Urinalise
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INTRODUÇÃO
A urina é constituída por uréia e outras substâncias químicas orgânicas e inorgânicas
dissolvidas em água e podem ocorrem grandes variações na concentração dessas substânciasdevido
a fatores como alimentação, atividade física, metabolismo orgânico, função endócrinae até mesmo a
postura corporal.
Aspecto
A urina, normalmente, tem aspecto límpido. Em casos patológicos, onde existe a presença
de grandes quantidades de piócitos, hemácias, células epiteliais, cristais e bactérias, a urina deverá
apresentar-se turva. Pode haver a contaminação por antissépticos, talcos, material fecal também
poderá produzir turvação da urina. O que também pode causar a turvação da urina é a presença de
matéria gordurosa (lipúria, quilúria).
Desta forma, a urina pode ser classificada como: límpida, ligeiramente turva e turva.
Odor
A urina normal apresenta odor característico, ligeiramente aromático. No entanto, após
algum tempo de repouso, a urina em decomposição apresentará odor pútrido ou amoniacal, devido à
fermentação bacteriana. Dieta e medicação também podem provocar variações no odor.
Cor
Geralmente a urina apresenta-se de cor amarela variando de tom claro a escuro. Em casos de
hematúria, a urina pode se tornar vermelha ou castanha dependendo do estado de conservação dos
eritrócitos. A ingestão de alimentos pode variar a cor da urina, por exemplo, a beterraba deixa a
urina de cor avermelhada. A medicação também pode provocar mudanças na cor da urina de forma
bastante variada como vermelha, verde, laranja, etc. A cor âmbar pode estar relacionada a um
estado patológico associado a problemas hepáticos.
Densidade
A medida da densidade é realizada com a finalidade de verificar a capacidade de
concentração e diluição do rim, também, o estado de hidratação do paciente, diabetes insípido e
inadequação da amostra por baixa concentração (STRASINGER, 2000).
A densidade da urina normal varia de 1015 a 1025, no volume de 24 horas. Em amostras
colhidas ao acaso, ela pode variar de 1003 a 1030.
pH
Pulmões e rins são os principais reguladores do equilíbrio ácido-base do organismo. Embora
um indivíduo sadio produza a primeira urina da manhã com pH ligeiramente ácido, entre 5,0 e 6,0,
o pH normal das outras amostras do dia pode variar de 4,5 a 8,0. Consequentemente, não existem
valores normais para o pH da urinário, mas esse valor deve ser considerado juntamente com outras
informações do paciente, tais como: valor do equilíbrio ácido-básico do sangue, função renal,
presença de infecção no trato urinário, ingestão de alimentos e tempo transcorrido após a coleta.
A alimentação pode ser responsável na alteração do pH urinário, como por exemplo, uma
dieta rica em proteínas aumenta a produção de fosfatos e sulfatos, acidificando a urina, já uma dieta
vegetariana faz com que o pH suba acima de 6,0. A medicação é um outro fator responsável por
altera estes resultados (MOURA et al., 2006).
Algumas situações fisiológicas também podem alterar o pH da urina. A urina noturna tem
pH mais baixo por causa da acidose respiratória fisiológica do sono (MOURA et al., 2006).
É importante lembrar que o pH urinário deve ser medido logo após a micção para se evitar a
elevação do valor devido a alcalinização causado pelo crescimento bacteriano (MOURA et al.,
2006).
O pH urinário é importante na determinação de acidose respiratória ou metabólica; alcalose
respiratória ou metabólica; anormalidades na secreção e reabsorção de ácidos e bases pelos túbulos
renais; precipitação de cristais e formação de cálculos; acompanhamento de tratamento das
infecções do trato urinário; determinação de amostras insatisfatórias.
Exame Químico da Urina
Para a realização de testes bioquímicos da urina, são utilizadas as tiras reativas. Estas são
constituídas por pequenos quadrados de papel absorvente impregnados com substâncias químicas e
presos a uma tira de plástico. Quando o papel absorvente entra em contato com a urina, ocorre uma
reação química que produz uma mudança cromática. As cores são interpretadas comparando-se com
a tabela cromática fornecida pelo fabricante. Nessa tabela aparecem várias tonalidades de cor para
cada substância a ser testada. Comparando-se cuidadosamente as cores da tabela com a cor presente
na tira, pode-se inferir um valor semiquantitativo: vestigial, +, ++, +++ ou ++++. A leitura da tira é
realizada por um equipamento automatizado.
Através da tira reativa é possível a determinação dos seguintes compostos:
Proteínas
A determinação de proteínas é a mais indicativa de doenças renal, pois a presença de
proteinúria muitas vezes é indicativa de doenças renais incipientes, o que torna essa análise muito
importante.
A urina considerada normal contém quantidade muito pequena de proteínas, em média
menos de 10 mg/dL ou 150 mg (30 a 50 mg) por 24 horas, e a principal proteína encontrada é a
albumina, por ter baixo peso molecular.
A determinação quantitativa é efetuada por testes químicos ou fitas reativas. A sensibilidade
desses ensaios está em torno da concentração de excreção protéica normal; portanto, podemos
avaliar as alterações com os resultados positivos.
O resultado qualitativo, geralmente, é expresso por: negativo, traços e positivo. O resultado
positivo vem acompanhado pelo número de cruzes respectivo, dado pelo grau de intensidade da
reação.
Glicose
É a análise bioquímica realizada com mais frequência na urina devido à sua utilidade na
detecção e no controle do diabetes mellitus.
No adulto a excreção da glicose, considerada dentro dos parâmetros, é de em média 130 mg
durante 24 horas, com a inclusão de concentrações menores de outros açúcares.
A glicose do filtrado glomerular é reabsorvida pelos túbulos que têm uma capacidade de
reabsorção de cerca de 160 a 180 mg/dL e quando as concentrações sanguíneas ultrapassam esses
valores, ocorre a glicosúria.
Além da glicose, temos outros açúcares redutores como a frutose, lactose, galactose, a
pentose, outras substâncias redutoras, tais como a creatinina e o ácido cérico, normalmente
excretadas pela urina. Estas substâncias podem dar falsos resultados positivos.
A prova mais sensível e específica utilizada para determinar a glicose na urina é a tira
reativa contendo glicose oxidase.
Bilirrubina
A bilirrubina é um composto amarelo muito pigmentado e produto da degradação da
hemoglobina. A presença de bilirrubina na urina pode ser a primeira indicação de hepatopatias, e
muitas vezes é detectada bem antes do desenvolvimento da icterícia, porque o limiar renal de
eliminação de bilirrubina é menor que 2 mg/dL enquanto que os indivíduos aparecem ictéricos,
quando a concentração de bilirrubina direta no sangue é maior que 2,5 mg/dL. Além disso, a
bilirrubina permite fazer a detecção precoce de outras disfunções como: cirrose, hepatite, doenças
da vesícula biliar, obstrução biliar e câncer.
Urobilinogênio
Assim como a bilirrubina, o urobilinogênio é um pigmento biliar resultante da degradação
da hemoglobina e derivado da bilirrubina pela ação da flora bacteriana intestina. Uma parte do
urobilinogênio é reabsorvido, retornando ao fígado. Uma pequena parte cai na circulação, sendo
excretada pelos rins.
Normalmente, o adulto excreta menos de 4 mg por dia. Esta excreção poderá estar
aumentada nas icterícias hemolíticas. Valores aumentados são também encontrados nas icterícias
parenquimatosas, cirrose hepática, constipação crônica. Aumentos menores são encontrados nas
icterícias obstrutivas e se a obstrução é completa, as quantidades poderão ser imperceptíveis.
Por ação da luz e do ar atmosférico, o urobilinogênio se oxida formando a urobilina. A
urobilina também se encontra na urina normal.
Sangue
O sangue pode estar presente na urina em forma de hemácias íntegras, denominada
hematúria, ou em presente como hemoglobina, que é o produto da destruição das hemácias e então
denominada hemoglobinúria.
A hemoglobinúria pode ter duas origens: da lise das hemácias derivadas de processos
hemorrágicos do trato urogenital ou resultante da excessiva destruição de hemácias.
Em condições normais, a hemoglobina é destruída e metabolizada no sistema retículo
endotelial e quando não ocorre uma metabolização normal, há ultrapassagem do limiar renal para a
hemoglobina (100 a 300 mg/dL), não sendo reabsorvida e sofrendo eliminação renal. Portanto, a
hemoglobinúria verdadeira está relacionada com um processo metabólico.
A hematúria pode ocorrer em casos de cálculos renais, glomerulonefrite, pielonefrite,
tumores, trauma, exposição a produtos ou drogas tóxica e inclusive por exercício físico intenso. A
hemoglobinúria pode ser decorrente de reações transfusionais, anemia homelítica, queimaduras
graves, infecções (laranja Tb) e exercício físico intenso. Ainda, a hemoglobinúria pode ocorrer
devido à lise das hemácias em urinas de muito baixas densidades e alcalinas.
Cetonas
O termo cetonas engloba três produtos intermediários do metabolismo das gorduras:
acetona, ácido acetoacético e ácido beta-hidroxibutírico.
Geralmente, não aparecem quantidades mensuráveis de cetonas na urina, pois toda a gordura
metabolizada é completamente degradada em dióxido de carbono e água. Mas, quando o uso de
carboidratos fica comprometido e o estoque de gordura precisa ser metabolizado para o suprimento
de energia, pode-se detectar cetonas na urina. Desta forma, este exame torna-se importante para a
monitoração do diabetes mellitus. Além disto, a utilização deste teste abrange a determinação de
acido diabética, controle da dosagem de insulina, carência alimentar e perda excessiva de
carboidratos.
Nitrito
A determinação do nitrito é útil para o diagnóstico precoce das infecções da bexiga (cistite),
pois muitas vezes os casos são assintomáticos ou os sintomas são vagos. A pielonefrite, processo
inflamatório dos rins e da pelve renal adjacente, é uma complicação freqüente da cistite não tratada
e pode acarretas lesão dos tecidos renais, comprometimento da função renal, hipertensão e até
mesmo septicemia.
Leucócitos
Os leucócitos são os achados mais freqüentes no exame de urina, e este índice pode indicar
uma possível infecção do trato urinário.
O método bioquímico não tem como objetivo medir a concentração de leucócitos, por isso a
quantificação deve ser feita por exame microscópico. Mas, o exame bioquímico possibilita
determinar a presença de leucócitos lisados o que não é possível pelo microscópio.
Exame Microscópico da Urina
Neste tipo de exame, após o preparo da amostra, faz-se a análise dos sedimentos da urina
através do microscópio óptico. Este estudo é muito importante para a avaliação do estado funcional
do rim.
É importante lembrar que os elementos que compõem o sedimento podem sofrer muitas
modificações estruturais devido a mudanças de pH, decomposição bacteriana, baixa densidade,
alterações provocadas por medicamentos e pelo tipo de dieta.
A amostra de urina deve ser recente e colhida segundo o pedido médico. Caso não haja
recomendação especificada, colher a primeira urina da manhã, que é mais concentrada, as urinas
hipotônicas podem causar lise celular e dos cilindros. Nos homens, colher o segundo jato; nas
mulheres, após higiene íntima. Isto evitará contaminações com a secreção vaginal, uretral ou
prostáticas.
As urinas são centrifugadas (1500 rpm / 5 minutos), o sobrenadante é desprezado e em
seguida se ressuspende o sedimento e se observa uma gota do mesmo ao microscópio ótico entre
lâmina e lamínula.
Leucócitos e piócitos
Os leucócitos são os glóobulos brancos que permanecem com suas características
morfológicas intactas. Já os piócitos constituem leucócitos degenerados resultantes da luta contra
infecção microbiana. A presença de piócitos nem sempre significa infecção renal. Eles apresentam
granulações em seu interior, constituídas de bactérias fagocitadas.
Hemácias
Num exame realizado em urina recente, colhida há poucos momentos, quando os elementos
do sedimento ainda não sofreram alterações, a forma das hemácias permanece inalterada. É
importante notar que, em urinas hipotônicas, ocorrem lises dos elementos celulares.
Nos vários processos hemorrágicos encontramos hemácias no sedimento. O local das
hemorragias, do emsmo modo que o local das infecções (comprovado pela piúria), pode ser
verificado, colhendo-se uma primeira porção de urina (primeiro jato) e, em seguida, uma segunda
porção (segundo jato). Se, ao examinarmos o sedimento, for encontrado maior número de hemácias
na primeira porção, a localização da hemorragia está na uretra e se hematúria verifica-se na segunda
porção, provavelmente o local da hemorragia está na bexiga. Se com as hemácias forem
encontrados cilindros, a hemorragia está localizada em vias mais altas.
Células epiteliais
São encontradas em urinas normais, em número variável, principalmente em urina de
mulher e mais intensamente durante a gestação.
Do ponto de vista de rotina do sedimento urinário, não é feita a classificação quanto à
origem do epitélio.
Cilindros
A presença de cilindros no sedimento urinário poderá indicar um grave prognóstico e sai
investigação é obrigatória excetuando-se alguns casos de irritação e congestão renal, com o
aparecimento acidental de cilindros no sedimento e a ausência de proteinúria. Os cilindros podem
ser classificados, de acordo com a sua origem e composição em: cilindros hialinos, bacterianos,
hemáticos, leucocitários, de células epiteliais, granulares, céreos, adiposos e largos.
Pode haver, eventualmente, o aparecimento de formas mistas. Cada tipo de cilindro possui
sua origem e significado clínico respectivos.
Cristais
A cristalúria, presença de cristais no sedimento urinário, não apresenta, na maioria das
vezes, interesse clínico. Sua incidência pode, em determinados casos, estar ligada ao aparecimento
de cálculo renal.
A presença de cristais na urina dependerá do pH, regime dietético etc. em urinas ácidas, são
encontrados os uratos amorfos, oxalatos de cálcio, ácido úrico. Em urinas alcalinas, encontramos
fosfatos amorfos, fosfato triplo ou amoníaco-magnesiano, carbonato de cálcio, fosfato de cálcio,
etc.
Flora bacteriana
A urina normal, na bexiga, não contém flora bacteriana, mas ao ser emitida
sistematicamente se contamina com germes da flora normal da uretra e dos genitais.
Muco
O muco é um material protéico produzido por glândulas e células epiteliais do sistema
urogenital. Não é considerado clinicamente significativo e a sua quantidade é maior quando há
contaminação vaginal.
Bactérias
Deve-se desconfiar da origem das bactérias, uma vez que nem sempre são oriundas do
sistema urinário, mas podem ter origem da contaminação ambiental. As bactérias são observadas e
nomeadas pelo formato, não é possível determinar a espécie pela microscopia.
Leveduras
Os fungos e leveduras são considerados contaminantes e as infecções mais comuns são por
Candida sp.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
FACULDADE DE BIOMEDICINA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ANÁLISES CLÍNICAS REFERENTE AO
SETOR DE URINÁLISE
FILIPE KATSUHIKO KATASHO
2015