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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ LAIS SCHWIGERT DOS SANTOS MELHORIA CONTÍNUA EM EMPRESAS RECÉM- CERTIFICADAS PELAS NORMAS ISO 9001 E OHSAS 18001 – ESTUDO DE CASO DE EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇO CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

LAIS SCHWIGERT DOS SANTOS

MELHORIA CONTÍNUA EM EMPRESAS RECÉM-

CERTIFICADAS PELAS NORMAS ISO 9001 E OHSAS 18001

– ESTUDO DE CASO DE EMPRESAS PRESTADORAS DE

SERVIÇO

CURITIBA

2013

LAIS SCHWIGERT DOS SANTOS

MELHORIA CONTÍNUA EM EMPRESAS RECÉM-

CERTIFICADAS PELAS NORMAS ISO 9001 E OHSAS 18001

– ESTUDO DE CASO DE EMPRESAS PRESTADORAS DE

SERVIÇO

Trabalho de conclusão de curso, como requisito

avaliativo para obtenção da especialização do

Curso MBA em Gestão Estratégica da Qualidade e

SGI, da Universidade Tuiuti do Paraná.

Professor Orientador: Rodrigo Vinícius Sartori

CURITIBA

2013

LAIS SCHWIGERT DOS SANTOS

MELHORIA CONTÍNUA EM EMPRESAS RECÉM-

CERTIFICADAS PELAS NORMAS ISO 9001 E OHSAS 18001

– ESTUDO DE CASO DE EMPRESAS PRESTADORAS DE

SERVIÇO

Trabalho de conclusão de curso, como requisito

avaliativo para obtenção da especialização do

Curso MBA em Gestão Estratégica da Qualidade e

SGI, da Universidade Tuiuti do Paraná, sob

orientação do Prof. Rodrigo Sartori, em 23 de

novembro de 2013 à seguinte banca examinadora:

PROFESSOR RODRIGO SARTORI (Universidade Tuiuti do Paraná)

-ORIENTADOR-

PROFESSOR LUIZ COUGO (Universidade Tuiuti do Paraná)

CURITIBA

2013

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, minha luz nos momentos de fraqueza. À minha mãe

Ohsana, e ao meu pai Valmir, pelos ensinamentos de vida que foram fundamentais

na construção do meu caráter. À meus irmãos Leonardo e Lucas que tanto estimo. À

minha amada sogra Rosa, que rezou por mim todos os dias. À minha inseparável e

melhor amiga Kelen, e a sua família.

Ao orientador Prof. Rodrigo Sartori, que não cansou de ensinar a fazer o

melhor, sua atenção foi fundamental para o desempenho deste trabalho. Ao mestre

Cley Linhares por toda a compreensão e aos professores do curso que promoveram

ensinamentos valiosos e me fizeram uma profissional completa.

E finalmente, agradeço á pessoa que pacientemente me esperou em minhas

horas de estudos, o qual apoiou todas as decisões, meu amigo, meu melhor

presente, meu amor: Robson.

RESUMO

O presente trabalho relatou como é possível manter o controle do sistema

de gestão integrada e o alcance da melhoria contínua em empresas

recém-certificadas. A pesquisa analisou três empresas que obtiveram a

certificação das normas ISO 9001 e OHSAS 18001, duas possuem sede

localizada no estado do Paraná e a outra com sede no estado de SP. São

prestadoras de serviço, uma delas foi recertificada e apesar das

dificuldades em seu ciclo de manutenção consegue apresentar

ferramentas funcionais e que visam o crescimento do processo do SGI.

As outras duas foram certificadas pela 1ª vez e garantem que a

implantação do SGI está relacionada ao envolvimento das pessoas e da

Alta Direção. As três empresas atuam em ramos de serviço distintos. A

metodologia foi entrevistas com os coordenadores de cada uma das

empresas, os quais estão relacionados à área de Qualidade e Saúde e

Segurança do Trabalho. Foram abordados nesta entrevista os métodos

de trabalho, os pontos negativos e positivos relacionados à manutenção

das normas ISO 9001 e OHSAS 18001 e o envolvimento das pessoas no

desenvolvimento da implantação do sistema de gestão integrada. A

pesquisa constatou as dificuldades das empresas em manter a

manutenção do sistema de gestão integrada e a necessidade de estarem

continuamente melhorando os processos.

Palavras chaves: melhoria contínua, certificação, sistema de gestão

integrada.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Ciclo PDCA ........................................................................................ 12

FIGURA 2 - Elementos de um Sistema da Gestão da Qualidade .......................... 14

FIGURA 3 - Modelo do sistema de gestão da SST para esta norma OHSAS ....... 18

FIGURA 4 - Exemplo de Sipoc para processo de preparar café ............................ 31

FIGURA 5 - Modelo de solicitação de ação corretiva e preventiva ........................ 36

FIGURA 6 - Modelo de formulário para Investigação de Acidentes e Incidentes –

PARTE 1 ............................................................................................................... 37

FIGURA 7 - Modelo de formulário para Investigação de Acidentes e Incidentes –

PARTE 2 ................................................................................................................ 38

FIGURA 8 - Sistema para gestão de documentos – implantada especificamente na

Prestadora C ......................................................................................................... 40

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Top 10 dos países com maior número de certificados ISO 9001 ........ 15

TABELA 2 - Nº de Certificados emitidos ISO 9001 por unidade de negócio ............ 15

TABELA 3 - Dificuldades para obtenção da Certificação do SGQ – Percepção das

310 empresas pesquisadas pela ABNT/CB25 ................................................................... 19

TABELA 4 - Vantagens do processo de Certificação - Percepção das 310

empresas pesquisadas pela ABNT/CB25 ............................................................................ 20

TABELA 5 - Desempenho dos Indicadores de SST antes e após implantação

OHSAS 18001 ....................................................................................................... 24

TABELA 6 - Pontos Positivos apontados pelas prestadoras após certificação ...... 24

TABELA 7 - Pontos Negativos apontados pelas prestadoras após certificação ..... 25

TABELA 8 - Mapeamento de Processos utilizando a SIPOC – Etapa 1 ................... 28

TABELA 9 - Mapeamento de Processos utilizando a SIPOC – Etapa 2 ................... 29

TABELA 10 - Mapeamento de Processos utilizando a ferramenta SIPOC – Etapa 1

– setor SIAC .................................................................................................................................. 30

TABELA 11 - Mapeamento de processos utilizando a ferramenta sipoc – Etapa 2 –

setor SIAC ...................................................................................................................................... 31

LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CB-25 Comitê Brasileiro da Qualidade

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

ISO International Organization for Standardization

NBR Norma Brasileira

OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series

SGI Sistema de Gestão Integrada

SGQSST Sistema de Gestão da Qualidade e Saúde e Segurança

no Trabalho

SGQ Sistema de Gestão da Qualidade

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8

1.1. Importância do Tema ......................................................................................................... 8

1.2. Motivação e Justificativas ................................................................................................ 9

1.3. Objetivos ............................................................................................................................... 9

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO ............................... .................................................. 10

2.1. Sistema de Gestão Integrada ......................................................................................... 10

2.2. Certificações de conformidade ISO 9001 ................................................................... 14

2.3. Certificação da Serie de Avaliação da Segurança e S aúde Ocupacional - OHSAS ........................................................................................................................................... 17

2.4. Cultura Organizacional e o Envolvimento da Gestão F amiliar ............................. 19

2.5. Melhoria Contínua ............................................................................................................ 21

2.6. Dados de pesquisa de empresas recém-certificadas po r ABNT/CB 25 ............. 21

3. ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 24

3.1. Metodologia ........................................................................................................................ 24

3.2. Métodos de Pesquisa ....................................................................................................... 24

3.3. Descrição das Empresas ................................................................................................ 25

3.4. Resultados iniciais durante as entrevistas ................................................................ 26

4. RESULTADOS FINAIS X EVIDÊNCIAS DE MELHORIA ........ .......................... 30

4.1. Resultados do desempenho da Ferramenta SIPOC – Pres tadora A .................. 31

4.1.1. Resultado SIPOC – Setor Credenciamento ................................................................ 32

4.1.2. Resultado SIPOC – Setor SIAC ..................................................................................... 34

4.2. Resultados de Ferramentas de Ação Corretiva e Preve ntiva e Acidentes e

Incidentes ....................................................................................................................................... 36

4.3. Resultados de Ferramentas para Tratativas de Indica dores ................................ 38

4.4. Resultados de Ferramentas de Controle de Documentos e Registros ............. 40

5. CONCLUSÃO ......................................... ............................................................ 41

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 44

ANEXO ..................................................................................................................... 47

8

1. INTRODUÇÃO

1.1. Importância do Tema

É fato que as empresas atualmente buscam encontrar as melhores

soluções de mercado quando se trata em atender as necessidades dos clientes. A

implantação das Normas ISO 9001 e OHSAS 18001 nas empresas podem ser

consideradas uma estratégica para atingir um nível de competitividade e o

aprimoramento contínuo de processos que irá garantir um sistema padronizado a

longo prazo.

A Norma ISO 9001 estabelece princípios para aplicação da gestão da

qualidade, podendo ser utilizada por qualquer organização, sendo a única da família

a ser certificada, embora esse não seja o requisito. ISO (International Organization

for Standardization – Organização Internacional para a Padronização) tem como

objetivo criar normas que facilitem e promovam boas práticas de gestão.

A Norma OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment

Series – Série de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional) foi desenvolvida

em resposta à demanda de clientes por uma norma reconhecida para sistemas de

gestão da Saúde e Segurança no Trabalho.

É evidente a influência de clientes e fornecedores nas decisões

estratégicas relacionadas à implantação de uma certificação, por estarem

relacionadas à competitividade e ao crescimento da empresa.

Ser uma empresa recém-certificada é um desafio, porque exige recursos

para se adequar as necessidades de um sistema padronizado. Estes recursos

podem estar relacionados a questões financeiras e é neste momento que o apoio da

Alta Direção é importante para que o que foi planejado possa ser implantado.

Um sistema de gestão integrada é a combinação de procedimentos,

processos e métodos que sejam aplicáveis para qualquer escopo organizacional. O

gerenciamento deste sistema se bem aplicado, resulta na melhoria contínua.

9

1.2. Motivação e Justificativas

A partir da experiência adquirida por esta pesquisadora em oito anos de

trabalho dedicados exclusivamente na área de qualidade, sendo os últimos três anos

direcionados ao desenvolvimento de um sistema de gestão integrada das normas

ISO 9001 e OHSAS 18001 em uma empresa prestadora de serviços no ramo de

saúde ocupacional, começou a ser observadas através dos funcionários muitas

reclamatórias em se adaptar com a padronização dos processos em virtude do

crescimento e recém-certificação da empresa, desde então, houve um

questionamento a ser analisado: Como manter a manutenção do sistema de

gestão integrada e o aprimoramento contínuo em busc a de melhorias após

uma certificação e qual a importância das pessoas n o envolvimento desta

implantação?

Neste cenário, verifica-se, que o SGQSST (Sistema de Gestão da

Qualidade e Saúde e Segurança no Trabalho) necessita estar em sinergia com os

demais processos da empresa, de forma a assegurar aos clientes o

comprometimento e o fortalecimento deste sistema após certificação.

1.3. Objetivos

O presente estudo tem como objetivo geral apresentar os resultados

alcançados em melhoria contínua de empresas no ramo de prestação de serviços,

certificadas pelas normas ISO 9001 e OHSAS 18001, visando abordar os métodos

de gestão que são aplicados, levando em conta exemplos de ferramentas da

qualidade implantadas durante o ciclo de certificação, os fatores humanos e o

envolvimento da Alta Direção.

De forma específica o presente estudo, propõe um modelo, que auxilie no

gerenciamento de um sistema de gestão integrada após um processo de certificação

e que proporcione uma análise crítica sobre os seguintes aspectos:

- Quais as vantagens e desvantagens das certificações;

- Apresentar cenários de empresas recém-certificadas;

- Propor ferramentas funcionais;

10

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO

Neste capítulo são abordados temas relativos ao Sistema de Gestão

Integrada com foco na importância das certificações ISO 9001 e OHSAS 18001,

melhoria contínua e influências da cultura organizacional.

2.1. Sistema de Gestão Integrada

O sistema de gestão integrada (SGI) é a união normativa que garante o

atendimento a determinados pontos comuns. De Cicco (2004) esclarece que é uma

combinação de processos e procedimentos, que aplicados a uma prática de

implantação de políticas de gestão, pode ser vista de forma eficiente.

Para Labodová (2003), o alcance do SGI está relacionado a implementações

de sistemas individuais, que depois de implantados, formam a combinação do

sistema de gestão integrada e ressalta que o termo permite direcionar a diferentes

caminhos dentro de uma gestão, e que tal combinação é o alcance da qualidade

total.

Soler (2002), afirma que para a conquista da implantação do SGI, é

necessário entender as diversas características de uma organização e seus

formatos e assim definir o melhor método e adequá-lo de forma mais eficiente, ele

também ressalta que a integração das normas reflete em efeitos positivos, sobre os

olhos dos funcionários.

O sistema de gestão integrada é adequado aos princípios e requisitos

normativos, visto que os elementos apresentados abaixo são comuns entre as

normas ISO 9001 e OHSAS 18001:

- Conjunto de documentos;

- Política que abrange requisitos específicos;

- Representante da Direção;

- Gestão de registros e treinamentos;

- Instruções de trabalho;

- Sistema de controle de calibrações dos equipamentos;

- Programa de Auditoria Interna;

11

- Tratativas e ações quando detectadas não conformidades;

- Ações preventivas e corretivas;

- Reuniões de análise crítica;

Para Juran (1998), o nível de qualidade está relacionado à divisão dos

custos, entre eles, podem ser citados os evitáveis e inevitáveis. Os evitáveis estão

associados aos defeitos e falhas dos produtos, os quais podem ser identificados

como: custos de refugo ou retrabalho. Os inevitáveis se associam com as

prevenções e avaliações para o desenvolvimento de fornecedores, inspeções,

controles processuais etc.

Segundo a definição da Norma OHSAS 18001,

sistema de gestão da Saúde e Segurança no Trabalho é parte do sistema de gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua política de SST e para gerenciar seus riscos de SST. Nota 1 - um sistema de gestão é um conjunto de elementos inter-relacionados utilizados para estabelecer a política e os objetivos e para atingir tais objetivos. Nota 2 - Um sistema de gestão inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento (incluindo, por exemplo, a avaliação de riscos e o estabelecimento de objetivos), responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos. (OHSAS 18001, 2007).

Tratando-se do modelo de sistema de gestão da qualidade, a ISO 9001

baseia-se nos princípios de gestão estabelecidos pela qualidade total e ressalta que

inicialmente para se ter um entendimento global sobre o modelo de gestão da

qualidade da ISO 9001 devem ser abordados oito princípios fundamentais de

gestão:

1) Foco no cliente

2) Liderança

3) Envolvimento de pessoas

4) Abordagem de processo

5) Abordagem sistêmica para a gestão

6) Melhoria contínua

7) Tomada de decisão baseada em fatos

8) Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores

Carpenetti et al. (2010) ressaltam que o sistema da qualidade

estabelecido pela ISO destina-se às empresas interessadas em implementar um

12

SGQ a fim de demonstrar o atendimento aos requisitos solicitados pelos clientes

garantindo eficiência nos serviços prestados.

Deming (1990) propõe que para os objetivos de um sistema de gestão

serem alcançados é importante adotar uma metodologia de análise visando a

solução de problemas e o Ciclo PDCA constitui em um modelo básico para iniciar

este método de implantação. A figura 1 apresenta este método onde:

1) P (Plan - Planejar) Estabelece objetivos e processos.

2) D (Do - Fazer) Implementação destes processos.

3) C (Check - Verificar) Monitoramento e medição dos processos.

4) A (Act- Agir) Tomada de ações para melhoria continua dos processos.

FIGURA 1 – CICLO PDCA

Fonte: DEMING (1990)

Conforme QSP (2003), algumas vantagens podem ser citadas, além da

redução de custos: simplificação da documentação (manuais, procedimentos

operacionais, instruções de trabalho e registros) e o atendimento estruturado e

sistematizado à legislação ambiental e relativa à saúde e segurança do trabalho. As

vantagens da implantação de um SGI (Sistema de Gestão Integrada) também

incluem:

13

a) Diferencial competitivo :

- Fortalecimento da imagem no mercado e nas comunidades;

- Prática da excelência gerencial por padrões internacionais de gestão;

- Atendimento às demandas do mercado e da sociedade em geral;

b) Minimização de fatores de risco:

- Reconhecimento da gestão sistematizada por entidades externas;

- Maior conscientização das partes interessadas;

- Atuação pró-ativa, evitando-se danos ambientais e acidentes no trabalho;

- Melhoria do clima organizacional;

- Maior capacitação e educação dos empregados;

- Redução do tempo e de investimentos em auditorias internas e externas.

- Segurança legal contra processos e responsabilidades;

- Segurança das informações importantes para o negócio;

- Minimização de acidentes e passivos;

c) Melhoria Organizacional:

- Reconhecimento da gestão sistematizada por entidades externas;

- Maior conscientização das partes interessadas;

- Atuação pró-ativa, evitando-se danos ambientais e acidentes no trabalho;

- Melhoria do clima organizacional;

- Maior capacitação e educação dos empregados;

- Redução do tempo e de investimentos em auditorias internas e externas.

14

Soler (2002) diz que o principal argumento que tem gerado uma

perspectiva nas empresas a integrar os processos de qualidade e saúde e

segurança é o efeito positivo que o SGI reflete em seus funcionários.

2.2. Certificações de conformidade ISO 9001

Segundo o documento técnico apresentado pelo Comitê Brasileiro da

Qualidade, disponível no site ABNT CB-25, a ISO 9001 é uma norma internacional

que apresenta os requisitos específicos para o SGQ e ela faz parte de uma família

de outras normas publicadas pela International Organization for Standardization

(ISO), tendo como objetivo principal orientar as empresas a satisfazer as

necessidades dos clientes e buscar a melhoria contínua em seus processos.

De acordo com a ISO 9001 2008, a norma promove uma abordagem a fim

de desenvolver uma metodologia que promova a implementação de processos

eficazes e que garantam a satisfação do cliente atendendo suas necessidades.

Conforme é visualizado na figura 2 abaixo:

FIGURA 2 - ELEMENTOS DE UM SISTEMA DA GESTÃO DA QUALIDADE

Fonte: NBR ISO (2008)

15

A quantidade de certificados emitidos da ISO 9001 superou a marca de 1

milhão 2010. Naquele ano no Brasil, foram mais de 4.009 certificados emitidos

representando um forte potencial de crescimento, sendo a China a líder absoluta

com 297.037 certificados emitidos. A tabela 1 traz as empresas com maior número

de certificados.

TABELA 1 - TOP 10 DOS PAÍSES COM MAIOR NÚMERO DE

CERTIFICADOS ISO 9001

1 China 297.037

2 Itália 138.892

3 Rússia 62.265

4 Espanha 59.854

5 Japão 59.287

6 Alemanha 50.583

7 Reino Unido 44.849

8 Índia 33.250

9 Estados Unidos 25.101

10 Coréia do Sul 24.778

Fonte: http://totalqualidade.com.br/2012/03/e-conti nua-o-crescimento-do-numero-de.html

Conforme relatório estatístico emitido pelo INMETRO (2014) é possível

verificar que empresas prestadoras de serviços, como por exemplo: Construção Civil

vêm alcançando uma marca significativa de certificações, em seguida o segmento

de Transporte e Armazenagem, este alcance está relacionado a uma perspectiva de

mercado mais exigente. A tabela 2 abaixo traz o número de certificações emitidas

referente norma ISO 9001 por unidade de negócio:

TABELA 2 – NÚMERO DE CERTIFICADOS ISO 9001 EMITIDOS

POR UNIDADES DE NEGÓCIO

16

Fonte:http://www.inmetro.gov.br/gestao9000/Hist_Cer tificados_Emitidos_Cod_Iaf_atual.asp?Cham

ador=INMETROCB25&tipo=INMETROEXT

Tipo de negócio ISO 9001:2008

Abastecimento de Água 24

Abastecimento de Gás 14

Administração Pública 35

Aeroespacial 14

Agricultura, Pesca 35

Alimentos, Bebidas e Fumo 196

Borrachas e Produtos Plásticos 496

Combustível Nuclear 1

Comércio Atacado e Varejo; Reparos de Automóveis e Motociclos; e Bens Pessoais e Domésticos

367

Concreto, Cimento, Cal, Gesso, etc 89

Construção Civil 1894

Construção Naval 8

Couro e Produtos de Couro 10

Editoras 5

Educação 64

Empresas de Impressão 96

Equipamentos Óticos e Elétricos 551

Fabricação de Coque e Produtos Refinados de Petróleo 20

Fabricações não Classificáveis 43

Farmacêuticos 45

Hotéis e Restaurantes 29

Intermediação Financeira; Bens Imóveis; Locação 110

Madeira e Produtos de Madeira 67

Máquinas e Equipamentos 463

Metais Básicos e Produtos Metálicos Fabricados 1457

Mineração e Extrativismo 41

Outros Equipamentos de Transporte 542

Outros Serviços 767

Outros Serviços Sociais 97

Polpa, Papel e Produtos de Papel 124

Produtos Minerais Não Metálicos 108

Química, Produtos Químicos e Fibras 414

Reciclagem 12

Saúde e Serviço Social 169

Serviços de Engenharia 297

Suprimento de Energia Elétrica 75

Tecnologia da Informação 150

Têxteis e Produtos Têxteis 87

Transporte, Armazenagem e Comunicação 693

17

2.3. Certificação da Serie de Avaliação da Seguranç a e Saúde

Ocupacional - OHSAS

Conforme a NBR OHSAS 18001, ela foi desenvolvida de modo a ser

compatível com as demais normas existentes, visando facilitar a integração dos

sistemas da qualidade e também ambiental. Além disso, ela especifica requisitos

para um sistema de Saúde e Segurança no Trabalho – SST, capacitando as

organizações a criar políticas e seguir requisitos legais em prol da saúde e

segurança dos colaboradores, por isso é muito importante a participação e o apoio

da Alta Direção.

A norma também informa que um dos principais objetivos é a execução

das boas práticas de SST, a fim de eliminar ou minimizar os risco e criar diretrizes

para assegurar os procedimentos implantados. Um sistema com essa natureza,

permite a empresa desenvolver políticas, objetivos e processos para garantir as

diretrizes estabelecidas na política com foco em questões de saúde e segurança.

FIGURA 3 - MODELO DO SISTEMA DE GESTÃO DA SST PARA NORMA OHSAS

Fonte: BS OHSAS 18001 (2007)

18

A norma OHSAS 18001 estabelece um processo de gestão de Saúde e

Segurança Ocupacional que visa reduzir ou eliminar completamente os riscos aos

funcionários e outras partes interessadas, pertencentes à organização ou que

operem em seu “site”, um de seus objetivos potenciais advindos da sua implantação,

tendo como requisito normativo a OHSAS 18001, compreendem:

a) Assegurar aos clientes o comprometimento com a gestão de SSO;

b) Manter boas relações com trabalhadores e sindicato;

c) Fortalecer a imagem da empresa junto aos seus clientes diretos e indiretos;

d) Melhoria da imagem pública da empresa;

e) Reduzir acidentes que impliquem em responsabilidade civil;

f) Maior motivação dos funcionários;

g) Implantação de um processo sistematizado de análise de riscos e avaliação

de perigos relacionados a incidentes e acidentes de saúde e segurança

ocupacional.

Segundo Seiffert (2010), a empresa como conseqüência passa a estabelecer

e consolidar uma imagem responsável perante o Mercado, demonstrando às partes

interessadas sua conformidade no cumprimento dos requisitos legais a ela aplicável,

mantendo e melhorando continuamente o seu sistema de gestão.

Castro (2007) reforça que a chave de uma implantação do SGSST bem–

sucedida é um bom planejamento e uma boa preparação, em contrapartida o

envolvimento e o compromisso dos funcionários fazem parte do desenvolvimento do

sistema de gestão.

Seiffert (2010) ressalta que a versão 2007 da OHSAS 18001 torna mais clara

a ênfase da política na preocupação como o comprometimento da saúde de

funcionários e subcontratados e que a direção deve definir e autorizar a política de

SSO assegurando que ela:

a) Seja apropriada a natureza, escala dos riscos de SSO da organização;

b) Inclua um comprometimento com a prevenção de lesões e doenças

ocupacionais e com a melhoria contínua do sistema de gestão de SSO;

19

c) Inclua o comprometimento em pelo menos atender aos requisitos legais

aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização relacionados aos

perigos a SSO;

d) Forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos de

SSO;

e) Seja documentada, implementada e mantida;

f) Seja comunicada a todas as pessoas que trabalhem sob o controle da

organização com o objetivo de conscientizá-las de suas obrigações relativas a

SSO;

g) Esteja disponível ás partes interessadas;

h) Seja revisada periodicamente para garantir que se mantenha apropriada e

relevante para a organização.

No trabalho de Champoux e Brun (2003) a implantação do SSO é possível em

pequenas e médias empresas. Os autores relatam que as empresas estudadas

realizam com sucesso atividades de SSO maior que o esperado, entretanto

atividades rotineiras são realizadas para assegurar a continuidade da produção,

como inspeções de equipamentos e do local de trabalho. Já atividades de caráter

preventivo que não impactam na produção foram informadas com uma frequência

bem menor.

Em um estudo realizado na Tailândia, os autores Kongtip, Yoosook e

Chantanakul (2008) observaram que mais de 30% das empresas não possuem um

plano anual de segurança. Os autores acreditam que isso acontece por questões de

que saúde e seguranças não são entendidas como grandes prioridades, do que

questões relacionadas à produção.

2.4. Cultura Organizacional e o Envolvimento da Ges tão Familiar

Chiavenato (1994) afirma que “a cultura representa o ambiente de

crenças e valores, costumes e tradições, conhecimentos e práticas de convívio

social e relacionamento entre as pessoas”.

Schein (2001) afirma que a Cultura Organizacional inicia-se pelos líderes

que impõem seus valores e pressupostos a respeito do mundo dos liderados, sobre

20

seu grupo e que quando este grupo tornar-se bem sucedido e estiver adaptado a

estes pressupostos passam a ser a base de líderes aceitos no futuro pela

organização.

Segundo Kissil (1998), para que uma organização possa se desenvolver e

até mesmo sobreviver é necessário mudar a cultura organizacional estabelecida,

além disso, ele sugere que a revitalização e a inovação do sistema empresarial

tenham a devida importância nos parâmetros de produtividade e que a diversidade

seja aceita.

É importante destacar o conceito das empresas familiares que conforme

Ricca Neto (1998), tais empresas apresentam características que as diferenciam de

demais organizações empresariais, visto que seus laços familiares determinam o

direito de sucessão nos cargos como o de direção.

Para o alcance do sucesso uma empresa familiar deve cuidar com

equívocos cometidos por processos de liderança. Segundo Dupas (2003), as

empresas acabam considerando tal sucessão é um evento e não um processo

formal e planejado ao longo do tempo.

Floriani e Rodrigues (2000), também defendem que um bom plano de

sucessão pode permitir controlar pontos críticos de um desempenho, tal como

competências para saber se realmente está preparado para assumir o comando da

empresa.

Para Lodi (1998), a gestão de empresas familiares implica na falta de

planejamento sistêmico financeiro, impactando diretamente nos recursos

necessários para desenvolver atividades que exigem maiores esforços, em

promoções por favoritismo entre demais funcionários ou até membros da família, e

por outro lado permite que a lealdade dos funcionários seja mais forte.

Uma empresa familiar também tem seus conflitos, os quais segundo

Lopes e Carrieri (2010), podem ser apresentados entre pais e filhos dentro da

própria organização prejudicando os laços familiares e o bom funcionamento da

organização. O convívio no ambiente de trabalho entre familiares pode atrapalhar

um bom gerenciamento dos processos ou a exploração dos mesmos, visto que os

21

abalos emocionais são inevitáveis nestes casos, impactando também no plano de

sucessão e conseqüentemente na sua futura gestão.

2.5. Melhoria Contínua

A melhoria continua também pode ser conhecida como Kaizen, cuja a

palavra é de origem japonesa a palavra KAI = (Mudar) e ZEN = (Melhor) ou seja,

melhoria contínua. Segundo afirma Massaki (1990), Kaizen significa melhoramento,

melhorias na vida pessoal, doméstica e social e quando aplicada para o trabalho,

deve ser entendida como melhoramento contínuo que envolve hierarquias de

administradores e trabalhadores de forma igual.

Segundo Harrington (1993), a melhoria contínua é o auge da perfeição,

enfatiza que é imprescindível torná-los eficazes, eficientes e adaptáveis em uma

gestão de aprimoramento de processos. Entretanto, conforme Pinto (1993), a

melhoria contínua está baseada em melhorar as diretrizes empresariais,

promovendo processos uniformes, redução de desperdícios em geral e custos mais

baixos aumentando a eficiências dos processos.

2.6. Dados de pesquisa de empresas recém-certificad as por ABNT/CB 25

Conforme pesquisa encomendada pelo INMETRO ao ABNT/CB25 no ano

de 2005, os dados abaixo apresentam percentuais significativos de 310 empresas

recém-certificadas. Segundo a ABNT/CB25 o objetivo era ouvir das organizações a

realidade que elas se encontravam após o processo de implantação e certificação.

A ABNT/CB25 avaliou os dados e constatou que:

a) 36% aplicaram a certificação por ser uma exigência do mercado;

b) 24% aplicaram a certificação por ser uma política da empresa;

c) 23% aplicaram a certificação para conquistar outros mercados;

d) 10% aplicaram a certificação para aumentar a produtividade e;

e) 7% aplicaram a certificação por questões de marketing.

22

Outro questionamento abordado pela ABNT/CB25 foi como as empresas

realizaram o processo de implantação e:

a) 71% através de consultoria externa e;

b) 29% através dos técnicos da própria organização.

De forma geral a ABNT/CB25 as empresas ao serem questionadas se o

processo de certificação agregava valor, das 310 empresas, apenas 1%

responderam que o processo não agregava valor.

A tabela 2 apresenta as principais dificuldades para a obtenção da

certificação, conforme levantado na pesquisa pela ABNT/CB25:

TABELA 3 - DIFICULDADES PARA OBTENÇÃO DA CERTIFICAÇ ÃO DO SGQ – PERCEPÇÃO

DAS 310 EMPRESAS PESQUISADAS PELA ABNT/CB25

Dificuldades %

Mudança da cultura da Empresa 25

Resistência dos Funcionários 21

Capacitação dos funcionários 13

Burocracia 8

Interpretação das Normas 8

Adequação as Normas 3

Outras 13

Nenhuma 18

Fonte: http://abntcb25.com.br

Na tabela 4, é possível visualizar os aspectos vantajosos que as

empresas apontaram após certificação:

23

TABELA 4 - VANTAGENS DO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO - PERCEPÇÃO DAS 310

EMPRESAS PESQUISADAS PELA ABNT/CB25

Vantagens %

Melhoria na organização interna 22

Melhoria da Competitividade 12

Melhoria do Controle de processo 11

Aumento de confiança dos clientes 11

Diminuição de custos 9

Aumento da padronização interna 9

Capacitação dos funcionários 9

Melhoria continua 7

Aumento da qualidade 6

Outros 4

Fonte: http://abntcb25.com.br

Segundo Ribeira Neto (2008), o SGI garante que se as normas

regulamentadoras forem bem respondidas, ou seja, respeitando o ambiente e

preocupando-se com a saúde e segurança do trabalhador, a satisfação do cliente

estará garantida.

No trabalho de Rosely (2010) foi possível constatar exemplos de

significativos abordados no processo de implantação da OHSAS 18001. Na tabela 5

é possível observar alguns indicadores de saúde e segurança antes e pós-

implantação da OHSAS 18001:

TABELA 5 – DESEMPENHO DOS INDICADORES DE SST ANTES E PÓS IMPLANTAÇÃO OHSAS

18001

Indicadores SST

Antes da

Implantação

OHSAS 18001

Pós Implantação

OHSAS 18001

Absenteísmo 14% 5%

Afastamento por Doenças Ocupacionais 7 5

Acidentes com afastamentos 3 1

Acidentes com materiais e/ou equipamentos 2 0

Fonte: MASCARENHAS, R. (2010)

24

3. ESTUDO DE CASO

3.1. Metodologia

Com o objetivo de verificar a aplicação prática do sistema de gestão

integrada em empresas prestadoras de serviço que possuem recém-certificação nas

normas ISO 9001 e OHSAS 18001, a metodologia adotada para o desenvolvimento

desta pesquisa foi realizar uma revisão bibliográfica e embasamento teórico dos

principais conceitos do tema escolhido. Em seguida, foram contatadas as empresas

via telefone e enviado aos responsáveis pela área de QSST (Qualidade, Saúde e

Segurança do Trabalho) um questionário com perguntas fechadas e abertas a fim de

coletar informações que complementariam os contatos telefônicos, referente o

cenário atual logo após certificação. Conforme Anexo I.

3.2. Métodos de Pesquisa

Para aplicabilidade da metodologia de pesquisa, optou-se por revisão

literária, observatória, as quais possibilitaram o conhecimento abrangente para

resultar no diagnóstico a ser apresentado. O estudo de implementação do SGI das

empresas em questão foi feito com base nas informações coletadas dos

coordenadores de Qualidade e Saúde e Segurança de cada empresa. O

questionário de pesquisa foi elaborado pela autora. Esse questionário não cita

requisitos detalhados de cada norma, mais sim, itens de controle que são comuns

entre as duas normas. Além disso, o questionário serviu apenas para complementar

as informações que foram absorvidas durante as entrevistas. Verificar o questionário

conforme anexo I deste trabalho.

Abaixo, a caracterização utilizada para o método de pesquisa:

a) Aplicada, pois gerou conhecimento para a aplicação prática, dirigidas a

solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses

locais (SILVA; MENEZES, 2001);

25

b) Exploratória, por ter ido à busca, da confirmação de verdades existentes e

aceitas para a compreensão do fenômeno pesquisado (SELLTIZ, et al.

1974);

c) Descritiva, por ter observado, registrado e analisado fatos ou fenômenos

sem manipulá-los (CERVO; BERVIAN, 2002).

d) De campo, pois se buscou respostas à questão da pesquisa utilizando

técnicas de observação quanto de interrogação, aprofundamento a

compreensão do fenômeno relacionado (SILVA; MENEZES, 2001).

3.3. Descrição das Empresas

• PRESTADORA A: é uma prestadora de serviços direcionada a realização

de atendimento médico ocupacional e exames complementares e em

assessoria para a confecção de relatórios direcionados a Saúde e Segurança

no trabalho, como por exemplo: PPRA (Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais), PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional)

regulamentados pelo Ministério do Trabalho, atuante no mercado a mais de

17 anos. A empresa possui aproximadamente 500 funcionários, sendo a

maior parte indireta, atendendo em todo Brasil, sua matriz está localizada na

cidade de Curitiba - PR.Tempo de certificação: recertificada há 2 anos / Total:

3 anos.

• PRESTADORA B: prestadora de serviços direcionada a área de

construção e apoio funcional de equipamentos, com foco em concessões nos

setores rodoviários, de transporte urbano, de infraestrutura e de logística.

Com aproximadamente 81 funcionários, localizada na cidade de Guarulhos-

SP, com mais de 25 anos de experiência. Tempo de certificação: 1 ano.

• PRESTADORA C : é uma prestadora de serviços direcionada a área de

logística de transporte, atua no Brasil, possuí filiais no Paraná e São Paulo,

26

com mais de 50 anos de experiência, possui aproximadamente 131

funcionários. Tempo de certificação: 1 ano.

3.4. Resultados iniciais durante as entrevistas

Conforme destaca Carpineti (2010), o foco no cliente, a melhoria contínua

e o comprometimento e envolvimento dos funcionários dependem em grande

medida e liderança da direção das empresas. De acordo, com a coordenadora da

qualidade da prestadora A, “A alta direção influencia e muito nos resultados

alcançados porque muitos processos, exemplo indicadores estratégicos, estão sob

análise de grandes lideranças e as tratativas só serão disseminadas quando houver

a participação deste grupo de líderes”.

Um dos principais resultados detectados no início da pesquisa foi que as

3 empresas aderiram a certificação em virtude de uma necessidade específica do

cliente.

As três empresas utilizaram serviços de consultoria externa um ou dois

anos antes do processo de implantação da certificação, apenas as prestadoras B e

C mantiveram as consultorias periódicas. Conforme analisa o coordenador da

qualidade da prestadora C, “A consultoria facilita o entendimento perante a

interpretação da norma, pois os consultores são especializados no assunto e nos

ajudam a garantir que estamos fazendo o que é certo”. Já o coordenador da

prestadora B, acredita que “O acompanhamento periódico das consultorias facilita

em muitos processos, mais não resolve a acomodação das pessoas, porque muitos

líderes esperam a iniciativa do setor QSST para tomar as devidas tratativas no

processo e deveria ser ao contrário, uma vez implantado o mesmo já deveria estar

sendo utilizado automático”.

A prestadora A, foi recertificada a 2 anos por um dos órgãos com maior

credibilidade no mercado – Bureau Veritas, que atua em mais de 140 países e

possui uma carteira com aproximadamente 44 mil clientes. Segundo a coordenadora

da qualidade da prestadora A, “Essa conquista de recertificação com um dos

maiores órgãos certificadores do mundo, trouxe para dentro do SGI e também de

forma institucional respeito e credibilidade para a o aprimoramento contínuo dos

27

processos. As pessoas envolvidas começaram a entender como um crescimento da

empresa e que era o momento de padronizar. O desempenho do órgão certificador

anterior não demonstrava uma metodologia séria que exigisse um melhor

desempenho dos processos auditados, esse posicionamento refletia negativamente

nas pessoas envolvidas durante a auditoria”.

O público alvo destas prestadoras são grandes empresas, isso exige

muito do processo, segundo as três prestadoras isso acontece porque a maioria dos

clientes possui uma certificação e há muito mais tempo, exigindo assim, critérios de

padronização que ainda estão sendo desenvolvidos ou que ainda não conhecem.

Conforme destaca o coordenador da qualidade da prestadora C, “A falta

de tempo e de interesse muitas vezes dos funcionários, atrapalha no gerenciamento

e execução dos processos, os motoristas que já têm certa idade não participam dos

treinamentos e não se interessam pelos programas de segurança, por entender que

sua experiência garanta qualquer tipo de situação de risco”. A mesma dificuldade é

apontada pelo coordenador da qualidade da prestadora B, “A disseminação do

QSST é muitas vezes trabalhosa, em virtude dos operadores não terem um nível de

ensino adequado para qualquer tipo de entendimento técnico, ou por acharem que a

capacitação direcionada aos requisitos de segurança não é importante”. Esse

questionamento traz muitos comentários significativos, porque segundo a

coordenadora da qualidade da prestadora A, “A falta de tempo e interesse alegada

pelos funcionários, acontece em virtude da cultura organizacional da empresa, pois

uma vez que as grandes lideranças determinam prazos curtos e não dão a devida

importância ao gerenciamento dos processos, as operações trabalham de forma

engessada sem dar brechas para o novo”.

O sistema de gestão integrada baseada nas normas ISO 9001 e OHSAS

18001 trazem pontos significativos para o crescimento da organização. Através do

questionário que também continha perguntas fechadas, buscou-se a sinalização

junto as prestadoras, dos principais pontos positivos a serem destacados após a

certificação, isso não quer dizer que determinado procedimento não acontecia.

Na tabela 6 foram sinalizados pelas prestadores, pontos que eles

acreditam que maior tiveram positividade durante a certificação.

28

TABELA 6 - PONTOS POSITIVOS APONTADOS PELAS PRESTAD ORAS APÓS CERTIFICAÇÃO

Pontos Positivos Prestadora A Prestadora B Prestadora C

Mapeamento efetivo dos processos � � �

Controle de documentos e registros � � �

Procedimentos Novos são comunicados �

Ações corretivas e preventivas são registradas � �

Reuniões frequentes com a Alta Direção � �

Organização das áreas � �

Tratativas das metas não atendidas � �

Fornecedores qualificados � �

Fonte: a autora.

A tabela acima apresenta de forma objetiva a realidade atual das

prestadoras após a certificação, os itens foram apresentados aos coordenadores de

cada prestadora, para que os mesmos sinalizassem os pontos positivos que

atualmente a empresa obteve com a recém-certificação, o interesse nestes itens é

analisar processos que já deveriam estar sob controle desde o inicio da certificação,

porém encontram-se apresentando dificuldades de implantação, mesmo existentes

apresentam falhas.

O coordenador da qualidade da prestadora C ao ser questionado relata

que “Mesmo com a consultoria apoiando na execução dos procedimentos e

tratativas cabíveis, em alguns momentos o sistema estaciona e muitas vezes ele só

volta a funcionar em períodos de auditoria”. Em contrapartida o coordenador da

prestadora de serviços B, defende que a consultoria externa agrega valor e permite

disseminar melhor os processos, além disso, é mais uma alternativa na hora de

solicitar á direção que determinados equipamentos ou recursos devem ser revistos

ou adquiridos, principalmente quando são equipamentos de segurança, porque para

tal adesão é necessário ficar horas explicando a necessidade e a consultoria acaba

ajudando neste processo.

Na tabela 7 abaixo, serão observados os pontos negativos sinalizados

pelas empresas, os processos ainda permanecem em uma fase de amadurecimento

contínuo, são analisados criticamente com freqüência pelos coordenadores.

29

Segundo os coordenadores, alguns dos itens de controle, muitas vezes

necessitam de uma resolução sem a participação da Alta Direção, o que não garante

recursos e investimentos caso surja alguma necessidade, tão pouco a participação

das demais pessoas envolvidas no processo.

TABELA 7- PONTOS NEGATIVOS APONTADOS PELAS PRESTADO RAS APÓS CERTIFICAÇÃO

Pontos Negativos Prestadora A Prestadora B Prestadora C

Manutenção do SGQSST é realizada apenas

quando as auditorias se aproximam � �

Não existe análise periódica dos objetivos,

metas e programas �

Os procedimentos não são utilizados nas

integrações � �

Não é realizado plano de ação para processos

que apresentam não conformidade �

Acomodação das pessoas envolvidas nos

processos � � �

A alta direção não apoia as necessidades do

SGQSST � �

Controle de documentos não foi sistematizado �

Pouca participação dos colaboradores em

treinamentos � � �

Fonte: a autora.

Os coordenadores de cada prestadora receberam pontos negativos a

serem pontuados após certificação. Existe um empate entre as três prestadoras nos

quesitos: acomodação das pessoas envolvidas nos processos e pouca participação

dos colaboradores em treinamentos. Quando questionados sobre este empate, a

coordenadora da qualidade da prestadora A enfatiza que isso acontece porque os

líderes de gestão uma vez não interessados no progresso do sistema, acabam

refletindo seu desinteresse nas operações, “Muitas vezes quando temos

treinamentos agendados sobre questões de SST temos um percentual de apenas

60% de participantes, nem todos são capacitados, além disso, destaca que não

existia há 1 ano um setor dedicado a treinamento e desenvolvimento dentro da

empresa o que dificultava e muito, o setor existe a alguns meses e ainda têm

30

falhas”. Já o coordenador da qualidade da prestadora B, relata que o seu maior

problema está na distância, “O local para a realização dos treinamentos fica na

matriz, e muitas vezes não chega até uma obra, os operários acabam ficando sem

capacitação em virtude da pressa do projeto”. Para o coordenador da qualidade da

prestadora C, relata que “Não existem recursos para se realizar um treinamento

visual, dinâmico e que os motoristas não param na empresa por estarem sempre

viajando”.

Conforme ressalta Borges-Andrade (2002), as ações de treinamento

visam produzir melhorias no desempenho das pessoas, enquanto as ações de

desenvolvimento são mais abrangentes, compreendendo aspectos que vão além do

desempenho no trabalho e estão relacionadas ao crescimento dos treinados.

4. RESULTADOS FINAIS X EVIDÊNCIAS DE MELHORIA

A manutenção de um sistema de gestão integrada requer muita

dedicação de toda a empresa, para que o sistema opere por um gerenciamento

efetivo e eficaz para a organização é visível que o apoio da alta direção e demais

colaboradores envolvidos no processo permita que ações sejam tomadas a fim de

garantir a melhoria contínua no sistema.

Um dos procedimentos resgatados com a prestadora A, foi a adesão de

uma consultoria para o auxílio no mapeamento dos processos, segundo a

coordenadora da qualidade da prestadora A, os recursos para se mapear processos

estão longe de um bom sistema, “É necessário uma equipe dedicada

exclusivamente nas áreas para se obter todas as informações necessárias para se

criar indicadores, procedimentos, entender dificuldades da área mapeada e garantir

resultados esperados”, através deste foco a coordenadora da qualidade da

prestadora A, demonstrou a alta direção que uma consultoria externa teria

basicamente os mesmos custos de uma contratação interna e que visando em

resultados rápidos seria o momento de trazer uma equipe para se dedicar

exclusivamente neste trabalho com o apoio também da área de QSST, uma vez que

a maior parte dos processos já estavam mapeados, era necessário entender de um

outro ângulo, foi assim que a ferramenta SIPOC foi utilizada.

31

Conforme Aiag (2006), SIPOC – Suppliers / Inputs / Processes / Outputs /

Costumers é um estilo de documentação que possibilita uma visão geral das

fronteiras, clientes, fornecedores e requisitos de um processo, podendo ser

destacados alguns benefícios:

a) Identificação clara do processo;

b) Resolutiva se tratando de conflitos entre equipes;

c) Assegura que o analista tenha alcance e controle do processo;

d) Identifica os requisitos básicos, sejam estes mensuráveis ou não.

Um exemplo básico da metodologia do SIPOC, pode ser visualizado na figura 4

abaixo, que apresenta um processo de como preparar café:

FIGURA 4 - EXEMPLO DE SIPOC PARA PROCESSO DE PREPAR AR CAFÉ.

Fonte: Junior, PAVANI apud Sculuglia (2011)

4.1. Resultados do desempenho da Ferramenta SIPOC – Prestadora A

A coordenadora da qualidade da prestadora A, relata que o diagnóstico

dos processos através da ferramenta SIPOC foi significativo para visualizar a

dinâmica de cada setor, suas dificuldades e desempenho para com outras áreas

envolvidas. Foram diagnosticados em 6 meses 10 áreas. Abaixo é possível

apresentar como foi utilizada a metodologia SIPOC para dois processos do

prestador A: o processo de Avaliação de Prestador de responsabilidade do setor

Credenciamento e o processo de Relacionamento com o Cliente – Pesquisa de

satisfação, de responsabilidade do setor SIAC (Serviço Interno de Atendimento ao

Cliente).

32

O desenho de SIPOC a ser apresentado na tabela 8 abaixo, trata de um

setor denominado Credenciamento, o qual tem como uma de suas principais

funções encontrar clínicas por todo o Brasil selecioná-las e credenciá-las em um

sistema ERP desenvolvido para atender as necessidades internas. O setor de

credenciamento é considerado um setor de apoio para demais setores da empresa,

“É através deste setor que podemos expandir nossos negócios, as clínicas

credenciadas passam por seleções e avaliações anuais, são nossas bases

operacionais apesar de terceiros, conforme destaca a coordenadora da qualidade da

prestadora A”.

4.1.1. Resultado SIPOC – Setor Credenciamento

Etapa 1- SIPOC

Setor: Credenciamento

Processo: Avaliação do Prestador

TABELA 8 - MAPEAMENTO DE PROCESSOS UTILIZANDO A FER RAMENTA SIPOC – ETAPA 1

S I P O C

Fornecedores Entradas Processos Saídas Clientes

*Prestador

previamente

selecionado

* RH

*Comercial

*QSF (Questionário

de seleção de

fornecedor);

*Relação de

documentos (Alvará,

licença sanitária,

CRM Médico, etc.);

*Relação de

documentos

específicos do

cliente (exigências

do cliente.).

* Avaliação do

Prestador

*Parecer sobre

elegibilidade do

prestador

Credenciamento

Fonte: Prestadora A

33

Abaixo é possível identificar na tabela 9 desdobramento do processo

“Avaliação do Prestador” através de um complemento de resultados esperados e

percepções avaliadas pela responsável do setor de Credenciamento. Processo este

que segundo a Coordenadora da Prestadora A, exige um detalhamento para que se

possa gerar tratativas necessárias, principalmente no item dificuldades.

Etapa 2 – Resultados Esperados x Percepções da área

Setor: Credenciamento

Processo: Avaliação do Prestador

TABELA 9 - MAPEAMENTO DE PROCESSOS UTILIZANDO A FER RAMENTA SIPOC – ETAPA 2

Resultados Esperados Percepções pontuais da área

Qualidade Tempo Dificuldades Pontos Positivos

*Prestador de

Serviço com

qualidade técnica

*Não

identificado

*QSF não identifica de

forma detalhada todos

os documentos

necessários;

*Dificuldade de

Avaliação Técnica

*Clínica cadastrada

não atende requisitos

da qualidade e de

capacidade de

atendimento em

virtude da localização /

tamanho.

* Credenciamento pró-ativo de

ao menos 2 clínicas nas

cidades acima de 300 mil

habitantes para fazer exames.

Fonte: Prestadora A

34

4.1.2. Resultado SIPOC – Setor SIAC

Etapa 1 – SIPOC

Setor: SIAC (Serviço Interno de Relacionamento com o Cliente)

Processo: Relacionamento com o cliente – Pesquisa de Satisfação.

TABELA 10 - MAPEAMENTO DE PROCESSOS UTILIZANDO A FE RRAMENTA SIPOC – ETAPA 1 – SETOR SIAC

S I P O C

Fornecedores Entradas Processos Saídas Clientes

*Cliente Externo *Classificação da

Empresa conforme

faturamento.

*Informações sobre

os clientes

(Cadastrados ERP)

*Relacionamento

com o cliente –

Pesquisa de

Satisfação

*Contato de

apresentação do

canal SIAC

realizado;

*ACP – Ação

corretiva e

preventiva aberta

(para avaliações

regular e ruim);

*ACP passiva

aberta;

*Relatório de

Pesquisa

*Direção

*Coordenadores

*Qualidade

Fonte: Prestadora A

Na tabela 11, segue o desdobramento do processo de Relacionamento

com o cliente – pesquisa de Satisfação através da etapa 2. Observa-se que tal

processo é carente de ferramentas tecnológicas, demandando de maior tempo para

a realização da tabulação perante aos resultados recolhidos junto aos clientes.

35

Etapa 2 – Resultados Esperados x Percepções da área.

Setor: SIAC – Serviço Interno de Atendimento ao Cliente.

Processo: Relacionamento com o cliente – Pesquisa de Satisfação.

TABELA 11 - MAPEAMENTO DE PROCESSOS UTILIZANDO A FE RRAMENTA SIPOC – ETAPA 2 – SETOR SIAC

Resultados Esperados Percepções pontuais da área

Qualidade Tempo Dificuldades Pontos Positivos

*Índice de

Satisfação de

90% entre ótimo e

bom.

*Prazo de

resposta com

solução (36h)

*Processo de contato

não está formalizado,

não existe um roteiro

padrão por tipo de

serviço;

*Pesquisa é feita de

forma manual

(planilha Excel)

* Criou um procedimento para

coletar a informação dos

treinamentos que aconteceram.

Fonte: Prestadora A

.

Segundo a prestadora A, a etapa 2 foi desenvolvida baseada em

discussões de consultoria para agregar valor a etapa 1. Ela complementa dizendo

que “Os itens inseridos possuem objetivos distintos, na coluna onde é citado

qualidade e tempo, são os resultados esperados que o setor espera que aconteça

para uma boa execução do processo, já na coluna percepções, o setor deverá

identificar se existem dificuldades para a execução dos processos e se houve sinais

de melhorias”.

A ferramenta do SIPOC não foi evidenciada nos demais prestadores de

serviços. O mapeamento foi realizado através de planilhas de controle que

detalhavam as especificidades de cada um dos processos considerados críticos. A

autora não conseguiu acesso destes modelos.

36

4.2. Resultados de Ferramentas de Ação Corretiva e Preventiva e

Acidentes e Incidentes

Outra ferramenta considerada significativa e que propõe um envolvimento

das áreas é o Registro de Ação Corretiva e Preventiva, conforme explica a

coordenadora da qualidade da prestadora A, “Esse registro foi um método fácil e

sem custo que contempla todas as informações necessárias sobre qualquer não

conformidade ou melhoria identificada no processo. Também serve para registrar as

reclamações dos clientes que muitas vezes são recebidas através do canal 0800 ou

pelo e-mail direto de reclamações, uma vez registrada a reclamação, o registro é

enviado ao setor gerador para as devidas tratativas, no mesmo registro contemplam

informações de investigação de causa e o plano de ação gerado pela aera que deve

ser tratado em um prazo de 10 dias. As verificações de eficácia das ações serão

analisadas pela área de QSST juntamente com a Diretoria, caberá a estes sinalizar

como eficaz ou não”. Na figura 5 apresenta modelo do registro de solicitação de

ação corretiva ou preventiva:

FIGURA 5 - MODELO DE SOLICITAÇÃO DE AÇÃO CORRETIVA E PREVENTIVA

Fonte: Prestadora A

37

Os prestadores B e C apontaram que as ações corretivas e preventivas

também são sinalizadas através de formulários. A tratativa é diferente para

acidentes/incidentes, que são analisados através de um formulário exclusivo

determinado pela gestão CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes).

O prestador C, forneceu o modelo utilizado para casos de investigação de

acidentes e incidentes, ele ressalta, que a utilização deste modelo complementa as

informações contidas nas aberturas de CAT e auxiliam no controle dos indicadores

reativos relacionados a saúde e segurança do colaborador. Segue abaixo figura 6:

FIGURA 6 – MODELO DE FORMULÁRIO PARA INVESTIGAÇÃO D E ACIDENTES

E INCIDENTES DE TRABALHO – PARTE 1

Fonte: Prestadora C

38

FIGURA 7 – MODELO DE FORMULÁRIO PARA INVESTIGAÇÃO D E ACIDENTES

E INCIDENTES DE TRABALHO – PARTE 2

Fonte: Prestadora C

4.3. Resultados de Ferramentas para Tratativas de I ndicadores

Outra ferramenta desenvolvida pela prestadora A para visualizar de forma

dinâmica os processos críticos é um Painel criado através de planilhas em Excel,

que utiliza gráficos e sinalizadores. Neste painel contemplam os processos

estratégicos e cada um possui objetivos e Indicadores, interligados a uma matriz de

informações relacionadas a competências de quem gera o indicador, recursos

necessários, responsabilidades, fornecedores, rastreabilidade de registros, etc. No

primeiro ano de recertificação a empresa possuía 89 indicadores. As apresentações

eram consideradas maçantes e as tratativas perante aos índices não eram cobradas

com tanta efetividade pela diretoria. Os indicadores estratégicos não apareciam e a

39

visão da empresa começou a ficar distorcida e a política da visão integrada da

empresa não era desdobrada em metas mensuráveis ou desafiadoras, mais apenas

para monitoramento. Os indicadores operacionais já existentes ficariam sob-

responsabilidade das gerências e os indicadores estratégicos os quais ainda não

haviam sido desenvolvidos ficaria aos cuidados da Direção. Iniciou-se o processo de

análise crítica para desenvolver e evidenciar os novos objetivos e metas com

finalidade estratégica e relacionada à Política de Gestão Integrada.

Segundo a Coordenadora da prestadora A, foram desenvolvidos 19

indicadores estratégicos, uma redução significativa de 77%. As apresentações

ficaram mais objetivas e as tratativas possuem um controle eficaz de rastreabilidade,

em virtude das tratativas serem ainda manuais, conforme ferramenta citada na figura

6 deste trabalho.

Os prestadores B e C não apresentaram ferramentas diferenciadas.

Sinalizaram que desde o início da implantação os indicadores de qualidade não

ultrapassaram a 6 e que os de Saúde e Segurança totalizavam aproximadamente 8

indicadores entre reativos e proativos. Exemplos de indicadores de Saúde e

Segurança citados pelos prestadores durante a entrevista:

a) Nº de acidentes com ou sem afastamento

b) Índice de doenças ocupacionais

c) Índice de simulados de emergência

d) Índice de conformidade em auditorias SST

e) Nº de reclamações de SST realizados pela comunidade

f) Taxa de gravidade

g) Índice de Acidentados

h) Índice de Acidentes com subcontratadas

Os prestadores ressaltam que os indicadores relacionados a acidentes

são os que possuem maior índice de não atendimento as metas. Contudo, as metas

não atendidas são analisadas e para cada situação os coordenadores realizam

ações efetivas para mitigar tais reincidências.

40

4.4. Resultados de Ferramentas de Controle de Docum entos e Registros

Um dos procedimentos adotados pela prestadora C, é a sistemática de

controle de documentos, utilizada em uma rede denominada intranet, adaptada as

necessidades da empresa e utilizada desde o ano de 2012, segundo o coordenador

da qualidade da prestadora C, esse processo ajudou muito na organização, na

rastreabilidade e também a quem está direcionado o acesso, esta sistemática foi

considerada por toda a empresa uma ferramenta acessível e mais ágil, apontada na

primeira auditoria como ponto positivo”. Conforme demonstra a figura 8 print da tela

do sistema utilizado pela prestadora C:

FIGURA 8 - SISTEMA PARA GESTÃO DE DOCUMENTOS – IMPL ANTADA ESPECIFICAMENTE

NA PRESTADORA C

Fonte: Prestadora C

Não foi possível resgatar muitos documentos das prestadoras a serem

apresentados neste trabalho, porém de forma geral foi possível detectar que apesar

das dificuldades detectadas durante a entrevista, todas conseguem de forma

resolutiva adaptar o sistema para atender a certificação. Neste caso, é fundamental

que o sistema implantado seja não somente para garantir ou manter uma

certificação, mais para melhorar o relacionamento interprocessual dentro da

empresa, ou seja, todos necessitam seguir processos e procedimentos.

41

Segundo os prestadores, um dos principais benefícios trazidos junto a

uma certificação é a credibilidade junto ao cliente, é a confiança de que seus

processos são controláveis e que demonstram resultados fieis e de qualidade.

Porém junto a este benefício que agrega um valor inestimável para as organizações,

traz consigo, suas desvantagens, que conforme os prestadores citados neste

trabalho, de forma unânime estão direcionados ao relacionamento com as pessoas,

ou da dificuldade de se fazer entender, da falta de recursos ou se adaptar com os

recursos que se têm em virtude da falta de investimento para a área, que é hoje

considerada um investimento para as organizações, porque conforme o coordenador

da qualidade da prestadora C, “Somos nós gestores da área de qualidade, que

trazemos as soluções para diversos problemas”.

Percebe-se que a grande maioria das empresas deste setor adere à

certificação para garantir um lugar no mercado perante aos concorrentes, e que o

sistema da qualidade ou todo o sistema de gestão integrada é uma etapa

burocrática ainda não superada, e que todos os fundamentos da qualidade são

deixados de lado até mesmo pelos próprios profissionais da área.

5. CONCLUSÃO

Um aspecto bastante positivo observado neste trabalho foi a

receptividade dos entrevistados colaborando para o sucesso. Apesar das

dificuldades de relacionamento com demais setores da empresa, falta de recursos,

ou a cultura organizacional impactando no desempenho das atividades, é

perceptível o interesse e a vontade das empresas em desempenhar um grande

papel no mercado. Cada empresa possui um perfil diferente, porém todas têm um

único objetivo em comum: a melhoria contínua de seus processos.

Em alguns momentos a pesquisa se tornou contraditória, porque os

entrevistados ao mesmo tempo em que apontavam as dificuldades em desenvolver

as ferramentas da qualidade, por outro lado afirmavam que o cenário atual de suas

empresas estava em conformidade com as normas ISO 9001 e OHSAS 18001.

Podendo ser entendido que o papel do responsável pelo desempenho do sistema de

gestão integrada também é influenciado pela cultura organizacional da empresa, se

42

não souber administrar sua gestão e não deixar claro qual é a importância da

implantação de uma certificação.

As coordenações das empresas pesquisadas sinalizaram dificuldades

junto aos líderes de cada área, poucos possuem percepção de análise para

identificar quando seu processo está apresentando dificuldades, isso se deve ao

perfil cultural implantado que só atua na operação e acaba esquecendo da gestão

de sua equipe e dê seus processos.

As empresas pesquisadas apresentaram sinais de competitividade. O

perfil competitivo está relacionado ao ramo de atividade de cada uma, é evidente um

crescimento em atividades de prestação de serviços relacionadas à logística,

construção civil e atendimento terceirizado para a realização de exames clínicos

ocupacionais. A cobrança dos clientes faz com que essas empresas se especializem

e a busca pela certificação inicia-se neste momento. Cada empresa necessita

comprovar que alcançou níveis de excelência nos quesitos de gestão da qualidade e

na saúde e segurança do seu trabalhador, itens de referência que influenciam em

um fechamento de contrato.

Tendo como objetivo principal deste trabalho reforçar a importância de

como manter a manutenção do SGI em empresas recém-certificadas para o

aprimoramento contínuo dos processos, fica evidente que as empresas não

amadureceram seu sistema de gestão integrada quando se trata de monitoramento.

As empresas acabam pulando etapas do ciclo de PDCA e deixam de lado itens de

controle baseados em ferramentas da qualidade e delegam maiores esforços as

questões financeiras. Porém, é importante entender que resultados financeiros

somente serão alcançados quando:

- O sistema de gestão integrada estiver disseminado em toda a empresa;

- Os procedimentos estiverem sendo utilizados pelas principais lideranças

da empresa;

- Os processos críticos sendo avaliados, garantindo a rastreabilidade das

tratativas para processos que apresentam falhas;

- Acompanhar os indicadores e garantir a análise crítica baseada no

desempenho das áreas;

- Capacitação periódica para garantir que as pessoas se envolvem e

entendem a necessidade da parametrização do sistema de gestão integrada.

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- Reforçar a utilização de métodos de correção e prevenção para garantir

que as tratativas sejam eficientes para resultar em um monitoramento qualitativo e

eficaz.

A manutenção de um sistema de gestão integrada deve ser mantida e

controlada, ou seja, as constantes verificações no desempenho dos processos

através de auditorias internas facilita o alcance de procedimentos, registros e

indicadores que ficam esquecidos pela falta de monitoramento. A utilização de check

list pode parecer um método simples, mas facilita na abordagem para a verificação

eficiente dos itens faltantes ou que não estão sendo controlados.

Outra forma de manter a manutenção do sistema de gestão integrada é

através de reuniões freqüentes entre as lideranças de operação e a de gestão

estratégica, garantindo que o planejamento tático x operacional esteja em

contrapartida alinhado com o planejamento estratégico.

A gestão da qualidade e de saúde e segurança colaboram

sistematicamente para o desempenho dos processos, contudo, caberá aos líderes

garantir resultados qualitativos. As lideranças influenciadas pela cultura

organizacional não se intimidam na hora de apresentar sugestões de melhorias ou

analisar criticamente o desempenho do processo.

Logo, quando se obtém o reconhecimento da efetividade do sistema de

gestão integrada e o funcionamento das ferramentas da qualidade dentro das

organizações, observa-se que torna-se evidente o retorno perante os esforços

implantados no início da certificação.

No entanto, para garantir a melhoria contínua nos processos de

implantação do sistema de gestão integrada baseada nas normas ISO 9001 ou

OHSAS 18001 e nas ferramentas do sistema da gestão da qualidade em empresas

recém-certificadas, é necessário que a cultura organizacional influencie em

mudanças positivas relacionadas à aceitação da implantação de processos e no

investimento de recursos, que o comprometimento da Alta Direção esteja evidente

em todas as etapas do ciclo do PDCA e que o SGI faça parte da rotina diária dos

colaboradores, garantindo a participação efetiva de todos e não deixando os

processos estabelecidos caírem no esquecimento.

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ANEXO I – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PRESTADORES DE SERVIÇO PARA COMPLEMENTAR OS RESULTADOS DA ENTREVISTA