UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE … · manustrito da qualificação com tanto carinho...

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL O CONCEITO DE NATURALIDADE APLICADO AOS REMANESCENTES DE FLORESTA MISTA LATI-ACICULIFOLIADA DE SANTA CATARINA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO LAIO ZIMERMANN OLIVEIRA BLUMENAU 2015

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL

O CONCEITO DE NATURALIDADE APLICADO AOS REMANESCENTES DE

FLORESTA MISTA LATI-ACICULIFOLIADA DE SANTA CATARINA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

LAIO ZIMERMANN OLIVEIRA

BLUMENAU

2015

LAIO ZIMERMANN OLIVEIRA

O CONCEITO DE NATURALIDADE APLICADO AOS REMANESCENTES DE

FLORESTA MISTA LATI-ACICULIFOLIADA DE SANTA CATARINA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Florestal do Centro de

Ciências Tecnológicas da Universidade Regional

de Blumenau - FURB, como requisito parcial

para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia

Florestal, área de concentração Conservação e

Restauração de Ecossistemas Florestais.

Orientador: Alexander Christian Vibrans

Coorientadora: Lúcia Sevegnani

BLUMENAU

2015

Ficha Catalográfica elaborada pela

Biblioteca Universitária da FURB

______________________________________________________________________

Oliveira, Laio Zimermann, 1989-

O49c O conceito de naturalidade aplicado aos remanescentes de Floresta Mista lati-

aciculifoliada de Santa Catarina / Laio Zimermann Oliveira. - 2015.

154 f.: il.

Orientador: Alexander Christian Vibrans.

Coorientador: Lúcia Sevegnani.

Dissertação (mestrado) - Universidade Regional de Blumenau,

Centro de Ciências Tecnológicas, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Florestal.

Inclui bibliografia.

1. Floresta - Conservação. 2. Inventários Florestais Nacionais.

3. Biomassa. 4. Vegetação - Mapeamento. I. Vibrans, Alexander Christian. II.

Sevegnani, Lúcia. II. Universidade Regional de Blumenau. Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Florestal. III. Título.

CDD 634.9

______________________________________________________________________

“Louvado seja Ele, que é tal que, quando nossas mentes tentam

vislumbrar Sua essência, nossa inteligência se converte em

imbecilidade; quando estudamos a conexão entre Sua ação e Sua

vontade, nosso conhecimento se converte em ignorância, e quando

nossas línguas desejam declarar Sua grandeza por meio de termos

descritivos, toda a eloquência torna-se impotência e imbecibilidade.”

Rabi Moshe ben Maimon (de abençoada memória)

AGRADECIMENTOS

A Hashem, O Criador do Universo, por toda a benevolência para com a minha alma.

À minha querida família, Vilson, Estela e Caio e Vó Maria, por todo o amor, suporte

e incentivo.

Aos demais membros da família, tios e primos, os quais também me suportaram

nessa caminhada.

Ao amigo e grande incentivador desse meu início de carreira acadêmica: Alexander

Christian Vibrans. Chefe, obrigado pelas oportunidades, confiança e por todas as discussões.

À Lúcia Sevegnani; sempre admirei-a, desde a graduação. O ato de ter corrigido o

manustrito da qualificação com tanto carinho me fez convidá-la para ser minha coorientadora.

Ao amigo Paolo Moser (Paulus) pela grande participação no meu crescimento

intelectual (extensions) nesses últimos dois anos. Mais importante que o conhecimento

acadêmico é a amizade verdadeira.

Ao amigo João Paulo de Maçaneiro por toda ajuda, amizade e companheirismo no

infinito caminho do conhecimento sobre (nossas) florestas.

À amiga Débora Lingner pela amizade e prestatividade no que fosse preciso.

Ao amigo Gustavo Piazza pelas ajudas e pelas parcerias acadêmicas.

Ao amigo Lucas Vedana pelo incentivo que sempre me dá na vida acadêmica e na

vida musical.

Ao amigo Airton Sutil, por toda a constante caminhada.

Aos amigos Kanda Kuppa, Guilherme Treis, Ana Treis, Nashschon Kalala Kuppa,

Plamedi Lusembo, por todo amor e incentivo nesse período.

Aos amigos Átila Costa e Ricardo de Pauli e aos amigos Rafael da Costa, Gabriel

Ugarte e Raphael Fogagnoli, pelo incentivo e irmandade.

Ao amigo André Luis de Gasper por todo o conhecimento compartilhado.

Ao amigo Ronald McRoberts por toda ajuda e aprendizado.

Ao amigo Pedro V. Eisenlohr, por todo conhecimento compartilhado nesse período.

Aos colegas da turma de mestrado.

Aos professores Ary T. Oliveira-Filho, Joberto V. de Freitas e Eduardo Adeneski

Filho pela participação na banca avaliadora.

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................... 8

OBJETIVOS ........................................................................................................................... 10

ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ..................................................................................... 10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 11

CAPÍTULO 1: O CONCEITO DE NATURALIDADE, SUA APLICAÇÃO E

QUANTIFICAÇÃO EM REMANESCENTES FLORESTAIS: É POSSÍVEL APLICÁ-

LO À REALIDADE DA FLORESTA MISTA COM ARAUCÁRIA DE SANTA

CATARINA? ........................................................................................................................... 14

RESUMO ................................................................................................................................. 14

ABSTRACT ............................................................................................................................ 15

1.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 16

1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 17

1.2.1. A NATURALIDADE DE ECOSSISTEMAS FLORESTAIS ................................ 17

1.2.1.1. A biodiversidade e a humanidade ............................................................................ 18

1.2.1.2. O conceito de naturalidade....................................................................................... 20

1.2.1.3. Estudos que adotaram o conceito de naturalidade ................................................... 25

1.2.1.4. Indicadores de naturalidade ..................................................................................... 28

1.2.1.5. Florestas referência de naturalidade......................................................................... 30

1.2.2. FITOFISIONOMIA ALVO: FLORESTA MISTA COM ARAUCÁRIA .............. 33

1.2.2.1 Caracterização geral ................................................................................................. 33

1.2.2.2 Histórico de degradação da Floresta Mista com Araucária ..................................... 38

1.2.2.3 Atual estado de conservação da Floresta Mista com Araucária .............................. 40

1.3. A PROPOSTA: A APLICAÇÃO DO CONCEITO DE NATURALIDADE

COMO MEIO DE ACESSAR O ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS

REMANESCENTES DE FLORESTA MISTA COM ARAUCÁRIA DE SANTA

CATARINA ............................................................................................................................. 43

1.3.1. APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 43

1.3.2. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 43

1.3.3. A DEFINIÇÃO DE NATURALIDADE ................................................................. 47

1.3.4. METODOLOGIA DE ACESSO À NATURALDADE .......................................... 53

1.3.4.1 Área de estudo ......................................................................................................... 53

1.3.4.2 Dados do Inventário Florístico-Florestal de Santa Catarina .................................... 55

1.3.4.3 Indicadores potenciais de naturalidade .................................................................... 57

1.3.4.4 Escolha dos indicadores de naturalidade ................................................................. 67

1.3.4.5 Considerações finais acerca dos indicadores de naturalidade.................................. 90

1.3.4.6 Quantificação da naturalidade ................................................................................. 92

1.3.4.7 Definição e escolha das florestas de referência ....................................................... 94

1.4. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 99

1.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 99

CAPÍTULO 2: QUANTIFICAÇÃO DA NATURALIDADE DOS REMANESCENTES

DE FLORESTA MISTA COM ARAUCÁRIA DE SANTA CATARINA ...................... 122

RESUMO ............................................................................................................................... 122

ABSTRACT .......................................................................................................................... 123

2.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 124

2.2. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 125

2.2.1. ESCALAMENTO DA MEDIDA DE NATURALIDADE ................................... 125

2.2.1.1 Índice de naturalidade I .......................................................................................... 125

2.2.1.2 Índice de naturalidade II ........................................................................................ 126

2.2.2. PADRÕES ESPACIAIS DE NATURALIDADE ................................................. 126

2.3. RESULTADOS ......................................................................................................... 128

2.3.1. INDICADORES DE NATURALIDADE ............................................................. 128

2.3.2. FLORESTAS DE REFERÊNCIA ......................................................................... 130

2.3.3. A NATURALIDADE QUANTIFICADA ............................................................. 132

2.3.3.1 Mapas temáticos de naturalidade ................................................................................ 135

2.4. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 137

2.4.1 OS ÍNDICES DE NATURALIDADE ................................................................... 137

2.4.2 UMA NOVA VISÃO SOBRE AS FLORESTAS NATIVAS .............................. 138

2.4.2.1 Observações acerca da naturalidade da Floresta Mista com Araucária ................. 138

2.4.2.2 Alternativa para a análise de remanescentes florestais .......................................... 142

2.4.3 PERSPECTIVAS PARA O USO DO CONCEITO DE NATURALIDADE ....... 143

2.5. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 144

2.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 144

APÊNDICE ........................................................................................................................... 146

8

APRESENTAÇÃO

A dependência do ser humano pelas florestas é conhecida há muito tempo, pois desde

os primórdios ele mantém uma estreita relação com elas. As florestas desempenham muitos

serviços e funções ambientais, além de abrigar grande porção da biodiversidade da Terra

(COSTANZA et al., 1997; HOLDRIDGE, 1967; REIS et al., 2014; RICKETTS et al., 2005).

Vivenciamos uma drástica mudança do uso do solo nos últimos 50 anos e, consequentemente,

os ecossistemas foram afetados (MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT, 2005;

WRIGHT, 2005). Tal mudança foi, e continua sendo, regida pelo crescimento demográfico e

econômico e pelo desenvolvimento da ciência e tecnologia, que são os principais fatores

atuantes nas alterações dos ecossistemas florestais e na perda de habitats, afetando

diretamente a biodiversidade (FOLEY et al., 2005; GIBSON et al., 2011; NELSON, 2005;

PFEIFER et al., 2014). O crescimento populacional é, muitas vezes, acompanhado por

atividades degradadoras, tais como a exploração madeireira indiscriminada e a transformação

de florestas em áreas agrícolas e centros urbanos. A conservação dos ecossistemas florestais

tornou-se uma preocupação no decorrer das últimas décadas, e esta preocupação induziu o

desenvolvimento de pesquisas que objetivam identificar os agentes causadores, os impactos e

as consequências da degradação, tanto na esfera biológica como na social (CHAZDON, 2008;

GARDNER et al., 2009; ASWANI e LAUER, 2014; HUNTER JR. et al., 2014).

Os Inventários Florestais Nacionais (IFNs) são uma fonte primária importante de

informações sobre as florestas, em uma escala geográfica mais ampla; eles apresentam uma

imagem do estado das florestas, constituindo as bases para a criação de políticas e programas

florestais, tanto em escala regional como nacional (TOMPPO et al., 2010). Em uma

perspectiva histórica, os IFNs evoluíram em direção ao levantamento e monitoramento da

biodiversidade, de modo que no passado eram restritamente conduzidos com base na

necessidade da obtenção de informações sobre a produtividade de madeira das florestas

(CHIRICI et al., 2012). Este passo dado em direção à biodiversidade é justificado pelo

incremento da exploração e degradação dos ecossistemas florestais, a ponto de medidas

conservacionistas terem sido tomadas em várias regiões do planeta, através de ações internas

ou acordos internacionais (CHIRICI et al., 2012; McROBERTS et al., 2008; VIBRANS et al.,

2013a). Desta maneira, os IFNs nas últimas décadas vêm desempenhando a função de prover

uma ampla gama de informações que possam retratar não só o estoque de madeira disponível,

como também, os aspectos estruturais, florísticos, dinâmicos, os estoques de biomassa

9

disponíveis, dentre outros, podendo melhor embasar a gestão das florestas (CHIRICI et al.,

2011; McROBERTS et al., 2010).

Perante esse contexto, surge uma questão importante: Como monitorar o estado de

conservação das florestas nativas em larga escala utilizando dados de IFNs?

O acesso e a coleta de dados que contemplem todos os componentes de um dado

ecossistema florestal não podem ser atingidos (RONDEUX, 2012), assim, todos esses

componentes dificilmente poderão ser precisamente medidos (BOUTIN et al., 2009). Uma

saída para este obstáculo é selecionar variáveis indicadoras que podem relacionar e sintetizar

tais componentes (NOSS, 1990; CHIRICI et al., 2011; CHIRICI et al., 2012; MARCHETTI,

2004).

Os dados gerados pelos IFNs da América do Norte, Europa e, recentemente, na

América do Sul e Ásia, possibilitam verificar o estado de conservação das florestas através da

quantificação e/ou monitoramento da naturalidade destes ecossistemas (CHIRICI et al., 2011;

EEA, 2014; McROBERTS et al., 2008; McROBERTS et al., 2012; WINTER, 2012). O

conceito de naturalidade refere-se ao quanto algo é livre de influência antropogênica,

especialmente a tecnológica. Assim, ela pode ser representada por um gradiente contínuo que

estende-se entre dois extremos, o totalmente artificial (ou alterado) e o totalmente natural

(ANGERMEIER, 2000; SJÖRS, 1986; WINTER, 2012). Poucos métodos objetivos de

quantificação da naturalidade foram desenvolvidos (MCROBERTS et al., 2012; WINTER,

2012).

Dentro do universo dos dados coletados pelos IFNs, é importante determinar quais

variáveis (ou indicadores) têm o potencial de expressar a naturalidade de ecossistemas

florestais de uma forma quantitativa? E ainda, quais destas variáveis são coletadas pela

maioria dos IFNs?

Por exemplo, segundo Winter et al. (2011), os IFNs europeus preferem coletar

variáveis relacionadas à estrutura da floresta como a composição de espécies, estrutura

horizontal e vertical e necromassa do que variáveis de outros componentes da diversidade

biológica, como espécies de pássaros, invertebrados, briófitas, fungos, dentre outras; estas

variáveis são ecologicamente relevantes, mas seu acesso torna-se trabalhoso, demorado e

dispendioso.

Onde se enquadra o estado de Santa Catarina nesta proposta de monitoramento do

estado de conservação através de um estimador quantitativo de naturalidade?

A conclusão do primeiro ciclo do Inventário Florístico-Florestal de Santa Catarina

(IFFSC) gerou um precioso banco de informações sobre as florestas nativas do estado e

10

possibilitou a execução de diversas análises sobre a atual situação das florestas (VIBRANS et

al. 2012a; VIBRANS et al., 2012b; VIBRANS et al., 2013b; VIBRANS et al., 2013c). A

conformidade metodológica do IFFSC com o IFN-Brasil constitui um incentivo a mais para o

início da aplicação de estimadores de naturalidade dos remanescentes florestais, pois outros

estados podem utilizar o mesmo estimador, possibilitando resultados comparáveis (EEA,

2014; KÖHL et al., 2000; McROBERTS et al., 2012; TOMPPO e SCHADAUER, 2012).

Em florestas tropicais ou subtropicais, o conceito de naturalidade ainda não foi

utilizado como um meio de determinar o estado de conservação de ecossistemas florestais

(WINTER, 2012). Tal fato motiva o presente trabalho a investigar a viabilidade da aplicação

de uma metodologia de determinação da naturalidade para a Floresta Mista Lati-

aciculifoliada (OLIVEIRA-FILHO, 2009) de Santa Catarina, a partir dos dados coletados pelo

IFFSC.

OBJETIVOS

Diante do contexto apresentado, os objetivos deste trabalho são: (i) apresentar e

discutir o conceito de naturalidade e conceitos associados; (ii) propor uma metodologia de

quantificação da naturalidade para os remanescentes de Floresta Mista Lati-aciculifoliada de

Santa Catarina, com base nos dados levantados pelo IFFSC; (iii) aplicar a metodologia de

quantificação com o intuito de criar um índice de naturalidade para os remanescentes de

Floresta Mista Lati-aciculifoliada amostrados pelo IFFSC.

ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Este manuscrito está divido em dois capítulos. O primeiro capítulo é dedicado ao

cumprimento dos dois primeiros objetivos propostos, e é constituído de:

uma revisão da literatura sobre o conceito de naturalidade, sua definição e sua

aplicação no acesso do estado conservação de ecossistemas florestais naturais, e sobre

a Floresta Mista Lati-aciculifoliada, sua descrição, histórico de exploração e atual

situação de conservação;

uma proposta para a quantificação da naturalidade. A proposta é constituída por uma

fundamentação teórica introdutória, pela estruturação de princípios fundamentais e

pela descrição geral da abordagem metodológica a ser adotada no processo de

quantificação da naturalidade dos remanescentes de Floresta Mista Lati-aciculifoliada

de Santa Catarina.

11

O segundo capítulo é dedicado à aplicação da metodologia desenvolvida no capítulo

anterior e a criação de um índice numérico de naturalidade, de fácil interpretação. São

apresentados os resultados obtidos e a discussão dos mesmos, seguidos de recomendações

para a conservação dos remanescentes de Floresta Mista Lati-aciculifoliada de Santa Catarina.

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VIBRANS, A. C.; SEVEGNANI, L.; GASPER, A. L.; LINGNER, D. V. (Eds.). Inventário

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14

CAPÍTULO 1: O CONCEITO DE NATURALIDADE, SUA APLICAÇÃO E

QUANTIFICAÇÃO EM REMANESCENTES FLORESTAIS: É POSSÍVEL APLICÁ-

LO À REALIDADE DA FLORESTA MISTA COM ARAUCÁRIA DE SANTA

CATARINA?

RESUMO

Nas últimas décadas os Inventários Florestais Nacionais (IFN) vêm desempenhando a função

de prover uma gama de informações que retratam não só o estoque de madeira disponível,

mas também os aspectos estruturais, florísticos, e os estoques de biomassa disponíveis nas

florestas nativas. Em resposta a esta demanda, o Inventário Florístico-Florestal de Santa

Catarina (IFFSC), inserido no programa IFN-Brasil, foi conduzido com o intuito de gerar

informações sobre as florestas nativas do estado. A partir do contexto social e histórico do

estado de Santa Catarina, e de dados qualitativos e quantitativos provenientes de 155

Unidades Amostrais levantadas na Floresta Mista com Araucária pelo IFFSC, adaptamos e

aplicamos o conceito de naturalidade, amplamente utilizado na Europa. Esse conceito está

relacionado ao grau em que algo é alterado do seu estado original. Assim, a naturalidade pode

ser quantificada através de um gradiente que estentede-se do menos ao mais natural.

Buscamos por indicadores quantitativos de naturalidade que têm o poder de sintetizar

processos e aspectos ecológicos importantes. Dos 16 indicadores potenciais elencados foram

escolhidos seis. De posse dos indicadores, definimos “florestas de referência” (Unidades

Amostrais), as quais foram consideradas como mais naturais e serviram de base para a criação

da medida quantitativa de naturalidade. A medida foi gerada a partir de duas abordagens: (i)

da distância euclidiana do vetor gerado pelos seis indicadores (das Unidades Amostrais

ordinárias) até o vetor gerado para dada floresta de referência (Unidades Amostrais de

referência); (ii) da distância euclidiana do vetor gerado pelos seis indicadores (das Unidades

Amostrais ordinárias) até o vetor gerado para a floresta de referência teórica, 100% natural.

15

ABSTRACT

The ongoing Brazilian National Forest Inventory (NFI) is being performed as a tool for

providing wide-range information, reporting not only the available timber stock, but also

information about forest ecosystem components, conservation status and biomass stock. In

response to this demand, the Forest and Floristic Inventory of Santa Catarina (IFFSC),

inserted in IFN-Brazil program, was conducted in order to gather information about native

forests. Based on the social and historical aspects of Santa Catarina state and also on

qualitative and quantitative data from 155 sample plots measured by the IFFSC in Mixed

Needle-broadleaved Forest, we adapted and applied the concept of naturalness which is

widely used in Europe. This concept is related to the degree to which something is changed

from its original state. Thus, naturalness can be quantified through a gradient that goes from

least to most natural. We searched for quantitative naturalness indicators which have power to

synthesize important ecological aspects and processes. We chosed six out of the 16 listed

indicators. After the calculation of the indicadors, we defined "reference forests" (sample

plots), which were considered to be closest to natural. These references were estabilished as

the basis for creation of a naturalness quantitative measure. The measure was generated based

on two approaches: (i) the Euclidean distance of the vector generated by the six indicators (of

an ordinary sample plot) to the vector generated for an observed reference forest (reference

sample plot); (ii) the Euclidean distance of the vector generated by the six indicators (of an

ordinary sample plot) to the vector generated for a teorethical 100% natural reference forest.

16

1.1. INTRODUÇÃO

Após um recente processo de intensa exploração e degradação dos ecossistemas

naturais (FOLEY et al., 2005; SALA et al., 2000), a humanidade começa a perceber a

magnitude e as consequências de seus atos destrutivos, muitas vezes motivados pela força de

mercado e falta de conhecimento. Dentre os muitos ecossistemas, os florestais vêm

despertando a atenção, talvez por sua biodiversidade e extensão (FAO, 2012; RICKETTS et

al., 2005), e por serem provedores diretos, ou indiretos, de tantos recursos necessários à vida

humana (GONZALEZ et al., 2005). Adicionamente, as florestas nos chamam atenção por sua

exuberância e complexidade, que nos intriga e leva a refletir sobre suas origens, sejam através

de princípios criacionistas ou evolucionistas (LOURENÇO, 2012).

A conservação dos remanescentes florestais e a restauração de áreas anteriormente

cobertas por vegetação florestal vêm sendo comentada pela mídia, e as instituições ligadas ao

meio ambiente, sejam acadêmicas ou não, têm se ocupado no desenvolvimento de técnicas de

levantamento e análises de dados ecológicos, de conservação, restauração e monitoramento

dos elementos bióticos e abióticos que integram um sistema ecológico. Apesar deste

movimento em prol da conservação, a atual política e as ações de conservação ainda são

insuficientes. Um exemplo desse fato é a biodiversa Floresta Atlântica sensu lato

(OLIVEIRA-FILHO e FONTES, 2000), a qual se encontra intensamente fragmentada, com

remanescentes de pequeno tamanho e afetada por diversos efeitos causados pela fragmentação

(RIBEIRO et al., 2009; TABARELLI et al., 2010).

Perante este contexto, os Inventários Florestais Nacionais (IFNs, ou IFN, no singular)

tornam-se os principais instrumentos de geração de informações em larga escala sobre as

florestas, tanto informações quantitativas como qualitativas (McROBERTS et al., 2010b).

Muitos países já possuem programas de IFN implantados, como, por exemplo, a Alemanha,

República da Coréia do Sul, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Grã-Bretanha,

México, entre outros (TOMPPO et al., 2010).

As informações coletadas pelos IFNs possibilitam determinar parâmetros e

indicadores do estado de conservação das florestas, entretanto, por questões operacionais,

uma coleta de dados que contempla todos os componentes do ecossistema florestal não pode

ser realizada (RONDEUX, 2012). Logo, uma alternativa a esta limitação é identificar e

selecionar variáveis (ou indicadores) que podem relacionar e sintetizar os componentes do

ecossistema florestal (CHIRICI, et al., 2012; MARCHETTI, 2004; NOSS, 1990, 1999;

WINTER et al., 2011).

17

A determinação e o monitoramento da biodiversidade e do estado de conservação das

florestas nativas podem ser realizados através do emprego do conceito de naturalidade

(McROBERTS et al., 2012; WINTER, 2012). Angermeier (2000) e Hunter (1996) definem o

conceito de naturalidade baseado em quanto algo é livre de influência antrópica,

especialmente a tecnológica. A naturalidade pode ser vista como uma medida de

biodiversidade, mas também como um descritor do estado de conservação de um ecossistema

(MACHADO, 2004), e pode ser representada por um gradiente contínuo que estende-se entre

dois extremos, o totalmente artificial (ou alterado) e o totalmente natural (ANGERMEIER,

2000). Apesar dos muitos trabalhos que abordam o conceito (WINTER, 2012), existe a

carência de uma definição comum do conceito e de métodos de determinação/quantificação

da naturalidade (MACHADO, 2004; McROBERTS et al., 2012; WINTER, 2012). Poucos

métodos explícitos de quantificação foram propostos até o momento (McROBERTS et al.,

2012; WINTER, 2012), de forma que estes autores incentivam a realização de estudos que

tratem da naturalidade e de formas de quantificá-la.

McRoberts et al. (2012) justificam a importância de determinar a naturalidade de

florestas por três razões: (i) estimar adequadamente e reportar a sanidade ecológica das

florestas para fins de avaliação da conservação e manejo florestal, (ii) para desenvolver metas

e padrões para a conservação de florestas e (iii) identificar florestas primárias ou em estágio

avançado de regeneração que poderão ser designadas como áreas de conservação.

Diante do contexto apresentado, os objetivos deste capítulo são: (i) apresentar e

discutir o conceito de naturalidade e conceitos associados; ii) propor uma abordagem

metodológica para a utilização da naturalidade visando avaliar o estado de conservação dos

remanescentes florestais de Floresta Mista Lati-aciculifoliada de Santa Catarina.

1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.2.1. A NATURALIDADE DE ECOSSISTEMAS FLORESTAIS

O processo envolvido na determinação da naturalidade de florestas requer um forte

embasamento teórico do próprio conceito de naturalidade, e de conceitos relacionados.

Diante desta premissa, serão abordadas definições importantes que fundamentarão a proposta

de determinação da naturalidade de remanescentes de Floresta Mista Lati-aciculifoliada de

Santa Catarina.

Este tópico está estruturado em subtópicos que contemplarão o conjunto de temas que

se fazem necessários para o desenvolvimento de um pensamento sistêmico em relação à

18

naturalidade, sua utilização e aplicação dentro do contexto apresentado. Ainda, os subtópicos

trazem um panorama da biodiversidade florestal no mundo, definições de conceitos

fundamentais, revisão de estudos que de alguma forma, sejam com uma abordagem

qualitativa ou quantitativa, adotaram a naturalidade como um princípio fundamental.

1.2.1.1. A biodiversidade e a humanidade

A Terra possui cerca de 3,8 bilhões de hectares de florestas, correspondendo a 30% da

superfície total (FAO, 2012). Seis dos 12 grandes biomas da Terra são caracterizados como

floresta e dois terços de todas as ecorregiões do planeta estão contidos nestes seis biomas

(MATTHEWS et al., 2000). Sabe-se que os ecossistemas florestais prestam grandes

contribuições para a biodiversidade existente no planeta, estando entre os mais ricos nos

aspectos biológicos e genéticos - 70% das espécies animais e de plantas conhecidas estão

contidas nas florestas (MATTHEWS et al., 2000). De acordo com The Plant List (2014)

existem cerca de 350.000 espécies de plantas no planeta.

O que vem ser a tão comentada biodiversidade? A definição de biodiversidade pode

variar, dependendo de cada área do conhecimento e, ou, de cada pessoa ou especialista

(NOSS, 1990). A definição de biodiversidade dada pela Convenção de Diversidade Biológica

(CBD, 1992) refere-se à:

"[...] variedade de organismos vivos de todas as origens,

compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e

outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que

fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies,

entre espécies e de ecossistemas."

Tratando-se de florestas, o termo biodiversidade florestal, de acordo com Hunter

(1990), refere-se à “diversidade de vida em todas as suas formas e níveis de organização

dentro de áreas florestadas”. Tratando-se de definições mais específicas, algumas se

destacam. Whittaker (1972) propôs três subdivisões para a diversidade em escalas espaciais:

alpha (α) se refere à diversidade de um ecossistema ou remanescente; beta (β) se refere à

mudança na diversidade entre ecossistemas ou remanescentes; gamma (γ) se refere à

diversidade geral entre os diferentes ecossistemas ou remanescentes presentes em uma região.

A CBD (1992) aponta três níveis de biodiversidade: o nível de ecossistema, o de espécie e o

de diversidade genéticas das espécies. Noss (1990) define biodiversidade em três classes:

composição (relativo à identificação e à variedade de componentes), funcional (refere-se aos

19

processos ecológicos e evolutivos) e estrutural (refere-se à organização espacial dos

componentes). Gaston e Spier (2004) também caracterizam a biodiversidade em três níveis:

genética, espécies e ecossistêmica.

A mobilização em prol da conservação dos ecossistemas naturais tomou proporções

globais através de acordos, encontros e convenções, os quais passaram a exigir que os países

signatários apresentassem estimativas nacionais de parâmetros relacionados à área florestada

e o estoque de madeira, principalmente (McROBERTS et al., 2010a; VIBRANS et al.,

2012a). Em relação às medidas de conservação dos ecossistemas naturais, muitos acordos e

conferências passaram a exigir o monitoramento dos componentes da biodiversidade para fins

conservacionistas e de uso sustentável; entre estes acordos e conferências se destacam:

Conventionon Biological Diversity (CBD) em 1992 e 2009, Protocolo de Kioto em 1998,

Montreal Process em 2005, United Nations Framework Conventionon Climate Change

(UNFCCC) em 1994, Ministerial Conference on the Protection of Forests in Europe

(MCPFE) em 2009 e Global Forest Resources Assessment (FAO, 2010).

Os ecossistemas florestais são particularmente vulneráveis à perda de integridade

ecológica dada a complexidade intrínseca de sua estrutura e função (KARNOSKY et al.,

2001). Logo, as ações do homem nos ecossistemas florestais, tais como, o desflorestamento, a

exploração madeireira, a introdução de espécies exóticas (as quais podem tornar-se invasoras,

sensu Richardson et al. [2000]), assim como a poluição, representam ameaças à

biodiversidade florestal (GIBSON et al., 2011; McROBERTS et al., 2012). Com o

crescimento da dimensão do cenário ambiental, a biologia da conservação emergiu com o

enfoque de aplicar princípios científicos para solucionar problemas relativos às perturbações

feitas pelos homens nos ecossistemas naturais (SOULÉ, 1985).

Gaston e Spicer (2004) subdividiram as ameaças à biodiversidade em quarto causas

principais: (i) exploração direta, (ii) perda de habitats e degradação, (iii) espécies

introduzidas, e (iv) processos de extinção de espécies.

Sendo assim, a conservação baseia-se fortemente na observação e no estudo do estado

da integridade ecológica dos ecossistemas e diversas definições deste conceito são sugeridas

pela literatura (FISCHMAN, 2004). A primeira menção do termo integridade ecológica foi

feita por Aldo Leopold (1949 apud DORREN et al., 2004), o qual propôs que um ecossistema

está saudável quando este tende a preservar a integridade e estabilidade da comunidade

biótica (ODUM, 2004); quando esta tendência se mostra inversa, a integridade ecológica está

afetada.

20

Karr e Dudley (1981) definem integridade ecológica, de forma semelhante a Frey

(1975), como o poder de um ecossistema suportar e manter as comunidades de organismos

que têm composição de espécies, diversidade e organização (funcional) comparáveis à

habitats conservados presentes em uma região. Segundo Tierney et al. (2009), a integridade

ecológica avalia a composição, estrutura e função de um ecossistema, em comparação com o

seu natural potencial ou ao longo de uma série temporal de variação.

Noss (1990) apresenta sua definição de integridade ecológica de uma maneira

exemplificada, afirmando que uma comunidade tem integridade se esta é dominada por

espécies nativas e possui estabilidade (ODUM, 2004) e potencial de resiliência

(CARPENTER et al., 2001). Para Angermeier e Karr (1994) a integridade ecológica refere-se

à totalidade do sistema, onde todos os elementos interagem em um nível espacial e temporal.

Segundo Steedman (1995), a integridade biológica é definida, especificamente e

operacionalmente, como o estado de um ecossistema exposto ao mínimo de influência

antrópica possível.

Estes conceitos de biodiversidade e integridade ecólogica estão relacionados ao

conceito de naturalidade (McROBERTS et al., 2012) que será apresentado e discutido no

tópico seguinte.

1.2.1.2. O conceito de naturalidade

A definição de natural pode diferir entre autores, embora sempre esteja intimamente

ligada a princípios filosóficos e semânticos (MACHADO, 2004); Williams (2002) acrescenta

que a definição pode variar também conforme o contexto social considerado. Winter (2012)

aponta a inconsistência observada na literatura em relação à definição do termo. A definição

de natural dada por Angermeier (2000) e Hunter (1996) reside na premissa de que pouca

influência foi aplicada em alguma coisa para que esta seja considerada natural, especialmente

a tecnologia desenvolvida pelos humanos. Angermeier (2000) cita wild como sinônimo e

artificial, ou antropogênico, como antônimos de natural. O autor fundamenta seu argumento

na ideia de que o ser humano não somente vive em ecossistemas, mas altera sua estrutura

física, seus componentes bióticos e seus processos de organização. Diegues (2001) discorda

da visão do movimento preservacionista brasileiro, de que a natureza em seu estado "puro"

(ou natural) seja intocada e intocável, e não se possa admitir que uma área de conservação, ou

seja, uma unidade de conservação proteja também a diversidade cultural, além da diversidade

biológica.

21

Do termo natural, deriva-se um conceito denominado naturalidade, o qual Winter

(2012), em uma ampla revisão sobre o tema, aponta duas definições principais observadas na

literatura.

A primeira definição está relacionada ao grau em que algo é alterado do seu estado

original, logo, pode ser representada por um gradiente contínuo que vai entre extremos, do

totalmente natural ao artificial (ANGERMEIER, 2000; HUNTER, 1996; MACHADO, 2004;

SJÖRS, 1986; WINTER et al., 2010). Winter et al. (2010) define a naturalidade como a

distância entre o estado atual de um ecossistema e seu estado natural potencial. Para o Global

Forest Resources Assessment (FRA, 2000) a naturalidade é expressa pela ausência de

distúrbios antrópicos.

Para Angermeier (2000), a naturalidade não é uma qualidade que só existe em seus

extremos, ou seja, “tudo ou nada”; mesmo ecossistemas intensamente manejados podem

conter alguma naturalidade. O autor salienta que a complexidade dos ecossistemas não

permite que todas as ações do homem sejam precisamente mensuradas, de forma que a

classificação de um ecossistema num gradiente de naturalidade pode ser imperfeita; apesar

disso, o autor defende o uso do conceito para fins de conservação de ecossistemas.

A segunda definição, segundo Winter (2012), refere-se ao estado (de conservação, ou

similar) de um ecossistema sem a influência ou ações perturbadoras aplicadas pelos humanos.

Tratando-se de ecossistemas florestais, algumas definições para este estado são adotadas

(Tabela 1.1 e 1.2), como o termo "floresta primária" e “floresta virgem”, por exemplo.

Segundo a autora, esta definição não é tão adequada quanto a primeira definição (exposta

anteriormente), pois o conceito de naturalidade engloba toda a amplitude entre o artificial ou

alterado (antropizado) e o estado natural de um dado ecossistema.

De acordo com Winter (2012), a ideia de comparar o estado atual de um ecossistema

com um equivalente em um estado natural foi desenvolvido nos países ligados ao idioma

alemão da Europa Central durante o último século. Segundo a autora, a palavra alemã

Naturnähe refere-se à comparação entre o estado atual e um estado natural de referência e

Natürlichkeit refere-se ao estado atual de conservação de uma floresta.

Os níveis (ou categorias) de naturalidade variam conforme o autor. Por exemplo, para

Angermeier (2000) e Šaudytè et al. (2005) a naturalidade das florestas pode ser determinada

através dos seguintes termos/níveis: floresta primitiva, floresta natural, floresta semi-natural,

floresta cultural e floresta artificial. Já a Conferência Ministerial sobre a Proteção das

Florestas na Europa (MCPFE, 2002) definiu três níveis de naturalidade para as florestas

europeias: i) florestas sem distúrbios antrópicos - os processos naturais e a composição de

22

espécies se mantiveram naturais a um nível considerável ou se regeneraram; ii) florestas

seminaturais - podem conter algumas características ecológicas que possibilitam a

manutenção da dinâmica e da biodiversidade, semelhante ao esperado em um estado original;

iii) reflorestamentos - florestas artificiais, distintas do ecossistema original.

Na Tabela 1.1 sintetizamos as categorias observadas na literatura e na Tabela 1.2

constam as descrições delas. Segundo McRoberts et al. (2012) os limites que separam estas

categorias são difíceis de serem definidos, e dependem das caracteristicas locais e da

abordagem que se faz em relação à categorização. Tal fato torna-se crucial neste estudo –

vamos abordá-lo no tópico 1.3.3.

Tabela 1.1. Categorias de naturalidade encontradas na literatura e categorias equivalentes

adotadas no Brasil. Informações extraídas e adaptadas de McRoberts et al. (2011).

Referência Categoria de floresta Categoria equivalente

Lindenmayer e Franklin (1997),

Angermeier (2000),

Šaudytè et al. (2005),

Liira et al. (2007),

Reitz (1965)

Primitiva (Primeval),

Pristina (Pristine),

Virgem (Virgin),

Primária

Floresta primária,

Floresta virgem,

Floresta climácica

Montford (2002) Quase-natural (Near

natural)

Floresta primária alterada,

Floresta secundária

Anderson (1991) Intacta (Intact)

Floresta virgem,

Floresta primária,

Floresta climácica

Angermeier (2000),

Uotila et al. (2002),

Šaudytè et al. (2005),

MCPFE (2007)

Semi-natural (Semi-

natural)

Floresta alterada,

Floresta secundária,

Floresta secundária alterada

Liira et al. (2007)

Convencionalmente

manejada (Conventionally

managed)

Floresta alterada,

Floresta manejada

Angermeier (2000),

Šaudytè et al. (2005) Plantada (Plantation)

Reflorestamentos,

Floresta artificial

23

Tabela 1.2. Complementação da Tabela 1.1 Descrição das categorias de naturalidade

utilizadas por países europeus. Informações extraídas e adaptadas de McRoberts et al. (2011).

Categoria de floresta Descrição

Primitiva (Primeval),

Pristina (Pristine),

Virgem (Virgin)

Floresta nativa que evoluiu sem a intervenção de humanos e

que apresenta estruturas semelhantes a uma floresta climácica

Quase-natural (Near

natural)

Floresta nativa que regenerou naturalmente, que por um longo

período está exposta a um baixo nível de influencias antrópicas

Intacta (Intact) Floresta que apresenta todos os componentes, funções e

estruturas inerentes ao ecossistema

Semi-natural (Semi-natural)

Floresta que se desenvolveu influenciada por atividades

humanas fundamentadas em princípios ecológicos, resultando

em uma floresta com composição e estrutura semelhantes a

uma floresta natural

Convencionalmente

manejada (Conventionally

managed)

Floresta que apresenta certo nível de intensidade de manejo

Plantada (Plantation) Floresta plantada artificialmente e com espaçamento regular,

composta por espécies nativas ou exóticas

Qual a serventia do conceito de naturalidade? McRoberts et al. (2012), em sua revisão

sobre o conceito, sintetizam, baseados em muitos estudos, que o conceito é empregado por

três propósitos: (i) para descrever o valor ecológico, visando elaboração de propostas e ações

de manejo para manter ou aumentar este valor; (ii) para avaliar ações de manejo da

conservação da biodiversidade; (iii) para identificar áreas com florestas conservadas para fins

de estabelecimento de áreas destinadas à conservação.

Dentro dos propósitos citados, muitos estudos focaram em avaliar a naturalidade do

ecossistema florestal como um todo. Entretanto, Šaudytè et al. (2005) afirmam que existe a

possibilidade de avaliar a naturalidade de componentes específicos do ecossistema, como por

exemplo, da composição de espécies e da estrutura. Para determinar a naturalidade, existem

duas maneiras (MCROBERTS et al., 2012): a primeira tem como fundamento o acesso aos

processos ecossistêmicos (PETERKEN, 1996), e a segunda fundamenta-se no grau de

influência humana, a qual é a propulsora das perturbações em um dado ecossistema

(ANDERSON, 1991; ANGERMEIER, 2000; WINTER, 2012). Assim, a naturalidade tem

24

como hemerobia o seu conceito oposto (WINTER, 2012). A palavra hemerobia tem origem

no idioma grego e significa cultivado, domesticado, refinado.

Jalas (1955 apud SUKKOP, 1976; MACHADO, 2004; MCROBERTS et al., 2012;

REIF e WALENTOWSKY, 2008; TROPPMAAIR, 1995) foi o primeiro a propor o conceito.

Os graus de naturalidade e hemerobia podem ser expressos em níveis hierárquicos para

paisagens, espécies ou ecossistemas (JALAS, 1955 apud WINTER, 2012). Jalas propôs

quatro níveis de hemerobia:

i) ahemeorobio – refere-se às paisagens naturais ou que sofreram pequena interferência

antrópica, por exemplo, florestas primárias que sofreram influência de emissões de poluentes;

ii) oligohemeorobio – refere-se às paisagens mais naturais do que artificiais, por

exemplo, florestas manejadas por povos tradicionais;

iii) mesohemeorobio – refere-se às paisagens mais artificiais do que naturais, por

exemplo, pastagens plantadas;

iv) euhemeorobio – refere-se às paisagens artificiais, como plantios florestais

monoespecíficos, ou monoculturas agrícolas.

Para Sukkop (1972) a hemerobia consiste nos efeitos das intervenções antrópicas

diretas ou indiretas nas paisagens ou ecossistemas. O autor adota uma classificação baseada

nos graus de naturalidade e de hemerobia: (i) natural (ahemerobio), (ii) quase-natural

(oligohemerobio), (iii) semi-natural (mesohemerobio), (iv) agricultural (euhemerobio), (v)

quase-cultural (polihemerobio) e (vi) cultural (metahemerobio). O autor leva em consideração

as mudanças na cobertura do solo (uso do solo) e as mudanças na vegetação.

Winter (2012) conclui que o conceito de hemerobia possui menos inconsistências nas

definições adotadas em estudos do que o conceito de naturalidade, provavelmente porque

uma definição concreta foi proposta desde o início. Winter (2012) conclui ainda que existe

uma tendência dos estudos enfatizarem o lado natural do gradiente ou escala, sendo que a

hemerobia enfatiza o lado oposto do gradiente, ou seja, das influências antrópicas em um

dado ecossistema.

As Figuras 1.1 e 1.2 trazem uma representação gráfica de um gradiente teórico de

naturalidade/hemerobia:

25

Figura 1.1. Representação de um gradiente de naturalidade, considerando as influências

antrópicas e os processos ecológicos naturais. Adaptado de Winter et al. (2010).

Figura 1.2. Representação em três dimensões de um gradiente de naturalidade (representado

pela linha cinza). Os componentes e processos ecológicos de um ecossistema florestal são

representados pelos “Elementos e processos naturais”, os quais são expostos às ações

antrópicas perturbadoras (“Elementos antrópicos e “Ações antrópicas”). Adaptado de

Machado (2004).

1.2.1.3. Estudos que adotaram o conceito de naturalidade

De acordo com Winter et al. (2010), a maioria dos estudos que contemplaram o

conceito de naturalidade focaram na detecção de indicadores confiáveis e em descrever

florestas em seu estado (mais) natural, as quais tornaram-se florestas de referência; os autores

afirmam que ambos os procedimentos são necessários antes de desenvolver uma abordagem

aplicável de avaliação da naturalidade de florestas.

Hemerobia

Naturalidade

0% 100%

100% Influência antrópica

Natureza

0%

26

Anderson (1991) desenvolveu uma classificação categórica de naturalidade para o

Parque Nacional Yellowstone. Ele propôs três critérios para avaliar a naturalidade: (i) o grau

de alteração esperado se os seres humanos fossem removidos; (ii) o custo de manutenção da

paisagem para sustentar o sistema em seu estado atual; e (iii) a proporção de espécies nativas

que ainda estão presentes.

Para Loidi (1994) a naturalidade pode ser expressa por uma distância conceitual de

uma floresta alterada até uma climácica, de máxima expressão ecológica. Fisher e Young

(2007) afirmaram, categoricamente, que no caso da Europa, as florestas intocadas não

existem, de modo que a naturalidade só pode ser construída de forma hipotética. Esta questão

levantada sobre ecossistemas que serviriam de referência, ou seja, apresentariam maior

naturalidade, é discutida por muitos autores que julgam que não é possível definir a

naturalidade, pois, segundo eles, não existem mais ecossistemas intocados pelo ser humano

(LANDRES et al., 1998). Segundo Landres et al. (1998) é possível definir a naturalidade sem

ter como base ecossistemas intocados; os ambientes naturais de referência, nos dias atuais, são

a base para o entendimento do sistema ecológico que se deseja estudar ou avaliar o estado de

conservação.

Edarra (1997) propôs uma escala (0 – 10) para estimar a naturalidade de formações

vegetacionais, levando em consideração o grau de influência antrópica. Áreas muito alteradas

pelo meio urbano, onde se observava a ausência de espécies de plantas, receberam o valor 0.

As florestas primárias não exploradas ou outras manifestações de comunidades de plantas em

seu estado natural ganharam o valor 10. As classes intermediárias não foram contempladas

pelo autor.

Para Angermeier (2000) e Šaudytè et al. (2005) a naturalidade das florestas pode ser

determinada através dos seguintes termos/níveis: floresta primitiva; floresta natural; floresta

semi-natural; floresta cultural e floresta artificial. Uma classificação de naturalidade de

florestas reconhecida internacionalmente foi proposta pela UM-ECE/FAO (2000), a qual foi

constituída por três classes categóricas de naturalidade; Šaudytè et al. (2005) fazem uma

observação em relação a esta classificação, argumentando que esta não se adéqua à todas as

situações observadas nos vários países, pois cada um possui suas particularidades.

Uotila et al. (2002) estudaram o grau de naturalidade de florestas boreais protegidas e

não manejadas na Finlândia, concentrando nos efeitos das práticas de manejo na estrutura da

floresta; os autores definiram as florestas como naturais ou seminaturais, de acordo com a

ausência ou presença de sinais históricos de manejo.

27

Machado (2004) elaborou uma escala qualitativa de naturalidade com o intuito de ser

um método de aplicação prático. A escala partiu do valor mínimo de “0” (totalmente artificial)

até “10” (máxima naturalidade), definindo os parâmetros que devem ser levados em

consideração para cada um dos níveis da escala. O autor afirma que seu método pode ser

aplicado de forma consideravelmente rápida se informações como mapas de vegetação, mapas

cartográficos e fotografias aéreas estiverem disponíveis.

Liira e Sepp (2009) investigaram 50 variáveis (qualitativas e quantitativas)

relacionadas à floresta, sub-bosque e chão da floresta. Após uma rotina de modelagens

matemáticas, os autores chegaram a uma lista de indicadores estatisticamente significativos

que podem estimar a naturalidade de Florestas Boreais da Finlândia.

Moravčík et al. (2010) adotaram sete classes de naturalidade para avaliação de

florestas de coníferas na Eslováquia a partir de 25 indicadores, sendo 15 deles ligados à

estrutura e dez ligados à composição de espécies. Os autores ajustaram uma função

discriminante para classificar remanescentes em uma das sete classes de naturalidade,

utilizando os indicadores quantitativos como variáveis preditoras.

Winter et al. (2010) apresentaram um método de acesso a naturalidade baseado no que

denominaram de Relative Quantitative Reference. Este método foi criado para superar a falta

de florestas virgens para comparação; os autores definiram florestas de referência e diversos

indicadores importantes como quantidade de necromassa, conectividade dos remanescentes,

variedade de microhabitats, dentre outros.

Merganič et al. (2012) avaliaram a naturalidade na Reserva Natural Babia Hora na

Eslováquia utilizando uma classificação objetiva baseada em um modelo preditivo gerado

através de uma análise discriminante. Os indicadores utilizados estavam relacionados à

estrutura da floresta, cobertura de gramíneas e líquens, agregação espacial das espécies

arbóreas e necromassa.

McRoberts et al. (2012) criaram um estimador de naturalidade baseado em três

indicadores (diversidade de espécies arbóreas, desvio-padrão dos diâmetros e assimetria da

distribuição de diâmetros) os quais foram eleitos de um conjunto de indicadores considerados

ecologicamente relevantes e aplicáveis pelos IFNs europeus. Como a naturalidade é expressa

por um gradiente que estende-se entre dois extremos (o alterado e o natural), os autores

basearam-se na proposta de Loidi (1994), de que o grau de naturalidade pode ser expresso

pela distância conceitual entre condições observadas em uma dada área (ou unidade amostral),

até uma área referência, considerada como mais próxima do natural. Assim, o estimador

baseou-se na distância euclidiana entre os indicadores de uma floresta que se deseja acessar a

28

naturalidade até os de uma floresta de referência que expressa as características mais

próximas das originais.

Bartha et al. (2006) investigaram se a riqueza de espécies, a estrutura (vertical, etária e

dossel) e a heterogeneidade dos estratos da floresta estão relacionados com critérios de

naturalidade individual (para remanescentes), e naturalidade geral (para o conjunto de

remanescentes).

Para as florestas da Lituânia, Šaudytè et al. (2005) criaram seis classes de naturalidade

que vão desde as florestas primárias até as florestas artificiais. Os indicadores adotados

possuem um caráter qualitativo e estão ligados a componentes estruturais da floresta e a

perturbações antrópicas.

Smelko e Fabrika (2007) desenvolveram uma abordagem sobre a conversão numérica

de indicadores categóricos dentro do programa computacional Natura 2000, o qual foi

desenvolvido para avaliar a naturalidade de florestas da Eslováquia, a princípio. Tierney et al.

(2009) avaliaram a integridade ecológica de área protegidas e criaram um sistema de

caracterização da naturalidade baseado em três classes. Grabherr et al. (1998) avaliaram a

naturalidade de florestas da Áustria baseados no conceito de hemerobia. Nesta abordagem os

autores não utilizaram florestas de referência, pois se dedicaram em avaliar o impacto

antrópico sobre as florestas. No entanto, os autores consideraram uma floresta natural

potencial como um referencial teórico.

1.2.1.4. Indicadores de naturalidade

Segundo McRoberts et al. (2012) muitos critérios são considerados para determinar a

utilidade e relevância de variáveis que podem ser consideradas indicadores de naturalidade,

embora muitas vezes o discernimento dos critérios naturais e antropogênicos não tenham sido

expressos de forma explicita pelos pesquisadores (MACHADO, 2004).

Uma única variável não é suficiente para expressar a naturalidade, assim como todas

as possíveis variáveis não são capazes de serem mensuradas, ainda mais dentro do contexto de

um IFN (McROBERTS et al., 2012). Então, resta selecionar variáveis que podem relacionar e

sintetizar a biodiversidade florestal e o estado de conservação do ecossistema, através da

utilização de indicadores (CHIRICI et al., 2011; CHIRICI et al., 2012; McROBERTS et al.,

2012; NOSS, 1990; WINTER et al., 2010). Seguindo as indicações feitas por Winter et al.

(2010), os indicadores candidatos precisam atender as seguintes premissas:

29

i) os indicadores têm de ser ecologicamente relevantes e indicadores importantes da

naturalidade;

ii) os indicadores têm de ser representativos para a área - por exemplo, a presença de

epífitos em uma floresta pluvial pode expressar maior naturalidade;

iii) os indicadores têm ser passíveis de serem acomodados no contexto de um

programa de monitoramento cíclico.

A abordagem ecossistêmica de acesso à naturalidade (McROBERTS et al., 2012;

PETERKEN, 1996) requer a determinação de poucos indicadores que descrevam os principais

aspectos e processos inerentes ao ecossistema. McRoberts et al. (2012) afirmam que tal

procedimento é difícil e tem de ser cuidadosamente realizado de modo a encontrar indicadores

realmente representativos. Já na abordagem ligada à hemerobia, os indicadores estão

geralmente associados a sinais de intervenção e exploração realizados pelos humanos (FRA,

2000; UOTILA et al., 2002).

Os estudos que trataram da naturalidade utilizaram uma gama de variáveis

indicadoras. Na Tabela 1.3 condensamos um pacote de indicadores adotados nos estudos mais

recentes.

Para exemplificar como os indicadores são determinados, citamos McRoberts et al.

(2012), os quais avaliaram dez variáveis (diversidade de espécies, número de estratos de

altura, número de árvores de grande porte, idade das árvores (dendrocronologia), número de

microhabitats, necromassa, volume, sinais de exploração de madeira e sinais de manejo

silvicultural) com o intuito de avaliar seus potenciais e praticabilidade para estimar a

naturalidade utilizando dados provenientes de IFNs participantes da Ação COST E431. Os

autores realizaram uma triagem dos indicadores baseados na aplicabilidade e relevância

ecológica destes.

Winter et al. (2010) selecionaram os indicadores candidatos baseados em informações

de várias fontes, incluindo a Convenção sobre Diversidade Biológica de 1992, os indicadores

de manejo florestal sustentável da Europa (MCPFE, 1997, 2003ab), dentre outros. Os autores

também consultaram a literatura especializada em ecologia florestal e o conhecimento

especializado de cientistas ligados à Bavarian Forest National Park.

1 European CoOperation in Science and Technology (COST). A Ação COST E43

(Harmonisation of National Forest Inventories in Europe: Techniques for Reporting) está

ligada a harmonização dos IFNs da Europa.

30

Tabela 1.3. Síntese dos indicadores utilizados em estudos de naturalidade. Qt: variável

quantitativa; Ql: variável qualitativa; E: ligada a processos ecossistêmicos; H: ligada a

processos hemeróbicos.

Referência Indicador adotado Natureza Fonte

McRoberts et al.

(2012)

Assimetria da distribuição diamétrica (gdap)

Desvio padrão dos diâmetros (Sdap)

Diversidade - Índice de Shannon (H')

Estrutura vertical

Qt

Qt

Qt

Qt

E

E

E

E

Winter et al.

(2010)

Necromassa

Conectividade dos remanscentes

Sanidade das árvores

Microhábitats

Árvores bifurcadas

Comparação com uma floresta potencial

Qt

Qt

Ql

Qt

Qt

Qt

Qt

E

E

E

E

E

E

E

Liira e Sepp

(2009)

Presença e ausência de distúrbios antrópicos

Índice de intensidade de manejo

Variáveis estruturais

Ql

Qt

Qt

H

H

E

Moravčík et al.

(2010)

Variáveis estruturais Qt E

Composição (riqueza e uniformidade) Qt E

Machado (2004) Aspectos e propriedades ecológicas

Influência antrópica

Ql

Ql

E

H

Šaudytè et al.

(2005)

Aspectos estruturais

Composição de espécies

Influência de elementos antrópicos

Qt

Ql

Ql

E

E

H

Uotila et al.

(2002)

Dados históricos sobre manejo

Dados históricos sobre incêndios

Sinais de manejo

Idade da floresta (dendrocronologia)

Estoque de volume

Distribuição diamétrica

Ql

Ql

Ql

Ql

Qt

Qt

H

H

H

E

E

E

1.2.1.5. Florestas referência de naturalidade

As florestas de referência são o marco para as comparações entre florestas mais

alteradas e florestas naturais (McROBERTS et al., 2012; LANDRES et al., 1998; LOIDI,

1994; WINTER et al., 2010). Porém, em toda a Terra, sabemos que poucas áreas florestadas

estão em seu estado natural; no caso da Floresta Atlântica sensu strictu, as florestas são, em

sua maioria, resultantes da sucessão secundária (RIBEIRO et al., 2011). Ellen (1989) afirma

que a natureza em estado puro já não existe, e Winter et al. (2010) são rigorosos e afirmam

que não existem mais habitats intocados pelas emissões de gases; consequentemente, uma

31

floresta 100% natural não pode mais ser encontrada para servir de referência em estudos de

naturalidade (WINTER et al., 2010). Além das emissões, outros estresses têm atingido os

processos naturais dos ecossistemas (FREEDMAN, 1989), como, por exemplo, a

contaminação por defensivos agrícolas (CDB, 2010).

Segundo Landres et al. (1998), é possível definir a naturalidade sem ter como base

ecossistemas intocados; os ambientes de referência, nos dias atuais, são a base para o

entendimento do sistema ecológico e que se deseja estudar ou avaliar o estado de

conservação. Entretanto, Winter (2012) afirma que, antes de conduzir um estudo de

determinação da naturalidade de um ecossistema florestal, é necessário definir concretamente

o conceito de floresta de referência. Winter et al. (2010) propôs que, mesmo não existindo

florestas de referência (100% naturais), é possível considerar remanescentes florestais mais

naturais (mais próximos do seu estado natural) como referências. Tal procedimento também

foi adotado por McRoberts et al. (2012) em florestas temperadas do norte do Estados Unidos.

O diagrama abaixo representa essa ideia:

Ecossistema não alterado:

Ecossistema alterado A:

Naturalidade

Hemerobia

100% 0%

0% 100%

Natureza

Influência antrópica

Naturalidade

Hemerobia

100% 0%

0% 100%

Natureza

Influência antrópica

32

Ecossistema alterado B:

Figura 1.3. Diagrama referente aos remanescentes de referência considerados como 100%

naturais no gradiente de naturalidade. Adaptado de Winter et al. (2010).

Gibbons et al. (2008) e McRoberts et al. (2012) apresentaram métodos para

identificação de parcelas com maior naturalidade (referências) sem o uso de classes pré-

estabelecidas. Winter et al. (2010) realizaram um estudo de avaliação da naturalidade das

florestas do Bavarian Florest National Park na Alemanha e determinaram áreas de florestas

primárias como sendo as referências para comparações com áreas manejadas, áreas de borda,

áreas core e áreas de recreação do parque.

Para Gibbons et al. (2008), o estado de referência está relacionado à variação na

vegetação nativa que demonstra pouca evidência de modificação por humanos desde a

colonização européia na Austrália. A partir de dados de 462 locais de vegetação nativa em

uma paisagem fragmentada no sudeste da Austrália, os autores propuseram um método

objetivo de determinar condições de referência de variáveis utilizadas como indicadoras de

biodiversidade (por exemplo, densidade de árvores por classe de diâmetro, árvores ocas,

regeneração de espécies arbóreas, necromassa, cobertura vegetal por estrato vertical,

cobertura de serapilheira, cobertura de criptógamas e riqueza de espécies nativas). Os autores

utilizaram modelos aditivos generalizados (GAM) calibrados com indicadores que

representam as medidas de modificação humana desde a colonização européia (cobertura de

plantas exóticas, número de tocos, evidências de extração de lenha, evidência da presença de

coelhos, evidências de pastoreio recente de gado e uso do solo no entorno) e dados de

variação ambiental (precipitação anual média, temperatura anual média, insolação e

inclinação). Para estes autores, a determinação das referências baseia-se nos valores mínimos

das variáveis explicativas e significativas previstas pelo modelo, as quais representam as

modificações desde a colonização.

Naturalidade

Hemerobia

100% 0%

0% 100%

Natureza

Influência antrópica

33

McRoberts et al. (2012) determinaram referências através da avaliação de Unidades

Amostrais do IFN dos Estados Unidos que apresentaram maior naturalidade. Foi utilizado um

processo de triagem das Unidades Amostrais, de acordo com o cumprimento de critérios

condicionais como ausência de espécies exóticas, ausência de sinais de atividade humana,

diversidade da estrutura vertical, dentre outros. Bartha et al. (2006) definiram florestas

referenciais hipotéticas e, baseados nelas, por meio de um processo hierárquico de três níveis,

determinaram indicadores quantitativos e qualitativos de naturalidade. Os autores não

deixaram explicita a definição destas florestas de referencia e como as determinaram.

1.2.2. FITOFISIONOMIA ALVO: FLORESTA MISTA COM ARAUCÁRIA

1.2.2.1 Caracterização geral

A Floresta Mista Lati-aciculifoliada (OLIVEIRA-FILHO, 2009), também classificada

como, Floresta com Araucária (KLEIN, 1978) e Floresta Ombrófila Mista (LEITE e KLEIN,

1990; IBGE, 2012), é uma fitofisionomia florestal que tem maior expressão territorial nos

planaltos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ela também ocorre na forma de

pequenos relictos em pontos altos das serras da Mantiqueira, dos Órgaos, do Caparaó,

Paranapiacaba e Paranapanema nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo,

São Paulo, e em países vizinhos como Argentina e Paraguai (BACKES, 2009). No estado de

Santa Catarina (Figura 1.4) ela é principalmente encontrada entre as altitudes de 500 e 1000 m

(BACKES, 2009), ocorrendo também em áreas com altitude superior a 1000 m (UHLMANN

et al., 2013). No oeste do estado, entre os paralelos 25°30‟ e 27°27‟ S, ela adentra o território

da Argentina, na província de Missiones e, em direção ao litoral brasileiro, chega até os

municípios de Sombrio e Lauro Muller, e em certos municípios situados na Serra do

Tabuleiro em Santa Catarina (BACKES, 2009).

No sistema de classificação de Oliveira-Filho (2009) a concepção do termo Floresta

Mista Lati-aciculifoliada, que daqui em diante será referida como Floresta Mista com

Araucária, está vinculada à mistura de angiospermas e gimnospemas. O sistema também

considera os aspectos topológicos das espécies arbóreas, neste caso das folhas - as acículas

são vistas em espécies características desta tipologia florestal, que coexistem com espécies

latifoliadas. Mais especificamente, o termo “mista” vem da fusão de elementos provenientes

da flora afro-brasileira, a qual exerce maior participação na composição florística, e de

elementos da flora austral-andino-antártica, que, em certas regiões, podem contribuir

significativamente para o aspecto fisionômico da vegetação (REITZ e KLEIN, 1966; LEITE,

34

2002; IBGE, 2012). Dentro do conjunto de espécies de origem austral-andino-antártica, a

conífera Araucaria angustifolia Bert. O.Kuntze imprime grande importância ao aspecto

fisionômico e estrutural da floresta, podendo constituir agrupamentos densos e quase puros.

Em formações florestais multiestratificadas esta espécie apresenta-se como elemento

emergente (KLEIN, 1960) ao dossel, composto, predominantemente, por espécies de

Lauraceae (KLEIN, 1966). Outras espécies de origem austral-andino-antártica frequentemente

encontradas são Dicksonia sellowiana Hook., Drimys brasiliensis Miers., Lamanonia ternata

Vell., Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl., Prunus sellowii Koehne, Weinmania humilis

Engl. e espécies do gênero Roupala (KLEIN, 1978; LEITE, 2002).

Figura 1.4. Mapa fitogeogrpafico de Santa Catarina (KLEIN, 1978). Fitofisionomias

classificadas segundo o sistema de Oliveira-Filho (2009), exceto “Vegetação litorânea”

(KLEIN, 1978).

De acordo com Leite (2002), as variações climáticas parecem determinar uma

tendência dos elementos florísticos temperados ocuparem as regiões mais altas do planalto

meridional; enquanto isso, os elementos da flora tropical tendem a expandir-se através dos

vales e das encostas das serras, sobre os flancos planaltinos. A Floresta Mista com Araucária,

segundo Klein (1960), divide-se em associações que retratam os diferentes estágios temporais

de desenvolvimento, do menos para o mais desenvolvido. Klein (1978) definiu dois grandes

grupos de formações para esta fitofisionomia no estado de Santa Catarina:

35

a) Floresta de Araucária, caracterizada por indivíduos de A. angustifolia emergentes e

de grande porte, dossel denso, composto por angiospermas bem desenvolvidas, com

predomínio da família Lauraceae;

b) Florestas dos Faxinais, caracterizada por indivíduos de A. angustifolia de menor

porte e dossel menos denso formado, predominantemente, por espécies de Myrtaceae e

Aquifoliaceae, entremeadas de taquarais e carazais (Merostachys spp. e Chusquea spp.).

Dentro destes grupos, Klein (1978) prossegue com a descrição das formações e subdivide os

grandes grupos de forma mais específica.

Na região norte de Santa Catarina (município de Canoinhas), na bacia dos Rios Iguaçu

e Negro, bem como na parte superior das bacias dos afluentes do Rio Uruguai, existiam

grandes formações contínuas de A. angustifolia, correspondendo ao estrado das

megafanerófitas, com o denso estrato das macrofanerófitas dominado por Ocotea porosa

(Nees) Barroso (canela-imbuia) e Sloanea lasiocoma K. Schum. (sapopema). No estrato das

mesofanerófitas ocorria (predominantemente) Ilex paraguariensis A. St.-Hil. (erva-mate).

Na bacia drenada pelo Rio Canoas, a floresta caracterizava-se pelos agrupamentos

densos e em manchas de A. angustifolia (pinhais), por vezes interrompidos por campos com

capões. Nos pinhais densos, o estrato das macrofanerófitas era dominado por Ocotea

pulchella (Nees) Mez (canela-lageana), com a presença representativa de outras Lauraceae

como Nectandra lanceolata Ness (canela-amarela), Ocotea puberula (Rich.) Nees (canela-

guaicá), Cryptocaria aschersoniana Mez (canela-fogo) e Nectandra grandifolia Nees (canela-

fedida). Espécies seletivas como Capsicodendron dinisii Schwanke (pimenteira), Matayba

elaeagnoides Radlk. (camboatá-branco), Myrcianthes gigantea (D. Legrand) D. Legrand

(araçazeiro), dentre outras, possuiam afinidade com o ambiente formado por O. pulchella.

A floresta no extremo oeste do estado apresentava agrupamentos de A. angustifolia

com o estrato das macrofanerófitas com abundância de espécies de Fabaceae, como Apuleia

leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. (grápia), Parapitadenia rigida (Benth.) Brenan (angico-

vermelho), Cordia americana (L.) Gottshling & J.E.Mill. (guajuvira), Diatenopteryx

sorbifolia Radik. (maria-preta) e Lonchocarpus campestris Mart. ex Benth. (rabo-de-mico).

Outras espécies como Cedrela fissilis Vell. (cedro), Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex

Steud. (louro-pardo), Myrocarpus frondosus Allemão (cabreúna), dentre outras, eram

expressivas no estrato das macrofanerófitas.

Na zona da Floresta Latifoliada Pluvial (OLIVEIRA-FILHO, 2009), ocorriam os

núcleos de pinhais formados por indivíduos antigos e elementos da Floresta Mista com

Araucária e da Floresta Latifoliada Pluvial compondo o estrato das macrofanerófitas.

36

As Florestas de Faxinais são consideradas por Klein (1978) áreas de transição entre a

Floresta Latifoliada Pluvial e a Floresta Mista com Araucária, sendo esta formação composta

por espécies que ocorrem em solos pouco profundos e encostas declivosas. As Florestas de

Faxinais ocorrem nas encostas da Serra do Mar e Serra Geral e podem ser encontradas em

áreas de pinhais das outras formações citadas anteriormente. O autor divide esta formação em

quatro subgrupos de regiões, argumentando que existem semelhanças sensíveis na

composição florística, entretanto, são notadas diferenças na distribuição e abundância das

espécies. São estes subgrupos: Serra do Tabuleiro, Serra Geral, Campo Erê (Serra da Fartura e

Serra do Capanema) e Guedes (Serra do Tigre).

O Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE, 2012) reconhece quatro formações

distintas2 para a Floresta Mista com Araucária, as quais foram determinadas pela faixa

altitudinal:

Aluvial: ocorre em planícies aluviais, onde a espécie A. angustifolia associa-se com

diferentes espécies, conforme os aspectos geomorfológicos e topográficos. Em altitudes mais

elevadas são encontradas Podocarpus lambertii e Drimys brasiliensis. Em altitudes menos

elevadas a A. angustifolia associa-se com espécies de Lauraceae, Luehea divaricata Mart. ex

Zucc, Blepharocalyx salicifolius (Kunt) O. Berg e Sebastiania commersoniana (Baill.) L. B.

Sm. ex Dows;

Submontana: essa formação ocorre em altitudes inferiores a 400 m e consiste em

pequenas disjunções localizadas nas bordas da Serra Geral. Tais disjunções são vistas no

município de Lauro Muller (Santa Catarina), onde, na década de 1950, havia 12.000

indivíduos de A. Angustifolia. Atualmente, restam no local poucos indivíduos desta espécie

associados às culturas agrícolas e às florestas secundárias;

Montana: ocorre entre 400 e 1000 m de altitude e é caracterizada pela associação de A.

angustifolia e Ocotea pulchella, Cryptocarya aschersoniana, Ilex paraguariensis e Nectandra

megapotamica (Spreng.) Mez na bacia do Rio Canoas; no planalto norte de Santa Catarina,

observa-se A. angustifolia associada a Ocotea porosa;

Altomontana: ela ocorre em altitudes superiores a 1000 m nas encostas das colinas

diabásicas em mistura com arenitos que constituem a Formação Serra Geral. Espécies

características do estrato arbóreo são: Podocarpus lambertii, Drimys brasiliensis, Cedrela

2 Para uma representação gráfica das formações, ver IBGE (2012, p.83).

37

fissilis, e espécies de Lauraceae e Myrtaceae. Famílias características do estrato arbustivo:

Rubiaceae, Myrtaceaee, Winteraceae, Lauraceae e Meliaceae.

Saint-Hilare (1978, p.49) e Leite (2002) salientam que a Floresta Mista com Araucária

coexiste com a Campina (OLIVEIRA-FILHO, 2009), Campos Naturais (KLEIN, 1978) ou

Estepe Ombrófila (LEITE, 2002), de forma que a A. angustifolia, e outras espécies pioneiras,

invadem esta fitofisionomia campestre (DUARTE et al., 2009; KLEIN, 1960; REITZ e

KLEIN, 1966). Este fato dificulta o estabelecimento preciso dos limites florísticos entre as

formações florestais e campestres. Pesquisadores afirmam (baseados em métodos de datação3)

que a expansão da Floresta Mista com Araucária pela Campina, a qual (supostamente) ocorria

abundantemente no último glacial máximo, se deu através de formações florestais que

ocorriam ao longo de corpos d‟água lóticos, seguindo uma mudança climática, de um clima

mais seco para um clima mais úmido (BAUERMANN e BEHLING, 2009; BEHLING et al.,

2004; BEHLING et al., 2001). A ocorrência da Campina nos dias atuais, diante de um clima

quente e úmido, é alvo de pesquisas (citadas em PILLAR et al., 2009). Este fato está,

provavelmente, ligado à utilização histórica do fogo pelos povos pré-Colombianos e pela ação

de animais pastadores (BEHLING et al., 2004; GALVÃO e AUGUSTIN, 2011; PILLAR et

al., 2009).

Nas escarpas rochosas dos Aparados da Serra Geral, geralmente em altitudes acima de

1000 m (IBGE, 2012), ocorre uma fitofisionomia florestal peculiar denominada Nanofloresta

Latifoliada Nebular (OLIVEIRA-FILHO, 2009), a qual frequentemente encontra-se encoberta

por neblina. A Nanofloresta Latifoliada Nebular apresenta dossel de no máximo 8 m, formado

por árvores tortuosas devido às condições climáticas e edáficas adversas. São espécies

características: Drimys brasiliensis e D. angustifolia; Myrceugenia euosma (O. Berg) D.

Legrand, Ilex microdonta Reissek, Euplassa nebularis Rambo & Sleumer, Podocarpus

lambertii e Weinmannia humilis (MMA/IBAMA, 2004).

Falkenberg (2003) caracteriza a Nanofloresta Latifoliada Nebular como uma

vegetação florestal em posição intermediária entre a Floresta Latifoliada Pluvial

Superomontana e a Floresta Mista com Araucária, ou como um ecótono das vegetações

florestais desenvolvidas (Floresta Latifoliada Pluvial nas encostas altas e Floresta Mista com

Araucária no planalto) com formações de Campina. Oliveira-Filho et al. (2013) constataram

que a Nanofloresta Latifoliada Nebular compartilha espécies das formações superomontanas

da Floresta Latifoliada Pluvial e da Floresta Mista com Araucária. 3 Para uma exposição sobre métodos de datação e questionamentos sobre a acurácia dos

mesmos, veja o capítulo 6 em Lourenço (2012).

38

A segregação da Nanofloresta Latifoliada Nebular como uma fitofisionomia particular

é motivo de discussão (FALKENBERG e VOLTOLINI, 1995). Oliveira-Filho (2009) a

considera uma fitofisionomia distinta, assim como Klein (1978). Entretanto, Leite (2002) a

considera como uma formação da Floresta Mista com Araucária. Tais divergências de

opiniões não reduzem a importância desta vegetação - Falkenberg (2003) registrou uma

enorme riqueza de espécies e mostrou que pelo menos 10% das espécies vasculares

encontradas na Nanofloresta Latifoliada Nebular são endêmicas, o que reforça sua

peculiaridade.

1.2.2.2 Histórico de degradação da Floresta Mista com Araucária

O processo de degradação da Floresta Mista com Araucária iniciou-se com a

colonização européia e intensificou-se no decorrer da ocupação progressiva das terras, a qual

foi impulsionada pela atratividade do desenvolvimento da economia na região sul (MÄHLER

JÚNIOR e LAROCCA, 2009). Esta fitofisionomia, no inicio do processo de colonização do

Brasil, cobria, estimadamente, cerca de 200.000 km² (BAUERMANN e BEHLING, 2009);

desta área total, cerca de 60% ocorriam no Paraná (INOUE et al, 1984 apud BACKES, 2009),

30% em Santa Catarina e 10% no Rio Grande do Sul (REITZ et al., 1983 apud BACKES,

2009).

Certamente, os primeiros visitantes "estrangeiros" que chegaram aos planaltos do sul

do Brasil impressionaram-se com a exuberância das associações de A. angustifolia.

Observando as descrições feitas pelos primeiros botânicos e naturalistas que contemplaram o

planalto sul do Brasil, é possível imaginar a floresta antes de ser intensamente explorada. A

seguinte descrição, feita pelo botânico francês Saint-Hilaire4, nos permite ter uma visão da

beleza da vegetação (SAINT-HILARE, 1978):

“É a Araucaria brasiliensis que, por sua altura, pela imponência e

elegância de suas formas, por sua imobilidade e pelo verde-escuro de

suas folhas contribui, mais do que qualquer outra coisa, para dar uma

fisionomia característica aos Campos Gerais. Em alguns trechos essa

pitoresca árvore, elevando-se isolada ao meio das pastagens, expõe à

nossa admiração toda a beleza do seu talhe e faz ressaltar, pelos

matizes sombrios de suas folhas, o verde tenro de relva que cresce

sobre ela.”

4 Augustin François César Prouvençal de Saint-Hilaire (1779-1853).

39

Com um sentimento não diferente dos primeiros visitantes, diante das belas formações

florestais, estudiosos se dedicaram em analisar e compreender a composição e os aspectos

ecológicos da Floresta Mista com Araucária (KLEIN, 1960, 1978, 1984; LINDMAN, 1906;

MAACK, 1953; RAMBO, 1951, 1953, 1956; REITZ e KLEIN, 1966). Estes traçaram as

bases do conhecimento sobre a composição, estrutura e dinâmica do ecossistema florestal em

questão.

Infelizmente, apesar do conhecimento desenvolvido, Schaaf et al. (2006b) apontaram

um fato verdadeiro que pouco é comentado entre os autores que estudam esta floresta e

revisam a história de sua exploração. Os autores afirmam que a floresta não foi conhecida

adequadamente antes de ser explorada intensivamente. A maior parte dos remanescentes

existentes de hoje encontra-se descaracterizada e simplificada. Eduardo (1974) fez uma busca

ampla em relação aos aspectos históricos da exploração e da economia madeireira em Santa

Catarina no período de 1930 a 1972 e Cabral e Cesco (2008) relatam interessantes

informações históricas e recentes sobre a exploração madeireira do Sul e Sudeste do Brasil.

A Floresta Mista com Araucária foi a mais significante para a indústria madeireira do

Sul do país, pelo menos por 150 anos de exploração, quando a araucária e a canela-imbúia

foram as espécies de destaque durante este período exploratório (REIS et al., 2007). O setor

madeireiro de Santa Catarina foi um dos impulsionadores do crescimento econômico do

estado no início do século XX até a década de 1970 (EDUARDO, 1974; GOULARTI FILHO,

2002, 2008; MÄHLER JÚNIOR e LARROCA, 2009): entre os anos de 1915 e 1929 o valor

de madeira exportada aumentou 22 vezes, principalmente devido à colonização do oeste do

vale do Rio do Peixe; aumentaram as quantias exportadas para Argentina (via Rio Uruguai) e

para o Rio de Janeiro, no decorrer da construção de ferrovias integrando a Região Sul à

Sudeste e ligando o interior catarinense aos portos (EDUARDO, 1974; GOULARTI FILHO,

2002).

Uma preocupação com a intensa e frenética exploração foi expressa pelo Instituto

Nacional do Pinho (fundado em 1941), o qual já via a necessidade de promover e subsidiar o

reflorestamento (INSTITUTO NACIONAL DO PINHO, 1948). Os benefícios fiscais

oferecidos pelo governo entre as décadas de 1960 e 1980, regulamentados pelo Instituto

Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), criado pelo decreto-lei nº 289 de 1967,

foram, sem dúvida, outro fator que impulsionou a derrubada de florestas nativas para a

implantaçao de reflorestamentos monoespecíficos, que em sua maioria foram de espécies

exóticas, como as do gênero Pinus. Por exemplo, no estado do Paraná, entre os anos de 1966 e

40

1976 a área reflorestada com Pinus spp., fruto desses incentivos fiscais, passou de 221,30 ha

para 655.545,82 ha (BREPOHL, 1980).

Alguns dados históricos são assombrosos e nos mostram a intensidade da exploração

madeireira ocorrida no Sul do Brasil (EDUARDO, 1974; GOULARTI FILHO, 2008). Mähler

Júnior e Larroca (2009) citam, em uma revisão sobre o tema, dados estimados da exploração

de araucárias. Segundo os autores, entre 1930 e 1940 a Floresta Mista com Araucária de Santa

Catarina era responsável por mais da metade da exportação de madeira do país; no Estado

havia mais de 381 serrarias que produziam cerca de quatro milhões de dúzias de tábuas ao

ano. Mähler Júnior e Larroca (2009) citam ainda outro dado espantador: no ano de 1968 o

Brasil exportou mais de um bilhão de metros cúbicos de madeira, e 45% destes foram

retirados das florestas de Santa Catarina.

O fogo foi outro agente degradador. Após a exploração madeireira, o fogo era uma

prática comum aplicada com o intuito de “limpar” a área, uma espécie de preparo para outros

usos do solo, como cultivos agrícolas e pastagens (BORGES, 2005).

Após a exploração das araucárias no vale do rio do Peixe pela empresa Lumber5, os

pinhais do município de Lages (Santa Catarina) e região atraíram olhares na década de 1950,

quando ocorreu um surto migratório de colonos vindos do Rio Grande do Sul, os quais

alavancaram o processo de exploração madeireira na região (MARTENDAL, 1980). Este

mesmo autor relata que além de inúmeras serrarias, a região de Lages sediava grandes

depósitos que armazenavam as madeiras exploradas na região. Tais depósitos tinham a

finalidade de armazenar a madeira explorada que seria transportada e comercializada em

outras regiões, e até mesmo exportada via porto de Itajaí (Santa Catarina). Do ponto de vista

social, Moretto (2010) aponta a importância da exploração da Floresta Mista com Araucária

no desenvolvimento da região do planalto de Santa Catarina, devido ao surgimento de um

novo grupo social ascendente formado pelos donos das madeireiras. Segundo Martendal

(1980), entre 1950 e 1970, no pico da atividade madeireira, a população da região do

município de Lages quadruplicou, de 20.000 para 80.000 habitantes.

1.2.2.3 Atual estado de conservação da Floresta Mista com Araucária

Qual a atual situação dos remanescentes de Floresta Mista com Araucária de Santa

Catarina?

5 A Lumber era uma empresa (americana) madeireira e colonizadora que subsidiou a empresa

construtora da ferrovia do Sul do Brasil, a São Paulo – Rio Grande do Sul.

41

Esta questão torna-se fundamental para o desenvolvimento deste estudo, pois a história

do ciclo de exploração madeireira em Santa Catarina é conhecida e temos uma base de

conhecimento sobre a floresta, a começar pelos estudos pioneiros de Klein6 e Reitz

7, além dos

estudos de outros autores. Destacam-se os trabalhos de Jarenkow e Baptista (1987), Longhi et

al. (2006), Schaaf et al. (2006ab), Canalez et al. (2006), Ribeiro et al. (2007), Vibrans et al.

(2008), Bauermann e Behling (2009), Jarenkow e Budke (2009), Fonseca et al. (2009),

Klauberg et al. (2010) e Vibrans et al. (2011).

Apesar dos estudos de Klein e Reitz terem sido desenvolvidos no final do ciclo da

exploração madeireira, eles foram realizados em florestas conservadas, ou seja, com

composição e estrutura características do ecossistema florestal em questão. Não obstante, eles

servem como referência para os estudos mais recentes relacionados à fitofisionomia.

Existe um número considerável de trabalhos que estudaram a Floresta Mista com

Araucária, entretanto, estes estão restritos a níveis locais, e possuem metodologias de

amostragem diferentes entre si, o que dificulta a integração e comparação dos dados entre as

regiões. O IFFSC trouxe uma nova dimensão ao entendimento da atual situação das florestas

do estado, devido à sua amostragem sistemática que cobriu todo o estado e à sua dedicação

em amostrar e levantar muitos dados.

Sevegnani et al. (2013a) discorrem sobre a atual situação da Floresta Mista com

Araucária no estado de Santa Catarina com base nos dados obtidos pelo IFFSC.

Primeiramente, apontaram uma diminuição da cobertura desta tipologia florestal, de uma área

de aproximadamente 42.851 km² (KLEIN, 1978) para 13.741 km² (VIBRANS et al., 2013).

Esta cobertura florestal remanescente é, em sua quase totalidade, resultado da sucessão

vegetal secundária e encontra-se altamente fragmentada e degradada. Os levantamentos de

campo realizados pelo IFFSC registraram 1.107 espécies de plantas vasculares, o que aponta a

alta biodiversidade contida nestes remanescentes florestais (GASPER et al., 2013).

Entretanto, esta riqueza de espécies está exposta ao declínio perante as muitas pressões

antrópicas; muitas das espécies arbóreas são singletons ou doubletons (representadas por um e

dois indivíduos na amostra, respectivamente) (OLIVEIRA et al., submetido). Rezende et al.

(2014) encontraram que aproxidamente 72% das espécies arbóreas presentes em Santa

Catarina possuem distribuição geográfica restrita. Tal fato é preocupante, pois, mesmo que

tais espécies sejam naturalmente raras (sensu Rabinowitz et al. [1986]), a questão da

necessidade de medidas conservacionistas não se altera.

6 Roberto Miguel Klein (1923-1992)

7 Raulino Reitz (1919-1990)

42

Em toda amostragem da Floresta Mista com Araucária, o IFFSC encontrou 368

espécies (com DAP ≥ 10,0 cm) de 176 gêneros, distribuídos em 69 famílias. Cinco das 368

espécies são pteridófitas (Dicksonia sellowiana, Alsophila setosa Kaulf., Cyathea

corcovadensis (Raddi) Domin, Cyathea phalerata Mart. e Cyathea degaldii Sternb.), três são

gimnospermas (A. angustifolia, Podocarpus lambertii e P. sellowii Klotzsch ex Endl.) e 360

são angiospermas (MEYER et al., 2013).

Uhlmann et al. (2013) investigaram a existência das formações descritas por Klein

(1978) nos dias atuais; os autores aplicaram uma técnica multivariada de ordenação (DCA)

em dados florísticos do IFFSC e concluíram que as formações descritas por Klein (1978)

parecem emergir dos dados; entretanto, foi constatada uma grande homogeneização estrutural

da floresta, a qual encontra-se floristica e estruturalmente simplificada.

A diversidade genética é muitas vezes esquecida pelos ecólogos conservacionistas,

porém detém grande importância na conservação da biodiversidade em longo prazo. Reis et

al. (2012), dentro do projeto IFFSC, estudaram a diversidade genética de algumas espécies e

constataram que são claras as evidências de limitações de fluxo gênico entre os fragmentos.

Apesar de tais conclusões, os autores afirmam que a diversidade genética ainda é passível de

ser resgatada; eles sugerem a identificação de áreas com grande diversidade genética para

conservação e futuras coletas de sementes para fins de restauração da diversidade genética das

florestas.

A atual fragilidade deste ecossistema, causada pelas pressões antrópicas, reflete não

somente na redução da biodiversidade e dos outrora definidos padrões estruturais da

vegetação. Atributos como a produtividade primária e secundária, e a eficiência de ciclagem

de nutrientes também são afetados, e a dominância de espécies exóticas e oportunistas é

facilitada (RAPPORT e WHITFORD, 1999). Sabemos que ambos os conjuntos de processos

(perturbações e consequências) tornam-se cumulativos, aumentando a vulnerabilidade do

ecossistema e da sociedade, principalmente as partes que possuem relação mais estreita com a

floresta (KASPERSON et al., 1995)

O conjunto de informações apresentados neste tópico, e nos dois anteriores a este,

serve como um panorama do ecossistema alvo deste estudo sobre naturalidade. Apresentamos

as riquezas, as pressões contrárias à biodiversidade e o status de conservação. Por fim, este

parágrafo assume um carácter de desfecho e “prelúdio” para a proposta que nos

comprometemos a elaborar.

43

1.3. A PROPOSTA: A APLICAÇÃO DO CONCEITO DE NATURALIDADE COMO

MEIO DE ACESSAR O ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS REMANESCENTES

DE FLORESTA MISTA COM ARAUCÁRIA DE SANTA CATARINA

1.3.1. APRESENTAÇÃO

O presente capítulo tem o objetivo de responder a pergunta inicial: É possível adaptar

o conceito de naturalidade e a sua determinação aos remanescentes de Floresta Mista com

Araucária de Santa Catarina?

E mais: Qual é a importância desta pesquisa para nossa realidade?

Além de esclarecer estas questões, uma proposta para a quantificação da naturalidade

será redigida, seguindo uma disposição lógica e progressiva, conforme sugestões observadas

na literatura. Na introdução são abordados o contexto do estado de Santa Catarina e o IFFSC,

assim como proposições iniciais. No decorrer deste capítulo serão apresentados:

nos tópicos 1.3.2 e 1.3.3 - definições de princípios e conceitos básicos que

fundamentam a quantificação da naturalidade, adaptados à realidade histórica, social e

ecológica de Santa Catarina e da Floresta Mista com Araucária;

nos tópicos 1.3.4 a 1.3.7 - propostas metodológicas em relação à escolha dos

indicadores, das florestas de referência e desenvolvimento da medida de naturalidade.

1.3.2. INTRODUÇÃO

Informações qualitativas e quantitavias sobre as florestas, em um contexto geográfico

amplo, são geradas e fornecidas por programas de inventário florestal. O estado de Santa

Catarina saiu na frente e foi o primeiro estado do Brasil a finalizar seu inventário florestal, de

acordo com a metodologia do IFN-Brasil (FREITAS et al., 2010). Podemos afirmar que Santa

Catarina tem uma grade adensada de pontos amostrais medidos em campo, o que viabiliza a

visualização do estado de conservação das florestas nativas. Na região fitoecológica da

Floresta Mista com Araucária foram implantadas 155 Unidades Amostrais de área nominal de

4.000 m² (VIBRANS et al., 2010), de acordo com a seguinte definição de floresta: áreas

contínuas de vegetação arbórea com um dossel de no mínimo 10,0 m de altura e área basal de

no mínimo 10,0 m².ha-1

(VIBRANS et al., 2013).

Posto que os ecossistemas florestais do Domínio Atlântico do Brasil foram e

continuam sendo explorados, degradados e fragmentados (como o exemplo da Floresta Mista

com Araucária, descrito anteriormente), estudos mostram que a conservação e a restauração

44

de fragmentos são de grande importância (BRASIL, 2003; RIBEIRO et al., 2009 e PFEIFER

et al., 2014). O patrimônio biológico remanescente possui valor inestimável: 15.782 espécies

de plantas foram catalogadas por Stehmann et al. (2009) para o Domínio Atlântico, e cerca de

2.341 espécies de plantas vasculares e 800 espécies arbóreas foram identificadas no estado de

Santa Catarina (GASPER et al., 2012). Na Floresta Mista com Araucária o IFFSC catalogou

1.107 espécies vasculares (GASPER et al., 2013). A importância biológica vai além da flora;

Fonseca et al. (2009) realizaram estudos que contemplam a biodiversidade da fauna silvestre,

de fungos e líquens. As florestas, além de conter grande biodiversidade, nos propiciam

inúmeros benefícios (CHOMITZ e KUMARI, 1998; COSTANZA et al., 1997; CREPALDI e

PEIXOTO, 2010; HUNTER, 1999); num sentido mais amplo, elas estão fortemente aliadas à

manutenção da esfera social e de suas ramificações (ARCHER et al., 2005; DIEGUES, 2001).

A riqueza de espécies é a medida de biodiversidade mais difundida e comumente

utilizada (BROOK et al., 2003; BROSE et al., 2003; WILSEY et al., 2005), porém, ela não é

um componente isolado, de forma que a estrutura da comunidade, a estrutura da paisagem, a

diversidade funcional e a genética também possuem participação relevante e equivalente

(GASTON e SPIER, 2004; NOSS, 1990). Esses elementos que constituem um ecossistema

estão esquematizados na Figura 1.5, juntamente com elementos ativos que influenciam os

processos ecológicos de formação, retroalimentação e manutenção (elementos preditores), e,

os que, a um dado nível, perturbam algum componente do ecossistema (elementos

perturbadores).

Um método de avaliação do estado de conservação de um ecossistema florestal deve

considerar o complexo de interações entre seus componentes (PETERKEN, 1996; ŠAUDYTÈ

et al., 2005). Dentro do sistema que propomos e do contexto ecológico de uma floresta, temos

de focar em condensar informações sobre os elementos do ecossistema (“elementos do

ecossistema florestal”, Figura 1.5), ou seja, precisamos encontrar os componentes essenciais,

os quais podem ser expressos através de indicadores majoritários, altamente representativos

do todo. Desta forma, a identificação do grau de conservação de um dado remanescente

florestal, pode ser atingido através das respostas que os elementos do ecossistema

demonstram (BARTHA et al., 2006), assim como, através dos sinais de perturbação antrópica

(“elementos perturbadores” na Figura 1.5) presentes nesse remanescente (ANGERMEIER,

2000). Os conceitos de naturalidade e hemerobia (WINTER, 2012) podem ser utilizados

complementarmente como ferramentas de diagnóstico para a detecção desses sinais

supracitados. Os efeitos dos “elementos preditores” (Figura 1.5) influenciam os componentes

do ecossistema (BALDEK et al., 2013; DINIZ-FILHO et al., 2012; COTTENIE, 2005), logo,

45

precisam ser controlados na quantificação da naturalidade (LIIRA e SEPP, 2009; WINTER et

al., 2010), de forma que não venham a adicionar tendências aos resultados.

Figura 1.5. Esboço do (eco)sistema (objeto de estudo), seus componentes e interações.

Modificado de Tierney et al. (2009).

Em um âmbito global, a aplicação do conceito de naturalidade ainda é restrita às

florestas temperadas e boreais do hemisfério Norte. Sua utilização em florestas subtropicais

do hemisfério Sul, as quais possuem características ecológicas, históricas e sociais diferentes

será um feito pioneiro. Além deste fato, a falta de estudos que abordam a quantificação da

naturalidade nos incentiva a desenvolver um método de quantificação através de um

algoritmo específico (McROBERTS et al., 2012; WINTER, 2012).

O conceito de naturalidade incorporado ao pensamento e às ações conservacionistas

pode ser considerado uma ferramenta para planos de manutenção, monitoramento e

utilização/manejo de ecossistemas florestais (BARTHA et al., 2006), podendo adequar-se a

diferentes contextos ambientais, políticos e sociais. Winter (2012) afirma que poucos são os

estudos que utilizam esta ferramenta para fins de conservação e monitoramento da

46

biodiversidade e de processos ecológicos. Dentro da proposta do IFN-Brasil e do escopo do

IFFSC, tal ferramenta pode expandir as concepções sobre a análise de florestas nativas,

podendo envolver várias dimensões do ecossistema em si, da sociedade e das políticas

públicas acerca dos recursos naturais.

As justificativas apresentadas por McRoberts et al. (2012) acerca da relevância da

determinação da naturalidade de florestas nativas podem ser adaptadas à realidade do

contexto sócio-ambiental e econômico da Floresta Mista com Araucária de Santa Catarina: (i)

ela pode ser empregada para reportar o estado ecológico das florestas nativas visando a

avaliação da conservação e da exploração dos recursos florestais; (ii) ela pode servir para

identificar áreas de grande expressão ecológica e, consequentemente, para delinear metas de

conservação e utilização das mesmas.

Nossa perspectiva para este estudo tende a observar as alterações e descaracterizações

mais explícitas observadas nas florestas do planalto de Santa Catarina. Na revisão

anteriormente apresentada salientamos pontos preocupantes como a baixa riqueza de espécies,

baixa regeneração natural, pequeno tamanho e baixa conectividade dos fragmentos, reduzida

área basal, entre outros. Tais aspectos serão priorizados na metodologia de determinação da

naturalidade, diante da vital importância destes para a manutenção dos remanescentes

florestais.

Ao revisarmos a literatura, identificamos princípios e recomendações para a

elaboração de um estudo de naturalidade (McROBERTS et al., 2012; WINTER et al., 2011;

WINTER et al., 2010; WINTER, 2012). Seguindo o processo ilustrado na Figura 1.6,

partimos do propósito inicial que é ter conhecimento sobre o estado de conservação das

florestas, o que foi proporcionado pelo IFFSC, a partir de todo seu esforço amostral. Ao

escolhermos a naturalidade como o fundamento que expressa o estado de conservação de um

remanescente florestal, precisamos:

i) definir concretamente o conceito de naturalidade a ser adotado;

ii) detectar indicadores (variáveis) potenciais de naturalidade;

iii) definir o conceito de florestas referências e identificá-las;

iv) determinar um método de quantificação da naturalidade e sumarizar as diferenças entre os

remanescentes de referência e os demais.

Ao definirmos essa direção ao estudo, dedicaremos os próximos tópicos deste capítulo

ao desenvolvimento de cada um dos passos essenciais citados acima.

47

Figura 1.6. Processo envolvido na determinação da naturalidade de remanescentes florestais

de Floresta Mista com Araucária de Santa Catarina, a partir dos dados coletados pelo IFFSC.

1.3.3. A DEFINIÇÃO DE NATURALIDADE

A definição de naturalidade adotada neste estudo é a proposta por Winter (2012): Um

ecossistema possui maior naturalidade se o seu estado atual é mais próximo ao seu estado

conservado, ou seja, sem influências antrópicas perturbadoras e degradadoras. Após

uma intensa revisão sobre o assunto, a autora sugere esta definição por vias de padronização,

evitando inconsistências entre estudos.

Em nossa abordagem, damos ênfase na visão de Peterken (1996), de que, em um

ecossistema natural, existe o predomínio de processos naturais, juntamente com

48

características e recursos modelados por eles. Assim, a naturalidade não equivale à

originalidade, a qual exclui a interferência humana de qualquer remanescente; logo, só pode

ser considerada dentro de um contexto histórico e inatingível para as florestas brasileiras,

como para outras regiões do planeta, como a Europa Central (KOWARIK, 1999), por

exemplo.

De acordo com McRoberts et al. (2012) e Chirici et al. (2012), existem duas maneiras

de determinar a naturalidade: a primeira tem como fundamento o acesso aos processos

ecossistêmicos (PETERKEN, 1996) - essa abordagem requer a determinação de poucos

indicadores que descrevam os principais aspectos e processos ecológicos em um ecossistema

florestal. A segunda maneira fundamenta-se no grau de influência humana, a qual é a

propulsora das perturbações em um dado ecossistema (ANDERSON, 1991; ANGERMEIER,

2000; WINTER, 2012). Indicadores ligados à hemerobia estão geralmente associados a sinais

de intervenção e exploração humana (FRA, 2000; LIIRA e SEPP, 2009; MACHADO, 2004;

UOTILA et al., 2002); logo, podem ser utilizados como uma ferramenta para identificar

florestas mais impactadas pelos humanos (WINTER, 2012).

Utilizaremos as duas maneiras de determinação, ou seja, a determinação do grau de

hemerobia será utilizada em conjunto com a naturalidade. Assim, estes dois conceitos

antagônicos serão utilizados de forma complementar neste estudo.

Ao se trazer à luz o conceito de hemerobia ligado à naturalidade, surge uma questão

intrigante e delicada: Qual a influência dos humanos nas florestas? Eles fazem parte da

natureza ou não?

Os critérios que definem o que é um ecossistema natural não são fixos e podem variar

conforme o contexto social; a educação e a experiência ambiental de cada indivíduo, ou de

um grupo, influenciam na formação da concepção do que é uma floresta dita natural

(WILLIAMS, 2002). Para exemplificar, citamos Lamb e Purcell (1990), os quais realizaram

um estudo com o objetivo de coletar diversas percepções sobre a naturalidade de vegetações,

expondo fotografias para colaboradores. Os participantes entrevistados consideraram uma

vegetação alta e densa como mais natural do que uma vegetação mais aberta e baixa. Nota-se

que houve uma tendência de os aspectos estruturais serem captados em detrimento de outros

componentes do ecossistema que não foram considerados.

A inclusão ou não do ser humano aos ecossistemas é tema de discussão. No enfoque

da Antropologia Ecológica a sociedade é um subsistema (ou um componente) de uma

totalidade maior, onde os seres humanos, animais e plantas mantêm relações bioenergéticas

(DIEGUES, 2001). Logo, os humanos não diferem dos demais seres vivos em relação ao

49

equilíbrio homeostático com o ambiente. Para Vibrans (2003), a premissa epistemológica de

que as sociedades humanas e a natureza integram-se de forma recíproca formando um todo

supera a visão ocidental antropocêntrica, de que a sociedade e a natureza vivem à parte uma

da outra.

Diegues (2001) cita as sociedades tradicionais do Brasil, a saber, índios e camponeses

(definição conforme Queiroz [1973]), como um exemplo da relação entre o homem e a

natureza em oposição ao modelo de colonização predatório realizado pelos europeus. Gomez-

Pompa et al. (1972) lançaram a hipótese de que atividades do homem dito "primitivo", como,

por exemplo, a agricultura itinerante, tem favorecido a diversidade de espécies em florestas

tropicais do México. Entretanto, os mesmos autores afirmam que as atividades

contemporâneas ligadas ao uso do solo são extremamente perigosas no que diz respeito à

intensa perturbação dos ecossistemas florestais, causando então, a perda de habitats e

espécies, como aferido também por Mähler Júnior e Larocca (2009) para a Floresta Mista com

Araucária. Na visão de Luztemberger (1976, p.6) vemos a participação e até a contribuição

das sociedades tradicionais nas florestas:

"O índio, muitos milênios antes da chegada do homem branco, já

havia alcançado situações de equilíbrio estável em seu ambiente. No

mar da Natureza intata, as derrubadas do índio, pequenas e a grande

distância uma das outras, constituíam até vantagem ecológica, pois

acrescentavam diversidade ao sistema. Nestas clareiras vingavam os

organismos pioneiros, as plantas e os animais das comunidades de

recuperação, que são os tecidos cicatrizantes dos ecossistemas."

Reis et al. (2014) discorrem sobre a influência das sociedades pré-Colombianas na

formação da Floresta Mista com Araucária, as quais coexistiam há, pelo menos, 3.000 anos.

Os autores afirmam que são muitas as evidências (etno)botânicas e etnohistóricas que

apontam a participação desses povos (Kaigang e Xokleng) na ampliação da floresta,

envolvendo predominantemente uma estreita relação de dependência deles com os pinhões de

A. angustifolia. Nesse sentido, a Floresta Mista com Araucária poderia ser classificada como

uma paisagem cultural. Schmitz (2009) discute brevemente tais evidências; porém conclui

que estas não são confirmatórias da interferência dos povos citados na ampliação da Floresta

Mista com Araucária.

Os “faxinais” e as “caívas” são exemplos de paisagens culturais que foram criadas

pelos colonos europeus e caboclos em Santa Catarina e nos outros estados da Região Sul,

50

onde a vegetação florestal é mantida para o manejo de espécies de interesse como a erva-

mate, além da criação de animais pastejadores (CHANG, 1998; HANISCH et al., 2010;

MELLO, 2013).

Apesar das inegáveis evidências da participação do homem na formação de certas

fitofisionomias, de forma semelhante a Angermeier (2000), vemos Luztemberger (1976, p.3)

denunciando a posição tomada pelo homem moderno em suas atividades predatórias e

geograficamente abrangentes:

"A continuar a atual cegueira ambiental e exploração irresponsável de

nosso outrora pródigo meio natural, serão inevitáveis calamidades de

magnitude nunca vista. Somente uma transição rápida a atitudes

fundamentalmente novas, atitudes de respeito e integração ecológica

poderão ainda evitar o desastre. Encontramo-nos num divisor de

águas."

Hoehne (1930, p.5), numa visão biocêntrica, presenciando a devastação das florestas

com Araucária no Sul do Brasil, a qual denominou de “Araucarilândia”, expressa seus

pensamentos:

“As selvas naturais e virgens encerram vidas e riquezas, cujo

verdadeiro valor e importância real ainda se não podem avaliar

devidamente. Protege-las é defender um patrimônio, que, uma vez

perdido, jamais pode ser adquirido, quer pela força, quer pelo

dinheiro.”

“O homem precisa entender que é parte colaborante, elemento do

conjunto de vidas sobre a face da terra e saber que, se se excede,

deixando de respeitar o direito alheio, as consequências serão sentidas,

não somente pelos oprimidos e prejudicados, mas mesmo por ele e por

todo o conjunto. O direito de viver assiste a cada ser; mas, o de

abusar, a nenhum deles.”

Estas exposições nos incentivam a considerar que existiu, ou, ainda existe um

manejo/exploração dito "consciente" ou "equilibrado" feito por pessoas que mantêm contato

com a floresta. Ao lado deste modo de utilização dos recursos naturais, observamos a

exploração predatória a e degradação dos ecossistemas, visando benefícios econômicos, sem a

preocupação com a conservação e preservação. Embora essas duas modalidades pareçam ser

51

claramente distinguíveis, encontrar o limiar entre a exploração (e/ou manejo) ditos

"conscientes" ou "predatórios" é uma tarefa complexa, assim como é complicado avaliar os

efeitos de cada uma dentro de um contexto geográfico mais amplo, como um estado. Estamos

de acordo com Oliver e Larson (1990) de que existe um gradiente contínuo que vai desde

pequenas até grandes explorações de recursos florestais ou de distúrbios no ecossistema. Um

exemplo interessante da percepção entre o limiar do considerado natural e não natural foi

apresentado por Dunk (1994 apud WILLIAMS, 2002). O autor entrevistou pessoas da área

rural no Canadá acerca de suas opiniões sobre o corte de árvores:

"Eu acho a coisa mais natural do mundo cortar uma árvore."

Em contrapartida, o mesmo entrevistado declarou:

"O corte raso da floresta não me parece natural."

Trazendo o foco da discussão para a realidade do Sul do Brasil, analisamos o

comportamento cultural dos colonizadores do planalto de Santa Catarina, dentro de um

contexto histórico, e observamos a estreita relação das atividades de pecuária e as florestas.

Uma prática comum era a conversão de florestas em pastagens para criação de gado

(BORGES, 2005). Esta prática foi de certa forma perpetuada, incluindo, atualmente, outros

motivos para a derrubada de florestas, como culturas agrícolas extensivas e plantios de

florestas artificiais. O levantamento sócio-ambiental-histórico de Siminski (2004), que teve

como alvo os agricultores (idade média de 50 anos) residentes na região da Floresta Pluvial

Latifoliada de Santa Catarina (Figura 1.4), apontou diversas maneiras e intensidades de

utilização dos recursos naturais, desde a coleta de plantas ornamentais até a intensa extração

de lenha para engenhos de açúcar e extração de madeiras nobres para fins de construção civil.

Atualmente, de uma forma geral, a relação do pequeno agricultor, ou proprietário

rural, com a floresta em Santa Catarina, resume-se ao uso de recursos florestais para lenha e o

consumo esporádico de frutas e plantas medicinais. Na Floresta Mista com Araucária, a erva-

mate e o pinhão desempenham um papel importante, onde muitas vezes sua exploração e

comercialização são utilizadas como complemento para a renda de famílias que vivem no

meio rural (SIMINSKI, 2009). Siminski (2009), entrevistando proprietários de áreas rurais,

elencou alguns motivos pelos quais as florestas nativas de Santa Catarina estão sendo

convertidas em outros usos; dentre eles foram citados a baixa rentabilidade econômica e as

barreiras e complicações impostas pela legislação ambiental.

Ao analisarmos alguns relatos presenciados em nossa vivência pela região do planalto

de Santa Catarina, vemos o espírito deliberadamente explorador dos homens:

52

"... encurralei e matei a última paca da região."

"...até os pinheiros das grotas eram arrastados com cabos de aço."

"...na repartição das terras, os pinheiros com mais de 30 cm de

diâmetro foram cortados."

"...daqui de casa até a casa do pai só tinha um carreiro, era só pinheiro

e taquara."

Enfim, diante desta breve exposição, novamente mencionando e considerando a

dificuldade de decretar um limiar entre níveis "conscientes" e "displicentes" de exploração

dos recursos florestais e afins, tomamos uma posição conservadora e propomos que:

Os seres humanos são, sem dúvida, integrantes históricos dos ecossistemas florestais,

porém não estão adaptados aos mesmos. As populações tradicionais, que outrora

habitavam o Sul do Brasil, geravam baixo impacto sobre os ecossistemas. Atualmente, os

seres humanos (em um sentido global) convertem os ecossistemas florestais em outros

tipos, alterando sua composição, estrutura e funcionalidade.

(Axioma 1)

Desta forma, consideramos as ações (de uma maneira geral) dos humanos (pós-

colonização) nas florestas de Santa Catarina, como sendo opostas aos processos

ecossistêmicos naturais. Deixamos claro que a discussão filosófica sobre os humanos e a

natureza não é o foco principal deste estudo. Diante das divergências de opiniões sobre o

tema, direcionamos nosso enfoque ao Axioma 1, de forma que nossa abordagem de

naturalidade tem um caráter conservador, porém não biocêntrico em sua essência. Esperamos

contribuir no que diz respeito à abordagem metodológica de acesso à naturalidade, a qual

poderá ser adaptada para outras perspectivas relacionadas à interação humano-natureza.

53

1.3.4. METODOLOGIA DE ACESSO À NATURALDADE

1.3.4.1 Área de estudo

O Estado de Santa Catarina (Figura 1.7) encontra-se nas latitudes 26° e 29° S e entre

as longitudes 48° e 53°W e possui área total de 95.346 km². São descritos por Klein (1978)

três regiões fitoecológicas para o Estado (Figura 1.4): Floresta Mista com Araucária, Floresta

Latifoliada Pluvial e Floresta Latifoliada Estacional (classificação segundo Oliveira-Filho

[2009]), as quais possuem área de ocorrência de 56,39 km², 31,28 km² e 7,67 km² (VIBRANS

et al., 2013), respectivamente.

Figura 1.7. Estado de Santa Catarina, Brasil, com preto indicando a cobertura florestal (SAR,

2005).

Brasil

54

De acordo com a classificação climática de Köppen (KOTTEK et al., 2006), Santa

Catarina tem dois tipos climáticos: Cfa - clima temperado úmido, com verão quente e Cfb -

clima temperado úmido, com verão fresco. Esses tipos climáticos sao definidos

principalmente por diferenças de temperatura devido a gradientes de altitude. A temperatura

média anual varia de 10 a 22 °C, com precipitação média anual de 1.100 a 2.900 mm bem

distribuídos durante o ano e umidade relativa média anual entre 74 e 88% (EPAGRI, 2002).

No diagrama de Walter elaborado para o município de Curitibanos, localizado no planalto

central de Santa Catarina, não existem períodos de déficit hídrico (Figura 1.8).

Figura 1.8. Diagrama de Walter gerado a partir de dados climáticos (série histórica de 50

anos) do município de Curitibanos, situado na região de ocorrência da Floresta Mista com

Araucária em Santa Catarina.

Quanto aos aspectos geológicos, o Planalto Ocidental de Santa Catarina pertence às

formações geológicas Botucatu e Serra Geral, constituindo a área mais extensa do estado,

sendo caracterizado pela presença de altitudes superiores a 800 m na área limite com a serra

litorânea. Conforme avança em sentido sudoeste ao vale do rio Uruguai, nos limites com a

Argentina e Rio Grande do Sul, vai reduzindo gradativamente a altitude, até cotas de 200 m.

55

O planalto de Santa Catarina, devido à suas características geológicas e geomorfológicas, foi

subdividido em Zona Basáltica, Planalto de Canoinhas e Planalto de Lages (NETTO, 1984).

Na Zona Basáltica, a qual constitui a maior parte do planalto, é observada uma maior

variação da altitude. Entre as cotas de 200 a 800 m observa-se uma topografia movimentada

que forma vales em “V”; entre as cotas de 900 a 1000 m a topografia ondulada com longos

declives predomina. O Planalto de Lages é constituído por rochas sedimentares e ígneas

alcalinas localizadas na escarpa, adentrando de forma suave na Zona Basáltica. A altitude

varia, em média, na faixa dos 900 m, sendo o relevo ondulado com a presença de campos de

altitude. O Planalto de Canoinhas localiza-se ao norte do Planalto Ocidental e apresenta

relevo suave ondulado formado por rochas sedimentares; as altitudes médias oscilam entre

800 a 900 m (NETTO, 1984).

1.3.4.2 Dados do Inventário Florístico-Florestal de Santa Catarina

As equipes de campo do IFFSC coletaram os dados referentes à Floresta Mista com

Araucária entre o período de 2007 a 2010, adotando a metodologia do Inventário Florestal

Nacional do Brasil (FREITAS et al., 2010). A metodologia de amostragem utilizada baseou-

se na amostragem de múltiplas ocasiões com possibilidade de repetição total da amostragem.

As Unidades Amostrais foram distribuídas sistematicamente a partir de uma grade de pontos

com distância de aproximadamente 10 km x 10 km, cobrindo todo o território do estado

(VIBRANS et al., 2010; VIRABNS et al., 2012a).

Para a região de ocorrência da Floresta Mista com Araucária, a grade gerou 202 pontos

amostrais dos quais 143 foram efetivamente amostrados (Figura 1.10). Os pontos amostrais

foram previamente analisados através da interpretação de imagens orbitais multiespectrais de

média resolução advindos dos sensores LandSat-5, LandSat-7 e Spot-4 (SAR, 2005;

GEOAMBIENTE, 2008), e classificados como “floresta” e “não floresta”. A definição de

“floresta” adotada pelo IFFSC baseou-se nos seguintes critérios: áreas cobertas por vegetação

arbórea contínua, com altura do dossel maior que 10 m e área basal maior que 10m².ha-1

(VIBRANS et al., 2013). Serão incluídas neste estudo as 12 Unidades Amostrais

complementares alocadas em florestas consideradas mais conservadas, instaladas fora da

grade de pontos amostrais. Dessas 12, quatro delas se encontram no município de Três Barras

(FLONA de Três barras), uma no município de Caçador (Reserva Florestal

EMBRAPA/EPAGRI), uma no município de Anita Garibaldi (em uma propriedade

56

particular), quatro no município de Palma Sola (em uma propriedade particular) e duas no

município de São Domingos (Parque Estadual das Araucárias).

A Unidade Amostral do IFFSC é composta por um conglomerado com área nominal

total de 4.000 m², formado por quatro subunidades com área de 1.000 m², com as dimensões

de 20 m x 50 m (orientadas na direção dos pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste), com área

de inclusão de 2,56 ha (Figura 1.9). Cada subunidade foi estabelecida a uma distância de 30 m

do centro do conglomerado e divida em dez subparcelas de 10 m x 10 m (100 m²), onde foram

levantados todos os indivíduos com DAP ≥ 10,0 cm.

As variáveis levantadas foram espécie, número de fustes, DAP, altura do fuste, altura

total, qualidade do fuste, sanidade da árvore e posição sociológica. Em cada subunidade foi

destinada uma subparcela de 5 m x 5 m (25 m²), localizada na extremidade da subunidade,

destinada ao levantamento da regeneração natural; foram registradas a espécie e a altura dos

indivíduos com DAP < 10 cm e altura ≥ 1,5 m.

Figura 1.9. Unidade Amostral em forma de conglomerado adotada pelo IFFSC para o

levantamento do componente arbustivo-arbóreo da Floresta Mista com Araucária.

57

Figura 1.10. Distribuição das 155 Unidades Amostrais do IFFSC nas regiões fitoecológicas

da Floresta Mista com Araucária e Campina.

1.3.4.3 Indicadores potenciais de naturalidade

Dentro da concepção de ecossistema de Noss (1990) os indicadores têm de

contemplar três componentes básicos: composição, estrutura e funcionalidade. Šaudytè et al.

(2005) propõe que ao avaliar a naturalidade temos que estar cientes dos principais

componentes de uma floresta.

Além destas premissas iniciais, segundo a revisão de McRoberts et al. (2012), os

indicadores devem produzir resultados consistentes, precisos e objetivos (SMITH e

THEBERGE 1987; LIIRA et al. 2007; UOTILA et al., 2012). Devem ser facilmente e

prontamente calculáveis a partir de dados disponíveis (BARTHA et al. 2006; LIIRA et al.

2007) e devem ser adequados para variadas escalas espaciais (BARTHA et al., 2006).

Devemos ainda considerar os diferentes fatores climáticos, geológicos e tradições regionais de

manejo nos quais as Unidades Amostrais do IFFSC estão inseridas; tais fatores podem ser um

empecilho na adoção ou criação de indicadores de naturalidade (LIIRA e SEPP, 2009).

Estes apontamentos remetem a um questionamento: O que se espera, em relação às

características e propriedades de uma floresta mais próxima do seu estado natural?

Elencando alguns pontos observados na literatura:

58

A diversidade de espécies em áreas conservadas pode ser superior quando comparada

com áreas menos conservadas (GIBSON et al., 2011; SEVEGNANI et al., 2013b).

Santos et al. (2008) observou que áreas bem conservadas da Floresta Atlântica

apresentaram o dobro da diversidade de espécies que fragmentos florestais com idade

de regeneração entre 5 e 65 anos;

Em relação à riqueza de espécies, Sevegnani et al. (2013a), baseados em

levantamentos históricos, afirmam que, para um remanescente de Floresta Mista com

Araucária conservado, o valor estaria em torno de 60 espécies arbóreas;

Leite (2002) aponta a A. angustifolia como uma espécie que imprime a fisionomia da

Floresta Mista com Araucária e Klein (1978) aponta espécies características como D.

sellowiana e indicadoras de formações mais específicas, como O. pulchella, O. porosa

e P. rigida.

Segundo Klein (1978), a estrutura vertical de uma Floresta Mista com Araucária

conservada apresenta um estrato emergente composto por A. angustifolia, um estrato

abaixo formado por angiospermas (geralmente lauráceas) e um estrato médio;

A distribuição de árvores em classes diamétricas de florestas conservadas apresenta

uma tendência em assumir uma distribuição exponencial negativa, ou J-invertido,

onde a frequência de árvores é alta para o lado esquerdo da média e baixa para o lado

direito da média (KUULUVAINEN et al., 1996; UOTILA et al., 2002);

A distribuição de frequências em classes diamétricas de A. angustifolia tende a possuir

assimetria à esquerda, segundo o modelo Losango de Ogden e Stewart (1995);

Florestas conservadas apresentam espécies de vários grupos ecológicos, com

predomínio de espécies mais exigentes em recursos ecológicos e tolerantes à sombra -

espécies caracterizadas como secundárias tardias e climácicas (FINEGAN, 1992);

A área basal e o estoque de biomassa em florestas mais conservadas tende a ser maior

do que em florestas perturbadas (D‟OLIVEIRA, et al., 2011; HUGHES et al., 1999);

A regeneração natural em florestas maduras e conservadas deve ocorrer

abundantemente, com a presença de espécies características de florestas desenvolvidas

(CHAZDON et al., 1998);

A necromassa é um componente importante da biodiversidade florestal, fornecendo

habitats para muitas espécies de fungos, briófitas e invertebrados (CHRISTENSEN et

al., 2005; ÓDOR et al., 2006), e também pode representar a história recente da

59

dinâmica florestal (STOKLAND, 2001). Logo, a presença deste componente em

ecossistemas florestais conservados é importante e é um indicador de biodiversidade;

A estrutura da paisagem é considerada muito importante nos diversos estudos que

contemplam a fragmentação de habitats. Ou seja, variáveis como relação

perímetro/área, heterogeneidade e conectividade estão relacionadas a componentes e

processos ecológicos como composição de espécies, abundância ou vitalidade (NOSS,

1990; PFEIFER et al., 2014).

Seguindo a busca por indicadores, realizamos uma revisão da literatura a respeito dos

indicadores de naturalidade utilizados. A tabela a seguir condensa as informações coletadas:

Tabela 1.4. Variáveis indicadoras de naturalidade descritas na literatura e sua disponibilidade

no conjunto de dados do IFFSC. Onde: S=disponível; N=não disponível.

Referência Natureza do

indicador Indicador

Disponível

no IFFSC

McRoberts

et al. (2012) Quantitativa

Assimetria da distribuição diamétrica (gdap)

Desvio padrão dos diâmetros (Sdap)

Diversidade - Índice de Shannon (H')

Estrutura vertical

S

S

S

S

Winter et al.

(2010)

Quantitativa,

Qualitativa

Necromassa

Conectividade dos remanescentes

Sanidade das árvores

Microhabitats

Árvores bifurcadas

S

S

S

N

S

Moravčík et

al. (2010) Quantitativa

Variáveis estruturais

Composição (riqueza e uniformidade)

S

S

Liira e Sepp

(2009) Quantitativa

Presença e ausência de distúrbios antrópicos

Índice de intensidade de manejo

Variáveis estruturais

S

N

S

Machado

(2004) Qualitativa

Aspectos e propriedades ecológicas

Influência antrópica

N

S

Šaudytè et

al. (2005)

Qualitativa,

Quantitativa

Aspectos estruturais

Composição de espécies

Influência de elementos antrópicos

S

S

S

Uotila et al.

(2002)

Quantitativa,

Qualitativa

Dados históricos sobre manejo

Dados históricos sobre incêndios

Sinais de manejo

Idade da floresta (dendrocronologia)

Estoque de volume

Distribuição diamétrica

S

N

S

N

S

S

60

A partir dos indicadores apresentados na tabela anterior realizamos uma triagem, de

acordo com a disponibilidade destes indicadores, ou seja, quais foram levantados ou podem

ser calculados a partir do banco de dados do IFFSC. Adicionamos a estes indicadores os que

julgamos como importantes e que não constam na literatura; os indicadores estão expressos na

Tabela 1.5.

Criamos duas categorias de indicadores: os descartados e os potenciais. Expomos e

discutimos as propriedades e características de cada um, e por fim, concluímos sobre a sua

relevância ou irrelevância ecológica, de acordo com os conhecimentos sobre ecologia florestal

e sobre a Floresta Mista com Araucária. Os indicadores descartados foram excluídos (a

priori) do repertório de alternativas. Nessa primeira apresentação dos indicadores potenciais

focamos apenas em descrever suas propriedades e potencialidades, e em sintetizar os que

estão ligados a elementos fundamentais do ecossistema.

Tabela 1.5. Indicadores de naturalidade potenciais acessados pelo IFFSC. * = Indicador

sugerido pelos autores do presente estudo.

Indicador de naturalidade Natureza Presente na literatura

Árvores bifurcadas Ecossistêmica Sim

Assimetria da distribuição diamétrica (gdap) Ecossistêmica Sim

Composição de espécies Ecossistêmica Sim

Desvio padrão dos diâmetros (Sdap) Ecossistêmica Sim

Diversidade de espécies Ecossistêmica Sim

Estoque de volume Ecossistêmica Sim

Estrutura de população de espécies* Ecossistêmica Não

Estrutura vertical (estratos) Ecossistêmica Sim

Necromassa Ecossistêmica Sim

Número de árvores velhas e (ou) grossas Ecossistêmica Sim

Regeneração natural Ecossistêmica Sim

Riqueza de espécies Ecossistêmica Sim

Sanidade das árvores Ecossistêmica Sim

Métricas de paisagem de remanescentes Hemerobia Sim

Presença e ausência de distúrbios antrópicos Hemerobia Sim

Histórico de manejo/exploração Hemerobia Sim

Indicadores de naturalidade descartados:

Estoque de volume:

Esta variável tem potencial para ser um bom indicador de naturalidade, porém, a

obtenção de dados do volume individual de árvores em um inventário em larga escala é

61

realizada através de modelos estatísticos, os quais adicionam um grau de incerteza nas

predições (McROBERTS e WESTFALL, 2014). No IFFSC as estimativas de volume foram

feitas através de modelos estatísticos (VIBRANS et al., em revisão), logo, a incerteza nos

valores estimados torna-se um obstáculo para a utilização desta variável como um indicador

(BREIDENBACH et al., 2014; McROBERTS et al., 2012).

Sanidade das árvores e árvores bifurcadas:

Esses dois indicadores estão estreitamente relacionados com o indicador microhabitat.

Segundo Winter e Möller (2008) e Michel e Winter (2009), as árvores vivas bifurcadas e a

perda de vitalidade das árvores são pré-requisitos para a formação de troncos mortos, os quais

podem formar importantes microhabitats. Apesar de o IFFSC ter coletado tais informações

sobre sanidade e bifurcação das árvores, não existem estudos relacionados a microhabitats

para a Floresta Mista com Araucária, dificultando a adoção destes indicadores em nosso

estudo.

Histórico de manejo/exploração:

Os indicadores relacionados ao histórico de manejo florestal, como os adotados nos

estudos citados, estão ligados à Europa, que há decênios pratica o manejo florestal (CHIRICI

et al., 2011; TOMPPO et al., 2010, LIIRA et al., 2007). No Brasil, a exploração teve um

caráter indiscriminado e descontrolado (DEAN, 1996); logo, possuímos poucas informações

precisas e fidedignas sobre o histórico de exploração de remanescentes florestais, o que torna

este indicador impossibilitado de ser utilizado.

Indicadores de naturalidade não descartados:

Assimetria da distribuição de diâmetros:

A assimetria (g) de uma distribuição de frequências é obtida pela raiz cúbica do

terceiro momento central da distribuição das observações (GOTELLI e ELLISON, 2011). Na

área florestal a assimetria pode descrever se a distribuição de frequências em classes

diâmétricas (gdap) de uma floresta é simétrica, ou não. Uma distribuição normal apresenta gdap

= 0. Já uma distribuição com gdap > 0 apresenta assimetria à direita; ou seja, possui uma cauda

de observações à direta da média. Um valor de gdap < 0 aponta assimetria à esquerda,

62

indicando uma cauda de observações à esquerda da média (BENDEL et al., 1989; SOUZA,

2009; WRIGHT et al., 2003).

Souza (2009) usou esse parâmetro com o intuito analisar a estrutura de populações de

A. angustifolia; McRoberts et al. (2008) utilizaram-o como uma medida de diversidade

estrutural e McRoberts et al. (2012) adotoram-o como um indicador de naturalidade para

florestas nativas dos Estados Unidos. Adaptando este indicador ao nosso contexto, as florestas

com maior naturalidade tendem a apresentar distribuições de diâmetros com assimetria à

direita (J-invertido, seguindo a distribuição convencional de uma floresta climácica), sendo

expressas por gdap > 0. A distribuição diamétrica da floresta pode apresentar um panorama do

processo dinâmico de sucessão ou de mortes, egressos e ingressos, visto que está relacionada

com o crescimento dos indivíduos em seus diversos estágios de vida, como observado por

Schaff et al. (2006a) em um período de 21 anos na Floresta Mista com Araucária.

Composição de espécies do estrato arbóreo:

A composição de espécies pode revelar o estágio de sucessão ecológica, o grau de

conservação, ou ainda o histórico de distúrbios ocorrentes em uma floresta, mediante a

avaliação dos hábitos e funções das espécies (CHAZDON et al., 1998; CHAZDON et al.,

2007; FINEGAN, 1996; IMAI et al., 2014; SIMINSKI, 2004).

Estrutura de população de espécies:

A distribuição de tamanho dos indivíduos de uma população é uma síntese dos

processos dinâmicos ao longo do tempo e, para a Floresta Mista com Araucária,

remanescentes que se encontram conservados podem ser caracterizados pela abundância de A.

angustifolia (BACKES, 2009). Pode-se considerar que a presença desta espécie é um

indicador do estado de conservação de remanescentes. As florestas mistas são caracterizadas

pela coexistência de angiospermas e gimnospermas e a estratégia de regeneração natural das

coníferas de grande porte é motivo de discussão, não estando a A. angustifolia à parte. Klein

(1960) considerou-a pioneira; outros autores (por exemplo, Soares [1979]) afirmaram que esta

depende de perturbações para se regenerar e outros afirmaram que ela regenera sem maiores

limitações em florestas fechadas (por exemplo, Seitz [1982]).

Apesar do comportamento de uma espécie poder variar conforme o processo

sucessional (DILLENBURG et al., 2009), nota-se que a A. angustifolia parece adequar-se ao

modelo Losango (OGDEN e STEWART, 1995), o qual foi proposto a partir de observações

63

da regeneração natural de coníferas de grande porte em florestas mistas da Nova Zelândia;

este modelo, é baseado em indícios que mostram que o recrutamento destas coníferas dentro

da floresta é reduzido, pois as angiospermas possuem vantagens competitivas. O modelo

sugere que as coníferas caracterizadas como pioneiras longevas dependem de perturbações na

floresta (por exemplo, clareiras) para se regenerarem, formando coortes que são seguidas por

coortes de angiospermas. Consequentemente, as coníferas acabam por imprimir a fisionomia

da vegetação, sendo grandes contribuintes nos componentes estruturais, porém, sua

regeneração é reduzida devido ao domínio das angiospermas nos estratos inferiores.

Souza (2009) estudou a estrutura de populações de A. angustifolia em remanescentes

de Floresta Mista com Araucária do estado do Rio Grande do Sul e confirmou as proposições

do modelo Losango. A assimetria da distribuição de diâmetros à esquerda, ou seja, gdap < 0

aponta, segundo o modelo Losango, que a população de A. angustifolia se encontra em um

estágio climácico, portanto, pode ser considerada um indicador de naturalidade para a

Floresta Mista com Araucária.

Desvio padrão dos diâmetros (Sdap):

As florestas do hemisfério Norte foram manejadas conscientemente por decênios, e as

práticas de manejo foram utilizadas para modelar a estrutura da floresta (BARTHA et al.,

2006). Como resultado, tais florestas tornaram-se estruturalmente homogêneas - maiores

valores de Sdap para estas florestas podem indicar uma maior naturalidade (McROBERTS et

al., 2012). Este indicador é utilizado pelos IFNs da Europa participantes da Ação COST E43 e

foi utilizado por McRoberts et al. (2008) e McRoberts et al. (2012) nos Estados Unidos. Este

indicador aplicado nas florestas subtropicais também pode gerar resultados ecologicamente

interpretáveis, porque a variabilidade de diâmetros remete à complexidade da estrutura da

vegação, a qual está intimamente relacionada com microhábitats e a biodiversidade

(BOUNGIORNO et al. 1994; McROBERTS et al. 2012; MICHEL e WINTER, 2009; NOSS,

1990; WINTER e MÖLLER, 2008).

Diversidade de espécies do estrato arbóreo:

A diversidade de espécies leva em consideração dois atributos: riqueza e equabilidade

(HILL, 1978; MELO, 2008). Por décadas, este aspecto vem sendo estudado (LANDE, 1996),

pois duas comunidades podem ter a mesma riqueza e o mesmo número de indivíduos, mas

podem possuir estruturas diferentes. Portanto, a combinação da riqueza e da distribuição

64

relativa das espécies (em um índice) torna-se mais interessante do que conhecer somente a

riqueza (HURLBERT, 1971).

Buckland et al. (2011) assumem que a diversidade de espécies é um atributo escencial

para o monitoramento da biodiversidade, e tal atributo vem sendo utilizado em estudos sobre

naturalidade (CHIRICI et al., 2011; McROBERTS et al., 2012). Gibson et al. (2011) e

Sevegnani et al. (2013b) afirmam que florestas mais conservadas possuem maior diversidade

de espécies, embora, Imai et al. (2014) e Maçaneiro et al. (manuscrito em preparação) não

concordam com os apontamentos dos autores citados anteriormente, diante da evidência que

florestas conservadas (que possuem espécies com alta abundância relativa) podem apresentar

menor diversidade que florestas alteradas que não possuem tais espécies, como, por exemplo,

Euterpe edulis Martius para Floresta Latifoliada Pluvial de Santa Catarina, ou Dicksonia

sellowiana para Floresta Mista com Araucária.

Estrutura vertical (estratos):

Florestas conservadas possuem uma organização estrutural vertical definida por

estratos de altura. Klein (1960, 1978) cita que o estrato superior da Floresta Mista com

Araucária (formado por A. angustifolia) atingia até 35 m de altura. A partir dos dados atuais

do IFFSC, Vibrans et al. (2013) afirmaram que a altura média do dossel é de 15 m e a altura

total média das árvores é de 10 m. Souza (2009) encontrou evidências estatísticas

significativas em relação aos apontamentos de Reitz e Klein (1966) e Klein (1978) em relação

ao comportamento emergente da A. angustifolia.

Métricas de paisagem de remanescentes:

A literatura aponta vários impactos causados pela área reduzida e a fragmentação de

florestas (BROADBENT et al., 2008; HADLEY e BETTS, 2012; PFEIFER et al., 2014).

Winter et al. (2010) segregaram áreas de florestas manejadas, áreas de borda e áreas core

como tendo diferentes graus de naturalidade. As bordas impõem condições ambientais e

biológicas diferentes das encontradas no interior de um fragmento; o efeito de borda pode

afetar a fenologia das espécies, interferindo nas interações planta-dispersor e reprodutivas

(REZNIK et al., 2012, LAURANCE et al., 2003; TABARELLI e PERES, 1999). A grande

variação em um gradiente pode alterar as propriedades microclimáticas do sub-bosque

próximas às bordas (POHLMAN et al., 2007), pode alterar a incidência de luz, temperatura,

65

umidade, taxa de decomposição da necromassa, riqueza de espécies e interações bióticas

borda-interior (MURCIA, 1995; SCHAADT, 2012).

Engel et al. (1998) e Jordão (2009) expõem o problema do desequilíbrio de populações

de lianas, as quais são muito beneficiadas pelas condições criadas por bordas. Jordão (2009)

apresenta o problema das lianas nas bordas das florestas do estado de São Paulo. Santos et al.

(2008) apresentam a erosão funcional em fragmentos de Floresta Pluvial Latifoliada na região

nordeste do Brasil.

Necromassa:

A necromassa é um importante componente da biodiversidade florestal (HARMON et

al., 1986; SAMUELSSON et al., 1994); diferentes quantidades de necromassa estão

relacionadas a diferentes graus de naturalidade (LAARMAN et al., 2009). Uotila et al. (2002)

adotou o critério presença/ausência para avaliar a naturalidade de florestas boreais na

Finlândia; Nilsson et al. (2002) se referem à proporções de árvores mortas e vivas. Outros

estudos que abordaram a necromassa podem ser encontrados em McRoberts et al. (2012).

Estudos sobre valores de referência de necromassa em florestas primárias ou com pouca

intervenção antrópica são numerosos na Europa (VANDEKERKHOVE et al., 2009), por

exemplo.

Entretanto, no Brasil, são escassos os estudos que determinaram quantidades de

necromassa em florestas mais e menos conservadas. As variáveis levantadas pelo IFFSC

referentes a este componente são: volume (m³.ha-1

), peso (Mg.ha-1

), carbono (Mg.ha-1

) e nível

de decomposição (três classes: material novo; decomposição inicial; decomposição

avançada). Mediante essa exposição, observamos que este componente apresenta relevância

ecológica e potencial de ser um indicador de naturalidade.

Número de árvores velhas e/ou grossas:

O número de árvores velhas e/ou grossas pode retratar o estado de conservação do

ecossistema; ele pode sugerir a magnitude de possíveis explorações feitas na floresta, além de

árvores de grande porte contribuirem para a diversidade estrutural e serem importantes fontes

de microhábits para diversos organismos (GUSTAFSSON, 2002; McCOMB et al., 2003;

MICHEL e WINTER, 2009; NILSSON et al., 2002; von OHEIMB et al., 2007).

66

Presença e ausência de distúrbios antrópicos:

Este indicador está relacionado à hemerobia e pode ser útil para indicar influências

antrópicas na floresta. O IFFSC levantou (em nível de Unidade Amostral) a ausência e a

presença de distúrbios antrópicos como roçada, exploração, presença de gado, entre outros

(Tabela 1.9). Apesar da discussão da utilização de tais variáveis como indicadores de

naturalidade em florestas do hemisfério Norte (CHIRICI et al., 2011; McROBERTS et al.,

2012), nós as consideramos potenciais para o contexto do Brasil, e mais especificamente para

Santa Catarina (de acordo com o Axioma 1 – tópico 1.3.3).

Regeneração natural:

A manutenção da composição de espécies de uma floresta, ou especificamente do

dossel, com o desenrolar da sucessão ecológica ou do tempo, depende dos indivíduos que

regeneram abaixo do dossel (RICHARDS, 1996; SWAINE e HALL, 1988). Meyer et al.

(2013), baseados nos dados coletados pelo IFFSC, concluíram que a regeneração natural da

Floresta Mista com Araucária abriga uma diversidade significativa e que metade das espécies

encontradas no estrato arbóreo foram encontradas na regeneração natural. Entretanto, a

regeneração natural encontra-se altamente perturbada em muitos remanescentes. O pastoreio,

certamente, é o maior perturbador da regeneração natural em Santa Catarina - Sampaio e

Guarino (2007) observaram que a densidade de plântulas de espécies arbóreas é menor em

remanescentes com maior intensidade de pastoreio quando comparado a remanescentes

expostos a uma menor intensidade de pastoreio.

Riqueza de espécies do estrato arbóreo:

É uma variável muito importante e utilizada dentro em investigações de biodiversidade

e conservação (BROOK et al., 2003; BROSE et al., 2003; MAY, 1988), porém sofre com

diferentes tamanhos amostrais, devido à não linearidade do aumento de indivíduos, além da

abundância relativa das espécies ser diferente (CHAO et al., 2014; COLWELL et al., 2012;

COLWELL e CODDINGTON, 1994). Por muitas vezes, a amostragem não reflete a real

riqueza, por conseguinte, a utilização de métodos de estimação da riqueza torna-se necessária

(CHAO et al., 2014; COLWELL e CODDINGTON, 1994; COLWELL et al., 2012;

MAGURRAM, 2004). Ainda, a riqueza de espécies não incorpora informações sobre a

abundância relativa das espécies, visto que considera todas as espécies da mesma forma (raras

e comuns). Apesar destas desvantagens é um indicador importante e passível de ser adotado.

67

1.3.4.4 Escolha dos indicadores de naturalidade

Este tópico tem uma característica peculiar, pois mesclamos aspectos metodológicos,

resultados e discussões acerca da escolha dos indicadores de naturalidade. Cada indicador é

tratado de maneira independente e, por fim, é apresentado um diagnóstico individual final

sobre a aceitação dos mesmos para a quantificação da naturalidade.

Julgamos que nem todas as Unidades Amostrais são passíveis de serem incluídas nas

análises apresentadas a seguir. Optamos por excluir as quatro Unidades Amostrais (UA165,

UA167, UA188 e UA214) implantadas em Nanofloresta Latitifoliada Nebular devido às

discussões em relação à sua independência das demais fitofisionomias florestais

(FALKENBERG e VOLTOLINI, 1995), além de ter sido pouco amostrada pelo IFFSC

(VIBRANS et al., 2012a).

Algumas das Unidades Amostrais complementares foram implantadas no mesmo

remanescente (fragmento) (Figura 1.11). Nesses casos, sorteamos uma Unidade Amostral para

representar o remanescente; foram excluídas seis delas (UA2001, UA3001, UA6002,

UA6003, UA7001 e UA7002).

Assim, das 155 Unidades Amostrais, serão consideradas 145 para as futuras análises.

A B

C

D

68

Figura 1.11. Unidades Amostarais complementares (UA) implantadas em um mesmo

remanescente. (A) UA – 7001, 7002 e 926; (B) UA – 3001 e 3002; (C) UA – 2001 e 2002;

(D) UA – 6003 e 6004; (E) UA – 6001 e 6002.

A partir dos apontamentos citados no primeiro e segundo parágrafos do tópico 1.3.4.3,

acerca das premissas para a escolha dos indicadores de naturalidade, definimos três critérios a

serem cumpridos na escolha:

critério A: relevância ecológica (estrutura, composição e função);

critério B: objetividade e consistência dos resultados;

critério C: passível de ser prontamente calculável.

Adicionamos, ainda, três níveis de cumprimento dos critérios:

i) totalmente satisfeito;

ii) parcialmente satisfeito;

iii) não satisfeito.

Consideramos que a premissa de Winter et al. (2010), de que os indicadores têm ser

passíveis de serem acomodados no contexto de um programa de monitoramento cíclico, já

está cumprida, visto que em futuros ciclos do IFFSC as informações coletadas serão as

mesmas, ou adicionais, conforme os requisitos do IFN-Brasil.

Para ser aceito, o indicador precisa satisfazer os três critérios na totalidade, ou um

deles apenas parcialmente.

Reforçamos que a naturalidade possui diferentes dimensões, e que indicadores

utilizados de forma combinada podem exprimir estas dimensões, gerando resultados

expressivos (McROBERTS et al., 2012; ŠAUDYTÈ et al., 2005; WINTER et al., 2010). Na

sequência, trataremos de cada um dos indicadores.

E

69

Composição de espécies do estrato arbóreo:

A composição de espécies pode ser um bom indicador de naturalidade; por exemplo,

Liira et al. (2007) associou a presença de determinadas espécies com a presença de ações

hemeróbicas na floresta. Do ponto de vista ecológico, cada espécie representa uma função

para a comunidade (por exemplo, Almeida-neto et al. [2008]; Munguía-Rosas et al. [2014]).

Um método de avaliar este componente é pelo grupo ecológico, ou tolerância à intensidade de

radiação solar (por exemplo, Imai et al. [2014]; Silva et al. [2003]). Porém, a falta de

informações quantitativas de referência para florestas conservadas, como, por exemplo, a

proporção de espécies pioneiras e tolerantes à sombra, torna este indicador limitado para

nossa aplicação. Outro fator limitante é a inconsistência das informações sobre a classificação

das espécies em grupos ecológicos, visto que esta classificação varia entre autores (por

exemplo, Reitz [1965]; Reitz et al. [1979]; Swaine e Withmore [1988]; Sevegnani [não

publicado]).

Diagnóstico final: - critério A: satisfeito

- critério B: satisfeito

- critério C: não satisfeito

Diversidade e riqueza de espécies do estrato arbóreo:

Trataremos desses dois indicadores de forma conjunta, porque são intimamente

relacionados.

Devido ao fato de que comparar a riqueza de espécies observada, ou seja, somente a

contagem das espécies encontradas em uma comunidade, pode gerar resultados ilusórios

(COLWELL et al., 2012; GOTELLI e COLWELL, 2001), geramos uma curva de acumulação

de espécies extrapolada baseada em amostras para cada Unidade Amostral, utilizando o

modelo-produto de Bernoulli (COLWELL et al., 2012), considerando as subparcelas (10 x 10

m) como amostras. Adotamos o método de extrapolação para contornar o fato de que algumas

Unidades Amostrais apresentaram um número baixo de árvores, o que reduz demasiadamente

o número comum de indivíduos no qual será extraída a riqueza estimada, para fins de

padronização de diferentes intensidades amostrais (COLWELL et al., 2004; GOTELLI e

COLWELL, 2001, 2011).

70

A riqueza estimada na amostra extrapolada, denotada como *)(~

tTSamostra onde T é a

amostra de referência (ou original) e t* é a porção extrapolada da amostra original (t* > 0), é

obtida pelo algoritmo:

01

10 ˆ

*exp1ˆ*)(

~

QQ

QtQStTS obsamostra

onde, Q1 é o número de espécies dectectadas em somente uma amostra (unique) e 0Q é o

número de espécies que não foram dectectadas na amostra T. Para Q2 (número de espécies

dectectadas em somente duas amostras - duplicates) > 0, 210 21²1ˆ QQTTQ .

Para Q2 = 0, 1211ˆ2110 QQQTTQ .

Adotamos um fator de extrapolação de dois, ou seja, o dobro da amostra de referência

(t*=T), segundo as recomendações de Chao et al. (2014).

O número mínimo de indivíduos encontrado foi de 58 (UA 301), logo, tornou-se o

número comum da extração dos valores de riqueza para as Unidades Amostrais. Nessa

perspectiva, correlacionamos a riqueza com a diversidade de espécies obtida pelos índices de

Simpson (1-D), calculado através do algoritmo não enviesado proposto por Lande (1996), e o

índice de Shannon (H’, MAGURRAM, 2004) para as 145 Unidades Amostrais. O primeiro

índice dá menor peso à riqueza de espécies e maior peso às espécies dominantes e o segundo

dá maior peso à riqueza e dá maior peso para as espécies comuns (BUCKLAND et al., 2005;

CHAO et al., 2014).

Encontramos uma correlação alta e significativa entre a riqueza e 1-D (r de

Spearman=-0,87; p <0,001) e H‟ (r de Pearson=-0,94; p <0,001); ambas as significâncias

foram obtidas pelo teste de Dutilleul (1993). Estas relações estão apresentadas na Figura 1.12.

A riqueza estimada para um número comum de indivíduos amostrados, se analisada

em outra pespectiva, pode ser considerada uma métrica de diversidade, pois, para dado

número de indivíduos amostrados obtem-se um número n de espécies; Imai et al. (2014)

adotaram essa ideia para determinar a diversidade de comunidades florestais. Esse fato é mais

um que explica a alta correlação entre diversidade e riqueza.

71

Figura 1.12. Relação entre os índices de diverside H‟ e 1-D com a riqueza de espécies,

calculados para as 145 Unidades Amostrais do IFFSC na Floresta Mista com Araucária.

A utilização da diversidade de espécies como um indicador traz à tona um

questionamento fundamental. Há um conflito entre naturalidade e diversidade que necessita

ser esclarecido. Tal conflito está relacionado a aspectos inerentes às comunidades florestais

que contêm uma espécie (ou mais de uma) que possuem alta abundância relativa. Ao se

aplicar um índice de diversidade tal como o 1-D ou o H’ para uma comunidade florestal

dominada por uma ou poucas espécies, se obteria um valor baixo para dado índice. Entretanto,

comunidades dominadas por poucas espécies podem ser resultado de processos naturais de

dispersão e ocupação (HUBBELL, 2001), de adaptações que essas espécies possuem

(PITMAN et al., 2001), de fatores ambientais (BAUERMANN e BEHLING, 2009; KLEIN,

1984), da sucessão ecológica (CHAZDON, 2009; KLEIN, 1960; VOLKOV et al., 2007) e da

competição interespecífica e por recursos (GOTELLI, 1999; McGILL et al., 2007).

Considerando tais comunidades, seria errôneo afirmar que por apresentarem baixa diversidade

são menos naturais que comunidades que apresentam valores altos em um índice de

diversidade.

Na Floresta Mista com Araucária, esse fato mostra-se presente nas diversas formações

descritas por Klein (1978). Klein (1960, 1966, 1978) descreve suas observações referentes aos

densos agrupamentos de A. angustifolia e Dicksonia sellowiana (GASPER et al., 2011;

y = 0.0954x + 0.9009 p < 0.05 R² = 0.87 r = 0.78 p < 0.001

y = -0.0009x2 + 0.0497x + 0.2862 p < 0.05 r = 0.60 p < 0.001

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

1.00

1.50

2.00

2.50

3.00

3.50

4.00

0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0

Índ

ice

de

Sim

pso

n (

1-D

)

Índ

ice

de

Sh

an

no

n (

H')

Riqueza de espécies

H'

1-D

72

MANTOVANI, 2004), e de espécies do gênero Ocotea, como O. porosa e O. pulchella

(KLEIN, 1966, 1978).

Este conflito entre naturalidade e diversidade foi observado nos dados coletados pelo

IFFSC. Para investigar essa hipótese, aplicamos dois procedimentos: i) calculamos a

abundância relativa (AR%) e a área basal relativa (AB%) das espécies A. angustifolia, D.

sellowiana, O. pulchella e O. porosa das 145 Unidade Amostrais; ii) correlacionamos a soma

da abundância e a área basal relativa (das quatro espécies) com os valores obtidos para os

índices de diversidade (1-D e H’).

A correlação entre AR% das quatro espécies e H’ foi de -0,74 (r de Pearson, p <

0,001), e para AB% foi de -0,74 (r de Pearson, p < 0,001). A correlação entre AR% das quatro

espécies e 1-D foi de -0,56 (r de Spearman, p < 0,001), e para AB% foi de -0,56 (r de

Spearman, p < 0,001).

Como densos agrupamentos das espécies citadas, principalmente de D. sellowiana,

podem estar relacionados a remanescentes conservados, descartamos a possibilidade da

utilização desses indicadores, corroborando as observações de Imai et al. (2014), os quais

consideraram que riqueza e diversidade não são bons indicadores do estado de conservação de

florestas mistas de dipterocarpáceas na Ásia.

Diagnóstico final: - critério A: parcialmente satisfeito

- critério B: parcialmente satisfeito

- critério C: satisfeito

73

y = -166.17x2 + 96.78x + 70.52 p < 0.01 R² = 0.55 r = -0.56 p < 0.001

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

80.0

90.0

100.0

0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80 0.90 1.00

Figura 1.13. Correlação negativa entre a soma da área basal relativa (A), e soma da

abundância relativa (B), de Araucaria angustifolia, Dicksonia sellowiana, Ocotea porosa e

Ocotea pulchella com os índices de diversidade Simpson e Shannon.

Estrutura de população de A. angustifolia:

Esse indicador mostra-se, teoricamente, muito interessante, entretanto, ao analisarmos

os dados do IFFSC, verificamos que sua aplicabilidade é limitada neste estudo. Das 145

Unidades Amostrais consideradas, 94 apresentaram indivíduos de A. angustifolia e 47,9%

apresentaram uma abundância maior que 10 indivíduos por Unidade Amostral. Julgamos que

10 indivíduos (na melhor hipótese) não são suficientes para a análise da estrutura da

população, de forma que Wright et al. (2003) e Souza (2009) sugerem que ao menos 25

indivíduos sejam considerados. Diante desses fatos, ficamos limitados para fazer inferências

y = -30.05x + 107.23 p < 0.01 R² = 0.52 r = - 0.74 p < 0.01

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

80.0

90.0

100.0

0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00

Áre

a b

asa

l R

ela

tiva

(%

)

y = -26.25x + 91.69 p < 0.01 R² = 0.54 r = - 0.74 p < 0.01

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

80.0

90.0

0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00

Ab

un

ncia

Rela

tiva

(%

)

Índice de Shannon (H')

B

A

y = -80.81x2 - 23.00x + 103.73 p < 0.01 R² = 0.63 r = -0.56 p < 0.001

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

80.0

90.0

0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80 0.90 1.00

Índice de Simpson (1-D)

74

sobre a estrutura de população da espécie para os remanescentes amostrados; por estas razões,

este indicador foi desconsiderado.

Diagnóstico final: - critério A: parcialmente satisfeito

- critério B: não satisfeito

- critério C: satisfeito

Estrutura vertical (estratos):

A estrutura vertical expressa uma dimensão da diversidade estrutural de uma

comunidade florestal, logo, torna-se um indicador importante (BUONGIORNO et al. 1994;

McROBERTS et al., 2008; POMMERENING, 2002; LÄHDE et al., 1999, VARGA e

KLINKA, 2001).

O primeiro obstáculo no uso deste indicador está no fato de que a altura total (ht) das

árvores amostradas pelo IFFSC foi estimada pelas equipes de campo, mediante medições

prévias com hipsômetro como referência. Não obstante esse fato, as médias de ht estimadas

mostraram-se estatisticamente equivalente às médias de ht medidas com hipsômetro (para

construção de modelos hipsométricos) pelo teste z (VIBRANS et al., no prelo). O primeiro

obstáculo pode ser considerado negligivel, porém, a dificuldade em adotar este estimador está

em como manipulá-lo numericamente, devido à falta de dados de florestas de referência.

Por ser frequentemente levantado por IFNs (CHIRICI et al., 2011), utilizamos a

Estrutura vertical como um critério na escolha das florestas de referência, adotando a proposta

de McRoberts et al. (2012). Estabelecemos três estratos de altura para cada Unidade

Amostral, seguindo os seguintes passos: i) calculamos a altura média de 5% dos indivíduos

mais altos e dividimos o valor obtido em terços; ii) cada indivíduo da Unidade Amostral é

atribuído a um dos três estratos.

Segundo a proposta de McRoberts et al. (2012), as Unidades Amostrais que

representam as florestas mais naturais apresentam os três estratos, e consequentemente,

indivíduos nos três estratos. No tópico 1.3.4.7 (Determinação e escolha das florestas de

referência) consta a aplicação deste indicador.

Diagnóstico final: - critério A: satisfeito

- critério B: satisfeito

- critério C: satisfeito

75

Estrutura diamétrica:

Devido às várias formas de como abordar esse indicador (Estrutura diamétrica),

subdividimos-o em quatro indicadores, os quais serão tratados de forma independente:

a) Assimetria da distribuição de diâmetros

Nossas investigações acerca deste indicador mostraram resultados interessantes.

Calculamos o gdap para seis Unidades Amostrais com número de indivíduos amostrados

variando de 296 a 308, e seis variando de 177 a 189 indivíduos amostrados. Chegamos à

conclusão de que não é possível utilizá-lo tal como McRorterts et al. (2012), os quais

relacionaram florestas mais naturais com maiores valores positivos de gdap. Percebemos que

os maiores valores de gdap nem sempre significam distribuições que reportam florestas

(tropicais ou subtropicais) mais conservadas, as quais tendem a apresentar uma distribuição

exponencial negativa. Mesmo em valores mais elevados de gdap notamos descontinuidades na

função exponencial negativa (por exemplo, Figura 1.14: UA 843 e UA 1056 e Figura 1.15:

UA 551), o que significa que alguma perturbação está sendo aplicada à comunidade florestal,

ou esta se encontra em estágios de sucessão marcados por espécies heliófitas, as quais são

caracterizadas por conter menos indivíduos nas classes menores de DAP (FINGEGAN, 1996).

A comunidade também pode estar em processo de substituição de espécies heliófitas para

espécies tolerantes à sombra (CHAZDON, 2008), como observado por Klein (1980, 1984)

para a Floresta Latifoliada Pluvial de Santa Catarina.

Comparamos, para exemplicar nossos apontamentos, a Unidade Amostral 843 e a

7002 (Figura 1.14); notamos que a 7002 apresenta uma característica esperada em uma

floresta subtropical mais natural, embora, possua menor valor de gdap que a 843.

Diagnóstico final: - critério A: parcialmente satisfeito

- critério B: parcialmente satisfeito

- critério C: satisfeito

76

Figura 1.14. Distribuições de diâmetros de seis Unidades Amostrais da Floresta Mista com

Araucária, com número de indivíduos amostrados variando de 296 a 308. Onde, g é o

coeficiente de assimetria da distribuição, significantemente diferente (p<0,01) da distribuição

normal pelo teste de D‟Agostino.

UA 843; g = 2,83

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

05

01

00

15

0UA 7002; g = 2,18

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

05

01

00

15

0

UA 5000; g = 1,59

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

02

06

01

00

UA 732; g = 1,39

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

02

06

01

00

UA 1056; g = 2,80

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

05

01

00

15

0

UA 456; g = 1,50

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

02

06

01

00

77

Figura 1.15. Distribuições de diâmetros de seis Unidades Amostrais da Floresta Mista com

Araucária, com número de indivíduos amostrados variando de 177 a 189. Onde, g é o

coeficiente de assimetria da distribuição, significantemente diferente (p<0,01) da distribuição

normal pelo teste de D‟Agostino.

UA 673; g = 0,84

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

02

04

06

08

0UA 894; g = 1,64

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

02

04

06

08

0

UA 3002; g = 1,29

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

02

04

06

08

0

UA 856; g = 1,45

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

02

04

06

08

0

UA 551; g = 2,12

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

02

04

06

08

0

UA 87; g = 0,91

DAP (cm)

ind

ivíd

uo

s

10 20 30 40 50 60 70 80

02

04

06

08

0

78

b) Ajuste à função exponencial negativa

A partir das constatações não favoráveis sobre o gdap, propomos avaliar o ajuste da

distribuição de diâmetros observada e a estimada pela função exponencial negativa (ZAR,

2010), através do modelo de Meyer (SCHNEIDER, 1993). A modelo é expresso por:

i1.x

0.eiN

onde Ni é a frequência observada para a i-ésima classe de diâmetro, xi é o centro da i-ésima

classe de diâmetro (cm) e ε é o resíduo aleatório com média 0.

Para o ajuste do modelo pelo método de mínimos quadrados, aplicamos a

transformação logarítmica (ln) na variável resposta e na preditora, logo, o modelo foi

reformulado (ou linearizado) para:

.x)ln()ln( i10 iN

onde n são os parâmetros a serem estimados.

Voltando à escala original, temos:

2

ˆ.xˆˆexpˆ

i10res

iN

onde iN é número de indivíduos estimado para a i-ésima classe de diâmetro, res é o erro

padrão residual calculado na escala ln-ln, e o termo 2

ˆ res compensa o viés da transformação

ln-ln para a escala original (BASKERVILLE, 1972).

Para avaliar o ajuste do modelo às distribuições observadas (Figura, 1.16) calculamos

a raiz do erro padrão residual (RMSE) na escala original, que é calculado por:

n

i

ii YYn

RMSE1

2)ˆ(1

onde iY é o valor predito, Yi é o valor observado e n é o número de observações (ou de classes

de DAP).

Diagnóstico final: - critério A: satisfeito

- critério B: satisfeito

- critério C: satisfeito

79

0

10

20

30

40

50

60

70

80

12.5 17.5 22.5 27.5 32.5 37.5 42.5 47.5 52.5

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

12.5 17.5 22.5 27.5 32.5 37.5 42.5 47.5 52.5

0

20

40

60

80

100

120

12.5 17.5 22.5 27.5 32.5 37.5 42.5 47.5 52.5 57.5 62.5

Centro da classe de DAP (cm)

Figura 1.16. Distribuições de árvores em classes de DAP (cm) observada e a predita pelo

modelo de Meyer. Os valores de RMSE representam o ajuste do modelo aos dados

observados.

0

10

20

30

40

50

60

12.5 17.5 22.5 27.5 32.5 37.5 42.5 47.5 52.5 57.5

Fre

qu

ên

cia

0

20

40

60

80

100

120

140

12.5 17.5 22.5 27.5 32.5 37.5

Fre

qu

ên

cia

0

10

20

30

40

50

60

70

12.5 17.5 22.5 27.5 32.5 37.5 42.5 47.5 52.5 57.5

Fre

qu

ên

cia

Centro da classe de DAP (cm)

UA 673; RMSE = 13,78 UA 87; RMSE = 4,78

UA 894; RMSE = 13,39 UA 856; RMSE = 23,07

UA 3002; RMSE = 3,07 UA 69; RMSE = 18,78

80

c) Desvio padrão dos diâmetros (Sdap)

O ajuste à função exponencial negativa por si só não é capaz de estimar toda a

naturalidade do componente estrutural relacionado à diversidade estrutural (neste caso a

estrutra horizontal - distribuição de diâmetros das árvores). O Desvio padrão dos diâmetros

(Sdap) leva em conta outra dimensão da diversidade estrutural, ou seja, da variabilidade de

tamanhos das árvores (estreita relação com a biodiversidade - Buongiorno et al. [1994];

COST [2006]; McRoberts et al. [2008]; Michel e Winer [2009]; Uotila et al. [2002]).

O Sdap é calculado por:

1

²)(1

_____

n

DAPDAPS

n

i i

dap

onde, DAPi é o diâmetro à altura do peito da i-ésima árvore, _____

DAP é a média da Unidade

Amostral e n é o número de árvores medidas na Unidade Amostral.

A Unidade Amostral 894 (Figura 1.16) apresenta uma situação interessante para

exemplificar o argumento recém lançado: possui um baixo valor para o RMSE, embora

apresente um valor baixo para o Sdap (4,86), indicando baixa variabilidade de DAP das árvores

e, consequentemente, menor diversidade estrutural, obviamente, quando comparada com

outras Unidades Amostrais.

Ao calcularmos o Sdap para as 145 Unidades Amostrais, observamos uma relação deste

com o DAP médio das mesmas (Figura 1.17), com correlação de Pearson forte e altamente

significativa (r=0,81; p<0,001 - obtido do teste t de Dutilleul [1993]), semelhante ao

encontrado por McRoberts et al. (2008). Empiricamente, sabemos que pode existir uma

tendência de florestas mais conservadas, com árvores mais velhas, apresentarem DAP médio

maior do que florestas menos conservadas. Sendo assim, existem evidências significativas de

que o Sdap possa expressar esta outra dimensão da naturalidade.

Diagnóstico final: - critério A: satisfeito

- critério B: satisfeito

- critério C: satisfeito

81

Figura 1.17. Desvio padrão do DAP (Sdap) vs. dap médio para as 145 Unidades Amostrais

consideradas. Crrelação de Pearson entre as variáveis: r=0,81 com p<0,001.

d) Número de árvores grossas

Propomos ainda, avaliar outra dimensão da estrutura horizontal, através da

quantificação de indivíduos mais “grossos” que a média. Para isso, transformamos o DAP de

cada árvore em um escore padronizado (ZAR, 2010), o qual é calculado por:

dap

ii

S

DAPDAPz

____

)(

onde, zi é o escore padronizado para a i-ésima árvore, DAPi é o diâmetro à altura do peito da i-

ésima árvore, _____

DAP é diâmetro à altura do peito médio da Unidade amostral, e Sdap é o desvio

padrão do diâmetro à altura do peito da Unidade amostral.

Definimos uma árvore grossa como um indivíduo que possui DAP igual ou superior a

três desvios-padrões da média da Unidade Amostral, ou seja, zi ≥ 3,0.

Suspeitávamos que o número de árvores grossas e o Sdap por Unidade Amostral

apresentassem uma correlação forte e positiva (Figura 1.18), entretanto, a correlação entre

esses dois indicadores mostrou-se negativa (correlação de Pearson, r=-0,25, p=0,002 - obtido

do teste t de Dutilleul [1993]). Tal fato aponta que esses indicadores estão relacionados com

dimensões diferentes da naturalidade.

y = 0.745x - 5.5027 r = 0.81 p <0.001

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0

Sd

ap d

as U

nid

ad

es A

mo

str

ais

DAP médio (cm) das Unidades Amostrais

82

Diagnóstico final: - critério A: satisfeito

- critério B: satisfeito

- critério C: satisfeito

Figura 1.18. Relação entre Sdap e número de árvores grossas para as 145 Unidades Amostrais

consideradas. Correlação de Pearson entre as variáveis: r=-0,25 (p=0,002).

Métricas de paisagem:

Apesar de que métricas de paisagem não são variáveis coletadas por equipes de campo

de IFNs, já mencionamos a importância deste atributo para as funções ecossistêmicas. Temos

acesso às métricas de paisagem dos remanescentes de Floresta Mista com Araucária de Santa

Catarina amostrados pelo IFFSC, calculados por Schaadt (2012), a saber, área do

remanescente (ha), área núcleo do remanescente (ha) (LANG e BLASCHKE, 2009) e razão

perímetro-área, dentre outras ligadas à forma e remanescentes vizinhos. Essas métricas foram

obtidas dentro de um buffer com raio de 2.800 m.

Com base na literatura já citada, consideraremos que quanto maior a área do

remanescente e a área núcleo, e menor a razão perímetro-área mais natural é o remanescente.

A razão perímetro-área funciona como um medidor de borda, ou seja, quanto menor o valor

deste atributo, menor a área de borda.

Construímos uma matriz contendo as Unidades Amostrais e suas respectivas métricas

e, visando sintetizar as três métricas em um componente, aplicamos uma Análise de

Componentes Principais baseada em transformação (tb-PCA). Aplicamos a transformação

y = -0.1627x + 11.774 p = 0.002

0

5

10

15

20

25

0 5 10 15 20 25 30

Sd

ap

(cm

) p

or

Un

ida

de

Am

ostr

al

N° de arvores grossas por Unidade Amostral

83

Box-Cox nos dados (OSBORNE, 2010), a fim de maximizar a relação linear entre as

variáveis. Testamos a significância dos eixos da tb-PCA por meio de 999 permutações de

Monte Carlo, sendo que o primeiro eixo se mostrou altamente significativo (p=0,001).

O processo de sintetização das três variáveis mostrou-se eficiente; o eixo 1 explicou

grande parte da variação dos dados (88,84%, Tabela 1.6), logo, temos uma componente

confiável. O indicador de naturalidade relacionado às métricas de paisagem é o escore

extraído do eixo 1 para cada Unidade Amostral.

Para exemplificar, consideramos as Unidades Amostrais 1013 e 336, as quais estão

posicionadas nos extremos do diagrama de ordenação da tb-PCA (Figura 1.19). Vemos que a

1013 possui maior área que a 336, em contrapartida, a 336 possui maior valor para a razão

perímetro-área (Figura 1.20); os escores destas são 1,84 e -5.31, respectivamente. Observando

a Tabela 1.7 e o diagrama de ordenação, vemos que as variáveis área do remanescente (ha) e

área núcleo do remanescente (ha) possuem peso positivo e a razão perímetro-área peso

negativo no componente criada (eixo 1). Logo, quanto menor o escore da Unidade amostral

menor sua área e maior a razão perímetro-área.

Diagnóstico final: - critério A: satisfeito

- critério B: satisfeito

- critério C: satisfeito

Tabela 1.6. Autovalores e variância explicada (%) de cada eixo da tb-PCA.*valor-p

significativo (α=0,05) após 999 permutações de Monte Carlo.

Eixo Autovalor Variância

explicada (%) p

1 2,66 88,84 0,001*

2 0,25 8,50 1,000

3 0,08 2,65 1,000

Tabela 1.7. Autovetores correspondentes a cada variável, somente para o eixo 1 da tb-PCA.

Variável Autovetor

Área do remanescente (ha) 0,574

Área núcleo do remanescente (ha) 0,596

Razão perímetro-área -0,562

84

Figura 1.19. Análise de componentes principais (tb-PCA) das métricas de paisagem, visando

a sintetização das mesmas em um único componente (eixo 1 da tb-PCA). RPA = razão

perímetro-área.

Figura 1.20. Remanescentes correspondentes às Unidades Amostrais 1013 (A) e a 336 (B)

com escores de 1,85 e -5,32 no eixo 1 da tb-PCA. Representação das métricas de paisagem

adotadas.

Necromassa:

O IFFSC levantou a necromassa por meio de dois transectos de 10 m de comprimento,

localizados no ponto central do conglomerado e dispostos em forma de cruz. Foi medido o

material com diâmetro maior que 1 cm (CARDOSO et al., 2012; VIBRANS et al., 2010).

Com o intuito de avaliar este indicador, observamos a variável peso (Mg.ha-1

) de

necromassa levantada pelo IFFSC. As demais variáveis (volume [m³.ha-1

], carbono [Mg.ha-1

]

e nível de decomposição [três classes: material novo; decomposição inicial; decomposição

A B

85

avançada]) não foram avaliadas pois, por serem derivadas do volume (equações em Cardoso

et al. [2012]), mostraram alta correlação com este (r de Spearman, p<0,05). Ao

correlacionarmos (r de Spearman, α=0,05) a variável peso de necromassa por Unidade

Amostral (dados representados na Figura 1.21) com suas respectivas variáveis estruturais do

estrato arbóreo, a saber, densidade (n.ha-1

), área basal (m².ha-1

), DAP médio (cm) e Riqueza

de espécies, observamos que esta possui correlação nula com as mesmas, exceto com a última

variável, que apesar de ser fraca, mostrou-se significativa (Tabela 1.8). Esses resultados nos

mostram evidências da estocasticidade dos pesos de necromassa nos remanescentes avaliados.

Tabela 1.8. Correlação de Spearman entre o peso de necromassa (Mg.ha-1

) observado por

Unidade Amostral e variáveis estruturais. *correlação significativa, adotando α=0,05.

Densidade

(n.ha-1

)

Área basal

(m².ha-1

)

DAP médio

(cm)

Riqueza de

espécies

Necromassa (Mg.ha-1

) -0,01 0,05 -0,01 0,25*

Figura 1.21. Histograma dos pesos (Mg.ha-1

) de necromassa (diâmetro > 1 cm) obtidos nas

Unidades Amostrais levantadas pelo IFFSC na Floresta Mista com Araucária.

Peso (Mg/ha)

de

Un

ida

de

s A

mo

str

ais

0 100 200 300 400 500 600 700

02

04

06

08

01

00

12

0

86

Apesar da importância ecológica da necromassa e da relação desta com a naturalidade

(CHIRICI et al., 2011; LAARMANN et al., 2009; WINTER et al., 2010), McRoberts et al.

(2012), observaram que os critérios adotados em relação à quantidade ou forma de

necromassa (por exemplo, troncos caídos, galhos, etc.) diferem entre estudos, tornando

obscuros os valores de referência. Ainda, de acordo com von Oheimb et al. (2007), a

produção de necromassa é influenciada por questões climáticas e de sítio. No Brasil,

levantamentos de necromassa ainda são raros e pouco explorados. Consequentemente, são

escassos os estudos que determinaram quantidades de necromassa em florestas mais

conservadas e não conservadas do Brasil. Os resultados obtidos, descritos anteriormente, não

nos fornecem embasamento para inferir sobre quais fatores predizem a produção de

necromassa, ou se esta tem ligação direta com a naturalidade dos remanescentes avaliados.

Embora o IFFSC tenha sido o primeiro a conduzir este levantamento no IFN do Brasil,

Cardoso et al. (2012) afirmam que a metodologia utilizada pelo IFFSC ainda precisa ser

aprimorada. Descartamos, também, a possibilidade levantada anteriormente de utilizar este

indicador na forma de presença e ausência.

Diagnóstico final: - critério A: parcialmente satisfeito

- critério B: não satisfeito

- critério C: satisfeito

Regeneração natural:

Propomos avaliar a regeneração natural dos remanescentes (Unidades Amostrais)

através de sua diversidade (sensu Hurlbert [1971]), já que a riqueza de espécies é

correlacionada com a diversidade. Consideramos os mesmos índices de diversidade avaliados

anteriormente, 1-D e H‟.

Constatamos uma resposta interessante do H‟ aplicado à regeneração natural. Em

comparação ao 1-D, o H‟ respondeu de forma mais eficiente à variação da riqueza de

espécies, conforme apresentamos na Figura 1.22. Nesta mesma figura, nota-se o caráter do 1-

D, o qual dá mais peso à uniformidade das abundâncias das espécies dominantes (CHAO et

al., 2014). Esse comportamento apresentado pelo H‟ nos assegura que ambas as dimensões da

diversidade serão bem relatadas. Sendo a regeneração natural um componente fundamental e

bastante afetado na Floresta Mista com Araucária, principalmente pelo pastoreio do gado,

consideramos este um indicador de naturalidade escencial.

87

Como certas Unidades Amostrais (UA456, UA673, UA723, UA845, UA887, UA939,

UA946 e UA4000) não apresentaram regeneração natural, atribuiremos a estas valor zero para

este indicador.

Diagnóstico final: - critério A: satisfeito

- critério B: satisfeito

- critério C: satisfeito

Figura 1.22. Compotamento dos índices de Shannon (A) e Simpson (B) em relação à riqueza

de espécies da regeneração da Floresta Mista com Araucária amostrada pelo IFFSC.

y = 0.8963ln(x) - 0.1045 R² = 0.8987 p < 0.05

0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

2.50

3.00

3.50

4.00

0 10 20 30 40 50

Índ

ice

de

Sh

an

no

n

y = 0.1713ln(x) + 0.4105 R² = 0.542 p < 0.05

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0 10 20 30 40 50

Índ

ice

de

Sim

pso

n (

1-D

)

Riqueza de espécies

A

B

88

Presença e ausência de distúrbios antrópicos:

Chirici et al. (2011) e McRoberts et al. (2012) fazem um apontamento interessante.

Eles afirmam que variáveis ligadas à hemerobia podem ser indicadoras de florestas

manejadas/alteradas, porém, podem não ser indicadoras de florestas mais naturais. Como já

apresentamos nossas reflexões sobre as influências antrópicas nas florestas de Santa Catarina

(sintetizadas no Axioma 1, presente no tópico 1.3.3 deste capítulo), consideramos que

perturbações antrópicas podem ser incluídas no processo de acesso à naturalidade.

Propomos um Índice Quantitativo de Hemerobia, tratado daqui em diante como IQH,

baseado na avaliação de variáveis qualitativas (ausência e presença) ligadas à hemerobia

levantadas pelo IFFSC em nível de Unidade Amostral (VIBRANS et al., 2009). Em campo, as

variáveis foram avaliadas de acordo com sua ausência e presença dentro dos limites da

Unidade Amostral. Iniciando a explanação do índice, consideramos, de forma arbitrária,

baseados em considerações já feitas sobre as principais ações perturbadoras/degradadoras

aplicadas à Floresta Mista com Araucária, pesos que vão de um a cinco para cada perturbação

(Tabela 1.9). Apesar da exploração da erva-mate ser uma atividade cultural e econômica, e

que incentiva proprietários rurais a manter a floresta nativa em pé, consideramos que as

atividades ligadas à exploração, como priorização da espécie (I. paraguariensis) no sub-

bosque, as roçadas, aberturas de estradas para acessar os remanescentes, dentre outras ações,

podem prejudicar processos ecossistêmicos importantes.

Tabela 1.9. Variáveis ligadas à hemerobia coletadas em campo pelo IFFSC e seus respectivos

pesos arbitrários.

Perturbação Ausência ou presença Peso

Roçada de sub-bosque 0 ou 1 5

Corte seletivo 0 ou 1 5

Corte raso 0 ou 1 5

Exploração de erva-mate 0 ou 1 3

Pastejo 0 ou 1 5

Caça 0 ou 1 2

Espécie exótica 0 ou 1 4

Estradas 0 ou 1 2

Sinais de fogo 0 ou 1 3

Quando todas as perturbações mostram-se presentes, temos uma hemerobia máxima

(algoritimo i), e quando todas as perturbações mostraram-se ausentes, temos uma hemerobia

mínima (algoritmo ii) (Figura 1.23).

89

Matematicamente, podemos expressar isto como:

onde Hmáx é o valor assumido pela hemerobia máxima, Hmín é o valor assumido pela

hemerobia mínima, p é a perturbação, np é o número total de perturbações, vppres é o valor

obtido pela presença de todas as perturbações multiplicadas pelo seus respectivos pesos e

vpaus é o valor obtido pela ausência de todas as perturbações multiplicadas pelo seus

respectivos pesos.

Para chegar no IQH escalado para o intervalo [0,1], aonde 0 represanta uma hemerobia

máxima (algoritmo iii) e 1 uma hemerobia mínima (algoritmo iv), temos:

Figura 1.23. Representação do Índice de quantitativo de hemerobia (IQH) baseado em

variáveis qualitativas levantadas em campo pelo IFFSC.

Na Tabela 1.10 apresentamos o caso de uma Unidade Amostral hipotética, com seus

respectivos valores para presença ou ausência de perturbações, onde o IQH apresenta valor

mínimo (0). Na Tabela 1.11 apresentamos outro caso hipotético, onde a Unidade Amostral

possui um valor de IQH intermediário.

0 1

Índice Quantitativo de Hemerobia

Baixa hemerobia

Alta hemerobia

01

máx

máxmáx

H

HIQH

11

máx

mínmín

H

HIQH

(iii)

341

pn

p

presmáx vpH

01

pn

p

ausmín vpH

(i)

(ii)

(iv)

90

Tabela 1.10. Representação do valor mínimo obtido para o Índice Quantitativo de

Hemerobia. Onde: P é o resultado da multiplicação do peso atribuído à perturbação por sua

ausência ou presença (0 ou 1); IQH* é o Índice Quantitativo de Hemerobia escalado para o

intervalo [0,1].

Perturbação Peso Ausência ou

presença P

Roçada de sub-bosque 5 1 5

Corte seletivo 5 1 5

Corte raso 5 1 5

Exploração de erva-mate 3 1 3

Pastejo 5 1 5

Caça 2 1 2

Espécie exótica 4 1 4

Estradas 2 1 2

Sinais de fogo 3 1 3

∑ - - 34

IQH* 0,0

Tabela 1.11. Situação hipotética para representação do Índice Quantitativo de Hemerobia.

Onde: P é o resultado da multiplicação do peso atribuído à perturbação por sua ausência ou

presença (0 ou 1); IQH* é o Índice Quantitativo de Hemerobia escalado para o intervalo [0,1].

Perturbação Peso Ausência ou

presença P

Roçada de sub-bosque 5 0 0

Corte seletivo 5 1 5

Corte raso 5 1 5

Exploração de erva-mate 3 0 0

Pastejo 5 0 0

Caça 2 0 0

Espécie exótica 4 1 4

Estradas 2 0 0

Sinais de fogo 3 1 3

∑ 34 - 17

IQH* 0,48

1.3.4.5 Considerações finais acerca dos indicadores de naturalidade

Na Tabela 1.12 trazemos um resumo sobre os indicadores aceitos e não aceitos; dos 13

indicadores considerados após a primeira triagem, seis foram aceitos. Como os indicadores

lidam com diferentes dimensões da naturalidade, McRoberts et al. (2012) sugerem que a

91

independência dos mesmos deve ser assegurada, para que, quando combinados em um

estimador único, este venha gerar resultadados robustos. Calculamos a correlação entre os

indicadores (Tabela 1.13), com significância avaliada pelo teste t corrigido proposto por

Dutilleul (1993). As correlações entre os indicadores mostraram-se fracas, com valores que

variaram de -0,35 até 0,24. Esse resultado nos mostra evidências de que os indicadores são

independentes e retratam diferentes dimensões da naturalidade. Em futuras referências os

indicadores aceitos serão tratados pela sua abreviação (Tabela 1.12).

Tabela 1.12. Resumo final dos indicadores de naturalidade descartados e adotados; *adotado

somente na triagem das florestas de referência.

Indicador de

naturalidade Método

Diagnóstico

final Abreviação

Ajuste à função

exponencial negativa Modelo de Meyer Aceito J-invertido

Assimetria da distribuição

de diâmetros gdap Não aceito -

Composição

de espécies Grupo ecológico Não aceito -

Desvio-padrão

dos diâmetros Sdap Aceito Sdap

Estrutura de população A.

angustifolia gdap Não aceito -

Estrutura

vertical Estratificação Aceito*

Estrutura

vertical

Diversidade do estrato

arbóreo H‟ e 1-D Não aceito -

Métricas de paisagem Escores tb-PCA Aceito Métricas de

paisagem

Necromassa Peso (Mg) Não aceito -

Árvores grossas Escore-z (dap) Aceito Árvores

grossas

Pres./aus. de distúrbios

antrópicos IQH Aceito IQH

Regeneração

natural Índice de Shannon Aceito

H‟ reg.

natural

Riqueza de espécies do

estrato arbóreo

Rarefação -

Extrapolação Não aceito -

92

Tabela 1.13. Correlação de Spearman entre os indicadores de naturalidade. Valor da

correlação na diagonal inferior e significância corrigida pelo teste t de Dutilleul (1993) na

diagonal superior, com α=0,05. *correlação significativa; **correlação altamente

significativa; ns = correlação não significativa.

Indicador J-invertido Sdap Árvores

grossas

Métricas de

paisagem IQH

H‟ reg.

natural

J-invertido 1 < 0.001 0.01 0.01 0.77 0.9

Sdap -0.35** 1 0.14 0.14 0.06 0.32

Árvores

grossas 0.24** 0.07

ns 1 0.93 0.09 0.21

Métricas de

paisagem 0.20** 0.07

ns -0.04

ns 1 0.02 0.16

IQH -0.02ns

-0.17ns

-0.12ns

-0.13* 1 0.92

H‟ reg.

natural 0.01

ns -0.15

ns 0.24

ns -0.11

ns 0.05

ns 1

1.3.4.6 Quantificação da naturalidade

A quantificação da naturalidade será baseada na distância conceitual entre uma dada

floresta mais alterada e uma floresta mais conservada, de maior (ou “máxima”) expressão

ecológica (LOIDI, 1994). Utilizaremos a distância euclidiana, conforme McRoberts et al.

(2012) e Chirici et al. (2011). A medida de distância irá determinar o grau de naturalidade

dos remanescentes florestais de Floresta Mista com Araucária em comparação com florestas

referenciais consideradas mais naturais.

A construção da medida de distância consiste nos seguintes processos:

(I) transformação dos indicadores de naturalidade;

(II) determinação de Florestas de referência teórica e de Florestas de referência

observadas;

(III) aplicação da medida de distância a todos os remanescentes amostrados pelo

IFFSC.

A seguir serão descritos os três processos:

I) Transformação dos indicadores: os indicadores de naturalidade serão escalados para o

intervalo [0,1] com o intuito de assumirem o mesmo peso, possibilitando a utilização deles em

conjunto. O valor “1” ou próximo a este expressa alta naturalidade na dimensão considerada

93

(sintetizada pelo indicador). Os passos a seguir trazem o processo de escalamento dos

indicadores:

Serão agrupadas as Unidades Amostrais com seus respectivos valores já calculados

para cada um dos seis indicadores;

Será calculada a média da proporção p=0,05 dos maiores valores para dado indicador;

Para cada Unidade Amostral serão geradas seis razões Rk, onde k é o indicador (k = 1,

2, ..., 6), obtidas pelo valor do indicador k divido pela média da proporção pk = 0,05

dos maiores valores obtidos. Tal procedimento pode ser expresso porp

ik

x

xR , onde

Rk ≤ 1, xi é o valor do indicador obtido para a i-ésima Unidade Amostral e é a

média dos maiores valores da proporção pk da i-ésima Unidade Amostral.

II) Determinação das Florestas de referência: dois tipos de Florestas de referência serão

considerados:

Floresta de referência teórica: é uma referência teórica (100% natural), a qual

apresenta valores máximos em todos os indicadores de naturalidade; é expressa pelo

vetor de valor máximo N (1, 1, 1, 1, 1, 1);

Floresta de referência observada: é uma referência real de naturalidade, a qual não

apresenta (necessariamente) indicadores com valores máximos. O processo de

quantificação da naturalidade deste tipo de referência consiste em:

A distância euclidiana (Nref) em um espaço multidimensional será calculada, com

número de dimensões definido pelo número de indicadores; considerando os indicadores

eleitos, temos um espaço com seis dimensões (R6). A distância do vetor gerado pelas seis

razões (Rk) até o vetor N (1, 1, 1, 1, 1, 1), será calculada pelo algoritmo:

onde Nref é a medida adimensional de naturalidade, Rk (k = 1, 2, ..., 6) é o indicador escalado

para o intervalo [0,1].

A distância euclidiana (Nref) do vetor (das razões) até o vetor de valor máximo indica o

grau de naturalidade das Florestas de referência observadas. Quanto menor o valor de Nref,

maior a naturalidade.

2

6

2

3

2

2

2

1 )1(....)1()1()1( RRRRNref

94

III) Aplicação da medida de distância aos remanescentes ordinários: este procedimento

consiste na aplicação da medida de distância euclidiana aos demais remanescentes. A

naturalidade de cada um dos remanescentes florestais ordinários será quantificada de duas

maneiras:

Abordagem A: Através da distância euclidiana dos indicadores até os indicadores

obtidos para a Floresta de referência teórica:

Abordagem B: Através da distância euclidiana dos indicadores até os indicadores

obtidos para as Florestas de referência observadas:

onde Rk é o indicador escalado calculado para a i-ésima Unidade Amostral e Rok (k = 1, 2, ...,

6) é o indicador escalado, obtido para a Floresta de referência observada.

1.3.4.7 Definição e escolha das florestas de referência

Definimos o conceito de floresta de referência como: remanescente florestal com

alta expressão ecológica localizado numa região pré-determinada, o qual apresenta

características esperadas numa floresta conservada sem influências antrópicas

degradadoras.

Como temos poucas florestas que atendem a definição acima e, numa perspectiva mais

rigorosa, não temos mais florestas completamente naturais e inafetadas por elementos

perturbadores, temos que considerar os remanescentes florestais mais naturais existentes

como se estivessem posicionados no extremo do gradiente de naturalidade. Em outras

palavras, estas florestas serão, teoricamente, consideradas 100% naturais (mediante uma

criteriosa triagem), mesmo podendo ser originárias da sucessão vegetal secundária8

(GIBBONS et al., 2008; LANDRES et al., 1998; McROBERTS et al., 2012; WINTER et al.,

2010). Os esquemas das Figuras 1.24 e 1.25 exemplificam graficamente a ideia. Na Figura

1.24, na situação "A", temos uma floresta 100% natural, sem distúrbios antrópicos; na

8 sensu Chokkalingam e De Jong (2001)

2

6

2

3

2

2

2

1 )1(....)1()1()1( RRRRNA

2

66

2

33

2

22

2

11 )(....)()()( RoRRoRRoRRoRNB

95

situação "B" temos uma floresta primária ou secundária que já sofreu alguma forma de

perturbação, porém, será considerada uma referência, com 100% de naturalidade.

Figura 1.24. Florestas de referência considerados 100% naturais dentro do gradiente de

naturalidade. Adaptado de Winter et al. (2010).

Figura 1.25. Floresta de referência situada no gradiente de naturalidade. O ponto sobre a

linha cinza representa uma floresta remanescente a qual se considera que seja “100% natural”.

Adaptado de Machado (2004).

Naturalidade

Hemerobia

100% 0%

0% 100%

Natureza

Influência antrópica

Naturalidade

Hemerobia

100% 0%

0% 100%

Natureza

Influência antrópica

A

B

96

Na literatura encontramos uma abordagem comum em relação às florestas de

referência – esta deve representar a floresta mais natural em relação às condições de

crescimento (elementos preditores), tais como clima, solo, elevação, aspectos florísticos,

dentre outros (WINTER, 2012).

Em florestas tropicais e subtropicais, um dos principais fatores que atuam nas

mudanças dos padrões de riqueza/composição de espécies é a heterogeneidade ambiental,

cujos efeitos podem estar relacionados às características climáticas, edáficas e espaciais

(BALDECK et al., 2013; EISENLOHR et al., 2013; JONES et al., 2011; OLIVEIRA-FILHO

et al., 2013; PENÃ-CLAROS et al., 2012; SANCHEZ et al., 2013; THUILLER, 2013).

Sabemos que o clima e o espaço influenciam na distribuição espécies em Santa

Catarina (GASPER et al., 2013; REZENDE, 2013; REZENDE et al., 2014), embora, o clima

do sul do Brasil, de uma maneira geral, é homogêneo (LEITE e KLEIN, 1990). Uhlmann et

al. (2013) levantaram uma hipótese de que os remanescentes de Floresta Mista com Araucária

de Santa Catarina são (atualmente) homogêneos floristicamente e estruturamente, em resposta

à exploração e degradação.

Para contornarmos o efeito das influências ambientais em nossas análises, seguimos

alguns procedimentos. Primeiramente, classificamos as Unidades Amostrais segundo o

sistema de classificação de Oliveira-Filho (2009), o qual permite a agregação de até cinco

atributos hierárquicos: regime climático (a), regime de renovação foliar (b), domínio térmico

(c), faixa altitudinal (d) e substrato (e). Conseguimos classificar os remanescentes nos

atributos b, c, e d. Os atributos b e c são os mesmos para os remanescentes - perenifólias e

subtropical, respectivamente; para o atributo d, 71 Unidades Amostrais foram classificadas

como inferomontanas e 74 como superomontanas. Não foi possível usar os atributos a e e

devido à falta de informações precisas.

Em busca de evidências estatísticas sobre a segregação dos grupos inferomontana e

superomontana, no que diz respeito a padrões estruturais da vegetação, aplicamos uma análise

de similaridade (ANOSIM; LEGENDRE e LEGENDRE, 1998) em uma matriz de abundância

de 354 espécies presentes nas Unidades Amostrais classificadas em um dos grupos. Adotamos

a medida de distância de Bray-Curtis, com 9999 permutações e α=0,05. O teste mostrou-se

significativo (R=0,099; p=0,0001), mostrando evidências para a segregação das faixas

altitudinais.

97

De forma complementar, visando ainda minimizar influências do ambiente,

agrupamos as Unidades Amostrais por bacias hidrográficas (Figura 1.26). Algumas bacias

hidrográficas apresentaram poucas Unidades Amostrais (de uma até duas): Rio Irani, Rio

Itapocu, Rio Peperi-Guaçú, Rio Tubarão e Rio Jacutinga. Devido a este fato, essas bacias

hidrográficas e, consequentemente, suas respectivas Unidades Amostrais serão agregadas às

bacias mais próximas (Tabela 1.14 e Figura 1.26 e 1.27). Assim, será eleita uma Unidade

Amostral referência para cada faixa altitudinal dentro de cada bacia hidrográfica

considerada.

Tabela 1.14. Bacias hidrográficas consideradas na quantificação de naturalidade e seus

respectivos números de Unidades Amostrais, classificadas conforme o atributo faixa

altitudinal de Oliveira-Filho (2009). As bacias com número pequeno de Unidades Amostrais

foram agregadas à bacia mais próxima.

Bacia

hidrográfica

Faixa altitudinal N° total

de UA

Agregada

Inferomontana Superomontana à bacia

Rio Canoas 15 22 37 -

Rio Canoinhas 5 3 8 -

Rio Chapecó 2 6 8 -

Rio das Antas 3 0 3 Rio Chapecó

Rio do Peixe 5 11 16 -

Rio Irani 1 1 2 Rio Chapecó

Rio Itajaí-açu 11 6 17 -

Rio Itapocú 0 1 1 Rio Negro

Rio Jacutinga 1 0 1 Rio Chapecó

Rio Negro 9 4 13 -

Rio Pelotas 9 10 19 -

Rio Peperi-Guaçú 1 0 1 Rio Chapecó

Rio Tijucas 3 1 4 Rio Itajaí-açu

Rio Timbó 5 8 13 -

Rio Tubarão 1 1 2 Rio Canoas

Σ 71 74 145 -

98

Figura 1.26. Unidades Amostrais (145) do IFFSC consideradas na quantificação da

naturalidade, classificadas conforme o sistema de Oliveira-Filho (2009) em relação à faixa

altitudinal, e segregadas por bacia hidrográfica.

Figura 1.27. Unidades Amostrais (145) do IFFSC consideradas na quantificação da

naturalidade, classificadas conforme o sistema de Oliveira-Filho (2009) em relação à faixa

altitudinal, e segregadas por bacia hidrográfica ou junção delas, conforme a Tabela 1.14.

99

A determinação final das florestas de referência observadas (Unidades Amostrais)

utilizará de parâmetros condicionais, os quais estão relacionados a aspectos inerentes à

naturalidade, e à hemerobia aplicada à floresta. O processo de determinação consistirá em

etapas de triagem das Unidades Amostrais, inspiradas em McRoberts et al. (2012):

Serão eliminadas as Unidades Amostrais com um ou mais indivíduos de espécie(s)

exótica(s);

Será avaliada a diversidade da estrutura vertical através do indicador Estrutura vertical

(descrito no tópico 1.3.4.4); a Unidade Amostral canditada deve conter pelo menos

10% do número total de indivíduos em cada um dos três estratos de altura;

Será feito um ranking das Unidades Amostrais com as menores distâncias Euclidianas

(Nref) ao vetor máximo (ou Floresta de referência teórica - tópico 1.3.4.6.);

Para ser selecionada, a Unidade Amostral terá de passar pelos dois primeiros critérios

de seleção; então, para a seleção final, será avaliada a Nref - as Unidades Amostrais

com menor valor serão selecionadas como referências;

Em casos de empate (Unidades Amostrais com mesmos valores para Nref) o valor final

da naturalidade (Nref*) será o resultado da soma de Nref com peso de 80% e do IQH

com peso de 20%: Nref* = Nref . (0,80) + IQH . (0,20).

1.4. CONCLUSÕES

Quatro conclusões podem ser tiradas desse capítulo: (i) o conceito de naturalidade

pôde ser coerentemente adaptado ao contexto histórico, social e ambiental da Floresta Mista

com Araucária do estado de Santa Catarina; (ii) os dados coletados pelo IFFSC são capazes de

fornecer informações para o desenvolvimento de vários indicadores de naturalidade; (iii) nem

todos os indicadores aparentemente relevantes estão relacionados com a naturalidade, ou por

questões “operacionais” não puderam ser adotados; (iv) a metodologia proposta para a

quantificação da naturalidade integrou várias dimensões desta em uma só medida.

1.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 2: QUANTIFICAÇÃO DA NATURALIDADE DOS REMANESCENTES

DE FLORESTA MISTA COM ARAUCÁRIA DE SANTA CATARINA

RESUMO

A naturalidade é um atributo que está relacionado ao grau em que algo é alterado do seu

estado original; ela pode ser quantificada através de um gradiente, que estende-se do menos

ao mais natural. A partir das duas abordagens de quantificação baseadas em distância

euclidiana (floresta de referência teórica e observada) propostas no primeiro capítulo deste

manuscrito, criamos dois Índices de naturalidade que vão do valor zero até um (naturalidade

mínima e máxima, respectivamente). Os Índices foram calculados para 145 remanescentes

(Unidade Amostrais) de Floresta Mista com Araucária amostrados pelo Inventário Florístico-

Florestal de Santa Catarina (IFFSC). A maioria dos remanescentes avaliados possui

naturalidade média (~0,50), levando em consideração a referência teórica (100% natural).

Quando comparados às florestas de referência observadas, os remanescentes apresentaram

valores em torno de 0,60. Ambos os Índices apresentaram resultados coerentes e que

corroboraram o conhecimento já existente sobre o estado de conservação (prejudicado) da

Floresta Mista com Araucária de Santa Catarina. Algumas das bacias hidrográficas avaliadas

mostraram-se menos naturais que a média e merecem atenção em futuras ações e políticas

ligadas à conservação, restauração e manejo. Diante dos resultados satisfatórios gerados pelos

Índices, a abordagem proposta tem potencial para ser adaptada aos diversos contextos

(ecológicos e sociais) das florestas nativas do Brasil. Os dados provenientes do Inventário

Florestal Nacional do Brasil (IFN-Brasil) são uma rica matéria prima para o desenvolvimento

de novos índices quantitativos de naturalidade. Assim, tais índices podem ser ferramentas

úteis para avaliação de remanescentes e, por conseguinte, podem ser utilizados em análises

multitemporais dentro do programa IFN-Brasil.

123

ABSTRACT

The naturalness is an atribute related to the degree to which something is changed from its

original state and it can be quantified through a gradient that range from the least to the most

natural. From the two quantification approaches based on Euclidean distance (theoretical and

observed reference forests) proposed in the first chapter of this manuscript, we created two

indexes of naturalness ranging from zero to one (minimal and maximum naturalness,

respectively). The indexes were calculated for 145 sample plots of the Forest and Floristic

Inventory of Santa Catarina in Mixed Needle-broadleaved Forest. Most forest remnants

presented an average naturalness (~0.50) when considering the theoretical reference (100%

natural). When forest remnants were compared to the observed reference forests they

presented naturalness values around 0.60. Both indexes showed consistent results that

corroborated the existing knowledge about the (degraded) condition of the Mixed Needle-

broadleaved Forest on Santa Catarina state. Some of the evaluated watersheds are less natural

than the average; therefore, they deserve attention in future actions and policies related to the

conservation, restoration and management. Given the satisfactory results generated by the

indexes, the proposed approach has potential for being adapted to different contexts

(ecological and social) Brazil‟s native forests. Data from Brazilian National Forest Inventory

(NFI-Brazil) are a rich resourse for the development of new quantitative naturalness indexes.

Thus, these indexes may be useful tools for assessing ecological integrity of native forests;

they can also be used for multi-temporal analysis on the NFI-Brazil program.

124

2.1. INTRODUÇÃO

A partir de dados coletados por Inventários Florestais Nacionais (IFNs, ou IFN, no

singular) pode-se quantificar a naturalidade de remanescentes florestais (CHIRICI et al. 2011,

2012; MARCHETTI, 2004; McROBERTS et al., 2012; EEA, 2014). Este atributo está

relacionado ao grau em que algo é alterado do seu estado original, e pode ser quantificado

através indicadores que sintetizam informações acerca de um eco(sistema) e das pressões

contrárias (antrópicas) aplicadas nele (LIRA e SEPP, 2009; WINTER et al., 2010; WINTER,

2012).

Diante desses fatos e da qualidade e abrangência dos dados coletados pelo Inventário

Florístico-Florestal de Santa Catarina (IFFSC) (VIBRANS et al., 2010), um estimador

quantitativo de naturalidade pode se tornar uma ferramenta inovadora, prática e efetiva na

identificação de remanescentes de alta relevância para a conservação (McROBERTS et al.,

2012). Não só áreas potenciais para conservação são relevantes - áreas com baixo grau de

conservação devem ser identificadas e tratadas (TABARELLI et al., 2010). Ainda, os

resultados obtidos em estudos de naturalidade podem auxiliar na formação de diretrizes para

políticas públicas envolvendo a conservação e o manejo das florestas nativas. Sabemos sobre

as peculiaridades ecológícas e sobre o grande potencial de uso das florestas nativas brasileiras

- a Floresta Mista com Araucária (OLIVEIRA-FILHO, 2009) de Santa Catarina, que é a

fitofisionomia considerada no presente estudo, possui espécies com grande potencial de uso e

contém alta biodiversidade (FONSECA et al., 2009).

Apesar dos muitos trabalhos que abordam esse atributo, existe a carência de uma

definição comum do conceito e de métodos de determinação/quantificação da naturalidade

(MACHADO, 2004; McROBERTS et al., 2012; WINTER, 2012). Poucos métodos explícitos

de quantificação foram propostos até o momento (McROBERTS et al., 2012; WINTER,

2012; EEA, 2014), de forma que estes autores incentivam a realização de estudos que tratem

da naturalidade e de formas de quantificá-la. A ausência de estudos que tratam do conceito na

América do Sul é outro fator que impulsiona a realização do presente estudo.

Diante deste contexto, os objetivos deste capítulo são: (i) aplicar a metodologia de

quantificação da naturalidade apresentada no primeiro capítulo desse manuscrito; (ii) escalar

a medida de naturalidade com o intuito de torná-la um índice de interpretação facilitada; (iii)

discutir sobre a metodologia e os resultados obtidos acerca dos Índices de naturalidade.

125

2.2. MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia proposta no primeiro capítulo desse manuscrito foi utilizada para

quantificar a naturalidade dos remanescentes de Floresta Mista com Araucária de Santa

Catarina amostrados pelo IFFSC.

A partir da medida baseada em distância euclidiana criamos dois Índices de

naturalidade, que são basicamente a medida escalada para o intervalo [0,1]. Os próximos

tópicos tratam dos procedimentos adotados para o escalamento da medida.

2.2.1. ESCALAMENTO DA MEDIDA DE NATURALIDADE

O procedimento de escalamento da medida de naturalidade tem a finalidade de torná-

la um índice de fácil interpretação. Conforme as duas abordagens propostas (tópico 1.3.4.6 do

capítulo 1), temos dois índices: (i) Índice de naturalidade, baseado na floresta de referência

teórica e (ii) Índice de naturalidade, baseado na floresta de referência observada. Daqui em

diante, tais índices serão chamados de Índice de naturalidade I e Índice de naturalidade II,

respectivamente.

2.2.1.1 Índice de naturalidade I

Ao aplicarmos a medida de quantificação da naturalidade apresentada no capítulo

anterior, verificamos que a distância Euclidiana máxima ao vetor máximo (1, 1, 1, 1, 1, 1) é

de 2,45. Logo, este valor representa um remanescente florestal com naturalidade mínima,

quando comparado à floresta de referência teórica. O primeiro procedimento de escalamento

das medidas para um intervalo [0,1] consiste na aplicação do algoritmo:

(i)

onde N é a medida de naturalidade escalada para o intervalo [0,1], a é o limite inferior do

intervalo (0), b é o limite superior do intervalo (1), xi é o valor de naturalidade para a i-ésima

Unidade Amostral, mín é a distância Euclidiana mínima (0) até a referência e máx é a

distância Euclidiana máxima (2,45) até a referência.

Finalizando o processo, a medida N será submetida à transformação:

onde Nfinal é a medida escalada, conforme a Figura 2.1.

amínmáx

mínxabN i

))((

NN final 1 (ii)

126

Agora, a medida mínima de naturalidade torna-se “0” e a máxima “1”, facilitanto a

interpretação.

Figura 2.1. Representação do Índice de naturalidade (gradiente) em sua forma final.

2.2.1.2 Índice de naturalidade II

O escalamento do Índice de naturalidade II para o intervalo [0,1] segue os mesmos

procedimentos do Índice I, porém, a distância máxima até a floresta de referência observada

varia, conforme a Tabela 2.1.

Tabela 2.1. Distâncias máximas até as florestas de referência de cada bacia hidrográfica,

utilizadas para o escalamento do Ìndice de naturalidade II para o intervalo [0,1].

Bacia hidrográfica Dist. máx. até a referência

Inferomontana Superomontana

Rio Pelotas 1,77 1,63

Rio Canoas 1,64 1,77

Rio Itajaí 1,76 1,72

Rio do Peixe 1,49 1,72

Rio Chapecó 1,83 1,76

Rio Canoinhas 1,51 1,80

Rio Timbó 1,65 1,66

Rio Negro 1,70 1,78

2.2.2. PADRÕES ESPACIAIS DE NATURALIDADE

Buscamos por padrões espaciais de naturalidade através de correlogramas

expressando o coeficiente I de Moran em classes de distância; avaliamos esses correlogramas

com base no nível de significância corrigido pelo método sequencial de Bonferroni (FORTIN

e DALE, 2005).

O Índice de naturalidade I não apresentou autocorrelação espacial, ou seja, não

existem padrões espaciais significativos (correlograma não significativo [Figura 2.2 - A];

0 1

edida de naturalidade

Alta naturalidade

Baixa naturalidade

Índice de naturalidade

127

p≥0,05). Apesar do correlograma gerado para o Índice de naturalidade II ter se mostrado

significativo (p<0,05), a autocorrelação espacial mostrou-se baixa, com I de Moran variando

entre -0,054 e 0,079 (Figura 2.2 - B).

Figura 2.2. Correlogramas espaciais relativos aos Índices de naturalidade aplicados à

Floresta Mista com Araucária de Santa Catarina. Onde: (A) Índice de naturalidade I –

correlograma não significativo (p≥0,05; corrigido pelo método sequencial de Bonferroni) e

(B) Índice de naturalidade II - correlograma significativo (p<0,05; corrigido pelo método

sequencial de Bonferroni).

128

2.3. RESULTADOS

2.3.1. INDICADORES DE NATURALIDADE

Considerando as 145 Unidades Amotrais do IFFSC na Floresta Mista com Araucária,

os indicadores de naturalidade com menor valor médio foram Árvores grossas (0,35) e IQH

(0,32), e os com maior valor foram J-invertido (0,65) e Métricas de paisagem (0,68) (Tabela

2.2). As distribuições de frequência dos valores dos indicadores mostraram-se diferenciadas

(Figura 2.3) - somente o Sdap e IQH apresentaram uma distribuição normal, de acordo com o

teste de Shapiro-Wilk (α=0,05). Os indicadores com distribuição de frequência mais

assimétrica à esquerda foram J-invertido (g=-1,54) e H‟ regeneração natural (g=-0,88). O

indicador H‟ regeneração natural apresentou a maior dispersão dos valores em torno da média

(desvio-padrao de 0,29), enquanto o Sdap mostrou a menor dispersão (desvio-padrao de 0,17).

A Tabela 2.3 e a Figura 2.4 apresentam os valores médios dos indicadores para as

bacias hidrográficas. A Tabela A, presente no apêndice desse manuscrito, traz o valor de cada

indicador para cada Unidade Amostral.

Tabela 2.2. Indicadores de naturalidade e seus valores médios obtidos para as 145 Unidades

Amostrais do IFFSC na Floresta Mista com Araucária. Onde: g = assimetria da distribuição

de frequências; p = valor-p associado ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk (α=0,05).

Indicador Média Desvio-padrão g p

Sdap 0,53 0,17 0,38 0,205

Árvores grossas 0,35 0,22 0,75 0,020

H' – Regeneração natural 0,61 0,29 -0,88 0,008

IQH 0,32 0,19 0,28 0,353

J-invertido 0,65 0,25 -1,54 < 0,001

Métricas de paisagem 0,68 0,21 -0,66 0,038

129

Tabela 2.3. Indicadores de naturalidade e seus valores médios para as bacias hidrográficas

consideradas.

Bacia

hidrográfica Sdap

Árvores

grossas

H' - Reg.

natural IQH J-invertido

Métricas

paisagem

Rio Canoas 0,46 0,34 0,66 0,38 0,65 0,62

Rio Canoinhas 0,50 0,34 0,46 0,25 0,79 0,74

Rio Chapecó 0,61 0,51 0,65 0,25 0,79 0,61

Rio do Peixe 0,57 0,38 0,58 0,29 0,82 0,65

Rio Itajaí 0,46 0,35 0,69 0,25 0,77 0,75

Rio Negro 0,64 0,28 0,57 0,31 0,79 0,66

Rio Pelotas 0,56 0,31 0,64 0,38 0,84 0,69

Rio Timbó 0,55 0,32 0,36 0,37 0,77 0,79

Figura 2.3 Histograma dos valores de cada indicador de naturalidade considerando 145

Unidades Amostrais do IFFSC na Floresta Mista com Araucária de Santa Catarina.

Árvores grossas

N°d

e U

nid

ad

es A

mo

str

ais

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

01

02

03

04

05

0

S dap

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

01

02

03

04

05

0

H' - regeneração natural

N°d

e U

nid

ad

es A

mo

str

ais

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

01

02

03

04

05

0

J-invertido

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

01

02

03

04

05

0

IQH

Valor do indicador

N°d

e U

nid

ad

es A

mo

str

ais

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

01

02

03

04

05

0

Métricas de paisagem

Valor do indicador

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

01

02

03

04

05

0

130

Figura 2.4. Valores médios dos indicadores de naturalidade por bacia hidrográfica. As barras

de erro expressam o desvio-padrão.

2.3.2. FLORESTAS DE REFERÊNCIA

Os remanescentes florestais mais naturais, segundo os critérios de triagem

estabelecidos, estão apresentados na Tabela 2.4, e suas localizações geográficas na Figura 2.5.

Seguindo a triagem proposta, duas Unidades Amostrais foram escolhidas para cada uma das

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

Va

lor

dio

do

in

dic

ad

or

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

Va

lor

dio

do

in

dic

ad

or

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

Va

lor

do

dio

do

in

dic

ad

or

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

Árvores grossas S dap

H’ regeneração natural J-invertido

IQH Métricas de paisagem

131

oito bacias hidrográficas, totalizando 16 florestas de referência. Das 145 Unidades Amostrais

consideradas, 134 passaram pelo primeiro critério da triagem (ausência de espécies exóticas),

e 133 passaram pelo segundo (pelo menos 10% das árvores em cada um dos três estratos de

altura).

Os valores do Índice de naturalidade I das florestas de referência variaram de 0,48 a

0,63, com média de 0,58 e desvio-padrão de 0,04. As bacias do Rio Canoinhas e Rio Timbó

apresentaram as florestas de referência com os menores valores para o Índice I: 0,50 e 0,48,

respectivamente (para a faixa altitudinal inferomontana). Das seis Unidades Amostrais

complementares consideradas, que supostamente foram alocadas em florestas mais

conservadas, somente duas tornaram-se florestas de referência.

Tabela 2.4. Florestas de referência e seus respectivos valores para os indicadores de

naturalidade. As faixas altududinais inferomontana e superomontana estão expressas,

respectivamente, como I e S sobrescritos ao número da Unidade Amostral; as Unidades

Amostrais complementares estão marcadas com asterisco (*).

UA Bacia

hidrográfica Sdap

Árvores

grossas

H' - Reg.

natural IQH J-invertido

Métricas

paisagem

Índic.

de nat. I

886I Rio Pelotas 0,41 0,37 0,95 0,59 0,80 0,97 0,60

113S Rio Pelotas 0,54 0,37 0,66 0,65 0,93 0,71 0,61

415I Rio Canoas 0,62 0,47 0,71 0,44 0,92 0,75 0,61

218S Rio Canoas 0,43 0,47 0,92 0,50 0,80 0,99 0,61

312I Rio Itajaí 0,58 0,56 0,94 0,29 0,93 0,78 0,61

856S Rio Itajaí 0,43 0,28 0,99 0,59 0,77 0,88 0,57

1063I Rio Negro 0,62 0,56 0,91 0,44 0,87 0,64 0,63

901S Rio Negro 0,75 0,84 0,74 0,06 0,88 0,74 0,57

2002I*

Rio Canoinhas 0,72 0,65 0,58 0,15 0,91 0,39 0,50

847S Rio Canoinhas 1,00 0,19 0,82 0,44 0,77 0,87 0,58

976I Rio Timbó 0,41 0,56 0,82 0,00 0,92 0,84 0,48

934S Rio Timbó 0,47 0,56 0,90 0,35 0,72 0,88 0,59

395I Rio do Peixe 0,46 0,47 0,76 0,44 0,82 0,57 0,56

555S Rio do Peixe 0,49 0,65 0,98 0,15 0,90 0,71 0,55

6001I*

Rio Chapecó 0,77 0,93 0,75 0,24 0,90 0,67 0,63

717S Rio Chapecó 0,50 1,00 0,70 0,35 0,72 0,84 0,62

Média 0,57 0,56 0,82 0,35 0,85 0,76 0,58

Desvio-padrão 0,17 0,22 0,13 0,19 0,08 0,15 0,04

132

Figura 2.5. Localização geográfica das 16 Unidades Amostrais consideradas como florestas

referência de naturalidade para a Floresta Mista com Araucária de Santa Catarina.

2.3.3. A NATURALIDADE QUANTIFICADA

Levando em consideração todos os remanescentes florestais considerados, o Índice de

naturalidade I (referência teórica) apresentou um valor médio de 0,47 com desvio-padrão de

0,09. De forma diferente da maioria dos indicadores, o Índice I apresentou uma distribuição

normal (p>0,05; Shapiro-Wilk), conforme a Figura 2.6 (A). O Índice de naturalidade II

(referência observada) apresentou um valor médio de 0,59 com desvio-padrão de 0,14;

diferentemente do Índice I, esse não apresentou uma distribuição normal (p<0,05; Shapiro-

Wilk), sendo esta assimétrica à esquerda com g=-0,30 (Figura 2.6, B). Apesar da aparente

diferença nas distribuições dos valores dos dois Índices, elas se mostraram equivalanentes de

acordo com o teste de Kolmogorov-Smirnov (D=0,30; p=0,67), adotando α=0,05.

Os valores dos Índices para cada uma das 145 Unidades Amostrais estão presentes na

Tabela A, que se encontra no apêndice desse manuscrito.

Ao analisarmos os valores de forma pontual, os do Índice II superaram os do Índice I,

pois as referências observadas são, obviamente, menos naturais que a referência teórica

(100% natural), diminuindo o valor da medida de distância. Essa tendência pôde ser

observada no gráfico de dispersão dos Índices (Figura 2.7), onde a maioria dos pontos

133

(Unidade Amostrais) ficou acima à reta identidade. Os poucos pontos abaixo da reta

identidade são explicados pelo fato de que, em poucos casos (7,6%), alguns dos indicadores

de naturalidade das Unidades Amostrais ordinárias aprensentaram valores maiores que os das

florestas de referência, influenciando no cômputo do valor da distância Euclidiana.

Figura 2.6. Distribuição de frequências dos valores para os Índices de naturalidade das

Unidades Amostrais consideradas – (A) Índice I; (B) Índice II; (C) Distribuição de

frequências dos Índices I e II consideramdo 129 Unidades Amostrais (sem florestas de

referências), com barras sobrepostas; as barras brancas representam o Índice I, as pretas o

Índice II e as cinzas a sobreposição das barras.

Índice de Naturalidade

de

Un

ida

de

s A

mo

str

ais

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

01

02

03

04

0

Índice de Naturalidade

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

01

02

03

04

0

Índice de Naturalidade

de U

nid

ades A

mostr

ais

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

010

20

30

40

A B

Índice de naturalidade I

de U

nid

ades

Am

ost

rais

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

010

20

30

40

Índice de naturalidade II

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

010

20

30

40

Índice de naturalidade I

de U

nid

ades

Am

ost

rais

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

010

20

30

40

Índice de naturalidade II

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

010

20

30

40

Índice de naturalidade I

de U

nid

ades

Am

ost

rais

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

010

20

30

40

Índice de naturalidade II

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

010

20

30

40

C

134

Figura 2.7. Índice de naturalidade I vs. Índice de naturalidade I. A linha mais espessa

representa a reta identidade.

Mudando o enfoque para as bacias hidrográficas, as com maior média de naturalidade

(Índice I) são as do Rio Pelotas (0,51) e Rio Chapecó (0,50); as demais variaram entre 0,44 e

0,48 (Tabela 2.5). Não houve evidências estatísticas de que as médias do Índice I (das bacias

hidrográficas) diferem entre si, pois os intervalos de confiança (IC), gerados pelo método

bootstrap com 9999 permutações e α=0,05, se sobrepuseram (Figura 2.8, A). Para o Índice II,

o IC gerado para bacia do Rio Canoinhas não se sobrepôs aos das demais bacias, exceto ao da

bacia do Rio Timbó; o IC gerado para a bacia do Rio Pelotas não se sobrepôs aos das bacias

do Rio Canoinhas e Rio Timbó (Figura 2.8, B).

Tabela 2.5. Valores médios por bacia hidrigráfica para os Índices de naturalidade I e II.

Bacia

hidrográfica

Índice de

naturalidade I

Desvio-

padrão

Índice de

naturalidade II

Desvio-

padrão

Rio Canoas 0,46 0,09 0,62 0,13

Rio Canoinhas 0,44 0,08 0,47 0,05

Rio Chapecó 0,50 0,08 0,57 0,11

Rio do Peixe 0,48 0,08 0,60 0,18

Rio Itajaí 0,46 0,09 0,62 0,17

Rio Negro 0,48 0,08 0,59 0,14

Rio Pelotas 0,51 0,09 0,66 0,10

Rio Timbó 0,44 0,08 0,46 0,14

Média 0,47 0,09 0,59 0.14

y = 1.359x - 0.031 R² = 0.56 r = 0.75 p < 0.001

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

0.20 0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80 0.90

Índ

ice

de

na

tura

lida

de

II

Índice de naturalidade I

135

Figura 2.8. Valores médios por bacia hidrográfica dos Índices de naturalidade I (A) e II (B).

As barras de erros expressam o intervalo de confiança gerado pelo método bootstrap com

9999 permutações e α=0,05.

2.3.3.1 Mapas temáticos de naturalidade

Dois mapas temáticos de naturalidade (Figuras 2.9 e 2.10) foram gerados, um para

cada Índice. Eles foram gerados pelo método de interpolação kriging, através do modelo

exponencial (semivariograma); a interpolação foi gerada utilizando 12 pontos amostrais mais

próximos.

Os mapas gerados para ambos os Índices concordam com os resultados já

aprensentados, onde as florestas menos naturais estão concentradas nas bacias do Rio

Canoinhas e Rio Timbó. Já as florestas mais naturais, considerando o Índice I estão

concentradas na bacia do Rio Pelotas e Chapecó. As florestais mais naturais de acordo com o

Índice II estão concentradas nas bacias do Rio Pelotas e Rio Canoas.

0.35

0.40

0.45

0.50

0.55

RioCanoas

RioCanoinhas

RioChapecó

Rio doPeixe

Rio Itajaí Rio Negro RioPelotas

Rio Timbó

Va

lor

dio

do

s Ín

dic

es d

e

na

tura

lida

de

I ±

I.C

.

Índice de naturalidade I

A

0.30

0.35

0.40

0.45

0.50

0.55

0.60

0.65

0.70

0.75

RioCanoas

RioCanoinhas

RioChapecó

Rio doPeixe

Rio Itajaí Rio Negro RioPelotas

Rio Timbó

Va

lor

dio

do

s Ín

dic

es d

e

na

tura

lida

de

II

± I

.C

Índice de naturalidade II

B

136

Figura 2.9. Mapa temático do Índice de naturalidade I (referência teórica) para a Floresta

Mista com Araucária, gerado a partir de interpolação (kriging), utilizando os valores de

naturalidade calculados para 145 Unidades Amostrais do IFFSC.

Figura 2.10. Mapa temático do Índice de naturalidade II (referência observada) para a

Floresta Mista com Araucária, gerado a partir de interpolação (kriging), utilizando os valores

de naturalidade calculados para 145 Unidades Amostrais do IFFSC.

137

2.4. DISCUSSÃO

2.4.1 OS ÍNDICES DE NATURALIDADE

A partir de dados coletados por IFNs, eleger indicadores quantitativos da naturalidade

de um sistema complexo como um ecossistema florestal constitui um grande desafio. Com

base na ilustração apresentada no presente estudo, alguns desses indicadores possuem

restrições no que diz respeito à metodologia de coleta (por exemplo, necromassa), outros em

relação à subjetividade das estimativas (por exemplo, estoque de volume). Além desses,

existem os que, à primeira vista, podem parecer indispensáveis (por exemplo, diversidade de

espécies), mas podem não estar relacionados à naturalidade. O fato de não possuírmos

florestas de referência (dados de referência) pré-estabelecidas dificulta a utilização de certos

indicadores (por exemplo, composição de espécies). Dos indicadores que restam, eles devem

satisfazer os pressupostos propostos pelos pesquisadores com experiência no tema

(McROBERTS et al., 2012; WINTER el al., 2010; WINTER, 2012).

Apesar da simplicidade da concepção dos Índices propostos, concretizamos uma

previsão de Chirici et al. (2011), os quais desenvoveram uma medida de naturalidade de

forma semelhante a nossa, adotando a distância Euclidiana, porém utilizando poucos

indicadores: “Even if the number and particular subindicators used change, the general

approach and the manner in which the data are aggregated to derive a complex naturalness

index have future potential for operational applications.”

Em termos operacionais, os procedimentos de cálculo dos indicadores e dos Índices

requeriram certo esforço computacional, entretanto, são totalmente passíveis de serem

calculados para dados de novos ciclos do IFFSC, com a finalidade de monitorar as florestas.

Os dados utilizados para a geração do indicador Métricas de paisagem não estão na lista

básica do IFN-Brasil (IFN-BRASIL, 2014), embora este possa ser facilmente calculado

mediante interpretação de imagens de sensoriamento remoto e das ferramentas de

geoprocessamento disponíveis atualmente.

Os resultados obtidos apontam que a medida de distância euclidiana sintetizou os

indicadores em um único valor de forma satisfatória, pois a distribuição normal dos valores

dos Índices I, com média em torno de 0,5, aponta um fato esperado – grande parte dos

remanescentes de Floresta Mista com Araucária de Santa Catarina apresenta naturalidade

mediana quando comparados a uma referência teórica (100% natural). Essa afirmação,

embora tenha traduzido o grau de conservação de uma maneira diferente dos métodos

138

habituais, concorda com conclusões já encontradas pelo IFFSC (SEVEGNANI et al., 2013;

VIBRANS et al., 2011). De fato, os resultados obtidos através dos Índices propostos remetem

à intensa exploração e alteração que outrora foram conduzidas (e continuam sendo

conduzidas) nessa fitofisionomia caracterizada pela Araucaria angustifolia (MÄHLER

JÚNIOR e LAROCCA, 2009; THOMÉ, 2010).

Segundo o Índice I, as florestas consideradas como referências mostraram-se com

naturalidade mediana (0,58), não muito acima da média geral (0,47). Esse resultado mostra

que os “melhores” remanescentes de hoje podem ser considerados descaracterizados e

simplificados quando comparados a uma referência 100% natural. Nessa perspectiva,

considerando agora o Índice II, observamos que em média os remanescentes ordinários são

mais próximos às florestas de referêcia observadas, como o esperado. Ambas as abordagens

de quantificação são úteis para o monitoramento e análises multitemporais, pois refletem dois

“padrões de qualidade” das florestas nativas.

2.4.2 UMA NOVA VISÃO SOBRE AS FLORESTAS NATIVAS

2.4.2.1 Observações acerca da naturalidade da Floresta Mista com Araucária

Das seis Unidades Amostrais complementares consideradas, três estão em unidades de

conservação (UC) - duas na FLONA de Três Barras e uma na Reserva Florestal

EMBRAPA/EPAGRI de Caçador. Somente uma destas Unidades Amostrais foi eleita como

floresta de referência, de acordo com nossa proposta de triagem. Nossa expectativa era de que

outras Unidades Amostrais em UC fossem eleitas como mais naturais. Algumas hipóteses são

levantadas: (i) que ocorreu exploração madeireira e de outros produtos nas UC, logo, essas

apresentam naturalidade não muito superior aos remanescentes fora de UC; (ii) as florestas

das UC estão em estágios de sucessão intermediários ou avançados; (iii) as UC ainda sofrem

exploração clandestina de madeira (e/ou outros produtos florestais) ou outras perturbações

antrópicas; (vi) os índices criados não representaram fielmente a naturalidade.

Chamamos a atenção para algumas bacias hidrográficas analisadas. As bacias dos Rios

Canoinhas e Timbó (planalto norte de Santa Catarina) apresentaram as menores médias para

os dois Índices de naturalidade. Isso mostra que estas bacias possuem florestas mais alteradas

e, assim, merecem atenção em políticas ligadas à conservação, restauração e manejo. Em

concordância com os resultados obtidos, o Projeto Microbacias 2, conduzido pela Fundação

do Meio Ambiente de Santa Catarina (FATMA), observou que essas bacias apresentam

139

florestas consideravelmente degradadas pela influência de atividades como a pecuária,

agricultura e silvicultura. Diante deste cenário, ações conservacionistas, fundamentadas em

um mecanismo de pagamento por serviços ambientais (PSA), foram formuladas e

implementadas. No ano de 2010 foram criados Corredores Ecológicos (CE) no estado: o CE

Chapecó e o CE Timbó (detalhes e histórico dos CE e do PSA em Alarcon et al. [2013]).

Levando em consideração certos fatos históricos, observamos que estes podem ter

contribuído para a atual situação concernente à menor naturalidade das florestas do planalto

norte e de partes da bacia do Rio Canoas. Os “tropeiros” conduziam as manadas de gado e

mulas dos campos do Rio Grande do Sul para o comércio em Sorocaba (THOMÉ, 2012). O

principal caminho das tropas passava pela região do planalto norte de Santa Catarina, assim

como nos campos da região de Lages (Figura 2.11). Em consequência da atividade, realizada

por pelo menos 200 anos, Thomé (2012) afirma:

“Nas invernadas, durante os descansos das tropas, a paisagem natural

do Espaço Livre do Contestado reteve muitos tropeiros paulistas e

paranaenses, que aqui se estabeleceram ao longo dos caminhos, os

pousos foram dando origem a currais, fazendas e povoados”.

“Fixando-se, promoviam o aparecimento de núcleos populacionais e,

assim, no decorrer do tempo, fizeram surgir as primeiras povoações,

mais tarde vilas, no Espaço Livre do Contestado. [...] Muitos dos ex-

tropeiros, agora novos fazendeiros, seguindo tradições familiares,

lançaram-se à criação de gado bovino, oportunizando emprego para

outros tipos de homens: o peão, especializado nas lidas campeiras com

o gado vacum; o mateiro, profundo conhecedor das matas e

explorador dos ervais; e, o roceiro, o plantador de cereais [...]”

A construção da ferrovia que liga a região Sudeste a Sul (do Brasil), de Itararé (SP) até

Santa Maria (RS) (Figura 2.11), entre os anos de 1907 e 1910 e.c., desempenhou um papel

fundamental na colonização e exploração das florestas nativas de Santa Catarina. A empresa

Southern Brazil Lumber and Colonization Company, conhecida popularmente como Lumber,

subsidiou a Brazil Railway Company (construtora da ferrovia) e recebeu uma concessão para

explorar a madeira (e a erva-mate) dos terrenos que margeavam a linha principal da estrada de

ferro. Esta concessão, juntamente com a inovadora tecnologia de exploração e processamento

da madeira, tornou a Lumber a maior madeireira da América do Sul (GOULARTI FIHLO,

140

2009; TOMPOROSKI, 2006). Goularti Filho (2009) acrescenta que não só a Lumber extraia a

madeira das florestas catarinenses:

“As primeiras pequenas serrarias, de propriedade dos colonos

imigrantes, que inicialmente se instalaram como comerciantes,

transformaram-se mais tarde em industriais”.

A construção da linha São Francisco que segue até Porto União (Ramal Porto União -

São Francisco do Sul), construída entre 1906 e 1917 e.c., e sua integração com Tronco Sul da

Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (Figura 2.11), que segue de Mafra até Lages,

construída entre 1961 a 1968, também acelerou o processo de crescimento

econômico/populacional e a exploração dos recursos naturais (GOULARTI FIHLO, 2009).

Figura 2.11. Representação das ferrovias construídas no início e meados do século XX e do

caminho dos tropeiros. Onde, tracejado amarelo: ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul;

tracejado vermelho: Ramal Porto União-São Francisco e Tronco Sul; tracejado azul: caminho

dos tropeiros.

Outro fator pode estar ligado à naturalidade; existem evidências de que a quantidade

(e o tipo) de rodovias estão relacionados ao grau de alteração das florestas nativas, inclusive

Lages

Vacaria

Sorocaba

Lapa

Três Barras

Itararé

Santa Maria

S. Fco. do Sul

141

em UC (FREITAS et al., 2013). Duas importantes rodovias passam pelo planalto norte de

Santa Catarina: a BR 116 e a BR 280. Três rodovias consideravelmente trafegadas passam

pela bacia do Rio Canoas: a BR 470, a BR 282 e a BR 116. Segundo Goularti Filho (2009), a

partir da década de 1960 (já na “era rodoviária”), a pavimentação dessas rodovias auxiliou a

distribuição dos produtos provenientes da agricultura e da pecuária para diversas regiões (e

para os portos) do estado.

Atividades (em ascenção) na bacia do Rio Canoas devem ser consideradas e,

possivelmente, são inversamente correlacionadas à naturalidade dos remanescentes de

Floresta Mista com Araucária: a agricultura mecanizada de grãos na primavera/verão aliada à

pecuária no outono/inverno. Estas atividades estão tornando-se lucrativas e vem substituindo

os investimentos em plantios florestais de espécies do gênero Pinus e Eucalyptus, que outrora

foram incentivados pelo governo do país (BREPOHL, 1980). Não obstante a este fato

(esfriamento do setor florestal), os plantios florestais ainda cobrem grande porção da bacia,

devido à alta demanda das empresas de papel e celulose, aliado a alta taxa de incremento (em

volume de madeira) das espécies de Pinus e Eucalyptus na região.

Resultados que despertam atenção são, também, os referentes aos indicadores Árvores

grossas e IQH. Ambos apresentaram valores médios baixos (~0,30), mostrando que grande

parte dos remanescentes avaliados possui poucas árvores velhas, o que é, provavelmente,

consequência da exploração madeireira intensiva (décadas passadas) e seletiva (dias atuais).

Além dessa “marca” deixada pela exploração, observamos que muitas atividades antrópicas

estão atualmente presentes nas florestas. Apesar de não podermos quantificar precisamente as

influências das atividades antrópicas na vegetação, ao adotarmos uma posição conservadora

em relação a tais atividades, alertamos sobre esse fato.

Como procederemos diante destas situações? Sabemos da burocracia do sistema

político e legislativo do Brasil, sendo que informações preciosas sobre as florestas, as quais

são levantadas com recursos públicos (em sua maioria), retornam vagarosamente de forma

concreta à sociedade e à própria floresta. Entretanto, respostas a essa indagação foram

apresentadas nas Diretrizes para a Política Florestal Catarinense9, a qual propõe diversas

medidas para conservação e utilização dos recursos florestais nativos de Santa Catarina, como

o incentivo ao manejo de florestas secundárias e a implantação de um serviço de extensão

florestal. Embora tal documento tenha sido elaborado antes da publicação da abordagem do

9 Dispoível em:

<http://ciram.epagri.sc.gov.br/ciram_arquivos/arquivos/iff/pdf/diretrizes_gt_pefsc_dez_2013.

pdf>

142

conceito de naturalidade para a Floresta Mista com Araucária catarinense, acreditamos que

esta irá contribuir para a manutenção das propostas e na parte de monitoramento

multitemporal dos remanescentes florestais.

2.4.2.2 Alternativa para a análise de remanescentes florestais

É certo que o conceito de naturalidade traz uma nova maneira de lidar com o espectro

ecológico e ambiental concernente às florestas nativas do Brasil. Ela pode ser uma ferramenta

alternativa em situações que, por vezes, certos métodos ou abordagens podem não gerar

resultados satisfatórios. Inspirados pelos apontamentos de Magurram e Queiroz (2010),

apresentamos três situações onde o conceito pode contribuir ou vir a ser um método

alternativo:

(i) A classificação de remanescentes florestais em estágios de sucessão é um dos paradigmas

atuais acerca das florestas nativas (SIMINSKI et al., 2013). Existem estudos que trazem novas

abordagens para a classificação (ZANINI et al., 2014), porém, o problema está na aplicação

de resoluções (como a do CONAMA) para classificação de estágios de sucessão.

Empiricamente, sabemos que os parâmetros sugeridos por essas resoluções podem não ser

adequados para classificar coerentemente remanescentes florestais em estágios de sucessão

ecológica. Existe a possibilidade, por exemplo, de: (a) criar informações de referência de

naturalidade e relacioná-los com estágios de sucessão ecológica; (b) criar classes de

naturalidade compatíveis com os estágios de sucessão ecológica; (c) usar uma medida de

distância (como a utilizada nesse estudo) entre dada vegetação que se deseja classificar em

um estágio de sucessão até uma vegetação climácica – assim, criariam-se classes de distância,

as quais seriam relacionadas com estágios de sucessão ecológica.

(ii) Mostramos evidências de que a diversidade de espécies pode gerar resultados precipitados

quando é adotada como descritor do estado de conservação de remanescentes; Maçaneiro et

al. (manuscrito em preparação) e Imai et al. (2014) chegaram à conclusões semelhantes. A

utilização deste parâmetro não deveria ser aplicada sem ser justificada. Portanto, é prudente

utilizar métodos mais abrangentes quando o objetivo é retratar o estado de conservação de

florestas que possuem espécies dominantes.

(iii) A utilização do conceito de naturalidade tem serventia e potencial para auxiliar na

compreensão da interação homem-natureza, pelo fato de poder incluir o fator hemerobia

143

(WINTER, 2012). As visões acerca dessa interação estão ligadas a uma perspectiva

biocêntrica e antropocêntrica (HUNTER et al., 2014). Na ilustração do presente estudo

concatenaram-se as duas perspectivas. Como o conceito de hemerobia pode ser adotado em

diversas escalas espaciais (BARTHA et al., 2006), existe a possibilidade da criação de índices

(ou estimadores) específicos, respondendo a demanda atual de informações e respostas sobre

as florestas nativas.

2.4.3 PERSPECTIVAS PARA O USO DO CONCEITO DE NATURALIDADE

A naturalidade é um atributo considerado por muitos IFNs da Europa como descritor

do estado de conservação, resiliência e estabilidade de ecossistemas florestais (CHIRICI et al.

2011; EEA, 2014). Diante da novidade do conceito no Brasil, e também por Santa Catarina

ser o primeiro estado a realizar o primeiro ciclo de levantamento de dados dentro do programa

IFN-Brasil, esperamos que nossa abordagem ecológica e filosófica do conceito (adaptada para

a realidade histórica, social e ambiental do Brasil) abra novas perspectivas para a análise

integrada de dados dendrométricos e de perturbações antrópicas.

Tomando por base o exemplo europeu, o qual vem desenvolvendo metodologias de

acesso à naturalidade a partir de dados de IFNs e de sensores remotos (EEA, 2014), existe a

possibilidade de nosso estudo ser um piloto, para que futuramente, o conceito seja integrado

ao programa IFN-Brasil. Apostamos na utilização da arborgem proposta em variadas escalas

espaciais e para outras fitofisionomias do Brasil, utilizando dados do IFN-Brasil, com o

intuito de aprofundar as análises e diagnósticos sobre o estado de conservação das florestas.

Uma das vantagens dessa abordagem é a possibilidade da harmonização dos Índices

(ou estimadores) gerados, objetivando comparações entre estados, dentro dum programa de

IFN, por exemplo. A compatibilidade entre definições, conceitos e estimativas geradas por um

IFN pode ser atingida pela harmonização. O processo de harmonização busca por um acordo

sobre como os dados podem ser convertidos para atender a uma definição harmonizada,

tornando possível a geração de estimativas harmonizadas de variáveis dendrométricas, por

exemplo (EEA, 2014; KÖHL et al., 2000; McROBERTS et al., 2009, 2012).

Outro exemplo de abordagem muitidimensional quantitativa é o Índice de

Sustentabilidade Florestal (Forest Sustainability Index) criado pelo Serviço Florestal da

Coréia do Sul (KOREA FOREST SERVICE, 2009). Esse índice tem um caráter quantitativo e

funciona como um estimador (global) da sustentabilidade florestal, levando em conta aspectos

físicos, ecológicos, sociais e econômicos, em nível local e nacional. Dezenove indicadores são

144

utilizados em conjunto para o cálculo do valor final. Certas ações contidas na política florestal

da Coréia do Sul estão voltadas para recuperar florestas que apresentam valores baixos para o

Índice de Sustentabilidade Florestal. Quando ocorre um declínio nos valores dos índices, a

politica florestal também prevê o desenvolvimento de contraplanos que visam recuperar o

índice.

Na área científica, relacionada às florestas, esperamos contribuir com a vertente de

pesquisadores que se dedicam ao conceito (naturalidade), pois, em nosso conhecimento, não

existem estudos referentes à aplicação do conceito em florestas subtropicais com propriedades

ecológicas muito diferentes das florestas temperadas e boreais do hemisfério Norte.

2.5. CONCLUSÕES

A partir da ilustração apresentada neste capítulo, cinco conclusões podem ser tiradas:

(i) os Índices de naturalidade apresentaram resultados coerentes e que corroboraram o

conhecimento prévio sobre o estado de conservação da Floresta Mista com Araucária de Santa

Catarina; (ii) a maior parte dos remanescentes avaliados possui naturalidade média, levando

em consideração a referência teórica (100% natural); (iii) os dois Índices desenvolvidos

trazem duas abordagens de quantificação da naturalidade (referências teóricas e observadas),

as quais podem ser úteis para questões relativas ao monitoramento de remanescentes florestais

em larga escala; (iv) a abordagem proposta para a quantificação da naturalidade tem potencial

para ser aplicada no contexto do IFN-Brasil; (v) existem possibilidades da criação de Índices

de naturalidade harmonizados para fitofisinomias inteiras ou regiões específicas do Brasil.

2.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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146

APÊNDICE

Tabela A. Valores dos indicadores e dos Índices de naturalidade para as 145 Unidades Amostrais do IFFSC na Floresta Mista-Lati-

aciculifoliada de Santa Catarina. As Unidades Amostrais marcadas com asterisco (*) foram eleitas como florestas de referência.

UA Bacia

hidrográfica Faixa altitudinal S dap

Árvores

grossas

H' - Reg.

natural IQH

J-

invertido

Métricas

paisagem

Índice de

naturalidade I

Índice de

naturalidade II

69 Rio Pelotas Superomontana 0,60 0,28 0,51 0,29 0,81 0,80 0,50 0,74

70 Rio Pelotas Superomontana 0,38 0,37 0,54 0,41 0,81 0,65 0,50 0,80

85 Rio Pelotas Superomontana 0,61 0,37 0,62 0,15 0,76 0,62 0,48 0,67

87 Rio Pelotas Inferomontana 0,52 0,19 0,39 0,35 0,95 0,18 0,37 0,41

89 Rio Pelotas Superomontana 0,62 0,65 0,86 0,50 0,86 0,39 0,61 0,69

104 Rio Pelotas Inferomontana 0,45 0,28 0,90 0,21 0,31 0,74 0,42 0,62

113* Rio Pelotas Superomontana 0,54 0,37 0,66 0,65 0,93 0,71 0,61 -

114 Rio Pelotas Superomontana 0,65 0,00 0,81 0,44 0,93 0,78 0,50 0,71

134 Rio Pelotas Superomontana 0,54 0,19 0,54 0,29 0,93 0,36 0,42 0,67

137 Rio Pelotas Superomontana 0,56 0,75 0,51 0,15 0,89 0,51 0,50 0,59

139 Rio Pelotas Superomontana 0,58 0,00 0,22 0,15 0,97 0,83 0,35 0,52

140 Rio Pelotas Superomontana 0,65 0,00 0,39 0,21 0,97 0,73 0,40 0,60

166 Rio Canoas Superomontana 0,52 0,28 0,72 0,35 0,70 0,93 0,53 0,81

177 Rio Pelotas Inferomontana 0,58 0,56 0,81 0,44 0,76 0,34 0,55 0,60

191 Rio Canoas Superomontana 0,57 0,37 0,27 0,35 0,32 0,87 0,42 0,52

192 Rio Canoas Superomontana 0,45 0,47 0,70 0,35 0,18 0,88 0,46 0,61

193 Rio Canoas Superomontana 0,44 0,47 0,94 0,29 0,38 0,83 0,50 0,72

206 Rio Canoas Superomontana 0,43 0,19 0,55 0,29 0,85 0,50 0,43 0,60

208 Rio Canoas Inferomontana 0,30 0,65 0,94 0,44 0,92 0,26 0,50 0,60

211 Rio Canoas Superomontana 0,44 0,75 0,85 0,44 0,91 0,56 0,61 0,70

Continua...

147

Continuação...

UA Bacia

hidrográfica Faixa altitudinal S dap

Árvores

grossas

H' - Reg.

natural IQH

J-

invertido

Métricas

paisagem

Índice de

naturalidade I

Índice de

naturalidade II

217 Rio Canoas Superomontana 0,46 0,56 0,79 0,24 0,00 0,99 0,41 0,51

218* Rio Canoas Superomontana 0,43 0,47 0,92 0,50 0,80 0,99 0,61 -

225 Rio Canoas Inferomontana 0,32 0,47 0,80 0,35 0,21 0,99 0,45 0,50

242 Rio Canoas Superomontana 0,34 0,09 0,60 0,47 0,43 0,85 0,42 0,64

246 Rio Canoas Superomontana 0,61 0,00 0,00 0,38 0,94 0,80 0,34 0,39

249 Rio Itajaí Superomontana 1,00 0,19 0,77 0,06 0,78 0,89 0,47 0,53

260 Rio Canoas Superomontana 0,54 0,28 0,54 0,15 0,49 0,59 0,41 0,57

261 Rio Canoas Inferomontana 0,07 0,09 0,50 0,44 0,00 0,46 0,23 0,28

279 Rio Itajaí Inferomontana 0,37 0,47 0,71 0,29 0,94 0,76 0,53 0,82

297 Rio Canoas Superomontana 0,38 0,65 0,88 0,44 0,56 0,56 0,55 0,69

301 Rio Canoas Inferomontana 0,49 0,00 0,75 0,56 0,95 0,48 0,45 0,66

304 Rio Canoas Inferomontana 0,60 0,00 0,44 0,29 0,94 0,55 0,40 0,64

308 Rio Itajaí Inferomontana 0,29 0,37 0,47 0,15 0,00 0,80 0,30 0,37

310 Rio Itajaí Inferomontana 0,31 0,37 1,00 0,29 0,87 0,61 0,49 0,79

311 Rio Itajaí Superomontana 0,25 0,28 1,00 0,35 0,92 0,37 0,44 0,65

312* Rio Itajaí Inferomontana 0,58 0,56 0,94 0,29 0,93 0,78 0,61 -

313 Rio Itajaí Superomontana 0,27 0,75 0,68 0,15 0,98 0,63 0,49 0,54

321 Rio Canoas Inferomontana 0,58 0,28 0,85 0,15 0,88 0,74 0,49 0,77

328 Rio Canoas Inferomontana 0,48 0,65 0,24 0,44 0,47 0,24 0,40 0,48

336 Rio Canoas Inferomontana 0,34 0,28 0,68 0,71 0,90 0,00 0,40 0,47

337 Rio Canoas Inferomontana 0,39 0,47 0,65 0,65 0,72 0,60 0,56 0,76

345 Rio Itajaí Inferomontana 0,27 0,28 0,89 0,41 0,84 0,74 0,50 0,75

346 Rio Itajaí Inferomontana 0,33 0,56 0,78 0,29 0,96 0,70 0,54 0,83

365 Rio Canoas Superomontana 0,56 0,28 0,60 0,44 0,92 0,75 0,54 0,73

Continua...

148

Continuação...

UA Bacia

hidrográfica Faixa altitudinal S dap

Árvores

grossas

H' - Reg.

natural IQH

J-

invertido

Métricas

paisagem

Índice de

naturalidade I

Índice de

naturalidade II

367 Rio Canoas Inferomontana 0,35 0,47 0,90 0,44 0,88 0,45 0,53 0,73

369 Rio Canoas Inferomontana 0,41 0,28 0,68 0,35 0,98 0,70 0,50 0,82

395* Rio do Peixe Inferomontana 0,46 0,47 0,76 0,44 0,82 0,57 0,56 -

409 Rio Canoas Superomontana 0,41 0,19 0,62 0,15 0,48 0,38 0,35 0,50

413 Rio Canoas Superomontana 0,81 0,19 0,50 0,00 0,87 0,88 0,43 0,54

415* Rio Canoas Inferomontana 0,62 0,47 0,71 0,44 0,92 0,75 0,61 -

419 Rio Itajaí Inferomontana 0,35 0,37 0,82 0,21 0,76 0,32 0,42 0,66

442 Rio do Peixe Inferomontana 0,50 0,19 0,94 0,71 0,94 0,55 0,55 0,70

450 Rio Canoas Superomontana 0,54 0,28 0,57 0,15 0,78 0,51 0,43 0,59

453 Rio Canoas Superomontana 0,48 0,47 0,87 0,59 0,48 0,73 0,58 0,76

455 Rio Canoas Superomontana 0,33 0,28 0,20 0,15 0,16 0,88 0,29 0,40

456 Rio Itajaí Superomontana 0,62 0,47 0,00 0,00 0,68 1,00 0,35 0,31

483 Rio Pelotas Inferomontana 0,51 0,84 0,79 0,71 0,83 0,88 0,73 0,70

495 Rio do Peixe Inferomontana 0,39 0,28 0,64 0,35 0,91 0,70 0,49 0,80

529 Rio Pelotas Inferomontana 0,57 0,19 0,92 0,50 0,73 0,98 0,56 0,85

551 Rio do Peixe Superomontana 0,58 0,37 0,73 0,00 0,91 0,65 0,46 0,76

555* Rio do Peixe Superomontana 0,49 0,65 0,98 0,15 0,90 0,71 0,55 -

561 Rio Canoas Inferomontana 0,66 0,47 0,57 0,59 0,95 0,45 0,58 0,78

562 Rio Canoas Superomontana 0,46 0,19 0,70 0,15 0,89 0,27 0,38 0,50

565 Rio Itajaí Superomontana 0,75 0,56 0,62 0,06 0,95 0,99 0,54 0,53

566 Rio Itajaí Inferomontana 0,53 0,19 0,40 0,29 0,87 0,98 0,46 0,61

602 Rio Chapecó Inferomontana 0,69 0,47 0,79 0,00 0,92 0,60 0,48 0,71

605 Rio Chapecó Inferomontana 0,40 0,65 0,00 0,41 0,43 0,70 0,39 0,44

Continua...

149

Continuação...

UA Bacia

hidrográfica Faixa altitudinal S dap

Árvores

grossas

H' - Reg.

natural IQH

J-

invertido

Métricas

paisagem

Índice de

naturalidade I

Índice de

naturalidade II

615 Rio do Peixe Superomontana 0,53 0,00 0,64 0,21 0,95 0,62 0,41 0,57

619 Rio Canoas Superomontana 0,44 0,28 0,78 0,44 0,70 0,85 0,53 0,83

623 Rio Itajaí Superomontana 0,46 0,28 0,00 0,29 0,23 0,86 0,30 0,32

660 Rio Chapecó Superomontana 0,60 0,37 0,76 0,15 0,95 0,47 0,48 0,54

668 Rio do Peixe Superomontana 0,54 0,28 0,45 0,35 0,95 0,65 0,49 0,60

669 Rio do Peixe Superomontana 0,24 0,37 0,84 0,44 0,73 0,80 0,51 0,69

672 Rio do Peixe Superomontana 0,38 0,56 0,71 0,29 0,94 0,51 0,52 0,77

673 Rio do Peixe Superomontana 0,60 0,00 0,00 0,50 0,86 0,50 0,33 0,27

677 Rio Pelotas Inferomontana 0,48 0,19 0,68 0,29 0,84 0,97 0,49 0,75

714 Rio Chapecó Inferomontana 0,77 0,19 0,94 0,35 0,97 0,26 0,47 0,52

717* Rio Chapecó Superomontana 0,50 1,00 0,70 0,35 0,72 0,84 0,62 -

718 Rio Chapecó Superomontana 0,77 0,37 0,80 0,15 0,76 0,93 0,54 0,59

723 Rio do Peixe Superomontana 0,63 0,37 0,00 0,29 0,67 0,78 0,40 0,38

725 Rio do Peixe Superomontana 0,80 0,65 0,93 0,06 0,93 0,61 0,55 0,80

727 Rio Pelotas Inferomontana 0,86 0,19 0,73 0,29 0,92 0,91 0,54 0,65

728 Rio do Peixe Inferomontana 0,59 0,19 0,60 0,00 0,73 0,70 0,40 0,61

732 Rio Canoas Superomontana 0,37 0,47 0,67 0,15 0,00 0,76 0,34 0,47

736 Rio Canoinhas Superomontana 0,35 0,47 0,45 0,29 0,78 0,70 0,48 0,54

739 Rio Itajaí Inferomontana 0,38 0,19 0,88 0,15 0,28 0,29 0,31 0,47

784 Rio do Peixe Superomontana 0,64 0,37 0,26 0,21 0,37 0,78 0,40 0,45

789 Rio Timbó Superomontana 0,36 0,19 0,68 0,59 0,94 0,77 0,52 0,66

793 Rio Canoinhas Superomontana 0,27 0,28 0,33 0,26 0,86 0,87 0,41 0,50

794 Rio Itajaí Inferomontana 0,61 0,19 0,58 0,35 0,87 0,93 0,51 0,69

Continua...

150

Continuação...

UA Bacia

hidrográfica Faixa altitudinal S dap

Árvores

grossas

H' - Reg.

natural IQH

J-

invertido

Métricas

paisagem

Índice de

naturalidade I

Índice de

naturalidade II

797 Rio Itajaí Inferomontana 0,47 0,37 1,00 0,21 0,90 0,93 0,53 0,84

830 Rio Pelotas Inferomontana 0,50 0,19 0,38 0,59 0,96 0,84 0,50 0,64

832 Rio Chapecó Superomontana 0,61 0,56 0,57 0,35 0,95 0,53 0,56 0,65

836 Rio Chapecó Superomontana 0,69 0,37 0,82 0,21 0,79 0,52 0,51 0,57

837 Rio Chapecó Superomontana 0,54 0,37 0,62 0,29 0,52 0,44 0,45 0,56

843 Rio Timbó Superomontana 0,54 0,56 0,00 0,44 0,39 0,83 0,41 0,42

845 Rio Timbó Superomontana 0,74 0,28 0,00 0,44 0,97 0,74 0,43 0,38

847* Rio Canoinhas Superomontana 1,00 0,19 0,82 0,44 0,77 0,87 0,58 -

850 Rio Itajaí Inferomontana 0,50 0,19 0,39 0,59 0,87 0,68 0,49 0,58

852 Rio Itajaí Inferomontana 0,66 0,19 0,90 0,21 0,92 0,85 0,51 0,77

856* Rio Itajaí Superomontana 0,43 0,28 0,99 0,59 0,77 0,88 0,57 -

884 Rio Chapecó Superomontana 0,57 0,09 0,79 0,24 0,86 0,80 0,47 0,47

886* Rio Pelotas Inferomontana 0,41 0,37 0,95 0,59 0,80 0,97 0,60 -

887 Rio Timbó Superomontana 0,63 0,56 0,00 0,29 0,93 0,93 0,45 0,43

894 Rio Canoinhas Inferomontana 0,26 0,28 0,00 0,15 0,93 0,77 0,31 0,40

895 Rio Canoinhas Inferomontana 0,33 0,37 0,81 0,00 0,30 0,68 0,36 0,42

901* Rio Negro Superomontana 0,75 0,84 0,74 0,06 0,88 0,74 0,57 -

902 Rio Negro Superomontana 1,00 0,19 0,57 0,21 0,92 0,73 0,49 0,59

926 Rio Chapecó Inferomontana 0,79 0,47 0,91 0,15 0,93 0,76 0,57 0,72

933 Rio Timbó Superomontana 0,29 0,19 0,56 0,50 0,00 0,92 0,34 0,45

934* Rio Timbó Superomontana 0,47 0,56 0,90 0,35 0,72 0,88 0,59 -

939 Rio Timbó Inferomontana 0,67 0,19 0,00 0,00 0,87 0,84 0,32 0,43

945 Rio Itajaí Inferomontana 0,33 0,19 0,75 0,00 0,95 0,82 0,39 0,67

946 Rio Negro Superomontana 0,42 0,28 0,00 0,44 0,33 0,76 0,33 0,33

Continua...

151

Continuação...

UA Bacia

hidrográfica Faixa altitudinal S dap

Árvores

grossas

H' - Reg.

natural IQH

J-

invertido

Métricas

paisagem

Índice de

naturalidade I

Índice de

naturalidade II

949 Rio Negro Inferomontana 0.44 0,19 0,44 0,21 0,65 0,78 0,41 0,58

974 Rio Timbó Superomontana 0.69 0,28 0,67 0,29 0,96 0,75 0,54 0,70

976* Rio Timbó Inferomontana 0.41 0,56 0,82 0,00 0,92 0,84 0,48 -

978 Rio Timbó Superomontana 0.60 0,37 0,00 0,15 0,61 0,82 0,36 0,42

979 Rio Timbó Inferomontana 0.46 0,19 0,89 0,29 0,92 0,50 0,46 0,64

982 Rio Negro Inferomontana 0.77 0,09 0,56 0,53 0,97 0,60 0,51 0,63

984 Rio Negro Inferomontana 0.66 0,00 0,16 0,59 0,95 0,65 0,41 0,44

1001 Rio Chapecó Inferomontana 0.58 0,37 0,00 0,71 0,91 0,12 0,36 0,34

1003 Rio Chapecó Inferomontana 0.23 0,37 0,65 0,09 0,73 0,60 0,40 0,55

1010 Rio Timbó Inferomontana 0.53 0,09 0,12 0,68 0,80 0,78 0,42 0,34

1013 Rio Negro Inferomontana 0.80 0,00 0,42 0,29 0,98 0,91 0,44 0,51

1016 Rio Negro Inferomontana 0.75 0,19 0,57 0,38 0,81 0,65 0,51 0,69

1019 Rio Negro Superomontana 0.62 0,28 0,42 0,29 0,72 0,60 0,46 0,59

1024 Rio Negro Superomontana 0.31 0,37 0,91 0,29 0,27 0,60 0,41 0,47

1034 Rio Timbó Inferomontana 0.75 0,09 0,00 0,74 0,97 0,65 0,41 0,24

1042 Rio Negro Inferomontana 0.74 0,28 0,78 0,29 0,97 0,51 0,52 0,77

1055 Rio Canoinhas Inferomontana 0.50 0,09 0,47 0,59 0,80 0,61 0,47 0,48

1059 Rio Negro Inferomontana 0.53 0,28 0,71 0,15 0,87 0,58 0,46 0,73

1061 Rio Negro Inferomontana 0.62 0,37 0,80 0,21 0,91 0,44 0,50 0,78

1062 Rio Canoas Inferomontana 0.39 0,37 0,52 0,26 0,96 0,24 0,41 0,62

1063* Rio Negro Inferomontana 0.62 0,56 0,91 0,44 0,87 0,64 0,63 -

1190 Rio Canoas Inferomontana 0.39 0,28 0,78 0,71 0,39 0,38 0,46 0,54

1191 Rio Canoas Inferomontana 0.50 0,47 0,86 0,50 0,88 0,41 0,56 0,76

Continua...

152

Continuação...

UA Bacia

hidrográfica Faixa altitudinal S dap

Árvores

grossas

H' - Reg.

natural IQH

J-

invertido

Métricas

paisagem

Índice de

naturalidade I

Índice de

naturalidade II

1195 Rio Canoas Superomontana 0,38 0,19 0,81 0,65 0,91 0,44 0,50 0,63

1980 Rio do Peixe Inferomontana 0,89 0,28 0,77 0,71 0,95 0,58 0,62 0,63

2002* Rio Canoinhas Inferomontana 0,72 0,65 0,58 0,15 0,91 0,39 0,50 -

3002 Rio Canoinhas Inferomontana 0,56 0,37 0,20 0,15 0,97 0,98 0,43 0,49

4000 Rio do Peixe Superomontana 0,89 1,00 0,00 0,00 0,59 0,77 0,39 0,32

5000 Rio Canoas Superomontana 0,57 0,37 0,89 0,35 0,69 0,51 0,53 0,69

6001* Rio Chapecó Inferomontana 0,77 0,93 0,75 0,24 0,90 0,67 0,63 -

6004 Rio Chapecó Inferomontana 0,58 1,00 0,57 0,15 0,44 0,82 0,51 0,69