UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR … · Aproveitamento da energia solar, painel...
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Inversor Fotovoltaico de Estágio Único
Luis Miguel Pereira Nascimento
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Presidente: Prof.
Orientador: Prof. José Fernando Alves da Silva
Co-Orientador: Prof.
Vogal: Prof.
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO
Inversor Fotovoltaico de Estágio Único
Luis Miguel Pereira Nascimento
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Júri
Paulo José da Costa Branco
Prof. José Fernando Alves da Silva
Sónia Maria Nunes dos Santos Paulo Ferreira Pinto
Carlos de Almeida Martins
Setembro de 2009
LISBOA
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Sónia Maria Nunes dos Santos Paulo Ferreira Pinto
2
Agradecimentos
Esta Dissertação de Mestrado não teria sido possível
sem a ajuda de algumas pessoas a quem eu gostaria de dar
os meus profundos e sinceros agradecimentos.
Principalmente ao Professor Orientador Fernando Silva pela oportunidade
de realizar este trabalho e pela sua enorme paciência e disponibilidade.
Também gostaria de agradecer ainda, à minha família por toda
a paciência e apoio.
3
Resumo
A motivação para a realização deste trabalho surge com a necessidade de um maior
aproveitamento da energia, a partir de fontes de energia renovável. Neste caso, propõem-se a
transformação da radiação solar em energia eléctrica, através de painéis fotovoltaicos. Para tal
estuda-se um sistema representativo da interligação de uma central fotovoltaica a uma carga
eléctrica (rede eléctrica em paralelo com cargas eléctricas, lineares e não lineares), através de
um inversor fotovoltaico de estágio único e respectivos controladores.
Começa-se por estudar o funcionamento do painel fotovoltaico e simula-se o sistema
concebido para diferentes condições de trabalho.
De seguida, estuda-se o funcionamento do inversor fotovoltaico de estágio único,
dimensionam-se todos os seus componentes e simula-se o funcionamento do mesmo, através
de um sistema concebido, com base no estudo realizado.
De forma a garantir que a potência gerada pela central fotovoltaica é máxima e que a
corrente a injectar na rede eléctrica é sinusoidal, para quaisquer condições de trabalho das
células fotovoltaicas, projecta-se e implementa-se o controlo da corrente de saída dos painéis
fotovoltaicos e da corrente da rede eléctrica.
Posteriormente, garante-se que a potência entregue às cargas do conversor é igual à
potência gerada pela central fotovoltaica, desprezando as perdas no conversor, através do
controlo de tensão no andar do conversor. No final, coloca-se em paralelo com a rede eléctrica uma carga não linear e cargas
lineares, e realizam-se simulações de forma a verificar o correcto funcionamento de todo o
sistema de aproveitamento de energia solar.
Palavras-Chave
Aproveitamento da energia solar, painel fotovoltaico, inversor fotovoltaico de estágio único,
controlo da corrente de saída da central fotovoltaica, controlo da corrente a injectar na rede
eléctrica, controlo da tensão no andar do conversor, carga linear e não linear.
4
Abstract
The underlying motivation for this work comes from the need to better use the energy
obtained from renewable sources. In this case, it is the transformation of solar radiation into
electrical energy using photovoltaic panels. A system will be studied, which represents a power
plant using photovoltaic panels connected to a power load (electrical grid in parallel with linear
and non linear power loads) by means of a single stage photovoltaic inverter and it’s control.
The photovoltaic panel will be studied first simulating this system for different operating
conditions.
The next step is to study and design the single stage photovoltaic inverter which will allow
sizing the inverter components and simulate the response of the inverter in different working
conditions.
In order to guarantee that the power supplied by the photovoltaic power plant to the grid is
the maximum amount possible and that the grid’s current is sinusoidal, regardless of working
conditions, a system to control the panel’s output current and the grid’s current is designed and
implemented.
It is also necessary that the output power of the converter must be equal to the power
generated by the photovoltaic power plant. This is possible by controlling the converter’s DC
voltage and neglecting power losses.
Keywords
Harnessing solar energy, solar panel, single stage photovoltaic inverter, solar power plant output current control, grid’s current control, converter’s DC voltage control, liner load and non linear load.
5
Índice
1. Introdução 11
1.1. Enquadramento 11 1.2. Objectivos 14 1.3. Estrutura do relatório 15
2. Painel Fotovoltaico 16
2.1. Princípio de funcionamento 16 2.2. Modelo matemático 20 2.3. Painel fotovoltaico utilizado 24 2.4. Simulação 26
3. Inversor Fotovoltaico de Estágio Único 30
3.1. Princípio de funcionamento 30 3.2. Modelo matemático para o conversor 31 3.3. Dimensionamento dos componentes do conversor 36 3.4. Simulação 45
4. Controlo das Correntes de Saída do Painel Fotovoltaico e da
Rede Eléctrica 52
4.1. Princípio de funcionamento 52 4.2. Simulação 57
5. Controlo de Tensão no Andar do Conversor 61
5.1. Simulação 68 6. Simulação do Sistema de Aproveitamento de Energia Solar 72
7. Conclusão 78
8. Bibliografia 81
9. Anexos 82
6
Lista de Figuras
Figura 1.1 - Esquema de ligação de um painel fotovoltaico à rede eléctrica. 12
Figura 2.1 - Célula fotovoltaica feita de silício mono-cristalino. 16
Figura 2.2 - Central fotovoltaica da Amareleja – sistema seguidor da posição solar. 18
Figura 2.3 - Circuito eléctrico equivalente de uma célula fotovoltaica alimentando uma
carga . 20
Figura 2.4 - Andamento da corrente de saída do painel e da potência gerada pelo painel,
em função da tensão aos seus terminais, para as condições de referência. 26
Figura 2.5 - Andamento da corrente de saída do painel e da potência gerada pelo painel,
em função da tensão aos seus terminais, para radiação incidente constante e diferentes
valores de temperatura. 27
Figura 2.6 - Andamento da corrente de saída do painel e da potência gerada pelo painel,
em função da tensão aos seus terminais, para temperatura constante e diferentes valores
de radiação incidente. 27
Figura 2.7 - Andamento da corrente de saída do painel e da potência gerada pelo painel,
em função da tensão aos seus terminais, para diferentes valores de temperatura e
radiação incidente. 28
Figura 2.8 - Comparação do andamento das curvas obtidas com o modelo teórico e com
o diagrama de blocos concebido, representativo do funcionamento do painel, para as
condições de referência. 29
Figura 3.1 - Esquema eléctrico de um Inversor Fotovoltaico de Estágio Único. 30
Figura 3.2 - Braços do conversor. 31
Figura 3.3 - Esquema eléctrico do conversor, para 1 e 0. 32
Figura 3.4 - Esquema eléctrico do conversor, para 0 e 1. 33
Figura 3.5 - Esquema eléctrico do conversor, para 1 e 1. 34
Figura 3.6 - Esquema eléctrico do conversor, para 0 e 0. 35
Figura 3.7 - Conversor elevador, com funcionamento semelhante ao inversor fotovoltaico. 36
Figura 3.8 - Esquema eléctrico do elevador, para o intervalo de tempo, 0 . 37
Figura 3.9 - Esquema eléctrico de um conversor de quatro quadrantes. 39
Figura 3.10 - Esquema eléctrico de um rectificador com factor de potência unitário. 41
Figura 3.11 - Tensão aos terminais do condensador . 46
Figura 3.12 - Corrente a injectar na rede eléctrica, ou seja, corrente na bobina . 46
Figura 3.13 - Corrente à saída do painel fotovoltaico, ou seja, corrente na bobina . 47
Figura 3.14 - Tensão e corrente aos terminais do semicondutor . 48
Figura 3.15 - Tensão e corrente aos terminais do semicondutor . 48
Figura 3.16 - Tensão e corrente aos terminais do semicondutor . 49
Figura 3.17 - Tensão e corrente aos terminais do semicondutor . 49
Figura 3.18 - Tensão e corrente aos terminais do díodo . 50
Figura 3.19 - Tensão e corrente aos terminais do díodo . 50
7
Figura 4.1 - Curvas características do painel fotovoltaico, em função da corrente do
painel. 54
Figura 4.2 - Variação das condições de trabalho do painel fotovoltaico. 57
Figura 4.3 - Corrente à saída do painel fotovoltaico, simulação com base no diagrama de
blocos representativo do funcionamento do sistema e valor teórico obtido através do
modelo teórico. 58
Figura 4.4 - Tensão aos terminais do painel fotovoltaico, simulação através do diagrama
de blocos representativo do funcionamento do sistema e valor teórico obtido através do
modelo teórico. 58
Figura 4.5 - Potência gerada pelo painel fotovoltaico, simulação através do diagrama de
blocos representativo do funcionamento do sistema e valor teórico obtido através do
modelo teórico. 59
Figura 4.6 - Corrente a injectar na rede eléctrica, simulação através do diagrama de
blocos representativo do funcionamento do sistema. 60
Figura 5.1 - Tensão a controlar e corrente a injectar na rede. 61
Figura 5.2 - Definição dos sentidos das diferentes correntes do conversor. 62
Figura 5.3 - Diagrama de blocos do controlo de tensão do conversor. 63
Figura 5.4 - Diagrama de blocos detalhado do controlo de tensão do conversor. 65
Figura 5.5 - Diagrama de blocos do controlo de tensão do conversor, compensador com
limitador de anti-embalamento. 68
Figura 5.6 - Variação das condições de trabalho do painel fotovoltaico. 69
Figura 5.7 - Tensão aos terminais do condensador, curva obtida através do diagrama de
blocos construído com base nos valores teóricos. 69
Figura 5.8 - potência gerada pelo painel fotovoltaico, 0,92 valor teórico da potência entregue à carga e é potência entregue à carga pelo conversor. 70
Figura 5.9 - Corrente a injectar na rede eléctrica. 70
Figura 6.1 - Carga não linear, rectificador a díodos e duas cargas lineares, resistência em
série com bobina, colocadas em paralelo com a rede eléctrica, no conversor. 72
Figura 6.2 - Curva da variação da radiação solar incidente e temperatura, ao longo de um
dia. 73
Figura 6.3 - Tensão aos terminais do condensador . 73
Figura 6.4 - Corrente e tensão aos terminais do painel fotovoltaico. 74
Figura 6.5 - Corrente a injectar na rede eléctrica. 74
Figura 6.6 - Potência gerada pelo painel fotovoltaico. 75
Figura 6.7 - Potência fornecida às cargas do conversor, rede eléctrica e as cargas da
Figura 45. 75
Figura 6.8 - Potência fornecida às cargas da Figura 6.2. 76
Figura 6.9 - Potência fornecida à rede eléctrica. 76
Figura A1 - Diagrama de blocos representativo do funcionamento do painel fotovoltaico. 82
8
Figura A2 - Diagrama de blocos representativo do funcionamento do inversor fotovoltaico
de estágio único. 83
Figura A3 - Diagrama de blocos representativo do controlo de corrente de saída do painel
fotovoltaico e da corrente da rede eléctrica. 84
Figura A4 - Diagrama de blocos representativo do controlo de potência gerada pela
central fotovoltaica. 84
Figura A5 - Diagrama de blocos representativo do controlo de tensão do andar do conversor. 85
Figura A6 - Diagrama de blocos representativo de todo o sistema de aproveitamento de
energia solar. 86
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Características do módulo fotovoltaico 5170. 24
Tabela 2.2 - Características dos módulos fotovoltaicos 5170, ligados em série e
paralelo. 24
Tabela 3.1 - Evolução de ", " e #$ para os diferentes estados de funcionamento do conversor.
35
Tabela 3.2 - Tensão aos terminais dos semicondutores. 43
Tabela 3.3 - Valores de corrente que percorrem os semicondutores. 43
Tabela 3.4 - Tensão e corrente de trabalho dos diodos. 44
Tabela 3.5 - Subintervalos de tempo de condução dos semicondutores. 45
Tabela 4.1 - Descrição dos erros e evoluções das correntes para os casos prioritários. 55
Tabela 4.2 - Sinais de comando dos semicondutores , , e , e evolução das correntes " e ". 56
Lista de Abreviaturas
- Condensador do andar do conversor. %& - Erro da corrente de saída dos painéis fotovoltaicos. %& - Erro da corrente da rede eléctrica. '( - Sinal de comando do semicondutor . '( - Sinal de comando do semicondutor . '( - Sinal de comando do semicondutor . '( - Sinal de comando do semicondutor . ) - Radiação solar incidente. ) - Radiação solar incidente, nas condições de referência (STC). $ - Corrente aos terminais do condensador , presente no andar do conversor. *
- Valor médio por período de comutação da corrente de carga de um rectificador de
factor de potência unitário
9
+ - Corrente que atravessa o díodo presente no esquema eléctrico de uma célula
fotovoltaica. +, - Corrente do díodo presente no conversor. +- - Corrente do díodo presente no conversor. " - Corrente de saída dos painéis fotovoltaicos. " - Corrente da rede eléctrica. " - Valor eficaz da corrente da rede eléctrica. ( - Corrente gerada pelo efeito fotovoltaico (, - Corrente que atravessa o semicondutor . (- - Corrente que atravessa o semicondutor . (. - Corrente que atravessa o semicondutor . (/ - Corrente que atravessa o semicondutor . 0 - Corrente inversa máxima de saturação do díodo equivalente 11 - Corrente de curto-circuito dos painéis, nas condições de referência (STC). 234 - Corrente dos painéis no ponto de máxima potência, nas condições de referência (STC). 5 - Ganho integral do controlador da tensão do andar do conversor. 56 - Ganho proporcional do controlador da tensão do andar do conversor. - Bobina de entrada do conversor, ou seja, do painel fotovoltaico - Bobina de saída do conversor, ou seja, da rede eléctrica 7 - Factor de idealidade do díodo 7, - Factor de idealidade equivalente quando se tem células fotovoltaicas associadas - Potência gerada pelos painéis fotovoltaicos - Potência de entrada do conversor 234 - Potência do painel no ponto de máxima potência 234 - Potência do painel no ponto de máxima potência, nas condições de referência (STC) 0 - Potência de saída do conversor 8 - Carga eléctrica de um electrão * - Constante de tempo representativa do tempo de atraso devido ao conversor - Temperatura da célula fotovoltaica, nas condições de referência (STC) #1 - Tensão aos terminais do condensador #$234 - Tensão máxima aos terminais do condensador #$ - Tensão de referência do controlador da tensão do andar do conversor 9:; - Tensão ânodo-cátodo de um díodo. 913 - Tensão em circuito aberto da célula fotovoltaica 9+ - Tensão aos terminais do díodo presente no esquema eléctrico de uma célula
fotovoltaica. 9+, - Tensão ânodo-cátodo do díodo 9+- - Tensão ânodo-cátodo do díodo
10
9 - Tensão aos terminais dos painéis fotovoltaicos
9" - Tensão aos terminais da bobina de entrada do conversor, ou seja, dos painéis
fotovoltaicos 9" - Tensão aos terminais da bobina de saída do conversor, ou seja, da rede eléctrica 9 - Tensão da rede eléctrica 9 - Tensão eficaz da rede eléctrica 9<<= - Tensão máxima inversa de pico repetitivo 9(, - Tensão aos terminais do semicondutor 9(- - Tensão aos terminais do semicondutor 9(. - Tensão aos terminais do semicondutor 9(/ - Tensão aos terminais do semicondutor 9> - Potencial térmico 9 - Tensão entre os dois braços do conversor 913 - Tensão em circuito aberto da célula fotovoltaica, nas condições de referência
9234 - Tensão aos terminais dos painéis fotovoltaicos, no ponto de potência máxima, nas
condições de referência (STC) 9> - Potencial térmico, nas condições de referência (STC).
; - Ganho de tensão usado para comparar a tensão #$ com a sua referência - Definição dos estados dos semicondutores do braço 1 do conversor - Definição dos estados dos semicondutores do braço 2 do conversor ?@ - Frequência angular natural da resposta do controlador de tensão A - Factor de amortecimento B32C - Temperatura ambiente B1 - Temperatura da célula fotovoltaica B - Temperatura da célula fotovoltaica, nas condições de referência (STC) D - Rendimento do inversor fotovoltaico de estágio único D$ - Rendimento da conversão das células fotovoltaicas D$ - Rendimento da conversão das células fotovoltaicas, nas condições de referência (STC) - Factor de ciclo do conversor elevador - Factor de ciclo do inversor fotovoltaico de estágio único E - Factor de ciclo de um conversor de quatro quadrantes Δ" - Tremor da corrente na bobina de entrada do conversor Δ" - Tremor da corrente na bobina de saída do conversor ΔG - Variação da carga no condensador , presente no andar do conversor Δ#$ - Tremor da tensão no condensador do andar do conversor
11
1. Introdução
1.1. Enquadramento
Motivação
As alterações climáticas verificadas na superfície terrestre ao longo dos anos têm a sua
base na actividade humana. Devido aos hábitos do ser humano, a concentração de gases de
efeito de estufa têm vindo a aumentar e como consequência deste fenómeno é previsível um
aumento da temperatura global à superfície terrestre.
Alguns estudos referem que devido ao fenómeno do efeito de estufa, em 2100, a temperatura à superfície terrestre irá aumentar entre 1,5H e 6H, caso os hábitos actuais de
consumo e as opções energéticas não sejam alterados.
No inicio do ano 2000, a produção mundial de energia eléctrica era responsável por 39%
do dióxido de carbono emitido para a atmosfera e estima-se que devido ao crescimento
económico, ao aumento da população mundial e ao maior do numero de pessoas que têm
acesso à energia eléctrica, a produção de energia eléctrica cresça.
Além dos problemas ambientais provocados pelo uso dos combustíveis fosseis na
produção da energia eléctrica, existe também o problema da sua escassez. A maioria dos
estudos realizados indicam que as reservas dos combustíveis fosseis são de cerca de 80 anos, considerando os hábitos actuais de consumo, excepto as do carvão que são superiores.
Sendo assim é necessário que surjam novas tecnologias para a produção de energia
eléctrica, tendo estas como bases fontes de energia renovável. A energia solar fotovoltaica
pode contribuir para a resolução do problema apresentado, uma vez que o sol é uma fonte
inesgotável de energia e a conversão de energia solar em energia eléctrica é realizada de
forma “limpa” e fácil [1].
A energia solar fotovoltaica começa a ganhar força e atinge o seu auge na década de 70, como consequência de uma crise petrolífera. É nessa altura que surgem inúmeros programas
de investigação destinados a ultrapassar duas barreiras tecnológicas fundamentais, o custo de
produção e a eficiência da transformação. No entanto, apesar dos grandes avanços realizados
nesta área e do seu crescimento desde então, a sua contribuição para a satisfação do
consumo de energia eléctrica mundial é ainda muito reduzido [2].
Em Portugal existe uma grande dependência no sector energético dos combustíveis
fósseis, devido ao uso do gás natural nas centrais de ciclo combinado, do carvão nas centrais
termoeléctricas e por vezes do uso de fuel nas centrais termoeléctricas. Devido à escassez dos
combustíveis fósseis e ao aumento do consumo de energia eléctrica em Portugal nestes
últimos anos, cerca de 5% ao ano, a factura energética tem vindo a subir de ano para ano.
Sendo assim, é essencial o recurso a outras tecnologias para o aproveitamento de recursos
naturais [3].
Portugal é um país com excelentes condições climatéricas para a implementação dos
sistemas fotovoltaicos, uma vez que o sol radia entre 2200 e 3000 horas, ao longo do ano e
12
cerca de 1500 dessas horas os painéis estão a fornecer a sua potência instalada. Contudo, verifica-se que a produção de energia fotovoltaica representa apenas 0,3% da energia
renovável produzida em Portugal, de onde se conclui que apesar dos esforços realizados por
parte de algumas entidades em promover a energia solar fotovoltaica, e além do seu
crescimento, o uso de sistemas fotovoltaicos é ainda muito reduzido comparativamente com
outras energias renováveis [4].
Para que a energia solar fotovoltaica se torne mais competitiva é necessário melhorar o
rendimento da conversão de energia solar em energia eléctrica, porque embora o sol
disponibilize uma grande quantidade de energia, somente uma muito pequena parte é
convertida. Também é necessário diminuir o custo de produção, porque apesar do custo de
produção ter diminuído cerca de 15 vezes desde a década de 70 até aos nossos dias, esta tecnologia ainda se torna dispendiosa comparativamente com outras tecnologias [5].
Central fotovoltaica
Uma central de energia eléctrica com base em painéis fotovoltaicos, associados em série
e/ou paralelo, para o seu correcto funcionamento na interligação com a rede eléctrica, recorre
ao uso de conversores comutados, isto, porque a tensão e a corrente aos terminais dos painéis
fotovoltaicos se encontram em regime , enquanto a rede eléctrica funciona em regime M. Normalmente a tensão aos terminais dos painéis fotovoltaicos é inferior ao valor eficaz da
tensão da rede. Sendo assim a tensão à saída dos painéis necessita de ser elevada para cerca
do dobro do valor eficaz da tensão da rede, e posteriormente ondulada, afim de se poder
injectar na rede a potência produzida pela central de energia solar fotovoltaica. Para esta
potência poder ser injectada na rede eléctrica, é utilizado neste caso, um conversor de estágio
único, representado na Figura 1.1, o qual num estágio apenas eleva e ondula a tensão.
Figura 1.1 - Esquema de ligação de um painel fotovoltaico à rede eléctrica
No entanto a potência gerada pelos painéis fotovoltaicos depende da radiação incidente
nas suas células, e da sua temperatura de trabalho, porque a corrente e a tensão de saída dos
painéis dependem das condições de trabalho das células fotovoltaicas. Logo a potência gerada
13
raramente será igual à potência instalada, nas cerca de 1500N em que se verificam as
condições de referência de trabalho do painel.
A potência concebida pela central fotovoltaica pode maximizar-se em cada instante,
usando um seguidor de máxima potência (O - Máximum Power Point Tracker) no controlo
da corrente de saída do painel.
O seguidor de máxima potência é um algoritmo, que com base nos valores de radiação
incidente e de temperatura de trabalho, actua no conversor de potência e ajusta os valores de
tensão e corrente aos terminais do painel de forma a se obter a máxima potência à saída do
mesmo.
MPPT
Os algoritmos do tipo O são necessários nestes sistemas, porque as células
fotovoltaicas apresentam grandes variações de potência eléctrica em função das condições de
trabalho do painel, ou seja, da radiação incidente e da temperatura de trabalho. Além disso,
devido a outros factores, os sistemas fotovoltaicos quando ligados directamente a uma carga,
raramente disponibilizam a sua máxima potência.
No intuito de melhorar o desempenho de um sistema constituído por uma fonte não linear
e para qualquer tipo de carga, foram desenvolvidos os controladores O, cujo princípio de funcionamento se baseia na procura do ponto máximo da característica P 9 (potência - tensão de saída).
Independentemente das condições de trabalho do painel, o O estabelece uma tensão
e uma corrente de trabalho, as quais corresponderam ao ponto de funcionamento de máxima
potência, mesmo que as condições de trabalho se alterem ao longo do tempo.
Existem diferentes tipos de controladores O, de forma geral cada um destes tipos,
foram desenvolvidos para aplicações específicas, os quais apresentam diferenças quanto à
sua robustez e precisão, dependendo estas de diferentes parâmetros [6]:
• Rendimento global do sistema desejado pelo construtor;
• Tipo de conversor de potência que faz a adaptação e a ligação à carga ( P , P M), ou à rede eléctrica;
• Aplicação em vista (sistemas autónomos, ligados à rede, especiais);
• Velocidade de convergência do algoritmo.
Sendo assim, este sistema de controlo e de interligação à rede dos painéis fotovoltaicos
pode ser alterado de forma a se obter uma maior rentabilização e eficiência na instalação de
uma central fotovoltaica. No entanto, é necessário garantir que o MPPT não perde a regulação,
ou seja, que a sua resposta dinâmica é rápida quando existe uma alteração das condições de
trabalho do painel. Desta forma garante-se que a central fotovoltaica gera a maior quantidade
de energia eléctrica possível.
14
O algoritmo O é proposto no controlo da corrente de saída do painel fotovoltaico, para garantir que os valores de corrente e tensão de trabalho do painel são os que correspondem ao
ponto máximo da característica P 9 do painel.
1.2. Objectivos
Este trabalho insere-se na área da Electrónica de Energia e tem como objectivo efectuar a
ligação de um sistema composto por vários painéis fotovoltaicos com a rede eléctrica, através
de um conversor de estágio único, designado de Inversor Fotovoltaico de Estágio Único.
A realização deste trabalho subentende:
1) Estudar e dimensionar o conversor;
2) Projectar e implementar, o controlo de corrente de saída do painel fotovoltaico QOR e da corrente da rede eléctrica;
3) Projectar e implementar o controlo de tensão no andar do conversor; 4) Teste com cargas lineares e não lineares;
5) Validar o funcionamento do sistema global e verificar o correcto dimensionamento, usando
as ferramentas de simulação do programa Matlab Simulink.
A simulação testará todo o sistema em estudo, pois nela serão utilizados todos os
modelos obtidos para as componentes do sistema nos estudos teóricos. Desta forma, para
simular o sistema proposto para diferentes condições de trabalho, com maior ou menor
radiação e temperatura, utiliza-se um modelo matemático, o qual será obtido no capítulo 2. A potência produzida pelos painéis será entregue a uma carga linear e a uma carga não linear,
as quais consomem potência activa e reactiva.
Os painéis associados em série e em paralelo, fornecem uma potência de
aproximadamente 3,55ST, aos quais é associado um conversor de estágio único, que eleva e
ondula a tensão aos terminais dos painéis. De seguida garante-se com o controlo da corrente
de saída do painel, regulado pelo algoritmo O, que a potência produzida pelas células fotovoltaicas é máxima. Efectuando-se em simultâneo o controlo da corrente da rede eléctrica,
a fim de garantir a sua forma sinusoidal. Só depois de garantir que a potência produzida pelos
painéis fotovoltaicos é máxima é que se realiza o controlo de tensão no condensador, , andar DC do conversor, para que a potência injectada na rede seja igual à potência gerada pelos
painéis fotovoltaicos (desprezando as perdas no conversor).
Posteriormente é realizada uma avaliação global do sistema, simulando-o a fornecer
potência activa e reactiva, à rede eléctrica e/ou as cargas linear e não lineares.
15
1.3. Estrutura do Relatório
O relatório apresenta a mesma estrutura do trabalho realizado, ou seja, uma pequena
introdução no capítulo 1, onde se apresenta a importância do tema do trabalho, os problemas
inerentes da tecnologia e a forma proposta de os ultrapassar.
No capitulo 2, realiza-se uma abordagem sobre os princípios de funcionamento dos
painéis fotovoltaicos, explicita-se qual o modelo teórico usado nos cálculos das grandezas do
painel e qual o painel seleccionado.
No capítulo 3, estuda-se e dimensiona-se o inversor fotovoltaico de estágio único,
privilegiando-se o funcionamento e o dimensionamento do mesmo.
No capítulo 4, elabora-se o controlo da corrente de saída do painel fotovolaico e o controlo da corrente da rede eléctrica.
No capítulo 5, realiza-se o controlo de tensão no andar do conversor, de forma a
assegurar que a potência gerada pelo painel é a mesma que é fornecida à rede eléctrica e/ou à
carga do conversor (desprezando as perdas do conversor).
No capítulo 6, introduz-se, uma carga não linear e uma carga linear, em paralelo com a
rede eléctrica e verifica-se o funcionamento global do sistema, através da simulação do mesmo
recorrendo à ferramenta Matlab Simulink.
Posteriormente nos últimos capítulos 7, 8 e 9, apresentam-se respectivamente as
conclusões sobre o trabalho realizado, a bibliografia de apoio e os anexos para uma melhor
compreensão do projecto, respectivamente.
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2. Painel Fotovoltaico
2.1. Princípio de funcionamento
Células
A célula fotovoltaica apresentada na Figura 2.1 é constituída essencialmente por silício,
material constituído por átomos que contêm quatro electrões na sua banda de valência, aos
quais se adicionam quantidades precisas de materiais dopantes.
Figura 2.1 – Célula fotovoltaica feita de silício mono-cristalino
O boro é o dopante normalmente usado para criar uma região com excesso de lacunas
(tipo P), porque os seus átomos apresentam três electrões na banda de valência e quando se
estabelecem quatro ligações covalentes com quatro átomos vizinhos de silício, uma dessas
ligações apenas vai conter um electrão de boro, enquanto as outras três ligações contêm dois
electrões, é a ausência desse electrão que se comporta como uma lacuna, carga positiva.
O fósforo é o material usado para criar uma região com excesso de electrões (tipo V), porque os seus átomos apresentam cinco electrões na banda de valência e quando se
estabelecem quatro ligações covalentes com os átomos vizinhos de silício, um electrão de
fósforo fica livre, carga negativa.
É da união contígua destes materiais que resulta a junção T P V, ou seja, as condições necessárias para se poder estabelecer o efeito fotoeléctrico (conversão directa da potência
associada à radiação solar em potência eléctrica ) quando numa das junções incide a
radiação solar. No entanto uma célula fotovoltaica precisa que a sua zona V da junção, seja o suficientemente fina e coberta por uma película anti-reflexo, de forma a ser atravessada pela
maior quantidade possível de radiação solar incidente, e as zonas V e T devem dispor de
terminais de ligação ao exterior.
Nestas condições quando uma célula fotovoltaica está sujeita à incidência de fotões
suficientemente energéticos são criados pares electão-lacuna. Os electrões, se gerados na
zona T, deslocam-se para a zona V, inicialmente forçados pelo campo eléctrico da barreira
potencial intrínseca da junção T P V. Posteriormente esses electrões injectados na zona V tendem a inverter o sentido desse campo eléctrico, até que se atinja o equilíbrio entre o número
de electrões que se desloca para a zona V, o qual é cada vez menor pois necessitam cada vez
de mais energia, e o número dos que regressam à zona T, por difusão e forçados pelo campo
eléctrico.
17
O processo descrito leva ao aparecimento de uma tensão aos terminais da célula, a qual
se designa por tensão de circuito aberto. Ligando um receptor eléctrico aos terminais da célula
quando esta tem o valor da tensão de circuito aberto entre a junção T P V, circula uma corrente,
a qual se deve no campo eléctrico da junção iluminada. Esta corrente faz com que o número de
electrões injectados da zona T diminua, o que contribui para a inversão do campo eléctrico.
Razão pela qual a tensão aos terminais da célula diminui à medida que aumenta a corrente.
A célula é o elemento mais pequeno de um sistema fotovoltaico e produz tipicamente a
potência eléctrica de 1,5ST, o que corresponde a uma tensão de 0,59 e a uma corrente de 3M. Potências superiores são conseguidas através da associação de células em série e/ou em
paralelo, as quais formam normalmente potências na ordem de 50 a 100ST, e painéis fotovoltaicos, os quais apresentam potências superiores [7].
Existem diferentes tipos de silício usados para a concepção das células fotovoltaicas, o
silício mono-cristalino é o mais usado, porque devido à sua estrutura molecular ser uniforme
ele apresenta rendimentos na ordem dos 15%, apesar de ter o maior custo de produção. O
silício poli-cristalino tem um custo de produção menor devido ao processo de preparação das
células ser menos rigoroso, no entanto o seu rendimento é da ordem de 12%, uma vez que
existem descontinuidades na sua estrutura molecular. Além destes dois tipos de silício, existe o
silício amorfo que apresenta o menor custo de produção de todos, mas em contrapartida os
seus rendimentos são na ordem dos 6%, devido ao alto grau de desordem que a sua estrutura
molecular apresenta [8].
Aplicações
Os sistemas fotovoltaicos são usados hoje em dia num vasto conjunto de aplicações, das
quais se destacam [7]:
• Aplicações de média potência (dezenas ou centenas de quilowatt)
1) Electrificação rural: abastecimento de cargas domésticas em locais remotos sem
rede, bombagem de água e irrigação, complemento de abastecimento de locais
remotos com ou sem rede;
2) Produção descentralizada ligada à rede.
• Aplicações de pequena potência (décimas ou unidades de quilowatt)
1) Relógios e calculadoras;
2) Acessórios de veículos automóveis, por exemplo, alimentação de ventoinhas para
refrigeração de automóveis estacionados, ou carregamento de baterias em veículos
de campismo;
3) Sinais rodoviários (moveis e estáticos) e parquímetros;
4) Telefones de emergência, transmissores de 9 e de telemóvel;
5) Frigoríficos médicos em locais remotos.
18
O grande uso destes sistemas nas diversas aplicações deve-se às suas vantagens em
relação aos outros meios de produção alternativos, nomeadamente em aplicações de pequena
potência, onde a sua difusão é muito significativa.
Nas aplicações de média potencia, os sistemas fotovoltaicos sozinhos ou em associação
com outros sistemas de energia renovável, são já competitivos para a alimentação de certos
locais remotos onde as soluções alternativas convencionais, tais como, gerador a diesel ou a
rede eléctrica, são claramente inferiores do ponto de vista económico e apresentam
inconvenientes ambientais não negligenciáveis.
No entanto no modo de funcionamento em produção descentralizada ligado à rede de
energia eléctrica, a situação é completamente diferente, porque os sistemas fotovoltaicos estão
ainda longe de ser competitivos em relação às fontes de produção convencionais, mas
sobretudo em relação a outros sistemas de aproveitamento de energias renováveis. Sendo as
principais razões dessa falta de competitividade, o elevado investimento e a baixa utilização
anual da potência instalada.
Fotovoltaico em Portugal
Em Portugal, as estatísticas mais recentes apontam para um total de 56,5OST de
potência instalada em sistemas fotovoltaicos no final do ano 2008. A implementação destes
sistemas no território nacional tem vindo a crescer a um ritmo médio anual de 72%, desde o
ano 2002. Este crescimento é resultado da grande importância que têm ganho as aplicações
ligadas à rede eléctrica dos sistemas fotovoltaicos nos últimos anos [9].
Estudos realizados sobre planos inclinados revelam que a maximização da energia solar
absorvida em Portugal é atingida com grandes inclinações no inverno, entre 50 a 60° e pequenas inclinações no verão, entre 5 a 10°. No entanto actualmente os painéis de algumas
centrais fotovoltaicas mais recentes já vêm equipados com um sistema seguidor da posição
solar, o qual se pode observar na Figura 2.2, a inclinação do painel equipado com este
sistema, vai variando ao longo do dia a fim de maximizar a radiação solar incidente.
Figura 2.2 – Central fotovoltaica da Amareleja – sistema seguidor da posição solar
19
No caso dos painéis fixos como não seria prático nem económico mudar a inclinação das
superfícies colectoras consoante a estação do ano, usa-se a inclinação que maximiza a
radiação solar incidente no painel, sendo esta igual à latitude do local onde estão instalados.
Custos
No caso dos sistemas fotovoltaicos o investimento a realizar traduz-se nos módulos
propriamente ditos, nos dispositivos de interface e regulação entre colectores, e na carga ou na
rede. Os dispositivos são tipicamente a bateria, o regulador de carga e, eventualmente, o
inversor, no caso dos sistemas isolados. No caso dos sistemas ligados à rede é apenas o
inversor. Em ambos os casos, as estruturas de suporte dos módulos estão incluídas nos
dispositivos de interface e regulação.
Embora os custos dos dispositivos de interface e regulação, e os custos de instalação
possam variar muito, pode afirmar-se, em termos médios, que são cerca de 40% do
investimento total. Enquanto a maior parte do investimento cerca de 60% é feita nos painéis.
Existe ainda alguns custos associados à manutenção de todo o sistema, os quais apesar de
serem muito variáveis, podem estimar-se, entre 1 a 2% do investimento total [7].
Os sistemas fotovoltaicos apresentam ainda custos relativamente altos quando
comparados com os outros sistemas de energia renovável. No entanto verifica-se que estes
têm vindo a decrescer, devido ao crescimento e desenvolvimento das novas tecnologias,
tornando-os mais competitivos no mercado da energia eléctrica.
Vantagens e desvantagens
Os sistemas fotovoltaicos apresentam diversas vantagens, como a sua fiabilidade, o custo
de manutenção reduzido, é uma tecnologia não poluente e não necessita de mão-de-obra
altamente qualificada.
No entanto, estes sistemas também apresentam algumas desvantagens, como o
investimento inicial, o rendimento da conversão e esta tecnologia raramente é competitiva do
ponto de vista económico, comparativamente com outras tecnologias renováveis.
20
2.2. Modelo matemático
O comportamento das grandezas inerentes às células de um painel fotovoltaico é
explicado através do modelo matemático simplificado, representado na Figura 2.3, por um
esquema eléctrico [7].
Figura 2.3 – Circuito eléctrico equivalente de uma célula fotovoltaica alimentado uma carga .
A corrente da fonte (, simboliza a corrente gerada pelo efeito fotovoltaico, a qual é
unidireccional e de valor constante para valores de radiação incidente constantes.
O díodo presente no esquema eléctrico representa a junção T P V da célula e é atravessado por uma corrente +, que depende da tensão 9, aos terminais da célula. Devido à
corrente +, atravessar o díodo a sua expressão é:
+ 0Q% XYZ[X\ P 1R (1)
Sendo que 0, é a corrente inversa máxima de saturação do díodo, a tensão 9:;, é a tensão aos terminais do díodo 7, é o factor de idealidade do díodo e 9> é designado por potencial térmico, o qual é dado pela expressão:
9> ;>E (2)
Onde, 5, é a constante de Boltzman (5 1,38 ] 10^/°5R, , é a temperatura da célula
em °5 e 8 é a carga eléctrica de um electrão Q8 1,6 ] 10`aR. Aplicando a lei de Kirchhoff, ao nó 1, do esquema eléctrico da Figura 4, determina-se que
a corrente aos terminais da célula é igual a:
( P + ( P 0Q% XYZ[X\ P 1R (3)
Para uma melhor compreensão do funcionamento das células fotovoltaicas, dá-se especial
atenção a dois pontos de operação das mesmas.
21
Um dos pontos de operação ao qual se dá especial atenção é ao curto-circuito exterior, ou
seja, sem a presença de qualquer tipo de carga, ligam-se entre si os terminais da célula, nos
quais surge a corrente de curto-circuito. Esta corrente é o valor máximo da corrente de carga e
igual à corrente gerada pelo efeito fotovoltaico. Neste ponto de operação as grandezas aos
terminais da célula tomam os seguintes valores:
b 9 0+ 0 ( $$b (4)
O outro ponto de operação ao qual se dá especial atenção é designado de circuito aberto,
ou seja, quando os terminais da célula estão em vazio. Neste caso aos seus terminais surge a
tensão de circuito aberto, que é o valor máximo de tensão. Os valores das grandezas aos
terminais da célula neste ponto de operação, são:
b 09 913 79>ln Q1 e &f&gRb (5)
Os valores da corrente curto-circuito e da tensão de circuito aberto são características do
painel, razão pela qual são dados fornecidos pelo fabricante, numas determinadas condições
de radiação incidente e temperatura.
A estas condições é dado o nome de - Standard Test Conditions e utiliza-se o índice h para o indicar, tomando a radiação incidente e a temperatura com os seguintes valores:
• Temperatura, B 25H i 298,16°5;
• Radiação incidente, ) 1000S/7. Para além dos valores da corrente de curto-circuito e da tensão de circuito aberto
fornecidos pelo fabricante, nas condições , geralmente também são fornecidos os valores
de mais algumas grandezas:
• 234 - Potência do painel no ponto de potência máxima;
• 9234 - Tensão do painel no ponto de máxima potência;
• 913 - Tensão do painel quando este se encontra em circuito aberto;
• 234 - Corrente do painel no ponto de máxima potência;
• 11 - Corrente do painel quando se encontra em curto-circuito;
• jk - Temperatura normal de funcionamento da célula;
• j(= - Número de células ligadas em série;
• M - Área do painel.
22
Com base nos parâmetros que fazem parte da característica do painel, fornecidos pelo
fabricante, pode-se calcular o factor de idealidade do díodo, cuja expressão é dada:
7 l[mno `lpmol\o qr Q`s[mnosppo R (6)
Após ter a expressão para o calculo do factor de idealidade do díodo 7, e recorrendo a Q5R, facilmente se pode obter o valor da corrente inversa máxima de saturação, nas condições , através da expressão: 0 &ppo Xpm[X\o ` (7)
No entanto as condições de trabalho da célula não serão as condições , o que torna necessário estabelecer uma relação entre as grandezas de saída do painel e as suas
condições de trabalho. Para tal começa-se por relacionar a temperatura de trabalho das células
fotovoltaicas com a temperatura ambiente, através da expressão:
B1 B32C e tQuv$>`0Rw00 (8)
Onde, ), é a radiação incidente na célula e, B32C é a temperatura ambiente em graus
Célsius.
Com base em alguns estudos experimentais realizados com células fotovoltaicas, a fim de
se compreender o comportamento das grandezas de saída da célula em função das suas
condições de trabalho, concluiu-se que a potência de saída do painel 234, e a tensão de circuito aberto 913, diminuem com o aumento da temperatura de trabalho da célula. Enquanto a
corrente de curto-circuito 11 , é muito pouco sensível às variações da mesma.
Por outro lado verifica-se que a potência de saída do painel 234, aumenta com a radiação
incidente no painel e a corrente de curto-circuito 11 , varia linearmente com a mesma. Já a
tensão de circuito aberto é praticamente insensível às variações de radiação incidente.
Assim com base no estudo realizado e a partir dos valores de referência conhecidos das
grandezas, estabeleceu-se a variação da corrente inversa máxima de saturação do díodo 0, em função da temperatura e a variação da corrente de curto-circuito 11, em função da radiação
incidente.
As quais são dadas pelas expressões:
0 0Q >>oR% x[,Q ,X\o ` ,X\R (9)
11 11 tto (10)
Onde y, é o hiato de silício, y 1,12%9, e 7,, é o factor de idealidade equivalente, 7, 2ufz.
23
É de referir que o valor de temperatura da célula dado por, (8), está em graus Célsius e na
expressão, (9), a temperatura de trabalho da célula terá de entrar em graus Kelvin, de forma a
calcular o potencial térmico. Para esse efeito recorre-se à equação:
1 B1 e 273,15 (11)
Depois de se obter as expressões para o cálculo da corrente de curto-circuito do painel 11 e da corrente inversa máxima de saturação do díodo, para quaisquer condições de trabalho
das células fotovoltaicas. Pode-se então, obter a potência gerada pelo painel para essas
mesmas condições de trabalho, calculada pela expressão:
9 911 P 0 |% X[ X\ P 1~ (12)
De forma a achar os valores de tensão e corrente, que maximizam o valor de potência
gerada pelo painel fotovoltaico, efectuam-se algumas manipulações matemáticas.
9 ] 9 9 0 0 11 e 0 |1 P % l2l\ P 979> % l2l\ % l2l\ 110 e 1979> e 1
De onde resulta a equação não linear para o cálculo do valor de tensão que maximiza a
potência gerada pelo painel, dada pela expressão:
9234QR 79>ln Q sppsg X[mnQR[X\ R (13)
Após o cálculo da tensão por (13), geralmente efectuado por métodos iterativos, pode
calcular-se a respectiva corrente, através da expressão:
234 11 P 0Q%X[mn[X\ P 1R (14)
Logo a potência máxima gerada pelo painel fotovoltaico, para quaisquer que sejam as
condições de trabalho do mesmo é 234 9234 ] 234, e o rendimento do painel é dado pela
expressão:
D$ [mn:t (15)
24
2.3. Painel fotovoltaico utilizado
Para a realização deste trabalho foi escolhido o painel fotovoltaico, com as características
para as condições de referência que de seguida se indicam na Tabela 2.1 [7].
Tabela 2.1 – Características do módulo fotovoltaico 5170. Silício Monocristalino
Potência máxima ,
Corrente máxima , Tensão máxima
Corrente de curto-circuito Tensão de circuito aberto ,
Temperatura normal de funcionamento H
Número de células em série Comprimento ,
Largura ,
De forma a obter-se uma potência de pico de 234 3568,32 S, colocaram-se três
módulos em série para aumentar a tensão de saída do conjunto, e colocaram-se sete módulos
em paralelo para aumentar a corrente. Desta forma e admitindo-se que o comportamento dos
módulos ligados em série e paralelo é igual ao comportamento de um modulo isolado,
calculam-se os valores apresentados na Tabela 2.2.
Tabela 2.2 – Características dos módulos fotovoltaicos 5170, ligados em série e paralelo.
Silício Monocristalino
Potência máxima ,
Corrente máxima . Tensão máxima
Corrente de curto-circuito Tensão de circuito aberto ,
Temperatura normal de funcionamento H
Número de células em série Comprimento ,
Largura ,
25
Com base nas expressões apresentadas no estudo do modelo do painel e nos valores
indicados na Tabela 2.2, calculam-se os valores de algumas grandezas mais significativas do
painel.
0 6,26 ] 10` M 7 332,08
7, 1,54 D$ 13,74 %
26
0 20 40 60 80 100 120 1400
10
20
30
40
Tensão (V)
Corrente (A)
0 20 40 60 80 100 120 1400
1000
2000
3000
4000
Tensão (V)
Potên
cia (W
)
Tc=25ºC e G=1000W/m2
2.4. Simulação
Com base nos dados fornecidos pelo fabricante e nos valores calculados a partir destes,
representa-se nas Figuras 2.4, 2.5, 2.6 e 2.7, a variação da corrente e da potência do painel
fotovoltaico em função da tensão aos seus terminais.
Estas representações permitem observar o comportamento das referidas grandezas para
diferentes condições de trabalho das células fotovoltaicas e assim confirmar o modelo teórico
descrito no ponto 2.2.
No caso da Figura 2.4, as condições de trabalho das células fotovoltaicas são as
condições STC.
Figura 2.4 – Andamento da corrente de saída do painel e da potência gerada pelo painel, em função da
tensão aos seus terminais, para as condições de referência.
Na Figura 2.5, as curvas da corrente de saída do painel e da potência gerada em função
da tensão aos seus terminais, são obtidas para diferentes temperaturas do meio ambiente e
para uma radiação constante, de ) 1000 S/7, enquanto na Figura 2.6 estas mesmas
curvas são obtidas para uma temperatura constante, de B$ 25H e diferentes valores de
radiação incidente.
27
0 20 40 60 80 100 120 1400
10
20
30
40
Tensão (V)
Corrente (A)
0 20 40 60 80 100 120 1400
1000
2000
3000
4000
Tensão (V)
Potên
cia (W
)
G=1000W/m2
G=750W/m2
G=500W/m2
0 20 40 60 80 100 120 1400
10
20
30
40
Tensão (V)
Corrente (A)
Tamb=20ºC -> Tc=53.75ºC
Tamb=25ºC -> Tc=58.75ºC
Tamb=30ºC -> Tc=63.75ºC
0 20 40 60 80 100 120 1400
1000
2000
3000
4000
Tensão (V)
Potên
cia (W
)
Figura 2.5 – Andamento da corrente de saída do painel e da potência gerada pelo painel, em função da
tensão aos seus terminais, para radiação incidente constante e diferentes valores de temperatura.
Figura 2.6 – Andamento da corrente de saída do painel e da potência gerada pelo painel, em função da
tensão aos seus terminais, para temperatura constante e diferentes valores de radiação incidente.
28
0 20 40 60 80 100 120 1400
10
20
30
40
Tensão (V)
Corrente (A)
0 20 40 60 80 100 120 1400
1000
2000
3000
4000
Tensão (V)
Potên
cia (W
)
Tamb=25ºC e G=1000W/m2
Tamb=30ºC e G=750W/m2
Tamb=20ºC e G=500W/m2
Na Figura 2.7, faz-se variar a temperatura de trabalho das células fotovoltaicas e a
radiação incidente.
Figura 2.7 – Andamento da corrente de saída do painel e da potência gerada pelo painel, em função da
tensão aos seus terminais, para diferentes valores de temperatura e radiação incidente.
Como se pode observar nas Figuras 2.5, 2.6 e 2.7, o valor máximo da corrente de curto-
circuito depende do valor da radiação incidente no painel, sendo no entanto praticamente
insensível às variações de temperatura.
O valor máximo da tensão de circuito aberto diminui com o aumento de temperatura e é
praticamente insensível à variação da radiação incidente.
Para a potência gerada pelo painel, verifica-se que esta aumenta com o aumento de
radiação incidente e diminui com o aumento da temperatura de trabalho das células
fotovoltaicas.
Desta forma conclui-se que os resultados apresentados, estão de acordo com o modelo
teórico descrito no ponto 2.2. Sendo assim, constrói-se recorrendo à ferramenta 7¡¢ V£ e com base no modelo teórico
apresentado, um diagrama de blocos, representativo do funcionamento do painel fotovoltaico, o
qual se pode visualizar no Anexo M1. A fim de validar o funcionamento do “painel fotovoltaico” realiza-se a simulação presente
na Figura 2.8 onde se observa o andamento da corrente de saída do painel e da potência
gerada pelo mesmo em função da tensão aos seus terminais, obtidas a partir do modelo teórico
e do diagrama de blocos concebido.
29
0 20 40 60 80 100 120 1400
10
20
30
40
Tensão (V)
Corrente (A)
Simulação
Teoria
0 20 40 60 80 100 120 1400
1000
2000
3000
4000
Tensão (V)
Potên
cia (W
)
Figura 2.8 –. Comparação do andamento das curvas obtidas com o modelo teórico e com o diagrama de
blocos concebido, representativo do funcionamento do painel, para as condições de referência.
Da Figura 2.8, conclui-se que o diagrama de blocos presente no Anexo M1, descreve de forma semelhante ao modelo teórico, o comportamento das grandezas características do painel
fotovoltaico.
30
3. Inversor Fotovoltaico de Estágio Único
O inversor fotovoltaico de estágio único, apresentado na Figura 3.1, é o conversor
escolhido neste trabalho, para efectuar a interligação entre os painéis fotovoltaicos e a rede
eléctrica.
A razão pela qual se escolhe este conversor, é devido a este conseguir elevar e ondular a
tensão aos terminais de um painel fotovoltaico, em apenas um só estágio.
Figura 3.1 – Esquema eléctrico de um Inversor Fotovoltaico de Estágio Único.
3.1. Princípio de funcionamento
Para realizar a análise do funcionamento do conversor é necessário saber que os
semicondutores , , e , são considerados ideais, ou seja, o seu funcionamento é
idêntico ao de um interruptor ideal.
Os interruptores ideais, apenas apresentam dois estados de funcionamento: 1R à condução QkjR, onde são percorridos por corrente e a queda de tensão aos seus terminais é
nula, e 2R ao corte Qk¤¤R, onde se comportam como um circuito aberto e não permitem a
passagem de corrente.
Os díodos e apresentam aos seus terminais uma tensão 9:;, que quando é positiva (condução directa), se comportam como um curto-circuito, onde a tensão 9:; é
aproximadamente zero e a corrente positiva. Quando a tensão 9:; é negativa (polarização inversa), os díodos comportam-se como circuitos abertos.
Nesta fase inicial dos cálculos não são contabilizadas as perdas de comutação e
condução dos semicondutores, bem como as perdas nas bobinas e condensador.
31
3.2. Modelo matemático para o conversor
Considerando os estados de funcionamento dos semicondutores, define-se , para cada um dos braços do conversor, os quais se assinalam na Figura 3.2.
Figura 3.2 – Braços do conversor.
¥ 1 ¦ §¨V¡© % §¨h%0 ¦ §¨h% % §¨V¡© b ¥ 1 ¦ §¨V¡© % §¨h%0 ¦ §¨h% % §¨V¡© b (16)
Além de , é necessário definir a tensão 9, tensão entre os dois braços do conversor, a tensão 9+, tensão no terminal do ânodo dos díodos, e a tensão 9, tensão da rede, a fim de
efectuar uma análise dos diferentes estados de funcionamento do conversor. Sendo assim
define-se em regime não lacunar:
9 #1Q P R (17)
9+ #1 (18)
9 √2 9 cos Q?R (19)
Onde #$, é a tensão aos terminais do condensador , a qual se pretende constante e igual a 800 9, ? é a frequência angular, dada por ? 2®¯, e 9 é a tensão eficaz da rede, com o
valor de 230 9. Após a definição das diferentes variáveis, considera-se o estado de funcionamento em
que, 1 e 0, obtendo-se: 9 #1 e 9+ 0
32
Na Figura 3.3, representa-se o conversor no estado de funcionamento, correspondente a 1 e 0.
Figura 3.3 – Esquema eléctrico do conversor, para 1 e 0.
Com base nas malhas representadas na Figura 3.3, estabelece-se as expressões:
9" *&°o*± i *&°o*± l,-`lo"o ²³`lo"o (20)
9" *&°´*± i *&°´*± l´`lµ"´ l´"´ (21)
Onde ", é a corrente da rede eléctrica e ", é a corrente do painel fotovoltaico. De (20),
percebe-se que a corrente ", cresce, devido a, #$ ¶ 9, ou seja, o condensador neste estado de funcionamento fornece energia à bobina , e por consequência a tensão aos seus terminais diminui.
Por sua vez, de (21), apreende-se que a corrente " também cresce devido a, 9 ¶ 0, sendo neste caso a energia fornecida à bobina pelo painel fotovoltaico.
Considerando agora, 0 e 1, obtém-se:
9 P#1 e 9+ 0
Na Figura 3.4, representa-se o conversor no estado de funcionamento, correspondente a 0 e 1.
33
Figura 3.4 – Esquema eléctrico do conversor, para 0 e 1.
Recorrendo ao esquema da Figura 3.4, estabelece-se a relação:
9" *&°o*± i *&°o*± l,-`lo"o `²³`lo"o (22)
Neste caso verifica-se o mesmo comportamento nas grandezas, #$ e ", que no estado definido por 1 e 0, no entanto " diminui, devido a
*&°o*± 0. Outro estado de funcionamento é traduzido por, 1 e 1, de onde resultam os
resultados:
9 0 e 9+ #$
Apresenta-se na Figura 3.5, o esquema eléctrico que se tem em consideração para o
cálculo das expressões que reflectem o funcionamento do conversor, neste estado de
funcionamento.
34
Figura 3.5 – Esquema eléctrico do conversor, para 1 e 1.
As equações que traduzem o comportamento das grandezas mais significativas do
conversor são obtidas a partir de:
9" *&°o*± i *&°o*± l,-`lo"o `lo"o (23)
9" *&°´*± i *&°´*± l´`lµ"´ l´`²³"´ (24)
Assim, recorrendo a (23), verifica-se que a evolução da corrente " depende do sinal da tensão da rede 9, caso 9 ¶ 0, então a corrente da rede decresce, caso 9 0 cresce.
Já com base em (24), chega-se à conclusão que " decresce, porque #$ ¶ 9. Por sua vez, como o painel fotovoltaico esta a fornecer energia ao condensador , a tensão aos terminais do condensador sobe.
O restante estado de funcionamento do conversor, é representado por, 0 e 0, do qual se obtém:
9 0 e 9+ 0
Com base nos valores de e , obtém-se o esquema eléctrico presente na Figura 3.6.
35
Figura 3.6 – Esquema eléctrico do conversor, para 0 e 0.
Analisando a Figura 3.6, chega-se à conclusão que a evolução da corrente " pode ser explicada, através de (23), ou seja, o seu comportamento depende do sinal de, 9. Enquanto a evolução da corrente ", é traduzida por (21), caso em que o painel fotovoltaico transfere
energia para a bobina , e " cresce. De forma a melhorar a compreensão dos diferentes estados de funcionamento do
conversor, elabora-se a Tabela 3.1.
Tabela 3.1 – Evolução de ", " e #$ para os diferentes estados de funcionamento do conversor.
Estados de Funcionamento · ¸ ¹ 1 0 º º » 0 1 º » » 1 1 » 9 ¶ 0 ¦ » º 9 0 ¦ º 0 0 º 9 ¶ 0 ¦ » ¼ 9 0 ¦ º
Podendo ainda escrever-se as correntes " e ", e a tensão #$ em função e , sendo dadas estas relações por:
" Q1 P 4R1 e Q2 P 3R2 (25)
" ( P ( (26)
#$ 9Q P R (27)
36
3.3. Dimensionamento dos componentes do conversor
Elementos reactivos do conversor
Para o cálculo dos elementos reactivos do conversor, bobinas e condensador, assume-se
que em regime de funcionamento permanente, as tensões e correntes presentes no conversor
são quase contínuas, apresentando apenas um certo tremor, devido à comutação dos
semicondutores.
O dimensionamento da bobina tem em consideração, que o funcionamento do Inversor
Fotovoltaico de Estágio Único é em determinadas situações semelhante ao de um conversor
elevador, o qual se representa na Figura 3.7 [10].
Figura 3.7 – Conversor elevador, com funcionamento semelhante ao inversor fotovoltaico.
Com base no conversor elevador presente na Figura 3.7, a funcionar em regime
permanente durante um período de tempo , assume-se que:
¥ §¨V¡© QkjR, 0 ½ 0 % 0 §¨h% Qk¤¤R, ½ ¾ 0 ¨¡ ¾ 0b (28)
Onde , é o factor de ciclo do conversor elevador que corresponde no inversor fotovoltaico de estágio único ao estado de funcionamento 0 e 0, o qual se pode calcular através da expressão da tensão aos terminais da bobina :
9" ¥ 9 , 0 9 P #$ , b (29)
Sabendo que o valor médio da tensão aos terminais de uma bobina é nulo e que o
conversor elevador se encontra a funcionar em regime permanente, obtém-se:
37
9"3¿ > À0ÁÂ>9 e > ÀÁÂ>> Ã9 P #$Ä 0 i ²³`l´²³ (30)
Considerando o período de tempo, 0 , ou seja 0 % 0, período no qual o semicondutor conduz, e analisando a malha assinalada na Figura 3.8, obtém-se a expressão:
Figura 3.8 – Esquema eléctrico do elevador, para o intervalo de tempo, 0 %. 9" 9 i 9 *&°´*± (31)
Assumindo pequenas variações lineares de corrente em torno do seu ponto médio, ou
seja, *&°´*± Å&°´Å± , reescreve-se (28):
9 Å&°´Å± i űÅ&°´ 9 i ÁÂ>Å&°´ 9 (32)
Após análise do conversor elevador presente na Figura 3.7, verifica-se 9 #$Q1 P R, e assumindo como razoável um tremor de 15% para a corrente do painel fotovoltaico ", ou seja, Δ" 0,15 "3¿, escreve-se:
Á>0,Æ&°´mÇ #$Q1 P R (33)
De forma a obter em função de apenas , estabelece-se as relações:
"3¿ &gQ`ÁÂR e È0 ²³&g (34)
38
Deste modo, estabelece-se a expressão que permite efectuar o calculo de , a qual é dada por:
<gQ`ÁÂR-ÁÂ>0,Æ (35)
Onde , é o valor médio para o período de comutação dos semicondutores, o qual se
pode calcular a partir das perdas de comutação dos mesmos.
12ɱ3çã (21@*É±Ì e *í*Ì 49((234 ±o±´> e 29(+234 ±oo`±Î> (36)
Onde 9( é a tensão aos terminais dos semicondutores e dos díodos em regime
permanente, ou seja, 9( 800 9. Considerando um ) P VÏ¡¢Ð% )Ð% T¨¢Ðh hÐVÏ Ï¨h com um tempo de subida 39 VÏ e um tempo de descida 25 VÏ, e um díodo com um tempo de recuperação
inversa 100 VÏ e um tempo de armazenamento Ì 60 VÏ. Assumindo que as perdas de comutação não podem ser superiores a 1,6% da potência
máxima gerada pelos painéis fotovoltaicos, obtém-se:
¼ 2 ] 10`Æ Ï Com base em (35) percebe-se que o valor máximo de se obtém para e com base
neste valor de obtém-se:
È0 #$234 84,77 Ω
Onde È0 é uma carga equivalente responsável pelas perdas do conversor (Inversor
Fotovoltaico de Estágio Único).
Sendo assim chega-se ao valor de 3,5 7Ò.
Para o dimensionamento da bobina recorre-se a uma analogia entre o inversor
fotovoltaico de estágio único e um conversor de quatro quadrantes, o qual se apresenta na
Figura 3.9 [10].
39
Figura 3.9 – Esquema eléctrico de um conversor de quatro quadrantes
Com base na topologia apresentada na Figura 3.9 e, considerando 0 ¼ §¨VÏÐV% e 9 ¼ §¨VÏÐV%, estabelecem-se as relações:
9 Ó #$ , 0 E , QÆ §¨V¡©R ½ 1 % 0P#$ , E , Q §¨V¡©R ½ 0 % 1 b (37)
Onde E, é o factor de ciclo do conversor de quatro quadrantes e pode ser calculado recorrendo ao valor médio da tensão 9:
93¿ > À0ÁÔ>#$ e > ÀÁÔ>> P#$ i 93¿ Q2E P 1R#$ (38)
Sabendo que em regime permanente o valor médio da tensão aos terminais de uma
bobina é nulo, ou seja, 9"3¿ 0, determina-se:
9"3¿ 9<3¿ P 9 0 i Ã2E P 1Ä#$ P 9 0 i E ²³`l´²³ (39)
Considerando agora o intervalo de tempo 0 E, tempo no qual Æ conduz, e a tensão aos terminais da bobina , com calcula-se:
9" 9 P 9 *&°o*± i *± Ql,-`l´R*&°o (40)
40
Aproximando as pequenas variações da corrente na bobina em torno do seu valor
médio, por pequenas variações lineares, ou seja, *&°o*± Å&°oű , obtém-se:
ű Ql,-`l´RÅ&°o ÁÔ>Ql,-`l´R0,Æ&°omÇ (41)
Onde se considera razoável um tremor de 15%, para a corrente na bobina , em torno do
seu valor médio, ou seja, Δ" 0,15"mÇ. Sabendo que no intervalo 0 E, as diferentes grandezas apresentam os valores:
13¿ 0 ¦ "3¿ 0 (42)
9 #$ (43) 93¿ Q2E P 1R#$ (44)
Onde #$, é aproximadamente constante e igual a 800 9, enquanto a corrente de carga 0, é dada por, 0 [mno²³ 4,46 M.
Pode-se então, com base nas expressões apresentadas, determinar a expressão da
bobina , o qual é dado por:
ÁÔ>Ql,-`l´R0,Æ&°omÇ =Q²³`ÃÁÔ`IJ³RÁÔ>0,Æ &g ²³Q`ÁÔRÁÔ>0,Æ &g (45)
Considerando o valor máximo para a bobina , sendo dado quando E , obtém-se 12 7Ò.
No caso do dimensionamento do condensador , considera-se um rectificador com factor
de potência unitário, o qual se pode observar na Figura 3.10 [10].
41
Figura 3.10 – Esquema eléctrico de um rectificador com factor de potência unitário
Assume-se que o rendimento do rectificador é unitário, ou seja, a potência fornecida ao
rectificador , é igual à potência fornecida pelo rectificador à carga 0. Define-se:
9 √29Ï%VQ?R (46) " √2"Ï%VQ?R (47)
Como se assume 0, obtém-se 0 0#$ 9". Calculando o valor da potência instantânea de entrada do rectificador TQR, obtém-se:
TQR √29Ï%VQ?R√2"Ï%VQ?R 2 9" Ï%VQ?R 20Ï%VQ?R (48)
Sendo o valor médio por período de comutação da corrente de carga obtido através de:
TQR T0QR #$* i * 6gQ±R²³ gÌ@QÕ±R-²³ 20Ï%VQ?R 0 P 0cos Q2?R (49)
Enquanto o valor médio por período de comutação da corrente $, corrente do
condensador , dado por:
42
$ * P 0 P0cos Q2?R (50)
De modo a obter o valor do condensador desejado, considera-se como razoável que a
tensão aos seus terminais apresente um tremor de 5%, em torno do seu valor médio, ou
seja, Δ#$ 0,05#$mÇ. Com base no valor do tremor da tensão de saída do condensador e recorrendo à variação
da tensão aos terminais do mesmo, Δ#$ #$[mn P #$[Ö×, escreve-se:
Δ#$ ÅØ$ Õ $ ÀÙ ÚÙ Ú $ ? Õ $ ÀÙ ÚÙ Ú P 0 cosQ2?R ? &gÕ $ ÛP (@QÕ±R ÜÙ ÚÙ Ú
Δ#$ &gÕ $ &gÕ Å²³ gÕ Å²³ ²³ (51)
De (47) calcula-se o valor do condensador , sendo este de 0,177 7¤.
Valores limites suportados pelos semicondutores
De forma a poder seleccionar os semicondutores , , e a incluir no inversor fotovoltaico de estágio único, é necessário saber, qual o valor máximo da corrente (234, que os percorre e o valor máximo de tensão aos seus terminais 9(234, nos diferentes estados de funcionamento do conversor. Para tal, com base em (16) e da análise da Figura 3.1,
estabelecem-se as expressões:
9(, #$Q1 P R (52) 9(- #$ (53) 9(. #$Q1 P R (54) 9(/ #$ (55)
Recorrendo a (52), (53), (54) e (55), calculam-se os valores de tensão aos terminais dos
semicondutores , , e , para os diferentes estados de funcionamento do conversor, os
quais são apresentados na Tabela 3.2.
43
Tabela 3.2 – Tensão aos terminais dos semicondutores.
Estados de Funcionamento 1 0 0 #$ #$ 0 0 1 #$ 0 0 #$ 1 1 0 #$ 0 #$ 0 0 #$ 0 #$ 0
Procedendo da mesma forma que no cálculo das expressões da tensão em função de e , determinam-se as relações:
(, " P " (56) (- P"Q1 P R e "Q1 P RQ1 P R (57)
(. P" P "γ (58) (/ "Q1 P R e "Q1 P RQ1 P R (59)
Após estabelecer (56), (57), (58) e (59), recorrendo a estas, calculam-se os valores de
corrente que percorrem os semicondutores , , e , os quais são apresentados na Tabela 3.3.
Tabela 3.3 – Valores de corrente que percorrem os semicondutores.
Estados de Funcionamento 1 0 " 0 0 " 0 1 0 P" P" 0 1 1 " P " 0 P" P " 0 0 0 0 P" e " 0 " e "
Sendo assim, considerando a situação mais desfavorável e com base nas Tabelas 3.2 e
3.3 verifica-se que o valor máximo de tensão aos terminais dos semicondutores , , e , é igual a #$ e o valor máximo de corrente que percorre os semicondutores é igual à corrente da
rede eléctrica.
9(,[mn 9(-[mn 9(.[mn 9(/[mn ¼ #$234 840 9
Nota: das simulações pode-se concluir que o rendimento do conversor é de 92%.
(,[mn (-[mn (.[mn (/[mn ¼ ":= e " √2 0,929 e 9 20,18 e 33,04 53,22 M
44
No caso dos díodos e , a sua selecção depende da tensão máxima a suportar pelos
seus terminais 9<<= e o valor médio da corrente que os atravessa +3¿Þ. Sendo assim, recorrendo à Figura 3.1 e com base nos diferentes modos de funcionamento
do conversor, definidos em (16), estabelecem-se as relações:
9+, Q9+ P #$R (60) 9+- Q9+ P #$R (61) +, "Q e 1 P R (62) +- "Q e 1 P R (63)
Nota: no estabelecimento das expressões (60), (61), (62) e (63), no caso em que 1 e 1, considera-se que existe sempre corrente à saída do painel fotovoltaico, ou seja, existe
corrente na bobina . No modo de funcionamento 0 e 0 verifica-se que os dois díodos e , estão em condução. Em ambos os casos considera-se a situação mais
desfavorável para os díodos, ou seja, a corrente à saída do painel fotovoltaico ", atravessa apenas um dos díodos.
Sendo assim de (60), (61), (62) e (63) elabora-se a Tabela 3.4, onde se apresentam os
valores de tensão e corrente de trabalho dos diodos, para os diferentes estados de
funcionamento do conversor.
Tabela 3.4 – Tensão e corrente de trabalho dos diodos.
Estados de Funcionamento 1 0 9+ P #$ 0 0 " 0 1 0 9+ P #$ " 0
1 1 9+ P #$ 9+ P #$ " " 0 0 0 0 " "
Com base na Tabela 3.4 e em (18) verifica-se que os valores máximos de tensão e
corrente de trabalho dos díodos são dados por:
9<<= + 9<<= + P#$234 ¼ P840 9 +, [mn +- [mn 2349 3568,2108 33,04 M
De forma a calcular o valor médio de corrente que percorre os díodos, define-se o factor
de ciclo do inversor fotovoltaico de estágio único , com base no factor de ciclo de um inversor
de tensão comandado por modulação de largura de impulso [10]:
45
Q0R l Ì@Q-ßàg\á RÉp[mn e (64)
Onde 9 é a amplitude da função designada por modulante, >á a sua frequência
fundamental e ¡1234 é a amplitude da função designada por portadora.
Considerando o comando a três níveis de um inversor de tensão e o tipo de
funcionamento designado por, comando por modulação de largura de um impulso, onde os
semicondutores de potência são comutados à frequência fundamental ?â, e em cada período â existem quatro subintervalos distintos, os quais se apresentam na Tabela 3.5.
Tabela 3.5 – Subintervalos de tempo de condução dos semicondutores.
Estados de Funcionamento Tensão de Saída Intervalo de Tempo
1 0 #$ ã® P 2 ; ® e 2 å 0 1 P#$ ã3® P 2 ; 3® e 2 å 1 1 0 ã® e 2 ; 3® P 2 å 0 0 0 ã3® e 2 ; 2® e ® P 2 å
Desta forma, recorrendo às Tabelas 3.4 e 3.5, e considerando a situação mais
desfavorável para os díodos e , considera-se 0 e acha-se o valor médio da corrente
que percorre os díodos +mÇæ. Através de:
+3¿Þ Ù ÀÙ ÚÙ Ú " e Ù ÀÙ ÚÆÙ Ú " " (65)
+3¿Þ Ù ÀÙ ÚÙ Ú " e Ù ÀÙ ÚÆÙ Ú " " (66)
3.4. Simulação
Com base nos cálculos realizados anteriormente, implementa-se, recorrendo à ferramenta 7¡¢ V£, um circuito eléctrico representativo do funcionamento de um inversor fotovoltaico de
estágio único, o qual pode ser observado no Anexo M2. De forma a verificar o correcto funcionamento do conversor, considerando as condições
de referência, realizam-se as simulações presentes nas Figuras 3.11, 3.12 e 3.13.
46
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
200
400
600
800
1000
1200Ten
são (V)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Corrente (A)
Tempo (s)
Figura 3.11 – Tensão aos terminais do condensador .
Figura 3.12 – Corrente a injectar na rede eléctrica, ou seja, corrente na bobina .
47
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Corrente (A)
Tempo (s)
Figura 3.13 – Corrente à saída do painel fotovoltaico, ou seja, corrente na bobina .
Como se pode observar na Figura 3.11, a tensão no andar do conversor apresenta um
valor médio em regime permanente de 800 9 e um tremor de aproximadamente Δ#$ 0,05 ç 800 40 9, o qual ficou determinado no dimensionamento do conversor.
Da Figura 3.12, verifica-se que a amplitude da corrente da rede eléctrica exibe um valor
muito próximo do valor previsto teoricamente, ":= √2 0,aÖlo´ , sendo que o mesmo se verifica
para a corrente de saída do painel fotovoltaico, o que se pode confirmar na Figura 3.13.
Após verificar as grandezas do conversor, pretende-se confirmar o correcto
dimensionamento dos semicondutores presentes no conversor, para tal realiza-se a simulação
presente nas Figuras 3.14, 3.15, 3.16, 3.17, 3.18 e 3.19, onde se pode observar a tensão e
corrente aos terminais dos semicondutores.
48
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
500
1000Ten
são (V)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
-50
0
50
Corrente (A)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
500
1000
Ten
são (V)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
-50
0
50
Corrente (A)
Tempo (s)
Figura 3.14 – Tensão e corrente aos terminais do semicondutor .
Figura 3.15 – Tensão e corrente aos terminais do semicondutor .
49
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
500
1000
Ten
são (V)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
-50
0
50
Corrente (A)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
500
1000
Ten
são (V)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
-50
0
50
Corrente (A)
Tempo (s)
Figura 3.16 – Tensão e corrente aos terminais do semicondutor .
Figura 3.17 – Tensão e corrente aos terminais do semicondutor .
50
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
-1000
-500
0Ten
são (V)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
10
20
30
40
50
Corrente (A)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
-1000
-500
0
Ten
são (V)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
10
20
30
40
50
Corrente (A)
Tempo (s)
Figura 3.18 – Tensão e corrente aos terminais do díodo .
Figura 3.19 – Tensão e corrente aos terminais do díodo .
51
Da simulação realizada apreende-se que os valores calculados teoricamente estão de
acordo com os valores obtidos na simulação, pois, o modulo da tensão máxima que os ) e os díodos suportam é de cerca de 840 9 e a corrente máxima que os percorre é de
aproximadamente 53,22 M e 33,04 M respectivamente.
52
4. Controlo das Correntes de Saída do Painel Fotovoltaico e da Rede Eléctrica
Uma central fotovoltaica tem como objectivo, a produção da maior quantidade possível de
energia eléctrica a partir da energia solar. Para tal, tenta-se optimizar o processo de conversão,
de energia solar em energia eléctrica, e captar a maior quantidade possível de radiação solar,
com as células fotovoltaicas.
Além das limitações apresentadas, existe ainda uma dependência directa, da potência
produzida em função das condições ambientais (temperatura e radiação), ou seja, a corrente e
tensão de trabalho das células fotovoltaicas, dependem das condições de temperatura e
radiação incidente.
De modo a garantir que para qualquer valor de temperatura e radiação incidente a
potência produzida pela central é máxima, efectua-se o controlo da corrente de saída do painel
fotovoltaico.
A energia eléctrica produzida pela central fotovoltaica é normalmente injectada na rede
eléctrica. No entanto, para poder fornecer à rede, a potência produzida pela central, é
necessário garantir que a corrente a injectar na rede é sinusoidal. Com a finalidade de tornar
sinusoidal a corrente a injectar na rede eléctrica, realiza-se o controlo da rede eléctrica.
4.1. Princípio de funcionamento
O objectivo do controlador das correntes da rede eléctrica e de saída do painel
fotovoltaico, é fazer com que o valor da corrente da rede siga o valor da sua corrente de
referência, e o valor da corrente de saída do painel garanta o ponto de funcionamento de
máxima potência do painel.
Com base nos objectivos estabelecidos, define-se %& como o erro da corrente da rede
eléctrica, o qual resulta da comparação da corrente da rede e a sua referência.
%& ¥ Ì $2633* è $2633* è ` Ì $2633* è0 $2633* è0 0 Ì $2633* é $2633* b (67)
Por definição de %&, consideram-se dois comparadores histeréticos, o comparador 1 com
histerese mais larga e com os limites de 1 , P1~ e o comparador 2 histerese mais estreita e
com os limites de 0,1 , P0,1~. No caso de " P " ¶ 1 ambos os comparadores devolvem 1, o que significa que a
corrente da rede é inferior à sua referência, logo necessita de subir.
No caso de " P " P1 ambos os comparadores devolvem 0, o que significa que a corrente da rede é superior à sua referência e precisa de descer.
Sempre que os valores de saída dos comparadores são iguais dá-se prioridade à corrente
da rede e o controlador actua sobre a corrente da rede, fazendo com que esta suba ou desça
dependendo do valor à saída dos comparadores.
53
Nas situações em que os valores à saída dos comparadores são diferentes, ou seja, P1 " P " P0,1 ou 0,1 " P " 1, dá-se prioridade à corrente de saída do painel fotovoltaico.
Como se pretende que o valor de corrente de saída do painel seja igual ao valor de
corrente que leva ao valor máximo de potência gerada pelo painel, escreve-se:
9" (68)
Recorrendo a (68), acha-se o ponto de funcionamento de máxima potência do painel
fotovoltaico, o qual é dado por:
ê *Ö*l°´ 0 i " e 9 *&°´*l´ 0 i " P9 *&°´*l´*Ö*&°´ 0 i 9 e " *l´*&°´ 0 i 9 P" *l´*&°´b (69)
Com base em (69), na expressão da derivada da potência em ordem á corrente *Ö*&°´ 0 e
considerando que as variações de corrente e tensão são pequenas, de forma a poderem ser
consideradas quase lineares, efectua-se a seguinte aproximação [6]:
9 e " *l´*&°´ ¼ 9 e " Ål´Å&°´ ë"QR e "QR ¿´Q±R`¿´Q±`R°´Q±R`°´Q±`R 0 (70)
De seguida na Figura 4.1 traçam-se as curvas 9Q"R, Q"R e Q"R para as condições de referência 298,16°5 e ) 1000S/7, de forma a poder relacionar o sinal da
derivada da potência com os diferentes valores de corrente e potência do painel.
54
0 5 10 15 20 25 30 35 400
50
100
150
Corrente (A)
0 5 10 15 20 25 30 35 40-50
0
50
Corrente (A)
V(I)
P(I)/25
Imax
Vmax
dP(I)/25
I=Imax
Figura 4.1 – Curvas características do painel fotovoltaico, em função da corrente do painel.
Da Figura 4.1 pode-se apreender que *Ö*&°´ toma valores positivos quando " 234 e
valores negativos quando " ¶ 234. É com base neste resultado que é implementado o
controlador da corrente de saída do painel fotovoltaico e simultaneamente se garante o
funcionamento do painel no ponto de máxima potência, através de um seguidor de máxima
potência O. O seguidor de máxima potência O é um algoritmo que calcula em cada instante o
sinal da derivada da potência em ordem à corrente do painel ", sinal este que é usado posteriormente no controlador para fazer subir ou descer a corrente do painel. Estes factos são
traduzidos por:
*Ö*&°´ ¶ 0 ¦ " 234 ¦ " º (71)
*Ö*&°´ 0 ¦ " ¶ 234 ¦ " » (72)
*Ö*&°´ 0 ¦ " ¼ 234 ¦ " ¼ (73)
Observando as expressões (71), (72) e (73), percebe-se que quando a derivada da
potência toma valores positivos, o painel está a funcionar num ponto da característica antes do
seu máximo, logo a corrente de saída do painel " tem de aumentar.
55
No caso de a derivada da potência tomar valores negativos, verifica-se que o painel está a
funcionar depois do ponto de potência máxima, sendo assim é necessário diminuir a corrente
de saída do painel ". Para as situações que o painel está a funcionar no seu ponto de potência máxima, ou
seja, quando o valor da deriva da potência é nulo, não se altera o valor da corrente de saída do
painel ". De forma a realizar uma avaliação do sinal da derivada da potência do painel em ordem à
sua corrente de saída, ao resultado da aplicação do algoritmo O adiciona-se um
comparador histerético, designado de comparador 3, com os limites de 1 , P1~ e define-se %& como o erro da corrente de saída do painel, o qual se traduz por:
%& ì1 Ï% *Ö*&°´ ¶ 1 0 Ï% *Ö*&°´ P1b (74)
Ficando assim a variável de erro da corrente de saída do painel %& responsável pelo controlo da corrente de saída do painel, ou seja, o seu valor decide quando esta deve
aumentar ou diminuir o seu valor.
Se %& 1, então verifica-se que " 234 e por consequência a corrente de saída do painel deve crescer.
No caso de %& 0, verifica-se que " ¶ 234, logo a corrente de saída do painel deve diminuir o seu valor.
Sendo assim já é possível conceber o controlador das correntes de saída do painel e da
rede eléctrica com base em (67) e (74), concepção esta que é apresentada na Tabela 4.1 e
que numa fase inicial apenas indica a evolução das correntes nos casos prioritários impostos
ao controlador.
Tabela 4.1 – Descrição dos erros e evoluções das correntes para os casos prioritários.
Comparador 1
Comparador 2
Comparador 3
Erro í¸ Erro í· Corrente ¸
Corrente · 0 0 0 -1 0 » î 0 0 1 -1 1 » î 0 1 0 0 0 î » 0 1 1 0 1 î º 1 0 0 0 0 î » 1 0 1 0 1 î º 1 1 0 1 0 º î 1 1 1 1 1 º î
56
Os resultados expressos na Tabela 4.1 estão de acordo com o definido ao longo do
capítulo 4, ou seja, quando os comparadores 1 e 2 apresentam o mesmo valor à sua saída dá-
se prioridade à corrente da rede eléctrica e como consequência o controlador actuará sobre
esta corrente, independentemente de qual seja o valor da corrente de saída do painel.
Quando os comparadores 1 e 2 devolvem valores diferentes à sua saída, então neste
caso dar-se-á prioridade à corrente de saída do painel e da mesma forma que na corrente da
rede, o controlador actuara apenas tendo em atenção as necessidades desta corrente.
No entanto apesar das prioridades impostas ao controlador no momento de actuar sobre
as correntes a controlar, é possível saber qual a evolução de ambas as correntes em quase
todas as situações. Apenas nas situações em que a corrente de saída do painel necessita de
descer, não é possível de prever a evolução da corrente da rede, pois a evolução desta
depende do sinal de 9 como é descrito pela Tabela3.1.
Recorrendo à Tabela 4.1 e com base na Tabela 3.1, são definidos quais os sinais de
comando do controlador sobre os semicondutores , , e , os quais são expressos na Tabela 4.2.
Tabela 4.2 – Sinais de comando dos semicondutores , , e , e evolução das correntes ¸ e ·. Erro Corrente Estados de
Funcionamento Sinais de Comando dos
Semicondutores í¸ í· ¸ · ï ï ð ð ð ð
-1 0 » º 0 1 0 1 1 0
-1 1 » º 0 1 0 1 1 0
0 0 Ï% 9 ¶ 0 ¦ » Ï% 9 0 ¦ º » 1 1 1 0 1 0
0 1 º º 1 0 1 0 0 1
0 0 Ï% 9 ¶ 0 ¦ » Ï% 9 0 ¦ º » 1 1 1 0 1 0
0 1 » º 0 1 0 1 1 0
1 0 º º 1 0 1 0 0 1
1 1 º º 1 0 1 0 0 1
Após a construção da Tabela 4.2 e recorrendo à Tabela 4.1 é possível escrever as
funções lógicas a implementar no controlador, funções estas que permitiram ao controlador
comandar os semicondutores de forma que as correntes de saída do painel fotovoltaica e da
rede eléctrica possam seguir as suas referências.
Considerando a saída do comparador 1 igual a M, do comprador 2 igual a e do
comparador 3 igual a , os sinais de comando dos semicondutores são obtidos das
expressões:
57
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
500
1000
Rad
iaçã
o (W
/m2 )
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
100
200
300
Tem
peratura da Celula (K)
Tempo (s)
'( e Mñ (75) '( '(òòòò (76) '( ò e Mòòòò (77) '( '(òòòò (78)
4.2. Simulação
Tendo em conta os cálculos realizados e as expressões obtidas, concebe-se recorrendo à
ferramenta de simulação 7¡¢ V£, o diagrama de blocos do controlo interno de corrente do
conversor, o qual pode ser visualizado no Anexo M3. O objectivo do controlo interno de corrente é garantir o funcionamento do painel no ponto
de máxima potência, independentemente das suas condições de trabalho, e garantir que a
corrente a injectar na rede é sinusoidal.
Para verificar o correcto funcionamento do controlador das correntes do conversor, " e ", considera-se uma pequena variação nas condições de trabalho do painel, Figura 4.2.
Figura 4.2 – Variação das condições de trabalho do painel fotovoltaico.
Com base na variação das condições de trabalho do painel, presentes na Figura 4.2,
efectuam-se as simulações exibidas nas Figuras 4.3, 4.4, e 4.5. Nestas simulações,
comparam-se os valores das grandezas do painel, obtidos através do modelo teórico,
apresentado no capítulo 2 e os valores obtidos através da simulação, onde se usou para tal o
diagrama de blocos presente no Anexo M6.
58
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
10
20
30
40
Corrente (A)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
10
20
30
40
Corrente (A)
Tempo (s)
Simulação
Teoria
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
50
100
Ten
são (V)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
50
100
Ten
são (V)
Tempo (s)
Simulação
Teoria
Figura 4.3 – Corrente de saída do painel fotovoltaico, simulação através do diagrama de blocos
representativo do funcionamento do sistema e valor teórico obtido através do modelo teórico.
Figura 4.4 – Tensão aos terminais do painel fotovoltaico, simulação através do diagrama de blocos
representativo do funcionamento do sistema e valor teórico obtido através do modelo teórico.
59
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
1000
2000
3000
4000Potên
cia (W
)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
1000
2000
3000
4000
Potên
cia (W
)
Tempo (s)
Simulação
Teoria
Figura 4.5 – Potência gerada pelo painel fotovoltaico, simulação através do diagrama de blocos
representativo do funcionamento do sistema e valor teórico obtido através do modelo teórico.
Como é perceptível nas Figuras 4.3, 4.4, e 4.5, o controlador da corrente de saída do
painel fotovoltaico está a funcionar correctamente, pois o comportamento das grandezas,
corrente de saída do painel, a tensão aos seus terminais e a potência gerada pelo mesmo, em
regime permanente, é muito idêntico ao obtido através do modelo teórico.
Os valores médios obtidos para as grandezas em regime permanente são:
ÈÐ Ðç㨠1000QS 7R⁄ e %7T%hСhРР颡¢Ð 298,16 5
Teórico: Simulação:
õ 234 33,04 M 9234 108 9 234 3568,32 Sb õ 234 ¼ 32,6 M 9234 ¼ 109,8 9 234 ¼ 3579,5 S b
ÈÐ Ðç㨠600QS 7R⁄ e %7T%hСhРР颡¢Ð 292,16 5
Teórico: Simulação:
õ234 19,51 M 9234 109 9 234 2126,6 Sb õ234 ¼ 19,4 M 9234 ¼ 110 9 234 ¼ 2134 S b
60
O controlador da corrente de rede eléctrica tem como objectivo, garantir que esta segue a
sua referência sinusoidal, como já mencionado anteriormente.
Sendo assim, na Figura 4.6 apresenta-se a simulação da corrente da rede eléctrica, através do
diagrama de blocos representativo do funcionamento do sistema em estudo.
Figura 4.6 – Corrente a injectar na rede eléctrica, simulação através do diagrama de blocos
representativo do funcionamento do sistema.
Como se pode observar na Figura 4.6, a corrente a injectar na rede eléctrica é sinusoidal.
A diferença de amplitude verificada na corrente da rede eléctrica, é devido ao aumento de
potência gerada pelo painel fotovoltaico, este fenómeno é explicado de modo detalhado no
capítulo seguinte.
Sendo assim, confirma-se que o controlo interno de corrente do conversor funciona
correctamente, pois garante que o painel funciona no ponto de máxima potência, quaisquer
que sejam as condições de trabalho do mesmo, e que a corrente a injectar na rede eléctrica é
sinusoidal.
0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 0.55 0.6
-30
-20
-10
0
10
20
30
Corrente (A)
Tempo (s)
Simulação
61
5. Controlo de Tensão no Andar do Conversor
Após garantir que a potência gerada pelo painel fotovoltaico é máxima, para quaisquer
que sejam as condições de temperatura e radiação incidente, devido ao controlo da corrente de
saída do painel ·, é agora necessário garantir que a potência injectada na rede é igual à potência gerada pelo painel (desprezando as perdas do conversor).
De forma a garantir que a potência injectada na rede é máxima, é realizado o controlo da
tensão no andar do conversor. Este controlo pressupõe em manter constante a tensão aos
terminais do condensador C, independentemente da potência gerada pelo painel.
Sabendo que se pretende uma tensão constante aos terminais do condensador e que a tensão da rede eléctrica 9 tem amplitude constante e igual a √2 9, só é possível realizar este controlo de potência à custa da amplitude da corrente injectada na rede, ou seja, quando a
potência produzida pelo painel aumenta a corrente a injectar na rede aumenta, quando a
potência produzida pelo painel diminui a corrente a injectar na rede diminui.
Na Figura 5.1 são assinaladas a tensão a controlar e a corrente a injectar na rede eléctrica ¸.
Figura 5.1 – Tensão a controlar e corrente a injectar na rede.
Para a realização do controlo de tensão no andar do conversor é necessário saber qual
a relação entre a corrente do condensador $, a corrente de saída do painel fotovoltaico · e a
corrente da rede eléctrica ¸, as quais se assinalam na Figura 5.2.
62
Figura 5.2 – Definição dos sentidos das diferentes correntes do conversor.
Recorrendo à Figura 5.2 e às Figuras 3.3 e 3.4 estabelecem-se as seguintes expressões:
$ ¥( Ï% 1( Ï% 1b (79)
Onde ( é a corrente que percorre o semicondutor e ( é a corrente que percorre o semicondutor .
De (79) pode-se escrever:
$ ( e ( (80)
De seguida com base na Figura 5.2 e nas Figuras 3.3, 3.4, 3.5 e 3.6 chega-se às relações:
( ¥ " P " Ï% 1 " Ï% 0 b (81)
( ¥ P" P " Ï% 1 P" Ï% 0 b (82)
Nota: para a corrente ( ¾ 0 ¦ 1 e para a corrente ( ¾ 0 ¦ 1, sendo que este facto é garantido em (76) na contribuição destas correntes para a corrente do
condensador $.
63
De (80), (81) e (82) obtém-se a corrente aos terminais do condensador, em função das
correntes de saída do painel fotovoltaico e da rede eléctrica, a qual é dada por:
$ Ã " P "Ä e ÃP " P "Ä "Q P R e "QP2R (83)
Após a obtenção de (83), define-se o diagrama de blocos correspondente ao controlador
de tensão do conversor, expresso na Figura 5.3 [10]:
Figura 5.3 – Diagrama de blocos do controlo de tensão do conversor.
Onde ; é um ganho usado para fazer descer a tensão #$, afim de se poder
comparar com a tensão #$, a qual normalmente é imposta por um
microprocessador e pode apresentar valores entre 0 e 24 9. Neste caso concreto, como #$ 800 9, define-se ; 0,02, logo #$ 16 9.
Os blocos 5" e 5" são também ganhos que derivam de (83), sendo estes iguais
a 5" 1 P 2 e 5" P2. Para o cálculo destes ganhos considera-se o conversor a trabalhar em regime permanente [10],
*²³*± 0: *²³*± $ "Q P R e "QP2R (84)
0 "Q P R e "QP2R i " " `ö,ö-ö,`ö- (85)
Recorrendo agora à equação da conservação da energia, para um conversor de
rendimento D, obtém-se:
D i 9" D9" i " ÷l´&°´lo´ (86)
5" ¨7T%VÏШh 7 Шh ¨Vë%hϨh Ðh'Ð
;
5"
64
De (81) e (82), resulta a equação:
÷l´&°´lo´ `ö,ö-ö,`ö- √ (87)
Sabendo que a potência gerada pelo painel é dada por:
"QP2R#$ 9" (88)
Sendo assim, recorrendo a (87) e (88), obtém-se:
QP2R l´²³ (89)
Q P R lo´√÷²³ (90)
O conversor ou inversor fotovoltaico de estágio único pode ser descrito, simplificadamente
e em regime permanente pela expressão [10]:
'29 (91)
Refira-se que de (91) pode-se comparar o conversor a uma fonte de corrente de
transcondutância '2, comandada por tensão.
Considera-se ainda um atraso * na resposta dinâmica da corrente , ou seja, '29%`Ì >ø. Linearizando esta função de transferência obtém-se:
&ÖQÌRlÖQÌR ¼ Þ[Ì>ø (92)
Considerando o valor de '7 1, obtém-se para o conversor a função de transferência:
&ÖQÌRlÖQÌR ¼ Ì>ø (93)
Enquanto o atraso * é normalmente considerado igual a metade do período da corrente
da rede eléctrica, ou seja, * 0.01 Ï. A carga do conversor é o condensador , logo a sua função de transferência pode ser
escrita a partir da equação diferencial que reflecte o funcionamento de um condensador.
*²³*± $ (94)
65
Aplicando a transformada de ÐT¢Ð§%a (94), obtém-se a função de transferência do
condensador.
²³QÌR&³QÌR Ì$ (95)
O controlador QÏR deve assegurar que o sistema em malha fechada tenha respostas
dinâmicas e, no estado estacionário aceitáveis. Para tal, o funcionamento do controlador deve
ser de forma a garantir estabilidade em malha fechada, reduzir o efeito de perturbações,
resposta rápida não oscilatória e eliminação de erro estático.
Partindo dos critérios estabelecidos para as funções do controlador em malha fechada,
começa-se numa primeira abordagem por considerar um controlador proporcional, ou seja, QÏR 56, devido à existência de uma integração no sistema [6] e calcula-se a função de
transferência do diagrama de blocos da Figura 5.4:
Figura 5.4 – Diagrama de blocos detalhado do controlo de tensão do conversor.
²³QÌR²³o´QÌR |&°´è0 P $QÌRQö,`ö-R| ,,úÎ\øQ ,γR`$QÌRQö,`ö-R| ,,úÎ\øQ ,γRö (96)
Desenvolvendo (96) e fazendo o limite da mesma quando Ï tende para zero obtém-se:
¢ 7Ìû0 ²³QÌR²³o´QÌR|&°´üg ÃýZþÄQ,ý-R³\øÌ-Ì ,\øÃýZþÄQ,ý-R³\ø ö (97)
De (97) verifica-se que com um controlador do tipo proporcional QÏR 56, o sistema em
malha fechada apresenta um erro estático nulo, porque é um ganho que permite comparar a tensão #$ com a tensão de referência #$, ou seja, #$ ²³ö. E pode-se obter o valor do ganho proporcional 56 através de:
P QÏR 7 Шh P2
11 e Ï* 1Ï
;
66
Ï e 2A?@Ï e ?@ Ï e Ï >ø e ÃP5TÄÃ1P2Ä£ ¦ ì2A?@ >ø ?@ ÃP5TÄÃ1P2Ä£
b (98)
Considerando A √ , valor que permite obter uma resposta simultaneamente rápida e com menores
oscilações, obtém-se a expressão:
¥ 56 P $Q1P2R£ b (99)
No entanto, com um controlador proporcional não é possível minimizar o efeito das
perturbações no sistema, como se mostra de seguida:
²³QÌR&°´QÌR|²³o´üg -,-\ø³Ì-Ì ,\øÃýZþÄæ[Q,ý-R\ø³ (100)
¢ 7Ìû0 ²³QÌR&°´QÌR|²³o´üg ö,ö-Ã`;þÄöQö,`ö-R ¶ 0 (101)
Como se pode verificar em (101) o erro estático não é nulo, logo comprova-se que as
perturbações do sistema não são minimizadas com um controlador proporcional.
Sendo assim é adicionado um ganho integral ao controlador QÏR 56, o qual toma a forma
do controlador proposto no trabalho realizado, QÏR 56 e ;ÖÌ . Resolvendo novamente a função de transferência em cadeia fechada do diagrama de blocos da
Figura 28 tendo em conta as perturbações do sistema, obtém-se:
²³QÌR&°´QÌR|²³o´üg Ì-,-\ø³Ì.Ì- ,\øÌÃýZþÄQ,ý-R\ø³ ÃýZÖÄQ,ý-R\ø³ (102)
¢ 7Ìû0 ²³QÌR&°´QÌR|²³o´üg 0 (103)
De (103) e (97) verifica-se que um controlador do tipo QÏR 56 e ;ÖÌ , garante a estabilidade do sistema em malha fechada, reduz o efeito das perturbações caso estas
existam, resposta rápida e não oscilatória e a eliminação do erro estático. E de (102), pode
obter-se o valor do ganho integral do compensador, com base no critério M P V%'hТ ¨¯ 7% S% 'N% MϨ¢¡% hh¨h, o qual pondera os módulos dos erros,
penalizando os erros que persistem no tempo [6].
Para sistemas de 3ª ordem é dado por:
Ï e Ï1,75?@ e Ï2,15?@ e ?@ (104)
67
Comparando os polinómios (104) e o denominador de (102), obtém-se:
1,75?@ >ø 2,15?@ Ã`;þÄöQö,`ö-R>ø$?@ Q`;ÖRöQö,`ö-R>ø$
b (105)
Resolvendo o sistema de (105), acha-se a expressão:
¥ 5 P $Q`ö,ö-RQö,`ö-Rö,Æ.>ø- b (106)
De forma a calcular os valores de 56 e 5, considera-se um rendimento do conversor de D 0,92 e acham-se os valores:
Q P R 0,221 QP2R 0,135
De onde resulta:
¥5 P555.03656 P2,008 b
Contudo os modelos e dimensionamentos apresentados são válidos em regime de
pequenas perturbações. Para grandes perturbações são originadas grandes sobrecorrentes, o
que pode comprometer a integridade do processador comutado. Para evitar, de forma simples,
esta situação usa-se um compensador com limitador de anti-embalamento, o qual se pode
observar no diagrama de blocos da Figura 5.5.
68
Figura 5.5 – Diagrama de blocos do controlo de tensão do conversor, compensador com limitador
de anti-embalamento.
Com a introdução do compensador com limitador de anti-embalamento, fica o diagrama de blocos
do controlo de tensão do conversor completo.
Sendo apenas necessário referir que 5 toma geralmente valores entre, ; 5 ;Ö;. O valor
escolhido nesta situação 5 P0,5.
5.1. Simulação
Com base nos cálculos realizados constrói-se um diagrama de blocos, recorrendo à
ferramenta de simulação 7¡¢ V£, representativo do funcionamento do controlo de tensão no
andar do conversor, o qual pode ser visualizado no Anexo M5. A simulação a realizar, tem como objectivo perceber se o controlo de tensão do conversor
esta a funcionar correctamente, ou seja, se a potencia fornecida à carga do conversor é igual à
potência gerada pelo painel multiplicada pelo rendimento do conversor e se a tensão aos
terminais do condensador em regime permanente é igual à sua tensão de referência #$ 800 9. Considerando uma pequena variação nas condições de trabalho do painel fotovoltaico, a
qual se pode observar na Figura 5.6.
P
P2 '21 e Ï*
1Ï
;
7 Шh
e P
e e
e P
56 5 1Ï
5
69
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
500
1000Rad
iaçã
o (W
/m2 )
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
100
200
300
Tem
peratura (K)
Tempo (s)
0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 0.55 0.60
200
400
600
800
1000
1200
Ten
são (V)
Tempo (s)
Smimulação
Figura 5.6 – Variação das condições de trabalho do painel fotovoltaico.
Tendo em conta as variações da Figura 5.6 e recorrendo ao diagrama de blocos do Anexo M6, realizam-se as simulações presentes nas Figuras 5.7, 5.8 e 5.9, a fim de verificar o
funcionamento do controlo de tensão do conversor.
Figura 5.7 – Tensão aos terminais do condensador, curva obtida através do diagrama de blocos
construído com base nos valores teóricos.
70
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
1000
2000
3000
4000
5000Potên
cia (W
)
Tempo (s)
Pi
0.92Pi
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
1000
2000
3000
4000
5000
Potên
cia(W)
Tempo (s)
0.92Pi
Po
0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 0.55 0.6
-30
-20
-10
0
10
20
30
Corrente (A)
Tempo (s)
Simulação
Figura 5.8 – potência gerada pelo painel fotovoltaico, 0,92 valor teórico da potência entregue à carga e é potência entregue à carga pelo conversor.
Figura 5.9 – Corrente a injectar na rede eléctrica.
71
Das simulações efectuadas, apreende-se que o valor médio da tensão aos terminais do
condensador em regime permanente é de cerca de 800 9, mesmo que existam variações da
potência gerada pelo painel. Potência essa, que é totalmente entregue à carga, exceptuando
as perdas no conversor.
Por último, verifica-se que o controlo de tensão aos terminais do condensador é realizado,
à custa da amplitude da corrente da rede, pois é desta forma que se garante que, qualquer que
seja a potência gerada pelo painel, esta é totalmente entregue à carga.
Desta forma, conclui-se que o controlador de tensão do conversor está a funcionar da
forma desejada.
72
6. Simulação do Sistema de Aproveitamento de Energia Solar
Após o estudo realizado nos capítulos anteriores sobre todos os elementos que compõem
o sistema de aproveitamento de energia solar, procede-se à realização do diagrama de blocos
presente no Anexo M6, recorrendo ao programa OMM 7.5.0, no software de apoio O#j5, o qual é representativo do funcionamento do mesmo.
O aproveitamento da energia solar consiste na sua transformação em energia eléctrica e o
seu adequado fornecimento.
A fim de testar todo o sistema implementado, coloca-se em paralelo com a rede eléctrica
uma carga não linear, um rectificador em ponte de díodos, e duas cargas lineares, em que
cada uma destas é formada por uma resistência e uma bobina em série, podendo estas ser
observadas na Figura 6.1.
Figura 6.1 – Carga não linear, rectificador a díodos e duas cargas lineares, resistência em série com
bobina, colocadas em paralelo com a rede eléctrica, no conversor.
Desta forma, pretende-se que a potência gerada pelos painéis fotovoltaicos seja usada
para satisfazer a demanda das cargas existentes aos terminais do conversor e caso a potência
gerada pelos painéis seja superior à demanda, então a potência sobrante é injectada na rede
eléctrica.
A fim de verificar o correcto funcionamento do sistema implementado, considera-se a
curva típica da variação, ao longo de um dia, das condições de trabalho de um painel
fotovoltaico, a qual se pode observar na Figura 6.2.
73
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
500
1000
Rad
iaçã
o (W
/m2 )
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
100
200
300
Tem
peratura da Célula (K)
Tempo (s)
0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 0.55 0.60
200
400
600
800
1000
1200
Ten
são (V)
Tempo (s)
Simulação
Figura 6.2 – Curva da variação da radiação solar incidente e temperatura, ao longo de um dia.
Com base na variação das condições de trabalho da Figura 6.2, realizam-se as
simulações presentes, nas Figuras 6.3, 6.4, 6.5, 6.6, 6.7, 6.8 e 6.9.
Figura 6.3 – Tensão aos terminais do condensador .
74
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
10
20
30
40
Corrente (A)
Tempo (s)
Simulação
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
50
100
Ten
são (V)
Tempo (s)
0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 0.55 0.6-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Corrente (A)
Tempo (s)
Simulação
Figura 6.4 – Corrente e tensão aos terminais do painel fotovoltaico.
Figura 6.5 – Corrente a injectar na rede eléctrica.
75
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
Potên
cia (W
)
Tempo (s)
Simulação
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6-4000
-3000
-2000
-1000
0
1000
2000
3000
4000
Potên
cia (W
)
Tempo (s)
Simulação
~
Figura 6.6 – Potência gerada pelo painel fotovoltaico.
Figura 6.7 – Potência fornecida às cargas do conversor, rede eléctrica e as cargas da Figura 6.1.
76
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6-4000
-3000
-2000
-1000
0
1000
2000
3000
4000
Potên
cia (W
)
Tempo (s)
Simulação
0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 0.55 0.60
500
1000
1500
Potên
cia (W
)
Tempo (s)
Simulação
Figura 6.8 – Potência fornecida às cargas da Figura 6.1.
Figura 6.9 – Potência fornecida à rede eléctrica.
77
Da simulação realizada, pode-se constatar que a corrente do painel fotovoltaico é
directamente proporcional à radiação solar incidente e que a tensão aos terminais do painel
fotovoltaico é inversamente proporcional à temperatura de trabalho da célula fotovoltaica, no
entanto, esta apresenta uma menor sensibilidade às variações de temperatura de trabalho da
célula ao longo do dia.
Com base nestes factos e de (12), resulta a forma de onda da potência gerada pelo painel
fotovoltaico, a qual se pode observar na Figura 6.6 e verificar que esta é também directamente
proporcional à radiação incidente.
Da Figura 6.3 é possível verificar que apesar da potência gerada pelo painel fotovoltaico
variar ao longo do dia, a tensão aos terminais do condensador em regime permanente é
constante e de valor médio igual a 800 9. Este facto só é possível, devido à variação da amplitude da corrente a injectar na rede eléctrica, Figura 6.5.
A potência à saída do conversor pode ser observada na Figura 6.7, de onde se percebe
que após o regime transitório, esta potência é igual à potência gerada pelo painel fotovoltaico
multiplicada pelo rendimento do conversor.
Na Figura 6.8 representa-se a potência consumida pelas cargas da Figura 6.1 e na Figura
6.9 a curva que se observa corresponde à potência injectada na rede eléctrica.
Nestas figuras pode-se observar que inicialmente, quando o painel fotovoltaico ainda não
gera a potência suficiente para satisfazer a procura das cargas da Figura 6.1, é a rede a
fornecer a restante potência que as cargas necessitam, posteriormente, quando o painel
fotovoltaico produz potência suficiente para satisfazer a procura das cargas, esta potência é
entregue às cargas e a restante é injectada na rede eléctrica.
Desta forma conclui-se, que o sistema de aproveitamento de energia solar concebido está
a funcionar correctamente.
78
7. Conclusão
Na realização deste trabalho, começa-se por efectuar um enquadramento sócio
económico do mesmo, no qual se descreve a motivação que levou à sua realização e se
apresenta uma alternativa, às tradicionais fontes de energia.
Devido aos grandes problemas ambientais da actualidade e ao aumento da factura
energética, é cada vez mais necessário investir no desenvolvimento de novas formas de
aproveitamento de energia, concretamente, das fontes de energia renovável.
Sendo a energia solar uma fonte de energia renovável, é proposto neste trabalho uma
forma de aproveitamento desta energia através de uma central fotovoltaica.
Para tal, realiza-se um estudo sobre a constituição e o funcionamento de um painel
fotovoltaico, a partir do qual se obtém um modelo matemático representativo do funcionamento
do mesmo.
Sendo posteriormente, com base no modelo matemático obtido, que se concebe o sistema
usado para simular o funcionamento da central fotovoltaica pretendida, para diferentes
situações de radiação incidente e temperatura de trabalho do painel. Conseguindo assim, obter
uma melhor compreensão do comportamento e variação das principais grandezas do painel,
face a estas variações.
O sistema concebido é representativo de uma central fotovoltaica composta por vinte e um
painéis fotovoltaicos 5170, ligados de forma a obter para as condições de referência uma
tensão máxima de 108 9 e uma corrente máxima de 33,04 M, de onde resulta uma potência
máxima de 3568,2 S.
Para efectuar a ligação da central fotovoltaica com a rede eléctrica foi escolhido neste
caso, um conversor de estágio único, designado por inversor fotovoltaico de estágio único.
Através da simulação verificou-se que este conversor, permite obter um melhor rendimento ao
injectar a potência na rede eléctrica, cerca de 92%, porque permite elevar a tensão à saída do
painel fotovoltaico e ondular a tensão do andar do conversor, apenas num único estágio.
De forma a garantir que a potência gerada pela central fotovoltaica é máxima e que a
corrente a injectar na rede eléctrica é sinusoidal, implementa-se um controlo interno de
corrente no conversor, realizado com base nos sinais de comando dos semicondutores.
O controlador do controlo destas correntes actuará sempre prioritariamente sobre a
corrente da rede eléctrica, quando o valor desta diferir da sua referência, mais do que o tremor
definido no dimensionamento da bobina da rede eléctrica. O controlador após garantir que a
corrente da rede eléctrica é sinusoidal actuará sobre a corrente de saída da central fotovoltaica,
de forma a garantir que esta está a funcionar no ponto de máxima potência.
O funcionamento da central fotovoltaica no ponto de máxima potência é garantido pelo
algoritmo O, o qual foi implementado no controlo de corrente do conversor.
O O foi idealizado a partir do conhecimento da curva da potência da central
fotovoltaica e da derivada da mesma, sabendo-se também que no ponto de potência máxima a
derivada desta é nula. Da análise destas curvas observou-se que, consoante o ponto de
funcionamento da central se encontrasse anterior ou posterior ao ponto de máxima potência,
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assim o sinal da derivada seria positivo ou negativo respectivamente, ou seja, desta forma
consegue-se detectar se os painéis fotovoltaicos estão a fornecer a corrente em defeito ou em
excesso.
Para testar o correcto funcionamento do controlador do controlo interno de corrente do
conversor, faz-se variar a radiação incidente e a temperatura de trabalho das células
fotovoltaicas em forma de escalão e verifica-se que a corrente da rede eléctrica é sinusoidal e a
corrente de saída da central fotovoltaica toma os valores correspondentes ao ponto de
funcionamento de potência máxima, para as diferentes condições de trabalho dos painéis
fotovoltaicos.
Após garantir o funcionamento dos painéis fotovoltaicos no ponto de máxima potência,
realiza-se um controlo de tensão no andar do conversor, o qual se pretende que siga um
tensão de referência imposta pelo exterior e igual a 800 9. Este controlo tem por base a
variação da amplitude da corrente a injectar na rede eléctrica, ou seja, quando a potência
gerada pelos painéis fotovoltaicos varia, o controlo de tensão do conversor varia a amplitude da
referência da corrente da rede eléctrica.
Desta forma, assegura-se que a tensão aos terminais do condensador é o mais contínua
possível e de valor médio igual a 800 9, por outro lado é também assegurado que a potência
injectada na rede eléctrica é igual à potência gerada pelos painéis fotovoltaicos, desprezando
as perdas no conversor.
O funcionamento do controlador do controlo de tensão do conversor é verificado através
de uma simulação, onde se provoca uma variação do tipo escalão das condições de trabalho
dos painéis fotovoltaicos. Nesta simulação verifica-se que a tensão no andar do conversor apresenta um valor médio de 800 9 e um tremor de 0,05Δ#$, o qual fica definido no dimensionamento do condensador. É também perceptível através da simulação que a
amplitude da corrente da rede eléctrica é directamente proporcional à potência gerada pela
central fotovoltaica, ou seja, o controlador da tensão actua na corrente de referência da rede
eléctrica, de forma a garantir que a potência injectada na rede é máxima.
Por último coloca-se em paralelo com a rede eléctrica uma carga não linear, rectificador a
díodos, e duas cargas lineares, formadas cada uma delas por uma bobina em série com uma
resistência. Nesta situação, realiza-se uma simulação onde se varia as condições de trabalho
das células fotovoltaicas, de acordo com a curva de variação destas ao longo de um dia.
Da simulação realizada, observou-se que todo o sistema funciona correctamente para
valores de radiação solar usuais. No entanto para valores muito pequenos de radiação solar, o
sistema apresenta algumas dificuldades para controlar a tensão aos terminais do condensador , devido à potência necessária para controlar uma tensão de 800 9. É de referir que no presente estudo, simula-se um sistema tendo em vista a optimização
da interligação de sistemas fotovoltaicos à rede, para que seja possível estes injectarem o
máximo de potência que disponibilizam, na rede. No entanto, para que a tecnologia fotovoltaica
seja viável, e uma solução do ponto de vista energético, é necessário ainda um grande
80
melhoramento dos sistemas, sobretudo ao nível do rendimento da conversão da energia solar
em energia eléctrica e na redução dos custos de fabrico dos painéis fotovoltaicos.
81
8. Bibliografia
[1] Maria José Resende, Temática - Energias Renováveis, Capítulo – Enquadramento.
http://www.lei.ucl.ac.be/multimedia/eLEE/PO/realisations/EnergiesRenouvelables/Enjeux/Enjeux/LesEnjeux_PO.pdf
[2] Maria João Rodrigues, Temática - Energia Solar Fotovoltaica.
http://energiasrenovaveis.org/pagina/index.php?option=com_content&task=view&id=18&Itemid=99
[3] EDP - Energias de Portugal
http://www.edp.pt/EDPI/Internet/PT/Group/AboutEDP/BusinessUnits/ElectricityDistribution/DistElectPT.htm
[4] Marisa Soares e Tânia Nascimento - AmbienteOnline, Temática - Aproveitamento do
Sol ainda é escasso em Portugal.
http://www.ambienteonline.pt/noticias/detalhes.php?id=7944
[5] António Vallêra, Temática - Energia Solar Fotovoltaica.
http://nautilus.fis.uc.pt/gazeta/revistas/29_1-2/vol29_1_2_Art06.pdf
[6] Ricardo Santos e Dinis Honrado - Conversor Elevador Quadrático para Aproveitamento
de Energia Renovável, Trabalho Final de Curso 149/2005
[7] Rui M. G. Castro, Introdução à Energia Fotovoltaica, Instituto Superior Técnico, 2009
[8] Marcelo dos Reis, Energia Limpa - Luz Solar
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[9] Direcção Geral de Energia e Geologia, Estatísticas Rápidas, Fevereiro de 2009
[10] J. Fernando Alves da Silva, Projecto de Conversores Comutados (ERC_06_07)
9. Anexos
Anexo A1 – Diagrama de blocos representativo do funcionamento do painel fotovoltaico
Figura A1 – Diagrama de
Diagrama de blocos representativo do funcionamento do painel fotovoltaico
Diagrama de blocos representativo do funcionamento do painel fotovoltaico.
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Diagrama de blocos representativo do funcionamento do painel fotovoltaico.
blocos representativo do funcionamento do painel fotovoltaico.
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Anexo A2 – Diagrama de blocos representativo do funcionamento do inversor fotovoltaico de estágio único.
Figura A2 – Diagrama de blocos representativo do funcionamento do inversor fotovoltaico de estágio único.
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Anexo A3 – Diagrama de blocos representativo do controlo de corrente de saída do painel fotovoltaico e da corrente da rede eléctrica.
Figura A3 – Diagrama de blocos representativo do controlo de corrente de saída do painel
fotovoltaico e da corrente da rede eléctrica.
Anexo A4 – Diagrama de blocos representativo do controlo de potência gerada pela central fotovoltaica.
Figura A4 – Diagrama de blocos representativo do controlo de potência gerada pela central
fotovoltaica.
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Anexo A5 – Diagrama de blocos representativo do controlo de tensão do andar do conversor.
Figura A5 – Diagrama de blocos representativo do controlo de tensão do andar do conversor.
Anexo A6 – Diagrama de blocos representativo de todo o sistema de energia solar.
Figura A6 – Diagrama de blocos representativo de todo o sistema de aproveitamento de
Diagrama de blocos representativo de todo o sistema de aproveitamento de
Diagrama de blocos representativo de todo o sistema de aproveitamento de energia solar.
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aproveitamento de
Diagrama de blocos representativo de todo o sistema de aproveitamento de