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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA GRADUAÇÃO EM QUÍMICA INDUSTRIAL GEOVANNA DE OLIVEIRA COSTA DETERMINAÇÃO DE IODO EM SAIS COMERCIAIS POR ANÁLISE DE IMAGENS DIGITAIS NITERÓI 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE QUÍMICA

GRADUAÇÃO EM QUÍMICA INDUSTRIAL

GEOVANNA DE OLIVEIRA COSTA

DETERMINAÇÃO DE IODO EM SAIS COMERCIAIS POR ANÁLISE DE IMAGENS

DIGITAIS

NITERÓI

2016

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GEOVANNA DE OLIVEIRA COSTA

DETERMINAÇÃO DE IODO EM SAIS COMERCIAIS POR ANÁLISE DE IMAGENS

DIGITAIS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Universidade Federal

Fluminense como requisito parcial para a

obtenção do grau Bacharel em Química

Industrial.

Orientador: Prof. Dr. Wagner Felippe Pacheco

Co-orientador: Fernanda Neves Feiteira

Niterói

2016

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C837 Costa, Geovanna de Oliveira Determinação de iodo em sais comerciais por análise de imagens digitais / Geovanna de Oliveira Costa. – Niterói: [s.n.], 2016. 50f.

Trabalho de Conclusão de Curso - (Bacharelado em Quí- mica) – Universidade Federal Fluminense, 2016.

1. Iodo. 2. Química inorgânica. 3. Sais. 4. Poliuretano. 5. Imagem. 6. Digital. I. Título.

CDD. 546.734

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço aos meus pais, Rosemary de Oliveira e Antônio da

Silveira Costa, e ao meu padrasto Paulo Souza, por terem me educado e

incentivado a seguir meus sonhos sempre com os pés no chão, me apoiando em

todas as decisões ao longo da minha vida escolar e durante a graduação. Obrigada

por colocarem um freio quando em situações de auto cobrança e me mostrarem que

pra tudo há um tempo.

Agradeço ao meu irmão Davson de Oliveira por sempre se preocupar comigo

e com meu bem estar, mesmo tão longe, e por entender minha ausência.

Agradeço aos meus amigos Thiago Reitor e Victor Cavalcante por estarem

comigo desde o início dessa jornada, contribuindo para o meu conhecimento e

também suportando meu temperamento ríspido. Levarei vocês comigo pra sempre.

Agradeço ao meu grande amigo Pedro Perroni por toda ajuda nas disciplinas

de cálculo e física, nas adversidades e também nas vitórias alcançadas durante a

graduação. Obrigada por sempre estar ao meu lado com toda a sua serenidade e

paciência.

Aos amigos feitos no Lab 200, alunos e professores, o conhecimento e

experiência adquiridos durante o tempo que estive no laboratório foi crucial para o

meu crescimento como pesquisadora, sempre serei grata a oportunidade que vocês

me deram.

Aos Professores Wagner Pacheco e Fernanda Feiteira, pela orientação,

presença e paciência ao longo da realização desse trabalho. Sou grata pela

participação de vocês com minha formação profissional e por todos os conselhos

dados para dar continuidade com a carreira acadêmica ou profissional.

Por fim, e não menos importante, agradeço a Deus por ser meu porto seguro

em meio aos problemas, a saudade da minha família, me dando calma a cada passo

dado. Mostrando-me que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela

manhã.

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“Happiness, only real when shared.” Christopher McCandless

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ..................................................................... 15

2. SISTEMAS SORTIVOS EM ESPUMA DE POLIURETANO ............................... 18

3. USO DE ANÁLISE DE IMAGENS DIGITAIS EM QUÍMICA ANALÍTICA ............ 19

4. OBJETIVOS ....................................................................................................... 26

4.1. Objetivo geral ............................................................................................... 26

4.2. Objetivos específicos .................................................................................... 26

5. METODOLOGIA ................................................................................................ 27

5.1. Reagentes e preparo das soluções de trabalho ........................................... 27

5.1.1. Método proposto .................................................................................. 27

5.1.2. Método iodométrico .............................................................................. 28

5.2. Aparatos e instrumento utilizados ................................................................. 28

5.3. Procedimentos experimentais ...................................................................... 29

5.3.1. Método proposto .................................................................................. 29

5.3.2. Método usual ........................................................................................ 30

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 31

6.1. Testes iniciais ............................................................................................. 33

6.1.1. Curva analítica inicial ........................................................................... 33

6.1.2. Tratamento prévio da EPU ................................................................... 35

6.2. Otimização da metodologia .......................................................................... 36

6.2.1. Influência do tempo de agitação e massa de EPU sobre o sinal analítico .......................................................................................................... 36

6.2.2. Influência da concentração de HCl sobre o sinal analítico ................... 38

6.2.3. Influência da concentração de H2O2 sobre o sinal analítico ................. 39

6.2.4. Influência da força iônica do meio sobre o sinal analítico .................... 40

6.2.5. Influência da variação da área em pixels da imagem digital analisada sobre o sinal analítico ..................................................................................... 42

6.2.6. Condições experimentais otimizadas ................................................... 44

6.3. Avaliação da precisão das medidas ............................................................. 44

6.4. Curva analítica sob condições ótimas .......................................................... 45

6.5. Avaliação de possível interferência de matriz ............................................... 46

6.6. Ensaios de recuperação ............................................................................... 48

6.7. Parâmetros de mérito do método ................................................................. 49

6.8. Quantificações empregando-se os métodos proposto e usual ..................... 51

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7. CONCLUSÃO .................................................................................................... 52

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 53

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Esquema de realização dos experimentos referentes ao método proposto

.................................................................................................................................. 30

Figura 2. Esquema de realização dos experimentos referentes ao método usual .... 31

Figura 3. Espectro de infravermelho da EPU empregada ......................................... 31

Figura 4. Imagem digital gerada para a curva analítica preliminar (50 mg EPU, HCl

0,2 mol L-1 e H2O2 0,60 %, 30 minutos de agitação a 100 rpm) ................................ 33

Figura 5. Histograma gerado pelo software ImageJ .................................................. 34

Figura 6 Valores para os canais RGB (unidades arbitrárias) .................................... 34

Figura 7. Curva analítica preliminar (HCl 0,2 mol L-1 e H2O2 0,60 %, 30 minutos de

agitação a 100 rpm, 50 mg EPU) .............................................................................. 35

Figura 8. Efeito do tempo de agitação e massa de EPU sobre o sinal analítico (2,50 x

10-4 mol L-1 I3-, HCl 0,2 mol L-1 e H2O2 0,60 %, 100 rpm) .......................................... 37

Figura 9. Efeito da dessorção de iodo por sublimação (2,50 x 10-4 mol L-1 I3-, HCl 0,2

mol L-1, H2O2 0,60 %, 25 mg EPU, 100 rpm) ............................................................. 38

Figura 10. Efeito da concentração de HCl sobre o sinal analítico. (25 mg de EPU, 15

minutos de agitação a 100 rpm, 2,50 x 10-4 mol L-1 I3-, H2O2 0,60 %) ....................... 39

Figura 11. Efeito da concentração de H2O2 sobre o sinal analítico.(25 mg de EPU, 15

minutos de agitação a 100 rpm, 2,50 x 10-4 mol L-1 I3-, HCl 0,200 mol L-1) ................ 40

Figura 12. Influência da força iônica do meio reacional sobre o sinal analítico (2,50 x

10-4 mol L-1 I3-, HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60 % (m v-1), 15 minutos de agitação a 100

rpm, 25 mg EPU) ....................................................................................................... 41

Figura 13. Comparação de curvas analíticas geradas com e sem ajuste da força

iônica do meio reacional (5,00 mol L-1 NaCl, HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60% (m v-1),

15 minutos de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU) ....................................................... 42

Figura 14 . Área da EPU selecionada no tratamento de dados pelo software ImageJ.

.................................................................................................................................. 43

Figura 15. Repetitividade do sinal numa mesma espuma e reprodutibilidade do sinal

em espumas com mesma concentração de analito adsorvido (2,50 x 10-4 mol L-1,

HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm, 25 mg

EPU). ......................................................................................................................... 45

Figura 16. Curva analítica típica (HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos

de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU) ......................................................................... 46

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Figura 17. Comparação entre curva analítica típica, curva de ajuste de matriz (NaCl

1,00 mol L-1) e curva de adição de padrão (HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,600% (m v-1),

15 minutos de agitação a 100 rpm, 25mg EPU). ....................................................... 47

Figura 18. Comparação entre curvas de ajuste de matriz empregando-se 10 e 25 mg

de EPU (NaCl 1,00 mol L-1, HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos de

agitação a 100 rpm). ................................................................................................. 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Necessidade diária de iodo. (INÁCIO et al., 2007) .................................... 16

Tabela 2. Reprodutibilidade dos resultados em função das etapas de tratamento

prévio da EPU (2,5 x 10-4 mol L-1, 30 minutos de agitação a 100 rpm, 50,0 mg EPU)

.................................................................................................................................. 36

Tabela 3. Variação do sinal analítico devido à alteração da área em pixels

selecionada da imagem digital da EPU (2,50 x 10-4 mol L-1 I3-, HCl 0,200 mol L-1,

H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU) ...................... 43

Tabela 4. Condições otimizadas. .............................................................................. 44

Tabela 5. Comparação entre as curvas analítica, com ajuste de matriz (NaCl 1,00

mol L-1) e de adição de padrão. (HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos

de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU) ......................................................................... 47

Tabela 6. Ensaios de recuperação com amostras de sal comercial (HCl 0,200 mol L-

1, H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU) ................... 48

Tabela 7. Parâmetros de mérito do método proposto ............................................... 49

Tabela 8. Parâmetros da curva de ajuste de matriz utilizada na quantificação de

amostras de sal comercial. ........................................................................................ 50

Tabela 10. Quantificações realizadas pelos métodos desenvolvido e usual (Método

desenvolvido: H2O2 30%, HCl 6,00 mol L-1 15 minutos de agitação a 100 rpm, 10 mg

EPU,. Método usual: S2O3 2,50 x 10-3 mol L-1, H2SO4 1,00 mol L-1). ......................... 51

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LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1: Estrutura básica da EPU tipo poliéter. (BALDEZ, ROBAINA, &

CASSELLA, 2008) ..................................................................................................... 18

Esquema 2. Reação de formação do iodo a partir de iodeto (SKOOG, 2006). ......... 32

Esquema 3. Reação de formação do complexo tri-iodeto. (SKOOG, 2006) ............. 32

Esquema 4. Formação de tri-iodeto a partir de iodato. (SKOOG, 2006) ................... 32

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LISTA DE ABREVIATURAS

OMS – Organização Mundial de Saúde

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ABERSAL – Associação Brasileira de Extratores e Refinadores de Sal

T4 – triiodotironina

T3 – tirozina

EPU – Espuma de Poliuretano

EUA – Estados Unidos da América

RGB – Vermelho, verde, azul (red, green, blue)

LD – Limite de detecção

LQ – Limite de quantificação

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RESUMO

O cloreto de sódio, utilizado de maneira universal no preparo de alimentos desde as primeiras sociedades humanas, é também veículo para o consumo de iodo graças a sua ingestão regular e em pequenas quantidades. A importância do elemento iodo para a saúde humana está relacionada à síntese dos hormônios produzidos pela tireoide, que, por sua vez, atuam no crescimento físico e neurológico e auxiliam no funcionamento de órgãos como coração, fígado, rins e ovários. Deve-se ressaltar, contudo, que a ingestão de iodo em excesso pode também ser maléfica, gerando tireoidite autoimune (síndrome de Hashimoto). Por essa razão a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece que a quantidade de iodo elementar presente em sais de cozinha deve se encontrar entre 15 e 45 mg por quilograma de sal, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece que esse intervalo seja entre 20 e 40 mg por quilograma.

O presente trabalho propõe uma metodologia alternativa para a quantificação de iodo em sais comerciais, com a utilização de espuma de poliuretano (EPU) como adsorvente e emprego da técnica de análise de imagens digitais. Para tanto, é realizada redução do iodato presente nas amostras a iodo, com o auxílio de H2O2 e HCl. Posteriormente o complexo tri-iodeto é formado e retido na EPU. A coloração marrom-alaranjada que a EPU então adquire possibilita que imagens digitalmente geradas sejam submetidas a tratamento pelo software ImageJ, capaz de decompor a cor em componentes vermelho, verde e azul. Considerando-se a componente complementar à coloração visualizada na EPU é possível gerar um sinal de absorvância e relacioná-lo à concentração de analito retido. Os resultados obtidos indicam que o método apresenta precisão e exatidão satisfatórias, bem como sensibilidade suficiente para verificar o cumprimento da legislação brasileira e da orientação oferecida pela OMS em relação ao teor de iodo em sais comerciais. Testes estatísticos comprovam que não há diferença entre o método proposto e o método clássico iodométrico para a análise em questão. Palavras-chave: iodo, sais comerciais, análise de imagens digitais, espuma de poliuretano

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ABSTRACT

Sodium chloride, used universally in food preparation since the first human societies, is also a vehicle for the consumption of iodine through its regular eating and in small quantities. The importance of the element iodine to human health is related to the synthesis of hormones produced by the thyroid, which acts in physical and neurologic growth and assists the functioning of organs such as heart, liver, kidneys, and ovaries. However, it should be noticed that the excess of iodine can also be damaging, as it generates autoimmune thyroiditis (Hashimoto's syndrome). For this reason the Brazilian Agency Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) requests that the amount of elemental iodine present on cooking salt should lies in the range between 15 and 45 mg per kilogram of salt, while the World Health Organization (WHO) states that it can be around 20 and 40 mg per kilogram. This work proposes an alternative approach for the quantification of iodine in commercial salts, with the use of polyurethane foam (PUF) as adsorbent and the application of the technique of digital image analysis. For this purpose, reduction of iodate to iodine is performed using samples of salts with the aid of H2O2 and HCl. Later the complex tri-iodide is formed and retained on the PUF. The brown-orange color PUF acquires allows images digitally generated to be subjected to dada treatment by the software ImageJ, capable of decomposing the color components red, green and blue. Considering the complementary component to the color displayed on the PUF, an absorbance signal can be generated and related to the concentration of analyte retained. The results indicate that the method has satisfactory precision and accuracy as well as sufficient sensitivity to verify the fulfillment of Brazilian's legislation and the guidance provided by WHO in terms of the content of iodine in commercial salts. Statistical tests show that there is no difference between the proposed method and the classical iodometric method for the proposed analysis.

Keywords: iodine, commercial salts, digital image analysis, polyurethane foam.

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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O iodo é um elemento essencial aos mamíferos e à vida vegetal. Ocorre na

natureza bem distribuído, entretanto em concentrações muito baixas na forma de

iodeto e iodato. Ele é usado na tireoide para sintetizar os hormônios triiodotironina

(T4) e tirozina (T3), responsáveis pelo crescimento físico e neurológico e pela

manutenção do fluxo normal de energia, de forma a manter o funcionamento vital do

corpo para a execução de atividades diárias, sendo indispensável para o bom

funcionamento de vários órgãos. Sua importância é tamanha que a deficiência do

mesmo nos mamíferos conduz ao bócio, uma condição na qual a glândula tireoide

aumenta de tamanho (KNOBEL & MEDEIROS-NETO, 2004), (ADAMS, 1997).

Embora seja visível à distância, o bócio é um aspecto de menor consequência

médica para o indivíduo. Mais preocupante para a sociedade humana é o retardo

mental, que atinge tanto feto como recém-nascido, prolongando-se pela fase

escolar, adolescência e idade adulta, e levando as crianças a terem baixo

rendimento escolar, dificuldade de adaptação social, incapacidade relativa de

trabalho na vida adulta e sérios problemas cognitivos (KNOBEL & MEDEIROS-

NETO, 2004).

Adicionalmente, o elemento iodo apresenta propriedades antissépticas, o que

viabiliza a aplicação de seus compostos para o tratamento de feridas ou de

esterilização de água potável. Os seus principais usos industriais estão na área de

fotografia, tintas, e corantes para processamento de alimentos (MORRIS, 1968).

O cloreto de sódio, conhecido popularmente como sal de cozinha, é utilizado

de maneira universal no preparo de alimentos e tem fundamental importância para a

saúde humana devido a sua característica de ser ingerido regulamente em

pequenas quantidades, o que o torna veículo ideal para o consumo de iodo, como

mostrado na Tabela 1 (INÁCIO, et al., 2007).

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Tabela 1. Necessidade diária de iodo (INÁCIO, et al., 2007)

População Iodo (μg/dia)

Recém-nascidos, crianças pré-escolares

90

Crianças 120

Adolescentes 150

Adultos 150-200

Gravidez ou lactação 200-300

No Brasil, a exigência da adição de pequenas quantidades de iodo no sal

para consumo humano surgiu na década de 50, como parte de um programa de

fortificação de alimentos destinado à prevenção de doenças. Atualmente, é uma das

estratégias da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, do Ministério da Saúde,

que tem por objetivo prevenir e controlar distúrbios nutricionais. De acordo com a

Associação Brasileira de Extratores e Refinadores de Sal - ABERSAL, cerca de 1,4

milhões de brasileiros apresentam sintomas decorrentes da deficiência de iodo no

organismo (INMETRO: Informação ao consumidor, 2004).

Em um primeiro momento, a quantidade de iodo no sal determinada pela

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da resolução RDC n°

130 de 26 de Maio de 2003, e também pela OMS em 1996, era entre 20 e 60

miligramas de iodo por quilo de sal. No entanto, com o passar dos anos, um hábito

tem sido mais comum não só no Brasil, como em todo o ocidente: a utilização cada

vez maior de sal nos alimentos (INÁCIO, et al., 2007), (Organization, ICCIDD, &

UNICEF, 1996).

O próprio sódio presente no sal , quando em grandes quantidades, já traz

problemas consideráveis à saúde, em especial o aumento da pressão arterial. Deve-

se somar a essa preocupação o aumento da ingestão de iodo, já que a ingestão

deste elemento em doses elevadas também acarreta malefícios, como doenças

autoimunes da tireoide. Por conta disso, no ano de 2013 a ANVISA determinou que

a concentração de iodo em sais comerciais estivesse entre 15 e 45 mg por quilo de

sal (K. & MEDEIROS-NETO, 2004), (MELLO & BARBOSA, 2015).

No Brasil, a fortificação do sal é realizada com iodato de potássio, da mesma

forma que na Alemanha, China e Índia. Já países como Estados Unidos, Canadá,

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Equador e Panamá adotam a fortificação com iodeto de potássio (MELLO &

BARBOSA, 2015).

Sabe-se que a fiscalização não é um parâmetro atual e contínuo, o que traz

ao consumidor uma dúvida quanto ao que realmente está sendo consumido. A falta

de informação quanto à concentração de iodo presente em sais comerciais, assim

como a função do elemento no organismo humano impulsiona pesquisas para maior

difusão de informações (MELLO & BARBOSA, 2015).

O presente trabalho propõe uma metodologia alternativa para realizar a

quantificação de iodo em sais comerciais. Imagens digitais das espumas contendo

os analitos são geradas com o auxílio de um scanner e um software gratuito que é

capaz de decompor a cor da imagem gerada em componentes vermelho, verde e

azul. Utilizando-se a cor complementar à visualizada na EPU é possível gerar um

sinal de absorvância e relacioná-lo à concentração de analito retido, possibilitando

sua quantificação. Desta maneira, esta metodologia apresenta um gasto menor de

reagente comparada a metodologia usual e maior precisão visto que não relaciona o

erro de visualização de ponto de viragem como na titulação iodométrica, entretanto é

uma prática que requer maior tempo de execução.

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2. SISTEMAS SORTIVOS EM ESPUMA DE POLIURETANO

Composto patenteado em 1937 pela Bayer AG de Leverkusen (Alemanha), o

poliuretano , é considerado um dos principais polímeros das últimas décadas, devido

a sua imensa versatilidade em se obter materiais com propriedades físicas e

químicas diferentes (Jornal dos Plásticos, 1998). Por tal razão, as Espumas de

Poliuretano (EPU) ocupam uma posição importante no mercado mundial de

polímeros sintéticos, cuja estrutura é mostrada no Esquema 1 (CANGEMI, SANTOS,

& NETO, 2009).

Esquema 1. Estrutura básica da EPU tipo poliéter. (BALDEZ, ROBAINA, &

CASSELLA, 2008)

De acordo com Bowen, as EPUs são capazes de reter moléculas de alta

polarizabilidade como os compostos aromáticos, os ditizonatos metálicos ou o iodo

e, ainda, ânions com baixa densidade eletrônica, também polarizáveis. Algumas

bibliografias ressaltam que as espumas de poliuretano podem atuar como extratores

sólidos poliméricos, em um processo similar a uma extração líquido-líquido, se

mostrando como um substituto mais barato que alguns solventes orgânicos de

extração (como éter etílico, diclorometano), sendo um adsorvente eficaz para um

grande número de espécies inorgânicas. Pode-se encontrar ainda descrições do uso

de EPU como fase sólida para a extração de diferentes substâncias orgânicas em

meio aquoso (MORI & CASSELA, 2009), (BOWEN, 1970), (SAEED, AHMED, &

GHAFFAR, 2006).

Publicações feitas por Braun e Palagy, e Bowen em 1970, comentam sobre o

uso de PUF em procedimentos de separação e pré-concentração aplicada a vários

sistemas de interesse analítico. O PUF pode ser utilizado sem pré-tratamento e

também depois da imobilização por reagentes ou plastificantes (BOWEN, 1970)

(SANTIAGO, et al., 1999).

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3. USO DE ANÁLISE DE IMAGENS DIGITAIS EM QUÍMICA ANALÍTICA

O tratamento de imagens digitais para quantificação de espécies químicas

ainda se trata de um assunto novo, tendo se desenvolvido com maior velocidade nos

últimos 20 anos. Apesar disso, a técnica se apresenta bastante promissora, por ser

de fácil implementação e baixo custo, e por fornecer resultados equivalentes aos

obtidos com metodologias já bem estabelecidas. Tais estudos tem despertado o

interesse da comunidade científica brasileira. (GOMES, TREVIZAN, NÓBREGA, &

KAMOGAWA, 2008), (GAIÃO, et al., 2006), (LYRA, et al., 2009), (TÔRRES, et al.,

2011), (SILVA, ROCHA-LEÃO, & COELHO, 2010), (FEITEIRA, REIS, PACHECO, &

CASSELLA, 2015).

A técnica se apoia no tratamento das informações referentes à cor de

imagens digitais geradas a partir de substâncias capazes de absorver radiação na

região do visível. As imagens digitais apresentam a coloração da radiação

emergente, a qual é complementar à radiação absorvida pelas espécies. O estudo

destas imagens é então baseado no fenômeno de absorção molecular, sendo assim,

análogo à espectrofotometria na região do visível (LYRA et al., 2009).

As imagens podem ser geradas com o auxílio de diferentes equipamentos,

como câmeras digitais, webcams, scanners e diversos outros. O processamento dos

dados é feito por um software capaz de gerar valor numérico para definir a

intensidade de coloração de uma área selecionada na imagem (GOMES,

TREVIZAN, NÓBREGA, & KAMOGAWA, 2008), (ZAMORA, et al., 2011).

O software avalia a respectiva área em termos de número de pixels, que

representam as menores unidades capazes de fornecer informações acerca da cor

de uma imagem. Cada pixel atua como um sensor que é capaz de capturar a

intensidade de coloração em três componentes: vermelho, verde e azul. O sistema

RGB (red, green, blue) da imagem é definido por esses componentes, também

conhecido como padrão Bayer (GOMES, TREVIZAN, NÓBREGA, & KAMOGAWA,

2008). A varredura dos pixels de uma área selecionada da imagem é feita por

software computacional que fornece a média dos valores de intensidade de cada

componente de cor (vermelho, verde e azul) para esta região, provendo ao usuário

valores entre 0 e 255 para cada um. (GAIÃO, et al., 2006)

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20

O sinal analítico pode ser tomado como o valor obtido para um destes

componentes (vermelho, verde ou azul), como uma combinação matemática destes

valores, ou como absorvância em um dos canais.

Dois importantes fatores devem ser avaliados para a aplicação da técnica de

análise de imagens digitais: o modelo matemático mais adequado para o tratamento

dos dados e o instrumento de detecção. (FEITEIRA, REIS, PACHECO, &

CASSELLA, 2015)

Valores relativos aos canais vermelho, verde e azul, (individualmente ou

combinados), norma do vetor gerado no espaço tridimensional RGB, ou ainda

absorvância calculada como o logaritmo da razão entre o valor obtido em um dos

canais na ausência do analito e na presença do mesmo, são tratamentos

matemáticos possíveis para a obtenção do sinal analítico. (FEITEIRA, REIS,

PACHECO, & CASSELLA, 2015)

O instrumento de detecção a ser escolhido (câmera digital, webcam,

smartphone ou scanner) também deve ser o mais adequado às características da

metodologia analítica. Porém, um ponto marcante é o fato de que o uso de scanner

exclui a necessidade de otimizar e manter constantes uma série de parâmetros que

a câmera digital, smartphone ou webcam requerem, como posição e angulação dos

componentes do sistema, resolução, distância focal, abertura das lentes e

iluminação externa. Caso essa configuração, que já é mantida fixa no scanner,

forneça sensibilidade adequada aos experimentos, evitam-se diversos transtornos.

(FEITEIRA, REIS, PACHECO, & CASSELLA, 2015)

Foi publicado por Byrne e colaboradores (BYRNE, BARKER, PENNARUN-

THOMAS, & DIAMOND, 2000) um dos primeiros trabalhos empregando imagens

digitais para quantificações analíticas. Imagens do produto da reação imuno-

enzimática entre um antígeno (ovalbumina) e um anticorpo (anti-ovalbumina),

juntamente com um substrato, foram registradas com o auxílio de uma câmera

digital. As imagens foram processadas por um software desenvolvido pelos

pesquisadores com os sistemas LabVIEW e IMAQ Vision. A programação

computacional foi capaz de fornecer valores numéricos para os canais vermelho,

verde e azul de cada pixel da imagem selecionada e o sinal analítico foi baseado na

média desses três componentes. (FEITEIRA, REIS, PACHECO, & CASSELLA,

2015)

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21

O recente e veloz desenvolvimento das tecnologias relacionadas à fotografia

digital, tanto em termos de hardware quanto de software foi ressaltado pelos

autores, enfatizando que uma câmera digital pode perfeitamente atuar como

detector analítico. Assim, a combinação entre fotografia digital e métodos

colorimétricos oferece uma rota alternativa para medições qualitativas e

quantitativas. Ou seja, há uma grande aplicabilidade no meio de quantificação ou

identificação de analitos explorando diversas reações que envolvam mudança de

coloração através do tratamento de imagens digitais apresenta. (FEITEIRA, REIS,

PACHECO, & CASSELLA, 2015)

Maleki e colaboradores (MALEKI, SAFAVI, & SEDAGHATPOUR, 2004)

empregaram uma câmera digital como meio de detecção para a determinação

simultânea de Al3+ e Fe3+ em ligas metálicas usando cromo azurol S (CAS) como

agente cromóforo. Os valores para os canais vermelho, verde e azul (RGB)

associados às imagens digitais dos complexos Al3+-CAS e Fe3+-CAS foram

empregados na construção de um sistema neural, isto é, um algoritmo capaz de

inferir uma lógica de resolução para um sistema a partir dos próprios dados e

resultados, sem ter sido fornecido nenhum modelo matemático prévio. O sinal

analítico gerado pelo sistema neural foi dado, neste trabalho, como o produto

, em que R, G, B são os valores obtidos para os componentes vermelho,

verde e azul, respectivamente. Contudo, tal modelagem requer treinamento e

conhecimento do complexo sistema, o que dificulta a divulgação do método (GAIÃO,

et al., 2006). (FEITEIRA, REIS, PACHECO, & CASSELLA, 2015)

Um método de espectrometria de emissão atômica em chama baseada em

imagens digitais, geradas com o auxílio de uma webcam foi apresentado por Lyra e

colaboradores (LYRA, et al., 2009). Neste caso, um vetor foi gerado no espaço

tridimensional RGB (valores adquiridos por meio de software escrito pelos autores

no sistema Kylix). A raiz quadrada da soma dos quadrados dos componentes R, G e

B, ou seja, a norma deste vetor, foi então adotada como resposta analítica, a qual

apresentou resultados linearmente proporcionais à concentração de lítio, sódio e

cálcio em soluções aquosas. Com o objetivo de evitar interferências provenientes da

iluminação externa, a webcam foi acoplada a um tubo de papelão preto, cuja outra

extremidade foi acoplada à janela do fotômetro de chama. (FEITEIRA, REIS,

PACHECO, & CASSELLA, 2015)

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Não foram observadas diferenças estatísticas nos resultados em comparação

com a espectrometria de emissão atômica tradicional, para análise dos mesmos

analitos. O método baseado na análise de imagens digitais apresentou ainda maior

sensibilidade e precisão, assim como melhores limites de detecção e quantificação,

o que foi atribuído pelos autores ao caráter multivariado do sinal. (FEITEIRA, REIS,

PACHECO, & CASSELLA, 2015)

Por fim, Lyra e colaboradores (2009) concluíram que as imagens digitais

estão associadas ao fenômeno de absorção molecular, que provém embasamento

para a espectroscopia no UV-Visível, pois apresentam a coloração da radiação

emergente, que é complementar à radiação absorvida. Entretanto, foi considerada a

norma do vetor gerado no espaço RGB para a geração do sinal analítico, e não o

conceito de absorvância. (FEITEIRA, REIS, PACHECO, & CASSELLA, 2015)

Um trabalho feito por Steiner e colaboradores (2010) foi apresentado a partir

da utilização de sensores para aminas biogênicas a partir de pequenos círculos de

papel-filtro contendo uma molécula sonda e fluoresceína como corante de

referência. As aminas biogênicas são geradas durante o processo de

armazenamento ou processamento de alimentos com elevado teor de proteínas,

devido à descarboxilação térmica ou bactério-enzimática. (FEITEIRA, REIS,

PACHECO, & CASSELLA, 2015)

A sonda amino-reativa apresentava coloração azul quando isolada, porém

alterava sua cor para vermelho quando em contato com os analitos. Os sensores

assim gerados foram embebidos em soluções de padrão e amostras e submetidos à

fotografia com o auxílio de uma câmera digital, com resolução, distância focal e

iluminação ajustadas. (FEITEIRA, REIS, PACHECO, & CASSELLA, 2015)

Os dados dos canais RGB foram obtidos pelo software ImageJ. Os resultados

provenientes do componente vermelho referiram-se à intensidade de emissão do

conjugado amina-sonda, enquanto os dados do componente verde à emissão do

corante de referência (fluoresceína). Assim, a resposta analítica foi dada pela divisão

do valor obtido para o canal vermelho pelo valor correspondente ao canal verde.

Deve-se ressaltar que os autores adotaram o conceito de radiação emergente para o

sinal analítico, e não absorvida, como é o caso de muitos outros trabalhos relatados.

(FEITEIRA, REIS, PACHECO, & CASSELLA, 2015)

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Os sensores propostos por Steiner e colaboradores (2010) podem ser

visualmente avaliados de modo semiquantitativo por comparação com uma escala

de cores para calibração. Por meio do tratamento de imagens digitais podem ser

realizadas análises quantitativas sensíveis e precisas. O método proposto por tais

autores mostrou-se bastante seletivo a aminas biogênicas, sofrendo influência de

poucos interferentes (amônia, aminas secundárias e terciárias apenas). Entretanto, a

metodologia não foi validada por meio de comparação com outras já consolidadas.

(FEITEIRA, REIS, PACHECO, & CASSELLA, 2015)

Também com o auxílio do software ImageJ, Zamora e colaboradores

(ZAMORA, et al., 2011) propuseram a determinação de níquel em meteoritos

metálicos a partir da formação do quelato colorido níquel-dimetilglioxima. Soluções

contendo o complexo, que apresenta coloração laranja-avermelhada, foram

inseridas em placas de toque e posteriormente imagens foram adquiridas com uma

câmera digital. Parâmetros operacionais como iluminação, abertura das lentes,

distância focal e posição dos componentes do sistema foram otimizados.

O valor fornecido pelo software para o canal verde foi utilizado como sinal

analítico, visto que esta é a cor complementar àquela exibida pela solução. Assim

como no caso de Lyra e colaboradores (LYRA, et al., 2009), os autores consideram

radiação transmitida e absorvida, porém não aplicam o conceito de absorvância

como resposta analítica. (FEITEIRA, REIS, PACHECO, & CASSELLA, 2015)

Os resultados obtidos pelo método proposto foram confrontados com o

método espectrofotométrico padrão para níquel em ligas metálicas, oferecendo

resultados estatisticamente semelhantes. Foi enfatizado que a alternativa baseada

em imagens digitais apresentou grandes vantagens, dentre elas a velocidade

analítica, pois em uma única imagem é possível avaliar padrões e várias amostras, o

fato de que qualquer método colorimétrico clássico pode ser adaptado para esta

técnica, e a fácil implementação e baixo custo, o que representa uma opção

interessante no atual cenário que envolve o uso de equipamentos cada vez mais

dispendiosos. (FEITEIRA, REIS, PACHECO, & CASSELLA, 2015)

Lapresta-Fernández e Capitán-Vallvey (LAPRESTA-FERNÁNDEZ &

CAPITÁN-VALLVEY, 2011) empregaram uma fonte externa de luz e uma câmera

digital como sistema de detecção, que mediram precisa e simultaneamente as

mudanças de coloração que ocorrem na região sensível de membranas seletivas

para potássio, magnésio e dureza. Assim, a câmera digital apresentou-se capaz de

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ser aplicada como ferramenta analítica para análises quantitativas multielementares.

(FEITEIRA, REIS, PACHECO, & CASSELLA, 2015)

Essa aplicabilidade foi tomada pelos autores como favorável para análises

realizadas em campo, graças à portabilidade da câmera. Para garantir maior

robustez ao método, parâmetros referentes à aquisição das imagens foram

cuidadosamente otimizados, dentre eles: distância entre câmera, fonte de luz e

célula contendo as membranas seletivas, angulação entre os componentes, tempo

para estabilização da fonte, resolução da câmera, foco e abertura das lentes. A

reprodutibilidade do sinal frente à variação da área em pixels selecionada na

imagem também foi avaliada.

O software Adobe Photoshop foi empregado por Lapresta-Fernández e

Capitán-Vallvey (LAPRESTA-FERNÁNDEZ & CAPITÁN-VALLVEY, 2011),

fornecendo valores para os componentes vermelho, verde e azul. As membranas

seletivas à dureza e magnésio adquiriram coloração avermelhada, enquanto a

seletiva para potássio tornou-se azul. A quantificação de dureza total e magnésio foi

feita pelo valor obtido para o canal vermelho, e a quantificação de potássio pelo

canal verde, pois não foi encontrada relação entre o canal azul e a concentração de

potássio. Tais pesquisadores validaram os resultados obtidos comparando-os com o

procedimento de referência para potássio, magnésio e dureza total, via

espectrometria de absorção atômica. Nenhuma divergência estatística foi

observada. (FEITEIRA, REIS, PACHECO, & CASSELLA, 2015)

Para a quantificação de ácido ascórbico por reação com hexacianoferrato de

potássio em presença de Ferro3+, Gomes e colaboradores (2010) propuseram um

método por geração do complexo conhecido como azul da Prússia. Os autores

utilizaram um scanner para a aquisição das imagens, as quais foram convertidas

numericamente para o sistema RGB com o software Adobe Photoshop. (GOMES,

TREVIZAN, NÓBREGA, & KAMOGAWA, 2008)

As soluções contendo o complexo colorido foram inseridas em um recipiente

plástico contendo diversas cavidades, e o recipiente posicionado sobre o scanner

para serem geradas as imagens digitais. O sinal analítico foi obtido como valor de

absorvância das soluções. Gomes e colaboradores (2010) afirmam que as soluções

digitalizadas por scanner sofrem processo análogo ao ocorrido num

espectrofotômetro: um feixe de radiação incide no recipiente contendo a amostra,

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sofre atenuação devido a uma absorção parcial, e é direcionado para um detector.

(GOMES, TREVIZAN, NÓBREGA, & KAMOGAWA, 2008)

Feiteira e colaboradores (2015), realizou-se a quantificação de surfactantes

aniônicos totais em águas com formação de um par iônico entre estes e o corante

Azul de Metileno, o qual era retido em espuma de poliuretano. Foram geradas

imagens digitais das espumas com auxílio de um scanner, tratadas pelo software

ImageJ. A intensidade da coloração destas é diretamente proporcional à

concentração de par iônico retido e de surfactantes aniônicos totais. Tal método

apresenta em relação ao procedimento clássico para quantificação de surfactantes

aniônicos totais, pois não emprega solventes orgânicos tóxicos para extração,

sendo, portanto, muito menos danoso ao meio-ambiente, bem como apresenta

velocidade analítica significativamente maior.

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4. OBJETIVOS

4.1. Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é determinar a concentração de iodo em sais

comerciais por uma metodologia alternativa, baseada na oxidação de I- presente em

padrões de calibração a , com auxilio de e , e posterior formação do

complexo . No caso de amostras de sais comerciais, que contém o analito sob a

espécie , esta é reduzida a em seguida a

, também com e . O tri-

iodeto é retido em espuma de poliuretano, possibilitando a geração de imagens

digitais, que, por sua vez, são submetidas a um tratamento pelo software ImageJ,

capaz de decompor a coloração de áreas selecionadas nas imagens em

componentes vermelho, verde e azul.

Assim, é possível relacionar a intensidade de coloração da EPU com o total

de analito retido. Por fim, deseja-se avaliar se esta metodologia pode ser empregada

como alternativa em relação ao procedimento usual iodométrico para verificação da

norma estabelecida pelos órgãos ANVISA e OMS.

4.2. Objetivos específicos

Para ser alcançado o objetivo geral, objetivos específicos foram definidos: (1)

otimização das variáveis de trabalho (faixa linear de trabalho, massa de EPU,

concentrações de ácido e peróxido, tempo de agitação para que o equilíbrio seja

atingido e força iônica do meio reacional), a fim de garantir máxima sensibilidade às

análises; (2) estudo da precisão do método a partir da repetitividade do sinal

analítico (desvio padrão relativo dos sinais provenientes de uma mesma espuma

contendo uma dada concentração de iodo retido), de sua reprodutibilidade (desvio

padrão relativo dos sinais proveniente de diferentes espumas contendo a mesma

concentração de iodo retido) e da variação da área em pixels selecionada na EPU;

(3) definição da curva analítica típica dentro das condições de trabalho otimizadas;

(4) avaliação de possível interferência de matriz (comparação entre curva analítica e

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curva de adição de padrão); (5) estabelecimento dos parâmetros de mérito do

método (limites de detecção e quantificação, coeficiente de determinação, exatidão e

precisão); (6) comparação estatística dos resultados fornecidos pelo método

proposto com o método iodométrico.

5. METODOLOGIA

5.1. Reagentes e preparo das soluções de trabalho

5.1.1. Método Proposto

Todos os reagentes empregados ao longo dos experimentos foram de grau

analítico e usados sem maiores purificações. As soluções foram sempre preparadas

com água purificada ou deionizada obtidas pelo sistema Sartorius Arium® pro

(Gotinga, Alemanha).

Uma solução estoque de iodeto de potássio 0,100 mol L-1 foi preparada

solubilizando-se aproximadamente 0,750 g de iodeto de potássio (VETEC, Brasil)

em uma quantidade mínima de água, posteriormente transferido para um balão de

50,00 mL e cujo volume total foi completado com água deionizada.

Para a construção das curvas analíticas foram tomadas alíquotas da solução

estoque de iodeto de potássio, diluindo-as a concentração desejada em um volume

de 10,00 mL, obtendo-se concentrações finais de 5,00 x 10-5 a 7,25 x 10-4 mol L-1.

Uma solução estoque de ácido clorídrico 6,00 mol L-1 foi preparada por meio

de adição de 27,6 mL de uma solução 36,5% (v v-1, d = 1,19 g mL-1) (VETEC, Brasil)

em 10,0 mL de água, seguida da transferência para balão volumétrico de 50,00 mL

cujo volume foi completado com água deionizada, possibilitando a utilização de um

volume reduzido de 300 μL em cada alíquota, obtendo-se uma concentração final de

0,2 mol L-1 em um volume de 10,00 mL.

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Uma solução estoque de peróxido de hidrogênio 30% (MERCK, Brasil), foi

empregada utilizando-se um volume reduzido de 200 μL da solução em um balão

volumétrico de 10,00 mL obtendo-se uma concentração final de 0,60%..

Uma solução estoque de cloreto de sódio 5,00 mol L-1 foi preparada

solubilizando-se 14,6 g de NaCl (VETEC, Brasil) em de água, posteriormente

transferido para um balão de 50,00 mL cujo volume foi completado com água

deionizada.

As soluções de amostra de sal comercial a serem quantificadas foram

preparadas solubilizando-se 14,5 g de amostra em de água, transferidos para um

balão de 50,00 mL cujo volume foi completado com água deionizada.

5.1.2. Método Iodométrico

Para o preparo da solução de tiossulfato de sódio foram dissolvidos 0,625 g

de Na2S2O3.5H2O e 0,100 g de carbonato de sódio, com água a temperatura

ambiente, previamente fervida. Diluiu-se a um litro em um balão volumétrico e

guardou-se em um frasco âmbar (SKOOG, 2006).

A padronização da solução foi feita com uma solução de iodato de potássio

1,70 x 10-3 mol L-1, pipetando-se 25,00 mL da solução de iodato de potássio em um

Erlenmeyer 100 mL, 10,0 mL de uma solução de iodeto de potássio a 10% (m v-1) e

3,00 mL de H2SO4 1,00 mol L-1. Titulou-se com a solução de tiossulfato preparada e

o ponto final da titulação foi determinado empregando-se 5,00 mL de uma

suspensão de amido 1 % (m v-1) preparada no dia, adicionados quando a solução de

encontrava amarelada, indicando proximidade do ponto de viragem (SKOOG, 2006).

5.2. Instrumentos utilizados

Para o preparo das soluções foi utilizada balança analítica Sartorius BP210 S

(Gotinga, Alemanha), mesa de agitação orbital NOVA TÉCNICA NT-145 (São Paulo,

Brasil) e roller BIOMIXER MR-II.

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O scanner HP Photosmart C3180 foi empregado para a obtenção das

imagens digitais, e os dados gerados foram tratados com o software Image J

(National Institutes of Health, EUA). Para garantir arquivos com boa qualidade as

imagens foram adquiridas com resolução de 600 dpi (dots per inch – pontos por

polegada).

Para a titulação das amostras foi empregada uma bureta 50,0 mL.

5.3. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

5.3.1. Método proposto

Soluções de padrão de iodeto de potássio ou amostra contendo iodato, ácido

clorídrico 0,100 mol L-1 , peróxido de hidrogênio 3,00% foram transferidas para balão

de 10,00 mL, avolumadas com água deionizada e em seguida vertidas em tubos de

vidro de 10,0 mL contendo com 10 mg de espuma de poliuretano (EPU) triturado por

um liquidificador. Esse sistema foi agitado em mesa por 15 minutos.

As soluções de padrões e amostras foram filtradas utilizando-se uma seringa

para que as espumas fossem secas e compactadas. As espumas foram então

coladas em papel A4 e imagens digitais das mesmas foram geradas, imediatamente

após a secagem, com o auxílio de um scanner. Por fim, as imagens digitais

produzidas foram tratadas pelo software ImageJ.

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Figura 1. Esquema de realização dos experimentos referentes ao método proposto

5.4. Método usual

Um método usual para a determinação de iodo é a iodometria. (LIMA,

TEIXEIRA, SOUSA, SILVA, & CARVALHO, 2012)

Foram adicionados 9,00 mL da solução contendo a amostra de sal comercial

em um Erlenmeyer 100,00 mL acidificou-se com 10,00 mL de ácido sulfúrico 1,00

mol L-1 e titulou-se o complexo liberado com uma solução de tiossulfato 2,50 x 10-3

mol L-1 previamente padronizada, como descrito no item 5.1.2.

O ponto final da titulação foi determinado empregando-se 5,00 mL de uma

suspensão de amido 1 % (m v-1) adicionados quando a solução de encontrava

amarelada, indicando proximidade do ponto de viragem.

Amostra (ou padrão de calibração) + H2O2

(0,600% m v-1) + HCl (0,200 mol L-1) + EPU 10mg

Agitação

Filtração/Compactação

Aquisição da imagem: scanner de mesa

Tratamento dos dados: software

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Figura 2. Esquema de realização dos experimentos referentes ao método usual

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A espuma de poliuretano (ORTOBOM, Brasil) empregada apresenta

densidade de 0,09 mg mm-³ e foi caracterizada como do tipo poliéter por espectro de

infravermelho (Figura 3), cuja banda alargada em 1087 cm-1 evidencia o estiramento

de éteres. Antes de serem realizados os experimentos, as espumas foram lavadas

com etanol comercial e cortadas. Pequenas porções da espuma foram então

coletadas para a realização dos experimentos.

Figura 3. Espectro de infravermelho da EPU empregada

9,00 mL de Amostra + 10,0 mL H2SO4 (1,00 mol L-1)

Titulação Na2S2O3 (2,5 x 10-3 mol L-1)

Próximo ao ponto de viragem: 5,00 mL amido 1,00% (m v-1)

Cálculos de volumetria

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Pela aplicação da metodologia proposta aos padrões contendo iodeto, o

peróxido de hidrogênio em meio ácido promoveu a oxidação deste a iodo molecular

(Esquema 2).

Esquema 2. Reação de formação do iodo a partir de iodeto (SKOOG, 2006).

O potencial global da reação indica que a mesma é termodinamicamente

possível e favorável, dessa maneira há a formação de iodo.

O contato do iodo molecular com íons iodeto remanescentes na solução

origina o complexo tri-iodeto (Esquema 3). Essa última espécie, que apresenta

coloração marrom-alaranjada, foi transferida para a superfície da EPU, conferindo

coloração a mesma.

Esquema 3. Reação de formação do complexo tri-iodeto. (SKOOG, 2006)

Pela aplicação da metodologia proposta às amostras de sais comerciais

contendo iodato, o peróxido de hidrogênio em meio ácido promoveu a redução deste

a iodo molecular e, em seguida, a tri-iodeto, como mostra o Esquema 4.

Esquema 4. Formação de tri-iodeto a partir de iodato. (SKOOG, 2006)

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A concentração de peróxido de hidrogênio, ácido clorídrico, a massa de EPU

e o tempo de agitação foram estudadas de forma univariada até se atingir a

condição de maior sensibilidade.

6.1. Testes iniciais

Com o intuito de verificar a exequibilidade da metodologia proposta, uma

curva analítica foi construída, como teste inicial, mesmo sem terem sido otimizados

os parâmetros envolvidos na geração da mesma.

Outros experimentos preliminares também foram realizados, para definir qual

seria o tratamento prévio dado à EPU, o instrumento de detecção e o modelo

matemático mais adequado para o tratamento dos dados.

6.1.1. Curva analítica inicial

A curva preliminar foi gerada variando-se a concentração de tri-iodeto entre 0

e 7,50 x 10-4 mol L-1, com uma concentração final de HCl 0,200 mol L-1 e H2O2 0,60%

sorvidos em 50 mg de EPU, em agitação por 30 minutos a 100 rpm. A Figura 4

mostra a imagem digital obtida com o auxílio de um scanner para a curva analítica

em questão.

Figura 4. Imagem digital gerada para a curva analítica preliminar (50 mg EPU, HCl 0,2 mol L-1 e H2O2 0,60 %, 30 minutos de agitação a 100 rpm)

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As espumas contendo o analito adquirem coloração alaranjada, cuja

intensidade aumenta gradativamente com o aumento da concentração do mesmo.

Tal inferência visual é confirmada pelo software que analisa as imagens digitais

geradas pelo scanner. (Figuras 5,6)

Figura 5. Histograma gerado pelo software ImageJ

Figura 6 Valores para os canais RGB (unidades arbitrárias)

O tratamento dos dados fornecidos pelo software em termos de absorvância

no canal verde permitiu construir a curva analítica preliminar, ilustrada na Figura 7,

comprovando que há relação linear entre sinal de absorvância e concentração de

iodo.

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0,00 2,00x10-4

4,00x10-4

6,00x10-4

8,00x10-4

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

Abs = 514,15x + 0,0187

R² = 0,9482

Ab

so

rvâ

ncia

[I-] (mol L

-1)

Figura 7. Curva analítica preliminar (HCl 0,2 mol L-1 e H2O2 0,60 %, 30 minutos de agitação a 100 rpm, 50 mg EPU)

6.1.2. Tratamento prévio da EPU

A espuma de poliuretano foi submetida a etapas de tratamento prévio antes

de ser empregada nos experimentos. Um processo inicial de lavagem com água e

etanol comercial foi realizado para remover partículas sólidas e outros componentes

adsorvidos (WERBOWESKY, R., CHOW, A., 1996), (da SILVEIRA NETA, 2011).

Posteriormente a espuma foi cortada em pequenos pedaços e foi considerado

que não havia necessidade de peneirar a mesma, já que não foi observada

diferença significativa entre a homogeneidade de distribuição do analito nas

espumas peneirada e não peneirada.

O desvio padrão relativo dos sinais obtidos para uma mesma concentração de

iodo (2,50 x 10-4 mol L-1 I-) sorvido em EPU peneirada e em EPU não peneirada foi

bastante semelhante, igual a 4,1% e 3,3%, respectivamente, como mostra a Tabela

2.

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36

Tabela 2. Reprodutibilidade dos resultados em função das etapas de tratamento prévio da EPU (2,5 x 10-4 mol L-1, 30 minutos de agitação a 100 rpm, 50,0 mg EPU)

Número de

amostras Tratamento prévio da EPU

Desvio Padrão

Relativo (%)

9 Não peneirada 3,3

Peneirada 4,1

6.2. Otimização da metodologia

Alguns parâmetros foram avaliados para otimizar a metodologia proposta, a

fim de alcançar máxima sensibilidade e então atender os limites inferiores que os

órgãos brasileiro e mundial propõem relativamente à concentração de iodo em

amostras de sais comerciais. Tais parâmetros foram: tempo de agitação, massa de

EPU empregada, força iônica do meio e área em pixels da imagem digital analisada.

Para todos os experimentos a velocidade de agitação foi fixada em 100 rpm,

velocidade máxima oferecida pelo aparato utilizado.

6.2.1. Influência do tempo de agitação e massa de EPU sobre o sinal

analítico

As variáveis tempo de agitação e massa de EPU foram avaliadas

simultaneamente, com o intuito de averiguar se o aumento da massa afetaria a

magnitude do sinal analítico. Era esperado que, quanto maior fosse a massa de EPU

utilizada, maior seria a dispersão do analito no meio sorvente, logo menor seria o

sinal analítico obtido.

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37

0 20 40 60 80 100

0,1

0,1

0,2

0,2

0,3

Ab

so

rvâ

ncia

Tempo (min)

25 mg

50 mg

75 mg

100 mg

Figura 8. Efeito do tempo de agitação e massa de EPU sobre o sinal analítico (2,50 x 10-4 mol L-1 I3

-, HCl 0,2 mol L-1 e H2O2 0,60 %, 100 rpm)

Observando-se os resultados mostrados na Figura 8, verifica-se que, de fato,

para a menor quantidade de EPU (25 mg) o sinal de absorvância torna-se mais

elevado, em função da coloração da EPU ser mais intensa. Nos demais casos a

mesma concentração de iodo é retida numa área superficial maior, o que ocasiona

decréscimo do sinal de absorvância.

Ressalta-se que, ao serem inseridas no scanner, as espumas são

pressionadas pelo equipamento, fazendo com que tenham a mesma espessura e,

por consequência, o caminho óptico seja o mesmo em todos os casos.

Para a curva relativa à massa de 25 mg de EPU, selecionada pelas razões

mencionadas anteriormente, nota-se que o tempo de 15 minutos de agitação oferece

maior sinal analítico e menor desvio padrão associado. Portanto, a fim de garantir

máxima sensibilidade e maior rapidez na realização dos experimentos, foi

selecionada a massa de 25 mg de EPU e agitação do sistema por 15 minutos.

As curvas apresentam queda do sinal analítico com o decorrer do tempo, o

que pode ser compreendido como resultado de um processo de dessorção do

analito.

O processo de dessorção também foi avaliado em termos exposição do

analito ao ambiente, visto que este se sublima facilmente. Imagens de diferentes

alíquotas de 25 mg de EPU, contendo 2,50 x 10-4 mol L-1 de iodo foram obtidas

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38

após terem decorrido diferentes intervalos de tempo, como mostram os resultados

ilustrados na Figura 9.

0 20 40 60 80 100

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14A

bso

rvâ

ncia

Tempo (min)

Figura 9. Efeito da dessorção de iodo por sublimação (2,50 x 10-4 mol L-1 I3

-, HCl 0,2 mol L-1, H2O2 0,60 %, 25 mg EPU, 100 rpm)

Verifica-se decréscimo do sinal de absorvância com o tempo, comprovando o

processo de dessorção. Por tal razão todas as medidas foram realizadas no mesmo

intervalo de tempo, para evitar erros associados aos resultados por subluimação do

analito.

6.2.2. Influência da concentração de HCl sobre o sinal analítico

Tendo em vista que para ocorrer a conversão da espécie iodeto presente nos

padrões, bem como da espécie iodato presente nas amostras, a iodo é necessário

meio ácido, HCl, HNO3 e H2SO4 foram avaliados. Os ácidos nítrico e sulfúrico

provocaram oxidação visível da EPU, devido seu forte caráter oxidante.

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39

Empregou-se então o ácido clorídrico e sua concentração no meio reacional

foi avaliada de 0,05 a 0,75 mol L-1, estudo cujos resultados são ilustrados na Figura

10.

0,000 0,200 0,400 0,600 0,800

0,16

0,20

0,24

0,28

0,32A

bso

rvâ

ncia

[HCl] (mol.L-1)

Figura 10. Efeito da concentração de HCl sobre o sinal analítico. (25 mg de EPU, 15 minutos de agitação a 100 rpm, 2,50 x 10-4 mol L-1 I3

-, H2O2 0,60 %)

O aumento da concentração de HCl ocasiona inicialmente aumento do sinal

analítico e posterior decréscimo. O aumento da concentração do ácido até 0,200 mol

L-1 favorece a conversão de iodeto ou iodato a iodo. Posteriormente, é possível que

o aumento da força iônica do meio dificulta a transferência da espécie tri-iodeto para

a EPU.

A concentração de ácido clorídrico de 0,200 mol L-1 foi portanto selecionada

para os experimentos subsequentes.

6.2.3. Influência da concentração de H2O2 sobre o sinal analítico

A concentração do agente oxidante peróxido de hidrogênio foi considerada

um fator importante, pois as reações de oxidação do iodeto e de redução do iodato

dependem de concentração suficiente de peróxido a fim de ser formada a maior

quantidade possível de iodo, que reaja com iodeto, formando assim o complexo

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40

colorido. O efeito da variação da concentração de peróxido de hidrogênio foi

estudado no intervalo de 0,075 a 1,20 % m v-1, como mostra a Figura 11.

0,00 0,40 0,80 1,20

0,12

0,18

0,24

0,30

0,36A

bso

rvâ

ncia

[H2O

2] (%)

Absorvância

Figura 11. Efeito da concentração de H2O2 sobre o sinal analítico.(25 mg de EPU, 15 minutos de agitação a 100 rpm, 2,50 x 10-4 mol L-1 I3

-, HCl 0,200 mol L-1)

Visto que os resultados apresentaram significativo desvio padrão associado

no intervalo analisado, foi selecionada a concentração de 0,60% (m v-1) para os

experimentos posteriores, já que apresentava desvio menor.

6.2.4. Influência da força iônica do meio sobre o sinal analítico

A força iônica do meio foi também considerada como um fator capaz de afetar

o processo de sorção do iodo sobre a EPU. Com o intuito de melhor compreender

este efeito, soluções contendo a mesma concentração de analito sofreram ajuste de

força iônica por adição de NaCl. Após a avaliação das imagens digitais geradas,

este estudo preliminar demonstrou significativo desvio padrão associado aos

resultados, como ilustrado na Figura 12.

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41

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

Abso

rvâ

ncia

[NaCl] (mol L-1)

Figura 12. Influência da força iônica do meio reacional sobre o sinal analítico (2,50 x 10-4 mol L-1 I3

-, HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60 % (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU) Apesar do elevado desvio padrão associado aos resultados ilustrados na

Figura 12, é possível concluir que o aumento da força iônica do meio provoca

decréscimo do sinal analítico. A transferência da espécie tri-iodeto para a EPU é

dificultada por estar circundada com outros íons, assim como no iodato a velocidade

de redução é reduzida por excesso de íons ao seu redor.

Para melhor avaliar o efeito da força iônica sobre o sistema em questão,

foram construídas duas curvas analíticas (Figura 13), uma com ajuste de força iônica

por meio da adição de NaCl 5,00 mol L-1 em todos os padrões, e uma outra em que

não foi feito esse ajuste.

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42

0,00 3,00x10-4

6,00x10-4

9,00x10-4

0,0

0,3

0,6

Curva analitica sem NaCl 5,00 mol L-1:

Abs = 694x - 0,0181

R² = 0,990

Curva analitica com NaCl 5,00 mol L-1:

Abs = 312x - 0,0026

R² = 0,9957

Abso

rvâ

ncia

[I-] (mol L

-1)

Figura 13. Comparação de curvas analíticas geradas com e sem ajuste da força iônica do meio reacional (5,00 mol L-1 NaCl, HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU)

Verifica-se uma forte queda de sensibilidade com o aumento da força iônica, o

que corrobora a hipótese sugerida de que o efeito da a força iônica pode prejudicar

tanto a formação do iodo quanto do a transferência do complexo tri-iodeto para a

EPU.

6.2.5. Influência da variação da área em pixels da imagem digital analisada

sobre o sinal analítico

Variando-se a área em pixels selecionada na imagem da EPU (Figura 14 ),

desejava-se avaliar se modificações no tamanho da área avaliada afetariam ou não

o sinal analítico.

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43

Figura 14 . Área da EPU selecionada no tratamento de dados pelo software ImageJ.

De acordo com o que é exposto na Tabela 3, o coeficiente de variação foi de

2,66 % ou seja, o sinal analítico é pouco alterado em função do aumento ou

diminuição da área avaliada e pode-se afirmar que há homogeneidade do processo

de sorção sobre a superfície da EPU.

Tabela 3. Variação do sinal analítico devido à alteração da área em pixels selecionada da imagem digital da EPU (2,50 x 10-4 mol L-1 I3

-, HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,600% (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU)

Área (pixels) Sinal analítico

63x63 0,134

73x73 0,136

93x93 0,135

42x42 0,136

13x13 0,139

91x91 0,141

84x84 0,140

114x114 0,138

100x100 0,139

22x22 0,143

33x33 0,141

75x75 0,130

Coeficiente de Variação

2,7 %

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44

6.2.6. Condições experimentais otimizadas

Tendo sido determinadas as condições ótimas para o sistema sortido em

questão, ilustradas na Tabela 4, estas foram empregadas nos experimentos

subsequentes.

Tabela 4. Condições otimizadas.

Parâmetros

[H2O2] 0,60 % m v-1 [HCl] 0,20 mol L-1

Tempo de agitação 15 minutos Massa EPU 25 mg

Área da imagem 84 x 84 pixels

6.3. Avaliação da precisão das medidas

A precisão das medições foi avaliada em termos de repetitividade e

reprodutibilidade.

A repetitividade corresponde à dispersão dos resultados obtidos sob as

mesmas condições e foi dada como o desvio padrão relativo dos sinais provenientes

de uma mesma espuma contendo (2,50 x 10-4 mol L-1) de analito retido. A

reprodutibilidade equivale à dispersão dos resultados obtidos sob diferentes

condições e foi dada como o desvio padrão relativo dos sinais proveniente de

diferentes alíquotas de espuma contendo a mesma concentração de tri-iodeto (2,50

x 10-4 mol L-1).

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45

0 2 4 6 8 10

0,00

0,09

0,18

0,27

0,36

Repetitividade 3,7%

Reprodutibilidade 5,4%

Ab

so

rvâ

ncia

Medidas

Figura 15. Repetitividade do sinal numa mesma espuma e reprodutibilidade do sinal em espumas com mesma concentração de analito adsorvido (2,50 x 10-4 mol L-1, HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU).

Tendo em vista que a repetitividade é um parâmetro avaliado sob condições

idênticas, enquanto a reprodutibilidade é avaliada sob condições distintas, obteve-se

um menor valor de coeficiente de variação para o primeiro parâmetro do que para o

segundo, como esperado.

6.4. Curva analítica sob condições ótimas

A Figura 15 mostra uma curva analítica típica gerada sob as condições

otimizadas. As curvas mostraram-se lineares no intervalo de 0 a 7,50 x 10-4 mol L-1

de analito, com coeficientes de determinação sempre maiores que 0,98.

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46

0,00 2,00x10-4

4,00x10-4

6,00x10-4

8,00x10-4

0,00

0,15

0,30

0,45

0,60

Abs = 694,37x - 0,0181

r² = 0,9904

Abso

rvâ

ncia

[I-] (mol L

-1)

Figura 16. Curva analítica típica (HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU)

Após a otimização de todos os parâmetros discutidos anteriormente foi

observado que a curva analítica exposta na Figura 16 apresenta, de fato, maior

sensibilidade em relação a não otimizada apresentada na Figura 7. Nota-se aumento

da sensibilidade de cerca de 26%.

6.5. Avaliação de possível interferência de matriz

Considerando-se que a amostra de sal comercial, ainda que após diluição,

apresenta elevada força iônica, e que este fator afeta fortemente o sinal analítico,

como já comprovado no item 6.2.4 considerou-se importante comparar os padrões

laboratoriais utilizados na construção das curvas analíticas com as amostras reais

por meio de teste de interferência de matriz. Foram então construídas três curvas de

calibração: uma curva analítica típica , uma curva de adição de padrão e uma curva

com ajuste de matriz com NaCl 1,00 mol L-1. A Tabela 5 mostra as sensibilidades

obtidas para cada uma delas.

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Tabela 5. Comparação entre as curvas analítica, com ajuste de matriz (NaCl 1,00 mol L-1) e de adição de padrão. (HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU)

Curva Sensibilidade (Abs L x mol-1)

Típica 725 0,9931

Ajuste de matriz 563 0,9971

Adição de Padrão 514 0,9952

0,00 2,00x10-4

4,00x10-4

6,00x10-4

8,00x10-4

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

Curva analitica tipica

Abs = 725x + 0,0091

R² = 0,993

Curva com NaCl 1 mol L-1

Abs = 563x - 0,0054

R² = 0,9971

Curva de Adiçao Padrao

Abs= 514x + 0,0228

R² = 0,9952

Abso

rvâ

ncia

[I-] (mol L

-1)

Figura 17. Comparação entre curva analítica típica, curva de ajuste de matriz (NaCl 1,00 mol L-1) e curva de adição de padrão (HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,600% (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm, 25mg EPU). Mesmo uma avaliação preliminar dos coeficientes angulares obtidos para

cada uma das três curvas permite afirmar que a força iônica se mostra como

principal elemento causador da interferência não espectral. Visto que a inclinação da

curva de adição padrão se aproxima da curva de ajuste de matriz, é possível inferir

que a quantificação pode ser realizada por uma dessas curvas. A curva de ajuste de

matriz foi selecionada pois é a que mais se aproxima as condições das amostras de

sais comerciais.

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48

6.6. Ensaios de Recuperação

Com o objetivo de confirmar a ausência de interferências relativas à

incompatibilidade entre padrões laboratoriais e amostras reais, e assim avaliar a

exatidão do método desenvolvido, foram executados ensaios de recuperação

empregando-se amostras de sais comerciais.

As amostras foram tratadas como mencionado no item 5.1, quantificadas pelo

método proposto e posteriormente fortificadas com padrão de I- (29,81 mg kg-1),

seguida de nova quantificação. Desse modo a compatibilidade dos resultados antes

e depois da adição de padrão pôde ser verificada.

Tabela 6. Ensaios de recuperação com amostras de sal comercial (HCl 0,200 mol L-

1, H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm, 25 mg EPU)

Amostra Concentração de padrão

adicionado (mg kg-1) Concentração obtida

(mg kg-1) Recuperação

(%)

I ---- 26,50

94,52 29,81 53,22

II ---- 27,11

93,91 29,81 53,45

---- 26,62 94,64

III 29,81 53,41

Os percentuais de recuperação sugerem que o método é exato (Agência

Nacional de Vigilância Sanitária, 2003) na determinação da concentração de iodo

em amostras de sais comerciais

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6.7. Parâmetros de mérito do método

A Tabela 7 mostra os parâmetros de mérito obtidos para o método proposto.

Tabela 7. Parâmetros de mérito do método proposto

Parâmetro

Curva analítica típica Abs = 562,97x - 0,0054 r² 0,9971

Limite de detecção 10,1 mg kg-1

Limite de quantificação 31,8 mg kg-1

Precisão* 3,7% Exatidão** 94,4%

*desvio padrão relativo dos sinais obtidos em uma mesma espuma **teste de recuperação

O limite de quantificação do método se apresentou superior ao limite inferior

estipulado pela ANVISA e pela OMS (15 e 20 mg kg-1 de sal, respectivamente).

Devido à necessidade de atender a demanda de verificar o cumprimento da

legislação brasileira e da recomendação da OMS, foi realizada uma adaptação na

construção das curvas de ajuste de matriz empregadas, com o objetivo de reduzir

esses limites.

Empregou-se menor massa de EPU, 10 mg, as conclusões mencionadas no

item 6.2.1

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50

0,00 2,00x10-4

4,00x10-4

6,00x10-4

8,00x10-4

0,00

0,40

0,80

1,20

Curva de ajuste de matriz 10 mg EPU

Abs = 1362x + 0,014

R² = 0,9971

Curva de ajuste de matriz 25 mg EPU

Abs = 563x - 0,0054

R² = 0,9971

Abso

rvâ

ncia

[I-] (mol L

-1)

Figura 18. Comparação entre curvas de ajuste de matriz empregando-se 10 e 25 mg de EPU (NaCl 1,00 mol L-1, HCl 0,200 mol L-1, H2O2 0,60% (m v-1), 15 minutos de agitação a 100 rpm).

A Figura 18 permite concluir que a sensibilidade do método foi elevada

mediante tal alteração experimental, de modo que os limites de detecção e

quantificação do método foram alterados para 3,94 mg kg-1 e 13,15 mg kg-1,

respectivamente. Assim sendo, o método aqui desenvolvido torna-se adequado para

a verificar o cumprimento da legislação brasileira e da recomendação da OMS.

Assim, a partir da Tabela 8 temos os parâmetros atualizados.

Tabela 8. Parâmetros da curva de ajuste de matriz utilizada na quantificação de amostras de sal comercial.

Parâmetro

Curva de ajuste Abs = 1173,4x - 0,0402 r² 0,99

Limite de detecção 3,94 mg kg-1 Limite de quantificação 13,15 mg kg-1

Precisão* 3,7% Exatidão** 94,36%

*desvio padrão relativo dos sinais obtidos em uma mesma espuma **teste de recuperação

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6.8. Quantificações empregando-se os métodos proposto e usual

Apesar de terem sido conduzidos ensaios de recuperação, a comparação do

método desenvolvido com o método de titulação iodométrica foi realizada para

comprovar a compatibilidade entre estes. Os resultados da quantificação de iodo nas

amostras de sais comerciais obtidos pelo método desenvolvido foram

estatisticamente comparados com os resultados obtidos pelo método titulométrico. A

Tabela 9 mostra os resultados dessa comparação, tendo sido as amostras tratadas

como mencionado no item 5.1.

Tabela 9. Quantificações realizadas pelos métodos desenvolvido e clássico (Método desenvolvido: H2O2 30%, HCl 6,00 mol L-1 15 minutos de agitação a 100 rpm, 10 mg

EPU. Método clássico: S2O3 2,50 x 10-3 mol L-1, H2SO4 1,00 mol L-1).

Aplicou-se o teste t-Student para avaliar se os resultados obtidos pelos dois

métodos são estatisticamente idênticos, ou seja, se a hipótese nula é mantida em

um intervalo de confiança de 95% (tagrupado < tcrítico). De fato, não há diferença

estatística entre os resultados fornecidos pelos dois métodos.

Concluiu-se, assim, que o método proposto neste trabalho é uma alternativa

adequada em relação ao procedimento iodométrico, pois além de fornecer

resultados exatos, precisos e estatisticamente equivalentes, apresenta maior

velocidade analítica.

[I3-] (mg kg-1)

Amostra Método desenvolvido Método Clássico tagrupado tcrítico

I 26,5 27,6

II 27,1 24,2 0.560 2.78

III 26,6 27,6

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7. CONCLUSÕES

A partir da análise dos resultados obtidos pode-se confirmar que o método

proposto é simples, exato e preciso. A força iônica foi um parâmetro fundamental a

ser considerado e ajustado, viabilizando a quantificação de iodo elementar em

amostras de sais comerciais por curvas de ajuste de matriz.

Os limites de detecção e quantificação alcançados são adequados para a

verificação do cumprimento da legislação estabelecida pela ANVISA e da orientação

oferecida pela OMS.

Os resultados das quantificações realizadas pelo método desenvolvido,

quando comparados a quantificações por método titulométrico, mostraram-se

estatisticamente equivalentes.

Por fim, vale ressaltar que o método proposto apresenta maior velocidade

analítica que o método iodométrico, além de empregar aparatos de baixo custo (um

scanner como detector e um software de domínio público para obtenção do sinal

analítico), que viabilizam a implementação desta metodologia.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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