UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO … - Eng Civil... · Monografia (G raduação em...
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
DEPARTAMENTO CIÊNCIAS AMBIENTAIS E
TECNOLÓGICAS - DCAT
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
JANIELLY KALINE DE OLIVEIRA FERREIRA
ESTUDO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS – EDIFÍCIO PEDRO
FERNANDES PEREIRA (ROSADÃO) DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO
SEMI-ÁRIDO / UFERSA.
MOSSORÓ
2014
JANIELLY KALINE DE OLIVEIRA FERREIRA
ESTUDO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS – EDIFÍCIO PEDRO
FERNANDES PEREIRA (ROSADÃO) DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO
SEMI-ÁRIDO / UFERSA.
Monografia apresentada à Universidade
Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,
Departamento de Ciências Ambientais e
Tecnológicas, para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.
Orientadora: Profª Dra. Marcilene Vieira da
Nóbrega.
MOSSORÓ
2014
JANIELLY KALINE DE OLIVEIRA FERREIRA
ESTUDO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS – EDIFÍCIO PEDRO
FERNANDES PEREIRA (ROSADÃO) DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO
SEMI-ÁRIDO / UFERSA.
Monografia apresentada à Universidade
Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,
Departamento de Ciências Ambientais e
Tecnológicas, para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.
Orientadora: Profª Dra. Marcilene Vieira da
Nóbrega.
APROVADA EM:____/_____/____
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Profª. Dra Marcilene Vieira da Nóbrega - UFERSA
Presidente
___________________________________________
Profª. Dra. Marília Pereira Oliveira - UFERSA
Primeiro Membro
___________________________________________
Profª. Dra. Marineide Jussara Diniz- UFERSA
Segundo Membro
Dedico este trabalho de conclusão de curso a
minha avó, Maria Olivia Alves de Oliveira,
que sempre esteve presente na minha vida
acadêmica fazendo o possível e o impossível,
diante das dificuldades, para me manter
estudando, sempre atenciosos e presente. Devo
tudo que sou a minha família.
AGRADECIMENTOS
À Deus, sempre em primeiro lugar, por não me abandonar nunca, por ser á minha fortaleza,
principalmente nos momentos mais difíceis. Quando tudo parece impossível ele me concede
graças e me mostra que sou capaz;
Aos meus pais, Francisco das Chagas Ferreira e Janeide Maria de Oliveira, pois eles são
a minha base. Sou grata, por me educarem, por serem tão dedicados, por me mostrarem o
caminho certo a seguir;
À minha avó, Maria Olivia, pessoa muito importante na minha vida, sempre que preciso dela
não importa para quê, ela não mede esforços e está pronta para servir;
À minha professora orientadora, Dra. Marcilene Vieira da Nóbrega, que me cedeu mais
uma vez seu precioso tempo, dispondo-se a me orientar neste segundo. Pessoa impar, bondosa
e com um caráter admirável;
As professoras da banca, Marília Pereira Oliveira e Marineide Jussara Diniz, pela atenção e
consideração de aceitar o convite;
À minha prima Nara Poliana, a minha tia Alcineide, a minha avó e ao seu esposo (avô
postiço), Antônia Justo e Alcir Siqueira, ao meu irmão Franklin Jânio, a minha irmãzinha
Yasmim, pois sempre me apoiaram e torceram por mim, torceram pelo meu sucesso.
Ao meu namorado, Dakson Câmara, que está junto comigo nesta jornada não tão fácil assim,
mas sempre dando-me força para chegar ao fim. Alegrando-me nos momentos em que estive
triste e desanimada, um porto seguro a que me remeto sempre que preciso.
Às minhas amigas (verdadeiras irmãs), Ilanna Andreza e Katiane Sara, que estiveram
comigo desde o princípio do curso, e mesmo longe ainda continuam dando-me força nos
momentos em que eu quis fraquejar, proporcionando-me alegrias nos mementos de tristeza.
Só tenho a agradecer-las.
Ao meu amigo, irmão, parceiro de estudo fiel, Emanuel Cunha, desde o princípio do curso
esteve ao meu lado, tornando-se meu mais novo velho amigo.
Aos velhos e novos amigos que conquistei na Universidade, cada um com sua personalidade
me ensinaram um pouco da vida.
A Maria da Conceição dos S. G (dona Mariquinha), servidora da UFERSA, que me cedeu um
livro de sua biblioteca pessoal que me ajudou no desenvolvimento do meu trabalho.
Aos Professores que contribuíram para meu aprendizado nessa segunda fase do curso.
“O futuro tem vários nomes. Para os fracos é
inatingível. Para os medrosos, o
desconhecido. Para os corajosos, a chance”.
(Vitor Hugo)
O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seus autores
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Central Orlando Teixeira (BCOT)
Setor de Informação e Referência
F383e Ferreira, Janielly Kaline De Oliveira.
Estudo de manifestações patológicas – Edifício Pedro Fernandes
Pereira (rosadão) da Universidade Federal Rural Do Semi-Árido /
UFERSA. / Janielly Kaline De Oliveira Ferreira -- Mossoró, 2014.
67f.: il.
Orientadora: Prof.ª Dra. Marcilene Vieira Nóbrega.
Monografia (Graduação em Engenharia Civil) –
Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pró-Reitoria de
Graduação.
1. Engenharia civil – 2. Construção civil - Durabilidade. 2.
Fissura- construção civil. 3. Manifestação patológica. 4.
Manutenção. I. Titulo.
RN/UFERSA/BCOT /253-14 CDD: 624 Bibliotecária: Vanessa Christiane Alves de Souza Borba
CRB-15/452
RESUMO
As obras de construção civil quando postas em uso possuem um determinado tempo
de vida útil e o que determina esse tempo é um conjunto de fatores aos quais a obra estará
exposta. Os erros ocorrentes na fase de projeto, as falhas na execução, a má qualidade dos
materiais, assim como a exposição ao ambiente (sol, chuva, vento, frio, calor etc.) são fatores
que contribuem para uma deterioração precoce da obra apresentando problemas quanto ao
desempenho. Tais problemas podem ser minimizados se houver um programa de manutenção
da edificação, daí verifica-se a importância da manutenção, que tem como objetivo de
preservar o desempenho e prolongar a vida útil da mesma. A manutenção, até bem pouco
tempo não era considerada importante no setor da construção civil, no entanto esse quadro
vem mudando, com o tempo passou-se a perceber a importância da manter a qualidade, o
conforto e a segurança das edificações. Tendo em vista que as edificações são o suporte físico
de todas as atividades humanas, é imprescindível a preservação da sua vida útil. Neste
contexto, o prédio Rosadão da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) é uma
edificação antiga que possui um grande valor histórico, pois esta entre as cinco primeiras
edificações da universidade, a mesma se apresenta bastante deteriorada, com inúmeras
manifestações patológicas. Visando o estado da edificação e o seu valor histórico e funcional,
o presente trabalho consiste em identificar as principais manifestações patológicas,
aprentando suas possíveis causas e propor um programa de manutenção. Este trabalho é
composto primeiramente de uma fundamentação teórica que aborda as principais
manifestações patológicas, durabilidade, tipos de manutenção, tipos de intervenções dando
ênfase ao reparo das edificações. Posteriormente foi desenvolvido um estudo de caso no
prédio Rosadão, onde foram registradas as manifestações através de fotografias. Nesta
segunda etapa foi possível observar diversas manifestações patológicas que podem estar
diretamente relacionada a três aspectos, sendo, falha na elaboração dos projetos, falha na
execução dos mesmos e por fim problemas gerados com a utilização da edificação.
Palavras-chave: Manifestação patológica. Manutenção. Durabilidade. Fissura.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura de um edifício e o esqueleto humano................................................... 18
Figura 2 - Exame realizado pelo profissional da construção civil......................................... 19
Figura 3 - Analogia entre os medicamentos.......................................................................... 20
Figura 4 – Deslocamento de revestimento cerâmico............................................................. 21
Figura 5 – Deslocamentos (a) por empolamento; (b) em placa de revestiento por falta de
chapisco.................................................................................................................................
21
Figura 6 – Eflorescência entre vigas..................................................................................... 22
Figura 7 – Manifestação de manchas e bolor........................................................................ 23
Figura 8 – Corrosão da armadura.......................................................................................... 24
Figura 9 – Fissura em alvenaria............................................................................................. 25
Figura10– Determinação da relação água/cimento e cobrimento...................................... 31
Figura11– Lei da evolução dos custos das intervenções...................................................... 33
Figura12– Modelo de desempenho de uma edificação submetida a manutenção periódica. 33
Figura13– Incidência de manifestações patológicas conforme a causa................................ 41
Figura14– Planta de localização do Rosadão........................................................................ 46
Figura15– Planta baixa original do prédio Rosadão.............................................................. 47
Figura16– Fissuras inclinadas (a) (b); Fissura horizontal (c) ............................................... 49
Figura17– Fissuras causadas por retração............................................................................. 50
Figura18– Fissuras causadas devido a corrosão da armadura............................................... 51
Figura19– Corrosão da armadura......................................................................................... 51
Figura20– Mofo presente nas fachadas................................................................................. 52
Figura21– Eflorescência ............................................................................................. 53
Figura22– Desplacamento do revestimento cerâmico...................................................... 54
Figura23– Modelo de desempenho................................................................................. 56
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Estudos das origens de patologias nas edificações brasileiras........................... 30
Gráfico 2 – Incidência de manifestações patológicas no prédio Rosadão............................
48
LISTA DE FLUXOGRAMA E QUADROS
Fluxograma 1 – Etapas do trabalho...................................................................................... 43
Quadro 1 – Resumo histórico da ESAM........................................................................ 45
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 15
1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 15
1.1.1 Objetivo específico ......................................................................................................... 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 16
2.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES ............................................ 16
2.1.1 Conceito de patologia .................................................................................................... 16
2.1.2 Relação entre os termos patologia e manifestação patológica .................................. 17
2.2 TIPOS DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES .......................... 20
2.2.1 Destacamentoe desplacamento ..................................................................................... 20
2.2.2 Eflorescência .................................................................................................................. 22
2.2.3 Bolor ou mofo ................................................................................................................. 23
2.2.4 Corrosão da armadura de concreto ............................................................................. 24
2.2.5 Fissura ........................................................................................................................... 25
2.2.5.1 Classificação quanto a abertura .................................................................................... 26
2.2.5.2 Classificação quanto a atividade .................................................................................. 26
2.2.5.3 Classificação quanto a forma ........................................................................................ 27
2.2.5.4 Classificação quanto a direção ..................................................................................... 27
2.2.5.5 Classificação quanto a causa ........................................................................................ 27
2.3 MÉTODOS PREVENTIVOS DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM
EDIFICAÇÕES ........................................................................................................................ 27
2.3.1 Fase de concepção do projeto ....................................................................................... 28
2.3.2 Fase de execução ............................................................................................................ 28
2.3.3 Fase de utilização ........................................................................................................... 29
2.4 DURABILIDADE .............................................................................................................. 30
2.5 MANUTENÇÃO ................................................................................................................ 32
2.5.1 Tipos de manutenção .................................................................................................... 34
2.5.1.1 Manutenção preditíva ................................................................................................... 35
2.5.1.2 Manutenção preventiva................................................................................................. 35
2.5.1.3 Manutenção corretiva ................................................................................................... 35
2.5.1.4 Manutenção detectiva ou proativa ................................................................................ 36
2.5.2 Tipos de intervenções ................................................................................................... 36
2.5.2.1 Conservação ................................................................................................................. 36
2.5.2.2 Reparação ..................................................................................................................... 36
2.5.2.3 Restauração ................................................................................................................... 36
2.5.2.4 Modernização ............................................................................................................... 37
2.6 REPAROS DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÃO ..................... 37
2.6.1 Recuperação de desplacamento .................................................................................... 37
2.6.2 Recuperação de eflorescência ....................................................................................... 38
2.6.3 Reculperação de bolor ou mofo .................................................................................... 38
2.6.4 Recuperação de corrosão na armadura de concreto .................................................. 38
2.6.5 Reparação de fissura ..................................................................................................... 39
2.7 ESTUDOS REALIZADOS EM EDIFICAÇÕES ANTIGAS ........................................... 39
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 44
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 46
4.1 UFERSA - UM BREVE HISTÓRICO ............................................................................... 46
4.2 APRSENTAÇÃO DA EDIFICAÇÃO ............................................................................... 47
4.3 ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES PRESENTE NA EDIFICAÇÃO ............................ 48
4.3.1 Caracterizaçãogeral das manifestações patológicas ................................................... 48
4.4 PROPOSTA DE MANUTENÇÃO .................................................................................... 55
4.4.1 Manutenção da edificação ............................................................................................ 55
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 58
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 60
14
1 INTRODUÇÃO
As obras de construção civil possuem um tempo de vida útil e o que determina esse
tempo é um conjunto de fatores a qual a obra estará exposta, portanto nenhuma edificação é
eternamente durável. A interação com o meio ambiente (sol, chuva, vento, frio, calor etc.) é
um dos fatores que contribui para a deterioração das edificações e consequentemente o
surgimento de manifestações patológicas.
Os problemas relacionados a manifestações patológicas existem desde o principio das
moradias. No entanto, desde a década de 70, o número de casos de manifestações patológicas
vem aumentando em todo o Brasil, (SILVA, 2008).
Com esse aumento, o estudo das manifestações patológicas passa a conquistar um
maior espaço na construção civil, ganhando cada vez mais importância neste setor. A
importância desses estudos aumenta principalmente quando se trata de bens antigos que
possui valor histórico para civilização, (MÜLLER, 2010).
As manifestações patológicas presente nas edificações representam o baixo
desempenho da estrutura ou até mesmo o fim da vida útil de determinado componente
estrutural, causando consequentemente a insatisfação do usuário no que diz respeito à
estabilidade, estética, servicibilidade e, principalmente, a durabilidade da mesma com relação
às condições a que está submetida, (SOUZA E RIPPER, 1998).
Construídas para dar suporte físico às atividades humanas, as edificações possuem o
objetivo de atender seus usuários, no que diz respeito a conforto, segurança e estabilidade, de
modo a resistir aos agentes ambientais, durante muitos anos, e ao longo deste tempo de
serviço devem apresentar adequadas condições de uso, (NBR 5674, 1999).
As manifestações patológicas são os resultados do mecanismo de degradação das
edificações, e podem ser observadas em uma inspeção. A ocorrência das manifestações
patológicas acentua-se em casos que as edificações são mal projetadas, executadas com
ausência de cuidados, utilizadas com descaso e manutenção deficiente. Além destes podem
ser considerados também a falta de detalhamento, insuficiência de planejamento e controle, a
qualificação deficiente ou inadequada dos técnicos e operários, e por fim os prazos de
execução que são excessivamente curtos, (SOUZA E RIPPER, 1998; SILVA, 2011).
Aliada aos problemas construtivos está a falta de manutenção que acentua ainda mais
as manifestações patológicas. Os problemas patológicos são evolutivos, intensificados ao
longo do tempo, e o quanto antes forem identificados e corrigidos os problemas provocados
15
pelas manifestações patológicas, mais fácil, durável e muito mais econômica será o reparo,
(SILVA, 2008).
As manutenções realizadas nas edificações têm a finalidade de proteger contra danos
ou recuperar edificações que apresentem manifestações patológicas, com o objetivo de
restituir o desempenho previsto no projeto e ainda reassumir suas características iniciais, os
custos com manutenções poderiam ser minimizados se houvesse mais atenção e cuidado na
elaboração dos projetos, (ROSCOE, 2008).
A Norma de Confiabilidade e Mantenabilidade – NBR 5462 classifica a manutenção
em quatro tipos de atividades distintas, tais como: manutenção preditiva, preventiva, corretiva
e detectiva.
A ausência de um programa de manutenção adequado resulta no desenvolvimento das
manifestações patológicas, onde as mais frequentes destacadas por Roscoe (2008) são,
deslocamentos, eflorescência, bolor (mofo), corrosão em armaduras de concreto e fissuras.
Esta última pode ser considerada além de mais frequente, também presente na maioria dos
elementos construtivos da edificação e é definida como sendo aberturas encontradas em
alvenarias ou em concreto armado.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
O objetivo geral do presente trabalho consiste no estudo das manifestações patológicas
existentes no Prédio Rosadão, avaliando os estado atual o mesmo no que diz respeito a sua
funcionalidade, durabilidade, segurança e estética.
1.1.2 Objetivo específico
Realizar um levantamento de subsídio através de inspeção visual e fotografia
do local de estudo;
Identificar as manifestações patológicas presentes no prédio;
Identificar as possíveis causas das manifestações patológicas;
Propor um plano de manutenção.
16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo será abordada a fundamentação teórica que norteará o desenvolvimento
deste trabalho. A mesma abordará os conceitos fundamentais que envolvem as manifestações
patológicas mais frequentes em edificações, os tipos de manifestações, os métodos
preventivos de manutenção, durabilidade, tipos de manutenção dando ênfase à reparação em
edificações mais antigas.
2.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES
2.1.1 Conceito de patologia
Desde o princípio da civilização, a preocupação com a durabilidade das habitações era
percebida, permitindo que o homem trabalhasse sempre na busca de aperfeiçoamento e
criação de novas técnicas construtivas, provocando o desenvolvimento tecnológico das
construções em função do aperfeiçoamento de materiais e criação de estruturas mais duráveis
(DARDENGO, 2010).
Porém o desenvolvimento tecnológico gerou um crescimento acelerado que resultou
também em aspectos negativos, como a deterioração precoce das edificações que
consequentemente apresenta uma diminuição no seu desempenho. Esses aspectos negativos
advêm de um conjunto de irregularidades interligadas entre si, como por exemplo, a mão de
obra desqualificada, que provocam má execução dos projetos gerando problemas na vida útil
da edificação (DARDENGO, 2010).
Esses problemas em sua maioria estão relacionados com patologias que surgem nessas
edificações, especificamente em seus elementos estruturais. Patologia é uma ciência composta
por um conjunto de fundamentos que explicam os mecanismos, as origens e as causa do
surgimento de determinada manifestação patológica, fornecendo informações sobre formas de
recuperação e manutenção colaborando para minimizar a incidência de tais problemas
(BRANDÃO, 2007; SILVA, 2011; DAL MOLIN, 1988).
Observa-se que os termos patologia e manifestação patológica são naturalmente
confundidos. Desse modo é imprescindível o entendimento de que a patologia é uma ciência
na qual estuda e explica de uma forma geral tudo que se refere a degradação da edificação,
enquanto que os resultados desse mecanismo de degradação são as manifestações patológicas,
e podem ser observadas em uma inspeção (SILVA, 2011). Desta forma, neste trabalho, para
17
melhor entendimento será utilizado o termo manifestação patológica para se referir aos
problemas presentes em edificações.
2.1.2 Relação entre os termos patologia e manifestação patológica
Os termos técnicos da medicina tem sido amplamente utilizados por profissionais da
engenharia civil para indicar problemas que surgem nas edificações e que coloquem em risco
a vida útil das mesmas. Muitos desses termos já são usuais na literatura específica da área e
são adotados pelos cursos de graduação em engenharia civil. (SILVA, 2011).
A seguir serão apresentados e definidos de acordo com a Silva (2011), os termos
adotados na engenharia civil em comum com a medicina:
Profilaxia das edificações: estudo de novos meios aplicados para prevenir as
anomalias que podem surgir nos edifícios, bem como suas propagações;
Diagnóstico: compreende na identificação e descrição do mecanismo de formação das
manifestações, assim como as origens e as causas efetivamente responsáveis pelo problema
patológico;
Prognóstico: baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, acerca da
duração e evolução de uma doença ou predição, agouro, presságio, profecia, relativos a
qualquer assunto. Ou seja, estimativa da evolução do problema ao longo do tempo;
Terapia: tratamento para uma determinada doença diagnosticada pelo profissional
especialista na área, ou por meio de terapia alternativa. Também há recomendação de medidas
necessárias, sejam elas imediatas ou não;
Anamnese: uma entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a
doença e à estrutura;
O autor afirma que a profilaxia foi o termo pioneiro que fez com que os profissionais
da construção civil utilizassem termos da medicina na engenharia civil. Essas terminologias
são utilizadas em comum pelas semelhanças dos objetos de estudos. Com o intuito de
18
evidenciar que o ser humano e a edificação são facilmente comparáveis, o autor traça um
paralelo e compara o esqueleto humano à estrutura de um edifício.
Na medicina em comparação com a estrutura de edifício apontam-se diversas
similaridades tais como, a musculatura é similar às alvenarias, a pele iguala-se aos
revestimentos, o sistema circulatório compara-se as instalações elétricas de gás, esgoto e água
potável, enquanto que o aparelho respiratório seria o sistema de ventilação (janelas, ar-
condicionado, sistemas de exaustão etc). Na Figura 1 tem-se a comparação entre uma
estrutura de sustentação na engenharia civil e o esqueleto humano.
Figura 1 – Estrutura de um edifício e o esqueleto humano
Fonte: Silva (2011)
Na área de patologia das construções e assim como na medicina para fazer o
diagnóstico de uma manifestação patológica em uma edificação é necessário primeiramente
examinar a obra assim como esta ilustrada na Figura 2, que demonstra como é feito o exame
na área da construção civil. Para isso faz-se necessário uma formação especial nessa área de
estudo (SILVA, 2011).
19
Figura 2 – Exame realizado pelo profissional da construção civil
Fonte: Silva (2011)
Silva (2011), afirma que atualmente para um diagnóstico confiável, uma especificação
correta dos materiais e o procedimento de recuperação adequado, já existem bastante
conhecimentos produzidos e profissionais qualificados o que é considerada uma vitória na
construção civil.
Depois de identificada, a manifestação patológica deve ser tratada de acordo com o
diagnóstico e prognóstico indicado para a eliminação das causas. Na Figura 3, observa-se a
analogia feita entre o uso de pastilhas para proteção catódica das armaduras da engenharia
civil com o remédio da medicina.
20
Figura 3 – Analogia entre os medicamentos
Fonte: Téchne (2011)
2.2. TIPOS DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES
São várias as manifestações patológicas que surgem nas edificações. De acordo com
Geyer e Brandão (2007) os componentes das edificações que podem ser afetados por
manifestações patológicas são as fundações, as estruturas de concreto armado, as alvenarias,
os revestimentos de argamassa, os revestimentos cerâmicos, as instalações hidrossanitárias, as
instalações elétricas, os sistemas de impermeabilização e as esquadrias.
No entanto, Roscoe (2008) destaca que as manifestações patológicas mais frequentes
nesses componentes são, destacamentos do revestimento, eflorescência, bolor (mofo),
corrosão em armaduras de concreto e fissuras. Esta última, além de ser considerada uma das
mais frequentes, também está presente na maioria dos elementos construtivos da edificação.
A seguir são descritas as manifestações patológicas mais frequentes em edificações.
2.2.1 Destacamentos e desplacamentos
Proveniente das desarticulações das camadas dos revestimentos de argamassas ou
revestimentos cerâmicos, os destacamentos apresentam uma extensão variável, podendo
compreender áreas restritas até dimensões que abrangem a totalidade de uma alvenaria
(GEYER e BRANDÃO, 2007).
O desplacamento do revestimento cerâmico observado na Figura 4 é considerado a
manifestação patológica mais séria em função do alto custo de reparo e devido aos usuários
estarem expostos a acidentes. São caracterizadas pela falta de aderência das placas cerâmicas
ou da argamassa colante. Geralmente ocorre após cinco anos de vida útil da obra e pode ser
21
observada pelo som oco que determinadas placas cerâmicas emitem ou até mesmo pelo
estufamento da camada de revestimento (ROSCOE, 2008).
Figura 4 – Desplacamento de revestimento cerâmico
Fonte: Adaptada de Dardengo (2010)
O destacamento em argamassa de revestimento pode ocorrer de duas maneiras, por
empolamento e destacamento em placas. O destacamento por empolamento ocorre devido à
má hidratação da cal existente na argamassa, como pode se observar na Figura 5 (a). Já o
destacamento em placas ocorre pela perda natural de aderência das camadas de revestimento
ocasionadas pela má execução do chapisco, como pode ser verificado na Figura 5 (b),
(CECHINEL,et al., 2011).
Figura 5 – (a) Destacamento por empolamento e (b) destacamento em placa do revestimento
por falta de chapisco.
(a) (b)
Fonte: (a) Pereira, 2005; (b) Adaptado de CINCOTTO, 1988 apud SEGAT, 2005
22
2.2.2 Eflorescência
Eflorescência caracteriza-se pelo surgimento de formações salinas sobre algumas
superfícies, podendo ter caráter pulverulento ou ter forma de crostas duras, insolúveis em
água e provocam alterações na cor da superfície do revestimento, nas tonalidades
esbranquiçada, acinzentada, esverdeada, amarelada ou preta. Na Figura 6 pode ser observada
a manifestação de eflorescência na tonalidade esbranquiçada, entre as vigas de um pavimento
de garagem (GEYE e BRANDÃO, 2007)
Figura 6 – Eflorescência entre vigas.
Fonte: Adaptado de Souza (2008)
Esse fenômeno resulta da migração de sais solúveis presentes no cimento, nos tijolos,
na argamassa, no concreto ou na areia, utilizada para promover a trabalhabilidade e hidratação
do cimento. A água existente na argamassa é o agente transportador dos sais presente nesses
materiais para a superfície da alvenaria, evaporando e ficando os sais acumulados na
superfície na forma de pó branco (SEGAT, 2006).
Nesta linha, Souza (2008) acrescenta que a pressão hidrostática (capilaridade) também
contribui na formação dessa manifestação patológica. O teor de sais solúveis presentes nos
materiais ou componentes, a presença de água e a pressão hidrostática são três fatores que
devem existir para a origem e formação da eflorescência. O autor enfatiza que na ausência de
um desses fatores o surgimento eflorescência não ocorre, pois possuem o mesmo grau de
23
importância. Souza (2008) ressalta ainda que existem fatores externos como o aumento da
temperatura, a quantidade de solução que irá aflorar e a porosidade dos elementos.
2.2.3 Bolor ou mofo
O bolor ou mofo é a denominação dada aos fungos que surgem em locais que não
possuem ventilação e luminosidade. Geralmente são encontrados em locais úmidos e escuros
sendo alguns tipos de bolores maléficos a saúde humana. Segundo Souza (2008), o bolor que
surge nas paredes está diretamente ligado a umidade existente por infiltrações ou vazamentos
de tubulações, pois esses fungos necessitam que o ambiente onde esteja se desenvolvendo
possua alto teor de umidade. Na Figura 7, pode-se observar esse tipo de manifestação
patológica.
Figura 7 – Manifestação de manchas e bolor
Fonte: Adaptado de engenhariacivil, (2010)1
De acordo com Segat (2005), mofo é uma manifestação patológica vista
macroscopicamente que causa a desintegração do revestimento através da secreção de
enzimas que quebram moléculas orgânicas complexas até compostos mais simples, que são
assimilados e utilizados em seu desenvolvimento. O mesmo afirma que além do problema
com a desintegração do revestimento, provocam também problemas estéticos indesejáveis
1 Disponível em: http://www.engenhariacivil.com/controlo-humidade-condensacao-interiores
24
como manchas escuras e problemas respiratórios aos inquilinos decorrente da proliferação
desses microorganismos.
2.2.4 Corrosão em armaduras de concreto
A corrosão em armaduras de concreto (FIGURA 8) consiste em uma reação
eletroquímica de óxi-redução, cujo processo ocorre na superfície das armaduras de ferro
provocando perda gradativa da seção transversal das barras constituintes do elemento
estrutural (OLIVARI, 2003).
Figura 8 – Corrosão da armadura do concreto
Fonte: Consultoria e análise, (2009)2
A corrosão é a transformação que os materiais metálicos sofrem em decorrência do
ataque químico, esse se dá através de um processo eletroquímico e ao sofrer oxidação
indesejada o metal tem sua vida útil diminuída (MAHAN e MYERS, 1995).
A alta alcalinidade presente no concreto não oxida a estrutura metálica porque esta
possui uma película passivada que impede a corrosão do aço, mas quando há deterioração da
película o ferro fica exposto e suscetível aos agentes corrosivos existentes no concreto
(COSTA, 2009). Ao sofrer oxidação o aço expande e pode assumir proporções dez vezes
2 Disponível em< http://www.consultoriaeanalise.com/2009/09/corrosao-das-armaduras.html>
25
maiores em relação ao sua seção original, vale resaltar que a seção resistente do aço é
reduzida à medida que o aço oxida, e que esse aumento na seção é um acumulo de camadas de
aço oxidado, ao oxidar o aço provoca tensões no concreto que ocasiona a fissura.
2.2.5 Fissura
As fissuras são manifestações patológicas encontradas em estruturas de concreto
armado, argamassa de reboco, alvenaria e recalque de fundações (GEYER e BRANDÃO,
2007).
São consideradas as manifestações patológicas que mais se destacam como mais
importante em relação as demais. Essa importância está no fato de que as mesmas apresentam
aspectos fundamentais como, aviso de um eventual estado perigoso da estrutura,
comprometimento do desempenho da obra em serviço e constrangimento psicológico que
causa aos seus usuários (THOMAZ, 1989). Na figura 9 observa-se uma fissura típica em
alvenaria.
Figura 9 – Fissura em alvenaria
Fonte: Dardengo, 2010.
26
Fissuras são aberturas encontradas nas alvenarias na qual Saliba Júnior (2006) aponta
quatro tipos de classificação das aberturas, são eles:
Fissura é uma abertura em forma de linha, com espessura de até 0,5 mm;
Trinca é uma abertura em forma de linha, com espessura de 0,5 mm até 1,0 mm;
Rachadura é uma abertura expressiva, proveniente de acentuada ruptura de massa, cuja
espessura varia de 1,0 mm a 1,5 mm;
Fenda que é uma abertura excessiva, que causa divisão da parede, e sua espessura é
superior a 1,5 mm.
Para tornar mais simples e reduzir os termos, será utilizado apenas o termo fissura
referindo-se a todos os tipos de abertura. No entanto, vale ressaltar que as fissuras que
apresentam abertura inferior a 0,1 mm são chamadas de capilares, não apresentam risco a
durabilidade da edificação e por isso são consideradas insignificantes, Duarte (1998, apud,
Magalhães, 2004).
O conhecimento dos diversos critérios de classificação das fissuras é essencial, pois ao
classificar adequadamente uma fissura, o diagnóstico e reparo também serão corretos.
Conforme Magalhães (2004) existem vários critérios de classificação das fissuras, tais como,
abertura, atividade, forma, causas e direção, descritos a seguir a classificação das fissuras.
2.2.5.1 Quanto à abertura
De acordo com Magalhães (2004) as fissuras quanto à abertura podem ser
classificadas como fina, média e larga. Já Duarte (1998, apud, Magalhães, 2004) relata que
outros autores apresentam diferentes escalas quanto à abertura, tais como: muito leve, leves,
moderadas e severas; ou negligíveis, muito leves, leves, moderadas, extensivas e muito
extensivas.
2.2.5.2 Quanto à atividade
Quanto à atividade as fissuras podem ser ativas, são fissuras que sofrem variação na
abertura em determinado período de tempo, ou inativas fissuras que não sofrem alterações na
abertura ou comprimento ao longo do tempo.
27
2.2.5.3 Quanto à forma
Quanto à forma as fissuras podem ser isoladas ou disseminadas. As fissuras isoladas
seguem fiadas horizontais ou verticais, seja acompanhando as juntas de argamassa ou
rompendo os materiais que compõe a alvenaria. Já as disseminadas apresentam forma de rede
são geralmente observadas em revestimento.
2.2.5.4 Quanto à direção
Quanto à direção é indicada em caso de vistoria prévia, como forma de complementar
o diagnóstico. Podem ser classificadas em verticais, horizontais e diagonais.
2.2.5.5 Quanto à causa
Quanto à causa as fissuras podem ocorrer por atuação de sobrecargas, por
movimentações térmicas, pela retração de produtos à base de cimento, por deformabilidade
excessiva de estruturas de concreto armado, por recalque de fundações e por alterações
químicas dos materiais de construção. Esse critério de classificação é considerado o melhor,
quando se pensa em solução dos problemas provocados pelas mesmas.
Ainda de acordo com Magalhães (2004), podem existir outras formas de classificação,
entretanto as descritas neste texto são as mais comuns.
2.3. MÉTODOS PREVENTIVOS DE MANIFESTAÇÕES
De acordo com Souza e Ripper (1998) e Pczieczek (2011), as manifestações
patológicas podem surgir na fase de projeto, durante a execução do mesmo e na vida útil da
edificação. Os autores afirmam que na fase de concepção do projeto é importante que o
dimensionamento da obra seja devidamente correto obedecendo aos custos do orçamento e ao
prazo de entrega da obra.
É extremamente importante também, que na fase de execução sejam seguidos à risca
os comandos e restrições presentes no projeto e que durante a vida útil da edificação faz-se
necessário à manutenção. Serão descritas a seguir de forma mais detalhada os principais
fatores que devem ser considerados durante os processos de concepção, execução e utilização
de modo a prevenir as manifestações patológicas.
28
2.3.1 Fase de concepção do projeto
Na fase de concepção é de extrema importância que o dimensionamento seja adequado
ao tipo de estrutura a ser construída, considerando todos os carregamentos as quais a estrutura
estará submetida. As manifestações patológicas podem ter origem devido a falhas ocorridas
na concepção do projeto, seja nos estudos preliminares, seja na execução do anteprojeto ou
durante a elaboração do projeto de execução. A falta de detalhamento, ambiente inadequado,
erros na consideração de juntas de dilatação também são fatores que contribuem para o
surgimento das manifestações patológicas (SOUZA e RIPPER, 1998; COSTA, 2009).
Apesar de ser um problema antigo a falta de compatibilidade entre os projetos
complementares da edificação ainda persiste como sendo a grande dificuldade encontrada na
fase de projeto (PCZIECZEK, 2011). Portanto é importante que o estudo preliminar seja
realizado corretamente, pois um problema originário nessa fase gera uma sequencia de outros
problemas, visto que é a partir do estudo preliminar que serão desenvolvidos todos os outros
projetos (SOUZA e RIPPER, 1998).
2.3.2 Fase de execução
Souza e Ripper (1998) e Pczieczek (2011) afirmam que, as manifestações patológicas
oriundas da fase de execução são provenientes da falta de fiscalização, capacitação
profissional deficiente tanto do engenheiro quanto do mestre de obras e a baixa qualidade dos
materiais.
A adaptação ou modificação do projeto inicial sem consulta ao profissional
responsável pela elaboração do projeto também acarretará em problemas patológicos na fase
de execução, isso ocorre em sua maioria sob a justificativa de que há a necessidade de
simplificações construtivas, ou até mesmo as modificações são realizadas visando a economia
máxima (SOUZA e RIPPER, 1998; COSTA, 2009).
Ao iniciar a execução do projeto os erros podem surgir por diversas formas. Os mais
comuns citados por Olivari (2003) são: erro de interpretação de projeto; falta de controle
tecnológico; uso de concreto vencido; falta de espaçadores e pastilhas para garantir o
cobrimento; armadura mal posicionada; segregação do concreto por erro de lançamento; falta
de limpeza, entre outros.
29
Portanto para se evitar manifestações patológicas oriundas da fase de execução é
imprescindível que o projeto seja executado corretamente considerando todas as informações
e exigência nele presente, a qualidade dos materiais e a mão-de-obra especializada também
são importantes para a boa execução da obra, bem como a fiscalização dos serviços e
materiais (SOUZA e RIPPER, 1998; PCZICZEK, 2011).
2.3.3 Fase de utilização
Finalizadas as etapas de concepção e execução, a obra estará sujeita a manifestações
patológicas e não apresentará resultado satisfatório se houver negligência em relação
manutenção periódica. As manifestações patológicas surgem nas edificações mesmo que as
duas etapas que antecedem a utilização tenham sido realizadas corretamente e apresentem a
qualidade desejada (COSTA, 2009).
Segundo Olivari (2003) as causas mais comuns de erros de utilização que
comprometem o bom desempenho da obra são a falta de programa de manutenção adequada,
sobrecargas incompatíveis com o projeto original, a danificação da estrutura devido a esforços
ou impactos externos, erosão por abrasão, entre outros.
As manifestações patológicas em sua maioria são notadas durante a vida útil da
edificação, mas isso não significa que as mesmas originaram-se durante a utilização. A
identificação da origem da patologia permite não só o diagnóstico e tratamento, mas também
possibilita, para fins jurídicos, a identificação de quem cometeu o erro (PCZIECZEK, 2011).
Assim como os equipamentos eletrônicos, uma estrutura também necessita de
manutenção periódica, e essa necessidade aumenta nos locais mais utilizados e que
apresentam maior índice de deterioração ou maior suscetibilidade a degradação. Em sua
maioria o usuário espera que a estrutura apresente um bom desempenho, e por desleixo ou até
mesmo por ignorância não efetuam a manutenção periódica (COSTA, 2009).
Thomaz (1989) relata o desenvolvimento de pesquisa realizada na Bélgica baseada na
análise de 1.800 manifestações patológicas em diversos tipos de edificações. Constatou-se no
estudo que 46% das manifestações patológicas têm origem na fase de projeto, onde 22% dos
problemas originam-se por falha na execução e 15% são patologias decorrentes da má
qualidade dos materiais de construção. Não foi observado nessa pesquisa o efeito da vida útil
da edificação no aparecimento das manifestações patológicas.
No entanto, Dardengo (2010) apresenta pesquisa realizada nas edificações brasileiras
examinadas no ano de 1988, na qual se observa o aparecimento de manifestações patológicas
30
durante a vida útil. Embasado na pesquisa, o autor relata que os maiores problemas são
provenientes da fase de execução representando 52%, em seguida estão às manifestações
patológicas originárias na fase de projeto com 18%, outros 18% dos erros pela utilização de
materiais de má qualidade. No Gráfico 1 podem-se verificar esses dados, com detalhe para o
alto percentual de problemas provenientes da fase de execução.
Gráfico1 – Estudo das origens de patologias nas edificações brasileiras
Fonte: Adaptado de DARDENGO, 2010
2.4. DURABILIDADE
Associados ao conceito de patologia das edificações estão diversos outros como
durabilidade, manutenção e vida útil. A durabilidade é a capacidade que a edificação possui
de manter as características para a qual foi projetada, durante um período de tempo que
chamado de vida útil (MÜLLER, 2010).
A NBR 5462, Norma de Confiabilidade e Mantenabilidade reconhece que a
durabilidade é:
“capacidade de um item desempenhar uma função
requerida sob dadas condições de uso e manutenção, até
que um estado limite seja alcançado”.
A Norma de Projeto de Estrutura de Concreto – NBR 6118 define durabilidade como
sendo a capacidade que a estrutura possui de resistir às influencias ambientais previstas, para
31
tanto estabelece diretrizes, onde fixa que as condições ambientais devem ser previstas em
projeto para que a segurança, estabilidade e aptidão dos serviços sejam conservadas durante o
período de vida útil.
Vida útil de projeto é entendida de acordo com a Norma 6118, como o período de
tempo durante o qual as características das estruturas de concreto são mantidas sem exigir
medidas extras de manutenção e reparo.
Além das diretrizes, a NBR 6118 estabelece também alguns critérios de projetos que
devem ser obedecido visando maior durabilidade as estruturas, são eles drenagem, formas
arquitetônicas, cobrimento, manutenção preventiva, entre outros. Os citados, serão descritos
abaixo.
Drenagem – deve ser evitada a presença ou acumulação de água, as superfícies
horizontais expostas devem dispor de ralos e condutores, todas as juntas de dilatação
devem ser corretamente seladas, todos os topos de platibandas e paredes devem ser
protegidos por chapins, por fim todos os beirais devem ter pingadeiras e os encontros
a diferentes níveis devem ser protegidos por rufos.
Formas arquitetônicas e estruturais – disposições arquitetônicas ou construtivas que
possam reduzir a durabilidade da estrutura devem ser evitadas.
Qualidade do cobrimento – é fundamental para a durabilidade das estruturas as
características do concreto e da espessura e qualidade do cobrimento da armadura. Na
Figura 10 estão determinados os requesitos mínimos a serem adotados para a relação
água cimento e para o cobrimento, de acordo com a classe de agressividade do
ambiente.
32
Figura 10: Determinação da relação água/cimento e cobrimento.
Fonte: Norma de Projeto de Estrutura de Concreto, 2001.
Inspeção e manutenção preventiva – deve conter nos projetos relativos a uma obra
estratégia explícita que facilite procedimentos de inspeção e manutenção preventiva da
construção, bem como deve ser produzido um manual inspeção e manutenção.
2.5. MANUTENÇÃO
A partir do momento em que as edificações são postas em uso, já estão sujeitas a
deterioração natural onde os principais agentes são, o meio que está inserido e as próprias
características dos materiais utilizados, que sofrem alterações ao longo do tempo. Daí
verifica-se a importância da manutenção com o objetivo de preservar o desempenho e
prolongar a vida útil da mesma (DARDENGO, 2010).
O mesmo autor relata ainda que, a manutenção, até bem pouco tempo não era
considerada importante no setor da construção civil. Porém, constatou-se a sua importância,
que se dá não só em relação a conservação das edificações, mas também visando a economia,
pois quanto antes as correções das manifestações são feitas menores são os custos.
33
De acordo com a norma de Manutenção de Edificações (NBR – 5674), manutenção é:
“conjunto de atividades a serem realizadas para conservar
ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de
suas partes constituintes de atender as necessidades e
segurança dos seus usuários”.
Helene (2003), afirma que os custos das intervenções crescem exponencialmente ao
longo do tempo, ou seja, quanto mais tardia a detecção e intervenção na edificação maior será
o custo. O autor assimila a esta evolução de custos a conhecida Lei de Sitter que prevê um
custo crescente das intervenções de correções, a uma progressão geométrica de razão 5,
conforme a Figura 11.
Na qual mostra que as intervenções realizadas na fase de projeto, possui um mínimo
podendo ser associado ao número 1 (um). Já na fase de execução, qualquer intervenção
implicará em um custo 5 (cinco) vezes maior ao custo equivalente a medida tomada na fase de
projeto. Na fase de manutenção preventiva o custo de uma intervenção necessária para
assegurar o bom desempenho da estrutura durante sua vida útil, pode ser 5 vezes em relação
ao custo na fase de execução, ou seja, 25 vezes maior. E por fim na fase de manutenção
corretiva o custo pode chegar a 125 vezes o custo de uma intervenção na fase de projeto.
Figura 11: Lei da evolução dos custos das intervenções
Fonte: Helene, 2003.
A vida útil das edificações depende necessariamente de programas de manutenção
adequados, já que se detectado o problema no inicio seus efeito são minorados e
consequentemente os custo de reparo reduzido conforme visto na Figura 10. A importância do
34
programa de manutenção ser mantido está diretamente relacionado ao prolongamento da vida
útil da edificação, pois mesmo uma estrutura bem projetada e bem executada está sujeita a
deterioração natural, (Moreira, 2007).
Considerando que a edificação esta sujeita apenas aos efeitos naturais a Figura 12,
relaciona o desempenho da estrutura e a vida útil, onde é possível observar que o desempenho
da edificação é perdido gradativamente, no entanto quando submetida a manutenção a
edificação aumenta seu desempenho e consequentemente o tempo de vida útil.
Figura 12: Modelo de desempenho de uma edificação submetida a manutenção periódica.
Fonte: Moreira, 2007.
Observa-se ainda na Figura 11, que ultrapassado o limite de manutenção preventiva,
será necessário uma manutenção corretiva, pois a estrutura está próxima de atingir o seu
desempenho mínimo aceitável.
As manutenções realizadas nas edificações têm a finalidade de proteger contra danos
ou recuperar edificações que apresentem manifestações patológicas, com o objetivo de
restituir o desempenho previsto no projeto e ainda reassumir suas características iniciais
(ROSCOE, 2008). O mesmo ressalta que, grande parte das manutenções se deve ao fato da
existência das manifestações patológicas, e coloca ainda que os custos com manutenções
poderiam ser minimizados se houvesse mais atenção e cuidado na elaboração dos projetos.
2.5.1 Tipos de manutenção
De acordo com a Norma de Manutenção de Edificações - NBR 5476 existem três tipos
de manutenção, são eles: manutenção rotineira; manutenção planejada; manutenção não
planejada.
35
Já a Norma de Confiabilidade e Mantenabilidade – NBR 5462 classifica a manutenção
em quatro tipos de atividades distintas, tais como manutenção preditiva, preventiva, corretiva
e detectiva, sendo que nesta acrescenta-se o aspecto da confiabilidade das edificações. A
seguir serão descritas cada uma delas de acordo com a NBR 5462.
2.5.1.1. Manutenção preditiva
A manutenção preditiva consiste em um estudo dos sistemas através de
acompanhamento sistemático que prever e diagnostica possíveis falhas conforme análise de
certos parâmetros. Esta atividade tem o objetivo de garantir um maior tempo de vida útil o
sistema que compõem a edificação.
Com o avanço tecnológico e o aperfeiçoamento da informática possível analisa o
sistema durante seu uso com maior confiabilidade, direcionando um plano de manutenção
preventiva que melhore se enquadra para o problema encontrado.
2.5.1.2. Manutenção preventiva
A manutenção preventiva são atividades programadas de acordo com o diagnóstico
previsto na manutenção preditiva, ou seja, atividade desempenhada periodicamente para que
não haja o comprometimento da capacidade funcional da edificação. É traçado um programa
de manutenção com datas preestabelecidas de acordo com dados presente na edificação, ou
até mesmo de acordo com o próprio histórico da manutenção realizada, seguindo
adequadamente os critérios técnicos e administrativos.
2.5.1.3. Manutenção corretiva
A manutenção corretiva é a atividade desenvolvida com o intuito de recuperar as
características de um componente que já não desempenha a função para a qual foi projetada.
A realização desse tipo de manutenção geralmente implica em altos custos, uma vez que o
componente apresenta qualidade inferior aos limites mínimos, além de implicar em uma
intervenção de longo prazo ou não.
36
2.5.1.4. Manutenção detectiva ou proativa
Atividade realizada com o objetivo de identificar a causa de problemas e falhas, ou
seja, consiste basicamente no estudo e diagnóstico do problema através de análises,
auxiliando nos planos de manutenção.
2.5.2 Tipos de intervenções
Shebalj (2009), afirma que a gestão operacional de manutenção possui vários tipos de
intervenções, tais como conservação, reparação, restauração e modernização, estas
intervenções são classificadas segundo a atividade a ser desenvolvida, conforme descritas a
seguir:
2.5.2.1. Conservação
A conservação é a atividade desenvolvida rotineiramente, visando preservar ou manter
as características funcionais das edificações, para tanto estas atividade são realizadas em
pequenos intervalos de tempo de modo que a edificação não atinja certo nível de deterioração,
tais atividades são programadas de acordo com a operação e limpeza dos edifícios.
2.5.2.2. Reparação
O reparo é a atividade que visa prevenir ou corrigir as manifestações patológicas que
estão em processo de desenvolvimento nas edificações. Em outras palavras reparação é o
conserto, restauração ou reforma realizada antes que a edificação atinja o nível de qualidade
mínimo aceitável.
2.5.2.3. Restauração
A restauração é uma atividade corretiva, que possui o objetivo de recompor ou
reestabelecer determinado componente da edificação, que atingiu nível inferior à qualidade
mínima aceitável, ou seja, esta atividade se aplica a casos de edificações que perde de forma
significativa seu desempenho, podendo interferir na segurança do usuário.
37
2.5.2.4. Modernização
A modernização é uma atividade de recuperação, no entanto esta prever um aumento
na qualidade do desempenho inicial da edificação, ou seja, com esta atividade a edificação
ultrapassa os níveis para o qual foi projetada, estabelecendo assim um novo patamar de
qualidade e desempenho para a edificação e seus sistemas.
2.6. REPAROS EM MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
A reparação das edificações é fundamental e possui grande importância
principalmente para a manutenção de edificações históricas, preservando assim culturas
anteriores, técnicas construtivas e materiais típicos, onde as edificações são testemunhos da
evolução humana, (CASSOL, 2013).
É importe enfatizar que as precauções a serem tomadas, durante a recuperação de um
determinado elemento da edificação, são indispensáveis para a prevenção do
comprometimento ou deterioração de outros componentes (TERRA, 2001).
Cada manifestação patológica possui uma forma de recuperação distinta. A seguir
serão detalhadas as diferentes formas de recuperação das manifestações patológicas mais
frequentes citadas neste trabalho.
2.6.1. Recuperação de desplacamentos
Para a recuperação do deslocamento é importante que antes da realização do processo
as causas dessa manifestação sejam detectadas e eliminadas. Após a eliminação das causas a
edificação deverá passar por uma série de procedimentos para a recuperação do deslocamento.
De acordo com Terra (2001), inicialmente deverá ser realizado um corte e extração do
revestimento deslocado com delimitações de áreas retangular, com utilização de ferramenta
apropriada. Em seguida, faz-se necessário um tratamento superficial para a retirada de todo o
material que impossibilita a aderência. Quando necessário faz-se também a aplicação do
chapisco e por fim a aplicação do novo revestimento de preferência semelhante ao anterior.
38
2.6.2. Recuperação de eflorescência
A recuperação de alvenarias que apresentam eflorescência, inicialmente se dá através
da identificação e eliminação das causas. Para a eflorescência a principal causa a ser
eliminada é a umidade existente na alvenaria (TERRA, 2001).
O procedimento a ser tomado para o reparo desta manifestação patológica segundo
Uemoto (1985 apud Souza, 2008) é a limpeza do local onde está a manifestação, com o
auxílio de escova de aço e bastante água. Se necessário pode utilizar também um elemento
químico.
Terra (2001) diz também que, de acordo com a norma o reparo deve ser realizado
através de uma limpeza para a remoção da eflorescência, essa limpeza consiste na utilização
de uma escova com cerdas de aço e ácido muriático (5% a 10% de concentração).
2.6.3. Recuperação de bolor ou mofo
A recuperação de alvenarias que apresentam mofo, inicialmente se dá do mesmo modo
das outras manifestações, identificando e eliminando as causas. Nesse caso assim como o da
eflorescência a principal causa a ser eliminada também é a umidade existente na alvenaria. A
ventilação é outro fator importante para a eliminação da causa dessa manifestação (TERRA,
2001; SOUZA, 2008).
O processo de recuperação para manchas consiste apenas na lavagem local Esse
procedimento é suficiente para a eliminação das manchas quando as mesmas são recentes e
pequenas, mas em caso de manchas antigas e intensas a lavagem não é suficiente. Daí é
necessário retirar o revestimento da área superior a que a mancha está localizada, em seguida
fazer a lavagem dessa área e se necessário aplicar produtos químicos adequados (TERRA,
2001).
2.6.4. Recuperação de corrosão na armadura de concreto
A recuperação de corrosão em armaduras compreende da aplicação de técnicas
eletroquímicas, e segundo Polito (2006) é a única forma de interromper a corrosão na
armadura do concreto.
A técnica eletroquímica utilizada no combate da corrosão consiste na aplicação de
pastilhas de zinco, compostas por anodos que atuam invertendo a reação de corrosão. Na
39
região em que a pastilha é aplicada, o aço é transformado em catodo e o zinco em anodo,
originando uma célula galvânica zinco-ferro. Esta técnica de recuperação de corrosões
localizadas é considerada além de viável também é muito prática (POLITO, 2006).
2.6.5. Recuperação de Fissura
Assim como existem diversos tipos de configurações de fissuras, há diferentes
métodos de recuperação das mesmas. Portanto faz-se necessário um conhecimento prévio das
causas para a escolha correta do método a ser utilizado (TERRA, 2001).
Dentre os diferentes os métodos que podem ser aplicados na recuperação de fissura
são destacados três deles; bandagem que consiste no corte e extração de uma faixa do
revestimento, em seguida faz-se a aplicação da bandagem e por fim a recomposição do
revestimento; tela metálica é semelhante a técnica anterior, o diferencial desta técnica é que
faz-se a aplicação de uma tela metálica ao invés da bandagem; selagem consiste no
alargamento e limpeza da fissura, aplicação de um primer adequado e no preenchimento da
fissura com mastique (TERRA, 2001).
2.7 ESTUDOS REALIZADOS EM EDIFÍCIOS ANTIGOS
Tomé (2010), com objetivo de enumerar as principais manifestações patológicas,
realizou estudos e análises através do procedimento metodológico que parte do levantamento
de subsídios na Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ. Logo
em seguida o diagnóstico das patologias através de vistorias e por fim a definição da conduta
proporcionando alternativas de intervenção foram também realizados.
As manifestações patológicas mais frequentes, observadas na pesquisa, são as trincas e
fissuras, originadas por diversas causas e com diferentes mecanismos de formação. Dentre as
quais estão: fissuras causadas por retração que dão origem as fissuras mapeadas; fissuras por
movimentação higroscópica que surgem na parte inferior da parede e são acompanhadas de
manchas escuras, patologia proveniente da expansão excessiva; fissuras causadas pelas
tensões atuantes, dando origem as trincas horizontais nas paredes de alvenaria geralmente
localizadas três fiadas abaixo da viga; trincas causadas por movimentações térmicas que
provocam o destacamento de todo o contorno da ligação da estrutura pré-moldada e a
alvenaria;
40
Além da identificação e diagnóstico das patologias encontradas, o autor também
apresentou soluções, ou seja, os possíveis reparos que podem ser realizados para que a
edificação tenha sua vida útil prolongada. Tomé (2010) conclui que, as patologias encontradas
não apresentam grandes riscos à segurança estrutural da edificação, mas ressalta que não
podem ser descartadas, embora possuam altos custos o tratamento dessas patologias deve ser
realizado para que não venham a comprometer futuramente a estrutura.
Outra pesquisa realizada, esta em edifícios multifamiliares na cidade de Viçosa – MG
por Dardengo (2010) compreende na analise 30 edifícios com idades distintas, a pesquisa se
estendeu desde edifícios construídos o ano de 1970 até o ano 2009, a fim de identificar as
patologias mais comuns e averiguar se mesma estão relacionadas com a existência ou não de
manutenção predial, este estudo resume-se em um levantamento de dados através de
entrevistas e vistorias.
As entrevistas realizadas por Dardengo (2010) constou de questionários aplicados aos
síndicos/administradores dos edifícios vistoriados, destes 27% eram edifícios com mais de 40
anos, e 26,7 % dos edifícios não possuía programa de manutenção.
No entanto, os maiores índices de fissuras verificados são nos elementos de alvenaria,
tais como: fachadas; caixas d’água; muros. Das manifestações patológicas encontradas em
fachadas, as fissuras destacam-se com incidência de 46,4%, logo em seguida estão os
deslocamentos com 39,3% das incidências, seguidos das manchas com 25% e corrosão com
17%.
O autor conclui seu estudo afirmando que as ocorrências das manifestações
patológicas nas edificações analisadas, classificam-se como patologias endógenas (que são
aquelas provenientes de erros de projeto e materiais), patologias de execução (equivalente a
falta de manutenção). As atividades de manutenção prolongam a vida útil da edificação, mas
não impede o fim da mesma. O planejamento das atividades de manutenção possibilita o
melhor controle dos custos.
Dardengo (2010) ressalta ainda que as manifestações patológicas são provenientes de
qualquer uma das etapas do processo de construção, no entanto não existem programas de
manutenção preventiva e essa é uma das principais causas de manifestações patológicas nas
edificações multifamiliares. Portanto é imprescindível a conscientização dos usuários que
devem exigir das construtoras maior controle de qualidade no processo construtivo, e assim a
manutenção constará apenas em atividades de reparo.
Müller (2010) em sua dissertação realizou um estudo das patologias presentes nas
fachadas de prédios da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) voltados para Avenida
41
Roraima, localizada na cidade de Santa Maria no Estado do Rio Grande do Sul, com o
objetivo de identificar as causas das deteriorações e as técnicas construtivas utilizada em cada
prédio para classificar as manifestações patológicas de acordo com a orientação das fachadas.
O estudo foi realizado em nove dos prédios do campus UFSM construídos na década
de 60, são eles: Auditórios; Reitoria; Casa do Estudante; União Universitária; Biblioteca;
Hospital Universitário. Todos os prédios possuem fachadas principais voltadas para a Av.
Roraima. O autor constatou que, o sistema construtivo utilizado em todos os prédios
pesquisados é pilar-viga e paredes de vedação com os vãos modulados prédio a prédio.
Para facilitar a análise dos resultados foram adotadas legendas para as manifestações
identificadas de acordo como agente causador, quantificando a incidência conforme agente
causador (FIGURA 13).
42
Figura 13: Incidência de manifestações patológicas conforme a causa.
Fonte: Adaptado de Müller, 2010.
Müller (2010) avaliou as fachadas e concluiu que os maiores problemas nas fachadas
são fissuras, degradação do reboco, corrosão e problemas na pintura. O autor avaliou cada
fachada conforme orientação, sendo 54,54% das edificações em estudo com orientação
voltada para o leste, desta os principais problemas são fissuras, degradação do reboco e
esfoliação por intemperismo prolongado.
Das fachadas voltadas para oeste as principais manifestações foram fissuras,
degradação do reboco, corrosão. Somente um prédio com fachada principal voltada para o
norte, esta apresentou menos problemas comparados as demais. Por fim o autor afirma que o
43
maior problema é a falta de manutenção das edificações, pois vários problemas existentes
poderiam ser sanados.
Pczieczek (2011) realizou um estudo no Estado de Santa Catarina, no qual consistiu
em uma pesquisa a documentos e entrevistas a empresas que atuam no setor de consultorias e
perícias do país. O autor identificou um conjunto de manifestações patológicas encontrada nas
fachadas das edificações, na qual as fissuras apresentam maior incidência nos revestimento
externo. Para melhor interpretação dos dados obtidos no questionário, estes foram avaliados
por três engenheiros após a conclusão dos mesmos.
Apesar de Pczieczek (2011) verificar em sua pesquisa, que a manifestação que possui
maior incidência é o bolor e mofo que representam 37% das patologias encontradas, mas logo
em seguida estão as fissuras com 18%, esta por sua vez maior incidência nas fachadas das
edificações.
Das 138 edificações da cidade de Joinville que o autor pesquisou apenas 18 não
apresentaram patologias visíveis, em contra partida as 126 restantes apresentaram algum tipo
de manifestação patológica. Em seu estudo, Pczieczek (2011) conclui que a grande incidência
de manifestações patológicas presentes nas fachadas é devido à falha de execução e falta de
manutenção.
Miotto (2012) realizou um estudo em um Colégio Estadual, construído no município
de Pato Branco localizado no Estado do Paraná no ano de 1978, com objetivo de estudar as
manifestações patológicas em uma edificação antiga e bastante deteriorada. Deste modo o
autor, fez um levantamento das manifestações patológicas presente na edificação escolhida,
seguidos do diagnóstico e definição de conduta diante dos problemas encontrados, sugerindo
soluções.
Em seu estudo Miotto (2012), evidenciou diversas manifestações patológicas, tais
como: eflorescência; corrosão; fissuras; bolor; mofo; Essas manifestações são decorrentes de
diversas causa, uma das ocorrências de fissuras, por exemplo, o autor diagnosticou como
fissura por cisalhamento, no entanto 80% das causas das manifestações encontradas pelo autor
tiveram origem devido à presença de umidade excessiva, esta por sua vez por falha de projeto,
drenagem ou infiltração.
Ao identifica e diagnosticar as manifestações Miotto (2012), conclui que a origem de
algumas das manifestações é decorrentes falhas de projetos, ou até mesmo oriundos da falha
na execução, além de negligencia por parte do usuário quanto a realização de procedimentos
de manutenção preventiva.
44
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo será apresentada a metodologia que definiu a organização do presente
trabalho, assim como os objetivos do referido estudo. A metodologia utilizada neste trabalho
tomou como base o modelo de Queruz (2007) (APÊNDICE A).
A seguir tem-se o fluxograma das etapas que foram seguidas neste trabalho;
Fluxograma 1: Etapas do trabalho.
Fonte: Autoria próripa.
Identificação do problema
Revisão de literatura
Pesquisa relativa ao paralelo entre a construção civil e
a medicina
Estudo de caso
Pesquisa relativa à conceituação de manifestações
patológicas
Pesquisa relativa aos tipos de manifestações
patológicas
Pesquisa relativa aos métodos preventivos
Pesquisa relativa à durabilidade
Pesquisa relativa à manutenção
Pesquisa relativa a reparo das manifestações
patológicas
Pesquisa relativa a estudos relacionados
Estudo histórico
Estudo atual da edificação
Identificação das principais manifestações patológicas
Análise das manifestações patológicas encontradas e prepara um plano de manutenção
Elaboração das conclusões
45
A fase de identificação do problema compreendeu a seleção o local de estudo e
delimitação do tema. Para a escolha da edificação foi levado em consideração a idade e a
deterioração aparente, além de considerar o valor histórico do prédio para o campus.
Ao observar o prédio a ser estudado foi possível identificar diversas manifestações
patológicas, assim como foi observado a carência do sistema de manutenção. A partir do
observado estabeleceu-se o principal objetivo deste trabalho: estudar as manifestações
patológicas presente no prédio Rosadão e propor um plano de manutenção.
Na segunda fase, de revisão de literatura, foi desenvolvida a fundamentação teórica
para embasamento dos problemas encontrados na edificação, esta foi realizada em conjunto
com o levantamento de subsídio. Primeiramente abordou-se os conceitos de patologia das
edificações e manifestações patológicas, posteriormente, foram relacionados os termos
utilizados na construção civil com os termos da medicina. Em seguida, foram abordados os
principais tipos de manifestações patológicas e os métodos preventivos.
Continuando a segunda fase, para melhor compreensão do objetivo do estudo foram
obtidas informações sobre durabilidade e manutenção (tipo de manutenção e tipos de
intervenção), foram ainda detalhados os tipos de reparo para as principais manifestações
patológicas. Por fim, uma ampla pesquisa sobre trabalhos relacionados para embasar os
resultados e discursões.
Terceira fase consiste na apresentação da organização do corpo deste trabalho, como
cada capítulo deste trabalho foi desenvolvido.
A quarta fase compreende na análise das principais manifestações patológicas
presentes no prédio, para tanto foi realizado um levantamento de subsídio através de inspeção
visual e fotografia do local de estudo. Através de vistorias e analise das fotografias foi
possível identificar e diagnosticar os problemas presente na edificação, com um diagnóstico
prévio foi possível traça um plano de manutenção.
Por fim na quinta fase, elaborou-se as conclusões em função dos resultados obtidos na
pesquisa de campo.
46
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. UFERSA - BREVE HISTÓRICO
A história da UFERSA teve inicio no ano de 1967, com a criação da Escola Superior
Agrícola de Mossoró – ESAM, idealizada por João Ulrich Graf, comerciante suíço que
chegou, desde então passou a lutar por esse sonho. O Quadro 01 resume a história da criação
da ESAM, de acordo com Rosado e Almeida (1974) e Oliveira (2013).
Quadro 01: Resumo histórico da ESAM.
Ano Descrição do acontecimento
1886 João Ulrich Graf chegou a Mossoró e diante dos
problemas encontrados percebeu que uma boa
solução era a criação de uma escola agrícola, na
qual os agricultores passariam a produzir mais.
1917 Tércio Rosado Maia Implantou o curso de
Teórico e Prático de Agricultura, com instalações
no Colégio Santa Luzia.
1967 Iniciou-se a construção do primeiro prédio da
Escola Superior Agrícola
1976 Inauguração da Escola Superior de Agricultura
de Mossoró (ESAM), com quase cem anos de
luta, a escola nasce com apenas um prédio como
instalação física, prédio Central. Sob a direção do
professor Vingt-Un Rosado.
Fonte: Autoria própria
Dois anos após o início das atividades letivas no prédio Central, foi inaugurado o
prédio Rosadão, a quarta edificação a ser construída na ESAM, para abrigar as aulas do
último semestre.
Desde então, o professor e diretor Vingt-Un Rosado sonhou com transformação da
ESAM em Universidade Federal de Mossoró, o sonho permaneceu vivo durante três décadas.
Em janeiro de 1994, o então diretor da ESAM, prof. Joaquim Amaro Filho, encaminha Ofício
47
ao Ministro da Educação, Murilo Hingel requerendo a transformação da ESAM em
Universidade Federal Especializada de Mossoró.
Foram enviados diversos requerimentos ao Ministro da Educação a transformação da
ESAM em Universidade Federal, no ano de 2000, 2003, 2004, só em julho de 2005 o
presidente da república, sancionou a lei nº 11.155 que criou a Universidade Federal Rural do
Semi-Árido – UFERSA, sob direção do Prof. Josivan Barbosa Menezes.
4.2. APRESENTAÇÃO DA EDIFICAÇÃO
A edificação em estudo é o Edifício Pedro Fernandes Pereira, da Escola Superior
Agrícola de Mossoró - ESAM, atual Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA,
inserida na cidade de Mossoró localizada no interior do Estado do Rio Grande do Norte.
O Edifício Pedro Fernandes Pereira, mais conhecido como prédio Rosadão, está
localizado no lado Leste do Campus, e foi inaugurado em 21 de março 1978, para funcionar o
Departamento de Ciências Sociais da ESAM, com salas de aula, auditório, sala de pesquisa,
depósitos e onde funciona a Fundação José Guimarães Duque. A Figura 14 indica a
localização do Rosadão, Campus Leste.
Figura 14: Planta de localização do Rosadão.
Fonte: Google Earth, 2014.
48
Com 35 anos, o Rosadão está entre os cinco edifícios mais antigos da UFERSA. Foi
construído para dá suporte apenas as disciplinas do último ano do curso de graduação,
identificado de acordo com Rosado e Almeida (1974) por P7P8. Na Figura 13 é possível
visualizar a planta baixa original do prédio Rosadão.
Figura 13: Planta baixa original do prédio Rosadão.
Fonte: Arquivo da UFERSA.
Eram ministradas no Rosadão, as aulas de Economia Rural I, Economia Rural II,
Sociologia Rural Extensão Rural e Estudos dos Problemas Brasileiros. Além de centro de
aulas, no prédio funcionava a Fundação Guimarães Duque.
Atualmente no prédio funciona a Divisão de Registros e Protocolos e 3 (três)
laboratórios de informática no térreo. No pavimento superior funcionam a Secretaria de
Infraestrutura, Pró-reitoria de gestão de pessoas e Arquivos da Pró-reitoria, um total de 55
salas. A planta atual pode ser visualizada no Apêndice B.
4.3. ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES PRESENTES NA EDIFICAÇÃO
4.3.1 Caracterização geral das manifestações patológicas
Em visita ao Rosadão, foi possível identificar quatro das cinco manifestações mais
frequentes. Foram encontradas fissuras, desplacamento do revestimento cerâmico, mofo e
corrosão de armaduras. Além destas foi possível identificar ainda outros tipos de
49
manifestações: destacamento do revestimento argamassado; manchas de umidade;
destacamento da pintura. No Gráfico 2 ilustra-se, em termos percentuais, a incidência das
manifestações patológicas identificadas no Rosadão.
Gráfico 2: Incidência de manifestações patológicas no prédio Rosadão.
Fonte: Autoria própria.
Pode-se verificar no gráfico uma maior incidência de fissuras (69%). Este grande
número pode estar relacionado com esse tipo de manifestação, pois é considerada a mais
comum. Outro aspecto que pode ser considerado diz respeito às sucessivas reformas a que o
prédio foi submetido ao longo dos seus 35 anos, reformas na qual modifica a infraestrutura as
condições de uso, ou seja, o prédio foi projetado para uma finalidade inicial que eram salas de
aulas, e hoje funciona parte do setor administrativo da UFERSA. Essas alterações afetam
diretamente a estrutura uma vez que o carregamento para a qual foi projetada não é mais o
mesmo.
Diversas configurações de fissuras foram encontradas, tais como fissuras horizontais,
verticais e inclinadas. De acordo com a configuração das fissuras pode-se identificar a
possível causa, no estudo realizado foi encontradas fissuras causadas por sobrecarga, retração,
corrosão da armadura.
A Figura 16 apresenta as fissuras encontradas junto a janelas e portas causadas por
sobrecargas, é possível observar que apesar de ser a mesma causa apresenta configurações
distintas.
50
Figura 16: Fissuras inclinadas (a) e (b); Fissura horizontal (c);
Fonte: Autoria própria.
Na Figura 16 (a) e (b), observam-se fissuras inclinadas junto à janela e a porta, ambas
causadas por sobrecarga que de acordo com Thomas (1989), são originadas devido à
concentração de tensões nas aberturas das janelas e porta, pois as alvenarias ficam submetidas
compressão axial. Outro fator que influencia para o surgimento desse tipo de fissura é a
ausência de vergas e contra vergas, ou até mesmo o comprimento inadequado da mesma.
Na Figura 16(c), observa-se uma fissura horizontal sobre a janela, de acordo com
Thomas (1989) esse tipo de configuração não é comum, de modo geral alvenarias axialmente
carregadas apresentam fissuras verticais. Este caso de fissuras horizontais se enquadra em
uma exceção, pois ocorreu o esmagamento das argamassas de assentamento que possui menos
resistência em relação aos tijolos.
Outro tipo de fissura identificada foram as fissuras causadas por retração como pode
ser visualizada na Figura 17. Todas as janelas do Rosadão foram recentemente trocadas, a
argamassa utilizada para assentar as novas janelas provavelmente estavam com o traço
inadequado, pois segundo Thomas (1989) a dosagem correta da argamassa é fundamental para
que a reação química entre a água e os compostos anidros presentes no cimento seja completa,
pois a água em pouca quantidade a reação não ocorre por completo, e o excesso de água também
aumenta a retração.
a b
c
51
Figura 17: Fissuras causadas por retração.
Fonte: Autoria própria.
Na Figura 18, é possível identificar outra configuração na qual sua possível causa é a
corrosão da armadura. Como pode ser observado na Figura 18, existe um detalhe de uma
calha para drenar a águas pluviais que caem no telhado, esse detalhe mantém a parede em
contato constante com água, deixando a úmida o que favorece infiltração e consequentemente
a corrosão, a armadura oxidada aumenta de seção provocando a fissura.
52
Figura 18: Fissura causada devia a corrosão da armadura.
Fonte: Autoria própria.
Na Figura 19 é possível observar que o revestimento de argamassa destacou e a
armadura do pilar esta exposta. Neste caso a corrosão pode ter ocorrido, devido a porosidades
do concreto que facilita a infiltração da água, devido à presença de umidade proveniente do
mesmo detalhe construtivo apresentado na Figura 18, além da porosidade é possível observar
que a espessura do cobrimento está fora da norma.
Figura 19: Corrosão da armadura.
Fonte: Autoria própria.
53
Thomaz (1989) afirma processo de corrosão ocorre em ambientes úmidos que contém
elementos agressivos, com isso desencadeia então um processo eletroquímico, no entanto tal
processo ocorre normalmente nas armaduras das peças de concreto que são colocadas próximas a
superfície, ou em peças na qual o cobrimento utilizado é inadequadamente, deixando-a exposta e
suscetível a ação da água e do ar.
A Figura 20 evidencia o mofo, encontrado nas fachadas do prédio, ao identificar essa
manifestação foi possível observar que estão presentes apenas onde há pouca incidência solar
e em locais onde havia presença de umidade.
Figura 20: Mofo presente nas fachadas
Fonte: Autoria própria.
Na Figura 21, observa-se a presença de manchas esbranquiçadas de caráter
pulverulento na parte inferior da parede, esta é a característica típica de eflorescência. Esta
manifestação pode ocorrer devida a existência de sais contidos nos materiais que compõe a
alvenaria, ou mesmo sais contidos no solo.
54
Figura 21: Eflorescência
Fonte: Autoria própria.
Conforme Geye e Brandão (2007) a eflorescência caracteriza-se pelo surgimento de
formações salinas sobre algumas superfícies, insolúveis em água e provocam alterações na cor
da superfície do revestimento, afetando apenas de forma estética a edificação.
O desplacamento do revestimento cerâmico pôde ser observado em toda a extensão
dos corredores do prédio, tanto no térreo quanto no 1º pavimento (FIGURA 22). Uma das
possíveis causas desta manifestação é a falta de aderência do material cerâmico ao substrato,
por falha na execução.
55
Figura 22: Desplacamento do revestimento cerâmico.
Fonte: Autoria própria.
Outra causa provável é a variação de temperatura, pois há uma grande incidência solar
durante a tarde inteira na qual a parede fica exposta à altas temperaturas, e à noite a
temperatura é consideravelmente baixa.
4.4. PROPOSTA DE MANUTENÇÃO
Este item possui por objetivo propor um programa de manutenção corretiva e
preventiva para o Prédio Rosadão, de acordo com os resultados obtidos neste estudo, de modo
a contribuir para que a edificação ganhe mais tempo de vida útil e maior durabilidade.
4.4.1 Manutenção da edificação
O serviço de manutenção preventiva tem por finalidade restituir a capacidade para a
qual a edificação foi projetada, é imprescindível que toda edificação tenha um programa de
manutenção preventiva, ou seja, atividade desempenhada periodicamente para que não haja o
comprometimento da capacidade funcional da edificação, e para que a sua vida útil possa ser
prolongada.
56
Na UFERSA, existe um setor destinado a manutenção dos prédios, no entanto não
existe uma equipe destinada inspecionar e a identificar as manifestações patológicas presentes
nos prédios, logo a equipe do setor de manutenção do setor de manutenção não é suficiente.
O setor de manutenção é responsável apenas pelas reformas a qual o prédio Rosadão
foi submetido ao longo desses anos, reformas essas que foi alterando a planta inicial e
consequentemente as cargas atuantes no prédio. Essas reformas que alteraram a planta
original do prédio pode ser uma das prováveis causas do surgimento das manifestações de
fissuras por sobrecarga.
No Rosadão foram encontradas diversas manifestações patológicas e sugere-se fazer
primeiramente uma reparação em todo o prédio, que consiste no conserto, restauração ou
reforma realizada antes que a edificação atinja o nível de qualidade mínimo aceitável. Após a
reparação da edificação, onde a mesma estará desempenhando novamente a função desejada,
propõe-se um programa de manutenção preventiva, para que sejam mantidos os níveis
mínimos de qualidade e o bom desempenho da edificação.
No entanto, para traçar um programa de manutenção faz-se necessário uma
metodologia de elaboração e operação, que será embasada no modelo utilizado por Moreira
(2007), este modelo justifica as vantagens que poderão ser observadas no desempenho da
estrutura.
A proposta de manutenção esta representada na Figura 23, onde o trecho (a) ilustra o
desempenho atual da edificação, no qual o nível de deterioração observado é considerado
crítico, como por exemplo, a corrosão da armadura do pilar (FIGURA 16, item 4.3) que é
considerada crítica por que está totalmente exposta e apresenta perda da seção resistente. Com
isso, o edifício necessita de uma recuperação dos elementos afetados aplicando uma
manutenção corretiva, pois já ultrapassou o limite mínimo de manutenção preventiva. Com a
manutenção corretiva, o edifício recupera um nível de desempenho satisfatório, como pode
ser visto no trecho (b), e para manter o nível de desempenho dentro do aceitável faz-se
necessário um programa de manutenção preventiva no prédio Rosadão.
57
Figura 23: Modelo de desempenho.
Fonte: Moreira, 2007.
Para a manutenção preventiva é necessário inspeções rotineiras que fornece
informações em intervalos de tempo regulares. Para tanto, com base em Oliveira (2013),
propõe-se que a UFERSA disponha de uma equipe técnica destinada a inspeção e diagnóstico
das manifestações patológicas, na qual deve ser composta por 01 engenheiro, 01 arquiteto e
01 técnico em edificações os quais serão responsáveis pelo programa de manutenção,
desenvolvendo o planejamento das atividades de inspeções rotineiras, adotando a metodologia
mais adequada para avaliação dos problemas. Na inspeção rotineira os principais dados
obtidos serão resultados de vistorias que identifiquem a necessidade de reparos.
Em casos que a inspeção rotineira não identificar o problema, será necessária então
uma inspeção extensiva que consiste em uma inspeção mais aprofundada, com o auxilio de
instrumentos precisos para medições detalhadas, além de testes não destrutivos e técnicas
parcialmente destrutivas.
Uma forma econômica de se aplicar a inspeção extensiva, que pode-se adotar para o
prédio Rosadão, é a proposta indicada por Oliveira (2013) que consiste no treinamento de
alunos de graduação do curso de Engenharia Civil por parte de engenheiros qualificados e
com experiência em investigação, manutenção e reparo de estruturas.
58
5. CONCLUSÕES
Este trabalho teve como objetivo principal estudar as manifestações patológicas
presente no prédio Rosadão da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, com a
finalidade de identificar as possíveis causas das manifestações e propor um programa de
manutenção para restituir o desempenho e funcionalidade para a qual a edificação foi
projetada, proporcionando maior durabilidade ao edifício. Dentro das condições de estudo e
diante das observações feitas no decorrer do trabalho, conclui-se que:
A fissura é a manifestação patológica mais frequente, dentre as manifestações
observadas, representando 69% das incidências. As fissuras inclinadas próximas a janelas e
portas foram as que tiveram maior incidência, onde a provável causa é a ausência de vergas e
contra vergas.
Nos pilares, o processo de corrosão da armadura está bastante avançado, a presença de
umidade proveniente das calhas junto ao pilar é a possível causa, além deste fator é possível
observar também que para o padrão atual da norma o cobrimento não está adequado.
Com relação ao mofo encontrado nas fachadas, pode se concluir que, apesar de se
manifestarem em um ambiente externo (fachadas), é causado pela umidade das paredes e pela
pouca luminosidade incidente devido as sombras das árvores.
O desplacamento do revestimento cerâmico pode ter ocorrido pela falta de aderência
entre o substrato e a base, falta de limpeza do substrato antes da aplicação do revestimento
cerâmico, ou ainda pela variação de temperatura que provoca a movimentação das placas e
consequentemente o desplacamento.
Através da revisão literatura realizada foi possível verificar a importância da
manutenção, dessa forma propôs-se dois tipos de manutenção primeiramente a corretiva que
restabelecerá o nível de desempenho aceitável e posteriormente a preventiva que manterá este
nível de desempenho.
59
De modo geral, o grande fator que contribui para o aumento das manifestações
patológicas é a falta de um programa de manutenção, causa enfocada também nos trabalhos
pesquisados onde os autores Dardengo (2010), Müller (2010) e Miotto (2012) concluem que a
origem de algumas das manifestações além de serem decorrentes de falhas de projetos, ou
falha na execução, podem ser agravadas por negligência, por parte do usuário quanto a
realização de procedimentos de manutenção preventiva.
60
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