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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Fabrício Gimovski TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Fabrício Gimovski

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C.)

CURITIBA

2010

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C.)

CURITIBA

2010

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Fabrício Gimovski

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C.)

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Medicina Veterinária da Faculdade de

Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade

Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para

obtenção do título de Médico Veterinário.

Professora orientadora: Profª. MSc Tais Marchand

Rocha Moreira.

Orientador profissional: M. V. Roberto Luiz Lange.

CURITIBA

2010

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Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitor Administrativo

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitora Acadêmica

Profª. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação

Sr. Afonso Celso Rangel Santos

Pró-reitora de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão

Sr. Roberval Eloy Pereira.

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz.

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde.

Sr. João Henrique Faryniuk.

Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária

Profª. Dra Ana Laura Angeli

Coordenadora de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária

Profª. Dra Ana Laura Angeli

Metodologia Científica

Prof. Jair Mendes Marques

CAMPUS PROF. SIDNEY LIMA SANTOS

Rua Sidney A. Rangel Santos, 238 – Santo Inácio

CEP: 82010-330 – Curitiba – Paraná

Telefone: 3331-7700

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TERMO DE APROVAÇÃO

Fabrício Gimovski

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C.)

ESTE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FOI JULGADO E APROVADO PARA

OBTENÇÃO DE TÍTULO DE MÉDICO VETERINÁRIO POR UMA BANCA EXAMINADORA DO

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ.

Curitiba, 22 de novembro de 2010.

__________________________________________________

Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

______________________________

Profa. MSc. TAIS MARCHAND ROCHA MOREIRA

Universidade Tuiuti do Paraná

______________________________

Prof. Esp. LOURENÇO ROLANDO MALUCELLI NETO

Universidade Tuiuti do Paraná

______________________________

Prof. Esp. MILTON MIKIO MORISHIN FILHO

Universidade Tuiuti do Paraná

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da

Universidade Tuiuti do Paraná, Campus Barigüi, pelo universitário Fabricio Gimovski,

como requisito parcial para a obtenção de título de Médico Veterinário, é composto

de Relatório de Estágio, no qual são descritas as atividades realizadas durante o

período de 02 de agosto a 08 de outubro de 2010 no Hospital Veterinário Santa

Mônica, localizado em Curitiba – PR e relato de dois casos que versam sobre

síndrome compartimental abdominal e adenite sebácea.

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Dedico a minha família, pela base sólida,

que sempre me deu forças para encarar a vida de

frente. Especialmente a minha mãe por cumprir este

papel magistralmente e pelo amor intenso. Ao meu

pai pelos pés no chão e pelo carinho de sempre. A

minha esposa, Pry, pelo companheirismo, dedicação

e sinceridade.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os professores do curso de Medicina Veterinária da

Universidade Tuiuti do Paraná, que foram tão importantes na minha vida acadêmica.

Especialmente a minha orientadora professora Taís Marchand Rocha Moreira por

seu apoio e inspiração no amadurecimento dos meus conhecimentos que levaram a

conclusão deste trabalho.

Ao meu irmão, Gustavo, pelas horas de descontração e diversão.

Ao meu irmão, Fabio, pela companhia nos passeios sobre duas rodas.

A minha esposa, Priscila, por passar embaraço junto comigo, por ter

gargalhado das piadas sem graça que contei, por conhecer meu lado mais chato e

divertir- se comigo.

Aos meus pais, Sandra e José , que não mediram esforços para que eu

chegasse até aqui.

A toda equipe do Hospital Veterinário Santa Mônica, pela prática vivenciada

durante meu estágio curricular.

E finalmente agradeço a Deus.

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Temos o destino que merecemos. O nosso

destino esta de acordo com nossos méritos.

Albert Einstein

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RESUMO

O estágio curricular supervisionado foi realizado no Hospital Veterinário Santa

Mônica, situado na cidade de Curitiba- Pr. O período de estágio foi entre 02 de

agosto a 08 de outubro 2010, totalizando 423 horas. As atividades desenvolvidas na

área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais foram acompanhamento

de consultas e retornos, auxílio na realização de procedimentos ambulatoriais,

cuidados com os pacientes sob internação e auxílio em cirurgias. O presente

trabalho descreve, com base na literatura científica, dois casos clínicos

acompanhados durante o período de estágio, sendo eles, síndrome compartimental

abdominal e adenite sebácea.

Palavras-chave: síndrome compartimental abdominal, adenite sebácea.

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LISTA DE ABREVIATURAS

AS: Adenite sebácea

BID: Bis in die

Bpm: Batimentos por minuto

cm H2O: Centímetros de água

HVSM: Hospital Veterinário Santa Mônica

mm Hg: Milímetros de mercúrio

mg/kg: Miligramas por quilograma

PIA: Pressão intra abdominal

PIC: Pressão intra craniana

SID: Semel in die

SCA: Síndrome Compartimental Abdominal

SRD: Sem raça definida

TCC: trabalho de conclusão de curso

TID: Ter in die

VO: Administração por via oral

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - CASUÍSTICA RELACIONANDO ESPÉCIES,

QUANTIDADES E PERCENTAGENS…………………….. 28

Tabela 2 - CASUÍSTICA CLÍNICA, DE ACORDO COM A

ESPECIALIDADE……………………………………………. 28

Tabela 3 - CASUÍSTICA CIRÚRGICA, DE ACORDO COM A

ESPECIALIDADE……………………………………………. 29

Tabela 4 - EFEITO DA ELEVAÇÃO DA PIA. ADAPTADO DE

ANDRADE (1998). ANALISANDO PARÂMETROS

FÍSICOS QUANTO A AUMENTADO, DIMINUIDO OU

INALTERADO………………………………………………... 34

Tabela 5 - RESULTADOS DE EXAMES LABORATORIAIS DE UM

CÃO E VALORES DE REFERÊNCIAS…………………… 37

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - HOSPITAL VETERINÁRIO SANTA MÔNICA …………… 18

Figura 02 - RECEPÇÃO DO HVSM …………………………………….. 18

Figura 03 - SALA DE ESPERA…………………………………………... 19

Figura 04 - CONSULTÓRIO………………………………………………. 19

Figura 05 - PET SHOP ……………………………………………………. 20

Figura 06 - INTERNAMENTO – GAIOLAS DE ALVENARIA……….... 20

Figura 07 - INTERNAMENTO - GAIOLAS AÇO INOX ………...……… 21

Figura 08 - INTERNAMENTO - GATOS… ……………………………. 21

Figura 09 - ISOLAMENTO………………………………………………... 22

Figura 10 - GAIOLAS DO ISOLAMENTO……………………………….. 22

Figura 11 - SALA DE EMERGÊNCIAS………………………………….. 23

Figura 12 - KITS DE EMERGÊNCIAS…………………………………… 23

Figura 13 - SALA DE RADIOLOGIA……………………………………... 24

Figura 14 - SALA DE ULTRASSONOGRAFIA…….…………………… 24

Figura 15 - LABORATÓRIO ANÁLISES CLÍNICAS……………………. 25

Figura 16 - REFEITÓRIO E COZINHA………………………………….. 25

Figura 17 - QUARTOS PARA PLANTONISTAS……………………….. 26

Figura 18 - SUTURA DE ABDÔMEN COM MALHA SINTÉTICA EM

UM CÃO COM SCA………………………………………….. 38

Figura 19 - CITOLOGIA DE LÍQUIDO INTRA ABDOMINAL………….. 39

Figura 20 - CILINDROS FOLICULARES………………………………... 45

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Figura 21 - ESCAMAS CARACTERÍSTICAS DA AS. EM REGIÃO

DE DORSO DE UM CÃO…………………..……………….. 46

Figura 22 - AUSÊNCIA COMPLETA DE GLÂNDULA SEBÁCEA……. 47

Figura 23 - LESÕES CROSTOSAS EM DORSO………………………. 49

Figura 24 - PACIENTE APÓS UM MÊS DE TRATAMENTO…………. 50

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO……………………………………………………………. 16

2 - DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO……………………………… 17

3 - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS……………………………………… 27

3.1 - CASUÍSTICA…………………………………………….................... 27

4 - CASO 01- SÍNDROME COMPARTIMENTAL………………………… 30

4.1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………………………………....... 30

4.1.1 - Introdução……………………………………………………......... 30

4.1.2 - Etiologia……………………………………………………………. 31

4.1.3 - Fisiopatologia……………………………………………………… 31

4.1.4 - Sinais Clínicos……………………………………………………. 34

4.1.5 - Diagnóstico………………………………………………………… 35

4.1.6 - Tratamento………………………………………………………… 35

4.1.7 - Prognóstico………………………………………………………… 36

4.2 - RELATO DE CASO………………………………………………….. 36

4.3 - DISCUSSÃO………………………………………………………….. 40

5 - CASO 02- ADENITE SEBÁCEA………………………………............. 42

5.1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA………………………………………… 42

5.1.1 - Introdução………………………………………………………...... 42

5.1.2 - Etiologia…………………………………………………………….. 43

5.1.3 - Epidemiologia………………………………………………………. 43

5.1.4 - Fisiopatologia………………………………………………………. 44

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5.1.5 - Sinais Clínicos……………………………………………………… 44

5.1.6 - Diagnóstico…………………………………………………………. 46

5.1.7 - Tratamento…………………………………………………………. 47

5.1.8 - Prognóstico…………………………………………………………. 48

5.2 - RELATO DE CASO………………………………………………….. 49

5.3 - DISCUSSÃO…………………………………………………………. 51

6 - CONCLUSÃO……………………………………………………........... 53

7 - REFERÊNCIAS…………………………………………………………. 54

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1 INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) traz o relatório de estágio

curricular supervisionado do aluno Fabricio Gimovski, da Universidade Tuiuti do

Paraná com o objetivo de demonstrar a casuística acompanhada, descrever, revisar

e discutir casos atendidos durante o estágio.

O Referido estágio foi realizado no período de 02 de agosto a 08 de outubro

de 2010, no Hospital Veterinário Santa Mônica, sob orientação profissional do

Médico Veterinário Roberto L. Lange e sob orientação acadêmica da Professora

MSc. Tais Marchand Rocha Moreira, tendo como objetivo colocar em prática

atividades descritas em aula, vivenciando as atividades de rotina de um Médico

Veterinário, aprimorando assim, conhecimento profissional,

Este relatório é composto pela descrição do Local de Estágio e atividades

desenvolvidas, casuística acompanhada, revisão, descrição e discussão de dois

casos atendidos durante o período de estágio.

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2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO

O Hospital Veterinário Santa Mônica (HVSM) está localizado na Rua

Brigadeiro Franco nº 4029, Água Verde, Curitiba (Figura 01).

O hospital conta com uma recepção (Figura 02), uma sala de espera para os

responsáveis pelos pacientes (Figura 03), quatro consultórios padronizados, sendo

um de atendimento exclusivo de felinos, um de atendimento exclusivo de filhotes e

outros dois atendimentos gerais (Figura 04). Um pet shop (Figura 05) para venda de

rações, medicamentos e produtos. Uma área de internamento com sete canis de

alvenaria e dezoito gaiolas de aço inox móveis (Figuras 06 e 07) e um internamento

para gatos com três gaiolas que se encontra separado do internamento dos cães

(Figura 08). Uma área isolada de internamento para doenças infecto-contagiosas

(Figuras 09 e 10), uma sala de emergências (Figura 11), que conta com uma mesa-

maca, um aparelho de anestesia inalatória e kits de primeiros socorros (Figura 12),

como choque, intoxicação, trauma, ressucitação cardiopulmonar, eclâmpsia e torção

gástrica.

O setor de diagnóstico por imagem é composto por uma sala de Radiologia

(Figura 13), uma sala de revelação e uma sala de ultrassonografia (Figura 14). Um

laboratório de análises clínicas (Figura 15) possui os seguintes equipamentos: um

Reflotron Plus da Roche® para exames bioquímicos, um Sismex Poch® 100 iv para

hemograma, duas centrifugas para hematócrito, um refratômetro para mensuração

de proteínas totais, um Urisys 1100 da Roche® para urinálise e um microscópio para

exames parasitológicos e dermatológicos.

Um centro cirúrgico equipado com um circuito completo de anestesia

inalatória, uma mesa cirúrgica, uma estufa, um foco cirúrgico de teto, mesas e

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armários auxiliares. O HVSM tem ainda uma cozinha, um refeitório (Figura 16) e dois

quartos para os plantonistas (Figura 17).

FIGURA 01 - HOSPITAL VETERINÁRIO SANTA MÔNICA

FIGURA 02 - RECEPÇÃO DO HVSM

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FIGURA 03 - SALA DE ESPERA

FIGURA 04 - CONSULTÓRIO

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FIGURA 05 - PET SHOP

FIGURA 06 – INTERNAMENTO – GAIOLAS DE ALVENARIA

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FIGURA 07- INTERNAMENTO - GAIOLAS AÇO INOX

FIGURA 08 - INTERNAMENTO – GATOS

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FIGURA 09 - ISOLAMENTO

FIGURA 10 - GAIOLAS DO ISOLAMENTO

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FIGURA 11 - SALA DE EMERGÊNCIAS

FIGURA 12 - KITS DE EMERGÊNCIAS

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FIGURA 13 - SALA DE RADIOLOGIA

FIGURA 14 - SALA DE ULTRASSONOGRAFIA

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FIGURA 15 - LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

FIGURA 16 - REFEITÓRIO E COZINHA

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26

FIGURA 17 - QUARTOS PARA PLANTONISTAS

O corpo clínico é composto por nove veterinários sendo um

ortopedista/cirurgião M. V. Esp. Roberto Luiz Lange, uma dermatologista M. V. Esp.

Monica Estephani Lange, uma especialista em felinos M. V. Isabel Vitória Richter

Grabowski, um anestesiologista M. V. Jose Carlos Kloss Filho, um responsável pela

área de diagnóstico por imagem M. V. Ícaro Branco Santos, um responsável pelo

internamento e plantonista M. V. Vinícius Guarini Favero, uma clinica geral e

plantonista M. V. Ana Paula Ferreira Praça Castro, uma odontologista e plantonista

M. V. Denise Souza Gabardo e um exclusivamente plantonista M. V.Gabriel Zenoni

Machado. Além dos veterinários especialistas que atendem com hora marcada, uma

acupunturista M. V. Rika Yamane, um fisioterapeuta M. V.Stefan Rene Schwanz, um

cardiologista M. V. Dr. James Newton Bizetto M. Andrade, um ortopedista M. V. Dr.

Alexandre Schmaedecke, um oftalmologista M. V.MSc. Ricardo Maia.

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O hospital tem ainda no quadro de funcionários um administrador, duas

secretárias, três enfermeiros, um motorista e uma faxineira.

O atendimento é realizado vinte e quatro horas, sendo das 8h às 18h

atendimento normal, das 18h às 24h atendimento diferenciado e das 24h às 8h

horas atendimento pelo plantonista.

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Neste estágio curricular supervisionado foram desenvolvidas atividades

como auxílio e acompanhamento de cirurgias, auxílio em atendimento clínico

médico, colheita de material biológico, monitoração e administração de

medicamentos dos pacientes internados, auxílio de exames radiográficos e

ultrassonográficos, como contenção dos pacientes, revelação de filmes de Raio X e

interpretação dos mesmos, execução de exames bioquímicos e hemogramas, bem

como exames dermatológicos (análise de lâminas em microscópio).

3.1 CASUÍSTICA

Durante o período de estágio foram acompanhados 262 atendimentos

clínicos e 75 cirurgias que serão apresentados através das tabelas 01, 02 e 03.

.

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TABELA 01- CASUÍSTICA RELACIONANDO ESPÉCIES, QUANTIDADES E

PERCENTAGENS.

Espécie Quantidade Percentagem

Cães 245 94%

Gatos 17 6%

Total 262 100%

TABELA 02- CASUÍSTICA CLÍNICA, DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE.

Especialidade Quantidade Percentagem

Dermatologia 59 22%

Gastroenterologia 42 16%

Vacinação 39 15%

Ortopedia 31 12%

Oncologia 14 5%

Infectologia 13 5%

Endocrinologia 12 5%

Teriogenologia 12 5%

Oftalmologia 11 4%

Nefrologia 9 3%

Neurologia 6 2%

Odontologia 6 2%

Cardiologia 4 2%

Pneumologia 4 2%

Total 262 100%

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TABELA 03- CASUÍSTICA CIRÚRGICA, DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE.

Especialidade Quantidade Percentagem

Teriogenologia 28 37%

Oncologia 17 24%

Ortopedia 10 13%

Oftalmologia 6 8%

Nefrologia 3 4%

Gastroenterologia 3 4%

Endocrinologia 3 4%

Odontologia 3 4%

Pneumologia 1 1%

Dermatologia 1 1%

Total 75 100%

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4 SÍNDROME COMPARTIMENTAL ABDOMINAL

4.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1.1 Introdução

Síndrome Compartimental (SC) é a consequência do aumento da pressão

em um espaço restrito ou limitado. As pressões elevam-se por causa do aumento do

líquido intersticial ou da tumefação celular. Como resultado a circulação, a função e

a viabilidade dos tecidos ou das estruturas no interior do espaço são

comprometidas. Nas extremidades a pressão elevada diminui o fluxo sanguíneo e

pode levar a necrose. As manifestações sistêmicas são hiperpotassemia,

mioglobinúria e sepse (WAYNE, 2004).

A Síndrome Compartimental Abdominal (SCA) é definida como um conjunto

de disfunções orgânicas, decorrentes do aumento da pressão intra abdominal (PIA),

prontamente revertidos pela descompressão da cavidade abdominal (ANDRADE,

1998).

Andrade (1998) cita que Emerson em 1911, já relatou os efeitos deletérios

do aumento da PIA em pequenos animais de experimentação, que vinham a óbito

quando a pressão era elevada abruptamente. Aparentemente as mortes ocorriam de

insuficiência respiratória. Também citou que Thorington e Schmidt em 1923,

observaram melhora da função renal após a execução da paracentese em pacientes

com ascite. A partir desta constatação desenvolveram um modelo experimental em

cães comprovando que a elevação da PIA entre 15 e 30mm Hg resultava em oligúria

e que aumentos superiores a 30 mm/Hg provocavam anúria.

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4.1.2 Etiologia

Segundo Andrade (1998), o aumento da PIA, que potencialmente pode

resultar na SCA pode ser espontânea, pós operatória ou traumática. A espontânea

se dá devido a uma peritonite, obstrução intestinal, abscesso intra abdominal, íleo

adinâmico, pneumeperitônio, pancreatite aguda, tumores intra abdominais ou ascite.

A pós operatória, devido a uma dilatação gástrica aguda, hemorragia intra peritoneal

ou peritonite pós operatória. E a traumática, devido a edema visceral ou

hemorragias.

A SCA pode segundo Irwin e Rippe (2007) ocorrer em pacientes que

recebam uma reposição volêmica maciça para qualquer tipo de choque por exemplo.

Em toda literatura consultada não há descrição ou relato de predileção da

doença por raça, sexo ou idade.

4.1.3 Fisiopatologia

A cavidade abdominal é um espaço definido, em parte, por estruturas rígidas

e inflexíveis como pelve e coluna e em parte por estruturas flexíveis como parede

abdominal e músculo diafragmático. O volume total que pode ser acomodado dentro

da cavidade abdominal é determinado por estes limites. Sempre que houver uma

discrepância entre o espaço disponível e o volume intra abdominal, a pressão tende

a aumentar (IRWIN e RIPPE, 2007)

A PIA normalmente é nula durante a respiração espontânea e ligeiramente

acima de 5cm de água em pacientes sob ventilação mecânica. A complacência da

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parede abdominal limita o aumento da PIA quando a circunferência da parede

abdominal aumenta. Entretanto quando um volume crítico é alcançado a

complacência decai abruptamente. A distensão que se segue determina perfusão

inadequada de órgão e desenvolvimento da síndrome (ANDRADE, 1998).

A hipertensão intra abdominal pode ser classificada em grau I quando atinge

12 a 15 mm Hg, grau II 16 a 20 mm Hg, grau III 21 a 25 mm Hg e grau IV acima de

25 mm Hg. Onde 1mm Hg = 1,36cm H2O. Níveis como 15mm Hg já causam

hipoperfusão visceral possibilitando a translocação bacteriana (SUGRUE, 2005).

De acordo com Irwin e Rippe (2007) o fluxo reduzido leva ao aumento da

mucosa intestinal e em fases posteriores ocorre perda da função seletiva de

absorção da mucosa, causando aumento da translocação bacteriana que pode ser

responsável pela condução da resposta inflamatória sistêmica.

O aumento da PIA resulta em redução do débito cardíaco devido ao

deslocamento do diafragma em direção cranial, comprimindo os ventrículos. Diminui

também o retorno venoso por obstruir o fluxo da veia cava em sua porção abdominal

(BIANCOFIORE et al, 2003).

Pressões inspiratórias elevadas são devido a compressão pulmonar pelo

diafragma deslocado cranialmente, podendo resultar em atelectasia, aumento de

risco de infecção pulmonar, hipercapnia, hipóxia e acidose (MCNELIS et al, 2003).

Macnelis (2003) citou que Harman e colaboradores em 1982 já descreveram

que o primeiro órgão a desenvolver sinal clínico são os rins, apresentando oligúria e

em pressões mais elevadas anúria. A síndrome causa compressão do parênquima

renal e seus vasos, levando a diminuição da perfusão dos rins (IRWIN e RIPPE,

2007). Segundo Rodriguez (2004), a isquemia desencadeia a rabdomiólise que

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contribui para insuficiência renal, pois na quebra libera mioglobina que vai depositar-

se nos túbulos renais provocando obstrução.

No Sistema Nervoso Central a síndrome causa aumento da pressão

intracraniana (PIC) e queda da perfusão cerebral (ANDRADE, 1998). Uma das

hipóteses responsáveis por estas alterações na PIC é que o aumento da PIA causa

diminuição do fluxo sanguíneo das veias lombares e consequentemente aumento da

pressão no canal medular, a qual seria transmitida ao compartimento intracraniano,

como demonstrado por Halverson (1998) em estudos experimentais com animais. A

outra hipótese é baseada no aumento da pressão intra torácica, impedindo o retorno

sanguíneo do cérebro e levando ao aumento da PIC, conforme a doutrina de Monroe

Kellie (1996) (VILLAÇA E MATOVANI, 2006).

A grande maioria dos pacientes que desenvolvem a SCA está acometida de

inflamação sistêmica e por isso estão em risco elevado de desenvolver a síndrome

de disfunção de múltiplos órgãos (IRWIN e RIPPE, 2007).

Segundo Rabelo (2010) a Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica

(SRIS) se caracteriza na espécie canina por alteração na temperatura, acima de

39,7ºC ou abaixo de 37,5ºC, frequência cardíaca acima de 160 bpm, frequência

respiratória acima de 20 respirações por minuto ou PaCO2 menor que 32 mmHg e

Contagem de leucócitos acima de 12.000/mm3 ou abaixo de 4.000/mm3.

As principais alterações fisiopatológicas estão listadas na tabela 04.

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TABELA 04- EFEITO DA ELEVAÇÃO DA PIA. ADAPTADO DE ANDRADE (1998).

ANALISANDO PARÂMETROS FÍSICOS QUANTO A AUMENTADO, DIMINUIDO

OU INALTERADO.

parâmetro aumentado diminuído Inalterado

pressão arterial média X

frequência cardíaca X

pressão do capilar pulmonar X

pico de pressão da via aérea X

pressão venosa central X

pressão pleural X

pressão da veia cava inferior X

pressão da veia renal X

resistência vascular sistêmica X

débito cardíaco X

retorno venoso X

fluxo sanguíneo visceral X

fluxo sanguíneo renal X

taxa de filtração glomerular X

pressão intracraniana X

pressão de perfusão cerebral X

complacência da parede abdominal X FONTE: ANDRADE, 1998

4.1.4 Sinais Clínicos

Segundo Wayne (2004) a SCA possui sinais clínicos essenciais como débito

urinário reduzido ou ausente, pressão inspiratória elevada, pressão venosa central

alta e distenção abdominal maciça. Ainda podemos ter casos de pacientes que

desenvolveram a SRIS onde encontramos temperatura central acima de 39,7ºC ou

abaixo de 37,5ºC, frequência cardíaca acima de 160 bpm, frequência respiratória

acima de 20 respirações por minuto e contagem de leucócitos acima de 12.000/mm3

ou abaixo de 4.000/mm3 (RABELO e CROWE, 2005).

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35

5.1.5 Diagnóstico

O diagnóstico é estabelecido com base na presença dos sinais clínicos e

aferição da pressão intra abdominal, que pode ser medida diretamente pelo acesso

a cavidade peritoneal ou via intravesical (ANDRADE, 1998)

A técnica de aferição pela bexiga é simples, não invasiva e consiste em

esvaziar a bexiga através de sonda uretral, em seguida preencher com 1ml/Kg de

solução salina aquecida e fazer a leitura com o auxilio de uma coluna de água

(IRWIN e RIPPE, 2007).

4.1.6 Tratamento

A descompressão cirúrgica do abdômen é o único tratamento para a SCA. O

abdômen deve permanecer aberto até a reversão do quadro (ANDRADE, 1998). Ao

permanecer aberto a drenagem da cavidade abdominal facilita a remoção do líquido

contaminado, favorecendo a reexploração e torna o meio aeróbico, o que permite a

melhor função dos macrófagos e reduz os microorganismos anaeróbicos (RABELO

e MACHADO, 2010).

Existem várias opções de materiais protéticos para a contenção do abdômen

aberto tais como nylon, dacron, teflon, malha sintética, lâminas de silicone, polivilino-

bolsa de Bogotá ou bolsa de borráez e devido à grande variedade de situações, não

existe um material único e ideal (RABELO e MACHADO, 2010).

Segundo Irwin e Rippe (2007), existe um tratamento clínico para a SCA

quando diagnosticada no início, quando ainda não há disfunção de órgãos. Este

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tratamento se resume em um ou mais bloqueios neuromusculares, drenagem

percutânea de líquido intra abdominal e terapia contínua de pressão negativa

externa. No entanto salientam que não houve estudos randomizados para

comprovar os benefícios.

A maioria dos pacientes vai tolerar o fechamento fascial primário entre o

quinto e sétimo dia pós laparotomia, quando já reduziu o edema intestinal, voltou a

diurese espontânea e no exame citológico não se encontra neutrófilos degenerados

em grande quantidade (CHEATHAM, 2009).

4.1.7 Prognóstico

O prognóstico em pacientes que desenvolveram a SCA e passaram por

cirurgia descompressiva sem complicações é bom, porém em pacientes que tiveram

complicações no pós cirúrgico, como SRIS ou sepse é de reservado a desfavorável.

4.2 RELATO DE CASO

Foi atendido no HVSM um paciente canino, SRD, fêmea, de um ano e oito

meses, de 13,5 Kg com histórico de apatia e emese há 24h.

Ao exame clínico inicial foi observado temperatura 38,8ºC, mucosas

hipocoradas, sensibilidade aumentada à palpação abdominal mesogástrica e lactato

sérico 4.7mmol/L.

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Foi solicitado autorização do responsável para exames complementares. A

ultrassonografia revelou trato gastrointestinal com paredes espessadas e

peristaltismo diminuído que sugeriu inflamação e presença de obstrução parcial por

corpo estranho em topografia de duodeno. Foram realizados exames laboratoriais

(tabela 05), sendo que no hemograma verificou-se linfopenia.

TABELA 05 – RESULTADOS DE EXAMES LABORATORIAIS DE UM CÃO

E VALORES DE REFERÊNCIA.

Exame Resultados Referência

Hemograma Leucócitos totais

Eritrócitos Hemoglobina Hematócrito

Vol. Globular médio Plaquetas Linfócitos

Neutrófilos+ Monócitos Eosinófilos

15.3/ μL 8.5/ μL 19.9g/dl 52.9% 62.2

358/ μL 3.9%

94.6% 1.5%

8-16/ μL 6-8/ μL

14-18g/dl 40-53% 65-78

200-500/ μL 10-26% 60-88%

1-8%

Creatinina 0.96 mg/dl < 1.5 mg/dl

Lactato 4.7 mmol/l 0.2 – 2.5 mmol/l

Proteína total 8.6 g/dl 5.7 – 7.7 g/dl

REFERÊNCIAS: BUSH, 2004.

No mesmo dia foi realizado laparotomia exploratória, culminando em uma

enterotomia em região de duodeno para retirada de corpo estranho, com aspecto de

tecido.

O protocolo anestésico utilizado foi 0,25mg/kg de midazolam com 3mg/kg de

meperidina intra muscular como medicação pré-anestésica, para indução foi

utilizado 4mg/kg de propofol intra venoso, epidural foi 0,1mg/kg de morfina mais

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0,5mg/kg de lidocaína e manutenção foi com 0,6ml/kg/h com solução de propofol e

quetamina intra venosa.

No pós operatório paciente mantido em fluidoterapia de ringer com lactato

em dose de manutenção de 40ml/kg/24h, metronidazol 25mg/Kg BID, intra venoso,

cefalexina 30mg/Kg BID, intra venoso, dipirona 28mg/Kg TID, intra venoso e

tramadol 2mg/kg TID, intra muscular.

Primeiro dia pós operatório paciente com temperatura 38,1ºC, mucosas

normocoradas, débito urinário reduzido, hematócrito 42% e proteínas totais 8,6 g/dl.

No segundo dia o paciente apresentava distensão abdominal, temperatura

37ºC, lactato 4,7mmol/l, hematócrito 25%, proteínas totais 3,2 g/dl, PIA 18cm H2O

(aferida pela técnica intra vesical), taquicardia e anúria. Resultados compatíveis com

SCA, paciente encaminhado para nova laparotomia, onde se verificou deiscência da

sutura intestinal com extravasamento de líquido para cavidade abdominal resultando

em peritonite. Realizado enterectomia e mantido abdômen aberto utilizando malha

sintética 100% poliamida, esterilizada em auto clave (Figura 18).

FIGURA 18 - SUTURA DE ABDÔMEN COM MALHA SINTÉTICA

EM CÃO COM SCA

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Mantido as prescrições anteriores, com adição de enrofloxacina na dose de

5mg/kg BID. Paciente permaneceu com curativo com compressa estéril, fralda

absorvível e bandagem, o qual foi trocado três vezes no primeiro dia pós cirúrgico.

Era realizado a pesagem do curativo para controle de quantidade de líquido

drenado. Sendo que a primeira troca drenou 285g, a segunda 260g e a terceira 275g

já descontado o peso inicial do curativo.

Nos próximos dois dias que seguiram a paciente estava com a quantidade

de líquido drenado diminuindo gradativamente No terceiro dia a paciente apresentou

uma quantidade novamente alta, de 245g, depressão e apatia acentuada. Foi

realizada punção do líquido intra abdominal e observado em lâmina, verificou-se

grande quantidade de neutrófilos degenerados (Figura 19).

FIGURA 19- CITOLOGIA DE LÍQUIDO INTRA ABDOMINAL

Encaminhada pela terceira vez para laparotomia, verificou-se a deiscência

da sutura intestinal. Feito novamente uma enterectomia, para reavivar as bordas, e

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anastomose. Após lavagem da cavidade, foi fechado o abdômen com fio absorvível

em sutura padrão tipo sultan.

Durante recuperação da anestesia a paciente apresentou hipotensão,

hipotermia, bradicardia e dispnéia, não respondendo a reposição volêmica,

inotrópicos e vasopressores, vindo a óbito.

4.3 DISCUSSÃO

Segundo Andrade (1998), a SCA é um fenômeno clínicopatológico distinto

em que a disfunção de órgãos está relacionada a PIA e é observado em pacientes

criticamente doentes. A paciente desenvolveu peritonite pós operatória que resultou

na SCA.

A paciente acima descrita apresentou sinais clínicos compatíveis descritos

por Irwin e Rippe (2007), tais como distensão abdominal, oligúria com posterior

anúria, dispnéia e taquicardia. Porém para fechar o diagnóstico foi preciso aferir a

PIA, conforme descrito por Villaça e colaboradores (2006), utilizando a técnica intra

vesical.

A literatura descreve com Macnelis (2003), que o primeiro órgão a sofrer são

os rins. Nossa paciente confirmou isto quando apresentou oligúria e posterior anúria.

A distensão abdominal se deu devido a deiscência de suturas intestinais e acúmulo

de líquido em cavidade. A dispnéia e taquicardia, conforme descreveu Biancofiore e

colaboradores em 2003, é devido ao deslocamento cranial do diafragma e a

compressão da veia cava na porção abdominal.

Neste caso optou-se pela descompressão cirúrgica e utilizou-se a técnica de

abdômen aberto, que como citado por Rabelo (2010), permitiu a drenagem da

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cavidade abdominal, proporcionou adequada ventilaçao permitindo um meio mais

aeróbico e possibilitando a regressão de edema de alças intestinais e parede

abdominal.

Esperava-se poder fechar o abdômen dentro de cinco a sete dias , mas a

paciente desenvolveu sepse grave e apresentou deiscência de pontos. Segundo

Sugrue (2005) a isquemia pode resultar em translocação bacteriana e dificuldade de

cicatrização.

O prognóstico era desfavorável devido ao estado de sepse em que a

paciente se encontrava.

Após novo procedimento a paciente evoluiu para choque séptico e óbito. De

acordo com Rabelo (2005), sepse é a resposta sistêmica a uma infecção e se

caracteriza pelos mesmos critérios que a SRIS, mais a presença de um foco

infeccioso. E choque séptico é caracterizado pela hipotensão não responsiva a

terapia com fluídos e vasopressores.

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42

5 ADENITE SEBÁCEA

5.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.1.1 Introdução

O estrato córneo é formado por ceratinócitos diferenciados que geram um

envoltório cornificado e sofrem apoptose. São produzidos corneócitos que

descamam de maneira regulada e controlada, de forma que quase não há

descamação visível. Em cães normais, um ceratinócito basal leva cerca de 21 dias

para se tornar um corneócito. Qualquer alteração na cinética epidérmica, distúrbio

na produção de lipídios ou alteração na umidade da pele pode provocar

descamação visível (STANNARD et al, 2004).

Segundo Stannard e colaboradores (2004), adenite sebácea é uma

dermatose descamativa e crostosa hereditária que se caracteriza por um processo

inflamatório centrado na destruição das glândulas sebáceas.

De acordo com Tevell e colaboradores (2008), a doença foi descrita em cães

pela primeira vez por Scott em 1986. A doença tem sido relatada em mais de 50

raças, porém com predileção por algumas que serão discutidas mais adiante neste

trabalho.

Adenite sebácea é um distúrbio disqueratótico crônico, caracterizado pela

degeneração e atrofia pós inflamatória da glândula sebácea, o qual não é muito

comumente descrito em cães e raramente em gatos (OBLADEN et al, 2007).

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43

5.1.2 Etiologia

Embora a etiologia e patogenia sejam desconhecidas é uma doença

considerada hereditária e o modo de transmissão parece ser autossômico recessivo

(HARVEY e MCKEEVER, 2004).

Gross e colaboradores (2009) relatam estudos imunoistoquímicos que

também sugerem uma imunopatogênese mediada por células para a destruição das

glândulas sebáceas.

Segundo Birchard e Sherding (1998) AS é uma doença que pode ser um

defeito herdado do desenvolvimento da glândula sebácea, uma destruição

imunomediada das glândulas, um defeito de queratinização folicular ou uma

anormalidade no metabolismo lipídico afetando as secreções sebáceas e a

ceratinização.

5.1.3 Epidemiologia

A AS apresenta forte predileção racial para cães das raças de pêlo longo

Akita, Poodle e Samoyeda e raça de pêlo curto Vizsla (cão de caça húngaro). A

doença não apresenta predisposição quanto ao sexo e a idade varia dos três aos

sete anos (BIRCHARD e SHERDING, 1998).

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44

5.1.4 Fisiopatologia

Teorias a respeito da fisiopatologia incluem uma resposta auto imune a

antígenos da glândula sebácea, ou um defeito estrutural primário da glândula, ou de

seu conduto, que permite o vazamento de secreção para dentro da derme, onde ele

provoca uma reação a corpo estranho (HARVEY e MCKEEVER, 2004).

Ainda segundo Harvey e Mckeever (2004), no início da doença existe uma

perifoliculite discreta. Mais tarde, ocorre uma reação inflamatória nodular

granulomatosa ao redor da glândula sebácea, que resulta na sua destruição.

5.1.5 Sinais Clínicos

O aspecto, a distribuição e a gravidade das lesões variam de acordo com a

raça e de animal para animal de uma mesma raça. Em cães de pêlo longo ocorre

alopecia simétrica ou irregular não pruriginosa, a menos que ocorra infecção

bacteriana secundária, com formação excessiva de escamas e pêlos quebradiços e

opacos. Áreas específicas incluem parte superior da cabeça, região dorsal de

pescoço e tronco, cauda, pavilhão auricular e dorso do plano nasal. Em cães de pêlo

curto apresentam alopecia em áreas circulares e descamação de cabeça, orelhas,

tronco e extremidades. Estas áreas podem progredir para alopecia em padrão

serpiginoso ou difuso (BIRCHARD e SHERDING, 1998).

Sinais clínicos mais salientes como descamação e aglomeração folicular,

ocorrem provavelmente como uma sequela decorrente da interrupção do fluxo de

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sebo, proveniente a inflamação e da ablação da glândula sebácea (GROSS et al,

2009).

Segundo Harvey e Mckeever (2004), as lesões dos pacientes com pêlos

longos surgem como escarificações, com adelgaçamento de pêlo, ou como áreas

focais de alopecia. Geralmente existem cilindros foliculares proeminentes (resíduos

foliculares fortemente aderidos a base da haste do pêlo), (FIGURA 20). Com a

progressão da doença aparece descamação grave, com escamas características

branco prateadas, fortemente aderentes, incorporando pequenos tufos de pêlos

emaranhados (FIGURA 21).

FIGURA 20 - CILINDROS FOLICULARES

FONTE: HARVEY; MCKEEVER, 2004.

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46

FIGURA 21- ESCAMAS CARACTERÍSTICAS DA AS

EM REGIÃO DE DORSO DE UM CÃO

FONTE: HARVEY E MCKEEVER, 2004.

5.1.6 Diagnóstico

A AS possui sinais clínicos comuns a inúmeras outras doenças de pele,

como a demodicose, foliculite bacteriana, dermatofitose, endocrinopatia, dermatose

responsiva ao zinco, dermatose responsiva a vitamina A e piodermatite superficial. O

diagnóstico baseia-se na exclusão destas outras causas com raspagem de pele,

cultura bacteriana e antibiograma, cultura fúngica, ultrassonografia e teste de

dosagem de cortisol e suplementação na dieta (ANGUS, 2009).

O exame que confirma AS é a biópsia de pele, que vai revelar nas lesões

iniciais granulomas discretos em áreas nas quais as glândulas deveriam estar, sem

envolvimento de outros anexos. Nas lesões crônicas nota-se ausência de glândulas

sebáceas que são substituídas por fibrose (MEDLEAU e HNILICA, 2003).

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47

Quanto à seleção do local da biópsia, devem ser coletadas diversas

amostras para que uma quantia adequada de unidades anexas possam ser

avaliadas. Onde a ausência difusa das glândulas sebáceas é o achado

histopatológico mais comum da adenite sebácea (FIGURA 22) (GROSS et al, 2009).

FIGURA 22 - AUSÊNCIA COMPLETA DE GLÂNDULA SEBÁCEA.

FONTE: GROSS ET AL, 2009.

5.1.7 Tratamento

Os responsáveis devem ser esclarecidos quanto à natureza crônica e a base

genética da doença e aconselhados a não utilização, dos pacientes afetados, na

reprodução. A terapia é paliativa, em casos recentes ou leves podem ser

beneficiados por xampus ceratolíticos, enxágue emolientes e suplementos

alimentares com ácidos graxos Omega-3 e Omega-6. Casos mais graves ou

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adiantados podem ser beneficiados pela pulverização ou enxágue diário com uma

mistura de propilenoglicol a 50-75% em água. Os retinóides sintéticos isotretinoína

ou etretinato podem resultar em melhora em alguns casos quando usado na dose de

1-2mg/kg, VO, Bid (HARVEY e MCKEEVER, 2004).

Segundo Angus (2009), o primeiro passo no tratamento da AS é a remoção

dos pêlos mortos e da cera aderente, com escovação e utilização de xampu

antiseborreico (peróxido de benzoíla ou sulfeto de selênio). Em casos de infecção

bacteriana secundária incluir um xampu antibiótico ou antiséptico, ou até mesmo

terapia antibiótica via oral. E o segundo passo é restauração da normalidade lipídica

da epiderme, com utilização de umectantes e suplementação de ácidos graxos

essenciais.

O uso de glicocorticóides sistêmicos, como a predinisolona em doses

antiinflamatórias de 0,5-0,7 mg/kg, VO, BID, pode ser útil se o caso for diagnosticado

precocemente. Nos casos refratários tem-se usado também a ciclosporina na dose

de 5mg/kg, VO, BID (BIRCHARD e SHERDING, 1998).

Segundo Medleau e Hnilica (2009), AS é uma doença incurável, o

tratamento inicial varia de um a dois meses, sendo que após este primeiro estágio a

terapia é revista e feito doses de manutenção que vão variar de paciente para

paciente.

5.1.8 Prognóstico

O prognóstico é variável, dependendo da gravidade da doença. Cães com

pêlo curto, os quais tendem a apresentar sintomas mais suaves, podem ter um

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prognóstico mais favorável que os cães de pêlo longo. Pacientes que tiveram

diagnóstico precoce também apresentam um prognóstico favorável (MEDLEAU e

HNILICA, 2003).

5.2 RELATO DE CASO

Foi atendido no HVSM um paciente canino, da raça Akita, fêmea, com seis

anos e pesando 32kg.

Ao exame físico paciente apresentava lesões crostosas e alopécicas em

região de dorso (FIGURA 23) há aproximadamente 2 meses, pêlos opacos e

quebradiços, segundo o responsável, paciente apresentava pouco prurido.

Mucosas normocoradas, temperatura central de 38ºC, frequência cardíaca

com 180 bpm e tempo de preenchimento capilar de 1 segundo. Ao exame de

raspado de pele, não se observou nenhum ácaro. Explicado ao proprietário a

doença AS e a sua predileção pela raça Akita, solicitou-se a biópsia de pele.

FIGURA 23 - LESÕES CROSTOSAS EM DORSO.

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50

Realizado a biópsia com coleta por punch em cinco pontos distintos e

enviado material para o laboratório. Neste intervalo até o resultado do exame foi

prescrito enrofloxacina 5mg/kg, VO, Bid, durante 7 dias.

Resultado histopatológico revelou adenite sebácea crônica. A prescrição de

enrofloxacina foi substituída pela seguinte terapia: prednisona 0,6mg/kg, VO, Sid por

dez dias e na dose de 0,6mg/kg, VO a cada 48h por mais vinte dias. Para uso tópico

foi prescrito xampu hipoalergênico e hidratante a base de uréia e glicerina, com

banhos semanais. Marcado retorno para reavaliação em trinta dias.

Ao retorno paciente apresentou visível melhora (FIGURA 24), mantido a

predinisona a cada 48h e alterado banho de uma vez por semana para a cada 15

dias.

FIGURA 24 - PACIENTE APÓS UM MÊS DE TRATAMENTO.

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51

5.3 DISCUSSÃO

A paciente da raça Akita de seis anos e sete meses chegou ao hospital com

uma queixa dermatológica caracterizada por descamação e crostas que

epidemiológicamente, segundo Birchard e colaboradores (1998), está dentro dos

padrões de predileção da doença, que são faixa etária dos três aos sete anos e a

raça.

Segundo Harvey e Mckeever (2004) a AS foi considerada uma doença

hereditária quando estudada a fundo na raça poodle padrão, e podendo também ser

assim na raça Akita e outras.

Paciente apresentava sinais clínicos que são comuns a varias doenças de

pele, como pêlo ressecado e quebradiço, formação excessiva de escamas, áreas de

alopecia em região de dorso. Segundo Gross e colaboradores (2009), sinais clínicos

como descamação e aglomeração folicular ocorrem como uma sequela decorrente

da interrupção do fluxo de sebo, proveniente da inflamação da glândula sebácea.

Segundo Stannard (2004), uma das raças mais acometidas pela AS é o

Akita, por isso foi solicitado o exame de biópsia de pele para fechar o diagnóstico e

descartar outras doenças.

Medleu e Hnilica (2003) já relataram em seu trabalho que o melhor exame

para diagnosticar AS é a biópsia de pele realizada em vários pontos diferentes. Que

vai revelar desde granulomas discretos até ausência completa de glândulas

sebáceas.

O tratamento consiste em controlar a inflamação que atinge as glândulas

sebáceas e manter a hidratação da pele. O tratamento instituído foi xampu

hipoalergênico e hidratante para uso tópico e corticóide de uso sistêmico. Segundo

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Gross e colaboradores (2009), poderia ter sido usado uma suplementação alimentar

com ácidos graxos essenciais.

Segundo Birchard e colaboradores (1998), o uso de glicocorticóides

sistêmico em doses antiinflamatórias de 0,5-0,7mg/kg pode ser útil se o caso for

diagnosticado precocemente.

Por ser uma doença incurável (MEDLEAU e HNILICA, 2003), a paciente vai

ficar em terapia de manutenção para o resto da vida, porém é uma doença de

prognóstico favorável no caso desta paciente, que segundo Tevell (2008) quando

diagnosticado precocemente o tratamento é mais eficaz.

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6 CONCLUSÃO

O período do estágio curricular supervisionado no HVSM foi de grande

importância tanto profissional quanto pessoal, tive a oportunidade de interagir com

outros profissionais da área, além do contato com os clientes.

Uma casuística diversificada, abordando casos corriqueiros e casos raros,

permetiu-me aumentar meus conhecimentos adquiridos na universidade e

proporcionou-me ganhar experiência em situações não antes acompanhadas.

O período de contato com os pacientes, responsáveis e profissionais

envolvidos, serviu para ter a certeza que escolhi a área certa para minha realização

profissional.

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