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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE MECÂNICA ENGENHARIA MECÂNICA RELANDER MARTINS ESTUDO EXPERIMENTAL DA FLUIDODINÂMICA A FRIO DE PARTÍCULAS DE CARVÃO MINERAL E AREIA EM LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PONTA GROSSA 2014

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE MECÂNICA

ENGENHARIA MECÂNICA

RELANDER MARTINS

ESTUDO EXPERIMENTAL DA FLUIDODINÂMICA A FRIO DE PARTÍCULAS DE

CARVÃO MINERAL E AREIA EM LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PONTA GROSSA

2014

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RELANDER MARTINS

ESTUDO EXPERIMENTAL DA FLUIDODINÂMICA A FRIO DE PARTÍCULAS DE

CARVÃO MINERAL E AREIA EM LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica, do Departamento Acadêmico de Mecânica, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Jhon Jairo Ramirez Behainne

PONTA GROSSA

2014

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Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Campus Ponta Grossa Diretoria de Graduação e Educação Profissional

Departamento Acadêmico de Mecânica Bacharelado em Engenharia Mecânica

TERMO DE APROVAÇÃO

ESTUDO EXPERIMENTAL DA FLUIDODINÂMICA A FRIO DE PARTÍCULAS DE

CARVÃO MINERAL E AREIA EM LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE

por

RELANDER MARTINS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado em 13 de fevereiro de 2014

como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia

Mecânica. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos

professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou

o trabalho aprovado.

________________________________________ Prof. Dr. Jhon Jairo Ramirez Behainne

Orientador

________________________________________ Prof. Dr. Luiz Eduardo Melo Lima

Membro Titular

________________________________________ Profa. Dra. Maria Regina Parise

Membro Titular

______________________________ ______________________________ Prof. Dr. Luiz Eduardo Melo Lima Prof. Dr. Thiago Antonini Alves

Responsável pelos Trabalhos de Conclusão de Curso

Coordenador do Curso de Engenharia Mecânica

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para

a realização desse trabalho, de modo especial:

Ao Prof. Dr. Jhon Jairo Ramirez Behainne que me orientou, ensinou e

ajudou em todos os momentos, sempre com muita dedicação e sabedoria, e

esteve sempre disponível para esclarecer dúvidas e mostrar o caminho a

seguir.

Ao Prof. Dr. Ivanir Luiz de Oliveira que deixou disponível o Laboratório

de Fundição (CETEM) para a realização dos testes experimentais.

À Carbonífera Cambuí Ltda/PR pela doação do carvão mineral para ser

utilizado nos testes experimentais.

Ao SENAI de Ponta Grossa que peneirou a areia a ser utilizada nos

testes experimentais.

Ao colega Adinaldo Valaszek que sempre ajudou nos testes

experimentais e na adequação da matéria-prima.

Ao colega Andrel de Souza Pecete que colaborou na adequação da

matéria-prima para a realização dos testes experimentais.

Aos professores do curso de Engenharia Mecânica, da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, campus Ponta Grossa, que tornaram possível

a realização dessa conquista.

À minha família e amigos, que sempre incentivaram e deram apoio em

todos os momentos dessa jornada.

A Deus, que sempre está comigo, dando força e me protegendo todos

os dias.

Aos demais, não mencionados, porém também importantes, que

colaboraram de forma direta ou indireta e estiveram presentes nessa conquista.

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RESUMO

MARTINS, Relander. Estudo experimental da fluidodinâmica a frio de partículas de carvão mineral e areia em leito fluidizado circulante. 2014. 103f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado Engenharia Mecânica) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2014.

Sistemas de leito fluidizado circulante representam uma tecnologia amplamente difundida em países desenvolvidos, com a qual se pode melhorar o aproveitamento de recursos energéticos em processos de conversão termoquímica, tais como combustão, gaseificação e pirólise. Entre os combustíveis com elevado potencial de aplicação neste sistema, tem-se o carvão mineral, um recurso relativamente pouco utilizado no Brasil em virtude das suas propriedades físico-químicas, disponibilidade concentrada apenas na região sul e o atraso na implantação de tecnologias mais modernas capazes de proporcionar uma combustão mais eficiente e com menor impacto ambiental. Na tarefa de otimizar o processo de combustão é essencial conhecer, mesmo em condições a frio, o comportamento fluidodinâmico da mistura gás-sólido no interior do sistema, uma vez que este determina as características dos fenômenos de transferência de calor e de massa durante a conversão do combustível. Assim, o presente trabalho analisou os perfis da perda de pressão a frio de um leito fluidizado de escala laboratorial, alimentado com partículas de carvão mineral e areia quartzosa sob várias situações de operação. Um planejamento fatorial 22 em duplicata foi utilizado nos testes experimentais, totalizando oito testes, tendo como fatores controlados o inventário total de sólidos com os níveis de 3,5 kg e 5 kg e a relação mássica de mistura nos níveis de 5% e 10%. Durante os testes, a velocidade de fluidização foi mantida em 4 m/s na base do riser. Os resultados experimentais são comparados com simulações realizadas a partir de um modelo matemático semi-empírico desenvolvido em trabalhos anteriores, utilizando o software EES®. Operando o sistema com 5 kg foi verificado que o aumento da relação de mistura provoca um aumento da pressão estática no circuito, devido ao maior atrito das partículas sólidas com as paredes do sistema. Já para o inventário de sólidos de 3,5 kg, o efeito verificado na pressão estática pelo acréscimo da relação mássica de mistura foi menos evidente. O desvio obtido entre os resultados experimentais e os simulados no modelo foi considerado aceitável em todos os componentes, apresentando valores inferiores a 10% na região da válvula L. Adicionalmente, ao inserir um transdutor de pressão de resposta rápida na região inferior do riser foi avaliada a flutuação de pressão em função do tempo, obtendo-se também resultados consistentes. Uma análise estatística foi realizada com os dados de pressão obtidos pelo transdutor, a fim de estabelecer a magnitude e a relevância dos efeitos provocados pelas variáveis controladas.

Palavras-chave: Carvão mineral, leito fluidizado circulante, fluidodinâmica, escoamento gás-sólido.

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ABSTRACT

MARTINS, Relander. Experimental study of the cold fluid dynamics of mineral coal and sand particles in circulating fluidized bed. 2014. 103f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Mecânica) - Federal University of Technology - Parana. Ponta Grossa, 2014.

Circulating fluidized bed systems represent a technology widespread in developed countries, which can improve the utilization of energetic resources in thermochemical conversion processes, such as combustion, gasification and pyrolysis. Mineral coal is among the fuels with high potential of application in this system. However, in Brazil, using mineral coal is limited due to its physicochemical properties, availability just concentrated in the south region and delay in the deployment of modern technologies, that could provide a more efficient combustion with less environmental impact. For optimizing the combustion process in fast bed systems, it is always necessary to know the fluid dynamics behavior of the gas-solid mixture, even in cold conditions, once it determines the characteristics of the phenomena of heat and mass transfer during the fuel conversion. The present work analyzes the pressure drop profile in cold conditions of a circulating fluidized bed in bench scale, which was fed with mixtures of mineral coal particles and quartz sand under various operating conditions. A factorial planning 22 with replications was utilized for programming the eight experimental tests, which had as controlled factors the total inventory of solids at levels of 3,5 kg and 5 kg and the mass mixing ratio at levels of 5% and 10%. During the tests, the fluidizing velocity was maintained in 4 m/s at the riser base. The experimental tests are compared with simulations obtained from a semi-empiric mathematical model developed in previous works in the EES® software. Results showed that operating the system with 5 kg and increasing the mixture ratio causes an increase in static pressure in the loop, due to the high friction of the particles with the system walls. On the other hand, when used a solids inventory of 3,5 kg, the effect checked in static pressure for increasing of the mixing ratio was less evident. The deviation obtained between experimental results and simulated in the model was considered acceptable in all components, showing values below 10% in the valve L region. Additionally, when a rapid response transducer was inserted in the lower region of the riser the pressure fluctuation in function of the time showed satisfactory results also. A statistical analysis was performed for the pressure data obtained from the transducer in order to determine the magnitude and relevance of the effects caused by the controlled variables.

Keywords: Mineral coal, circulating fluidized bed, fluid dynamics, gas-solid flow.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - ESQUEMA SIMPLIFICADO DE UMA CALDEIRA DE LEITO FLUIDIZADO

CIRCULANTE. ................................................................................................ 27

FIGURA 2 - DIAGRAMA SIMPLIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO DE PARTÍCULAS PARA

FLUIDIZAÇÃO GÁS-SÓLIDO. ............................................................................ 29

FIGURA 3 - REGIMES DE FLUIDIZAÇÃO EM SISTEMAS DE LEITO FLUIDIZADO. .............. 34

FIGURA 4 - DIAGRAMA DOS REGIMES DE FLUIDIZAÇÃO EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE

RELATIVA GÁS-PARTÍCULA. ............................................................................ 35

FIGURA 5 - (A) E (B) EFEITO DA VELOCIDADE SUPERFICIAL DO GÁS E DO FLUXO DE

RECIRCULAÇÃO DOS SÓLIDOS PARA A FRAÇÃO DE VAZIO AO LONGO DO EIXO

VERTICAL DE UM RISER. (A) E (C) EFEITO DO INVENTÁRIO DE PARTÍCULAS NO

STANDPIPE PARA ESTUDO DA POROSIDADE NO RISER. ...................................... 37

FIGURA 6 – PERFIL AXIAL DA POROSIDADE DO LEITO OPERANDO COM PARTÍCULAS DE

FCC PARA DIFERENTES INVENTÁRIOS DE SÓLIDOS. ......................................... 38

FIGURA 7 - (A) PERFIL DE POROSIDADE E DISTÂNCIA DO EIXO CENTRAL; (B)

VELOCIDADE DE PARTÍCULAS E DISTÂNCIA NA DIREÇÃO RADIAL. ........................ 39

FIGURA 8 - PERFIL DE PRESSÃO NO “LOOP” DE UM LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE. ... 39

FIGURA 9 - FLUIDIZAÇÃO DE UMA MISTURA DE DOIS COMPONENTES. ........................ 43

FIGURA 10 – DIMENSÕES PRINCIPAIS DO CIRCUITO DE FLUIDIZAÇÃO. ....................... 46

FIGURA 11 – ESQUEMA DO CIRCUITO DE FLUIDIZAÇÃO. .......................................... 47

FIGURA 12 – ESQUEMA DO CICLONE DO CIRCUITO DE LFC. .................................... 49

FIGURA 13- DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DA UNIDADE DE FLUIDIZAÇÃO NO EES. .......... 82

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

FOTOGRAFIA 1 – VISTA GERAL DA UNIDADE DE FLUIDIZAÇÃO RÁPIDA A FRIO. ............ 45

FOTOGRAFIA 2 - DISPOSITIVO CÔNICO INFERIOR ACOPLADO AO RISER. .................... 48

FOTOGRAFIA 3 - CICLONE SEPARADOR DE SÓLIDOS. .............................................. 50

FOTOGRAFIA 4 – FILTRO DE MANGAS. ................................................................... 50

FOTOGRAFIA 5 - VÁLVULA DE RETORNO DE SÓLIDOS DO TIPO "L". ........................... 51

FOTOGRAFIA 6 - SISTEMA DE FORNECIMENTO DE AR DE FLUIDIZAÇÃO. ..................... 52

FOTOGRAFIA 7 - POSICIONAMENTO DA PLACA DE ORIFÍCIO ENTRE FLANGES. ............ 53

FOTOGRAFIA 8 - CONFIGURAÇÃO DA LINHA DE AR DE AERAÇÃO. .............................. 54

FOTOGRAFIA 9 - PAINEL DE MANÔMETROS DO TIPO U, JUNTAMENTE COM O SISTEMA DE

AERAÇÃO. .................................................................................................... 55

FOTOGRAFIA 10 – COMPONENTES DO SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS COM

TRANSDUTOR DE PRESSÃO. ........................................................................... 56

FOTOGRAFIA 11 - TERMORESISTOR PT-100 E INDICADOR DE TEMPERATURA. .......... 56

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - PERFIL AXIAL DE PRESSÃO PARA INVENTÁRIO DE SÓLIDOS DE 3,5 KG E

RELAÇÃO DE MISTURA VARIÁVEL. ................................................................... 69

GRÁFICO 2 - PERFIL AXIAL DE PRESSÃO PARA INVENTÁRIO DE SÓLIDOS DE 5 KG E

RELAÇÃO DE MISTURA VARIÁVEL. ................................................................... 70

GRÁFICO 3 - PERFIL AXIAL DE PRESSÃO PARA RELAÇÃO MÁSSICA DE MISTURA DE 5 % E

INVENTÁRIO DE SÓLIDOS VARIÁVEL. ................................................................ 71

GRÁFICO 4 - PERFIL AXIAL DE PRESSÃO PARA RELAÇÃO MÁSSICA DE MISTURA DE 10 %

E INVENTÁRIO DE SÓLIDOS VARIÁVEL. ............................................................. 72

GRÁFICO 5 - PRESSÃO ESTÁTICA MÉDIA NA TOMADA DE PRESSÃO RS-01 PARA UM

INVENTÁRIO DE SÓLIDOS 5 KG E RELAÇÃO DE MISTURA DE 10%. ....................... 74

GRÁFICO 6 - PRESSÃO ESTÁTICA MÉDIA NA TOMADA DE PRESSÃO RS-01 PARA UM

INVENTÁRIO DE SÓLIDOS 5 KG E RELAÇÃO DE MISTURA DE 5%. ......................... 74

GRÁFICO 7 - PRESSÃO ESTÁTICA MÉDIA NA TOMADA DE PRESSÃO RS-01 PARA UM

INVENTÁRIO DE SÓLIDOS 3,5 KG E RELAÇÃO DE MISTURA DE 10%. .................... 75

GRÁFICO 8 - PRESSÃO ESTÁTICA MÉDIA NA TOMADA DE PRESSÃO RS-01 PARA UM

INVENTÁRIO DE SÓLIDOS 3,5 KG E RELAÇÃO DE MISTURA DE 5%. ...................... 76

GRÁFICO 9 – MÉDIA E DESVIO PADRÃO DA PRESSÃO ESTÁTICA NA TOMADA DE

PRESSÃO RS-01 PARA OS OITO TESTES EXPERIMENTAIS, COM A UTILIZAÇÃO DO

TRANSDUTOR DE PRESSÃO. ........................................................................... 77

GRÁFICO 10 – DIAGRAMA DE PARETO PARA ANÁLISE DA VARIÁVEL MÉDIA DE PRESSÃO

ESTÁTICA EM RS-01. EFEITO PADRONIZADO. .................................................. 78

GRÁFICO 11 – SUPERFÍCIE DE RESPOSTA PARA A MÉDIA DE PRESSÃO ESTÁTICA EM

RS-01. ........................................................................................................ 79

GRÁFICO 12 – DIAGRAMA DE PARETO PARA ANÁLISE DO DESVIO PADRÃO DE PRESSÃO

ESTÁTICA EM RS-01. EFEITO PADRONIZADO. .................................................. 80

GRÁFICO 13 – SUPERFÍCIE DE RESPOSTA PARA O DESVIO PADRÃO DE PRESSÃO

ESTÁTICA EM RS-01. .................................................................................... 81

GRÁFICO 14 - INVENTÁRIO DE SÓLIDOS FIXO EM 3,5 KG, COM RELAÇÃO MÁSSICA DE 5%

(A) E RELAÇÃO DE MISTURA DE 10% (B).......................................................... 83

GRÁFICO 15 - INVENTÁRIO DE SÓLIDOS FIXO EM 5 KG, COM RELAÇÃO MÁSSICA DE 5%

(A) E RELAÇÃO DE MISTURA DE 10% (B).......................................................... 84

GRÁFICO 16 – COMPARAÇÃO DO PERFIL AXIAL DE PRESSÃO PARA INVENTÁRIO DE

SÓLIDOS DE 5 KG RELAÇÃO MÁSSICA DE MISTURA DE 5 % COM CARVÃO E

SERRAGEM E SOMENTE CARVÃO. ................................................................... 85

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DO CARVÃO MINERAL. ................................................. 24

TABELA 2 - CARACTERÍSTICAS DISTINTIVAS DOS QUATRO GRUPOS DE PARTÍCULAS

SEGUNDO GELDART. ..................................................................................... 30

TABELA 3 - ESFERICIDADE DE ALGUNS MATERIAIS. ................................................. 33

TABELA 4 – PROPRIEDADES DAS PARTÍCULAS CONSTITUINTES DO LEITO .................. 58

TABELA 5 - DIMENSÕES DO LFC IMPOSTAS AO MODELO FLUIDODINÂMICO. ............... 59

TABELA 6 - MODELO MATEMÁTICO OPERACIONAL DO SISTEMA DE LEITO FLUIDIZADO

CIRCULANTE CONSIDERADO NESTE TRABALHO, PARTE RISER. ........................... 60

TABELA 7 - MODELO MATEMÁTICO OPERACIONAL DO SISTEMA DE LEITO FLUIDIZADO

CIRCULANTE CONSIDERADO NESTE TRABALHO, PARTE STANDPIPE E VÁLVULA L.. 60

TABELA 8 - MODELO MATEMÁTICO OPERACIONAL DO SISTEMA DE LEITO FLUIDIZADO

CIRCULANTE CONSIDERADO NESTE TRABALHO, PARTE CICLONE. ....................... 61

TABELA 9 - MODELO MATEMÁTICO OPERACIONAL DO SISTEMA DE LEITO FLUIDIZADO

CIRCULANTE CONSIDERADO NESTE TRABALHO, PARTE BALANÇO DE PRESSÃO E

INVENTÁRIO. ................................................................................................ 62

TABELA 10 - MATRIZ DE PLANEJAMENTO DOS EXPERIMENTOS. ................................ 63

TABELA 11 - COEFICIENTES DE CONTRASTE ENTRE AS VARIÁVEIS. .......................... 64

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LISTA DE ABREVIATURAS

BL Bloco

CO Compressor

PO-J Tomada de pressão a jusante da placa de orifício

PO-M Tomada de pressão a montante da placa de orifício

PU Poliuretano

RS Tomada de pressão do riser

SO Soprador

SP Tomada de pressão do standpipe

VA Válvula agulha

VA-D Válvula diafragma

VA-G Válvula gaveta

VA-E Válvula esfera

VAL-L Tomada de pressão da válvula L

VL Válvula L (SIGLA)

VL-V Perna vertical da válvula L

VL-H Perna horizontal da válvula L

VRP Válvula reguladora de pressão

ROT Rotâmetro

LISTA DE SIGLAS

EES Engineering equation solver

FCC Fluid catalytic cracking

LFC Leito fluidizado circulante

LFR Leito fluidizado rápido

PCI Poder calorífico inferior

PVC Cloreto de polivinila

UFRAF Unidade de fluidização rápida a frio

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LISTA DE SÍMBOLOS

a Maior intercepto (comprimento do sólido) [m]

ad Coeficiente de decaimento da porosidade do leito

Ar Número de Arquimedes [-]

Arvl Número de Arquimedes para a válvula L [-]

Asit Área interna total do ciclone [m2]

Aw Área superficial interna de clarificação [m2]

Ac Parâmetro geométrico ciclone [m]

B Parâmetro geométrico ciclone [m]

b Maior intercepto normal a “a” (espessura do sólido) [m]

c Maior intercepto normal a “a” e “b” (largura do sólido) [m]

Ce Concentração de sólidos na suspensão gás partícula [-]

Clim Concentração limite superior de sólidos [-]

D Diâmetro interno da tubulação [m]

dc Diâmetro do menor círculo circunscrito ao sólido [m]

Dc Diâmetro do ciclone [m]

de Diâmetro de uma esfera de mesmo volume da partícula [m]

dec Diâmetro do maior círculo circunscrito ao sólido [m]

decg Diâmetro de corte geral para o ciclone [m]

dins Diâmetro do maior círculo inscrito ao sólido [m]

di Abertura média entre peneiras inferior e superior [m]

dinc Diâmetro de corte do fluxo principal no ciclone [m]

dm Diâmetro médio [m]

Dr Diâmetro interno da coluna riser [m]

Ds Diâmetro de Sauter [m]

dsc Diâmetro de corte do fluxo secundário no ciclone [m]

dp Diâmetro da partícula [m]

dsv Diâmetro médio de Sauter para mistura [m]

E Taxa de circulação de sólidos em sentido ascendente [kg/m2.s]

F Parâmetro geométrico ciclone [m]

f0 Coeficiente de atrito para o escoamento do gás sem sólidos [-]

fw Coeficiente de atrito do escoamento gás-sólido [-]

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g Aceleração gravitacional [9,8 m/s2]

Gs Taxa de recirculação de sólidos [kg/m2.s]

Gsvl Taxa de recirculação de sólidos no standpipe [kg/m2.s]

H Altura da base do riser até o ponto de saída para o ciclone [m]

Hi Altura de inflexão do perfil de porosidade [m]

Hsr Altura da entrada dos sólidos recirculados [m]

I Inventario de sólidos [kg]

Is Inventário total de sólidos no sistema [kg]

Isr Inventário de sólidos no riser [kg]

Isv Inventário de sólidos na válvula L e no standpipe [Pa]

IT Inventário total de sólidos [kg]

Kt Fator de correção da velocidade terminal [-]

Kti Fator de correção inferior [-]

Kts Fator de correção superior [-]

La Altura da entrada de aeração da válvula L [m]

Lad Distância entre o ponto de aeração e a descarga de sólidos [m]

Ldc&lv Comprimento disponível para o standpipe e válvula L [m]

Lhvl Comprimento da perna horizontal da válvula L [m]

Lsl Comprimento máximo disponível para standpipe e válvula L [m]

Lsp Comprimento do standpipe [m]

Lsvl Altura da coluna de sólidos acima do ponto de aeração na válvula

L [m]

Lvas Comprimento da válvula de amostragem [m]

Lvvl Altura de sólidos na perna vertical da válvula L [m]

Mc Índice de mistura dos componentes, ⁄

Mp Massa das partículas [kg]

M Diâmetro do standpipe e válvula L [m]

mareia Massa de areia [kg]

mcarvão Massa de carvão [kg]

ms Massa dos sólidos dentro do leito [kg]

av Aeração da válvula L [kg/s]

sc Quantidade de sólidos escapando do gás na saída do ciclone

[kg/s]

ssp Descarga de sólidos no standpipe [kg/s]

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N Parâmetro geométrico ciclone [m]

nin Eficiência de captura no ciclone [-]

nlim Eficiência de captura no ciclone [-]

ntot Eficiência total do ciclone [-]

Q Vazão de gás que ingressa no ciclone [m3/s]

r2 Raio na meia altura do ciclone [m]

rch Razão de choking [-]

re Raio até o centro da entrada de sólidos no cilone [m]

Rs Razão de reciclagem interna de sólidos no topo do riser [-]

Re Número de Reynolds [-]

Remf Número de Reynolds na condição de mínima fluidização [-]

Rm Relação de mistura [%]

s Erro padrão [%]

S Parâmetro geométrico do ciclone [m]

Tb Temperatura média do escoamento gás sólido [°C]

tcalc Altura das barras do diagrama de Pareto [-]

tTab Valor a partir do qual os efeitos são significativos [-]

u Velocidade de fluidização [m/s]

u2 Velocidade tangencial na altura média do ciclone [m/s]

ua Velocidade tangencial no raio externo do ciclone [m/s]

uan Velocidade de descida dos sólidos na região anular do riser [m/s]

uci Velocidade do gás na saída do ciclone [m/s]

uch Velocidade de choking [m/s]

ue Velocidade no eixo central da entrada do ciclone [m/s]

ui Velocidade tangencial no raio interno do tubo de saída do gás

[m/s]

umf Velocidade de mínima fluidização [m/s]

umvl Velocidade máxima dos sólidos no standpipe [m/s]

us Velocidade de deslizamento [m/s]

ut Velocidade terminal das partículas [m/s]

uT0 Velocidade do gás [m/s]

utr Velocidade de transporte das partículas no riser [m/s]

uvl Velocidade real dos sólidos no standpipe [m/s]

V Volume do leito [m3]

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Vec Volume da esfera circunscrita [m3]

VL Volume do leito [m3]

Vp Volume dos sólidos [m3]

Vs Volume de sólidos [m3]

Variância experimental [-]

xareia Fração mássica de areia [-]

xcarvão Fração mássica de carvão [-]

xi Fração mássica de partículas retidas em peneiras [kg]

Respostas obtidas pelo planejamento fatorial [-]

z Função de redução de velocidade

Ze Aceleração centrífuga no ciclone [m/s2]

w Taxa de circulação de sólidos em sentido descendente [kg/m2.s]

LETRAS GREGAS

∆Pc Variação de pressão no ciclone [Pa]

∆Pe Perda de pressão no duto de saída do gás [Pa]

∆Pf Perda de pressão no compartimento de separação [Pa]

∆Psp Variação de pressão no standpipe [Pa]

∆Pr Variação de pressão no para toda extensão do riser [Pa]

∆Psr Variação de pressão no riser, acima da recirculação de sólidos

[Pa]

∆Pvl Variação de pressão na válvula L [Pa]

α Coeficiente de contração [-]

β Razão entre a largura da entrada do ciclone e o diâmetro do

ciclone [-]

ε Fração de vazio [-]

εa Porosidade média no fundo do riser [-]

εch Porosidade de choking [-]

εd Porosidade média na seção diluída do riser [-]

εh Porosidade no topo do riser [-]

εmf Porosidade do leito livremente embalado [-]

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ρeff Densidade média efetiva da mistura [kg/m3]

ρB Densidade a granel das partículas, ou de leito empacotado [kg/m3]

ρf Massa específica do fluido [kg/m3]

ρg Massa específica do gás fluidizante [kg/m3]

ρp Densidade da partícula [kg/m3]

ρs Densidade das partículas sólidas [kg/ m3]

μg Viscosidade dinâmica do gás fluidizante [kg/m.s]

Velocidade média dos gases no tubo de saída [m/s]

Φ Esfericidade da partícula [-]

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 18

1.1. PROBLEMA ...................................................................................................... 20

1.2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 20

1.3. OBJETIVOS ....................................................................................................... 21

1.3.1. OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 21

1.3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 22

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 23

2.1. CARVÃO MINERAL ........................................................................................... 23

2.2. LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE ................................................................... 25

2.2.1. COMPONENTES E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA LFC .......................... 26

2.3. FLUIDODINÂMICA DO LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE .............................. 28

2.3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PARTÍCULA ............................................................ 28

2.3.2. REGIMES DE FLUIDIZAÇÃO ......................................................................... 34

2.3.3. CARACTERÍSTICAS DO REGIME DE FLUIDIZAÇÃO RÁPIDA ..................... 36

2.3.4. FLUIDODINÂMICA DE MISTURAS ................................................................ 40

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 44

3.1. DESCRIÇÃO DA UNIDADE DE FLUIDIZAÇÃO A FRIO ..................................... 44

3.1.1. CARACTERÍSTICAS DA UNIDADE DE FLUIDIZAÇÃO A FRIO ..................... 45

3.2. PARTÍCULAS CONSTITUINTES DO LEITO ...................................................... 57

3.3. MODELO MATEMÁTICO ................................................................................... 58

3.4. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL .................................................................. 62

3.4.1. TRATAMENTO DOS RESULTADOS .............................................................. 66

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 68

4.1. RESULTADOS EXPERIMENTAIS ..................................................................... 68

4.1.1. EFEITO DA RELAÇÃO DE MISTURA ............................................................ 68

4.1.2. EFEITO DO INVENTÁRIO DE SÓLIDOS ........................................................ 70

4.2. MEDIDAS DE PRESSÃO COM TRANSDUTOR DE RESPOSTA RÁPIDA ......... 73

4.3. COMPARAÇÃO COM O MODELO MATEMÁTICO ............................................ 81

4.3.1. VALIDAÇÃO DO MODELO MATEMÁTICO .................................................... 83

4.4. COMPARAÇÃO COM TRABALHOS ANTERIORES .......................................... 84

5. CONCLUSÕES ................................................................................................... 86

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 88

APÊNDICE A – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ................................................ 92

APÊNDICE B – TESTES EXPERIMENTAIS ............................................................ 102

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1. INTRODUÇÃO

A energia é um assunto de destaque em todo o mundo, principalmente

nos países desenvolvidos que dependem da queima de combustíveis fósseis

para a geração de energia elétrica. Atualmente, esforços são realizados pela

maioria dos países para reduzir os impactos ambientais produzidos pela

utilização desses combustíveis, principalmente, mediante ações direcionadas à

introdução gradativa de combustíveis renováveis nas matrizes energéticas e

melhorias tecnológicas implantadas nos sistemas de conversão de energia.

A geração de energia elétrica no mundo provém principalmente de

usinas hidrelétricas, termelétricas, nucleares e geotérmicas. Cada uma destas

formas de utilização da energia apresenta prós e contras. No Brasil, por

exemplo, a maior parte da energia elétrica é originada a partir de usinas

hidrelétricas, sendo o funcionamento destas fortemente dependentes das

condições climáticas. Na atualidade, a quantidade de energia elétrica gerada

por este meio não está sendo suficiente para suprir a demanda nacional. Uma

das alternativas que contribuiria à mitigação deste problema seria a utilização

de termelétricas modernas operadas com tecnologias mais limpas para o

aproveitamento das enormes quantidades disponíveis de carvão mineral,

existente principalmente na região sul do país.

O carvão mineral é um combustível fóssil muito utilizado como fonte de

energia térmica para a geração de vapor em grandes caldeiras, com uso na

produção de potência mecânica/elétrica e em processos industriais. Ele é

formado a partir da matéria orgânica de vegetais depositados nas bacias

sedimentares, que durante anos, sofreu a ação das condições ambientais e

enriqueceu-se de carbono, em um processo denominado de carbonificação

(CORÁ, 2006).

Segundo a International Energy Agency (2013) o carvão é a fonte de

energia mais utilizada para a geração de energia elétrica, representando um

valor significativo no cenário energético mundial de 41%, além de ser o

combustível fóssil com maiores reservas. De acordo com British Petroleum

(2012), os países que se destacam na detenção deste recurso energético são a

China, com 49,5%, e os Estados Unidos, com 14,1% das reservas mundiais.

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Do restante, apenas 0,1% corresponde à parcela Brasileira de carvão mineral,

distribuída principalmente nos estados da região sul do país (Rio Grande do

Sul, Santa Catarina e Paraná).

Dados obtidos do Ministério de Minas e Energia do Brasil (2012)

mostram que o carvão mineral e seus derivados participam com somente 1,4%

na matriz elétrica brasileira. Isto se deve principalmente à concentração da

oferta apenas na região sul, que dificulta sua comercialização em outras

regiões do país. Outros fatores que influenciam na baixa utilização do carvão

mineral na matriz energética são: as características do carvão mineral

brasileiro, que apresenta alto teor de cinzas; o elevado teor de enxofre contido

na sua composição e a falta de tecnologias apropriadas para a queima mais

eficiente e com menor impacto ambiental.

Segundo o Plano Nacional de Energia de 2030, o consumo de energia

elétrica no Brasil em 2005 era de 375 TWh, e em 2030 deve estar entre os

valores de 847 a 1244 TWh. Estes dados representam a necessidade de

aumentar a participação de outros recursos na matriz energética brasileira, o

que inclui o carvão mineral, uma fonte energética pouco aproveitada no país

(MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2007).

Com o intuito de desenvolver novas tecnologias para o fornecimento de

energia de modo mais eficiente e sustentável, surgiram no fim da década de

setenta as caldeiras de leito fluidizado circulante. Estas caldeiras

representaram uma nova alternativa na redução dos impactos ambientais

causados pela queima de combustíveis fósseis na geração de vapor.

Os sistemas de leito fluidizado circulante (LFC) são equipamentos que

estão em crescente utilização industrial, pois aumentam a eficiência de

combustão em aplicações de grande porte, além de diminuir as emissões

atmosféricas para atender as exigências de órgãos governamentais (THOBER,

1995). As principais características são: alta variedade de combustíveis que

podem ser utilizados para queima, maior controle sobre as emissões de

poluentes, elevadas velocidades de fluidização (intensa transferência de calor e

de massa), temperaturas de combustão aproximadamente homogêneas, entre

outras (MORITA, 2009).

Os fenômenos fluidodinâmicos que ocorrem no sistema de leito

fluidizado são complexos, e estudos com diferentes partículas sólidas ajudam a

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entender e aprimorar o funcionamento do sistema para aplicações posteriores

em combustão. Pesquisas mostrando resultados da aplicação do carvão como

combustível em caldeiras estão em crescimento no Brasil, principalmente

devido à alta demanda de energia do país, fato que realça a importância do

desenvolvimento de novas tecnologias para a geração de energia elétrica mais

sustentável. É neste contexto que o presente trabalho pretende contribuir.

1.1. PROBLEMA

Qual o efeito verificado no comportamento da pressão estática do

escoamento gás-sólido em um leito fluidizado circulante de escala laboratorial,

composto por partículas de carvão mineral pulverizado e areia quartzosa, sob o

regime de fluidização rápida a frio, quando se altera o nível de inventário de

sólidos e a relação de mistura?

1.2. JUSTIFICATIVA

Pesquisas de âmbito experimental a respeito de sistemas de leito

fluidizado circulante a frio, operadas a carvão mineral com as características

físico-químicas similares ao do carvão brasileiro são escassas. A maior parte

do conhecimento do equipamento é dominada por empresas localizadas no

exterior, o que dificulta à transferência de conhecimento para a comunidade

científica nacional. Poucos são os estudos a respeito do assunto reportados na

literatura, sugerindo mais pesquisas e desenvolvimento de sistemas de escala

laboratorial para contribuir com projetos mais adequados. Neste contexto, a

fluidodinâmica de sistemas de leito fluidizado circulante tem relação direta com

os parâmetros operacionais, influenciando no melhor aproveitamento

energético da interação gás-sólido e, consequentemente, garantindo maior

eficiência do sistema.

A aplicação do carvão mineral em caldeiras de leito fluidizado circulante

no Brasil tende a se concretizar nos próximos anos, especialmente pela

crescente demanda de energia elétrica e o potencial para o aproveitamento das

enormes reservas de carvão mineral.

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Dentro deste contexto, o estudo experimental proposto neste trabalho

pretende contribuir com a consolidação de conhecimento na área, visando o

levantamento de dados que possam ser úteis no futuro desenvolvimento de

sistemas de LFC operados com o combustível nacional. Com a realização do

estudo, pretende-se também verificar o modelo matemático desenvolvido por

Rodrigues e Beltrane (2011) e adaptado por Valaszek e Marin (2013), através

da utilização de misturas binárias em sistema de leito fluidizado circulante de

escala laboratorial.

Cabe mencionar que dados experimentais de sistemas de LFC utilizando

mistura binária com proporção de até 10% em massa de carvão mineral

brasileiro não foram encontrados na literatura. Este nível de concentração de

carvão pode-se tornar necessário numa caldeira de LFC operando com

combustível nacional, tendo em vista o seu baixo poder calorífico atrelado ao

alto teor de cinzas (>35%).

Neste trabalho também foi incluído o monitoramento temporal de

pressão estática no leito, por meio de um transdutor de pressão diferencial,

conectado a um sistema de aquisição de dados. O dispositivo teve como

finalidade registrar as características da fluidodinâmica do escoamento gás-

sólido mediante medidas das flutuações de pressão obtidas na parte baixa do

riser (local de maior densidade de leito) em função das variáveis controladas.

1.3. OBJETIVOS

1.3.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo principal deste trabalho é analisar experimentalmente a

fluidodinâmica a frio de uma mistura binária de partículas de carvão mineral e

areia quartzosa em leito fluidizado circulante de escala laboratorial.

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1.3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos deste trabalho são:

Determinar experimentalmente e simular os parâmetros

fluidodinâmicos a frio de misturas de carvão mineral e areia

quartzosa no regime de fluidização rápida;

Analisar o comportamento das flutuações de pressão estática do

escoamento gás-sólido em função de variáveis operacionais do

sistema de LFC;

Comparar os resultados experimentais com a simulação do

modelo matemático semi-empírico;

Analisar o comportamento temporal das flutuações de pressão

estática na base do riser em função das variáveis controladas;

Compreender as interações gás-sólido e os fenômenos

fluidodinâmicos presentes no sistema;

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta os principais aspectos teóricos referentes ao

combustível utilizado no trabalho, o carvão mineral, juntamente com o

embasamento teórico do sistema de leito fluidizado circulante, tendo o enfoque

direcionado à fluidodinâmica.

2.1. CARVÃO MINERAL

O carvão mineral é um recurso energético de destaque em todo o

mundo, principalmente na geração de vapor para processos industriais e

produção de energia elétrica, por meio dos processos de combustão e

gaseificação. Atualmente, sua utilização vem se expandindo devido à inserção

de tecnologias que tornam a sua queima mais eficiente e sustentável do ponto

de vista ambiental.

O carvão mineral é um combustível fóssil sólido, formado por meio da

decomposição da matéria orgânica de plantas e vegetais em bacias

sedimentares, que sofreu alterações químicas provenientes da temperatura e

pressão do entorno. Com o passar dos anos, essa matéria orgânica foi

sofrendo um processo de carbonificação, que consiste na perda de oxigênio e

hidrogênio, ocasionando um enriquecimento de carbono. É esse processo que

interfere na qualidade do carvão mineral, pois quanto mais durar o processo de

carbonificação, melhor será o carvão, e consequentemente, maior o seu poder

calorífico (CORÁ, 2006; SOTOMONTE, 2009).

A classificação do carvão mineral baseia-se principalmente no valor do

poder calorífico e na quantidade de material volátil existente no mineral. A

Tabela 1 mostra os principais tipos de carvão existentes.

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Tabela 1 - Classificação do carvão mineral.

Tipo de Carvão PCI (kJ/kg)

Linhito A entre 14650 e 19310

B menor que 14650

Sub-betuminoso

A entre 24420 e 26750

B entre22100 e 24420

C entre 19310 e 22100

Betuminoso

Baixa volatilidade -

Meia volatilidade -

Alta volatilidade

A maior que 32570

B entre 30240 e 32570

C entre 26750 e 30240

Antracito Meta-antracito -

Antracito -

Semi-antracito -

Fonte: Adaptado de Sotomonte (2009).

Em relação à queima, o linhito apresenta o menor poder calorífico,

podendo também apresentar alto teor de enxofre. Os carvões sub-betuminoso

e betuminoso também são conhecidos como hulha, e possuem características

intermediárias em comparação ao linhito e antracito. O antracito é a variedade

mais nobre de carvão mineral, apresentando alto teor de carbono fixo e baixo

teor de voláteis (LICKS, 2008).

Para Morita (2009) a utilização do carvão mineral como fonte de energia

elétrica está fortemente relacionada à questão ambiental. Obtendo-se uma

melhor eficiência de combustão e redução na emissão de poluentes, haverá

um impacto considerável positivo nas futuras metas de aproveitamento deste

combustível na geração de energia.

No Brasil, as reservas de carvão mineral concentram-se na região sul do

país (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), com maior destaque para o

estado do Rio Grande do Sul. O tipo de carvão brasileiro varia de sub-

betuminoso até betuminoso com alto teor de material volátil (MARTINS, 2001;

GAVRONSKI, 2007; SOTOMONTE, 2009).

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2.2. LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE

A geração de energia por meio da fluidização teve início em 1921, com a

demonstração do processo de gaseificação em leito fluidizado, realizada por

Fritz Winkler, na Alemanha. A partir de então, essa tecnologia passou a ser

aprimorada, com estudos de diversos processos envolvendo sólidos

particulados (MORITA, 2009).

Em 1938, Warren Lewis e Edwing Gilliland, buscando encontrar um

processo para melhor realização do craqueamento catalítico do petróleo,

desenvolveram um novo processo gás-sólido, dando início ao sistema de leito

fluidizado circulante (LFC). Este foi o marco do surgimento do sistema LFC,

também chamado de leito fluidizado rápido (LFR). Inicialmente esse sistema foi

aplicado somente na indústria petroquímica, no processo de craqueamento

catalítico, e posteriormente, aplicado na operação de fluidização de sólidos de

granulometria fina com velocidades elevadas (BASU, 2006; MORITA, 2009).

O sistema LFC representa uma tecnologia relativamente recente,

introduzida com o objetivo de melhorar o aproveitamento dos recursos

energéticos aplicados em caldeiras, por meio de uma queima eficiente e com

baixas emissões atmosféricas.

Na literatura, o nome de leito fluidizado circulante é introduzido por

Yerushalmi et al. (1976) para descrever um sistema de leito gás-sólido onde a

velocidade do gás atuante e a taxa de circulação dos sólidos são elevadas. A

alta velocidade relativa entre o gás e os sólidos suspensos na câmara de

combustão, também conhecida como slip velocity (velocidade de deslizamento)

e um arraste considerável de certas partículas para fora da zona de combustão

caracterizam o chamado regime de fluidização rápida.

Para Fonseca (2009), leitos fluidizados circulantes são representados

por sistemas que utilizam ciclones para coletar partículas sólidas, por meio da

ação da força centrífuga, e redirecioná-las a coluna principal, onde as

partículas novamente reiniciam o ciclo de fluidização.

Algumas aplicações do sistema de leito fluidizado circulante são citadas

por Thober (1995), destacando-se processos que envolvem reações gás-

sólido, podendo ser reações exotérmicas, endotérmicas ou catalíticas,

processos de transferência de calor, ou combinações destes. Tais reações são

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utilizadas em muitas áreas, com aplicações nos campos da indústria

metalúrgica, química, petroquímica, cerâmica, entre outras.

Grace et al. (1997) destaca a aplicação significativa do sistema de leito

fluidizado circulante em equipamentos de combustão de pequeno porte e

incineradores com capacidade de até 300 MW, principalmente por possuir

características vantajosas, como o maior controle da emissão de poluentes

atmosféricos.

Sistemas de leito fluidizado circulante também são largamente utilizados

no refino do petróleo, na produção de energia elétrica e em processos do setor

de mineração (KIM et al. 2002). Em virtude das vantagens operacionais e

ambientais em relação aos sistemas convencionais, o LFC é utilizado para a

produção de energia elétrica por meio do processo de combustão para geração

de vapor em plantas térmicas, principalmente nos países desenvolvidos

(RAMIREZ-BEHAINNE, 2007). Fonseca (2009) destaca também a aplicação na

secagem de sólidos, o recobrimento e granulação de partículas e a incineração

de resíduos sólidos urbanos.

A fim de facilitar o entendimento do funcionamento do sistema de leito

fluidizado circulante e dos fenômenos fluidodinâmicos nele envolvidos, a seguir

serão apresentados os componentes essenciais do sistema.

2.2.1. COMPONENTES E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA LFC

Inicialmente, convém apresentar as principais partes da fornalha,

também conhecida como “combustion loop” (Figura 1). São quatro os

elementos essenciais na zona de combustão do sistema LFC: riser ou coluna

ascendente dos sólidos e do gás, ciclone ou separador de partículas, standpipe

ou coluna de retorno dos sólidos e válvula de recirculação de sólidos, podendo

ser do tipo loop seal ou L. A Figura 1 mostra esquematicamente cada uma

dessas partes no sistema LFC.

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Figura 1 - Esquema simplificado de uma caldeira de leito fluidizado circulante. Fonte: adaptado de Ramirez-Behainne (2007).

O mecanismo de funcionamento das caldeiras de leito fluidizado

circulante consiste basicamente da queima de combustível sólido suspenso

numa corrente de gás, onde o gás escoa através da tubulação do leito e

arrasta as partículas sólidas em alta turbulência ao longo do circuito reator.

Inicialmente, o ar primário é injetado a alta velocidade na parte inferior

do riser, entrando em contato com as partículas sólidas do combustível que se

encontram numa temperatura aproximada de 800°C. Isso promove o processo

de combustão na coluna principal do leito. Quando o fluido gás-sólido atinge o

topo da coluna principal, o fluxo passa por um duto de saída e alcança o

ciclone, onde as partículas sólidas arrastadas serão separadas do gás e

posteriormente despejadas na base da coluna principal, passando por meio de

uma coluna de retorno, também chamada de standpipe.

Após passar pelo standpipe, acontece uma acumulação de sólidos na

válvula de recirculação (válvula L ou válvula loop-seal), que possui a função

principal de promover o retorno dos sólidos ao riser, aumentando o tempo de

residência das partículas para uma queima eficiente. Dessa maneira, o fluxo de

gás faz com que as partículas mantenham-se continuamente circulando pelo

leito fluidizado, até que elas atinjam um diâmetro inferior ao diâmetro de corte

do ciclone, para então deixar o sistema e passar pelo backpass ou duto de

exaustão do gás de combustão (BASU, 2006; MORITA, 2009).

GÁS

5-10 m/s

VAPOR

ÁGUA

AR SECUNDÁRIO

20 - 60%

CALCÁRIO

COMBUSTÍVEL

AR PRIMÁRIO

40 - 80%

CINZAS

GÁS

RISERSTANDPIPE

CICLONE

VÁLVULA DE

RECIRCULAÇÃO

DE SÓLIDOS

(LOOP SEAL)

EVAPORADOR

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2.3. FLUIDODINÂMICA DO LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE

O fenômeno da fluidização caracteriza-se pelo contato entre partículas

sólidas e uma corrente ascendente de gás, formando uma suspensão com

comportamento semelhante a um fluido, que proporciona altas taxas de

transferência de calor e de massa, sendo largamente utilizado em processos

industriais (KUNII e LEVENSPIEL, 1991). O termo fluidização surgiu pelo fato

de que, as partículas sólidas quando em escoamento junto com o gás,

adquirem aspectos semelhantes ao de um fluido.

Quando partículas sólidas são adicionadas a um escoamento, seja de

gás ou líquido, essas partículas tendem aumentar a resistência ao escoamento

do fluido, necessitando que as partículas sólidas se organizem para diminuir a

resistência ao escoamento. Desse modo, aumentando a velocidade do fluido

que escoa através dos sólidos, a reorganização das partículas ocorre mais

rapidamente e, como consequência, tem-se um aumento da força de arrasto

exercida sobre as partículas (SANCHEZ et al., 2010).

O principal parâmetro determinante para distinguir os regimes de

fluidização é a velocidade do fluido. Controlar a velocidade de fluidização é

importante para a operação dentro do regime de fluidização esperado. Além

disso, o desempenho fluidodinâmico de um leito fluidizado depende das

propriedades da partícula sólida, tais como, diâmetro médio das partículas,

densidade e esfericidade. Outros parâmetros fundamentais para o estudo da

fluidodinâmica das partículas são os denominados parâmetros dinâmicos, os

quais se referem ao escoamento do fluido, como o coeficiente de arrasto,

velocidade mínima de fluidização e a velocidade terminal da partícula

(PÉCORA, 1995; FONSECA, 2009).

2.3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PARTÍCULA

A caracterização fluidodinâmica de uma partícula sólida pode ser

realizada utilizando a classificação proposta por Geldart (1973). Nela, os

sólidos são organizados em quatro categorias (A, B, C e D), com base no

tamanho médio das partículas e na diferença de massas específicas. O

pesquisador elaborou o diagrama mostrado na Figura 2, sendo até hoje uma

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das ferramentas mais utilizadas na literatura para classificar o comportamento

aerodinâmico de sólidos particulados.

Figura 2 - Diagrama simplificado de classificação de partículas para fluidização gás-sólido.

Fonte: Adaptado de Geldart (1973).

Com base no diagrama simplificado de Geldart (1973), apresentado na

figura 2, descrevem-se as principais características de cada grupo:

Grupo A: As partículas sólidas do grupo A, de modo geral, possuem

pequeno tamanho e densidade inferior a 1,4 g/cm3, sendo consideradas

aeráveis e fáceis de fluidizar. Normalmente, encaixam-se nesse grupo pós-

finos e leves, os quais se expandem consideravelmente quando expostos ao

processo de fluidização (PORTO, 2005).

Grupo B: Nesse grupo, as partículas apresentam diâmetro entre 40 µm

e 500 µm e uma densidade com valor superior a 1,4 g/cm3 e inferior a 4,5

g/cm3. A areia comum, bem como partículas de carvão menores que 1 mm se

classificam neste grupo (GELDART, 1973; KUNII e LEVENSPIEL, 1991).

Grupo C: Partículas de diâmetro inferior a 20 µm, com baixa densidade,

possuindo tendência coesiva. Essas partículas tem uma predisposição de

aderirem-se umas as outras, o que torna mais difícil o processo de fluidização.

Grupo D: As partículas do grupo D têm como características principais,

o diâmetro médio superior a 1 mm e densidade elevada, o que trás como

consequência a necessidade de uma maior velocidade de fluidização (PORTO,

2005).

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Dentro dessa classificação, Basu (2006) e Santos (2010) apontam que

as partículas dos grupos B e D são preferenciais, sendo as mais utilizadas para

aplicações em fluidização. As características específicas de cada grupo podem

ser verificadas na Tabela 2.

Tabela 2 - Características distintivas dos quatro grupos de partículas segundo Geldart.

Grupo C A B D

Tamanho de partícula para 2500

< 20 m 20 - 90 m 90 - 650 m > 650 m

Tendência para formação de canais

preferenciais Severa Pequena Insignificante Insignificante

Expansão Baixa Alta Média Média

Velocidade mínima de borbulhamento,

Não forma bolhas

Forma de bolha Canal único Base plana

Calota esférica Arredondada com pequenos entalhes

Arredondada

Mistura sólida Muito pequena Alta Média Pequena

Gas back-mixing Muito pequena Alta Média Pequena

Tendência a fluxo pistonado

Pistões planos Assimétrico Principalmente

assimétrico

Principalmente pistões espessos

na parede

Efeito do tamanho da partícula na

fluidodinâmica Desconhecido Apreciável Pequeno Desconhecido

Fonte: Adaptado de Basu (2006).

Entre as características físicas da partícula, a densidade destaca-se

como uma das mais importantes na fluidização. Para Geldart (1986 apud

RAMIREZ-BEHAINNE, 1999), a relação entre massa do sólido e seu volume

contendo os vazios internos e superficiais corresponde à densidade aparente

da partícula. Isto é, a densidade aparente inclui a porosidade da partícula. Esse

tipo de densidade é superior à densidade a granel do leito empacotado e

inferior à densidade real da partícula (massa específica da partícula).

Outra característica é a porosidade de um leito de partículas (εf),

representada por:

(1)

onde,

VL: volume do leito (m3);

Vp: volume dos sólidos (m3).

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A Equação (1) também pode ser representada mediante as densidades

do leito e das partículas, na forma:

(

⁄ )

(

⁄ )

(2)

sendo que,

: massa do leito, igual à massa total de partículas (kg);

ρp: densidade aparente das partículas (kg/m3);

ρB: densidade a granel das partículas, ou de leito empacotado (kg/m3).

Quando um leito de partículas está levemente empacotado, a

porosidade depende do diâmetro e da natureza das partículas. A maior parte

dos materiais porosos e relativamente esféricos formam colunas de sólidos

com porosidades perto de 0,45 (PELL, 1990 apud RAMIREZ-BEHAINNE,

1999).

Outra característica física que influencia na fluidodinâmica das

partículas no leito é a esfericidade de partícula. Segundo Cortez et al. (2008), a

esfericidade representa um fator de forma, ou seja, uma característica que

reflete o formato ou geometria da partícula. Mohsenin (1970 apud CORTEZ et

al., 2008) propôs algumas expressões para calcular a esfericidade de uma

partícula, sendo estas:

(3)

onde,

Φ: esfericidade da partícula (-);

de: diâmetro de uma esfera de mesmo volume da partícula (mm).

dec: diâmetro da menor esfera circunscrita (mm).

A Equação (3) exprime a forma característica do sólido em relação à de

uma esfera do mesmo volume.

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Uma segunda expressão para calcular a esfericidade assume que o

volume de um sólido é igual ao volume de um elipsoide triaxial com seus

interceptos “a”, “b” e “c”, e que o diâmetro de uma esfera circunscrita é o maior

intercepto do elipsoide:

(

)

(4)

sendo,

Vs: volume do sólido (m3);

Vec: volume da esfera circunscrita (m3).

ou,

[( )

( )

]

(

)

(5)

sendo que:

a: maior intercepto (comprimento do sólido) (mm);

b: maior intercepto normal a “a” (espessura do sólido) (mm);

c: maior intercepto normal a “a” e “b” (largura do sólido) (mm).

Os interceptos a, b e c não necessitam necessariamente se cruzar em

um ponto comum.

Por fim, tem-se uma terceira definição, mais simples e de resultados

satisfatórios, indicada por Massarani e Peçanha (1989 apud Cortez et al.,

2008):

(6)

onde,

dins: diâmetro do círculo inscrito ao sólido (mm);

dc: diâmetro do círculo circunscrito ao sólido (mm).

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A esfericidade típica de alguns sólidos é apresentada na Tabela 3.

Tabela 3 - Esfericidade de alguns materiais.

Material Esfericidade Φ (adimensional)

Areia (média de vários tipos) 0,75

Areia sílica-quartzo (grão 407/40) 0,60

Bagaço de cana 0,30 – 0,55

Calcário 0,45

Carvão (picado) 0,65

Carvão (pulverizado) 0,73

Milho 0,66

Soja 0,90

Fonte: Adaptado de Basu (2006); Cortez et al. (2008).

A fluidodinâmica do sistema de leito fluidizado também depende do

tamanho e da distribuição granulométrica das partículas. Normalmente, as

partículas de um material sólido não apresentam um padrão de tamanho. O

tamanho de uma partícula pode ser obtido mediante microscopia óptica, onde

se analisa uma amostra para determinar o tamanho médio da partícula. Outra

maneira é por meio de peneiras padronizadas, o método mais utilizado,

principalmente pela simplicidade e rapidez (CORTEZ et al. 2008).

O método de classificação por tamanho utilizando peneiras

padronizadas consiste basicamente na separação mecânica das diferentes

frações de tamanho do material amostrado, por meio de um conjunto de

peneiras, onde cada peneira apresenta uma malha conhecida. O resultado

obtido da análise de distribuição granulométrica é o diâmetro médio, ou

diâmetro de Sauter, o qual demonstra a dimensão característica do

conglomerado de partículas.

Segundo Basu (2006), o diâmetro médio de Sauter é calculado a partir

da Equação (7):

(7)

onde,

: fração mássica das partículas retidas na malha de cada peneira;

: abertura média da malha obtida entre peneiras subsequentes.

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2.3.2. REGIMES DE FLUIDIZAÇÃO

A identificação dos regimes de fluidização é importante na

caracterização do comportamento dinâmico do sistema. A Figura 3 apresenta

vários regimes típicos de fluidização na presença de baixa velocidade do fluido.

Figura 3 - Regimes de fluidização em sistemas de leito fluidizado. Fonte: Adaptado de Kunii e Levenspiel (1991) apud Fonseca (2009).

Inicialmente, as partículas sólidas encontram-se em repouso na região

inferior do leito. Partindo de uma velocidade de fluidização muito baixa na

entrada do riser nenhum efeito é produzido sobre o leito e as partículas

permanecem estáticas (Figura 3(a)). Esta é a condição para o chamado leito

fixo, onde o gás preenche os espaços vazios localizados entre partículas e

passa sem interferir no estado das partículas sólidas (PÉCORA, 1995).

Com o aumento da velocidade, as partículas na região inferior do riser

começam a vibrar, com pequenas movimentações, caracterizando o

denominado leito expandido. Com uma maior vazão de fluido na entrada do

riser, os sólidos passam a ficar suspensos no fluxo ascendente que escoa

através do leito. Neste ponto é atingida uma condição de equilíbrio entre as

forças de arrasto do fluido sobre as partículas e a força do peso das partículas,

determinando assim o chamado leito fluidizado incipiente ou leito em mínima

fluidização (Figura 3(b)).

Na transição entre leito fixo e leito plenamente fluidizado, pode-se definir

a velocidade mínima de fluidização (umf), como a velocidade necessária para

que as partículas sólidas se separem uma das outras e fiquem suspensas no

leito. Ela pode ser obtida por meio de correlações matemáticas ou medições

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experimentais, mediante a medição da perda de carga ao longo do leito com o

aumento da velocidade superficial do gás (FONSECA, 2009; HODAPP, 2009).

Aumentando-se mais a velocidade do fluido aparecem outros regimes de

fluidização, que dependerá da interação líquido-sólido ou gás-sólido. Para os

diferentes estados físicos, têm-se comportamentos diferentes no leito quando

ocorre um incremento da velocidade acima a da mínima fluidização. No

primeiro caso, para sistema líquido-sólido, um aumento da velocidade para

acima da mínima de fluidização produz uma leve expansão no leito,

caracterizando o chamado regime de fluidização particulada ou homogênea

(Figura 3(c)). Para sistema gás-sólido, o acréscimo acima da velocidade

mínima de fluidização, geralmente leva ao aparecimento de bolhas e canais

preferenciais no leito (FONSECA, 2009).

Continuando com o acréscimo na velocidade do gás, ocorre à formação

de bolhas e, consequentemente, atinge-se o regime de fluidização borbulhante

(Figura 3(d)). Aumentando-se ainda mais a velocidade do gás, o leito entra

gradativamente nos regime de fluidização turbulenta e rápida, onde se verifica

uma agitação elevada das partículas, com uma velocidade de deslizamento

(diferença entre velocidade do sólido e do gás que escoa entre as partículas)

superior e um transporte de sólidos considerável para fora do sistema. Por fim,

o transporte pneumático apresenta velocidade de deslizamento menor ao do

regime anterior, com elevado carregamento de sólidos. Os regimes de

fluidização descritos acima podem ser visualizados na Figura 4.

Figura 4 - Diagrama dos regimes de fluidização em função da velocidade relativa gás-partícula.

Fonte: Adaptado de Dedini - Indústrias de Base (2013).

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Na Figura 4 também é possível verificar que o aumento da velocidade

média do gás produz uma expansão no leito. Isso acarreta em um maior

contato das partículas sólidas com as paredes do sistema, levando a uma

maior pressão estática nos componentes do sistema de leito fluidizado

circulante.

De acordo com Ramirez-Behainne (2007), um sistema de leito fluidizado

circulante opera essencialmente sob o regime de fluidização rápida,

principalmente pelo fato da velocidade do fluido estar acima da velocidade de

transporte das partículas, o que gera um padrão fluidodinâmico característico

de escoamento.

Quando se atinge o regime de fluidização rápida, partículas deslizam na

superfície interna do leito com uma velocidade relativa gás-sólido muito maior

do que a velocidade de queda livre das partículas. Como descrito

anteriormente, essa velocidade é denominada de velocidade de deslizamento

ou slip velocity (us), e refere-se à diferença entre a velocidade do gás

fluidizante e a dos sólidos suspensos.

2.3.3. CARACTERÍSTICAS DO REGIME DE FLUIDIZAÇÃO RÁPIDA

O regime de fluidização rápida é caracterizado pelo deslocamento de

um número significativo de partículas até o topo do riser, e também pelo

retorno das partículas no fundo da coluna principal, por meio da válvula de

recirculação de sólidos. Os leitos fluidizados com elevadas velocidades do gás

não apresentam uma nítida divisão entre a região densa no fundo da coluna e

a região diluída no topo da mesma, exibindo uma região de transição

relativamente longa (PÉCORA, 1995).

No regime de fluidização rápida ocorre um padrão típico de escoamento

gás-sólido, denominado de escoamento núcleo anular. Este escoamento

caracteriza-se pelo transporte ascendente de uma mistura diluída de gás e

sólidos e a descida simultânea de uma porção densa de sólidos pelas paredes

do riser (DAVIDSON, 2000).

Outras características fundamentais do regime de fluidização rápida são

a alta taxa de recirculação de sólidos, agregação de partículas, também

conhecidos como clusters, os quais se desintegram e retornam à suspensão

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gás-sólido, o intenso retorno de sólidos ou dispersão axial e velocidades

relativas gás-partícula superiores à velocidade terminal das partículas

individuais (PÉCORA, 1995).

Em relação à concentração de sólidos no sistema, Weinsteinet et al.

(1985) demostraram que o perfil axial de concentração de partículas sólidas

apresenta uma região densa, localizada na base do riser e uma região diluída,

localizada próxima ao topo do riser, o que pode ser observado pelo ponto de

inflexão da Figura 5. Observa-se que com o aumento da recirculação de

sólidos e a velocidade do gás, e mantendo o inventário total de sólidos (massa

total de partículas no sistema) constante, tem-se um deslocamento do ponto de

inflexão para uma altura inferior no riser, o que altera o comprimento da região

densa.

Por outro lado, somente com a variação do inventário total de sólidos

no standpipe (alteração no balanço de pressão), e a manutenção de outros

parâmetros (Figura 5(a) e 5(c)), observa-se que o aumento de sólidos faz com

que a região densa aumente.

(a) (b) (c)

Figura 5 - (a) e (b) Efeito da velocidade superficial do gás e do fluxo de recirculação dos sólidos para a fração de vazio ao longo do eixo vertical de um riser. (a) e (c) Efeito do

inventário de partículas no standpipe para estudo da porosidade no riser. Fonte: Adaptado de Weinstein et al. (1983) apud Ramirez-Behainne(2007).

Rhodes e Geldart (1986) citam trabalhos mostrando que, acima da

velocidade de transporte das partículas, a queda de pressão por unidade de

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comprimento entre dois pontos verticais da coluna é função da velocidade

superficial do gás e do fluxo de recirculação dos sólidos, os quais provocam

mudanças na altura da região densa presente no fundo da coluna. Uma

expressão matemática que determina esta curva de distribuição axial da

porosidade foi desenvolvida por Kunii e Levenspiel (1991).

A Figura 6 mostra o perfil axial de porosidade para diferentes

inventários em função da altura do leito, operando com partículas de um fluido

de craqueamento catalítico (FCC). No topo do leito observa-se que para todos

os casos, existe uma tendência de um perfil assintótico, ou seja, o

comportamento da porosidade tende a ser constante com o aumento da altura

do leito, porém uma variação é verificada no ponto de inflexão das curvas, que

se deslocam para cima, ao incrementar o inventário de sólidos (MORITA,

2009).

Figura 6 – Perfil axial da porosidade do leito operando com partículas de FCC para diferentes inventários de sólidos. Fonte: Adaptado de Basu (2006).

Para o perfil radial de concentração de sólidos, Bader et al. (1988)

explicam que na seção central do riser tem-se uma distribuição de porosidade

relativamente alta e uniforme, aumentando significativamente nas regiões

próximas da parede, formando o perfil parabólico mostrado na Figura 7. O

aumento da taxa de recirculação de sólidos diminui a porosidade média do

leito, principalmente na região inferior do riser, onde ocorre um aumento da

concentração de sólidos. Para Rhodes (1992), a concentração média das

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partículas suspensas no riser é diretamente proporcional à razão do fluxo de

sólidos com a velocidade superficial do gás.

(a) (b)

Figura 7 - (a) Perfil de porosidade e distância do eixo central; (b) velocidade de partículas e distância na direção radial.

Fonte: Adaptado de Bader et al. (1988) apud Ramirez-Behainne (2007).

Pelo fato da região inferior do leito fluidizado rápido ser mais densa,

nela existe uma maior concentração de sólidos, levando a um maior diferencial

de pressão por unidade de altura do leito. Na operação em regime permanente,

a pressão no ponto A deve ser menor que a pressão em F (Figura 8),

permitindo que o montante de sólidos acumulados na válvula L passe do

standpipe para o riser.

Figura 8 - Perfil de pressão no “loop” de um leito fluidizado circulante. Fonte: adaptado de Basu (2006).

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O perfil de porosidade no leito é governado pelo balanço de pressão no

sistema, compreendendo a perda de carga no riser, ciclone, standpipe e na

válvula de recirculação. O balanço de pressão no sistema é descrito pela

expressão:

(8)

O comportamento do leito fluidizado indicará as diferentes

combinações para os termos de perda de carga em cada seção do circuito de

fluidização. Assim, as variações nos parâmetros de operação do sistema

influenciarão na distribuição das perdas de carga no balanço de pressão.

2.3.4. FLUIDODINÂMICA DE MISTURAS

As partículas de combustível afetam diretamente a fluidodinâmica do

sistema. Propriedades físicas como diâmetro médio, densidade, esfericidade e

porosidade são os fatores determinantes no comportamento fluidodinâmico do

sistema de leito fluidizado circulante. Em alguns casos, opta-se por utilizar

proporções adequadas de misturas de combustíveis diferentes para melhorar o

processo de combustão do sistema. Muitos são os processos industriais que

utilizam sólidos particulados em escoamento de gases, dando mais importância

ao estudo do comportamento fluidodinâmico de misturas.

Além das partículas de combustível, no processo de fluidização é

utilizado um material sólido inerte em maior proporção, normalmente areia, as

quais não reagem no sistema, tendo como objetivo homogeneizar o

escoamento gás-sólido, melhorar a fluidização e facilitar o processo de

combustão, por meio de uma troca de calor mais intensa ao longo do sistema

(CUI e GRACE, 2007; RAMIREZ-BEHAINNE, 2007).

Um parâmetro importante no escoamento gás-sólido é a velocidade

mínima de fluidização. Para misturas com sólidos de diferentes densidades,

uma equação para a velocidade mínima de fluidização ( ) foi proposta por

Niewon et al. (1978), os quais, relatam que durante o processo de fluidização,

na parte superior do leito existe uma composição diluída, enquanto que, na

parte inferior forma-se uma região mais concentrada. Na pesquisa, eles

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definiram o índice de mistura dos componentes, ⁄ , como a razão

entre a concentração de partículas na região inferior do leito (jetsam) e a

concentração global de partículas. O valor de é função da velocidade de

fluidização u, onde:

(9)

sendo que,

(

) (

) (10)

A Equação (10) depende da velocidade do gás, tida como a

velocidade de controle em . Neste caso, é a menor velocidade

mínima de fluidização entre os dois componentes da mistura. A equação é

recomendada para misturas binárias, com ou sem diferença de densidades e

com aproximadamente 50% do volume composto por jetsam.

Pécora et al. (2012) apresentaram a equação para o cálculo da

velocidade mínima de fluidização ( ). Esta expressão baseia-se na equação

de Ergun (1952) e é indicada na Equação (11):

( )

(11)

onde, Ar é o número de Arquimedes, descrito pela Equação (12); é a

porosidade do leito livremente empacotado, apresentada na Equação (13); e

é o número de Reynolds baseado no diâmetro da partícula e velocidade

superficial na condição de mínima fluidização, mediante a Equação (14).

( )

(12)

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(13)

(14)

Sendo que,

dp: diâmetro da partícula (m);

ρp: densidade da partícula (kg/m3);

ρf: densidade do fluído (kg/m3);

Mp: massa das partículas (kg);

V: volume do leito (m3);

μg: viscosidade dinâmica do fluido (kg/m.s)

A velocidade mínima de fluidização também pode ser obtida por uma

equação alternativa, denominada de simplificação de Wen e Yu (Equação 15),

a qual não utiliza a esfericidade das partículas, nem a porosidade do leito na

condição de mínima fluidização.

(√ ) (15)

Formisani et al. (2003 e 2008) estabelecem que interpretações

baseadas na definição de uma velocidade mínima de fluidização da mistura

podem acarretar resultados errados a respeito da influência causada pelas

variáveis do sistema no comportamento. Alguns experimentos já realizados

com misturas de sólidos em diferentes características físicas, como tamanho

da partícula e densidade, relatam que o processo de fluidização ocorre em uma

determinada faixa de velocidade (Figura 9), sendo limitado pela velocidade de

fluidização inicial e final das partículas presentes na mistura do sistema.

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Figura 9 - Fluidização de uma mistura de dois componentes. Fonte: Formisani et al. (2003).

Na Figura 9 é possível observar que, com o aumento da velocidade de

fluidização, a queda de pressão aumenta até atingir a condição de mínima

fluidização, e então, com um acréscimo da velocidade de fluidização a

tendência é que a queda de pressão permaneça quase constante. O termo

GB612-GB154 representa uma mistura de vidros ballotini, com tamanhos

médios da partícula de 154 e 612 μm. A fração volumétrica de flotsam

(partículas arrastadas para cima) é representada por xf. Assim, quando se

fluidiza uma mistura binária de sólidos, parâmetros como arranjo inicial do leito

fixo, composição do sistema e relação de tamanho ou densidade dos

componentes, permitem determinar a fluidização dinâmica do sistema.

Percebe-se que as pesquisas e estudos sobre a fluidodinâmica de

misturas têm seu foco dominante na determinação da velocidade mínima de

fluidização e identificação de fenômenos fluidodinâmicos presentes no sistema.

Em relação ao estudo de parâmetros fluidodinâmicos do regime de fluidização

rápida, bem como a influência de diferentes partículas sólidas na pressão

estática do sistema, poucos são as informações experimentais reportadas na

literatura.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Nesta seção são descritos os equipamentos e materiais utilizados no

trabalho, bem como, as etapas e os procedimentos realizados para o seu

desenvolvimento.

3.1. DESCRIÇÃO DA UNIDADE DE FLUIDIZAÇÃO A FRIO

O equipamento experimental usado neste trabalho corresponde a uma

unidade de fluidização rápida a frio (UFRAF), construída com recursos da

Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná. O

equipamento está instalado no Laboratório de Processos Termoquímicos da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Ponta Grossa.

O circuito de fluidização foi projetado e posteriormente construído em

aço carbono com algumas seções em acrílico. O sistema apresenta duas

colunas verticais (riser e standpipe), um ciclone e uma válvula de recirculação

de sólidos do tipo “L”. Existem três sistemas auxiliares, um para fornecimento

de ar de fluidização, outro para fornecimento da ar na válvula de retorno de

sólidos e um sistema com a instrumentação necessária para a aquisição de

dados. A Fotografia 1 mostra o aparato experimental utilizado neste trabalho.

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Fotografia 1 – Vista geral da unidade de fluidização rápida a frio. Fonte: Valaszek e Marin (2013).

3.1.1. CARACTERÍSTICAS DA UNIDADE DE FLUIDIZAÇÃO A FRIO

Como anteriormente descrito, o circuito de fluidização foi construído em

aço visando uma maior resistência mecânica e com algumas seções em

acrílico para facilitar a visualização do escoamento gás-sólido e dos fenômenos

fluidodinâmicos. As principais dimensões do sistema de leito fluidizado são

mostradas na Figura 10.

Circuito de

Fluidização

Instrumentação para

Aquisição de Dados

Sistema de

Fornecimento de

Ar de Aeração

Sistema de

Fornecimento de

Ar de Fluidização

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A coluna ascendente ou riser tem uma seção transversal circular, com

tubos SCH 40 de três polegadas de diâmetro nominal, correspondendo a um

diâmetro interno de 78 mm. O riser é composto por quatro seções de aço e três

de acrílico, intercaladas entre si e também representadas na Figura 10 pelos

índices BL-1 até BL-7. Juntos totalizam 2,85 m de comprimento, formando a

altura da coluna principal.

Figura 10 – Dimensões principais do circuito de fluidização. Fonte: Valaszek e Marin (2013).

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As localizações das tomadas de pressão no sistema e as

nomenclaturas utilizadas estão indicadas na Figura 11. No riser têm-se seis

tomadas de pressão (RS) instaladas nas paredes do circuito de fluidização, as

quais estão ligadas ao dispositivo medidor de flutuação de pressão (tomada

RS-01) e a manômetros do tipo U, por meio de mangueiras pneumáticas.

Figura 11 – Esquema do circuito de fluidização. Fonte: Valaszek e Marin (2013).

Na base do riser foi utilizada uma tubulação cônica para evitar o

retorno de sólidos ao fundo de sistema ou base do circuito. Esse componente

cônico aumenta a velocidade do fluido na base do sistema contribuindo para a

sustentação das partículas pelo fluido ascendente e evitando o retorno de

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sólidos para o fundo do riser (RAMIREZ-BEHAINNE, 2007). A Fotografia 2

mostra em detalhe o componente cônico empregado no sistema.

Fotografia 2 - Dispositivo cônico inferior acoplado ao riser. Fonte: Valaszek e Marin (2013).

Na fotografia acima também é possível observar uma junção em “T”, que

atua como ligação de fornecimento de ar de fluidização principal para o circuito.

A junção em “T” apresenta diâmetro nominal de uma polegada, soldada ao

dispositivo cônico e a uma redução 2 x 1 polegadas. A redução é conectada a

uma tubulação de entrada do ar fluidizante, onde existe uma placa de orifício.

Na parte inferior da junção em “T” existe uma válvula diafragma (VA-D) de uma

polegada, utilizada para drenagem do sistema após o término de cada teste.

Outro componente essencial do circuito de fluidização é o separador

gás-sólido ou ciclone. As partículas sólidas que saem com o gás fluidizante

pelo topo do riser e apresentam diâmetro inferior ao diâmetro de corte do

ciclone são capturas por este dispositivo e deixam o sistema de fluidização.

DISPOSITIVO

CÔNICO

VÁLVULA

DIAFRAGMA

REDUÇÃO 2” x 1”

“T”

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Figura 12 – Esquema do ciclone do circuito de LFC. Fonte: Valaszek e Marin (2013).

As partículas juntamente com o gás deixam o riser e passam pelo duto

de saída que liga ao ciclone. O duto tem uma seção retangular com um ângulo

de saída de 12°, em relação ao plano frontal formado pelo centro do riser e

standpipe, como pode ser visualizado na Figura 12.

Na parte superior do ciclone tem-se uma junção em “T” fabricada em

PVC, utilizada como conexão para uma mangueira flexível com 2,5 polegadas

de diâmetro nominal, que direciona o ar fluidizante que deixa o sistema, ao filtro

de mangas (Fotografia 4). Pela junção em “T” também é realizada a

alimentação do sistema, onde existe uma tampa. No ciclone também existe

uma tomada de pressão responsável por medir a pressão estática durante a

passagem do escoamento gás-sólido.

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Fotografia 3 - Ciclone separador de sólidos. Fonte: Valaszek e Marin (2013).

Após o ciclone, tem-se a coluna descendente ou standpipe. O diâmetro

nominal do standpipe é de 2,5 polegadas, mesmo diâmetro da saída do

ciclone, com tubo SCH 80. A altura do standpipe é de 1,61 m, com uma coluna

descendente composta por duas seções de aço e duas de acrílico, intercaladas

entre si e representadas na Figura 10 pelos índices BL-8 até BL-11. Nessa

seção existem duas tomadas de pressão (SP) que estão conectadas aos

manômetros.

Fotografia 4 – Filtro de mangas. Fonte: Autoria própria.

CICLONE

“T” - PVC

BL-07

(RISER)

MANGUEIRA

FLEXÍVEL

FILTRO DE

MANGAS

MANGUEIRA

FLEXÍVEL

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Para completar o circuito de fluidização, no fundo do standpipe, tem-se

uma válvula de recirculação de sólidos do tipo “L”. Sua função é promover o

retorno dos sólidos à coluna principal e manter o leito de partículas em

contínua circulação. O diâmetro nominal da válvula “L” é o mesmo do

standpipe. Na perna vertical da válvula “L” existe uma entrada de ar

comprimido, onde também é realizada a tomada de pressão. A perna horizontal

é construída em acrílico para facilitar a visualização dos sólidos quando

passam pela válvula. Ao fundo da perna vertical existe um tampão, o qual é

retirado para realizar a drenagem do sistema após finalização de cada teste. A

Fotografia 5 mostra a válvula “L” do aparato experimental.

Fotografia 5 - Válvula de retorno de sólidos do tipo "L". Fonte: Valaszek e Marin (2013).

O fornecimento de ar de fluidização é realizado por meio de um soprador

do tipo radial (SO-1), marca AEROMACK, modelo CRE-04, movimentado por

um motor elétrico de 4 cv de potência, mostrado na Fotografia 6. O ar é

soprado para uma tubulação, passando pela placa de orifício (descrita mais

adiante) e então entra na base do riser com velocidade elevada (> 3m/s).

O controle de vazão e da pressão do ar de fluidização é realizado por

uma válvula esfera (VA-E) de uma polegada, conectada a uma redução que

está ligada à perna lateral de uma conexão “T” de duas polegadas, posicionada

logo após a saída do soprador (Fotografia 6). Esta configuração permite um

MANGUEIRA PARA

INJEÇÃO DE AR DE

AERAÇÃO

MANGUEIRA PARA A

LEITURA DE PRESSÃO

NA VÁLVULA L

VL-H2 TAMPÃO

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maior controle sobre o ar de fluidização, principalmente quando apenas uma

parte da vazão fornecida pelo soprador é requerida para a operação do

sistema.

Na sequência da linha de fornecimento de ar, tem-se uma conexão com

engate rápido, permitindo a ligação de um sensor de temperatura (PT-100),

com o objetivo de medir a temperatura do ar fluidizante. Uma válvula gaveta

(VA-G) de duas polegadas, da marca DOCOL, modelo DN50, fabricada em

latão, foi adicionada para controlar diretamente a vazão originada pelo

soprador (Fotografia 6).

Fotografia 6 - Sistema de fornecimento de ar de fluidização. Fonte: Valaszek e Marin (2013).

Uma placa de orifício posicionada a jusante da válvula gaveta é utilizada

para medir a vazão de ar, conforme a Fotografia 7. A placa está separada da

válvula gaveta a uma distância de 20 vezes o diâmetro interno da tubulação

que conecta estes dois componentes. O medidor da vazão de ar foi construído

de acordo com a norma NBR ISO 5167-1, sendo fabricado em aço inoxidável

AISI-304 com 3,17 mm de espessura, 73,54 mm de diâmetro externo e 25,1

mm de diâmetro do orifício. Duas tomadas de pressão, uma a montante (PO-M)

e outra a jusante (PO-J) são utilizadas para quantificar as pressões absoluta e

diferencial do ar de fluidização na região da placa de orifício.

SO-1

VA-E

“T” 90 BICO ¼”

VA-G

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Fotografia 7 - Posicionamento da placa de orifício entre flanges. Fonte: Valaszek e Marin (2013).

O ar injetado na válvula L (aeração) tem a finalidade de promover o

escoamento das partículas sólidas acumuladas na válvula “L” em direção à

base do riser. O ar é fornecido por um compressor (CO) da marca Schulz,

modelo CSL 30 BR/250, e passa por uma linha para controle da pressão e

vazão. Na linha de aeração existe uma válvula reguladora de pressão (VRP)

padrão, na escala de 0 a 10 bar, possuindo adicionalmente dispositivo de

retenção de umidade. Em seguida, a linha de aeração se divide em dois ramais

em paralelo, onde estão instalados dois rotâmetros, com escalas

complementares. O primeiro rotâmetro (ROT1) tem escala de 0,045 a 0,45

m3/h (a condições normais de temperatura e pressão), e o segundo (ROT2)

tem uma escala de leitura de vazão de 0,40 a 4,80 m3/h (nas mesmas

condições). Existem também duas válvulas agulhas (VA-1 e VA-2), cada uma

antecedendo os rotâmetros. A configuração acima pode ser observada na

Fotografia 8.

PO-M PO-J

PLACA DE

ORIFÍCIO

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Fotografia 8 - Configuração da linha de ar de aeração. Fonte: Valaszek e Marin (2013).

Depois de passar pelos rotâmetros, o fluxo de ar segue para a válvula

“L”, conduzido por uma mangueira pneumática de poliuretano (PU) de 8 mm de

diâmetro e 1,25 mm de espessura, incluindo curvas e conexões de engate

rápido.

O sistema de medição de pressão é composto por manômetros em “U”,

preenchidos com água destilada, com os quais é realizada a leitura da pressão

estática média ao longo do sistema. Cada tomada de pressão é conectada a

uma mangueira pneumática, através da qual o sinal de pressão é transmitido

ao manômetro. O painel de instrumentação é formado por 11 manômetros,

fixados para as leituras das pressões estáticas, os quais podem ser

visualizados na Fotografia 9.

VRP

VA-2

ROT-2 ROT-1

VA-1

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55

Fotografia 9 - Painel de manômetros do tipo U, juntamente com o sistema de aeração. Fonte: Adaptado de Valaszek e Marin (2013).

Para analisar o comportamento da pressão média e as flutuações de

pressão no escoamento gás-sólido, também foi utilizado um sensor de pressão

e um sistema de aquisição de dados acoplados à tomada de pressão RS-01.

Na Fotografia 10 é possível observar o transdutor de pressão diferencial de

resposta rápida, da marca Cole Parmer, com faixa de medida de 0 a 25 in de

coluna de água, um sistema de aquisição de dados, com 16 bits, 400 kS/s,

marca National Instruments, modelo NIUSB 6212, além de uma fonte de

potência com entrada de 120/230 V, corrente alternada e saída de 24V/2,5A,

corrente direta, marca Siemens, modelo Logo Power.

MANÔMETROS

EM U

LINHA DE AR DE

AERAÇÃO

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Fotografia 10 – Componentes do sistema de aquisição de dados com transdutor de pressão.

Fonte: Autoria própria.

Para medir a temperatura do ar fluidizante foi utilizada uma

termoresistência PT-100 acoplada a um indicador digital de temperatura, da

marca NOVUS, conforme mostrado na Fotografia 11.

Fotografia 11 - Termoresistor PT-100 e indicador de temperatura. Fonte: Valaszek e Marin (2013)

TERMORESISTOR

INDICADOR DE

TEMPERATURA

DIGITAL

FONTE DE

POTÊNCIA

SISTEMA DE

AQUISIÇÃO DE

DADOS

TRANSDUTOR

DE PRESSÃO

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3.2. PARTÍCULAS CONSTITUINTES DO LEITO

As partículas presente no leito foram a areia quartzosa (material inerte) e

carvão mineral (combustível). Juntas, as partículas compõem uma mistura

binária no leito analisada em termos de comportamento das variações de

pressão obtidas a diferentes níveis de inventário total de sólidos e relação

mássica de mistura. Inventário total de sólidos é a quantidade de material

presente no leito, sendo expresso pela Equação (16), e relação mássica de

mistura é a porcentagem do inventário total que é constituída por combustível,

mostrada na Equação (17).

(16)

(17)

(18)

onde,

: inventário total de sólidos do leito (areia + combustível) (kg);

: massa de areia (kg);

: massa de carvão mineral (kg);

: fração mássica de areia (kg);

: fração mássica de carvão mineral (kg);

O carvão utilizado nos testes foi fornecido previamente moído pela

Carbonífera do Cambuí LTDA, localizada no município de Figueira/PR. A areia

utilizada nos testes foi fornecida pelo Laboratório de Fundição (CETEM) da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Ponta Grossa.

O tamanho adequado das partículas foi escolhido com base no critério

da isonomia na velocidade de transporte. Assim, as partículas de combustível

foram selecionadas na faixa de 425 a 600 μm, e as partículas de areia na faixa

de 212 a 300 μm. Um classificador vibratório semi-industrial da marca

Servitech, modelo Vibrotech CT-025, foi utilizado para a separação das

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partículas nas faixas granulométricas necessárias. Este classificador pode

suportar até 06 peneiras e bandeja cega.

A massa desejada de combustível e material inerte foi medida por meio

de uma balança digital da marca Solotest, modelo BG-2000, com resolução de

0,001 g.

As propriedades densidade aparente das partículas e esfericidade foram

obtidas de trabalho prévio apresentado por Valaszek e Marin (2013), uma vez

que os sólidos utilizados fazem parte do mesmo inventário utilizado naquele

estudo, e estão presentes na Tabela 4.

Tabela 4 – Propriedades das partículas constituintes do leito

Propriedade Carvão mineral Areia quartzosa

Diâmetro médio (µm) 513 256

Densidade aparente (kg.m-3) 1,433 2,522

Esfericidade 0,60 0,69

Velocidade de transporte (m.s-1) 3,22 3,09

Fonte: Adaptado de Valaszek e Marin (2013).

3.3. MODELO MATEMÁTICO

Rodrigues e Beltrane (2011) desenvolveram um modelo matemático

semi-empírico capaz de dimensionar um leito fluidizado circulante para queima

de combustível sólido, considerando as características das partículas e

condições operacionais do sistema. Posteriormente, Valaszek e Marin (2013)

fixaram as dimensões do sistema de leito fluidizado circulante, obtidas pelo

modelo de Rodrigues e Beltrane (2011) e o adaptaram para utilização com

misturas de sólidos.

No procedimento de adaptação, foram também adicionados dois

modelos auxiliares. O primeiro, referente às medições na placa de orifício,

fornece a vazão de ar suprida pelo soprador, e assim, a velocidade de

fluidização na base do riser. O segundo corrige a vazão lida pelo rotâmetro na

linha de aeração da válvula L, devido às mudanças das condições de

temperatura e pressão no local dos experimentos de fluidização. Este modelo

desconsidera as equações referentes à combustão e a transferência de calor,

sendo aplicado somente em experimentos a condições ambientais (condições

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a frio). A Tabela 5 resume as dimensões principais do sistema de LFC

impostas ao modelo fluidodinâmico.

Tabela 5 - Dimensões do LFC impostas ao modelo fluidodinâmico.

DIMENSÃO VALOR (m)

Diâmetro interno da coluna riser (Dr) 0,078

Altura da base do riser até o ponto de saída para o ciclone (H) 2,700

Diâmetro do ciclone (Dc) 0,145

Diâmetro do standpipe (M) 0,059

Altura da entrada dos sólidos recirculados (Hsr) 0,350

Altura da entrada de aeração da válvula L (La) 0,122

Comprimento disponível para o standpipe e válvula L (Ldc&lv) 1,403

Comprimento da perna horizontal da válvula L (Lhlv) 0,339

Fonte: Valaszek e Marin (2013).

A partir das condições operacionais estabelecidas e com a geometria

fixa do sistema, a altura do ponto de inflexão do perfil de porosidade (Hi) e a

razão de reciclagem interna de sólidos no topo do riser (Rs) passam a ser

variáveis de saída do modelo fluidodinâmico, ao passo que, a velocidade de

fluidização (u) e o inventário total de sólidos (IT) tornam-se variáveis de entrada

do modelo.

O valor da velocidade de fluidização no sistema é atrelado ao valor da

velocidade de transporte das partículas (utr). Assim, um valor um pouco acima

da utr garante que o sistema opere no regime de fluidização rápida. Em relação

ao inventário total de sólidos, testes preliminares no aparato experimental

forneceram a real capacidade do sistema para operação em carga máxima e

mínima, a fim de evitar, no primeiro caso, que a coluna de sólidos no standpipe

ocupe o ciclone e, no segundo, que a válvula de recirculação fique sem sólidos

e permita a passagem de apenas gás na direção ascendente do standpipe

(efeito curto-circuito).

O modelo matemático também fornece dados referentes à taxa de

recirculação de sólidos (Gs), expressa pela Equação (19). Nesta expressão a

taxa de recirculação de sólidos é função da velocidade de fluidização (u), da

velocidade de transporte (utr) e também da porosidade no topo do riser (εh).

( )( ) (19)

A velocidade de transporte é representada pela Equação (20):

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(

)

(20)

onde, μg é a viscosidade dinâmica do gás, é a massa específica do gás e

é o diâmetro médio de Sauter para misturas.

As principais equações do modelo matemático, adaptado por Valaszek

e Marin (2013), são apresentadas nas Tabelas 6 a 9.

Tabela 6 - Modelo matemático operacional do sistema de leito fluidizado circulante considerado neste trabalho, parte riser.

Riser

( )

( )

[

( )

]

[

]

[

] [

]

[ ( )

( ) ]

[

] ( )

( )

Fonte: Adaptado de Valaszek e Marin (2013).

Tabela 7 - Modelo matemático operacional do sistema de leito fluidizado circulante considerado neste trabalho, parte standpipe e válvula L.

Standpipe e Válvula L

( )

( )

( )

[

] [

(

)

]

[( )

[

]] [

]

[

]

Fonte: Adaptado de Valaszek e Marin (2013).

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Tabela 8 - Modelo matemático operacional do sistema de leito fluidizado circulante considerado neste trabalho, parte ciclone.

Ciclone

[

]

[

] [

]

[

] [(

)

(

)

]

[

]

[

] [( ) (

)

]

[

]

[

( ( (

(

) ) ( ((

) ( )))

))

]

( )

[

(

)

]

[

(

)

] [

(

)

]

( )

[ (

( ) ( )

)]

[ (

( ) (

)

)]

[

( ) ]

[

]

[

(

)

]

( )

[

]

Fonte: Adaptado de Valaszek e Marin (2013).

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Tabela 9 - Modelo matemático operacional do sistema de leito fluidizado circulante considerado neste trabalho, parte balanço de pressão e inventário.

Balanço de pressão e inventário de sólidos

[

( )– (( ) ( ) ]

( )

( )

[ (

)(

) (

) ]

– ( )

[( ) ( )]

Fonte: Adaptado de Valaszek e Marin (2013).

A solução do modelo fluidodinâmico está condicionada pelo balanço de

pressão no sistema, conforme a Equação (21):

(21)

Um modelo auxiliar para a placa de orifício foi desenvolvido para

diâmetro interno da tubulação maior que 50 mm e tomadas de pressão

diferencial do tipo D e D/2, de acordo com a NORMA NBR – ISO 5167-1

(1998). Este modelo apresenta a equação empírica para determinação do

coeficiente de descarga, com o qual se obtém a vazão de ar do soprador, e

desta maneira, a velocidade de fluidização na base do riser. Já o outro modelo

auxiliar, correspondente à correção da vazão lida pelo rotâmetro, foi adotado

de Ismail et al. (1998).

3.4. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

Com a finalidade de otimizar custos e o tempo de execução, bem como

facilitar a análise dos dados obtidos, utilizou-se a técnica do planejamento

fatorial na programação dos testes da unidade de fluidização rápida a frio

(UFRAF). Esse planejamento permite obter, a partir de um número reduzido de

ensaios, resultados conclusivos dos efeitos produzidos numa ou mais variáveis

do processo quando variáveis operacionais são alteradas dentro de uma faixa

de interesse.

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Uma análise da literatura permitiu a escolha do inventário total de

sólidos e da relação mássica de mistura como variáveis controladas. Ambas

foram analisadas a diferentes níveis, com base nos requerimentos reais de

uma unidade comercial de combustão em LFC e na capacidade do

equipamento disponível para a realização deste estudo (conhecida mediante

testes preliminares).

Deste modo, os experimentos seguiram um planejamento fatorial 22,

indicando a presença de dois fatores ou variáveis controladas, estudados em

dois níveis de escolha. A Tabela 10 mostra a matriz de planejamento com as

variáveis de entrada consideradas nos testes, onde os sinais “+” e “-“

representam o nível alto e baixo da variável, respectivamente (BARROS NETO

et al., 2003).

Tabela 10 - Matriz de planejamento dos experimentos.

Inventário de sólidos (I)

Relação Mássica de Mistura (Rm)

Resultado ( )

ENSAIO Nível Valor (kg) Nível Valor (%)

1 + 5,0 + 10,0 2 + 5,0 - 5,0 3 - 3,5 + 10,0 4 - 3,5 - 5,0

5 + 5,0 + 10,0 6 + 5,0 - 5,0 7 - 3,5 + 10,0 8 - 3,5 - 5,0

Fonte: Adaptado de Barros Neto (2003).

Os ensaios foram realizados em duplicata, totalizando 8 testes

experimentais, o que permite determinar o erro puro em cada um dos

tratamentos experimentais considerados (BARROS NETO et al., 2003). O erro

puro é importante para concluir sobre as respostas ( ), e assim, conhecer a

significância do efeito produzido de um determinado fator controlável.

Com a matriz de planejamento, obtêm-se os coeficientes de contraste,

que trazem o efeito principal (I ou Rm) e a interação entre as variáveis

controláveis (I x Rm). A Tabela 11 mostra os coeficientes de contraste entre as

variáveis.

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Tabela 11 - Coeficientes de contraste entre as variáveis.

Ensaio I Rm I Rm ( )

1 + + + 2 + - - 3 - + - 4 - - +

5 + + + 6 + - - 7 - + - 8 - - +

Fonte: Adaptado de Barros Neto (2003).

Segundo Barros Neto et al. (2003) e Rodrigues & Iemma (2005), o

efeito principal de cada variável é definido com sendo a média dos efeitos nos

dois níveis, ou seja:

( ) ( )

(22)

( ) ( )

(23)

Com o valor de cada uma das variáveis obtido, tem-se o percentual de

alteração do resultado final para a mudança de nível baixo para nível alto da

variável. No caso de variáveis dependentes entre si, o efeito da integração

entre as variáveis é expresso pela metade da diferença entre elas (BARROS

NETO et al., 2003; RODRIGUES & IEMMA, 2005).

( ) ( )

(24)

Para um número N de ensaios duplicados, a variância experimental é

representada pela seguinte expressão:

( ) ∑

⁄ (25)

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onde, di é a diferença entre duas observações correspondentes ao i-ésimo

ensaio.

Com a variância, pode-se obter o erro experimental característico,

também denominado de desvio padrão, dado por:

√∑

⁄ (26)

sendo que, s é o desvio padrão.

O modelo estatístico utilizado acima descreve as respostas em função

dos efeitos produzidos por unidade da variação dos fatores. Quando se utiliza

de um planejamento fatorial 22, tem x1, x2 e a resposta observada no nível (x1,

x2) é considerada como uma variável aleatória y(x1, x2). Logo, o erro aleatório

com que as respostas flutuam em torno da média populacional é definido por

meio dos valores de x1, x2 é representada por ε(x1, x2). Assim, para uma

análise individual em um ensaio pode ser representada pela equação abaixo:

( ) ( ) (27)

onde, os coeficientes β0, β1, β2 e β12 representam valores populacionais dos

efeitos, por unidade das variáveis codificadas.

Para um número de oito experimentos, os valores obtidos dos

coeficientes são apenas estimativos. Assim, surgem novos parâmetros

denominados de estimadores dos parâmetros populacionais, representados por

b0, b1, b2 e b12. Com isso, é possível calcular uma estimativa de uma

observação na combinação de níveis (x1, x2), denominada modelo estatístico:

( ) (28)

A Equação (28) também pode ser representada por um produto

escalar:

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( ) [

] (29)

onde o acento circunflexo (^) representa o valor de uma estimativa e não um

valor populacional.

Utilizando o diagrama de Pareto é possível visualizar a significância

dos efeitos produzidos pelas variáveis. Nesse diagrama, os efeitos

padronizados são representados por alturas das barras, colocadas em ordem

decrescente. Com a Equação (30), obtém-se a altura das barras.

(30)

Para completar o diagrama, o valor de tTab precisa ser calculado. Com

isso, é possível encontrar os valores a partir do qual os efeitos são

significativos. No presente trabalho, o valor de tTab adotado será de 2,78,

baseado na distribuição t de Student, com 4 graus de liberdade e 95% de nível

de confiança. Somado a isso, pode representar o valor dos desvios entre

experimento e simulação, juntamente com os valores das variáveis de resposta

analisadas nos componentes da UFRAF.

3.4.1. TRATAMENTO DOS RESULTADOS

Com os dados experimentais obtidos, segue-se para o tratamento dos

resultados. O tratamento dos resultados ocorre de duas formas. A primeira

refere-se ao balanço de pressão no circuito, onde são apresentados gráficos da

variação da pressão de acordo com o inventário de sólidos e a relação de

mistura presente no sistema, para analisar a influência da variação dos

parâmetros de entrada perante os resultados.

A segunda etapa é a comparação dos dados experimentais com o

modelo matemático, com a finalidade de obter a porcentagem de desvio entre o

experimental e o simulado por meio da utilização de gráficos e um estudo

estatístico.

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Posteriormente, outra análise é realizada utilizando os dados provindos

do transdutor de pressão, posicionado no sistema para observar a estabilidade

fluidodinâmica operacional mediante medidas das flutuações de pressão

obtidas na parte baixa do riser (local de maior densidade de leito) em função

das variáveis controladas.

No estudo estatístico utilizam-se diagramas de Pareto e de superfície

de resposta para demostrar a influência da mudança de nível dos fatores de

entrada sobre a pressão estática no sistema.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nessa seção serão apresentados os resultados obtidos nos ensaios

realizados na unidade de fluidização, sendo que a primeira parte da seção

expõem os resultados experimentais em diferentes níveis de inventário de

sólidos e relações de mistura. Posteriormente, serão realizadas análises

comparativas dos resultados experimentais com os resultados do modelo

matemático semi-empírico adaptado de Rodrigues e Beltrane (2011). Além

disso, a adição do monitoramento de pressão estática, por meio de um

transdutor de pressão diferencial na tomada de pressão RS-01, permite uma

análise mais completa da fluidodinâmica operacional na parte inferior do riser,

local de maior densidade do leito.

4.1. RESULTADOS EXPERIMENTAIS

De acordo com a matriz de planejamento experimental do trabalho,

foram executados 8 testes experimentais, variando o nível de inventário de

sólidos e a relação de mistura. Na execução dos testes, alguns parâmetros

operacionais foram mantidos constantes, como a velocidade de fluidização na

base do riser em 4 m/s e a taxa de aeração na válvula L, em torno de 0,6

Nm3/h. Os dados experimentais foram coletados durante a execução dos

experimentos e estão presentes no apêndice do trabalho.

4.1.1. EFEITO DA RELAÇÃO DE MISTURA

Para analisar o efeito da relação de mistura no perfil de pressão estática

do sistema gás-sólido, manteve-se incialmente o inventário de sólidos

constante e utilizaram-se dois níveis de relação de mistura, 5% para nível baixo

e 10% para nível alto. Com os resultados experimentais, elaborou-se o Gráfico

1, onde no eixo das abscissas tem-se a pressão estática e no eixo das

ordenadas tem-se a altura das tomadas de pressão no sistema de fluidização.

A tomada de pressão RS-01 foi somente indicada no gráfico, por se tratar de

um ponto localizado na região inferior do riser, e que não faz parte do circuito

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de fluidização. Isto se deve ao fato dos sólidos retornarem ao riser em uma

altura superior a tomada de pressão RS-01.

No Gráfico 1 é possível verificar a baixa influência da alteração da

relação de mistura de 5% para 10%. Quando se altera a relação de mistura

para um nível superior, significa que a parcela de sólidos do sistema formado

por combustível também incrementa, porém para o inventário de 3,5 kg, está

alteração gera poucas mudanças no perfil de pressão estática, principalmente

pela pouca interferência produzida pelas partículas de combustível, quando o

sistema opera com baixo inventário de sólidos.

Gráfico 1 - Perfil axial de pressão para inventário de sólidos de 3,5 kg e relação de mistura variável.

Fonte: Autoria própria.

Por outro lado, para o inventário no nível superior (Gráfico 2), o aumento

da relação de mistura desloca o gráfico do perfil de pressão para direita,

aumentando a pressão estática em todas as tomadas de pressão do sistema.

Isso se deve à expansão produzida no leito pelo aumento de partículas menos

densas, que produzem um maior atrito com as paredes do sistema ao ocupar

um volume maior.

RS-01

RS-03

RS-04

RS-05

RS-06

SP-01

SP-02

VAL-L RS-02

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Alt

ura

, H [

m]

Pressão Estática [Pa]

Inv. = 3.5 kg

Rm = 10 % Rm = 5 %

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70

Gráfico 2 - Perfil axial de pressão para inventário de sólidos de 5 kg e relação de mistura variável.

Fonte: Autoria própria.

4.1.2. EFEITO DO INVENTÁRIO DE SÓLIDOS

Para verificar o efeito do inventário de sólidos no perfil de pressão

estática do circuito de fluidização, manteve-se a relação de mistura constante e

alterou-se o inventário de sólidos. A análise foi realizada para nível alto e baixo

de relação de mistura e os resultados estão presentes nos Gráficos 3 e 4.

No Gráfico 3, o aumento do inventário de sólidos de 3,5 para 5 kg gera

um aumento na pressão estática em todos os pontos do circuito, levando a

uma nova condição de equilíbrio, o que acarreta na necessidade do ar

fluidizante exercer uma maior força para arrastar o leito de partículas em um

leito mais denso. Quando se aumenta a quantidade de sólidos no circuito, a

porosidade do sistema diminui, ou seja, a parcela de vazios que permite a

passagem do ar fluidizante, e assim, ocorre um aumento da pressão estática

em todos os componentes do circuito.

RS-01

RS-03

RS-04

RS-05

RS-06

SP-01

SP-02

VAL-L

RS-02

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

Alt

ura

, H [

m]

Pressão Estática [Pa]

Inv. = 5 kg

Rm = 10% Rm = 5 %

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71

Gráfico 3 - Perfil axial de pressão para relação mássica de mistura de 5 % e inventário de sólidos variável.

Fonte: Autoria própria.

Assim como no Gráfico 3, também no Gráfico 4 é possível verificar um

deslocamento do gráfico para direita com o incremento do inventário de

sólidos. O leito fica mais denso e o ar fluidizante tem mais resistência para

arrastar uma quantidade maior de partículas pelo circuito. Outro fator

determinante no aumento da pressão estática é o atrito produzido pelo contato

das partículas com a parede. Para um inventário de sólidos maior, a área de

contato das partículas com a parede aumenta o que contribui para a elevação

da pressão estática ao longo do circuito.

Em ambos os casos, o perfil de pressão varia com a altura do sistema,

tendo como fator determinante a densidade e porosidade. Para os pontos

inferiores do sistema verifica-se uma maior pressão estática, sendo que com o

aumento da altura no circuito, ocorre uma diminuição gradual de sólidos, e um

aumento da porosidade, observando-se uma menor pressão estática. Além

disso, verifica-se que a pressão na válvula L (VAL-L) é maior que a pressão na

entrada do riser (RS-02) em todos os casos, o que se faz necessária para que

ocorra a circulação de sólidos no sistema.

RS-01

RS-03

RS-04

RS-05

RS-06

SP-01

SP-02

VAL-L RS-02

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

Alt

ura

, H [

m]

Pressão Estática [Pa]

Rm = 5 %

Inv. = 3.5kg Inv. = 5kg

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72

Gráfico 4 - Perfil axial de pressão para relação mássica de mistura de 10 % e inventário de sólidos variável.

Fonte: Autoria própria.

Em todos os casos estudados acima, a maior pressão estática é obtida

na região da válvula L, um região de baixa porosidade, onde ocorre um

acúmulo de sólidos que serão retornados ao riser. As partículas que possuem

diâmetro superior ao diâmetro de corte do ciclone, passam pelo mesmo e

descem pelo standpipe, chegando à região da válvula L, onde se acumulam. A

necessidade de converter um movimento descendente das partículas e

direcioná-las ao riser, juntamente com a grande quantidade de sólidos na

região, faz com que a pressão estática nessa região seja maior.

Um fenômeno que pode ocorrer nessa região é o shorcut, ou seja, a

interrupção do fluxo de sólidos no circuito. O fenômeno ocorre quando a

quantidade de sólidos na região da válvula L é pequena, e a pressão estática é

insuficiente para movimentar as partículas para a região do riser. Para evitar

esse fenômeno, a quantidade de sólidos no sistema deve ser mantida acima da

quantidade mínima, favorecendo uma operação sem risco de interrupções.

RS-01

RS-04

RS-05

RS-06

RS-03

VAL-L RS-02

SP-01

SP-02

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

Alt

ura

, H [

m]

Pressão Estática [Pa]

Rm = 10 %

Inv. = 3.5kg Inv. = 5kg

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73

4.2. MEDIDAS DE PRESSÃO COM TRANSDUTOR DE RESPOSTA

RÁPIDA

Além da coleta dos dados experimentais utilizando os manômetros, um

transdutor de pressão estática e um sistema de aquisição de dados foram

adicionados ao sistema para coletar dados da flutuação de pressão na tomada

de pressão RS-01. O transdutor foi colocado nessa local pelo fato de

apresentar a maior densidade e as maiores variações de pressão estática em

relação às outras tomadas.

As análises foram realizadas para diferentes condições operacionais,

onde o inventário de sólidos e a relação mássica de mistura foram as variáveis

controladas. Para cada teste, foram coletados dados de pressão estática,

sendo um dado de pressão estática era armazenado a cada milissegundo.

Assim, para um minuto de teste, o sistema de aquisição de dados era capaz de

armazenar sessenta mil dados de pressão, aumentando a precisão dos

resultados.

No processo de análise, buscou-se verificar a influência das variáveis

controladas em certos períodos do experimento. Para os testes com as

mesmas condições operacionais, foram analisados os dados obtidos no

mesmo minuto, onde posteriormente foi feita a média e o desvio padrão dos

dados obtidos no teste. O Gráfico 5 mostra os resultados obtidos do transdutor

de pressão na tomada de pressão RS-01, para um inventário de 5 kg e um

relação mássica de mistura de 10%.

Com as variáveis controladas no maior nível, a amplitude de variação

da pressão alcançou uma faixa ampla de valores, principalmente pela maior

quantidade de partículas e pela turbulência gerada no sistema pela entrada dos

sólidos recirculados. Nessa condição a força necessária para o ar fluidizante

arrastar as partículas aumenta devido ao maior contato das partículas com as

paredes e a menor porosidade no leito. Não existe uma divisão clara entre leito

denso e diluído, e o leito apresenta-se muito turbulento e heterogêneo.

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74

Gráfico 5 - Pressão estática média na tomada de pressão RS-01 para um inventário de sólidos 5 kg e relação de mistura de 10%.

Fonte: Autoria própria.

No Gráfico 6 o inventário de sólidos continuou 5 kg, porém a relação de

mistura foi alterada para 5%. A amplitude de flutuação da pressão diminuiu

comparada ao Gráfico 5, em consequência da redução da relação de mistura

que diminui o volume das partículas no leito, e consequentemente a área de

contato, ocasionando uma redução na pressão estática na tomada de pressão

RS-01.

Gráfico 6 - Pressão estática média na tomada de pressão RS-01 para um inventário de sólidos 5 kg e relação de mistura de 5%.

Fonte: Autoria própria.

(a) (b)

(a) (b)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

0 20000 40000 60000

Pre

ssão

est

átic

a (P

a)

Número de dados

Teste 1 - Inv. 5 kg Rm. 10 %

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

0 20000 40000 60000

Pre

ssão

est

átic

a (P

a)

Número de dados

Teste 5 - Inv. 5 kg Rm. 10%

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

0 20000 40000 60000

Pre

ssão

est

átic

a (P

a)

Número de dados

Teste 2 - Inv. 5 kg Rm. 5%

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

0 20000 40000 60000

Pre

ssão

est

átic

a (P

a)

Número de dados

Teste 6 - Inv. 5 kg Rm. 5%

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75

Para um inventário de sólidos de 3,5 kg e relação de mistura de 10%

os resultados obtidos estão presentes no Gráfico 7. A pressão estática

mantem-se mais estável, principalmente pela redução do inventário de sólidos.

Em comparação com o inventário em 5 kg, a amplitude de variação da pressão

estática é menor, sendo necessária uma menor força para arrastar as

partículas ao longo do sistema. Isso se deve a menor resistência produzida

pelas partículas sólidas em contato com as paredes do sistema.

Gráfico 7 - Pressão estática média na tomada de pressão RS-01 para um inventário de sólidos 3,5 kg e relação de mistura de 10%.

Fonte: Autoria própria.

Alterando-se a relação de mistura para 5% e mantendo o inventário de

sólidos constante em 3,5 kg, observa-se que a amplitude de variação da

pressão estática é ainda menor (Gráfico 8), mantendo-se mais estável dentro

de uma faixa de variação, com alguns pontos de reduções de pressão geradas

pela queda de potência do soprador. Verifica-se que o inventário de sólidos e a

relação de mistura afetam diretamente o comportamento fluidodinâmico do

sistema de leito fluidizado circulante, onde para menor quantidade de sólidos e

baixa relação de mistura, a amplitude de variação da pressão estática atinge

faixas menores.

(a) (b)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 20000 40000 60000

Pre

ssão

est

átic

a (P

a)

Número de dados

Teste 3 - Inv. 3,5 kg Rm. 10%

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 20000 40000 60000

Pre

ssão

est

átic

a (P

a)

Número de dados

Teste 7 - Inv. 3,5 kg Rm. 10%

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76

Gráfico 8 - Pressão estática média na tomada de pressão RS-01 para um inventário de sólidos 3,5 kg e relação de mistura de 5%.

Fonte: Autoria própria.

Um comparativo entre os 8 testes experimentais em relação a média e

desvio padrão da pressão estática está presente no Gráfico 9. Para isso, foram

utilizados os sessenta mil dados obtidos do transdutor de pressão. Os testes 1

e 5 apresentaram a maior diferença média na pressão estática da tomada de

pressão RS-01, para as mesmas condições operacionais (inventário de sólidos

e relação de mistura). Nesses testes, o sistema operou sob a maior quantidade

de sólidos e maior relação de mistura, o que ocasiona uma ampla faixa de

amplitude de variação da flutuação de pressão e gera essa diferença na leitura

do transdutor.

(a) (b)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 20000 40000 60000

Pre

ssão

est

átic

a (P

a)

Número de dados

Teste 4 - Inv. 3,5 kg Rm. 5%

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 20000 40000 60000

Pre

ssão

est

átic

a (P

a)

Número de dados

Teste 8 - Inv. 3,5 kg Rm. 5%

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77

Gráfico 9 – Média e desvio padrão da pressão estática na tomada de pressão RS-01 para os oito testes experimentais, com a utilização do transdutor de pressão.

Fonte: Autoria própria.

A fim de verificar a significância estatística dos efeitos do inventário e

da relação de mistura sobre as medições de pressão obtidas com o transdutor,

foram elaborados gráficos de Pareto e superfície de resposta, que mostram

também o respectivo modelo estatístico.

O Gráfico 10 apresenta o efeito padronizado da média de pressão

estática em RS-01. Observa-se que o inventário de sólidos e a relação de

mistura têm efeito significativo na pressão média para um nível de confiança de

95% (p=0,05). A variação do inventário de sólidos é dominante sobre a

variação da relação de mistura, ou seja, quando se aumenta o nível de

inventário de sólidos no sistema, os efeitos sobre a pressão estática ocorrem

com maior intensidade, porém variando os fatores em conjunto, a pressão

média não ultrapassa a linha de significância.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Teste 1 Teste 2 Teste 3 Teste 4 Teste 5 Teste 6 Teste 7 Teste 8

Pre

ssão

Está

tica [

Pa]

Média e desvio percentual da flutuação de pressão em RS-01

Média Desvio percentual

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78

Variável: Média de pressão estática em RS-01

2,26

3,27

18,72

p=0,05

Efeito padronizado

Inventário x Relação de mistura

Relação de mistura (%)

Inventário (kg)

Gráfico 10 – Diagrama de Pareto para análise da variável média de pressão estática em RS-01. Efeito padronizado.

Fonte: Autoria própria.

O Gráfico 11 expõe a superfície de resposta para a pressão média no

sistema, confirmando os mesmos resultados obtidos no diagrama de Pareto.

Verifica-se que quando mantem-se o inventário de sólidos em 3,5 kg e

aumenta-se a relação de mistura, a variação média na pressão estática é

relativamente pequena. Entretanto, para o inventário de sólidos no maior nível

(5,0 kg), a alteração da relação mássica de mistura provoca uma maior

inclinação no gráfico, ocasionando um aumento na pressão mais expressivo.

Além disso, é possível verificar que o aumento do inventário de sólidos para

uma relação de mistura constante, produz uma variação de pressão estática

média significativa no sistema. A superfície de resposta também permite

verificar que a maior resposta no nível de pressão é verificada para o inventário

de 5 kg e relação de mistura de 10%.

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79

Gráfico 11 – Superfície de resposta para a média de pressão estática em RS-01. Fonte: Autoria própria.

O Gráfico 11 pode ser obtido mediante a Equação (31). Ela descreve o

comportamento da média da variação de pressão estática em função dos

fatores controlados (inventário de sólidos e relação de mistura).

( ) (31)

Adicionalmente foi realizada uma análise da significância dos desvios

de pressão estática na tomada de pressão RS-01. Essa análise permite

verificar as diferenças obtidas na pressão estática com a variação do inventário

de sólidos e a relação de mistura.

O diagrama de Pareto aplicado à análise do desvio padrão dos sinais

de pressão pode ser observado no Gráfico 12. Observa-se que no nível de

95% de confiança (p=0,05), somente o efeito do inventário de sólidos é

significativo. Assim, alterando-se o inventário de sólidos, variações importantes

são verificadas no desvio padrão. Entretanto, a variação da relação de mistura

e a variação do inventário juntamente com a relação de mistura não produzem

mudanças significativas no desvio padrão de pressão estática na tomada de

pressão RS-01.

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Variável: Desvio padrão de pressão estática em RS-01

0,69

-1,64

48,06

p=0,05

Efeito padronizado

Relação de mistura (%)

Inventário x Relação de mistura

Inventário (kg)

Gráfico 12 – Diagrama de Pareto para análise do desvio padrão de pressão estática em RS-01. Efeito padronizado.

Fonte: Autoria própria.

A superfície de resposta do desvio padrão de pressão estática

apresenta-se no Gráfico 13. A mesma interpretação do diagrama de Pareto

pode ser verificada na superfície de resposta. Somente a alteração do

inventário de sólidos gera mudanças significativas no nível de desvio padrão de

pressão estática.

Com o inventário de sólidos constante e aumentando-se a relação de

mistura, a mudança no desvio é muito pequena. Por outro lado, quando a

relação de mistura é inalterada e aumenta-se o inventário de sólidos, o desvio

padrão chega a variar em média 600 Pa. Isso indica a influência dominante do

inventário de sólidos sobre o desvio padrão de pressão estática na tomada de

pressão RS-01.

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Gráfico 13 – Superfície de resposta para o desvio padrão de pressão estática em RS-01. Fonte: Autoria própria.

O Gráfico 13 também pode ser modelado por meio da Equação (32),

podendo obter o desvio padrão para outras condições operacionais.

( ) (32)

4.3. COMPARAÇÃO COM O MODELO MATEMÁTICO

Para verificar a efetividade do modelo matemático semi-empírico

previamente desenvolvido por Valaszek e Marin (2013), foi realizada uma

comparação com os resultados experimentais obtidos. Nessa etapa foram

comparadas as pressões estáticas obtidas nos componentes da UFRAF por

meio da simulação do modelo matemático utilizando o software “EES®”

(Engineering Equation Solver) e as pressões estáticas dos componentes

obtidas nos testes experimentais.

A Figura 13 mostra o diagrama esquemático da UFRAF elaborado no

EES®. No software foram dispostas todas as equações do modelo matemático

semi-empírico e, para facilitar a visualização dos resultados, foi criado um

diagrama esquemático. Neste diagrama são inseridas as variáveis de entrada

do modelo que o EES®, o qual fornece as perdas de pressão estática nos

componentes.

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82

Figura 13- Diagrama esquemático da unidade de fluidização no EES. Fonte: Autoria própria.

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83

4.3.1. VALIDAÇÃO DO MODELO MATEMÁTICO

Considerando como variáveis controladas o inventário de sólidos e a

relação mássica de mistura, foram gerados gráficos para analisar os resultados

dos testes experimentais e da simulação do modelo matemático, na pressão

estática no riser (ΔPrsr), ciclone (ΔPc), standpipe (ΔPst) e válvula L (ΔPvl). Com a

média de pressão nos testes experimentais e resultados da simulação,

consegue-se avaliar o desvio percentual de pressão estática nos componentes.

Nos Gráficos 14 (a) e (b), manteve-se o inventário de sólidos constante

em 3,5 kg e alterou-se somente a relação mássica de mistura. Na ordenada a

direita é possível verificar o desvio percentual entre o experimental e a

simulação, e na ordenada à esquerda têm-se a perda de pressão estática nos

componentes.

Verifica-se que as maiores perdas de pressão ocorrem na região do

standpipe (ΔPst) e válvula L (ΔPvl), ocasionado pelo acúmulo de sólidos na

região. O maior desvio percentual entre os testes experimentais e a simulação

é observado no ciclone (ΔPc), principalmente pelas baixas pressões obtidas no

componente, o que pode levar a erros nas leituras dos manômetros.

(a) (b)

Gráfico 14 - Inventário de sólidos fixo em 3,5 kg, com relação mássica de 5% (a) e relação de mistura de 10% (b).

Fonte: Autoria própria.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

0

1000

2000

3000

4000

5000

∆Prsr ∆Pc ∆Pst ∆Pvl

Pre

ssão

Está

tica [

Pa]

Experimento x Modelo matemático (I=3,5kg ; Rm=5%)

Experimental Simulado Desvio percentual

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

0

1000

2000

3000

4000

5000

∆Prsr ∆Pc ∆Pst ∆Pvl

Pre

ssão

Está

tica [

Pa]

Experimento x Modelo matemático (I=3,5kg ; Rm=10%)

Experimental Simulado Desvio percentual

Page 84: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/7482/1/PG_DAMEC... · Na tarefa de otimizar o processo de combustão é essencial conhecer,

84

Comparando os Gráficos 14(a) e 14(b) que apresentam o mesmo

inventário de sólidos, percebe-se que a alteração da relação de mistura de 5%

para 10% gera poucas variações na pressão estática dos componentes.

No Gráfico 15 verificam-se os resultados para o inventário de sólidos

constante no valor de 5 kg, de acordo com a mudança da relação mássica de

mistura de 5% (Gráfico 15(a)) para 10% (Gráfico 15(b)). Assim como no Gráfico

14, as maiores pressões estáticas são obtidas no standpipe (ΔPst) e válvula L

(ΔPvl), e também, o maior desvio percentual ocorre no ciclone (ΔPc).

(a) (b)

Gráfico 15 - Inventário de sólidos fixo em 5 kg, com relação mássica de 5% (a) e relação de mistura de 10% (b). Fonte: Autoria própria.

Quando se altera o nível de relação de mistura para um nível maior,

verifica-se que o desvio percentual entre o experimental e o simulado diminui

no riser, standpipe e válvula L, tendo como exceção o ciclone, que para maior

relação de mistura tem-se um maior desvio percentual.

4.4. COMPARAÇÃO COM TRABALHOS ANTERIORES

Valaszek e Marin (2013) pesquisaram a aplicação de misturas ternárias

em leito fluidizado circulante. Eles analisaram a fluidodinâmica da mistura

constituída por partículas de carvão mineral, serragem e areia. Uma

comparação com as mesmas condições operacionais pode ser verificada no

Gráfico 16, onde se observa a influência da utilização de somente carvão

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

∆Prsr ∆Pc ∆Pst ∆Pvl

Pre

ssão

Está

tica [

Pa]

Experimento x Modelo matemático (I=5kg ; Rm=5%)

Experimental Simulado Desvio percentual

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

∆Prsr ∆Pc ∆Pst ∆Pvl

Pre

ssão

Está

tica [

Pa]

Experimento x Modelo matemático (I=5kg ; Rm=10%)

Experimental Simulado Desvio percentual

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85

mineral ou uma mistura de carvão mineral e serragem como combustível na

pressão estática. Ambas as análises são realizadas com 5 kg de inventário de

sólidos e 5% de relação mássica de mistura, sendo que para a aplicação de

carvão com serragem, dos 5% de relação mássica de mistura, 2,5% pertencem

ao carvão e 2,5% a serragem.

Gráfico 16 – Comparação do perfil axial de pressão para inventário de sólidos de 5 kg relação mássica de mistura de 5 % com carvão e serragem e somente carvão.

Fonte: Autoria própria.

Como descrito anteriormente, o desempenho fluidodinâmico depende

das propriedades da partícula, como densidade, diâmetro e esfericidade. No

Gráfico 16 é possível verificar que a diferença de densidade na parcela de

combustível acarreta em uma diferença na perda de pressão estática no

sistema. O fato de a serragem ser menos densa que o carvão ocasiona

aumento no volume do leito, levando a um maior contato das partículas com as

paredes do sistema. A consequência é uma maior pressão estática em todas

as tomadas de pressão quando a relação mássica de mistura apresenta como

combustível uma partícula menos densa.

RS-01

RS-03

RS-04

RS-05

RS-06

SP-01

SP-02

VAL-L RS-02

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 2000 4000 6000 8000

Alt

ura

, H [

m]

Pressão Estática [Pa]

Inv. = 5 kg

Rm = 5% (Carvão + Serragem) Rm = 5 % (Carvão)

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86

5. CONCLUSÕES

Nesse trabalho foi verificado que a variáveis controladas do

experimento, inventário de sólidos e relação mássica de mistura, tem influência

na perda de pressão da unidade de fluidização rápida a frio. Além disso, foi

comprovado que para diferentes combinações das variáveis controladas, o

balanço de pressão no circuito de fluidização comanda a fluidodinâmica do

sistema.

O estudo do perfil axial de pressão mostrou que a uma maior altura no

riser, a quantidade de sólidos diminui, a porosidade aumenta, e uma menor

pressão estática é verificada no local. Para todos os casos, a maior pressão

estática foi obtida na região da válvula L, principalmente pelo grande acúmulo

de sólidos na região e a necessidade de movimentar os sólidos que descem

pelo standpipe em sentido vertical, e direcioná-los ao riser, onde completam a

circulação no sistema.

Mediante uma comparação entre o efeito produzido pela mudança no

inventário de sólidos e a mudança na relação de mistura é possível observar

que a alteração no nível de inventário de sólidos produz mudanças mais

significativas no perfil de pressão estática. Assim, uma maior massa de

partículas torna o leito mais denso e produzem um aumento na resistência ao

escoamento. A consequência é uma maior perda de pressão ao longo de todos

os componentes do sistema.

Mediante leituras provindas de um transdutor de pressão nos oito

testes experimentais, analisou-se o efeito da mudança nas variáveis

controladas sobre o efeito padronizado na média e no desvio padrão do sinal.

Os resultados mostraram que o inventário de sólidos é dominante perante a

média e o desvio padrão. Quando se altera o nível de inventário de sólidos,

mantendo a relação de mistura constante, ocorrem alterações significativas na

média de pressão estática na tomada de pressão RS-01. O mesmo efeito não é

verificado quando se altera a relação de mistura para o mesmo inventário de

sólidos.

Com os resultados experimentais também foi possível analisar a

efetividade do modelo matemático semi-empírico aplicado no trabalho. O

modelo mostrou-se adequado em relação aos experimentos realizados,

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obtendo-se resultados coerentes. O maior desvio percentual foi verificado na

região do ciclone, fato ocorrido pela dificuldade na leitura de pressões muito

baixas. Por outro lado, na região da válvula L, o desvio percentual ficou abaixo

de 10%, mostrando que o modelo é satisfatório.

Outra comparação foi realizada com trabalhos anteriores, onde se

verificou a influência da relação mássica quando contêm partículas de

combustíveis diferentes. No estudo, para a mesma relação mássica de 5%,

realizou-se uma comparação com somente partículas de carvão mineral e outra

com 2,5% de partículas de carvão mineral e 2,5% com partículas de serragem.

Conclui-se que quando a relação mássica de mistura contém partículas menos

densas (caso da serragem), a pressão estática nos componentes aumenta.

Isso acontece porque partículas mais leves produzem uma expansão no leito e

aumentam a área de contato com as paredes e diminuem a porosidade do

leito.

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APÊNDICE A – Procedimento Experimental

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PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Na Figura A1 é possível observar o fluxograma com as etapas

necessárias de um teste típico na UFRAF.

Figura A1 - Fluxograma das etapas de um teste típico no LFC. Fonte: Adaptado de Valaszek e Marin (2013).

O roteiro do procedimento experimental será apresentado a seguir.

PREPARO DA MISTURA COMBUSTÍVEL

Inicialmente define-se o valor da relação de mistura e o inventário de

sólidos, utilizando-se as equações (16), (17) e (18). Para medir a massa dos

componentes, uma balança da marca Solotest, modelo BG 2000, com 0,001 g

de resolução e capacidade máxima de 2 kg foi utilizada. Um balde vazio de 3

litros de capacidade foi colocado na balança, zerado e em seguida foi realizado

a pesagem da areia e carvão mineral, respectivamente. Conforme o material foi

sendo pesado, ele foi sendo depositado em um recipiente plástico com

capacidade de 25 litros com tampa, onde em sequência seria realizada a

mistura. A fotografia A1 mostra o recipiente com os sólidos já depositados.

Preparo da mistura combustível Preparo da UFRAF

Partida e estabilização da temperatura

sem circulação de sólidos

Circulação de sólidos pelo circuito

e estabilização da temperatura

Registro das variáveis de saída

Finalização do teste

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Fotografia A1 - Partículas sólidas depositadas no recipiente de mistura. Fonte: Autoria própria.

Com os sólidos depositados no recipiente, parte-se para o processo de

homogeneização, através da agitação manual do recipiente, por meio de 20

movimentos oscilatórios. Ao final do processo, tem-se a mistura preparada para

ser utilizada no sistema.

Fotografia A2 - Mistura pronta (após o processo de homogeneização). Fonte: Autoria própria.

Com o processo de mistura e preparação dos sólidos completo, utiliza-

se o mesmo balde de 3 litros para colocar a mistura na UFRAF, para a

realização do teste.

Carvão

mineral

Areia

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PREPARO DA UFRAF

Antes da execução dos testes, é preciso verificar que o circuito da

UFRAF e seus sistemas auxiliares estejam em condições apropriadas para

operar. As etapas de verificação estão no fluxograma da Figura A2.

Figura A2 - Fluxograma com as fases principais da etapa de preparo do LFC. Fonte: Adaptado de Valaszek e Marin (2013).

Roteiro:

1. Verificar a instalação do compressor (CO-1) e o nível de óleo.

2. Instalar a mangueira que conecta o compressor (CO-1) à válvula

reguladora de pressão (VRP).

3. Realizar a instalação de extensões elétricas para o transdutor de

pressão, termômetro digital e computador (110V). Efetuar a ligação do

transdutor de pressão, termômetro digital e do computador. Este último é

utilizado para fazer a correção imediata dos valores de vazão na placa de

orifício e rotâmetros, bem como sistema de armazenamento de dados do

transdutor de pressão.

4. Verificar o nível de água destilada nos manômetros, assim como a

vedação entre as mangueiras que conectam os manômetros as tomadas de

pressão;

5. Verificar o fechamento da válvula reguladora de pressão (VRP) da

válvula L;

6. Verificar a linha de ar de aeração para que a mesma esteja passando

pelo rotâmetro 2 (ROT2), devido aos valores de vazão serem superiores a 0,5

Verificar o funcionamento

do compressor

Realizar a instalação de extensões

elétricas para o compressor,

transdutor de pressão, termômetro

digital e computador

Verificar o nível de água dos

manômetros

Pesar o filtro vazio e anotar a massa

Instalar o filtro na saída da

mangueira flexível do ciclone

Verificar a abertura ou fechamento das válvulas

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Nm3/h e este ser o rotâmetro que apresenta maior escala. A conexão para o

rotâmetro 1 (ROT1) é fechada por meio de tampões;

7. Verificar que a válvula diafragma (VA-D) esteja fechada, para que não

haja saída de sólidos no momento da realização do experimento;

8. Verificar que a válvula gaveta (VA-G) e válvula esfera (VA-E) estejam

totalmente abertas, possibilitando a maior passagem de ar do compressor para

o circuito e também um alívio para diminuir a recirculação de ar pelo

compressor, respectivamente;

9. Pesagem do filtro vazio e anotação da massa na folha de testes, para

que após cada teste seja possível conhecer a eficiência do ciclone para aquela

condição;

10. Instalação do filtro (by-pass) na saída da mangueira flexível ligada à

saída do ciclone.

PARTIDA E ESTABILIZAÇÃO DA TEMPERATURA

A ordem das fases principais que constituem esta etapa é apresentada

na Figura A3.

Figura A3 - Fluxograma com as fases principais da etapa de partida e estabilização do sistema.

Fonte: Adaptado de Valaszek e Marin (2013).

Ligar o compressor (CO-1), abrir a válvula reguladora

de pressão (VRP) e manter uma vazão mínima para

fluidizar a região da válvula L

Aguardar o sistema entrar em regime

permanente

Ligar o soprador (SO-1)

Colocar a mistura de

sólidos no circuito

Fechar a válvula reguladora de

pressão (VRP)

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Roteiro:

1. Primeiramente, ligar o compressor e abrir a válvula reguladora de

pressão (VRP) para fluidizar a região da válvula L. Isso ajuda a evitar que os

sólidos se acumulem na tomada de pressão e obstruam a passagem do ar.

Assim, pode-se depositar a mistura de sólidos no leito fluidizado circulante e

tornar o processo de “start” da fluidização mais fácil. O procedimento de

alimentação do circuito é efetuado pela região superior do ciclone, utilizando

uma elevação já existente no laboratório para alcançar o mesmo. Para

despejar os sólidos no circuito, utilizou-se de um funil para auxiliar no

direcionamento dos sólidos até a válvula L e standpipe.

2. Em seguida, cessar o fluxo de ar fluidizante na válvula L fechando a

válvula reguladora de pressão (VRP), e deixar a válvula gaveta (VA-G) com

uma abertura parcial (aproximadamente oito voltas no sentido horário partindo

de sua abertura total) e a válvula esfera (VA-E) totalmente aberta. Após isto,

liga-se o soprador (SO-1) e espera até o fluxo entrar em regime permanente

(aproximadamente 10 minutos).

3. Enquanto aguarda a estabilização do sistema, mantenha o compressor

funcionando (CO-1) e a válvula reguladora de pressão (VRP) ainda fechada.

4. Define-se que o fluxo atinge o regime permanente quando a temperatura

apresentada pelo termoresistor (PT-100) não apresenta mais uma mudança

significativa de temperatura ( ), o que leva em torno de 8 minutos

normalmente.

CIRCULAÇÃO DE SÓLIDOS PELO CIRCUITO

A ordem das fases principais que constituem esta etapa é apresentada

na Figura A4.

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Figura A4 - Fluxograma com as fases principais da etapa de partida e estabilização do sistema.

Fonte: Adaptado de Valaszek e Marin (2013).

Roteiro:

1. Aos poucos, permita que o ar de aeração seja liberado pela abertura da

válvula reguladora de pressão (VRP). Esta deve ser aberta até o ponto em que

o leito fixo, localizado na válvula-L e standpipe, passe a ser considerado um

leito fluidizado.

2. Após este momento, corrigir a vazão de ar de aeração para valores

determinados pelo modelo matemático trabalhado, estabilizando, deste modo,

o fluxo de ar e sólidos pelo standpipe e válvula L.

3. Com a observação da pressão estática a montante na placa de orifício

(PO-M) e ajuda do modelo matemático referente à placa de orifício, realizar as

correções necessárias da vazão de ar de fluidização, com abertura ou

fechamento da válvula gaveta (VA-G) para que a velocidade de fluidização na

base do riser continue a mesma.

4. Após a realização destes ajustes, esperar que o circuito entre em regime

permanente novamente (10 a 15 minutos para a estabilização da temperatura,

que agora será superior, por motivo de uma maior recirculação do ar gerado no

soprador (SO-1)).

REGISTRO DAS VARIÁVEIS DE SAÍDA

A sequência das fases principais que constituem esta etapa é resumida

na Figura A5.

Permitir o fluxo de ar de aeração

Estabilizar o fluxo de ar na válvula L

Fazer a correção do fluxo de ar primário

Esperar o sistema entrar em regime

permanente, agora com a mistura de sólidos

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Figura A5 - Fluxograma com as fases principais da etapa de registro das variáveis de saída.

Fonte: Valaszek e Marin (2013).

Roteiro:

1. Realizar o ajuste da vazão de ar primário e de ar de aeração, pela

regulagem da válvula gaveta (VA-G) e válvula agulha (VA-2), respectivamente.

Os valores de pressão estática a montante na placa de orifício (PO-M) e os

valores apresentados pelo segundo rotâmetro (ROT2) devem ser corrigidos

segundo o modelo matemático adaptado.

2. Verificar se o fluxo ar-sólidos encontra-se em regime permanente (com

pequenas mudanças de temperatura na termoresistência PT-100).

3. Iniciar o processo de aquisição de dados do transdutor de pressão.

4. Realizar a leitura das pressões estáticas em todos os manômetros

ligados ao circuito e anotar na folha de dados, já devidamente preenchida com

número do ensaio, data, hora, inventário de sólidos, relação de mistura, entre

outros. Esperar por cerca de cinco minutos e realizar os procedimentos desta

etapa novamente por mais três vezes, com exceção do processo de aquisição

de dados, que já está em andamento.

5. Após as leituras, parar o processo de aquisição de dados do transdutor

de pressão.

Repetir por 3 vezes

Ajustar a vazão de ar primário e ar de aeração

Verificar se o fluxo está

em regime permanente

Realizar a leitura das pressões

estáticas e anotar os dados

Esperar 5 minutos

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FINALIZAÇÃO DO TESTE

O procedimento para encerramento de cada teste está presente no

fluxograma da Figura A6.

Figura A6 - Fluxograma com as fases principais para a finalização do teste. Fonte: Adaptado de Valaszek e Marin (2013).

Posicionar um saco plástico abaixo do tampão existente na válvula L

Esperar pela saída das partículas sólidas

Abrir o tampão posicionado na região horizontal da válvula L

Desligar o compressor (CO-1)

Abrir a válvula diafragma (VA-G)

Desligar o soprador (SO-1)

Fazer a limpeza da estrutura, dos filtros existentes nos bicos

de pressão e das tubulações dos manômetros.

Retirar o filtro de mangas, fazer a pesagem do

mesmo, anotar e instalá-lo na posição novamente

Retirar o termômetro digital

Desligar a instalação elétrica

Retirar o transdutor de pressão

Desligar a balança e o computador

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Roteiro:

1. Para efetuar a parada do sistema, primeiramente deve-se realizar a

retirada dos sólidos que estão no circuito, posicionando um saco plástico

abaixo do tampão existente na perna horizontal da válvula L;

2. Abrir o tampão posicionado na região horizontal da válvula L, ainda com

o sistema ligado, e direcionar as partículas para o saco plástico;

3. Esperar pela saída das partículas sólidas que se encontram no interior

do circuito;

4. Desligar o compressor (CO-1), para que não haja mais fluxo de ar de

aeração;

5. Abrir a válvula diafragma (VA-D), para a retirada de sólidos que ficaram

localizados na região inferior do cone;

6. Desligar o soprador (SO-1), quando o circuito de fluidização estiver com

uma quantidade insignificante de partículas sólidas;

7. Realizar a limpeza da estrutura da UFRAR, dos filtros existentes nos

bicos de pressão, das tubulações dos manômetros, entre outros componentes

que possam estar sujos.

8. Retirar o filtro de mangas, fazer a pesagem do mesmo, anotar o valor,

fazer a limpeza das partículas finas que ficaram no mesmo, pesá-lo e anotar o

valor novamente para o próximo teste e então instalá-lo na posição correta;

9. Desligar o termômetro digital, assim como fazer a retirada do sensor

(PT100) e colocar um pequeno tampão de ¼ de polegada no mesmo local;

10. Desligar transdutor de pressão, balança e o computador;

11. Retirar todas as extensões elétricas utilizadas e guardá-las em seus

devidos lugares.

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APÊNDICE B – Testes Experimentais

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