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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO DOUTORADO INTERINSTITUCIONAL
MARCIA HELENA MACHADO NASCIMENTO
CAPACIDADE FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA DE CRIANÇAS COM
CARDIOPATIA CONGÊNITA ACIANÓTICA
São Paulo
2018
MARCIA HELENA MACHADO NASCIMENTO
CAPACIDADE FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA DE CRIANÇAS COM
CARDIOPATIA CONGÊNITA ACIANÓTICA
Tese apresentado ao Programa de Pós Graduação de Doutorado Interinstitucional da Universidade Nove de Julho/Universidade do Estado do Pará na área de Avaliação e Reabilitação das Disfunções Cardiopulmonares, para obtenção do título de Doutora em Ciências da Reabilitação.
Orientadora: Profa Dra Fernanda de Cordoba Lanza
São Paulo
2018
Nascimento, Marcia Helena Machado.
Capacidade funcional e qualidade de vida de crianças com
cardiopatia congênita acianótica. / Marcia Helena Machado
Nascimento.2018.
137 f.
Tese (Doutorado) – Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São
Paulo, 2018.
Orientador (a): Prof ª. Drª. Fernanda de Cordoba Lanza.
1. Cardiopatias congênitas. 2. Cirurgia cardíaca. 3. Crianças. 4.
Qualidade de vida. 5. Capacidade funcional.
I. Lanza, Fernanda de Cordoba. II. Titulo
CDU 615.8
À minha mãe, in memorian.
... Que, compartilhava comigo o desejo da realização de um doutorado pois se aprovada, dar-lhe-ia a maior alegria...
À minha ”riqueza”, minha filha.
... Que, pôde compreender os momentos de ausência, e ainda me dava a alegria de sua companhia nas viagens a São Paulo em cumprimento das demandas do doutorado...
Ao meu irmão, cunhada e sobrinhos.
... Que,são minha família, meu suporte, meu ninho de amor...
Ao meu pai
... Que, com a força de suas orações, de seu amor e confiança, me deu sustentabilidade na fé para superar barreiras na vida...
As crianças voluntárias e suas mães
... Que, foram os atores principais para realização desse estudo...
As enfermeiras da Clinica Pediátrica e da UTI neonatal da FHCGV
... Que, desde o início do doutorado, me apoiaram no desenvolvimento do tema e não mediram esforços em colaborar com esse estudo...
As técnicas de enfermagem da Clinica pediátrica da FHCGV
...que me acolheram e me ajudaram na seleção das crianças...
Fonte: www,Google.com,br
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pelo sustento da minha fé.
À minha família: nossa eterna “rainha” Amazonita (in memorian), e ao meu pai José
Reinaldo, minha filha Emily, meu irmão Márcio Ulisses, minha cunhada Kátia, meus
sobrinhos, Bruno, Diego, José Reinaldo Neto, Ricardo e Pedro Vinícius, pelo infinito
amor que me sustentou nessa caminhada e minha companheira “pet” Marrie das
madrugadas de estudo. “Acreditar na Família é construir o futuro (João Paulo II).
À Nádia Reis, a administradora da nossa casa, pela sua dedicação e cuidado diário
e ao meu filho do coração Marcos Vinícius, pelo seu grandioso amor. “A amizade é
um amor que nunca morre” (Mário Quintana).
Á profa Msc. Margareth Bulhosa que me apresentou o edital do DINTER e me
motivou a fazer o processo seletivo. Você estava certa. Obrigada por acreditar em
mim. “Quando descobrimos que alguém acredita em nós, percebemos o
quanto é bom ser digno de confiança” (Desconhecido).
À minha orientadora, Profª. Dra. Fernanda de Cordoba Lanza, pela sua brilhante
orientação, pela oportunidade de aprender e crescer com seus conhecimentos e,
sobretudo, por acreditar no meu potencial. “Feliz aquele que transfere o que sabe
e aprende o que ensina” (Cora Coralina).
Aos coordenadores do DINTER, Prof. Dr. João Ferrari - UNINOVE, pela organização
da pós-graduação, ao Prof. Dr. Renato Teixeira - UEPA, pelas orientações quanto
aos direitos e deveres do DINTER Local. “Não trabalhes para ser reconhecido,
mas faz trabalho que mereça ser reconhecido” (Jackson Brown, Jr).
Aos membros da banca examinadora Profª. Drª. Simone Dal Corso - UNINOVE.
Profª. Drª. Luciana Maria Malosá Sampaio Jorge – UNINOVE e Profª. Drª. Andressa
Tavares Parente - UFPa, pelas considerações pontuais desse estudo. "Não há
saber mais ou saber menos: Há saberes diferente” (Paulo Freire).
Aos queridos da UNINOVE: Patrícia Lira, Jessyca Selman, Rejane Castro, Mariana
Reimberg, Jaksoel Silva, Aline Meneses, Cristina Helga, José Jr, Anderson
Camargo, Anderson José, Adriano, Tiago Freitas e os alunos de iniciação científica,
pelas aulas teóricas e práticas, sobre espirometria, realização do shuttle teste,
bancos de dados e cálculos. A contribuição de vocês norteou a coleta de dados
desse estudo. “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos
alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos
sempre” (Paulo Freire).
As secretárias da pós-graduação: Camila Esteves, Priscila Mendes, Ligia Fernanda,
Juliana Eugenia pela organização administrativa e o cuidado com os nossos
documentos. ...“o que vale a pena ser feito vale a pena ser bem feito”.
(Nicolas Poussin)
Aos amigos do doutorado, Ediléa, Erica, Zaffalon, Dayse, Vanderson, Alessandra,
Dr. Gileno, Eviton, Roni, Mariana, Walquiria e Tetê, pelo aprendizado mútuo, pela
amizade construída, pelo apoio nas horas sufocantes e gratificantes dos momentos
de estudos, pelas companhias nas viagens... Especialmente ao André Gustavo
“docinho” pela ideia da temática do meu estudo “Shuttle com crianças...”. Nós
vencemos! “As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se
com o presente e encaram o futuro sem medo” (Epicuro).
Ao amigo Rafael Morais, meu “Amore”, que ganhei no DINTER, pela amizade a
primeira vista, pelo entrosamento, afinidade, cumplicidade, confiança, carinho,
parceria, tolerância, pelos passeios e caminhadas, pelas dicas de vida e escutar
mais, “Quando uma amizade é verdadeira não há fim, há sempre um recomeço,
não importa de qual forma” (Ferreira, Grazielle de Moura).
A amiga Mariléia Araújo, um presente do DINTER, pela parceira, cumplicidade,
confiança, pelos exercícios de paciência, pelas gargalhadas nos momentos de
alegria, pelas viagens compartilhadas para o doutorado, pelos dias de estudo em
nossas casas, pelo apoio incalculável durante a coleta dos dados da pesquisa, pelos
momentos de oração, pelos momentos de luta e superações. “Continuaremos a
nadar...” Um amigo é alguém que lhe dá total liberdade para ser você mesmo “
(Jim Morrison).
Aos enfermeiros Adriel Lucas, Lucas Bogéa, Nayara Santana, Tainah Goldim,
Reinaldo Guimarães, Ryan Brito, que foram meus orientandos, meus assistentes na
coleta de dados, meus parceiros incansáveis. Vocês foram imprescindíveis para o
alcance da amostra desse estudo. Gratidão pela experiência compartilhada.
“O trabalho em equipe é mais rico, forte e por isso capaz de alcançar as metas
mais difíceis!” (Autor desconhecido).
As minhas amigas do Comitê líder do Grupo de pesquisa “Pesca” da UEPA, Ana
Baena, Bruna Alessandra, Dione Seabra, Gleyce Girard, Sâmela Galvão, Vera
Gomes e Tatiana Marques pelos momentos divertido de escuta sensível
proporcionado aos meus desabafos, “A amizade multiplica as coisas boas e
divide as más" (Baltasar Gracián).
A profª Dra. Elizabeth Teixeira pelo eterno suporte metodológico, pela “acolhida no
ninho”, pelas palavras de força, pela sua amizade, pelos ensinamentos, pela
disponibilidade de todas as horas, “A humildade exprime uma das raras certezas
de que estou certo: a de que ninguém é superior a ninguém” (Paulo Freire).
Aos colegas e amigos professores da Universidade do Estado do Pará, pelo apoio
contínuo, em especial as Profª Dra. Ilma Pastana e Profª Dra Margareth Sá, Profª
Dra. Margareth Bittencourt e o Profº Dr. Rubenilson Valois, pela amizade e incentivo
para realizar o doutorado.
Aos colegas e amigos professores da Universidade da Amazônia, pelo incentivo
constante e por disponibilizar tempo para assumir minhas atividades docentes, para
eu cursar o doutorado. Um agradecimento carinhoso a amiga mana Profª Margareth
Braun.
“O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente” (Mahatma Gandhi).
Aos amigos da FHCGV:
A minha gerente de enfermagem da UTI neonatal, Enfª Lilian Reça, por ter
organizado meus afastamentos do serviço em prol do doutorado, pelo apoio
emocional, pela confiança, amizade e compreensão. Com você a frente do serviço
me sentir segura para seguir com meus estudos. Deus te abençoe.
Ás enfermeiras da Clinica pediátrica: Ana Rosa Meneses, Angélica Amaral, Elizabeth
Lobato, Elaine de Oliveira, Terezinha Leão, Aline Conceição, Flavia da Silva e a GT
de enfermagem da pediatria Ana Capeloni, pela colaboração, paciência, torcida para
que eu conseguisse alcançar a amostra do estudo. Vocês foram fundamentais.
As enfermeiras queridas e competentes da UTI neonatal: Samantha Servantes,
Andrea Santos, Virna Deusdará, Marcilene Pimentel, Ivone Lopes, Bernadeth Frota,
Silvia Brito, Auxiliadora Pantoja, por dividirem os meus plantões para eu cursar o
doutorado e por sempre acreditarem na minha vitoria. Em especial as enfas, Maria
Auxiliadora Rodrigues, pelas mensagens diárias de alegria e motivação, Ana Carla
Figueiredo pelas orações pontuais e por escutar minhas angustias e a amiga
querida, parceira dos plantões noturnos, Patrícia Martins, pela preocupação com o
meu bem estar, saúde, pelo carinho e por me incentivar a seguir em frente.
Ao amigo “master” Mário Antonio Moraes Vieira, enfermeiro, gerente do serviço de
ambulatório do hospital e Rosilene Goldin, Técnica administrativa do ambulatório,
pela organização das consultas das crianças para facilitar minha coleta. Sem suas
contribuições não teria conseguido recrutar essas crianças após a alta hospitalar.
A Enfª Claudecira Mourão, gerente do serviço de arquivo do hospital, pelo apoio aos
dados dos prontuários, a Estatística Daise Barroso pelo levantamento de dados para
atender meu estudo.
A amiga Enfª Francinéia Castilho, enfermeira do serviço de diagnóstico do hospital,
por me ajudar no levantamento dos dados ecográficos das crianças voluntarias e
pelas orações.
“Vocês nem sempre terão o que desejam, mas enquanto estiverem ajudando
aos outros encontrarão os recursos de que precisam”. (Chico Xavier)
NASCIMENTO, Marcia Helena M. Capacidade funcional e qualidade de vida de crianças com cardiopatia congênita acianótica. 2018. 132 f. Tese (Doutorado Interinstitucional em Ciências da Reabilitação) – Universidade Nove de Julho-São Paulo. Universidade do Estado do Pará, Belém,
2018.
RESUMO
Introdução: O shuttle teste modificado (STM) é útil para avaliar a capacidade
funcional de crianças com cardiopatia congênita (CC) por ter característica
incremental e ser cadenciado externamente. Objetivo: Avaliar a capacidade funcional
e a qualidade de vida de crianças com CC no pré-operatório e após procedimento
cirúrgico. Método: estudo transversal (Estudo I) e longitudinal (Estudo II), realizado
no hospital público (grupo cardiopatia -GCard) e na escola de ensino médio (grupo
controle- GC). Participaram do Estudo I crianças CC (n = 32, 6-12 anos) vs grupo
controle (crianças saudáveis, n = 32). Estudo II, crianças com doença cardíaca
congênita acianótica de 6 a 12 anos no pré-procedimento hemodinâmico ou cirúrgico
(pré, n=32), até 15 dias de alta hospitalar (pós 15, n=21), e 30 dias de alta hospitalar
(pós 30, n=27). Em ambos estudos foram avaliadas a função pulmonar, qualidade de
vida (PedsQL4.0) e shuttle teste modificado. A frequência cardíaca (FC), a pressão
arterial (PA) e a saturação de oxigênio foram avaliadas em repouso, no decorrer do
teste, no pico do exercício e na recuperação do teste. Resultados: No estudo I, a
distância percorrida foi maior no GC (829,6 ± 129,0 m) comparado ao GCard (644,6
± 160,7m), p <0,001. No pico do exercício no STM foram observadas diferenças
estatisticamente significativas nas variáveis frequência cardíaca, SpO2,
dessaturação no pico, distância percorrida, sendo essas menores no grupo
cardiopata em relação ao controle, p<0,05. O PedsQL 4.0 foi pior no GCard, e houve
correlação significante entre a distância percorrida e o domínio da atividade física (r
= 0,95, p<0,001). No estudo II, a capacidade funcional estava reduzida (69,1±
17,5%prev) no pré; com piora significante no pós 15 (55,7 ± 18,0%prev) e melhora
da após 30 dias de alta (78,9 ± 12,8), p<0,05. O duplo produto (PAS x FC) não foi
estatisticamente diferente no pré, pós 15 e pós 30, entretanto, ao corrigir essa
variável pela distância percorrida, notam-se que os pacientes no pós 15 tiveram
valores 31 (23 – 39mmHg/bpm) significantemente maiores comparado ao pré-
operatório 25 (19 – 29mmHg/bpm), p<0,05. Correlação significante entre a distância
percorrida e o domínio psicossopcial das crianças entre 8-12 anos (PedsQL 8-12) na
fase pós 15 (r=0,70, p=0,002). A distância percorrida correlacionou-se com o
domínio atividade criança (5 -7 anos) na fase pós 15 (r=0,90, p=0,03). Conclusão:
Crianças com cardiopatia congênita apresentam redução na capacidade funcional e
da qualidade de vida. A correção do defeito anatômico no coração resulta em
melhora da capacidade funcional e na qualidade de vida desses pacientes após 30
dias de cirurgia.
Palavras-Chaves: Cardiopatias Congênitas, Crianças; Qualidade de Vida; Capacidade funcional.
ABSTRACT
Introduction: The Modified Shuttle Test (MST) is useful to assess the functional capacity of children with Congenital Heart Disease (CHD) due to its incremental characteristic and for being externally cadenced. Objective: To assess functional capacity and quality of life in children with CHD pre and post surgery. Methods: A transversal (Study I) and longitudinal study (Study II), that took place in a public hospital (heart disease group – GCard) and in a high school (control group – GC). In Study I the participants were children with CHD (n=32, 6-12 years old) vs control group (healthy children, n=32). In Study II, children with acyanotic congenital heart, age 6-12 years old, were assessed before hemodynamic or surgery procedures (pre-procedure, n=32), up to 15 days after hospital discharge (post-procedure 15, n=21), and up to 30 days after hospital discharge (post-procedure 30, n=27). Both studies assessed lung function, used the pediatric quality of life inventory (PedsQL4.0) and the Modified Shuttle Test (MST). Heart rate (HR), blood pressure (BP) and oxygen saturation were assessed during rest, during the test, at peak exercise, and in the recovering time. We considered HR x BPsystolic as the Double Product. Results: In Study I, the distance achieved was higher in the GC group when compared to the GCard group (644,6 ± 160,7m, p <0,001). At peak exercise we observed statically significant differences in the variables heart rate (bpm and %prev), SpO2, desaturation at peak exercise, and distance achieved, where these variables were lower in the heart disease group in comparison to the control group, p<0,05. PedsQL4.0 was worse in the GCard, and there was significant correlation between distance achieved and the dominance over the physical activity (r = 0,95,p <0,001). Study II showed that functional capacity was reduced in the pre-procedure (69,1 ± 17,5%prev), with significant worsening in the post-procedure 15 (55,7 ± 18,0%prev), and recovery in the post-procedure 30 (78,9 ± 12,8), p<0,05. The double product was not statistically different during the assessed periods of time, although, when correcting this variable with the distance achieved, we found that the children in the post-procedure 15 (23 – 39, median=31) had significant higher values when compared to the post-procedure (19 – 29, median=25), p<0,05. There was significant correlation between distance achieved and the psychosocial domain of the children age 8 to 12 years old (PedsQL 8-12) in the post-procedure 15 (r=0,70, p=0,002). The distance achieved was correlated to the item physical activity (5 -7 years old) in the post-procedure 15 (r=0,90, p=0,03). Conclusion: Children with congenital heart disease has reduced functional capacity and quality of life. Additionally, the surgery to correct the disease increses the functional capacity and quality of life after 30 days of the procedure.
Key-words: Congenital Heart Disease, Children; Quality of life; Functional capacity.
SUMÁRIO
1 CAPITULO I: CONTEXTUALIZAÇÃO 15
1.1. EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS CARDÍACAS 16
1.2. As cardiopatias congênitas em crianças 17
1.2.1 Procedimentos cirúrgicos e percutâneos para doença
cardíaca congênita
19
1.2.2 A Doença Cardíaca Congênita e a capacidade funcional 20
1.3 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE EXERCÍCIO 21
1.3.1 Shuttle walk test incremental 22
1.3.2 Shuttle teste modificado 24
1.4 A QUALIDADE DE VIDA DE CRIANÇAS NO PÓS-OPERATÓRIO
DE CARDIOPATIAS
26
1.4.1 Qualidade de vida 26
1.4.2 Avaliação da qualidade de vida de crianças com cardiopatia
congênita
27
1.5. JUSTIFICATIVA 27
1.7. HIPÓTESES DO PESQUISADOR 28
1.8. OBJETIVOS 28
2. CAPITULO II: MATERIAIS E MÉTODOS 29
2.1 Delineamento do estudo e participantes 30
2.2 Descrição do Protocolo 30
2.3 Avaliações 33
2.3.1 Peso e estatura 33
2.3.2. Espirometria 33
2.3.3 Frequência cardíaca, pressão arterial e saturação de pulso de
oxigênio.
34
2.3.4 Ecocardiograma 35
2.3.5 Capacidade Funcional 35
2.4 Avaliação da qualidade de vida 38
2.4.1 Questionário de qualidade de vida PedsQL™ 39
2.5. VARIÁVEL DE DESFECHO 39
2.6. ESTATÍSTICA DO ESTUDO I, II 40
2.7. ASPECTOS ÉTICOS 41
3. CAPÍTULO III: APRESENTAÇAO DOS RESULTADOS E
DISCUSSÃO
42
3. 1. Artigo I 44
3.2. Artigo II 61
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 78
REFERENCIAS 81
APÊNDICES 92
ANEXOS 101
LISTA DE TABELAS E QUADROS
QUADRO 1 Mostra sumarizada de testes clínicos (TECP e TC6)
para avaliação da capacidade funcional de crianças
com cardiopatia congênita............................................
25
QUADRO 2 Protocolo de estágio e velocidade do Shuttle walking
test incremental............................................................
36
ARTIGO I
TABELA 1 Variáveis antropométricas, sociodemográficas,
econômicas, função pulmonar e clínicas dos
participantes do estudo................................................
51
TABELA 2 Dados do shuttle teste modificado e segurança do teste nos grupos estudados. .......................................
52
TABELA 3 Dados do questionário qualidade de vida PEDsQL de
8-12 anos e 5-7 anos pais e crianças) dos grupos
estudados.....................................................................
53
ARTIGO II
TABELA 1 Características antropométricas e de função
pulmonar dos participantes em cada fase do estudo-
pré-cirurgia, pós 15 e pós 30 e características
cirúrgicas......................................................................
67
TABELA 1 Características antropométricas e de função
pulmonar dos participantes em cada fase do estudo-
pré-cirurgia, pós 15 e pós 30 e características
cirúrgicas (Continuação)............................................
68
TABELA 2 Dados do shuttle teste modificado no pico do
exercício nas três fases do estudo...............................
69
TABELA 3 Dados do questionário de qualidade de vida,
PedsQL, nas três fases do estudo..............................
72
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Fluxograma do estudo ...................................... 32
Figura 2 Exame de espirometria...................................... 33
Figura 3
Técnica de medida de pressão arterial. O
comprimento da bolsa de borracha, que deve
ser de 80% a 100% da circunferência do
braço, e a largura deve ser de pelo menos
40%...................................................................
35
Figura 4 Imagem em desenho do circuito do shuttle
teste modificado................................................ 37
Figura 5 Ilustração da realização do Shuttle walk test
incremental......................................................
37
Figura 6 Escala de Borg Modificada.............................. 38
ARTIGO I
Figura 1 Fluxo de avaliações e inclusões no protocolo 50
Figura 2 Comparação da distância percorrida no shuttle
teste modificado entre os grupos controle e
cardiopata.........................................................
53
Figura 3 Comparação do domínio atividade e domínio psicossocial do PedsQL 8-12anos em A...........
55
Figura 4 Correlação entre a distância percorrida no
shuttle teste modificado e o domínio atividade
relatada pelos pais do PedsQL 5-7 anos...........
56
ARTIGO II
Figura 1 Fluxograma de apresentação das fases do
estudo e as respectivas inclusões....................
66
Figura 2
Comparação do domínio atividade e domínio
psicossocial do PedsQL 8-12 anos (A) e do
PedsQL 5-7 (B) , nas fases pré-cirurgia, pós 15
e pós 30.............................................................
69
Figura 3
Comparação do domínio atividade e domínio
psicossocial do PedsQL 8-12 anos (A) e do
PedsQL 5-7 (B) nas fases pré-cirurgia, pós 15
e pós 30.............................................................
71
Figura 4 Correlação entre a distância percorrida e o
domínio psicossocial do PedsQL 8-12 anos
(A), e PedsQL 5-7 anos (B), na fase pós 15.
73
LISTA DE ABREVIATURAS
AEb Anomalia de Ebstein
AVD Atividades de vida diária
CC Cardiopatia congênita
CF Capacidade funcional
CIA Comunicação interatrial
CIV Comunicação interventricular
CoA Coarctação da aorta
CONITEC Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS
DAVP Drenagem anômala de veias pulmonares
DAC Doença arterial coronariana
DCC Doença cardíaca congênita
DP Desvio padrão
DPOC Doença pulmonar obstrutiva crônica
EAP Estenose de artéria pulmonar
EVAV Estenose de válvula átrio-ventricular
FC Freqüência cardíaca
FEF25-75% Fluxo expiratório forçado médio de ar que ocorre no intervalo
entre 25% e 75% da Capacidade vital forçada
FHCGV Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna
HVE Hipoplasia do ventrículo esquerdo
IMC Índice de massa corporea
PCA Persistência do canal arterial
PA Pressão arterial
PedsQL™ Pediatric Quality of Life Inventory
QV Qualidade de vida
QVRS Qualidade de vida relacionada à saúde
QQV Questionário de qualidade de vida
VEF1/CVF Relação do volume expiratório forçado no primeiro segundo e
Capacidade vital forçada
SpO2 Saturação de oxigênio pulso
SINASC Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
SWTI Shuttle walk test incremental
STM Shuttle Teste modificado
TC6 Teste de caminhada de 6 minutos
TECP Teste de exercício cardiopulmonar
TF Tetralogia de Fallot
TGA, Transposição das grandes artérias
UTIP Unidade de terapia intensiva pediátrica
VEF1 Volume expiratório forçado no primeiro segundo
VO2 Consumo de oxigênio
VO2máx Consumo de oxigênio máximo
15
CAPÍTULO I
CONTEXTUALIZAÇÃO
16
1.1 EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS CARDÍACAS CONGÊNITAS
A doença cardíaca congênita (DCC) é considerada um grande problema de
saúde, alguns desses problemas não afetarão seriamente a vida diária da criança,
enquanto outros são mais graves, limitando a capacidade funcional e
comprometendo a qualidade de vida, assim na maioria dos casos, e em algum
momento de vida desses indivíduos será necessário o procedimento cirúrgico 1, 2.
As doenças cardíacas congênitas são anormalidades estruturais constituindo
uma das principais causas de morbidade e mortalidade infantil3, 4. Esses defeitos
são resultados de intercessão no desenvolvimento da estrutura do coração ou na
sua função, que está presente intrautero e pode ser descoberta durante o período
gestacional, ao nascimento ou, em alguns casos, somente mais tarde5. Entre as
crianças com cardiopatias congênitas, cerca de 99% manifestam os sintomas
característicos de defeitos cardíacos ainda no primeiro ano de vida6.
Os sinais e sintomas da DCC dependem de condições específicas da própria
da doença, porém, quase todas alteram igualmente a circulação e a separação entre
o sangue venoso e o arterial. As manifestações mais comuns na DCC são: cianose,
sopro cardíaco, taquipnéia, falta de ar, arritmia cardíaca, crises hipoxêmicas,
síncope, dor torácica, dificuldade para se alimentar e/ou sudorese excessiva de pólo
cefálico, intolerância aos exercícios, cefaléia e hipertensão arterial (principalmente
em crianças de baixa idade), taquidispnéia, edema e hepatoesplenomegalia7.
Epidemiologicamente, as cardiopatias acianóticas são descritas em estudos
científicos como mais prevalentes e cabendo maior incidência a comunicação
interventricular (CIV), a comunicação interatrial (CIA) e a persistência do canal
arterial (PCA). Entretanto, as cardiopatias cianóticas, por serem anormalidades
congênitas com maior consequência hemodinâmica, possuem maior potencial de
gravidade, e apresentarem elevada mortalidade ainda no período neonatal8, 9.
Inúmeros estudos estabelecem a incidência de doença cardíaca congênita,
com a média de 0,8% e globalmente entre 0,7 e 0,9% da população geral de
nascidos vivos, com variações dependentes do tempo de diagnóstico, da população
estudada e dos métodos de diagnóstico utilizados1, 2,10
Nos Estados Unidos é relatada vasta gama de prevalência, reunidos 4-50
para 1000, atualmente estimado entre 650.000 e 1.300.000 adultos com cardiopatias
congênitas e esse número sobe para taxa de 5% ao ano1,10 .
17
Estudo sobre a Epidemiologia da doença cardíaca congênita no Brasil
apresentou resultados da prevalência e seus subtipos, referente ao ano de 2010, a
partir da notificação de 2.861.868 de nascidos. Foi descrita a taxa de prevalência de
cardiopatia congênita considerando 9: 1.000 nascimentos em 2010, ano de estudo,
uma aproximação de 25.757 novos casos foi encontrada. O evento de doença
cardíaca congênita (DCC) nas regiões brasileiras, para o mesmo ano, foi a seguinte:
Norte 2758; Nordeste 7570; Sudeste 10.112; Sul 3329; e Centro-Oeste 1.987 novos
casos11.
Nesse mesmo estudo, há informações sobre o Estado do Pará. Segundo os
dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivo - SINASC/ Ministério da
Saúde, em 2010 foram registrados 140.687 nascimentos, com prevalência de DCC
de 1.266, sendo 9: 1.000 nascidos vivos. Os casos de DCC notificados no SINASC
foram de 19 de 51 casos notificados na região Norte a porcentagem de notificação
foi de 1,5% 11.
Nesse contexto, observa-se o empenho de pesquisadores em comprovar a
necessidade de investimento a saúde de pessoas com cardiopatia congênita o mais
cedo possível, com o intuito de reduzir a mortalidade infantil e melhorar a qualidade
de vida dessa população.
1.2. AS CARDIOPATIAS CONGÊNITAS EM CRIANÇAS
Registros pelo relatório técnico da Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no SUS (CONITEC) afirmam que o diagnóstico precoce é essencial,
pois tem possibilidades de evitar agravos a saúde antes do tratamento da
cardiopatia. Aprimorar o diagnóstico destas cardiopatias propicia a redução do índice
de mortalidade neonatal12.
As crianças portadoras de cardiopatias congênitas, ao serem diagnosticadas,
devem ser acompanhadas e avaliadas quanto à necessidade de intervenção
cirúrgica corretiva ou paliativa e à presença de alterações hemodinâmicas. De forma
geral, o tratamento é imprescindível para prevenção do desenvolvimento de doenças
relacionadas e proporcionar melhor qualidade de vida aos afetados13.
Os avanços no tratamento têm aumentado à sobrevida dos portadores de
cardiopatias congênitas. Há ocorrência de um maior número de crianças com
18
cardiopatias complexas que mantém sinais de cianose ou com problemas cardíacos
residuais que atingem a fase adulta14.
As cardiopatias congênitas são classificadas em acianóticas e as cianóticas.
Dentre as acianóticas existem as comunicações interatrial (CIA), interventricular-
(CIV), persistência do canal arterial (PCA), estenose da artéria aorta (EA), estenose
de artéria pulmonar e a Coarctação da aorta (CoA). Dentre as cianóticas existem a
tetralogia de Fallot (TF), a transposição das grandes artérias (TGA), Hipoplasia do
ventrículo esquerdo (HVE), Anomalia de Ebstein (AEb) e a drenagem anômala de
veias pulmonares (DAVP)15,16.
Também há a classificação de acordo com o fluxo sanguíneo. A primeira
categoria refere-se à classificação com base nas características hemodinâmicas
(padrões de fluxo no coração): (I) distúrbios com diminuição de fluxo sanguíneo
pulmonar (Tetralogia de Fallot, atresia de tricúspide); (II) distúrbios com aumento de
fluxo sanguíneo pulmonar (Persistência do canal arterial - PCA, comunicação
interatrial-CIA, comunicação interventricular-CIV); (III) distúrbios obstrutivos
(coarctação da aorta, estenose aórtica, estenose pulmonar); (IV) distúrbios mistos
(transposição de grandes vasos- TGV, retorno venoso pulmonar anômalo total-
RVPAT, e hipoplasia do coração esquerdo)5.
Outra categoria reporta-se a classificação de acordo com a gravidade, que
são ditas como cardiopatias congênitas simples e cardiopatias congênitas
complexas. As cardiopatias simples não há necessidade de tratamento invasivo
imediato, mas é necessário o acompanhamento criterioso para minimizar os efeitos
deletérios da descompensação hemodinâmica nesses casos, indicando a
intervenção no melhor momento para a criança e adolescente. As cardiopatias
complexas requerem tratamentos invasivos precoces, geralmente iniciando no
período neonatal17.
O tratamento antecipado das DCC evita consideravelmente internações de
repetição por complicações da doença, além de promover melhor qualidade de vida.
Pesquisas divulgam que 50% de crianças com DCC devem ser submetidos a
cirurgia cardíaca no primeiro ano de vida. Para tanto, comprovaram que são
necessários 11.539 novos procedimentos/ano no Brasil. Como o setor público
evidencia 86,1% dos casos, estima-se um déficit de 80,5%. O mais agravante é a
situação nas regiões Norte e Nordeste, cujos índices são de 97,5% e 92%,
respectivamente18.
19
1.2.1 Procedimentos cirúrgicos e percutâneos para doença cardíaca congênita
Os procedimentos cardíacos e cirúrgicos da cardiopatia congênita
transformaram a história natural da doença. Períodos que antecederam as
especialidades, a sobrevida era apenas para os pacientes, incluindo crianças e
adolescentes, acometidos por doenças cardíacas de menor complexidade e estes
conseguiam atingir a maturidade19.
O tratamento cirúrgico cardíaco tem sua contribuição na redução da
sintomatologia, de crianças com cardiopatias, além de potencializar a sobrevida e a
qualidade de vida desses pacientes. Cirurgia cardíaca pode ser definida como
processo de restauração e restituição das capacidades vitais, compatíveis com a
capacidade funcional do coração daqueles pacientes que já apresentaram
previamente doenças cardíacas. É o processo pelo qual o paciente busca retorno ao
bem-estar do ponto de vista físico, mental e social 20,21.
A definição de cirurgia cardíaca é considerada por diversos autores como
processo de restauração e restituição das funções vitais, conciliável com a
capacidade funcional do coração de pacientes com doença cardíaca prévia. No
entanto, observaram complicações como reduções dos volumes e das capacidades
pulmonares e redução da força muscular respiratória, o que aumenta o risco de
maior incidência de complicações respiratórias 20,22,23.
No tocante ao procedimento percutâneo ou cateterismo cardíaco, data-se em
1966 o primeiro relato de bloqueio cardíaco induzido por cateterismo na população
pediátrica24.
O cateterismo cardíaco é considerado um método de diagnóstico e
terapêutico de DCC, que acessa o coração pela inserção intravascular de cateteres,
para fins de dilatações valvares, ampliações de defeitos do septo atrial, aortoplastias
com ou sem o emprego de endopróteses vasculares (stents), e conduta mais
recente, que realiza a abertura de valvas de atresia pulmonares, oclusões dos
defeitos dos septos atrial e ventricular e o fechamento do canal arterial pérvio25.
Estudo prospectivo com 108 crianças que tiveram a cirurgia para tratar e
doença arterial coronariana em dois hospitais de referência em Catalunha,
submetidas ao teste de esforço cardiopulmonar, comprovou que o aperfeiçoamento
das técnicas cirúrgicas e técnicas percutâneas permitiram precisão no diagnóstico e
20
melhor acompanhamento de crianças e adolescentes com DCC, facilitou a sua
integração social, incluindo o exercício físico mais adequado26.
1.2.2 A Doença Cardíaca Congênita e a capacidade funcional
A doença cardíaca congênita (DCC) promove alterações hemodinâmicas que
podem reduzir a capacidade funcional. Crianças com cardiopatia congênita cianótica
apresentam menor capacidade ao exercício e menor força dos músculos
expiratórios, conforme o estudo sobre capacidade de exercício em crianças e
adolescentes com doença cardíaca congênita corrigida, no qual, avaliou a
capacidade de exercício e a força muscular respiratória de 48 crianças e
adolescentes entre 6 a 18 anos com doença cardíaca congênita cianótica por meio
de teste de caminhada de 6 minutos27.
Sobre a capacidade funcional, estudos consideraram como a habilidade de
gerenciar as demandas físicas nas atividades cotidianas. A proporção do consumo
de oxigênio (VO2) torna a avaliação mais precisa por ser o consumo de oxigênio
máximo (VO2máx) a melhor forma de mensurar o condicionamento cardiovascular e
a capacidade funcional 28,29.
A capacidade funcional é conceituada com base na destreza da pessoa na
realização de tarefas físicas, ações sociais e preservação de suas atividades
mentais, até mesmo, do potencial para o desempenho das atividades de vida diária
(AVD), possibilitando melhor qualidade de vida (QV). No entanto, algumas patologias
como as cardiopatias e pneumopatias, diminuem a capacidade funcional 30,31.
Os resultados da revisão sistemática com meta-análise intitulada “Impacto do
treinamento físico na capacidade aeróbia e função pulmonar em crianças e
adolescentes após cirurgia cardíaca congênita” obtiveram resultados que o
treinamento físico em comparação com o controle, teve um impacto positivo no pico
de VO2. Esse treinamento físico, resultou em um melhor o pico de VO2 e diferença
de média ponderada (3,68 mL kg -1 min -1). Concluíram que fazer exercício pode
melhorar o pico de consumo de oxigênio (VO2) em crianças e adolescentes no pós-
operatório de cirurgia de cardiopatia congênita32.
Conforme evidências no estudo sobre teste de esforço cardiopulmonar em
crianças e adultos com cardiopatia congênita, diversos pacientes, incluindo crianças
e adolescentes com doença cardíaca congênita têm restrições desnecessárias, em
21
relação à atividade física. Muitas das vezes, de maneira bem intencional, essas
restrições são colocadas pelos pais e médicos. Em razão disso, evidências
comprovam que esta população tende a apresentar baixos níveis de capacidade
funcional do que ideal para a aptidão cardiovascular geral, mais ainda com crianças
que sobrevivem até a idade adulta, que correm o risco de desenvolver doença
cardíaca adquirida33.
As compensações da atividade física têm sido documentadas com certa
frequência, que ao serem estimuladas, contribuem para a melhoria da autoestima;
da função muscular e saúde cardiovascular; da função do sistema imune e auxilia na
prevenção de obesidade de criança e do adolescente com cardiopatia congênita.
Resaltam que estes benefícios não devem ser privados das crianças e adolescentes
com lesões cardíacas congênitas, desde que possuam a capacidade funcional para
o exercício34.
1.3 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE EXERCÍCIO
A avaliação da capacidade funcional pode ser acompanhada, medindo a
habilidade e independência que a pessoa apresenta, para por em prática
determinadas atividades, como um elemento-chave para a avaliação da saúde de
uma estipulada população, nesse estudo a criança e o adolescente35. Também, é
caracterizada como a aptidão para realizar tarefas do cotidiano e para a sua
automanutenção de forma independente e autônoma36,37.
A mensuração do nível de atividade e o nível de tolerância ao esforço servem
para quantificar os efeitos da doença nas atividades de vida diária e na qualidade e
vida38. A avaliação da tolerância e aptidão ao exercício físico nas crianças é uma
medida útil do impacto da doença no paciente, particularmente quando a doença já
está avançada e auxilia o diagnóstico de enfermagem, o prognóstico e permite a
avaliação de diversos tratamentos 39,40,41.
Estudos realizados permitiram a observação por meio de variáveis como
capacidade funcional, dados relevantes quanto à limitação funcional e função
muscular de crianças com asma, insuficiência respiratória e problemas cardíacos42.
Para avaliação da capacidade funcional estudos recomendam a utilização dos
testes clínicos de campo, como o teste de exercício cardiopulmonar, o teste de
caminhada de 6 minutos (TC6), o shuttle walk test (SWT), entre outros41,43. Para
esse estudo será utilizado o shuttle teste modificado (STM).
22
O teste de exercício cardiopulmonar (TECP) em cardiologia pediátrica difere
dos testes realizados como pacientes adulto. As respostas das crianças
cardiovasculares durante o exercício de teste apresentam características diferentes,
em particular o consumo de oxigênio, freqüência cardíaca e resposta da pressão
arterial, que são essenciais na interpretação dos dados hemodinâmicos44.
A DCC causa redução na capacidade de exercício, conforme estudo com 17
crianças com DCC versus grupo controle com faixa etária12 a 16 anos, observaram
redução da carga máxima em Watts no TECP e a carga no pico do exercício (W) foi
de 42% grupo com DCC e 59% grupo controle. O resultado nos dois grupos mostrou
redução na capacidade de exercício, porém, o grupo de DCC comprovou carga de
pico mais baixa. Considerando que o valor de referência para o TECP é de
aproximadamente 80% para pessoas sem anormalidade cardíaca45.
O teste de caminhada de 6 minutos (TC6) é um teste de campo simples e de
baixo custo que fornece uma medida abrangente e integrada da condição física do
paciente. É um teste cadenciado pelo paciente, limitado por tempo46.
Estudo sobre a Capacidade de exercício em crianças e adolescentes com
doença cardíaca congênita corrigida utilizou o TC6 em 48 crianças e adolescentes
com DCC de 6-18 anos com correção cirúrgica e foi observada a redução na
capacidade funcional (CF) de 69% previsto27.
No estudo que avaliou a tolerância ao exercício físico e as respostas
cardiorrespiratórias para um programa de treinamento pelo TC6 em 17 crianças de
12-16 anos com DCC no pré-operatório de correção de cardiopatia versus grupo
controle, descobriram que o TC6 é um teste confiável e reprodutível. As crianças
com DCC caminharam uma distância 472,5 metros, enquanto que as crianças grupo
controle 548,8 metros. Isso significa que as crianças com DCC atingiram uma
distância menor do que crianças saudáveis antes de treinar. Concluíram que o TC6
é uma ferramenta útil e confiável na avaliação e acompanhamento da capacidade
funcional durante o programa de reabilitação em crianças com DCC45.
1.3.1 Shuttle walk test incremental
O Shuttle Walk Test Incremental (SWTI) é um teste simples, incremental,
cadenciado externamente por sinais sonoros, em que a velocidade aumenta a cada
minuto. Esse teste tem como propósito avaliar o desempenho do indivíduo
considerando os sintomas limitantes41, 47,48,49.
23
O SWTI foi elaborado como um instrumento para avaliação de pessoas com
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); no entanto, há informações da
extensão de sua aplicação em outras condições de saúde, como avaliar a
capacidade funcional de pacientes com cardiopatias e é considerado um teste
sintoma limitante com cargas progressivas e seguro23, 50,51.
Em um estudo transversal com crianças e adolescentes foi estabelecido uma
equação para prever a distância percorrida do teste de caminhada incremental e
testar sua confiabilidade52. Foi concluído que esse teste pode ser usado como
referência para avaliar a capacidade funcional de crianças e adolescentes. ISWT
tem excelente repetibilidade e é um teste de campo de esforço máximo para essa
faixa etária52.
O teste da caminhada com carga progressiva ou shuttle walk teste
incremental foi introduzido por Singh47. O SWTI é uma versão para pacientes com
limitações ventilatória do teste 20-metros shuttle test, descrito inicialmente para
avaliação da capacidade física em crianças, adultos ativos e em atletas em geral.
Consiste em caminhar em terreno plano, percorrendo de maneira repetida uma
distância conhecida de 10 metros, ao redor de uma marcação de dois cones
posicionados a 0,5 m do final do trajeto para evitar alterações inesperadas de
direção47. O SWTI contém 12 níveis com um minuto de duração cada, de
intensidade graduada e a velocidade percorrida pelo paciente é cadenciada por um
sinal de áudio47.
O TECP é considerado padrão ouro para avaliar a capacidade funcional
expressa pelo consumo de oxigênio medido no pico de esforço53. Estudos
demonstram que crianças e adolescentes com cardiopatias congênitas apresentam
redução na aptidão cardiorrespiratória45. Em relação a testes clínicos de campo, que
tem como objetivo avaliar a capacidade funcional foi descrito que está reduzida
nessa população, ao ser avaliado pelo teste da caminhada de seis minutos45.
Entretanto, a avaliação da capacidade funcional pelo shuttle teste modificado (STM)
que contém 15 níveis, e usualmente utilizado para a população infantil 28, 48,53 e ainda
não foi descrita para crianças com doença cardíaca congênita acianótica. Sabe-se
que o STM é um teste cadenciado externamente, e que pode avaliar melhor a
capacidade funcional de indivíduos por aumentar gradativamente a velocidade para
realizar o teste, alcançando de maneira mais efetiva a capacidade máxima como
descrito para outras doenças54, como na fibrose cística55,56.
24
1.3.2 Shuttle teste modificado
O shuttle test modificado (STM) foi aplicado com fidedignidade tanto em
crianças normais quanto em crianças com fibrose cística, ainda sem
comprometimento pulmonar importante. Os resultados foram capazes de sustentar
que o STM é um bom teste de esforço para ser realizado com crianças normais e
crianças com fibrose cística, visto que não diferiu em relação à sobrecarga cardíaca
imposta para os dois grupos. Entretanto, é essencial a realização de pelo menos
dois testes, devido ao efeito de aprendizado, assim, demonstrou o estudo sobre
análise comparativa e reprodutibilidade do teste de caminhada com carga
progressiva (modificado) em crianças com fibrose cística55, 56.
O STM foi o teste de escolha nesse estudo por acreditar na sua precisão para
avaliação da capacidade funcional de crianças com DCC. No estudo que avaliou as
correlações do TC6 e do STM com atributos clínicos em pacientes com doença
arterial coronariana (DAC) no pré-operatório de revascularização do miocárdio e a
presença do efeito aprendizado relacionado aos dois testes. O STM apresentou
maior validade para avaliar a aptidão física, que o foco do nosso estudo e o TC6
relacionou-se melhor com as comorbidades e sintomas cardíacos. Não houve
diferença significativa entre o primeiro TC6 e o segundo (409 ±69 vs. 428 ± 92;
p=0,5). Contudo, observaram redução significativa da distância percorrida no
segundo STM (298±116 vs. 252±111; p=0,01)57. O STM é uma alternativa e
preferível na avaliação da tolerância ao exercício em termos de resposta
cardiorrespiratória58.
Avaliação da capacidade funcional em crianças com doença cardíaca é uma
importante estratégia clínica para a definição diagnóstica, quantificação dos
sintomas, prognóstico e avaliação da resposta ao tratamento59. A maioria dos
estudos publicados apresenta tamanho de amostra pequena e inclui crianças,
adolescentes e adultos com ampla faixa etária60.
Os testes clínicos de campo mais encontrados na literatura para avaliação da
capacidade funcional de crianças com cardiopatia congênita para nosso estudo
foram o TECP e o TC6, que se aproximam aos testes clínicos sumarizados através
de uma metanálise de estudos observacionais e evidenciado na revisão sistemática
sobre “Capacidade Funcional na Cardiopatia Congênita”61 e representado no Quadro
1.
25
Teste clinico de campo Autor/ano Participantes/
idade Objetivo do estudo
Valores do consumo máximo
de oxigênio (VO2)
Teste de exercício cardiopulmonar com
esteira; protocolo Bruce.
Rutenberg, 198362
n =24
Crianças e adolescentes com idade de 7 a 18 anos corrigida
cirurgicamente para: TGA, T4F, doença valvar e aórtica.
Determinar se ou não níveis de aptidão física (i.e., capacidade aeróbica) poderiam ser
melhorou em crianças após cirurgia de coração aberto malformações cardíacas complexas.
39,3 ± 8,8 ml/kg/min
Teste de exercício cardiopulmonar com
esteira; protocolo Bruce.
Carvalho,
199263
n=12
Participantes corrigidos cirurgicamente para T4F
Determinar os efeitos da regurgitação pulmonar residual na tolerância ao exercício após o
reparo completo da tetralogia de Fallot 48,0 ± 8,8 ml/kg/min
Teste de exercício cardiopulmonar com esteira, protocolo de
carga constante.
Mocelin, 199964
n=35 Participantes corrigidos
cirurgicamente para: TGA, CIV, AP,T4F.
Realizar uma comparação sobre a absorção
máxima de oxigênio, o ajuste da absorção de
oxigênio no início do exercício de alta
intensidade e o sangue máximo lactato entre 10
meninos pré-púberes saudáveis e 35 crianças
após o reparo de malformações cardíacas ou
após a operação de Fontan.
42,6 ± 8,6ml/Kg/min
Teste de exercício cardiopulmonar com esteira; Protocolo de
rampa.
Pfamatter, 200265
n=14
Pacientes com idade de 6 -16 anos de idade com CIA corrigida
Avaliar as alterações na função cardiopulmonar em crianças com sobrecarga de volume
cardíaco direito devido a uma ASD hemodinamicamente significante, para
comparar essas alterações com uma população normal correspondente e para avaliar as
alterações na função cardiopulmonar associadas ao fechamento do defeito.
37,8 ± 14,8 ml/Kg/min
Teste de exercício cardiopulmonar com
cicloergômetro; protocolo de
Wasserman. Teste submáximo com TC6.
Moalla, 200545
n=17 12-16 anos
Participantes corrigidos cirurgicamente para: T4F, TGA, CIA, AP. NYHA classe funcional
II e III.
Avaliar a tolerância ao exercício e as respostas
cardiorrespiratórias a um programa de
treinamento pelo teste de caminhada de seis
minutos (6'WT) em crianças com cardiopatia
congênita (CHD)
28,9 ± 1,7 ml/Kg/min
Teste de exercício cardiopulmonar com
cicloergômetro. Protocolo de Wasserman.
Moalla, 200866
n=12
12-15 anos Participantes foram crianças com corrigidos
cirurgicamente para: T4F, TGA, CIA, AP. NYHA classe funcional
II e III.
Caracterizar a resposta cardiopulmonar e a
oxigenação muscular respiratória de crianças
com cardiopatias congênitas (CHD) quando
comparadas às de crianças saudáveis.
30,2 ± 6,1 ml/Kg/min
Teste de exercício cardiopulmonar com
cicloergômetro; protocolo de Wasserman.
Amiard, 200867
n=23 Media 15 anos
Participantes corrigidos cirurgicamente para: ventrículo
único e AP, AP com septo intacto, T4F, TGA, CIA.
Avaliar o efeito do treinamento domiciliar sobre
respostas cardiorrespiratórias em crianças
cirurgicamente corrigidas para insuficiência
cardíaca congênita usando limiar de dispneia
(DT) como intensidade de treinamento
34,4 ± 10,9 ml/Kg/min
Teste de exercício cardiopulmonar com
cicloergômetro; protocolo em rampa,
duração de 8-12 min e recuperação. O paciente foi instruído a manter 60 rpm durante todo o teste
de exercício.
Arvidsson, 2009 68
n=79 9 – 11 anos 14 – 16 anos Pacientes cirurgicamente
corrigidos (54 pacientes foram submetidos a reparo
ventricular),incluindo: EA, DSAV, DVSVD, VEH, SCDH, AM, AP, DVAPP, EP, TGA, CIV. NYHA
classe funcional.
Investigar atividade física, participação esportiva
e aptidão aeróbica em crianças submetidas a
cirurgia para defeitos congênitos do coração
42,28 ± 8,8 ml/Kg/min
Teste de exercício cardiopulmonar com
cicloergômetro; protocolo Godfrey
Groen, 200969
n=13 14 ± 2,8
Participantes corrigidos cirurgicamente para T4F procedimento de Fontan.
Determinar se Δ VO 2 / Δ WR depende da
idade, da massa corporal, altura e facilidade e
se Δ VO 2 / Δ WR puderem discriminar entre
crianças saudáveis e crianças com uma doença
crônica que limita a distribuição de O2 ou
utilização
33,7 ± 8,9 ml/Kg/min
Teste de exercício cardiopulmonar com
esteira; protocolo Bruce.
Goldstein, 201170
n=51 8 - 25 anos
Pacientes pós-procedimento de Fontan, excluindo pacientes com marca-passo, hipoxemia grave
(saturação de oxigênio < 80% em repouso), arritmia atrial ou
disfunções ventriculares. NYHA classe funcional I (94%).
Avaliar a associação
entre a função vascular periférica e o estado
de saúde funcional em pacientes com doença
de Fontan.
28,8 (25,6-33,2) ml/Kg/min
Teste de exercício cardiopulmonar com esteira, protocolo de
Bruce.
Su, 201371
n=50 11,2 ± 3,5
Pacientes corrigidos e não- corrigidos para CIA.
Examinar a influência do defeito
do septo atrial assintomático sobre
a capacidade de exercício em crianças
31,8 ± 6,8 ml/kg/min
Teste de exercício cardiopulmonar e teste ergométrico submáximo
com cicloergômetro.
Muller, 201372
n=88 11 - 14 anos
Pacientes com PS, CIV, CIA, T4F, coarctação aórtica,
estenose / regurgitação valvar pós cirurgia, anomalia de
Ebstein, coração univentricular, TGA e TAC. NYHA classe
funcional I e II.
Avaliar o desempenho do exercício em crianças
com CHD que cresceram sem restrições quanto
à atividade diária e atividades esportivas de
lazer
35,5 (31,3-41,0) ml/Kg/min
Teste de caminhada de seis minutos (6MWT),
força muscular respiratória.
Feltze, 201527
n=48 6 e 18 anos
Crianças e adolescentes com doença cardíaca congênita cianótica
Avaliar a capacidade de exercício de crianças e
adolescentes com doença cardíaca
congênita cianótica e avaliar a força muscular
respiratória
A distância média percorrida ( 452,7 ± 73,2 m),
significativamente abaixo do previsto (69%) (p <0,001). A pressão inspiratória máxima
foi acima do resultado previsto (111,4%), e a pressão
expiratória máxima foi de 63,2 ± 23,3 cm H2O,
significativamente abaixo do previsto (63%)
26
Quadro 1: Mostra sumarizada de testes clínicos (TECP e TC6) para avaliação da
capacidade funcional de crianças com cardiopatia congênita. EA: estenose aórtica; DSAV: defeito
do septo atrioventricular; DVSVD: dupla via de saída do ventrículo direito; VEH: ventrículo esquerdo hipoplásico; SCDH: síndrome do
coração direito hipoplásico; AM: atresia mitral; AP: atresia pulmonar; DVAPP: drenagem venosa anômola pulmonar parcial; DVAPT:
drenagem venosa anômola pulmonar total; EP: estenose pulmonar; TGA: transposição das grandes artérias; CIV: comunicação
interventricular; T4F: tetralogia de Fallot; CIA: comunicação interatrial; TAC: tronco arterioso comum; NYHA: New York Heart
Association; VO2max = consumo máximo de oxigênio;TC6 = teste de caminhada dos seis minutos.
1.4 A QUALIDADE DE VIDA DE CRIANÇA COM DOENÇA CARDÍACA
CONGÊNITA
1.4.1 Qualidade de vida
Contextualizar sobre qualidade de vida constitui em uma tarefa difícil por se
tratar de uma temática complexa, de abordagem global e multidimensional. Distintos
autores têm se empenhado no sentido de definir qualidade de vida. Nesse aspecto,
diversas definições são evidenciadas, em diferentes perspectivas e contextos 73. A
World Health Organization define qualidade de vida como a compreensão do
indivíduo a respeito de sua posição na vida, dentro do enredo dos sistemas de
cultura e valores nos quais está integrado e em relação as suas metas, expectativas,
padrões e preocupações74.
A qualidade de vida associada com a saúde implica em dimensões restritas e
diretas com a doença e tratamento que busca saber de que forma os diferentes
domínios (físico, funcional, psicológico, social, familiar e econômico) são
influenciados pela especificidade da doença, tratamento ou intervenções de saúde54,
75, 76, 77, 78,79.
No que se refere ao conceito de qualidade de vida sob a ótica da globalidade,
a multidimensionalidade é categorizada em três dimensões: A primeira, a dimensão
física que está relacionada a percepção do indivíduo sobre a sua condição física; a
segunda dimensão é a psicológica que se caracteriza pela percepção do indivíduo
sobre a sua condição afetiva e cognitiva e a terceira a dimensão é a social, que
refere-se a forma de como o indivíduo se situa frente aos relacionamentos sociais e
aos papéis sociais adotados na vida. Outras dimensões devem ser arroladas, como
as dimensões positivas a exemplo a mobilidade e as dimensões negativas, como a
dor76.
27
1.4.2 Avaliação da qualidade de vida de crianças com cardiopatia congênita
A qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) corresponde a maiores
investigações na população adulta, no entanto a população de crianças e
adolescente vem ganhando espaço no campo científico, isso está atribuído ao
impacto que suas necessidades prejudicadas podem causar em longo prazo, além
do benefício que as intervenções precoces com foco na sua melhoria podem
proporcionar, especialmente nas doenças crônicas80.
Estudos mencionam a relevância de considerar a criança e adolescente com
doença cardíaca como relator da sua qualidade de vida, pois deve ser vista a
capacidade desta população em reconhecer e descrever/relatar e exteriorizar o seu
processo de saúde-doença. A participação de crianças e adolescente no estudo
implica no envolvimento dos seus responsáveis/tutores/pais como respondentes ao
processo de consentimento e negociação da participação, com o intuito de proteger
os seus interesses e, adicionalmente, a adoção de instrumentos de coleta de dados
para esta faixa etária80.
A avaliação da qualidade de vida em crianças e adolescentes cardiopatas
têm sido utilizadas como importante desfecho de saúde, pois identifica os riscos de
grupos e subgrupos, investiga hábitos de saúde e compreende cuidadosamente o
impacto dos distintos diagnósticos de cardiopatia sobre a qualidade de vida dessa
população de cardiopatas congênitos76.
1.5. JUSTIFICATIVA
Os cuidados com a criança e adolescente no pré e pós-operatório de
cardiopatias são prestados por uma equipe multiprofissional, considerando o
comprometimento sistêmico em decorrência da doença, e as características cultural
e social da família envolvida. No entanto, escassos são os relatos sobre os cuidados
referentes à avaliação da capacidade funcional para essa população.
A avaliação da capacidade funcional em crianças em situação de pós-
operatório de cardiopatias tem importância para planejar uma assistência de
qualidade e contribuir de forma eficiente para a evolução do paciente no pós-
operatório e para sua desospitalização precoce81. As crianças com cardiopatia
congênita podem apresentar redução na capacidade funcional devido às alterações
anatômicas cardíacas e consequente redução das atividades diárias e imobilismo. Já
foi descrito que há alteração no teste de exercício cardiopulmonar, entretanto, a
28
alteração funcional ainda não foi relatada. Assim, avaliar por meio de testes clínicos
de campo a capacidade funcional de crianças com cardiopatias congênitas passa ter
fundamental importância45,27.
A redução da aptidão cardiorrespiratória pode levar à alteração na qualidade
de vida, considerando que esses indivíduos apresentarão limitação às atividades do
dia a dia em decorrência do defeito anatômico. A redução da qualidade de vida não
foi correlacionada à capacidade funcional nessa população, considerando ser
importante aspecto da vida diária dessa população.
Espera-se que esta pesquisa possa contribuir com seus resultados tanto para
o ensino, na pesquisa, na assistência e na reabilitação da criança com cardiopatia
congênita, suscitando novos paradigmas, descobertas e desafios para a pesquisa na
enfermagem e sua assistência. Assim como no investimento multidimensional da
saúde da criança, gerando um planejamento de novas intervenções baseadas em
evidências e avaliação dos resultados.
1.7. HIPÓTESES DO ESTUDO
Diante das considerações sobre a cardiopatia congênita acianótica acredita-
se que as crianças com essa doença apresentarão redução da capacidade funcional
e da qualidade de vida no pré-operatório quando comparada aos seus pares
controles. Sendo a redução da capacidade funcional menos evidente no momento
após procedimento cirúrgico para correção da cardiopatia congênita.
1.8. OBJETIVOS
- Avaliar a capacidade funcional pelo shuttle teste modificado, segurança do
teste e qualidade de vida de crianças com cardiopatias congênitas acianóticas e
comparar com seus pares controles.
- Avaliar a recuperação da capacidade funcional (distância percorrida no
STM) e a qualidade de vida entre crianças com cardiopatias congênitas acianóticas
antes e após procedimentos cirúrgicos (cateterismo terapêutico e cirurgia).
29
CAPÍTULO II
MATERIAL E MÉTODO
30
2.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO E PARTICIPANTES
Trata-se um estudo transversal (Fase I) e longitudinal (Fase II e Fase III),
realizado na Fundação Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, na cidade de
Belém-Pará (FHCGV), unidade âncora, e na Escola Estadual de Ensino Médio
Jarbas Passarinho- Bairro do Marco, da cidade de Belém-Pará (EEEMJP), como
unidade de apoio.
Foram inclusas no estudo crianças com cardiopatia congênita acianótica na
faixa entre 6 -12 anos, que estiveram em espera para procedimento cirúrgico
(cateterismo cardíaco terapêutico, cirurgia cardíaca). Foram excluídas as crianças
com cardiopatias congênitas cianóticas; Síndromes neurocomportamental; que não
conseguiram responder o questionário de qualidade de vida (QQV); aquelas com
instabilidade hemodinâmica; com histórico de crise de hipóxia; que apresentaram
aumento da frequência cardíaca acima de 190bpm; em uso de drogas vasoativas;
histórico de infecção pulmonar nas últimas quatro semanas; que realizam atividade
física mais de duas vezes na semana.
Para o grupo controle, foram inclusas as crianças pareadas por idade e
gênero ao grupo de cardiopatia congênita acianótica, que não apresentaram doença
aguda ou crônica, que não realizaram atividade física mais de duas vezes na
semana. Foram excluídas crianças com doenças crônicas; que não conseguiram
responder o questionário de qualidade de vida (QQV); com histórico de infecção
pulmonar nas últimas quatro semanas; que realizam atividade física mais de duas
vezes na semana.
2.2 Descrição do Protocolo
O protocolo foi composto de três fases:
Fase 1- Pré-cirurgia: Crianças voluntárias internados na clínica pediátrica em
espera de procedimentos cirúrgico de cardiopatia congênita acianótica e grupo
controle provenientes de escolas, pareado em idade e gênero. Foi realizado
espirometria e foram encaminhadas para a realização do primeiro STM. O segundo
STM foi realizado considerando inicialmente intervalo de 30 minutos, dependendo da
31
recuperação do esforço de cada voluntário e depois de recuperados do esforço
físico, foram convidados a responder o questionário de QV PedsQL 4.0 de 8-12anos
e de 5-7anos (questionário para os pais e para a criança), foi aplicado para as
crianças do grupo controle e cardiopatas.
Fase 2 Pós 15: Crianças voluntárias submetidas a procedimento cirúrgico de
cardiopatia congênita acianótica (cateterismo terapêutico ou cirurgia cardíaca)
internadas na enfermaria, com programação de alta hospitalar e em condições de
realizar os testes, ou até 15 dias da alta hospitalar. Realizaram a espirometria e
foram encaminhadas para a realização do primeiro e segundo STM. O segundo STM
foi realizado considerando inicialmente intervalo de 30 minutos. Depois de
recuperadas do esforço físico foram convidadas a responder o questionário de QV
PedsQL 4.0 de 8-12anos e de 5-7anos.
Fase 3 Pós 30: Crianças voluntários submetidos a procedimento cirúrgico de
cardiopatia congênita acianótica (cateterismo terapêutico ou cirurgia cardíaca) de
alta hospitalar há 30 dias. Realizaram a espirometria e foram encaminhadas para a
realização do primeiro e segundo STM. O segundo STM foi realizado considerando
inicialmente intervalo de 30 minutos. Depois de recuperadas do esforço físico foram
convidadas a responder o questionário de QV PedsQL 4.0 de 8-12anos e de 5-
7anos.
32
Crianças sem cardiopatia congênita Avaliação Clinica e antropométrica Espirometria
Realização do STM Aplicação do questionário QV
PedsQL4,0 de 8-12 anos e de 5 a 7 anos
PRÉ-operatória: crianças com cardiopatia congênita acianótica em
espera de cateterismo cardíaco terapêutico ou pré cirurgia cardíaca
Avaliação Clinica e antropométrica Espirometria Realização do STM Aplicação do questionário QV PEDsQL 4,0 de
8-12 anos e de 5 a 7 anos
FASE I
PÓS 15: crianças com DCC acianótica submetidas ao cateterismo cardíaco terapêutico ou cirurgia cardíaca e em programação de alta ou até 15 dias de alta hospitalar
Avaliação Clinica e antropométrica. Espirometria Realização do STM Aplicação do questionário QV PEDsQL 4,0 de
8-12 anos e de 5 a 7 anos
FASE II
Critérios de exclusão: - Crianças com DCC, que não conseguirem responder o questionário (QQV); com instabilidade hemodinâmica; síndromes neurocomportamental; com histórico de crise de hipóxia; que apresentarem FC > 190 bpm; em uso de drogas vasoativas; histórico de infecção pulmonar nas últimas quatro semanas; com alteração na função pulmonar; que realizavam atividade física mais de duas vezes na semana.
Estudo Transversal Fase I
Longitudinal Fase II
Unidade âncora: FHCGV
Unidade apoio: EEEMJP
Critérios de inclusão: - Crianças de 6 – 12 anos com DCC acianótica - Em espera para procedimento cirúrgico (cateterismo terapêutico cardíaco, cirurgia cardíaca) - Grupo controle pareados por idade e gênero ao grupo de DCC, que não apresentem doença aguda ou crônica, que não realizavam atividade física mais de duas vezes na semana.
PÓS 30: crianças com cardiopatia congênita acianótica submetidas ao cateterismo cardíaco terapêutico ou cirurgia cardíaca de alta hospitalar há 30 dias
Avaliação Clinica e antropométrica. Espirometria Realização do STM
Aplicação do questionário QV PEDsQL 4,0 de 8-12 anos e de 5 a 7 anos
FASE III
33
Figura 1: Fluxograma do estudo
2.3 Avaliações
Para o grupo de crianças com DCC acianótica, foi utilizada uma ficha de
avaliação composta da identificação, perfil dos participantes, tempo de diagnóstico
de cardiopatia congênita acianótica, tempo de acompanhamento da doença,
medicação utilizada e procedimentos cirúrgicos já realizados preenchidos no início
do protocolo. Para o grupo controle, foi utilizado um questionário para identificar
possíveis doenças cardiopulmonares agudas ou crônicas.
2.3.1 Peso e estatura
Foi utilizada a balança marca Welmy com variação de 0 a 140kg e com régua
de estatura de 1,0 a 2,0m. Para a medida da estatura o indivíduo esteve em
bipedestação sem sapatos, com a coluna mais ereta possível, e a cabeça alinhada.
Para o peso, o mesmo esteve sem sapatos. Por tratar-se de variáveis
determinantes, as mesmas foram aferidas por dois avaliadores distintos,
previamente treinados. Caso houvesse discordância maior que 1cm na estatura ou
500gr no peso entre os valores obtidos pelos avaliadores, um terceiro avaliador
deveria ser solicitado para medir e pesar o voluntário.
2.3.2. Espirometria
Nesse estudo a espirometria teve a finalidade de caracterizar a função
pulmonar antes da realização do STM do grupo de crianças e adolescentes com
DCC e do grupo controle, seguindo os critérios de inclusão e exclusão. Constatando
a ausência de doença pulmonar prévia nas crianças e adolescentes avaliados. A
realização da espirometria foi com equipamento portátil, modelo CPFS/D e
o software BREEZE PF® Versão 3.8 B para Windows 95/98/NT (MedGraphics, Saint
Paul, Minnesota, EUA).
34
Fonte: Clinica Pediátrica da FHCGV
Figura 2: Exame de espirometria
A referência adotada para o teste de espirometria, quanto às atividades
técnicas, os critérios de aceitabilidade e reprodutibilidade foram o Consenso
Brasileiro de Espirometria82. As variáveis de registros foram: capacidade vital
forçada (CVF)- representa o volume máximo de ar exalado com esforço máximo, a
partir do ponto de máxima inspiração; Volume expiratório forçado no primeiro
segundo (VEF1) é o volume de ar exalado no primeiro segundo da manobra de CVF,
a relação VEF1/CVF e FEF25-75% é o Fluxo expiratório forçado médio de ar que
ocorre no intervalo entre 25% e 75% da CVF. Os resultados foram expressos em
valores absolutos e em porcentagem do previsto para a população brasileira.
2.3.3 Frequência cardíaca, pressão arterial e saturação de pulso de oxigênio.
A frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA)83 e saturação de oxigênio
periférico (SpO2) foram registrados no repouso e no final do teste, no pico, no 1º min,
2º min e 5º min. Durante a realização do teste foi verificada a cada minuto a FC e a
SpO2.. A FC foi registrada pelo frequêncímetro da marca Polar (Polar® F71). A PA
foi aferida pelo manômetro de mercúrio com escala vertical de 0 a 300 mmHg
(UNITEC®) e de um estetoscópio (Littmann®). A SpO2 foi medida pelo oxímetro de
pulso (Nonin Medical, INC. 8500A).
A medida da PA foi realizada com manguito adequado para a idade
pediátrica, considerando o comprimento da bolsa de borracha, que deve ser de 80%
a 100% da circunferência do braço, e a largura deve ser de pelo menos 40% (Figura
3)83.
A PA foi medida com a criança sentada, em repouso por 3-5 minutos antes da
aferição, com as costas apoiadas e os pés descruzados no chão. O manguito foi
posicionado no braço direito, posicionado ao nível do coração, apoiado e descoberto
acima do manguito. Não foi permitido falar enquanto a medida estava sendo tomada.
O estetoscópio foi colocado sobre a artéria braquial, na fossa antecubital, e a
extremidade inferior do manguito a 2-3 cm acima da fossa antecubital. Assim, a
largura do manguito a ser utilizado estará na dependência da circunferência do
braço do paciente83.
35
Não foi necessário tomar medida da PA em outro membro se não o braço
direito.
Fonte:Sociedade Brasileira de Cardiologia, 201683 , Salgado, Carvalhaes, 200384
Figura 3: Técnica de medida de pressão arterial. O comprimento da bolsa de borracha, que deve ser de 80% a 100% da circunferência do braço, e a largura deve ser de pelo menos 40%.
2.3.4 Ecocardiograma
Foram considerados os exames de ecocardiograma com data de realização
mais próxima ao procedimento cirúrgico cardíaco. As informações pertinentes foram
captadas do prontuário do paciente no período de internação. As variáveis do
ecocardiograma foram utilizadas para descrever a fração de ejeção dos voluntários
cardiopatas desse estudo.
2.3.5 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo STM, seguindo o protocolo descrito
por Bradley et al.55,85. O teste foi realizado duas vezes com 30 minutos de descanso
entre os testes e os participantes foram orientados quanto à permanência do
repouso. Ambos os testes foram realizados em um nível de caminho linear de 10
metros, com dois cones posicionados 0,5 metros a partir de cada extremidade do
percurso. Os participantes caminharam (ou correrem) em torno de um cone com a
velocidade ditada por um sinal de áudio. A velocidade inicial foi de 1.8Km / h, e isso
aumentou 0,17 m /s a cada minuto, e há 15 níveis possíveis, a velocidade máxima é
superior a 10km / h.85 O avaliador ministrou comando verbal sistematizado ao fim de
cada estágio com intenção de informar aos participantes da pesquisa sobre a
velocidade de caminhada crescente75,85,86,87. O STM foi interrompido quando o
Circunferência do braço = 13-
20 cm
Largura da bolsa = 8 cm
Comprimento da bolsa= 13 cm
36
voluntário teve uma das seguintes condições: quando se mostrou incapaz de manter
a velocidade, ou presença de dispneia ou fadiga. O melhor teste, (ou seja, a
distância mais longa percorrida) foi considerado para análise.
Foi considerado evento adverso na realização do STM, quando SpO2 <82%,
na presença de cansaço, dispneia, cianose, dessaturação, hipóxia, sudorese,
palidez e taquicardia. Esses aspectos foram avaliados para determinar a segurança
do STM88,54
Estágio Metros Shuttle
min
Velocidade (m/seg)
Nº de Percurso
s
Distância/metros
1 30 0,5 3 30
2 40 0,67 4 70
3 50 0,84 5 120
4 60 1,01 6 180
5 70 1,18 7 250
6 80 1,35 8 330
7 90 1,52 9 420
8 100 1,69 10 520
9 110 1,86 11 630
10 120 2,03 12 750
11 130 2,20 13 880
12 140 2,37 14 1020
13 150 2,54 15 1170
14 160 2.71 16 1330
15 170 2.88 17 1500
Fonte: Modificado de Bradley et al 55,85.
Quadro 2 – Protocolo de estágio e velocidade do Shuttle teste modificado.
O teste é cadenciado externamente por um bipe sonoro. O aumento da
velocidade será sempre indicado por um sinal sonoro triplo. A sonorização acústica
única indica o tempo em que o paciente deve percorrer a distância predeterminada,
alcançar o cone e mudar de direção, retornando ao outro cone, enquanto que a
sinalização acústica tripla indica a necessidade de aumentar a velocidade para
percorrer a distância entre os cones.
A cada minuto, o tempo entre os sinais acústicos é diminuído de tal maneira
que o paciente deve aumentar a velocidade da caminhada para alcançar o cone no
momento indicado. A prova chega ao fim quando o paciente não for capaz de
alcançar por duas vezes consecutivas ao cone, devido ao desejo do paciente em
interromper a prova por sintomas desencadeados ao aumentar a velocidade da
caminhada, ou por queda de SpO2<80%. Dos dois testes realizados com intervalo
37
de 30 min, será considerado aquele que o voluntário apresentar melhor
desempenho, ou seja, maior distância percorrida85.
Fonte: Reinaldo Guimarães-motin designer
Figura 4: Imagem em desenho do circuito do shuttle teste modificado
Fonte: Corredor da Clinica Pediátrica da FHCGV, 2016.
Figura 5: Ilustração da realização do shuttle teste modificado
Ao início e final do teste foi avaliada a frequência cardíaca, pressão arterial e
sensação de cansaço nos membros inferiores e dispneia pela escala de Borg89. A
SpO2 foi monitorada continuamente durante o teste.
10 m
38
A principal variável utilizada para análise foi à distância percorrida, indicando
a capacidade máxima de exercício. Parâmetros vitais, tais como freqüência cardíaca
(FC), pressão arterial (PA), saturação de oxigênio periférico (SpO2) e sintomas de
esforço observado (dispneia e fadiga) antes, durante e depois do teste, foram
avaliados75. A FC máxima prevista foi calculada como 208- (0,7x idade)90.
O duplo produto é uma maneira não invasiva de estimar o esforço cardíaco e
o consumo de oxigênio91 pelo miocárdio, ou seja, estima-se que ocorre a mesma
intensidade para o esforço físico. É calculado pela multiplicação da frequência
cardíaca com a pressão arterial sistólica (DP= FC*PA) e foi utilizada a correção do
duplo produto pela distância percorrida do STM 91.
A escala de Borg89 foi aplicada no início do STM e trata-se de uma escala
vertical quantificada de 0 a 10, no qual 0 representa nenhum sintoma de falta de ar e
10 representa sintoma máximo de falta de ar e/ou cansaço nas pernas58 (Figura 5).
ESCALA DE BORG MODIFICADA
Classificação Descritor
0 Repouso
0,5 Muito, muito, leve
1 Muito leve
2 Leve
3 Moderada
4 Um pouco forte
5 Forte
6 --
7 Muito forte
8 --
9 Muito, muito forte.
10 Máxima
Fonte: Martinez; Pádua; Terra Filho92
Figura 6: Escala de Borg Modificada
2.4 Avaliação da qualidade de vida
39
A qualidade de vida foi avaliada utilizando dois questionários, o PedsQL4.0
(8-12 e 5-7anos), ambos aplicados para o grupo de crianças com DCC e o grupo
controle.
2.4.1 Questionário de qualidade de vida PedsQL™
O Pediatric Quality of Life Inventory (PedsQL™) foi desenvolvido para avaliar
a qualidade de vida relacionada à saúde em crianças e adolescentes de 5 a 18 anos
e um questionário para os pais dessas crianças e adolescentes, no qual é possível
utilizá-lo em pacientes com distúrbios de saúde crônicos ou em crianças e
adolescentes saudáveis93.
É um instrumento traduzido e validado para a cultura brasileira94, possui 23
itens que abordam as seguintes dimensões: física, emocional, social e escolar. Para
sua aplicação, são necessários, aproximadamente, cinco minutos95. As questões
investigam as crianças e adolescentes e seus pais ou responsável o quanto cada
item representou um problema no último mês. As respostas do PEDsQL 8 a 12 são
apresentadas em uma escala de cinco opções: 0 – nunca é um problema; 1 – quase
nunca é um problema; 2 – algumas vezes é um problema; 3 – frequentemente é
problema; 4 – quase sempre é um problema. Na versão do relato das crianças de 5-
7 anos existe uma adaptação para 3 respostas: 0-nunca, 2- algumas vezes e 4-
quase sempre e associa-se a escala de faces. Perguntas negativas são pontuadas
inversamente em uma escala de 0–100 (0–100; 1–75; 2–50; 3–25; 4–0) e, para o
relato das crianças de 5-7 anos, 0=100, 2=50 e 4=0; assim, quanto maior o escore,
melhor a qualidade de vida. Os escores das dimensões são computados como a
soma dos itens dividida pelo número de itens respondidos, sendo que, caso haja
mais de 50% dos itens da dimensão ausentes, o escore da dimensão não é
computado94. Quanto maior o escore, menores serão as dificuldades relacionadas à
doença e/ou tratamento95,96.
2.5 VARIÁVEL DE DESFECHO
Distância percorrida no STM e Qualidade de vida.
40
2.6 ESTATÍSTICA
ESTUDO I
Cálculo amostral
O cálculo amostral (G*Power:Statistical Power Analyses Software, Dusseldorf,
Germany) foi baseado em estudo piloto, considerando a média e desvio-padrão do
desfecho principal desse estudo, que é distância máxima percorrida. A média de
distância percorrida foi de 860 153m para o grupo controle e 747 159 para o
grupo DCC, com poder de 80% e 0,05 definiu amostra de 27 voluntários para cada
grupo.
Análise estatística
A normalidade dos dados foi analisada através do teste de Shapiro-Wilk. Os
dados descritivos mostraram distribuição não paramétrica e apresentados em
mediana e intervalo interquartil e para os dados com distribuição paramétricos foram
explicitados em media e desvio padrão. As variáveis categóricas (sexo, tipo de
cardiopatia congênita, doença associada/sinais- sintomas clínicos, tratamento
medicamentoso, procedimentos cirúrgicos) foram expressas em frequência e
porcentagem.
Para a comparação entre o grupo cardiopata e o controle foi realizado o teste
t não pareado aos dados que apresentaram distribuição paramétrica e para os
dados com distribuição não paramétrica foi utilizado o teste Mann Whitney.
A correlação da distância percorrida e a qualidade de vida foram realizadas
pela Correlação de Pearson para as variáveis paramétricas e a Correlação de
Spearman foi utilizada para as variáveis não paramétricas.
ESTUDO II
Cálculo amostral
41
O poder da amostra foi calculado com base na distância percorrida e desvio
padrão entre os três momentos: pré (667 ± 152m), pós 15 (540 ± 162m), pós 30 (763
± 137m), com p 0,05, o poder foi de 99%.
Análise estatística A normalidade dados foi testada pelo Shapiro Wilk e os dados paramétricos
são apresentados em média (DP) e os não paramétricos em mediana (IG 25-75%).
Para a comparação entre as fases (pré, pós-alta 15 e pós-alta 30) foi utilizada
ANOVA repetida com post hoc de Bonferroni, ou Friedman complementado por
Wilcoxon, a depender da normalidade dos dados. A Correlação de Spearman foi
realizada entre a distância percorrida no shuttle walk teste incremental e os domínios
do questionário de qualidade de vida. Foi considerada significância estatística
quando p<0,05. SPSS versão 21 foi usado para as análises.
O software SPSS versão 21 foi usado nas análises do estudo I e II. O nível de
significância estatística adotado foi p< 0,05.
2.7. ASPECTOS ÉTICOS
De acordo com a Resolução do Comitê Nacional de Ética CNS 466/12, todos
os projetos de pesquisa que envolva seres humanos (direta ou indiretamente) terão
que ser submetidos ao Comitê de Ética em Pesquisa para apreciação.
Este estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Nove de Julho - UNINOVE. A pesquisa teve inicio após a aprovação do
Comitê de Ética, com anuências de nº 1.409.640 (UNINOVE) e 1.533.631(FHCGV)
e assim que os indivíduos envolvidos assinaram o Termo de Consentimento Livre
Esclarecido em duas vias.
42
CAPÍTULO III
RESULTADO E DISCUSSÃO
43
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados e discussão da presente Tese estão apresentados no formato
de artigos. O estudo I, intitulado: Shuttle teste modificado e qualidade de vida de
crianças com cardiopatia congênita acianótica e o estudo II, intitulado: Shuttle
teste modificado e qualidade de vida de crianças no pré e após alta dos
procedimentos cirúrgicos cardíacos
44
3.1 ARTIGO I
SHUTTLE TESTE MODIFICADO E QUALIDADE DE VIDA DE CRIANÇAS COM
CARDIOPATIA CONGÊNITA ACIANÓTICA
Marcia Helena Machado Nascimento, Mariléia Araújo da Silva, Nayara Carolina do
Amaral de Santana, Tainah Ratis Goldim, Adriel Lucas Ribeiro Barbosa, Lucas
Bogéa Ferreira, Simone Dal Corso, Fernanda Cordoba Lanza.
Resumo
Introdução: O shuttle teste modificado (STM) não foi usado para avaliar a capacidade funcional de
crianças com doença cardíaca congênita (CHD). Objetivo: Avaliar a capacidade funcional e a
qualidade de vida de crianças com cardiopatias congênitas acianóticas e comparar com seus pares
controles. Método: estudo transversal, com crianças com doença cardíaca congênita acianótica (n =
32, 6-12 anos) versus grupo controle (crianças saudáveis, n = 32). Foram avaliadas a função
pulmonar, qualidade de vida baseada (PedsQL4.0) e shuttle teste modificado. A frequência cardíaca
(FC), a pressão arterial e a saturação de oxigênio foram avaliadas em repouso, no decorrer do teste,
no pico e tempos de recuperação. Resultados: A distância percorrida foi maior no grupo controle
(829,6 ± 129,0 m) do que nas crianças do grupo de cardiopatia congênita (644,6 ± 160,7m, p <0,001);
No pico do exercício no STM foram observadas diferenças estatisticamente significativas nas
variáveis frequência cardíaca (bpm e %prev), SpO2, dessaturação no pico, distância percorrida,
sendo essas menores no grupo cardiopata em relação ao controle. O PedsQL 4.0 foi pior no criança
com doença cardíaca congênita acianótica , e houve correlação significante entre a distância
percorrida e o domínio da atividade física (r = 0,95,p <0,001). Conclusões: doença cardíaca
congênita acianótica reduziu a capacidade funcional e a qualidade de vida das crianças
hospitalizadas, e apresentam maior esforço cardíaco pelo mesmo nível de exercício.
Introdução
A doença cardíaca congênita (DCC) é considerada um grande problema de
saúde, e a depender da gravidade das alterações anatômicas cardíacas e
hemodinâmicas resultará em limitação da capacidade funcional e da qualidade de
vida1,2,3,45.
Estudos sobre capacidade de exercício e treinamento aeróbio em crianças e
adolescentes com cardiopatia congênita concluem que há redução na capacidade
aeróbia avaliada pelo teste de exercício cardiopulmonar 32, 45. Embora o TECP seja
45
o padrão ouro para avaliação da capacidade de exercício27, o mesmo é pouco
disponível devido ao custo, assim a capacidade funcional por testes clínicos de
campo parece ser alternativa atraente para avaliação desses pacientes.
O teste de caminhada de 6 minutos (TC6) 45,97,98,99 e shuttle teste modificado
(STM), entre outros41,43, são testes clínicos de campo disponíveis para avaliar a
capacidade funcional da população infantil. O SWTI tem excelente reprodutibilidade,
com pequena possibilidade de efeito teto e efeito chão, de fácil execução para a
faixa etária pediátrica, e com valor de referência disponível para população
brasileira41, 47, 48, 49,52. Entretanto, a avaliação da capacidade funcional pelo STM
ainda não foi descrita na DCC.
A avaliação da qualidade de vida em crianças e adolescentes cardiopatas têm
sido utilizadas como importante desfecho de saúde, pois identifica os riscos de
grupos e subgrupos, investiga hábitos de saúde e compreende cuidadosamente o
impacto dos distintos diagnósticos de cardiopatia sobre a qualidade de vida dessas
população18,80. A redução na capacidade de realizar exercício está relacionada à
piora na qualidade de vida em pacientes com DCC, entretanto não foi descrita a
correlação em alteração na qualidade de vida e a capacidade funcional desses
pacientes100.
O objetivo desse estudo foi avaliar a capacidade funcional utilizando shuttle
teste modificado (STM), segurança do teste e a qualidade de vida de crianças com
cardiopatias congênitas acianóticas e comparar com seus pares controles. A
hipótese dos autores é que a DCC reduz a capacidade funcional e a qualidade de
vida, e que há correlação entre ambas.
Material e método
Foi realizado um estudo transversal no qual foram avaliadas crianças com
doença cardíaca congênita (DCC) acianótica com idade de 6 a 12 anos internadas a
espera de procedimento cirúrgico em Clínica pediátrica de hospital público referência
em cardiologia da cidade de Belém-Pará e crianças saudáveis compondo o grupo
controle provenientes de escolas, pareado em idade e gênero. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Nove de Julho
(UNINOVE) de nº 1.409.640, em São Paulo (SP) e da Fundação Hospital de Clinicas
Gaspar Viana (FHCGV) 1.533.631. Todas as crianças avaliadas tiveram a
autorização de seus pais/responsáveis pela assinatura do termo de consentimento
livre e esclarecido. O período de coletas foi entre maio de 2016 a dezembro de
46
2017.
Inicialmente a seleção das crianças com DCC se deu pela idade de 6-12 anos
internadas na Clínica Pediátrica da FHCGV, dessas foram inclusas crianças com
DCC acianótica, clinicamente estáveis, em espera de procedimento cirúrgico
(cateterismo terapêutico cardíaco ou cirurgia cardíaca) e grupo controle pareados
por idade e gênero ao grupo de DCC, que não apresentem doença aguda ou
crônica, que não realizem atividade física mais de duas vezes na semana. Foram
excluídas crianças com DCC cianótica, que não conseguiram responder o
questionário (QQV); com instabilidade hemodinâmica; cianose ao esforço,
síndromes neurocomportamental; com histórico de crise de cianose; que
apresentaram FC > 190 bpm; em uso de drogas vasoativas; histórico de infecção
pulmonar nas últimas quatro semanas; com alteração na função pulmonar; que
realizavam atividade física mais de duas vezes na semana.
Protocolo
Foi realizada a espirometria e dois STM tendo intervalo de 30 minutos entre
eles, ou até que o paciente voltasse aos valores basais de frequência cardíaca e
pressão arterial. Adicionalmente, os voluntários com cardiopatia e saudáveis
responderam o questionário PedsQL 4.0 de 8-12anos e de 5-7anos (questionário
para os pais e para a criança) (Fluxograma 1).
Avaliações Espirometria
Foi medido peso, estatura e realizado exame de espirometria com
equipamento portátil, modelo CPFS/D e o software BREEZE PF® Versão 3.8 B para
Windows 95/98/NT (MedGraphics, Saint Paul, Minnesota, EUA) e calibrado
diariamente conforme recomendações82. O exame foi realizado segundo o
preconizado82. As variáveis de registros foram: capacidade vital forçada (CVF);
Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1); a relação VEF1/CVF e Fluxo
expiratório forçado médio de ar (FEF25-75%). Os valores obtidos foram descritos em
litros e em porcentagem do previsto para a normalidade, respeitando a estatura e o
gênero82.
Shuttle teste modificado (STM)
A capacidade funcional foi avaliada pelo STM, seguindo o protocolo
modificado descrito por Singh47 e modificado por Bradley55. O teste foi realizado duas
47
vezes com 30 minutos de descanso entre os testes e as crianças foram orientadas
quanto à permanência do repouso. Ambos os testes foram realizados em um nível
de caminho linear de 10 metros, com dois cones posicionados 0,5 metros a partir de
cada extremidade do percurso. As crianças foram incentivadas a andar de acordo
com a velocidade inicial de 1,8Km/h, sendo a cada minuto acrescentado 0,17 m/s
(equivalente a 10 metros/minuto) e velocidade máxima de 10.2km/h. O avaliador
ministrou comando verbal sistematizado ao fim de cada estágio com intenção de
informar aos participantes da pesquisa sobre a velocidade de caminhada
crescente47, 55,75,85.
Um profissional treinado realizou os testes. A diferença máxima entre os
testes deve ser de 40m55,85. Um terceiro teste foi realizado quando a diferença foi
maior do que está. O STM foi interrompido quando o voluntário apresentou uma das
seguintes condições: não conseguiu manter a velocidade necessária devido à
dispneia ou fadiga ou se ele ou ela não conseguiu completar a caminhada no tempo
permitido pela segunda vez. A principal variável utilizada para análise foi a distância
percorrida, indicando a capacidade máxima de exercício. A finalização do STM85
ocorreu quando o paciente não foi capaz de alcançar por duas vezes consecutivas
ao cone, ou por queda de SpO2<80%, ou cansaço referido.
O evento adverso na realização do STM foi considerado quando SpO2 <82%,
na presença de cansaço, dispneia, cianose, dessaturação, hipóxia, sudorese,
palidez e taquicardia. Esses aspectos foram avaliados para determinar a segurança
do STM 54,87
Foi verificado a frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA)83 e saturação
de oxigênio periférico (SpO2) com registros no repouso, no final do teste, no pico, no
1ºmin, 2ºmin e 5ºmin de recuperação. Durante a realização do teste foi verificada
minuto a minuto a FC e a SpO2. A FC foi registrada pelo frequêncímetro da marca
Polar (Polar® F71). A PA foi aferida pelo manômetro de mercúrio com escala
vertical de 0 a 300 mmHg (UNITEC®) e de um estetoscópio (Littmann®), com a
criança sentada, em repouso por 3-5 minutos antes da aferição, com as costas
apoiadas e os pés descruzados no chão. O manguito foi posicionado no braço direito
e braço fletido ao nível do coração, apoiado e descoberto acima do manguito. Não
foi permitido falar enquanto a medida estava sendo tomada. O estetoscópio foi
colocado sobre a artéria braquial, na fossa antecubital, e a extremidade inferior do
manguito a 2-3 cm acima da fossa antecubital83.
48
A SpO2 foi medida pelo oxímetro de pulso (Nonin Medical, INC. 8500A). A
freqüência cardíaca (FC) e saturação periférica de oxigênio capilar (SpO2) foram
medidos continuamente durante o teste, e percebido dispneia e cansaço nas pernas
(escala modificada de Borg)89 foram avaliados antes e depois do teste. A FC máxima
prevista foi calculada como 208- (0,7x idade)90.
As variáveis do ecocardiograma foram utilizadas para descrever a fração de
ejeção dos voluntários cardiopatas desse estudo. As informações pertinentes foram
captadas do prontuário do paciente no período de internação e considerando o
exame do ecocardiograma mais próximo ao procedimento cirúrgico cardíaco.
Qualidade de vida
A qualidade de vida foi avaliada utilizando o questionário PedsQL4.0
específicos para as idades 8-12 e 5-7anos, aplicados para o grupo de crianças com
DCC e o para o grupo controle93. É um instrumento traduzido e validado para a
cultura brasileira94, possui 23 itens que abordam as seguintes dimensões: física,
emocional, social e escolar. Para sua aplicação, foram necessários,
aproximadamente, cinco minutos95. As questões investigaram as crianças e seus
pais ou responsável o quanto cada item representou um problema no último mês. As
respostas do PEDsQL 8 a 12 foram apresentadas em uma escala de cinco opções: 0
– nunca é um problema; 1 – quase nunca é um problema; 2 – algumas vezes é um
problema; 3 – frequentemente é problema; 4 – quase sempre é um problema. Na
versão do relato das crianças de 5-7 anos existe uma adaptação para 3 respostas:
0-nunca, 2- algumas vezes e 4- quase sempre e associa-se a escala de faces.
Perguntas negativas foram pontuadas inversamente em uma escala de 0–100 (0–
100; 1–75; 2–50; 3–25; 4–0) e, para o relato das crianças de 5-7 anos, 0=100, 2=50
e 4=0; assim, quanto maior o escore, melhor a qualidade de vida. Os escores das
dimensões foram computados como a soma dos itens dividida pelo número de itens
respondidos, sendo que, caso haja mais de 50% dos itens da dimensão ausentes, o
escore da dimensão não é computado94. Quanto maior o escore, menores serão as
dificuldades relacionadas à doença e/ou tratamento95,96.
Cálculo amostral
O cálculo amostral (G*Power:Statistical Power Analyses Software, Dusseldorf,
Germany) foi baseado em estudo piloto, considerando a média e desvio-padrão do
49
desfecho principal desse estudo, que é distância máxima percorrida. A média de
distância percorrida foi de 860 153m para o grupo controle e 747 159m para o
grupo DCC, com poder de 80% e 0,05 definiu amostra de 27 voluntários para cada
grupo.
Análise estatística
A normalidade dos dados foi analisada através do teste de Shapiro-Wilk. Os
com distribuição não paramétrica estão apresentados em mediana e intervalo
interquartil e os dados com distribuição paramétrica foram explicitados em media e
desvio padrão. As variáveis categóricas (sexo, tipo de cardiopatia congênita, doença
associada/sinais- sintomas clínicos, tratamento medicamentoso, procedimentos
cirúrgicos) foram expressas em frequência e porcentagem.
Para a comparação entre o grupo cardiopata e o controle foi realizado o teste
t não pareado aos dados que apresentaram distribuição paramétrica e para os
dados com distribuição não paramétrica foi utilizado o teste Mann Whitney.
A correlação da distância percorrida e a qualidade de vida foram feita pelo
teste de Correlação de Pearson para as variáveis paramétricas e o teste de
Correlação de Spearman foi utilizado para as variáveis não paramétricas. O software
SPSS versão 21 foi usado nas análises. O nível de significância estatística adotado
foi p< 0,05.
50
Figura 1: Fluxo de avaliações e inclusões no protocolo.
Resultados
Inicialmente, para o grupo cardiopata foram selecionadas 55 crianças com
idade entre 6-12 anos, que estiveram em espera para procedimento cirúrgico
(cateterismo cardíaco, cirurgia cardíaca). Destas, 23 crianças com cardiopatia
acianótica foram excluídas por infecção pulmonar, cianose ao esforço (Fluxograma
1). Ao final, 32 crianças, sendo 18 (56,3%) meninas e 14(43,7%) meninos,
atenderam a todos os itens da inclusão do grupo de cardiopatia congênita acianótica
e foram pareadas por idade e gênero a 32 crianças do grupo controle. Os pacientes
cardiopatas tinham menor peso e IMC comparado ao controle.
Os resultados sobre as características clínica/hospitalar das crianças
cardiopatas internados em clínica pediátrica para submeter-se ao cateterismo
Grupo controle (n=32): crianças hígidas, pareadas ao grupo DCC Avaliação clínica e
antropométrica Espirometria Realização do STM
Aplicação do questionário QV PedsQL
Grupo pré-operatório (n=32): crianças com DCC acianótica, 6-12 anos, em espera de cateterismo cardíaco terapêutico ou pré-cirurgia cardíaca
Avaliação Clínica e antropométrica
Espirometria Realização do STM Aplicação do questionário QV
PEDsQL 4,0 de 8-12 anos e de 5 a 7 anos
Excluídos n = 23 - Febre reumática (n = 5) - Síndromes neurocomportamental (n = 7) - Cianose ao esforço (n = 4) - Infecção pulmonar (n = 3) - Desistências (n = 4)
N = 55 crianças cardiopatas acianóticas internadas, elegíveis por idade entre 6-12 anos
Seguiram ao protocolo (n=32)
Pareados
51
cardíaco terapêutico ou cirurgia cardíaca, apontam: maior frequencia14(43,8)
comunicação intraventricular e menor frequência 1(3,1%) estenose atrial (EA). A
média de idade no momento do diagnóstico da cardiopatia foi de 54,0 ± 41,3 meses,
variando do primeiro dia de vida até os 8 anos de idade.
Em relação à função pulmonar observaram-se diferenças estatisticamente
significativas nas variáveis VEF1 (L), VEF1 (%prev), VEF1/CVF, FEF25-75(L) sendo
menor no grupo cardiopata em relação ao controle.
As características antropométricas, sociodemográficas, econômicas, função
pulmonar e clínicas dos participantes do estudo por grupo estão descritas na Tabela
1
Tabela 1: Variáveis antropométricas, sociodemográficas, econômicas, função
pulmonar e clínicas dos participantes do estudo.
Variáveis Cardiopata (n=32)
Controle (n=32)
P
Idade (anos)* 9,0 ± 2,0 9,0 ± 2,0 0,75
Peso (Kg)* 26,3 ± 7,4 32,5 ± 11,1 0,01
IMC (kg/h2)* 15,2 ± 2,3 17,3 ± 3,5 <0,001
Altura (cm)** 129,5(122,2-138,0) 130,5(125,2-146,5) 0,30
CVF (L)* 1,6 ± 0,5 1,9 ± 0,6 0,07
CVF (%prev)* 93,7 ± 14,7
99,5 ± 10,1 0,06
VEF1 (L)** 1,4 (1,05 - 1,8) 1,4 (1,1-2,4) 0,01
VEF1 (%prev)* 90,5 ± 13, 2 101,1 ± 10,6 < 0,001
VEF1/CVF* 90,5 ± 7,6 94,3 ± 4,3 0,01
VEF1/CVF(%prev)* 98,0 ± 7,8
100,4 ± 5,0 0,13
FEF25-75(L)* 1,8 ± 0,6 2,3 ± 0,8 0,01
FEF25-75(%prev)* 112,9 ± 41,2 128,0 ± 31,7 0,10
Fração de ejeção, % 71 ± 6 --- ---
VDVE, mm 38,7 ± 7,5 --- ---
VSVE, mm 22,6 ± 5,0 --- ---
Defeitos cardíacos congênitos
CIV, n (%) 14 (43%) --- ---
CIV, n (%) 8 (25%) --- ---
PCA n (%) 8(25%) --- ---
CoAo n (%) 5(15,6%) --- ---
EP n (%) 5(15,6%) --- ---
EA n (%) 1(3,1%) --- ---
Média de internação (dias) Admissão ao procedimento cirúrgico
43,8 ± 32,4
Renda Familar <3 Salários mínimos
52(81.2%) 21(65,6%) 0,13
Procedência: região metropolitana
10(31,2%) 32(100%) 0,003
Procedência: do interior
22(68,8%) --- ----
52
Faixa etária 5 -7 anos 9 9 0,99
Faixa etária 8 - 12 anos 23 23 0,99
*Teste t. **Teste de Mann Whitney; IMC=índice de massa corpórea. CVF=capacidade vital forçada; VEF1=volume expiratório forçado no primeiro segundo; FEF= fluxo expiratório forçado; (%prev)=porcentagens dos valores previstos. VDVE=volume diastólico do ventrículo esquerdo; VSVE= volume diastólico do ventrículo esquerdo; mm=milímetro. CIV=Comunicação intraventricular; CIA=Comunicação interatrial; PCA=Persistência do canal arterial; CoAo=Coarctação da aorta; EP=Estenose pulmonar; EA= Estenose arterial; n (%)=numero e frequência.
A Tabela 2 descreve as variáveis da capacidade funcional pelo STM e a
segurança do teste. No repouso, não foi observada diferença entre os grupos. No
pico do exercício no STM foram observadas diferenças estatisticamente
significativas nas variáveis frequência cardíaca (bpm e %prev), SpO2, dessaturação
no pico, distância percorrida, sendo essas menores no grupo cardiopata em relação
ao controle. Quanto a segurança do teste, o evento adverso de maior frequência foi
o cansaço 20(62,5%), e o de menor frequência foi a dessaturação 1(3,1%), ambos
recuperados rapidamente após a finalização do teste.
Tabela 2: Dados do shuttle teste modificado e segurança do teste nos grupos estudados.
Variáveis Repouso
Cardiopata (n=32)
Controle (n=32)
P
Frequência Cardíaca, bpm 93,0 ± 13,8 95,3 ± 9,1 0,42
SaO2, % 98,1± 0,8 98,1± 0,8 0,76
Pressão arterial sistólica, mmHg
99,5± 13,8 100,5 ± 22,2
0,83
Pressão arterial diastólica, mmHg
62,2 ± 13,3 67,4 ± 14,4
0,13
Borg Dispneia* 0 (0-0) 0 (0-0)
0,31
Borg MMII* 0 (0-0) 0 (0-0) 1,0
Pico do Exercício
Cardiopata (n=32)
Controle (n=32)
P
Frequência cardíaca, bpm 162,0 ± 24,6 175,0 ± 12,8 0,00
Frequência Cardíaca (%prev)
82,1 ± 10,7 87,3 ± 6,6 0,02
SpO2, % 94,0 ± 6,5 97,0 ± 1,5 <0,001
Dessaturação no pico* - 1 (-7 – 0) 0 (-1 – 0) <0,001
Dessaturação, n (%) 8 (25) 3 (9) 0,07
Pressão arterial sistólica, mmHg
114,0 ± 13,0 118,0 ± 22,7 0,35
Pressão arterial diastólica, mmHg
75,0 ± 14,3 76,0 ± 15,3 0,93
Borg Dispneia* 4 (3 - 5) 4(3 - 4)
0,20
Borg MMII* 4 (3 - 5) 4(3 - 4) 0,12
Distância percorrida, m
644,6 ± 160,7 829,6 ± 129,0 <0,001
Distância percorrida (% prev)
68,0 ± 16,9
91,0 ± 14,6
<0,001
Eventos adversos Do teste
Cardiopata (n=32)
Controle (n=32)
P
Cansaço n(%)
20(62,5%) 32(100%) <0,001
53
Dispneia n(%)
6(18,8%) 1(3,1%) 0,052
Cianose n(%)
4(12,5%) --- ---
Hipóxia n(%)
1(3,1%) --- ---
Palidez n(%)
4(12,5%) --- ---
Taquicardia n(%)
2(6,3%) --- ---
Letargia n(%) 3(9,4%) --- ---
*Teste de Mann Whitney
Figura 2: Comparação da distância percorrida no shuttle teste modificado
entre os grupos controle e cardiopata, * p < 0,001.
Em relação à qualidade de vida avaliado pelo instrumento PedsQLTM 4.0
foram constatadas diferenças estatisticamente significativas do grupo cardiopata em
relação ao controle no que se refere ao domínio da avaliação da qualidade de vida
“Atividade física” de crianças de 8 a 12 anos, 5 a 7 anos (pais e crianças). O mesmo
não foi observado no domínio “Psicossocial”. Na tabela 4 e gráfico 2 estão descritos
os resultados do questionário qualidade de vida PEDsQL de 8-12 anos e 5-7 anos
(pais e crianças) dos participantes do estudo.
Tabela 3: Dados do questionário qualidade de vida PEDsQL de 8-12 anos e
5-7 anos pais e crianças) dos grupos estudados
Variáveis Cardiopata
(n=32) Controle
(n=32) P
PedsQL 8 -12 anos
Domínio Atividade 69,0(62,5-87,8) 92,3(85,0 - 96,2) <0,001
Domínio Psicossocial 74,1(67,3 - 79,5) 80,0 (74,0 - 82,7) 0,08
Domínio Atividade 69,0(66,0 - 78,0) 100,0(90,2 -100,0) <0,001
*
54
PedsQL 5 -7 anos
Domínio Psicossocial, pais 82,0(73,0 - 83,3) 79,8(75,0 - 87,6) 0,56
Domínio Atividade, criança 88,0(75,0 - 88,0) 97,0(94,0 -100,0) 0,01
Domínio Psicossocial, criança
80,0(76,6 - 90,0) 80,0(76,6 - 90,0) 0,77
Foi feita a correlação entre a capacidade funcional avaliada pelo STM e os
domínios dos questionários de qualidade de vida (PedsQLTM4.0). Foi observada
correlação significante entre a distância percorrida e os domínios “atividade física”
(pais) do PedsQL 5-7 anos (r = 0,95, p < 0,001) e sem significância para os demais
domínios (Figura 3).
55
PedsQ
L(8-12anos)
#
A
Ped
sQl(5-7an
os)
&
B
56
Figura 3: Comparação do domínio atividade e domínio psicossocial do PedsQL 8-12anos em A, e PedsQL 5-7 em B. #p<0,001 vs domínio atividade controle; e do domínio atividade
(pais e crianças) e do domínio psicossocial do PedsQL 5-7anos em B. &p<0,01 vs domínio atividade do grupo controle.
Figura 4: Correlação entre a distância percorrida no shuttle teste modificado e
o domínio atividade relatada pelos pais do PedsQL 5-7 anos.
Discussão
Neste estudo transversal realizado com crianças cardiopatas com idade de 6
a 12 anos internadas a espera de procedimento cirúrgico em um hospital de
referência para cardiopatias congênitas no norte do Brasil, observou-se que há
redução na capacidade funcional e na qualidade de vida desses indivíduos.
Os voluntários apresentam peso de 6kg e índice de massa corpórea de 2%
menor em relação as crianças do grupo controle e uma diferença estatisticamente
significante. Em estudos que avaliaram o efeito do tamanho do paciente sobre os
resultados da cirurgia de coarctação, comprovou a mortalidade muito maior em
recém-nascido de baixo peso que variam de 5% a 15%101,102,103,104 comparado com
as taxas de mortalidade de menos de 2% para correção de coarctação isolada em
recém-nascidos a termo com peso normal103,105,106.
r: 0,9p < 0,001
57
Em relação aos defeitos cardíacos dessas crianças, a comunicação
interventricular é a cardiopatia congênita mais frequente, cerca de 43,8 % dos casos.
Igualmente ao estudo sobre a epidemiologia da doença cardíaca congênita no Brasil
que apontou a incidência, de 25.757 novos casos/ano de cardiopatia congênita,
distribuídos entre as regiões brasileiras, no qual, a comunicação interventricular
(7.498) conferiu o subtipo mais frequente11.
A média de idade no momento do diagnóstico de cardiopatia congênita na
amostra estudada foi de 12 meses de idade, considerado um tempo de diagnóstico
tardio. Dados sobre estudo de reconhecimento tardio de cardiopatia congênita foi de
uma percentagem considerável de crianças cardíacas teve sua cardiopatia
diagnosticada após a alta de nascimento (44%)107 sendo que, esse atraso é fator
que interfere no planejamento adequado das ações terapêuticas a serem tomadas.
O diagnóstico tardio para situações de complicações cardíacas evidentes
acarreta problemas psicológicos provenientes com a cirurgia no final da infância e
adolescência, e problemas médicos de longo prazo, tais como disfunção do
ventrículo direito para o reparo do septo defeito atrial atrasado ou hipertensão
arterial sistêmica e reparação tardia de Coarctação da aorta107.
A média de internação das crianças cardiopatas até o dia do procedimento
cirúrgico (Cateterismo cardíaco ou cirurgia) é de 43 dias. A doença cardíaca
congênita provoca um grandioso encargo para a saúde que afeta cerca de 1% dos
nascidos vivos108. Foi relatado que, de todos os defeitos congênitos, as cardiopatias
congênitas têm média de internação mais elevada, associadas às taxas hospitalares,
o período de permanência e a mortalidade109, 110.
As cardiopatias não são fatores que limitam as crianças cardiopatas
realizarem as brincadeiras de correr ou brincadeira com brinquedos educativos
disponibilizados na Brinquedoteca do hospital. Crianças portadoras de pequenos
defeitos, sem a presença de hipertensão pulmonar, são liberadas para a prática de
atividade física, assim como crianças com CIV pequena ou média podem praticar
atividade física sem restrições111. Quando o defeito cardíaco é grande é
recomendado participar de exercícios de baixa intensidade e as crianças com
Tetralogia de Fallot corrigida com sucesso no pós-operatório são liberadas para
qualquer atividade física. Diferente para as crianças que apresentarem hipertensão
pulmonar, disfunção ventricular, arritmias complexas ou sintomas importantes
deverão ter maior grau de restrição ao exercício112.
58
A atividade física é definida como o movimento do corpo produzido pela
contração do músculo esquelético que aumenta o gasto energético acima do nível
basal. Incluem-se, esportes recreativos e competitivos, e atividades de vida, como
auxiliar na limpeza geral em casa, ou de transporte diário. Vigorosa atividade inclui
correr, pular corda, e ginástica. De nota, as crianças podem ser fisicamente ativas
sem demonstrar aptidão significativa112.
No que tange sobre capacidade funcional pelo STM, as variáveis no repouso,
descrevem que não foi observada diferença entre os grupos desse estudo. No pico
do exercício do SWTI foram observadas diferenças estatisticamente significativas
nas variáveis Frequência cardíaca (bpm), Frequência cardíaca (%prev), SpO2, %,
dessaturação no pico, distância percorrida (m) e Distância percorrida (%prev), sendo
essas menores no grupo cardiopata em relação ao controle.
Constata-se que o grupo de crianças cardiopata apresentou capacidade
funcional < 80%, ou seja, reduzida. Como esperado, as crianças do grupo de
cardiopatia congênita apresentaram redução da saturação de oxigênio durante o
teste clínico de campo.
Os dados desse estudo demonstram que crianças com CC apresentam
redução na CF, e pior qualidade de vida comparada ao grupo controle. Do nosso
conhecimento, essa é a primeira vez que se realiza o STM em crianças com
cardiopatia, internadas e aguardando procedimento cirúrgico. Moalla et al, 200545,
descreveram redução média de 13% na DP no TC6 em crianças com CC,
diferentemente do resultado do presente estudo, que o Gcard percorreu no STM, em
média, 25% a menos que no Gcontrol. Esse resultado justifica-se, pois, o TC6 é um
teste cadenciado pelo paciente, com velocidade constante o que restringe a
avaliação da capacidade de exercício.
Diferentemente, o STM é um teste incremental, cadenciado externamente, e
por isso com alta correlação com o TECP, consequentemente, a avaliação da
capacidade funcional torna-se mais reprodutível.
Outros estudos sugerem que a intolerância ao exercício pode resultar de
fatores como baixa pressão pulmonar, fluxo sanguíneo com oxigenação
inadequada113, redução das funções cardíaca devido ao aumento da resistência
vascular pulmonar114, e comprometimento da musculatura esquelética,
possivelmente causado pelo fluxo sanguíneo muscular reduzido durante o
59
exercício27. As crianças com cardiopatia andaram em média 185m a menos que o
grupo controle.
O defeito anatômico no coração é uma justificativa para essa diferença, pois
dificulta a efetividade no exercício e gera maior estresse cardíaco.
Estudos sugerem que a redução da função cardíaca é devido ao aumento da
resistência vascular pulmonar, e comprometimento da musculatura esquelética,
possivelmente causado pelo fluxo sanguíneo muscular reduzido durante o
exercício114, 27
A dessaturação no pico do STM pode ser justificada pelo comprometimento
anatômico no coração e pela consequente limitação cardíaca nessa população.
Estudo com 17 voluntários saudáveis apresentaram dessaturação de oxigênio após
o STM115. Naquele estudo, a diferença significativa dos valores da dessaturação foi
entre os voluntários com IMC maior, no qual a SpO2 manteve-se dentro dos valores
previstos, enquanto os voluntários com IMC mais baixo apresentaram dessaturação.
Esse resultado é consistente considerando a hipótese de que os pulmões, durante
as atividades físicas fazem com que a FC se aproxime da FC máxima que se espera
de determinado indivíduo e que são incapazes de arterializar o sangue que flui
rapidamente, especialmente em pessoas cujas necessidades são ampliadas em
virtude da massa corporal maior116.
Entre os dois grupos aqui apresentados foram encontrados diferença
estatisticamente significante na distância percorrida, em metros e em porcentagem
do previsto no STM. A mediana dos grupos mostra que o grupo cardiopata
apresentou a distância percorrida menor de que 80% do previsto. A redução à
capacidade de exercício de crianças e adolescentes com doença cardíaca cianótica
já foi descrita, mas por outro teste clínico de campo, o TC627. Considerando que o
STM é um teste cadenciado externamente e que possibilita o paciente correr,
endente-se que a sua realização é ideal para avaliar qualquer gravidade de doença.
Pacientes mais graves conseguem realizá-lo e chegar à exaustão, bem como
aqueles com doença mais leve, pois são autorizados a correr.
Em relação à qualidade de vida constatamos diferença entre os grupos, e nos
chama a atenção o domínio atividade física do PedsQL no grupo cardiopatia ser
muito inferior ao controle. Esse dado vai ao encontro à possível redução da
capacidade funcional avaliada pelo STM. De forma similar, grande parte dos estudos
realizados encontra um nível de QV inferior entre crianças e adolescentes com CC
60
quando comparados a controles saudáveis116,117. Segundo os achados da revisão
sistemática conduzida por Dahan-Oliel, et al118 níveis reduzidos de QV estão em
parte relacionados às limitações físicas – reais ou percebidas – em indivíduos com
cardiopatia congênita, o que pode levar a restrições desnecessárias e
comportamentos de superproteção que possivelmente interferem na sua percepção
sobre QV.
Em outro estudo, com crianças e adolescentes com prolapso de válvula mitral
apresentam QV inferior à população saudável unicamente na dimensão do bem-
estar físico, a pesar de entre o grupo de crianças com cardiopatia congênita a
frequência e a gravidade de sintomas clínicos tenha impacto negativo sobre outras
dimensões avaliadas116. No entanto, o estudo de Krol et al.,119 verificou que crianças
com cardiopatia congênita apresentaram piora no funcionamento motor e na
autonomia quando comparado ao grupo de crianças saudáveis, entretanto no que
diz respeito a severidade do diagnóstico não teve associação com o nível de QV dos
cardiopatas119.
Limitação do Estudo
Devido a diversidade de defeitos anatômicos congênitos, não foi possível
estudar apenas um tipo, o que deixaria a amostra mais homogenia. Entretanto,
incluímos cardiopatias acianóticas, que têm similaridade no quadro clínico. Esse fato
aumenta a validade externa do estudo.
CONCLUSÕES
Em conclusão, a capacidade funcional em crianças internadas com DCC em
situações pré-operatórias foram reduzidas. Além disso, essas crianças apresentaram
reduções de qualidade de vida quando comparadas aos controles correspondentes.
O shuttle teste modificado é um teste seguro para ser realizada com criança
cardiopata hospitalizada no pré-operatório, resultando em efeitos adversos mínimos.
61
3.2 ARTIGO II
SHUTTLE TEST MODIFICADO E QUALIDADE DE VIDA DE CRIANÇAS NO PRÉ E
APÓS ALTA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS CARDÍACOS
Marcia Helena Machado Nascimento, Raphael Ritti-Dias, Mariléia Araújo da Silva,
Gabriel Augusto Cordeiro dos Santos, Simone Dal Corso, Fernanda Cordoba Lanza
RESUMO
Introdução: O shuttle teste modificado (STM) é um teste cadenciado externamente que ainda não foi
usado para avaliar a capacidade funcional de crianças com doença cardíaca congênita (CC).
Objetivo: avaliar a evolução da capacidade funcional e qualidade de vida entre crianças com
cardiopatias congênitas antes e após procedimentos cirúrgicos (cateterismo terapêutico e cirurgia).
Método: estudo longitudinal, com crianças CC de 6 a 12 anos nas fases pré-procedimento
hemodinâmico ou cirúrgico (n=32), 15 dias de alta hospitalar (pós 15, n=21) e 30 dias de alta
hospitalar (pós 30, n=27). Foram avaliadas a função pulmonar, qualidade de vida baseada
(PedsQL4.0) e shuttle teste modificado. A frequência cardíaca (FC), a pressão arterial (PA) e a
saturação de oxigênio foram avaliados em repouso, no decorrer do teste, no pico e tempos de
recuperação. Considerou duplo produto a FC*PAsistótila. Resultados: A função pulmonar foi
reduzida no pós 15 e normalizando no pós-alta 30. A capacidade funcional estava reduzida (69,1±
17,5%prev) no pré, que se acentuou no pós 15 (55,7 ± 18,0%prev,p<0,05) e melhora no após 30
(78,9 ± 12,8%prev,p<0,05). O duplo produto não foi estatisticamente diferente entre as fases,
entretanto, ao corrigir essa variável pela distância percorrida, de maneira interessante, nota-se, que
os pacientes no pós 15 tiveram valores significantemente maiores 31 (23 – 39), comparado ao pré-
operatório 25 (19 – 29), p<0,05. A correlação foi significante entre a distância percorrida e o domínio
psicossopcial das crianças entre 8-12 anos (PedsQL 8-12) na fase pós 15 (r=0,70, p=0,002). A
distância percorrida correlacionou-se com o domínio atividade criança (5 -7 anos) na fase pós 15
(r=0,90, p=0,03). Conclusões: há melhora na capacidade funcional e na qualidade de vida após
correção cirúrgica da cardiopatia congênita, embora a distância percorrida ainda tenha ficado abaixo
de valores normais na maior parte dos pacientes.
Introdução
A doença cardíaca congênita (DCC) está associada a diversas alterações do
organismo tanto no tempo que antecede a cirurgia quanto após a correção
hemodinâmica/cirúrgica do defeito. Dentre essas, podem ocorrer alterações
nutricionais, de peso e altura e redução da capacidade de exercício120. As razões da
redução da capacidade de exercício na DCC podem estar ligadas às alterações
hemodinâmicas, aos distúrbios de condução elétrica, à sobrecarga de volume e
62
pressão ventricular, à alteração na atividade simpatovagal, ao aumento da atividade
neuro-humoral,121 à redução na função pulmonar122 como também, às alterações do
metabolismo muscular123.
Sabe-se que a sobrevida de crianças portadoras de cardiopatias congênitas
aumentou, consideravelmente, devido ao avanço tecnológico; no entanto, o
atendimento de suas necessidades (alimentação, atividade física) merece atenção
especial6,124. Adicionalmente, as correções cirúrgicas das doenças cardíacas
congênitas favorecem para o aumento nos índices de sobrevida dessa população,
proporcionando níveis de qualidade de vida próximos à normalidade. Contudo, não é
raro que mesmo após a correção cirúrgica, ocorram manifestações clínicas de
descompensação tais como cianose, dispneia, alterações nutricionais125 e também,
redução da capacidade de exercício124.
Revisão sistemática recentemente publicada conclui que crianças com DCC
apresentam redução na capacidade de exercício e funcional61. Alguns estudos
descrevem a redução da capacidade funcional de crianças com cardiopatia
congênita antes de realizar a correção cirúrgica e outros após o
procedimento27,34,100,126. Estudo realizado em crianças e adolescentes com doença
cardíaca congênita corrigida avaliou capacidade de exercício e a força muscular
respiratória de 48 crianças e adolescentes entre 6 a 18 anos. Os resultados apontam
redução na capacidade de funcional desses indivíduos avaliado pelo teste da
caminhada de seis minutos.27 Entretanto, do nosso conhecimento, não há relatos da
evolução capacidade funcional entre o pré e pós-operatório de correção do defeito
cardíaco.
O objetivo desse estudo foi avaliar a evolução da capacidade funcional
(distância percorrida no shuttle teste modificado) e qualidade de vida entre crianças
com cardiopatias congênitas antes e após procedimentos cirúrgicos (cateterismo
terapêutico e cirurgia). A hipótese dos autores é que a DCC reduz a capacidade
funcional e a qualidade de vida, e que há melhora com a correção do defeito
cardíaco.
Material e método
Trata-se um estudo longitudinal, realizado na Fundação Estadual Hospital de
Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV), na cidade de Belém-Pará.
Foram avaliadas crianças com doença cardíaca congênita acianótica (DCCA)
com idade de 6 a 12 anos internadas em Clínica pediátrica de hospital público
63
referência em cardiologia da cidade de Belém-Pará para realização de cateterismo
cardíaco ou cirurgia cardíaca. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Nove de Julho, em São Paulo (SP) nº 1.409.640 e da
Fundação Hospital de Clinicas Gaspar Viana nº 1.533.631. Todas as crianças
avaliadas tiveram a autorização de seus pais/responsáveis pela assinatura do termo
de consentimento livre e esclarecido. O período de coletas foi entre maio de 2016 a
dezembro de 2017.
Foram inclusas no estudo crianças com cardiopatia congênita acianótica na
faixa entre 6 -12 anos, que estiveram em espera para procedimento cirúrgico
(cateterismo cardíaco terapêutico, cirurgia cardíaca). Foram excluídas as crianças
com cardiopatias congênitas cianóticas; Síndromes neurocomportamental; que não
conseguiram responder o questionário de qualidade de vida (QQV); aqueles com
instabilidade hemodinâmica; com histórico de crise de hipóxia; que apresentaram
aumento da frequência cardíaca acima de 190bpm; em uso de drogas vasoativas;
histórico de infecção pulmonar nas últimas quatro semanas; que realizam atividade
física mais de duas vezes na semana e crianças que não participaram do protocolo
da fase pré-cirurgia cardíaca.
Protocolo
O protocolo foi composto de três fases: Fase I, pré-procedimento
hemodinâmico ou cirúrgico, fase II, até 15 dias de alta hospitalar (pós 15) e fase III,
30 dias de alta hospitalar (pós 30). Para cada uma das fases foi realizada a
espirometria e dois STM tendo intervalo de 30 minutos entre eles, ou até que o
paciente voltasse aos valores basais de FC e PA. Adicionalmente, os voluntários
com cardiopatia responderam o questionário PedsQL 4.0 de 8-12anos e de 5-7anos
(questionário para os pais e para a criança), enquanto que o grupo controle
respondeu apenas o PedsQL. Dados do ecocardiograma foram adquiridos nos
prontuários eletrônicos dos pacientes, sendo registrados os dados do exame mais
recente (diâmetro diastólico e sistólico do ventrículo esquerdo e fração de ejeção).
Avaliações
Espirometria
Para o grupo de crianças com DCC acianótica na fase pré-cirurgia, pós-alta
15 e pós-alta 30, foi utilizada uma ficha de avaliação para caracterizar a amostra. Foi
medido peso e estatura. Realizado exame de espirometria82 com equipamento
64
portátil, modelo CPFS/D e o software BREEZE PF® Versão 3.8 B para Windows
95/98/NT (MedGraphics, Saint Paul, Minnesota, EUA) e calibrado diariamente
conforme recomendações82. O exame foi realizado segundo o preconizado82. As
variáveis de registros foram: capacidade vital forçada (CVF); Volume expiratório
forçado no primeiro segundo (VEF1); a relação VEF1/CVF e Fluxo expiratório forçado
médio de ar (FEF25-75%). Os valores obtidos foram descritos em porcentagem do
previsto para a normalidade, respeitando a estatura e o gênero82.
Shuttle teste modificado - STM
A capacidade funcional foi avaliada pelo STM, seguindo o protocolo descrito
por Singh47 e modificado por Bradley55,85. O teste foi realizado duas vezes na fase
pós alta 15 e pós alta 30, com 30 minutos de descanso entre os testes e as crianças
foram orientadas quanto à permanência do repouso. Ambos os testes foram
realizados em um nível de caminho linear de 10 metros, com dois cones
posicionados 0,5 metros a partir de cada extremidade do percurso. As crianças
foram incentivadas a andar de acordo com a velocidade inicial de 1,8Km/h, sendo a
cada minuto acrescentado 0,17 m/s (equivalente a 10 metros/minuto) e velocidade
máxima de 10.2km/h. O avaliador ministrou comando verbal sistematizado ao fim de
cada estágio com intenção de informar aos participantes da pesquisa sobre a
velocidade de caminhada crescente6,47,55, 75,85, 86.
Um profissional treinado realizou os testes. A diferença máxima entre os
testes deve ser de 40 m55,85. Um terceiro teste foi realizado quando a diferença foi
maior do que está. O STM foi interrompido quando o voluntário apresentou uma das
seguintes condições: não conseguiu manter a velocidade necessária devido à
dispneia ou fadiga ou se ele ou ela não conseguiu completar a caminhada no tempo
permitido pela segunda vez. A principal variável utilizada para análise foi a distância
percorrida, indicando a capacidade máxima de exercício.
Foi verificado a frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA)83 e saturação
de oxigênio periférico (SpO2) com registros no repouso, no final do teste, no pico, no
1ºmin, 2ºmin e 5ºmin de recuperação. Durante a realização do teste foi verificada
minuto a minuto a FC e a SpO2. A FC foi registrada pelo frequêncímetro da marca
Polar (Polar® F71). A PA foi aferida pelo manômetro de mercúrio com escala
vertical de 0 a 300 mmHg (UNITEC®) e de um estetoscópio (Littmann®), com a
criança sentada, em repouso por 3-5 minutos antes da aferição, com as costas
apoiadas e os pés descruzados no chão. O manguito foi posicionado no braço direito
65
e braço fletido ao nível do coração, apoiado e descoberto acima do manguito. Não
foi permitido falar enquanto a medida estava sendo tomada. O estetoscópio foi
colocado sobre a artéria braquial, na fossa antecubital, e a extremidade inferior do
manguito a 2-3 cm acima da fossa antecubital83.
A SpO2 foi medida pelo oxímetro de pulso (Nonin Medical, INC. 8500A). A
freqüência cardíaca (FC) e saturação periférica de oxigênio capilar (SpO2) foram
medidos continuamente durante o teste, e percebido dispneia e cansaço nas pernas
(escala modificada de Borg)89 foram avaliados antes e depois do teste. A FC máxima
prevista foi calculada como 208- (0,7x idade).90 O duplo produto é calculado pela
multiplicação da pressão arterial sistólica e a frequência cardíaca. Foi realizada a
correção do duplo produto pela distância percorrida do STM91.
Qualidade de vida
A qualidade de vida foi avaliada utilizando o questionário PedsQL4.0
específicos para as idades 8-12 e 5-7anos, aplicados para o grupo de crianças com
DCC nas 3 fases do estudo (pré- operatória, pós-alta 15 e pós-alta 30). Utilizado um
instrumento com 23 itens, traduzido e validado para a cultura brasileira94, e abordam
as seguintes dimensões: física, emocional, social e escolar. Sua aplicação teve um
tempo de aproximadamente, cinco minutos93. As questões indagaram as crianças e
seus pais ou responsável o quanto cada item representou um problema no último
mês. As respostas do PEDsQL 8 a 12 foram apresentadas de forma escalar com
cinco opções: 0 – nunca é um problema; 1 – quase nunca é um problema; 2 –
algumas vezes é um problema; 3 – frequentemente é problema; 4 – quase sempre é
um problema. Na versão do relato das crianças de 5-7 anos existe uma adaptação
para 3 respostas: 0-nunca, 2- algumas vezes e 4- quase sempre e associa-se a
escala de faces. Perguntas negativas foram pontuadas inversamente em uma escala
de 0–100 (0–100; 1–75; 2–50; 3–25; 4–0) e, para o relato das crianças de 5-7 anos,
0=100, 2=50 e 4=0; assim, quanto maior o escore, melhor a qualidade de vida. Os
escores das dimensões foram computados como a soma dos itens dividida pelo
número de itens respondidos, sendo que, caso haja mais de 50% dos itens da
dimensão ausentes, o escore da dimensão não é computado94. Quanto maior o
escore, menores serão as dificuldades relacionadas à doença e/ou tratamento96.
Análise estatística
66
Excluídas: 1 óbito 4 desistiram 6 não quiseram realizar SWTI
As 6 crianças que se recusaram fazer o teste na fase pós alta 15, concordaram em fazê-lo na fase pós alta 30
O poder da amostra foi calculado com base na distância percorrida e desvio
padrão entre os três momentos: pré (667 ± 152m), pós 15 (540 ± 162m), pós 30 (763
± 137m), com p 0,05, o poder foi de 99%.
A normalidade dados foi testada pelo Shapiro Wilk e os dados paramétricos
são apresentados em média (DP) e os não paramétricos em mediana (IG 25-75%).
Para a comparação entre as fases (pré, pós 15 e pós 30) foi utilizada ANOVA
repetida com post hoc de Bonferroni, ou Friedman complementado por Wilcoxon, a
depender da normalidade dos dados. A Correlação de Spearman foi realizada entre
a distância percorrida no shuttle walk teste incremental e os domínios do
questionário de qualidade de vida. Foi considerada significância estatística quando
p<0,05. SPSS versão 21 foi usado para as análises.
Resultados
Foram inclusos na fase pré-cirurgia 32 crianças, desses 21 realizaram as
avaliações na fase pós-alta, e 27 na fase pós-alta 30. No fluxograma 1 estão
descritos os motivos das exclusões.
.
Avaliações Espirometria SWTI Responderam o questionário QV PEDsQL 4,0 de 8-12 anos e de 5 a 7 anos
N = 55 Crianças cardiopatas internadas, entre 6-12 anos.
Avaliadas n = 32 na fase pré-cirurgia
Avaliadas n = 21 na fase pós-procedimento cirúrgico (pós 15)
Excluídas n=23
- por febre reumática (n = 05) - por Síndromes neurocomportamental
(n = 07) - por histórico de cianose ao esforço (n = 04) - por histórico de infecção pulmonar (n = 03) - por desistências (n = 04)
67
Figura 1: Fluxograma de apresentação das fases do estudo e as respectivas
inclusões.
Em média as crianças tinham 8 12 anos, no exame de ecocardiografia
realizado antes do procedimento cirúrgico, em média a fração de ejeção foi 71 6%;
o diâmetro diastólico do VE foi 38,7 7,5mm, e o diâmetro sistólico do VE de 22,6
5,0mm.
A situação cirúrgica/hospitalar dessas crianças aponta: 12(37,5%) Cirurgia
cardíaca,11(34,4%) Cateterismo cardíaco terapêutico e 9 (28,1%) CAT + cirurgia. Os
tipos de correções dos defeitos cardíacos realizados por cateterismo cardíaco
terapêutico ou cirurgia cardíaca mostram a frequência maior para CIV 6(18,7%),
seguida da correção cirúrgica de CoAo 5(15,6%) e menor frequência 1(3,7%)
Correção de CIA e PCA , 1(3,7%) Correção de estenose da válvula átrio-ventricular .
A média de internação após procedimento (UTI + enfermaria) foi de 8,5±5,7
dias, com mínimo de um e um máximo de 26 dias.
Na tabela 1 estão descritos os dados antropométricos e função pulmonar nas
três fases do estudo e a frequência das cardiopatias congênitas corrigidas
cirurgicamente/hemodinâmica. Em relação à espirometria foi constatada redução na
função pulmonar na fase pós 15, retornando aos valores de normalidade na fase
pós-alta 30.
Tabela 1: Características antropométricas e de função pulmonar dos
participantes em cada fase do estudo- pré-cirurgia, pós 15 e pós 30 e características
cirúrgicas.
Variáveis Pré-cirurgia
(n=32) Pós 15 (n=21)
Pós 30 (n=27)
Sexo (M/F) (M)14/(F)18 (M)11/(F)10 (M)12/(F)15
IMC(kg) 15,2 ± 0,5 15,1 ± 0,5∆ 15,8 ± 0,4
Peso (Kg) 27,3 ± 7,65 26,7 ± 7,52 28,3±7,7*
Altura (cm) 131,2 ± 14,7 131,6 ± 14,7 132,6 ± 14,9*
CVF (L) 1,6 ± 0,5 1,5 ± 0,5# 1,7 ± 0,5
CVF (%prev) 92,8 ± 11,4 83,8 ± 10,7# 92,7 ± 8,8
VEF1 (L) 1,4 ± 7,65 1,3 ± 0,4≠ 1,5 ± 0,4
Avaliadas n = 27 na fase tardia pós-procedimento cirúrgico (pós 30)
68
VEF1 (%prev)
91,0 ± 12,9 82,5 ± 11,4# 91,8 ± 8,9
VEF1/CVF 91,2 ± 5,8 92,1± 5,2 92,2 ± 4,8
VEF1/CVF (%prev) 99,0 ± 5,0 98,5 ± 5,4 99,4 ± 5,2
FEF25-75(L) 1,9 ± 0,6 1,9 ± 0,7 1,9 ± 0,6
FEF25-75 (%prev) 116,0 ± 43,2 110,8 ± 50,2 115,2 ± 40,9
Tabela 1: Características antropométricas e de função pulmonar dos
participantes em cada fase do estudo- pré-cirurgia, pós 15 e pós 30 e características
cirúrgicas (Continuação).
Tipo de correção cirúrgica
CIV corrigida n (%)
6(18,7%) --- ---
CoAo corrigida n(%)
5(15,6%) --- ---
CIV e EP corrigida n(%)
4(14,8%) --- ---
CIA corrigida n(%)
4(14,8%) --- ---
PCA corrigida n(%)
4(14,8%) --- ---
CIV e PCA corrigida n(%)
3(9,3%) --- ---
CIA e CIV corrigida n(%)
2(7,4%) --- ---
Válvula Pulmonar corrigida n(%)
2(7,4%) --- ---
CIA ePCA corrigida n(%)
1(3,7%) --- ---
EAV corrigida n(%)
1(3,7%) --- ---
* p<0,01 vs pré-cirurgia e pós 15; ∆p<0,00vs pós 30; # p<0,01vs pré-cirurgia e pós 30; ≠ p<0,00 vs pós 30;
CVF=capacidade vital forçada; VEF1=volume expiratório forçado no primeiro segundo; FEF= fluxo expiratório forçado; (%)=porcentagens dos valores previstos. CIV: comunicação inter ventricular, CIA: comunicação inter atrial, PCA: persistência do canal arterial, EAV: estenose átrio ventricular.
Os pacientes apresentavam redução da capacidade funcional antes do
procedimento cirúrgico (abaixo de 80% do previsto), que se acentuou na fase pós 15
(p<0,05). Entretanto, houve recuperação da capacidade funcional após 30 dias de
alta (p<0,05; tabela 2). Não foi observada dessaturação (redução maior que 4%)
durante o STM em todas as fases (Tabela 2). A figura 1 ilustra a distância percorrida
no STM entre as fases do estudo. O duplo produto não foi estatisticamente diferente
entre as fases, entretanto, ao corrigir essa variável pela distância percorrida, de
maneira interessante nota-se que os pacientes no pós 15 tiveram valores
significantemente maiores, comparado ao pré-operatório (Tabela 2).
69
Tabela 2: Dados do shuttle teste modificado no pico do exercício nas três fases do estudo.
Variáveis do Pico do Exercício
Pré-cirurgia n=32
Pós 15 n=21
Pós 30 n=27
Distância percorrida, m
667,1 ± 152,4 540,8 ± 162,9‡ 763,1 ± 137,8*
Distância percorrida (% prev)
69,1± 17,5
55,7 ± 18,0‡
78,9 ± 12,8*
Frequência Cardíaca
162,4 ± 25,8 151,2 ± 19,6 ≠
165,2 ±16,3
Frequência Cardíaca (%prev)
83,2 ± 10,3 76,0 ± 10,8
82,4 ± 8,4
Duplo produto 17920 (15799 – 21959) 16380 (15318 – 18535)
17901 (16032 – 21294)
Duplo produto/distância percorrida
25 (19 – 29)& 31 (23 – 39) 27 (23 – 35)
SpO2 % 94,6 ± 5,5 95,9 ± 3,9 97,5 ± 1,9‡
Dessaturação
-1(-4 - 0) -1(-3,5 - 0) -1(-1 - 0)
Dessaturação, n (%) 8 (25) 5 (15) 2 (3)$
Borg Dispneia 4 (3 – 5) 3 (2,5 – 4)@ 4 (3 – 5)
Borg MMII 4 (3 – 4,5) 4 (3 – 5) 4 (3 – 5)
Duplo produto = frequência cardíaca x pressão arterial sistólica; * p < 0,01 vs pré-cirurgia e pós 15; ‡ p = 0,02 vs pré-cirurgia; ≠
p = 0,001 vs pós 30; # p<0,01vs pré-cirurgia e pós 30; @p = 0,02 vs pré-cirurgia; & p = 0,003 vs pos 15 e pos 30, $ p = 0,029 vs pre e pos 15.
&
70
Figura 2: Comparação da distância percorrida no shuttle teste modificado
entre nas fases pré-cirurgia, pós 15 e pós 30. & p < 0,05 vs pré cirurgia e pós 15.
A avaliação do questionário PedsQL 8-12anos mostrou melhora na qualidade
de vida nos domínios atividade e psicossocial após 30 dias de alta (fase pós 30), p <
0,05 (Tabela 3). As crianças entre 5 e 7 anos, apresentaram aumento no PedsQL e
apenas no domínio atividade, tanto pela avaliação dos pais, quanto das próprias
crianças (p<0,05, tabela 3). O figura 3 ilustra os dados dos PedsQL.
71
Figura 3: Comparação do domínio atividade e domínio psicossocial do
PedsQL 8-12 anos (A) e do PedsQL 5-7 (B) nas fases pré-cirurgia, pós 15 e pós 30.
# p < 0,02 vs pré& p < 0,02 vs pré e pós 15
Ped
sQL(8-12anos)
&# &
A
& p < 0,02 vs pós 15# p < 0,01 vs pós 30
Ped
sQL(5-7anos)
&
#
#
B
72
Tabela 3: Dados do questionário de qualidade de vida, PedsQL, nas três fases do estudo.
Variáveis Pré-cirurgia
n=32 Pós 15 n=21
Pós 30 n=27
PedsQL 8 - 12 anos
Domínio Atividade
73,5 (59,4 – 87,8) $ 59,6 (51,5 – 78,0) 85,9 (72,7 – 93,2)*
Domínio Psicossocial
74,1(67,3 - 79,5) 74,0 (57,0 - 85,0) 83,3 (74,5 - 89,5)*
PedsQL 5 - 7 anos
Domínio Atividade, pais
69 (66 – 82)$ 47 (34 – 50) ≠ 81 (66 – 87)
Domínio Psicossocial, pais
82 (75 – 83) 68 (60 – 81) 74 (69 – 89)
Domínio Atividade, criança
88 (62 – 91) 44 (34 – 64) ≠ 87 (75 – 91)
Domínio Psicossocial, criança
80 (76 – 91) 63 (48 – 81) 83 (78 – 87)
$ p < 0,02 vs pós15; * p <0,02 vs pré-cirurgia e pós 15; ≠ p = 0,01 vs pós 30
Foi feita a correlação entre a capacidade funcional avaliada pelo STM e os
domínios atividade e psicossocial do questionário de qualidade de vida (PedsQL).
Foi observada correlação significante entre a distância percorrida e o domínio
psicossopcial das crianças entre 8-12 anos (PedsQL 8-12) na fase pós 15 (r=0,70,
p=0,002, figura 3A). Da mesma maneira, a distância percorrida correlacionou-se com
o domínio atividade avaliada pelas crianças de 5 -7 anos na fase pös 15 (r=0,90,
p=0,03, figura 3B). As correlações nas demais fases não tiveram significância
estatística.
73
r: 0,70p = 0,002
A
r: 0,90p = 0,03
B
Figura 04: Correlação entre a distância percorrida e o domínio psicossocial do
PedsQL 8-12 anos (A), e PedsQL 5-7 anos (B), na fase pós 15.
74
Discussão
No presente estudo foi constatado que crianças com DCC têm redução na
capacidade funcional no pré-operatório, havendo piora nesses valores logo após
procedimento cirúrgico, mas que após 30 dias da alta hospitalar, a distância
percorrida aumenta em média 100m. Da mesma maneira, o procedimento cirúrgico
contribui com a melhora na qualidade de vida.
Houve aumento de peso de 1kg nas crianças na fase pós 30. Similarmente ao
estudo sobre a Evolução do peso e altura de crianças com cardiopatia congênita em
tratamento cirúrgico, que comprovou a evolução dos escores z médios em
peso/idade no grupo de crianças cardíacas. O ganho de peso foi significativamente
menor no pré-operatório quando comparado com o primeiro mês de pós-
operatório127.
Relatam outros estudos que o crescimento e ganho de peso nas crianças
cardiopatas, depende dos fatores da gravidade do subdesenvolvimento inicial, a
presença ou ausência de cianose, o estado hemodinâmico, causas pré-natal e
fundamentalmente o tipo de doença128,mesmo como o progresso das cirurgias
corretivas129.
Em relação às características cirúrgicas/hospitalar desse estudo, a maior
frequência de cirúrgica cardíaca, foi à correção de comunicação intraventricular
(CIV). Em um estudo sobre o perfil epidemiológico dos pacientes com cardiopatias
congênitas, submetidos à cirurgia, foram levantados os dados a partir de prontuários
de pacientes menores de 18 anos submetidos à cirurgia, dos 300 pacientes inclusos
no estudo, 69,7% (n=209) foram do tipo acianóticas, das quais a mais frequente foi a
correção de CIV com 21% (n=63)8.
Neste estudo, a média de internação de pós-operatório entre recuperação em
UTI pediátrica e enfermaria a alta hospitalar foi de 8,5 ± 5,7 dias. Considera-se um
tempo de internação menor se comparado ao estudo retrospectivo e documental
com abordagem quantitativa sobre perfil clínico e epidemiológico de crianças com
cardiopatias congênitas submetidas à cirurgia cardíaca que conferiu um tempo de
internação hospitalar dessas crianças com variância de 10 a 15 dias (28,08%), 15 a
30 dias (20,22%), acima de 30 dias (31,46%) e acima de 60 dias (20,22%)130 e não
similar a média de internação de 5,0 ± 13,8 dias, apresentada em um estudo
transversal descritivo prospectivo, com crianças de ambos os sexos, com idade
entre zero e doze anos incompletos, submetidas à cirurgia cardíaca, admitidas na
75
unidade de cuidados intensivos de um hospital especializado que verificou a
variabilidade do tempo de internação na UTIP, evidenciando que a diferença no
tempo de recobramento das crianças em pós-operatório de cirurgia cardíaca pode
estar relacionada com o grau de complexidade clínica de cada cardiopatia
congênita. Para perceber melhor a recuperação nesses casos, é necessário um
tempo de acompanhamento maior131.
Estudos apontam um quadro frequente de disfunção pulmonar no pós-
operatório, exibindo uma redução importante dos volumes pulmonares, prejuízo na
mecânica respiratória, diminuição da complacência pulmonar e aumento do trabalho
respiratório132. Esses fatos corroboram com os dados da função pulmonar, aqui
observados, nos quais houve redução na função pulmonar no pós 15, retornando a
valores basais no pós 30. Estes resultados em outros estudos sobre a função
pulmonar após cirurgias cardíacas, demonstram que a função pulmonar permanece
de 25% a 30% menor mesmo após 3,5 meses da cirurgia133 e que os volumes
pulmonares não são recuperados aos valores pré-operatórios até 8 semanas após a
cirurgia. Estudo em forma de coorte longitudinal que avaliou a função pulmonar de
crianças e adolescentes cardiopatas no momento pré-operatório, pós-operatório na
alta hospitalar e 90 dias após alta hospitalar, demonstrou valores espirométricos
reduzidos no momento pós-operatório e recuperação aos valores iniciais134, como os
aqui obervados.
Em uma recente revisão sistemática e metanálise, afirma que crianças com
cardiopatia congênita apresentam com frequência alterações na sua capacidade de
exercício, avaliada através de dezoito testes de exercício cardiopulmonar e quatro
utilizaram o teste ergométrico e três estudos de avaliação submáxima, dentre esses
um teste de esforço máximo Moalla et al45. Realizaram teste submáximo através do
TC6, identificados a partir da seleção de vinte e cinco de 2.683 estudos61.
No presente estudo longitudinal a capacidade funcional avaliada pelo shuttle
teste modificado (STM) as crianças apresentaram redução média de 667,1 ± 152,4,
da capacidade funcional antes do procedimento cirúrgico, valor (69,1%) abaixo do
predito, e foi mais acentuada na fase pós 15, a média da distância percorrida foi de
540,8 ± 162,9, e o valor significante mais baixo (55,7%) e recuperação dessa
capacidade funcional após 30 dias de alta, representado pela média de distância de
763,1 ± 137,8, aproximando-se do predito (78,9%), que corresponde a uma
diferença de distância maior que 200 metros em relação ao pós 15. Do nosso
76
conhecimento, esses dados de avaliação da capacidade funcional de maneira
longitudinal são inéditos nessa população utilizando o STM.
Feltez et al27 que avaliaram a capacidade funcional de crianças e
adolescentes entre seis e 18 anos de idade, com diagnóstico de cardiopatia
congênita, comparado com controle, após corre correção total das cardiopatias. E
média, a distância percorrida no TC6‟ foi de 452±73 metros no grupo de cardiopatia
congênita corrigida (69% previsto) comparada a 656±52m do grupo controle. Ou
seja, mesmo após correção cirúrgica, esses pacientes apresentavam importante
redução da capacidade funcional, diferente dos pacientes aqui avaliados, que após
30 dias estavam, em média, com 79% do previsto. A gravidade do feito anatômico
pode ser uma justificativa para essa diferença, considerando que a fração de ejecão
dos pacientes do estudo de Feltez et al27 foi 65%, em média, tendo pacientes com
valores de 45%; enquanto que do presente estudo de 71%, com valor mínimo de
63%.
A redução da capacidade funcional em crianças com DCC podem também
sofrer influência de disfunção ventricular sistólica e diastólica, disfunção sinusal e
alteração na atividade nervosa autonômica cardíaca27.
O duplo produto é uma maneira não invasiva de estimar o esforço cardíaco e
o consumo de oxigênio pelo miocárdio, ou seja, estima-se que para a mesma
intensidade de esforço91. De maneira interessante, não foi observada diferença
nessa variável entre as três fases, entretanto, considerando que foram percorridas
distâncias diferentes, fez-se a necessidade de corrigir o duplo produto pela distância
percorrida no STM. Os pacientes na fase pós 15 apresentaram maiores valores do
duplo produto corrigido pela distância, o que significa que houve maior consumo de
oxigênio pelo miocárdio executar a mesma intensidade de esforço nessa fase.
Nesse sentido, mesmo após a correção cirúrgica, há necessidade de
recuperar a capacidade funcional (pós 15) para ser observada melhor eficiência
cardíaca na fase pós-30.
Em relação à qualidade de vida, as crianças com DCC acianóticas de 8 a 12
anos apresentaram a mediana 73,5(59,4 – 87,8) da fase pré-operatórios, com
declínio na fase pós-alta 15 representada pela mediana 59,6(59,4 – 87,8) e melhora
significante na qualidade de vida, de maneira geral (domínio atividade e
77
psicossocial) após 30 dias de alta (fase pós-alta 30), com mediana de 85,9 (72,7 –
93,2).
As crianças entre 5 e 7 anos apresentaram a mediana 69 (66 – 82 criança) e
82 (75 – 83 pais) da fase pré-operatório, declínio na fase pós-alta 15 representada
pela mediana 47 (34–50 criança) e 68 (60 – 81 pais) e melhora significante na
qualidade de vida, apenas no domínio atividade após 30 dias de alta (fase pós-alta
30), com mediana de 81 (66 – 87cirança) e 74 (69 – 89 pais). O domínio psicossocial
não apresentou resultado significante.
Os estudos que investigaram a QV de crianças e adolescentes após cirurgia
cardíaca e/ou cateterismo cardíaco terapêutico para CC, respectivamente, mantendo
o mesmo instrumento de medida, indicam pior funcionamento motor, cognitivo, social
e emocional que em crianças saudáveis135,136.
Limitações do estudo
A perda da amostra no pós 15 foi considerada limitação desse estudo,
entretanto, o poder da amostra se manteve acima de 80%. Não ocorreu a
estratificação dos defeitos cardíacos por serem todos acianóticos.
CONCLUSÃO
Em conclusão, as crianças com DCC apresentam melhora na capacidade
funcional e na qualidade de vida após correção cirúrgica da cardiopatia congênita,
embora a distância percorrida ainda tenha ficado abaixo de valores normais na maior
parte dos pacientes.
78
CAPÍTULO IV
CONSIDERAÇÕES FINAIS
79
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação da capacidade funcional de crianças com doença cardíaca
congênita em situação de pré e pós-operatório de cardiopatias tem importância para
planejar uma assistência de qualidade e contribuir de forma eficiente para a
evolução do paciente no pós-operatório e para sua desospitalização precoce.
Observar a redução na capacidade funcional dessas crianças devido às alterações
anatômicas cardíacas e consequente redução das atividades diárias e imobilismo,
afetando a qualidade de vida favorecem a determinação dos objetivos de
tratamento.
Do nosso conhecimento esse é o primeiro estudo que avaliou a criança com
cardiopatia congênita pelo shuttle teste modificado de forma transversal e
longitudinal.
A relevância deste estudo reside em proporcionar maior conhecimento para a
comunidade científica por se tratar de um novo olhar para o cuidar, assim como para
os pais, as crianças com cardiopatia congênita e seus educadores sobre o impacto
de tal doença na melhora da qualidade de vida.
Diante das considerações sobre a cardiopatia congênita, aqui foi hipotetizado
que as crianças com essa doença apresentariam redução da capacidade funcional e
da qualidade de vida no pré-operatório quando comparada aos seus pares controles.
Sendo essa hipótese confirmada, com melhora na capacidade funcional após 30
dias de procedimento cirúrgico.
O processo de aplicação do protocolo da pesquisa (espirometria e shuttle
teste modificado) não foi fácil, no entanto foi indispensável para integrar os
resultados desses testes ao contexto de cuidar de crianças cardiopatas em dois
desafios. O primeiro desafio foi reconhecer o papel dos profissionais da saúde que
lidam com cardiopatas na reabilitação, viste que reabilitar é cuidar e essa questão
evidenciou a importância da atividade física a ser desenvolvida por essas crianças
durante o processo de hospitalização, como unidade de cuidado. O segundo desafio
foi tentar desmistificar a restrição de exercício físico para as crianças cardiopatas,
impostos pelos profissionais de saúde de diversas áreas e consequentemente as
mães e pais dessas crianças. Tal comportamento pode está relacionado a escassez
de conhecimento sobre o assunto.
Nesse contexto, é possível sugerir que os resultados encontrados neste
estudo sejam reflexos do conhecimento insuficiente sobre a capacidade funcional de
80
crianças com doença cardíaca congênita, que provoca insegurança nos pais,
profissionais e na própria criança na realização de atividade física, cotidiana, de
lazer ou desportiva. A mudança de atitude poderia proporcionar melhores hábitos
de saúde e reduzir o sedentarismo dessas crianças; cuidados voltados para otimizar
a mobilidade no pós-operatório e subsídios para uma orientação com base no
aconselhamento de exercícios para crianças cardiopatas.
Nesse sentido, sugere-se formação de grupos de estudos interdisciplinar
sobre aconselhamento ao exercício e posteriormente criação de um programa de
follow up de crianças cardiopatas, com metas de suporte a capacidade de exercício
e melhora da qualidade de vida.
81
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92
AAPPÊÊNNDDIICCEESS
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Apêndice A: Aceite do Orientador
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO DOUTORADO INTERSINSTITUCIONAL
Aceite do Orientador
Eu, Fernanda De Cordoba Lanza, professora doutora da Universidade Nove
de Julho (UNINOVE) aceito orientar a pesquisa intitulada “Capacidade funcional e
qualidade de vida de criança e adolescente com cardiopatia congênita” de
autoria de Marcia Helena Machado Nascimento, aluna do Doutorado
Interinstitucional do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação da
Universidade Nove de Julho – UNINOVE e Universidade do Estado do Pará,
declarando ter total conhecimento das normas de realização de Trabalhos
Científicos vigentes, estando inclusive ciente da necessidade de minha participação
na banca examinadora por ocasião da defesa da tese. Declaro ainda ter
conhecimento do conteúdo do anteprojeto ora entregue para o qual dou meu aceite
pela rubrica das páginas.
São Paulo, ______ de Novembro de 2015.
Profª Dra. Fernanda de Cordoba Lanza
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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO DOUTORADO INTERSINSTITUCIONAL
Apendice B: TCLE - Termo de Consentimento Livre Esclarecido para crianças
cardiopatas e grupo controle Nome do Voluntário:___________________________________________________________ Endereço:___________________________________________________________________ Telefone para contato:___________ Cidade:__________________CEP:___________________ E-mail: _________________________________________________________
As informações contidas neste prontuário foram fornecidas pela Profa Dra Fernanda de Cordoba Lanza, com objetivo de firmar acordo escrito mediante o qual, o voluntário de pesquisa autoriza a sua participação com pleno conhecimento da natureza dos procedimentos e mínimos riscos a que se submeterá com a capacidade de livre arbítrio e sem qualquer coação. Você está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada “Capacidade funcional e qualidade de vida de criança e adolescente com cardiopatia congênita” desenvolvida por Marcia Helena Machado Nascimento, aluna do Doutorado Interinstitucional em Ciências da Reabilitação da Universidade Nove de Julho e Universidade do Estado do Pará, sob a orientação da Professora Dra. Fernanda de Cordoba Lanza. Antes de aceitar participar desta pesquisa, é necessário que você leia e compreenda as explicações sobre os procedimentos que estamos propondo. Este Termo de Consentimento descreve o objetivo, os procedimentos, os benefícios, os riscos e possíveis desconfortos que este estudo pode causar. Por isso, leia estas informações com bastante atenção. Os participantes desse estudo serão crianças e adolescentes de 5 a 14 anos com cardiopatia congênita e sem anormalidades cardíacas.
1.Título do Trabalho: Capacidade funcional e qualidade de vida de criança e adolescente com cardiopatia congênita 2. Objetivos: queremos avaliar a capacidade funcional e a qualidade de vida entre crianças e adolescentes com e sem cardiopatias congênitas acianóticas. Como secundários: identificar a alteração da capacidade funcional e qualidade de vida de crianças e adolescentes com cardiopatias congênitas acinóticas de acordo com o tempo de diagnóstico; avaliar a capacidade funcional e qualidade de vida de crianças e adolescentes com cardiopatias congênitas acianóticas antes e após procedimentos cirúrgicos (cateterismo e cirurgia); correlacionar à qualidade de vida e distância percorrida no SWTI entre crianças e adolescentes com e sem cardiopatias congênitas acianóticas e antes e após procedimentos cirúrgicos (cateterismo e cirurgia). 3. Justificativa: As crianças e adolescentes com DCC apresentam redução na capacidade funcional, avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos (TC6), devido às alterações anatômicas cardíacas. Já foi descrito que há alteração no teste de exercício cardiopulmonar, entretanto, a alteração funcional pelo SWTI ainda não foi relatada. A redução da aptidão cardiorrespiratória pode levar à alteração na qualidade de vida, considerando que esses indivíduos apresentarão limitação às atividades do dia a dia em decorrência do defeito anatômico, entretanto a QV em cardiopatias congênita na população infantil foi pobremente avaliada. 4. Procedimentos da Fase Experimental: Você responsável legal responderá a um questionário informando a respeito de seus dados pessoais, dados pessoas e hábitos de saúde da criança ou do adolescente. Após ter respondido as perguntas, a criança ou o adolescente será submetido a uma avaliação física, na qual está inclusa a medida da pressão arterial, batimentos do coração, peso e altura e a espirometria (exame do sopro). Para avaliar a capacidade física a criança ou o adolescente serão submetidos a um teste chamado de teste de caminhada com aumento de carga, receberão instruções para caminhar em um corredor de 10 metros e o aumento da velocidade será sempre indicado por um sinal sonoro e por aviso de um profissional. A finalidade desse teste é avaliar a capacidade para o exercício físico mesmo sendo portador de cardiopatia congênita. Para o grupo controle, serão incluídos voluntários pareados por idade e gênero ao grupo de cardiopatia congênita, que não apresentem doença aguda ou crônica, que realizem atividade física mais de duas vezes na semana. Além dos testes você responsável lega e a criança ou o adolescente estão convidados a responder um questionário para avaliar a sua qualidade de vida.
95
5.Desconforto ou Riscos Esperados: Aparentemente essa pesquisa não apresenta riscos, mas há possibilidades de riscos mínimos como, sentir desconforto em compartilhar informações pessoais em algum dos tópicos, mas será esclarecido ao mesmo que na ocorrência deste fato, e estará livre para decidir não responder e retirar a criança ou o adolescente da pesquisa. Da mesma forma se durante os testes ocorrer cansaço e falta de ar, nesse caso ele(a) pode interromper qualquer teste a qualquer momento caso sinta desconforto respiratório intolerável. Pode ocorrer queda do oxigênio durante os testes, mas caso isso aconteça será administrado oxigênio, disponível nos locais de coleta de dados e como benefícios novos esclarecimentos sobre o seu estado de saúde e condição cardiorrespiratória á exercício físico; apresenta qualidades suficientes para melhorar a sua capacidade de fazer as atividades do dia a dia com tranquilidade e sem muito esforço. Além disto, a participação neste estudo poderá contribuir muito para ampliar o conhecimento dos profissionais que cuidam de seu filho com problemas cardíacos, podendo contribuir, no futuro, para a melhoria do tratamento desta doença. Esse tipo de avaliação pode ser realizado para a verificação de progressos frente à instituição de um programa de reabilitação física para as crianças e adolescentes com cardiopatias congênitas, e de um programa de atividades físicas para crianças normais. Espera-se que esta pesquisa possa contribuir com seus resultados tanto para o ensino, na pesquisa, na assistência e na reabilitação da criança com cardiopatia congênita, suscitando novos paradigmas, descobertas e desafios para a pesquisa na enfermagem e sua assistência. Assim como no investimento multidimensional da saúde da criança, gerando um planejamento de novas intervenções baseadas em evidências e avaliação dos resultados. 6. Informações: O voluntário e seu responsável legal têm garantia que receberão respostas a qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer dúvida quanto aos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos 7. Métodos Alternativos Existentes: Não há métodos alternativos 8. Retirada do Consentimento: Você encontra-se livre para não responder alguma pergunta se lhe for conveniente e pode sair da pesquisa a qualquer momento caso não possa continuá-la. Você tem a liberdade de se recusar a participar dos testes ou retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma. 9. Garantia do Sigilo: O sigilo e a privacidade durante todas as fases da pesquisa serão garantidos. Os dados de identificação dos participantes coletados através de questionários e do teste clínico de campo, utilizado neste estudo para avaliação da capacidade de exercício não aparecerão nesta pesquisa. Os resultados serão apresentados sob a forma de estatística e guardados em banco de dados por um período de cinco anos e posteriormente apagados. Na ocorrência de desistência de participar da pesquisa no decorrer desta, as coletas serão desconsideradas e eliminadas na presença do referido participante. 10. Formas de Ressarcimento das Despesas decorrentes da Participação na Pesquisa: Está descrito na resolução 466/12: “os participantes da pesquisa que vierem a sofrer qualquer tipo de dano resultante de sua participação na pesquisa, previsto ou não no termo de Consentimento Livre e Esclarecido, têm direito à indenização, por parte do pesquisador, do patrocinador e das instituições envolvidas nas diferentes fases da pesquisa”, no entanto, esta pesquisa será realizada com recursos próprios e sua participação será voluntaria, logo, não haverá despesas pessoais para você em qualquer fase do estudo. 11. Local da Pesquisa: A pesquisa será realizada no ambulatório de cardiologia pediátrica e na clinica pediátrica da Fundação Estadual Hospital de Clinicas Gaspar Vianna, na cidade de Belém-Pará (FHCGV) e no Ginásio de Esporte do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará-UEPA e na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Jarbas Passarinho Marco” 12. Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): é um colegiado interdisciplinar e independente, que deve existir nas instituições que realizam pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil, criado para defender os interesses dos participantes de pesquisas em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento das pesquisas dentro dos padrões éticos (Normas e Diretrizes Regulamentadoras da Pesquisa envolvendo Seres Humanos – Res. CNS nº 466/12). O Comitê de Ética é responsável pela avaliação e acompanhamento dos protocolos de pesquisa no que corresponde aos aspectos éticos. Endereço do Comitê de Ética da Uninove: Rua. Vergueiro nº 235/249 – 3º subsolo - Liberdade – São Paulo – SP CEP. 01504-001 Fone: (011) 3385-9197. [email protected] 13. Nome Completo e telefones dos Pesquisadores (Orientador e Alunos) para Contato: Orientadora: Profª. Dra. Fernanda de Cordoba Lanza - (11) 983395002. Aluna do doutorado: Marcia Helena Machado Nascimento- (91) 981458830. Alunos de graduação: Adriel Lucas Ribeiro Barbosa- (91) 982744534/ Josilene da Costa Nascimento- (91) 993800130/ Lucas Pinheiro Nogueira- (91)
96
983427986/ Nayara Carolina do Amaral de Santana- (91) 989053752/ Reinaldo de Sousa Guimarães- (91) 981817702/ Ryan Menezes Brito- (91) 980777655/ Tainah Ratis Goldim- (91) 982280112. 14. Eventuais intercorrência que vierem a surgir no decorrer da pesquisa poderão ser discutidas pelos meios próprios. 15. Consentimento Pós-Informação:
Eu, ________________________________________________, após leitura e compreensão deste termo de informação e consentimento, entendo que minha participação é voluntária, e que posso sair a qualquer momento do estudo, sem prejuízo algum. Confirmo que recebi uma via deste termo de consentimento, e autorizo a realização do trabalho de pesquisa e a divulgação dos dados obtidos somente neste estudo no meio científico.
São Paulo, de de________
Nome (por Extenso):_______________________________ Assinatura:_______________________________________
Nome da Pesquisadora: Fernanda de Cordoba Lanza Assinatura_______________________________________
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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO
DOUTORADO INTERSINSTITUCIONAL
APENDICE C: TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidados (a) a participar da pesquisa “CAPACIDADE FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA DE
CRIANÇA COM CARDIOPATIA CONGÊNITA” Seus pais permitiram sua participação. Queremos saber se seu pulmão
tem alguma doença ou não através do teste de sopro, e depois queremos saber se você consegue caminhar em um corredor
de 10 metros, ao redor de dois cones e aumentando os seus passos nessa caminhada a partir de um aviso de sonoro e do
aviso da pessoa que estiver lhe ajudando no teste. Como mostra a figura abaixo.
10m
Poderão participar dessa pesquisa as crianças e adolescentes com idade de 6 a 14 anos com doenças no coração e
sem nenhuma doença. Mas, você não precisa participar da pesquisa se não quiser, é um direito seu e não terá nenhum
problema se disistir.
Caso você aceite participar, antes da realização do teste, você responderá algumas perguntas sobre sua saúde, se
tem alguma doença no coração, ou outra doença. Se for selecionado para os testes, iremos verificar seu peso, sua altura, sua
pressão arterial e os batimentos do seu coração. Veja as figuras.
PESO ALTURA A pesquisa será feita no ambulatório de cardiologia e na clinica pediátrica da Fundação Hospital de Clinicas Gaspar
Viana para aquelas crianças e adolescentes com doença no coração e no Ginásio de Esporte da Universidade do Estado do
Pará e na Escola Jarbas Passarinho Marco para as crianças e adolescentes sem doenças. Durante o teste de caminhada pode
ter riscos de você cansar ou sentir as pernas cansadas, nesse caso você deve parar o exercício ou você pode desistir quando
quiser. Mas há coisas boas que podem acontecer como melhorar a sua resistência para brincar, fazer exercícios físicos sem
cansar.
Sua participação é voluntaria, não havendo pagamentos. Seu nome não será falado para outras pessoas.
Guardaremos sua participação em segredo. Os resultados da pesquisa vão ser publicados em revistas de pesquisa e poderão
ajudar outras crianças com doença no coração.
Se você tiver alguma dúvida você pode perguntar para nós.
Nossos nomes e telefones: Orientadora: Profª. Dra. Fernanda de Cordoba Lanza - (11) 983395002; Aluna do
doutorado: Marcia Helena Machado Nascimento- (91) 981458830. Alunos de graduação: Adriel Lucas Ribeiro Barbosa-
(91) 982744534/ Josilene da Costa Nascimento- (91) 993800130/ Lucas Pinheiro Nogueira- (91) 983427986/ Nayara
Carolina do Amaral de Santana- (91) 989053752/ Reinaldo de Sousa Guimarães- (91) 981817702/ Ryan Menezes Brito-
(91) 980777655/ Tainah Ratis Goldim- (91) 982280112.
Se você tiver dúvidas sobre seus direitos como um participante de pesquisa, você pode contatar o Comitê de Ética
da Uninove: Rua. Vergueiro nº 235/249 – 3º subsolo - Liberdade – São Paulo – SP. CEP. 01504-001 Fone: (011) 3385-
9197. [email protected], é constituído por um grupo de profissionais de diversas áreas, com conhecimentos
científicos e não científicos que realizam a revisão ética inicial e continuada da pesquisa para mantê-lo seguro e proteger seus
direitos. CONSENTIMENTO PÓS-INFORMADO
Eu ___________________________________ aceito participar da pesquisa “Capacidade funcional e qualidade de vida de crianças e adolescentes com cardiopatia congenita” Entendi as coisas ruins e as coisas boas que podem acontecer. Entendi que posso dizer “sim” e participar, mas que, a qualquer momento, posso dizer “não” e desistir e que ninguém vai ficar furioso. Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e conversaram com os meus responsáveis. Recebi uma cópia deste termo de assentimento e li e concordo em participar da pesquisa.
Belém, ______ de ___________de ___________. __________________________ ____________________________ Assinatura do menor Assinatura do (a) pesquisador(a)
APARELHO DE PRESSÃO
RELÓGIO PARA CONFERIR OS BATIMENTOS DO CORAÇÃO
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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO DOUTORADO INTERSINSTITUCIONAL
APENDICE D: QUESTIONÁRIO PARA SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES DATA: ____________
I - DADOS SOCIODEMOGRÁFICO DO VOLUNTÁRIO CONTATO:
1) Nome do participante: ______________________________________________________
2) Grupo: ( ) criança sem cardiopatia ( ) criança com cardiopatia acianótica em espera de cirurgia ( ) criança com cardiopatia cianótica ( ) outros:________________________________
3) Condigo identificação: Cardiopatia congênita pré-operatório- CC-PRE ( )
Cardiopatia congênita pós-operatório- CC-POS ( ) criança controle- CCONT ( )
4) Idade:_______anos. Data de nascimento: ___/___./______.
5) Sexo: ( ) masculino ( ) feminino. Cidade que reside:____________________________
II - DADOS SAÚDE/DOENÇA DO VOLUNTÁRIO
6) Você tem doença no coração? ( ) Não ( ) Sim. Qual?_____________________________ 7) Qual a idade da criança quando soube do diagnostico de doença no coração? ___________ 8) Você é portador de alguma doença ou sinal e sintomas clínicos? ( ) não ( ) hipertensão ( )
diabetes ( ) dislipidemia (Colesterol elevado) ( ) asma ( ) doença no coração ( ) alergia ( ) problemas de coluna ( ) cansaço quando você anda ( ) cansaço quando corre ( ) pneumopatias. Outros:_____________
9) Faz tratamento algum tratamento? Sim ( ) Não ( ) . Qual? ___________________________________ 10) Qual a intercorrência causou exclusão do estudo: __________________________________ 11) Você frequenta escola? _____________________________
III ATIVIDADE FISICA VOLUNTARIO CARDIOPATA:
12) Faz atividade física regulamente fora do hospital? Sim ( ) Não ( ) . Qual? ______________________
Duração e frequência: ( ) uma vez por semana ( ) duas vezes por semana ( ) três vezes na semana
13) Você faz atividade física regularmente aqui no hospital? ( ) Não ( ) Brincadeiras de criança sem correr ( ) Brincadeiras de correr ( ) Brincadeira de jogar bola ( ) Brincadeiras na brinquedoteca do hospital Duração e frequência: ( ) Todos os dias ( ) As vezes ( ) 1 vez na semana ( ) 2 vezes na semana ( ) 3 vezes na semana
IV - DADOS DA DOENÇA CARDIACA DO VOLUNTÁRIO
14) Quando iniciou o tratamento para a doença cardíaca?_______________________________
15) Qual a Cidade e Estado que a criança iniciou o tratamento para cardiopatia congênita? _____________
16) Quanto tempo de doença cardíaca? ( ) desde o nascimento ( ) de 1 a 3 anos ( ) de 4 a 6 anos ( )
mais de 6 anos 17) Quanto tempo você faz tratamento nesse hospital? _________________________________ 18) Quanto tempo está internação nesse hospital? _________________________________ 19) Você esta tratando infecção respiratória nessa internação? Sim ( ) Não ( ) . Qual? _______________
20) Quais os medicamentos para o tratamento da doença do coração você usa?______________ 21) Com qual frequência você consulta o cardiologista? ________________________________
99
V - DADOS SOCIODEMOGRÁFICO DO RESPONSÁVEL LEGAL
22) Nome do responsável legal: ___________________________________________________ 23) Grau de parentesco do responsável legal:_______________________ Idade: _________ 24) CONTATO: _______________________________________________________________ 25) Estado Civil: ( ) casada ( ) amigada ( ) viúva ( ) solteira ( ) divorciada ( ) separada 26) Grau de escolaridade: ( ) Analfabeta ( ) Ensino Fundamental ( )Ensino Médio ( ) Ensino Superior 27) Profissão: ______________________________________. Qual a renda familiar em salários mínimos? (
) menos de um salário mínimo ( ) 1 a 3 salários ( ) 4 a 6 salários ( ) 7 a 10 salários ( ) maior que 10 salários
28) Cidade e Estado de procedência da criança?___________________
VI- DADOS CIRÚRGICOS E FASE PÓS-OPERATÓRIA DO VOLUNTÁRIO: Data da entrevista: ....../....../......
1) Com que idade você realizou a/as cirurgias ou procedimento cirúrgico:__________________ 2) Você realizou Cateterismo cardíaco: Não ( ) Sim ( ). Qual a data: ....../....../...... Tipo de cateterismo:
( ) Diagnóstico ( )Terapêutico ( ) Ambos. Dias de internação UTI: _______. Data da alta da UTI:
_________, Dias de internação na enfermaria:___________. Data da alta hospitalar_________
3) Você realizou cirurgia: Não ( ) Sim ( ). Qual a data: ....../....../...... Nome da cirurgia: _______________
Qual medicamento no pós-operatório____________________
Dias de internação UTI: _______. Data da alta da UTI: _________, Dias de internação na
enfermaria:__________
29) Com quantos dias após o procedimento cirúrgico você: sentou ________, andou, brincou de correr ___ 30) Data da alta hospitalar: _________
VII RETORNO NO AMBULATORIO
31) Data: _____/________/__________
32) Com quantos dias após a alta hospitalar você: andou na rua _______, retomou as atividades escolares
_______, correu ________, andou de bicicleta ________, outros: ______________________________
Não faço atividades ( ), porque: ________________________________________________
VIII- ESPIROMETRIA ACEITÁVEL
Peso: Altura: PRE-OPERATÓRIO/CONTROLE
CURVAS CVF(L): VEF1(L): VEF1/CVF FEF25-75(L):
PREVISTO (EXCEL)
VALOR ABSOLUTO (BREEZE)
PORCENTAGEM DO PREVISTO Abs x 100 previsto
Peso: Altura: PÓS-OPERATÓRIO NA ALTA
CURVAS
PREVISTO (EXCEL)
VALOR ABSOLUTO (BREEZE)
PORCENTAGEM DO PREVISTO Abs x 100 previsto
Peso: Altura: PÓS-OPERATÓRIO RETORNO AMBULATORIO
CURVAS
PREVISTO (EXCEL)
VALOR ABSOLUTO (BREEZE)
PORCENTAGEM DO PREVISTO Abs x 100 previsto
100
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO DOUTORADO INTERSINSTITUCIONAL
APENDICE E: FICHA DE AVALIAÇÃO PELO SHUTTLE TESTE MODIFICADO (STM) CONTROL ( ) PRÉ ( ) PÓS 15 ( ) PÓS 30 ( ) 1º Teste ( ) 2º Teste ( ) 3º Teste ( )
ID NOME:
DATA
DN: IDADE: PESO: ALTURA: IMC: GENERO:
M ( ) F ( )
END: CEL:
PROCEDENCIA: FONE:
VARIÁVEIS DE REPOUSO
FC (bpm) SpO2 (%) PA (mmHg) BORG DISPNEIA BORG MMII
ESTÁGIO (Registrar os
segundos quando parar o teste)
FC atingida (BPM) SpO2 (%) Tempo total em que a criança começou a correr
1’
2’
3’
4’
5’
6’
7’
8’
9’
10’
11’
12’
13’
14’
15’ FCmaxprev = 208- (idade x 0,8)
Tempo total do teste:__________ Onde parou o teste?_________ Distância caminhada: ___________
Distancia total percorrida:_________ Distancia do previsto_______ Distancia da % do previsto:_________
Distancia da % do previsto= Dist. Percorrida x 100
Dist.previsto
FC %prev= FCpico x 100
FCprevisto Variáveis
no pico
1 min
recuperação
2 min
recuperação
5min recuperação
FC (bpm)
SpO2 (%)
Dessaturação = SpO2 pico -
SpO2 repouso
PA (mmHg)
BORG D
BORG MMII
Descrição dos sintomas limitantes:
Cansaço ( ) Dispneia ( ) Cianose ( ) Dessaturação ( ) Hipoxia ( ) Sudorese( ) Palidez: ( ) Taquicardia ( ) Outros ( ) _____________________________________________________________________________________
101
AANNEEXXOOSS
102
ANEXO 1. Comprovante de submissão do artigo
103
ANEXO 2: Resumo do artigo
104
ANEXO 3: Artigo submetido
105
106
107
108
109
110
111
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114
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119
120
121
122
ANEXO 4. Versão adaptada para o português e cultura brasileira do Questionários
de Qualidade de Vida Pediátrica (PedsQL).
123
Durante o ÚLTIMO MÊS, o seu filho / a sua filha tem tido dificuldade com cada uma das coisas abaixo?
124
Capacidade Física (Dificuldade para...)
Nunca Quase nunca
Algumas vezes
Freqüentemente Quase sempre
1. Andar mais de um quarteirão 0 1 2 3 4
2. Correr 0 1 2 3 4
3. Praticar esportes ou fazer exercícios físicos
0 1 2 3 4
4. Levantar alguma coisa pesada 0 1 2 3 4
5. Tomar banho de banheira ou de chuveiro sozinho/a
0 1 2 3 4
6. Ajudar nas tarefas domésticas, como apanhar os brinquedos
0 1 2 3 4
7. Sentir dor 0 1 2 3 4
8. Ter pouca energia ou disposição
0 1 2 3 4
Aspecto Emocional (Dificuldade
para...)
Nunca Quase nunca
Algumas vezes
Freqüentemente Quase sempre
1. Sentir medo ou ficar assustado/a
0 1 2 3 4
2. Ficar triste 0 1 2 3 4
3. Ficar com raiva 0 1 2 3 4
4. Dormir mal 0 1 2 3 4
5. Se preocupar com o que vai acontecer com ele / ela
0 1 2 3 4
Aspecto Social (Dificuldade para...)
Nunca Quase nunca
Algumas vezes
Freqüentemente Quase sempre
1. Conviver com outras crianças 0 1 2 3 4
2. As outras crianças não quererem ser amigos dele / dela
0 1 2 3 4
3. As outras crianças implicarem com o seu filho / a sua filha
0 1 2 3 4
4. Não conseguir fazer coisas que outras crianças da mesma idade fazem
0 1 2 3 4
5. Acompanhar a brincadeira com outras crianças
0 1 2 3 4
Atividade Escolar (Dificuldade
para...)
Nunca Quase nunca
Algumas vezes
Freqüentemente Quase sempre
1. Prestar atenção na aula 0 1 2 3 4
2. Esquecer as coisas 0 1 2 3 4
3. Acompanhar a turma nas atividades escolares
0 1 2 3 4
4. Faltar à aula por não estar se sentindo bem
0 1 2 3 4
5. Faltar à aula para ir ao médico ou ao hospital
0 1 2 3 4
Para determinar se a criança respondeu corretamente à pergunta ou não, peça-lhe que mostre como estala os dedos. Repita a pergunta se a criança mostrou uma resposta diferente da ação.
Pense em como você tem se sentido durante as últimas semanas. Por favor, escute cada uma das frases com bastante atenção e me conte se cada uma destas coisas é difícil para você.
125
Depois de ler o item mostre à criança a página com as carinhas. Se ela hesitar ou parecer não saber como responder, leia as opções de resposta enquanto aponta as carinhas
126
Capacidade Física (E DIFICIL...) Nunca Algumas vezes
Quase sempre
1. Você acha difícil andar? 0 2 4 2. Você acha difícil correr? 0 2 4 3. Você acha difícil fazer exercícios físicos ou esportes? 0 2 4 4. Você acha difícil levantar coisas pesadas? 0 2 4 5. Você acha difícil tomar banho de banheira ou de chuveiro? 0 2 4 6. Você acha difícil ajudar nas tarefas domésticas (como apanhar os seus brinquedos)?
0 2 4
7. Você sente dor? (Onde?____________) 0 2 4 8. Você se sente cansado/a demais para brincar? 0 2 4
Lembre-se, você vai me contar se isto tem sido difícil para você durante as últimas semanas.
Aspecto Emocional (E DIFICIL...) Nunca Algumas vezes
Quase sempre
1. Você sente medo? 0 2 4 2. Você se sente triste? 0 2 4 3. Você sente raiva? 0 2 4 4. Você dorme mal? 0 2 4 5. Você se preocupa com que vai acontecer com você? 0 2 4
Aspecto Social (E DIFICIL...) Nunca Algumas vezes
Quase sempre
1. Você acha difícil conviver com outras crianças? 0 2 4 2. As outras crianças dizem que não querem brincar com você?
0 2 4
3. As outras crianças implicam com você? 0 2 4 4. As outras crianças fazem coisas que você não consegue fazer?
0 2 4
5. Você acha difícil acompanhar as brincadeiras com outras crianças?
0 2 4
Atividade Escolar (E DIFICIL...) Nunca Algumas vezes
Quase sempre
1. Você acha difícil prestar atenção na aula? 0 2 4 2. Você esquece as coisas? 0 2 4 3. Você acha difícil acompanhar a sua turma nas tarefas escolares?
0 2 4
4. Você falta à aula porque você não se sente bem? 0 2 4 5. Você falta à aula porque você tem que ir ao médico ou ao hospital?
0 2 4
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128
129
ANEXO 5. DECLARAÇÃO CARTA ACEITE
130
ANEXO 6. PARECER DE APROVAÇÃO DA UNINOVE 1.
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ANEXO 7: PARECER DE APROVAÇÃO DA FHCGV
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