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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Medicina Veterinária Ana Carolina Andrade MENINGIOMA MEDULAR EM REGIÃO CERVICOTORÁCICA DE CÃO RELATO DE CASO CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Curso de Medicina Veterinária

Ana Carolina Andrade

MENINGIOMA MEDULAR EM REGIÃO CERVICOTORÁCICA DE CÃO –

RELATO DE CASO

CURITIBA

2016

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Ana Carolina Andrade

MENINGIOMA MEDULAR EM REGIÃO CERVICOTORÁCICA DE CÃO –

RELATO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao curso de Medicina Veterinária da

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito

parcial para obtenção do grau de Médica

Veterinária.

Orientador: Professor M.Sc. Milton Mikio

Morishin Filho.

CURITIBA

2016

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Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitora Promoção Humana

Prof. Ana Margarida de Leão Taborda

Pró-Reitor

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitora Acadêmica

Prof. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Diretor de Graduação

Prof. João Henrique Faryniuk

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Prof. Welington Hartmann

Supervisora de Estágio Curricular

Prof. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns

Campus Barigui

Rua Sydnei A Rangel Santos, 238

CEP: 82010-330 – Curitiba – PR

Fone: (41) 3331-7958

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TERMO DE APROVAÇÃO

Ana Carolina Andrade

MENINGIOMA MEDULAR EM REGIÃO CERVICOTORÁCICA DE CÃO –

RELATO DE CASO

Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título de Médico Veterinário no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti

do Paraná.

Curitiba, ____ de _______ de 2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Orientador Prof. Milton Mikio Morishin Filho

Universidade Tuiuti do Paraná

__________________________________________

Prof. Carolina Lacowicz

__________________________________________

M.V. Ana Paula Huida França

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Dedico este trabalho aos meus

pais Artur e Aglair, por estarem sempre ao meu lado me apoiando em tudo, e por tornarem possível este sonho de me tornar médica veterinária. Dedico também ao meu avô Valdemar Andrade, que embora não possa estar presente para comemorar esta conquista comigo, sei que está sempre me motivando de um outro plano. Esta conquista também é sua vô, te amo.

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“Existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas

incomparáveis” (Fernando Pessoa)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, por estar sempre comigo, e por não me

deixar desistir nos momentos mais difíceis, sempre me guiando e me protegendo.

Agradeço aos meus pais, Aglair e Artur, vocês são a minha maior motivação,

meu orgulho, meus exemplos de pessoa, meu amor por vocês é infinito. Obrigada

por todo esse esforço e esses cinco anos de dedicação exclusiva, que um dia eu

possa retribuir tudo isso a vocês.

Agradeço ao meu orientador Milton Morishin por toda ajuda e dedicação com a

orientação do trabalho, mas principalmente por me despertar essa paixão pela

cirurgia de pequenos animais e querer tanto buscar um dia ser como ele. Obrigada

professor.

Aos meus avós Maria Aparecida, Evaldo, Yolanda, Valdemar, que infelizmente

não podem estar de corpo presente, mas estão eternamente nas lembranças e no

meu coração.

Agradeço a toda a minha família, em especial minha dinda Sandra e minha

prima Marina, por toda a força nos momentos mais difíceis durante o estágio e toda

a motivação de sempre.

A todos os meus professores pela base e conhecimento transferido, em

especial Jesséa e Diogo, professores que admiro e tenho muito carinho.

Aos residentes da Universidade Tuiuti do Paraná por toda a carga de

conhecimentos que me passaram, em especial a Charlene, pelos puxões de orelha

e toda a ajuda com os trabalhos, Simone e Gauber por todas as oportunidades de

aprendizado.

Aos meus amigos, Kamilla e Allef que nunca falham. Amo vocês. Às amigas da

faculdade Kelli, Jéssica, Mariana, Rafaella, vocês também são os pilares dessa

caminhada, cada uma com as histórias e um sentimento único, muito obrigada por

fazerem das minhas manhãs mais leves, por dividir os melhores e piores momentos

da faculdade.

A minha inspiração nessa jornada da Medicina Veterinária Marcela, por ter me

“criado” desde os primeiros passos no curso, não tenho palavras para agradecer

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todo o conhecimento e orientação que me deu. A todos os futuros colegas

veterinários que passaram por essa caminhada.

Fran e Marcelino por me incentivarem de várias formas, me ajudando no

estágio, no TCC, não tenho como agradecer tudo que fizeram por mim durante esse

tempo.

A todos os animais, os maiores motivadores da minha dedicação, minhas

inspirações, principalmente àqueles que a vida me escolheu para cuidar e amar,

Fiona, Polly, Pandora, Peca e Snoopy.

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RESUMO

O presente trabalho aborda o relatório de estágio obrigatório na área de clínica cirúrgica, realizado no hospital veterinário Governador Laudo Natel, na Unesp de Jaboticabal e na Clinica Escola de Medicina Veterinária da UTP. Nele são abordadas a estrutura e rotina dos locais e os procedimentos e consultas acompanhados, separados por sistemas. Após o relatório é abordada a revisão de literatura referente ao caso acompanhado durante o estágio e o relato de caso, um meningioma em região cervicotorácica de um cão. A incidência das neoplasias em sistema nervoso central dos cães está cada vez maior, sendo assim 14,5 cães para cada 100 mil indivíduos. O meningioma é a neoplasia de sistema nervoso mais comum nos animais domésticos. Não existe uma pré-disposição quanto ao gênero sexual, porém animais mais idosos tendem a ser mais diagnosticados, com uma média de 10 anos de idade. Os de origem na região medular são menos comuns que os intracranianos. As neoplasias de medula espinhal possuem três classificações principais, sendo elas por sequência de maior para menor ocorrência: extradurais, intradurais/extramedulares e intramedulares. Os sinais clínicos vão depender da origem do tumor, nas neoplasias da medula espinhal é possível verificar perda progressiva da função neurológica caudal à lesão. Os exames de imagem avançada como TC e RM são essenciais para compor o diagnóstico, sendo ele definitivo apenas a partir de biópsia com exame histopatológico do material. O tratamento também depende de fatores como a localização e extensão da lesão, porém na maioria dos casos o tratamento é sempre cirúrgico, podendo depois ser associado às terapias adjuvantes. O prognóstico depende da localização e a gravidade dos sinais clínicos, quando se é possível à completa remoção da massa, o prognóstico deve ser considerado bom.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Imagem da recepção e local de espera do HV da Unesp

– Jaboticabal/SP 2016........................................................

Página 19

Figura 2 Imagem de um dos ambulatórios cirúrgicos do HV da

Unesp – Jaboticabal/SP 2016.............................................

Página 19

Figura 3 Sala de odontologia do HV da Unesp – Jaboticabal/SP

2016....................................................................................

Página 20

Figura 4 Sala de preparo e recuperação anestésica dos pós-

cirúrgicos do HV da Unesp – Jaboticabal/SP 2016............

Página 20

Figura 5 Sala de preparo e antissepsia no bloco cirúrgico do HV

da Unesp – Jaboticabal/SP 2016.......................................

Página 21

Figura 6 Duas salas cirúrgicas do HV da Unesp – Jaboticabal/SP

2016....................................................................................

Página 21

Figura 7 Imagem da fachada da CEMV-UTP – Curitiba/PR 2016.... Página 22

Figura 8 Sala de emergência – CEMV-UTP – Curitiba/PR 2016...... Página 22

Figura 9 Imagem do internamento da CEMV-UTP – Curitiba/PR

2016....................................................................................

Página 23

Figura 10 Um dos quatro consultórios da CEMV-UTP – Curitiba/PR

2016....................................................................................

Página 23

Figura 11 Internamento de felinos – CEMV-UTP – Curitiba/PR

2016....................................................................................

Página 24

Figura 12 Centros cirúrgicos da CEMV-UTP – Curitiba/PR 2016....... Página 24

Figura 13 Sala de pós-operatório - CEMV-UTP – Curitiba/PR 2016.. Página 24

Figura 14 Sala de técnica cirúrgica – CEMV-UTP – Curitiba/PR

2016....................................................................................

Página 24

Figura 15 Ilustração da face ventral da coluna cervical de cão.......... Página 36

Figura 16 Coluna cervicotorácica com nervos espinhais e ligamento

da nuca...............................................................................

Página 37

Figura 17 Punção de líquido cefalorraquidiano.................................. Página 41

Figura 18 Radiografia em projeção latero-lateral de coluna cervical

e região torácica de cão......................................................

Página 42

Fifura 19 Página Figura 20 Imagem de tomografia computadorizada de medula

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cervical de cão.................................................................... Página 43

Figura 21 Imagem de ressonância magnética de coluna

cervicotorácica de cão........................................................

Página 43

Figura 22 (A) Entrada da agulha para realização de biopsia no crânio em cão. (B) Componentes utilizados. (C) Imagem tomográfica após realização de biopsia..............................

Página 45

Figura 23 Imagem de coluna cervivotorácica em exame de

ressonância magnética da coluna cervical de cão.............

Página 48

Figura 24 Imagem da massa em exame de ressonância magnética

da coluna cervical de cão...................................................

Página 48

Figura 25 Estabilização do paciente e antissepsia – HV Unesp

Jaboticabal/SP – 2016........................................................

Página 49

Figura 26 Acesso dorsal realizado entre C5 – T2 com exposição

das vértebras.............................................................................

Página 49

Figura 27 Nódulo aderido em região de dura-máter........................... Página 49

Figura 28 Região após a retirada do nódulo.......................................

Página 49

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Prevalência de espécies e sexo dos 98 pacientes

acompanhados no HV– Unesp Jaboticabal (período de

25/07/2016 à 31/08/2016)..............................................

Página 26

GRÁFICO 2 Distribuição dos casos acompanhados durante o

estágio realizado no Hospital Veterinário da Unesp –

Jaboticabal/SP, no período de 25/07/2016 à

31/08/2016......................................................................

Página 26

GRÁFICO 3 Distribuição das especialidades dentro das consultas

acompanhadas – HV Unesp – Jaboticabal/SP (período

de 25/07/2016 à 31/08/2016).........................................

Página 27

GRÁFICO 4 Distribuição das especialidades dentro dos

procedimentos cirúrgicos acompanhados - HV Unesp –

Jaboticabal/SP (período de 25/07/2016 à

31/08/2016)......................................................................

Página 29

GRÁFICO 5 Estatística de espécies e sexo dos pacientes

acompanhados na CEMV-UTP (período de 05/09/2016

à 14/10/2016)...................................................................

Página 31

GRÁFICO 6 Distribuição dos casos acompanhados durante o

estágio realizado na CEMV-UTP – Curitiba/PR, no

período de 05/09/2016 à 14/10/2016.............................

Página 32

GRÁFICO 7 Distribuição das especialidades dentro das consultas

acompanhadas – CEMV – UTP – Curitiba/PR (período

de 05/09/2016 à 14/10/2016)..........................................

Página 32

GRÁFICO 8 Distribuição das especialidades dentro dos

procedimentos cirúrgicos acompanhados – CEMV-UTP

(período de 05/09/2016 à 14/10/2016)............................

Página 34

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Número de pacientes atendidos por espécie no HV Governador Laudo Natel – Unesp Jaboticabal (período de 25/07/2016 à 31/08/2016).........................................

Página 25

QUADRO 2 Consultas acompanhados durante o período de

estágio realizado no HV Governador Laudo Natel, de

acordo com cada área afetada. Unesp Jaboticabal

(período de 25/07/2016 à 31/08/2016)...........................

Página 27

QUADRO 3 Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o

período de estágio realizado no HV Governador Laudo

Natel, de acordo com cada área afetada. Unesp

Jaboticabal (período de 25/07/2016 à 31/08/2016)........

Página 29

QUADRO 4 Número de pacientes atendidos por espécie na CEMV-

UTP 2016 (período de 05/09/2016 à 14/10/2016)..........

Página 31

QUADRO 5 Consultas acompanhadas durante o período de

estágio realizado na CEMV-UTP – Curitiba/PR, de

acordo com cada área afetada (período de 05/09/2016

à 14/10/2016).................................................................

Página 33

QUADRO 6 Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o

período de estágio realizado na CEMV-UTP –

Curitiba/PR, de acordo com cada área afetada

(período de 05/09/2016 à 14/10/2016)...........................

Página 34

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVC Acidente vascular cerebral

BHE Barreira hematoencefálica

BID A cada 12 horas

C5 Quinta vértebra cervical

C6 Sexta vértebra cervical

C7 Sétima vértebra cervical

CAAF Citologia aspirativa por agulha fina

CCPA Clínica cirúrgica de pequenos animais

CEMV Clinica escola de medicina veterinária

DDIV Doença do disco intervertebral DRC Doença renal crônica

FCAV Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias

ha Hectares

Kg Quilogramas

L1 Primeira vértebra lombar LRC Líquido cefalorraquidiano

mg/kg Miligramas por quilo

MP Membro pélvico

MPD Membro pélvico direito

MT Membro torácico

MTE Membro torácico esquerdo

MVD Médicos veterinários docentes

MVR Médicos veterinários residentes

OSH Ovário salpingo histerectomia

P.O Pós-operatório

PIC Pressão intracraniana

RCP Ressuscitação cardiopulmonar

RLCCr Ruptura do ligamento cruzado cranial

RM Ressonância magnética

SN Sistema nervoso

SNC Sistema nervoso central

SNP Sistema nervoso periférico

T1 Primeira vértebra torácica

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T13 Décima terceira vértebra torácica T2 Segunda vértebra torácica

TC Tomografia computadorizada

TID A cada 8 horas

US Ultrassonografia

UTP Universidade Tuiuti do Paraná

VO Via oral WHO World Health Organization

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................. 18 2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO..................................... 18 2.1 HOSPITAL VETERINÁRIO “GOVERNADOR LAUDO NATEL”.... 18

2.1.1 ESTRUTURA FÍSICA.................................................................... 19

2.2 CEMV – UTP................................................................................. 21

2.2.1 ESTRUTURA FÍSICA.................................................................... 22

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS................................................. 24

3.1 HOSPITAL VETERINÁRIO “GOVERNADOR LAUDO NATEL”.... 25

3.1.1 CASUÍSTICA HV GOVERNADOR LAUDO NATEL...................... 25

3.2 CEMV-UTP.................................................................................... 30

3.2.1 CASUÍSTICA CEMV – UTP.......................................................... 31

4. REVISÃO DE LITERATURA........................................................ 35

4.1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 35

4.2 ANATOMIA.................................................................................... 36

4.3 HISTOLOGIA................................................................................. 37

4.4 EPIDEMIOLOGIA.......................................................................... 38

4.5 SINAIS CLÍNICOS......................................................................... 39

4.6 DIAGNÓSTICO............................................................................. 40

4.6.1 ANÁLISE DE LÍQUOR................................................................... 40

4.6.2 EXAME RADIOGRÁFICO............................................................. 41

4.6.3 MIELOGRAFIA.............................................................................. 42

4.6.4 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA......................................... 43

4.6.5 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA...................................................... 43

4.6.6 BIÓPSIA........................................................................................ 44

4.7 TRATAMENTO.............................................................................. 45

4.7.1 GLICOCORTICÓIDES.................................................................. 45

4.7.2 CIRURGIA..................................................................................... 45

4.7.3 QUIMIOTERAPIA.......................................................................... 46

4.7.4 RADIOTERAPIA............................................................................ 46

4.8 PROGNÓSTICO............................................................................ 47

5. RELATO DE CASO...................................................................... 47

6. DISCUSSÃO................................................................................. 50

7. CONCLUSÃO............................................................................... 56

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8. REFERÊNCIAS............................................................................. 57

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1. INTRODUÇÃO

Este relatório descreve o estágio curricular obrigatório supervisionado, realizado

no período de 25 de julho a 31 de agosto no Hospital Veterinário “Governador Laudo

Natel” da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Unesp,

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Jaboticabal, e no período

de 05 de setembro a 14 de outubro, na Clínica Escola de Medicina Veterinária

(CEMV), da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Prof. Sydnei Lima Santos

(Barigui), ambos na área de clínica cirúrgica de pequenos animais (CCPA),

totalizando carga horária de 420 horas.

Durante o estágio na Unesp, sob orientação do professor Dr. Bruno Watanabe

Minto e supervisão dos Médicos Veterinários Residentes (MVR) da clínica cirúrgica,

foram acompanhadas atividades da rotina, intercalando as semanas em

atendimentos ambulatoriais, que eram realizados pelo próprio estagiário, e semanas

em centro cirúrgico, com acompanhamento e auxílio dos procedimentos. O estágio

na CEMV-UTP, teve a orientação do professor Milton Mikio Morishin Filho e

supervisão dos MVR da clínica cirúrgica, onde foram acompanhados atendimentos

ambulatoriais e procedimentos cirúrgicos, seguidos por escala entre os estagiários

da cirurgia.

O presente trabalho divide-se em duas partes, sendo a primeira composta pelo

relatório de estágio, com a finalidade de descrever as atividades desenvolvidas e

casuísticas, e a segunda parte, composta pelo relato de caso, acompanhado durante

esse período, fazendo uma breve revisão de literatura do tema escolhido.

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

2.1 HOSPITAL VETERINÁRIO “GOVERNADOR LAUDO NATEL”

O hospital veterinário “Governador Laudo Natel” fica localizado na via de acesso

Prof. Paulo Donato Castellane s/n – zona rural, mais especificamente na FCAV da

Unesp, Campus de Jaboticabal, no estado de São Paulo. A FCAV foi criada no dia 3

de maio de 1966, conta com 829 hectares (ha), sendo 13 ha ocupados por estrutura

física, 680 ha por área de atividades agropecuárias, 102 ha de áreas de parques e

jardins e 34 ha de mata nativa. No dia 6 de maio de 1974, fundou-se o Hospital

Veterinário, sendo uma extensão do curso de Medicina Veterinária, oferecendo

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serviços de anestesiologia, cardiologia, clínica e cirurgia de pequenos animais,

diagnóstico por imagem, nefrologia, oftalmologia, oncologia, dermatologia,

obstetrícia, e clínica de animais selvagens e de grandes animais.

A equipe constitui-se por médicos veterinários residentes (MVR), sendo cinco

para área de clínica cirúrgica de pequenos animais, médicos veterinários docentes

(MVD), enfermeiros auxiliares, estagiários, mestrandos e doutorandos, técnicos dos

setores de radiologia e laboratório clínico, além da equipe de limpeza, recepção,

manutenção e administração.

2.1.1 ESTRUTURA FÍSICA

O hospital veterinário da Unesp, campus Jaboticabal conta com uma recepção e

local de espera com senha para a chamada dos pacientes (Figura 1), sendo este o

mesmo local para todas as especialidades. Os dois ambulatórios de clínica cirúrgica

de pequenos animais (Figura 2), possuem estrutura para o atendimento inicial dos

pacientes, contendo computadores para a realização da anamnese, mesa de

procedimento, armário com medicações, pia para a higienização das mãos, caixa

coletora de materiais perfuro cortantes, lixo hospitalar, gavetas com materiais para

procedimentos como seringas, agulhas, sondas, esparadrapos entre outros.

Figura 1 –Recepção e local de espera do HV da

Unesp – Jaboticabal/SP, 2016.

Figura 2 – Ambulatório cirúrgico do HV da

Unesp – Jaboticabal/SP, 2016.

Também possuem quatro ambulatórios de clínica médica de pequenos animais

com a mesma estrutura dos de clínica cirúrgica, sala de odontologia (Figura 3),

ambulatório de cardiologia, oftalmologia, nefrologia e urologia, sala de emergência,

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sala de preparo cirúrgico e recuperação anestésica dos pós cirúrgicos (Figura 4),

além de uma copa para uso dos funcionários e minianfiteatro para palestras e

discussão de casos.

Figura 3 – Sala de odontologia do HV da Unesp

– Jaboticabal/SP, 2016.

Figura 4 – Sala de preparo e recuperação

anestésica dos pós cirúrgicos do HV da Unesp –

Jaboticabal/SP, 2016.

Dentro do bloco cirúrgico encontram-se vestiário masculino e feminino, sala

de preparo e antissepsia (Figura 5), duas salas de centro cirúrgico, sendo uma para

cirurgias contaminadas e outra para as limpas (Figura 6). Em outro bloco,

encontram-se sala de fluidoterapia, a copa específica para nutrição clínica, sala

reservada aos auxiliares e canis destinados aos cães do hospital. O hospital ainda

dispõe de laboratório de patologia clínica, farmácia, bloco para o setor de imagem

com uma sala de radiografia e outra de ultrassonografia e por último, bloco com o

setor de obstetrícia.

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Figura 5 – Sala de preparo e antissepsia no bloco

cirúrgico do HV da Unesp – Jaboticabal/SP -

2016.

Figura 6 – Duas salas cirúrgicas do HV da

Unesp – Jaboticabal/SP – 2016.

2. CEMV – UTP

A Clínica Escola de Medicina Veterinária (CEMV-UTP) está localizada dentro

do campus da Universidade Tuiuti do Paraná, situada na Rua Sidney Antonio Rangel

Santos, 238, Bairro Santo Inácio. É coordenada pelo diretor professor Milton Mikio

Morishin Filho. Está preparada para receber atendimentos na área de clínica médica

de pequenos animais e clínica cirúrgica de pequenos animais, com destaque nas

especialidades de dermatologia, neurologia, ortopedia, e vídeo cirurgia veterinária.

Ainda possui as especialidades de anestesiologia, diagnóstico por imagem,

patologia clínica, oftalmologia e odontologia.

A equipe constitui-se por oito médicos veterinários residentes (MVR), sendo dois

para área de cirurgia de pequenos animais, dois para a área de clínica médica de

pequenos animais, dois para diagnóstico por imagem, um para anestesiologia e um

para patologia clínica, médicos veterinários docentes (MVD), um enfermeiro auxiliar,

estagiários, monitores, um assistente para a rotina cirúrgica, uma funcionária da

farmácia e uma recepcionista. A clínica escola atende de segunda a sexta-feira, e

em casos de pacientes críticos que necessitam de internamento, os MVR ficam de

plantão noturno realizando as devidas monitorações e procedimentos ambulatoriais.

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2.2.1. ESTRUTURA FÍSICA

A CEMV-UTP (Figura 7) conta com recepção equipada com bancos para os

clientes, sala de emergência logo na entrada (Figura 8), com fácil acesso e equipada

com uma mesa de emergência, monitor multiparâmetro, medicações para

ressuscitação cardiopulmonar (RCP), oxigênioterapia, bancada com mini laboratório

(centrífuga, glicosímetro e lactatímetro) e quadro para descrição dos parâmetros

vitais.

Figura 7 – Imagem da fachada da CEMV-UTP –

Curitiba/PR 2016.

Figura 8 – Sala de emergência – CEMV-UTP –

Curitiba/PR 2016.

Um internamento (Figura 9) com 7 gaiolas, mesa de procedimento e armário

para os materiais, quatro consultórios (Figura 10), contendo mesa para atendimento

e realização da anamnese com o tutor do animal, mesa de procedimentos, armário

com materiais para o atendimento inicial como termômetros, gaze, agulhas,

seringas, esparadrapo, álcool, água oxigenada, solução a base de clorexidine, entre

outros.

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23

Figura 9 – Internamento da CEMV-UTP –

Curitiba/PR 2016.

Figura 10 – Um dos quatro consultórios da

CEMV –UTP – Curitiba/PR 2016.

Uma área de internamento separada é destinada aos pacientes felinos

(Figura 11), com espaço para atendimento ambulatorial, evitando o estresse de

compartilhar o mesmo ambiente que os cães, contando como um diferencial da

clínica escola. A CEMV-UTP também possui sala para procedimentos de

ultrassonografia com monitor de alta definição de 42 polegadas, sala para

radiografias, sala de revelação manual, sala para os professores da rotina, sala para

os MVR, laboratório de patologia clínica e sala de odontologia.

No bloco cirúrgico dois centros cirúrgicos (Figura 12), um vestiário masculino

e um feminino, sala de pré-operatório e de pós-operatório (Figura 13) e sala de

técnica cirúrgica para o desenvolvimento das aulas práticas, equipada com dez

mesas cirúrgicas reguláveis, com foco cirúrgico individual, aparelho de anestesia

inalatória, monitores multiparamétricos e doppler vascular (Figura 14).

Figura 11 – Internamento de felinos - CEMV-UTP – Figura 12 – Duas salas de cirurgia - CEMV-

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24

Curitiba/PR 2016.

UTP – Curitiba/PR 2016.

Figura 13 – Sala de pós-operatório -

CEMV-UTP – Curitiba/PR 2016.

Figura 14 – Sala de técnica cirúrgica - CEMV-UTP –

Curitiba/PR 2016.

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Foram acompanhados durante o período total de estágio curricular

supervisionado 144 casos entre atendimentos clínicos e procedimentos cirúrgicos,

somando os casos do hospital veterinário Governador Laudo Natel e da CEMEV-

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25

UTP. A casuística foi dividida nos dois períodos correspondentes aos locais onde o

estágio foi realizado.

3.1. HOSPITAL VETERINÁRIO “GOVERNADOR LAUDO NATEL”

Durante o período de estágio, foi possível desenvolver atividades relacionadas a

clínica cirúrgica de pequenos animais, envolvendo também parte da clínica médica.

Os estagiários alternavam semanas em ambulatório e centro cirúrgico. Na semana

de ambulatório eram realizados o atendimento inicial do paciente, anamnese, exame

físico, coleta de sangue para a avaliação do estado geral do paciente, limpeza de

feridas, confecção de bandagens, administração de medicação dos pacientes

internados, auxílio nos atendimentos emergenciais, entre outros. Na semana de

centro cirúrgico os estagiários realizavam o preparo do paciente para a cirurgia,

como realização da tricotomia, proceder o acesso venoso, auxílio nas cirurgias por

escala entre os estagiários, paramentação, instrumentação e realização do curativo

da ferida cirúrgica. Todas as fêmeas eram sondadas para o procedimento e em

todos os animais eram realizadas a bolsa de tabaco para diminuir o risco de

contaminação da cirurgia.

3.1.2. CASUÍSTICA HV GOVERNADOR LAUDO NATEL

No período de estágio no HV Governador Laudo Natel, na Unesp foi possível

acompanhar 98 casos, envolvendo atendimentos, procedimentos cirúrgicos e

retornos. Os quadros e gráficos a seguir expõem a casuística, divididos em espécie,

sexo, raça, idade e especialidades atendidas.

Quadro 1 – Número de pacientes atendidos por espécie

no HV Governador Laudo Natel – Unesp Jaboticabal/SP

(período de 25/07/2016 à 31/08/2016).

ESPÉCIE QUANTIDADE

Cão

Gato

85

13

Total 98

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26

Gráfico 1 – Prevalência de espécies e sexo dos 98 pacientes

acompanhados no HV – Unesp Jaboticabal/SP (período de

25/07/2016 à 31/08/2016).

Neste gráfico, são demonstrados os 98 casos acompanhados, separados por

espécie e gênero sexual. Foram atendidos 30 cães machos e 55 fêmeas, e 9 gatos

machos e 4 fêmeas.

Gráfico 2 – Distribuição dos casos acompanhados durante o estágio realizado no Hospital

Veterinário da Unesp – Jaboticabal/SP, no período de 25/07/2016 à 31/08/2016.

No segundo gráfico é possível analisar os 98 casos atendidos divididos em

procedimentos cirúrgicos (35) e consultas (73) através do percentual de cada um.

Haviam mais consultas do que procedimentos cirúrgicos devido à nem todos os

casos necessitarem de tratamento cirúrgico e da disponibilidade de recursos

financeiros por parte dos proprietários para a realização das cirurgias.

0

20

40

60

cães gatos

macho fêmea

32%

68%

Casos acompanhados

procedimentos cirurgicos

consultas

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27

Gráfico 3 – Distribuição das especialidades dentro das 73 consultas acompanhadas – HV

Unesp – Jaboticabal/SP 2016.

Quadro 2 – Consultas acompanhados durante o período de estágio realizado no HV

Governador Laudo Natel, de acordo com cada área afetada Unesp Jaboticabal 2016 (Total –

73).

Área afetada/ Diagnóstico/Queixa principal Cães Gatos Total

Sistema locomotor 21 3 24 Claudicação em MPD 1 - 1 Displasia coxofemoral 3 - 3 Fraturas 9 3 12 Luxação de patela 1 - 1 P.O de denervação acetabular 1 - 1 P.O de osteossíntese de tíbia 1 - 1 P.O em osteossíntese de fêmur com fixador externo 2 - 2 Retirada de fixador externo de tíbia 1 - 1 RLCCr 1 - 1 Luxação de carpo, metacarpo e falange em MTE 1 - 1

Sistema nervoso 14 - 14 Paraplegia aguda 1 - 1 Neoplasia em canal medular em região cervical 1 - 1 Tetraplegia 1 - 1 Ataxia vestibular 1 - 1 DDIV em coluna toracolombar T13 – L1 1 - 1 Paraplegia em membros pélvicos 2 - 2 Fratura em coluna toracolombar 1 - 1 Compressão em coluna cervical 1 - 1 Miastenia adquirida 1 - 1 P.O em descompressão de canal medular C6/C7/T1 1 - 1

1

5

1

24

14

6

15

5

0

5

10

15

20

25

30

Consultas - Áreas afetadas

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Paraparesia em membros pélvicos 1 - 1 Hidrocefalia 1 - 1 Ataxia cerebelar 1 - 1

Sistema digestório 3 2 5 Hérina perineal 1 - 1 Tenesmo - 1 1 Massa em região de colon descendente e hiperplasiaprostática

1 - 1

P.O de laparotomia exploratória com gastrotomia 1 - 1 Eventração - 1 1

Sistema urinário 5 - 5 Ruptura vesical 1 - 1 Hidroureter 1 - 1 Cistite 1 - 1 Incontinência urinária 2 - 2

Sistema tegumentar 11 4 15 Limpeza de ferida por mordedura 2 3 5 Nódulo em região abdominal - 1 1 Nódulo em região de tórax ventral 1 - 1 P.O de nodulectomia com troca de bandagem 3 - 3 Mastocitoma em região inguinal 1 - 1 Massa em região perineal 1 - 1 Picada de escorpião 1 - 1 Papilomatose 1 - 1 Ataque por ouriço 1 - 1

Sistema respiratório 5 1 6 Dispnéia por fratura em costela com flail chest 2 - 2 Perfuração de traquéia por mordedura 1 - 1 Massa em região de tórax 1 - 1 P.O de hérnia diafragmática - 1 1 Tumor em região paranasal 1 - 1

Sistema cardiovascular 1 - 1 P.O em reimplante de marcapasso 1 - 1

Sistema hemolinfático 1 - 1 Erliquiose 1 - 1

As fraturas em sistema locomotor envolveram em membros pélvicos fratura

de fêmur, tíbia, fíbula, na parte de quadril ísquio, púbis, sacro, com um caso de

disjunção sacroilíaca. Também foi possível observar em membro torácico fraturas de

rádio e ulna e uma fratura de mandíbula em um paciente canino.

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Gráfico 4 – Distribuição das especialidades dentro dos 35 procedimentos cirúrgicos

acompanhados – HV Unesp Jaboticabal/SP 2016.

Quadro 3 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o período de estágio

realizado no HV Governador Laudo Natel, de acordo com cada área afetada Unesp

Jaboticabal 2016.

Intervenção cirúrgica Cães Gatos Total

Sistema locomotor 7 - 7 Osteossíntese 3 - 3 Colocefalectomia 2 - 2 Sutura íleofemoral e redução de luxação coxofemoral 1 - 1 Artrodese 1 - 1

Sistema reprodutor 9 - 2 OSH eletiva 2 - 2 Orquiectomia eletiva 2 - 2 Orquiectomia terapêutica 1 - 1 Exérese de ovário remanescente 1 - 1 Cesareana 1 - 1 Orquiectomia com testículo ectópico 1 - 1 Mastectomia 1 - 1

Sistema tegumentar 7 1 8 Nodulectomia 3 - 3 Retirada de linfonodo mandibular esquerdo 1 - 1 Biópsias 2 - 2 Exérese de massa em região de face + flap axial omocervical - 1 1 Herniorrafia inguinal com exérese de mastocitoma 1 - 1

Sistema nervoso 2 - 2 Descompressão em coluna cervical C7 – T1 1 - 1 Laminectomia dorsal C6 – T1 1 - 1

2

5

1

7

2

98

1

0123456789

10

Procedimentos cirúrgicos - Áreas afetadas

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30

Sistema digestório 4 1 5 Retirada de corpo estranho 1 - 1 Intussuscepção - 1 1 Herniorrafia perineal 1 - 1 Colopexia 1 - 1 Correção de atresia anal 1 - 1

Sistema auditivo 1 1 2 Correção de otohematoma 1 - 1 Ablação total do conduto auditivo - 1 1

Sistema urinário 1 - 1 Cistectomia parcial para retirada de massa 1 - 1

Sistema hemolinfático 1 - 1 Esplenectomia 1 - 1

Dos procedimentos de osteossíntese foi possível acompanhar em casos de

fratura cominutiva de úmero e fraturas de rádio e ulna. Nos procedimentos de

nodulectomia foram acompanhados retiradas de nódulos de região cutânea de

abdômen e tórax. As biópsias foram realizadas em região labial e de membro

torácico.

Antes dos procedimentos cirúrgicos são realizados exames de rotina como

hemograma e perfil de bioquímicos, são feitas pesquisas de metástase em casos de

neoplasias com radiografia torácica e ultrassonografia abdominal, e em cães idosos

são feitos exames de ecocardiograma.

3.2 CEMV-UTP

Durante este período de estágio, foi possível acompanhar a rotina da clínica

cirúrgica de pequenos animais, realizando anamnese e exame físico de pacientes no

ambulatório cirúrgico e auxílio ou instrumentação de cirurgias seguindo escala entre

os estagiários.

Nas consultas era possível realizar as coletas para os exames pré-operatórios,

acompanhamento das pesquisas de metástase, protocolado pelo serviço de

diagnóstico por imagem (radiografias de tórax e ultrassonografia abdominal), e nos

casos de nódulos acessíveis sempre eram realizadas as citologias aspirativas por

agulha fina (CAAF’s) preconizando um diagnóstico antes do procedimento cirúrgico.

Os residentes possuíam escala de atendimento ao internamento. Quando o

residente da clínica cirúrgica estava de escala no internamento, também era

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31

possível auxiliar na rotina dos cuidados aos pacientes internados com realização de

exame físico e administração das medicações.

Nas quartas-feiras eram realizados seminários e discussão clínica, onde cada

semana um residente diferente abordava um tema relacionado a caso acompanhado

na rotina da CEMV. Além disso, ainda eram oferecidos palestras e treinamentos

ministrados por profissionais diversos, com tema escolhido pelos próprios

residentes. Quando o paciente não apresentava um quadro clínico estável pós-

operatório eram realizados plantões noturnos para acompanhamento do paciente de

forma intensiva, acompanhando parâmetros e realizando medicações durante a

noite.

3.2.1. CASUÍSTICA CEMV-UTP

Quadro 4 – Número de pacientes atendidos por espécie na CEMV-UTP

(período de 05/09/2016 à 14/10/2016).

Gráfico 5 – Estatística de espécies e sexo dos 46 pacientes acompanhados

na CEMV-UTP (período de 05/09/2016 à 14/10/2016).

0

5

10

15

20

25

30

35

Cães Gatos

Machos Fêmeas

ESPÉCIE QUANTIDADE

Cão

Gato

39

7

Total 46

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32

Gráfico 6 – Distribuição dos casos acompanhados (n=46) durante o estágio realizado na

CEMV-UTP – Curitiba/PR, no período de 05/09/2016 à 14/10/2016.

Assim como no gráfico com os casos do HV da Unesp, este gráfico mostra de

forma percentual as 27 consultas e os 17 procedimentos cirúrgicos acompanhados

durante o período de estágio na CEMV-UTP.

Gráfico 7 – Distribuição das especialidades dentro das 27 consultas acompanhadas –

CEMV – UTP – Curitiba/PR 2016.

39%

61%

Casos Acompanhados

Procedimentos cirúrgicos

Consultas

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33

Quadro 5 – Consultas acompanhadas durante o período de estágio realizado na CEMV-

UTP – Curitiba/PR, de acordo com cada área afetada – 2016 (n = 27).

Área afetada/ Diagnóstico/Queixa principal Cães Gatos Total

Sistema locomotor 5 - 5 Claudicação de MPD 1 - 1 P.O em amputação de dígito 1 - 1 Fratura de pelve e talus por atropelamento 1 - 1 Neoplasia óssea em metáfise distal de rádio 1 - 1 Lise óssea em dígito 1 - 1

Sistema reprodutor 5 1 6

Nódulo em mama torácica caudal 1 - 1 Piometra 1 - 1 Avaliação para castração 1 - 1 Adenoma mamário 1 - 1 Hiperplasia mamária - 1 1 P.O em mastectomia total unilateral com retirada de pontos 1 - 1

Sistema tegumentar 7 1 8 Nódulo em região de metatarso esquerdo 1 - 1 Nódulo em região axilar 1 - 1 Aumento de volume em MPD - 1 1 Nódulo em MTE – região lateral 1 - 1 Excesso de pele em região de focinho 1 - 1 Cisto sebáceo em região cervical 1 - 1 Recidiva de lipoma em flanco esquerdo 1 - 1 Hemangiossarcoma cutâneo 1 - 1

Sistema respiratório 2 - 2 Mastocitoma grau I em ponte nasal 1 - 1 Citorredução de neoplasia em região nasal 1 - 1

Sistema ocular/óptico 1 - 1 Nódulo em pálpebra superior de olho direito 1 - 1

1

2

1

5

2

1

6

2

8

1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Consultas - Áreas afetadas

Consultas - Áreas afetadas

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34

Sistema nervoso 2 - 1 Convulsão a esclarecer 1 - 1 Sinais neurológicos decorrentes a trauma por mordedura em cervical alta

1 - 1

Sistema digestório 1 1 2 Fratura de mandíbula e caninos - 1 1 Gastroenterite 1 - 1

Sistema hemolinfático 1 - 1 Neoplasia esplênica 1 - 1

Sistema urinário - 1 1 Fluidoterapia em paciente doente renal crônico - 1 1

Sistema cardiovascular 1 - 1 RCP em parada cardiorrespiratória pós indução anestésica com isoflurano

1 - 1

Gráfico 8 – Distribuição das especialidades dentro dos 17 procedimentos cirúrgicos

acompanhados – CEMV-UTP 2016.

Quadro 6 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o período de estágio

realizado na CEMV-UTP – Curitiba/PR, de acordo com cada área afetada – 2016 (n = 17).

Intervenção cirúrgica Cães Gatos Total

Sistema locomotor 4 - 4 Osteossíntese de corpo de íleo + correção de disjunção sacroilíaca + correção de luxação de patela

1 - 1

Osteossíntese de fêmur + colocefalectomia + correção de disjunção sacroilíaca

1 - 1

Osteossíntese de metáfise distal de fêmur 1 - 1

1

2

4

2

5

1

2

0

1

2

3

4

5

6

Procedimentos cirúrgicos - Áreas afetadas

Procedimentos cirúrgicos - Áreasafetadas

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Amputação de TEM devido a neoplasia óssea 1 - 1

Sistema reprodutor 5 - 5

Mastectomia regional 1 - 1

Mastectomia total unilateral 2 - 2 OSH por vídeocirurgia 2 - 2

Sistema tegumentar 2 - 2 Biópsia de massa em região de maxila 1 - 1 Nodulectomia em região temporal 1 - 1

Órgão da visão 2 - 2 Embricamento da 3ª pálpebra 1 - 1 Nodulectomia em pálpebra superior de olho direito 1 - 1

Sistema digestório - 2 2 Enterotomia + retirada de corpo estranho - 1 1 Osteossíntese de mandíbula + extração de 2 caninos - 1 1

Sistema cardiovascular 1 - 1 Drenagem de efusão pericárdica guiada por US 1 - 1

Sistema respiratório 1 - 1 Plastia nasal 1 - 1

4. REVISÃO DE LITERATURA – MENINGIOMA ESPINHAL

4.1 INTRODUÇÃO

A ocorrência de neoplasias primárias em sistema nervoso central de cães está

com uma incidência cada vez maior devido ao aumento da expectativa de vida dos

animais junto com a evolução dos exames de imagem como a ressonância

magnética e a tomografia computadorizada (Koestner & Higgins 2002). Entre os

mecanismos envolvidos para o desenvolvimento dessas neoplasias estão a dieta, o

ambiente, o trauma craniano, fatores genéticos, químicos e virais (LeCouteur &

Withrow 2007). A frequência do meningioma é maior em fêmeas caninas. Podem

alterar o fluxo do líquido cefalorraquidiano (LCR), fazendo um aumento de pressão

intracraniana (PIC), além de estruturas nervosas distantes do tumor, causando

sintomas que podem ser confundidos com processo multifocal ou difuso

(FERNÁNDEZ, V. L; BERNARDINI, M. 2010), porém a sintomatologia irá depender

da localização da neoplasia no SNC.

Os tumores do SNC intracranianos possuem uma estimativa de 14,5 cães

para cada 100 mil indivíduos, sendo que o meningioma é a neoplasia mais frequente

nos animais domésticos, de origem mesenquimatosa, podendo possuir

características císticas. Os de origem intracraniana são mais frequentes do que os

medulares e podem ser encontrados conectados na dura-máter entre os dois

hemisférios cerebrais. Meningiomas cerebelares já estão sendo descritos, ficam

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36

próximo aos pedúnculos e podem ser responsáveis por síndromes vestibulares

paradoxais. (FERNÁNDEZ, V. L; BERNARDINI, M. 2010).

Os tumores primários incluem os meningiomas, gliomas e tumores do plexo

coroide, já as neoplasias secundárias possuem origem no parênquima cerebral e

atingem o encéfalo por invasão direta ou metástases, que são comuns no SNC, pois

o cérebro é um órgão com elevado fluxo sanguíneo. As neoplasias secundárias mais

frequentes são hemangiossarcomas, adenocarcinomas nasais, da glândula

mamária, pulmonares e prostáticos. Nas neoplasias ósseas os osteossarcomas,

condrossarcomas e tumor multilobular de osso são os mais comuns. Os tumores

primários são mais diagnosticados que os secundários e quanto ao padrão de

crescimento os primários são lentos e progressivos, enquanto que os secundários

usualmente apresentam um crescimento mais rápido (TEIXEIRA, V. S. G, 2013).

As neoplasias da medula espinhal podem ser classificadas como extradurais,

intradurais-extramedulares e intramedulares, compreendendo respectivamente 50%,

35% e 15% de todas as neoplasias espinhais. As extradurais estão localizadas fora

da dura-máter e são decorrentes de componentes mesenquimais (osteossarcoma,

condrossarcoma, fibrossarcoma e hemangiossarcoma); intradurais-extramedulares

estão localizadas fora da medula espinhal, mas dentro da dura-máter, surgindo a

partir de tecidos conjuntivos da dura-máter (meningiomas, neoplasia da bainha do

dos nervos periféricos);e intramedulares, quando situadas no interior da medula

espinhal (tumores de células da glia, sarcoma indiferenciado e metástases)

(TEIXEIRA, V. S. G, 2013).

4.2 ANATOMIA

O sistema nervoso (SN) divide-se em sistema nervoso central (SNC), que

compreende o cérebro e a medula espinhal, e sistema nervoso periférico (SNP), que

inclui os nervos periféricos e as raízes nervosas (TEIXEIRA, V. S. G, 2013).

A região da coluna cervical é composta por 7 vértebras cervicais (Figura 15),

cada uma delas, com exceção da primeira que é formada por dois arcos, possuem

corpo, lâminas, pedículos, processos transversos, processos articulares e processo

espinhal dorsal. Existem distintas características da primeira vértebra cervical (C1),

segunda (C2) e sexta (C6) que fornecem marcas importantes para o cirurgião

distinguir cada uma delas e da mesma forma, o processo espinhoso dorsal da

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37

primeira vértebra torácica (T1) que é bem maior também é um marco cirúrgico

distinto (FOSSUM, 2015) (Figura 16).

Figura 15 – Ilustração da face ventral da coluna cervical de cão.

Fonte: FOSSUM, 2015.

Existem três membranas fibrosas que cobrem a superfície e o exterior do

cérebro e a medula espinhal, são elas a dura-máter, aracnoide e pia-máter. Elas

asseguram proteção, possuem um compartimento para a circulação do líquido

cefalorraquidiano (LCR), suporte para os vasos sanguíneos e uma bainha para os

nervos cranianos e espinhais. A dura-máter é a camada mais externa, espessa e

fibrosa, e encontra-se imediatamente após os ossos do crânio dentro da caixa

craniana, e dentro do canal vertebral está separada das vértebras pelo espaço

epidural. A aracnoide e a pia-máter, também chamadas de leptomeninges, são finas

e delicadas, entre elas, existe um espaço chamado de subaracnóideo, preenchido

por LCR (TEIXEIRA, V. S. G, 2013).

Existem diversas estruturas presentes na coluna cervicotorácica. Em cada um

dos lados da coluna cervical está presente uma artéria vertebral, que atravessa o

forame transverso de C6 a C1. A ruptura desse vaso durante a cirurgia pode levar à

hemorragia intensa de forma rápida. Além desses vasos, existem 8 pares de nervos

espinhais cervicais e um ligamento nucal que se estende desde o processo

espinhoso dorsal de T1 até C2.

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Figura 16 – Coluna cervicotorácica com nervos espinhais e ligamento da nuca.

Fonte: FOSSUM, 2015.

4.3 HISTOLOGIA

Existem inúmeras variantes de meningiomas nos animais domésticos. O

comportamento biológico destas variantes, com exceção dos meningiomas

anaplásicos (malignos), é semelhante entre si e se dão num crescimento lento, e os

sinais clínicos estão relacionados a compressão do tecido nervoso subjacente ao

meningioma. Histologicamente, possuem a mesma classificação destas variantes do

que nos humanos (FERNÁNDEZ, V. L; BERNARDINI, M. 2010; MARCASSO, M. A;

et al. 2015). São eles:

Meningioma meningotelial: tumor caracterizado por lóbulos sólidos. As células

neoplásicas apresentam moderada quantidade de citoplasma eosinofílico,

com margens celulares indistintas, núcleo de formato circular ou oval.

Possuem índice mitótico baixo. Em alguns casos podem ser observadas

células gigantes com núcleos bizarros.

Meningioma fibroso ou fibroblástico: é composto por células fusiformes.

Células neoplásicas apresentam núcleos ovais e finamente pontilhados e uma

pequena quantidade de citoplasma eosinofílico.

Meningioma transicional: apresenta tanto características dos meningiomas

meningoteliais quanto dos fibrosos. A maior parte dos meningiomas

observados em cães são deste tipo.

Meningioma psamomatoso: as espirais desse tumor contêm hialina e

concreções mineralizadas.

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Meningioma angioblástico: apresenta numerosos vasos sanguíneos de

diversos tamanhos. Nos animais domésticos esta variante é rara.

Meningioma papilar: consiste em um tumor composto de células

meningoteliais, dispostas em estruturas papilares. A ocorrência destes

tumores também é baixa nos animais domésticos. Em seres humanos não

aparentam ter comportamento agressivo.

Meningioma de células granulares: predominantemente composto por células

ovais, com abundante citoplasma eosinofílico granular.

Meningioma mixoide: as células neoplásicas vacuolizadas são separadas por

matriz mixomatosa. Nos cães, muitas vezes estes tipos de tumores envolvem

a fossa caudal e a região próxima a medula espinhal.

Meningioma anaplásico (maligno): este tipo demonstra diversas

características de malignidade, incluindo mitoses, necrose extensa, invasão e

metástases cerebrais. Ao contrário dos meningiomas humanos e de felinos,

os caninos apresentam áreas de necrose focal (TEIXEIRA, V. S. G, 2013).

4.4 EPIDEMIOLOGIA

A incidência dos meningiomas nos caninos é superior às outras espécies

domésticas. A incidência anual referida das neoplasias intracranianas nos cães é de

14,5 para cada 100.000 indivíduos. Ainda não existe uma predisposição sexual

aparente, porém animais idosos tendem a ser mais afetados, no entanto animais

jovens podem ser esporadicamente diagnosticados. No caso dos tumores na medula

espinhal a média de idade é de 10 anos (FERNÁNDEZ, V. L; BERNARDINI, M.

2010; MARCASSO, M. A; et al. 2015).

As raças com maior desenvolvimento de neoplasias das células da glia

envolvem os braquicefálicos, tais como boxer e boston terrier. Em estudo recente

por TEIXEIRA, V. S. G, 2013, verificou-se que os meningiomas acometiam cães

mais idosos do que outras neoplasias, sendo que geralmente acometem raças

dolicocefálicas, especialmente pastor alemão e collie.

4.5 SINAIS CLÍNICOS

Todos os tumores localizados na região de medula provocam uma

compressão local, embora algumas destas neoplasias não sejam consideradas

malignas, a gravidade dos efeitos que apresentam na medula possui uma

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importância muito maior até do que o risco de desenvolvimento de metástases a

longo prazo (TEIXEIRA, V. S. G, 2013). Uma neoplasia classicamente costuma

determinar sintomas crônicos e progressivos, porém no SNC os sinais agudos e

subagudos não são infrequentes. Os sinais clínicos vão depender da natureza da

lesão, como de rotina em casos neurológicos (FERNÁNDEZ, V. L; BERNARDINI, M.

2010).

Quando esses tumores afetam a medula espinhal, os sinais são variáveis,

dependendo da localização e taxa de crescimento. Podem apresentar início agudo

ou gradual, com a gravidade progredindo num curto período de tempo. É possível

verificar perda progressiva da função neurológica caudal à lesão, provocando assim

ataxia, paresia ou paralisia. Quando são intramedulares essa perda progressiva

ocorre mais rapidamente. A dor é comum nos tumores extradurais e intradurais

extramedulares, devido ao envolvimento dos nervos espinhais, raízes nervosas e

ossos. Vários sinais clínicos puderam ser observados em estudo feito por TEIXEIRA,

V. S. G, 2013, incluindo hiperestesia espinhal, paraparesia, claudicação, tetraparesia

não ambulatória e paraplegia. Uma marcante atrofia muscular pode ser vista

caudalmente à lesão (WHELLER, S.J; SHARP, N. J. H, 1999).

Deve-se destacar uma atenção maior para as claudicações, pois podem ser

confundidas inicialmente com problemas ortopédicos ou musculoesqueléticos.

Alguns outros sinais clínicos também podem estar associados aos meningiomas da

medula espinhal em cães, como dor espinhal discreta a moderada, fraqueza, déficits

sensoriais e motores desde ataxia a estado não ambulatório e incontinência urinária

(TEIXEIRA, V. S. G, 2013).

4.6 DIAGNÓSTICO

Para um bom diagnóstico são necessários todos os passos, começando com

uma anamnese detalhada e exame físico, exame neurológico, uma base mínima de

dados de hematologia e bioquímica e quando necessário colheita e análise de LCR.

Os exames de imagem são fundamentais, incluindo-se radiografias da coluna

vertebral, mielografia e exames de imagem avançados como tomografia

computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM). Em alguns casos é possível

realizar citologia, biópsia da lesão e análise histopatológica, chegando assim ao

diagnóstico definitivo (TEIXEIRA, V. S. G, 2013).

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4.6.1 Análise de líquor

O exame de análise do LCR pode revelar anomalias como aumento de

proteínas e de contagem de células devido a uma inflamação secundária. No caso

dos meningiomas medulares pode haver aumento da concentração de proteínas

com ou sem pleocitose (TEIXEIRA, V. S. G, 2013). Anormalidades no LCR podem

ocorrer por várias enfermidades, revelando etiologias específicas como doenças

virais, bacterianas, metabólicas e algumas neoplasias. As funções do liquor mais

importantes são a regularização da pressão intracraniana (PIC), regulação do

ambiente químico do SNC e transporte de moléculas no encéfalo. Em condições

normais, seu aspecto é claro, incolor e similar à água. A necrose e inflamação

geradas pelas neoplasias do SNC, como por exemplo dos meningiomas, podem

gerar uma pleocitose neutrofilica leve à moderada. No caso dos meningiomas é

possível também observar um aumento de 50% de neutrófilos (SANCHEZI, D. N;

AMORIM, R. M, 2015).

Figura 17 – Local de punção de líquido cefalorraquidiano em cão.

Fonte: OLIVEIRA, D.P, 2015

Na figura 17 é possível observar o local de punção para a retirada de líquor e

como é realizado o procedimento. Alguns estudos comentam que a avaliação do

LCR não é indicada no caso de neoplasias intracranianas, pois os tumores exercem

uma compressão no tecido cerebral e com a retirada do líquido para análise pode

haver um aumento da PIC, além de causar hérnia nas estruturas ventrocaudais do

cerebelo. O deslocamento destas estruturas causa uma compressão sobre o tronco

encefálico, com consequências fatais ao paciente. Portanto, se a decisão for de

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coleta de LCR para análise, é expressamente necessária a realização de RM ou TC,

que caso mostrem algum tipo de massa na região, descarta a necessidade de

retirada do líquido (FERNÁNDEZ, V. L; BERNARDINI, M. 2010).

4.6.2 Exame radiográfico

As radiografias convencionais da coluna cervical são frequentemente

realizadas, porém sua utilidade é limitada e isso se deve à baixa sensibilidade da

radiografia para a detecção de tumores ou infecções, bem como à sua incapacidade

de detectar alterações como hérnia de disco (CARETTE, S, et al, 2008). Ao exame

radiográfico, são possíveis as identificações de osteólise, mineralização ou

remodelação óssea, quando presentes. O corpo e o arco vertebral são mais

frequentemente afetados do que os processos espinhosos e transversos. Deve-se

lembrar que a expansão da neoplasia pode provocar uma ampliação do forâmen

intravertebral e um alargamento do canal vertebral (TEIXEIRA, V. S. G, 2013). As

radiografias sem o uso do contraste evidenciam fraturas e luxações, porém

costumam falhar quando se trata de identificação de lesões por compressão

(ROCHA, L. X. R., 2013).

Figura 18 – Radiografia em projeção latero-lateral de coluna cervical e região torácica de cão.

Fonte: Setor de radiologia do serviço de diagnósticos por imagem do HV Governador Laudo Natel – Unesp/Jaboticabal – SP.

Figura 19 – Radiografia ventro-dorsal de região cervical, torácica e abdominal de

cão.

Fonte: Setor de radiologia do serviço de

diagnósticos por imagem do HV Governador Laudo Natel –

Unesp/Jaboticabal – SP.

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As imagens 18 e 19 são radiografias realizadas para a pesquisa de metástase

da paciente acompanhada no HV da Unesp/Jaboticabal, podendo ser visualizada a

vista latero-lateral e ventrodorsal. É possível observar uma lise óssea em região

cervical e não há alterações quanto aos órgãos alvos para metástase.

4.6.3 Mielografia

A mielografia fornece informações quanto a localização tumoral e sua posição

no canal vertebral em relação à medula espinhal e dura-máter. Deve-se realizar

duas projeções (latero-lateral e ventro-dorsal) para permitir uma correta avaliação

das imagens (WHELLER, S.J; SHARP, N. J. H, 1999).

É uma técnica radiográfica com aplicação de contraste no espaço espinhal

subaracnóideo, que permite a visualização da medula espinhal delineada,

evidenciando a medula e formando linhas de contraste (ROCHA, L. X. R., 2013). Ela

permite a avaliação de possíveis lesões na medula ou ainda alterações em sua

forma. Às vezes ela consegue permitir a classificação da lesão em extradural,

intradural-extramedular e intramedular. Embora seja de grande importância, existem

algumas desvantagens, sendo que é uma técnica invasiva e a qualidade da imagem

pode variar devido a problemas como vazamento de contraste ou preenchimento

pobre do espaço subaracnóideo. Às vezes é possível visualizar o sinal de “golf tee”,

que aparece quando a coluna de contraste diverge para abranger a massa no

espaço subaracnóide, indicando uma lesão intradural-extramedular (TEIXEIRA, V. S.

G, 2013).

4.6.4 Tomografia computadorizada

A tomografia computadorizada (TC) pode ser considerada como um exame

muito importante para a detecção de tumores, levando a um diagnóstico presuntivo

quando associada aos sinais clínicos. Ela permite a identificação, tamanho, forma e

localização da lesão, e quando é o caso, a compressão e invasão de tecidos

adjacentes. Após a injeção intravenosa de contraste também é possível avaliar o

efeito da massa, edema peritumoral e calcificação (JIMENEZ, C. D.; et al, 2011).

Figura 20 – Imagem de tomografia Figura 21 – Imagem de ressonância

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computadorizada de medula cervical de cão.

Fonte: SANTOS, R. R. B, et al 2012.

magnética de coluna cervicotorácica de cão.

Fonte: Hospital veterinário cães e gatos

Unidade Osasco (Matriz) – SP, 2016

Nas figuras 20 e 21 podemos observar a diferença dos exames de imagem

avançada de tomografia computadorizada e ressonância magnética.

4.6.5 Ressonância magnética

A RM é um método diagnóstico não invasivo que mostra um detalhe

anatômico superior para a programação da cirurgia, evitando assim a administração

de contraste no espaço subaracnóide, evitando riscos de reações adversas. A

qualidade da imagem irá depender do posicionamento e tamanho do animal,

espessura de corte e tamanho do íman. Quando só se tem acesso a RM de baixo

grau, é indicada a realização de uma mielografia como procedimento inicial. Realiza

uma boa avaliação de estruturas paravertebrais, identificando a extensão da lesão, o

que não é possível na mielografia (ROCHA, L. X. R., 2013). Pela RM é possível

determinar o grau de compressão da medula espinhal e a relação entre a neoplasia

e a medula. As características obtidas através das imagens de meningioma da

medula espinhal de cães são muito similares às dos meningiomas intracranianos

nesta mesma espécie e nos seres humanos. Eles aparecem como massas focais,

geralmente isointensas ou hipointensas. Após a injeção de contraste, eles

geralmente possuem uma captação de moderada a intensa e uniforme (TEIXEIRA,

V. S. G, 2013).

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Das técnicas de diagnóstico por imagem, as que permitem uma análise do

parênquima encefálico e medular são os exames de imagem avançados, a

ressonância magnética e a tomografia computadorizada, porém não possibilitam a

diferenciação do tipo de tumor, devido aos padrões semelhantes apresentados entre

as neoplasias (MARCASSO, M. A; et al. 2015).

4.6.6 Biópsia

Atualmente os exames avançados de imagem estabelecem as características

da maioria dos tumores encefálicos e medulares, mas o diagnóstico definitivo de

qualquer neoplasia é realizado através de biópsia e exame histopatológico

(FERNÁNDEZ, V. L; BERNARDINI, M. 2010) (SILVA, P. D. G; 2012). Na maioria dos

casos em que são feitas as biópsias, são realizadas as biópsias excisionais pela

abordagem cirúrgica. Podem ser utilizados métodos como biópsia guiada por

ultrassonografia ou tomografia computadorizada, que representa um atual avanço no

diagnóstico de pequenos animais. A biópsia guiada por TC tem como nome “sistema

modificado estereotático”, o qual utiliza a palavra “modificado” por ter sido

inicialmente desenvolvido para o uso em humanos (SILVA, P. D. G; 2012). Na rotina

ainda não é tão utilizada a biópsia antes da realização da cirurgia devido a difícil

acessibilidade a esses materiais ainda na medicina veterinária.

Figura 22 - (A) Entrada da agulha para realização de biopsia no crânio em cão. (B) Componentes utilizados. (C) Imagem tomográfica após realização de biopsia.

Fonte: Adaptado de SILVA, P. D. G, 2012.

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A figura 22 mostra os materiais utilizados para a realização de biópsias

guiadas por ultrassonografia e tomografia computadorizada, na última imagem (C) é

possível observar a realização do procedimento.

4.7 TRATAMENTO

A escolha da terapia adequada para o tratamento dos meningiomas irá

depender de vários fatores, como por exemplo, a localização do tumor, sua extensão

e qual o tipo histológico. O tratamento de um cão com neoplasia medular tem como

objetivo imediato aliviar os efeitos causados pela compressão da medula. As opções

terapêuticas existentes ainda são limitadas, constituindo-se em tratamento

medicamentoso com glicocorticoides, remoção cirúrgica, e quimioterapia ou

radioterapia (TEIXEIRA, V. S. G, 2013).

4.7.1 Glicocorticoides

A utilização de glicocorticoides podem auxiliar no tratamento inicial, pois

alteram a permeabilidade da barreira hematoencefálica (BHE) e reduzem o edema

peritumoral. As massas de origem medular possuem maior sobrevida devido à

localização mais acessível, fazendo associações de quimioterapia e radioterapia

(MARCASSO, M. A; et al. 2015).

4.7.2 Cirurgia

A cirurgia é um dos principais tratamentos realizados nas neoplasias de

sistema nervoso central. A abordagem cirúrgica além de ajudar na realização de

biópsias, permite a completa ressecção da massa, diminuindo assim a compressão

do tecido nervoso (MARCASSO, M. A; et al. 2015).

Através da cirurgia é possível realizar uma citorredução, remoção completa da

massa e também realizar uma biópsia. Para acesso à medula espinhal é necessária

a remoção do osso vertebral, constituindo-se em técnicas de laminectomia (remoção

da lâmina vertebral dorsal), hemilaminectomia (remoção da porção dorsolateral) ou

ainda mini-hemilaminectomia (remoção do pedículo), sendo que em praticamente

todos os casos opta-se pelas duas primeiras. Após estar no canal vertebral, podem-

se incluir procedimentos para acesso à medula espinhal como a durotomia, que é

utilizada para procedimentos relacionados com LCR ou para trabalhar em lesões

intradurais-extramedulares, podendo ocorrer benefícios significativos na

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descompressão da medula. As considerações mais importantes na remoção

cirúrgica são a localização correta e a dissecção minuciosa. Porém nos tumores de

medula espinhal é impossível alcançar uma ampla margem de ressecção

(TEIXEIRA, V. S. G, 2013).

4.7.3 Quimioterapia

O uso de quimioterápidos são limitados no tratamento dessas neoplasias,

pois a barreira hematoencefálica (BHE) impede a passagem da maioria desses

agentes e além disso as células tumorais podem ser sensíveis com doses tóxicas as

células normais encéfalo e outros órgãos na maioria das vezes. Os dois

quimioterápicos mais utilizados são a carmustina e a lomustina, que são altamente

lipossolúveis e capazes de atravessar a BHE. Segundo estudos, a aplicação desses

medicamentos está sendo associada a redução do tumor e melhora de sinais

clínicos (SILVA, P. D. G; 2012).

4.7.4 Radioterapia

O tratamento com radiações ionizantes está ligado ao conhecimento entre os

especialistas, principalmente médicos radioterapêutas e físicos-médicos na rotina

dos serviços e de equipamentos emissores de radiação. Em humanos já é uma

especialidade consagrada até mesmo àqueles pacientes que dispõe de poucos

recursos socioeconômicos. Em estudos feitos por (FERNANDES, M. A. R, et al,

2010) foi observado que animais submetidos à radioterapia demonstraram uma boa

tolerância ao tratamento contra as neoplasias, proporcionando um aumento da

sobrevida, reduzindo assim gastos com quimioterápicos.

O uso dessa terapia pode ser realizado através de terapia única ou em

combinação com outros tratamentos, como por exemplo a cirurgia. Seu mecanismo

é a destruição do tecido neoplásico com o mínimo possível de dano ao tecido sadio.

Em associação com a cirurgia tem apresentado melhores índices de sobrevida

quando comparado a sua única utilização. Alguns autores referem sucesso também

quanto ao tratamento de metástases. Os efeitos colaterais secundários surgem em

aproximadamente 3 a 5 semanas após o início do tratamento com irradiação e

incluem eritema cutâneo, descamação, otite ulcerativa, úlceras de córnea e

ceratoconjuntivites, ainda como consequências tardias, podem ocorrer necroses

(SILVA, P. D. G; 2012).

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4.8 PROGNÓSTICO

O prognóstico depende de vários fatores como a localização e a gravidade dos

sinais clínicos do tumor, além do seu tipo histológico. Cães com neoplasia

metastática extradural ou neoplasia vertebral possuem um prognóstico ruim,

optando-se assim por terapias paliativas. Quando se é possível a completa remoção

da massa, o prognóstico deve ser considerado bom. Nos tumores intramedulares

raramente o tratamento é cirúrgico, o que torna o prognóstico muito reservado

(TEIXEIRA, V. S. G, 2013).

5. RELATO DE CASO

Um cão, fêmea, maltês, 10 anos de idade, 3,4 kg foi atendida no Hospital

Veterinário Governador Laudo Natel apresentando paraparesia, seguida de

paraplegia com evolução de aproximadamente 5 meses até a tetraplegia total. O

histórico foi de início de paraparesia em janeiro de 2016. Foram feitas sessões de

acupuntura que obtiveram melhora dos sinais. Após 3 meses foi relatada uma piora

e evolução para paraplegia além de sinais de retenção urinária e fecal, e as sessões

de acupuntura pararam de surtir efeito. A paciente foi encaminhada para a

realização de mielografia cervical e toracolombar. No exame de mielografia foi

possível observar uma massa em região de C6 - T1, com lise óssea,

intradural/extramedular. Para a confirmação do caso, optou-se pela realização de

exames de imagem avançada. Foi realizada então a TC, e com o tratamento

conservativo com predinisona 1 mg/kg em dias alternados o animal voltou a andar,

urinar e defecar sozinho.

Permaneceu por 2 meses bem e os sinais voltaram a aparecer. Começou a

apresentar tetraparesia não ambulatória e retenção urinária. Realizou exame de

ressonância magnética e após o resultado foi aumentada a dose do corticoide para 1

mg/kg BID, notando-se uma melhora significativa dos sinais clínicos e dos sinais de

dor, voltando a comer e defecar sozinha.

Figura 23 – Na seta verde, massa de aparência lobulada e margens parcialmente definidas entre C7-T1 (MRI ponderada em T2)

Figura 24 – Comunica com o canal medular através do forame intervertebral

esquerdo de C7-T1, causando grave compressão no sentido ventrolateral

esquerdo. (MRI ponderada em STIR).

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Fonte:Hospital veterinário cães e gatos Unidade Osasco (Matriz) – SP, 2016.

Fonte:Hospital veterinário cães e gatos Unidade Osasco (Matriz) – SP, 2016.

Ao exame neurológico foram observadas as seguintes alterações: déficit

proprioceptivo em membros pélvicos e normais em membros torácicos, reflexos

flexores nos quatro membros, reflexos patelares diminuídos, sensibilidade superficial

diminuída a ausente em membro pélvico direito e ausente em membro pélvico

esquerdo. Pela suspeita de que o animal estava com dor, pois apresentava sinais de

anorexia, analgésicos foram adicionados ao tratamento, tramadol 4 mg/kg TID e

dipirona 25 mg/kg TID.

Após a realização de todos os exames de imagem, foi sugerida a laminectomia

e biópsia, para que através do exame histopatológico houvesse o fechamento do

diagnóstico histológico da massa. No retorno o paciente apresentava tetraparesia

não ambulatória, propriocepção preservada em MT e ausente em MP, sensibilidade

superficial preservada em ambos os membros e retenção urinária, foi então feita a

sondagem uretral da paciente. Estava com respiração abdominal, além das

medicações já em uso foram adicionadas gabapentina 10 mg/kg BID por 30 dias via

oral (VO) e lactulona por 5 dias VO.

Após uma semana foi realizada a cirurgia de laminectomia. Foi feito o

acesso de C5 – T2, rebate da musculatura até o ligamento nucal, que passa sobre o

processo espinhoso e se insere em T1 – T2. O excesso de sangue era secado por

cotonete estéril, e a ostectomia foi realizada com uma pinça Kerrison na lâmina

dorsal das vértebras C6-C7-T1, preservando os processos articulares. Em seguida

realizada durotomia e identificação do nódulo, que tinha margens bem definidas,

porém muito aderida a medula.

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Figura 25 – Estabilização do paciente e antissepsia – HV Unesp Jaboticabal/SP – 2016.

Fonte: Fernando Kawamoto, 2016.

Figura 26 – Acesso dorsal realizado entre C5 – T2 com exposição das vértebras.

Fonte: Fernando Kawamoto, 2016.

Figura 27 – Nódulo aderido em região de dura-máter.

Fonte: Fernando Kawamoto, 2016.

Figura 28 – Região após a retirada do nódulo.

Fonte: Fernando Kawamoto, 2016.

Ao retirar o nódulo, percebeu-se que não estava infiltrado em tecido adjacente,

porém uma deformação na medula com característica de abaulamento foi

identificada. Foi depositado tecido adiposo sobre a vértebra para a criação de

aderências. Sutura da musculatura em padrão simples contínuo com fio Caprofyl nº

2-0 e síntese de pele em padrão Wolf, com fio Nylon nº 3-0. Prescrito para uso

domiciliar cefalexina 20 mg/kg, cloridrato de tramadol 5 mg/kg, Ranitidina 2 mg/kg e

predinisona 1 mg/kg.

Após 8 dias de pós-operatório, foi realizado o retorno. Paciente ainda se

alimentava através de sonda esofágica, permanecendo sondada devido a

persistência da retenção urinária, e realizada manualmente a retirada de fezes. Com

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13 dias de pós-operatório a paciente ainda apresentava o mesmo quadro clínico,

porém com reflexo perineal já presente.

6. DISCUSSÃO

No Brasil ainda não se tem dados sobre a prevalência das neoplasias

primárias em sistema nervoso central de cães e gatos, na literatura internacional há

uma ocorrência de 14,5 a cada 100.000 cães. A ocorrência é maior em animais

adultos e idosos, como no presente caso relatado, em que paciente apresenta 10

anos de idade, mas, no entanto, a literatura cita que animais jovens com menos de

três anos também podem ser acometidos (FERNÁNDEZ, V. L; BERNARDINI, M.

2010).

Em estudos feitos por MARCASSO, M. A; et al. 2015, de 5083 casos de

neoplasias em cães durante 15 anos, 15 cães (0,29%) apresentaram diagnóstico

histopatológico de neoplasia primária de SNC, sendo 11 meningiomas (73,3%).

Neste mesmo estudo, sete meningiomas (46,7%) eram de origem espinhal, e

destes, dois (11,3%) estavam localizados em região cervical, como no caso descrito.

Em estudo realizado por Petersen et al., 2008, foi verificado que de 34 meningiomas

da medula espinhal, 23 se encontravam na região da coluna cervical (68%), sendo

que 20 estavam localizados cranialmente à terceira vértebra cervical (C3), sendo

assim incomum ocorrerem em região cervical baixa. No presente relato o

meningioma estava localizado em região cervical baixa, C6-T1, contrariando a

estatística apresentada na literatura.

O diagnóstico definitivo é feito através de biópsia e exame histopatológico,

porém os exames avançados de diagnóstico por imagem podem ser muito úteis. A

imagem frequente da RM é de uma massa com aumento de contraste, com base

ampla e intensidade de sinal variável. A ressonância é mais precisa que a

mielografia para a definição dos tumores em relação à dura-máter. As imagens

revelam lesões hiperintensas em todos os casos (LÓPEZ, R. J., et al, 2013).

A mielografia necessita de várias projeções para determinar a localização da

lesão medular. Na RM é possível observar maior precisão e ausência da

necessidade de aceder ao o espaço subaracnóide para injeção de meio de

contraste, eliminando assim o risco de reações adversas. Uma das vantagens da

RM em relação à mielografia é a melhor visualização da anatomia espinhal e, além

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de não ser invasiva, providencia um detalhe anatômico superior no caso das

programações cirúrgicas. Também possui uma capacidade de detecção,

caracterização e prevenção da extensão de uma doença medular

intraparênquimatosa. Sendo assim pode-se dizer que é superior no reconhecimento

de doenças intramedulares e, combinações de sequências múltiplas em RM podem

ser consideradas “gold standard” em estudos de hérnias de disco em cães de

pequeno porte (ROCHA, L. X. R, 2013).

A TC permite a avaliação de lesões compressivas extradurais, onde se

visualiza o material herniado heterogêneo dependendo da quantidade de

componente mineral. Pode ser combinada com a mielografia permitindo assim uma

visualização do espaço subaracnóide, distinguindo causas intra ou extramedulares

de tumefações medulares e determinação do local da lesão. Sua vantagem é a

reconstrução das imagens. Na avaliação do disco intervertebral consegue mostrar

alterações morfológicas do disco como a mineralização (ROCHA, L. X. R, 2013). Os

exames de TC são mais rápidos e com uma duração mais curta com relação a

anestesia, são também mais baratos e possuem maior disponibilidade de

equipamentos nas práticas veterinárias. A sensibilidade da RM para a identificação

de tecidos moles é maior. Em um estudo onde TC, RM e mielografia foram avaliadas

para a utilidade em diagnóstico de hérnia de disco vertebral em cães, a RM foi

considerada como imagem superior para a modalidade (GIELEN, I, et al, 2013).

Em estudo feito por GIELEN, I, et al, 2013, na avaliação de oito lesões, sete

foram detectadas com a técnica da ressonância enquanto uma foi vista pela

tomografia, concluindo assim que a RM é mais confiável para a detecção desses

tipos de lesões. Ainda o estudo revela que a RM é mais sensível que a TC na

detecção de quantidades crescentes de líquidos, excelente contraste em tecidos

moles e produz imagens que são formadas pelo uso de diferentes sequências e por

essas razões tem sido eleita na detecção de AVC isquêmico, edema, doenças

inflamatórias e infecciosas. Os edemas aparecem como hiperintensivos nas

sequências de RM ponderadas em T2 e hipointensos em sequências de RM

ponderadas em T1. Nas imagens de TC aparecem como uma região hipodensa.

Existe uma grande variedade de disfunções neurológicas que são causadas

pelas mielopatias cervicais. Geralmente a dor vem como o sinal clínico primário e a

perda da função motora logo em seguida, naquelas mielopatias que são

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compressivas. Os pacientes com mielopatia cervical caudal deambulatória, tendem a

ter uma fraqueza de membros pélvicos evidente, além de uma ataxia com menor

gravidade nos membros torácicos (FOSSUM, 2015). Neste caso a paciente teve

início com sinais de paraparesia, não demonstrando sinais anteriores de dor

cervical, que melhoraram com sessões de acupuntura, seguindo para paraplegia,

seguida de tetraplegia, como relatado na literatura.

Foi observado uma pequena melhora dos sinais clínicos após administração

de glicocorticoides, condizendo assim com a literatura que cita que pode haver

melhora dos sinais clínicos em pacientes com mielopatias compressivas após a

administração dessas medicações. A administração de predinisona via oral (0,5

mg/kg BID) é na grande maioria dos casos eficaz para o alívio da dor e dos sinais

clínicos através do seu efeito no edema medular (WHELLER, S.J; SHARP, N. J. H,

1999).

Tumores extradurais incluindo nessa categoria os tumores dos corpos

vertebrais são os que ocorrem com maior frequência nos cães, chegando a

aproximadamente 50% dos casos. (WHELLER, S.J; SHARP, N. J. H, 1999),

condição confirmada no presente caso.

Os tumores espinhais geralmente não fazem metástase em tórax, porém não

se descarta a realização de radiografias torácicas para pesquisa de metástases

antes da realização da cirurgia (WHELLER, S.J; SHARP, N. J. H, 1999), porém,

exames pré-operatórios incluindo os de pesquisa de metástase como duas

projeções de radiografias torácicas simples e exame de ecocardiograma não

observaram nada digno de nota.

Como cuidados pré-operatórios é importante enfatizar os perigos na

manipulação da região cervical em pacientes com mielopatias nesse segmento,

atentando a todos os envolvidos com a manipulação desses animais. Uma vez que o

paciente for anestesiado, seja para exames de imagem ou para o procedimento

cirúrgico em si, a contração muscular voluntária deixará de ser um mecanismo

protetor (WHELLER, S.J; SHARP, N. J. H, 1999). Antes do procedimento cirúrgico a

paciente foi estabilizada na mesa de cirurgia com o auxílio de esparadrapos para

não haver nenhum tipo de movimentação excessiva durante o procedimento.

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A cirurgia, radioterapia e quimioterapia podem ter como alvo o tumor primário,

já os esteroides e anticonvulsivos estão direcionados ao tratamento dos efeitos

secundários do tumor. Se o tumor não for retirado em sua totalidade, a literatura

estrangeira relata que deve ser associado o tratamento radioterápico, por aumentar

o tempo de sobrevida (SESSUMS , K; MARIANI, C., 2009).

No Brasil a radioterapia para os animais ainda não é tão acessível, portanto

nesse caso, poderia ser associada a quimioterapia. A paciente desse caso estava

sendo tratada apenas com opióide e corticoide, os anticonvulsivantes não foram

necessários devido à ausência desse tipo de sinal clínico. Após a piora dos sinais

clínicos, chegando a tetraplegia, foi submetida ao procedimento cirúrgico

apresentando então melhoras dos sinais clínicos no pós-operatório imediato,

revertendo o quadro de tetraparesia para a para paraplegia.

A cirurgia é indicada por dois objetivos, sendo eles a coleta do tecido para a

avaliação histopatológica e promover uma melhora na função da medula pela

combinação de exérese do tumor e descompressão (WHELLER, S.J; SHARP, N. J.

H, 1999).

Existem duas principais abordagens cirúrgicas para a medula espinhal

cervical: a abordagem ventral e a dorsal. No presente caso a abordagem de escolha

foi a dorsal, seguindo a literatura, pois se trata de um caso de neoplasia em região

medular onde necessitava de um espaço mais amplo para a possível

descompressão e retirada da massa. Porem a desvantagem dessa abordagem é o

maior período de tempo de recuperação dos pacientes quando comparada aos

procedimentos com abordagem ventral (FOSSUM, 2015).

Na ventral, existe uma limitação da exposição do canal vertebral e da medula

espinhal, além da grande probabilidade de hemorragia do seio venoso, ao contrário

da abordagem dorsal, que também permite uma ampla descompressão. A lesão da

artéria vertebral é incomum nas cirurgias cervicais, porém as consequências dessa

lesão podem ser catastróficas, sendo associada a complicações como fístulas,

pseudo-aneurisma, hemorragia tardia, trombose, embolia, isquemia cerebral e até

morte. As taxas relatadas para as cirurgias da coluna cervical anterior variam de

0,3% a 0,5% e da coluna posterior de 4,1% a 8,2% (PENG, C. W, et al, 2008), sendo

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que no procedimento cirúrgico deste caso não houveram lesões nas artérias

vertebrais.

Quanto as técnicas cirúrgicas mais utilizadas para medula espinhal cervical,

temos descritos o procedimento de fenda ventral e a laminectomia dorsal (FOSSUM,

2015), que foi a técnica cirúrgica de escolha para a paciente desse relato, pois

fornece uma ampla descompressão com um acesso a toda superfície dorsal da

medula. A fenda ventral é raramente útil para a exploração dos tumores espinhais,

pois a via de acesso para a medula e raízes nervosas é muito limitada (WHELLER,

S.J; SHARP, N. J. H, 1999).

Além do tratamento cirúrgico é muito importante que o paciente seja

reabilitado pós cirurgia. A acupuntura é considerada como um tratamento adjuvante

nos pacientes oncológicos, melhorando a qualidade de vida além do controle das

alterações metabólicas. O extrato de Viscum álbum utilizado na medicina

antroposófica é utilizado por causar apoptose e citotoxidade das células tumorais, e

por essas causas vem sendo amplamente utilizado. Outras terapias adjuvantes

podem ser utilizadas como a quimioterapia, porém o paciente pode manifestar vários

efeitos adversos (FIGUEIREDO, R. N. 2014). Inicialmente a acupuntura foi realizada

na paciente no início dos sinais clínicos, observando uma melhora significativa em

um primeiro momento. Porem a opção inicial de tratamento conservativo não foi

efetivo e o efeito da compressão medular foi se agravando até que se optou pelo

procedimento cirúrgico. Lembrando que a fisioterapia também é muito utilizada para

a reabilitação dos pacientes.

Na maioria dos casos em que os meningiomas abrangem o cérebro ou a

medula, é possível verificar mais uma compressão do que uma infiltração

(TEIXEIRA, V. S. G, 2013), ao localizar e resseccionar a massa da região medular

pôde-se notar um abaulamento da medula em seu canal, verificando-se assim uma

deformidade na medula espinhal.

Segundo Fossum (2015), os meningiomas são neoplasias que geralmente se

encontram na forma intradural e ocasionalmente podem estar localizadas em padrão

extradural na mielografia ou em outros exames de imagem como RM e TC. No caso

descrito a classificação do tumor foi intradural-extramedular, sendo incomum pela

literatura.

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A maior parte dos meningiomas da medula espinhal registados em cães são do

grau I ou II segundo a classificação WHO (World Health Organization). Os cães

jovens possuem uma maior tendência de desenvolver os de grau II, que também são

mais suscetíveis em região toracolombar, enquanto que os de grau I são mais

frequentemente localizados em região cervical (TEIXEIRA, V. S. G, 2013). No caso

descrito não foi possível estadiar o tumor, porém acredita-se que seja de grau I

devido a sua localização. Estudos recentes feitos por LÓPEZ, R. J., et al, 2013

também revelaram que meningiomas de grau I possuem uma forte predileção para

medula espinhal cervical, enquanto que os tumores de grau II são mais propensos

de serem encontrados em região toracolombar.

O prognóstico de meningioma em cães é menos favorável do que nos gatos.

Os cães possuem um prognóstico cuidadoso, pois neles os meningiomas tendem a

ser mais infiltrativos. Mesmo após a remoção cirúrgica e tratamento com terapia

adjuvante como a radioterapia, pode haver riscos de recorrência (ADAMO, R. F. et

al, 2004). A radioterapia pode auxiliar a impedir a recidiva tumoral no local da

cirurgia, melhorando o prognóstico de alguns pacientes (WHELLER, S.J; SHARP, N.

J. H, 1999).

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7. CONCLUSÃO

As neoplasias do Sistema Nervoso Central embora sejam consideradas raras

em cães e gatos, têm sido mais frequentemente diagnosticadas nos últimos anos e

entre as mais comuns estão os meningiomas. Podem ser intracranianas ou

medulares, sendo as segundas menos comuns. A incidência é parecida com dados

da medicina humana onde temos 1 a 3% das causas de morte. Na região cervical,

onde é o local de predileção nos caninos, são encontrados com mais frequência em

região cervical alta, já nos humanos o local mais comum é a coluna toracolombar.

Os sinais clínicos irão variar de acordo com o local onde estão instalados, nas

mielopatias compressivas a dor vem como o sinal clinico primário seguida por perda

de função motora. Para um diagnóstico adequado são necessários exames

minuciosos como um exame neurológico detalhado, associado a exames de imagem

avançados como tomografia computadorizada e ressonância magnética. Para o

fechamento do diagnóstico é necessário o exame histopatológico que irá revelar

quais são as células tumorais. O tratamento na maioria das vezes é cirúrgico, e

quando não é possível a total ressecção da massa são necessárias associações de

terapias adjuvantes como quimioterapia ou a radioterapia. Acupuntura pode ser

associada, tendo pesquisas comprobatórias com relação ao sucesso da técnica com

melhora de sinais clínicos. O prognóstico vai depender de qual conduta foi tomada,

do tipo de terapia utilizada e do sucesso da cirurgia, para os de origem intradurais-

extramedulares quando se tem a ressecção total do tumor possuem um bom

prognóstico.

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