UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
DESTINADO ARTUR GUITE
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE A COMPETÊNCIA EM TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO, AGILIDADE ORGANIZACIONAL E CAPACIDADE DE
INOVAÇÃO: UM ESTUDO NO CONTEXTO DAS ORGANIZAÇÕES EM
MOÇAMBIQUE
SÃO PAULO
2021
DESTINADO ARTUR GUITE
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE A COMPETÊNCIA EM TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO, AGILIDADE ORGANIZACIONAL E CAPACIDADE DE
INOVAÇÃO: UM ESTUDO NO CONTEXTO DAS ORGANIZAÇÕES EM
MOÇAMBIQUE
Orientador: Prof. Dr. Gilberto Perez
SÃO PAULO
2021
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Administração de Empresas da Universidade Presbiteriana
Mackenzie como requisito parcial para a obtenção do título
de Doutor em Administração de Empresas
Área de Concentração: Recursos e Desenvolvimento
Empresarial
ii
G698a Guite, Destinado Artur.
Análise da relação entre a competência em tecnologia da
informação, agilidade organizacional e capacidade de inovação : um
estudo no contexto das organizações em Moçambique. / Destinado
Artur Guite.
145 f. ; il. ; 30 cm
Tese (Doutorado em Administração de Empresas) – Universidade
Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2021.
Orientador: Gilberto Perez.
Referências bibliográficas: f. 135-141.
1. Competência em TI. 2. Agilidade organizacional.
3. Capacidade de inovação. I. Gilberto, Perez, orientador. II. Título.
CDD 658.4038
Bibliotecária Responsável: Jaqueline Bay Inacio Duarte - CRB 8/9509
iii
iv
DESTINADO ARTUR GUITE
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE A COMPETÊNCIA EM TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO, AGILIDADE ORGANIZACIONAL E CAPACIDADE DE INOVAÇÃO:
UM ESTUDO NO CONTEXTO DAS ORGANIZAÇÕES EM MOÇAMBIQUE
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Administração de Empresas da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial à
obtenção do título de Doutor em Administração de
Empresas.
Aprovado em 28 de Maio de 2021.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Gilberto Perez (Orientador) Universidade Presbiteriana Mackenzie
Prof. Dr. Leandro Augusto da Silva
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Prof.ª Dr.ª Violeta Sun Universidade de São Paulo
_ Prof. Dr. Luis Hernan Contreras Pinochet
Universidade Federal de São Paulo
Prof. Dr. Marcos Cesar Weiss
Escola Superior de Propaganda e Marketing
v
Aos meus pais1 Artur Gabene Guite e Carolina Jossefa
Aos meus filhos Nélio, Edilson e Kelson
À minha esposa Ofélia Salvador Bunguene
1 In memoriam
vi
AGRADECIMENTOS
Esta tese resulta da intervenção e contribuição de várias instituições e personalidades
que, de certa forma, forneceram os seus subsídios inestimáveis e de diversas maneiras, sendo
de destacar as seguintes:
Ao Programa Estudante Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG) administrado pelo
Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela consideração e
confiança de que juntos podemos ser únicos na formação de profissionais moçambicanos,
concedendo bolsas de estudo.
À reitoria da Universidade Presbiteriana Mackenzie pelo suporte necessário desde o
início da formação.
Ao Prof. Dr. Walter Bataglia, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em
Administração de Empresas, por sinal, meu professor e que tantos saberes por ele transmitidos
permitiram nortear este trabalho.
Ao Prof. Dr. Gilberto Perez, que realmente orientou esta pesquisa, apontou diretrizes
necessárias para que este sonho se tornasse uma realidade. Obrigado por entender minhas
limitações e fornecer alternativas favoráveis a este propósito. Mesmo com agenda muito lotada,
soube escolher o melhor momento de interação, tanto presencialmente quanto remotamente.
A todos os professores do PPGA que, com o seu saber contribuíram, em diferentes
momentos com matérias que direcionaram a uma visão sobre a realidade com que o mundo
científico e empresarial se debate nos últimos tempos.
Aos professores convidados para a banca examinadora Prof. Dr. Leandro Augusto da
Silva, Prof.ª Dr.ª Violeta Sun, Prof. Dr. Luís Hernan Contreras Pinochet e Prof. Dr. Marcos
Cesar Weiss agradeço pelas contribuições e recomendações fornecidas para o enriquecimento
da pesquisa.
Ao meu amigo pessoal Alberto António Comuana, pelo amparo, apoio moral e
acompanhamento permanente em todas as circunstâncias que caracterizaram o percurso da
minha estadia em São Paulo.
Aos colegas de trabalho e de estudo, aos amigos e à família Gabene Guite, que
incentivando ou demonstrando orgulho, compartilharam comigo esta conquista.
vii
RESUMO
Com esta pesquisa procurou-se analisar a relação entre a competência em tecnologia de
informação (TI), a agilidade organizacional e a capacidade de inovação das organizações
moçambicanas. A pesquisa foi realizada em diversas organizações públicas e privadas que
operam em Moçambique. A princípio foi feita a revisão da literatura para entender os avanços
alcançados nas diferentes vertentes ligadas à competência em TI, o seu impacto na agilidade
organizacional buscando responder aos desafios impostos pela mudança do ambiente em que
cada organização opera. Na mesma sequência, na literatura estudou-se o impacto da
competência em TI na capacidade de inovação e, por fim, o impacto da agilidade organizacional
na capacidade de inovação. Com este corpus teórico foi possível formular as hipóteses que
nortearam o curso da pesquisa e a sua avaliação. Na pesquisa foi usado o método quantitativo
do tipo descritivo, com recurso a um questionário eletrônico de corte transversal administrado
às diferentes organizações no período de Maio a Outubro de 2020. No questionário eletrônico
constavam questões ligadas à competência em TI, agilidade organizacional e capacidade de
inovação como sendo os principais construtos do modelo de pesquisa previamente traçado. O
retorno foi de 141 respostas, das quais 136 respostas consideradas válidas. Para análise de dados
foi usada a modelagem de equações estruturais de mínimos quadrados parciais, recorrendo ao
software SmartPls-3.3.2®. Os resultados revelam um forte impacto da competência em TI na
agilidade organizacional e na capacidade de inovação nas organizações moçambicanas. Na
mesma sequência, a agilidade organizacional impacta positivamente a capacidade de inovação.
Quando uma organização moçambicana é competente em TI ela consegue detectar com
prontidão necessárias as flutuações do mercado em que opera e pode responder com
flexibilidade, eficácia e eficiência que esse mercado exige. Ao responder às exigências do
mercado estará a inovar em serviços, produtos, processos, estratégias, comportamento e
inovação do próprio mercado. Quanto às dimensões da competência em TI previamente
avaliadas teoricamente, os resultados confirmaram empiricamente que ela é reflexo da
capacidade da infraestrutura da TI, capacidade da abrangência dos negócios da TI, postura
proativa da TI, flexibilidade em TI e integração da TI. Às organizações moçambicanas
interessadas em serem mais competitivas no mercado, é necessário um alto investimento em TI
nas suas diversas dimensões de modo a ser ágil e inovativa. Não é suficiente ter equipamento
guardado na organização, é necessário que seja usual a todos os níveis.
Palavras-chave: competência em TI; agilidade organizacional; capacidade de inovação.
viii
ABSTRACT
This research aimed to analyze the relationship between information technology (IT)
competence, organizational agility and innovation capacity of Mozambican organizations. The
research was carried out in several public and private organizations operating in Mozambique.
At first, the literature was reviewed to understand the advances achieved in the different aspects
related to IT competence, its impact on organizational agility, seeking to respond to the
challenges posed by the changing environment in which each organization operates. In the same
sequence, the literature studied the impact of IT competence on innovation capacity and, finally,
the impact of organizational agility on innovation capacity. With this theoretical corpus it was
possible to formulate the hypotheses that led the course of the research and its evaluation. In
the research, the quantitative descriptive method was used, using a cross-sectional electronic
questionnaire administered to different organizations from May to October 2020. The electronic
questionnaire contained questions related to IT competence, organizational agility and
innovation capacity as being the main constructs of the previously outlined research model. The
return was 141 responses, of which 136 responses were considered valid. For data analysis,
partial least squares structural equation modeling was used, using the SmartPls-3.3.2®
software. The results reveal a strong impact of IT competence on organizational agility and
innovation capacity in Mozambican organizations. In the same sequence, organizational agility
positively impacts the innovation capacity. When a Mozambican organization is IT competent,
it is able to promptly detect the fluctuations in the market in which it operates and can respond
with the flexibility, effectiveness and efficiency that this market requires. Responding to market
demands, the organizations are innovating services, products, processes, strategies, behavior
and innovation in the market itself. As for the dimensions of IT competence previously
theoretically evaluated, the results confirmed empirically that this it´s a reflection of the IT
infrastructure capacity, IT business spanning capability, IT proactive posture, IT flexibility and
IT integration. For Mozambican organizations interested in being more competitive in the
market, a high investment in IT on its various dimensions is necessary in order to be agile and
innovative. It is not enough to have equipment stored in the organization; it must be usual at all
levels.
Keywords: IT competence; organizational agility; innovation capacity
ix
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Estágios da evolução da TI ...................................................................................... 20
Quadro 2: Elementos da Competência em TI ........................................................................... 42
Quadro 3: Conceito de agilidade organizacional ...................................................................... 49
Quadro 4: Tipos de inovação .................................................................................................... 71
Quadro 5: Organização dos métodos da análise multivariada .................................................. 90
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Relação entre Capabilidade em TI e Agilidade Organizacional ............................... 31
Figura 2: Relação entre competência em TI, base da aplicação da GRH e seu desempenho ... 32
Figura 3: Modelo de competência em TI ................................................................................. 37
Figura 4: Agilidade na Cadeia de Suprimentos ........................................................................ 38
Figura 5: Relação entre competência em TI e Agilidade da Cadeia de Suprimentos .............. 39
Figura 6: Modelo da competência em TI ................................................................................. 41
Figura 7: Relação entre competência em TI e agilidade organizacional .................................. 43
Figura 8: Modelo Proposto de Medida da competência em TI. ............................................... 45
Figura 9: O contexto da agilidade............................................................................................. 50
Figura 10: Modelo de Agilidade Organizacional ..................................................................... 53
Figura 11: Modelo conceitual da agilidade da cadeia de suprimentos ..................................... 55
Figura 12: Modelo conceitual da agilidade organizacional ...................................................... 56
Figura 13: Modelo de pesquisa ................................................................................................. 78
Figura 14: Estrutura para um projeto de pesquisa .................................................................... 81
Figura 15: Símbolos usados na Modelagem de Equações Estruturais ..................................... 92
Figura 16: Cálculo do tamanho da amostra .............................................................................. 99
Figura 17: Modelo estrutural com coeficientes de caminhos ................................................. 101
Figura 18: Modelo ajustado depois da eliminação de algumas variáveis observáveis ........... 105
Figura 19: Modelo de pesquisa com variáveis de controle .................................................... 110
Figura 20: Modelo de pesquisa com variáveis de controle significativas .............................. 113
Figura 21: Relação entre a competência em TI e agilidade organizacional ........................... 114
Figura 22: Relação entre competência em TI e capacidade de inovação ............................... 118
Figura 23: Agilidade organizacional e capacidade de inovação ............................................. 121
Figura 24: Validação das medidas da competência em TI ..................................................... 124
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Tamanho da organização .......................................................................................... 79
Tabela 2: Caracterização da amostra (N =136) ...................................................................... 100
Tabela 3: Avaliação do modelo de mensuração para VL da 1ª ordem ................................... 102
Tabela 4: Avaliação do modelo de mensuração para VL da 2ª ordem ................................... 103
Tabela 5: Valores cruzados das cargas entre indicadores e construtos .................................. 104
Tabela 6: Valores da SEM ajustados depois da eliminação de indicadores ........................... 106
Tabela 7: Valores do coeficiente de determinação de Person (R2) ......................................... 107
Tabela 8: Tamanho do efeito entre construtos da 2ª ordem e sua significância ..................... 108
Tabela 9: Teste de hipóteses ................................................................................................... 108
Tabela 10: Indicador de Stone-Geisser (Q2) ........................................................................... 109
Tabela 11: Variância média extraída, consistência interna e correlação entre construtos. .... 111
Tabela 12: Avaliação do modelo de pesquisa com variáveis de controle .............................. 112
Tabela 13: Valores da SEM entre competência em TI e Agil-Org. (1ª ordem) ..................... 114
Tabela 14: Valores da SEM entre competência em TI e Agil-Org. (2ª ordem) ..................... 115
Tabela 15: Matriz das cargas fatoriais entre competência em TI e Agil-Org. ........................ 116
Tabela 16: Modelo estrutural da competência em TI e agilidade organizacional .................. 117
Tabela 17: Competência em TI e capacidade de inovação (VL 1ª ordem) ............................ 119
Tabela 18: Competência em TI e capacidade de inovação (VL 2ª ordem) ............................ 119
Tabela 19: Modelo estrutural da competência em TI e capacidade de inovação ................... 120
Tabela 20: Agilidade organizacional e capacidade de inovação (VL 1ª Ordem) ................... 122
Tabela 21: Agilidade organizacional e capacidade de inovação (VL 2ª Ordem) ................... 122
Tabela 22: Modelo estrutural da agilidade organizacional e capacidade de inovação ........... 123
xii
LISTA DE ABREVIATURAS
Abrang-TI Capacidade da abrangência da Tecnologia de Informação
Agil-Org Agilidade Organizacional
AO-Res Resposta da Agilidade Organizacional
AO-Sent Sentido da Agilidade Organizacional
CANTI Capacidade da Abrangência dos Negócios da Tecnologia de Informação
Capac-Inov Capacidade de Inovação
CB-SEM Modelagem de Equações Estruturais Baseadas em Covariância
CD Compact Disc
CITI Capacidade da Infraestrutura da Tecnologia de Informação
Coef. Coeficiente
Conf. Confiabilidade
Comp-TI Competência em Tecnologia de Informação
DVD Digital Versatil Disc
FTI Flexibilidade em TI
GC Gestão do Conhecimento
GRH Gestão de Recursos Humanos
H1 Hipótese 1
H2 Hipótese 2
H3 Hipótese 3
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC Inovação Comportamental
IE Inovação Estratégica
IM Inovação do Mercado
IoT Internet das Coisas
IPRC Inovação do Processo
IPRD Inovação do Produto
ITI Integração da TI
PLS Mínimos Quadrados Parciais
PLS-SEM Modelagem de Equações Estruturais de Mínimos Quadrados Parciais
PPTI Postura proativa da TI
RAO Resposta da Agilidade Organizacional
SAO Sentido da Agilidade Organizacional
SEM Modelagem de Equações Estruturais
SI Sistemas de Informação
TD Transformação Digital
TI Tecnologia de Informação
VL Variável Latente
VME Variância Média Extraída
VO Variável Observável
xiii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 15
1.1 JUSTIFICATIVA PARA A PESQUISA ........................................................................ 16
1.2 QUESTÃO DE PESQUISA ............................................................................................ 17
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ........................................................................................ 18
1.3.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 18
1.3.2 Específicos ............................................................................................................... 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 19
2.1 TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO ............................................................................ 19
2.1.1 Breve Histórico da Tecnologia da Informação. ................................................... 19
2.1.2 Conceitos da Tecnologia da Informação .............................................................. 25
2.1.3 Elementos da Tecnologia de Informação ............................................................. 26
2.2 COMPETÊNCIA EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ........................................ 29
2.2.1 Frameworks da Competência em TI ..................................................................... 30
2.2.2 Proposta do modelo de medida de competência em TI ...................................... 43
2.3 AGILIDADE ORGANIZACIONAL.............................................................................. 45
2.3.1 Conceitos da Agilidade Organizacional ............................................................... 46
2.3.2 Frameworks da Agilidade Organizacional ........................................................... 50
2.3.3 Modelo Conceitual da Agilidade Organizacional ................................................ 52
2.4 COMPETÊNCIA EM TI E AGILIDADE ORGANIZACIONAL ................................. 57
2.5 CAPACIDADE DE INOVAÇÃO .................................................................................. 61
2.5.1 Conceitos de Inovação ............................................................................................ 61
2.5.2 Tipos de Inovação ................................................................................................... 64
2.5.3 Grau de Inovação ................................................................................................... 69
Quadro 4: Tipos de inovação ................................................................................................. 71
2.6 COMPETÊNCIA EM TI E CAPACIDADE DE INOVAÇÃO ..................................... 72
2.7 AGILIDADE ORGANIZACIONAL E CAPACIDADE DE INOVAÇÃO ................... 75
2.8 MODELO DE PESQUISA ............................................................................................. 77
2.9 VARIÁVEIS DE CONTROLE ...................................................................................... 78
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 81
3.1 MÉTODO OU NATUREZA DE PESQUISA ................................................................ 83
3.2 TIPO OU OBJETIVO DE PESQUISA .......................................................................... 85
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ................................................................ 86
3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS ....................................................................... 89
xiv
3.4.1 Modelo Formativo .................................................................................................. 93
3.4.2 Modelo Reflexivo .................................................................................................... 94
3.4.3 Elementos Essenciais da Modelagem de Equações Estruturais ......................... 96
3.5 AMOSTRA ..................................................................................................................... 97
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................ 100
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ....................................................................... 100
4.2 AVALIAÇÃO DO MODELO DE MENSURAÇÃO DA PESQUISA ........................ 101
4.3 AVALIAÇÃO DO MODELO ESTRUTURAL ........................................................... 107
4.4 MODELO GERAL DA PESQUISA COM VARIÁVEIS DE CONTROLE ............... 110
4.5 RESULTADOS DA RELAÇÃO ENTRE COMPETÊNCIA EM TI E AGILIDADE
ORGANIZACIONAL ........................................................................................................ 113
4.6 RESULTADOS DA RELAÇÃO ENTRE COMPETÊNCIA EM TI E CAPACIDADE
DE INOVAÇÃO ................................................................................................................. 117
4.7 RESULTADOS DA RELAÇÃO ENTRE AGILIDADE ORGANIZACIONAL E
CAPACIDADE DE INOVAÇÃO ...................................................................................... 121
4.8 COMPETÊNCIA EM TI E SUA VALIDAÇÃO EMPÍRICA ..................................... 123
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................. 125
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 129
6.1 LIMITAÇÕES E PROPOSTAS ................................................................................... 133
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 135
APÊNDICE A: INSTRUMENTO DA COLETA DE DADOS ............................................. a
APÊNDICE B: MATRIZ DE AMARAÇÃO ......................................................................... d
15
1 INTRODUÇÃO
Para fazer face aos desafios do mercado, as organizações são obrigadas a acompanhar o
desenvolvimento e as tendências-chave para satisfazer os clientes, produtores, fornecedores,
parceiros e outros intervenientes no mercado. Por seu turno, o mercado é imprevisível, tendo
em conta a concorrência a que as organizações são sujeitas, as mudanças do mercado, o avanço
tecnológico de entre outros aspetos (DRUCKER, 1985; SCHUMPETER, 1997). Uma das
formas adequadas de acompanhar o desenvolvimento organizacional é o aprimoramento das
suas estratégias de aquisição da informação, tanto de dentro como de fora da organização, como
forma de prever os possíveis riscos, ameaças e oportunidades do momento, ou seja, a agilidade
organizacional.
As tecnologias de informação (TI) são vistas por muitos pesquisadores como sendo o
veículo que impulsiona a agilidade dentro da organização. Estes pesquisadores salientam o fato
de a agilidade organizacional ser uma resposta aos desafios impostos pelo ambiente externo e
que a organização atribui um dado sentido, devendo agir com a necessária flexibilidade e
eficácia a situações imprevisíveis e de incerteza (ZAIN; CHE; ABDULLAH, 2005; PANDA;
RATH, 2017; QUEIROZ et al., 2018).
Para países em desenvolvimento, a tecnologia é vista como fator de desenvolvimento
que leva as grandes organizações a preferir um ou outro modelo de gestão para que possa ter
espaço no ambiente de constante concorrência (ZAIN; CHE; ABDULLAH, 2005; PANDA;
RATH, 2017). Na atualidade, as organizações experimentam uma intensa competitividade
gerada por: progresso tecnológico, mudanças de consumidores, demandas, ciclos económicos,
globalização, concorrência, etc. Com estes desafios, as organizações procuram ser cada vez
mais eficazes e ágeis como estratégia da competência organizacional para detectar e medir as
oportunidades do mercado. Neste sentido, as organizações buscam o ajustamento dos seus
recursos, estratégias e infraestruturas para se adaptarem à nova realidade com que se deparam
(PANDA; RATH, 2017).
Esta pesquisa enquadra-se na teoria do framework tecnologia-organização-ambiente
descrito nos processos de inovação tecnológica que, de acordo com Baker (2011), descreve
como o contexto da organização influencia a adoção e implementação de inovações. Explica
como o contexto tecnológico, organizacional e ambiente organizacional influenciam a
capacidade de inovação tecnológica.
O contexto tecnológico inclui todas as técnicas disponíveis no mercado que a
organização detém e usa, para proporcionar diferentes mudanças que o mercado possa exigir.
16
Pode ser uma inovação incremental, sintética ou descontínua, do processo, do produto,
estratégia, tecnológica. O contexto organizacional refere-se às características e recursos da
organização, ligando estruturas entre colaboradores, comunicação entre organizações, tamanho
da organização e outros recursos que afetam a tomada de decisão na adoção da inovação
(BAKER, 2011). O contexto ambiental compreende a estrutura da organização, presença ou
ausência de provedores da tecnologia e a regulação ambiental.
Em termos de estrutura, para além da introdução, o trabalho conta com a fundamentação
teórica como segundo capítulo, em que se descreve a visão de diferentes pesquisadores sobre
os três construtos arrolados e a sua relação. Em seguida, o terceiro capítulo é respeitante aos
procedimentos metodológicos que nortearam a pesquisa, o quarto capítulo apresenta os
resultados da pesquisa obtidos, o quinto capítulo apresenta a discussão dos resultados da
pesquisa confrontando a teoria utilizada para obtenção das hipóteses e, por fim, o sexto capítulo
foi dedicado às considerações finais.
1.1 JUSTIFICATIVA PARA A PESQUISA
Moçambique é um país em desenvolvimento em que a indústria, o comércio interno e
internacional, o consumo de bens e serviços, as importações e exportações estão em constante
crescimento. Mais recentemente, a exploração de recursos naturais como o gás natural, o carvão
mineral, as areias pesadas vêm colocando o país em um futuro promissor, atraindo investimento
interno e externo bem como tecnologias de ponta para fazer face aos desafios impostos pela
indústria e comércio.
Como é de notar, a extração de recursos é acompanhada pelo processo de transporte
para os locais de processamento que, nem sempre tem sido dentro do território nacional. Tal é
o caso do carvão mineral que é extraído em Moatize, província de Tete pela empresa brasileira
Vale do Rio Doce que posteriormente é exportado via porto de Nacala para o mercado
internacional na Europa, Ásia, América e África. A preferência é para países como: Emirados
Árabes Unidos, Índia, Japão, Brasil e África do Sul.
Moçambique é rico em gás natural, estando agora uma equipa multinacional a fazer uma
pesquisa de prospecção liderada pela Anadarko, uma firma norte americana, que levará a
extração de grande quantidade de gás natural na Bacia do Rovuma, no limite norte com a
Tanzania a partir de 2022. A SASOL, outra firma Sul africana, está operando desde a década
passada, em Pande, Província de Inhambane, sul de Moçambique, na extração do gás natural
que posteriormente é transportado para África do Sul. A Kenmare, uma firma holandesa,
17
também está presente na indústria extrativa, explorando as areias pesadas no Distrito de Larde,
Província de Nampula, também exportado para o mercado internacional.
Estes são exemplos de grandes projetos que estão em operação em Moçambique e que,
não estão alheios ao acompanhamento da evolução da TI e a sua relação com agilidade
organizacional, tendo em conta as flutuações que o mercado internacional impõe. O surgimento
de novas necessidades dos clientes, surgimento de nova tecnologia, flutuações dos preços dos
produtos, entre outros fatores levam a que a organização atua de forma ágil para responder aos
desafios impostos desde a detecção desses e o sentido que impõem (ŽITKIEN; DEKSNYS,
2018). Para além da indústria e comércio, o governo tem a sua cota parte, providenciando
serviços e regulamentos que norteiam a exploração de destes recursos.
Muitas pesquisas apontam para a relação direta e positiva entre a competência em TI e
agilidade organizacional (RAVICHANDRAN, 2018; PARK; SAWY; FISS, 2017). Outros
apontam para a TI, em algum momento, como um fator inibidor da agilidade organizacional,
justificando a necessidade de os tomadores de decisão serem responsáveis por interiorizar as
vantagens de incluir a TI nas suas estratégias ou mesmo no tamanho, tipo e idade da
organização. Investir na TI envolve custos que nem todos os gestores estão em altura de suportá-
los, para além do grau de incerteza que as mesmas organizações levam em relação aos
benefícios diretos da TI (LU; RAMAMURTHY, 2011; TALLON; PINSONNEAULT, 2011).
Muitas pesquisas relacionam a competência em TI e agilidade organizacional em
diferentes contextos e de acordo com a linha de pesquisa de cada pesquisador, como é o caso
da agilidade da cadeia de suprimentos (MALEKIFAR et al., 2014; NGAI; CHAU; CHAN,
2011). Poucas pesquisas relacionam os três construtos de uma só vez ou mesmo a agilidade
organizacional e a capacidade de inovação ou a competência em TI e a capacidade de inovação.
Pesquisar a relação entre competência em TI e capacidade de inovação pode trazer um
ganho positivo para organizações moçambicanas no que diz respeito ao proveito que estas
devem ter, investindo em TI para responder às necessidades de clientes, parceiros, fornecedores,
produtores, entre outros. A análise de validade do instrumento de coleta de dados e a sua escala
também é um fator importante uma vez que as pesquisas feitas e arroladas neste trabalho
demonstram uma certa realidade em um contexto diferente da realidade moçambicana.
1.2 QUESTÃO DE PESQUISA
Diante da situação em que Moçambique atravessa, caracterizada pela exploração de
diversos recursos como o caso de gás natural, areias pesadas, carvão mineral, hidroelétricas,
18
aliado ao fato de ter uma vasta costa que permite a navegação marítima, torna-se imperiosa a
utilização de recursos tecnológicos atuais, com a capacidade de aumentar a competitividade do
mercado e desafiar os competidores. Na mesma sequência, ao utilizar a tecnologia de ponta,
principalmente a de informação, estará a ganhar vantagem competitiva e beneficiar o próprio
país. Em caso de um alto investimento em TI, precisa-se de retorno a curto prazo, levando a
que as organizações sejam céleres na concorrência com outras organizações.
A base da competitividade é a informação que cada organização tem acerca das
características que o mercado apresenta no momento atual. Para se ter essa informação é
necessária uma competência em TI em termos de infraestrutura, recursos humanos treinados
com habilidades desejáveis que possam receber e compartilhar informação para outros setores
interessados. A questão de pesquisa para a qual se buscou a resposta é: Qual é a relação
existente entre competência em TI, agilidade organizacional e capacidade de inovação nas
organizações moçambicanas?
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.3.1 Objetivo geral
• Avaliar a competência em TI e sua influência nas organizações estabelecidas na
capacidade de resposta aos desafios impostos pelo mercado das organizações
moçambicanas.
1.3.2 Específicos
• Verificar o impacto da competência em TI das organizações na sua capacidade de
inovação;
• Avaliar a correlação entre a agilidade organizacional e o seu nível de capacidade de
inovação nas organizações;
• Verificar a influência da competência em TI na capacidade de inovação, mediada pela
agilidade organizacional;
• Validar as dimensões da competência em TI propondo o modelo de medida.
Para atingir os objetivos propostos, o capítulo dois trata da revisão da literatura para
entender as diferentes abordagens sobre o tema. As principais abordagens da revisão da
literatura centram-se na competência em TI, agilidade organizacional e capacidade de inovação.
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta pesquisa, o referencial teórico incidiu sobre o modelo de pesquisa que relaciona
os construtos pré-selecionados que norteiam a pesquisa. Durante o estudo desses subtemas,
procurou-se estabelecer a caracterização de cada um deles pelo estudo das diversas abordagens
apresentadas em estudos prévios e a relação entre os principais construtos, como objetivo da
pesquisa.
2.1 TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO
Para o entendimento da TI e as suas interfaces, partiu-se da história do seu surgimento
e sua evolução até à atualidade. Para além da história e evolução da TI, neste tópico são
abordados os principais conceitos da TI adotando alguns que são comuns entre as diversas
abordagens. Também foi abordado o tema relativo aos elementos que compõem a TI com base
na visão dos diversos autores.
2.1.1 Breve Histórico da Tecnologia da Informação.
O contexto do surgimento da TI remota para a década de 1960, pelo aparecimento de
grande fluxo de bancos de dados relacionais e grandes avanços nas telecomunicações,
facilitando a captação, extração, filtração, armazenamento, disponibilidade e personalização de
dados. Por outro lado, de acordo com Mendonça (2014) os sistemas computacionais permitem
a integração de setores empresariais e até ao relacionamento entre organizações no
compartilhamento de dados e informações. Nessa altura, o conjunto de softwares era gratuito e
se resumiam no sistema operacional, juntamente com os hardwares, os utilitários, as linguagens
de programação na facilitação da linguagem computacional para a sua compreensão pelos
usuários. O processo de evolução da TI obedece a vários estágios, sendo de destacar os descritos
no Quadro 1.
20
Quadro 1: Estágios da evolução da TI
Década Características Tecnologia Autores
1960-1970
Processamento de dados em lote
• Recursos de informática como instrumento
de apoio aos negócios;
• Automação de trabalhos manuais;
• Pouca mão de obra especializada;
• Desenvolvimento artesanal.
Poucos softwares e
equipamentos;
Criação de aplicativos
sem ferramentas de
suporte
Brito, Antonialli e
Santos (1997)
Mendonça (2014)
1970-1980
Sistemas de informação
• Mudanças no ambiente empresarial;
• Sistemas Inter organizacionais;
• Arquitetura de sistemas;
• Desenvolvimento e arquitetura de sistemas
• Escassez de pessoal especializado
• Redes operacionais
• TI é centro da estratégia empresarial
Discos magnéticos
Teleprocessamento;
Mainframes
Brito, Antonialli e
Santos (1997)
Mendonça (2014)
1980-1990
Informações estratégicas
• Conhecimento como fonte de geração de
valor;
• Melhoria na comunicação de dados;
• Redes funcionais entre computadores
• TI como centro da estratégia empresarial
Computadores
pessoais
Softwares mais
confiáveis
Processamento
distribuído
Brito, Antonialli e
Santos (1997)
Mendonça (2014)
1990-2000
Globalização
• Mundo sem fronteiras
• Conhecimento é fonte de geração de valor.
• TI assume caráter mais estratégico
Redes de produto
Redes de informação
Networks
Infraestrutura de
integração entre cliente
e servidor
Brito, Antonialli e
Santos (1997)
Mendonça (2014)
2000-2010
Consolidação dos sistemas web
• Consolidação da internet no mundo
• Tecnologias padronizadas
Tecnologia web
Consolidação do wifi Mendonça (2014)
2010 -
Computação como serviço
• Transformação digital
• Computação em nuvem
Tecnologia web e wifi
Big Data
Impressão 3D
Internet das coisas (IoT)
Blockchain
Inteligência Artificial
Carros autônomos
Chanias, Myers e
Hess (2019)
(Liu et al., 2018;
Taleb; Mohamed,
2020).
Fonte: Elaborado pelo autor com base na literatura
Como se pode observar, desde a década de 1960 até 2010 a TI evoluiu exponencialmente
pelo aprimoramento de diversas funções e serviços com o fim de dar maior comodidade e uso
facilitado para os usuários. Com a sofisticação dos SI, é possível o processamento de diferentes
tipos de dados que mostravam uma enorme dificuldade para o seu tratamento nos primórdios
da TI.
A tecnologia é uma grande história nos negócios das organizações e fora delas. A
globalização é a força da estrutura e da estratégia, a demografia causa mudanças de mercado,
mas tudo isso não supera a tecnologia, pois, o atual progresso baseia-se na digitalização,
21
afetando empresas e pessoas (WESTERMAN; BONNET; MCAFEE, 2014). A globalização
trouxe outra realidade no que se refere ao compartilhamento de informação a diversos níveis
com recurso a redes de produtos e de informação, redes de infraestruturas, tornando o mundo
sem fronteiras. Consegue-se informação estratégica que tanto impactam as organizações nos
seus processos decisórios principalmente com a consolidação da internet com a TI a assumir
um carácter mais estratégico e o conhecimento a ser fonte de geração de valor. A computação
tornou-se um serviço em si mesmo com o uso de rede wifi e web como verdadeiros recursos de
compartilhamento de redes em todo o mundo.
Desde 2010 a TI ganha novos contornos com a transformação digital (TD) e a
computação em nuvem. Contrariamente à revolução industrial em que as novas máquinas
alteraram a história da humanidade, do comércio e do capitalismo, a inovação digital moderna
é considerada segunda idade da máquina. As organizações estão avançando com a TD
experimentando vários níveis de sucesso. Algumas estão transformando muitas partes da
mesma organização e outras estão fazendo o básico (WESTERMAN et al., 2011). As três áreas-
chave para implementar a TD são:
Experiência do cliente que é o entendimento do cliente, tanto social como
analiticamente; crescimento da linha superior, digitalizando vendas, marketing, simplificando
processos do cliente e pontos de contato com o cliente.
Processo operacional – processo de digitalização, capacitação do serviço e gestão do
desempenho.
Modelo de negócio – modificação digital do negócio, novo modelo de negócio e
digitalização global.
Este bloco de TD é sintetizado nas capabilidade digitais caracterizadas por unificação
de dados e processos, capabilidades analíticas, negócios e integração da TI e entrega de soluções
(WESTERMAN et al., 2011). As organizações pré-digitais implementam, em primeiro lugar,
a TD dando impacto às tecnologias digitais na organização e no seu ambiente envolvente. Nas
organizações digitalmente estabelecidas sempre precisam de mudanças internas, novos
modelos de negócio e novos processos de tecnologias digitais. De uma forma geral, no contexto
de modelos de negócios, as tecnologias digitais podem transformar produtos, processos,
serviços e operações no ambiente competitivo. Os sistemas de informação (SI) desempenham
papel importante na TD ao proporcionar mudanças económicas e tecnológicas na organização
(CHANIAS; MYERS; HESS, 2019; VIAL, 2019). Chanias, Myers e Hess (2019) falaram das
estratégias das TD como sendo a resposta de gestão de iniciativas digitais salientando que estas
coordenam, priorizam e implementam os esforços da transformação pré-digital. A digitalização
22
de recursos envolve a transformação estrutural e organizacional recorrendo ao uso da tecnologia
avançada e criação de valor. A TD ainda persiste como um desafio para organizações pré-
digitais uma vez que levam tempo para se estabelecerem no mercado com a nova tecnologia
nos primeiros cinco anos.
Na sua pesquisa Chanias, Myers e Hess (2019) quiseram conhecer os processos e
atividades estratégicas que relevam a formulação de estratégias da TD e sua implementação em
organizações pré-digitais. Os resultados revelaram a necessidade da continuidade do homem na
implementação da transformação social da estrutura, visto que o desenvolvimento da TI
obedece a um processo dinâmico que envolve interação entre aprendizagem e o know-how em
termos de fazer estratégias. Quando um processo termina, inicia outro por necessidade da sua
implementação.
O aprofundamento do negócio digital, em alguns momentos, está focado na integração
das tecnologias digitais, tais como: sociais, dinâmicas e analíticas no serviço da sua
transformação no negócio. Para que haja TD é necessária ação dos gestores estratégicos pelo
facto de que esta começa do topo para a base, incluindo a mudança da cultura organizacional
(KANE et al., 2015; WESTERMAN et al., 2011; WESTERMAN; BONNET; MCAFEE,
2014). Para Kane et al. (2015) a estratégia digital evolui com o progresso da tecnologia digital
e passa a ser uma norma de como as organizações podem-se aprimorar para ganhar uma
vantagem competitiva.
Organizações digitalmente maduras formam habilidades de realizar estratégias pela
exploração de habilidades individuais necessárias dos colaboradores organizacionais. Os
colaboradores querem trabalhar para líderes digitais terem oportunidades digitais atraindo-os e
alavancando o negócio. Líderes e colaboradores têm acesso a recursos que necessitam para
desenvolver habilidades digitais e know-how (KANE et al., 2015).
A TD não está focada na tecnologia, mas na forma como esta tecnologia pode ser
integrada na organização para transformar os seus negócios e a forma de como ela funciona
(VIAL, 2019). Como a tecnologia não é o fim, é necessário muito mais do que ela, como é o
caso de mudança de investimento digital que traz facilidades para os stakeholders e renda em
cada área em relação aos concorrentes. Normalmente, a estratégia digital dos líderes separa-os
do resto da organização, combinando com a cultura e liderança na direção da transformação
(WESTERMAN; BONNET; MCAFEE, 2014). Há necessidade de observar as capabilidades
organizacionais e não esperar apenas por avanços tecnológicos. De acordo com Westerman,
Bonnet e Mcafee (2014) existem quatro níveis de domínio digital:
23
Pioneiros que são os que iniciam o processo digital e que optam por esperar para ver,
esperando por ter uma certeza para, depois, tomar uma decisão. Os pioneiros apenas têm
capabilidades básicas por razões financeiras, por isso, são ultrapassados pelos seus concorrentes
que não ficam à espera. Alguns são limitados por razões de governança, ao utilizar certas
plataformas.
Fashionistas que não esperam para agir, comprando toda nova tecnologia digital. Eles
exibem a moda tecnológica, mas não mudam o que eles desejam, desperdiçando mais do que
gastam por causa de muita tecnologia acumulada ou revertem o que fizerem para integrar e
escalar suas capabilidade. Tem mecanismo de coordenar suas atividades ou construir sinergias
dentro do investimento, o que impede a abordagem de coordenação para o engajamento do
cliente e unificação da visão de operações.
Conservadores - tem posição oposta aos fashionistas, com uma importante
capabilidade de liderança digital, excesso de prudência, previne firmas de desenvolver fortes
capabilidades digitais. Todo investimento digital é cuidadosamente considerado e fortemente
coordenado. Os líderes evitam erros que podem prejudicar o seu esforço, tempo e dinheiro,
principalmente em indústrias altamente reguladas.
Domínio digital – parte das dificuldades dos seus concorrentes e sabem onde e como
investir, com líderes direcionando a firma com poder no futuro digital. Exploram suas
vantagens digitais para construir sua superior posição competitiva nas suas indústrias.
A cultura organizacional constitui uma barreira no uso dos dados para a tomada de
decisão, embora as organizações socialmente estabelecidas integram dados sociais nas
operações e nas decisões. Em organizações digitalmente estabelecidas as estratégias digitais
promovem inovação, tomada de decisão, ultimatos e transformando o funcionamento do
negócio (KANE et al., 2015). Muitas organizações terão que mudar a sua forma de pensar e
incrementar a colaboração, encorajando o desafio de riscos inerentes à sua transformação,
vendo os aspectos culturais que podem estimular o progresso da TD.
Ao lado da TD está a computação em nuvem (cloud computing) como sendo um modelo
de computação que permite ao usuário final acessar uma grande quantidade de aplicações e
serviços, independentemente do local e da plataforma, desde que haja um terminal conectado à
nuvem. Em 2006, de acordo com Zhang, Cheng e Boutaba (2010) a computação em nuvem
teve o seu uso popular no contexto de marketing e outras áreas, devido aos serviços atrativos
que este providencia para negócios próprios, pois, não precisa de muito investimento em
infraestrutura para ganhar benefício deste, bastando apenas pagar pelo uso; possui baixos custos
operacionais, sendo rapidamente alocados e realocados segundo a procura; possui alta
24
escalabilidade, ou seja, a infraestrutura da TI possui uma grande quantidade de recursos no
centro de dados com facilidade de acesso baseada na web e, por fim, reduz riscos comerciais e
de manutenção dispendiosa (LIU et al., 2018; TALEB; MOHAMED, 2020).
Uma outra vantagem do uso da computação em nuvem na atualidade é o fornecimento
da segurança de dados das organizações contra ataques maliciosos, confidencialidade e,
algumas organizações trabalham com experts para garantir a segurança de dados. A computação
em nuvem vem sendo desenvolvida por organizações e usada para armazenar grande quantidade
de dados. É caracterizada por autoatendimento, rápida elasticidade, serviço de medida, acesso
em rede e agrupamento de recursos (ARMBRUST et al., 2010; TALEB; MOHAMED, 2020).
A computação em nuvem é um modelo de disponibilidade conveniente no acesso a redes
de demanda e compartilhamento de recursos computacionais configuráveis (ex.: redes,
servidores, armazenamento, aplicações e serviços) que podem ser rapidamente provisionados e
liberados com mínimo esforço ou providenciando um serviço de interação (ZHANG; CHENG;
BOUTABA, 2010). Para Armbrust et al. (2010) computação em nuvem são as aplicações que
chegam como serviço, com recurso à internet, sistemas de softwares e hardwares no centro de
dados que providenciam esses serviços. O centro de dados do software e hardware é o que se
chama de nuvem.
O entendimento é diferenciado, a computação em nuvem não é uma tecnologia nova, a
virtualização usada não é nova, mas um novo modelo operacional que demanda tecnologias
existentes para negócios a diferentes níveis. É neste contexto que Liu et al. (2018) entendem
que a computação em nuvem é uma das mais recentes inovações na TI como um serviço. Requer
internet rápida e segura, razão pela qual, segundo Taleb e Mohamed (2020) a Korea começou
a utilizar a internet 5G de alta velocidade para garantir a flexibilidade no uso de dados e garantir
uma vantagem competitiva.
A computação em nuvem é composta por três tipos de serviços: infraestrutura como
serviço, plataforma como serviço e software como serviço usando quatro formas do seu uso:
pública, privada, comunitária e híbrida. Ela está disponível tanto a nível individual, como a
nível empresarial, acadêmica, comercial de entre outras áreas (TALEB; MOHAMED, 2020).
Os softwares como serviços da computação em nuvem constam de gestão de
relacionamentos com o cliente, nomeadamente: conjunto de aplicações do google, o microsoft
Azure, chrome OS, Panda Cloud Antivírus, photoshop online e microsoft office online (LIU et
al., 2018). O desafio que se coloca na atualidade é da quantidade e qualidade de dados
armazenados na nuvem. Consiste na aquisição de maior espaço para o armazenamento de dados
por parte das organizações em privado, para responder cada vez mais facilmente às suas
25
preferências emergentes. Tal é o caso das empresas Coca-Cola e IBM que possuem uma
variedade de dados para o seu armazenamento.
2.1.2 Conceitos da Tecnologia da Informação
A TI abrange produtos de hardware e software, capazes de coletar, armazenar, processar
e acessar dados que são usados para controlar equipamentos e processos de trabalho, conectar
pessoas e escritórios dentro de organizações e entre diferentes organizações. Para Campos Filho
(1994) a TI é o conjunto de hardware e software que desempenham uma ou mais tarefas tal
como, coletar, transmitir, estocar, recuperar, manipular e exibir dados. Para este autor, a TI é
importante se for componente do SI como composto por entrada, processamento e saída de
dados para além de retroalimentação. Há necessidade de os gestores de TI desempenharem um
trabalho árduo na adoção de novas tecnologias para adequar a mudanças que o mercado impõe.
Essas mudanças levam a que o sistema seja complexo, exigindo uma complexidade ainda das
medidas adotadas para responder às demandas.
Para Balarine (2002), “Tecnologia da Informação corresponde a objetos (hardware) e
veículos (software) destinados a criarem SI (BALARINE, 2002, p. 3)”. Por sua vez, Albertin e
Albertin (2008) acrescentam que a TI pode ser entendida como sendo o hardware, software e
pessoas envolvidas na obtenção, armazenamento, tratamento, comunicação e disponibilização
de informação.
No contexto empresarial, a TI identifica, encontra, desenvolve e implementa tecnologias
e SI que apoiam a comunicação empresarial na troca de ideias entre pessoas e grupos, tanto
formais, como informais. A TI desempenha o papel estratégico na ajuda ao desenvolvimento
do conhecimento coletivo dos funcionários, aprendizado contínuo, facilitando o
compartilhamento de problemas, perspectivas, ideias e soluções (BESSA; CARVALHO,
2011). Baseados em revisão da literatura, Moraes et al. (2018) chegaram à conclusão de que a
TI envolve o uso de computadores, tecnologias de comunicação, hardwares e serviços para
aprimorar processos e promover transformações.
Nos tempos modernos, a TI é vista como conjunto de funções descritas e providenciadas
pelos sistemas da TI no suporte de uma ou várias áreas de negócio, feito por softwares,
hardwares, facilidades de comunicação percebidas pelo cliente como uma entidade autónoma
e coerente (GEORGIA UNIVERSITY, 2019). Este conceito inclui a importância de cada área
de atuação da TI na definição de dados e informações a serem geridos, providenciados pelo
planejamento, responsabilidades, dados fixos e finais, bem como o nível de serviço.
26
2.1.3 Elementos da Tecnologia de Informação
Como foi evidenciado no conceito da TI, as pesquisas apontam o conceito de TI pondo
em evidência quatro elementos-chave que são: hardware, software, dados e redes de
telecomunicações (STAIR; REYNOLDS, 2011). Falando sobre a infraestrutura da TI, Laudon
e Laudon (2014) identificaram como composição desta, hardware, software, tecnologia de
gestão de dados, tecnologia de rede e telecomunicações e, por fim, os serviços de tecnologias.
Mais adiante são descritos os quatro elementos da TI.
Hardware
Hardware consiste em qualquer máquina que assiste nas atividades de entrada,
processamento, armazenamento e de saída de dados em um SI (ALBERTIN; ALBERTIN,
2008; STAIR; REYNOLDS, 2011). O hardware são todos os dispositivos físicos e
equipamentos utilizados no processamento de informações, incluindo computadores e outros
dispositivos de armazenamento de dados (GASPAR et al., 2011). Os dispositivos de entrada e
de saída de dados permitem que os usuários forneçam instruções e dados para o computador
processar, organizar e posterior saída.
Para que a organização possa lograr uma vantagem competitiva com o uso da TI, o
hardware deve ser capaz de apoiar os objetivos de SI e as metas da organização (STAIR;
REYNOLDS, 2011). Neste caso, um sistema eficaz deve ser montado selecionando e
organizando os componentes para equilibrar o desempenho do sistema global, custo, controle
e complexidade, com objetivo de atender às necessidades atuais e futuras do negócio e apoio
na tomada de decisão. De acordo com Stair e Reynolds (2011),
As organizações investem em hardware para aumentar a produtividade dos
trabalhadores, aumentar a receita, reduzir os custos, oferecer melhor serviço ao
consumidor, aumentar a velocidade até chegar ao mercado e possibilitar a colaboração
entre funcionários. Organizações que não fazem um investimento inteligente em
hardware ficarão paradas com equipamentos obsoletos que não são confiáveis e não
se podem aproveitar dos últimos avanços em software. Esse hardware obsoleto pode
colocar uma organização em desvantagem competitiva (STAIR; REYNOLDS, 2011,
p. 77).
Neste ambiente competitivo, cada organização procura o melhor possível para obter
vantagem com recursos mais rentáveis e confiáveis em termos de tempo, para não suportar
riscos maiores. Laudon e Laudon (2014) entendem que hardware é a tecnologia para o
processamento computacional, armazenamento, entrada e saída de dados.
27
Software
O software consiste em programas de computador que controlam os trabalhos do
hardware. O software é um programa que permite ao computador executar os comandos a ele
impostos sendo que os programas são sequências de instruções para o computador exibir
alguma documentação na tela. De acordo com Stair e Reynolds (2011) sem os softwares os
computadores não conseguiriam dar entrada aos dados usando o teclado, fazer o processamento
de dados, cálculos e impressão de resultados finais. Muitos administradores de empresas gastam
muitos recursos financeiros da empresa na aquisição de softwares para fazer diferença entre
lucros e perdas, bem como a estabilidade financeira e a falência da organização. Existem
softwares de sistemas que são programas que coordenam funções e atividades do hardware e
outros programas do sistema computacional (CAMPOS FILHO, 1994; STAIR; REYNOLDS,
2011).
A combinação da configuração do software de sistemas e hardware forma a plataforma
do sistema computacional. Na mesma sequência, para além dos softwares de sistemas tem-se
os softwares de aplicação que consistem em programas que auxiliam usuários a resolver
problemas específicos de computação.
Os softwares de sistemas e aplicação são cruciais para ajudar indivíduos e organizações
a alcançar objetivos organizacionais. Para Stair e Reynolds (2011) as organizações não devem
desenvolver softwares de aplicação proprietários, a não ser que atendam a uma necessidade
urgente que possa fornecer uma vantagem competitiva, porque estes softwares usam o poder de
um computador para resolver problemas e tarefas específicos. Da mesma forma, as
organizações devem escolher uma linguagem de programação adequada a cada característica
funcional das tarefas a serem executadas, considerando habilidades dos técnicos da
programação.
Bancos de dados
Os bancos de dados constituem um conjunto organizado de dados que auxiliam a
organização a alcançar seus objetivos facilitando a correta tomada de decisão no momento
adequado e preciso (STAIR; REYNOLDS, 2011). Fornecem os fundamentos essenciais para
os SI e ao sistema decisório na organização. Com a mineração de dados podem-se extrair os
dados mais importantes para a solução do problema concreto. Os bancos de dados precisam de
estar estruturados para responder à estrutura organizacional, caso contrário, o esforço de
28
desenvolvimento de sistemas pode desmoronar por ter dados inadequados e imprecisos. Tem
que haver um sistema de gerenciamento de bancos de dados para manipular os dados e fornecer
interface aos usuários com outros programas de aplicação. O gerenciamento de dados e a
modelagem são aspectos-chave da organização de dados e informações uma vez que, os dados
são recurso valioso de qualquer organização (ALBERTIN; ALBERTIN, 2008; CAMPOS
FILHO, 1994; STAIR; REYNOLDS, 2011).
Laudon e Laudon (2014) falaram da tecnologia da gestão de dados como sendo
softwares especializados para organizar dados e disponibilizá-los aos usuários. Este software
organiza, gerencia e processa dados organizacionais relativos a estoques, clientes e
fornecedores. Um banco de dados bem projetado e bem gerenciado é uma ferramenta valiosa
para a tomada de decisão, seguindo a sua lógica para o acesso e recuperação. Os tipos de
aplicações de bancos de dados continuam a evoluir e a produzir benefícios nas organizações na
busca de vantagem aos negócios.
Telecomunicações e rede
As redes e telecomunicações são vitais nas organizações modernas ao permitirem a
interação entre pessoas no mundo inteiro e dentro da própria organização em concreto. As redes
de computadores promovem a comunicação entre departamentos de uma organização,
fornecedores e clientes, melhoram o fluxo e acesso a informações para agilizar a tomada de
decisão (GASPAR et al., 2011).
Para além da comunicação interna na organização, existe a necessidade de intercâmbio
eletrônico na comunicação de dados de uma organização para outra, desde que o padrão seja
estabelecido, permitindo a descodificação por parte da organização receptora. A conexão de
computadores corporativos entre organizações utiliza sistemas de rede e segue padrões de
procedimentos na entrada e saída de dados e sistemas, às vezes sem intervenção humana. As
redes minimizam os custos de papel e os erros que, normalmente tem sido cometidos com o uso
normal e manual sem a tecnologia (ALBERTIN; ALBERTIN, 2008; STAIR; REYNOLDS,
2011).
O sistema de rede tem a vantagem de remover as barreiras do tempo e da distância, ao
mesmo tempo que os espaços físicos passam a ser cada vez mais descartados, como é o caso de
comércio eletrônico em lojas virtuais, o ensino à distância, e outros, dando vantagem
competitiva a longo prazo. Permite ainda compartilhar o hardware e programas de bancos de
dados.
29
As redes são essenciais para o sucesso organizacional ao se usar meios de transmissão
guiados que incluem cabos de pares de fios, fibra ótica e banda larga. Também pode usar a
transmissão sem fio para distâncias muito curtas (bluetooth, banda ultra-larga, transmissão por
infravermelhos), para distâncias médias (wifi) e para distâncias longas (transmissão por satélite,
micro-ondas terrestre, malha sem fio, 3G, 4G, 5G...) (STAIR; REYNOLDS, 2011). A TI
suporta a criação, modificação e realização das capacidades dinâmicas da organização como
veículo da natureza e do grau do ambiente competitivo para o posicionamento das organizações
(CRAWFORD; LEONARD; JONES, 2011).
Com o propósito de se estabelecer uma dinâmica no mercado, as organizações
desenvolvem certas habilidades nos seus colaboradores de forma a corresponder com a
competitividade. Embora seja de uma forma breve, foi saliente o entendimento do que é a TI
principalmente nos seus quatro componentes que são: hardware, software, dados e rede de
comunicações, ideia fundamentada por Perez et al. (2010).
Para além destes quatro componentes da TI descritos por Stair e Reynolds (2011),
Laudon e Laudon (2014) identificaram o quinto elemento como sendo os serviços da tecnologia
constituídos por uma equipe de suporte da gestão da TI, com funcionários especializados que
gerenciam a infraestrutura da TI e ensinam outros funcionários a utilizar adequadamente os
serviços oferecidos pela TI. Neste contexto, há necessidade de mais um aprofundamento na
área da TI no que diz respeito à competência em TI.
2.2 COMPETÊNCIA EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
A competência em TI é importante para a organização desde que encoraje a viabilização
de recursos raros, indisponíveis e não imitáveis e que os novos recursos criados possam criar
impacto verdadeiro no investimento em TI. Para Sambamurthy, Bharadwaj e Grover (2003) a
competência em TI é a base organizacional dos recursos da TI, capabilidades e que descreve a
capacidade organizacional para inovação baseada em TI por virtude dos recursos da TI
disponíveis e a habilidade de converter ativos da TI e serviços em aplicações estratégicas.
De acordo com Tippins e Sohi (2003) a competência em TI é a extensão para a qual a
organização é reconhecida acerca do uso efetivo e gere a informação dentro da organização
incluindo a infraestrutura da TI. Representa a especialização de recursos que providenciam uma
indicação das habilidades organizacionais de entender e usar as ferramentas da TI, processos
necessários para a gestão do mercado e informação ao consumidor.
30
Nas organizações, usa-se a TI para diferentes funções que ela possibilita e que, de acordo
com Ngai, Chau e Chan (2011) podem ser: tecnologias de wireless móvel na identificação via
radiofrequência e tecnologia do sensor de rede para coleta de dados; integração de tecnologias
em tempo real para monitorar eventos, reengenharia e ferramentas de gestão para automação
do processo de negócios.
A competência em TI é uma das mais importantes vantagens competitivas devido ao
seu papel vital na garantia do fluxo de informação sobre produtos e o perfil de financiamento
(MALEKIFAR et al., 2014). Neste âmbito, entra em causa a cultura e aprendizagem
organizacionais no entanto que a competência em TI deve abarcar a integração e flexibilidade
em TI como seus componentes, para fazer face à agilidade organizacional (MALEKIFAR et
al., 2014). O papel da cultura organizacional está ligado à gestão de recursos humanos e ao
ambiente organizacional e impacta na relação entre clientes e fornecedores.
A cultura organizacional identifica a interação entre trabalhadores estratégicos,
consumidores, fornecedores e competidores como atores-chave. As organizações com forte
cultura organizacional espera-se que tenham gestão de sistemas que possam responder com
flexibilidade, de acordo com as necessidades do ambiente do mercado e que a competência em
TI só tem valor se responder ou contribuir para a agilidade organizacional (MALEKIFAR et
al., 2014; NGAI; CHAU; CHAN, 2011). Há muita necessidade de implantar um sistema
adequado que possa responder às necessidades emergentes com a flexibilidade e precisão que
cada um almeja quando investe em TI.
2.2.1 Frameworks da Competência em TI
Para o entendimento da competência em TI, a grande referência vai para Lu e
Ramamurthy (2011) no seu estudo sobre a relação entre a capabilidade em TI e agilidade
organizacional. Nessa pesquisa, eles descreveram a capabilidade em TI como sendo uma função
de capabilidade da infraestrutura da TI, capabilidade da abrangência de negócios da TI e postura
proativa da TI como preditores da agilidade organizacional. Em termos esquemáticos, o seu
modelo de pesquisa pode ser visualizado na Figura 1.
31
Figura 1: Relação entre Capabilidade em TI e Agilidade Organizacional
Fonte: Lu e Ramamurthy (2011)
Neste modelo de pesquisa, Lu e Ramamurthy (2011) definiram infraestrutura da TI
como habilidade da firma de implantar plataformas compartilháveis em que a organização é
boa em gerenciar serviços e arquiteturas de gerenciamento de dados, serviços de comunicação
de rede, portfólio e serviço de aplicativos.
Na mesma sequência, Nam, Lee e Lee (2019), ao pesquisar a relação nomológica da
competência em TI para o desempenho da gestão dos recursos humanos (GRH), baseados no
modelo de Lu e Ramamurthy (2011) transformaram o conceito de capabilidade em TI em
competência em TI e mantiveram os seus reflexos na infraestrutura da TI, abrangência de
negócios da TI e postura proativa da TI. Com este estudo, concluíram que na perspectiva da
capacidade dinâmica com ênfase na análise de negócios as capacidades de gestão são mediadas
pela competência em TI, análise de negócios e desempenho dos recursos humanos. A Figura 2
é ilustrativa deste modelo.
32
Figura 2: Relação entre competência em TI, base da aplicação da GRH e seu desempenho
Fonte: Adaptado de Nam, Lee e Lee (2019)
A competência em TI é a habilidade da organização para adquirir, implantar, combinar
e reconfigurar recursos da TI em suporte e ligação da estratégia de negócio e processos de
trabalho. Ni e Chen (2017) ao falarem da competência em TI para gestores públicos
distinguiram componentes da TI como sendo o conhecimento, habilidades e atributos pessoais.
O conhecimento é do interesse particular dos educadores da administração pública e
pesquisadores, podendo ser tácito ou explícito. As habilidades implicam facilidades práticas em
fazer algo incluindo todas as habilidades em TI adquiridas ao longo do tempo, assim como
atitudes, capacidades pessoais em ter habilidades adicionais para ter visão técnica e de gestão.
Os atributos pessoais são valores internalizados, normas e manifestações pessoais, orientadas
para o serviço público da TI (NI; CHEN, 2017). De acordo com estes autores, a TI é um
construto latente de 2ª ordem composto por três dimensões que são: valores gerais do serviço
público pertinentes para o uso da TI; ética acerca da TI e princípios morais que guiam o uso da
TI no setor público, a visão mundial da tecnologia e da sociedade na perspectiva individual,
organizacional e social.
As pesquisas sobre a competência em TI demonstram este como um construto latente
em três dimensões: capacidade da infraestrutura da TI, abrangência de negócios da TI e postura
proativa da TI (LU; RAMAMURTHY, 2011; CHAKRAVARTY; GREWAL;
SAMBAMURTHY, 2013; NAM; LEE; LEE, 2019). Estas três dimensões medem a qualidade
dos recursos da TI como tais, no contexto em que a competência em TI ganha maior pesquisa
por ser fator de sustentabilidade na vantagem competitiva. As três dimensões da competência
33
em TI podem ter impacto negativo na agilidade organizacional, uma vez que a infraestrutura da
TI pode levar a rigidez não intencional em face de mudanças locais. A digitalização ampla e o
acesso a mais informação podem levar à aversão da informação e limitar os tomadores de
decisão a habilidade de tomar ação a tempo esperado. De forma a entender o alcance dos três
componentes da TI, segue a descrição de cada um deles.
2.2.1.1 Infraestrutura da TI
As organizações contemporâneas precisam de computadores diversos, softwares e
recursos de comunicação para funcionamento e resolução de problemas organizacionais
básicos. Os computadores serão diferenciados de acordo com o seu destinatário e o tipo de
atividade a realizar. Por essa razão, há necessidade de se ter computadores de mesa, laptops e
computadores de mão, principalmente quando se trata de organizações de médio e grande porte
em que, ainda é necessário servidores e centros de dados. Cada computador precisa de sistema
operacional e muitos softwares aplicativos para lidar com planilhas, documentos e arquivos de
dados (LAUDON; LAUDON, 2011, 2014).
Na mesma sequência, como o trabalho nas organizações é compartilhado, há
necessidade de rede de comunicação que pode ser local (para funcionários fisicamente presentes
no escritório) e outra de acesso remoto para permitir a troca de arquivos por e-mails em qualquer
parte em que estiver o funcionário. Há necessidade de rede telefônica, de telefones celulares e
internet. Todo esse conjunto de recursos fará sentido e será útil para a organização se estiverem
funcionários altamente qualificados e treinados para administrar e operar essa tecnologia. Ao
conjunto de todos esses componentes Laudon e Laudon (2011, 2014) chamaram infraestrutura
da TI que suporta e sustenta todos os SI da organização, composta por cinco elementos que são:
hardware, software, tecnologia de gestão de dados, tecnologia de rede e telecomunicações e
serviços de tecnologias coordenados entre si.
Em termos conceituais, a infraestrutura da TI é a habilidade da organização para
implementar plataformas partilháveis – recurso que captura a extensão em que a organização é
boa em gerenciar serviços e arquiteturas de gerenciamento de dados, serviços de comunicação
de rede e portfólio e serviço de aplicativos (NAM; LEE; LEE, 2019; LU; RAMAMURTHY,
2011). A infraestrutura da TI providencia plataforma global integrada, forçando modelos e
integra dados e processos que possibilitam o compartilhamento da informação em tempo real.
Providencia opções digitais de plataformas que permitem relacionar o conhecimento
organizacional e processos que ajudam a acessar, sintetizar e explorar o conhecimento
34
(SAMBAMURTHY; BHARADWAJ; GROVER, 2003). A integração global da infraestrutura
da TI habilita a organização para se lidar com mudanças rápidas, inesperadas, frequentes e fazer
o respectivo ajuste interno.
A infraestrutura da TI é classificada como recurso organizacional com elementos físicos
e humanos. Os elementos físicos são artefatos tangíveis como computadores, cabos de internet,
arquivos, de entre outros, que proporcionam riqueza na conexão electrónica com os
stakeholders internos e externos da organização, possibilitando o compartilhamento de
informação em plataformas cruzadas (DAVIS; GOLICIC, 2010).
Os recursos humanos, como parte da infraestrutura da TI, desenvolvem, implementam
e monitoram rotinas e trabalhadores, habilidades técnicas e de gestão, o funcionamento da TI,
coordenar e interagir com a comunidade e com outras organizações. Organizações com fortes
recursos humanos em TI são boas em integrar a TI nos seus trabalhos estratégicos ou na
estratégia de trabalho que vão ao encontro das necessidades provocadas pelas mudanças
inesperadas e imprevistas do mercado e do ambiente (DAVIS; GOLICIC, 2010;
RAVICHANDRAN, 2018; NAM; LEE; LEE, 2019).
O compartilhamento do conhecimento com base em TI pode reduzir desvios e encorajar
consensos, mas pode inibir o crescimento e aprendizagem. Sistemas robustos de conhecimento
e sistemas de recuperação da informação como portais e repositórios de conhecimento reduzem
a heterogeneidade do conhecimento (LU; RAMAMURTHY, 2011). A integração da
infraestrutura da TI pode conduzir ao processo involuntário de rigidez quando o mercado evolui
por causa da complexidade das mudanças, envolvendo a tecnologia, principalmente quando
processos automatizados são necessários para a mudança. Quando os SI forem complexos e
necessários para a mudança inovativa, a TI é vista como grande barreira para a mudança rápida
e radical na reengenharia e no processo de negócios.
Para medir a qualidade da infraestrutura da TI, recorrendo ao instrumento utilizado por
Lu e Ramamurthy (2011) replicado por Nam, Lee e Lee (2019) adaptado ao público alvo, foram
usadas as seguintes assertivas:
Na organização...
• O serviço de gestão de dados (ex.: bases de dados, arquivo de dados,
disponibilização de dados, acessibilidade, compartilhamento, etc.) é adequado.
• A comunicação em rede, a conectividade, a confiabilidade e a disponibilidade de
informação são adequadas.
• A qualidade dos aplicativos de TI (por exemplo, módulos/componentes de software,
tecnologias emergentes, etc.) atende às necessidades da nossa organização.
35
• A qualidade dos serviços de TI atende às necessidades organizacionais.
• Operações/serviços de facilidades de TI (ex: servidores, processadores de larga
escala, monitores de desenvolvimento, etc.) são adequadas.
2.2.1.2 Capacidade da abrangência de negócios da TI
A base da capacidade da expansão dos negócios da TI é a sinergia das relações entre TI
e gestores de negócios para o apoio à tomada de decisões de forma estratégica e produzir bons
resultados da sua implementação (SAMBAMURTHY; BHARADWAJ; GROVER, 2003).
Capacidade da abrangência de negócios da TI é a habilidade de a organização manejar
e explorar recursos da TI para suportar e ligar objetivos de negócios – capacidade que reflete a
extensão do uso da TI na clara visão estratégica de TI, integração de negócios da TI e
planeamento estratégico da TI habilitando o entendimento do valor do investimento em TI
(NAM; LEE; LEE, 2019; LU; RAMAMURTHY, 2011). Cepeda e Arias-Pérez (2019) falaram
da capabilidade em TI em vez da capacidade da abrangência dos negócios da TI. A capabilidade
em TI, para eles, é a capabilidade organizacional para adquirir, implementar, combinar e
reconfigurar recursos da TI para alcançar vantagem competitiva.
A interação perfeita, colaboração da TI e gestores de negócios criam um respeito mútuo
e verdade a todo tempo pela partilha de conhecimento entre gestores da TI e gestores de linha,
criando papel decisivo e influenciando o uso da TI pela organização. Esta colaboração cria
rapidez, efetividade e eficiência na resposta inovativa que requer mudanças radicais,
reengenharia de SI e processos de negócios. Para avaliar a capacidade da abrangência dos
negócios da TI foram utilizadas as assertivas que se seguem (LU; RAMAMURTHY, 2011;
NAM; LEE; LEE, 2019).
Na organização...
• Tem-se um entendimento claro sobre como a TI contribui para a vantagem
competitiva.
• Integra-se a estratégia de negócios com o planejamento de TI.
• A gestão funcional e geral é capaz de entender o valor do investimento em TI.
• Estabelece-se um processo de planejamento seguro do uso da TI.
2.2.1.3 Postura Proativa da TI
A postura proativa da TI é a habilidade da organização de pesquisar capacidades
proativas de adotar inovações de TI ou explorar recursos da TI para criar oportunidades de
36
negócios. Uma postura proativa de TI mede em que termos a organização se esforça para ser
atual, se constantemente procura novas maneiras de melhorar a sua eficácia no uso da TI e
promove um clima que é favorável à tentativa de novas formas de usar a TI. Também procura
entender se a atual TI é necessária ou precisa de ser substituída, dentre outros aspectos (NAM;
LEE; LEE, 2019; LU; RAMAMURTHY, 2011). Com a postura proativa da TI, a organização
detecta rapidamente e seleciona oportunidades com inovação da TI para direcionar mudanças.
Proporciona aprendizagem e rendimento reconfigurando processos rapidamente, de acordo com
o mercado.
Na integração do negócio é preciso adotar uma postura proativa que possa atender as
necessidades da organização e gerar valor ao negócio, gerenciando os serviços da TI que
transformam habilidades e recursos de forma eficiente e eficaz. A TI busca otimizar processos,
reduzir riscos e custos, daí que surgem diferentes frameworks e boas práticas para medir a
qualidade dos serviços e as necessidades dos clientes.
A postura proativa da TI permite o atendimento das necessidades da organização
contribuindo na sua participação para a geração de valor, na medida em que o gerenciamento
dos serviços da TI visa alocar, de forma adequada, os recursos disponíveis e gerenciá-los de
forma integrada. Esta ação leva à qualidade dos produtos e serviços percebidos pelo consumidor
gerando valor na operação dos serviços providenciados pela TI.
Para Cepeda e Arias-Pérez (2019) a postura proativa da TI é a capabilidade da
organização para explorar seus recursos tecnológicos como melhor via de capitalizar
oportunidades de negócio que o mercado cria. Ajuda a organização a antecipar novas tendências
globais que surgem como resultado do desenvolvimento tecnológico, leva vantagem para
oportunidades criadas pelas tecnologias emergentes, bem como estabilizar e operar inovações
com o uso de uma rápida reconfiguração, reestruturação de processos e aplicações que suportam
funções da organização (LU; RAMAMURTHY, 2011). Para avaliar a postura proativa da TI
foram aplicadas as assertivas que se seguem (LU; RAMAMURTHY, 2011; NAM; LEE; LEE,
2019).
A organização...
• Acompanha constantemente as inovações de TI.
• É capaz de continuar a experimentar novas tecnologias, se necessário.
• Tem ambiente que suporta experiência de novas formas do uso da TI.
• Busca constantemente novas maneiras para aumentar a eficiência do uso de TI.
37
Em um estudo sobre a estratégia desenvolvida incluindo o investimento em TI para
promover o desempenho organizacional, Tippins e Sohi (2003) desenvolveram a sua pesquisa
com a competência em TI constituída por um modelo reflexivo de conhecimento da TI,
operações da TI e objetos da TI. Esta visão é tida como semelhante à de Davis e Golicic (2010)
Lu e Ramamurthy (2011) Nam, Lee e Lee (2019) pelo que o conhecimento em TI enquadra-se
na infraestrutura da TI, bem como as operações. Estes dois elementos são detidos pelos
operadores dos sistemas da TI. Os objetos da TI constituem o físico que suporta a própria TI
também enquadrado na infraestrutura da TI (DAVIS; GOLICIC, 2010; LAUDON; LAUDON,
2011; SAMBAMURTHY; BHARADWAJ; GROVER, 2003; STAIR; REYNOLDS, 2011). A
Figura 3 mostra a composição da competência em TI, segundo Tippins e Sohi (2003).
Figura 3: Modelo de competência em TI
Fonte: Adaptado de Tippins e Sohi (2003)
Embora diferente dos demais modelos anteriormente apresentados, este apresenta a
característica reflexiva em que o reflexo da competência em TI é o conhecimento da TI,
operações da TI e objetos da TI. Uma outra visão é de Ngai, Chau e Chan (2011) em que, ao
relacionar a competência em TI e a agilidade da cadeia de suprimentos entenderam que a
flexibilidade em TI e a integração da TI constituem o reflexo da competência em TI.
Com a flexibilidade em TI providencia-se à organização a preparação para mudanças
inesperadas de mercado sem custos ou tempo adicionais. Para tal, há necessidade de integrar
infraestrutura de TI e novas componentes tecnológicas como o caso da radiofrequência para
38
garantir o melhor desempenho organizacional. A Figura 4 demonstra com detalhes a relação
entre a competência da cadeia de suprimentos (em que se enquadra a competência em TI) a
capabilidade e vantagem competitiva.
Figura 4: Agilidade na Cadeia de Suprimentos
Fonte: Adaptado de Ngai, Chau e Chan (2011)
Embora o modelo seja complexo na influência à agilidade da cadeia de suprimentos e o
posterior desempenho da firma, o enfoque é para a medida da competência em TI. Em uma
pesquisa realizada sobre a relação entre cultura organizacional, competência em TI e agilidade
da cadeia de suprimentos, Malekifaret al. (2014) replicando Ngai, Chau e Chan (2011)
descreveram a competência em TI como sendo constituído pela flexibilidade em TI e integração
da TI. Estes influenciam diretamente a agilidade da cadeia de suprimentos também constituído
pelo sentido a atribuir às percepções do ambiente do mercado e a resposta a dar aos fatores que
criam mudanças organizacionais (MALEKIFAR et al., 2014; NGAI; CHAU; CHAN, 2011).
Nesta visão, a competência em TI apenas se resume em aspectos de flexibilidade e integração
da TI e são preditores da agilidade organizacional, influenciados pela cultura organizacional,
para a agilidade da cadeia de suprimentos, conforme se pode notar na Figura 5.
39
Figura 5: Relação entre Competência em TI e Agilidade da Cadeia de Suprimentos
Fonte: Adaptado de Malekifar et al. (2014)
A visão destes autores relata outra dimensão da competência em TI que merece um certo
aprofundamento, pelo que se descreve em seguida as suas características.
2.2.1.4 Integração da TI
A integração da TI foi descrita como sendo a extensão para a qual os SI estão
interconectados e compartilham diferentes funções e partes de uma organização, focando no
uso da TI para coordenar atividades no design, logística, aquisição, manufatura,
desenvolvimento e outras partes importantes da organização (MALEKIFAR et al., 2014;
NGAI; CHAU; CHAN, 2011). Nesta sequência, a integração da TI está ligada ao uso da TI para
coordenar atividades, criar intercâmbio de conhecimentos, cooperação e criação de planos
simultâneos. Para tal é necessária a integração da TI para garantir o fluxo de informação,
recursos físicos e fluxo de caixa de forma que possibilitam o compartilhamento da informação
em tempo real (MALEKIFAR et al., 2014; NGAI; CHAU; CHAN, 2011).
Com os sistemas de integração da TI, diferentes partes da organização conseguem
acessar informação operacional de outros departamentos ou serviços e reduzem o tempo de
resposta em casos de mudanças no mercado. A sua relação significativa com agilidade
organizacional só faz sentido quando se estudam fatores internos e externos da organização e
não somente fatores internos (NGAI; CHAU; CHAN, 2011). A capacidade da integração da TI
ajuda na integração de aquisições e promove seu desempenho pós fusão e aquisições
(BENITEZ; RAY; HENSELER, 2018). As assertivas que serviram para avaliar a integração de
TI são as que seguem.
Na organização...
• Cada funcionário consegue acessar informação operacional de outros departamentos
sobre assuntos de interesse comum.
• Com o uso da TI consegue-se intercâmbio de conhecimentos, cooperação e criação
de planos simultâneos.
• Com o uso da TI consegue-se coordenar atividades de logística de áreas importantes
da organização.
40
• Com a TI garante-se o fluxo de informação, facilitando o seu compartilhamento.
• Com o uso da TI consegue-se coordenar atividades de aquisição e desenvolvimento
de áreas importantes da organização.
2.2.1.5 Flexibilidade em TI
A flexibilidade em TI é vista como núcleo da competência organizacional em que a boa
infraestrutura é qualificada pela sua flexibilidade e robustez de permitir mudanças de modo a
satisfazer o cliente sem aumentar os custos. A flexibilidade em TI permite às organizações
responderem às novas condições do mercado como a providência da futura integração. Neste
sentido, a flexibilidade em TI é um componente crítico da infraestrutura da TI uma vez que as
organizações são bem vistas pela sua rapidez na adaptação ao seu ambiente de negócio (BYRD;
TURNER, 2000).
A flexibilidade em TI é a habilidade de difundir e suportar fácil e prontamente, larga
variedade de softwares, hardwares, tecnologias de comunicação, dados, principais aplicações,
técnica física e a componente humana da existência da infraestrutura da TI (BYRD; TURNER,
2000). Outros autores acreditam que a flexibilidade em TI é a habilidade dos SI tecnológicos
de se adaptarem e incrementar mudanças radicais no processo de negócios e no mercado
atendendo ao tempo, custo, esforço e desempenho (MALEKIFAR et al., 2014; NGAI; CHAU;
CHAN, 2011). É a capacidade de adotar mudanças internas e externas à organização para
facilitar o compartilhamento da informação, desenvolvimento de sistemas e continuação de
operações de TI considerando o esforço e o tempo. O foco da flexibilidade em TI é a
incorporação das regras e padrões que determinam sistemas operacionais. Com uma boa
flexibilidade da infraestrutura da TI as organizações integram facilmente os componentes
tecnológicos e ligam à sua capacidade para responder aos desafios impostos pelo mercado com
melhor custo e eficiência. Na visão de Ngai, Chau e Chan (2011) a flexibilidade baseia-se em:
conectividade, compatibilidade e modularidade.
De acordo com Benitez, Ray e Henseler (2018) a flexibilidade em TI é prontidão
organizacional para a super – competitividade em responder tal como se requer, para se lidar
com oportunidades de negócios e ameaças no ambiente competitivo. A flexibilidade em TI
responde pela promoção do desenvolvimento da flexibilidade de negócio para fazer sentido e
dimensão de oportunidades de fusões e aquisições. Providencia o controle permitindo o
desenvolvimento da capacidade da integração da TI para integrar aquisições e derivar o valor
da fusão. Permite a capacidade de resposta em que a organização explora oportunidades
adjacentes.
41
Falar da flexibilidade em TI é referir-se ao conjunto de ações técnicas e recursos
humanos que providenciam a estrutura em que se operacionaliza a TI no que se refere à
infraestrutura da TI anteriormente referenciada (BENITEZ; RAY; HENSELER, 2018). Por seu
turno, Cepeda e Arias-Pérez (2019) entendem que a flexibilidade em TI é a capabilidade
proativa de uma organização em ajustar processos e mover recursos internos para responder a
eventuais mudanças de mercado. Para medir a flexibilidade em TI deve-se ter em conta a
conectividade da TI, funcionalidade da aplicação, compatibilidade da TI, transparência de
dados, gestão da tecnologia, conhecimento de negócios, gestão do conhecimento e habilidades
técnicas (BYRD; TURNER, 2000). Para avaliar a flexibilidade em TI, referenciando Byrd e
Turner (2000), foram consideradas as assertivas que se seguem:
Na organização...
• Existem ligações/conexões eletrônicas seguras com entidades externas (clientes,
comunidade, órgãos reguladores...).
• Aplicações de softwares podem ser compartilhadas facilmente e usadas por
intermédio de múltiplas plataformas.
• A informação é compartilhada por intermédio da organização, independentemente
da localização.
• Dados capturados em uma área da organização podem ser disponibilizados para
outros membros interessados na organização.
Baseados na gestão do conhecimento, um conjunto de autores como Bassellier, Reich e
Benbasat (2001) e Devece (2013) acreditam que a competência em TI é um construto formativo
composto pelo conhecimento explícito e conhecimento tácito em TI. O conhecimento explícito
em TI seria composto por: tecnologia, desenvolvimento de sistemas, aplicações, gestão da TI e
acesso ao conhecimento da TI. É o conhecimento de TI que pode ser exteriorizado e aplicado
por outros que estejam ligados ao mesmo setor de trabalho. O conhecimento tácito da TI seria
composto por experiência (uso pessoal da TI, projetos da TI e gestão da TI), habilidades
pessoais dos colaboradores e cognição (visão de processos e visão do papel da TI). O modelo
da competência em TI pode ser visualizado na Figura 6.
Figura 6: Modelo da competência em TI
Fonte: Elaborado com base em Bassellier, Reich e Benbasat (2001)
42
A visão deste conjunto de autores é de que a competência em TI está centrada no
indivíduo, ou seja, as habilidades pessoais e a sua experiência em gerir o conhecimento. O
conhecimento é visto como a chave da competência embora reconheçam que o conhecimento
sozinho não representa a competência, sendo necessária a habilidade para pôr o conhecimento
em prática. O modelo em estudo ultrapassa as simples capacidades pessoais, necessitando ainda
mais de infraestrutura da TI suficiente e adequada ao tipo de atividade que se pretende
desenvolver. É necessário que haja flexibilidade e integração da TI para além de proatividade
como características da competência em TI. De uma forma resumida, o Quadro 2 apresenta a
ideia dos autores quanto aos elementos da competência em TI e o contexto das suas pesquisas.
Quadro 2: Elementos da Competência em TI
Elementos Contexto da pesquisa Autores
• Conhecimento tácito da TI
• Conhecimento explícito da TI Gestão do conhecimento
Bassellier, Reich e
Benbasat (2001) Devece
(2013)
• Conhecimento da TI
• Operações da TI
• Objetos da TI
Relação entre competência
em TI e aprendizagem
organizacional
Tippins e Sohi (2003)
• Capabilidade da infraestrutura da TI
• Capabilidade da abrangência dos negócios da TI
• Postura proativa da TI
Relação entre capabilidade
em TI e agilidade
organizacional
Lu e Ramamurthy
(2011)
• Integração da TI
• Flexibilidade em TI
Relação entre competência
em TI e agilidade da cadeia de
suprimentos
Ngai, Chau e Chan
(2011)
• Capacidade da infraestrutura da TI
• Capacidade da abrangência dos negócios da TI
• Postura proativa da TI
Relação entre competência
em TI e base de GRH
Chakravarty, Grewal e
Sambamurthy (2013)
Nam, Lee e Lee (2019)
• Integração da TI
• Flexibilidade em TI
Relação entre competência
em TI e agilidade da cadeia de
suprimentos
Malekifar et al. (2014)
Fonte: Elaborado pelo autor com base na literatura
Estudos recentes, ainda sobre a relação entre a agilidade organizacional e a competência
em TI, Ravichandran (2018) resumiu a competência em TI como plataformas digitais, formadas
pelas capacidades dos SI e orientação do investimento em TI. Estudos de Tallon e Pinsonneault
(2011) descreveram o alinhamento estratégico da TI na firma como sendo impactante na
agilidade organizacional, moderado pela flexibilidade em TI. Por seu turno, Lu e Ramamurthy
(2011) descreveram a capabilidade da infraestrutura da TI, sinergia entre TI e negócios, bem
como a postura proativa como sendo facilitadores da agilidade das organizações em termos de
sentido e resposta às necessidades dos clientes. Ravichandran (2018) entendeu que estes estudos
estavam a examinar como as capabilidades dos SI e características das plataformas digitais
impactam a agilidade.
43
Ravichandran (2018) entende que, embora muitas organizações estejam desenvolvendo
plataformas digitais, não são todas que ganham agilidade com sucesso. Para tal, precisa-se das
capabilidades da organização, em particular, a capacidade da firma para inovar. Em estudos
passados descobriu que a TI e a capacidade de inovação são condutores do rendimento
organizacional e adaptação. Pretendeu ver como essas competências são complementares e o
efeito da sua complementaridade (Figura 7).
Figura 7: Relação entre competência em TI e agilidade organizacional
Fonte: Ravichandran (2018)
Para Ravichandran (2018), o aparecimento de novas tecnologias considerou inovação
bem como a disponibilidade do seu uso pelas firmas dentro do mercado e a habilidade do seu
uso efetivo como predição da disponibilidade para o sucesso. A gestão estratégica e teoria
organizacional consideram inovação como a capabilidade da firma de conduzir a organização
à mudanças em que as grandes firmas é que tem sucesso quanto à agilidade pois investem muito
em tecnologia do que as organizações que investem pouco para além de existência de recursos
de TI. Reconhece que a infraestrutura da TI facilita a conexão entre organizações e parceiros
de negócios.
2.2.2 Proposta do modelo de medida de competência em TI
O dinamismo da construção da teoria deve ser compatível com a natureza dinâmica das
organizações atuais, promovem o desenvolvimento organizacional e o estabelecimento de
paradigmas. O consenso acadêmico é no estabelecimento de um acordo sobre a convergência
do construto (SUMPTER; GREENBERG; KIM, 2019) na comparação entre os diversos
campos em que este construto é medido e comparado para a sua operacionalização. A
convergência do construto permite aos pesquisadores estabelecerem rápidas conexões
facilmente, generalizar resultados bem como agregar o entendimento do fenómeno em
44
pesquisa, pelo que, os pesquisadores usam a convergência do construto para a construção do
conhecimento e avanços teóricos.
A definição rígida do construto só é possível em uma perspectiva singular, não aceitando
que a consideração de um mesmo fenômeno pode ser vista em diferentes ambientes e com certas
limitações como o caso de género, cultura, diferenças individuais como a raça, orientação
sexual, status da imigração ou socioeconômicos que podem ser vistos como resultantes da
convergência do construto em tempo e espaço próprio.
Pesquisadores poderão começar a examinar a definição do construto, sua medida e
outras particularidades considerando os diferentes aspectos e não considerando apenas aspectos
tradicionais. É notória a diversidade no tratamento da competência em TI quanto à sua medida,
sendo que um grupo de autores como Lu e Ramamurthy (2011) e Nam, Lee e Lee (2019) em
situações diferentes de pesquisa acreditam na competência de TI como uma medida reflexiva
de infraestrutura de TI, capacidade da abrangência dos negócios da TI e postura proativa da TI.
Estes autores, estavam interessados em relacionar a competência em TI e a agilidade
organizacional.
Outros autores como Ngai, Chau e Chan (2011) e Malekifar et al. (2014), também em
um contexto reflexivo, entenderam que a competência em TI é uma medida de integração e
flexibilidade em TI. O contexto da sua pesquisa era de relacionar a competência em TI e a
agilidade da cadeia de suprimentos. Estes dois contextos de pesquisa constituem a proposta do
modelo de medida da competência em TI, como apresentado na Figura 8. Os outros modelos
como medida formativa da competência em TI proposta por Bassellier, Reich e Benbasat (2001)
em que o conhecimento tácito e conhecimento explícito forma a competência em TI precisam
de mais aprofundamento e análise.
45
Figura 8: Modelo Proposto de Medida da Competência em TI.
Fonte: Guite e Perez (2019)
Com este modelo, a competência em TI passa a ser uma medida reflexiva da capacidade
da infraestrutura da TI, capacidade da abrangência dos negócios da TI, postura proativa da TI,
integração da TI e flexibilidade em TI na conjunção das ideias de Lu e Ramamurthy (2011);
Chakravarty, Grewal e Sambamurthy (2013); Nam, Lee e Lee (2019); Ngai, Chau e Chan
(2011) e Malekifar et al. (2014). Embora as duas visões sejam diferentes, o entendimento é de
que se enquadram no ambiente organizacional para a medida da competência em TI tal como
foi fundamentado por Guite e Perez (2019) como recomendável para a validação deste
construto, em um ensaio teórico.
2.3 AGILIDADE ORGANIZACIONAL
A razão fundamental da agilidade no atual ambiente de negócios é o impacto da
mudança, o que requer uma postura defensiva, ou seja, antecipar a mudança em algumas
organizações que se desdobram para transformar oportunidades e forçar seus concorrentes para
a mudança. A agilidade é uma das características fundamentais para se lidar com mudanças e
requer dinamismo na antecipação e reação a estas mudanças de mercado e da estrutura (SEO;
DESOUZA; ERICKSON, 2006). O conceito de agilidade foi introduzido em 1991, no campo
da manufatura no contexto de sistemas flexíveis de manufatura. Mais tarde, o conceito foi
abordado em outras áreas principalmente no campo da administração (NGAI; CHAU; CHAN,
2011).
46
Em uma pesquisa relacionando a infraestrutura da TI e agilidade organizacional, Panda
e Rath (2017) definem agilidade como organização que é hábil em se ajustar e executar
operações em mudanças de ambiente, capacidade dinâmica, orientação do mercado,
flexibilidade estratégica, capacidade de absorção de entre outros aspectos. A agilidade é a via
pela qual se consegue combinar efeitos da presença da complexidade e incerteza, mas não para
reduzir problemas (SAMBAMURTHY; BHARADWAJ; GROVER, 2003).
Para o entendimento da agilidade é necessário estudar o conceito holisticamente, ou
seja, a agilidade é mais que a soma dos seus componentes. Ela não é simplesmente acerca de
ser bem-sucedido, mas manter o sucesso na luz de mudanças circunstanciais em que entram em
jogo a incerteza, o risco e a pressão temporal. É a resposta apropriada para o nível da dificuldade
do problema que não pode ser reduzida em partes (ALBERTS, 2011). De acordo com o mesmo
autor, a agilidade é uma resposta às circunstâncias não previstas e o seu incremento leva a
elevadas chances de vencer as incertezas.
A necessidade de agilidade é em função da complexidade da situação e o custo dos erros,
pelo que, ela pode ser medida pelo grau de resposta de um futuro inexplicado de mudanças.
Pode ser promovida pela remoção dos efeitos inibidores, sendo que ela não é a finalidade das
organizações, mas incrementando a agilidade (rapidez, adaptabilidade e nível de inovação) é o
fim relevante das firmas. Ela explica a razão que vem dos sectores manufatureiros como o
projeto ágil e a gestão de metodologias encontram aplicação em certos sectores tradicionais
como economia, finanças, serviços, entre outros. Para que a agilidade seja possível em uma
organização é necessário um alto investimento para dinamizar processos que habilitam a
organização a responder rapidamente aos desafios impostos pelo mercado ou desenvolver
liderança que responda a novas formas de serviço (WYMAN, 2018).
A agilidade pode ser uma necessidade em muitas organizações, mas estas têm que ter
em conta os custos e os benefícios que esta pode trazer. Na maioria dos casos, organizações que
progridem com o incremento da agilidade são as que tem um futuro incerto, pensando em
superar os seus concorrentes, o que requer análise do ambiente externo e tomar uma boa decisão
se vale a pena ou não (WYMAN, 2018). Neste contexto, há necessidade de encontrar um
ambiente favorável para agir e acompanhar a competitividade.
2.3.1 Conceitos da Agilidade Organizacional
Diversos pesquisadores conceituam a agilidade organizacional centrando a sua visão
na área de atuação de cada um e o interesse da sua pesquisa. Na área da administração não
47
existe consenso. Autores como Teece, Pisano e Shuen (1997) consideram agilidade
organizacional como sendo a chave das capabilidades dinâmicas nas organizações por forma a
obter sustentabilidade da vantagem competitiva. Sherehiy, Karwowski e Layer (2007) em uma
revisão da literatura sobre agilidade empresarial, identificaram dois tipos de estrutura, design
ou forma da organização: mecanicista e orgânica. No ambiente previsível e estável, as
organizações tendem a ter um design mecanicista caracterizado por uma estrutura hierárquica
e gestão operacional formal, em regras e procedimentos, com divisão de trabalho precisa,
controlada e meios formais de coordenação.
As organizações que operam em um ambiente de instabilidade, mudanças e
imprevisibilidade, normalmente tem um design orgânico que é formalmente fraco, pouca
hierarquização e pouco mecanicista. Não tem uma divisão de trabalho precisa, é descentralizada
com poucas regras e procedimentos e muitos meios pessoais de coordenação (SHEREHIY;
KARWOWSKI; LAYER, 2007). O modelo hierárquico e mecanicista é eficiente quando se
trata de rotina de trabalho em um ambiente estável e com poucas mudanças. O gestor do topo
tem todo conhecimento e informação para tomar certas decisões com eficiência necessária, mas
em caso de instabilidade e ambiente imprevisível este gestor pode não ter informação necessária
para entender a mudança e o conhecimento para tomar decisões, o que pode conseguir
recorrendo ao nível mais baixo.
Agilidade refere-se à rapidez com que a firma pode detectar e responder ameaças e
oportunidades do meio ambiente, embora não seja fácil detectar quão fácil e rápido as firmas
podem revisar seus ambientes baseados nos eventos do mercado (TALLON;
PINSONNEAULT, 2011). Para Mao, Liu e Zhang (2015) a agilidade organizacional é a
habilidade da organização de sentir mudanças no ambiente do mercado e responder com
rapidez, eficiência e efetividade para promover vantagem competitiva.
A agilidade organizacional está associada à flexibilidade e rapidez em sentir mudanças
e responder eficientemente as oportunidades e ameaças no ambiente de negócios. Em outras
palavras, a agilidade organizacional é a habilidade de a organização estar constantemente atenta
às mudanças e respondê-las rapidamente, para promover um produto ou serviço de qualidade e
ao encontro das necessidades do mercado, usando processos internos e externos da organização
(MAO; LIU; ZHANG, 2015). É a habilidade da firma para detectar mudanças ambientais e
responder eficiente e efetivamente a elas (FELIPE; ROLDÁN; LEAL-RODRÍGUEZ, 2016).
A agilidade organizacional constitui o sistema de manufatura que vai ao encontro das
necessidades do mercado e mudanças em torno dos processos para se adaptarem às mudanças
das necessidades do cliente. A incerteza, o dinamismo e a complexidade com que as
48
organizações se deparam, leva a uma hiper competitividade do mercado na sobrevivência das
mesmas. Por essa razão, há necessidade das circunstâncias em que estas se constituem um risco,
uma ameaça ou uma oportunidade para o seu desenvolvimento como vantagem competitiva
(FELIPE; ROLDÁN; LEAL-RODRÍGUEZ, 2016). Neste processo, entram em ação quatro
dimensões importantes que impactam a agilidade: tempo, custo, qualidade e escopo.
Para Felipe, Roldán e Leal-Rodríguez (2016) este conceito enquadra duas
características: adaptabilidade (aspecto reativo) e flexibilidade organizacional (aspecto
proativo) uma vez que tem que fazer sentido às mudanças e responder a elas por reconfigurar
recursos, processos e estratégias. Neste sentido, a agilidade organizacional é a capacidade de
resposta intencional que as organizações desenvolvem para habilitar comportamento eficiente
em um ambiente de alta turbulência, não só pela rápida resposta à mudança, mas com um
potencial da organização em antecipar e verificar oportunidades, particularmente na inovação
e na aprendizagem.
A agilidade organizacional é delineada como uma competência crucial de uma
organização para se lidar com imprevisível mudança no ambiente de negócios, alta competição
do mercado e que prospera rumo ao sucesso global (PANDA; RATH, 2018). Estes autores
realizaram o seu estudo no contexto dos países desenvolvidos e o seu foco foi para os gestores
de TI que traçam estratégias importantes que possam influenciar a agenda e a percepção do que
a agilidade proporciona ao meio quando incide sobre uma dada organização. Basearam-se ainda
nas capacidades dinâmicas como referência para entender as particularidades de alinhamento
estratégico da agilidade e nos fatores de contingência para entender a volatilidade do mercado.
Para se lidar com a volatilidade da mudança interna e externa a agilidade oferece às
organizações abordagens fáceis e rápidas de refinamento de processos de negócios. De uma
forma sintetizada, o Quadro 3 mostra as diversas abordagens da agilidade organizacional.
49
Quadro 3: Conceito de agilidade organizacional
REFEÊNCIA CONCEITO ABORDA
-GEM RESULTADOS
Teece, Pisano
e Shuen
(1997)
Chave das capacidades
dinâmicas nas organizações
por forma a obter
sustentabilidade da vantagem
competitiva
Conceitual
Fortes capabilidades dinâmicas são necessárias
para promover agilidade organizacional
necessária para direcionar incertezas profundas
como as geradas pela inovação e a
competitividade. Incerteza é diferente de risco que
pode ser gerido usando abordagens e ferramentas
tradicionais.
Tallon e
Pinsonneault
(2011)
A capacidade de detectar e
responder a oportunidades e
ameaças com facilidade,
rapidez e destreza
Survey
O alinhamento estratégico de TI tem um efeito
positivo na agilidade; agilidade tem um efeito
positivo sobre o desempenho da empresa e isso é
moderado pela volatilidade ambiental.
Lu e
Ramamurthy
(2011)
Capacidade ampla e firme para
lidar com mudanças que
surgem inesperadamente no
ambiente de negócios.
Survey
A capacidade de TI tem um efeito positivo nos
dois tipos de agilidade organizacional e o gasto de
TI tem um efeito positivo na agilidade do ajuste
operacional, mas não na agilidade de
capitalização de mercado.
Mao, Liu e
Zhang (2015)
Habilidade da organização de
sentir mudanças no ambiente
do mercado e responder com
rapidez, eficiência e
efetividade para promover
vantagem competitiva.
Survey
O ambiente de incerteza modera positivamente os
efeitos da capabilidade em TI e capabilidade de
conhecimento na agilidade organizacional. A
intensidade da informação modera positivamente
os efeitos da capabilidade de conhecimento na
agilidade organizacional.
Felipe, Roldán
e Leal-
Rodríguez
(2016)
Habilidade da organização de
permitir detectar mudanças no
ambiente e responder
efetivamente a elas.
Survey
A capabilidade dos sistemas de informação é
antecedente da agilidade organizacional e da
capacidade de absorção como construto
mediador.
Panda e Rath
(2017)
Competência crucial de uma
organização para se lidar com
imprevisível mudança no
ambiente de negócios, alta
competição do mercado e que
prospera rumo ao sucesso
global.
Survey
A infraestrutura de TI permite o sentido e a
resposta da agilidade organizacional. Existe uma
relação positiva entre a dimensão crítica da
infraestrutura uma de TI (funções comerciais,
gestão interpessoal, gestão da especialidade
tecnológica) e agilidade organizacional de sentido
e de resposta.
Žitkien e
Deksnys
(2018)
Habilidade organizacional de
reconhecer mudanças
inesperadas no ambiente e
responder com eficácia e
eficiência, pela utilização e
reconfiguração interna de
recursos, ganhando assim, a
vantagem competitiva.
Conceitual
O estudo concluiu que a agilidade organizacional
é composta por atributos e drivers que levam a
organização a detectar e reagir a eles sob forma de
resposta. Estabeleceu o conceito global da
agilidade organizacional que pode ser aplicado e
adaptado para qualquer organização.
Wyman
(2018)
A agilidade organizacional é a
capacidade da organização
para adaptabilidade infinita
sem operar mudanças radicais.
Conceitual
É necessário entender a profunda incerteza, que
pode ser ambígua, para poder atuar sobre ela.
Forte capabilidade dinâmica é necessária para
direcionar a agilidade organizacional como as
geradas pela inovação e competitividade.
Fonte: Elaborado pelo autor com base na literatura
A agilidade organizacional é vista como “a habilidade organizacional de reconhecer
mudanças inesperadas no ambiente e apropriadamente responder com eficácia e eficiência, pela
50
utilização e reconfiguração interna de recursos, ganhando assim, a vantagem competitiva no
processo (ŽITKIEN; DEKSNYS, 2018, p. 118)”.
Na sua pesquisa sobre modelo conceitual da agilidade organizacional, Žitkien e Deksnys
(2018) estabeleceram uma interconexão entre os diversos contextos em que se estuda e se
enquadra a agilidade organizacional, de acordo com a visão de diversos pesquisadores
começando por abordar a agilidade em diferentes perspectivas que se podem esquematizar
como mostra a Figura 9.
Figura 9: O contexto da agilidade
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Žitkien e Deksnys (2018)
Nas diversas abordagens deste tema, são mais salientes os termos como: competência
da firma para adaptar-se a contingência do ambiente, habilidade para detectar e responder
oportunidades com rapidez e surpresa, habilidade de fazer sentido às mudanças ambientais e
dar resposta, acompanhar mudanças e processos de negócios, rapidez de detectar oportunidades
e ameaças e respondê-las com eficiência e eficácia, etc. (RAVICHANDRAN, 2018). A
agilidade organizacional é a capacidade da organização para adaptabilidade infinita sem operar
mudanças radicais (WYMAN, 2018). Ela comporta certos componentes, como se descrevem a
seguir.
2.3.2 Frameworks da Agilidade Organizacional
Para entender e melhor detalhar a agilidade organizacional, houve a necessidade de
estabelecer frameworks. Os frameworks da agilidade organizacional estão categorizados em
quatro domínios, nomeadamente:
AGILIDADE
NO CONTROLE DO PROCESSO DE NEGÓCIO
Cadeia de suprimentos;
Agilidade de recursos;
GC e capacidade da TI;
Processo de negócio;
Alinhamento estratégico;
Orientação do mercado;
Propriedade de agilidade na redede negócios
Na perspectiva decapacitadores ecapacidades comorganizações naajuda paraalcançar agilidade
Na identificaçãode práticas queas organizaçõesusam nas suasoperaçõesdiárias
Na perspectiva decomo asorganizaçõesinteragem com asmudançasambientais nadimensão dosentido de respostado pensamento
51
1. Manufatura ágil,
2. Software ágil,
3. Força de trabalho ágil
4. Organização ágil.
Estes frameworks, juntos impulsionam e influenciam a cultura organizacional, a força
de trabalho, os clientes, as habilidades organizacionais e a tecnologia (ŽITKIEN; DEKSNYS,
2018). Das diferentes concepções sobre frameworks, surge a ideia de que só a organização ágil
é susceptível de usar vários novos métodos e tecnologias disponíveis como forma de levar
consigo diversas vantagens neles. Zain, Che e Abdullah (2005) identificaram quatro
frameworks da agilidade organizacional:
1. Enriquecimento do cliente;
2. Organização para criar vantagem competitiva;
3. Alavancar pessoas e informações;
4. Dominar mudanças e incertezas.
Por seu turno, Žitkien e Deksnys (2018) depois da análise da literatura chegaram à
conclusão de que muita pesquisa da agilidade organizacional pode ser dividida em três
frameworks:
1. Capacidade facilitadora;
2. Práticas e processos da agilidade organizacional;
3. Framework de sentido e resposta da agilidade organizacional.
Na capacidade facilitadora, o propósito da agilidade organizacional é melhor ajustar-
se às mudanças e ganhar vantagem competitiva, bem como levar oportunidades dessas
mudanças no ambiente de incertezas sem predição. São necessárias capacidades e facilitadores
para responder tais mudanças. Este framework leva em conta duas dimensões interdependentes:
estática ou estrutura (o que faz com que a organização seja ágil) e a dinâmica focada nas
habilidades da organização (o que a organização pode fazer para ser ágil).
No framework de processos e práticas da agilidade organizacional tem-se em conta
a estrutura ou estática da organização. Para uma organização ser ágil é preciso que existam
práticas reiteradas e alguns facilitadores. Dos facilitadores referenciados constam: introdução
de um novo produto, formação de parcerias, melhoria continuada, pequena concepção de metas,
descentralização na tomada de decisões e resposta aos pedidos do mercado (ŽITKIEN;
DEKSNYS, 2018). A agilidade organizacional é um processo que precisa de mudanças
constantes, de modo a se adaptar às constantes mudanças no ambiente do mercado.
52
No framework de sentido e resposta da agilidade organizacional, as pesquisas focam
em 2 dimensões que são o sentido e a resposta. Ele começa com framework de capacidade
facilitadora e prática e, é explicado pela magnitude da variação da mudança (flexibilidade e
rapidez da mudança). O sentido foca nas habilidades de ver mudança externa dependendo dos
estrategistas tomadores de decisão nas suas habilidades ou nas habilidades organizacionais.
A organização orgânica é mais inovativa, flexível e mais capaz de se adaptar a
mudanças, o que é mais apropriado para mudanças contínuas de ambiente e instabilidade. A
estrutura interna da organização é que dita a sua capacidade de resposta aos desafios impostos
pelas mudanças e instabilidades, em que a organização reflete a complexidade do ambiente com
estrutura e sistemas internos.
2.3.3 Modelo Conceitual da Agilidade Organizacional
O primeiro passo no modelo conceitual da agilidade organizacional é a identificação
dos promotores da agilidade que são: mudanças de mercado, competição, clientes, tecnologia e
fatores sociais. Esses promotores levam a que haja impulso na organização o que leva a esta a
ganhar uma agilidade que, por sua vez, conduz a organização para ganhar vantagem
competitiva. Johansson e Jackson (2003) falaram de mudanças no produto, mudanças de
competências dentro de operações, cooperação interna e externa, pessoas, conhecimento e
criatividade como dimensões da agilidade. As estratégias relacionadas com operações e
produtos necessários para responder às mudanças e incertezas do mercado, as mudanças de
competências dentro de operações estão relacionadas com métodos e gestão de ferramentas
requeridas dentro do sistema de produção.
A cooperação refere-se à habilidade do departamento da organização de criar
mecanismos de compartilhamento com fornecedores e clientes. O conhecimento e habilidades
são necessários aos colaboradores como uma base de todas as ações que se lidam com
turbulenta mudança do mercado (JOHANSSON; JACKSON, 2003).
Na visão de Seo, Desouza e Erickson (2006) a ação rápida ou lenta de uma organização
deve responder a quatro requisitos para que se considere ágil: enriquecer o cliente, cooperar
para aumentar a competitividade, organizar para dominar a mudança e incerteza e aproveitar o
impacto nas pessoas e da informação. Estas quatro dimensões relatam a maneira como a
organização gerencia a mudança e a indicação de como a organização está se inteirando com
os aspectos do ambiente.
53
A agilidade organizacional é composta por: percepção dos sinais externos,
processamento da informação, resposta aos fenômenos percebidos, alinhamento ou
retroalimentação organizacional, aprendizagem e competência organizacionais. Estes
componentes realçam a importância da percepção dos sinais externos por parte da organização,
responder adequada, proativa e reativamente, o que requer o realinhamento por parte da
organização para atingir objetivos e resultados com a nova informação (SEO; DESOUZA;
ERICKSON, 2006). A nova informação é processada e proporciona uma aprendizagem por
parte da organização promovendo a sua competência que é a maturidade da organização para
ter habilidades de perceber, processar, responder, alinhar e aprender (Figura 10).
Figura 10: Modelo de Agilidade Organizacional
Fonte: Seo, Desouza e Erickson (2006)
A percepção é a habilidade dar sentido às mudanças de ambiente. Para tal a organização
tem que prestar atenção ao entendimento adequado do ambiente interno e externo para perceber
os sinais das mudanças, os recursos necessários para receber os sinais, o tipo de sinal a receber
e as características destes sinais (SEO; DESOUZA; ERICKSON, 2006). O processamento é a
habilidade de filtrar, avaliar e processar o sinal entrante como ponto fulcral da agilidade,
avaliando os sinais que necessitam da ação organizacional sob risco de despender recursos para
sinais sem impacto organizacional. O processamento tem que ser rápido para responder à
mudança na organização com qualidade pelo que, a agilidade organizacional necessita de
viscosidade e fluidez para desenvolver um processamento rotineiro quando necessário.
A resposta deve ser rápida e apropriada e providenciada depois de o sinal ser percebido
e processado. Esta resposta pode ser pré-determinada quando situações similares necessitaram
54
do mesmo tipo de resposta ou uma criação nova para responder ao estímulo corrente. A
agilidade organizacional é responsável por determinar quando deve usar uma resposta prévia
ou uma nova, com a mobilização de recursos de conhecimento e ao acesso ao conhecimento
organizacional. O alinhamento é a retroalimentação, no sentido de que, depois da resposta, tem
que se fazer uma reavaliação da missão, objetivos e resultados esperados da organização, bem
como para situações futuras de mudança de ambiente do mercado. Deve ser feito com a rapidez
necessária para a nova direção imposta pela mudança, reajustando e reconfigurando a estrutura
organizacional (SEO; DESOUZA; ERICKSON, 2006).
A aprendizagem é a habilidade de construir experiência para a contínua improvisação
da própria organização em se adaptar a situações futuras. A organização pode aprender contínua
e efetivamente com processos internos ocorridos, mesmo as falhas cometidas, transformá-las
em boas, ou seja, a organização aprende por falhas. Muitas organizações, neste aspecto,
recorrem à TI, habilidades e processos dos concorrentes e viram organizações competentes
(SEO; DESOUZA; ERICKSON, 2006). A competência inclui o conhecimento e a experiência
acerca do mercado e dos processos de como os fenómenos ocorrem interna e externamente.
Todos os componentes da agilidade organizacional dependem da competência e esta depende
do trabalho em grupo de habilidades dos profissionais envolvidos e a integração de todos os
componentes da agilidade organizacional.
No âmbito da cadeia de suprimentos a agilidade tem por finalidade a satisfação do
cliente e é a habilidade de responder apropriadamente às mudanças que ocorrem no ambiente
de negócios, chamada agilidade da cadeia de suprimentos (LIN; CHIU; CHU, 2006). A
agilidade da cadeia de suprimentos é considerada a estrutura com objetivo de satisfazer os
clientes e os empregadores dentro da qual toda organização pode desenhar a sua estratégia de
negócios, sua organização, processos e SI. A estrutura é suportada pela gestão da inovação,
organização virtual, relações de cooperação, tecnologias flexíveis e inteligentes que interagem
para a coordenação e se transformar em capacidade estratégica e competitiva. O seu modelo de
agilidade pode ser visualizado na Figura 11.
55
Figura 11: Modelo conceitual da agilidade da cadeia de suprimentos
Fonte: Adaptado de Lin, Chiu e Chu (2006)
Tal como outros autores, Lin, Chiu e Chu (2006) realçam o contexto da agilidade
impulsionado pelas mudanças de ambiente de negócios que constituem os seus impulsos, como
é o caso de mudanças nas preferências dos clientes, intensidade dos critérios de
competitividade, volatilidade do mercado, aceleração da inovação tecnológica e fatores sociais.
Estes impulsos, por seu turno, vão criar condições para que haja capacidade de agilidade, no
que diz respeito à habilidade de detectar mudanças e dar uma rápida resposta, proativa e reativa,
competência quanto à eficácia e eficiência, flexibilidade na aplicação das diferentes propostas
para atingir os objetivos e rapidez necessária. Esta ideia é semelhante à visão de Seo, Desouza
e Erickson (2006) e Malekifar et al. (2014) ao introduzir a flexibilidade como componente
essencial da competência em TI e a sua ligação com agilidade organizacional.
Da mesma forma, foram vistos como pilares da agilidade as relações de colaboração
para atrair cliente e fornecedores no desenvolvimento de produtos e compartilhamento de
informação; os processos de integração na confederação dos parceiros e sua interligação em
rede; integração da informação no uso de TI para compartilhar informação e dados e a
sensibilidade do cliente, do marketing na leitura e resposta aos pedidos do cliente, mudanças e
incertezas. A agilidade organizacional não é um fim em si mesmo, mas é necessária para manter
56
a competitividade em um mercado caracterizado por incertezas e mudanças. De acordo com
Sherehiy, Karwowski e Layer (2007) a agilidade organizacional é baseada no mercado,
manufatura e produto.
Outros facilitadores da agilidade têm em conta a estrutura da organização, processos,
tecnologia, recursos humanos e interações que, trabalhando em conjunto com capacidades da
agilidade organizacional interligam-se para compensar os fracos componentes ágeis da
organização. Como é que se estruturam estes elementos e qual a relação que estabelecem entre
si? A Figura 12 que se segue, mostra os fatores impulsionadores da agilidade organizacional e
o comportamento da organização perante estes fatores para a sua resposta.
Figura 12: Modelo conceitual da agilidade organizacional
Fonte: Žitkien e Deksnys (2018)
Com este modelo proposto por Žitkien e Deksnys (2018) entende-se que na prática,
agilidade opera-se dentro da organização e é o local em que se deve fazer sentir, embora seja
movida por fatores externos como o mercado. Cada organização tem o seu nível de agilidade
organizacional em que o alto nível permite a sobrevivência das organizações em ambientes de
crise para sempre (NIJSSEN; PAAUWE, 2012).
Nejatian et al. (2018), no contexto da agilidade organizacional descreveram o que eles
chamaram de atributos ágeis conhecidos como capabilidades da agilidade sendo capacidades
essenciais que a organização tem para desenvolver, dentro da sua estrutura, por forma a se lidar
efetivamente com mudanças e pressões dentro do ambiente de negócios. Este conceito alastrou-
57
se para a cadeia de suprimentos na corrida normal em que a organização tem que ter capacidades
de integração da organização, altas habilidades, pessoas conhecedoras e tecnologias avançadas.
Estes autores identificaram as dimensões da agilidade como sendo: enriquecimento do cliente,
cooperação, organização para grandes mudanças e incertezas para além de alavancar o impacto
da população e informação.
A agilidade organizacional tem sido estudada em diferentes áreas e contextos, como é o
caso de agilidade de negócios, agilidade empresarial, agilidade em TI, agilidade na manufatura,
agilidade na cadeia de suplementos, etc. Recorrendo ao instrumento de coleta de dados utilizado
por Cepeda e Arias-Pérez (2019); Panda e Rath (2017) com as respetivas remodelações para a
compreensão dos respondentes foi possível a coleta de dados relativos a sentido da agilidade
organizacional e resposta da agilidade organizacional como se pode ver em seguida.
Sentido da agilidade organizacional
Na organização ...
• O nível de ação dos gestores em relação aos competidores é excelente.
• O nível de ação dos gestores em relação às preferências dos consumidores é
excelente.
• O nível de mudança do ambiente do mercado tem sido acompanhado.
• Tem-se alto nível de tecnologia avançada e inovativa.
• Tem sido observada a mudança de fornecedores quando possível para ter custos
baixos, qualidade e economia do tempo de entrega.
Resposta da agilidade organizacional
Na organização...
• O nível de resposta para estratégia de mudança é adequado.
• O nível de resposta às necessidades dos consumidores é adequado.
• O nível de restruturação das operações da TI para servir melhor os clientes é uma
prioridade.
• Vê-se o nível de resposta para mudanças detectadas no mercado como oportunidade.
• Tem-se um nível de personalização dos produtos e serviços para responder às
necessidades particulares dos clientes.
2.4 COMPETÊNCIA EM TI E AGILIDADE ORGANIZACIONAL
A agilidade organizacional integra processos organizacionais, características e membros
com tecnologia avançada que, juntos providenciam produtos e serviços de qualidade essenciais
para a competitividade. Do mesmo modo, conta com produção e gestão em geral e visão
58
sociotécnica para desenvolver um modelo de agilidade organizacional (CROCITTO;
YOUSSEF, 2003). Dependendo da área de pesquisa, a agilidade organizacional toma em conta
diferentes fatores como suprimentos, membros da organização, clientes e a TI, bem como a
relação entre membros da organização e a TI que proporcionam a correta tomada de decisão.
A abordagem sociotécnica leva em conta a primazia das investigações em que as
pesquisas ligam recursos humanos, organização e tecnologia. O homem é o principal elemento
na produção de sistemas técnicos, acompanhado pela tecnologia que influencia a estrutura, as
relações de autoridade e o design do trabalho. Ainda no contexto sócio técnico, a gestão
avançada da tecnologia depende do clima da inovação, orientação de risco, adaptação de
produtos e processos usando a tecnologia, o que se resume na agilidade (CROCITTO;
YOUSSEF, 2003). Para que a gestão da tecnologia avançada tenha efeito positivo nas
organizações, reduzindo o tempo de serviço, a mão de obra, descentralizando o poder decisório,
capacidade de modelização de processos, é necessário que esta seja aceite dentro da organização
e seja integrada.
A gestão da tecnologia avançada muda a natureza da organização no que se refere ao
design e manufatura, estratégias da manufatura e estratégia organizacional, mercado, controle
de qualidade e gestão de recursos humanos. A interligação dessas diferentes perspectivas leva
ao exame do real potencial da gestão organizacional, grupal e individual. A agilidade da
manufatura depende do pessoal que trabalha com a tecnologia e não da própria tecnologia. Por
mais que se tenha alta tecnologia instalada na organização, o mais importante é o treinamento
do seu operador em usar tal tecnologia (SHEREHIY; KARWOWSKI; LAYER, 2007, 2014).
Há necessidade de desenvolver e manter habilidades tecnológicas para se poder ter
agilidade flexível e controlar a imprevisibilidade assim como a incerteza dentro da organização.
A competência em TI é importante e vital para criar um desenvolvimento virtual requerido pelas
organizações ágeis na cooperação e suporte das dimensões da agilidade providenciando a
comunicação apropriada dentro dos limites. Providencia a habilidade do uso de redes e
ferramentas para facilitar as mudanças ao encontro das necessidade (SEO; DESOUZA;
ERICKSON, 2006).
Para Sherehiy, Karwowski e Layer (2007) os recursos humanos devem ter certos
atributos para serem mais flexíveis e atenderem às mudanças de ambiente de maneira mais ágil,
como é o caso de: atitude de aprender e desenvolver pessoalmente, habilidade de resolver
problemas; ser confortável com mudanças, novas ideias e novas tecnologias; habilidade de
gerar ideias inovativas; aceitação de responsabilidades, entre outras.
59
Em momentos de crise económica, o homem como colaborador, constitui a chave desta
estrutura em que desenvolve sempre uma certa habilidade e um novo conhecimento. A criação
e desenvolvimento de um conhecimento organizacional configura-se necessária em um
ambiente dinâmico pois, este pode servir para dar resposta aos dinamizadores da agilidade. É
necessária a infraestrutura como pré-requisito para o esforço do homem no posto de trabalho
(NIJSSEN; PAAUWE, 2012).
A agilidade organizacional requer o desenvolvimento de uma mão de obra adaptável
que seja fácil de se lidar com incertezas e mudanças dinâmicas no ambiente de negócios. A
combinação das demandas de trabalho e incertezas tem efeito significativo na agilidade da mão
de obra. Para o sucesso na resposta a incertezas e mudanças inesperadas de ambiente de
mercado, é necessário que os elementos da organização, tais como: objetivos, tecnologia,
organização e as pessoas, sejam flexíveis no suporte a essas mudanças (SHEREHIY;
KARWOWSKI, 2014). Sem agilidade da mão de obra, não existe agilidade organizacional,
uma vez que providenciam serviço ao cliente, aceleram a curva de aprendizagem, promovem a
qualidade, entre outros aspectos relevantes.
Como a agilidade é uma resposta aos desafios impostos pelas mudanças inesperadas do
ambiente do mercado no local de trabalho, requer mudanças em processos de trabalho,
adaptação, tecnologias flexíveis, por causa da complexidade e variabilidade altas no ambiente
de trabalho. A mão de obra requer autonomia e enriquecimento de tarefas, o que supõe
incremento no desempenho desta na flexibilidade e integração de tecnologias, como forma de
ter abrangência necessária em tempo preciso. Por outro lado, é necessária a introdução de
práticas modernas de manufatura, como a produção pontual, própria da produção em massa.
Esta autonomia e poder que a mão de obra precisa na tomada de decisões é para dar
flexibilidade, em transformar o serviço e responder aos anseios do momento por via da
adaptabilidade circunstancial a novas situações que o mercado exige. A competência em TI
implica, de um lado, adotar uma postura proativa para prever mudanças e adaptar-se a elas, tal
como a agilidade organizacional que precisa de entender um fenômeno o mais rapidamente
possível, adotando a flexibilidade necessária recorrendo a TI. Nem sempre este modelo traz
benefícios pois, traz a simplificação de serviços, depressão do serviço, desordem e outros
aspectos (SHEREHIY; KARWOWSKI, 2014). Este modelo requer colaboradores com
diferentes visões e habilidades de ligar o aprendizado, pelo que é necessária a visão do nível da
organização e o perfil dos trabalhadores. A capabilidade em TI é o fator impulsionador da
agilidade organizacional, da mesma forma que a TI é considerada como promotora da agilidade
organizacional pela criação de estratégias e benefícios (MAO; LIU; ZHANG, 2015).
60
As organizações investem em infraestrutura de TI para criar capacidades superiores de
agilidade de inovar e responder rapidamente aos desafios impostos pelo mercado. Os
componentes humanos da infraestrutura da TI, como habilidades funcionais de negócios, gestão
interpessoal e gestão tecnológica estão diretamente ligados ao sentido e resposta da agilidade
organizacional uma vez que, são responsáveis por detectar mudanças e fazer o necessário para
se lidar com elas (PANDA; RATH, 2017). Há necessidade de grande planificação,
comunicação, cooperação no trabalho, qualidade de organização para desenvolver o
conhecimento sobre a cultura organizacional e se adaptar à mudança organizacional.
De acordo com Liu et al. (2018) a computação em nuvem providencia solução de
problemas do efeito da TI na agilidade organizacional ao facilitar o arquivo de uma grande
quantidade de dados, serviço, computação, mediante a conexão à internet. É um modelo de
computação que permite ao usuário acessar uma grande quantidade de aplicações em qualquer
lugar desde que esteja ligado à nuvem. Inclui a elasticidade, escalabilidade, recursos
compartilháveis para proporcionar a flexibilidade e economia de soluções da TI e agilizar a
dinâmica operacional nas organizações.
A capabilidade da infraestrutura da TI providencia insights na informatização de
atividades pela computação em nuvem que serve como framework para o seu estudo, é
necessária para as organizações promoverem agilidade no ambiente competitivo, criando valor
para as próprias organizações. A computação em nuvem está ganhando incremento na
atualidade, mas algumas organizações ainda não entendem o real alcance da mesma, no que diz
respeito às suas vantagens e em relação aos custos (LIU et al., 2018). Quando a organização
usa computação em nuvem na sua infraestrutura de TI, facilitam a flexibilização e integração
dessa mesma infraestrutura e garantem o suporte interno das organizações e processo externo
de negócios.
O uso da computação em nuvem ajuda as organizações na resposta às mudanças rápidas
do mercado e conecta parceiros de negócios e clientes, facilitando a transferência do
conhecimento e integração de processos dentro das organizações e entre elas com parceiros e
clientes. O aumento de investimento em infraestrutura da TI, particularmente na computação
em nuvem, facilitam a tomada de decisão, no que diz respeito à reação às preferências dos
clientes e mudança de ambiente de mercado, mantendo uma vantagem competitiva. A
computação em nuvem cria soluções de problemas paradoxos do efeito do uso da TI na
agilidade organizacional.
A organização ágil tem que ser flexível para responder e adaptar-se rapidamente a
mudanças imprevisíveis em ambiente turbulento. Para que uma organização seja ágil, é
61
necessário que tenha uma boa competência tecnológica, com infraestrutura de TI adequada,
proativa e abrangente pois, a TI é a base de disseminação e compartilhamento de informação
por forma a conduzir o mercado inteligente, readaptar processos e serviços, respondendo às
necessidades dos clientes (CEPEDA; ARIAS-PÉREZ, 2019). Do mesmo modo, a TI ajuda no
rápido entendimento, por parte dos colaboradores da TI, das necessidades de estratégias de
negócios com eficiência nas soluções que contribuem para a estratégia da organização,
eliminando barreiras estruturais entre departamentos, permitindo a rápida tomada de decisões
em ambientes turbulentos.
H1: A Competência em TI influencia positivamente a Agilidade Organizacional.
Como a competência em TI tem influência positiva na agilidade organizacional, a seguir
analisa-se a relação dos dois construtos com a capacidade de inovação.
2.5 CAPACIDADE DE INOVAÇÃO
A inovação pode se apresentar de diferentes formas, sendo as mais destacadas, as
seguintes: inovação do processo ou produto, radical ou incremental, administrativa ou
tecnológica, inovação do mercado, inovação organizacional, de entre outras, (SCHUMPETER,
1997; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005; VALLADARES; VASCONCELLOS; SERIO, 2014;
WANG; AHMED, 2004). Esta classificação depende, de maneira significativa, da visão de cada
autor e da sua abordagem contextual. Nesta seção, serão abordados os diversos contornos da
inovação a partir da sua conceituação.
2.5.1 Conceitos de Inovação
O estudo sobre a inovação é bem antigo e muitas pesquisas apontam a inovação como
um fator-chave do desenvolvimento económico. Porter (1985) afirma que a inovação é um
conjunto de melhorias na tecnologia e nos métodos ou maneiras de fazer. As principais causas
de inovação são as novas tecnologias, as novas necessidades do comprador, o aparecimento de
um novo segmento de indústria, custos ou oportunidades oscilantes de insumo, ou ainda,
mudanças nos regulamentos governamentais.
No contexto do empreendedorismo, Drucker (1985) fala da inovação sistemática que
consiste na pesquisa propositada e organizada para a mudança e na análise sistemática de
oportunidades de como as mudanças podem oferecer o seu contributo para economia ou
inovação social. A inovação sistemática significa o monitoramento de sete recursos de
62
oportunidades de inovação que são: falhas inesperadas, incongruências, inovação baseada nas
necessidades do processo, mudanças na estrutura da indústria ou mercado.
Na visão de Dosi (1988) a inovação refere-se à procura, descoberta, experimentação,
desenvolvimento, imitação, adoção de novos produtos, novo processo de produção e nova
configuração organizacional. O processo da inovação envolve a solução de problemas para
atender as necessidades do mercado.
Este conjunto de recursos da inovação ou seus sintomas estão ligados às estruturas de
negócios, empreendedorismo, instituições de serviço público, dentro do setor industrial ou de
serviço. Para além deste, seguem outros sintomas que operam fora do empreendimento ou
indústria, que enquadram mudanças populacionais, mudanças na percepção, modo e sentido,
novo conhecimento científico e não científico. A inovação é mais económica e social do que
técnica e, é a mudança do rendimento dos recursos ou como mudança do valor e satisfação
obtida dos recursos pelo consumidor (DAMANPOUR, 1991).
Damanpour (1991) entende que a inovação é a implementação de ideia nova para a
organização no tempo de adoção, ou seja, não interessa a ideia em si mesma, mas que seja útil
à organização no tempo em que esta organização precisa dessa ideia. A nova ideia pode ser
produto, serviço ou método de produção ou um novo mercado, estrutura organizacional ou
mesmo um sistema administrativo (DAMANPOUR, 1991; DAMANPOUR;
WISCHNEVSKY, 2006). Também a inovação pode ser vista, segundo a visão deste autor,
como adoção de um dispositivo adquirido ou gerado internamente, sistema, política, processo,
produto ou serviço que seja novo na organização. Já para Schumpeter (1997) a inovação é um
fator de desenvolvimento económico ao trazer novos produtos ou serviços para o mercado
combinando fatores de produção, aplicação da inovação tecnológica, substituição de produtos
velhos por novos e educar ao consumidor para criar um hábito aos novos produtos.
Afuah (1998), por sua vez, afirma que a inovação é o uso do novo conhecimento para
oferecer produto ou serviço ao cliente para satisfazer as suas necessidades. É a nova forma de
inventar produtos comercializáveis e que não se separa da estratégia da firma no contexto
competitivo. No contexto deste autor, a inovação é a conversão da ideia em produto ou serviço
que possa ser útil para o cliente. Referiu-se à distinção entre inovação técnica que se cinge na
providência de produtos, serviços ou processos e inovação administrativa concentrada na
estrutura e processos da organização. Para Conceição (2000) a inovação são novos e melhores
produtos e serviços, novas formas organizacionais, aplicação da tecnologia existente em novos
campos, a descoberta de novos recursos e a abertura de novos mercados.
63
Tidd, Bessant e Pavitt (2005) conceituaram inovação como um processo de tornar
oportunidade em nova ideia de pôr esta, em amplo uso prático. É o bem-sucedido uso prático
de novas ideias. A inovação é aplicação prática de uma invenção (criação de um processo,
técnica ou produto inédito) sem a qual não existe inovação (TIGRE, 2006).
Ainda no contexto da inovação, Sheng e Wong (2012) argumentaram que ela é o
elemento fundamental na criação da sustentabilidade da vantagem competitiva nas
organizações, em resposta às mudanças impostas pelo cliente e ambiente de negócio, para além
de que capitaliza as oportunidades impostas por novas tecnologias. Acreditam que a inovação
domina a maior parte das esferas em todo o mundo por ser criativa, colaborativa e globalizada.
No contexto da China, pesquisas apontam para duas realidades distintas em termos de
inovação: uma em que pesquisas apontam a inovação na China como produto de imitação do
ocidente e a outra que acredita que a China tem iniciativa de inovação, não dependendo do
ocidente, principalmente a nível industrial e organizacional (SHENG; WONG, 2012). A teoria
dominante é das iniciativas impostas pelo mercado que obriga, não só a imitação do contexto
ocidental, mas também desenvolver outras práticas que consubstanciam na capacidade de
inovação daquele país. A inovação em si é a implementação de um novo produto ou serviço
significante, um novo processo, um novo método de marketing ou um novo método
organizacional em práticas de negócio, local de trabalho organizacional ou relações externas.
A ideia é que a inovação tem que ser benéfica ao indivíduo ou à organização na
implementação de um novo produto, processo ou serviço, resultado da materialização de um
projeto ou ideia inovativa no mercado, local de trabalho ou no mundo. Neste contexto, percebe-
se uma inovação no mercado que pode ser considerada em um certo contexto e não ser
considerada em outro contexto ou em outro mercado. Também se fala da inovação a nível do
mundo que é percebida por todos.
Muitos novos conceitos de inovação emergem na atualidade, focados na inclusão e
inovação social. As políticas que sustentam tais abordagens ajudam a entender os benefícios da
inovação na inclusão de grupos sociais antes excluídos e promove a inovação informal desses
grupos. Isso estende-se às comunidades locais nas suas práticas, relações estruturais para
direcionar as necessidades sociais e bem-estar.
Uma das abordagens modernas da capacidade de inovação é a especialização inteligente
da variação experimental das políticas da tradição vertical da indústria, resultado das respostas
dadas às necessidades impostas à sociedade e o empreendedorismo. Envolve a transformação
de atividades, coleção de capacidades e ações de inovação, orientadas para uma particular
64
mudança estrutural, focada na pesquisa e desenvolvimento, companheirismo, oportunidades
particulares, facilitando ações coletivas dos atores da inovação.
Outra abordagem é da descoberta de plataformas econômicas baseadas na economia do
que na tecnologia, natureza da inovação, processo de transformação tecnológica em produtos,
processos e serviços. Foca na maneira como esta natureza da inovação pode ser adotada, a que
preço e o tipo do modelo de negócio. Os parques de incubadoras, aceleradores e tecnologia
desempenham o papel de complementos da especialização inteligente e da descoberta de
plataformas econômicas.
2.5.2 Tipos de Inovação
As organizações adotantes da inovação contribuem para a competitividade ao
modificarem o ambiente externo do produto e novas condições, introduzindo a mudança da
cultura organizacional pelo novo comportamento que vai modificar as atividades rotineiras de
trabalho. A inovação é invenção e implementação da adoção da inovação é assimilação de
produtos, serviços ou tecnologias novas (DAMANPOUR, 1991; DAMANPOUR;
WISCHNEVSKY, 2006). A ênfase nos estudos da inovação é dada ao papel da organização no
sentido de que não pode existir inovação sem organização.
No que concerne aos tipos de inovação, Damanpour (1991) identificou os seguintes:
- Inovação técnica e administrativa que implica diferença potencial do processo de tomada
de decisão e juntas representam mudanças introduzidas em um leque de atividades em uma
organização. A inovação técnica incide sobre produto, serviço e tecnologia do processo de
produção e a inovação administrativa envolve a estrutura organizacional, processo
administrativo, muito mais focado para o processo de gestão da organização;
- Inovação do produto ou serviço e do processo – a inovação do produto ou serviço está
focada para as necessidades externas do mercado e a inovação do processo está focada para o
contexto interno da organização na produção do bem ou serviço, como o caso de aquisição do
material, de informação base ou equipamento utilizado no processo produtivo.
Schumpeter (1997) considerado pai dos estudos de inovação, identificou três tipos de
inovação: inovação do produto, do serviço ou processo, sendo que estes, na sua visão, levam a
vantagem estratégica. Wang e Ahmed (2004) desenvolveram e validaram o construto da
capacidade de inovação organizacional, usando uma análise fatorial confirmatória em que,
conciliando a ideia dos diversos autores, chegaram à conclusão de que a capacidade de inovação
organizacional é composta por: inovação do produto, inovação do mercado, inovação do
65
processo, inovação comportamental e inovação estratégica. Para justificar a sua posição, os
autores descreveram os cinco construtos da maneira como a seguir se detalha.
Inovação do produto, muito referenciada na teoria como resultado do sucesso
antecedente do produto, associado ao sucesso da sustentabilidade do negócio. Apresenta grande
oportunidade de negócio em termos de crescimento e expansão em novas áreas, o que permite
estabilizar a organização no mercado competitivo (SCHUMPETER, 1997; TIGRE, 2006;
WANG; AHMED, 2004). A inovação do produto refere-se à percepção, originalidade e unidade
do produto na perspectiva do consumidor e da organização. Na perspectiva do consumidor
refere-se à inovação dos atributos, adopção de riscos e nível de mudanças no comportamento
dos parceiros como recomendação de novas formas ou novidade do produto. Na perspectiva do
da organização tem-se em conta a familiaridade comportamental e o projeto da organização,
tecnologia e aspectos do mercado (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005; VALLADARES;
VASCONCELLOS; SERIO, 2014; WANG; AHMED, 2004). Para avaliar a inovação do
produto foram utilizadas as assertivas seguintes:
A organização ...
• Tem introduzido produtos e serviços inovadores nos últimos 5 anos em comparação
com os seus concorrentes.
• É a primeira na introdução de novo produto ou serviço no mercado.
• O novo produto ou serviço lançado é percebido como inovador pelos consumidores.
• Tem alta taxa de sucesso no lançamento de novo produto ou serviço em comparação
com os seus concorrentes.
Inovação do mercado – está ligada à inovação do produto conforme Schumpeter
(1997) e refere-se à inovação da pesquisa do mercado e a sua promoção, bem como a
identificação de novas oportunidades de mercado e a entrada de novos investidores. É uma nova
abordagem das organizações em adoptar novas estratégias de exploração, identificando novo
mercado ou lançando produto com conteúdo tecnológico. Do mesmo modo que se pode referir
à inovação do mercado quando se tem um produto, mas adoptam-se novos programas de
marketing para a promoção de produtos ou serviços, levando o competidor ao novo mercado
ou a um segmento de mercado existente. A orientação é para o mercado (WANG; AHMED,
2004). O produto e o mercado estão intimamente ligados quanto à capacidade de inovação,
sendo o produto visualizado externamente e o mercado focado em ajustes internos que precisam
da inovação. Para avaliar a inovação do mercado foram utilizadas as assertivas seguintes:
66
A organização...
• Em comparação com os seus concorrentes, os seus produtos mais recentes e
programas de marketing são bem recebidos no mercado.
• Alguns produtos e serviços mais recentes apresentam melhorias incrementais em
relação aos seus anteriores.
• Na introdução de novos produtos e serviços está, muitas vezes, na vanguarda da
tecnologia.
• Novos produtos e serviços normalmente levam a novos concorrentes.
Inovação do processo – em muitos casos é considerado como sub-elemento da
inovação tecnológica como desafio da inovação da maquinaria e métodos de produção.
Considera-se inovação do processo como a introdução de novo método de produção, nova
abordagem de gestão e nova tecnologia que pode ser usada para promover a produção e gestão
de processos. É imperativa nos casos de capabilidade inovativa das organizações para
demonstrar a importância das habilidades e capacidades desta em recombinar e reconfigurar
seus recursos e capacidades (SCHUMPETER, 1997; WANG; AHMED, 2004; TIDD;
BESSANT; PAVITT, 2005; VALLADARES; VASCONCELLOS; SERIO, 2014). Para avaliar
a inovação do processo foram utilizadas as assertivas que se seguem.
A organização...
• Está constantemente melhorando o processo de negócios.
• Durante os últimos 5 anos, a organização tem mostrado muitas novas abordagens de
gestão.
• Quando não consegue resolver problemas usando métodos convencionais,
improvisa novos.
• Muda métodos de produção em alta velocidade em comparação com os seus
concorrentes.
Inovação comportamental – que pode ser individual, grupal e de gestão. Refere-se à
sustentabilidade da mudança de comportamento da organização face à inovação.
Individualmente, cada um se comporta de uma forma face à mudança. O grupo adapta-se à
mudança, não como a soma dos comportamentos dos elementos do grupo, mas as sinergias da
dinâmica do grupo. A gestão tem que adoptar novos métodos para encorajar novos domínios
de saber fazer e incorporar novas ideias consoante a cultura e receptividade de novas ideias e
inovação (WANG; AHMED, 2004). Para avaliar este construto, foram utilizadas as assertivas
que se seguem.
67
A organização...
• Obtém muito suporte dos gestores e quer experimentar novas formas de fazer as
coisas.
• Tolera indivíduos que fazem as coisas de formas diferentes.
• Está disposta a experimentar novas formas de fazer as coisas e procura novas
soluções de problemas.
• Encoraja pessoas a pensarem e se comportarem em novas formas e originais.
Inovação estratégica – é a nova forma de jogo no mercado/negócio existente tendo em
conta as falhas no posicionamento das organizações. Será o desenvolvimento de novas
estratégias competitivas que criam valor à organização. Algumas organizações são limitadas
quanto à inovação estratégica por não conseguir operar mudanças em tempo oportuno e real,
por se sentir em vantagem na sua estratégia do mercado. Para avaliar a inovação estratégica
foram utilizadas as seguintes assertivas:
Na organização...
• Os recursos são adequados para as necessidades do desenvolvimento de novos
produtos.
• A área executiva da organização está disposta a correr riscos e explorar
oportunidades de crescimento.
• Os executivos constantemente procuram soluções novas para problemas com o uso
de diversas contribuições.
• Quando detecta novas formas de fazer as coisas é primeira em adotá-los.
Os cinco componentes da inovação (produto, processo, estratégica, comportamental e
mercado) representam, de forma reflexiva, a orientação da capacidade de inovação (WANG;
AHMED, 2004).
Na mesma sequência, Tidd, Bessant e Pavitt (2005) identificaram quatro tipos de
inovação que são: inovação do produto, que provoca mudanças no produto ou serviço que
uma organização oferece; inovação do processo, referindo-se a mudanças nas vias pelas quais
os produtos são criados; inovação da posição, mudanças em contexto no qual o produto ou
serviço é introduzido no mercado e paradigma de inovação, que se refere às mudanças no
modelo mental que indica o que a organização faz.
Para além de tipos de inovação, há necessidade de observar os modelos de como é que
a inovação ocorre. É neste contexto que se fala da inovação desencadeada por choques, em
que as mudanças ocorrem quando as pessoas ou organizações atingem um limite de
oportunidades ou insatisfação; proliferação de ideias – depois de iniciar uma direção simples,
68
o processo prolifera em múltiplas e diferentes progressões; surgimento frequente de
contratempos, os planos são otimistas, concomitantes, erros acumulados e ciclo de vícios
podem ser desenvolvidos; restruturação da inovação da unidade, sempre ocorre depois da
intervenção externa, mudanças pessoais ou eventos imprevistos; gestão do topo que
desempenha um papel-chave no patrocínio, na crítica e moldar inovações; critério de sucesso
que aumenta a todo o tempo, diferente entre grupos e faz da inovação a política de sucesso
(TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005). A inovação envolve aprendizagem, mas muitos dos
resultados são para outros eventos que ocorrem como desenvolvimento da inovação, fazendo
da aprendizagem como supersticiosa por natureza.
Tigre (2006) considera, à semelhança de outros autores, três tipos de inovação: produto,
processo e mudança organizacional. Há que realçar que quando se fala de produto, o Manual
de OSLO define produto tecnicamente novo como sendo aquele cujas características
fundamentais diferem significativamente de todos os produtos previamente produzidos pela
empresa. Inclui o aperfeiçoamento tecnológico de produto previamente existente, cujo
desempenho foi substancialmente aprimorado (MANUAL, 2002).
A inovação do processo refere-se a formas de operação tecnologicamente novas ou
substancialmente aprimoradas, obtidas pela introdução de novas tecnologias de produção,
assim como métodos novos ou substancialmente aprimorados de manuseio e entrega de
produtos. A inovação organizacional refere-se às mudanças que ocorrem na estrutura gerencial
da organização, na forma de articulação entre suas diferentes áreas, especialização dos
trabalhadores, relacionamento com fornecedores e clientes nas múltiplas técnicas.
Em uma outra perspectiva, existe a distinção entre inovação de produtos e processos,
inovação técnica e administrativa e inovação radical e experimental com diferenças
significativas entre elas (DAMANPOUR; WISCHNEVSKY, 2006). Por outro lado, existe a
geração de inovação que resulta no produto, serviço ou tecnologia que é novidade para a
organização e a adoção da inovação em que uma segunda organização se beneficia da geração
da inovação para incrementar o produto ou serviço, resultado da sua assimilação.
Uma revisão de literatura feita por Valladares, Vasconcellos e Serio em 2012 sobre a
capacidade de inovação, usando a metodologia de bola de neve, de artigos publicados desde
1991, em qualquer país, de todos os setores e indústrias, permitiu a identificação de pesquisas
teórico-empíricas que determinam a capacidade de inovação. Para além destes, foram
identificados também artigos que retratam os fatores determinantes da prática da gestão da
inovação (VALLADARES; VASCONCELLOS; SERIO, 2014). Na mesma sequência, foram
analisados os modelos de capacidade de inovação como sendo:
69
• Modelo de inovação com base em processos que leva um ganho competitivo e é
determinado pela liderança, responsável pela disponibilização de recursos, sistemas e
instrumentos da gestão da organização, da mesma forma que incorpora a inovação no
planejamento estratégico. Para gerar novos produtos, interessa o conhecimento do cliente e do
mercado.
• Modelo de inovação com base em produtos - tido como modelo de inovação nas
organizações a partir do momento em que a orientação e apoio é que integra a inovação em
produtos e processos no contexto interno. A organização é responsável pela troca de
informações com o ambiente externo no fornecimento de produtos e serviços inovadores,
enfatizando o comportamento e a gestão do conhecimento.
• Modelo de capacidade de inovação é a habilidade empresarial de extrair o
conhecimento do desenvolvimento equilibrado das atividades rotineiras de exploração
inovadora, por intermédio da visão estratégica, competência organizacional, inteligência
organizacional, criatividade, estrutura e clima organizacionais e gestão tecnológica.
• Modelo de inovação – o processo de inovação é uma atividade realizada por pessoas
apoiadas pela liderança, recursos, estrutura, estratégia, tecnologia e gestão do conhecimento.
Inclui pessoas, processos e recursos.
• Modelo de organização inovadora – enfatiza a função cognitiva, a liderança e sua
estratégia, o modo de gestão e o processo de inovação.
Com estes modelos, Valladares, Vasconcellos e Serio (2014) observaram aspectos
comuns como a cultura organizacional que constitui um fator de destaque influenciando na
capacidade de inovação. No mesmo contexto, com base nessa teoria, foram identificados os
fatores determinantes da capacidade de inovação como: gestão de projetos, orgânica da
estrutura organizacional, gestão estratégica da tecnologia, conhecimento do cliente e do
mercado, liderança transformadora, intenção estratégica de inovar e gestão de pessoas para
inovar. Identificaram ainda fatores resultantes da capacidade de inovação como: gestão de
ideias inovadoras, número de patentes, gestão de projetos inovadores e intensidade de
atividades de pesquisa e desenvolvimento. A inovação de processos e de produtos é o fator
resultante mais saliente da capacidade de inovação.
2.5.3 Grau de Inovação
Freeman (1995) estabelece a classificação da inovação quanto ao grau em dois tipos:
inovação incremental que abrange a melhoria no design ou na qualidade dos produtos
70
aperfeiçoando o layout e processos, novos arranjos logísticos e organizacionais, novas práticas
de suprimentos e vendas. Esta visão está ligada à era industrial em que o desenvolvimento da
indústria era paulatino.
A inovação incremental não precisa de ter tecnologias, processos, produtos ou serviços
obsoletos, precisando apenas de refinar as já existentes e desenvolvê-las cada vez mais. Não
precisa de destruir as tecnologias existentes, bastando apenas aprimorar e incrementar o seu uso
para serem cada vez mais competitivos (AFUAH, 1998; DAMANPOUR; WISCHNEVSKY,
2006).
Por outro lado, existe a inovação radical quando rompe trajetórias existentes
inaugurando uma nova rota tecnológica, geralmente, fruto da pesquisa e desenvolvimento com
carácter descontínuo. A inovação radical rompe os limites da inovação incremental. A inovação
radical cria mudanças na estrutura e funcionamento da organização, não iguais a qualquer
inovação. Esta inovação pode ser classificada de acordo com o grau de mudança no produto ou
serviço existente. A inovação incremental está ligada à adoção de produto ou serviço para a sua
expansão (DAMANPOUR, 1991; DAMANPOUR; WISCHNEVSKY, 2006).
A inovação radical cria novas tecnologias, produtos ou serviços que podem influenciar
drasticamente a competitividade pela existência de tecnologias, processos e serviços obsoletos
que não satisfazem a competitividade das organizações. Este tipo de inovação cria
descontinuidade de produtos e serviços e pode ser considerada destrutiva por requerer
tecnologias e habilidades diferentes das já existentes. A inovação radical pode criar novo
serviço ou serviços (AFUAH, 1998; DAMANPOUR; WISCHNEVSKY, 2006).
O foco da inovação radical é da introdução de um novo produto, um novo serviço ou
uma tecnologia no mercado para ganhar mais competitividade com novos preços que antes não
eram praticados pois, o produto, o serviço ou tecnologia são novas com novos preços. O papel
da inovação radical é de desenvolver uma teoria distinta da inovação na organização que pode
examinar a adoção da inovação e gerar inovação (DAMANPOUR; WISCHNEVSKY, 2006).
É neste contexto que o empreendedorismo toma ação ao mostrar a visão que se pode ter no
investimento em produtos, serviços, tecnologias, estratégias novas de abordagem do mercado.
O Quadro 4 resume os tipos de inovação segundo a literatura.
71
Quadro 4: Tipos de inovação
REFERÊNCIA CONCEITO DE INOVAÇÃO TIPO DE INOVAÇÃO
Porter (1985) Inovação é o conjunto de melhorias nos métodos ou
maneiras de fazer algo interessante.
• Mudança tecnológica do produto
• Mudança tecnológica do processo
Drucker (1985)
A inovação está ligada ao empreendedorismo,
estrutura de negócios, instituições de serviço
público, indústria ou serviço.
• Inovação sistemática
• Inovação social
Dosi (1988)
Inovação é a procura, descoberta, experimentação,
desenvolvimento, imitação, adoção de novos
produtos ou serviços, novos processos de produção
e nova configuração organizacional.
• Inovação do produto
• Inovação do processo
Damanpour
(1991)
Damanpour e
Wischnevsky
(2006)
Inovação é implementação de novas ideias para a
organização no tempo de adoção.
• Inovação técnica e administrativa
• Inovação radical e incremental
• Inovação do produto/serviço e do
processo
Schumpeter
(1997)
Inovação é o fator de desenvolvimento econômico
ao trazer novos produtos e serviços.
• Inovação do processo
• Inovação do produto
• Inovação do mercado
• Inovação organizacional
• Inovação de serviço
Afuah (1998)
Inovação é o uso do novo conhecimento para
oferecer produto ou serviço ao cliente para
satisfazer as suas necessidades (conversão de ideia
em serviço).
• Inovação técnica (produtos,
serviços e processo)
• Inovação administrativa
(organização)
Conceição
(2000)
Inovação são novos e melhores serviços e produtos,
novas formas organizacionais, aplicação de
tecnologia existente em novas áreas, descoberta de
novos recursos e abertura de novos mercados.
• Inovação tecnológica
Wang; Ahmed
(2004)
Inovação é a introdução de um novo produto,
processo, mercado, comportamento e estratégia
para o bom desempenho da organização.
• Inovação do produto
• Inovação do processo
• Inovação do mercado
• Inovação comportamental
• Inovação estratégica
Tidd, Bessant e
Pavitt (2005)
Inovação é o processo de tornar oportunidade em
nova ideia de pôr esta em uso.
• Inovação do processo
• Inovação do produto
• Inovação da posição
• Paradigma da inovação
Tigre (2006) Inovação é aplicação prática da invenção – criação
de processo, técnica e produto.
• Inovação radical
• Inovação incremental
• Mudanças tecnológicas
• Mudanças no paradigma técnico-
econômico
Sheng e Wong
(2012)
Inovação é implementação de um novo produto ou
serviço, um novo processo, um novo método de
marketing ou um novo método organizacional.
• Inovação de saída
• Inovação de entrada
Valladares;
Vasconcellos;
Serio, (2014)
Capacidade de inovação - um artefato de uma
cultura entendida como resultante do desenho
organizacional e dos processos de mudança.
• Inovação do processo
• Inovação do produto
• Organização inovadora
GRAU DE INOVAÇÃO
Damanpour (1991); Freeman (1995); Damanpour e Wischnevsky
(2006); Tigre (2006).
• Inovação radical
• Inovação incremental
Fonte: Elaborado pelo autor com base na literatura
72
De uma forma sistematizada, consegue-se visualizar a literatura sobre inovação, seu
conceito de acordo com cada autor no seu contexto de pesquisa e o que considera como
inovativo. Para esta pesquisa, considerou-se a visão de Wang e Ahmed (2004) por ser mais
completa em comparação com os outros autores ao considerar a inovação comportamental,
estratégica, do mercado, do processo e do produto.
2.6 COMPETÊNCIA EM TI E CAPACIDADE DE INOVAÇÃO
O progresso do processo da inovação tecnológica subscreve-se no desenvolvimento dos
elementos públicos do conhecimento compartilhado por todos os atores envolvidos em uma
certa atividade, nas formas cumulativas de conhecimento e realça-se a informação que deve ser
livre para os atores do processo tecnológico da inovação. Por outro lado, tem que haver
sinergias dos setores envolvidos revelando a externalidade tecnológica (DOSI, 1988). Este
autor defende a ligação entre avanços científicos e oportunidades tecnológicas na emergência
da inovação.
Os setores tecnológicos facilmente se diferem no escopo do avanço tecnológico, a
variedade de oportunidades tecnológicas depende do paradigma tecnológico, no grau em que é
hábil diretamente para se beneficiar do progresso científico de nova tecnologia e sua
maturidade. Dosi (1988) chamou de paradigma tecnológico ao corpo específico de
conhecimentos que guia a pesquisa e atividades de desenvolvimento, crescimento de erros e
triagem de indivíduos, organizações e o seu compartilhamento pelos atores envolvidos, com
chave de crescimento na inovação de produtos desenvolvidos eficientemente.
Dosi (1988) reforça a ideia da inovação com recurso a meios tecnológicos como sendo
elemento fundamental da transformação da economia. Esta mudança impacta a organização no
ajustamento dinâmico. A estrutura econômica é vista como controversa pois, em algumas
situações, acelera e, em outras, retarda o processo da mudança estrutural e técnica, coordenação
e dinâmica do ajustamento. A TI capacita as práticas de trabalho nas organizações que originam
a necessidade de sobrevivência das organizações, por intermédio da inovação, motivada pelas
oportunidades de busca de melhoramento tecnológico (CAMPOS FILHO, 1994).
Por causa da pesquisa e desenvolvimento industrial houve evidências de que o sucesso
da inovação, sua difusão e ganhos da produtividade associada depende da variedade de fatores.
O caso da inovação incremental vem da engenharia de produção, de técnicos e outros, relatando
as diferentes formas do trabalho organizacional. Há necessidade de ver a pesquisa e
73
desenvolvimento contribuindo para inovação radical, não ignorando contribuições e influências
das mudanças técnicas ao nível da organização e da indústria (FREEMAN, 1995).
A inovação pode ser tecnológica ou apenas inovação do mercado em que a tecnológica
é conhecimento ou componente, ligação entre componentes, processos, métodos e técnicas que
condicionam novos produtos e serviços. Por seu turno, o conhecimento do mercado é o
conhecimento da distribuição de canais, aplicação de produtos, preferências, necessidades e
expectativas dos clientes (AFUAH, 1998).
O paradigma tecnológico define as necessidades a serem preenchidas, princípios
científicos utilizados e a tecnologia material para resolver problemas técnico - econômicos
seletivos, envolvendo tecnologia de mudança tecnológica. O processo de desenvolvimento não
se dá em cima da produção individual, mas pelo estabelecimento de sistemas tecnológicos inter-
relacionados em uma permanente interação e evolução (CONCEIÇÃO, 2000). O que é
pesquisado não pode ser conhecido com precisão antes da atividade de experimentação dos
resultados técnicos do esforço inovativo.
A inovação não é necessariamente a comercialização da maior vantagem competitiva
no estado tecnológico da arte ou inovação radical, mas inclui também a utilização da mudança
em menor escala do know how tecnológico (inovação incremental) (TIDD; BESSANT;
PAVITT, 2005). Por outro lado, a inovação tecnológica tem que ser maximamente
potencializada no contexto organizacional em que o processo de decisão pela inovação deve ser
tomado de forma transparente, embora possa ser rígido. As características internas das
organizações impactam a adoção de inovações tecnológicas (FREEMAN, 1995; PEREZ et al.,
2010).
No processo decisório, a competência em TI permite que um número de informações,
mais detalhadas e completas, tanto internas como externas à organização sejam acessadas e
analisadas em curto espaço de tempo. Esta economia de tempo permite que as tarefas de
suporte, como o planejamento, espera, recuperação, arquivamento sejam efetivadas de forma
mais rápida. Ao mesmo tempo, aumenta a eficácia e eficiência nas tarefas do decisor, inserindo
também a inovação do decisor, por gerar soluções novas para demandas impostas pelo mercado.
Busca também oportunidades e antecipa soluções diferenciadas antes da concretização dos
objetivos da tomada de decisão. A competência em TI reduz a subjetividade com o uso
adequado dos SI (ALBERTIN; ALBERTIN, 2008). No contexto da TI, a inovação tem que ser
detalhadamente planejada e cuidadosamente planificada para poder gerar a competitividade
necessária (PEREZ et al., 2010).
74
A flexibilidade em TI e sua habilidade de mudar a direção da organização é a meta para
organizações sobreviventes como electrónica, farmácias e serviços financeiros em que se
assume que a integração da TI é a chave da capacidade da inovação. Para que a competência
em TI tenha impacto na inovação, a organização tem que ter recursos humanos, nos setores
chaves, com competência para incentivar a motivação. O pessoal da TI e o seu treinamento em
TI tem forte impacto positivo nos produtos e processos da inovação (HÉROUX; FORTIN,
2018). Uma equipe de gestão com forte competência em TI incentiva a estratégia de TI pela
comunicação e articulação da sua visão acerca da TI na estratégia da inovação. O grau de
envolvimento na tomada de decisão estratégica é positivamente afetado pela competência em
TI dos seus membros.
Na visão de Ravichandran (2018) organizações inovativas e pouco inovativas diferem-
se na probabilidade de assumir um risco, atitude patente em incertezas assim como aceitação
de nova tecnologia. Organizações inovativas engajam-se em aprendizagem e experimentos para
responder eficientemente às incertezas e aos riscos, usando apropriadamente a TI. As
organizações também diferem de como integrar inovação. Para que a inovação tenha sucesso,
é necessário que a própria infraestrutura esteja separada do resto da organização pelo que, a
iniciativa da inovação, como a criação de um novo produto ou serviço, de um novo modelo de
negócio, novos canais de acesso ao mercado, exige da organização a existência de recursos em
novos moldes (RAVICHANDRAN, 2018). Requer pesquisa e desenvolvimento em que a TI
habilita o pensamento de nova tecnologia a aplicar na organização.
Muitas organizações têm recursos capazes de criar esforços de inovação, mas depende
da cultura organizacional, normas e práticas comerciais para aceitar integrar essa iniciativa. A
postura proativa da TI é caracterizada pela permanente pesquisa na exploração de recursos
tecnológicos rumo à inovação (CEPEDA; ARIAS-PÉREZ, 2019). Para que haja uma boa
capacidade tecnológica é necessário que a tecnologia esteja inserida em um ambiente
competitivo de representar a retaguarda da organização, com uma alta competência, por forma
a superar os seus concorrentes. A infraestrutura da TI, a postura proativa da TI, a capacidade
da abrangência dos negócios da TI, a integração da TI e a flexibilidade em TI atuam em
simultâneo para que a capacidade da inovação tenha um sucesso desejável e concorrencial.
H2: A Competência em TI influencia positivamente a Capacidade de Inovação.
Como se pode observar, para que a inovação tenha sucesso, é necessário que a
organização seja ágil na reestruturação e adaptação às mudanças imprevisíveis do mercado em
que a TI desempenha o seu papel de impulsionador desta agilidade. No processo de readaptação
75
à nova realidade, há necessidade de redesenhar certos processos que demandam das
necessidades da turbulência rumo à satisfação do cliente, culminando com a criação de novos
produtos, processos, serviços, estratégias e comportamentos (inovação).
2.7 AGILIDADE ORGANIZACIONAL E CAPACIDADE DE INOVAÇÃO
A dinâmica ambiental focaliza na capacidade organizacional como princípio da
vantagem competitiva. De acordo com Teece, Pisano e Shuen (1997) é a transformação das
organizações que intentam romper rotinas e envolvem-se em aquisição de competências
adquirindo conhecimento. Este paradigma, chamado agilidade organizacional, é visto como
capacidade dinâmica necessária para as operações da organização, em uma alta dinâmica
ambiental.
Para analisar como as organizações alcançam e sustentam uma vantagem competitiva
em ambiente dinâmico, Teece, Pisano e Shuen (1997) desenvolveram frameworks das
capacidades dinâmicas, combinando competências e recursos que podem ser desenvolvidos e
protegidos, como recursos da vantagem competitiva. Com eles é possível desenvolver e
implementar estratégias organizacionais e podem ser recursos tangíveis ou intangíveis. Para tal,
a organização tem que sofrer transformação consoante as mudanças do mercado, do produto ou
do serviço conforme os objetivos, ou seja, a organização muda os seus limites ou então, muda
a atividade do seu sistema.
A agilidade organizacional é motivada pelo arquivo de recursos de inovação e as
estratégias de inovação são personalizadas pelas habilidades de recursos humanos para a rápida
e flexível adaptação à nova realidade (RAVICHANDRAN, 2018). A capacidade de inovação
da organização é um fator organizacional que impacta o uso da TI que, por sua vez, dita a
maneira como a organização cria uma cultura inovativa.
Outra visão é de que, manter a inovação, qualidade e reputação em um ambiente de
rápida mudança tecnológica, crescimento de riscos, globalização que são características da
contemporaneidade de organizações comerciais é necessária a agilidade organizacional. Esta
deve ser considerada valor semântico organizacional e estratégia por parte da liderança
organizacional (CROCITTO; YOUSSEF, 2003). Para além demais, na visão de Dosi (1988) a
inovação baseia-se na percepção das oportunidades técnicas e econômicas ou mesmo crenças
produzidas pelo processo do conhecimento.
A inovação pressupõe a presença de incerteza, por entrada de fatores dinamizadores
externos à organização, provocando um ambiente de incerteza. Esta visão é fundamentada por
76
Žitkien e Deksnys (2018) quando fala dos fatores que levam a organização a ter percepção de
fenômenos externos, levando a formação do sentido deste fenômeno e esquematizar a possível
resposta (agilidade).
A inovação é marcada pela incerteza daí que os processos inovativos envolvem a falta
de conhecimento preciso sobre custos e resultados de diferentes alternativas e das próprias
alternativas. É neste contexto que as organizações traçam regras para reduzir incertezas na
busca de inovação, levando ao sucesso ou fracasso das inovações individuais, dependendo do
seu acolhimento pela organização. O processo de inovação é mensurável, reversível e
permanente dado que caracteriza a organização. Logo que ocorre a incerteza reduz-se à
informação incompleta na qual pode-se gerar e adotar comportamentos racionais para gerar
novas possibilidades, de modo a maximizar a resposta e benefícios (CONCEIÇÃO, 2000).
Para que haja inovação tem que haver percepção da mudança em si que pode vir do
mercado por incerteza, não se tendo a perspectiva das possibilidades técnico econômicas para
a sua superação, impossibilidade de traçar com precisão as suas consequências, daí que o foco
da inovação é a incerteza (DOSI, 1988). A agilidade requer desembaraçar mudanças constantes
e é uma criação agressiva de mudanças, criação de novo mercado, novo processo de negócio e
nova estrutura organizacional - características próprias da inovação (SEO; DESOUZA;
ERICKSON, 2006).
Os geradores do modelo de inovação incluem modelo linear simples que se baseia nas
necessidades e tecnologia; modelo acoplado de reorganização da interação entre diferentes
elementos e retroalimentação entre eles; modelo paralelo reforçando a integração dentro da
organização com muitos fornecedores-chave e poucas demandas e clientes ativos com ênfase
nas interações e alianças; rede extensiva e integração de sistemas flexíveis, respostas
personalizadas e inovação contínua (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005). Não se pode entender
parcialmente o processo de inovação como simples e linear empurrão tecnológico que toda a
atenção vai para a pesquisa e desenvolvimento sem ter em conta o uso e o seu impacto nos
usuários, ou em que o mercado pode ser invocado com a inovação.
Não se pode ver a inovação simplesmente em termos de grandes avanços, ignorando o
potencial significado da inovação incremental. Não se pode ver inovação como mudança
simples e isolada em vez de ser parte de um sistema amplo. Não se pode ver inovação como
produto ou processo somente sem correlacionar as duas. Estas são as precauções ou
advertências de Tidd, Bessant e Pavitt (2005). As inovações são induzidas pelas necessidades
explícitas dos usuários e consumidores ou pelas oportunidades geradas pelos avanços da ciência
77
e da tecnologia. Neste contexto, coloca-se ênfase à tecnologia como fator propulsor da inovação
no contexto da mudança tecnológica (TIGRE, 2006).
Em países menos desenvolvidos a inovação tende a ser induzida pela dinâmica pelo fato
de que a capacidade de gerar novas tecnologias é pequena. Para além disso, a inovação pode
ser gerada pelos custos dos fatores de produção e os salários reais elevados estimulam inovações
ponderadas de trabalho (TIGRE, 2006). Outro fator que impacta a inovação é o tamanho da
organização em que pequenas organizações são susceptíveis de serem inovativas porque são
flexíveis o suficiente e tem alta habilidade de adaptação, promoção e pouca dificuldade de
aceitar e implementar mudanças.
Por outro lado, grandes organizações são assumidas de serem muito inovativas, no
contexto corporativo, por serem detentoras de recursos financeiros, muitas facilidades
diversificadas e complexas, muito profissionalismo e habilidades profissionais e alto
conhecimento técnico (DAMANPOUR; WISCHNEVSKY, 2006). Estas duas visões sobre o
impacto do tamanho da organização na inovação têm tido sempre um suporte empírico nas
pesquisas. O certo é que dependendo do tamanho da inovação, quanto maior for a organização,
existe a susceptibilidade de arcar com recursos para fazer face à inovação enquanto a pequena
organização pode não ter o suficiente para responder à demanda.
Na mesma sequência, a idade da organização também é um fator a observar no
funcionamento da própria organização e na sua capacidade de gerar inovação. O fato é que a
idade da organização ajuda na geração de novas ideias efetivamente assimiladas e com base
sólida estabelecida. Da mesma forma que, organizações com conhecimento largo são mais
persuasivas para oportunidades inovativas por causa do acúmulo do conhecimento. As
organizações antigas não são facilmente sensibilizáveis para mudar as suas rotinas e responder
rapidamente às atividades inovativas dos avanços técnicos (DAMANPOUR;
WISCHNEVSKY, 2006).
H 3: A Agilidade Organizacional influencia positivamente a Capacidade de Inovação.
2.8 MODELO DE PESQUISA
O conhecimento de como e para que se desenvolve o framework teórico propicia a
rápida construção de hipóteses e bons resultados de uma pesquisa. Por seu turno, a boa relação
entre variáveis propicia o entendimento de como o problema pode ser resolvido (SEKARAN;
BOUGIE, 2016). Face aos desafios impostos pela necessidade de relacionar a competência em
78
TI, a agilidade organizacional e a capacidade de inovação, desenvolveu-se o modelo de
pesquisa que se apresenta na Figura 13.
Figura 13: Modelo de pesquisa
Fonte: Elaborado pelo autor (2019)
Como se pode observar na Figura 13, apresentam-se as variáveis latentes de 1ª ordem,
em redor das variáveis latentes de 2ª ordem. Este modelo foi elaborado com base na revisão da
literatura que forneceu informação elucidativa dos contornos amplos de cada construto. Não
sendo apenas necessário relacionar os construtos, foi interessante avaliar também a influência
das variáveis de controle nas variáveis dependentes (agilidade organizacional e capacidade de
inovação).
2.9 VARIÁVEIS DE CONTROLE
Para avaliar a agilidade da organização e a capacidade de inovação há que ter em conta
as variáveis de controle que, neste caso tem a ver com o tamanho da organização, o tipo de
organização e idade da organização. De acordo com Ravichandran (2018) e Ravichandran e
79
Lertwongsatien (2005) variáveis de controle são normalmente usadas para avaliar o construto
teórico de interesse que pode explicar a variação na variável dependente.
O tamanho da organização reflete o sucesso passado da organização e pode ter impacto
na agilidade organizacional e na capacidade de inovação da mesma organização no contexto
atual ou no futuro. Claro que a teoria mostra que não existe um critério universalmente aceite
para medir o tamanho da organização uma vez que cada uma está inserida em um ambiente e
em um contexto diferente da outra organização (LIMA, 2001). Para determinar o tamanho de
uma organização usam-se critérios: qualitativo que estão centrados na visão do movimento e
incluem especificidades organizacionais, de decisão e individuais (LEONE; LEONE, 2012;
LIMA, 2001), quantitativo (incluem o número de colaboradores, renda anual, capital social,
consumo de bens essenciais...) (LEONE; LEONE, 2012; LIMA, 2001; OLIVEIRA;
BERTUCCI, 2003) e misto que juntam os qualitativos e quantitativos. Neste contexto, usou-se
o critério quantitativo (número de colaboradores) para determinar o tamanho da organização
pois, de acordo com Oliveira e Bertucci (2003) que usaram método quantitativo citando o censo
cadastro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1994 a 1997 foi possível
notar as dimensões constantes da Tabela 1.
Tabela 1: Tamanho da organização
Enquadramento de empresas Número de Colaboradores
Indústria Comércio/ Serviços
Microempresa Até 19 Até 9
Pequena empresa De 20 a 99 De 10 a 49
Média empresa De 100 a 499 De 50 a 99
Grande empresa Acima de 499 Acima de 99
Fonte: adaptado de Oliveira e Bertucci (2003)
Aliado a teoria do tamanho da organização está o tempo em que a organização opera em
termos de idade. A idade da organização é tida como indicador da legitimidade externa da
existência de relações inter-organizacionais no ambiente competitivo no que concerne ao poder,
perseverança das rotinas internas na capacidade de inovação (RAVICHANDRAN;
LERTWONGSATIEN, 2005). Ainda, de acordo com estes autores, organizações novas podem
ser responsáveis pela novidade em termos de produtos, serviços, mercado, estratégia,
comportamento de entre outros aspectos. Este é um fator que tem a sua relação com a agilidade
da organização uma vez que, segundo Oliveira e Bertucci (2003) as micro e pequenas empresas
80
estão presentes em setores tradicionais com formas artesanais de funcionamento e chegam a
atingir níveis de pesquisa e desenvolvimento. Não recorrem ao mercado de capitais e são,
normalmente pertencentes a um indivíduo em concreto, grupos familiares e pequenas
sociedades comerciais com uma administração pouco ou nada especializada relativamente às
grandes empresas. As micro e pequenas empresas são ágeis, respondendo rapidamente às
mudanças do ambiente do mercado por causa da sua simplicidade, pouca burocracia, curto ciclo
decisório e uma estrutura informal.
As grandes empresas, normalmente, têm sido antigas com pessoal já sedentarizado com
ideias natas da organização. Tem sido formais com uma estrutura bem estabelecida o que
dificulta a aprendizagem orientada da cultura organizacional e, consequentemente, dificultam
a habilidade de as organizações se tornarem ágeis e inovativas (LOUSÃ; GOMES, 2017). Em
uma organização, a cultura organizacional tem a sua influência na inovação. Quanto mais
regrada for a organização dificulta a mudança da cultura organizacional e, consequentemente,
não aceita novas formas de operacionalizar o serviço e responder de forma ágil as mudanças
estratégicas (SUMPTER; GREENBERG; KIM, 2019). Outro fator de destaque é a visão
segundo o setor de atividade de cada respondente. A visão de um gerente de TI pode ser
diferente de um simples usuário da TI. Neste sentido, houve a necessidade de entender o setor
de atividade do respondente e a sua contribuição no entendimento do modelo de pesquisa. Para
avaliar a consistência do modelo, são apresentados, em seguida, os procedimentos
metodológicos que nortearam a pesquisa.
81
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A ciência é uma forma de conhecimento que tem objetivo de formular teorias que regem
os fenômenos, descrevendo-os de forma comprovável com observação e experimentação, como
forma de prever conhecimentos futuros. A ciência é caracterizada como uma forma de
conhecimento objetivo, racional, sistemático, geral, verificável e falível. De acordo com Saccol
(2009) o paradigma de pesquisa relaciona crenças e pressupostos sobre uma certa realidade e
sobre a forma como se acredita na construção do conhecimento. A ontologia dá uma visão sobre
a compreensão da realidade do mundo, servindo de base para a delimitação do problema de
pesquisa, definir a epistemologia e o método de investigação a ser utilizado. A epistemologia é
a crença dos pressupostos ontológicos da construção do conhecimento. O paradigma é essencial
para a pesquisa, uma vez que define a estratégia de pesquisa e guia os métodos e técnicas da
coleta e análise de dados necessários para a construção do conhecimento.
Na mesma sequência, Creswell (2010) entende que os pesquisadores precisam pensar
partindo do paradigma filosófico que se apresenta na pesquisa, estratégias de investigação
relacionadas ao paradigma e os procedimentos metodológicos específicos que norteiam a
pesquisa para que a abordagem possa ser posta em prática. Algumas pesquisas ocultam o
paradigma a elas subjacente, mas é importante a sua identificação uma vez que ajudam a
explicar o motivo da escolha de uma abordagem em uma pesquisa. A Figura 14 mostra os
paradigmas filosóficos, as estratégias de investigação, os tipos de pesquisa e os métodos a serem
adotados.
Figura 14: Estrutura para um projeto de pesquisa
Fonte: Creswell (2010)
82
Dos paradigmas descritos por Creswell (2010) constam o pós-positivismo, o
construtivismo, a reivindicatória e o pragmatismo. Para este estudo, interessou o paradigma
pós-positivista pelo facto de ser válido para a pesquisa quantitativa, considerado, por muitos
pesquisadores, método científico ou ciência empírica, representando o pensamento posterior ao
positivismo, desafiando a noção de verdade absoluta do conhecimento.
O pós-positivismo defende a filosofia determinística ou a teoria da causalidade em que,
para uma causa existe um efeito, sendo grande preocupação dos pesquisadores positivistas em
conhecer as causas que influenciam os resultados no ambiente que os rodeia. Por outro lado, o
paradigma positivista é reducionista por se interessar em reduzir as ideias a um conjunto
pequeno e distinto a serem testadas, que podem ser hipóteses e questões de pesquisa
(CRESWELL, 2010). O positivismo tem, como base, a observação e a verificação com
objetividade, desenvolvendo medidas numéricas de observações. As pesquisas são iniciadas
com uma teoria, coletam-se dados para apoiar ou refutar a teoria e, depois faz-se a revisão antes
de testes adicionais.
O positivismo está ligado à crença de objetividade, em que a realidade é composta por
estruturas palpáveis, tangíveis e estáveis, ou seja, em uma ontologia realista. Neste contexto,
somente as pesquisas sobre fenômenos observáveis e mensuráveis é que constituem o
verdadeiro conhecimento científico de forma que, podem ser provados. A causalidade permite
a visão positivista sobre o futuro dos fenômenos no universo pela explicação dos factos e sua
relação (SACCOL, 2009). Com o conhecimento prévio detectam-se lacunas, questões que
carecem de respostas, geram-se hipóteses que podem ser possíveis respostas às questões
levantadas, passíveis de serem aceites, gerando novo conhecimento ou rejeitadas, recorrendo a
teste empíricos. Por essa razão, o positivismo segue a lógica hipotético-dedutiva.
Segundo Saccol (2009) o positivismo não aceita valores pessoais ou juízos de valor por
considerá-los como vieses por adotar métodos e procedimentos claros, estruturados e
quantitativos. Cada ideia tem que ser operacionalizada de forma clara recorrendo a variáveis
observadas e medidas objetivamente. Os procedimentos metodológicos em pesquisa positivista
devem estar bem detalhados para permitir uma réplica por outros pesquisadores e chegar-se a
mesmos resultados ou ainda melhores, garantindo maior controle da pesquisa. Os resultados
obtidos por pesquisas positivistas são generalizáveis com a criação de leis, teorias, modelos,
normas com capacidade de prever fenômenos e obter conhecimentos da realidade atual,
principalmente porque o positivismo prioriza grandes amostras em relação a outros paradigmas.
A teoria permite extrair o conhecimento existente e estabelecer questões e hipóteses da
pesquisa por intermédio da relação entre determinados problemas administrativos (HAIR JR.
83
et al., 2005). Vale ressaltar que a análise lógica e matemática, que é o caso desta pesquisa,
comprova as hipóteses analisadas em determinado contexto de pesquisa nas organizações.
3.1 MÉTODO OU NATUREZA DE PESQUISA
O método, como conjunto de procedimentos técnicos e intelectuais para se chegar a um
determinado conhecimento, é característica essencial da ciência. Segundo Bunge (1980), o
estudo do método científico é a teoria da investigação descritiva ao descobrir pontos de
investigação científica. Do mesmo modo, que a metodologia é medida normativa que mostra
as regras e procedimentos que aumentam a credibilidade da pesquisa.
A teoria é a explanação da relação entre as variáveis dependente, independente,
moderadora e controle. Em uma teoria é necessário observar que as variáveis relevantes devem
ser definidas claramente, tem que se apresentar o modelo conceitual que descreve a relação
entre as variáveis e ter uma boa explicação de o porquê esperamos que essa relação exista
(SEKARAN; BOUGIE, 2016)
De acordo com Creswell (2010) existem 3 métodos de pesquisa: quantitativo,
qualitativo e misto. O uso da metodologia quantitativa ou qualitativa está diretamente
relacionada com a posição. O método e a técnica de pesquisa são similares sendo que a técnica
refere-se à maneira como os dados são obtidos e a metodologia indica o nível de análise dos
dados (BRYMAN, 1984). Os projetos que envolvem métodos quantitativos refletem suposições
filosófico – positivistas. O determinismo foca o exame das relações entre variáveis como
responsável pela resposta às questões e hipóteses usando levantamento e experimento. A
objetividade da ciência resulta de observações e de medidas empíricas. A validade e a
confiabilidade nos instrumentos de coleta de dados dão lugar à análise significativa dos mesmos
dados.
A pesquisa quantitativa é uma abordagem para a condução da pesquisa social aplicada
às ciências naturais em uma abordagem positivista do fenômeno social. O positivismo é
caracterizado pela preocupação com definições operacionais, objetividade, replicabilidade e
causalidade (BRYMAN, 1984). O questionário eletrônico é o instrumento de pesquisa preferido
por se adaptar aos propósitos epistemológicos da abordagem. A objetividade é alcançada pelo
distanciamento entre o sujeito e o objeto, a causalidade é facilitada pela análise e técnicas de
regressão, em que se usa o questionário eletrônico em uma pesquisa positivista ou empírica.
A metodologia qualitativa é diferente, depende da visão do ator e do entendimento do
contexto. A pesquisa qualitativa é flexível do que a quantitativa, enfatizando a descoberta que
84
pode alterar o plano da pesquisa. A filosofia da pesquisa qualitativa está atrelada à
fenomenologia e interacionismo simbólico, parte da perspectiva do ator, contrariamente ao
positivismo em que o ator observa os fenômenos apenas como eles ocorrem (BRYMAN, 1984).
A pesquisa qualitativa utiliza diferentes concepções filosóficas, estratégias de
investigação diferentes, métodos de coleta de dados, análise e interpretação também diferentes
dos métodos quantitativos. Os procedimentos da pesquisa qualitativa baseiam-se de texto e
imagem como passos singulares na análise de dados com diferentes estratégias de investigação
(CRESWELL, 2010). As pesquisas qualitativas valem-se de diversas possibilidades como a
narrativa, a fenomenologia, a etnografia, estudos de casos e teoria fundamentada. Nestas
possibilidades, pode-se estudar indivíduos, explorar processos, atividades e eventos ou aprender
sobre o comportamento amplo da cultura. Por essa razão que ela é interpretativa com o
envolvimento do pesquisador e, este identifica os seus vieses, valores, origens, que podem
moldar suas interpretações durante a pesquisa.
O pesquisador na pesquisa qualitativa precisa de ter acesso ao local da pesquisa com
atenção às questões éticas. Para a coleta de dados, o pesquisador recorre a entrevistas,
observações, documentos, materiais visuais e protocolos de registro de informações. Para
análise de dados o pesquisador deve prepará-los e conduzir diferentes análises, ir a fundo do
processo de compreensão dos dados, representar e realizar interpretação do significado mais
amplo dos mesmos (CRESWELL, 2010).
Das duas abordagens de tipos de pesquisa, neste trabalho optou-se pela pesquisa
quantitativa. O uso de variáveis controladas por intermédio da análise estatística garante
observações para testar uma teoria, resultando na objetividade da pesquisa. A relação entre
variáveis é fundamental para testar hipóteses usando levantamento (CRESWELL, 2010). O
resultado deste tipo de pesquisa é a objetividade e a confiabilidade em que a interpretação
significativa dos dados deve ser feita objetivamente e com rigor.
Um levantamento dá uma descrição quantitativa das tendências, atitudes ou opiniões de
uma população que pode estar representada por uma amostra, o que permite generalizações
possíveis e proposições da população. Depois de geradas as hipóteses com recurso à teoria,
segue o teste destas pela coleta de dados e análise dos resultados (HAIR JR. et al., 2005). A
abordagem estatística mostra-se essencial nas suas análises ao providenciar subsídios adicionais
no processo de desenvolvimento do conhecimento.
85
3.2 TIPO OU OBJETIVO DE PESQUISA
É consensual entre os pesquisadores de que existem três tipos de pesquisa: pesquisa
exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa. De acordo com Babbie (2003),
Pinsonneault e Kraemer (1993) a pesquisa exploratória serve para o pesquisador familiarizar-
se com o tópico e experimentar conceitos preliminares sobre um determinado tema. Serve para
descobrir o alcance dos respondentes que ocorre em alguma população de interesse e refinar a
medida dos conceitos. Foca na forma de como medir os conceitos e de que maneira, servindo
para descobrir novas possibilidades e dimensões da população de estudo. Usar pesquisa
exploratória, como o fim, não dá garantia. Serve de base para desenvolver conceitos e métodos
para mais detalhes.
Na mesma sequência, Freitas et al. (2000) e Gil (2010) acrescentam que as pesquisas
exploratórias tem sido as primeiras pesquisas sobre um determinado tema de pesquisa, para um
posterior aprofundamento recorrendo a outros tipos de pesquisa. Têm a finalidade de
desenvolver ou modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas ou
hipóteses pesquisáveis para outros tipos de pesquisa. Tem envolvido levantamento
bibliográfico e documental, entrevistas não estruturadas e estudos de caso. Normalmente é feita
quando o objeto de estudo é menos explorado, o que torna difícil a formulação de hipóteses
operacionalizáveis.
As pesquisas descritivas descrevem as características de uma determinada população
ou fenómeno, operacionalizando a relação entre variáveis e a natureza da sua relação (FREITAS
et al., 2000; GIL, 2010). Tem a finalidade de descobrir situações, eventos, atitudes ou opiniões
que ocorrem na população (BABBIE, 2003; PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993). São
simples perguntas acerca da distribuição de um fenômeno dentro da população ou entre grupos.
O foco é a distribuição ou comparação da distribuição dentro de grupos. Neste tipo de pesquisa,
a hipótese não é causal, mas serve para perceber os factos se são ou não condizentes com a
realidade. Esta característica das pesquisas descritivas direciona ao uso da teoria para a
formulação de hipóteses que, posteriormente são testadas usando métodos estatísticos
(FREITAS et al., 2000; GIL, 2010).
As pesquisas explicativas servem para testar teorias e relações causais, estabelecendo
suas relações procurando as razões da existência da relação (BABBIE, 2003; FREITAS et al.,
2000; GIL, 2010; PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993). O questionário eletrônico questiona
a relação entre variáveis em que a teoria inclui um elemento de causa e outro de efeito, não só
para verificar se existe relação, mas também para descobrir o direcionamento, se é positivo ou
86
negativo (PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993). A pesquisa exploratória responde à questão:
existe relação hipotética e causal entre teorias? E se existe, em que sentido? Identificam fatores
que contribuem para a ocorrência de fenômenos, aprofundando o conhecimento da realidade e
explicando as razões da ocorrência dos fenômenos. O ponto de partida da pesquisa explicativa
podem ser as pesquisas descritivas, para o posterior aprofundamento (FREITAS et al., 2000;
GIL, 2010).
Atendendo a natureza desta pesquisa, a pesquisa descritiva apresentou-se mais
adequada. A teoria serviu de base para a formulação de hipóteses com o propósito de verificar
os fenômenos como ocorrem na realidade, ou seja, como é que se estabelece a relação entre a
competência em TI, a agilidade organizacional e a capacidade de inovação nas organizações
moçambicanas. Teve-se em conta que existem estudos prévios que descrevem os construtos
relacionando-os, em um determinado contexto, em dada realidade, em pesquisas feitas em
alguns países, mas devido ao caráter científico da pesquisa, pretendeu-se a replicabilidade dos
estudos no contexto organizacional em Moçambique.
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Na elaboração do instrumento de pesquisa, o positivismo requer a validade e
confiabilidade dos construtos e variáveis da pesquisa, avaliados com recurso a testes estatísticos
ou por um painel de especialistas nos conceitos ou construtos que estão sendo pesquisados
(SACCOL, 2009). As pesquisas de levantamento por survey ou questionário eletrônico e
experimentos são as mais usadas nas pesquisas em Administração (CRESWELL, 2010;
FREITAS et al., 2000; SACCOL, 2009).
Para a coleta de dados, foi adaptado de pesquisas anteriores um questionário electrónico
que é característico da análise multivariada de dados, em estudos transversais. Para se
estabelecer a medida de uma variável foi necessário observar certas regras dado que para medir
diferentes variáveis tem-se tornado difícil. Há casos em que se torna fácil conhecer a
variabilidade, como o caso de género que se atribui um código para o gênero masculino e outro
para o feminino. Mas quando se trata de medir, por exemplo, o desempenho no trabalho, a
situação torna-se complexa e difícil, na medida em que depende de vários fatores. Neste caso,
trata-se de variável latente ou construto.
Construto e conceito têm significado similar. O construto é um conceito com um
significado adicional inventado conscientemente pelo pesquisador para um determinado
propósito, expressando uma abstração formada pela generalização, partindo do particular
87
(KERLINGER; LEE, 2000; LEE, 2007). Construto é um conceito abstrato que precisa de
indicadores ou manifestações usados para sua medição indireta, pela combinação de diferentes
indicadores, formando uma escala ou índice (HAIR JR. et al., 2014, 2017).
Um exemplo elucidativo é o conceito de “inteligência” que é uma abstração partindo de
observação de um presumível comportamento inteligente e comportamento não inteligente.
Inteligência, como construto, refere-se a ambos comportamentos inteligentes e não inteligentes.
Os pesquisadores podem usar este construto “inteligência” em duas vias: dentro de um esquema
teórico é relatado de diversas formas relacionando-o com outros construtos (ex: a conquista
escolar é resultado de inteligência e motivação). Por outro lado, o construto “inteligência” é
definido e especificado como verificável e mensurável pela administração de um teste de
inteligência aos alunos ou por perguntas aos professores sobre todos os graus de inteligência
dos seus educandos (KERLINGER; LEE, 2000; LEE, 2007). Como conceito, “inteligência”
pode-se consultar o seu significado mesmo no dicionário, ou na sua relação e semelhança com
outros conceitos. Para Saccol (2009) “construto ou constructo é uma definição criada pelos
pesquisadores para representar, de forma objetiva, uma determinada ideia ou conceito em um
projeto de pesquisa. Em geral, um construto é medido por um conjunto de variáveis (SACCOL,
2009, p. 258)”.
Em uma outra perspectiva, Lerlinger e Lee (2000); Lee (2007) distinguiram o construto
da variável. A definição de inteligência pode requerer a distinção entre os comportamentos
inteligentes e não inteligentes, o que constituiria a definição comportamental ou observacional.
Neste caso, fala-se da definição constitutiva que é a definição do construto usando outros
construtos e a definição operacional do construto que é a especificação das atividades ou
operações necessárias para medir ou avaliar a medida do construto. Esta última é a mais usada
nas pesquisas para medir ou manipular uma variável.
O construto é uma variável que não se pode observar diretamente, ou seja, é uma
variável não observável, enquanto que a variável, no verdadeiro sentido, é observável
diretamente. É neste contexto que se fala de variável latente referindo-se ao construto e, para
a sua observação são necessários meios indiretos com diferentes variáveis observáveis ou
indicadores. A competência em TI, a agilidade organizacional e a capacidade de inovação não
se podem medir diretamente (são construtos). São necessárias outras variáveis para a sua
mensuração. Na mesma sequência, para o modelo de pesquisa em análise, estes três construtos
são medidos usando outros construtos, como a o exemplo da agilidade organizacional que tem
sentido e resposta da agilidade como outros construtos a ele ligados. Neste caso, o sentido e a
resposta da agilidade organizacional são construtos da 1ª ordem porque são medidos
88
diretamente pelos indicadores e a agilidade organizacional é construto da 2ª ordem pois precisa
de outros construtos para a sua avaliação. A variável é uma característica que pode ser medida,
apresentando diferentes valores (HAIR et al., 2019; HAIR JR. et al., 2005; NASCIMENTO;
MACEDO, 2016; SACCOL, 2009).
Outro elemento importante no instrumento de coleta de dados é a escala de medida. A
escala de medida é uma ferramenta com um número pré-determinado de respostas fechadas
que faz parte dos requisitos do uso da análise multivariada de dados. Existem quatro tipos de
escala: nominal, ordinal, intervalar e de razão (HAIR JR. et al., 2017; SEKARAN; BOUGIE,
2016). A escala nominal identifica e classifica objetos e, é considerada como uma escala
categórica. A escala ordinal indica o crescimento de uma variável, indicando a ordem das
observações. Se a escala é intervalar tem-se a precisão da informação em ordem de classificação
e pode-se interpretar a magnitude das diferenças nas variáveis. A escala de razão providencia
muita informação que possibilita todo o tipo de análise matemática, pelo que é muito usual no
questionário eletrônico (HAIR JR. et al., 2017; SEKARAN; BOUGIE, 2016).
Um aspecto saliente nas escalas é a validade. A escala deve ter validade interna, no
entanto que deve medir exatamente o que se pretende medir. As condições de aplicabilidade do
instrumento da coleta de dados devem ser consideradas cautelosamente para não influenciarem
nos resultados da pesquisa: alteração do número de respondentes, alteração interna dos
respondentes, alteração do instrumento de coleta de dados, etc. (FREITAS et al., 2000). Na
mesma sequência, a escala tem que ter validade externa, ou seja, a representatividade da
amostra e a correspondência entre respondentes e a unidade de análise.
A validade também pode ser de conteúdo, empírica e de construto (FREITAS et al.,
2000; PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993). A validade de conteúdo foca no instrumento
de coleta de dados de forma subjetiva, para ver em que medida o instrumento de coleta de dados
é o mais adequado. A validade empírica representa o teste da relação entre construtos e suas
medidas. A validade de construto representa o elo de ligação entre o nível conceitual e o nível
operacional, bem como a relação entre os construtos.
Outro elemento importante no instrumento da coleta de dados (questionário eletrônico)
é a codificação. A codificação é a atribuição de números às categorias para facilitar a medida
(HAIR JR. et al., 2017). É uma técnica muito usada na análise multivariada de dados por causa
de determinar quando e como vários tipos de escalas podem ser usados. As escalas mais usadas
na análise multivariada de dados são de razão e intervalar, todavia, quando se usa uma escala
ordinal como Likert, mais usada na modelagem de equações estruturais (SEM), os
pesquisadores prestam particular atenção para a codificação em termos de equidistância. Uma
89
boa escala de Likert deve apresentar uma simetria dentro dela em relação ao ponto médio, o
que demonstra a equidistância dos itens, ficando uma escala intervalar, embora seja ordinal,
facilitando a sua aplicação na SEM (HAIR JR. et al., 2017). Para esta pesquisa, a escala de
Likert é de 10 pontos equidistantes e distribuídos simetricamente em relação ao ponto médio.
Alguns construtos presentes no modelo de pesquisa já foram testados e validados em
pesquisas anteriores, em outros cenários, com uma escala de sete pontos, pelo que se recorreu
aos instrumentos pré-elaborados por Lu e Ramamurthy (2011); Nam, Lee e Lee (2019) para
medir a competência em TI (apêndice A), Panda e Rath (2017); Cepeda e Arias-Pérez (2019)
para medir agilidade organizacional (apêndice A), bem como o instrumento usado por Wang e
Ahmed (2004) para testar o modelo de capacidade de inovação (apêndice A).
Após a adequação do questionário eletrônico procedeu-se a sua validação por
especialistas das áreas ligadas à TI e inovação em Abril de 2020, os quais deram as suas
contribuições para o entendimento e aplicação do mesmo neste caso concreto. Serviu também
para ver se os indicadores estavam adequados para medir os construtos respetivos (validade
interna). O retorno não trouxe grandes alterações, sendo que algumas assertivas tiveram que ser
fragmentadas para permitir respostas cabais em cada um dos fragmentos.
Em Maio de 2020 procedeu-se o pré-teste enviando para 10 respondentes de modo a
darem o seu retorno sobre as principais constatações no questionário. O pré-teste não trouxe
grandes modificações ao questionário, pelo que, em seguida procedeu-se a coleta de dados.
3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS
Na base de leituras prévias que consubstanciam a teoria, chega-se a fazer algumas
inferências que podem ser testadas, mesmo estatisticamente. As hipóteses são uma tentativa de
predição sobre o que se espera encontrar com dados empíricos. É uma conjuntura lógica da
relação entre duas ou mais variáveis expressas sob forma de premissa (SEKARAN; BOUGIE,
2016). A dedução hipotética requer a falseabilidade da hipótese, por isso, é necessária a hipótese
nula que pode ser rejeitada para suportar a hipótese alternativa ou o contrário.
Entre as diferentes técnicas de análise de dados, usou-se a análise multivariada de dados.
A análise multivariada de dados configura-se como mais adequada por permitir a objetividade,
análise, empiria, lógica, rigorosidade para além de fundamentar o conhecimento prévio, ou seja,
a dedução (HAIR JR. et al., 2009). Ela envolve a aplicação de métodos estatísticos que analisam
múltiplas variáveis simultaneamente e que estas variáveis podem representar medidas
associadas a indivíduos, organizações, eventos, atividades... obtidas com recurso a surveys para
90
coletar dados primários ou mesmo na base de dados já existentes, que são os dados secundários
(HAIR JR. et al., 2014).
Hair Jr. et al. (2014, 2017) falam das técnicas de métodos de análise multivariada de
dados divididas em 1ª e 2ª gerações. As técnicas da 1ª geração são usadas pelos cientistas
sociais. Incluem a regressão múltipla, regressão logística e análise de variância, bem como a
análise fatorial exploratória e escala multidimensional. A análise fatorial confirmatória serve
para testar hipóteses da teoria existente e a análise fatorial exploratória é usada quando há
poucos estudos sobre construtos (HAIR JR. et al., 2014).
Nos últimos 20 anos, pesquisadores adotaram as técnicas da 2ª geração por causa da
fraqueza dos métodos da 1ª geração. A 2ª geração de métodos é a SEM que habilita o
pesquisador a incorporar variáveis inobserváveis medidas indiretamente pelas variáveis
indicadoras. Existem dois tipos de modelagem de equações estruturais: 1 - modelagem de
equações estruturais baseadas em covariância (CB-SEM®) usada para confirmar ou rejeitar
hipóteses e 2 - modelagem de equações estruturais de mínimos quadrados parciais (PLS-SEM®)
e envolve a técnica de modelagem estatística. O Quadro 5 mostra a organização dos métodos
de análise multivariada de dados.
Quadro 5: Organização dos métodos da análise multivariada
Principalmente exploratório Principalmente confirmatório
Técnicas da 1ª geração
• Análise Cluster
• Análise fatorial exploratória
• Escala multidimensional
• Análise de variância
• Regressão logística
• Regressão múltipla
• Análise fatorial confirmatória
Técnicas da 2ª geração • PLS-SEM® • CB-SEM®
Fonte: Adaptado de Hair Jr. et al. (2017)
A origem do PLS (mínimos quadrados parciais) remota para o ano de 1966, quando
Herman Wold apresentou dois procedimentos interativos usando estimação de mínimos
quadrados para modelos simples e multicomponentes para correlação canónica. O design final
foi feito em 1977, tendo sido subsequentemente expandido por diversas vias (CHIN, 1998). A
sua evolução ganhou muita aceitação.
A aplicação do PLS – SEM tem crescido exponencialmente nos últimos anos, ganhando
muita popularidade e interesse geral dos pesquisadores em relação aos outros métodos.
Apresenta amplas vantagens com as suas recentes versões tendo em conta a convergência de
grande volume de dados das diversas áreas do conhecimento como: acadêmicos, industriais e
governamentais (HAIR JR. et al., 2017). Este volume de dados precisa de ser analisado segundo
91
uma rigorosa abordagem científica dependente do conhecimento da estatística, matemática,
medidas, lógica, teoria, experiência, intuição e muitas outras variáveis que afetam o contexto
situacional.
O PLS é amplamente usado para teoria confirmatória e pode sugerir se existe ou não a
relação entre variáveis e sugerir proposições para um futuro teste. As componentes básicas do
PLS acautelam dois problemas sérios que são: soluções inadmissíveis e fator de
indeterminação. Como o algoritmo personalizado do PLS consiste, geralmente, em séries de
análises de mínimos quadrados ordinários, a identificação não é problema do modelo recursivo
ou qualquer forma presumida da distribuição de dados (CHIN, 1998; HAIR JR. et al., 2009,
2017).
A SEM provêm de duas teorias tradicionais: perspectiva econométrica, focada na
predição e perspectiva psicométrica que enfatiza o modelo conceitual e variáveis latentes que
são presumidas indiretamente por intermédio de múltiplas variáveis observadas, o que facilitou
os cientistas sociais a adotarem as variáveis latentes nas suas pesquisas, vendo a modelagem
como abordagem da 2ª geração da análise multivariada de dados (CHIN, 1998). A abordagem
da SEM facilita a flexibilidade do pesquisador no seguinte:
• Modelo de relações entre múltiplos indicadores e variáveis critério;
• Medida do construto inobservável;
• Redução de erros de modelo na medição das variáveis observadas;
• Testes estatísticos substantivos e medida de inferências depois de dados empíricos
(análise confirmatória).
O uso dos métodos de análise multivariada envolve erros. O objetivo é reduzir cada
vez mais a margem de erro. O uso de diferentes indicadores ou variáveis para medir um
construto permite que a medida seja mais precisa, baseada na assertiva de que o uso de
diferentes indicadores representa os diferentes aspectos do mesmo construto, reduzindo assim,
o erro de medida. A relação entre os construtos, de acordo com Ringle, Silva e Bido (2014)
constituem o modelo estrutural ou modelo interno. Na Figura 13 apresentam-se as relações
entre construtos da 2ª ordem entre si e entre estes e da 1ª ordem. A relação entre construtos e
indicadores é chamada de modelo de mensuração ou modelo externo. Não está definida no PLS-
SEM a relação entre indicadores (HAIR JR. et al., 2017; SACCOL, 2009).
Para análise de dados foi usado o software SmartPls-3.3.2®, (um software com interface
gráfica do usuário para SEM baseada em variância usando a modelagem de PLS). O uso do
PLS na pesquisa justifica-se pela necessidade de uma análise confirmatória do modelo de
92
pesquisa, para além de que não requer uma distribuição normal de resíduos, ou seja, a amostra
não foi sujeita ao teste de Shapiro-wilk e, por fim, não requer covariância baseada na SEM.
No entanto, há necessidade de entender os símbolos que compõem a estrutura do modelo
para a SEM. Conforme se pode visualizar na Figura 15, os círculos ou elipses representam a
variável latente ou construto que, no caso em estudo, de acordo com o modelo de pesquisa
(Figura 13), a competência em TI, a agilidade organizacional e a capacidade de inovação sãos
as variáveis latentes, neste caso, da 2ª ordem. As outras variáveis que estão em redor destes
construtos, são variáveis latentes da 1ª ordem. Por outro lado, existem as variáveis observadas,
medidas ou indicadores, representados por retângulos, que servem para medir o construto, que
se chama de modelo de medida.
Figura 15: Símbolos usados na Modelagem de Equações Estruturais
Fonte: Adaptado de Ringle, Silva e Bido (2014)
No PLS, o modelo de medida consiste na relação entre variáveis latentes e indicadores.
Os indicadores são ligados às variáveis latentes sob forma de um bloco e depois a estimativa
do parâmetro é obtida em habilidades de minimizar as variações residuais das variáveis latentes
dependentes (CHIN, 1998). As pontuações das variáveis latentes são obtidas com base na soma
dos pesos dos seus indicadores em que a abordagem do PLS usa três estágios de algoritmo de
estimação:
➢ Esquema interativo da regressão simples ou múltipla em modelo particular até que a
solução convirja em um conjunto de pesos usados para estimar as pontuações dos
construtos.
➢ Aplicações não interativas da regressão para obter cargas, coeficientes, pontuações
médias e parâmetros de locação de construtos e indicadores.
93
➢ No último estágio, os construtos e indicadores são tratados como desvios das suas médias.
Na PLS-SEM os parâmetros são estimados por uma série de regressões de mínimos
quadrados parciais. Têm sido parciais porque a estimação é feita em bloco de indicadores
ligados a uma variável latente em detrimento de todo o modelo. Cada estágio do procedimento
minimiza a variância residual, com respeito ao subconjunto dos parâmetros das estimativas
fixadas para outros parâmetros (SACCOL, 2009). No modelo demonstrado na a Figura 13, a
competência em TI possui construtos da 1ª ordem a ele ligados sendo: infraestrutura da TI,
postura proativa da TI, capacidade da abrangência da TI, flexibilidade em TI e integração da
TI. Cada um deles contempla variáveis observadas que podem ser visualizadas no Apêndice A.
No mesmo apêndice pode-se visualizar a agilidade organizacional ligada a construtos como
sentido e resposta que também possuem indicadores. Mesma situação observa-se na capacidade
de inovação.
A abordagem do PLS providencia as formas de estimar diretamente as pontuações dos
construtos. Neste contexto, segundo Chin (1998) pode-se falar do modelo formativo, quando
os indicadores causam impacto ou formam o construto. As setas dos indicadores são
direcionadas para o construto. O algoritmo do PLS fornece cargas estimadas do construto em
que as pontuações do construto são direcionadas pelo bloco indicador. No caso contrário,
quando as setas saem do construto para indicador, trata-se do modelo reflexivo. Em seguida,
são descritas as particularidades de cada modelo.
3.4.1 Modelo Formativo
No modelo formativo, as setas estão direcionadas para o construto e não são assumidos
como correlacionados. São vistos como variáveis causa que providenciam condições da
formação do construto. O construto é efeito dos indicadores formativos, por essa razão, não é
apropriado fazer uma avaliação de correlações ou consistência interna (CHIN, 1998; HAIR et
al., 2019; HAIR JR. et al., 2017).
A escolha do modelo de pesquisa formativo tem em conta a teoria ou conhecimento
substantivo, objetivos da pesquisa e condições empíricas. Como os indicadores estão
direcionados para o construto, uma alteração no indicador provoca alteração substancial do
mesmo construto como seu efeito. O conhecimento substantivo ajuda muito na deliberação da
escolha do modelo, da mesma forma que o objetivo da pesquisa pode focar em um nível abstrato
(CHIN, 1998).
94
No sentido do PLS os indicadores formativos podem ser aplicados nas pesquisas que
tem em conta a variância inobservada do que os indicadores observados. A independência dos
indicadores não provoca problemas de multicolinearidade e é mais aconselhável o uso de
grandes amostras para a consistência dos dados no modelo. A multicolinearidade é muito
importante quando o objetivo da pesquisa é entender o processo da formação do construto
(CHIN, 1998; HAIR JR. et al., 2009, 2017).
De acordo com Chin (1998) no PLS, o objetivo das pesquisas com modelo formativo é
maximizar a variância observada dos indicadores e dos construtos, maximizar a correlação entre
construtos e seus componentes. A interpretação da análise do PLS pode ser baseada nos pesos
que providenciam informação sobre a influência de cada indicador no construto.
3.4.2 Modelo Reflexivo
Como se pode verificar na Figura 13, a competência em TI, a agilidade organizacional
e a capacidade de inovação, são variáveis latentes da 2ª ordem que apresentam, de forma
reflexiva, as relações com outras variáveis latentes. Interessa salientar que, de acordo com Chin
(1998) os indicadores reflexivos são tipicamente de pontuação clássica para testar uma teoria e
modelos de análise fatorial. Esses indicadores, em conjunto, medem uma variável latente em
que o nível de mudança de um deles, influencia os outros indicadores na mesma direção. O
indicador, em um dado fenômeno é baseado em como o mesmo se reflete no construto,
determinado pelas cargas fatoriais que são proporcionais a um conjunto de variação no
indicador de uma variável latente (CHIN, 1998).
Para um indicador ser reflexivo, depende de vários fatores de entre os quais se destaca
o fato de o pesquisador definir o construto em relação aos indicadores. Se o construto é visto
como dando ascensão para todas as medidas observadas o esquema de linhas para o modelo
deve ser especificado nesta forma de exteriorização. Por outro lado, se a pesquisa for explicativa
ou predição das medidas observadas, o design reflexivo poderá ser especificado para minimizar
o traço das variâncias residuais para equações do modelo de medida.
Outra questão está ligada à condição empírica, em que a estabilidade da estimativa é
afetada pelo tamanho da amostra e multicolinearidade dentro dos indicadores em cada bloco.
Neste caso, modelando indicadores reflexivos pode minimizar esta complexidade por causa do
parâmetro de estimação baseada em regressão simples. Para variáveis latentes com indicadores
reflexivos as cargas podem ser esperadas pela determinação da apropriação dos indicadores e
representam a correlação entre o indicador e a pontuação do componente. Os indicadores com
95
baixas cargas indicam que eles têm pouca relação em termos de variância compartilhada com a
pontuação do componente do construto (HAIR JR. et al., 2017).
No modelo reflexivo, a mensuração envolve a confiabilidade composta, a validade
convergente, a confiabilidade do indicador e a validade discriminante, contrariamente aos
modelos formativos que envolvem a validade convergente, a colinearidade entre indicadores, a
importância e a relevância. Para o modelo estrutural avaliam-se os coeficientes de
determinação, a relevância do preditor, o tamanho e a significância dos coeficientes de
caminhos, o tamanho do efeito (HAIR et al., 2019; HAIR JR. et al., 2017; SACCOL, 2009).
A confiabilidade composta avalia se a amostra está ou não livre de vieses bem como a
confiança nas respostas e, é ideal com valores entre 0,70 e 0,90 para pesquisas em geral. A
validade convergente é a extensão da relação de correlação positiva com medidas alternativas
da variável latente considerando as cargas externas dos indicadores e a variância média
extraída (VME) que é a parcela dos dados das variáveis explicada por um dos construtos
respectivos. Os valores acima de 0,50 são admissíveis para a convergência do modelo (HAIR
JR. et al., 2017; NASCIMENTO; MACEDO, 2016). Altas cargas externas no mesmo construto
indicam uma associação comum dos indicadores no mesmo construto que é a confiabilidade
do indicador. Essas cargas devem ser superiores a 0,70, caso contrário, os indicadores devem
ser eliminados (HAIR et al., 2019; HAIR JR. et al., 2017; NASCIMENTO; MACEDO, 2016;
RINGLE; SILVA; BIDO, 2014). Porém, Bido e Silva (2019) observam que a eliminação de
indicadores pode provocar problemas de capitalização na replicabilidade dos resultados em
outras amostras, inviabiliza a comparação dos resultados com outros de outras pesquisas e
dificulta a aplicação da escala em outras pesquisas no futuro, pelo que estes autores
recomendam a manutenção dos indicadores com cargas fatoriais abaixo de 0,7 caso a variância
média extraída seja maior que 0,5 e a confiabilidade composta seja superior a 0,7.
A validade discriminante é a medida que especifica um construto dos demais
constantes no mesmo modelo, medido pela raiz quadrada da variância média extraída de cada
construto em relação aos indicadores de acordo com o modelo de Fornell e Larcker (1981)
(HAIR JR. et al., 2017; NASCIMENTO; MACEDO, 2016). A validade discriminante indica
que o construto é o único que capta fenômenos não compreendidos por outros construtos dentro
do modelo.
O modelo estrutural envolve a relação entre as variáveis dependentes e as variáveis
independentes, sumarizando as relações causais entre construtos. Revela as relações internas
dentro do modelo estrutural. Inclui a estatística t para testar níveis de significância, “R2”
(coeficiente de determinação de Pearson), relevância preditiva “Q2” (indicador de predição de
96
Stone-Geisser); tamanho do efeito “f2” (indicador de Cohen) (CHIN, 1998; HAIR et al., 2019;
HAIR JR. et al., 2017; RINGLE; SILVA; BIDO, 2014).
3.4.3 Elementos Essenciais da Modelagem de Equações Estruturais
O modelo formal de PLS consiste em um conjunto de três relações: relação interna entre
construtos; relação externa entre construtos e indicadores; cargas e pesos que podem servir para
estimativa (CHIN, 1998). Estas relações são conseguidas pelo uso da SEM com uma série de
elementos, cujos cinco essenciais são: variação, medição, escala de medida, codificação e
distribuição de dados. A variação é a combinação linear das diversas variáveis que são
escolhidas baseadas no problema de pesquisa. A medição é o processo de atribuir números a
variáveis baseado em um conjunto de regras. Escala de medição é a ferramenta com um pré-
determinado número de respostas fechadas que podem ser usadas para obter respostas de uma
questão. A codificação é a ligação de números às categorias para facilitar a medição e a
distribuição de dados é o resultado das respostas obtidas às questões durante a coleta de dados
que se distribuem em redor da variável pré-determinada e as categorias de respostas (HAIR JR.
et al., 2014, 2017).
Durante a coleta de dados quantitativos, as respostas das questões são reportadas com
distribuição em volta das categorias das respostas pré-definidas. Como existem diferentes tipos
de distribuição de dados (normal, binominal, Poisson...) pesquisadores que trabalham com
SEM geralmente, precisam perceber se a distribuição é normal ou anormal. A distribuição
normal é sempre desejável, embora o PLS-SEM não prevê nada acerca da distribuição dos
dados. Para ver se os dados seguem uma distribuição normal, são feitos testes como
Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk, bem como a medida da distribuição como o caso de
simetria e curtose (HAIR JR. et al., 2009, 2014, 2017).
Quando a análise é aplicada para uma questão de pesquisa, o método pode ser usado
para confirmar ou identificar dados e relações com o teste de hipóteses de teorias e conceitos,
o que se chama de método de análise confirmatória. Pelo contrário, quando a pesquisa não parte
de teorias já existentes, de como as variáveis estão relacionadas, está-se perante o método de
análise exploratória. A distinção entre os dois métodos não é nítida (HAIR JR. et al., 2017).
Para a consistência do PLS, um dos benefícios deste procedimento pode ser a sua
habilidade de estimar valores dos construtos que representa um viés em obter parâmetros de
estimação. Estes valores agregam erros de medida para as variáveis latentes que se manifestam
em altas estimativas dos pesos dos componentes (nos modelos externos) e baixa estimativa ao
97
nível estrutural (modelos internos) (CHIN, 1998). As estimativas abordaram as verdadeiras
pontuações dos construtos, como o número de indicadores por bloco e tamanho da amostra
aumentada.
O PLS apresenta-se como simples abordagem para a modelagem empírica, descritiva e
predição orientada. Algumas das razões da escolha do PLS-SEM para esta pesquisa, de acordo
com Hair et al. (2019) é que: a análise é para testar um framework teórico na perspectiva
preditiva; o modelo estrutural é complexo e inclui muitos construtos, indicadores e/ou modelo
de relações; a pesquisa é restrita a uma amostra significativa da população, para além de que a
pesquisa precisa de escores das variáveis latentes para análise do modelo.
3.5 AMOSTRA
A amostra é a seleção de elementos ou indivíduos dentro da população por forma a
representar a população como um todo. Uma boa amostra deve refletir as semelhanças e as
diferenças encontradas na população para se poder fazer inferências da amostra acerca da
população, ou seja, deve ser representativa (BRYMAN, 1984; HAIR JR. et al., 2005). A
amostra é extraída da população usando-se procedimentos probabilísticos e não probabilísticos.
Da amostra probabilística suficientemente grande pode-se fazer generalizações e inferências
estatísticas sobre a população em estudo, desde que a amostra seja representativa.
A escolha do método de amostragem e o seu uso apropriado são fundamentais para
generalizações das descobertas a partir da amostra na amostragem probabilística. Para garantir
a representatividade na amostragem probabilística, a seleção dos elementos é aleatória,
minimizando a tendência da seleção. Todos os elementos da população têm igual probabilidade
de serem selecionados. A amostragem probabilística inclui: amostragem aleatória simples,
amostragem sistemática, amostragem estratificada, amostragem por conglomerado e
amostragem de vários estágios (BRYMAN, 1984; HAIR JR. et al., 2005).
Na amostragem não probabilística, a seleção dos elementos não é feita com objetivo de
ser representativo para a população, pelo que o pesquisador usa métodos subjetivos para
selecionar os elementos da amostra. Os elementos da população não têm a mesma probabilidade
de serem selecionados. De um modo geral, a amostragem não probabilística de acordo com
Hair Jr. et al. (2005) é preferível nas situações em que há necessidade de ter maior número de
respondentes em pouco tempo e a baixo custo.
98
Para além demais, os mesmos autores argumentam que:
A amostragem não probabilística tradicionalmente é utilizada na fase exploratória de
um estudo. O objetivo, em tais situações, é coletar dados rapidamente e a um baixo
custo. Os pesquisadores, geralmente, não estão interessados em generalizar as
descobertas para a população. Além disso, os projetos não probabilísticos são
amplamente empregados na seleção de indivíduos para grupos de foco e pré-testes de
questionários de survey (HAIR JR. et al., 2005, p. 237).
Dos métodos de amostragem não probabilística constam: amostragem por conveniência,
amostragem por julgamento, amostragem por cota e amostragem bola-de-neve. Para esta
pesquisa interessa a amostragem por conveniência, em que envolve a seleção de elementos que
estejam mais disponíveis para fazerem parte do estudo e que podem fornecer informações
necessárias e úteis para a pesquisa.
A amostra mínima salvaguarda que os resultados do método estatístico, como o PLS-
SEM, tenham um poder estatístico adequado. Um tamanho da amostra insuficiente pode não
revelar a realidade da população, incorrendo no erro do tipo II (aceitar a hipótese nula enquanto
é falsa) (HAIR JR. et al., 2017). Alguns estudos revelam que o PLS-SEM é boa escolha quando
o tamanho da amostra é menor pois, o PLS-SEM tem um alto nível de poder estatístico em
situações de estrutura de modelo complexo ou tamanho menor da amostra.
De acordo com Ringle, Silva e Bido (2014) e Hair Jr. et al., (2017) a amostra mínima
deve ser determinada, em parte, com a análise do modelo, tendo em conta o construto com
maior número de preditores. Por seu turno, Chin (1998) descreve que para a estimativa da
amostra baseada em indicadores formativos e reflexivos há que observar o bloco com maior
número de indicadores formativos ou o construto dependente com número de construtos
independentes impactando nele. Caso se use a regressão heurística de 10 casos por preditor, o
tamanho da amostra será de 10 vezes mais. Para uma boa consistência do procedimento do PLS,
o tamanho da amostra tem que ser suficientemente maior para permitir melhor estimativa da
matriz da covariância da amostra (CHIN, 1998).
Para o cálculo do tamanho da amostra e posterior uso no PLS recorreu-se ao software
G*Power® 3.0.3. Neste caso, foi necessário observar dois parâmetros: o poder do teste (Power
= 1 – β; β: erro do tipo II) deve ser superior ou igual 0,8 e o tamanho médio do efeito deve ser
f2 = 0,15 (COHEN, 1988); a margem de erro α = 0,05. Para esta pesquisa, resultou como
tamanho da amostra 68 respondentes conforme se pode notar na Figura 16. Para garantir a
consistência do modelo Bido e Silva (2019), Ringle, Silva e Bido (2014) sugerem que o valor
seja duplicado ou triplicado para evitar o prejuízo na análise dos dados, tendo-se optado por
duplicar, resultando em 136 respostas.
99
Figura 16: Cálculo do tamanho da amostra
Fonte: Tela do software G*Power 3.0.3
A pesquisa positivista pode ser realizada no ambiente em que o fenômeno ocorre assim
como em ambientes distintos como na sala de aula, de treinamento,... ou em um ambiente virtual
ou artificial (laboratórios) (CRESWELL, 2010; SACCOL, 2009). Nesta pesquisa, o
levantamento foi realizado em Moçambique abrangendo diferentes organizações no período de
Maio a Outubro de 2020.
100
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Terminada a parte teórica e traçados os procedimentos metodológicos que culminaram
com a determinação do tamanho da amostra necessária para a materialização dos objetivos
previamente traçados, neste capítulo são presentados os resultados da pesquisa e sua análise.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Os dados foram obtidos com recurso a um questionário eletrônico enviado por
WhatsApp, Facebook e e-mail para colaboradores de diferentes organizações moçambicanas,
de diferentes áreas de atividade e diferentes cargos. O tamanho mínimo da amostra obtido com
recurso ao software G*Power 3.0.3® foi de 68 respondentes. Para garantir a consistência do
modelo, optou-se por duplicar este valor, ou seja, 136 respondentes alvo de acordo com as
recomendações de Ringle, Silva e Bido (2014) e Bido e Silva (2019). O retorno total obtido foi
de 141 questionários preenchidos. Devido à inconsistência das respostas (duplicação das
respostas e mesma opção em todas as assertivas), a amostra centrou-se em 136 respostas
válidas. Os dados foram coletados no período de Maio a Outubro de 2020, em um período de
isolamento causado pela crise provocada pela pandemia do novo Coronavírus (COVID 19), que
obrigou a um confinamento total em Moçambique e em diversos países do mundo. As
características dos respondentes podem ser visualizadas na Tabela 2.
Tabela 2: Caracterização da amostra (N =136)
Formação Acadêmica Área de atividade
Média 29%
Educação 11%
Superior 47% Recursos Humanos 15%
Pós-graduação 24% Marketing 13%
Idade da organização Finanças e Contabilidade 15%
0 – 5 anos 7% TI 13%
6 – 19 anos 29% Engenharia 8%
20 – 30 anos 19% Saúde 7%
Mais de 30 anos 45% Segurança 8%
Nº de trabalhadores na organização Administração 6%
1 – 9 6% Pesquisa 4%
10 – 19 7%
20 – 49 13% Cargo
50 – 99 20% Professor 12%
100 – 500 23% Técnico 47%
Mais de 500 32% Administrativo 10%
Setor de atividade Diretor 7%
Governo 40% Supervisor 10%
Industrial 12% Gerente 9%
Comercial 23% Colaborador 5%
Serviços 25%
Fonte: dados da pesquisa (2020)
101
Os dados da Tabela 2 mostram que 47% dos respondentes tem formação superior, 29%
de formação média e os restantes já tem a pós-graduação feita. Na mesma sequência, 45% dos
respondentes são de organizações que existem há mais de 30 anos e cerca de 75% de médias e
grandes organizações. Com relação ao setor de atividade, 40% pertencem a organizações
governamentais, 25% do setor de serviços, 23% do ramo comercial e 12% do setor industrial.
Quanto à área de atividade, recursos humanos e contabilidade e finanças com 15% cada,
tornaram-se mais salientes, seguidas da TI e marketing com 13% cada, 47% dos quais são
técnicos nessas áreas.
Depois da caracterização da amostra usada na sondagem, apresenta-se, em seguida, o
modelo estrutural com coeficientes de caminhos gerado com base no PLS para a validação dos
resultados recorrendo ao modelo de mensuração e modelo estrutural.
4.2 AVALIAÇÃO DO MODELO DE MENSURAÇÃO DA PESQUISA
Em termos gerais, a avaliação do modelo de mensuração é feita para analisar a qualidade
dos resultados. Partindo do modelo geral da pesquisa e usando o software SmartPls-3.3.2®
(RINGLE; WENDE; BECKER, 2015) foi gerado o modelo de caminhos (Figura 17).
Figura 17: Modelo estrutural com coeficientes de caminhos
Fonte: dados da pesquisa (2020)
102
Pelos dados constantes da Figura 17 consegue-se ver os coeficientes dos caminhos entre
indicadores e construtos e entre construtos de 1ª ordem e de 2ª ordem. Por outro lado, dentro
das variáveis latentes pode-se ver o tamanho do efeito dos indicadores no construto e dos
construtos entre eles. Para melhor entendimento dos dados constantes do modelo e, por se tratar
de escala de mensuração reflexiva, analisou-se a confiabilidade composta, a validade
convergente, a confiabilidade do indicador e a validade discriminante (HAIR et al., 2019; HAIR
JR. et al., 2017; NASCIMENTO; MACEDO, 2016; RINGLE; SILVA; BIDO, 2014) de acordo
com os dados constantes das tabelas 3 e 4. A Tabela 3 apresenta os dados das correlações entre
variáveis latentes de 1ª ordem.
Tabela 3: Avaliação do modelo de mensuração para VL da 1ª ordem
VL 1ª Ordem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 -Abrang- TI 0,815
2 - Ao-Resp 0,654 0,841
3 - Ao-Sent 0,726 0,862 0,833
4 - Flex-TI 0,731 0,736 0,683 0,802
5 - Infra-TI 0,746 0,627 0,692 0,714 0,820
6 - Inov-Comp 0,653 0,645 0,586 0,648 0,577 0,783
7 - Inov-Estr 0,652 0,813 0,827 0,658 0,670 0,694 0,820
8 - Inov-Merc 0,701 0,769 0,692 0,752 0,661 0,754 0,772 0,830
9 - Inov-Proc 0,718 0,768 0,715 0,775 0,621 0,793 0,735 0,843 0,815
10 - Inov-Prod 0,702 0,765 0,700 0,767 0,669 0,678 0,702 0,812 0,809 0,817
11 - Integ-TI 0,729 0,740 0,690 0,805 0,732 0,775 0,753 0,780 0,786 0,744 0,802
12 - Post-P-TI 0,817 0,751 0,728 0,766 0,757 0,730 0,739 0,787 0,798 0,805 0,818 0,816
Conf. Composta 0,888 0,923 0,919 0,878 0,911 0,859 0,892 0,898 0,888 0,889 0,900 0,888 >0,7
VME 0,664 0,707 0,693 0,643 0,672 0,613 0,673 0,688 0,664 0,668 0,643 0,666 >0,5
Nota 1: Valores na diagonal correspondem à raiz quadrada da VME
Nota 2: Todas as correlações são significantes a 1%
Fonte: dados da pesquisa (2020)
De acordo com a Tabela 3 os valores da confiabilidade composta estão entre 0,859 e
0,923 revelando a existência de alta consistência de relação entre as variáveis latentes. De
acordo com Hair et al. (2019), Hair Jr. et al. (2017) e Nascimento e Macedo (2016) nas
pesquisas, em geral, estes valores devem estar entre 0,70 e 0,90 contrariamente às pesquisas
exploratórias em que estes valores são considerados confiáveis entre 0,60 e 0,70.
Quanto à validade convergente (Tabela 3) os valores da variância média extraída (VME)
variam de 0,613 a 0,707 e se encontram acima de 0,5 demonstrando sua forte existência (HAIR
et al., 2019; NASCIMENTO; MACEDO, 2016; RINGLE; SILVA; BIDO, 2014). Ao nível dos
103
itens, os valores estão acima de 0,708 com exceção de dois indicadores que possuem 0,498
(IC2) e 0,687 (IPRD2) respectivamente (Figura 17). Os valores acima de 0,708 justificam-se
pela necessidade de se elevar ao quadrado e o resultado ser superior a 0,5 revelando como a
variação no item é explicada pelo construto, ou seja, a variação do item no construto deve ser
explicada em 50% ou mais, consubstanciando a variância média extraída do item.
Ainda pelos dados da Tabela 3 na diagonal podem-se notar os valores da validade
discriminante que correspondem à raiz quadrada da VME de acordo com o critério de Fornell
e Larcker (1981) e Hair Jr. et al. (2014). Os valores das correlações entre as variáveis latentes
são, em geral, inferiores ao valor da validade discriminante. Porém, seis valores (a vermelho)
constantes da Tabela 3, um em cada construto, apresentam-se superiores em relação à respectiva
validade discriminante. Essa diferença não é significativa variando de 0,2% a 2,5% levando à
conclusão de que existe validade discriminante entre as variáveis latentes da 1ª ordem. Quanto
às variáveis latentes da 2ª ordem, a Tabela 4 mostra os dados do respectivo modelo de
mensuração.
Tabela 4: Avaliação do modelo de mensuração para VL da 2ª ordem
VL da 2ª Ordem 1 2 3
1 - AGIL-ORG 0,965
2 - CAPAC-INOV 0,842 0,899
3 - COMP-TI 0,809 0,887 0,899
Conf. Composta 0,964 0,955 0,955 >0,7
VME 0,931 0,808 0,809 >0,5
Fonte: dados da pesquisa (2020)
A nível das variáveis latentes da 2ª ordem, a confiabilidade composta, a variância média
extraída e a validade discriminante correspondem aos critérios exigidos para a sua validação
conforme descrito na avaliação do modelo dos construtos da 1ª ordem, de acordo com Hair et
al. (2019), Hair Jr. et al. (2017), Nascimento e Macedo (2016) e Ringle, Silva e Bido (2014).
Em geral, pode-se concluir que tanto nos construtos da 1ª ordem, quanto nos da 2ª ordem, existe
validade no modelo de mensuração, validando os resultados obtidos por meio do questionário.
Recorrendo ao critério de Chin (1998) observando as cargas fatoriais mais altas em
relação às outras, para validar os indicadores em relação aos respectivos construtos, tem-se o
resultado descrito na Tabela 5.
104
Tabela 5: Valores cruzados das cargas entre indicadores e construtos
Abran-
TI
Infra-
TI
Flex-
TI
Inov-
Comp
Inov-
Estr
Inov-
Merc
Inov-
Proc
Inov-
Prod
Integ-
TI
Post-
P-TI
AO-
Resp
AO-
Sent
CANTI1 0,790 0,621 0,568 0,521 0,489 0,487 0,517 0,454 0,536 0,619 0,486 0,542
CANTI2 0,803 0,646 0,604 0,475 0,534 0,550 0,546 0,605 0,557 0,629 0,527 0,560
CANTI3 0,850 0,564 0,532 0,587 0,516 0,567 0,631 0,577 0,612 0,699 0,505 0,577
CANTI4 0,814 0,602 0,672 0,542 0,581 0,672 0,640 0,644 0,663 0,711 0,608 0,679
CITI1 0,561 0,749 0,482 0,521 0,576 0,481 0,463 0,456 0,565 0,560 0,451 0,577
CITI2 0,579 0,798 0,562 0,316 0,495 0,428 0,440 0,504 0,497 0,556 0,527 0,583
CITI3 0,601 0,871 0,641 0,513 0,562 0,571 0,542 0,603 0,670 0,653 0,529 0,586
CITI4 0,644 0,838 0,604 0,486 0,550 0,613 0,544 0,596 0,616 0,657 0,555 0,553
CITI5 0,668 0,839 0,626 0,521 0,567 0,601 0,547 0,569 0,641 0,666 0,507 0,548
FTI1 0,666 0,606 0,862 0,511 0,592 0,661 0,657 0,668 0,646 0,685 0,636 0,629
FTI2 0,554 0,543 0,799 0,494 0,575 0,602 0,570 0,631 0,606 0,551 0,643 0,602
FTI3 0,539 0,501 0,761 0,624 0,458 0,583 0,687 0,526 0,650 0,612 0,479 0,428
FTI4 0,578 0,633 0,781 0,456 0,482 0,562 0,574 0,631 0,679 0,602 0,598 0,525
IC1 0,621 0,561 0,574 0,850 0,650 0,670 0,711 0,627 0,724 0,692 0,605 0,594
IC2 0,279 0,257 0,289 0,498 0,350 0,296 0,365 0,239 0,384 0,315 0,272 0,280
IC3 0,525 0,444 0,519 0,852 0,549 0,641 0,645 0,569 0,623 0,551 0,491 0,418
IC4 0,552 0,490 0,588 0,870 0,580 0,669 0,695 0,597 0,643 0,653 0,584 0,493
IE1 0,542 0,621 0,524 0,570 0,803 0,619 0,596 0,595 0,590 0,604 0,643 0,648
IE2 0,533 0,473 0,515 0,572 0,825 0,664 0,591 0,551 0,640 0,572 0,667 0,681
IE3 0,514 0,610 0,590 0,549 0,823 0,610 0,594 0,562 0,644 0,631 0,687 0,661
IE4 0,550 0,498 0,531 0,585 0,829 0,638 0,629 0,595 0,597 0,618 0,671 0,722
IM1 0,605 0,520 0,634 0,653 0,603 0,844 0,763 0,687 0,603 0,637 0,595 0,554
IM2 0,562 0,542 0,592 0,657 0,640 0,837 0,721 0,652 0,677 0,652 0,667 0,529
IM3 0,621 0,595 0,684 0,598 0,660 0,815 0,664 0,685 0,688 0,698 0,647 0,590
IM4 0,538 0,539 0,585 0,593 0,660 0,822 0,646 0,670 0,621 0,624 0,644 0,625
IPRC1 0,640 0,526 0,713 0,618 0,593 0,750 0,827 0,738 0,657 0,672 0,652 0,620
IPRC2 0,582 0,520 0,626 0,682 0,580 0,684 0,839 0,664 0,671 0,679 0,630 0,538
IPRC3 0,504 0,446 0,581 0,689 0,583 0,655 0,766 0,532 0,635 0,585 0,535 0,510
IPRC4 0,610 0,529 0,603 0,599 0,639 0,656 0,826 0,693 0,598 0,661 0,681 0,658
IPRD1 0,610 0,527 0,654 0,689 0,621 0,721 0,716 0,819 0,669 0,713 0,680 0,581
IPRD2 0,436 0,410 0,492 0,393 0,444 0,479 0,517 0,687 0,469 0,452 0,502 0,456
IPRD3 0,603 0,610 0,656 0,563 0,608 0,725 0,705 0,881 0,620 0,719 0,633 0,614
IPRD4 0,624 0,618 0,686 0,538 0,601 0,695 0,682 0,868 0,651 0,708 0,666 0,622
ITI1 0,593 0,548 0,696 0,586 0,505 0,601 0,667 0,630 0,729 0,628 0,505 0,492
ITI2 0,613 0,655 0,709 0,632 0,643 0,665 0,635 0,688 0,839 0,722 0,675 0,583
ITI3 0,559 0,592 0,653 0,628 0,628 0,636 0,651 0,591 0,817 0,642 0,677 0,557
ITI4 0,599 0,590 0,586 0,644 0,603 0,625 0,614 0,545 0,806 0,693 0,503 0,531
ITI5 0,553 0,543 0,577 0,616 0,636 0,594 0,581 0,518 0,815 0,585 0,598 0,602
PPTI1 0,736 0,709 0,703 0,607 0,659 0,686 0,651 0,747 0,689 0,860 0,677 0,677
PPTI2 0,638 0,505 0,573 0,634 0,568 0,620 0,680 0,609 0,646 0,778 0,560 0,511
PPTI3 0,632 0,591 0,605 0,549 0,505 0,622 0,653 0,645 0,609 0,826 0,546 0,490
PPTI4 0,655 0,649 0,610 0,595 0,670 0,637 0,625 0,617 0,721 0,797 0,656 0,680
RAO1 0,502 0,584 0,602 0,578 0,664 0,627 0,580 0,628 0,644 0,611 0,776 0,674
RAO2 0,600 0,507 0,617 0,584 0,726 0,675 0,690 0,644 0,621 0,656 0,862 0,776
RAO3 0,479 0,519 0,585 0,522 0,714 0,622 0,588 0,631 0,599 0,548 0,826 0,701
RAO4 0,622 0,525 0,686 0,545 0,714 0,698 0,740 0,669 0,660 0,712 0,886 0,764
RAO5 0,539 0,507 0,600 0,486 0,598 0,606 0,619 0,642 0,587 0,622 0,849 0,702
SAO1 0,597 0,551 0,502 0,457 0,692 0,532 0,542 0,523 0,519 0,558 0,694 0,831
SAO2 0,593 0,626 0,562 0,476 0,659 0,527 0,572 0,607 0,568 0,586 0,700 0,853
SAO3 0,662 0,577 0,603 0,481 0,729 0,594 0,635 0,627 0,554 0,656 0,734 0,850
SAO4 0,610 0,573 0,613 0,499 0,687 0,628 0,662 0,649 0,595 0,635 0,766 0,867
SAO5 0,557 0,556 0,561 0,529 0,679 0,598 0,559 0,500 0,639 0,592 0,690 0,758
Fonte: dados da pesquisa (2020)
105
Observando os dados da Tabela 5 pode-se notar que existe validade discriminante ao
nível dos indicadores sendo que as cargas cruzadas dos indicadores são superiores exatamente
nos construtos que pretendem medir, corroborando com a ideia de Chin (1998). Contudo, dois
indicadores de cargas são menores que 0,708.
De acordo com Hair Jr. et al. (2017) e Ringle, Silva e Bido (2014) quando algumas
variáveis observáveis apresentarem valores abaixo de 0,708 devem ser eliminados para
aprimorar cada vez mais o modelo e incrementar a VME. Neste contexto, a Figura 18 mostra
as cargas fatoriais das variáveis observáveis depois da eliminação daquelas que apresentavam
baixas cargas fatoriais (IC2 e IPRD2).
Figura 18: Modelo ajustado depois da eliminação de algumas variáveis observáveis
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Eliminando as variáveis observáveis com coeficientes de caminhos abaixo de 0.708,
todas as cargas fatoriais destas variáveis são significativas de acordo com Bido e Silva (2019),
Hair et al. (2019), Hair Jr. et al. (2017), Ringle, Silva e Bido (2014). Houve incremento
significativo da VME nos construtos da 1ª ordem respectivos, concretamente inovação
comportamental e inovação do produto. Consequentemente, a validade discriminante respectiva
106
também sofreu um incremento, corroborando com a teoria de Fornell e Larcker (1981) como
atesta a Tabela 6.
Tabela 6: Valores da SEM ajustados depois da eliminação de indicadores
CONSTRUTO
ANTES DEPOIS
Conf. Composta VME Conf. Composta VME
ABRANG_TI 0,888 0,664 0,888 0,664
AO-RESP 0,923 0,707 0,923 0,707
AO-SENT 0,919 0,693 0,919 0,693
FLEX-TI 0,878 0,643 0,878 0,643
INFRA_TI 0,911 0,672 0,911 0,672
INOV-COMP 0,859 0,613 0,904 0,758
INOV-ESTR 0,892 0,673 0,892 0,673
INOV-MERC 0,898 0,688 0,898 0,688
INOV-PROC 0,888 0,664 0,888 0,664
INOV-PROD 0,889 0,668 0,907 0,764
INTEG-TI 0,900 0,643 0,900 0,643
POST-P-TI 0,888 0,666 0,888 0,666
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Pelos dados da Tabela 6, depois da eliminação das variáveis observadas com pesos
abaixo de 0,708 a confiabilidade composta e a VME da inovação comportamental e inovação
do produto sofreram um aumento. Para o caso da inovação comportamental a confiabilidade
composta aumentou de 0,859 para 0,904 e a VME aumentou de 0,613 a 0,758. Já para a
inovação do produto a confiabilidade composta variou de 0,889 a 0,907 e a VME variou de
0,668 a 0,764.
A variação da confiabilidade composta e da VME depois da eliminação dos indicadores
com baixas cargas fatoriais não influencia significativamente os dados, pelo que se opta por
manter estes indicadores. Além disso, de acordo com Bido e Silva (2019):
Ao se eliminar muitos indicadores da mensuração pode ocorrer outros problemas:
capitalização no acaso (chance capitalization) levantando a dúvida sobre a
replicabilidade dos resultados em nova amostra, inviabiliza a comparação com
resultados de outros estudos e prejudica a aplicação da escala em estudos futuros...
(BIDO; SILVA, 2019, p. 501).
Ainda, de acordo com estes autores, como a confiabilidade composta é maior que 0,7 e
a VME maior que 0,5 embora haja indicadores com cargas menores que 0,7 a sua eliminação
pode prejudicar a validade de conteúdo. Por causa dos motivos evocados, decidiu-se por manter
todos os indicadores, independentemente das suas cargas fatorais, não afetando
significativamente os resultados da pesquisa.
107
4.3 AVALIAÇÃO DO MODELO ESTRUTURAL
Depois da análise do modelo de mensuração, segue-se a caracterização do modelo
estrutural. Neste caso, são apresentados: a estatística “t” para testar níveis de significância;
“R2” (coeficiente de determinação de Pearson); relevância preditiva “Q2” (indicador de
predição de Stone-Geisser) e tamanho do efeito “f2” (indicador de Cohen).
Pela Figura 17, consegue-se ver que R2 é 0,831, ou seja, a competência em TI e
agilidade organizacional, de forma moderada, explicam em 83,1% a variância da capacidade
de inovação. Da mesma forma que a competência em TI explica em 65,5% da variância da
agilidade organizacional. A Tabela 7 mostra os dados de R2 e o respectivo ajuste da explicação
da relação entre variáveis latentes.
Tabela 7: Valores do coeficiente de determinação de Person (R2)
VL R2 R2 ajustado VL R2 R2 ajustado
ABRANG_TI 0,789 0,787 INOV-COMP 0,748 0,746
AGIL-ORG 0,655 0,653 INOV-ESTR 0,754 0,753
AO-RESP 0,933 0,933 INOV-MERC 0,872 0,872
AO-SENT 0,928 0,928 INOV-PROC 0,868 0,867
CAPAC-INOV 0,832 0,829 INOV-PROD 0,797 0,796
FLEX-TI 0,788 0,786 INTEG-TI 0,834 0,833
INFRA_TI 0,783 0,781 POST-P-TI 0,851 0,850
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Para Cohen (1988, p.532) convencionalmente os valores de R são de 0,1; 0,3 e 0,5
considerados: baixo, médio e alto, respectivamente. Por seu turno, os valores de R2 são de 0,01
como menor efeito; 0,09 como efeito médio e 0,25 como maior efeito. Em ciências sociais e
ambientais, R2 assume valores de 2% como menor efeito, 13% como efeito médio e 26% como
maior efeito (COHEN, 1988; RINGLE; SILVA; BIDO, 2014). Na mesma sequência, Hair et
al. (2019) entende que valores de 0,75; 0,50 e 0,25 são considerados de efeito maior, médio e
fraco, respectivamente e valores acima de 0,90 são considerados indicativos típicos de ajuste
excessivo. Atendendo as ideias de Cohen (1988) e de Hair et al. (2019), os valores de R2 nesta
pesquisa são fortes na explicação dos outros construtos pois, estão acima de 0,5 e apenas o
sentido e a resposta à agilidade organizacional é que assumem valores acima de 0,9.
Analisando os tamanhos e significância dos coeficientes de caminhos do modelo
interno, a competência em TI apresenta efeito interior mais forte (0,809) sobre agilidade
organizacional e um efeito interior moderado (0,595) sobre a capacidade de inovação. Por seu
turno, a agilidade organizacional apresenta um efeito interior fraco (0,361) sobre a capacidade
108
de inovação. O efeito indireto é de 0,809 X 0,361 = 0,292 (fraca relevância da agilidade
organizacional em mediar a relação entre a competência em TI e capacidade de inovação). A
Tabela 8 mostra os valores do efeito indireto entre construtos.
Tabela 8: Tamanho do efeito entre construtos da 2ª ordem e sua significância
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Nota-se que o efeito direto entre a competência em TI e a capacidade de inovação é de
0,595 (Tabela 8) e o efeito indireto entre a competência em TI e capacidade de inovação é de
0,292 conforme os cálculos realizados anteriormente. A soma dos efeitos direto e indireto
(0,595 + 0,292 = 0,887) perfaz o efeito total da relação entre variáveis latentes (BIDO; SILVA,
2019; HAIR JR. et al., 2017; NASCIMENTO; MACEDO, 2016; RINGLE; SILVA; BIDO,
2014). A competência em TI tem efeitos direto e indireto significativos sobre a capacidade de
inovação visto que o efeito direto apresenta p < 0,05 e o efeito indireto apresenta p < 0,05.
Conclui-se que existe uma mediação parcial da agilidade organizacional na relação entre a
competência em TI e capacidade de inovação, ou seja, a agilidade organizacional é importante
para promover a inovação (BIDO; SILVA, 2019; RINGLE; SILVA; BIDO, 2014).
Conforme as hipóteses estabelecidas pela relação teórica entre construtos, os resultados
(Tabela 9) mostram que as três hipóteses da pesquisa foram confirmadas dado que p < 0,05. A
confirmação das três hipóteses reforça o entendimento dos respondentes de que: a competência
em TI influencia positivamente a capacidade de inovação; a competência em TI influencia
positivamente a agilidade organizacional e, por sua vez, a agilidade organizacional influencia
positivamente a capacidade de inovação.
Tabela 9: Teste de hipóteses
Relações estruturais Hipótese f2 Coeficiente
estrutural
Erro
padrão Valor-t Valor-p
R2
ajustado
Estado da
hipótese
COMP-TI -> AGIL-ORG H1 (+) 1,901 0,809 0,037 21,656 0,000 0,653 Confirmada
COMP-TI -> CAPAC-INOV H2 (+) 0,726 0,595 0,060 9,829 0,000 Confirmada
AGIL-ORG -> CAPAC-INOV H3 (+) 0,266 0,361 0,068 5,330 0,000 0,829 Confirmada
Fonte: dados da pesquisa (2020)
EFEITO Coeficiente
estrutural
Erro
padrão Valor-t Valor- P
DIRETO COMP-TI -> CAPAC-INOV 0,595 0,061 9,730 0,000
INDIRETO COMP-TI -> AGIL-ORG -> CAPAC-INOV 0,292 0,058 5,013 0,000
TOTAL COMP-TI -> CAPAC-INOV 0,887 0,018 48,735 0,000
109
O coeficiente de Cohen (f2) varia de 0,266 a 1,901. Tendo em conta que, se f2 = 0,02 é
considerado pequeno; f2 = 0,15 é considerado médio e f2 = 0,35 é considerado grande, pode-se
inferir que os construtos são muito importantes para o ajuste geral do modelo pois os valores
de f2 estão acima de 0,15 (BIDO; SILVA, 2019; COHEN, 1988; HAIR et al., 2019; HAIR JR.
et al., 2017; NASCIMENTO; MACEDO, 2016).
Os valores “t” estimados por bootstrapping com 5000 repetições variam de 5,330 a
21,656 portanto, superiores a 1,96 com um nível de significância de 0,05 e um intervalo de
confiança de 95% o que leva à conclusão de que as cargas do modelo interno são altamente
significativas (BIDO; SILVA, 2019; HAIR et al., 2019; HAIR JR. et al., 2014, 2017).
Recorrendo ao procedimento blindfolding, a uma omissão de distância de sete e a
agilidade organizacional com a capacidade de inovação (construtos endógenos) escolhidos para
execução do algoritmo foi possível obter os valores de Q2 ou indicadores de Stone-Geisser
(Tabela 10).
Tabela 10: Indicador de Stone-Geisser (Q2)
VL Q² VL Q²
ABRANG_TI 0.516 INOV-COMP 0.450
AGIL-ORG 0.415 INOV-ESTR 0.498
AO-RESP 0.649 INOV-MERC 0.595
AO-SENT 0.638 INOV-PROC 0.570
CAPAC-INOV 0.436 INOV-PROD 0.522
FLEX-TI 0.495 INTEG-TI 0.521
INFRA_TI 0.522 POST-P-TI 0.559
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Pelos resultados obtidos, foi possível notar que os valores de Q2 variam de 0,415 a 0,649.
De acordo com (HAIR et al., 2019) valores superiores a 0, 0.25 e 0.50 indicam pequena, média
e grande relevância preditiva do modelo em relação às variáveis latentes endógenas. Pode-se
concluir que, pelos dados obtidos existe uma grande relevância preditiva, uma vez que os dados
rondam, em média, acima de 0.50 sendo apenas cinco indicadores que estão abaixo, mas
próximos desse valor, em um universo de 14 (HAIR et al., 2019; HAIR JR. et al., 2017;
NASCIMENTO; MACEDO, 2016).
Com esta análise do modelo de mensuração em que se avalia a consistência dos
indicadores em relação aos construtos e a relação entre construtos, bem como o modelo
estrutural que avalia a consistência interna entre construtos, chega-se a concluir que o modelo
da pesquisa proposto é valido para atingir os objetivos previamente traçados considerando a
validade do instrumento da coleta de dados utilizado. Nem com isso, em seguida avalia-se a
110
relação entre a competência em TI, agilidade organizacional e capacidade de inovação já com
variáveis de controle para entender em que medida uma organização a idade da organização, o
tamanho da organização e o setor de atividade influenciam a percepção do modelo.
4.4 MODELO GERAL DA PESQUISA COM VARIÁVEIS DE CONTROLE
Uma questão importante na relação entre a competência em TI, agilidade organizacional
e capacidade de inovação são as variáveis de controle. Neste caso, a idade da organização, o
tamanho da organização e o setor de cada colaborador interessam para avaliar a relação entre
estes construtos uma vez que, a teoria revela a sua importância na agilidade e na capacidade de
como as organizações inovam como variáveis dependentes (Figura 19).
Figura 19: Modelo de pesquisa com variáveis de controle
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Ao avaliar o modelo de mensuração da pesquisa, as variáveis de controle melhoram
cada vez mais o nível de consistência interna na medida em que a correlação entre construtos
da 1ª ordem apresenta valores abaixo da respectiva validade discriminante, na diagonal,
111
calculada com base no critério de Fornell e Larcker (1981) (Tabela 11). Porém, existem alguns
valores que se situam acima da validade discriminante, mas essa diferença não é significativa
situando-se a nível inferior a 1%. A variância média extraída é superior a 0,5 e a confiabilidade
composta é superior a 0,7.
Tabela 11: Variância média extraída, consistência interna e correlação entre construtos.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
1 - ABRANG-TI 0,82
2 - AO-RESP 0,65 0,84
3 - AO-SENT 0,73 0,86 0,83
4 - FLEX-TI 0,73 0,74 0,68 0,80
5 - IDADE -0,08 -0,18 -0,13 0,01 1,00
6 - INFRA-TI 0,75 0,63 0,69 0,71 -0,02 0,82
7 - INOV-COMP 0,65 0,65 0,59 0,65 -0,10 0,58 0,78
8 - INOV-ESTR 0,65 0,81 0,83 0,66 -0,09 0,67 0,69 0,82
9 - INOV-MERC 0,70 0,77 0,69 0,75 -0,12 0,66 0,75 0,77 0,83
10 - INOV-PROC 0,72 0,77 0,72 0,78 -0,11 0,62 0,79 0,74 0,84 0,82
11 - INOV-PROD 0,70 0,77 0,70 0,77 -0,17 0,67 0,68 0,70 0,81 0,81 0,82
12 - INTEG-TI 0,73 0,74 0,69 0,81 -0,07 0,73 0,78 0,75 0,78 0,79 0,74 0,80
13 - POST-P-TI 0,82 0,75 0,73 0,77 -0,13 0,76 0,73 0,74 0,79 0,80 0,81 0,82 0,82
14 - SETOR -0,08 -0,23 -0,23 -0,16 0,39 -0,10 -0,06 -0,24 -0,16 -0,17 -0,19 -0,15 -0,12 1,00
15- TAMANHO -0,17 -0,26 -0,28 -0,12 0,46 -0,12 -0,21 -0,26 -0,26 -0,21 -0,23 -0,16 -0,18 0,22 1,00
Conf. composta 0,89 0,92 0,92 0,88 1,00 0,91 0,86 0,89 0,90 0,89 0,89 0,90 0,89 1,00 1,00
VME 0,66 0,71 0,69 0,64 1,00 0,67 0,61 0,67 0,69 0,66 0,67 0,64 0,67 1,00 1,00
Nota 1: Valores na diagonal correspondem à raiz quadrada da VME
Nota 2: Todas as correlações são significantes a 1%
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Com a inserção das variáveis de controle no modelo de pesquisa, concretamente na
agilidade organizacional e na capacidade de inovação, o coeficiente de significação de Pearson
(R2) da agilidade organizacional passa de 0,655 a 0,707 e na capacidade de inovação passa de
0,831 para 0,836. Porém, o efeito da idade da organização, do tipo de setor de atividade do
colaborador e do tamanho da organização sobre a capacidade de inovação torna-se
insignificante. Da mesma forma que a idade da organização não apresentou grande influência
na agilidade organizacional. Para ilustrar esta posição, foi feito um estudo do modelo completo
com todas as variáveis de controle e constatou-se que a significância da idade da organização
na capacidade de inovação e agilidade da organização é superior a 0,05. A mesma situação foi
112
constatada na incidência do setor de atividade na capacidade de inovação e tamanho da
organização na capacidade de inovação (Tabela 12).
Tabela 12: Avaliação do modelo de pesquisa com variáveis de controle
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4
Variáveis preditoras Coef. p Coef. p Coef. p Coef. p
Idade IDADE -> AGIL-ORG -0,002 0,984
Idade IDADE -> CAPAC-INOV 0,042 0,522
Setor SETOR -> AGIL-ORG -0,238 0,010 -0,246 0,005 -0,292 0,000
Setor SETOR -> CAPAC-INOV 0,059 0,244
Tamanho TAMANHO -> AGIL-ORG -0,301 0,003 -0,308 0,001 -0,340 0,000
Tamanho TAMANHO -> CAPAC-INOV 0,015 0,772
H1 (+) COMP-TI -> AGIL-ORG 0,802 0,000 0,800 0,000
H2 (+) COMP-TI -> CAPAC-INOV 0,887 0,000 0,887 0,000
H3 (+) AGIL-ORG -> CAPAC-INOV 0,841 0,000 0,840 0,000
R2 ajustado 69,8% 0,000 16,7% 0,013 64,1% 0,000 69,9% 0,000
Nota: Modelo 1 - com todas variáveis de controle; Modelo 2 - só variáveis de controle significantes (p < 0,05);
Modelo 3 - completo sem variáveis de controle; Modelo 4 - completo com variáveis de controle significantes.
Fonte: dados da pesquisa (2020)
A influência do setor de atividade do colaborador na organização e o tamanho da
organização na agilidade organizacional permanecem firmes, o nível de significância é menor
que 0,05 conforme se fez constar a partir do modelo 2 (Tabela 12) em que se avaliou as variáveis
de controle significantes e a sua influência na agilidade organizacional. Por outro lado, os
modelos 3 e 4 da Tabela 12 mostram os coeficientes estruturais do modelo completo sem
variáveis de controle e com variáveis de controle, quase sem variação e com um nível de
significância menor que 0,05; continuando a confirmar as hipóteses da pesquisa tanto com
variáveis de controle, mesmo sem elas. A Figura 20 mostra o modelo geral de pesquisa com as
variáveis de controle significativas.
113
Figura 20: Modelo de pesquisa com variáveis de controle significativas
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Com as variáveis de controle significativas (setor de atividade e tamanho da
organização) o coeficiente de significação de Pearson sofre um incremento tanto na capacidade
de inovação e na agilidade organizacional reforçando a forte influência da agilidade
organizacional na capacidade de inovação.
4.5 RESULTADOS DA RELAÇÃO ENTRE COMPETÊNCIA EM TI E AGILIDADE
ORGANIZACIONAL
O modelo geral da pesquisa evidenciou uma forte relação positiva entre a competência
em TI e agilidade organizacional como variável mediadora (ponto 4.1). Sendo apenas a
competência em TI como variável independente e agilidade organizacional como dependente
(não mediadora) este ponto analisa a consistência desta relação considerando apenas estes
construtos da 2ª ordem e os respectivos construtos da 1ª ordem. A Figura 21 mostra os
coeficientes de caminhos da relação entre competência em TI e agilidade organizacional.
114
Figura 21: Relação entre a competência em TI e agilidade organizacional
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Todos os coeficientes de caminhos dos indicadores estão acima de 0,708 conforme
recomendado pela literatura (HAIR et al., 2019; HAIR JR. et al., 2017; NASCIMENTO;
MACEDO, 2016) revelando uma forte validade convergente. A competência em TI explica em
65,5% a agilidade organizacional, ou seja, o coeficiente de Pearson (R2) é de 0,655. O efeito
direto entre a competência em TI e Agilidade organizacional é de 0,809. Com mais detalhes, a
Tabela 13 mostra as correlações entre as variáveis latentes da 1ª ordem, a validade discriminante
(na diagonal), a confiabilidade composta e a variância média extraída.
Tabela 13: Valores da SEM entre competência em TI e Agil-Org. (1ª ordem)
VL 1ª ORDEM 1 2 3 4 5 6 7
1 - ABRANG_TI 0,815
2 - AO-RESP 0,654 0,841
3 - AO-SENT 0,726 0,862 0,833
4 - FLEX-TI 0,731 0,736 0,683 0,802
5 - INFRA_TI 0,746 0,627 0,692 0,714 0,820
6 - INTEG-TI 0,729 0,740 0,690 0,805 0,732 0,802
7 - POST-P-TI 0,817 0,751 0,728 0,766 0,757 0,818 0,816
Conf. composta 0,888 0,923 0,919 0,878 0,911 0,900 0,888 > 0,7
VME 0,664 0,707 0,693 0,643 0,672 0,643 0,666 > 0,5
Nota 1: Valores na diagonal correspondem à raiz quadrada da VME
Nota 2: Todas as correlações são significantes a 1%
Fonte: dados da pesquisa (2020)
115
A validade discriminante correspondente à raiz quadrada da VME segundo o critério de
Fornell e Larcker (1981) apresenta valores significativos em relação aos valores das correlações
entre variáveis latentes. Alguns valores das correlações apresentam-se acima da validade
discriminante, mas de forma ligeira. Por não ser altamente significativa esta variação, opta-se
por manter esta situação, pelo que se conclui que existe validade discriminante ao nível dos
construtos da 1ª ordem (BIDO; SILVA, 2019; HAIR et al., 2019; NASCIMENTO; MACEDO,
2016; RINGLE; SILVA; BIDO, 2014).
A confiabilidade composta, com valores acima de 0,7 revela a sua consistência de
relação entre variáveis latentes da 1ª ordem. Em relação às variáveis latentes da 2ª ordem, a
confiabilidade composta mantém-se superior a 0,7; a variância média extraída continua acima
de 0,5 bem como os valores da validade discriminante são superiores em relação aos valores
das correlações entre as variáveis latentes (BIDO; SILVA, 2019; HAIR et al., 2019; HAIR JR.
et al., 2017; NASCIMENTO; MACEDO, 2016) conforme consta da Tabela 14.
Tabela 14: Valores da SEM entre competência em TI e Agil-Org. (2ª ordem)
VL 2ª ORDEM 1 2
1 - AGIL-ORG 0,816
2 - COMP-TI 0,809 0,902
Conf. Composta 0,932 0,946 > 0,7
VME 0,666 0,814 > 0,5
Nota 1: Valores na diagonal correspondem à raiz quadrada da VME
Nota 2: Todas as correlações são significantes a 1%
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Existe a consistência do modelo em relação às variáveis latentes da 2ª ordem. Ao nível
dos indicadores, a relação entre a competência em TI e agilidade organizacional, nota-se que
os construtos são unidimensionais, ou seja, suas validades convergente e discriminante são
adequadas. Os valores das cargas cruzadas dos indicadores são superiores exatamente nos
construtos que pretendem medir (Tabela 15), de acordo com a ideia de Chin (1998).
116
Tabela 15: Matriz das cargas fatoriais entre competência em TI e Agil-Org.
ABRANG-TI AO-RESP AO-SENT FLEX-TI INFRA-TI INTEG-TI POST-P-TI
CANTI1 0,790 0,486 0,542 0,568 0,621 0,536 0,619
CANTI2 0,803 0,527 0,560 0,604 0,646 0,557 0,629
CANTI3 0,850 0,505 0,577 0,532 0,564 0,612 0,699
CANTI4 0,814 0,608 0,679 0,672 0,602 0,663 0,711
RAO1 0,502 0,776 0,674 0,602 0,584 0,644 0,611
RAO2 0,600 0,862 0,776 0,617 0,507 0,621 0,656
RAO3 0,479 0,826 0,701 0,585 0,519 0,599 0,548
RAO4 0,622 0,886 0,764 0,686 0,525 0,660 0,712
RAO5 0,539 0,849 0,702 0,600 0,507 0,587 0,622
SAO1 0,597 0,694 0,831 0,502 0,551 0,519 0,558
SAO2 0,593 0,700 0,853 0,562 0,626 0,568 0,586
SAO3 0,662 0,734 0,850 0,603 0,577 0,554 0,656
SAO4 0,610 0,766 0,867 0,613 0,573 0,595 0,635
SAO5 0,557 0,690 0,758 0,561 0,556 0,639 0,592
FTI1 0,666 0,636 0,629 0,862 0,606 0,646 0,685
FTI2 0,554 0,643 0,602 0,799 0,543 0,606 0,551
FTI3 0,539 0,479 0,428 0,761 0,501 0,650 0,612
FTI4 0,578 0,598 0,525 0,782 0,633 0,679 0,602
CITI1 0,561 0,451 0,577 0,482 0,749 0,565 0,560
CITI2 0,579 0,527 0,583 0,562 0,798 0,497 0,556
CITI3 0,601 0,529 0,586 0,641 0,871 0,670 0,653
CITI4 0,644 0,555 0,552 0,604 0,838 0,616 0,657
CITI5 0,668 0,507 0,548 0,626 0,839 0,641 0,666
ITI1 0,593 0,505 0,492 0,696 0,548 0,729 0,628
ITI2 0,613 0,675 0,583 0,709 0,655 0,839 0,722
ITI3 0,559 0,677 0,557 0,653 0,592 0,817 0,642
ITI4 0,599 0,503 0,531 0,586 0,590 0,806 0,693
ITI5 0,553 0,598 0,602 0,577 0,543 0,815 0,585
PPTI1 0,736 0,677 0,677 0,703 0,709 0,689 0,860
PPTI2 0,638 0,560 0,511 0,573 0,505 0,646 0,778
PPTI3 0,632 0,546 0,490 0,605 0,591 0,609 0,826
PPTI4 0,655 0,656 0,680 0,610 0,649 0,721 0,797
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Neste contexto, conclui-se que os indicadores medem exatamente os constructos a eles
ligados como se pode ver os valores salientes na diagonal (Tabela 15). Um indicador da resposta
à agilidade organizacional é que possui um valor um pouco abaixo de dois valores constantes
da matriz fora da diagonal, mas a diferença não é significativa sendo que os valores da matriz
cruzada variam de 0,729 a 0,886.
O modelo estrutural mostra que R2, na relação entre a competência em TI e agilidade
organizacional, é de 0,655 (65,5%) portanto, muito acima de 26% atendendo o critério de Cohen
(1988) e acima de 0,50 pelo critério de Hair et al. (2019) revelando que a competência em TI
consegue explicar em 65,5% a agilidade organizacional, ou seja, tem forte efeito sobre as outras
variáveis.
117
O valores de “t”, no modelo interno de caminho é de 21,755, superior a 1,96 com um
nível de significância de 0,05 (p-value = 0) o que leva à conclusão de que as cargas do modelo
interno são altamente significativos (HAIR JR. et al., 2014, 2017). Com estes valores, a hipótese
nula fica confirmada no sentido de que a competência em TI influencia positivamente a
agilidade organizacional. Pela Tabela 16 verifica-se que existe uma relevância preditiva média,
uma vez que o indicador de Stone-Geisser (Q2) é superior a 0,26 e inferior a 0,5 (HAIR et al.,
2019).
Tabela 16: Modelo estrutural da competência em TI e agilidade organizacional
Relação estrutural f2 Coeficiente Erro padrão Valor-t Valor-p R2 Q2
AGIL-ORG -> AO-RESP 13,750 0,966 0,009 104,310 0,000 0,932 0,648
AGIL-ORG -> AO-SENT 13,197 0,964 0,009 103,090 0,000 0,930 0,639
COMP-TI -> ABRANG_TI 3,749 0,889 0,026 33,964 0,000 0,789 0,517
COMP-TI -> AGIL-ORG 1,899 0,809 0,037 21,755 0,000 0,655 0,415
COMP-TI -> FLEX-TI 3,706 0,887 0,025 35,625 0,000 0,788 0,494
COMP-TI -> INFRA_TI 3,642 0,886 0,024 36,505 0,000 0,785 0,523
COMP-TI -> INTEG-TI 4,987 0,913 0,021 43,124 0,000 0,833 0,520
COMP-TI -> POST-P-TI 5,666 0,922 0,014 67,807 0,000 0,850 0,558
Fonte: dados da pesquisa (2020)
O coeficiente de Cohen (f2) é de 1,899 revelando um efeito significativo dos construtos
no ajuste geral do modelo dado que o valor de f2 está acima de 0,35 (COHEN, 1988; HAIR et
al., 2019; HAIR JR. et al., 2017). Tanto o modelo de mensuração da relação entre competência
em TI e agilidade organizacional, quanto o modelo estrutural revelam uma grande consistência
destes e os construtos que refletem a sua medida.
4.6 RESULTADOS DA RELAÇÃO ENTRE COMPETÊNCIA EM TI E CAPACIDADE DE
INOVAÇÃO
Um dos objetivos da pesquisa foi de verificar como a competência em TI pode ser usada
para ajudar as organizações na sua capacidade de inovação. Dados coletados em 2020 para
materializar este objetivo revelam uma forte relação entre a competência em TI e a capacidade
de inovação como se pode notar na Figura 22 com os coeficientes de caminhos, tamanho de
efeito direto entre os dois construtos da 2ª ordem e o efeito sobre os construtos da 1ª ordem.
118
Figura 22: Relação entre competência em TI e capacidade de inovação
Fonte: dados da pesquisa (2020)
As cargas fatoriais dos indicadores estão acima de 0,708 com excepção de dois
indicadores que correspondem à inovação do produto e inovação comportamental. Como foi
visto no ponto 4.1, mesmo removendo os indicadores com cargas fatoriais abaixo de 0,708
(HAIR JR. et al., 2017; NASCIMENTO; MACEDO, 2016; RINGLE; SILVA; BIDO, 2014)
não há variação significativa na VME da capacidade de inovação, tratando-se de um modelo
reflexivo, caso que afeta a validade discriminante calculada com base no princípio de Fornell e
Larcker (1981). No mesmo ponto ficou saliente que a eliminação de indicadores pode afetar a
replicabilidade do instrumento de pesquisa em nova amostra, inviabiliza a comparação dos
resultados e prejudica a aplicação de escala em outros estudos (BIDO; SILVA, 2019) pelo que
opta-se por manter estes indicadores.
A Tabela 17 mostra a validade discriminante (na diagonal) calculada com base no
princípio de Fornell e Larcker (1981), a confiabilidade composta, a VME e as correlações entre
os construtos da 1ª ordem representados no modelo.
119
Tabela 17: Competência em TI e capacidade de inovação (VL 1ª ordem)
Nota 1: Valores na diagonal correspondem à raiz quadrada da VME
Nota 2: Todas as correlações são significantes a 1%
Fonte: dados da pesquisa (2020)
A confiabilidade composta é maior que 0,7 e a VME é maior que 0,5 indicando a
validade do modelo de mensuração da relação entre a competência em TI e capacidade de
inovação (BIDO; SILVA, 2019; COHEN, 1988; HAIR et al., 2019; HAIR JR. et al., 2017;
NASCIMENTO; MACEDO, 2016; RINGLE; SILVA; BIDO, 2014). Embora existam valores
superiores em relação à validade discriminante calculada segundo o princípio de Fornell e
Larcker (1981) que consiste em calcular a raiz quadrada da VME, conclui-se que a nível dos
construtos da 1ª ordem existe validade do modelo de mensuração. A nível dos construtos da 2ª
ordem a situação torna-se um pouco diferente de forma que, o único valor da correlação entre
competência em TI e da capacidade de inovação é superior em relação aos valores da validade
discriminante salientes na diagonal da Tabela 18.
Tabela 18: Competência em TI e capacidade de inovação (VL 2ª ordem)
VL 2ª Ordem CAPAC-INOV COMP-TI
CAPAC-INOV 0,863
COMP-TI 0,887 0,834
Conf. composta 0,967 0,958
VME 0,745 0,696
Nota 1: Valores na diagonal correspondem à raiz quadrada da VME
Nota 2: Todas as correlações são significantes a 1%
Fonte: dados da pesquisa (2020)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 - ABRANG-TI 0,815
2 - FLEX-TI 0,731 0,802
3 - INFRA-TI 0,746 0,714 0,820
4 - INOV-COMP 0,653 0,648 0,577 0,783
5 - INOV-ESTR 0,652 0,658 0,670 0,694 0,820
6 - INOV-MERC 0,701 0,752 0,661 0,754 0,772 0,830
7 - INOV-PROC 0,718 0,776 0,621 0,793 0,735 0,843 0,815
8 - INOV-PROD 0,702 0,767 0,669 0,678 0,702 0,812 0,809 0,817
9 - INTEG-TI 0,729 0,805 0,732 0,775 0,753 0,780 0,786 0,744 0,802
10 - POST-P-TI 0,817 0,766 0,757 0,730 0,739 0,787 0,798 0,805 0,818 0,816
Conf. composta 0,888 0,878 0,911 0,859 0,892 0,898 0,888 0,889 0,900 0,888 > 0,7
VME 0,664 0,643 0,672 0,613 0,673 0,688 0,664 0,668 0,643 0,666 > 0,5
120
Não obstante, os valores na diagonal foram recalculados exatamente para diferenciá-los
com os valores obtidos na validade discriminante dos construtos da 1ª ordem que eram muito
inferiores. A diferença entre os valores da validade discriminante e o das correlações não obsta
que se conclua pela validação do modelo pois é na ordem de 3%, portanto, não é significativo
para alteração dos resultados.
No modelo estrutural (Tabela 19) observa-se que o indicador de Cohen (f2) na relação
entre competência em TI e capacidade de inovação é de 3,689, portanto, muito superior a 0,35
(COHEN, 1988; HAIR et al., 2019; HAIR JR. et al., 2017). O valor de “t” é de 48,23, superior
a 1,96 e o valor p é zero, menor que 0,5 revelando que a hipótese nula fica assim confirmada.
O coeficiente de determinação de Pearson (R2) é de 0,787 indicando uma forte influência da
competência em TI na capacidade de inovação (78,7%). A relevância preditiva é média, uma
vez que o indicador de Stone-Geisser (Q2 = 0,413) é superior a 0,26 e inferior a 0,5 (HAIR et
al., 2019)
Tabela 19: Modelo estrutural da competência em TI e capacidade de inovação
Relação estrutural f2 Coeficiente Erro padrão Valor-t Valor-P R2 Q2
CAPAC-INOV -> INOV-COMP 2,984 0,865 0,029 29,717 0,000 0,749 0,451
CAPAC-INOV -> INOV-ESTR 3,052 0,868 0,031 28,305 0,000 0,753 0,497
CAPAC-INOV -> INOV-MERC 6,851 0,934 0,012 75,233 0,000 0,873 0,595
CAPAC-INOV -> INOV-PROC 6,568 0,932 0,016 59,249 0,000 0,868 0,570
CAPAC-INOV -> INOV-PROD 3,932 0,893 0,023 38,497 0,000 0,797 0,522
COMP-TI -> ABRANG_TI 3,741 0,888 0,027 32,921 0,000 0,789 0,516
COMP-TI -> CAPAC-INOV 3,689 0,887 0,018 48,230 0,000 0,787 0,413
COMP-TI -> FLEX-TI 3,710 0,888 0,025 36,052 0,000 0,788 0,494
COMP-TI -> INFRA_TI 3,605 0,885 0,025 35,770 0,000 0,783 0,522
COMP-TI -> INTEG-TI 5,032 0,913 0,021 44,167 0,000 0,834 0,521
COMP-TI -> POST-P-TI 5,705 0,922 0,013 68,446 0,000 0,851 0,559
Fonte: dados da pesquisa (2020)
A hipótese nula ficou assim confirmada, mesmo atendendo a relação entre a
competência em TI e a capacidade de inovação, ou seja, a competência em TI influencia
positivamente a capacidade de inovação. Tanto o modelo de mensuração, como o modelo
estrutural da relação entre a competência em TI e a capacidade de inovação validam o modelo.
121
4.7 RESULTADOS DA RELAÇÃO ENTRE AGILIDADE ORGANIZACIONAL E
CAPACIDADE DE INOVAÇÃO
Tomando a agilidade organizacional como variável independente e a capacidade de
inovação como variável dependente, considerando que dentro das organizações ao detectar as
mudanças do mercado e conseguir reagir imediatamente a elas proporciona inovação nas suas
diferentes formas (produto, processo, comportamento, estratégia e mercado), consegue-se
visualizar na Figura 23 o respectivo modelo estrutural com os coeficientes de caminhos, o
efeito, o indicador de Cohen e o coeficiente de determinação de Pearson.
Figura 23: Agilidade organizacional e capacidade de inovação
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Como visto nos modelos anteriores, a inovação comportamental apresentava um
indicador com carga fatorial abaixo de 0,708 tal como na inovação do produto. Ficou saliente
que, de acordo com Bido e Silva (2019) a remoção destes indicadores pode criar problemas
com o instrumento da coleta de dados, a sua replicabilidade em pesquisas futuras, variação não
significativa na validade discriminante, entre outros problemas. Por esta razão, opta-se por
manter estes indicadores e, em seguida, avalia-se o modelo de mensuração e o modelo estrutural
para validar a relação entre agilidade organizacional e capacidade de inovação. A Tabela 20
122
mostra o modelo de mensuração da relação entre a agilidade organizacional e a capacidade de
inovação a nível dos construtos da 1ª ordem.
Tabela 20: Agilidade organizacional e capacidade de inovação (VL 1ª Ordem)
VL 1ª Ordem 1 2 3 4 5 6 7
1 - AO-RESP 0,8410
2 - AO-SENT 0,8620 0,8330
3 - INOV-COMP 0,6450 0,5860 0,7830
4 - INOV-ESTR 0,8130 0,8270 0,6940 0,8200
5 - INOV-MERC 0,7690 0,6920 0,7540 0,7720 0,8300
6 - INOV-PROC 0,7680 0,7150 0,7930 0,7350 0,8430 0,8150
7 - INOV-PROD 0,7650 0,7000 0,6780 0,7020 0,8120 0,8090 0,8170
Conf. composta 0,9230 0,9190 0,8590 0,8920 0,8980 0,8880 0,8890 > 0,7
VME 0,7070 0,6930 0,6130 0,6730 0,6880 0,6640 0,6680 > 0,5
Nota 1: Valores na diagonal correspondem à raiz quadrada da VME
Nota 2: Todas as correlações são significantes a 1%
Fonte: dados da pesquisa (2020)
A confiabilidade composta é superior a 0,7 em todas as variáveis latentes. Da mesma
forma que a variância média extraída é superior a 0,5 e o coeficiente de Person também é
superior a 26% demosntrando existência de uma validade externa do modelo. A validade
discriminante, calculada de acordo com o modelo de Fornell e Larcker (1981), apresenta-se na
diagonal com valores superiores em relação às correlações entre as variáveis latentes da 1ª
ordem embora existam três valores que superam esta, mas com uma diferença pouco
significativa. Para os construtos da 2ª ordem, foi feito o recálculo da confiabilidade composta,
variância média extraida e a respectiva validade discriminante (Tabela 21).
Tabela 21: Agilidade organizacional e capacidade de inovação (VL 2ª Ordem)
VL 2ª Ordem 1 2
1 - AGIL-ORG 0,825
2 - CAPAC-INOV 0,823 0,899
Conf. composta 0,944 0,955 > 0,7
VME 0,681 0,808 > 0,5
Nota 1: Valores na diagonal correspondem à raiz quadrada da VME
Nota 2: Todas as correlações são significantes a 1%
Fonte: dados da pesquisa (2020)
123
Tal como as variáveis latentes da 1ª ordem, as da 2ª ordem também apresentam
confiabilidade composta superior a 0,7, a VME superior a 0,5 e a validade discriminante a nível
dos construtos superior em relação à respectiva correlação.
Os coeficientes estruturais da relação entre os construtos são altamente significativos,
todos superiores a 0,8. O indicador de Cohen (f2) na relação entre construtos da 1ª e 2ª ordem
varia 2,955 a 14,039 e na relação entre construtos da 2ª ordem o valor é de 2,454. Em ambos os
casos este indicador é superior a 0,35 indicando um efeito grande entre as variáveis latentes
(BIDO; SILVA, 2019; HAIR et al., 2019; HAIR JR. et al., 2017; NASCIMENTO; MACEDO,
2016). Como o objetivo é avaliar a relação entre a agilidade organizacional e a capacidade de
inovação, observa-se que o valor “t” é de 27,831, p-value < 0,05 confirmando a respectiva
hipótese de que a agilidade organizacional influencia positivamente a capacidade de inovação
(Tabela 22).
Tabela 22: Modelo estrutural da agilidade organizacional e capacidade de inovação
Relação Estrutural f2 Coeficiente Erro
Padrão Valor-t Valor-p R2 Q2
AGIL-ORG -> AO-RESP 14,039 0,966 0,009 110,600 0,000 0,934 0,649
AGIL-ORG -> AO-SENT 12,934 0,963 0,010 97,995 0,000 0,928 0,638
AGIL-ORG -> CAPAC-INOV 2,454 0,843 0,031 27,546 0,000 0,710 0,371
CAPAC-INOV -> INOV-COMP 2,955 0,864 0,030 28,812 0,000 0,747 0,449
CAPAC-INOV -> INOV-ESTR 3,099 0,870 0,030 29,090 0,000 0,756 0,499
CAPAC-INOV -> INOV-MERC 6,833 0,934 0,012 76,890 0,000 0,872 0,595
CAPAC-INOV -> INOV-PROC 6,529 0,931 0,016 58,150 0,000 0,867 0,570
CAPAC-INOV -> INOV-PROD 3,925 0,893 0,023 39,190 0,000 0,797 0,522
Fonte: dados da pesquisa (2020)
A relevância preditiva (Q2) entre a agilidade organizacional a capacidade de inovação é
média (0,371) e o coeficiente de determinação de Pearson R2 é de 0,71, também superior a 0,5
indicando que a agilidade organizacional consegue explicar em 71% a capacidade de inovação.
Em relação a outros construtos os valores estão acima de 0,5.
4.8 COMPETÊNCIA EM TI E SUA VALIDAÇÃO EMPÍRICA
Conforme os objetivos da pesquisa, e de acordo com estudos literários de Guite e Perez
(2019) a competência em TI é um construto cujo seu reflexo é a capacidade da infraestrutura
da TI, capacidade da abrangência dos negócios da TI, flexibilidade em TI, integração da TI e
124
postura proativa da TI. Este é o resultado da visão dos diferentes autores que trataram a
competência em TI de diferentes formas e em diferentes contextos. Não sendo uma visão
meramente teórica, a Figura 24 mostra o modelo de caminhos de PLS com todas as dimensões
da sua medida para a comprovação empírica.
Figura 24: Validação das medidas da competência em TI
Fonte: dados da pesquisa (2020)
A competência em TI apresenta-se como construto da 2ª ordem e que os coeficientes
dos caminhos dos indicadores apresentam-se superiores a 0,708. A relação entre a competência
em TI e os construtos da primeira ordem também é altamente significativa. O valor de R2 varia
de 0,785 a 0,850 muito superior a 0,5 e o tamanho do efeito direto entre a competência em TI
e os construtos da 1ª ordem varia de 0,886 a 0,922 também superior a 0,35 revelando um efeito
direto maior entre estas variáveis latentes (HAIR et al., 2019; HAIR JR. et al., 2014, 2017;
NASCIMENTO; MACEDO, 2016; RINGLE; SILVA; BIDO, 2014).
Conforme os resultados apresentados na Figura 24 conclui-se que a medida da
competência em TI é o reflexo das cinco dimensões anteriormente descritas e comprovadas
teoricamente, concretamente: capacidade da infraestrutura da TI, capacidade da abrangência
dos negócios da TI, Postura proativa da TI, flexibilidade em TI e integração da TI, de acordo
com (GUITE; PEREZ, 2019).
125
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Nesta pesquisa teorizou-se que a variação na agilidade organizacional e na capacidade
de inovação pode ser explicada pela competência em TI. Da mesma forma que a capacidade de
inovação pode ser explicada pela agilidade organizacional. Neste sentido, o ponto central deste
capítulo é o estabelecimento da relação entre os resultados empíricos obtidos e a teoria na
correspondência do esquema de pesquisa previamente traçado.
A teoria mostrou que a competência em TI é um construto de 2ª ordem que, de forma
reflexiva é caracterizada pela capacidade da infraestrutura da TI, capacidade da abrangência
dos negócios da TI e postura proativa da TI, segundo a visão de Lu e Ramamurthy (2011), Nam,
Lee e Lee (2019), Chakravarty, Grewal e Sambamurthy (2013), Ni e Chen (2017)
Sambamurthy, Bharadwaj e Grover (2003). Na mesma sequência, outros autores entendem que
a competência em TI é composta pela flexibilidade em TI e integração da TI nos estudos feitos
no contexto da gestão da cadeia de suprimentos (MALEKIFAR et al., 2014; NGAI; CHAU;
CHAN, 2011).
Confrontadas as duas visões, teoricamente constatou-se que a competência em TI pode
ser o reflexo da capacidade da infraestrutura da TI, capacidade da abrangência dos negócios da
TI, postura proativa da TI, flexibilidade em TI e integração da TI (GUITE; PEREZ, 2019).
Os resultados empíricos obtidos mostram uma visão acertada da união das ideias destes
dois grupos de autores uma vez que, usando os instrumentos de pesquisa de Lu e Ramamurthy
(2011) Nam, Lee e Lee (2019) assim como de Byrd e Turner (2000) foi possível obter a
validação do modelo de mensuração e modelo estrutural da competência em TI.
Os resultados apontam que não é suficiente que se tenha meios humanos, materiais,
tecnológicos capazes de responder aos desafios impostos pelo mercado. Não é só implantar
plataformas compartilháveis em que a organização é boa em gerenciar serviços e arquiteturas
de gerenciamento de dados, serviços de comunicação de rede, portfólio e serviço de aplicativos.
É necessário que esta mesma organização seja flexível, tenha sinergia nas relações entre TI e
gestores de negócios para o apoio à tomada de decisões de forma estratégica e produzir bons
resultados da sua implementação. Portanto, na tomada das decisões deve-se ter em conta as
habilidades da organização em pesquisar capacidades proativas de adotar inovações de TI, ou
explorar recursos da TI para criar oportunidades de negócios, acompanhando o desenrolar da
atualidade, na melhoria das condições do uso da TI de maneira eficaz corroborando com a ideia
de Guite e Perez (2019).
126
Na agilidade organizacional verificou-se que com a replicação do instrumento usado por
Cepeda e Arias-Pérez (2019) Panda e Rath (2017) conseguiu-se um nível satisfatório da medida
da agilidade organizacional como sendo a forma de detectar as mudanças de mercado e
responde-las prontamente (LIU et al., 2018; RAVICHANDRAN, 2018; RAVICHANDRAN;
LERTWONGSATIEN, 2005; SEO; DESOUZA; ERICKSON, 2006; ZAIN et al., 2005;
ŽITKIEN; DEKSNYS, 2018). A percepção dos sinais externos, processamento da informação,
resposta aos fenômenos percebidos, alinhamento ou retroalimentação organizacional,
aprendizagem e competência organizacionais são as características da agilidade organizacional
pelo que a resposta tem que ser adequada, proativa e reativamente de forma a atingir objetivos
e resultados eficazes com a nova informação.
A agilidade organizacional é influenciada positivamente pela competência em TI, ou
seja, quanto mais competente for uma organização em termos de TI, mas ágil será na resposta
aos desafios impostos pela mudança do mercado. Esta posição confirmada pelos dados
empíricos da pesquisa está de acordo com os achados de Cepeda e Arias-Pérez (2019), Liu et
al. (2018) Mao, Liu e Zhang (2015), Panda e Rath (2018), ao entenderem que uma organização,
para ganhar uma certa agilidade, precisa de investimentos em TI, na infraestrutura da TI, na
formação de colaboradores competentes, na computação em nuvem, na abrangência dos
negócios da TI, na flexibilidade de resposta, na proatividade e outros aspectos. Os meios é que
ditam os fins, mas nem sempre as organizações competentes ganham agilidade, pelo que é
necessário um impulso estratégico.
Os resultados revelam forte influência da competência em TI na agilidade
organizacional devido ao seu efeito maior tal como revela a teoria (RAVICHANDRAN, 2018).
O sentido e a resposta da agilidade organizacional dependem de como a organização consegue
manipular os seus recursos tecnológicos, humanos, materiais, bem como o comportamento da
gestão estratégica. A maneira como se detecta uma mudança no mercado condiciona a forma
como esta mudança tem que ser gerida para responder e acompanhar a evolução dos fenômenos
no ambiente competitivo. Quanto mais rápido se detectar alterações no ambiente do mercado,
tanto mais rápida será a resposta, o que se consegue em organizações competentes em TI
(CEPEDA; ARIAS-PÉREZ, 2019; MAO; LIU; ZHANG, 2015; PANDA; RATH, 2018;
RAVICHANDRAN, 2018; RAVICHANDRAN; LERTWONGSATIEN, 2005). Como se pode
constatar, os resultados da pesquisa confirmaram a hipótese previamente traçada de que a
competência em TI influencia positivamente a agilidade organizacional.
Os modelos interno e externo da relação entre a competência em TI e agilidade
organizações mostraram-se válidos em todos os sentidos, o que demonstra uma boa
127
replicabilidade do instrumento de pesquisa desenvolvido por Cepeda e Arias-Pérez (2019), bem
como Panda e Rath (2018), tendo sido aplicado para relacionar a agilidade e a competência por
Ravichandran em 2018.
Introduzidas as variáveis de controle, neste caso, a idade da organização, o setor de
atividade do respondente e o tamanho da organização, notou-se que a idade da organização não
tem influência significativa na agilidade organizacional, ou seja, não importa se a organização
é antiga ou nova para que seja ágil. Como descreveu Ravichandran e Lertwongsatien (2005), a
idade da organização legitima as relações entre organizações para a competitividade, para
demonstrar a sua musculatura e perseverança organizacional, não necessariamente no ambiente
interno. Prevaleceram o tamanho e o setor de trabalho das organizações participantes.
Quanto menor for a organização, tanto mais flexível ela é, e mais rapidamente pode
aperceber-se das flutuações do mercado e responder prontamente, por serem simples, com
pouca burocracia, curto ciclo decisório e uma estrutural informal. Contrariamente, as grandes
organizações apresentam um longo ciclo decisório, uma estrutura formal, são complexas e com
muita burocracia, dificultando a agilidade organizacional, ideia previamente apresentada por
Oliveira e Bertucci (2003), Lousã e Gomes (2017), Sumpter, Greenberg e Kim (2019).
Por parte do setor de atividade da organização, a percepção é diversificada. Os que
esquematizam o uso da TI e os usuários da TI dentro da organização têm uma visão diferente
sobre a importância da TI na agilidade organizacional. Quanto mais familiarizado estiver o
colaborador em relação à TI, mais ideias terá sobre o seu impacto na organização.
Na relação entre a competência em TI e a capacidade de inovação, os resultados
revelaram uma influência positiva da competência em TI para a geração de ideias, produtos,
serviços, estratégias e comportamento inovativo. O instrumento de pesquisa desenvolvido por
Wang e Ahmed (2004) adaptado a esta pesquisa, revelou-se replicável para realidades
diferentes. A TI permite que as organizações acompanhem o desenvolvimento por meio de
inovação de produtos, serviços, estratégias, mercado e comportamento para facilitar o processo
decisório usando o compartilhamento de informações de forma adequada e detalhada, gerando
inovação de forma competitiva, de acordo com Perez et al. (2010), Campos Filho (1994),
Albertin e Albertin (2008).
Dada a heterogeneidade dos respondentes, os resultados revelaram que o uso e
treinamento em TI têm grande impacto na adoção de inovação por parte das organizações,
principalmente para aquelas que usam serviços eletrônicos como a saúde, comércio, serviços
financeiros de entre outros. É necessário que se tenha pessoal qualificado e treinado com
equipamento adequado para qualquer serviço inovativo que se lhes apresente.
128
Uma constatação dos resultados quanto à capacidade de inovação é que a idade da
organização, o setor de atividade do colaborador e o tamanho da organização, como variáveis
de controle, não tem um efeito significativo, contrariamente à ideia de Ravichandran e
Lertwongsatien (2005) que defendem que, com um alto nível de pesquisa e desenvolvimento,
o estar estabelecido no mercado por longos anos, os colaboradores de um setor de trabalho
propiciam a capacidade de inovação. Por outro lado, os mesmos autores defendem que as
grandes organizações podem ser inovativas o suficiente em relação às micro e pequenas
organizações.
A hipótese estabelecida com recurso à teoria ficou comprovada empiricamente. De fato,
a competência em TI influencia positivamente a capacidade de inovação. Quanto mais
competentes forem as organizações, maior é a probabilidade de serem capazes de inovar
(ALBERTIN; ALBERTIN, 2008; CAMPOS FILHO, 1994; PEREZ et al., 2010;
RAVICHANDRAN, 2018; RAVICHANDRAN; LERTWONGSATIEN, 2005).
No concernente à influência da agilidade organizacional na capacidade de inovação, o
efeito apresentado pelos resultados é forte, ou seja, a hipótese nula foi confirmada, embora uma
organização possa ser ágil, mas não ter capacidade de inovação. Contudo, algumas
organizações acumulam os dois aspectos, o que as torna mais competitivas e desenvolver cada
vez mais o mercado onde atuam. Mesmo assim, a hipótese de que as organizações ágeis são
competitivas e inovadoras prevaleceu comprovada empiricamente realçando as ideias de
Conceição (2000), Crocitto e Youssef (2003), Ravichandran (2018), Tidd, Bessant e Pavitt
(2005). A agilidade organizacional continua a ser influenciada pelo tamanho da organização e
setor de atividade do colaborador na sua percepção sobre os fenômenos do mercado (LOUSÃ;
GOMES, 2017; OLIVEIRA; BERTUCCI, 2003). Contrariamente, na relação entre agilidade
organizacional e capacidade de inovação, todas as variáveis de controle consideradas nesta
pesquisa continuam sem um efeito significativo.
129
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como tema central a análise da relação entre a competência em TI, a
agilidade organizacional e a capacidade de inovação. O objetivo chave da pesquisa foi de
avaliar a competência em TI e o seu impacto nas organizações estabelecidas quanto a
capacidade de resposta aos desafios impostos pelo mercado. Neste sentido, a questão da
pesquisa proposta é: Qual é a relação existente entre competência em TI, agilidade
organizacional e capacidade de inovação?
Para se obter a resposta a esta questão, foi feita uma pesquisa quantitativa recorrendo a
um questionário eletrônico administrado a diferentes organizações moçambicanas em diversos
setores de serviço e diversos estatutos sociais. Do questionário administrado, obteve-se 136
respostas válidas que serviram para suportar as hipóteses previamente traçadas. Para análise
dos dados foi usado o PLS-SEM, com recurso ao software SmartPls-3.3.2®.
A competência em TI influencia a gestão da organização. Neste contexto, o seu estudo
contribui significativamente na avaliação das habilidades requeridas em TI para manejar
informação dentro da organização ou entre organizações e providenciar resposta aos desafios
impostos pelo mercado na monitoria de eventos, reengenharia e ferramentas de gestão para
automação do processo de negócios. A competência em TI é uma das mais importantes
vantagens competitivas, garante o fluxo de informação sobre produtos, serviços e o perfil de
financiamento. Garante o compartilhamento do conhecimento com base em TI reduzindo
desvios e encorajando consensos na gestão organizacional.
O modelo de avaliação da competência em TI composto por capacidade da infraestrutura
da TI, capacidade da abrangência dos negócios da TI, postura proativa da TI, flexibilidade em
TI e integração da TI garante o entendimento de que, dentro de uma organização existem
diferentes aspetos a considerar no contexto da competitividade, recorrendo ao uso efetivo da TI
para avaliar a sua inserção no mercado global, como fonte de vantagem competitiva. Entende-
se que as duas visões são diferentes, e os elementos mencionados também são diferentes, pelo
que se vê a necessidade de associa-las e medir a competência em TI usando as cinco
componentes e que se acredita que seja necessária e completa na avaliação e entendimento deste
constructo visto que cada elemento é diferente do outro, mas juntos podem avaliar melhor.
Os resultados obtidos mostram que as organizações competentes em TI proporcionam a
agilidade organizacional, ou seja, pode ser uma manufatura ágil, um fornecedor de software
ágil, força de trabalho ágil ou organização ágil; todos são capazes de detectar as mudanças no
ambiente do mercado. Em outras palavras pode-se dizer que a mudança do mercado, a evolução
130
da TI a nível global, a competitividade, as preferências dos clientes assim como os fatores
sociais, levam a que a organização tenha outra forma de se comportar e acompanhar o
desenvolvimento por intermédio de recursos humanos ágeis, rápida reestruturação da
organização, uso da internet bem como os processos se tornam mais diferenciados para
responder às mudanças detectadas.
Ao responder a estas mudanças, elas têm em vista o enriquecimento do cliente, criando
uma vantagem competitiva, alavancar pessoas com informação necessária dentro e fora da
organização, dominando mudanças e incertezas. Para tal, a organização é obrigada a remanejar
as práticas organizacionais no que diz respeito à estrutura organizacional, aos processos de
trabalho, aos recursos humanos, materiais e tecnológicos. Do mesmo modo que existe a
necessidade de empoderamento dos seus colaboradores, compartilhando habilidades,
conhecimento, aprendizagem e outros, propondo valor ao cliente pela flexibilidade, ao mesmo
tempo que cria uma vantagem competitiva e inova em processos, produtos, serviços, mercado,
comportamento e estratégia.
Nas organizações moçambicanas que serviram de base de estudo, foram notórias estas
características. A competência em TI influencia, de certa forma, a agilidade organizacional.
Sem ser competente tecnologicamente, dificilmente se pode detectar mudanças organizacionais
no contexto globalizado em que se vive atualmente no ambiente do mercado. Na mesma
sequência, para responder a estas mudanças com prontidão requerida, é necessário acompanhar
o desenvolvimento, principalmente da TI.
A organização tem que estar preparada para a inovação. Em Moçambique, para que uma
organização possa ter capacidade de inovação de produtos, serviços, processos, estratégia,
comportamento e mercado, automaticamente ela tem que ser competente em TI. Ou seja, tem
que ter uma boa infraestrutura da TI, uma boa flexibilidade em TI, uma capacidade da
abrangência dos negócios da TI, uma integração da TI e uma postura proativa da TI que juntos
caracterizam uma organização em desenvolvimento contínuo. O ser competente em TI requer
a existência de recursos humanos competentes no uso dos recursos tecnológicos mais
atualizados, com mais ferramentas apropriadas para acompanhar o desenvolvimento, tanto das
organizações, como da tecnologia que essas mesmas sociedades empregam no dia a dia.
Para que os processos relevantes tenham o seu efeito no ambiente organizacional
precisa-se do acompanhamento do que a TI oferece nessa mesma altura. Tendo em conta que
no ambiente competitivo sempre há riscos, a TI evoluiu a certo modo, que as bases de dados
ultimamente são guardadas em nuvem, garantindo a segurança destes dados, sendo possível
acessá-los em qualquer ponto onde for preciso, garantindo o compartilhamento da informação.
131
Para introduzir um novo método de produção, uma nova abordagem de gestão e nova tecnologia
que pode ser usada para promover a produção e gestão de processos, a competência em TI
influencia positivamente, sendo imperiosa a reconfiguração dos recursos técnicos e
tecnológicos necessários pata atingir estes objetivos.
Da mesma maneira que um produto novo, para que seja de inspiração para o consumidor
final, tem que apresentar uma certa característica que o diferencia dos outros produtos. Na
atualidade em que se vive (anos 2020), essa particularidade só é possível atingir com recurso a
tecnologia proporcionada por uma infraestrutura da TI preparada para atingir objetivos
organizacionais previamente traçados, neste caso, um produto novo. Criar um produto novo
implica inovar no mercado em que a organização se encontra inserida, na identificação de novas
oportunidades de mercado e entrada de novos investidores, adotando novas estratégias de
exploração dessas oportunidades. Ao identificar um novo mercado será uma forma de lançar
um novo produto com alguma identificação tecnológica, neste caso, a competência em TI
exerce a sua influência.
O comportamento organizacional só atinge um certo grau de inovação quando se
quebram os padrões anteriores da cultura organizacional. A passagem da utilização de certos
serviços com recursos manuais e mecânicos para o uso de meios tecnológicos, alcança-se mais
com recurso a TI. Para que esse processo tenha lugar é necessário que haja um investimento em
TI ajustada à necessidade de mudança de certa forma de pensar para um pensar organizacional
que possa proporcionar a sobrevivência da organização no ambiente competitivo.
A competência em TI influencia positivamente a nova forma de jogo no mercado para
contornar as falhas existentes no mercado, desenvolvendo estratégias competitivas para criar
valor organizacional, operando mudanças em tempo real. A existência de uma postura proativa
forte e uma boa capacidade da abrangência dos negócios da TI faz com que se atinja uma
inovação estratégica.
A flexibilidade em TI como núcleo da competência organizacional, em que a boa
infraestrutura é qualificada pela sua flexibilidade e robustez em operar mudanças na satisfação
das necessidades do cliente, de modo econômico, está ligada à forma como a organização deve-
se comportar ao criar boa estratégia de posicionamento no mercado respetivo. As novas formas
de posicionamento organizacional com a finalidade de responder às necessidades do mercado
são atingidas pela flexibilidade em TI, com recurso a softwares e hardwares, dados e outros
componentes da infraestrutura da TI.
A agilidade organizacional, sendo uma forma de aperceber-se rapidamente das
mudanças que ocorrem no mercado, contribui na maneira como a organização vai responder a
132
estes desafios. A resposta a estes desafios será sob forma de inovação. Se uma organização é
ágil, implica necessariamente que tem capacidade de inovar, faltando apenas o impulso
estratégico para que tal inovação tenha lugar. Ao se aperceber que um produto ou processo
estratégico da organização não está tendo sucesso no mercado, é necessário que este processo
seja revisto, sob risco de estar fora da corrida com os seus competidores. Da mesma forma que,
se o mercado não oferecer competitividade, usam-se alternativas substituindo-o com um outro
que seja bem mais atualizado para ser mais que os outros. Ser ágil é ser inovativo.
Para que uma organização seja tão ágil, não importa se é antiga ou nova no mercado, ou
seja, a organização pode ser nova ou antiga, todas tem igual possibilidade de flexibilizar a
percepção dos fenômenos competitivos e respondê-las com eficácia e eficiência requerida. Do
outro lado, para que seja ágil, muitas vezes, a organização precisa ser pequena ou média pois a
cadeia de comando do nível estratégico ao operacional é curto o que lhes torna mais flexíveis e
ágeis para inovar e responder às necessidades do mercado. Contrariamente, as grandes
organizações apresentam longas cadeias de comando e têm sido conservadoras, dificultando a
obtenção da flexibilidade requerida.
O outro ponto importante é a percepção do colaborador no seu setor de atividade. Uma
evidência neste sentido é que as organizações governamentais moçambicanas contribuíram
bastante para o alcance dos resultados da pesquisa. Embora sejam organizações que se guiam
por leis bem rígidas, com uma cadeia de comando muito longa, entenderam que a competência
em TI influencia a agilidade organizacional nas suas diversas especificidades. Por outro lado,
por ser muito rígidas na sua forma de atuação, com atividades bem regulamentadas, as
organizações governamentais tem a percepção da influência da competência em TI na
capacidade de inovação. Contrariamente, as organizações privadas são mais criativas, baseadas
na competitividade do mercado para lograrem seus intentos.
Logicamente que, organizações com departamentos de pesquisa e desenvolvimento
terão uma percepção diferente sobre a competência em TI, sua influência na agilidade
organizacional e na capacidade de inovação. São estes os responsáveis por pesquisas do
mercado, das estratégias de entrada de novos produtos, das tecnologias a aplicar em cada caso
e os fatores de sucesso que influenciam a procura e oferta no mercado.
Esta pesquisa detectou evidências empíricas de que a competência em TI influencia
tanto a agilidade organizacional, como a capacidade de inovação das organizações, o que
implica que estas precisam investir para o desenvolvimento de sua competência em TI.
Executivos que investem no desenvolvimento da competência em TI criam valor para a própria
organização, adicionando razões para o crescimento organizacional e a mudança da cultura
133
inovativa. A capacidade de inovação é um fator que depende do incentivo estratégico dos
dirigentes em entender o que se requer para que a organização tenha sucesso em todos os níveis.
O modelo proposto para esta pesquisa foi adequadamente suportado, pelo que pode ser
adotado em futuras pesquisas que pretendam explorar as relações entre competência em TI,
agilidade organizacional e capacidade de inovação, com outros aspectos organizacionais. Da
mesma maneira, o modelo de medida da competência em TI teoricamente suportado, desta vez
teve o suporte empírico satisfatório. A ideia de que a competência em TI é o reflexo da
capacidade da infraestrutura da TI, capacidade da abrangência dos negócios da TI, postura
proativa da TI, flexibilidade em TI e integração da TI foi validada pelos resultados da pesquisa.
Esta pesquisa constitui uma forma de alerta para organizações moçambicanas
entenderem que a chave para o desenvolvimento de agilidade organizacional é incentivar os
gestores e executivos no uso devido da TI com normas positivas e subjetivas. Com o uso de TI
por parte dos executivos e gestores, estes estarão aptos a entender que informação lhes
proporciona uma visão diferenciada sobre os fatores que perturbam o mercado e tomar uma boa
decisão.
A competência em TI contribui para agilidade se for bem percebida e utilizada pelos
colaboradores. Executivos que entendem o valor estratégico da TI podem educar outros
executivos dentro da mesma organização no desenvolvimento de competências desejadas nos
seus colaboradores no respeitante ao uso da TI, promovendo a necessidade do investimento
nesta área. Desta forma, os executivos ganham uma vantagem estratégica em comparação com
outras organizações similares. O fator de medida será a capacidade de inovação organizacional
que esta organização ganha com o investimento em competências no uso da TI.
Espera-se que este estudo abra uma discussão e avanços teóricos para gerar um
entendimento muito holístico e compreensivo sobre dinâmicas e contradições da relação entre
competência em TI, agilidade organizacional e capacidade de inovação nas organizações
moçambicanas e em organizações similares.
6.1 LIMITAÇÕES E PROPOSTAS
A pesquisa decorreu no período em que Moçambique e o mundo em geral estava a ser
assolado pela pandemia provocada pelo novo coronavírus que o seu estado de emergência foi
decretado em Março de 2020, dois meses antes do início da coleta de dados. Muitos serviços
foram impedidos de serem realizados presencialmente, ficando apenas os serviços essenciais.
O restante dos serviços estavam a ser realizados virtualmente.
134
Esta situação pode ser um fator que contribuiu, de alguma forma, para o entendimento
diferenciado sobre a utilidade do desenvolvimento da competência em TI e seu impacto na
organização como um todo. Por outro lado, a redução do tempo de espera para o atendimento
presencial pelo agendamento antecipado, pode ter a sua influência na agilidade que se espera
das organizações.
Da mesma forma que esta situação trouxe inovação em termos de serviços prestados ao
cliente e a percepção que esta inovação trouxe ao país em particular. Neste sentido, propõe-se
que o mesmo estudo seja realizado depois da pandemia, depois de retomadas muitas atividades
presenciais, para entender as possíveis limitações no entendimento da utilidade da competência
em TI e o seu impacto na agilidade organizacional e na capacidade de inovação.
No contexto de Moçambique, esta é a primeira pesquisa desta natureza a ser realizada.
A teoria usada para se traçar as hipóteses da pesquisa está baseada em contextos de países com
médio e alto nível de desenvolvimento (China, Malásia, Estados Unidos da América...) razão
pela qual houve necessidade de se adequar a pesquisa para o contexto do país. Propõe-se a sua
réplica em outros países africanos com uma cultura diferente de Moçambique e um nível de
desenvolvimento também diferente.
Neste estudo, foram incluídas a idade, o tamanho e o tipo da organização como variáveis
de controle. Em futuras pesquisas espera-se enquadrar estas variáveis como moderadoras da
relação entre a competência em TI, a agilidade organizacional e capacidade de inovação. O
estudo não fez um recorte entre organizações públicas e privadas, o que pode ter influenciado
os resultados da pesquisa. Como foi visto, as organizações públicas tem sido muito rígidas pelas
exigências a elas impostas pela sociedade (o bem comum) contrariamente às privadas que,
grande maioria se guia pelo lucro. Futuras pesquisas podem fazer uma comparação destas duas
categorias de organizações que, pelas características adjacentes a cada tipo de organização pode
ter uma percepção que se supõe que seja diferenciada.
A análise dos dados estatísticos foi feita com recurso a PLS-SEM respeitando as suas
características e limitações, sendo modelo formativo ou reflexivo. Outras técnicas de análise
estatística podem se aplicados em outras pesquisas similares que possam aprofundar cada vez
mais a análise, com mais detalhes sobre outros aspetos não especificados nesta pesquisa, como
o exemplo de análise multigrupo.
135
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a
APÊNDICE A: INSTRUMENTO DA COLETA DE DADOS
Infraestrutura da tecnologia de informação (LU; RAMAMURTHY, 2011; NAM; LEE;
LEE, 2019)
Em relação a outras organizações, por favor, avalie a capacidade da infraestrutura da tecnologia
de informação da sua organização nas seguintes áreas, em uma escala de 1 a 10, em que 1 =
discordo totalmente e 10 = concordo totalmente.
Código Assertiva: na organização em que trabalho:
CITI1
O serviço de gestão de dados (ex.: bases de dados, arquivo de dados,
disponibilização de dados, acessibilidade, compartilhamento, etc.) é
adequado.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CITI2 A comunicação em rede, a conectividade, a confiabilidade e a
disponibilidade de informação são adequadas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CITI3
A qualidade dos aplicativos de TI (por exemplo,
módulos/componentes de software, tecnologias emergentes, etc.)
atende às necessidades da nossa organização.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CITI4 A qualidade dos serviços de TI atende às necessidades
organizacionais. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CITI5 Operações/serviços de facilidades de TI (ex: servidores, processadores
de larga escala, monitores de desenvolvimento, etc.) são adequadas.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Capacidade da abrangência dos negócios da TI (LU; RAMAMURTHY, 2011; NAM;
LEE; LEE, 2019)
Em relação a outras organizações, avalie a capacidade da sua organização em termos de gestão
da TI, respondendo o seguinte, em uma escala de 1 a 10, em que 1 = discordo totalmente e 10
= concordo totalmente.
Código Assertiva
CANTI1 Tem-se um entendimento claro sobre como a TI contribui para a
vantagem competitiva. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CANTI2 Integra-se a estratégia de negócios com o planejamento de TI. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CANTI3 A gestão funcional e geral é capaz de entender o valor do
investimento em TI. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CANTI4 Estabelece-se um processo de planejamento seguro do uso da TI. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Postura proativa da TI (LU; RAMAMURTHY, 2011; NAM; LEE; LEE, 2019)
Em relação a outras organizações, por favor, avalie a capacidade da sua organização em
adquirir, assimilar, transformar e explorar o conhecimento de TI nas seguintes áreas, em uma
escala de 1 a 10, em que 1 = discordo totalmente e 10 = concordo totalmente.
Código Afirmação
PPTI1 Acompanha constantemente as inovações de TI. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
PPTI2 É capaz de continuar a experimentar novas tecnologias, se
necessário. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
PPTI3 Tem ambiente que suporta experiência de novas formas do uso da
TI. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
PPTI4 Busca constantemente novas maneiras para aumentar a eficiência
do uso de TI. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Flexibilidade em TI (BYRD; TURNER, 2000) Código Assertiva
FTI1 Existem ligações/conexões eletrônicas seguras com entidades
externas (clientes, comunidade, órgãos reguladores...). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
FTI2 Aplicações de softwares podem ser compartilhadas facilmente e
usadas por intermédio de múltiplas plataformas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
b
FTI3 A informação é compartilhada por intermédio da organização,
independentemente da localização. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
FTI4 Dados capturados em uma área da organização podem ser
disponibilizados para outros membros interessados na organização. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Integração da TI Código Assertiva
ITI1 Cada funcionário consegue acessar informação operacional de
outros departamentos sobre assuntos de interesse comum. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ITI2 Com o uso da TI consegue-se intercâmbio de conhecimentos,
cooperação e criação de planos simultâneos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ITI3 Com o uso da TI consegue-se coordenar atividades de logística de
áreas importantes da organização. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ITI4 Com a TI garante-se o fluxo de informação, facilitando o seu
compartilhamento. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Em relação a outras organizações, por favor, avalie a capacidade da sua organização em
Inovação nas seguintes áreas, em uma escala de 1 a 10, em que 1 = discordo totalmente e 10 =
concordo totalmente (WANG; AHMED, 2004).
Inovação comportamental Código Assertiva. A organização em que trabalho:
IC1 Obtém muito suporte dos gestores e quer experimentar novas formas
de fazer as coisas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IC2 Tolera indivíduos que fazem as coisas de formas diferentes. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IC3 Está disposta a experimentar novas formas de fazer as coisas e
procura novas soluções de problemas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IC4 Encoraja pessoas a pensarem e se comportarem em novas formas e
originais. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Inovação do produto Código Assertiva. A organização em que trabalho:
IPRD1 Tem introduzido produtos e serviços inovadores nos últimos 5 anos
em comparação com os seus concorrentes. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IPRD2 É a primeira na introdução de novo produto ou serviço no mercado. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IPRD3 O novo produto ou serviço lançado é percebido como inovador pelos
consumidores. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IPRD4 Tem alta taxa de sucesso no lançamento de novo produto ou serviço
em comparação com os seus concorrentes. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Inovação do processo
Código Assertiva. A organização em que trabalho:
IPRC1 Está constantemente melhorando o processo de negócios. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IPRC2 Durante os últimos 5 anos, a organização tem mostrado muitas
novas abordagens de gestão. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IPRC3 Quando não consegue resolver problemas usando métodos
convencionais, improvisa novos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IPRC4 Muda métodos de produção em alta velocidade em comparação
com os seus concorrentes. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Inovação do mercado Código Assertiva
IM1
Em comparação com os seus concorrentes, os seus produtos mais
recentes e programas de marketing são bem recebidos no
mercado.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IM2 Alguns produtos e serviços mais recentes apresentam melhorias
incrementais em relação aos seus anteriores. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
c
IM3 Na introdução de novos produtos e serviços está, muitas vezes, na
vanguarda da tecnologia. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IM4 Novos produtos e serviços normalmente levam a novos
concorrentes. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Inovação estratégica Código Assertiva
IE1 Os recursos são adequados para as necessidades do
desenvolvimento de novos produtos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IE2 A área executiva da organização está disposta a correr riscos e
explorar oportunidades de crescimento. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IE3 Os executivos constantemente procuram soluções novas para
problemas com o uso de diversas contribuições. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IE4 Quando detecta novas formas de fazer as coisas é primeira em adotá-
los. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Em relação a outras organizações, por favor, avalie a agilidade organizacional da sua
organização nas seguintes áreas em uma escala de 1 a 10 em que 1 = discordo totalmente e 10
= concordo totalmente (CEPEDA; ARIAS-PÉREZ, 2019; PANDA; RATH, 2017).
Sentido da agilidade organizacional
Código Assertiva. Na organização em que trabalho:
SAO1 O nível de ação dos gestores em relação aos competidores é
excelente. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
SAO2 O nível de ação dos gestores em relação às preferências dos
consumidores é excelente. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
SAO3 O nível de mudança do ambiente do mercado tem sido
acompanhado. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
SAO4 Tem-se alto nível de tecnologia avançada e inovativa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
SAO5 Tem sido observada a mudança de fornecedores quando possível
para ter custos baixos, qualidade e economia do tempo de entrega. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Resposta da agilidade organizacional Código Assertiva. Na organização em que trabalho:
RAO1 O nível de resposta para estratégia de mudança é adequado. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
RAO2 O nível de resposta às necessidades dos consumidores é adequado. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
RAO3 O nível de restruturação das operações da TI para servir melhor os
clientes é uma prioridade. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
RAO4 Vê-se o nível de resposta para mudanças detectadas no mercado
como oportunidade. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
RAO5 Tem-se um nível de personalização dos produtos e serviços para
responder às necessidades particulares dos clientes. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
d
APÊNDICE B: MATRIZ DE AMARAÇÃO
Questão da pesquisa: Qual é a relação existente entre competência em TI, agilidade organizacional e capacidade de inovação nas
organizações moçambicanas?
Hipóteses
H1: A Competência em TI influencia positivamente a Agilidade Organizacional.
H2: A Competência em TI influencia positivamente a Capacidade de Inovação.
H3: A Agilidade Organizacional influencia positivamente a Capacidade de Inovação.
Objetivos da pesquisa Fundamentação
teórica
Pontos de investigação
(Questões da Pesquisa)
Informações necessárias
Técnicas
de coleta
dos dados
Técnicas de
análise dos
dados
Resultado Apresentação
do resultado Geral Específicos
Avaliar a
competência
em TI e sua
influência nas
organizações
estabelecidas
na capacidade
de resposta aos
desafios
impostos pelo
mercado das
organizações
moçambicanas.
Avaliar a correlação
entre a agilidade
organizacional e o seu
nível de capacidade de
inovação nas
organizações
• Agilidade
organizacional
• Capacidade de
inovação
• Agilidade organizacional: Sentido e resposta da
agilidade organizacional.
• Capacidade de inovação de: produto, processo,
comportamento, estratégia e do mercado.
Questionário
eletrônico
com escala
tipo Likert
de 10 pontos
Quantitativa:
Análise
multivariada
de dados
(PLS-SEM)
A agilidade organizacional
influencia positivamente a
capacidade de inovação
Descritivo
Tabelas
Figuras
Verificar o impacto da
competência em TI das
organizações na sua
capacidade de inovação
• Competência
em TI
• Capacidade de
inovação
• Competência em TI: cap. infraestrutura da TI,
Capacidade da abrangência dos negócios da TI,
Postura proativa da TI e Flexibilidade em TI.
• Capacidade de inovação de: produto, processo,
comportamento, estratégia e do mercado
Questionário
eletrônico
com escala
tipo Likert
de 10 pontos
Quantitativa:
Análise
multivariada
de dados
(PLS-SEM)
A competência em TI
influencia positivamente a
agilidade das organizações
Verificar a influência da
competência em TI na
capacidade de inovação,
mediada pela agilidade
organizacional
• Competência
em TI
• Agilidade
organizacional
• Capacidade de
inovação
• Agilidade organizacional: Sentido e resposta da
agilidade organizacional.
• Capacidade de inovação de: produto, processo,
comportamento, estratégia e do mercado.
• Competência em TI: cap. infraestrutura da TI,
Capacidade da abrangência dos negócios da TI,
Postura proativa da TI e Flexibilidade em TI.
Questionário
eletrônico
com escala
tipo Likert
de 10 pontos
Quantitativa:
Análise
multivariada
de dados
(PLS-SEM)
A competência em TI,
mediada pela agilidade
organizacional, influencia
positivamente a
capacidade de inovação.
Validar as dimensões da
competência em TI
propondo o modelo de
medida.
Competência
em TI
• Capacidade da infraestrutura da TI
• Capacidade da abrangência dos negócios da TI
• Postura proativa da TI
• Flexibilidade em TI
• Integração de TI
Questionário
eletrônico
com escala
tipo Likert de
10 pontos
Quantitativa:
Análise
multivariada
de dados
(PLS-SEM)
A competência em TI é
medida por: cap.
infraestrutura da TI,
capacidade de abrangência
da TI, postura proativa da
TI, integração da TI e
flexibilidade em TI