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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E
LICENCIATURA
AMANDA RANGEL DE FREITAS
TRATAMENTO DA FERIDA OPERATÓRIA COM PRESSÃO NEGATIVA EM
CIRURGIA CARDÍACA: Revisão integrativa da literatura
NITERÓI
2020
AMANDA RANGEL DE FREITAS
TRATAMENTO DA FERIDA OPERATÓRIA COM PRESSÃO NEGATIVA EM
CIRURGIA CARDÍACA: Revisão integrativa da literatura
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Graduação em
Enfermagem e Licenciatura da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito para a obtenção do título de
Bacharel e Licenciatura em Enfermagem.
ORIENTADORA: PROF.ª. DR.ª. SIMONE MARTINS REMBOLD
CO-ORIENTADORA: PROF.ª. DR.ª. PAULA VANESSA PECLAT FLORES
AMANDA RANGEL DE FREITAS
TRATAMENTO DA FERIDA OPERATÓRIA COM PRESSÃO NEGATIVA EM
CIRURGIA CARDÍACA: Revisão integrativa da literatura
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Graduação em
Enfermagem e Licenciatura da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito para a obtenção do título de
Bacharel e Licenciatura em Enfermagem.
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Simone Martins Rembold - Orientadora - EEAAC/UFF
Profa. Dra. Vanessa Peclat Flores – Coorientadora - EEAAC/UFF
Profa. Dra. Thalita Gomes do Carmo- EEAAC/UFF
Niterói
2020
RESUMO
A equipe de enfermagem é a responsável pela realização dos curativos, deste modo o enfermeiro
supervisiona a evolução da lesão, procura realizar as melhores práticas para a realização do curativo,
em especial nesse estudo, o curativo de feridas operatórias infectadas de cirurgias cardiovasculares.
Objetivo: Discutir as melhores práticas para a realização do curativo da ferida cirúrgica em cirurgias
cardiovasculares avaliando as vantagens e desvantagens do uso de terapia por pressão negativa e
identificar os efeitos positivos e negativos do uso da terapia por pressão negativa em feridas operatórias
infectadas de cirurgias cardiovasculares abertas para o enfermeiro. Método: Trata-se de uma revisão
integrativa. Resultado: Os estudos avaliados demonstraram que o uso de terapia com pressão negativa
em feridas operatórias de cirurgias cardiovasculares na presença de infecção de sítio cirúrgico profunda
resultou em taxas mais baixas de mortalidade e menor tempo de internação hospitalar quando
comparadas ao tratamento convencional, além do menor tempo de fechamento da ferida operatória e
maior sobrevida em curto prazo.
Palavras-chave: Ferimentos e lesões; Cirurgia torácica; Ferida cirúrgica
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 6
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................................... 8
2.1 TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA ..................................................................................... 8
2.2 CIRURGIA CARDÍACA ............................................................................................................. 9
3 METODOLOGIA ............................................................................................................................ 10
3.1 TIPO DE ESTUDO .................................................................................................................. 10
4 RESULTADOS .............................................................................................................................. 12
5. DISCUSSÃO ................................................................................................................................ 14
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 15
7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 16
6
1 INTRODUÇÃO
A cirurgia cardíaca é um procedimento complexo que tem importantes repercussões orgânicas,
alterando de diversas formas os mecanismos fisiológicos dos doentes, levando a um estado crítico
pós-operatório que implica a necessidade de cuidados intensivos a fim de se estabelecer uma boa
recuperação dos pacientes (FEITOSA, 2010).
Os procedimentos cirúrgicos cardiovasculares realizados com maior frequência são a
revascularização miocárdica, reparo ou troca das válvulas cardíacas e cirurgias de correção de
problemas na aorta e defeitos congênitos. Diferentes técnicas cirúrgicas podem ser empregadas, desde
a abertura convencional do tórax, através da esternotomia, como o uso de técnica minimamente
invasiva, auxiliada por vídeo e considerada uma das mais modernas.
São procedimentos indicados quando a probabilidade de reabilitação cardíaca demonstra ser
superior ao tratamento clínico. Portanto, ocorrem com uma frequência significativa e necessitam de
um planejamento efetivo das ações dos cuidados de enfermagem no período pós-operatório,
fundamentado nas necessidades técnico-científicas necessárias para assegurar a qualidade da
assistência prestada aos pacientes (PIVOTO, 2010).
No período pós-operatório, os profissionais da enfermagem são responsáveis por realizar os
curativos, cuja finalidade é garantir e auxiliar o tratamento da lesão estabelecida, de modo a minimizar
o risco de infecção e promover o ambiente favorável para que ocorra o processo de cicatrização. O
enfermeiro avalia a evolução da lesão e seleciona, junto com a equipe cirúrgica, o curativo mais
adequado, considerando as características e o leito da ferida (VIEIRA, 2018).
A terapia por pressão negativa é uma opção de tratamento de feridas, indicada em
situações complexas, dentre estas as deiscências de sutura de feridas operatórias. Esta tecnologia vem
sendo empregada nas infecções de sítio cirúrgico após cirurgias cardíacas, que se constituem em
eventos graves, e levam a maior tempo de internação, altos custos do tratamento e mortalidade elevada
(HUANG et al., 2014).
A terapia por pressão negativa envolve a utilização de um curativo através do qual é aplicado
vácuo, com a finalidade de remover fluidos, que são coletados em um dispositivo. A intervenção foi
desenvolvida na década de 1990, e vem sendo amplamente empregada, podendo diferir em vários
aspectos, como o tipo de pressão aplicada à ferida (constante ou cíclica), o material em contato com a
superfície da ferida e também o tipo de coletor usado.
Entretanto, a sua utilização implica em custos elevados no tratamento, gerando impacto
financeiro (DUMVILLE et al., 2015).
Entretanto, sua aplicação pode resultar em complicações ao paciente, além de ser um
dispositivo dispendioso, elevando ainda mais o custo do tratamento. Atualmente, há poucos ensaios
7
clínicos randomizados que abordam o uso de terapia por pressão negativa no tratamento de feridas
operatórias infectadas em cirurgias cardiovasculares. Portanto, existe uma lacuna sobre as melhores
evidências deste tratamento que fundamentam a sua utilização, bem como as desvantagens do seu uso.
Uma revisão sistemática avaliou os efeitos da terapia de feridas com pressão negativa na
cicatrização de feridas cirúrgicas por segunda intenção. Foram incluídos dois estudos, um realizado
em deiscência de sutura de feridas arteriais na região inguinal, e o outro em feridas de retirada de cisto
pilonidal. Os autores concluíram que não há evidências de ensaios clínicos randomizados rigorosas
disponíveis em relação à eficácia clínica da terapia por pressão negativa no tratamento de feridas
cirúrgicas por segunda intenção, e que os benefícios e danos potenciais do uso deste tratamento para
este tipo de ferida permanecem em grande parte incertos (DUMVILLE et al., 2015).
O uso da pressão negativa em pacientes com feridas infectadas promove a retirada do excesso
de fluido do leito da ferida e do espaço intersticial, reduzindo a população bacteriana e o edema, além
de aumentar o fluxo sanguíneo local e a formação do tecido de granulação, efeitos que levariam à
melhor cicatrização das lesões (FERREIRA, 2010).
As infecções pós-operatórias na região do esterno representam uma das complicações
mais severas e devastadoras aos pacientes submetidos às cirurgias cardíacas, levando à hospitalização
de longa duração e comprometimento da sobrevida a curto prazo, especialmente no caso de infecções
profundas, com o aparecimento de osteomielite ou mediastinite (COTOGNI, 2017).
As infecções de sítio cirúrgico geralmente são multicausais, tendo como principais fatores de
risco o tempo de internação pré-operatória por mais de 24 horas antes da cirurgia; tempo cirúrgico
prolongado; classificação ASA II, III ou IV/V e ser classificada como cirurgia potencialmente
contaminada, contaminada ou infectada (Carvalho et al., 2017).
Um estudo de meta-análise avaliou o efeito da terapia por pressão negativa no tempo de
internação e mortalidade, e demonstrou uma redução do tempo de permanência pós cirúrgico no
hospital e um impacto significativo na redução da mortalidade (DAMIANI et al., 2010). Entretanto,
outros aspectos como a indicação, vantagens e complicações não foram objeto da investigação.
Assim, o objeto do estudo é determinar as indicações para a utilização de terapia por pressão
negativa em cirurgias cardíacas.
Assim, o presente estudo tem como questão norteadora:
▪ Quais as vantagens e desvantagens do uso de terapia por pressão negativa em feridas
operatórias infectadas em cirurgias cardíacas abertas?
Para responder ao questionamento, definimos como objetivo geral:
8
▪ Identificar os efeitos positivos e negativos do uso da terapia por pressão negativa em
feridas operatórias infectadas de cirurgias cardiovasculares abertas.
As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são consideradas um risco relevante à
saúde dos usuários dos hospitais, contribuindo para o aumento da mortalidade, do tempo de internação
e dos custos nessas instituições. O presente estudo pretende fornecer aos profissionais de saúde
evidências sobre a tecnologia de pressão negativa no tratamento de feridas operatórias infectadas,
subsidiando os profissionais para a escolha das melhores práticas com base em evidências.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA
A terapia por pressão negativa (TPN) figura entre as várias opções terapêuticas para o
tratamento de feridas complexas com infecção, podendo ser considerada um método adjuvante, por
meio da aplicação local de pressão subatmosférica controlada. Esse método possui a finalidade de
acelerar o processo de cicatrização, através da redução do edema, exsudação, colonização bacteriana,
do aumento da perfusão, formação do tecido de granulação e promoção de conforto ao paciente pela
redução da manipulação diária da ferida (OLIVEIRA, 2020).
Na literatura, é possível encontrar diversas indicações para a aplicação da TPN, com bons
resultados relatados tanto em estudos clínicos randomizados e controlados, coortes prospectivos e
retrospectivos, quanto em estudos com menor força de evidência (séries clínicas e relatos de casos).
Dentre as principais indicações, temos: a) feridas complexas: úlceras por pressão, feridas traumáticas,
feridas cirúrgicas (deiscências), queimaduras, feridas necrotizantes, feridas diabéticas, úlceras
venosas, feridas inflamatórias, feridas por radiação, e outras; b) enxertos de pele: para otimizar a
integração do enxerto ao leito; c) abdome aberto; d) prevenção de complicações: em incisões fechadas;
e) instilação de soluções: em feridas contaminadas ou infectadas. (LIMA, 2017)
Nos últimos anos, uma variação do uso de NPWT apareceu na literatura cirúrgica, onde os
melhores resultados para cicatrização de feridas foram relatados quando a NPWT foi planejada para
feridas fechadas por primeira intenção. (ANGHEL, EL. 2016)
9
2.2 CIRURGIA CARDÍACA
A cirurgia cardíaca é um procedimento complexo que tem
importantes repercussões orgânicas, alterando de diversas
formas os mecanismos fisiológicos dos doentes, levando a um
estado crítico pós-operatório que implica a necessidade de
cuidados intensivos a fim de se estabelecer uma boa
recuperação dos pacientes. A despeito desses cuidados,
podem se iniciar no período pós-operatório afecções de difícil
controle, das quais podem surgir sequelas graves ou até o
óbito do paciente (ALMEIDA, 2016).
Em 2015, as doenças do aparelho circulatório representaram a terceira causa de
hospitalizações no Brasil, com 1 114 462 internações (SILVA, MP 2016).
As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade da
população mundial. No Brasil, é apontada como uma das principais causa de mortalidade da
população, proeminentes pela maior longevidade e adoção de hábitos de vida com maior exposição a
fatores de risco. A abordagem terapêutica das doenças cardiovasculares pode ser clínica ou cirúrgica
(SILVA, 2017)
A enfermidade cardíaca desencadeia, em muitas situações, a necessidade de procedimento
cirúrgico, considerado de alto risco principalmente pelas complicações e intercorrências no pós-
operatório. A cirurgia cardíaca está indicada quando não há melhora do quadro clínico por meio do
tratamento convencional ou, ainda, quando não é possível reverter o problema através de um
procedimento terapêutico pouco invasivo. (KNIHS, NS et al. 2016).
As doenças cardiovasculares podem diminuir a qualidade de vida dos indivíduos acometidos
por elas, pois causam um comprometimento físico e a deterioração na função cardíaca. Além disso, o
coração é considerado um órgão fundamental para a manutenção da vida, e com a doença cardíaca, a
saúde física e psíquica do paciente estão mais frágeis e vulneráveis, influenciando também na sua
qualidade de vida (CHRISTMANN, 2011).
2.3 FERIDA CIRÚRGICA
A ferida operatória é aquela produzida cirurgicamente por um objeto cortante, ferida está cuja
cicatrização pode ser de primeira, segunda ou terceira intenção (MARQUES, 2017). Quando há
interferência no desenvolvimento da cicatrização relacionada ao tipo de afecção cirúrgica, às condições
gerais do paciente e ao procedimento técnico adotado, surgem complicações locais que necessitam de
cuidados específicos. Dentre as complicações mais frequentes que comprometem a ferida cirúrgica de
médio a grande portes podem ser citadas: seroma, hematoma, deiscência, infecção e infecção
10
necrotizante de partes moles (MERRIL, 2004).
A identificação dos fatores de risco para complicação da ferida
cirúrgica, assim como melhor compreensão das alterações no
processo de cicatrização das feridas induzidas por agentes causais,
possibilita melhorias nos resultados do processo de cicatrização. Vale
ressaltar que é frequente a coexistência de múltiplos fatores de risco
local e sistêmico, atuando independentemente, e, juntos,
potencializando o efeito sinérgico da ação deletéria sobre o processo
de cicatrização da ferida cirúrgica (KHALIL H 2015).
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE ESTUDO
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que se constitui em uma ampla
abordagem metodológica, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais
para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Este método tem como principal
finalidade reunir e sintetizar os estudos realizados sobre um determinado assunto, construindo
uma conclusão, a partir dos resultados evidenciados em cada estudo, mas que investiguem
problemas similares (POMPEU, ROSSI e GALVÃO, 2009).
Combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto
leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas
metodológicos de um tópico particular (SOUZA, 2010).
A ampla amostra, em conjunto com a multiplicidade de propostas, deve gerar um
panorama consistente e compreensível de conceitos complexos, teorias ou problemas de saúde
relevantes para a enfermagem (Ibid, 2010).
Para a elaboração da presente revisão foram seguidos os seis passos descritos por
Botelho, Cunha e Macedo (2011, p.129):
Figura 1. Etapas da revisão integrativa
Fonte: BOTELHO, CUNHA e MACEDO, 2011, p.129.
11
Para atendimento a primeira etapa, formulou-se a seguinte questão de pesquisa: Quais as
vantagens e desvantagens do uso de terapia por pressão negativa em feridas operatórias infectadas
em cirurgias cardíacas abertas?
Na segunda etapa, para a seleção dos artigos foram utilizadas duas bases de dados, a saber:
MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line) usando as palavras chaves:
Negative pressure wound AND Cardiac Surgery . Na base de dados CINHAL foram usados os
descritores: Negative pressure wound AND Cardiac Surgery. Dessa forma, procurou-se ampliar
o âmbito da pesquisa, minimizando possíveis vieses nessa etapa do processo de elaboração da
revisão integrativa.
Os critérios de inclusão estabelecidos para a pesquisa foram: estudos realizados em
adultos, que abordam o uso de terapia por pressão negativa em infecção de sítio cirúrgico de
cirurgias cardiovasculares abertas comparados com a terapia convencional; indexados em bases
de dados publicados em português, inglês e espanhol, com os resumos disponíveis nas bases de
dados selecionadas, nos últimos cinco anos; artigos publicados cuja metodologia adotada
permitissem obter evidências fortes (níveis 1, 2 e 3), ou seja, ensaios clínicos randomizados
controlados, estudos com delineamento de pesquisa quase experimental ou estudos
observacionais.
Foram excluídos os estudos não comparados com métodos tradicionais de realização de
curativos; estudos de revisão; e estudos sem metodologia clara e que não respondem à questão de
pesquisa.
A coleta de dados foi realizada utilizando-se a estratégia PICo, que foi considerada para
a formulação da pergunta de pesquisa e contribuição direta na busca bibliográfica. A estratégia
PICO representa um acrônimo para P- paciente, I- intervenção, C - comparação, e O (outcome
– desfecho) como norteador da pesquisa direcionando a questão do estudo.
Quadro 01- Estratégia de busca e estratégia PICO. Niterói/RJ, Brasil, 2019.
PICO MeSH DeCS CINAHL Headings
P (Paciente) Postoperative
cardiac surgery
Pós-operatório
de cirurgia
cardíaca
Postoperative
cardiac surgery
I (Intervenção) Negative pressure wound
therapy
Terapia de feridas com
pressão negativa
Negative pressure
wound therapy
12
C (Comparação) Conventional
therapy /
Standard of care
Terapia
convencional /
Padrão de
cuidado
Conventional
therapy Standard of care/
O (Outcome/desfecho) Wound healling
and
Cost-effectivene ss
analysis
Cicatrização de
feridas e
Análise de custo
efetividade
Wound healling
and Cost-
effectiveness
analysis
A terceira etapa consistiu na seleção dos trabalhos científicos, de acordo com seu objetivo,
metodologia, a definição das informações a serem extraídas dos artigos científicos selecionados
e categorização dos mesmos.
Como quarta etapa, realizou-se a avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa e
análise crítica, correlacionando-os. Para a análise e posterior síntese dos artigos que atenderam
aos critérios de inclusão foi utilizado um quadro sinóptico especialmente construído para esse
fim, que contemplou os seguintes aspectos, considerados pertinentes: nome da pesquisa; nome
dos autores; resultados; conclusões.
Na quinta etapa foi realizada a interpretação e discussão dos resultados, destacando- se os
trabalhos que trouxeram as vantagens e desvantagens do uso de pressão negativa no tratamento
de feridas operatórias infectadas em pacientes submetidos a cirurgias cardiovasculares abertas.
E, como sexta e última etapa, foi apresentada a revisão e síntese do conhecimento
produzido acerca dos principais achados relacionados aos objetivos do estudo.
4 RESULTADOS
Neste estudo foram analisados cinco artigos que atenderam aos critérios de inclusão
previamente estabelecidos. A estratégia de busca utilizada gerou 45 publicações, sendo 13 da base
CINAHL e 32 da MEDLINE.
Os cinco estudos incluídos para síntese foram artigos publicados entre 2015 e 2020. Todos
os estudos analisados ressaltam uma importante participação da terapia por pressão negativa para
a cicatrização por segunda intenção da ferida operatória de cirurgias cardíacas abertas. A seguir,
apresentamos uma síntese dos achados na busca bibliográfica.
O estudo de Bakaeen e colegas (2019) compararam a segurança e a eficácia clínica da
13
terapia de pressão negativa com o tratamento convencional de feridas nas situações de tórax aberto
não infectado com fechamento esternal retardado após cirurgia cardíaca. O tempo médio até o
fechamento esternal definitivo foi de 3,5 dias para a terapia com pressão negativa versus
3,1 para pacientes tratados tradicionalmente (p= 0,07). Sete pacientes (3,3%) foram convertidos
da terapia por pressão negativa para a terapia tradicional devido à intolerância hemodinâmica e 6
(2,5%) da tradicional para a terapia por pressão negativa. Nenhuma lesão cardiovascular
relacionada à terapia por pressão negativa ocorreu. Entre os pacientes pareados, a terapia por
pressão negativa foi associada com maior sobrevida de curto prazo (61% vs 44% em 6 meses; p=
0,02).
Hawkins e colaboradores (2019) avaliaram o custo-efetividade dos sistemas de
gerenciamento de incisão por pressão negativa em cirurgia cardíaca em pacientes com alto risco
para infecção de sítio cirúrgico. Os pacientes que usaram dispositivos com pressão negativa
tiveram custos hospitalares mais elevados ($59,554 versus $49,541, P < 0.0001). O uso da terapia
por pressão negativa não foi significativamente associado com redução de infecção de sítio
cirúrgico (OR 1,2, P = 0,62) e, portanto, não foi custo-efetivo.
Ao comparar o uso de terapia por pressão negativa com o curativo convencional em
cirurgias de revascularização do miocárdio, Ruggieri e colegas (2019) verificaram que não houve
significância estatística na distribuição das infecções de sítio cirúrgico profundas nos dois grupos.
O estudo conclui pela necessidade de se realizar um ensaio clínico randomizado amplo para
avaliar a eficácia da terapia por com pressão negativa.
Um estudo analisou retrospectivamente 79 prontuários de pacientes com complicação
infecciosa após cirurgia cardíaca, com o objetivo de estimar os resultados do manejo da
esternomediastinite usando terapia a vácuo em comparação com o tratamento convencional dessas
feridas. Os autores observaram que a taxa de mortalidade foi significativamente menor no grupo
de terapia a vácuo (2,5% vs. 15%, p = 0,05). Da mesma forma, o tempo de internação no 2º grupo
(terapia a vácuo) foi de 29 ± 10 dias, enquanto no 1º grupo (tratamento convencional) foi de 47 ±
11 dias (p <0,01). A incidência de sepse e outras complicações foi significativamente maior no
grupo de tratamento convencional. O estudo concluiu que a terapia a vácuo para complicações
infecciosas após cirurgia cardíaca proporcionou bons resultados, incluindo redução do tempo de
internação hospitalar e da taxa de mortalidade em comparação com o tratamento convencional de
feridas (RUZMATOV et al., 2015).
Nherera e colaboradores (2018) conduziram um estudo com dados de 2.621 pacientes com
o objetivo de estimar o custo-benefício da terapia de pressão negativa de uso único em comparação
com o tratamento padrão em pacientes após procedimento de cirurgia de revascularização do
miocárdio para reduzir complicações do sítio cirúrgico, definidas como deiscência de sutura
14
(superficiais) e esternotomia. Foram coletadas informações sobre os seguintes desfechos: cirurgias
de revisão, tempo de internação dos pacientes e readmissões. Os resultados demonstraram que os
custos médios totais por paciente no grupo com terapia de pressão negativa foram menores do que
os custos médios totais por paciente no grupo de tratamento padrão. O grupo tratado com terapia
de pressão negativa também teve mais anos de vida ajustados à qualidade e menos complicações
relacionadas a feridas em comparação com o uso do tratamento padrão. Os resultados do estudo
sugerem que o tratamento com terapia de pressão negativa é econômico, resultando em melhores
resultados clínicos e mais barato em geral, com economia de custo de € 586 por paciente.
5. DISCUSSÃO
Este estudo analisou a produção científica acerca da Terapia por pressão negativa nos
últimos cinco anos, verificando-se que esta terapia vem sendo utilizada tanto no tratamento de
infecções de sítio cirúrgico profundas após cirurgia cardíaca (RUZMATOV et al., 2015);
BAKAEEN et al., 2019), quanto em curativos sem infecção (RUGGIERI et al., 2019; HAWKINS
et al., 2019; NHERERA et al., 2018).
Podemos observar que poucos estudos analisaram o custo dessa terapia e os resultados
foram controversos sobre o custo-benefício da sua utilização. O estudo de Hawkins e colegas
(2019) concluiu que os custos da terapia com pressão negativa são mais elevados, já que não
demonstraram prevenir infecção de sítio cirúrgico, necessitando assim de uma avaliação criteriosa
para a sua indicação. Por outro lado, o estudo de Nherera e equipe (2018) revelaram que o
tratamento com terapia de pressão negativa tem melhor custo-efetividade do que o tratamento
convencional, com significativa redução do custo do tratamento, além de melhores resultados
clínicos.
As vantagens do uso da terapia com pressão negativa foram: menor tempo de fechamento
da ferida (BAKAEEN et al., 2019), maior sobrevida em curto prazo (BAKAEEN et al., 2019),
menor taxa de mortalidade (RUZMATOV et al., 2015); menor incidência de sepse (RUZMATOV
et al., 2015); menor tempo de internação (RUZMATOV et al., 2015).
A desvantagem apontada no estudo de Bakaeen e colaboradores (2019) foi a intolerância
hemodinâmica, com necessidade de reversão para o tratamento convencional. O estudo ressalta
que não houve lesão cardiovascular relacionada à terapia com pressão negativa.
Outros estudos não comparados ressaltam como vantagens da terapia por pressão negativa em
feridas infectadas: drenagem da ferida, estímulo à angiogênese, excreção de proteinases e
diminuição da carga bacteriana local e sistêmica. (MOUËS et. al. 2004).
O tratamento de feridas é um assunto importante no cotidiano da enfermagem. Na medida
15
em que as tecnologias do cuidado em saúde avançam, os cuidados no tratamento de feridas
também evoluem. Portanto faz-se necessário a compreensão dos diversos recursos terapêuticos
devido à vasta gama de recursos disponíveis, para uma melhor aplicação na prática clínica
(MARQUES et al., 2013).
Apesar de todas as descrições positivas, a terapia por pressão negativa em cirurgias
cardíacas ainda se mostra pouco estudada, sendo necessários maiores estudos comparativos para
determinar a sua eficácia e o seu custo-efetividade.
Embora os curativos de pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca sejam
frequentemente realizados por enfermeiros de unidades de terapia intensiva, não verificamos
estudos relacionados a esta prática durante a pesquisa, demonstrando uma lacuna no
conhecimento de enfermagem nessa área.
6 CONCLUSÃO
Os estudos demonstraram que o uso de terapia com pressão negativa em feridas operatórias
de cirurgias cardiovasculares na presença de infecção de sítio cirúrgico profunda resultou em taxas
mais baixas de mortalidade e menor tempo de internação hospitalar quando comparadas ao
tratamento convencional, além do menor tempo de fechamento da ferida operatória e maior
sobrevida em curto prazo. Portanto, este tratamento é aconselhável como terapia de primeira
escolha para infecção profunda da ferida esternal.
Por outro lado, o custo-efetividade do seu uso com o objetivo de prevenir infecção de
sítio cirúrgico ainda não está bem estabelecido, merecendo estudos que abordem esta temática.
O estudo apontou a falta de evidências na prática de enfermagem sobre a temática abordada,
indicando a necessidade de estudos que avaliem aspectos de enfermagem relacionados ao uso
de terapia com pressão negativa em feridas operatórias de cirurgias cardíacas abertas.
16
7 REFERÊNCIAS
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