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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: O JOGO ENTRE AS TEORIAS INSTITUCIONAIS E AS MOTIVAÇÕES PESSOAIS MAGALI FERNANDES São Bernardo do Campo, SP 2008

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: O JOGO ENTRE AS TEORIAS INSTITUCIONAIS E AS

MOTIVAÇÕES PESSOAIS

MAGALI FERNANDES

São Bernardo do Campo, SP 2008

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Magali Fernandes

Extensão Universitária: o jogo entre as teorias institucionais e as

motivações pessoais

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós­Graduação em Educação da

Universidade Metodista de São Paulo para

obtenção do título de Mestre em Educação,

sob a orientação do Prof. Dr. Décio Azevedo

Marques de Saes.

São Bernardo do Campo, SP 2008

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FICHA CATALOGRÁFICA

F391e Fernandes, Magali

Extensão universitária: o jogo entre as teorias institucionais e as motivações pessoais / Magali Fernandes. 2008.

239 f.

Dissertação (mestrado em Educação) ­­Faculdade de Educação e Letras da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2008.

Orientação: Décio Azevedo Marques Saes

1. Extensão universitária 2. Motivação (Educação) 3. Política educacional I.Título.

CDD 379

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DEDICATÓRIA

Ao meu amor, companheiro

e cúmplice Roque Monteleone Neto.

Que me amou, me apoiou

e me aturou

durante este parto

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AGRADECIMENTOS

As Andréas, Renatas, Sandras, Isabeis e Naiaras que passaram pela minha vida,

ontem, hoje e sempre.

Ao meu filho Vinícius Fernandes Paz que teve paciência comigo e com as minhas

neuras, neste inacabável processo de criação.

Ao meu GRUPO, Silvana Lopes Sanches, Margarete Mafra e Mireilli Sant Anna,

porque sem elas eu não teria descoberto o verdadeiro significado deste mestrado, e

sem elas eu não teria chegado ao objetivo final. E a Eliana Mariano Rosa a mais

nova integrante do nosso GRUPO.

As minhas amigas e parceiras de trabalho Rose e Georgette que são mestres de

verdade e de fato.

A todos os alunos extensionistas que colaboraram para a realização desta pesquisa.

Ao prof. Décio Saes, meu orientador, pelas oportunas e valiosas considerações.

Ao Prof. Joaquim Barbosa que me mostrou caminhos com sua simplicidade

sofisticada.

Ao Prof. Rômulo Nascimento que confiou em mim e em meu trabalho em sala de

aula, e me ajudou a ser a profissional que sou hoje.

Ao Prof. Danilo, que me instigou com suas palavras, em suas aulas, a entender que

o caminho é um só e que o ceticismo e o cinismo também têm alma, também sabem

por onde ir e principalmente como ir. Desde que, você saiba o sentido da jornada.

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“O X da questão é o processo e não o objetivo”.

Leon Trotsky

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 13

CAPÍTULO I ­ EXTENSAO UNIVERSITARIA.................................................... 24

1.1. Políticas e Conceitos............................................................................... 25

1.2. Marco Jurídico da Extensão Universitária............................................... 27

1.3. FORPROEX............................................................................................ 28

1.3.1. Áreas Temáticas............................................................................ 30

1.3.2. Linhas de Extensão........................................................................ 30

1.3.3. Ações de Extensão........................................................................ 31

1.4. PROEXT.................................................................................................. 32

1.5. FOREXP.................................................................................................. 34

1.6. ForExt...................................................................................................... 35

CAPÍTULO II ­ IDENTIDADE INSTITUCIONAL E POLÍTICAS DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA.................................................. 38

2.1. Identidade Legitimadora e Coletiva......................................................... 39

2.2. A Universidade........................................................................................ 41

2.3. Plano de Desenvolvimento Institucional.................................................. 42

2.4. Metodologia Institucional......................................................................... 44

2.5. Pró­Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários............................... 46

2.6. Avaliação Institucional............................................................................. 47

2.7. Os Programas de Extensão.................................................................... 49

2.7.1. Programa 1 – P1............................................................................ 50

2.7.2. Projeto 2 – P2................................................................................. 51

2.8. Perfil do Aluno Extencionista................................................................... 53

CAPÍTULO III – POLÍTICAS............................................................................... 57 3.1. A Interligação.......................................................................................... 58

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3.2. As Nomenclaturas................................................................................... 58

3.3. O Fluxograma.......................................................................................... 60

3.4. A Categoria: Políticas.............................................................................. 61

3.4.1. Conceito de Extensão Universitária [alunos P1]............................ 61

3.4.2. Conceito de Extensão Universitária [alunos P2]............................ 62

3.4.3. Objetivo do Programa ou Projeto [gestoras do P1 e do P2].......... 64

3.4.4. Objetivo do Programa ou Projeto [alunos P1]................................ 66

3.4.5. Objetivo do Programa ou Projeto [alunos P2]................................ 67

3.4.6. A Concepção de Extensão: Ativismo Político; Assistencialismo; Marketing Institucional [gestoras do P1 e do P2]...................................... 71 3.4.7. A Concepção de Extensão: Ativismo Político; Assistencialismo; Marketing Institucional [alunos P1]........................................................... 74

3.4.8. A Concepção de Extensão: Ativismo Político; Assistencialismo; Marketing Institucional [alunos P2]........................................................... 75 3.4.9. Envolvimento pessoal dos alunos [gestoras do P1 e do P2]......... 78

3.4.10. Apoio Institucional – Bolsa Auxílio [gestoras do P1 e do P2]....... 84

3.4.11. Motivados Por Questões Pessoais; Assistenciais ou Institucionais [alunos do P1]..................................................................... 88 3.4.12. Motivados Por Questões Pessoais; Assistenciais ou Institucionais [alunos do P2]..................................................................... 89

CAPÍTULO IV ­ TRIPÉ: ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO........................... 92

4.1. A Interligação.......................................................................................... 93

4.2. O Fluxograma.......................................................................................... 94

4.3. A Categoria: Pesquisa, Ensino e Extensão............................................. 95

4.3.1. Metodologias do Programa ou Projeto [gestoras do P1 e do P2].. 97

4.3.2. Metodologias que o Aluno Executa [gestoras do P1 e do P2]....... 97

4.3.3. Ações Interdisciplinares [gestoras do P1 e do P2]........................ 101

4.3.4. Ações Interdisciplinares [alunos do P1]......................................... 105

4.3.5. Ações Interdisciplinares [alunos do P2]......................................... 107

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4.3.6. Metodologias que o Aluno Executa [alunos do P1]........................ 109

4.3.7. Metodologias que o Aluno Executa [alunos do P1]........................ 112

4.3.8. Processo de Registro [gestoras do P1 e do P2]............................ 116

4.3.9. Processo de Registro [alunos do P1]............................................. 118

4.3.10. Processo de Registro [alunos do P2]........................................... 119 4.3.11. Articulação Entre Ensino, Pesquisa e Extensão [gestoras do P1 e P2].......................................................................................................... 124

4.3.12. Produto Final do Programa ou Projeto [alunos do P1]................. 127

4.3.13. Produto Final do Programa ou Projeto [alunos do P2]................. 129

4.3.14. Efeito Interação – Extensão X Atividades Acadêmicas [alunos do P1]........................................................................................................ 131

4.3.15. Efeito Interação – Extensão X Atividades Acadêmicas [alunos do P2]........................................................................................................ 134

CAPÍTULO V ­ MOTIVAÇÕES & MOTIVAÇÕES.............................................. 137 5.1. A Interligação.......................................................................................... 138

5.2. O Fluxograma.......................................................................................... 139

5.3. A Categoria: Motivações e Motivações................................................... 140

5.3.1. Envolvimento no Programa [alunos do P1].................................... 140

5.3.2. Envolvimento no Programa [alunos do P2].................................... 141

5.3.3. Motivações Pessoais [alunos do P1].............................................. 143

5.3.4. Motivações Pessoais [alunos do P2].............................................. 147

5.3.5. O Momento Difícil do Processo [alunos do P1].............................. 151

5.3.6. O Momento Difícil do Processo [alunos do P2].............................. 153

5.3.7. O Retorno à Sala de Aula Depois do Trabalho [alunos do P1]...... 155

5.3.8. O Retorno à Sala de Aula Depois do Trabalho [alunos do P2]...... 157

5.3.9. Influência na Identidade Socio­Política [alunos do P1].................. 160

5.3.10. Influência na Identidade Socio­Política [alunos do P2]................ 162

5.3.11. Aquisição Profissional e Pessoal [ alunos do P1]........................ 164

5.3.12. Aquisição Profissional e Pessoal [alunos do P2]......................... 166

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5.3.13. Efeito Interação – Extensão X Atividades Acadêmicas [gestoras P1, P2]...................................................................................................... 170

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 175 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 179

APÊNDICES....................................................................................................... 185

Apêndice 1 ­ Perguntas da Entrevista com os Alunos....................................... 186 Apêndice 2 ­ Transcrição na Íntegra da Entrevista com o Pro­Reitor de Extensão............................................................................................................. 187 Apêndice 3 ­ Transcrição na Íntegra da Entrevista com a Gestora do P1.......... 197

Apêndice 4 ­ Transcrição na Íntegra da Entrevista com a Gestora do P2.......... 205

Apêndice 5 ­ Transcrição na Integra da Entrevista com Aluna [A1] do P1......... 212

Apêndice 6 ­ Transcrição na Integra da Entrevista com Aluno [A6] do P1......... 216

Apêndice 7 ­ Transcrição na Integra da Entrevista com Aluna [B2] do P2......... 220

Apêndice 8 ­ Transcrição na Integra da Entrevista com Aluno [B7] do P2......... 227

ANEXO............................................................................................................... 230

Anexo 1 ­ Linhas de Extensão FORPROEX....................................................... 231

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RESUMO

FERNANDES, Magali. Extensão Universitária: o jogo entre as teorias institucionais e as motivações pessoais. São Bernardo do Campo: UMESP, 2008, 240p.

A temática desta pesquisa refere­se ao estabelecimento de relações entre o institucional e o pessoal, a partir das teorias e práticas de Extensão Universitária, contextualizadas em uma determinada instituição de Ensino Superior, da rede particular do Estado de São Paulo. O seu objetivo é, através da explicitação da política institucional de Extensão Universitária, analisar e comparar as motivações pessoais e o perfil psicossocial dos alunos extensionistas, e observar como estes se relacionam, por meio da extensão, com o ensino, com a pesquisa e com as políticas institucionais estabelecidas. Foram entrevistados o Pró­Reitor de Extensão, Coordenadores de Programas de Extensão e alunos extensionistas e utilizou­se o método da análise comparativa dos conteúdos. Como procedimento metodológico de análise tomou­se o conjunto de informações recolhidas junto aos entrevistados, que foram organizadas em três grandes categorias: Política Institucional; Extensão, Pesquisa e Ensino; e Motivações. Concluiu­se que as especificidades das políticas institucionais e das características pedagógicas da Extensão Universitária da Instituição influenciam e podem determinar formas de atuação dos alunos extencionistas, que são movidos por fatores motivacionais que transitam entre o olhar assistencial filantrópico, a motivação profissional e a militância política, tendo como norte o contexto cultural, político e socia, no qual estão inseridos, dentro e fora da Universidade, e que se manifestam no contato com o trabalho extencionista.

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ABSTRACT

FERNANDES, Magali. Extra­mural university activities: the interplay among the institutional theories and the personal motivations. São Bernardo do Campo: UMESP, 2008, 240 p.

The thematic subject of this research refers to the establishment of possible relationship among the institutional and personals aspects, taken from the theories and practices of the extra­mural activities a Universities of the private sector of the State of São Paulo. Presenting the institutional policy of the extra­mural activities, the objective is to analyze and compare the personal motivations and the psycho­social profile of the involved students and observe how they establish the interplay among extra­mural, teaching, research activities and the institutional policies established. Interviews with the Vice­Rector for Extramural activities, Program Coordinators and involved students were made and the comparison of contents method of analysis were used. The procedures of the methodological analysis took into consideration the information as whole obtained through the interviews and organized into three main categories: Institutional Policies; Extra­mural activities, Research and Teaching and Motivations. It is concluded that the specificities of the institutional policies and the pedagogic characteristics of the Extramural activities have influence and may determine on how the involved students act, that they are motivated by either their philanthropic feelings, professional motivations or political militancy, guided by cultural, political and social context they belong to, inside or outside the University, and that show up during their contact with the extramural activities.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABESC ­ Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas

CAPES ­ Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CNE ­ Conselho Nacional de Educação

CNPq ­ Conselho Nacional de Pesquisa

EJA ­ Educação de Jovens e Adultos

FOREXP ­ Forum de Extensão das IES Particulares

ForExt ­ Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Universidades e

Instituições de Ensino Superior Comunitárias

FORPROEX ­ Fórum de Pró­Reitores de Extensão das Universidades Públicas

Brasileiras

FUNADESP ­ Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular IES ­ Instituição de Ensino Superior

LDB ­ Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC ­ Ministério da Educação e Cultura

PDI ­ Plano de Desenvolvimento Institucional

PREAC ­ Pró­Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários

PROEXT ­ Programa de Apoio à Extensão Universitária RENEX ­ Rede Nacional de Extensão

SESu ­ Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação

SIEX/Brasil ­ Sistema de Informação em Extensão Universitária na Web

SINAES ­ Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

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Introdução

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INTRODUÇÃO

A Extensão Universitária e suas atuais políticas de viabilização são temas

explorados e trabalhados por diversos órgãos educacionais, sejam de natureza

pública ou privada. O tripé ensino, pesquisa e extensão, e sua prática, de fato e de direito, é a meta perseguida por universidades espalhadas pelo Brasil.

Tradicionalmente, os programas de extensão representam uma das funções

básicas da universidade ao lado do Ensino e da Pesquisa, que no seu conjunto

formam a base de sua finalidade social e humanística.

Atualmente, segundo o Plano Nacional de Extensão elaborado pelos pró­

reitores das universidades públicas brasileiras e, hoje, apoiado pelo MEC, a

atividade de extensão é: “prática acadêmica que interliga a Universidade nas suas atividades de ensino e de pesquisa, com demandas da maioria da população, e possibilita a formação do profissional cidadão e se credencia, cada vez mais, junto à sociedade como espaço privilegiado de produção do conhecimento significativo para a superação das desigualdades sociais existentes”.

Assim, torna­se importante perceber o contexto no qual a Universidade se

insere como uma instituição educacional compreendida por um conjunto de

processos pedagógicos e de socialização que se realizam no seu cotidiano, onde a

sociedade atribui funções educativas formais e sistemáticas, um saber especializado

que conduz a uma formação intelectual geradora de conhecimentos que, como

produção social, tem valor político e ideológico.

A temática desta pesquisa refere­se às relações entre o marco político­

institucional e as motivações pessoais, observadas a partir das teorias e práticas

estabelecidas nas atividades de extensão universitária, contextualizadas no espaço

de uma determinada instituição de ensino superior, da rede privada, do Estado de

São Paulo.

O objetivo desta pesquisa é, através da explicitação da política institucional de

Extensão Universitária da universidade pesquisada, comparar e analisar as

motivações pessoais e o perfil psicossocial de cada aluno extensionista, observando

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como estes se relacionam, por meio da extensão, com o ensino, com a pesquisa e

com as próprias políticas institucionais.

A Extensão Universitária apresenta­se como um conceito em construção

permanente, a partir do momento em que uma concepção de extensão passa a ser

assumida pelos sujeitos de sua prática, definem­se caminhos que podem ser

trilhados. Professores e alunos participam, desenvolvem e se dedicam a programas

de extensão institucionalizados, que têm como pressupostos atender às

expectativas que a sociedade tem em relação à atuação da universidade.

É na relação aluno&universidade que a extensão universitária torna­se uma

prática acadêmica.

Espera­se que esta pesquisa ofereça, através de um olhar diferenciado, uma

observação atenta do que impulsiona o trabalho com extensão, das relações que se

processam institucionalmente e das práticas pessoais vivenciadas e

contextualizadas no ambiente universitário e ou por meio dele.

Este trabalho é composto das seguintes partes abaixo relacionadas.

Introdução.

Capítulo I ­ Extensão Universitária ­ Políticas e Conceitos, através de uma

pesquisa bibliográfica, procura­se identificar a Extensão Universitária no sentido

educativo, cultural e científico, que articula o Ensino, a Pesquisa e a Extensão,

através de conceitos estabelecidos por diferentes foros públicos e privados que

realizam e oferecem propostas políticas, análises, estratégias, apoio e divulgação de

questões relativas à Extensão.

Capítulo II ­ Políticas de Extensão Universitária e Identidade Institucional faz­ se um breve ensaio sobre diferentes aspectos da Universidade objeto deste estudo:

Infra­Estrutura, Metodologia Institucional, Pró­reitoria de Extensão e Assuntos

Comunitários e Avaliação Institucional das políticas de Extensão Universitária. As

características principais dos Programas de Extensão que foram pesquisados na

Universidade também são relatadas. Este capítulo destina­se a traçar um perfil

resumido da identidade da instituição de ensino, onde se identificam os

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pressupostos da política de extensão, proposta teoricamente pela instituição

pesquisada, e como esta se traduz em seus Programas de Extensão Universitária.

No Capítulo. III – Políticas pretende­se realizar a observação, comparação e a interpretação das relações político­institucionais com a prática extensionista exercida

pelos alunos.

No Capítulo IV – O tripé: Ensino, Pesquisa e Extensão, pretende­se analisar e interpretar das relações entre ensino, pesquisa e extensão, tendo como foco

principal a extensão, como viabilizadora do ensino e da pesquisa exercida pelos

alunos extensionistas.

No Capítulo V – Motivações & Motivações, pretende­se comparar e interpretar as relações motivacionais que mobilizam algumas pessoas, que possuem um

determinado perfil psicossocial e que efetivamente trabalham no Programa ou

Projeto de Extensão pesquisado.

Considerações Finais, por fim, com base no que foi observado, pesquisado e analisado tecemos reflexões e comentários que encerram este trabalho.

Referencias Bibliográficas, que embasaram as pesquisas e as reflexões contidos neste trabalho.

Apêndices, compostos das transcrições integrais das entrevistas feitas com os participantes da pesquisa e o anexo de documentos pertinentes à pesquisa.

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Referencial Teórico Metodológico

Este estudo buscou premissas e pressupostos que tivessem a vinculação

entre o saber teórico e o saber prático, e na escolha de uma metodologia inspirada

no paradigma qualitativo.

Para situar a Extensão Universitária no contexto da Educação Nacional,

considerou­se o trabalho realizado por Gurgel (1986) e o olhar que enxerga a

extensão universitária tanto como fruto da organização administrativa formal, quanto

como uma iniciativa de professores e alunos, conjunta ou isoladamente em suas

categorias funcionais. Este ponto de partida, pelo referencial que oferece e pelas

possibilidades que levanta de análise crítica, impulsionou a busca da identificação

teórica e prática da política de Extensão Universitária, que atualmente é idealizada

em instituições públicas e privadas de Ensino Superior.

Consideram­se as idéias desenvolvidas por Botomé, que confere caráter e,

forma, à linha norteadora de investigação do que vem a ser a extensão universitária

na atualidade, “uma administração séria e responsável precisa pensar e agir à luz do

conhecimento já disponível e desenvolver uma práxis consistente e não apenas

“ocupar espaços” com truques e técnicas políticas”. (Botomé, 1996, p.45)

O exame dos conceitos poderá levar a identificar quem faz e o que são as

ações que recebem o nome de “extensão universitária”, localizando­as em um

sistema de relações sociais que lhes dá consistência e significado. “A extensão pode

ser vista como uma parte do fazer humano que é realizado pela Universidade”

(Botomé, 1996, p.36)

Como orientação geral, serão considerados o comportamento, a relação entre

aquilo que uma pessoa faz, as características da situação em que o faz e o que

decorre desse fazer na situação em que tal atuação se insere. (Botomé, 1981)

Comportamentos são motivados ou não. Segundo Bzuneck (2001), as teorias

cognitivas da Motivação 1 apontam a existência de orientações motivacionais

Intrínsecas e Extrínsecas.

1 Conjunto de processos que dão ao comportamento uma intensidade, uma direção determinada e uma forma de desenvolvimento próprias da atividade individual. [Dicionário Houaiss]

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Um indivíduo que apresenta orientação motivacional intrínseca realiza uma

atividade por satisfação e interesse, sendo movido a agir pelo desafio da atividade e

não por pressões ou recompensas. Guimarães (2001) afirma que a motivação

intrínseca refere­se à escolha e realização de determinada atividade por sua própria

causa, por esta ser interessante, atraente ou, de alguma forma, geradora de

satisfação.

Guimarães enfatiza que:

Diversos autores, como De Charms (1984), Ryan, Connel e Deci (1985), destacam a autodeterminação como sendo uma necessidade humana inata relacionada à motivação intrínseca. Segundo essa perspectiva, as pessoas seriam naturalmente propensas a realizar uma atividade por acreditarem que o fazem por vontade própria, porque assim o desejam e não por serem obrigadas por força de demandas externas. A pessoa age de forma intencional com o objetivo de produzir alguma mudança. (2001, p.40­41)

A motivação extrínseca tem sido definida como motivação para trabalhar em

resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para a obtenção de

recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objetivando atender aos

comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências.

Quanto à motivação extrínseca, cabe lembrar que a maioria das atividades

desenvolvidas pelos indivíduos, em sociedade, são impulsionadas por fatores

externos (Guimarães, 2001).

A motivação cobre grande variedade de formas comportamentais. A

diversidade de interesse percebida entre indivíduos permite aceitar, de forma

razoavelmente clara, que as pessoas não fazem as mesmas coisas pelas mesmas

razões (Bergamini, 2006).

O ser humano não se submete passivamente ao desempenho de atividades

que lhe sejam impostas e que, por conseguinte, não tenham para ele nenhum

significado. A motivação para um trabalho depende do significado que cada qual

atribui a essa atividade.

De acordo com Guimarães (2001) existem diferentes níveis de regulação da

motivação extrínseca, que se desenvolvem através de um continuum, ressaltando a tendência humana de integrar e internalizar comportamentos intrinsecamente

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motivados. Os níveis seriam: regulação externa, regulação introjetada, regulação

identificada e regulação integrada.

Ø Regulação externa: no ponto inicial, o estudante buscaria razões externas, como pressões, incentivos ou recompensas para justificar seu envolvimento: “posso ter problemas se não o fizer”.

Ø Regulação introjetada: no segundo nível, é interna ao estudante porque não necessita da presença concreta do controle externo, mas permanece separada dos propósitos ou desejos do próprio indivíduo: “vou­me sentir culpado se não fizer”.

Ø Regulação identificada: o comportamento e aceito como pessoal: “envolvo­me porque acho importante fazê­lo”.

Ø Regulação integrada: o nível mais elevado do desenvolvimento, refere­se ao caráter autônomo e auto­determinado da motivação extrínseca. As pressões ou incentivos externos são, nesse caso, percebidos como fonte de informação sobre ações importantes a serem cumpridas e não como coerção. Os indicadores de sua ocorrência são os mesmo da motivação intrínseca, ou seja, a flexibilidade cognitiva, o processamento profundo de informações e criatividade. (Guimarães, 2001, p.47)

Outro fator de referência é a motivação que advêm de fatores psicossociais

que mobilizam cada sujeito, assim, Sberga considera que:

Estudos realizados nos últimos anos ressaltam características como altruísmo, reciprocidade e troca simbólica, que são categorias fundamentais para compreender a troca gratuita, desinteressada e de paridade, de algumas formas organizadas, para construir o bem social. (2001, p.126)

(...)

O fator que impulsiona o altruísmo se encontra nas normas da responsabilidade social, devido às quais o indivíduo se sente obrigado a ajudar os próprios semelhantes em dificuldade, dentro do relacionamento entre os sujeitos.

O Conceito de reciprocidade, o qual exige um relacionamento de partilha, de troca, que pode se prolongar no tempo e é indeterminado a respeito do que vem em restituição.

A troca simbólica, ou seja, o dar ao outro aquilo que se sabe ou se pensa que o outro necessita, na certeza de que o outro restituirá no momento oportuno, satisfazendo, com um equivalente ou quase equivalente simbólico. (Idem, p.127)

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Na ótica dessas três categorias interpretativas: troca, reciprocidade e

altruísmo, é possível identificar certos perfis dos alunos extensionistas, relacionados

ao tipo de motivação que impulsionam uma pessoa a agir e que, de alguma forma

podem, estar ligados à definição do curso de graduação ao qual pertencem.

Para Botomé (1996) a atuação do aluno na sociedade pode ser de um tipo ou

de outro conforme as características do ensino que recebe (ou a que foi submetido)

na Universidade. As pessoas aprendem a transformar conhecimento e informação

em comportamentos. É através do ensino que muitas pessoas aprendem a utilizar o

conhecimento para agir de formas específicas quando se defrontam com

determinadas circunstâncias na realidade social onde vivem.

Botomé ainda salienta que:

Em lugar de ser “mão”, “tripé”, “via” ou “estrada”, é melhor que a extensão seja definida, não por metáforas que dão uma idéia vaga, provocando envolvimento emocional e impacto social, mas pelas propriedades essenciais ou, pelo menos, mais importantes do conceito. Parece ser mais significativo defini­la como parte inerente da pesquisa e do ensino conforme já foi proposto por vários autores (Gurgel, 1986). O acesso ao conhecimento que a universidade produz e domina deve ser o aspecto mais importante para orientar os trabalhos que possam ser feitos sob o rótulo de “extensão”. Tal acesso, porém, deve ser considerada uma característica do ensino (para o ensino ser meio de acesso ao conhecimento ele próprio precisa ser acessível a todos) e uma etapa inerente ao próprio processo de produção de conhecimento (pesquisar). (1996, p.181)

Hipótese

Independentemente das proposições da Instituição quanto à extensão, é a

partir da inserção e atuação do aluno que se manifestam o tríplice caráter

motivacional: filantrópico, profissional e militância política.

Metodologia

Quanto à forma de abordagem:

Pretende­se usar a pesquisa de opinião com vistas às motivações dos

agentes envolvidos em programas de extensão.

Quanto aos sujeitos:

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Os sujeitos desta pesquisa são alunos de dois cursos da universidade em

questão, gestores de projetos de extensão e o Pró­reitor de extensão.

Quanto à coleta de materiais:

Entrevista semi­estruturada: que servirá de ferramenta não apenas para coleta de dados, mas também com objetivos voltados para análise e orientação.

A opção pela aplicação da técnica de entrevista semi­estruturada se justifica

pela necessidade de captar os relatos da história vivida dos entrevistados, pois segundo Triviños:

A pesquisa semi­estruturada parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que ser recebem as respostas do informante (1995, p. 146).

Quanto aos critérios utilizados para a seleção dos entrevistados:

Os alunos extensionistas foram selecionados de duas formas distintas, pois o

programa e ou projeto pesquisados têm características diferentes quanto ao critério

de participação dos alunos.

Quanto ao Programa e ao Projeto pesquisado:

No P1 (Programa relacionado ao EJA), os entrevistados compõem uma

equipe de trabalho 2 , que se mantém durante o percurso e duração do programa,

formada por seis pessoas, sendo cinco mulheres e um homem, com idades entre de

19 a 26 anos. As entrevistas se deram no horário e local de atuação dos alunos,

mas em uma sala de aula em separado, com a presença apenas do entrevistado e

da entrevistadora.

No P2 (Projeto relacionado ao curso de Administração de Empresa), os

entrevistados foram selecionados aleatoriamente, sendo que, alguns, faziam parte

2 A equipe total de alfabetizadores do Programa é maior, mas estes alfabetizadores trabalham em empresas ou instituições que estão fora do espaço físico da Universidade, e não foram contemplados nesta escolha dos sujeitos.

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de equipes 3 de trabalhos diferentes, num total de sete pessoas, três homens e

quatro mulheres, com idades entre 18 e 28 anos. As entrevistas se deram no horário

de aula e em sala de aula, pois os alunos estavam fazendo a apresentação final de

seus trabalhos para as outras equipes.

Os procedimentos metodológicos foram realizados em seis fases distintas, a saber:

1. Levantamento do quadro teórico pela literatura bibliográfica, elaborada a

partir de material já publicado, constituído principalmente em livros, artigos de

periódicos especializados, jornais e revistas nos últimos cinco anos e material

disponibilizado pela Internet

2. Identificação e reconhecimento do que é extensão universitária no âmbito

do Ensino Nacional;

3. Identificação e reconhecimento da extensão universitária na universidade

pesquisada;

4. Entrevista com o Pró­reitor de assuntos comunitários, gestores e alunos;

5. Análise dos dados primários e secundários recolhidos na pesquisa;

6. Interpretação referencial.

O movimento de análise das entrevistas

A temática desta pesquisa se refere a estabelecer relações entre o

institucional e o pessoal, a partir das teorias e práticas estabelecidas na extensão

universitária, e que são contextualizadas no espaço de uma determinada instituição

de ensino superior, da rede privada, do Estado de São Paulo.

O objetivo desta pesquisa é, através da explicitação da política institucional de

Extensão Universitária na universidade pesquisada, comparar e analisar as

motivações pessoais e o perfil psicossocial de cada aluno extensionista, observando

como estes se relacionam, por meio da extensão, com o ensino, com a pesquisa e

com as próprias políticas institucionais.

3 O referido programa de extensão é desenvolvido também em sala de aula e, as classes por serem numerosas, em cursos de Administração de Empresas, tem o contingente de alunos dividido em várias equipes de trabalho. No caso desta sala eram 10 equipes.

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A partir destas questões norteadoras, a análise das entrevistas feitas com

gestores e alunos foi referenciada teoricamente.

O movimento de análise foi: “a partir da explicitação dos significados, elaborar

as categorias. Estas foram agrupadas aos temas referidos. Para discutir os temas,

voltou­se às categorias e, na redação final, foram utilizados trechos dos

depoimentos para dar suporte às interpretações” (Szymanky, 2002, p.81).

Utilizou­se, como procedimento metodológico de análise: tomar o conjunto de

informações recolhidas junto aos entrevistados e organizá­las; primeiramente, nas

três grandes categorias 4 . Os temas finais foram gerados por estas categorias.

Cada uma destas categorias tem o seu objetivo, a seguir a descrição:

1. Política Institucional:

Tem como objetivo relacionar políticas e conceitos sobre Extensão

Universitária que qualificam os procedimentos adotados e identificar a política

institucional de Extensão Universitária da universidade pesquisada.

2. Extensão, pesquisa e ensino:

Tem como objetivo à contextualização do tripé: ensino, pesquisa e extensão, sua indissociabilidade, as metodologias e práticas utilizadas na execução dos

programas pesquisados.

3. Motivações:

Tem como objetivo interpretar as motivações que os participantes dos

programas vivenciam e identificam na elaboração e construção do trabalho

extensionista, e como estas se relacionam com o ensino, com a pesquisa e com as

suas realizações pessoais.

Sobre a análise das categorias:

As categorias propostas possibilitam a exploração das várias faces do

contexto, onde se apresenta a realidade da trama.

4 Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: filosofia. em Immanuel Kant (1724­1804), cada um dos conceitos fundamentais do entendimento puro (unidade, pluralidade, totalidade etc.), que são formas a priori capazes de constituir os objetos do conhecimento.[Dicionário Houaiss]

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Mas, para que a análise traga à tona a realidade fez­se necessário que as

perguntas fossem intercaladas, independentes de sua categoria, evidenciando assim

a interdependência com o contexto e viabilizando a comparação entre a teoria e a

prática, gerando assim temas de análise para as comparações.

O procedimento adotado para a análise será de: organizadas as falas dos

entrevistados, considerar os significados destes depoimentos, a partir de momentos

dos discursos, tendo como fundamentação o referencial teórico adotado, autores

que compõem um quadro crítico na elaboração dos raciocínios.

A expressão da compreensão do discurso do entrevistado tem um caráter

descritivo e de síntese da informação recebida (Szymanky, 2002).

Para que, as relações de comparação possam ser exploradas, adotou­se a

seguinte forma de exposição:

Ø Apresentação de um diagrama que permita a interpretação prévia da

interligação feita entre as perguntas.

Ø Apresentação de quadros comparativos, que são compostos pela

pergunta e pela síntese da sua resposta, sendo, alguns de depoimentos dados por

gestoras dos programas e outros de depoimentos dados por alunos.

Ø Intercalar estes quadros, na medida em que as categorias se interligam

e seguir uma linha de análise referente ao tema gerado.

Ø Contextualizar, na análise dos temas, momentos do discurso do Pró­

reitor de extensão e assuntos comunitários, na medida em que se façam

necessários, diante do assunto em questão.

As categorias serão temas dos capítulos III, IV e V.

O roteiro das perguntas feitas nas entrevistas com os extensionistas,

encontra­se no apêndice 2.

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Capítulo I

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CAPÍTULO I ­ EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

1.1. Políticas e Conceitos

A extensão universitária pressupõe uma ação junto à comunidade,

disponibilizando ao público externo à Instituição o conhecimento adquirido com o

ensino e a pesquisa desenvolvidos na Universidade. Essa ação produz aum novo

conhecimento a ser trabalhado e articulado; assim a extensão seria o elemento de

ligação entre a instituição de ensino superior e a sociedade em que se insere.

Gurgel (1986) procurou delinear a forma como a extensão universitária surgiu

no país e sua evolução no contexto das instituições de ensino superior, o autor

indica que há duas vertentes para a concepção da extensão: “(1) a das

universidades populares da Europa no século XIX (aproximação com a população

para ilustrá­la), que surgiu como resultado do esforço autônomo dos intelectuais, e

(2) a das universidades americanas (orientada pela idéia da prestação de serviços),

gerada pela iniciativa oficial de instituições” (Gurgel, 1986, p.32­71). Em uma

vertente predomina a ênfase “culturalista”, no sentido de “ilustrar o homem

ignorante”, colocando­o em contato com o “saber”, com a “cultura, com aquilo que a

Universidade tem ou domina. A segunda vertente tem uma orientação mais voltada

para a utilização do conhecimento (do “saber” e da “cultura”) na própria atividade

social e diária das pessoas. Botomé observa: “As duas vertentes vão combinar­se

de formas variadas para compor a experiência da extensão universitária nas mais

variadas instituições da América Latina”. (1996, p. 52)

A extensão universitária na realidade brasileira tem suas origens, influências,

vinculações políticas e suas implicações.

Silva argumenta que:

A extensão, no Brasil, foi percebida: como um modo de comunicar as

realizações do ensino e da pesquisa à população e, quando possível, ajudá­la a

enfrentar suas carências: como forma de dar respostas a todas as demandas que

viessem de fora da universidade; como um meio de fazer a integração de

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comunidades aos projetos de desenvolvimento nacional dos governos; e como

forma de ajudar a promover a cultura na sociedade. Para efetivar estas

compreensões (que vinham ora do governo, ora de intelectuais engajados em lutas

por reformas educacionais e ora de agentes educacionais internos às instituições

universitárias), as atividades giraram em torno de práticas de prestação de serviços,

assistência social, ensino de extensão e difusão cultural. (2002, p.108)

Mas, para melhor compreender a situação atual da extensão, no âmbito das

universidades, o texto a seguir destina­se a identificar a Extensão Universitária

Nacional, a partir da década de 1980, no sentido educativo, cultural e científico que

articula o Ensino a Pesquisa e a Extensão, através do conceito estabelecido por

foros que fundamentam um trabalho de propostas políticas, análise, estratégias,

apoio e divulgação de questões relativas à Extensão, tanto no âmbito público como

particular de ensino.

Sousa considera:

A década de 1980 marcou o início de uma nova fase da Universidade, com a

implementação de sua democratização (...) uma reformulação do conceito utilizado

para a Extensão.

A Extensão passou a ser buscada além de sua compreensão tradicional de

disseminar conhecimentos, prestar serviços ou difundir cultura.

(...) O compromisso com a população passou a ser o eixo das atividades e a

Extensão passou a ser entendida como articuladora do ensino e da pesquisa,

“vinculando­as ao exercício de transformação da Sociedade”. ( 2000,p. 97)

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1.2. Marco Jurídico da Extensão Universitária

Através da legislação vigente, é estabelecida a indissociabilidade entre o

ensino, a pesquisa e a extensão, institucionaliza­se a extensão universitária e

reafirma­se 5 o compromisso da universidade com o desenvolvimento nacional.

O artigo 207 da Constituição Brasileira 6 dispõe que: "As universidades gozam

de autonomia didático­científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e

obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão".

A LDB ­ Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional apresenta

indicativos quanto à definição do papel das universidades no tocante ao Ensino, à

Pesquisa e à Extensão, norteados pela indissociabilidade entre eles. Pode­se

observar o assim disposto:

A educação superior tem por finalidade:

VI ­ estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;

VII ­ promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. (LDB no cap. 4, art. 43, (Lei 9.394 de 1996)

O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172, de 09/01/2001) ­ O Programa

de Desenvolvimento da Extensão Universitária deve destinar 10% do total de

5 Em 1975 o MEC lança o “Plano de Trabalho da Extensão Universitária” baseado em pressupostos legais da Lei 5540/68, tendo como propósito operacionalizar a extensão tornando­a mais acessível e executável para toda a comunidade envolvida. Resumidamente a concepção de extensão trazida pelo Plano é a de: cursos, serviços, difusão de resultados de pesquisas, projetos de ação comunitária, de difusão cultural e outras formas de atuação exigidas pela realidade da área onde a instituição se encontra inserida, ou exigências de ordem estratégicas (...) a forma através da qual a instituição de ensino superior estende sua área de atendimento às organizações, outras instituições e populações de um modo geral, delas recebendo um influxo no sentido de retroalimentação dos demais componentes, ou seja, o ensino e a pesquisa. (MEC/DAU, 1975:1)

6 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 (última atualização: Emenda Constitucional nº 53, de19/12/2006 – DOU 20/12/2006) ­ CAPÍTULO III ­ DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO ­ Seção I ­ DA EDUCAÇÃO

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créditos exigidos para a graduação no ensino superior público à atuação dos alunos

em ações extensionistas, para os cursos que assim o desejarem.

Observa­se que a extensão se pronuncia legalmente através destas

legislações, mas para que a mesma fosse um elemento capaz de operacionalizar a

relação entre teoria e prática, foram necessárias discussões e estratégias de

articulação da extensão com o ensino e com a pesquisa, tendo em vista o

compromisso social da Universidade. A criação do FORPROEX foi

fundamentalmente importante neste processo.

1.3. FORPROEX – Fórum de Pró­Reitores de Extensão das Universidades

Públicas Brasileiras ­ Apoiando e Desenvolvendo a Extensão Universitária

O Fórum de Pró­Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras

– FORPROEX, desde a sua constituição, em 1987, tem contribuído ativamente nos

debates nacionais sobre Educação Superior no Brasil, respondendo aos desafios de

integração dos aspectos social e científico na Universidade Pública. Destaca­se,

ainda, seu papel de interlocutor junto às instâncias governamentais e a outros

setores da sociedade, possibilitando o entendimento da importância que assume a

Extensão como um dos espaços de reflexão crítica nas universidades brasileiras.

O FORPROEX vem formulando políticas, que se refletem na organização e

na institucionalização das atividades extensionistas, nas discussões que dizem

respeito às diretrizes básicas para a Extensão Universitária, bem como nas relações

estabelecidas com as demais instâncias da sociedade, produzindo e publicando

documentos conceituais básicos.

Três questões básicas têm sido discutidas constantemente nos encontros do

Fórum: conceituação, institucionalização e financiamento da Extensão.

O reconhecimento jurídico da extensão como atividade acadêmica, sua

inclusão na Constituição e a organização do FORPROEX deram à comunidade

acadêmica as condições para uma conceituação precisa da extensão universitária,

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assim expressa no Plano Nacional de Extensão Universitária, criado no I Encontro

Nacional de Pró­Reitores de Extensão 7 :

A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que

articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação

transformadora entre a Universidade e a Sociedade.

A Extensão é uma via de mão­dupla, com trânsito assegurado à comunidade

acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da práxis

de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes

trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele

conhecimento.

Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, terá como conseqüências a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade.

Além de instrumentalizadora deste processo dialético de teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social. (Plano Nacional de Extensão Universitária. Conceituação de Extensão Universitária.Nov,1999)

O Plano Nacional de Extensão Universitária apresenta as concepções

discutidas no Fórum e também as metas a serem perseguidas pelas instituições de

ensino superior no Brasil, no que diz respeito à Extensão Universitária.

Abaixo alguns de seus objetivos:

­ reafirmar a extensão universitária como processo acadêmico definido e

efetivado em função das exigências da realidade, indispensável na formação do

aluno, na qualificação do professor e no intercâmbio com a sociedade;

­ assegurar a relação bidirecional entre a universidade e a sociedade, de tal

modo que os problemas sociais urgentes recebam atenção produtiva por parte da

universidade;

7 Referência ao encontro de 1987, quando foi criado o Fórum Nacional de Pró­Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras.

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­ dar prioridade às práticas voltadas para o atendimento de necessidades

sociais emergentes como as relacionadas com as áreas de educação, saúde,

habitação, produção de alimentos, geração de emprego e ampliação de renda;

­ estimular atividades cujo desenvolvimento implique relações multi, inter e/ou

transdisciplinares e interprofissionais de setores da universidade e da sociedade;

­ tornar permanente a avaliação institucional das atividades de extensão

universitária como um dos parâmetros de avaliação da própria universidade;

O documento ­ Plano Nacional de Extensão Universitária, na íntegra, encontra­

se no Anexo I.

A concepção de Extensão, que o Fórum apresenta, mostra­se como processo

educativo, instrumento articulador do ensino e da pesquisa, como um trabalho

interdisciplinar e de relação dialógica com a sociedade.

Um dos documentos fundamentais para tornar operacionalizável e uniformizar

terminologias e conceitos relativos a áreas temáticas, linhas e ações de extensão foi

organizado em 2004, no XX Encontro Nacional do FORPROEX. O relatório final do

Grupo de Trabalho REVISÃO DAS ÁREAS TEMÁTICAS, LINHAS E AÇÕES DE

EXTENSÃO, apresenta uma proposta elaborada por uma comissão especial, onde

se expressam os fundamentos que orientaram a revisão das Ações de Extensão,

áreas Temáticas e Linhas Programáticas.

1.3.1. Áreas Temáticas

São oito áreas temáticas: Comunicação; Cultura; Direitos Humanos e Justiça;

Educação; Meio Ambiente; Saúde; Tecnologia e Produção; Trabalho.

1.3.2. Linhas da Extensão

As ações, em cada área temática, são executadas segundo as 53 linhas de

extensão.

As Linhas de Extensão especificam e detalham os temas para a nucleação

das ações de extensão. Não são, necessariamente, ligadas a uma área temática em

especial. Por exemplo, ações relativas à linha de extensão “Inovação Tecnológica”

podem ser registradas na Área Temática Saúde, ou Educação, ou Trabalho, ou

mesmo Tecnologia, dependendo do tema e contexto da ação de extensão em

questão.

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As descrições de linha de extensão discriminam as formas de

operacionalização que, em geral, abrangem: assessoria, consultoria, realização de

eventos, apoio, desenvolvimento de processos, formação/qualificação de pessoal,

preservação, recuperação, difusão, divulgação, desenvolvimento de metodologia de

intervenção, intervenção/atendimento, atenção, prevenção, desenvolvimento de

sistemas, promoção/incentivo, articulação, adaptação, produção, cooperação, entre

outras.

O documento que nomeia todas as linhas de extensão contempladas

encontra­se na íntegra no Anexo II deste trabalho.

1.3.3. Ações de Extensão

Programas, projetos, cursos, eventos, prestação de serviços, publicações e

produtos acadêmicos decorrentes das ações de extensão, para difusão e divulgação

cultural, científica ou tecnológica.

O FORPROEX ainda mantém a iniciativa da Rede Nacional de Extensão –

RENEX, que mantém cadastro atualizado das Instituições de Ensino Superior – IES

integrantes, divulga ações extensionistas universitárias e coordena o Sistema

Nacional de Informações de Extensão, SIEX/Brasil 8 , banco de dados sobre as

práticas de extensão no País.

Sobre a importância do Fórum, afirma Souza:

Atualmente o MEC, como representante da sociedade política, tem estado articulado com o Fórum de Pró Reitores de Extensão, que tem sido porta voz das IES. As diretrizes da Extensão nas Universidades Brasileiras estão sendo ditadas pelo MEC, em articulação com as próprias IES, via Fórum, representante da sociedade civil. (2000, p.99)

8 O SIEX é um Sistema de Informação em Extensão Universitária na Web que objetiva facilitar o registro on­line, a gestão, o monitoramento e a avaliação das ações de extensão nas universidades. E que também visa atender às informações do Censo da Educação Superior ­ Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos / Ministério da Educação (INEP/MEC) – que passou a solicitar, a partir do ano­ base 2003, informações detalhadas em planilhas específicas para a extensão universitária.

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O diálogo travado entre o FORPROEX e a Secretaria de Ensino Superior do

Ministério da Educação (MEC/SESu), resultou na criação das diretrizes políticas

para o Programa de Fomento à Extensão (PROEXTE), priorizando e definindo

critérios para apoio financeiro às Universidades Públicas e incentivando políticas que

se refletem na organização e na institucionalização das atividades extensionistas.

1.4. PROEXT ­ Programa de Apoio à Extensão Universitária

O PROEXT criado pela Secretaria de Educação Superior – SESu/MEC, no

ano de 2003, abrange programas e projetos de extensão universitária com ênfase na

inclusão social, visando aprofundar uma política que venha a fortalecer a

institucionalização das atividades de extensão nas instituições públicas de ensino

superior.

O objetivo geral do PROEXT­ SESu/MEC é apoiar as Instituições Públicas de

Ensino Superior no desenvolvimento de programas e/ou projetos de extensão que

contribuam para a implementação e para o impacto de políticas, potencializando e

ampliando patamares de qualidade das ações propostas, projetando a natureza das

mesmas e a missão da universidade pública.

Estes são os temas contemplados nos editais do PROEXT:

­ formação de professores para o sistema educacional;

­ atenção integral à família;

­ combate à fome;

­ erradicação do trabalho infantil;

­ combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes;

­ juventude e desenvolvimento social;

­ geração de trabalho e renda em economia solidária;

­ promoção e/ou prevenção à saúde;

­ violência urbana;

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­ direitos humanos;

­ educação de jovens e adultos;

­ atenção à pessoa idosa, à pessoa com deficiência e às populações

indígenas e quilombolas;

­ atividades complementares ao Programa Brasil Alfabetizado;

­ educação ambiental e apoio ao desenvolvimento comunitário;

­ inclusão étnica;

­ apoio à organização e desenvolvimento comunitário;

­ inclusão social dos usuários de drogas;

­ inclusão digital;

­ apoio às atividades de escolas públicas;

­ ensino de ciências; e

­ educação de jovens e adultos, incluindo apoio ao desenvolvimento de

sistemas locais e regionais de educação, alfabetização e letramento.

O PROEXT entende que uma das missões estratégicas da Educação

Superior no projeto de desenvolvimento cultural, econômico e social do país, é

promover uma profunda relação com a sociedade, valorizando a extensão como

instância de mediação entre as Instituições de Educação Superior e a sociedade. As

instituições são, prioritariamente, responsáveis pelas condições acadêmicas,

apresentando e debatendo critérios de qualidade, eqüidade e relevância que

atendam às exigências da sociedade.

Nas instituições particulares de ensino superior a Extensão Universitária é

desenvolvida de forma sistemática e dentro dos padrões legais, com algumas

particularidades.

Os órgãos criados para dar espaço a debates e propostas são: o Forexp e o

Forext.

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1.5. FOREXP – Fórum de Extensão das IES Particulares

Por ocasião do I Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, realizado em

João Pessoa/Paraíba, em novembro de 2002, diversos dirigentes de Extensão de

IES Particulares, de todo o país, perceberam a necessidade de constituição de um

amplo espaço de debate, no qual as diretrizes conceituais da Extensão do Ensino

Superior pudessem receber contribuições de todas as Instituições de Ensino

Superior Brasileiras, sem distinção quanto ao seu regime estatutário.

A partir dessa idéia, esse grupo de dirigentes, tomou a iniciativa de criar o

Fórum de Extensão das IES Brasileiras, independente das características jurídicas e filosóficas de cada uma, considerando que o cenário atual da sociedade brasileira

impõe a todas as IES o comprometimento com a integração social do País e com o

exercício de uma política unificada de Extensão.

Os objetivos propostos foram:

­ analisar e debater as questões relativas à Extensão e propor políticas,

estratégias e ações que sejam de interesse da maioria de seus associados;

­ estabelecer uma interlocução com órgãos governamentais, com instituições

da sociedade civil e com organismos de representação universitária;

­ articular e estimular o desenvolvimento de programas, projetos conjuntos e

redes de trabalho entre as Instituições associadas;

­ divulgar, no âmbito da sociedade brasileira, as atividades de extensão

desenvolvidas pelas Instituições filiadas;

­ identificar programas e projetos de fomento à extensão e divulgá­los entre

as Instituições filiadas;

­ propiciar um espaço apropriado e permanente de reflexão, avaliação e

acompanhamento das práticas de extensão desenvolvidas pelas Instituições de

Ensino Superior Brasileiras; e

­ promover a participação das Instituições associadas nos processos de

formulação e implementação das políticas de Extensão, em âmbito nacional.

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Para a consolidação dessa iniciativa foi composta uma comissão de trabalho,

que realizou reuniões sistemáticas culminando na organização da Assembléia Geral

Ordinária de constituição do "Fórum de Extensão das Instituições de Ensino

Superiores Brasileiras", com apoio da FUNADESP ­ Fundação Nacional de

Desenvolvimento do Ensino Superior Particular 9 .

A partir desse momento, o Fórum de Extensão das IES Brasileiras começou a

participar das ações do MEC, juntamente com o Fórum de Extensão das IES

Comunitárias e o Fórum de Extensão das IES Públicas.

No ano de 2006, por motivo de melhor entendimento entre a comunidade

acadêmica, a Assembléia Geral resolveu por mudar o nome do Fórum de Extensão

das IES Brasileiras para FÓRUM DE EXTENSÃO DAS IES PARTICULARES ­

FOREXP, permanecendo este nome até hoje.

1.6. ForExt – Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das

Universidades e Instituições de Ensino Superior Comunitárias

O ForExt tem suas origens nos Encontros dos Pró­reitores de Extensão e

Ação Comunitária das Universidades e IES Católicas, promovidos pela Associação

Brasileira de Escolas Superiores Católicas – ABESC.

O trabalho do ForExt centra­se na concepção, gestão, planejamento e

avaliação da Extensão, tendo como base o Plano Nacional de Extensão, buscando a

interação com o Fórum de Extensão das IES estatais e com o próprio Estado, na

figura do MEC.

Para o ForExt o perfil de uma Instituição de Ensino Superior Comunitária pode

ser reconhecido pelo caráter do conceito e das atividades de extensão e ação

comunitária que realiza de forma pró­ativa, na interação com outros setores da

sociedade e como parte integrante do seu projeto político­pedagógico.

9 A Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular ­ Funadesp é uma instituição não­estatal de direito privado, constituída sob a forma de fundação por mantenedores de instituições de ensino superior particular. A Funadesp não tem fins lucrativos e é velada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, através da Promotoria de Justiça de Fundações.

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A extensão e a ação comunitária são espaços privilegiados para viabilizar a interação do social e do institucional, em variadas e amplas dimensões, para difundir e construir novos conhecimentos, frutos da intensa reflexão provocada sobre seus paradigmas. Esse é um processo educativo, cultural e científico, ao lado do ensino e da pesquisa, pelas possibilidades de sua força articuladora. (Coordenação Nacional do ForExt. 2006)

O ForExt tem por objetivos:

­ Analisar, debater, propor políticas, estratégias e questões relativas à

Extensão e Ação Comunitária de interesse de seus membros;

­ Buscar o entendimento com órgãos governamentais e Instituições da

sociedade e com organismos de representação universitária;

­ Articular o desenvolvimento de programas e projetos e de redes de trabalho

entre as Instituições que o constituem;

­ Divulgar as atividades de Extensão e Ação Comunitária realizadas por estas

Instituições no âmbito da sociedade brasileira; e

­ Identificar projetos/programas de fomento à Extensão e à Ação Comunitária

e divulgá­los entre as IES filiadas.

Atualmente as diretrizes da Extensão nas Universidades Brasileiras estão

sendo ditadas pelo MEC, representante da sociedade política, que tem estado

articulado com o Fórum de Pró­Reitores de Extensão das Universidades Públicas, o

porta­voz das IES e representante da sociedade civil, incentivando políticas que se

refletem na organização e na institucionalização das atividades extensionistas das

instituições de todo o país.

Pretende­se como etapa seguinte deste trabalho, tendo como pressuposto a

identificação das políticas institucionais de Extensão Universitária e as informações

sintetizadas neste capítulo, reconhecer qual a concepção de extensão universitária

afirmada e praticada pela IES pesquisada.

Cerqueira Leite (1980), enfatizou que a expressão “ensino, pesquisa e

extensão”, que se auto­definem como o “tripé”, as “três bases de que define a

Universidade”, na verdade referem­se apenas a atividades (e não a objetivos),

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através das quais a Universidade procura concretizar suas funções ou atribuições na

sociedade.

Então, como a universidade em questão se organiza, qual a sua identidade

institucional e qual o papel que a extensão universitária ocupa como atividade?

Pretende­se, no capítulo II, trazer informações que possam subsidiar a

formulação de algumas prováveis respostas à interrogação feita acima.

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Capítulo II

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CAPÍTULO II ­ IDENTIDADE INSTITUCIONAL E POLÍTICAS DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Neste capítulo a intencionalidade da pesquisa visa dar referências históricas e

institucionais sobre a universidade em questão, necessárias para que se situe e

identifiquem questões pertinentes à extensão universitária e suas práticas.

Apropriar­se de conceitos que caracterizam a identidade da instituição, como:

algo sobre a história da instituição e como ela se constitui administrativamente; o

plano de desenvolvimento institucional; a metodologia de ensino institucionalizada; a

avaliação institucional, no que se refere à extensão universitária; a constituição e

funções da Pró­reitoria de extensão e assuntos comunitários e finalmente a

caracterização dos programas de extensão escolhidos para a pesquisa.

Dessa forma, espera­se que um contexto político e educacional se forme e

forneça sentido ao trabalho extensionista que a instituição executa.

2.1. Identidade Legitimadora e Coletiva

Para a semiologia, identidade é o conjunto de marcas que estruturam o modo

de ser dos indivíduos e, ao mesmo tempo, é um conjunto de senhas através das

quais os indivíduos se permitem ser identificados e também se identificar. A

identidade se define, portanto, na dinâmica das trocas, no intercâmbio entre crenças

e construções simbólicas.

Referindo­se à identidade coletiva de instituições e empresas Gaudêncio

Torquatto do Rego (1994, p.29), afirma que "por identidade deve­se entender a

soma das maneiras que uma organização escolhe para identificar­se perante o seu

público. Imagem, por outro lado, é a percepção da organização por aqueles

públicos".

Onde reside a identidade legitimadora e coletiva da instituição Universidade?

Tomando a identidade como produto de uma construção e, diante da

racionalidade de mercado, principalmente o mercado do Ensino Universitário,

procede trazer para o cenário da instituição universitária atual as palavras de

Mafesoli de que "um produto, seja qual for, só vale na medida em que saiba se

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teatralizar" (1996, p.328). Entenda­se o teatralizar­se como comunicar­se de forma

intencional e propor enunciados, tanto para o público interno como para o externo,

os quais possam ser reconhecidos pelos mesmos. Como a mídia propõe

constantemente modelos de identificação, teatralizar­se, neste caso, seria também,

participar da cena midiática, ou seja, utilizar a mídia como dispositivo de visibilidade

para a legitimação da instituição universitária.

De acordo com Botomé:

A delimitação da identidade da Universidade é uma das condições para poder avaliar, examinar e realizar o que é chamado de extensão universitária. (...) A identidade de uma Universidade e o caráter dos vários tipos de atividades que realiza são constituídos pelo que ela faz e pelos resultados desse fazer. (1996. p.32)

Botomé ressalta que:

A extensão universitária, antes de ser extensão, é universitária. E, nesse sentido, sua definição é decorrência da concepção e da identidade da Universidade. O que é essencial fundamental na delimitação do que é peculiar na extensão universitária, como sua localização na estrutura e sua administração na organização da Universidade, depende de uma identidade bem estabelecida da instituição, uma identidade que a sustente, delimite e dê sentido. (Idem, p.25)

Dessa forma, observa­se que as dificuldades para distinguir os traços

característicos de uma identidade e, o “fazer” de uma instituição, começam na própria definição da sua missão ou das suas “funções sociais”.

“É muito freqüente definir as atribuições institucionais por aspectos acidentais. Atividades, tarefas, características conjunturais, estruturais ou emergenciais das instituições tem sido propostas como “objetivos”, “missões”, “atribuições” ou “competências” das mesmas. No caso das universidades, definir suas atribuições como sendo fazer pesquisa, ensino e extensão é um equívoco desse tipo. Tais atuações não definem a Universidade. São atividades através das quais o conhecimento é produzido e pode ser acessível à sociedade. (Botomé, 1996, p.149)”

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Faz­se necessário, para o entendimento desta identidade a abordagem de

informações de ordem histórica, estrutural e política sobre a universidade, objeto

deste estudo, desta forma, singularizando a possibilidade de identificação e análise

a que este trabalho se propõe.

2.2. A Universidade

A Universidade, objeto deste estudo, é uma instituição de ensino que já conta

com mais de 30 anos de existência 10 , oferecendo à comunidade 29 (vinte e nove)

cursos de Graduação e de Tecnologia (de curta duração) nas áreas de Humanas,

Exatas e Biológicas. Na Pós­Graduação stricto sensu são três os mestrados recomendados pela CAPES e reconhecidos pelo CNE. De acordo com informações

divulgadas pela universidade, existem 38 grupos de pesquisa cadastrados no CNPq

(Conselho Nacional de Pesquisa), com 85 linhas de pesquisa docente; também são

oferecidos cursos de Pós­Graduação lato­sensu de Extensão e de Atualização.

Estas atividades se dividem em três campi distribuídos pela cidade de São Paulo.

Atualmente a comunidade interna está em torno de 19 mil pessoas.

Os cargos de direção, Reitoria, Pró­Reitoria de Graduação, Pró­Reitoria de

Extensão e Assuntos Comunitários e Pró­Reitoria de Pós­Graduação e Pesquisa

são exercidos por profissionais do ensino superior, sendo que a instituição

desenvolveu um modelo de gestão compartilhada entre a “Mantenedora”,

administrada pelos proprietários da instituição, e Mantida.

A administração moderna tem hoje como um dos pressupostos importantes

para o desenvolvimento e sucesso de uma empresa a definição de sua Visão,

Missão e Valores, afim de que seus talentos saibam onde a “empresa quer chegar”. A Missão é o que a empresa pratica hoje, é realmente as atividades atuais da

empresa, as universidades do setor privado de ensino são acima de qualquer

suspeita uma empresa.

Os administradores das IES privadas, em razão da acirrada concorrência

praticada nos anos 1990, decorrência da mercantilização do setor, “vêem­se

10 Iniciou seus trabalhos no ensino superior como faculdade, depois como faculdades integradas e finalmente reconhecidas como universidade em 1993.

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obrigados a tornar cada vez mais explícita no âmbito legal e administrativo sua

natureza privada” (Silva Jr, 2001, p. 236). Como tendência geral, pode­se afirmar

que houve acentuação na natureza privada das instituições e a busca de identidade

singular diante da concorrência.

2.3. Plano de Desenvolvimento Institucional

Um documento essencial na identificação das políticas que a instituição

pesquisada adota é o Plano de Desenvolvimento Institucional 11 ­ PDI, no qual se

define a missão da Universidade e, a partir do diagnóstico de um momento

institucional, identifica seus objetivos e metas.

A missão da Universidade:

“Participar do processo de construção e difusão do conhecimento e da cultura, tornando­os acessíveis à sociedade e contribuindo para o desenvolvimento do ser humano em todas as suas potencialidades, promovendo, assim, mudanças na região e no país por meio do ensino, pesquisa e extensão”.

No PDI da referida instituição as finalidades que expressam o conjunto de

valores presentes na Universidade, espelham sua filosofia e, devem reger as

diretrizes e metas institucionais que estão fundamentadas: 12 : no desenvolvimento

sustentável e contribuindo para a elevação da qualidade de vida do homem,

priorizando a região em que a Instituição está inserida; e a busca permanente da

excelência acadêmica, com objetivos voltados para a sociedade e para a construção

humanística em seus conteúdos.

Quanto aos objetivos e metas estabelecidos 13 : envolver o corpo docente e o

corpo discente nas atividades relativas ao trinômio ensino/pesquisa/extensão; gerar

conhecimentos e serviços que garantam a atuação da Universidade na sociedade.

11 Este documento foi produzido com o intuito de planejar estrategicamente o futuro da instituição, sintetizando nele a missão, suas diretrizes e suas propostas políticas para o período de 2004­2008. 12 Os itens citados são os que estão em consonância com as atividades praticadas em Extensão Universitária. 13 Os itens citados são os que estão em consonância com as atividades praticadas em Extensão Universitária.

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As metas construídas com base em tais objetivos são: revisão dos Planos

Acadêmicos, Comunitários e de Extensão, de modo a atender as prioridades

acadêmicas e orçamento da Universidade; alcance da excelência acadêmica no

ensino de graduação e pós­graduação, na pesquisa e na extensão.

Um projeto institucional é um conjunto de interesses, necessidades,

demandas, objetivos, diretrizes e ações planejadas pela IES, que são adotados de

maneira a dar sentido, coesão e fundamentação ao desenvolvimento da

organização, subsidiando a competição externa e incrementando a integração

interna. “É, antes de tudo, a explicação clara dos grandes rumos a serem seguidos

pela organização, das suas trajetórias e grandes decisões, dos seus limites e

possibilidades de ação”. (Trigueiro, 2000, p.81)

Ehrdart argumenta em sua tese de doutorado que:

A universidade operacional, projetada nos anos 1990, difere das formas anteriores a ela porque está voltada diretamente para o mercado de trabalho, regida por contratos de gestão, avaliada por índices de produtividade, calculada para ser flexível e estruturada por estratégias e programas de eficácia organizacional e, portanto, pela particularidade e instabilidade dos meios e dos objetivos que envolvem a globalização. Isso faz com que a universidade deixe de ser uma instituição social para ser uma empresa organizacional e empresarial em contraposição à universidade tradicional. (2004, pg. 53)

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2.4. Metodologia Institucional

A referida instituição adota como metodologia institucional, e também como

uma das maneiras para identificar­se perante o seu público, o slogan “Aprender na Prática”, que norteia suas ações, traduzindo­se na imagem e na percepção que a organização pretende que seu público conheça.

De acordo com informações que constam de um caderno de documentos 14 ,

produzido pela instituição de ensino pesquisada, foi no cenário de ampliação da

oferta de vagas para o ensino superior, concentrada no setor privado, e adotada

pela gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso, em meados da

década de 90, que a universidade em questão começou a se preocupar com um

novo posicionamento de mercado.

Sabe­se que o resultado desta política, adotada pelo governo federal, foi o

aumento significativo do número de instituições credenciadas pelo MEC, que de 894,

em 1995, passou a 1.859, em 2003, e do número de matrículas no ensino superior,

que saltou de 1.759.703 para 3.887.771. Apenas as instituições privadas localizadas

no Estado de São Paulo foram responsáveis por cerca de 25% desse total.

Foi nesse cenário de ampliação e, conseqüentemente, acirramento da

concorrência no segmento de ensino superior privado que, no início de 2000, foi

constituída, pela instituição objeto desta pesquisa, uma comissão que teria o objetivo

de definir um posicionamento de mercado para a universidade. De acordo com

Jardilino (1999) são muitos os defensores do desenvolvimento e uso na educação

de estratégias de comunicação orientadas por uma visão de marketing 15 ,

principalmente por um segmento especializado dele – o marketing educacional.

14 Caderno Aprender na Prática. 2004. 15 A autora Helena Sampaio, em seu livro sobre o Ensino Superior no Brasil – O Setor Privado faz esta referência que é pertinente ao assunto e posicionamento no mercado. “O marketing das instituições privadas de ensino superior não pode ser interpretado meramente como um fenômeno comercial e/ou como um produto de um aparato de comunicação específico. (...) reitera uma forma retórica difusa, que é a de uma cultura promocional cada vez mais arraigada nas sociedades de mercado de massa (Wernick, 1991). O marketing envolve, assim, a publicidade das instituições, suas atividades e a própria propaganda. Além de orientar­se em função da equação oferta/demanda – que é o que faz a propaganda ­, o marketing deve captar sinalizações mais gerais. Tais sinalizações tanto podem partir das políticas globais de educação superior – incluindo a legislação que regulamenta o sistema ­, como das transformações da própria sociedade, considerando­se as mudanças de padrões culturais”. (Sampaio, 200, p.319)

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Após algum tempo de trabalho, foi proposto que a metodologia de ensino,

voltada para o aprendizado na prática seria o diferencial mercadológico.

Aprovada pela Mantenedora, a metodologia passou a ser implantada, através

de “workshops”, comissão de estudo, planejamento de ensino e finalmente com a

elaboração de um documento que explicita o que é “aprender na prática”.

Alguns conceitos e procedimentos relativos da citada metodologia:

Conceito:

“O aprender na prática focaliza a ação educativa na participação ativa e crítica

do aluno em sua aquisição de conhecimentos práticos e teóricos, em seu

desenvolvimento de habilidades e em sua formação de valores e atitudes, processos

nos quais os conteúdos necessitam ser trabalhados de modo a constituírem os

fundamentos para que os estudantes desenvolvam as competências necessárias ao

exercício profissional e à sua participação crítica na sociedade atual. (...) a sala de

aula será um espaço de rica interação e de criação e transformação de significados.

(...) O ponto de partida para a aprendizagem deve ser o conjunto de significados

(formas de interpretação) que emerge da classe. (...) contextualizar as tarefas de

aprendizagem dentro da cultura em que os conteúdos/conhecimentos adquirem

significados compartilhados à medida que são utilizados na prática cotidiana”.

Procedimentos:

“Organizar os estudos em torno de situações reais, atividades com situações­

problema, projetos, oficinas, jogos empresariais, atribuição de papéis (simulações),

estudo de caso etc.; investir na epistemologia da curiosidade, incentivar e orientar a

pesquisa técnico­científica na elaboração de projetos etc.; o professor deve

conscientizar o aluno da importância daquilo que esta sendo proposto e

desenvolvido para o exercício futuro de sua profissão, o aluno também é

responsável pelo êxito do processo de aprendizagem; o professor deve considerar a

possibilidade de desenvolver um trabalho mais integrado, rumo à menor

compartimentalização disciplinar; aproveitar a experiência da Instituição e dos

alunos em projetos de extensão e atividades extramuros, que contribuam para a

discussão de questões éticas, sociais e profissionais; praticar a avaliação formativa;

entender o estágio supervisionado como um dos eixos curriculares que perpassa

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todo o currículo e favorece a integração das disciplinas e da teoria com a prática;

visitas técnicas orientadas”.

Tomando­se em consideração a explicitação de conceito e dos

procedimentos, relativos à metodologia institucional da instituição em questão,

observamos que o docente é, na maior parte das colocações, o grande responsável

pelo bom resultado da aplicação e concretização das ações visadas pela

metodologia.

2.5. Pró­reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários.

A Pró­Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários ­ PREAC, estrutura suas

ações no tripé: Atenção ao Aluno, Programas Socioeducacionais e Relações Interinstitucionais. É um órgão executivo que supervisiona, coordena, orienta e

acompanha as atividades referentes à integração da comunidade universitária com a

comunidade externa, mediante cursos, parcerias e programas para o

desenvolvimento dos alunos.

Nos programas de extensão as ações têm os seguintes objetivos: promover a

interação transformadora entre Universidade, sociedade e o ambiente; contribuir

para o desenvolvimento sustentável social, econômico e ambiental; incentivar a

expressão da diversidade cultural, artística, científica e tecnológica; estimular e

promover o respeito à diversidade cultural; contribuir para a formação acadêmica,

fomentando atividades de extensão nos currículos.

Orientando­se pelos objetivos estabelecidos, a gestão da PREAC tem

pautado o desenvolvimento de um trabalho que garanta o cumprimento da

metodologia institucional: Aprender na Prática.

Mais uma vez, em consulta ao PDI, encontram­se referências sobre as

Políticas de Extensão e Pesquisa e os itens que se relacionam diretamente com o

trabalho de extensão são assim apresentados: comprometimento com a excelência acadêmica; apoio às atividades de pesquisa no ensino de graduação e pós­ graduação, integrada com atividades de intervenção social; compromisso com a qualidade e sintonia com a legislação da Educação Superior; geração e

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transferência de conhecimento e inovação para a melhoria da qualidade de vida da região e do país.

As Áreas de Extensão contempladas com programas e que mantém

programas oferecidos são: Socioeducação; Saúde; Cultura e Serviços.

Silva Jr e Sguissardi identificam que:

No atual contexto nacional e diante do enorme déficit social há muitos anos acumulado, quando o Estado brasileiro, por meio de reformas, restringe sua ação pública, especialmente no plano social, demandas das mais variadas naturezas aumentam e encontram eco nos programas de extensão institucionais. Esses programas são respostas privadas a tais demandas e muito convenientes para essas instituições, por legitimá­las perante a opinião pública e por configurarem uma certa forma de pesquisa aplicada. Trata­se de legitimação legal, administrativa e supostamente acadêmica, bem como forma de identificação institucional com determinado espaço geográfico e cultural de mercado ou com os traços da materialidade local. ( 2001, p.228)

2.6. Avaliação Institucional

De acordo com a instituição pesquisada: “A avaliação institucional é um

processo de pesquisa e comunicação que visa proporcionar uma reflexão contínua

para revisar permanentemente a atuação da Instituição, tendo em vista o alcance de

sua missão, de objetivos e, ainda, o aprimoramento de sua atuação.

Este processo objetiva identificar fatores que interferem positiva ou

negativamente no desempenho da Instituição, fornecendo subsídios para a

compreensão da realidade institucional, favorecendo a gestão acadêmica e

administrativa.

A avaliação institucional passou a ser uma exigência do Governo Federal, por

meio da Lei n. 10.861, de 14/04/2004, que implantou o Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Superior – SINAES. Este sistema é uma política de governo

que coloca a avaliação institucional no centro do processo avaliativo e abrange

todas as instituições de ensino superior, fazendo com que todos os agentes da

comunidade institucional participem do processo de auto­avaliação. É obrigatória a

todas as instituições de ensino superior do País.

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O próprio Fórum sugere que a avaliação da Extensão seja sistemática, contando com participação interna e externa da comunidade envolvida. Isso implica que a Extensão deva ter o mesmo nível de hierarquia das outras práticas acadêmicas. Assim, avaliação institucional deve ser um trabalho sistemático e uma prática de permanente reflexão do fazer universitário. Trata­se de uma condição singular para a manutenção da qualidade, de maneira a assegurar a credibilidade da Universidade junto à Sociedade. (Sousa, 2000, p.110)

Um dos indicadores desta avaliação é referente à “vinculação das atividades

de extensão com a formação e sua relevância com o entorno”, e as informações

apresentadas por esta universidade neste relatório são:

Relato Descritivo Avaliativo – A PREAC aponta que a construção e o desenvolvimento da Política de Extensão da Universidade considera o envolvimento

e a participação dos diversos segmentos e atores da sociedade: setor público, setor

produtivo, sociedade civil e comunidade acadêmica, com o objetivo de produzir

ações articuladas e convergentes à realidade dos grupos e/ou populações a serem

atendidas em suas principais demandas sociais. A articulação desejada e planejada

pela Instituição, gerida pela PREAC visa a superação de ações de cunho

meramente assistencialista, além de buscar o estímulo à participação das

comunidades no que se refere à proposição, estudo, criação e avaliação de políticas

públicas sem, no entanto, se predispor a ocupar o lugar devido e ocupado pelo

Estado.

Após análises e reflexões deste relato descritivo­avaliativo, o sistema de

avaliação proposto 16 permite a identificação de aspectos que se revelaram como

potencialidades ou fragilidades.

As potencialidades identificadas:

­ Atendimento às comunidades em relação às diversas áreas sociais, que

propicia um trabalho de intervenção qualificada, além das áreas atendidas pelas

Linhas Programáticas já instituídas na Universidade;

­ Socialização dos saberes nas diversas áreas de conhecimento, por

intermédio da divulgação dos resultados de diagnósticos voltados à realidade da

população atendida pelos programas/projetos de extensão;

16 SINAES

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­ Fomento à formação e à geração de recursos humanos, técnicos e materiais

para atividades sócio­educativas, de saúde, culturais e de serviços especializados.

As fragilidades:

­ A disseminação dos processos, critérios e resultados dos programas e

projetos de extensão universitária em meio à comunidade acadêmica e demais

segmentos da sociedade ainda não ocorre de forma plenamente satisfatória;

­ A discussão acerca dos limites e possibilidades da extensão universitária e

da concepção de responsabilidade social que se desenvolve na universidade ainda

não atingiu o nível ideal.

É necessário que se faça a observação das práticas dos projetos de extensão

para a compreensão de como se manifestam as políticas extensionistas existentes

nesta instituição, e também para o reconhecimento da ideologia pertinente, da

instituição, e como esta se contextualiza através do “fazer”.

As áreas de conhecimento na universidade se posicionam de forma

diferenciada em seus projetos de extensão.

2.7. Os Programas de Extensão

São 2 os referidos programas selecionados, em função de serem portadores

de características teóricas e práticas muito diferenciadas, que podem de alguma

forma, influenciar diretamente a concretização do trabalho extensionista, e assim,

identificar a motivação pessoal ou institucional que lhe é permeável, contextualizada

evidentemente na prática da extensão universitária.

Observa­se aqui, além destas informações meramente qualificativas, a

intencionalidade adjacente, que se faz presente e necessária, para que se

identifiquem os pressupostos da política de extensão, propostos teoricamente pela

instituição, e como esta se pronuncia nos Programas de Extensão Universitária,

como estão contextualizados e quais as práticas extensionistas que os legitimam.

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2.7.1. Programa 1 ­ P1

O programa, que será nomeado como P1, está relacionado à Educação de

Jovens e Adultos – EJA, e objetiva a erradicação do analfabetismo, em nível local e

regional, além do desenvolvimento de estudos e atividades educativas no campo da

Educação de Jovens e Adultos.

Para isso, desenvolve suportes teóricos, pedagógicos, administrativos e

políticos destinados às atividades de capacitação e ensino, incluindo diversas

atividades de cunho pedagógico e cultural, apoiados numa rede de conhecimentos

teórico­práticos de Filosofia, História, Psicologia, Lingüística, Arte e Cultura. O

programa mantém parceria com o Programa Alfabetização Solidária 17 .

A professora gestora do P1, ligado ao EJA, trabalha neste programa desde

1999, isto é há sete anos, ocupando 20 horas semanais de trabalho somente com a

administração deste programa. Estas horas são divididas entre a gestão do projeto,

coordenação e a supervisão do trabalho dos alunos alfabetizadores.

Os alunos que foram entrevistados nesta pesquisa, em sua maioria, são

graduandos do curso de Pedagogia.

O curso de Pedagogia é direcionado ao estudo e aplicação de teorias e

metodologias educacionais que visem o desenvolvimento humano. Para construir

conhecimentos práticos e teóricos em Educação, bem como desenvolver habilidades

e atitudes compatíveis com o papel de Educador, o profissional precisa manter­se

atualizado com as tendências pedagógicas e conhecer seus fundamentos.

Em todas as disciplinas do curso trabalham­se atividades teórico­práticas que,

em sua totalidade, possibilitam a elaboração, coordenação e execução de projetos

de estudos e intervenção.

O Pedagogo atua como docente na Educação Infantil e nas séries iniciais do

Ensino Fundamental, na formação de professores e na gestão da educação (Diretor,

17 A Alfabetização Solidária (ALFASOL) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos e de utilidade pública, que adota um modelo simples de alfabetização inicial, inovador e de baixo custo, baseado no sistema de parcerias com os diversos setores da sociedade. A Organização trabalha desde janeiro 1997 pela redução dos altos índices de analfabetismo no país (da ordem de 13,6 % segundo o censo de 2000 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e pelo fortalecimento da oferta pública de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil.

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Coordenador Pedagógico, Supervisor e Orientador Educacional. Enfim, sua atuação

é fundamental na preparação, gerenciamento e coordenação de programas e

avaliações curriculares; no planejamento, implementação, direção e funcionamento

de cursos nos diversos setores educativos; em segmentos que solicitem

acompanhamento e orientação educativa (hospitais, empresas e instituições de

assistência e cuidados a crianças, jovens e adultos).

O perfil do pedagogo do séc. XXI está intimamente ligado ao profissional que

incentiva o aluno para a construção do conhecimento, formação e habilidade;

desenvolvendo nos educandos qualidades que os ajudarão a promover o senso

crítico e ao mesmo tempo um senso criativo de cidadania, imbuídos em construir

uma sociedade democrática, guiada por princípios que valorizam o ser como um

todo.

2.7.2. Projeto 2 ­ P2

O projeto, que será nomeado como P2, está relacionado ao curso de

Administração de Empresas e contextualizado a partir de uma atividade de ensino,

numa disciplina do 1 o Ano do curso de Administração de Empresas, que no decorrer

de seu desenvolvimento, se complementa com a atividade extensionista pesquisada.

Esta atividade extensionista é parte integrante do Plano de Ensino da disciplina,

servindo inclusive de instrumento de avaliação 18 .

Desde o seu início, no ano de 2001, isto é há seis anos a professora gestora

do P2 trabalha com uma sala de 95 alunos por 2 h aula semanais.

O trabalho dos alunos, sob a orientação de professores que ministram a

disciplina ligada diretamente ao programa, tem como objetivo aplicar os

conhecimentos adquiridos em sala de aula nas situações reais vividas por

instituições do Terceiro Setor ­ ONGs 19 , que são escolhidas pelos grupos de trabalho

18 Esta avaliação tem como objetivo determinar a nota final do 2o semestre dos alunos extensionistas 19 Os novos atores sociais que emergiram na sociedade civil brasileira, após 1970, à revelia do Estado, e contra ele num primeiro momento, configuraram novos espaços e formatos de participação e de relações sociais. Estes novos espaços foram construídos basicamente pelos movimentos sociais e populares ou não, nos anos 70­80; e nos anos 90 por um tipo especial de ONGs que denominamos anteriormente de cidadãs, ou seja, entidades sem fins lucrativos que se orientam para a promoção e para o desenvolvimento de comunidades carentes a partir de relações baseadas em direitos e deveres da cidadania. Movimentos e ONGs cidadãs têm se revelado estruturas capazes de desempenhar papéis que as estruturas formais, substantivas, não têm conseguido exercer enquanto

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formados por equipes. Alguns dos aspectos analisados pelos alunos estão

diretamente ligados a melhorar os trâmites administrativos, o controle financeiro e a

forma de captação de recursos da instituição­alvo. Ao final da consultoria 20 entregam às instituições uma proposta de trabalho, que tenha como principal objetivo a

correção ou melhoria dos problemas identificados.

No curso de graduação de Administração de Empresa são oferecidos

conhecimentos para que o aluno tenha como perspectiva profissional a organização

das empresas e o aumento de sua competitividade, lidando com recursos humanos,

otimizando recursos materiais e tecnológicos. A disciplina na qual o trabalho

extensionista está inserido é caracterizada como “um instrumento valioso para proporcionar aos alunos a compreensão da vivência profissional; a identificação e caracterização das diversas áreas de atuação profissional; vivência prática da habilitação escolhida; a interface profissional em Administração e o preparo para a empregabilidade” 21 .

Ribas considera que:

Segundo o Programa Voluntários do Conselho da Comunidade Solidária, lançado em 97, o voluntário “é o cidadão que, motivado pelos valores de participação e solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não remunerada, para causas de interesse social e comunitário”.

Estão presentes nessa definição idéias como as de desenvolvimento de uma cultura moderna do voluntariado, voltada especialmente para a eficiência das ações, para os resultados dos serviços e para a qualificação e profissionalização do trabalho voluntário individual ou institucional. (www.portaldovoluntario.org.br, 2007)

O projeto extensionista desenvolvido tem como um de seus objetivos levar o

aluno a desenvolver um processo de reflexão crítica sobre sua realidade social e

profissional, reconhecendo a necessidade de desenvolvimento de uma visão

empreendedora, através de um trabalho voluntário.

estruturas estatais, oficiais, criadas com o objetivo e o fim de atender a área social. (Gohn, 2000, p.52) 20 Este termo “consultoria” é utilizado pelos idealizadores e executores do programa. 21 Grifo dado pela coordenação do curso.

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Ribas, sustenta que:

Há coexistência de duas lógicas quanto aos motivos para o trabalho voluntário: da antiga lógica da obrigação moral, religiosa e assistencialista e da nova lógica da participação cidadã, da responsabilidade social e da busca de resultados efetivos na diminuição das injustiças sociais.( Idem ,2007)

Atualmente as empresas da Era da Informação e do conhecimento estão procurando profissionais inovadores, criativos, capazes de criar novas formas de

gerir recursos humanos, financeiros, tecnológicos e materiais; com conhecimentos

técnicos em várias áreas e que estejam atualizados em aspectos políticos,

econômicos e culturais num contexto global.

Desta forma, neste século, o perfil do administrador será definido como um

conjunto de qualidades ou atributos, relacionados com conhecimentos, habilidades,

valores e atitudes.

2.8. Perfil do Aluno Extensionista

Determinados cursos, com perfil teórico ou com perfil pragmático, induzem ou

não, o graduando a participar de trabalhos extensionistas.

A busca de sentido e propósito, nesta atividade, poderia orientar o

extensionista em sua vida profissional futura. Mesmo porque, o que é realizado tem

importância, mas o que subjaz a essas atividades é a escolha entre umas ações ou

outras e a forma como se dão, que podem ter um significado importante a respeito

de como cada um encontra, em sua subjetividade, um caminho para o trabalho na

comunidade acadêmica e vincula esta ação, definitivamente, ao compromisso social

de construção de uma sociedade mais justa.

Strauss aponta que:

Quando o diálogo interior diz respeito a questões que a pessoa sente serem importantes, então a perturbação assinala o progresso dessa pessoa, seja rumo à escolha daquela alternativa do dilema apreendida no final seja no rumo à nova decisão que supera o

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dilema. A um observador que esteja realmente de fora cabe apenas admirar­se com a cegueira da pessoa por confinar a batalha a esse terreno particular, ou perguntar­se por que afinal havia uma batalha. (1999.p.47)

Os alunos participantes desta pesquisa demonstram ter formas de atuação

diferenciadas e movidas por questões diversas. As motivações vem de fontes que

transitam entre o olhar filantrópico, a motivação profissional e a militância política.

No decorrer das comparações e análises o perfil psicossocial destes alunos vai se

delineando e cuja definição é referente ao contexto cultural, político e social no qual

estão inseridos:

Ø O extensionista que procura aperfeiçoamento profissional

Ø O que realiza a ação assistencial filantrópica

Ø O que idealiza mudanças políticas

Sberga considera que:

Pode ser que no início de uma ação voluntária um comportamento seja aparentemente altruísta, porém, na realidade é movido por motivações egoístas, na busca de aprovação, de vantagens pessoais, de gratificação ligada aos contatos e às relações de amizade. (2001, p.126)

O primeiro perfil a ser destacado é o do aluno que procura aperfeiçoamento profissional. Este tipo de aluno cumpre com todas as tarefas, busca desafios e se

envolve de forma pragmática, sempre na busca de mais conhecimento, se

aperfeiçoa para que mais tarde a experiência lhe seja útil, em termos profissionais e

na formação de um currículo diferenciado, dessa forma, como argumenta

Cavalcanti: “também buscam segurança financeira e social, independentemente da

situação econômica social”. (2002, p.193)

“Sabe­se que muitos empresários com sensibilidade social já perceberam que

a promoção do voluntariado entre seus recursos humanos traz grandes benefícios, e

nesse sentido iniciam programas específicos”. (Cavalcanti, 2002, p.245)

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Para os trabalhadores é a oportunidade de experimentar novos papéis ou

funções, trabalho em equipe, além de ganharem um reforço positivo em sua

imagem. Além disso, de forma alguma, deve­se desprezar que este tipo de ação

pode fazer com que os funcionários se sintam úteis na comunidade, que tenham

uma sociedade melhor e ampliem o mercado.

Segue­se o perfil do aluno extensionista que realiza a ação assistencial filantrópica. Em geral, eles dão muita importância e valorizam muito o senso espiritual e religioso, preocupam­se com a ética e o modo pelo qual a sociedade é

conduzida; sensíveis e emotivos buscam a auto­realização através de ações

humanitárias. (Cavalvanti, 2002)

Sberga assinala que no passado se registrava uma integração gradual de

motivações civis e religiosas no campo assistencial.

O que movia o leigo, voluntário sem vinculação religiosa, era preferencialmente o comprometer­se com a defesa dos oprimidos e a busca de maior igualdade. Quanto ao fiel a motivação primária era testemunhar a fraternidade que justificava a sua fé. O importante era fazer obras de caridade. (Sberga, 2001, p.126)

E, por final, o perfil do aluno que idealiza mudanças políticas; este é concebido como um sujeito político e tem como finalidade central a contribuição para

a mudança da sociedade e das instituições, através da remoção das causas,

colocando em revisão a política e a legislação social que se ocupa dos problemas da

marginalização. Escolhe um trabalho em rede, um partido político e se empenha na

promoção de uma forma diferenciada de participação, protagonismo, planejamento e

de ação inovadora.

Seu compromisso social é apontado por Sberga:

Compromisso social: o princípio que rege este outro elemento é a convicção de que a verdadeira mudança da sociedade não virá em proporção ao número de serviços sociais, mas na medida em que a população se tornar protagonista das decisões pequenas ou grandes que se referem a ela. Para isso é preciso criar espaços de diálogo, de relações e de participação popular, no âmbito das diversas estruturas, em nível de legislação, de programação, de controle do poder local etc. Ainda, a informação é uma condição preliminar para que os cidadãos possam participar com consciência crítica nos diversos âmbitos sociais. (2001, p.79)

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Nos próximos capítulos deste trabalho serão apresentadas as entrevistas

feitas, para que as relações de comparação e análise fossem efetuadas de acordo

com a metodologia escolhida, que se refere ao estabelecimento e compreensão das

relações e interações entre o institucional e o pessoal.

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Capítulo III

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CAPITULO III ­ POLÍTICAS

3.1. A Interligação

Pretende­se neste capítulo trabalhar com a categoria: Políticas, que de

acordo com a metodologia utilizada, é na realidade, a junção de várias perguntas e

respostas, que estão relacionadas abaixo, advindas dos três eixos principais:

Política Institucional; Extensão, Pesquisa e Ensino; e Motivações, que foram feitas

tanto às gestoras do Projeto ou Programa, quanto aos alunos extensionistas

participantes. Alguns momentos do depoimento do Pró­reitor de extensão e

assuntos acadêmicos também são utilizados.

Categoria Políticas

1. O que é extensão universitária? (alunos)

2. Qual o objetivo deste programa de extensão universitária? (gestoras)

3. Momento Pró­reitor de Extensão

4. Qual o objetivo do programa? (alunos)

5. Momento Pró­reitor de Extensão

6. Ativismo político social, assistencialismo ou marketing institucional?

(gestoras)

7. Ativismo político social, assistencialismo ou marketing institucional?

(alunos)

8. Envolvimento pessoal dos alunos (gestoras)

9. Envolvimento dos alunos (alunos)

3.2. As Nomenclaturas

Resumidamente, a partir deste momento, no capítulo a seguir e nos capítulos

seguintes, teremos as seguintes nomenclaturas, que identificarão:

Programa 1: P1

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Programa 2: P2

Gestora do Programa 1: G1

Gestora do Programa 2: G2

Alunos do Programa 1: A1; A2; A3; A4; A5; A6

Alunos do Programa 2: B1; B2; B3; B4; B5; B6; B7

L.A.: ONG atendida em um dos projetos do P2

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3.3. O Fluxograma

A função deste fluxograma é a de viasualizar­se e entender, de forma mais

simples e objetiva, as possíveis interligações entre as perguntas, respostas e

análises dos vários eixos apresentados, mas que se traduzem nesta categoria:

Políticas.

OBJETIVOS O QUE É

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA?

CONCEPÇÃO?

ATIVISTA POLÍTICA SOCIAL,

ASSISTENCIALISTA OU MARKETING INSTITUCIONAL

ENVOLVIMENTO PESSOAL DO ALUNO [VISÃO DA GESTORA]

ENVOLVIMENTO DO ALUNO

[VISÃO DE ALUNO]

APOIO INSTITUCIONAL POR MEIO DE

BOLSA­AUXÍLIO

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3.4. A Categoria: Políticas

A pergunta: “O que é extensão universitária ?”, foi feita para os dois grupos de

alunos, que se encontravam em plena atividade extensionista, assim, entende­se

que ao participar deste programa ou projeto de extensão o significado desta seja

alvo de curiosidade acadêmica, ou mesmo um aprendizado necessário.

Ao interpretar, momentos das falas, dos alunos que pertencem ao P1 e ao P2

identificam­se alguns significados que traduzem o conhecimento ou a idéia que

estes alunos têm sobre o que é extensão.

A visão dos alunos sobre:

3.4.1. Pergunta: O que é extensão universitária?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: O programa é extensão universitária, onde nós alunos podemos realizar algumas atividades que possam ser e contribuir de alguma forma nas questões sociais.

Ø Espaço onde se realizam atividades que contribuem nas questões sociais.

A2: Eu entendo assim: que você tem que buscar alguma coisa acima do que você já fez pra estar melhorando mais o seu trabalho. No meu caso é isso eu estou buscando, e me aperfeiçoando. Pergt: Buscando dentro do que você já fez, na graduação, ou num contexto de pós­ graduação? Resp: Eu acho que hoje no contexto em que estou seria na Pós­graduação, eu acho que é isso, buscar materiais e conhecimentos dentro do que eu gostaria de fazer, que é educação especial.

Ø Algo que aperfeiçoe o trabalho.

A3: São programas que vão além do âmbito da universidade e que atendem a comunidade e nesse atendimento ele vai Ø Trabalhos que ultrapassam

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desenvolvendo trabalhos que saem da universidade.

o espaço da universidade.

A4: Não sei, eu acho que eu não tenho muito conhecimento, mas eu acho que é você estar num curso tendo outros conhecimentos, para ter uma visão maior, exercendo a função dentro da universidade naquilo que você faz. Eu sei lá, eu não entendo muito bem

Ø É confusa sobre o conceito, mas entende que conhecimentos diferenciados são adquiridos e assim uma visão e atuação mais intensa nas funções que exerce.

A5: É um programa que vai além da universidade, ao mesmo tempo que esta ligado, ele faz um pouco mais que a universidade pode oferecer, além dos alunos, para o pessoal da comunidade.

Ø Trabalhos que ultrapassam o espaço da universidade e vão à comunidade.

A6: Para mim extensão universitária é o que você pode fazer de extra na faculdade, na universidade, cursos ou o próprio programa da alfabetização eu considero como uma extensão, ou um processo que você possa fazer que a universidade proporciona aos alunos.

Ø Atividades de aprendizagem.

Este grupo de alunos traduziu sua visão sobre extensão universitária como

sendo: atividades de aprendizagem que ultrapassam o espaço da universidade e

contribuem nas questões sociais.

Na continuidade os depoimentos do P2:

3.4.2. Pergunta: O que é extensão universitária?

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: Eu praticamente não sei, mas tenho uma noção. Seria alguma coisa fora do seu Ø Tem dúvidas, acredita que

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curso e que também ajude na sua formação acadêmica. Algo extra a faculdade, uma coisa fora que ajude na sua aprendizagem.

seja um suporte de aprendizagem.

B2: Extensão universitária para mim são alguns cursos ou atividades que estão ligadas à universidade, mas estão fora do currículo obrigatório de formação.

Ø Cursos extras a graduação.

B3: Pra mim é conhecimento, porque experiência você vai adquirir no trabalho, teoria também.

Ø Conhecimento teórico.

B4: Logo que você conclui o curso você almeja planos maiores, quer ter um conhecimento maior referente a algum termo ao qual se identifica. Pergt:­ É um curso de especialização então? Resp: ­ Sim.

Ø Curso após a graduação.

B5: Seria uma amplitude do que você tem aqui dentro, alguma coisa onde você pode crescer dentro do seu próprio curso, algo a mais, incrementar.

Ø Atividade que acrescenta algo a mais ao curso de graduação.

B6: É você fazer uma extensão nos seus domínios, fazer cursos, palestras.

Ø Participar de cursos e palestras.

B7: Seria um braço, além do curso profissional. Pergt: Um braço que faz o que?

Resp: Eu estou pensando nisso agora, eu nunca fiz um trabalho de extensão universitária, mas eu acho que é um procedimento, uma especialização.

Ø Uma especialização. Ø Afirma nunca ter feito um

trabalho em extensão, apesar de estar sendo entrevistado porque participa de um.

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Este grupo de alunos traduziu sua visão de extensão como: cursos extras à

graduação, um reforço de aprendizagem, mais especificamente após a graduação.

Um dos entrevistados cita como uma especialização. Mas também afirma nunca ter feito um trabalho em extensão, apesar de estar sendo entrevistado porque participa de um 22 .

É pertinente a comparação das idéias apresentadas pelos alunos

extensionistas com a representação institucional, isto é, um momento da fala do Pró­

reitor de Extensão e Assuntos Acadêmicos:

Pergunta: Como são caracterizados os trabalhos de extensão na

Universidade, isto é, quais as formas de se “fazer” extensão?

Resposta do Pró­reitor: “A universidade, hoje, ela adere a toda a conceituação contemporânea de extensão no Brasil. Então a extensão é realizada, planejada pedagogicamente, existe uma preocupação muito grande em situar o aluno, o estudante, o educando na intervenção propriamente dita, no relacionamento desta intervenção com a sua formação profissional (...). Estas intervenções estão vinculadas a programas, são projetos vinculados a programas, programas construídos segundo as linhas da extensão e as áreas temáticas da extensão, como adotadas pelo ministério da educação”.

Na continuidade de exposição desta pesquisa, e seguindo os parâmetros

do fluxograma proposto, a questão a seguir é sobre objetivos:

A definição das gestoras sobre:

3.4.3. Pergunta: Qual o objetivo deste Programa (ou Projeto) de Extensão Universitária?

Quadro de depoimentos das gestoras do P1 e do P2 Depoimentos Significados

G1: São vários objetivos, o primeiro esta em fazer um atendimento das pessoas que não são alfabetizadas nas salas de Educação de Jovens e Adultos; tem outros

Ø Relação com a comunidade. Ø Formação de professores.

22 Nota da autora

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objetivos, pra justificar o nome que ficou Programa de Pesquisa temos também a questão da formação dos professores alfabetizadores, esta é uma outra frente em que atuamos dentro do PROEJA; um terceiro objetivo é o de sistematizar os conhecimentos relacionados a este campo da educação de jovens e adultos.

Ø Sistematização de conhecimento.

G2: Primeiro fazer o aluno fazer parte da cidadania, mostrar a ele que a universidade pode também fornecer o ensino cidadão; ele deve estar disponível com o aprendizado da cidadania, da solidariedade, do Terceiro Setor, da Responsabilidade Social. O segundo objetivo é integrar o aluno ao grupo, fazê­lo trabalhar em grupo, fazer com que o aluno aprenda liderança, organização, enfim, fazer com que ele consiga ligar o que tem dentro da sala de aula com aquilo que está vendo na prática, conseguindo integrar a prática com a sala de aula.

Ø Ensino da cidadania. Ø Trabalho em grupo. Ø Integração entre teoria e

realidade.

Pode­se observar que o P1, esta direcionado a metas amplas e significativas

dentro das políticas vigentes, em termos institucionais, em sua relação direta junto à

comunidade e em sua atuação sistemática junto aos alunos no tocante a formação

acadêmica e profissional.

No P2, os significados são pontuais e ligados aos objetivos disciplinares,

quando se fala de trabalho em grupo e integração entre teoria e realidade, a

proposta é claramente contextualizada no espaço da universidade, na interação

entre o espaço da sala de aula e a prática realizada fora da universidade.

Quanto à questão do ensino da cidadania e questões de responsabilidade

social 23 ambos os programas tem objetivos políticos, contextualizados de forma

diferenciada.

23 Responsabilidade social empresarial segundo o Instituto Ethos é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da

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A observação dos conceitos dispostos pelos entrevistados e suas análises

indicam que “a atuação do aluno na sociedade pode ser de um tipo ou de outro

conforme as características do ensino que recebeu (ou a que foi submetido) na

Universidade”. (Botomé, 1996, p.85).

Na seqüência, o entendimento sobre o objetivo do Programa (ou Projeto)

desenvolvido, de acordo com o olhar dos alunos:

A visão dos alunos sobre:

3.4.4. Pergunta: Qual o objetivo do Programa (ou Projeto)?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: Dar condições as pessoas que não tiveram oportunidade de serem alfabetizadas na idade correta.

Ø Dar condições de alfabetização a pessoas não alfabetizadas.

A2: É fazer com que alunos que não tiveram a chance de estarem estudando recuperem o tempo perdido, um resgate, e fazer com que eles cheguem naquilo que eles gostariam de ter chegado há um tempo atrás.

Ø Dar condições de alfabetização a pessoas não alfabetizadas.

Ø Resgatar necessidades pessoais.

A3: É alfabetizar adultos que não tiveram a oportunidade de serem alfabetizados na idade correta, e não só alfabetizar mais também torná­los pessoas letradas, que tenha consciência do que estão fazendo e que tenham uma visão ampla de que estudar não é simplesmente vir para escola e que aquilo que se aprende fica lá mesmo. Tem que saber aplicar na vida particular o que se aprende na escola.

Ø Dar condições de alfabetização a pessoas não alfabetizadas. Ø Letrar, e ensinar sobre a utilidade do conhecimento na vida cotidiana.

sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.( www.ethos.org.br)

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A4: Alfabetizar jovens e adultos é a inclusão social, incluindo as pessoas na sociedade, numa sala só tem vários tipos de deficiências.

Ø Inclusão social através da alfabetização.

A5: O “P1” é alfabetizar o pessoal da terceira idade, no começo era alfabetizar os funcionários aqui da universidade, aqui é muito mais, além disso, é a participação da comunidade que vem se alfabetizar.

Ø Alfabetizar adultos. Ø Participação comunitária.

A6: O “P1” trabalha com jovens e adultos, pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar por algum motivo, e a gente trabalha com estas pessoas que não foram alfabetizadas, nós alfabetizamos estas pessoas.

Ø Dar condições de alfabetização a pessoas não alfabetizadas.

Para os alunos do P1 o objetivo, em síntese, é: dar condições de alfabetização a pessoas não alfabetizadas e resgatando o valor do conhecimento na

vida cotidiana, inclusão social e participação comunitária.

3.4.5. Pergunta: Qual é o objetivo deste Programa (ou Projeto)?

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: É fazer essa diferença para os alunos, de outras universidades, e mostrar que a Universidade “A” faz um trabalho fora, para os seus alunos serem diferentes dos outros e sair para o mercado de trabalho tendo uma noção diferente e se destacar entre as outras pessoas.

Ø Diferencial de mercado, para a universidade e para o aluno, focado no mercado de trabalho.

B3: Ajudar na administração das entidades, Ø Colaborar com as

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colaborar pra melhorar, é o conhecimento, levar ajuda comunitária.

instituições; auxílio comunitário.

B4: O objetivo é que você possa fazer um trabalho de uma forma voluntária e através desse trabalho você possa aprender utilizar o que está aprendendo no curso de administração; o aluno acaba aprendendo e ajudando uma instituição. O trabalho que estou fazendo na instituição é em prol da instituição e também em prol do meu conhecimento, estamos ajudando a instituição e aprendendo um pouco com isso.

Ø Fazer trabalho voluntário e aprender através dele.

B5: Seria ter mais conhecimento e prática. Ø Conhecimento e prática.

B6: Fazer com que as pessoas trabalhem no Terceiro Setor, com seus problemas.

Ø Experiência vivenciada através do trabalho com o Terceiro Setor.

B7: Eu acho que é por em prática aquilo que a gente aprende na faculdade.

Ø Praticar o conhecimento adquirido no curso.

Para os alunos do P2, o objetivo do projeto de extensão no qual atuam é uma

mescla de aquisição de conhecimentos e práticas para a vida profissional e, de

alguma forma, um trabalho assistencialista centralizado no Terceiro Setor.

Atuar no Terceiro Setor foi citado por um aluno como “moda do momento”.

Alguns depoimentos atestam:

Para o B1 o objetivo do projeto é: “é fazer essa diferença para os alunos, de outras universidades, e mostrar que a Universidade faz um trabalho fora, para os seus alunos serem diferentes dos outros”. Nuances de marketing institucional se fazem presentes nesta fala. Percebe­se que o aluno incorpora seu papel no grupo

ao qual pertence, o grupo da Universidade .

Também existe uma preocupação com a influência que este trabalho possa

vir a ter em seus currículos profissionais, esta é a fala de B2: “hoje as empresas estão à procura de pessoas que tenham no seu currículo atividades ligadas ao

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Terceiro Setor, mesmo como voluntários”. B1 comenta: “sair para o mercado de trabalho tendo uma noção diferente e se destacar entre as outras pessoas”; e B5: “seria ter mais conhecimento e prática”; enquanto B7 diz que: “eu acho que é por em prática aquilo que a gente aprende na faculdade”.

Um olhar sobre o trabalho voluntário se apresenta de acordo com B4, mas

sem perder a praticidade da experiência vivida: “o objetivo é que você possa fazer um trabalho de uma forma voluntária e através desse trabalho você possa aprender utilizar o que está aprendendo no curso de administração (...). O trabalho que estou fazendo na instituição é em prol da instituição e também em prol do meu conhecimento, estamos ajudando a instituição e aprendendo um pouco com isso”.

Para complementar estas falas é interessante relembrar a fala da gestora do

P2, afirmando que, institucionalmente o objetivo do projeto é:

Gestora do P2: “Primeiro fazer o aluno fazer parte da cidadania, mostrar a ele que a universidade pode também fornecer o ensino cidadão; ele deve estar disponível com o aprendizado da cidadania, da solidariedade, do Terceiro Setor, da Responsabilidade Social.

O segundo objetivo é integrar o aluno ao grupo, fazê­lo trabalhar em grupo, fazer com que o aluno aprenda liderança, organização, enfim, fazer com que ele consiga ligar o que tem dentro da sala de aula com aquilo que está vendo na prática, conseguindo integrar a prática com a sala de aula”.

Dessa forma, observa­se que o objetivo do programa, entendido pelos alunos

que participam deste e disposto pela gestora, parecem estar em posições similares,

mas quando o trabalho é levado para o exterior da sala nota­se que o entendimento

dos objetivos parece transformar­se, de acordo com seus interesses pessoais.

Enquanto o objetivo institucional é o ensino cidadão, a integração da teoria com a

prática e o trabalho em equipe, o objetivo do aluno é adquirir experiência, para que

esta seja incorporada ao seu currículo profissional e, de alguma forma, assistir a instituição na qual esta sendo voluntário.

Segue a representação institucional da Universidade , isto é, um momento da

fala do Pró­reitor de Extensão e Assuntos Acadêmicos:

“Então, há diversas pessoas que se envolvem na extensão por ela ter uma dinâmica semelhante ao Terceiro Setor. Não é o Terceiro Setor, mas tem uma

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dinâmica muito semelhante, por sua metodologia de trabalho, na maneira como ela trabalha a intervenção social, na maneira como ela, inclusive a extensão ela é uma excelente escola para a formação de profissionais para o Terceiro Setor, porque toda a metodologia aplicada no desenvolvimento de um projeto, de um programa, de uma ação extensionista [ela] é adotada também no Terceiro Setor, porque as preocupações são as mesmas, não frustrar a comunidade, atingir as metas, satisfazer o teu parceiro, você trabalhar dentro de limitações orçamentárias, limitações de conhecimento, de intervenção, limitações políticas de intervenção. Então, isso tudo se trabalha na extensão e o que a gente percebe é que o Terceiro Setor [ele] também trabalha segundo esse modelo, então a extensão acaba sendo uma excelente escola”.

É pertinente, neste momento, que se faça a observação sobre a definição das

gestoras sobre ativismo político social, assistencialismo ou marketing institucional,

lembrando que a pergunta se refere ao olhar do aluno sobre estas questões.

3.4.6. Pergunta: Quanto à compreensão da concepção de extensão, dentro deste Programa (ou Projeto), como você acha que o aluno entende: como ativismo político social, como assistencialismo ou como uma forma de promover o marketing institucional?

Quadro de depoimentos das gestoras do P1 e do P2 Depoimentos Significados

G1: Aqueles que permanecem, por 1, 2, 3 anos têm um envolvimento enorme, nós vemos que eles ficam porque gostam do programa, da forma como e gerido e conseguem visualizar esta relação de ensino­pesquisa­extensão, são pessoas que ficam e se envolvem por conta destas questões. Como nós temos pessoas que iniciam ficam 1 mês ou 2 e não se identificam e saem.

Pergt: Você acha que este aluno que fica só 1 ou 2 meses tem uma concepção da extensão universitária onde ele vê o

Ø Permanência no programa por opção pessoal.

Ø Entendimento e envolvimento por conta da relação ensino­ pesquisa­extensão.

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trabalho como ativismo político social, assistencialismo ou marketing institucional?

Resp: Aqui nós tivemos muitos momentos diferentes. Às vezes as pessoas não ficam porque acham que as bolsas demoram. Na verdade elas demoram de 1 mês a 2 e tem gente que não aguarda este tempo. Então ele veio não tanto pelo vínculo da extensão, da discussão, mas muito mais relacionado à necessidade que ele tem de pagamento da universidade, da sua mensalidade, de um desconto. Então o interesse dele não era um primeiro interesse, então esta e a minha visão, como nos não temos nenhum estudo que mostre exatamente quais os motivos, mas eu sinto que assim quando não vem a sua necessidade primeira de um desconto na mensalidade, ou uma bolsa para pagar o curso, eles saem. Então eles têm uma primeira necessidade que vem em primeiro lugar, antes do interesse pelo próprio tema da Educação de Jovens e Adultos ou pela Extensão. Porque todos eles chegam sem saber exatamente o que e extensão, eles vêm sem saber muito bem o que e o programa, eles querem entrar, aquele que der um retorno mais rápido no sentido de resolver o problema aqui, porque eu tenho alunos que participam aqui, na brinquedoteca, então eles ficam assim, vão pulando, se der para participar de todos eles participam, mas eu vejo que e muito mais assim, resolveu o meu problema, que era a minha primeira preocupação e não necessariamente o trabalho com a extensão. E aqueles que dão um tempo, querem aprender mais, que ‘e a sua verdadeira preocupação, eles ficam.

Pergt: Você acha que o aluno que vem para a extensão tem uma característica voluntária, de ser voluntário?

Resp: Eu acho que alguns que permanecem até tem essa visão, que eu não sei se é de voluntariado, mesmo porque a gente não defende muito essa linha, de um trabalho voluntário, mas é mais

Ø Necessidade financeira da bolsa de auxílio determina permanência ou não no programa.

Ø Não conhecem o trabalho, mas se inscrevem para receber a bolsa auxílio.

Ø Quem se mantém no programa entende que ele tem características de um trabalho de compromisso político com a educação.

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um trabalho de compromisso político com a questão da educação, eu acho que quem fica é quem tem essa característica. Isso arremete aquela outra questão, quem vem interessado somente na bolsa, no pagamento esses ficam até seis meses, depois desaparecem e não tem mais um vínculo, uma discussão, eles perdem. Eu cheguei a ter um aluno da Geografia, muito interessante, ele foi um alfabetizador que a gente percebe que estava envolvido, ele terminou o curso e até hoje atua com Educação de Jovens e Adultos, então o envolvimento foi estrondoso e eu acho que eles percebem mais essa questão do compromisso mesmo.

G2: Os alunos começam a perceber como assistencialismo, posteriormente pedimos que eles instituíssem uma consultoria então eles começam a perceber que devem fazer uma divisão de trabalho, que deve ter hierarquia, que existe uma estrutura em tudo isso. O aluno cria uma outra visão, começa a aplicar a visão escolar, passa a ter um outro conhecimento desse mundo. Mas a principio ele quer ser assistencialista, quer fazer cestinhas de natal, quer doar o próprio dinheiro, doar cestas básicas , quando percebe que a instituição não precisa disso e sim de outros meios para sobreviver ,muda de visão.

Pergt: Você acha que no final do projeto, todos os alunos envolvidos conseguem ter essa concepção de que o programa não é assistencialismo? Resp: Não, nem todos. As salas são enormes, quando a sala é menor é mais fácil para o professor dar uma visão maior para os alunos. Mas os alunos que se envolvem realmente percebem que não é assistencialismo; mas existem aqueles alunos que ficam paralelos, aqueles que só ficam na aula para terem a nota, esses alunos não percebem o que acontece.

Ø No início percebem como assistencialismo.

Ø Quem se envolve com o projeto percebe que não é assistencialismo.

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A concepção apresentada pelos alunos, a respeito do papel ideológico do

trabalho extensionista, contextualizada por meio do programa que eles conhecem e

participam, é acentuadamente diferenciada nos dois programas pesquisados. Para

que uma compreensão, de sentido mais amplo, seja possível nesta análise faz­se

necessário a observação dos depoimentos de professores e de alunos, evidenciado­

se assim a caracterização de uma face da extensão universitária, a partir das

opções estabelecidas nesta pesquisa.

No P1 – A G1 deu vários motivos pelos quais o aluno permanece no projeto:

opção pessoal; entendimento e envolvimento por conta da relação ensino­pesquisa­

extensão; necessidade financeira da bolsa de auxílio determina a inscrição no

projeto, mesmo sem conhecerem o mesmo, e a permanência ou não no projeto

também é determinada pela necessidade de bolsa.

Estas questões, não menos importantes, serão abordadas novamente quando

o quesito motivações estiver sendo trabalhado.

Mas, a referência mais próxima, quanto ao entendimento que o aluno tem

sobre o posicionamento do programa, de acordo com o depoimento da gestora, vem

através da valoração que este aluno pode dar ao trabalho, quando ele se mantém no

projeto, a partir do entendimento de que há características de um trabalho de

compromisso político com a educação.

Observando o quadro que vem a seguir, e se refere ao P1, pode­se

considerar qual é a visão dos alunos sobre este assunto.

3.4.7. Pergunta: Você acha que este programa desenvolve, predominantemente, atividades: ativista política e social, assistencialista ou é uma forma de promover o marketing institucional?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: Assistencialista não, porque a gente não visa à questão de eles estarem ali e só aprenderem isso, a gente vê o ser humano também. Marketing também não, porque a gente não tem uma preocupação de ficar mostrando o que eles fazem ou não, as

Ø Ativista social e política. Ø A questão é bem

esclarecida e a aluna tem uma visão crítica sobre o programa.

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coisas acontecem por si mesma. A gente trabalha sem se preocupar com o que os outros vão pensar.

A2: Eu acho que é tudo. Ø Todas as hipóteses são viáveis.

A3: Eu acho que não é uma atividade de marketing institucional, eu acho que é uma atividade educacional é ativista.

Ø Ativista e educacional.

A4: É difícil, eu não sei te falar, eu acho que é em tudo, a gente abraça todos, se um esta com problema pessoal a gente vai abraçar aquilo.

Ø Parece que há uma certa confusão dos conceitos, tendendo para uma atitude assistencialista, mas como postura pessoal.

A5: Acho que ele é ativista, ele faz a parte social e a parte da ação.

Ø Ativismo social.

A6: Eu acho que ele serve para resgatar as pessoas que não puderam estudar.

Ø O entrevistado entende como assistencialista mas, ao mesmo tempo fala de educação.

Neste projeto, o entendimento de alguns alunos é pautado num olhar que

identifica seu trabalho através de ativismo social e político com forte ligação à

educação. Mas, há de se considerar, que uma forte tendência a atitudes

assistencialistas também se faz presente.

A seguir o quadro de depoimentos dos alunos do P2:

3.4.8. Pergunta: Você acha que este programa desenvolve predominantemente atividade: ativista política e social, assistencialista ou é uma forma de promover o marketing institucional?

Quadro de Depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: Eu acho que as três, uma esta ligada a Ø Interligação das atividades

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outra. E acho que a pessoa que está lá fora e vê este trabalho, ajuda no Marketing Institucional.

com predominância para o Marketing Institucional.

B2: Assistencialista com certeza não, isso já foi deixado bem claro no início do projeto, assistencialismo não, para que não haja uma dependência entre o grupo e a instituição, mas eu acho que é também uma excelente jogada de marketing, eu acho que seria um misto das duas coisas, atividade sócio­educacional e marketing para a universidade, porque a moda do momento é o Terceiro Setor hoje.

Ø Não é assistencialista e se beneficia da moda em trabalhar com o Terceiro Setor, revertendo esta ação em Marketing.

B3: Eu acho que todas as opções, porque uma vai levando à outra.

Ø Interligação das atividades devido a sua interdependência.

B4: Eu acho que seria os três, o marketing porque a instituição, a empresa A, acaba participando de projetos como este, ela pode utilizar este cronograma em benefício próprio, mostrando que ela faz um projeto como este, em relação ao assistencial porque está ajudando a instituição, é um trabalho muito importante que ela esta executando e ativista porque você acaba aprendendo junto com eles.

Ø Interligação das atividades devido a sua interdependência.

B5: Eu acho que seria mais uma jogada de marketing institucional.

Ø Marketing Institucional.

B6: Eu acho que depende da instituição que estamos trabalhando, no caso do nosso grupo foi uma coisa mais para ajudar. Para a instituição (de ensino) eu acredito que é mais uma jogada de marketing.

Ø Assistencialismo por parte do grupo de alunos e marketing para a universidade.

B7: Eu acho que a universidade quer unir o útil ao agradável, ela precisa exercitar os alunos na prática, essa é a proposta da universidade, aprender na prática, então ela quer que o aluno desenvolva um trabalho,

Ø Atividade embasada na metodologia institucional, para que esta seja legitimada, mas que ao

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não assim um trabalho acadêmico, um trabalho que ele vai lá e faça na prática mesmo, só que ao mesmo tempo tem que ser uma coisa que ela aproveita para realmente ajudar, eu acho que ela tem esse interesse em ajudar.

mesmo tempo beneficia a sociedade.

Entre os alunos do P2 entrevistados percebe­se que a visão sobre as

atividades do programa de extensão do qual participaram é diversificada, mas com a

predominância do olhar para benefícios de ordem promocional da instituição

universidade.

A prática educacional se debate entre duas perspectivas que parecem antagônicas em relação do tipo de produto que oferece: ao mesmo tempo em que ela é criadora de um produto social, portanto de valor simbólico e repercussões públicas específicas é, também, produtora de mercadorias de consumo, sendo avaliada por parâmetros de mercado senso estrito. (...) Cabe as instituições atuar a partir de um segmento do marketing, dirigido e específico – o marketing educacional (Jardilino, 1999, p. 139).

Mas a interligação entre assistencialismo, ativismo político e social e

marketing institucional também ficam claros para os extensionistas.

Alguns depoimentos atestam:

B1: “Eu acho que as três, uma está ligada a outra. E acho que a pessoa que está lá fora e vê este trabalho, ajuda no Marketing Institucional”.

B4: “Eu acho que seria os três, o marketing porque a instituição, a empresa A, acaba participando de projetos como este, ela pode utilizar este cronograma em benefício próprio, mostrando que ela faz um projeto como este, em relação ao assistencial porque está ajudando a instituição”.

B6: ”Para a instituição (de ensino) eu acredito que é mais uma jogada de marketing”.

B5: “Eu acho que seria mais uma jogada de marketing institucional”.

Quanto ao assistencialismo, os alunos se pronunciam e, até mesmo, a G2 do

programa atesta, em uma de suas falas: Os alunos começam a perceber como assistencialismo (...) a principio ele quer ser assistencialista, quer fazer cestinhas de

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natal, quer doar o próprio dinheiro, doar cestas básicas; este olhar está presente em alguns momentos, de forma direta: B6: “no caso do nosso grupo foi uma coisa mais para ajudar”. B4: “A empresa faz um projeto como este, em relação ao assistencial porque está ajudando a instituição”.

Esta fala sobre “ajudar a instituição”, vai surgir ainda de forma muito forte,

quando se fala sobre as motivações para o trabalho extensionista que executaram.

Este é o depoimento do B2: “Assistencialista com certeza não, isso já foi deixado bem claro no início do projeto, assistencialismo não, para que não haja uma dependência entre o grupo e a instituição, mas eu acho que é também uma excelente jogada de marketing, eu acho que seria um misto das duas coisas, atividade sócio­educacional e marketing para a universidade, porque a moda do momento é o Terceiro Setor hoje”.

Nesse sentido também é o depoimento do B7: “Eu acho que a universidade quer unir o útil ao agradável, ela precisa exercitar os alunos na prática, essa é a proposta da universidade, aprender na prática, então ela quer que o aluno desenvolva um trabalho, não assim um trabalho acadêmico, um trabalho que ele vai lá e faça na prática mesmo, só que ao mesmo tempo tem que ser uma coisa que ela aproveita para realmente ajudar, eu acho que ela tem esse interesse em ajudar”.

Estas falas permitem mais uma analogia, na questão pertinente ao marketing

institucional, pois a atividade de extensão é embasada na metodologia institucional,

para que esta seja legitimada, e o benefício para a sociedade vem através do

trabalho que os grupos levam às instituições do Terceiro Setor. Dessa forma como

explica Botomé:

O que orienta as decisões sobre as atividades de extensão são muito mais os efeitos sobre as reações da sociedade sobre a imagem da Universidade ou sobre os interesses de grupos sociais ou de docentes na instituição do que a natureza do trabalho universitário ou o papel e a responsabilidade específicos da instituição na sociedade. (1996, p.90)

Os depoimentos a seguir direcionam, de certa forma, para um olhar mais

atento ao envolvimento dos alunos participantes no programa ou projeto. As

gestoras avaliam:

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3.4.9. Pergunta: Como você avalia o envolvimento pessoal dos alunos no programa/projeto?

Quadro de depoimentos das gestoras do P1 e do P2 Depoimentos Significados

G1: Aqueles que permanecem, por 1, 2, 3 anos têm um envolvimento enorme, nós vemos que eles ficam porque gostam do programa, da forma como e gerido e conseguem visualizar esta relação de ensino­pesquisa­extensão, são pessoas que ficam e se envolvem por conta destas questões. Como nos temos pessoas que iniciam ficam 1 mês ou 2 e não se identificam e saem.

Então ele veio não tanto pelo vínculo da extensão da discussão, mas muito mais relacionado à necessidade que ele tem de pagamento da universidade, da sua mensalidade, de um desconto.

Porque todos eles chegam sem saber exatamente o que e extensão, eles vêm sem saber muito bem o que e o programa, eles querem entrar, aquele que der um retorno mais rápido no sentido de resolver o problema aqui, porque eu tenho alunos que participam aqui, na brinquedoteca, então eles ficam assim, vão pulando, se der para participar de todos eles participam, mas eu vejo que e muito mais assim, resolveu o meu problema, que era a minha primeira preocupação e não necessariamente o trabalho com a extensão.

E aqueles que dão um tempo, querem aprender mais, que é a sua verdadeira preocupação, eles ficam.

ØEnvolvimento por 1, 2 e até 3 anos. ØAlunos gostam da forma como o programa é gerido. ØAlunos que se envolvem têm a percepção da relação do programa com ensino e pesquisa.

ØEnvolvimento pela necessidade de auxílio financeiro.

ØOs alunos que permanecem tem preocupação com o aprendizado pessoal.

G2: A princípio eles têm um bloqueio, não querem trabalhar de jeito algum e dizem “é muito difícil, as pessoas não nos aceitam!”, eles têm uma barreira. Depois quando entram na instituição vão pegando gosto,

ØBloqueio no início do trabalho. ØEnvolvimento através do trabalho de campo.

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vão sentindo que estão sendo úteis , vão se apegando a coisa e mudam de idéia .No final do trabalho formam uma outra visão , acham que colaboraram , que foram úteis , que souberam fazer algo e até dizem “a nossa instituição “ quando se referem à instituição que ajudaram , começam a participar da instituição .

Pergt: Porque você acha que no início os alunos têm uma reação negativa?

Resp: Acho que por ser algo diferente do que estão acostumados a trabalhar, não estão acostumados a trabalhar com o terceiro setor, é algo novo na vida deles, eles têm a impressão de que tudo é difícil, então a partir do momento em que começam a perceber que não é uma coisa de outro mundo mudam de idéia, formam outra idéia sobre a disciplina.

Pergt: Você acha que eles têm uma visão de que estão trabalhando ou de que são voluntários, como eles se vêem?

Resp: Se vêem como voluntários, pois a primeira coisa que instituímos aqui é que eles devem ser úteis, que ajudem de alguma forma, não captando recursos, mas sim deixando algo que ajude a instituição a crescer e que posteriormente possa se beneficiar. Por exemplo, não simplesmente fazer uma única pintura na instituição, e sim deixar um contato de uma empresa que o faça uma vez por ano.

Pergt: No final do programa o aluno tem uma nota dentro do currículo pela disciplina?

Resp: Sim, pela disciplina. A grande maioria se agarra ao projeto para ter a nota, depois quando aluno está dentro da instituição consegue perceber que o projeto é muito maior que uma nota, muito mais envolvente que uma nota. Aquele que realmente participa que se doa aprende mais e, esse sim percebe o que aconteceu. Já aqueles que nunca vão aos encontros,

ØResistência ao trabalho com o Terceiro Setor.

Ø Os alunos se vêem fazendo um trabalho voluntário.

Ø O envolvimento inicial com o trabalho é motivado pela nota que ele receberá.

Ø Quem não se envolve com os trabalhos é excluído do grupo.

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são até colocados para fora para que não atrapalhem o trabalho do grupo, os grupos que realmente se integram querem deixar algo de construtivo, de positivo.

A relação motivacional com a experiência de trabalhar com extensão é

ambígua, podendo­se observar que alguns permanecem envolvidos por 1, 2 e até 3

anos, pois gostam da forma como o programa é gerido, mas esta percepção

também é direcionada em função da relação do programa com o ensino e a

pesquisa. Esta análise de significados parte do depoimento dado pela gestora do

P1: “nós vemos que eles ficam porque gostam do programa, da forma como e gerido e conseguem visualizar esta relação de ensino­pesquisa­extensão, são pessoas que ficam e se envolvem por conta destas questões”.

Uma motivação intrínseca é demonstrada, pois o aluno busca a oportunidade

para exercitar novas habilidades e obter domínio (Guimarães, 2001. p. 25).

De acordo com a gestora do P1, os alunos que permanecem têm

preocupação com o aprendizado pessoal: ”E aqueles que dão um tempo, querem aprender mais, que é a sua verdadeira preocupação, eles ficam”.

Mas, por outro lado, existem aqueles que se envolvem pela necessidade de

auxílio financeiro: “ele veio não tanto pelo vínculo da extensão da discussão, mas muito mais relacionado à necessidade que ele tem de pagamento da universidade, da sua mensalidade, de um desconto”.

De acordo com Guimarães (2001, p. 38) “A motivação extrínseca tem sido

definida como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou

atividade, como para a obtenção de recompensas materiais”.

A fala da gestora do P1: “Porque todos eles chegam sem saber exatamente o que e extensão, eles vem sem saber muito bem o que e o programa, eles querem entrar, aquele que der um retorno mais rápido no sentido de resolver o problema aqui, porque eu tenho alunos que participam aqui, na brinquedoteca, então eles ficam assim, vão pulando, se der para participar de todos eles participam, mas eu vejo que e muito mais assim, resolveu o meu problema, que era a minha primeira preocupação e não necessariamente o trabalho com a extensão”.

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Como a maior parte das atividades desenvolvidas pelos indivíduos em sociedade são movidas preferencialmente por razões externas, para reconhecer essas situações, a melhor forma é questionar se a pessoa exerceria o mesmo trabalho se este não fosse seguido de recompensas ou se não houvesse possibilidade de algum tipo de punição por não fazê­lo (Guimarães, 2001, p.46).

A gestora do P2, afirma que no início do trabalho os alunos oferecem

resistência.

Pergunta: Porque você acha que no início os alunos têm uma reação negativa?

Resposta da G2: “Acho que por ser algo diferente do que estão acostumados a trabalhar, não estão acostumados a trabalhar com o terceiro setor, é algo novo na vida deles”.

É no decorrer da ação que eles acabam se engajando.

Fala da G2: “quando entram na instituição vão pegando gosto vão sentindo que estão sendo úteis vão se apegando as coisas e mudam de idéia”.

Observa­se aqui um processo de motivação extrínseca complexo, que tem

seu nível de regulação integrada, isto é, de acordo com Guimarães:

O nível mais elevado do desenvolvimento refere­se ao caráter autônomo e autodeterminado da motivação extrínseca. As pressões ou incentivos externos são, nesse caso, percebidos como fonte de informação sobre ações importantes a serem cumpridas e não como coerção. Os indicadores de sua ocorrência são os mesmo da motivação intrínseca, ou seja, a flexibilidade cognitiva, o processamento profundo de informações e criatividade. (2001, p. 26)

Observe a fala da gestora do P2: “No final do trabalho formam outra visão, acham que colaboraram, que foram úteis , que souberam fazer algo e até dizem “a nossa instituição” quando se referem à instituição que ajudaram , começam a participar da instituição”.

Outro aspecto a ser observado, no contexto motivação e que leva os alunos a

se envolverem com a extensão no P2 é a visão de voluntariado que se estabelece,

podendo ser devido à dinâmica de trabalho que se impõe, que é própria do trabalho

relacionado ao Terceiro Setor.

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A gestora do P2 ao ser questionada sobre a visão dos alunos sobre o trabalho

desenvolvido e o voluntariado declara:

Fala da G2: “Eles se vêem como voluntários, pois a primeira coisa que instituímos aqui é que eles devem ser úteis, que ajudem de alguma forma, não captando recursos, mas sim deixando algo que ajude a instituição a crescer e que posteriormente possa se beneficiar”.

De acordo com Guimarães (2001, p.21), “existe nesta visão, de “ser voluntário”, um nível de regulação identificada, originária da motivação extrínseca, onde o comportamento é aceito como pessoal: “envolvo­me porque acho importante

fazê­lo”. Mas, ao mesmo tempo, é necessário que haja envolvimento pessoal.

“O voluntariado sempre nasce de um impulso pessoal, solidário e de forte

caráter emocional. Seria um engano negar essa origem ou desconsiderar essa

enorme força motivacional”. (Ribas, 2007. www.portaldovoluntario.org.br)

Trabalhos extensionistas estabelecem, direta ou indiretamente, o predomínio

de uma visão positiva a respeito do trabalho voluntário, mesmo que ele não tenha,

em princípio, a motivação por valores como da caridade, compaixão e amor ao

próximo, que eram características fundamentais do voluntariado, começam a ceder

espaço para a inclusão de uma motivação por valores como cidadania e participação

responsável, consciente e comprometida com a comunidade, tanto dos indivíduos

como das instituições.

Botomé aponta que:

Talvez o ativismo político e social dê um sentimento de importância, mas não deve substituir simplesmente, outras atividades (a produção de conhecimento e a aprendizagem, por exemplo) que lhe podem dar profundidade e mais condições de eficácia (1996. p. 82).

Sabe­se que o P2 é ligado diretamente a uma disciplina no curso de

Administração de Empresa, assim, no final do programa o aluno tem uma nota, que

serve como conceito semestral para a disciplina a que está ligado. A gestora do P2

confirma: “Sim, o aluno recebe uma nota, pela disciplina. A grande maioria se agarra ao projeto para ter a nota”.

De acordo com Guimarães:

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(...) a motivação extrínseca é definida como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo, e que pode objetivar atender aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências ou habilidades. A regulação é totalmente externa: “posso ter problemas se não fizer” (2001, p.40).

O que se confirma na fala da gestora do P2: “Já aqueles que nunca vão aos encontros, são até colocados para fora para que não atrapalhem o trabalho do grupo”. Isto é, quem não se envolve com os trabalhos é excluído do grupo e pode

ficar sem a nota.

Em contraponto, ao método de motivação utilizado pelo programa, que

sistematiza e condiciona a participação à nota final da disciplina, a gestora do P2

declara: “depois, quando aluno está dentro da instituição consegue perceber que o projeto é muito maior que uma nota, muito mais envolvente que uma nota. Aquele que realmente participa que se doa aprende mais e esse sim percebe o que aconteceu”.

As universidades precisam definir melhor, a luz de sua natureza institucional, qual o papel e a atuação mais significativa e não apenas as mais urgentes ou emergentes sob o risco de manterem um papel assistencialista, paternalista ou alienante. E, mais perigosamente, com a pretensão de “gerar consistência” na comunidade e nos alunos (Botomé, 1996. p. 47).

Continuando a explorar a seqüência do fluxograma proposto para o

entendimento das questões formuladas, as gestoras explicam sobre o apoio

institucional, no que se refere ao quesito ajuda financeira, para o desenvolvimento

dos trabalhos ou para auxiliar pessoalmente os alunos por meio de bolsa­auxílio.

3.4.10. Pergunta: Os alunos recebem algum tipo de apoio institucional, como por “exemplo”, bolsa­auxílio?

Quadro de depoimentos das gestoras do P1 e do P2 Depoimentos Significados

G1: A gente fez uma parceria com a Alfabetização Solidária e sim, os nossos

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alfabetizadores tem bolsa auxílio mantida pelo Alfabetização Solidária.

Pergt: E quanto aos monitores?

Resp: Sim, eles recebem bolsas. Os monitores estão ligados diretamente ao P1, num trabalho interno vinculado a registros e pesquisas e eles têm bolsa da própria universidade, que é a bolsa de monitoria.

Ø Alguns alunos recebem bolsa­auxílio subsidiada por uma ONG (Alfabetização Solidária). Ø Outros recebem bolsa auxílio da própria universidade.

G2: Não, normalmente esse trabalho é feito fora da instituição, o aluno arca com tudo, tudo o que promover; o aluno busca parcerias, ou coloca do próprio bolso; mas não recebe bolsa auxílio.

Ø Os alunos não recebem bolsa­auxílio, mas podem procurar parcerias para realizar o trabalho dentro da instituição.

Percebe­se que o tema das bolsas­auxílio, que os alunos podem ou não

receber, tem vários ângulos a se observar.

O entendimento desta questão, a partir da relação da Instituição

Universidade, nas palavras do Pró­reitor de Extensão quando questionado sobre os aportes financeiros que a universidade coloca a disposição dos alunos extensionistas, é:

Resposta do Pró­reitor: “Sim, existem. Eu estava pensando agora, no P1, que é um Programa de Educação de Jovens e Adultos, e que é um programa que desenvolve um projeto junto a uma empresa, na região de Guarulhos para trabalhar a educação de funcionários dessa empresa, e é uma coisa bastante interessante porque como deve ser feito, a Universidade entra com o conhecimento, com a expertise e a Empresa entra com o pagamento de monitores e professores que estão envolvidos, é bastante interessante isso”.

Mas para que a questão fosse esclarecida uma nova pergunta foi proposta: Estes incentivos, eles provém também da Universidade?

Resposta do Pro­reitor: “Sim, provém também da Universidade, a Mantenedora, para falar a verdade, é uma das grandes financiadoras, seria a primeira parceira da extensão na Universidade, sem sombra de dúvidas”.

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Paralelamente a universidade também busca parcerias:

Fala do Pró­reitor: “o que tem acontecido é uma busca nossa mais agressiva por fomento externo, seja da agência, e das agências de fomento, os ministérios e as diversas fundações, como também no Segundo Setor, o Segundo Setor ele precisa reconhecer a universidade como excelente parceiro para as suas ações e aí sim meios de responsabilidade social”.

Esta postura, sobre parcerias, vem de encontro ao procedimento que os

alunos do P2 tomam como regra “Os alunos não recebem bolsa, mas podem procurar parcerias”, como explicita a gestora deste programa.

Políticas existentes para o desenvolvimento da extensão universitária também

foram foco de questionamento para o Pró­reitor:

Fala do Pró­Reitor: “Nós temos algumas políticas indutoras, agora é o Pibex 24 , que é o programa institucional de bolsa de extensão, isto para o aluno”.

A partir das informações e depoimentos analisados entende­se que subsidiar

a extensão universitária, com bolsa­auxílio, em espécie, é competência não só da

instituição universidade, mas também é fruto de parcerias com o Segundo e o

Terceiro Setores.

Sousa argumenta que:

É a partir da construção de uma concepção clara sobre o que possa ser considerado atividade de Extensão, e sobre o lugar que ocupam tais atividades dentro das IES, que poderemos discutir sobre os recursos que devem propiciar tais ações. Logicamente que tais discussões nos remeterão para o problema do financiamento e mesmo sobre quais as fontes que podem existir sendo geradoras de tais recursos (2000, p.108).

Agregada à parceria com o Segundo Setor, a universidade, que também é

uma empresa privada, divulga e amplia o conceito de Responsabilidade Social, que

pode ser manifestado e desenvolvido nas ações de extensão, que podem ser

subsidiadas por estas empresas parceiras.

24 Informações mais concretas sobre o Pibex foram buscadas, no site institucional da universidade, mas nenhuma informação oficial sobre este programa de subsídio foi encontrado.

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Este conceito é um tanto quanto controverso, pois muitas empresas privadas

se utilizam da “Responsabilidade Social”, como fator de marketing social, inclusive

Universidades Privadas, mas esta não é uma discussão que seja pertinente a esta

pesquisa.

A gestora do P1 responde sobre parcerias públicas e privadas:

“Este ano estamos com uma parceria diferente, com uma ONG, Arte na Escola, o P1 serve como um espaço em que o Arte na Escola acabou entrando como um projeto da instituição, eles acabaram se interessando em trazer um pólo para nossa região e eles também começaram uma discussão em EJA. Então tanto o Arte na Escola como o Alfabetização Solidária são ONGs e temos também uma parceria com a escola pública e com a iniciativa privada temos o Instituto Gerdau, é uma parceria que envolve três instituições: a universidade, o Instituto Gerdau e a Escola Pública, nós fizemos com esta parceria a formação de professores e alfabetizadores”.

Pergunta: A GERDAU entra como nesta parceria?

Resposta da G1: “Com os recursos financeiros, a parte de recursos vem toda do Instituto GERDAU, os professores que trabalharam receberam peloIinstituto. A formação foi para professores de alfabetização para atuarem com crianças em alfabetização. Você vê que fugimos um pouco de EJA. Mas nos mantemos em alfabetização”.

Pergunta: Os alunos do P1 recebem algum tipo de apoio institucional?

Resposta da G1: “Sim, eles recebem bolsas. Os monitores estão ligados diretamente ao P1, num trabalho interno vinculado a registros e pesquisas e eles têm bolsa da própria universidade, que e bolsa de monitoria. Os alfabetizadores recebem bolsas da Alfabetização Solidaria”.

Em comparação o P2, que é um programa desenvolvido dentro de um curso

de Administração de Empresa, não há aportes financeiros de empresas, pelo menos

diretamente, pois de acordo com a gestora, as parcerias podem ser feitas, mas em

função do auxílio à instituição na qual o projeto é desenvolvido. Os alunos que

participam, as vezes, reclamam como foi o caso do B7: ”E chega no final de semana tem que tirar dinheiro do próprio bolso, pra fazer as coisas. E ainda tem mais este custo”.

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E quanto à bolsa­auxílio da Universidade, para este projeto, percebe­se que

devido as suas características, ela seja de fato inviável, devido ao grande número de

alunos participantes e das características embutidas do trabalho voluntário.

Seguindo os parâmetros do fluxograma, a questão a seguir é sobre o

envolvimento dos alunos, na visão de seus colegas de Programa (ou Projeto).

Alunos do P1:

3.4.11. Pergunta: Você acha que seus colegas têm envolvimento com o projeto motivados por questões pessoais (realização), assistencialistas ou institucionais? Explique.

Quadro de depoimentos dos alunos do programa P1 Depoimentos Significados

A1: Eu acho que tem diferenciações, que tem o institucional, é a questão da bolsa, o valor pra continuar a estudar ou abaixar um pouco a mensalidade, é a questão financeira, o assistencialista não.

Pergt: Você já percebeu alguém que entrou no programa com essa motivação financeira e no meio do caminho se modificou?

Resp: Eu já vi sim, no começo a pessoa veio pelo desconto e hoje ela vem pelo prazer de trabalhar com EJA e pelo conhecimento.

Ø Institucional (bolsa­ auxílio).

Ø Realização pessoal.

A2: Cada um tem o seu ponto de vista, seu envolvimento com o projeto. Eu acho que é pessoal, tem pessoas que realmente estão de coração.

Ø Realização pessoal.

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A3: Eu acredito que eles fazem pelo pessoal.

Ø Realização pessoal.

A4: Eu acho que pessoal. Eu acho que em relação ao pessoal a gente tem que ver o cuidado, e ninguém trata o aluno como um mero aluno. A gente vê a dedicação que cada um tem com os seus alunos. O projeto Proeja é difícil, é uma falta de pessoal pra trabalhar, e as pessoal que vem ficam 20, 30 anos sem estudar, a gente tem que dar uma atenção pra isso.

Ø Realização pessoal.

A5: Eu acho que pessoal, acho que a maioria da equipe. Pergt: Pessoal, para formação profissional, como ser humano, o que você acha que é esse pessoal? Resp: Eu acho que pelos dois, como formação que você aprende mais e também como ser humano, que você evolui você aprende a conviver com pessoas que são cada uma de um tipo diferente.

Ø Realização pessoal.

A6: Eu acho que mais institucional. Eles também acham muito gratificante trabalhar com EJA. E tem a bolsa, que eu considero como um auxílio mesmo, motiva, ajuda um pouco sim. Eu penso que sim, nós fazemos um trabalho assistencialista.

Ø Pessoal, institucional e assistencialista.

Alunos do P2:

3.4.12. Pergunta: Você acha que seus colegas de projeto têm envolvimento com o projeto motivados por questões pessoais (realização), assistencialistas ou

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institucionais? Explique.

Quadro de depoimentos dos alunos do programa P2 Depoimentos Significados

B1: Eu acho que alguns têm a mesma opinião que eu tive, fizeram por realização pessoal e alguns fizeram pela nota. Ø Realização pessoal ou

aquisição de nota.

B2: A maioria foi por motivos pessoais, tem o pessoal que só vai por conta da nota mesmo, mas não é a maioria não; a maioria se envolveu e ficou sensibilizado com a situação da instituição e das crianças.

Ø Aquisição de nota e assistencialismo.

B3: Institucionais, nós éramos cobrados e a gente tinha que ir atrás. 12 pessoas no grupo.

Ø Razões institucionais.

B4: Acho que todos os pontos. Quem vem à universidade procura conhecimento , mas só isso não basta , nós alunos temos que demonstrar nossos conhecimentos através de notas , então todos nós buscamos notas boas.Através do projeto , nós nos desempenhamos em ajudar a instituição, porque todos queríamos ver as crianças felizes , como também às pessoas da instituição que efetuavam o projeto. Procuramos nos dedicar ao máximo também com a parte política , porque aprendemos muito com tudo isso .

Ø Questões pessoais, institucionais e assistencialistas.

B5: É bem difícil dizer, acho que foi no meio termo, as três coisas.

Ø Questões pessoais, institucionais e assistencialistas.

B6: Ah, foi à institucional, com certeza. Porque o grupo tinha muitas desavenças, e aí alguns pegaram o trabalho pra si e desenvolveram, pra dizer que eles eram os

Ø Questões pessoais e institucionais.

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melhores.

B7: Variou. Eles estavam envolvidos pessoalmente, a não ser de não ser fácil, depois a gente vendo a situação real, eles se envolveram, uns mais e outros mais. O grupo tinha vinte e uma pessoas.

Ø Questões pessoais e assistencialistas.

Estas palavras de Nogueira representam, no contexto do Programa (ou

Projeto) pesquisado, a face que cada participante entende como sendo a do outro,

pois ao observar o comportamento, os interesses do colega de trabalho, este “ato reflexivo” se faz verdade.

(...) a verdade se põe, também, no “ato reflexivo” mediante o qual a experiência se fez verificar. Ou seja, a veracidade dos objetos (e das idéias) se apresenta tecnicamente na forma (no sistema) com que estes objetos são apresentados; mas veracidade também se apresenta politicamente na transparência dos procedimentos com que se teve acesso a eles (objetos, idéias). (Nogueira,1997, p.37)

Talvez nesta reflexão se faça presente a consciência da extensão como

conhecimento e não só um interesse pontual, marcadas por situações nem sempre

desejadas, pois o vínculo com a sociedade é parte integrante e ativa do trabalho

extensionista, mas “a extensão de serviços empacotados deriva facilmente para o

assistencialismo manipulatório e ideologizante”. (Revista Educação e Linguagem

UMESP – Severino, 1998, p.31)

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Capítulo IV

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CAPÍTULO IV – O TRIPÉ: ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

4.1. A Interligação

Neste capítulo o trabalho com a categoria “O Tripé” será delineado, seguindo

os mesmos pressupostos metodológicos da categoria “Políticas”, que é na realidade,

a junção de várias perguntas e respostas advindas dos três eixos principais: Política

Institucional; Extensão, Pesquisa e Ensino; e Motivações, que foram feitas tanto às

gestoras do Programa ou Projeto, quanto aos alunos extensionistas participantes.

Alguns momentos do depoimento do Pró­reitor de extensão e assuntos acadêmicos

também são utilizados.

Perguntas da categoria: Tripé: Ensino, pesquisa e extensão.

1. Quais as metodologias utilizadas junto ao aluno extensionista para

concretizar o Programa (ou Projeto)? (gestoras)

2. Quais as metodologias que o aluno executa para concretizar o Programa

(ou Projeto)? (gestoras)

3. E quanto ao desenvolvimento de ações interdisciplinares, há professores

de outras disciplinas, ou cursos que participam do programa? (gestoras)

4. Você trabalha com outros professores de outras disciplinas? (alunos)

5. Quais as metodologias utilizadas para a execução deste programa?

(alunos)

6. Como é o processo de registro do Programa (ou Projeto)? (gestoras)

7. Como é o processo de registro das atividades? (alunos)

8. Como se manifesta a articulação entre ensino, pesquisa e a sala de aula,

para o aluno? (gestoras)

9. Existe algum tipo de produto, artigos, eventos? (alunos)

10.Como você avalia o efeito da interação resultante da ação da extensão

junto às atividades acadêmicas (ensino e ou pesquisa) (alunos)

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4.2. O Fluxograma

A função deste fluxograma é a de viasualizar­se e entender, de forma mais

simples e objetiva, as possíveis interligações entre as perguntas, respostas e

análises dos vários eixos apresentados, mas que se traduzem nesta categoria: O

Tripé: Ensino, Pesquisa e Extensão.

METODOLOGIAS UTILIZADAS JUNTO AO

ALUNO [PROGRAMA & ALUNO]

METODOLOGIAS QUE O ALUNO UTILIZA

[ALUNO & METODOLOGIAS]

METODOLOGIAS QUE O ALUNO UTILIZA PARA

CONCRETIZAR O TRABALHO

[PROGRAMA & ALUNO]

REGISTRO

INTERDISCIPLINARIDADE

INDISSOCIABILIDADE EXTENSÃO ENSINO

PESQUISA

?

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4.3. A Categoria: Pesquisa, Ensino e Extensão

Para que, de fato, se possa observar como se manifesta a indissociabilidade

entre ensino, pesquisa e extensão é necessário que se observe as metodologias

utilizadas nos Programas (ou Projetos) de Extensão, e como os alunos

extensionistas interagem com essas práticas metodológicas.

As perguntas que se seguem e suas respostas podem indicar como este tripé é vivenciado e em quais formas e combinações ele se apresenta.

A pergunta feita às gestoras sobre metodologias dá início a este processo.

Acompanhe.

4.3.1. Pergunta: Quais as metodologias utilizadas junto ao aluno extensionista para concretizar o programa? (ou projeto)

Quadro de depoimentos das gestoras do P1 e do P2 Depoimentos Significados

G1: Nós podemos colocar como parte dessa metodologia a oferta do curso de capacitação, que dá formação inicial e uma formação continuada que vai ocorrendo ao longo do processo em que eles estão aqui dentro do trabalho, diria que talvez um terceiro momento pra fazer um acompanhamento maior são as denominadas reuniões pedagógicas. Nós tentamos, dentro das reuniões pedagógicas, dos cursos de capacitação continuada, ouvir um pouco a respeito das dificuldades que eles têm e tentar trabalhá­ las. Também temos 1 aluno que hoje exerce a função de coordenador pedagógico, com este a metodologia tem que ser um pouco diferenciada, nós só escolhemos se ele tiver um acúmulo dentro de sala de aula, nós chamamos de coordenador de grupo, ele tem que ter um perfil, uma preocupação muito grande com a sala de aula, consegue ter uma visão mais do todo, tem o perfil de acompanhar o que os outros estão fazendo, tem uma preocupação de sistematizar um pouco mais o trabalho, então com este nós temos que ter um contato maior.

Ø Capacitar o aluno para o trabalho com alfabetização de adultos.

Ø Preparar um aluno para coordenação de professores.

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G2: Começamos com uma aula teórica, fazendo uma explanação de tudo o que o aluno vai ver no primeiro semestre, então mostramos o que é responsabilidade, cidadania, terceiro setor, explicamos detalhadamente antes de começar o segundo semestre, damos uma iniciação do que o aluno fará no segundo semestre, o aluno tem todo o roteiro do que ele deverá fazer, e aprende o que deve montar para poder estar atuando; o aluno vai a campo, acha uma instituição e nela aplica todo o conhecimento que obteve em sala de aula; depois que ele faz o trabalho na instituição, finaliza o trabalho com o semestre, e a turma posterior vai para outra, normalmente pedimos que o trabalho realizado seja auto­ sustentável, essa é a parte mais importante do trabalho, o objetivo é que o trabalho realizado na instituição seja permanente, para que a instituição possa trabalhar com isso e se beneficiar de alguma forma.

Ø Conhecimento da teoria. Ø Preparação para o trabalho

de campo. Ø Conscientizar da

sustentabilidade do processo para a instituição.

A comparação entre estas metodologias, que podemos caracterizar como

metodologias de ensino, não se faz adequada, pois os programas são de natureza

diferenciada. Enquanto o P1 trabalha com formação de professores, o P2 trabalha

com formação de administradores, então os objetivos e os conteúdos são

evidentemente diferentes.

Mas, o que se pode levar em consideração, é que este é ensino universitário,

é formação de profissionais para a contemporaneidade, e este é um dos momentos,

neste contexto, em que o ensino se cruza com a extensão. Severino considera que:

(...) a extensão tem grande alcance pedagógico, levando o jovem estudante a vivenciar sua realidade social. É por meio dela que o sujeito/aprendiz irá formar sua nova consciência social. A extensão cria então um espaço de formação pedagógica, numa dimensão própria e insubstituível (1998, p. 36).

Masetto aponta alguns direcionamentos seguidos, na atualidade, em relação

à formação de profissionais e à prática docente.

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Quanto à formação de profissionais, esta se apresenta como exigência de

totalidade: “Desenvolvimento na área do conhecimento; desenvolvimento no aspecto

afetivo­emocional; desenvolvimento de habilidades; desenvolvimento de atitudes e

valores” (Masetto, 1998, p.14).

Na seqüência, as gestoras continuam explicando sobre o processo de

construção de seu Programa (ou Projeto)

4.3.2. Pergunta: Quais as metodologias que o aluno executa para concretizar o programa? (ou projeto)

Quadro de depoimentos das gestoras do P1 e do P2 Depoimentos Significados

G1: A metodologia de ensino utilizada em sala de aula é tanto do programa quanto como a que o aluno realiza em sala de aula para alfabetizar os jovens e adultos, é alfabetizar se utilizando dos métodos que a Pedagogia oferece. Temos alguns pressupostos teóricos da alfabetização e os alunos são capacitados para entendê­los e praticá­los e evidentemente que trabalham com os seus próprios conhecimentos que trazem das suas aulas na licenciatura.

Ø Utilização dos conhecimentos que trazem da sala de aula.

Ø Utilização de conhecimentos específicos da área, dados pelo Programa.

G2: Visitas a ONG escolhida, reuniões em sala de aula sobre o que fazer para solucionar o problema identificado, busca de patrocínios para a conclusão do trabalho, se este necessitar de recursos financeiros, concretização da proposta na ONG e finalmente a formatação do trabalho escrito para entrega. A princípio fazíamos um grande grupo formado pela sala toda, nesse grupo era mais difícil resgatar todos os alunos para a disciplina; a partir do momento em que dividimos a sala em grupos diferentes ficou mais fácil trabalhar, pois são grupos menores, o grupo todo consegue adquirir a consciência ou grande parte dos componentes de cada grupo. Hoje consigo mais facilmente conscientizar os alunos e

Ø Trabalho de campo. Ø Formatação de trabalho

escrito.

Ø Grupos menores de trabalho influenciaram na melhoria da conscientização.

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envolvê­los.

Pergt: Você acha que com essa divisão o aluno tem mais entendimento do todo?

Resp: Sim, tem. Existe mais participação, porque o próprio grupo faz com que o aluno trabalhe, e eu estimulo escolhendo um líder, pois o líder é quem deverá “puxar” o pessoal para trabalhar; os alunos fazem um organograma, escolhem um presidente, vice presidente, eles tem uma serie de atividades onde todos devem corresponder, ou então o próprio líder delata o indivíduo que não fez nada, prejudicando sua nota; então o aluno se conscientiza e participa de uma forma ou de outra, por bem ou por mal.

Pergt: E há realização de algum evento que sinalize o programa ou o encaminhe para uma segunda fase?

Resp: Sim, é um encontro de todas as equipes que participaram do programa, de todos os cursos e no termino desse evento os alunos passam por uma banca e lá são premiados, o 1°, 2° e 3° lugar de cada curso. O grupo de alunos que mais se destaca mostra seu trabalho em uma banca, eles se sentem honrados em estar mostrando o trabalho para alguém que não é professor da sala.

Pergt: Então eles são premiados?

Resp: São premiados, ganham um premio simbólico. Esse ano conseguimos parcerias com empresários que vão patrocinar, dando o prêmio para os ganhadores para que possam ajudar a instituição.

Ø Participação no trabalho determina a nota individual.

Ø Evento de divulgação com patrocinadores.

Ø Premiação pelos melhores trabalhos.

Para Botomé (1996) o acesso ao conhecimento através do ensino pode ser

observado sob a ótica da utilização do conhecimento, adquirido pelos alunos, para

agir perante situações e problemas que se defrontam em sua atuação na sociedade.

Assim, esses alunos exercem ações profissionais e pessoais quando praticam o

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trabalho ou vivenciam o cotidiano existencial em relação ao qual a escola os

capacitou a lidar.

Quando a gestora do P1 declara que: “Temos alguns pressupostos teóricos da alfabetização e os alunos são capacitados para entendê­los e praticá­los e, evidentemente, trabalham com os seus próprios conhecimentos, que trazem das suas aulas na licenciatura”. Entende­se que ensino e extensão se fundem na prática do trabalho que é executado neste programa.

Essa dinâmica que se processa, através do trabalho em sala de aula, seja

quando o aluno extensionista aprende ou quando ele ensina é referenciada por

Botomé:

O acesso ao conhecimento que a universidade produz e domina deve ser o aspecto mais importante para orientar os trabalhos que possam ser feitos sob o rótulo de “extensão”. Tal acesso, porém, deve ser considerada uma característica do ensino (1996, p.181).

No P2 uma proposta de aprendizagem vivencial se faz presente. De acordo

com Teixeira (2007) a expressão aprendizagem vivencial refere­se àquela técnica,

em que é utilizada como base para o processo de aprendizagem, a experiência e a

vivência do aluno. Esta definição implica em adotar a postura segundo a qual o

processo de aprendizagem é ativo, é colocado na situação em que deve agir (fazer

algo novo).

A gestora do P2 esclarece que a metodologia é centrada em: “Visitas à ONG escolhida, reuniões em sala de aula sobre o que fazer para solucionar o problema identificado, busca de patrocínios para a conclusão do trabalho, se este necessitar de recursos financeiros, concretização da proposta na ONG e finalmente a formatação do trabalho escrito para entrega”.

O conceito do que seja aprendizagem vivencial é de que ela abrange todo material em que os indivíduos "aprendem fazendo”. Desta forma, a aprendizagem vivencial não se resume em somente "fazer", ela envolve execução, comparação, avaliação de uma nova alternativa e recebimento de apoio (ou reforço), para criar a mudança de comportamento do aluno. No ambiente de aprendizagem vivencial o aluno é engajado ativamente na execução de uma tarefa (exercício, decisão etc.) para a qual existe uma meta fixada e ele aprende tanto com a execução

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da tarefa, como também com a avaliação do seu desempenho pela comparação dela com uma norma ou teoria apropriada. (Teixeira, www.serprofessoruniversitario.pro.br. 2007)

Apresenta­se assim um trabalho extensionista que privilegia um método de

ensino/aprendizagem adequado as características do curso ao qual está vinculado,

pois, é prática em cursos de administração de empresas a utilização de grupos de

métodos de ensino onde se privilegia o desenvolvimento de atividades das relações

humanas, enquanto outro desenvolve habilidades no emprego de conhecimentos

para a solução de problemas e tomadas de decisões.

Maier considera dois grandes grupos de problemas que se apresentam ao

administrador, no exercício de sua profissão nas organizações.

1 – Problemas que exigem solução de qualidade técnica: para tanto se faz necessária uma conduta adaptável à tomada de decisões técnicas. 2 – Problemas que implicam uma solução de aceitação social: para tanto se faz necessária uma conduta adaptável à tomada de decisões em grupo (1963, p.25).

A metodologia utilizada para conceituar o trabalho é embasada na

participação ou não das atividades propostas, de acordo com a gestora do P2:

G2: “Existe mais participação, porque o próprio grupo faz com que o aluno trabalhe, e eu estimulo escolhendo um líder, pois o líder é quem deverá “puxar” o pessoal para trabalhar”.

“Eles tem uma série de atividades onde todos devem corresponder, ou então o próprio líder delata o indivíduo que não fez nada, prejudicando sua nota; então o aluno se conscientiza e participa de uma forma ou de outra, por bem ou por mal”.

Propõe­se aqui uma reflexão sobre a conscientização da postura proposta,

que teoricamente privilegia o trabalho com problemas que implicam uma solução de

aceitação social e a necessidade da conduta adaptável à tomada de decisões em

grupo.

A concepção de conscientização, conforme definida por Paulo Freire,

contribui muito para o esclarecimento da questão:

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A conscientização é, neste sentido, um teste de realidade. Quanto mais conscientização, mais se “desvela” a realidade, mais se penetra na essência fenomênica do objeto, frente ao qual nos encontramos para analisá­lo. Por esta mesma razão, a conscientização não consiste em “estar frente à realidade” assumindo uma posição falsamente intelectual. A conscientização não pode existir fora da práxis, ou melhor, sem o ato ação reflexão. Esta unidade dialética constitui­se de maneira permanente, o modo de ser ou transformar o mundo que caracteriza os homens. Por isso mesmo, a conscientização é um compromisso histórico. É também consciência histórica: é inserção crítica na história, implica que os homens assumam o papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo. Exige que os homens criem uma existência com um material que a vida lhes oferece (...). A conscientização não está baseada sobre a consciência, de um lado, e o mundo de outro; por outra parte, não pretende uma separação. Ao contrário, está baseada na relação consciência mundo. (Freire, 1980, p.26)

Ainda dentro do tópico metodologias utilizadas, pode­se observar o “evento

de premiação”, que de certa forma privilegia a cultura da competição, muito utilizada

nos meios empresariais. O fato de que, de acordo com a gestora do P2: “eles se sentem honrados em estar mostrando o trabalho para alguém que não é professor da sala”, parece positivo.

Seguem­se os quadros que mostram as relações interdisciplinares na visão

das gestoras do Programa ou Projeto e em seguida a dos alunos.

As gestoras explicam sobre ações interdisciplinares:

4.3.3. Pergunta: E quanto ao desenvolvimento de ações interdisciplinares, há professores de outras disciplinas, ou cursos que participam do programa (ou projeto)?

Quadro de depoimentos das gestoras do P1 e do P2 Depoimentos Significados

G1: Não vejo isso, acaba ficando muito com os professores que já estão atuando, os professores que não tem uma relação direta com a extensão ele não sabe também exatamente como é essa extensão, como essa extensão funciona. Existe uma falha enorme, só mesmo aqueles que em algum momento tiveram os alunos envolvidos,

ØOs professores não conhecem direito o trabalho com extensão. ØOs professores não interagem com a extensão.

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com estágio, estes às vezes desenvolvem alguma atividade, se não do contrário a gente não vê professores de cursos diferenciados se envolverem, se preocuparem, ou fazerem um plano, ou planejamento fazendo alguma proposta que faça com que esse aluno se aproxime da extensão, isso eu não vejo.

Ø Os professores não viabilizam planejamento para trabalhos com a extensão.

G2: Agora, aos poucos estamos conseguindo outros professores, mas ainda não atingimos a totalidade. Alguns nos ajudam, um ou dois.

Pergt: E eles se prontificam, ou vocês têm de ir atrás?

Resp: Os professores se prontificam, às vezes conseguimos despertar o interesse de um, às vezes o professor decide sair e temos que convencer um outro a entrar em seu lugar.

Pergt: Os professores pedem trabalhos fundamentados no projeto?

Resp: Sim, pedem trabalhos como o resultado da pesquisa que os alunos fizeram nas ONGS.

Pergt: E esses trabalhos são direcionados para a disciplina do professor?

Resp: Sim, são direcionados para a disciplina dos professores, como por exemplo, um balanço contábil, uma pesquisa psicológica em psicologia, sempre tem um professor ou outro que nos ajuda.

Ø Poucos professores se envolvem no processo;

Ø Os professores que se envolvem solicitam trabalhos, para suas disciplinas, baseados no programa.

Tanto o P1 como o P2 demonstram, na fala de suas gestoras, os mesmos

significados em relação ao envolvimento de outros professores nos trabalhos dos

programas, ação que, caso seja praticada, teria como objetivo um trabalho

interdisciplinar:

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G1: “os professores que não tem uma relação direta com a extensão ele não sabe também exatamente como é essa extensão, como essa extensão funciona”.

G2: “aos poucos estamos conseguindo outros professores, mas ainda não atingimos a totalidade. Alguns nos ajudam, um ou dois”.

Observa­se que os professores não conhecem adequadamente o trabalho

com extensão e que poucos professores se envolvem no processo.

A gestora do P1 tem uma fala muito significativa: “Existe uma falha enorme, só mesmo aqueles que em algum momento tiveram os alunos envolvidos, com estágio, estes às vezes desenvolvem alguma atividade, se não do contrário a gente não vê professores de cursos diferenciados se envolverem, se preocuparem, ou fazerem um plano, ou planejamento fazendo alguma proposta que faça com que esse aluno se aproxime da extensão, isso eu não vejo.

Dessa forma percebe­se que a maioria dos professores não interagem com a

extensão e os professores não viabilizam planejamento para trabalhos com a

extensão.

Este aspecto, observado na prática e na fala da gestora do P1, condiz com a

fala do Pró­reitor de Extensão da referida universidade que, a partir de certas

perguntas, chega a uma linha de raciocínio muito objetiva.

Acompanhe as perguntas e respostas, a seguir:

Pergunta: Como o Sr. vê hoje o desenvolvimento da extensão nas

universidades privadas?

Pró­reitor: “Pouquíssimos gestores despertaram para a importância da extensão na formação, a extensão ela ainda é vista, muitas vezes, como a prática da Responsabilidade Social da mantenedora, porque é a mantenedora que fomenta uma parte das ações extensionistas, e aí sim, mas da Universidade, da mantida não, ela é uma prática acadêmica e acabam não trabalhando o potencial formativo da extensão. Os alunos se envolvem nos programas e projetos de extensão com muito entusiasmo, mas pouquíssima eficiência, eficácia e efetividade”.

Pergunta: Por que eles não têm a clareza, da importância daquilo que eles

estão fazendo?

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Pró­reitor: “Não, eles não articulam aquilo com o saber que esta sendo trabalhado na sala de aula, que o auxilia a fazer aquilo, em hipótese alguma”.

Pergunta: O Sr. não acha que isso tem há ver com o professor que esta em

sala de aula executando esse projeto?

Pró­reitor: “Faz parte de o gestor institucional dialogar com os professores”.

Pergunta: Seriam coordenações e direções?

Pró­reitor: “É um trabalho de socialização, é muito difícil, nós temos 500 professores na Universidade A, talvez 150 tenham o conceito de extensão, e eu estou sendo otimista”.

Em outro momento da entrevista uma contradição se faz presente.

Pergunta: O Sr. acha que o professor que está em sala de aula, ele tem essa

concepção esclarecida da extensão?

Pró­reitor: “Alguns tem, sim a grande maioria dos nossos professores tem uma idéia muito clara sobre o que é extensão, a extensão como um princípio pedagógico, a importância da extensão como princípio pedagógico, até como um elemento que possibilite a flexibilização curricular”.

Pode­se presumir que os professores que se envolvem e solicitam trabalhos

para suas disciplinas, baseados no programa, como atesta a fala da gestora do P2: “Alguns nos ajudam, um ou dois” façam parte desta minoria citada pelo pró­reitor.

Há de se observar as palavras de Severino:

É preciso que o educador reflita atentamente sobre o sentido de sua prática no que se refere às implicações político­sociais dela, pois sem a compreensão dessas implicações não poderá entender de modo adequado a significação de seu trabalho. Seu trabalho não se resume a uma função técnico­pedagógica: ao contrário, ele tem uma importante dimensão política, tal a inter­relação da educação com a sociedade (Severino, UMESP, 1998, p.28).

Neste mesmo contexto, é interessante que se observe a fala do Pró­reitor de

extensão no que se refere à interdisciplinaridade da extensão: “A extensão ela é antes de tudo interdisciplinar”.

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Questiona­se então como praticar a interdisciplinaridade se os professores

mal sabem qual o conceito de extensão e, como ela se mostra favorável a trabalhos

interdisciplinares.

Em reportagem dada ao site “Educacional” a profa. Ivani Fazenda traduz o

que é interdisciplinaridade:

É tentar formar alguém a partir de tudo que você já estudou em sua vida, define. O objetivo dessa metodologia, em sua opinião, também é bem mais profundo do que procurar interconexões entre as diversas disciplinas. Ela serve para "dar visibilidade e movimento ao talento escondido que existe em cada um de nós. ( www.educacional.com.br, 2006).

Será que extensão aliada a ensino e pesquisa seria capaz de dar conta dessa

interdisciplinaridade?

Sousa comenta que:

Tem­se reafirmado, durante os encontros do Fórum, o papel instrumentalizador e articulador da Extensão Universitária. Nesse papel, ela deve funcionar como articuladora entre diferentes funções acadêmicas, ou seja, intramuros, como um trabalho interdisciplinar e também entre a Sociedade e a Universidade, dentro de diferentes setores dessa Sociedade, porém não perdendo de vista o seu lugar como processo pedagógico concomitante (2000, p. 107).

Os alunos explicam como é o trabalho interdisciplinar:

4.3.4. Pergunta: Você trabalha com outros professores de outras disciplinas na formatação deste projeto? (do seu curso ou de outros) Quem faz essa articulação?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: A coordenadora, e eu discutimos com alguns professores, mas indiretamente, e tem a prof. de Artes.

Ø Coordenação e professores.

A2: Eu trabalho com a profa. de Ed.

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Artística, e o ano passado com a profa. M, mas os professores da sala de aula não.

Ø 2 professoras.

A3: Eu trabalho muito com a profa. C. R., que trabalha com alunos especiais, eu tiro dúvidas e vejo se estou trabalhando dentro da realidade deles.

Ø 1 professora.

A4: Eu tenho muitas amigas que já fizeram magistério e elas me ajudam.

Pergt: Mas e aqui dentro da universidade?

Resp: Sim, nós temos um projeto e a gente fez um rodízio em um determinado período, foi bom.

Pergt: O que é esse rodízio?

Resp: Um professor ia para uma sala de aula e dava uma determinada disciplina em sala e aula e depois ia para outra.

Pergt: Ah, vocês aqui no PROEJA?

Resp: Começamos a fazer rodízio, porque para o aluno é difícil no ano seguinte ele começar a ter vários professores, então trabalhamos a questão da rejeição.

Pergt: Você não trabalha com outros cursos aqui na universidade?

Resp: Eu faço parte da monitoria da brinquedoteca.

Ø Procura ajuda de amigas professoras.

A5: Trabalho. Este meu projeto ele é feito também com uma professora que também é ligada ao EJA, ela é ligada dentro da sala de aula, e o que ela está me explicando na sala de aula era o problema que eu estava passando dentro de alfabetização, então eu pedi pra ela me auxiliar, então tudo dentro da minha grade, que eu tenho dificuldade, eu procuro pelos meus professores.

Ø Procura professores do seu curso de graduação.

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Pergt: E esta iniciativa é sua?

Resp: Minha, mas eles também deixam aberto, pra que nós possamos chegar próximos.

A6: Procuro levar minhas dúvidas para os professores que podem resolver, mas não é sempre.

Ø Procura os professores do seu curso de graduação, mas não com freqüência.

Os alunos do P2:

4.3.5. Pergunta: Você trabalha com outros professores de outras disciplinas na formatação deste projeto? (do seu curso ou de outros cursos) Quem faz essa articulação?

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: A mim ajudou, indiretamente, porque às vezes eu tinha alguma dúvida no que eu ia fazer pra tá melhorando e eu pedia ajuda para o prof. E, ele dá Introdução à Administração, e daí eu peguei algumas coisas. Pergt. E ele sabia que era para esse projeto? Resp. Sim ele sabia.

Ø Procurou 1 professor por iniciativa própria.

B2: Não, só a professora da disciplina mesmo.

Ø Não.

B3: Não. O nosso grupo não procurou outros professores.

Ø Não.

B4: Não, nós trabalhamos apenas com professores da disciplina.

Ø Não.

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B5: Não. Ø Não.

B6: Não. Ø Não.

B7: Eu, em particular não. Ø Não.

Na comparação entre os dois trabalhos pode­se observar que os alunos do

P1 têm maior mobilidade e autonomia na busca da interdisciplinaridade, até porque,

por serem alunos de licenciatura, têm a consciência pedagógica do que é

interdisciplinaridade e da sua importância, nos dias de hoje, para o mundo da

educação.

Já entre os alunos do P2, apenas um procurou informações adicionais para

complementar sua aprendizagem.

No Fórum Nacional de Pró­Reitores de Extensão das Universidades Públicas

Brasileiras, em 1990, promoveu­se a idéia de que:

A extensão é um dos campos estratégicos para a promoção de atividades acadêmicas, de caráter interdisciplinar, integrando grupos de áreas distintas do conhecimento, contribuindo à modificação progressiva da forma de fazer ciência e da transmissão desse tipo de saber e revertendo a tendência historicamente dominante de compartimentação do conhecimento da realidade. (1990b:26)

Seguindo a linha estratégica do fluxograma proposto para esta categoria a

pergunta que se segue, diz respeito às metodologias utilizadas e transforma­se no

elo de ligação com a questão anterior, referente à interdisciplinaridade.

Os alunos explicam como funcionam as metodologias:

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4.3.6. Pergunta: Quais as metodologias utilizadas para a execução deste programa?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: O programa tem uma parceria da universidade com a Alfabetização Solidária, então nós estamos inseridos dentro do Brasil Alfabetizado que é um programa de 8 meses e é onde a gente trabalha alfabetização com os alunos.

Pergt: Dentro desse trabalho vocês recebem um material que vem da universidade?

Resp: Não, o material que a gente tem vem da Alfabetização Solidária, e nós podemos fazer criar utilizar outros tipos de materiais dentro do processo, fazendo aquilo que a gente acha melhor.

Pergt: Ele é uma linha a seguir, mas dentro dela vocês colocam coisas importantes que vocês podem criar.

Resp: É uma coisa importante pra gente, porque a pesquisa que acontece dentro dessa extensão universitária também, é que proporciona isso, a gente produz um material na pesquisa e que a gente possa utilizar em sala de aula. Então, a gente fez um trabalho sobre jornais, surgiu uma pesquisa, então como eu vou utilizar este material em sala de aula.

Ø Utilizam material da ONG parceira e também criam.

Ø Pesquisam materiais específicos para o trabalho de extensão.

A2: Na monitoria, nós colhemos materiais para o pessoal que esta trabalhando nas salas de aula, por exemplo, materiais que falem sobre educação de jovens e adultos, isso é buscar materiais para auxiliar os alfabetizadores, e tudo passa pela coordenação antes. Olhamos internet, livros, revistas, jornais, e tudo que se relacione com EJA.

Pergt: Esses materiais são utilizados em sala de aula?

Ø Pesquisam materiais para o apoio, em internet, livros, revistas e jornais.

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Resp: Também, no ano passado a gente utilizou o jornal em sala de aula, e buscamos materiais para se trabalhar matemática, português, história.

Pergt: Vocês dão um apoio logístico?

Resp: Isso, e nós trabalhamos até no apoio de textos.

A3: A gente usa muito leitura, além de trabalhar com matemática, muitos problemas, a gente trabalha Matemática com Português. Eu não costumo deixar passar dúvidas, mesmo que seja uma coisa que não tenha ha ver com aquele momento.

Pergt: O alfabetizador tem uma formação que é dada pelo programa, para que ele seja alfabetizador?

Resp: Sim, tem as capacitações continuadas e no começo do ano tem a capacitação inicial, durante o ano são as continuadas.

Pergt: é a professora R, que dá essas capacitações?

Resp: Ela coordena, mas nem todas é ela que dá, são outros professores que vem dar o curso.

Ø Trabalho interdisciplinar com português e matemática.

A4: Eu uso oralidade, eu uso muito o cotidiano, muitas vezes eles chegam com alguma dúvida, e aí eu trabalho em cima disso, eu vou muito pelo interesse deles e não pelo meu. Sabendo do interesse deles a gente pode trabalhar em cima daquilo e trabalhar o meu interesse também.

Ø Referências ao cotidiano dos alunos através da oralidade na busca dos conteúdos.

A5: Eu sou da turma do 4º ano, o pessoal que já está no final do curso de alfabetização, então eu utilizo várias metodologias, a gente procura melhorar a alfabetização deles. Quanto às

Ø Leitura compartilhada, colaborativa e matemática do cotidiano.

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metodologias, têm tantas,... no caso de leitura a gente utiliza leitura compartilhada, colaborativa, tem a parte gramatical a parte oral e no caso de matemática tem a matemática ligada ao cotidiano deles e tem as outras matérias também.

A6: Eu procuro pegar coisas do dia a dia, que nós convivemos sempre, problemas de matemática, português mesmo, noticiários e etc.

Ø Trabalha com o cotidiano dos alunos.

Este programa, que por estar ligado à formação de educadores, acaba se

apropriando do estudo e da aplicação de teorias e metodologias educacionais, que

visam o desenvolvimento humano, de forma dialógica e interdisciplinar.

Os extensionistas estão centrados em ensinar, em provocar a aprendizagem

no aluno. “Aprendizagem é um processo de desenvolvimento pessoal no âmbito

intelectual, social, ético, afetivo, físico e motor”. (Castanho, 1989, p.35)

Na fala do aluno A1, podemos observar as relações identificadas com a

pesquisa acontecendo dentro das práticas do Programa:

Depoimento do A1: “o material que a gente tem vem da alfabetização solidária, e nós podemos fazer, criar utilizar outros tipos de materiais dentro do processo, fazendo aquilo que a gente acha melhor”

Pergunta: Ele é uma linha a seguir, mas dentro dela vocês colocam coisas

importantes que vocês podem criar.

Resposta: “Ë uma coisa importante pra gente, porque a pesquisa que acontece dentro dessa extensão universitária também, é que proporciona isso, a gente produz um material na pesquisa e que a gente possa utilizar em sala de aula. Então, a gente fez um trabalho sobre jornais, surgiu uma pesquisa, então como eu vou utilizar este material em sala de aula”.

Esta relação com a pesquisa é contextualizada no momento em que este

aluno extensionista se coloca no papel de profissional da educação.

Botomé salienta que

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O que faz com que a pesquisa tenha uma “razão de ser” é a sua efetiva contribuição para melhorar as relações das pessoas com sua realidade, as situações com que se defrontam, elevando a qualidade de suas vidas. Nesse sentido, o acesso ao conhecimento é, ao mesmo tempo, uma importante etapa do processo de pesquisa científica e um componente de sua relevância social. Quem tem acesso a esse conhecimento? Quantos o utilizam? Quantos se beneficiam? Ou quantos não utilizam nem se beneficiam dele? (Botomé, 1996, p.120).

Os alunos do P2 descrevem a metodologia que utilizam:

4.3.7. Pergunta: Quais as metodologias utilizadas para a execução deste programa?

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: Bom o que foi passado para a gente é que a gente teria que fazer, entre aspas, uma consultoria e a gente teria que simular que estaríamos atendendo uma empresa do Terceiro Setor. Foi mais ou menos isso.

Pergt: Vocês teriam que atender o que?

Resp: A gente teria que atender empresas do Terceiro Setor e analisar o que elas precisavam o trabalho praticamente de uma consultoria, um trabalho na prática.

Ø Simular uma consultoria para uma instituição do Terceiro Setor, analisando suas necessidades.

B2: Nós recebemos inicialmente um roteiro de como deveria ser efetuado o trabalho, posteriormente depois que nós conseguimos a ONG é que nós poderíamos atuar. Semanalmente nós éramos pautados pela professora, fazíamos o trabalho e a professora acompanhava o andamento.

Nós fomos incumbidos de localizar uma organização de 3º setor que aceitasse um trabalho nosso, uma intervenção administrativa nossa, não poderia ser intervenção financeira e nem uma intervenção do dia­a­dia, por exemplo, a professora citou claramente “não adianta vocês falarem que a instituição está

Ø Roteiro de trabalho. Ø Acompanhamento

semanal da professora. Ø Localização da ONG. Ø Intervenção administrativa

e não assistencialista.

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precisando de pintura, então todos decidem ir pintar, mas ninguém sabe onde pintar.”, não era isso, ela queria que a gente fizesse um projeto em que aquela situação, aquela carência que a instituição tivesse nós fossemos suprir.

B3: Ajuda da professora, reuniões dos grupos, internet, pesquisa junto à entidade, a instituição era uma creche, e o problema deles é que eles estão começando agora. Nós ajudamos na organização administrativa, a gente deixou um organograma com todos os cargos, as ações que cada um tem que fazer.

Ø Orientação da professora.

Ø Reuniões e pesquisas. Ø Solução proposta para

problema administrativo.

B4: Procuramos seguir o planejamento que a professora tinha nos passado. Esse planejamento foi feito por etapas fomos nos baseando justamente nessas informações. Conhecemos a instituição e verificamos qual era seu método, se tinha uma estrutura, o que estava buscando, o que tinha como objetivo procuramos saber o que podíamos melhorar para o futuro da instituição. Posteriormente realizamos o fluxograma que é a parte onde o projeto começa realmente a funcionar, passamos informações do que poderia ser melhorado e o que poderíamos fazer para ajudá­los.

Ø Ações embasadas no planejamento fornecido pela professora.

Ø Análise da instituição e de suas carências.

Ø Comunicado a Instituição das providências a serem tomadas.

B5: Nós elaboramos projetos, ter uma visão do que seria a ONG, e fazer um projeto pra melhorar. Eles têm muitas necessidades, é uma creche, e nós montamos uma brinquedoteca, que foi de grande utilidade.

Ø Observação das necessidades da Instituição.

Ø Montagem de uma brinquedoteca.

B6: Nós buscamos o problema da instituição, e trabalhamos em cima disso.

Ø Identificação dos problemas e ação.

B7: Bom aqui todo mundo é do 1º ano, então ninguém é administrador ainda, ta todo mundo aprendendo. Eu acho que tem

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mais boa intenção do que metodologia em si. A professora cuida da realização, conforme foi surgindo às dúvidas a gente procurava a professora e foi assim, tentativa e erro.

Pergt. Mas, a professora passou uma metodologia, uma linha para vocês atuarem?

Resp. Isso.

Ø Mais boa intenção do que metodologia.

Ø Orientação da professora nas dúvidas.

Observa­se que, na maior parte das falas, o papel desempenhado pela

professora, deste Projeto, foi muito importante. A metodologia de trabalho foi

embasada em instruções dadas por ela, e desta forma a construção do projeto se

desenvolveu.

Roteiros de trabalho, simulações de uma consultoria, reuniões, pesquisas,

observação dos problemas e necessidades da instituição, e finalmente algum tipo de

intervenção, estas são algumas das formas encontradas para executar o projeto.

É intrigante a percepção que o aluno tem do que é metodologia de trabalho,

que vai de um extremo ao outro, segundo as falas do B2: “Nós recebemos inicialmente um roteiro de como deveria ser efetuado o trabalho, posteriormente depois que nós conseguimos a ONG é que nós poderíamos atuar. Semanalmente nós éramos pautados pela professora, fazíamos o trabalho e a professora acompanhava o andamento.

Nós fomos incumbidos de localizar uma organização de 3º Setor que aceitasse um trabalho nosso, uma intervenção administrativa nossa, não poderia ser intervenção financeira e nem uma intervenção do dia­a­dia, por exemplo, a professora citou claramente “não adianta vocês falarem que a instituição está precisando de pintura, então todos decidem ir pintar, mas ninguém sabe onde pintar.”, não era isso, ela queria que a gente fizesse um projeto em que aquela situação, aquela carência que a instituição tivesse nós fossemos suprir”.

E do B7: “Bom, aqui todo mundo é do 1º ano, então ninguém é administrador ainda, tá todo mundo aprendendo. Eu acho que tem mais boa intenção do que

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metodologia em si. A professora cuida da realização, conforme foi surgindo as dúvidas a gente procurava a professora e foi assim, tentativa e erro”.

As respostas são completamente opostas, a impressão é de que estes alunos

não foram orientados pela mesma professora, situação muito comum em salas de

aula com número elevado de alunos.

E a forma pragmática também se apresenta no relato do B6: “Nós buscamos o problema da instituição, e trabalhamos em cima disso”.

Dessa forma, observa­se que diversas falas traduzem que a metodologia de

ensino, utilizada pela professora do P2, é problematizadora, utiliza­se da observação

da realidade, da formulação de hipóteses, da busca de teorias e finalmente da

intervenção na realidade.

B1: “(...) atender empresas do 3º Setor e analisar o que elas precisavam o trabalho praticamente de uma consultoria, um trabalho na prática”.

B3: “(...) reuniões dos grupos, internet, pesquisa junto à entidade (...). Nós ajudamos na organização administrativa, a gente deixou um organograma com todos os cargos, as ações que cada um tem que fazer”.

B4: “Procuramos seguir o planejamento que a professora tinha nos passado. Esse planejamento foi feito por etapas fomos nos baseando justamente nessas informações. Conhecemos a instituição e verificamos qual era seu método, se tinha uma estrutura, o que estava buscando, o que tinha como objetivo procuramos saber o que podíamos melhorar para o futuro da instituição. Posteriormente realizamos o fluxograma que é a parte onde o projeto começa realmente a funcionar, passamos informações do que poderia ser melhorado e o que poderíamos fazer para ajudá­ los”.

B5: “Nós elaboramos projetos, ter uma visão do que seria a ONG, e fazer um projeto pra melhorar (...) nós montamos uma brinquedoteca, que foi de grande utilidade.”.

Percebe­se que, a intenção da conexão entre ensino e extensão é

estabelecida pela professora gestora do P2, na medida em que seus alunos se

orientam para a ação e execução do trabalho por meio das diretrizes traçadas em

sala de aula, das teorias que lhes são apresentadas.

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De acordo com Botomé:

Uma re­elaboração do conceito de extensão à luz do conhecimento atualmente disponível (...). Não basta ativismo intenso, discussão ampla e constante e administração de tarefas e rotinas. (...) É preciso pensar com base em dados relevantes e consistentes e agir com direções bem definidas e fundamentadas, orientando o que cada um faz a cada momento. (Botomé, 1996. pp.44)

O quadro a seguir mantém a estratégia do fluxograma proposto para

desenvolvimento seqüencial e complementar de análise deste trabalho, onde se

observam os processos de registro.

Voltamos às explicações das gestoras:

4.3.8. Pergunta: Como é o processo de registro do programa (ou projeto)?

Quadro de depoimentos das gestoras do P1 e do P2 Depoimentos Significados

Pergt: Ao que tudo indica este trabalho no PROEJA se transforma em trabalhos científicos?

G1: Se transformam, bastante, mas porque nós conseguimos ver isto, depende da coordenação que esta na frente. Ela pode pegar isto e organizar, sistematizar, repetir teoricamente, para poder publicar, apresentar, escrever. Então é uma coisa que vem ocorrendo desde 1999, antes disso não ocorria, pelo menos não era claro. Mas olhe, nós criamos o Núcleo de Pesquisa em Educação de Jovens e Adultos em 1999, e partiu de um projeto que foi mandado para a Pós­graduação, que não foi inicialmente aprovado, mas foi aprovado por mérito, então não recebia verbas, mas o fato de ser aprovado por mérito começou a levar ao desenvolvimento de iniciações científicas, então nós temos os trabalhos desde 1999, este ano é um dos anos que mais temos, acho que estamos com dois aprovados de fato. Então tem trabalhos publicados, vários, existe essa relação entre extensão e

Ø Relação clara entre extensão e pesquisa.

Ø Relação entre extensão, pesquisa e ensino através da iniciação científica.

Ø Publicações científicas.

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pesquisa bastante, entre extensão e ensino daqueles que desenvolvem pesquisa, iniciação científica e TCC sobre o assunto eles estão diretamente ligados a extensão. Então pesquisa, ensino e extensão se articulam para alguns alunos, para outros não.

G2: O processo é seqüencial, então são estipuladas as datas onde os alunos estarão atingindo etapas, cada etapa é avaliada e retorna para o aluno com as correções, até o final, onde ele deverá ter o processo todo fechado.

Pergt: Existe apresentação dessa proposta em evento científico?

Resp: Não.

Pergt: Existem trabalhos publicados que foram desenvolvidos através desta proposta?

Resp: Também não.

Pergt: Existe algum tipo de produto, por exemplo, a elaboração de um artigo científico?

Resp: Não existe.

Ø Relação de ensino processual.

Ø Não são publicados os registros e nem são elaborados artigos embasados nos registros.

No depoimento da gestora do P1, destacamos um momento da fala que

resume as ações trabalhadas: “Então tem trabalhos publicados, vários, existe essa relação entre extensão e pesquisa bastante, entre extensão e ensino daqueles que desenvolvem pesquisa, iniciação científica e TCC sobre o assunto eles estão diretamente ligados a extensão. Então pesquisa, ensino e extensão se articulam para alguns alunos, para outros não”.

Já no P2 os significados identificados no depoimento da gestora do Projeto

deixam mais claros a situação vivida como um todo, nas ações trabalhadas. P2: “Relação de ensino processual; não são publicados os registros e nem são elaborados artigos embasados nos registros”.

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Os alunos explicam como fazem seu trabalho de registro:

4.3.9. Pergunta: Como é o processo de registro das suas atividades?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: A gente tem um registro, onde colocamos os nossos objetivos, as nossas metodologias o que nós queremos alcançar com os alunos e cada alfabetizador tem o seu registro.

Ø Registro escrito dos objetivos, metodologias e metas.

A2: Sim, eu estou fazendo um relatório, que ainda não terminei ainda. Pergunta: É individual? Resp: O ano passado nós éramos cinco e o trabalho fluía melhor, mas este ano estamos só em dois, tivemos alguns que saíram porque não se entrosaram com o grupo, e esta mais difícil.

Ø Relatório em grupo (monitores).

A3: Registro no caderno, e é feito mensalmente, que é um relatório semanal. Diariamente como foi a abertura, a formação e palavras, adição subtração, enfim, o que é feito em sala de aula.

Ø Relatório diário e semanal das atividades feitas em sala de aula.

A4: Eu tenho um caderno, faço um semanário e também faço um relatório mensal pra entregar. E Eu tenho o meu registro pessoal, eu guardo todas as anotações e atividades guardadas.

Ø Relatório semanal e mensal para coordenação.

Ø Registro pessoal das atividades.

A5: No caso é um diário, cada professor tem um diário, nós temos que enviar um relatório, porque fica tudo arquivado na secretaria, lá fica registrado tudo o que nós fizemos na semana.

Ø Um diário onde registra as atividades semanais.

A6: Eu tenho um caderno, que em todas as aulas de segunda a quinta­feira nós colocamos o que nós demos objetivo, a atividade e a matéria e todo o mês nós

Ø Relatório semanal com objetivo, atividade e matéria.

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mandamos um relatório para professora R, e lá descreve o que nós demos durante o mês.

Ø Relatório mensal para a coordenadora.

Em seguida os alunos do P2:

4.3.10. Pergunta: Como foi o processo de registro das atividades feitas em campo?

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: Conforme a gente ia desenvolvendo, íamos colocando tudo em um arquivo e mostrando para a professora, e ela ia dizendo se o nosso trabalho estava certo ou errado. É mais ou menos isso.

Ø Registro eletrônico. Ø Supervisão da professora.

B2: Nós tínhamos um calendário semanal do que tinha sido feito. Primeiro foi formada uma microempresa de consultoria, e tinha um organograma que determinava a função de cada de cada um, presidente, vice­ presidente, marketing, secretária, cada um tinha a sua função, e semanalmente nós apresentávamos à professora o que havia sido feito pelo cargo, porque não era o aluno, era o presidente, o que o presidente fez, quanto a sua unidade fez, os levantamentos de custo, e passávamos para a professora.

Pergt: E assim todos tinham a oportunidade de desenvolver algum tipo de trabalho em determinada época, ou todos juntos?

Resp: Sempre todos juntos, porque na ONG todos estavam muito ansiosos, pois eles querem voluntários, independente do trabalho da universidade eles querem voluntários, então nós fomos muito bem recebidos.

Pergt: Qual foi o problema que vocês encontraram?

Resp: Nós tentamos fazer um levantamento de divulgação porque eles são muito bem

Ø Organização da equipe de forma sistemática.

Ø Apresentação do trabalho semanal à professora.

Ø Trabalho em equipe. Ø Necessidade da

instituição por trabalho voluntário.

ØLevantamento das necessidades da Instituição.

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organizados, mas eles não recebem muitas doações, então já tem aquele orçamento fixo deles, mas é extremamente apertado, da apenas para cobrir os custos, e eles não conseguem investir, eles querem construir uma quadra para as crianças e não conseguem, eles querem fazer várias coisas, mas como não recebem muitas doações fica impossível, só da para manter o orfanato, então nós tentamos fazer um trabalho de marketing com divulgação em sites e cartões, basicamente um trabalho de troca, as empresas colocariam um ícone do L A e reciprocamente o L A divulgaria a imagem da empresa.

Pergt: Então hoje eles têm isso?

Resp: Nós conseguimos algumas empresas, poucas, mas conseguimos.

Ø Desenvolvimento de promoção de marketing para a arrecadação de doações.

B3: Nós registramos tudo na ordem que a professora queria, e depois a gente montou o trabalho.

Ø Trabalho sistemático e de acordo com o básico solicitado pela professora.

B4: Dividimos em etapas e nomeamos alguns responsáveis pelo balanço, pelo valor que eles adquirem mensalmente para realizar as atividades. Nomeamos também responsáveis pela parte de publicidade e na busca de parceiros para a instituição, uns deviam efetuar um histórico da empresa, outros efetuaram o levantamento do fluxograma. Dividimos em etapas para que não ficasse saturado para nenhum componente do grupo. Passamos informações do que poderia ser melhorado e o que poderíamos fazer para ajudá­los.

Ø Trabalho dividido, em etapas, pelos componentes da equipe.

Ø Organização de áreas administrativas de análise.

Ø Informações para a empresa do resultado final das análises.

B5: Na verdade foi tudo separado, se tivéssemos trabalhado em equipe seria mais aproveitado, muitas informações não foram passadas para o grupo inteiro, são 24 pessoas. E o trabalho final foi feito por uma pessoa.

Ø Não houve trabalho em equipe.

Ø Perda de informações. Ø Trabalho final feito por 1

só pessoa.

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B6: Nós fizemos um trabalho dentro do acompanhamento que a professor pediu pra gente, um organograma, o que uma empresa tem.

Ø Trabalho sistemático e de acordo com o básico solicitado pela professora.

B7: Processo de registro? Acredito que foi seguindo a metodologia da professora, ela apresentou o principal que seria a missão, depois da gente definir a missão a gente praticamente começou a fazer de um lado, definiu a missão e o objetivo e depois a gente teve que montar a estratégia pra chegar neste objetivo.

Ø Trabalho sistemático e de acordo com o básico solicitado pela professora.

Os depoimentos registrados demonstram ações sistemáticas, evidentemente

advindas do perfil metodológico de trabalho que administradores devem adquirir.

Porém, ao observarmos com o olhar voltado para o aprender, algo se perde.

Demo considera que:

Sendo seres interpretativos, sempre interferimos na realidade, para o bem ou para o mal (...) o instrucionismo indica interferência reprodutiva, abuso de poder, preformação da consciência alheia. Não se trata apenas de aprender pela cópia (obstruir a atividade reconstrutiva), mas, sobretudo de agredir a autonomia do sujeito ou mesmo de a impedir. (1999)

Nos relatos, a confirmação desta teoria, B3 fala: “Nós registramos tudo na ordem que a professora queria, e depois a gente montou o trabalho”.

B6 fala: “Nós fizemos um trabalho dentro do acompanhamento que a professora pediu pra gente, um organograma, o que uma empresa tem”.

B7 fala: “Processo de registro? Acredito que foi seguindo a metodologia da professora”.

Libâneo (2003, p.2) considera que “a aprendizagem precisa ser significativa;

um conhecimento significativo é aquele que se transforma em instrumento cognitivo

do aluno, ampliando tanto o conteúdo quanto a forma do seu pensamento”. E

ressalta ainda: que “a aquisição de conceitos científicos, precisa percorrer o

processo de investigação, os modos de pensar e investigar a ciência ensinada”.

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De certa forma este processo de investigação, esse modo de pensar e

investigar são traduzidos no depoimento de dois alunos, do P2, a seguir:

B2 fala: “Nós tínhamos um calendário semanal do que tinha sido feito. Primeiro foi formada uma microempresa de consultoria, e tinha um organograma que determinava a função de cada de cada um, presidente, vice­presidente, marketing, secretária, cada um tinha a sua função, e semanalmente nós apresentávamos à professora o que havia sido feito pelo cargo, porque não era o aluno, era o presidente, o que o presidente fez, quanto a sua unidade fez, os levantamentos de custo, e passávamos para a professora”.

Pergunta: E assim todos tinham a oportunidade de desenvolver algum tipo de

trabalho em determinada época, ou todos juntos?

Resposta: “Sempre todos juntos, porque na ONG todos estavam muito ansiosos, pois eles querem voluntários, independente do trabalho da universidade eles querem voluntários, então nós fomos muito bem recebidos”.

Pergunta: Qual foi o problema que vocês encontraram?

Resposta: “Nós tentamos fazer um levantamento de divulgação porque eles são muito bem organizados, mas eles não recebem muitas doações, então já tem aquele orçamento fixo deles, mas é extremamente apertado, da apenas para cobrir os custos, e eles não conseguem investir, eles querem construir uma quadra para as crianças e não conseguem, eles querem fazer várias coisas, mas como não recebem muitas doações fica impossível, só da para manter o orfanato, então nós tentamos fazer um trabalho de marketing com divulgação em sites e cartões, basicamente um trabalho de troca, as empresas colocariam um ícone do Lar Amor e reciprocamente o L. A. divulgaria a imagem da empresa”.

Pergunta: Então hoje eles têm isso?

Resposta: “Nós conseguimos algumas empresas, poucas, mas conseguimos”.

Ressalta­se que a questão do voluntariado mais uma vez se faz presente,

como foi o caso quando se tratou dos objetivos do mesmo projeto.

Quanto ao relato do A4: “Dividimos em etapas, nomeamos alguns responsáveis pelo balanço, pelo valor que eles adquirem mensalmente para realizar

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as atividades. Nomeamos também responsáveis pela parte de publicidade e na busca de parceiros para a instituição, uns deviam efetuar um histórico da empresa, outros efetuaram o levantamento do fluxograma. Dividimos em etapas para que não ficasse saturado para nenhum componente do grupo.

Passamos informações do que poderia ser melhorado e o que poderíamos fazer para ajudá­los”.

Severino identifica que:

A educação é efetivamente uma prática cujo instrumental é formado por instrumentos simbólicos de trabalho e ação. Dirige­se aos educandos interpelando sua subjetividade e investindo no desenvolvimento desta. Daí a importância do conhecimento teórico no trabalho educativo e por isso se fala do papel conscientizador da educação (2001, p.70).

É ainda em Severino que a essência desta pesquisa se traduz neste conceito

de conscientização:

Conscientização é tomada aqui no sentido da apropriação pela subjetividade das reais articulações objetivas do mundo social, de forma esclarecida e crítica. Trata­se de um nível de conhecimento que não é meramente descritivo, repassador de dados técnicos, mas compreensivo, interpretativo, reflexivo, desmascarador de ilusões e falseamentos que obscureçam as articulações do poder social, vigentes ideologicamente na sociedade” (2001, idem).

Pois, se não houver conscientização com o trabalho extensionista, o ensino e

mesmo a pesquisa nada serão, como aconteceu com o aluno B5, que em seu

depoimento deixa claro que não houve trabalho em equipe; tendo ocorrido o mau

uso das informações e o trabalho final foi feito por uma só pessoa.

Depoimento do B5: “Na verdade foi tudo separado, se tivéssemos trabalhado em equipe seria mais aproveitado, muitas informações não foram passadas para o grupo inteiro, são 24 pessoas. E o trabalho final foi feito por uma pessoa”.

Mas todas estas questões ligadas à metodologias e processos de registro nos

levam a um foco importante, a articulação entre ensino, pesquisa e extensão.

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As gestoras explicam:

4.3.11. Pergunta: Como se manifesta a articulação entre ensino, pesquisa e extensão?

Quadro de depoimentos das gestoras do P1 e do P2 Depoimentos Significados

P1: Eu vejo hoje, neste momento, a relação que mais se manifesta: a pesquisa, então é mais fácil falar da relação da extensão, com a pesquisa do que da relação da extensão com o ensino. Quando se trata de ensino, eu só vejo os alunos se aproximando mais, acho que até vale a pena falar nisso, a questão do estágio supervisionado, então o fato do aluno ter que ter alguma experiência em sala de aula, observar a sala de aula, ou falta às vezes de tempo, ou mesmo o interesse pelo que é EJA tem feito eles virem até o programa e assistido algumas aulas, então uma das disciplinas que vem diretamente se relacionando com extensão é estágio supervisionado, isto pensando em Pedagogia.

Outra disciplina que parece que esta levando as pessoas a se aproximarem mais do programa é pesquisa em educação, o fato de ter que desenvolver. Alguém diz: Me interessei pela educação de jovens e adultos, então nós temos o PROEJA, o aluno vai até lá pesquisar. Então outra disciplina que vem dando essa possibilidade de aproximar Ensino e Extensão é a Pesquisa em Educação e a elaboração de TCCs, trabalhos de conclusão de curso, trabalhos de monografias, não só no curso de Pedagogia, aí eu tenho, por exemplo, um pessoal de jornalismo que veio até aqui.

Mas sempre parte do interesse do aluno pelo assunto, dentro de uma disciplina que abre a possibilidade para que eles possam trabalhar temas diferentes, então aproxima ensino e extensão, mas não há nenhuma

Ø A necessidade de cumprir estágio leva o aluno a querer conhecer o programa de extensão.

Ø Pesquisa para trabalhos de conclusão de curso são viabilizadas no programa.

Ø O interesse parte do aluno pesquisador a partir de uma abertura que determinada disciplina tem para o tema EJA.

Ø Não há iniciativa do ensino em introduzir extensão, apesar do gestor de extensão (Pró­ reitor) ter interesse.

Ø É fácil relacionar extensão com pesquisa através de orientação de iniciação científica.

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iniciativa do ensino em introduzir extensão no ensino, dentro da grade curricular, como parte da grade curricular, isto não está ocorrendo, embora eu tenha certeza que seja uma das metas da Pró­reitoria de Extensão, que é aproximar sim, fazer este vínculo mais próximo entre a extensão e o ensino. Agora pesquisa eu acho que é mais tranqüilo e relacionado, talvez porque eu venha desenvolvendo a orientação de iniciação científica, então essa iniciação científica relacionada à extensão vem ocorrendo desde 1999 é algo que tem sido pra mim muito mais fácil concretizar a relação pesquisa­extensão do que ensino­ extensão.

Ao longo destes oito anos já foram produzidas várias publicações a partir da pesquisa com EJA.

Ø Publicações científicas.

G2: Esse programa está ligado a todas as disciplinas do curso, porque envolve tudo o que o aluno aprende pesquisa em biblioteca, internet, o aluno também deverá pesquisar, deverá ter um embasamento teórico e seguir as normas da ABNT, como em um trabalho científico. Ele é desenvolvido dentro de uma determinada disciplina da grade curricular do curso de administração de empresas, ciências contábeis e economia.

Pergt: Existe apresentação dessa proposta em evento científico?

Resp: Não.

Pergt: Existem trabalhos publicados que nasceram desta proposta?

Resp: Também não.

Pergt: Existe algum tipo de produto, por exemplo, a elaboração de um artigo científico?

Resp: Não existe.

Ø Interdisciplinaridade.

Ø Registro sistematizado da atividade.

Ø O trabalho de campo está ligado diretamente a uma disciplina da grade curricular do curso.

Ø Não existem publicações científicas dos registros.

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Estas perguntas tiveram como foco central a relação entre ensino, pesquisa e

extensão com ênfase em processos, que visassem ter a extensão como pressuposto

para pesquisa e ensino. No quadro, a análise dos significados leva à conclusões

sobre o ensino e a pesquisa bastante diferenciadas. Senão, vejamos:

No caso do P1, a gestora coloca que não há iniciativa do ensino em introduzir

a extensão, mas que o aluno tem iniciativa própria de procurar e conhecer a

extensão movido pela necessidade de pesquisa ou de estágio que determinada

disciplina impõe. Botomé qualifica com palavras sábias esta situação:

A extensão universitária é um dos instrumentos, mas qual a melhor forma de realizar o papel da Universidade na construção da sociedade onde se insere, talvez não seja por meio da extensão, mas sim, por meio da pesquisa e do ensino melhor concebidos e gerenciados do ponto de vista também de suas possibilidades de contribuição social. (Botomé, 1996. p.79)

Desta forma observa­se que a expressão: “A Extensão Universitária é o

processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma

indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade 25 ”,

necessita de elementos viabilizadores.

Percebe­se que a relação com a pesquisa, no P1, é existente na medida em

que a própria coordenadora do programa também orienta atividade de iniciação

científica, quando está exercendo sua função como professora da graduação no

curso de Pedagogia.

Observando o depoimento da gestora do P2 a relação com o ensino é

correlata e se dá por via curricular direta, sua relação com a pesquisa é

sistematizada, mas não comprometida com publicações ou trabalhos de iniciação

científica. Percebe­se uma pesquisa direcionada a questões práticas da sala de aula

contextualizada em bases científicas, quando se fala em embasamento teórico e a

utilização da ABNT para a redação do trabalho final. Porém, sem comprometimento

real com publicações científicas.

É relevante observar os depoimentos dos alunos, de ambos os programas,

que ratificam as explicações dadas pelas gestoras.

25 Plano Nacional de Extensão Universitária

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Os alunos falam sobre a produção final do programa (ou projeto):

4.3.12. Pergunta: Existe algum tipo de produto (a elaboração de artigos científicos e ou a realização de eventos) que finalize o programa ou o encaminhe para uma 2ª fase? Como você participa deste trabalho?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: A gente tem os artigos científicos que foram as pesquisas que foram realizadas dentro do programa. Nosso último trabalho foi sobre memória escolar.

Ø Artigos científicos gerados pela pesquisa feita no programa.

A2: Em cima do trabalho desenvolvido pela monitoria a gente escreve artigos, apresenta em Congressos, eu fui para o Rio e para o Ibero Americano, sempre em nome do grupo.

Ø Artigos científicos, apresentação em congressos.

A3: Sim existe, eu tenho pesquisa, eu faço iniciação científica pelo Pibic, é uma bolsa que eu tenho da Universidade. Eu faço sobre metodologia de matemática, o ensino de matemática com adultos, o meu trabalho em sala de aula.

Ø Iniciação científica (matemática).

A4: Eu ainda não trabalho com iniciação científica, mas eu pretendo ir mais a fundo neste trabalho e fazer iniciação científica sim.

Ø Não faz iniciação científica, mas pretende.

A5: Eu tenho a minha iniciação científica dentro do projeto, ela é ligada a EJA, a professora Andréa também tem a dela, e a maioria procura fazer a iniciação aqui, isto é, a gente procura fazer outros projetos para serem aplicados aqui.

Pergt: Então o seu produto é a iniciação científica ligada à alfabetização.

Ø Iniciação científica (leitura).

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Resp: Isso, alfabetização ligada a leitura, tem uma outra professora que desenvolve em matemática.

Pergt: E você tem bolsa de iniciação?

Resp: Sim, eu tenho bolsa do Pibic, da universidade.

A6: Nós estamos com o projeto de literatura de cordel, que nós produzimos textos na sala de aula, com rimas, a partir de uma imagem e nós estamos aprontando para que possa ser feito um mural, um varal de cordel.

Pergt: Este é um produto que você esta fazendo com a sua sala em específico?

Resp: Todas as salas estão fazendo, é uma conclusão do ano.

Pergt: E produção científica, você esta fazendo alguma?

Resp: Não.

Ø Projeto de literatura de cordel para apresentar em sala de aula, para finalizar o ano.

Severino defende que:

(....) a pesquisa acaba assumindo uma tríplice dimensão. De um lado, tem uma dimensão epistemológica: a perspectiva do conhecimento. Só se conhece construindo o saber, ou seja, praticando a significação dos objetos. De outro lado, assume ainda uma dimensão pedagógica: a perspectiva decorrente de sua relação com a aprendizagem. Ela é a mediação necessária para o processo de ensino/aprendizagem. Só se aprende e só se ensina pela efetiva prática da pesquisa. Mas ela tem ainda uma dimensão social: a perspectiva da extensão. O conhecimento só se legitima se for mediação da intencionalidade da existência histórico­social dos homens. É a única ferramenta de que o homem dispõe para melhorar sua existência (2004, p.32­33).

Alunos do P2:

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4.3.13. Pergunta: Existe algum tipo de produto, a elaboração de artigos científicos e ou a realização de eventos, que finalize o programa ou o encaminhe para uma 2ª fase? Como você participa deste trabalho?

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: O trabalho final? Eu acho que o que mais valeu foi pra gente ter uma noção do que a gente pode fazer. O que valeu a pena foi a gente construir isso. Eu acho que o nosso trabalho, a nossa empresa, a gente vivenciar como seria. As visitas na instituição.

Ø Não houve trabalho final, mas é considerado o processo de trabalho como importante.

B2: Existe um evento, aconteceu sábado agora. Tem até uma premiação em dinheiro como a professora J. explicou, foi bem legal; o projeto é motivante! No inicio achamos que seria muito difícil, porque um projeto de seis meses com um grupo grande é muito difícil de coordenar, principalmente finais de semana, um quer ir o outro não quer... então achamos que seria o fim do mundo e não foi , os alunos foram e gostaram e o projeto virou meio que um programa de fim de semana. Vamos lá e sempre muito bem humorados, ninguém de má vontade.

Ø Um evento com premiação em dinheiro para o vencedor.

B3: Vai ter um evento este mês e a professora vai estar escolhendo alguns trabalhos pra se apresentar. Eu ajudo a escrever o trabalho.

Ø Um evento onde apresentam os trabalhos.

B4: O produto final é estudar o que aconteceu com a instituição, procurar uma proposta melhor e tentar implantar o projeto a eles. Depois de finalizado o projeto é apresentado ao público , para os outros alunos da sala ; e futuramente o projeto é apresentado para pessoas de fora da faculdade. Existe uma premiação para o melhor trabalho .

Pergt: Você acha que a premiação motiva

Ø Estudar o caso da instituição e desenvolver uma proposta implantando o projeto escolhido como viável ao problema detectado.

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os alunos?

Resp: Sim, acho que nos motiva a fazer um trabalho ainda melhor, pois todos nós queremos que o nosso projeto seja bem visto, é muito bom e ajuda muito porque pensando no evento de premiação queremos fazer um trabalho útil, e o melhor de tudo não é a premiação e sim poder ajudar a instituição.

Ø Apresentação para a sala e depois para um público maior em evento com premiação.

B5: A brinquedoteca foi o final do trabalho, eu participei ajudando a arrumar.

Ø A brinquedoteca na instituição.

B6: Nós trabalhamos para uma igreja evangélica e eles não tinham uma estrutura, para conseguir doações. Nós conseguimos que eles conseguissem doações em outros lugares. Nós fizemos folhetos e distribuímos, convidando as pessoas pra visitar a instituição, que cuida de crianças da comunidade. Não vai ter 2ª fase.

Ø Doações para a instituição.

B7: Existe um evento, primeiro é apresentado em sala e os que forem melhores são selecionados pra que sejam apresentados no evento.

Pergt: E tem uma 2ª fase?

Resp: Não, esse projeto tem o objetivo de ser auto­sustentável, a idéia seria de que depois quando a gente entrega o trabalho, no caso a entidade pudesse tirar proveito disso.

Ø Apresentação na sala e evento para outras turmas.

O trabalho final do P2 é caracterizado por uma ação concreta, além do

trabalho escrito que se apresenta para o fechamento da avaliação como um todo,

isto é, prática transformada em relatório e finalmente a apresentação para o público,

na forma de evento classificatório.

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É em Severino que buscamos palavras para destacar e comparar o tipo de

produto final do P1 com o do P2:

Na universidade, ensino, pesquisa e extensão efetivamente se articulam, mas a partir da pesquisa, ou seja, só se aprende, só se ensina, pesquisando; só se presta serviços à comunidade, se tais serviços nascerem se nutrirem da pesquisa. (...) A extensão de serviços empacotados deriva facilmente para o assistencialismo manipulatório e ideologizante. (Severino,UMESP,2004, p.31)

E, nesta linha de raciocínio, que Severino nos proporciona, podemos observar

o próximo quadro, onde os alunos têm a oportunidade de expressar e avaliar a

interação que o trabalho extensionista lhe proporcionou, como uma atividade que

interagiu ou não, junto com as outras que lhe eram de caráter peculiar em seu curso

de graduação, em sua experiência acadêmica.

Os alunos do P1 e do P2 se pronunciam:

4.3.14. Pergunta: Como você avalia o efeito da interação resultante da ação da extensão junto às atividades acadêmicas. (ensino e ou pesquisa)

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: Os efeitos foram os melhores possíveis, porque foi dentro da extensão, dentro do programa que eu aprendi a fazer pesquisa e eu digo que dentro do programa eu aprendi muito mais do que em sala de aula, na sala de aula eu aprendi a teoria e lá eu aprendi a prática, isso pra mim foi muito importante.

Ø Aprendeu a fazer pesquisa acadêmica.

Ø Valoriza mais o aprendizado com o programa do que em sala de aula.

A2: Eu acho que é um conjunto, na monitoria a gente fica um pouco distante do aluno da sala de aula e quando você desenvolve um projeto você não sabe muito bem o publico que você esta pegando em sala de aula. Então assim, eu acho que foi bom tudo o que a gente desenvolveu como o jornal em sala de aula, como a memória em sala de aula, tem que dar continuidade

Ø Valoriza o aprendizado com as atividades que desenvolveu para o projeto.

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em cima daquilo que a gente conseguiu.

A3: Na minha concepção eu vejo como a confirmação do slogan da universidade, “aprender na prática”, dá oportunidade para o aluno desenvolver o que ele aprende e ao mesmo tempo eu estou colaborando com a comunidade.

Ø Influência exacerbada do marketing institucional, fazendo uma ligação entre teoria e prática, mas não sendo crítica quanto ao que realmente aprendeu ou não, no que tange a pesquisa.

A4: Olha, eu fico brincando, eu descobri porque é Universidade A, que se “aprende na prática”, então ta sendo muito válido tudo, onde eu aprendo hoje uma coisa e já esta tendo significado na sala de aula, porque muitas atitudes eu não sabia, porque o aluno esta tendo esta atitude hoje aqui, e amanhã eu vou estudar o significado daquela atitude, é bom porque a gente consegue ir adequando a teoria com a prática.

Pergt: A sua sala de pedagogia tem quantas pessoas?

Resp: Tem umas 70.

Pergt: E você é a única neste projeto de alfabetização?

Resp: Sim

Ø Influência exacerbada do marketing institucional, fazendo uma ligação entre teoria e prática, sendo crítica quanto ao que realmente aprende em sala de aula.

A5: Totalmente, como eu faço o curso de Letras toda a dificuldade que eu tenho aqui eu procuro sanar com a própria coordenadora que é a professora R., com os meus próprios professores. Eu estou com problema na leitura e não estou conseguindo façam isso, isso e isso, eu vou lá com a profa A. e a professora me dá um apoio, a outra professora vem me dá um outro apoio.

Ø Faz grande ligação entre o que aprende e o que faz no projeto.

A6: Há interação sim, e é interessante, porque tudo o que nós aprendemos na sala de aula com metodologia do ensino de língua portuguesa, nós aplicamos também.

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Não é legal fazer isso porque vai repercutir em alguma coisa, e na sala de aula a gente aprende e já aplica aqui já, no curso de Letras a gente aplica na alfabetização. E há resultado.

Pergt: Resultado para você ou para o aluno? Resp: Ambos.

Pergt: Por quê? Você sente que aprendeu algo em sala de aula, levou para o teu trabalho extensionista e teve resultado?

Resp: Por exemplo, numa aula passada eu fiz uma atitude errada, e depois numa aula eu aprendi que não poderia ter feito aquilo por tal motivo, então na próxima aula eu não faço mais e assim há sempre uma melhora na progressão dos alunos.

Ø Faz grande ligação entre o que aprende em sala de aula e o que faz no projeto.

O depoimento do aluno A1 é muito significativo, pois representa a opinião, em

síntese, da maior parte dos alunos entrevistados deste programa:

Depoimento do A1: “Os efeitos foram os melhores possíveis, porque foi dentro da extensão, dentro do programa que eu aprendi a fazer pesquisa e eu digo que dentro do programa eu aprendi muito mais do que em sala de aula, na sala de aula eu aprendi a teoria e lá eu aprendi a prática, isso pra mim foi muito importante”

Porém, também pode­se observar que há grande influência da metodologia

institucional adotada pelo marketing da universidade.

Momento de depoimento do aluno A3: “Na minha concepção eu vejo como a confirmação do slogan da universidade, aprender na prática”. Aluno A4: “Olha, eu fico brincando, eu descobri porque é a Universidade que se aprende na prática”.

Alunos do P2:

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4.3.15. Pergunta: Como você avalia a interação que resultou da sua ação na extensão com as suas atividades acadêmicas. (ensino e ou pesquisa)

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: Foi legal, porque você não vive só naquela coisa de sala de aula e professor.

Ø Dinâmica diferenciada de ensino.

B2: Eu achei que foi a parte prática, onde eles falam e divulgam o marketing da universidade, porque nós vamos acumulando conhecimento, mas fica tudo muito teórico, quando vamos colocar em prática conseguimos ver para que servem os tópicos. Tivemos a parte de desenvolver o programa, o administrador basicamente está na empresa para ver as falhas e intervir de uma maneira que crie o projeto, ninguém fica corrigindo o administrador, às vezes ele consegue um conselho ou outro, a parte de consertar, de fazer, de render, está sob a responsabilidade dele, e foi isso o que fizemos muito nesse trabalho.

Ø Trabalho desenvolvido na prática.

B3: Você aprende a ter mais comunicação com as pessoas, e aprende a buscar melhores informações com as pessoas e, o desenvolvimento profissional.

Ø Desenvolvimento de habilidades de comunicação.

Ø Desenvolvimento profissional.

B4: Eu acho importante porque todos precisamos de teoria e prática. E a parte prática tivemos dentro do projeto, juntamos os dois pontos, a teoria na faculdade em sala de aula e a prática no projeto dentro da instituição.

Ø Teoria e prática juntas.

B5: Foi um grande aprendizado, eu aprendi muita coisa. Ø Aprendizado.

B6: Se eu não tivesse tido problemas com o grupo eu teria aproveitado mais essa experiência com o Terceiro Setor.

Ø Problemas com a equipe prejudicaram a interação.

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B7: Eu acho interessante porque desenvolve a visão empreendedora, num projeto desse tem que ter uma postura empreendedora, que é muito solicitada hoje em dia, e quem é administrador precisa disso. E também usar a criatividade, ter coragem de falar em público às idéias que tem. Pra muita gente isso é bom, porque aliando as coisas que você aprende no curso você sempre vai ter uma referência.

Ø Aquisição de competências próprias para o administrador.

Os depoimentos, aqui descritos, evidenciam a relação do ensino com a

extensão, na qual os alunos visualizam a realização do trabalho prático, da

experiência vivida e da dinâmica diferenciada de ensino.

A1: “Foi legal, porque você não vive só naquela coisa de sala de aula e professor”.

A4: “Eu acho importante porque todos precisamos de teoria e prática. E a parte prática tivemos dentro do projeto, juntamos os dois pontos, a teoria na faculdade em sala de aula e a prática no projeto dentro da instituição”.

Evidencia­se também, que o olhar do aluno direciona­se para sua formação

profissional, ele percebe o objetivo implícito na experiência extensionista, que

acrescenta na sua formação e que teoria e prática estão juntas neste tipo de

trabalho.

A3: "Você aprende a ter mais comunicação com as pessoas, e aprende a buscar melhores informações com as pessoas e, o desenvolvimento profissional”.

A7: “Eu acho interessante porque desenvolve a visão empreendedora, num projeto desse tem que ter uma postura empreendedora, que é muito solicitada hoje em dia, e quem é administrador precisa disso. E também usar a criatividade, ter coragem de falar em público às idéias que tem. Pra muita gente isso é bom, porque aliando as coisas que você aprende no curso você sempre vai ter uma referência”.

Nesta fala a metodologia institucional 26 se faz presente:

26 Cap. 2 item 4 Metodologia Institucional Conceitos e Procedimentos.

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A2: “Eu achei que foi a parte prática, onde eles falam e divulgam o marketing da universidade, porque nós vamos acumulando conhecimento, mas fica tudo muito teórico, quando vamos colocar em prática conseguimos ver para que servem os tópicos”.

Percebe­se, através dos depoimentos que o caminho utilizado para

transformar a teoria em prática foi a via da extensão.

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Capítulo V

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CAPÍTULO V ­ MOTIVAÇÕES & MOTIVAÇÕES

5.1. A interligação

Neste capítulo o trabalho com a categoria: Motivações & Motivações será

delineado, seguindo os mesmos pressupostos metodológicos das outras duas

categorias, isto é, a junção de várias perguntas e respostas advindas dos três eixos

principais: Política Institucional; Extensão, Pesquisa e Ensino e Motivações e que

foram feitas tanto às gestoras do Programa ou Projeto, quanto aos alunos

extensionistas participantes. Alguns momentos do depoimento do Pró­reitor de

extensão e assuntos acadêmicos também são utilizados.

Perguntas da categoria: Motivações & Motivações.

1. Como você avalia o envolvimento pessoal dos alunos no programa?

(gestoras)

2. Como é o seu envolvimento no projeto? O que você faz? (alunos)

3. Você tem motivações pessoais para desenvolver este trabalho? Se sim,

quais? Se não, então por que desenvolveu? (alunos)

4. Qual o momento mais difícil, do processo de trabalho, que você

desenvolve, ou desenvolveu, para concretizar este projeto? (alunos)

5. Como é que você voltou para a sala de aula depois da sua primeira

participação neste projeto? (alunos)

6. Você acredita que este trabalho influencia na construção da sua

identidade sociopolítica? Por que e como? (alunos)

7. Qual a maior aquisição que esta experiência lhe trouxe? (pessoal?

profissional?) (alunos)

8. Como você avalia o efeito, no aluno, da interação resultante da ação com

o trabalho de extensão nas atividades acadêmicas? (gestoras)

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5.2. O fluxograma

A função deste fluxograma é a de viasualizar­se e entender, de forma mais

simples e objetiva, as possíveis interligações entre as perguntas, respostas e

análises dos vários eixos apresentados, mas que se traduzem nesta categoria:

Motivações & Motivações.

MOTIVAÇÕES PESSOAIS

& EXTENSÃO

INTERAÇÃO ENTRE A AÇÃO DA EXTENSÃO

E AS OUTRAS ATIVIDADES ACADÊMICAS

AQUISIÇÕES PESSOAIS

& PROFISSIONAIS

O MOMENTO DA VOLTA

À SALA DE AULA

O MOMENTO DIFÍCIL NA PRÁTICA DO TRABALHO

O PERFIL DO

EXTENSIONISTA

?

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5.3. A categoria: Motivações & Motivações

Esta categoria traz informações sobre as funções, sobre o trabalho, enfim

sobre a ação que o aluno exerce, dentro do programa ao qual se dedica, focando

sempre sua relação pessoal com o Programa ou Projeto.

Os alunos deste programa, P1, advêm de várias salas e semestres diferentes

e em sua maioria cursam Pedagogia.

5.3.1. Pergunta: Como é o seu envolvimento no programa, o que você faz?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: Eu sou coordenadora dos alfabetizadores e dos monitores.

Ø Coordenadora.

A2: Eu sou monitora, e auxilio os alfabetizadores, pesquiso materiais de apoio.

Ø Monitora.

A3: Alfabetizadora, eu trabalho em sala de aula.

Ø Alfabetizadora.

A4: Alfabetizadora. Ø Alfabetizadora.

A5: Alfabetizadora. Ø Alfabetizadora.

A6: Eu sou alfabetizador, trabalho na sala de aula.

Ø Alfabetizador.

Os alunos do P2 estudam todos na mesma sala de aula, mas pertencem a

grupos de trabalho diferentes, o quadro de depoimentos vem a seguir.

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5.3.2. Pergunta: Como é o seu envolvimento no projeto, o que você faz?

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: Cada um do grupo desempenhou uma função e foi ajudando com o que podia. A minha parte foi ajudar a criar a missão, objetivo e a mexer no site da consultoria.

Ø Desempenhou funções diversas no desenvolvimento e na organização do trabalho teórico.

B2: Inicialmente foi uma visita, uma outra aluna levantou essa entidade e nós fomos visitar, e visitávamos uma vez por mês, íamos visitar em rodízio, não ia todo o grupo, fizemos esse rodízio para verificar o que poderíamos fazer além do que já estava feito, porque o projeto ficou sendo divulgação de marketing, mas, além disso, acabamos trabalhando em algumas coisas, tudo por envolvimento próprio mesmo.

Ø Visitou a instituição.

B3: Eu era a parte de RH, eu ajudei nas informações sobre os cargos.

Ø Desenvolveu parte teórica.

B4:Assim como eu havia dito anteriormente, dividimos as funções em etapas para a realização do trabalho, eu fiquei responsável pela parte financeira, verifiquei os valores que a instituição contava por mês, e o que poderia ser feito para aumentar o investimento e continuar com o projeto que eles realizam. Procuramos fazer coisas inovadoras, fizemos projetos diferenciados para que a verba da instituição pudesse aumentar , sempre em prol da instituição .Eu também fiz a parte da estrutura da organização da empresa.

Ø Desenvolveu parte teórica, mas com visitas a instituição para verificar dados.

B5: Eu fui até a ONG, e tirei fotos, vi como funcionava, foi legal.

Ø Visitou a ONG, observou o funcionamento.

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B6: Eu fiz mais a parte administrativa, o que era a missão, o objetivo, eu fiz mais a parte de marketing.

Ø Trabalhou com teorias.

B7: Eu não faço todas as matérias nesta classe, e essa matéria é adaptação. Então tinha pouco tempo para se reunir com o grupo, mas eu participei mais das discussões, e teve um evento na entidade, uma festa, eu fui, era para arrecadar fundos. Foi mais na parte de reuniões, as tarefas foram divididas e quem tinha mais tempo ia fazendo e correndo atrás.

Pergt: O que vocês sugeriram para a entidade?

Resp: A entidade não estava tal mal.

Pergt: Qual era o nome dela?

Resp: Eu não me lembro.

Pergt: Qual o projeto de vocês?

Resp: Teve vários projetos, teve de reciclagem de lixo. Mas o que eu achei mais interessante foi o “adote uma criança”, mas geralmente as pessoas não querem compromisso, então eu conversei com o R. e a gente pensou em “adote uma criança por 1 mês”. É uma idéia que já existia e a gente fez diferente.

Pergt: E a colaboração era em dinheiro.

Resp: Em dinheiro, e esse dinheiro que a gente conseguiu foi para a creche.

Pergt: E esse projeto vai continuar?

Resp: Vai continuar.

Ø Participou de discussões e de um evento beneficente.

Em cada programa/projeto a ação dos alunos é diferente, por tratar­se de

programa ou projetos que se distinguem em suas características, forma e conteúdo.

Cada um absorveu a construção do conhecimento através das funções exercidas e

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como considera Demo (2002, p.39) “reconstruímos o conhecimento, partindo do que

já conhecemos da inserção histórico­cultural, dos saberes disponíveis”.

Dessa forma, quando cada aluno se posiciona para com o seu trabalho

extensionista ele também mostra­se naquilo que pode, ou naquilo que quer e sabe

fazer.

Ao explorar as motivações pessoais que fortaleceram as ações destes alunos,

há intencionalidade de também observar o que conheciam e o que aprendiam, nas

palavras de Demo (2002, p.37) “podemos incluir na politicidade também a face

emocional, se entendermos por elas, sobretudo o envolvimento avassalador

implicado em processos mais intensivos de conhecer e aprender”.

Os alunos falam sobre suas motivações:

5.3.3. Pergunta: Você tem motivações pessoais para desenvolver este trabalho? Se sim, quais e se não, porque então desenvolve?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: Sim. Eu acho que estar na EJA, pra mim ela começa muito antes do programa, porque a minha mãe não sabia ler e escrever, então eu vivenciava, porque ela participava de programas de alfabetização de adultos. Então eu vivenciei estas experiências, mas eu nunca tinha me visto dentro de uma sala de aula, então eu tenho essas motivações que me fazem caminhar e investir, acreditar neste tipo de educação. Eu tenho uma paixão e não me vejo fora desse tipo de educação.

Ø Motivação intrínseca movida por questões relacionadas à história familiar e as emoções que sente quando se recorda da trajetória da mãe.

A2: Sim, meus pais são nordestinos e não puderam estudar e no EJA tem muita gente que tem a história como a deles. Eu aprendi muito como ser humano.

Ø Motivação intrínseca movida por questões relacionadas à história familiar e as emoções que sente quando se recorda da trajetória dos pais.

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A3: Sim. Quando eu era pequenininha eu via a minha mãe e o meu pai que se esforçavam muito com livrinhos, com o material que eu trazia da escola. No meu primeiro dia de aula, o meu pai vestiu paletó e gravata, eu nunca tinha visto ele com essa roupa. Tempos depois eu fui entender como aquilo pra ele era importante, porque ele nunca tinha tido aquela oportunidade, então ele se vestir daquela forma era pra me mostrar a importância daquilo. E eu fico pensando meu pai não teve essa oportunidade e quantas pessoas não tiveram, então pra mim hoje, trabalhar com a alfabetização é a realização de um sonho.

Ø Motivação intrínseca movida por questões relacionadas à história familiar e as emoções que sente quando se recorda da trajetória dos pais.

A4: Sim, eu quero ser professora, eu hoje sou professora.

Ø Motivação intrínseca movida pela realização pessoal e profissional.

A5: Quando eu entrei, eu entrei pra ser voluntária, eu entrei pra trabalhar que é o ideal, já que eu tenho esse espaço na faculdade, eu estava desempregada, e continuo desempregada, eu vou auxiliar o programa no caso.

Pergt: Então você entrou primeiro como voluntária?

Resp: É que eu não sabia que tinha bolsa.

Pergt: Qual era sua maior motivação?

Resp: Minha maior motivação era saber se aquilo que o professor estava falando, de estar em sala de aula, era isso mesmo, o professor era um cara, que era muito bom ser professor, eu tinha dúvida disso. Então eu entrei em sala de aula para ter certeza, eu tenho que ter certeza disso. No entanto que, nos primeiros seis meses, a gente ficava um tempo sem receber, e eu continuei agora eu estou desempregada por opção, eu quero continuar no programa, o ano que vem eu vou continuar no programa

Ø No início a motivação foi extrínseca, motivos financeiros.

Ø Após conhecer o trabalho passou a ser intrínseca, ligada ao conhecimento adquirido e a pesquisa desenvolvida.

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até pra terminar minha iniciação e porque eu quero continuar no programa.

A6: Tenho. Incentivo, como desempenhar e nunca abandonar o que se esta fazendo. Pergt: Mas algo no sentido pessoal te move a fazer este trabalho extensionista? Resp: O prazer por ensinar, e o retorno que recebo dos alunos.

Ø Motivação intrínseca, prazer em ensinar.

As atividades extensionistas, neste contexto de motivação, têm o enfoque do fazer humano.

Botomé considera que:

(...) é o “fazer humano” um enfoque importante para o exame da Universidade e da Extensão Universitária (...) identificar quem faz e o que são as ações que recebem o nome de “extensão universitária”, localizando­as em um sistema de relações sociais que lhes dá consistência e significado. A extensão pode ser vista como uma parte do fazer humano que é realizado pela Universidade (1996. pp.36).

Os alunos deste projeto têm um posicionamento político quanto ao trabalho

que fazem, acreditam nas mudanças que a educação pode trazer, e também são

mobilizados por uma motivação intrínseca que advém de questões relacionadas à

história social e econômica da sua família de origem e, emoções que sentem

quando se recordam da trajetória dos pais analfabetos ou semi­analfabetos.

Guimarães (2001) afirma que, a motivação intrínseca refere­se à escolha e

realização de determinada atividade por sua própria causa, por esta ser

interessante, atraente ou, de alguma forma, geradora de satisfação.

Produzir mudanças, a partir de uma ação intencional é estar motivado

intrinsecamente.

Observe os depoimentos dos alunos do P1:

A1: “(...) a minha mãe não sabia ler e escrever, então eu vivenciava, porque ela participava de programas de alfabetização de adultos. Então eu vivenciei estas

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experiências, mas eu nunca tinha me visto dentro de uma sala de aula, então eu tenho essas motivações que me fazem caminhar e investir, acreditar neste tipo de educação”.

A2: “Porque, cada pessoa é uma pessoa, cada um vem com a sua história, porque não estudou, eu acho muito engraçado que muitos tem a história parecida com a dos meus pais, que são nordestinos e não tiveram condição de estudar, você começa a avaliar de uma outra forma, e isso te valoriza. Porque tudo o que você esta fazendo é por você também, e o conhecimento ninguém tira da gente, então como ser humano eu acho que a gente melhora muito, aprende muito”.

A3: “(...) Tempos depois eu fui entender como aquilo pra ele era importante, porque ele nunca tinha tido aquela oportunidade, então ele se vestir daquela forma era pra me mostrar a importância daquilo. E eu fico pensando meu pai não teve essa oportunidade e quantas pessoas não tiveram, então pra mim hoje, trabalhar com a alfabetização é a realização de um sonho”.

A4: “Sim, eu quero ser professora, eu hoje sou professora”.

A5: “(...) Quando eu entrei, eu entrei pra ser voluntária, eu entrei pra trabalhar que é o ideal, já que eu tenho esse espaço na faculdade, eu estava desempregada (...) Minha maior motivação era saber se aquilo que o professor estava falando, de estar em sala de aula, era isso mesmo (...) que era muito bom ser professor, eu tinha dúvida disso. Então eu entrei em sala de aula para ter certeza, eu tenho que ter certeza disso.(...) agora eu estou desempregada por opção, eu quero continuar no programa, o ano que vem eu vou continuar no programa até pra terminar minha iniciação científica e porque eu quero continuar no programa”.

(...) é graças à extensão que o pedagógico ganha sua dimensão política porque a formação do universitário pressupõe também uma inserção no social, despertando­o para o entendimento do papel de todo saber na instauração do social (Severino, UMESP, 1998, p.35).

Os alunos do P2:

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5.3.4. Pergunta: Você teve motivações pessoais para desenvolver este trabalho? Se sim, quais? Se não, então por que desenvolveu?

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: Sim, eu tive, porque o gosto de realizar este trabalho valeu muito à pena, porque o trabalho voluntário é legal, além de você ajudar outras pessoas você ajuda a si próprio. Pergt: E a nota? Resp: Não, eu faria o trabalho sem a nota.

Ø Trabalhou como voluntário.

Ø Motivação intrínseca e assistencialista.

B2: Com certeza sim. Eu estava sempre naquele comodismo, eu queria, mas achava que não tinha tempo. A primeira vez que fui ao orfanato, minha vontade foi de levar todas as crianças para casa, as pessoas adiam porque acham que não tem tempo, mas hoje que eu conheço o L.A., e aquele trabalho sério que eles fazem as crianças, o que eu vi, eu penso “como pode?”, a origem das crianças ali é um fator complicador, são crianças vítimas de maus tratos ou de abandono. Como a moça que trabalha lá nos explicou, são crianças que não podem ser entregues para a família, porque geralmente a família não quer e quando quer o processo judicial demora tanto tempo que as crianças já estão praticamente adultas. Nos envolvemos muito mesmo, independente do trabalho para a faculdade eu visito o lar uma vez por mês, já levei meu filho para conhecer , para que ele visse outra realidade. Meu filho estuda aqui na escola, colégio pago, transporte particular pago, então eu quis mostrar a ele que a vida não é só isso. Ele ficou surpreso e me perguntou “Mãe porque abandonam crianças?”. Então nos envolvemos, meu marido já foi conhecer também; e assim eu pretendo continuar com algum trabalho por lá, acho que isso é importante.

Ø Motivação intrínseca movida por emoções e ações assistencialistas.

B3: Não.

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Pergt: Por que você desenvolveu?

Resp: Porque era um trabalho acadêmico, e que tinha que desenvolver, eu estava com outros problemas e acabei não dando muita atenção.

Ø Motivação extrínseca, movida pela obrigação acadêmica.

B4: Sim, porque eu gosto de ajudar as pessoas, e vi esse trabalho como uma possibilidade de poder ajudar e aprender, por isso me motivei a executá­lo.

Ø Motivação intrínseca. Ø Meios e fins de acordo com o

objetivo.

B5: No início foi mais por obrigação, eu tinha que fazer. Mas depois eu fui me envolvendo, com as crianças, eu vi as necessidades deles.

Ø Inicialmente motivação extrínseca, por obrigação.

Ø Após envolvimento, sentimento assistencialista.

B6: No começo eu não tinha, eu fui só por causa do trabalho, da nota. Depois eu gostei.

Ø Inicialmente motivação extrínseca, por Obrigação.

Ø Após envolvimento, sentimento assistencialista.

B7: Motivação foi de querer fazer esse trabalho, foi à inicial. Mas depois a gente começa a querer a fazer uma coisa nova mesmo, daí sim você se envolve e trabalha em cima disso. Daí é muito bom, porque é uma motivação espontânea, você se envolve e é muito legal.

Ø Motivação intrínseca. Ø Meios e fins de acordo com o

objetivo.

Deve­se levar em consideração que um aluno, que participe de um projeto

extensionista, desenvolva determinado trabalho, que exige dele uma escolha

comportamental. Segundo Bzuneck (2001) os comportamentos são motivados ou

não, tem motivações, pessoais ou não, e podem ter orientações intrínsecas ou

extrínsecas.

Botomé (1981) também relaciona comportamento com aquilo que uma

pessoa faz as características da situação em que o faz e o que decorre desse fazer

na situação em que tal atuação se insere.

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Uma pessoa que apresenta orientação motivacional intrínseca realiza uma

atividade por satisfação e interesse, sendo movido a agir pelo desafio da atividade e

não por pressões ou recompensas. Strauss (1999) considera que dedicação a

propósitos de orientação individualística implica motivação igualmente duradoura, e

crenças igualmente firmes quanto ao lugar a que se pertence – isto é, ao que se é.

Os alunos do P2 fizeram os seguintes comentários sobre sua motivação

pessoal para participar do Programa:

A1: “O gosto de realizar este trabalho valeu muito a pena, porque o trabalho voluntário é legal, além de você ajudar outras pessoas você ajuda a si próprio”.

A2: “Nos envolvemos muito mesmo, independente do trabalho para a faculdade eu visito o lar uma vez por mês, já levei meu filho para conhecer para que ele visse outra realidade”.

A4: “Eu gosto de ajudar as pessoas, e vi esse trabalho como uma possibilidade de poder ajudar e aprender, por isso me motivei a executá­lo”.

A7: “Motivação foi de querer fazer esse trabalho, foi a inicial. Mas depois a gente começa a querer a fazer uma coisa nova mesmo, daí sim você se envolve e trabalha em cima disso. Daí é muito bom, porque é uma motivação espontânea, você se envolve e é muito legal”.

Percebe­se, a inter­relação de circunstâncias que acompanham esta situação

criada pelo trabalho extensionista, onde a motivação pessoal de cada um, no caso

destes alunos, envolve o seu interesse individual de exercitar as suas capacidades

assistenciais, em relação a pessoas necessitadas.

Entende­se a motivação como um importante propulsor da aprendizagem,

adaptação e crescimento nas competências que caracterizam o desenvolvimento

humano. Guimarães (2001)

Mas, por outro lado, o assistencialismo, e, novamente, o caráter voluntário

deste trabalho extensionista, se apresenta e Botomé salienta que:

O envolvimento social incluiu componentes psicológicos (declarações de “realização e de satisfação” dos alunos), emocionais (docentes, alunos e população fizeram depoimentos com lágrimas e fortes manifestações de sentimentos), de atuação empírica (as obras realizadas e as mudanças nas condições das favelas foram visíveis), etc. Mas, sem colocar em dúvida que foi um

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bom trabalho social, é preciso examinar se não foi um serviço mais de caráter assistencialista (sem mexer com a pesquisa e com o ensino da Universidade em relação aos determinantes dessas condições dos favelados) e paternalista (sem tirar de fato e permanentemente a população de sua condição de marginalidade, através da própria atuação deles) (Botomé, 1996. p.46).

A metodologia do P2 parece viabilizar, de alguma forma, a prática do trabalho

de extensão, com características próprias, para Demo (2002, p.37) “(...) o conhecer

está mais para a ordem dos meios, enquanto o aprender está mais para a ordem

dos fins. Conhecer orienta­se, sobretudo pela qualidade formal; aprender destaca a

qualidade política, sem dicotomias”.

Quando se observam alguns momentos, de algumas falas, percebe­se que há

aqueles que, no meio do caminho, acabaram “cedendo ao espírito assistencialista”:

B5: “No início foi mais por obrigação, eu tinha que fazer. Mas depois eu fui me envolvendo, com as crianças, eu vi as necessidades deles”.

Aqueles que simplesmente “tinham que”:

A pergunta foi: Você teve motivações pessoais para desenvolver este

trabalho?

B3: “Não.

Pergunta: Por que você desenvolveu?

Resposta: “Porque era um trabalho acadêmico, e que tinha que desenvolver, eu estava com outros problemas e acabei não dando muita atenção”.

E aqueles que nem sabem direito o que aconteceu no meio do caminho, mas

sabem que “os fins justificam os meios” e que existia um fim compensador, a nota.

B6: “No começo eu não tinha, eu fui só por causa do trabalho, da nota. Depois eu gostei”.

Pergunta: Por que você desenvolveu?

B3: “Porque era um trabalho acadêmico, e que tinha que desenvolver, eu estava com outros problemas e acabei não dando muita atenção”.

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Os alunos do P2, mesclam os perfis, desde aquele que procura

aperfeiçoamento ou vantagens profissionais até o que realiza a ação por ser

assistencial filantrópica.

O Pró­reitor foi questionado:

Pergunta: Hoje, a universidade tem estatísticas qualitativas da participação

dos estudantes nas ações de extensão e da respectiva conseqüência em sua

formação?

Resposta do Pró­reitor: “Nós estamos começando a construir isso agora, essa é uma pesquisa nossa, para falar a verdade essa é uma pesquisa pessoal minha.”

(...)

Pergunta: Como está a ampliação do número de programas e projetos de

extensão universitária? Existe hoje uma proposta de ampliação?

Resposta do Pró­reitor: “Não, para falar a verdade não, o recebimento de propostas, e o que há é um estudo uma analise destas propostas, a viabilidade de execução, mas fica muito difícil você trabalhar o que tem acontecido e uma busca nossa mais agressiva por fomento externo, seja da agência, e das agências de fomento, os ministérios e as diversas fundações, como o também no 2º Setor, o 2º setor ele precisa reconhecer a universidade como excelente parceiro para as suas ações e aí sim meios de responsabilidade social.”

Na observação das dificuldades que tiveram, talvez, algo mais vá se

delineando sobre o perfil dos alunos.

5.3.5. Pergunta: Qual o momento mais difícil, do processo de trabalho, que você desenvolve, ou desenvolveu, para concretizar este projeto?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: O mais difícil pra mim é que os alunos chegam com uma auto­estima muita baixa e eles têm uma necessidade de aprender a ler e escrever muito rápido, e às vezes isso acaba frustrando a alfabetizadora, porque

Ø O processo de alfabetização é lento e as alfabetizadoras são

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você não consegue atingir o que ele quer muito rápido, os processos às vezes são lentos você tem que ir e voltar, é uma instabilidade muito grande, eu acho que isso é próprio da Educação de Jovens e Adultos.

cobradas pelos alunos, por resultados rápidos, mesmo que inconscientes.

A2: Com certeza foi este ano, porque o fato do grupo de monitores não ter se entrosado, ter saído pessoas, nós desenvolvemos três projetos durante o ano, teve o Congresso, então eu acho que eu poderia ter desenvolvido mais coisas, mas não foi possível.

Ø Falta de entrosamento da equipe de trabalho.

A3: Pra mim foi à divisão das salas, a profa de Matemática e a profa de Português, tanto que eu acabei não ficando. Começou a ter atritos, daí retornamos à forma tradicional.

Ø Divisão de tarefas e conflito de interesses.

A4: Eu acho que foi os primeiros dias, porque eu nunca tinha entrado numa sala de aula, e eu tinha alunos deficientes mentais, e me deparar com eles foi difícil e agora eu tenho uma aluna surda, é tudo novidade pra mim. A gente acaba levando né.

Ø Falta de experiência, principalmente com alunos especiais.

A5: Eu acho o momento mais difícil, que ainda esta acontecendo que a gente e estamos tentando quebrar estas barreiras, e deixar que eles tenham acesso a outras partes da universidade, biblioteca, informática, isto esta sendo muito complicado, porque por mais que nós consigamos é uma vez ou outra, e eles necessitam deste contato.

Pergt: Entendo, o problema é inserir os teus alunos dentro do ambiente físico da universidade, mas você tem esse acesso? Resp: Eu como aluna da universidade tenho, mas como professora daqui a gente tem que se submeter a ordens e às vezes dá e às vezes não dá.

Ø O acesso dos alunos de EJA aos espaços comuns de aprendizado da universidade.

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A6: Tivemos alguns problemas com alguns alunos, tipo cochicho, e essa coisa acabou se alastrando na sala e repercutindo numa coisa desagradável.

Ø Comentários desagradáveis, criando um clima pesado em sala de aula.

Os alunos deste programa tiveram dificuldades diante do próprio processo de

trabalho como justifica o aluno A1: “O mais difícil pra mim é que os alunos chegam com uma auto­estima muita baixa e eles têm uma necessidade de aprender a ler e escrever muito rápido, e às vezes isso acaba frustrando a alfabetizadora, porque você não consegue atingir o que ele quer muito rápido, os processos às vezes são lentos você tem que ir e voltar, é uma instabilidade muito grande, eu acho que isso é próprio da Educação de Jovens e Adultos”.

A questão relacionamento interpessoal parece que também se apresenta e a

falta de experiência, principalmente com alunos especiais.

Seguem­se os depoimentos dos alunos do P2:

5.3.6. Pergunta: Qual o momento mais difícil do processo de trabalho, que você desenvolve, ou desenvolveu, para concretizar este projeto?

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: Eu acho que a parte mais difícil foi dividir as tarefas, e ver o que cada um ia fazer.

Ø Trabalhar em equipe, definir posições e tarefas.

B2: Tivemos muita dificuldade para desenvolver o projeto justamente porque a instituição era um lugar muito bem estruturado; acreditávamos que iríamos achar uma instituição com falha, com problemas de contabilidade e outros problemas, mas lá esses problemas não existiam. Pergt: Então a observação do problema? A identificação do problema?

Ø Identificar o problema.

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Resp: ­ Exatamente, a criação do projeto em si foi difícil.

B3: Eu acho que foi desenvolver o trabalho para o papel, passar todas as informações que a gente tinha para o papel.

Ø Desenvolver o trabalho acadêmico teórico.

B4: Foi complicado em relação ao número de aulas por semana, só temos aula na segunda feira com a professora J. , então o envolvimento dos alunos tem que ser feito tudo ali, em um pequeno espaço de tempo, não é sempre que podemos tirar todas as nossas duvidas com a professora, buscar informação em somente um dia da semana fica um pouco difícil, são muitos grupos para que a professora tire dúvidas, passe informações, verifique o andamento do trabalho. O que complica muito também é que trabalhamos e estudamos , só podemos realizar o trabalho nos fins de semana , e se não for feito dessa forma acaba acumulando ,na verdade sempre acumula algo para a próxima semana; temos pouco tempo para o desenvolvimento do trabalho , eu acho que o tempo para a realização do trabalho deveria sem maior que apenas seis meses

Ø O tempo destinado ao desenvolvimento do trabalho não foi suficiente.

B5: Foi a finalização, e por ter muita gente na equipe foi difícil, a gente perdeu muitas informações.

Ø Administrar as informações para compor o trabalho teórico.

B6: Eu vou ser bem sincera, foi a comunicação em si, não foi nem o trabalho em si, meu grupo tinha doze pessoas.

Ø A falha na comunicação entre os componentes da equipe.

B7: Pra mim o momento mais difícil foi arrecadar o dinheiro, porque todo mundo quer ajudar, mas na hora de colaborar é difícil. Na verdade quem ajudou mais a gente foram amigos nossos, porque comerciantes e empresas, eles dão apoio, acham legal, mas chega na hora eles dizem que não tem condições.

Ø Tornar o trabalho financeiramente viável.

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Estes alunos sentiram que a falta de entrosamento, de trabalho em equipe

prejudicou o andamento dos trabalhos, e também a dificuldade quanto à composição

teórica científica do trabalho escrito.

B1: “Eu acho que a parte mais difícil foi dividir as tarefas, e ver o que cada um ia fazer”.

B3: “Eu acho que foi desenvolver o trabalho para o papel, passar todas as informações que a gente tinha para o papel”.

B5: “Foi a finalização, e por ter muita gente na equipe foi difícil, a gente perdeu muitas informações”.

Através da próxima pergunta, seguem­se momentos de reflexão.

5.3.7. Pergunta: Como é que você voltou para a sala de aula depois da sua participação neste projeto?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: Eu acho que voltei muito diferente, as capacitações, as coisas que ocorriam do programa abriam muito a minha mente e eu acabei percebendo muitas coisas, me motivou a estudar mais a Pedagogia, me motivou.

Ø Motivou a buscar novos conhecimentos sobre o assunto.

A2: Eu fiquei encantada, porque no meu primeiro contato no PROEJA eu fiquei conhecendo a educação especial e eu nunca imaginaria que eu estaria trabalhando hoje com educação especial. Eu me deparei com estórias que a minha mãe me contava, tem tanta gente com 50, 60 anos e que querem estudar. Eu me sinto mais humana.

Ø Sentimento de realização.

A3: Eu acho que eu tive um choque político, porque eu observava se aquilo que se falava em sala de aula era possível na sala do EJA, e às vezes não era.

Ø Consciência do choque entre teoria educacional e prática pedagógica.

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A4: Eu acho que eu cresci um pouco mais, porque a gente entra no curso e não sabe o que esperar do curso, a gente acha tudo bonito de fora. Pedagogia é coisa fácil, a gente observa de fora, e eu tinha essa visão. Quando a gente ta dentro a gente vê que não é fácil, é difícil lidar com o ser humano, é diferente o aluno do ser humano, é diferente você lidar. A minha visão de que é tudo muito bonito mudou, é bonito, porque você passa do seu conhecimento pra alguém, mas não é fácil, é difícil. A minha visão de contos de fadas acabou.

Ø Consciência do choque entre teoria educacional e pratica pedagógica.

A5: Eu fui bem mais feliz, eu fiquei feliz logo quando eu entrei aqui na sala de aula da alfabetização, e no caso quando eu cheguei na sala de aula, porque era tirar toda aquela dúvida de ser professora e começar a atuar mesmo, agora eu sou professora, eu sou alfabetizadora, eu estou em sala de aula.

Ø Sentimento de realização profissional.

A6: Foi gratificante, porque os professores situam o ponto assim, olha aconteceu isso, e sempre você procura dizer: Eu dou aula na alfabetização e, tem aquele orgulho, é muito bom.

Ø Sentimento de realização profissional.

Os alunos que participam deste programa, após a reflexão proposta se

posicionam politicamente, Demo (1998, p.37) argumenta que “só a pedagogia

universitária, em razão de suas características especiais, pode interpelar o jovem

quanto ao necessário compromisso político”, estes jovens se motivam a buscar

novos conhecimentos percebem que conquistaram a consciência do choque que

existe, de fato, entre teoria educacional e prática pedagógica e também encontram o

sentimento de realização profissional através das práticas que exerceram na

extensão. Acompanhe:

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A1: “Eu acho que voltei muito diferente, as capacitações, as coisas que ocorriam do programa abriam muito a minha mente e eu acabei percebendo muitas coisas, me motivou a estudar mais a Pedagogia”.

A3: “Eu acho que eu tive um choque político, porque eu observava se aquilo que se falava em sala de aula era possível na sala do EJA, e às vezes não era”.

A5: “eu fiquei feliz logo quando eu entrei aqui na sala de aula da alfabetização (...) porque era tirar toda aquela dúvida de ser professora e começar a atuar mesmo, agora eu sou professora, eu sou alfabetizadora, eu estou em sala de aula.

Segue­se o P2.

5.3.8. Pergunta: Como é que você voltou para a sala de aula depois da sua primeira participação neste projeto?

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: Praticamente eu não sabia o que fazer, mas depois a professora foi dando as orientações e a gente foi ficando mais tranqüilo.

Pergt: Mas como pessoa?

Resp: Eu acho que a gente volta mais feliz, porque a gente esta tentando ajudar uma pessoa, ajudar o próximo.

Ø Sentiu­se mais seguro para atuar no projeto.

Ø Sentiu realização pessoal.

B2: Eu voltei me achando à pessoa mais omissa do mundo, eu pensava que tanta gente precisava de ajuda, de tanta coisa, o pessoal lá do lar queria que nós fossemos ao menos nos sábados porque as crianças não tinham aula de educação física, pois não tinha quem fizesse com eles, então, eles precisando de tão pouco e eu me negando? Eu fiquei muito mal inicialmente, e a origem das crianças também me incomodou bastante e me motivou. Para mim visitar um orfanato todos os sábados , sair da minha casa , é complicado, não

Ø Sentimento inicial de impotência e omissão.

Ø Sentiu realização pessoal.

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basta de segunda a sexta que eu tenho que fazer muitas coisas , no sábado que é o dia da minha família , vou ter que ir ? Era o que eu pensava (...) mas então cheguei na segunda feira totalmente mudada à aula, achei legal fazer algo de útil.

B3: Eu acredito que com mais ênfase na parte de caridade, na parte acadêmica agregou um pouco, mas não como na parte de caridade.

Ø Sentiu realização pessoal e sentimento de assistencialismo.

B4: Volto buscando que trabalhos como este sempre aconteçam, pode ser que um projeto assim não aconteça novamente na minha sala, mas espero que ele continue para que a faculdade acabe ajudando outras ONGs, e que outras pessoas façam o curso para obter esse aprendizado que tivemos na instituição.

Ø Percebeu a importância social do projeto.

B5: Eu me senti satisfeita. Ø Sentiu realização pessoal.

B6: Eu já faço trabalho na parte administrativa, e pelo menos foi isso que eu fiz no trabalho. A única coisa de diferente foi que eu vi as crianças e que elas precisavam de ajuda, foi a solidariedade, o Terceiro Setor.

Ø Consciência social.

B7: Eu era cego nesse ponto, porque pra mim era problema do outro, eu achava que eu não tinha responsabilidade nenhuma, eles que tinham que se virar pra conseguir o deles e eu tenho que me virar pra conseguir o meu. Mas eu vi que não é bem assim, que a gente também tem que ter responsabilidade social, porque se não a gente mesmo no futuro vai ser prejudicado, se eu quiser que seja melhor eu tenho que dar força também.

Ø Consciência social.

No contexto reflexivo, apresentado pelos extensionistas deste programa, o

pensamento de Barbosa (2002, p.57) é extremamente pertinente “(...) o professor,

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ao realizar as práticas educativas formadoras de seus alunos, está, também,

produzindo­se e produzindo o resgate “de uma educação da vida da pessoa do

aluno” e que ele denomina “educação para formação de autores cidadãos”. (1998b:

18) , acompanhe os depoimentos:

B2: “Eu voltei me achando à pessoa mais omissa do mundo, eu pensava que tanta gente precisava de ajuda, de tanta coisa, o pessoal lá do lar queria que nós fossemos ao menos nos sábados porque as crianças não tinham aula de educação física, pois não tinha quem fizesse com eles, então, eles precisando de tão pouco e eu me negando? Eu fiquei muito mal inicialmente, e a origem das crianças também me incomodou bastante e me motivou. Para mim visitar um orfanato todos os sábados, sair da minha casa, é complicado, não basta de segunda a sexta que eu tenho que fazer muitas coisas, no sábado que é o dia da minha família, vou ter que ir? Era o que eu pensava (...) mas então cheguei na segunda­feira totalmente mudada à aula, achei legal fazer algo de útil”.

Percebe­se que um exacerbado sentimento assistencialista e solidário se

manifestou nos participantes do projeto, identificado com realização pessoal, pelo

fato de poderem estar colaborando com pessoas necessitadas.

B3: “Eu acredito que com mais ênfase na parte de caridade, na parte acadêmica agregou um pouco, mas não como na parte de caridade.”

B4: “Volto buscando que trabalhos como este sempre aconteçam (...) para que a faculdade acabe ajudando outras ONGs, e que outras pessoas façam o curso para obter esse aprendizado que tivemos na instituição.”

B7: “Eu era cego nesse ponto, porque pra mim era problema do outro, eu achava que eu não tinha responsabilidade nenhuma, eles que tinham que se virar pra conseguir o deles e eu tenho que me virar pra conseguir o meu. Mas eu vi que não é bem assim, que a gente também tem que ter responsabilidade social, porque se não a gente mesmo no futuro vai ser prejudicado, se eu quiser que seja melhor eu tenho que dar força também.”

Todo mundo já passou pela experiência de usar algum tipo de ação como um meio para atingir algum fim, e depois teve aumentado de tal modo seu interesse nesse meio ou ficou tão fascinado por ele que o meio acabou por tornar­se muito mais a sua principal preocupação do que o objetivo original. Na verdade, ele pode tornar­se um objetivo

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importante em si mesmo com o qual podemos nos identificar até as profundezas de nosso ser (Strauss, 1999, p. 57).

A pergunta a seguir foi feita na intenção de que o pensamento do aluno se

complementa, a respeito das aquisições que teve participando de um Programa ou

Projeto extensionista.

5.3.9. Pergunta: Você acredita que este trabalho influencia na construção da sua identidade sociopolítica? Por que e como?

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: Eu acho que você lidar com a história dos alunos em sala de aula você para pra refletir a questão política, eles não estão ali sem saber ler e escrever porque eles querem, teve um contexto histórico, teve uma questão política que os levou a isso, na época as condições financeiras, que eles tinham não permitiam que eles estudassem, eles precisavam trabalhar. Então essa questão social é muito forte, observando isso eu aprendi muitas coisas.

Ø A partir da história dos alunos se reflete sobre questões sociais, que advêm de um contexto histórico­político.

A2: Com certeza. Porque, cada pessoa é uma pessoa, cada um vem com a sua história, porque não estudou, eu acho muito engraçado que muitos tem a história parecida com a dos meus pais, que são nordestinos e não tiveram condição de estudar, você começa a avaliar de uma outra forma, e isso te valoriza. Porque tudo o que você esta fazendo é por você também, e o conhecimento ninguém tira da gente, então como ser humano eu acho que a gente melhora muito, aprende muito.

Ø Relaciona a história pessoal dos pais ao contexto em que atua.

Ø Valoriza a aquisição de conhecimento.

A3: Hoje eu vejo as coisas com mais clareza, eu enxergo o que é política, o que é enganação e o que é sério.

Ø Adquiriu consciência política.

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A4: Eu falo assim que eu estou aqui pra aprender, e pra aprender precisa de mais de uma pessoa. Eu falo para os meus alunos que eu estou aqui para aprender como eles. A gente vê a dificuldade deles, nas séries iniciais, é um aprendizado em tudo, pessoal e profissional, você pode se superar sim.

Ø Valoriza a experiência vivida, pessoal e profissional.

A5: Muito.

Pergt: Por quê?

Resp: Ele influenciou porque foi aí que eu descobri que eu queria ser professora, hoje eu não mudo de jeito nenhum, é isso que eu quero mesmo, fora isso, o contato com os alunos, você aprende muito, você aprende mais do que ensina e na parte política eles são muito críticos, eles procuram se informar o máximo que eles conseguem, e tem muita gente querendo estudar. Então eu acho que é isso que é o que mais me incentiva a continuar desenvolvendo este programa.

Pergt: Você então tem razões pessoais pra desenvolver este programa?

Resp: Sim, pessoais. A minha formação como professora.

Ø Encontrou sua vocação profissional na educação.

Ø Os alunos são críticos gostam de política e aí existe uma troca de aprendizado entre professor e aluno.

A6: Acho sim, porque a partir daqui você já tem um parâmetro de como eu posso trabalhar na escola pública ou particular, o que eu posso ou não posso fazer com o aluno. Acho que influencia sim.

Ø Encontrou parâmetros para atuar como professor.

A seguir o P2:

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5.3.10. Pergunta: Você acredita que este trabalho influencia na construção da sua identidade sociopolítica? Por que e como?

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: Sim, eu aprendi muito e passei a prestar mais atenção nas questões sociais e como a própria sociedade tenta resolver os problemas que o Estado não resolve.

Ø Adquiriu consciência política em relação à sociedade X Estado.

B2: Com certeza, porque conheci outras realidades, outras origens; isso tudo sempre traz influência, às vezes agimos como omissos, por exemplo, para mim tudo é difícil , eu trabalho , faço faculdade, tenho família, tenho que correr atrás, mas então percebi que algumas pessoas não têm possibilidade nem de correr atrás, senão for dada uma oportunidade a elas, essas pessoas nunca vão chegar ao nível que nos temos de trabalhar muito; então acho que politicamente se formos esperar que tudo aconteça pelos governantes , em decorrência do governo investir, sabemos que não acontece, o voluntariado vira assim talvez até uma forma de crítica social ao governo, fazemos o que o governo deveria estar fazendo.

Ø Passou a valorizar o trabalho voluntário como forma de crítica social.

B3: Você acaba vendo estas ações de uma outra forma, você vê que tem pessoas que realmente precisam, que você pode fazer alguma coisa e normalmente você não faz, Às vezes a gente não dá muita atenção.

Ø Consciência da ação participativa individual para uma sociedade melhor.

B4: Sim, o que você vê é que muitas pessoas precisam de auxílio, e muitas não tem conhecimento algum disso. Quando se faz um trabalho desses se aprende junto com as pessoas da instituição , e dessa forma contribui muito para mim .

Ø Consciência da ação participativa individual para uma sociedade melhor.

B5: Eu aprendi, foi útil. Foi ampliando a minha visão sobre as ONGs.

Ø Ampliou visão profissional.

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B6: Acredito. Porque a gente quando vê as pessoas que necessitam a gente tem dó, mas quando a gente vê uma solução para aquilo, muda muito o conceito das coisas.

Ø Visão inicial assistencialista que se torna pragmática.

B7: Eu acho que ajuda sim. Porque a gente vem lá da periferia, e às vezes do lado da nossa casa pode ter uma creche, mas a gente nem sabe. E é um trabalho importante, as crianças precisam de ajuda. Mas eu acho que é responsabilidade do governo, e ele não faz isso. E o 3º setor ta lá pra suprir. Tudo é valido.

Ø Consciência pessoal dos problemas sociais.

Ø Responsabiliza o Estado pelo trabalho que deve ser feito nas ONGs.

“A cada pessoa cabe avaliar com referência ao outro: (1) sua intenção geral

na situação, (2) sua resposta a si mesmo, (3) suas respostas ou sentimentos com

respeito ao outro, o recebedor ou observador de sua ação.” (Strauss, 1999, p. 73­74)

Nos depoimentos percebe­se que as pessoas amadurecem sua visão de

sociedade, de relações políticas e também acabam se encontrando

profissionalmente.

A partir da história dos alunos com os quais trabalham no P1 ou a partir das

relações que vivem com as ONGs no P2, nas quais são voluntários, eles refletem

sobre questões sociais, que advêm de um contexto histórico­político e, nesta

reflexão, colocam­se como cidadãos ou como futuros profissionais cidadãos.

A1: “(...) teve um contexto histórico, teve uma questão política que os levou a isso, na época as condições financeiras, que eles tinham não permitiam que eles estudassem, eles precisavam trabalhar. Então essa questão social é muito forte, observando isso eu aprendi muitas coisas.”

A3: “Hoje eu vejo as coisas com mais clareza, eu enxergo o que é política, o que é enganação e o que é sério.”

B1: “Sim, eu aprendi muito e passei a prestar mais atenção nas questões sociais e como a própria sociedade tenta resolver os problemas que o Estado não resolve.”

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B2: “(...) o voluntariado vira assim talvez até uma forma de crítica social ao governo, fazemos o que o governo deveria estar fazendo.”

B6:” Acredito. Porque a gente quando vê as pessoas que necessitam a gente tem dó, mas quando a gente vê uma solução para aquilo, muda muito o conceito das coisas.”

Na seqüência podem­se reafirmar algumas considerações que já foram

expressas pelos alunos do Programa ou Projeto.

Aquisições na visão dos alunos:

5.3.11. Pergunta: Qual a maior aquisição que esta experiência lhe trouxe? Pessoal e Profissional.

Quadro de depoimentos dos alunos do P1 Depoimentos Significados

A1: Pessoal: Eu acho que foi a questão da comunicação, do diálogo, eu me expresso muito melhor, os congressos, foi isso.

Profissional: A pesquisa, a iniciação científica, aprovada pelo CNPq foi muito importante pra mim.

Ø Desenvolvimento da comunicação.

Ø Ser pesquisadora.

A2: Pessoal: A questão da auto­estima, o conhecimento que ninguém tira.

Profissional: A descoberta da minha vocação para trabalhar com Educação Especial.

Ø Auto­estima elevada. Ø A descoberta da vocação

profissional.

A3: Pessoal: A minha realização é muito importante o contato que eu tenho com as pessoas, eu acreditar em mim e chegar onde eu quero chegar.

Profissional: É difícil imaginar, eu quero ver se daqui 1 ano eu arrumo um emprego numa faculdade.

Ø Realização do objetivo de vida.

Ø Perspectiva de um bom emprego.

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A4: Pessoal: Eu descobri que o meu problema não é maior do que o de ninguém, cada um tem o seu problema e ninguém tem problema maior que o de ninguém.

Profissional: Eu descobri que eu sou capaz, eu me sentia incapaz e hoje eu sou capaz e quero me sentir mais capaz ainda.

Ø Aprimoramento do conceito de humanidade.

Ø Aquisição de auto­estima pessoal e profissional.

A5: Pessoal: Como realização, eu me encaixei.

Profissional: Eu descobri o que eu queria, é isso mesmo que eu quero. A minha formação como professora.

Ø Encontro da vocação profissional.

A6: Pessoal: É muito gostoso e gratificante ensinar pessoas que não tiveram oportunidade de estudar, e elas te agradecem pela paciência.

Profissional: Enriqueceu muito o meu currículo, e as capacitações que nós tivemos como aprender a trabalhar com jovens e adultos, que é bem diferente dos adolescentes.

Ø Aquisição de auto­estima Ø Aquisição de novas

experiências na educação.

Todos os participantes deste Programa estão convictos de sua vocação

profissional para com a Educação, as expressões de encontro pessoal e profissional

são muito claras:

A2: “Profissional: A descoberta da minha vocação para trabalhar com Educação Especial.”

A3: “Pessoal: a minha realização é muito importante o contato que eu tenho com as pessoas, eu acreditar em mim e chegar onde eu quero chegar.”

A4: “Profissional: Eu descobri que eu sou capaz, eu me sentia incapaz e hoje eu sou capaz e quero me sentir mais capaz ainda.”

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A5: “Pessoal, como realização, eu me encaixei. Profissional: Eu descobri o que eu queria, é isso mesmo que eu quero. A minha formação como professora.”

Os alunos do P2:

5.3.12. Pergunta: Qual a maior aquisição que esta experiência lhe trouxe? Pessoal e Profissional.

Quadro de depoimentos dos alunos do P2 Depoimentos Significados

B1: Pessoal: Eu acho que valeu a pena pelo conhecimento.

Profissional: Eu aprendi na prática

Ø Conhecimento e aprendizado.

B2: Pessoal: Foi sair do estado de omissão, e ver que para ajudar alguém não é preciso ter dinheiro, se você tiver um pouquinho de boa vontade já dá para ajudar, porque todos temos a impressão de que é preciso ter muito dinheiro para ajudar, e não , às vezes as pessoas que tem menos podem fazer um trabalho bonito, sério e necessário.

Profissional: Foi justamente ver que tenho que desenvolver além do meu lado acadêmico, também o meu lado pessoal, a desenvoltura de atitude, de flexibilidade, de comunicação, aprendi que vou lidar com todo tipo de público, lá na instituição você lida com as criançinhas que foram abandonadas pelo pai ou pela mãe, e também com a dona da instituição, que lida com aquilo tudo há anos, e não que ela seja insensível, tanto não é que desenvolve esse trabalho, mas para ela aquilo tudo é normal, ela é técnica, muito clara, muito número, muito conceito, o objetivo dela é resolver os problemas das crianças e não ter piedade, ela já passou dessa fase.

Pergt: ­ Você profissionalmente aprendeu a

Ø Consciência social. Ø Consciência profissional

do papel do administrador.

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observar o lado mais humano ou o lado mais técnico?

Resp: Profissionalmente eu percebi que nos vamos lidar com as duas coisas, então temos que ter jogo de cintura.

Pergt: Você acha que era como?

Resp: Eu achava que era tudo muito humano, eu era muito humana, tinha pena... Eu tinha muito disso, então vi que quem lida com números não vê muito o lado humano, deve passar por cima disso e ir atrás de resultados práticos.

Pergt: E você acha que essa aquisição vem em decorrência da tua formação do curso também, ou foi dessa experiência?

Resp: Acho que o curso todo. Vamos criando argumentos para decisões, paramos de ver os “vilõezinhos” e vemos que as atitudes de quem lida com números é acima de tudo sobre coisas palpáveis, e não porque a pessoa é ruim.

Pergt: É uma aquisição acadêmica? Resp: Sim.

B3: Pessoal: Enxergar as necessidades de outras pessoas

Profissional: Experiência, busca de informações e conhecimento.

Ø Consciência social e aprendizado.

B4: Pessoal: Sempre olhar o próximo detalhadamente, nunca tendo uma visão pré conceituosa, antes de tudo tentar enxergar a realidade para poder tomar uma decisão. Quando iniciamos o projeto e ficamos sabendo do que se tratava o trabalho da instituição, já buscamos algumas alternativas e posteriormente vimos que aquilo não seria correto para eles, e que poderíamos fazer muito mais depois de conhecer realmente a instituição. No âmbito

Ø Aprendizado através de um olhar aberto, sem pré­ conceitos.

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pessoal conseguimos muito conhecimento em relação a tudo .

Profissional: Em relação à validade de todo o nosso conhecimento, aprendemos com tudo, com trabalho voluntário você acaba prendendo muito sobre a vida das pessoas, do cotidiano, diferente do trabalho em uma empresa. Ajudamos por opção e prendemos muito com as pessoas, tenho certeza que levo coisas para vida toda.

Pergt: Você já tinha feito algum trabalho voluntário antes desse?

Resp: Não, foi a primeira vez.

Pergt: E quando você viu que era obrigado a participar, como reagiu?

Resp: No primeiro momento tive uma certa resistência, até porque nunca tinha feito nada parecido, mas depois que conheci o local e as pessoas, acabei me identificando e quis ajudar mesmo.

Pergt: Você acha que se não tivesse uma nota decorrente da conclusão do trabalho vocês realizariam da mesma forma o projeto?

Resp: Não posso dizer com certeza por todos da sala, não sei como seria no futuro, mas foi muito importante. Acredito que muitas pessoas da sala não fariam voluntariamente um trabalho desses, algumas pessoas fizeram pela nota , pela necessidade de concluir o curso, mas sei que a grande maioria não faria voluntariamente.

B5: Pessoal: Ver a realidade, que as pessoas precisam de ajudar, e que se cada um fizer a sua parte vai ser uma grande coisa.

Profissional: Você vai vendo as dificuldades e pode ajudar com seu trabalho.

Ø Consciência social. Ø Consciência profissional

do papel do administrador.

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B6: Pessoal: Ah, eu não sei. Eu vi a parte solidária, eu consegui ver o que a gente pode fazer pra ajudar o próximo.

Profissional: Eu acho que se o grupo tivesse trabalhado em equipe o trabalho teria sido melhor, então eu percebi que trabalhar em equipe é melhor.

Ø Consciência social. Ø Consciência profissional

do papel do administrador.

Os participantes deste projeto expressaram suas aquisições enfatizando mais

o lado assistencial e profissional, que adquiriram durante a experiência vivida.

B2: “Pessoal: foi sair do estado de omissão, e ver que para ajudar alguém não é preciso ter dinheiro, se você tiver um pouquinho de boa vontade já dá para ajudar, porque todos temos a impressão de que é preciso ter muito dinheiro para ajudar, e não, às vezes as pessoas que tem menos podem fazer um trabalho bonito, sério e necessário.”

Pergt: ­ Você profissionalmente aprendeu a observar o lado mais humano ou

o lado mais técnico?

Resp: ­ Profissionalmente eu percebi que nos vamos lidar com as duas coisas, então temos que ter jogo de cintura.

Pergt: ­ Você achava que era como?

Resp: ­ Eu achava que era tudo muito humano, eu era muito humana, tinha pena... Eu tinha muito disso, então vi que quem lida com números não vê muito o lado humano, deve passar por cima disso e ir atrás de resultados práticos.

B4: “Profissional: Em relação à validade de todo o nosso conhecimento, aprendemos com tudo, com trabalho voluntário você acaba prendendo muito sobre a vida das pessoas, do cotidiano, diferente do trabalho em uma empresa. Ajudamos por opção e prendemos muito com as pessoas, tenho certeza que levo coisas para vida toda.

Pergt: Você já tinha feito algum trabalho voluntário antes desse?

Resp: Não, foi a primeira vez.

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Pergt: E quando você viu que era obrigado a participar, como reagiu?

Resp: No primeiro momento tive uma certa resistência, até porque nunca tinha feito nada parecido, mas depois que conheci o local e as pessoas, acabei me identificando e quis ajudar mesmo.

(...)

Pergt: Você acha que se não tivesse uma nota decorrente da conclusão do

trabalho vocês realizariam da mesma forma o projeto?

Resp: Não posso dizer com certeza por todos da sala, não sei como seria no futuro, mas foi muito importante. Acredito que muitas pessoas da sala não fariam voluntariamente um trabalho desses ,algumas pessoas fizeram pela nota , pela necessidade de concluir o curso, mas sei que a grande maioria não faria voluntariamente.”

B5: “Pessoal: Ver a realidade, que as pessoas precisam de ajudar, e que se cada um fizer a sua parte vai ser uma grande coisa.

Profissional: Você vai vendo as dificuldades e pode ajudar com seu trabalho.”

A visão das gestoras:

5.3.13. Pergunta: Como você avalia o efeito, no aluno, da interação resultante da ação do trabalho com extensão nas atividades acadêmicas?

Quadro de depoimentos das gestoras do P1 e do P2 Depoimentos Significados

G1: O aluno tem um diferencial, não só aqueles que atuam aqui em alfabetização, mas aqueles que atuam em programas de extensão, eles acabam tendo um diferencial em relação aos outros alunos, primeiro porque eles têm um contato muito maior com a universidade em termos de tempo e de descobrir o que é o mundo acadêmico, e este espaço, e descobrir que este espaço não é um espaço restrito a sala de aula, esse é um ganho e todos eles passam por isso, em algum momento eles acabam percebendo que a formação deles depende

Ø Ampliação da visão do que é a universidade, através do contato maior com o mundo acadêmico.

Ø Maior aprendizado.

Ø Maior atuação em espaços que não são restritos as salas de aula.

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de mais outros elementos além desses que eles têm em sala de aula, então a possibilidade de atuar num programa de extensão amplia o universo de visão, do que é a academia, do que é a universidade, e neste sentido eu acho que todos eles acabam levando e percebendo isso. Eles percebem que aprendem mais, eles percebem que eles podem atuar em outros espaços que não fica restrito a sala de aula. Um aprendizado muito grande. A gente vê alunos que saíram do PROEJA e que foram atuar em ONGs como formadores de professores alfabetizadores e aí a gente percebe que o aprendizado que existe dentro da extensão é muito maior do que as pessoas dimensionam, fora da extensão, também com a extensão eu consigo perceber fora dela eu não consigo me dar conta disso. Eu acho que os alunos conseguem levar este tipo de aprendizado.

G2: Vou usar como exemplo uma sala de 130 alunos, hiper­agitados, distribuí essa sala em seis grupos aproximadamente de 20 e poucos alunos. Eu percebi que dentro dessa sala eu consegui de alguns grupos, não da grande maioria, uma postura diferente em relação à disciplina. Foi bom e produtivo para eles, começaram a participar, queriam mostrar o que sabiam, queriam ser os melhores, lutaram por alguma coisa. Houve uma interação com a disciplina no momento em que passaram a ter a pratica, perceberam que tinham que fazer algo e queriam fazer bem feito. Um grupo me surpreendeu, achei que não conseguiriam fazer corretamente, e foi um dos melhores trabalhos da sala.

Ø Postura diferente em relação à disciplina.

Ø Interação com a disciplina através da prática.

Ø Motivação para participar e fazer o trabalho.

A interação resultante da ação do trabalho com extensão nas atividades

acadêmicas pode ser surpreendente.

A gestora do P1 coloca a questão de forma muito apropriada: “O aluno tem um diferencial, não só aqueles que atuam aqui em alfabetização, mas aqueles que atuam em programas de extensão, eles acabam tendo um diferencial em relação

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aos outros alunos, primeiro porque eles têm um contato muito maior com a universidade em termos de tempo e de descobrir o que é o mundo acadêmico”.

Considera­se que, a ampliação da visão do que é a universidade, através do

contato maior com o mundo acadêmico, pode provocar no aluno reflexões de ordem

pessoal e intelectual que ativem, de certa forma, a sua escolha comportamental em

relação ao quanto esse indivíduo devotará de si a determinada atividade, isto é qual

a intensidade de seu comportamento em relação ao trabalho e as possibilidades

oferecidas.

Acompanhando ainda o raciocínio da gestora do P1

G1: “(...) em algum momento eles acabam percebendo que a formação deles depende de mais outros elementos além desses que eles têm em sala de aula, então a possibilidade de atuar num programa de extensão amplia o universo de visão, do que é a academia, do que é a universidade, e neste sentido eu acho que todos eles acabam levando e percebendo isso. Eles percebem que aprendem mais, eles percebem que eles podem atuar em outros espaços que não fica restrito a sala de aula.”

Uma pessoa que apresenta orientação motivacional intrínseca realiza uma

atividade por satisfação e interesse, sendo movido a agir pelo desafio da atividade e

não por pressões ou recompensas. Guimarães (2001) define que a motivação

intrínseca refere­se à escolha e realização de determinada atividade por sua própria

causa, por esta ser interessante, atraente ou, de alguma forma, geradora de

satisfação.

Percebe­se na fala da gestora do P1 que o trabalho com a extensão cria a

percepção, para o aluno, de integração com a sociedade e a comunidade a que ele

está inserido, como também na qual ele irá atuar, dando para este experiências e

realidades diferentes da academia, desenvolvendo o seu senso crítico.

É o aluno cidadão que interage com a sociedade, se situa historicamente, se

identifica culturalmente e referencia sua formação técnica com as demandas.

Uma mescla de motivação extrínseca e intrínseca é observada no

comportamento dos alunos que participam do P2, estes tiveram uma mudança de

postura no decorrer do trabalho, a fala da G2: “dentro dessa sala eu consegui de alguns grupos, não da grande maioria, uma postura diferente em relação à

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disciplina”. De acordo com Guimarães (2001 p.47) “existem diferentes níveis de regulação da motivação extrínseca, que se desenvolvem através de um continuum, ressaltando a tendência humana de integrar e internalizar comportamentos

extrinsecamente motivados”. Neste caso, o nível seria o da regulação identificada: “o

comportamento é aceito como pessoal: “envolvo­me porque acho importante fazê­lo” (idem, pg. 47). Ainda observando a fala da G2: Houve uma interação com a disciplina no momento em que passaram a ter a prática, perceberam que tinham que fazer algo e queriam fazer bem feito.”

A motivação para um trabalho depende do significado que cada qual atribui a

essa atividade, Guimarães (2001) assinala que o envolvimento e o desempenho

escolar do aluno que adota a motivação intrínseca são caracterizados por alta

concentração, de tal modo que perde a noção do tempo; os problemas cotidianos ou

outros eventos não competem com o interesse naquilo que está desenvolvendo; não

existe ansiedade decorrente de pressões ou emoções negativas que possam

interferir no desempenho. Ter êxito produz um senso de autocrítica em relação ao

que está sendo aprendido, criando expectativas positivas de desempenho,

reforçando, assim, a motivação para aquela tarefa ou atividade.

G2: “Foi bom e produtivo para eles, começaram a participar , queriam mostrar o que sabiam, queriam ser os melhores, lutaram por alguma coisa. (...) Um grupo me surpreendeu, achei que não conseguiriam fazer corretamente, e foi um dos melhores trabalhos da sala”.

As palavras de Guimarães dão sentido ao olhar da G2, “a motivação

intrínseca refere­se à escolha e realização de determinada atividade por sua própria

causa, por esta ser interessante, atraente ou, de alguma forma, geradora de

satisfação” (2001, p.37).

Apesar dos cursos de formação universitária, oferecidos na área de

administração de empresa, serem claramente baseados na racionalidade técnica, a partir de um currículo normativo que ainda incorpora a idéia de que a competência

prática torna­se profissional quando seu instrumental de solução de problemas é

baseado no conhecimento sistemático, de preferência científico, que passa a ser

aplicado como uma técnica, mostra­se o contrário através desta experiência,

relatada pela gestora do P2, onde se pode observar que o trabalho efetuado a partir

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do projeto de extensão trouxe significativas reflexões e ações para os envolvidos de

fato.

Silva sustenta que:

Para que não sejam apenas mais uma peça na engrenagem, as pessoas envolvidas no trabalho universitário devem utilizar instrumentos que as capacitem a interpretar o mundo, identificando as situações que requerem transformações simples ou complexas. (...) os trabalhos de extensão possibilitam o desenvolvimento, dos que estão com eles comprometidos, de uma escuta diferenciada das vozes dos grupos sociais organizados ou não. Há, pois, tanto uma dimensão ética quanto implicações políticas presentes na Extensão. A dimensão ética se verifica, por exemplo, na aplicação do saber para a solução de equações sociais, visando ao bem da espécie humana (2002, p.48).

Desta forma, pode­se perceber que, na visão das gestoras, os alunos se

beneficiaram de forma não apenas acadêmica, mas também numa interação

interpessoal que os fez amadurecer para atuarem na profissão que escolheram,

motivados por questões profissionais, pessoais ou mesmo institucionais.

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Considerações Finais

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As considerações finais deste trabalho serão tecidas tendo em vista os

objetivos delineados neste estudo, que se remetem à compreensão de que, por

meio de uma determinada política institucional de Extensão Universitária, torna­se

possível a comparação e a interpretação de motivações pessoais de alunos

extensionistas e como estes se relacionam por meio deste trabalho com o ensino,

com a pesquisa e com as políticas institucionais.

Os resultados obtidos no presente estudo monstraram que as articulações e o

desenvolvimento, os aspectos jurídicos e sua evolução, que caracterizam as

especificidades da extensão universitária, influenciam sobremaneira as atividades de

Extensão Universitária pesquisadas, pois cada uma delas compõem­se de

características políticas e pedagógicas diferenciadas, mas que estão sempre em

consonância com a política institucional da referida universidade .

O aluno que participa da atividade de extensão é beneficiado pela política

institucional, no sentido de aquisição de conhecimento, de geração de conhecimento

mas, ele e o trabalho que desenvolve como extensionista, também podem ser

instrumento para a promoção da extensão como valor de mercado, de acordo com a

política de marketing educacional adotada pela instituição.

A capacidade de iniciativa dos alunos, um reconhecer de que são capazes de

trabalhar seus potenciais, através das oportunidades que surgem neste trabalho de

extensão são estabelecidas pelas metodologias utilizadas, seja num contexto

instrucionista, problematizador ou dialógico.

Sendo assim, os objetivos institucionais e pedagógicos de cada programa ou

projeto influenciam de forma incisiva numa questão muito maior em relação à

extensão e sua inserção de direito e de fato como prática universitária.

No programa e no projeto selecionados a extensão faz uma integração do

aluno com a realidade da profissão escolhida, ao demonstrar em que estado se

encontra o seu campo de trabalho e, com isso, demonstrar as perspectivas que este

tem naquele momento. Ela vai integrar os alunos com o mercado, a sociedade e a

comunidade da qual ele é parte e onde ele irá atuar, dando­lhe experiências e

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realidades bem diferentes da academia, desenvolvendo senso critico e

posicionamento político como cidadão.

Formas de atuação diferenciadas foram identificadas e, movidas por questões

diversas, motivações de fontes que transitam entre o olhar assistencial filantrópico, a motivação profissional e a militância política. No decorrer dos depoimentos e das

análises o perfil psicossocial dos alunos foi se delineando, transpassado pelo

contexto cultural, político e social no qual estavam inseridos:

Alguns alcançaram, através das experiências vividas, um olhar estratégico e

elaborado dos caminhos que foram percorridos, ou que percorrerão dali em diante,

um posicionamento político como cidadão e como profissional.

Outros vivenciaram o assistencialismo e o voluntariado como caminho pra a

conscientização cidadã, ou mesmo o simples fazer o bem e encontrar­se diante

dele.

A partir de uma visão geral, encontrada na junção de todas as categorias

pesquisadas, pode­se concluir que uma metodologia que privilegia a pesquisa

científica e que se faz presente e atuante, em trabalhos de iniciação científica e

eventos científicos, resignifica o conhecimento adquirido por meio da vivência

consciente no trabalho extensionista.

Os alunos do P1 [EJA], que vivenciam esta metodologia, têm um

posicionamento político quanto ao trabalho que fazem, acreditam nas mudanças que

a educação pode trazer. A motivação manifestada refere­se à escolha e realização

da atividade por sua própria causa, por esta ser interessante e geradora de

satisfação profissional e pessoal.

O P2 [ADM] por suas metodologias e por seu fim acaba levando o aluno

extensionista a uma atitude que vai do senso comum retórico ao extremo do

pragmatismo que faz coincidir causa, intenção e resultado.

O ensino e a extensão caminham em busca de aperfeiçoamento profissional

evidenciado­se nas práticas de ensino e aprendizagem que são reveladas, através

de metodologia instrucionista, mas também problematizadora, da exploração

institucional do projeto como evento de competição e da avaliação individual dentro

de um parâmetro norteador de uma disciplina e sua respectiva metodologia de

avaliação.

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E, é neste contexto, que o aluno do P2 também acaba se tornando um

voluntário assistencialista, característica negada na metodologia de trabalho do

projeto, mas que se torna inerente ao processo de envolvimento pelo qual cada

aluno, como pessoa, acaba passando e assim encontrando um sentido pessoal para

seu trabalho acadêmico extensionista.

Desta forma, a partir dos dados investigados, comparados e interpretados,

conclui­se que o entendimento pleno da verdadeira dimensão da extensão

universitária e sua aplicação, com identidade, desenvolvimento e encaminhamentos

específicos está diretamente ligado ao processo de desenvolvimento de ações conscientes e responsáveis, ações políticas, institucionais, pedagógicas, sociais e pessoais. Estas ações. que podem estar aliadas a pesquisa ou ao ensino, ou de forma ideal aos dois, têm como catalisador e propulsor o conhecer, o reconhecer, e

o aprender a ser um agente de transformação social e político em sua comunidade,

ato que acontece na vivência da experiência extensionista, no dinâmico e verdadeiro tripé: ensino, pesquisa e extensão .

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Referência Bibliográfica

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Apêndices

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APÊNDICE 1

Perguntas feitas nas entrevistas com os alunos:

1. O que é a extensão universitária?

2. Qual o objetivo deste programa?

3. Quais as metodologias utilizadas para a execução deste programa?

4. Como é o processo de registro das atividades?

5. Existe algum tipo de produto (a elaboração de artigos científicos e ou a realização de eventos) que finalize o programa ou o encaminhe para uma 2ª fase? Como você participa deste trabalho?

6. Você recebe algum tipo de apoio institucional? (bolsas)

7. Como é o seu envolvimento no projeto? o que você faz?

8. Qual o momento mais difícil, do processo de trabalho, que você desenvolve, ou desenvolveu, para concretizar este projeto?

9. Você trabalha com outros professores de outras disciplinas na formatação deste projeto? (Do seu curso ou de outros?) Quem faz essa articulação?

10.Como você avalia o efeito da interação resultante da ação da extensão nas atividades acadêmicas?

11.Você acredita que este trabalho influencia na construção da sua identidade, e na sua educação sócio­política? Por que e como?

12.Você tem motivações pessoais para desenvolver este trabalho? Se sim, quais? Se não, então por que desenvolveu?

13.Você acha que este programa desenvolve, predominantemente, atividades assistencialistas, ativistas ou de marketing institucional.

14.Como você analisa a formação acadêmica e a experiência de vivenciar práticas político­sociais dentro de um mesmo contexto?

15.A partir deste trabalho, você observa que houve aquisição de novos conhecimentos e, confronto entre a formação acadêmica com a prática?

16.Como é que você voltou para a sala de aula depois da sua primeira participação neste projeto?

17.Você acha que seus colegas de projeto tem envolvimento com o projeto motivados por questões pessoais, assistencialistas ou institucionais? Explique?

18.Qual a maior aquisição que esta experiência lhe trouxe? (pessoal? profissional?)

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APÊNDICE 2

Entrevista realizada com o Pró­reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade, em outubro de 2006. O texto aqui apresentado se encontra na íntegra.

1. Como são caracterizados os trabalhos de extensão na Universidade A, isto é, quais as formas de se “fazer” extensão?

Pró­reitor: Olha a universidade A, hoje, ela adere a toda a conceituação contemporânea de extensão no Brasil. Então a extensão é realizada, planejada pedagogicamente, existe uma preocupação muito grande em situar o aluno, o estudante, o educando na intervenção propriamente dita, no relacionamento desta intervenção com a sua formação profissional, o envolvimento dos professores que coordenam os projetos que ajudam na execução dos projetos, no dia da execução do projeto, e toda a intervenção de extensão na universidade A ela é registrada, como todo trabalho acadêmico deve ser, como toda a prática acadêmica deve ser, ela é registrada na sua construção, na sua execução e depois no retorno para a academia.

A construção é feita, usa­se uma metodologia dialógica com a comunidade aonde a intervenção será feita, para que não haja uma imposição da universidade, do saber acadêmico sobre o saber popular, ou até mesmo a imposição na definição da problemática existente na comunidade. Então existe um certo percurso, que se percorre antes da intervenção e após a intervenção.

Estas intervenções estão vinculadas a programas, são projetos vinculados a programas, programas construídos segundo as linhas da extensão e as áreas temáticas da extensão, como adotadas pelo ministério da educação.

2. Quais as principais ações de extensão promovidas pela Universidade A?

Pró­reitor: Os nossos programas, os principais programas que temos hoje, eu destacaria o F, que é um programa de atenção às famílias. Ele tem uma aderência maior ao curso de Serviço Social, mas ele envolve diversos cursos, é uma característica da extensão. A extensão ela é antes de tudo interdisciplinar e hoje eu acredito que é a única prática acadêmica que verdadeiramente consegue a transdisciplinaridade ao sair das salas de aula, sair desse espaço que a gente considera de construção teórico­abstrata da sala de aula para a vivência, para a realidade, para o mundo real, onde o aluno aprende a problematizar, aprende a articular os saberes que ele viu de forma fragmentada nas diversas disciplinas que compõem o seu currículo e ele também trabalha, de forma bastante evidente, habilidades de comunicação com o outro, que é uma das coisas que foi colocada até pela UNESCO como uma das habilidades necessárias para o profissional do sec. XXI. Tem [Existe] um, chamam de decálogo do profissional do séc. XXI [um] documento da UNESCO muito interessante, e a gente consegue perceber naquele documento habilidades que são trabalhadas hoje exclusivamente na extensão, pois dificilmente você trabalharia alguma daquelas habilidades em sala de aula.

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Então a extensão apresenta­se, hoje, como uma prática acadêmica necessária, diria eu, como uma alternativa necessária para a universidade que verdadeiramente quer atender às demandas da sociedade e do mercado, mercado como subconjunto da sociedade, mas isso é importante dar uma olhada também, voltando, desculpe, voltando aos programas, existe o F, o S que trabalham educação com pessoas com necessidades especiais; tem o R que trabalha a partir da fusão com a cultura musical; temos o P, que trabalha a educação de jovens e adultos; temos a UN que é a universidade da melhor escrita e leitura, temos todos os programas das feiras de saúde e os programas de atendimento à comunidade nas diversas clínicas, e espaços de interação com a comunidade, seja no Núcleo Jurídico, seja na clínica de psicologia, temos a empresa jr, agência de comunicação integrada, escritório de projetos, a engenharia. Todos os Centros, hoje, tem projetos vinculados, principalmente ao Centro, eles trabalham como eu falei, de maneira transversal e a interdisciplinaridade, mas existe uma aderência maior a um determinado Centro. Então, hoje, a nossa preocupação foi primeiro, ter todos os Centros com programas de extensão para poder disponibilizar ao seu aluno, e, segundo o nosso desafio é tentar fazer com que todos os Cursos tenham atividades de extensão nos seus currículos.

3. Qual o público atingido pela extensão, hoje, entre beneficiados, alunos e professores?

Pró­reitor: Esse número é bastante grande, hoje nós temos beneficiados, por ano, uma base de 40.000, é em torno de 40.000 alunos, nós temos 9.000 alunos hoje envolvidos em todos os programas e nas ações.

4. Quantos programas a universidade A contempla neste ano de 2006, o Sr. citou vários?

Pró­reitor: De cabeça agora eu não poderia te dar este número, mas [nós] temos diversos programas, como eu falei pelo menos 1 em cada centro, e esta informação eu posso te passar depois, ela fechada.

5. Há um processo crescente de número de programas? Pró­reitor: Sim há, até por conta da percepção do valor da extensão, como

prática acadêmica, o envolvimento de professores, o envolvimento dos alunos. Inclusive ontem nós tivemos a entrega do prêmio de integração social, que é mais um programa e [nós] tivemos uma fala [do] Jós, que veio da FGV, e ele falou sobre o crescimento do que hoje se chama o 3 setor, o 3 setor se tornando uma opção viável para o desenvolvimento profissional de um egresso do ensino superior. Então, há diversas pessoas que se envolvem na extensão por ela ter uma dinâmica semelhante ao 3 setor. Não é o 3 setor, mas tem uma dinâmica muito semelhante, por sua metodologia de trabalho, na maneira como ela trabalha a intervenção social, na maneira como ela, inclusive a extensão ela é uma excelente escola para a formação de profissionais para o 3 setor, porque toda a metodologia aplicada no desenvolvimento de um projeto, de um programa, de uma ação extensionista [ela] é adotada também no 3 setor, porque as preocupações são as mesmas, não frustrar a

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comunidade, atingir as metas, satisfazer o teu parceiro, você trabalhar dentro de limitações orçamentárias, limitações de conhecimento, de intervenção, limitações políticas de intervenção. Então, isso tudo se trabalha na extensão e o que a gente percebe é que o 3 setor [ele] também trabalha segundo esse modelo, então a extensão acaba sendo uma excelente escola.

6. Hoje na Universidade existem parcerias envolvidas nestas ações de extensão?

Pró­reitor: Existem parcerias, nós temos parceiros do poder público, do 1º e do 2º setor, o setor produtivo.

7. Existem aportes financeiros? (bolsas concedidas?)

Pró­reitor: Sim, existem. Eu estava pensando agora, no P, que é um programa de educação de jovens e adultos, e que é um programa que desenvolve um projeto junto a uma empresa, na região de Guarulhos para trabalhar a educação de funcionários dessa empresa, e é uma coisa bastante interessante porque como deve ser feito, a Universidade entra com o conhecimento, com a expertise e a Empresa entra com o pagamento de monitores e professores que estão envolvidos, é bastante interessante isso.

8. Estes incentivos eles provém também da Universidade A?

Pró­reitor: Sim, provém também da Universidade A, a mantenedora, para falar a verdade, é uma das grandes financiadoras da extensão na Universidade A. A instituição educacional S seria a primeira parceira da extensão na Universidade A, sem sombra de dúvidas.

9. Quais as políticas existentes na Universidade A para o desenvolvimento das atividades de extensão?

Pró­reitor: Nós temos algumas políticas indutoras, agora é o Pibex, que é o programa institucional de bolsa de extensão, isto para o aluno, a Universidade A reconhece o trabalho de extensão como prática acadêmica, então na composição contratual dos professores, o plano de cargos e salários da Universidade A, até numa vanguarda absurda que as universidades públicas, as federais, as estatais, não conseguiram fazer até hoje: o peso da extensão na carreira universitária é semelhante ao peso da pesquisa na carreira docente. Isto na Universidade A, então existe um reconhecimento institucional muito grande, a todos os alunos e professores que participam, com certificado de participação, isso é excelente para o currículo, isso é uma coisa que compõe o currículo da pessoa. O currículo Lattes, hoje, do CNPQ, a plataforma Lattes [ela] contempla atividades de extensão, então para o docente um certificado de participação em atividades de extensão é ponto no currículo Lates, na plataforma Lattes. Isto foi uma conquista dos fóruns de extensão, junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia no ano passado.

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10. Então esta política é nova na universidade A, estes certificados de participação?

Pró­reitor: Esta do currículo Lattes é uma política nacional, não é só da universidade A, é uma plataforma nacional, como se fosse um grande banco de dados dos pesquisadores no Brasil. O nosso novo plano de cargos e salários acredito que foi ano passado, já contempla.

11. Então a partir deste novo plano de cargos e salários?

Pró­reitor: As ações extensionistas são tão relevantes para a promoção profissional quanto às ações. Como prática acadêmica, na gestão dessa prática acadêmica na universidade A, a extensão não é feita de forma amadorística, ela é feita de uma forma bastante profissional, dentro da academia, então todo o cuidado metodológico para a execução da ação é verificado os registros diz ações, no currículo do professor. Eu vejo que é uma coisa justa.

12. Qual o compromisso da Universidade A para a estruturação e efetivação das atividades de extensão?

Pró­reitor: Olha a universidade A tem aprovado, nos seus documentos, uma política de extensão, um documento que rege a ação da universidade A na extensão. O próprio reconhecimento institucional, como a bolsa de extensão, já é um reconhecimento, o próprio peso nas relações contratuais com os professores que tem horas de extensão, tem professores com 20 horas de extensão, quer dizer é uma carga horária bastante significativa, é um reconhecimento da instituição de como a extensão, como a prática acadêmica, como algo necessário e de uma certa forma, em seu documento de fundação como universidade A, de 1993, já proposto, o projeto que foi encaminhado para o MEC, onde a Universidade A, como universidade, [ela] foi reconhecida como Universidade, o caráter extensionista está registrado naquele documento e hoje ele aparece explicitado na missão da universidade A. Então, existe de alguma forma, inclusive tem um livro do fórum que foi escrito, e eu escrevi a parte da institucionalização da extensão. O que eu percebo é que o que nós hoje podemos como movimentos necessários, como ações necessárias para que haja a institucionalização da extensão, inclusive as avaliações de suas ações, a extensão como prática acadêmica necessita, precisa ser avaliada faz parte da legitimidade, da respeitabilidade dessa ação como prática acadêmica, se você fizer esse “check list”, todas as ações foram implementadas pela Universidade A, para a institucionalização da extensão como prática acadêmica reconhecida pela mantenedora.

13. Quais as sistemáticas de avaliação das atividades de extensão desenvolvidas pela universidade A?

Pró­reitor: Existem, saiu recentemente mais um livro que foi lançado nesse congresso de Santa Catarina, revisitando a avaliação da extensão, nós tivemos momentos bem interessantes, um deles foi quando os fóruns começaram a discutir

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as diversas dimensões de avaliação da extensão e os diversos atores avaliando a participação dos diversos atores. A extensão por trabalhar uma interação entre a universidade e a sociedade, [e] a sua avaliação não se prende somente aos atores institucionais, quer dizer, somente a professores e discentes, ao educando, ela também precisa contemplar a comunidade onde a contemplação vai ser feita e nessa contemplação, nessa análise, nesse diálogo com a comunidade, o que você precisa fazer e o que nós verificamos foi o seguinte, não dá para você partir para uma convenção [avaliação] desvinculada dos propósitos do projeto Se [nós] vamos trabalhar um projeto na área de educação [eu] posso, obviamente, verificar impactos na área da saúde, contudo, eu preciso ter instrumentos, eu preciso ter uma fala, eu preciso ter um olhar mais [maior] para a área da educação, para os objetivos do projeto, por isso que é importante essa construção, por isso que é importante trabalhar na metodologia dialógica, onde a comunidade reconhece a intervenção, a área onde ela vai acontecer e como são as propostas da Universidade, pois nós estamos trabalhando, nós estamos interagindo, eu não vou trabalhar para uma comunidade, eu vou trabalhar com uma comunidade, existe uma diferença muito grande nesta colocação, ao trabalhar com a comunidade eu preciso primeiro reconhecer metodologias pedagógicas, ou melhor, propostas como metodologias, mas infelizmente pouco utilizadas em uma sala de aula, mas você reconhecer a história do educando, de onde ele vem qual o seu degrau, para poder utilizar isso como elemento de função de diálogo para o próprio aprendizado do educando, isso é feito de maneira mais evidente na extensão por conta até dessa metodologia dialógica que nós utilizamos.

14. O Sr. acha que o professor que está em sala de aula, ele tem essa concepção esclarecida da extensão?

Pró­reitor: Alguns tem sim a grande maioria dos nossos professores tem uma idéia muito clara sobre o que é extensão, a extensão como um princípio pedagógico, a importância da extensão como princípio pedagógico, até como um elemento que possibilite a flexibilização curricular é uma discussão muito recente, quer dizer uma discussão que já vem há algum tempo, mas agora está envolvendo a academia como um todo, é este ano, ano passado. Mas eu acho que sim, eu estive no 3º congresso brasileiro de extensão e eu participei da avaliação de diversos trabalhos e mesmo quando o professor estava para apresentar o trabalho eu queria falar com o aluno também, e a minha primeira pergunta para o aluno é [foi]: Você entende o que você está fazendo? O que é isso que você esta fazendo? Como é que você voltou para a sala de aula depois da tua primeira participação neste projeto? Esse é um re­ significado da formação absurda [?] e isso é uma pesquisa que nós vamos estar começando a trabalhar agora até dentro da própria universidade, analisando a fala de diversos alunos que participarão dos projetos e como isso mudou a maneira com que ele viu o espaço da sala de aula, a interação professor/aluno em sala de aula e como ele viu a sua formação, a importância para sua formação.

15. Existe um acompanhamento do impacto das atividades de extensão junto aos segmentos sociais que são alvos ou parceiros das atividades de extensão?

Pró­reitor: Sim

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16. Hoje a universidade tem estatísticas qualitativas da participação dos estudantes nas ações de extensão e da respectiva conseqüência em sua formação?

Pró­reitor: Nós estamos começando a construir isso agora, essa é uma pesquisa nossa, para falar a verdade essa é uma pesquisa pessoal minha.

17. Como é feita a integração das atividades de extensão com o ensino e a pesquisa e com as necessidades e demandas do entorno social?

Pró­reitor: Olha muito que a gente chama de indissociabilidade, ele é construído entre os gestores para, digamos assim, compatibilizar as ações e as expectativas de uma dessas ações. Quando eu estava falando dos programas eu falei do F, que é o programa de atenção as famílias e esse programa [eu] acredito que [ele] tenha sido o embrião para um mestrado na universidade A, coordenado pela coordenadora do programa, a professora Rosa. Muito do que é feito, por exemplo, algumas atividades complementares, que aparecem necessárias em diversos cursos da universidade A são realizadas na forma de ações extensionistas com o ensino de graduação. É uma construção que esta sendo feita, digamos assim que começamos a olhar com mais carinho, com mais calma, a partir deste ano, numa forma de institucionalizar estas relações. Eu tenho a sorte de trabalhar com 2 colegas que são capazes em suas áreas, são pessoas brilhantes e que tem me ajudado sempre que possível na interação com a extensão.

Na reação com o entorno, existe uma preocupação muito grande dos extensionistas de não se colocarem como 3º setor, não se colocarem como substitutos do Estado, não é isso. Existe um amigo, prof. EC, da Universidade B, durante alguns anos presidente do Fórum de Pró­Reitores de Extensão das Universidades Públicas brasileiras, ele fala que a extensão universitária brasileira tem nome e sobrenome, substantivo e adjetivo. Essa fala já é do JH, é a fala da universidade, ela se posiciona na universidade como prática acadêmica, então ela tem a parte política da ação, mas ela não pode ser somente ação. Existe uma preocupação muito grande de um caráter excessivamente pragmático da extensão, a extensão reflexiva, a extensão somente ação e quando você começa a atender a toda e qualquer demanda, por mais que o nosso coração queira, é o que eu costumo falar com [para] as pessoas, nós podemos atender como cidadãos, mas não como universidade, como grupo de cidadãos voluntários, nós podemos atender, mas existe uma diferença entre o trabalho de um grupo voluntário e a intervenção extensionista de uma instituição de educação superior. Uma intervenção extencionista de uma instituição de educação superior ela não se “assocializa”, não integra saberes, ela produz saberes. Então, isso é uma coisa muito proveitosa que nós vimos agora. Nós tivemos reuniões, mais de uma, com representantes de 5 ministérios, lá em Florianópolis, inclusive pela primeira vez um ministério assina um convênio com uma instituição, uma organização ligada ao segmento das particulares. O Ministério do Meio Ambiente, da Ministra Marina Silva, vai assinar, em Brasília agora, com o fórum de extensão, um convênio, um acordo de cooperação, e o que nós percebemos é que existe o reconhecimento do poder público da extensão como um agente que faz, mas que pensa e que propõe políticas públicas. Essa é a nossa intenção, que a universidade volte a ser como já foi no passado, uma proponente de políticas públicas, um lugar aonde se discute políticas nacionais, e de onde podem surgir e emanar novas propostas e hoje a extensão

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[ela] trabalha como esse elemento articulador, o papel da extensão, hoje, citando uma frase de uma profa da USP, Marilena Chauí, [ela fala] que a extensão permite que a universidade cumpra sua vocação política e acadêmica, política enquanto a ação, ela vai e age numa [a] comunidade, e acadêmico­científica porque ela pensa e reflete sobre a situação e gera conhecimento a partir dessa ação.

18. Atualmente quais as propostas de extensão nos currículos e programas de estudos dos cursos de graduação? O Sr. pode apontar a que mais tem dado certo? Por que ela dado certo?

Pró­reitor: Proposta, dado certo, é meio complicado falar [sobre] isso, porque dar certo, eu preciso elencar uma dimensão, eu preciso dar a relevância de uma dimensão sobre a outra, dar certo em termos do que? Do envolvimento do aluno?

19. Isto, de envolvimento do aluno.

Pró­reitor: Nós temos um envolvimento muito grande dos alunos nas feiras da saúde. A área da saúde ela é extensionista por vocação. É uma coisa, mais até do que na área da educação. No Brasil, nós temos dados [a] onde os programas e projetos na área da saúde, inclusive encaminhamos uma carta ao Ministro da Saúde, não só ressaltando a importância dos programas que o ministério vem desenvolvendo na área de extensão, mas também a necessidade de ampliá­los, até por conta dessa vocação da área da saúde.

20. Então dentro do próprio currículo destes cursos já existe uma proposta de se trabalhar com extensão.

Pró­reitor: Já existe. E para falar a verdade, olha eu vou te falar uma coisa: o Plano Nacional de Educação de 2001 [ele] propôs que todas as IFES, todas as Instituições Federais de Educação Superior, [elas] deverão ter 10% do seu currículo em atividades extensionistas.

21. E na Univ. A, hoje?

Pró­reitor: Não, nós não temos isso. Existe uma proposta, na reforma que tramita, de que para a Universidade A e Centros [universitários], todos os cursos deverão ter a sua aula extensão e não só pelo viés social, mas pelo viés pedagógico. Hoje a gente não discute mais a importância da extensão simplesmente fundamentado nas ideologias políticas da intervenção da universidade na sociedade. Hoje, [nós] discutimos a extensão pelo valor pedagógico que tem essa prática.

22. E na Universidade A essa proposta de revisão, atualização, renovação dos currículos e programas de estudo no sentido de dar ênfase a extensão, já é uma pratica?

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Pró­reitor: Não é dar uma ênfase, mas é reconhecer como elemento formador. Existem discussões, existem conversas, é uma construção que a gente não pode fazer de um momento para o outro, mas existem conversas.

23. Como está sendo implementada a proposta de gestores pedagógicos das ações de extensão universitária nos Centros e Coordenações de cursos na Universidade A?

Pró­reitor: Nós vamos reativar uma câmara de extensão, que existe na universidade, e uma das discussões será exatamente esta, nós vamos ter, existem os coordenadores existem os gestores dos programas e eles são, antes de mais nada, eles são coordenadores, mas eles são gestores, pedagógicos estes programas não é a só a ação, a ação faz parte, da intervenção como um todo, mas são coordenadores que alimentam todo o trabalho eles participam de todas as etapas do trabalho desde o seu planejamento, e aí é um planejamento não só da intervenção e de como essa intervenção será efetuada, mas como gestor de qualquer outro projeto acadêmico.

24. Como esta a ampliação do número de programas e projetos de extensão universitária? Existe hoje uma proposta de ampliação?

Pró­reitor: Não, para falar a verdade não, o recebimento de propostas, e o que há é um estudo uma analise destas propostas, a viabilidade de execução, mas fica muito difícil você trabalhar o que tem acontecido e uma busca nossa mais agressiva por fomento externo, seja da agência, e das agências de fomento, os ministérios e as diversas fundações, como o também no 2º Setor, o 2º setor ele precisa reconhecer a universidade como excelente parceiro para as suas ações e aí sim meios de responsabilidade social.

25. E a ampliação de atividades de Extensão nos Projetos Pedagógicos dos cursos?

Pró­reitor: Olha, nós chegamos a conversar sobre isso, a ação, o processo, a revisão dos projetos pedagógicos é uma coisa muito dinâmica, é um processo que ele não pode parar por conta da dinâmica da própria sociedade, as diversas propostas que acontecem na sociedade, isto é uma coisa que tem que ser pensada sempre e em diversas ocasiões nós conversamos com as pessoas que estava fazendo as suas revisões, sim há uma conversa.

26. Hoje a universidade considera as atividades complementares, nos projetos pedagógicos dos cursos de graduação, como ações de Extensão?

Pró­reitor: Muitas delas podem ser, existem algumas que foram ações construídas na extensão e que acabaram sendo incorporadas na política de ações complementares de diversos cursos, na área de Direito, na área das licenciaturas também.

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27. Existe uma co­relação entre o estágio é a extensão?

Pró­reitor: O produto do estágio é considerado extensão, isto é um entendimento do Ministério da Educação.

Pergunta: Por que, por exemplo, nos cursos de Pedagogia há o estágio em sala de aula, e muitas vezes este não é aproveitado como poderia ser, se re­ elaborado tivesse sua conotação ligada a programas de extensão.

Pró­reitor: Nós estamos em entendimento junto à secretaria da educação, juntamente a esta visão.

28. Qual a sua avaliação referente às questões da flexibilização curricular e da indissociabilidade entre ensino­pesquisa­extensão?

Pró­reitor: A flexibilização curricular é uma exigência da contemporaneidade, é uma leitura que eu faço, diversas discussões, aliás, estes 2 assuntos estão na pauta das discussões do Ministério da Educação, hoje, provavelmente hoje, existem grupos de trabalho, chamado GTI, que o grupo de Trabalho da Indissociabilidade que reúne o Fórum de Extensão, onde nós estamos construindo documentos, estamos elaborando documentos nós estamos no meio desta discussão.

29. Para aplicabilidade futura?

Pró­reitor: É exatamente, existem 2 grupos trabalhando na parte da construção conceitual e o outro trabalhando indicadores, que chamamos de Exemplos de Indicadores de Indissociabilidade.

30. Quais as ações para fomento das atividades de extensão nos currículos?

Pró­reitor: Como eu falei nos temos hoje as bolsas de extensão institucional, o Pibix, nos estamos junto aos ministérios, ao poder público, discutindo exatamente elementos indutivos a extensão, ao crescimento da extensão ao conhecimento da extinção e até exatamente isso, para que a extensão consiga ter seu espaço no currículo, por meio do que a pesquisa conseguiu fazer, a pesquisa ela conseguiu, existem 2 fatos inquestionáveis referentes à pesquisa no Brasil, que hoje é uma pesquisa de Pós Graduação no Brasil é elemento de orgulho da academia, com toda a certeza, a produção científica brasileira é maravilhosa, e 2 elementos que foram cruciais nesta respeitabilidade e nesse crescimento 1 deles foi o fomento específico para a pesquisa e outro foi o excelente sistema de avaliação. Na extensão nós estamos buscando a mesma coisa, nós estamos buscando fomento e avaliação.

31. Como o Sr. vê hoje o desenvolvimento da extensão universidades privadas?

Pró­reitor: Pouquíssimos gestores despertaram para a importância da extensão na formação, a extensão ela ainda é vista muitas vezes como a prática da Responsabilidade Social da mantenedora, porque é a mantenedora que fomenta

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uma parte das ações extensionistas, e aí sim, mas da Universidade, da mantida não, ela é uma pratica acadêmica e acabam não trabalhando o potencial formativo da extensão. Os alunos se envolvem nos programas e projetos de extensão com muito entusiasmo, mas pouquíssima eficiência, eficácia e efetividade.

32. Por que eles não tem a clareza, da importância daquilo que eles estão fazendo.

Pró­reitor: Não, eles não articulam aquilo com o saber que esta sendo trabalhado na sala de aula, que o auxilia a fazer aquilo, em hipótese alguma.

Pergunta: O Sr. Não acha que isso tem ha ver com o professor que esta em sala de aula executando esse projeto.

Pró­reitor: Faz parte de o gestor institucional dialogar com os professores.

33. Seriam coordenações e direções?

Pró­reitor: É um trabalho de socialização, é muito difícil, nós temos 500 professores na Universidade A, talvez 150 tenham o conceito de extensão, e eu estou sendo otimista.

34. E isto pode advir de coordenações?

Pró­reitor: Exatamente. E o que nós estamos fazendo, nós temos participado, houve uma abertura de um espaço para o planejamento da extensão, no início de dezembro onde nós vamos reafirmar o que é a extensão, o que é a construção da extensão. O que eu acho interessante, para a nossa universidade, com a metodologia institucional aprender na prática a extensão precisa fazer parte do currículo.

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APÊNDICE 3

Entrevista realizada com a gestora (G1) do Programa 1 (P1) da Universidade, em outubro de 2006. O texto aqui apresentado se encontra na íntegra.

1. Qual o objetivo do P1?

G1: São vários objetivos, o primeiro esta em fazer um atendimento das pessoas que não são alfabetizadas nas salas de Educação de Jovens e Adultos, então eu acho que esta é a primeira coisa, é poder fazer a formação por meio do curso de alfabetização a jovens e adultos a partir dos 14 anos de idade, após os 14 anos, então são jovens que não puderam, não foram, atendidos na idade própria, de acordo com a LDB, e vão poder passar aqui pela alfabetização. Aqui nós fazemos um atendimento até maior que a alfabetização, nós atendemos de 1ª a 4ª série.

2. Esta proposta do P1 é em longo prazo ou ela tem fases determinadas, depois ela continua, como funciona, é anual, semestral, tem atuação de longo prazo?

G1: Só pra finalizar a questão dos objetivos, a gente tem outros objetivos, pra justificar o nome que ficou Programa de Pesquisa, além do atendimento aos jovens e adultos que não tiveram oportunidade de estudar nós temos também a questão da formação dos professores alfabetizadores, esta é uma outra frente em que atuamos dentro do P1, quer dizer se não houvesse o curso de alfabetização nós estaríamos ao menos fazendo a formação dos alfabetizadores, um terceiro objetivo é o de sistematizar o conhecimentos relacionados a este campo da educação de jovens e adultos. Quando a gente vem para a esta questão que você fala, você trabalha durante 1 ano ou 2, como é que funciona: Aí eu tenho que recuperar um pouco a história, nós não chamávamos P1, era um programa de educação de jovens e adultos, inicialmente em 1995, e a proposta era trabalhar de 1ª a 4ª série e, os alunos ficariam por volta de 2 a 2 anos e meio, quer dizer, para poder finalizar, passar por uma prova de escolaridade e dar continuidade aos seus estudos na 5ª série, então o nosso período de fato a gente calcula em 2 anos, que é o mínimo para que eles possam pegar o certificado deles e darem continuidade de 5ª a 8ª. Então, o programa nasceu deste jeito, agora, em 1999 a gente fez uma parceria com a Alfabetização Solidária, que não trabalha desta maneira, o objetivo dela é somente alfabetizar, enquanto o nosso é fazer um atendimento na educação de jovens e adultos de 1ª a 4ª série, oferecer o certificado para que eles possam dar continuidade aos seus estudos, em sendo nessa parceria com a Alfabetização Solidária, o nosso trabalho, se reduziu sim há um tempo, a uma fase menor do que ele estava sendo realizado. Então, com esta parceria, com a ONG Alfabetização Solidária, nós tivemos algumas mudanças, e uma delas foi trabalhar sim de 6 em 6 meses.

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3. A Alfabetização Solidária não é uma instituição governamental?

G1: Ela nasce no governo, mas hoje não é mais, é uma ONG. Na época em 1999 ela era ainda governo. Então nós tivemos também períodos diferentes de parceria diferentes com a alfabetização solidária, até o ano de 2005 era um trabalho de 6 meses, este ano e o próximo ano é um trabalho de 1 ano, então já mudamos essa questão de período.

4. Então este período é determinado pela parceria com a Alfabetização Solidária?

G1: Sim, ele é determinado pela parceria com a Alfabetização Solidária, o P1, ele continua. As vezes eu fico preocupada, porque a Alfabetização Solidária vem pra cá e nos diz: Mas vocês trabalham dando certificado, e o nosso trabalho não é esse, ele é de alfabetização. Então, na lógica da Alfabetização Solidária a duração é de 6 meses, na lógica do programa que foi criado em 1995 dentro da Universidade a lógica é de 2 anos no mínimo. E hoje, a partir de 2005, o período é de 8 meses, que aí já é uma outra questão, porque a parceria da Alfabetização Solidária hoje, que ela se constituiu enquanto ONG, ela faz uma parceria com o governo e aí o programa que hoje nós estamos colocando em prática é o Brasil Alfabetizado, que a duração é de 8 meses. Agora o programa de extensão que foi implementado em 1995, e que agora vai completar 12 anos, ele tem sim a meta de fazer educação em 2 anos e oferecer o certificado para que as pessoas possam continuar os seus estudos.

5. Um acaba entrando dentro do outro.

G1: O Alfabetização Solidária esta dentro do programa.

6. Pergunta: Quais as metodologias utilizadas na execução do Programa?

G1: Você diz metodologia em que sentido, de gestão ou de sala de aula?

7. A de sala de aula, porque no final nós vamos chegar ao aluno que executa este programa, estão seria a metodologia que o aluno executa para concretizar o programa.

G1: A metodologia de ensino utilizada em sala de aula é tanto do programa quanto como a que o aluno realiza em sala de aula para alfabetizar os jovens e adultos, a outra metodologia que eu estou entendendo que você esta perguntando é que metodologia nós adotamos para que este aluno execute este trabalho, é isso. Que eu também acho que é interessante, que vai desde o processo de seleção, que hoje já não é mais o mesmo processo que adotávamos há um tempo atrás, é um processo onde nós só colocamos em salas de aula que existe o P1 e que eles podem ser alfabetizadores, então alguns alunos, de Pedagogia e de Letras, tem procurado o programa, eles preenchem uma ficha, então no primeiro momento é a seleção, eles respondem algumas questões, para que nós possamos perceber se são pessoas que querem estar discutindo o assunto, a gente busca até com estas

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questões definir o perfil desse aluno que virá atuar no programa. E são pessoas ligadas a licenciatura, fica difícil selecionar outras pessoas de outros cursos, embora a gente não feche, até porque durante muitos anos, os professores que atuaram no P1, não só eu, mas assim nós tínhamos professores da Psicologia, então vinham alunos da Psicologia, nós tivemos alunos da Administração trabalhando aqui e que deram conta do trabalho muito bem, agora a gente não tem só os alunos, por conta da parceria, existe também o alfabetizador que é da comunidade, que é selecionado pela própria comunidade, que não é aluno da universidade, e que nem por isso não realiza o que a gente chama de trabalho de extensão. Então para o aluno em especial nós temos o processo de seleção

E num segundo momento nós podemos colocar como parte dessa metodologia a oferta do curso de capacitação, que dá formação inicial e uma formação continuada que vai ocorrendo ao longo do processo em que eles estão aqui dentro do trabalho, diria que talvez um terceiro momento pra fazer um acompanhamento maior, que as vezes acontece mais e as vezes menos, são as denominadas reuniões pedagógicas.

Nós tentamos, dentro das reuniões pedagógicas, dos cursos de capacitação continuada, ouvir um pouco a respeito das dificuldades que eles tem tentar trabalhar. Nós temos 1 aluno que hoje exerce a função de coordenador pedagógico, com este a metodologia tem que ser um pouco diferenciada, nós só escolhemos se ele tiver um acúmulo dentro de sala de aula, nós chamamos de coordenador de grupo, ele tem que ter um perfil, uma preocupação muito grande com a sala de aula, consegue ter uma visão mais do todo, tem o perfil de acompanhar o que os outros estão fazendo, tem uma preocupação de sistematizar um pouco mais o trabalho, então com este nós temos que ter um contato maior. É o caso da A1, ela faz o acompanhamento de sala de aula, tem que desenvolver um projeto ela fica de olho, tem que ter uma disponibilidade maior, de estudar, de planejar, para preparar, com esta pessoa a metodologia é uma coisa de conversa mesmo.

8. Hoje esta coordenadora de grupo coordena quantos alfabetizadores?

G1: Uns 10 alfabetizadores.

9. Como se manifesta a articulação entre ensino, pesquisa e a sala de aula, para o aluno alfabetizador?

G1: Eu vejo hoje, neste momento, a relação que mais se manifesta: a pesquisa, então é mais fácil falar da relação da extensão, programa P1, com a pesquisa do que da relação de extensão com o ensino, eu consigo ver e vislumbrar a relação com a pesquisa, então quando se trata de ensino, eu só vejo os alunos se aproximando mais, acho que até vale a pena falar nisso, a questão do estágio supervisionado, então o fato do aluno ter que ter alguma experiência em sala de aula, observar a sala de aula, ou falta as vezes de tempo, ou mesmo o interesse pelo que é EJA tem feito eles virem até o programa e assistido algumas aulas, então uma das disciplinas que vem diretamente se relacionando com extensão é estágio supervisionado, isto pensando em Pedagogia, nos outros eu não consigo vislumbrar estas coisas acontecendo.

Outra disciplina que parece que esta levando as pessoas a se aproximarem mais do programa é pesquisa em educação, o fato de ter que desenvolver. Alguém diz: Me interessei pela educação de jovens e adultos, então nós temos o P1, o aluno

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vai até lá pesquisar. Então outra disciplina que vem dando essa possibilidade de aproximar Ensino e Extensão é a Pesquisa em Educação e a elaboração de TCCs, trabalhos de conclusão de curso, trabalhos de monografias, não só no curso de Pedagogia, aí eu tenho, por exemplo, um pessoal de jornalismo que veio até aqui.

10. Então existe essa relação da pesquisa não só do pessoal que trabalha no PROEJA, mas também de alunos de cursos diferentes?

G1: Sim, existe, mas sempre parte do interesse do aluno pelo assunto, dentro de uma disciplina que abre a possibilidade para que eles possam trabalhar temas diferentes, então aproxima ensino e extensão, mas não há nenhuma iniciativa do ensino em introduzir extensão no ensino, dentro da grade curricular, como parte da grade curricular, isto não está ocorrendo, embora eu tenha certeza que seja uma das metas da Pró­reitoria de Extensão, que é aproximar sim, fazer este vínculo mais próximo entre a extensão e o ensino. Se bem que neste espaço não cabe todo mundo mesmo, então tem que vir poucas pessoas. Agora pesquisa eu acho que é mais tranqüilo e relacionado, talvez porque eu venha desenvolvendo a orientação de iniciação científica, então essa iniciação científica relacionada a extensão vem ocorrendo desde 1999 é algo que tem sido pra mim muito mais fácil concretizar a relação pesquisa­extensão do que ensino­extensão.

11. Como é o processo de registro do programa? Ao que tudo indica este trabalho no P1 se transforma em trabalhos científicos.

G1: Se transformam, bastante, mas porque nós conseguimos ver isto, depende da coordenação que esta na frente. Ela pode pegar isto e organizar, sistematizar, repetir teoricamente, para poder publicar, apresentar, escrever. Então é uma coisa que vem ocorrendo desde de 1999, antes disso não ocorria, pelo menos não era claro. Mas olhe, nós criamos o P1 em 1999, e partiu de um projeto que foi mandado para a Pós­graduação, que não foi inicialmente aprovado, mas foi aprovado por mérito, então não recebia verbas, mas o fato de ser aprovado por mérito começou a levar ao desenvolvimento de iniciações científicas, então nós temos os trabalhos desde 1999, este ano é um dos anos que mais temos, acho que estamos com 2 aprovados de fato. Então tem trabalhos publicados, vários, existe essa relação entre extensão e pesquisa bastante, entre extensão e ensino daqueles que desenvolvem pesquisa, iniciação científica e TCC sobre o assunto eles estão diretamente ligados a extensão. Então pesquisa, ensino e extensão se articulam para alguns alunos, para outros não.

12. A gestão do P1, ela se da sob a sua coordenação e a colaboração do aluno coordenador?

G1: Isto tem eu e a professora S como coordenadora cultural. Professores da casa só se envolvem na hora da formação, capacitação continuada, quando convidamos, as vezes temos ate 8 professores envolvidos. Alunos, nós temos os alunos alfabetizadores, que são 5 e os monitores que são 5 também.

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13. Quando e como se avalia se o projeto alcança os seus objetivos?

G1: Formal nos não temos avaliação, o fato de ter que elaborar relatórios semestrais, para a universidade, para a Pro ­ reitoria de extensão, e fora daqui nos temos os relatórios mensais de acompanhamento do trabalho que e da Alfabetização Solidaria, enfim estes relatórios que são feitos eles dão a possibilidade de estar percebendo se os resultados são alcançados ou não, de que maneira: eu acabo retomando os objetivos que estão escritos e nos vamos vendo as ações que foram realizadas. Então eu acho que este e o instrumento que existe, onde podemos dizer alcançamos ou não os resultados.

14. O P1 tem parcerias públicas e privadas também?

G1: Este ano estamos com uma parceria diferente, com uma ONG, Arte na Escola, o P1 serve como um espaço em que o Arte na Escola acabou entrando como um projeto da instituição, eles acabaram se interessando em trazer um pólo para nossa região e eles também começaram uma discussão em EJA. Então tanto o Arte na Escola como o Alfabetização Solidaria são ONGs e temos também uma parceria com a escola publica e com a iniciativa privada temos o Instituto Gerdau, é uma parceria que envolve 3: a universidade, o Instituto Gerdau e a escola pública, nos fizemos com esta parceria a formação de professores e alfabetizadores.

15. A GERDAU entra como nesta parceria?

G1: Com os recursos financeiros, a parte de recursos vem toda do instituto GERDAU, os professores que trabalharam receberam pelo instituto. A formação foi para professores de alfabetização para atuarem com crianças em alfabetização. Você vê que fugimos um pouco de EJA. Mas nos mantemos em alfabetização.

16. Os alunos do P1 recebem algum tipo de apoio institucional?

G1: Sim, eles recebem bolsas. Os monitores estão ligados diretamente ao P1, num trabalho interno vinculado a registros e pesquisas e eles tem bolsa da própria universidade, que e bolsa de monitoria. Os alfabetizadores recebem bolsas da Alfabetização Solidaria.

17. Como você avalia o envolvimento pessoal dos alunos no programa?

G1: Aqueles que permanecem, por 1, 2, 3 anos tem um envolvimento enorme, n’os vemos que eles ficam porque gostam do programa, da forma como e gerido e conseguem visualizar esta relação de ensino­pesquisa­extensão, são pessoas que ficam e se envolvem por conta destas questões. Como nos temos pessoas que iniciam ficam 1 mês ou 2 e não se identificam e saem.

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18. Você acha que este aluno que fica só 1 ou 2 meses tem qual concepção da extensão universitária, ele vê o trabalho como assistencialismo ou marketing institucional?

G1: Aqui nos tivemos muitos momentos diferentes. As vezes as pessoas não ficam porque acham que as bolsas demoram. Na verdade elas demoram de 1 mês a 2 e tem gente que não aguarda este tempo. Então ele veio não tanto pelo vinculo da extensão da discussão, mas muito mais relacionado a necessidade que ele tem de pagamento da universidade, da sua mensalidade, de um desconto. Então o interesse dele não era um primeiro interesse, então esta e a minha visão, como nos não temos nenhum estudo que mostre exatamente quais os motivos, mas eu sinto que assim quão não vem a sua necessidade primeira de um desconto na mensalidade, ou uma bolsa para pagar o curso, eles saem. Então eles tem uma primeira necessidade que vem em primeiro lugar, antes do interesse pelo próprio tema da Educação de Jovens e Adultos ou pela Extensão. Porque todos eles chegam sem saber exatamente o que e extensão, eles vem sem saber muito bem o que e o programa, eles querem entrar, aquele que der um retorno mais rápido no sentido de resolver o problema aqui, porque eu tenho alunos que participam aqui, na brinquedoteca, então eles ficam assim, vão pulando, se der para participar de todos eles participam, mas eu vejo que e muito mais assim, resolveu o meu problema, que era a minha primeira preocupação e não necessariamente o trabalho com a extensão.

E aqueles que dão um tempo, querem aprender mais, que ‘e a sua verdadeira preocupação, eles ficam.

19. Quanto a ações multidisciplinares ­ Os professores de outras disciplinas participam? Existe atividade interdisciplinar, com professores de outros cursos?

G1: Não, de outras disciplinas você quer dizer?

20. No ensino, eles estão na graduação e eles vem para a extensão, aqui e este trabalho de extensão desperta em algum professor uma ação multidisciplinar ou mesmo do próprio aluno?

G1: Não vejo isso, acaba ficando muito com os professores que já estão atuando, os professores que não tem uma relação direta com a extensão ele não sabe também exatamente como é essa extensão, como essa extensão funciona. Existe uma falha enorme, só mesmo aqueles que em algum momento tiveram os alunos envolvidos, com estágio, estes as vezes desenvolvem alguma atividade, se não do contrario a gente não vê professores de cursos diferenciados se envolverem, se preocuparem, ou fazerem um plano, planejamento fazendo alguma proposta que faça com que esse aluno se aproxime da extensão, isso eu não vejo.

21. Como você avalia o efeito da interação resultante da ação da extensão nas atividades acadêmicas? Como eles estão em sala de aula? Ele tem um diferencial?

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G1: Eu creio que sim, não só aqueles que atuam aqui em alfabetização, mas aqueles que atuam em programas de extensão, eles acabam tendo um diferencial em relação aos outros alunos, primeiro porque eles tem um contato muito maior com a universidade em termos de tempo e de descobrir o que é o mundo acadêmico, e este espaço, e descobrir que este espaço não é um espaço restrito a sala de aula, esse é um ganho e todos eles passam por isso, em algum momento eles acabam percebendo que a formação deles depende de mais outros elementos além desses que eles tem em sala de aula, então a possibilidade de atuar num programa de extensão amplia o universo de visão, do que é a academia, do que é a universidade, e neste sentido eu acho que todos eles acabam levando e percebendo isso. Eles percebem que aprendem mais, eles percebem que eles podem atuar em outros espaços que não fica restrito a sala de aula. Um aprendizado muito grande. A gente vê alunos que saíram do P1 e que foram atuar em ONGs como formadores de professores alfabetizadores e aí a gente percebe que o aprendizado que existe dentro da extensão é muito maior do que as pessoas dimensionam, fora da extensão, também com a extensão eu consigo perceber fora dela eu não consigo me dar conta disso. Eu acho que os alunos conseguem levar este tipo de aprendizado.

22. Você acha que o aluno que vem para a extensão tem uma característica voluntária, de ser voluntário?

G1: Eu acho que alguns que permanecem até tem essa visão, que eu não sei se é de voluntariado, mesmo porque a gente não defende muito essa linha, de um trabalho voluntário, mas é mais um trabalho de compromisso, político com a questão da educação, eu acho que quem fica é quem tem essa característica. Isso arremete aquela outra questão, quem vem interessado somente na bolsa, no pagamento esses ficam até 6 meses, depois desaparecem e não tem mais um vínculo, uma discussão, eles perdem. Eu cheguei a ter um aluno da Geografia, muito interessante, ele foi um alfabetizador que a gente percebe que esta envolvido, ele terminou o curso e até hoje atua com Educação de Jovens e Adultos, então o envolvimento foi estrondoso e eu acho que eles percebem mais essa questão do compromisso mesmo.

23. Você acha que nas universidades, a extensão de forma curricular e a extensão fazendo parte dos currículos, será que isso pode ser perfeito para o ensino?

G1: Eu converso muito com o Pró­reitor de extensão, e ele defende muito isso, eu tenho dificuldade de concretizar isto, não consigo ver a extensão como algo obrigatório dentro da grade curricular. Eu acho que até discutir os temas de Educação Especial, EJA isso não tem como você fugir, você precisa dentro do curso de Pedagogia, do curso de Letras e todos os que passam pela licenciatura, porque eles vão atuar, mesmo que nem todos atuem, mas muitos acabam indo para a educação de jovens e adultos, logo a discussão dos temas eu acho que ela é necessária, agora pensar extensão dentro do curso em si, do ensino, eu não consigo concretizar, até porque o espaço não dá pra todos mesmo e aí, o que eu acho que poderia ocorrer mais é momentos em que as pessoas pudessem visualizar um

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pouco mais dos trabalhos de extensão e poderem fazer escolhas, de estar inseridas em extensão, são poucos alunos que se atentam a isso, embora tenha divulgação no caderno, alguns falam e muitos vem pra cá porque o colega falou, somente por isso, porque tem um outro que já esta atuando diz olha é legal, vamos lá. Mas olha quem não ouviu quem não leu, não vem, e eu não vejo muito como viabilizar a extensão dentro da grade curricular, eu vejo momentos, em que a graduação esta promovendo eventos e aí introduz a questão da extensão, a pós­graduação esta promovendo um evento e aí introduz a extensão, aí sim eu acho que dá para viabilizar e fazer mais, fazer com que os alunos tenham uma outra relação com este espaço da universidade e que não fique restrito aquilo que sempre esteve que é assim, ou é só ensino, ou é ensino mais pesquisa e extensão ela fica em ultimo plano e quando trata de extensão ela só trata de ações, ações pontuais do voluntariado, estas ações assistencialistas, e a extensão hoje é mais do que isso, ela pode contribuir tanto com o ensino quanto para a pesquisa, mas eu não consigo pensar em como concretizar a extensão dentro da grade curricular, eu não vejo muito não.

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APÊNDICE 4

Entrevista realizada com a gestora (G2) do Projeto 2 (P2) da Universidade A, em outubro de 2006. O texto aqui apresentado se encontra na íntegra.

1. Profa há quanto tempo você está nesse programa?

G2: Há 6 anos.

2. Desde o início então?

G2: Desde o início.

3 Qual é o objetivo desse programa de extensão?

G2: Primeiro fazer o aluno fazer parte da cidadania, mostrar a ele que a universidade pode também fornecer o ensino cidadão; ele deve estar disponível com o aprendizado da cidadania, da solidariedade, do terceiro setor, da responsabilidade social. O segundo objetivo é integrar o aluno ao grupo, fazê­lo trabalhar em grupo, fazer com que o aluno aprenda liderança, organização, enfim, fazer com que ele consiga ligar o que tem dentro da sala de aula com aquilo que está vendo na prática,conseguindo integrar a prática com a sala de aula .

4. Esse projeto, ele é em longo prazo ou em médio prazo? Como ele funciona? Existe uma quantidade de propostas?

G2: Não, ele tem duração apenas entre o primeiro e o segundo semestre; então ele começa dando uma explanação do que é o Terceiro Setor, responsabilidade social, cidadania, fora isso tem a pratica, o aluno vai até uma instituição, onde monta uma consultoria e oferece um serviço para essa instituição.

5. E isso dura determinado tempo?

G2: 6 meses, ou seja, um semestre.

6. Quais as metodologias utilizadas junto a esse aluno extensionista para a execução desse programa?

G2: Começamos com uma aula teórica, fazendo uma explanação de tudo o que o aluno vai ver no primeiro semestre, então mostramos o que é responsabilidade, cidadania, Terceiro Setor, explicamos detalhadamente antes de começar o segundo semestre, damos uma iniciação do que o aluno fará no segundo

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semestre, o aluno tem todo o roteiro do que ele deverá fazer, e aprende o que deve montar para poder estar atuando.

7. E o aluno vai a campo?

G2: Sim, o aluno vai a campo, acha uma instituição e nela aplica todo o conhecimento que obteve em sala de aula.

8. E depois que ele faz o trabalho na instituição, finaliza o trabalho com o semestre, e a turma posterior a ele vai para outra instituição, ou continua o trabalho na mesma?

G2: Não, normalmente pedimos que o trabalho realizado seja auto sustentável, essa é a parte mais importante do trabalho, o objetivo é que o trabalho realizado na instituição seja permanente, para que a instituição possa trabalhar com isso e se beneficiar de alguma forma.

9. Quais as possibilidades de articulação, com a pesquisa ou o ensino? Ou esse programa está diretamente ligado à uma disciplina de um determinado curso, como funciona?

G2: Esse programa está ligado à todas as disciplinas do curso, porque envolve tudo o que o aluno aprende pesquisa em biblioteca, internet, o aluno também deverá pesquisar, deverá ter um embasamento teórico e seguir as normas da ABNT, como em um trabalho científico.

10. Então ele é desenvolvido dentro de uma determinada disciplina da grade curricular do curso?

G2: XYZ é uma matéria aplicada aos cursos de administração de empresas ciências contábeis e economia.

11. No curso de turismo não existe mais essa disciplina?

G2: Não.

12. Como é o processo de registro das atividades do programa?

G2: O processo é seqüencial, então são estipuladas as datas onde os alunos estarão atingindo etapas, cada etapa é avaliada e retorna para o aluno com as correções, até o final, onde ele deverá ter o processo todo fechado.

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13.Existe apresentação desta proposta em evento científico?

G2: Não.

14. Existem trabalhos publicados que nasceram desta proposta?

G2: Também não.

15. Existe algum tipo de produto, por exemplo, a elaboração de um artigo científico?

G2: Não existe.

16. E a realização de algum evento que sinalize o final do programa ou o encaminhe para uma segunda fase?

G2: Sim, é o programa U.A, no término desse evento os alunos passam por uma banca e lá são premiados, o 1°, 2° e 3° lugar de cada curso. O grupo de alunos que mais se destaca mostra seu trabalho em uma banca, eles se sentem honrados em estar mostrando o trabalho para alguém que não é professor da sala.

17. Então eles são premiados?

G2: São premiados, ganham um premio simbólico. Esse ano conseguimos parcerias com empresários que vão patrocinar, dando o premio para os ganhadores para quem possam ajudar a instituição.

18. Como se dá a gestão do programa?

G2: Se dá por coordenadores, o coordenador está sempre se comunicando com os professores, os professores passam para os alunos; tentamos trabalhar todos integrados, em uma só data, uma integração de matéria porque são aplicadas provas idênticas para as turmas de cursos diferentes. As provas tanto regimentares como as interdisciplinares são as mesmas .

19. Quando e como se avalia em quem medida o projeto alcança seus resultados?

G2: O projeto é avaliado paralelamente, o aluno é avaliado por etapas: 1° e 2° etapas e no final há uma apresentação do trabalho em público no campus 2, onde se avalia o todo.

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20. Existem parcerias com órgãos públicos e com a iniciativa privada?

G2: Sim, estamos formando parcerias agora. Os parceiros colaboram dando donativos em dinheiro ou algo que seja útil para a instituição.

21. Existe alguma instituição específica trabalhada ou não?

G2: Não. São instituições do Terceiro Setor, ONGS.

22. Os alunos extensionistas recebem algum apoio institucional, como bolsas, por exemplo?

G2: Não, normalmente esse trabalho é feito fora da instituição, o aluno arca com tudo, tudo o que promover; o aluno busca parcerias, ou coloca do próprio bolso; mas não recebe bolsa auxílio.

23. Como é o envolvimento dos alunos?

G2: A princípio eles tem um bloqueio, não querem trabalhar de jeito algum e dizem “é muito difícil!”,” as pessoas não nos aceitam!”, eles tem uma barreira. Depois quando entram na instituição vão pegando gosto,vão sentindo que estão sendo úteis, vão se apegando as coisas e mudam de idéia. No final do trabalho formam uma outra visão, acham que colaboraram que foram úteis, que souberam fazer algo e até dizem “a nossa instituição” quando se referem a instituição que ajudaram, começam a participar da instituição.

24. Pergunta: Porque você acha que no início os alunos tem uma reação negativa?

G2: Acho que por ser algo diferente do que estão acostumados a trabalhar, não estão acostumados a trabalhar com o Terceiro Setor, é algo novo na vida deles, eles tem a impressão de que tudo é difícil, então a partir do momento em que começam a perceber que não é uma coisa de outro mundo mudam de idéia, formam outra idéia sobre a disciplina.

25. Você acha que eles tem uma visão de que estão trabalhando ou de que são voluntários, como eles se vêem?

G2: Se vêem como voluntários, pois a primeira coisa que instituímos aqui é que eles devem ser úteis, que ajudem de alguma forma, não captando recursos, mas sim deixando algo que ajude a instituição a crescer e que posteriormente possa se beneficiar. Por exemplo, não simplesmente fazer uma única pintura na instituição, e sim deixar um contato de uma empresa que o faça uma vez por ano.

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26. Quanto a compreensão da concepção de extensão, como você acha que o aluno enxerga esse trabalho, ele enxerga como ativismo político social, como assistencialismo ou enxerga como marketing institucional?

G2: Os alunos começam a perceber como assistencialismo, posteriormente pedimos que eles instituam uma consultoria então eles começam a perceber que devem fazer uma divisão de trabalho, que deve ter hierarquia, que existe uma estrutura em tudo isso. O aluno cria uma outra visão, começa a aplicar a visão escolar, passa a ter um outro conhecimento desse mundo. Mas a principio ele quer ser assistencialista, quer fazer cestinhas de natal, quer doar o próprio dinheiro, doar cestas básicas, quando percebe que a instituição não precisa disso e sim de outros meios para sobreviver,muda de visão.

27. Você acha que no final do projeto, todos os alunos envolvidos conseguem ter essa concepção de que o programa não é assistencialismo?

G2: Não, nem todos. As salas são enormes, quando a sala é menos é mais fácil para o professor dar uma visão maior para os alunos. Mas os alunos que se envolvem realmente percebem que não é assistencialismo; mas existem aqueles alunos que ficam paralelos, aqueles que só ficam na aula para terem a nota, esses alunos não percebem o que acontece.

28. No final do programa o aluno tem uma nota dentro do currículo pela disciplina?

G2: Sim, pela disciplina. A grande maioria se agarra ao projeto para ter a nota, depois quando aluno está dentro da instituição consegue perceber que o projeto é muito maior que uma nota, muito mais envolvente que uma nota.

Aquele que realmente participa que se doa aprende mais e esse sim percebe o que aconteceu.

Já aqueles que nunca vão aos encontros, são até colocados para fora para que não atrapalhem o trabalho do grupo, os grupos que realmente se integram querem deixar algo de construtivo, de positivo.

29. E quanto ao desenvolvimento de ações multidisciplinares, os professores de outras disciplinas participam efetivamente?

G2: Agora, aos poucos estamos conseguindo outros professores, mas ainda não atingimos a totalidade. Alguns nos ajudam, um ou dois.

30. E eles se prontificam, ou vocês tem de ir atrás?

G2: Os professores se prontificam, as vezes conseguimos despertar o interesse de um, as vezes o professor decide sair e temos que convencer um outro a entrar em seu lugar.

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31. Os professores pedem trabalhos fundamentados no projeto?

G2: Sim, pedem trabalhos como o resultado da pesquisa que os alunos fizeram nas ONGS.

32. Pergunta: E esses trabalhos são direcionados para a disciplina do professor?

G2: Sim, são direcionados para a disciplina dos professores, como por exemplo, um balanço contábil, uma pesquisa psicológica em psicologia, sempre tem um professor ou outro que nos ajuda.

33. As atividades que constroem o projeto tem parcerias internas de outros departamentos ou cursos da universidade?

G2: Não, só dentro do nosso departamento.

34. E, por exemplo, o projeto é desenvolvido no curso de administração, os professores que se envolvem são os próprios professores de administração? Não existem parcerias, por exemplo, com um curso de psicologia?

G2: Não, nem com o de fisioterapia, nem com o de odontologia. Com nenhum outro.

35. Como você avalia o efeito da interação resultante da ação da extensão nas atividades acadêmicas?

G2: Vou usar como exemplo uma sala de 130 alunos, hiper­agitados, distribuí essa sala em 6 grupos aproximadamente de 20 e poucos alunos. Eu percebi que dentro dessa sala eu consegui de alguns grupos, não da grande maioria, uma postura diferente em relação à disciplina. Foi bom e produtivo para eles, começaram a participar, queriam mostrar o que sabiam, queriam ser os melhores, lutaram por alguma coisa. Houve uma interação com a disciplina no momento em que passaram a ter a prática, perceberam que tinham que fazer algo e queriam fazer bem feito .Um grupo me surpreendeu, achei que não conseguiriam fazer corretamente,e foi um dos melhores trabalhos da sala .

36. Como os alunos do curso de administração e contabilidade, nos quais você atua se posicionam sobre essa questão do voluntariado e a extensão?

G2: Acredito, pelo o que ouvi que os alunos não esperam retorno. Os grupos se empenham realmente, não esperam nada em troca, querem fazer o melhor trabalho e provar que são bons que conseguem fazer algo interessante que beneficie alguém. Já o aluno que espera algo em troca, terá apenas uma nota.

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37. Em todos esses anos que você trabalhou nesse projeto, você acha que houve uma progressão dessa conscientização? Os alunos vêem se conscientizando mais ou desde que você começou, vê que sempre é aquela mesma porcentagem de alunos que evoluíram?

G2: Eu acho que existe uma evolução sim. A princípio fazíamos um grande grupo formado pela sala toda, nesse grupo era mais difícil resgatar todos os alunos para a disciplina; a partir do momento em que dividimos a sala em grupos diferentes ficou mais fácil trabalhar, pois são grupos menores, o grupo todo consegue adquirir a consciência ou grande parte dos componentes de cada grupo. Hoje consigo mais facilmente conscientizar os alunos e envolve­los.

38. Você acha que com essa divisão o aluno tem mais entendimento do todo?

G2: Sim, tem. Existe mais participação, porque o próprio grupo faz com que o aluno trabalhe, e eu estimulo escolhendo um líder, pois o líder é quem deverá “puxar” o pessoal para trabalhar; os alunos fazem um organograma, escolhem um presidente, vice presidente, eles tem uma série de atividades onde todos devem corresponder, ou então o próprio líder delata o indivíduo que não fez nada, prejudicando sua nota; então o aluno se conscientiza e participa de uma forma ou de outra, por bem ou por mal.

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APÊNDICE 5

Entrevista realizada com aluna (A1) do Programa 1 (P1) da Universidade em outubro de 2006. O texto aqui apresentado se encontra na íntegra.

1. O que é a extensão universitária?

A1: O programa é extensão universitária, onde nós alunos podemos realizar algumas atividades que possam ser, contribuir de alguma forma nas questões sociais.

2. Qual o objetivo deste programa?

A1:Dar condições as pessoas que não tiveram oportunidade de serem alfabetizadas na idade correta.

3. Quais as metodologias utilizadas para a execução deste programa?

A1: O programa tem uma parceria da universidade com a Alfabetização Solidária, então nós estamos inseridos dentro do Brasil Alfabetizado que é um programa de 8 meses e é onde a gente trabalha alfabetização com os alunos.

Pergt: Dentro desse trabalho vocês recebem um material que vem da universidade?

Resp: Não, o material que a gente tem vem da alfabetização solidária, e nós podemos fazer, criar, utilizar outros tipos de materiais dentro do processo, fazendo aquilo que a gente acha melhor.

Pergt: Ele é uma linha a seguir, mas dentro dela vocês colocam coisas importantes que vocês podem criar.

Resp: Ë uma coisa importante pra gente, porque a pesquisa que acontece dentro dessa extensão universitária também, é que proporciona isso, a gente produz um material na pesquisa e que a gente possa utilizar em sala de aula. Então, a gente fez um trabalho sobre jornais, surgiu uma pesquisa, então como eu vou utilizar este material em sala de aula.

4. Como é o processo de registro das atividades?

A1:A gente tem um registro, onde colocamos os nossos objetivos, as nossas metodologias o que nós queremos alcançar com os alunos e cada alfabetizador tem o seu registro.

.

5. Existe algum tipo de produto (a elaboração de artigos científicos e ou a realização de eventos ) que finalize o programa ou o encaminhe para uma 2ª fase? Como você participa deste trabalho?

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A1:A gente tem os artigos científicos que foram as pesquisas que foram realizadas dentro do programa. Nosso último trabalho foi sobre memória escolar.

6. Você recebe algum tipo de apoio institucional? (bolsas)

A1: Da universidade não, o alfabetizador recebe do Alfabetização Solidária, e o monitor recebe da universidade, é um desconto em mensalidade.

7. Como é o seu envolvimento no projeto? o que você faz?

A1: Alfabetizadora.

8. Qual o momento mais difícil,do processo de trabalho, que você desenvolve, ou desenvolveu, para concretizar este projeto?

A1: O mais difícil pra mim é que os alunos chegam com uma auto­estima muita baixa e eles tem uma necessidade de aprender a ler e escrever muito rápido, e as vezes isso acaba frustrando a alfabetizadora, porque você não consegue atingir o que ele quer muito rápido, os processos as vezes são lentos você tem que ir e voltar, é uma instabilidade muito grande, eu acho que isso é próprio da Educação de Jovens e Adultos.

9. Você trabalha com outros professores de outras disciplinas na formatação deste projeto? ( Do seu curso ou de outros?) Quem faz essa articulação?

A1: A coordenadora, e eu discuto com alguns professores, mas indiretamente, e tem a prof. de Artes.

10. Como você avalia o efeito da interação resultante da ação da extensão nas atividades acadêmicas?

A1: Os efeitos foram os melhores possíveis, porque foi dentro da extensão, dentro do programa que eu aprendi a fazer pesquisa e eu digo que dentro do programa eu aprendi muito mais do que em sala de aula, na sala de aula eu aprendi a teoria e lá eu aprendi a prática, isso pra mim foi muito importante.

11. Você acredita que este trabalho influencia na construção da sua identidade e educação sociopolítica? Por que e como?

A1: Sim. Eu acho que você lidar com a história dos alunos em sala de aula você para pra refletir a questão política, eles não estão ali sem saber ler e escrever porque eles querem, teve um contexto histórico, teve uma questão política que os levou a isso, na época as condições financeiras, que eles tinham não permitiam que eles estudassem, eles precisavam trabalhar. Então essa questão social é muito forte, observando isso eu aprendi muitas coisas.

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12. Você tem motivações pessoais para desenvolver este trabalho? Se sim, quais? Se não, então por que desenvolve?

A1: Sim. Eu acho que estar na EJA, pra mim ela começa muito antes do programa, porque a minha mãe não sabia ler e escrever, então eu vivenciava, porque ela participava de programas de alfabetização de adultos. Então eu vivenciei estas experiências, mas eu nunca tinha me visto dentro de uma sala de aula, então eu tenho essas motivações que me fazem caminhar e investir, acreditar neste tipo de educação. Eu tenho uma paixão e não me vejo fora desse tipo de educação.

13. Você acha que este programa desenvolve, predominantemente, atividades assistencialistas, ativistas ou de marketing institucional?

A1: Assistencialista não, porque a gente não visa a questão de eles estarem ali e só aprenderem isso, a gente vê o ser humano também. Marketing também não, porque a gente não tem uma preocupação de ficar mostrando o que eles fazem ou não, as coisas acontecem por si mesma. A gente trabalha sem se preocupar com o que os outros vão pensar .

14. Como você analisa a formação acadêmica e a experiência de vivenciar práticas político­sociais dentro de um mesmo contexto?

A1:A minha experiência dentro do programa é muito importante para minha formação. Mas a minha formação acadêmica deixa um pouco a desejar até mesmo por não tratar, por não ter uma disciplina que tenha como foco a educação de jovens e adultos, a gente acaba discutindo tudo, menos a educação de jovens e adultos, e muitas vezes eu procurei discutir nas disciplinas essa questão, então se falava em economia e ia discutir sobre jovens e adultos eu procurava falar sobre EJA, então eu mesma foi aprofundando meus conhecimentos.

15. A partir deste trabalho, você observa que houve aquisição de novos conhecimentos e, confronto entre a formação acadêmica com a prática?

A1:Com certeza, eu acho que quanto a formação academia deixou a desejar, porque o tempo é muito pequeno, na grade mesmo, as vezes tem muita coisa que é fechada, não abre espaço para discussões mais amplas. Como o EJA.

16. Como é que você voltou para a sala de aula depois da sua primeira participação neste projeto?

A1: Eu acho que voltei muito diferente, as capacitações, as coisas que ocorriam do programa abriam muito a minha mente e eu acabei percebendo muitas coisas, me motivou a estudar mais a Pedagogia, me motivou.

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17. Você acha que seus colegas de projeto tem envolvimento com o projeto motivados por questões pessoais, assistencialistas ou institucionais? Explique?

A1: Eu acho que tem diferenciações, que tem o institucional, é a questão da bolsa, o valor pra continuar a estudar ou abaixar um pouco a mensalidade, é a questão financeira. o assistencialista não.

Pergt: Você já percebeu alguém que entrou no programa com essa motivação financeira e no meio do caminho se modificou?

Resp: Eu já vi sim, no começo a pessoa veio pelo desconto e hoje ela vem pelo prazer de trabalhar com EJA e pelo conhecimento.

18. Qual a maior aquisição que esta experiência lhe trouxe? (pessoal? profissional? )

A1:”Pessoal: Eu acho que foi a questão da comunicação, do dialogo, eu me expresso muito melhor, os congressos, foi isso.

Profissional; A pesquisa, a iniciação cientifica, aprovada pelo CNPq foi muito importante pra mim.

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APÊNDICE 6

Entrevista realizada com o aluno (A6) do Programa 1 (P1) da Universidade , em outubro de 2006. O texto aqui apresentado se encontra na íntegra.

1. O que é a extensão universitária?

A6: Para mim extensão universitária é o que você pode fazer de extra na faculdade, na universidade, cursos ou o próprio programa da alfabetização eu considero como uma extensão, ou um processo que você possa fazer, que a universidade proporciona aos alunos.

2. Qual o objetivo do PROEJA?

A6: O PROEJA trabalha com jovens e adultos, pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar por algum motivo, e a gente trabalha com estas pessoas que não foram alfabetizadas, nós alfabetizamos estas pessoas.

3. Quais as metodologias utilizadas para a execução deste programa, isto é quais as metodologias do teu trabalho?

A6: Eu procuro pegar coisas do dia a dia, que nós convivemos sempre, problemas de matemática, português mesmo, noticiários e etc.

4. Como é o processo de registro das suas atividades?

A6: Eu tenho um caderno, que em todas as aulas de segunda a quinta­feira nós colocamos o que nós demos, o objetivo, a atividade e a matéria e todo o mês nós mandamos um relatório para professora Rose, e lá descreve o que nós demos durante o mês.

5. Existe algum tipo de produto (a elaboração de artigos científicos e ou a realização de eventos) que finalize o programa ou o encaminhe para uma 2ª fase? Como você participa deste trabalho?

A6: Nós estamos com o projeto de literatura de cordel, que nós produzimos textos na sala de aula, com rimas, a partir de uma imagem e nós estamos aprontando para que possa ser feito um mural, um varal de cordel.

Pergt: Este é um produto que você esta fazendo com a sua sala em específico?

Resp: Todas as salas estão fazendo, é uma conclusão do ano. Pergt: E produção científica, você esta fazendo alguma? Resp:: Não.

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6. Você recebe algum tipo de apoio institucional? (bolsas)

A6: Sim, bolsa do governo federal, do programa em si, o Alfabetização Solidária.

7. Como é o seu envolvimento no projeto? O que você faz?

A6: Alfabetizador, em sala de aula com os alunos. Pergt: Há quanto tempo você esta no PROEJA? A6: Como alfabetizador vai fazer 1 ano agora, mas eu eventualmente ano

passado eu dei aulas como professor eventual.

8. Qual o momento mais difícil do processo de trabalho que você desenvolve, ou desenvolveu, para concretizar este projeto?

A6: Tivemos alguns problemas com alguns alunos, tipo cochicho, e essa coisa acabou se alastrando na sala e repercutindo numa coisa desagradável.

9. Você trabalha com outros professores de outras disciplinas na formatação deste projeto? ( Do seu curso ou de outros?) Quem faz essa articulação?

A6: Procuro levar minha dúvidas para os professores que podem resolver, mas não é sempre.

10.Como você avalia o efeito da interação resultante da ação da extensão junto as atividades acadêmicas?

A6:Há interação sim, e é interessante, porque tudo o que nós aprendemos na sala de aula com metodologia do ensino de língua portuguesa, nós aplicamos também. Não é legal fazer isso porque vai repercutir em alguma coisa, e na sala de aula a gente aprende e já aplica aqui já, no curso de Letras a gente aplica na alfabetização. E há resultado.

Pergt: Resultado para você ou para o aluno? Resp: Ambos. Pergt: Por que, você se sente como quando você aprendeu algo em sala de

aula, levou para o teu trabalho extencionista e teve resultado. Resp: Por exemplo, numa aula passada eu fiz uma atitude errada, e depois

numa aula eu aprendi que não poderia ter feito aquilo por tal motivo, então na próxima aula eu não faço mais e assim há sempre uma melhora na progressão dos alunos.

11.Você acredita que este trabalho influencia na construção da sua identidade e educação sociopolítica? Por que e como?

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A6: Acho sim, porque a partir daqui você já tem um parâmetro de como eu posso trabalhar na escola pública ou particular, o que eu posso ou não posso fazer com o aluno. Acho que influencia sim.

12.Você tem motivações pessoais para desenvolver este trabalho? Se sim, quais? Se não, então por que desenvolve?

A6: Tenho. Incentivo, como desempenhar e nunca abandonar o que se esta fazendo.

Pergt: Mas algo no sentido pessoal te move a fazer este trabalho extencionista?

Resp: O prazer por ensinar, e o retorno que recebo dos alunos.

13.Você acha que este programa desenvolve, predominantemente, atividades assistencialistas, ativistas ou de marketing institucional.

A6: Eu acho que ele serve para resgatar as pessoas que não puderam estudar.

14.Qual a sua avaliação sobre o dialogo travado com a comunidade através deste projeto? Você acha que as necessidades da comunidade são atendidas através deste trabalho?

A6: Acho que sim. Porque as pessoas se sentem gratificadas pela paciência que recebem. Elas comentam: Os professores que tive não tiveram essa paciência e etc. Então eu acho que eles vem o trabalho da universidade como muito importante, eles vão a salas de informática, tem um grande rol de coisas que eles podem fazer aqui dentro da universidade, eu acho que eles gostam bastante.

Pergt: Esta comunidade atendida pelo PROEJA, interage no programa, há um diálogo, ou vocês tem um programa pré­estabelecido?

Resp: Não, não temos um programa a cumprir, e sim as necessidades dos alunos, por exemplo: ele não esta reconhecendo as letras, então vamos trabalhar com a codificação, e trabalhos de matemática são do cotidiano, contas de mercado etc.

15.Como você analisa a formação acadêmica e a experiência de vivenciar práticas político­sociais dentro de um mesmo contexto?

A6: Eu acho muito bom, porque abre um rol de coisas muito grandes, antigamente eu não tinha uma visão como eu tenho hoje, trabalhando, dando aulas aqui na alfabetização.

Pergt: O que mudou pra você? Resp: Há muitas coisas, você aprende como lidar com as pessoas, como não

haver conflitos em sala de aula, também como você foi importante para aquela pessoa para ela aprender a ler, escrever, fazer contas. É muito legal.

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16.A partir deste trabalho, você observa que houve aquisição de novos conhecimentos e, confronto entre a formação acadêmica com a prática?

A6: Há sim, com certeza, é o que eu acabei de dizer. O que foi mais importante, quando você analisa a formação acadêmica e a

prática juntas, em relação ao seu trabalho? Você dando aulas você vê como é importante as pessoas que estão

aprendendo com você e isso se aplica ao curso também, porque a professora sempre retoma as pessoas que estão com problemas com alfabetização, então a gente procura sempre tomar a linha que os professores estão tomando em sala de aula, a gente aplica e sempre dá um resultado interessante.

17.Como é que você voltou para a sala de aula depois da sua primeira participação neste projeto?

A6: Foi gratificante, porque os professores situam o ponto assim, olha aconteceu isso, e sempre você procura dizer: Eu dou aula na alfabetização e, tem aquele orgulho, é muito bom.

18.Você acha que seus colegas de projeto tem envolvimento com o projeto motivados por questões pessoais, assistencialistas ou institucionais? Explique?

A6: Eu acho que mais institucional. Eles também acham muito gratificante trabalhar com EJA. E tem a bolsa, que eu considero como um auxílio mesmo, motiva, ajuda um

pouco sim. Eu penso que sim, nós fazemos um trabalho assistencialista.

19.Qual a maior aquisição que esta experiência lhe trouxe? (pessoal? profissional?

A6: Profissional, enriqueceu muito o meu currículo, e as capacitações que nós tivemos, como aprender a trabalhar com jovens e adultos, que é bem diferente dos adolescentes.

Pessoal : É muito gostoso e gratificante ensinar pessoas que não tiveram oportunidade de estudar, e elas te agradecem pela paciência.

Pergt: Se você não tivesse apoio institucional, bolsa, você faria este trabalho? Resp: Eu acho que não. Pergt: Por que não? Resp: Porque como eu estava na alfabetização eu perdi o tempo de dar aula

na escola pública, de fazer o cadastro, então eu acho que o auxílio da bolsa, foi um atrativo, e para enriquecer o meu currículo e eu tinha esse tempo disponível

Pergt: Se você tivesse que ser voluntário seria mais complicado? Resp: Seria porque eu pego o carro pra vir pra cá.

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APÊNDICE 7

Entrevista realizada com a aluna (B2) do Projeto 2 (P2) da Universidade em outubro de 2006. O texto aqui apresentado se encontra na íntegra.

1. O que é extensão universitária?

B2: Extensão universitária para mim são alguns cursos ou atividades que estão ligadas à universidade mas estão fora do currículo obrigatório de formação.

2. Qual é o objetivo deste programa?

B2: Despertar a atenção do universitário para o Terceiro Setor, que é um segmento que está crescendo muito rapidamente e da importância mesmo para quem não está efetivamente trabalhando no terceiro setor, hoje as empresas estão à procura de pessoa que tenham no seu currículo atividades ligadas ao Terceiro Setor, mesmo como voluntários.

Pergt: Então o objetivo do programa P2 para você seria ter essa atividade agregada ao currículo também?

B2: Para mim enquanto aluna. Para a universidade seria justamente intervir nesse Terceiro Setor.

Pergt: Então você vê dois objetivos, um objetivo seu como aluna e um objetivo da universidade?

B2: Isso.

3. Quais são as metodologias utilizadas para a execução do programa? Como é que o programa foi conduzido?

B2: Nós recebemos inicialmente um roteiro de como deveria ser efetuado o trabalho, posteriormente depois que nós conseguimos a ONG é que nós poderíamos atuar. Semanalmente nós éramos pautados pela professora, fazíamos o trabalho e a professora acompanhava o andamento.

Pergt: Esse roteiro vocês receberam no início do ano ou no segundo semestre?

B2: No segundo semestre. Pergt: E no primeiro semestre, o que vocês fizeram? B2: Nós tivemos atividades de conhecimento da disciplina, atividades teóricas

de Terceiro Setor, vimos como funcionavam as ONGs, como era uma ONG sustentável e não sustentável, tivemos apenas conhecimento teórico.

Pergt: E no segundo semestre? B2: Foi o trabalho prático. Pergt: E nessa metodologia da prática, vocês foram em busca de uma

organização do Terceiro Setor para poder atuar?

B2: Isso, nós fomos incumbidos de localizar uma organização de Terceiro Setor que aceitasse um trabalho nosso, uma intervenção administrativa nossa, não

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poderia ser intervenção financeira e nem uma intervenção do dia­a­dia, por exemplo, a professora citou claramente “não adianta vocês falarem que a instituição está precisando de pintura, então todos decidem ir pintar, mas ninguém sabe onde pintar.”, não era isso, ela queria que a gente fizesse um projeto em que aquela situação, aquela carência que a instituição tivesse nós fossemos suprir, mesmo que ela lucrasse.

4. Como é o processo de registro das atividades?

B2: Nós tínhamos um calendário semanal do que tinha sido feito. Primeiro foi formada uma microempresa de consultoria.

Pergt: Quantas pessoas tinham no seu grupo? B2: Se eu não estiver enganada no meio do semestre entraram algumas

pessoas, e eu acho que no final ficamos em quatorze, e tinha um organograma que determinava a função de cada de cada um, presidente, vice­presidente, marketing, secretária, cada um tinha a sua função, e semanalmente nós apresentávamos à professora o que havia sido feito pelo cargo, porque não era o aluno, era o presidente, o que o presidente fez, quanto a sua unidade fez, os levantamentos de custo, e passávamos para a professora.

Pergt: E assim todos tinham a oportunidade de desenvolver algum tipo de trabalho em determinada época, ou todos juntos?

B2: Sempre todos juntos, porque na ONG todos estavam muito ansiosos, pois eles querem voluntários, independente do trabalho da universidade eles querem voluntários, então nós fomos muito bem recebidos.

Pergt: Onde vocês fizeram esse projeto? B2: No L de N, que é um orfanato que já tem mais de 48 anos e fica na Vila

e é muito bem estruturado, por isso nós achamos um pouco difícil fazer a intervenção, porque na parte de custos e administração eles são muito bem organizados.

Pergt: Qual foi o problema que vocês encontraram? B2: Nós tentamos fazer um levantamento de divulgação porque eles são

muito bem organizados, mas eles não recebem muitas doações, então já tem aquele orçamento fixo deles, mas é extremamente apertado, da apenas para cobrir os custos, e eles não conseguem investir, eles querem construir uma quadra para as crianças e não conseguem, eles querem fazer várias coisas, mas como não recebem muitas doações fica impossível, só da para manter o orfanato, então nós tentamos fazer um trabalho de marketing com divulgação em sites e cartões, basicamente um trabalho de troca, as empresas colocariam um ícone do Lar de Nice e reciprocamente o L de N divulgaria a imagem da empresa.

Pergt: Então hoje eles tem isso? B2: Nós conseguimos algumas empresas, poucas, mas conseguimos.

5. Existe algum tipo de produto (a elaboração de artigos científicos e ou a realização de eventos) que finalize o programa ou o encaminhe para uma 2ª fase? Como você participa deste trabalho?

B2: Existe um evento, aconteceu sábado agora .Tem até uma premiação em dinheiro como a professora G2 explicou, foi bem legal ; o projeto é motivante! No

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inicio achamos que seria muito difícil, porque um projeto de 6 meses com um grupo grande, é muito difícil de coordenar,principalmente finais de semana, um quer ir o outro não quer ...então achamos que seria o fim do mundo e não foi, os alunos foram e gostaram e o projeto virou meio que um programa de fim de semana .Vamos lá e sempre muito bem humorados, ninguém de má vontade...

Pergt: A maioria do grupo vai? B2: A maioria do grupo ia, tinha algumas pessoas que não iam porque

trabalhavam no sábado. Tinha um rapaz que trabalhava no sábado, então ele foi uma única vez para conhecer a instituição porque ele não podia ir todos os sábados.

Pergt: Qual é a tua avaliação sobre o diálogo que foi tratado com a comunidade, com essa comunidade em especial do “L de N”? Através desse projeto, você acha que as necessidades da instituição foram atendidas através do trabalho de vocês?

B2: Olha, acho que não, não a curto prazo pelo menos, talvez o nosso trabalho tenha um retorno para eles com o decorrer do tempo, mas inicialmente não deve ter gerado nenhum resultado imediato.

Pergt: Mas vocês deixaram um caminho aberto? B2: É, deixamos sim. Pergt: Depende deles agora? B2: Isso mesmo. Pergt: Mas a grande dificuldade foi descobrir a problematização? Vocês

descobriram essa problematização através do dialogo com eles ou observando? B2: No dialogo com eles, conversando mesmo. Eles nos apresentaram

contas, porque no inicio nos achamos que tínhamos de mexer no orçamento deles, pensávamos que eles gastavam muito em energia, em água, que desperdiçavam alimentos, achamos que nesse ponto daria para fazer alguma coisa, e então descobrimos que não, que lá na instituição tudo era métrico, que a criança tinha um tempo certo para tomar banho, que tudo era medido. Através de apresentação de contas mesmo, eles apresentavam quantos litros d’água por criança atendida era utilizado, então não tinha como reduzir mais, pois já estava tudo no limite, percebemos a organização, e que o problema deles era a receita extremamente restrita .

6. Vocês receberam algum tipo de apoio institucional? (bolsa auxílio)

B2: Bolsa não, mas eu achei que nós fomos bem acompanhados, porque a professora G2 acompanhou muito o nosso trabalho, até quando eu perguntei à ela “por que apresentar sendo que já foi?”, porque nós achamos que o objetivo fosse apresentar lá no A F, ver quem era premiado e quem não era, e ela disse que queria ver o trabalho e que até cobrou resultados, e falou “mesmo que vocês não tenham esse resultado, em quanto tempo vocês acham que essa ação vai dar resultado?”, então eu acho que nós fomos bem assessorados.

Pergt: Vocês receberam alguma bolsa ou alguma coisa? B2: Não. Pergt: Então vocês trabalharam em função da disciplina? B2: Isso, da disciplina. Pergt: Existia o objetivo de se cumprir o trabalho para fechar inclusive o

cronograma da disciplina?

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B2: Exatamente, 50% da nossa nota nessa disciplina é regimental e 50% é esse trabalho, então não teve nenhuma outra atividade e nem prova, foi apenas o trabalho.

Pergt: Como assim regimental? B2: Nós temos uma prova interdisciplinar. Pergt: Então 50% era dessa prova? B2: Isso, e os outros 50 % do trabalho.

7. Como foi o seu envolvimento no projeto? O que você fez?

B2: Inicialmente foi uma visita, uma outra aluna levantou essa entidade e nós fomos visitar, e visitávamos uma vez por mês, íamos visitar em rodízio, não ia todo o grupo, fizemos esse rodízio para verificar o que poderíamos fazer além do que já estava feito,, porque o projeto ficou sendo divulgação de marketing, mas além disso acabamos trabalhando em algumas coisas, tudo por envolvimento próprio mesmo .

8. Qual foi o momento mais difícil do processo de trabalho que você desenvolveu para concretizar o trabalho?

B2: Tivemos muita dificuldade para desenvolver o projeto justamente porque a instituição era um lugar muito bem estruturado ;acreditávamos que iríamos achar uma instituição com falha, com problemas de contabilidade e outros problemas, mas lá esses problemas não existiam .

Pergt: Então a observação do problema? A identificação do problema? B2: Exatamente, a criação do projeto em si foi difícil.

9. Vocês tinham o auxílio de professores de outras disciplinas na formatação do projeto?

B2: Não, só da professora G2. Pergt: Então você tinha que identificar os seus conhecimentos em sala de

aula de outras disciplinas também? B2: Exatamente, a professora G2 deu uma direção de que teria de ser parte

administrativa, poderia ser financeira e contábil também, mas foi complicado achar um caminho no começo,depois que fizemos o projeto,ai ficou mais fácil.

Pergt: Então você quer dizer que o momento mais difícil foi a identificação do problema?

B2: Sim.

10. Como você avalia o efeito da interação que resultou dessa ação de extensão junto das suas atividades acadêmicas?

B2: Eu achei que foi a parte prática, onde eles falam e divulgam o marketing da universidade, porque nos vamos acumulando conhecimento, mas fico tudo muito teórico,quando vamos colocar em pratica conseguimos ver para que servem os tópicos . Tivemos a parte de desenvolver o programa, o administrador basicamente

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está na empresa para ver as falhas e intervir de uma maneira que crie o projeto,ninguém fica corrigindo o administrador,as vezes ele consegue um conselho ou outro, a parte de consertar, de fazer, de render, está sob a responsabilidade dele, e foi isso o que fizemos muito nesse trabalho.

Pergt: Você acha então que esse trabalho sendo voluntário, não tendo subsídio nenhum da universidade, pode despertar no universitário o lado do voluntariado após ele ter terminado a universidade?

B2: Com certeza.

11. Você acredita que esse trabalho influenciou na construção de sua identidade, e na sua educação sócio política?

B2: Com certeza, porque conheci outras realidade, outras origens ; isso tudo sempre traz influencia, as vezes agimos como omissos, por exemplo para mim tudo é difícil, eu trabalho, faço faculdade, tenho família, tenho que correr atrás,mas então percebi que algumas pessoas não tem possibilidade nem de correr atrás, senão for dada uma oportunidade a elas, essas pessoas nunca vão chegar ao nível que nos temos de trabalhar muito ; então acho que politicamente se formos esperar que tudo aconteça pelos governantes , em decorrência do governo investir, sabemos que não acontece, o voluntariado vira assim talvez até uma forma de crítica social ao governo, fazemos o que o governo deveria estar fazendo .

12. Você tem motivações pessoais para desenvolver este trabalho? Se sim, quais? Se não, então por que desenvolveu?

B2: Não, estava sempre naquele comodismo, eu queria mas achava que não tinha tempo . A primeira vez que fui ao orfanato, minha vontade foi de levar todas as crianças para casa, as pessoas adiam porque acham que não tem tempo, mas hoje que eu conheço o “L d N”, e aquele trabalho serio que eles fazem, as crianças, o que eu vi, eu penso “como pode?”, a origem das crianças ali é um fator complicador, são crianças vítimas de maus tratos ou de abandono. Como a moça que trabalha lá nos explicou, são crianças que não podem ser entregues para a família, porque geralmente a família não quer e quando quer o processo judicial demora tanto tempo que as crianças já estão praticamente adultas . nos envolvemos muito mesmo, independente do trabalho para a faculdade eu visito o lar uma vez por mês, já levei meu filho para conhecer,para que ele visse outra realidade . Meu filho estuda aqui na Universidade A, colégio pago, transporte particular pago, então eu quis mostrar a ele que a vida não é só isso.

Ele ficou surpreso e me perguntou “mãe porque abandonam crianças?” . Então nos envolvemos, meu marido já foi conhecer também;e assim eu

pretendo continuar com algum trabalho por lá, acho que isso é importante .

13. Você acha que este programa desenvolve predominantemente atividades assistencialistas, ativistas ou de marketing institucional?

B2: Assistencialista com certeza não, foi deixado bem claro para nós, desde o inicio do projeto que não se tratava de assistencialismo, o objetivo do projeto não era criar uma dependência entre o grupo e a instituição .Mas acho que há uma

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excelente jogada de marketing, seria um misto das duas coisas,ativa e de marketing para a universidade; até porque a ultima moda agora é o Terceiro Setor .

14. Como você avalia a formação acadêmica, e a experiência de vivenciar praticas político­sociais dentro do mesmo contexto?

B2: Eu acho excelente, para muitos é a única oportunidade, por mais que hoje o terceiro setor seja um modismo e ser voluntário também, as pessoas estão meio que sendo obrigadas a se tornarem voluntárias, e muitos universitários que não tem a mínima noção, e os universitários são elite, temos também o pessoal das bolsas de estudo, mas a maioria vem de uma família legal, que não passou por dificuldades,, que tem um orçamento bastante controlado, que tem o seu lazer garantido, o vestuário garantido, alimentação garantida, educação garantida ; então as vezes na cabeça das pessoas forma uma opinião de que esse é o mundinho normal, se a faculdade de repente não empurrar essas pessoas para o outro lado da sociedade, o lado carente em sim, eles não vão perceber, até porque a tendência deles é continuar tendo essa vidinha bastante regular, se formar na faculdade, ter um emprego melhor, uma renda melhor, então essas pessoas acham que isso é a realidade normal, eles não conseguem ver realidade da sociedade.

15. A partir desse trabalho, você observa que houve aquisição de novos conhecimentos e, confronto entre a sua formação acadêmica com a pratica?

B2: Com certeza, a impressão que se tem no final é de que na teoria tudo parece muito fácil, nos decoramos os conceitos, fazemos as provas, tudo certo, mas quando vemos na pratica, muita coisa temos que adaptar, por mais que no livro estava colocada uma formula, vemos que a formula não está completamente correta, as vezes temos que fazer uma adaptação, fazendo um jogo e isso só se aprende na pratica, como na teoria vem tudo muito estruturado,quando se chega na pratica, se não existir a atitude, muito jogo de cintura e flexibilidade, não funciona .

16. Como é que você voltou para a sala de aula depois da primeira participação nesse projeto?

B2: Eu voltei me achando a pessoa mais omissa do mundo,eu pensava que tanta gente precisava de ajuda, de tanta coisa ...o pessoal lá do lar queria que nós fossemos ao menos nos sábados porque as crianças não tinham aula de educação física pois não tinha quem fizesse com eles ...então eles precisando de tão pouco e eu me negando? Eu fiquei muito mal inicialmente, e a origem das crianças também me incomodou bastante e me motivou .Para mim visitar um orfanato todos os sábados, sair da minha casa, é complicado, não basta de segunda a sexta que eu tenho que fazer muitas coisas, no sábado que é o dia da minha família, vou ter que ir? era o que eu pensava, mas então cheguei na segunda feira totalmente mudada à aula, achei legal fazer algo de útil .

17. Você acha que os seus colegas de projeto tem envolvimento no projeto motivados por questões pessoais, assistencialistas ou institucionais?

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B2: A maioria foi por motivos pessoais, tem o pessoal que só vai por conta da nota mesmo, mas não é a maioria não; a maioria se envolveu e ficou sensibilizado com a situação da instituição e das crianças .

18. Qual a maior aquisição que essa experiência te trouxe? Primeiro no lado pessoal.

B2: Pessoal foi sair do estado de omissão, e ver que para ajudar alguém não é preciso ter dinheiro, se você tiver um pouquinho de boa vontade já dá para ajudar, porque todos temos a impressão de que é preciso ter muito dinheiro para ajudar, e não, as vezes as pessoas que tem menos podem fazer um trabalho bonito, serio e necessário .

Pergt: E profissional? B2: Profissional foi justamente ver que tenho que desenvolver além do meu

lado acadêmico, também o meu lado pessoal, a desenvoltura de atitude, de flexibilidade, de comunicação, aprendi que vou lidar com todo tipo de publico, lá na instituição você lida com as criancinhas que foram abandonadas pelo pai ou pela mãe, e também com a dona da instituição, que lida com aquilo tudo há anos, e não que ela seja insensível, tanto não é que desenvolve esse trabalho, mas para ela aquilo tudo é normal, ela é técnica, muito clara, muito numero, muito conceito, o objetivo dela é resolver os problemas das crianças e não ter piedade, ela já passou dessa fase .

Pergt: ­ Você profissionalmente aprendeu a observar o lado mais humano ou o lado mais técnico?

B2: Profissionalmente eu percebi que nos vamos lidar com as duas coisas, então temos que ter jogo de cintura.

Pergt: Você achava que era como? B2: Eu achava que era tudo muito humano, eu era muito humana, tinha

pena... Eu tinha muito disso, então vi que quem lida com números não vê muito o lado humano, deve passar por cima disso e ir atrás de resultados práticos.

Pergt: E você acha que essa aquisição vem em decorrência da tua formação do curso também, ou foi dessa experiência?

B2: Acho que o curso todo. Vamos criando argumentos para decisões, paramos de ver os “vilõezinhos” e vemos que as atitudes de quem lida com números é acima de tudo sobre coisas palpáveis, e não porque a pessoa é ruim .

Pergt: É uma aquisição acadêmica? B2: Sim.

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APÊNDICE 8

Entrevista realizada com o aluno (B7) do Projeto 2 (P2) da Universidade em outubro de 2006. O texto aqui apresentado se encontra na íntegra.

1. O que é a extensão universitária?

B7: Seria um braço, além do curso profissional. Pergt:. Um braço que faz o que? Resp. Eu estou pensando nisso agora, eu nunca fiz um trabalho de extensão

universitária, mas eu acho que é um procedimento, uma especialização.

2. Qual o objetivo deste programa?

B7: Eu acho que é por em prática aquilo que a gente aprende na faculdade.

3. Quais as metodologias utilizadas para a execução deste programa?

B7: Bom, aqui todo mundo é do 1º ano, então ninguém é administrador ainda, tá todo mundo aprendendo. Eu acho que tem mais boa intenção do que metodologia em si. A professora cuida da realização, conforme foi surgindo as dúvidas a gente procurava a professora e foi assim, tentativa e erro.

Perg. Mas a professora passou uma metodologia, uma linha para vocês atuarem?

Resp. Isso.

4. Como é o processo de registro das atividades?

B7: Processo de registro? Acredito que foi seguindo a metodologia da professora, ela apresentou o principal que seria a missão, depois da gente definir a missão a gente praticamente começou a fazer de um lado, definiu a missão e o objetivo e depois a gente teve que montar a estratégia pra chegar neste objetivo.

5. Existe algum tipo de produto (a elaboração de artigos científicos e ou a realização de eventos ) que finalize o programa ou o encaminhe para uma 2ª fase? Como você participa deste trabalho?

B7: Existe um evento, primeiro é apresentado em sala e os que forem melhores são selecionados pra que sejam apresentados no evento.

Perg: E tem uma 2ª fase? Resp: Não, esse projeto tem o objetivo de ser auto­sustentável, a idéia seria

de que depois quando a gente entrega o trabalho, no caso a entidade pudesse tirar proveito disso.

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6. Você recebe algum tipo de apoio institucional? (bolsas) B7: Não.

7. Como é o seu envolvimento no projeto? o que você faz?

B7: Eu não faço todas as matérias nesta classe, e essa matéria é adaptação. Então tinha pouco tempo para se reunir com o grupo, mas eu participei mais das discussões, e teve um evento na entidade, uma festa, eu fui, era para arrecadar fundos. Foi mais na parte de reuniões, as tarefas foram divididas e quem tinha mais tempo ia fazendo e correndo atrás.

Perg: O que vocês sugeriram para a entidade? Resp: A entidade não estava tal mal. Perg: Qual era o nome dela? Resp: Eu não me lembro. Perg: Qual o projeto de vocês? Resp: Teve vários projetos, teve de reciclagem de lixo. Mas o que eu achei

mais interessante foi o “adote uma criança”, mas geralmente as pessoas não querem compromisso, então eu conversei com o R e a gente pensou em “adote uma criança por 1 mês”. É uma idéia que já existia e a gente fez diferente.

Perg: E a colaboração era em dinheiro. Resp: Em dinheiro, e esse dinheiro que a gente conseguiu foi para a creche. Perg: E esse projeto vai continuar? Resp: Vai continuar.

8. Qual o momento mais difícil,do processo de trabalho, que você desenvolve, ou desenvolveu, para concretizar este projeto?

B7: Pra mim o momento mais difícil foi arrecadar o dinheiro, porque todo mundo quer ajudar, mas na hora de colaborar é difícil. Na verdade quem ajudou mais a gente foram amigos nossos, porque comerciantes e empresas, eles dão apoio, acham legal, mas chega na hora eles dizem que não tem condições.

9. Você trabalha com outros professores de outras disciplinas na formatação deste projeto? ( Do seu curso ou de outros?) Quem faz essa articulação?

B7: Eu em particular não.

10.Como você avalia o efeito da interação resultante da ação da extensão nas atividades acadêmicas?

B7: Eu acho interessante porque desenvolve a visão empreendedora, num projeto desse tem que ter uma postura empreendedora, que é muito solicitada hoje em dia, e quem é administrador precisa disso. E também usar a criatividade, ter coragem de falar em público as idéias que tem. Pra muita gente isso é bom, porque aliando as coisas que você aprende no curso você sempre vai ter uma referência.

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11. Você acredita que este trabalho influencia na construção da sua identidade e educação sociopolítica? Por que e como?

B7: Eu acho que ajuda sim. Porque a gente vem lá da periferia, e as vezes do lado da nossa casa pode ter uma creche, mas a gente nem sabe. E é um trabalho importante, as crianças precisam de ajuda. Mas eu acho que é responsabilidade do governo, e ele não faz isso. E o Terceiro Setor tá lá pra suprir. Tudo é valido.

12. Você tem motivações pessoais para desenvolver este trabalho? Se sim, quais? Se não, então por que desenvolve?

B7: Motivação foi de querer fazer esse trabalho, foi a inicial. Mas depois a gente começa a querer a fazer uma coisa nova mesmo, daí sim você se envolve e trabalha em cima disso. Daí é muito bom, porque é uma motivação espontânea, você se envolve e é muito legal.

13. Você acha que este programa desenvolve, predominantemente, atividades assistencialistas, ativistas ou de marketing institucional?

B7: Eu acho que a universidade quer unir o útil ao agradável, ela precisa exercitar os alunos na prática, essa é a proposta da universidade, aprender na prática, então ela quer que o aluno desenvolva um trabalho, não assim um trabalho acadêmico, um trabalho que ele vai lá e faça na prática mesmo, só que ao mesmo tempo tem que ser uma coisa que ela aproveita para realmente ajudar, eu acho que ela tem esse interesse em ajudar.

14. Como você analisa a formação acadêmica e a experiência de vivenciar práticas político­sociais dentro de um mesmo contexto?

B7: Eu avalio pelo trabalho que foi feito com as crianças, porque qual o futuro delas se ninguém se interessar em ajudar, elas podem virar marginais. Então eu acho que é interesse de todos minimizar esse problema, mais pra frente se a gente não fizer nada, nós mesmos vamos ser atingidos.

15. A partir deste trabalho, você observa que houve aquisição de novos conhecimentos e, confronto da formação acadêmica com a prática?

B7: Com certeza.

16. Como é que você voltou para a sala de aula depois da sua primeira participação neste projeto?

B7: Eu era cego nesse ponto, porque pra mim era problema do outro, eu achava que eu não tinha responsabilidade nenhuma, eles que tinham que se virar pra conseguir o deles e eu tenho que me virar pra conseguir o meu.Mas eu vi que

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não é bem assim, que a gente também tem que ter responsabilidade social, porque se não a gente mesmo no futuro vai ser prejudicado, se eu quiser que seja melhor eu tenho que dar força também.

17. Você acha que seus colegas de projeto tem envolvimento com o projeto motivados por questões pessoais, assistencialistas ou institucionais? Explique .

B7: Varia. Eles estavam envolvidos pessoalmente, a não ser de não ser fácil, depois a gente vendo a situação real, eles se envolveram, uns mais e outros mais. O grupo tinha 21 pessoas.

18. Qual a maior aquisição que esta experiência lhe trouxe? (pessoal? profissional?)

B7: Pessoal eu acho que foi mudar a minha maneira de ver, antes a minha visão egoísta.

Profissional eu acho que ajudou porque se fala muito do 3º Setor, que hoje em dia as grandes empresas ajudam muito o Terceiro Setor, e eu achava que elas só ajudavam porque podiam abater no imposto, porque queriam fazer papel de bonzinho perante a sociedade. Mas eu vi que não, pode ser que algumas façam por isso, mas algumas tem interesse, a empresa sabe que depende da sociedade, eles,a empresa, também pode ser prejudicada.

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Anexo

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ANEXO 1

Denominação das Linhas de Extensão a partir de 1 o . de janeiro de 2006 Fórum de Pró­Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras –

FORPROEX

N. Linha Descrição 1. 2006 ­

Alfabetização, Leitura e Escrita

Alfabetização e letramento de crianças, jovens e adultos; formação do leitor e do produtor de textos; incentivo à leitura; literatura; desenvolvimento de metodologias de ensino da leitura e da escrita e sua inclusão nos projetos político­pedagógicos das escolas.

2. 2006 ­ Artes Cênicas Dança, teatro, técnicas circenses, desempenho;

formação, memória, produção e difusão cultural e artística.

3. 2006 ­ Artes Integradas Ações multiculturais, envolvendo as diversas áreas da

produção e da prática artística em um único programa integrado; memória, produção e difusão cultural e artística.

4. 2006 ­ Artes Plásticas Escultura, pintura, desenho, gravura instalação,

apropriação; formação, memória, produção e difusão cultural e artística.

5. 2006 ­ Artes Visuais Artes gráficas, fotografia, cinema, vídeo; formação, memória, produção e difusão cultural e artística.

6. 2006 ­ Comunicação Estratégica

Elaboração, implementação e avaliação de planos estratégicos de comunicação; realização de assessorias e consultorias para organizações de natureza diversa em atividades de publicidade, propaganda e de relações públicas; suporte de comunicação a programas e projetos de mobilização social, a organizações governamentais e da sociedade civil.

7. 2006 ­ Desenvolvimento de Produtos

Produção de origem animal, vegetal, mineral e laboratorial; manejo, transformação, manipulação, disposição, conservação e comercialização de produtos e subprodutos.

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N. Linha Descrição 8. 2006 ­

Desenvolvimento Regional

Elaboração de diagnóstico e de propostas de planejamento regional (urbano e rural) envolvendo práticas destinadas a elaboração de planos diretores, a soluções, tratamento de problemas e melhoria da qualidade de vida da população local, tendo em vista sua capacidade produtiva e potencial de incorporação na implementação das ações; participação em fóruns Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável ­ DLIS; participação e assessoria a conselhos regionais, estaduais e locais de desenvolvimento e a fóruns de municípios e associações afins; elaboração de matrizes e estudos sobre desenvolvimento regional integrado, tendo como base recursos locais renováveis e práticas sustentáveis; discussão sobre permacultura; definição de indicadores e métodos de avaliação de desenvolvimento, crescimento e sustentabilidade.

9. 2006 ­ Desenvolvimento Rural e Questão Agrária

Constituição e/ou manutenção de iniciativas de reforma agrária, matrizes produtivas locais ou regionais e de políticas de desenvolvimento rural; assistência técnica; planejamento do desenvolvimento rural sustentável; organização rural; comercialização; agroindústria; gestão de propriedades e/ou organizações; arbitragem de conflitos de reforma agrária; educação para o desenvolvimento rural; definição de critérios e de políticas de fomento para o meio rural; avaliação de impactos de políticas de desenvolvimento rural.

10. 2006 ­ Desenvolvimento Tecnológico

Processos de investigação e produção de novas tecnologias, técnicas, processos produtivos, padrões de consumo e produção (inclusive tecnologias sociais, práticas e protocolos de produção de bens e serviços); serviços tecnológicos; estudos de viabilidade técnica, financeira e econômica; adaptação de tecnologias.

11. 2006 ­ Desenvolvimento Urbano

Planejamento, implementação e avaliação de processos e metodologias visando proporcionar soluções e o tratamento de problemas das comunidades urbanas; urbanismo.

12. 2006 ­ Direitos Individuais e Coletivos

Apoio a organizações e ações de memória social, defesa, proteção e promoção de direitos humanos; direito agrário e fundiário; assistência jurídica e judiciária individual e coletiva, a instituições e organizações; bioética médica e

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N. Linha Descrição jurídica; ações educativas e preventivas para garantia de direitos humanos.

13. 2006 ­ Educação Profissional Processos de formação técnica profissional, visando a

valorização, aperfeiçoamento, promoção do acesso aos direitos trabalhistas e inserção no mercado de trabalho.

14. 2006 ­ Empreendedorismo Constituição e gestão de empresas juniores, pré­

incubadoras, incubadoras de empresas, parques e pólos tecnológicos, cooperativas e empreendimentos solidários e outras ações voltadas para a identificação, aproveitamento de novas oportunidades e recursos de maneira inovadora, com foco na criação de empregos e negócios estimulando a pró­atividade.

15. 2006 ­ Emprego e Renda Defesa, proteção, promoção e apoio a oportunidades de

trabalho, emprego e renda para empreendedores, setor informal, proprietários rurais, formas cooperadas/associadas de produção, empreendimentos produtivos solidários, economia solidária, agricultura familiar, dentre outros.

16. 2006 ­ Endemias e Epidemias Planejamento, implementação e avaliação de

metodologias de intervenção e de investigação tendo como tema o perfil epidemiológico de endemias e epidemias e a transmissão de doenças no meio rural e urbano; previsão e prevenção.

17. 2006 ­ Divulgação Científica e Tecnológica

Difusão e divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos em espaços de ciência, como museus, observatórios, planetários, estações marinhas, entre outros; organização de espaços de ciência e tecnologia.

18. 2006 ­ Esporte e Lazer Práticas esportivas, experiências culturais, atividades

físicas e vivências de lazer para crianças, jovens e adultos, como princípios de cidadania, inclusão, participação social e promoção da saúde; esportes e lazer nos projetos político­pedagógico das escolas; desenvolvimento de metodologias e inovações pedagógicas no ensino da Educação Física, Esportes e Lazer; iniciação e prática esportiva; detecção e fomento de talentos esportivos.

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N. Linha Descrição 19. 2006 ­ Estilismo

Design e modelagem criativa de vestuário, calçados, ornamentos e utensílios pessoais relacionados à moda.

20. 2006 ­ Fármacos e Medicamentos Uso correto de medicamentos para a assistência à

saúde, em seus processos que envolvem a farmacoterapia; farmácia nuclear; diagnóstico laboratorial; análises químicas, físico­químicas, biológicas, microbiológicas e toxicológicas de fármacos, insumos farmacêuticos, medicamentos e fitoterápicos.

21. 2006 ­ Formação de Professores Formação e valorização de professores, envolvendo a

discussão de fundamentos e estratégias para a organização do trabalho pedagógico, tendo em vista o aprimoramento profissional, a valorização, a garantia de direitos trabalhistas e a inclusão no mercado de trabalho formal.

22. 2006 ­ Gestão do Trabalho Estratégias de administração; ambiente empresarial;

relações de trabalho urbano, rural e industrial (formas associadas de produção, trabalho informal, incubadora de cooperativas populares, agronegócios, agroindústria, práticas e produções caseiras, dentre outros).

23. 2006 ­ Gestão Informacional Sistemas de fornecimento e divulgação de informações

econômicas, financeiras, físicas e sociais das instituições públicas, privadas e do terceiro setor.

24. 2006 ­ Gestão Institucional Estratégias administrativas e organizacionais em órgãos

e instituições públicas, privadas e do terceiro setor, governamentais e não governamentais.

25. 2006 ­ Gestão Pública Sistemas regionais e locais de políticas públicas; análise

do impacto dos fatores sociais, econômicos e demográficos nas políticas públicas (movimentos populacionais, geográficos e econômicos, setores produtivos); formação, capacitação e qualificação de pessoas que atuam nos sistemas públicos (atuais ou potenciais).

26. 2006 ­ Grupos Sociais Vulneráveis Questões de gênero, de etnia, de orientação sexual, de

diversidade cultural, de credos religiosos, dentre outros,

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N. Linha Descrição processos de atenção (educação, saúde, assistência social, etc), de emancipação, de respeito à identidade e inclusão; promoção, defesa e garantia de direitos; desenvolvimento de metodologias de intervenção.

27. 10.2006 ­ Infância e Adolescência Processos de atenção (educação, saúde, assistência

social, etc); promoção, defesa e garantia de direitos; ações especiais de prevenção e erradicação do trabalho infantil; desenvolvimento de metodologias de intervenção, tendo como objeto enfocado na ação crianças, adolescentes e suas famílias.

28. 11.2006 ­ Inovação Tecnológica Introdução de produtos ou processos tecnologicamente

novos e melhorias significativas a serem implementadas em produtos ou processos existentes nas diversas áreas do conhecimento. Considera­se uma inovação tecnológica de produto ou processo aquela que tenha sido implementada e introduzida no mercado (inovação de produto) ou utilizada no processo de produção (inovação de processo).

29. 12.2006 ­ Jornalismo Processos de produção e edição de notícias para mídias impressas e eletrônicas; assessorias e consultorias para órgãos de imprensa em geral; crítica de mídia.

30. 13.2006 ­ Jovens e Adultos Processos de atenção (saúde, assistência social, etc), de

emancipação e inclusão; educação formal e não formal; promoção, defesa e garantia de direitos; desenvolvimento de metodologias de intervenção, tendo como objeto a juventude e/ou a idade adulta.

31. 14.2006 ­ Línguas Estrangeiras Processos de ensino/aprendizagem de línguas

estrangeiras e sua inclusão nos projetos político­ pedagógicos das escolas; desenvolvimento de processos de formação em línguas estrangeiras; literatura; tradução.

32. 2006 ­ Metodologias e Estratégias de Ensino/Aprendizage m

Metodologias e estratégias específicas de ensino/aprendizagem, como a educação a distância, o ensino presencial e de pedagogia de formação inicial, educação continuada, educação permanente e formação profissional.

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N. Linha Descrição 33. 2006 ­ Mídia­artes

Mídias contemporâneas, multimídia, web­arte, arte digital; formação, memória, produção e difusão cultural e artística.

34. 2006 ­ Mídias Produção e difusão de informações e conhecimentos através de veículos comunitários e universitários, impressos e eletrônicos (boletins, rádio, televisão, jornal, revistas, internet, etc); promoção do uso didático dos meios de comunicação e de ações educativas sobre as mídias.

35. 2006 ­ Música Apreciação, criação e desempenho; formação, capacitação e qualificação de pessoas que atuam na área musical; produção e divulgação de informações, conhecimentos e material didático na área; memória, produção e difusão cultural e artística.

36. 2006 ­ Organizações da Sociedade e Movimentos Sociais e Populares

Apoio à formação, organização e desenvolvimento de comitês, comissões, fóruns, associações, ONGs, OSCIPs, redes, cooperativas populares, sindicatos, dentre outros.

37. 2006 ­ Patrimônio Cultural, Histórico e Natural

Preservação, recuperação, promoção e difusão de patrimônio artístico, cultural e histórico (bens culturais móveis e imóveis, obras de arte, arquitetura, espaço urbano, paisagismo, música, literatura, teatro, dança, artesanato, folclore, manifestações religiosas populares), natural (natureza, meio ambiente) material e imaterial (culinária, costumes do povo), mediante formação, organização, manutenção, ampliação e equipamento de museus, bibliotecas, centros culturais, arquivos e outras organizações culturais, coleções e acervos; restauração de bens móveis e imóveis de reconhecido valor cultural; proteção e promoção do folclore, do artesanato, das tradições culturais e dos movimentos religiosos populares; valorização do patrimônio; memória, produção e difusão cultural e artística.

38. 2006 ­ Pessoas com Deficiências Incapacidades, e Necessidades Especiais

Processos de atenção (educação, saúde, assistência social, etc) de emancipação e inclusão de pessoas com deficiências, incapacidades físicas, sensoriais e mentais, síndromes, doenças crônicas, altas habilidades, dentre outras; promoção, defesa e garantia de direitos; desenvolvimento de metodologias de intervenção

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N. Linha Descrição individual e coletiva, tendo como objeto enfocado na ação essas pessoas e suas famílias.

39. 2006 ­ Propriedade Intelectual e Patente

Processos de identificação, regulamentação e registro de direitos autorais e outros sobre propriedade intelectual e patente.

40. 2006 ­ Questões Ambientais Implementação e avaliação de processos de educação

ambiental de redução da poluição do ar, águas e solo; discussão da Agenda 21; discussão de impactos ambientais de empreendimentos e de planos básicos ambientais; preservação de recursos naturais e planejamento ambiental; questões florestais; meio ambiente e qualidade de vida; cidadania e meio ambiente.

41. 2006 ­ Recursos Hídricos Planejamento de microbacias, preservação de mata ciliar

e dos recursos hídricos, gerenciamento de recursos hídricos e Bacias Hidrográficas; prevenção e controle da poluição; arbitragem de conflitos; participação em agências e comitês estaduais e nacionais; assessoria técnica a conselhos estaduais, comitês e consórcios municipais de recursos hídricos.

42. 2006 ­ Resíduos Sólidos Ações normativas, operacionais, financeiras e de

planejamento com base em critérios sanitários, ambientais e econômicos, para coletar, segregar, tratar e dispor resíduos ou dejetos; orientação para elaboração e desenvolvimento de projetos de planos de gestão integrada de resíduos sólidos urbanos, coleta seletiva, instalação de manejo de resíduos sólidos urbanos (RSU) reaproveitáveis (compostagem e reciclagem), destinação final de RSU (aterros sanitários e controlados), remediação de resíduos ou dejetos a céu aberto; orientação à organização de catadores de lixo.

43. 2006 ­ Saúde Animal Processos e metodologias visando a assistência à saúde

animal: prevenção, diagnóstico e tratamento; prestação de serviços institucionais em laboratórios, clínicas e hospitais veterinários universitários.

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N. Linha Descrição 44. 2006 ­ Saúde da

Família Processos assistenciais e metodologias de intervenção para a saúde da família;

45. 2006 ­ Saúde e Proteção no Trabalho

Processos assistenciais, metodologias de intervenção, ergonomia, educação para a saúde e vigilância epidemiológica ambiental, tendo como alvo o ambiente de trabalho e como público os trabalhadores urbanos e rurais; saúde ocupacional

46. 2006 ­ Saúde Humana Promoção da saúde das pessoas, famílias e

comunidades; humanização dos serviços; prestação de serviços institucionais em ambulatórios, laboratórios, clínicas e hospitais universitários; assistência à saúde de pessoas em serviços especializados de diagnóstico, análises clínicas e tratamento; clínicas odontológicas, de psicologia, dentre outras.

47. 2006 ­ Segurança Alimentar e Nutricional

Incentivo à produção de alimentos básicos, auto­ abastecimento, agricultura urbana, hortas escolares e comunitárias, nutrição, educação para o consumo, regulação do mercado de alimentos, promoção e defesa do consumo alimentar.

48. 2006 ­ Segurança Pública e Defesa Social

Planejamento, implementação e avaliação de processos e metodologias, dentro de uma compreensão global do conceito de segurança pública, visando proporcionar soluções e o tratamento de problemas relacionados; orientação e assistência jurídica, judiciária, psicológica e social à população carcerária e familiares; assessoria a projetos de educação, saúde e trabalho aos apenados e familiares; questão penitenciária; violência; mediação de conflitos; atenção a vítimas de crimes violentos; proteção a testemunhas; policiamento comunitário.

49. 2006 ­ Tecnologia da Informação Desenvolvimento de competência informacional ­ para

identificar, localizar, interpretar, relacionar, analisar, sintetizar, avaliar e comunicar informação em fontes impressas ou eletrônicas; inclusão digital.

50. 2006 ­ Terceira Idade Planejamento, implementação e avaliação de processos

de atenção (educação, saúde, assistência social, etc), de emancipação e inclusão; promoção, defesa e garantia de

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N. Linha Descrição direitos; desenvolvimento de metodologias de intervenção, tendo como objeto enfocado na ação pessoas idosas e suas famílias.

51. 2006 ­ Turismo Planejamento e implementação do turismo (ecológico, cultural, de lazer, de negócios, religioso, etc) como setor gerador de emprego e renda para os municípios; desenvolvimento de novas tecnologias para avaliações de potencial turístico; produção e divulgação de imagens em acordo com as especificidades culturais das populações locais.

52. 2006 ­ Uso de Drogas e Dependência Química

Prevenção e limitação da incidência e do consumo de drogas; tratamento de dependentes; assistência e orientação a usuários de drogas; recuperação e reintegração social.

53. 2006 ­ Desenvolvimento Humano *

Temas das diversas áreas do conhecimento, especialmente de ciências humanas, biológicas, sociais aplicadas, exatas e da terra, da saúde, ciências agrárias, engenharias, lingüística, (letras e artes), visando a reflexão discussão, atualização e aperfeiçoamento humano, espiritualidade e religiosidade.