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Universidade Potiguar Programa de Pós Graduação em Administração PPGA Mestrado Profissional em Administração. Luciana Câmara do Nascimento TRABALHO, PRAZER E SOFRIMENTO: Um Estudo em Unidades Produtoras de Alimentação. Natal 2015

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Universidade Potiguar Programa de Pós Graduação em Administração – PPGA

Mestrado Profissional em Administração.

Luciana Câmara do Nascimento

TRABALHO, PRAZER E SOFRIMENTO: Um Estudo em Unidades Produtoras de Alimentação.

Natal

2015

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Luciana Câmara do Nascimento

TRABALHO, PRAZER E SOFRIMENTO: Um Estudo em Unidades

Produtoras de Alimentação.

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Stricto Senso em

Administração da Universidade Potiguar –

UnP, como parte dos requisitos

avaliativos para obtenção ao título de

Mestre em Administração Profissional, na

área de concentração Gestão Estratégica

de Pessoas.

ORIENTADORA: Profª. Dra. Nilda Maria

de Clodoaldo P. Guerra Leone.

Natal

2015

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Luciana Câmara do Nascimento

TRABALHO, PRAZER E SOFRIMENTO: Um Estudo em Unidades

Produtoras de Alimentação.

Dissertação apresentada para cumprir

parte das exigências para obtenção do

titulo de Mestre em Administração

Profissional, na área de concentração

Gestão Estratégica de Pessoas.

Aprovada em:___/____/2015.

BANCA EXAMINADORA

________________________________.

Profa. Nilda Maria de Clodoaldo P. Guerra Leone, Dra.

Orientadora

________________________________.

Profa. Laís Karla da Silva Barreto, Dra.

Membro Examinador Interno

________________________________.

Profa. Jomária Maria de Lima Alloufa, Dra.

Membro Examinador Externo

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À minha família (MEU ESPOSO E MEUS

FILHOS) e a todos os funcionários das

Unidades de Alimentação desta pesquisa.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pois durante toda essa jornada sempre esteve

presente, nas horas em que a fé e a esperança se faziam ausente. A ti senhor

minha gratidão por todo o sempre pela alegria e satisfação do dever cumprido. Sem

tua presença na minha vida nada disso teria sido concretizado. Aos amigos

espirituais que permitiste acompanhar-me nessa caminhada, que semearam o

desejo da vitória e que me fortaleceram sempre que a carga de atividades parecia

não caber em minhas mãos.

Foram muitas mãos estendidas, orientando, revisando, corrigindo, afagando

e apoiando-me. A construção deste trabalho não seria possível sem essa

colaboração. Assim, dedico a todos, meus sinceros agradecimentos.

Em especial ao meu esposo, Ivson Lima, pois em todos os momentos

difíceis esteve ao meu lado no cumprimento desta missão de forma paciente e

dedicada. Aos meus filhos, Davidson Arley Câmara e Laura Câmara, que por eles e

para eles busquei forças quando achava que não ia conseguir concluir. Obrigada,

vocês são meus amores verdadeiros.

Meu agradecimento à Professora Dra. Nilda Leone, por me aceitar como

orientanda, e pelo incentivo à participação no estudo através do seu exemplo

contínuo de disponibilidade. Sou grata por sua dedicação, compreensão e por tudo

que me ensinaste. Meu eterno respeito e admiração.

A professora Dra. Laís Barreto pela magnífica contribuição e incentivo desde

o início do mestrado, aceitando gentilmente fazer parte da banca examinadora.

Minha gratidão, respeito e encantamento pela pessoa que é.

A professora Dra. Jomária Maria de Lima Alloufa que prontamente aceitou

fazer parte da banca examinadora. Muito grata!

Meus sinceros agradecimentos aos colegas de turma 2013.2 do MPA/UNP

que forneceram valiosas contribuições, incentivo e apoio emocional.

Aos docentes que transmitiram os seus conhecimentos de forma sábia e

paciente, um saber que nos conduz à profundidade, à crítica e ao crescimento

profissional, a minha gratidão pela confiança e incentivo.

A Gerência da empresa e aos trabalhadores das unidades pesquisadas, pela

disponibilidade, em especial a Pedro Josino pela atenção e colaboração a mim

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dedicada no período da realização da coleta de dados. Vocês foram de fato, minha

inspiração!

Enfim, a todas as pessoas que, de certa forma e em diferentes níveis de

auxílio, participaram da elaboração desta dissertação. Muitíssimo obrigada.

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RESUMO

Este estudo tornou-se parte fundamental da subsistência dos seres humanos,

estando subordinado à sociedade e, principalmente, às constantes e desenfreadas

mudanças. As variáveis ‘prazer’ e ‘sofrimento’ são resultantes da relação do

indivíduo com a organização, consigo mesmo, com outros indivíduos e com o meio

no qual está inserido. Assim, o que para uns pode ser sentido como prazeroso não o

será necessariamente para outros. O trabalho em Unidades de Alimentação e

Nutrição é do tipo taylorista/fordista, caracterizado pela fragmentação das tarefas,

repetição de movimentos e divisão do trabalho entre gerência e operário. Tem como

objetivo avaliar as condições e organização do trabalho que se relacionam com a

dinâmica do prazer-sofrimento dos empregados de três Unidades de Alimentação e

Nutrição. É uma pesquisa censitária, um estudo de caso, descritiva, de natureza

quantitativa, utilizando como instrumento de coleta de dados um questionário

sociodemográfico e o Inventário sobre Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA),

em sua terceira versão, desenvolvido por Mendes e Ferreira (2007). Os dados foram

tratados com estatística descritiva (frequência, média, desvio padrão e alfa de

cronbach) e regressão logística. Os resultados apontaram uma predominância em

vivências de sofrimento, estando esses resultados evidenciados nos constructos.

Merece destaque o fator custo afetivo que compõe a Escala de Custo Humano no

Trabalho, cuja avaliação pelos empregados foi negativa, com indicativo grave. Esta

avaliação é produto de custo humano e sofrimento no trabalho, requerendo

intervenção imediata da empresa pesquisada. Por ser um estudo de caso, os

resultados não devem ser generalizados, porém podem ser utilizados em estudo

cuja realidade da organização seja análoga à pesquisada.

Palavras-chave: Prazer e Sofrimento no trabalho. Trabalho. Unidades de

Alimentação e Nutrição.

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ABSTRACT

The aim of this study has become a fundamental part of living human beings, being

subordinate to society and especially to the constant changes and unbridled. The

variables 'pleasure' and 'suffering' are the result of the individual's relationship with

the organization, with himself, with others and with the environment in which it is

inserted. Thus, for each can to be felt as pleasant will not necessarily others. Work

on Food and Nutrition Units is the Taylor/Fordist type, characterized by fragmentation

of tasks, repetitive movements and division of labor between management and labor.

It aims to evaluate the conditions and organization of work that relate to the dynamics

of the pleasure-suffering employees three Power Units and Nutrition. It is a census

survey, a case study, descriptive, quantitative, using as a data collection tool a

sociodemographic questionnaire and the Inventory of Work and Illness Risk (ITRA),

in its third version, developed by Mendes and Ferreira (2007). The data were

analyzed with descriptive statistics (frequency, mean, standard deviation and

Cronbach's alpha) and logistic regression. The results showed a predominance of

suffering experiences, with results shown in these constructs. Also noteworthy is the

emotional cost factor that makes up the Human Cost of Scale at Work, whose

evaluation by employees was negative, with severe code. This review is a product of

human cost and suffering at work, requiring immediate intervention of the surveyed

company. Being a case study, the results should not be generalized, but can be used

in the study whose reality the organization is analogous to the search.

Keywords: Pleasure and Pain at work. Work. Food and Nutrition units

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Cargos e quantitativo de trabalhadores pesquisados. 49

Quadro 02 – Escala de avaliação do contexto de trabalho (EACT). Itens e

dados da validação por Mendes, 2007.

52

Quadro 03 – Escala de custo humano do trabalho (ECHT). Itens e dados da

validação por Mendes, 2007.

53

Quadro 04 – Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento (EIPST). Itens e

dados da validação por Mendes, 2007.

54

Quadro 05 – Escala de Avaliação dos Danos relacionados ao trabalho

(EADRT). Itens e dados da validação por Mendes, 2007.

55

Quadro 06 – Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA)

com suas escalas e dimensões estudadas.

56

Quadro 07 – Técnicas Estatísticas Versus Objetivos da Pesquisa. 58

Quadro 08 – Resumo sobre EACT, suas dimensões e itens avaliados com

maior média.

63

Quadro 09 – Itens que impactaram os fatores organização do trabalho,

relações socioprofissionais e condições de trabalho, maior e a menor.

65

Quadro 10 - Síntese dos resultados da EACT 68

Quadro 11 – Resumo sobre ECHT, suas dimensões e itens avaliados com

maior média.

69

Quadro 12 – Itens que impactaram o fator custo físico, custo cognitivo e

custo físico a maior e a menor.

70

Quadro 13 - Síntese dos resultados da ECHT 72

Quadro 14 – Resumo sobre EIPST, suas dimensões e itens avaliados com

maior média.

73

Quadro 15 – Itens que impactaram os fatores liberdade de expressão,

realização profissional, esgotamento profissional e falta de reconhecimento

a maior e a menor.

75

Quadro 16 – Síntese dos resultados da EIPST 78

Quadro 17 – Resumo sobre EADRT, suas dimensões e itens avaliados com

maior média.

78

Quadro 18 – Itens que impactaram o fator danos físicos, danos sociais e

danos psicológicos a maior e a menor.

80

Quadro 19 – Síntese dos resultados da EADRT 82

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por faixa etária. 59

Tabela 2: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por gênero. 59

Tabela 3: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por escolaridade. 60

Tabela 4: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por estado civil. 60

Tabela 5: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por tempo de serviço na Unidade.

60

Tabela 6: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por tempo de serviço no cargo.

61

Tabela 7: Frequência absoluta (N) e Percentual da população estudada quanto à realização do último exame médico.

61

Tabela 8: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por afastamento médico. 61

Tabela 9: Síntese do perfil sociodemográfico dos pesquisados 62

Tabela 10: Percentual dos pesquisados por fator da EACT. 63

Tabela 11: Estatística descritiva dos fatores da EACT. 64

Tabela 12: Percentual dos pesquisados por fator da ECHT. 69

Tabela 13: Estatística descritiva dos fatores da ECHT. 70

Tabela 14: Percentual dos pesquisados por fator da EIPST. 74

Tabela 15: Estatística descritiva dos fatores da EIPST. 74

Tabela 16: Percentual dos pesquisados por fator da EADRT. 79

Tabela 17: Estatística descritiva dos fatores da EADRT. 79

Tabela 18: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Liberdade de Expressão.

83

Tabela 19: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Realização Profissional.

83

Tabela 20: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Esgotamento Profissional.

84

Tabela 21: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Falta de Reconhecimento.

84

Tabela 22: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Danos Físicos. 84

Tabela 23: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Danos Sociais. 85

Tabela 24: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Danos Psicológicos. 85

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LISTA DE SIGLAS

ABERC Associação Brasileira de Empresas de Refeições Coletivas

DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

EACT Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho

EADRT Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho

ECHT Escala de Custo Humano no Trabalho

EIPST Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

ITRA Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento

RN Rio Grande do Norte

UAN Unidade de Alimentação e Nutrição

UnP Universidade Potiguar

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 15

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA 17

1.3 OBJETIVOS 18

1.3.1 Geral 18

1.3.2 Específicos 19

1.4 JUSTIFICATIVA 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO 21

2.1 TRABALHO 21

2.2 PRAZER-SOFRIMENTO 29

2.3 UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 36

2.4 TRABALHO, PRAZER E SOFRIMENTO EM UNIDADE DE

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO.

41

2.5 ESTUDOS E PESQUISAS REALIZADOS SOBRE O TEMA 44

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 47

3.1 TIPO DE PESQUISA 47

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA 48

3.3 PLANO DE COLETA DE DADOS 49

3.3.1 Instrumento de Pesquisa 50

3.4 VARIÁVEIS DO ESTUDO 55

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS 56

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 59

4.1 PERFIL SÓCIODEMOGRÁFICO DOS PESQUISADOS 59

4.2 CONDIÇÕES E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DA UNIDADE DE

ALIMENTAÇÃO

62

4.3 CUSTO HUMANO DO TRABALHO 68

4.4 INDICADORES DE PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO 73

4.5 AVALIAÇÃO DOS DANOS RELACIONADOS AO TRABALHO 78

4.6 RELAÇÃO ENTRE OS INDICADORES DE PRAZER E SOFRIMENTO

NO TRABALHO (EIPST) X AVALIAÇÃO DOS DANOS

RELACIONADOS AO TRABALHO (EADRT)

82

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5 CONCLUSÃO 87

REFERÊNCIAS 89

APÊNDICES 96

APÊNDICE A - CARTA DE AUTORIZAÇÃO 97

APÊNDICE B – CARTA DE PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA 98

APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO

NA PESQUISA

99

ANEXOS 100

ANEXO A – QUESTIONÁRIO DE DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS 101

ANEXO B - ESCALA DE AVALIAÇÃO DO CONTEXTO DE

TRABALHO (EACT)

103

ANEXO C – ESCALA DE CUSTO HUMANO NO TRABALHO (ECHT) 105

ANEXO D – ESCALA DE INDICADORES DE PRAZER E

SOFRIMENTO NO TRABALHO(EIPST)

107

ANEXO E – ESCALA DE AVALIAÇÃO DOS DANOS

RELACIONADOS AO TRABALHO (EADRT)

109

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1 INTRODUÇÃO

A sociedade moderna sofreu nas últimas décadas do século XX

transformações rápidas e radicais, que vêm afetando de modo intenso as

sociedades industriais em todo o mundo. Formas de produção consideradas

superadas pelo desenvolvimento de um capitalismo de tipo monopolista retornam

numa outra dimensão, reincorporadas a uma lógica de acumulação que enfatiza a

competitividade e a qualidade (SANTANA, 2005).

Nesse sentido, a organização do trabalho, concebida por um trabalho

especializado da empresa e estranho aos trabalhadores, choca-se com a esfera das

realizações, das motivações e dos desejos do indivíduo, levando-o à perda do

sentido na realização das tarefas. A organização temporal do trabalho, a escolha

das técnicas operatórias, os instrumentos e os materiais empregados permitem-lhe,

segundo alguns limites, adaptar o trabalho às suas aspirações e competências

conferindo parte de sua identidade à realização das tarefas, colaborando para que o

trabalho tenha sentido para o executor (DEJOURS, 1988).

O aumento na divisão do trabalho, a rigorosidade, o autoritarismo e os

baixos vencimentos são as grandes dificuldades concretas que podem levar o

trabalhador a sofrer, apesar disso, o prazer do trabalho, lhe proporciona uma melhor

qualidade de vida, correlacionado ao alcance de metas intrínsecas e sua realização

profissional. Quando essa vivência de prazer acontece, os sofrimentos não se

revelam um impedimento à produtividade.

No contexto social, o trabalho constitui uma ação humanizada sendo

influenciado por diversos aspectos, propiciando o alcance dos objetivos

organizacionais em busca de melhor qualidade no próprio trabalho, na satisfação e

realização do trabalhador, tendo como consequência uma maior produtividade e

competitividade das organizações.

Atualmente as empresas exigem cada vez mais profissionais competentes e

competitivos, mas nem sempre fornecem um suporte organizacional capaz de

promover saúde no trabalho. Estabelece-se, então, uma distância entre o que a

organização espera e prescreve e o que o trabalhador realiza. Tal divergência

implica um custo humano que envolve dimensões físicas, psíquicas e cognitivas

(BARROS; MENDES, 2003).

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Diante do exposto não se julga necessário, fazer com que os trabalhadores

convivam com o sofrimento. Deve existir uma relação entre o prazer e o trabalho,

uma vez que, as condições de trabalho representadas pelos aspectos físicos,

mecânicos, químicos e biológicos afetam diretamente o corpo do trabalho, da

mesma forma que as relações sociais do trabalho exigem destes empregados um

nível de funcionamento psíquico, fazendo com que estes usem de estratégias para

se defender do sofrimento.

Estudos sobre o prazer-sofrimento no trabalho vêm se consolidando desde

os anos 1980 na França. No Brasil, a produção nesta área é mais recente, sendo a

partir dos anos 1990 que vários estudos foram realizados, tendo como grande

expoente da psicodinâmica do trabalho, Dejours (1992). A partir de então, diversos

pesquisadores, como Mendes (1999), Mendes e Tamayo (2001), Ferreira e Mendes

(2001), Mendes e Morrone (2002), Ferreira e Mendes (2003), Mendes (2003),

Mendes; Costa; Barros (2003), Rocha (2003), entre outros vem investigando o

prazer e sofrimento no trabalho.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Com a modernização e o avanço tecnológico, as organizações vêm sofrendo

modificações bruscas em seu modelo de gestão organizacional, impondo um

crescimento contínuo na qualidade dos serviços, refletidos pelo incremento da

competitividade. Esta realidade vem sendo observada também no mercado de

alimentação, cuja necessidade de novos hábitos sociais, e mudanças no padrão de

consumo alimentar vêm levando as pessoas cada vez a fazerem refeições fora de

suas residências.

Com base nesses acontecimentos, houve um aumento significativo no

número de estabelecimentos de produção e comercialização de alimentos1. O setor

1 O site da Associação Brasileira de Empresas de Refeições Coletivas (ABERC), afirma que

o mercado de refeições coletivas - restaurantes corporativos que fornecem alimentação a

empresas como indústrias, hospitais e escolas - manteve o ritmo de crescimento desde

2012 ao movimentar R$ 15,1 bilhões, com incremento superior a 12%. Com a migração da

autogestão para restaurantes terceirizados nas cozinhas de empresas, o setor representou

nos últimos anos cerca de 7% do faturamento do food service (refeição fora do lar).

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de Alimentação Coletiva vem se tornando um mercado representativo na economia

mundial e o ritmo de vida moderno contribuiu significativamente para a conquista

deste espaço, considerando que o número de refeições realizadas fora de casa já é

bastante significativo em países da Europa Ocidental e Estados Unidos da América

(MATOS, 2000).

Alves (2005) destaca que as atividades do Setor de Alimentação Coletiva

têm evoluído consideravelmente e que atualmente apresenta grande crescimento e

uma competitividade expressiva. Este setor forma um conjunto bastante

heterogêneo de serviços, cuja finalidade comum é administrar a produção de

alimentos para consumo no próprio local, ou para serem transportados até os

usuários. Compondo este quadro estão os estabelecimentos onde a alimentação é

regularmente servida fora do lar (restaurantes comerciais de qualquer tipo, lojas de

fast-food, restaurantes de universidades, hospitais e outras unidades de atendimento

à saúde, restaurante militares, empresas de transporte coletivo, entre outros).

As Unidades Produtoras de refeições desempenham atividades relacionadas

à alimentação e nutrição (OLIVEIRA, 2004), sendo consideradas organizações

prestadoras de serviços, possuem bastante complexidade no seu conceito de

qualidade.

Segundo Fischer (2009), toda e qualquer organização depende, em maior ou

menor grau, do desempenho dos seres humanos para seu sucesso. Neste sentido,

as empresas, buscando melhor desempenho organizacional, impõem, muitas vezes,

um ritmo de trabalho desgastante, podendo levar os trabalhadores a situações de

estresse, que irá interferir de forma expressiva na saúde e na qualidade de vida das

pessoas.

Além disto, as empresas passaram a contar com um número reduzido de

trabalhadores, porém mais qualificados, multifuncionais e envolvidos com seu

ideário. Ao mesmo tempo, este quadro favoreceu a ampliação de um conjunto

flutuante de trabalhadores, com o aumento das horas extras e dos serviços

terceirizados (ANTUNES; ALVES, 2004).

Dentro da dinâmica das Unidades de Alimentação no mercado atual, Abreu

(2009) destaca que o mercado encontra-se cada vez mais competitivo, pois de um

lado, têm-se clientes mais exigentes e sofisticados, e de outro, concorrentes mais

agressivos e preparados e que a combinação desses fatores passou a conduzir a

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atual dinâmica organizacional voltada para o aperfeiçoamento contínuo dos produtos

e serviços.

A preocupação com a saúde e a qualidade de vida do operador de Unidade

de Alimentação e Nutrição (UAN) começou a surgir no setor de alimentação coletiva

a partir de uma maior conscientização da existência de relação de condições de

trabalho e saúde com desempenho e produtividade.

França (2007) refere que no ambiente de trabalho, saúde e qualidade de

vida associam-se à condição humana e o controle destas situações devem ser

encaradas como uma atitude ética.

Com tantas exigências no mercado de alimentação, o ambiente de trabalho

e a saúde do empregado não podem ser descuidados, uma vez que pesquisas

indicam que esses fatores podem interferir diretamente no seu desempenho físico e

mental, assim a organização não deve tratá-lo com menos importância.

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

O trabalho exaustivo presenciado nas Unidades Produtoras de Alimentação

e Nutrição, de uma maneira geral, põe os empregados frente à constante exigência

de alta produtividade em tempo limitado, porém, muitas vezes em condições

inadequadas de trabalho, com problemas de ambiente, equipamentos e processos.

Tais condições acabam levando a insatisfações, fadiga, queda de produtividade,

problemas de saúde e acidentes de trabalho.

Este panorama tende a ser agravado em Restaurantes, pois a expansão do

mercado levou a uma maior exigência na qualidade do serviço oferecido, porém as

condições de trabalho não vêm acompanhando esta expansão.

Pode-se assegurar que a insatisfação e a desmotivação no trabalho são

preocupações de estudiosos, por afetarem muitos trabalhadores, nos mais

diferentes níveis hierárquicos ou status que possuem na organização. Com isso,

destaca-se que frequentemente o trabalho pode ser uma fonte de sofrimento e não

trazer satisfações, alegrias e prazeres.

Este sofrimento no trabalho surge quando o trabalhador sente temor em não

satisfazer às exigências da organização do trabalho, como: de horário, de ritmo, de

formação, de informação, de aprendizagem, de nível de instrução e capacitação, de

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experiência e de rapidez de aquisição de conhecimentos teóricos e práticos. Em

suma, o sofrimento surge quando o trabalhador teme não se adaptar à cultura ou à

ideologia da empresa, às exigências do mercado e às relações com o cliente

(DEJOURS, 2006).

A forma como o trabalho é realizado permite a percepção da atividade como

significativa ou não, influenciando o sentido particular que ela assume para cada

sujeito. É a partir da construção desse sentido específico que surgem as vivências

de prazer-sofrimento (FERREIRA; MENDES, 2001).

O prazer-sofrimento inscreve-se numa relação subjetiva do trabalhador com

seu trabalho, que implica intersubjetividade no momento em que esse sujeito passa

a relacionar-se com outros, sendo os valores, como princípios que guiam a vida da

organização, um dos elementos responsáveis pela socialização das normas e

regras, que definem formas específicas do trabalhador vivenciar sua tarefa e

compartilhar suas relações sociais, afetivas e profissionais no contexto

organizacional.

Com base neste contexto, o presente estudo foi pautado nas relações

dinâmicas do prazer-sofrimento nos empregados das Unidades de Alimentação e

Nutrição, buscando desenvolver um entendimento sobre as estratégias de ação

usadas para mediar contradições da organização do trabalho, nas patologias sociais

e na saúde.

Diante do exposto, constitui problema central deste estudo a seguinte

questão: Qual a dinâmica do prazer-sofrimento dos trabalhadores em Unidades de

Alimentação e Nutrição?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Avaliar a dinâmica do prazer-sofrimento dos trabalhadores em Unidades de

Alimentação e Nutrição.

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1.3.2 Específicos

1. Caracterizar o perfil sociodemográfico dos pesquisados;

2. Identificar as condições e organização do trabalho das Unidades de

Alimentação e Nutrição;

3. Verificar o custo humano do trabalho nas Unidades pesquisadas;

4. Identificar no trabalho os indicadores que causam prazer e sofrimento;

5. Investigar os danos relacionados ao trabalho;

6. Verificar a dinâmica do prazer e sofrimento de diferentes Unidades de

Alimentação e Nutrição.

1.4 JUSTIFICATIVA

As Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) seguem as diretrizes

taylorista-fordista, estruturada com base em rotinas, roteiros, normas técnicas,

organogramas para a produção de refeições, além do ritmo e esforço de trabalhos

intensos, horários prolongados e sobrecarga de trabalho, pressão em função dos

horários, exigência de postura inadequada, movimentos repetitivos na execução das

tarefas, número insuficiente de trabalhadores em função do custo, normas e práticas

exigidas nem sempre bem explicitadas e falta de prescrição clara das pausas de

recuperação, influenciam tanto na produtividade como na saúde dos operadores.

Entender as características que definem a organização de um trabalho que

faz sentido para aqueles que o realizam torna-se fundamental, pois pode orientar as

decisões e intervenções dos responsáveis pelos processos de transformação e

melhoria organizacional da unidade de alimentação e nutrição dos restaurantes

pesquisados, podendo servir como referencial para as demais UANs.

No entanto, esta pesquisa vem a justificar, identificar e avaliar a importância

das condições de trabalho dentro de uma organização que levam ao sofrimento em

empregados, e a partir de então, propor estratégias que minimizem este quadro

como um diferencial de qualidade organizacional.

A presente pesquisa teve a finalidade de mostrar indicadores para as

Unidades de Alimentação pesquisadas, no que se refere aos processos

direcionados a gestão de pessoas, para que com isso, sejam otimizados

contribuindo no aumento da produtividade e estabelecendo um diferencial no

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mercado de Unidades de Alimentação e Nutrição em Natal/RN. Ressaltando ainda,

que este setor está cada vez mais competitivo, buscando a excelência na prestação

de serviço para manter-se no mercado.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Em tempos de competição globalizada, o trabalho tem sido estudado sob

vários aspectos e por diversas áreas do conhecimento, buscando de forma

incansável estratégias de sobrevivência no mercado. Desta forma, as organizações

vêm buscando gerir pessoas com o pensamento de transformar o trabalho de cada

dia em fonte de prazer para quem o realiza. Resultando uma sensação de ser útil

produtivo e reconhecido pela empresa e sociedade.

No entanto, a maior tarefa do gestor é estabelecer prazer ao trabalho,

transformando-o em fonte predominante de prazer e não de sofrimento, levando a

uma flexibilidade organizacional, cooperação e solidariedade nas relações

socioprofissionais.

2.1 TRABALHO

O trabalho é condição essencial na vida do ser humano. Estabelece a

construção das sociedades e dos homens, mostrando significados diferentes no

contexto histórico onde as relações funcionais se organizaram. Este é considerado

pelo indivíduo como realização e identidade, porque geralmente, quando produz,

sente-se estruturado como pessoa em decorrência de estar valorizado e

reconhecido pelo que faz. A identidade criada a partir do fazer traduz um homem em

ação buscando realizar-se, criando instrumentos de transformação do ambiente

enquanto se constrói enquanto pessoa. Nesse sentido, o homem deve ser possuidor

do seu trabalho e não ser possuído por ele, encontrando assim, no trabalho,

condições para a sua estruturação psíquica e para as vivências do prazer.

A categoria trabalho vem sendo estudada por várias áreas como: a Filosofia,

a Economia, a Sociologia, a Administração, o Direito e a Psicologia. Todas essas

áreas têm concepções diferentes de trabalho, com premissas e ideologias próprias,

especialmente em relação aos significados que o trabalho traduz para o indivíduo e

para a sociedade.

A origem da palavra trabalho vem do latim tripoliare, que significa

instrumento de tortura e punição, assumindo assim a ideia de sofrimento. Na medida

em que os homens se viram obrigados a trabalhar, observou-se a organização deste

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trabalho acompanhado de uma supressão do desejo pela necessidade real de

subsistir (SANTOS, 2008).

O conceito de trabalho mencionado anteriormente vem sofrendo diversas

alterações, de acordo com o crescimento demográfico, avanços tecnológicos e

industrialização do processo produtivo. A qualidade de vida e de trabalho sempre foi

alvo de reivindicações por parte dos trabalhadores, e a luta pela sobrevivência

representou a primeira expressão de preocupação com a saúde, traduzida pelo

ganho do não morrer no desempenho das penosas condições do trabalho.

Suas ideias são elaboradas a partir da análise da dinâmica relacionada a

determinados contextos de trabalho, caracterizada pela atuação de forças, visíveis e

invisíveis, objetivas e subjetivas, psíquicas, sociais, econômicas e políticas, que

podem ou não deteriorar esse contexto, transformando-o em lugar de saúde e/ou de

patologias e de adoecimento (MENDES, 2007).

De acordo com Marx (1956):

O homem se dignifica com o trabalho. Estes são reconhecidos em seu meio pelo que produzem, isto é, a partir do seu trabalho. Na vida em sociedade, o homem estabelece relações de troca com seus pares, permitindo o autoconhecimento, o crescimento pessoal e profissional. São nessas relações que o processo de aprendizagem se constitui e sua identidade é formada. Portanto, as condições materiais desse contexto determinam a atividade produtiva. Quando o homem sai desse processo produtivo, alguns conflitos são gerados, reduzindo-o à condição de objeto e, ainda, destituindo o caráter humano originado do trabalho (Marx, 1956, p. 298).

O trabalho é de grande importância para o sustento dos seres humanos,

sendo imposto pela sociedade e, principalmente, passando por constantes e

desenfreadas mudanças. É uma atividade à qual o ser humano dedica a maior parte

de sua vida e tem proporcionado, em paralelo, a construção de um grande número

de histórias de produção de sofrimento e de doenças ao longo da existência humana

(LIMA, 2004).

O trabalho pode ser definido de várias maneiras. Segundo Brief e Nord

(1990), o único elemento que reúne os múltiplos significados é: uma atividade que

tem um objetivo. Geralmente, essa noção designa um gasto de energia mediante um

conjunto de atividades coordenadas que visam produzir algo de útil (Fryer e Payne,

1984; Shepherdson, 1984). O trabalho pode ser agradável ou desagradável; ele

pode ser associado ou não a trocas de natureza econômica. Ele pode ser executado

ou não dentro de um emprego. De acordo com Fryer e Payne (1984), o trabalho

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seria uma atividade útil, determinada por um objetivo definido além do prazer gerado

por sua execução.

Ketchum e Trist (1992) acreditam que os problemas de desempenho

organizacional dependem da organização do trabalho e, mais precisamente, do grau

de correspondência entre as características das pessoas e as propriedades das

atividades desempenhadas.

A organização do trabalho compreenderia a divisão do trabalho ou de tarefas

(compreende o modo operatório prescrito para a execução das tarefas: o conteúdo

da tarefa) e a divisão dos homens (abrange a estrutura hierárquica, de comando,

controle e relação entre os membros das equipes de trabalho, as relações

socioprofissionais) (MEIRELES, 2006).

O trabalho do ponto de vista social, segundo Kanaane (2007), é um

elemento chave na formação da coletividade humana, e as mudanças tecnológicas

têm implicado nas condutas e reações dos grupos e dos indivíduos. Já do ponto de

vista psicológico, o trabalho é um fator que ativa os mecanismos psicológicos e

provoca diferentes graus de motivação e satisfação no trabalhador. É a forma como

ele percebe o ambiente organizacional como facilitador ou não dos seus objetivos e

necessidades.

O princípio que guia a organização do trabalho é o de modificar os

comportamentos de tal forma que, gradualmente, os trabalhadores sejam

conduzidos a desenvolver atitudes positivas com relação às funções executadas, à

empresa que os emprega e a eles próprios. É o comprometimento com o trabalho

que constitui o principal indicador de uma organização eficaz (MORIN, 2001).

Para Dal Rosso (2005), o aumento nos períodos de trabalho, nas suas

velocidades e ritmos, somados à gestão por resultados e exigências de polivalência,

versatilidade e flexibilidade por parte dos trabalhadores indicam os principais

mecanismos de intensificação do trabalho empregados hoje. Esta intensidade do

trabalho afeta mais que o esforço físico do trabalhador, pois envolve também as

capacidades da mente, como afetividade e saberes adquiridos ou transmitidos pelo

processo de socialização e resulta num desgaste e fadiga pessoal nos campos:

fisiológico, mental, emocional e relacional. A intensificação do trabalho, embora

associada ao aumento da produção, não está diretamente relacionada com o

aumento da produtividade, pois à medida que a intensidade refere-se ao lado

humano do trabalho (a carga e o esforço relativos aos aspectos físicos, emocionais

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e intelectuais) a produtividade está associada às mudanças nas condições técnicas

de trabalho.

Por isso, há concepções que enfocam ou definem o trabalho como meio de

subsistência, um dano necessário, construindo uma visão do trabalho como

obrigação, esforço (“sweating system” – sistema do suor) e até mesmo como

castigo. Nessa concepção, o trabalho é realizado para atender às necessidades

imediatas de consumo, ao aumento da produção e ao desenvolvimento social. Em

contrapartida, há concepções que têm o trabalho como meio para dignificar o

homem por sua capacidade de produção, como forma de se auto-realizar. Assim,

nessa outra vertente o trabalho passa a ser visto como possibilidade do homem

construir-se a si mesmo e marcar sua existência na edificação do mundo (MENDES,

1999).

Para Hackman e Oldham (1976), um trabalho tem sentido para uma pessoa

quando ela o acha importante, útil e legítimo. Segundo o modelo de Hackman e

Oldham, três características contribuem para dar sentido ao trabalho: A variedade

das tarefas: a capacidade de um trabalho requerer uma variedade de tarefas que

exijam uma variedade de competências; A identidade do trabalho: a capacidade de

um trabalho permitir a realização de algo do começo ao fim, com um resultado

tangível, identificável; O significado do trabalho: a capacidade de um trabalho ter um

impacto significativo sobre o bem-estar ou sobre o trabalho de outras pessoas, seja

na sua organização, seja no ambiente social.

No entanto, o trabalho nem sempre funciona como fonte de crescimento,

reconhecimento e independência profissional e, muitas vezes, ele gera insatisfação,

irritação, exaustão e adoecimento (DEJOURS, 1992). Dejours, Dessors; Desriaux

(1993) apontam que o trabalho pode gerar desgastes, mas que é também um fator

essencial para o equilíbrio e o desenvolvimento do ser humano, importando nesta

relação não tanto qual trabalho seja realizado, mas sim quais as condições para a

realização deste.

A autonomia, ou seja, a capacidade de um trabalho deixar uma boa margem

de liberdade, de independência e de discrição à pessoa para ela determinar as

maneiras de realizá-lo, traz consigo o sentimento de responsabilidade pela

realização das tarefas e pela obtenção dos objetivos fixados. Finalmente, o

feedback: a capacidade de realizar as tarefas resulta da informação que o indivíduo

obtém diretamente do seu desempenho, permitindo-lhe fazer os ajustes necessários

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para que alcance os objetivos de desempenho. A partir desse modelo, Hackman e

Oldham (1976) elaboraram cinco princípios de organização do trabalho, buscando

conferir uma ou várias características do emprego: a reunião de tarefas, a formação

da unidade natural de trabalho – o que deu lugar à formação de equipes de trabalho

(semi) autônomas – o estabelecimento de relações do tipo cliente–fornecedor, o

enriquecimento das tarefas e a colocação em prática de mecanismos de feedback

sobre o desempenho.

Pode-se considerar que o trabalho possui um forte potencial de motivação

sobre o trabalhador, a própria organização e mesmo as outras esferas da vida. O

que se traduz principalmente pelo trabalhador gostar do que faz e em transformá-lo

em fonte de satisfação e prazer (TOLEDO; GUERRA, 2009).

O trabalho sempre ocupou posição de destaque na vida das pessoas como

necessidade de realização profissional e pessoal, e como forma de sobrevivência.

No entanto, apesar de ser considerado um organizador da vida social, pode abrir

espaço para a dominação e a submissão do trabalhador ao capital, cabendo a

alguns o direito de pensar e projetar o que deve ser executado por outros,

geralmente menos qualificados e inseridos na base da pirâmide social.

Ao trabalhar, o homem constrói seus sonhos, aspirando, segundo Enriquez

(2002), um lugar onde o belo e o perfeito sejam possíveis. Para isso, paga preços

exorbitantes pelo que sonha e realiza. O autor acrescenta que esse homem

empreendedor e construtor é um singelo mortal, que apresenta medo e receios de

não ser reconhecido, angústia de se tornar ultrapassado e desnecessário em sua

busca de afirmação e validade profissional para o aplauso organizacional. As

organizações, que antes eram percebidas como sistemas de produção, passam a

levar em conta a vida psíquica e o imaginário do sujeito, propondo uma

representação, que o trabalhador deve interiorizar se quiser continuar membro da

organização.

A organização passou por etapas que mostram que já foi vista como um

prolongamento da personalidade do empreendedor, destacando-se etapas

principais, como, na visão taylorista, a que buscava a adaptação do homem à

máquina e à organização, com a divisão do trabalho, que permitia a execução das

tarefas por indivíduos competentes, que se comportavam como engrenagem de uma

máquina. No imaginário taylorista, a organização deveria funcionar sem

interrupções, e todos os indivíduos seriam peças do funcionamento (ENRIQUEZ,

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2002). Na concepção de Max Weber (1963), a organização passa a ser um local em

que as decisões são tomadas racionalmente e cada um conhece sua tarefa, assume

a sua responsabilidade e dedica-se ao seu trabalho como um funcionário assíduo.

Considera, ainda, que, para o funcionamento eficaz da organização, esta deve

atribuir os cargos a indivíduos competentes, que disponham de poderes limitados e

saibam separar o trabalho da vida privada. Propõe que o trabalhador, com sua

consciência profissional, veja o trabalho como paixão, significando que o sujeito

deve investir em seu trabalho, apropriando-se dele dando-lhe sentido e inscrevendo

seus desejos e projetos na organização, mesmo diante do trabalho fragmentado.

Numa perspectiva cooperativista, Enriquez (2002) explica que as

organizações percebiam os indivíduos como iguais e que estes, em adesão livre,

iriam investir na organização com a qual se identificassem. Na ótica tecnocrática,

destaca-se a classe elitista, que não exige por parte dos operadores uma

identificação profunda com os ideais que colocam, exigindo somente dos dirigentes

pertencentes ao alto escalão.

O trabalho, assim como outros aspectos que compõem a estrutura social e

organizacional, passou por um processo de reestruturação no que tange aos

conceitos essenciais, remodelando-se para acompanhar as mudanças rápidas e

tendências do mercado.

As transformações ocorridas no mundo do trabalho decorrem,

principalmente, dos processos de abertura econômica e de reestruturação produtiva,

trazendo novos parâmetros de atuação para um mercado cada vez mais competitivo

e exigente. Portanto, o trabalho é tão antigo quanto o próprio homem e sua vida

sobre a terra, mas a atual situação no mundo contemporâneo exige que se

descubram novos significados para o trabalho humano. O trabalho é, pois, um

elemento constitutivo do indivíduo, que lhe designa caráter, identificação e

individualização no contexto em que se insere, diferenciando as pessoas umas das

outras. É o elemento básico das relações sociais, denotado como um símbolo de

liberdade do homem para a transformação de sua natureza e da sociedade.

Contudo, observa-se ao final do século XVIII um período de grandes

transformações no mundo do trabalho, a partir do desenvolvimento de unidades

produtivas e o surgimento de entidades representantes dos direitos dos

trabalhadores, os chamados sindicatos. Esse novo contexto tem desencadeado

novas formas de organização do processo de trabalho e novas configurações para

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as relações de trabalho. Como efeito, pode-se observar a reestruturação de

organizações em conformidade com as exigências de produtividade, agilidade e

capacidade de inovação, bem como o caráter temporário dos empregos e a maior

mobilidade dos trabalhadores, compondo fatores capazes de modificar as relações

entre organizações, e entre empregadores e empregados, individual e

coletivamente. É exatamente a partir desta perspectiva que se torna necessário

contextualizar as crises nas relações de trabalho.

Para que se possam caracterizar as crises vivenciadas é necessário

entender que as relações de trabalho representam todo um conjunto de arranjos

institucionais e informais, os quais modelam e transformam o relacionamento entre o

capital e trabalho, dentro e fora das empresas. Assim, todas as transformações que

vêm ocorrendo no mercado de trabalho atual são influenciadas por todo um

complexo sistema de relações de trabalho de um país, que depende de fatores

políticos, econômicos e culturais presentes num determinado contexto social.

Contudo, parte-se do entendimento de que o tipo de relação de trabalho em que a

economia está inserida reflete-se de forma significativa, tanto nas transformações

por que vem passando o processo produtivo, quanto nesse momento atual de

globalização, como no mercado de trabalho. Os trabalhadores, ao viverem as

transformações em curso, interagem com elas de forma constitutiva e formativa, de

modo que no universo do mundo do trabalho verifica-se uma significativa

heterogeneização de atividades, uma subproletarização intensificada, presente na

expansão do trabalho parcial, precário, subcontratado e terceirizado (ANTUNES,

2001).

Ainda nessa linha, Hirata (1998) chama a atenção para outros aspectos de

peso como o aumento do trabalho precário, o declínio dos laços empregatícios, o

aumento do desemprego de longo prazo e a presença de empregos instáveis.

Compactuando com a premissa defendida pelo referido autor, outros pensadores

como Kallinikos (2003) enfatizam o problema da despadronização do trabalho, bem

como o surgimento de formas desterritorizadas e virtualizadas (como por exemplo, o

trabalho on-line, o tele trabalho, etc.) que em muito tem contribuído para este estágio

de mudança. Essas transformações trouxeram consigo uma nova configuração na

estrutura ocupacional e nas relações de trabalho. A reestruturação produtiva,

flexibilização, declínio dos sindicatos, diversificação das relações de trabalho,

incorporação maciça das mulheres na força de trabalho e a acirrada concorrência

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econômica global sinalizam alterações nos modos de realização do trabalho. Com

isso, alteraram-se as práticas de trabalho, o perfil das ocupações, o emprego e a

renda; alteraram-se as identidades políticas e ideológicas do trabalho, as imagens e

o próprio sentido do trabalho; alteraram-se as relações entre capital e trabalho em

cada organização, nas cadeias produtivas e na sociedade.

Essas mudanças nas relações de trabalho também têm apresentado um

constante movimento de individualização. Tal fragmentação pode ser observada,

inclusive, pelo crescimento de novos tipos de vínculos que os trabalhadores mantêm

com as empresas, tais como trabalhos temporários, parciais, terceirizados e outras

formas de remuneração.

Trabalhos por tempo limitado e trabalhos independentes de locação são

formas de trabalho, que combinadas com outros fatores culturais e sociais, servem

para reduzir o compromisso de empregadores com empregados e empregadores

com o governo. Nesse sentido, as transformações sofridas nas relações de trabalho,

bem como as crises e os movimentos, contribuíram de forma significativa para a

conformação de um novo contexto do mercado de trabalho, caracterizado pela

emergência de novos formatos de realização das atividades laborais, pela

informalidade da mão-de-obra, surgimento do trabalho temporário, flexibilizado e de

meio período e quebra do pleno emprego e dos contratos formais de trabalho. Se

por um lado esses processos de mudança correspondem a necessidades expressas

pelo ambiente, por outro constituem focos de tensões, instabilidade, desigualdades

econômicas e sociais, desencadeando princípios básicos da organização do

trabalho, com fortes exigências para se pensar formas alternativas.

Consequentemente, acabam por imprimir outro formato às próprias relações

de trabalho, que agora precisam ser adaptadas e/ou recriadas a cada novo cenário.

Com isso, novas formas de trabalho começam a vigorar na sociedade e modelos

contemporâneos de realização do trabalho tomam lugar na atualidade.

A subjetividade no trabalho é um dos poucos exemplos de estudos de caso

que foca a significância da subjetividade no ponto de produção. Ele mapeia uma

pesquisa em uma boate da moda para identificar as subjetividades implícitas nos

trabalhadores do local.

Ainda nesta concepção à subjetividade não implica necessariamente ao

abandono de tradições da teoria do processo de trabalho. Eles chamam a atenção

para duas respostas para a questão da subjetividade no processo de trabalho: uma

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ortodoxa e uma antirrealista. A primeira resposta é a ortodoxa, que trata a

subjetividade como medida da relação capital/trabalho, onde a subjetividade implica

em uma crença, enquanto que o trabalho é um processo individual. Outras análises

dizem que subjetividade está relacionada ao abandono das políticas de trabalho.

Desse modo são mais coerentes as contribuições da corrente ortodoxa e do pós-

estruturalismo para o entendimento da subjetividade no contexto das relações de

trabalho atuais.

O que comumente se observa é que o entrecruzamento entre o que

acontece no contexto social e na vida de cada pessoa é que produzem um conjunto

que pode ser denominado de processos de subjetivação. Entende-se subjetivação

como um efeito da interação entre o organismo humano e os discursos

organizacionais, informando que nessa relação, a subjetividade não é totalmente

determinada pelos discursos organizacionais, nem simplesmente um produto do

organismo humano. Focando a discussão da subjetividade no mundo do trabalho,

em especial, observa-se que a subjetividade do trabalhador tem sido relacionada

com formas de dominação e exploração por parte das organizações no que tange ao

processo de subjetivação.

Não obstante, há que se considerar que o sujeito, não necessariamente o é

agente passivo e condicionante nas relações de trabalho e capital, mas é sujeito de

suas escolhas e suas ações, sofrendo, pois, influências diversas tanto dos aspectos

cognitivos quanto sociais. Não é de hoje que estudos buscam compreender de que

forma a subjetividade do trabalhador é construída e influenciada pelo contexto

organizacional, portanto, essa também é uma lacuna nos estudos do tema, que

precisa ser mais aprofundada para que se chegue a uma compreensão mais

detalhada e concisa.

2.2 PRAZER-SOFRIMENTO

A luta pela perpetuação das vivências de prazer no trabalho se justifica no

fato de ser o trabalho um estruturante psíquico, levando, por isso, o trabalhador a

um movimento constante de busca de prazer e evitação ou transformação do

sofrimento para manter o seu equilíbrio psíquico.

O sofrimento no ambiente laboral pode ser intensificado sempre que a

empresa não permitir alteração na rotina do trabalho estabelecida, desconsiderando

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a habilidade prática e o diálogo com seu trabalhador. Quanto mais flexível for à

organização no modo de executar suas tarefas, em consonância com seus

executores, possivelmente melhor será sua produtividade e menor também será a

possibilidade de sofrimento de seus trabalhadores.

Assim, as vivências de prazer e de sofrimento encontram-se na mediação

entre realidade psíquica e a realidade sociocultural. O sofrimento é um mobilizador

para a busca de prazer, um sinal de que algo não está funcionando bem, tendo o

condão de possibilitar transformações e a busca de estruturação psíquica no

trabalho, trazendo consequências positivas para a organização.

Para compreender a relação do prazer com o trabalho, alguns

pesquisadores como Schutz (1974) definiu o prazer como o sentimento que provém

da realização do nosso potencial. E essa realização traz ao indivíduo o sentimento

de que pode defrontar-se com seu meio ambiente; o sentimento de autoconfiança,

de ser uma pessoa importante, competente e amigável, que tem capacidade de lidar

com as situações à medida que surgem que tem capacidade de usar plenamente

suas próprias capacidades e de ser livre para expressar seus sentimentos.

O comportamento humano não é um sistema estático. Ele influencia e é

influenciado pelo ambiente, podendo ser fonte de satisfação ou insatisfação, de

prazer ou de sofrimento. É importante perceber e compreender as relações entre o

comportamento humano e o ambiente de trabalho, pois este pode ser fonte de

informação de como o trabalhador aceita ou rejeita seu trabalho.

Com esse mesmo argumento, Dacquinino (1992) apresenta o prazer, no

sentido psíquico, como resultante do funcionamento equilibrado e coerente do ser

humano, nos seus inúmeros aspectos, quer dizer, aspectos corporais, mas,

sobretudo, os psíquicos. Para este mesmo autor, o prazer é a capacidade sempre

renovada de saber adaptar-se às situações mutáveis da existência, sem cair na

aflição.

Mendes e Morrone (2002) tratam o trabalho como possível fonte de prazer

para os seres humanos, razão pela qual ele ocupa tanto espaço na vida das

mesmas e faz com que não percam o desejo de produzir. Além disto, o trabalho traz

a possibilidade de realização e de identidade; ponderam ainda que dependendo das

condições nas quais o trabalho é realizado ele pode trazer sofrimento, em

decorrência do confronto entre a subjetividade do trabalhador e as restrições

socioculturais e ambientais, relações sociais e organização do trabalho. O trabalho

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pode ser, portanto, ao mesmo tempo, fonte de prazer e de sofrimento, criando uma

dinâmica de luta do trabalhador para busca constante de prazer e evitação do

sofrimento, cujo objetivo é manter seu equilíbrio psíquico. Este processo é

responsável pela saúde psíquica do indivíduo, na qual as diversas estratégias que

ele utiliza para lidar com situações geradoras de sofrimento e sua condição de

transformá-las em situações geradoras de prazer são os principais indicadores de

saúde.

É possível identificar que o trabalho pode trazer sofrimento e não

satisfações, alegrias, prazer. Assim, a maior fonte do prazer é a realização e

emprego de todos os recursos; o fracasso no uso deles leva, consequentemente, a

uma ausência de prazer. Prado (1998, p. 183) conceitua prazer da seguinte forma:

“... é aquela sensação que temos quando algo nos acontece, ou que fazemos

acontecer, que concorda com o nosso ser naquele momento”.

O prazer é consequência do pleno desenvolvimento do funcionamento

pessoal, ele surge quando o indivíduo realiza seu potencial para o sentimento, para

a liberdade, e para a expressão total de si mesmo, no intuito de poder realizar tudo

aquilo que ele é capaz, e para que ele possa também estabelecer relações

satisfatórias com os outros e com a sociedade. E por fim, pode-se destacar que o

sofrimento e prazer são provenientes da dinâmica interna das situações e da

organização do trabalho, são provenientes das relações subjetivas e de poder, e das

ações dos trabalhadores permitidas pela organização do trabalho (TOLEDO;

GUERRA, 2009).

As vivências de prazer-sofrimento formam um único constructo composto

por três fatores: valorização e reconhecimento, que definem o prazer; e desgaste

com o trabalho, que define o sofrimento. O prazer é vivenciado quando são

experimentados sentimentos de valorização e reconhecimento no trabalho. A

valorização é o sentimento de que o trabalho tem sentido e valor por si mesmo, é

importante e significativo para a organização e a sociedade. O reconhecimento é o

sentimento de ser aceito e admirado no trabalho e ter liberdade para expressar sua

individualidade. O sofrimento é vivenciado quando experimentado o desgaste em

relação ao trabalho, que significa a sensação de cansaço, desânimo e

descontentamento com o trabalho. Assim sendo, prazer-sofrimento são vivências de

sentimentos de valorização, reconhecimento e/ou desgaste no trabalho (MENDES,

2001).

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O comportamento humano não é um sistema estático. Ele influencia e é

influenciado pelo ambiente, podendo ser fonte de satisfação ou insatisfação, de

prazer ou de sofrimento. É importante perceber e compreender as relações entre o

comportamento humano e o ambiente de trabalho, pois este pode ser fonte de

informação de como o trabalhador aceita ou rejeita seu trabalho.

Dejours, Abdoucheli e Jayet (1994), afirmam que a organização do trabalho

compreende a divisão do trabalho e a divisão dos homens, impondo uma distância

entre o real e o prescrito na realização das atividades. O sofrimento é, dessa forma,

associado a esta discrepância e à rigidez da organização do trabalho. Portanto, o

sofrimento apresenta-se intrínseco ao trabalho, não sendo por si só patológico,

assumindo um papel de regulador e de sinal de alerta contra o adoecimento dos

trabalhadores.

Segundo os autores, o sofrimento gerado pela dificuldade do trabalhador em

negociar com a organização pode ser vivenciado de duas formas: por meio da

elaboração de estratégias de defesa (enfrentamento), que possibilitarão sua

minimização; ou por meio de sua ressignificação ou mobilização, quando o

trabalhador procura dar novo significado ao sofrimento, transformando-o em prazer.

O sofrimento no trabalho surge quando o trabalhador sente temor em não

satisfazer às exigências da organização do trabalho, como: de horário, de ritmo, de

formação, de informação, de aprendizagem, de nível de instrução e capacitação, de

experiência e de rapidez de aquisição de conhecimentos teóricos e práticos. Em

suma, o sofrimento surge quando o trabalhador teme não se adaptar à cultura ou à

ideologia da empresa, às exigências do mercado e às relações com o cliente

(DEJOURS, 2006).

Dejours, Abdoucheli e Jayet (1994) fazem a distinção entre o sofrimento

patogênico e o sofrimento criador. O primeiro encaminharia o indivíduo para

incidentes e acidentes no trabalho, para a fadiga psicossomática. Poderia ilustrar,

também, como consequência do sofrimento, os casos específicos de doenças

ocupacionais, como, por exemplo, o estresse no trabalho. Ainda, quando as normas

são extremamente rígidas e não há liberdade para que o indivíduo intervenha na

organização do trabalho, poderá causar uma alienação do desejo e o trabalho

passará a não ter mais sentido e valor.

Portanto, o prazer é vivenciado quando o trabalho favorece a valorização e o

reconhecimento, especialmente pela realização de uma tarefa significativa e

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A satisfação no trabalho fundamenta-se na importância que o trabalhador

atribui à meta que deseja alcançar e ao objetivo desejado. Ambos são impulsores

para o indivíduo agir, alcançando os resultados, que se traduzem em satisfação.

Essa satisfação no trabalho traduz a relação percebida entre o que o indivíduo quer

do seu trabalho e o que ele percebe que está obtendo.

O sofrimento acontece diante do conflito entre a organização do trabalho e o

funcionamento psíquico do trabalhador. Este conflito decorre de diversas situações

de trabalho, que podem, diante das atividades, tornarem-se geradoras de

sofrimento, a partir do momento em que apresentam aspectos que contemplam

sobrecarga de trabalho, cansaço, repetividade das tarefas, tédio e injustiças na

gestão de pessoal, dentre outros. Ferreira e Mendes (2001) explicam que o

sofrimento pode ser hipotetizado por meio de estratégias defensivas e criativas. As

estratégias defensivas pressupõem a negação do sofrimento e a ausência do prazer.

Como há situações em que o trabalhador revela prazer e sofrimento, é possível que

esses trabalhadores estejam utilizando mais estratégias criativas, visando

transformar a realidade que gera sofrimento, o que se reflete na negação de algum

tipo de sofrimento.

Os trabalhadores sofrem porque há uma incoerência entre conteúdo de

tarefas e aspirações e o grau das relações afetivas entre os colegas; uma

despersonalização em relação aos produtos; uma dissociação entre planejamento e

execução, ou seja, eles não têm oportunidade para pensar a prática de trabalho; há

muito individualismo, fragilizando e dissociando as relações entre os pares; pouca

participação nas tomadas de decisão; pouca cooperação e confiança demonstrando

que não existe um pensar e fazer coletivo. Como as tarefas são divididas entre a

área técnica e a área operacional, existe uma discrepância nas percepções com

relação ao processo simbólico de troca efetiva com a organização. Sabe-se que as

percepções de justiça são estabelecidas a partir de relações de troca. Sendo assim,

os trabalhadores seguem uma lógica de contribuição/retribuição e em contextos

como esses, os trabalhadores podem perceber suas organizações como injustas.

Considerando a complexidade nos conceitos de prazer e sofrimento, assim

como a relação do indivíduo com o trabalho, ou seja, compreendendo as

contradições das condições e organização do trabalho que se manifestam nas

vivências de prazer-sofrimento, torna-se imprescindível conhecer o ambiente que

provavelmente seja alvo desse constructo.

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O desafio é como administrar, levando em consideração a saúde do

trabalhador e os objetivos da organização. Não existe uma maneira universal de

administrar. Cada administração estará sempre atrelada a uma cultura e a uma

sociedade, detendo uma história particular. As práticas administrativas são sempre

cheias de valores e de significados de determinado grupo, mesmo com as

similaridades aparentes de outras, que podem ocorrer. A rotina laboral,

independente do modelo de administração, afeta a saúde do trabalhador na medida

em que contribui para a construção de sua identidade, da sua inclusão social, do

sentimento de realização, além de interferir na sua qualidade de vida. Daí a

importância em investigar como ocorre essa relação de prazer e sofrimento dentro

de uma organização terceirizada de limpeza e conservação.

Porém, eles sentem prazer quando percebe o processo global de trabalho,

quando podem participar da elaboração dos procedimentos técnicos e utilizar as

competências técnicas em suas tarefas, especialmente a criatividade. Dessa forma,

é possível beneficiar a identidade e o aumento da resistência ao risco constante de

desestabilização psíquica e somática que ela vivencia, transformando o sofrimento

em prazer.

2.3 UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

Segundo Abreu et al (2009) uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN)

pode ser definida como um serviço organizado que desenvolve uma sequência e

sucessão de atos destinados a fornecer refeições balanceadas dentro dos padrões

dietéticos e higiênicos, visando assim, atender às necessidades nutricionais de seus

clientes.

Os aspectos físicos constituem elementos importantes nos pré-requisitos

para a segurança dos alimentos, considerando serem fontes potenciais de

contaminação quando mal planejados e administrados. Nestes aspectos estão

envolvidos: o projeto arquitetônico, o “layout” que devem ser compatíveis com as

etapas desenvolvidas, o ambiente representado pelas áreas de trabalho que

garantem o preparo dos alimentos sem riscos de contaminação cruzada e ainda a

importância das instalações sanitárias corretamente projetadas, assegurando

condições higiênicas favoráveis ao trabalhador.

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37

O controle de qualidade dos pré-requisitos é condição indispensável para a

inocuidade dos alimentos e a segurança alimentar. Está relacionado com as técnicas

operacionais de controle que se realiza em todas as etapas da produção, visando

assegurar a qualidade do produto final. Entretanto a implantação destes controles

torna-se difícil quando implica em gastos adicionais sendo relegados pelos

dirigentes das empresas.

O objetivo de uma Unidade de Alimentação e Nutrição é o fornecimento de

uma refeição equilibrada nutricionalmente, apresentando bom nível de sanidade, e

que seja adequada ao comensal, denominação dada ao consumidor em alimentação

coletiva (PROENÇA, 2009).

A Produção de Refeições é um aspecto que exige cuidados especiais, uma

vez que está relacionada aos riscos de contaminação provocados por perigos

químicos, físicos e biológicos, durante a manipulação de alimentos. Ela envolve

todas as etapas do processo de produção, desde a aquisição e controle da matéria-

prima até a distribuição da refeição pronta, incluindo entre outros itens a escolha dos

fornecedores idôneos e confiáveis, controle de tempo e temperatura de cada

preparação, inclusive os procedimentos de limpeza e desinfecção de ambientes,

equipamentos e utensílios, transporte seguro dos alimentos quando a refeição

pronta é terceirizada.

Do mesmo modo, Ribeiro (2002) ressalta que as UANs são áreas de

produção de refeições, ou seja, estabelecimentos que trabalham como única

finalidade de comprar, receber e armazenar alimentos in natura ou semi-

processados e processá-los, para posterior distribuição de refeições a diferentes

tipos de clientelas, buscando alimentar de forma correta a população de forma

quantitativa e qualidade microbiológica e de nutrição, ofertando nutrientes essenciais

para a sobrevivência e manutenção do indivíduo.

Em resumo, a UAN é um conjunto de áreas com o objetivo de

operacionalizar o provimento nutricional de coletividades (ABREU, 2009) e dentro

destes estabelecimentos, todos os processos administrativos, operacionais e de

controle devem ocorrer, tal como uma unidade fabril ou indústria clássica (RIBEIRO,

2002).

Os recursos humanos nas UANs têm relação com o pessoal que manipula

alimentos, sejam trabalhadores de indústrias, restaurantes comerciais, e

ambulantes. Atualmente todos são denominados como manipuladores de alimentos

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ou colaboradores. Para efeito da inspeção sanitária de alimentos, qualquer pessoa

que direta ou indiretamente entra em contato com substâncias alimentícias é assim

denominada. Suas atividades em contato com matérias-primas, equipamentos e

utensílios, manipulação de alimentos crus e cozidos podem ser, muitas vezes,

responsáveis pela contaminação dos alimentos, sendo necessário manter as

condições de saúde (Carteira de saúde atualizada, exames médicos periódicos), a

higiene pessoal (roupas, cabelos, unhas, etc.) e os hábitos higiênicos como a

lavagem das mãos ao sair e ao retornar ao serviço, após a utilização do sanitário,

antes e depois das refeições. Para tanto é importante que todos os profissionais

envolvidos nos procedimentos da produção, administração e comercialização, sejam

capacitados e reciclados permanentemente.

Teixeira et al., (2004) menciona que a UAN pode ser considerado um

subsistema que é responsável por atividades fins ou meios. Como atividades fins,

citam os serviços ligados a hospitais e centros de recuperação, os quais

correspondem a um conjunto de bens e serviços destinados a prevenir, melhorar, ou

recuperar a população que atendem.

E, como órgãos meio mencionam os serviços ligados a indústrias,

instituições escolares e quaisquer outras que reúnam pessoas por um período de

tempo que justifique o fornecimento de refeições. Onde se desenvolvem atividades

que procuram reduzir índices (absenteísmo, acidentes, evasão, etc), colaborando

assim, para que sejam realizadas, da melhor forma possível, as atividades fins da

entidade (PROENÇA, 2009).

As UANs se caracterizam por alimentar as pessoas fora de seu domicílio, e

atuam em diversos locais do país: no trabalho, na escola, nos hospitais, em serviços

de bordo, em restaurantes comerciais e em refeitórios das forças armadas (ALVES,

2005).

Observa-se que a preocupação com a produção de alimentos seguros na

indústria é maior que no comércio, visto que a atuação do responsável técnico se faz

mais presente, porém sendo necessária maior capacitação e atualização destes

profissionais na área de controle de qualidade e segurança alimentar. Este

profissional deve ter habilidade, competência e conhecimento quanto às práticas e

aos procedimentos relacionados à segurança alimentar em todas as etapas do

processo de produção de alimentos. Estas podem estar estabelecidas em

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complexos industriais, empresas e escolas sob diversas formas de gerenciamento:

autogestão, e concessão (ABREU, 2009).

Da mesma forma, Alves (2005) e Proença (2009) segmentam o setor de

alimentação coletiva, como os serviços que têm a função de alimentar as pessoas

fora de seu domicílio, podendo ser institucionais, comerciais, hotéis, comissárias ou

catering e cozinhas dos estabelecimentos assistenciais de saúde (ABREU, 2009).

Este setor pode ser dividido em alimentação comercial e alimentação

coletiva, sendo que os estabelecimentos que trabalham com produção e distribuição

de alimentação para coletividades, é que atualmente recebem o nome de Unidade

de Alimentação e Nutrição (PROENÇA, 2009).

De acordo com a mesma autora, nos Estados Unidos utiliza-se para

alimentação produzida e consumida fora de casa o termo “Food Service”, e na

Europa, nos países de língua inglesa, esses serviços chamam-se “Catering” que

significa o fornecimento de todos os alimentos necessários.

Já nos países em que se fala francês, denominam-se “Restauration”,

oferecidos em “Restaurations Comerciales”, onde não há restrição de público, ou em

“Restaurations Collective”, em que o atendimento é direcionado a uma clientela

definida, comunidade de direito ou de fato, com o restaurante geralmente no seio da

mesma. Situam-se no setor do trabalho, do ensino, da saúde e do social

(PROENÇA, 2009).

Entretanto, no Brasil, a designação acompanha a do idioma francês com os

termos alimentação comercial e alimentação coletiva (PROENÇA, 2009).

Ainda considerando as diversas definições, em seus desdobramentos, Alves

(2005) menciona que as UANs também são conhecidas como restaurantes

industriais, podendo ser consideradas como fábricas que produzem refeições em

grandes quantidades, mas que pelas características do produto oferecido, tem

alterações diárias em seu processo produtivo (ALVES, 2005).

Em relação aos restaurantes comerciais, Lobo (2009) menciona que o

primeiro restaurante público aberto em Paris, em 1765, iniciou a prestação de

serviços, que ampliou na capital francesa até 1795, e daí saiu pelo mundo afora. E

com o decorrer do tempo, o restaurante passou a atuar e a comportar-se como uma

empresa comum competindo com as mesmas técnicas de produtos ou serviços

produzidos em série.

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40

Naturalmente, a palavra “restaurante” sintetiza as expressões mais diversas

que definem os serviços de alimentos e bebidas, tais como o restaurante

propriamente dito, salão de chá, confeitaria, bistrô, fast-food, bares, tabernas,

buffets, boates, refeitórios institucionais e outros serviços de bordo em trens, aviões

e navios. Os princípios gerais servem como orientação para todos os tipos de

empresas (LOBO, 2009).

Alves (2005) destaca que as atividades do Setor de Alimentação Coletiva

têm evoluído consideravelmente e que atualmente apresenta grande crescimento e

uma competitividade expressiva. É importante destacar que, assim como os demais

setores da economia, ele vem se transformando a fim de evoluir, atender novas

exigências de seus clientes e garantir maior espaço no mercado.

Para Abreu (2009) nas duas últimas décadas, o mundo dos negócios foi

palco de mudanças radicais. Palavras como qualidade, produtividade, custos e

competitividade não só se incorporaram ao léxico gerencial como se transformaram

fator-chave de sobrevivência empresarial.

De um lado, clientes mais exigentes e sofisticados. Do outro, concorrentes

mais agressivos e preparados. Combinados, esse binômio passou a conduzir a atual

dinâmica organizacional voltada para o aperfeiçoamento contínuo dos produtos e

serviços, um imperativo que qualquer empresa que almeje perpetuar-se não pode

subestimar (ABREU, 2009).

As Unidades de Alimentação e Nutrição, de acordo com Teixeira (2004), são

órgãos de estrutura administrativa simples, porém de funcionamento complexo, visto

que, em geral, neles são desenvolvidas atividades que se enquadram nas funções

técnicas, administrativas, comerciais, financeira, contábil e de segurança, funções

estas imprescindíveis a qualquer empresa, independente de seu tamanho ou

personalidade jurídica.

Assim, a gestão do restaurante deve ser conduzida com objetivos bem

definidos, pois surgem muitos imprevistos e detalhes que interferem na sua

configuração. A definição clara do que se pretende segurança quanto à forma de

conduzir os processos e objetividade são pontos que precisam apresentar respostas

claras e consolidação para todas as fases do trabalho (LOBO, 2009).

Tais estabelecimentos apresentam características complexas de produção,

durante turnos contínuos necessitando de mão-de-obra especializada e matéria

prima de excelente qualidade, além de uma estrutura física que permita a

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conservação dos alimentos e execução das atividades em ambientes sadios.

2.4 TRABALHO, PRAZER E SOFRIMENTO EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO

Na área de pesquisa sobre as Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN)

revelam as condições complexas de organização e condições de trabalho,

envolvendo: ritmos intensos, horários prolongados, altos índices de rotatividade e de

absenteísmo, elevados índices de ruídos, temperaturas elevadas, pouca iluminação

e espaço físico mal dimensionado (COLARES E FREITAS, 2007).

O que acorre é que, apesar do desenvolvimento tecnológico no que diz

respeito à matéria prima, equipamentos e métodos de trabalho, o processo produtivo

em UAN adota até hoje o modelo taylorista/fordista, visto que as plantas físicas das

cozinhas são projetadas segundo o princípio da ‘marcha avante’, que simula o

movimento de uma esteira (LANZILLOTTI, 1996).

Abreu (2009) relata que nas duas últimas décadas, o mundo dos negócios

foi palco de mudanças radicais. Palavras como qualidade, produtividade, custos e

competitividade não só se incorporaram ao léxico gerencial como se transformaram

fator-chave de sobrevivência empresarial.

A variedade de tarefas, a concomitância de atividades, o imediatismo de

processos e de produtos, a larga lista de insumos utilizados em cada atividade,

aliado à heterogeneidade de hábitos, a falta de comprometimento, conhecimento,

treinamento e adequação de colaboradores, acaba tornando o dia-a-dia das UANs

um complexo contexto de estudo e gerenciamento (RIBEIRO, 2002).

Deste modo, para que suas atividades possam ser adequadamente

desempenhadas, as UANs precisam planejar, programar e controlar tanto suas

atividades principais como secundárias (ALVES, 2005).

A preocupação sobre as condições de trabalho na saúde dos trabalhadores

é abordada por diferentes modelos, conceitos e práticas. Já que é no trabalho que

passamos a maior parte de nossa vida, os reflexos das condições de trabalho irão

refletir sobre o nosso bem estar mesmo fora da jornada de trabalho (COLARES,

2005).

Neste sentido, a preocupação com a saúde do operador de UAN começa a

surgir no setor de alimentação coletiva, na medida da conscientização de que

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condições de trabalho e saúde estão diretamente relacionados com desempenho e

produtividade (MATOS, 2000).

Justifica-se, em função disso, a preocupação cada vez maior de se implantar

um sistema administrativo conveniente mais profissional, buscando a padronização

e controle de qualidade em bons níveis (LOBO, 2009).

Assim, a gestão do restaurante deve ser conduzida com objetivos bem

definidos, pois surgem muitos imprevistos e detalhes que interferem na sua

configuração. A definição clara do que se pretende segurança quanto à forma de

conduzir os processos e objetividade são pontos que precisam apresentar respostas

claras e consolidação para todas as fases do trabalho (LOBO, 2009).

Nesse sentido, destaca-se a afirmação de Dal Ben et al (2004, p.73) de que

“o trabalhar é um ato imprescindível para as pessoas, mesmo que parcelado e

especializado, pois se refere à sobrevivência e condicionamento social do indivíduo”.

Assim, observa-se, ainda segundo esta mesma autora, que a atividade profissional,

não é só um modo de ganhar a vida, de sobrevivência, é, também uma forma de

inserção social, inserção esta onde aspectos psíquicos e físicos estão fortemente

implicados. Por um lado, pode-se salientar que o trabalho pode ser um fator de

deterioração, de envelhecimento e de doenças graves. Porém, por outro lado, ele

pode também constituir-se, em um fator de equilíbrio e de desenvolvimento. Nesse

contexto, há que se destacar que usualmente o trabalho pode ser uma fonte de

sofrimento e não trazer satisfações, alegrias, prazer.

A configuração da situação de trabalho como prazerosa ou não está

relacionada ao modo como o trabalhador lida com tal situação. As variáveis ‘prazer’

e ‘sofrimento’ são resultantes da relação do indivíduo com a organização, consigo

mesmo, com outros indivíduos e com o meio no qual está inserido. Pode-se dizer,

ainda, que cada relação é determinada pela história passada dos sujeitos e pela

tensão dialética entre os sentimentos de prazer e sofrimento nas situações de

trabalho. Assim, o que para uns pode ser sentido como prazeroso não o será

necessariamente para outros (TORRES; ABRAHÃO, 2006).

Dejours (1999), grande pesquisador do assunto prazer e sofrimento no

trabalho, afirma que a saúde psíquica deriva de uma interação harmoniosa entre o

indivíduo, o trabalho e a organização. Deriva também da capacidade para resistir e

do risco de adoecer, e essa capacidade depende da qualidade das relações

socioprofissionais.

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Desse modo, a organização de trabalho é a principal fonte de

desestabilização da saúde mental dos trabalhadores (DEJOURS, 1988). A saúde

psíquica decorre da dinâmica da busca de prazer e evitação do sofrimento. Por outro

lado, o sofrimento não é patológico, mas é um sinal de alerta para evitar o

adoecimento.

A organização de trabalho está atrelada a diversos fatores, como por

exemplo, à repetitividade, à monotonia, à incapacidade de uma visão do todo do

processo de trabalho, à adoção de técnicas disciplinares, ao controle do tempo de

execução e dos movimentos físicos dos trabalhadores, à transferência da dimensão

intelectual do trabalho para esferas gerenciais e às estruturas hierarquizadas. Enfim,

todas essas características fazem parte dos pressupostos do Taylorismo, que

conduzem a um sistema de trabalho nefasto, em que o trabalhador termina por

ignorar o sentido do seu trabalho e o destino da sua tarefa (PEREIRA, 2003 e

RESENDE, 2003).

O trabalho repetitivo entra em conflito com o funcionamento psíquico

espontâneo do trabalhador, levando-o à monotonia e ao tédio. Neste tipo de

atividade, o pensamento e a criatividade do trabalhador não interessam e até

tornam-se prejudiciais uma vez que podem causar a desconcentração e a redução

da produtividade. Para enfrentar esta situação os trabalhadores aceleram a

execução dos movimentos, estabelecendo a autoaceleração e a paralisia do

pensamento. Assim, o trabalhador não percebe mais seu sofrimento (DEJOURS,

2004).

Dessa forma, a realidade dos contextos nos quais o trabalho é produzido

necessita de transformações em termos de organização, condições e relações

sociais que, sem a gestão dessas dimensões do trabalho, torna-se muito difícil o

espaço público de fala e cooperação. Sendo assim, a construção dessas

oportunidades transforma-se em um desafio. É importante que ações sejam

desenvolvidas, de modo a impedir o adoecimento dos trabalhadores em decorrência

da impossibilidade de o trabalho assumir um sentido de prazer (COLARES, 2005).

Esta problemática é evidenciada em Unidades de Alimentação e Nutrição

(UAN) em que milhares de refeições servidas diariamente nos restaurantes

industriais, restaurantes comerciais, lanchonetes, pizzarias, empresas aéreas,

creches, universidades e hospitais. E isso implica todos os processos,

equipamentos, condições ambientais e organizacionais, tempo e recursos humanos

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envolvidos em cada preparação, tornando um trabalho intensivo, de uma maneira

geral, pois põe os funcionários frente à constante exigência de alta produtividade em

tempo limitado, porém, tais condições acabam levando a insatisfações, fadiga,

queda de produtividade, problemas de saúde e acidentes de trabalho.

2.5 ESTUDOS E PESQUISAS REALIZADOS SOBRE O TEMA

A presente pesquisa teve como cenário, unidades de alimentação coletiva

em Natal/RN, no entanto, embora o constructo prazer-sofrimento tenha uma vasta

abordagem na literatura, estudos sobre trabalho, prazer e sofrimento em unidades

de alimentação são inexpressivos.

Contudo, entender essa abordagem, mesmo em outros terrenos, faz-se

necessário para melhor compreensão dos possíveis resultados, com isso torna-se

imprescindível abordar algumas pesquisas realizadas sobre o tema.

Pesquisa realizada também no setor bancário, no Distrito Federal, por

Mendes, Costa e Barros (2003), concluiu que havia o predomínio de estratégias

defensivas do tipo racionalização para enfrentar o sofrimento em detrimento das

estratégias de mobilização, indicando, ainda, que alguns trabalhadores adoeciam

por não conseguirem enfrentar o sofrimento na forma individual nem na forma

coletiva.

Já em um estudo realizado por Maluf (2003) para identificar o grau de

satisfação dos empregados de uma UAN hospitalar de Brasília foi visto que os

indicadores de prazer são obtidos por meio do fator gratificação e do fator liberdade

no trabalho. Os fatores indicadores de sofrimento são obtidos a partir do fator

desgaste e do fator insegurança. Os resultados obtidos a partir da escala de

avaliação de prazer-sofrimento indicaram predomínio dos indicadores de prazer,

sugerindo que a amostra apresentou elevado grau de satisfação no trabalho. Os

operadores sentem-se realizados e considera o respeito adquirido o item mais

importante de seu trabalho, seguido do item salário.

Estudo realizado por Barros e Mendes (2003) com operários da construção

civil, revelou que o sofrimento era proveniente do desgaste físico e mental e falta de

reconhecimento, sendo enfrentado através de estratégias de mediação defensivas

de negação e controle. Ao mesmo tempo em que a autoaceleração como estratégia

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defensiva individual é necessária para a saúde mental, por reduzir o sofrimento, ela

poderá ser utilizada pela organização do trabalho como forma de aumentar a carga

de trabalho sem, contudo, alterar as condições precárias laborais.

O convívio por parte do trabalhador com situações precárias de trabalho

como se fossem normais, pode levá-lo ao desenvolvimento de doenças sociais,

entre elas os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT)

(DEJOURS, 2006).

Mendes e Silva (2006) em uma pesquisa realizada com líderes religiosos de

organizações do Distrito Federal observaram que o sofrimento estava vinculado aos

desgastes físico e emocional, ao sentimento de desvalorização e à angústia, sendo

adotadas para seu enfrentamento, estratégias de defesa do tipo individual.

Rossi (2007), em estudo feito com bancários da cidade de Goiânia-GO,

verificou que as vivências de sofrimento foram decorrentes da rigidez da

organização do trabalho, que oferecia pouca margem de liberdade para as

adequações da tarefa repetitiva, monótona e com trabalho fracassaram, tendo como

uma das causas à cronicidade da dor o que evidencia a perda das estratégias

defensivas.

Silva (2008) investigou as percepções dos trabalhadores de Unidades de

Alimentação e Nutrição (UAN) em relação ao trabalho que executam, tendo como

suporte teórico os princípios da Psicodinâmica do Trabalho, e os métodos

quantitativos revelaram que as vivências de sofrimento estão relacionadas ao

esgotamento profissional. Os constructos avaliados por este fator indicam que o

ambiente de trabalho pode ser gerador de: estresse, insatisfação, sobrecarga,

frustração, insegurança, medo. A mesma vivência de sofrimento foi encontrada na

avaliação qualitativa, confirmando, através da verbalização dos empregados, a

precariedade da organização e das condições de trabalho, mas não constatando

insatisfação dos mesmos em relação à chefia e aos colegas. Tal fato também foi

confirmado nas avaliações da Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no

Trabalho (EIPST). Isso mostra que as relações sociais de trabalho são fontes de

satisfação e contribuem para reduzir o sofrimento, não sendo suficientes, por outro

lado, para proporcionar prazer direto, por não possuírem caráter transformador dos

aspectos nocivos do contexto da produção, Bertin et al (2009), analisou as

percepções acerca da atividade profissional de um grupo de manipuladoras de

alimentos de um hospital público na cidade de São Paulo, verificou que o trabalho é

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visto pelas manipuladoras sob os seguintes aspectos: Importante para a

sobrevivência; Implica em rotina exaustiva; Implica em grande responsabilidade;

Local de apoio e relacionamento; Manipuladores de alimentos não têm o status que

julgam merecer.

Esta mesma autora conclui em seu estudo que as contradições vividas na

organização do trabalho e as vivências de sofrimento evidenciaram a utilização de

estratégias de defesa do tipo racionalização (utilização de brincadeiras, auto

aceleração) e negação (negação de presença de doenças relacionadas ao trabalho),

confirmadas pela verbalização dos trabalhadores pesquisados.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo adotou método quantitativo de pesquisa. Os métodos

quantitativos foram adotados na ocasião da aplicação e avaliação dos questionários,

que tiveram o propósito de analisar os indicadores de prazer e sofrimento em

Unidades de Alimentação e Nutrição.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa descritiva e de natureza quantitativa que

caracteriza com exatidão os fatos e fenômenos de determinada realidade.

Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa descritiva, na medida em que

expõe características de determinada população ou fenômeno, podendo ainda

estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. (VERGARA, 2006).

Quanto aos meios, a estratégia de pesquisa adotada foi o estudo de caso.

De acordo com Vergara (2006, p. 47), esse tipo de estratégia “é circunscrito a uma

ou poucas unidades, entendidas essas como pessoas, família, produto, empresa,

órgão público, comunidade ou mesmo país”.

O termo “estudo de caso” pode ser utilizado para descrever uma unidade de

análise, como, por exemplo, o estudo de uma organização em particular, ou para

descrever um método de pesquisa. Para Yin (2001), um estudo de caso é uma

pesquisa empírica, que “investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu

contexto natural, especialmente quando as fronteiras entre o fenômeno e seu

contexto não estão suficientemente claras” (YIN, 2001).

Para Godoy (1995), “[...] o estudo de caso se caracteriza como um tipo de

pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente. Visa o exame

detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou de uma situação em particular”

(p. 25). Em geral, este método é definido como aquele que se faz de um fenômeno,

em profundidade, sobre um ou alguns casos. Assim, uma das características do

estudo de caso é o fato de este não ter uma preocupação com a representatividade

estatística, mas sim com a profundidade da análise.

Em defesa dos estudos de caso, afirma-se que estes podem dar conta da

complexidade da realidade, assim como das inter-relações com o contexto, coisas

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que, em geral, outros delineamentos não possibilitam. Esta é, basicamente, a razão

pela qual se optou pelo estudo de caso nesta pesquisa.

Uma característica importante do estudo de caso diz respeito ao fato de que,

neste método, se lida com variadas fontes de evidências. Yin (1994) enuncia cinco

fontes básicas de evidências dos estudos de caso, quais sejam: documentações,

registros de arquivos, observação direta, observação participante e artefatos físicos

(estes seriam evidências físicas, como uma ferramenta, uma obra de arte, etc.).

Benbasat et al (1987) salientam que um estudo de caso utiliza diferentes fontes de

evidência, tais como indivíduos, grupos, organizações, e fontes diversificadas de

coleta de dados, como entrevistas e dados secundários. Esta utilização de múltiplas

fontes de dados permite a ‘triangulação dos dados’, ou seja, o cruzamento de

informações, a partir de diferentes fontes de evidências. No estudo de caso, o

pesquisador propõe-se a investigar um fenômeno contemporâneo, em seu contexto

real, no qual os limites entre fenômeno e contexto não são claramente percebidos

(YIN, 2001).

A natureza quantitativa do estudo será utilizada face ao objeto, que

necessita de um grande número de informações e permite que se realizem

projeções para a população representada. Elas testam, de forma precisa, as

hipóteses levantadas para a pesquisa e fornecem índices que podem ser

comparados com outros (SILVA, 2004).

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA

A área de estudo da pesquisa corresponde a três Unidades de Alimentação

e Nutrição. Os participantes da pesquisa foram os empregados vinculados as

Unidades de Alimentação e Nutrição que representam um total de 66 (sessenta e

seis) pessoas, definindo assim esta pesquisa como sendo censitária.

No Quadro 01, pode-se observar o número de trabalhadores por Unidades

de Alimentação.

Quadro 01 – Cargos e quantitativo de trabalhadores pesquisados

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49

CARGO UAN I UAN II UAN III

UNIVERSO UNIVERSO UNIVERSO

ATENDENTE 15 05 05

COZINHEIROS 10 04 05

SUPERVISOR 02 02 02

GERENTE DE OPERAÇÕES 01 01 01

CHEFE DE QUALIDADE 01 01 01

ESTOQUISTA 03 01 01

SERVIÇOS GERAIS 03 01 01

TOTAL 35 15 16

NÚMERO DE ENTREVISTADOS 66 (SESSENTA E SEIS)

Fonte: Dados da pesquisa 2014

Os locais supracitados se definem como Unidades de Alimentação e

Nutrição, quando se refere aos empregados. As estruturas físicas das UANs estam

divididas nos seguintes setores: área de recebimento, almoxarifado, área de pré

preparo com câmaras de congelados, frios e hortifruti, sala de controle, padaria com

câmara para sobremesas, banheiros feminino com vestiário, banheiros masculino

também com vestiário, refeitório, sala de Recursos Humanos, copa de lavagem,

cozinha, copa e salão de distribuição. Apresenta um serviço de autogestão, pois a

própria empresa encarrega-se de providenciar instalações e equipamentos, contratar

e treinar equipe especializada, adquirir matéria prima e gerenciar todo o processo

produtivo das refeições, sendo assim não apresenta nenhum tipo de contrato.

3.3 PLANO DE COLETA DE DADOS

Os dados podem ser classificados como sendo de natureza primária,

referindo-se àqueles coletados pelo pesquisador, por meio de entrevistas ou

observação do funcionamento dos sistemas produtivos considerados. (MARTINS,

2006).

No presente estudo, a coleta de dados foi realizada por meio de

questionários, constando de perguntas que avaliaram o perfil sociodemográfico dos

respondentes e questões relacionadas ao trabalho e riscos de adoecimento dos

empregados dos restaurantes.

Para iniciar a pesquisa, foi feito contato com o responsável técnico da

unidade de alimentação, cujo convite para empresa participar do estudo foi

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50

realizado, sendo apresentados os objetivos do trabalho, os procedimentos a ser

utilizados e afirmando a garantia de total anonimato na análise e publicação dos

resultados.

O questionário constitui-se de uma lista ordenada de perguntas que são

encaminhadas para potenciais informantes, selecionados previamente. (MARTINS,

2006)

Logo, a empresa informou aos empregados sobre o trabalho proposto, e de

acordo com a disponibilidade dos mesmos, a pesquisadora conversou

individualmente com os trabalhadores, explicando os objetivos do estudo e

solicitando colaboração do estudo. Foi entregue a Carta de Participação (APÊNDICE

B), garantindo anonimato e informando que suas respostas não produziriam nenhum

prejuízo pessoal ou para seu emprego. Apesar dos questionários serem

autoaplicáveis os mesmos foram lidos, esclarecendo imediatamente possíveis

dúvidas.

3.3.1 Instrumento de Pesquisa

O instrumento aplicado foi um questionário, constando de perguntas,

incluindo questões sociodemográficas (ANEXO A).

Logo em seguida, foram aplicados quatro questionários, denominados

Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), com questões que

avaliavam a frequência de ocorrência de itens que permitia a realização de um

diagnóstico dos riscos à saúde no trabalho (ANEXOS B,C,D,E).

O Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA) foi

primeiramente criado e validado por Ferreira e Mendes (2003), adaptado e

revalidado por Mendes et al.(2005) e submetido novamente à validação por Mendes

et al. (2006), estabelecendo-se a última versão.

Com o objetivo de mensurar distintas e interdependentes modalidades de

representações dos pesquisados, relativas ao mundo do trabalho, o Inventário sobre

o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA) está estruturado em quatro categorias:

1. A segunda parte trata da Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho

(EACT), que consta de 31 (trinta e uma) questões, abordando as representações

relativas à organização, as relações socioprofissionais e as condições de trabalho;

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51

2. A terceira parte trata da Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT),

que consta de 32 (trinta e duas) questões, abordando as representações relativas ao

custo físico, cognitivo e afetivo do trabalho;

3. A quarta parte trata da Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento

no Trabalho (EIPST), que consta de 32 (trinta e duas) questões, abordando as

representações relativas às vivências de prazer e de sofrimento no trabalho.

4. A quinta parte trata da Escala de Avaliação dos Danos Relacionados

ao Trabalho (EADRT), que consta de 29 (vinte e nove) questões, abordando as

representações relativas às consequências em termos de danos físicos e

psicossociais.

O Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA) é baseado

na escala de frequência tipo Likert. Segundo Martins (2006), esta escala consiste em

um conjunto de itens apresentados em forma de afirmações, solicitando-se ao

sujeito que faça sua escolha marcando um dos cinco ou sete pontos de uma escala.

Cada ponto é associado a um valor numérico. Assim, o sujeito obtém uma

pontuação para cada item. O somatório desses valores (pontos) indicará sua atitude

favorável ou desfavorável em relação ao objeto ou representação simbólica que está

sendo medida.

No presente estudo, foram utilizadas escalas de frequência tipo Likert que

variam de 5 a 6 pontos.

As escalas, Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT) e Escala

de Custo Humano no Trabalho (ECHT) são escalas de itens negativos de 5 pontos

em que 1 = Nunca, 2 = Raramente, 3 = Às vezes, 4 = Frequentemente, 5 = Sempre.

Os itens de cada escala são agrupados em fatores, sendo que cada fator é obtido

por meio da média das respostas dos itens que o compõem. Os resultados de cada

fator serão classificados de acordo com os seguintes critérios: acima de 3,7 =

avaliação mais negativa, grave; entre 2,3 e 3,69 = avaliação mais moderada, crítico;

e abaixo de 2,29 = avaliação mais positiva, satisfatório.

O Quadro 02 apresenta uma síntese dos itens avaliados pela EACT,

segundo as dimensões, informando ainda os valores do Alpha de Cronbach

encontrados por Mendes, (2007).

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52

Quadro 02 – Escala de avaliação do contexto de trabalho (EACT). Itens e dados da validação por Mendes, 2007.

Dimensões da EACT

Quant. de Itens

Itens avaliados Alpha de Cronbach

Organização do trabalho

11

- o ritmo de trabalho é excessivo; - as tarefas dão cumpridas sob pressão de prazos; - existe forte cobrança por resultados; - as normas para execução das tarefas são rígidas; - exige fiscalização do desempenho; - o número de pessoas é insuficiente para realizar as tarefas; - os resultados esperados estão fora da realidade; - existe divisão entre quem planeja e quem executa; - as tarefas são repetitivas; - falta tempo para realizar pausas de descanso no trabalho; - as tarefas executadas sofrem descontinuidade.

0,72

Relações sócio-

profissionais 10

- as tarefas são estão claramente definidas; - a autonomia é inexistente; - a distribuição das tarefas é injusta; - os funcionários são excluídos das decisões; - existem dificuldades na comunicação entre chefia e subordinados; - existem disputas profissionais no local de trabalho; - falta integração no ambiente de trabalho; - a comunicação entre funcionários é insatisfatória; - falta apoio das chefias para o meu desenvolvimento profissional; - as informações que preciso para executar minhas tarefas são de difícil acesso.

0,87

Condições de trabalho

10

- as condições de trabalho são precárias; - o ambiente físico é desconfortável; - existe muito barulho no ambiente de trabalho; - o mobiliário existente no local de trabalho é inadequado; - os instrumentos de trabalho são insuficientes para realização das tarefas; - o posto de trabalho é inadequado para realização das tarefas; - os equipamentos necessários para realização das tarefas são precários; - o espaço físico para realizar o trabalho é inadequado; - as condições de trabalho oferecem riscos à segurança das pessoas; - o material de consumo é insuficiente.

0,89

Fonte: Mendes, 2007

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53

O Quadro 03 apresenta uma síntese dos itens avaliados pela ECHT,

segundo as dimensões, informando ainda os valores do Alpha de Cronbach

encontrados por Mendes, 2007:

Quadro 03 – Escala de custo humano do trabalho (ECHT). Itens e dados da validação por Mendes, 2007.

Dimensões da ECHT

Quant. de Itens

Itens avaliados Alpha de Cronbach

Custo físico 10

- usar a força física; - usar os braços de forma contínua; - ficar em posição curvada; - caminhar; - ser obrigado a ficar em pé; - ter que manusear objetos pesados; - fazer esforço físico; - usar as pernas de forma contínua; - usar as mãos de forma repetida; - subir e descer escadas.

0,91

Custo Cognitivo

10

- desenvolver macetes; - ter que resolver problemas; - ser obrigado a lidar com imprevistos; - usar a visão de forma contínua; - usar a memória; - ter desafios intelectuais; - fazer esforço mental; - ter concentração mental; - usar a criatividade.

0,86

Custo Afetivo 12

- ter controle das emoções; - ter que lidar com ordens contraditórias; - ter custo emocional; - ser obrigado a lidar com a agressividade dos outros; - disfarçar os sentimentos; - ser obrigado a elogiar as pessoas; - ser obrigado a ter bom humor; - ser obrigado a cuidar de aparência física; - ser bonzinho com os outros; - transgredir valores éticos; - ser submetido a constrangimentos; - ser obrigado a sorrir.

0,84

Fonte: Mendes, 2007

As escalas: Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho

(EIPST) e Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) são

escalas de sete pontos tais que 0 = Nenhuma vez, 1 = Uma vez, 2 = Duas vezes, 3

= Três vezes, 4 = Quatro vezes, 5 = Cinco vezes e 6 = Seis vezes ou mais. A escala

EIPST apresenta dois fatores de itens negativos, sendo que os resultados de cada

fator serão classificados de acordo com os seguintes critérios: acima de 4,0 =

avaliação mais positiva, satisfatório; entre 3,9 e 2,1 = avaliação moderada, crítico; e

abaixo de 2,0 = avaliação para raramente, grave. Para os outros dois fatores de

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54

itens positivos, os critérios são: acima de 4,0 = avaliação mais negativa, grave; entre

3,9 e 2,1 = avaliação moderada, crítico; e abaixo de 2,0 = avaliação para raramente,

satisfatório.

Quadro 04 – Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento (EIPST). Itens e dados da validação por Mendes, 2007.

Dimensões da EIPST

Quant. de Itens

Itens avaliados Alpha de Cronbach

Realização Profissional

09

- satisfação; - motivação; - orgulho pelo que faço; - bem-estar; - realização profissional; - valorização; - reconhecimento; - identificação com as minhas tarefas; - gratificação pessoal com as minhas atividades.

0,93

Liberdade de Expressão

08

- liberdade com a chefia para negociar o que precisa; - liberdade para falar sobre o meu trabalho com os colegas; - solidariedade entro os colegas; - confiança entre os colegas; - liberdade para usar a minha criatividade; - liberdade para falar sobre o meu trabalho com as chefias; - cooperação entre os colegas.

0,80

Esgotamento Profissional

07

- esgotamento profissional; - estresse; - insatisfação; - .sobrecarga; - frustração; - insegurança; - medo

0,89

Falta de Reconhecimento

08

- falta de reconhecimento do meu esforço; - falta de reconhecimento do meu desempenho; - desvalorização; - indignidade; - inutilidade; - desqualificação; - injustiça; - discriminação.

0,87

Fonte: Mendes, 2007

Para os fatores da Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao

Trabalho (EADRT), pelo fato de serem fatores que retratam situações muito graves

relacionados à saúde, o intervalo médio é desdobrado em outros dois intervalos, de

forma que os critérios de avaliação passam a ser: acima de 4,1 = avaliação mais

negativa, presença de doenças ocupacionais; entre 3,1 e 4,0 = avaliação moderada

para frequente, grave; entre 2,0 e 3,0 = avaliação moderada, crítico; e abaixo de 1,9

= avaliação mais positiva, suportável.

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55

Os danos físicos, que é a primeira dimensão da escala, são definidos como

dores no corpo e distúrbios biológicos; os danos psicológicos englobam os

sentimentos negativos em relação a si mesmo e à vida em geral; e os danos sociais

são definidos como isolamento e dificuldade nas relações familiares e sociais.

Quadro 05 – Escala de Avaliação dos Danos relacionados ao trabalho (EADRT). Itens e dados da validação por Mendes, 2007.

Dimensões da EADRT

Quant. de Itens

Itens avaliados Alpha de Cronbach

Danos Físicos

12

- Dores no corpo; - Dores nos braços; - Dor de cabeça; - Distúrbios respiratórios; - Distúrbios digestivos; - Dores nas costas; - Distúrbios auditivos; - Alterações de apetite; - Distúrbios na visão; - Alterações do sono; - Dores nas pernas; - Distúrbios circulatórios.

0,88

Danos Psicológicos

10

- Amargura; - Sensação de vazio; - Sentimento de desamparo; - Mau humor; - Vontade de desistir de tudo; - Tristeza; - Irritação com tudo; - Sensação de abandono; - Dúvida sobre a capacidade de fazer as tarefas; - Solidão.

0,93

Danos Sociais

07

- Insensibilidade em relação aos colegas; - Dificuldades nas relações fora do trabalho; - Vontade de ficar sozinho; - Conflitos nas relações familiares; - Agressividade com os outros; - Dificuldade com os amigos; - Impaciência com as pessoas em geral.

0,89

Fonte: Mendes, 2007

3.4 VARIÁVEIS DO ESTUDO

Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA) com suas

escalas e dimensões estudadas.

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56

Quadro 06 – Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA) com suas escalas e dimensões estudadas.

ITRA

INDICADORES

VARIÁVEIS DESCRIÇÃO

Sociodemográficos

Idade, Gênero, Escolaridade, Estado civil, Cargo

atual, Tempo de serviço no restaurante e Tempo

de serviço no cargo

Contexto do trabalho

Organização do trabalho

Relações socioprofissionais

Condições de trabalho

Custo Humano no Trabalho

Custo Afetivo

Custo Cognitivo

Custo Físico

Prazer e Sofrimento

Liberdade de Expressão

Realização Profissional

Esgotamento Profissional

Falta de Reconhecimento

Danos Relacionados ao Trabalho

Danos Físicos

Danos Sociais

Danos Psicológicos

Fonte: A autora (2014).

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS

O tratamento dos dados, segundo Vergara (2006), refere-se “[...] a seção na

qual se explicita para o leitor como se pretende tratar os dados a coletar, justificando

porque tal tratamento é adequado aos propósitos da pesquisa”.

Para caracterização dos pesquisados, através das variáveis

sociodemográficas será utilizada a estatística descritiva por meio da frequência

relativo e gráfico convertido em um diagrama de setores.

Os elementos relativos ao Inventário sobre o Trabalho e Riscos de

Adoecimento (ITRA) foram tratados em planilha eletrônica Excel, na qual se

realizaram as análises estatísticas descritivas (frequência, média e desvio padrão, e

calculado do Coeficiente Alpha de Cronbach).

Segundo Santiago (2012), o Alpha de Cronbach é uma das medidas mais

usadas para a verificação da consistência interna de um grupo de variáveis (itens).

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57

Consiste em um procedimento estatístico comumente utilizado para esse tipo de

análise de escalas do tipo Likert. Entende-se por consistência interna o grau de

uniformidade ou de coerência existente entre as respostas dos sujeitos a cada um

dos itens que compõem as escalas. Esse índice varia de 0 a 1 e, quanto mais

próximo de 1, maior a confiabilidade do instrumento.

A análise de todos os dados será complementada por meio da triangulação

dos mesmos. Sobre a triangulação, Martins (2006) afirma que várias formas de

evidências poderão ser utilizadas para garantir a confiabilidade de um estudo de

caso.

Desta forma, a significância dos achados terá maior confiabilidade se as

técnicas forem distintas.

No Quadro 07 a seguir, poderá observar o planejamento em relação às

diversas ferramentas estatísticas que foram utilizadas, para atender aos objetivos

geral e específico de acordo com as questões do Instrumento de Pesquisa.

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Quadro 07 – Técnicas Estatísticas Versus Objetivos da Pesquisa.

OBJETIVOS QUESTÕES DO

INSTRUMENTO DE PESQUISA

FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS

Geral: Avaliar a dinâmica do prazer-sofrimento

dos trabalhadores em Unidades de Alimentação e Nutrição.

Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA)

124 Questões

Estatística Descritiva (Frequência, média e desvio

padrão)

Específico 1: Caracterizar o perfil sociodemográfico dos

pesquisados

Parte I: Dados Sociodemográficos

07 Questões

Estatística Descritiva (Frequência, média e desvio

padrão)

Específico 2: Identificar as condições e organização do trabalho das Unidades de Alimentação e

Nutrição

Parte II: Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho

(EACT) 31 Questões

Estatística Descritiva (Frequência, média e desvio

padrão)

Específico 3: Verificar o custo humano do trabalho das

Unidades pesquisadas

Parte III: Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT)

32 Questões

Estatística Descritiva (Frequência, média e desvio

padrão)

Específico 4: Identificar no trabalho os indicadores que

causam prazer e sofrimento

Parte IV: Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho

(EIPST) 32 Questões

Estatística Descritiva (Frequência, média e desvio

padrão)

Específico 5: Investigar os danos relacionados ao

trabalho

Parte V: Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao

Trabalho (EADRT) 29 Questões

Estatística Descritiva (Frequência, média e desvio

padrão)

Específico 6: Verificar a dinâmica do prazer e sofrimento de diferentes Unidades de Alimentação e

Nutrição

Parte IV: Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho

(EIPST) 32 Questões

Estatística Descritiva (Frequência, média e desvio

padrão)

Parte V: Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao

Trabalho (EADRT) 29 Questões

Estatística Descritiva (Frequência, média, desvio

padrão e regressão logística)

Fonte: A autora (2014).

No Quadro 07 consta a síntese dos objetivos, instrumento da pesquisa e as

ferramentas estatísticas utilizadas na pesquisa.

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59

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados estão apresentados e analisados de acordo com cada objetivo

proposto anteriormente, bem como suas respectivas análises estatísticas utilizadas

na pesquisa.

4.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS PESQUISADOS

Após a tabulação dos dados coletados foi possível caracterizar o perfil

sociodemográfico dos pesquisados, caracterizando-os por meio dos seguintes

aspectos: Idade, gênero, escolaridade, estado civil, cargo atual, tempo de serviço na

unidade e no cargo atual, participação no último exame médico e afastamento do

trabalho por problema de saúde relacionado ao trabalho, validando assim o primeiro

objetivo específico.

Na Tabela 1 das Unidades pesquisadas mostra que a maior parte dos

empregados encontra-se na faixa etária de 20 a 30 anos, podemos concluir que os

restaurantes emprega mais jovens.

Tabela 1: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por faixa etária.

IDADE N %

20 A 30 ANOS 43 65,2%

31 A 40 ANOS 16 24,2%

41 A 50 ANOS 7 10,6%

51 ANOS OU MAIS 0 0,0%

TOTAL 66 100,0%

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Quanto ao gênero, observa-se na Tabela 2 que 56,1% dos pesquisados são

do gênero masculino mostrando que este serviço tem uma predominância do sexo

masculino.

Tabela 2: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por gênero.

GÊNERO N %

MASCULINO 37 56,1%

FEMININO 29 43,9%

TOTAL 66 100,0%

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

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Quanto a escolaridade, na Tabela 3, percebe-se ser predominante o ensino

médio, representando 77,3% dos pesquisados.

Tabela 3: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por escolaridade.

ESCOLARIDADE N %

ATÉ O FUNDAMENTAL 3 4,5%

ENSINO MÉDIO 51 77,3%

SUPERIOR INCOMPLETO 8 12,1%

SUPERIOR COMPLETO 3 4,5%

PÓS-GRADUAÇÃO 1 1,5%

TOTAL 66 100,0%

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Quanto ao estado civil, a maior incidência foi de solteiros, representando

51,5% dos pesquisados.

Tabela 4: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por estado civil.

ESTADO CIVIL N %

CASADO (A) 24 36,4%

SOLTEIRO (A) 34 51,5%

SEPARADO (A) JUDICIALMENTE 5 7,6%

DIVORCIADO 0 0,0%

UNIÃO ESTÁVEL 2 3,0%

VIÚVO 1 1,5%

TOTAL 66 100,0%

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Quanto ao tempo de serviço nas Unidades, na Tabela 5 foi observado que

45,5% dos pesquisados possuem até dois anos de serviço, no entanto foi concluído

que não há uma rotatividade grande de funcionários.

Tabela 5: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por tempo de serviço na Unidade.

TEMPO DE SERVIÇO NA UNIDADE N %

ATÉ 2 ANOS 30 45,5%

DE 2 A 4 ANOS 24 36,4%

DE 4 A 6 ANOS 8 12,1%

DE 6 A 8 ANOS 1 1,5%

DE 8 A 10 ANOS 1 1,5%

MAIS DE 10 ANOS 2 3,0%

TOTAL 66 100,0%

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

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61

Quanto ao tempo de serviço no cargo na Tabela 6 foi observado que 51,5%

dos pesquisados possuem até dois anos de serviço no mesmo cargo, existindo a

possibilidade de crescimento nos restaurantes.

Tabela 6: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por tempo de serviço no cargo.

TEMPO DE SERVIÇO NO CARGO N %

ATÉ 2 ANOS 34 51,5%

DE 2 A 4 ANOS 20 30,3%

DE 4 A 6 ANOS 7 10,6%

DE 6 A 8 ANOS 4 6,1%

DE 8 A 10 ANOS 0 0,0%

MAIS DE 10 ANOS 1 1,5%

TOTAL 66 100,0%

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Quanto à participação no último exame médico, na Tabela 7 constatou-se

que 53,03% dos pesquisados participaram do último exame médico, mostrando

desta forma a preocupação das Unidades de Alimentação e Nutrição com os seus

empregados.

Tabela 7: Frequência absoluta (N) e Percentual da população estudada quanto à realização do último exame médico.

EXAME MÉDICO N %

SIM 35 53,03%

NÃO 31 46,97%

TOTAL 66 100,0%

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

No que diz respeito ao afastamento por problemas de saúde relacionados ao

trabalho, na Tabela 8 verificamos que 68,19% afirmaram não ter realizado nenhum

afastamento durante o ano.

Tabela 8: Frequência absoluta (N) e percentual (%) por afastamento médico.

AFASTAMENTO MÉDICO N %

NENHUM 45 68,19%

ENTRE 1 E 3 21 31,81%

MAIS DE 3 0 0%

TOTAL 66 100,0%

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

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62

Desta forma, na Tabela 9, é possível afirmar que a maior parte dos

pesquisados estam na faixa etária entre 20 e 30 anos (65,2%); entre os

trabalhadores, a predominância é do gênero masculino (56,1%); no grau de

escolaridade, prevaleceu o ensino médio (77,3%); o estado civil mais comum é o

solteiro (51,5%); o maior percentual com tempo de serviço na empresa é de até 2

anos (45,5%); o tempo de serviço no cargo com maior percentual de ocorrência

também é de até 2 anos (51,5%); e sua maioria participaram do último exame

médico (53,03%) e sem nenhum afastamento por doença ocupacional no último ano

predominando (68,19%).

Tabela 9: Síntese do perfil sociodemográfico dos pesquisados

VARIÁVEL N %

FAIXA ETÁRIA 20 A 30 ANOS 65,2%

GÊNERO MASCULINO 56,1%

ESCOLARIDADE ENSINO MÉDIO 77,3%

ESTADO CIVIL SOLTEIRO 51,5%

TEMPO NA EMPRESA ATÉ 2 ANOS 45,5%

TEMPO NO CARGO ATÉ 2 ANOS 51,5%

EXAME MÉDICO SIM 53,03%

AFASTAMENTO NÃO HOUVE 68,19%

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

4.2 CONDIÇÕES E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DA UNIDADE DE

ALIMENTAÇÃO

Com o uso da EACT, buscou-se atender ao primeiro objetivo específico

proposto, que foi avaliar no contexto do trabalho as condições e organização do

trabalho nas Unidades de Alimentação pesquisadas.

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63

Quadro 08 – Resumo sobre EACT, suas dimensões e itens avaliados com maior média.

Contexto do

trabalho

Organização do trabalho - O ritmo de trabalho é excessivo; - As tarefas são repetitivas; - Falta tempo para realizar pausas de descanso no trabalho.

Relações socioprofissionais

- Os funcionários são excluídos das decisões; - A comunicação entre funcionários é insatisfatória; - Falta apoio das chefias para o meu desenvolvimento profissional.

Condições de trabalho

- O ambiente físico é desconfortável; - Existe muito barulho no ambiente de trabalho; - Os instrumentos de trabalho são insuficientes para realizar as tarefas.

Fonte: A autora (2014).

Na Tabela 10, constam os resultados dos níveis das avaliações da EACT,

com seus respectivos fatores e percentuais de avaliação. Observa-se que no fator

organização do trabalho, todos os pesquisados das unidades avaliaram o nível

crítico, mostrando que existe uma percepção negativa dessa dimensão na Unidade.

Nos fatores relações socioprofissionais e condições do trabalho, 90% e 70%

respectivamente dos pesquisados avaliaram estes fatores também como crítica.

Tabela 10: Percentual dos pesquisados por fator da EACT.

Níveis Organização do Trabalho

Relações Sócio- Profissionais

Condições de Trabalho

Grave 0,0 0,0 0,0

Crítica 100,0 90,0 70,0

Satisfatória 0,0 10,0 30,0

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Na Tabela 11, constam os resultados da estatística descritiva referentes aos

calculados da média (µ), desvio padrão (σ) e alpha de cronbach, dos três fatores da

EACT. A média geral desta escala é µ = 2,75 e o desvio padrão σ = 1,22. Com esta

média, o contexto do trabalho na empresa pesquisada foi avaliado pelos

pesquisados como crítico.

Para Mendes e Ferreira (2007), crítico é um resultado indicador de situação

limite, potencializando o custo negativo e o sofrimento no trabalho. Sinaliza estado

de alerta, requerendo providências imediatas a curto e médio prazo.

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64

O fator Relações Sócio-profissionais foi o que apresentou a maior média (µ =

2,99; σ = 1,28), ou seja, é o que causa mais impacto nos pesquisados.

Tabela 11: Estatística descritiva dos fatores da EACT.

Contexto de Trabalho Média Desvio Padrão

Alfa de Cronbach

Esperado Encontrado

Organização do Trabalho 2,80 1,12 0,72 0,671

Relações Socioprofissionais 2,99 1,28 0,87 0,645

Condições de Trabalho 2,44 1,20 0,89 0,761

Total 2,75 1,22 - 0,831

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Os itens acima que elevaram os valores das médias encontrados no fator

organização do trabalho (Tabela 11) justificam-se pelo tipo de atividade e pelo

modelo de administração da empresa pesquisada, que é Taylorista/Fordista, com

planejamento, execução, rotinas bem definidas, pressão em função dos horários e

movimentos repetitivos. É um modelo conservador e centralizador de administração

muito comum nas Empresas de origem familiar, no qual se enquadra a empresa

pesquisada. Nesta Tabela, constam os resultados da estatística descritiva referentes

aos calculados da média (µ), desvio padrão (σ) e alpha de cronbach, dos três fatores

da EACT. A média geral desta escala é µ = 2,75 e o desvio padrão σ = 1,22. Com

esta média, o contexto do trabalho na empresa pesquisada foi avaliado pelos

pesquisados como crítico.

Seguindo a recomendação de Mendes e Ferreira (2007), no Quadro 09

estão listados os quatro itens da escala que mais impactaram as médias nos fatores

organização do trabalho e relações socioprofissionais; a maior e a menor

respectivamente.

Page 64: Universidade Potiguar Programa de Pós Graduação em ...¢mara-do... · Quadro 0 2 – Escala de avaliação do contexto de trabalho (EACT). Itens e dados da validação por Mendes,

65

Quadro 09 – Itens que impactaram os fatores organização do trabalho, relações socioprofissionais e condições de trabalho, maior e a menor.

Contexto de Trabalho

Fator Organização do Trabalho

Item Média Avaliação

As tarefas são repetitivas 3,27 Crítica

Existe fiscalização do desempenho 3,20 Crítica

Os resultados esperados estão fora da realidade 2,59 Crítica

O ritmo de trabalho é excessivo 2,33 Crítica

Fator Relações Sócio-profissionais

Item Média Avaliação

Falta apoio das chefias para o meu desenvolvimento profissional 3,68 Crítica

Existem disputas profissionais nos locais de trabalho 3,48 Crítica

A distribuição das tarefas é injusta 2,53 Crítica

As informações que preciso para executar minhas tarefas são de difícil acesso 2,17 Satisfatória

Fator Condições de Trabalho

Item Média Avaliação

O material de consumo é insuficiente 2,89 Crítica

Existe muito barulho no ambiente de trabalho 2,74 Crítica

O posto/estação de trabalho é inadequado para a realizaçãodas tarefas 2,21 Satisfatória

O espaço físico para realizar o trabalho é inadequado 2,05 Satisfatória

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Para Mota (2007), a gerência é a arte de pensar, de decidir e de agir; é a

arte de fazer acontecer, de obter resultados. Resultados podem ser definidos,

previstos, analisados e avaliados, mas precisam ser alcançados através das

pessoas e numa interação humana constante.

A pressão psicológica sobre o trabalhador pode se estender e ir além do seu

ambiente de trabalho, como também pode atingir outras pessoas próximas e poderá

ser um agente desestabilizador nas suas relações afetivas.

Estudo realizado por Santiago (2012) afirma que a gestão de pessoas com

tendência à valorização da hierarquização e da centralização influencia

negativamente o engajamento dos agentes, desestimulando seu envolvimento para

além do cumprimento do que é formalmente esperado. Também dificulta a cogestão

do trabalho por parte do trabalhador, elemento fundamental no processo de

renormatização da atividade, de criação de valor e sentido para o trabalho.

Page 65: Universidade Potiguar Programa de Pós Graduação em ...¢mara-do... · Quadro 0 2 – Escala de avaliação do contexto de trabalho (EACT). Itens e dados da validação por Mendes,

66

Nesse sentido, Ferreira e Mendes (2001) ressaltam que o contexto de

trabalho é um fator de influência na saúde do trabalhador, já que a forma como seu

trabalho é realizado permite que sua atividade seja considerada prazerosa, ou não.

Para Dejours (2008), o trabalho quando executado por pessoas, sempre irá

interferir na vida de quem executa, pois nunca será um agente neutro. Será um

agente gerador de saúde ou de constrangimento patogênico que desestabiliza e

descompensa o trabalhador.

Os itens que elevaram os resultados encontrados no fator relações

socioprofissionais (Quadro 08), direcionam para a conclusão de que a administração

da empresa pesquisada pouco dialoga com os seus trabalhadores. Também são

características da empresa Taylorista/Fordista, onde o trabalhador deve apenas

exercer sua função/tarefa no menor tempo durante o processo produtivo, não

havendo importância do conhecimento de como se chegava ao resultado final. Para

Druck (2001, p.42), “a expropriação do saber operário, é um meio pelo qual a

gerência científica busca estabelecer o controle do processo de trabalho”.

Para Brito, Lima e Medeiros (2008), esse modelo de poder que um indivíduo

exerce sobre o outro “constitui uma forma de dominação implícita e uma prática da

violência simbólica”.

Trabalhar, segundo Dejours (2001), não é ter apenas uma missão para

executar, mas também é viver a experiência, enfrentar a realidade, construir sentido

do trabalho para a situação e sensação do sentimento de prazer ou sofrimento.

Para Mendes (2007), é possível ter vivências de prazer, mesmo em

ambientes precarizados, desde que a empresa ofereça três condições ao

trabalhador: mobilização da inteligência prática, do espaço público da fala e da

cooperação.

Nesse sentido, Moraes (2008) afirma que uma organização de trabalho

rígida, que dificulte a manifestação da subjetividade, ou que se baseie na cultura do

individualismo, desestruturando o coletivo do trabalho e a dinâmica do

reconhecimento, mostra-se nociva, predispondo à patogenização das defesas e ao

surgimento das patologias sociais do trabalho.

A dificuldade de entender o trabalhador no seu ambiente laboral, sem dar a

devida importância à subjetividade individual ou coletiva, dificulta o desempenho da

organização na sua finalidade e induz também a desestabilização da saúde física e

psíquica do trabalhador.

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67

Antloga, Mendes e Maia (2012) afirmam que uma organização, para

favorecer o prazer ao empregado e para a saúde psíquica, deve valorizar a

participação, a autonomia e a flexibilidade no processo do trabalho.

É importante para a organização envolver seus agentes além das suas

rotinas de execução de suas tarefas. É preciso ouvir e valorizar o conhecimento

tácito. “O foco da organização que aprende concentra-se claramente em aprender

com a mente e não com o corpo” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 9).

Com relação ao fator condições de trabalho, cuja avaliação foi crítica,

satisfatório (Tabela 11) é possível atestar que a empresa pesquisada oferece as

condições básicas para seus empregados desempenharem suas atividades,

resultado positivo e produtor de prazer. Porém, considerando que a empresa

pesquisada possivelmente dialoga pouco com seus empregados, também é possível

considerar que os pesquisados tenham omitido a real condição do trabalho, talvez

por medo de uma possível represália por parte da empresa.

Santana (2002) em uma de suas pesquisas relata que as atividades

executadas na UAN têm uma componente predominantemente física. A realização

do trabalho requer bastante esforço físico, associado a um elevado grau de atenção,

dada a complexidade do serviço e às exigências de padrões de qualidade higiênico-

sanitários e de atendimento, além de movimentos repetitivos, levantamento e

transporte de cargas.

Em uma pesquisa realizada por Silva (2008), os resultados obtidos na

‘Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT), indicam que as dimensões:

‘organização do trabalho’, ‘condições de trabalho’ e ‘relações socioprofissionais’

foram avaliados, em sua maioria, como críticos pela equipe pesquisada. Este

resultado pode indicar, entre outros aspectos, que o ritmo de trabalho realizado nas

duas Unidades de estudo é excessivo, existe forte cobrança por resultados, há

divisão entre quem planeja e quem executa, as tarefas são repetitivas, as condições

de trabalho são precárias e a distribuição das tarefas é injusta.

Essa dinâmica de gestão de pessoas com tendência à valorização da

hierarquização e da centralização influencia negativamente o engajamento dos

agentes, desestimulando seu envolvimento, para além do cumprimento do que é

formalmente esperado. Também dificulta a cogestão do trabalho por parte do

trabalhador, elemento fundamental no processo de renormatização da atividade, de

criação de valor e sentido para o trabalho.

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68

Os fatores organização do trabalho e relações socioprofissionais, nesta

pesquisa, direcionam para a necessidade de a empresa pesquisada envolver seus

trabalhadores em suas atividades, posto que os resultados dependem de pessoas,

de suas relações internas dentro do ambiente de trabalho.

Conforme análise dos dados apresentados, e de acordo com o objetivo

específico 2, pode-se verificar que o Contexto de Trabalho – Organização do

Trabalho, Condições de Trabalho e Relações Socioprofissionais foi avaliado de

forma crítica entre os funcionários da unidade de alimentação. Contudo é importante

avaliar as demais dimensões do Inventário sobre o Trabalho e Riscos de

Adoecimento (ITRA) que revela a inter-relação trabalho e riscos de adoecimento,

assim segue a análise nos próximos tópicos.

No geral, observa-se no Quadro 09, com os dados extraídos do contexto do

trabalho (Tabela 11) ser possível avaliar que o ambiente de trabalho na empresa

pesquisada revela estado de alerta para adoecimentos dos trabalhadores,

requerendo providências imediatas a curto e médio prazo, com destaque para os

fatores organização do trabalho e relações socioprofissionais.

Quadro 10 – Síntese dos resultados da EACT

Contexto do Trabalho

Fator Organização do Trabalho Avaliação: crítica

Fator Relações Socioprofissionais Avaliação: crítica

Fator Condições de Trabalho Avaliação: crítica, satisfatória

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Assim, os resultados encontrados na EACT são coerentes com os

encontrados por Santiago (2012), que pesquisou prazer e sofrimento em uma

unidade de alimentação e nutrição, exceto para o fator condições de trabalho, cuja

avaliação foi crítica e satisfatória.

4.3 CUSTO HUMANO DO TRABALHO

O Custo Humano do Trabalho é mensurado na escala através das três

dimensões - física, cognitiva e afetiva, expressando o que deve ser despendido

pelos trabalhadores (individual e coletivamente) nas esferas física, cognitiva e

Page 68: Universidade Potiguar Programa de Pós Graduação em ...¢mara-do... · Quadro 0 2 – Escala de avaliação do contexto de trabalho (EACT). Itens e dados da validação por Mendes,

69

afetiva a fim de responderem às exigências de tarefas (formais e/ou informais)

postas num contexto de produção. As contradições existentes nos ambientes

organizacionais, que obstaculizam e desafiam a competência dos trabalhadores,

traçam o perfil do Custo Humano no Trabalho (CHT). (Quadro 11)

Quadro 11 – Resumo sobre ECHT, suas dimensões e itens avaliados com maior média.

Custo Humano

no Trabalho

Custo Afetivo

- Ter que lidar com ordens contraditórias; - Ser obrigado a cuidar da aparência física; - Transgredir valores éticos.

Custo Cognitivo - Ter que resolver problemas; - Ser obrigado a lidar com imprevistos; - Usar a visão de forma contínua.

Custo Físico

- Usar braços de forma contínua; - Caminhar; - Ser obrigado a ficar em pé; - Usar as mãos de forma repetida.

Fonte: A autora (2014).

Tabela 12: Percentual dos pesquisados por fator da ECHT.

Níveis Custo afetivo Custo cognitivo Custo físico

Grave 8,3 0,0 0,0

Crítica 91,7 100,0 100,0

Satisfatória 0,0 0,0 0,0

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Com base na tabela acima, observa-se que a dimensão custo afetivo,

definido como dispêndio emocional, sob a forma de reações afetivas, sentimentos e

estados de humor foi avaliado por 91,7% dos empregados como crítica e os demais

pesquisados (8,3%) avaliaram como grave. Ressalta-se que neste fator não houve

avaliação satisfatório, o que evidencia que o descontentamento está na situação

limite. Este resultado mostra a dimensão relações custo afetivo apresentaram

avaliações críticas quanto à saúde dos profissionais.

Na Tabela 13, mostra-se o resultado das médias do custo humano na

empresa pesquisada. A média geral desta escala é µ = 3,04 e o desvio padrão é σ =

1,27. Com esta média, a escala é avaliada como satisfatório.

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70

Tabela 13: Estatística descritiva dos fatores da ECHT.

Custo Humano Média Desvio Padrão

Alfa de Cronbach

Esperado Encontrado

Custo afetivo 3,17 1,18 0,84 0,760

Custo cognitivo 3,16 1,26 0,86 0,754

Custo físico 2,78 1,35 0,91 0,789

Total 3,04 1,27 - 0,799

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015. Quadro 12 – Itens que impactaram o fator custo físico, custo cognitivo e custo físico a maior e a menor.

Custo Humano

Fator Custo afetivo

Item Média Avaliação

Ser obrigado a cuidar da aparência física 3,76 Grave

Ser obrigado a sorrir 3,56 Crítica

Ter custo emocional 2,80 Crítica

Ter controle da emoções 2,71 Crítica

Fator Custo cognitivo

Item Média Avaliação

Usar criatividade 3,56 Crítica

Ter concentração mental 3,53 Crítica

Fazer previsão de acontecimentos 2,88 Crítica

Desenvolver macetes 2,71 Crítica

Fator Custo físico

Item Média Avaliação

Ser obrigado a ficar em pé 3,12 Crítica

Caminhar 3,03 Crítica

Ter que manusear objetos pesados 2,53 Crítica

Subir e descer escadas 2,38 Crítica

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Os itens que obtiveram as maiores médias foram “Ser obrigado a cuidar da

aparência física, Ser obrigado a sorrir, Usar criatividade, Ter concentração

mental, Ser obrigado a ficar em pé”. Estes resultados corroboram com o estudo

realizado por Silva (2008) em unidades de alimentação em Belo Horizonte, cujo

resultado geral para o ‘custo afetivo’ das Unidades foi percebido como crítico por

57,3% dos pesquisados, contra apenas 13,4% que o consideraram satisfatório.

A segunda a dimensão, Custo Cognitivo, relacionado ao dispêndio

intelectual para aprendizagem, resolução de problemas e tomada de decisão no

trabalho, foi avaliado também como crítico por 100% dos empregados. Os

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resultados das médias gerais mostram que a dimensão relações custo cognitivo

apresentaram avaliações críticas quanto à saúde dos profissionais.

Esses valores são preocupantes para a empresa pesquisada, ressaltando

que o custo físico refere-se às exigências corporais em termos de dispêndio

fisiológico e biomecânico nas atividades do trabalho.

Para Mendes e Ferreira (2007), a situação negativa grave necessita de

intervenções rápidas nos agentes causadores, visando atenuá-los ou eliminá-los,

pois os mesmos são responsáveis pelo custo humano e pelo sofrimento no ambiente

laboral.

De acordo com a Norma técnica do Instituto Nacional do Seguro Social –

INSS (BRASIL, 2001), existem diversos fatores de risco para doenças ocupacionais,

em especial os distúrbios musculoesqueléticos, que variam conforme o grau de

adequação do posto de trabalho à zona de atenção e à de visão. Diante disso,

discute-se que, além de ser exigido de maneira exacerbada o uso da visão e

atenção e somente por isso já impor um custo para o trabalhador, a estrutura física

impede ou prejudica a observação do ambiente como um todo, principalmente na

qualidade e segurança alimentar do que é produzido.

Assunção (2003) afirma que o trabalho convoca todo o corpo e inteligência

do trabalhador para encarar o que a estrutura organizacional deixa de oferecer. A

mesma autora reforça que na imprevisibilidade do trabalho, característica marcante

na unidade em estudo, uma vez que se trabalha com produtividades inconstantes,

que se encontram as justificativas e interpretações para os problemas de saúde dos

profissionais.

Finalizando a ECHT, foi avaliado o custo físico, que diz respeito ao esforço

corporal imposto aos trabalhadores em função das características do contexto de

trabalho, e nesta dimensão foi visto que a maioria (100%) avaliou como crítica o

risco de adoecer para esta dimensão. Este resultado mostra que a dimensão custo

físico apresentaram avaliações críticas quanto à saúde dos profissionais.

Esse resultado para o custo físico era esperado, estando de acordo com um

estudo realizado em uma UAN do Estado de Santa Catarina que produzia e fazia a

distribuição de 1200 refeições diárias, confirma que as atividades executadas neste

estabelecimento apresentaram uma componente predominantemente física,

exigindo do trabalhador esforço físico associado a um elevado grau de atenção,

devido à complexidade do serviço e às exigências de padrões de qualidade

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72

higiênico-sanitários e de atendimento, além de movimentos repetitivos, levantamento

e transporte de cargas.

Com isso, as exigências do trabalho mostram que os riscos para saúde dos

trabalhadores revelam-se como uma possibilidade para o desenvolvimento de

doenças ocupacionais, quer seja pela elevada carga física de trabalho a que os

empregados são submetidos diariamente, pela exigência de movimentos repetitivos

na execução das tarefas, pela pressão temporal do trabalho, pelo stress advindo da

possibilidade do risco da perda de emprego, uma vez que na baixa estação reduz o

quadro. Soma-se à esta situação a exposição dos trabalhadores a um elevado nível

de ruído e ao desconforto térmico encontrado no ambiente de trabalho.

Matos & Proença e Costa destacaram como condicionantes físicos e

gestuais o esforço físico, a realização da maioria das atividades na posição de pé, o

grande deslocamento, chegando a 7,9km por 8 horas de jornada de trabalho, os

movimentos manuais repetitivos, a adoção de posições incômodas e o levantamento

de peso de forma inadequada.

Quadro 13 – Síntese dos resultados da ECHT

Custo Humano no Trabalho

Fator Custo Afetivo Avaliação: crítica

Fator Custo Cognitivo Avaliação: crítica

Fator Custo Físico Avaliação: crítica

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

As pesquisas apresentadas evidenciam as condições inadequadas de

trabalho em UANs e as recomendações feitas estão voltadas à uma adequação na

organização do trabalho e, principalmente, do ambiente a longo e médio prazo.

Porém, pouca contribuição é dada na transformação dos trabalhadores em reais

agentes, com possibilidades de se expressar e se envolverem nas mudanças das

situações adversas no trabalho, de modo a propiciar saúde e qualidade de vida no

trabalho.

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4.4 INDICADORES DE PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO

Essa escala é avaliada através de quatro dimensões: duas avaliam o prazer

– realização profissional e liberdade de expressão – e duas avaliam o sofrimento no

trabalho – falta de reconhecimento e esgotamento profissional.

O resumo sobre a EIPST (Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no

Trabalho) contendo suas dimensões e os itens que foram avaliados com maior

média pode ser visualizado no Quadro 14 a seguir:

Quadro 14 – Resumo sobre EIPST, suas dimensões e itens avaliados com maior média.

Prazer e

Sofrimento

Liberdade de Expressão - Solidariedade entre os colegas; - Cooperação entre os colegas; - Satisfação.

Realização Profissional - Motivação; - Orgulho pelo que faço; - Bem-estar.

Esgotamento Profissional - Esgotamento emocional; - Estresse; - Sobrecarga

Falta de Reconhecimento

- Falta de reconhecimento de meu esforço; - Falta de reconhecimento de meu desempenho; - Injustiça.

Fonte: A autora (2014).

Com o uso da EIPST, buscou-se atender ao terceiro objetivo especifico

proposto, que foi: identificar no trabalho os indicadores que causam prazer e

sofrimento.

Através dos resultados apresentados na Tabela 14, observa-se que,

percentualmente, a grande maioria dos pesquisados avaliou o ambiente de trabalho

na empresa pesquisada como crítico nos quatro fatores que compõe a escala, com

destaque para os fatores Liberdade de Expressão, Realização profissional e Falta de

Reconhecimento, cuja avaliação de todos os pesquisados (100%) ficou no mesmo

nível, mostrando que existe uma percepção negativa dessa dimensão na Unidade.

Também merece destaque o fato de que nenhum dos pesquisados avaliou como

grave os quatro fatores que compõem a escala, o que pode evidenciar um

descontentamento.

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Tabela 14: Percentual dos pesquisados por fator da EIPST.

Níveis Liberdade de Expressão

Realização Profissional

Esgotamento Profissional

Falta de Reconheciment

o

Grave 0,0 0,0 0,0 0,0

Crítica 100,0 100,0 28,6 100,0

Satisfatória 0,0 0,0 71,4 0,0

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Observa-se na Tabela 15, que a média de todos os fatores da EIPST ficaram

no intervalo (entre 2,1 - 3,9), classificados por Mendes e Ferreira (2007) como

moderada, crítico.

Tabela 15: Estatística descritiva dos fatores da EIPST.

Prazer e Sofrimento Média Desvio Padrão

Alfa de Cronbach

Esperado Encontrado

Liberdade de Expressão 3,54 1,53 0,80 0,911

Realização Profissional 3,68 1,43 0,93 0,909

Esgotamento Profissional 2,05 1,98 0,89 0,878

Falta de Reconhecimento 1,59 1,87 0,87 0,934

Total 2,77 1,93 - 0,901

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Esta avaliação crítica torna-se preocupante para a organização, uma vez

que, Dejours (2004) afirma que a satisfação no trabalho (work satisfaction) tem duas

vertentes, uma concreta e outra simbólica. A satisfação concreta está relacionada,

por um lado, às exigências da tarefa e por outro às necessidades de descarga das

energias. A satisfação simbólica está relacionada com o sentido do trabalho em suas

relações com os desejos pessoais. Ambas expressam a relação entre o aparelho

psíquico e a organização do trabalho.

Da mesma forma, crítica, foi avaliado a solidariedade e cooperação entre os

colegas, que de acordo com Merlo et al (2003) a comunicação dificultada entre

profissionais e entre chefias e subordinados é uma característica do modelo de

organização Taylor-fordista.

No entanto, os resultados das médias gerais (μ= 2,77; σ= 1,93) mostra que a

dimensão Realização Profissional apresentaram avaliações críticas quanto à

vivência de prazer.

Os itens que impactaram os fatores liberdade de expressão e realização

profissional (Tabela 15), a maior e a menor, estão expostos no Quadro 15.

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Quadro 15 – Itens que impactaram os fatores liberdade de expressão, realização profissional, esgotamento profissional e falta de reconhecimento a maior e a menor. Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Prazer e Sofrimento

Fator Liberdade de Expressão

Item Média Avaliação

Liberdade para usar a minha criatividade 3,77 Crítica

Liberdade para falar sobre o meu trabalho com as chefias 3,58 Crítica

Confiança entre os colegas 3,15 Crítica

Liberdade com a chefia para negociar o que precisa 2,18 Crítica

Fator Realização Profissional

Item Média Avaliação

Realização profissional 3,80 Crítica

Orgulho pelo que faço 3,77 Crítica

Bem-estar 3,48 Crítica

Reconhecimento 3,30 Crítica

Fator Esgotamento Profissional

Item Média Avaliação

Estresse 2,70 Crítica

Esgotamento emocional 2,65 Crítica

Insegurança 1,74 Satisfatória

Medo 1,45 Satisfatória

Fator Falta de Reconhecimento

Item Média Avaliação

Falta de reconhecimento de meu esforço 2,08 Crítica

Indignação 1,95 Satisfatória

Inutilidade 1,41 Satisfatória

Discriminação 0,95 Satisfatória

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Os itens que obtiveram as maiores médias foram “Liberdade para usar a

minha criatividade, Realização profissional, Orgulho pelo que faço” com médias

μ= 3,77, μ= 3,80, e μ= 3,77, respectivamente. No entanto, o único item considerado

satisfatório pelos empregados foi o “orgulho pelo que faço”, contribuindo para a

avaliação positiva dessa dimensão. Contudo, os outros itens não foram bem

avaliados, tornando a avaliação dessa dimensão moderada.

Este resultado vai de acordo com uma pesquisa realizada por Campos

(2008) em que a maior contribuição para a avaliação positiva dessa dimensão para

os enfermeiros intensivistas coube aos seguintes itens: “orgulho pelo que faço”, com

μ= 4,65 e “identificação com minhas tarefas”, com μ= 4,45, no entanto, esta

dimensão obteve uma avaliação moderada, crítica.

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76

Mendes (1999) indica que o prazer para os trabalhadores é vivenciado em

situações em que o trabalho favorece a valorização e reconhecimento pela

realização de tarefas significativas para a organização do trabalho (chefia e colegas)

e sociedade. A liberdade para colocar em prática a criatividade do profissional,

imprimindo no trabalho características próprias associadas ao orgulho por realizar

essa atividade, são fontes de prazer para o trabalhador.

Para as vivências de sofrimento no trabalho foram avaliadas outras duas

dimensões. A primeira delas foi o “Esgotamento Profissional” relacionado às

situações de frustração, insegurança, inutilidade, desgaste e estresse no trabalho.

Esta dimensão foi avaliada de forma satisfatória por 71,4% e 28,6% como crítica.

No entanto, os resultados das médias gerais (μ= 2,05; σ= 1,98) mostra que a

dimensão Esgotamento Profissional apresentaram avaliações críticas quanto à

vivência de sofrimento.

Os itens que obtiveram as maiores médias foram “esgotamento

emocional”; “estresse”; “insegurança” com médias μ= 2,65, μ= 2,70 e μ= 1,74,

respectivamente. No entanto, o único item considerado grave pelos empregados foi

o “estresse”, contribuindo para a avaliação negativa dessa dimensão.

O estresse no trabalho é resultante na interação entre muitas demandas

psicológicas, menor controle no processo de produção de trabalho e menor apoio

social recebido de colaboradores e chefes, no ambiente de trabalho (KARASEK;

THEORELL, 1990)

De maneira geral, os serviços de alimentação impõe aos trabalhadores uma

carga de trabalho bastante pesada, com ritmo acelerado e pressão temporal entre o

preparo e a distribuição das refeições, o que pode gerar fadiga e estresse.

Para Muchinsky (2003) o problema do estresse, além de ser frequente entre

os trabalhadores, tem sido cada vez mais aceito como parte integrante do custo

despendido pelo trabalhador para permanecer empregado. Os programas de

gerenciamento do estresse são direcionados para aumentar a capacidade do

trabalhador em lidar com seu estresse em vez de reduzir os agentes estressores.

Com esta questão, o autor incita-nos a refletir sobre o porquê que a maioria das

pessoas não acredita que o estresse possa ser eliminado ou reduzido no trabalho.

Deveríamos aceitar que o estresse no trabalho faça parte da vida nas organizações?

O autor destaca que hoje um trabalhador deve realizar tarefas que anteriormente

eram realizadas por muitos trabalhadores e que o sentimento organizacional é de

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que se deve produzir cada vez mais (trabalho) com menos recursos (trabalhadores).

Porém, embora os avanços tecnológicos, principalmente da computação, tenham

permitido o aumento da velocidade, qualidade e desempenho no trabalho, sua

implementação e mudanças causaram no trabalhador diminuição de sua autonomia,

controle e autoestima, refletindo negativamente em sua saúde mental através do

estresse ocupacional.

O sofrimento, para Mendes (1999), deve ser entendido como um alerta ao

profissional, indicando que algo não está bem. Mendes, Paz e Barros (2003)

completam que o sofrimento pode ser vivenciado de maneira duradoura e intensa,

no entanto, inconsciente, por sentimentos de angústia, medo e insegurança.

Para finalizar as vivências de sofrimento foi avaliada a dimensão “falta de

reconhecimento” que reflete as condições de injustiça, indignação e desvalorização

devido ao não reconhecimento do trabalho, esta dimensão foi avaliada de forma

crítica por todos os pesquisados 100% dos empregados.

No entanto, os resultados das médias gerais (μ= 1,59; σ= 1,87) mostram que

a dimensão Falta de reconhecimento apresentou avaliações críticas quanto à

vivência de sofrimento.

Os itens que obtiveram as maiores médias foram “falta de reconhecimento

de meu esforço”; “indignação”; “inutilidade” com médias μ= 2,08, μ= 1,95, e μ=

1,41, respectivamente. No entanto, o único item considerado grave pelos

empregados foi o “falta de reconhecimento de meu esforço”, contribuindo para a

avaliação negativa dessa dimensão.

As vivências de sofrimento, por sua vez, estão associadas à rigidez

organizacional, com a padronização das tarefas, a subutilização da criatividade e

potencial do trabalhador, burocratização das atividades, centralização de

informações, impossibilidade de participar das decisões, o não reconhecimento e

perspectivas escassas de ascensão profissional. Pode também, advir da relação

conflituosa entre o desejo e a realidade, entre o real e o prescrito (MENDES, 1999)

Os resultados demonstram que há falta de reconhecimento e de valorização

profissional, possivelmente pela instituição que os expõe a precárias condições de

trabalho. Segundo Mendes “O reconhecimento é o processo de valorização do

esforço e do sofrimento revertido para realização do trabalho, que possibilita ao

sujeito a construção de sua identidade, traduzida afetivamente por vivência de

prazer e de realização de si mesmo”.

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Os resultados para esta dimensão nesta pesquisa estão de acordo com

Ferreira e Mendes (2003) que concluíra, que para os auditores fiscais da

Previdência, o prazer e o sofrimento são vivenciados de forma moderada, pois nem

sempre há o atendimento às necessidades profissionais nesse ambiente de

trabalho.

Quadro 16 – Síntese dos resultados da EIPST

Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho

Fator Liberdade de Expressão Avaliação: crítica

Fator Realização Profissional Avaliação: crítica

Fator Esgotamento profissional Avaliação: crítica, satisfatória

Fator Falta de Reconhecimento Avaliação: satisfatória

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

No Quadro 16, pode-se constatar que os resultados indicam uma situação

limite dentro das Unidades de Alimentação e Nutrição pesquisada.

4.5 AVALIAÇÃO DOS DANOS RELACIONADOS AO TRABALHO

A Escala de Avaliação de Danos Relacionados ao Trabalho revelam as

disfunções físicas, psicológicas e sociais. Essas disfunções surgem mediante ao

sofrimento frequente e intenso e do insucesso das estratégias de mediação. O

resumo sobre a EADRT contendo suas dimensões e os itens que foram avaliados

com maior média pode ser visualizado no quadro a seguir:

Quadro 17 – Resumo sobre EADRT, suas dimensões e itens avaliados com maior média.

Danos

Relacionados ao

Trabalho

Danos Físicos - Dores nos braços; - Alterações no sono; - Dores nas pernas.

Danos Sociais

- Insensibilidade em relação aos colegas; - Vontade de ficar sozinho; - Conflitos nas relações familiares; - Impaciência com as pessoas em geral.

Danos Psicológicos - Mau – humor; - Vontade de desistir de tudo; - Tristeza.

Fonte: A autora (2014).

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Através dos resultados apresentados na Tabela 16, observa-se que um

grande percentual dos pesquisados avaliou o ambiente de trabalho na empresa

pesquisada como suportável em dois fatores que compõem a EADRT, com

destaque para danos sociais e danos psicológicos, e que o resultado da avaliação

dos pesquisados foram 42,9% e 30% respectivamente.

Também merece destaque o fator danos físicos em que o percentual de 50%

dos pesquisados avaliaram com grave e suportável. Esses resultados evidenciam o

descontentamento de parte dos trabalhadores, como também mostra que existe uma

percepção positiva dessa dimensão nas Unidades.

Tabela 16: Percentual dos pesquisados por fator da EADRT.

Níveis Danos Físicos Danos Sociais

Danos Psicológicos

Doenças Ocupacionais 0,0 0,0 0,0

Grave 50,0 14,3 30,0

Crítica 0,0 42,9 10,0

Suportável 50,0 42,9 60,0

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

As diferenças entre a confiabilidade dos dados determinados por Mendes e

Ferreira (2007) e os encontrados na pesquisa não demonstraram significância. Essa

diferença pode ser em face da heterogeneidade dos ambientes de trabalho e dos

cargos, conforme relatado nos resultados da EIPST que também apresentou

significância no fator liberdade de expressão.

Os resultados das médias gerais (μ= 2,10; σ= 1,61) mostra que a dimensão

danos físicos apresentaram avaliações suportáveis. (Tabela 17)

Tabela 17: Estatística descritiva dos fatores da EADRT.

Danos relacionados ao trabalho

Média Desvio Padrão

Alfa de Cronbach

Esperado Encontrado

Danos Físicos 2,10 1,61 0,88 0,821

Danos Sociais 1,95 1,46 0,89 0,807

Danos Psicológicos 2,25 1,58 0,93 0,850

Total 2,11 1,57 - 0,909

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

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Nos quatro itens que impactaram o fator danos físicos (Tabela 17), a maior e

a menor estão expostos no Quadro 18.

Quadro 18 – Itens que impactaram o fator danos físicos, danos sociais e danos psicológicos a maior e a menor.

Danos relacionados ao trabalho

Fator Danos Físicos

Item Média Avaliação

Dor de cabeça 3,06 Moderada

Alterações do apetite 2,59 Moderada

Distúrbios respiratórios 1,55 Suportável

Distúrbios auditivos 1,48 Suportável

Fator Danos Sociais

Item Média Avaliação

Agressividade com os outros 2,12 Moderada

Conflito nas relações familiares 2,03 Moderada

Impaciência com as pessoas em geral 1,88 Suportável

Insensibilidade em relação aos colegas 1,76 Suportável

Fator Danos Psicológicos

Item Média Avaliação

Tristeza 2,74 Moderada

Irritação com tudo 2,59 Moderada

Sensação de vazio 1,73 Suportável

Amargura 1,73 Suportável

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Embora os resultados do constructo danos físicos se apresentem como

suportáveis, Moreira e Mendes (2005), afirmam que o ambiente de trabalho

considerando as condições físicas, mecânicas e psíquicas inadequadas, é um

importante fator de risco para o desenvolvimento de DORT.

As dores, de uma maneira geral, apontam para um estado grave, e indicam

um acúmulo de sintomas que afetam diretamente o corpo desses profissionais, e,

em decorrência da intensidade, podem evoluir para adoecimentos constantes. É

importante salientar, que grande parte dos trabalhos que eles realizam, exigem que

esses trabalhadores mantenham-se em pé.

Silva (2008) em sua pesquisa encontrou que os ‘danos físicos’, apesar de

apresentarem-se suportáveis na opinião de 35,4% dos empregados no geral,

revelam também percentuais preocupantes em relação aos ‘danos ocupacionais’,

demonstrados por 19,5% dos trabalhadores no geral, 24,3% dos trabalhadores da

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Unidade I e 15,6% dos trabalhadores da Unidade II. Esta ambiguidade ainda foi

maior na Unidade I, indicando a possibilidade de utilização de estratégias defensivas

por parte destes trabalhadores, revelando sua luta contra as exigências e pressões

decorrentes da precarização do trabalho.

Segundo Mauro, Cupello e Mauro (2003) podem ser considerados fatores de

risco de DORT: organização do trabalho (jornada de trabalho aumentada, ritmo de

trabalho excessivo, déficit de pessoal), fatores ambientais (mobiliário inadequado,

iluminação insuficiente), sobrecargas de segmentos corporais, movimentos

repetitivos, posturas inadequadas, entre outros.

No que diz respeito aos Danos Sociais, definido como dificuldades nas

relações familiares e sociais foram observadas que 42,9% dos empregados

avaliaram como suportável, mostrando que existe uma percepção positiva dessa

dimensão na Unidade. Os resultados das médias gerais (μ= 1,95; σ= 1,46) mostra

que a dimensão danos sociais apresentaram avaliações suportáveis (Tabela

17).

Os itens que obtiveram maior média foram “Agressividade com os outros;

Conflito nas relações familiares; Impaciência com as pessoas em geral” e

Insensibilidade em relação aos colegas” com médias μ= 2,12, μ= 2,03, μ= 1,88 e

μ= 1,76, respectivamente.

Finalizando a escala dos Danos relacionados ao trabalho foi avaliado os

Danos Psicológicos, representando os sentimentos negativos em relação a si

mesmo e a vida em geral, cujos resultados foram semelhantes às outras duas

dimensões, ou seja, a maioria dos empregados avaliou como suportável (60%),

correspondendo à avaliação correspondente das médias gerais (μ= 2,25; σ= 1,58).

Os itens que obtiveram as maiores médias foram “Tristeza; Irritação com

tudo e Sensação de vazio” com médias μ= 2,74, μ= 2,59 e μ= 1,73,

respectivamente.

Mendes (2007) afirma que mesmo quando apenas um profissional apresenta

sintomas de adoecimento, esse deve ser valorizado, visto que avalia um dano já

instalado, desta forma é preocupante o aparecimento de itens como médias graves

e com Presença de Doenças Ocupacionais já instaladas.

Alguns trabalhos de Selligmann-Silva (2001) evidenciaram que várias são as

repercussões psicossociais e psicopatológicas advindas das novas formas de

organização do trabalho que degradam de modo acirrado a saúde mental dos

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trabalhadores, sendo evidenciado por retraimento, afastamento e isolamento social.

Dessa forma, prejudica-se a sociabilidade e subjetividade do indivíduo.

Por fim, foi observado que a população estudada é predominantemente

jovem 20 a 30 anos com 65,2% e do sexo masculino com 56,1%, acredita-se que

esse perfil seja pelo tipo de trabalho exercido na unidade de alimentação, uma vez

que requer uma sobrecarga física além da polivalência de suas funções. Desta

forma, foi visto que as condições e organização do trabalho foram avaliadas de

forma crítica em decorrência da gestão do trabalho, divisão e ritmos de trabalho

além da qualidade do ambiente e material disponibilizado. Dentro deste contexto do

trabalho percebe-se que esta organização, assim como as condições de trabalho

levaram a um dispêndio emocional, intelectual e esforço corporal fazendo com que o

custo humano do trabalho tenha sido avaliado de forma crítica a grave. (Quadro 12)

Quadro 19 – Síntese dos resultados da EADRT

Danos Relacionados ao Trabalho

Fator Danos Físicos Avaliação: moderada, suportável

Fator Danos Sociais Avaliação: moderada, suportável

Fator Danos Psicológicos Avaliação: moderada, suportável

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Diante deste cenário e corroborando com estes resultados foram observados

de forma predominante vivências de sofrimento. Porém, quando foram avaliados os

danos relacionados ao trabalho, viu-se que esta escala encontra-se suportável,

resultado este que pode ter relação com o tempo de serviço (até 2 anos) e/ou faixa

etária dos pesquisados.

4.6 RELAÇÃO ENTRE OS INDICADORES DE PRAZER E SOFRIMENTO NO

TRABALHO (EIPST) X AVALIAÇÃO DOS DANOS RELACIONADOS AO

TRABALHO (EADRT)

Para atender ao último objetivo específico proposto, buscou-se verificar a

diferença na dinâmica do prazer e sofrimento nas diversas Unidades de Alimentação

e Nutrição em Natal/RN.

Os resultados dos testes Qui Quadrado, estão descritos nas tabelas a

seguir.

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A tabela 18 apresenta os resultados obtidos com a totalidade dos

pesquisados, sem divisão em classes, observa-se a relação dos fatores que avaliam

Local x Fator de Liberdade de Expressão, não apresentou significância,

considerando-se o valor de p=0,8958. Seguindo determinação de Vieira (2010) e o

nível de significância desta pesquisa, não existe relação e essa hipótese está

descartada.

Tabela 18: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Liberdade de Expressão.

LOCAL FATOR LIBERDADE DE EXPRESSÃO

GRAVE % SATISFATÓRIA % TOTAL

UAN I 22 53,66 13 52,00 35

UANs II e III 19 46,34 12 48,00 31

TOTAL 41 100,00 25 100,00 66

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

A tabela 19 apresenta os resultados obtidos com a totalidade dos

pesquisados, sem divisão em classes, observa-se a Relação dos fatores que

avaliam Local x Fator Realização Profissional não apresentou significância,

considerando o valor de p=0,2642. Seguindo a determinação de Vieira (2010) e o

nível de significância desta pesquisa, não existe relação e esta hipótese está

descartada.

Tabela 19: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Realização Profissional.

LOCAL FATOR REALIZAÇÃO PROFISSIONAL

GRAVE % SATISFATÓRIA % TOTAL

UAN I 19 47,50 16 61,54 35

UANs II e III 21 52,50 10 38,46 31

TOTAL 40 100,00 26 100,00 66

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

A tabela 20 apresenta os resultados obtidos com a totalidade dos

pesquisados, sem divisão em classes, observa-se a Relação dos fatores que

avaliam Local x Fator Esgotamento Profissional não apresentou significância,

considerando o valor de p=0,5655. Seguindo a determinação de Vieira (2010) e o

nível de significância desta pesquisa, não existe relação e esta hipótese está

descartada.

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Tabela 20: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Esgotamento Profissional.

LOCAL FATOR ESGOTAMENTO PROFISSIONAL

GRAVE % SATISFATÓRIA % TOTAL

UAN I 16 57,14 19 50,00 35

UANs II e III 12 42,86 19 50,00 31

TOTAL 28 100,00 38 100,00 66

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

A tabela 21 apresenta os resultados obtidos com a totalidade dos

pesquisados, sem divisão em classes, observa-se a Relação dos fatores que

avaliam Local x Fator Falta de Reconhecimento não apresentou significância,

considerando o valor de p=0,7092. Seguindo a determinação de Vieira (2010) e o

nível de significância desta pesquisa, não existe relação e esta hipótese está

descartada.

Tabela 21: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Falta de Reconhecimento.

LOCAL FATOR FALTA DE RECONHECIMENTO

GRAVE % SATISFATÓRIA % TOTAL

UAN I 12 50,00 23 54,76 35

UANs II e III 12 50,00 19 45,24 31

TOTAL 24 100,00 42 100,00 66

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

A tabela 22 apresenta os resultados obtidos com a totalidade dos

pesquisados, sem divisão em classes, observa-se a Relação dos fatores que

avaliam Local x Fator Danos Físicos não apresentou significância, considerando o

valor de p=0,1428. Seguindo a determinação de Vieira (2010) e o nível de

significância desta pesquisa, não existe relação e esta hipótese está descartada.

Tabela 22: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Danos Físicos.

LOCAL FATOR DANOS FÍSICOS

GRAVE % SATISFATÓRIA % TOTAL

UAN I 21 61,76 14 43,75 35

UANs II e III 13 38,24 18 56,25 31

TOTAL 34 100,00 32 100,00 66

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

A tabela 23 apresenta os resultados obtidos com a totalidade dos

pesquisados, sem divisão em classes, observa-se a Relação dos fatores que

avaliam Local x Fator Danos Sociais não apresentou significância, considerando o

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valor de p=0,9881. Seguindo a determinação de Vieira (2010) e o nível de

significância desta pesquisa, não existe relação e esta hipótese está descartada.

Tabela 23: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Danos Sociais.

LOCAL FATOR DANOS SOCIAIS

GRAVE % SATISFATÓRIA % TOTAL

UAN I 18 52,94 17 53,13 35

UANs II e III 16 47,06 15 46,88 31

TOTAL 34 100,00 32 100,00 66

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

A tabela 24 apresenta os resultados obtidos com a totalidade dos

pesquisados, sem divisão em classes, observa-se a Relação dos fatores que

avaliam Local x Fator Danos Psicológicos não apresentou significância,

considerando o valor de p=0,1587. Seguindo a determinação de Vieira (2010) e o

nível de significância desta pesquisa, não existe relação e esta hipótese está

descartada.

Tabela 24: Relação dos fatores que avaliam Local x Fator Danos Psicológicos.

LOCAL FATOR DANOS PSICOLÓGICOS

GRAVE % SATISFATÓRIA % TOTAL

UAN I 28 58,33 7 38,89 35

UANs II e III 20 41,67 11 61,11 31

TOTAL 48 100,00 18 100,00 66

Fonte: Dados obtidos na pesquisa, 2015.

Nesta pesquisa não foram realizados testes para os fatores que avaliam

sofrimento, pois se observou que todas as pessoas que responderam ao

questionário se enquadraram na categoria moderada crítica (Tabela 14),

inviabilizando qualquer um dos testes, já que todas as respostas ficaram num

mesmo intervalo de avaliação.

Dos treze fatores distribuídos nas quatro escalas do ITRA, nove (09) foram

avaliados como crítico, três (03) foram avaliados como satisfatório e um (01)

avaliado como grave. Esse resultado é preocupante, pois crítico é um estado de

alerta e requer intervenção a curto e médio prazo. A avaliação grave requer a

imediata eliminação das causas.

Com base nos resultados da pesquisa, é possível supor a existência de um

equilíbrio nas vivências de prazer e sofrimento nas Unidades pesquisadas.

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Considerando que critico é um resultado mediano entre os extremos, presume-se

que há uma tendência para grave.

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87

5 CONCLUSÃO

A pesquisa possibilitou analisar o prazer e o sofrimento dos empregados das

Unidades de Alimentação e Nutrição, de forma quantitativa, e conhecer o processo

desses trabalhadores, com observações no local de trabalho quanto aos riscos e

aos prejuízos já vivenciados nas tarefas executadas e as medidas de controle. As

análises quantitativas permitiram maior compreensão dos resultados para evidenciar

as oportunidades de melhoria que a empresa pode oferecer e auxiliar no suporte

organizacional e nas políticas de melhorias de condição de trabalho, contribuindo

desta forma com a saúde dos trabalhadores envolvidos.

O estudo sinaliza que nas unidades pesquisadas o prazer deriva de um

conjunto de fatores dependentes, em sua maioria, da subjetividade dos

trabalhadores, e o sofrimento está relacionado ao contexto do trabalho e ao custo

humano no trabalho.

Contudo, esta pesquisa ressalta um modelo de gestão do processo de

trabalhado taylorizado. A recorrência de alguns constructos durante a apresentação

dos resultados evidencia o peso da organização do trabalho na saúde destes

trabalhadores.

Algumas recomendações também são pertinentes, como: novos estudos

sobre organização do trabalho; possíveis modificações nas características de

administração das Unidades de Alimentação e Nutrição e, organização para uma

maior sensibilização quanto à saúde do trabalhador.

As Unidades de alimentação precisam melhorar a organização do trabalho,

concentrar esforços na identificação, eliminação, neutralização ou controle dos

riscos ocupacionais no ambiente de trabalho e na promoção da qualidade de vida no

trabalho. Através da valorização das condições de trabalho, da definição de

procedimentos da tarefa, do cuidado com o ambiente físico e dos bons padrões de

relacionamento.

A pesquisa traz à luz e deixa como contribuição para a sociedade as

evidências das condições de vivências relacionadas ao prazer e sofrimento no

trabalho dentro das unidades pesquisadas, cabendo a estas, fortalecer as

intervenções, com intuito de diminuir as causas e promover o trabalho decente e a

saúde do trabalhador. Os resultados demonstram a preocupação somente de

prestar o serviço contratado por parte da empresa, com a exploração direta do

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trabalhador, sem a preocupação com a sua subjetividade e possíveis

consequências.

É importante salientar que este estudo representa a realidade de uma

empresa na visão de seus trabalhadores, um estudo de caso e os resultados não

devem ser generalizados. Porém, podem ser utilizados em pesquisa cuja realidade

da organização seja análoga.

Como contribuição teórica, essa pesquisa representa uma expansão dos

estudos sobre prazer e sofrimento com trabalhadores de Unidades de Alimentação.

Vale ressaltar o interesse pela continuidade e amadurecimento intelectual em torno

do assunto, tendo em vista que o campo de atuação necessita de materiais teóricos

que deem subsídio e proporcionem leituras que enfatizem o desempenho das UANs.

O interesse deste trabalho de pesquisa não se deteve apenas a efetivação

de um trabalho científico em si, mas também a construção de um corpo de

conhecimentos sobre os significados que o mesmo tem para esses empregados,

estimulando propostas para melhorar as condições de trabalho e de saúde dos

participantes da pesquisa. Acreditando que o conhecimento só se efetiva quando

produz mudanças e ações.

Na realização desta pesquisa, algumas limitações foram observadas e

merecem ser destacadas. A existência de apenas um estudo com trabalhadores de

Unidades de Alimentação e Nutrição; a extensão do questionário composto por 131

itens, tornando-se cansativo aos pesquisados e isso pôde ter causado

inconsistências nas respostas. Houve dificuldade na interpretação e mensuração

dos itens.

Outro fator foi a preocupação dos pesquisados sobre o anonimato das

informações, pois temiam represália por informações desfavoráveis por parte da

organização pesquisada. Essas limitações citadas, aparentemente, foram

contornadas em conversa individual entre o pesquisador e o respondente.

Espera-se que este estudo contribua de alguma forma para a melhoria na

qualidade de vida dos empregados que participaram desta pesquisa e nas

condições de trabalho dentro da organização pesquisada, entende-se que este

estudo não esgota o assunto e, com certeza, emergirão outros com novas

contribuições.

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96

APÊNDICES

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97

APÊNDICE A

CARTA DE AUTORIZAÇÃO

UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP

D.O.U. 20/06/2011

À Direção da Empresa____________________

Prezados Senhores,

Venho solicitar autorização da direção desta empresa, para realizar

uma pesquisa com todos os trabalhadores lotados no ____________, sob o titulo

________________, cujo objetivo é cumprir parte das exigências para obtenção do

titulo de Mestre em Administração Profissional pela Universidade Potiguar/UNP.

A pesquisa é orientada pela Profª. Drª. _____________, pertencente

ao quadro de docentes do Mestrado profissional em Administração da UNP. Informo

também que será garantido o anonimato da organização e sua contribuição é suma

importância.

Por ser publico, os resultados serão colocados à disposição da

empresa para quaisquer fins que achar necessário e de seus trabalhadores.

Agradecemos antecipadamente a sua colaboração na concretização

desta pesquisa.

_________________________________

Pesquisador

CPF________________________

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98

APÊNDICE B

CARTA DE PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA

Prezado (a) Trabalhador (a),

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a),

do da Pesquisa sob o título_________, Meu nome é ______________________,

sou o pesquisador responsável. Após receber os esclarecimentos e as informações

a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final do TERMO DE

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA, que está em duas vias.

Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa, seu

nome não será revelado à direção da empresa.

Agradeço sua valiosa contribuição com esse estudo que objetiva

avaliar as condições e organização do trabalho que se relacionam com as vivencias

de prazer e sofrimento dos trabalhadores de uma empresa prestadora de serviço

terceirizado de limpeza e conservação.

Abaixo apresentamos importantes orientações a serem observadas

no preenchimento dos formulários que constam do envelope que está recebendo:

1. Preencher o formulário do perfil socioprofissional da pesquisa, que

é constituído de perguntas que permitem a caracterização dos pesquisados, não

cabendo a sua identificação;

2. Preencher o Inventário da Escala de Indicadores Prazer –

Sofrimento no Trabalho, conforme especificado na sua mensuração localizada na

parte superior da folha, considerando com a maior adequação possível a sua

vinculação com o ambiente de trabalho. Este instrumento também não permite

identificação do respondente.

A devolução do questionário preenchido, será considerado como

aquiescência com a metodologia e a participação na pesquisa.

Em caso de dúvida sobre a pesquisa, você poderá entrar em

contato com o pesquisador nos telefones (___) _________, e-mail__________.

_________________________________

Pesquisador

CPF________________________

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99

APÊNDICE C

TERMO DE CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA

Eu,____________________________________________________

CPF _________________, abaixo assinado, concordo em participar da pesquisa

como respondente. Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) pelo

pesquisador ____________________ sobre a pesquisa, os procedimentos nela

envolvidos. Foi-me garantido o anonimato de minhas respostas.

Natal/RN,______ de ____________de 2015.

_________________________________

Assinatura do pesquisado

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100

ANEXOS

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101

ANEXO A

QUESTIONÁRIO DE DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS

1) Idade:

( ) 20 a 30 anos

( ) 31 a 40 anos

( ) 41 a 50 anos

( ) 51 anos ou mais

2) Gênero:

( ) Masculino

( ) Feminino

3) Escolaridade:

( ) Até o fundamental

( ) Ensino médio

( ) Superior incompleto

( ) Superior completo

( ) Pós-graduação

4) Estado Civil:

( ) Casado (a)

( ) Solteiro (a)

( ) Separado (a) Judicialmente

( ) Divorciado (a)

( ) União Estável

( ) Viúvo (a)

5) Cargo Atual :

_______________________________

6) Tempo de serviço na Unidade:

( ) Até 2 anos

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102

( ) De 2 a 4 anos

( ) De 4 a 6 anos

( ) De 6 a 8 anos

( ) De 8 a 10 anos

( ) Mais de 10 anos

7) Tempo de serviço no cargo:

( ) Até 2 anos

( ) De 2 a 4 anos

( ) De 4 a 6 anos

( ) De 6 a 8 anos

( ) De 8 a 10 anos

( ) Mais de 10 anos

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103

ANEXO B

ESCALA DE AVALIAÇÃO DO CONTEXTO DE TRABALHO (EACT)

Leia os itens abaixo e escolha a alternativa que melhor corresponde à avaliação que

você faz do seu contexto de trabalho.

1

Nunca

2

Raramente

3

Às vezes

4

Frequentemente

5

Sempre

1 O ritmo de trabalho é excessivo 1 2 3 4 5

2 As tarefas são cumpridas com pressão de prazo 1 2 3 4 5

3 Existe forte cobrança por resultados 1 2 3 4 5

4 As normas para a execução das tarefas são rígidas 1 2 3 4 5

5 Existe fiscalização do desempenho 1 2 3 4 5

6 O número de pessoas é insuficiente para se realizar as tarefas 1 2 3 4 5

7 Os resultados esperados estão fora da realidade 1 2 3 4 5

8 Existe divisão entre quem planeja e quem executa 1 2 3 4 5

9 As tarefas são repetitivas 1 2 3 4 5

10 Falta tempo para realizar pausas de descanso no trabalho 1 2 3 4 5

11 As tarefas executadas sofrem descontinuidade 1 2 3 4 5

12 As tarefas não estão claramente definidas 1 2 3 4 5

13 A autonomia é inexistente 1 2 3 4 5

14 A distribuição das tarefas é injusta 1 2 3 4 5

15 Os funcionários são excluídos das decisões 1 2 3 4 5

16 Existem dificuldades na comunicação entre chefia e

subordinados

1 2 3 4 5

17 Existem disputas profissionais nos locais de trabalho 1 2 3 4 5

18 Falta integração no ambiente de trabalho 1 2 3 4 5

19 A comunicação entre funcionários é insatisfatória 1 2 3 4 5

20 Falta apoio das chefias para o meu desenvolvimento 1 2 3 4 5

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104

profissional

21 As informações que preciso para executar minhas tarefas são

de difícil acesso

1 2 3 4 5

22 As condições de trabalho são precárias 1 2 3 4 5

23 O ambiente físico é desconfortável 1 2 3 4 5

24 Existe muito barulho no ambiente de trabalho 1 2 3 4 5

25 O mobiliário existente o local de trabalho é inadequado 1 2 3 4 5

26 Os instrumentos de trabalho são insuficientes para realizar as

tarefas

1 2 3 4 5

27 O posto/estação de trabalho é inadequado para a

realizaçãodas tarefas

1 2 3 4 5

28 Os equipamentos necessários para a realização das tarefassão

precários

1 2 3 4 5

29 O espaço físico para realizar o trabalho é inadequado 1 2 3 4 5

30 As condições de trabalho oferecem risco à segurança das

pessoas

1 2 3 4 5

31 O material de consumo é insuficiente 1 2 3 4 5

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105

ANEXO C

ESCALA DE CUSTO HUMANO NO TRABALHO (ECHT)

Escolha a alternativa que melhor corresponde à avaliação que você faz das

exigências decorrentes do seu contexto de trabalho.

1

Nunca

2

Pouco exigido

3

Mais ou menos

exigido

4

Bastante

exigido

5

Totalmente

exigido

1 Ter controle da emoções 1 2 3 4 5

2 Ter que lidar com ordens contraditórias 1 2 3 4 5

3 Ter custo emocional 1 2 3 4 5

4 Ser obrigado a lidar com agressividade dos outros 1 2 3 4 5

5 Disfarçar sentimentos 1 2 3 4 5

6 Ser obrigado a elogiar pessoas 1 2 3 4 5

7 Ser obrigado a ter bom humor 1 2 3 4 5

8 Ser obrigado a cuidar da aparência fisica 1 2 3 4 5

9 Ser bonzinho com os outros 1 2 3 4 5

10 Transgredir valores éticos 1 2 3 4 5

11 Ser submetido a constrangimentos 1 2 3 4 5

12 Ser obrigado a sorrir 1 2 3 4 5

13 Desenvolver macetes 1 2 3 4 5

14 Ter que resolver problemas 1 2 3 4 5

15 Ser obrigado a lidar com imprevistos 1 2 3 4 5

16 Fazer previsão de acontecimentos 1 2 3 4 5

17 Usar a visão de forma contínua 1 2 3 4 5

18 Usar a memória 1 2 3 4 5

19 Ter desafios intelectuais 1 2 3 4 5

20 Fazer esforço mental 1 2 3 4 5

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106

21 Ter concentração mental 1 2 3 4 5

22 Usar criatividade 1 2 3 4 5

23 Usar a força fisica 1 2 3 4 5

24 Usar os braços de forma contínua 1 2 3 4 5

25 Ficar em posição curvada 1 2 3 4 5

26 Caminhar 1 2 3 4 5

27 Ser obrigado a ficar em pé 1 2 3 4 5

28 Ter que manusear objetos pesados 1 2 3 4 5

29 Fazer esforço fisico 1 2 3 4 5

30 Usar as pernas de forma contínua 1 2 3 4 5

31 Usar as mãos de forma contínua 1 2 3 4 5

32 Subir e descer escadas 1 2 3 4 5

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107

ANEXO D

ESCALA DE INDICADORES DE PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO(EIPST)

Avaliando o seu trabalho nos últimos seis meses, marque o número de vezes em

que ocorrem vivências positivas e negativas.

0

Nenhuma

vez

1

Uma vez

2

Duas

vezes

3

Tres

vezes

4

Quatro

vezes

5

Cinco

vezes

6

Seis vezes

1 Liberdade com a chefia para negociar o que precisa 0 1 2 3 4 5 6

2 Liberdade para falar sobre o meu trabalho com os colegas 0 1 2 3 4 5 6

3 Solidariedade entre os colegas 0 1 2 3 4 5 6

4 Confiança entre os colegas 0 1 2 3 4 5 6

5 Liberdade para expressar minhas opiniões no local de

Trabalho

0 1 2 3 4 5 6

6 Liberdade para usar a minha criatividade 0 1 2 3 4 5 6

7 Liberdade para falar sobre o meu trabalho com as chefias 0 1 2 3 4 5 6

8 Cooperação entre os colegas 0 1 2 3 4 5 6

9 Satisfação 0 1 2 3 4 5 6

10 Motivação 0 1 2 3 4 5 6

11 Orgulho pelo que faço 0 1 2 3 4 5 6

12 Bem-estar 0 1 2 3 4 5 6

13 Realização profissional 0 1 2 3 4 5 6

14 Valorização 0 1 2 3 4 5 6

15 Reconhecimento 0 1 2 3 4 5 6

16 Identificação com as minhas tarefas 0 1 2 3 4 5 6

17 Gratificação pessoal com as minhas atividades 0 1 2 3 4 5 6

18 Esgotamento emocional 0 1 2 3 4 5 6

19 Estresse 0 1 2 3 4 5 6

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108

20 Insatisfação 0 1 2 3 4 5 6

21 Sobrecarga 0 1 2 3 4 5 6

22 Frustração 0 1 2 3 4 5 6

23 Insegurança 0 1 2 3 4 5 6

24 Medo 0 1 2 3 4 5 6

25 Falta de reconhecimento de meu esforço 0 1 2 3 4 5 6

26 Falta de reconhecimento de meu desempenho 0 1 2 3 4 5 6

27 Desvalorização 0 1 2 3 4 5 6

28 Indignação 0 1 2 3 4 5 6

29 Inutilidade 0 1 2 3 4 5 6

30 Desqualificação 0 1 2 3 4 5 6

31 Injustiça 0 1 2 3 4 5 6

32 Discriminação 0 1 2 3 4 5 6

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ANEXO E

ESCALA DE AVALIAÇÃO DOS DANOS RELACIONADOS AO TRABALHO (EADRT)

Os itens a seguir tratam dos tipos de problemas físicos, psicológicos e sociais que

você avalia como causados, essencialmente, pelo seu trabalho. Marque o número

que melhor corresponde à frequência com a qual eles estiveram presentes na sua

vida nos últimos três meses.

1 Dores no corpo 0 1 2 3 4 5 6

2 Dores nos braços 0 1 2 3 4 5 6

3 Dor de cabeça 0 1 2 3 4 5 6

4 Disturbios respiratórios 0 1 2 3 4 5 6

5 Disturbio digestivo 0 1 2 3 4 5 6

6 Dores nas costas 0 1 2 3 4 5 6

7 Distúrbios auditivos 0 1 2 3 4 5 6

8 Alterações do apetite 0 1 2 3 4 5 6

9 Distúrbios de visão 0 1 2 3 4 5 6

10 Alterações do sono 0 1 2 3 4 5 6

11 Dores nas pernas 0 1 2 3 4 5 6

12 Distúrbios circulatórios 0 1 2 3 4 5 6

13 Insensibilidade em relação aos colegas 0 1 2 3 4 5 6

14 Dificuldades nas relações fora do trabalho 0 1 2 3 4 5 6

15 Vontade de ficar sozinho 0 1 2 3 4 5 6

16 Conflito nas relações familiares 0 1 2 3 4 5 6

17 Agressividade com os outros 0 1 2 3 4 5 6

18 Dificuldades com os amigos 0 1 2 3 4 5 6

19 Impaciência com as pessoas em geral 0 1 2 3 4 5 6

20 Amargura 0 1 2 3 4 5 6

21 Sensação de vazio 0 1 2 3 4 5 6

22 Sentimento de desamparo 0 1 2 3 4 5 6

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23 Mau humor 0 1 2 3 4 5 6

24 Vontade de desistir de tudo 0 1 2 3 4 5 6

25 Tristeza 0 1 2 3 4 5 6

26 Irritação com tudo 0 1 2 3 4 5 6

27 Sensação de abandono 0 1 2 3 4 5 6

28 Dúvida sobre capacidade de fazer tarefas 0 1 2 3 4 5 6

29 Solidão 0 1 2 3 4 5 6