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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
IVAN AUGUSTO NOROSCHNY
PRINCIPAIS DOENÇAS INFECCIOSAS EM REBANHOS LEITEIROS NO SUL DO PARANÁ
CURITIBA
2012
1
IVAN AUGUSTO NOROSCHNY
PRINCIPAIS DOENÇAS INFECCIOSAS EM REBANHOS LEITEIROS NO SUL DO PARANÁ
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Orientador acadêmico: Prof. Dr. Welington Hartmann Orientador profissional: Pedro Sérgio Stroparo.
CURITIBA
2012
2
TERMO DE APROVAÇÃO
Ivan Augusto Noroschny
PRINCIPAIS DOENÇAS INFECCIOSAS EM REBANHOS LEITEIROS NO SUL DO PARANÁ
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do
título de Médico Veterinário no curso de Medicina Veterinária da Universidade
Tuiuti do Paraná.
Membros da banca examinadora:
Prof. Dr. Welington Hartmann (orientador)
Prof. Dr. Anderlise Borsoi
Prof. M. Sc. Elza Galvão Ciffoni
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço especialmente ao Dr. Pedro Sergio Stroparo pela
grande contribuição à minha formação acadêmica.
A Deus e à meus tios Nelci e Willi Guth por me proporcionar a
possibilidade de fazer uma faculdade.
Quero agradecer à minha família, minha avó, minha mãe, meu
pai e meu irmão, pelo apoio e incentivo, muitas vezes até
renunciaram dos seus sonhos para que o meu pudesse ser
concretizado.
À minha namorada Viviane pelo amor, carinho e dedicação e
por sempre estar ao meu lado, e compreender minha ausência nos
momentos de aprendizado.
Ao meu orientador Welington Hartmann, o meu muito obrigado
por todo o apoio e amizade, entre todos os demais, obrigado pelos
ensinamentos, pela amizade, incentivo e paciência durante estes
anos.
4
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS................................................................ 8
LISTA DE FIGURAS................................................................. 9
RESUMO................................................................................... 11
APRESENTAÇÂO..................................................................... 12
1 INTRODUÇÃO............................................................. 13
2 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO..............................................
15
3 BRUCELOSE.............................................................. 28
3.1 REVISÃO DA LITERATURA....................................... 28
3.1.1 Perdas econômicas..................................................... 39
3.1.2 Etiologia....................................................................... 30
3.1.3 Transmissão................................................................ 33
3.1.4 Patogenia..................................................................... 35
3.1.5 Sinais Clínicos e Lesões.............................................. 36
3.1.6 Mecanismo imune........................................................ 39
3.1.7 Diagnóstico ................................................................. 43
3.1.8 Tratamento................................................................... 46
3.1.9 Controle....................................................................... 46
3.2 RELATO DE CASO..................................................... 49
4 TUBERCULOSE BOVINA.......................................... 52
4.1 REVISÃO DA LITERATURA....................................... 52
4.1.1 Etiologia....................................................................... 53
4.1.2 Transmissão................................................................ 55
4.1.3 Patogenia.................................................................... 57
4.1.4 Sinais Clínicos............................................................. 60
4.1.5 Diagnóstico.................................................................. 63
5
4.1.5.1 Teste intradérmico simples (TIS)................................. 65
4.1.5.2 Teste de reação térmica rápida................................... 65
4.1.5.3 Teste de Stormont....................................................... 65
4.1.5.4 Teste Cervical Comparativo......................................... 66
4.1.6 Tratamento e controle.................................................. 69
4.2 RELATO DE CASO..................................................... 72
5 LEUCOSE.................................................................... 74
5.1 LEUCOSE REVISÃO DE LITERATURA..................... 74
5.1.1 A doença no Brasil....................................................... 74
5.1.2 Etiologia....................................................................... 75
5.1.3 Transmissão................................................................ 76
5.1.4 Sinais Clínicos............................................................. 79
5.1.5 Diagnóstico.................................................................. 83
5.1.5.1 Sorologia como diagnóstico do BLV............................ 84
5.1.5.2 Isolamento e Detecção do Vírus.................................. 85
5.1.5.3 Diagnóstico do linfossarcoma...................................... 86
5.1.6 Tratamento................................................................... 87
5.1.7 Controle....................................................................... 87
5.1.8 Vacinação.................................................................... 90
5.2 RELATO DE CASO..................................................... 91
6 CONCLUSÃO............................................................. 94
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................ 95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................... 96
6
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 NÚMERO DE ATENDIMENTOS
REALIZADOS EM BOVINOS LEITEIROS
NA REGIÃO DE PALMEIRA-PR, PORTO
AMAZONAS-PR, LAPA-PR, IRATI-PR,
CAMPO LARGO-PR E PONTA GROSSA-
PR, NO PERÍODO DE 06/02 a 06/04/2012
SEGUNDO OS PRINCIPAIS SISTEMAS
FISIOLÓGICOS ENVOLVIDOS....................
16
TABELA 2
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
DO TESTE CERVICAL COMPARATIVO......
68
7
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Distribuição dos atendimentos de bovinos
leiteiros conforme o principal sistema
fisiológico acometido, na região de Palmeira-
PR, Porto Amazonas-PR, Lapa-PR, Irati-PR,
Campo Largo-PR e Ponta Grossa-PR, no
período de 06/02 a 06/04/2012.......................
15
FIGURA 2 Atendimentos realizados relacionados ao
sistema reprodutivo.........................................
18
FIGURA 3 Acometimentos do sistema digestório............. 20
FIGURA 4 Acometimentos do sistema respiratório.......... 21
FIGURA 5 Distribuição das patologias podais.................. 22
FIGURA 6 Afecções do sistema mamário........................ 24
FIGURA 7 Acometimentos do sistema ocular................... 25
FIGURA 8 Outros atendimentos....................................... 26
FIGURA 9 Resposta dos principais isotipos de anticorpos
em bovinos infectados com amostra
patogênica de Brucella abortus ou vacinados
com B19.........................................
40
8
FIGURA 10 Resposta a longo termo dos principais isotipos
de anticorpos em bovinos infectados com
amostra patogênica de Brucella abortus.
41
FIGURA 11 Resposta a longo termo dos principais isotipos
de anticorpos em bovinos vacinados com a
amostra B19 de Brucella abortus.........
42
FIGURA 12 Teste Antígeno Acidificado Tamponado –
Reação Positiva. .............................................
45
FIGURA 13 Sequencia dos testes para diagnóstico da
brucelose.........................................................
45
FIGURA 14 Marcação “P”, em um animal soro positivo para
Brucelose................................................
51
FIGURA 15 Conjunto de seringas para inoculação das
tuberculinas.....................................................
66
FIGURA 16 Cutímetro......................................................... 67
FIGURA 17 Tricotomia........................................................ 73
FIGURA 18 Medida da espessura da dobra da pele (em
mm)..................................................................
73
FIGURA 19 Inoculação intradérmica de tuberculina (PPD
aviária): formação de pápula...........................
73
FIGURA 20 Inoculação intradérmica de tuberculina
9
(PPD bovina)................................................... 73
FIGURA 21 Reação tuberculínica positiva.......................... 73
FIGURA 22 Frequência dos sinais predominantes da
Leucemia Bovina-1.000 casos a
campo................................................................
82
FIGURA 23 Exoftalmia unilateral, miíase e opacidade de
córnea.................................................................
91
FIGURA 24 Linfonodo pré-escapular esquerdo
infartado..............................................................
92
FIGURA 25 Linfadenopatia interna........................................ 92
FIGURA 26 Linfonodo pré-escapular direito
infartado.............................................................
93
10
RESUMO
A bovinocultura leiteira no Brasil vem aumentando consideravelmente nos últimos dez anos, consequentemente impulsionando a necessidade de monitoração e melhoramento das condições sanitárias dos rebanhos. Durante o estágio curricular, foi possível acompanhar alguns casos das principais doenças infecciosas, algumas de notificação obrigatória tais como: Brucelose que tem como agente etiológico a Brucella abortus, que é a principal causa de abortos em novilhas de primeiro parto, geralmente no terço final de gestação. Transmitida diretamente do animal infectado para o animal suscetível por meio das secreções uterinas, podendo ocorrer também uma infecção congênita. A infecção natural e a vacinação resultam na imunidade para o abortamento, mas não para a infecção, e os animais infectados permanecem sorologicamente positivos por toda a vida. Outra doença acompanhada também de notificação obrigatória é a Tuberculose bovina, causada pelo Mycobacteriun bovis, que atinge grupos de qualquer faixa etária e nos quais os bovinos infectados constituem a principal fonte de infecção, porém reservatórios silvestres são importantes em algumas regiões, impedindo a erradicação da tuberculose. O principal meio de transmissão é pela inalação. Granulomas tuberculosos podem ser encontrados em qualquer linfonodo. O teste intradérmico simples acompanhado do teste comparativo são considerados testes oficiais e o seu controle baseia-se no teste e abate dos positivos. Foi possível acompanhar também um caso de Leucose bovina, causada por um oncovírus tipo C da família Retroviridae, de ocorrência mundial, que causa infecção persistente seguida de linfocitose persistente e linfossarcoma. Mais comum em gado bovino adulto onde um animal infectado é a única fonte do vírus, transmitido horizontalmente por linfócitos infectados no sangue. Causa graves perdas econômicas devido a queda na produção leiteira e ao abate prematuro. Sorologia e detecção do vírus por PCR confirmam o diagnóstico.
Palavras-chave: doenças infecciosas, brucelose, tuberculose, leucose.
11
Apresentação
O presente trabalho teve por objetivo relatar as atividades
realizadas no estágio de conclusão de curso que foi realizado no
Departamento Veterinário da Indústria de Laticínios Qualität Ltda,
localizada na BR 277, Km 146, colônia Witmarsum, município de
Palmeira-PR, no período de 6 de fevereiro a 6 de abril de 2012.
Através do acompanhamento da rotina diária dos Médicos
Veterinários, foi possível realizar atividades tais como: clínica
médica, clínica cirúrgica, biotecnologias da reprodução, assistência
nutricional e de manejo, gestão de propriedades leiteiras e de corte
e exames sanitários de bovinos leiteiros. Totalizando 780
atendimentos, onde: 179 (23%) foram voltados a distúrbios
relacionados ao sistema reprodutivo, 132 (17%) referentes ao
sistema digestivo, 109 (14%) do sistema mamário, 101 (13%) de
afecções podais, 39 (5%) atendimentos a problemas de nível
respiratório, 15 (2%) problemas oculares e 202 outros
atendimentos.
12
1. INTRODUÇÃO
O Estágio de Conclusão de Curso foi realizado por intermédio da
San Martin Consultoria Veterinária Ltda, prestadora de serviços
para a Fábrica de Laticínios Qualität Ltda, situada na BR 277, Km
146, colônia Witmarsum, município de Palmeira-PR, no período de
6 de fevereiro a 6 de abril de 2012, sob supervisão do Médico
Veterinário Pedro Sérgio Stroparo (CRMV-PR 3030) e tendo como
orientador o Prof. Dr. Welington Hartmann (CRMV-PR 1729).
O Dr. Pedro Sergio Stroparo presta serviços nas áreas de:
clínica médica, cirúrgica, reprodução e nutrição de bovinos leiteiros,
manejo de pastagens, manejo em geral do gado leiteiro, gestão da
atividade leiteira, exames sanitários de acordo com o Programa
Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose
(PNCEBT), tendo como área de abrangência os municípios de:
Palmeira-PR, Porto Amazonas-PR, Lapa-PR, Irati-PR, Campo
Largo-PR e Ponta Grossa-PR.
A escolha deste local de estágio foi devido ao interesse futuro
em atuar com bovinos, objetivando complementar a formação
acadêmica, aumentando os conhecimentos dentro da área de
13
Medicina Veterinária, com foco em bovinos leiteiros, sendo estes
teóricos e práticos, através da oportunidade de acompanhar a rotina
clínica, cirúrgica, reprodutiva e nutricional de bovinos, podendo
colocar em prática os conhecimentos adquiridos durante a
graduação.
Durante o estágio foram realizados acompanhamentos diários
às atividades desenvolvidas pelo Médico Veterinário, no
desempenho da assistência às propriedades conforme solicitação
dos produtores.
14
2. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO
Neste capítulo estão detalhadas as principais atividades
desenvolvidas durante o estágio curricular, de acordo com os
sistemas fisiológicos acometidos.
Na Figura 1 pode-se observar a distribuição dos atendimentos
e em seguida as atividades são detalhadamente descritas
classificando os sistemas acometidos durante os atendimentos
clínicos, permitindo uma visão geral da casuística acompanhada.
Figura 1: Distribuição dos atendimentos de bovinos leiteiros conforme o principal sistema fisiológico acometido, na região de Palmeira-PR, Porto Amazonas-PR, Lapa-PR,
15
Irati-PR, Campo Largo-PR e Ponta Grossa-PR, no período de 06/02 a 06/04/2012
Na Tabela 1 encontra-se a distribuição dos atendimentos
realizados, segundo os sistemas fisiológicos envolvidos, durante o
período de estágio.
TABELA 1: NÚMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS EM BOVINOS LEITEIROS NA REGIÃO DE PALMEIRA-PR, PORTO AMAZONAS-PR, LAPA-PR, IRATI-PR, CAMPO LARGO-PR E PONTA GROSSA-PR, NO PERÍODO DE 06/02 a 06/04/2012 SEGUNDO OS PRINCIPAIS SISTEMAS FISIOLÓGICOS ENVOLVIDOS.
SISTEMA FISIOLÓGICO ACOMETIDO
NÚMERO DE CASOS
% DE CASOS
Sistema Reprodutivo 179 23% Sistema Digestivo 132 17% Sistema Mamário 109 14% Patologias Podais 101 13% Sistema Respiratório 39 5% Sistema Ocular 15 2% Outros 202 26% TOTAL 780 100%
16
Na Figura 2 pode-se observar que, em relação ao sistema
reprodutivo, dos 179 casos acompanhados, destaca-se a utilização
da ultrassonografia e exame retal. O uso do ultrassom (US) era
solicitado pelos produtores para acompanhamentos reprodutivos
(52%). Nas propriedades que utilizavam biotecnologias da
reprodução, o uso do ultrassom era semanal, enquanto os que não
utilizavam, solicitavam em média a cada 15 dias. Os médicos
Veterinários da Qualitat avaliavam os animais para protocolos de
inseminação artificial em tempo fixo, diagnóstico de gestação,
sexagem de embriões, exames ginecológicos, avaliação no pós-
parto e também como ferramenta para diagnóstico de patologias
reprodutivas, como por exemplo, piometra, cistos ovarianos e mal
formações do aparelho reprodutivo, entre outras. Porém serviços
como fertilização in vitro e transferência de embriões eram
terceirizados. Alguns cooperados solicitavam apenas a palpação
retal (14%) para avaliação dos animais.
17
Figura 2: Atendimentos realizados em bovinos leiteiros relacionados ao sistema reprodutivo, na região de Palmeira-PR, Porto Amazonas-PR, Lapa-PR, Irati-PR, Campo Largo-PR e Ponta Grossa-PR, no período de 06/02 a 06/04/2012
18
Quanto às 132 afecções do sistema digestório (Figura 3), o
deslocamento de abomaso tanto para a esquerda (DAE) quanto
para a direita (DAD) foi a enfermidade mais notável (40%),
frequente no período inicial de lactação em vacas de alta produção.
Parto, dieta, acúmulo de gás, redução da motilidade gástrica podem
ser considerados fatores predisponentes (RORIZ, 2010).
Através destes casos foi possível acompanhar a clínica
cirúrgica dos Médicos Veterinários, os quais utilizavam de técnicas
diferentes para correção do DAE e DAD: Abomasopexia e
Omentopexia, objetivando retornar o abomaso em sua posição
anatômica normal, através de uma laparotomia pelo flanco direito
do paciente. Houve apenas um caso de rumenotomia exploratória,
através de laparotomia pelo flanco esquerdo, com fixação do
rúmem na musculatura. Esta foi realizada como meio de diagnóstico
e para auxiliar no tratamento de timpanismo espumoso. A
rumenotomia também é indicada para remoção de corpo estranho
metálico, cuja presença acarreta retículo peritonite traumática, em
casos de sobrecarga e impactação do rúmen (TURNER;
McILWRAITH, 2002). Outras patologias digestivas eram
diagnosticadas e tratadas conforme a sintomatologia do animal e
orientação dos Médicos Veterinários.
19
Figura 3: Acometimentos do sistema digestório em bovinos leiteiros, na região de Palmeira-PR, Porto Amazonas-PR, Lapa-PR, Irati-PR, Campo Largo-PR e Ponta Grossa-PR, no período de 06/02 a 06/04/2012
20
As afecções do sistema respiratório (5%) (Figura 4) foram
divididas apenas conforme a categoria animal, devido a falta de
exames complementares para diagnosticar o agente etiológico.
A pneumonia pode ser causada por vírus, bactérias, fungos,
helmintos, por associação de agentes ou por aspiração (ex.: leite).
Clinicamente manifestam-se por aumento da frequência
respiratória, alterações na profundidade e outras características da
respiração, podendo apresentar tosse, sons estertores à
auscultação e/ ou corrimento nasal (RADOSTITIS et al., 2002).
Figura 4: Acometimentos do sistema respiratório em bovinos leiteiros, na região de Palmeira-PR, Porto Amazonas-PR, Lapa-PR, Irati-PR, Campo Largo-PR e Ponta Grossa-PR, no período de 06/02 a 06/04/2012
21
As lesões podais são responsáveis por 90% das claudicações
em bovinos acarretando prejuízos econômicos que se traduzem em
queda de produção, aumento de custo de tratamentos, leite
descartado por resíduos de antibióticos, perda de escore corporal,
problemas reprodutivos, como ausência de estro, entre outros
prejuízos (NEVES et al., 2007).
Na Figura 5 observa-se que 41% dos casos de patologias
podais foram referentes a infecção da linha branca, caracterizada
pela separação e penetração de dejetos entre a sola e a parede
(linha branca) causando geralmente abscessos (DIAS et al., 2003).
Figura 5: Distribuição das patologias podais em bovinos leiteiros, na região de Palmeira-PR, Porto Amazonas-PR, Lapa-PR, Irati-PR, Campo Largo-PR e Ponta Grossa-PR, no período de 06/02 a 06/04/2012
22
Na Figura 6, referente às afecções do sistema mamário, 75%
dos atendimentos foram diagnósticos como mastite, sendo a
maioria clínica. Para mastite subclínica eram solicitadas orientações
conforme informações sobre a contagem de células somáticas
(CCS) e contagem bacteriana total (CBT) que o produtor recebia
através do Serviço de Controle Leiteiro ou quando era realizado o
teste do CMT (Califórnia Mastite Teste) no momento da ordenha. A
qualidade do leite na Qualität era altamente valorizada, pois o
produtor recebia taxas de bonificação pela qualidade do seu
produto, por isso grande parte dos serviços prestados pelos
veterinários estava direcionada à qualidade do leite.
O tratamento variava conforme os sinais clínicos do paciente
e características do teste da caneca de fundo escuro. Quando
possível, era realizado cultura e antibiograma para a escolha do
tratamento mais específico.
23
Figura 6: Afecções do sistema mamário em bovinos leiteiros, na região de Palmeira-PR, Porto Amazonas-PR, Lapa-PR, Irati-PR, Campo Largo-PR e Ponta Grossa-PR, no período de 06/02 a 06/04/2012
24
Dentre os atendimentos do sistema ocular (Figura 7), observa-
se que 64% dos casos diagnosticados eram carcinomas de terceira
pálpebra, neoplasia comum das pálpebras e globo ocular de
bovinos, geralmente relacionados a falta de pigmentação ao redor
dos olhos e na região corneoescleral, ambas hereditárias, que
aumentam a probabilidade de desenvolvimento de lesão,
principalmente quando o animal é exposto a um agente
carcinogênico, como o componente ultravioleta da luz solar
(RADOSTITS et al., 2002), e 36% dos casos foram cirurgias de
enucleação, realizadas quando havia comprometimento do globo
ocular e da visão do paciente.
Figura 7: Acometimentos do sistema ocular em bovinos leiteiros, na região de Palmeira-PR, Porto Amazonas-PR, Lapa-PR,
25
Irati-PR, Campo Largo-PR e Ponta Grossa-PR, no período de 06/02 a 06/04/2012
Dentre outras atividades acompanhadas, destacam-se as
doenças metabólicas como: hipocalcemia e anemia. Práticas de
manejo geral como: descornas, castrações e exames para
brucelose e tuberculose. Doenças infecciosas como: leucose e
babesiose. Práticas cirúrgicas como: herniorrafias. Exames
andrológicos em touros e outras doenças como: actinobacilose, oto
hematoma e otite (Figura 8).
26
Figura 8: Outros atendimentos em bovinos leiteiros, na região de Palmeira-PR, Porto Amazonas-PR, Lapa-PR, Irati-PR, Campo Largo-PR e Ponta Grossa-PR, no período de 06/02 a 06/04/2012
Um bom manejo e controle sanitário amenizam a ocorrência de
doenças, para isso os Médicos Veterinários ofereciam aos
produtores assistência de como obter boa sanidade do rebanho.
Com o intuito de promover a saúde animal, qualidade na
produção de leite e garantia sanitárias para o ser humano, além de
outras vacinações e atividades regulares do calendário sanitário, os
cooperados realizavam anualmente exames para Brucelose e
Tuberculose conforme o Programa Nacional de Controle e
Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT), sendo
que sete produtores da colônia Witmarsum já haviam recebido a
certificação de Propriedade Livre de Tuberculose e Brucelose
Animal, status de poucas propriedades no Brasil.
27
3. BRUCELOSE
3.1 REVISÃO DA LITERATURA
Estudos conduzidos por Pereira e Hartmann (2007),
demonstraram taxa de prevalência de 8,5% em rebanhos bovinos
de corte na região de Iporã-PR.
Santos (1988) em São Luiz-MA, relatou taxa de 8,3%; Doria et
al., (1982) e Viegas (1984) relataram 8,7% e 8,3% respectivamente;
Kuroda et al., (2004) encontraram 3,6%; Schein et al., (2004)
encontraram 5,9% no Mato Grosso do Sul; Ribeiro et al., (2003)
encontraram 1,9% em Ilhéus-BA e Poletto et al., (2004)
encontraram 1,2% em Passo Fundo-RS (PEREIRA e HARTMANN,
2007).
As espécies da Brucella e seus principais animais pecuários
hospedeiros são a B. abortus (bovinos), B. melitensis (cabras), B.
suis (suínos) e B. ovis (ovinos). Em geral, as principais
manifestações da brucelose são falha reprodutiva, como
abortamento ou nascimento de recém-nascidos mal desenvolvidos,
além de orquite e epididimite com esterilidade frequente no macho.
28
A infecção persistente é uma característica desse microorganismo
intracelular facultativo com eliminação nas secreções reprodutivas e
mamárias. A brucelose também é uma importante zoonose que
causa doença debilitante nos humanos (RADOSTITS et al., 2002).
Segundo REBHUN (2000), a brucelose também é conhecida
como doença de Bang, aborto epizoótico, febre de malta, febre
ondulante ou febre do mediterrâneo.
3.1.1 Perdas econômicas
Nos bovinos e bubalinos, a brucelose acomete, de modo
especial, o trato reprodutivo, gerando perdas diretas devido,
principalmente, a abortos, baixos índices reprodutivos, aumento do
intervalo entre partos, diminuição da produção de leite, morte de
bezerros e interrupção de linhagens genéticas. As propriedades
onde a doença está presente têm o valor comercial de seus animais
depreciado; as regiões onde a doença é endêmica encontram-se
em posição desvantajosa na disputa de novos mercados.
Estimativas mostram ser a brucelose responsável pela diminuição
de 25% na produção de leite e de carne e pela redução de 15% na
produção de bezerros. Mostram ainda que, em cada cinco vacas
infectadas, uma aborta ou torna-se permanentemente estéril.
29
Dentro das perdas indiretas, devem-se salientar as que resultam em
infecções humanas. Na maioria das vezes, quando a enfermidade
não é tratada na fase aguda, o curso crônico da doença no homem
produz perdas econômicas de vulto. Essas perdas estão
relacionadas com os custos do diagnóstico e tratamento, muitas
vezes requerendo internações prolongadas. Além disso, não deve
ser esquecido o custo do período decorrente da ausência ao
trabalho. No Brasil, não existem estudos concretos sobre os
prejuízos econômicos ocasionados pela brucelose bovina ou
bubalina. Nos Estados Unidos, estimou-se, em 1983, que as perdas
por brucelose bovina foram da ordem de 32 milhões de dólares,
apesar do programa americano ter-se sido iniciado há mais de 40
anos (MAPA, 2012) .
3.1.2 Etiologia
Segundo Radostits et al (2002), o agente etiológico é uma
bactéria do gênero Brucella que se apresenta como coco-bacilo
Gram negativo, não capsulada, não esporulada, aeróbica ou
microaerófila, imóvel, com morfologia colonial lisa ou rugosa em
cultivos primários. É uma bactéria intracelular facultativa e sua
morfologia está associada à composição bioquímica da molécula
30
lipopolissacarídeo da parede celular, sendo que em determinadas
espécies têm relação com a virulência.
O gênero Brucella possui várias espécies, reunidadas em dois
grupos antigenicamente distintos; Brucellas rugosas: B. ovis
(ovinos), B. canis (cães), e B. neotomae (roedores); Brucellas lisas
ou clássicas: B. abortus (bovinos), B. suis (suínos), B. melitensis
(caprinos), B. maris (golfinhos e focas). Apesar dos poucos estudos
realizados visando à identificação das biovariedades de Brucella
isoladas de bovídeos no Brasil, já foram identificadas B. abortus
biovares 1, 2 e 3 e B. suis biovar 1. Além dessas espécies, de igual
modo já foram identificadas B. canis e B. ovis infectando animais
domésticos. Até o presente momento, a B. melitensis, principal
agente etiológico da brucelose caprina, não foi identificada no Brasil
(RADOSTITS et al., 2002).
A B. abortus é responsável pela maior parte das infecções,
mesmo os bovinos sendo suscetíveis à B. melitensis e B. suis. Pelo
menos nove biótipos de B. abortus foram identificados, incluindo um
número de cepas variantes. Aproximadamente 5% das infecções
são oriundas do biótipo 1. O biótipo 2 foi isolado em um surto de
brucelose nos bovinos no Canadá em 1986. Nos Estados Unidos,
são encontrados os biótipos 1 a 4 da B. abortus. A Brucella suis
31
está dividida em cinco biovares 1 a 5 e a B. melitensis em três
biovares 1 a 3 (RADOSTITS et al., 2002).
Apesar das exigências de crescimento complexas in vitro, o
organismo pode persistir em determinados produtos animais e no
ambiente por períodos prolongados sob circunstâncias favoráveis.
Em geral, o organismo gosta de umidade e de temperaturas baixas,
o calor e a luz solar direta provoca ressecamento. Por exemplo, a B.
abortus pode sobreviver nas fezes a 12°C por 250 dias, mas morre
rapidamente nas fezes aquecidas. Do mesmo modo, a placenta e
os tecidos fetais infectados, o leite contaminado refrigerado e outros
produtos lácteos, bem como a água fria podem promover a
sobrevivência da bactéria. Se tiver condições de pH, temperatura e
luz favoráveis, ela resiste vários meses nos fetos, restos de
placenta, fezes, água, lã, feno, materiais e vestimentas, locais
secos e a baixas temperaturas. Nos produtos lácteos e no leite sua
sobrevivência depende da quantidade de água, temperatura, pH e
presença de outros microrganismos. Para eliminar as brucelas, a
pasteurização, os métodos de esterilização a altas temperaturas e a
fervura são eficientes, bem como desinfetantes comuns como
álcool, produtos clorados, formol, compostos fenólicos e raios
solares (REBHUN, 2000).
32
3.1.3 Transmissão/contaminação
Nos ruminantes o destaque e a maior frequência é a via
gastrointestinal, seguidos do trato respiratório, conjuntivas, pele e
trato genital, bem como da contaminação do úbere durante a
ordenha. O pastoreio sobre uma pastagem contaminada ou o
consumo de outros alimentos e dos suprimentos de águas
contaminadas pelas secreções e pelas membranas fetais das vacas
infectadas, bem como o contato com fetos abortados e bezerros
recém-nascidos infectados são os modos mais comuns de
disseminação. A transmissão dentro do rebanho ocorre pela
transmissão vertical e horizontal. A transmissão horizontal
normalmente ocorre pela contaminação direta, embora exista a
possibilidade de introdução da infecção por moscas, cães, ratos,
carrapatos, botas infectadas, forragem e outros objetos inanimados.
Existe evidência da transferência horizontal da infecção, de cão a
cão, dos bovinos para cão, do cão para os bovinos e do cão para o
ser humano. O meio mais provável e eficaz da transferência dos
bovinos ao cão é a exposição aos fetos abortados ou as
33
membranas placentárias infectadas, porque os cães comumente
ingerem os produtos do parto.
A utilização da inseminação artificial com sêmen contaminado pode
transmitir esta doença, bem como a transferência de embriões pode
ser um fator de risco se os embriões forem estocados em meio
contendo albumina sérica bovina com B. abortus. As vias de
eliminação são: produtos do aborto (feto, placenta, líquido
amniótico), secreções vaginais, urina, sêmen e leite. A transmissão
venérea por touros infectados às fêmeas susceptíveis, através da
monta natural, pode ocorrer, mas é rara (RADOSTITS et al.,
2002).
A principal forma de entrada da brucelose em uma propriedade
é a introdução de animais infectados. Quanto maior a frequência de
introdução de animais, maior o risco de entrada da doença no
rebanho. Por essa razão, deve-se evitar introduzir animais cuja
condição sanitária é desconhecida. O ideal é que esses animais
procedam de rebanhos livres ou, então, que sejam submetidos à
rotina diagnóstica que lhes garanta a condição de não infectados
(BRASIL, 2012).
A transmissão da Brucelose para os seres humanos pode
ocorrer, principalmente, no contato profissional de quem maneja os
34
animais contaminados e suas secreções sem a utilização de
medidas adequadas, como o uso de luvas. Assim, os demais
contágios ocorrem por ingestão de leite e seus derivados
contaminados por Brucella quando não devidamente processados
(MAPA, 2012).
3.1.4 Patogenia
Segundo Andrews et al (2008), a Brucella abortus tem
predileção pelo útero prenhe, úbere, testículo, glândulas sexuais
masculinas acessórias, linfonodos, cápsulas articulares e
membranas sinoviais. Após a invasão corpórea inicial, a localização
ocorre inicialmente nos linfonodos que drenam a área e dissemina-
se para outros tecidos linfoides, como o baço e os linfonodos
mamários e ilíacos. Uma das características da infecção por
Brucella sp é o fato de a bactéria poder resistir aos mecanismos de
destruição das células fagocitárias e sobreviver dentro de
macrófagos por longos períodos. Essa localização intracelular é um
dos mecanismos de evasão do sistema imune, porque protege as
brucelas da ação do complemento e de anticorpos específicos. A
infecção do útero gestante ocorre por via hematógena. As brucelas
multiplicam-se inicialmente no trofoblasto do placentoma, infectando
35
também as células adjacentes, levando a uma reação inflamatória
da placenta. Além disso, há infecção do feto, de igual modo por via
hematógena.
As lesões placentárias raramente atingem todos os
placentomas; em geral, apenas parte deles é afetada. Tais lesões
inflamatório necróticas de placentomas, que impedem a passagem
de nutrientes e oxigênio da mãe para o feto, assim como provocam
a infecção maciça do feto por B. abortus, são as responsáveis pelo
aborto. Com o desenvolvimento de imunidade celular após o
primeiro aborto, há uma diminuição do número e do tamanho das
lesões de placentomas nas gestações subsequentes. Com isso, o
aborto torna-se infrequente, aparecendo outras manifestações da
doença, como, por exemplo, a retenção de placenta, a
natimortalidade ou o nascimento de bezerros fracos (REBHUN,
2000).
3.1.5 Sinais Clínicos e Lesões
Os sinais clínicos nos bovinos se limitam a abortamento dos
fetos (geralmente durante a metade final da gestação). Podem
ocorrer surtos de abortamento quando a doença encontra-se
recentemente introduzida em um rebanho, enquanto um
36
abortamento nas novilhas de primeiro parto ou em novas aquisições
tipifica uma infecção endêmica (REBHUN, 2000).
Nas gestações subsequentes, o feto normalmente é gerado a
termo, embora um segundo ou, mesmo, um terceiro abortamento
possa ocorrer na mesma vaca. A retenção de placenta e a metrite
são sequelas comuns do abortamento. As infecções mistas
costumam ser a causa da metrite, que pode ser aguda, com
septicemia e óbito em seguida, ou crônica, levando a esterilidade
(RADOSTITS et al., 2002).
Após o primeiro aborto, são mais frequentes a presença de
natimortos e o nascimento de bezerros fracos. O feto geralmente é
abortado 24 a 72 horas depois de sua morte, sendo comum sua
autólise. Não há nenhuma lesão patognomônica da brucelose no
feto abortado, mas, com frequência, observa-se broncopneumonia
supurativa. Nos machos existe uma fase inflamatória aguda,
seguida de cronificação, frequentemente assintomática. As
bactérias podem instalar-se nos testículos, epidídimos e vesículas
seminais. Um dos possíveis sinais é a orquite uni ou bilateral,
transitória ou permanente, com aumento ou diminuição do volume
dos testículos. Em outros casos, o testículo pode apresentar um
37
aspecto amolecido e cheio de pus. Lesões articulares também
podem ser observadas (MAPA, 2012).
Segundo Garcia E Martins (2003), o período de incubação é
muito variável podendo durar de semanas a cerca de sete meses,
provoca os seguintes lesões: inflamação na junção entre carúncula
e cotilédone; abortamento precoce em suínos, aumento na taxa de
repetição de cio ou maior número de fetos mumificados ou mesmo
deteriorados indicando morte fetal precoce, lesões articulares (em
suínos, equinos e homem), lesões cutâneas (no homem e suínos),
processos inflamatórios de ligamentos (bursite), Mal da Cernelha ou
Mal da Cruz (em equinos e bovinos de tração), mastite brucélica
(nódulos no úbere) e coágulos no leite (em cabras).
De acordo com Franco (2001), os sinais clínicos são:
abortamento no terço final da gestação, retenção de placenta,
corrimentos vaginais, endometrites e mastites as quais chamam a
atenção para doenças reprodutivas em fêmeas. Em machos:
orquite, epididimite, provocando infertilidade, subfertilidade ou
esterilidade. E também, infecções articulares, bursites, espondilites
em vértebras torácicas e lombares, podendo atingir medula óssea e
tendões.
38
3.1.6 Mecanismo imune
Segundo Radostits et al (2002) e MAPA (2012), os animais
naturalmente infectados e os vacinados, como os adultos com a
cepa 19, permanecem positivos para o soro e a outros testes de
aglutinação por longos períodos de tempo. O soro dos bovinos
infectados contêm altos níveis de isótopos dos anticorpos IgM,
IgG1,IgG2, e IgA (figura 9). A maioria dos animais vacinados entre
quatro e oito meses retornam a um estado negativo para brucelose
dentro de um ano. Considera-se que todos possuam uma
imunidade relativa para a infecção. Após a vacinação do gado
bovino com a cepa 19 do microrganismo, os anticorpos IgM
aparecem após cerca de cinco dias, atingindo o pico após 13 dias.
Os anticorpos IgG1 surgem um pouco mais tarde ou
simultaneamente com a IgM, e o pico é atingido com 28-42 dias,
declinando depois (figura 9).
39
Figura 9: Resposta dos principais isotipos de anticorpos em bovinos infectados com amostra patogênica de Brucella abortus ou vacinados com B19 Fonte: MAPA, 2012.
O mesmo padrão geral acompanha a infecção experimental
com as cepas virulentas e, da mesma forma, nos casos crônicos a
40
campo, exceto que o anticorpo IgM declina para níveis inferiores, e
a atividade residual existe na IgG1 e IgG2, tanto quanto na IgA que
permanece em níveis mais altos (figura 10).
Figura 10: Resposta a longo termo dos principais isotipos de anticorpos em bovinos infectados com amostra patogênica de Brucella abortus Fonte: BRASIL/MAPA, 2012.
A observação por período prolongado em animais vacinados
com B19, quando vacinados até 8 meses, demonstra que o nível de
anticorpos decresce rapidamente, atingindo títulos inferiores a 25 UI
41
depois de 12 meses (Figura 11). Por outro lado, se a vacinação for
realizada acima de 8 meses de idade, os títulos vacinais tendem a
permanecer elevados por mais tempo, podendo gerar reações
falso- positivas nos testes indiretos de diagnóstico (MAPA, 2012) .
Figura 11: Resposta a longo termo dos principais isotipos de anticorpos em bovinos vacinados com a amostra B19 de Brucella abortus Fonte:MAPA, 2012.
3.1.7Diagnóstico
Na brucelose animal, assim como em outras infecções, o
isolamento do microrganismo é o método diagnóstico mais seguro,
42
mas, em virtude das dificuldades deste procedimento e da sua
limitação para uso em grandes rebanhos, os métodos sorológicos
são os mais utilizados. O diagnóstico clínico da Brucelose é
bastante particular, pois é fundamentado no histórico da
propriedade, pela ocorrência de abortos a partir do sétimo mês de
gestação, o que leva a desconfiar de que a doença está ocorrendo
no rebanho (FRANCO, 2001).
Dentre os testes sorológicos empregados no diagnóstico da
doença, destacam-se como os mais amplamente utilizados:
Soroaglutinação Lenta em Tubo (SAT), Soroaglutinação Rápida em
Placa (SAR), Antígeno Tamponado Acidificado (AAT), 2-
Mercaptoetanol (2-ME), Rivanol, Fixação de Complemento (FC) e
Enzyme Linked Immunosorbent Assay – ELISA (RIBEIRO et al,
2000).
Segundo Rebhun (2000), as amostras para o diagnóstico da
Brucelose são: feto e restos fetais abortados, membranas fetais,
placenta, soro, pulmão, fígado, conteúdo abomasal do feto,
secreção uterina ou muco vaginal, leite de vacas em lactação e
sêmem.
De acordo com o PNCEBT, ficou definido como oficiais os
seguintes testes: Antígeno Acidificado Tamponado, Anel em Leite,
43
2-Mercaptoetanol e Fixação de Complemento. Os dois primeiros
como testes de triagem, e os dois últimos como testes
confirmatórios. Após a vacinação de fêmeas aos 3 a 8 meses de
idade, são feitos exames laboratoriais a partir de 24 meses de
idade, através do teste de soro aglutinação com Antígeno
Acidificado Tamponado (AAT), realizado por Médicos Veterinários
credenciados. Para este exame é utilizado 0,03 mL do soro do
animal com 0,03mL do antígeno, dosado em pipeta, ambos são
colocados sob uma placa de vidro e misturados de forma
homogênea. Após isso, a placa deve ser agitada com movimentos
oscilatórios durante 4 minutos e em seguida colocada sob uma luz
para interpretação dos resultados. Conforme o PNCEBT, se há
presença de grumos o animal é considerado reagente (positivo)
(figura 12) e se não há formação de grumos significa que o animal
não é reagente (negativo) (FIGURA 13). No caso dos positivos
deve-se marcar o animal com um “P” na face. (MAPA, 2012).
44
Figura 12: Teste Antígeno Acidificado Tamponado – Reação Positivo
Fonte: MAPA, 2012.
Figura 13: Sequencia dos testes para diagnóstico da brucelose
Fonte: MAPA, 2012.
45
3.1.8 Tratamento
O tratamento atualmente não encontra-se aprovado para
Brucelose nos bovinos. No entanto, semelhante à terapia no
homem, o tratamento experimental de bovinos infectados sustenta o
uso da tetraciclina e estreptomicina em combinação (REBHUN,
2000).
De acordo com Radostits et al (2002), o tratamento é mal
sucedido por causa do sequestro intracelular dos microrganismos
nos linfonodos, na glândula mamária e nos órgãos reprodutivos. A
droga é incapaz de penetrar essa barreira da membrana celular.
Segundo Franco (2001), é inútil tratar os animais doentes. O
combate à Brucelose se restringe às medidas sanitárias.
3.1.9 Controle
De acordo com o Ministério da Agricultura, o controle da
Brucelose é baseado no Programa Nacional de Controle e
Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT), lançado em
janeiro de 2001(MAPA, 2012).
46
Segundo Garcia e Martins (2003), o programa baseia-se nos
seguintes pontos:
a) Vacinação obrigatória: passou a ser compulsória (a
partir de dezembro de 2003) a vacinação de bezerras com
idade entre 3 e 8 meses de idade. A vacina utilizada é a
amostra B19 (viva atenuada). Atualmente existem 6
laboratórios produtores no Brasil e a produção atende apenas
a 25% da real demanda. A vacinação contra brucelose só
poderá ser realizada sob-responsabilidade de médicos
veterinários, que deverão estar cadastrados no Serviço Oficial
de Defesa Sanitária Animal.
b) Certificação de propriedades livres:
• A adesão será voluntária: criação de um selo de qualidade
sanitária.
• Testes em todos os animais e abate sanitário dos reagentes
positivos.
• Certificado de livre: três testes sem um único animal reagente
positivo, ao longo de um período mínimo de nove meses.
• As propriedades certificadas ficam obrigadas a repetir os
testes anualmente, em todos os animais.
47
• Exigência de dois testes negativos para o ingresso de animais
na propriedade, se os animais não forem provenientes de
outra propriedade livre.
• Os testes de diagnóstico para brucelose são realizados
exclusivamente em fêmeas de idade igual ou superior a 24
meses, desde que vacinadas entre 3 e 8 meses, e em machos
e fêmeas não vacinadas, a partir de 8 meses de idade.
• Supervisão técnica de médico veterinário credenciado.
c) Certificação de propriedades monitoradas:
• De adesão voluntária, atribuída exclusivamente a fazendas de
gado de corte.
• Testes de diagnóstico serão realizados por amostragem
apenas em fêmeas com mais de 24 meses e em machos
reprodutores, com periodicidade anual: conceito de gestão de
risco.
• Quando forem encontrados animais reagentes positivos, todos
os animais serão submetidos a testes de diagnóstico.
• Só poderão ingressar na propriedade animais com dois testes
negativos ou provenientes de propriedades de condição
sanitária igual ou superior.
48
• Supervisão técnica de médico veterinário credenciado.
d) Normas diversas: controle do trânsito de reprodutores e normas
sanitárias para participação em exposições, feiras, leilões e outras
aglomerações de animais; credenciamento e capacitação de
médicos veterinários; diagnóstico e apoio laboratorial; fluxo
sistemático de informações entre o serviço de inspeção e o serviço
de defesa sanitária; educação sanitária.
3.2 RELATO DE CASO
Foi realizada uma visita técnica a uma propriedade de cria e
recria de gado de corte da raça Nelore, localizada no município de
Campo Largo-PR, para a realização de colheita de sangue em
fêmeas a partir de 24 meses de idade com o objetivo de realizar o
teste de soroaglutinação com antígeno acidificado tamponado
(AAT) como forma de triagem para brucelose e realização da
inoculação intradérmica da tuberculina bovina na prega caudal
como forma de triagem para a tuberculose bovina em fêmeas e
machos a partir de 6 semanas de idade.
Para a colheita de sangue foi efetuada antissepsia do local com
álcool iodado, e o sangue foi colhido através de venopunção jugular
49
utilizando-se sistema de vácuo estéril sem anticoagulante, com
agulha 21 G descartável, retirando-se 10 mL de sangue por animal.
Este material foi mantido em posição de descanso por até 24 horas
para formação de coágulo, estocado a 20°C e depois submetido ao
teste de antígeno tamponado acidificado (AAT), onde então foi
possível observar a positividade ao teste, para um animal sem raça
definida (SRD), do sexo feminino, com idade aproximada de 8 a 9
anos e histórico de aborto anterior, que tinha sido trazida do estado
de Mato Grosso para servir como receptora de embrião.
Foi realizado um segundo teste (AAT), onde novamente ocorreu
a positividade, e então o caso foi relatado à Secretaria da
Agricultura do município de Campo Largo-PR, e ficou prevista a
visita de um Médico Veterinário da Secretaria à propriedade para
efetuar a marcação com (P) na face do animal positivo (figura 14) e
posterior abate sanitário do mesmo.
50
Figura 14: Marcação “P”, na face de um animal soro positivo para Brucelose.
51
4. TUBERCULOSE BOVINA
4.1 REVISÃO DA LITERATURA
A tuberculose causada pelo Mycobacterium bovis é uma
zoonose de evolução crônica que acomete principalmente bovinos e
bubalinos. Caracteriza-se pelo desenvolvimento progressivo de
lesões nodulares denominadas tubérculos, que podem localizar-se
em qualquer órgão ou tecido (MAPA, 2012) .
Para Roxo (1997), a Tuberculose foi primeiramente reconhecida
como doença causada por um agente infeccioso em animais e
historicamente, a transmissibilidade da doença a partir de material
humano aos animais (coelho) foi descrita pela primeira vez por
Villemin em 1865. Porém foi Robert Koch 1882, que descobriu o
agente infeccioso, corando-o pela fucsina-anilina e isolando-o em
meio de cultura em 1884. A diferenciação entre o bacilo humano,
bovino e aviário foi primeiramente descrita nos Estados Unidos da
América por Smith em 1897. Segundo O’Reilly & Daborn, a
imunodeficiência adquirida (AIDS) aumentou o risco de
manifestação da doença em humanos, tanto por M.tuberculosis
como possivelmente por M.bovis (ROXO,1997).
Até o século passado, a tuberculose por M.bovis se
manifestava principalmente em crianças, causando escrofulose
52
(linfadenite cervical), tuberculose intestinal e outras formas da
doença extrapulmonar. Este quadro foi modificado pelo controle e
erradicação da tuberculose nos bovinos em diversos países e pela
pasteurização do leite, após a Segunda Guerra Mundial. Hoje, nos
países desenvolvidos, o que se observa são principalmente
manifestações da forma pulmonar em adultos e, nas formas
extrapulmonares, a infecção do trato geniturinário, acometendo
especialmente habitantes da zona rural (ROXO,1997).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a
tuberculose como zoonose é preocupante, principalmente nos
países em desenvolvimento, onde o conhecimento do problema é
escasso. Assim, são necessárias melhorias nos aspectos de saúde
pública veterinária em relação à infecção por M.bovis,
especialmente nas populações de risco. Grupos principais como
magarefes e tratadores de animais são os principalmente afetados.
4.1.1Etiologia
Segundo Rebhun (2000), o M. bovis é a causa da tuberculose
nos bovinos, e o organismo é capaz de infectar muitas outras
espécies como: suínos, equinos, homem e, embora raramente,
gatos ou ovinos. O M. tuberculosis é o organismo causador no
homem e pode infectar os suínos, macacos e, mais raramente,
53
bovinos, cães e papagaios. O M. avium é uma espécie distinta, que
raramente infecta bovinos, suínos, ovinos ou homem. Todos os três
organismos são bastonetes ácido-resistentes, álcool-resistentes e
Gram-positivos.
De acordo com Garcia e Martins (2003), as micobactérias
pertencem à família Mycobacteriaceae, gênero Mycobacterium. São
bacilos curtos aeróbicos, imóveis, não capsulados, não flagelados,
apresentando aspecto granular quando corados, medindo de 0,5 a
7,0 µm de comprimento por 0,3 µm de largura, sendo a álcool-
ácido-resistência a sua propriedade mais característica.
O bacilo é moderadamente resistente ao calor, dessecação e a
muitos desinfetantes, sendo rapidamente destruído pela luz solar
direta, desde que não esteja em ambientes úmidos. Pode
permanecer semanas em meios quentes, úmidos e em condições
em que se encontre protegido (RADOSTITS et al., 2002) .
Roxo (1997) complementa, “o bacilo permanece viável em
estábulos, pasto e esterco por até dois anos, até um ano na água e
por até dez meses nos produtos de origem animal contaminados”.
Os desinfetantes como álcool, fenólicos, formólicos e hipoclorito de
sódio são bastante eficientes no combate ao bacilo, desde que,
estejam corretas as suas concentrações, seu tempo de exposição,
54
temperatura e que não haja a presença de matéria orgânica. A
pasteurização dos derivados lácteos e produtos de origem animal,
matam além das micobactérias, a maioria dos microrganismos não-
esporulados .
4.1.2Transmissão
A principal forma de introdução da tuberculose em um rebanho
é a aquisição de animais infectados (MAPA, 2012).
Segundo Radostits et al (2002), os microrganismos são
eliminados pelo ar exalado, escarro, fezes (provenientes de lesão
intestinal ou secreções pulmonares deglutidas), leite, urina,
corrimento vaginal e uterino, assim como secreções dos linfonodos
periféricos abertos. Em bovinos infectados experimentalmente, a
excreção do microrganismo inicia-se cerca de 90 dias após a
infecção. A entrada do agente geralmente se dá pela inalação ou
ingestão. A inalação é praticamente a invariável porta de entrada do
agente nos bovinos confinados e, mesmo em bovinos criados em
regime de pasto, é considerada a principal via de transmissão.
A infecção pela ingestão é possível no pasto, quando o alimento, a
água de beber e o cocho estiverem contaminados por fezes e
secreções oro nasal. A água pode permanecer infectante por até 18
dias após o ultimo uso por um animal tuberculoso. A ingestão de
55
leite contaminado por animais jovens é um modo comum de
transmisão onde a tuberculose é endêmica, mas a infecção
mamária ocorre em estágios tardios da doença. Outras vias de
infecção incomuns consistem na infecção intra-uterina durante o
coito, o uso de sêmem ou pipetas contaminadas na inseminação
artificial, bem como a infecção intramamária pelo uso da
ordenhadeira mecânica. A alimentação de suínos com carcaças de
bovinos tuberculosos também causa graves surtos da doença. As
fontes raras de infecção são os gatos, caprinos e até os homens.
Tratadores com infecções geniturinárias transmitem a doença aos
bovinos urinando no ambiente. Pode ocorrer transmissão entre
bovinos, de bovinos para o homem, do homem para o homem, do
homem para bovinos, do homem para animais domésticos, do
bovino para animais selvagens, entre animais selvagens, de
bovinos para animais domésticos, de animais domésticos para
bovinos e dos animais selvagens para o homem (RADOSTITS et
al., 2002; MAPA, 2012).
56
4.1.3 Patogenia
A tuberculose generaliza-se no organismo em duas fases: o
complexo primário e o pós-primário. O complexo primário consiste
na lesão do ponto de entrada e no linfonodo local. A lesão no ponto
de entrada é comum quando a infecção se dá por inalação. Um foco
primário visível desenvolve-se num prazo de oito dias após a
entrada da bactéria. Cerca de duas semanas mais tarde, inicia-se a
calcificação das lesões. O foco necrótico em desenvolvimento é
rapidamente circundado por tecido de granulação, monócitos e
plasmócitos, caracterizando o “tubérculo” patognomônico. Nos
bovinos, as lesões nos pulmões ocorrem nos lobos caudais em 90%
dos caos e nos bezerros alimentados com leite contaminado, o foco
primário é nos linfonodos mesentéricos ou faríngeos, e neles, a
principal manifestação da disseminação pós-primária é constituída
pelas lesões hepáticas. A disseminação pós-primária pode ter forma
de tuberculose miliar aguda, que consiste em discretas lesões
nodulares em vários órgãos, ou da tuberculose orgânica crônica
causada por reinfecção endógena ou exógena de tecidos
sensibilizados à tuberculoproteína (RADOSTITS et al., 2002).
Qualquer tecido pode ser afetado, mas as lesões de aspecto
caseoso são mais comumente observadas nos linfonodos da
cabeça, pescoço, mediastínicos e mesentéricos, pulmões,
57
intestinos, fígado, baço, pleura e peritôneo. Os sinais da doença
nos animais podem não estar presentes em infecções recentes e,
quando da evolução do quadro após vários anos, podem aparecer
sinais característicos como emaciação progressiva, aumento de
volume dos linfonodos e em alguns casos tosse, dispneia e
episódios de diarréia intercalados com constipação. A mastite é de
difícil diagnóstico, não alterando as características físico-químicas
do leite (ROXO, 1997).
Rebhun et al (2008), relata que uma vez atingido o alvéolo, o
bacilo é capturado por macrófagos, sendo o seu destino
determinado pelos seguintes fatores: virulência do microrganismo,
carga infectante e resistência do hospedeiro. Na fase seguinte, caso
não sejam eliminados, os bacilos multiplicam-se dentro dos
macrófagos até destruí-los. Os bacilos liberados pelos macrófagos
infectados serão fagocitados por outros macrófagos alveolares ou
por monócitos recém-chegados da corrente circulatória, atraídos
pelos próprios bacilos liberados, ou por fatores quimiotáticos
produzidos pelo hospedeiro. A terceira fase começa quando cessa
essa multiplicação, cerca de 2 a 3 semanas após a inalação do
agente infeccioso, e é caracterizada por resposta imune mediada
por células e reação de hipersensibilidade retardada. Nessa fase,
em decorrência da reação de hipersensibilidade retardada, o
58
hospedeiro destrói seus próprios tecidos por meio da necrose de
caseificação para conter o crescimento intracelular das
micobactérias. Com a mediação dos linfócitos T, ocorre a migração
de novas células de defesa, culminando com a formação dos
granulomas. Tais granulomas são constituídos por uma parte
central, por vezes com área de necrose de caseificação, circundada
por células epitelióides, células gigantes, linfócitos, macrófagos e
uma camada periférica de fibroblastos. Os bacilos da lesão
tuberculosa do parênquima pulmonar propagam- se ao linfonodo
satélite, no qual desencadeiam a formação de novo granuloma,
constituindo, assim, o complexo primário. As lesões pulmonares
têm início na junção bronquíoloalveolar com disseminação para os
alvéolos e linfonodos brônquicos, podendo regredir, persistir
estabilizadas ou progredir. A disseminação da infecção para outros
órgãos pode ocorrer precocemente durante o desenvolvimento da
doença, ou numa fase tardia, provavelmente em função de uma
queda na imunidade do animal.
As lesões macroscópicas têm, em geral, coloração amarelada
em bovinos e ligeiramente esbranquiçadas em búfalos; apresentam-
se na forma de nódulos de 1 a 3 cm de diâmetro, ou mais, que
podem ser confluentes, de aspecto purulento ou caseoso, com
presença de cápsula fibrosa, podendo apresentar necrose de
59
caseificação no centro da lesão ou, ainda, calcificação nos casos
mais avançados. Embora possam estar presentes em qualquer
tecido do animal, as lesões são encontradas com mais frequência
em linfonodos (mediastínicos, retrofaríngeos, bronquiais,
parotídeos, cervicais, inguinais superficiais e mesentéricos), em
pulmão e fígado. Sendo uma doença de evolução muito lenta, os
sinais clínicos são pouco freqüentes em bovinos e bubalinos. Em
estágios avançados, e dependendo da localização das lesões, os
bovinos podem apresentar caquexia progressiva, hiperplasia de
linfonodos superficiais e/ou profundos, dispnéia, tosse, mastite e
infertilidade, entre outros (MAPA, 2012).
4.1.4 Sinais Clínicos
Os bovinos infectados que possuem lesões clinicamente
detectáveis representam a minoria dos casos. Quando presentes,
os sinais clínicos são extremamente variáveis e frequentemente são
inespecíficos. A perda da condição e a falha no crescimento com
uma eventual emaciação podem ocorrer nos pacientes com uma
doença mais generalizada (REBHUN, 2000).
Já para Radostits et al (2002), os sinais relacionados à
localização em um órgão normalmente nos chamam a atenção
sobre a ocorrência de tuberculose, alguns sinais sistêmicos também
60
são evidentes. Algumas vacas com extensas lesões do tipo miliar
são clinicamente normais, mas, em muitos casos, quando ocorre
um emagrecimento progressivo não associado a outros sinais,
somos levados a suspeitar de tuberculose. Um apetite caprichoso e
temperatura oscilante também são comumente associados à
enfermidade. A pelagem pode-se mostrar áspera ou macia. Os
animais acometidos tendem a se tornar mais submissos e apáticos,
porém os olhos permanecem brilhantes e alerta. Esses sinais gerais
frequentemente se tornam mais evidentes após o parto.
Os sinais respiratórios clássicos de uma tosse úmida crônica e
anormalidades torácicas na auscultação podem ser os sinais mais
suspeitos, mas não ocorrem com grande frequência (REBHUN,
2000).
A tosse nunca é ruidosa nem ocorre em paroxismos. O animal
tosse apenas uma ou duas vezes em um período, sendo tal tosse
baixa, suprimida e úmida. Nos estágios avançados, quando grande
área pulmonar se mostra destruída, tornam-se evidentes a dispneia,
a frequência aumentada e a respiração profunda. O envolvimento
dos linfonodos bronquiais pode resultar em dispnéia em virtude da
constrição das passagens de ar, e o aumento do linfonodo
mediastínico é comumente associado ao timpanismo ruminal
recidivamente e, por isso, persistente (RADOSTITS et al., 2002).
61
O envolvimento do linfonodo retrofaringeano pode causar tanto
sinais respiratórios como uma dificuldade na deglutição ou na
eructação. Uma obstrução pré-estomacal ou intestinal aparente
pode acompanhar um aumento de volume linfonodal visceral. As
infecções de úbere ocorrem em menos de 1% dos casos mas,
quando presentes, possuem ramificações de saúde pública
drásticas se o homem ou o animal consumir o leite infectado. As
lesões do trato reprodutivo também são raras. Tanto as infecções
reprodutivas como as do tecido mamário geralmente são
acompanhadas por um aumento de volume linfonodal associado
(REBHUN, 2000).
Em casos de metrite tuberculosa, pode haver infertilidade, ou a
concepção pode vir seguida por aborto recidivamente em prenhez
avançada, ou ainda, na maioria dos casos, um bezerro pode nascer
vivo e morrer rapidamente por tuberculose generalizada. Lesões
similares ocorrem na placenta. A mastite tuberculosa é de grande
importância devido ao perigo que representa à saúde pública bem
como à disseminação entre os bezerros. Sua característica
principal é uma acentuada induração e hipertrofia, que normalmente
se desenvolve na parte superior do úbere, particularmente nos
quartos posteriores. Nos estágios iniciais, o leite não apresenta
anormalidades macroscópicas, porém posteriormente aparecem
62
flóculos muito finos que se depositam, quando o leite está em
repouso, deixando-o com aspecto claro e de cor âmbar. Em
estágios mais avançados ainda, o leite apresenta-se somente como
um líquido de coloração âmbar (RADOSTITS et al., 2002).
4.1.5 Diagnóstico
O diagnóstico da tuberculose bovina pode ser efetuado por
métodos diretos e indiretos. Os diretos envolvem a detecção e
identificação do agente etiológico no material biológico. Os indiretos
pesquisam uma resposta imunológica do hospedeiro ao agente
etiológico, que pode ser humoral (produção de anticorpos
circulantes) ou celular (mediada por linfócitos e macrófagos). Pode-
se afirmar que existem métodos diagnósticos adequados para o
desenvolvimento de programas de controle e erradicação da
tuberculose bovina; entretanto, não existe um método diagnóstico
da tuberculose bovina que tenha uma eficácia absoluta. A prova
tuberculínica, a vigilância epidemiológica em matadouros, os
controles sanitários, o diagnóstico de laboratório, são todos
elementos básicos que devem ser empregados com critério e de
modo adequado a cada situação epidemiológica (MAPA, 2012).
Segundo Roxo (1997), a tuberculose é diagnosticada in vivo
pelo exame clínico e o teste tuberculínico, obrigatório para a
63
comercialização de animais; após a morte, é diagnosticada pelos
exames histopatológico e bacteriológico, incluindo DNA e técnica de
PCR. O teste tuberculínico é uma resposta de hipersensibilidade
tardia mediada por linfócitos T sensibilizados, deflagrada em
indivíduos previamente expostos ao bacilo tuberculoso. No bovino
caracteriza-se por aumento de espessura da pele determinado pelo
infiltrado de células mononucleares e edema mais ou menos
pronunciado. O uso da tuberculina foi testado primeiramente por
Koch, em 1882, como possível cura para tuberculose em humanos,
fato este que caiu em decréscimo poucos anos mais tarde. Doyhe
foi o primeiro autor a reconhecer o valor da tuberculina, que até hoje
é aplicada ao diagnóstico da tuberculose no homem e nos animais.
A tuberculina de Koch possuía proteínas estranhas oriundas do
caldo de carne utilizado para cultivo da micobactéria e que induzia
resposta não específica. Então Dorset desenvolveu um sintético
sem proteínas para o cultivo de bacilos tuberculosos. Atualmente
distinguem-se três tipos de tuberculinas: a) a O.T.(Old Tuberculin)
preparada nos moldes originais desenvolvidos por Koch; b) a HCSM
(heat concentrated sintetic médium) ou tuberculina preparada em
meio sintético e concentrada pelo calor; e c) a PPD (purified protein
derivate) onde o conteúdo proteico oriundo do cultivo bacilar é
purificado por métodos químicos.
64
4.1.5.1Teste intradérmico simples (TIS)
Esse teste é aplicado pela injeção intradérmica de 0,05ml de
tuberculina em uma prega cutânea. A tuberculina é preparada com
culturas de M. tuberculosis ou M. bovis em meio sintético. A reação
é interpretada entre 48 e 96h após a injeção, preferencialmente 48
a 72h para máxima sensibilidade e 96h para máxima especificidade.
Observa-se então o intumescimento difuso no local da injeção
(RADOSTITS et al., 2002).
4.1.5.2 Teste de reação térmica rápida
Uma injeção SC de tuberculina intradérmica (4ml) é aplicada na
região do pescoço dos bovinos que apresentam uma temperatura
não superior a 39°C no momento da injeção e durante duas horas
depois. Se a temperatura atingir mais de 40°C quatro, seis e oito
horas após a aplicação, o animal será classificado como um
reagente positivo (RADOSTITS et al., 2002).
4.1.5.3 Teste de Stormont
Esse teste é realizado da mesma forma que o intradérmico
simples do pescoço, mas com uma injeção adicional no mesmo
local sete dias após. Um aumento de 5 mm ou mais na espessura
da pele, 24h após a segunda injeção, significa um resultado
65
positivo. Trata-se de um teste mais preciso que o intradérmico
simples, mas a sua dificuldade prática é a necessidade de visitar a
fazenda por três vezes (RADOSTITS et al., 2002).
4.1.5.4Teste Cervical Comparativo
Para Tuberculose, o método de controle é através do
diagnóstico alérgico cutâneo com tuberculinização intradérmica
(tuberculina aviária e bovina), pelo teste cervical comparativo (TCC)
(SEAB,2012), fazendo uso de seringas para a inoculação (figura
14).
Figura 15: Conjunto de seringas para inoculação das tuberculinas Fonte: Agrozootec, 2012.
66
Para o TCC são realizadas duas tricotomias com distância
aproximada de 10 cm, em seguida com o cutímetro (figura 15), é
feita a medição da espessura da dobra da pele (em mm),
posteriormente são inoculadas via intradérmica, as tuberculinas na
dosagem de 0,1 mL, sendo a aviária cranialmente e a bovina
caudalmente ao animal, observando sempre se há formação de
pápula no local.
Figura 16: Cutímetro para verificação da espessura da pele nos testes de tuberculização de bovinos, conforme o PNCEBT Fonte: Supravet, 2012.
67
Após 72h da inoculação, subtrai-se a medida da dobra da pele
tomada no dia da inoculação para a tuberculina aviária (∆A) e a
tuberculina bovina (∆B). A diferença de aumento da dobra da pele
provocada pela inoculação da tuberculina bovina (∆B) e da
tuberculina (∆A) é calculada subtraindo-se ∆B de ∆A (MAPA, 2012).
Os resultados são interpretados conforme o PNCEBT descrito na
tabela 2.
TABELA 2: INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DO TESTE CERVICAL COMPARATIVO PARA TUBERCULOSE.
∆B – ∆A (mm) Interpretação <0
Negativo
0 a 1,9 Negativo 2 a 3,9 Inconclusivo � ou igual a 4 Positivo
68
4.1.6 Tratamento e controle
Em virtude do progresso alcançado no tratamento da
tuberculose humana com certas drogas, como a isoniazida,
combinações de estreptomicina e ácido paraaminossalicílico e
outros ácidos, o tratamento dos animais tuberculosos tem estado
sob investigação, e reivindicações foram feitas para a avaliação da
eficiência da administração oral e a longo termo da isoniazida tanto
para tratamento como profilaxia (RADOSTITS et al., 2002).
O tratamento da tuberculose bovina foi motivo de estudos para
diversos autores em todo o mundo. Contudo, não se obtém por
meio do tratamento a eliminação de todos os animais portadores do
agente tuberculoso, mantendo assim a fonte de infecção e
perpetuando a doença no rebanho. Medidas gerais de higiene,
como limpeza e desinfecção das instalações, cuidado na introdução
de novos animais no rebanho (com testes negativos, provenientes
de rebanhos livres, quarentenário e isolamento de animais
suspeitos) também são importantes para evitar que a doença se
instale na propriedade (ROXO, 1997).
O controle da tuberculose fundamenta-se no bloqueio de pontos
críticos da cadeia de transmissão da doença. O primeiro passo a
ser dado em uma unidade de criação é conhecer a situação
69
sanitária do rebanho. A identificação das fontes de infecção é feita
por meio da implementação de uma rotina de testes tuberculínicos
com abate dos animais reagentes. Na compra de animais, antes da
introdução no rebanho, deve-se testá-los na origem e testá-los de
novo logo após a entrada no quarentenário da unidade de criação,
respeitando-se o intervalo mínimo de 60 dias entre os testes. Adotar
como regra a aquisição de animais de propriedades livres da
doença. É importante que a saúde dos trabalhadores da
propriedade seja rotineiramente monitorada. Ações sobre possíveis
reservatórios domésticos, sinantrópicos ou silvestres devem ser
consideradas. Instalações adequadas, que permitem boa ventilação
e exposição direta à luz solar, contribuem para prevenir a
contaminação do ambiente. Recomenda-se higienizar e desinfetar
periodicamente todas as instalações, especialmente os bebedouros
e os cochos (hipoclorito de sódio 5%, fenol 5%, formaldeído 3%,
cresol 5%). Deve-se abolir a utilização do leite de vacas reagentes
para qualquer finalidade, e em quaisquer circunstâncias.
Constituem medidas importantes o monitoramento dos rebanhos
pela detecção de lesões tuberculosas – realizado pelo serviço de
inspeção de carcaças quando do abate dos animais, e o controle de
trânsito e de participação em exposições, feiras e leilões. A
inspeção sanitária dos produtos de origem animal destinados ao
70
consumo humano e a pasteurização ou esterilização do leite e
derivados diminuem os riscos de transmissão do M. bovis ao
homem. Apesar de diversos estudos sobre vacinação e tratamento
da tuberculose bovina, até o presente, os resultados obtidos não
justificam a adoção dessas medidas como forma de controle da
enfermidade. Além disso, em países que alcançaram grande
sucesso com programas implementados para o combate à
tuberculose bovina, essas práticas não foram utilizadas; e, portanto,
não estão contempladas na estratégia de ação do PNCEBT (MAPA,
2012; RADOSTITS et al.,2002).
71
4.2 RELATO DE CASO
Foi realizada uma visita técnica a uma propriedade de criação
de gado leiteiro da raça Holandesa, localizada no município da
Lapa-PR, para a realização da leitura do teste cervical comparativo
com tuberculina bovina e aviária aplicadas simultaneamente 72 h
antes (figura 19), como forma de confirmação para tuberculose
bovina de acordo com o PNCEBT (MAPA, 2012).
Para a realização da leitura foi utilizado um cutímetro específico,
no qual pode ser observada na primeira leitura uma espessura da
dobra da pele de 6,5 mm para a tuberculina aviária e 6,0 mm para a
tuberculina bovina (figura 20). Para a segunda leitura realizada 72h
depois, pode-se observar uma espessura da pele de 12,5 mm para
a tuberculina aviária e de 20 mm para a tuberculina bovina, o que
foi confirmatório de positividade (figura 21) para um animal do sexo
feminino, com idade aproximada de 5 anos e histórico de tosse
improdutiva, que havia sido comprada recentemente de uma
propriedade vizinha.
O caso foi relatado à Secretaria da Agricultura do município da
Lapa-PR. Na impossibilidade do comparecimento do médico
veterinário da Secretaria ao local, este autorizou que o animal fosse
abatido e enterrado em uma vala pré-calfinada e em um local
afastado de córregos de água na própria propriedade. O médico
72
veterinário oficial ficou então de passar na parte da tarde, para
confirmar o abate e eliminação da carcaça positiva.
Figura 17: Tricotomia Fonte: PNCEBT, 2012.
Figura 18: Medida da espessura da dobra da pele (em mm) Fonte: PNCEBT, 2012.
Figura 19: Inoculação intradérmica de tuberculina (PPD aviário): formação de pápula Fonte: PNCEBT, 2012.
Figura 20: Inoculação intradérmica de tuberculina (PPD bovino) Fonte: PNCEBT, 2012.
Figura 21: Reação tuberculínica positiva Fonte: PNCEBT, 2012.
73
5. LEUCOSE
5.1 LEUCOSE REVISÃO DE LITERATURA
A Leucose (LEB) pode ser denominada como Leucose bovina
enzoótica, Linfossarcoma bovino e Leucemia Viral Bovina
(RADOSTITS et al., 2002; ANDREWS et al., 2008; GARCIA e
MARTINS, 2003; REBHUN, 2000).
5.1.1 A doença no Brasil
A história da leucose bovina no Brasil é tão antiga quanto à da
oncologia veterinária brasileira, pois um dos primeiros trabalhos a
descrever de forma ampla a incidência de tumores em animais já
relata a ocorrência de quatro casos de linfossarcoma em bovinos
(FRANCO,2001).
Oficialmente a leucose bovina vem assinalada desde 1958
pelos serviços de Defesa Sanitária Animal do Ministério da
Agricultura (BRASIL, 1980). Todavia, os primeiros trabalhos que
relatam de maneira explícita a ocorrência da LEB no Brasil são de
1959. Merkt et al., em 1959, relataram no Rio Grande do Sul, a
enfermidade em uma fêmea bovina e Santos et al (1959), no Rio de
74
Janeiro, descreveram a ocorrência de linfossarcoma em um bovino
importado (ROXO,1997).
Em 1978, Alencar Filho, do Instituto Biológico de São Paulo,
realizou um trabalho pioneiro apresentando levantamento
sorológico detectando a infecção de bovinos pelo vírus da leucose
bovina (VLB). Desde então, os vários trabalhos já realizados em
todo território nacional relatam prevalência de soros reagentes que
variam de 12,5% até 70,9% (GARCIA et al., 2003).
5.1.2 Etiologia
O vírus da leucose bovina é um RNA-vírus pertencente à família
Retroviridae. Essa família inclui vírus indutores e não indutores de
tumores em várias espécies, inclusive em seres humanos. A
partícula viral é esférica, com 80 a 100nm de diâmetro e recoberta
por projeções de glicoproteinas superficiais. Acredita-se que a
glicoproteina do invólucro viral, a gp51, interage com um receptor
de superfície celular, incluindo a endocitose mediada por receptor,
propiciando sua entrada na célula hospedeira. No interior da
partícula, há três estruturas proteicas não glicosiladas: a matriz, o
nucleocapsídeo e o núcleo. Três enzimas (transcriptase reversa,
integrase e protease) também se encontram no interior do vírion. O
genoma do retrovírus é composto de duas cópias idênticas de RNA
75
de filamento único em sentido positivo. Durante a replicação, o RNA
viral é transformado em ácido desoxirribonucleico (DNA) pela ação
da enzima transcriptase reversa. Isso permite que os retrovíus se
integrem ao DNA do hospedeiro, restabelecendo uma infecção que
persiste por toda a vida do animal (ANDREWS et al., 2008;
REBHUN, 2000).
Provavelmente o VLB não permanece viável por muito tempo
fora do ambiente do hospedeiro. É facilmente inativado pela
exposição à luz ultravioleta, ao aquecimento a 56°C por 30min a à
pasteurização. No entanto o vírus pode permanecer viável em
sangue armazenado a 4°C durante, no mínimo, duas semanas
(ANDREWS et al., 2008).
5.1.3 Transmissão
Segundo Radostits et al (2002), a transmissão horizontal é o
modo pelo qual o vírus é disseminado sob condições naturais.
Parece que o contato físico íntimo e a troca de materiais biológicos
contaminados são requeridos para a transmissão.
Rebhun (2000), comenta que a transmissão vertical do VLB das
mães infectadas para seus fetos por uma transferência do vírus
através da placenta também é possível, mas provavelmente ocorre
em menos de 10% das gestações nos bovinos.
76
De acordo com Andrews et al (2008), nem todas as vacas
infectadas geram fetos infectados; uma vaca pode parir alguns
bezerros infectados e outros não infectados. Segundo Andrews et al
(2008), o vírus está presente no colostro e no leite, nas secreções
traqueais e brônquicas e, às vezes, nas secreções nasais e na
saliva de animais infectados. O vírus também é encontrado nas
células do sangue, porém não no plasma ou no soro, a menos que
tenha ocorrido hemólise. No entanto, ele não é encontrado em
fezes ou urina e provavelmente está ausente no sêmen da maior
parte dos touros infectados. Uma quantidade muito pequena de
células sanguíneas infectadas é capaz de transmitir o BLV.
Quantidade tão pequena quanto 0,1µl de sangue total de uma vaca
infectada pode ser fonte de infecção quando administrada por via
intradérmica em bovinos.
Radostits et al (2002), complementam que, um número limiar
aproximadamente de 100 células infectadas pelo VLB seja
requerido para estabelecer a infecção no receptor. Por isso,
quaisquer meios pelos quais os linfonodos infectados pelo VLB
possam ser transmitidos de uma vaca para outra são potenciais
meios de transmissão. A transmissão natural ocorre principalmente
nos bovinos com mais de um ano e meio de idade, geralmente
durante os meses de verão, entre os animais contaminados e,
77
possivelmente, pela transmissão por insetos ou morcegos de
linfócitos infectados no sangue total. Algumas observações revelam
um risco aumentado de infecção no rebanho leiteiro durante o
período periparturiente; a razão entre as diferenças brutas varia em
4,7-6,0, o que sugere que as secreções vaginais, exsudatos e
placentas das vacas, tanto quanto os instrumentos de parto
contaminados podem servir como fontes de células sanguíneas
infectadas. O vírus é encontrado nas secreções nasais do rebanho
infectado por dois a quatro anos, mas não há evidências de que a
transmissão para outros animais ocorreu.
De acordo com Garcia (2003), a transmissão iatrogênica
provavelmente é uma das principais razões da alta prevalência de
infecções em alguns rebanhos. O sangue infectado transferido de
um animal ao outro por uma agulha hipodérmica, o uso de seringas
de múltiplas doses, a descorna, a tatuagem de orelhas e a palpação
retal para exame do trato reprodutivo de vacas podem ser um meio
de transmissão da LEB. A transferência de embriões não está
associada com a transmissão do vírus. Entretanto, o vírus é
encontrado em fluido de lavagem uterina, mas isso pode ser
decorrente da contaminação com células sanguíneas. O vírus não é
encontrado em embriões ou óvulos de vacas infectadas, contanto
que estes fossem lavados antes da transferência. A transmissão de
78
vírus para a mãe ou progênie não está associada ao uso de sêmen
infectados, em inseminação artificial.
A transmissão via colostro contaminado é possível pela
passagem de linfócitos através do epitélio da mucosa intestinal
durante as primeiras horas de vida (RADOSTITS et al., 2002).
A transmissão do vírus através do teste tuberculínico
intradérmico também é possível para Rebhun (2000), já para
Andrews et al (2008), não há evidência publicada da associação da
realização do teste intradérmico de tuberculina com o aumento da
incidência de leucose bovina enzoótica.
5.1.4 Sinais Clínicos
Devem-se destacar dois fatos antes de uma discussão dos
sinais observados nos bovinos adultos infectados com o VLB com
tumores clínicos ou linfossarcoma. O primeiro fato é que menos de
5% de todos os bovinos VLB-positivos desenvolvem tumores ou
enfermidades associados ao linfossarcoma. A maioria dos bovinos
infectados fica assintomática, imunocompetente e tão produtiva (se
não mais) quanto os companheiros de rebanho soronegativos. O
outro fato é que embora ocorram vários apresentações clínicas
clássicas nos bovinos com linfossarcoma devido ao envolvimento
79
de órgão-alvo específico, que se pode mascarar o linfossarcoma
com várias outras doenças inflamatórias ou debilitantes dos bovinos
(REBHUN, 2000).
Após a infecção de um animal com BLV, a progressão da
doença depende de fatores genéticos, ambientais e de outras
condições desconhecidas. Mais de 60% dos bovinos infectados
permanecem assintomáticos; no entanto, quase todos desenvolvem
anticorpos detectáveis. Entre 30% e 70% dos animais exibem
linfocitose persistente; contudo, menos de 10% desenvolvem
linfossarcoma. Nota-se linfocitose persistente em 28 a 85% dos
casos acompanhados de neoplasias. A porcentagem de linfócitos B
no sangue pode aumentar para 80%, em comparação com o valor
de referência normal que é de 15 a 20% (ANDREWS et al., 2008).
Os sinais clínicos de linfossarcoma raramente se desenvolvem
antes de 2 anos de idade e são mais comuns nos bovinos entre 3 a
6 anos de idade, embora há casos em bovinos tão jovens quanto 6
meses de idade. O linfossarcoma pode ocorrer nos linfonodos
periféricos, nos linfonodos internos e nos órgãos-alvo específicos
(tais como abomaso, coração, útero, espaço retrobulbar e região
epidural do sistema nervoso central). Qualquer um ou todos os
tecidos mencionados podem ficar neoplásicos. Além disso, podem-
se afetar alvos atípicos (tais como trato respiratório superior e
80
inferior, úbere, pré-estômago, rins, ureteres, fígado, baço e medula
óssea). A alternância casual e associação de lesões em uma ou
mais localizações constitui a regra e resulta na variação tremenda
nos sinais clínicos observados em um paciente individual
(REBHUN, 2000).
Segundo Andrews et al (2008), os sinais clínicos podem incluir
depressão, indigestão, timpanismo crônico, deslocamento de
abomaso, claudicação ou paralisia.
Nos bovinos adultos, quase qualquer órgão pode ser o sítio das
lesões, mas abomaso, coração bem como linfonodos viscerais e
periféricos são os mais comumente acometidos. Conforme o órgão
mais envolvido, várias síndromes clínicas ocorrem (figura 23). O
envolvimento da parede abdominal resulta em digestão prejudicada
e diarreia persistente. Quando a parede atrial é acometida, ocorre
insuficiência cardíaca congestiva. No tecido nervoso, a lesão
primária está nas raízes dos nervos periféricos e dissemina-se pelo
nervo, para envolver as meninges e a medula, resultando num início
gradual de paralisia posterior. A pele, o trato reprodutivo e os
tecidos periorbitais são comumente acometidos. Na forma cutânea,
desenvolvem-se espessamentos intradérmicos que persistem, mas
não causam descontinuidade do epitélio, sendo composto de
agregados de linfócitos neoplásicos. A invasão dos tecidos
81
periorbitais comumente resulta em exoftalmia. A obstrução
esofágica pode decorrer do envolvimento do linfonodo mediastinal
nos bezerros. Os tumores consistem em agregados de linfócitos
neoplásicos, mas muitos casos podem ser mais precisamente
descritos como reticulossarcomas, altamente malignos e que dão
metástase amplamente. Certo grau de anemia é comum
(RADOSTITS et al, 2002).
De acordo com Andrews et al (2008), a infecção por VLB parece
não estar associada à diminuição da produção de leite, prejuízo à
função reprodutiva de machos e fêmeas, mastite, menor
longevidade ou maior suscetibilidade à outras doenças. O vírus não
parece causar imunossupressão significativa em fetos ou animais
adultos.
82
Figura 22: Frequência dos sinais predominantes da Leucemia Bovina-1.000 casos a campo. Fonte: RADOSTITS et al, 2002.
5.1.5 Diagnóstico
Em 1972, Ferrer empregou pela primeira vez a técnica de
imunodifusão dupla em Agar-gel (IDAG), também conhecida como
técnica de Ouchterlony, para a detecção de anticorpos séricos
contra o VLB, usando como antígeno células derivadas da linhagem
NBC. No mesmo ano, Miller e Olson em 1972 empregaram técnicas
semelhantes em soros de vários animais usando um antígeno
produzido a partir de uma cultura de linfócitos sanguíneos. Em
1974, Van Der Maaten et al estabeleceram uma linhagem de
células fetais de rim ovino (FLK) persistente infectadas com o VLB,
que permitia a produção de grande quantidade de antígenos virais.
A partir desta linhagem, Miller e Van Der Maaten conseguiram
identificar, em 1976, um novo antígeno viral, uma glicoproteína, e o
empregaram na técnica de imunodifusão em Agar-gel (IDAG) com
resultados bastante superiores aqueles encontrados quatro anos
antes por Miller e Olson em 1972. Esta foi, durante muitos anos, a
técnica mais empregada para o diagnóstico sorológico da doença
(GARCIA e MARTINS, 2003).
83
5.1.5.1Sorologia como diagnóstico do VLB
Para Andrews et al (2008), o teste de imunodifusão em Agar-gel
pode ser empregado para detectar anticorpos específicos contra os
antígenos virais p15, p24 e gp51. Na detecção de animais
infectados, o teste para pesquisa de anticorpos contra gp51 é mais
sensível do que aqueles para p15 e p24 ou do que a hematologia.
Utilizando-se monocamadas de células infectadas por BLV,
também é possível realizar a pesquisa de anticorpos específicos no
soro por meio de imunofluorescência indireta ou imunoperoxidase.
Tambem há relato de vários testes de soroneutralização, com base
na capacidade dos anticorpos em inibir os efeitos do BLV em
cultivos celulares. Esses testes incluem testes de neutralização viral
e de inibição de sincícios. O teste de fixação de complemento é
utilizado com antígenos virais provenientes de uma linhagem celular
infectada por BLV, mas parece ser menos sensível do que o teste
de imunodifusão em Agar-gel na pesquisa de anticorpos contra o
antígeno gp. Descreve-se um teste de inibição de transcriptase
reversa, com base no fato de que o soro de alguns bovinos com
leucemia inibe a atividade dessa enzima do VLB. O teste de
radioimunoensaio é bastante sensível, mas como desvantagem há
84
necessidade de reagentes radiomarcados e equipamento especial
(RADOSTITS et al., 2002).
Atualmente, o ensaio imunoenzimático (ELISA, enzyme-linked
immunoabsorbent assay) é o método preferido para detecção de
anticorpos contra BLV. O teste pode ser usado em amostra de leite
ou de fluido tecidual, bem como em amostra de soro. O teste ELISA
é rápido, sensível e adequado para o exame de grande quantidade
de amostras, e também é amplamente utilizado em programas de
erradicação de VLB em vários países europeus (REBHUN, 2000).
5.1.5.2 Isolamento e Detecção do Vírus
As partículas de vírus da leucemia bovina podem ser
identificadas por microscopia eletrônica em culturas de curta
duração de linfócitos provenientes de animais infectados por BLV. O
vírus também pode ser recuperado por meio de cultivo simultâneo
de células mononucleares do sangue periférico com uma célula
indicadora suscetível, e coradas pelo Giemsa. As células podem ser
visualizadas de forma específica, frequente antes da formação de
sincícios, pelo uso de técnicas de imunofluorescência ou
imunoperoxidase (ANDREWS et al., 2008).
85
A reação em cadeia da polimerase (PCR, polimerase chain
reaction), geralmente desenvolvida para detectar DNA pró-viral do
BLV e que propicia sensibilidade e especificidade exclusivas, está
rapidamente ganhando a preferência em relação aos métodos de
cultivo nas áreas de pesquisa, diagnóstico e vigilância (RADOSTITS
et al, 2002).
5.1.5.3 Diagnóstico do linfossarcoma
Pode ser somente feito pelo exame histopatológico de
fragmento de material tumoral obtido por biópsia ou necropsia.
Aspirado com agulha de linfonodo periférico infartado pode fornecer
um diagnóstico rápido e barato. Quando o trato genital estiver
envolvido, uma laparotomia exploratória geralmente deverá ser
realizada, para que amostra possa ser obtida. A contagem dos
linfócitos pode aumentar para 20,000-30,000µl, podendo, em alguns
casos, atingir valores de 50,000-100,000 µl e, mesmo, 400,000-
500,000 µl. Alterações cromossômicas podem ser detectadas nas
células dos linfonodos ou nos leucócitos do sangue periférico dos
animais acometidos. Quando houver envolvimento do miocárdio,
poderão existir alterações óbvias no eletrocardiograma, sendo elas,
porém, improvávelmente valiosas no diagnóstico diferencial
(RADOSTITS et al., 2002; REBHUN, 2000).
86
5.1.6 Tratamento
Rebhun (2000); Andrews et al (2008) e Garcia e Martins, (2003)
não citam tratamento em suas bibliografias. Radostits et al (2002),
apenas cita que “não há tratamento indicado contra o vírus da
Leucose bovina enzoótica”.
5.1.7 Controle
As medidas de controle apropriadas para qualquer situação
particular são determinadas, em grande parte, por fatores locais. A
prevalência da infecção provavelmente é o principal parâmetro, mas
fatores econômicos e políticos, praticas de criação e transporte de
bovinos podem ser relevantes (ANDREWS et al., 2008).
Segundo Radostits et al (2002), a doença pode ser erradicada
de um rebanho e, mesmo, um país, ou controlada em um baixo
nível. A opção escolhida depende, inicialmente, da prevalência da
infecção no rebanho, valor dos animais no rebanho e se uma
idenização governamental foi oferecida pelas vacas soropositivas
descartadas e enviadas ao abate.
87
De acordo com Rebhun (2000), as medidas de controle podem
ser fáceis quando a prevalência dos bovinos VLB-positivos é baixa.
Realiza-se um teste sorológico de todos os bovinos e bezerros.
Descartam-se os bovinos e bezerros mais velhos que 6 meses de
idade e retestam com 9 meses de idade. Caso se encontrem
positivos nesse momento, são descartados. Os bovinos VLB-
positivos extremamente valiosos podem ser superovulados e seus
embriões colocados em novilhas ou vacas soronegativas. No
entanto, a existência continua de vacas VLB-positivas é um prejuízo
da erradicação do VLB no rebanho.
Os planos de ação empregados para monitoração sorológicas
com a finalidade de obter rebanhos livres de BLV são detalhados
por Andrews et al (2008), da seguinte maneira:
• Os animais BLV-positivos são mantidos fisicamente
separados de animais BLV-negativos. O teste para detecção
de animais negativos é realizado em intervalos regulares.
• Bezerros nascidos de vacas negativas são mantidos
separados dos animais infectados.
• Bezerros nascidos de vacas infectadas são criados apenas
com colostro e leite de vacas negativas e são mantidos
isolados. Caso sejam sorologicamente negativos aos sete
meses de idade, esses bezerros se juntam ao rebanho.
88
• Os animais adquiridos para reposição devem vir de rebanhos
livres do vírus e devem ser submetidos ao exame sorológico
para triagem. Qualquer animal proveniente de rebanhos
mantidos em condições sanitárias desconhecidas deve
apresentar dois testes negativos, em intervalo de seis meses,
antes de ser introduzido ao rebanho principal.
• A transferência de embrião e a inseminação artificial são
empregadas como parte de um programa de controle, de
modo que é possível introduzir um novo grupo genético com
risco mínimo de introdução de BLV.
Segundo Rebhun (2000), os programas rigorosos tais como
teste e abate, acarretam perdas econômicas e são mais aplicáveis
quando ocorre uma prevalência baixa de infecção no rebanho. Além
disso, devem-se empregar medidas de controle para deter o
alastramento horizontal. Essas medidas incluem tanto técnicas
veterinárias como de manejo (tais como uso de uma agulha ou
seringa únicas, descorna elétrica, desinfecção de todos os
instrumentos comuns entre os usos {com clorexidina ou alvejante
de cloro}, luvas retais individuais, controle de insetos rigorosos
e evitar a compra de animais novos). Pode-se evitar a
transmissão vertical pelo descarte de todos os bovinos
89
positivos, alimentação dos bezerros com colostro ou leite
exclusivamente de vacas VLB-negativas, tratamento ou
congelamento do colostro ou do leite VLB-positivo antes da
alimentação, alimentação com um sucedâneo lácteo para os
bezerros após eles ingerirem preferencialmente um colostro
VLB-negativo e uso exclusivo de receptores de embrião
soronegativos.
5.1.8 Vacinação
A possibilidade de vacina para o VLB foi explorada. Contudo, as
perspectivas não são boas até o momento. Vacina para o VLB deve
ser não-infecciosa, não-iatrogênica e não deve interagir com os
testes sorológicos comumente utilizados para detectar a infecção
(RADOSTITS et al., 2002).
Estudos preliminares que utilizam linhagens celulares
persistentemente infectadas por BLV inativado ou gp51 purificado
mostraram que altos títulos de anticorpos para gp51 pode induzir
alguma proteção de curta duração contra a infecção por BLV. No
entanto não há disponibilidade de vacina efetiva (ANDREWS et al.,
2008).
90
O vírus inativado, os componentes virais e as linhagens de
células linfoblastóides dos bezerros com linfossarcoma são usados
para estimular a resistência ao desafio com o VLB. Os resultados
são variáveis e refletem o projeto experimental, a dose anigênica de
vacina e as variáveis do desafio (REBHUN, 2000).
5.2 RELATO DE CASO
Durante o estágio foi possível acompanhar um caso suspeito de
leucose bovina enzoótica, porém não foi confirmado o diagnóstico.
O caso foi referente a um animal da raça Holandesa, fêmea, com
idade aproximada de 10 anos pertencente a uma propriedade
criadora de gado leiteiro do município de Palmeira-PR. O animal
apresentava exoftalmia unilateral, miíase ocular, edema de pálpebra
e opacidade de córnea do globo ocular esquerdo, diarreia, febre,
dispneia, apetite diminuído e diminuição da produção leiteira, perda
de peso, letargia e linfadenopatia externa.
Devido às lesões, ao risco de disseminação do vírus e a idade
avançada do animal, decidiu-se optar pela eutanásia do mesmo, ao
invés do tratamento.
91
Figura 23: Exoftalmia unilateral, miíase e opacidade de córnea
Figura 24: Linfonodo pré-escapular esquerdo infartado
92
Figura 25: Linfadenopatia interna
Figura 26: Linfonodo pré-escapular direito infartado
93
6. CONCLUSÃO
Apesar de haver bacias leiteiras no estado do Paraná, com
destaque nacional em termos de genética dos rebanhos, ainda se
observa a existência de doenças infecciosas que já foram extintas
em outros países.
Um sistema de identificação de animais positivos, seguido pelo
abate sanitário e indenização dos produtores, seria uma forma
eficaz de diminuir a prevalência destas enfermidades.
Para a comercialização de leite, e compra e venda de
reprodutores, a legislação não prevê obrigatoriedade de exames
negativos para leucose.
A existência de doenças infecciosas no rebanho bovino
brasileiro contribui para os baixos índices de produtividade e reflete
o atraso tecnológico geral, contrastando com regiões altamente
tecnificadas no país.
94
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da oportunidade recebida pela Qualitat em acompanhar
excelentes Médicos Veterinários, pude associar conhecimento
técnico obtido durante a graduação com as experiências adquiridas
durante o estágio curricular, o qual é essencial para a vida
profissional.
Com o acompanhamento de toda a cadeia produtiva, nota-se
que a bovinocultura leiteira na região dos Campos Gerais é uma
das atividades que está em constante crescimento devido a
demanda por alimento, de fundamental importância para o
agronegócio brasileiro e que está atraindo cada vez mais
investimentos e tecnologias, exigindo profissionais extremamente
mais capacitados para atuação.
Convivendo com a equipe da Qualitat, foi notável a
preocupação dos profissionais em desempenhar seus papéis com
ética e profissionalismo visando os animais, produtores e qualidade
dos produtos finais oferecidos pela empresa.
95
Para o meu futuro profissional, levarei como exemplo os
valores, ética e profissionalismo adquiridos durante este período de
oportunidades.
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