UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Marc;al Motta De Mello...
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
Marc;al Motta De Mello
ACHADOS LARINGOLOGICOS, VIDEOFLUOROSCOPICOS E
ELETROMIOGRAFICOS EM UM CASO DE NEURINOMA CERVICAL
FARiNGEO NAS FASES PRE E POS-TRATAMENTO DE
FONOAUDIOLOGIA - RELATO DE CASO
Curitiba
2004
Marltal Motta de Mello
ACHADOS LARINGOLOGICOS, VIDEOFLUOROSCOPICOS E
ELETROMIOGRAFICOS EM UM CASO DE NEURINOMA CERVICAL
FARiNGEO NAS FASES PRE E POS-TRATAMENTO DE
FONOAUDIOLOGIA - RELATO DE CASO
Monografia apresentada ao Curso deEspecializa.yao em Motricidade Oral I Disfagia daUniversidade Tuiuti do Parana, como requisitoparcial para obtenryao do Titulo de Especialista.
Orientadora: Maria Ines Rebelo Goncalves
Curiliba
2004
Curitiba, 03 de novembro de 2003
Of. CEP-UTP n· 82/2003
Sra. Pesquisadora
o Comite de ~tica em Pesquisa daUniversidade Tuiuti do Parana, CEP-UTP, apes aprecia9aO do Projeto dePesquisa, de sua autoria, intitu!ado "Achados videoflurioscopicos,laringologicos e eletromiograficos em paciente com neurinoma cervical efaringeo na situat;ao pre e p6s fonoterapia - relato de caso" considerou-oAPROVADO.
M4tW1~Prof.' Dr.' BEATRIZ E, SOTtiLE FRANC;:A
Coordenadora do CEP-UTP
lI.ma. Sra.Maria fnes Rebelo Gont;alvesPesquisadora Responsavel
R. Sydnei Antonio Rangel Santos, 238 Santo Inacio 82010-330 Curitiba PR
A Professora Ora. Maria Ines Rebelo Gon9alves,
pelo seu brilhantismo, empenho e
profissionalismo, que conduziu a
orientayao desta pesquisa cientifica,
obrigado.
LlSTA DE QUADROS ..
1 INTRODU~AO ..
2 REVISAo DE LlTERATURA ..
3DESCRI9Ao DO CASO, ..
4 RESULTADOS ..
5 COMENTARIOS ....
6 CONCLUsAo ..
SUMARIO
.........3
. ..4
. 5
. 8
...13
. 15
. 18
LlSTA DE QUADROS
QUADRO 1 - ACHADOS LARINGOLOGICOS POS-TIREOPLASTIA TIPO I DE
ISHllKI, NA SITUA<;AO PRE E POS-TRATAMENTO
FONOAUDIOLOGICO, NO CASO ESTUDADO .. .. 13
QUADRO 2 - ACHADOS OTORRINOLARINGOLOGICOS DA CAVIDADE ORAL, NA
SITUA<;Ao PRE E POS-TRATAMENTO FONOAUDIOLOGICO, NO
CASO ESTUDADO . ..13
QUADRO 3 - ACHADOS VIDEOFLUOROSCOPICOS DA FASE ORAL DA
DEGLUTI<;AO, NA SITUA<;AO PRE E POS-TRATAMENTO
FONOAUDIOLOGICO, NO CASO ESTUDADO ... .. 13
QUADRO 4 - ACHADOS VIDEOFLUOROSCOPICOS DA FASE FARiNGEA DA
DEGLUTI<;Ao, NA SITUA<;AO PRE E POS-TRATAMENTO
FONOAUDIOLDGICO, NO CASO ESTUDADO ... ....14
QUADRO 5 - ACHADOS VIDEOFLUOROSCOPICOS DA FASE FARiNGEA DA
DEGLUTI<;Ao , NAS SITUA<;OES PRE E POS-TRATAMENTO
FONOAUDIOLOGICO, NO CASO ESTUDADO ... . 14
QUADRO 6 - ACHADOS ELETROMIOGRAFICOS DA ATIVIDADE MUSCULAR
MASTIGATORIA, NAS SITUA<;OES PRE E pOs -TRATAMEN-
TO FONOAUDIOLOGICO, NO CASO ESTUDADO .. . .....14
Introduy30: Paciente do sexo feminin~, 38 anos, p6s-operat6rio de
neurinoma cervical direito ha 25 anos, com sintomas: voz rouca-sopresa-
ilmida, dificuldades na degluti(:ijo e mastigayao.
Objetivo: Verificar as achados laringol6gicos, videofluorosc6picos,
eletromiograficos e fonoaudiologicos nas fases pre e pos-fonoterapia.
Metodo: a) Laringoscopia: paralisias de hemi-Iaringe e prega vocal direita
(PVD) em abdu(:ijo, atrofia lingual direita, voz rouca-soprosa-umida.
Tireoplastia tipo I de Ishiiki, medializando a PVD. b) Videofluroscopia:
escape premature; reduy030 da mobilidade lingual; residuos em cavidade
oral, recessos piriformes e valecula; c) Eletromiografia de superticie:
redu(:ijo da forya muscular mastigatoria direita. d) Avalia(:ijo
otorrinolaringologica: reduyao da mobilidade do labio direito, quadrantes
superior e inferior, de lingua e mastigar;ao unilateral esquerda com QV
rouca/soprosa/umida. A fonoaudi61oga orientou exercicios vocais, oito
series de dez emissOes diarias e mioterapia oral, com serie de vinte
movimentos, com tres repetiyoes ao dia, realizados por tres meses.
Resultados: Foi observada melhora em rela(:ijo a forya, tonicidade e
mobilidadeda lingua e milsculos da mastigayao. Nao houve melhora na
qualidade vocal.
Conclusao: Os achados laringol6gicos, videofluorosc6picos e
eletremiograficos, demostraram uma melhora efetiva nas musculaturas da
mastigay030 e da lingua, ap6s interveny030 fonoaudiol6gica, nao sen do
observada melhora na qualidade vocal.
Palavras-chave: neurinoma, disfagia, disfonia, eletromiografia.
Introduction: 38 years old female, underwent surgery for right cervical
neurinoma resection 25 years ago, actually complaining of hoarse/breath/humid
voice, difficulties to swallow and to chew.
Objective: To verify the impact of speech pathologic rehabilitation of a patient
who underwent surgery for right cervical neurinoma resection.
Method: Findings: a) Laryngoscopy: right vocal fold (RVF) paralysis in
abduction, right tongue atrophy, hoarse-whispery-humid voice. Underwent type I
thyreoplasty to medialize RVF. b) Videofluroscopy: premature escape; reduced
tongue mobility; residues in oral cavity and pharyngeal recesses. c) Surface
electromyography: reduced muscular strenght of the right masticatory muscles.
d) Speech pathologic evaluation: reduced mobility of right, superior and inferior
lip quadrants and tongue; left unilateral chewing and hoarse/breath/humid vocal
quality. The speech therapist oriented vocal exercises, being eight series of ten
emissions daily and oral myotherapy, being three series of twenty movements
daily, performed during three months.
Results: It was observed improvement regarding strength, mobility and tonicity
of the tongue and chewing muscles. There was no vocal quality improvement
Conclusion: Speech pathologic rehabilitation was more effective to improve
tongue and chewing muscles and i was not so effective to improve vocal quality.
Key words: neurinoma, dysphagia, dysphonia, eletromyography.
L
4
1 INTRODU9Ao
o neurinoma ou Schwan noma e urn tumor de canMer benigno que deriva
das celulas de Schwann, localizadas na bainha de mielina des nervos,
manifestando-se mais em adultos na faixa eta ria entre 50 e 69 anos. Os neurinomas
mais avanyados sao aqueles produzidos nas raizes nervosas cranianas e espinhais,
manifestando-se sob a forma de compressao lenta e progressiva da medula. Sao
indicativos de remoyao cirurgica, que deve considerar a extensao e a locaHzac;:ao do
tumor e 0 grau de envolvimento do nerva comprometido, necessitando par vezes a
ressecl):c3o parcial OU total do mesma. Os nervos cranianos que atuam diretamente
sobre as fun90es da fala e da degluti9ao sao os pares cranianos V, VII, IX, X, XI e
XII e, quando afetados, interferem na qualidade de vida do paciente quanto aos
aspectos social, nutricional e pulmonar. Quanta maior 0 grau de comprometimento
destes nervos, maior 0 risco da pneumonia aspirativa (ROBBINS; COTRAN;
KUMAR, 1991).
As fun90es estomatogm,ticas da degluti9ao e da mastiga9ao foram 0 foco
principal deste estudo de caso de neurinoma cervical e faringeo, a fim de
compreendermos mais sobre a atuayao dos exercicios motores orofaciais e seus
efeitos reabilitadores, atraves da leitura dos resultados dos exames de
eletromiografia, laringoscopia e videofluoroscopia da deglutiyao, se real mente
oferecem uma melhora nas func;oes estomatognaticas e na qualidade de vida do
individuo.
o objetivo deste estudo foi verificar os achados laringol6gicos,
eletromiograficos e videofluorosc6picos de um caso p6s-operat6rio de neurinoma
cervical faring eo, nas situac;oes pre e p6s-fonoterapia.
5
2 REVISAO DE L1TERATURA
Niimoto et al. (1988) relataram 0 caso de um individuo de 54 anos, do sexo
masculino, com neurinoma em glandula par6tida. No pos-operatorio, 0 paciente
apresentou rouquidao par urn ana, sem melhora espontanea. Os autores decidiram
entaD realizar urn estudo estatistico sabre a rouquidao em pacientes no pos-
operata rio de tumores cervicais, par meio da apliCat;80 de urn questionario dirigido
aos membros da Sociedade de Cirurgia do Japao. As respostas obtidas indicavam
que a rouquidao nao era urn tat~r que chamasse a atenyao dos cirurgioes no p6s-
operat6ria.
Sakao et al. (1990) realizaram um estudo com 35 casos de neurinomas
cervicais, as quais foram removidos par diferentes tecnicas cirurgicas e classificados
em qualro tipos, de acordo com a natureza rnicroscopica. No primeiro tipo, 0 nerva
de origem naD pede ser identificado; no segundo tipo, 0 nervo passa por sobre a
superficie do tumor; no terceiro tipo, as fibras do nervo estao levemente dilatadas
sabre a superficie do tumor; no quarto tipo, 0 tumor tern origem no nervo, e a
superficie do tumor e coberta por fibras do nervo. Os tumores do tipo quatro sao os
que mais apresentaram altera90es nas funyoes da fala e da deglutiyao no pos-
operatorio.
Omarura et al. (1997) relataram um estudo de dois casos de paralisia
unilateral do nervo hipoglosso por neurinoma, sendo que estes pacientes
apresentaram altera90es miofuncionais orais. Os autores ressaltaram que 0
atendimento multidisciplinar e de fundamental importancia para melhorar as
condi90es funcionais do paciente.
6
Hamza et aL (1997) revisaram as condutas cirurgicas aplicadas a 14
pacientes com neurinomas da regiao faringea. Utilizaram, para esta analise, os
achados radiol6gicos e dados p6s-cirurgicos, como a identificac;:aodas sequelas.
Concluiram que as ressec90es dos neurinomas nesta regiao causam uma incidencia
elevada de disfun90es neurol6gicas.
Ogawa, Kitagawa e Ogasawra (2001) utilizaram a eletromiografia para
diagnosticar as efeitos do neurinoma sabre a musculatura de uma paciente de 72
anos, japonesa. 0 neurinoma causava aumento de massa no pesco90 e hemi-
paresia do lado esquerdo da lingua, bern como desvio lingual. Os sintornas naD
eram percebidos pela paciente. 0 estudo eletromiografico mostrou urn decrescimo
da atividade muscular do lado esquerdo da lingua, indicando uma disfun9ao do
nerve hipoglosso. Os autores ressaltaram que a eletromiografia e 0 exame mais
indicado para a obtenc;ao de informac;oes sobre 0 potencial das musculaturas em
p6s-cirurgico.
Thurnher et al. (2002) descreveram que apenas cerca de 25 a 45% dos
neurinomas ocorrem na regiao da cabec;a e pescoc;o. 0 local mais comum do
aparecimento do neurinoma e no espac;o parafaringeo. Os autores citaram 0
primeiro relata sobre neurinoma pedunculado de orofaringe e da supraglote. Em
virtude da localizac;aoe do volume da massa tumoral, 0 sintoma mais importante e a
disfagia. Descreveram que 0 tumor toi excisado por microlaringoscopia e que nao
houve recidiva no acompanhamento medico e cirurgico ate dais anos p6s-ressecc;ao.
Ressaltaram que as neurinomas de taringe padem causar os sintamas de dispneia,
disfagia au alterac;oes na fonac;ao. Quando 0 sintama e disfagia, os autores
recarnendam que deve ser realizada uma avaliattao bem detalhada para urn
7
diagnostico apurado, visando a morfologia e a funyao do trato aerodigestivo
superior.
/
3 DESCRI<;Ao DO CASO
Este estudo foi realizado com urn individuo do sexo feminin~, 38 anos, em
p6s-operatorio de retirada de neurinoma cervical ha. 25 anos, 0 qual envolvia a
regiao de pesco<,(o, arteria carotid a e faringe. Este individuo fo; avaliado pelo
otorrinolaringologista par meio de videolaringoscopia, seguindo 0 metoda classica,
com 0 individuo com a boca aberta, lingua protraida e envolvida em gaze e mantida
em posic;ao de pinc;a digital. Apes a aspersao com xilocaina spray para anestesia
t6pica da parte oral e da laringe, loi introduzido 0 laringosc6pio rigido ate se obter
uma completa visao da laringe. Durante a avaliac;:ao, 0 individuo foi orientado a
respirar pela boca sem eslor90, e quando solicitado, a emitir a vogal lei, de modo
sustentado, com intensidade e tom 0 rnais pr6ximo passivel de sua emissao
habitual.
Foram utilizados para este procedimento os seguintes materiais:
Telescopio rigido, da marca MACHIDA"', com lente de 70 graus;
Micro-camera TOSHIBA®, modele 1k-C30, com 0 sistema CCD;
Fonte estrobosc6pica da marca BROEL - KJAEL "';
Videocassete da marca PANASONIC"', modelo AG1730, em velocidade
de grava9ao SP;
Fita de videocassete, magnetica, da marca JVC'";
Monitor de video marca SONY", modelo ICV1311CR;
Verificou-se a presen9a de paralisia em abdu9aO total da prega vocal direita,
bern como de toda a hemilaringe direita, com qualidade vocal rouca, sop rosa e
umida em grau severo. Durante a inspe9ao oral observou-se tambem atrofia do lade
direito da lingua, bern como 0 individuo nao realizava a elevaC;:3oda mesma, e
reduyao da mobilidade dos labios inferior e superior do lade direito.
o otorrinolaringologista entao optou por realizar uma tireoplastia do tipo I de
Ishiiki, medializando a prega vocal direita com a finalidade de obter urn fechamento
gl6tico 0 mais completo possivel e, assim, melhorar a funyao fonat6ria.
Ap6s 0 oterrinolaringologista encaminhou a avaliayao videofluoroscopica da
deglutiyao que foi realizada com 0 individuo sentado, nas posiyoes frontal e lateral,
frente ao angi6grafo. 0 exame foi ministrado pelo medico e pela fonoaudi610ga
responsaveis pelo seter. Foram ministradas as consist€mcias liquida e pastosa nos
volumes de 1ml, 3ml, 5ml e 10ml. A consistencia liquida foi obtida a partir da mistura
de 20ml de sulfato de bario com 20ml de agua; a consistencia pastosa, da mistura
de 20 ml de "gua com 20ml de sulfato de bario, adicionados a esta 10 mg de
espessante para liquidos de nome Nutylis, da marca [email protected] consistEmciasolid a
utilizada foi 0 pao de queijo, cortado em dez pedayos, com dimensoes de 1cm X
1cm X 1cm e corado com 20 ml de sulfato de bario.
Os materiais utilizados para a videofluoroscopia feram:
Angi6grafo, da marca RADIUS®.
Video-filmadora da marca JVC® modele Compact VHSm Pr6cision 5
Head System, com monitor colorido em tela de cristaI liquido, 50x digital
hyper zoom;
Tripe da marca TRITON@;
Fita de videocassete da marca JVC®, com durayao de 30 minutos, sendo
utilizado 0 tempo de gravayao real em SP;
1 copo de 200 ml de BARIOGEL® (sulfato de bario);
2 seringas de 20 ml;
10
2 abaixadores de lingua;
Espessante para liquido da NUTIL YS da marca SUPPOR-r';
Medidor de 5 mg, da marca Support®
o individuo entao foj encarninhado a realizar a eletromiografia de superficie,
para verificar 0 potencial de latencia dos museu los mastigat6rios: masseteres e
temporais (anterior, media e inferior) dos lados direito e esquerdo, em decorrencia
das queixas de mastigayao unilateral a esquerda, per sentir mais forya, nas
situa<;oes de pre e pos-tratamento fonoaudiol6gico. Os eletrodos fcram conectados
ao eletromiografo, que enviou as mensagens para a Sistema Biopak 1.3 no
computador. A analise dos museu los nesse exame seguiu-se considerando a
fisiologia da mastiga9ao, degluti9ao, fona9ao e atraves das medidas dos movimentos
de excursao maximos da mandibula, abaixo citados, sen do realizadas as mesmas
tarefas no pre e p6s-tratamento fonoaudiol6gico.
Para tal procedimento foram utilizados 0 eletromi6grafo e eletrognat6grafo
(Siemens'") do Sistema Biopak 1.3, registrados pela BioResearch Associates, Inc®.,
que registraram as seguintes condiyoes musculares:
Repouso nao orientado;
Repouso orientado;
Abertura maxima e fechamento da mandibula;
Abertura maxima e fechamento com protrasao da madibula;
Lateralidade direita, lateralidade esquerda da mandibula;
Protrasao mandibular;
Apertamento continuo;
Apertamento alternado;
Mastiga9Bo livre com degluti9ao;
11
Mastiga9ao direita com degluti9ac;
Mastiga9ao esquerda com degluti9ao;
Para a avalia9ao da fun9ao mastigat6ria, foram utilizados peda90s de pac de
queijo com a medida de 1em x 1em x 1em.
Na sequencia do tratamento, 0 otorrinolaringologista encaminhou a individuo
para a reabilitac;ao clinica fonoaudiologica, com a intenc;ao de melhorar a
performance das fun90es da degluti9ao, mastiga9ao e reabilita9ao vocal para a
obten9ao de uma melhora na qualidade de vida.
Foram prescritos exercicios miofuncionais isotonicos e isometricos, com a
finalidade de aumentar a mobilidade, 0 tonus, a for9a da lingua e dos mesculos
mastigat6rios, bem como exercicios vocais para estabilizar 0 fechamento gl6tico,
ap6s a tireoplastia tipo I de Ishiiki.
o individuo fa; orientado a realizar tres series de vinte movimentos de cada
exercicio motor oral, pelo periodo de tres meses, com a boca aberta e em frente ao
espelho.
Os exercicios motores orais realizados fcram:
1) Elevar a lingua do assoalho da boca em dire9ao ao palato, com haltere
lingual de peso menor, da marca Pr6-Fono®, sabre 0 ten;o anterior da
lingua. 0 individuo realizou este exercicio com vinte movimentos, tn3s
vezes ao dia, pelo periodo de quinze dias, sendo que, ap6s, a
fonoaudi610ga solicitou a mudanya para 0 haltere de peso intermediario
per trinta dias e, finalmente, para 0 haltere maior por mais quarenta e
cinco dias.
2) Projetar e retrair a lingua, sem que a mesma tocasse a face superior da
arcada dentaria inferior, com a ponta da lingua afilada.
3) Projetar e alargar a lingua, afilando-a.
12
4) Deslizar a ponta da lingua sobre 0 palato, iniciando na papila palatina em
direc;ao ao palata mole.
5) Realizar a mastiga9ao do garrote em frente ao espelho, distribuindo a
forl):a para ambos os lados nas arcadas dentiuias. Foi solicitado que
utWzasse as maDS sabre a musculatura dos masseteres, em ambos os
ladas, para observar a contrac;ao dos mesmas e manitorar as
movimentos de contrac;ao e relaxac;ao dos museu los, bern como a
distribui9aOda for9a de modo equilibrado.
o exercicio vocal solicitado foi:
1) Realizar a emissao da vogal/il de modo prolongado, com maos em
gancho e flexao de pesc090 para 0 lado direito, repetindo oito series, com
dez emissoes, diariamente, pelo periodo de tres meses.
As avaliac;6es videofluoroscopica, eletromiografica e laringol6gica fcram
repetidas apes tres meses de fonoterapia, a tim de que fassem observados os
ajustes motores para as func;6es da tala, mastigayao e voz, sendo as resultados
registrados em fita de videocassete na situac;ao de pre e p6s-tratamento
fonoaudiol6gico para posterior analise dos achados.
13
4 RESULTADOS
QUADRO 1 - ACHADOS LARINGOL6GICOS P6S-TIROPLASTIA TIPO I DE
ISSHIKI, NA SITUA<;AO PRE E P6S-TRATAMENTO FONOAUDIOL6GICO, NO
CASO ESTUDADO
Fonoterapia Achados larin 01' ieasPHLDL RMLDVP FTMP
Pre P P PP6s P P PLegendaPHLDL = paralisia do lado direito da laringe.RMLDVP = redu~o da mobilidade do lado direito do veu palatino.FTMP = fenda triangular medic posteriorp= presente.A= ausente.
QUADRO 2 - ACHADOS OTORRINOLARINGOL6GICOS DA CAVIDADE ORAL, NA
SITUA<;AO PRE E P6S-TRATAMENTO FONOAUDIOL6GICO, NO
CASO ESTUDADO.
Fonoterapia Achados larin 01 ieosAHLDL EL DPLE ELB AAL PRAVPD
Pre P A P A A PP6s A P A P P AlegendaAHLDL = atrofia em hemi-Iado direito da lingua.El = eleva4WAo da lingua.DPLE = desvio na proje((<3o lingual para a esquerda.ElB = empurrar a lingua para baixo, realizando contra-resist~ncia.AAL = alargar e afilar a lingua.PRAVPD = presenya de residua alimentar em regiao vestibular oral em p6s-degluti((ao.p= presente.A= ausenle.
QUADRO 3 - ACHADOS VIDEOFLUOROSc6PICOS DA FASE ORAL DA
DEGLUTI<;AO, NA SITUA<;AO PRE E P6S-TRATAMENTO FONOAUDIOL6GICO,
NO CASO ESTUDADO.
Fonoterapia Achados videofluorosc6 ieos da fase oralEP RCO DCMO
Pre P P PP6s A A AlegendaEP = escape prematuro.RCO = residuos em cavidade oral.DMCO = dificuldade na coordenay<3o motora oral.P = presente.A = ausente.
14
QUADRO 4 - ACHADOS VIDEOFLUOROSCOPICOS DA FASE FARiNGEA DA
DEGLUTII;:AO, EM PRE E POS-TRATAMENTO
FONOAUDIOLOGICO, NO CASO ESTUDADO
Fonoterapia Achadosvideofluorosc6ieasda fase farln eaNDL5ml NDL10ml NDP 5 ml NDP10ml NOS
Pre 3 3 4 5Pas 1 2 2 3legendaNOL = numero de deglutic;oes para a consistencia Uquida.NDP = numero de degluHC;6es para a consistencia pastosa.NOS = numero de degiutic6es para a consistencia s6lida.
QUADRO 5 - ACHADOS VIDEOFLUOROSCOPICOS DA FASE FARiNGEA DA
DEGLUTI<;;AO, NAS SITUA<;;OES PRE E POS-TRATAMENTO
FONOAUDIOLOGICO, NO CASO ESTUDADO
Fonoterapia Achados videofluorosc6EV
ea
Pre ModeradaPas LeveLegendaEV = estase em vah~culas.ERP = estase em recessos piriformes.
QUADRO 6 - ACHADOS ELETROMIOGRAFICOS DA ATIVIDADE MUSCULAR
MASTIGATORIA, NAS SITUA<;;OES PRE E POS-TRATAMENTO
FONOAUDIOLOGICO, NO CASO ESTUDADO
Fonoterapia
PrePes
15
5 COMENTARIOS
Para analisarmos as resultados deste estudo e importante conhecermos a
fisiologia normal da deglutil):ao, considerando suas fases (preparatoria, oral, faringea
e esofagica), bern como a musculatura de lingua, sua inervav80 e movimentos.
Costa (2000) descreve didaticamente que a degluti9ao pode ser dividida em
tres fases: a oral, a faringea e a esofagica. A fase oral, segundo 0 autor, econsciente e voluntariat quando a alimento e triturado e umedecido pel a saliva,
formando urn bolo coeso, sendo percebido, a partir de informav'oes aferentes,
quanta a volume, consistemcia, grau de umidade, sabar e temperatura; posicion ado
sabre 0 dorsa da lingua e por meio de sua movimentay80 ondulatoria e, entaD,
ejetado para a faringe. A fase faringea e involuntaria e subconsciente, ocarrendo 0
fechamento velopalatino, prevenindo a regurgita9ao do alimento para a nasofaringe.
o osso hi6ide e tracionado para cima pelo movimento de posteriorizavao da lingua,
eleva e anterioriza, por sua vez, a laringe, possibilitando a abertura da transivao
faringoesofagica e permitindo, entao, a entrada do bolo no es6fago. A protevao da
via aerea inferior evidencia-se com a aduc;ao das pregas vocais e vestibulares, pelo
deslocamento da epiglote sobre 0 adito laringeo e pel a apmaia protetora. A fase
esofagica e involuntaria e inconsciente, sendo 0 bolo transferido do esofago para 0
est6mago, atraves de movimentos peristalticos reflexos, e pelo relaxamento do
esfincter esofagico inferior.
A func;ao da deglutivao e complexa, envolvendo estruturas que interagem de
modo harmonico e coordenado, regidas par uma rede neural, da qual fazem parte os
nervos cranianos V (trigemio), VII (facial), IX (glossofaringeo), X (vago), XI
(acessorio) e XII (hipoglosso).
16
Em relac;ao ao nossa estudo, os achados otorrinoloringol6glcos nas fases
pre e pos-fonoterapia (quadros 1 e 2) demonstraram que os movimentos da lingua
apresentaram modificayoes no aspecto morfologico e de comportamento. No pre-
tratamento fonoaudiol6gico 0 individuo apresentava atrofia muscular de lingua, com
dificuldade em realizar os movimentos de elevayao, afilamento lingual, reduyao da
fon;:a da contra-resistencia direcionada para baixo, desvio na projec;ao lingual para a
esquerda e, conseqOentemente, apes as deglutic;oes, observava-se a presenc;a de
residuos alimentares em regH3:o alveolar direita. 0 lado afetado -pela ressecC;8o
cirurgica foi a lade direito, compativel com as seqOelas existentes.
A lingua e inervada pelo XII par crania no, e e constituida pelos rnusculos
internos: longitudinal superior e inferior, que realizam a retrayao e 0 alargamento da
lingua e 0 musculo transverso da lingua, que a estreita e alonga (ROBBINS;
COTRAN; KUMAR, 1991).
Os museu los externos da lingua sao: 0 genioglosso, que tem a funyao de
empurrar a lingua para frente, deslocando-a para baixo, movimentando a ponta da
lingua; 0 hioglosso e 0 condroglosso, que tem a fun.;:ao de retrair, abaixar 0 dorso da
lingua e abaixar a parte posterior da mesma; 0 estiloglosso, que retrai e levanta a
lingua, e 0 muscul0 palatoglosso, que realiza a fun.;:ao de elevar a parte posterior da
lingua e, ao mesmo tempo, abaixar 0 V8U palatino, estreitando 0 istmo das fauces.
Como pudemos observar, as fun.;:6es musculares alteradas corresponderam
aos museu los na atrofia do lado direito da lingua. Portanto, 0 desequilibrio das
for.;:as atuantes no lado direito gerou 0 desvio lingual para a esquerda durante a
protrasao, por este lado estar com forea, tonus e mobilidade mais adequados do que
o lado direito, ou seja, 0 lado da ressec.;:ao cir0rgica. Com este desequilibrio de
forea, ocorreu 0 acumulo de residuos alimentares em regiao de vestibulo apos a
17
degluti,ao e, conseqOentemente, a atrofia lingual prejudicou a for,a da eje,ao do
bolo em direc;:ao a fase faringea. Acreditamos ainda que a atrofia do lado direito da
lingua tenha afetado a capacidade de conter 0 bolo na cavidade oral, ocasionando 0
escape prematuro (quadros 2 e 3).
A analise comparativa dos exames eletromiograficos no pre e pos-
tratamento fonoaudiol6gico demonstrou urn aumento de atividade dos museu los
temporais e masseteres do lado direito, com mais equilibria das fon~as entre as
lados direito e esquerdo durante a fun,ao mastigat6ria (quadro 6).
Observamos ainda que a for,a de propulsao da lingua para ejetar 0 bolo
para a tase faringea durante a deglutic;ao estava reduzida em face do desequilibrio
das foryas musculares linguais.
A realiz8c;ao de todos as exercicios motores orais, em suas quantidades
diarias e pelo period a executado, possibilitou que as museu los comprometidos
recuperassem a fOf98, 0 tonus e as movimentos, estabelecendo uma harmonia
melhor entre os hemi-Iados da lingua, bem como suas fun,ces da mastiga,ao e
deglutic;:ao. alem de reduzir a estase em valeculas e recessos piriformes, do grau
moderado para leve, reduzindo 0 numero de degluti90es por volume ministrado apes
a fonoterapia (quadros 4 e 5).
18
CONCLUSAO
Os resultados das avaliac;oes eletromiografica e videofluorosc6pica da
degluti9ao, demonstraram que houve uma melhora no desempenho das fun90es da
mastigay80 e deglutiyc30, bern como a atividade muscular apresentou-se com mais
eficiencia e equilibria na distribui90es das foryas entre as lad os direito e esquerdo,
ap6s a interveny80 fonoaudiol6gica.
Nao foram evidenciadas alterayoes nos achados laringol6gicos e na
qualidade vocal.
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