Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Ciências … · 2019. 2. 8. · JULIANA MARTINS...
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Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso Ciências Biológicas
JULIANA MARTINS STOPA
Desenvolvimento e Avaliação de um Protótipo de Sistema de
Wetlands para Tratamento Secundário de Efluente Sanitário
São Paulo
2015
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso Ciências Biológicas
JULIANA MARTINS STOPA
Desenvolvimento e Avaliação de um Protótipo de Sistema de
Wetlands para Tratamento Secundário de Efluente Sanitário
Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado ao Centro
de Ciências Biológicas e da
Saúde da Universidade
Presbiteriana Mackenzie como
requisito parcial para obtenção
do Grau de Bacharelado em
Ciências Biológicas
Orientador: Leandro Tavares Azevedo Vieira
São Paulo
2015
À minha família,
por todo amor e dedicação.
AGRADECIMENTOS
Ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – CCBS – UPM pela
infraestrutura física e os funcionários competentes disponibilizados para o
desenvolvimento do conhecimento acadêmico.
À Universidade Federal do ABC (UFABC) por me permitir desenvolver meu
trabalho em suas dependências e disponibilizar materiais e professores
competentes para tanto. Vale destacar a competência e dedicação da Profª Drª
Lúcia Helena Gomes Coelho.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Leandro Tavares Azevedo Vieira pela
oportunidade, paciência, dedicação e conhecimentos transmitidos.
Aos professores e técnicos da Universidade Presbiteriana Mackenzie pela
prontidão em auxiliar sempre que necessário, participando de todo o meu
desenvolvimento acadêmico durante esses anos.
Aos meus colegas dentro e fora da graduação por toda paciência, ajuda,
carinho e companheirismo ao longo do percurso.
Aos meus pais por se dedicarem integralmente para que eu pudesse realizar
meu sonho e conquistar mais uma vitória, sempre me dando muito amor,
carinho e paciência.
Ao meu namorado por me auxiliar nos momentos mais difíceis e me apoiar em
todas as minhas decisões com muito amor e cuidado.
À Deus e a vida pela possibilidade de realização deste trabalho.
À todas as pessoas que de alguma forma fizeram com que eu conquistasse
pouco a pouco tudo aquilo que eu almejei.
Resumo
O uso excessivo da água sem planejamento, associado ao aumento da
poluição e a eutrofização dos corpos d’água, tem levado ao desequilíbrio da
vida e causado danos à saúde humana. Sendo o esgoto doméstico fonte
majoritária de descarga de fósforo, que pode levar os corpos d’água à
eutrofização, faz-se necessário o desenvolvimento e a implementação de
sistemas de gestão e tratamento de esgoto. Os sistemas wetlands são tanques
com algum tipo de substrato (geralmente brita) e macrófitas enraizadas e/ou
flutuantes que fazem a remoção de matéria orgânica e nutrientes do efluente
sanitário e vêm sendo utilizados por apresentarem vantagens como baixo
investimento, entre outras. O objetivo dessa pesquisa é a concepção de um
sistema piloto de tratamento de efluente sanitário através da zona de raízes da
macrófita aquática Eleocharis sp e a avaliação de sua eficiência na assimilação
de espécies de fósforo e matéria orgânica. No sistema montado utilizando a
espécie Eleocharis sp, foi tratado esgoto sanitário a nível secundário, sendo
possível reduzir o pH em cerca de 92,3% no tanque controle e 93,0% no
tanque piloto. Em relação a cor, o tanque controle chegou a remover em
matéria orgânica dissolvida aproximadamente 69,7% e o tanque piloto,72,7%.
A turbidez foi reduzida em até 81,0% no tanque controle e 90,0%, no piloto,
chegando a se manter, durante certo período de tempo, dentro dos limites
permitidos para o consumo de água. O tanque piloto foi capaz de remover até
56,2% de ortofosfato, 66,9% de fósforo hidrolisável e 89,3% de fósforo total,
enquanto que o tanque controle foi responsável por reduzir 30,5% de
ortofosfato, 65,8% de fósforo hidrolisável e 81,2% de fósforo total. Tais
resultados apontam o potencial do sistema de wetlands como estratégia para
tratamento secundário de efluentes.
Palavras-chave: Eutrofização, Nutrientes, Fósforo, Eleocharis, Junco.
Abstract
The extensive use of water without previous planning, associated with
the increase of the pollution and the eutrophication of water bodies has led to
the deterioration of life quality and of the human health. The discharge of
wastewater into water bodies is the main source of phosphorus in aquatic
environment, that can lead to eutrophication of these water bodies, thus it is
essential the development and implementation of management and wastewater
treatment systems. Wetlands systems are tanks with some type substrate
(usually gravel) and rooted or floating plants than make the removal of organic
material and nutrients from sanitary wastewater and have been used because
they have advantages such as low investment, among others. The goal of this
research is to design a sanitary wastewater treatment pilot system through the
root zone of the aquatic macrophyte Eleocharis sp and the evaluation of its
efficiency in the assimilation of phosphorus species and organic material. The
system assembled using the Eleocharis sp species, wastewater was treated at
the secondary level, being possible to reduce the pH to about 92.3% in the
control tank and 93.0% in the pilot tank. Regarding the color, the control tank
successfully removed dissolved organic material in approximately 69.7% and
the pilot tank, 72.7%. The turbidity was reduced up to 81.0% in the control tank
and 90.0% in the pilot coming to remain for a certain period of time within the
limits permitted for drinking water. The pilot tank was able to remove up to
56.2% of orthophosphate, 66.9% hydrolysable phosphorus and 89.3% total
phosphorus, while the control tank was responsible for reducing 30.5% of
orthophosphate, 65.8 % of hydrolysable phosphorus and 81.2% of total
phosphorus. These results suggest the potential of the wetlands system as a
strategy for secondary wastewater treatment.
Keywords: Eutrofization, Nutrients, Phosphorus, Eleocharis, Junco.
Sumário
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 8
2. OBJETIVOS ................................................................................................ 11
3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 11
4. RESULTADOS ............................................................................................ 16
5. DISCUSSÃO ............................................................................................... 23
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 27
6. REFERÊNCIAS........................................................................................... 27
8
1. INTRODUÇÃO
A água é um recurso essencial para manter os ciclos de vida, a
biodiversidade e a sobrevivência da espécie humana e, para tanto, precisa ter
boa qualidade e estar em quantidade (TUNDISI, 2003). De acordo com o
Programa da Década da Água da ONU, são necessários de 50 a 100 litros de
água por pessoa, por dia, visando assegurar as necessidades básicas e a
minimização de problemas de saúde (UNDESA, 2015). Entretanto, o aumento
da poluição, o uso excessivo sem planejamento e sem gerenciamento e a
eutrofização de corpos d’água ao longo dos anos, tem aumentado os danos à
saúde humana e ao desequilíbrio da vida (LIMA, 2011).
A principal causa da poluição dos corpos d’água são os lançamentos de
efluentes sem tratamento em ambientes aquáticos podendo resultar numa
acumulação crônica de nutrientes, principalmente de fósforo e nitrogênio,
(ZHANG et al., 2006), o que provoca mudanças nas condições físicas e
químicas dos ambientes aquáticos, alterações qualitativas e quantitativas em
comunidades aquáticas e no incremento do nível de produção do ambiente
aquático (TUNDISI;TUNDISI, 2008).
Segundo Sousa (1998), o fósforo tem importância fundamental para as
plantas, animais e para o crescimento da microbiota. O fósforo presente nas
águas residuárias encontra-se geralmente como fosfato. O fósforo solúvel
disponível pode ser absorvido por plantas ou microorganismos e
consequentemente convertido em material celular ou sofrer precipitação e/ou
adsorção. Entretanto, em ambientes aquáticos, o aumento excessivo de fósforo
pode levar ao processo de eutrofização, que significa o enriquecimento das
águas por nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo, levando ao
crescimento excessivo das plantas aquáticas, tanto planctônicas quanto
aderidas, com consequente desequilíbrio do ecossistema aquático e
progressiva degeneração da qualidade da água dos corpos lênticos
(FIGUEIREDO, 2007). O aumento das concentrações de fósforo em ambientes
antropizados é proveniente de detergentes, fertilizantes, dejetos humanos,
entre outros, (MACEDO et al., 2010), sendo estes descartados continuamente
nos corpos d’água e sendo os esgotos domésticos fonte majoritária de
descarga do fósforo, terão grande contribuição para a eutrofização (CETESB,
9
2015).
No esgoto bruto, há quantidades substanciais de fósforo (geralmente na
ordem de mg/L), nas formas: orgânica; inorgânica complexa (polifosfatos),
como aquelas utilizadas em detergentes; e ortofosfato inorgânico solúvel, este
como produto final no ciclo do fósforo, a forma mais prontamente disponível
para uso biológico (BLACK, 1980). Durante o processo de tratamento biológico,
os compostos orgânicos são degradados por organismos, gerando ortofosfatos
solúveis e polifosfatos que, quando hidrolisados, podem ser convertidos em
ortofosfatos. Em um efluente orgânico bem-estabilizado submetido a
tratamento secundário (tratamento onde predomina a etapa biológica na
remoção de matéria orgânica, posteriormente ao pré-tratamento –
gradeamento para separação de sólidos grosseiros – e ao tratamento primário
– matéria poluente é separada da água por sedimentação), o ortofosfato é a
forma predominante do fósforo, que pode ser removido por processos de
precipitação química ou absorvido por plantas e microrganismos (CAERN,
2014; LOURES, 2006).
Atualmente, a solução para os problemas referentes à água está
centrada no desenvolvimento de sistemas adequados de gestão e métodos
efetivos para a prevenção e tratamento da eutrofização, visto que ela é um
caminho natural do sistema e que se agrava com a ação do homem, tendo os
nutrientes diferentes origens, como: efluentes domésticos e industriais e/ou
atividades agrícolas, entre outras. (LOURES, 2006). Uma das alternativas que
vêm sendo utilizadas são os sistemas naturais de tratamento de esgoto, como
as wetlands construídas, que consiste, basicamente, em tanques com algum
substrato (geralmente brita) e macrófitas enraizadas e/ou flutuantes
(MOHEDANO et al., 2012), onde mecanismos de tratamento físicos, químicos e
biológicos vão atuar para a melhoria da qualidade das águas, com a
participação do solo, microorganismos e as plantas na transformação e
armazenamento de matéria orgânica e nutrientes (HILL; PAYTON, 2000;
USEPA, 2000).
As wetlands construídas podem ainda ser divididas em duas classes:
wetlands de fluxo superficial (FS) e wetlands de fluxo subsuperficial (FSS), este
último podendo ser subdividido em fluxo horizontal e fluxo vertical (KADLEC;
KNIGHT, 1996). No FSS, o fluxo de águas residuárias passa pelo substrato,
10
onde entra em contato com as raízes das plantas emergentes e bactérias
facultativas associadas com o substrato (SANTIAGO, 2005). Esse sistema para
tratamento de esgoto costuma ser mais utilizado por minimizar uma eventual
exposição do público a patógenos uma vez que não há superfície de água
exposta, segundo estudo apresentado pela Water Environmental Research
Foundation (WERF) em 2004.
Além da utilização de wetlands construídas ter se mostrado eficaz, ela
também apresenta vantagens como baixo investimento e consumo de energia
elétrica, fácil construção e manutenção, além da capacidade de adaptação
desses ecossistemas à maioria das condições climatológicas (GOPAL, 1999;
USEPA, 2003). Trata-se de um sistema de tratamento de efluentes
descentralizado, pois a coleta, o tratamento e a descarga (ou reuso) dos
efluentes ocorre próximo do local onde o efluente foi gerado. Tal sistema tem
como vantagem a construção em pequenas dimensões quando comparado aos
grandes sistemas de tratamento, não demandando grandes locais para
instalação, além de atender uma região ou subpopulação, ter baixo custo de
investimento, operação e manutenção e ser socialmente mais responsável e
ambientalmente melhor do que os sistemas centralizados convencionais
(NHAPI, 2004). Sendo um sistema mais acessível financeiramente, wetlands
podem ser uma boa alternativa para sistemas de tratamento de efluentes em
países em desenvolvimento (KIVAISI, 2001).
Estudos demonstraram que o uso deste sistema de tratamento é capaz
de remover satisfatoriamente a matéria orgânica biodegradável dos efluentes e
ainda possui considerável capacidade de remoção de nutrientes como o
nitrogênio e o fósforo (MENDONÇA, 2012). Segundo Esteves (1998), o fósforo
dos efluentes pode ser removido pelo sistema radicular das macrófitas e, em
algumas espécies, pelas folhas também, acumulando biomassa na vegetação,
que será utilizada em seu metabolismo, ou ainda, pode ser removido por
processos abióticos como a sedimentação, precipitação química e adsorção
(UGGETI et al., 2010). Por exemplo, Sousa et al (1998) concluiu em seu
trabalho utilizando Typha sp e Eichhornia crassipes em um sistema de
tratamento wetland foram capazes de remover 66% do fósforo, sendo
11
ligeiramente superior àquela observada em lodos ativados por bactérias
acinetobacter, principal microorganismo responsável pela remoção biológica de
fósforo (WENTZEL et al., 1992). Em outra pesquisa realizada na Universidade
de Connecticut (EUA), Neafsey e Clausen (1994), utilizando três células em
paralelo, ocupando uma área total de 0,037 ha, adotando um tempo de
detenção hidráulica de 27 dias, cultivando as macrófitas Typha spp.,
Phragmites spp. e Scirpus americanus, conseguiram uma remoção de 55,3 a
99,6% de NTK (Nitrogênio orgânico e amoniacal) e 44,9 a 99,3% de fósforo
total. No caso da macrófita Lemna valdivianana para remoção de nutrientes a
partir de resíduos de aquicultura, houve uma eficiência de remoção de fósforo
de 94% (MOHEDANO et al. 2012).
As espécies de macrófitas, como por exemplo, a Eleocharis sp.,
possuem de um conjunto de características para contribuírem positivamente no
desempenho das wetlands construídas: i) rápido estabelecimento e alta taxa de
crescimento; ii) alta capacidade de assimilação de nutrientes; iii) grande
capacidade de estocar nutrientes na biomassa; iv) tolerância às características
físicas e químicas do efluente e v) tolerâncias às condições climáticas locais
(TANNER, 1996).
2. OBJETIVOS
O principal objetivo deste projeto foi testar a hipótese de que a macrófita
aquática Eleocharis sp é capaz de assimilar com eficiência a matéria orgânica
dissolvida e particulada, além das diferentes formas de fósforo presentes em
efluente sanitário e apontar a periodicidade para o manejo da biomassa
excedente.
3. MATERIAL E MÉTODOS
A Eleocharis sp (figura 1) pertencente à família Cyperaceae e conhecida
popularmente como Junco é uma macrófita aquática enraizada que tem larga
distribuição em todo o mundo, principalmente na América e é bioindicadora de
12
ambientes brejosos ou alagadiços (DIEGO-PÉREZ, 1997). Possui folhas
longas e cilíndricas contendo muitos canais aeríferos e flores pequenas,
reunidas em florescências características em forma de espiguilha e apresenta
uma das maiores taxas de produtividade primária entre os ecossistemas
aquáticos continentais (GIL et al., 2004).
Figura 1 – Representação artística da macrófita aquática Eleocharis sp. (FONTE:UFSCAR, 2015)
As mudas de Eleocharis sp. utilizadas no experimento (figura 2) foram
compradas e cultivadas em água em um tanque contendo brita número 01, na
qual foi monitorada a taxa de evaporação/absorção através de uma marca
inicialmente feita no tanque com a quantidade inicial de água, e a reposição da
água foi acompanhada com uma proveta. Após atingirem um determinado
crescimento, com o aparecimento de novos ramos, as mudas foram
transplantadas para o tanque piloto, sendo homogeneamente distribuídas, para
compor o experimento efetivamente.
13
Figura 2 – Mudas de Eleocharis sp.
O sistema foi desenvolvido nas dependências da Universidade Federal do
ABC (UFACB), no laboratório de Análises Ambientais. Para tanto, dois tanques
de tratamento foram utilizados, cujas dimensões eram 46,7cm x 32,3cm x
17,9cm (CxLxP). Cada um dos tanques teve uma finalidade: Tanque 1 –
Controle (contendo exclusivamente brita) e Tanque 2 – Sistema Piloto
(contendo brita e as macrófitas) e em ambos foi acoplada uma torneira para as
coletas do efluente (figura 3). A brita utilizada como substrato em ambos os
tanques foi a número 01, a fim de minimizar possíveis entupimentos
(VALENTIM, 2003). A brita foi devidamente pesada (6,2 Kg) e distribuída
igualmente. Cada tanque foi alimentado com 2L de efluente da própria
universidade, que foi coletado por um técnico de obras. Para o tanque piloto
foram usadas 20 mudas da macrófita, que foram inicialmente cultivadas em um
terceiro tanque, de mesmas dimensões dos demais e utilizando brita número
01 como substrato.
14
Figura 3 – Tanques do experimento piloto em funcionamento. A - Tanque piloto com as macrófitas
aquáticas transplantadas; B - Tanque controle, sem as macrófitas; C - Torneira acoplada em ambos os
tanques para coleta do efluente.
O sistema teve duração total de um mês, onde foram feitas coletas em
triplicatas de cada tanque em tubos falcon de 15mL, 3 vezes por semana, com
reposição manual de efluente a cada coleta, completando o volume de efluente
total para 2L. Foram feitas ainda mensurações de temperatura e umidade
relativa a cada coleta utilizando um termo higrômetro (HC-520 – IN/OUT Temp
& Humindity Meter) sempre no período da tarde (entre 14h e 18h), além das
análises de pH (NI PHM – NOVA INSTRUMENTS), cor (AquaColor Cor –
PoliControl), turbidez (AP2000 – PoliControl) e fósforo orgânico, hidrolisável e
ortofosfato (realizados de acordo com os métodos padronizados pela NBR –
12772) para ambos os tanques (controle e piloto). Para essas variáveis, as
médias, baseadas nas triplicatas, foram plotadas em um gráfico de linhas ao
longo dos dias dos experimentos a fim de comparar os dois tanques usando o
erro-padrão da média.
Além disso, as mesmas análises foram feitas antes de dar início ao
experimento (com o efluente antes de ser adicionado aos tanques), além de
análises de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) antes, no meio do
experimento e ao final (essa abordagem diferenciada de frequência analítica da
DBO se deu pela metodologia de determinação desse parâmetro demandar
pelo menos 300 mL de amostra por determinação, o que interferiria demais nos
volumes dos tanques, pois cada sistema continha 2L de efluente). Os
resultados foram plotados em uma planilha no programa Microsoft Excel 2010
e transformados em gráficos pelo programa GraphPad Prism 6, para
15
possibilitar comparação.
Para a determinação das diferentes formas de fósforo foi utilizado o
método colorimétrico por redução com ácido ascórbico (0,01 mg/L - 0,5 mg/L),
segundo NBR 12772.
Para determinação de ortofosfato foi utilizado um espectrofotômetro
adequado para medir uma intensidade de cor de 880 nm. Foram utilizados 5
mL da amostra e transferidos para um tubo de Falcon de 50 mL. Para o
preparo do reagente combinado foi preparada uma solução-mistura, contendo
0,13 g de tartarato de potássio e antimônio que foram pesados em uma
balança analítica e posteriormente foram transferidos para um balão
volumétrico de 1L contendo 700 mL de água. Pesou-se também 5,6 g de
molibdato de amônio que foram adicionados à solução e 70 mL de ácido
sulfúrico concentrado (d=1,84), onde completou-se com água até o volume final
de 1L. Para cada 100 mL dessa solução mistura, foi dissolvido 0,5g de ácido
ascórbico, finalizando o reagente combinado. Em seguida, foram adicionados
10 mL desse reagente à amostra, misturando por agitação moderada.
Para a construção da curva de calibração, foram utilizados 6 tubos falcon
de 50mL com 10mL de reagente combinado cada e diferentes quantidades de
solução-padrão de fósforo (0,0025 mg): 0 mL (branco), 1 mL, 2 mL, 4 mL, 7 mL
e 10 mL, a fim de obter padrões contendo 0 mg/L, 0,05 mg/L, 0,1 mg/L, 0,2
mg/L, 0,35 mg/L e 0,5 mg/L de fósforo, respectivamente. Quando o teor de
fósforo ortofosfato foi maior que 25 μg, fez-se necessária a diluição da amostra
com água. Entre 10 e 30 minutos foi medida a absorbância da cor azul na faixa
de 880 nm. A concentração de fósforo foi determinada através da curva de
calibração.
Para a determinação de fósforo hidrolisável adicionou-se 5 mL da
amostra em um Erlenmeyer, 1 mL de ácido sulfúrico (31%) e algumas pérolas
de vidro, completando o volume final de 10mL com água e aqueceu-se em
chapa à 150ºC por 30 minutos, acrescentando água durante a ebulição, para
manter o volume final em 10 mL. Após esfriar, foi utilizado 5 mL dessa solução
em 10 mL de reagente combinado, seguindo o mesmo protocolo de análise de
ortofosfato para a determinação da concentração de fósforo.
16
Por fim, para a determinação de fósforo orgânico, foi utilizada a mesma
solução preparada para o fósforo hidrolisável, com a única exceção de ter sido
adicionado 0,4 g de persulfato de amônio. A leitura da concentração de fósforo
foi feita da mesma forma que os demais tipos de fósforo.
4. RESULTADOS
A temperatura média durante o experimento foi 22,2ºC ± 2,4 (desvio
padrão) com a temperatura mínima de 18,8°C e a máxima de 26,6°C e a
umidade relativa teve uma grande oscilação durante o experimento com média
de 60,4% ± 12,3 (desvio padrão) (Figura 4).
Figura 4 – Temperatura e Umidade Relativa ao longo dos dias de coleta. Os dados foram obtidos
durante cada dia de coleta, sendo a temperatura aferida em graus Celsius (°C) e a umidade relativa, em porcentagem (%).
Houve um decréscimo do pH durante o experimento, tanto para o tanque
controle (7,7%) quanto para o tanque piloto (7,0%), entre a aferição do efluente
original, antes do experimento (dia 0), e a primeira coleta (dia 3) (Figura 5).
Não houve uma diferença de acordo com o erro padrão da média entre o
17
tanque controle e o tanque piloto em relação ao pH do efluente tratado, mesmo
depois que ocorreram as trocas de efluentes.
Figura 5 – pH Controle e pH piloto ao longo dos dias de coleta. Os dados foram obtidos através da
média das triplicatas de cada dia de coleta e as barras indicam o desvio padrão. As setas indicam os dias em que ocorreram as trocas de efluente. O dia 0 refere-se à aferição do pH do efluente antes de ser adicionado ao experimento.
Comparando a cor do controle, do piloto e do efluente original (dia 0)
pode-se observar que houve uma diminuição da intensidade da cor logo na
primeira coleta (48,0% controle e 37,5% piloto), e que se manteve na segunda
coleta (69,7% controle e 72,7% piloto) (Figura 6). A partir do dia 12, a
intensidade da cor do controle e a do piloto começou a se diferenciar, sendo
que no caso do tanque piloto, a cor mostrou-se menos intensa do que o tanque
controle. A partir do dia 17, observa-se um aumento gradual da intensidade da
cor do tanque piloto, que, no último dia de coleta, se igualou ao tanque
controle.
18
Figura 6 – Cor Controle e Cor piloto ao longo dos dias de coleta. Os dados foram obtidos através da média das triplicatas de cada dia de coleta e as barras indicam o desvio padrão. As setas indicam os dias em que ocorreram as trocas de efluente. O dia 0 refere-se à aferição da cor do efluente antes de ser adicionado ao experimento.
No experimento houve uma redução da turbidez entre o dia 0 e dia 3
para ambos os tanques (Figura 7), cerca de 81,0% no tanque controle e 90,0%
no tanque piloto. Entretanto, essa redução se manteve apenas até o dia de
coleta 14 no tanque piloto, enquanto que no tanque controle a turbidez foi
aumentando gradualmente. Nos últimos dias de coleta é possível observar que
a macrófita já apresentava um limite de assimilação da matéria orgânica
particulada (uma das responsáveis pela turbidez da água), chegando quase a
se igualar ao tanque controle no dia 42. Entre os dias 17 e 24 ocorreu um
aumento da turbidez tanto no tanque piloto quanto no tanque controle, o que
pode ter ocorrido devido às trocas de efluentes nos dias 14 e 21, que poderiam
estar com mais matéria orgânica em suspensão.
19
Figura 7 – Turbidez Controle e Turbidez piloto ao longo dos dias de coleta. Os dados foram obtidos
através da média das triplicatas de cada dia de coleta e as barras indicam o desvio padrão. As setas indicam os dias em que ocorreram as trocas de efluente. O dia 0 refere-se à aferição da cor do efluente antes de ser adicionado ao experimento.
Em relação à DBO, na primeira medição com o sistema wetlands
operando, a DBO do tanque piloto ficou abaixo da DBO do efluente original (0)
e em relação ao tanque controle, porém ambos com eficiência equivalente,
considerando a incerteza das determinações das triplicatas. A DBO do tanque
controle e a do tanque piloto ao final do experimento (dia 42) se igualaram,
mostrando que a macrófita teria chegado ao seu limite de assimilação.
20
Figura 8 – DBO Controle e DBO piloto ao longo do experimento. Os dados foram obtidos antes de o
experimento ser iniciado (0), no meio do experimento (14) e ao final (42). Os dados foram obtidos através da média das triplicatas e as barras indicam o desvio padrão.
No início do experimento houve uma redução da concentração de
ortofosfato tanto para o tanque controle quanto para o tanque piloto (cerca de
30,5% para o tanque controle e 56,2% para o tanque piloto) (Figura 9). No
decorrer do experimento não houve diferenças em relação aos dois tanques. A
partir do dia 7 de coleta a concentração de ortofosfato aumentou
gradativamente, chegando a se equiparar com a concentração de ortofosfato
original (0) e até a superá-la (dia 28).
21
Figura 9 – Ortofosfato Controle e Ortofosfato Piloto ao longo dos dias de coleta. Os dados foram
obtidos através da média das triplicatas de cada dia de coleta e as barras indicam o desvio padrão. As setas indicam os dias em que ocorreram as trocas de efluente. O dia 0 refere-se à aferição da cor do efluente antes de ser adicionado ao experimento.
O fósforo hidrolisável foi reduzido logo na primeira coleta tanto nos
tanques controle como no tanque piloto quando comparados com o efluente
original (0), com 65,8% e 66,9% de redução, respectivamente. Apesar da
concentração de ambos os tanques terem aumentado nas coletas dos dias 7 e
10, ainda se mantiveram menores do que o efluente inicial, permanecendo
nessas condições ao longo de todo o experimento, chegando quase a zero em
ambos os tanques ao final do experimento.
22
Figura 10 – Fósforo Hidrolisável Controle e Fósforo Hidrolisável Piloto ao longo dos dias de coleta.
Os dados foram obtidos através da média das triplicatas de cada dia de coleta e as barras indicam o desvio padrão. As setas indicam os dias em que ocorreram as trocas de efluente. O dia 0 refere-se à aferição da cor do efluente antes de ser adicionado ao experimento.
Em relação ao fósforo orgânico, tanto no tanque controle quanto no
tanque piloto, as concentrações mantiveram-se significativamente abaixo das
concentrações do efluente original (0) ao longo do experimento, mas sem
diferenças entre os tanques. A redução inicial da concentração nos tanques
controle e piloto foram de, respectivamente, 81,2% e 89,3%.
23
Figura 11 – Fósforo Orgânico Controle e Fósforo Orgânico Piloto ao longo do experimento. Os
dados foram obtidos através da média das triplicatas de cada dia de coleta e as barras indicam o desvio padrão. As setas indicam os dias em que ocorreram as trocas de efluente. O dia 0 refere-se à aferição da cor do efluente antes de ser adicionado ao experimento.
5. DISCUSSÃO
Os resultados apresentados evidenciaram uma boa assimilação de
matéria orgânica dissolvida e particulada pela macrófita Eleocharis sp. sendo
que o tanque piloto foi mais eficiente em todos os parâmetros analisados,
principalmente em relação à matéria orgânica dissolvida e particulada e as
diferentes formas de fósforo.
Um fator importante que afeta diretamente os microorganismos, e
consequentemente a velocidade de decomposição da matéria orgânica, é a
temperatura (UCKER, 2014). Conforme Katayon et al. (2008), faixas de
temperatura entre 16,5 e 32ºC favorecem o processo de nitrificação em
wetlands construídos. De acordo com os resultados (figura 4), a temperatura
média (22,2ºC ± 2,4) está dentro dessa faixa, o que significa que o processo de
decomposição da matéria orgânica está sendo favorecido.
24
O decréscimo de pH observado no experimento, tanto para o tanque
controle quanto para o tanque piloto entre aferição do efluente original (dia 0) e
a primeira coleta (dia 3), sugere que a brita pode ter sido responsável por essa
alteração, já que ela estava presente nos dois tanques, e depois o pH se
estabilizou.
Segundo a legislação vigente (CONAMA, 2011), a faixa correta de pH
para o efluente ser lançado em recurso hídrico deve compreender entre 5 à 9.
De acordo com as análises, todos os valores apresentaram-se adequados para
o lançamento. Além disso, todos os valores foram similares, o que é
importante, pois grandes variações de pH podem dificultar a eficiência de
remoção de outros parâmetros, como por exemplo, matéria orgânica (KONRAD
et al, 2013).
Segundo o Ministério da Saúde (2006), a cor é um parâmetro que indica
a presença de substâncias dissolvidas na amostra, sendo que, de acordo com
a Portaria MS Nº 2914/11, o valor máximo permissível de cor na água para
consumo é de 15,0 uC. No experimento, houve uma diminuição da intensidade
da cor em ambos os tanques, mas que se destacou no tanque piloto por se
manter menos intensa em relação ao tanque controle. Essa diminuição pode
ser devido à formação de biofilme aderido ao substrato (brita), já que este
biofilme é composto por vários microorganismos que ajudam na degradação da
matéria orgânica e na transformação da série nitrogenada (UCKER et al, 2014).
A intensidade da cor do controle e a do piloto a partir do dia 12, começou
a se diferenciar, sendo que no caso do tanque piloto, essa cor menos intensa
pode ser devido à assimilação de matéria orgânica dissolvida pela macrófita,
tornando o efluente mais cristalino em relação ao tanque controle. O aumento
gradual da intensidade da cor do tanque piloto, que posteriormente chegou a
se igualar ao tanque controle, mostra que a macrófita pode ter chegado ao seu
limite de assimilação e começou então a reintroduzir a matéria orgânica ao
meio novamente.
Em relação ao máximo valor permitido de cor na água (15 uC), a coleta
do dia 7 registrou o menor valor, tanto para o controle quanto para o piloto, de
cerca de 110 uC, o que significa que se houver um remanejamento nesse
período, seria possível remover uma maior quantidade de matéria orgânica
dissolvida, podendo assim obter resultados mais próximos ao desejável para
25
uma água para consumo.
A turbidez é definida como medida do grau de interferência à passagem
da luz através do líquido, sendo que a penetração da luz se altera decorrente
da presença de material em suspensão (SABESP, 2015). Nos primeiros dias
do experimento, houve uma redução importante da turbidez em ambos os
tanques, o que mais uma vez sugere a atuação da brita como biofilme, no
entanto, apenas o tanque controle foi capaz de manter a redução por um maior
período, até que começou a aumentar gradativamente chegando a se igualar
ao tanque controle. Isso ocorreu devido à ação da macrófita aquática
enraizada, que foi capaz de assimilar a matéria orgânica suspensa por um
determinado período, até que ela atingiu sua capacidade máxima de
assimilação, sendo possível sugerir que nesse momento seria importante a
execução do manejo da planta.
Segundo SABESP (2015), o valor máximo permitido de turbidez na água
distribuída é de 5,0 UNT, sendo que o tanque piloto se manteve abaixo desse
valor entre os dias 5 e 14, em uma média de 3,0 UNT, o que mostra que a
macrófita juntamente com a brita é capaz de deixar o efluente dentro das
condições ideais em relação ao parâmetro turbidez.
A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) é um indicador que
determina indiretamente a concentração de matéria orgânica biodegradável
através da demanda de oxigênio exercida por microorganismos através da
respiração (VALENTE et al., 1997). Com base nisso, é possível notar que ao
final do experimento, a DBO do tanque piloto e do tanque controle se igualou,
confirmando a suposição de que a macrófita teria chegado ao seu limite de
assimilação de matéria orgânica, assim como já foi mostrado em relação à
outros parâmetros. Sendo assim, esse resultado pode ser um indicativo de que
deveria ocorrer a manutenção das mudas antes de totalizar 1 mês de operação
do sistema, sendo a compostagem uma alternativa viável para a destinação
das macrófitas. Um outro ponto importante é que quando o efluente a ser
tratado possui uma carga de DBO elevada, espera-se uma baixa eficiência de
remoção de nutrientes, tendo em vista a baixa disponibilidade de oxigênio, o
que limita o processo de decomposição (POMPÊO, 2008).
A diferença nas porcentagens de redução de ortofosfato nos tanques
(figura 9) pode ser justificada pela presença da macrófita enraizada no tanque
26
piloto, além do biofilme formado pela brita em ambos os tanques. O fato de o
tanque piloto ter se igualado ao tanque controle e até ter superado o efluente
original, sugere que as remoções de ortofosfato foram causadas principalmente
pelo material filtrante (brita), que segundo Trend (2015), a adsorção química é
o mecanismo de remoção predominante do ortofosfato. Embora tenha ocorrido
a adsorção e precipitação do fósforo no material filtrante como observado no
experimento, essa remoção se torna cada vez mais limitada após algum tempo
de operação (BRIX; ARIAS, 2005). Além disso, a fitoextração de ortofosfato
pelas plantas também ocorre, contudo, acontece em um ritmo mais lento em
comparação com o material filtrante (LUDERITZ; GERLACH, 2002),
justificando a proximidade entre os resultados encontrados no tanque piloto e
no tanque controle.
Durante os tratamentos de esgoto, a maior parte do fósforo orgânico e
hidrolisável é removida ou decomposta à ortofosfato (ROMITELLI, 1983), o que
justifica as baixas concentrações encontradas para o fósforo hidrolisável (figura
10) e fósforo orgânico (figura 11) ao longo do experimento. A semelhança entre
os resultados encontrados para os dois tanques deve-se então a grande
participação do material filtrante que adsorve o fósforo.
Segundo Davis (2000), a remoção de fósforo é maior no início de
operação do sistema, pois ao longo do tempo, o material de enchimento (no
caso a brita) é saturado e a remoção declina devido à diminuição da
capacidade de adsorção. Se o objetivo do experimento é a remoção de fósforo,
deve-se considerar a troca do material filtrante periodicamente, além de ter um
plantio denso, onde terá acumulo na massa, na serapilheira e no sedimento.
Tais resultados preliminares apontam o potencial do sistema de
wetlands como estratégia para tratamento secundário de efluentes.
Observando os resultados ao longo do tempo, pode-se observar um possível
momento de remanejamento das macrófitas no meio do experimento, cerca de
15 dias após o início do processo em batelada. Sendo assim, é possível
considerar que a hipótese inicialmente proposta no trabalho de que a macrófita
aquática Eleocharis sp. seria capaz de assimilar com eficiência os parâmetros
analisados está de acordo com os resultados obtidos.
27
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto em menor escala foi construído e foi possível acompanhar o
desenvolvimento do mesmo, sendo monitoradas as variáveis do sistema e
indicando um possível momento de remanejamento das macrófitas,
observando quais os seus limites de assimilação de matéria orgânica e
nutrientes, além de possíveis alterações nos protocolos, visando uma melhor
adaptação para análise do efluente utilizado. Os resultados preliminares
mostram que o sistema de wetlands é uma alternativa positiva para o
tratamento secundário de efluente sanitário. Em relação à matéria orgânica
dissolvida (cor), o tanque piloto foi capaz de remover cerca de 3% a mais do
que o tanque controle e 9% a mais de matéria orgânica particulada (turbidez), o
que mostra uma melhor eficiência de remoção quando em presença das
macrófitas. Tanto fósforo orgânico, quanto o hidrolisável e o ortofosfato foram
removidos com maior eficiência pelo tanque que continha as macrófitas, sendo
que o ortofosfato foi a forma que mais se destacou, visto que é a forma que a
planta mais assimila para usar em seu metabolismo. Tais remoções são muito
importantes pois reduzem as chances de eutrofização do corpo receptor. A
diferença entre o pH final do tanque controle e do tanque piloto não chegou a
1%, embora tenha sido alterada em relação ao início do experimento, o que
sugere que a brita (contida em ambos os tanques) teria funcionado como um
biofiltro, alterando o pH devido à presença de seus íons minerais.
O próximo passo seria montar o mesmo sistema, mas agora em fluxo,
onde o efluente ficasse constantemente sendo trocado com o auxílio de uma
bomba peristáltica, representando o que aconteceria efetivamente em uma
estação de tratamento de esgoto, para melhor avaliar a eficiência do sistema.
Ainda sim, o experimento foi bem sucedido com resultados positivos para essa
estratégia de tratamento secundário, o que sugere que também seria eficiente
com a operação em fluxo.
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