piraclostrobina no estádio VT apresentou-se como melhor época de

aplicação para o controle de ferrugem de polysora em relação ao híbrido 1.

Para o híbrido 1 a maioria dos tratamentos em que se aplicou piraclostrobina

em VT apresentaram menor severidade de ferrugem de polysora em relação aos que

a aplicação foi feita apenas em V6 ou não foi feita. Resultado semelhante foi

encontrado por Duarte, Juliatti & Freitas (2009), onde a aplicação de piraclostrobina +

ciproconazole apresentou menor porcentagem de severidade de polysora em relação

à testemunha.

Ainda, com relação a severidade de ferrugem de polysora, para o híbrido 2 não

houve diferença entre as aplicações de piraclostrobina. Essa diferença entre os

híbridos está de acordo com o citado por Brandão et al. (2003). Segundo os autores,

a resposta diferenciada entre híbridos se deve ao maior ou menor grau de resistência

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apresentado por cada um dos mesmos. Portanto o híbrido 1 apresenta um menor grau

de tolerância a ferrugem de polysora em comparação com o híbrido 2.

A maior dose de piraclostrobina (Aplic. 7) reduziu o índice de clorofila do híbrido

1 no estádio vegetativo em relação a dose indicada, não diferindo do tratamento sem

aplicação de piraclostrobina (Aplic. 8) e do tratamento que utilizou o dobro da dosagem

indicada (Aplic. 5). Já para o híbrido 2 não houve diferença significativa entre as doses

de piraclostrobina aplicada no estádio vegetativo (V6).

O índice de clorofila no estádio vegetativo apresentou diferença entre híbridos

quando aplicou-se a dose indicada pelo fabricante (Aplic. 3) e quatro vezes a dose

indicada (Aplic. 7). Para a Aplic. 3 o híbrido 1 apresentou o maior índice de clorofila e

para a Aplic. 7 o híbrido 2 apresentou o maior índice de clorofila. Demonstrando assim

que cada hibrido apresenta uma resposta diferente para o índice de clorofila de acordo

com as aplicações de piraclostrobina.

Segundo Grossmann & Retzlaff (1997) a exposição de discos foliares de trigo

a piraclostrobina durante 48 horas levou a uma redução da perda de clorofila de

acordo com o aumento da concentração de piraclostrobina. No presente trabalho

observou-se o efeito da piraclostrobina, porém, não há redução da perda de clorofila

no estádio reprodutivo com o aumento da concentração (doses) de piraclostrobina

aplicada em V6 (Tabela 2).

Os valores médios de altura de plantas, altura de inserção de espiga, diâmetro

de colmo e porcentagem de folhas senescentes são expressos na tabela 4. Altura de

plantas, altura de inserção de espiga e diâmetro de colmo não apresentaram influência

da aplicação de piraclostrobina, apresentando diferença significativa apenas entre

híbridos. Ainda, não apresentaram interação entre os fatores indicando um

comportamento independente.

Tais resultados (Tabela 4) corroboram com o observado por Vilela et al. (2012)

que ao avaliar o desempenho agronômico de híbridos de milho em função da

aplicação foliar de fungicidas (piraclostrobina + epoxiconazol e azostrobina +

ciproconazol) obteviveram resultados semelhantes para altura de plantas e de

inserção de espiga. Esses componentes apresentam-se com características

específicas para cada híbrido, podendo variar em decorrência de condições

ambientais ou pontuais de cada ano agrícola (Maddonni et al., 2001).

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Tabela 4. Valores médios referentes à altura de plantas (Alt. P.), altura de inserção de espiga (Alt. I.E.), diâmetro de colmo (D.C.) e porcentagem de folhas senescentes (F.S.) para híbridos e aplicações de piraclostrobina(1). Jataí, GO, 2014.

Tratamentos Alt. P. (cm)

Alt. I.E. (cm)

D.C. (mm)

F.S. (%)

Híbridos (H)

Hibrido 1 252,5 145,3 23,8 34,9

Hibrido 2 264,0 147,8 24,4 31,5

DMS(2) 3,63 3,60 0,56 1,00

Aplicações (A)

Aplic. 1 257,9 146,5 23,4 32,8 ab

Aplic. 2 260,3 150,0 24,1 32,2 ab

Aplic. 3 258,4 145,2 24,1 35,4 a

Aplic. 4 259,8 147,7 24,5 31,0 b

Aplic. 5 258,4 146,9 24,3 34,5 a

Aplic. 6 258,7 145,1 24,0 29,9 b

Aplic. 7 256,6 146,4 24,7 34,7 a

Aplic. 8 255,7 144,5 23,7 35,0 a

DMS 11,48 11,37 1,79 3,17

CV (%)(3) 2,8 4,8 4,6 6,0

Teste F

H 40,72 * 1,88 ns 5,07 * 45,50 *

A 0,35 ns 0,48 ns 1,11 ns 8,31 *

H x A 1,19 ns 1,06 ns 0,92 ns 1,65 ns (1) Médias seguidas por letra diferente na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade; (2) Diferença mínima significativa; (3) Coeficiente de variação; * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; ns Não significativo. O diâmetro de colmo juntamente com altura de plantas e altura de inserção de

espiga apresentam importante função com relação ao quebramento e acamamento

de plantas, onde, menor altura de plantas e altura de inserção de espiga e um maior

diâmetro de colmo são desejáveis para reduzir os riscos de acamamento e

quebramento (Sangoi et al., 2002). No presente trabalho o híbrido 1 apresentou menor

altura de plantas e o híbrido 2 menor diâmetro de colmo, ainda, não houve diferença

entre híbridos com relação à altura de inserção de espiga.

A senescência foliar apresentou diferença significativa entre híbridos e entre as

aplicações de piraclostrobina (Tabela 4). As aplicações de piraclostrobina apenas em

V6 (Aplic. 3, 5 e 7) e a testemunha (Aplic. 8) apresentaram as maiores porcentagens

de senescência foliar em relação às maiores doses de piraclostrobina em V6

combinadas com aplicação de piraclostrobina em VT (Aplic. 4 e 6), não diferindo

estatisticamente das demais aplicações (Aplic 1 e 2).

Segundo Taiz & Zeiger (2013) a perda de clorofila é um aspecto característico

da senescência foliar, fato comprovado no presente trabalho, pois, o hibrido que

apresentou o maior índice de clorofila foliar no estádio reprodutivo (Híbrido 2) foi o que

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apresentou a menor porcentagem de folhas senescentes. Menor porcentagem de

folhas senescentes é uma característica agronômica desejável pois garante uma

maior área foliar verde assegurando uma boa produtividade (Reynolds et al., 2000).

A redução da senescência foliar devido a aplicação de piraclostrobina é

comprovada por Venancio et al. (2003) na cultura do trigo, segundo os autores o

aumento da concentração de piraclostrobina inibe a perda de clorofila e

consequentemente a minimiza a senescência foliar, o que não ocorreu com o aumento

das doses de piraclostrobina no presente trabalho.

Na tabela 5 estão descritos os resultados da análise de variância e da

comparação entre médias para matéria mineral, proteína bruta, massa de mil grãos,

densidade de grãos e produtividade de grãos.

Tabela 5. Valores médios referentes à matéria mineral (M.M.), proteína bruta (P.B.), massa de mil grãos (M.M.G.), densidade de grãos (Dens.) e produtividade (Prod.) para híbridos e aplicações de piraclostrobina(1). Jataí, GO, 2014.

Tratamentos M.M. (%)

P.B. (%)

M.M.G. (g)

Dens. (kg L-1)

Prod. (kg ha-1)

Híbridos (H)

Hibrido 1 1,18 7,73 256,69 0,789 8474,8

Hibrido 2 1,15 7,90 382,56 0,781 10739,2

DMS 0,05 0,35 9,00 0,01 469,07

Aplicações (A)

Aplic. 1 1,19 7,86 327,24 0,787 9.950,7

Aplic. 2 1,20 7,85 320,85 0,782 10.015,1

Aplic. 3 1,16 7,86 320,88 0,776 8.981,0

Aplic. 4 1,16 7,80 328,62 0,772 10.245,5

Aplic. 5 1,15 8,08 305,82 0,786 9.058,9

Aplic. 6 1,23 7,78 330,76 0,787 9.808,1

Aplic. 7 1,07 7,66 312,90 0,798 9.461,0

Aplic. 8 1,15 7,63 309,94 0,795 9.335,7

DMS 0,16 1,13 28,40 0,03 1.480,40

CV (%) 8,8 9,1 5,5 2,6 9,7

Teste F

H 1,54 ns 0,84 ns 793,3 * 2,33 ns 94,53 *

A 1,57 ns 0,29 ns 2,13 ns 1,46 ns 2,00 ns

H x A 1,90 ns 0,51 ns 0,77 ns 0,56 ns 1,23 ns (1) Médias seguidas por letra diferente na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade; (2) Diferença mínima significativa; (3) Coeficiente de variação; * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; ns Não significativo.

Mediante as análises bromatológicas constatou-se que a piraclostrobina não

afetou o teor de matéria mineral e proteína bruta dos grãos de milho, e ainda, não há

diferença entre os híbridos para os dois caracteres em questão. Esse resultado está

de acordo com Barbosa et al. (2011) que avaliando as alterações fisiológicas e

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bromatológicas da aplicação de estrobilurina na cultura do milho não observou

alteração no teor de proteína bruta.

Não se observou efeito da aplicação de piraclostrobina sobre a massa de mil

grãos, houve apenas diferença entre híbridos para esse caractere. A ausência do

efeito da piraclostrobina sobre a massa de mil grãos está de acordo com o relato de

Andrade et al. (2000) e Borrás & Otegui (2001), no qual esse componente da produção

é pouco afetado por variações nas práticas de manejo da cultura. No entanto, Fagan

et al. (2010) relata o efeito da aplicação de piraclostrobina sobre a massa de mil grãos

na cultura da soja.

A densidade de grãos (Tabela 5) não apresentou variação significativa tanto

para híbridos quanto para as aplicações de piraclostrobina. Segundo Duarte et al.

(2005) há relação entre peso e densidade dos grãos. Neste trabalho não há relação

entre densidade de grãos e peso de grãos, pois houve diferença significativa da massa

de grãos (massa de mil grãos) entre os híbridos mas o mesmo não ocorreu com

relação a densidade de grãos.

Para produtividade de grãos, não houve variação significativa entre as

aplicações de piraclostrobina. Foi observado apenas diferença entre os híbridos em

estudo. Tal resultado está em acordo com Costa et al. (2008) que em condições de

baixa severidade de doença não observaram diferença de produtividade de grãos

entre diferentes aplicações de fungicida.

Vilela et al. (2012) em estudo sobre o desempenho agronômico de híbridos de

milho em função da aplicação foliar de fungicidas conclui que aplicação foliar de

piraclostrobina + epoxiconazol e azoxistrobina + ciproconazol no pré-pendoamento da

cultura reduz a incidência de doenças mas não é suficiente para levar a um incremento

de produtividade.

Paul et al. (2011) relatam elevada ocorrência de resultados negativos de

rendimento, ou seja, menores produtividades em área tratadas com fungicida em

relação às áreas não tratadas, no entanto, tal resultado não foi evidenciado no

presente trabalho.

Alguns autores relatam efeitos mais evidentes da aplicação de piraclostrobina

sobre culturas de plantas do tipo C3. Entre elas, na cultura do feijoeiro (Kozlowski et

al., 2009), na cultura da soja (Fagan et al., 2010), na cultura do algodoeiro (Harvey,

2002), na cultura da bananeira (Lima et al., 2012), além dos já relatados anteriormente

na triticultura.

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A explicação para o efeito da aplicação de piraclostrobina ser mais evidente em

plantas C3 pode estar ligado ao fato de que segundo Grossmann & Retzlaff (1997)

esses fungicidas proporcionam um aumento na fotossíntese liquida devido a

alterações no ponto de compensação de CO2, pois, a absorção de CO2 é favorecida

pela diminuição na liberação do mesmo pela respiração, fazendo com que ocorra uma

maior entrada de CO2 do meio externo para o meio interno. Plantas C4 não

apresentam grandes variações de absorção de CO2 devido ao ponto de compensação

de CO2 e assim sofrem pouca influência da aplicação de piraclostrobina.

Costa et al. (2012) relatam que uma maior frequência de rendimento positivo e

de benefício econômico da aplicação de piraclostrobina ocorre em condições de

elevada pressão de doenças. No presente trabalho apesar de uma alta severidade de

ferrugem de polysora os resultados da aplicação de piraclostrobina foram pouco

conclusivos e não afetaram a produtividade da cultura do milho.

3.4. Conclusão

A aplicação de piraclostrobina em pré-pendoamento reduz a severidade de

ferrugem de polysora no híbrido 1. Entretanto, não leva a um incremento de

produtividade.

A aplicação de piraclostrobina nas maiores doses associada a aplicação em

pré-pendoamento reduz a senescência foliar.

Quando aplicada em pré-pendoamento a piraclostrobina afeta o índice de

clorofila foliar no estádio reprodutivo da cultura.

Não há efeito benéfico ou deletério da aplicação de doses de piraclostrobina

associadas a épocas de aplicação sobre a produtividade de grãos de milho em

segunda safra.

3.5. Referências

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CAPITULO 4 – IMPLICAÇÕES

A aplicação de piraclostrobina na cultura do milho em condições de baixa

severidade de ferrugem de polysora e em híbridos que apresentem alto grau de

tolerância a doença em questão não é indicada, visto que não há relação entre a

aplicação e o ganho em produtividade de grãos.

Há necessidade de um estudo aprofundado em que se correlacione a época de

aplicação da piraclostrobina com a época em que a demanda por nitrogênio da cultura

é maior. Assim, a utilização de aplicações de piraclostrobina após o florescimento do

milho pode ser uma das alternativas a ser estudada.

Com relação as avaliações da atividade da redutase do nitrato, o procedimento

deve ser feito com um menor intervalo entre a aplicação e a coleta do material para a

análise. Na literatura os dados obtidos com a quantificação enzimática realizada logo

após as aplicações de piraclostrobina apresentam resultados mais expressivos.

A relação entre a quantidade de nitrogênio fornecida na adubação e as

aplicações de piraclostrobina pode ser outra linha a ser estudada. Se a piraclostrobina

altera o metabolismo do nitrogênio nas plantas, uma quantidade menor de nitrogênio

via adubação pode acarretar em efeitos mais evidentes da piraclostrobina sobre o

metabolismo do nitrogênio.