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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI ÁRIDO – UFERSA
CAMPUS ANGICOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLÓGICAS E
HUMANAS – DCETH
BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
ELISLLAYNI LOPES SILVA
UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE CERÂMICA VERMELHA COMO SUBSTITUIÇÃO
POZOLÂNICA EM ARGAMASSAS
ANGICOS-RN
2013
ELISLLAYNI LOPES SILVA
UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE CERÂMICA VERMELHA COMO SUBSTITUIÇÃO
POZOLÂNICA EM ARGAMASSAS
Monografia apresentada à Universidade
Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA,
Campus Angicos para a obtenção do título de
Bacharelado em Ciência e Tecnologia.
Orientador: Profª. Msc. Izabelle Marie
Trindade Bezerra.
ANGICOS-RN
2013
ELISLLAYNI LOPES SILVA
UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE CERÂMICA VERMELHA COMO SUBSTITUIÇÃO
POZOLÂNICA EM ARGAMASSAS
Monografia apresentada no Campus Angicos
para a obtenção do título de Bacharel em
Ciência e Tecnologia.
A Tarcisio Pedro da Silva [in memoriam]
meu avô, que por mim muito fez, e mostrou
a todos que só se pode vencer através dos
estudos. Minha fonte de inspiração.
A minha família, minha mãe Jacy Bezerra de
Oliveira e meus irmãos Esdras Salomão
Bezerra de Almeida, Elizabeth Bezerra Silva
por acreditar que eu sou capaz de alcançar
meus objetivos.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por me dar saúde e sabedoria suficiente permitindo que eu
suba mais esse degrau da escada da vida.
A minha mãe Jacy Bezerra de Oliveira por me ajudar nos momentos difíceis, por incentivar e
ensinar que o único caminho da prosperidade é o estudo.
A minha avó Rosália Lopes de Oliveira e Silva pelas palavras de força e fé e por me
incentivar a nunca desistir dos meus sonhos.
Aos meus irmãos Esdras Salomão Bezerra de Almeida e Elizabeth Bezerra Silva por me
proporcionar momentos de alegria fazendo com que eu abstraísse dos meus problemas.
Ao meu noivo Anderson Reis da Silva por estar ao meu lado nos momentos de alegria e de
tristeza, e me apoiando nos momentos de grandes dificuldades.
A minha grande orientadora Izabelle Marie Trindade Bezerra pela ótima orientação,
paciência, incentivo e por me orientar não só para a conclusão desse trabalho, mas com
conselhos que levarei para o resto da vida.
Aos professores que compõe essa banca Marcilene Vieira da Nóbrega e Joselito Medeiros de
Freitas Cavalcante pela valiosa contribuição para o aperfeiçoamento desse trabalho.
Aos amigos que ganhei nessa longa jornada acadêmica, pelas noites que passamos em claro
estudando, pelo companheirismo e por todos os momentos de alegria.
Tudo posso naquele que me fortalece
Filipenses 4:13
RESUMO
A preocupação com a preservação do meio ambiente vem se intensificando a cada dia.
No setor ceramista, o descarte dos rejeitos cerâmicos tem sido uma dessas preocupações, pois
não possui áreas adequadas para o descarte desses materiais. A busca por soluções para uma
destinação adequada desse rejeito tem motivado vários pesquisadores a usarem os resíduos
provenientes das indústrias de cerâmica vermelha como material alternativo. O uso do resíduo
cerâmico como material pozolânico tem sido investigado. Esse trabalho tem como objetivo
realizar um estudo para verificar a viabilidade do uso do resíduo cerâmico como material
pozolânico em argamassas de assentamento e revestimento. Os traços das argamassas 1:2:9 e
1:1:6 de assentamento e revestimento, respectivamente, foram definidas de acordo com a
literatura. Foram confeccionados corpos de prova cilíndricos com dimensões de 5x10cm
(diâmetro x altura) para argamassas de referência (sem RC) e para as com substituição parcial
do cimento Portland pelo resíduo cerâmico nos percentuais de 50%, 60% e 70%. Após
moldagem os corpos de prova ficaram curando em câmara úmida e posteriormente foram
submetidos a ensaios de compressão aos 14 e 28 dias de cura. De acordo com os resultados
obtidos para resistência mecânica, as argamassas com resíduo cerâmico em sua constituição
apresentaram valores inferiores aos das argamassas de referência para os dois tipos de
argamassas estudadas para este trabalho aos 14 e 28 dias de cura. Diante disso, observa-se a
necessidade de um tempo de cura maior para verificar as reações pozolânicas tendo em vista
que o resíduo cerâmico utilizado atende as exigências químicas para tal utilização.
Palavras-Chave: Resíduo cerâmico; Argamassa de assentamento; Argamassa de
revestimento.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Exigências Mecânicas e Reológicas para Argamassas ..................................... 35
TABELA 2 - Traços de assentamento e revestimento estudados ............................................ 35
TABELA 3 - Transformação dos Traços de Volume para Massa ........................................... 36
TABELA 4 - Massa Unitária dos Materiais Constituintes das Argamassas ............................ 36
TABELA 5 -Ensaios realizados para caracterização física dos materiais ............................... 41
TABELA 6 - Composição Química do Cimento ..................................................................... 43
TABELA 7 - Composição Química da Cal ............................................................................. 44
TABELA 8 - Composição Química do Resíduo Cerâmico ..................................................... 45
TABELA 9 - Propriedades Físicas e Químicas para o Índice de Atividade Pozolânica .......... 45
TABELA 10 - Propriedades do Agregado Miúdo (Areia) ....................................................... 46
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Tipos de Telhas................................................................................................... 18
FIGURA 2 - Tipos de Tijolo ................................................................................................... 18
FIGURA 3 - Tubos de Cerâmica ............................................................................................. 19
FIGURA 4 - Manilhas de Cerâmica ........................................................................................ 19
FIGURA 5 - Azulejos de Cerâmica ......................................................................................... 19
FIGURA 6 - Louças de Cerâmica ........................................................................................... 19
FIGURA 7 - Potes de Cerâmica .............................................................................................. 19
FIGURA 8 - Talha de Cerâmica ............................................................................................ -19
FIGURA 9 - Extração da Argila ............................................................................................ -21
FIGURA 10 - Preparação da Argila ........................................................................................ 21
FIGURA 11 - Moldagem da Argila ......................................................................................... 22
FIGURA 12 - Secagem do Produto ......................................................................................... 22
FIGURA 13 - Produto Cerâmico Sendo Cozido ..................................................................... 23
FIGURA 14 - Expedição do Produto ...................................................................................... 23
FIGURA 15 - Rejeito Cerâmico Antes da Cozedura............................................................... 24
FIGURA 16 - Fluxograma da Geração e Reutilização dos Rejeitos no Processo de Fabricação
.................................................................................................................................................. 25
FIGURA 17 - Resíduos Cerâmicos em Indústria Cerâmica .................................................... 26
FIGURA 18 - Utilização dos Resíduos Cerâmicos na Pavimentação ..................................... 26
FIGURA 19 - Jazida Para Retirada de Argila ......................................................................... 27
FIGURA 20 - Camada de Revestimento ................................................................................. 33
FIGURA 21 - Esquema do Ensaio de Determinação do Índice de Consistência, para
Determinação do Espalhamento (“D”) Mesa de Consistência Flow Table .............................. 37
FIGURA 22 - Primeiro passo para o Ensaio da Mesa de Consistência ................................... 37
FIGURA 23 - Segundo passo para o Ensaio da Mesa de Consistência ................................... 38
FIGURA 24 - Terceiro passo para o Ensaio da Mesa de Consistência ................................... 38
FIGURA 25 - Homogeneização dos Materiais na Argamassadeira ........................................ 39
FIGURA 26 - Moldagem dos Corpos de Prova....................................................................... 39
FIGURA 27 - Corpos de Prova em Câmara Úmida ................................................................ 40
FIGURA 28 - Máquina de Compressão Simples. ................................................................... 42
FIGURA 29 - Resistências das Argamassas de Assentamento ............................................... 47
FIGURA 30 - Resistência das Argamassas de Revestimento ................................................. 48
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
Al2O3 óxido de alumínio
CaO óxido de cálcio (cal livre)
Ca(OH)2 hidróxido de cálcio
CO2 dióxido de carbono
CH hidróxido de cálcio
CPIIF Cimento Portland composto com fíller
C-S-H silicato de cálcio hidratado
ETA Estação de Tratamento de Água
Fe2O3 óxido de ferro
K2O óxido de potássio
kN quilo Newton
MF Módulo de finura
MgO óxido de magnésio
Mg(OH)2 hidróxido de magnésio
Na2O óxido de sódio
NBR Norma Brasileira Registrada
PB Paraíba
RC Resíduo cerâmico
RCS Resistência à compressão simples
RN Rio Grande do Norte
SiO2 dióxido de silício (sílica)
SO3 óxido de enxofre (sulfito)
Ti2O óxido de titânio
UFERSA Universidade Federal Rural do Semi Árido
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................... 16
1.1.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 16
1.1.2 Objetivos Específicos.............................................................................................. 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 17
2.1 HISTÓRIA DA CERÂMICA .......................................................................................... 17
2.2 CERÂMICA VERMELHA ............................................................................................. 20
2.3 PROCESSO DE FABRICAÇÃO .................................................................................... 20
2.4 DESCARTE DOS RESÍDUOS CERÂMICOS ............................................................... 24
2.5 IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA INDÚSTRIA CERÂMICA .............. 27
2.6 APLICAÇÕES DOS RESÍDUOS CERÂMICOS ........................................................... 28
2.7 APLICAÇÃO DO RESÍDUO CERÂMICO COMO MATERIAL POZOLÂNICO ....... 29
2.8 ARGAMASSAS ............................................................................................................. 31
2.8.1 Argamassa de Assentamento de Alvenaria .......................................................... 32
2.8.2 Argamassa de Revestimento .................................................................................. 32
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 34
3.1 MATERIAIS ................................................................................................................... 34
3.1.1 Cimento ................................................................................................................... 34
3.1.2 Cal ............................................................................................................................ 34
3.1.3 Resíduos Cerâmicos Moídos .................................................................................. 34
3.1.4 Agregado Miúdo ..................................................................................................... 34
3.1.5 Água ......................................................................................................................... 34
3.2 METODOLOGIA ........................................................................................................... 35
3.2.1 Beneficiamento do Resíduo Cerâmico .................................................................. 35
3.2.2 Traços de assentamento e revestimento ............................................................... 35
3.2.3 Determinação da Massa Unitária ......................................................................... 36
3.2.4 Determinação do Índice de Consistência das Argamassas ................................. 37
3.2.5 Preparação e Moldagem das Argamassas ............................................................ 39
3.2.6 Tempo de Cura ....................................................................................................... 40
3.2.7 Caracterização química ......................................................................................... 40
3.2.8 Caracterização física do agregado miúdo ............................................................ 41
3.2.9 Determinação das Propriedades Mecânica .......................................................... 41
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 43
4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS PRIMAS....................................................... 43
4.1.1 Cimento ................................................................................................................... 43
4.1.2 Cal ............................................................................................................................ 43
4.1.3 Resíduo cerâmico.................................................................................................... 44
4.1.4 Areia ........................................................................................................................ 46
4.2 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA ................................................ 46
4.3 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES ............................................................... 47
4.4 CLASSIFICAÇÃO DAS ARGAMASSAS .................................................................... 49
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 50
6 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ............................................................. 51
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 52
14
1 INTRODUÇÃO
Atualmente a indústria do cimento é responsável por 7% da emissão mundial de dióxido
de carbono (TOLEDO FILHO, 2001 apud VIEIRA, 2005). De acordo com Vieira (2010) o
cimento é o segundo material mais utilizado no mundo, perdendo apenas para a água. O
principal produto pra se fabricar o cimento Portland é o clinquer1, onde sua produção requer
elevado consumo de energia, consumindo desta forma muito combustível e emitindo grande
quantidade de gases poluentes. Para a composição do cimento, também se faz necessária à
presença de argila e calcário, onde a extração desses minerais causam inúmeros impactos
ambientais.
Ao longo dos anos tanto no Brasil quanto no resto do mundo a geração e a disposição
dos resíduos gerados pelas várias atividades do homem tem sido um problema que se tornou
uma crescente. A exploração exagerada dos recursos naturais tem motivado o homem a
procurar, outras formas de matérias primas, como fonte de alternativa para suprir suas
necessidades (BICCA 2000).
Segundo Freire e Beraldo (2003), materiais alternativos são aqueles que se originam a
partir de outros materiais que foram descartados e possuem pouco ou nenhum valor
econômico, e que atendem aos requisitos de segurança estrutural, segurança ao fogo,
estanqueidade, durabilidade e manutenção, desempenho térmico, desempenho acústico,
adequação do projeto e gestão de qualidade.
As indústrias de cerâmica vermelha geram grande quantidade de poluição, sendo elas: a
emissão de gases poluentes como o dióxido de carbono (CO2), o desmatamento para obtenção
de lenha para uso como combustível nas olarias, nas escavações para obtenção de matéria
prima e o acúmulo de rejeitos estocados em lugares inapropriados.
Na microrregião do Vale do Assú estima-se uma perda de 6,7% da produção, sendo
aproximadamente produzidos 16 milhões de peças por mês. Esse percentual de perdas
corresponde mensalmente a cerca de 1 (um) milhão de peças rejeitadas (FERREIRA, 2012).
Ainda segundo o mesmo autor a maioria das empresas depositam os rejeitos produzidos
em aterros e utilizam na pavimentação de estradas rurais ou estradas próximas às fábricas. A
produção desses resíduos implica diretamente no aumento de consumo de matéria prima e,
consequentemente, no desperdício dessa matéria prima, que é considerado um material
valioso para a agricultura em uma região carente desse tipo de solo.
1 Usado na fabricação do cimento, é uma mistura granular de silicatos e aluminatos
15
A busca por matéria prima alternativa aumentou consideravelmente nos últimos anos,
mas para que possam ser utilizadas precisam ser ecologicamente corretas e economicamente
viáveis.
O resíduo cerâmico utilizado como material alternativo é produzido a partir da falha de
processamento e quebras durante o manuseio. Esses resíduos quando finamente moídos
apresentam grande potencial de aplicação em argamassas e concretos. Por apresentarem
elevado teor de sílica (SiO2) apresentam um indicativo para serem utilizados como material
pozolânico que em presença de água reagem com o hidróxido de cálcio [Ca(OH2)] presente
no cimento e através das reações químicas desenvolvem propriedades cimentícias.
Diante disso, esse trabalho teve como finalidade promover a utilização destes resíduos
como substituição parcial do cimento de forma que, possam ser introduzidos na produção de
novos materiais e consequentemente reduzindo os vários impactos ambientais gerados por seu
descarte. Além disso, essa aplicação proporciona a diminuição do consumo do cimento
Portland, reduz o impacto ambiental causado pela produção do cimento e viabiliza a redução
de custos industriais.
16
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Esse trabalho tem o objetivo de avaliar as propriedades pozolânicas dos resíduos de
cerâmica vermelha utilizados como substituição parcial do cimento Portland em argamassas
de assentamento e revestimento.
1.1.2 Objetivos Específicos
Determinar as propriedades químicas das matérias primas utilizadas.
Determinar as propriedades físicas do agregado miúdo.
Determinar as propriedades mecânicas das argamassas de cimento Portland (argamassa de
referência) e das argamassas com substituição parcial do cimento Portland por resíduos
cerâmicos através da resistência à compressão simples.
Classificar as argamassas de acordo com a resistência mecânica.
17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 HISTÓRIA DA CERÂMICA
A origem da palavra cerâmica vem do grego "kéramos” ("terra queimada" ou “argila
queimada”). A cerâmica é um material que possui grande resistência e pode ser encontrado
frequentemente em escavações arqueológicas. De acordo com pesquisas constatou-se que a
cerâmica existe há mais de 10 mil anos (ANFACER, 2013; SINDICERMF, 2013).
A utilização da cerâmica se deu com a evolução da humanidade. O homem saiu das
cavernas e passou a ser agricultor, e surgiu a necessidade não somente de abrigos, mas
também de utensílios domésticos resistentes impermeáveis e de fácil fabricação para
armazenar água e mantimentos (ANFACER, 2013; SINDICERMF, 2013).
No período neolítico, o homem criou componentes de barro secos naturalmente e
posteriormente observou que o calor aumentava sua rigidez e resistência. Com essa
descoberta a cerâmica passou a substituir as cestas confeccionadas de frutos, a madeira e a
pedra trabalhada. Com isso surgiu à cerâmica que encontramos atualmente (BAUER, 1994;
ISAIA 2010; SINDICERMF, 2013).
Em Lisboa foi encontrado peças cerâmicas confeccionadas de argila, com formas bem
definidas, porém não cozidas que datam 4000 a.C.. Nessa mesma época foi encontrado na
Mesopotâmia indícios de tijolos não cozidos na construção (SEBRAE, 2008).
Os primeiros vestígios de tijolos cozidos foram encontrados em meados de 1600 e 1100
a.C na antiga Babilônia hoje conhecida como Iraque. Por volta de 430 a.C foi encontrado
vestígios de telhas na Grécia, além de indícios de sua utilização na China e Japão por volta do
mesmo período (SEBRAE, 2008)
Em torno de 280 a.C. em Roma, foram encontrados indícios da utilização do barro
cozido para construção de telhados. Por volta do século I a.C., começa a evolução da
qualidade na produção, resultando em peças com valor estético e monetário (SEBRAE, 2008).
Segundo Bauer (1994 p. 526) os assírios utilizavam cerâmica vidrada2 há cerca de 4000
a.C., Já Isaia (2010 p.565) afirma que em 3000 a.C. era utilizada cerâmica vidrada no Egito.
Na China no século VII era produzida a porcelana, enquanto isso no resto do mundo era
utilizada a cerâmica vermelha e amarela. E na Europa central no século XVIII, surgiu a
cerâmica branca (BAUER,1994).
2 Cerâmicas produzidas com mais baixo ponto de fusão.
18
Antes da “descoberta” do Brasil pelos portugueses, há mais de 2000 anos, já existia a
atividade de fabricação de cerâmica cultivada pelos índios, que firmaram a cultura em barro.
Mas foram os colonizadores portugueses, que instalaram as primeiras olarias e concentraram a
mão de obra (ANFACER, 2013; SEBRAE, 2008).
O início da utilização de telhas na cidade de São Paulo se deu por volta do ano de 1575.
A atividade ceramista de forma mais intensiva se deu devido a grande disponibilidade de
matéria prima e fonte alternativa de energia. A primeira grande fábrica de produtos cerâmicos
foi fundada em São Paulo, em 1893, por quatro irmãos franceses, onde tinham como produto
final tijolos, telhas, tubos, manilhas e etc. Estes eram comercializados na região local
(SEBRAE, 2008).
Em meados do século XIX e XX houve um processo de especialização nas empresas
cerâmicas, que ocasionou a separação entre olarias que produz tijolos e telhas e indústrias
“cerâmicas” que produzem itens mais sofisticados, como manilhas, tubos, azulejos, louças,
potes, talhas etc. (SEBRAE, 2008).
Nas Figuras 1 e 2 observam-se os produtos produzidos pelas olarias, que são telhas e
tijolos.
Figura 1Tipos de Telhas Figura 2 Tipos de Tijolos
Fonte: Madetelhas Fonte: Amigonerd
Nas Figuras 3,4,5,6,7 e 8 são apresentadas os produtos produzidos pelas industrias de
cerâmica vermelha.
19
Figura 3 Tubo de cerâmica vermelha Figura 4 Manilha de cerâmica
Fonte: Tel Fonte: Tijoblocos
Figura 5 Azulejos de cerâmica Figura 6 Louças de cerâmica
Fonte: Belloazulejo Fonte: Sinddicermf
Figura 7 Potes de Cerâmica Figura 8 Talha de Cerâmica
Fonte: Adeven Fonte: Museuteatroromano
20
2.2 CERÂMICA VERMELHA
Cerâmica é uma pedra artificial constituída de uma massa a base de argila que foi
umedecida, moldada, seca e cozida. As argilas são materiais de origem natural e terrosa e de
baixa granulometria que em contato com água apresenta propriedades plásticas (BAUER,
1994; ISAIA, 2010).
Na fabricação de cerâmica vermelha as argilas mais utilizadas são compostas por
argilominerais como ilita e montmorilonita, e minerais como quartzo e composto de ferro, que
é responsável pela coloração vermelha depois da cozedura, além de matéria orgânica e outras
impurezas. Quando um depósito apresenta um alto grau de pureza, e não atende os requisitos
mínimos para a produção de um determinado componente de cerâmica vermelha, é comum
que se misturem duas ou mais argilas, para elaborar uma massa que apresente as
características necessárias (ISAIA, 2010).
As argilas são classificadas em gordas e magras conforme a variação da quantidade de
colóides. As argilas gordas apresentam uma grande quantidade de colóides e por isso são
muito plásticas, e, devido à alumina, deforma-se mais na cozedura. As argilas magras
apresentam pouca quantidade de colóides, e devido ao excesso de sílica, são mais porosas e
frágeis (BAUER, 1994).
Ainda segundo Bauer (1994) as propriedade mais importantes das argilas são a
plasticidade, a retração e a resistência. As propriedades que mais interessam as olarias são
peso, resistência mecânica, resistência ao desgaste, absorção de água e durabilidade.
2.3 PROCESSO DE FABRICAÇÃO
O processo de fabricação das peças cerâmicas é basicamente o mesmo tanto nas
pequenas olarias como nas grandes indústrias, pois seguem a mesma linha de produção. O
processo de fabricação de peças cerâmicas segue as etapas de extração da argila, preparação
da massa, moldagem, secagem e queima que foram descritas por Isaia (2010) e pode ser
observado na descrição a seguir.
Extração da argila: A extração da argila é realizada nas jazidas com o auxílio de
máquinas pesadas, como exemplo, retroescavadeiras, pás carregadeiras e tratores de
esteiras e transportados com caminhões. A escolha da jazida é muito importante, pois são
levados em consideração os fatores como localização, quantidade de matéria prima e a
21
composição do material; A figura 9 mostra a extração da argila nas jazidas.
Figura 9 Extração da argila
Fonte: Própria
Preparação da massa: Nessa etapa ocorre o sazonamento3, mistura e laminação. O
objetivo da mistura é homogeneizar os dois tipos de argila e uniformizar o tamanho das
partículas dos grãos. Tenta-se retirar as impurezas presentes na argila e em seguida o
material é umidificado e laminado; A Figura 10 mostra a argila sendo umidificada e
laminada.
Figura 10 Preparação da argila
Fonte: Própria
Moldagem: O processo de moldagem é responsável por direcionar qual peça será
produzida, como exemplo, telhas ou tijolos. Possui duas formas de se fazer a moldagem,
3 Consiste na exposição da argila a intempéries objetivando alterações em suas características, como
desagregação dos torrões, o aumento de sua reatividade e a lixiviação (dissolução de um componente sólido em um líquido) de sais solúveis.
22
que são por extrusão ou prensagem. A extrusão é o método mais comum na fabricação de
tijolos, já a prensagem é o método mais usado na produção de telhas; A Figura 11 mostra
a argila sendo conformada em forma de telhas.
Figura 11 Moldagem do produto
Fonte: Própria
Secagem: Após a moldagem a peça possui um teor de umidade que precisa ser eliminado
lentamente para evitar o surgimento de fissuras e consequentemente o seu descarte. São
destacados dois tipos de secagens, a natural na qual a peça seca naturalmente ao sol ou
em galpões, ou artificial onde são utilizados estufas; A Figura 12 mostra a telha sendo
colocar ao ar livre para secar.
Figura 12 Secagem do produto
Fonte: Própria
Queima: Após a secagem a peça é submetida a queima, que pode ser realizada em
23
diversos tipos de fornos, que utilizam diferentes tipos de combustíveis. Porém devem
atingir temperaturas que chegam a 1000ºC. A queima gera alterações físico-químicas
irreversíveis que influencia diretamente as propriedades das peças; A Figura 13 mostra o
produto sendo cozido.
Figura 13 Produto cerâmico sendo cozido
Fonte: Própria
Expedição: corresponde a etapa final do processo de produção dos produtos cerâmicos
onde é realizada a inspeção dos produtos, o armazenamento e a entrega ao cliente
(PAULLETI, 2001). A Figura 14 mostra a telha sendo carregada para ser armazenada ou
sendo transportada até o cliente.
Figura 14 Expedição do produto
Fonte: Ceramicasantanaba
24
2.4 DESCARTE DOS RESÍDUOS CERÂMICOS
No processo produtivo dos materiais cerâmicos é possível constatar perdas de produtos
nas variadas etapas como, conformação, secagem, queima e expedição. As perdas efetivas e
contabilizadas, como geração de resíduos ocorrem quando o material está cozido. Alguns
rejeitos podem ser reaproveitados como matéria prima no processo de fabricação (Figura 15)
que são as perdas ocorridas nas etapas de secagem e conformação, ou seja, quando os
produtos ainda não estão cozidos (MME, 2009).
Figura 15 Rejeitos cerâmico antes da cozedura
Fonte: Própria
O resíduo cerâmico é gerado em grande quantidade devido ao número de olarias
existentes e sua elevada produção. São chamados de resíduos as peças cerâmicas que
passaram pela etapa de cozedura e que ainda permanecem inteiras, mas que não atenderam as
características técnicas exigidas para a comercialização (REDIVO 2011).
Na Figura 16 observa-se o fluxograma da geração e reutilização do resíduo cerâmico no
processo de fabricação (FERREIRA 2012).
25
Figura 16 Fluxograma da geração e reutilização dos rejeitos no processo de fabricação
Fonte: Ferreira (2012)
São considerados resíduos, os rejeitos que não podem ser reaproveitados no processo
produtivo. Os rejeitos são formados por peças que não atendem as características previstas em
normas para a comercialização desses produtos, assim como as peças que são quebradas ou
danificadas nos processos de produção. Levando em consideração o número de indústrias
cerâmicas e a grande quantidade produtiva de peças desse ramo, é possível estimar uma
grande geração de resíduos nessa atividade (REDIVO, 2011).
Segundo o autor supracitado a quantidade de resíduos produzidos nas indústrias
cerâmicas depende da indústria assim como da região em que está localizada, ou seja, cada
indústria pode possui um tipo de processo produtivo que gere mais ou menos resíduos do que
outra. Na Figura 17 pode ser observada a quantidade de resíduo descartado após o processo de
queima.
26
Figura 17 Resíduos cerâmicos em indústria cerâmica
Fonte: Própria
Depois da queima a quantidade de resíduos cerâmicos podem variar de 5% a 20%,
dependendo da indústria, das modernas as rústicas. Devido aos vários tipos de indústria, no
Brasil estima-se que o valor em média das perdas é de 10% da produção (MME, 2009).
O estado do Rio Grande do Norte é um grande produtor de telhas e também um grande
gerador de resíduos cerâmicos. Aproximadamente 2 a 5% das peças produzidas na região são
oriundas da quebra ou defeito de telhas após a queima (CARVALHO, 2001).
Em sua grande maioria as indústrias cerâmicas se encontram na região do Vale do Assú,
onde estudos mostram que a produção de resíduos cerâmicos representa mais de 6% da
produção total. Estimando um quantitativo de um milhão de peças rejeitadas, sendo
aproximadamente cerca de duas mil toneladas de resíduos (FERREIRA, 2012).
No estado da Paraíba nas cidades de Bayeux, Cabedelo, João Pessoa e Santa Rita a
quantidade de resíduos produzidos depois da queima varia de 2 a 3%, onde o maior
desperdício ocorre na etapa de expedição devido ao transporte ou manuseio inadequado
(SILVA, 2004). Na Figura 18 mostra a utilização do resíduo cerâmico na pavimentação de
estradas.
27
Figura 18 Utilização dos resíduos cerâmicos na pavimentação
Fonte: Própria
2.5 IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA INDÚSTRIA CERÂMICA
Os resíduos de cerâmica vermelha são classificados de acordo com a NBR 10004
(ABNT, 2004) como sendo inertes. Os resíduos oriundos das indústrias cerâmicas não são
materiais que causam doenças ou prejudicam a vida humana, se comparado com resíduos de
outras atividades. A grande questão é a quantidade de resíduo que é gerado por essa atividade,
e a falta de utilidade certa para ele, causando um grande acúmulo desse material na natureza.
Essa problemática é decorrente da falta da modernização nessa atividade (MARIA;
ALMEIDA, 2008).
Levando em consideração todo o processo produtivo dos materiais cerâmicos, Azevedo,
et al. (2006, p. 9), destacam o grande consumo energético na produção dos materiais
cerâmicos, como um dos grandes geradores dos impactos ambientais causados por essa
atividade, sendo que grande parte das indústrias cerâmicas utilizam lenha como combustível,
ocasionando desmatamento e emissão de gases poluentes. Outro fator que gera um grande
impacto ambiental é a extração da argila que causa alteração da paisagem natural, erosão e
assoreamento dos rios (Figura 19).
28
Figura 19 Jazida para retirada de argila
Fonte: Própria
Uma forma de minimizar ou acabar com os impactos ambientais causados pela geração
de resíduos é encontrar uma forma de aproveitar esses resíduos em outras atividades.
2.6 APLICAÇÕES DOS RESÍDUOS CERÂMICOS
A falta de modernização das olarias tende a ocasionar grande perda na produção,
facilitando o acúmulo de resíduo e consequentemente grande impacto ambiental, por
possuírem destinos incertos (MARIA; ALMEIDA, 2008).
De acordo com Maria e Almeida (2008) as possibilidades de reciclagem dos resíduos
variam de acordo com a sua composição. Quase todo tipo de cerâmica, pode ser usada como
agregado em diferentes aplicações conforme sua composição.
O resíduo cerâmico quando britado pode ser utilizado em aterros, projeto de
terraplenagem, como agregado em concretos, ou misturados com o solo em camadas de
pavimentos com baixo tráfego. Mas quando finamente moídos pode apresentar propriedades
pozolânicas, que favorecem sua utilização em argamassas de assentamento e revestimento. A
utilização desses resíduos em concreto e pavimentação tem sido objeto de vários estudos
(BICCA, 2000; DIAS, 2004; FONSECA, 2006; REDIVO, 2011; RIBEIRO, 2009). Para
Gonçalves e Moura (2007, p. 2), uma alternativa para a utilização dos resíduos cerâmicos é na
substituição parcial do cimento Portland como material pozolânico em argamassas e
concretos.
Fonseca (2006), em seu trabalho, utilizou resíduo de telhas como agregado graúdo em
concreto, com percentagem de substituição de 50% e 100% de agregado natural por resíduo
29
cerâmico, com 7 e 28 dias de cura. Observou que o concreto com substituição não sofreu
alteração significativa se comparado com o concreto de referência, concluindo que os resíduos
cerâmicos podem ser utilizados como agregado graúdo em concreto.
Redivo (2011), em seu trabalho, utilizou os resíduos de tijolos e telhas misturados com
solo, como camadas de pavimento com baixo volume de tráfego e observou que os melhores
resultados foram obtidos com percentagem de 50% de solo e 50% de resíduo cerâmico. Pelos
resultados obtidos conclui que os resíduos cerâmicos misturados com solo em percentagem
adequada podem ser utilizados como camadas de pavimento com baixo volume de tráfego.
2.7 APLICAÇÃO DO RESÍDUO CERÂMICO COMO MATERIAL POZOLÂNICO
Por possuir um processo produtivo de custo muito elevado, a diminuição de custos é o
principal motivo para a fabricação de cimento Portland composto, seja ele com adições de
materiais pozolânicos, cimentantes ou fíller calcário. Outro problema preocupante e que
também é objetivo dos estudos realizados é a atenuação da emissão de gases poluentes
oriundos dessa fabricação, pois esse processo gera alta emissão de gases poluentes. A
utilização de alguns resíduos nesse processo tem melhorado as propriedades do cimento
refletindo nos produtos finais como argamassas e concretos (OLIVEIRA, 2012).
Quimicamente o hidróxido de cálcio Ca(OH)2 mais conhecido como – CH, diminui a
resistência do cimento, assim como aumenta a sua porosidade aumentando consequentemente
a permeabilidade do produto final. O cimento com adições de materiais pozolânicos consome
o hidróxido de cálcio, produzindo compostos cimentícios resistentes, como exemplo, o
Silicato de Cálcio Hidratado - C - S – H (VIEIRA, 2005).
Os materiais pozolânicos são silicosos ou silicoaluminosos que em estado natural não
possuem boas propriedades aglomerantes, mas quando submetidos há processos de divisões
em finos e acrescentado água, passam a ter propriedades aglomerantes quando reage com o
hidróxido de cálcio Ca(OH)2, esse fenômeno é denominado de reatividade pozolânica ou
atividade pozolânica (ABTN, 1992).
Segundo a NBR 12653 (ABTN, 1992), as pozolanas possuem as seguintes divisões:
Pozolanas naturais - Materiais de origem vulcânica, geralmente de caráter petrográfico
ácido (65% de 𝑆𝑖𝑂2) ou de origem sedimentar com atividade pozolânica.
Pozolanas artificiais - Materiais provenientes de tratamento térmico ou subprodutos
industriais com atividade pozolânica.
30
Argilas calcinadas - Materiais provenientes de calcinação de certas argilas submetidas a
temperaturas, em geral, entre 500°C e 900°C, de modo a garantir a sua reatividade com
hidróxido de cálcio.
Cinzas volantes - Resíduos finamente divididos que resultam da combustão de carvão
mineral pulverizado ou granulado com atividade pozolânica.
Outros materiais - Materiais não-tradicionais, tais como: escórias siderúrgicas ácidas,
cinzas de resíduos vegetais, rejeito de carvão mineral.
Segundo a mesma norma brasileira regulamentadora supracitada as pozolonas também
são classificadas de acordo com as condições gerais. Elas são classificadas como:
Classe N - Pozolanas naturais e artificiais, como certos materiais vulcânicos de caráter
petrográfico, ácido “cherts” silicosos, terras diatomáceas e argilas calcinadas.
Classe C - Cinza volante produzida pela queima de carvão mineral em usinas
termoelétricas.
Classe E - Qualquer pozolana cujos requisitos diferem das classes anteriores.
Segundo Araújo Junior e Rondon (2008), é possível avaliar a reatividade da pozolona
quanto a sua finura, sendo que quanto mais fino o material, maior é a superfície específica e
maior a área de contato, por esse motivo maior será a reatividade pozolânica.
Os resíduos cerâmicos quando finamente moídos podem ser reincorporados na
produção de novos produtos cerâmicos, ou podem ser utilizados como material pozolânico em
argamassas de assentamento e revestimento. Esse assunto tem sido objeto de vários estudos
como o dos autores, ALCANTARA e NOBREGA, 2011; NASCIMENTO JUNIOR, 2011;
MARIA e ALMEIDA 2008; MENDES e BORJA 2007;OLIVEIRA, 2012; PINHEIRO 2008;
VIEIRA, 2005.
O trabalho de Araújo Junior e Rondon (2008) utilizou os resíduos de blocos cerâmicos
moídos, com percentagem de substituição 30%, 40%, 50%, 60%, 70%, 80% e 90% na
produção de argamassas de idade 14, 28 e 63 dias. Observaram que os melhores resultados
tiveram 70% e 80% de substituição do cimento por resíduo cerâmico moído. Concluíram que
o resíduo cerâmico moído em percentagem adequada pode ser utilizado como substituição
pozolânica em argamassas.
O trabalho de Nascimento Junior (2011) utilizou resíduos de blocos cerâmicos moídos
com percentagem de substituição 10%, 20%, e 30% na produção de concreto aos 28 dias de
31
idade. Observou que o melhor resultado comparado com o concreto de referência foi com
10% de substituição, onde houve um acréscimo na resistência à compressão axial. Já os
concretos com substituição de 20% e 30% apresentaram um decréscimo em relação ao
concreto de referência. Conclui que os resultados obtidos foram bons, mas existe a
necessidade de realizar novos ensaios mais abrangentes.
Ribeiro (2009) em seu trabalho abordou sobre a reutilização do resíduo cerâmico no
processo produtivo. O resíduo cerâmico gerado antes da cozedura pode ser reaproveitado
100% na produção do produto cerâmico. Por não possuir destino adequado é necessário fazer
estudos para viabilizar soluções. Uma das soluções para evitar o desperdício desse material é
reincorporar esse resíduo em forma de pó na produção de novos produtos cerâmicos. A
utilização desse material em percentagem de até 10% na composição final da pasta traz
benefícios como reduções nos tempos de secagem e nos efeitos de retração, além de encontrar
um destino adequado para esse resíduo evitando a poluição do meio ambiento com o acúmulo
desse rejeito.
2.8 ARGAMASSAS
Segundo Isaia (2010) argamassas são materiais de construção, com propriedades de
endurecimento, obtidos a partir da mistura homogênea de um ou mais aglomerantes, agregado
miúdo (areia) e água, podendo conter ainda aditivos e adições.
Segundo Bezerra (2010) as argamassas são constituídas por material ativo e inerte, ou
seja, a parte ativa são os materiais com propriedades ligantes e de endurecimento que são
cimento, e a cal, e a parte inerte são os agregados miúdos, como exemplo, areia ou brita. O
material inerte oferece uma economia no produto final por aumentar o seu volume e ajudar a
diminuir a retração por secagem. Em sua composição pode haver aditivos orgânicos que
melhoram algumas propriedades, como exemplo, a trabalhabilidade4.
Os principais tipos de argamassas são de assentamento de alvenarias e de revestimento,
podendo ser como emboço, reboco ou revestimento de camada única de paredes e tetos, além
de contra pisos, assentamento e como rejunte de revestimento (ISAIA 2010). Mantendo o foco
do trabalho abordaremos apenas argamassas de revestimento de paredes conhecido mais
popularmente de reboco, e argamassa de assentamento de alvenaria.
4 Consistência e plasticidade adequadas ao processo de execução, além de uma elevada retenção de água.
32
De acordo com NBR 13281 (ABNT 1995) as argamassas podem ser classificadas de
acordo com a tabela 1.
Tabela 1 Exigências mecânicas e reológicas para argamassas
Características Identificação Limites Método
Resistência à
compressão aos 28
dias (MPa)
I
II
III
0,1 e 4,0
4,0 e 8,0
8,0
NBR 13279
(ABNT, 2004)
Capacidade de
retenção de água
(%)
Normal
Alta 80 e 90
90
NBR 13277
(ABNT, 1995)
Teor de ar
incorporado (%)
A
B
C
8
8 e 18
18
NBR 13278
(ABNT, 1995)
Fonte: NBR 13281 (ABNT 2001)
2.8.1 Argamassa de Assentamento de Alvenaria
As argamassas de assentamento de alvenaria são usadas como juntas, para a elevação
de paredes e muros de tijolos ou blocos. As principais funções da junta de argamassa de
alvenaria são unir os tijolos ou blocos fazendo uma parede, contribuir com os esforços
laterais, distribuir uniformemente as cargas que atuam na parede, selar as juntas garantindo a
infiltração da água e a penetração da água das chuvas, corrigir deformações dos tijolos ou
blocos oriundas do processo de fabricação (ISAIA, 2010).
Para cumprir essas funções é necessário que existam algumas propriedades como:
trabalhabilidade, aderência, resistência mecânica, e capacidade de absorver deformações
(ISAIA, 2010).
2.8.2 Argamassa de Revestimento
As argamassas de revestimento são utilizadas para revestir paredes, muros e tetos, de
modo que protejam a estrutura contra a ação do intemperismo, integrar o sistema de vedação e
33
regularizar as imperfeições da superfície, e em seguida poder receber acabamento de
revestimento cerâmico ou pintura (ISAIA 2010).
Estas argamassas podem ser constituídas por várias camadas com características e
funções específicas sendo elas: chapisco, emboço, reboco, camada única e revestimento
decorativo monocamada.
Chapisco: “é a camada de preparação da base, de espessura irregular e tem como
finalidade uniformizar a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do
revestimento” (BEZERRA, 2010).
Emboço: é a camada posterior ao chapisco que tem como objetivo cobrir e regularizar as
imperfeições da base (ISAIA, 2011).
Reboco: é a camada posterior ao emboço, que tem como objetivo cobrir as imperfeições
deixadas pelo emboço, e é a camada que recebe o revestimento decorativo (ISAIA, 2011).
Camada única: é a camada composta por um único material, esse revestimento único é
aplicado diretamente na base, e é a camada que recebe a camada decorativa (ISAIA,
2011).
Revestimento decorativo monocamada: é a camada de revestimento único e que já é a
camada decorativa (ISAIA, 2011).
A Figura 20 representa as camadas de revestimento, chapisco, emboço e reboco, citadas
anteriormente:
Figura 20 Camadas de revestimento
Fonte:cimento.org
34
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAIS
3.1.1 Cimento
Para o desenvolvimento do trabalho foi utilizado o cimento Portland CPIIF-32 da marca
CIMPOR Brasil. Este cimento foi utilizado por não conter adições de pozolana em sua
composição, pois os resíduos cerâmicos moídos foram utilizados com esta função. O cimento
foi acondicionado em sacos plásticos lacrados para evitar hidratação.
3.1.2 Cal
A cal utilizada foi a Carbomil. A cal foi retirada da embalagem comercial e
acondicionada em sacos plásticos devidamente lacrados de forma a não modificar as
propriedades originais.
3.1.3 Resíduos Cerâmicos Moídos
O resíduo cerâmico utilizado neste trabalho foi oriundo da cidade de Santa Luzia- PB,
da Cerâmica Quipauá. Foram coletados resíduos de tijolos e telhas e posteriormente
beneficiados através dos processos de britagem, moagem e peneiramento. O resíduo utilizado
passou na peneira ABNT n° 200 com abertura de 0,074 mm na malha.
3.1.4 Agregado Miúdo
Foi utilizado como agregado miúdo, areia proveniente do Rio Paraíba. A areia foi seca
em estufa a uma temperatura de 110 ºC, passada em peneira ABNT nº 4 (4,8 mm), sendo
desprezado o material retido.
3.1.5 Água
Foi utilizada água potável, fornecida pela Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba,
para o sistema de abastecimento da cidade de Campina Grande – PB.
35
3.2 METODOLOGIA
3.2.1 Beneficiamento do Resíduo Cerâmico
Os resíduos de telhas e blocos cerâmicos foram britados com o auxílio de um britador
de mandíbulas com o intuito de uniformizar o diâmetro. Em seguida, foi submetido ao
processo de moagem em um moinho de bolas por um período de 2 horas.
Posteriormente foi realizado o peneiramento do material resultante da moagem em
peneira ABNT n° 200 com abertura de 0,074 mm na malha.
Os ensaios foram realizados no laboratório de reciclagem da Universidade Federal de
Campina Grande devido a impossibilidade do seu beneficiamento nos laboratórios da
UFERSA.
3.2.2 Traços de assentamento e revestimento
Nesse trabalho foram utilizados dois tipos de argamassas, de assentamento e
revestimento. Para cada tipo de argamassa têm-se as argamassas de referência que não
apresentam adição de resíduo cerâmico moído (sem RC) em sua composição, nas proporções
1:2:9 (cimento:cal:areia) e 1:1:6 (cimento:cal:areia), respectivamente. As argamassas com
adições de resíduo cerâmico foram confeccionas com percentuais de 50%, 60% e 70% como
substituto parcial do cimento.
Tabela 2 Traços de assentamento e revestimento estudados
Traço Substituição do RC Traço
(Cimento: RC: Cal: Areia)
1: 2: 9
0 % 1: 0: 2: 9
50 % 0,5: 0,5: 2: 9
60 % 0,4: 0,6: 2: 9
70 % 0,3: 0,7: 2: 9
1: 1: 6
0 % 1: 0: 1: 6
50 % 0,5: 0,5: 1: 6
60 % 0,4: 0,6: 1: 6
70 % 0,3: 0,7: 1: 6
Fonte: Própria
36
3.2.3 Determinação da Massa Unitária
A massa unitária dos materiais constituintes das argamassas foi determinada de acordo
com a NBR 7251 (ABNT, 1982) que determina massa unitária de um agregado no estado
solto. Para a realização deste ensaio foi utilizado um recipiente com volume conhecido (1
dm3).
Essa propriedade foi determinante para transformar os traços das argamassas
encontrados em volume na literatura, para traços em massa. Essa transformação permitiu a
pesagem dos materiais constituintes para a confecção das argamassas estudadas.
Tabela 3 Transformações dos traços de volume para massa
Traço Substituição
do RC
Traço em volume (m3)
(Cimento: RC: Cal: Areia)
Traço em massa (kg)
(Cimento: RC: Cal: Areia)
1: 2: 9
0 % 1: 0: 2: 9 1: 0: 0,78: 12,65
50 % 0,5: 0,5: 2: 9 0,5: 0,5: 0,43: 0,78
60 % 0,4: 0,6: 2: 9 0,4: 0,52: 0,78: 12,65
70 % 0,3: 0,7: 2: 9 0,3: 0,6: 0,78: 12,65
1: 1: 6
0 % 1: 0: 1: 6 1: 0: 0,39: 8,44
50 % 0,5: 0,5: 1: 6 0,5: 0,43: 0,39: 8,44
60 % 0,4: 0,6: 1: 6 0,4: 0,52: 0,39: 8,44
70 % 0,3: 0,7: 1: 6 0,3: 0,6: 0,39: 8,44
Fonte: Própria
As massas unitárias determinadas através de ensaios para cada material constituinte das
argamassas podem ser observadas na Tabela 4. Essa propriedade foi utilizada na
transformação dos traços definidos em volume para traços em massa.
Tabela 4 Massa unitária dos materiais constituintes das argamassas
Cimento
(g/cm3)
Resíduo Cerâmico
(g/cm3)
Cal
(g/cm3)
Areia
(g/cm3)
1,055 0,9085 0,4144 1,4835
Fonte: Própria
37
3.2.4 Determinação do Índice de Consistência das Argamassas
De acordo com a NBR 13276 (ABNT, 2002) foi determinado o índice de consistência
das argamassas através do uso da mesa de consistência, mais conhecida como flow table.
O ensaio consiste na medida do espalhamento de uma quantidade de argamassa
inicialmente moldada em fôrma tronco-cônico sobre a mesa de consistência (Figura 21).
Figura 21 Esquema do ensaio de determinação do índice de consistência, para determinação do
espalhamento (“D”) mesa de consistência flow table
Fonte: SILVA (2006)
De acordo com a NBR 13276 (ABNT, 2002) para realizar o ensaio é necessário seguir
os seguintes passos:
Primeiro passo: É necessário colocar no tronco cônico três camadas, sendo a primeira
camada moldada com 15 golpes com o soquete, de maneira a distribuí-las
uniformemente, a segunda camada moldada com 10 golpes, a terceira camada moldada
com 5 golpes e por fim retira-se o excesso com uma régua metálica rente à borda do
molde tronco-cônico. Na Figura 22 observa-se a moldagem do tronco cônico.
Figura 22 Primeiro passo para o ensaio da mesa de consistência
Fonte: BEZERRA (2010)
38
Segundo passo: Retira-se o molde tronco-cônico e aciona-se a manivela da mesa de
modo que o movimento de subida e decida da mesa efetue 30 golpes em um tempo de 30
segundos. Na Figura 23 observa-se a desmoldagem e em seguida o acionamento da
manivela.
Figura 23 Segundo passo para o ensaio da mesa de consistência
Fonte: BEZERRA (2010)
Terceiro passo: Imediatamente após a última queda da mesa, mede-se com o auxílio de
um paquímetro o espalhamento da argamassa. Na Figura 24 observa-se o espalhamento
da argamassa.
Figura 24 Terceiro passo para o ensaio da mesa de consistência
Fonte: BEZERRA (2010)
Através do índice de consistência é possível determinar a relação água/aglomerante, ou
seja, o teor de água para cada tipo de argamassa estudada. De acordo com a NBR 13276
(ABNT, 2002) é necessário repetir o ensaio até que se obtenha um espalhamento de 255 mm
± 10 mm..
39
3.2.5 Preparação e Moldagem das Argamassas
As argamassas foram preparadas fazendo-se a homogeneização dos materiais, em
argamassadeira mecânica com capacidade de 5l (Figura 25). Os corpos de prova foram
confeccionados em moldes cilíndricos com dimensão 5cm x10cm (diâmetro x altura) de
acordo com as exigências da NBR 7215 (ABNT, 1996).
Figura 25 Homogeneização dos materiais na argamassadeira
Fonte: BEZERRA (2010)
Os corpos de prova foram moldados com 4 camadas iguais, sendo cada camada
submetida a 30 golpes com soquete padronizado, de acordo com referida norma. Após 24
horas da moldagem os corpos de prova foram desmoldados e identificados. Para cada idade,
tipo de argamassa e proporções foram confeccionados 5 corpos de prova. Contabilizando um
total 80 corpos de prova para a realização do estudo. A Figura 26 mostra os corpos moldados
e identificados.
Figura 26 Moldagem dos corpos de prova
Fonte: Própria
40
3.2.6 Tempo de Cura
Depois da confecção, os corpos de provas, foram submetidos a cura em câmara úmida,
que corresponde a um reservatório cheio de água em temperatura 23°C. Neste reservatório foi
adicionado cal para evitar carbonatação das argamassas. A Figura 27 mostra os corpos de
prova na câmara úmida imersos em água.
Figura 27 Corpos de prova em câmara úmida
Fonte: própria
Os corpos de prova foram curados por períodos de 14 e 28 dias de idade, onde
posteriormente foram submetidos a ensaios mecânicos.
3.2.7 Caracterização química
Na caracterização química realizada para os materiais, cimento, resíduo de cerâmica
vermelha e a cal, foi utilizada a técnica utilizada de espectrometria de fluorescência de raios-
X (FRX). Esta técnica baseia-se no principio de que a absorção de raios-X pelo material
provoca a ionização interna dos átomos, gerando uma radiação característica conhecida como
“fluorescência”. Nesta análise são obtidos os óxidos presentes (SiO2, Al2O3, Fe2O3, CaO,
MgO, K2O, Ti2O, entre outros).
As análises foram realizadas no Laboratório de Caracterização, da Unidade Acadêmica
de Engenharia de Materiais do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de
Campina Grande – PB.
41
3.2.8 Caracterização física do agregado miúdo
Os materiais utilizados passaram por um processo de caracterização inicial. Na Tabela
5 estão apresentados todos os ensaios para caracterização física.
Tabela 5 Ensaios realizados para caracterização física dos materiais
Ensaio Norma da ABNT
Módulo de finura NBR 11579 (ABNT, 1991)
Massa unitária NBR 7251 (ABNT, 1982)
Massa específica real NBR’s 6474 (ABNT, 1998) e 9776 (ABNT, 1987)
Granulometria NBR 7217 (ABNT, 1982)
Teor de materiais pulverulentos NBR 7219 (ABNT, 1982)
Superfície específica (Blaine) NBR NM 76 (ABNT, 1998)
Fonte: BEZERRA (2010)
3.2.9 Determinação das Propriedades Mecânica
Para a realização do ensaio de resistência à compressão simples foi necessário seguir as
exigências da NBR 7215 (ABNT, 1996). Foram ensaiados 5 corpos de prova para cada
composição e para cada período de cura estudado. A prensa utilizada foi a SHIMADZU AG-
IS com célula de 100 kN (Figura 28).
O ensaio foi realizado no laboratório de reciclagem da Universidade Federal de
Campina Grande.
42
Figura 28 Máquina de compressão simples
Fonte: Própria
43
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS PRIMAS
4.1.1 Cimento
Na Tabela 6 está representada a análise química do cimento CPII F-32 utilizado para a
composição das argamassas.
Tabela 6 Composição química do cimento
CaO 39,957 %
SiO2 21,623%
MgO 11,539%
Al2O3 10,296%
SO3 9,297%
P2O5 1,449%
Fe2O3 1,117%
Outros óxidos <5%
Fonte: Própria
Analisando os resultados obtidos na Tabela 6, pode-se observar que o cimento apresenta
como principais constituintes o óxido de cálcio (CaO) e de dióxido de silício (SiO2)
correspondendo a 39,98% e 21,63% respectivamente. De acordo com os resultados obtidos
recomenda-se a utilização deste cimento para produção de argamassas de assentamento e
revestimento (ABCP, 2005 apud POUEY, 2006).
4.1.2 Cal
Na Tabela 7 são apresentados os resultados da composição química da cal Carbomil,
utilizada na composição das argamassas.
44
Tabela 7 Composição Química da Cal
CaO 71,695 %
MgO 15,081 %
SiO2 1,596 %
Al2O3 0,943 %
K2O 0,342 %
SO3 1,596 %
Fe2O3 0,160 %
CuO 0,008 %
Perda ao Fogo 9,96%
Fonte: Própria
De acordo com os resultados obtidos, observa-se que a cal possui um elevado teor de
óxido de cálcio (CaO) e baixo teor de óxido de magnésio (MgO), sendo os valores de 71,7% e
15,08% respectivamente. De acordo com esta composição a cal pode ser considerada como
sendo calcítica por apresentar como principal constituinte o óxido de cálcio (CaO). Esta
composição favorece a utilização desta cal para produção de argamassas de assentamento e
revestimento (SILVA, 2006).
4.1.3 Resíduo cerâmico
Na Tabela 8 estão contidos os resultados da composição química do resíduo cerâmico
utilizado neste trabalho como substituto parcial do cimento. De acordo com os resultados
obtidos, pode-se observar que o material apresenta maiores teores de sílica (SiO2) e de
alumina (Al2O3), correspondendo a 51,24% e 26,09% respectivamente, enquanto os demais
óxidos apresentam valores abaixo de 10%. A coloração vermelha do material após queima é
decorrente do teor de óxido de ferro (Fe2O3) presente, que neste caso é superior a 9%.
45
Tabela 8 Composição química do resíduo cerâmico
SiO2 51,24
Al2O3 26,09
Fe2O3 9,67
K2O 3,76
MgO 3,17
CaO 1,72
Na2O 0,97
TiO2 0,97
DM 0,97
Perda ao Fogo 1,44
Fonte: Própria
Na Tabela 9 estão contidos os resultados das propriedades químicas para o índice de
atividade pozolânica, com parâmetros estabelecidos pela NBR 12653 (ABNT, 1992) e ASTM
C 618 (1991).
Tabela 9 Propriedades fisicas e químicas para o índice de atividade pozolânica
Propriedades NBR 12653
(ABNT, 1992)
ASTM C
618 (1991)
Resultados (%)
RC
SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 (% min.) 70 70 87
SO3 (% máx.) 4 - 0,14
Teor de umidade (% máx.) 3 - -
Perda ao fogo (% máx.) 10 10 1,44
Partículas > 45 µm (% máx.) 34 34 -
Fonte: Própria
Analisando os resultados da Tabela 9, observa-se que o valor obtido para o somatório
de SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 foi de 87% sendo superior ao mínimo estabelecido pelas normas
NBR 12653 (ABNT, 1992) e ASTM C 618 (1991).
A perda ao fogo foi de 1,44% sendo inferior aos limites estabelecidos por norma. O
resíduo cerâmico atendeu aos parâmetros exigidos pela NBR 12653 (ABNT, 1992) e ASTM
C 618 (1991) para caracterizar um material como sendo pozolânico.
46
4.1.4 Areia
Na Tabela 10 estão apresentados os resultados obtidos para caracterização do agregado
miúdo, seguindo as prescrições estabelecidas pelas normas da ABNT.
Tabela 10 Propriedades do agregado miúdo (areia)
Ensaio Norma da ABNT Resultados
Obtidos
Massa unitária (g/cm3)
NBR 7251 (ABNT,
1982) 1,4835
Massa específica real (g/cm3)
NBR 9776 (ABNT,
1987) 2,63
Teor de materiais pulverulentos (%) NBR 7219 (ABNT,
1982) 14,3
Granulometria
Diâmetro máximo
(mm) NBR 7217 (ABNT,
1982)
4,80
Módulo de finura
(%) 5,5
Fonte: própria
Para o módulo de finura o valor encontrado foi de 5,5% sendo classificado como areia
de granulometria grossa, pois o valor encontrado é superior a 3,2% de acordo com a NBR
7211 (ABNT, 1982). O diâmetro máximo obtido para este agregado é de 4,8 mm
4.2 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA
De acordo com o ensaio realizado para determinação do índice de consistência das
argamassas estudadas a quantidade de água obtida para uma massa de 1000 g, que
corresponde à mistura de cimento, cal e areia para argamassas de referência e resíduo
cerâmico para as argamassas com RC, foi de 185 ml. Para todas as composições estudadas,
foi obtido o mesmo índice de consistência, ou seja, a quantidade de água utilizada para
confecção das argamassas foi igual para cada tipo de traço e percentagem de substituição.
47
4.3 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES
A Figura 29 apresenta as resistências das argamassas de assentamento 1:2:9 de
referência e com substituição parcial do resíduo cerâmico pelo cimento Portland aos 14 e 28
dias de cura.
Figura 29 Resistências das argamassas de assentamento
Fonte: Própria
De acordo com os resultados obtidos observou-se que os resultados não foram
satisfatórios, pois, as resistências das argamassas com substituição parcial do resíduo
cerâmico pelo cimento foram inferiores as resistências das argamassas de referência, tanto aos
14 quanto aos 28 dias de cura.
A Figura 30 apresenta as resistências das argamassas de revestimento 1:1:6 de
referência e com substituição parcial do resíduo cerâmico pelo cimento Portland aos 14 e 28
dias de cura.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
14 dias 28 dias
RC
S (M
Pa) 0%
50%
60%
70%
48
Figura 30 Resistências das argamassas de revestimento
Fonte: Própria
De acordo com os resultados obtidos observou-se que os resultados também não foram
satisfatórios, pois, as resistências das argamassas com substituição parcial do resíduo
cerâmico pelo cimento foram inferiores as resistências das argamassas de referência, tanto aos
14 quanto aos 28 dias de cura.
O motivo pelo qual os valores das resistências das argamassas com resíduo cerâmico,
como material constituinte, terem sido inferiores aos das argamassas de referência foi
provavelmente ocasionado pelo tempo insuficiente para as reações pozolânicas ocorrerem.
Como se trata de uma reação lenta ela poderia ser desenvolvida com o decorrer do tempo, ou
seja, para um período de cura maior. Outro fator que pode ter sido responsável por baixas
resistências é o percentual de substituição.
Os percentuais utilizados nesta pesquisa foram determinados a partir de estudos da
literatura que tiveram como propósito viabilizar a utilização de um maior percentual de
substituição para que ao final fossem obtidas argamassas com menor consumo de cimento
Portland.
Observa-se também que o traço 1:1:6 apresenta resistências superiores aos traços 1:2:9,
implicando que a redução da cal favorece o ganho de resistência.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
14 dias 28 dias
RC
S (M
Pa) 0%
50%
60%
70%
49
4.4 CLASSIFICAÇÃO DAS ARGAMASSAS
De acordo com a norma 13281 (ABNT 1995) as argamassas de assentamento 1:2:9
podem ser classificadas como argamassas do tipo I pois, os valores obtidos foram superiores a
0,1 MPa, estando entre o intervalo de 0,1 e 4MPa aos 28 dias de cura.
Para as argamassas de revestimento 1:1:6 observou-se que as mesmas podem ser
classificadas como argamassas do tipo I de acordo com a referida norma, estando também os
valores entre 0,1 e 4MPa.
50
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados obtidos pode-se concluir que:
Todas as matérias primas utilizadas atenderam as exigências estabelecidas
pelas normas da ABNT, possibilitando a utilização destas para a produção de
argamassas de assentamento e revestimento;
De acordo com as exigências químicas, o resíduo cerâmico pode ser utilizado
como material pozolânico;
As argamassas de referência apresentaram resistência superior quando
comparadas as argamassas com resíduo cerâmico;
As argamassas foram classificadas como sendo tipo I;
A investigação da utilização deste resíduo como material alternativo em
argamassas é muito importante por que podem reduzir os impactos ambientais
causados pelo acúmulo dos rejeitos, pela fabricação da cerâmica, e pela redução do
consumo do cimento Portland, diminuindo também os custos de uma obra.
Pelos resultados obtidos se faz necessário uma pesquisa mais detalhada para
determinar as várias vantagens de se utilizar o resíduo cerâmico e principalmente
verificar a resistência das argamassas para um período de cura maior.
51
6 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
Estudos sobre o balanço energético das atividades de beneficiamento (moagem,
tratamento térmico, etc.) e a viabilidade econômica na utilização destes materiais em escala
industrial.
Avaliação da influência dos teores de material pozolânico em substituição parcial ao
cimento Portland, aumentando os percentuais de substituição e os dias de cura;
Avaliação da influência dos teores de material pozolânico em substituição parcial da
cal, variando-se os percentuais de substituição;
Avaliação da influência dos teores do resíduo cerâmico como agregado miúdo em
substituição da areia, variando-se os percentuais de substituição;
52
REFERÊNCIAS
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______. NBR 7219: Determinação do teor de materiais pulverulentos nos agregados. Rio de
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frasco de Chapman. Rio de Janeiro, 1987.
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Preparo da mistura e determinação de consistência. Rio de Janeiro, 1995.
______. NBR 13277: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos –
Determinação da retenção de água. Rio de Janeiro, 1995.
______. NBR 13278: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos –
Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 1995.
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