USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

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USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS (LEONTOPITHECUS ROSALIA, LINNAEUS, 1766) E SAGUIS INVASORES NA MATA ATLÂNTICA DE BAIXADA RAFAELA SCRENCI-RIBEIRO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ AGOSTO DE 2016

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USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

(LEONTOPITHECUS ROSALIA, LINNAEUS, 1766) E SAGUIS INVASORES

NA MATA ATLÂNTICA DE BAIXADA

RAFAELA SCRENCI-RIBEIRO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

AGOSTO DE 2016

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USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

(LEONTOPITHECUS ROSALIA, LINNAEUS, 1766) E SAGUIS INVASORES

NA MATA ATLÂNTICA DE BAIXADA

RAFAELA SCRENCI-RIBEIRO

Tese de Doutorado apresentada ao Centro

de Biociências e Biotecnologia da

Universidade Estadual do Norte Fluminense

Darcy Ribeiro, como parte das exigências

para a obtenção do título de Doutor em

Ecologia e Recursos Naturais.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Rámon Ruiz-

Miranda

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

AGOSTO DE 2016

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V

Dedicatória

Aos meus pais, Manoel e Márcia, que nunca

medem esforços para verem os filhos (e

netos) realizando todos os seus sonhos. São

e sempre serão minhas eternas fontes de

inspiração, admiração e amor.

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VI

AGRADECIMENTOS

Às fontes de financiamento da pesquisa: Lion Tamarins of Brazil Fund,

Idea Wild, Cleveland Metroparks Zoo, FAPERJ (bolsa de doutorado – processo:

101.448/2011) e CAPES (estágio de doutorado no exterior – processo: BEX -

10792/14-7).

À Universidade Estadual do Norte Fluminense – Darcy Ribeiro, em

especial ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais

pelos anos de aprendizado proporcionados.

Ao Prof. Dr. Carlos Rámon Ruiz-Miranda pela oportunidade de

realização deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Francisco J. Villela, da Mississippi State University, por toda

sua presteza e dedicação com minha pesquisa e minha pessoa. Sua ajuda foi

fundamental e indispensável para o andamento dessa tese.

À Ana Beatriz e toda sua família, por toda sua atenção e por terem sido

uma ótima companhia nos meses que passei em Starkville.

À Banca Examinadora da tese: Dr. Leonardo de Carvalho Oliveira, Dr.

Marcelo Trindade Nascimento, Dra. Maria Cristina Gaglianone, Dra. Ana Maria

Matoso Viana, Dra. Laurence Culot e Dr. Francisco J. Vilella.

Em especial ao prof. Dr. Leonardo pelas palavras e suporte essenciais

que recebi. Serei eternamente grata.

À secretária do PPGERN, Elizabete Costa, além de toda a ajuda

burocrática, pelas conversas e amizade.

Ao Bernardo Santos, ao Bradley Strickland e ao Brayan Oliveira pela

contribuição nas análises.

À Malinda Henry por suas sinceras palavras e contribuições.

Ao Prof. Dr. Milton Ribeiro da Universidade Estadual de São Paulo – Rio

Claro e sua equipe do LEEC-UNESP (Juliana, John e Bernardo) por terem me

recebido em seu laboratório e me auxiliado nas análises de dados.

À Associação Mico Leão Dourado pelo apoio logístico durante toda a

pesquisa e pela confiança neste trabalho. Também agradeço por todo o

carinho, risadas e amizade adquiridas. Espero estar sempre ao lado de vocês.

À equipe Metapopulação da AMLD, Andréia Martins, Elisamã Moraes,

Ademilson de Oliveira, Jadir Ramos, Oberlan Junior, Nelson Barbosa, Synval

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VII

de Melo: sem vocês nada disso seria possível! A minha mais profunda

admiração e eterno agradecimento por terem me auxiliado desde o estágio em

2010 até o projeto piloto e a coleta de dados da tese. Os ensinamentos que

adquiri com vocês vão muito além do nosso querido mico-leão-dourado.

Obrigada por serem muito mais que uma equipe, por serem meus amigos e a

minha família em Silva Jardim.

Em especial à Andréia Martins, por ter sido minha “mãezoca” e me dado

todo suporte necessário durante toda a pesquisa e pela sincera amizade.

Ao ICMBio (ReBio Poço da Antas) por confiar na realização deste

trabalho.

À Defesa Civil do município de Silva Jardim-RJ, representada por Sidnei

de Mello, por terem cedido os dados da região.

Aos meus estagiários e amigos: Shaadee Ahmadnia, Fabiana Spinelli,

Patrícia Santiago, Cássio Machado, Ana Beatriz Ligo, Juliana Gonçalves,

Mariana Freitas, Pablo Souza: obrigada por terem me auxiliado nas capturas e

coletas de dados no campo.

Em especial à Fabiana Spinelli, sua ajuda foi indispensável para que as

coletas não parassem quando eu estava impossibilitada de ir a campo. Minha

eterna gratidão a você!

Em especial à Patrícia Santiago e Cássio Machado que não pensaram

duas vezes em passar uma bela temporada comigo em Silva Jardim. Obrigada

por toda a ajuda e principalmente carinho e cuidado que tiveram comigo.

À dona Gilmênia, proprietária da fazenda Boa Esperança, por permitir e

incentivar a realização desta pesquisa e também aos seus funcionários, em

especial ao Ademário e ao Capitão.

À minha amada família, Manoel, Márcia, Rodrigo e Renata: por sempre

respeitarem minhas escolhas, me incentivarem e me apoiarem a realizar meus

sonhos. Obrigada pelo amparo, confiança e conselhos. Gratidão e amor

infinitos por vocês.

Aos meus cunhados Raphael Licciardi e Pamella Padilha por todo

incentivo e carinho comigo.

À minha querida e amada sobrinha Pietra, por ser a bolotinha que

ilumina e alegra meus dias e me dá esperanças de que tudo sempre pode ser

melhor!

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VIII

A toda minha família, avós, tios, tias, primos e primas cada um de vocês

de alguma forma contribuiu com o meu crescimento.

Em especial à minha Vózinha, a melhor professora que a vida me deu.

Ao Getúlio, Bianca e Bel pelo carinho mais puro, sincero e verdadeiro.

À Adriana e ao Pardal por serem parte da minha família e por terem nos

presenteado com seis preciosidades: Vinícius, Isadora, Samuel, Vitor, Ana Júlia

e Manuela. O amor e o carinho que tenho por esse sexteto é algo que não tem

explicação.

À minha madrinha e comadre Maria Isabel, a minha afilhada Gabriella e

toda sua família por sempre estarem ao meu lado e me incentivarem.

As companheiras de república 303: Renata Pereira, Natália Lima (agora

acompanhada dos pequenos Artur e Diogo) e Yaska Soares, pelos anos de

convivência, carinho e paciência.

Em especial a Renata que se faz presente todo dia em minha vida.

À Helena Vargas, Ojana Bravin, Felipe Steinhagem por me

proporcionarem tantos bons momentos, tantas risadas, por terem paciência

para ouvir meus lamentos e por me darem tantos conselhos. Vocês também

são grandes responsáveis por eu conseguir finalizar essa empreitada, graças

ao companheirismo, puxões de orelha, colo, carinho e atenção que sempre me

deram! Obrigada por serem tão especiais!

Aos companheiros de república Luxus: Caio Lobato, Douglas Mattos e

Paulo Cézar Thompson, por terem aberto uma exceção e me recebido tão bem,

por terem deixado meus três últimos meses em Campos mais leves e

agradáveis.

Ao carinho dos amigos cuiabanos que se fizeram presentes mesmo com

a distância durante esses anos que estive longe: Marcela Ost, Bruno Cardi,

Adriana Nogueira, Alfredo Weber, Laura Taques, Talita Gouvêa, Suzana

Biancardi, Rafael Fracasso, Camila Lobão, Vander Eduardo, Paulinho Tavoloni,

Simoni Ziober, Ana Paula Campos e Asminy Prado.

À companhia e carinho dos amigos que Campos me proporcionou, em

especial: David Gitirana, João Victor (Pezão), Talitha Mayumi, Davi Tavares,

Loise Lopes, Dimitri de Orleans e Bragança, Roberta Santos, Stephane Batista

e Rodolfo Teixeira. Em especial à Ojana Bravin, Helena Vargas e Talitha

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IX

Mayumi que não mediram esforços em me ajudar a resolver as coisas à

distância! Sou muito grata a vocês!

À Juliana Cosendey, Fabrício Nascimento e Leonardo Demier por toda

atenção, amizade, cuidado, carinho e presteza que sempre tiveram comigo.

À Marina Monobe e Anna Facchetti pela amizade e pela companhia

durante os cincos meses em Starkville. Vocês, o King e a Lorena, tornaram

minha estadia muito mais agradável e divertida!

E por último e não menos importantes: aos micos-leões-dourados, por

resistirem a tantas adversidades. Espero ainda poder contribuir muito para que

vocês tenham cada vez mais sucesso nessa incessante luta pela

sobrevivência!

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X

SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS XII

LISTA DE TABELAS XIII

RESUMO GERAL XV

ABSTRACT XVI

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO GERAL 17

1.1 MOVIMENTAÇÃO ANIMAL EM ÁREAS FRAGMENTADAS 17

1.2 CORREDORES ECOLÓGICOS 21

1.3 MICO-LEÃO-DOURADO 24

1.4 JUSTIFICATIVA 29

1.5 ÁREA DE ESTUDO E HISTÓRICO DA REINTRODUÇÃO 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34

CAPÍTULO 2 - EVALUATION OF AN AUTOMATED DIGITAL RADIO-

TELEMETRY SYSTEM AS A TOOL TO ASSESS CORRIDOR USE BY

GOLDEN LION TAMARINS (Leontopithecus rosalia – Linnaeus, 1766) AND

INVASIVE MARMOSETS (Callithrix spp.) IN BRAZIL 53

ABSTRACT 53

INTRODUCTION 54

METHODS 56

STUDY AREA 56

STUDY GROUPS 57

PILOT PROJECT 63

RESULTS 65

DISCUSSION 69

ACKNOWLEDGMENTS 74

REFERENCES 74

CAPÍTULO 4 - ÁREA DE USO DE MICOS-LEÕES-DOURADOS

(Leontopithecus rosalia, LINNAEUS, 1766) EM FRAGMENTOS CONECTADOS

POR CORREDOR ECOLÓGICO 81

RESUMO 81

INTRODUÇÃO 82

ÁREA DE ESTUDO 85

CAPTURAS 85

Page 11: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

XI

DELINEAMENTO 87

ANÁLISES 88

RESULTADOS 90

COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS DE MICOS-LEÕES-DOURADOS 90

ÁREA DE USO 91

DISCUSSÃO 94

COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS DE MICOS-LEÕES-DOURADOS 94

ÁREA DE USO 96

AGRADECIMENTOS 100

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 100

DISCUSSÃO GERAL 111

CONSIDERAÇÕES FINAIS 121

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 124

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XII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Área de estudo. O mapa apresenta o contorno do Brasil com a

localização do Estado do Rio de Janeiro em amarelo e a localização da

Fazenda Boa Esperança no Estado do Rio de Janeiro. As áreas em verdes

representam os fragmentos da Fazenda Boa Esperança. ............................... 33

Figura 2. Área de estudo. Localização do Corredor Vale do Iguapé no município

de Silva Jardim no Estado do Rio de Janeiro. As áreas em verdes representam

os fragmentos conectados pelo corredor Vale do Iguapé................................. 34

Figure 3. Two adult golden lion tamarins. The animal on the left is wearing a

VHF telemetry transmitter. The animal on the right shows a black Nyanzol dye

mark that represents group membership.......................................................... 55

Figure 4. An automated telemetry receiver placed in a cambará tree (Gocnathia

polymorpha) on the forest corridor of Boa Esperança farm, Rio de Janeiro,

Brazil. ............................................................................................................... 60

Figura 5. Satellite image contour of the Boa Esperança farm, Rio de Janeiro,

Brazil showing the location of the capture platforms (orange squares), the

location of the automated telemetry receivers (blue numbered circles) and

detection range for each receiver (red open circles) in the corridor and pasture.

......................................................................................................................... 61

Figura 6. Satellite image showing the Location of automated telemetry receivers

in the forest corridor at Vale do Iguapé corridor, Rio de Janeiro, Brazil. Blue

circles = receivers, red open circles = receiver detection range, orange points =

capture platforms. The yellow lines mark the lateral boundaries of the corridor.

......................................................................................................................... 62

Figura 7. Estimativas de uso de área dos três grupos de MLDs na Fazenda Boa

Esperança calculadas utilizando o (A) Kernel 95% (B) Kernel 50%................. 92

Figura 8. Estimativa da área de uso dos três grupos de MLDs na Fazenda Boa

Esperança durante a (A) estação chuvosa e (B) estação seca. AX2 = BEI; EB =

PB; EX = BEII. .................................................................................................. 93

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XIII

LISTA DE TABELAS

Table 1. Deployment distribution of radio transmitters by sex-age class in

groups of golden lion tamarins (GLT) and invasive marmosets (IMA) studied at

the Boa Esperança farm (BE) and Vale do Iguapé (VI) forests corridors, Rio de

Janeiro, Brazil. Captured and fitted refers the time that the individuals were

captured and fitted with digital telemetry collars. .............................................. 58

Table 2. Distribution of radio transmitters by sex class in groups of golden lion

tamarins (GLT) studied in the Pilot Project at the Boa Esperança farm (BE)

forest corridor, Rio de Janeiro, Brazil. .............................................................. 63

Table 3. Events of the presence of GLTs in the edge of the corridor................. 64

Table 4. Performance of automated receivers deployed in forest corridors and

pasture at the Boa Esperança farm and Vale do Iguapé corridor, Rio de Janeiro,

Brazil. TSE = Total sampling effort (number of days the system was deployed);

Effective Sampling Effort (percentage of time deployed receivers worked);

Detections= total number of signals detected by the transmitters during the

study; Detection rate = number of detections divided by the days the system

worked (ESE). .................................................................................................. 66

Table 5. Annual costs of asu daytomated and VHF telemetry. Transportation

reflects the cost of fuel from research base to field location, once a day for 365

days. Research assistant costs are US$100 per day for 2 assistants. ............. 68

Tabela 6. Composição dos grupos estudados na Fazenda Boa Esperança. Com

relação ao sexo dos indivíduos do grupo: MR indica o Macho Reprodutor; FR

indica a Fêmea Reprodutora; M indica indivíduo do sexo masculino; F indica

indivíduo do sexo feminino. Com relação a idade: AD indica indivíduos Adultos;

SA indica indivíduos Subadultos; JU indica indivíduos Juvenis; IN indica

indivíduos Infantis............................................................................................. 87

Tabela 7. Valor do fator de suavização h utilizado nos cálculos de área de uso

através do estimador Kernel para os grupos de MLDs da Fazenda Boa

Esperança. ....................................................................................................... 89

Tabela 8. Mudanças na composição dos grupos estudados na Fazenda Boa

Esperança ao longo do estudo......................................................................... 91

Tabela 9. Áreas de uso dos grupos de da Fazenda Boa Esperança.............. 92

Page 14: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

XIV

Tabela 10. Sobreposição entre as áreas dos grupos, usando a Área do Kernel

(AK) e o Volume da Distribuição de Utilização (VDU), para as áreas de uso

sazonal e total dos grupos................................................................................ 94

Page 15: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

XV

RESUMO GERAL

Um dos grandes desafios para a conservação do mico-leão-dourado

(Leontopithecus rosalia, Linnaeus, 1766) é o isolamento das pequenas

populações em remanescentes florestais de diferentes proporções espaciais,

qualidade e proteção dos mesmos. Uma estratégia conservacionista aplicada

para os MLDs foi à implementação de corredores ecológicos nas suas áreas de

ocorrência. Os MLDs ainda sofrem a pressão de uma espécie invasora e

híbrida, os saguis (Callithrix spp.). É de grande importância avaliar os

movimentos entre as populações de MLDs que residem em paisagens

fragmentadas, pois assim entendemos como o isolamento tende à

vulnerabilidade e à extinção local. Foi realizado um estudo que testou duas

diferentes metodologias de radiotelemetria para avaliar se o corredor ecológico

tem sido utilizado por diferentes grupos de MLDs e saguis. A primeira etapa

avaliou um novo sistema de radiotelemetria digital automatizado que pode vir a

contribuir para o monitoramento dos MLDs e saguis invasores em áreas

fragmentadas. A segunda etapa avaliou a área de uso de diferentes grupos de

MLDs em uma paisagem fragmentada e conectada por um corredor ecológico.

Palavras-chave: micos-leões-dourados; radiotelemetria; corredores

ecológicos; área de uso; Mata Atlântica.

Page 16: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

XVI

ABSTRACT

A major challenge for the conservation of the golden lion tamarin

(Leontopithecus rosalia, Linnaeus, 1766) is the isolation of small populations in

forest fragments of different spatial proportions, quality and protection of them. A

conservation strategy applied to the golden lion tamarins was the

implementation of ecological corridors in their areas of occurrence. Golden lion

tamarins are still suffering from the pressure of an invasive marmosets and their

hybrid, (Callithrix spp.). It is of great importance to assess the movements

between populations of golden lion tamarins living in fragmented landscapes, as

well as understand the isolation tends to vulnerability and local extinction. This

study tested two different methods of radio telemetry to assess whether the

ecological corridor has been used by different groups of golden lion tamarins

and invasive marmosets was conducted. The first step evaluated a new

automated digital radio telemetry system that can potentially contribute to the

monitoring of golden lion tamarins and invasive marmosets in fragmented

areas. The second step assessed the area of use of different groups of golden

lion tamarins in a fragmented landscape and connected by an ecological

corridor.

Key words: golden lion tamarins; radio telemetry; ecological corridors.

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17

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO GERAL

1.1 MOVIMENTAÇÃO ANIMAL EM ÁREAS FRAGMENTADAS

A fragmentação de habitats florestais ocorre quando áreas com

vegetações naturais sofrem alterações antrópicas ou naturais, onde o habitat

inicialmente contínuo é modificado para fragmentos com diferentes graus de

isolamento. A fragmentação de origem antrópica é aquela que sofre a

interferência humana, como por exemplo, desmatamento florestal, exploração

agropecuária, urbanização desordenada e caça (Daily et al. 2001; Ramírez-

Albores, 2010).

A fragmentação de origem natural pode surgir devido à fatores e

processos, isolados ou combinados. A heterogeneidade natural depende de

características físicas do ambiente, como a topografia e o tipo de solo, e ainda

é mantida por distúrbios naturais que pode permitir a formação de ilhas com

tipos específicos de vegetação em locais elevados e o tipo de solo. Os

processos hidroecológicos apresentam áreas temporariamente ou

permanentemente alagadas, como por exemplo, o ciclo das águas no Pantanal.

O resultado da fragmentação de habitats florestais apresenta alterações

que afetam diretamente distribuições geográficas, padrões demográficos de

várias espécies, perda de biodiversidade, isolamento de populações,

mudanças nos padrões de migração e dispersão das espécies e extinções

locais (Laurance, et al., 2002; Morera et al., 2008; Metzger, 1999, 2010). O

isolamento de habitats que anteriormente eram áreas contínuas apresenta um

maior efeito de borda e um aumento na vulnerabilidade e permeabilidade dos

habitats tendo como consequências negativas desertificação e incremento da

erosão do solo, vulnerabilidade as alterações climáticas e/ou extinção de

espécies (Wegener, 2001, Pereira et al,. 2007).

A redução do habitat interfere na disponibilidade de recursos alimentares

tanto de espécies vegetais como animais; na qualidade do habitat que elas se

encontram, pois a mesma é determinada pela estrutura da vegetação, riqueza

de habitat, grau de isolamento e natureza do entorno dos fragmentos; nas

relações inter e intraespecíficas e interferências antrópicas; no fluxo gênico que

pode reduzir ou dizimar a espécie (Fernandez, 1997; Pires et al., 2006; Coelho,

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18

2009); no tamanho da sua área de uso uma vez que a espécie não é capaz de

aumentar sua área de uso para fora dos limites da floresta; e na sua

movimentação (Bicca-Marques, 2003; Van Dyck e Baguette, 2005; Gilbert-

Norton et al., 2010).

Barreiras na paisagem como matriz alteram a dinâmica populacional das

espécies que ali sobrevivem, de modo que venham a limitar processos

ecológicos como dispersão, movimentação e colonização (Périco et al., 2005),

uma vez que muitas espécies a evitam devido ao perigo de predação ou ao tipo

de substrato e acabam por não atravessar essas áreas abertas (Primack e

Rodrigues, 2001; Barros et al., 2007).

A matriz adjacente à paisagem fragmentada é composta pelos habitats

que circundam os remanescentes de floresta nativa e possuem grande

importância na dispersão de indivíduos e é determinante na movimentação de

espécies entre os fragmentos, uma vez que ela é a conexão das populações

dos fragmentos (Antongiovanni e Metzger, 2005). Três vantagens são

apresentadas por Laurance (1994) para espécies que são tolerantes a matriz: a

dispersão entre florestas contínuas e/ou fragmentos; capacidade de

recolonização de fragmentos após extinções locais (Thomas e Hanski, 1997); e

tendência a serem espécies generalistas permitindo explorar mudanças

ecológicas nos fragmentos, como o efeito de borda.

Outra consequência negativa do isolamento de habitats são as espécies

invasoras que podem ser introduzidas de maneira intencional ou não. Quando

as espécies invasoras encontram boas condições de estabelecimento,

conseguem se reproduzir e não encontram predadores naturais no local, elas

podem se tornar mais eficientes que as espécies nativas no uso dos recursos.

As espécies invasoras causam impactos ao ambiente, uma vez que

transformam a estrutura e a composição dos ecossistemas, homogeneízam os

ambientes, podem levar ao declínio ou extinção de espécies nativas, podem

acarretar prejuízos em colheitas, degradação de florestas e destroem

características específicas da biodiversidade local, modificando assim os ciclos

ecológicos do ambiente. Essas espécies ainda podem disseminar doenças e

pragas, comprometendo a sanidade ambiental local com introdução de novas

doenças em ecossistemas naturais (Pimentel et al., 2001; Leão et al., 2011).

Page 19: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

19

A movimentação animal é um processo de decisões onde deve resultar

em uma série de deslocamentos e orientações (Grubb e Bronson, 2001;

Stamps, 2001; Bélisle, 2005). A origem do movimento pode derivar de mais de

uma necessidade, o animal pode se deslocar em busca de alimentos, refúgios,

novas áreas de uso, busca por parceiros para fins reprodutivos, enfim, vários

fatores podem motivar os animais a se movimentarem ao longo da paisagem

(Bélisle, 2005). De acordo com Chetkiewicz et al. (2006) a área utilizada por

uma espécie varia de acordo com seu gênero, suas necessidades tróficas,

reprodução, tamanho, peso ou comportamento social. Diferentes fatores como

forrageio, fuga de predadores, procura por parceiros sexuais, mudanças

sazonais, dispersão, migração, seleção de habitat e expansão de territórios

podem motivar organismos a se moverem na paisagem (Chetkiewicz et al.,

2006).

Awade (2009) de maneira simplista agrupou os movimentos em dois

tipos: movimentos rotineiros (compõem as atividades diárias das espécies,

como forrageamento e defesa territorial e ocorre o ano todo, envolvendo

normalmente pequenas distâncias (Van Dyck e Baguette, 2005)) e movimentos

dispersivos (constituem deslocamentos migratórios ou movimentos em busca

de novos territórios, geralmente são mais longos e mais difíceis de serem

detectados (Van Dyck e Baguette, 2005). A movimentação animal rotineira ou

dispersiva é afetada pela conectividade entre fragmentos, mas cada tipo atua

em uma escala espacial que afeta processos ligados à permanência de

populações animais em áreas fragmentadas (Awade, 2009).

Os estudos sobre tipos ou modos de movimentação animal dependem

de métodos bem específicos para serem estudos e normalmente são caros e

exigem muito tempo para serem implementados (Bélisle, 2005; Awade, 2009).

Devido às dificuldades metodológicas, diversas alternativas para a obtenção de

dados sobre movimentação animal têm sido propostas para as diferentes

espécies animais. As técnicas mais utilizadas para os estudos de

movimentação animal são experimentos de captura e re-captura playback e

técnicas de radiotelemetria. As técnicas de radiotelemetria segundo Nathan et

al. (2008) possibilitam um melhor delineamento dos experimentos e resultam

em informações mais diretas e detalhadas dos padrões de movimentação

animal em paisagens fragmentadas.

Page 20: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

20

É de grande importância avaliar as taxas de movimentos entre as

populações que residem em paisagens fragmentadas, pois assim entendemos

como o isolamento tende a vulnerabilidade à extinção local (Coelho, 2009).

Conhecer a taxa de movimentação é importante para auxiliar na resposta de

questões importantes ligadas a conservação como a eficiência de dispersão de

sementes em paisagens fragmentadas bem como a estrutura populacional dos

próprios mamíferos (Pires et. al., 2002; Coelho, 2009).

A Mata Atlântica brasileira atualmente é composta por apenas 11,73% de

seus 16.377,472 hectares de cobertura original, em sua maioria representada

por fragmentos florestais pequenos e isolados, circundados em sua maioria por

pastagens, culturas agrícolas e zonas urbanas (Ribeiro et al., 2009). A redução

do habitat interfere nos seguintes fatores: (1) disponibilidade de recursos

alimentares, tanto para espécies vegetais como animais (Anderson et al., 2006;

McLennan e Plumptre, 2012; Pozo-Montuy et al., 2013; López-López et al.,

2014); (2) qualidade do habitat, pois a mesma é determinada pela estrutura da

vegetação, riqueza de habitat, grau de isolamento e natureza do entorno dos

fragmentos (Szacki. 1999; Diffendorfer et al., 1995; Schmidlin, 2004; McLennan

e Plumptre, 2012; Pozo-Montuy et al., 2013, Barr, 2016; Luo et al., 2016); (3)

relações inter e intraespecíficas e interferências antrópicas (Ries e Debinski,

2001; Schmidlin, 2004; Coelho, 2009; McLennan e Plumptre, 2012); (4) fluxo

gênico, que pode reduzir ou dizimar a espécie (Fernandez, 1997; Aars e Ims,

1999; Goossens et al., 2006; Pires et al., 2006; Coelho, 2009; Waits et al.,

2016); (5) tamanho da sua área de uso, uma vez que a espécie não é capaz de

aumentar sua área de uso para fora dos limites do habitat (Zhang e Usher,

1991; Ries e Debinski, 2001; Shadbolt e Ragai, 2010; LaPoint et al., 2013); e

(6) movimentação (Bicca-Marques, 2003; Selonen e Hanski, 2003; Van Dyck e

Baguette, 2005; Gillies e St. Clair, 2008; Asari et al., 2010; Gilbert-Norton et al.,

2010; Vargas-Salinas e López-Aranda, 2012; Augustsson, 2016; Blazquez-

Cabrera et al., 2016; Mäkeläinen et al., 2016). Essas alterações afetam os

ecossistemas, a conectividade e os processos ecológicos, resultando em

degradação funcional e estrutural, e em extinção de espécies (Harris, 1984;

Collinge, 1996; Metzger, 1999; Botequilha e Ahern, 2002).

No Estado do Rio de Janeiro a Mata Atlântica apresenta apenas 30,7%

de sua cobertura original (Fundação SOS Mata Atlântica, 2015). A Bacia do Rio

Page 21: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

21

São João está inserida na Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro e

localiza-se na planície litorânea da região centro-norte. A Bacia abrange oito

municípios e uma área de 211.740 hectares, sendo que 150.700 hectares

passaram a ser protegidas a partir de 2002 com a criação da Área de Proteção

Ambiental da Bacia do Rio São João e é considerada área prioritária para a

conservação da Mata Atlântica (Ruiz-Miranda et al., 2008).

1.2 CORREDORES ECOLÓGICOS

A conectividade de uma paisagem é definida como a capacidade de

facilitar o fluxo biológico entre seus elementos, ou seja, conforme a paisagem

facilita ou dificulta o movimento de organismos entre manchas de habitat, ela

torna-se mais permeável (Taylor et al., 1993; Rocha et al., 2006), o que é

importante para a sobrevivência da população e dinâmica populacional. A

capacidade de dispersar é um fator que pode determinar a probabilidade de

sobrevivência de espécies que vivem em populações isoladas (Brooker et al.,

1999). Espera-se que a conectividade resulte em ganho demográfico

(incremento no número de indivíduos) e genético (acréscimo na variabilidade

genética da população) (Coelho, 2009).

A conectividade pode ser mensurada de duas formas: a estrutural e a

funcional. A conectividade estrutural corresponde à conexão física entre as

manchas, enquanto que a conectividade funcional está relacionada com as

características biológicas que interferem na movimentação das espécies na

paisagem (Uezu et al., 2005; Rocha et al., 2006). A conectividade funcional é

considerada facilitadora não só da movimentação, mas também da reprodução;

consequentemente ela promove o aumento do fluxo gênico e do

reestabelecimento de populações locais extintas, além de promover um

aumento na diversidade de espécies em áreas isoladas (Fernandes et.al.,

2008; Britto, 2006; Chetkiewicz et al., 2006; Rocha et al., 2006). As conexões

podem existir naturalmente como matas ciliares, por exemplo, ou serem

construídas pelo homem como corredores ecológicos e cercas-vivas.

Rocha et al. (2006) aborda sobre a conectividade estrutural, que remete

à estrutura da paisagem independente de atributos dos organismos, e a

conectividade funcional que leva em consideração o comportamento do

Page 22: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

22

organismo ou da população relacionado com os elementos da paisagem. Pode

se afirmar que a conectividade territorial relaciona-se na forma que um território

promove ou dificulta a movimentação das espécies em uma matriz territorial.

A promoção de ligação entre componentes da paisagem, como

corredores, permite uma conectividade bem como a movimentação e dispersão

entre fragmentos (Harrison, 1992; Chetkiewicz et al., 2006). Desde a década de

1970, os corredores ecológicos são utilizados como estratégia para

conservação de ecossistemas fragmentados (Diamond, 1975; Meffe e Carroll,

1997).

Na legislação ambiental brasileira, os corredores ecológicos são

evidenciados na Lei Federal N° 9.985/2000, que estabeleceu o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), em cujo artigo 2.º se define

corredores ecológicos: “porções de ecossistemas naturais ou seminaturais,

ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes

e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização

de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que

demandam, para sua sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquela

das unidades individuais”.

Não existe uma nomenclatura específica para definir os corredores, eles

são comumente chamados de corredores ecológicos, florestais, de

biodiversidade. Seoane et al. (2010) cita que existem diferentes definições e

classificações sobre corredores ecológicos, mas que é possível agrupar em

duas categorias: estruturais (ressalta a linearidade da forma do corredor e sua

distinção fisionômica em relação a matriz); e funcionais (os elementos na

paisagem e a suposta facilitação que ele proporciona ao movimento de

espécies). Arruda (2004) cita que os corredores ecológicos são porções de

ecossistemas naturais ou seminaturais existentes entre remanescentes de

vegetação, capazes de propiciar habitat ou possibilitar o fluxo da biota entre

áreas, mantendo ou restabelecendo a conectividade em uma paisagem.

Pode-se afirmar que os corredores ecológicos são faixas de vegetação

ou até mesmo de habitat nativo que interligam fragmentos isolados. São

considerados como facilitadores da movimentação entre fragmentos,

reprodução e dispersão e consequentemente são promotores do aumento do

fluxo gênico e do reestabelecimento de populações locais extintas, além de

Page 23: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

23

promover um aumento na diversidade de espécies nessas áreas isoladas

(Fernandes et.al., 2008; Britto, 2006; Chetkiewicz et al., 2006; Rocha et al.,

2006).

A principal função do corredor é servir de canal para que os organismos

se desloquem de um local para outro através dele, porém se o corredor

propiciar ambiente adequado para a sobrevivência e reprodução desses

organismos, ele passa a servir de habitat também (Rocha et al., 2006; Bueno,

2004). Comunidades ripárias são habitats naturais que ocorrem de maneira

linear e ocasionalmente são chamadas de corredores, existem ainda

construções humanas que acabam funcionando como corredores, como por

exemplo, cercas vivas e quebra-ventos.

Corredores ecológicos visam alcançar a conectividade e, portanto

contribuir para que as espécies aumentem sua habilidade de movimentação

entre manchas de habitat. Ressalta-se que a facilitação da movimentação de

determinada espécie através de corredores ecológicos pode fazer com que

outra espécie sofra efeitos negativos, no caso da relação predador-presa

(Weldon, 2006).

Alguns efeitos negativos podem estar associados aos corredores

ecológicos como efeitos de borda, deriva da comunidade, facilitação de

movimento de espécies invasoras, impactos demográficos, transmissão de

doenças, aumento da depressão exogâmica, aumento a exposição a

predadores e caçadores, impactos genéticos e os impactos econômicos

gerados pela implantação dos corredores (Hilty et al., 2006; Rocha et al.,

2006), mas uma das maiores incertezas na construção de um corredor é

precisar se o mesmo será utilizado pelos animais para que o mesmo foi

proposto. Importante que se tome cuidado na escolha do local para a

implementação do corredor, para que o mesmo não sofra com a influência de

fonte-dreno. A dinâmica de fonte-dreno é aquela que o habitat fonte possui boa

qualidade ambiental e produz um excesso demográfico para determinada

espécie. Habitats dreno são pobres e têm um déficit demográfico. As

populações que habitam os habitats dreno podem não persistir sem migração

vinda dos habitats fonte.

Os corredores pretendem influenciar positivamente na taxa de

movimentação entre ele. Lembrando que apenas evidências de movimentação

Page 24: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

24

ou residência ao longo do corredor, pouco esclarece se o corredor está

realmente facilitando a movimentação entre fragmentos (Vuren, 1998). Mesmo

com os efeitos negativos, podemos afirmar que os corredores ecológicos

cumprem o seu papel que é a conexão entre fragmentos e, portanto

representam uma ferramenta útil para a conservação.

Uma maneira de se medir a eficiência dos corredores como método de

conectividade é através da observação de como este corredor é usado e

também por parâmetros demográficos como taxa de imigração e ocupação de

áreas, mas estas variáveis não conseguem medir diretamente reprodução ou

fluxo genético (Beier e Noss, 1998; Coelho, 2009).

Pardini et al. (2005) considera que corredores ecológicos são uma

estratégia clara e atingível para a gestão de paisagens fragmentadas. Nas

últimas décadas é possível encontrar um número considerável de estudos que

testam a eficácia dos corredores (Simberloff e Cox, 1987; Beier e Noss, 1998;

Sieving et al., 2000; Berggren et al., 2002; Dzialak et al., 2005; Castellón e

Sieving, 2006; Dixon et al. 2006; Gilbert-Norton et al., 2010), o aumento do

movimento de indivíduos (Lima e Gascon, 1999; Berggren et al., 2002; Dzialak

et al., 2005; Uezu et al., 2005; Carlos, 2006; Gillies e St. Clair, 2008; Haddad,

2008; Awade, 2009; Coelho, 2009), o fluxo gênico (Simberloff e Cox, 1987;

Mickelberg, 2011).

Para primatas, o número de estudos realicionados aos corredores

ecológicos ainda é muito baixo, sendo encontrados apenas 22 estudos que

abordem esse tema (Estrada e Coates-Estrada, 1996; McCann et al., 2003;

Goossens et al., 2006; Lehman et al., 2006 a,b; Aguiar et al., 2007; Nasi et al.,

2007; Benites e Mamede, 2008; Coelho, 2009; Peng-Fei et al., 2009; Boyle e

Smith, 2010; Muñoz e Camacho, 2010; Razakamaharavo et al., 2010; Sáenz-

Jiménez, 2010; Ravaloharimanitra et al., 2011; McLennan e Plumptre, 2012;

Olson et al., 2012; Bracebridge et al., 2013, Tesfaye et al., 2013; Schäffler e

Kappeler, 2014; Luo et al., 2016).

1.3 MICO-LEÃO-DOURADO

Um dos principais fatores responsáveis pela constante ameaça à

sobrevivência de primatas na natureza é a fragmentação de florestas,

Page 25: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

25

lembrando que 90% das espécies de primatas ocorrem em regiões tropicais e

se valem da floresta como fonte de recurso (Mittermeier, 1991) e comumente

são muito utilizados em estudos de fragmentação (Peres, 1993), pois possuem

importância ecológica por participarem de funções vitais no funcionamento e

estrutura dos ecossistemas como dispersão de sementes, alta

representatividade de biomassa animal, função na cadeia alimentar e símbolos

educacionais para a conservação (Coelho, 2009). Com as populações de

Leontopithecus a situação não é diferente, afinal a fragmentação e a

degradação dos habitats naturais as afetaram significativamente (Kierulff et al.,

2002), bem como a caça e o comércio ilegal que contribuem para que essas

espécies sofram um certo grau de ameaça de extinção (Mittermeier et al.,

2006).

Os micos-leões-dourados – MLDs (Leontopithecus rosalia – Linnaeus,

1766) ocorrem na Mata Atlântica de baixada do Estado do Rio de Janeiro, onde

inicialmente a espécie ocorria em área de vegetação primária, porém devido à

alta fragmentação do habitat passaram a ocorrer em área de vegetação

secundária (Procópio-de-Oliveira et al., 2008). É considerada uma espécie-

chave na conservação e preservação da Mata Atlântica, pois além de ser

endêmico, é uma espécie que atrai a atenção pública e está ameaçada de

extinção (Lapenta, 2002; Procópio-de-Oliveira et al., 2008).

O Mico-leão-dourado é uma espécie territorialista que vive em grupos de

dois a oito indivíduos, tendo um casal reprodutivo como predominante em um

sistema hierárquico e costumam dormir em ocos de árvores anteriormente

abandonadas por outras espécies (Coimbra-Filho, 1969). De acordo com

revisão realizada por Monteiro (2012), supõe-se que grupos maiores estejam

mais protegidos de predadores devido ao aumento no número de vigilantes,

diminuição do risco de predação individual e aumento no sucesso de defesa.

Os abrigos noturnos utilizados por MLDs são refúgios escolhidos

baseados em vários elementos estratégicos como proteção contra predadores,

parasitas, doenças e ainda proximidade dos recursos alimentares e proteção

contra intempéries (Aquino e Encarnación, 1986; Anderson, 1984; Chapman et

al. 1989, Hamilton 1982; Day e Elwood, 1999; Anderson, 2000; Hankerson et

al., 2007; Franklin et al. 2007). Também são utilizados como estratégias de

defesa e rotas de fuga contra os predadores (Day e Elwood, 1999). Esses

Page 26: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

26

abrigos noturnos normalmente são cavidades naturais encontradas na maioria

das vezes em árvores e bambus. (Dietz et al., 1997; Kierulff et al., 2002; Raboy

et al., 2004; Hankerson et al., 2007). Hankerson et al. (2007) cita que os MLDs

possuem uma variedade de abrigos noturnos, sendo que os mais utilizados são

buracos nas árvores, bambu, emaranhados de cipó e bromélias, e ainda relata

que todos os grupos estudados usaram uma pequena quantidade de abrigos

noturnos, reusando-os com frequência.

Na maioria das vezes o uso do habitat para mico-leão-dourado se dá

através de forrageio, locomoção, descanso e consumo de presas e frutos. De

maneira geral os MLDs são observados indo até o chão para forragear ou

atravessar áreas (Kierulff et al., 2008). Em estudo realizado por Peres (1986)

observou-se que os MLDs preferem brejos e florestas de morro e fizeram uso

de corredores de acordo com a disponibilidade dos mesmos. Neste mesmo

estudo, foram encontrados padrões diferentes de comportamento para cada

habitat utilizado pela espécie. É possível considerar que fatores ecológicos e

fatores sociais influenciem na maneira de utilização das áreas de uso, uma vez

que os micos-leões passam a maior parte do tempo vigiando as bordas de

suas áreas ou ocupam as áreas centrais das mesmas (Kierulff et al., 2008).

Existe uma inversão relacionada a tamanho da área de uso e densidade

populacional em micos-leões (Kieulff et al., 2008). A qualidade do habitat,

estrutura social, densidade populacional, requerimento energético, tamanho

corporal, idade e sexo influenciam no estabelecimento da área de uso (Kierulff

et al., 2008; Procópio-de-Oliveira et al., 2008). Na REBio Poço das Antas foram

registradas as menores áreas de uso para MLDs (Procópio-de-Oliveira et al.,

2008).

Procópio-de-Oliveira et al. (2008) relata que os tamanhos dos

fragmentos onde são encontrados grupos de MLDs varia de 20 até 250

hectares. Em estudo realizado por Coelho et al. (2008) foram encontradas

diferenças no padrão de atividades entre grupos que habitam fragmentos e

grupos que habitam as REBios. Os grupos que habitam fragmentos se

deslocam menos do que grupos que habitam as REBios. O deslocamento pode

significar monitoramento da área relacionada com disponibilidade de alimentos

e patrulhamento do território. Dietz et al. (1997) afirma que os MLDs utilizam a

maioria do seu tempo e atividades nas periferias do seu território.

Page 27: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

27

Um dos grandes desafios para a conservação do mico-leão-dourado é o

isolamento das pequenas populações em remanescentes florestais de

diferentes proporções espaciais, qualidade e proteção dos mesmos (Kierulff &

Procópio-de-Oliveira, 1996). Esse isolamento que a espécie sofre, contribui

para que a mesma se torne vulnerável à extinção, pois além de sofrer com a

fragmentação do habitat, sofre com a urbanização, pois a maior parte de MLDs

se dá em áreas da região metropolitana do Rio de Janeiro (Procópio-de-

Oliveira et.al., 2008).

Fragmentos isolados contribuem para a formação de pequenas

populações que ficam comprometidas pelo tamanho dos fragmentos e pela

perda de variabilidade genética devido à endogamia. Portanto buscar conexões

entre eles é de extrema importância para que a dispersão e o fluxo gênico

dessa metapopulação não sejam afetados (Grativol et al., 2008). O aumento

do fluxo gênico entre populações isoladas pode contribuir para a redução da

perda de diversidade genética e diminuir o risco de extinção (Mickelberg, 2011).

Segundo Grativol et al. (2008) algumas maneiras de se conectar os fragmentos

que abrigam micos-leõs-dourados podem ser através de corredores florestais,

stepping stones, recuperação de mata ciliar ao longo de corpos d’água e

permeabilidade da matriz.

Mickelberg (2011) em seu estudo avaliou a movimentação de MLDs

entre fragmentos e registrou 287 movimentos sendo que 237 foram de

indivíduos que se moviam sozinhos. Porém a autora afirma que os dados de

movimento deste estudo são limitados e que provavelmente o número de

movimentos registrados tenha sido sub-representado em relação ao número de

movimentos que realmente ocorreu.

Os MLDs ainda sofrem a pressão de uma espécie invasora, os

Callithrix. As invasões biológicas também são beneficiadas pela fragmentação

uma vez que com a perturbação do equilíbrio ecológico, as mesmas agravam

os efeitos da fragmentação através da competição, predação e introdução de

doenças nas espécies nativas (Vieira et al., 2003). Os saguis encontrados na

região de ocorrência do mico-leão-dourado são das espécies Callithrix jacchus

(Linnaeus, 1758), Callithrix penicillata (E. Geoffroy, 1812) e seus híbridos, que

são reconhecidos através de diferenças nos padrões de disposição e coloração

dos pelos da face e dos tufos de pelos nas orelhas desses animais (Ruiz-

Page 28: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

28

Miranda et al., 2011). Os saguis possuem características que os tornam

potenciais invasores, como os hábitos alimentares generalistas, a alta taxa

reprodutiva e boa condição física (Rylands e Faria, 1993; Ruiz-Miranda et al.,

2011). De acordo com Ruiz-Miranda et al. (2000), acredita-se que a introdução

das espécies C. jacchus e C. penicillata no Estado do Rio de Janeiro tenha se

iniciado no começo do século XX. Hoje em dia a população de saguis

invasores é maior do que a de MLDs na região (Ruiz-Miranda et al., 2011).

Atualmente as populações de MLDs compreendem 3.200 indivíduos

vivendo em fragmentos de Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro, restritas

a duas Reservas Biológicas e fragmentos florestais dos mais variados

tamanhos, formas, composição e grau de isolamento (AMLD, 2014). O

incremento na população de MLDs propiciou que parte da meta traçada pela

Associação Mico Leão Dourado fosse alcançada. A meta da AMLD é de que

em 2025 seja atingida uma população de 2000 MLDs vivendo livremente em 25

mil hectares de florestas protegidas e conectadas.

Os MLDs são há anos monitorados pela equipe da AMLD utilizando a

técnica de radiotelemetria convencional. A técnica de radiotelemetria consiste

em localizar e monitorar indivíduos à distância através de ondas de rádio.

(Mantovani, 2006). Um transmissor é acoplado no animal a ser estudado e este

emite sinais de rádio que são captados por um receptor através de uma

antena, possibilitando a localização e acompanhamento mesmo que a

distância. Com isso é possível monitorar o deslocamento, padrões de atividade

do indivíduo ou grupo, ecologia, área vida, utilização de habitats, interações

entre espécies e sub-populações, variações sazonais (Jacob e Rudran, 2006).

O animal precisa ser capturado e equipado com o transmissor, sendo que o

peso do transmissor não deve ultrapassar 10% do peso do animal, para que o

mesmo incomode o mínimo possível o animal (Piovizan e Andriolo, 2004). Para

a localização do indivíduo com o transmissor, utiliza-se a técnica de

triangulação, que se baseia em trigonometria. Dois ângulos são tomados a

partir de pontos conhecidos e assim é possível estimar a localização de um

terceiro ponto, que no caso é o transmissor. Os protocolos de triangulação

consideram o comportamento da espécie, as características da área e a

precisão exigida para o estudo. (Jacob e Rudran, 2006). A técnica de

Page 29: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

29

radiotelemetria ainda pode contribuir para a indicação de áreas prioritárias para

a conservação de espécies.

1.4 JUSTIFICATIVA

O contínuo monitoramento de uma espécie é de extrema relevância e

possibilita um entendimento sobre diversos aspectos ecológicos e a estrutura

populacional ao longo dos anos e ainda pode contribuir para a conservação da

espécie. As diferentes ferramentas utilizadas para estudos de espécies animais

em habitats fragmentados são a maneira mais direta para entendermos parte

dos componentes da diversidade animal em um bioma ou localidade, em um

determinado espaço e tempo.

As técnicas de radiotelemetria, segundo Nathan et al. (2008),

possibilitam um melhor delineamento dos experimentos e resultam em

informações mais diretas e detalhadas dos padrões de movimentação animal

em paisagens fragmentadas. A radiotelemetria começou a ser utilizada em

estudos com animais silvestres no final dos anos 50 e vem sendo aprimorada

ao longo dos anos devido a sua capacidade de localizar e monitorar espécies

(Millspaugh e Marzluff, 2001). Essa técnica permite monitorar o deslocamento,

padrões de atividade do indivíduo ou grupo, ecologia, área vida, utilização de

habitats, interações entre espécies e sub-populações, variações sazonais,

parâmetros demográficos e padrão de distribuição espacial (Jacob e Rudran,

2006; Soisalo e Cavalcanti, 2006), além de poder contribuir para a indicação de

áreas prioritárias para a conservação de espécies.

É de grande importância avaliar os movimentos entre as populações de

MLDs que residem em paisagens fragmentadas, pois assim entendemos como

o isolamento tende à vulnerabilidade e à extinção local. Conhecer a

movimentação é importante para auxiliar na resposta de questões ligadas à

conservação bem como entender a estrutura populacional das espécies (Pires

et al., 2002).

A Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) inclui em seus trabalhos de

conservação da espécie esforços para aumentar a conexão entre a paisagem

através de corredores ecológicos (Fernandes et al., 2008). Desde 2002, a

AMLD vem implementando, com corredores ecológicos, áreas de ocorrência de

Page 30: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

30

populações viáveis de MLDs e consequentemente, beneficiando outras

espécies animais. Diferentes técnicas podem nos mostrar se a implementação

de ferramentas de conservação como corredores ecológicos tendem a facilitar

a movimentação das espécies.

Diante do contexto exposto, realizou-se um estudo que testou duas

diferentes metodologias de radiotelemetria para avaliar se o corredor ecológico

tem sido utilizado por diferentes grupos de MLDs e saguis. A primeira etapa

avaliou um novo sistema de radiotelemetria digital automatizado que pode vir a

contribuir para o monitoramento dos MLDs e saguis invasores em áreas

fragmentadas. A segunda etapa avaliou a área de uso de diferentes grupos de

MLDs em uma paisagem fragmentada e conectada por um corredor ecológico.

A tese estrutura-se em cinco capítulos:

- Capítulo 1: Introdução Geral – Neste capítulo são apresentados os pontos

chaves da tese e a justificativa do estudo.

- Capítulo 2: Evaluation of an automated digital radio-telemetry system as a tool

to assess corridor use by golden lion tamarins (Leontopithecus rosalia –

Linnaeus, 1766) and invasive marmosets (Callithrix spp.) in Brazil – Avalia o

desempenho de um sistema de radiotelemetria automatizado em área

fragmentada.

- Capítulo 3: Área de uso de micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia,

Linnaeus, 1766) em fragmentos conectados por corredor ecológico – Avalia a

composição dos grupos ao longo do estudo e se o corredor ecológico faz parte

da área de uso de diferentes grupos de micos-leões-dourados.

- Capítulo 4: Discussão Geral – Uma discussão sobre todos os temas

abordados ao longo da tese.

- Capítulo 5: Considerações Finais – Fechamento da tese com sugestões e

observações pontuais sobre o estudo.

1.5 ÁREA DE ESTUDO E HISTÓRICO DA REINTRODUÇÃO

Os estudos foram na Fazenda Boa Esperança - BE (22º 39' 23'' S, 42º

26' 26'' W) e no corredor Vale do Iguapé – VI (22º 31’ 49’’ S, 42º 18’ 31’’ W),

ambos localizados no município de Silva Jardim, no Estado do Rio de Janeiro,

inseridos na planície litorânea da Bacia Hidrográfica do Rio São João, Rio de

Page 31: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

31

Janeiro. A Fazenda Boa Esperança foi selecionada para a realização do

presente estudo por abrigar além do corredor ecológico, uma área de

pastagem de tamanho similar ao do corredor que, poderia facilitar ou dificultar a

movimentação dos MLDs e saguis pela paisagem. O corredor Vale do Iguapé

foi selecionado por abrigar proporcionar oferta alimentar e possuir um tamanho

maior que o encontrado na Fazenda Boa Esperança.

A região do estudo encontra-se em topografia predominantemente de

planície costeira composta por pequenas colinas de até 50 metros de altura. O

sistema Köppen classifica o clima da região como tropical chuvoso com inverno

seco. As temperaturas médias são de 23ºC, sendo os meses de Novembro a

Março considerados os mais chuvosos e com as mais elevadas temperaturas.

As precipitações médias anuais variam em torno de 1500 a 2000 mm (Carvalho

et al., 2008). Os solos da região são classificados como distróficos latossolo

amarelo. A vegetação é composta por fragmentos de florestas de baixada

(Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas e Submontana (Veloso et al. 1991)

e também predominantemente por áreas antropizadas como pastagens,

culturas e áreas urbanas (Carvalho et al., 2008).

A fazenda Boa Esperança é composta por três fragmentos,

denominados BEI (9.3 ha), BEII (104 ha) e Mata de Pindoba – PF (7.8 ha)

(figura 1). A principal atividade desenvolvida nessa fazenda é a criação de

gado. A riqueza e diversidade de espécies vegetais encontradas nessa fazenda

são consideradas baixas. Essa fazenda teve muito da sua estrutura e

diversidade florística perdidas ao longo dos anos devido a influência antrópica

(Carvalho et al., 2015). A distância entre os fragmentos BE I e BE II é de 300

metros. Entre eles está o fragmento PF, caracterizado pela predominância da

palmeira de pindoba (Attalea humilis - Mart. Ex. Spreng.). Entre BE I e PF há

uma matriz de pastagem de 100 metros e entre PF e BE II há uma matriz de

pasto e um corredor florestal (105 metros de comprimento, 58 metros de

largura, totalizando uma área de 0.61 ha).

No ano de 2000, um grupo de MLDs foi reintroduzido no fragmento BE II

e em 2001, outro grupo foi reintroduzido no fragmento BEI. O grupo

reintroduzido em BEI era considerado isolado, pois não possuía contato com

nenhum grupo de MLDs desde a sua reintrodução (Coelho et al., 2008). Porém,

em 2005 foi observada a formação de dois novos grupos compostos por

Page 32: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

32

animais que dispersaram dos fragmentos BEI e II, sendo que um grupo passou

a residir na Mata de Pindoba e outro na área periférica de BEII próximo ao

corredor ecológico (Coelho et al., 2008). A presença de saguis invasores nessa

propriedade foi detectada pela primeira vez em 1995 (Ruiz-Miranda et al.

2000).

O corredor ecológico da fazenda Boa Esperança foi implantado em

2002 e está em estágio de desenvolvimento avançado, porém não é isolado e

dependendo da rotação das pastagens, pode haver presença de gado, uma

vez que todo o corredor e os fragmentos são circundados por pasto.

Inicialmente foi implementado um corredor interligando a PF e o fragmento BEI,

porém não foi obtido sucesso e hoje em dia eles estão separados por uma

matriz de pasto de comprimento semelhante ao corredor que interliga BEII a

PF. BEI possui um pequeno vale onde a parte baixa central é alagada e é o

menor fragmento utilizado no programa de reintrodução do mico-leão-dourado.

A espécie mais abundante encontrada no corredor que interliga BE II e

PF é o cambará (Gochnatia polymorpha - (Less.) Cabrera). Uma espécie nativa

da Mata Atlântica, típica de solos secos, resistente ao fogo e que não fornece

frutos para alimentação dos MLDs. Essa espécie proporciona boa cobertura do

dossel, serve de poleiro e florada para abelhas, além de ser uma das primeiras

espécies a colonizar áreas degradadas (Lorenzi, 2002; Alvarenga Júnior,

AMLD, comunicação pessoal - 2014). O corredor possui ainda um pequeno

brejo de aproximadamente 3 metros de largura e 1.5 metros de profundidade

próximo a conexão entre a Mata de Pindoba e o corredor. A conectividade

nesse local para os MLDs nesse local se dá pela conectividade do dossel e

também pelas cercas instaladas para separar o gado que acompanha o

corredor do lado esquerdo.

Page 33: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

33

Figura 1. Área de estudo. O mapa apresenta o contorno do Brasil com a localização do Estado do Rio de Janeiro em amarelo e a localização da Fazenda Boa Esperança no Estado do Rio de Janeiro. As áreas em verdes representam os fragmentos da Fazenda Boa Esperança.

O corredor Vale do Iguapé foi plantado em 2007 e conecta a Reserva

Biológica de Poço das Antas – PDA (3.155 ha) com um fragmento da Fazenda

Iguapé (Frag II), propriedade particular vizinha (31.5 ha) e esse mesmo

fragmento possui conexão através do dossel com um fragmento da fazenda

vizinha (Frag I) (figura 2). A Reserva Biológica de Poço das Antas foi

estabelecida em 1974, sendo a primeira reserva biológica do Brasil. Em PDA

encontramos mais de 20 grupos sociais de MLDs e não encontramos saguis

invasores. Os MLDs foram reintroduzidos em PDA e nas fazendas vizinhas

entre 1987 e 1992.

O corredor VI possui área de 2.39 hectares com 530 metros de

comprimento e 45 metros de largura e não é cercado e, assim como no

corredor da Fazenda Boa Esperança, dependendo da rotação de pastagens, o

gado pode estar presente, uma vez que todo o corredor é circundado por

pasto. Esse corredor foi plantado com 2.381 mudas de 18 espécies de árvores

nativas da Mata Atlântica. As espécies mais abundantes de árvores incluem

Maricá (Mimosa bimucronata- De Candole, Otto Kuntze); Tarumã (Citharexylum

myrianthum - Cham.); Ingá (Inga laurina - Sw. Willd); e Aroeirinha (Schinus

terebinthifolius - Raddi) (Alvarenga Jr., AMLD, comunicação pessoal, 2014). O

Page 34: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

34

ingá é uma das espécies presentes nesse corredor que fornece frutos para os

MLDs.

Figura 2. Área de estudo. Localização do Corredor Vale do Iguapé no município de Silva Jardim no Estado do Rio de Janeiro. As áreas em verdes representam os fragmentos conectados pelo corredor Vale do Iguapé.

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Page 53: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

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CAPÍTULO 2 - EVALUATION OF AN AUTOMATED DIGITAL RADIO-

TELEMETRY SYSTEM AS A TOOL TO ASSESS CORRIDOR USE BY

GOLDEN LION TAMARINS (Leontopithecus rosalia – Linnaeus, 1766) AND

INVASIVE MARMOSETS (Callithrix spp.) IN BRAZIL

ABSTRACT

Habitat loss and fragmentation is one of the primary threats to global

biodiversity. The Atlantic Forest of Brazil, a priority global biodiversity hotspot,

has been systematically degraded and fragmented since European

colonization. The golden lion tamarin (Leontopithecus rosalia) is an endangered

callitrichid monkey endemic to coastal and lowland portions of Atlantic forest.

Remaining populations are confined to a small number of reserves and private

ranches in the state of Rio de Janeiro. Efforts to establish corridors to connect

forest fragments occupied by golden lion tamarins have been ongoing since

1998. We evaluated the use of a locally developed digital telemetry platform to

assess presence of golden lion tamarins and the invasive common marmoset

(Callithrix jacchus) in 2 forest corridors within the Boa Esperança farm.

Automated receivers obtained 2,648 detections within and near the forest

corridor. However, all receivers exhibited failure at some point during the project

time period, with consequent loss of sampling effort and data. The equipment

showed a rate of malfunction similar to the rate of active working days. This

performance rate was below the 70% suggested for reliable automated

systems. The cost of an automated digital telemetry system was approximately

a third of conventional telemetry. Despite the potential advantages of automated

telemetry, the equipment proved limited for our study. Improving performance of

locally produced digital radio telemetry equipment to a minimum of 60-70% of

Page 54: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

54

deployed days would contribute studies designed to evaluate use of corridors

by imperiled species of the Atlantic forest of Brazil.

KEY WORDS: Atlantic Forest, Brazil, Callithrix jacchus, common marmoset,

corridor, digital telemetry, dispersal, golden lion tamarin, Leontopithecus rosalia

INTRODUCTION

Radio telemetry is one of the most useful tools for the study of wildlife

movement, resource selection, survival, dispersal, and behavior (Jacob and

Rudran 2006, Kays et al. 2011). Understanding animal movements and

resource needs has been key to outline priority areas for management and

conservation (Jacob and Rudran 2006, Franco et al. 2007, Aarts et al. 2008,

Kays et al. 2015).

Traditionally, telemetry has been a field intensive technique; however,

events can occur outside an animal’s normal activity period (Kays et al. 2011).

Automated radio telemetry has been developed to provide uninterrupted data

collection (Kays et al. 2011, Ward et al. 2013). In many parts of the world there

is a need for low-cost automated telemetry systems. For example, use of forest

corridors or movement between forest patches in fragmented landscapes.

Corridor projects are a common conservation tool implemented in developing

tropical countries where funding is limited (Ruiz-Miranda et al. 2008).

The endangered golden lion tamarin (Leontopithecus rosalia) is a

Neotropical callitrichid monkey endemic to the Atlantic forest of Brazil, a global

biodiversity hotspot (Fig. 3; Myers et al. 2000). Originally, found in the coastal

forests of Rio de Janeiro and Espírito Santo states, the golden lion tamarin

range is presently reduced to remnant and scattered fragments representing

approximately 2% of original forest habitat (Kleiman et al. 1986).

Conservation efforts for the golden lion tamarin have been continuously

ongoing for >30 years and included reintroduction of captive reared individuals

(Kierulff and Oliveira 1996, Kierulff et al. 2002), research on basic ecology and

behavior (Ruiz-Miranda et al. 2006, Coelho et al. 2008, Grativol et al. 2008),

establishment of protected areas (Kierulff and Oliveira 1994, Fernandes et al.

Page 55: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

55

2008, Oliveira et al. 2008), and collaborative efforts with private landowners

harboring golden lion tamarin habitat and populations (Kierulff et al. 2012). The

golden lion tamarin is one of the few primate species in the world managed as a

metapopulation (Kierulff and Rylands 2003, Ruiz-Miranda et al. 2010).

Translocation of golden lion tamarin individuals and groups among

populations is done to address demographic issues and manage

heterozygosity. The golden lion tamarin program is considered one of the most

successful species restoration efforts (Kierulff et al. 2012).

Figure 3. Two adult golden lion tamarins. The animal on the left is wearing a VHF telemetry transmitter. The animal on the right shows a black Nyanzol dye mark that represents group membership.

The golden lion tamarin conservation project has accumulated >30 years

of telemetry data used to monitor wild, translocated and reintroduced social

groups, estimate group composition, movements and habitat use, and collect

behavioral data (Kierulff et al. 2002). A current management initiative for the

golden lion tamarin is enhancing demographic and habitat connectivity through

the establishment of corridors connecting nearby forest fragments.

Page 56: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

56

A key question is whether golden lion tamarins will use these corridors

and what would be the most effective way to monitor corridor use. Further,

common marmosets (Callithrix jacchus) native to northeastern Brazil, occur

within golden lion tamarin range and may benefit from these same corridors

(Ruiz-Miranda et al. 2000).

We report on use and field performance of an automated radio telemetry

system (AXA-Bixo, Trapa-camera Company, São Paulo, Brazil) to monitor

golden lion tamarins and invasive marmosets movements in a fragmented

landscape of Atlantic Forest in Rio de Janeiro, Brazil. Our objectives were to

evaluate performance of an automated digital telemetry system and examine

cost-effectiveness of the system in comparison to conventional telemetry. An

ancillary goals were to assess whether golden lion tamarins cross pastures as

readily as forest strips and if the GLTs use corridor as a group or individually.

Other low-cost options such as GSM-based systems (Quaglietta et al

2012), do not work in our region because of the lack of mobile phone antennas.

VHF systems such as ARTS require large infrastructure and are not mobile,

although they would provide accurate and reliable information (Kays et al 2011).

GPS based systems seem to be the most efficient systems to get data on

location, movements and even physiology, but are not available yet for species

requiring transmitters under 20 grams (Kays et al 2015). GPS have an

efficiency ranging from 60-90% in the tropics (Coelho et al 2007), but their

performance can drop to 20% in forested environments (Sprague et al 2004).

They are also, considerably more expensive.

For this study, we will answer three questions: 1) Digital telemetry

contributes to the data collection of use of corridors by GLTs and invasive

marmosets? 2) The possible GLTs dispersers are moving alone or in groups?;

3) Is it cheaper to use digital or conventional telemetry to monitor use of

corridors by GLTs?

METHODS

STUDY AREA

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57

The study was conducted at the Boa Esperança farm - BE (22º 39' 23'' S,

42º 26' 26'' W) and Vale do Iguapé corridor - VI (22º 31’ 49’’ S, 42º 18’ 31’’ W),

located in the São João River basin, Rio de Janeiro state, southeastern coastal

Brazil (Figure 1 and 2).

STUDY GROUPS

Social groups of golden lion tamarins and invasive marmosets consist of

breeding adults and associated individuals (Dietz et al. 1994, Ruiz-Miranda et

al. 2006). At the BE farm we observed three groups of golden lion tamarins and

three groups of invasive marmosets. Two or three individuals in each group

were captured and fitted with digital telemetry collars (Weight 17 grams, UHF

433.920 MHz).

Three golden lion tamarin groups were observed in the VI Corridor and

one individual per group received a digital telemetry collar (Table 1). Whenever

possible the breeding male in each group was radio-tagged as were potential

adult dispersers. Further, there was at least one animal wearing a conventional

VHF telemetry collar in each group of golden lion tamarins.

Page 58: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

58

Table 1. Deployment distribution of radio transmitters by sex-age class in groups of golden lion tamarins (GLT) and invasive marmosets (IMA) studied at the Boa Esperança farm (BE) and Vale do Iguapé (VI) forests corridors, Rio de Janeiro, Brazil. Captured and fitted refers the time that the individuals were captured and fitted with digital telemetry collars.

Species

and Study

Area

Groups Captured

and fitted

Individuals

Breeding

Males

Breeding

Females

Males Females Total

GLT – BE BEI 09/11/2013 0 1 2 0 3

02/12/2014 1 0 0 0 1

06/09/2014 0 0 1 0 1

GLT – BE PB 09/16/2013 1 0 1 1 3

02/13/2014 1 0 1 0 2

07/22/2014 1 0 1 0 2

GLT – BE BEII* 09/17/2013 0 0 2 1 3

04/10/2014 0 0 0 3 3

GLT – VI Frag I 04/01/2014 0 0 1 0 1

GLT – VI PDA 06/09/2014 0 0 1 0 1

GLT – VI Frag II 01/20/2014 0 0 0 1 1

IM – BE PB 09/12/2013 0 0 2 1 3

IMA – BE BEII 09/24/2013 0 0 0 2 2

IMA – BE BEI 02/12/2014 0 0 2 0 2

The study was conducted from to June, 2013 to August, 2014. The field

team of the Golden Lion Tamarin Association captured and handled all golden

lion tamarins and invasive marmosets. Animals were captured using tomahawk

traps (32” x 9” X 9”) placed on a platform 1.5 m above the ground and baited

with bananas. After capture, individuals were taken to a field laboratory,

anesthetized with ketamine (Dosage of 0,06 mg), weighted and marked. All

were marked with a tattoo in the inner right thigh and with Nyanzol® ink on the

Page 59: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

59

tail and body (see Dietz et al. 1996). The telemetry collars did not exceed 5% of

body mass (Macdonald and Amlaner 1980; Murray and Fuller, 2000). Animals

were released at capture location after the effects of anesthesia had dissipated.

Radio collars were exchanged every six months provided the animals could be

recaptured. These procedures were evaluated and approved by Brazil's Ministry

of the Environment (Permits 35931-2 and 17409-12) and followed the ethical

guidelines for the use of mammals in research (Sikes et al., 2011).

We tested a terrestrial radio telemetry device with digital encoding (AXA-

Bixo - Trapa-câmera Company) developed in Brazil. The system included

automated receivers with a single detection frequency (433.920MHz); each

radio collar transmited a digital code identified by a micro-processor in the

manual or automated receiver. Manual receivers were used to verify the radio

transmitters were functioning. Automated receivers recorded in non-volatile

memory, so data were not lost even after depletion of the batteries.

Omni-directional antennas were used and automated receivers

continuously scanned for signals and upon detection, recorded date, time, collar

number and signal strength level (range 1 - 15). Automated receivers were

programmed to record at 20-min intervals, had a detection range of 200 m and

were housed in a weatherproof metal box with a steel cable used to fix the units

to trees 2.5 m above the ground (Figure 4).

Page 60: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

60

Figure 4. An automated telemetry receiver placed in a cambará tree (Gocnathia polymorpha) on the forest corridor of Boa Esperança farm, Rio de Janeiro, Brazil.

Three automated receivers were placed in the corridor between PF and

BE II and four placed in pastures between PF and BE I (Figure 5). Receivers in

the BE corridor were installed in a straight line and the same fixed at a central

tree in the corridor. As the corridor is located on a site with slope, we

established the following sequence for attaching the receivers: receiver number

1 on on the edge of BEII fragment; receiver number 2 in the middle of the

corridor; and receiver number 3 on the edge of the Pindoba forest.

Automated receivers in the pasture matrix were installed in a zigzag

pattern at 150 m intervals to capture signals over the entire length of the

fragments, thus, two receivers were installed in Pindoba forest edge and two

receivers were installed on the edge of BEI fragment. The distribution of

receivers was: receiver number 4 fixed in a nearby palm in the edge of the

Pindoba forest; receiver number 5 fixed in the edge of BEI fragment; receiver

number 6 fixed in the edge of the Pindoba forest; and receiver number 7 fixed in

the edge of BEI fragment.

Page 61: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

61

Figura 5. Satellite image contour of the Boa Esperança farm, Rio de Janeiro, Brazil showing the location of the capture platforms (orange squares), the location of the automated telemetry receivers (blue numbered circles) and detection range for each receiver (red open circles) in the corridor and pasture.

We placed two automated receivers at the VI site, one at the edge of

the Poço das Antas reserve and the other near the Iguape farm fragment, with

520 meters distance between them (Figure 5). Receivers in the VI corridor were

installed in a same straight line of each fragment.

Page 62: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

62

Figura 6. Satellite image showing the Location of automated telemetry receivers in the forest corridor at Vale do Iguapé corridor, Rio de Janeiro, Brazil. Blue circles = receivers, red open circles = receiver detection range, orange points = capture platforms. The yellow lines mark the lateral boundaries of the corridor.

We produced a "response map" of receivers as similar signal intensity

may correspond to varying distances in different landscapes. One observer

stood with the receiver while a second observer holding a transmitter walked in

a straight line until the receiver recorded a signal strength of 1. This procedure

was repeated at 90 and 180 degrees from the first walk, respectively. Further,

we walked along the edges of forested corridors stopping every 5 m to turn on

the transmitter, marked the time, and later noted the signal on the three

receivers. Batteries were changed weekly and weekly data obtained

downloaded.

In the BE corridor, we arranged automated receivers to detect presence

of golden lion tamarins and invasive marmosets while in the corridor. Given the

length of the corridor (150 m) and the range of the receivers (200 m) we

assumed combining information from receivers 1 and 3 would determine

presence and crossing of individuals. We had 12 receivers available for use, of

these, seven were deployed in the BE farm (3 corridor, 4 pasture) and two in the

VI corridor; receivers were replaced upon failure.

Page 63: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

63

A possible benefit of using automated digital telemetry was a potential

reduction in financial costs. We compared costs of data collection with the digital

system and conventional telemetry, used by the golden lion tamarin

conservation project for 30 years. We estimated the annual cost of monitoring

golden lion tamarin presence in the corridors. This included costs of 4 digital

telemetry receivers, radio transmitters, batteries and battery charger. We also

accounted for personnel and transportation costs in U.S. dollars. These were

compared to expenses incurred in conventional radio telemetry equipment,

including receiver (Telonics TR4) with extra set of batteries, radio transmitters,

field personnel and transportation costs.

PILOT PROJECT

We tested an automated digital telemetry system to assess use of forest

corridors by GLTs. We installed three autonomous telemetry receivers in the

corridor, one at each end and one in the middle of the corridor. This evaluation

was developed on ecological corridor situated in the Boa Esperança Farm from

November 09 to December 13, 2011. Three groups of GLTs can potentially use

the corridor. Two individuals of each GLT group received telemetry collars

(Table 2).

Table 2. Distribution of radio transmitters by sex class in groups of golden lion tamarins (GLT) studied in the Pilot Project at the Boa Esperança farm (BE) forest corridor, Rio de Janeiro, Brazil. Groups Sex Collar

BEI Breeding Female 11

Breeding Male 13

PB Breeding Male 15

Breeding Female 9

BEII Breeding Female 12

Subadult Female 16

In the first week, we installed and calibrate the receivers. In the second

week, we put the telemetry collars in GLTs. Over a four-week monitoring period

the receivers obtained 719 detections and we calculated the frequency of

Page 64: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

64

corridor use for each individual. In the receiver 1 were registered 380

detections, in the receiver 2 were 156 detections and in the receiver 3 were 183

detections. These results were affected by problems with a receiver in two non-

consecutive weeks. Problems with transmitters were recorded throughout the

evaluation. After minor adjustments are made the system will be suitable to

conduct long-term studies.

From 719 detections, were recorded only three events of the presence of

GLTs within the corridor. Seven other events were recorded with GLTs in the

edge of the corridor (Table 03). According to team members AMLD field,

possibly the GLT when they met in the sleeping sites should "chew" the

protection of the radio and they subsequently lost in the woods and the GLT

were only with the collar around her neck. For this problem does not recur

during long-term study, the collars were sent to the manufacturer to strengthen

the protection and thus MLD did not lose more. The receiver that had problems,

also was referred for maintenance. We obtained several detections throughout

the night, which leads us to believe that the sleeping sites of the group is

located next to the base receiver.

Table 3. Events of the presence of GLTs in the edge of the corridor. Day Collar Detections

November 24 9 and 15 Near to Receiver 3

November 25 9 Near to Receiver 3

November 26 9 Near to Receiver 3

November 27 12 and 16 Near to Receiver 1

November 30 9 and 15 Near to Receiver 3

December 02 12 Near to Receiver 1

December 03 12 Near to Receiver 1

These results allowed us to rely on the capability of the equipment and

to continue a long-term study.

Page 65: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

65

RESULTS

Each golden lion tamarin group at the BE farm was found in a separate

forest fragment (Table 4). Group sizes at initial capture varied from 5 (BEI

group) to 11 individuals (BEII group). Three golden lion tamarin groups were

monitored in the VI corridor (Table 1). In total, we used 28 collars, 18 on golden

lion tamarins and seven on invasive marmosets in the BE farm and 3 collars on

golden lion tamarins in the VI corridor. Transmitter battery life was

approximately six months. Four tamarins were recaptured on the BE farms and

the collars replaced. The other six individuals were not recaptured or

disappeared before recapture. One golden lion tamarin of VI corridor had lost

his collar at the end of the experiment. All IM in the BE farm and other golden

lion tamarins in the VI corridor were not recaptured to have collars replaced.

We tested automated receivers in corridors and pasture of the BE for 301

days and the VI corridor for 126 days. All receivers exhibited failure at some

point during the project time period, with consequent loss of sampling effort and

data (Table 4). Failed receivers were replaced, however, radio transmitters

performed according to specifications during the 6 months of continuous

transmission. Automated telemetry systems at the BE farm were deployed for a

total of 1,449 days, operated for 944 days and recorded detections on 367

days. There was no receiver malfunction at the VI corridor; the system

registered data during 12 days.

Page 66: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

66

Table 4. Performance of automated receivers deployed in forest corridors and pasture at the Boa Esperança farm and Vale do Iguapé corridor, Rio de Janeiro, Brazil. TSE = Total sampling effort (number of days the system was deployed); Effective Sampling Effort (percentage of time deployed receivers worked); Detections= total number of signals detected by the transmitters during the study; Detection rate = number of detections divided by the days the system worked (ESE). Receivers TSE ESE Detections Detection rate

Corridor 1 (R1) 301 47% 906 6.4

Corridor 2 (R2) 119 53% 260 4.1

Corridor 3 (R3) 245 57% 1482 10.6

Pasture 4 (R4) 84 58% 315 6.4

Pasture 5 (R5) 301 76% 1147 5.1

Pasture 6 (R6) 301 77% 923 3.7

Pasture 7 (R7) 98 93% 1022 11.2

VI (PDA) 126 100% 126 1.0

VI (Frag II) 126 100% 0 0.0

Automated receivers at the BE farm obtained a total of 6,055 detections

(2,648 in the corridor, 3,407 in pasture). The highest numbers of detections

were recorded by receivers Corridor 3 (1,482) and Pasture 5 (1147). Receiver

malfunction resulted in equipment replacement and reduction in a number of

working stations. Automated receivers were deployed at location 2 (R2) of the

BE corridor (Figure 5) for 119 days and effectively sampled 63 days (Table 4).

Reduced total sampling effort was due to the limited number of available

receivers (12) and multiple units simultaneously in need of repair. Problems

encountered with receivers included loss of battery power, false transmitter

locations, false hourly records and un-interpretable information.

We detected presence of individuals in the BE forest corridor on 23 days

(21 days R1-R3, 2 days R1-R2). The golden lion tamarin female of the PB

Group was registered in the corridor 41 times in one day during November

2014. However, given low signal intensity from 2 of the 3 receivers, our

calibration suggests the animal may have actually been outside the corridor,

possibly in a nearby forest fragment. A male from the BEII group at the BE farm

(Table 1) was detected in the corridor 32 times during 15-29 January 2014 by

combining location data with varying intensities from receivers 1-3. Further,

Page 67: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

67

detecting individuals in pasture was also not possible given automated receiver

failure. The combination of receivers 5-7 yielded the greater amount of

simultaneous data, totaling 18 days. For the pasture, there 66 days in which

more than 2 receivers collected data on the same day: 19 days for R5-R6-R7,

49 days for either R5-R6 or R5-R7, and 7 days in which R4 collected

simultaneously with R5 or R7. We did not detect crossings of the pasture. At the

VI farm, the receivers provided 126 detections, all from receiver 2. All detections

were of low signal intensity, indicating radio marked individuals were outside the

corridor, likely within the Poço das Antas reserve.

We had two ways to infer a transmitter was in the BE corridor; either

simultaneous detection by all 3 receivers or high signal intensity by receiver 2,

located in the middle of the corridor (Fig. 4). If an intensity reading between 12

and 15 was obtained, we could be consider that the animal was within 15 m of

the receiver, and therefore within the BE corridor. There were 26 days where a

signal was detected within the corridor, and only one in the center of the

corridor.

The other type of information we were interested in collecting was the

ability to detect social groups versus individuals. Each collar transmits a digital

code and it helps identify whether the individual is alone or in groups. It is

important to observe possible dispersers. The rainy season (from October to

March) was the period with greater accumulation of detections. However, this

was the period when the evaluation began and thus, a time when the greater

number of individuals was monitored during this initial use of the equipment and

consequently, a greater number of receivers operating simultaneously.

For example, two sub-adult males from the PB group were each

recorded 11 times alone along the edges of the BE corridor. Male sub-adult

BEII group was observed only near R1 and male sub-adult PB group was

observed on R1, R3, and R6. Female sub-adult from the PB group was

detected alone in the middle of the corridor once and 40 times at the edge on

R3. The adult male of the BEI group was detected near the pasture twice.

There were 3 detections of multiple group members near the same receiver. On

September 30, golden lion tamarins male sub-adult and female sub-adult (PB

group) were detected near the edge of the corridor; On October 03, 2013, the

golden lion tamarins male sub-adult, female sub-adult and male adult (PB

Page 68: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

68

group) were close to a pasture receiver (R6), and on March 14, golden lion

tamarins male sub-adult and male adult (PB group) were close to the corridor.

BEII animals were never detected near the corridor or pasture arrangements.

The marmosets were not detected close to any of the receivers from either the

corridor or pasture arrangement.

We compared the costs of data collection with two different equipments:

automated system and conventional telemetry (Table 5). The cost of an

automated digital telemetry system was approximately a third of conventional

telemetry. The greatest difference was related to the cost of hiring field

personnel. As to the efficiency of detection, a simultaneously performed study

using conventional telemetry to monitor the same groups of golden lion tamarin

and invasive marmoset three times weekly (Screnci-Ribeiro et al. unpublished

data), obtained eight detections within the corridor versus one via digital

telemetry. We consider as a Research Assistant to team AMLD, as confidence

in the quality of the researchers and the data collected by them. Further, the

frequent failure of digital telemetry equipment resulted in high cost-

effectiveness. One corridor detection within the corridor using conventional

telemetry cost approximately US$5,538, whereas with digital telemetry the cost

was US$13,253.

Table 5. Annual costs of asu daytomated and VHF telemetry. Transportation

reflects the cost of fuel from research base to field location, once a day for 365

days. Research assistant costs are US$100 per day for 2 assistants.

Budget category Digital Telemetry Digital

Telemetry

Amount

VHF Telemetry VHF Telemetry

Amount

Transmitters 460.00 2 units 500.00 2 units

Receivers 6.360.00 12 units 940.00 1 unit

Batteries 204.00 17 units 30.00 2 units

Transportation 510.30 378 liters 3000.00 2222 liters

Research Assistant 5,400.00 54 days 36,500.00 365 days

GPS 300.00 1 unit 300.00 1 unit

Total US$ 13,253.3 US$ 40,336.6

Page 69: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

69

Based on this study, although demand more time researcher in the field,

conventional telemetry was more effective and less costly to obtain data of use

of corridor.

DISCUSSION

The two main objectives, to evaluate the system and assess its cost-

effectiveness, were achieved; the ancillary objective was hampered by the

performance of the telemetry equipment. We expected to get these

simultaneous data and verify the presence and crossings along the corridor, but

with only two receivers working, it was not possible to determine a crossings

frequency in the corridor. Even with the limited performance of the equipment

some useful information was gathered for management decisions.

The automated digital system shows promise to be useful to monitor

corridor use by wildlife and could be a cost-effective method; however, it

appears to be susceptible to tropical climate effects. Few studies that test

automated radio tracking systems provide data on their performance in terms of

sampling losses.

The equipment showed a rate of malfunction similar to the rate of active

working days. This performance is lower than the reported for other telemetry

technologies (Briner et al. 2003, Coelho et al. 2007, Ruth et al. 2010, Kays et al.

2011, Quaglietta et al. 2012) and below the 70% suggested for dependence on

automation systems (Barg-Walkov and Rogers 2016). The low performance

resulted in no accurate data on frequency of use of the corridor or pasture in

one of the locations.

The most problematic aspect for the corridor array was that there were

few days in which the receivers worked simultaneously; therefore, there was

great loss of data on the exact location of the transmitter and no data on

crossings or exact frequency of use. We were also not able to get an estimate

of location error with triangulation of signals; this is one of the common

performance measures for telemetry systems (Kay et al. 2015).

We assume equipment failures were caused by exposure to climate or

weather because the locations closest to forest edge or otherwise highly

exposed units (R2) were the most affected. Evaluation of the ARTS system in

Page 70: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

70

Panama showed that malfunctioning was caused by exposure, especially to the

parts of the system most exposed to elements (Kay et al. 2011).

The problems observed in our study were related to functioning of the

logic board, working erratically, not registering data, or recording transmitters

that did not exist or hours of the day that did not exist. In a few cases the failure

was attributable to drained or malfunctioning batteries. These types of errors are

expected on computers working in hot environments (above 27° C). We did not

expect this kind of problem occurred with the equipment, since it was developed

in Brazil and one of its features is support the tropical climate.

Humidity may have compromised the performance of the receivers; there

was evidence of water infiltration that impaired the equipment. To remedy this

problem, the manufacturer recommended removing moisture with a hairdryer

before sealing the housing with plastic wrap; this was unsuccessful. Following

maintenance, the housing was replaced by a plastic housing, which reduced the

weight of the unit and better protected against weather. The equipment uses

solar energy to recharge the batteries and must be placed in a location with

direct exposure to sunlight. This resulted in the equipment being exposed to

temperatures above 38° C, which may have contributed to an overheating and

erroneous data collection. Another possibility is that the batteries may also have

weakened and not recharged with the solar power. Other minor problems that

affected the ease of use of the equipment. The metal box used to cover the

receiver was quite heavy and difficult to handle and the mechanism used to

download the data displayed one register at a time and needed to be

transcribed to paper or computer.

Besides issues with the automated receiver units, some of the

transmitters were lost, and animals had to be recaptured and radio transmitters

replaced. The replacement radio collars had increased battery life; therefore, it

was possible to monitor individuals longer and to recapture to exchange collars

less frequently.

Given the reduced efficiency of the digital telemetry system, its viability

has to be evaluated considering the information it did provide and its costs

relative to the conventional VHF telemetry systems. When the receivers were

functioning properly, there was a high detection rate. The detection rate was

Page 71: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

71

similar among receivers, some locations showed higher rates, probably

reflecting real differences in the presence of the tamarins.

The system detects all signals and intensities, and allows us to infer if the

animals were together or alone, and the distance to unit. This provided some

useful information for conservation management. The rainy season (from

October to March) was the period with greater accumulation of detections.

However, this was the period when the evaluation began and thus, a time when

the greater number of individuals was monitored during this initial use of the

equipment and consequently, a greater number of receivers operating

simultaneously.

The increased number of detections during the rainy season may also be

due to the fact that this represents the breeding season for both the GLT (Baker

and Dietz, 1990; Dietz, 1994) and and possibly the subadult individuals could

be seeking reproductive partners. Therefore, it is important to consider seasonal

ecological events that may influence the movement of animals (Nathan et al.,

2008; Dodge et al., 2013). The dispersal is a key to ecological process in the

survival of species.

We observed that tamarins, but not the marmosets, used the BE corridor;

that the pasture was not crossed by groups; and that the VI corridor was not

used by the tamarins. The marmosets were never detected by any of the

corridor or pasture receivers during the whole year. There is evidence that the

corridor was used. If the receiver in the center of the corridor (R2) detected a

signal high intensity, we assumed that the animal was inside the corridor. Other

high intensity signal detections indicate that individuals were either at the edges

of the fragments or at the beginning of the corridor or pasture.

The presence of this individual on the edge of the fragment and the

beginning of the corridor, can characterize territory defense, since there was the

possibility of individuals from the PB group crossing the corridor and using the

BEII territory. One kind of territory defense for the groups consists in using calls

and agonistic behavior (Kierulff et al. 2012).

The conventional VHF telemetry study showed that the PB group had

core areas of their home range in both the Pindoba and the BEII fragments (on

the other side of the corridor; the BEII group had core areas on both fragments

also (Screnci-Ribeiro et al. unpublished data). Along this study, 42 encounters

Page 72: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

72

between PB and BEII groups were observed and showed us that the detection

rate of the digital system severely under-estimated the use of the corridor.

There was no evidence that the tamarins or marmosets crossed the

pasture, putting to question the assumption that 100 m of pasture matrix is

equal to connected forest (Fernandes et al., 2008). The frequency of crossing

needed to achieve the population goal (gene flow) may be as low as one animal

per generation (Mickelberg 2011); however, the management goal (increase in

area use) requires that the fragments divided by pasture be used on a yearly

basis at least. The conventional VHF telemetry study showed that the groups

did not cross the pasture; there were no part of the home ranges of either BEI

or PB on the fragment across the pasture (Screnci-Ribeiro et al., unpublished

data).

Another result that supports the idea that short distances over pastures

are less permeable than forest: the corridor at the Iguapé Farm (VI), which has

been there almost 10 years, was never used by the tamarins. The behavior of

the golden lion tamarins nearby suggests that they do not see it as a forest

connection location. The corridor still has a gap at one end (the PDA end) that

results in a pasture matrix of about 40 m. Previous studies in this location have

documented that dispersers do cross the pasture into the BEI fragment (Coelho

2009). It may be that in order for tamarins to cross a pasture gap there has to

be enough social motivation to compensate the risks of exposure during

crossing.

The evaluation of automated digital telemetry includes consideration of

the information the system could provide and its performance in relation to

monetary costs. One other study used this system with 2 species of opossums,

and had difficulties with the equipment in the field (Cerbocini 2011). We

compared this system to conventional VHF telemetry, because it is another low

cost option for a movable and flexible system to be used on a short-term

evaluation of use of an area. The automated digital radio telemetry tested here,

significantly reduced personnel expenses because and overall costs, compared

to the hand held VHF telemetry.

Conventional VHF radio telemetry, despite the higher costs, has the

advantage of allowing direct visualization, the precise location of the study

group and information on group composition and behavior. One disadvantage is

Page 73: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

73

the difficulty of monitoring more than one group at a time; the digital system

allowed us to monitor six groups simultaneously. To monitor six groups with the

VHF system would increase personnel and equipment costs. However, our 30

year experience following tamarins with VHF telemetry indicates that monitoring

3 field days per week would be enough to detect usage of a corridor often

enough to get an accurate estimate of its yearly use. Repositioning the digital

telemetry weekly would allow monitoring of 2 corridors for the same costs to

monitor one corridor with conventional telemetry. If the automated digital radio

telemetry equipment undergoes remodeling, so as to increase its field

performance to at least 60-70% of deployed days, it could contribute

significantly to studies that aim to evaluate use of corridors versus other forms

of connectivity.

Despite the potential advantages of automated telemetry, the

equipment proved limited for our study. Some improvements have been made

to the system tested since our study. The housing of the receivers was changed

to plastic (which also reduces temperature) with better waterproofing. We still

recommend an acrylic housing for waterproofing. The data download has been

changed to USB or Memory card system, which reduces the chances of data

loss and the time to get the data from the receivers.

Improvements notwithstanding, for this system to provide reliable

information on activity in the corridor and surrounding areas it requires a

receiver network for improving triangulation and for redundancy. This would

increase the costs of the equipment and depending on the questions asked, it

may render it less desirable than a hand held VHF tracking system.

Automated digital telemetry has the advantage of requiring less time in

the field researchers. It is suggested the use of this equipment for studies

related to the presence and crossings in the landscape. The conventional

telemetry has the advantage of tracking animals in the wild and accuracy in the

animal's location. It is suggested that this equipment is used to obtain use area

data, movements, presence, behavior, activity patterns and food resource.

Page 74: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

74

ACKNOWLEDGMENTS

We thank the Associação Mico Leão Dourado for logistic support and

field assistance. The study received funding from Lion Tamarins of Brazil Fund,

Idea Wild, Cleveland Metroparks Zoo, FAPERJ grant (APQ1 E-

26/110.303/2007) to CRRM and a grant from the Brazilian Conselho Nacional

de Pesquisa-CNPq (472647/2009-1 ) to CRRM. R. Screnci-Ribeiro was

supported by scholarships from FAPERJ (101.448/2011) and CAPES (BEX -

10792/14-7). CRRM is further support by a fellowship from CNPq

(309660/2013-0, 305390/2010-4 and 307577/2006-6). Any use of trade, firm, or

product names is for descriptive purposes only and does not imply endorsement

by the U.S. Government.

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Page 81: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

81

CAPÍTULO 4 - ÁREA DE USO DE MICOS-LEÕES-DOURADOS

(Leontopithecus rosalia, LINNAEUS, 1766) EM FRAGMENTOS

CONECTADOS POR CORREDOR ECOLÓGICO

RESUMO

O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é uma espécie que sofre com a

destruição do seu habitat devido à difundida fragmentação e degradação das

florestas. Desde as implementações dos corredores ecológicos, ainda não foi

avaliado se estes cumprem com seu objetivo inicial que é auxiliar na dispersão

e conservação dos micos-leões-dourados e se essa técnica conservacionista

tem contribuído para o manejo da espécie. Os objetivos deste estudo foram

observar se os corredores influenciam no tamanho e composição dos grupos

ao longo do estudo; e verificar se um corredor ecológico compõe a área de uso

de diferentes grupos de micos-leões-dourados em área altamente fragmentada.

O estudo foi conduzido na Fazenda Boa Esperança localizada no município de

Silva Jardim, no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Três grupos de MLDs foram

acompanhados mensalmente no período de setembro de 2013 a agosto de

2014, através de radiotelemetria convencional (VHF). Dados sobre a

composição do grupo, encontros de defesa de território e localização foram

registrados. Foi observado que apenas um grupo manteve sua composição

estável ao longo do estudo. Foi observada emigração de indivíduos para o

grupo PB e imigração de indivíduos do grupo BEII e posterior desaparecimento

do grupo inteiro. A área de uso do grupo BEII foi a maior área encontrada. O

grupo PB apresentou maior área de uso durante a estação seca, possivelmente

expandindo seu território para suprir a ausência de recursos no seu território de

origem. O grupo PB também foi o grupo que mais se sobrepôs em relação aos

demais. Conclui-se que o corredor ecológico estudado atingiu seu objetivo

conservacionista, possibilitou o deslocamento dos MLDs entre fragmentos

isolados,bem como a troca genética, decorrente da dispersão de indivíduos

entre os grupos que utilizaram o corredor. Esse é o primeiro estudo que avaliou

quantitativa e diretamente o uso de corredores por micos-leões-dourados.

Palavras-chave: Leontopithecus, corredores ecológicos, área de uso,

fragmentação.

Page 82: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

82

INTRODUÇÃO

A maioria (90%) das espécies de primatas ocorre em florestas tropicais

(Mittermeier, 1991) e os principais fatores responsáveis pela constante ameaça

à sobrevivência destes animais na natureza são a perda e fragmentação de

florestas (Benchimol e Peres, 2013). O processo de fragmentação,

frequentemente associado à antropização e invasões causadas pela pecuária,

agricultura e outras espécies, afeta a viabilidade populacional por meio da

redução de diversidade genética e aumento em mortalidade causada pela

maior susceptibilidade a doenças, mudanças climáticas e a baixa

disponibilidade de recursos (Frankham et al., 2002). Populações de primatas

são vulneráveis a esses fatores antrópicos e em vários casos ocorrem grandes

declínios populacionais, antes mesmo que estudos fossem realizados

(Cowlishaw e Dunbar, 2000; Oates et al., 2000; Chiarello, 2003; Vieira et al.,

2003).

A persistência de algumas espécies de primatas em pequenos

fragmentos depende tanto da sua habilidade de usar a matriz circundante aos

fragmentos como da sua habilidade de usar os recursos presentes no

fragmento (Carretero-Pinzón, 2013). Primatas podem apresentar respostas

adaptativas à fragmentação mudando seu padrão de atividades, dieta e área

de uso (Marsh, 2003; Morgan et al., 2013) e consequentemente afetando a

estabilidade dos grupos (Turner, 1996). A conservação da maioria das

espécies de primatas depende da capacidade, tamanho e qualidade dos

fragmentos florestais suportarem essas populações (Johns e Skorupa, 1987;

Estrada e Coates-Estrada, 1996). Informações precisas e atualizadas sobre o

estado destas subpopulações são essenciais para estratégias de conservação

eficazes e manejo dessas espécies (Baranga et al., 2009; Gibbons e Harcourt,

2009; Morgan et al., 2013).

Uma tática para tentar minimizar os problemas causados pela

fragmentação é a implantação de corredores ecológicos em áreas altamente

degradadas e desconexas. Os corredores ecológicos podem funcionar como

habitat, fornecer abrigo, refúgio, locais de nidificação, mas a sua principal

função é conectar fragmentos e assim permitir a dispersão e o fluxo gênico

entre as manchas de habitat (Beier e Noss, 1998). Os corredores devem

Page 83: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

83

proporcionar um aumento na capacidade de dispersão de primatas de maneira

que contribua para a sobrevivência em longo prazo das populações (Ceballos-

Mago e Chivers, 2013).

Para primatas, ainda são escassos os estudos que envolvem o uso de

corredores. Apenas 21 estudos abordam o uso de corredores por primatas,

sendo registrados diferentes tipos de uso como: presença (McCann et al.,

2003; Lehman et al., 2006-a; Lehman et al., 2006-b; Aguiar et al., 2007; Nasi et

al., 2007; Benites e Mamede, 2008; Muñoz e Camacho, 2010;

Ravaloharimanitra et al., 2011; Olson et al., 2012; Schäffler e Kappeler, 2014;

Luo et al., 2016); movimentação (Estrada e Coates-Estrada, 1996; McCann et

al., 2003; Goossens et al., 2006; Coelho, 2009; Peng-Fei et al., 2009; Boyle e

Smith, 2010; McLennan e Plumptre, 2012; Bracebridge et al., 2013; Tesfaye et

al., 2013; Luo et al., 2016); habitat (McCann et al., 2003; Sáenz-Jiménez, 2010;

Bracebridge et al., 2013; Olson et al., 2013; Tesfaye et al., 2013); recurso

alimentar (Peng-Fei et al., 2009; Ravaloharimanitra et al., 2011; McLennan e

Plumptre, 2012; Bracebridge et al., 2013); e migração (Razakamaharavo et al.,

2010). Destes estudos, quase não temos trabalhos sistemáticos que realmente

comprovaram que o corredor ecológico cumpriu seu objetivo.

O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia, Linnaeus, 1766; MLD) é

uma espécie endêmica da Mata Atlântica e está ameaçada de extinção. Entre

as principais ameaças estão a fragmentação e degradação das florestas

(Rylands et al. 2003). Os efeitos da fragmentação levam a uma saturação do

habitat remanescente, o que dificulta o encontro de territórios disponíveis para

a reprodução e interfere nos padrões sociais e no sistema de acasalamento

(Dietz e Baker 1993; Baker et al. 2002; Coelho, 2009) bem como perdas

genéticas e endocruzamento na população reintroduzida (Mickelberg, 2011).

De acordo com Coelho (2009), grande parte dos MLDs habita fragmentos com

tamanhos reduzidos e diferentes níveis de perturbação e qualidade do habitat,

o que não garante uma população viável para a espécie.

Desde 1997, a Associação Mico Leão Dourado - AMLD vem restaurando

a conectividade funcional entre fragmentos com corredores ecológicos

(Fernandes et al., 2008). A distância de conectividade funcional entre

fragmentos, isto é, a distância que um corredor deve ter para que de fato os

indivíduos o utilizem e cruzem fragmentos, é um importante fator na escolha de

Page 84: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

84

locais de implementação. Dada a importância desse parâmetro para tomada

de decisão sobre ações de conservação, é necessário obter dados

quantitativos sobre a relevância dessa cifra e sobre o real uso de corredores

por micos-leões-dourados.

Corredores ecológicos têm sido utilizados para implantação ou

manutenção de estruturas de conectividade, com o objetivo de proporcionar o

deslocamento de animais, a dispersão de sementes, aumento da cobertura

vegetal. Os corredores são considerados como facilitadores não só da

movimentação, mas também da reprodução e consequentemente promovem

aumento do fluxo gênico e do reestabelecimento de populações locais extintas,

além de promover um aumento na diversidade de espécies nessas áreas

isoladas (Britto, 2006; Chetkiewicz et al., 2006; Rocha et al., 2006; Fernandes

et.al., 2008). É importante lembrar que os corredores ecológicos também

podem apresentar efeitos negativos como elevar a dispersão de espécies

invasoras e doenças que podem afetar e até dizimar espécies nativas,

funcionar como dreno de indivíduos de populações vizinhas e expor estes a um

risco maior de mortalidade.

Para MLDs, Coelho et al. (2008) relata dois casos interessantes: o

primeiro caso é de uma conexão natural estabelecida entre dois fragmentos

que resultou em desmembramento demográfico de dois grupos de MLDs

resultante dos conflitos gerados por essa conexão. O segundo caso é de dois

novos grupos formados por indivíduos de dois grupos que habitavam duas

áreas fragmentadas que não possuem conexão. O estabelecimento desses

dois novos grupos mostrou que uma pequena matriz de pasto pode ser

eficiente para conectividade funcional entre fragmentos.

A ideia de implementar corredores ecológicos na área de ocorrência dos

MLDs é de que os mesmos contribuam para que a meta da AMLDS de que em

2025 seja atingida uma população de 2000 MLDs vivendo livremente em 25 mil

hectares de florestas protegidas e conectadas. Para tanto, é importante

compreendermos se tais implementações dos corredores ecológicos como

alternativa para o manejo, estão de fato sendo utilizadas pela espécie. Diante

do contexto exposto, justifica-se a realização de um estudo que verifique se os

MLDs estão usando um corredor ecológico implementado em uma área

extremamente fragmentada. Ressalta-se ainda, que desde as implementações

Page 85: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

85

dos corredores ecológicos, ainda não foi avaliado se estes cumprem com seu

objetivo inicial que é auxiliar na dispersão e conservação dos micos-leões-

dourados e se essa técnica conservacionista tem contribuído para o manejo da

espécie.

O presente estudo tem como objetivo principal observar se um corredor

ecológico amplia a área de uso de grupos que habitam fragmentos vizinhos a

esse corredor. Ainda buscamos observar como um corredor ecológico pode

afetar nas interações entre grupos através de sobreposição de área de uso.

Para isso, prentende-se responder as seguintes questões: 1) A composição e

estabilidade dos grupos estão relacionadas ao tamanho do fragmento ou

qualidade? Os grupos se mantêm estáveis? 2) Os grupos que habitam os

fragmentos conectados ao corredor possuem área maior? 3) Verificar se um

corredor ecológico faz parte daárea de uso de diferentes grupos de micos-

leões-dourados em área altamente fragmentada.

ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi conduzido na Fazenda Boa Esperança (22º39’23’’ S e

42º26’26’’ O), localizada no município de Silva Jardim, no Estado do Rio de

Janeiro, Brasil e inserida na Bacia Hidrográfica do Rio São João, RJ (Figura 5).

CAPTURAS

Foram observados três grupos de MLDs na Fazenda Boa Esperança. Os

grupos foram classificados de acordo com o nome dos fragmentos que

habitam. O grupo BEI habita o menor fragmento da Fazenda, BEI, e é

considerado o mais isolado, pois está separado por matriz de pasto dos demais

fragmentos. O grupo PB habita a Mata de Pindoba que possui conexão,

através do corredor ecológico, com o fragmento BEII, por sua vez habitado pelo

grupo BEII.

Com auxílio da equipe de campo da Associação Mico-Leão-Dourado,

realizamos uma captura e duas recapturas por grupo e identificação dos

indivíduos (Tabela 6). Os animais foram capturados com armadilhas tomahawk

(32” x 9” X 9”), cevadas em uma plataforma a 1,5 m do chão. Após a captura,

eles foram levados a um laboratório de campo, anestesiados com quetamina

Page 86: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

86

(0,04 a 0,08 mg – dependendo da idade do animal), avaliados clinicamente,

marcados com tatuagem e marcações individuais na cauda e em alguma parte

do corpo para identificar o grupo com tinta Nyanzol®, seguindo os métodos

descritos por Dietz et al. (1996). Após este procedimento os animais foram

soltos no mesmo local de captura após os efeitos da quetamina

desaparecerem. Um indivíduo por grupo recebeu um colar de telemetria

convencional (Peso 17 gramas, 150 MHz VHF, Holohil, Ontario, Canadá), que

foi trocado após 6 meses (Tabela 6).

Os animais foram capturados com armadilhas tomahawk (32” x 9” X 9”),

cevadas em uma plataforma a 1,5 m do chão. Após a captura, eles foram

levados a um laboratório de campo, anestesiados com quetamina (0,04 a 0,08

mg – dependendo da idade do animal), avaliados clinicamente, marcados com

tatuagem e marcações individuais na cauda e em alguma parte do corpo para

identificar o grupo com tinta Nyanzol®, seguindo os métodos descritos por

Dietz et al. (1996).

Foram considerados indivíduos adultos os animais com idade superior a

18 meses ou indivíduos desconhecidos que o peso excedia 550g (Dietz et al.,

1994). Animais entre 10 a 18 meses foram classificados como subadultos, já os

indivíduos com idades entre 4 e 9 meses são considerados juvenis e por

último, os infantis são indivíduos com idades de 0 a 12 semanas (Hankerson,

2008).

Page 87: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

87

Tabela 6. Composição dos grupos estudados na Fazenda Boa Esperança. Com relação ao sexo dos indivíduos do grupo: MR indica o Macho Reprodutor; FR indica a Fêmea Reprodutora; M indica indivíduo do sexo masculino; F indica indivíduo do sexo feminino. Com relação a idade: AD indica indivíduos Adultos; SA indica indivíduos Subadultos; JU indica indivíduos Juvenis; IN indica indivíduos Infantis. Indivíduos Grupo Sexo Idade Captura Recaptura 1 Recaptura 2

BE9 BEI MR AD 11/09/2013 Não Não

MP74 BEI FR AD 11/09/2013 12/02/2014 09/06/2014

MP72 BEI M SA 11/09/2013 12/02/2014 Não

MP112 BEI M JU 11/09/2013 09/06/2014 Não

MP113 BEI M JU 11/09/2013 12/02/2014 09/06/2014

MP130 BEI F JU 09/06/2014 Não Não

MP131 BEI F JU 09/06/2014 Não Não

BE10 PB MR AD 16/09/2013 13/02/2014 22/07/2014 MP73 PB FR AD 16/09/2013 27/11/2013 * Não

EB1 PB M SA 16/09/2013 13/02/2014 22/07/2014

EB2 PB F SA 16/09/2013 Não Não

EB3 PB F JU 16/09/2013 Não Não

EB4 PB M JU 16/09/2013 Não Não

FX2 BEII MR AD 17/09/2013 Não Não

BE6 BEII FR AD 17/09/2013 Não Não

MP75 BEII M AD 17/09/2013 Não Não

MP76 BEII M AD 17/09/2013 10/04/14 Não

MP77 BEII/PB F / FR AD 17/09/2013 13/02/2014 (PB) 22/07/2014 (PB)

MP78 BEII/PB F AD 17/09/2013 13/02/2014 (PB) Não

MP79 BEII F SA 17/09/2013 Não Não

MP81 BEII F SA 17/09/2013 Não Não

MP91 BEII M SA 17/09/2013 Não Não

MP92 BEII F JU 17/09/2013 Não Não

MP114 BEII M JU 17/09/2013 Não Não

MP115 BEII F JU 17/09/2013 Não Não

MP116 BEII ? IN 17/09/2013 Não Não

MP117 BEII ? IN 17/09/2013 Não Não

*Indivíduo encontrado morto

DELINEAMENTO

Os três grupos de MLDs foram acompanhados mensalmente no período

de setembro de 2013 a agosto de 2014, através de radiotelemetria

convencional (VHF). Dados sobre a composição do grupo, encontros de defesa

de território e localização foram registrados. Cada grupo foi acompanhado por

30 dias de coleta distribuídos em 11 meses consecutivos, sendo 15 dias

durante a estação chuvosa (outubro a março) e 15 dias durante a estação seca

Page 88: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

88

(abril a setembro). Cada dia de coleta foi uma manhã (07:00 – 12:00h) ou tarde

(12:00 – 17:00h), com o objetivo de localizar os animais nas diferentes horas

do dia de maneira uniforme, uma vez que os mesmos apresentam

comportamentos variados ao longo do dia.

A frequência de acompanhamento por grupo, tanto pela manhã como

pela tarde, foi de 06 horas por dia. Segundo Hankerson (2008), a

independência de dados coletados entre 08:00-11:00 ou 11:00-14:00 são

muito maiores do que aqueles coletados no início da manhã ou no final da

tarde. Foram coletados de 10 a 15 pontos de GPS por dia, a cada 20 minutos,

para observar o padrão de utilização de habitat e área de uso do grupo.

Informações referentes à composição do grupo, encontros e presença dos

saguis foram coletadas. O intervalo entre localizações foi escolhido para

garantir a independência estatística entre elas (Swihart e Slade, 1986).

Avistamentos ocasionais, realizados em dias em que a ida ao campo

tinha outros objetivos, também foram registrados. Conforme recomendações de

Girard et al. (2002) e Seaman et al. (1999), as áreas de uso foram calculadas

com no mínimo 100 pontos coletados por grupo ao longo do ano. Para que

pudéssemos estimar a área de uso do grupo dentro de intervalos de

confiabilidade razoáveis.

ANÁLISES

Todas as áreas de uso foram calculadas através do estimador de

densidade por Kernel. Esse estimador foi escolhido, pois não superestima a

área em locais muito fragmentados (Powell, 2003; Jacob e Rudran, 2006). A

área de uso foi calculada tanto para todo o período de monitoramento (área

total) como para cada estação (áreas sazonais), seca e chuvosa.

O estimador de densidade de Kernel é um método não paramétrico de

estimação de áreas de uso, sendo um dos mais utilizados pelos ecólogos

atualmente (Kernohan et al., 2001; Powell, 2000; Jacob e Rudran, 2006). Este

método utiliza as localizações para estimar a distribuição de utilização do

espaço pelos animais. Para isso, o estimador atribui, para cada ponto

amostrado, uma curva de densidade de probabilidade de utilização daquela

região, a qual depende da densidade de pontos próximos e do fator de

Page 89: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

89

suavização, h, que representa a incerteza da localização. As curvas de

densidade de probabilidade são multiplicadas e normalizadas, de maneira que,

dada uma extensão espacial definida, tem-se uma superfície de densidade de

utilização do espaço. Para esse método, foi calculado o kernel 95% (área que

compreende 95% do volume sob a superfície da distribuição de utilização) para

estimar a área de uso total e o kernel 50% para estimar as áreas centrais

(Jacob e Rudran, 2006). Para as estações em separado, somente o kernel 95%

foi calculado. Os valores de h adotados para a área de uso calculada para cada

grupo foram calculados pelo método ad hoc proposto por Kie (2013) e são

apresentados na Tabela 7.

Tabela 7. Valor do fator de suavização h utilizado nos cálculos de área de uso através do estimador Kernel para os grupos de MLDs da Fazenda Boa Esperança. Grupos Valores de h

Todos os

pontos

Estação seca Estação Chuvosa

BEI 17,17 21,77 30,26

PB 16,48 28,03 29,28

BEII 25,23 38,06 40,33

Para verificar as diferenças entre os tamanhos médios das áreas de uso

totais e sazonais, tanto entre os grupos amostrados como entre estações para

o mesmo grupo, foi utilizada uma Análise de Variância. Comparamos os três

grupos de MLDs com as variavéis total e sazonal (seca e chuvosa). Também

foi realizada uma Análise de Variância (ANOVA two way) do tamanho das

áreas de uso para observar se existem diferenças entre o tamanho da área de

uso para a estação e para os grupos. O critério de significância foi definido

como α = 0,05. Essas análises estatísticas foram realizadas no pacote SAS

University Edition.

Uma análise de sobreposição de área de uso dos grupos foi realizada

para a área de uso total e sazonal dos grupos. Para avaliar a sobreposição, foi

utilizada a Área do Kernel. A Área do Kernel de um grupo que tem

sobreposição com a área de uso de outro grupo. A função do Kernel deve

garantir uma estimativa de densidade de probabilidade válida. Dessa forma,

Page 90: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

90

calculamos a porcentagem de sobreposição da área de um grupo em relação a

área de outro grupo, quanto porcento da área de um grupo está dentro da área

de outro grupo. Os valores de sobreposição dos grupos diferem entre si. As

estimativas de área de uso foram feitas usando o pacote adehabitatHR no

ambiente R (R Core Team, 2016).

RESULTADOS

COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS DE MICOS-LEÕES-DOURADOS

O grupo BEI era composto inicialmente por cinco indivíduos em sua

primeira captura (Tabela 8). Durante todo o experimento os cinco indivíduos

permaneceram no grupo e em janeiro de 2014 foram avistados mais dois

filhotes. Em 12 de fevereiro de 2014, foi realizada a recaptura dos machos. Em

09 de junho de 2014, foi realizada a recaptura da fêmea reprodutora e a

primeira captura dos novos filhotes, que possibilitou a descoberta do sexo,

ambos eram do sexo feminino. No final do experimento o grupo era composto

por quatro machos e três fêmeas.

O grupo PB inicialmente era composto por seis indivíduos (Tabela 8).

No dia 27 de novembro de 2013, apenas ossos da fêmea reprodutora

juntamente com o colar de telemetria convencional foram encontrados

próximos a uma jaqueira em uma região de pasto na borda do fragmento da

mata de pindoba. Em 13 de fevereiro de 2014, foi realizada a recaptura do

grupo PB e apenas o macho reprodutor e o macho subadulto foram

recapturados. Na mesma data e no local de captura do grupo PB, foram

capturadas duas fêmeas adultas provenientes do grupo BEII. Em 22 de julho

de 2014 uma nova recaptura foi realizada nesse grupo. Apenas três indivíduos

foram recapturados (macho reprodutor, macho subadulto e uma das fêmeas). A

fêmea encontrava-se prenha durante a re-captura.

O grupo BEII era composto por 14 indivíduos, cinco machos, sete

fêmeas e dois filhotes com sexo não identificados (Tabela 8). O macho

reprodutor desse grupo era um dos mais antigos monitorados, tendo sido

capturado pela primeira vez em outubro de 2000. Os demais machos eram um

adulto, um subadulto, um juvenil e um infantil. As fêmeas eram compostas por

Page 91: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

91

uma adulta reprodutora, uma adulta, três subadultas, uma juvenil e uma infantil.

Em 13 de fevereiro de 2014, duas fêmeas subadultas dispersaram para o

grupo BEII e foram recapturadas na plataforma desse grupo. Em 13 de maio de

2014, o grupo foi considerado desaparecido após um mês de procura intensa

no fragmento e no redor, usando a telemetria e playbacks.

Tabela 8. Mudanças na composição dos grupos estudados na Fazenda Boa Esperança ao longo do estudo. Grupos

Período de capturas

Indivíduos

Machos Reprodutores

Fêmeas Reprodutoras

Machos Subadultos

Fêmeas Subadultas

Imaturos Total

BEI 11/09/13 1 1 3 0 0 5 12/02/14 1 1 3 0 0 5 09/06/14 1 1 3 0 2 7 PB 16/09/13 1 1 2 2 0 6 13/02/14 1 0 1 2 0 4 22/07/14 1 1 1 0 0 3 BEII* 17/09/13 1 1 3 4 5 14 10/04/14 1 1 3 2 3 10 22/07/14 0 0 0 0 0 0 *Grupo desaparecido

ÁREA DE USO

Durante a amostragem dos grupos BEI, PB e BEII, 210, 247 e 89

localizações georreferenciadas foram coletadas, respectivamente. Além dos

dias amostrados, avistamentos ocasionais foram registrados e utilizados para

delimitar as áreas de uso dos grupos, sendo 13 pontos para o grupo BEI, 14

para PB e 16 para BEII.

A área de uso do grupo BEII foi a maior área encontrada (Figura 7;

Tabela 9). Além da área de uso total dos grupos, utilizamos o estimador Kernel

95% para observar as diferentes áreas de uso apresentadas pelos grupos

separadas por estação (Tabela 9). Os grupos BEI e BEII apresentaram maiores

áreas de uso durante a estação chuvosa, enquanto que o grupo PB apresentou

área de uso maior durante a estação seca (Figura 10). Observamos que o

tamanho do grupo pode ter influenciado no tamanho do território, conforme

observado por Hankerson (2008) para animais que habitam uma Reserva

Biológica protegida. O grupo PB atravessa mais o corredor em direção a BEII

do que o inverso, uma vez que a qualidade do fragmento BEII é bem melhor

que PB.

Page 92: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

92

A B

Figura 7. Estimativas de uso de área dos três grupos de MLDs na Fazenda Boa Esperança calculadas utilizando o (A) Kernel 95% (B) Kernel 50%.

Tabela 9. Áreas de uso dos grupos da Fazenda Boa Esperança. Grupos Estação Métodos/Área de Uso (ha)

Kernel 95% Kernel 50% BEI Seca 6,79 - Chuvosa 7,95 - Total 6,93 1,00 PB Seca 17,24 - Chuvosa 15,49 - Total 15,31 2,19 BEII Seca 12,47 - Chuvosa 33,76 - Total 26,36 3,27

O corredor ecológico facilitou a movimentação dos indivíduos dos grupos

PB e BEII em ambas as estações e mesmo o grupo BEI habitar um fragmento

sem conexão através do corredor, porém considerado funcionalmente

conectado para possíveis dispersores através da matriz de pasto de 100

metros, o comportamento desse grupo é diferente e os mesmos podem não ter

tido motivações para realizar incursões para outros fragmentos. Durante a

estação seca, foram obtidos apenas 18 pontos do grupo BEII, pois o grupo

desapareceu no começo dessa estação. As áreas centrais calculadas através

do Kernel 50%, não aparecem no corredor, porém os grupos PB e BEII

apresentam áreas centrais nas bordas do corredor dentro de seus fragmentos

de origem (Figura 9).

Page 93: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

93

A B Figura 8. Estimativa da área de uso dos três grupos de MLDs na Fazenda Boa Esperança durante a (A) estação chuvosa e (B) estação seca. AX2 = BEI; EB = PB; EX = BEII.

Há diferença entre os tamanhos médios das áreas de uso totais e

sazonais entre os três grupos. O grupo BEII apresenta uma área maior que os

demais grupos observados. Na comparação entre os três grupos com as

variáveis das estações seca, chuvosa e total, observamos que há diferença

significativa (Anova: F= 5,47, p < 0,04).

Os três grupos apresentaram tamanho de território semelhante durante

ambas as estações. Isso demonstra que os grupos utilizam os fragmentos de

maneira semelhante ao longo do ano, sendo assim as diferenças entre o

tamanho da área de uso para a estação, pudemos observar que não há

diferença significativa (Anova: F = 1,64, p > 0,33).

O grupo PB foi o grupo que mais se sobrepôs em relação aos demais.

Como seu habitat é considerado o de menor qualidade, entende-se que o

mesmo expanda suas áreas para outros fragmentos em busca de recursos

(Tabela 10). A partir da análise realizada, observamos que, ao mensurar a

sobreposição usando a área sobreposta do kernel 95%, os valores de

sobreposição são diferentes para cada grupo; por exemplo, 24,3% da área de

uso do grupo BEII tem sobreposição com o grupo PB, enquanto a área de uso

do grupo PB sobrepõe-se em 80,3% com o a do grupo BEII.

Page 94: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

94

Tabela 10. Sobreposição entre as áreas dos grupos, usando a Área do Kernel (AK) para as áreas de uso sazonal e total dos grupos. Grupos

Grupos Sobrepostos

Seca

Chuvosa

Total

BEI-PB 21.4% 23.5% 13.3% BEI-BEII 0% 17.6% 20% PB-BEI 4.8% 6.7% 3.2% PB-BEII 51.6% 72.8% 80.3% BEII-BEI 0% 1.5% 1.4% BEII-PB 19.8% 22.1% 24.3%

O corredor não fez parte das áreas de uso centrais (Kernel 50%) de

nenhum dos grupos observados e foram encontrados apenas 1%, 3% e 9%

dos pontos georreferenciados dentro do corredor pelos grupos BEI, PB e BEII

respectivamente. Foram registrados 42 encontros entre os grupos PB e BEII e

42 encontros de defesa de território para os grupos BEII e PF. No entanto, ao

observa-se que a área de uso pelo kernel 95% se sobrepõe com o corredor

para os grupos PB e BEII (Figuras 9 e 10), tanto para as áreas de uso totais

quanto para as sazonais.

DISCUSSÃO

COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS DE MICOS-LEÕES-DOURADOS

O grupo BEII foi reintroduzido no fragmento BEII em 2000, enquanto o

grupo BEI teve sua reintrodução realizada em 2001 no fragmento BEI. Ao

analisar o histórico dos grupos (dados cedidos pela equipe de campo da

AMLD), foi possível observar várias mudanças na composição dos grupos ao

longo dos anos. A dinâmica populacional que ocorre entre os fragmentos

estudados foi observada por Coelho (2009) e constatada que dispersores se

deslocaram entre BEII e PF e entre BEII e BEI. O grupo que habita PF foi

criado devido à essa dinâmica, uma vez que animais provenientes de BEII e

BEI se uniram e formaram um novo grupo que passou habitar PF

Apenas o grupo BEI se manteve estável durante o experimento. Ao

longo do experimento, 42 encontros entre PB e BEII no corredor ecológico

foram acompanhados pela equipe. O grupo PB começou a sofrer alterações

em sua composição à partir da morte da fêmea reprodutora MP73. Após a

Page 95: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

95

morte dessa fêmea, os indivíduos EB2, EB3 e EB4 desapareceram e não foram

encontrados nos fragmentos próximos e nem como indivíduos satélites. Em

fevereiro de 2014, observou-se a emigração de duas fêmeas MP77 e MP78 do

grupo BEII para esse grupo, uma vez que a vaga para fêmea reprodutora de

PB estava disponível.

Após a entrada das duas fêmeas, observaram-se maiores localizações

do grupo no fragmento BEII, uma vez que as fêmeas eram provenientes desse

fragmento e expandiram a área de uso do grupo PB para alguns locais do

fragmento BEII. Segundo Oates (1987), a composição dos grupos também é

um fator que afeta o tamanho da área de vida de um grupo. A equipe de

campo ainda presenciou sete travessias pelo corredor. Notou-se que o grupo

não abandonou o fragmento da mata de pindoba, sempre sendo localizados

em ambos os fragmentos.

A oportunidade de ocupar uma vaga reprodutiva, como no caso de PB

que tinha a vaga reprodutiva da fêmea desocupada, também influencia a

decisão de saída de um indivíduo do seu grupo de origem para um potencial

novo grupo ou junção com um parceiro reprodutivo (possibilidade da fêmea

filha dos reprodutores de PB em se juntar com um macho de outro grupo)

(Pusey e Packer, 1987). Observou-se a imigração de duas fêmeas do grupo

BEII para o grupo PB, situação esperada quando se tem a oportundiade de

assumir uma vaga reprodutiva em um grupo vizinho (Baker e Dietz, 1996).

Durante o monitoramento pós recaptura do grupo BEII, notou-se que

apenas quatro indivíduos compunham o grupo. A partir do dia 13 de maio de

2014, não foi possível localizar mais nenhum indivíduo desse grupo. Foram

realizadas campanhas de campo com auxílio de telemetria convencional e

metodologia de playbacks em busca do grupo na Fazenda Boa Esperança e

nos fragmentos das fazendas vizinhas, com a intenção de descobrir se o grupo

BEII havia dispersado para outros fragmentos, porém não foi obtido sucesso

em tais incursões e o grupo foi considerado como desaparecido. Como os

indivíduos reprodutores desse grupo eram animais com idade avançada, talvez

esses animais tenham morrido e consequentemente o grupo se desmembrou.

Em aproximadamente um ano de estudo, houveram mudanças

demográficas relacionadas a oportunidades de reprodução, ao tamanho do

fragmento e à conectividade. Apesar da saturação dos fragmentos, do ponto de

Page 96: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

96

vista conservacionista, o uso frequente do corredor por dois dos grupos e a

observação da emigração e consequente reprodução devido à vaga

reprodutiva disponível em um deles sugerem que o corredor facilitou esse

evento de emigração.

ÁREA DE USO

O valor médio da área de uso dos grupos da Fazenda Boa Esperança,

através do estimador Kernel, é de 16,2 hectares. Kierulff et al. (2002) ressaltam

que as diferenças entre tamanhos de áreas de uso encontradas nas diferentes

populações do gênero Leontopithecus possuem relação com os diferentes

habitats, com a quantidade de recursos disponíveis e também com a qualidade

do habitat. Quanto menor a qualidade do habitat, maior é a área de vida. Existe

uma tendência de que espécies que ocupam habitats com menor qualidade ou

grandes variações na disponibilidade de recursos devido à sazonalidade usem

áreas maiores para suprir suas necessidades (Mazur et al., 2013). Carvalho et

al. (2015) evidenciam que os fragmentos florestais da Fazenda Boa Esperança

apresentam alterações na florística e nos padrões estruturais resultantes das

modificações que os mesmos sofreram com a fragmentação e a ação

antrópica. As ações antrópicas que reduziram as áreas florestais contribuíram

para o isolamento das populações de MLDs da fazenda e com a movimentação

interfragmentar através do corredor, uma vez que PF é predominada pela

pindoba, uma espécie que não propicia frutos para os MLDs.

Neste estudo observamos que L. rosalia ocupa áreas muito menores do

que o esperado em estudos anteriores (Dietz et al., 1997; Lapenta et al., 2007;

Procópio-de-Oliveira et al., 2008; Hankerson e Dietz, 2014). Um exemplo é o

grupo BEI, que habita um fragmento de apenas 9 hectares, o que representa

25% do tamanho mínimo de um território social. Entretanto, permanece em

aberto a avaliação de quais são as consequências comportamentais, genéticas

e de sobrevivência para esses grupos em fragmentos tão pequenos e isolados.

Diferentemente dos estudos anteriores, em que os grupos habitam áreas de

Reserva Biológica preservada e apresentam territórios maiores, este estudo

apresenta áreas territoriais menores provavelmente por estarem encurralados

em fragmentos pequenos, resultando em grande sobreposição e muitos

Page 97: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

97

encontros. Dessa forma, podemos observar um estresse social que pode afetar

a estabilidade dos grupos.

Coelho (2009) destaca que grupos grandes de MLDs não são estáveis e

são mais facilmente desestabilizados que grupos menores. São mais

frequentemente observados em fragmentos do que em áreas protegidas como

as Reservas Biológicas e apresentam mais de uma fêmea reprodutora na sua

composição. O tamanho reduzido dos fragmentos pode explicar as oscilações

demográficas e instabilidade desses grupos sociais, uma vez que ele influencia

na dispersão, formação de casais, territorialidade e tolerância social entre

indivíduos e grupos, além de provocar alterações comportamentais (Turner,

1996). Além disso, o tamanho das áreas de uso é menor do que o observado

para espécie. A qualidade do ambiente e as alterações na disponibilidade de

recursos, interfere na população, já que esta é dependente do ambiente para

obter recursos alimentares e também abrigos (Schmidlin, 2004).

A análise do tamanho territorial total e sazonal dos grupos PB e BEII

incluem o corredor na área de uso. As variações no ambiente, densidade e

disponibilidade de recursos chaves afetam diretamente no tamanho e a

estabilidade temporal do território dos micos-leões (Valladares-Padua, 1993;

Dietz et al., 1997; Prado, 1999; Rylands e Kleiman, 2002). Ao utilizar o Kernel

50%, obtivemos as áreas de uso centrais dos grupos durante todo o período de

coleta de dados e podemos observar uma dependência dos MLDs com relação

a floresta. O grupo BEII apresenta grande frequência de ocorrência nas áreas

periféricas do fragmento próximas ao corredor, provavelmente defendendo o

seu território, uma vez que foram observados 42 encontros entre os grupos PB

e BEII, cada um em sua área periférica próxima ao corredor.

Já era esperado observar diferenças no tamanho da área de uso entre

os grupos, uma vez que eles habitam fragmentos de diferentes tamanhos e

qualidade. As áreas de uso dos grupos BEI e PB foram semelhantes em ambas

estações, porém a área de uso do grupo BEII apresentou grande mudança no

tamanho em relação a sazonalidade, mas é válido lembrar que esse grupo

desapareceu durante a estação seca e comprometeu a coleta de dados. As

mudanças territoriais desse grupo tiveram relação com a mudança na

composição do grupo, uma vez que o grupo, após “perder” duas fêmeas para

Page 98: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

98

PB se afastou da área próxima ao corredor e passou a utilizar áreas mais

distantes do corredor.

O grupo PB foi o que mais apresentou sobreposição com relação aos

demais grupos, apesar de a avaliação da sobreposição sazonal ter ficado

comprometida devido ao baixo número de localizações do grupo BEII na

estação seca. Na estação seca, os animais tendem a defender mais o território,

uma vez que a disponibilidade de recursos fica comprometida e influencia nos

deslocamentos exploratórios dos indivíduos. Já na estação chuvosa essa

sobreposição de área é mais tolerada, pois ocorre um maior compartilhamento

da área, porque tem uma disponibilidade muito maior de recursos e não tem

tanta necessidade de competição pelos mesmos e nem necessita de grandes

deslocamentos em busca destes.

A sobreposição de dados de movimento de vários grupos monitorados

simultaneamente oportuniza quantificar espacialmente e temporalmente as

interações entre os indivíduos (Wakefield et al. 2013; Demšar et al . 2014;

Kranstauber et al., 2016). Assim como observado por Prado (1999), Raboy e

Dietz (2004), Schmidlin (2004), Lapenta et al. (2007), Procópio-de-Oliveira et

al. (2008), as áreas de sobreposição dos grupos PB e BEII se deram nas

periferias das áreas de vida destes dois grupos e no corredor ecológico que

conecta os dois fragmentos, o que pode reforça a ideia de que os grupos se

concentram nas fronteiras próximas ao corredor com intuito de defender seus

territórios. Assim como observado por Coelho (2009), a invasão de um território

por um grupo vizinho levou a uma perda grande, iniciando a alteração na

composição de um grupo através da emigração de duas fêmeas e

posteriormente no desaparecimento do restante do grupo.

Não foram detectadas áreas centrais de uso no corredor. Como esse

corredor não possui fontes alimentares ressalta-se que o mesmo foi utilizado

para travessias. Este corredor possibilitou a visualização de mais movimentos

entre os fragmentos, tanto pelo grupo PB que habita a PF como pelo grupo

BEII que habitava o fragmento BEII. O grupo BEI ficou isolado e, mesmo a

distância entre os fragmentos que eles precisariam percorrer ser menor do que

a do corredor, não foram observadas movimentações do grupo BEI para a PF e

nem do grupo PB para o fragmento BEI. Isso sugere que a matriz de pastagem

Page 99: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

99

entre os fragmentos inibe o movimento dos indivíduos, se comparada à

situação do corredor mais sul.

Através da área de uso dos grupos foi possível inferir que os grupos PB

e BEII atravessam o corredor e utilizam os fragmentos vizinhos. A telemetria

convencional possibilitou a observação do uso do corredor pelos grupos

monitorados, porém não foi possível quantificar a frequência de uso do

corredor, uma vez que os dados não foram coletados continuamente. Em

estudo paralelo a esse com telemetria digital, não foram detectadas travessias

como com a telemetria convencional. O monitoramento auxiliado de telemetria

convencional e observações diretas da equipe de campo fornecem dados

importantes para entendermos a dinâmica de grupos em pequenos fragmentos,

otimizando informações sobre a biologia e ecologia da espécie, como por

exemplo, a utilização do corredor ecológico.

Uma recomendação para estudos futuros que usem telemetria

convencional é que os grupos sejam acompanhados por dias consecutivos e

desde a saída do oco até o retorno para o oco. Acompanhar os animais

durante o dia inteiro pode apresentar uma melhor visão das áreas de uso dos

grupos, pois a espécie leva em consideração a escolha dos ocos de dormida é

influenciado pela disponibilidade de recursos (Prado, 1999; Kierulff et al., 2002;

Kleiman e Rylands, 2002; Schmidlin, 2004). Longos intervalos entre as coletas

de dados reduzem fortemente as chances de se observar as travessias através

de corredores.

Também é de extrema importância a instalação de uma estação fixa de

coleta de dados pluviométricos na região dos trabalhos com MLDs, pois a

ausência dessa informação impossibilita análises mais aprofundadas relativas

a como os animais sofrem interferência da dinâmica das estações. As

alterações sazonais influenciam nas mudanças comportamentais sofridas pelas

populações, pois interferem diretamente na procura de recursos alimentares e

locais alternativos, uma vez que os recursos sazonais também são importantes

na manutenção dos MLDs em períodos de baixa disponibilidade de recursos

preferidos pela espécie (Kierulff et al., 2002).

Com os dados coletados, pode-se concluir que o corredor ecológico

estudado atingiu seu objetivo conservacionista, possibilitou o deslocamento dos

Page 100: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

100

MLDs entre fragmentos isolados, bem como a troca genética, decorrente da

dispersão de indivíduos entre os grupos que utilizaram o corredor.

Esse é o primeiro estudo que avaliou quantitativa e diretamente o uso de

corredores por micos-leões-dourados. Nós avaliamos como ocorre a dinâmica

de composição de grupos de MLDs em paisagens muito fragmentadas, e

verificamos áreas de uso bem menores do que o esperado em estudos

anteriores. Esse estudo ainda permitiu observar que o corredor: é utilizado para

deslocamentos, uma vez que as espécies vegetais disponíveis no corredor não

propiciam fonte alimentar e nem abrigo; e que conecta fragmentos vizinhos e

que são utilizados por grupos vizinhos para compor sua área de uso. Além

disso, apesar de não haver como indicar que esse fator foi determinante, as

análises apresentadas indicam que o corredor facilitou eventos de emigração e

imigração entre grupos vizinhos.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos as fontes de financiamento da pesquisa: Lion Tamarins of

Brazil Fund, Idea Wild, Cleveland Metroparks Zoo, FAPERJ (bolsa de

doutorado: 101.448/2011) e CAPES (bolsa de doutorado sanduíche: BEX -

10792/14-7). Obrigada a Equipe de campo da AMLD, Patrícia Santiago, Cassio

Machado e Fabiana Spinelli pelo auxílio nas coletas de dados.

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Page 111: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

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DISCUSSÃO GERAL

Entender o uso do espaço por espécies em extinção é um fator

determinante para a tomada de decisões para o planejamento da conservação.

A técnica de radiotelemetria permite obter informações sobre a ecologia,

o comportamento de populações silvestres, área de vida, padrão de

deslocamento, utilização de habitats e padrões de atividades, mesmo que a

distância, através de um transmissor acoplado ao animal que emite sinais de

rádio captados por um receptor (Jacob e Rudran, 2006). Apenas seis estudos

com diferentes espécies (Selonen e Hanski, 2003; Dzialak et al., 2005;

Castellón e Sieving, 2006; Gillies e St. Clair, 2008; Asari et al., 2010; LaPoint et

al., 2013) e um estudo com MLDs (Coelho, 2009) avaliaram o uso de

corredores ecológicos através dessa técnica.

A radiotelemetria é uma metodologia eficiente para o acompanhamento

dos animais em vida livre, mas demanda muito tempo e investimento e

normalmente restringe-se a apenas a uma única espécie.

Apesar da telemetria ser uma boa ferramenta para rastrear padrões de

movimento animal, os dados que a mesma gera, muitas vezes são de difícil

interpretação (Patel et al., 2015). Mesmo com o equipamento de telemetria

automatizada digital ter apresentado problemas, tanto ele quanto a telemetria

convencional foram capazes de apresentar dados referentes ao uso do

corredor pelos MLDs, corroborando com Bueno, 2004 e Rocha et al., 2006 que

os corredores devem servir de canal para deslocamentos entre fragmentos

anteriormente separados.

Detectar a presença dos MLDs e a ausência dos saguis nos corredores

com o uso da telemetria digital automatizada é de extrema relevância para

entendermos como a biologia da conservação, principalmente em paisagens

alteradas e dinâmicas metapopulacionais (Hanski e Thomas, 1994; Rodrigues

et al., 2000; Gaston e Rodrigues, 2003; Brotons et al., 2004; Cushman e

McGarigal, 2004).

O entendimento sobre os padrões de uso do habitat por uma espécie

são extremamente importantes para compreender a ecologia animal (Hart et

al., 2015). É importante compreendermos os movimentos dos saguis invasores

na área de ocorrência dos MLDs por eles fornecerem informações críticas para

Page 112: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

112

o manejo da conservação, compreender como a espécie utiliza a paisagem e

contribuir para estudos que apontem os impactos causados a fauna local.

Uma alternativa para obter dados mais precisos de localização dos

MLDs seria a utilização de colares de GPS, porém, esses colares ainda são

muito grandes e pesados, tornando-se inviáveis para essa espécie. Camp et al.

(2016) observaram que a cobertura vegetal reduziu significativamente o

desempenho da telemetria GPS, o que poderia comprometer o desempenho

com os MLDs, uma vez que a espécie é arborícola e utiliza, na maioria das

vezes, ocos como locais de dormida.

A telemetria convencional possibilitou observar como este corredor é

utilizado e também através dos parâmetros demográficos que foram capazes

de detectar a taxa de imigração e emigração e ocupação de áreas, mesmo que

o fluxo gênico não tenha sido medido diretamente, observação semelhante a

que Beier e Noss (1998) e Coelho (2009) observaram em seus estudos.

Diferentemente do que foi observado por McCann et al. (2003); Nasi et

al. (2007); Sáenz-Jiménez (2010); Tesfaye et al. (2013), apesar do corredor

fazer parte da área de uso de dois grupos estudados, a espécie não utilizou o

corredor como extensão do habitat. Esse corredor não possui espécies

vegetais que propiciem locais de dormida para os MLDs.

Segundo Spironello (2001), uma forma de se investigar efeitos de

fragmentação em primatas é a realização de estudos de área de vida, pois este

tipo de estudo possibilita análises de requerimentos de áreas para futuras

iniciativas de conservação em fragmentos. A área em que se localizam os

fragmentos desse estudo é amplamente fragmentada e desconexa, dificultando

oportunidades de expansões de território e oportunidades reprodutivas para

indivíduos em idade reprodutiva.

Habitats fragmentados tendem a isolar populações e limitar as

oportunidades de dispersão (Oklander e Corach, 2013). A dispersão é de

extrema relevância para a manutenção da conectividade populacional e

também para diminuir o risco de extinção e a perda de variabilidade genética

entre as populações (Pope, 1992; With e King, 1999; Gonçalves et al., 2003;

Ezard e Travis 2006).

A capacidade de dispersão de primatas em florestas fragmentadas é um

fator importante para a sobrevivência das espécies em longo prazo, pois além

Page 113: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

113

de depender de características específicas de cada espécie também depende

da configuração espacial da paisagem. A redução na habilidade de dispersão

causada pela fragmentação obriga espécies de primatas a viverem em

pequenos fragmentos, o que altera seus padrões de forrageamento e

atividades, sua organização social e condições fisiológicas (Estrada e Coates-

Estrada, 1996; Chiarello e de Melo, 2001; Clarke et al., 2002; Bicca-Marques,

2003).

A presença de corredores é fundamental para a conservação,

principalmente em espécies que dispersam individualmente, pois contribuem

para a dinâmica de metapopulações e conectam fragmentos que antes eram

isolados e limitantes para o movimento individual (Swart e Lawes, 1996).

Estrada e Coates-Estrada (1996), McCann et al. (2003), Coelho (2009),

Peng-Fei et al. (2009), Boyle e Smith (2010), McLennan e Plumptre (2012),

Bracebridge et al. (2013), Tesfaye et al. (2013) observaram a dispersão de

diferentes espécies de primatas em ambientes conectados através de

corredores ecológicos. Os corredores devem proporcionar um aumento na

capacidade de dispersão de primatas de maneira que contribua para a

sobrevivência em longo prazo das populações (Ceballos-Mago e Chivers,

2013).

A ausência de conexão em fragmentos florestais isolados pode alterar a

estrutura de uma população animal, afetando sua diversidade genética bem

como o comportamento dos animais, pois contribui para mudanças na área de

vida e afeta os padrões de movimentação animal (Trombulak e Frissell, 2000;

Huck et al., 2011).

Apenas o estudo de Razakamaharavo et al. (2010) identificou

diretamente o fluxo gênico entre populações de lêmures. Coelho (2009) relata

um caso em que o corredor proporciona a interação entre grupos e a formação

de um novo grupo e consequentemente transferência de genes entre a

população. Apesar de pouca informação sobre os impactos do isolamento e

redução genética da diversidade de primatas, dados genéticos apresentam

elevada importância para a conservação destes animais (Milton et al., 2009).

Nem sempre conexões são benéficas à espécie, podendo levar a

desmembramento demográfico através de conflitos (Coelho, 2009). O grupo

BEII começou a se desmembrar após a saída de duas fêmeas sub-adultas para

Page 114: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

114

o grupo PB e uma dos questionamentos que levantamos é se a saída dessas

fêmeas contribuiu para o desaparecimento do grupo BEII.

Corredores ecológicos visam propiciar a conexão entre fragmentos e

consequentemente aumentar as áreas de habitat de primatas, bem como

elevar o fluxo gênico das espécies para que não haja endogamia e perda da

variabilidade genética.

Estudos como o de Ceballos-Mago e Chivers (2013), sugerem a criação

de corredores ecológicos para aumentar a área de dispersão de primatas entre

fragmentos florestais. Uma sugestão viável e sustentável seria o aumento da

conectividade de florestas utilizando corredores agroflorestais (Asare et al.,

2014; Cullen Jr. e Valladares-Paduá, 2012). Essa iniciativa beneficia também os

produtores rurais ao mesmo tempo em que promove a conexão entre

fragmentos inicialmente isolados. É um ponto positivo para que produtores

rurais sejam motivados a contribuir para a conservação dos habitats.

Outra sugestão que pode contribuir para as espécies que habitam

ambientes altamente fragmentados devido à agricultura seria a implantação da

agricultura sintrópica. A agricultura sintrópica criada por Ernst Gotsch propõe

inovar a produção agrícola de forma mais harmoniosa com o meio ambiente,

através de princípios e técnicas que viabilizam integrar produção de alimentos

à dinâmica de regeneração natural de florestas (Gotsch, 1997; Andrade e

Pasini, 2014). Esse tipo de agricultura poderia contribuir para a repopulação de

áreas anteriormente inóspitas bem como ampliar o habitat de várias espécies

animais.

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Page 121: USO DE CORREDOR ECOLÓGICO POR MICOS-LEÕES-DOURADOS

121

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como a dispersão é um processo ecológico importante na sobrevivência

das espécies, observa-se a necessidade que a paisagem seja permeável e

permita a movimentação interfragmentar com as mais diferentes finalidades

(abrigo, alimento, reprodução). A movimentação entre fragmentos varia desde

movimentos diários como padrões de forrageamento até movimentos

dispersivos que ocorrem sazonalmente e apresentam longas distâncias. Ainda

se observam fatores que influenciam na dispersão que são, além da perda de

habitat, a invasão de espécies exóticas e mudanças climáticas.

Os corredores ecológicos compõem uma das estratégias

conservacionistas mais promissoras, pois diminuem a distância entre os

fragmentos e contribuem para que a movimentação das espécies em áreas

protegidas e evitam que elas se exponham durante movimentação em áreas

abertas, como matriz de pastagem. Corredores ecológicos visam propiciar a

conexão entre fragmentos e consequentemente aumentar as áreas de habitat

das espécies, bem como elevar o fluxo gênico das espécies para que não haja

endogamia e perda da variabilidade genética. Os corredores ecológicos

implementados pela Associação Mico Leão Dourado têm cumprido seu papel

de conectar fragmentos isolados e propiciar incremento na mobilidade das mais

diferentes espécies de vertebrados (Carlos, 2006; Ahmadnia, 2013). Os micos-

leões-dourados, espécie bandeira da implementação dos corredores na Mata

Atlântica da baixada fluminense, foram avaliados em apenas um corredor

ecológico e foi constatado que a espécie tem se utilizado dessa ferramenta

ecológica para travessias que ampliaram suas áreas de uso e propiciaram

imigração e emigração em grupos vizinhos que habitam os fragmentos

conectados pelo corredor.

Dois diferentes equipamentos e metodologias foram utilizados para

avaliar a viabilidade de corredores ecológicos: Radiotelemetria digital

automatizada e radiotelemetria convencional.

A radiotelemetria digital automatizada possui a vantagem de requerer

menos tempo dos pesquisadores em campo, além de ser menos intrusiva no

ambiente e no comportamento dos indivíduos. Porém o equipamento testado

ainda necessita passar por melhorias para que possa contribuir na coleta de

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122

dados mais precisos e completos da atividade dos MLDs em paisagens

fragmentadas conectadas ou não. Para que esse equipamento possa

responder a questões referentes ao uso do corredor ecológico pelos micos-

leões-dourados, é necessária uma mudança na metodologia proposta, mais

receptores devem ser inseridos nas proximidades do corredor e também dos

fragmentos. Com esse equipamento não é possível obter dados referentes a

área de uso dos grupos, uma vez que o relevo influencia na atuação do

equipamento e não é possível conseguir a localização exata dos indivíduos, o

que não possibilita a tomada de pontos georreferenciados. Sugere-se o uso

desse equipamento para estudos relacionados a presença e travessias nos

corredores ecológicos.

A radiotelemetria convencional possui como vantagem o

acompanhamento dos animais em vida livre e a precisão na localização do

animal. Entretanto, é um método intrusivo, com equipamentos de alto custo e

necessita que o pesquisador desprenda muitas horas em campo para a

obtenção dos dados, o que eleva os custos do projeto, pois necessita de mais

recursos para pessoal, equipamentos, material de consumo e despesas com

transporte.

No estudo relacionado com grupos de MLDs em fragmentos conectados

por corredor ecológico, esse equipamento possibilitou a obtenção de dados

referentes a área de uso e constatou-se que o corredor atingiu uma das suas

metas que é a de propiciar movimentos entre fragmentos anteriormente

isolados. Porém não foram observados movimentos diretos dos animais dentro

do corredor durante a coleta de dados, apenas a evidência através das áreas

de uso que esses grupos têm utilizado o corredor ecológico para travessias e

consequentemente para a ampliação das suas áreas de uso.

Sugere-se que seja investigado o uso pela espécie em corredores de

diferentes tamanhos, larguras e composição. Recomenda-se que os grupos

passem a ser monitorados por dias consecutivos e completos (da saída do oco

até o retorno para o oco), para que aumentem as chances de observação das

travessias pelo corredor. A radiotelemetria convencional é amplamente

utilizada para monitoramento de grupos ou apenas indivíduos. Sugere-se que

esse equipamento seja utilizado para a obtenção de dados de área de uso,

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123

movimentação, presença, comportamento, padrões de atividade e recurso

alimentar.

Devido a experiência em campo, concluimos que o equipamento mais

eficiente e viável para analisar o uso de corredores ecológicos por MLDs é a

radiotelemetria convencional. Esse equipamento é amplamente utilizado pela

Associação Mico Leão Dourado para o monitoramento da espécie e tem sido

bastante eficiente e apresentado poucas falhas, apesar de demandar muito

tempo da equipe em campo.

O objetivo inicial do estudo tentou aliar as duas metodologias para

identificar qual delas seria a mais eficiente e mais barata no monitoramento do

uso de corredores ecológicos por micos-leões-dourados, porém devido à

inúmeras falhas do equipamento digital automatizado, não foi possível obter

dados precisos que respondessem ao objetivo inicial. Para que essa pergunta

seja respondida, necessita-se que as recomendações de melhoria deste

equipamento sejam realizadas, podendo assim possibilitar que a junção desses

dois equipamentos possa contribuir para a obtenção de dados mais precisos e

detalhados da atividade dos MLDs em paisagens fragmentadas conectadas ou

não por corredores ecológicos.

Uma recomendação que merece atenção especial é a instalação de uma

estação fixa de coleta de dados pluviométricos na região dos trabalhos com

micos-leões-dourados, pois a ausência dessa informação impossibilita análises

mais aprofundadas e percepção de como os animais sofrem interferência da

dinâmica das estações.

Apesar do incremento populacional apresentado pelos MLDs nos últimos

anos, ainda há a necessidade da preservação e conservação dos

remanescentes da Mata Atlântica para assegurar a sobrevivência dessa

espécie na natureza. Faz-se necessário propiciar a conexão e proteção desses

fragmentos que asseguram não só a proteção dos micos-leões-dourados, mas

também de outras espécies animais e vegetais.

Os resultados obtidos com esses estudos contribuem para um melhor

entendimento das tecnologias utilizadas e da relevância da implementação dos

corredores ecológicos na Mata Atlântica da baixada fluminense. Estes

resultados servem como ponto de partida para melhorias nas metodologias e

equipamentos utilizados e podem servir como base para a realização de

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124

estudos em longo prazo que forneçam maiores e importantes informações para

a conservação de espécies ameaçadas de extinção como o mico-leão-dourado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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a Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre –

Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte.