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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ DANIELE IMLAU ANÁLISE DO BENEFICIO DO TRATAMENTO DE ZUMBIDO COM GERADORES DE RUIDO: ESTUDO DE CASO Curitiba 2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

DANIELE IMLAU

ANÁLISE DO BENEFICIO DO TRATAMENTO DE ZUMBIDO COM GERADORES DE RUIDO: ESTUDO DE CASO

Curitiba

2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

DANIELE IMLAU

ANÁLISE DO BENEFICIO DO TRATAMENTO DE ZUMBIDO COM GERADORES DE RUIDO: ESTUDO DE CASO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Especialização em Audiologia Clínica da Universidade do Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Audiologia.

Orientadora: Dra. Angela Ribas.

Curitiba

2015

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RESUMO

O zumbido é uma queixa otológica frequente, que na maioria dos casos está associado a algum grau de perda auditiva e pode prejudicar de forma significativa a qualidade de vida do indivíduo. Não existe um tratamento especifico que possa eliminar o sintoma. Uma opção de tratamento é a terapia de retreinamento do zumbido. Próteses auditivas com gerador de som integrado têm sido utilizadas como alternativa de tratamento nos casos de perda auditiva associada. Esta pesquisa pretende descrever os resultados do tratamento de zumbido baseado nos princípios da terapia de retreinamento do zumbido, em indivíduos com perda auditiva leve e zumbido bilateral, usuários de próteses auditivas combinado com gerador de ruído. Em forma de estudo de caso de análise transversal, 5 indivíduos com média de idade de 62,2 anos, foram submetidos a questionários sobre a percepção do sintoma anterior e após 12 meses de tratamento com os aparelhos auditivos e relato individual do tratamento. Observou-se o tempo de tratamento com respostas positivas variáveis, com bons resultados já em período inferior a 6 meses, ainda particularidade quanto a percepção de melhora do sintoma em cada caso. Verificou-se que o tratamento de modo geral resultou na melhora da percepção do zumbido, como alívio e controle do sintoma.

Palavras-chave: Audiologia; zumbido; prótese auditiva; terapia de habituação.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 5

2. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................7

2.1 CAUSAS DO ZUMBIDO.........................................................................................7

2.2 CARACTERIZAÇÃO DO ZUMBIDO......................................................................8

2.3 CONSEQUENCIA DO ZUMBIDO..........................................................................9

2.4 AVALIAÇÃO DO ZUMBIDO.................................................................................10

2.5 MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO..............................................11

3. MATERIAL E MÉTODO.......................................................................................13

4. DESCRIÇÃO DOS CASOS.................................................................................15

5. DISCUSSÃO........................................................................................................19

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................22

REFERÊNCIAS..........................................................................................................23

ANEXOS....................................................................................................................27

ANEXO A – ESCALA VISUAL-ANÁLOGICA.............................................................28

ANEXO B – QUESTIONÁRIO DE HANDICAP DO ZUMBIDO (THI).........................29

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1. INTRODUÇÃO

O zumbido pode ser definido como uma sensação sonora percebida nos

ouvidos ou na cabeça, não relacionada com uma fonte externa de estimulação.

Pode ser o principal sintoma envolvido em diversas doenças (Sanchez, 2002).

A causa do zumbido pode ser associada a várias etiologias diferentes,

como as doenças primariamente otológicas ou outras doenças que afetam o ouvido

de modo secundário (metabólicas, cardiovasculares, neurológicas, psiquiátricas,

odontológicas e possivelmente a ingestão de drogas, cafeínas, nicotina e álcool)

(SANCHEZ e FERRARI, 2004).

Samelli (2004) complementa que além das patologias mencionadas,

fatores emocionais ou de coluna vertebral estão comumente relacionados à

percepção do zumbido, sendo assim um sintoma que pode acompanhar diferentes

patologias e desordens.

Segundo Figueiredo e Azevedo (2013), a classificação do zumbido mais

aceita recentemente é a divisão em para-auditivos (gerados por estruturas

musculares e vasculares próximas às vias auditivas) e auditivos (gerados por

alterações nas orelhas externa e média, bem como na cóclea e vias auditivas

centrais).

Jastreboff (1990) foi o primeiro em descrever o modelo neurofisiológico

para explicar o zumbido. Este modelo propõe explicar a interação dinâmica de

alguns centros do sistema nervoso central, incluindo as vias auditivas e não

auditivas. Assim apesar de muitos casos estarem relacionados a alguma causa

inicialmente coclear, esta causa não é fundamental importância para determinar a

gravidade do zumbido, e sim a interação entre o sistema límbico e o sistema

nervoso autônomo como determinantes do incomodo relacionado ao zumbido.

Não existe um tratamento especifico que possa eliminar o zumbido,

porém estratégias podem ser utilizadas a fim de minimizar o sintoma. Uma opção de

tratamento com resultados positivos e descritos na literatura é a terapia de

reitreinamento do zumbido (TRT) criada por Jastreboff em 1990, que se baseia na

habituação de reações induzidas pelo zumbido e da percepção do mesmo.

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Esta pesquisa, em forma de estudo de caso, tem por objetivo descrever

os resultados do tratamento de zumbido, em 5 indivíduos com perda auditiva e

zumbido bilateral, usuários de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI)

combinado com gerador de ruído.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CAUSAS DO ZUMBIDO

O zumbido pode estar associado a diferentes etiologias, às vezes

sobreposta em um mesmo individuo, além de sofrer influência de inúmeros fatores

(Sanchez e Ferrari, 2004). É um sintoma que pode acompanhar diversas patologias

ou desordens de orelhas externas, média ou interna, tronco encefálico e córtex

cerebral. Alterações como cerume compactado, otospongiose, exposição a sons

intensos, ototoxidade, doença de Meniere, schwannoma do acústico, entre outros,

podem determinar o surgimento do sintoma (SAMELLI, 2004).

Estudos apontam a associação entre zumbido e a perda auditiva,

segundo os diferentes relatos, 85 a 96% dos pacientes com zumbido apresentam

algum grau de perda auditiva e apenas 8 a 10% apresentam audiometria normal

(SANCHEZ et al. 2005).

Cardoso et. al. (2014) referem o zumbido como resultado de uma lesão

e/ou desarranjo funcional no sistema auditivo neurossensorial, seja originário na

orelha interna ou das vias auditivas centrais. A perda auditiva é frequentemente

encontrada em indivíduos que apresentam a queixa zumbido, porém, alguns casos

não referem dificuldades na audição, mas apresentam a queixa de zumbido.

Figueiredo e Penido (2013) descrevem também o zumbido, como sendo

lesões periféricas iniciais, às quais se seguem alterações neuroplásticas centrais,

sendo na maioria dos casos as principais etiologias: a exposição ao ruído,

traumatismo cervicocraniano, infecções, patologias cervicais, doenças sistêmicas,

drogas ototóxicas, que podem reduzir definitiva ou temporariamente o input

periférico do sistema auditivo, desencadeando uma série de alterações centrais que

levam ao aparecimento de uma sensação auditiva “fantasma”, o zumbido.

Rosa et. al. (2012), definem o zumbido como o resultado da interação

dinâmica de alguns centros do sistema nervoso central, incluindo vias auditivas e

não auditivas. O resultado da interação dinâmica entre estes centros, especialmente

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o sistema límbico e o sistema nervoso autônomo, seria responsável pelo

desencadeamento de associações emocionais negativas e reações de incômodo

referidas pelos pacientes com zumbido.

Estes pacientes apresentam mais interação entre regiões auditivas e

não auditivas, observa-se que as lesões periféricas tendem a apresentar maior

atividade das vias auditivas não clássicas extralemniscais. Estas vias se dirigem ao

tálamo dorso medial (ao contrário do esperado que seria ao tálamo ventral), até

chegarem ao córtex associativo, neste caminho apresentam diversas conexões com

o sistema límbico, estas conexões explicam as frequentes associações do zumbido

a quadros ansiosos e depressivos (FIGUEIREDO e PENIDO, 2013).

2.2 CARACTERIZAÇÃO DO ZUMBIDO

O zumbido pode ser classificado segundo vários critérios: objetivo ou

subjetivo, quando pode ser percebido pelo examinador; pulsátil ou não pulsátil;

segundo o local de origem, na orelha externa, média e interna; origem nas estruturas

auditivas ou para auditivas (ONISHI, 2004).

Fukuda (1997) classificou o zumbido a partir de sua origem,

considerando como periotico (ZPO) ou neurossensorial (ZNS). O ZPO é gerado por

estruturas próximas a orelha interna e transmitido à cóclea, suas principais causas

podem ser de origem muscular, tubária e vascular, já o ZNS é produzido no órgão

de Corti e nas vias neurais auditivas, podendo ser periférico quando originado nas

vias auditivas do sistema nervoso central.

Para caracterizar o zumbido é preciso determinar além de sua origem o

tipo de som que este se assemelha. Os mais comuns descritos são do tipo (apito)

compatível com tons puros, ou de bandas de frequências do tipo (chiado). Outros

tipos também são descritos como cigarra, panela de pressão, motor, grilo, pulsação,

papel amassado e bater de asas. Em alguns casos os pacientes apresentam

múltiplos tipos de zumbido, que podem ser percebidos na orelha direita diferente da

orelha esquerda (FIGUEIREDO e AZEVEDO, 2013).

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Alguns zumbidos podem estar relacionados a causas vasculares, como

pulsação e coração batendo. O tipo chiado que são rítmicos provavelmente está

relacionado a alguma alteração de fluxo sanguíneo em vasos perióticos. Os

zumbidos vasculares são representados de forma sincrônica com as pulsações

cardíacas e também outras pessoas conseguem escutar. Os zumbidos referidos

como bater de asas, papel amassado e cliques são frequentemente relacionados à

origem muscular e são geralmente assíncronos a frequência cardíaca e

frequentemente são intermitentes. Os zumbidos do tipo “estalos” e/ou “apitos”

podem estar relacionados com distúrbio de articulação temporomandibular.

Situações de alteração emocionais e descompesações metabólicas podem piorar o

zumbido (FIGUEIREDO e AZEVEDO, 2013).

2.3 CONSEQUENCIA DO ZUMBIDO

O zumbido é considerado o terceiro pior sintoma para o ser humano,

sendo superado apenas pelas dores e tonturas intensas e intratáveis. É um

transtorno que produz extremo desconforto, sendo de difícil caracterização e

tratamento, e de acordo com sua gravidade pode excluir o paciente das atividades

sociais e até levar ao suicídio (DIAS, CORDEIRO e CORRENTE, 2006).

O sintoma zumbido é muito frequente e segundo estudos acomete cerca

de 15% dos americanos. Além disso, quando se manifesta de maneira importante,

pode prejudicar significativamente a qualidade de vida, afetando o sono,

concentração, equilíbrio emocional e até sua atividade social, incapacitando a

realização de atividades normais (SANCHEZ, 2002).

Os pacientes com zumbido queixam-se de insônia e falta de

concentração, tais manifestações interferem na qualidade de vida desses indivíduos.

Além disso, o zumbido é frequentemente associado com depressão, ansiedade e

outras desordens psicológicas e psiquiátricas (ROSA et. al., 2012).

Figueiredo (2013) descreve que pacientes com grau de incomodo

discreto ou severo não diferem entre si com relação à característica do zumbido,

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mas apresentam diferenças de comorbidades psiquiátricas. Os sintomas mais

frequentes são relacionados à depressão, ansiedade e insônia.

A presença do zumbido pode ser responsável por falhas no raciocínio,

memória e na concentração. Essas alterações podem prejudicar as atividades de

lazer, o repouso, a comunicação, o ambiente social e doméstico, repercutindo na

esfera psíquica, provocando irritação, ansiedade, depressão e insônia, interferindo

diretamente na qualidade de vida (CARDOSO et. al., 2014).

2.4 AVALIAÇÃO DO ZUMBIDO

A primeira etapa no atendimento ao portador de zumbido é a

investigação do histórico do paciente, por meio de anamnese detalhada, que deve

abordar além das questões sobre a instalação propriamente dita do zumbido, as

suas particularidades, doenças associadas, estilo de vida, alimentação e genética,

saúde em geral e os efeitos que o problema resulta atualmente na vida do paciente

(BARREIRO, 2004).

Urnau e Tochetto (2011) complementam que além da anamnese

completa, o uso de questionários é de grande importância na avaliação do indivíduo

com zumbido, pois auxilia na confirmação da presença e determinação do grau de

severidade do zumbido.

Newman et al. em 1996, formularam o questionário Tinnitus Handicap

Inventory (THI) composto por 27 perguntas, com um escore que varia de 0 a 100 e

quanto maior o escore, maior é a repercussão do zumbido na qualidade de vida do

paciente. É uma medida rápida, de fácil aplicação e interpretação. Vem sendo usado

de forma ampla no contexto clínico para avaliação dos pacientes com zumbido, para

a quantificação do incômodo relacionado a este sintoma e para avaliação de

respostas a tratamentos propostos.

Outro modelo de avaliação é a Escala Visual Análoga (EVA), que vem

sendo frequentemente utilizada nos estudos sobre zumbido realizados no Brasil.

Consiste em uma forma gráfico-visual de determinar o nível de incomodo ou

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desconforto gerado pelo zumbido, em uma escala de 0 a 10 (FIGUEIREDO et. al.,

2007).

Além dos protocolos de avaliação a realização do diagnóstico

audiológico é indispensável, pois irá detectar a existência e tipo de deficiência

auditiva, detectar possíveis alterações e se em vias aferentes e eferentes, avaliar

quantitativamente e qualitativamente a deficiência auditiva. Os testes iniciam-se pela

audiometria tonal limiar e vocal, avaliação do limiar de desconforto, audiometria de

alta frequência para pesquisa de limiares auditivos no espectro de 9.000 a 18.000

Hz, imitanciometria com pesquisa dos reflexos estapedianos e o exame objetivo de

emissões otoacústicas (OLIVEIRA, 2013).

A lesão das vias auditivas é considerada uma característica comum

encontrada nos pacientes com queixa de zumbido. Sua origem pode ser periférica,

central ou ambas associadas. Nestes casos a avaliação auditiva permite o

direcionamento do tipo de alteração que pode estar ocasionando a queixa (PIZA e

AZEVEDO, 2013).

Além dos testes audiológicos já mencionados, a investigação das

características do zumbido é importante para a descrição do sintoma e para

orientação do paciente. As medidas da sensação de frequência e de intensidade do

zumbido são conhecidas como acufenometria ou medidas psicoacústicas

(BARREIRO, 2004).

Para complementar a avaliação detalhada, outros exames são

solicitados na rotina médica, como exames laboratoriais, exames de imagem para

afastar lesões retrococleares, pesquisa dos potenciais evocados auditivos de tronco

encefálico, emissões otoacústicas e eletrococleografia (AZEVEDO e PIZA, 2013).

2.5 MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO

Não existe um tratamento único que possa eliminar o zumbido por

completo, mas estratégias que possam ser utilizadas no intuito de minimizar ou

aliviar tal sintoma. A literatura aponta várias opções de tratamento: o uso de

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amplificação, mascaramento, estimulação elétrica, medicamentos, cirurgias,

acupuntura, terapia de habituação do zumbido (TRT), dentre outros (SILVA,

BANDINI e SOARES, 2007).

Para tratar o paciente com zumbido, é importante definir as causas do

incomodo e a incapacidade relacionada com ele (Figueiredo et. al. 2013). Os novos

tratamentos visam atuar sobre o sistema nervoso central, considerando a

reabilitação como possibilidade desejável. O objetivo é interferir sobre o grau de

incômodo e o impacto do zumbido na vida do paciente, fatores estes relacionados

com os fenômenos de neuroplasticidade e habituação (ONISHI, 2013).

Dentre as terapias não medicamentosas, a Terapia de Retreinamento do

Zumbido e Hipersensibilidade (Tinnitus Retraining Therapy – TRT) é reconhecida

como um dos tratamentos com melhores resultados descritos na literatura

(HOLDEFER, OLIVEIRA e VENOSA, 2010). A TRT criada por Pawel Jastreboff em

1990 baseia-se no modelo neurofisiológico do zumbido, com o objetivo de facilitar o

processo de habituação (habituação da reação e da percepção), e fundamenta-se

no esclarecimento (desmistificação do zumbido) e o enriquecimento sonoro, ao

longo de 18 meses.

O propósito não é abolir o zumbido, mas permitir que o indivíduo deixe

de percebê-lo e incomodar-se com ele, mediante o enfraquecimento das conexões

entre o sistema auditivo e os sistemas límbico e nervoso autônomo, responsáveis

pelo incômodo que caracteriza os zumbidos clinicamente significativos (KNOBEL,

BARREIRO e SANCHEZ, 2004).

Assim após o esclarecimento em que o significado negativo do zumbido

foi removido, o enriquecimento sonoro entrará como forma de chegar à habituação

da percepção. É importante considerar que a percepção auditiva fantasma tem sua

percepção completamente real e ainda, é praticamente impossível produzir um som

que seja igual à percepção que o paciente tem de seu zumbido. Desta forma, a

técnica não irá mascarar o zumbido, mas promover a habituação, por meio de

baixos níveis sonoros, que poderão ser oferecidos por meio de sons ambientais,

sons ambientais associados a uso de aparelho de amplificação sonora, ou, ainda,

através de geradores de som, dependendo se, associado à queixa de zumbido, o

paciente apresenta ou não déficit auditivo ou hipersensibilidade (RATES, 2013).

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3. MATERIAL E MÉTODO

Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso descritivo

exploratório de análise transversal e método estatístico.

Faz parte de um projeto intitulado "Avaliação de resultados em programa

de saúde auditiva", aprovado pelo Comitê de Ética Institucional sob número

CEP/UTP 046/2009.

A casuística foi formada por 5 indivíduos, que assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido.

Foram incluídos sujeitos com perda auditiva e com queixa de zumbido

bilateralmente, usuários da mesma marca e modelo de aparelho de amplificação

sonora com gerador de ruído em ambas as orelhas e em tratamento de habituação

há mais de 12 meses.

Para fins do estudo de caso, foram analisadas as seguintes variáveis:

a) Escala visual análoga (EVA) (Anexo A), para determinar o nível de

incomodo ou desconforto gerado pelo zumbido.

b) Questionário do Tinnitus Handicap Inventory – THI, adaptado para língua

portuguesa (Ferreira et al. 2005), (Anexo B), para avaliar as

consequências do zumbido, quantificando os déficits psicoemocionais e

funcionais provocados pelo sintoma.

Foram selecionados 5 sujeitos que enquadraram-se nos requisitos

mencionados, atendidos em 3 centros auditivos da mesma empresa, sendo destes,

1 sujeito atendido na cidade de Blumenau SC, 1 sujeito na cidade de Florianópolis

SC e 3 sujeitos na cidade Goiânia GO.

Os mesmos foram submetidos às avaliações pelo profissional

fonoaudiólogo responsável pelo seu tratamento. Primeiramente foi solicitado para o

paciente classificar o incômodo causado pelo zumbido anterior ao uso dos aparelhos

de amplificação combinado com gerador de ruído, por meio da EVA, e, em seguida

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caracterizar e quantificar o zumbido no momento atual do tratamento, por meio do

THI. Os dados obtidos, bem como as análises realizadas, estão relatados a seguir.

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4. DESCRIÇÃO DOS CASOS

CASO 1 - Paciente da cidade de Florianópolis SC, sexo masculino,

casado, 58 anos, gerente de empresa, foi encaminhado pelo otorrinolaringologista

para adaptação de aparelho auditivo devido alteração nos limiares auditivos e

zumbido. Sua avaliação audiológica concluiu perda auditiva neurossensorial de

configuração descendente bilateralmente. A queixa inicial foi de dificuldade de

compreensão de fala e zumbido contínuo similar ao som de um “apito” ou “assopro”

percebido em ambas as orelhas. Iniciou o tratamento com uso de amplificação e

gerador de ruído, já no primeiro mês relatou melhora significativa do incômodo do

zumbido. No decorrer dos meses foram realizados ajustes de diminuição da

intensidade do gerador de ruído e aumento de horas diárias de uso desta função.

Este paciente relatou melhora da percepção do zumbido após os 20 meses de

tratamento usando o gerador, porém atualmente tem momentos que voltou a

perceber o zumbido e desta forma utiliza somente o gerador de ruído nestas

situações para amenizar o incomodo.

CASO 2 - Paciente da cidade de Blumenau SC, sexo masculino, 65

anos, casado, aposentado, foi encaminhado pelo otorrinolaringologista para

adaptação de aparelho auditivo com gerador de ruído, como uma alternativa de

tratamento do zumbido, pois o mesmo apresentou na avaliação audiológica perda

auditiva restrita às frequências 6kz e 8kz bilateralmente, sem queixa de dificuldade

de percepção sonora, somente presença de zumbido contínuo similar ao som de

“grilo” em ambas as orelhas. No inicio do tratamento apresentava forte incômodo

com a percepção do zumbido. Foi otimizado neste momento o uso do gerador de

ruído sem amplificação, somente após 6 meses de tratamento devido solicitação e

diminuição do incômodo foi incluído a amplificação. Atualmente o paciente sente-se

muito satisfeito com o uso dos aparelhos auditivos com gerador, pois sentiu a

melhora e diminuição da percepção do zumbido, relata raramente percebê-lo e

somente em ambientes silenciosos.

CASO 3 - Paciente da cidade Goiânia GO, sexo feminino, 63 anos,

casada, aposentada, foi encaminhado pelo otorrinolaringologista para adaptação de

aparelho auditivo com gerador auditivo para tratamento de zumbido. Apresentou na

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avaliação perda auditiva restrita às frequências de 6kz e 8kz bilateralmente, e ainda

labirintopatia. A queixa principal era de zumbido tipo “chiado” continuamente. No

inicio do tratamento a mesma queixava-se de grave incômodo com o zumbido, fez

uso durante todo o período de tratamento de amplificação e gerador de ruído, com

diminuição da intensidade do ruído no decorrer dos meses. A mesma relatou

melhora do zumbido e também de equilíbrio, atualmente por própria decisão não faz

uso dos aparelhos auditivos, pois praticamente não percebe o incômodo, pois,

apresenta o sintoma eventualmente e somente em ambientes silenciosos.

CASO 4 - Paciente da cidade de Goiânia GO, sexo masculino, 50 anos,

casado, representante comercial, foi encaminhado pelo otorrinolaringologista para

adaptação de aparelho auditivo com gerador de ruído. Apresentou na avaliação

audiológica perda auditiva do tipo neurossensorial de grau leve e configuração

descendente bilateralmente, com queixa principal de zumbido em ambas as orelhas,

do tipo “panela de pressão”, percebendo com maior intensidade no período da

manhã. Informou apresentar anterior ao tratamento, forte incômodo com o zumbido.

No decorrer dos meses relatou melhora deste quadro e atualmente continua

utilizando os aparelhos auditivos com gerador de ruído, pois se sente confortável

devido à diminuição do incômodo, porém ainda caracteriza seu zumbido de forma

severa e sempre percebido.

CASO 5 - Paciente da cidade de Goiânia GO, sexo feminino, 75 anos,

casada, aposentada, foi encaminhada pelo otorrinolaringologista para primeira

adaptação de aparelho auditivo com gerador de ruído. A avaliação audiológica

constatou perda auditiva neurossensorial de grau leve e configuração descendente,

com queixa principal de zumbido intenso em ambas as orelhas do tipo “chiado”,

seguindo de leve dificuldade de compreensão de fala no ruído. Informou apresentar

severo zumbido anterior ao uso dos aparelhos auditivos, nos primeiros meses fez

uso dos aparelhos somente no modo gerador de ruído devido o grave incômodo com

o sintoma. No decorrer do tratamento passou a utilizar o modo combinado de

amplificação e gerador de ruído. Atualmente refere significativa melhora na

percepção, pois praticamente não percebe o zumbido, desta maneira não faz uso

contínuo do gerador de ruído somente de amplificação, porém quando sente

incômodo e necessidade de amenizá-lo faz uso do gerador.

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Abaixo tabelas com os resultados das avaliações referentes à percepção

do paciente sobre o incômodo com o zumbido anterior ao tratamento por meio da

(EVA) e a percepção atual do tratamento por meio do questionário (THI):

Tabela 1 - Caracterização da amostra de acordo com o tipo de zumbido

Tabela 2 - Caracterização da amostra de acordo com o protocolo EVA anterior ao tratamento

Tabela 3 - Caracterização da amostra de acordo com o protocolo THI tratamento atual

Paciente Idade Gênero Tipo de zumbido

1. 58 anos Masculino Apito

2. 65 anos Masculino Grilo

3. 63 anos Feminino Chiado

4. 50 anos Masculino Panela de Pressão

5. 75 anos Feminino Chiado

Paciente Idade Tipo do zumbido EVA

1. 58 anos Apito 7

2. 65 anos Grilo 9

3. 63 anos Chiado 10

4. 50 anos Panela de Pressão 9

5. 75 anos Chiado 9

Paciente Idade Profissão THI

1. 58 anos Gerente de Empresa Moderado - Grau 3

2. 65 anos Aposentado Ligeiro - Grau 1

3. 63 anos Aposentado Ligeiro - Grau 1

4. 50 anos Representante Comercial Severo - Grau 4

5. 75 anos Aposentado Ligeiro - Grau 1

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Tabela 4 - Caracterização da amostra com relação ao tempo de tratamento e o protocolo THI

Paciente Idade Tempo de Tratamento THI

1. 58 anos 20 meses Moderado - Grau 3

2. 65 anos 13 meses Ligeiro - Grau 1

3. 63 anos 24 meses Ligeiro - Grau 1

4. 50 anos 24 meses Severo - Grau 4

5. 75 anos 25 meses Ligeiro - Grau 1

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5. DISCUSSÃO

Os casos apresentados neste trabalho são de 5 diferentes indivíduos,

encaminhados pelo otorrinolaringologista para uso de prótese auditiva convencional

combinada com gerador de ruído, como forma de tratamento de zumbido. Os

mesmos submetidos a um período de uso superior a 12 meses, em que

classificaram a percepção do sintoma anterior ao tratamento e após o período de

uso dos aparelhos auditivos.

A média de idade dos pesquisados foi de 62,2 anos, sendo a mínima

de 50 anos e a máxima de 75 anos. Figueiredo e Azevedo (2013) descreveram que

o zumbido pode acometer pessoas de todas as faixas etárias, porém é na população

adulta e idosa que o sintoma tem maior prevalência.

Todos os pesquisados possuem alteração auditiva, mesmo que restrita

às frequências altas. A literatura explica que é comum a associação entre perda

auditiva e presença de zumbido em função de lesão nas células ciliadas.

A maior ocorrência do sintoma de zumbido está relacionada a lesões

periféricas iniciais às quais se seguem alterações neuroplásticas centrais. Cerca de

90% dos casos de zumbido estão associados à alteração na audiometria

convencional, número que pode ser ainda maior, quando considerado as avaliações

de emissões otoacústicas e audiometria de alta frequência (FIGUEIREDO e

PENIDO, 2013).

Dos 5 casos apresentados, conforme apresentado na tabela n° 1 os

tipos de zumbido descritos foram: tipo chiado em 2 casos, apito em 1 caso, grilo em

1 caso e panela de pressão em 1 caso. Estes resultados vão ao encontro com a

literatura, que descreve os zumbidos do tipo chiado e apito como os mais comuns

caracterizados pelos pacientes, com uma proporção de incidência em media de 46%

dos casos, seguidos dos tipos panela de pressão e grilo (FIGUEIREDO e

AZEVEDO, 2013).

Todos os indivíduos caracterizaram o seu zumbido como significativo e

incômodo, porém, conforme descrição da tabela n° 2 o resultado da EVA apresentou

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diferentes respostas, entre 7 a 10, sendo a quantificação 9 com maior ocorrência.

Nesta avaliação o paciente precisa atribuir uma nota de 0 a 10 para quantificar o

volume e incômodo do zumbido (FIGUEIREDO, AZEVEDO e OLIVEIRA, 2009).

Pinto, Sanchez e Tomita (2010), descrevem que pacientes com queixa

de zumbido podem apresentar graus de incômodo variados com o sintoma, tendo

maior ou menor impacto em sua qualidade de vida. O que pode interferir é a

intensidade do sinal do zumbido e o incômodo que ele provoca na vida do paciente.

Na tabela n°3 os indivíduos de 50 anos e 58 anos apresentaram piores

resultados no THI, foram observadas duas características comuns nas descrições

destes casos: vida profissional ativa e perda auditiva neurossensorial descendente.

Diante destes aspectos, poderíamos mencionar a particularidade de cada paciente,

perda auditiva neurossensorial e possível estresse causado pelo cotidiano como

fatores agravantes do zumbido.

Rosa et al. (2012) em seu estudo de revisão de literatura sobre zumbido

e ansiedade, descreveram que existe um vínculo entre o zumbido e problemas

emocionais, mas nem sempre é fácil identificar o precursor. Os autores ainda

mencionaram que pacientes acometidos pelo zumbido apresentam maior tendência

ao suicídio, depressão e ansiedade.

Conforme tabela n°4 o tempo de tratamento dos pesquisados foi de 13,

20, 24 e 25 meses, observamos que o aumento de tempo de tratamento não

apresentou estar relacionado a melhores respostas do THI.

Segundo as descrições dos casos, alguns pacientes sentiram melhora

do sintoma já nos primeiros meses, e, nos casos que ultrapassaram 18 meses, os

mesmos continuaram fazendo uso dos aparelhos auditivos e sentindo alívio do

sintoma. Assim, pode-se observar que o beneficio do tratamento de habituação pode

ocorrer em um período inferior a 6 meses, porém, em determinados casos pode ser

prolongado para um período indeterminado, dependendo da percepção do incômodo

individual em cada caso.

Parazzini et. al. (2011) comparam o efeito da utilização de próteses

auditivas e geradores de som na redução do incômodo com o zumbido ao longo do

tempo (três, seis e 12 meses) e observaram que a melhora do zumbido aconteceu

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progressivamente a partir do terceiro mês, sem diferença entre os grupos. Referiram

não ser necessário mais tempo de uso para mostrar a superioridade do modo

combinado em relação à adaptação simples.

Santos et al. (2012) afirmam em seu estudo, que o uso combinado de

amplificação e gerador de som para o alivio do incômodo com zumbido pareceu ser

mais eficiente do que a amplificação pura. Sweetow e Sabes (2010), também

mencionaram os benefícios desta combinação, que permite ao mesmo tempo alivio

para alguns pacientes com zumbido, diminuindo o incomodo deste sintoma.

De modo geral as informações relatadas, apontaram a melhora do

sintoma e beneficio com o tempo de tratamento variável. Desta forma, demonstrou-

se a importância de considerar as particularidades de cada caso, o

acompanhamento e aconselhamento profissional no período de tratamento, bem

como, a importância de outros tratamentos conjuntos que visam à melhora do

sintoma e saúde geral dos indivíduos.

Rodrigues et. al. (2014) em pesquisa na área da psicologia, concluíram

que o zumbido influencia a vida dos pacientes em aspectos físicos e emocionais,

sendo que a intervenção com o relaxamento progressivo revelou respostas

satisfatórias como alterações na percepção e nos sintomas de estresse.

Onishi (2013) complementa a necessidade da associação de vários

profissionais além do otorrinolaringologista, como fonoaudiólogos, fisioterapeutas,

psicólogos, psiquiatras, neurologistas, neurofisiologistas, odontólogos, entre outros,

em um exercício multi e interprofissional como o objetivo de incorporar ideias e

quebrar paradigmas, com a finalidade de um modo diferente de abordar e tratar o

sintoma.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os dados coletados neste estudo, foi observado que

houve diferentes resultados em cada tratamento, sendo alguns pacientes com

melhor resposta do que outros. Porém, independente desta diferença, todos

relataram que sentiram melhora e alívio do sintoma zumbido com o uso do gerador

de ruído combinado com a amplificação. Além disso, notou-se a importância do

aconselhamento e acompanhamento profissional, envolvimento de outros

profissionais, maiores estudos sobre a efetividade deste tipo de tratamento,

padronização de avaliação e processo terapêutico.

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ANEXOS

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ANEXO A – ESCALA VISUAL ANALÓGICA (EVA)

Pede-se para o paciente atribuir uma nota de 0 a 10 para o seu zumbido, com o auxílio de uma régua apropriada. A avaliação deve ser feita com relação a volume e incômodo (FIGUEIREDO, AZEVEDO e OLIVEIRA, 2009).

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ANEXO B - QUESTIONÁRIO DE HANDICAP DO ZUMBIDO (THI)